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Avaliação da Presença e Importância dos Morcegos no Vale do Tua. Possíveis Efeitos da Construção de uma Barragem na sua População Bela Irina Castro ª ª Mestrado em Engª do Ambiente, 24625 – Diagnóstico Ambiental, Universidade de Trás-os-Montes Alto Douro, Vila Real Resumo: Com o aumento da dependência energética, o homem tem vindo a procurar diferentes métodos de produção de energia alternativa (energias renováveis) ao petróleo com a intenção de diminuir a dependência actual deste. O homem aumenta, deste modo, a pressão que exerce sobre os recursos naturais. Esse aumento tem por vezes enormes perdas de biodiversidade, sendo que, o homem vê-se obrigado a encontrar metodologias que lhe permitam prever o impacte dos seus projectos antes da sua implementação. Neste trabalho pretende-se apresentar um método de avaliação da importância ecológica dos morcegos no vale do rio Tua, para o qual se encontra em estudo a possibilidade de implementação de uma barragem. Com base nas característica ecológicas dos morcegos, pretende-se elaborar um plano que depois de aplicado no terreno, nos permita contabilizar as perdas e elaborar medidas compensatórias. Palavras – Chave: Morcegos, Energias Renováveis, Barragens, Diagnóstico Ambiental. Introdução A problemática das alterações climáticas inspirou a criação de uma Estratégia Nacional para a Energia aprovada em Outubro de 2005, com os objectivos principais de criar mais concorrência e promover a sustentabilidade ambiental (Resolução do Concelho de Ministros nº50/2007) visando assim a redução da dependência externa através do aumento da produção endógena (Direcção Geral de Geologia e Energia, 2006) e da promoção da concorrência nos mercados energéticos ( Resolução do Conselho de Ministros nº50/2007). Tendo em conta estes objectivos o governo reviu metas anteriormente estabelecidas, passando assim a produção de electricidade com base em energias renováveis de 39% para 45% do consumo até 2010 (Ministro da Economia e Inovação, 2008). Após os grandes investimentos em energia eólica, o Governo Português aposta agora na energia hídrica, como a grande prioridade, com a criação do Programa Nacional de Barragem com Elevado Potencial Hidroeléctrico. Portugal é um dos países da União Europeia com maior potencial hídrico por explorar e maior dependência energética do exterior, mas também dos que menos cresceu em capacidade hídrica nos últimos 30 anos (Ministro da Economia e Inovação, 2008). Devido a este défice no crescimento o Governo aposta, no PNBEPH pretendendo que até 2020 se supere os 7.000 MW de potencia hídrica instalada, permitindo a Portugal utilizar 70% do seu potencial contra os pouco mais de 40% actuais (Ministro da Economia e Inovação, 2008 ). Com a concessão de 10 novas barragens, o Governo poderá encaixar em 2008 uma receita aproximada de 283 milhões de euros, o equivalente a 0,2 por cento da riqueza produzida (Público/Lusa, 2008), entre elas a barragem de Foz Tua, que já rendeu ao estado 53 milhões de euros (Público/Lusa, 2008). Este aproveitamento ficará implantado nos concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, distritos de Vila Real e Bragança, respectivamente. No desenho A8.1, em anexo deste trabalho, apresenta-se a localização e implantação do aproveitamento (PNBEPH - Anexo 1, 2007). Por se tratar de um projecto susceptível de produzir efeitos significativos no ambiente, a construção do aproveitamento hidroeléctrico de Foz Tua está sujeito previamente à autorização ou licenciamento a uma Avaliação de Impacte Ambiental (Número Nacional de AIA: 1916) (Agência Portuguesa do Ambiente, 2008) onde, no procedimento do AIA, é elaborado um Estudo de Impacto Ambiental. No caso da barragem de Foz Tua, projecto adjudicado à EDP, o EIA vai definir a cota de construção da infra- estrutura (Notícias Sapo/Lusa, 2008). Bela Irina Passos Natário de Castro nº 24625 1

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Com o aumento da dependência energética, o homem tem vindo a procurar diferentes métodosde produção de energia alternativa (energias renováveis) ao petróleo com a intenção de diminuir a dependência actual deste. O homem aumenta, deste modo, a pressão que exerce sobre os recursos naturais. Esse aumento tem por vezes enormes perdas de biodiversidade, sendo que, o homem vê-se obrigado a encontrar metodologias que lhe permitam prever o impacte dos seus projectos antes da sua implementação. Neste trabalho pretende-se apresentar um método de avaliação da importância ecológica dos morcegos no vale do rio Tua, para o qual se encontra em estudo a possibilidade de implementação deuma barragem. Com base nas característica ecológicas dos morcegos, pretende-se elaborar um plano que depois de aplicado no terreno, nos permita contabilizar as perdas e elaborar medidas compensatórias.

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Avaliação da Presença e Importância dos Morcegos no Vale do Tua. Possíveis Efeitos da Construção de uma Barragem na sua População

Bela Irina Castro ª

ª Mestrado em Engª do Ambiente, 24625 – Diagnóstico Ambiental, Universidade de Trás-os-Montes Alto Douro, Vila Real

Resumo: Com o aumento da dependência energética, o homem tem vindo a procurar diferentes métodos de produção de energia alternativa (energias renováveis) ao petróleo com a intenção de diminuir a dependência actual deste. O homem aumenta, deste modo, a pressão que exerce sobre os recursos naturais. Esse aumento tem por vezes enormes perdas de biodiversidade, sendo que, o homem vê-se obrigado a encontrar metodologias que lhe permitam prever o impacte dos seus projectos antes da sua implementação. Neste trabalho pretende-se apresentar um método de avaliação da importância ecológica dos morcegos no vale do rio Tua, para o qual se encontra em estudo a possibilidade de implementação de uma barragem. Com base nas característica ecológicas dos morcegos, pretende-se elaborar um plano que depois de aplicado no terreno, nos permita contabilizar as perdas e elaborar medidas compensatórias.

Palavras – Chave: Morcegos, Energias Renováveis, Barragens, Diagnóstico Ambiental.

Introdução

A problemática das alterações climáticas inspirou a criação de uma Estratégia Nacional para a Energia aprovada em Outubro de 2005, com os objectivos principais de criar mais concorrência e promover a sustentabilidade ambiental (Resolução do Concelho de Ministros nº50/2007) visando assim a redução da dependência externa através do aumento da produção endógena (Direcção Geral de Geologia e Energia, 2006) e da promoção da concorrência nos mercados energéticos (Resolução do Conselho de Ministros nº50/2007).Tendo em conta estes objectivos o governo reviu metas anteriormente estabelecidas, passando assim a produção de electricidade com base em energias renováveis de 39% para 45% do consumo até 2010 (Ministro da Economia e Inovação, 2008).Após os grandes investimentos em energia eólica, o Governo Português aposta agora na energia hídrica, como a grande prioridade, com a criação do Programa Nacional de Barragem com Elevado Potencial Hidroeléctrico.Portugal é um dos países da União Europeia com maior potencial hídrico por explorar e maior dependência energética do exterior, mas também dos que menos cresceu em capacidade hídrica nos últimos 30 anos (Ministro da Economia e Inovação, 2008). Devido a este défice no crescimento o Governo aposta, no PNBEPH pretendendo que até 2020 se supere os 7.000 MW de potencia hídrica instalada, permitindo a Portugal utilizar 70% do seu potencial contra os pouco mais de 40% actuais (Ministro da Economia e Inovação, 2008 ).Com a concessão de 10 novas barragens, o Governo poderá encaixar em 2008 uma receita aproximada de 283 milhões de euros, o equivalente a 0,2 por cento da riqueza produzida (Público/Lusa, 2008), entre elas a barragem de Foz Tua, que já rendeu ao estado 53 milhões de euros (Público/Lusa, 2008).Este aproveitamento ficará implantado nos concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, distritos de Vila Real e Bragança, respectivamente. No desenho A8.1, em anexo deste trabalho, apresenta-se a localização e implantação do aproveitamento (PNBEPH - Anexo 1, 2007). Por se tratar de um projecto susceptível de produzir efeitos significativos no ambiente, a construção do aproveitamento hidroeléctrico de Foz Tua está sujeito previamente à autorização ou licenciamento a uma Avaliação de Impacte Ambiental (Número Nacional de AIA: 1916) (Agência Portuguesa do Ambiente, 2008) onde, no procedimento do AIA, é elaborado um Estudo de Impacto Ambiental. No caso da barragem de Foz Tua, projecto adjudicado à EDP, o EIA vai definir a cota de construção da infra-estrutura (Notícias Sapo/Lusa, 2008).

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No entanto o inicio da construção da barragem do Tua foi adiado para meados de 2010, um ano depois da data prevista inicialmente, visto haver uma necessidade de estudos complementares que irão introduzir elementos no EIA, nomeadamente na área da ecologia, surgindo assim como adiamento ao processo.Neste caso de estudo em particular a necessidade de elaboração de estudos complementares provêm de indícios da presença de morcegos durante a realização do EIA no Vale do Tua.Apesar de na cultura ocidental o morcego estar frequentemente associado a uma simbologia de morte e doença, estes pequenos mamíferos capazes de voar, apresentam uma importância ecológica desconhecida para a maioria das populações. Os morcegos são por excelência, polinizadores de flores nocturnas, apresentando assim uma inestimável importância para a manutenção ambiental e regeneração natural de florestas. Por outro lado, os morcegos insectívoros são de extrema importância no controle de pragas agrícolas, pois chegam a consumir mais de metade do seu peso em insectos, o que no nosso pais se pode traduzir num consumo diário de dezenas de toneladas de insectos, resultando num consumo anual de milhares de toneladas de insectos (Bicho, 1994). O Guano, nome dado as fezes do morcegos quando estás se acumulam, pode ser usado como um excelente fertilizante devido aos seus altos níveis de nitrogénio. Um solo deficiente em M.O pode tornar-se mais produtivo com a adição de Guano (Wikipédia, 2008). Em Portugal continental encontram-se 24 das cerca de 30 espécies de morcegos existentes na Europa, distribuindo-se pelas famílias Vespertilionidae, Rhinolophidae, Miniopteridae e Molossidae, e que constituem 40% da fauna de mamíferos terrestres existente no país (Rebelo & Rainho, 2003), os morcegos constituem assim um grupo muito vulnerável (Bicho, 1994). Certas características biológicas dos morcegos, como o facto de só terem uma cria por ano, uma maturação sexual tardia e uma grande longevidade, tornam-nos muito vulneráveis e susceptíveis a ameaças de vários tipos. A destruição dos abrigos e a perturbação de morcegos cavernícolas nos seus abrigos têm sido apontadas como dos principais factores de ameaça responsáveis pelo declínio de algumas populações de morcegos. A destruição de biótipos de alimentação e a utilização exagerada de pesticidas nestes, principalmente durante as épocas de criação constituem igualmente importantes factores de ameaça a ter em conta. A conjugação destes factores conduz a que 9 espécies sejam consideradas "Em Perigo" pelo Livro Vermelho dos Vertebrados Terrestres de Portugal. As espécies deste grupo estão também protegidas por lei (Convenção de Berna, Convenção de Bona, Directiva Habitats e Acordo para a Conservação dos Morcegos na Europa), o que demonstra a responsabilidade que nos cabe na preservação deste grupo a nível nacional e internacional. Também os seus abrigos e áreas de dependência (e.g. áreas de alimentação) estão protegidos ao abrigo da Directiva Habitats (Rebelo & Rainho, 2003).Por estes motivos é necessária uma identificação e avaliação dos abrigos na área.O estudo deverá ter os seguintes objectivos:

• Obtenção de uma lista de espécies de morcegos existentes na área de influencia da barragem;

• Localização dos abrigos utilizados pelos morcegos na área e nas suas imediações;

• Determinação dos biótipos de alimentação preferenciais dos morcegos presentes na área;

• Determinação de medidas de mitigação que promovam a conservação dos morcegos na área, (Lourenço, 2000).

ÁreaO rio Tua é um afluente da margem direita do rio Douro que resulta da junção de outros dois rio, o Tuela e o Rabaçal. A bacia do Tua apresenta uma total de 3822.0 km2 (PNBEPH - Memoria, 2007). No que concerne à presença de espécies com estatuto de conservação nacional elevado, foi confirmada a presença de Bordalo (Squalius alburnoides) e Verdemã do Norte (Cobitis calderoni), sendo ainda potencial a presença de Panjorca (Chondrostoma arcasií). Entre as espécies insuficientemente cobertas pela Rede Natura 2000 foi apenas confirmada a presença da planta Holcus setiglumis duriensis, um endemismo ibérico, e provável a ocorrência do Lobo (Canis lupus signatus) (PNBEPH - Anexo 1, 2007).

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Fig 1: 1-Chondrostoma arcasií, 2- Squalius alburnoides, 3- Cobitis calderoni

A área de albufeira está situada na unidade paisagística do Douro Vinhateiro, marcada pela forte influência humana associada aos socalcos, à vinha e a produção de vinho. É uma paisagem única e singular que, pelo seu valor, foi incluída na lista de Património da Humanidade da UNESCO. No total do coberto vegetal da área de albufeira, 18,6% são agricultura com espaços naturais, 11,7% vinhas, 20,5% olivais e 13,6% florestas mistas.

Quadro 1 – Ocupação do Solo na Área de Albufeira

Ocupação do Solo na Área de AlbufeiraÁrea

(ha) (%)

Agricultura com espaços naturais 214,03 18,6

Culturas anuais associadas às culturas permanentes 54,32 4,8

Espaços de actividades industriais, comerciais e de equipamentos gerais

0,32 0,03

Espaços Florestais degradados, cortes e novas plantações 136,68 11,9

Florestas de folhosas 56,55 4,9

Florestas de resinosas 9,3 0,8

Florestas mistas 156,79 13,6

Linhas de água 22,04 1,9

Matos 52,66 4,6

Olivais 235,5 20,5

Pastagens naturais 25,44 2,2

Sistemas agro-florestais 48,1 4,2

Vinhas 135,11 11,7

Áreas ardidas 4,07 0,4

Total 1151,4 100Fonte: PNBEPH - Anexo 1, 2007

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Fig 2: Vale do rio Tua

Fig 3: Rio Tua

Apesar de o empreendimento não apresentar sobreposição com qualquer área classificada (PNBEPH - Anexo 1, 2007) é importante realçar a presença da linha ferroviária do Tua, que liga a estação do Tua à estação de Bragança, numa distância total de 133,8 km. A história da linha remota a 1878, quando foram apresentados dois projectos distintos para a construção de uma via-férrea no Vale do Tua, um pela margem direita e outro pela margem esquerda, sendo este último o que viria a ganhar a corrida pelas mãos do engenheiro António Pinheiro. Durante a sua construção em apenas 10 km, a partir da estação do Tua, foram necessários criar cinco túneis (Presas, Tralhariz, Fragas Más I e II e Falcoeira) (Wikipédia, 2008). Estes serão objectos de estudo por se apresentarem como atractivos abrigos para morcegos arborícolas e possivelmente para morcegos cavernícolas, tanto para alimentação como durante a época de criação ou de hibernação, embora se admita que qualquer espécie de morcego ocorrente em território nacional não está estritamente dependentes de linhas de água (PNBEPH - Memoria, 2007).

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Fig 4: Rio Tua e Túneis de Presas, Tralhariz, Fragas Más I e II e Falcoeira, de jusante para montante respectivamente.

Metodologia

1 - Prospecção de abrigosA inventariação de abrigos na área de influencia da barragem deverá ser efectuada através da pesquisa de locais que, pelas suas característica, pudessem ser potenciais abrigos de morcegos (Pereira, 2000). Sendo que neste caso, os túneis da linha ferroviária apresentam-se como bons locais de abrigo por serem escuros e pouco perturbados. Contudo, é de realçar que recorrendo a esta metodologia, a probabilidade de se encontra abrigos de espécies cavernícolas é bastante superior à de encontrar espécies arborícolas, visto estás abrigarem-se no interior de troncos de árvores o que torna extremamente difícil localizar o seu abrigo (Pereira, 2000).É de salientar que as observações realizadas no interior dos abrigos podem apresentar algumas limitações (Rodrigues et al., 2003):

(1) Irregularidade na utilização dos abrigos em anos diferentes - apesar da maioria das espécies ter tendência para utilizar os mesmos abrigos de hibernação e criação de ano para ano, há numerosas excepções. A ausência de indivíduos num abrigo que está geralmente ocupado pode ser causada por uma alteração circunstancial na ocupação do abrigo e não por um declínio da população.

(2) Movimentos entre abrigos dentro das épocas de criação e hibernação - num programa de monitorização tem de se assumir que o número de morcegos dentro de cada uma destas épocas permanece aproximadamente constante. No entanto, há evidência de que, especialmente durante o período de hibernação e sobretudo em anos pouco frios, podem ocorrer movimentos entre abrigos. A mudança de abrigos pode também ter origem na perturbação do abrigo em dias anteriores à visita.

(3) Alterações na localização das colónias dentro do sistema de grutas - em abrigos de grandes dimensões, os morcegos podem ocupar locais diferentes em anos consecutivos. Este facto pode conduzir a uma subestimativa do número de morcegos presentes, sobretudo em situações em que algumas zonas do abrigo sejam de difícil acesso.

(4) Pequena precisão de algumas contagens – as contagens directas podem por vezes ser pouco precisas (particularmente quando os animais estão muito dispersos, muito altos ou muito activos).

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É necessária ter em conta que estudos durante o Inverno (época de hibernação) implica uma incompleta classificação dos abrigos e determinação do biótipo de alimentação. No entanto os abrigos que apresentem claros indícios de importância para os morcegos noutras épocas do ano serão, obviamente, revisitados (Pereira, 2000).Durante a prospecção do túnel no inverno deverá trabalhar-se com o mais cuidado e silêncio possível visto que um distúrbio neste período poderá ser fatal para toda a colónia, pois uma perturbação dos indivíduos leva ao consumo da energia acumulada durante o seu período de actividade, energia essa necessária para a sua subsistência durante a hibernação (Bicho, 1994).Por tal motivo, sempre que detectados morcegos, mesmo em época de cria, deve ser feito o registo fotográfico o mais rapidamente possível. O registo fotográfico permite a identificação e contagem dos indivíduos em colónia, no caso de colónias muito grandes deve proceder-se a estimativa do efectivo sobrepondo uma grelha de acetato e determinando o numero médio de indivíduos presentes numa quadricula da grelha (Rodrigues et al., 2003).

Fig 5: Túnel de Tralhariz

Fig 6: Prospecção de Fissuras nos Túneis

2 - CapturasComplementando a pesquisa de abrigos, deverão ser colocadas redes Japonesas para captura de morcegos em curso de água e durante o seu período de alimentação. As redes colocadas deverão estar transversalmente, seccionado o leito do rio, de modo a que os morcego aos se deslocarem ao longo deste não as detectem e fiquem presos. Os cursos de água escolhidos devem obedecer a uma serie de característica tais como: águas calmas, formando um espelho de água; largura cerca de 10-15 cm, de modo a que a rede atinja as duas margens, sem vegetação muito densa sobre o leito; pouco profundos, facilitando a movimentação no rio de modo a permitir que os indivíduos sejam retirados das redes rapidamente, diminuindo a perturbação a que estão sujeitos (Bicho, 1994). De cada animal capturado deverá ser registado o seu peso (em g), o comprimento dos antebraços e do seu corpo (em mm) e

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determinado o seu sexo, para uma correcta identificação da espécie. É também importante registar a hora e local de captura para definição de micro-habitats. Nos morcegos capturados poderão ainda ser colocados colares coloridos , no antebraço, com a finalidade de amostrar a abundância e uso do espaço (Pathek et al., 2007).

Fig 7: Colares para antebraço dos morcegos

3 – Determinação do Biótipo de AlimentaçãoPara a determinação o biótipo de alimentação devem ser estabelecidas estações de amostragem na linha. Cada estação deve englobar os biótopo mais representativos da área, que devem ser amostrados periodicamente durante as primeiras 3 horas após o ocaso do sol. A amostragem deve consistir na realização de percursos nos quais as espécies serão localizadas com o auxilio de um detector de ultra-sons. O facto dos morcegos emitirem pulsos de forma continua, para se orientarem e capturarem presas durante a noite, permite a sua detecção com relativa facilidade, através desta metodologia (Loureço, 2000). A utilização do detector baseia-se na capacidade de ecolocação. Os morcegos emitem ondas de alta frequências através das vibrações das cordas vocais criando impulsos sonoros que são emitidos através da boca ou estruturas nasal. Quando as ondas interceptam um objecto, criam ecos que são detectados pelas orelhas dos morcegos. Considerando que, na maior parte dos casos as frequências principal dos pulsos é característica da espécie, é possível a sua identificação. Nos transectos deveram ser contados bat-passes e feedind buzzes, a contagem do numero de bat-passes permite calcular o índice de actividade (Pereira, 2000). Este método passivo é vantajoso pois não causa qualquer stress ou lesão aos animais detectados (Pereira, 2000).

4 - Variáveis ambientaisDe acordo com os seus hábitos alimentares e preferências de abrigos, os morcegos podem ser encontrados em diferentes micro-habitats, que são as divisões de habitat que possuem condições de temperatura, humidade, vegetação, alimento entre outras característica óptimas (Pathek et al., 2007).Por exemplo, a temperatura é um factor importante para o morcego, podendo ser limitante em algumas espécies (Lourenço & Palmeirim, 2003) ao adquirimos estas informações, poderemos traçar numa relação entre as necessidade ecológicas da espécie e as condições dos abrigos.Estas variáveis devem ser medidas dentro dos túneis, preferencialmente nos 5 primeiros e últimos metros do túnel e no seu centro.

Fig 8: Medição das variáveis ambientais nos primeiros 5 metros do túnel em prospecção.

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5 - Variáveis físicasA infraestrutura que serve de abrigo aos morcegos deve também ser alvo de uma análise. No caso dos túneis, devem ser registadas as suas dimensões, podendo estás estar relacionadas com as preferências dos morcegos, por exemplo, na saída de campo efectuada no dia 7 de Novembro de 2008 pelo Laboratório de Ecologia Aplicada da Universidade de Trás – os – Montes e Alto Douro ao Vale do rio Tua, foi possível determinar que existia uma maior procura por parte dos morcegos nos túneis mais compridos. Este dado pode estar relacionado com intensidade de luz incidente no interior do túnel, pelo que se deverá também registar a mesma.

6- IndíciosA identificação das suas fezes (Guano) é também extremamente importante. A sua identificação no local é um indicio de que o local é frequentado por morcegos. As fezes devem ser colectadas e levadas para laboratório para análise. Analisadas as fezes é possível determinar a alimentação do morcego e assim o seu biótipo de alimentação (Pathek et al., 2007).

Limitações da metodologiaQuando usado o método de captura, por vezes a taxa de captura de morcegos nas redes é reduzida, devido ao complexo sistema de ecolocação deste animal que lhes, permite muitas vezes, detectar e evitar a rede (Pereira, 2000). Ao mesmo tempo as técnicas de capturas são inviabilizadas na época de hibernação. No que toca ao uso de detectores, existem espécies que não são facilmente localizadas com o detector de ultra sons, como é o caso das espécies que emitem a frequências altas ou a baixas. Por outro lado, outra dificuldade reside no facto de algumas espécies emitirem ultra-sons muitos semelhantes tornando difícil a sua distinção (Lourenço, 2000). A própria estrutura do túnel, poderá originar ecos inviabilizando está técnica.

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Relação com outros projectos e resultados previstos.

A proposta de construção a uma cota de 195 metros apresentada pela EDP, tem gerado alguma polémica. Após algumas reuniões a cota de 170 metros parece ser a mais consensual entre os autarcas dos concelhos envolvidos (Murça, Alijó, Mirandela, Vila Flor e Carrazeda de Ansiães) por representar o alagamento de menor área agrícola (vinha e olival), bem como alguns acessos rodoviários, no entanto por analogia com o Relatório Final de Acções de Conservação de Morcegos na área de Regolfo de Alqueva + Pedrogão, realizado pelo ICN em Dezembro de 2003, independentemente da cota, as diferentes fases de implementação do projecto do Foz Tua irão originar diferentes impactos negativos sobre os morcegos. Quer ao nível dos abrigos, independentemente das suas característica, quer na diminuição da diversidade de habitats pela destruição da área florestal e habitats ribeirinhos à conversão de toda área num sistema lêntico. Os túneis da linha férrea do Tua, atractivos abrigos ficarão submersos, independentemente da cota que seja definida para construção. É necessário ter também em conta que a destruição das galerias ripícolas, bem como de outras estruturas arbóreas, em bordaduras de caminhos e em parcelas agrícolas, poderão resultar na alteração da composição e abundância da comunidade de insectos. A submersão destruirá as Termas de Caldas do Carlão, bem como, uma área bastante produtiva de olival e vinha, sendo irreversíveis as perdas para o ecossistemas da região (PNBEPH - Anexo 1, 2007). Se a albufeira for construída a uma cota de 190, a área inundada será de 7,6 km2 e a capacidade de albufeira será de 216hm com produção de 310 Gwh/ano num caudal de equipamento de 220 m3/8. A redução de cota para 170 reduzirá para 20km, dos 35 km para uma cota de 190, a área de linha férrea inundada mas a potência a instalar e a energia produzida pelo aproveitamento serão inferiores (PNBEPH - Memoria, 2007). Em termos de riscos incidentes avaliou-se para Foz Tua, um risco elevado de poluição acidental, que pode colocar em perigo o uso da água da albufeira, tal como se prevê ainda a possibilidade de eutrofização na albufeira, uma vez que a respectiva bacia hidrográfica tem uma ocupação bastante expressiva em área agrícola (54,7%) (PNBEPH - Anexo 1, 2007).

Fig 9: Cota de construção em discussão e Cota do Túnel das Presas.

Segundo fontes do LEA (Laboratório de Ecologia Aplicada) as espécies de morcegos que utilizam estes túneis são respectivamente, Myotis nattereri, Nyctalus leisleri e Miniopterus schreibersii.Os Myotis nattereri (Kuhl, 1817) e Nyctalus leisleri (Kuhl, 1817), morcego-de-franja e morcego- arborícola-pequeno respectivamente, pertencem a família Vespertilionidae. São ambos residente, sendo que a informação sobre o morcego-arborícola-pequeno é insuficiente para determinar o seu grau de ameaça. No entanto o morcego-de-franja encontra-se classificado no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal como espécie vulnerável. A mesma categoria de ameaça é atribuída pelo Livro ao Miniopterus schreibersii (Kuhl, 1817), morcego-de-peluche, da família Miniopteridae.Ambas as populações destes dois morcegos vulneráveis serão influenciadas negativamente pela construção da barragem. Visto o morcego-de-franja caçar nas margens de zonas florestadas próximas de áreas com vegetação herbácea a destruição por submersão irá ter um impacte negativo sobre a sua população (Arlettaz 1996,

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Swift 1997 cit in. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2006). O mesmo acontece com o morcego-de-peluche exclusivamente cavernícolas e que raramente utiliza outros abrigos (Palmeirim et al., 1999 cit in. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2006).

Fig 10 : Myotis nattereri, Nyctalus leisleri e Miniopterus schreibersii respectivamente.

Medidas de conservação

Recomenda-se protecção legal dos túneis e de toda a linha ferroviária e o encerramento das suas entradas nas épocas críticas do ano. É ainda necessária uma gestão do habitat nas áreas envolventes, com uma correcta gestão das zonas florestais de folhosas através da conservação de árvores antigas e dos seus principais abrigos.Devido a falta de informação sobre o morcego-de-peluche e à presença deste na área é extremamente importante acções de investigação para melhorar o conhecimento da distribuição, do efectivo e das tendências populacionais, tal como a continuação do programas de monitorização das populações para as outras duas espécies encontradas.Existe ainda a possibilidade de instalação de caixas de abrigos em áreas de bom habitat que não disponham de árvores com cavidades para as espécies arborícolas.

Referências

AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE, 2008. Avaliação de Impacte Ambiental. Consultada a 19 de Novembro de 2008. Acesso: http://www.iambiente.pt/IPAMB_DPP/

BICHO, M. 1994. Inventariação de Morcegos em Áreas Protegidas: Parque Natural do Alvão, Parque Natural de Montesinho. Instituto da Conservação da Natureza. Consultada a 20 de Novembro de 2008. Acesso: http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/O+ICNB/Estudos+e+Projectos/Morcegos2.htm?res=1280x800

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Fontes das Figuras

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Cobitis calderoni - Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade. Portal ICNB. Acesso: http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/CB478D55-FC7C-4EE2-AEFC-84B423307566/3111/LVVP_Peixes_Cobitiscalderoni.pdf

Fig 2, 3, 5, 6 e 8: Irina Castro, Saída de Campo do LEA ao Vale do Rio Tua.

Fig 4 e 9: Google Earth

Fig 7: ESBÉRDAD, C. & DAEMON, C. Um Novo Método para Marcação de Morcegos. Consultada a 23 de Novembro de 2008. Acesso: http://www.geocities.com/RainForest/Wetlands/4178/um_novo_metodo_para_marcacao_de_.htm

Fig 10: Myotis nattereri – A. Raínho. ICN. Acesso: http://darwin.icn.pt/sipnat/wgetent?userid=sipnat&type=ecran3&codigo=98.006.006.001.011 Nyctalus leisleri - NaturePhoto. Acesso: http://www.naturephoto-cz.eu/nyctalus-leisleri-picture-3029.html

Miniopterus schreibersii – The Henipavirus Ecology Collaborative Research GroupAcesso: http://www.henipavirus.org/virus_and_host_info/bats/images/miniopterus_schreibersii_2.jpg

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