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387 IV COBRAE - Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas - Salvador-BA Avaliação da erodibilidade como parâmetro no estudo de sulcos e ravinas numa encosta no Cabo de Santo Agostinho - PE Lafayette, K.P.V. MSc, Doutoranda, Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Engenharia Civil, Recife- PE, Brasil, [email protected] Coutinho, R.Q. Professor, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE, Brasil, [email protected] Queiroz, J.R.S. Iniciação científica, Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Engenharia Civil, Recife – PE, Brasil, [email protected] Resumo: Este trabalho apresenta resultados de um estudo para avaliar o processo erosivo no Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti, no município do Cabo de Santo Agostinho- PE. A área de estudo é formada por solos da Formação Barreiras e solo residual de granito. Os solos foram classificados de acordo com o sistema unificado como uma areia argilosa SC (Formação Barreiras) e argila arenosa CL (solo residual de granito). Nos ensaios pela Metodologia MCT, a areia argilosa apresentou 44,6% para valores de pi (perda de massa por imersão) enquanto a argila arenosa teve pi igual a 38,8%, sendo considerada menos susceptível a erosão. A mesma tendência erosiva foi observada no ensaio de Inderbitzen, na qual a areia argilosa apresentou valores de perdas de solo de 0,55g/cm 2 /min e a argila arenosa 0,48 g/cm 2 /min. Diante dos critérios adotados, os solos foram classificados como erodíveis, com maior suscetibilidade para a areia argilosa da Formação Barreiras. Abstract: This paper presents resulted of a research to evaluate the erosion process in the Metropoplitan Park Armando de Holanda Cavalcanti, in the city of the Cabo de Santo Agostinho- PE. The investigated area is formed by soils of the “Formação Barreiras” and granite residual soils. The soils have been classified in accordance with the unified system as a clay sand SC “Formação Barreiras” and sand clay CL (granite residual soils). In the test by MCT Methodology, the clay sand presented 44,6% for values of pi (loss of mass by immersion) while the sand clay had pi equal to 38,8%, being considered susceptive less to the erosion. The same trend of erosion was observed in the Inderbitzen test, in which the clay sand presented to values of losses of soil of 0,55 g/cm 2 / min and the sand clay of 0,48 g/cm 2 /min. Ahead of the adopted criteria, the soils were classified as erodible, with higher susceptibility for the clay sand of the “Formação Barreiras”.

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Avaliação da erodibilidade como parâmetro no estudode sulcos e ravinas numa encosta no Cabo de SantoAgostinho - PE

Lafayette, K.P.V.MSc, Doutoranda, Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Engenharia Civil, Recife-PE, Brasil, [email protected]

Coutinho, R.Q.Professor, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE,Brasil, [email protected]

Queiroz, J.R.S.Iniciação científica, Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Engenharia Civil,Recife – PE, Brasil, [email protected]

Resumo: Este trabalho apresenta resultados de um estudo para avaliar o processo erosivo noParque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti, no município do Cabo de Santo Agostinho-PE. A área de estudo é formada por solos da Formação Barreiras e solo residual de granito. Os solosforam classificados de acordo com o sistema unificado como uma areia argilosa SC (FormaçãoBarreiras) e argila arenosa CL (solo residual de granito). Nos ensaios pela Metodologia MCT, aareia argilosa apresentou 44,6% para valores de pi (perda de massa por imersão) enquanto a argilaarenosa teve pi igual a 38,8%, sendo considerada menos susceptível a erosão. A mesma tendênciaerosiva foi observada no ensaio de Inderbitzen, na qual a areia argilosa apresentou valores deperdas de solo de 0,55g/cm2/min e a argila arenosa 0,48 g/cm2/min. Diante dos critérios adotados,os solos foram classificados como erodíveis, com maior suscetibilidade para a areia argilosa daFormação Barreiras.

Abstract: This paper presents resulted of a research to evaluate the erosion process in theMetropoplitan Park Armando de Holanda Cavalcanti, in the city of the Cabo de Santo Agostinho-PE. The investigated area is formed by soils of the “Formação Barreiras” and granite residual soils.The soils have been classified in accordance with the unified system as a clay sand SC “FormaçãoBarreiras” and sand clay CL (granite residual soils). In the test by MCT Methodology, the claysand presented 44,6% for values of pi (loss of mass by immersion) while the sand clay had pi equalto 38,8%, being considered susceptive less to the erosion. The same trend of erosion was observedin the Inderbitzen test, in which the clay sand presented to values of losses of soil of 0,55 g/cm2/min and the sand clay of 0,48 g/cm2/min. Ahead of the adopted criteria, the soils were classified aserodible, with higher susceptibility for the clay sand of the “Formação Barreiras”.

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente o ambiente vem passando por umprocesso de degradação, sem precedentes nahistória. Os procedimentos inadequados no usodos recursos naturais, vem alterando profun-damente o ambiente e piorando a qualidade devida. Uma das principais causas no uso inade-quado dos recursos naturais é o desencadea-mento de processos erosivos. A erosão no Parque Metropolitano Armandode Holanda Cavalcanti é caracterizada pela pre-sença de sulcos com formação de ravinas, queassumem grandes proporções (Figura 1).

(a)

(b)Figura 1: Processo erosivo no Cabo de Santo Agosti-nho – (a) Sulcos- Encosta Central; (b) Ravina de gran-de proporção – Encosta Norte.

A erodibilidade de um solo neste caso é re-presentada pela suscetibilidade à desagrega-ção, pelo escoamento superficial concentrado.Os estudos aqui apresentados é parte de umapesquisa de doutorado, que visa dar continui-dade aos estudos relativos de erosão, realiza-dos pelo DEC/UFPE com o auxílio do ProjetoPRONEX, no município do Cabo de Santo Agos-tinho/PE - Parque Metropolitano Armando deHolanda Cavalcanti. Neste artigo o objetivo foimostrar as propriedades físicas e os ensaiosespecíficos de erodibilidade (Inderbitzen e pelaMetodologia MCT) em solos da Formação Bar-reiras e solo residual de granito.

2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ÁREADE ESTUDO

2.1 Localização

A área selecionada para o estudo está localiza-da no Parque Metropolitano Armando deHolanda Cavalcanti, município do Cabo de San-to Agostinho, situado no Estado dePernambuco. A área possui coordenadas delatitude (S) 8º 17' 15", longitude (W Gr) 35º 02'00" e distante aproximadamente 40 Km da cida-de do Recife, Figura 2. O seu acesso é feitopelas rodovias BR 101, Pe 60 e PE 28. A regiãoatualmente é de proteção ambiental, compreen-dendo 270 hactares de fauna, flora e populaçãonativa, estando inserida numa rota turística prai-eira, criada desde 1990 e possuindo um dosmaiores portos do Nordeste Brasileiro (SUAPE).

A constante aparição do homem, ao decor-rer dos tempos na área do Parque, tem sido ofator condicionante na deflagração dos proces-sos erosivos, nas suas várias formas de atua-ção, como desmatamento e construção de viasde acesso, sem atenção às condições ambientaisnaturais. Estas atividades juntamente com a ero-são hídrica têm sido fundamentais, para ocasi-onar modificações ao meio físico. Na área doParque, a Formação Barreiras se apresentasotoposta ao granito, com uma seqüência es-

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pessa de arenito com seixos de quartzo no topo.O granito, denominado granito Santo Agosti-nho, apresenta-se microscopicamente com umacoloração rosa-amarelado. Todo o conjunto ro-choso está bastante alterado, facilitando apercolação d´água superficial e resultando emuma desagregação mecânica que chega a isolarblocos rochosos. Por outro lado, a laterizaçãose deu com grande intensidade nesta área, coma ocorrência de concreções de limonita em su-perfície.

Quanto ao relevo da área se apresenta ma-duro, com 70% de morros elevados e 30% deáreas planas e suavemente onduladas. Encon-tra-se predominantemente moldados sobre oembasamento cristalino, com um conjunto demorros e colinas, que se tornam mais elevadose concentrados no interior do município. Entre-tanto, apesar destes atributos que caracterizama área, a presença de blocos rochosos imersosno manto de alteração, pode resultar em ummaior grau de suscetibilidade a deslizamentos,e ao desenvolvimento das feições erosivas.

Com relação à vegetação, de acordo com orelatório desenvolvido pela FIDEM (2000), asdiversas paisagens da área, encontram-se afe-tadas por um alto grau de antropização, devidoà rápida, intensa e desordenada ocupaçãopopulacional nos espaços das várias formaçõesvegetais. Encontram-se em extinção paisagensoutrora existentes, como a área de Mata Atlân-tica e de tabuleiro, e em franca expansão a áreade macega.

A área em estudo apresenta um quadroambiental degradado, com sérias conseqüênci-as nos seus aspectos bióticos, abióticos e cê-nicos. O intenso processo de degradaçãoambiental e simplificação biológica, a qual estásubmetida à área, é fruto de uma ocupação hu-mana desordenada, associada a uma explora-ção irracional dos seus ecossistemas.

Identificadas há muito pelos navegadores,as “encostas escalvadas” são as primeiras re-ferências ao processo erosivo que acompanhao Cabo de Santo Agostinho. Entretanto, devi-do principalmente ao desmatamento, ao movi-

Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti – Cabo de Santo Agostinho/PE

Figura 2: Localização da área de estudo

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mento indevido de terra e à ocupação territorialdesordenada, este processo erosivo tem se ace-lerado, trazendo conseqüências drásticas àhidrologia e à cobertura vegetal da área. As zo-nas erodidas, em expansão nos últimos anos,são responsáveis pelo arrastamento da cober-tura vegetal e abertura de grandes ravinas, difi-cultando quando não impedindo o estabeleci-mento de vegetação nestas localidades,(FIDEM, 2000).

SILVA (2004) a partir da utilização do SIGdeterminou valores de área (ha), referente a cadaclasse de vegetação como indicado na Figura3, correlacionando os valores totais de cober-tura vegetal com os valores das classes indivi-duais.

Figura 3: Correlação entre a área total de coberturavegetal e classes de vegetação – SILVA (2004).

3. ASPECTOS CLIMÁTICOS

O clima do município é tropical, quente e úmidoAs’na escala de Köppen, com chuvas de outo-no-inverno, amenizado por brisas marinhas ealísios do sudeste. A temperatura máxima ficaem torno dos 30oC e a mínima em torno de 26oC,com média anual de 28oC. A umidade relativa doar é de aproximadamente 80%. O ritmo anual dapressão atmosférica é revestido de maior regu-

laridade com uma amplitude de 4,7mb(Milisares). Os ventos de Sudeste com 44,9%de freqüência anual sopram na costa durantedez meses do ano, seguidos pelo de leste com23,3% de freqüência e pelos do Sul com 16,2%.As velocidades se mantêm entre 2 e 4 m/s, calorsuperado, entretanto no inverno pelo vento sul,que pode atingir mais de 4,5 m/s. Dadospluviométricos fornecidos pelo LAMEPE/ITEP(2004), referentes ao município do Cabo de San-to Agostinho se encontram na Figura 4, ondeestão as precipitações mensais de 2001 a 2004.Observa-se que as chuvas estão concentradasentre os meses de abril a julho, com médiasmensais variando de 77mm a 660 mm. No perío-do de agosto a março, pode ser considerado debaixa precipitação pluviométrica. Excepcional-mente no ano de 2004 foi observada uma preci-pitação mais elevada entre os meses de janeiroa março, com máxima de 311mm e mínima de244mm.

Figura 4: Precipitações mensais registradas no Cabo de

Santo Agostinho – LAMEPE/ITEP (2004)

4. INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE CAM-PO

A área do Parque Metropolitano Armando deHolanda Cavalcanti vem sendo utilizada para odesenvolvimento de pesquisas pela Área deGeotecnia do DEC/UFPE. As investigaçõesgeotécnicas de campo foram realizadas na en-

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costa central (P-01) e sul (P-02) do Parque, po-rém neste artigo os resultados têm referênciasapenas da encosta central (P-01).

Inicialmente foram feitas sondagens à per-cussão, retirada de amostras deformadas eindeformadas (blocos), determinação de perfisde umidade, ensaios de condutividade hidráu-lica e determinação de taxas de desagregaçãodo solo em sulcos.

A ênfase neste artigo foi dada ao estudo daerodibilidade através da metodologia MCT eensaio de Inderbitzen, em materiais que se en-contram no topo e na base da encosta central,como são mostrados nas Figuras 5 e 6.

Figura 5: Localização da retirada das amostrasindeformadas (encosta central) - Ponto P- 01- Forma-ção Barreiras (1,5m a 1,8m).

Figura 6: Localização da retirada das amostrasindeformadas (encosta central) - Ponto P- 01 - Soloresidual de granito (4,5m a 4,8m).

4.1 SONDAGENS

Foram realizados três furos de sondagens àpercussão na encosta central (ponto P-01),aproximadamente a cada 1,0m até alcançar acondição de impenetrabilidade. A Figura 7 apre-senta um perfil de sondagem com os índicesde penetração N

SPT, classificação

granulométrica e o respectivo perfil geológi-co. Os valores do índice de resistência à pene-tração (SPT) crescem com a profundidade, va-riando de 15 golpes em 0,5 m a 60 golpes naprofundidade de 15,0m. Para realização da ca-racterização geológica, foram analisadas amos-tras retiradas durante as sondagens. LIMAFILHO (2002), descreve que o contato da For-mação Barreiras, com o solo residual de grani-to ocorre a partir dos 4,0 m de profundidade.

A areia argilosa (1,5m) pertencente Forma-ção Barreiras possui tonalidades com colora-ção viva e que variam desde vermelhas amare-las até brancas, aflorando nas falésias erodidasao longo das praias e nas vertentes íngremesdos vales. ALHEIROS e FERREIRA (1991) des-crevem que, a coloração da Formação Barrei-ras ocorre em função dos diferentes estágiosde oxidação do ferro. Em geral, ocorre enrique-cimento nas frações finas para os solossubsuperficiais, decorrentes dos processos deintemperismo.

A argila arenosa (4,5m) pertencente ao soloresidual de granito é freqüentemente marcadapela ocorrência de uma variação entre o ama-relo claro e veios esbranquiçados (feldspatosem processos de alteração) referentes à pas-sagem de água e a remoção dos sesquióxidosde ferro. Através dos resultados das sonda-gens foi feita uma seção longitudinal, apre-sentando as três sondagens realizadas no pon-to P-01, Figura 8.

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4.2 PERFIS DE UMIDADE

Os perfis de umidade foram realizados próxi-mo ao furo de sondagem (SP1.3), onde foramretiradas 3 amostras de solo a cada 0,5m atéatingir 5,5m de profundidade. O material foicolocado em cápsulas e em seguida pesado,para serem levados ao Laboratório de Solos eInstrumentação da UFPE. A cada 4 meses apro-ximadamente, eram coletadas amostras paraacompanhar a variação da umidade nas dife-rentes estações do ano. De um modo geral(Figura 9), as umidades decrescem com a pro-fundidade com valores mais elevados no pe-ríodo chuvoso (mai/2004) e menores valoresdurante o verão (out/2004). O processo deumede-cimento não segue o padrão de equi-líbrio, onde não ocorre variação de umidadeem uma determinada profundidade. Foi ob-servado que as umidades de jan/2004 a mar/2004 apresentaram valores mais elevados, em

Figura 8: Seção longitudinal – Cabo de Santo Agostinho - Ponto P-01(encosta central).

FB- solo Formação Barreiras; SR – solo residual de granito

Figura 7: Perfil Geotécnico - Cabo de Santo Agostinho- Ponto P-01 (encosta central).

relação aos anos anteriores, estando de acor-do com os dados de chuvas fornecidos peloLAMEP/ITEP.

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Figura 9: Perfis de Umidade – Cabo de Santo Agostinho- Ponto P-01(encosta central).

4.3 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

A condutividade hidráulica é uma propriedadedo solo, que expressa sua habilidade de condu-zir água. Esta habilidade tem importância para oestudo, e a modelagem de quaisquer fenôme-nos ligados ao movimento da água, como infil-tração, drenagem, absorção de água pelas plan-tas e lixiviação de nutrientes. A avaliação dacondutividade foi realizada através doPermeâmetro Guelph, que é um ensaio pontualde carga constante, no qual se obtém apermeabilidade saturada (K

fs) e o potencial de

fluxo mátrico (φm). Foram realizados, no ponto

P- 01 da encosta central, 06 ensaios a cada 0,5 matingindo 3,0 m de profundidade.

A Figura 10 apresenta a condutividade hi-dráulica variando de 4,03 x 10-6m/s a 8,94 x 10-6

m/s. Observa-se um acréscimo com a profun-didade, passando a atingir valores mais eleva-dos a partir dos 2,0 m de profundidade. Estatendência está coerente com os valores dos ín-dices de vazio correspondentes, e as caracte-

rísticas granulométricas do solo, no qual indi-cam um aumento no percentual de areia.

Figura 10 – Condutividade hidráulica - Cabo de SantoAgostinho – Ponto P-01(encosta central).

5. INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE LABO-RATÓRIO

Para a realização dos ensaios de laboratório fo-ram coletadas amostras deformadas (sacos) eindeformadas (blocos) em 4 locais distintos, emdecorrência das características erosivas das en-costas. Foi realizada uma grande campanha deensaios constando: caracterizações físicas quí-micas e mineralógicas; ensaios de cisalhamento(convencionais e com sucção controlada); en-saios edométricos e ensaios específicos deerodibilidade. Neste artigo foram analisadas ascaracterísticas físicas, químicas e mineralógicase determinação da erodibilidade pelaMetodologia MCT e pelo ensaio de Inderbitzen,em materiais pertencentes à Formação Barreiras(1,5m) e solo residual de granito (4,5m).

5.1 Caracterização Física

Os ensaios de granulometria foram realizadossegundo os procedimentos descritos na NBR7181/84 e os ensaios de dispersão de acordocom a ABNT NBR 13602/96. As amostras foram

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previamente secas ao ar, conforme a recomen-dação da NBR 6457/84. Os ensaios de Limitede Atterberg: Limite de liquidez e Limite dePlasticidade foram realizados com asespecificações das normas da ABNT, NBR6454/84 e ABNT NBR 7180/84.

A granulometria foi realizada com amostrascoletadas no Ponto P-01 a cada 0,5m de pro-fundidade, atingindo 5,5m de profundidade. ATabela 1 e a Figura 11 apresentam resumos dosresultados dos ensaios de caracterização.

Nos solos do Ponto P-01 (encosta central),ocorre uma variação entre areia argilosa (SC) eareia siltosa até 4,0m de profundidade, com me-nos de 50% passando na peneira # 200 (19% e46%) e IP 7%, com exceção da profundidade de3,0m que apresentou IP = 3,8%. Na profundida-de de 4,5 metros o solo é considerado CL (argilaarenosa de baixa plasticidade), com IP=33,4%.

As curvas granulométricas de acordo coma Figura 11, apresentam quanto à forma, umcomportamento semelhante entre si, não iden-

tificando descontinuidades ao longo do per-fil. A curva de 4,5m de profundidade apresentavalores mais elevados nos teores de finos, di-ferenciando-se das demais curvas. Os valoresde Gs (2,62 a 2,68) sugerem na fração areia,uma mineralogia composta predominantemen-te do mineral quartzo.

Figura 11: Curvas granulométricas- Cabo de Santo Agos-tinho – Ponto P-01(encosta central)

Tabela 1: Composição granulométrica – Ponto P-01

FB – Solo Formação Barreiras; SR – solo residual de granito

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Os valores da percentagem de dispersão(PD), obtidos através da relação entre opercentual de argila do ensaio sem defloculantee sem agitação mecânica, pelo ensaio comdefloculante e com agitação mecânica variaramde PD=20,2% para a areia argilosa (FB-1,5m) ePD=10,2% para a argila arenosa (SR-4,5m). Aareia argilosa (FB-1,5m), de acordo com NBR13602/96 foi considerada moderadamentedispersiva, enquanto a argila arenosa (SR-4,5m)foi classificada como não dispersiva. De acor-do com a proposta de avaliação da erodibilidade,apresentada por ARAUJO (2000), o solo daFormação Barreiras foi classificado como deerodibilidade média com 20%<PD<25%, entre-tanto o solo residual de granito não se enqua-dra dentro das faixas de valores deste critériode classificação.

A partir das limitações geotécnicas de clas-sificações, NOGAMI & VILIBOR (1981), pro-puseram um método denominado MCT, para so-los tropicais, identificando-os quanto ao com-portamento laterítico e não laterítico. A areiaargilosa (FB-1,5m) foi classificada comoLA’(solo laterítico arenoso), enquanto a argilaarenosa (SR-4,5m) foi classificada como NS’(solo não laterítico siltoso).

5.2 Caracterização Química e Mineralógica

A caracterização química é importante para seconhecer até que ponto a lixiviação e o empo-

brecimento químico podem ter influenciado nosprocessos erosivos da área degradada peloravinamento, LEPSCH, (2002).

A caracterização química, apresentada naTabela 2, foi realizada para diversas profundi-dades ao longo do perfil, empregando os pro-cessos do Manual de Métodos de Análise deSolo - Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária – EMBRAPA(1997).

A capacidade de troca catiônica, (Valor de T= CTC < 24 cmol (+) / Kg), Tabela 2 apresentauma atividade baixa, típica de uma argilacaulinítica

A saturação por base no ponto P-01 (en-costa central) expressa em porcentagem até aprofundidade de 4,5m é superior a 50%, tra-tando-se de solo eutrófico. Na profundidadede 5,5m a saturação é inferior a 50%, sendo osolo classificado como distrófico (pouco oumuito pouco fértil e sem reserva de nutrientespara os vegetais). O valor da relação 100Al+++

/ S+Al+++, cresce a partir dos 4m, sendo que a5,50m seu valor é superior a 50%, possuindouma quantidade de alumínio em níveis tóxicospara as plantas, tratando-se de um solo álico.O pH em todas as profundidades é considera-do ácido (pH <7).

A matéria orgânica é considerada bastanteimportante na estabilidade dos agregados nosolo, sendo um dos principais fatorescontroladores da hidrologia na superfície. Os

Tabela 2: Caracterização Química – Cabo de Santo Agostinho – ponto P-01 (encosta central)

FB – Solo da Formação Barreiras SR – Solo residual de granito

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valores de matéria orgânica obtidos a partir docarbono orgânico foram baixos com menos de2%, sendo classificado como erodível, segun-do LLOPIS (1999), onde descreve que solos commenos de 3,5% de matéria orgânica (equivalen-te a 2% de carbono orgânico) podem ser consi-derados erodíveis.

Quanto à análise mineralógica foi realizadana fração total de areia (0,062mm< φ

grão< 2mm).

O estudo morfoscópio e composicional foi rea-lizado através de lupa binocular.

Segundo VALENÇA (2003), a (Figura 12)identifica como mineral predominante, o quart-zo tendo como características: ser brilhante, malselecionado, com raros grãos biodetríticos e emalgumas profundidades, há variação de colora-ção com a presença de oxido de ferro. Em todasas profundidades analisadas, através dodifratograma de Raio X, a caulinita foi o princi-pal mineral da fração argila encontrada.

Figura 12: Quartzo com grãos revestidos por óxido deferro (aumento 34x)

5.3 Avaliação da Erodibilidade

A erodibilidade de um solo pode ser represen-tada pela suscetibilidade à desagregação peloescoamento superficial concentrado. Desta for-ma, foi avaliada a erodibilidade dos solos daFormação Barreiras e solo residual de granitodo ponto P-01 (encosta central), através dosensaios pela Metodologia MCT e o ensaio deInderbitzen.

A Metodologia MCT foi proposta porNOGAMI E VILIBOR (1995), para avaliar quali-tativamente a erodibilidade dos solos tropicaise subtropicais, de acordo com os ensaios deinfiltrabilidade e erodibilidade específica. Noensaio de infiltrabilidade é quantificada a velo-cidade de ascensão capilar em função do tem-po. No ensaio de erodibilidade específica (per-da de massa por imersão), é determinada a per-da de massa em porcentagem do peso inicialseco da amostra, quando imersa em água porum período de 20 h. Foram realizados 6 ensaiosem três condições distintas de umidades inici-ais: umidade natural, seca ao ar e pré-umedecidas. A Tabela 3 apresenta valores parao coeficiente de sorção(s) e para a perda desolo por imersão (pi).Tabela 3: MetodologiaMCT- Coeficiente de sorção -s (cm/min1/2); per-da por imersão - pi (%).

Tabela 3: Metodologia MCT- Coeficiente desorção -s (cm/min1/2); perda por imersão - pi (%).

NOGAMI e VILIBOR (1979), descrevem so-los erodíveis quando a relação pi/s é superior a52, entretanto PEJON (1992) citado em VILAR &PRANDI (1993) considera 40 como valor limite. A Figura 13, mostra a localização dos solosfrente à aplicação dos critérios. Todos os solosforam classificados como erodíveis, apresen-tando pouca diferença entre os pontos, onde44,6% foi desagregado da amostra da areia ar-gilosa (FB) e 38,3% da amostra da argila areno-sa (SR).

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Figura 13 – Critério de erodibilidade utilizando a

metodologia MCT

Quanto ao ensaio de Inderbitzen foi baseadona metodologia de INDERBITZEN (1961), e re-latos em BRASIL, (1979); FONSECA eFERREIRA, (1981); FÁCIO (1991); FRAGASSIe MARQUES (2001) e LEMOS (2002), sendorealizado no Laboratório de Solos eInstrumentação da UFPE. Seu procedimentobásico consiste em fixar um anel cilíndrico con-tendo uma amostra de solo em uma rampa deinclinação variável. O escoamento de água narampa provoca erosão no solo, que pode seravaliada através do peso das partículas do soloremovidas pela água. A Tabela 4 indica as incli-nações empregadas de 10o, 18o e 30o e vazõesde 70, 100 e 170 ml/s em amostras na umidadenatural. Os resultados dos ensaios deInderbtizen (Figura 14a e 14b) são expressosem termos de perdas de solo x tensão cisalhanteaplicada (τ

h). A partir do ajuste das retas foram

identificados os parâmetros de erodibilidade (K),que representa o gradiente de perda do solo emrelação às tensões hidráulicas aplicadas, e a ten-são crítica de cisalhamento τ

hcrit, que

corresponde ao valor de τh para erosão nula.

Foram obtidos valores de K = 66,1x10-2 g/cm2/min/Pa e τ

hcrit= 0,62 Pa para a areia argilosa e

para argila arenosa, K = 56,2x10-2 g/cm2/min/Pae τ

hcrit = 0,51 Pa.

Tabela 4: Ensaios de Inderbitzen na condiçãonatural de fluxo.

Figura 14: Resultados do Inderbitzen – (a) solo da For-mação Barreiras (1,5m); (b) solo residual de granito(4,5m).

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6. CONCLUSÕES

Os resultados dos ensaios de campo e labora-tório no ponto P-01 (encosta central no Cabode Santo Agostinho), são considerados comoimportantes ferramentas para compreensão eprevisão da perda de solo, quanto aos diversoscritérios que abordam o estudo dos processoserosivos. Desta forma, pode-se concluir que:A areia argilosa pertencente à Formação Barrei-ras, no ensaio de dispersão foi classificada comode erodibilidade média, enquanto para a taxa devalores da argila arenosa do solo residual degranito o critério não identifica o comportamen-to perante a erosão;

A Avaliação pela Metodologia MCT(NOGAMI & VILIBOR, 1981), foi consideradacoerente com a classificação do sistema unifi-cado, onde a areia argilosa foi classificadaLA’(solo laterítico arenoso) e a argila arenosacomo NS’ (solo não laterítico siltoso);

O critério de erodibilidade com base na ca-pacidade de infiltração e desagregação dos so-los em água, identificou os dois solos comoerodíveis;

Nos ensaios de Inderbitzen a taxa deerodibilidade, permitiu uma avaliação compara-tiva na condição natural dos solos estudados.A tendência de comportamento quanto à perdade solo na areia argilosa da Formação Barreiras,foi ligeiramente superior à argila arenosa do soloresidual de granito, com o aumento de vazão edeclividade da rampa.

De uma maneira geral, todos os ensaios de-monstraram características peculiares na iden-tificação e classificação dos solos estudados.Os solos foram classificados como erodíveis,sendo a areia argilosa da Formação Barreirasconsiderada como mais susceptível a erosão,em relação à argila arenosa do solo residual degranito.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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