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PROGRAMA DO FUNDO DE APOIO À MANUTENÇÃO E AO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR FUMDES Avaliação da qualidade da água para consumo humano no município de Guarujá do Sul - SC e suas implicações para a estratégia saúde da Família. Clédina de Oliveira 1 , Eduardo Ottobelli Chielle 2 1 Aluna do Curso de Pós Graduação em Saúde Coletiva: Estratégia Saúde da Família da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), São José do Cedro, SC, Brasil. 2 Professor do Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), Laboratório de Bioquímica Clínica, São Miguel do Oeste, SC, Brasil. Autor correspondente Eduardo Ottobelli Chielle Bairro Agostini, 211, São Miguel do Oeste SC 89.000-000 (49) 3631 1072

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Avaliação da qualidade da água para consumo humano no município

de Guarujá do Sul - SC e suas implicações para a estratégia saúde da

Família.

Clédina de Oliveira1, Eduardo Ottobelli Chielle2

1 Aluna do Curso de Pós Graduação em Saúde Coletiva: Estratégia Saúde da Família da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), São José do Cedro, SC, Brasil.

2 Professor do Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), Laboratório de Bioquímica Clínica, São Miguel do Oeste, SC, Brasil.

Autor correspondente

Eduardo Ottobelli Chielle

Bairro Agostini, 211, São Miguel do Oeste – SC 89.000-000

(49) 3631 1072

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RESUMO

Introdução: Um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo é a

contaminação bacteriológica da água que é motivo da causa de diversas doenças na

população o que gera enormes gastos aos cofres públicos. O presente estudo teve

como objetivo avaliar a qualidade da água para consumo humano no município de

Guarujá do Sul - SC, Brasil.

Materiais e Métodos: Foi realizada uma análise através de dados mensais do

programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, um total de

94 amostras de água in natura foram avaliadas no período de março de 2014 a

fevereiro de 2015, sendo 33 amostras Sistema de Abastecimento Coletivo (SAC) e

61 amostras Sistema de Abastecimento Individual (SAI). As amostras foram

coletados aleatoriamente e envidas ao laboratório central de saúde pública –

LACEN. Os laudos foram analisados quanto aos parâmetros microbiológicos e

físico- químicos, comparando-os com os parâmetros preconizados pela portaria n°

2.914/2011 do Ministério da Saúde.

Resultados: Das 94 amostras avaliadas, 62 (65,96%) são impróprias para o

consumo humano. Destas, 18 amostras (54,54%) dos SAC e 45 amostras (73,77%)

dos SAl apresentaram contaminação bacteriológica. Quanto ao padrão físico

químico, 10 amostras (16,39%) dos SAl apresentaram amostras insatisfatórias. A

presença de Escherichia coli e turbidez foram às alterações da qualidade da água

para consumo humano avaliadas.

Conclusão: Os resultados indicam uma expressiva contaminação da água para

consumo humano no município de Guarujá do Sul, o que pode contribuir para o

desenvolvimento de doenças. Os resultados são preocupantes e podem ser usadas

para justificar a necessidade de investimentos na melhoria dos sistemas de

abastecimento de água existes ou na implantação de novos visando o fornecimento

de água potável para toda a população.

Palavras-chave: Água, Escherichia Coli, Turbidez, Saúde Pública.

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ABSTRACT

Introduction: One of the biggest public health problems around the world is the

bacteriological contamination of water which is why the cause of various diseases in

the population which generates huge costs to public coffers. This study aimed to

evaluate the quality of drinking water in the city Guarujá do Sul - SC, Brazil.

Materials and Methods: An analysis through monthly data Water Quality Monitoring

program for Human Consumption was performed a total of 94 water samples in

natura from March 2014 to February 2015 were analyzed, 33 samples System

Collective Supply (SAC) and 61 Samples Single Supply (SSS). The samples were

collected randomly and sent to the central laboratory of public health - LACEN. The

reports were analyzed for microbiological parameters and physico-chemical,

comparing them with the parameters recommended by the decree n ° 2914/2011 of

the Ministry of Health.

Results: Of the 94 samples evaluated, 62 (65.96%) are unfit for human

consumption. Of these, 18 samples (54.54%) of the SAC and 45 samples (73.77%)

of the SAL showed bacteriological contamination. As for the chemical physical

standard, 10 samples (16.39%) of the SAL presented unsatisfactory samples. The

presence of Escherichia coli and the turbidity changes were measured water quality

for human consumption.

Conclusion: The results indicate a significant contamination of drinking water in the

city Guarujá do Sul, which may contribute to the development of diseases. The

results are worrying and can be used to justify the need for investments in improving

exist water supply systems or the implementation of new order to supply drinking

water for the entire population.

Keywords: Water, Escherichia coli, turbidity, Public Health.

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1. INTRODUÇÃO

A água doce utilizada para consumo humano é um bem natural renovável,

apresentando variações de volume em decorrência das mudanças climáticas, pois

está armazenada em reservatórios superficiais e subterrâneos e nas áreas glaciais

(AUGUSTO et al., 2012). Ainda que a água seja uma substância abundante, apenas

2,7% da água disponível no planeta é água doce, sendo que, do total da água doce

disponível quase 70% encontram-se na forma de gelo, aproximadamente 30% em

águas subterrâneas e 0,3% em mananciais superficiais. (GARCIA, 2013).

A água doce potável não está disponível igualmente para todas as pessoas

(ROHDEN et al., 2009). Atualmente a água doce está distribuída de forma desigual

tanto entre os tipos de mananciais, como entre as regiões e intrarregionalmente

(AUGUSTO et al., 2012).

O acesso à água potável é uma necessidade básica e essencial para o bem

estar da população. Atualmente, muitos países estão enfrentando sérios problemas

quanto à disponibilidade de água, tendo até que importar água para consumo

humano, ficando assim esse um recurso cada vez mais disputado (MAZEPA, 2012).

O Brasil apresenta 12% da água doce potável do Planeta (AUGUSTO et al.,

2012), no entanto, esse recurso natural renovável tem sido contaminado em várias

regiões do País, em função dos processos desenfreados de urbanização e

industrialização e de produção agrícola (MAZEPA, 2012).

Há muitos anos, o uso de fontes de água subterrâneas rasas para consumo

humano é uma prática comum de muitas comunidades de baixa renda em vários

países (BRIÑEZ et al., 2012), podendo ser um dos maiores problemas de saúde

pública em todo o mundo decorrente da contaminação bacteriológica desta água

(SCAPIN et al., 2012).

Diante de tantas formas de contaminação, a vigilância da qualidade da água

consiste no conjunto de ações adotadas continuamente pelas autoridades de saúde

pública para garantir que a água consumida pela população atenda aos padrões e

normas estabelecidos na legislação vigente e para avaliar os riscos que a água de

consumo representa para a saúde humana. Deve ser uma atividade rotineira

preventiva de ação sobre os sistemas públicos e soluções alternativas de

abastecimento de água, a fim de garantir o conhecimento da situação da água,

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resultando na redução das possibilidades de enfermidades transmitidas pela água

utilizada para consumo humano (BEVILACQUA et al., 2014).

Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) conforma-se no Brasil

uma nova proposta do fazer saúde, que articula ações de promoção, prevenção,

recuperação e reabilitação (BEVILACQUA et al., 2014). Neste contexto, a Vigilância

em Saúde Ambiental configura-se como um conjunto de ações que proporcionam o

conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e

condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, recomendando

medidas de prevenção e controle dos fatores de risco e das doenças ou agravos

relacionados à variável ambiental (QUEIROZ et al., 2012).

A incorporação da vigilância em saúde ambiental no campo das políticas

públicas de saúde é uma demanda relativamente recente no País e engloba a

criação do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à

Qualidade da Água para Consumo Humano, no qual se desenvolveu o Programa

Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (QUEIROZ et

al., 2012).

O Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano

(VIGIAGUA) monitora e avalia possíveis riscos à saúde humana advindos do

consumo de água fornecida pelos Sistemas de Abastecimento de Água (SAA),

Soluções Alternativas Coletivas (SAC) e Soluções Alternativas Individuais (SAI),

utilizando os padrões de potabilidade vigentes preconizados pela Portaria 2914/2011

do Ministério da Saúde. Considera-se SAC modalidade de abastecimento coletivo

destinado a fornecer água potável com captação subterrânea ou superficial, com ou

sem canalização e sem rede de distribuição (BRASIL, 2011). Considera-se SAI

modalidade de abastecimento de água para consumo humano que atenda a

domicílios residenciais com uma única família, incluindo seus agregados familiares

(BRASIL, 2011).

Todo ser humano tem direito de consumir água potável, e sabe-se que água

contaminada geram grandes problemas para a saúde pública. Neste contexto, o

presente estudo tem como objetivo avaliar a qualidade da água para consumo

humano no município de Guarujá do Sul-SC, através do programa de Vigilância da

Qualidade da Água para Consumo Humano – VIGIAGUA, visto que são realizados

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análises mensais, porém um estudo e interpretação aprofundado do tema se faz

necessário.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram avaliadas um total de 94 amostras de água in natura no período de

março de 2014 a fevereiro de 2015 divididas em duas formas de abastecimento,

sendo 33 amostras sistema de abastecimento coletivo e 61 amostras sistema de

abastecimento individual no município de Guarujá do Sul, Estado de Santa Catarina,

Brasil.

As amostras foram coletados aleatoriamente pela vigilância sanitária

municipal para cumprimento dos requisitos do Programa de Vigilância da Qualidade

da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) e envidas ao laboratório central de

saúde pública – LACEN para análise.

Os laudos foram analisados quanto aos parâmetros microbiológicos e físico-

químicos, comparando-os com os parâmetros preconizados pela portaria n°

2.914/2011 do Ministério da Saúde.

Quanto aos parâmetro microbiológicos foram avaliados quanto à presença ou

ausência de Escherichia coli classificando a amostra em satisfatória ou insatisfatória.

Considerou-se padrão satisfatório ausência de E. coli em 100 ml de água.

Quanto aos parâmetros físico-químicos foram avaliados a turbidez,

classificando a amostra em satisfatória ou insatisfatória. Considerou-se parâmetro

satisfatório de turbidez as amostras que apresentam valor máximo permitido (VMP)

até 5 UT (unidade de turbidez).

3. RESULTADOS

Os resultados demonstraram que das 94 amostras avaliadas, 62 (65,96%)

são impróprias para o consumo humano conforme os padrões bacteriológicos e

físico-químicos estabelecidos pela portaria 2914/2011.

O gráfico 1 representa as amostras insatisfatórias quanto à presença de E.

coli por tipo de sistema de abastecimento representando uma contaminação

bacteriológica quanto ao parâmetro avaliado em 18 amostras (54,54%) dos

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Sistemas de Abastecimento Coletivo e 45 amostras (73,77%) dos Sistemas de

Abastecimento Individual.

Gráfico 1- Amostras insatisfatórias quanto à presença ou ausência de E.coli por

tipo de sistema de abastecimento.

Os resultados são expressos em numeral. A classificação satisfatória ou insatisfatória foi baseada na portaria nº 2914/2011 do Ministério da Saúde.

O gráfico 2 representa as amostras insatisfatórias quanto à Unidade de

Turbidez (VMP> 5UT) por tipo de sistema de abastecimento representando uma

alteração físico-química quanto ao parâmetro avaliado em 10 amostras (16,39%)

dos Sistemas de Abastecimento Individual. 100% das amostras de SAC

apresentaram padrão satisfatório (VMP ≤ 5UT).

1516

18

45

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

SAC SAI

Satisfatório

Insatisfatório

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Gráfico 2 - Amostras insatisfatórias quanto à Unidade de Turbidez (VMP> 5UT) por tipo de sistema de abastecimento

Os resultados são expressos em numeral. A classificação satisfatória ou insatisfatória foi baseada na portaria nº 2914/2011 do Ministério da Saúde.

4. DISCUSSÕES

Neste estudo observou-se uma contaminação expressiva da água utilizada

para consumo humano no município de Guarujá do Sul, Estado de Santa Catarina,

Brasil. Das 94 amostras analisadas 65,66% são impróprias para o consumo

humano. Estes dados condizem com outros estudos realizados na região do

extremo oeste de Santa Catarina. Estudos anteriores de Rohden et al. (2009),

observaram em 2005, 54,7% das amostras avaliadas estavam impróprias para

consumo humano e, em 2006, esse percentual foi de 56,7%, e o realizado por

Malheiros et al. (2009), demonstraram que 75,94% das amostras de águas

subterrâneas provenientes de diversas propriedades rurais dessa mesma região

33

51

0

10

0

10

20

30

40

50

60

SAC SAI

Satisfatório

Insatisfatório

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estavam impróprias para o consumo humano. Pittol, (2010) relatou em seu estudo

que 94,2% das amostras estavam impróprias para o consumo e, Scapin et al.,

(2012) relataram que 64,1% estavam impróprias nesta mesma região.

Na região do Extremo Oeste de Santa Catarina, poços comunitários e

particulares são muito utilizados como fonte principal de captação de água, dita

potável (ROHDEN et al., 2009). Desse modo, avaliar a qualidade microbiológica da

água para o consumo humano nessa região é extremamente importante, pois a

maioria da população não realiza análises da água que consome, por acreditar que

água de poço ou fonte é saudável, pois na maioria das vezes avaliam a água pela

cor e odor. Neste estudo as alterações de turbidez representaram 16,39% do total

das amostras analisadas, demonstrando que a contaminação bacteriológica muitas

vezes não altera as características físico-químicas da água.

A presente pesquisa demonstrou que 54,54% dos Sistemas de

Abastecimento Coletivo e 73,77% dos Sistemas de Abastecimento Individual

apresentaram contaminação bacteriológica por E. coli. Essa contaminação tornou-se

um grande problema para saúde pública, uma vez que a ingestão de água

contaminada pode causar diversas doenças. (PITTOL, 2010).

Desde o desenvolvimento da agricultura, o homem deixou de ser nômade e

passou a ser sedentário, assentando-se nas margens de rios e lagos, e desde esta

época o ser humano começou a sofrer grandes epidemias causadas pelas suas

próprias bactérias intestinais (GARCIA, 2013). Séculos se passaram e as doenças

de veiculação hídrica continuam acontecendo porque as pessoas consomem água

com um padrão de potabilidade insatisfatório. Essa contaminação pode ser atribuída

a diversos fatores, destacando a pouca disponibilidade de água, a baixa qualidade

das fontes, a inadequada deposição de resíduos humanos, animais e domésticos, a

falta de saneamento e de proteção das fontes e as práticas de higiene pessoal

inadequada como os principais fatores responsáveis pela má qualidade da água em

propriedades rurais (AMARAL et al., 2003).

A ausência de serviços de saneamento tem provocado precárias condições

de saúde para uma parte significativa da população brasileira, que sofre com a

incidência de doenças, especialmente as de veiculação hídrica (ARAÚJO et. al.;

2011). As principais doenças de veiculação hídrica, que penetram no organismo via

oral são a disenteria amebiana, disenteria bacilar, gastrenterite, giardíase, hepatite

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infecciosa, leptospirose, paralisia infantil, salmoneloses, cólera, febre tifoide e

paratifoide (PITTOL, 2010).

A Estratégia Saúde da Família é a porta de entrada da saúde pública, onde os

problemas relacionados com qualidade da água consumida se refletem no dia-a-dia.

Os resultados deste estudo subsidiarão a compreensão dos determinantes e

condicionantes de saúde da população atendidas pelas equipes de saúde da família,

devendo ser analisados conjuntamente com a prevalência de doenças de

transmissão hídrica. Sendo uma das responsabilidades da ESF orientar uma vez

que grande parte da população não filtra e nem ferve a água utilizada para consumo.

A prevenção de doenças continua sendo a forma mais barata de tratar de

saúde. Os organismos de saúde mostram que se forem aplicados R$ 1,00 (um real)

no saneamento básico, a medicina curativa obterá uma economia de R$ 4,00

(quatro reais), além da economia que se adquire com o trabalhador em plena

atividade, ao invés de ficar confinado a um leito de hospital (BRASIL, 2007).

Este trabalho demonstra a necessidade e a importância das autoridades

investir em ações que visem recuperar e preservar as fontes de águas superficiais e

manter o padrão de qualidade das águas para consumo humano. Uma vez que,

investindo na qualidade da água está sendo investido em prevenção e promoção da

saúde.

5. CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou resultados expressivos quanto à

contaminação hídrica no município de Guarujá do Sul - SC. A contaminação

microbiológica e física da água desta cidade são fatores de saúde pública

preocupantes, pois a água desses sistemas de abastecimento é utilizada para

consumo humano, e tal contaminação na maioria dos casos analisados está

imprópria para o consumo humano. Este fator pode contribuir para o surgimento de

doenças, bem como gastos com dinheiro público que poderiam ser evitados caso a

população tivesse acesso a uma água de melhor qualidade. Com a antiga

concepção de que água boa é aquela insípida, incolor e inodora, muitas pessoas

acabam consumindo água contaminada, o que já foi comprovado por diversas

pesquisas realizadas na região extremo oeste.

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Neste contexto os órgãos públicos responsáveis podem utilizar os resultados

dessa e de outras pesquisas realizadas na região extremo oeste para justificar o

investimento na melhoria dos sistemas de abastecimento hídrico visando o

fornecimento de água potável para a população.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Secretaria Municipal de Saúde, especialmente os

funcionários da Vigilância Sanitária do Município de Guarujá do Sul – SC.

7. CONFLITO DE INTERESSE

Não há conflito de interesse

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