AVALIAÇÃO DA ENTOMOFAUNA EM FRUTOS DE ESPÉCIES ... · carpofagia. 3. ecologia de insetos. I....

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais AVALIAÇÃO DA ENTOMOFAUNA EM FRUTOS DE ESPÉCIES FLORESTAIS DO CERRADO JOSAMAR GOMES DA SILVA JUNIOR CUIABÁ-MT 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e

Ambientais

AVALIAÇÃO DA ENTOMOFAUNA EM FRUTOS DE

ESPÉCIES FLORESTAIS DO CERRADO

JOSAMAR GOMES DA SILVA JUNIOR

CUIABÁ-MT

2016

JOSAMAR GOMES DA SILVA JUNIOR

AVALIAÇÃO DA ENTOMOFAUNA EM FRUTOS DE

ESPÉCIES FLORESTAIS DO CERRADO

Orientador: Prof. Dr. Otávio Peres Filho

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências do Curso de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, para obtenção do título de mestre.

CUIABÁ-MT

2016

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)

autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

S586a Silva Junior, Josamar Gomes da.Avaliação da entomofauna em frutos de espécies

florestais do cerrado / Josamar Gomes da Silva Junior. --2016

x, 56 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Dr. Otávio Peres Filho.Co-orientador: Dr. Alberto Dorval.Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Faculdade de Engenharia Florestal, Programa dePós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais,Cuiabá, 2016.

Inclui bibliografia.

1. sitofagia. 2. carpofagia. 3. ecologia de insetos. I. Título.

Dedico a minha Família.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Mato Grosso, a Faculdade de Engenharia

Florestal e ao laboratório de proteção florestal pelo apoio e irremediável

aprendizado nos dois anos do mestrado.

À CAPES pela bolsa.

Ao meu orientador Dr. Otávio Peres Filho pela, paciência, persistência,

palavras de incentivo, orientação e ensinamentos.

Ao Dr. Alberto Dorval, pela co-orientação, conversas e palavras de

incentivo.

Aos Taxonomistas: Dr. Édson Possidônio Teixeira, Dr. Roberto Antonio

Zucchi, Dr. Sergio Antônio Vanin, Dr. Mauricio Martins da Rocha, Drª

Marcela Laura Monné Freire e Drª Cibele Stramare Ribeiro-Costa pelas

identificações.

Ao Sr. José Fortes por ceder a sua propriedade Cavalo Branco I para

pesquisa.

Ao Sr. Manoel Lauro da Silva, técnico do Laboratório de Proteção

Florestal/ FENF/UFMT, pelo auxílio e ensinamentos.

Ao Senhor Antônio, seu filho Joires, seu filho Paulinho e sua esposa dona

“Nega” por todo apoio necessário para que esta pesquisa fosse concluída.

Aos Acadêmicos Thiago Freire, Vinicius Trombini Jambers e Aquirya

Pinheiro. Pela ajuda e companheirismo nas coletas.

A Jéssica Kummer pelo companheirismo.

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................. ix ABSTRACT ............................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................... 13

2.1 RELAÇÃO INSETO X PLANTA ...................................................... 13 2.2 SEMENTES FLORESTAIS E SUAS CARACTERÍSTICAS ............ 15 2.3 MORFOLOGIA DAS SEMENTES E SUAS RELAÇÕES COM A PREDAÇÃO.......................................................................................... 17 2.4 DANOS PROVOCADOS POR INSETOS EM SEMENTES DE ESPÉCIES DO CERRADO ................................................................. 19

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................... 21 3.1 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................... 21 3.2 CLIMA E VEGETAÇÃO .................................................................. 21 3.3 COLETA DOS FRUTOS ................................................................ 21 3.4 ANALISE ESTATÍSTICA ................................................................ 27 3.5 SEGMENTAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................... 27

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 29 4.1 ANALISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA ................................. 29 4.2 ANALISE DA SEGMENTAÇÃO DA REGIÃO DE COLETA ............ 39 4.3 ANALISE DA TAXA DE INFESTAÇÃO TI (%) ............................... 42 4.4 ANALISE DOS DANOS POR TIPOS DE COLETA ....................... 44

5. CONCLUSÕES .................................................................................... 48

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 49

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – PERÍODO DE COLETA DOS FRUTOS DAS ESPÉCIES FLORESTAIS NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.................... 24

TABELA 2 – UTILIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS ........................................................................................ 25

TABELA 3 – QUANTITATIVO DAS ESPÉCIES ENTOMOLÓGICAS IDENTIFICADAS ...................................................................................... 29

TABELA 4 – ESPÉCIES, ORDEM, FAMÍLIA, SUBFAMÍLIA DE INSETOS, HOSPEDEIROS E QUANTIDADE DE INDIVÍDUOS. .............................. 31

TABELA 5 – RESULTADO DA SEGMENTAÇÃO .................................... 41

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – A: COLETA PRÉ-QUEDA SENDO REALIZADA; B: MARCAÇÃO DAS ESPÉCIES FLORESTAIS; C: ACONDICIONAMENTO TEMPORÁRIO DO MATERIAL COLETADO E D: ACONDICIONAMENTO DAS AMOSTRAS NO LABORATÓRIO ................................................... 22

FIGURA 2 – CARTA IMAGEM DAS PLANTAS SELECIONADAS .......... 23

FIGURA 3 – A: Lasioderma serricorne (Fabricius,1792); B: Hypothenemus seriatus (Eichhoff, 1872); C: Eubulus sp. e D: Heterotermes longiceps (Snyder, 1924). ........................................................................................ 33

FIGURA 4 – A: Anastrepha obliqua (Macquart, 1835); B: Taeniaptera lasciva, (Fabricius,1798); C: Pachymerus sp. e D: Dufauxia guaicurana (Lane, 1955)............................................................................................. 33

FIGURA 5 – A: Amblycerus sp.; B: Gibbobruchus cavillator (Fåhraeus, 1839); C: Opius bellus (Gahan, 1930) e D: Pachycrepoideus vindemmiae (Rondani, 1875) ................................................................... 34

FIGURA 6 – PERCENTUAL DAS ORDENS EMERGENTES .................. 38 FIGURA 7 – PERCENTUAL DE INDIVÍDUOS OBTIDOS NOS DIFERENTES TIPOS DE COLETAS REALIZADAS ................................ 39 FIGURA 8 – SEGMENTAÇÃO DA REGIÃO DE COLETA ...................... 40 FIGURA 9 – CLUSTER TAXA DE INFESTAÇÃO (TI %) E FRUTO/SEMENTES DE ESPÉCIES FLORESTAIS PARA SITUAÇÃO DE COLETA PRÉ-QUEDA. ........................................................................... 42 FIGURA 10 – CLUSTER TAXA DE INFESTAÇÃO (TI %) E FRUTO/SEMENTES DE ESPÉCIES FLORESTAIS PARA SITUAÇÃO DE COLETA PÓS-QUEDA ............................................................................ 43 FIGURA 11 – GRUPOS DE SIMILARIDADES DE DANOS PROVOCADOS EM SITUAÇÃO DE COLETA PRÉ-QUEDA .................. 44 FIGURA 12 – A: FRUTO SADIO DE BOCAIÚVA; B: FRUTO DANIFICADO DE BOCAIÚVA; C: FRUTO SADIO DE CAJAZINHO E D: FRUTO DANIFICADO DE CAJAZINHO ................................................. 45 FIGURA 13 – GRUPOS DE SIMILARIDADES DE DANOS PROVOCADOS EM SITUAÇÃO DE COLETA PÓS-QUEDA. ................. 46

FIGURA 14 – A: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE BABAÇU; B: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE MARMELO; C: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE CUMBARU E D: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE BARBATIMÃO ................................................................................... 47

ix

RESUMO

SILVA JUNIOR, J.G. Avaliação da entomofauna em fruto de espécies florestais do Cerrado. 2016. Dissertação (Mestrado - em Ciências Florestais e Ambientais) - Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá - MT. Orientador: Prof. Dr. Otávio Peres Filho.

Os estudos da entomofauna de florestas são partes importantes, pois compõe a primeira etapa do manejo integrado de pragas, que busca aumentar e preservar os fatores de mortalidade natural, através do uso integrado possíveis de técnicas de combate embasadas em parâmetros ecológicos e econômicos. Os levantamentos fornecem informações sobre o ciclo biológico, picos de ocorrência, densidade populacional dos insetos dentre outras. O monitoramento constante permite a realização adequada de um programa de manejo de pragas, diminuindo os custos do controle, aumentando a eficiência e sem prejudicar o rendimento das florestas, além de reduzir aplicações de inseticidas diminuindo a contaminação do ambiente. A pesquisa objetivou identificar as espécies de insetos predadores de frutos e sementes de espécies arbóreas do Cerrado. No período de seis meses o trabalho foi realizado na Fazenda Cavalo Branco I, no município de Nossa Senhora do Livramento – MT. Os insetos adultos emergidos dos frutos foram identificados e os seus danos avaliados. As coletas foram realizadas quinzenalmente em pré e pós queda de sementes e frutos na área amostral, dentro dos limites da propriedade e na região. Foram avaliadas as Taxas de infestação (ti %) por análise multivariada de Cluster. Encontraram-se as espécies: Lasioderma serricorne (Fabricius,1792), Hypothenemus seriatus (Eichhoff, 1872), Eubulus sp., Heterotermes longiceps (Snyder, 1924), Anastrepha obliqua (Macquart, 1835), Taeniaptera lasciva, (Fabricius,1798), Pachymerus sp., Dufauxia guaicurana (Lane, 1955), Gibbobruchus cavillator (Fåhraeus, 1839) e Amblycerus sp., totalizando 399 insetos emergidos.

Palavras-chave: sitofagia, carpofagia, ecologia de insetos.

x

ABSTRACT

SILVA JUNIOR, J. G. Entomofauna Assessment in fruit tree species of Cerrado. 2016. Dissertation (Master - in Forestry and Environmental Sciences) - Federal University of Mato Grosso, Cuiabá - MT. Adviser: Prof. Dr. Otavio Peres Filho. Studies of forest insect fauna are important parts because it forms the first stage of integrated pest management, which seeks to increase and preserve the natural mortality factors, through the possible use of integrated control techniques informed in ecological and economic parameters. The surveys provide information about the biological cycle, spiking, population density of insects among others. Constant monitoring allows the proper conduct of a pest management program, reducing control costs, increase efficiency and without harming the performance of forests and reduce insecticide applications and reducing environmental contamination. The research aimed to identify the species of insect predators of fruits and seeds of tree species of Savannah. Within six months, the study was conducted at Cavalo Branco I Farm, in the municipatility of Nossa Senhora do Livramento, State of Mato Groso, Brazil. The emerged adult insects fruits were identified and their valued damages. Samples were collected every two weeks in pre and post drop seeds and fruits in the sample area within the boundaries of the property and the region. Infestation rates (ti %) were evaluated by multivariate cluster analysis species. We identifed the species: Lasioderma serricorne (Fabricius, 1792), Hypothenemus seriatus (Eichhoff, 1872), Eubulus sp, Heterotermes longiceps (Snyder, 1924), Anastrepha obliqua (Macquart, 1835), Taeniaptera lasciva, (Fabricius, 1798), Pachymerus sp., Dufauxia guaicurana (Lane, 1955), Gibbobruchus cavillator (Fåhraeus, 1839) and Amblycerus sp., totaling 399 emerged insects. Keywords: seed predation, fruit predation, insect ecology.

11

1. INTRODUÇÃO O Cerrado é um dos três biomas que ocorrem no estado de

Mato Grosso, com uma variação fisionômica considerável ao longo de sua

extensão. Por ter uma flora diversificada, consequentemente as riquezas

de espécies de insetos fitófagos, ou seja, aqueles que se alimentam de

plantas, são enormes.

Dentre os insetos fitófagos pode-se citar os carpófagos que se

alimentam de frutos e os sitófagos que se alimentam de sementes. Esses

insetos utilizam do material nutritivo presente em sementes e frutos, para

ajudar na disseminação de suas espécies, já que as larvas têm uma

maior chance de sobreviver e se desenvolver utilizando esta fonte de

energia.

As pragas no sentido entomológico são todos os insetos que

trazem prejuízos econômicos, neste contexto algumas espécies de

insetos causam danos a espécies florestais antes e após à exploração

florestal, como consequência o produto perde a qualidade e o valor

agregado. Existe a hipótese de que as espécies de insetos encontrados

no Cerrado são as mesmas que atacam os povoamentos florestais ou as

plantações agrícolas.

Os estudos dos insetos em florestas são importantes, pois

compõe a primeira etapa do manejo integrado de pragas que busca

aumentar ou preservar os fatores de mortalidade natural, através do uso

integrado de todas as técnicas de combate possíveis embasadas em

parâmetros ecológicos e econômicos. Os levantamentos fornecem

informações sobre o ciclo biológico, picos de ocorrência e densidade

populacional dos insetos. O monitoramento constante permite a

realização adequada de um programa de manejo de pragas, sem

prejudicar o rendimento da floresta, aumentando a eficiência e diminuindo

os custos no controle de pragas, além de reduzir aplicações de inseticidas

diminuindo a contaminação do ambiente.

12

Para ampliar o conhecimento sobre a entomofauna associada

a carpofagia e sitofagia das espécies florestais do Cerrado, a pesquisa

teve como objetivos:

Estabelecer relações entre as espécies de insetos do Cerrado com

duas formas de coletas distintas;

Estabelecer relações entre as espécies de insetos do Cerrado com

as pragas que atacam culturas anuais e perenes.

13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 RELAÇÃO INSETO X PLANTA

As plantas são amplamente utilizadas por grande quantidade

de organismos, afinal todas as suas composições são fonte de alimento e

desenvolvimento para algum animal ou patógeno, além de serem a base

das cadeias tróficas, destas composições, pode-se destacar os frutos e

sementes, por serem altamente nutritivas (HULME e BENKMAN, 2002;

SCHOONHOVEN et al., 2005).

As sementes são predadas tanto na sua fase de pré-dispersão,

como na fase pós-dispersão. Na fase pré-dispersão, insetos das Ordens

Coleoptera, Lepidoptera, Diptera e Hymenoptera são seus principais

predadores (JANZEN, 1971).

A ação dos insetos predadores na fase pré-dispersão pode ter

grande impacto em suas plantas hospedeiras e assim diminuir a

germinação e sobrevivência das plântulas jovens (KOLB et al., 2007;

TOMAZ, et al., 2007), ocasionar danos na produção total de sementes

(ANDERSEN, 1988) e na inclusão destas ao banco de sementes, sendo

inclusive, em casos de alta especificidade entre predador e planta

hospedeira, empregados no controle biológico de plantas invasoras

(GARNER e WITKOWSKI, 1997; WITKOWSKI e GARNER, 2000; TUDA,

2007). Além disso, sugere-se que a predação das sementes por insetos e

sua alteração no tempo e no espaço podem promover a variedade de

espécies de plantas nas comunidades (CRAWLEY, 2000; KOLB et al.,

2007).

Da mesma forma que os consumidores causam impactos em

suas plantas hospedeiras, estas podem também influenciar seus

predadores de algumas maneiras. Muitas espécies de predadores

sincronizam seu ciclo de vida com as épocas de produção de sementes,

tendo então uma grande disponibilidade de sítios de oviposição e

alimento (FORGET et al., 1999; NAKAGAWA et al., 2003). Outro fator da

14

planta que intervém na predação são os compostos oriundos do

metabolismo secundário da planta, que são tóxicos, podem ser maléficos

a algumas espécies predadoras menos especializadas (JANZEN, 1969;

LILL e MARQUIS, 2001; HULME e BENKMAN, 2002).

Juntamente com os compostos secundários, outros elementos

da planta, como o nitrogênio e o carbono, pode afetar positivamente ou

negativamente a atuação dos insetos que as consomem (AWMACK e

LEATHER, 2002). Determinados estudos comprovam que a qualidade da

planta afeta significativamente a sobrevivência, os padrões

comportamentais, os graus de infestação, e o desempenho dos insetos

predadores de sementes (FOX, et al., 1994; THIERY et al., 1994; FOX e

MOUSSEAU, 1996; VAN HUIS e DE ROOY, 1998; OR e WARD, 2004).

Existe uma grande abundância, de tamanho e formas de

sementes, entre as espécies de plantas (LEISHMAN et al., 2000), e

estudos realizados mostram que plantas hospedeiras com sementes

grandes, mais volumosas e muitas vezes mais arredondadas, podem

apresentar maiores níveis de infestação. Estas sementes possuem

grandes quantidades de recursos que irão prover o desenvolvimento do

embrião e permitir o desenvolvimento de adultos maiores (ERNST et al.,

1989; SZENTESI e JERMY, 1995; OROZCO-ALMANZA et al., 2003).

Em alguns casos, o tamanho das sementes pode influenciar a

preferência de sítios de oviposição pelas fêmeas, preferindo as maiores,

com maior quantidade de recursos, para aumentar a possibilidade de

sobrevivência da prole (COPE e FOX, 2003). No entanto, o fato da

semente ser grande nem sempre evita os danos ao embrião, o que

inviabiliza a semente (CIPOLLINI e STILES, 1991).

Como algumas espécies de consumidores depositam os seus

ovos em frutos imaturos (SZENTESI, 2006; SILVA et al., 2007), ou

possuem larvas que se nutrem de várias sementes durante o

desenvolvimento (SZENTESI e JERMY, 1995), o tamanho e a forma dos

frutos são também muito importantes no que diz respeito à predação por

insetos.

Além do tamanho das sementes, a rigidez também é um fator

primordial, pois pode impedir que as larvas dos insetos predadores

15

penetrem-nas para predá-las e se desenvolver, desta forma reduzindo a

predação (HULME e BENKMAN, 2002) ou podendo levar a fêmea a

investir no tamanho dos ovos de acordo com a rigidez das sementes e

garantindo que as larvas consigam penetrá-las (FOX et al., 1997;

TAKAKURA, 2004; FOX et al., 2001).

2.2 SEMENTES E SUAS CARACTERÍSTICAS

Um embrião envolvido por um tecido (endosperma ou

perisperma) e pela testa ou tegumentos protetores esta é a semente no

sentido botânico. Assim, o termo semente é usado para detalhar o óvulo

a partir do início do seu crescimento e de seu desenvolvimento já

denominado como embrião, oriundo da fertilização. Geralmente em

volta da semente existem estruturas provenientes do fruto (rafe e hilo) e

estruturas evoluídas para realizar a dispersão (ala e arilo) e por fim a

parte interna da semente que provém do óvulo (embrião, tecido nutritivo

e tegumento). Em outro aspecto a denominação semente é usualmente

utilizada com um sentido mais amplo para que se consiga definir a

unidade de dispersão (diásporo) como um todo, que em algumas

espécies compreende partes do fruto (SCHMIDT, 1978).

A semente é um sítio de evolução temporária do esporófito

(embrião) e permite a interligações entre sucessivas gerações. Seria o

meio do processo, crítico e vulnerável no ciclo das plantas seminais,

sendo o responsável pela propagação, seleção de plântulas e

finalmente na sobrevivência das espécies (FLORES, 2002; MUÑOZ e

CAVIERES, 2006). Dentre seus principais objetivos estão: garantir

proteção à prole a ser dispersa em um ambiente diferente e garantir sua

nutrição desde a sua germinação até seu estabelecimento (SCHIMIDT,

1978).

As sementes podem ser consideradas como dinâmicas e

tridimensionais e a sua morfologia é o produto de processos fisiológicos

e ambientais participantes no seu desenvolvimento. A sua

aerodinâmica: tamanho, forma, distribuição e estrutura dos tecidos e

órgãos da semente influi nos diferentes estágios ontogênicos, a sua

16

natureza e perfeição em suas atividades principais (FLORES, 2002).

Havendo influência mútua com distintos ambientes e

organismos, ao longo de muitos anos, as sementes de diversas

espécies têm alto nível de tolerância no lugar onde se desenvolvem, o

que torna menos problemático o seu manejo. No entanto, outras são

altamente evoluídas a um habitat particular, sendo compassivas a

qualquer tipo de estresse (SCHMIDT, 1978).

O ciclo fenológico das sementes inclui muitos estágios, como

a floração e a frutificação. A maturação dos frutos significa o auge da

frutificação, a partir daí a semente se mostra preparada para a

dispersão (RÊGO et al., 2006). A maturação de frutos/sementes em

uma árvore é sincronizada com o período de chuva. A sincronização

ocorre em diferentes intervalos, mas respeitando o período de cada

espécie (SCHMIDT, 1978).

O nível final de água presente na semente depende da

espécie e do ambiente, o que permite identificar as sementes

recalcitrantes, se estas mantêm a umidade relativamente elevada (25-

30%) e ortodoxas, se as sementes forem secas (5-10% de umidade) em

sua maturação (SCHMIDT, 1978).

O amadurecimento das sementes dos frutos ocorre com a

perda de água em consequência acontece a dissecação. As finas

paredes dos frutos como cápsulas, sâmaras e vagens transformam-se

em lenhosas. A desidratação dos frutos é consequência da

desintegração da clorofila, que como produto faz os frutos mudarem a

coloração de verde para amarelo, castanho ou preto (SCHMIDT, 1978).

A secagem durante o período de maturação garante a

inativação permanente do metabolismo durante a dispersão da

semente, sendo reativado durante a germinação. A diminuição de água

nos tecidos, a impermeabilidade do tegumento unido a inibidores

causam a inatividade da semente. Esses fatores variam de uma espécie

para outra, no entanto, sementes de muitas espécies não germinam

quando extraídas da “planta mãe” antes de secarem (FLORES, 2002).

Embora as sementes componham a principal fonte de

17

propágulos das espécies florestais, a maioria mantém interações com

insetos que podem crescer nas sementes ou outras em estruturas

reprodutivas, tendo como resultados danos que afetam sua qualidade

(KUNIYOSHI,1983).

2.3 MORFOLOGIA DAS SEMENTES E SUAS RELAÇÕES COM A PREDAÇÃO As sementes são ricas em nutrientes, armazenados no

endosperma e cotilédone, que fornecem material energético para o

desenvolvimento do embrião e que servem como alimento nutritivo para

os animais que as consomem (HULME e BENKMAN, 2002).

A disponibilidade de recursos energéticos para o embrião é

bem variável, resultando em grande diversidade na dimensão das

sementes, tanto dentro de um contexto intraespecífico como

interespecífico (GUREVITCH et al., 2002).

O tamanho das sementes pode também influenciar o consumo,

existindo evidências de que fêmeas da Família de insetos bruquídeos

podem preferir sementes maiores na oviposição, desta maneira

garantindo maior taxa de sobrevivência da prole (COPE e FOX, 2003). No

entanto, em alguns casos as dimensões podem não evitar que sejam

causados danos ao embrião, inviabilizando a semente (CIPOLLINI e

STILES, 1991). Desta forma, além de ser importante para o

desenvolvimento do embrião, sementes maiores pode ser um fator

extraordinário na incorporação ao banco de sementes já que essas,

geralmente, tem algum atrativo para animais dispersores (BEKKER et al.,

1998; FUNNES et al., 1999; LEISHMAN et al., 2000).

Além do tamanho ter influência nos níveis de predação, a

penetração, a persistência no solo e o sucesso reprodutivo das sementes,

outros atributos físicos, como a forma das sementes, podem intervir

nestes processos. No que diz respeito aos insetos que consomem as

sementes, pouco se sabe sobre a influência da morfologia das sementes

nos padrões de predação. Em um dos poucos trabalhos que investigaram

esta questão, diversos parâmetros morfológicos das sementes de

diversas espécies de leguminosas na Hungria foram aferidos e calculados

18

com a finalidade de se comparar com os padrões de invasão por

bruquíneos e com as características morfológicas deste grupo de insetos

(BRADFORD e SMITH, 1977; GARNER e WITKOWSKI, 1997).

Em alguns estudos ficaram constatados que tanto o tamanho

como a forma das sementes são importantes, no entanto especialmente

para aquelas espécies em que as larvas se alimentavam de apenas uma

semente. As plantas hospedeiras que apresentavam sementes mais

esféricas e com maiores volumes, eram as mais propensas a serem

infestadas (SZENTESI e JERMY, 1995). Outra comprovação importante

deste estudo foi que as sementes de plantas não infestadas eram

expressivamente menores, corroborando com resultados de Ernst et al.

(1989), mas que contradiz o estudo de Janzen (1969), para leguminosas

da América Central, nas quais as menores sementes ofereceram maiores

níveis de predação.

Orozco-Almanza et al. (2003), após estudarem a germinação

de quatro espécies de planta de Mimosa spp. no México, averiguaram

que as espécies de plantas com sementes maiores foram as que

ofereceram maiores infestações pelos predadores. Em trabalhos

realizados por Kingsolver (1980) e Armella (1990), também mostraram

resultados significativos entre o tamanho das sementes e o nível de

infestação para regiões áridas e tropicais, respectivamente.

Apesar do tamanho e forma das sementes serem muito

importantes para a determinação dos modelos de ataque, algumas

espécies ovipositam sobre os frutos quando estes ainda são imaturos,

contendo sementes muito pequenas (SZENTESI, 2006; SILVA et al.,

2007). Ainda, algumas larvas podem se alimentar de mais de uma

semente dentro do fruto durante o desenvolvimento (SZENTESI e JERMY

1995). Nestes casos, o tamanho e a forma dos frutos podem ser mais

representativos do que as características morfológicas das sementes

portanto, é importante que as características morfológicas de ambos

(frutos e sementes) sejam relacionadas com os dados de predação,

gerando comparações mais realistas.

A predação de sementes pode limitar a escolha de plantas,

diminuindo o número de sementes viáveis disponíveis, podendo ocasionar

19

mudanças na repartição espacial de espécies. A intensidade de predação

é maior em baixo da planta mãe, onde ocorre maior densidade de

sementes e assim, à medida que aumenta a distância da planta, essa

densidade diminui ocasionando uma diminuição na predação das

sementes. Essa relação de “resposta da distância” é complementada com

as taxas de predação idênticas em sementes depositadas sob a planta

hospedeira e distantes desta, constatando que, em áreas onde o recurso

é farto, as taxas de predação podem não modificar com a distância.

Outros estudos testaram a influência da densidade de sementes por

metro quadrado embaixo da planta hospedeira nas taxas de predação,

alguns resultados encontraram relações de dependência entre esses

fatores enquanto outros não obtiveram a mesma relação (JANZEN, 1971).

Diversos estudos têm sido realizados registrando a predação de plantas

por invertebrados (ALLMEN et al., 2004).

Ainda são poucos os estudos que investigam diretamente a

relação entre certos atributos morfológicos das sementes e frutos

(exemplo: tamanho e forma) e a predação de sementes (ALLMEN et al.,

2004).

2.4 DANOS PROVOCADOS POR INSETOS EM SEMENTES DE ESPÉCIES DO CERRADO

Durante os meses quentes e úmidos ocorre o principal período

de frutificação no bioma Cerrado, quando as espécies de dispersão

zoocóricas têm seus frutos amadurecidos e suas sementes dispersadas

(OLIVEIRA, 2008; PIRANI et al., 2009). O período de seca serve como

ferramenta, a qual impede que as sementes germinem em condições

adversas para seu desenvolvimento (MELO et al., 2008).

Os danos provocados por insetos ao fruto de araticum, por

exemplo, advém da raspagem provocada na epiderme e posterior

penetração na polpa da qual se alimentam. Fato comprovado por outros

autores Bleicher e Melo (2002), Braga Sobrinho et al. (1998), Fazolin e

Ledo (1997) e Junqueira et al. (1996) em frutos de graviola.

As larvas danificam as polpas dos frutos, penetram nas

sementes e abrem galerias, que posteriormente, os patógenos, se

20

aproveitam para entrar e infectar as sementes. Os danos provocados são

de formatos irregulares, em grande parte, ocorrem lateralmente podendo

acontecer de forma aleatória em qualquer parte das sementes, como

consequência os frutos se tornam inadequadas para reprodução (BRAGA

SOBRINHO et al., 1998).

A constatação de pequenas perfurações no frutíolos de forma

bem distribuída, em todo fruto, são características evidentes do ataque de

coleópteros. Danos semelhantes foram relatados em frutos de Graviola -

Annona muricata por Bleicher e Melo (2002), Braga Sobrinho et al. (1998),

Fazolin e Ledo (1997) e Junqueira et al. (1996).

Outra característica marcante de danos provocados por

coleópteros é a perfuração total da semente, atravessando-a em seu

menor diâmetro e criando um orifício de formato arredondado. Diferente

dos coleópteros, as larvas de dípteros alimentam-se da polpa dos frutos,

inviabilizando-as para consumo in natura e para industrialização. Uchôa-

Fernandes e Zucchi (2000) registraram o ataque de espécie de dípteros

danificando frutos de ata (Annona squamosa) e ata silvestre (Annona sp.)

no estado de Mato Grosso do Sul.

21

3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado no ano de 2015 no município de Nossa

Senhora do Livramento – MT em área de cerrado nas proximidades da

fazenda denominada Cavalo Branco I, localizada a 48 km de Cuiabá,

circunscrita a partir da coordenada geográfica 56°31'26,70"O

15°33'57,02"S.

3.2 CLIMA E VEGETAÇÃO O clima da região é do tipo AW (Köppen), abrangendo toda a

Depressão Cuiabana, com temperatura média mensal de

aproximadamente, 25,7 °C, precipitação pluvial anual média de

1.400 mm, altitude de 800 m acima do nível do mar e solo do tipo areia

quartzosa álica, de textura arenosa e destituído de minerais primários,

pouco resistente ao intemperismo e baixa fertilidade (CONCEIÇÃO,

1997).

A região apresenta vegetação típica do Cerrado, essa

formação exibe dois estratos definidos, o arbóreo e o arbustivo-herbáceo,

com a densidade de indivíduos arbóreos (fanerófitos) e de gramíneas

(hemicriptófitos) definindo cada subgrupo. Nesses ambientes, as árvores

são baixas e tortuosas, muitos arbustos exibem órgãos subterrâneos

desenvolvidos (xilopódios) que toleram a emissão de novos ramos aéreos

após queima ou corte, e as herbáceas são dominadas por inúmeros

gêneros de gramíneas (RIBEIRO et al., 1998).

3.3 COLETA DOS FRUTOS

Para se realizar as coletas dos frutos (Figura 1A) foram

escolhidos dez indivíduos, ou repetições, por espécie de planta

respeitando a fenologia de maturação dos frutos, escolhendo as espécies

com frutos ainda imaturos. Para isso utilizou-se a metodologia de

Rodrigues (2013), onde caminhou-se nas bordas de fragmentos, no seu

22

interior, nas vias vicinais, nas áreas abertas, de acordo com acesso e

disponibilidade para as coletas.

As plantas selecionadas foram identificadas numericamente

com plaquetas de alumínio (Figura 1B). Os frutos coletados foram

acondicionados em sacolas plásticas (Figura 1C), para serem

transportados ao Laboratório de Proteção Florestal, da Faculdade de

Engenharia Florestal, da Universidade Federal de Mato Grosso, onde

foram acondicionados em recipientes plásticos (37 cm x 12 cm x 21,5 cm)

(Figura 1D) a uma temperatura variando de 20ºC a 25ºC. As tampas

desses recipientes foram furadas e vedadas com tela quadriculada de

tecido fino, para possibilitar a circulação de ar e evitar a saida dos insetos

por menor que fossem. Em cada recipiente foi identificado com os dados

da coleta, tais como, data, espécie hospedeira e localização. Após a

coleta, as coordenadas de cada indivíduo foram tomadas por meio do

GPS Garmin modelo 62sc. Assim possibilitando sua localização para

posterior retorno, caso necessário, de forma individualizada (Figura 2).

FIGURA 1 – A: COLETA PRÉ-QUEDA SENDO REALIZADA; B: MARCAÇÃO DAS ESPÉCIES FLORESTAIS; C: ACONDICIONAMENTO TEMPORÁRIO DO MATERIAL COLETADO E D: ACONDICIONAMENTO DAS AMOSTRAS NO LABORATÓRIO.

23

FIGURA 2 – CARTA IMAGEM DAS PLANTAS SELECIONADAS.

24

As coletas de frutos/sementes foram realizadas com intervalo

quinzenal, de fevereiro a agosto de 2015 (Tabela 1) e foram realizadas de

duas formas: pré e pós-queda. O tipo pós-queda foram coletados dos

frutos caídos no solo e próximos das árvores mãe. Já no tipo pré-queda

foram executadas com o auxílio do podão e/ou agitação dos galhos

manualmente, quando estes não podiam ser coletados.

TABELA 1 – PERÍODO DE COLETA DOS FRUTOS DAS ESPÉCIES FLORESTAIS. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.

Nome Vulgar Nome Científico Família F M A M J J A Angico Anadenanthera falcata Fabaceae Babaçu Orbignya phalerata Arecaceae Bacuri Scheelea phalerata Clusiaceae Barbatimão Dimorphandra wilsonii Fabaceae

Bocaiuva Acrocomia aculeata Arecaceae

Cajazinho Spondias mombin Anacardiaceae Cumbaru Dipteryx alata Fabaceae Marmelo Alibertia edulis Rubiaceae

Pata de vaca Bauhinia ungulata Fabaceae Timbó Magonia pubescens Sapindaceae * F= fevereiro/2015, M= março/2015, A= abril/2015, M= maio/2015, J= junho/2015, J= julho/2015 e A= agosto/2015.

As espécies florestais, aqui estudadas, possuem diversificada

importância econômica, alimentícias e medicinais mencionadas na Tabela

2.

Os insetos emergidos foram quantificados e etiquetados. Os

danos nos frutos, ocasionados pelos insetos foram fotografados. A

identificação taxonômica das espécies florestais foi realizada por

comparações no herbário da Faculdade de Ciências Biológicas-UFMT. A

identificação dos insetos foi efetuada por comparação com a coleção do

Laboratório de Proteção Florestal, da Faculdade de Engenharia Florestal,

da Universidade Federal de Mato Grosso e os insetos não identificados

foram enviados a taxonomistas especialistas de cada Família

entomológica. Após a emergência dos adultos os frutos foram dissecados

e as estruturas danificadas foram avaliadas quanto às regiões e a

extensão dos danos produzidos, para cada espécie de inseto. Para essas

análises foi utilizado microscópio estereoscópico.

25

TABELA 2 – UTILIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS.

Importância – Produtos e utilizações

Nome Popular

Nome Científico Família

Importância Fonte

Angico

Anadenanthera falcata Fabaceae Construção civil, como vigas caibro etc. A casca é adstringente e empregada em curtumes. A espécie tem características ornamentais. Recuperação de áreas degradadas. Utilizada como lenha e matéria prima de cercas além de ser empregada em curtumes. Devido a composição do tanino ser fenólica permite polimerização com formaldeído formando assim substancias adesivas.

(LORENZI, 2002); (PERES FILHO et al., 2000).

Babaçu Orbignya phalerata Arecaceae Alto poder calorífero; Fabricação de chapas de madeira aglomerada; A amêndoa serve como fonte de alimentação, em forma de doces, paçoquinhas, farinhas e ainda, quando verde fornece um leite nutritivo, e quando madura o óleo para o uso doméstico, fabricação de perfumes, sabões, sabonetes, lubrificantes, manteigas e velas.

(LIMA et al., 2006); (LORENZI et al., 1996; LORENZI, 2002; BRANDÃO et al., 2002).

Bacuri Scheelea phalerata Arecaceae Madeira utilizada em construções rurais. Tanto o palmito, os frutos, a polpa, e a amêndoa são comestíveis. A espécie é ornamental sendo utilizada em paisagismo.

(LORENZI, 2002)

Barbatimão Dimorphandra wilsonii Fabaceae Madeira é indicada para embalagens, forros, painéis e tabuado em geral. Espécie ameaçada de extinção. É utilizada em paisagismo e em reflorestamentos mistos.

(LORENZI, 2009)

Bocaiuva Acrocomia aculeata Arecaceae Madeira utilizada em construções rurais. As folhas servem como forragem e são transformadas em fibras têxteis para confecções de redes e linha de pesca. O fruto é consumido in natura ou usada na extração de gordura comestível. A amêndoa fornece óleo claro semelhante ao das oliveiras. É ornamental e utilizada em paisagismo.

(LORENZI, 2002)

26

... Continuação Tabela 2 Nome Popular

Nome Científico Família Importância Fonte

Cajazinho Spondias mombin Anacardiaceae Madeira utilizada nas construções de pequenas embarcações. Fruto amplamente comestível pela fauna, população e recomendada para reflorestamentos ecológicos.

(LORENZI, 2002)

Cumbaru Dipteryx alata Fabaceae Madeira utilizada para construções de estruturas externas como estacas, postes, obras hidráulicas, cercas, mourões, carroças, cruzetas, dormentes, cochos de prensa, lenha e etc. Utilizada também na construção naval. A amêndoa é comestível, nutritiva e utilizada com fins medicinais. A árvore pode ser utilizada na arborização e paisagismo por proporcionar ótima sombra.

(CARRAZZA e CRUZ E AVILA, 2010); (LORENZI, 2002); (PERES FILHO et al., 2000).

Marmelo Alibertia edulis Rubiaceae Madeira recomendada para lenha e carvão. Os frutos são comestíveis e utilizados em pomares domésticos. Árvore é utilizada em plantios mistos.

(LORENZI, 2009)

Pata de Vaca

Bauhinia ungulata Fabaceae A madeira é utilizada como estacas, mourões, construções rusticas e para lenha. É indicada para recuperação de áreas degradadas.

(LORENZI, 2009)

Timbó Magonia pubescens Sapindaceae A madeira é empregada na construção civil como caibros, ripas, esquadrias e batentes. É utilizada como lenha e carvão. As sementes são utilizadas para compor arranjos florais secos. É indicada para arborização, paisagismo e recuperação de áreas degradadas.

(LORENZI, 2002)

27

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para as análises dos dados da infestação de frutos/sementes

foi utilizada a taxa de infestação (Ti) (equação 1), que relaciona o

número de frutos/sementes predados (ou com sinal de infestação) e o

total de frutos/sementes observados. Esta análise foi feita para a forma

de coleta (pré-queda; pós-queda) (PINTO, 2007).

Equação 1:

�� = ��

���100

Ti = Taxa de infestação (%);

Ni = número de frutos/sementes infestadas;

No = número total de frutos/sementes observadas.

Os dados de crescimento e da taxa de infestação (Ti) dos

frutos/sementes foram submetidos à análise multivariada pelo método

de Cluster (Ward’s) para avaliação da similaridade entre os diferentes

modos de coletas ao longo da frutificação dos frutos (CUARANHUA,

2010). O software utilizado foi o Past.

3.5 SEGMENTAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Para identificar os diferentes ambientes de coletas foi realizado

o processo de segmentação das árvores coletadas que obtiveram

emergência de insetos. O processo de segmentação nada mais é do que

uma ferramenta do Sistema de Informações geográficas (SIG) que utiliza

de métodos que dividem uma imagem em vários segmentos por meio de

parâmetros de entrada predefinidos, os pixels próximos são juntados

aqueles que apresentam paridade em suas feições como: textura, forma,

cor etc. (GAROFALO et al., 2015).

Para a geração da carta imagem, usou-se o módulo ArcMap

que faz parte do software ArcGis 10.3.1, o qual possibilitou a extração de

informações e classificação de imagens com base em características

espectrais, espaciais e de textura. Inicialmente, aplicou-se a segmentação

da imagem em regiões homogêneas (GAROFALO et al., 2015).

28

Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se uma imagem

do sensor OLI/LDCM (Landsat 8), órbita/ponto 227/71, com data de

passagem do satélite em 3 de fevereiro de 2015, data próxima ao início

das coletas. O sensor OLI, em órbita no LDCM, tem resolução temporal

de 16 dias, resolução radiométrica de 12 bits, escalonados em seguida

para 16 bits. Foram utilizadas as bandas 6 (R), 5 (G) e 4 (B) para

montagem da imagem em falsa cor. A correção geométrica não foi

empregada, isto devido as imagens já serem fornecidas

georreferenciadas (GAROFALO et al., 2015).

29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 ANALISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA

A Família com maior número de frutos coletados foi Fabaceae

com quatro espécies florestais, seguido da Arecaceae com duas espécies

(Tabela 1).

O Babaçu, Orbignya phalerata (Mart.) Barb. Rodr., destacou-

se pela maior diversidade da entomofauna associada, com 57,1% do total

de espécies identificadas e também por conter a totalidade das Ordens de

insetos coletadas na pesquisa.

O Bacuri, Scheelea phalerata (Mart.) Burret, apresentou a

menor diversidade de espécies de insetos, com nenhuma identificação

taxônomica ao nível de espécie, juntamente com o Angico,

Anadenanthera falcata (Benth.) Speg, e também com a menor quantidade

de indivíduos emergidos.

TABELA 3 – QUANTITATIVO DAS ESPÉCIES ENTOMOLÓGICAS IDENTIFICADAS.

E.F. Ordem T.(%) Gênero T.(%) Espécies T. (%) Ind. T. (%)

Angico 1 8,3 1 33,3 0 0,0 2 0,7

Babaçu 3 100,0 0 0,0 4 57,1 67 23,9

Bacuri 1 33,3 1 33,3 0 0,0 1 0,4

Barbatimão 1 33,3 0 0,0 2 28,6 34 12,1

Bocaiuva 1 33,3 0 0,0 1 14,3 29 10,4

Cajazinho 2 66,7 1 33,3 2 28,6 79 28,2

Cumbaru 1 33,3 1 33,3 1 14,3 14 5,0

Marmelo 1 33,3 1 33,3 0 0,0 14 5,0

Pata de Vaca 1 33,3 0 0,0 1 14,3 22 7,9

Timbó 1 33,3 0 0,0 1 14,3 18 6,4

E. F. - Espécie Florestal; T.- Total; Ind.- Indivíduos.

Considerando os indivíduos de insetos não identificados ao

nível de espécie, emergiram 399 espécimens dos frutos e sementes,

conforme relatados na Tabela 4. Dando-se destaque para Lasioderma

serricorne (Fabricius,1792) (Ordem: Coleoptera; Família: Anobiidae) com

146 indivíduos, representando 36,5% desse total. A menor quantidade

30

obtida foi de Dufauxia guaicurana (Lane, 1955) (Ordem: Coleoptera;

Família: Cerambycidae) com apenas um indivíduo adulto, ou seja, 0,25%

do total de indivíduos.

Para os indivíduos não identificados as ordens Hymenoptera

,com cinco espécies, e Coleoptera, com quatro espécies, foram as mais

expressivas numericamente, seguido pelas ordens Diptera, Hemiptera,

Lepidoptera e Isoptera todas com um representante não identifico (Tabela

4).

31

TABELA 4 – ESPÉCIES, ORDEM, FAMÍLIA, SUBFAMÍLIA DE INSETOS, HOSPEDEIROS E QUANTIDADE DE INDIVÍDUOS.

Hospedeiro Espécie Ordem Família SubFamília Quantidade

de indivíduos

Angico Lasioderma serricorne¹ Coleoptera Anobiidae Xyletininae 2

Babaçu Hypothenemus seriatus² Coleoptera Curculionidae Scolytinae 55

Babaçu Heterotermes longiceps³ Isoptera Rhinotermitidae Heterotermitinae 9

Babaçu Taeniaptera lasciva4 Diptera Micropezidae Taeniapterinae 2

Babaçu Dufauxia guaicurana5 Coleoptera Cerambycidae Lamiinae 1 Babaçu sp.1 - ni Coleoptera Scarabaeidae Aphodiinae 1 Babaçu sp.2 - ni Isoptera - - 7 Bacuri Pachymerus sp.6 Coleoptera Bruchinae Pachymerinae 1 Barbatimão Lasioderma serricorne Coleoptera Anobiidae Xyletininae 16

Barbatimão Hypothenemus seriatus Coleoptera Curculionidae Scolytinae 18

Barbatimão sp.3 - ni Coleoptera Lyctidae - 13 Barbatimão sp.4 - ni Coleoptera Cucujidae - 1 Bocaiúva Lasioderma serricorne Coleoptera Anobiidae Xyletininae 29

Bocaiúva sp.5 - ni Hymenoptera - - 43

Cajazinho Pachymerus sp. Coleoptera Chrysomelidae Pachymerinae 1

Cajazinho Lasioderma serricorne Coleoptera Anobiidae Xyletininae 69

¹ Figura 3A, ²Figura 3B, ³ Figura 3D, 4 Figura 4B, 5 Figura 4D, 6 Figura 4C e ni = não identificadas.

32

... Continuação Tabela 4.

Hospedeiro Espécie Ordem Família SubFamília Quantidade

de indivíduos

Cajazinho Anastrepha obliqua7 Diptera Tephritidae Trypetinae 9

Cajazinho Opius bellus8 Hymenoptera Braconidae - 3 Cajazinho Pachycrepoideus

vindemmiae9

Hymenoptera Pteromalidae - 23

Cumbaru Amblycerus sp.10 Coleoptera Bruchidae Bruchinae 2 Cumbaru sp.8 - ni Coleoptera Lyctidae - 1 Cumbaru sp.9 - ni Hymenoptera Eulophidae - 2 Cumbaru sp.10 - ni Hemiptera - - 4 Cumbaru Lasioderma serricorne Coleoptera Anobiidae Xyletininae 12 Marmelo Eubulus sp.11 Coleoptera Curculionidae Cryptorhynchinae 14

Marmelo sp.11 - ni Hymenoptera Chalcididae - 1

Marmelo sp.12 - ni Hymenoptera - - 2 Pata de Vaca Gibbobruchus cavillator12 Coleoptera Chrysomelidae Bruchinae 22 Timbó Lasioderma serricorne Coleoptera Anobiidae Xyletininae 18

Timbó sp.13 - ni Lepidoptera Pyralidae - 18 TOTAL 399

33

FIGURA 3 – A: Lasioderma serricorne (Fabricius,1792); B: Hypothenemus seriatus (Eichhoff, 1872); C: Eubulus sp. e D: Heterotermes longiceps (Snyder, 1924).

FIGURA 4 – A: Anastrepha obliqua (Macquart, 1835); B: Taeniaptera lasciva, (Fabricius,1798); C: Pachymerus sp. e D: Dufauxia guaicurana (Lane, 1955).

34

FIGURA 5 – A: Amblycerus sp.; B: Gibbobruchus cavillator (Fåhraeus, 1839); C: Opius bellus (Gahan, 1930) e D: Pachycrepoideus vindemmiae (Rondani, 1875).

Foi possível constatar os danos de Anastrepha obliqua

(Macquart, 1835) (Ordem: Diptera; Família: Tephritidae) no Cajazinho,

Spondias mombin L., bem como o parasitismo dos seus ovos, mantidos

em recipientes no laboratório, pela emergência dos adultos dos

parasitóides Opius bellus (Gahan, 1930) (Ordem: Hymenoptera; Família:

Braconidae) e Pachycrepoideus vindemmiae (Rondani, 1875) (Ordem:

Hymenoptera; Família: Pteromalidae).

Foram observados curculionídeos de diferentes espécies em

frutos maduros caídos inteiros ou parcialmente consumidos por animais,

abaixos da planta-mãe. Essa constatação ocorreu em Babaçu,

destacando-se Hypothenemus seriatus (Eichhoff, 1872) pela quantidade

de indivíduos.

35

Os bruquíneos, segundo Lomônaco (1994), preferem colocar

seus ovos em frutos maiores, conforme também constatado em Cumbaru,

Dipteryx alata Vog., de onde emergiram dois indivíduos de Amblycerus sp.

Vale lembrar que espécies desta família são importantes predadores de

sementes, alguns autores associaram a predação dessas espécies de

insetos a outras espécies florestais como Enterolobium contortisiliquum o

que interfere na germinação de suas sementes (LINK e COSTA, 1995;

DONATO et al., 2010; SOUTHGATE, 1979).

Em estudos realizados por Uchôa-Fernandes e Zucchi (2000) e

Uchôa-Fernandes et al. (2002), as larvas de Neosilba spp. alimentam-se

da polpa dos frutos, causando danos consideráveis. Apesar de ser

espécie distinta da citada no parágrafo anterior, Anastrepha obliqua

danificou grande parte da polpa de Cajazinho do Cerrado, deixando-as

inutilizáveis para o consumo humano.

Ao predarem as sementes e frutos, os insetos se deparam com

as defesas naturais das plantas, que são compostos do seu metabolismo

secundário, geralmente, os insetos que são mais generalistas sentem

mais a ação destes compostos, e por isso são encontrados em menor

quantidade predando apenas determinadas plantas. Já os insetos

especialistas conseguem superar melhor esses compostos de defesa, e

por isso são encontrados em maiores quantidades (CENTER e

JOHNSON, 1974; ALVAREZ et al., 2006). Isso pode explicar a grande

quantidade de insetos de Lasioderma serricorne presente em várias

espécies florestais descritos na Tabela 2.

O gênero Hypothenemus ocorre em vários lugares no mundo,

com diferentes espécies associadas a uma ampla diversidade de plantas

(PEDROSA MACEDO et al., 1985), cujos indivíduos de Hypothenemus

seriatus predaram frutos de Babaçu (Orbignya phalerata) e Barbatimão,

Dimorphandra wilsonii Rizzini. Segundo Lima et al. (2006), 15% do fruto

de Babaçu é formado pelo epicarpo que é usado para fabricação de

chapa de madeira aglomerada. Desta maneira, com o ataque desta

espécie as propriedades físicas e mecânicas da madeira ficariam

comprometidas e inutilizáveis nas regiões onde a madeira é beneficiada

ou utilizada.

36

O gênero Hypothenemus foi observado também nos estudos

realizados por Silva (2014) que verificou a ocorrência de Hypothenemus

sp. nas espécies florestais: (Jatobá-do-Cerrado) - Hymenaea

stigonocarpa, (Cumbarú) - Dipteryx alata e (Olho de boi) - Diospyrus

obovata.

Hypothenemus seriatus é listada em trabalho de Pérez-De la

Cruz (2016) como tendo pré-disposição a atacar plantações de pimenta

Tabasco. A mesma, foi registrada por Coyle et al., (2015) atacando Pinus

taeda L. em plantio da cultura no estado da Carolina do Sul nos Estados

Unidos.

Campos et al. (1998) considerou a espécie de cupim

Heterotermes longiceps (Snyder, 1924) (Ordem: Isoptera; Família:

Rhinotermitidae) como uma das principais pragas da Cana-de-açúcar.

Neste estudo foi encontrada predando a espécie florestal Babaçu.

Ferro (2014) citou ocorrências de Taeniaptera lasciva,

(Fabricius,1798) (Ordem: Diptera; Família: Micropezidae) em diversos

Estados brasileiros, incluindo o de Mato Grosso, no município de

Chapada dos Guimarães. Apesar da ocorrência em outra cidade do

estado a espécie não fora citada na espécie florestal Babaçu objeto deste

estudo.

Mora (2012) também citou ocorrências de Dufauxia guaicurana

no município de Cáceres em plantios de Teca, Tectona grandis. No

entanto, não foram encontradas predando frutos de Babaçu.

Assim para Hypothenemus seriatus, Heterotermes longiceps,

Taeniaptera lasciva e Dufauxia guaicurana, registra-se pelos dados

obtidos um nova fonte de alimento que é o Babaçu, Orbignya phalerata no

município de Nossa Senhora do Livramento em Mato Grosso.

Para Lasioderma serricorne registra-se novas fontes de

alimentos para as espécies: Angico (Anadenanthera falcata), Barbatimão

(Dimorphandra wilsonii), Bocaiúva (Acrocomia aculeata), Cajazinho

(Spondias mombin), Cumbaru (Dipteryx alata) e Timbó (Magonia

pubescens).

Estudos conduzidos por Camargos et al. (2015) registra

Anastrepha obliqua como praga de cafezais irrigados, no norte de Minas

37

Gerais. Zucchi et al. (2011) já registraram em Cajazinho (Spondias

mombin), o mesmo inseto encontrado na mesma espécie florestal. No

entanto, em Estados do norte do Brasil, desta forma, registra-se pela

primeira vez a ocorrência Anastrepha obliqua no estado do Mato Grosso.

Eubulus sp. também foi encontrado por Silva (2014) em

Marmelo, Alibertia edulis (Rich.) A. Rich. ex DC., salientando a

importância de insetos predadores de sementes em áreas de florestas

tropicais, já que o consumo de sementes por insetos causam grandes

perdas de plantas jovens, consequentemente, interferindo na dinâmica

das populações de plantas (CRAWLEY, 2000). A consequência desta

interferência pode ser o afunilamento genético das florestas tropicais,

geralmente ocasionados pela exploração não autorizada onde a escassez

de alimentos para a entomofauna é evidente.

Estudos conduzidos por Spindola (2014) registraram uma

espécie do gênero Eubulus sp. como praga da mandioca, em coletas

realizadas nos meses de março e abril. Exatamente no mês de abril

realizaram-se as coletas da espécie florestal Marmelo, na qual o inseto foi

descoberto. Isto pode indicar um pico de ataque que ocorre entre os

meses de março e abril, no entanto novos estudos devem ser realizados

para verificar tal sazonalidade.

A espécie Gibbobruchus cavillator (Fåhraeus, 1839) (Ordem:

Coleoptera; Família: Chrysomelidae) tem hábito de predação de

sementes de Caesalpinioideae (WHITEHEAD E KINGSOLVER,1975;

SILVA E RIBEIRO-COSTA, 2008). No presente estudo, a espécie predou

Bauhinia ungulata que é da mesma família citada, confirmando a

preferência do inseto em predar frutos e sementes das plantas dessa

família.

A Ordem Coleoptera apresentou o maior resultado com 69,17%

dos insetos coletados, (Figura 6). Nos estudos realizados por Rodrigues

(2013), a mesma ordem apresentou 69% dos insetos presentes nas

plantas hospedeiras, isso pode ser explicado pelo fato de muitas espécies

da Ordem Coleoptera consumirem sementes e produtos armazenados

(PEREIRA e SALVADORI, 2006). Seguidas das Ordens Hymenoptera

com 17,79% e Lepidoptera com 4,51%. Na pesquisa realizada por

38

Cuaranhua (2010), emergiram apenas a Ordem Coleoptera, isso pode ser

explicado pela diversidade de espécies florestais estudada que no caso

foi de apenas uma.

FIGURA 6 – PERCENTUAL DAS ORDENS EMERGENTES.

As maiores quantidades de insetos foram obtidos dos frutos

coletados diretamente na planta (pré – dispersão) (Figura 7). Isso pode ter

ocorrido em decorrência da competição com a fauna nos períodos de

coleta devido aos animais serem consumidores de frutos caídos no solo.

Por ser uma propriedade que tem a pecuária como atividade principal,

muitas vezes o gado adentrava em alguns fragmentos para se beneficiar

da sombra e também se alimentarem dos frutos sobre o solo.

69,17%

3,51%1,00%

17,79%

4,01% 4,51%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Coleoptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Isoptera Lepidoptera

Autor: Josamar Junior, 2016.

39

FIGURA 7 – PERCENTUAL DE INDIVÍDUOS OBTIDOS NOS DIFERENTES TIPOS DE COLETAS REALIZADAS.

4.2 ANALISE DA SEGMENTAÇÃO DA REGIÃO DE COLETA Utilizando técnicas de segmentação foi possível saber a

classificação do local que os frutos foram coletados e, posteriormente,

sofreram emergência de insetos e foi gerada uma carta imagem (Figura

8).

Os ambientes classificados foram Cerradão, pastagem, solo

exposto, campo sujo e água com respectivas espécies florestais listadas

na tabela 5.

As formações vegetais, compostas por remanescentes

florestais de Cerrado foram classificadas como Cerradão e Campo Sujo

conforme classificação de Coutinho (1978). A atividade pecuária foi

representada por cultivos de pastagens. A presença de água foi

representada por lâminas d’água naturais e artificiais, já que próximo a

área de coleta existem apenas rios efêmeros, ou seja, são rios que estão

acima do lençol freático e surgem temporariamente, servindo

exclusivamente para escoar a água da chuva. O solo exposto serviu para

representar o pasto degradado, geralmente, encontrados nas

propriedades da região.

75,65%

24,35%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

pré-queda pós-queda

Autor: Josamar Junior, 2016.

40

FIGURA 8 – SEGMENTAÇÃO DA REGIÃO DE COLETA.

41

TABELA 5 – RESULTADO DA SEGMENTAÇÃO. Espécies Florestais Classificação

Angico Água e Campo Sujo

Babaçu Campo Sujo

Bacuri Campo Sujo

Barbatimão Pastagem e Solo exposto

Bocaiúva Campo Sujo

Cajazinho Pastagem e Campo Sujo

Cumbaru Pastagem e Campo Sujo

Marmelo Pastagem e Campo Sujo

Pata de Vaca Solo exposto

Timbó Solo exposto

A ambiente Campo Sujo foi o mais rico em espécies florestais

que produziram frutos nos períodos de coleta (Tabela 5) e também com

maior quantidade de espécies e indivíduos de insetos coletados (Tabela

4).

Ribeiro-Costa et al. (2011) observaram a presença de

Gibbobruchus cavillator em campo cerrado em Bauhinia sp.. No trabalho

a mesma espécie foi obtida em Bauhinia ungulata, no ambiente solo

exposto. Esses autores também observaram que G. cavillator atacou

apenas sementes de frutos que ainda não tinham sido dispersos, fato

similar ao ocorrido no presente estudo. Por se tratar de ambientes bem

distintos pode-se levantar a hipótese de que G.cavillator dá maior

importância à busca do seu hospedeiro do que ao ambiente em que este

se encontra. Todavia, essa hipótese necessita ser mais bem estudada,

para a sua constatação.

42

4.3 ANALISE DA TAXA DE INFESTAÇÃO TI (%)

Usando a análise multivariada pelo método de Cluster

(Ward’s) para avaliação da taxa de infestação (Ti %) em comparação aos

frutos/sementes das espécies florestais coletadas dos dois tipo de coleta

pré ou pós queda, chegou-se ao resultado para o tipo de coleta pré-queda

que o grupo formado pelas espécies: Cumbaru, Barbatimão, Marmelo,

Babaçu e Cajazinho, obtiveram uma taxa de infestação similar. Porém,

diferente do grupo formado por Angico, Bacuri, Bocaiúva, Timbó, Magonia

pubescens St. Hil. e pata de vaca, Bauhinia ungulata L. (Figura 9).

FIGURA 9 – MÉTODO CLUSTER, PARA TAXA DE INFESTAÇÃO (TI %) E FRUTO/SEMENTES DE ESPÉCIES FLORESTAIS PARA SITUAÇÃO DE COLETA PRÉ-QUEDA.

Pesquisas em florestas tropicais mostraram que a predação de

sementes, pré-dispersas por insetos, foi elevada em frutos que se

encontravam próximos da planta mãe, em grande quantidade no solo,

local este que é utilizado para deslocamento de alimentos dos insetos

43

predadores e podendo inclusive ser eficientes dispersores de sementes

(SHEPHERD e CHAPMAN, 1998).

Na análise da taxa de infestação para a situação de coleta pós-

queda o grupo formado pelos frutos das espécies Pata de Vaca, Timbó,

Bacuri, Barbatimão, Cumbaru e Marmelo, constatou-se taxa de infestação

nula. Fato este não evidenciado para o grupo formado por Angico,

Bocaiúva, Babaçu e Cajazinho (Figura 11).

FIGURA 10 – MÉTODO CLUSTER PARA TAXA DE INFESTAÇÃO (TI %) E FRUTO/SEMENTES DE ESPÉCIES FLORESTAIS PARA SITUAÇÃO DE COLETA PÓS-QUEDA.

O aumento da taxa de infestação é explicado por Sakai (2001),

que atribui este tipo de comportamento à sazonalidade na produção de

frutos, promovido pela adaptação e a um tipo de sincronização dos

predadores, ao ciclo de desenvolvimento dos frutos a serem predados. O

autor salientou que esta sazonalidade na produção é caracterizada na

maioria das plantas, mas é mais evidente nas espécies de regiões

temperadas. Este fato pode explicar o fato das espécies Babaçu e do

44

Cajazinho estarem no mesmo grupo, pois foram as que obtiveram os

maiores valores de Ti (%), isto quer dizer que o pico da produção dessas

espécies deu-se no mês de fevereiro, período que foi realizada a coleta.

4.4 ANALISE DOS DANOS POR TIPOS DE COLETA

Nos frutos coletados em situação de pré-queda (Figura 11)

observou-se uma similaridade entre os números de sementes com

orifícios e as sementes que se encontravam sadias (Figura 12 C e D).

Isso pode ser explicado devido pelo fato da semente perder água no

decorrer do tempo, prejudicando a alimentação de muitos insetos devido

ao fruto ficar com baixo teor de umidade.

FIGURA 11 – GRUPOS DE SIMILARIDADES DE DANOS PROVOCADOS EM SITUAÇÃO DE COLETA PRÉ-QUEDA.

45

FIGURA 12 – A: FRUTO SADIO DE BOCAIÚVA; B: FRUTO DANIFICADO DE BOCAIÚVA; C: FRUTO SADIO DE CAJAZINHO E D: FRUTO DANIFICADO DE CAJAZINHO.

Mattos (2011) cita Gibbobruchus cavillator como predador de

sementes de Bauhinia sp. na fase pré-dispersão inclusive com alta taxa

de sementes atacadas. Este fato ocorreu neste estudo onde a espécie

atacou apenas frutos e sementes na fase pré-dispersão e não foram

encontradas sinais de ataques na fase pós-dispersão, confirmando o que

foi dito por pelo autor como sendo um predador pré-dispersão, desta

forma, caso seja necessário um combate futuro para esta espécie de

inseto tal informação deve ser considerada no planejamento do manejo

integrado de pragas para se obter sucesso no combate.

Algumas amostras de frutos coletados acondicionados no

laboratório foram atacadas por fungos, possivelmente advindo do campo.

Existe a possibilidade da taxa de infestação ter sido influenciada pela

46

contaminação por fungos de alguns frutos, este fato também foi

constatado por Cuaranhua (2010).

Já para coleta pós-queda (Figura 13), observou-se uma

diminuição brusca no número de sementes, hipótese já descrita neste

texto em tópicos anteriores. No entanto, os resultados assemelham-se a

situação da coleta pré-queda, para a situação do número de sementes

com orifícios (Figura 14) e número de sementes sadias. Em outro grupo

de similaridade tem-se o número de sementes com insetos e com danos

na mesma proporção (Figura 13).

FIGURA 13 – GRUPOS DE SIMILARIDADES DE DANOS PROVOCADOS EM SITUAÇÃO DE COLETA PÓS-QUEDA.

47

FIGURA 14 – A: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE BABAÇU; B: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE MARMELO; C: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE CUMBARU E D: ORIFÍCIO DE SAÍDA NO FRUTO DE BARBATIMÃO.

A avaliação da taxa de infestação (ti %) dos frutos/sementes

permite afirmar que a ocorrência de sinais de infestação: orifícios e

galerias e a murcha dos frutos, foram de maneira geral mais elevadas que

a presença de insetos predadores.

Os curculionídeos podem causar grandes danos às sementes e

frutos, isto devido ao consumo do embrião por suas larvas durante a sua

fase de desenvolvimento em diferentes espécies florestais e intensidade

de ataque (LEWINSOHN, 1980; AULD, 1986; SANTOS, et al. 2001,

ZIDKO, 2002). Este fato pode ser confirmado para o inseto do gênero

Eubulus sp. que predou a espécie florestal Marmelo, cujo dano provocado

foi similar ao relatado.

48

5. CONCLUSÕES

Das espécies estudadas, o Babaçu é a de maior importância por

manter a maior diversidade da entomofauna;

A herbivoria dos frutos, no pós-queda, impossibilitou determinar em

qual situação, em relação ao pré-queda, poderia se obter maior

quantidade de insetos;

Gibbobruchus cavillator foi obtida apenas na fase de pré-dispersão,

caracterizando o seu ataque apenas nas vagens de Bauhinia ungulata,

subsidiando o eventual controle desse inseto, quando os frutos ainda

estão nas árvores;

Pelo fato das espécies Heterotermes longiceps e Hypothenemus

seriatus ocorrerem na região da área de estudo, e por serem

consideradas pragas de culturas anuais e perenes de diversas culturas

agrícolas e florestais, a região da área de estudo deve ser considerada

como passível ao ataque destas pragas.

49

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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