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RENATO MORALES JÓIAS AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO ENTRE CERÂMICA E LIGAS DE CO-CR POR MEIO DO TESTE DE CISALHAMENTO Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de DOUTOR, pelo Programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA RESTAURADORA, Especialidade em Prótese Dentária.

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RENATO MORALES JÓIAS

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO ENTRECERÂMICA E LIGAS DE CO-CR

POR MEIO DO TESTE DE CISALHAMENTO

Tese apresentada à Faculdade deOdontologia de São José dos Campos,Universidade Estadual Paulista, comoparte dos requisitos para obtenção dotítulo de DOUTOR, pelo Programa dePós-Graduação em ODONTOLOGIARESTAURADORA, Especialidade emPrótese Dentária.

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RENATO MORALES JÓIAS

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO ENTRECERÂMICA E LIGAS DE CO-CR

POR MEIO DO TESTE DE CISALHAMENTO

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de São Josédos Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dosrequisitos para obtenção do título de DOUTOR, pelo Programade Pós-Graduação em ODONTOLOGIA RESTAURADORA,Especialidade em Prótese Dentária.

Orientador Prof. Titular Dr. José Eduardo Junho de Araújo

São José dos Campos2005

Apresentação gráfica e normalização de Acordo com:

BELLINI, A.B.; SILVA, E.A. Manual para elaboração de monografias:estrutura do trabalho científico. São José dos Campos: FOSJC/UNESP,2002. 82p.

JÓIAS, R. M. Avaliação da resistência de união entre cerâmica e ligasde co-cr por meio do teste de cisalhamento 2005. 88 f. Tese - Curso deDoutorado do Programa de Pós Graduação em OdontologiaRestauradora, Especialidade em Prótese Dentária, Faculdade deOdontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista.São José dos Campos.

DEDICO ESTA TESE

A Deus,

pela oportunidade desta vida e

por permitir-me trilhar caminhos tão iluminados...

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao meu pai, José Morales Jóias (in memorian),

por seu amor imensurável...

Aos meus pais adotivos, Bernardino (in memorian) e Lourdes,

pela criação exemplar. Meu pai não poderia ter feito uma escolha melhor!

À minha irmã adotiva, Cacilda, e seu marido, Pedro,

pelo carinho, apoio e incentivo constantes...

À minha esposa, Rose, e à minha filha Renata,

pessoas maravilhosas, que me deram a oportunidade de conviver entre

elas. Que me permitiram tantas partidas e ausências do lar, sempre sem

cobranças e recebendo-me com carinho, incentivo e parceria

AGRADECIMENTOS

Apesar de iniciarmos a impressão de um trabalho como

este pelos agradecimentos, esta parte é aquela que realmente deixamos

para o final. Isso porque num desafio que se nos apresenta, temos

sempre a presença de algumas pessoas que nos foram significativas,

importantes e colaboradoras para atingirmos o objetivo final.

Nesse momento, o espaço torna-se pequeno e precisaria

de muitas páginas para que pudesse praticar justiça a todos, que de

forma direta ou indireta colaboraram para concretização desta tese. Mas

tentarei sintetizar os meus agradecimentos utilizando-me de uma

metáfora: "esta tese foi como uma viagem".

Quando decidi realizar esta "viagem", visualizei um lugar,

precisava da passagem, tinha a bagagem por arrumar e necessitava da

estadia nesse local desconhecido.

Desta forma, quero agradecer:

- em primeiro lugar àquele que me forneceu a passagem, a oportunidade,

o Prof. Adjunto Marco Antonio Bottino, que me abriu portas para me

enveredar por esse caminho;

- ao Prof. Titular José Eduardo Junho de Araújo, pela companhia nessa

viagem, sempre dando-me autonomia e liberdade, mas ao mesmo tempo

conduzindo-me e ajudando-me a arrumar minha bagagem e organizar

meus conteúdos e minhas pesquisas;

- à Profa. Titular Maria Amélia Máximo de Araújo, que como um anjo, me

acolheu e protegeu durante o percurso;

- ao Prof. Adjunto Estevão Tomomtsu Kimpara, por ter-me dado o

alojamento nesse lugar desconhecido, com a oportunidade do estágio,

mostrando-me os obstáculos a transpor nesta nova jornada;

- à equipe coordenadora desta viagem: Diretor Prof Dr. Paulo Vilella

Santos Júnior; Prof. Dr. Clóvis Pagani, atual coordenador do programa de

pós-graduação em odontologia restauradora; Profa. Adjunta Marcia

Carneiro Valera, ex-coordenadora do programa de pós-graduação em

odontologia restauradora, que me muito me ajudou quando iniciei o curso;

- a todos os que durante essa viagem cruzaram o meu caminho e fizeram

desse "passeio" momentos de aventura e desânimo, de euforia e

cansaço, mas sempre de confiança na conquista de um grande desafio;

Aos que se mostraram amigos, pelo companheirismo e cumplicidade, e

aos, nem tão amigos, por me tornarem forte perante os obstáculos que se

apresentaram;

- a aqueles, que antes mesmo de eu pensar nesta viagem, já estavam me

preparando para ela: Alberto Sansiviero, Antonio Alves Garcia, e

Frederico Garavatti (in memorian);

- ao Prof. Dr. Savério Mandeta, que num momento muito difícil desta

viagem, me amparou, da mesma forma que um pai ampara um filho;

- a todos os professores da UNESP, que, comigo, compartilharam do seu

saber: Max, Tarcisio, Lafaiete, Pavaneli, Weber, Takahashi, Angela,

Gustavo, Carol, Simone, Adriana, Rodrigo, Rodrigo (Maria Amélia),

Maristela, Cristiane, Patrícia, Janayna, prof. de informática

- à equipe de apoio UNESP: Rose, Erena, Cidinha, Susana, Eliane, Inês,

Miguel, Nilza, Marinete, Cida, Vilma, Penha;

- à equipe de apoio UMESP: Tânia, Noeme, Júnior;

- aos passageiros, que sempre estiveram muito próximos de mim: Elza,

que me incentivou a entrar neste ônibus; ao Diego e ao Rander, meus

companheiros de poltrona, que sempre estavam ao meu lado, ajudando-

me a vencer as dificuldades desta longa jornada;

- aos demais passageiros: Fabíola, Felipe, Daniel, Leonardo, Alfredo,

Nori, Vanessa, Gilberto, Fernanda, Graziela, Renata Mello, Renata Faria,

Silvia, Karine, Alexandre, Guilherme, Edson, Denise.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..................................................................................9

LISTA DE TABELAS.................................................................................11

LISTA DE QUADROS...............................................................................12

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS...............................................13

RESUMO...................................................................................................15

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................16

2 REVISÃO DA LITERATURA..................................................................20

3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................34

4 MATERIAL E MÉTODO.........................................................................35

4.1 Estrutura metálica................................................................................37

4.2 Revestimento cerâmico.......................................................................47

5 RESULTADOS.......................................................................................56

5.1 Ensaio de cisalhamento......................................................................56

5.2 Análise do tipo de fratura.....................................................................59

6 DISCUSSÃO..........................................................................................61

7 CONCLUSÕES......................................................................................75

8 REFERÊNCIAS.....................................................................................76

APÊNDICE................................................................................................85

ABSTRACT...............................................................................................86

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Desenho esquemático do corpo-de-prova e respectivas

dimensões...........................................................................37

FIGURA 2 – Partes A e B do dispositivo para ceroplastia dos padrões...38

FIGURA 3 – Seqüência da ceroplastia dos padrões a serem fundidos....40

FIGURA 4 – Seqüência da montagem dos padrões de cera no anel de

silicone.................................................................................41

FIGURA 5 – Pesagem do conduto de alimentação + padrões de cera,

para cálculo da quantidade de liga para fundição...............42

FIGURA 6 – Aplicação do redutor de tensão superficial...........................42

FIGURA 7 – Seqüência da inclusão dos padrões de cera

em revestimento..................................................................43

FIGURA 8 – Seqüência da fundição, com a máquina Ducatron Série 3 –

Ugin Dentaire, França..........................................................44

FIGURA 9 – Remoção do revestimento e jateamento parcial dos padrões

metálicos..............................................................................45

FIGURA 10 – Aferição das dimensões das estruturas metálicas no

dispositivo de cisalhamento................................................46

FIGURA 11 – Dispositivo para padronizar jateamento do padrão metálico

a 2 cm de distância e a 45° de inclinação..........................47

FIGURA 12 – Limpeza e desengorduramento dos padrões metálicos no

ultra-som.............................................................................47

FIGURA 13 – Forno Vacumat 40 (Vita, Germany)....................................48

FIGURA 14 – Opaco pó/líquido Vita Omega 900 (Vita, Germany)...........49

FIGURA 15 – Aplicação da primeira camada do opaco pó/líquido Vita

Omega 900 (Vita, Germany), e estruturas metálicas após

sinterização........................................................................49

FIGURA 16 – Estruturas metálicas após sinterização da segunda camada

do opaco pó/líquido Vita Omega 900 (Vita, Germany)......50

FIGURA 17 – Dispositivo desenvolvido para aplicação das camadas de

cerâmica de dentina Vita Omega 900 (Vita, Germany)......51

FIGURA 18 – Aferição das estruturas metálicas com segunda camada de

opaco, no dispositivo para aplicação de cerâmica de

dentina................................................................................51

FIGURA 19 – Cerâmica de dentina + líquido Vita Omega 900.................52

FIGURA 20 – Corpo-de-prova após limpeza do excesso de dentina e após

sinterização da primeira camada de cerâmica de

dentina................................................................................52

FIGURA 21 – Corpo-de-prova após sinterização da segunda camada de

cerâmica de dentina...........................................................53

FIGURA 22 – Corpo-de-prova finalizado e adaptado no dispositivo de

cisalhamento......................................................................54

FIGURA 23 – Dispositivo para cisalhamento (partes A e B) e dispositivo +

corpo-de-prova prontos para ensaio de cisalhamento.......55

FIGURA 24 – Ilustração gráfica das médias e desvios padrões do ensaio

de cisalhamento.................................................................57

FIGURA 25 – Fotomicrografias feitas no estereomicroscópio com aumento

de 25x, representativas do G1, em Au-Pd/Omega 900.....60

FIGURA 26 – Fotomicrografias feitas no estereomicroscópio com aumento

de 25x, representativas dos grupos em

Co-Cr/Omega 900.............................................................60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatística descritiva dos dados do ensaio de

cisalhamento (MPa).................................................................56

Tabela 2 - Teste de normalidade de Shapiro-Wilk....................................57

Tabela 3 - Análise de variância.................................................................58

Tabela 4 - Teste de Tukey..............................……………………..............59

Tabela 5 - Dados obtidos no ensaio de cisalhamento para cada grupo

experimental (MPa).................................................................85

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Materiais empregados, características, composição e

fabricantes..............................................................................35

Quadro 2 - Propriedades físicas da cerâmica e das ligas utilizadas.........36

Quadro 3 - Ciclo de sinterizações da Cerâmica Vita Omega 900.............48

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

Al = alumínio

Au = ouro

Be = berílio

C = carbono

Co = cobalto

CP = corpo-de-prova

Cr = cromo

Cu = cobre

Ga = gálio

h = hora

Hz = Hertz

In = índio

Kgf = quilograma força

MEV = microscopia eletrônica de varredura

min. = minuto

mm = milímetro

Mn = manganês

Mo = molibdênio

MPa = Mega pascal

Nb = nióbio

Ni = níquel

O = oxigênio

Pd = paládio

Pt = platina

Si = silício

Sn = estanho

°C = grau Celsius

°F = grau Fahrenheit

!m = micrômetro

JÓIAS, R. M. Avaliação da resistência de união entre cerâmica e ligasde co-cr por meio do teste de cisalhamento 2005. 88 f. Tese – Cursode Doutorado do Programa de Pos Graduação em OdontologiaRestauradora, Especialidade em Prótese Dentária, Faculdade deOdontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista.São José dos Campos.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a resistência ao cisalhamento na

interface de união entre cinco ligas de Co-Cr (IPS d.SIGN20 e IPS d.SIGN30 –

Ivoclar Vivadent; Remanium 2000 – Dentaurum; Heranium P – Heraeus Kulzer;

Wirobond C – Bego) e cerâmica (Vita Omega 900 – Vita), comparados com um

grupo controle com liga à base de ouro-paládio (Olympia - Jelenko) e cerâmica

(Vita Omega 900 – Vita). Foram confeccionados sessenta corpos-de-prova

cilíndricos (4mmx9mm), sendo dez para cada liga. O ensaio de cisalhamento foi

realizado em máquina de ensaio universal (Emic L 2000, Brasil), com célula de

carga de 1000Kg, à velocidade de 0,5mm/min, utilizando um dispositivo

específico. Após o ensaio, foi realizada a caracterização da interface por lupa

estereoscópica (Stemi 2000C – Carl Zeiss), com aumento de 25X. Foram

observados os seguintes valores médios de resistência de união:

61,42±7,78MPa para Olympia-G1; 94,00±18,89MPa para IPS 20-G2;

96,82±10,17MPa para IPS 30-G3; 75,12±12,37MPa para Remanium-G4;

71,18±14,30MPa para Heranium P-G5; 63,17±10,86MPa para Wirobond C-G6.

Os dados foram submetidos aos testes de ANOVA (5%) e Tukey. Concluiu-se

que os grupos G2 e G3 apresentaram os maiores valores de resistência ao

cisalhamento, sendo estatisticamente semelhantes e que os grupos G1, G4, G5

e G6 apresentaram os menores valores, sendo estatisticamente semelhantes

entre si, e diferentes dos grupos G2 e G3.

PALAVRAS-CHAVE: Ligas metalo-cerâmicas; ligas dentárias; materiais

dentários; estudo comparativo; análise de variância.

1 INTRODUÇÃO

As reabilitações de estruturas dentárias perdidas, para

contemplar com o exercício da plenitude das funções devem preencher,

entre outros fatores, a estética. O material de eleição para esta finalidade

ainda é a cerâmica, que permite mimetizar, de forma aceitável, o dente

natural. Entretanto, quando este material é utilizado isoladamente

apresenta algumas impropriedades, principalmente, no que tange às

propriedades mecânicas.

Este problema tem sido resolvido com o emprego de

subestruturas metálicas e, sobre as mesmas, aplicadas as cerâmicas, o

que tem sido denominado restaurações metalocerâmicas. Segundo

CRAIG et al.12 (2002), elas consistem em várias camadas de diferentes

tipos de cerâmicas, unidas quimicamente a uma subestrutura de metal. A

subestrutura de metal sustenta a porcelana e a torna mais durável sob a

carga das forças mastigatórias. Estas restaurações possuem resistência

suficiente para serem usadas em próteses fixas unitárias ou P.P.F.

extensas, tanto em dentes anteriores como posteriores. A propriedade

fundamental da cerâmica, que torna possível a restauração

metalocerâmica, é a união química entre a mesma e o metal. Sem esta

união, a maioria das cerâmicas tradicionais poderia fraturar-se durante a

função.

Com o avanço técnico-científico em Odontologia

Restauradora, próteses executadas com materiais metaloplásticos, pela

restrição que apresentam quanto ao desempenho estético, estão sendo

substituídas por trabalhos metalocerâmicos, nos quais não ocorrem

alterações morfológicas e de cor, como nas primeiras. A porcelana

fundida sobre ligas metálicas começou a ser utilizada por volta de 1956,

tendo resultados mecânicos, estéticos e de compatibilidade biológica

promissores.

No início, as ligas mais utilizadas com esta finalidade

foram as nobres, que apresentavam alguns problemas na interface com a

cerâmica, tal como deslocamento por falta de adesão. Por esta razão,

diversas tecnologias foram utilizadas para conseguir-se uma melhor união

entre a superfície metálica e a porcelana.

Com o propósito de diminuir os custos, e favorecer os

diferentes níveis sociais da população, a partir de 1968, foram

pesquisadas e propostas ligas nobres com menor conteúdo de ouro e

platina, e ligas de metais básicos, como de cobalto-cromo e cobalto-

níquel-cromo (MONDELLI36, 1995).

O uso de ligas de metais básicos como materiais de infra-

estrutura para próteses fixas metalo-cerâmicas aumentou devido ao

resultado de suas propriedades mecânicas favoráveis, ao progresso da

tecnologia da cerâmica e ao aumento do custo dos metais preciosos

(AMERICAN DENTAL ASSOCIATION – ADA2, 1985). Em 1964, 35% dos

trabalhos de prótese fixa, realizados nos Estados Unidos, eram

confeccionados com cerâmicas fundidas ao metal. Dez anos mais tarde,

esse percentual atingiu cerca de 90%, sendo que, deste total, nos anos

80, mais de 40% destas restaurações foram de cerâmica fundida às ligas

de Ni-Cr (JONES27, 1988).

As ligas de Co-Cr para metalocerâmica foram,

inicialmente, desenvolvidas como alternativa para resolver a possível

toxicidade das ligas que contêm Ni e Be. Embora estes dois elementos

possam ser tóxicos ou carcinogênicos em algumas formas, a exposição

mais significante para os profissionais, seria respirar o pó contendo Ni e

Be, gerado, na clínica, durante o desgaste dessas ligas. Precauções,

como o uso de uma bancada com aspirador de pó, ou o uso de uma

máscara para pós, devem ser tomadas por aquelas pessoas suscetíveis a

tal exposição (BARAN7, 1988).

Níquel, cromo e berílio são listados como materiais de

maior potencial carcinogênico encontrados em nosso ambiente de

trabalho. Um dos problemas é a exposição dos técnicos de laboratório e

dentistas à matéria fina particulada proveniente do desgaste das ligas que

contêm esses metais, visto que ela aumenta o risco de lesões

cancerígenas pulmonares. Um estudo epidemiológico mostrou que câncer

de pulmão se desenvolve em técnicos de laboratório com freqüência

quatro vezes maior do que no restante da população (MORRIS37, 1987).

Segundo Grimaudo18 (2001), o risco de provocar enfermidades estaria

mais associado ao processo de fundição do que ao uso clínico do Ni-Cr-

Be.

Quanto às ligas de metais básicos, há interesse na busca

da eliminação do risco potencial de resposta alérgica relatada ao níquel

e/ou ao berílio. Com relação às ligas à base de Co-Cr, estas, geralmente,

não apresentam, em sua composição, tais elementos químicos (ADA2,

1985).

A utilização das ligas de níquel-cromo, com ou sem

berílio, apesar de amplamente difundida, tem sofrido grandes críticas

atribuídas aos possíveis danos causados à saúde, tanto dos pacientes,

como dos profissionais envolvidos na confecção das próteses. Isto pode

ser explicado pelo fato das ligas de Ni-Cr terem sua estabilidade

diminuída em soluções ácidas ou perante a natureza ácida da placa, o

que altera a liberação de Ni, fazendo com que esse material fique sob

constante investigação devido às possíveis reações biológicas adversas,

especialmente sensibilidade e toxicidade (WATAHA et al.55, 2000).

Embora, atualmente, existam muitas pesquisas no

desenvolvimento de próteses livres de metal, confeccionadas com

cerâmica pura, a prótese metalocerâmica é, sem dúvida alguma, um

sistema largamente utilizado na confecção de próteses fixas. Existe uma

tendência natural de que as ligas de Ni-Cr, comumente utilizadas em

associação às cerâmicas, sejam substituídas pelas de Co-Cr, que

parecem mostrar uma melhor biocompatibilidade.

Entretanto, para que isso ocorra com sucesso, faz-se

necessário o estudo do comportamento do sistema liga de Co-

Cr/cerâmica, no que concerne à resistência de união na sua interface. A

escassez de pesquisas na literatura sobre este assunto motivou a

realização da presente pesquisa.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Sced & McLean48 (1972) realizaram teste de resistência

de união da cerâmica Vita VMK 68, a três diferentes ligas metálicas

(Degudent Gold, Wisil Co-Cr, Wiron Ni-Cr). Para isso, desenvolveram um

dispositivo com uma interface metal/cerâmica, na qual foi comparada a

resistência de união das ligas de Ni-Cr, Co-Cr e áurica; além de se

estudar o efeito da camada de óxido na liga de Ni-Cr. Encontraram, para a

liga de ouro, uma resistência de união de 28,0 ± 7,05MPa; para o Co-Cr

25,4 ± 5,3MPa; e para o Ni-Cr 23,8 ± 4,02MPa. Com a redução da

camada de óxido, observaram que houve uma diminuição da resistência,

em comparação com a obtida em atmosfera normal. Foram observadas

falhas coesivas da cerâmica para a liga áurica; já com as ligas de metais

básicos, as falhas foram predominantemente adesivas, verificando-se o

desprendimento da cerâmica da superfície do metal. Contudo, durante o

teste, as forças não foram uniformemente direcionadas para a interface

metal-cerâmica. Concluíram, que a liga áurica demonstrou uma

resistência satisfatória e que as ligas básicas demonstraram uma

resistência semelhante.

Em 1982, Strandman & Landt51 estudaram a resistência à

oxidação da liga de Co-Cr Wisil, e concluíram que, a liga examinada pôde

ser manipulada ao ar a temperaturas acima de 1000oC, sem a diminuição

das propriedades desejáveis. Esta conclusão foi suportada observando-se

que, a quantidade de óxido formado na superfície da liga foi tão pequena,

que pôde ser removida facilmente. Além disso, foi verificado que o óxido

penetra no interior da liga de forma contínua, sem formação de oxidação

intercristalina.

Kelly & Rose29, em 1983, revisaram cinco tópicos de

interesse sobre ligas não preciosas para uso em prótese fixa: a)

constituição; b) propriedades físicas; c) biocompatibilidade; d) adesão à

porcelana; e) corrosão. As relações entre constituição, propriedades

físicas e características de manuseio das ligas de metais básicos foram

pesquisadas. Quatro tipos de ligas foram estudados: (I) Ni-Cr, sendo Ni -

75% a 80% e Cr -11% a 15%; (II) Co-Cr, sendo Co - 40% a 70% e Cr -

20% a 30%; (III) Fe-Cr, sendo Fe - 59% e Cr - 26%; e (IV) Ti e Cu

experimental. As propriedades físicas das ligas não preciosas poderiam

diferir, significativamente, daquelas ligas contendo uma alta porcentagem

em ouro. Em certos casos, estas ligas seriam superiores às ligas áuricas

tradicionais, para o uso com porcelanas. Ligas não preciosas poderiam

ser fundidas com precisão aceitável. Os pacientes poderiam ficar mais

confortáveis com estas ligas, devido à sua decrescente transmissão

térmica e sua menor ação galvânica em relação ao ouro. A toxicidade do

Ni e do Be, e de seus compostos, foi discutida com atenção dada ao

ambiente dental. Alergia por dermatite de contato parecia um risco de

saúde para certos pacientes portadores de próteses contendo Ni. O pó de

Be, aparentemente, não seria um risco em ambientes ventilados. A

insuficiência de dados relacionados aos problemas de saúde, relatados

sobre Ni em laboratórios dentais, deveriam ser interpretados com cuidado.

Quando combinados, Cr e Co poderiam passivar uma liga, permitindo a

formação de uma fina camada de óxido, diminuindo a quantidade de

corrosão. Ainda segundo os autores, alguns estudos clínicos controlados,

reportaram baixa corrosão acima de quatro anos.

Bowers et al.9 (1985) afirmaram que o sucesso da adesão

química entre a cerâmica e o metal, está relacionado com uma fina

camada de óxido no substrato metálico, formando uma camada

intermediária que é constituída de metal e cerâmica, sendo que nos

metais não preciosos, esta camada de óxidos é de grande espessura,

prejudicando a união metal-cerâmica, o que pode ser amenizado

utilizando-se agentes condicionantes.

Em 1988, Baran7, estudando o critério de seleção das

ligas alternativas para o uso com cerâmicas, relatou que as ligas de Co-Cr

constituem um distinto grupo com propriedades químicas e físicas

favoráveis para confecção de restaurações metalo-cerâmicas. Ligas de

Co-Cr não representam um grupo homogêneo; pois, ligas com

semelhante composição e propriedades mecânicas podem, em função do

processo de fundição, apresentar diferentes comportamentos na união

metal-cerâmica.

Uusalo et al.53 (1987) avaliaram a resistência ao

cisalhamento da união metal/cerâmica. Utilizaram quatro ligas áuricas

(Jelenko O; MK1; MK2; LM Ceragold 4) e uma não preciosa de Ni-Cr

(Wiron 77, Bego, Germany) e duas não preciosas de Co-Cr (Wirobond,

Bego, Germany; RX Biocast, RX Jeneric, USA). Foram confeccionadas de

seis a dez amostras por grupo, com uma superfície de 7mm de diâmetro,

sendo que esta superfície foi jateada e lavada com água destilada por

20min, seguido de uma oxidação. O teste foi realizado em uma máquina

de ensaio universal, com velocidade de 8 mm/min, até a fratura das

amostras. Encontraram como resultado os seguintes valores de

resistência de união: Jelenko O – 162,0 ± 39,5MPa; MK1 – 77,3 ±

15,6MPa; MK2 – 138,2 ± 26,2MPa; LM Ceragold 4 – 101,0 ± 20,7MPa;

Wiron 77 – 89,6 ± 35,9MPa; Wirobond – 93,5 ± 32,8MPa; RX Biocast –

89,6 ± 35,9MPa. O teste mostrou que a resistência de união da cerâmica

às ligas áuricas foi superior, em comparação às ligas não preciosas,

sendo que estas últimas apresentaram maiores variações na localização

das linhas de fratura, sugerindo que ligas não preciosas são mais

sensíveis aos procedimentos laboratoriais.

Geis-Gerstorfer et al.17, em 1991, estudaram a corrosão e

a biocompatibilidade de quatro ligas de Ni-Cr-Mo (Supranium, Wiron 88,

Remanium SC, Ticon) e quatro ligas de Co-Cr-Mo (Remanium CD,

Wirobond, Dentitan, Bondiloy) por meio da verificação da liberação de

íons metálicos. As ligas foram submetidas à imersão em solução de

0,1mol/l de ácido lático, e 0,1mol/l de cloreto de sódio, e os íons

dissolvidos foram analisados durante cinco semanas, nos intervalos de 4,

7, 14, 21, 28 e 35 dias, utilizando-se espectroscopia de absorção atômica.

Como resultado, a variação nos valores de corrosão neste período, foi

entre 0,54 e 3261!g/cm_ para as ligas de Ni-Cr-Mo e de 0,43 e

34,9!g/cm_ para as ligas de Co-Cr-Mo. Considerando-se a quantidade

necessária de Ni para induzir reação alérgica (0,6 a 2,5mg) após único

contato (KAABER et al.28, 1978), concluiu-se que o uso de ligas contendo

Be não deve ser recomendado, devido à altíssima liberação de íons sob

as condições de corrosão utilizadas no estudo.

Wu et al.58 (1991) realizaram um estudo que avaliou o

efeito da pré-oxidação na resistência adesiva entre metal e cerâmica, em

ligas não nobres, sob diferentes tempos e condições atmosféricas, e

investigaram a difusão de íons na zona de interação entre cerâmica e liga.

Duas ligas de Ni-Cr (NP2 e NP2 com berílio) e duas ligas de Co-Cr

(Vicomp e Neobond II Special) foram usadas neste estudo. A pesquisa foi

dividida em duas partes. Primeiro, foi feito um teste de flexão de três

pontos para verificar a resistência adesiva; e a segunda parte, consistiu

na microscopia eletrônica de varredura, análise de energia dispersiva de

raios-x (EDAX), e escaneamento linear das alterações da fase limite entre

metal e cerâmica. As amostras foram jateadas, limpas em ultra-som e

divididas em grupos segundo a oxidação. O tratamento térmico oxidante

não afetou significativamente a adesão da cerâmica. O agente aumentou

significativamente a adesão em duas ligas estudadas. As variáveis,

vácuo, temperaturas e tempo de saturação na oxidação, não afetaram

significativamente a resistência adesiva.

Hammad & Talic19 (1995) propuseram esclarecer clínicos

e pesquisadores, sobre os diversos testes de resistência de união da

interface metal-material de revestimento estético, pela descrição de

algumas metodologias empregadas. Estes autores concluíram que, os

testes disponíveis podem se aproximar da mensuração da resistência de

união metal-cerâmica sob um definido valor de carga. É provável que,

somente um teste, não possa mensurar de forma absoluta a união da

cerâmica ao metal, exceto em casos em que a resistência de união é

menor do que a resistência coesiva da cerâmica. Entretanto, a melhor

avaliação da resistência de união cerâmica-metal, deve estar baseada em

mínimas variáveis experimentais, e no menor valor de tensões residuais

na interface metal-cerâmica.

Segundo Anusavice4, em 1998, as ligas de Co-Cr contêm,

geralmente, de 53 a 67% de Co, de 25 a 32% de Cr, e de 2 a 6% de Mo.

Estas ligas fundem-se a elevadas temperaturas e, em geral, indica-se

para sua fundição, revestimentos aglutinados por fosfato e por sílica.

Rollo & Rossitti46 (1999) realizaram um estudo

comparativo de compatibilidade térmica entre duas ligas de Ni-Cr e três

porcelanas odontológicas, através do levantamento das curvas de

expansão térmica destes materiais, pela técnica de dilatometria. As ligas

metálicas utilizadas foram a Resistal (Degussa, Germany) com

composição química nominal de: C=0,1; Si=0,2; Mn=0,2; Cr=20,0;

Ni=62,0; Mo=10,0; Nb=4,0; Fe=3,5 (% em peso); e a liga SR,

desenvolvida experimentalmente durante o trabalho e com composição

química nominal de C=0,1; Si=0,2; Mn=2,0; Cr=15,0; Ni=62,0; Mo=10,0;

Nb=1,0; Cu=1,5; Sn=1,3 (% em peso). As três cerâmicas odontológicas

utilizadas foram a Willceram Porcelain (Williams Gold, USA), Duceram

Metalkeramic (Ducera Dental, Germany) e a Vita VMK 68 (Vita Zahnfabrik,

Germany). Os corpos-de-prova (CP) metálicos e cerâmicos receberam a

inserção de um termopar capilar, para controle de temperatura, durante o

ensaio dilatométrico. Para o ensaio de expansão térmica os CP metálicos

não sofreram nenhum tratamento térmico, permanecendo no estado bruto

de fundição. Os CP cerâmicos sofreram ciclos de sinterização, com

secagem a 650°C por 10min, seguidos de queima a 940°C por 1min e

posterior esfriamento ao ar. Para cada marca comercial de cerâmica,

foram confeccionados três CP; um CP com dois ciclos de sinterização, um

CP com três ciclos de sinterização, e um CP com cinco ciclos de

sinterização. Concluíram que, houve uma compatibilidade dos pares

metal/cerâmica, quanto à dilatação térmica.

Dekon et al.14 (1999) avaliaram a resistência de união

metal/cerâmica em função de diferentes tempos de oxidação prévia,

utilizando a liga de Ni-Cr Durabond MS II (Dental Gaúcho-Brasil) e o

sistema cerâmico Vita VMK 68 (Vita-Germany), através de um teste de

cisalhamento. Para tanto, após a obtenção dos padrões metálicos

fundidos (5mmx15mm), houve uma usinagem superficial com pedras de

óxido de alumínio, lavagem com escova e água corrente, e jateamento

com óxido de alumínio 50! por trinta segundos, a fim de se obter uma

textura superficial adequada à aplicação do opaco. Em seguida, foi

realizado um tratamento térmico de oxidação, cujo ciclo consistiu de uma

temperatura inicial de 650°C e temperatura final de 1010°C, sob vácuo e à

velocidade de 70°C por minuto. A temperatura final foi mantida em

tempos variáveis, formando os seguintes grupos: I – controle, sem

oxidação; II – oxidação prévia por um minuto; III – oxidação prévia por três

minutos; IV – oxidação prévia por cinco minutos; e V – oxidação prévia

por cinco minutos e posterior jateamento com óxido de alumínio 50! por

trinta segundos. O sistema cerâmico Vita VMK 68 (Vita, Germany) foi

aplicado com seu opaco pó/líquido Paint-On 88. Para o teste de

cisalhamento, foi utilizada a máquina de tração e compressão Kratos

K500-2000 (Kratos, Brasil) usando-se a escala de 200kgf, com precisão

de 500g e velocidade de 0,5mm/min. Concluíram que, a ausência de

oxidação prévia possibilita os melhores resultados; que os tempos de

oxidação prévia, provocaram redução acentuada nos valores obtidos e

foram semelhantes entre si; que o grupo submetido ao jateamento após a

oxidação prévia, mostrou resultados similares aos outros grupos com

oxidação prévia.

Dekon et al.13 (2002) avaliaram a resistência de união

metalo-cerâmica, comparando dois sistemas de opacificação (pó/liquido e

pasta), utilizando um teste de cisalhamento. Pela técnica da cera perdida,

foram obtidos vinte padrões metálicos na liga de Ni-Cr Durabond MS II

(Dental Gaúcho, Brasil), utilizando como fonte de aquecimento um

maçarico de GLP e Oxigênio. Após a desinclusão, os padrões metálicos

foram limpos com jatos abrasivos de uma mistura de óxido de alumínio e

esfera de vidro, à pressão de 80lb/pol. Na seqüência, receberam uma

usinagem superficial com pedras de óxido de alumínio grossa, média e

fina. Para obter uma correta textura superficial à aplicação da cerâmica

opaca os padrões metálicos foram jateados com óxido de alumínio 50!m

por trinta segundos, à pressão de 80lb/pol. Para receber a cerâmica

opaca, foram limpos em água corrente, desengordurados com vapor de

água pressurizada, ambos por um minuto, e colocados em água destilada

no ultra-som por cinco minutos. Os padrões foram divididos em dois

grupos (n = 10). No grupo (1) foi aplicado o sistema cerâmico Vita VMK 68

(Vita, Germany), com o sistema opaco pó/liquido Paint-On 88. No grupo

(2) foi aplicado o sistema cerâmico Ceramco II (Dentsply, USA), com

opaco em pasta. Ultra-Pake. Os corpos-de-prova foram cisalhados na

máquina de tração e compressão Kratos K500-2000 (Kratos, Brasil)

usando-se a escala de 200kgf, com precisão de 500g e velocidade de

0,5mm/min. Concluíram que, em relação à propriedade resistência de

união do metal com a cerâmica, o desempenho dos dois sistemas de

opacificação utilizados (pó/líquido e pasta) foi semelhante.

Oyafuso et al.41 (2003) compararam a resistência ao

cisalhamento entre cerâmica e ligas metálicas (Ni-Cr e Co-Cr) utilizando

uma camada intermediária de agente de união à base de ouro. Foram

obtidas vinte estruturas metálicas (4mm de diâmetro por 5mm de

comprimento) para cada liga. As estruturas metálicas foram jateadas com

óxido de alumínio 250!m; o agente de união foi aplicado em metade das

estruturas de cada liga e sinterizado a 900°C por um minuto. Após o

opaco, a cerâmica de dentina foi aplicada com o auxílio de uma matriz de

teflon. Os valores médios de união obtidos foram 64,62MPa para o Ni-Cr

e 52,52MPa para o Co-Cr. Concluíram que o agente de união não

influenciou estatisticamente na resistência de união nos grupos avaliados.

Olivieri39, em 2003, quantificou a resistência ao

cisalhamento entre titânio comercialmente puro (Tritan, Dentaurum) em

duas condições diferentes: fundido e usinado e somente usinado e duas

cerâmicas (Triceram, Dentaurum e Titankeramic, Vita), e comparou com

um grupo controle com liga à base de ouro (Degudent, U-Degussa) e

cerâmica de baixa fusão (Omega 900, Vita). Foram confeccionados

sessenta corpos-de-prova divididos em cinco grupos (n=12): G1 –

ouro+cerâmica; G2 – titânio usinado + Triceram; G3 – titânio usinado +

Titankeramic; G4 – titânio fundido e usinado + Triceram; e G5 – titânio

fundido e usinado + Titankeramic. O ensaio mecânico foi realizado em

máquina de ensaio universal (Instron 4301), com célula de carga de

500kg, à velocidade de 0,5mm/min utilizando o dispositivo específico

(Itinoche24, 1999). Os resultados alcançados foram G1=40,55MPa;

G2=62,71MPa; G3=63,56MPa; G4=65,67MPa; G5=68,16MPa. Através da

análise de Kruskall-Wallis observou-se que o grupo controle (ouro) diferiu

estatisticamente dos demais grupos. Os grupos G2, G3 e G4

apresentaram-se estatisticamente semelhantes, bem como G3, G4 e G5.

Uma variedade de testes foi desenvolvida para mensurar

a resistência de união entre dois materiais, tais como a ligação das

porcelanas e dos compósitos de laboratório ao metal, cimentos ao metal

ou polímeros, etc. A maioria dos testes é designada para avaliar a união

ao teste de tração, e, poucos, principalmente os que avaliam a união das

cerâmicas aos metais, avaliam a união sob cisalhamento. A resistência ao

cisalhamento é a tensão máxima que o material pode suportar antes de

falhar, quando uma carga axial é aplicada para empurrar um material

sobre outro (CRAIG & POWERS11, 2004).

Jóias et al.26 (2004) avaliaram a resistência de união entre

duas ligas de Co-Cr e uma de Ni-Cr com a cerâmica Vita Omega 900

(Vita, Germany). Pela técnica da cera perdida, foram obtidas dez

estruturas metálicas para cada um dos grupos: New Ceram (Co-Cr, CNG,

Brasil); Wirobond C (Co-Cr, Bego, Germany); Wironia (Ni-Cr, Bego,

Germany). Após jateamento com óxido de alumínio 110!m, receberam a

aplicação da cerâmica, e foi realizado o ensaio de cisalhamento. Os

valores médios de resistência de união obtidos foram: New Ceram –

79,25±15,00MPa; Wirobond C – 62,51±8,40MPa; Wironia –

112,12±23,10MPa. Wironia e New Ceram, Wirobond C e New Ceram

apresentaram valores similares, porém Wirobond C e Wironia diferiram

estatisticamente.

Saavedra et al.47 (2004) avaliaram a resistência ao

cisalhamento entre uma liga de cobalto-cromo para metalocerâmica e

uma cerâmica, com diferentes agentes de união. A partir de um

dispositivo metálico cilíndrico, com 4mm de diâmetro e 5mm de altura,

foram obtidos vinte padrões em cera e, posteriormente, fundidos na liga

de Co-Cr (New Ceram, CNG). Os corpos-de-prova (CP) foram divididos

em dois grupos, de acordo com o agente de união: G1 – Wash Opaque

Vita Omega 900 (Vita, Germany) e G2 – Pré Bond Opaque (CNG, Brasil).

Dez CP receberam uma camada do agente de união Vita e dez do agente

de união CNG. Foi utilizado um dispositivo de teflon para compactar a

cerâmica, e todos CP receberam o revestimento estético Vita Omega 900

(Vita, Germany), com 4mm de diâmetro x 4mm de altura. O ensaio

mecânico de cisalhamento foi realizado numa máquina EMIC, a

0,5mm/min. As médias de resistência adesiva para os grupos foram: G1 –

73,43 ± 23,00MPa e G2 – 69,20± 16,74MPa. Os valores foram

submetidos ao teste t Student (_=0,05), e não houve diferença

estatisticamente significante entre os grupos analisados. Os dois agentes

de união determinaram valores semelhantes de resistência de união entre

metal e cerâmica.

Pretti et al.44 (2004) avaliaram a resistência ao

cisalhamento da união metal-cerâmica de duas ligas de Co-Cr (Wirobond

C, Bego, Germany; Remanium 2000, Dentaurum, Germany) combinadas

com a cerâmica Omega 900 (Vita Zahnfabrik, Germany). Foram

confeccionados 11 corpos-de-prova cilíndricos para cada liga utilizada,

sendo que a porção metálica foi obtida por fundição pela técnica da cera

perdida, através de enceramentos padronizados (base de 5mm de

diâmetro x 1mm de altura e corpo de 4mm de diâmetro x 4mm de altura).

A aplicação da cerâmica foi realizada segundo recomendações do

fabricante, com auxílio de uma matriz de teflon que permitiu sua

padronização com as dimensões de 4mm de diâmetro x 4mm de altura.

Os corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de resistência ao

cisalhamento em máquina de ensaio universal (EMIC), com auxílio de

dispositivo desenvolvido para tal propósito, sob velocidade constante de

0,5mm/min. Após análise de variância, foi possível observar que não

houve diferença estatisticamente significante entre os valores de

resistência ao cisalhamento das duas ligas metalocerâmicas estudadas.

Mello et al.35 (2005) avaliaram a resistência ao

cisalhamento entre quatro ligas metálicas alternativas e um sistema

cerâmico. A cerâmica utilizada no estudo foi a IPS d. SIGN 20 (Ivoclar

Vivadent, Schaan, Liechtenstein). Foram utilizadas as ligas de Ni-Cr 4ALL

(Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein) e Wiron 99 (Bego, Bremen,

Germany), e as ligas de Co-Cr IPS d. SIGN 20 (Ivoclar Vivadent, Schaan,

Liechtenstein) e Argeloy NP (Argen Corp, San Diego, USA). Usando a

resina acrílica Duralay (Reliance Dental Co, Worth, USA), foram

confeccionadas oito barras de 30cm de comprimento x 5mm de diâmetro.

As barras foram posicionadas em anéis de silicone (CNG, Brasil), que

foram preenchidos com revestimento Rematitan Plus (Dentaurum,

Germany). Para a fundição das ligas de Ni-Cr e Co-Cr foi utilizado, como

fonte de calor, um maçarico para gás liquefeito de petróleo e oxigênio.

Após a fundição, as barras foram usinadas em um torno mecânico

(Modelo TB 130, Indústria de Máquinas Nardini, Brasil), para se obter as

estruturas metálicas dos corpos-de-prova (base de 5mm de diâmetro x

1mm de altura e corpo de 4mm de diâmetro x 4mm de altura). Foram

obtidas 11 estruturas metálicas para cada uma das ligas estudadas, que

foram jateadas com óxido de alumínio 100!m por dez segundos, a 2cm

de distância, 2bar de pressão e a um ângulo de 45º. Na seqüência, foram

limpas com detergente (Limpol Gel-Bombril S/A-Brasil) e água, colocadas

em álcool isopropílico por 15 minutos, e secas em papel absorvente. Sem

oxidação prévia, foi aplicada uma camada de opaco em pasta (diluído

com o líquido do sistema IPS d. SIGN (Ivoclar Vivadent, Schaan,

Liechtenstein) para se obter a consistência ideal, e sinterizada no forno

Vacumat 40 (Vita, Germany). Após o esfriamento, foi realizada a segunda

camada de opaco. Para a primeira camada de cerâmica, foi utilizado um

dispositivo de teflon com dez perfurações de 4mm x 4mm. Após a

sinterização, houve a contração da cerâmica, e para compensar esta

contração, foi realizada a segunda camada de opaco, visando a obtenção

da porção cerâmica na medida de 4mm x 4mm. Para o ensaio de

cisalhamento, foi utilizado um dispositivo de aço cilíndrico, com duas

peças independentes, e uma máquina de ensaio universal Instron 4301

(Canton, USA), com célula de carga de 1000kgf, e velocidade de

1mm/min de carga de compressão. Após o ensaio foram obtidas as

seguintes médias de resistência de união: 54,0±20,0MPa para a liga

4ALL e 63,0±13,5Mpa para a liga Wiron (ligas de Ni-Cr), e

71,7±19,2MPa para a liga IPS d.Sign 20 e 55,2±13,5MPa para a liga

Argeloy (ligas de Co-Cr).Os espécimes fraturados foram examinados em

lupa estereoscópica Stemi 2000-C (Carl Zeiss, Germany). Foram

encontradas falhas adesivas e coesivas. Um espécime de cada liga não

foi submetido ao teste de cisalhamento e foi analisado em microscópio

eletrônico de varredura. Concluíram que não houve diferença estatística

entre as quatro ligas e a cerâmica estudada e que, a liga IPS d. SIGN 20,

desenvolvida para o sistema cerâmico IPS d. SIGN, não apresentou

valores diferentes das outras três ligas estudadas.

Jóias et al.25 (2005) avaliaram a resistência de união entre

três ligas de Co-Cr e uma de Ni-Cr, com a cerâmica Vita Omega 900

(Vita, Germany). Pela técnica da cera perdida, foram obtidas dez

estruturas metálicas para cada um dos grupos: IPS 20 (Co-Cr, Ivoclar,

USA); IPS 30 (Co-Cr, Ivoclar, USA); Remanium 2000 (Co-Cr, Dentaurum,

Germany); Wironia (Ni-Cr, Bego, Germany). Após jateamento com óxido

de alumínio 110!m, receberam a aplicação da cerâmica, e foi realizado o

ensaio de cisalhamento. Os valores médios de resistência de união

obtidos foram: IPS 20 – 94,96±23,82; IPS 30 – 93,78±13,94; Remanium

2000 – 67,61±21,22; Wironia – 100,58±19,55. IPS 20 e 30 e Wironia

apresentaram valores estatisticamente similares, porém remanium 2000

diferiu estatisticamente das outras três ligas.

Al-Hiyasat e Darmani1 (2005) investigaram os efeitos de

refundição na citotoxidade de ligas metálicas básicas. Foram testadas

cinco ligas, sendo duas de Ni-Cr (Remanium CS e Wiron 99), uma de Ni-

Cr-Cu (CB Soft), uma de Co-Cr (Wirobond C) e uma de Cu-Al

(Thermobond). Pela técnica da cera perdida, foram obtidos 12 discos

(3x5mm), para cada um dos três grupos. No primeiro grupo foi utilizada

somente liga virgem na fundição. No segundo grupo foi utilizado 50% de

liga nova e 50% de liga já fundida. No terceiro grupo utilizou-se 100% de

liga já fundida. Os espécimes foram jateados com óxido de alumínio

(250!,) para remover o revestimento; usinados e polidos com uma

seqüência de pedras, borrachas e pasta de polimento (Bego, Germany).

O processo de acabamento e polimento foi executado de acordo com o

que acontece no uso do dia a dia da clínica; e, com material separado

para cada tipo de liga, para que não ocorresse contaminação dos

espécimes. Os discos foram limpos com detergente líquido, colocados em

água destilada e ultra-som por cinco minutos, e esterilizados a 150 oC por

seis minutos. Os discos foram separados em dois grupos: seis para o

teste de citotoxidade e seis para a determinação dos elementos liberados.

Concluíram que a refundição aumentou a liberação de elementos, e a

citotoxidade das ligas estudadas; que o Co-Cr Wirobond C reagiu mais

adversamente à refundição, do que as ligas de Ni-Cr Remanium CS e

Wiron 99; que a liberação do Cu, aumentou consideravelmente nas ligas

refundidas, e foi a mais afetada pela refundição, seguida do Cu e Ni.

Vasquez54 (2005) avaliou a resistência ao cisalhamento

de três sistemas metalo-cerâmicos, utilizando o titânio comercialmente

puro (cp), e as cerâmicas Triceram, Super Porcelain Ti22, Titankeramic,

com ou sem ciclagem térmica e mecânica e a análise da interface por

MEV e EDS. O experimento teve como grupo controle um sistema com a

liga Au-Pd Olympia (Jelenko, USA) e cerâmica Vita Omega 900 (Vita,

Germany). Foram confeccionados 12 corpos-de-prova, com estrutura

metálica de 4mmx4mm e estrutura cerâmica também de 4mmx4mm. Os

valores médios de resistência de união para a liga Olympia sem ciclagem

foram de 61,283±8,338MPa e com ciclagem de 60,687±13,789, não

havendo portanto influência das ciclagens térmica e mecânica nestes

valores.

Higert (2005) estudou a resistência ao cisalhamento entre

três ligas: Au-Pd (Olympia, Jelenko, USA), Co-Cr (Wirobond C, Bego,

Germany) e Ni-Cr (Wiron 99, Bego, Germany), com e sem ciclagem

térmica e mecânica. Pela técnica da cera perdida, foram confeccionados

trinta corpos-de-prova para cada liga, com 4x4mm de estrutura metálica e

4x4mm de estrutura cerâmica. Os valores médios de resistência de união

obtidos para os grupos sem/com ciclagem foram: 66,02±9,51

/59,77±23,34MPa para Au-Pd; 85,27±13,07/ 76,27±15,77MPa para Co-Cr

e 76,18±13,61/74,67±22,66MPa para NiCr. Não houve influência das

ciclagens nos três grupos, porem, no fator liga metálica, o grupo Au-Pd

diferiu estatisticamente do Co-Cr e Ni-Cr.

Kojima et al.30 (2005) comparou o efeito de três

dispositivos para cisalhamento (ISO, Fita e Pistão), verificando a

distribuição de tensões, por análise de elementos finitos e, o aspecto

morfológico da região de fratura, por MEV. Pela técnica da cera perdida,

foram obtidos 12 corpos-de-prova para cada grupo, com 4x4mm de

estrutura metálica e 4x4mm de estrutura cerâmica. Foi utilizada a liga de

Ni-Cr Wiron 99 e a cerâmica Vita Omega 900. Os valores médios de

resistência de união obtidos para os grupos foram: ISO – 38,74±7,62; Fita

– 23,34±4,21; Pistão – 58,16±14,84. Os cálculos das tensões pela análise

de elementos finitos confirmaram a presença de grande concentração de

tensão no teste de resistência ao cisalhamento preconizado pela norma

ISO, seguido pelo teste da fita e com uma distribuição melhor e mais

homogênea para o dispositivo pistão. O estudo mostrou que o dispositivo

pistão obteve melhores resultados do que os métodos convencionais ISO

11405 e fita. No teste realizado com o cinzel, ocorreu a fratura

inicialmente na cerâmica, na região onde havia o contato do cinzel.

Pequenas ilhotas de cerâmica permaneceram sobre o metal na região

onde ocorreu o carregamento, caracterizando uma fratura coesiva. No

teste realizado com a fita, grandes quantidades de ilhotas de cerâmica,

quando comparado com os outros grupos, permaneceram sobre o metal

(fratura em meia lua), indicando uma falha coesiva. Esta característica

pode ser explicada pela existência de uma alavanca no momento deste

teste, além da ocorrência de deformação da fita de aço. No teste

realizado com o pistão foi observada, em alguns corpos-de-prova, uma

fina quantidade de opaco, demonstrando que houve uma melhor

distribuição das forças e melhor capacidade de avaliação da interface de

união; desta forma, os tipos de falhas foram classificadas como adesivas.

Strietzel52 (2005) avaliou a composição, a resistência de

união, a corrosão e a biocompatibilidade da liga de Co-Cr Wirobond C

(Bego, Germany), comparada à liga de Au-Pt Bio Pontostar (Bego,

Germany). O autor afirma que o coeficiente de expansão térmica do

Wirobond C é perfeitamente compatível com a cerâmica Omega 900 (Vita,

Germany). Clinicamente, ele considera que um valor de resistência de

união de 25Mpa é satisfatório. Em estudos experimentais, encontrou

valores de união de 48,7MPa para Wirobond C e Omega 900, e de

64,2MPa para Bio Pontostar e Omega 900.

3 PROPOSIÇÃO

A proposta do presente trabalho consistiu na avaliação

da resistência de união entre ligas de Co-Cr e cerâmica, por meio do

teste de cisalhamento, comparando com o sistema em que se emprega

a liga áurica.

4 MATERIAL E MÉTODO

Os materiais, características, composição e fabricantes

dos mesmos, empregados na pesquisa, estão descritos no Quadro 1.

Quadro 1 – Materiais empregados, características, composição e

fabricantes.

Material Características / Composição em % Fabricante

Vita

Omega

900

Cerâmica de baixa fusão Vita

Olympia Liga de Au-Pd: Au 51.50; Pd 38.40; In 8,5;

Ga 1,5; Ru max. 1 (%)

Jelenko

IPS

d.SIGN20

Liga de Co-Cr: Co 55,5/ Cr 25/ Ga 7,5/

W 4,2/Mo 3/Nb 3,0/ Si 1,3/ Bo <1

Ivoclar

IPS

d.SIGN30

Liga de Co-Cr: Co 60,2/ Cr 30,1/ Ga 3,9 /Nb

3,2/ Si,Mo,Fe, Bo, Al, Li<1

Ivoclar

Remaniu

m 2000

Liga de Co-Cr: Co 61 / Cr 25 / Mo 7 / W 5 /

Si 1,5 / C <1 / Mn <1/ Ce < 1

Dentaurum

Heranium

P

Liga de Co-Cr: Co 59 / Cr 25 / W 10 / Mo 4 /

Si 1 / C <1 / Mn <1 / Ce < 1

Kulzer

Wirobond

C

Liga de Co-Cr: Co 61 / Cr 26 / Mo 6 / W 5 /

Si 1 / Fe 0,5 / Ce 0,5 / C max. 0.02

Bego

As propriedades físicas da cerâmica e das ligas utilizadas

estão descritas no Quadro 2.

Quadro 2 – Propriedades físicas da cerâmica e das ligas utilizadas.

Foram confeccionados sessenta corpos-de-prova (CP)

metalocerâmicos, de formato cilíndrico, com uma porção metálica com

altura total de 5mm, tendo diâmetro diferenciado entre as extremidades; a

extremidade maior com 5mm de diâmetro por 1mm de altura, e a menor,

4mm de diâmetro por 4mm de altura, totalizando 5 mm de altura.

Sobre a face de 4mm de diâmetro do cilindro metálico foi

aplicada uma porção cerâmica de 4mm de diâmetro por 4mm de altura

(Figura1).

FIGURA 1 – Desenho esquemático do corpo-de-prova e respectivas dimensões.

Material Densidade Temp. fundição CET 20-600ºC

Vita Omega 900 2,4 (g/cm3) ------------- 13,9 10-6K-1

Olympia 7,8 (g/cm3) 1345º C 14,6 10-6K-1

IPS d.SIGN20 7,9 (g/cm3) 1345º C 14,6 10-6K-1

IPS d.SIGN30 7,8 (g/cm3) 1220º C 14,7 10-6K-1

Remanium 2000 8,6 (g/cm3) 1415º C 14,2 10-6K-1

Heranium P 8,8 (g/cm3) 1550º C 14,0 10-6K-1

Wirobond C 8,5 (g/cm3) 1470º C 14,2 10-6K-1

EstruturaMetálica

Cerâmica 4mmmmm

Ø5mm

4mmmmm

1mmmmm

Ø4mm

Dos sessenta CP, dez foram do sistema liga

áurica/cerâmica e cinqüenta do sistema Co-Cr/cerâmica.

A confecção dos CP metalo-cerâmicos foi dividida em

duas fases: estrutura metálica e revestimento cerâmico.

4.1 Estrutura metálica

As estruturas metálicas foram obtidas através da fundição

de padrões de cera, pelo método da cera perdida, conforme o descrito por

Phillips43 (1994). Para se obter os padrões de cera de uma forma

dimensionalmente correta e padronizada, foi desenvolvido por Jóias et

al.25,26 (2004 e 2005) um dispositivo metálico para ceroplastia, composto

por duas partes distintas. A parte A, na qual foi vertida a cera liquefeita,

consiste de um anel com 15mm de diâmetro e 5mm de altura, tendo ao

centro, uma perfuração de 4mm de diâmetro e, na extremidade superior,

um rebaixo de 5mm de diâmetro por 1mm de altura. A parte B, consiste

de um êmbolo, que foi utilizado para remover o padrão de cera da parte A

(Figura 2 ).

FIGURA 2 – Partes A e B do dispositivo para ceroplastia dos padrões.

Foram obtidos sessenta padrões em cera (Occlusal Wax

Bego 40116, Germany), de forma cilíndrica, com base de 5mm de

diâmetro por 1mm de altura, e corpo de 4mm de diâmetro por 4mm de

altura, na seguinte seqüência (Figura 3):

a) a porção central da parte A do dispositivo de

ceroplastia foi isolada com uma fina camada de

vaselina líquida;

b) o dispositivo foi apoiado em uma base plana;

c) a cera liquefeita foi vertida, preenchendo o espaço

de uma única vez;

AB

d) após o esfriamento da cera, a mesma foi removida

do dispositivo da base plana, e verificado se na

extremidade inferior do dispositivo (a de 4mm de

diâmetro), ocorreu uma cópia perfeita com a cera.

Quando isto não ocorria, o padrão de cera era

descartado;

e) com auxílio de um Lecron n°5, foi planificada a

extremidade superior (com 5mm de diâmetro), e

no centro foi fixado um sprue de cera de 1,5mm,

que serviu de conector para o canal de

alimentação, que tinha 3mm de diâmetro;

f) com a parte B do dispositivo, foi removido o

padrão de cera da parte A.

FIGURA 3 – Seqüência da ceroplastia dos padrões a serem fundidos.

Seis anéis de silicone foram utilizados para a inclusão dos

padrões de cera em revestimento. Na base formadora de cadinho de cada

anel foi fixado um conduto de alimentação com 3mm de diâmetro, no qual

foram unidos dez padrões em cera, através de um conector de 1,5mm de

diâmetro (Figura 4).

FIGURA 4 – Seqüência da montagem dos padrões de cera no anel de silicone.

Antes de fixar definitivamente o conduto de alimentação +

padrões de cera na base formadora de cadinho, eles foram pesados para

calcular-se a quantidade mínima de liga necessária para a fundição

(Figura 5): peso da cera x densidade da liga = gr de liga para fundição.

FIGURA 5 – Pesagem do conduto de alimentação + Padrões de cera para cálculo da quantidade de liga para fundição.

Após o cálculo, o conduto de alimentação foi novamente

fixado na base formadora de cadinho e, aplicado por aspersão, o redutor

de tensão superficial Waxit (Degussa, Brasil) (Figura 6).

FIGURA 6 – Aplicação do redutor de tensão superficial.

Após a secagem do Waxit, foi feita a inclusão com o

revestimento fosfatado Bela Vest SH (Bego, Germany), seguindo a

proporção indicada pelo fabricante (100g de pó/25 ml de líquido). Após

espatulação manual por 15segundos, foi realizada espatulação mecânica

e a vácuo (20psi) por 30segundos com 425rpm, na espatuladora

Polidental A300 (Polidental, Brasil). Após 10 minutos do término da

inclusão de cada anel, oi removida a base formadora de cadinho e o anel

de silicone (Figura 7).

FIGURA 7 – Seqüência da inclusão dos padrões de cera em revestimento.

Seguindo a orientação do fabricante, vinte minutos após o

término da inclusão, os anéis de revestimento foram colocados no forno

para fundição, já pré-aquecido, à temperatura de 900oC, e mantidos por

30 minutos à temperatura de 900oC. Após esse período, foram realizadas

as fundições por indução na máquina Ducatron Série 3 – (Ugin Dentaire,

França) (Figura 8).

FIGURA 8 – Seqüência da fundição, com a máquina Ducatron Série 3 – Ugin Dentaire, França.

Após o esfriamento dos blocos de revestimento, foi feita a

desinclusão e, jateamento com óxido de alumínio de granulação 110_m,

com trinta libras de pressão (Figura 9).

FIGURA 9 – Remoção do revestimento e jateamento parcial dos padrões metálicos.

As estruturas metálicas dos corpos-de-prova foram

separadas do canal de alimentação com disco de diamante sinterizado, e

as dimensões aferidas, posicionando-os nos orifícios do dispositivo

utilizado para o ensaio de cisalhamento, que será descrito posteriormente

(Figura 10).

FIGURA 10 – Aferição das dimensões das estruturas metálicas no dispositivo de cisalhamento.

Antes de iniciar a aplicação do revestimento estético, as

estruturas metálicas foram novamente jateadas, na extremidade menor,

com óxido de alumínio novo (110_m), durante 10segundos, à distância

aproximada de 2cm, pressão de 80libras, e angulação de 45°, utilizando

dispositivo projetado para esta finalidade (Figura 11).

A

B

FIGURA 11 – Dispositivo para padronizar o jateamento das estruturas metálicas a 2cm de distância e a 45° de inclinação.

Após o jateamento, os padrões metálicos foram lavados

em água corrente, e a seguir lavados no ultra-som (Vitasonic II, Vita,

Germany) com água durante trens minutos, por duas vezes e,

posteriormente, desengordurados com álcool etílico, também por três

minutos no ultra-som (Figura 12). A partir desta etapa, os padrões

metálicos foram manipulados com o auxílio de uma pinça clínica, para

evitar que a gordura dos dedos contaminasse a superfície.

FIGURA 12 – Limpeza e desengorduramento dos padrões metálicos no ultra- som.

2cm

45°

4.2 Revestimento cerâmico

Todas as fases de sinterizações do revestimento

cerâmico foram realizadas no forno Vacumat 40 (Vita, Germany) (Figura

13).

FIGURA 13 – Forno Vacumat 40 (Vita, Germany).

As especificações dos programas utilizados para as

sinterizações estão no Quadro 3.

Entre as sinterizações, os corpos-de-prova foram

esfriados até a temperatura ambiente.

Quadro 3 - Ciclo de sinterizações da Cerâmica Vita Omega 900

Cerâmica Programa Pré-secagem °C Temperatura Final °C

Opaco 1 e 2 43 600 °C 900 °C

Dentina 1 44 600 °C 900 °C

Dentina 2 45 600 °C 890 °C

O opaco que foi utilizado é do sistema pó/líquido (Omega

900, Vita, Germany), e foi aplicado em duas camadas distintas (Figura

14).

FIGURA 14 – Opaco pó/líquido Vita Omega 900 (Vita, Germany).

Com auxílio de um pincel de pelo de marta n°0 (Ivoclar

Vivadent, Schaan, Liechtenstein) foi aplicado a primeira camada,

abrangendo a extremidade de 4mm de diâmetro das estruturas metálicas.

Neste momento, será importante não foi permitido o opaco ultrapassar o

limite dos 4mm de diâmetro, pois caso contrário, o corpo-de-prova não

adaptaria no dispositivo de cisalhamento. A sinterização foi realizada no

programa 43 (Quadro 3). Após o esfriamento, foi visível que esta primeira

camada não foi suficiente para mascarar o metal (Figura 15).

FIGURA 15 – Aplicação da primeira camada do Opaco pó/líquido Vita Omega

900 (Vita, Germany), e estruturas metálicas após sinterização.

Após o esfriamento, foi aplicada a segunda camada de

opaco, um pouco mais espessa do que a primeira, para permitir um maior

mascaramento do metal (Figura 16). A sinterização também foi realizada

no programa 43 (Quadro 3).

FIGURA 16 – Estruturas metálicas após sinterização da segunda camada do

Opaco pó/líquido Vita Omega 900 (Vita-Germany).

Após a segunda camada de opaco, foram aplicadas duas

camadas distintas de cerâmica de dentina. Para compactar estas duas

camadas, foi utilizado um dispositivo desenvolvido para esta finalidade. O

dispositivo consta de duas partes distintas. A parte A, na qual foram

compactadas as camadas de cerâmica de dentina, consistia de um anel

de teflon com 15mm de diâmetro e 9mm de altura, tendo ao centro, uma

perfuração de 4mm de diâmetro e, na extremidade superior, um rebaixo

de 5mm de diâmetro por 1mm de altura. A parte B, era um êmbolo

metálico, utilizado para remover a estrutura metálica + dentina da parte A

(Figura 17).

FIGURA 17 – Dispositivo desenvolvido para aplicação das camadas de cerâmica de Dentina Vita Omega 900 (Vita, Germany).

Após a aplicação da segunda camada de opaco, foram

aferidas as dimensões das estruturas metálicas com as camadas de

opaco, na parte A do dispositivo para aplicação da cerâmica de dentina.

Quando necessário, foi feito um pequeno ajuste, com uma ponta de óxido

de alumínio (Figura 18).

FIGURA 18 – Aferição das estruturas metálicas com segunda camada de opaco, no dispositivo para aplicação de cerâmica de dentina.

AB

O pó da cerâmica de dentina foi misturado com o

respectivo líquido, numa consistência cremosa (Figura 19).

FIGURA 19 – Cerâmica de dentina + líquido Vita Omega 900.

A primeira camada de dentina foi aplicada sobre as

estruturas metálicas opacificadas em pequenas camadas, com auxílio de

uma espátula para cerâmica. Após cada camada, a cerâmica de dentina

foi condensada, vibrando o dispositivo sobre a bancada, até que fosse

preenchido o dispositivo de teflon. Após o preenchimento, o excesso de

líquido foi removido com um lenço de papel. Após a secagem da primeira

camada de dentina, o conjunto estrutura metálica + dentina, foi removido

do anel de teflon com auxílio do êmbolo metálico. Neste procedimento, foi

tomado o devido cuidado, necessário para que não houvesse nenhum

movimento visível na interface metal/cerâmica. Após a remoção, o

excesso de cerâmica de dentina ao redor da estrutura metálica foi limpo,

com auxílio de uma lâmina de bisturi n°15 e um pincel; a sinterização foi

realizada no programa 44 (Quadro 3) (Figura 20).

FIGURA 20 – Corpo-de-prova após limpeza do excesso de dentina e após sinterização da primeira camada de cerâmica de dentina.

Após a sinterização da primeira camada de cerâmica de

dentina, foi necessária uma aferição dimensional, para avaliar se os

corpos-de-prova adaptavam no dispositivo para cisalhamento. Caso

contrário, pequenos ajustes eram realizados com ponta de óxido de

alumínio. Para corrigir contração de sinterização, foi aplicada uma

segunda camada de dentina.

A segunda camada de cerâmica de dentina também foi

aplicada com o auxílio do dispositivo de teflon. A mistura cerâmica de

dentina + líquido foi menos consistente do que na primeira camada, para

permitir um bom preenchimento do espaço que ficou entre o dispositivo de

teflon e a primeira camada. Após o preenchimento, condensação, e,

secagem com lenço de papel, a remoção do conjunto estrutura metálica

mais segunda camada de dentina, foi feita com o auxílio do êmbolo

metálico. Neste procedimento, também foi observado se não ocorria

nenhum movimento visível na interface metal/cerâmica. Após a remoção,

foi limpo o excesso de dentina ao redor da estrutura metálica, e realizada

a sinterização no programa 45 (Quadro 3) (Figura 21).

FIGURA 21 – Corpo-de-prova após sinterização da segunda camada de cerâmica de dentina.

Após o esfriamento da sinterização da segunda camada

de cerâmica de dentina, foi necessária uma aferição dimensional, para

avaliar se os corpos-de-prova adaptam no dispositivo para o ensaio de

cisalhamento. Quando necessário, foi realizado um pequeno ajuste no

limite metal-cerâmica, com ponta de óxido de alumínio (Figura 22).

FIGURA 22 – Corpo-de-prova finalizado e adaptado no dispositivo de cisalhamento.

Para o ensaio mecânico utilizamos o dispositivo

desenvolvido por Itinoche et al.24 (1999), composto por duas partes

independentes (A e B), sendo que a porção cerâmica do corpo-de-prova

permaneceu alojada no interior do êmbolo (B), enquanto a metálica ficou

na estrutura (A). O conjunto foi posicionado em máquina de ensaio

universal EMIC (Brasil), com célula de carga de 1000Kgf. Sobre o

prolongamento cilíndrico superior da parte B, a máquina desenvolveu

velocidade constante de 0,5mm/min até a fratura da amostra, obtendo-se

assim, o valor máximo da carga, em MPa, suportada pela interface

metal/porcelana (Figura23).

FIGURA 23 – Dispositivo para cisalhamento (partes A e B) e dispositivo + corpo- de-prova prontos para ensaio de cisalhamento.

.

AB

5 RESULTADOS

5.1 Ensaio de cisalhamento

Os valores originais obtidos de resistência de união para

cada unidade experimental a partir do ensaio de cisalhamento, são

apresentados no Apêndice A.

A estatística descritiva dos dados obtidos no teste de

cisalhamento é apresentada na Tabela 1 e representada pelo gráfico da

Figura 24, observando-se os valores de média e desvio padrão.

Tabela 1 – Estatística descritiva dos dados do ensaio de cisalhamento

(MPa).

Estatística

G1

Olympia

G2

IPS 20

G3

IPS 30

G4

Remanium

G5

HeraniumP

G6

WirobondC

N 10 10 10 10 10 10

Média 61,48 94,00 96,82 83,97 71,18 63,17

Mediana 62,32 91,64 95,50 77,41 70,88 62,51

Desvio Padrão 7,78 18,97 10,17 12,37 14,30 10,86

Coeficiente

de variância12,67 18,89 10,50 16,47 20,10 17,19

Mínimo 50,59 66,69 82,96 54,60 49,76 48,21

Máximo 70,44 125,61 114,79 93,76 95,58 78,34

FIGURA 24 – Ilustração gráfica das médias e desvios padrões do ensaio de

cisalhamento.

Os valores obtidos nos grupos e dispostos na tabela 1

foram submetidos ao teste estatístico de Shapiro-Wilk com vistas à

determinação do tipo de distribuição para aplicação do teste estatístico

adequado, paramétrico ou não paramétrico. Os resultados do teste de

normalidade de Shapiro-Wilk estão dispostos na tabela 2.

Tabela 2 – Teste de normalidade de Shapiro-Wilk.

Grupo Estatística W Valor p

Au

Heranium P

IPS 20

IPS 30

Remanium

Wirobond C

0,896

0,960

0,932

0,971

0,923

0,944

0,200

0,792

0,494

0,900

0,384

0,606

A estatística de Shapiro-Wilk calcula o valor de W e o p,

sendo que valores de W próximos a 1 referem à distribuição normal.

Observa-se, portanto, que os resultados possuem uma distribuição

considerada normal, propiciando a indicação de testes paramétricos.

Os resultados dos grupos estudados foram submetidos ao

teste estatístico de análise de variância com um fator, ANOVA One-Way,

conforme tabela 3.

Tabela 3 – Análise de variância.

Graus de

liberdade

Soma dos

quadrados

Média dos

quadrados

F P

Entre os

grupos

Dentro

do grupo

Total

5

54

59

11531,2

8973

20504,2

2306,25

166,17

13,9 0,0000

Ao detectar significância estatística na análise de

variância aplicou-se o teste de Tukey, p nível de 0,05 para determinação

dos grupos que diferem entre si, conforme tabela 4.

Tabela 4 – Teste de Tukey.

Grupo Média Grupo Homogêneo

IPS 30

IPS 20

Remanium

HeraniumP

WirobondC

Au

96,820

94,009

75,124

71,181

63,175

61,428

A

A

B

B

B

B

O teste de Tukey evidenciou que os grupos estudados

apresentaram-se distribuídos em dois grupos homogêneos A e B, sendo

que grupos com letras distintas apresentam diferença estatística

significante.

5.2 Análise do tipo de fratura

As amostras foram anal isadas em lupa

estereomicroscópica Stemi 2000-C (Karl Zeiss, Inglaterra), com aumento

de 25x, acoplada a uma câmera digital Sony Cybershot DCS-S85.

Quando analisado o grupo em Au-Pd, observa-se maior quantidade de

falha coesiva na cerâmica (Figura 25). Os grupos de Co-Cr mostraram

falhas adesivas, com exposição de quase a totalidade do metal, deixando

poucos remanescentes cerâmicos (Figura 26). Os fragmentos cerâmicos

destes grupos, aparentemente, levaram consigo a camada de óxido,

sugerindo falha adesiva entre a camada de óxido e o metal. Pode-se

sugerir que, nos grupos de Au-Pd, a resistência da camada de óxido seja

maior que a resistência coesiva da cerâmica. De forma inversa, nos

grupos de Co-Cr, nos quais a adesão óxido-metal é mais fraca do que a

resistência coesiva, a falha ocorre, predominantemente, nesta região.

FIGURA 25 – Fotomicrografias feitas no estereomicroscópio com aumento de 25x, representativas do G 1, em Au-Pd/Omega 900.

FIGURA 26 – Fotomicrografias feitas no estereomicroscópio com aumento de 25x, representativas dos grupos em Co-Cr/Omega 900.

6 DISCUSSÃO

O requisito primário para o sucesso de uma restauração

metalocerâmica é o desenvolvimento de uma união duradoura entre a

porcelana e a liga metálica. Uma vez que esta união é obtida, existe a

oportunidade de se introduzir tensões neste sistema de biomateriais

durante o processo de queima da porcelana. Uma distribuição

desfavorável de tensões durante o processo de resfriamento, pode

resultar na fratura da porcelana, sendo que fratura tardia também pode

ocorrer. (ANUSAVICE4, em 1998). Fraturas ou descolamentos da

cobertura estética de cerâmica são sérios e dispendiosos problemas em

Odontologia, ocasionando inconvenientes funcionais e estéticos, tanto

para o paciente como para o cirurgião-dentista (ÖZCAN40, 2003).

Neste trabalho foi avaliada a união interfacial entre cinco

ligas de Co-Cr e cerâmica, tendo como grupo controle um sistema metalo-

cerâmico com liga de Au-Pd. Este sistema ouro/cerâmica foi selecionado

como controle, por terem suas propriedades amplamente estudadas na

literatura odontológica, e avaliadas como satisfatórias (HAMMADE et al20,

1987; PERSON & BERGMAN42, 1996).

As ligas de Co-Cr para metalocerâmica foram estudadas,

porque existe uma tendência mundial delas substituírem as ligas de Ni-Cr,

devido aos problemas biológicos do Ni e Be.

A cerâmica odontológica foi selecionada para esta

pesquisa, devido a sua biocompatibilidade, estabilidade de cor a longo

prazo, resistência ao desgaste e estética (Anusavice3, 2005).

As ciclagens térmica e mecânica, a aplicação de um

agente de união antes da primeira camada de opaco, e o glaze após o

término dos CP, são procedimentos que não foram realizados porque não

eram objetivos deste estudo. Hilgert21 (2005) relata que as ciclagens

térmica e mecânica não influenciaram estatisticamente na resistência ao

cisalhamento, quando utilizou a cerâmica Vita Omega 900 com ligas de

Au-Pd, Co-Cr e Ni-Cr. Oyafuso et al.41 (2003) compararam a resistência

ao cisalhamento entre cerâmica e ligas metálicas (Ni-Cr e Co-Cr)

utilizando uma camada intermediária de agente de união à base de ouro,

e concluíram que o agente de união não influenciou estatisticamente a

resistência de união nos grupos avaliados. Saavedra et al.47 (2004),

avaliaram a resistência ao cisalhamento entre uma liga de cobalto-cromo

(New Ceram,CNG, Brasil) e a cerâmica Vita Omega 900, com diferentes

agentes de união: Wash Opaque Vita Omega 900 (Vita,Germany) e Pré

Bond Opaque (CNG, Brasil). Não houve diferença estatisticamente

significante entre os grupos analisados. Os dois agentes de união

determinaram valores semelhantes de resistência de união entre metal e

cerâmica.

As estruturas metálicas dos CP foram obtidas pela técnica

da cera perdida, ao invés do torneamento mecânica de barras fundidas,

como o preconizado na metodologia dos trabalhos de Itinoche24 (1999),

Olivieri39 (2003), Bondiolli & Bottino8 (2004), Mello et al.35 (2005). A opção

por esta técnica foi devido ao fato dela estar mais próxima do que é

realizado comercialmente em laboratórios de prótese dentária.

Para obter os padrões em cera, foi utilizado o dispositivo

idealizado por Jóias et al.26 (2004). Tomou-se o cuidado de logo após a

obtenção dos padrões de cera, incluí-los em revestimento, para evitar

distorção da cera. A distorção é provavelmente o problema mais sério que

pode ocorrer durante a confecção ou remoção do padrão de cera da boca

ou do troquel. Ela é o resultado das alterações térmicas e da liberação de

tensões, que se originam da contração durante o esfriamento, do

aprisionamento de gases, da alteração de forma durante a modelagem,

quando da remoção, e do período e temperatura de armazenagem

(ANUSAVICE4, 1998). De acordo com Craig et al.12 (2002) e Craig &

Powers11 (2004), o tempo decorrido entre o acabamento e a inclusão do

padrão de cera deve ser menor do que trinta minutos, porque longos

períodos de armazenamento disponibilizam tempo para que o estresse

residual da cera seja liberado, o que acarreta em distorção.

Antes da inclusão dos padrões de cera em revestimento,

foi aplicado um redutor de tensão superficial, para diminuir o ângulo de

contato entre cera e revestimento, permitindo um contato mais intimo

entre ambos, evitando a formação de bolhas.

O aumento do molhamento dos sólidos com líquidos de

tensão superficial reduzida é importante em várias aplicações

odontológicas. O poder de molhamento dos líquidos é representado pela

sua tendência a se espalhar na superfície de um sólido. Nos

procedimentos da odontologia restauradora frequentemente é necessário

formar padrões de cera que devem ser molhados com suspensão de água

de materiais com gesso e revestimento para fundição. A cera não é bem

molhada pela água, portanto, é necessário aplicar uma solução diluída

com algum agente umectante, para permitir que misturas aquosas se

espalhem nos procedimentos subseqüentes (CRAIG & POWERS11,

2004).

Para incluir os padrões de cera foram utilizados anéis de

silicone e o revestimento fosfatado Bela Vest SH (Bego, Germany). Dez

minutos após a inclusão, os anéis de revestimento foram removidos dos

anéis de silicone. Vinte minutos após o início da inclusão, os anéis de

revestimento foram levados ao forno já aquecido a 900°C, e mantidos

nesta temperatura por trinta minutos.

Segundo Anusavice3 (2005), as temperaturas de

eliminação de cera para revestimentos aglutinados por fosfatado variam

de 750°C a 1030°C. Essas temperaturas altas necessárias para ligas

metalocerâmicas (nobres e não nobres) descartam a possibilidade de se

utilizar revestimentos aglutinados por gesso, que acima de 700°C

rachariam, produzindo rebarbas e/ou falhas de fundições, além de

contaminar as ligas nobres. Hoje em dia existem alguns revestimentos

que podem ser submetidos ao aquecimento mais rapidamente, sendo

colocados no forno à temperatura máxima, mantidos por vinte a trinta

minutos, e então, realizada a fundição. Para economizar mais tempo, o

uso de um anel metálico e de um forro, é eliminado. O anel metálico é

substituído por um anel de silicone cônico, e uma vez que o revestimento

tenha tomado presa, ele é removido do anel, mantido por um período

específico para completar o processo de presa, e colocado depois

diretamente no forno quente.

As ligas metálicas foram fundidas por indução e injetadas

nos anéis de revestimento por centrifugação. A escolha do método de

fundição por indução foi devido à facilidade de realizar, bem como de

padronizar a fundição, em relação à utilização do método com maçarico

GLP/oxigênio. Craig & Powers11 (2004) também acreditam que o

aquecimento por indução derrete a liga mais fácil do que por maçarico. Já

para Anusavice3 (2005), existe uma pequena diferença nas propriedades

ou na precisão das fundições feitas com qualquer tipo de máquina de

fundição, sendo a escolha uma questão de acesso e preferência pessoal.

Antes de iniciar a estrutura cerâmica dos CP, foi realizado

o tratamento de superfície das estruturas metálicas com um jateamento

de óxido de alumínio. Acredita-se que jatear as superfícies finalizadas

remove os sulcos e ranhuras provocados pelo acabamento. O metal

jateado tem mais energia de superfície, o que promove um maior

molhamento durante a aplicação da cerâmica. Evidências sugerem que

esta superfície asperizada pode também promover intertravamentos

mecânicos, e aumentar a área de superfície para a adesão metal-

cerâmica (HOFSTEDE et al. 2 2, 2002). Porem, a utilização de óxido de

alumínio, de qualidade inferior e menor pureza, podem contaminar a

superfície metálica, e, conseqüentemente, afetar a integridade da zona de

aderência metal-cerâmica (ANUSAVICE3, 2005).

Para a avaliação do desempenho de restaurações

metalocerâmicas, talvez o requisito mais importante seja uma forte e

duradoura adesão entre a cerâmica e o metal. Esta é obtida durante a

queima da cerâmica, através de alguns mecanismos de adesão: forças de

Van der Waals, adesão mecânica e adesão química (BAGBY et al.6,1990;

LACY31, 1977; ANUSAVICE3, 2005).

As forças de Van der Waals são forças de atração entre

dois átomos polarizados em íntimo contato, mas sem troca de elétrons.

Suas medidas de adesão têm relação direta à extensão na qual o metal é

molhado pela cerâmica ainda fluida. Quanto melhor o molhamento e

menor o ângulo de contato, mais forte as forças de Van der Waals entre a

cerâmica e o metal (BAGBY et al.6,1990; LACY31, 1977).

A adesão mecânica ocorre pelo preenchimento com

cerâmica de cobertura nas irregularidades microscópicas da superfície do

metal (LACY31, 1977). Entretanto, a rugosidade de superfície, se não

controlada, pode causar dificuldade de preenchimento total das

microretenções, e, com isso, haver a formação de bolhas na interface,

prejudicando a adesão.

A adesão química é o principal mecanismo de interação

entre metal e cerâmica. Compreende a transferência direta de elétrons

entre o oxigênio do vidro e metais oxidáveis no coping metálico. Por isto,

ligas de metais puros (não oxidáveis) não apresentam adesão química.

Cerâmica aplicada a uma superfície lisa de Au-Pt-Pd, por exemplo, vai se

soltar da superfície sem evidência de fixação. A ligação intermediária

entre o metal e o vidro é a camada de óxido metálico, que precisa ser

delgada em espessura para ser efetiva, caso contrário pode sofrer fratura

(LACY31, 1977).

A longevidade da restauração metal-cerâmica depende da

formação de uma camada adesiva estável entre os dois materiais (MELO

et al.35, 2005). A teoria da camada de óxido afirma que a adesão da

cerâmica ao metal é obtida pela presença de uma camada de óxido,

aderente na interface metal-porcelana (MACKERT JUNIOR et al.33, 1988;

HOFSTEDE et al.22, 2002). Desta forma, o requisito para a aderência da

cerâmica segue dois padrões: primeiro, deve haver um óxido presente na

interface, e segundo, o óxido deve aderir ao metal. Por outro lado, se a

camada de óxido está ausente, ou se é de espessura insuficiente para

evitar a dissolução completa pela fusão da porcelana, esta entra em

contato direto com a superfície do metal, ocasionando pobre adesão. Isto

é observado na fusão da cerâmica sobre alguns metais nobres que não

possuem a capacidade de formar óxidos. Por outro lado, se o óxido não

tem boa adesão ao substrato metálico, a união resultante deste à

cerâmica será fraca (MACKERT JUNIOR et al.33, 1988). Estudos têm

determinado que esses óxidos metálicos formados durante o processo de

oxidação podem variar entre ligas e com o tratamento de superfície

(HOFSTEDE et al.22, 2002).

Após o jateamento com óxido de alumínio, as estruturas

metálicas dos CP sofreram duas limpezas em ultra-som. A primeira foi

com água, para remover resíduos de óxido de alumínio, e a segunda com

álcool isopropílico, para desengordurar totalmente as estruturas, evitando

assim, contaminação da superfície metálica, o que poderia comprometer a

aderência da camada de óxido com o metal e com a cerâmica. A partir

disto, as estruturas metálicas foram manipuladas somente com auxílio de

pinças, para evitar que a gordura dos dedos as contaminasse.

A contaminação da superfície da liga antes da colocação

da cerâmica pode ser um fator causal de fraturas. Impurezas na superfície

do metal, tal como pó orgânico das pedras abrasivas ou graxa e óleo dos

dedos, podem impedir um bom molhamento da cerâmica, bem como

incorporar bolhas de ar na interface metal-cerâmica. Para evitar este

problema, deve-se utilizar pedras abrasivas vitrificadas, proteger a

superfície do metal dos resíduos da usinagem e não tocar no metal com

os dedos. O molhamento é importante para formar uma boa união metal-

cerâmica. Durante a queima, a cerâmica deve molhar e unir sobre a

superfície do metal. O ângulo de contato entre a cerâmica e o metal é

uma medida de molhamento, e em certo grau, é a qualidade da união

formada. O molhamento da superfície da superfície da liga pela cerâmica

fundida indica uma interação entre os átomos de superfície do metal com

a cerâmica. Os baixos ângulos de contato indicam bom molhamento. Os

ângulos de contato da cerâmica numa liga cerâmica tipo ouro é de

aproximadamente 60 graus (CRAIG & POWERS11, 2004).

A primeira camada de opaco foi aplicada em uma

consistência fluida, para que ocorresse um bom molhamento da superfície

das ligas com a cerâmica, melhorando assim a qualidade da união metal-

cerâmica. Esta primeira camada não foi suficiente para mascarar a cor

escura dos óxidos metálicos, sendo, portanto, necessária a aplicação de

uma segunda camada de opaco, numa consistência menos fluida do que

a primeira.

A primeira camada a ser aplicada nas restaurações

metalocerâmicas é a de opaco, que consiste de cerâmica rica em óxidos

opacificadores. O seu papel é o de mascarar a cor escura da infra-

estrutura metálica, para alcançar estética adequada. A primeira camada

também fornece a união da cerâmica ao metal (CRAIG & POWERS11,

2004).

Uma das técnicas mais comuns na confecção de

cerâmica odontológica é chamada sinterização. Este é um processo de

aquecimento de partículas bem condensadas a uma temperatura

específica (abaixo do ponto de fusão do componente principal), para que

ocorra adesão, difusão e escoamento, visando a compactar e fortalecer

uma estrutura (CRAIG & POWERS11, 2004; ANUSAVICE3, 2005).

Antes das camadas de opaco serem levadas para

sinterização, o excesso de opaco foi removido cuidadosamente com

auxílio de um lenço de papel e de um pincel. Caso isto não ocorresse,

seria necessário um ajuste com pontas abrasivas de óxido de alumínio

após a sinterização. Este ajuste com abrasivos é indesejável na

metodologia, por induzir tensões na interface opaco-metal, que poderiam

enfraquecer a união da interfaces metal-opaco e opaco-cerâmica de

dentina.

Um requisito crítico para a adesão é a compatibilidade de

expansão térmica entre a cerâmica e o metal. Se os dois materiais

contraem em proporções diferentes durante o resfriamento, um estresse

residual será formado nesta interface metal-cerâmica. Se o estresse for

forte, a cerâmica ira se descolar ou fraturar de imediato. Se o estresse for

fraco e não puder causar fratura imediata, poderá causar fratura tardia,

além de causar um enfraquecimento da união na interface metal-

cerâmica. Na prática, a liga deve contrair discretamente mais do que a

cerâmica, para assegurar que o risco de fratura seja minimizado durante o

resfriamento ou durante a função. Assim, o coeficiente de expansão

térmica da liga deve ser 0,5 10-6°C maior que o da cerâmica. Desta forma,

durante o resfriamento, a cerâmica será forçada a tentar contrair mais do

que o metal, ficando sob compressão, o que limita o desenvolvimento e o

crescimento de trincas. Se o metal contrair menos do que a cerâmica, ele

a colocara sob tração, e as forças de tração aceleram a falha da

cerâmica. (CRAIG et al. 12, 2002; CRAIG & POWERS11, 2004;

ANUSAVICE3, 2005).

Após a sinterização da segunda camada de opaco, as

estruturas metálicas foram alojadas no dispositivo de teflon para ser

aplicada a primeira camada de cerâmica de dentina, utilizando a técnica

de condensação por vibração. Para produzir uma contração mínima e

uma porcelana densa e forte é importante alcançar uma condensação

total das partículas neste estágio. Vários métodos de condensação podem

ser empregados. O método de vibração é particularmente eficiente para

aflorar o excesso de água em direção à superfície. A mistura da cerâmica

úmida é aplicada com uma espátula e suavemente vibrada até que as

partículas se assentem. A água em excesso é então removida com um

pano limpo ou com papel absorvente (CRAIG & POWERS11, 2004).

Posteriormente a condensação por vibração, o conjunto

estrutura metálica/cerâmica de dentina foram removidas do dispositivo de

teflon com muito cuidado e o excesso de dentina removido com auxílio de

uma espátula e de um pincel para cerâmica, de modo a tentar não gerar

tensões indesejáveis. Se ocorrerem grandes tensões, durante a remoção

ou limpeza dos excessos, teremos uma separação imediata da cerâmica

de dentina do opaco. Se as tensões não forem suficientes para promover

a separação imediata no momento da remoção ou da limpeza, poderão

provocá-la tardiamente após a sinterização da dentina, seja num ajuste da

primeira camada de dentina com pontas abrasivas, ou diminuindo muito a

união da interface metal/cerâmica, provocando uma falha no ensaio de

cisalhamento. Por isso, discordamos de Hilgert21 (2005), quando diz que

os valores médios obtidos por Pretti et al.44 (2004) foram inferiores aos

seus, por ela ter utilizado o método de fundição por maçarico. A nosso

ver, isto estaria mais relacionado com contaminação da estrutura metálica

antes da aplicação do opaco e/ou estresse gerado durante a confecção

da cerâmica de dentina.

O primeiro passo no processo de sinterização é a

secagem. Em nosso caso, os CP foram secos por 6 minutos a 600°C,

conforme orientações do fabricante da cerâmica. Segundo Craig &

Powers1 (2004) e Anusavice3 (2005), esse estágio de secagem, que dura

entre 5 e 8 minutos, é um passo muito importante; ele garante que

qualquer excesso de água remanescente seja removido da mistura de

cerâmica. Durante o estágio de secagem, a água difunde em direção à

superfície e depois, evapora. Caso a peça seja seca muito rapidamente, a

velocidade de evaporação da água torna-se maior que a de difusão, e a

cerâmica que não foi sinterizada pode ser submetida à fratura

espontânea.

Depois da sinterização da primeira camada de dentina,

nota-se uma contração volumétrica da cerâmica. Craig & Powers11 (2004)

afirmam que esta contração é, em média, 13%. Já Shillingburg Jr. et al49

(1998), relatam que as cerâmicas disponíveis no mercado exibem uma

contração linear significativa durante a sinterização, e uma coroa

metalocerâmica típica de um incisivo central, por exemplo, pode contrair

0.9mm na borda incisal; sugerem que a coroa fique um quinto maior do

que o tamanho desejado, para compensar a contração de 20%. Para

compensar esta contração, foi realizada uma segunda camada de

cerâmica de dentina, seguindo os mesmos cuidados da primeira camada.

Muitos métodos têm sido propostos para quantificar a

união entre cerâmicas e metais. Mas nenhum é completamente isento de

erros, devido à complexidade da interface metal/cerâmica, e nenhum

deles estabeleceu um protocolo final para os testes (LUBOVIC &

GOODKIND32, 1977; DRUMMOND et al.15, 1984; MACKERT JUNIOR et

al.33, 1988; HOFSTEDE et al.22, 2002; ÖZCAN40, 2003; ANUSAVICE3,

2005; MELO et al.35 2005). Teríamos uma condição mais adequada, caso

o par porcelana-metal tivesse coeficientes de contração combinados de

modo que a porcelana adjacente à interface estivesse totalmente livre de

tensões. Esta é uma situação praticamente impossível de se obter,

porque o metal exibe um comportamento de contração linear, em função

da temperatura, e a porcelana, um comportamento não-linear de

contração (ANUSAVICE3, 2005). Desta forma, os testes mais indicados

seriam aqueles em variáveis experimentais mínimas, e com a menor

quantidade de tensões residuais na interface metais-cerâmicos. Alguns

testes têm sofrido algumas críticas, por exemplo, os de flexão para avaliar

ligas de metais diferentes, pois a ruptura da cerâmica depende do módulo

de elasticidade do metal testado. Uma liga com maior módulo de

elasticidade pode resistir à flexão por mais tempo, produzindo maior

tensão de ruptura. Então, torna-se suspeito se é a resistência adesiva ou

o módulo de elasticidade do metal que está sendo testado (HAMMAD &

TALIC19, 1995).

Analisando-se as propriedades das restaurações

metalocerâmicas, observa-se que a resistência ao cisalhamento e à

tração são relativamente baixas em relação à sua resistência à

compressão, portanto, falhas prematuras sob forças intra-orais de tração

ou cisalhamento, que se somam, podem ser a causa primária da falha da

restauração (ANUSAVICE3, 2005). Testes que observem as amostras sob

este aspecto podem ser os mais indicados. Anusavice et al.5 (1980)

avaliaram 11 testes mecânicos para metal-cerâmica, usando a análise de

elementos finitos. No teste de cisalhamento paralelo plano, os autores

observaram a força aplicada ao longo da interface metal-cerâmica.

O ensaio de cisalhamento é proposto por vários autores

na literatura odontológica (CHONG et al.10, 1980; MALHORTA &

MAICKEL34, 1980; GAVELIS et al.16 1982; DRUMMOND et al.15, 1984;

QUINONES et al.45, 1985; DAFTARY & DONOVAN12, 1987; HAMMAD et

al.20, 1987; STANNARD et al.50, 1990; O'CONNOR et al.38, 1996;

OYAFUSO et al.41, 2001; OLIVIERI39, 2003; BONDIOLI & BOTTINO8,

2004; PRETTI et al.44, 2004; MELO et al.35, 2005; HILGERT21, 2005;

KOJIMA30, 2005; VASQUEZ54, 2005). Os autores consideraram o teste de

resistência ao cisalhamento como um dos métodos mais confiáveis na

avaliação da união, pois concentra a força aplicada no ponto de união

entre os dois materiais, nas condições estudadas. A resistência ao

cisalhamento consiste em opor-se a forças de deslizamento de uma

porção de um corpo sobre o outro, calculada pela divisão da força pela

área paralela ao direcionamento da força (ANUSAVICE3, 2005).

A metodologia empregada para nossos ensaios

mecânicos consistiu em um teste de resistência ao cisalhamento

modificado, idealizado por Itinoche24 (1999). Dentro dos testes de

cisalhamento de estrutura planar, este tem uma configuração

diferenciada, onde a apreensão dos corpos-de-prova se dá de uma

maneira uniforme, ao contrário da metodologia tradicional, onde a

ferramenta de teste é aplicada de forma pontual e tangencial à interface.

Desta forma, conseguimos minimizar as forças oblíquas que poderiam

surgir, direcionando as forças paralelamente à interface de união metal-

cerâmica. Esta metodologia foi escolhida por já ter sido utilizada por

outros autores, com bons resultados (OYAFUSO ET AL.41, 2001;

OLIVIERI39, 2003; BONDIOLI & BOTTINO8, 2004; PRETTI et al.44, 2004;

MELO et al.35, 2005; HILGERT21, 2005; KOJIMA et al.30, 2005;

VASQUEZ54, 2005). No trabalho de Kojima et al.30, o dispositivo de

Itinoche et al.24 (1999) foi avaliado com outros dois tipos de dispositivos

para cisalhamento (ISO, Fita), e foi o que conseguiu a melhor e mais

homogênea distribuição de tensões.

Foram observados em nossos resultados, valores médios

de resistência de união de 61,428 ± 7,787MPa para o grupo controle, em

liga de Au-Pd Olympia e nas ligas de Co-Cr os valores de

94,009±18,897MPa para IPS 20; 96,820±10,172MPa para IPS 30;

75,124±12,374MPa para Remanium 2000 ; 71,181±14,307MPa para

Heranium P e 63,175±10,862MPa para Wirobond C.

Como resultados obtidos de diferentes testes geralmente

não são comparáveis entre si, acreditamos ser interessante confrontar

nossos valores com estudos que utilizaram a mesma metodologia de

ensaio. Olivieri39, 2003, obteve valor de resistência de união

40,55±4,83MPa para a liga de Au-Pt-Pd Degudent U e cerâmica Vita

Omega 900. Pretti et al.44 (2004) observaram valores de

48,387±17,718MPa para a liga Wirobond C, e 55,956±17,198MPa para a

Remanium 2000, com cerâmica Vita Omega 900. MELO et al.35 (2005),

obtiveram valores de 54,0±20,0MPa para a liga 4ALL e 63,0±13,5MPa,

para a liga Wiron, ambas de Ni-Cr; obtiveram também 71,7±19,2MPa

para a liga IPS d. Sign 20 e 55,2±13,5MPa para a liga Argeloy, ambas de

Co-Cr. Hilgert21, 2005, obteve valores de 66,02±9,51MPa para liga de Au-

Pd Olympia e de 85,27±13,07MPa para o Co-Cr Wirobond C, ambas com

cerâmica Vita Omega 900. Vasquez54 (2005), obteve valor de

61,283±8,338MPa para liga de Au-Pd Olympia e cerâmica Vita Omega

900. Kojima et al.30 (2005), obtiveram valores de 58,16±14,84MPa para a

liga de Ni-Cr Wiron 99; Jóias et al.26 (2004) obtiveram valores médios de

79,25±15,00MPa para New Ceram, 62,51±8,40MPa para Wirobond C,

ambas de Co-Cr e 112,12±23,10MPa para Wironia, de Ni-Cr. Jóias et al.25

(2005) obtiveram valores médios de 94,96±23,82MPa para IPS 20;

93,78±13,94MPA para IPS 30; 67,61±21,22MPa para Remanium 2000 e

100,58±19,55MPa para Wironia.

Utilizando ligas de Co-Cr e uma camada intermediária de

ouro, Oyafuso et al.41 (2003) obtiveram valor de 52,52MPa, e Saavedra47

(2004), utilizando liga de Co-Cr com duas marcas comerciais de agente

de união e cerâmica Vita Omega 900, obteve valores de

73,43±23,00MPa e 69,20±16,74MPa. Estes resultados estão próximos

dos valores mais baixos obtidos por nós, sem utilizar agente de união.

Acreditamos que as diferenças de valores entre os

trabalhos destes autores e o nosso, estejam relacionadas a algumas

fases da metodologia, como tratamento de superfície, condensação e

remoção da cerâmica da matriz de teflon, sinterização da cerâmica, e até

mesmo, do operador. Não compactuamos com a opinião de Hilgert21

(2005), de que a fonte de aquecimento possa provocar diferença nos

valores de resistência de união, mas sim com a de Craig & Powers11

(2004) e Anusávice3 (2005), de que, as diferentes fontes de calor para

fundição de ligas disponíveis no mercado, apresentam qualidades

similares.

Assim como os autores acima citados, também

encontramos, após o ensaio de cisalhamento, falhas do tipo mistas. Em

estereomicroscópio foi observado que as falhas mistas tinham

características e predominâncias diferentes, em função do metal avaliado.

Quando observadas as amostras em Au-Pd, notou-se maior retenção de

cerâmica pelo metal, sendo que pequenas ou menores áreas deste foram

expostas, comparado com as outras ligas metálicas. Nos fragmentos de

cerâmica correspondentes, não se mostra evidente o destacamento da

camada de óxido do metal. Hammad & Talic19 (1995) relataram que falhas

coesivas dentro da cerâmica são uma indicação para união clinicamente

aceitável da interface. Isto demonstra uma união satisfatória, que pode

exceder a resistência coesiva da cerâmica. Nas ligas de Co-Cr, as falhas

mistas apresentaram o componente adesivo mais evidente. Pequenos

remanescentes cerâmicos permaneceram no metal, sendo que a grande

parte, ou quase totalidade da superfície de fratura das amostras

apresentava a exposição da liga. Examinando-se os fragmentos

cerâmicos, observou-se coloração escura, metálica, evidenciando-se o

destacamento da camada de óxidos Os valores de resistência de união

destes grupos foram mais elevados estatisticamente, quando comparados

ao grupo de Au-Pd. Isto sugere uma aderência adequada da camada de

óxido ao metal da infra-estrutura metálica. Sced & McLean48 (1972)

corroboraram com estes resultados, observando em seus estudos que,

para a liga de ouro, todas as amostras fraturaram na cerâmica opaca,

próximo à interface adesiva, e o níquel-cromo e o cobalto-cromo falharam

predominantemente pelo destacamento da porcelana da superfície

metálica. Adesão completa entre a cerâmica e o metal foi observada

quando a fratura ocorreu na porcelana, e não na interface (WIGHT et al.57,

1977).

Concordamos com Olivieri39 (2003), quando diz que as

áreas de falha coesiva da cerâmica podem ser resultantes de vários

fatores, como resistência de união metal-cerâmica maior do que a da

cerâmica propriamente dita, e presença de concentração de estresse

residual dentro da cerâmica ou na interface metal-cerâmica.

White et al.56 (1996) relataram como aceitáveis

clinicamente, médias de resistência de união acima de 26MPa.

Anusavice et al5. (1980) descreveram que o estresse mastigatório em

incisivos centrais fica em torno de 6,5 a 17,5MPa e em dentes posteriores

em torno de 30MPa. De acordo com Craig & Powers11 (2004) e Strietzel52

(2005), ocorre uma adequada união entre liga metálica e cerâmica,

quando a resistência de união ao cisalhamento é maior do que 25MPa.

Considerando o ensaio mecânico aplicado e os resultados obtidos,

parece-nos lícito afirmar que restaurações metalocerâmicas

confeccionadas com a cerâmica e as ligas metálicas estudas, são

clinicamente viáveis.

7 CONCLUSÃO

Considerando o ensaio mecânico aplicado e os resultados obtidos,

podemos concluir que:

a) os grupos G2 e G3 apresentaram os maiores

valores de resistência ao cisalhamento, sendo

estatisticamente semelhantes;

b) os grupos G1, G4, G5 e G6 apresentaram os

menores valores de resistência ao cisalhamento,

sendo estatisticamente semelhantes entre si, e

estatisticamente diferentes dos grupos G2 e G3.

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APÊNDICE

Apêndice A – Dados complementares referentes aos resultados obtidos

no teste de cisalhamento.

Tabela 5 – Dados obtidos no ensaio de cisalhamento para cada grupo

experimental (MPa).

Corpo-de-prova G1

Olympia

G2

IPS20

G3

IPS30

G4

Remanium

G5

HeraniumP

G6

WirobondC

1 50,59 95,86 88,78 93,76 73,47 55,01

2 51,72 91,96 85,73 72,53 95,58 68,46

3 53,11 79,48 114,79 77,68 69,13 48,21

4 57,83 77,26 91,43 79,87 51,00 76,99

5 60,61 66,69 101,62 77,15 85,51 60,72

6 64,04 86,98 95,17 85,18 49,76 78,34

7 66,61 125,61 107,70 83,32 63,87 64,31

8 69,13 123,23 82,96 55,37 70,04 58,47

9 70,21 91,32 95,83 54,60 81,72 48,79

10 70,44 101,70 104,19 71,78 71,73 72,45

Jóias, R. M.. Avaliação da resistência de união entre cerâmica e ligasde co-cr por meio do teste de cisalhamento 2005. 88 f. Tese - Curso deDoutorado do Programa de Pos Graduação em OdontologiaRestauradora, Especialidade em Prótese Dentária, Faculdade deOdontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista.São José dos Campos.

ABSTRACT

The purpose of this research was to evaluate the shear bond strength among

five different sorts of Co-Cr alloys (IPS d.SIGN20, IPS d.SIGN30 - Ivoclar

Vivadent, Remanium 2000 - Dentaurum, Heranium P – Heraeus Kulzer,

Wirobond C – Bego) and ceramic (Vita Omega 900 – Vita); using a Au-Pd

(Olympia – Jelenko) and ceramic (Vita Omega 900 – Vita) control group. 60

specimens were manufactured (10 for each alloy). The shear bond strength tests

were performed by using Universal testing machine (Emic L 2000 – Brazil) with

load cell of 1000kgf, and speed of 0.5 mm/mint. After the test completion,

surfaces were evaluated using a 25x stereoscopic loupe. That were found the

following mean values of shear bond strength: 61,42±7,78MPa to Olympia-G1;

94,00±18,89MPa to IPS 20-G2; 96,82±10,17MPa to IPS 30-G3; 75,12±12,37MPa

to Remanium-G4; 71,18±14,30MPa to Heranium P-G5; 63,17±10,86MPa to

Wirobond C-G6. The values found were submitted to ANOVA (5%) and Tukei. It

was concluded that the groups G2 e G3 showed the highest, being statistically

similar; and that the groups G1, G4, G5 e G6 showed the lowest, being

statistically similar to each other, and different from groups G2 e G3.

KEY-WORDS: Metallo-ceramic alloy; dental alloys; dental materials; comparative

researches; analysis of variance.

Autorizo a reprodução xerográfica deste trabalho.

São José dos Campos, 22 de setembro de 2005.

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