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Autonomia Energética: Uma etnografia com possibilidades para o Desenvolvimento Sustentável em Assentamentos Rurais na Paraíba Flávio de Melo Luna 1 Misael Gomes da Silva 2 O objetivo deste trabalho é apresentar uma etnografia das experiências com Energias Renováveis a partir de construções autônomas de biodigestores, painéis solares e energia eólica em assentamentos rurais da Reforma Agrária, a partir de técnicos e agricultores, em parceria com o IFPB (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e a ONG AGEMTE (Assessoria de Grupos Especializada Multidisciplinar em Tecnologia) que desenvolve atividades de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES), através de contrato com INCRA, na Paraíba, atuando em 67 assentamentos rurais e prestando assessoria a 3.500 famílias de dois territórios rurais: da Zona da Mara Norte e do Brejo. Nessa perspectiva visamos apresentar possibilidades para o Desenvolvimento Territorial Local Sustentável, por meio de ações de extensão, apoiando a formação de equipes de técnicos e assentados (agricultores familiares), fomentando construções e trocas de saberes, na promoção da autonomia com domínio do conhecimento e técnica necessária a utilização das energias renováveis, biomassa, solar e eólica como meio de produção e sustentabilidade com manufatura e construção local com matérias alternativos, de fácil aquisição e de baixo custo de tecnologias sociais para este fim produzindo energia renovável de uso produtivo e doméstico com retorno sustentável para os assentados. As dinâmicas dos trabalhos acontecem em parceria com a política pública do Programa do Território da Cidadania, considerando que esse Programa visa promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental, através do Estado, das entidades não governamentais e instituições de ensino e pesquisa, os Institutos de Educação com atenção aos direitos dos povos do campo através da aplicabilidade da política pública de assistência técnica e extensão rural (PNATER) no que concerne ao atendimento a todos 1 Zootecnista (UFPB) e Especialista em Planejamento e Gestão Estratégica. Técnico e Gestor da AGEMTE. 2 Cientista Social (UFPB) e Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFPB)

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Autonomia Energética: Uma etnografia com possibilidades para o

Desenvolvimento Sustentável em Assentamentos Rurais na Paraíba

Flávio de Melo Luna1

Misael Gomes da Silva2

O objetivo deste trabalho é apresentar uma etnografia das experiências com Energias

Renováveis a partir de construções autônomas de biodigestores, painéis solares e

energia eólica em assentamentos rurais da Reforma Agrária, a partir de técnicos e

agricultores, em parceria com o IFPB (Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia) e a ONG AGEMTE (Assessoria de Grupos Especializada Multidisciplinar

em Tecnologia) que desenvolve atividades de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à

Reforma Agrária (ATES), através de contrato com INCRA, na Paraíba, atuando em 67

assentamentos rurais e prestando assessoria a 3.500 famílias de dois territórios rurais: da

Zona da Mara Norte e do Brejo.

Nessa perspectiva visamos apresentar possibilidades para o Desenvolvimento Territorial

Local Sustentável, por meio de ações de extensão, apoiando a formação de equipes de

técnicos e assentados (agricultores familiares), fomentando construções e trocas de

saberes, na promoção da autonomia com domínio do conhecimento e técnica necessária

a utilização das energias renováveis, biomassa, solar e eólica como meio de produção e

sustentabilidade com manufatura e construção local com matérias alternativos, de fácil

aquisição e de baixo custo de tecnologias sociais para este fim produzindo energia

renovável de uso produtivo e doméstico com retorno sustentável para os assentados.

As dinâmicas dos trabalhos acontecem em parceria com a política pública do Programa

do Território da Cidadania, considerando que esse Programa visa promover o

desenvolvimento econômico, social e ambiental, através do Estado, das entidades não

governamentais e instituições de ensino e pesquisa, os Institutos de Educação com

atenção aos direitos dos povos do campo através da aplicabilidade da política pública de

assistência técnica e extensão rural (PNATER) no que concerne ao atendimento a todos

1 Zootecnista (UFPB) e Especialista em Planejamento e Gestão Estratégica. Técnico e Gestor

da AGEMTE. 2 Cientista Social (UFPB) e Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente

(PRODEMA/UFPB)

esses povos, nos aspectos quanti-qualitativos, considerando-se a diversidade desses

sujeitos e trabalhando na extensão a inclusão destes através de praticas inovadoras e

sustentáveis, respeitando a cultura e historicidade locais.

Para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o principal objetivo dos serviços de

assistência técnica e extensão rural (ATER) é melhorar a renda e a qualidade de vida

das famílias rurais, por meio do aperfeiçoamento dos sistemas de produção, de

mecanismo de acesso a recursos, serviços e renda, de forma sustentável (BRASIL,

2007).

Palavras-Chave: Energias Renováveis. Desenvolvimento Sustentável. Tecnologias

sociais. Assentamentos Rurais. Etnografia

INTRODUÇÃO

Neste artigo é descrita uma ação extensionista desenvolvida Organização Não

Governamental (ONG) Assessoria de Grupos Especializada Multidisciplinar em

Tecnologia e Extensão (AGEMTE), que desenvolve atividades de Assessoria Técnica,

Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES), através do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA), na Paraíba assessorando mais de 3500

famílias assentadas da reforma agrária em dois territórios rurais, Zona da Mata Norte e

Brejo, este último tendo parte de seus assentamentos encontram-se na região de

transição para o semiárido o Curimataú.

Neste processo pautado pelos referenciais da Politica Nacional da Assessoria

Técnica Extensão Rural – PNATER, tem importante parceria com o IFPB por meio de

ações da extensão institucional, apoiando a formação da equipe de técnicos e dos

assentados, agricultores familiares, na construção e troca de saberes focados na troca de

conhecimentos e promoção da autonomia deste público, utilizando como ferramenta,

neste caso, a construção autônoma de painéis solares, biodigestores e outros

equipamentos que poderão ser utilizados e construídos pelos próprios agricultores, em

seus ambientes rurais.

Considerando esta uma estratégia da AGEMTE de provocar o acesso as

populações do campo, jovens, mulheres e demais sujeitos á tecnologias de ponta

historicamente ã dominadas e utilizadas como ferramentas de trabalho e produção pelos

Agricultores Familiares Assentados da Reforma Agrária.

Estas ações são realizadas nos citados territórios, estratégia da abordagem que

busca fortalecer a estratégia de Desenvolvimento Territorial Local Sustentável,

considerada pela entidade como importante iniciativa de governo para fortalecer o

controle social a participação e dinamização econômica penar e planejar e execução de

políticas públicas de forma participativa considerando como foco a universalizar

programas básicos de cidadania, por meio de uma estratégia de desenvolvimento

territorial sustentável, onde a participação social e a integração de ações entre Governo

Federal, estados e municípios são fundamentais para a construção dessa estratégia.

(www.territoriosdacidadania.gov.br)

Onde a forma de atuação da AGEMTE e sua metodologia leva em consideração a

Educação Popular nas ações de extensão desenvolvidas que envolve o IFPB em

pareceria, este artigo descreve o processo participativo da busca pela autonomia

energética no meio rural contrapondo-se ao sistema ou matriz energética atual da

dependência do mercado e da falta de conhecimentos e domino de tecnologias

alternativas para o campo, a exemplo da construção de painéis solares, biodigestores,

aquecedores solar, desidratadores solar e outros equipamentos que produzem certa

autonomia, que são utilizados na implantação de Unidades Demonstrativas Pedagógicas

da Agricultura Familiar (UDPAF), visando o fortalecimento social, produtivo e

ambiental dos sujeitos envolvidos, técnicos intencionistas de Assessoria Técnica, Social

e Ambiental à Reforma Agrária (ATES/AGEMTE) e agricultores familiares. Essa ação

traz como proposta o desenvolvimento de atividades pautadas na Educação Popular do

Campo, a partir da autonomia destes sujeitos na construção e aperfeiçoamento do que é

denominado de tecnologias sociais, desenvolvendo as potencialidades e capacidades,

coletivas e individuais.

METODOLOGIA

A metodologia adotada partiu da articulação institucional e provocação da

entidade AGEMTE, demandando o IFPB quanto a soluções educativas pedagógicas

para a autonomia energética, voltadas para a produção agroecológica e capacitação dos

sujeitos, visando o domínio da construção e uso de tecnologia replicável e eficiente, do

ponto de vista energético ambiental, criando o ambiente para as reflexões teóricas

produzidas acerca da realidade em que atuamos profissionalmente.

Na concepção da AGEMTE, as tecnologias sociais e os espaços das Unidades

Demonstrativas pedagógicas da Agricultura Familiar - UDPAF entendidas como

espaços para realização de práticas e troca de saber ou salas de aula no campo,

considerando as questões socioambientais, culturais e produtivas econômicas,

solidificando e disseminando práticas e concepções de Educação Popular do Campo,

tendo esta concepção ou principio balizado a demanda pela qualificação e utilização das

tecnologias citadas que buscam a autonomia energética.

Desse modo, a metodologia de implantação segue eixos aglutinadores

compostos por processos produtivos, organizativos, culturais e informativos acerca da

qualidade de vida, considerando os parâmetros de sustentabilidade relacionados à

Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) das famílias agricultoras envolvidas, as quais

são consideradas em seu conjunto como ‘grupos de interesse’ que se formam com o

objetivo de produzir as condições de produção da existência, produção e reprodução

familiares, bem como a produção de excedentes destinados a geração de renda e

melhoria da qualidade de vida no campo.

A metodologia adotada pela AGEMTE nessa ação tem por base filosófica o

método denominado Met-MOCI (FALCÃO & ANDRADE, 2002, p. 48)que se

fundamenta na Educação Popular, de abordagem freiriana, ladeada pela teoria da

complexidade (MORIN,2000, p. 9), o que consiste em desenvolver planejamentos

participativos e estratégicos, a partir do diálogo e das trocas de experiências e de saberes

advindos das famílias de agricultores assistidas pela ATES.

A Met– MOCI trabalha cinco eixos, a saber: saúde, educação, produção,

organização e cultura, sendo este último o elo entre os demais. Tais eixos são analisados

a partir da vivência na própria comunidade, onde processos de transformação da

realidade ocorrem através da ação dos sujeitos envolvidos, na contramão dos processos,

costumeiramente estabelecidos nas comunidades, com uma visão assistencialista e

verticalizada.

Tanto os educadores do IFPB quanto os assessores técnicos da AGEMTE

consideraram, nesta ação, a importância da troca do saber acadêmico com o saber

popular e suas complementaridades. Nesse sentido, destacamos as atividades lúdicas,

pedagógicas, técnicas, de socialização dos saberes e a capacitação realizada pela equipe

do IFPB, com a participação de professores da instituição e a equipe técnica de

extencionistas da AGEMTE na busca do aperfeiçoamento e do conhecimento necessário

para esta experimentação e inovação.

Freire (1983) discorre sobre o tecnicismo ao discutir a natureza da relação

estabelecida entre o técnico agrícola e o camponês, afirmando que essa relação é de

comunicação ao invés de extensão, esta última que implica na validação e supremacia

do saber do técnico agronômico, desconhecendo a diversidade cultural do camponês,

este que se torna ‘coisificado’ nessa prática como

(...) objeto de planos de desenvolvimento que o negam como ser de

trans-formação do mundo. O mesmo conceito substitui sua educação

pela propaganda que vem de um mundo cultural alheio não lhe

permitindo ser mais que isso e pretendendo fazer dele um depósito

que receba mecanicamente aquilo que o homem “superior” (o técnico)

acha que o camponês deve aceitar para ser “moderno” da mesma

forma que o homem “superior” é moderno (FREIRE, 1983, p. 7).

A inovação, neste processo que trabalha educação e tecnologias sociais para

autonomia energética, onde se busca uma nova forma de fazer extensão, na adoção da

manufatura de painel solar para uso nesse ambiente, com a capacitação dos seus sujeitos

para a produção e replicação autônoma desta tecnologia, o que é proporcionado pelo

trabalho de extensão do IFPB com a AGEMTE quebrando o paradigma que impõe ao

campo o lugar de atraso não chegando a esse ambiente as informações ou conhecimento

para o domínio dos povos que nele vivem da elétrica e eletrônica e o uso desse

conhecimento para impulsionar a produção e melhorar a qualidade de vida, criando

também o interesse e identidade de pertencer e querer esta no meio rural, que pode e

deve deixar de ser sinônimo de atraso.

Assim, a educação que se processa no campo pauta-se na historicidade e deve

incluir “práticas educacionais que elaboram, sistematizam e difundem conhecimentos,

habilidades, atitudes e valores a partir das condições sociais de vida e em função dos

interesses dos trabalhadores” (GRZYBOWSKI, 1982, p. 319).

Levando aos jovens agricultores familiares e aos técnicos numa primeira etapa no

formato de oficina participativa inicialmente a teoria quanto aos conceitos necessários

para a construção de painéis solares, biodigestores e outras tecnologias de autonomia

energética, partindo para uma segunda etapa de práticas o aprender fazendo ou fazer

aprendendo. Na etapa teórica, foram trabalhados os seguintes conceitos e princípios:

conceitos fundamentais de Eletricidade (tensão, corrente e resistência

elétrica);

princípios fundamentais da eletrônica;

ligações em série e em paralelo;

o que é e como utilizar um multímetro;

os diversos tipos de ferro de solda, qual utilizar e como utilizar;

como identificar as polaridades das baterias;

como interconectar geradores e cargas;

como conectar interruptores;

outros conceitos fundamentais de eletricidade e de eletrônica, necessários

para a correta confecção do painel solar e para sua instalação e operação.

Na prática, a partir dos insumos foram confeccionados com os seguintes itens para

compor o painel:

moldura em cantoneiras de alumínio;

base em folha de PVC;

cobertura em vidro de 2 mm, não temperado;

36 células solares de 0,5W cada;

fitas metálicas específicas para soldagem das células, tipo “tab wire” e

“bus wire”;

rebites para a fixação da moldura;

borracha de silicone, para vedação das células, protegendo-as da chuva e

umidade;

Com um passo importante aprender que matérias são usados, onde e como esses

materiais são adquiridos, comparando preço do produto industrial com o preço do

produto trabalhado, seja um painel solar, um biodigestor ou um gerador eólico, ou seja

não existe patente ou segredos industriais, existe sem a socialização do saber.

A metodologia utilizada pela AGEMTE, quando de sua ação na extensão rural

tem como base o uso de princípios participativos, cujos agentes de execução

desempenham um papel de educador transcendendo o de técnico, assumindo um perfil

de agente de desenvolvimento local, interagindo com os conhecimentos dos agricultores

familiares, elevando estes conhecimentos a novos patamares.

No primeiro passo, a troca de experiências entre os sujeitos do lugar e externos

indicam o planejamento participativo para a construção dos saberes a serem

experimentados em oficinas pedagógicas e seminários, com o intuito de apresentarem

suas demandas, ao mesmo tempo em que se processará o nivelamento entre as pessoas

envolvidas na proposta.

O segundo passo é desenvolvido por eixo, através de capacitações, diferenciadas

e contínuas, em atividades que apresentem resultados em períodos de médios e longos

prazos, como também capacitações de curta duração. Exemplificando essas

modalidades, uma unidade pedagógica demonstrativa de produção orgânica integrada

com horta, criação de pequenos animais e apicultura como também, oficinas

pedagógicas para aprender a elaborar projetos. Convém salientar que as atividades de

trocas de aprendizagem ocorrerão de forma permanente e, concomitantemente com as

atividades planejadas pelas pessoas no tempo em que essas determinarem nos locais da

instalação das experiências práticas.

O terceiro passo ocorre através da avaliação coletiva constante, desenvolvida

durante todo o processo de implantação da UDPAF, para corrigir rumos incertos, esta

avaliação será desenvolvida nos espaços em que ocorrem os experimentos com a

presença de todas as pessoas envolvidas na ação e, os representantes institucionais, e

quando possível, na presença dos movimentos sociais; entidades financiadoras e as

pessoas interessadas.

O quarto passo, diz respeito ao redirecionamento, dimensionamento e correção

das atividades identificadas como inadequadas para aquele momento. Entretanto, se

observado que num futuro a mesma atividade possa vir ser executada com outras

parcerias, ela volta a ser realocada no planejamento. Exemplificando uma situação

numa questão ambiental de solo degradado, onde se precisa de uma intervenção maior

dos órgãos ambientais, dada a importância do tema, essas possibilidades podem ser

reestudadas.

Por último, o quinto passo diz respeito à apresentação de todos os produtos que

foram resultados das atividades planejadas e serão apresentados em fóruns, seminários,

encontros e trocas de experiências que ocorrerão ao longo do desenvolvimento das

atividades, nos espaços cabíveis.

Assim, pode-se dizer que cada eixo no seu planejamento terá suas atividades

específicas. Mas também, terão suas atividades articuladas com os outros eixos. Neste

sentido, os fóruns, seminários, oficinas pedagógicas que são considerados momentos

pedagógicos nos locais e espaços de diálogo, caracterizam-se como eventos de

aproximação pedagógica com os segmentos de jovens, mulheres, trabalhadores (as),

instituições e movimentos sociais numa perspectiva dialética e dialógica.

DISCUSÃO E RESULTADOS

A ação de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) traduz-se numa

política pública orientada pela Política Nacional de ATER (PNATER) (2007), cujo

objetivo é o atendimento da agricultura familiar em suas distintas modalidades, sendo

coordenada pela Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), do Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA), como estabelece o Decreto nº 4.739, de 13 de junho

de 2003.

Como face da mesma moeda da reprodução ampliada do capital, a ATER

apoia as atividades estruturantes do projeto de industrialização e mecanização do

campo, nos moldes de altos índices de produtividade, embasada em dois pilares

fundamentais: a mecanização e a química, expressas através do uso de insumos e

fertilizantes que representam riscos ao meio. Muitos daqueles foram banidos pela

Associação Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), além de ser progressivo o

aumento do consumo constatando-se inclusive, o apoio do Estado na disseminação de

tais práticas.

A extensão rural compreende instâncias diferenciadas, as quais se

compreendem como processos de ensino-aprendizagem, praticados no âmbito de uma

instituição. Entretanto, nem sempre foi dessa forma. Embora haja esforços no sentido

de promoção da antinomia dos distintos saberes, a extensão como ação e política,

utiliza-se ainda na atualidade, de práticas difusionistas, as quais são criticadas por

autores como Freire (1983) em sua obra ‘Comunicação ou Extensão?’.

Nessa obra o autor discorre sobre a assistência técnica como um processo

educativo de comunicação dos conhecimentos ligados a realidade dos sujeitos do

campo, de ordem técnica, ou diversa. Enfatiza Freire (1983) que a idéia de ‘extensão’ de

um conhecimento é oposta a concepção de ‘comunicação’, a qual compreende a

participação de distintos sujeitos, através de relações de sociabilidade, nas quais o

ensino e a aprendizagem ocorrem simultaneamente, ou seja, os sujeitos envolvidos são

reconhecidos como educadores-educandos e educandos-educadores.

As Figuras 2 a 16, que seguem, apresentam momentos da oficina de construção dos painéis. Ao

término do dia, os participantes já tiveram como produtos dois painéis solares confeccionados por eles

próprios.

Figura 2 (esq) e Figura 3 (dir.) - Etapa teórica: conceitos de eletricidade e eletrônica.

Figura 4 (esq.) e Figura 5 (dir.) - Etapa teórica: uso do multímetro.

Figura 6 (esq.) e Figura 7 (dir.) - Etapa prática:

identificação dos componentes e soldagem dos tab wires nas células solares

Figura 8 (esq.) e Figura 9 (dir.) - Etapa prática: interconexão das células solares, em série.

Figura 10 (esq.) e Figura 11 (dir.) - Etapa prática: interconexão das células solares, em série.

Figura 12 (esq.) e Figura 13 (dir.) - Etapa prática: confecção da moldura,

fechamento e vedação do painel, com silicone

Figura 14 (esq.) e Figura 15 (dir.) - Etapa prática:

Fechamento da moldura e equipe com painel pronto.

Figura 16 – Painel pronto.

Nesse sentido, a assistência técnica embora não possua, necessariamente,

caráter educativo, pois se restringe a orientação técnica, contudo, ao aliar-se a extensão

rural, a assistência técnica passa a promover ações de desenvolvimento do campo e de

seus sujeitos, a partir do diálogo e da troca de saberes científicos e populares.

Freire (1983) discorre sobre o tecnicismo ao discutir a natureza da relação

estabelecida entre o técnico agrícola e o camponês, afirmando que essa relação é de

comunicação ao invés de extensão, esta última que implica na validação e supremacia

do saber do técnico agronômico, desconhecendo a diversidade cultural do camponês,

este que se torna ‘coisificado’ nessa prática como.

(...) objeto de planos de desenvolvimento que o negam como ser de

trans-formação do mundo. O mesmo conceito substitui sua educação

pela propaganda que vem de um mundo cultural alheio não lhe

permitindo ser mais que isso e pretendendo fazer dele um depósito

que receba mecanicamente aquilo que o homem “superior” (o técnico)

acha que o camponês deve aceitar para ser “moderno” da mesma

forma que o homem “superior” é moderno (FREIRE, 1983, p. 7).

De acordo com Arroyo & Fernandes (1999), entende-se que a produção

inclui sentidos diversos, pois incluem, além de culturas agropecuárias, os costumes, as

tradições, as pessoas. Ao cultivar alimentos e sementes o homem também se auto-

transforma, auto-cultiva, tornando-se sujeito cultural. O que o constitui como camponês,

está também relacionado aos tratos culturais da terra e o trabalho que realiza com as

atividades agropecuárias. Daí, a afirmação de Oliveira (2008, p. 47) de não poder

separar-se o ato de produzir da educação, pois esta se relaciona com a vida dos sujeitos,

e nesse caso, os sujeitos do campo em sua relação com a terra.

[...] em espaços e momentos diversos: em casa, no roçado, nas práticas

produtivas e, também, nas possibilidades de articulação dos

camponeses com os movimentos sociais. Nesse sentido, lugares

comuns percorridos diariamente são lidos como espaços plenos de

significados sociais e culturais e saberes de experiências. Tais leituras

precisam ser reconstruídas em suas interfaces com os saberes de

educação formal, na perspectiva de um currículo em ação que

considere a relação de convivência dos assentados com o trabalho e a

educação do campo.

Assim, a educação que se processa no campo pauta-se na historicidade e

deve incluir “práticas educacionais que elaboram, sistematizam e difundem

conhecimentos, habilidades, atitudes e valores a partir das condições sociais de vida e

em função dos interesses dos trabalhadores” (GRZYBOWSKI, 1982, p. 319).

O papel do Estado na atenção aos direitos dos povos do campo apresenta lacunas

em relação à aplicabilidade da política pública de assistência técnica e extensão rural

(ATER), no que concerne ao atendimento a todos esses povos, nos aspectos

quantitativos e qualitativos, especialmente, se considerarem-se a diversidade desses

sujeitos.

A insuficiência da ação estatal nesse espaço, por parte da ATER pública

promoveu a abertura de espaços para a atuação de ONG’s que se destinam a assessoria

técnica, a exemplo da Assessoria de Grupos Especializada Multidisciplinar em

Tecnologia e Extensão (AGEMTE). Contudo, a AGEMTE não intenciona substituir a

assistência técnica pública advinda do Estado, mas pretende colaborar e contribuir ao

campo, promovendo e demonstrando formas inovadoras de Assistência Técnica

Educacional e Extensão Rural (ATEER).

De acordo com a pesquisa do PNERA (BRASIL, 2004, p.103) 81,9% das

famílias do campo, em geral, não recebem assistência técnica, e apenas 18,1% recebem.

Destaca-se a presença desse tipo de ação orientada pelos MSC e Sindicatos com índice

de 11,8%. Nas áreas de assentamentos rurais, esses índices são de 52,6% de famílias

que não dispõem de nenhum tipo de assistência técnica, contra 47,4% que recebem

(BRASIL, 2004, p.145), sendo 16,6% prestada pelos MSC e Sindicatos.

Durante a assessoria prestada são consideradas em sua totalidade, a família e a

unidade física de produção e de vida, a terra. Desse modo, são consideradas a situação

socioeconômica e cultural da família assistida. Esta proposta deve atuar a luz da

Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável (PEADS), partindo do

conhecimento, do estudo e da análise do agroecossistema e dos ecossistemas aquáticos,

adotando um enfoque agroecológico aproximando os sistemas produtivos das dinâmicas

ecológicas, tendo como base a permacultura. Um novo compromisso com os

agricultores e agricultoras familiares e com o ambiente deve ser assumido por todos os

profissionais que atuam diretamente nas propriedades.

As ações desenvolvidas pautam-se nos princípios da Educação Popular do

Campo pautados na compreensão do lugar dos sujeitos do campo, de suas

especificidades, do reconhecimento identitário, destacando os princípios pedagógicos da

valorização dos diferentes saberes no processo educativo; dos espaços e tempos de

formação dos sujeitos da aprendizagem; da educação como estratégia para o

desenvolvimento sustentável; da autonomia e colaboração entre os sujeitos do campo

durante a ação de ATER.

Nesse contexto, situa-se a atuação da ATES, ou o que hoje denominamos de

Assistência Técnica Educacional e Extensão Rural (ATEER), através da AGEMTE, em

ambiente construído para funcionar como lócus de produção de distintos saberes com

caracteristicas e processos diferenciados entre si. Destacamos a seguir, a implantação de

UDPAF’s em áreas de assentamentos rurais no Território da Zona da Mata Norte e

Brejo, na Paraíba.

Sendo as UDPAF’s são entendidas como espaços para realização de práticas

pedagógicas, solidificando e disseminando práticas e concepções de Educação Popular

do Campo, se dando mediante o uso de tecnologias sociais de baixo custo, menos

dependentes do sistema externo, construindo grupos de interesses, formados por sujeitos

do campo, previamente sensibilizados a participar de processo de formação continuada,

antes, durante e depois da implantação das UDPAF’s, constituindo ambientes ativos de

trocas e construção de saberes.

Na experiência desenvolvida pela AGEMTE, o processo de implantação das

UDPFA’s se deu em fases sucessivas durante o ano de 2012, nas áreas de assentamentos

rurais supramencionadas, assistidas pela AGEMTE e teve por base tecnologias sócias

como promotora de vivenciais e práticas de construção do saber, destacando-se ao

tecnologias que buscam a autonomia energética na unidade produtiva familiar, em

especial a manufatura e utilização de paneis solares para produção agrícola e pecuária, a

construção de biodigestores e a utilização do gás na cozinha substituindo o gás

comprado e produzindo como resíduo biofertilizando para produção oleícola.

As atividades de implantação foram desenvolvidas em fases distintas, de

acordo com o planejamento participativo realizado pela AGEMTE, juntamente com os

Agricultores Familiares, partindo-se da observação acerca das perspectivas e demandas

locais, considerando os aspectos de gestão, pedagógicos e técnicos relacionados à

agroecologia, com ênfase na permacultura identificando as tecnologias de interesse do

grupo criando um desenho da UDPAF e os acordos para a sua implantação.

Esta ação extensionista empreendida se fundamenta na problematização e

sistematização das demandas surgidas desse diálogo, para em seguida proporcionar os

espaços de aprendizado entre as pessoas, grupos e entidades envolvidas, sempre

partindo de um processo educacional que resguarda o fazer e o saber fazer como

processos teóricos, culminando com a implantação de atividades práticas verificadas, a

partir da implantação das Unidades Demonstrativas Pedagógicas Familiares

consideradas como ‘salas de aulas itinerantes’ consideradas como o lócus de realização

dos serviços e ações de ATES.

A experimentação e descoberta das possibilidades de uso dos equipamentos de

autonomia energética e o despertar da capacidade, conhecimento e domínio do processo

de produção ou construção própria no ambiente rural tem gerado o efeito multiplicador

deste processo que tem os seguintes passos.

A partir desse planejamento serão priorizadas as ações apresentadas pelos eixos

organizacionais, de qualidade de vida, produtivo sustentável, social-cultural e ambiental

com as participações de todos os envolvidos que estão direta ou indiretamente

relacionados ao desenvolvimento do território onde ocorre a ação.

No aspecto da sustentabilidade a AGEMTE prioriza as experiências que

interagem com os princípios da permacultura e da agroecologia, viabilizando

instalações de UDPAF’s destinadas à melhoria da qualidade de vida, priorizando-se

experiências de medicina tradicional e de segurança alimentar e nutricional

apropriando-se do conhecimento popular a partir de práticas alternativas.

No campo sociocultural e ambiental é estimulada a construção de espaços

organizativos através de grupos e movimentos respeitando o estado da arte, e o cuidado

com a memória e origens de seus traços culturais locais. Por outro lado, serão

priorizadas as práticas de cuidado com o meio ambiente, o uso racional da água, o

cuidado com as reservas, o cuidado com o solo e o habitat respeitando os nichos

ecológicos, ao mesmo tempo em que serão construídas tecnologias sociais com os

resíduos e outros elementos disponíveis na natureza.

Diversos olhares e interligações de cunho social, produtivo, ambiental e cultural,

desenvolvem-se conforme os passos propostos, nos quais os custos são descritos no

orçamento e representam os momentos dessa construção que se complementam, quando

da implantação das salas de aulas, ou seja, as Unidades Demonstrativas Pedagógicas

(UDP) e a sua manutenção, instalação no primeiro ano, e, manutenção no segundo ano.

Está representada um conjunto de atividades que contribui para a sustentação

pedagógica e conceitual do processo, com período previsto de sessenta (60) meses,

compreendidos desde a instalação até a consolidação do processo.

Outro tipo de Unidade Demonstrativa (UD) é a UD coletiva, formada pela

identificação de um grupo de interesse definido com a comunidade, a finalidade desta

Unidade, do ponto de vista pedagógico e produtivo, e sua utilização como sala de aula

para construção e fortalecimento do saber popular e técnico.

Em outros casos, as UD foram implantadas na unidade familiar de um Agricultor

Familiar experimentador, ou seja, aquele agricultor/a que se propõe a aprender e aplicar

novas tecnologias sociais sustentáveis em sua unidade de produção, seguindo os

mesmos princípios e acordos, quanto a sua finalidade e uso social, produtivo e

pedagógico. Todas essas UD’s são apoiadas em um sistema de produção integrado e

sustentável, trabalhando a permacultura e uma série de tecnologias sociais de

sustentação e complementação, conforme listamos a seguir.

As tecnologias para autonomia energéticas trabalhadas com os AF permitem

gerar dinâmicas educacionais no campo, ao mesmo tempo em que fortalece o processo

de organização social, produtiva, ambiental e cultural, trabalhando nas oficinas,

múltiplas temáticas, transdiciplinarmente, de maneira lúdica, pedagógica e construtiva

do saber, onde cada tecnologia e espaço são interligados no interior do ambiente,

permitindo e a abordagem desses temas, além de outros como gênero, geração e etnia.

Esse processo educacional, quando instalado no campo, adquire outras

dimensões a partir do olhar da metodologia de Ciclos, ou seja, aquela que considera o

olhar de totalidade do ambiente onde vive e trabalha a família do campo, buscando

inicialmente, garantir a sustentabilidade energética e alimentar, a geração de trabalho e

renda num ambiente integrado.

Neste contexto o resultado mais expressivo quando estamos construindo um

processo dialogado que provoca outros olhares e perspectivas no que se refere as

tecnologias sócias tradicionais e as tecnologias sócias qualificadas para produção e uso

de das energias renováveis de forma inovadora com protagonismo, na lógica da

sustentabilidade e da utilização de novas tecnologias que podem gerar qualidade de vida

e reconhecimento das habilidade, capacidade e importância do home e da mulher do

campo.

Biodigestor no assentamento Canudos em Cruz do Espirito Santo

Purificador de água Solar

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destacamos inicialmente, que durante o ano de 2012 e 2013, as dinâmicas

desenvolvidas no processo de implantação das UDPAF em relação as atividades

pautadas nas tecnologias sociais e em especial as de autonomia energética tiveram

resultados positivos, embora existirem alguns entraves nesse processo. Contudo, a

diversidade de campos presentes nas realidades de cada assentamento rural, a

capacidade de replicação e a apropriação das tecnologias por parte dos Agricultores

Familiares, bem como a ambiência educacional gerada nesses espaços pedagógicos, se

constituíram como espaços de produção de saberes e conhecimentos pautados nos

princípios da Educação do Campo.

Conforme os relatórios de ATES desenvolvidos pela AGEMTE, foram

realizados nos ambientes dos assentamento em especial das UDPAF’s dois eventos

mensais, com Agricultores Familiares dos assentamentos considerados e, em média, por

UD instalada, ao longo dos 11 meses da implantação e nos 12 messe seguinte,

ocorreram três eventos no Território com o envolvimento desses sujeitos. Participaram,

em média, vinte Agricultores Familiares que acompanhavam e entendiam o processo,

pois participavam dos ciclos de capacitação prática e teórica, no ambiente pedagógico

educacional dos UDPAF, onde se desenvolveram conteúdos sociais e técnicos relativos

às tecnologias desenvolvidas, suas aplicações e racionalidades, problematizando e

construindo o saber e o conhecimento.

Do ponto de vista qualitativo, as dinâmicas sociais fortaleceram os grupos de

jovens proativos no processo, a exemplo dos jovens do assentamento Padre Gino

(2012), os quais relatam que “não se viam no trabalho produtivo e que agora

reconhecem o valor e tem vontade de estar produzindo de forma sustentável e tem

aprendido mais a cada dia, novos conhecimentos”.

A participação efetiva dos sujeitos nas construções conceituais e a busca do

acesso às políticas públicas e novos meiso de produção mais adequados a realidade

produtiva, social e ambiental são vislumbradas e contextualizadas nas problematizações

e atividades de capacitação promovidas no ambiente demonstrativo, pedagógico das

UDPAF’s. Essas Unidades Demonstrativas como espaço de desenvolvimento e estudo

das tecnologia de autonomia energéticas são exemplo de resultados positivos,

constituídas a partir da ação de ATES promovida pela AGEMTE como situação dotada

de historicidade, dinamismo, portanto, a implantação física dessas tecnologias e

processos produtivos e sociais se inicia a partir de um processo de organicidade,

autonomia, construção e cooperação solidária.

Foram trabalhadas seis tecnologias sociais para produção de ou uso de energia

renovável, das mais simples às mais complexas, de um purificador solar de água, a um

sistema de irrigação movido a energia solar, um biodigestor para uso domestico e

produtivo, possibilitando o acesso dos Agricultores Familiares assistidos pela ATES, na

formação em processo com base social, trabalhado segundo os conhecimentos teóricos

necessários a produção e uso das tecnologias.

Esses resultados são amplos, vão desde a utilização sustentável da água, a

produção sem agrotóxicos, o uso das capacidades locais para a solução de problemas

sociais e produtivos, o fortalecimento de parcerias como a criada com o Instituto

Federal da Paraíba (IFPB) para aperfeiçoar a utilização de água na irrigação e a

utilização de tecnologias eletrônicas de baixo custo para mensurar a umidade do solo,

com vistas à economia de água na irrigação e a inclusão dos jovens assentados no

mundo do eletro eletrônico.

REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Territórios da Cidadania. Brasília: 2008. Disponível em site

http://www.territoriosdacidadania.gov.br. Acesso em 07 de março de 2013.

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http://www.lepel.ufba.br/PNERA.pdf. Acesso em 24 de março de 2013.

3. ______. Política Nacional de ATER (PNATER). Brasília, 2007. Disponível em:

http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/assistenciatecnica. Acesso em março

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4. FALCÃO, Emmanuel & ANDRADE, José Maria. Metodologia para a Mobilização

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5. FREIRE, Paulo. Comunicação ou extensão? Tradução Rosisca Darcy de Oliveira.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

6. GRZYBOWSKI, Cândido. Caminhos e descaminhos dos movimentos sociais no

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7. MORIN, E.; LE MOIGNE, J. A inteligência da complexidade. Trad. Flaci, M.

SãoPaulo, Peirópolis, 2000