Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China,...

24

Transcript of Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China,...

Page 1: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com
Page 2: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

02

Page 3: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Autores

ADOLFO SILVERIO DE OLIVEIRA FILHO

ARTHUR ANDRADE MARCHIONI

CAUÊ BERTOLUCCI DE CAMPOS

DAVI MANZOLI OLIVEIRA SALATA BATISTA

EDUARDO CARNIATO CARBONERI

FELIPE ROCHA GONÇALVES DA SILVA

FELIPPE ANTHONY BRANCO

GUSTAVO AMORIM LAGE GOMES

JOÃO JOSÉ PIMENTA ALVARES DA COSTA

LUÍSA ANDRADE SOARES PESSOA

MARCELA PORTUGAL PENDLOWSKI FERREIRA

MARIA EDUARDA MATTARAIA COELHO

NICOLAS GOULART SOUSA

OSCAR DE ANGELIS RAMIREZ

PEDRO LENHARI DE SOUZA

RAFAEL BONARETT SILVÉRIO

RAVI CORDEIRO ZAMPIERI

RODRIGO RODRIGUES OLIVEIRA DINIZ

SABRINA RAMOS

PROFESSORA MARINA SABAINE CIPPOLA

PROFESSORA VANESSA MATIA

03

Page 4: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Índice

Cap. I O início ................................................................................................................... pg. 06

Cap. II O dragão de Komodo .................................................................................. pg. 08

Cap. III A injustiça ........................................................................................................ pg. 12

Cap. IV Uma perda dolorosa .................................................................................. pg. 15

Cap. V Em direção a um sonho ............................................................................ pg. 16

Cap. VI O raio ................................................................................................................... pg. 17

Cap. VII O sonho realizado ..................................................................................... pg. 19

Cap. VIII O final ............................................................................................................. pg. 22

04

Page 5: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

05

Page 6: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Cap. I – O início.

Meu nome é Joshua Stein. Sou um senhor, já quase no fim da vida.

Gostaria muito de contar para vocês, um pouco das minhas aventuras, vividas

nestes 96 anos.

Para início de conversa, voltamos um pouco no tempo, especificamente

em 1942, na cidade de São Paulo, período em que acontecia a II Guerra

Mundial, e quando começaram as minhas viagens e histórias.

A minha primeira aventura, foi uma viagem ao exterior, onde conheci

Roma, na Itália. Fui como soldado representar o meu país, não o de origem,

mas onde vivi a maioria dos meus anos, o Brasil. Me enviaram para lutar no

Fronte da Itália. Foi um período bastante tenso, pois a guerra estava muito

acirrada, principalmente para mim, um judeu refugiado e perseguido.

Minha vida não foi nada fácil, passei fome, sede e sem lugar para me

abrigar. Muitas vezes ferido, tive que fugir e me esconder em locais insalubres.

Passei por muitos apuros e perigos de morte, então após me refugiar em vários

“buracos”, em Roma, acabei indo para uma cidade portuária na Itália, e de lá,

peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong

Kong.

06

Page 7: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Chegando lá, me senti um pouco mais tranquilo e pude me abrigar em

um templo religioso, onde os monges me acolheram com bastante conforto.

Me recuperei de todos os ferimentos de guerra e meu corpo que estava frágil,

se fortaleceu novamente. Acabei fazendo alguns serviços para os monges

como forma de gratidão. Fiz amizade com um gato dourado, asiático, que vivia

no templo.

O tempo foi passando e a amizade com aquele bichano foi se

intensificando. Após alguns meses, já estava totalmente recuperado, e a minha

afinidade com o gato era tão grande, que quando resolvi partir, os monges

resolveram me presentear com ele. O chefe dos monges me revelou que, Gato

- esse era o seu nome- se tratava de um animal muito especial, que ajudaria

em minha longa jornada.

Saí da China, em um navio cargueiro, com uma mochila nas costas e

um companheiro, Gato. Após um dia de viagem, o navio aportou na Indonésia.

Apesar de não tão longa, a viagem foi exaustiva. Cheguei em terra firme

exausto!

07

Page 8: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Cap. II – O dragão de Komodo.

Atracamos em uma Ilha chamada Bornéu, uma das principais da

Indonésia. Fiquei sabendo que ficaríamos naquele local por 15 dias até que

toda mercadoria fosse descarregada do navio. Fui me familiarizando com o

povo, ambiente e costumes. Gato também estava se acostumando com as

novidades, principalmente com as comidas! Vou tentar descrever o que

avistamos, para você se imaginar no local: o mar era agitado, a água escura,

havia muitas casas de palafitas e uma natureza peculiar. A fauna e a flora eram

ricas em diversidade de cores, espécies, tamanhos, sabores e foi nesse

cenário que aconteceu a minha segunda grande aventura.

08

Page 9: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

As pessoas que moravam ali eram bem diferentes daquelas que eu

estava acostumado, mas fui bem recebido por uma senhora – Asmara - que

nos abrigou em sua casa, bem simples, porém confortável. Algo me chamou

atenção: um grande alargador em sua orelha e logo perguntei o motivo daquilo.

Asmara sorriu e em um gesto carinhoso, passou a mão em meu rosto e

respondeu: “Ah, meu jovem, esse alargador carrega muitas histórias. Na nossa

cultura ele é colocado em pessoas sábias, em quem já passou por muitas

aventuras e carrega muito amor em seu coração.”. Fiquei fascinado com

aquela fala! A princípio não gostei muito de como soava aquele alargador, mas

quando soube do porque, logo me imaginei com a orelha igualzinha da

Asmara:

-- Posso colocar um alargador em mim?! Quero viver muitas aventuras,

quero contar para meus netos e já tenho muito amor no coração!

E Asmara respondeu:

-- Posso colocar um alargador em mim?! Quero viver muitas aventuras,

quero contar para meus netos e já tenho muito amor no coração!

E Asmara respondeu:

-- Meu jovem, quando você viver tudo isso que deseja e se encher de

experiências e sabedoria, pode voltar nesta Ilha que irei te presentear com algo

valioso.

Nos organizamos em nosso quarto e Asmara me pediu para buscar coco

para fazer um prato típico da região (eles usam muito leite de coco em suas

culinárias!). Sai em direção às orientações dada pela sábia senhora enquanto

Gato descansava na calma varanda. A mata era fechada, com caminhos

arriscados; a princípio estava corajoso, mas não consegui encontrar os

coqueiros e fui ficando tenso. Os animais apareciam entre os arbustos e eram

das mais diversas espécies: orangotangos, pássaros assustadores, felinos e a

cada minuto que passava mais apreensivo eu ficava.

09

Page 10: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Me escondi atrás de uma pedra e quando dei por mim era a toca de um

dragão de komodo. Logo puxei na memória as aulas de biologia e lembrei que

esses animais são típicos da Indonésia e pior... podem comer seres humanos!

Meu suor escorria pelo corpo inteiro e quando o dragão abocanhou minha

roupa na tentativa de me comer vivinho o meu Gato chegou e me salvou! Ele

apareceu tão repentinamente que nem eu, nem o feroz animal pôde o ver! Ufa!

Consegui me salvar, Gato farejou os cocos como havia farejado o perigo por

mim e levamos o ingrediente para Asmara. Não que o perigo todo tenha valido

a pena, mas a comida estava realmente deliciosa!

Passei 15 dias colecionando boas histórias e criando laços com pessoas

especiais. Uma delas foi um piloto de avião chamado Éric, o qual me convidou

para mudar o meu destino. Me despedi das pessoas queridas e lá fui eu para a

Austrália!

10

Page 11: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

11

Page 12: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Cap. III - A injustiça.

Meu destino foi Sydney, capital do estado de Nova Gales do Sul. No

caminho para um hotel encontrei um menino negro, morador de rua chamado

Oliver. A princípio, e isso é comum nas pessoas, pensei que ele me assaltaria

ou que não teria nada para me contar. E foi a minha primeira grande

aprendizagem naquela cidade: ele tinha muita cultura e me indicou uma visita a

um monumento chamado “Ópera House” – um edifício lindíssimo!

Eu, Gato e meu novo companheiro Oliver fomos ao monumento,

assistimos a Orquestra Sinfônica de Sydiney e nos divertimos muito. Na hora

de irmos embora, já era de madrugada e nos assustamos com uma ratazana

que passava na rua. Corremos na direção oposta do bichinho quando ouvi um

barulho estrondoso. Olhei para o lado e vi o Oliver sangrando. Não pude

acreditar no que estava acontecendo. Percebi um buraco de bala em seu peito.

Em uma tentativa frustrada, tentei salvá-lo, tarde demais. Oliver falou suas

ultimas palavras “estaremos sempre juntos”. Nos abraçamos e ele se foi.

12

Page 13: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Quem o matou? O que aconteceu? Também me perguntei isso e a

resposta foi a mais deprimente que você possa imaginar... Um policial nos viu

correndo e pensou que eu fugia do Oliver e o matou em um ato covarde, injusto

e preconceituoso.

Fiquei horrorizado com o que havia acontecido e quis fazer algo em

defesa do meu amigo. Organizei, então, uma manifestação contra o racismo e

preconceito. Fui até um órgão público, coletei alguns e-mails e elaborei uma

carta explicando o que aconteceu naquela noite e convidei todos para o

protesto. Muitas pessoas compareceram com cartazes, faixas e gritos de

igualdade e justiça.

Essa história me marcou muito. Aprendi a não julgar as pessoas pela

aparência e para marcar essa minha passagem fiz uma tatuagem –

manifestação comum nesse país – com a frase e o rosto de Oliver “estaremos

sempre juntos”.

Não poderia mais ficar naquela cidade. Tudo me lembrava Oliver. Pedi

novamente para Éric me dar uma carona para um novo destino: Estados

Unidos.

13

Page 14: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

14

Page 15: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Cap. IV – Uma perda dolorosa

Cruzamos o Oceano Atlântico e saímos em destino ao estado da Florida,

mais especificamente em Fort Lauderdale. Gato, meu companheiro, pôde viajar

comigo, já que seu porte é pequeno. O que foi um alívio, pois seria muito ruim

deixa-lo junto às malas.

“Bom dia senhores passageiros, meu nome é Tony e eu sou o

responsável pela nave E-jat 345. Hoje a temperatura é de 12 graus com

possibilidade de chuva leve. Tripulação, preparar para a decolagem”. Tudo

como o protocolo até aí.

Gato parecia agitado, como se estivesse prevendo algo. Comemos os

lanches oferecidos pela aeromoça (sempre comemos as guloseimas!) e no

momento da aterrisagem, uma catástrofe aconteceu. Todos nós sentimos um

grande tremor no avião, olhei pela janela e uma das asas estava pegando fogo.

Ficamos desesperados, as vibrações aumentavam e o avião terminou o seu

pouso de maneira brusca, trágica, como se fosse uma pequena queda livre.

Ao bater no chão, a nave acabou de explodir o motor e a parte da frente

ficou despedaçada. Muitos desmaiaram, outros se feriram gravemente e doze

pessoas faleceram, infelizmente. Eu fiquei acordado e comecei a sentir uma

dor insuportável em minha perna esquerda e quando dei por mim, não existia

mais esse membro em meu corpo. “Meu Deus! O que aconteceu!?”

Fomos todos socorridos e fui levado ao hospital mais próximo ao

aeroporto, já anestesiado. Fui operado por médicos muito competentes que me

colocaram uma prótese com a bandeira dos Estados Unidos estampada. Meus

pais foram me visitar e ficaram comigo até me adaptar com aquele novo jeito

de andar.

Foram alguns meses de fisioterapia e o Estado arcou com todos os

custos. Gato também foi companheiro nessa adaptação, me deu força,

incentivo e criamos ainda mais vínculos.

Meus pais insistiram para que eu voltasse ao nosso país e encerrasse ali

as minhas aventuras. Mas, foi em vão. Eu não desistiria do meu grande sonho

de viver aventuras pelo mundo. E depois de quatro meses de esforço, parti

para o próximo destino: Colômbia. 15

Page 16: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Cap. V – Em direção a um novo sonho.

Ao chegar na Colômbia, cidade de Bogotá, fomos ao hotel reservado e

ele era lindo e luxuoso. Na recepção tinha música e uma sala de espera

confortável, na área externa havia uma banheira de massagem e a cama do

nosso quarto era grande e macia. Gato também teve as suas regalias, sua

cama era fofinha e havia uma parte só para animais, com brinquedos e

comidas diferentes.

Ficamos sabendo que o hotel era parceiro do estádio da cidade:

Nomesio Camacho, mais conhecido como El Campin e lá estavam hospedados

todos os jogadores do clássico Millonarios e Independiente Santa Fé.

Estávamos indo tomar café da manhã e encontrei um jogador no

elevador que deixou um convite do clássico cair no chão. Fui devolver o

ingresso e fui surpreendido: o atleta me deu o convite. Osvaldo, goleiro do

Millonarios, me convidou para participar de um pré-treino no campo do hotel.

Eu falei: 16

Page 17: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

-- O problema é que eu tenho uma prótese e não consigo jogar futebol.

Osvaldo logo me respondeu:

-- Você irá conseguir, é só tentar e ter coragem e inspiração.

Fiquei com essa ideia e repetindo para mim mesmo “eu consigo, eu

consigo, eu consigo”. No dia seguinte, como combinado, fui ao treino e... Não

foi possível. Esforcei-me muito, os jogadores me ajudaram, mas não é tão fácil

superar a perda de uma perna, quero dizer, o ganho de uma prótese.

Para me animar, o técnico me convidou para conduzir a bandeira da

seleção Colombiana no momento do hino e foi emocionante, mais que isso,

espetacular! Chorei muito e naquele momento criei forças para poder treinar e

me tornar um atleta profissional. Imaginei-me na próxima paraolimpíada. “Sim!

Eu irei me superar!”

Cap. VI – O raio.

Com esse propósito, pensei em um país que pudesse me proporcionar

bons treinos para o atletismo. Conversei com algumas pessoas e decidi ir

treinar na Jamaica.

Dessa vez o voo foi tranquilo, sem turbulências, trepidações ou sustos!

Chegamos ao destino e fomos procurar o centro de treinamento do atletismo.

Gato ficou no hotel descansando seus pelos!

A pista de corrida era a única da cidade, feita de terra com alguns

pedregulhos e com uma infraestrutura precária. Os atletas muitas vezes não

tinham tênis e treinavam descalços ou de chinelo. Apesar das condições não

favoráveis, eles eram perseverantes e dedicados.

Treinei por um ano, foram dias difíceis, de muito calor, pouco apoio do

governo, tênis desconfortáveis, pistas com buracos e pedras. Em uma manhã,

estava correndo quando tropecei no buraco e queimei a minha perna no asfalto

quente. Passei muita dor e fiquei com uma cicatriz em forma de raio.

17

Page 18: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Depois desse dia, decidi procurar uma solução para aquela situação.

Procurei algumas empresas que poderiam patrocinar os atletas daquele país. A

adidas se comoveu com o nosso caso e nos ajudou com tênis adequados,

reformou a pista de treinamento, estabeleceu um salário aos atletas e nos deu

roupas adequadas para correr em temperaturas altas. Estávamos prontos para

participar das paraolimpíadas!

Apesar das dificuldades, fiz bons amigos e eles me ajudaram a perceber

o valor da superação. Adaptei-me a corrida, minha prótese não me atrapalhava

mais e já era um atleta pronto para o grande desafio!

18

Page 19: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Cap. VII – Sonho realizado.

Chegamos ao país que aconteceriam as Olimpíadas e Paraolimpíadas –

O Brasil, país pelo qual tinha muito carinho. Lá, eu e Gato ficamos na casa de

um velho amigo.

O clima da cidade era de festa! Atletas de todos os lugares chegavam ao

Rio de Janeiro para o evento mais esperado dos últimos dois anos. Apesar de

ansioso, mantinha a calma durante as competições e observava o

comportamento dos meus companheiros.

O grande dia chegou! Era a minha vez de mostrar toda a superação dos

treinos! Entrei na pista e comecei o aquecimento, como de costume. As minhas

mãos suavam frio e estava pálido. Respirei fundo, controlei o meu nervoso e fui

para a largada.

Bííííííííí, tocou a buzina e lá fui eu! Eu e mais sete atletas corríamos atrás

de um grande sonho! Estava perdendo de cinco corredores, o meu nervosismo

ainda me atrapalhava. Nesse momento algumas histórias passavam em minha

mente, o avião, o acidente, as dores, as fisioterapias, o treino falido de futebol,

as pedras na pista de terra e foi então que uma força tomou conta de mim.

Respirei profundamente e comecei a correr o mais rápido que pude. Quando

dei por mim, ali estava em primeiro lugar! O estádio inteiro me aplaudia e senti

a maior emoção de toda a minha vida!

19

Page 20: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

20

Page 21: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

21

Page 22: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Cap. VIII – O final.

Foram muitas as aventuras que vivi. Conheci pessoas, culturas, países e

fiz bons e verdadeiros amigos. Gato, meu fiel companheiro, faleceu quando eu

tinha 56 anos. Foi da maneira que ele merecia, sem dores e sofrimento, ele

simplesmente parou de respirar, pois estava bem velhinho.

Nos meus 90 anos voltei à Indonésia na ilha de Bornéu para saber

notícias da Asmara. Sabia que ela não estava mais entre nós, mas queria

notícias de como havia terminado a sua vida. Ao chegar na Ilha, tive uma bela

surpresa! Asmara pediu à sua filha mais nova que me esperasse, disse que

tinha certeza que eu voltaria buscar o presente que me prometeu. Pediu,

também, que eu contasse as minhas aventuras para ter certeza de que havia

acumulado muita experiência e faria jus ao presente. Após uma longa conversa

com sua filha, ela me levou a uma cabana e ali estavam as pessoas que fariam

o ritual. 22

Page 23: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com

Todos eram idosos e tinham o tão almejado alargador. Eles me

explicaram sobre aquela cultura, fizemos uma dança circular, cantamos

algumas músicas e rezamos. Não eram as orações que eu estava acostumado,

mas eram profundas e faziam menção a vários deuses. Agradecemos por toda

a nossa vida, à nossa saúde, amigos, beleza, alimentos, natureza, bons

sentimentos e no final do ritual fui presenteado com o alargador, simbolizando

a minha evolução na Terra.

Voltei ao país que fui criado, o Brasil, e é daqui que conto toda a minha

história. Hoje, com 96 anos de idade, sinto que estou pronto para partir. Não

tive filhos meus, mas deixei o meu legado para o mundo. Levei um pouquinho

de cada pessoa que conheci e deixei um pouquinho de mim. Espero que você

tenha gostado da minha história. Agradeço por ter me acompanhado até aqui e

espero que viva uma vida de aventuras e histórias suficientes para escrever um

livro!

23

Page 24: Autores · II O dragão de Komodo ... peguei uma carona em um navio e fugi para a China, propriamente em Hong ... Hoje a temperatura é de 12 graus com