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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO AVALIAÇÃO DA HISTÓRIA EVOLUTIVA DO GENE HLA-G POR MEIO DE POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA E DA INSERÇÃO ALUYHG Aluno: Kaisson Ernane dos Santos Orientador: Prof. Dr. Erick da Cruz Castelli Goiânia, outubro de 2013.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DA HISTÓRIA EVOLUTIVA DO GENE HLA-G POR MEIO DE

POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA E DA INSERÇÃO ALUYHG

Aluno: Kaisson Ernane dos Santos

Orientador: Prof. Dr. Erick da Cruz Castelli

Goiânia, outubro de 2013.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DA HISTÓRIA EVOLUTIVA DO GENE HLA-G POR MEIO DE

POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA E DA INSERÇÃO ALUYHG

Aluno: Kaisson Ernane dos Santos

Orientador: Prof. Dr. Erick da Cruz Castelli

Goiânia, outubro de 2013.

Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação

do Prof. Dr. Erick da Cruz Castelli, apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Biologia (área de

concentração Biologia Celular e Molecular) como

pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em

Biologia.

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3

os meus pais, José Carlos e

Liramênia, e ao meu irmão,

Kleisson, dedico...

A

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4

rocure ser um homem de valor,

em vez de ser um homem de

sucesso.

Albert Einstein

P

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Agradeço a Deus pela dádiva da vida. Aos meus pais pelo amor

incondicional e pela educação que recebi: à minha mãe que

por várias vezes se privou do próprio conforto para poder agradar seus filhos, que

sempre estava aqui quando mais precisei, com quem sempre contei em todos os

momentos da minha vida, e que sempre foi exemplo de dedicação à família; a meu

pai, que com seu jeito alegre e extrovertido, mas responsável ao extremo, dedicado

ao bem estar dos outros e quase nunca ao seu próprio, nunca nos deixou faltar

nada, nos ofertando as oportunidades que a vida não lhe deu, projetando em seus

filhos aquilo que gostaria de ter tido. A eles que são o meu exemplo do que “quero

ser quando crescer”.

A meu irmão que por várias vezes deixou de fazer suas próprias vontades

para permitir que eu estudasse ou tivesse algum privilégio. Muito obrigado pela

compreensão.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Erick da Cruz Castelli, pela oportunidade de

ingressar na pós-graduação, pelo voto de confiança que me deu ao me ofertar uma

carta de orientação, pelo exemplo em pesquisa e pela paciência durante a sua

orientação. Espero ter correspondido às expectativas em mim depositadas.

Aos meus avós por todo o incentivo, apoio, suporte, energia positiva e por

representarem meu porto seguro.

Ao meu tio Nelson que foi, de longe, o maior incentivador da realização da

minha pós-graduação e a quem considero como o grande exemplo de vida e luta

profissional e familiar.

A minha melhor amiga, antes de tudo, Natália pelo incentivo, apoio e bondade

durante os últimos 7 anos.

Aos meus queridos amigos de laboratório: Amanda, Andréia, Athamy, Iane,

Denise, Karla, Lais, Leandro, Lya, Mariana, Moisés, Pedro, Thállita e Thiago pelo

convívio, pelo auxílio na bancada, pelos momentos de descontração e de ‘nerdices’

e por ajudar a fazer do laboratório uma extensão de minha casa.

Ao Prof. Dr. Paulo César Gedhini, por nos acolher tão bem e nos oferecer um

espaço físico dentro do Laboratório de Farmacologia Bioquímica e Molecular.

Aos prezados Ana Carolina Arcanjo, Silviene Oliveira, Philippe Moureau,

Andre Garcia, Audrey Sabbagh, Eduardo Donadi, Celso Mendes-Junior, Juliana

Massaro e Gustavo Palomino pela grande ajuda durante a escrita do artigo e por

parte das amostras avaliadas nesse trabalho. Muito obrigado pela grande ajuda.

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Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia da Universidade Federal de

Goiás e ao seu corpo docente pelos ensinamentos.

Aos membros da banca por se disporem a oferecer seu tempo para

contribuírem com a minha formação.

A CAPES por fornecer o apoio financeiro e a bolsa de mestrado. E a todos

aqueles que de forma direta ou indireta contribuíram para que meu trabalho pudesse

ser concluído.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................................... 9

LISTA DE TABELAS .................................................................................................................................. 11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................................................ 12

RESUMO ................................................................................................................................................ 13

ABSTRACT .............................................................................................................................................. 14

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 15

1.1 - FUCIONAMENTO, ESTRUTURA E HISTÓRICO DO COMPLEXO PRINCIPAL DE

HISTOCOMPATIBILIDADE HUMANO ................................................................................................. 15

1.2 - O GENE HLA-G ........................................................................................................................... 20

1.2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS ................................................................................................... 20

1.2.2. SELEÇÃO NATURAL E O GENE HLA-G .................................................................................. 24

1.3 - A SEQUÊNCIA AluyHG ............................................................................................................... 26

1.4. O PROJETO 1000Genomes CONSORTIUM ................................................................................. 29

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 30

2.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................ 30

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 30

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................... 31

4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................................... 32

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................................................... 32

4.2. CARACTERIZAÇÃO DA INSERÇÃO ALUYHG ................................................................................. 33

4.3. VARIABILIDADE DA REGIÃO CODIFICADORA E 3’NT DO GENE HLA-G ....................................... 35

4.4. NOMENCLATURA DOS HAPLÓTIPOS HLA-G ............................................................................... 36

4.5. FORMATAÇÃO DOS BANCOS DE DADOS .................................................................................... 37

4.6. ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................................. 38

5. RESULTADOS ..................................................................................................................................... 41

5.1. FREQUÊNCIAS ALÉLICAS E GENOTÍPICAS DA INSERÇÃO ALUYHG .................................................. 41

5.2. DESEQUILÍBRIO DE LIGAÇÃO ...................................................................................................... 42

5.3. HAPLÓTIPOS HLA-G/ALUYHG E RELAÇÃO ENTRE OS HAPLÓTIPOS ............................................ 44

6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................................ 52

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7. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 60

8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 61

ANEXO ................................................................................................................................................... 70

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura da região do MHC humano, representando os genes

MHC de classe I, II e III (Shiina et al.,

2009).................................

17

Figura 2 Estrutura comparativa das moléculas de MHC de classe I e

classe II (Abbas, 2010).....................................................

18

Figura 3 Isoformas solúveis e ligadas à membrana celular da molécula

HLA-G. As cores dos éxons são as mesmas encontradas em

cada domínio da molécula produzida. (Donadi et al.,

2011)..........

22

Figura 4 Mapa das posições das inserções Alu dentro do MHC,

evidenciando a inserção AluyHG. Adaptado de (Kulski e Dunn,

2005)............................................................................................

..

28

Figura 5 Gel de agarose apresentando bandas específicas para a

inserção AluyHG........................................................................ 35

Figura 6 Perfil de LD entre os polimorfismo da região 3’NT do gene HLA-

G e a inserção AluyHG considerando dados de genótipos de

indivíduos de quatro populações distintas (brasileira,

senegalesa, congolesa e francesa)............................................ 43

Figura 7 Perfil de LD entre os polimorfismos da região codificadora e

3’NT do gene HLA-G, considerando dados de genótipos de

indivíduos brasileiros e das 14 populações disponibilizadas pelo

Projeto 1000Genomes............................................................... 44

Figura 8 Rede de haplótipos construída a partir dos dados de

polimorfismos da região 3’NT do gene HLA-G e a inserção

AluyHG considerando os dados das populações brasileira,

senegalesa, congolesa e francesa. As cores diferentes indicam

linhagens diferentes desses haplótipos....................................... 50

Figura 9 Rede de haplótipos construída a partir dos dados de

polimorfismos das regiões codificadora e 3’NT do gene HLA-G

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a partir dos dados disponibilizados pelo Projeto 1000Genomes.

As linhagens têm as mesmas cores da Figura 7 e foram

nomeadas de acordo com (Castelli et al.,

2011)............................................................................................

51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número de alelos identificados para os principais genes HLA

de classe I e II (IMGT/HLA - Database 3.14.0, novembro de

2013)........................................................................................... 19

Tabela 2 Reagentes e concentrações utilizadas para a amplificação do

elemento AluyHG......................................................................... 34

Tabela 3 Principais haplótipos da região 3’NT do gene HLA-G.................. 37

Tabela 4 Frequências da ausência (AluyHG*1) e presença (AluyHG*2)

da inserção AluyHG em populações mundiais........................... 42

Tabela 5 Haplótipos entre polimorfismos da região 3’NT do gene HLA-G

e a inserção AluyHG em quatro populações distintas:

brasileiros, senegaleses, congoleses e franceses....................... 46

Tabela 6 Frequências dos haplótipos considerando polimorfismos da

região codificadora e 3’NT do gene HLA-G na população

mundial........................................................................................ 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

.vcf

%

µL

APC

EDTA

HLA

IMGT

Kb

LTA

Mb

MAF

MHC

miRNA

mL

mRNA

ng

NK

NT

ºC

Pb

PCR

SNP

SP

TCR

TNF

UV

V

(Variant Call Format)

Por cento

Microlitro (10-6 litro)

Célula Apresentadora de Antígeno

Acido Etileno Diamino Tetracético

Antígeno Leucocitário Humano (do inglês, human leukocyte antiges)

International Immunogenetics Database

Kilobase (103 bases)

Linfotoxina alfa

Megabase (106 bases)

Frequência alélica mínima (do inglês, minimum allele frequency)

Complexo Principal de Histocompatibilidade (do inglês, Major

Histocompatibility Complex

MicroRNA

Mililitro (10-3 Litro)

RNA mensageiro

Nanograma (10-9 grama)

Célula Natural Killer

Não traduzida

Graus Celsius

Pares de bases

Reação em Cadeia da Polimerase

Polimorfismo de Base Única (do inglês, Single Nucleotide

Polymorphism)

São Paulo

Receptor de Célula T

Fator de Necrose Tumoral

Ultravioleta

Volts

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RESUMO

O Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) é formado

principalmente por genes que participam da resposta imunológica adaptativa. Entre

esses genes encontramos o grupo denominado de Antígenos Leucocitários

Humanos (HLA), que são responsáveis pela apresentação de antígenos específicos

às células efetoras do sistema imunológico. Os genes HLA de classe I clássicos

(HLA-A, -B e -C), responsáveis pela apresentação antigênica aos linfócitos T

citotóxicos, são considerado como os mais polimórficos do genoma humano e de

outros vertebrados. A variabilidade desses genes e elevada heterozigose é mantida

por seleção mediada por microrganismos. Diferentemente dos genes clássicos, os

genes HLA de classe I não clássicos (HLA-G, -E e -F) apresentam variabilidade

reduzida e como função principal a tolerância imunológica, por meio de sua

interação com receptores inibitórios presentes nas células NK e T. O HLA-G é o

mais estudado entre esses genes e, devido sua importância como molécula

imunomoduladora e sua importância em situações como gestação, e considerando

evidências anteriores de seleção natural mantendo uma elevada heterozigose nas

regiões regulatórias do HLA-G, avaliamos a presença de uma inserção Alu (AluyHG)

próxima a este gene correlacionando os achados com a variabilidade contida nas

suas regiões codificadora e 3’ não traduzida. A inserção AluyHG mostrou-se em

desequilíbrio de ligação (LD) com os polimorfismos do gene HLA-G.

Especificamente, o elemento inserido apresentou-se em LD com um haplótipo

denominado G*01:01:01:01/UTR-1, considerado como um haplótipo de alta

produção da molécula de HLA-G. Esse haplótipo aparentemente é o mais jovem

entre humanos, apesar de sua elevada frequência nas populações estudadas até o

momento.

Palavras-Chave: Complexo Principal de Histocompatibilidade, Antígenos

Leucocitários Humanos, HLA-G, AluyHG, Desequilíbrio de Ligação, Haplótipos.

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ABSTRACT

The Major Histocompatibility Complex is mainly composed by genes of the

adaptive immune response. In humans, part of this complex is known as the Human

Leukocyte Antigens (HLA), whose genes are responsible for specific antigen

presentation to effector immune cells. The classical class I HLA genes (HLA-A, -B

and -C) are responsible for antigen presentation to T CD8+ cells and they constitute

the most polymorphic genes in the human genome. This variability is maintained by

selection mediated by microorganisms. In contrast to their classical counterparts, the

non classical class I genes (HLA-G, -E and -F) present low variability and are

associated with immune tolerance due to the interaction with NK and T cells inhibitor

receptors. HLA-G is the most studied non classical gene, which is associated with

immune response modulation, mainly during pregnancy. Considering that natural

selection is acting on the HLA-G regulatory regions maintaining high heterozigosity in

this region, we evaluated a nearby Alu insertion (AluyHG) correlating this Alu element

with coding and 3’UTR HLA-G polymorphisms. The AluyHG insertion was particularly

associated with the HLA-G haplotype known as G*01:01:01:01/UTR-1, considered a

high-expressing HLA-G haplotype. The G*01:01:01:01/UTR-1/AluyHG haplotype

would be the most recent HLA-G haplotypes, in spite of its high frequency in

worldwide populations.

Key Words: Major Histocompatibility Complex, Human Leukocyte Antigens, HLA-G,

AluyHG, Linkage Disequilibrium, Haplotypes.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 - FUCIONAMENTO, ESTRUTURA E HISTÓRICO DO COMPLEXO

PRINCIPAL DE HISTOCOMPATIBILIDADE HUMANO

Em vertebrados, a resposta imunitária pode ser dividida em resposta inata e

adaptativa (Parkin e Cohen, 2001). A primeira ocorre de maneira imediata ao dano

sofrido pelos tecidos ou ao contato com microrganismos e tem baixa especificidade,

i.e., não é direcionada a um determinado microrganismo (Delves e Roitt, 2000a;

2000b). A reposta imune inata é conservada em vários organismos (Delves e Roitt,

2000a; 2000b), usualmente envolvendo as mesmas moléculas e células. No entanto,

a resposta adaptativa envolve o reconhecimento de antígenos por receptores

específicos nas células T e B, o que permite o desenvolvimento de uma resposta

mais eficiente, específica e duradoura (Parkin e Cohen, 2001).

O primeiro estágio para que a resposta imune adaptativa ocorra é a

apresentação dos antígenos específicos às células T (Klein e Sato, 2000a; 2000b;

Parkin e Cohen, 2001), por meio de glicoproteínas transmembrânicas responsáveis

por acomodar pequenos peptídeos em sua estrutura e expô-los na superfície celular

(Klein e Sato, 2000a; 2000b). Essas glicoproteínas, em vertebrados, estão

codificadas em genes agrupados em uma região genômica formando um complexo

ou família gênica, denominado Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC,

do inglês Major Histocompatibility Complex).

Sua descoberta deu-se durante ensaios de transplantes alogênicos realizados

em camundongos por George Snell e colaboradores ainda na década de 40 (Abbas,

2010). Durante seus experimentos esses pesquisadores intercruzavam linhagens de

camundongos por pelo menos 20 gerações a fim de obterem animais geneticamente

idênticos divididos em dois grupos com características genéticas distintas. Então,

tecido da pele retirado cirurgicamente era transplantado em animais singênicos e

alogênicos. Após a recuperação notava-se que apenas havia resposta de rejeição

no segundo grupo, o que indicava a participação de proteínas de compatibilidade na

resposta imunitária desses indivíduos (Abbas, 2010).

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Em humanos, a descoberta do MHC ocorreu por volta do ano de 1958 por

meio do trabalho realizado por três pesquisadores, Jean Dausset, Jon van Rood e

Rose Payne. Esses pesquisadores trabalhavam na identificação de anticorpos no

soro de pacientes que recebiam múltiplas transfusões sanguíneas. Entretanto, o

crédito pela descoberta do primeiro Antígeno Leucocitário Humano (HLA, do inglês

Human Leucocyte Antigen), e por consequência do MHC humano, foi de Jean

Dausset, que recebeu um prêmio Nobel em 1980 (Thorsby, 2009).

A principal função do MHC em nossa espécie é referida como a apresentação

de antígenos aos linfócitos T durante o desenvolvimento da resposta imune

adaptativa (Klein e Sato, 2000a; 2000b; Parkin e Cohen, 2001). Entretanto, estudos

apontam que, além da deflagração da resposta adaptativa, algumas dessas

moléculas estão também relacionadas à modulação do sistema imune humano

(Moscoso et al., 2006; Carosella, 2011; Donadi et al., 2011). Alguns estudos

apontam, ainda, o possível papel dessas moléculas na escolha sexual de parceiros

em nossa espécie (Wedekind et al., 1995; Jacob et al., 2002).

Na espécie humana, o MHC está localizado no cromossomo 6 (6p21.3),

apresentando aproximadamente 3,6 megabases (Mb) e 224 genes (Klein e Sato,

2000a; Garcia-Obregon et al., 2011). Essa família de genes é, didaticamente,

dividida em três grupos denominados genes de classe I, II e III (Horton et al., 2004)

(Figura 1). Na região de classe I e II está o sistema conhecido como HLA (do inglês,

Human Leukocyte Antigens) (Shiina et al., 2009). As moléculas de classe I e II, ou

HLA de classe I e II, são responsáveis pela apresentação de antígenos às células T

do sistema imune (Parkin e Cohen, 2001). Os genes de HLA classe I podem ainda

ser divididos, de acordo com a sua função, em genes clássicos (Ia), representados

pelos genes HLA-A, -B e -C, envolvidos na apresentação de antígenos aos linfócitos

T (Klein e Sato, 2000a; 2000b), e genes não clássicos (Ib), representados pelos

genes HLA-E, -F e -G, envolvidos na modulação do sistema imunitário (Geraghty et

al., 1992; Klein e Sato, 2000a; 2000b).

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Figura 1. Estrutura da região do MHC humano, representando os genes MHC

de classe I, II e III (Shiina et al., 2009). O gene alvo desse estudo encontra-se

destacado.

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Estruturalmente, as moléculas de classe I, tanto clássicas como não

clássicas, são formadas pela união de duas outras moléculas: uma cadeia α,

codificada pelos genes MHC de classe I, e uma molécula β2-microglobulina,

codificada por um gene localizado no cromossomo 15, fora do MHC (Klein e Sato,

2000a) (Figura 2). A cadeia α é dividida em cinco domínios: α1 e α2 (formam a fenda

de ligação ao peptídeo), α3 (domínio extracelular do tipo imunoglobulina), um

domínio transmembrana e um domínio citoplasmático (Klein e Sato, 2000a).

Possivelmente essa semelhança estrutural ocorre devido ao fato de os genes desse

complexo terem se originado por duplicações imperfeitas de blocos gênicos (Kulski

et al., 2000).

Por outro lado, as moléculas de classe II são formadas pela união de duas

cadeias (α e β) ambas codificadas por genes situados no MHC humano (Klein e

Sato, 2000a) (Figura 2). Cada uma das cadeias pode ser dividida em quatro

domínios: α1 e β1 que formam a fenda de ligação à peptídeos; α2 e β2,

extracelulares; um domínio transmembrana; e um domínio citoplasmático (Klein e

Sato, 2000a).

Figura 2 - Estrutura comparativa das moléculas de MHC de classe I e classe

II (Abbas, 2010).

Devido ao seu papel de ligação e apresentação de peptídeos diversos,

oriundos tanto de patógenos quanto do próprio organismo, tem-se considerado a

presença de forças seletivas mantendo uma alta diversidade e heterozigosidade nos

genes HLA classe I e II, aumentando o repertório de moléculas de classe I e II em

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uma população, permitindo, assim, a apresentação de uma maior quantidade de

epítopos (Meyer e Thomson, 2001; Segal e Hill, 2003; Piertney e Oliver, 2006;

Solberg et al., 2008). Nas moléculas de classe I e II, o polimorfismo está

principalmente confinado aos sítios de ligação de peptídeos. Moléculas codificadas

por diferentes alelos de um mesmo gene HLA apresentam diferentes sítios de

ligação a peptídeos. Este polimorfismo é a razão da especificidade de ligação de

cada molécula HLA a determinados peptídeos antigênicos (Parkin e Cohen, 2001).

Provavelmente devido a esse fato, o MHC apresenta-se como a região mais

variável do genoma humano e da maioria dos vertebrados (Penn et al., 2002). No

entanto, este polimorfismo acentuado concentra-se em alguns genes importantes

para a apresentação antigênica, como os genes clássicos de classe I, que em

conjunto apresentam 7553 alelos ou haplótipos codificadores distintos (Tabela 1).

Diversos estudos demonstraram a seleção a favor da variabilidade nos genes de

classe Ia, que seriam os responsáveis pela manutenção da resposta imunitária

adaptativa como descrito anteriormente (Meyer e Thomson, 2001; Segal e Hill, 2003;

Piertney e Oliver, 2006; Solberg et al., 2008; Donadi et al., 2011). Nas espécies até

hoje estudadas, essa variabilidade é interessante considerando a necessidade de

combater patógenos. Por outro lado, os genes não clássicos de classe I, embora

vizinhos dos genes mais variáveis do genoma humano, apresentam poucos alelos.

Um estudo prévio mostrou que o gene de classe Ib HLA-G, por exemplo, apresenta

este perfil de elevada heterozigose somente nas suas regiões regulatórias (Castelli

et al., 2011).

Tabela 1 - Número de alelos identificados para os principais genes HLA de classe I

e II (IMGT/HLA - Database 3.14.0, outubro de 2013).

CLASSE I CLASSE II

Loco Alelos Loco Alelos

Clássicos (Ia) HLA-DRA cadeia α do HLA-DR 7

HLA-A 2432 HLA-DRB cadeia β1 do HLA-DR 1476

HLA-B 3086 HLA-DQA1 cadeia α do HLA-DQ 51

HLA-C 2035 HLA-DQB1 cadeia β do HLA-DQ 459

HLA-DPA1 cadeia α do HLA-DP 37

Não-Clássicos (Ib) HLA-DPB1 cadeia β do HLA-DP 193

HLA-E 13 HLA-DOA cadeia α do HLA-DO 12

HLA-F 22 HLA-DOB cadeia β do HLA-DO 13

HLA-G 50 HLA-DMA cadeia α do HLA-DM 7

HLA-DMB cadeia β do HLA-DM 13

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No entanto, a capacidade de cada variante do MHC de acomodar peptídeos

específicos tem sido estudada como um dos motivos que explicam a razão pela qual

algumas variantes MHC estão associadas com susceptibilidade a doenças

autoimunes e neoplásicas. Para tumores, por exemplo, postula-se que tipos

parecidos de lesões expressam antígenos tumorais semelhantes e que algumas

variantes MHC não seriam capazes de apresentar peptídeos oriundos de tais

antígenos, pré-dispondo o indivíduo ao desenvolvimento de determinada neoplasia

por falha da imunovigilância tumoral. Para doenças autoimunes, por exemplo, é bem

conhecida teoria do Epítopo Compartilhado e artrite reumatoide, que prediz que

diferentes moléculas de HLA podem carregar sequências de aminoácidos

conservadas, modificando sua interação com os receptores da célula T (Gregersen

et al., 1987; De Almeida et al., 2010). Assim, mesmo que haja diferentes moléculas

capazes de apresentar diferentes antígenos, a estrutura molecular da interação

entre HLA e receptor na célula T pode dirigir o tipo de resposta dada pelas células

efetoras do sistema imunitário (Gregersen et al., 1987).

Não obstante, a grande diversidade genética encontrada no HLA faz com que

haja uma diferença na predisposição a enfermidades comparando-se grupos

geneticamente distintos, fato este evolutivamente importante, pois torna mais difícil a

ocorrência de grandes epidemias que poderiam dizimar a espécie (Van Rood, 1993).

1.2 - O GENE HLA-G

1.2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS

Em contraste com a expressão ubíqua das moléculas de HLA de classe I

clássicas bem como com sua grande variabilidade genética, as moléculas HLA de

classe I não clássicas, de maneira geral, ou apresentam sua expressão restrita aos

tecidos em que há a necessidade de modulação da resposta imune (caso da

molécula HLA-G) ou expressão ubíqua, porém reduzida (caso da molécula HLA-E),

e uma variabilidade genética reduzida (Donadi et al., 2011; Veiga-Castelli et al.,

2012). Apesar da sua menor influência na apresentação antigênica aos linfócitos T,

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sua função na resposta imune tem sido intensamente estudada desde a descoberta

do primeiro gene não clássicos (HLA-G) por Geraghty e colaboradores entre 1987 e

1992 (Geraghty et al., 1987; Geraghty et al., 1992). Entre eles, o HLA-G tem sido

alvo da maioria das pesquisas recentes.

Esse gene possui a mesma estrutura apresentada pelos genes de classe I

(Donadi et al., 2011). O primeiro éxon 1 traduzido codifica para o peptídeo sinal (que

é utilizado na montagem da molécula de HLA-E, por exemplo), o segundo e terceiro

éxons traduzidos codificam para a fenda de ligação a peptídeos (domínios α1 e α2,

respectivamente), o quarto éxon traduzido codifica o domínio extracelular chamado

α3, o quinto e sexto éxons traduzidos codificam a porção transmembrana e

citoplasmática da molécula de HLA-G (Carosella et al., 2008). Uma região 3’ não

traduzida (3’NT) é formada após um códon de parada prematuro localizado no sexto

éxon traduzido e o éxon subsequente (Castelli et al., 2010).

Esse gene produz uma molécula estruturalmente semelhante às moléculas

produzidas pelos genes clássicos de classe I, entretanto apresenta algumas

diferenças (Donadi et al., 2011). Entre essas diferenças estão: (a) uma limitada

variabilidade genética e proteica (Tabela 1), (b) apresentação de isoformas ligadas à

membrana e solúveis, formadas por edição alternativa do transcrito primário (Figura

3) (Ishitani e Geraghty, 1992; Donadi et al., 2011), (c) estrutura molecular única, com

a presença de uma cauda citoplasmática curta devido à presença de um códon de

parada prematuro (Donadi et al., 2011), (d) é responsável pela modulação da

resposta imune (tolerância imunológica) (Carosella et al., 2008) e (e) apresenta

expressão restrita a alguns tecidos (Donadi et al., 2011).

Os estudos sobre esse gene têm revelado que os polimorfismos mais

importantes para a função biológica dessas moléculas estão presentes em locais

diferentes quando comparados aos genes clássicos, i.e., na fenda de ligação a

peptídeos. Aqui, os principais polimorfismos encontrados na forma de SNP (do

inglês, Single Nucleotide Polymorphism) estão presentes nas regiões promotora 5’,

influenciando sua transcrição (Moreau et al., 2009), e na região 3’NT, influenciando a

estabilidade do RNA mensageiro e sua tradução (Castelli et al., 2010).

Ainda, diferentemente dos genes clássicos, em que os sítios de variação da

região codificadora ocorrem principalmente nos éxons 2 e 3, os polimorfismos da

região codificadora do HLA-G apresentam-se distribuídos, principalmente, entre os

éxons 2, 3 e 4 bem como em seus íntrons (Donadi et al., 2011). No entanto, a

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maioria desses sítios polimórficos dentro de sequências exônicas constituem

mutações sinônimas, gerando uma baixa diversidade proteica (Donadi et al., 2011).

Figura 3 - Isoformas solúveis e ligadas à membrana celular do molécula HLA-

G. As cores dos éxons são as mesmas encontradas em cada domínio da molécula

produzida (Donadi et al., 2011).

Recentemente, o perfil de polimorfismos das regiões regulatórias tem sido

avaliado em outros genes não clássicos, notadamente o HLA-E, que tem

apresentado uma variabilidade mais reduzida do que a encontrada no HLA-G

(Veiga-Castelli et al., 2012). É inegável, entretanto, a importância dos polimorfismos

que ocorrem nessa região para a função desempenhada por essas moléculas, já

que esses sítios de variação podem gerar isoformas solúveis e ligadas à membrana

celular, modificando sua forma de interação com as células efetoras do sistema

imune (Donadi et al., 2011).

Com relação aos polimorfismos que fazem parte da região 3’NT do gene HLA-

G, muitos esforços foram depositados para o entendimento da variabilidade da

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região em si (Castelli et al., 2010), bem como sua importância para a produção da

molécula de HLA-G (Tan et al., 2007; Yie et al., 2008; Castelli et al., 2009; Veit e

Chies, 2009; Donadi et al., 2011).

A região 3’NT do HLA-G foi pioneiramente caracterizada em brasileiros do

Estado de São Paulo (Castelli et al., 2010). Neste estudo, oito polimorfismos foram

encontrados na região 3’NT, caracterizando sete haplótipos frequentes denominados

UTR-1 a UTR-7. Posteriormente, outros grupos populacionais brasileiros foram

explorados, indicando que o perfil observado em São Paulo também era observado

em outras regiões (Mendes et al., 2007; Lucena-Silva et al., 2012). Em seguida, este

perfil brasileiro tornou-se referência mundial, visto que diversos outros trabalhos

mostraram que os mesmos polimorfismos e haplótipos eram frequentemente

encontrado em diversas populações mundiais (Ober e Aldrich, 1997; Hviid et al.,

1999; Hviid et al., 2004; Tan et al., 2005; Hviid, 2006; Larsen e Hviid, 2009; Cervera

et al., 2010; Castelli et al., 2011; Donadi et al., 2011; Lucena-Silva et al., 2012;

Courtin et al., 2013; Di Cristofaro et al., 2013; Garcia et al., 2013; Martinez-Laso et

al., 2013; Sabbagh et al., 2013).

É bem caracterizado que polimorfismos presentes na região 3’NT podem

influenciar na tradução de um determinado RNA mensageiro. Os principais

mecanismos que regulam a tradução e que agem sobre a região 3’NT são: a ligação

de proteínas específicas que dirigem a localização e a degradação da molécula de

RNA mensageiro, e, nesse contexto, um dado polimorfismo poderá modificar essas

regiões aumentando ou diminuindo a afinidade dessas proteínas àquele sítio

(Kuersten e Goodwin, 2003); a taxa de decaimento do RNA mensageiro maduro,

provocada por variantes deletérias (Kuersten e Goodwin, 2003); a ligação a

microRNAs (miRNA) específicos, que pode levar o RNA mensageiro à degradação

por diferentes vias (Bartel, 2004).

Em relação ao gene HLA-G, foi demonstrado que a presença de uma

Guanina na posição +3142 pode favorecer a ligação a determinados microRNAs

(miR-148a, miR-148b, miR-152, por exemplo), que podem dirigir à degradação

desse RNA mensageiro (Tan et al., 2007). Além disso, a presença de um fragmento

de inserção/deleção de 14 pares de base (14pb), geralmente encontrado em

desequilíbrio de ligação (LD) com o polimorfismo +3142, também pode influenciar a

estabilidade do RNA mensageiro maduro (Hviid et al., 2003). Nesse contexto, a

presença do fragmento de 14pb tem sido associada a uma baixa produção da

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molécula de HLA-G em trofoblastos (Hviid et al., 2003). Por outro lado, a presença

da sequência de 14pb pode levar a uma edição alternativa do RNA mensageiro, que

culmina com a retirada de 92 nucleotídeos que incluem alguns polimorfismos, como

o 14pb, +3003 e o +3010 (Hviid et al., 2003). Assim, esses autores comentam que

esse evento gera uma molécula menor e mais estável de RNA mensageiro. Ainda, a

presença de uma Adenina na posição +3187 aumenta um motivo rico em AU

(Adenina e Uracila), diminuindo a estabilidade do RNA mensageiro e favorecendo

sua degradação (Yie et al., 2008).

A caracterização dessas moléculas passa a ter importância na função

biológica desempenhada pelo HLA-G no contexto da resposta imune. Os estudos

realizados até agora apontam para a característica de modulação da resposta

imunológica apresentada pelas moléculas de HLA-G, em contrapartida de seus

correlatos clássicos (Donadi et al., 2011). Várias são as peculiaridades que fazem

desse gene um importante regulador do sistema imunológico: (a) a cauda

citoplasmática mais curta prolonga a meia vida da molécula na membrana biológica

(Park et al., 2001; Park e Ahn, 2003), o que permite a interação com várias células

pertencentes ao sistema imune e por mais tempo; (b) os domínios extracelulares

interagem com receptores inibitórios nos linfócitos, como CD8, LILRB1 e LILRB2, e

células NK (do inglês, Natural Killer), como KIR2DL4 (Gao et al., 2000; Shiroishi et

al., 2003; Shiroishi et al., 2006). Assim, as moléculas produzidas por esse gene

passam a ter grande importância em contextos fisiológicos em que há a necessidade

de modulação fina do sistema imune, como por exemplo, durante a gestação, em

doenças autoimunes, transplantes e doenças crônicas, como tumores (Donadi et al.,

2011).

1.2.2. SELEÇÃO NATURAL E O GENE HLA-G

Evolutivamente, o gene HLA-G comporta-se de maneira diversa de seus

correlatos clássicos. Segundo Castelli et. al. (2011), há evidência de seleção

purificadora atuando sobre a região codificadora desse gene (Castelli et al., 2011),

enquanto que nos genes clássicos de classe I há evidência de seleção balanceadora

atuando sobre essa região (Solberg et al., 2008; Donadi et al., 2011). A baixa

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variabilidade do gene HLA-G ganha grande importância quando passamos a

analisar a função desempenhada pelas moléculas não clássicas de classe I (Castelli

et al., 2011; Donadi et al., 2011). Sua função precípua não é a apresentação

antigênica e sim a modulação da resposta imune, por meio da interação com

receptores inibitórios menos variáveis do que os receptores para reconhecimento de

antígenos (Contini et al., 2003a; Contini et al., 2003b).

Entretanto, as duas regiões regulatórias (5’URR e 3’NT) do gene HLA-G

apresentam evidência de seleção balanceadora em diferentes populações com

história de formação distintas (Tan et al., 2005; Mendes et al., 2007; Castelli et al.,

2011; Donadi et al., 2011; Veit et al., 2012; Mendes-Junior et al., 2013). De fato, o

perfil de distribuição de haplótipos desse gene aponta para o fato de que há poucos

haplótipos em altas frequências em torno do mundo (Donadi et al., 2011),

geralmente ocorrendo uma heterozigose entre um haplótipo de alta produção e um

de baixa produção da molécula de HLA-G (Mendes et al., 2007; Castelli et al., 2010;

Castelli et al., 2011; Donadi et al., 2011). De fato, é obervado que o haplótipo

conhecido como UTR-1, descrito inicialmente no Brasil (Castelli et al., 2010),

considerado como de alta produção da molécula de HLA-G (Martelli-Palomino et al.,

2013), é frequentemente encontrado em heterozigose com um haplótipo

considerado de baixa produção dessa molécula, conhecido como UTR-2.

Funcionalmente, a heterozigose tem importância devido ao fato de a resposta

imunitária ter que atuar ora de maneira ávida, ora de maneira permissiva, i.e.,

durante a infecção por qualquer patógeno, por exemplo, há a necessidade de forte

atuação das células efetoras imunológicas, com o intuito de eficazmente combater a

infecção. Nesse sentido, a baixa produção da molécula de HLA-G, que tem função

modulatória e, portanto, de aumentar a tolerância imunológica (Donadi et al., 2011),

torna-se importante a fim de permitir a correta atuação das células efetoras. Por

outro lado, há casos em que há necessidade de modulação e tolerância

imunológica, como, por exemplo, durante a gestação (Hviid, 2006). Nesse contexto,

para que haja a aceitação materno-fetal, as células efetoras do sistema imunitário

devem ser reguladas e a presença de haplótipos de alta produção da molécula de

HLA-G garante a produção dessa molécula. Assim, a presença de força seletiva em

favor da manutenção de heterozigose nessa região toma grande importância.

Esse mesmo perfil também é observado para a região promotora desse gene

(Tan et al., 2005). Novamente, há a presença de alguns polimorfismos associados à

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alta produção da molécula de HLA-G em heterozigose com aqueles associados à

baixa produção dessa molécula (Donadi et al., 2011), também favorecendo a

dualidade de respostas necessárias em condições fisiológicas normais. Além disso,

já foi descrito que há forte LD entre sítios polimórficos da região promotora e da

região 3’NT, o que aponta para a importância dessas duas regiões atuando em

conjunto para a correta regulação da produção da molécula de HLA-G em locais e

tempos em que há a necessidade (Donadi et al., 2011). Entretanto, mais estudos

são necessários para que se tenha o conhecimento completo de como a seleção

molda as frequências dos haplótipos desse gene em torno do mundo.

1.3 - A SEQUÊNCIA AluyHG

Na tentativa de elucidar alguns mecanismos evolutivos envolvidos na

formação dos genes HLA de classe I, realizaram-se estudos da presença ou

ausência de inserções Alu presentes nesse complexo gênico (Kulski e Dunn, 2005).

Em humanos, as sequências Alu são os mais abundantes representantes de uma

família de retrotransposons chamados de SINE (do inglês, Short Interspersed

Nuclear Element), e receberam esse nome devido à presença de um sítio de

restrição para a enzima Alu em sua estrutura (Houck et al., 1979). Os elementos Alu

são compostos por aproximadamente 300pb, divididos em dois braços praticamente

idênticos, separados por uma região rica em adeninas (A) (Batzer e Deininger,

2002). O motivo rico em Adenina presente no centro da estrutura geralmente possui

a repetição A5TACA6 (Batzer e Deininger, 2002). As sequências Alu possuem uma

cauda terminal oligo-(dA) de tamanho variável e repetições curtas de Timinas e

Adeninas (T + A) flanqueando a sequência, refletindo sua inserção cromossomal

(Jurka, 1997). Como parte da sequência, há a presença de um promotor para a

enzima RNA polimerase III (Batzer e Deininger, 2002), necessária à sua

retrotranscrição.

Esses elementos móveis são derivados, ancestralmente, do RNA 7SL,

envolvido na ligação com o peptídeo sinal para a translocação de proteínas ao

retículo endoplasmático (Ullu e Tschudi, 1984). Essa função tem sido atribuída,

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ainda, a alguns elementos Alu distribuídos no genoma humano (Weichenrieder et al.,

2001).

O seu mecanismo de transposição envolve a retrotranscrição de um produto

originado a partir da ação da enzima RNA polimerase III, provavelmente pela ação

de uma transcriptase reversa codificada por uma sequência do tipo LINE (do inglês,

Long interspersed Nuclear Elements) (Mathias et al., 1991), já que os elementos Alu

perderam, ao longo do processo evolutivo, a sequência que codifica essa enzima

(Batzer e Deininger, 2002). Esses autores comentam, ainda, a importância de

regiões conservadas (TTAAA) flanqueando a sequência Alu necessárias ao

reconhecimento por endonucleases para que ocorra o processo de integração ao

genoma.

Há cerca de 1,1 milhão de cópias de sequências Alu, o que corresponde a

aproximadamente 10% de todo o genoma haplóide, presentes no genoma humano

(Kriegs et al., 2007). Entre as sequências presentes na espécie humana existem

aquelas mais antigas, compartilhadas com outros primatas, chamadas de AluJ e

AluS (Jurka e Smith, 1988) e algumas sequências específicas da espécie humana,

notadamente as de inserções mais recentes, chamadas AluY (Batzer et al., 1994).

Para a diferenciação das famílias de inserções Alu há consenso em utilizarem-se

diferenças nas suas sequências, como algumas mutações que são características

para cada família e acumuladas durante o processo evolutivo (Jurka e Smith, 1988;

Batzer et al., 1996; Kapitonov e Jurka, 1996).

Dentre as famílias Alu descritas acima, a AluY mostra-se a mais útil no estudo

populacional, devido ao fato de algumas sequências dessa família ainda não terem

alcançado sua completa fixação no genoma (Kulski et al., 2001), sendo dimórficos

entre a população, ou seja, ou estão presentes ou ausentes (Dunn et al., 2002).

Ainda, considera-se sua característica de terem identidade por descendência, ou

seja, devido ao fato de não haver mecanismo que retire a inserção Alu do genoma,

dois indivíduos compartilhando uma inserção em um mesmo lócus terá,

provavelmente, a mesma origem evolutiva (Deininger e Batzer, 1999). Além disso,

sua avaliação é um procedimento rápido e fácil por meio da reação em cadeia da

polimerase (PCR) e posterior eletroforese (Roy-Engel et al., 2001), apresentando

uma taxa de nova inserção de uma a cada 20 nascimentos (Cordaux et al., 2006).

Uma série de estudos foram realizados avaliando a presença de inserções

Alu localizadas no MHC humano. Como resultado foram encontradas cinco

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inserções margeando alguns genes, dentre as quais: AluyMICB, encontrado no

primeiro íntron do gene MICB (Kulski et al., 2002); AluyTF, localizado entre os genes

HLA-B e HLA-E, a cerca de 505 kb centromérico em relação ao último (Dunn et al.,

2003); AluyHG localizado a aproximadamente 20 kb da ponta 3’ do gene HLA-G

(Kulski et al., 2001); AluyHJ, localizado a aproximadamente 190 kb centromérico em

relação a HLA-G (Dunn et al., 2002); AluyHF, localizado a aproximadamente 130 kb

telomérico em relação a HLA-G (Dunn et al., 2002) (Figura 4).

Figura 4. Mapa das posições das inserções Alu dentro do MHC, evidenciando

a inserção AluyHG. Adaptado de (Kulski e Dunn, 2005).

Dentre essas inserções a que se mostra mais próxima ao gene não clássico

HLA-G é a inserção AluyHG. Desta forma, este elemento torna-se bastante útil no

estudo de sua relação com esse gene. Kulski e colaboradores em 2001 mostraram

que esse polimorfismo apresentava desequilíbrio de ligação com o gene HLA-A e

que apresentava frequências compatíveis com o grupo alélico HLA-A*02 desse

mesmo gene (Kulski et al., 2001). Entretanto, apesar de sua proximidade ao gene

HLA-G, nenhum estudo teve como foco a análise da relação entre a presença dessa

inserção e polimorfismos desse gene.

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1.4. O PROJETO 1000Genomes CONSORTIUM

O projeto 1000Genomes (The 1000Genomes Project Consortium, 2010; The

1000Genomes Project Consortium, 2012) é um consórcio internacional que,

utilizando técnicas de sequenciamento de nova geração, avaliou o genoma completo

de 1092 indivíduos oriundos de 14 populações diferentes. A comparação dos dados

obtidos por este projeto torna-se uma valiosa fonte para estudos de associação e

identificação de genes candidatos para diferentes doenças (Harrow et al., 2012),

resposta individual e metabolização de fármacos (Allen, 2005) e padrões de

diversidade gênica ao longo de diferentes populações. Neste aspecto, o

sequenciamento em larga escala de diferentes indivíduos pode gerar dados mais

completos e complementares aos dois consórcios iniciais que se propuseram a

sequenciar o genoma humano de poucos indivíduos (International Human Genome

Sequencing Consortium, 2001; Venter et al., 2001; Venter, 2003; International

Human Genome Sequencing Consortium, 2004).

Em nenhum dos projetos de sequenciamento completo do genoma humano a

população brasileira foi avaliada. Neste aspecto, essa população torna-se uma

excelente fonte de estudos, tendo em vista que constitui uma das populações mais

heterogêneas do mundo, fruto de mais de cinco séculos de miscigenação entre as

populações de quatro diferentes continentes: 1) Americano: população nativa de

ameríndios; 2) Africano: escravos vindos para o Brasil entre o século 16 e o ano de

1850; 3) Europeu: principalmente portugueses que colonizaram o Brasil, seguidos

por italianos, espanhóis e alemães (Pimenta et al., 2006); 4) Asiático: japoneses que

chegaram ao Brasil principalmente no período pós 2ª Guerra Mundial.

Assim, concatenar dados disponibilizados pelo Projeto 1000Genomes com

dados obtidos de populações brasileiras permite a observação de distribuição de

frequências de alelos e haplótipos em torno do mundo.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar a frequência da presença da inserção AluyHG em amostras de três

continentes (Brasileiros, Franceses e Africanos) e correlacionar este elemento com a

variabilidade da região 3’NT do gene HLA-G.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Avaliar a presença da inserção AluyHG em uma amostra de brasileiros

(estado de São Paulo), franceses e africanos;

● Avaliar a relação entre o elemento AluyHG e polimorfismos na região 3’NT

do HLA-G;

● Inferir haplótipos HLA-G/AluyHG;

● Avaliar a distribuição mundial dos haplótipos de HLA-G considerando dados

brasileiros e do projeto 1000Genomes;

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3. JUSTIFICATIVA

O gene HLA-G tem grande importância na fisiologia do sistema imune

humano, principalmente no contexto da gravidez, transplantes, tumores e doenças

autoimunes (Donadi et al., 2011). Entretanto, alguns tópicos relacionados a esse

gene ainda permanecem obscuros, como perfil de expressão de todas as variantes

proteicas, regulação da transcrição e tradução, bem como mecanismos evolutivos

adjacentes à formação desse gene no curso da especiação humana. Assim,

entender os mecanismos adjacentes à evolução desse gene pode permitir o

entendimento da distribuição de poucos haplótipos em torno do mundo.

A identificação de sequências Alu próximas aos genes não clássicos e, em

especial, uma localizada a 20kb de distância da região 3’NT do gene HLA-G, permite

o estudo de sua relação com esse gene. Devido à proximidade dessas inserções e

os genes de HLA, estudos realizados na última década têm buscado identificar perfis

de desequilíbrio de ligação (LD, do inglês Linkage Disequilibrium) entre ambos..

Além disso, a proximidade entre o elemento AluyHG e o gene HLA-G pode

permitir a identificação de haplótipos associados à inserção AluyHG, o que pode

permitir sua fácil identificação para futuros estudos por meio de reações simples de

PCR. A abordagem utilizada até o momento para a definição e triagem de haplótipos

é o sequenciamento, técnica mais cara e mais trabalhosa em comparação à técnica

de PCR. Portanto, em estudos em que é necessária apenas a identificação de alelos

de alta e/ou baixa produção da molécula de HLA-G, a utilização de um marcador

torna-se bastante útil.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Para a caracterização da presença da inserção AluyHG, foram utilizadas 641

amostras originárias de três diferentes continentes: 165 brasileiros (BRA), 161

congoleses (CNG), 193 senegaleses (SEE) e 122 franceses (FRA).

A população brasileira foi composta por doadores de medula óssea, não

relacionados e saudáveis oriundos do Hemocentro de Ribeirão Preto - SP,

selecionados de forma aleatória. Estas amostras foram utilizadas em estudos

prévios que avaliaram a variabilidade de outros genes do complexo HLA, incluindo

os genes HLA-A, HLA-B, HLA-C, HLA-DRB1 e HLA-G, realizados pelo grupo

(Castelli et al., 2010; Castelli et al., 2011). Este protocolo experimental foi aprovado

pelo comitê de Ética em pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - SP,

Universidade de São Paulo (FMRP-USP) sob o protocolo 12398/2004, autorizando

sua utilização para estudos envolvendo a variabilidade dos genes HLA-G e HLA-E,

estando as amostras disponíveis para estudo.

A população congolesa foi composta por indivíduos saudáveis não

relacionados oriundos da província de Badundu da República Democrática do

Congo, gentilmente cedidas pelo Dr. Andre Garcia. O Ministério do Congo aprovou a

utilização dessas amostras para estudos de variabilidade de genes do complexo

HLA, estando essas amostras disponíveis para o estudo.

A população senegalesa foi composta por indivíduos saudáveis não

relacionados oriundos da área de Niakhar, Senegal, também gentilmente cedidas

pelo Dr. Andre Garcia. O protocolo experimental foi aprovado pelo comitê de Ética

local para a utilização dessas amostras em estudos de variabilidade genética dos

genes de HLA, estando essas amostras disponíveis para o presente estudo.

A população francesa foi composta por indivíduos saudáveis não relacionados

oriundos de Paris, França, gentilmente cedidas pelo Dr. Philippe Moreau. O Governo

Francês autorizou o uso dessas amostras para estudo de variabilidade genética dos

genes de HLA, estando essas amostras também disponíveis para o estudo.

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33

Todas as 641 amostras utilizadas já haviam sido avaliadas quanto à

variabilidade da região 3’NT do gene HLA-G em estudos já publicados anteriormente

(Castelli et al., 2010; Castelli et al., 2011; Courtin et al., 2013; Garcia et al., 2013;

Martelli-Palomino et al., 2013; Sabbagh et al., 2013). Os dados de variabilidade

foram gentilmente cedidos pelos pesquisadores responsáveis.

4.2. CARACTERIZAÇÃO DA INSERÇÃO ALUYHG

A inserção AluyHG foi caracterizada por procedimento de PCR (do inglês,

Polymerase Chain Reaction) já descrito previamente (Kulski et al., 2001). O DNA de

cada amostra, já previamente extraído por kits comerciais ou métodos caseiros do

tipo salting-out, foi amplificado por meio dos iniciadores AluyHGF-

CAGGACAACCAGTAAAGATGCTGG e AluyHGR-

GCTTCAGTTAACATGCAAGTTTATGCC (Kulski et al., 2001).

A reação de PCR foi realizada em volume final de 25μL. Os reagentes

utilizados para a reação de amplificação foram misturados em tubo separado

conforme especificado na Tabela 2. Em cada tubo para PCR de 0,2mL, previamente

identificado, foi adicionado 23,5μL da mistura de reagentes (Tabela 2) e mais 1,5μL

de amostra de DNA diluído a 100ng/μL. Em cada bateria de amplificação foi

adicionado um controle negativo apenas com a mistura de reagentes, portanto sem

DNA, para a confirmação da ausência de contaminação dos reagentes por

fragmentos de DNA que poderiam ser amplificados pelo conjunto de iniciadores

utilizados.

As condições de ciclagem consistiram em: (a) desnaturação inicial do DNA a

94ºC por 3 minutos; (b) 30 ciclos de 94ºC de desnaturação por 30 segundos, 58ºC

de temperatura de anelamento por 30 segundos, 72ºC de temperatura de extensão

por 50 segundos; (c) um ciclo de extensão final a 72ºC por 5 minutos. O produto

obtido foi armazenado em freezer a -20ºC até sua utilização como descrito adiante.

A amplificação correta foi, avaliada em gel de agarose a 1,5% corado com

brometo de etídeo. Para cada amostra foi aplicado um volume de 6μL de produto de

PCR junto com 1μL de tampão de carregamento 6x Loading DyeTM (Fermentas -

Vilnius, Lituânia).

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Tabela 2 - Reagentes e concentrações utilizadas para a amplificação do elemento

AluyHG.

Componentes da reação [ ] Solução de

Uso 1X

(μL) [ ]

Final

Água - 16,05 -

Tampão de amplificação da DNA polimerase

10X 2,0 0,8X

MgCl2 25mM 0,75 1,50m

M

Solução de dNTPs 5mM 0,25 0,20m

M

Iniciador AluyHGF 10pM 1,5 15pmol

Iniciador AluyHGR 10pM 1,5 15pmol

DMSO 100% 1,25 5% v/v

DNA Polimerase (Platinum – Invitrogen) 5U/μL 0,2 1U

Volume Total - 23,5 -

Volume de Amostra (100 ng/uL) - 1,5 -

A eletroforese foi realizada durante 1 hora mantendo-se a voltagem fixada em

90 V. Os géis foram expostos à luz ultravioleta (UV) e, posteriormente, fotografados

em um fotodocumentador. Em cada corrida foi adicionada uma escada alélica

GeneRuler™ (Fermentas – Vilnius, Lituânia) com tamanho específico para

conferência do tamanho aproximado dos produtos de amplificação gerados pela

reação de PCR, bem como foi adicionado o controle negativo como um parâmetro

de ausência de contaminação.

O tamanho esperado de cada fragmento de amplificação foi de 218pb para a

ausência da inserção AluyHG e 540pb para a presença da inserção AluyHG (Figura

5), pois os iniciadores foram desenhados para amplificar regiões que flanqueiam o

local de inserção dessa sequência em estudo.

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Figura 5 - Gel de agarose apresentando bandas específicas para a inserção

AluyHG. A banda superior (540pb) reflete a presença da inserção, enquanto que a

banda inferior (218pb) reflete a ausência de inserção. Corrida 1: marcador de peso

molecular, corridas 2, 4 e 5: heterozigotos para o elemento AluyHG, corridas 3 e 7:

homozigotos para ausência do elemento AluyHG, corrida 6: homozigoto para a

presença do elementos AluyHG.

4.3. VARIABILIDADE DA REGIÃO CODIFICADORA E 3’NT DO GENE HLA-

G

A variabilidade da região codificadora do gene HLA-G na amostra de

brasileiros utilizada neste estudo foi previamente avaliada e publicada em um artigo

do grupo de pesquisa (Castelli et al., 2011). Esta avaliação considerou a região

compreendida pelos éxons 1 a 4 e os íntrons 1, 2 e parte do íntron 3. Desta forma,

os pontos de variação detectados nesse estudo ocorreram na posição +15, +36,

+99, +126, +130, +147, +188, +292, +297, +372, +706, +748, +755, +814, +1016,

+1019, +1054, +1590, +1799 e +1827, considerando +1 como a Adenina do primeiro

ATG traduzido. As amostras francesas e africanas não foram avaliadas quanto à

variabilidade da região codificadora do HLA-G.

100pb

300pb

500pb

218pb

540pb

1 2 3 4 5 6 7

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A variabilidade da região 3’NT do HLA-G, por sua vez, foi previamente

analisada para todos os grupos populacionais aqui estudados e os dados publicados

(Castelli et al., 2010; Castelli et al., 2011; Courtin et al., 2013; Garcia et al., 2013;

Martelli-Palomino et al., 2013; Sabbagh et al., 2013), seguindo uma metodologia

descrita por nosso grupo (Castelli et al., 2010).

Os dados de variabilidade das 14 populações disponibilizadas pelo projeto

1000Genomes foram adquiridos diretamente no browser do projeto, considerando as

mesmas regiões previamente analisadas para as amostras brasileiras, africanas e

europeias.

4.4. NOMENCLATURA DOS HAPLÓTIPOS HLA-G

A nomenclatura dos haplótipos da região 3’NT do gene HLA-G foi dada de

acordo com o descrito em estudos anteriores (Castelli et al., 2010; Castelli et al.,

2011; Lucena-Silva et al., 2012). A tabela 3 indica os haplótipos já descritos para a

região 3’NT, o nome pelo qual este haplótipo é conhecido, e os polimorfismos

associados com cada haplótipo.

A nomenclatura dos haplótipos de região codificadora, por sua vez, é

regulamentada pelo International Immunogenetics Database (IMGT/HLA). Usando

como exemplo o alelo HLA-G*01:01:01:01, este padrão de nomenclatura segue as

seguintes regras:

(a) anterior ao asterisco está o nome do gene (HLA-G, no caso);

(b) o separador é sempre o asterisco (*);

(c) o primeiro número indica o grupo alélico, dado pelo tipo sorológico do antígeno

produzido pelo gene (neste caso, G*01);

(d) o separador (:) separa cada nível da nomenclatura;

(e) o segundo número indica uma proteína específica do gene por conta da

presença de mutações não sinônimas;

(f) o terceiro número indica substituições sinônimas na região codificadora (sem a

produção de variantes proteicas);

(g) e o quarto número indica mudanças de nucleotídeos nas regiões regulatórias do

gene.

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(h) um sufixo no final do nome indica mudanças na expressão dessa molécula,

como, por exemplo, HLA-G*01:05N, em que o sufixo “N” indica que esse alelo é

nulo.

Tabela 3 - Principais haplótipos da região 3’NT do gene HLA-G.

Haplótipo Polimorfismos da região 3'NT

14pb +3003 +3010 +3027 +3035 +3142 +3187 +3196

UTR-1 Dela

T G C C C G C

UTR-2 Insb

T C C C G A G

UTR-3 Del T C C C G A C

UTR-4 Del C G C C C A C

UTR-5 Ins T C C T G A C

UTR-6 Del T G C C C A C

UTR-7 Ins T C A T G A C

UTR-8 Ins T G C C G A G

UTR-9 Ins T G C T G A C

UTR-10 Del T C C C G A G

UTR-11 Del C C C C G A C

UTR-13 Del T C C T G A C

UTR-14 Del T G C C G G C

UTR-15 Ins T C C C G A C

UTR-16 Ins T C C T G A G

Os haplótipos foram nomeados de acordo com o descrito anteriormente em literatura (Castelli et al., 2010;

Castelli et al., 2011; Lucena-Silva et al., 2012).

a Del - Deleção

b Ins - Inserção

4.5. FORMATAÇÃO DOS BANCOS DE DADOS

Inicialmente, os dados de variabilidade do gene HLA-G foram obtidos no

browser oficial do Projeto 1000Genomes

(http://browser.1000genomes.org/index.html). Os arquivos .vcf obtidos foram

convertido para o formato genepop (Rousset, 2008) usando o programa PGDSpider

2.0.19 (Lischer e Excoffier, 2012). Os dados obtidos foram analisados

separadamente e posteriormente concatenados aos dados disponibilizados para o

gene HLA-G das 641 amostras desse estudo, incluindo as avaliações de AluyHG.

Entretanto, dados referentes a polimorfismos do tipo INDEL geralmente não são

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disponibilizados pelo projeto 1000Genomes, o que neste caso inclui a AluyHG e o

polimorfismos de 14pb da região 3’NT do gene HLA-G. No caso destes marcadores,

os bancos de dados continham a informação de “ausência” do dado para todos os

registros provenientes do projeto 1000Genomes.

Este banco de dados único (ou frações deste banco conforme a

necessidade), foi inicialmente convertido em um arquivo .ped (Plink Ped format),

para elaboração de um plot de LD pelo software Haploview 4.2 (Barrett et al., 2005).

Em seguida, os bancos de dados foram recodificados em um formato compatível

com os softwares PHASE 2.1.1 (Stephens et al., 2001; Stephens e Donnelly, 2003),

com auxílio de macros criados no Microsoft Word 2010. Estes últimos bancos de

dados foram utilizados para inferência de haplótipos conforme descrito adiante.

Finalmente, os dados de haplótipos foram convertidos em um formato de

texto plano compatível com o software Network 4.6.1.1 (Bandelt et al., 1999) para

elaboração de uma rede de interação envolvendo os haplótipos inferidos.

4.6. ANÁLISE DOS DADOS

As frequências alélicas e genotípicas da presença ou ausência da inserção

AluyHG foram estimadas por contagem direta. A aderência das frequências

genotípicas em relação às proporções teóricas de Hardy-Weinberg foi avaliada pelo

teste exato de Guo e Thompson (Guo e Thompson, 1992), implementado no

software Genepop® 4.2 (Raymond e Rousset, 1995).

Para a análise do desequilíbrio de ligação (LD) envolvendo os polimorfismos

do gene HLA-G e a inserção AluyHG foi utilizada a metodologia de D’ e LOD,

utilizando-se o software Haploview® (Barrett et al., 2005). As imagens de LD foram

geradas por esse programa utilizando-se os pontos de variação cuja frequência

alélica mínima (MAF) fosse 0,01, em que as áreas em vermelho escuro indicam forte

LD (LOD ≥ 2, D’ = 1), áreas em rosa indicam moderado LD (LOD ≥ 2, D’ < 1), áreas

em azul indicam fraco LD (LOD < 2, D’ = 1) e áreas em branco indicam ausência de

LD (LOD < 2, D’ < 1).

Foram utilizadas duas abordagens para a análise do LD entre as populações

do estudo. A primeira teve como foco os dados referentes à inserção AluyHG e os

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polimorfismos presentes na região 3’NT do gene HLA-G buscando a identificação de

haplótipos entre essas duas regiões distantes entre si cerca de 20kb. Assim, nessa

primeira abordagem, foram utilizadas as populações brasileira, congolesa,

senegalesa e francesa. A segunda abordagem, por sua vez, teve como foco o

próprio gene HLA-G com a utilização dos dados das 14 populações do Projeto

1000Genomes disponibilizados publicamente e a população brasileira. Foram

avaliados, nesse contexto, polimorfismos presentes na região codificadora e na

região 3’NT do referido gene.

Dada uma associação positiva entre os alelos dos pontos de variação

encontrados, mas a fase gamética desconhecida, foi realizada uma inferência

computacional dos haplótipos definindo-se a provável constituição de cada um dos

cromossomos dos indivíduos analisados.

Para a inferência dos haplótipos, dois métodos probabilísticos foram

empregados: o software PHASE v2 (Stephens et al., 2001; Stephens e Donnelly,

2003) que implementa um método Bayesiano para reconstrução do haplótipo mais

provável; e algoritmo de máxima verossimilhança implementado no software PL-EM

(Qin et al., 2002), que calcula pela maximização da expectativa para cada um dos

haplótipos presentes nas amostras. Foram realizadas 10 corridas independentes

para cada um dos métodos e os resultados foram então comparados entre si. Para

este procedimento foi utilizado um script em Perl denominado HaploRunner

(desenvolvido por E. C. Castelli – disponível em http://www.castelli-lab.net), versão

1.1b. Este script executou as 10 corridas independentes de cada algoritmo,

comparando os resultados obtidos em todas as corridas e entre ambos os métodos.

Foram aceitas somente as inferências de haplótipos que atenderam a dois

requisitos: a) tiveram probabilidade de inferência superior a 90%; b) obtiveram o

mesmo haplótipo inferido em todas as corridas para os dois programas. Para o

método PHASE foram utilizados os seguintes parâmetros: number of iteractions:

1000; thinning interval: 1; burn-in value: 1000 e valores seed diferentes para cada

corrida, conforme descrito em um trabalho prévio (Castelli et al., 2011). Para o

algoritmo PL-EM foram utilizados os seguintes parâmetros: Top value: 0; Parsize

value: 2; Buffer: 1300 e Round value: 200.

Apesar dos dados do Projeto 1000Genomes estarem em fase, os dados

brasileiros não estavam por se tratar de sequenciamento de produto de PCR. Desta

forma, a mesma abordagem de inferência foi realizada para todas as 14 populações

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agrupadas e os dados brasileiros. A compatibilidade entre as fases obtidas

computacionalmente e as descritas pelo projeto 1000Genomes foi maior que 99%.

As relações entre os haplótipos obtidos foram inferidas construindo-se uma

network, utilizando-se para tanto o algoritmo median-joining implementado no

programa Network® 4.6.1.0 (http://www.fluxus-engineering.com/sharenet.htm).

Foram utilizados os haplótipos com frequências superiores a 1% e excluídos os

haplótipos recombinantes a fim de facilitar a leitura da Network. As imagens geradas

pelo software foram reconstruídas utilizando-se programa de edição vetorial.

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5. RESULTADOS

5.1. FREQUÊNCIAS ALÉLICAS E GENOTÍPICAS DA INSERÇÃO ALUYHG

Após a análise dos 641 indivíduos, compostos por 165 brasileiros (BRA), 161

congoleses (CNG), 193 senegaleses (SEE) e 122 franceses (FRA), foram

contabilizadas as frequências do alelo de ausência de inserção AluyHG (AluyHG*1)

e de presença de inserção AluyHG (AluyHG*2), como demonstrado na Tabela 4. Em

todas essas populações as frequências genotípicas foram compatíveis com o

esperado pelo teorema de Hardy-Weinberg. A Tabela 3 mostra, ainda, dados sobre

o polimorfismo AluyHG em diferentes populações estudadas até agora. Para facilitar

a compreensão, as populações foram divididas em relação ao seu componente de

ancestralidade em cinco grandes grupos: (a) África, composto pelas populações

Sekele San, Bantu, !Kung San, Khoi, senegaleses e congoleses; (b) Ásia, composto

pelas populações tailandesa, japoneses, mongóis, malaio chineses, Hunan da etnia

Han, mongóis da etnia Han, mongóis da etnia Mongol, Guangdong da etnia Han; (c)

Oceania, composto por australianos de origem europeia; (d) Europa, composto pelos

franceses; (e) América, composto por brasileiros.

As frequências do alelo AluyHG*2 variam entre as populações estudadas. As

populações de origem asiática, incluindo as populações malaio chinesa, Hunan da

etnia Han, mongóis da etnia Han, mongóis da etnia Mongol e Guangdong da etnia

Han apresentaram altas frequências desse alelo quando comparadas às outras

populações estudadas até o momento. Em contrapartida, as populações de origem

africana, incluindo as populações congolesa e senegalesa (alvos do presente

estudo), Bantu, Khoi, Sekele San e !Kung San geralmente apresentam as

frequências mais baixas quando comparadas às outras populações estudadas até

agora. As populações brasileira e francesa (alvos do presente estudo) apresentaram

frequências intermediárias às frequências de populações asiáticas e africanas para o

alelo AluyHG*2 (Tabela 4).

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TABELA 4 - Frequências da ausência (AluyHG*1) e presença (AluyHG*2) da

inserção AluyHG em populações mundiais.

Continente População N AluyHG*1 AluyHG*2 Referência

África

Sekele San 60 0,9670 0,0330 (Kulski e Dunn, 2005)

Bantu 50 0,9400 0,0600 (Kulski e Dunn, 2005)

!Kung San 42 0,9270 0,0730 (Kulski e Dunn, 2005)

Khoi 43 0,8690 0,1310 (Kulski e Dunn, 2005)

Senegaleses 193 0,8964 0,1036 Este trabalho

Congoleses 161 0,8944 0,1056 Este trabalho

Ásia

Tailandeses 192 0,7080 0,2920 (Dunn et al., 2006)

Japoneses 99 0,7300 0,2700 (Kulski e Dunn, 2005)

Mongóis 41 0,7800 0,2200 (Kulski e Dunn, 2005)

Malaios Chineses 50 0,4400 0,5600 (Dunn et al., 2007)

Hunan da etnia Han 147 0,5646 0,4354 (Tian et al., 2008)

Mongóis da etnia Han 104 0,6106 0,3894 (Tian et al., 2008)

Mongóis da etnia Mongol 87 0,6322 0,3678 (Tian et al., 2008)

Guangdong da etnia Han 107 0,6121 0,3879 (Tian et al., 2008)

Oceania Australianos 105 0,6990 0,3010 (Kulski e Dunn, 2005)

Europa Franceses 122 0,7787 0,2213 Este trabalho

América

Coorte Brasileiro 1 a 165 0,7333 0,2667 Este trabalho

Coorte Brasileiro 2 b 101 0,7570 0,2430 Silva ACA

d

Coorte Brasileiro 3 c 61 0,7000 0,3000 Silva ACA

d

Nota: N: número de indivíduos; a

Brasileiros de Ribeirão Preto - SP; b

Brasileiros de Brasília - DF; c População Kalunga (População brasileira afrodescendente);

d Silva ACA, et al. (comunicação pessoal).

5.2. DESEQUILÍBRIO DE LIGAÇÃO

A presença de uma associação significativa entre os pontos de variação do

gene HLA-G e a inserção AluyHG foi avaliada mediante avaliação do desequilíbrio

de ligação (D’) (Lewontin, 1964), utilizando o software Haploview 4.1 (Barrett et al.,

2005), conforme previamente descrito. As figuras 6 e 7 mostram os padrões de LD

obtidos utilizando-se os pontos de variação que apresentaram frequência alélica

mínima de 1%.

Foram realizadas duas abordagens distintas para a mensuração do LD entre

as regiões citadas acima. A primeira abordagem analisou o padrão de desequilíbrio

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de ligação entre a inserção AluyHG e os polimorfismos presentes na região 3’NT do

gene HLA-G considerando os dados de genótipos de indivíduos de quatro

populações distintas (brasileiros, senegaleses, congoleses e franceses). Essa

análise revelou a provável existência de um bloco único de segregação que engloba

a região 3’NT do HLA-G e estende-se por pelo menos 20kb de distância dessa

região, alcançando o sítio de inserção do retroelemento AluyHG (Figura 6).

Figura 6 - Perfil de LD entre os polimorfismo da região 3’NT do gene HLA-G e a

inserção AluyHG considerando dados de genótipos de indivíduos de quatro

populações distintas (brasileira, senegalesa, congolesa e francesa).

A segunda abordagem avaliou o padrão de LD entre os polimorfismos das

regiões codificadora e 3’NT do gene HLA-G, considerando os dados de 15

populações distintas, i.e., a brasileira (Castelli et al., 2011) e as 14 populações

disponibilizadas pelo Projeto 1000Genomes. Da mesma forma, nota-se a provável

existência de um bloco de segregação único que engloba desde o éxon 1 até a

região 3’NT do gene HLA-G, sem evidências de sítios de recombinação existentes

entre essas duas regiões (Figura 7).

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Extrapolando os dados obtidos (Figura 6 e 7), podemos concluir que o

padrão de LD observado estende-se desde a região codificadora do gene HLA-G até

pelo menos 20kb de distância, chegando ao sítio de inserção do retroelemento

AluyHG.

Figura 7 - Perfil de LD entre os polimorfismos da região codificadora e 3’NT do gene

HLA-G, considerando dados de genótipos de indivíduos brasileiros e das 14

populações disponibilizadas pelo Projeto 1000Genomes.

5.3. HAPLÓTIPOS HLA-G/ALUYHG E RELAÇÃO ENTRE OS HAPLÓTIPOS

Dada a associação positiva entre todos os polimorfismos do gene HLA-G e a

inserção AluyHG (Figura 6), mas fase gamética desconhecida, haplótipos foram

inferidos por métodos probabilísticos como citado na seção de materiais e métodos.

A inferência de haplótipos foi realizada em 1733 indivíduos (1092 amostras do

Projeto 1000Genomes e 641 amostras do presente trabalho), divididos, assim como

para a análise do LD, em duas abordagens.

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Os dados de 641 indivíduos (brasileiros, franceses, senegaleses e

congoleses) foram usados para a inferência de haplótipos considerando os

polimorfismos da região 3’NT do HLA-G e do elemento AluYHG. Destes, 628

inferências passaram nos critérios de qualidade previamente descritos

(aproximadamente 97,97%). A análise revelou a presença de 14 haplótipos distintos,

considerando-se 8 pontos de variação da região 3’NT e a inserção AluyHG, entre as

quatro populações. As frequências haplotípicas variaram entre 0,31% e 27,98%

(Tabela 5). A probabilidade média de inferência de cada par de haplótipos foi de

0,9952 para o método PHASE e de 0,9990 para o método PL-EM. A Tabela 4

apresenta o conjunto de haplótipos encontrados bem como suas frequências para as

quatro populações estudadas. O nome dos haplótipos referentes à região 3’NT do

gene HLA-G foram dados de acordo com estudos já realizados (Castelli et al., 2010;

Lucena-Silva et al., 2012), conforme tabela 3.

A população congolesa foi a que apresentou a maior quantidade de

haplótipos distintos (11 no total) em relação às outras, enquanto que senegaleses

apresentaram a menor quantidade de haplótipos (8 no total). A presença do

elemento AluyHG está associada à presença do haplótipo de 3’NT denominado

UTR-1. De fato, houve apenas uma ocorrência da presença do alelo AluyHG*2 em

ligação com outro haplótipo, denominado UTR-3, na população francesa. Assim, as

frequências do alelo AluyHG*2 e do haplótipo UTR-1 são compatíveis entre

si,indicando uma possível utilização desse polimorfismo como um marcador

molecular para o haplótipo UTR-1.

Além disso, o haplótipo UTR-1/AluyHG*2 foi o mais frequente no Brasil e o

segundo mais comum na França, tendo, em contrapartida, frequências mais baixas

nos países de origem africana (Tabela 5). Apesar dessa associação, o haplótipo

UTR-1 associado à ausência da inserção AluyHG foi encontrado em todas as

populações analisadas, em baixas frequências, com as maiores frequências

apresentadas pela população francesa. Ainda, não foram encontrados haplótipos

UTR-7 nas duas populações africanas (Tabela 5).

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Tabela 5 - Haplótipos entre polimorfismos da região 3’NT do gene HLA-G e a

inserção AluyHG em quatro populações distintas: brasileiros, senegaleses,

congoleses e franceses.

Brasileirosa Congoleses Senegaleses Franceses

Nc 152d 161 193 122

Haplótipos 3’NT b

Alelo AluyHG

Frequências

UTR-1 Presente 0,2500 0,1056 0,1036 0,2131

UTR-1 Ausente 0,0230 0,0342 0,0052 0,0533

UTR-2 Ausente 0,2500 0,2112 0,3575 0,2664

UTR-3 Presente - - - 0,0082

UTR-3 Ausente 0,1250 0,3043 0,2798 0,1352

UTR-4 Ausente 0,1282 0,1056 0,0518 0,1434

UTR-5 Ausente 0,0757 0,0932 0,1321 0,0369

UTR-6 Ausente 0,1020 0,1304 0,0648 0,0861

UTR-7 Ausente 0,0428 - - 0,0533

UTR-8 Ausente 0,0033 0,0031 - -

UTR-15 Ausente - 0,0124 - 0,0041

UTR-16 Ausente - - 0,0052 -

UTR-17 e Ausente - 0,0093 - -

UTR-13 Ausente - 0,0031 - - a Brasileiros de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasill.

b Os haplótipos foram nomeados de acordo com (Castelli et al., 2010; Lucena-Silva et al., 2012).

c Número de indivíduos.

d O tamanho da amostra difere do original devido ao fato de os dados da região 3’NT do gene HLA-G

não estarem disponíveis para 13 amostras. e Estes haplótipos de 3’NT não foram detectados por (Castelli et al., 2010; Lucena-Silva et al., 2012).

Em seguida, haplótipos foram inferidos a partir dos dados dos polimorfismos

do gene HLA-G (regiões codificadora e 3’NT) para as 14 populações do Projeto

1000Genomes e concatenados aos dados já publicados da população brasileira

(Castelli et al., 2011). A inferência foi realizada totalizando 1092 pares de haplótipos.

A comparação das fases obtidas computacionalmente com as fases definida pelo

sequenciamento de nova geração resultou nos mesmos haplótipos em 99% das

amostras. A Tabela 6 apresenta um total de 32 haplótipos entre as regiões

codificadora e 3’NT encontrados considerando-se as 14 populações estudadas, com

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47

frequências variando entre 0,5% e 42,5%. A probabilidade média de inferência para

o método PHASE foi de 0,9738, enquanto que para o método PL-EM essa

probabilidade foi de 0,9778.

O perfil de distribuição de haplótipos do HLA-G (regiões codificadora e 3’NT)

em torno do mundo foi o mesmo descrito no Brasil (Castelli et al., 2010; Castelli et

al., 2011) e em outros estudos (Hviid et al., 2004; Hviid, 2006; Larsen e Hviid, 2009;

Jassem et al., 2012; Martinez-Laso et al., 2013). O haplótipo UTR-1 foi encontrado

em todas as populações analisadas, principalmente associado ao haplótipo de

região codificadora denominado G*01:01:01:01, e em haplótipos recombinantes em

que a porção final da sequência da região codificadora apresenta a mesma

sequência de polimorfismos do haplótipo G*01:01:01:01. Poucos haplótipos

recombinantes, tal como G*01:01:01:04/UTR-1, foram encontrados, principalmente

na população africana (Tabela 6). No Brasil, todos os haplótipos UTR-1 estavam

associados ao haplótipo codificador G*01:01:01:01. As frequências desse haplótipo

variaram de 12,18% para a população Yorubá (africana) a 42,50% para a população

Han do sul da China (asiática).

Dado o fato de que o mesmo perfil de haplótipos da região codificadora/3’NT

encontrado no Brasil também foi encontrado para outras populações mundiais, e que

o perfil de LD mostra evidência de associação entre a região 3’NT e o sítio de

inserção da sequência AluyHG, o mesmo padrão de associação entre a região

3’NT/AluyHG encontrado para as populações brasileira, senegalesa, congolesa e

francesa foi extrapolado para a população mundial. Soma-se a isso o fato de as

frequências do haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1 serem compatíveis à frequência da

inserção AluyHG. Assim, podemos estimar a presença de um haplótipo estendido

G*01:01:01:01/UTR-1/AluyHG.

Nota-se também a ausência do haplótipo UTR-6 (e de seus haplótipos

codificadores associados) nas populações de origem asiática, bem como a ausência

do haplótipo UTR-7 (e de seus codificadores associados) nas populações de origem

africana. Além disso, as populações africanas são as que apresentam as maiores

frequências para o haplótipo UTR-3 e seus codificadores associados (Tabela 6).

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48

Tabela 6 - Frequências dos haplótipos considerando polimorfismos da região codificadora e 3’NT do gene HLA-G na população

mundial.

Europa Ásia África América

População

Bri

tân

ico

s

(In

gla

terr

a/E

sc

óc

ia)

Fin

lan

de

ses

(Fin

lân

dia

)

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rico

s

(Es

pa

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a)

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lia)

Ch

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ses H

an

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Ch

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)

Ch

ine

ses H

an

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Pe

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hin

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Jap

on

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oq

uio

-Jap

ão

)

Yo

rub

a

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ad

an

- N

igé

ria)

Lu

hy

a

(We

bu

ye

- Q

nia

)

Po

rto

Ric

an

os

(Po

rto

Ric

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Co

lom

bia

no

s

(Me

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- C

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ia)

Mex

ican

os

(L

os A

ng

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s -

EU

A)

Eu

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eu

s

(Uta

h -

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Afr

ica

no

s

(Su

do

es

te d

os E

UA

)

Bra

sil

eir

os a

(S

ud

este

do

Bra

sil

)

Haplótipos 3’NT b Haplótipos Codificadora

c N 89 93 14 98 100 97 89 88 97 55 60 66 85 61 108

UTR-1

G*01:01:01:01 0,3371 0,3602 0,3214 0,2908 0,4250 0,2947 0,2619 0,1218 0,2391 0,2778 0,2373 0,2727 0,3941 0,2182 0,2360

G*01:01:01:04 - - - - - - - 0,0256 0,0109 0,0093 - 0,0076 - 0,0091 -

G*01:01:03 / G*01:01:01:01d - - - - 0,0050 - - - - - - - - - -

UTR-2

G*01:01:02:01 0,2303 0,1774 0,3571 0,2041 0,0400 0,1105 0,1607 0,1410 0,1848 0,1111 0,1780 0,2127 0,2059 0,2091 0,1530

G*01:01:02:02 - - - 0,0051 - - - 0,0064 0,0380 - - - - - -

G*01:06 0,0618 0,0269 0,0357 0,0663 0,0100 0,0263 0,0060 - 0,0054 0,0278 0,0424 0,0227 0,0471 0,0091 0,0510

G*01:05N - 0,0108 - 0,0255 0,0150 0,0421 0,0060 0,0962 0,0543 - 0,0085 0,0303 0,0059 0,0636 0,0420

G*01:05N (+188 C)e - - - 0,0153 - 0,0053 - 0,0128 0,0217 - 0,0085 0,0152 - 0,0182 -

G*01:01:03:01 / G*01:01:02:01d 0,0056 - - - - - 0,0060 - - - - - - 0,0182 -

G*01:01:14 - - - - - - - - - - - - - - 0,0050

UTR-3

G*01:04:01 0,0449 0,0591 0,0714 0,0969 0,2550 0,2474 0,4524 0,0256 0,0109 0,1296 0,1780 0,1515 0,0647 0,0364 0,0460

G*01:04:03 - - - - 0,0050 0,0053 0,0179 - - - - - - - 0,0050

G*01:04:04 0,0112 0,0054 - 0,0306 - - - 0,2244 0,0978 0,0556 0,0339 0,0076 0,0235 0,1000 0,0320

G*01:04:05 - - - - - - - 0,0064 0,0109 0,0093 0,0169 - - 0,0091 -

G*01:01:08 - - - - - 0,0053 0,0119 - - - - - - - -

G*01:04:04 (+188 C)e - - - - - - - 0,0064 - - - - - - -

G*01:01:03 / G*01:04:01d - - - - 0,0050 0,0158 0,0119 - - - - - - - -

UTR-4 G*01:01:01:05 0,1180 0,2849 0,1071 0,1429 0,0200 0,0474 0,0060 0,1154 0,0761 0,1296 0,1356 0,0758 0,1529 0,0545 0,0970

G*01:01:09 - - - - - - - 0,0321 0,0272 - 0,0085 0,0076 - 0,0091 0,0050

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49

UTR-5

G*01:03 0,0281 0,0161 - 0,0306 - 0,0263 0,0179 0,0897 0,0870 0,1111 0,0763 0,0985 0,0353 0,1364 0,0880

G*01:04:01 0,0056 - - 0,0051 - - - - - 0,0093 - - - - -

G*01:01:08 - - - - - - - - - - - - - - 0,0090

UTR-6

G*01:01:01:04 0,0618 0,0108 0,0714 0,0204 - - - 0,0833 0,1359 0,0833 0,0678 0,0379 0,0118 0,1000 0,0740

G*01:01:01:01 - - - 0,0051 - - - - - - - - 0,0059 - 0,0090

G*01:01:01:05 - - - 0,0051 - - - 0,0128 - - - - - - 0,0149

G*01:01:01:04 (+1019 C)e - - - 0,0051 - - - - - - - - - - -

UTR-7 G*01:01:03:01 0,0899 0,0484 0,0357 0,0459 0,2200 0,1684 0,0471 - - 0,0463 0,0085 0,0455 0,0471 0,0091 0,0370

G*01:01:05 - - - - - - - - - - - - - - 0,0050

UTR-8 G*01:06 - - - - - - - - - - - - - - 0,0140

UTR-9 G*01:01:08 0,0056 - - 0,0051 - 0,0053 - - - - - - - - -

UTR-18f G*01:01:02:01 - - - - - - - - - - - 0,0076 - - -

UTR-19f G*01:01:03:01 - - - - - - - - - - - - 0,0059 - -

N - número de indivíduos a Brasileiros de Ribeirão Preto, São Paulo. A variabilidade do gene HLA-G foi publicada previamente (Castelli et al., 2011).

b Os haplótipos da região 3’NT do gene HLA-G foram nomeados de acordo com (Castelli et al., 2010; Lucena-Silva et al., 2012).

c Os haplótipos da região codificadora foram nomeados de acordo com o padronizado pelo IMGT/HLA (http://www.ebi.ac.uk/imgt/hla/).

d Haplótipos recombinantes.

e Haplótipo ancestral mais provável e a mutação que define esse novo haplótipo.

f Esses haplótipos não foram detectados previamente (Castelli et al., 2010; Lucena-Silva et al., 2012).

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50

Para avaliar a similaridade entre os haplótipos encontrados por meio das duas

abordagens citadas, duas redes foram construídas (Figuras 8 e 9). A partir da

análise da primeira rede (Figura 8), construída a partir dos dados de polimorfismos

da região 3’NT do gene HLA-G e da inserção AluyHG, pudemos definir 5 linhagens

de acordo com o descrito na literatura (Castelli et al., 2011). Notamos que a

linhagem que carrega o haplótipo AluyHG*2 aparece na extremidade da rede e em

alta frequência. Apesar disso, esse haplótipo pode ser um dos mais recentes na

história evolutiva humana.

Por meio da análise da segunda rede (Figura 9), construída a partir dos

polimorfismos das regiões codificadora e 3’NT do gene HLA-G, as 5 principais

linhagens já anteriormente também estão representadas. Novamente, a rede mostra

o haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1 na extremidade e em alta frequência.

Considerando a associação entre AluyHG e o haplótipos UTR-1, é provável que o

haplótipos estendido G*01:01:01:01/UTR1/AluyHG seja um dos mais recentes no

curso da história evolutiva humana, apesar de sua elevada frequência.

Figura 8 - Rede de haplótipos construída a partir dos dados de polimorfismos da

região 3’NT do gene HLA-G e a inserção AluyHG considerando os dados das

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51

populações brasileira, senegalesa, congolesa e francesa. As cores diferentes

indicam linhagens diferentes desses haplótipos.

Figura 9 - Rede de haplótipos construída a partir dos dados de polimorfismos das

regiões codificadora e 3’NT do gene HLA-G a partir dos dados disponibilizados pelo

Projeto 1000Genomes. As linhagens têm as mesmas cores da Figura 7 e foram

nomeadas de acordo com (Castelli et al., 2011).

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52

6. DISCUSSÃO

O presente trabalho consiste no primeiro a avaliar a relação entre a inserção

AluyHG e polimorfismos presentes no gene HLA-G. Foram caracterizadas 641

amostras de quatro populações distintas, incluindo uma amostra da população

brasileira do estado de São Paulo, e amostras do Congo, Senegal e França, quanto

à presença ou ausência do retroelemento AluyHG e sua relação com sítios

polimórficos encontrados nas regiões codificadora e 3’NT do gene HLA-G. Os

resultados obtidos foram comparados com dados disponibilizados pelo Projeto

1000Genomes, permitindo uma avaliação global da distribuição dos haplótipos de

HLA-G no mundo.

Estudos anteriores relataram a presença da inserção AluyHG em altas

frequências nas populações asiáticas (Tabela 4), principalmente entre chineses

(Dunn et al., 2007; Tian et al., 2008). No Brasil, as frequências do alelo de inserção,

AluyHG*2, foram similares as frequências já descritas para populações europeias,

japonesas e tailandesas (Tabela 4). Esta similaridade pode ser explicada pela

história de formação da população brasileira do estado de São Paulo, que apresenta

como principal componente de ancestralidade as populações de origem europeia

(Ferreira et al., 2006; Muniz et al., 2008). Além disso, as frequências do alelo

AluyHG*2 (ausência do elemento AluyHG) foram similares às encontradas para a

população de Brasília - DF (Capital Federal, distante aproximadamente 706 km de

Ribeirão Preto - SP) e também para a população Kalunga (população

afrodescendente habitante do Estado de Goiás - GO) (Silva ACA, comunicação

pessoal). A população Kalunga, considerada afrodescendente, apresentou

frequência do alelo AluyHG*2 mais elevada do que a encontrada para a população

de Ribeirão Preto – SP (Tabela 4). Em geral, as populações africanas apresentaram

as menores frequências deste elemento. Acredita-se que este fato deva-se à

miscigenação que a população Kalunga sofreu ao longo do seu processo de

formação.

Por outro lado, as frequências do alelo AluyHG*2 na população francesa

apresentam-se intermediárias às encontradas para os grupos brasileiro e africanos.

Entretanto, apesar de serem baixas as frequências de inserção desse retroelemento

nas populações africanas, o fato de podermos encontrar cromossomos

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apresentando tal inserção nesse continente indica que provavelmente o evento de

inserção ocorreu antes da dispersão do homem para outros continentes. Tal

hipótese é baseada no fato de que o evento de transposição do elemento AluyHG é

considerado um processo aleatório, ou seja, não há predileção de inserção em uma

sequência específica de um cromossomo (Jurka, 1997). Assim, é pouco provável

que uma mesma sequência de transposição seja inserida exatamente no mesmo

loco por dois eventos diversos de inserção que ocorreram também em tempos

diversos (Kulski e Dunn, 2005). Além disso, não há mecanismo conhecido

responsável por retirar a sequência Alu após sua inserção em um determinado loco.

Portanto, podemos inferir que aqueles indivíduos que apresentam a mesma

sequência Alu no mesmo loco apresentam um ancestral comum, devido à sua

característica de identidade por descendência (Kulski e Dunn, 2005), e que o

processo de transposição ocorreu ainda na África antes da dispersão do homem a

outros continentes. Essas baixas frequências no continente africano indicam que a

inserção do elemento AluyHG é recente na história humana, mas antiga o suficiente

para que fosse difundido pelos outros continentes durante a dispersão do homem.

Entretanto, vale ressaltar que o processo de transposição pode ser dirigido

por sequências específicas apresentadas em certos cromossomos (Jurka, 1997).

Além disso, a frequência de determinados haplótipos presentes à época do evento

inicial de transposição também pode facilitar a sua inserção em determinados

haplótipos, notadamente os mais frequentes, sem, entretanto, desobedecermos à

premissa de que a inserção é um evento aleatório. Assim, apesar do possível

direcionamento do evento de transposição para haplótipos mais frequentes, continua

pouco provável que dois eventos distintos insiram uma mesma sequência de

transposição num mesmo loco.

As frequências do alelo AluyHG*2 apontam para o fato de que o possível

efeito fundador sofrido durante a formação das populações humanas a partir da sua

saída do continente africano (Henn et al., 2012) pode ser responsável pelo aumento

dessas frequências nas populações consideradas não africanas (Tabela 4). De fato,

quando comparamos as frequências do elemento AluyHG com o evento de

dispersão do homem, bem como suas rotas migratórias (Henn et al., 2012),

observamos um aumento gradual das frequências com o aumento do tempo e da

distância da dispersão do homem à partir da África para os outros continentes.

Assim, as frequências aumentadas do alelo AluyHG*2 em continentes não africanos

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pode ser consequência do isolamento pela distância dessas populações em relação

às populações africanas, além da possível pressão seletiva atuando sobre essa

região. As frequências das quatro populações avaliadas pelo presente estudo

corroboram tal hipótese, indicando a possibilidade de sucessivos efeitos fundadores

atuando sobre esse loco, pois notamos frequências baixas do alelo de inserção

desse elemento no continente africano, frequências intermediárias na população

europeia e frequências ligeiramente mais altas na população brasileira (Tabela 4).

Frequências aumentadas desse retroelemento apresentadas por populações

de origem asiática, notadamente as chinesas, podem representar um reflexo cultural

dessas populações, incluindo maior incidência de endogamia, principalmente em se

tratando de grupos étnicos fechados dentro dessas populações (Chen et al., 2007),

somada à possível pressão seletiva diferenciada apresentada nessa região do

mundo.

Embora a teoria da evolução neutra possa explicar a distribuição do

retroelemento AluyHG, devido à sua localização ser intergênica, a região

cromossômica adjacente é um dos principais alvos de seleção do genoma humano

(Solberg et al., 2008). Tal característica ocorre devido ao fato de essa região

apresentar genes relacionados à função do sistema imune, sendo moldada por

exposição a patógenos específicos (Klein e Sato, 2000a; 2000b). De fato, há

evidências de sinais de seleção balanceadora atuando sobre regiões regulatórias do

gene HLA-G (Tan et al., 2005; Castelli et al., 2011), notadamente em sua região

3’NT (Castelli et al., 2011), distante apenas 20kb do sítio de inserção AluyHG. Além

disso, a assinatura de seleção balanceadora que atua sobre essas regiões do gene

HLA-G pode ser devida à seleção balanceadora atuando em outros genes da

mesma região cromossômica (Gaudieri et al., 2000), principalmente sobre o gene

HLA-A (responsável por apresentação antigênica e um dos mais variáveis do

genoma humano), localizado após a inserção AluyHG. Assim, como a inserção

AluyHG encontra-se entre esses dois importantes genes do sistema imune e já foi

demonstrado forte LD entre essa inserção e grupos alélicos específicos de HLA-A,

notadamente o grupo HLA-A*02 (Kulski et al., 2001), acreditamos que essa região,

apesar de intergênica, pode sofrer a influência da seleção natural atuando em genes

localizados em sua periferia.

Considerando sua proximidade ao gene HLA-G (cerca de 20kb) e sua relação

já demonstrada com certos grupos alélicos do gene HLA-A (Kulski et al., 2001),

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55

avaliamos o perfil de desequilíbrio de ligação entre a inserção AluyHG e os

polimorfismos presentes na região 3’NT do gene HLA-G (Figura 6), que apresenta

grande importância na regulação pós-transcricional desse gene e sinais de seleção

balanceadora mantendo alta heterozigosidade (Castelli et al., 2011; Martinez-Laso et

al., 2013). Devido ao fato de o evento de tranposição da inserção AluyHG ser um

evento antigo, provavelmente ocorrido antes da dispersão do homem à partir da

África, e também considerando sua distância em relação ao gene HLA-G, era

esperado que eventos de recombinação gerassem diferentes haplótipos de 3’NT

associados com a inserção do AluyHG. Entretanto, observamos que a inserção

AluyHG somente foi associada a apenas um haplótipo de 3’NT, denominado UTR-1

(Tabela 4).

O haplótipo UTR-1 foi recentemente considerado como um haplótipo

associado com alta produção da molécula de HLA-G (Martelli-Palomino et al., 2013)

e apresenta altas frequências nas populações mundiais (Castelli et al., 2011; Donadi

et al., 2011). Este haplótipo possui um polimorfismo do tipo indel caracterizado pela

deleção de 14pb na região 3’NT, previamente associada com uma maior produção

de HLA-G (Hviid et al., 2003; Rousseau et al., 2003; Castelli et al., 2011; Donadi et

al., 2011; Martelli-Palomino et al., 2013), além de outros polimorfismos que

aumentam a estabilidade do mRNA e diminuem sua afinidade por microRNAs

(Martelli-Palomino et al., 2013). As frequências do haplótipo UTR-1 foram bastante

similares às frequências encontradas para a inserção AluyHG (Tabelas 4 e 5),

indicando que essa inserção pode ser considerada um marcador para esse

haplótipo. Novamente, observamos que as frequências do haplótipo UTR-

1/AluyHG*2 aumentam periodicamente em relação ao aumento da distância e do

tempo de dispersão do homem a partir da África, como já descrito. Entretanto, a

hipótese de sinais de seleção atuando sobre a região de inserção faz-se mais

plausível sobre o olhar de sua relação com o gene HLA-G. Assim, o aumento de

frequências tanto do haplótipo UTR-1 e da inserção AluyHG pode ser reflexo dessas

duas forças atuando sobre essas regiões.

Apesar da forte associação encontrada entre o elemento AluyHG e o

haplótipo UTR-1, observamos a presença desse haplótipo associado com a

ausência da inserção AluyHG em todas as populações avaliadas, em baixas

frequências. Teoricamente, esse haplótipo (UTR-1/AluyHG*1) pode ser considerado

como o haplótipo ancestral, mostrando que o evento de inserção, apesar de

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bastante antigo como já demonstrado, ainda não conseguiu fixar a inserção ao

haplótipo de UTR-1. Entretanto, possíveis eventos de recombinação entre haplótipos

UTR-1/AluyHG*2 e qualquer outro haplótipo que não apresenta a inserção não pode

ser descartada. Tal fato pode ser comprovado pela presença de um cromossomo

apresentando o haplótipo UTR-3/AluyHG*2 na França (Tabela 5). Além disso, era

esperado que o haplótipo UTR-1/AluyHG*1 fosse encontrado em frequências

elevadas no continente africano, considerado o continente ancestral. Entretanto, era

esperada a presença de haplótipos diferentes acompanhados pela inserção AluyHG

em todas as populações analisadas, o que torna pouco provável que os haplótipos

UTR-1/AluyHG*1 sejam recombinantes. Desta forma, é provável que o haplótipo

UTR-1/AluyHG*1 seja o haplótipo ancestral da inserção AluyHG.

A distribuição de haplótipos de 3’NT do HLA-G em torno do mundo é

praticamente a mesma já definida em estudos prévios para a população brasileira

(Castelli et al., 2011; Lucena-Silva et al., 2012), com exceção ao haplótipo UTR-7. O

haplótipo UTR-7 não foi encontrado no continente africano, indicando que sua

formação pode ser um evento recente, após a dispersão do homem a partir da África

e que o fluxo gênico ainda não a introduziu nesse continente ou sua frequência é

muita baixa para ser encontrado considerando a amostra analisada. Entretanto, mais

estudos são necessários para se desvendar o verdadeiro significado da sua

ausência nesse continente, já que a seleção direcionada por patógenos também

pode moldar suas frequências em torno do mundo.

O haplótipo UTR-1, de maneira geral, ocorre em cromossomos também

portando o haplótipo de região codificadora G*01:01:01:01 (Castelli et al., 2011).

Considerando que o mesmo perfil de associação entre haplótipos foi observado no

mundo todo, bem como a presença de blocos únicos de segregação englobando o

gene HLA-G e o elementos AluyHG, é provável que o haplótipo G*01:01:01:01/UTR-

1/AluyHG também ocorra no mundo todo acompanhando as frequências observadas

para o haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1. Curiosamente, o haplótipo

G*01:01:01:01/UTR-1 tem baixas frequências no continente africano e frequências

mais altas nas outras partes do mundo, seguindo o mesmo modelo já descrito tanto

para a inserção AluyHG como para o haplótipo de UTR-1 (Tabela 6).

O haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1 foi recentemente associado a alta produção

da molécula de HLA-G por meio da combinação de características, que incluem: (a)

a transcrição de um RNA mensageiro mais estável (Yie et al., 2008); (b) baixa

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afinidade por microRNAs, responsáveis por mediar a degradação do RNA

mensageiro por meio de um complexo enzimático (Tan et al., 2007; Castelli et al.,

2009; Manaster et al., 2012); (c) uma região regulatória 5’ única, inclusive

apresentando fortes sítios promotores para o hormônio progesterona (Hviid et al.,

1999; Solier et al., 2001; Tan et al., 2005; Castelli et al., 2011; Martinez-Laso et al.,

2013). Desta forma, é razoável propor que, devido às características de alta

produção da molécula de HLA-G apresentada pelo haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1,

as frequências aumentadas desse haplótipo e, em consequência, da inserção

AluyHG, nas populações modernas, pode ser devido ao efeito da seleção natural

atuando sobre essa região.

A presença do haplótipo UTR-1 geralmente é acompanhada de outro

haplótipo de baixa produção da molécula de HLA-G, notadamente o UTR-2. Esse

fato está em acordo com as evidências de seleção balanceadora já observadas para

a região 3’NT desse gene, ou seja, favorecendo a heterozigose (Castelli et al.,

2011). Fisiologicamente, essa dualidade passa a ser favorável ao indivíduo, que

estaria melhor adaptado para responder a diferentes situações adequadamente,

como durante a gestação ou doenças autoimunes (necessidade de inibição do

sistema imunitário) ou infecções crônicas (necessidade de uma resposta

imunológica mais ativa). Assim, teoricamente, indivíduos que apresentam alelos

para alta e baixa produção da molécula de HLA-G, considerada como de modulação

do sistema imune, têm um perfil de atuação das células do sistema imune mais

preciso (Donadi et al., 2011).

De maneira global, observamos que as frequências da inserção AluyHG

foram compatíveis com as frequências de UTR-1 nas populações analisadas nesse

trabalho, provavelmente devido ao efeito carona atuando entre essas duas regiões.

Estendendo nossa análise para todo o gene HLA-G, em que notamos forte

desequilíbrio de ligação entre os pontos de variação pertencentes às suas regiões

codificadora e 3’NT, podemos observar que há um bloco de haplótipos definido que

engloba todo o gene HLA-G e pelo menos 20kb de nucleotídeos além da região

3’NT, local onde está inserida a sequência AluyHG (Figuras 6 e 7). Soma-se a isso o

achado de Kulski et al. (2001) de que o forte LD também pode ser encontrado até o

gene HLA-A, mostrando que esse bloco de haplótipos pode chegar a 200kb.

Portanto, os eventos que atuam sobre o gene HLA-G e aumentam as frequência de

determinados haplótipos, notadamente o G*01:01:01:01/UTR-1, também atuam

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sobre a região de inserção AluyHG. Acreditamos que esse conservado bloco de

haplótipos pode ser uma consequência do importante papel desempenhado pelo

gene HLA-G na modulação do sistema imune e na tolerância imunológica, tão

importante, por exemplo, durante a gravidez (Hviid, 2006; Larsen e Hviid, 2009;

Donadi et al., 2011), pois a manutenção de moléculas ativas na imunomodulação é

de grande importância para a fisiologia humana.

As frequências mais altas para o haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1 foram

encontradas nas populações asiáticas, principalmente na população Chinesa do

grupo étnico Han, o que está em acordo com as altas frequências da inserção

AluyHG na Ásia (Dunn et al., 2007; Tian et al., 2008). Essas populações não

apresentam o haplótipo UTR-6 ou seus haplótipos codificadores associados.

Acreditamos que esse haplótipo possa ter sido perdido no curso evolutivo de

formação dessa população por deriva genética ou por pressões seletivas, i.e., as

mesmas razões para o aumento das frequências do haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1.

Em contraste, essas populações, assim como as africanas, apresentam altas

frequências do haplótipo UTR-3 (Tabela 5), o que também pode ser observado para

as populações senegalesa e congolesa analisadas nesse estudo (Tabela 5).

As frequências do haplótipo UTR-3 são baixas no continente africano,

provavelmente também devido à atuação de efeito fundador somado às pressões

seletivas. Essas populações não apresentam o haplótipo UTR-7 assim como seus

codificadores associados (Tabelas 4 e 5). A UTR-7 foi, recentemente, associada

com baixas produções da molécula solúvel de HLA-G (Martelli-Palomino et al.,

2013). A sua ausência nessas populações pode significar a presença de forças

seletivas negativas atuando sobre esse haplótipo ou mesmo que ele seja mais

recente, como já discutido. Entretanto, mais estudos são necessários para se

desvendar esse cenário.

Não obstante, o fato de praticamente não haver recombinante (99% do alelo

AluyHG foi associado com UTR-1 considerando-se o Brasil, Congo, Senegal e

França, e 100% do alelo AluyHG foi associado ao haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1,

(considerando somente o Brasil) e a presença de baixas frequências de AluyHG na

África, nos permite dizer que, apesar de apresentar altas frequências nas

populações modernas, o haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1 pode ser um dos mais

recentes haplótipos de HLA-G. Caso contrário, seria esperada uma alta taxa de

recombinação entre essas duas regiões. Da mesma forma, a análise das redes

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(Figuras 8 e 9) sugere que, caso o haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1 fosse antigo,

seria esperado que outros haplótipos também compartilhassem a presença da

inserção AluyHG. De fato, é bastante provável que a inserção tenha ocorrido cedo

durante a emergência do haplótipo G*01:01:01:01/UTR-1 ainda na África, e que

esse padrão permaneceu o mesmo desde então, ocorrendo tão somente o aumento

de frequências até os dias atuais. Contudo, esse haplótipo já havia sido considerado

como possivelmente um dos mais recentes haplótipos de HLA-G devido à ausência

de uma inserção de 14pb presente na sua região 3’NT (Castro et al., 2000). Esses

pesquisadores mostraram que essa sequência estava presente em primatas e,

teoricamente, os haplótipos modernos que possuem os 14pb em sua sequência são

mais antigos em relação aos que não a apresentam.

As mesmas linhagens para o haplótipo estendido de HLA-G descritas por

Castelli et al. (2011) foram encontradas pelo presente trabalho. Além disso, essas

linhagens também foram encontradas quando utilizamos apenas os dados de

polimorfismos da região 3’NT, somados ao dado da inserção AluyHG (Figura 8).

Assim, novamente a identificação de associação entre a UTR-1 e a inserção AluyHG

corrobora o fato de esse haplótipo ser considerado um dos mais recentes na história

evolutiva desse gene. De fato, como não existe nenhum mecanismo conhecido que

retire exatamente a sequência Alu de uma dada localização cromossômica, é pouco

provável que a raiz da rede seja a linhagem HG010101, ou os haplótipos derivados

desse também apresentariam a inserção AluyHG.

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7. CONCLUSÃO

As frequências da inserção AluyHG nas quatro populações analisadas no

presente manuscrito são menores nas populações africanas (congoleses e

senegaleses) em comparação com as populações brasileira e francesa, indicando

possível efeito do fundador atuando nessa região aumentando as frequências dessa

inserção ao longo do tempo. Além disso, a existência dessa inserção em populações

africanas, mesmo que em baixas frequências, indica que o evento de transposição

ocorreu ainda nesse continente, antes da dispersão do homem aos outros

continentes.

O perfil de Desequilíbrio de Ligação (LD) encontrado entre a inserção AluyHG

e pontos de variação na região 3’NT do gene HLA-G, além do LD entre os pontos de

variação da região 3’NT e da região codificadora desse gene, incluindo-se os dados

disponibilizados pelo 1000Genomes Project Consortium, sugere a existência de um

bloco único de segregação abrangendo todo o gene HLA-G e estendendo-se por,

pelo menos, 20-kb à partir da região 3’NT, indicando que essa região sofreu poucos

eventos de recombinação desde a dispersão do homem à partir da África.

O presente trabalho corrobora a evidência de que o haplótipo

G*01:01:01:01/UTR-1 pode ser o mais recente entre os mais frequentes haplótipos

encontrados para o gene HLA-G. As frequências do haplótipo G*01:01:01:01/UTR-

1/AluyHG em torno do mundo (e também para outros haplótipos do gene HLA-G)

pode ser consequência de consecutivos efeitos de fundador atuando sobre esse

gene desde a saída do homem do continente africano, bem como de seleção

atuando sobre essas frequências.

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ANEXO