Avaliação Da Concentração e Dos Tipos de Flavonoides Na
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE CINCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE QUMICA
Ariane Arajo ssimos
Avaliao da Concentrao e dos Tipos de Flavonoides na
Prpolis Utilizando Mtodos Quimiomtricos de Classificao e
Calibrao
Belo Horizonte, MG
2014
-
ARIANE ARAJO SSIMOS
Avaliao da Concentrao e dos Tipos de Flavonoides na
Prpolis Utilizando Mtodos Quimiomtricos de Classificao e
Calibrao
Dissertao apresentada ao Departamento de
Qumica do Instituto de Cincias Exatas da
Universidade Federal de Minas Gerais como
requisito parcial para obteno do grau de
Mestre em Qumica - Qumica Analtica
Belo Horizonte
2014
UFMG/ ICEx/ DQ 1012
D. 551
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III
AGRADECIMENTOS
Deus por ter iluminado meu caminho e me dado foras
Ao meu orientador, Prof. Paulo Barbeira, pela oportunidade de ter desenvolvido esse trabalho
sobre sua orientao, pelos ensinamentos e apoio.
Agradeo aos meus pais, por me ajudarem a suportar os desafios, pelo carinho e amor, e por
sempre acreditarem na minha capacidade. Obrigada pela educao que me deram, por terem
transmitido os mais valorosos saberes e compartilhado comigo cada vitria.
Ao meu namorado, Leo, pela pacincia e amor, pelos conselhos valorosos e por ter estado ao
meu lado em todos os momentos. A sua presena foi essencial para que eu tivesse foras para
chegar at aqui.
minha irm, Tassiane, minha v Billa, e tia Dri e tia Graa, pelos momentos de alegria,
por sempre terem me incentivado e por entenderem os momentos de ausncia.
Agradeo a tambm a todos do laboratrio LIMA, Rosilene, Meliza e Danniel pelas conversas
e companheirismo. Agradeo tambm a Silvinha, quase membro do laboratrio LIMA, por
ter me proporcionado tantos momentos divertidos.
Cristina Bernardes, pela amizade, pelos inmeros conselhos, pelos momentos de desabafo e
por ter me ensinado tanto durante esses anos. Em vrios momentos difceis as suas palavras
foram essenciais para que eu conseguisse seguir em frente. No teria chegado at aqui sem
sua ajuda!
s estagirias Tatiane e Thlia, pelo auxlio com a parte experimental.
Mirra, por toda a ajuda e disposio nos estudos cromatogrficos.
CAPES pelo apoio financeiro
Muito Obrigada a todos!!!!
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IV
RESUMO
Neste trabalho foram desenvolvidos mtodos analticos para avaliar a qualidade dos
extratos alcolicos comerciais de prpolis, baseados em mtodos quimiomtricos como a
calibrao multivariada por mnimos quadrados parciais e a anlise discriminante por
mnimos quadrados parciais. Inicialmente, foram otimizadas as condies experimentais da
metodologia colorimtrica utilizada para a determinao da concentrao de flavonoides na
prpolis, que um dos parmetros de qualidade regulamentado pelo MAPA (Ministrio da
Agricultura, Pecuria e Abastecimento), para que pudesse ser aplicada aos extratos comerciais
de prpolis. Foram avaliados o volume de amostra utilizado nas anlises, a concentrao de
nitrato de alumnio e de acetato de ltio e o tipo de solvente. Espectros UV-Vis das amostras
diludas foram utilizados para a construo de um modelo PLS para a determinao da
concentrao de flavonoides nas amostras de prpolis. A metodologia quimiomtrica proposta
mostrou-se eficiente alm de ser muito menos demorada, trabalhosa, e utilizar uma
quantidade de reagente bem menor do que a metodologia colorimtrica tradicional. Na
segunda parte os espectros UV-Vis obtidos anteriormente foram utilizados para a construo
de um modelo PLS-DA para classificar as amostras de acordo com o tipo de composto
fenlico presente. O modelo construdo foi capaz de discriminar as amostras de extratos
comerciais de prpolis em quatro classes quanto ao tipo e concentrao dos compostos
fenlicos presentes e mostrou ser de grande utilidade por prever quais amostras eram
irregulares quanto concentrao de flavonoides. Anlises cromatogrficas foram feitas com
amostras representativas das classes observadas no modelo PLS-DA e foi possvel perceber
que as principais substncias responsveis pela separao nas quatro classes foram o
flavonoide pinocembrina, e os cidos fenlicos artepillin C, cido p-cumrico e cido ferlico.
Palavras chaves: prpolis, flavonoides, compostos fenlicos, quimiometria.
-
V
ABSTRACT
In this work, analytical methods were developed to assess the quality of commercial
alcoholic extracts of propolis, based on chemometric methods such as Partial Least Squares
Multivariate Calibration (PLS) and Partial Least Squares Discriminating Analysis (PLS-DA).
Initially, the experimental conditions of the spectrophotometric method used for determining
the concentration of flavonoids in propolis , which is a quality parameter regulated by MAPA
(Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento) were optimized , so it could be applied
to commercial extracts of propolis . The volume of sample used in the analysis, the
concentration of aluminum nitrate and lithium acetate, and the type of solvent were evaluated.
The UV-Vis spectra of the diluted samples were used for the construction of a PLS model for
determining the concentration of flavonoids in the samples of propolis. The chemometric
methodology proposed has shown to be very efficient in addition of be less time-consuming ,
laborious, and using a much smaller amount of reagent than the traditional spectrophotometric
method . In the second part the UV-Vis spectra obtained previously were used for the
construction of a PLS -DA model to classify the samples according to the type of phenolic
compound. The constructed model was able to discriminate samples of commercial extracts of
propolis in four classes according to the type and concentration of phenolic compounds and
proved to be very useful for predicting which samples were irregular in concentration of
flavonoids. Chromatographic analyzes were performed on representative samples of the
classes observed in the PLS DA, and it was revealed that the main substances responsible for
the separation in the four classes were the flavonoid pinocembrine and the phenolic acids
artepillinC, p-coumaric acid and ferulic acid.
Keywords: propolis, flavonoids, phenolic compounds, chemometrics.
-
VI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Apis mellifera ........................................................................................................ 1
Figura 2: Produo cientfica sobre prpolis (Chemical Abstracts). (a) Em relao dcada
de publicao (b) Em relao ao tipo de publicao. .............................................................. 2
Figura 3: Baccharis dracunculifolia, conhecida como alecrim-do-campo, fonte da prpolis
verde ...................................................................................................................................... 4
Figura 4: Estrutura qumica do artepillin C. .......................................................................... 4
Figura 5: Dalbergia ecastophyllum, conhecida como rabo de bugio, fonte da prpolis
vermelha. ............................................................................................................................... 5
Figura 6: Estrutura bsica dos flavonoides ............................................................................ 9
Figura 7: Flavonoides encontrados na prpolis.................................................................... 10
Figura 8: Espectro tpico de um extrato alcolico de prpolis.............................................. 11
Figura 9 : Esqueleto de uma flavona (a) ; Esqueleto de um flavonol (b) .............................. 13
Figura 10 : Esqueleto de uma isoflavona (a); Esqueleto de uma flavanona (b); Esqueleto de
uma flavanonol (c) ............................................................................................................... 13
Figura 11: Espectros UV-Vis tpico das classes de flavonoides. a) flavona (acacetina); b)
flavonol (quercetina); c) flavanonol (taxifolina); d) isoflavona (iridina); e) flavanona
(pinocembrina). .................................................................................................................... 14
Figura 12: Dados organizados em uma matriz X ................................................................. 16
Figura 13: Distribuio de variveis em torno do eixo cartesiano. a) dados originais b) dados
centrado na mdia. ............................................................................................................... 17
Figura 14: Decomposio dos blocos de dados X e y. ......................................................... 19
Figura 15: Reao de formao do complexo entre os flavonoides e Al(III) ........................ 28
Figura 16: Solues obtidas da complexao do Al(III) com os flavonoides presentes nas
amostras de prpolis ............................................................................................................ 32
Figura 17: Esquema da metodologia utilizada para avaliar qual volume de amostra deveria
ser usado .............................................................................................................................. 36
Figura 18: Dependncia da absorbncia do complexo alumnio-quercetina em diferentes pH e
em diferentes nveis de fora inica...................................................................................... 37
Figura 19: Esquema da metodologia utilizada para avaliar qual a melhor concentrao de
acetato de ltio ...................................................................................................................... 38
-
VII
Figura 20: Espectro obtidos para a avaliao da concentrao de acetato de lto para uma
amostra de prpolis .............................................................................................................. 38
Figura 21: Espectros obtidos para a avaliao da concentrao de acetato de lto para o
padro quercetina ................................................................................................................. 39
Figura 22: Esquema da metodologia utilizada para avaliar qual a melhor concentrao de
nitrato de alumnio ............................................................................................................... 40
Figura 23: Espectro obtidos para a avaliao da concentrao de nitrato de alumnio para
uma amostra de prpolis e o padro (quercetina) .................................................................. 40
Figura 24: Cromatograma de uma amostra extrato alcolico de prpolis obtido por outros
autores: (a) [78] (b) [79] (c) [60] (d) [59] ; cromatogrma obtido nesse trabalho: (e) . 1)
cido cafico 2) cido p-cumrico 3) cido ferlico 4) cido cinmico 5) quercetina 6)
naringenina 7) kaempferol 8) pinocembrina 9) crisina 10) acacetina 11) galangina 12)
artepillin C. .......................................................................................................................... 46
Figura 25: Curva analtica obtida utilizando como padro a quercetina ............................... 47
Figura 26: Espectro dos complexos formados entre os flavonoides presentes nas amostras de
prpolis e o alumnio, de acordo com a concentrao de flavonoides. ................................... 49
Figura 27: Histograma com as concentraes de flavonoides para as amostras de extrato de
prpolis ................................................................................................................................ 50
Figura 28: Relao entre os parmetros teor de extrato seco e concentrao de flavonoides. (
Os valores mminos estipulados pelo MAPA encontram-se marcados com linha tracejada). . 51
Figura 29: Cromatograma de uma amostra extrato alcolico de prpolis. 1) cido cafico 2)
cido p-cumrico 3) cido ferlico 4) cido cinmico 5) quercetina 6) naringenina 7)
kaempferol 8) pinocembrina 9) crisina 10) acacetina 11) galangina 12) artepillin C. ............ 52
Figura 30: Espectros de absoro na regio UV-Vis das amostras diludas em etanol 95%
utilizadas na construo do modelo ...................................................................................... 57
Figura 31: Coeficientes de regresso do modelo PLS ......................................................... 59
Figura 32: Grfico de resduos versus concentrao de flavonoides determinado pelo mtodo
de referncia. () Amostras de calibrao; () Amostras de validao. ............................. 60
Figura 33: Valores da concentrao de flavonoides prevista em funo da concetrao de
flavonoides medida. () Amostras de calibrao; () Amostras de validao. ............... 61
Figura 34: Espectros das amostras de extrato de prpolis na presena de Al(III) ................. 67
Figura 35: Escores do modelo PCA. (a) CP1 vs CP2 (b) CP1 vs CP3 ................................. 68
Figura 36: Espectros das amostras separados de acordo com as classes observadas no PCA 69
-
VIII
Figura 37: Grfico dos pesos em CP1, CP2 e CP3 para o modelo PCA. .............................. 70
Figura 38: Amostras classificadas pelo modelo PLS-DA. Os smbolos cheios correspondem
s amostras de validao, os smbolos vazios s de calibrao. (a) Classe 1 (b) Classe 2 (c)
Classe 3 (d) Classe 4 ............................................................................................................ 72
Figura 39: Coeficientes de regresso para o modelo PLS-DA.............................................. 73
Figura 40: Cromatograma de amostras representativas das classes observadas no PLS-DA. 1)
cido cafico 2) cido p-cumrico 3) cido ferlico 4) cido cinmico 5) quercetina 6)
naringenina 7) kaempferol 8) pinocembrina 9) crisina 10) acacetina 11) galangina 12)
artepillin C. .......................................................................................................................... 74
-
IX
LISTA DE TABELAS
TABELA I: Classificao da Prpolis Brasileira de acordo com caractersticas fsico-qumicas
e origem geogrfica................................................................................................................ 3
TABELA II: Requisitos fsico-qumicos exigidos pelo MAPA para a comercializao da
prpolis bruta e dos extratos hidroalcolicos .......................................................................... 6
TABELA III: Principais cidos fenlicos derivados do cido benzoico .................................. 7
TABELA IV: Principais cidos fenlicos derivados do cido cinmico .................................. 8
TABELA V: Alguns compostos fenlicos e suas bandas de absoro no ultravioleta ........... 12
TABELA VI: Condies Cromatogrficas de estudos que utilizaram HPLC para a
quantificao dos flavonoides .............................................................................................. 25
Tabela VII: Resumo de alguns trabalhos que utilizaram CG para a quantificao dos
flavonoides .......................................................................................................................... 27
TABELA VIII: Resumos de alguns trabalhos que utilizaram a espectrofotometria para a
quantificao dos flavonoides. ............................................................................................. 30
TABELA IX: Amostras selecionadas para avaliao do volume a ser utilizado nos ensaios.. 36
TABELA X: Programao do gradiente para a separao do cido cafico, cido p-cumrico e
cido ferlico ....................................................................................................................... 42
TABELA XI: Programa de gradiente para a separao do cido trans-cinmico, quercetina,
naringenina, kaempferol e pinocembrina .............................................................................. 43
TABELA XII: Gradiente de eluio utilizado para a separao dos flavonoides, crisina,
acacetina e galangina ........................................................................................................... 44
TABELA XIII: Programao do gradiente final ................................................................... 44
TABELA XIV Deslocamentos batocrmicos observados e absoro mxima das solues dos
flavonoides na adio de Al(III) ........................................................................................... 48
TABELA XV: Estrutura e tempo de reteno (tr) dos compostos avaliados na cromatografia 53
TABELA XVI: Parmetros obtidos das curvas de calibrao por HPLC .............................. 54
TABELA XVII: Concentrao de flavonoides nas amostras pelo mtodo cromatogrfico e
espectrofotomtrico.............................................................................................................. 55
TABELA XVIII: Principais figuras de mrito para o modelo PLS ........................................ 62
TABELA XIX: Porcentagens de varincia explicada pelo modelo PLS-DA ......................... 70
TABELA XX: Sensibilidade e Especificidade do modelo PLS-DA ...................................... 71
-
X
LISTA DE ABREVIATURAS
CAS: do ingls, Chemical Abstracts Service.
CV: do ingls, Cross Validation.
DAD: do ingls, Diode Array Detector.
DNP: 2,4- dinitrofenilhidrazina.
DPR: Desvio Padro Relativo.
Er: Erro Relativo.
ESI-MS: do ingls, Electrospray Ionization Mass Spectrometry.
GC: do ingls, Gas Chromatography.
GC-MS: do ingls, Gas Chromatograph Mass Spectrometry.
HCA: do ingls, Hierarchical Cluster Analysis.
HPLC: do ingls, High Performance Liquid Chromatography.
HPLC-RP: do ingls, High Performance Liquid Chromatograph Reverse Phase
HRGC: do ingls, High-Temperature High-Resolution Gas Chromatograph.
MAPA: Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.
PAD: do ingls, Photodiode Array Detector.
PCA: do ingls, Principal Component Analysis.
PLS: do ingls, Partial Least Squares.
PLS-DA: do ingls, Partial Least Squares Discriminant Analysis.
RMSE: do ingls, Root Mean Square Error.
RMSEC: do ingls, Root Mean Square Error of Calibration.
RMSECV: do ingls, Root Mean Square Error Cross Validation.
RMSEP: do ingls, Root Mean Square Error of Prediction.
UV-Vis: Ultravioleta-visvel.
-
XI
VL: Varivel Latente
-
XII
SUMRIO
1. Introduo..................................................................................................................... 1
1.1 Prpolis ......................................................................................................... 1
1.2 Composio Qumica ........................................................................................ 5
1.3 Compostos fenlicos ......................................................................................... 7
1.3.1 cidos Fenlicos ........................................................................................ 7
1.3.2 Flavonoides ............................................................................................. 8
1.3.3 Prpolis e Espectroscopia Eletrnica ........................................................ 10
1.4 Quimiometria .............................................................................................. 15
1.4.1 A Organizao dos Dados ...................................................................... 15
1.4.2 Pr-processamento dos Dados .................................................................. 16
1.4.3 Reconhecimento de Padres .................................................................. 17
1.4.4 Calibrao Multivariada......................................................................... 18
1.4.5 Anlise Discriminante por Mnimos Quadrados Parciais PLS-DA....... 21
2. Objetivos .................................................................................................................... 22
3. Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para Quantificao de
flavonoides nos extratos comerciais de prpolis ................................................................... 23
3.1 Mtodos Analticos para a Determinao de Flavonoides na Prpolis .......... 23
3.2 Materiais e Mtodos ........................................................................................ 31
3.2.1 Amostras .................................................................................................. 31
3.2.2 Reagentes ................................................................................................. 31
3.2.3 Metodologia: mtodo espectrofotomtrico ................................................ 31
3.2.4 Metodologia: mtodo cromatogrfico ....................................................... 33
3.2.5 Tratamento Estatstico dos Resultados ...................................................... 33
3.2.6 Anlise Quimiomtrica ............................................................................. 34
3.3 Resultados e Discusso ................................................................................... 35
3.3.1 Mtodo espectrofotomtrico ajuste das condies experimentais ........... 35
-
XIII
3.3.2 Metodologia cromatogrfica ajuste das condies experimentais ........... 41
3.3.3 Determinao da concentrao de flavonides nos extratos comerciais de
prpolis pelo mtodo espectrofotomtrico .................................................................... 47
3.3.4 Determinao da concentrao de flavonoides nos extratos comerciais de
prpolis pelo mtodo cromatogrfico ........................................................................... 52
3.3.5 Construo do modelo de calibrao multivariada .................................... 56
3.4 Concluso ....................................................................................................... 62
4. Utilizao dos complexos de Alumnio e PLS-DA para a discriminao de extratos
comerciais de prpolis ......................................................................................................... 64
4.1 Materiais e Mtodos ........................................................................................ 64
4.1.1 Amostras .................................................................................................. 64
4.1.2 Reagentes ................................................................................................. 65
4.1.3 Metodologia espectrofotomtrica ............................................................. 65
4.1.4 Metodologia cromatogrfica ..................................................................... 65
4.1.5 Anlise Quimiomtrica ............................................................................. 66
4.2 Resultados e Discusso ................................................................................... 66
4.2.1 Construo do modelo PLS-DA ............................................................... 66
4.2.2 Concluso ................................................................................................ 76
5. Consideraes Finais .................................................................................................. 77
6. Referncias Bibliogrficas .......................................................................................... 79
-
1 - Introduo 1
1. INTRODUO
1.1 Prpolis
A prpolis (CAS No. 9009-62-5) uma resina de colorao e resistncia variada
produzida pelas abelhas atravs da mistura de substncias coletadas de diversas partes das
plantas (brotos, botes florais e exsudatos resinosos) com secrees produzidas por seu
organismo, cera e plen para a obteno do produto final. So conhecidas atualmente mais de
20 mil espcies de abelhas sendo que as da espcie Apis mellifera (Figura 1) so as mais
conhecidas e difundidas entre os apicultores para a produo de prpolis e mel. [1-5]
Figura 1: Apis mellifera
FONTE: www.ciencias.ies-bezmiliana.org (Acessado em 11/12/13)
O termo prpolis deriva do grego: pro em defesa de, e polis cidade. A prpolis
utilizada pelas abelhas para fechar frestas da colmeia, embalsamar insetos mortos e manter o
ambiente assptico. [3, 6-8]
O uso da prpolis na medicina popular remonta a pelo menos 300 a.C.. No Egito
antigo a prpolis era utilizada no embalsamento dos mortos. Tambm h registros da
utilizao da prpolis pelos gregos e romanos. Suas propriedades medicinais foram
reconhecidas por Aristteles, Dioscrides, Plnio e Galeno. As propriedades biolgicas da
prpolis tambm foram reconhecidas por outras civilizaes, como os Incas que a
empregavam como antipirtico. [2, 4, 6, 9;10]
-
1 - Introduo 2
A popularizao do uso da prpolis se deve as diversas propriedades biolgicas que
so atribudas a ela, como efeito hepatoprotetor, atividade antitumoral, atividade antioxidante,
atividade microbiana, atividade anti-inflamatria, efeito contra a replicao do vrus HIV-1,
atividade antifngica, imunomodulatria, entre outras. [6;7, 11-14]
O primeiro trabalho indexado no Chemical Abstract sobre prpolis foi publicado em
1903 e a primeira patente foi escrita em 1904 (USA-Composition for treating pins and piano
strings) [15]. A Figura 2 mostra o nmero de publicaes sobre prpolis ao longo das dcadas
e os tipos de documentos publicados. O interesse global a respeito da pesquisa sobre prpolis
se deve a diversidade das propriedades biolgicas e ao alto valor agregado. [2, 7, 9]
(a)
(b)
Figura 2: Produo cientfica sobre prpolis (Chemical Abstracts). (a) Em relao dcada de
publicao (b) Em relao ao tipo de publicao.
-
1 - Introduo 3
Em relao produo de prpolis, segundo Toreti et. al. [2] o Brasil exportou em
2012 cerca de 40 toneladas de prpolis, correspondendo a cerca de cinco milhes de dlares.
O mercado asitico o principal destino dessas exportaes, sendo que 92% de toda a
prpolis in natura consumida no Japo de origem brasileira e o frasco do extrato alcolico
da substncia vendido a US$ 110. Em torno de 70% da produo de prpolis do Brasil vem
de Minas Gerais, onde foram produzidas em 2012 cerca de 30 toneladas de prpolis.
importante ressaltar que o preo da prpolis varia de acordo com o tipo, pois o valor do
produto est relacionado com sua composio qumica e atividades biolgicas, que variam em
funo de sua origem botnica. [2, 16]
Recentemente, as prpolis brasileiras foram classificadas em 13 tipos de acordo com a
composio qumica e atividades biolgicas (Tabela I). Cinco tipos so provenientes da regio
sul, um proveniente do sudeste e centro-oeste, e sete do nordeste. Os tipos que apresentaram
melhor atividade antimicrobiana foram G3, G6 e G12. [2, 17]
TABELA I: Classificao da Prpolis Brasileira de acordo com caractersticas fsico-qumicas e origem
geogrfica
Tipo Cor Origem da Prpolis
G1 (RS5) Amarelo Sul
G2 (RS1) Marrom Sul
G3 (PR7) Marrom Escuro Sul
G4 (PR8) Marrom Sul
G5 (PR9) Marrom Esverdeado Sul
G6 (BA11) Marrom Avermelhado Nordeste
G7 (BA51) Marrom Esverdeado Nordeste
G8 (PE5) Marrom Escuro Nordeste
G9 (PE3) Amarelo Nordeste
G10 (CE3) Amarelo Escuro Nordeste
G11 (PI11) Amarelo Nordeste
G12 (SP12) Verde ou Marrom Esverdeado Sudeste
G13 (AL) Vermelha Nordeste
Fonte: Adaptado de Toreti et. al. , 2013. [2]
-
1 - Introduo 4
A prpolis da regio sudeste do Brasil uma das mais bem cotadas no mercado
internacional por se tratar da prpolis verde, cuja origem botnica a planta Baccharis
dracunculifolia (Figura 3), conhecida popularmente como alecrim-do-campo. Os principais
componentes da prpolis verde so os fenil propanides prenilados, que so cidos fenlicos
contendo um grupo prenila. Essas substncias so formadas a partir do cido cinmico e seus
derivados, como o artepillin C (cido 3,5-diprenil-4-hidroxicinmico) (Figura 4), marcador
qumico da prpolis verde, sendo a substncia majoritria. A cotao mdia da prpolis verde
de Minas Gerais no exterior da ordem de US$ 120 o quilo. [14, 18-21]
Figura 3: Baccharis dracunculifolia, conhecida como alecrim-do-campo, fonte da prpolis verde
FONTE: revistaplaneta.terra.com.br; www.reidaverdade.net; www.panoramio.com (Acessado em
02/01/14)
Figura 4: Estrutura qumica do artepillin C.
HO
OH
O
-
1 - Introduo 5
O 13 tipo de prpolis foi o mais recentemente classificado. Essa prpolis originria
da regio de mangue do estado do Alagoas, e sua origem botnica a leguminosa Dalbergia
ecastophyllum (Figura 5), conhecida popularmente como rabo de bugio devido sua
colorao vermelha intensa. A prpolis vermelha vem demonstrando vrias atividades
biolgicas e pode valer cinco vezes mais que a prpolis verde. O produto chega a custar
R$ 500 o quilo no mercado externo. [15, 22-23]
Figura 5: Dalbergia ecastophyllum, conhecida como rabo de bugio, fonte da prpolis vermelha.
FONTE: meliponariojandaira.blogspot.com; www.agricultura.al.gov.br; www.portaldenoticias.net
(Acessado em 02/01/14)
1.2 Composio Qumica
A composio qumica da prpolis muito complexa e depende da biodiversidade da
flora regional, mas de forma geral ela constituda de aproximadamente 30% de ceras, 50%
de resinas vegetais, 10% de leos volteis, 5% de plen e 5% de outras substncias, incluindo
compostos orgnicos e microelementos. [2, 24-25]
Mais de 300 constituintes j foram descritos em prpolis de diferentes origens. Alguns
componentes esto presentes em todas as amostras de prpolis, enquanto outros s so
encontrados em prpolis derivadas de espcies especficas de plantas. Entre os constituintes
da prpolis temos os flavonoides (como a galangina, quercetina, pinocembrina e kaempferol),
fenis, cidos aromticos e steres, aldedos e cetonas, terpenides e fenil propanides (como
-
1 - Introduo 6
os cidos cafico e clorognico), esteroides, aminocidos, polissacardeos, cidos graxos e
outros componentes em pequenas quantidades. [2, 7, 17, 26]
Dentre todos esses compostos qumicos destacam-se os compostos fenlicos, que so
os cidos fenlicos e flavonoides, pois a eles so atribudas as diversas atividades biolgicas
presentes na prpolis. Na Europa, Amrica do Norte e oeste da sia, a fonte botnica
predominante para a produo da prpolis o exsudato do boto de lamo (Populus sp.)
Estudos mostram que a prpolis de locais com clima temperado possuem composio qumica
similar, sendo que os principais compostos bioativos so os flavonoides. J as prpolis
originrias de locais com clima tropical e subtropical possuem composio qumica muito
mais complexa, sendo que os principais compostos bioativos so os cidos fenlicos, o que
confere propriedades biolgicas diferenciadas. [6-7, 17, 27-29]
No Brasil a prpolis comercializada principalmente sobre a forma de extratos
alcolicos e aquosos, e podem ser encontrados extratos da prpolis verde e vermelha e outros
sem denominao. Os produtos apcolas so registrados no Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento (MAPA) e apresentam legislaes especficas. Para assegurar a
qualidade da prpolis, tanto na forma bruta quanto na forma de extrato, utilizam-se as normas
do Regulamento Tcnico de Identidade e Qualidade da Prpolis. Na Tabela II podem ser
verificados alguns requisitos fsico-qumicos exigidos pelo MAPA. [30]
TABELA II: Requisitos fsico-qumicos exigidos pelo MAPA para a comercializao da prpolis bruta
e dos extratos hidroalcolicos
Parmetros Prpolis Bruta Extrato Hidroalcolico
Perda por dessecao Mximo de 8% (m/m) -
Cinzas Mximo de 5% (m/m) -
Cera - 1% do extrato seco
Compostos fenlicos Mnimo de 5% (m/m) Mnimo de 0,50% (m/m)
Flavonoides Mnimo de 0,50 (m/m) Mnimo de 0,25% (m/m)
Atividade de Oxidao Mximo de 22 segundos Mximo de 22 segundos
Massa Mecnica Mximo de 40% (m/m) -
Solveis em Etanol Mnimo de 35% (m/m) -
Extrato Seco - 11% (m/v)
Teor alcolico - Mximo de 70 GL (v/v)
Metanol - Mximo 0,40 mg/L
-
1 - Introduo 7
Entre os parmetros preconizados pelo MAPA para os extratos alcolicos est a
concentrao de flavonoides, cujo mnimo exigido de 0,25% (m/m). Por estar diretamente
ligada atividade biolgica da prpolis, a determinao da concentrao dos flavonoides
muito importante e agrega valor econmico ao produto.
1.3 Compostos fenlicos
1.3.1 cidos Fenlicos
Os cidos fenlicos pertencem ao grupo dos compostos fenlicos e so caracterizados
por possurem um anel benznico, um grupamento carboxlico e um ou mais grupamentos
hidroxilas e/ou metoxila na molcula. Eles so divididos formalmente em derivados do cido
benzoico (Tabela III), como cido glico, e derivados do cido cinmico (Tabela IV), como o
cido p-cumrico. Os cidos fenlicos possuem atividade antioxidante que geralmente
determinada pelo nmero de hidroxilas presentes na molcula e tambm com a proximidade
do grupo CO2H com o grupo fenil. Quanto mais prximo este grupo estiver do grupo fenil,
maior ser a capacidade antioxidante do grupo hidroxila na posio meta. [31;32]
TABELA III: Principais cidos fenlicos derivados do cido benzoico
Derivados do cido Benzoico Substituintes
R1 = OH (cido Saliclico)
R1 = R4 = OH (cido Gentsico)
R3 = OH (cido p- hidroxibenzoico)
R2 = R3 = OH (cido Protocatequnico)
R2 = OCH3 ; R3 = OH (cido Vanlico)
R2 = R3 = R4 = OH (cido Glico)
R2 = R4 = OCH3; R3 = OH (cido Sirngico)
R1R2
R3
R4
COOH
-
1 - Introduo 8
TABELA IV: Principais cidos fenlicos derivados do cido cinmico
Derivados do cido Cinmico Substituintes
R1 = R2 = R3 = R4 = H (cido cinmico)
R1 = OH (cido o- cumrico)
R2 = OH (cido m- cumrico)
R3 = OH (cido p- cumrico)
R2 = R3 = OH (cido Cafico)
R2 = OCH3; R3 = OH (cido Ferlico)
R2 = R4 = OCH3; R3 = OH (cido Sinpico)
Os principais cidos fenlicos presentes na prpolis so cido glico, vanlico,
ferlico, p-cumrico, cafico e sirngico. [10, 31]
1.3.2 Flavonoides
O hngaro Albert Szent-Gyrgi, descobriu os flavonoides em 1936. Baseado em
evidncias de seus experimentos ele levantou a hiptese de ter descoberto uma nova vitamina.
Apesar de sua suposio de que os flavonoides eram vitaminas estar errada, a pesquisa a
respeito dessas substncias, e seu potencial benfico, continuou e cresceu intensamente nos
anos que se passaram. [33]
A palavra flavonoide tem origem no latim flavus, que significa amarelo. No incio o
conceito de flavonoide somente inclua grupos de compostos que apresentavam a cor amarela.
Hoje, este termo inclui tambm compostos menos coloridos e incolores, bem como as
antocianinas que apresentam colorao vermelha ou azul. Esses compostos constituem uma
grande classe de substncias de origem natural, cuja sntese no ocorre na espcie humana,
mas so encontrados em vegetais, legumes, frutas, chs de ervas, mel, prpolis, entre outros
produtos de consumo cotidiano. [31, 33]
Os flavonoides absorvem radiao eletromagntica na faixa do ultravioleta (UV) e do
visvel e assim apresentam um papel de defesa das plantas perante a radiao UV da luz solar.
Eles tambm representam uma barreira qumica de defesa contra microrganismos (bactrias,
R1R2
R3
R4
CH CH COOH
-
1 - Introduo 9
fungos e vrus), insetos e outros animais herbvoros. Alm disso, os flavonoides atuam
tambm em relacionamentos harmnicos entre plantas e insetos, sendo que uma das funes
dessas substncias conferir colorao s flores atraindo polinizadores. [31, 34;35]
Estruturalmente, os flavonoides so substncias aromticas com 15 tomos de carbono
(C15), dispostos em uma configurao C6-C3-C6, como pode ser visto na Figura 6. [33, 36]
Figura 6: Estrutura bsica dos flavonoides
Mltiplos grupos hidroxila, glicosil, oxignios ou grupos metil podem estar ligados
estrutura bsica do flavonoide. Dependendo do estado de oxidao do anel heterocclico, os
flavonoides podem ser separados em diversas classes, tais como: flavonas, flavonis,
flavanonis e flavanonas, antocianidinas, isoflavonoides, auronas, neoflavonoides,
biflavonoides, catequinas e seus precursores metablicos conhecidos como chalconas, e
podem ocorrer como agliconas, glicolsilados e como derivados metilados. J foram
identificadas mais de 4000 substncias pertencentes ao grupo dos flavonoides. [10, 33, 37]
A Figura 7 mostra estruturas de flavonoides comumente encontrados na prpolis: a
quercetina, miricetina e a galangina so flavonis; a apigenina, a crisina e o canferol so
exemplos de flavonas e a pinocembrina e a naringenina so flavanonas. [10, 33, 35;36, 38]
O
O
A C
B
-
1 - Introduo 10
Figura 7: Flavonoides encontrados na prpolis
Vrios estudos conduzidos nos ltimos anos relatam o importante papel dos
flavonoides na sade humana. Propriedades como atividade antioxidante, antifngica,
antiprotozorios, antivirais, anti-inflamatria, antimicrobiana, anticancergena, entre outras,
tm sido relatadas na literatura. [33;34]
1.3.3 Prpolis e Espectroscopia Eletrnica
Os flavonoides e cidos fenlicos presentes na prpolis apresentam absoro na regio
do ultravioleta-visvel devidos presena do cromforo do benzeno. As transies que
resultam em absoro de radiao eletromagntica nessa regio do espectro ocorrem entre
nveis de energia eletrnicos, sendo o cromforo do benzeno do tipo *. [39;40]
O espectro eletrnico dos extratos de prpolis tambm um dos parmetros
regulamentados pelo MAPA, que estabelece que o espectro de absoro de radiaes no UV-
Vis deve apresentar bandas caractersticas das principais classes de flavonoides entre 200 e
400 nm (Figura 8). [30]
Quercetina
-
1 - Introduo 11
Figura 8: Espectro tpico de um extrato alcolico de prpolis
O espectro ultravioleta do extrato alcolico de prpolis consiste em duas bandas de
absoro nas faixas de 280-500 nm (banda I) e entre 190-240 nm (banda II). A posio
precisa dessas bandas e as intensidades dos mximos fornecem informaes sobre a natureza
do composto fenlico e de seu padro de substituio. Na Tabela V tm-se as bandas de
absoro no UV-Vis para alguns compostos fenlicos. [40]
-
1 - Introduo 12
TABELA V: Alguns compostos fenlicos e suas bandas de absoro no ultravioleta
Nome do composto II
(nm)
I (nm)
cido 3,5-diprenil-p-cumrico 310 -
cido 4-hidroxi-benzoico 257 -
cido cafico 325 -
cido glico 273 -
cido p-cumrico 309 -
cido saliclico 305 -
cido sinpico 325 -
cido sirngico 273 -
cido vanilnico 261 293
Apgenina 265 337
Canferol 265 365
Crisina 269 313
Flavanona 253 321
Flavona 253 295
Galangina 267 359
Pinocembrina 299 -
Quercetina 253 369
Vanilina 291 309
Fonte: Adaptado de CHANG, 2005. [41]
Os espectros em metanol das flavonas e flavonis apresentam duas bandas de maior
absoro na regio de 240-400 nm. Esses dois picos so referidos comumente como banda I
(normalmente de 300-380 nm) e banda II (normalmente em 240-280 nm). A banda I est
associada com a absoro do anel B, e a banda II com a absoro do anel A (Figura 9).
Flavonas e flavonis oxigenados no anel A, mas no no B, tendem a ter a banda II mais
pronunciada que a I. Em molculas que tambm possuem o anel B oxigenado, o espectro
apresenta a banda I mais pronunciada, a qual aparece em comprimentos de onda no muito
distantes. A posio da banda I nos d informao sobre o tipo de flavonoide e tambm sobre
o grau de oxidao. A banda I das flavonas ocorre na faixa de 304-350 nm, enquanto que a
dos flavonis aparece em 352-385 nm. Entretanto os flavonis com o grupo 3-hidroxil
substitudo (metilado ou glicosilado) possuem a banda I em 328-357 nm, e em geral os seus
espectros so prximos aos das flavonas.[41]
-
1 - Introduo 13
O
O
O
O
OH
B
A
B
A
(a) (b)
Figura 9 : Esqueleto de uma flavona (a) ; Esqueleto de um flavonol (b)
J o espectro das flavanonas, isoflavonas e flavanonis so parecidos por apresentarem
pouca ou nenhuma conjugao entre os anis A e B (Figura 10). Esses espectros apresentam
uma banda II de grande intensidade de absoro com somente um ombro ou uma banda com
baixa intensidade representando a banda I. A banda II das isoflavonas ocorre normalmente na
regio de 245-270 nm e no muito afetada pela hidroxilao do anel B. O espectro das
flavanonas e flavanonis possui a banda II na faixa de 270-295 nm. A remoo do grupo 5-
hidroxil de uma flavanona ou flavanonol provoca um deslocamento hipsocrmico de 10-15
nm na banda II. O aumento da oxigenao no anel B de flavanonas e flavanonis no possui
efeitos relatados no espectro UV. Na Figura 11 tem-se o espectro UV-Vis em metanol para as
principais classes de flavonoides. [41]
O
O
A
B
O
O
O
O
OH
A
B
A
B
(a) (b)
(c)
Figura 10 : Esqueleto de uma isoflavona (a); Esqueleto de uma flavanona (b); Esqueleto de uma
flavanonol (c)
-
1 - Introduo 14
Figura 11: Espectros UV-Vis tpico das classes de flavonoides. a) flavona (acacetina); b) flavonol (quercetina);
c) flavanonol (taxifolina); d) isoflavona (iridina); e) flavanona (pinocembrina).
-
1 - Introduo 15
1.4 Quimiometria
A quimiometria tem como objetivo a anlise de dados qumicos de natureza
multivariada e pode ser definida como uma disciplina qumica que emprega mtodos
matemticos e estatsticos para planejar ou selecionar experimentos de forma otimizada e para
fornecer o mximo de informao qumica com a anlise dos dados obtidos. [42]
A utilizao de ferramentas quimiomtricas iniciou-se no Brasil na primeira metade da
dcada de 70, mas s se firmou definitivamente com a instalao de computadores nos
laboratrios qumicos. [43]
Os trabalhos que usam Quimiometria podem ser agrupados em trs reas:
planejamento e otimizao de experimentos, reconhecimento de padres (mtodos de anlise
exploratria e classificao) e calibrao multivariada. [43]
A respeito de estudos feitos com a prpolis, a quimiometria empregada
principalmente para a determinao da fonte botnica e origem geogrfica de amostras atravs
da anlise de componentes principais (PCA- do ingls, Principal Component Analysis). [28,
44-47]
1.4.1 A Organizao dos Dados
Os dados obtidos em um experimento devem ser organizados antes de serem
submetidos analise multivariada.
Quando uma determinada amostra (objeto) analisada, os resultados obtidos so as
variveis para determinado objeto. Esses resultados podem ser expressos, por exemplo, em
termos de concentrao, altura do pico, absorbncia, entre outros dados. Os dados so
dispostos em forma de uma matriz X (n x m), em que cada linha representa uma amostra (n) e
as colunas as variveis (m), como pode ser visto na Figura 12. [42, 48]
-
1 - Introduo 16
Figura 12: Dados organizados em uma matriz X
importante analisar se as variveis so homogneas (mesma unidade de medida), ou
heterogneas (unidades distintas), pois essa informao ajuda na deciso sobre a qual pr-
processamento os dados devem ser submetidos. [48]
1.4.2 Pr-processamento dos Dados
A etapa de pr-processamento dos dados necessria quando os dados experimentais
no tm uma distribuio adequada para a anlise como, por exemplo, so obtidas medidas
em diferentes unidades e variveis com diferentes varincias. Ajustam-se ento as grandezas
de forma que elas tenham valores equivalentes para que todas tenham a mesma importncia
sobre o modelo. [42]
Os mtodos de pr-processamento mais utilizados so:
a) Centrar na mdia: calcula-se a mdia de cada coluna de variveis e
subtrai-se dos seus respectivos valores. Com este tratamento a origem dos
eixos deslocada de forma que os dados passam a ficar distribudos em torno
da origem (Figura 13). No caso de dados espectroscpicos, recomenda-se
centrar os dados na mdia devido ao fato de as medidas apresentarem variveis
com unidades iguais. [42, 48]
-
1 - Introduo 17
Figura 13: Distribuio de variveis em torno do eixo cartesiano. a) dados originais b) dados centrado na mdia.
FONTE: BRERETON, 2003. [49]
b) Autoescalar: consiste em centrar os dados na mdia e dividi-los pelo respectivo
desvio padro de cada coluna/varivel. Com esse tratamento cada varivel
passa a ter mdia zero e desvio padro igual a 1. O autoescalamento dos dados
recomendado quando os dados esto em escala muito diferentes e se quer
atribuir a mesma significncia a todos. [42, 48]
1.4.3 Reconhecimento de Padres
Os mtodos de reconhecimento de padres podem ser aplicados com diferentes
finalidades, entre elas a anlise exploratria de dados. [43]
A anlise exploratria usada para tentar detectar padres de associao no conjunto
de dados, a partir dos quais se pode estabelecer relaes entre objetos e variveis. Os dois
mtodos de anlise exploratria mais usados so a Anlise de Componentes Principais (PCA)
e a Anlise de Agrupamento Hierrquica (HCA- do ingls, Hierarchical Cluster
Analysis).[42]
A PCA encontra-se entre as mais importantes ferramentas de anlise multivariada,
inclusive por constituir a base na qual se fundamentam a maioria dos outros mtodos
multivariados de anlise de dados. O principal objetivo da PCA reduzir a dimensionalidade
do conjunto de dados, preservando ao mesmo tempo o mximo de informao. Isto feito
calculando-se combinaes lineares das variveis originais. [42]
-
1 - Introduo 18
A primeira componente principal, PC1, a combinao linear de mxima varincia. A
segunda componente principal, PC2, tambm descreve a mxima varincia restante, porm
ortogonal a PC1. A terceira PC de mxima varincia restante e ortogonal s duas primeiras
PCs, e assim por diante. Como esses eixos so calculados em ordem decrescente de
importncia, muitas vezes a informao relevante fica concentrada nas duas ou trs primeiras
PCs, que podem ser ento examinadas procura de padres. A PCA um mtodo no
supervisionado j, que no se conhece a priori a que classes pertencem os objetos ou pelo
menos essa informao no utilizada na construo do modelo. [43, 50-51]
To importante quanto a determinao do nmero de componentes principais que
devem ser utilizadas para a construo do modelo tambm a identificao dos outliers, que
pode ser feita avaliando o leverage e os resduos de Student. O leverage uma medida da
influncia de uma amostra em comparao com o resto do conjunto de dados e os resduos de
Student uma media da informao da amostra que no foi modelada. As similaridades e
diferenas entre objetos e variveis podem ser vistos atravs de grficos, em que os Escores
ou pesos das PCs so plotados uns contra os outros. [51]
1.4.4 Calibrao Multivariada
A anlise de regresso o mtodo estatstico usado para predizer valores de uma ou
mais variveis respostas (dependentes) a partir de uma coleo de valores de variveis
preditoras (independentes). Uma das tcnicas mais utilizadas para se obter essa correlao a
calibrao multivariada por mnimos quadrados parciais (PLS- do ingls, Partial Least
Squares). [52]
O modelo PLS desenvolvido a partir de um conjunto de calibrao de n amostras,
com k variveis x, representadas por xk (k=1, 2, ...., n) e m variveis y representadas por ym
(1, 2, ..., m). A partir deste conjunto de treinamento so formadas duas matrizes X e Y de
dimenses (n*k) e (n*m). A matriz X formada pelas variveis independentes, ou preditoras,
e a matriz Y formada pelas variveis dependentes. [48, 52]
Nessa tcnica de calibrao multivariada, as matrizes X e Y so decompostas em
matrizes menores de acordo com as Equaes 1.1 e 1.2. [51]
X =TP+E (Equao 1.1)
Y=UQ+F (Equao 1.2)
-
1 - Introduo 19
onde,
X e Y so as matrizes que sero decompostas
T e U so as matrizes de escores
P a matriz de pesos X,
E contm os erros (resduos) de X,
Q a matriz de pesos Y,
F contm os erros (resduos) de Y.
A Figura 14 mostra como ocorre a decomposio dos dados dos blocos X e Y, em que
p= variveis; h= variveis latentes.
Figura 14: Decomposio dos blocos de dados X e y.
Uma relao linear estabelecida aps a decomposio de X e y, entre os escores t e
u, como pode ser visto na Equao 1.3. [48]
u=bhth (Equao 1.3)
onde,
b o vetor dos coeficientes de regresso
h o nmero de variveis latente usadas no modelo PLS
-
1 - Introduo 20
Os resduos dos dados, parte da varincia que no explicada no modelo, trazem
informao sobre o sistema. No caso em que se tm grandes valores de resduos em y o
modelo no est bem ajustado, e os resduos em X podem informa quais so as amostras
anmalas (outliers). [48]
O mtodo de Validao Cruzada (CV- do ingls, Cross Validation) o mais utilizado
e consiste na avaliao da magnitude dos erros de previso de um dado modelo de calibrao.
[48, 51]
A validao cruzada tambm utilizada para a escolha do nmero de variveis
latentes que iro descrever o modelo. O nmero de variveis latentes utilizado deve ser aquele
que minimiza a raiz quadrada dos erros mdios quadrados da validao cruzada (RMSECV,
do ingls, Root Mean Square Error Cross Validation), conforme Equao 1.4. [48, 51]
( Equao 1.4)
onde e so, respectivamente, os valores previstos e os de referncia para a propriedade
de interesse, e n o nmero de amostras. Para a deteco de amostras anmalas, utilizam-se os
resduos e os valores de leverage.
Para avaliar a eficincia dos modelos de calibrao, validao e previso utiliza-se o
erro mdio quadrtico (RMSE- do ingls, Root Mean Square Error) e o erro relativo. Esses
valores expressam a veracidade do modelo, ou seja, a proximidade entre o valor calculado
pelo modelo (yprev) e o valor obtido pelo mtodo de referncia (yreal).
Para avaliar a exatido do conjunto de calibrao, utiliza-se o erro mdio quadrtico de
calibrao (RMSEC- do ingls, Root Mean Square Error of Calibration).
(Equao 1.5)
Onde n o nmero de amostras, o nmero de graus de liberdade perdidos, que igual ao
nmero de variveis latentes +1, para dados centrados na mdia. [51]
Para avaliar a exatido do conjunto de previso, utiliza-se o erro mdio quadrtico de
previso (RMSEP- do ingls , Root Mean Square Error of Prediction). [51]
-
1 - Introduo 21
(Equao 1.6)
1.4.5 Anlise Discriminante por Mnimos Quadrados Parciais PLS-DA
O PLS no foi originalmente designado como uma ferramenta estatstica para anlise
discriminante. Apesar disso, ele tem sido utilizado frequentemente com essa finalidade e tem
mostrado um timo desempenho nesse papel. [53]
O mtodo PLS-DA (do ingls- Partial Least Squares Discriminant Analysis) um
mtodo multivariado, supervisionado (a informao sobre a que classes pertencem os objetos
j est disponvel e usada na construo do modelo), utilizado para classificao de
amostras, no qual feita a reduo de variveis e no est claro se as diferenas entre grupos
iro dominar a variabilidade total das amostras. O vetor y em um modelo PLS-DA indica a
classe ao qual a amostra pertence. Quando se tem duas classes a serem discriminadas utiliza-
se o mtodo PLS1. Neste caso, existe uma varivel dependente, y, que pode assumir valores 0
ou 1. [53]
Para o caso no qual trs ou mais classes esto presentes utiliza-se o mtodo PLS2. A
varivel dependente uma matriz com o nmero de colunas igual ao nmero de classes
assumindo valores iguais a 0 ou 1, que indicam se a amostra pertence ou no classe. Por
exemplo, no caso de existirem quatro classes e a amostra pertence classe 2 , o valor de y
para essa amostra ser y = {0 1 0 0}. Os valores previstos so idealmente os valores zero e
um, mas na prtica os valores aproximam-se destes. [53]
calculado um valor limite (threshold), para o qual os valores acima dele indicam que
a amostra pertence classe modelada e os abaixo que no pertencem classe modelada.
Todos os procedimentos que so usados para selecionar um melhor modelo PLS tambm so
usados para selecionar um melhor modelo PLS-DA. [53]
-
2 - Objetivos 22
2. OBJETIVOS
Devido importncia farmacolgica e comercial da prpolis nos mercados nacional e
internacional, h a necessidade de constante evoluo dos mtodos analticos de modo a
garantir o cumprimento das normas preconizadas pelo MAPA e, consequentemente, a
qualidade do produto.
Os flavonoides so as principais substncias responsveis pelas atividades biolgicas
da prpolis. Os extratos alcolicos de prpolis que possuem uma maior quantidade dessas
substncias possuem um maior valor econmico e muitas vezes so destinados para o
mercado exterior. Dessa forma, de grande importncia o desenvolvimento de metodologias
para a quantificao dos flavonoides.
Um dos objetivos dessa dissertao utilizar os resultados das anlises que so feitas
em laboratrios de rotina de controle de qualidade dos extratos alcolicos de prpolis para a
construo de um modelo de calibrao multivariada por mnimos quadrados parciais (PLS),
para determinar a concentrao de flavonoides nas amostras. Esse modelo visa diminuir o
tempo de anlise, o custo e tambm a utilizao de reagentes.
Outro objetivo desse trabalho discriminar os extratos alcolicos comerciais de
prpolis quanto ao tipo de flavonoide, utilizando os espectros dos complexos de Al(III) que
so obtidos nas anlises de rotina para a quantificao de flavonoides. A importncia da
determinao dos tipos de flavonoides presentes nas amostras est no fato de alguns deles
apresentarem propriedades biolgicas diferenciadas. Assim, o conhecimento do tipo e
concentrao do flavonoide presente no extrato faz com que ele possa ser destinado a fins
teraputicos especficos, agregando valor ao produto.
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 23
flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
3. DESENVOLVIMENTO DE UM MTODO DE CALIBRAO MULTIVARIADA
PARA QUANTIFICAO DE FLAVONOIDES NOS EXTRATOS COMERCIAIS
DE PRPOLIS
Um dos parmetros avaliados pelo MAPA para controle de qualidade do extrato
comercial de prpolis a concentrao de flavonoides, cujo mnimo exigido de 0,25%
(m/m). O mtodo espectrofotomtrico o mais utilizado para a determinao da concentrao
de flavonoides nos laboratrios de controle de qualidade por ser mais simples, rpido e de
baixo custo.
A quantificao dos flavonoides presentes na prpolis muito importante, pois a essas
substncias so atribudas as diversas propriedades biolgicas presentes na prpolis. Assim,
amostras que possuem uma maior concentrao de flavonoides, possuem maior valor
econmico.
Ultimamente, os espectros na regio do UV-Vis tm sido muito utilizados na
construo de modelos de calibrao multivariada, tanto para a determinao da concentrao
de analitos como de propriedades fsico-qumicas. A utilizao desses modelos de calibrao
multivariada surge como uma alternativa para mtodos que, em geral, so muito laboriosos,
apresentam interferentes, no possuem uma nica varivel seletiva que permita a calibrao
univariada ou que no apresentam boa resoluo do sinal analtico. [51]
Nesse trabalho foram utilizados os espectros de absoro desses extratos em conjunto
com a anlise multivariada para a construo do modelo PLS. A calibrao multivariada
capaz de prever uma determinada propriedade, como a concentrao de flavonoides, a partir
da obteno do espectro na regio do UV-Vis, que no caso da prpolis esto diretamente
relacionados com a presena dessas substncias nas amostras.
3.1 Mtodos Analticos para a Determinao de Flavonoides na Prpolis
O aumento do uso da prpolis e da sua importncia econmica fez com que surgisse a
necessidade do desenvolvimento de tcnicas adequadas para a determinao quantitativa dos
flavonoides. Vrios mtodos tm sido empregados para essa quantificao, mas as mais
utilizadas so as reaes colorimtricas, a cromatografia gasosa e a cromatografia lquida de
alta eficincia (HPLC- do ingls, High Performance Liquid Cromatography).
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 24
flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
A HPLC foi utilizada pela primeira vez para a determinao de flavonoides em 1976
por Fisher e Wheaton. Como os extratos de prpolis so solveis em solues etanlicas e
hidroalcolicas, a HPLC com fase reversa se tornou a tcnica cromatogrfica mais utilizada
para a determinao qualitativa e quantitativa dos flavonoides presentes na prpolis. [27, 54]
Como os flavonoides absorvem radiao UV-Vis, o detector de arranjo de diodos
(DAD- do ingls, Diode Array Detector) a forma de deteco mais utilizada. A tcnica
HPLC-DAD tem sido aplicada para a tipificao da prpolis brasileira e tambm para a
identificao dos seus componentes principais. [27, 36]
Alm do DAD, estudos avaliam o emprego de outros tipos de detectores. Segundo
Aaby et. al. [55], detectores eletroqumicos possuem maior sensibilidade, seletividade e
fornecem mais informaes sobre a estrutura dos compostos fenlicos quando comparados
com os espectros obtidos por detectores de arranjo de diodos. Isso ocorre devido ao fato de
que diferentes substituintes ativos eletroquimicamente, em estruturas anlogas, fornecem
caractersticas diferentes no comportamento voltamtrico.
Outro detector utilizado para a quantificao dos flavonoides na prpolis o ESI-MS.
A ionizao por eletrospray (ESI- do ingls, Electrospray Ionization) permite a ionizao
direta e a transferncia das molculas para o espectrmetro de massas (MS-do ingls, Mass
Spectrometry) e tem estendido a aplicabilidade da espectrometria de massas para um maior
nmero de classes de molculas que possuem instabilidade trmica, alta polaridade e alta
massa molecular. Entretanto, a espectrometria de massas mais cara e, normalmente, no
encontrada em laboratrio de anlise de rotina. [29]
Alm de diferentes detectores, relatada na literatura a utilizao de diferentes
condies cromatogrficas para a quantificao de flavonoides, como a utilizao de
diferentes colunas e diferentes fases mveis (Tabela VI), com o objetivo de se obter uma
melhor separao, em um tempo adequado.
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 25 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
TABELA VI: Condies Cromatogrficas de estudos que utilizaram HPLC para a quantificao dos flavonoides
Tcnica Coluna Fase Mvel Tipo de
Eluio Deteco
Compostos fenlicos
analisados
Faixa
Linear Referncia
HPLC-RP
C18 CLC-ODS
(4,6 mm x 250
mm)
A:(cido actico/acetato de
amnio/metanol/gua
0.8:0.3:5.0:93.9 m/v/v/v) e 25% do
solvente B (acetonitrila), finalizando
com 100% de acetonitrila.
Gradiente DAD - 280
nm
cido cafico, cido cinmico, cido
ferlico, cido cumrico,
isosakuranetina, bacarina, drupanina,
artepillin C.
28,83 533,33
g/mL 56
HPLC-RP
Thermo
C18(4,6mm x 250
mm) partculas de 5m.
Metanol e gua 80:20 Isocrtica DAD - 280
nm Propolins - 57
HPLC-RP
Intersil 5 ODS-2
(4,6 mm x 250
mm)
A: gua e cido actico 95:5, v/ve B:
metanol Gradiente UV -290 nm
cido cafico, cido p-cumrico, cido
ferlico, kaempferol, pinocembrina,
crisina, galangina, pinostrobina,
cafeato de feniletila, cafeato de benzila
e cafeato de isopentila
- 58
HPLC-RP
Capcell Pak ACR 120 C18 ( 2 mm x
250 mm)
partculas de 5m.
A: 0,1% cido frmico e gua e B:
0,08% cido frmico: acetonitrila Gradiente
PAD 195-
650 nm ;
ESI-MS
cido cafico, cido p-cumrico, quercetina, apigenina, kaempferol,
pinobanksina, crisina, pinocembrina,
galangina, tectocrisina, artepillin C,
cido, 3,4-dimetoxicinmico.
- 59
HPLC-RP C18 (4,6 mm x
220 mm)
A: 30 mM NaH2PO4 pH 3 e
acetonitrila Gradiente
DAD- 265,
290, 360 nm
e MS
cido cafico, p- e m-
cumrico,quercetina, kaempferol,
naringenina, crisina, galangina e
pinocembrina
3-80
g/ml 25
HPLC-RP YMC Pack ODS-
A cido actico: metanol: gua
(5:75:60 v/v) Isocrtica
DAD- 254 nm
Quercetina, kaempferol, apigenina,
isorhamnetina, rhamnetina, pinocembrina, sakuranetina, crisina,
acacetina, galangina, kaempferide, e
tectocrisina
- 60
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 26
flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
Apesar dos mtodos de quantificao dos flavonoides na prpolis por HPLC
mostrarem bons resultados, eles no so os mais utilizados para controle de qualidade por
requererem instrumentos avanados, padres autenticados e demandarem mais tempo de
anlise.
O desenvolvimento da cromatografia gasosa (GC- do ingls, Gas Chromatography)
precedeu o primeiro uso do moderno HPLC. A anlise de derivados de flavonoides por CG
foi reportada na dcada de 60. Isso permitiu estudos para a determinao de flavonoides em
bebidas em 1973, usando colunas de vidro recheadas com VYDAC. [38]
A anlise dos flavonoides por GC, normalmente envolve trs etapas distintas: extrao
da amostra, derivatizao e anlise GC. [29,38]
Devido ao fato da cromatografia gasosa se limitar a compostos volteis que possuem
estabilidade trmica na temperatura de operao, h uma preferncia pelos pesquisadores na
utilizao do HPLC, o que tem refletido em um crescente nmero de publicaes relatando a
investigao de flavonoides por essa tcnica. Apesar da tendncia da utilizao do HPLC para
esse fim, estudos mostram que em termos gerais h uma melhor separao dos componentes
por GC. [29,38]
Alm disso, a quantificao de flavonoides por HPLC pode ser problemtica devido a
alguns fatores como sinal de rudos muito alto devido a impurezas na amostra, alargamento
dos picos (que reduz a eficincia) tanto com a utilizao dos modos isocrtico e gradiente.
Tambm pode ser observada adsoro competitiva entre componentes, o que negligencivel
por GC. [38]
Para a determinao dos flavonoides na prpolis muito utilizada a cromatografia
gasosa acoplada com o espectrmetro de massas. A espectrometria de massas (MS) permite a
aquisio da massa molecular e tambm de informaes estruturais, sendo usada tanto pra fins
qualitativos, quanto quantitativos. Entretanto, a prpolis contm alguns componentes que no
so suficientemente volteis para anlise direta por GC-MS, e necessita da utilizao da
derivatizao ou de outras tcnicas como a cromatografia gasosa de alta resoluo (HT-
HRGC- do ingls, High-Temperature High-Resolution Gas Chromatography). A Tabela VII
apresenta alguns trabalhos que utilizaram a GC para a determinao dos flavonoides na
prpolis, alguns tipos de colunas e os flavonoides analisados. [29]
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 27
flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
Tabela VII: Resumo de alguns trabalhos que utilizaram CG para a quantificao dos flavonoides
Coluna Flavonoides analisados Referncia
0,25 mm x 9 m I.D. de
slica fundida com fase
estacionria SE-54
Pinocembrina e Galangina 61
0,25 mm x 25 m HP-1
capilar de metil-silicone
cido cinmico, pinobanksina, pinocembrina,
pinobanksina 3-acetato, cido 1,1-dimetil
cafico,crisina, galangina, pinocembrina 7-metil
ter, crisina 7-metil ter, e galangina 7-metil ter
62
0,25 mm x 23 m HP5-MS
coluna capilar
Pinostrobina, pinocembrina,benzilferulato,
galangina, crisina, feniletilcafeatoekaempferol 63
0,20 mm x 17 m HP5-MS
coluna capilar 5%
fenilmetilpolisiloxano
Isoflavonoides 64
No geral, a cromatografia gasosa no utilizada para a determinao quantitativa dos
flavonoides presentes na amostra de prpolis, mas mostra-se muito eficiente na identificao
dos compostos nessa substncia to complexa.
As tcnicas espectrofotomtricas so muito utilizadas para controle de qualidade
devido sua rapidez e baixo custo. [29, 58]
Apesar dos mtodos cromatogrficos serem mais exatos e precisos na identificao e
quantificao dos flavonoides, esses mtodos exigem pessoas altamente qualificadas para a
operao, materiais e equipamentos caros. Alm disso, os mtodos cromatogrficos limitam-
se quantificao dos compostos majoritrios e estudos mostram que a quantificao dos
componentes ativos em grupos com a mesma estrutura qumica ou similar correlaciona-se
melhor com a atividade biolgica, o que torna os mtodos espectrofotomtricos ainda mais
vantajosos. [29, 57;58]
O mtodo espectrofotomtrico para a quantificao de flavonoides na prpolis
baseado na formao de um complexo entre o Al(III) e os grupos carbonila e hidroxila dos
flavonoides. (Figura 15). Na presena do Al(III) observado um deslocamento batocrmico
nas bandas I e II do espectro do flavonoide, e tambm um aumento da absoro. Dessa
forma, possvel quantificar os flavonoides, evitando-se a interferncia de outras substncias
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 28
flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
fenlicas, principalmente os cidos fenlicos. Esse comportamento observado para todos os
flavonoides que possuem grupos 5-hidroxi-4-ceto, 3-hidroxi-4-ceto e/ou o-dihidroxi,
sugerindo que esses grupos so importantes para a formao do complexo. O deslocamento
batocrmico causado pelo aumento do efeito conjugativo quando os complexos so
formados, surgindo um novo anel. A amostra, metanol e o Al(III) so misturados e reagem
por 30 minutos. As leituras de absorbncia so feitas em torno de 425 nm. Para a construo
da curva analtica o flavonoide mais utilizado a quercetina. [29, 33, 41]
Figura 15: Reao de formao do complexo entre os flavonoides e Al(III)
Segundo Marcucci et. al. [35], o uso do cloreto de alumnio foi primeiramente
empregado para a identificao de antocianinas. Ainda segundo Marcucci, em 1954 Harbone
sugeriu o uso do cloreto de alumnio para a determinao espectrofotomtrica de certos
subgrupos dos flavonoides, o qual tambm passou a ser usado como um reagente de desvios
(shift reagent) em espectroscopia UV-Vis para a determinao estrutural de flavonoides.
Apesar de ser uma tcnica barata, rpida, de fcil execuo e precisa, ela pouco
exata. Normalmente os valores so subestimados. De acordo com Marghitas et. al. [65], isso
se deve ao fato de o cloreto de alumnio reagir melhor com os flavonoides do grupo das
flavonas e flavonis. Dessa forma, o valor medido e o valor real so tanto mais prximos
quanto maior a proporo de flavonas e flavonis nas amostras analisada. [35, 65]
Chang et. al. [66] propuseram que em conjunto com a tcnica da utilizao do cloreto
de alumnio, tambm seja empregado o mtodo espectrofotomtrico baseado na complexao
dos flavonoides com a 2-4-dinitrofenilhidrazina (DNP). As flavanonas e flavanonis
interagem com o DNP em meio cido para formar fenilhidrazonas coloridas. A absorbncia
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 29
flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
medida em 486 nm. As curvas analticas so obtidas utilizando principalmente a
pinocembrina como padro. Vrios estudos mostram que a soma dos flavonoides
determinados pelo mtodo do cloreto de alumnio e o DNP representam melhor o real
contedo de flavonoides na prpolis. A Tabela VIII sumariza vrios estudos que utilizaram o
mtodo espectrofotomtrico para a determinao de flavonoides na prpolis. [57,65-67]
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 30 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
TABELA VIII: Resumos de alguns trabalhos que utilizaram a espectrofotometria para a quantificao dos flavonoides.
Substncia de
referncia Complexante Faixa de trabalho Solvente Tampo Referncia
Propolina C e Propolina
D 4:1. DNP 486 nm 0.4842.017 mg/mL Metanol - 57
Galangina e
Pinocembrina
AlCl3(galangina) ;
DNP
(pinocembrina)
Galangina (425
nm);
Pinocembrina
(486 nm)
4-40 g/ml (galangina); 0,14-1mg/ml
(pinocembrina)
Metanol - 65
Quercetina AlCl3 425 nm 04-12 g/ml Etanol - 11
Quercetina Al(NO3)3 415 nm - Etanol 80
% (m/v)
Acetato de
potssio 68
Quercetina e
Naringenina
AlCl3(quercetina) ;
DNP (naringenina)
Quercetina (415
nm);
Naringenina
(495 nm)
0-100 g/ml (quercetina); 500-2000 g/ml
(naringenina)
Etanol
95%
(m/v)
Acetato de
potssio 66
Quercetina e
Naringenina
AlCl3(quercetina) ;
DNP (naringenina)
Quercetina (415
nm);
Naringenina
(495 nm)
25-100 g/ml (quercetina); 500-2000 g/ml
(naringenina)
Etanol
95%
(m/v)
Acetato de
potssio 67
Galangina e
Pinocembrina
AlCl3(galangina) ;
DNP
(pinocembrina)
Galangina (425
nm);
Pinocembrina
(486 nm)
432 g/mL (galangina); 0.181.8 mg/mL
(pinocembrina) ; 37326 g/mL (galangina e pinocembrina 2:1)
Metanol - 58
Quercetina AlCl3 425 nm 2-10 g/ml Etanol - 69
Quercetina AlCl3 425 nm 5-40 g/ml Metanol - 70
Quercetina AlCl3 425 nm 04-12 g/ml Etanol - 71
Quercetina AlCl3 425 nm - Metanol - 72
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 31 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
3.2 Materiais e Mtodos
3.2.1 Amostras
Foram estudadas 97 amostras de extratos alcolicos de prpolis de diferentes origens,
adquiridas no comrcio ou doadas pelos produtores. As amostras foram nomeadas como
comum (C) e verde (V), de acordo com as informaes no rtulo. Aquelas que no tinham
informao sobre o tipo na embalagem foram classificadas como comum. Antes de serem
submetidas anlise, uma alquota das amostras foi centrifugada a 3000 rpm por 5 minutos.
Algumas amostras apresentaram formao de corpo de fundo. Somente o sobrenadante dessas
amostras foi utilizado para a quantificao.
3.2.2 Reagentes
Para o preparo das solues da metodologia colorimtrica para a quantificao dos
flavonoides, utilizou-se metanol PA da marca Synth, Al(NO3)3.9H2O da Sigma-Aldrich e
CH3COOLi da marca VETEC.
Para a construo da curva de calibrao foi utilizada quercetina da marca Sigma-
Aldrich.
Para o preparo das solues para obteno dos espectros eletrnicos das amostras, foi
utilizado etanol 95%(v/v) da marca Synth.
Nos estudos cromatogrficos os seguintes padres de flavonoides e cidos fenlicos
foram investigados: cido p-cumrico, quercetina, pinocembrina, crisina, cido cinmico,
cido ferlico, kaempferol, acacetina, naringenina e galangina, todos da Sigma-Aldrich e de
grau cromatogrfico. Para o preparo a diluio das amostras e preparo das solues dos
padres foi utilizado metanol de grau cromatogrfico da marca J. T. Baker. Para o preparo das
fases mveis, alm do metanol, foi utilizado 2-propanol da J. T. Baker, acetonitrila da marca
CRQ e cido actico da marca VETEC. Para diluio dos extratos de prpolis utilizou-se
etanol VETEC de grau HPLC.
3.2.3 Metodologia: mtodo espectrofotomtrico
No ensaio de quantificao de flavonoides pelo mtodo espectrofotomtrico uma
alquota de 25 L da amostra foi transferida para um balo volumtrico de 25 mL. Em
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 32 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
seguida, adicionou-se 500 L de uma soluo de acetato de ltio 0,1 mol L-1. Por ltimo,
adicionou-se 100 L de uma soluo de nitrato de alumnio 10% m/v. O volume do balo foi
completado com metanol. Na Figura 16 podem-se observar o aspecto das solues
preparadas.
Figura 16: Solues obtidas da complexao do Al(III) com os flavonoides presentes nas amostras de prpolis
Aps uma hora, realizou-se a leitura da absorbncia das solues. Os espectros UV-
Vis foram obtidos no espectrofotmetro Hewlett-Packard, modelo 8451A, em cubetas de
quartzo de 0,5 cm de caminho tico, com varredura de 190 a 500 nm, com incrementos de
2 nm.
Os ensaios foram realizados em quintuplicata para cada amostra, e as leituras das
absorbncias foram feitas em triplicata para cada soluo.
A curva analtica foi construda utilizando soluo estoque de quercetina
500 g mL-1 em metanol.
Para a obteno dos espectros eletrnicos das amostras foram preparadas solues
contendo 20 L de amostra, completando-se o volume do balo volumtrico (25,00 mL) com
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3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 33 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
etanol 95% (v/v). Os espectros foram obtidos em cubeta de quartzo de 2 mm de caminho
tico, com varredura de 190 a 500 nm e incrementos de 2 nm. Os ensaios tambm foram
realizados em quintuplicata para cada amostra (replicatas independentes), e as leituras das
absorbncias de cada soluo foram tambm feitas em triplicata.
3.2.4 Metodologia: mtodo cromatogrfico
Para a anlise cromatogrfica foram separadas 40 amostras. As amostras foram
diludas 80 vezes em etanol 75% (m/v) e filtradas em filtro de seringa Milipore de 0,21 m de
poro antes da injeo no HPLC.
Para a construo das curvas analtica preparou-se solues estoque de 1000 g/mL.
Em seguida, uma mistura contendo os 11 padres foi preparada, diluindo-se adequadamente
os padres de forma a obter uma curva com 16 nveis de concentrao na faixa de 0,19 a
50,40 g mL-1. A curva foi obtida plotando-se a rea integrada do pico do composto em
funo da sua concentrao na soluo.
As solues das amostras e dos padres foram injetadas em um cromatgrafo lquido
de alta eficincia Shimadzu com detector de arranjo de diodos (SPD-M20A) e coluna
cromatogrfica Kinetex Phenomenex C18, com partculas de 2,6 m, 150 mm de
comprimento e 4,6 mm de dimetro. Foram empregadas quatro fases mveis, a Fase A
consistiu de uma soluo aquosa 5% de cido actico, a Fase B consistiu em uma soluo
30:5:70:1 de gua, 2-propanol, metanol e cido actico, na Fase C utilizou-se como eluente o
metanol e na Fase D empregou-se uma soluo 20:20:30:30:2 de gua, 2-propanol,
acetonitrila, metanol e cido actico.
3.2.5 Tratamento Estatstico dos Resultados
Determinou-se o intervalo de confiana dos resultados obtidos pela metodologia
colorimtrica para um nvel de confiana de 95%, utilizando a Equao 3.1.
(Equao 3.1)
em que :
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 34 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
= mdia dos valores obtidos pra amostra
s = desvio padro
t = valor do teste t de Student
Para a identificao de amostras anmalas foi utilizado o teste de Grubbs para
confiana de 95%, utilizando a Equao 3.2.
| |
(Equao 3.2)
onde,
= mdia dos valores obtidos pra amostra
s = desvio padro
Para comparar os resultados obtidos pelo mtodo espectrofotomtrico e pelo mtodo
cromatogrfico utilizou-se o teste t pareado para 95% de confiana.
(Equao 3.3)
Onde,
( )
(Equao 3.4)
em que,
= diferena mdia entre os mtodos A e B
n = nmero de amostras
di = diferena entre os resultados obtidos com os mtodos A e B
3.2.6 Anlise Quimiomtrica
O programa Mathlab R2009b e o pacote PLS_Toolbox-522 foram usados para o
tratamento quimiomtrico dos dados obtidos.
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 35 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
O modelo PLS foi construdo utilizando as concentraes de flavonoides nas amostras
e os espectros eletrnicos das amostras diludas em etanol 95% (v/v).
Os espectros eletrnicos tiveram a linha base corrigida utilizando a funo baseline.
As amostras foram separadas em um conjunto de calibrao e outro de validao. Para
realizar essa separao utilizou-se o algoritmo de Kennard-Stone [73], sendo que 2/3 das
amostras foram utilizadas para a calibrao (60 amostras) e 1/3 para a validao (30 amostras)
do modelo PLS. Sete amostras no foram utilizadas na construo do modelo, trs foram
separadas para os ensaios de avaliao da preciso e as outras quatro amostras apresentaram
distores em seu espectro eletrnico, o que foi verificado visualmente.
O pr-processamento utilizado foi centrar os dados na mdia, pois as variveis para a
construo do modelo quimiomtrico correspondem aos comprimentos de onda obtidos no
espectro UV-Vis e possuem, portanto, unidades equivalentes. O mtodo de validao cruzada
utilizado foi o dos blocos contnuos (do ingls, Contiguous Blocks) que o mais utilizado
quando se tem um conjunto de dados com mais de 20 amostras.
Para a verificao de possveis outliers foi utilizada uma rotina proposta por Braga em
que as amostras consideradas anmalas no foram utilizadas na construo do modelo. [74]
3.3 Resultados e Discusso
3.3.1 Mtodo espectrofotomtrico ajuste das condies experimentais
Na literatura no h condies uniformes, sendo utilizados diferentes mtodos para a
determinao dos flavonoides totais. Um grande nmero de mtodos descrito (Tabela VIII)
em que so utilizados diferentes solventes, concentrao de amostra e reagentes. Alm disso,
a maior parte dos estudos avalia a concentrao de flavonoides na prpolis bruta, em que os
extratos so preparados e tem-se conhecimento da concentrao da soluo da amostra
utilizada [75]. Dessa forma, primeiramente realizou-se um ajuste das condies experimentais
do mtodo espectrofotomtrico para adequar sua aplicao para amostras de extratos
alcolicos de prpolis comercias.
Para avaliar qual o volume de amostra deveria ser utilizado nas anlises selecionaram-
se 19 amostras de extrato alcolico de prpolis com teores de extrato seco variados
(Tabela IX). O teor de extrato seco o resduo obtido aps a secagem de um volume
conhecido de extrato de prpolis. Alguns estudos mostram que o teor de extrato seco pode
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3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 36 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
estar ligado presena de seus compostos bioativos, por isso utilizou-se esse parmetro
fsico-qumico para realizar a triagem das amostras que seriam utilizadas. [4;5, 24]
Prepararam-se solues adicionando 25 e 50 L de amostra e 100 L de nitrato de
alumnio 10% (m/v) em bales volumtricos de 25,00 mL, completando-se o volume com
etanol 95% e metanol. Aps uma hora obtiveram-se os espectros das solues. Na Figura 17
apresentado um esquema para melhor entendimento dos procedimentos realizados.
TABELA IX: Amostras selecionadas para avaliao do volume a ser utilizado nos ensaios
Teor de Extrato Seco % m/v Amostras Selecionadas
0-5 C10; C14; C48; C73
5-10 C27; C59; C64; C83
10-15 C85; C89; V20; V33
15-20 C75; V5; V6; V13
>40 V17; V24; V31
Figura 17: Esquema da metodologia utilizada para avaliar qual volume de amostra deveria ser usado
Algumas amostras apresentaram absorbncia maior que 1,0 quando se adicionou o
volume de 50 L. Para absorbncias maiores que 1,0 o espectro comea a apresentar
distores nas bandas, portanto optou-se pela a utilizao do volume de 25 L nos ensaios.
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3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 37 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
Uma controvrsia observada na literatura sobre o uso ou no do acetato de potssio.
Segundo Malesev [33], os flavonoides so cidos fracos que tendem a estar protonados.
Assim, o pH tem impacto considervel na formao dos complexos. Segundo Dowd [76], os
complexos entre os flavonoides e o alumnio se formam mais eficientemente em pH 4,0,
como pode ser observado na Figura 18.
Figura 18: Dependncia da absorbncia do complexo alumnio-quercetina em diferentes pH e em diferentes
nveis de fora inica.
FONTE: L.E. Dowd, 1959 [76]
Na maioria dos trabalhos que utilizam o tampo, o reagente o acetato de potssio,
mas observou-se que sua solubilizao muito difcil tanto em etanol quanto em metanol.
Assim, foi testado o uso do acetato de ltio, que se mostrou mais solvel nos dois solventes.
Em seguida, avaliou-se a influncia da presena ou no do acetato de ltio e sua concentrao
-
3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 38 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
mais adequada. Para isso, fixou-se o volume de nitrato de alumnio adicionado no balo
volumtrico de 25,00 mL em 100 L e variou-se a concentrao de acetato de ltio no balo,
sendo as concentraes utilizadas 0, 2, 4, 6, 8 e 10 mmol L-1
. Esse teste foi realizado com trs
amostras de extrato alcolico de prpolis (C15, C63 e C99), e com o padro quercetina. A
Figura 19 apresenta um esquema para melhor entendimento dos ensaios realizados e a
Figura 20 apresenta os espectros de uma amostra de extrato alcolico de prpolis em
diferentes concentraes de acetato de ltio.
Figura 19: Esquema da metodologia utilizada para avaliar qual a melhor concentrao de acetato de ltio
Figura 20: Espectro obtidos para a avaliao da concentrao de acetato de lto para uma amostra de prpolis
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3 - Desenvolvimento de um mtodo de calibrao multivariada para quantificao de 39 flavonoides nos extratos comerciais de prpolis
Na literatura a concentrao de acetato utilizada de 20 mmol L-1
,