AVALIAÇÃO DA SIMETRIA NA DESCARGA DE PESO EM...

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Universidade São Francisco Curso de Fisioterapia ANNA CAROLINA MARCHELLI DE ASSIS JEISIANNY DO VALE CARVALHO AVALIAÇÃO DA SIMETRIA NA DESCARGA DE PESO EM MEMBROS INFERIORES EM PACIENTES COM HEMIPARESIA Bragança Paulista 2012

Transcript of AVALIAÇÃO DA SIMETRIA NA DESCARGA DE PESO EM...

Universidade São Francisco

Curso de Fisioterapia

ANNA CAROLINA MARCHELLI DE ASSIS

JEISIANNY DO VALE CARVALHO

AVALIAÇÃO DA SIMETRIA NA DESCARGA DE PESO

EM MEMBROS INFERIORES EM PACIENTES COM

HEMIPARESIA

Bragança Paulista 2012

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ANNA CAROLINA MARCHELLI DE ASSIS RA.:001200900160

JEISIANNY DO VALE CARVALHO RA.:001200900061

AVALIAÇÃO DA SIMETRIA NA DESCARGA DE PESO

EM MEMBROS INFERIORES EM PACIENTES COM

HEMIPARESIA

Bragança Paulista 2012

Monografia apresentada ao curso de

Fisioterapia da Universidade São Francisco,

com requisito parcial para obtenção do título

de Bacharel em Fisioterapia, sob orientação

da Profa. Gianna C. Cannonieri Nonose.

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ASSIS, Anna Carolina Marchelli; CARVALHO, Jeisianny Vale. AVALIAÇÃO DA

SIMETRIA NA DESCARGA DE PESO EM MEMBROS INFERIORES EM

PACIENTES COM HEMIPARESIA. Trabalho de Conclusão de Curso do curso de

Fisioterapia, da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, SP, 2012.

Banca examinadora:

_______________________________________

Profa. Ms. Gianna Cannonieri Nonose (Orientadora Temática)

Universidade São Francisco

_______________________________________

Profa. Dra. Rosimeire Simprini Padula (Orientadora Metodológica)

Universidade São Francisco

_______________________________________

Profa. Ms. Manuela Amaral Mucci Casanova (Professora convidada)

Universidade São Francisco

4

À minha mãe Bete, meu pai Marcos e meu irmão Ítalo, inspiração de toda minha caminhada

e aos meus familiares e amigos.

Anna Carolina Marchelli de Assis

À minha mãe Carmosina, meu pai José, meu irmão Jhonatas, meu noivo Erik, pessoas essenciais para minha vida,

e a todos meus familiares e amigos.

Jeisianny do Vale Carvalho

5

AGRADECIMENTOS

Agradecemos em primeiro lugar ao Senhor e Deus de nossas vidas, que nos

tem abençoado com seu infinito amor, ao dono de toda sabedoria, que tem nos

sustentado ao logo desse período de aprendizagem, sempre nos mostrando a

direção correta de nossas escolhas.

A professora Gianna, nossa orientadora temática, pela compreensão e

tolerância, pela dedicação, que mesmo dentro de suas limitações sempre esteve

pronta a nós ajudar e transmitir a nós o seu conhecimento, sendo um verdadeiro

exemplo no qual devemos nos espelhar.

A professora Rose, nossa orientadora metodológica, que sempre esteve

pronta a ajudar ao longo desses anos de aprendizagem, demostrando-se

voluntariosa, e atenciosa.

A professora Manuela, que apesar de ter assumido essa grande

responsabilidade, no momento mais turbulento, demonstrou prestativa, tentando

sempre nos tranquilizar, com um belo sorriso no rosto.

Anna e Jeisianny

Agradeço imensamente ao meu grande mestre, meu Pai Marcos, que me

ensinou desde quando nasci o valor do esforço, da luta e da fé para conseguir

seguir caminhos brilhantes sempre lembrando que cada acontecimento teria seu

momento certo, jamais deixando a mim e minha família fraquejar diante de todo e

qualquer problema. A minha maravilhosa Mãe, Bete, que soube me educar, ensinar

os valores da vida, me apoiando nos momentos mais difíceis e jamais deixando

perder o equilíbrio, sempre ouvindo a cada desabafo e se preocupando sempre pra

buscar e me dar o de melhor até hoje.

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Ao meu irmão, Ítalo, que me suportou cada minuto de desespero com

paciência e com suas palhaçadas tentando trazer mais humor aos dias mais difíceis

que passamos em casa.

A minha parceira de TCC, iluminada Jeisi, que construí um grande laço de

amizade que só fortaleceu ao longo de cada dificuldade dividida durante todo o

curso, trabalho e projetos. Com ela aprendi a compartilhar e entender que nessa

caminhada da vida precisamos um do outro para nos manter firme no caminho

tanto almejado.

As minhas amigas Myrlla, Nicole e Regina, que fizeram parte dessa longa

caminhada sempre apoiando e auxiliando tanto nas melhores horas quanto nas

mais difíceis. Vocês trouxeram muito brilho para minha vida.

Anna Carolina Marchelli de Assis

À minha mãe Carmosina que com sua maneira de ser sempre me ajudou

em tudo na minha vida, sendo companheira, sempre tendo paciência, dando força

para não desistir e por ter cuidado de mim por todo esse tempo.

A meu pai José meu companheiro, que sempre apoia e veste a camisa de

todos os meus objetivos na vida, sempre acreditando e ajudando em minhas

escolhas.

A meu noivo Erik que é meu amigo, companheiro ao logo desta jornada,

confiando e sempre encorajando, apoiando nos momentos mais difíceis e

ensinando que as conquistas são resultados de lutas, e que se se chegamos até

aqui é porque somos capazes.

A meu irmão Jhonatas que é um amigo, sempre com seu bom humor,

elogiando minhas notas e admirando por nunca ter ficado de DP. Vocês são meu

alicerce, minha grande motivação para lutar por meus sonhos e nunca desistir,

espero que mesmo com minhas limitações, ser motivo de orgulho e admiração para

vocês. Obrigada por me ensinar, corrigir, e me fazer tornar uma pessoa integra.

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Agradecer a minha parceira Anna, companheira, amiga, auxiliadora. Sempre

partilhando momentos de choros e risos, quero dizer que sua participação nesse

trabalho e em minha vida foi primordial, você é uma benção de DEUS.

A minhas amigas, Myrlla, Nicole e Regina, que são pessoas que aprendi a

admirar e respeitar, mesmo com as diferenças que surgiram durantes esses 4 anos

que passamos juntas. Deus colocou cada uma de vocês em meu caminho.

Agradeço a meus tios e tias, avó e amigos por estarem presente em minha vida.

Jeisianny do Vale Carvalho

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ASSIS, Anna Carolina Marchelli; CARVALHO, Jeisianny Vale. AVALIAÇÃO DA

SIMETRIA NA DESCARGA DE PESO EM MEMBROS INFERIORES EM

PACIENTES COM HEMIPARESIA. Trabalho de Conclusão de Curso do curso de

Fisioterapia, da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, SP, 2012.

RESUMO

Introdução: O Acidente Vascular Encefálico - AVE é a segunda causa de morte

mais comum no Brasil e importante causa de incapacidade no Objetivo: Avaliar

através do Wii® Balance board a descarga de peso nos membros inferiores em

indivíduos hemiparéticos comparando com um grupo de indivíduos sem

hemiparesia Método: Participaram do estudo 10 pacientes com sequelas de AVC

com a idade média dos pacientes de 55,3(± 8,53) anos, tempo de lesão média de

30,8 meses (±25,23) e um grupo controle composto por 11 pessoas, sendo 8

homens e 3 mulheres com idade média de 51,5(± 6,83). Os indivíduos de ambos os

grupos foram avaliados utilizando o teste de força muscular de forma manual, teste

de propriocepção profunda, teste de equilíbrio (TUGO) e descarga de peso em

MMII através do Wii Fit® e Wii® Balance Board. Para analise dos dados foi utilizado

o teste Wilcoxon (nível de significância de ≤0,05); fórmula de razão de simetria de

descarga de peso (rs=a/na); e Teste de Correlação de Pearson. Resultado: Não é

possível observar diferença significativa para as variáveis de descarga de peso e

propriocepção, observa-se somente diferença significativa nas variáveis de

equilíbrio e força muscular entre os grupos. Quando analisado os grupos

individualmente é possível observar assimetria na descarga de peso em ambos os

grupos, com correlação leve com a propriocepção. Conclusão: Concluímos que a

assimetria está presente em indivíduos parético e em indivíduos sem

acometimento, porém, em indivíduos sem acometimento a assimetria é menor.

Nosso estudo sugere que a FM possa ser o fator mais determinante para a

9

assimetria postural. Sugerimos novos estudos com um n maior de indivíduos e

como proposta de trabalho um próximo estudo comparando um treino de

fortalecimento muscular com a assimetria na descarga de peso antes e após o

treino.

Palavras Chave: AVE. Assimetria. Wii Balance Board

10

ASSIS, Anna Carolina Marchelli; CARVALHO, Jeisianny Vale. AVALUATION OF

SYMMETRY IN THE DISCHARGE OF WEIGTH IN LOWER LIMB IN PATIENTS

WITH HEMIPARESIS. São Francisco University - SFU, Bragança Paulista, SP,

2012.

ABSTRACT

Introduction: Stroke - Stroke is the second most common cause of death in Brazil

and major cause of disability in. Objective: To evaluate through the Wii Balance

Board ® weight-bearing on the lower limbs in hemiparetic compared with a group of

individuals without hemiparesis. Method: The study included 10 patients with

sequelae of stroke with a mean age of 55.3 (± 8.53) years, mean lesion length of

30.8 months (± 25.23) and a control group by 11 people, 8 men and 3 women with a

mean age of 51.5 (± 6.83). Individuals from both groups were evaluated using the

test muscle strength manually, test deep proprioception, balance test (Tugo) and

weight bearing through the lower limbs ® Wii Fit Balance Board and Wii ®. To

analyze the data we used the Wilcoxon test (significance level of ≤ 0.05); formula

right symmetry of weight bearing (rs = a / in) and Pearson Correlation Test. Result:

Can not observe significant differences for the variables of weight bearing and

proprioception, there is only significant difference in the variables of balance and

muscle strength. When analyzed individually can be observed asymmetry in weight

bearing in both groups, however, by changing the variable of proprioception in

hemiparetic individuals. Result: Can not observe significant differences for the

variables of weight bearing and proprioception, there is only significant difference in

the variables of balance and strength muscularentre groups. When analyzed

individually groups can be observed asymmetry in weight bearing in both groups,

with mild correlation with proprioception. Conclusion We conclude that the

asymmetry is present in individuals and in individuals without paretic involvement,

however, in individuals without affecting the asymmetry is smaller. Our study

11

suggests that the FM may be the most important factor for postural asymmetry. We

suggest further studies with a larger n individuals and as a next job offer study

comparing a strength training with muscle asymmetry in weight bearing before and

after training

Keywords: AVE. Asymmetry. Wii Balance Board

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Lista de Tabelas e Gráficos

Tabela 1. Resultados encontrados das variáveis entre grupo 1 e grupo 2..............30

Tabela 2. Teste Estatístico de Wilcoxon..................................................................31

Tabela 3. Múltiplas comparações.............................................................................34

Gráfico 1. Razão de Simetria da Descarga de Peso...............................................29

Gráfico 2. Correlação Simetria x Propriocepção de Hemiparéticos á Esquerda ....32

Gráfico 3. Correlação Simetria x Propriocepção de Hemiparéticos á Direita..........32

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LISTA ABREVEATURAS E SIGLAS

AVE – Acidente Vascular Encefálico

TUGO – Time Up And Go

USF – Universidade São Francisco

CEF-USF – Clínica Escola de Fisioterapia Universidade São Francisco

CFPMBP – Centro de Fisioterapia da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista

MMII – Membro Inferiores

MI – Membro Inferior

MID – Membro Inferior Direito

MIE – Membro Inferior Esquerdo

FMQD - Força Muscula de Quadríceps Direito

FMDE - Força Muscular de Quadríceps Esquerdo

FMTSD - Força Muscular de Tríceps Sural Direito

FMTSE - Força Muscular de Tríceps Sural Esquerdo

PH - Propriocepção de Hálux

PT - Propriocepção de Tornozelo

%DPMID - % Descarga de Peso em MID

%DPMIE - % Descarga de peso em MIE

ASTP – Avaliação de Simetria e Transferência de Peso

D – Direito

E – Esquerdo

AP – Antero Posterior

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a – Afetado

an - Não Afetado

rs – Razão de Simetria

r² - Índice de Correlação teste Pearson

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................16

1.1. Acidente Vascular Encefalico.................................................................16

1.2.Controle Postural....................................................................................17

1.3. Simetria na descarga peso no AVE.......................................................22

1.4. Realidade Virtual....................................................................................24

2. OBJETIVOS.............................................................................................25

2.1. Objetivos gerais.....................................................................................25

2.2. Objetivos específicos.............................................................................25

3. METODOLOGIA.......................................................................................25

3.1. Sujeitos..................................................................................................25

3.2. Materiais e Equipamentos......................................................................26

3.3. Procedimento.........................................................................................26

3.4. Análise de dados....................................................................................28

3.5. Resultados.............................................................................................28

4. DISCUSSÃO.............................................................................................34

5. CONCLUSÃO...........................................................................................39

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS...............................................................40

ANEXOS.......................................................................................................44

16

1. Introdução

1.1. Acidente Vascular Encefálico

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a segunda causa de morte mais

comum no Brasil e importante causa de incapacidade no mundo. Devido ao

envelhecimento da população, a freqüência tende a aumentar muito nos próximos

20 anos, especialmente nos países em desenvolvimento. Avanços têm ocorrido na

prevenção e tratamento do acidente vascular cerebral durante a última década

(DONNAN et al., 2008).

O cérebro está propenso a distúrbios em seu suprimento sanguíneo. O AVE

resulta de sinais e sintomas neurológicos causado por algum distúrbio nos vasos

sanguíneos. Apesar de o cérebro possuir características anatômicas e fisiológicas

destinados para a proteção dos comprometimentos circulatórios, quando há um

déficit dessas estruturas ocorre, portanto um AVE. Deste modo, há uma desordem

da circulação cerebral que contém doença do sistema vascular causando uma

isquemia ou infarto do cérebro ou hemorragia espontânea no parênquima cerebral

ou no espaço subaracnóideo (CARR e SHEPHERD, 2008).

O AVE pode ser Isquêmico (quando há uma obstrução de um vaso

sanguíneo) ou Hemorrágico (quando há um extravasamento de sangue por um

vaso). Podem ocorrer por três fatores principais como hipertensão, diabetes mellitus

e cardiopatia, sendo também susceptível em qualquer idade (CARR e SHEPHERD,

2008).

Os pacientes que sofreram AVE por infarto cerebral têm um prognostico de

sobrevivência melhor do que os que tiveram hemorragia intracerebral. Cerca de

20% dos pacientes morrem dentro do primeiro mês e depois deste período o risco

de morte diminui (CARR e SHEPHERD, 2008).

Com os pacientes sobreviventes de AVE é de extrema importância a

intervenção do tratamento fisioterapêutico no leito hospitalar tanto para manter uma

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ventilação adequada, como tratar da integridade músculo esquelética. A

manutenção da amplitude de movimento através do alongamento evita o

encurtamento dos tecidos moles. A realização de treinamento para a promoção e

melhora do desempenho funcional de suas tarefas é também necessário

(ROERDINK, M. et al, 2009).

Dependendo da extensão e local da lesão, o déficit motor e/ou sensorial

pode gerar desde uma leve incoordenação a uma hemiplegia ou hemiparesia. A

fraqueza muscular pode dificultar a manutenção de uma atividade muscular, a falta

de destreza e o controle da sinergia muscular. Portanto os desempenhos motores

desses pacientes para a realização de suas tarefas podem se tornar dificultados

(CARR e SHEPHERD, 2008).

As limitações funcionais, a atividade física reduzida, o descondicionamento

físico e a deterioração são fatores que interferem na qualidade de vida dos

pacientes sobreviventes de Acidente Vascular Encefálico (AVE). Para que haja

manutenção e melhoria da saúde de pacientes acometidos de AVE é importante a

realização de atividades físicas, podendo manter uma rotina de exercícios de

moderados a intensos (SCALZO et al. 2010)

1.2. Controle Postural

O Controle postural envolve o controle da posição do corpo no espaço para

a estabilidade e orientação, que é definida como a capacidade de manter uma

relação adequada entre os segmentos do corpo e entre o corpo e o ambiente, para

uma determinada tarefa. Na maioria das vezes mantemos orientação vertical do

corpo para o desempenho das tarefas funcionais. Para estabelecer uma orientação

vertical é necessária a utilização de referencias sensoriais múltiplas, como a

gravidade (sistema vestibular), a superfície de apoio (sistema somatossensitivo) e a

relação do nosso corpo com os objetos existentes no ambiente (sistema visual)

(SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003).

18

A gravidade é um grande desafio para o corpo humano, pois mesmo para

manter a posição ortostática e estática necessita da ação dos grupos musculares

mantendo o equilíbrio. Mesmo antes de ocorrer eventos que possam perturbar esse

equilíbrio, existem estratégias posturais que organizam os movimentos adequados

controlando assim a posição do corpo (SOARES et al., 2009) Para que haja

controle postural é necessário percepção de posição e do movimento do corpo no

espaço (LEITE et al., 2009). Essa percepção é obtida através do sistema sensorial.

O sistema sensorial compreende os sistema vestibular, visual e somatossensorial.

(CARR e SHEPHERD, 2008).

A estabilidade postural é a habilidade de sustentar o corpo em equilíbrio,

tanto em repouso, como em movimento. Um objeto é considerado estável quando o

centro de massa (CDM), ou seja, quando um ponto que está no centro total da

massa corpórea é mantido sobre sua base de apoio, sendo que, a base de apoio

referida, é a área em que o objeto esta em contato com a superfície de apoio. Para

manter-se em equilíbrio é necessário que o centro de massa esteja dentro dos

limites da base de apoio, sendo que, os limites da estabilidade estão envolvidos

pela região externa dos pés que estão em contato com o solo, sem ter necessidade

de alterar a base de apoio (SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003). O

equilíbrio corporal é condição fundamental na vida do indivíduo e seu

comprometimento traz grande ansiedade ao paciente além das dificuldades de

locomoção e orientação (SOARES et al., 2009).

Quando um paciente sobrevive a um Acidente Vascular Encefálico (AVE) ele

geralmente tem a capacidade de adquirir novamente a habilidade de manter a

postura ortostática sozinho, mesmo com os desvios do padrão natural. Os meios

auxiliares são usados em muitos casos. O índice de quedas é muito alto nesses

pacientes, isto é, um sinal da importância que as alterações de equilíbrio têm nesta

população. Pacientes hemiplégicos têm comprometimentos em vários aspectos

como, motores, sensoriais e de integração do controle do movimento. (BARROS,

2008).

Segundo Shumuway-Cook (2003), para a sustentação da estabilidade é

indispensável que haja um balanceamento entre a estabilização e desestabilização,

ou seja, é cabível que as forças musculares sejam continuas para controlar o centro

19

de massa. A interação do sistema musculoesquelético e neural (sistema visual,

vestibular e somatossensorial, sinergia das respostas musculares, aspectos

antecipatórios, adaptativos, e cognitivo) é de suma importância para a manutenção

postural. As estratégias sensoriais e motoras empregadas para obter o controle

postural precisam se ajustar as demandas induzidas da tarefa obtida e do

ambiente.

No AVE um dos principais problemas é o desequilíbrio, sendo ele um fator

essencial para recuperação da postura. Esse desequilíbrio tem como

comprometimento das AVD’s e suas transferências, tais atividades requerem

mudanças no tônus, no trabalho muscular e no influxo de informações sensitivas

que são de grande importância para alcançar o equilíbrio (AZEVEDO et al., 2008).

A postura vertical imóvel é distinguida por pequenas quantidades de

inclinação postural automática. Múltiplos fatores cooperam a estabilidade nesta

ocasião, sendo que, o primeiro é a retificação do corpo que pode tornar mínimo o

efeito das forças gravitacionais, que induz ao deslocamento do nosso centro; e em

segundo lugar, o tônus muscular que impede que o corpo entre em anormalidade

nas respostas à atração exercida pela gravidade. Os fatores principais para a

contribuição do tônus muscular durante a postura vertical imóvel são: 1) Rigidez

intrínseca dos músculos; 2) O tônus muscular básicos, que permanecem devido às

contribuições neurais e 3) O tônus postural, que é a ativação dos músculos

antigravitários durante a postura imóvel (SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT,

2003).

O alinhamento ideal na postura vertical admite que o corpo seja conservado

em equilíbrio com o mínimo de gasto de energia interna. Em relação tônus

muscular ou rigidez, podemos dizer que é a força com a qual o músculo resiste ao

alongamento. A ativação do reflexo de alongamento, que resiste ao alongamento

do músculo dar-se as contribuições neurais para o tônus. A função dos reflexos de

alongamento no controle da postura vertical não é algo devidamente esclarecido,

porém, existe a hipótese que os reflexos de alongamento desempenham uma

função de feedback durante a permanência da postura vertical, ou seja, mostra que

os músculos de tornozelo são alongados e o reflexo de alongamento é ativado

20

quando inclinamos o corpo para a frente a para trás durante a postura vertical

(SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003).

Quanto ao o tônus postural, algumas evidências mostram que é influenciado

por informações do sistema somatossensitivo, sistema visual e vestibular. As

estratégias motoras durante a postura vertical movimentada são realizadas através

de padrões de movimentos denominados estratégias de tornozelo, do quadril e de

suporte, ou do passo. Essas estratégias são usadas como feedback e uma forma

de antecipação, com o objetivo de manter o equilíbrio em diversas situações. Isso

acontece porque o sistema nervoso combina músculos independentes, que agem

juntos, como unidade, a fim de estabilizar a postura durante uma situação de

alteração da postura, portanto, esse sincronismo de recrutamento muscular é

chamado de sinergias musculares. Mas, apesar de as sinergias musculares serem

importantes, fazem parte de uma dos vários mecanismos motores que afetam para

o controle postural (SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003).

Shumway-Cook (2003) mostra que alguns estudos o evidenciaram que

pessoas podem trocar rapidamente uma estratégia de movimento postural por

outra. Isso ocorre porque o SNC parece mapear a interação entre os movimentos

do corpo no espaço e as estratégias motoras usadas para equilibrar-se. Estamos

modelando constantemente as amplitudes das respostas posturais, e nos trás

também que, quanto mais vai se tornando repetida tarefa postural, os indivíduos

respondem com mais eficácia o comportamento para controle postural.

A maioria dos pacientes que sobrevivem a um AVE consegue readquirir

habilidades, e segundo Umphred (2004), 82% dos acometidos voltam a deambular,

ainda com desvios do padrão normal e muitos utilizando dispositivos auxiliares.

A dificuldade no equilíbrio corporal e mudanças na marcha aumentam o

risco de quedas e trazem complicações como as fraturas e necessidade de

hospitalizações, lesões em tecidos moles, complicações médicas e até óbito em

pacientes pós o Acidente Vascular Encefálico (BARROS, 2008).

Para que tenhamos controle postural eficiente, se faz necessário que o SNC

organize informações de todo o corpo para determinar sua posição e movimento no

espaço. Essa percepção em relação à gravidade e ao ambiente é alcançada pelos

21

sistemas visual, somatossensitivo e vestibular (SHUMWAY-COOK e

WOOLLACOTT, 2003).

O sistema somatossensorial fornece informações sobre o movimento do

corpo, a base de apoio, e orientações dos segmentos do corpo uns em relação aos

outros (CARR e SHEPHERD, 2008). O sistema vestibular tem a capacidade de

informar a movimentação da cabeça em relação à gravidade (CARR e SHEPHERD,

2008). O sistema visual identifica a posição e o movimento da cabeça em relações

aos objetos, e informações sobre direção vertical (BARROS, 2008).

O sistema vestibular é considerado fundamental para manutenção do

equilíbrio comparando com o sistema visual e somatossensorial (LEITE et al.,

2009). Os ajustes que fazemos a fim de preservar o equilíbrio são flexíveis e

variados devido ao potencial para interações dinâmicas do corpo, incluindo

mobilidade das articulações, comprimento e força dos músculos, o ambiente físico e

a experiência prévia (CARR e SHEPHERD, 2008).

Para manter o controle postural há uma organização de informações

sensoriais múltiplas em estratégias sensoriais para a orientação. De acordo com o

ambiente e a tarefa, o sentido mais adequado é selecionado de acordo com a

orientação hierárquica de estruturas sensoriais de referencia (SHUMWAY-COOK e

WOOLLACOTT, 2003).

Após um AVC o déficit neurológico é caracterizado por manifestações

clínicas, que demonstram o comprometimento dos diversos sistemas corporais.

Estas manifestações clínicas envolvem comumente alterações motoras e

sensitivas, que afetam a função física. Os déficits na função cognitiva, perceptiva,

emocional podem estar presentes após o AVC (CARR e SHEPHERD, 2008).

O desequilíbrio está entre os principais problemas que surgem após o AVE.

Outros aspectos contribuem para a diminuição do equilíbrio em hemiparéticos como

a fraqueza muscular, a perda sensitiva, o descontrole reflexo e a distorção visuo-

espacial. Comprometendo também as atividades que constituem as AVD’s

requerendo o tônus, na atividade muscular e no influxo de informações sensitivas,

necessários para a habilidade de manter ou alcançar o equilíbrio (AZEVEDO,

2008).

22

Um dos testes descritos na literatura que pode ser aplicados para avaliar o

equilíbrio, são, dentre outros o teste de alcance funcional e o Time up and go. A

escala “Time up and go” foi desenvolvida para detectar os problemas de equilíbrio

que afetam as capacidades de mobilidade diária dos pacientes idosos. Os adultos

que demoram mais de trinta segundos para realizar o percurso são dependentes

nas suas AVD’s. (WOOLLACOOTT, 2003). No teste pede-se ao paciente para

levantar da cadeira, caminhar por três metros, virar e retornar. O risco de queda

está associado com pontuações acima do grau três (CARR e SHEPHERD, 2008).

Sempre lembrar que o paciente deve receber instrução e dar o comando verbal

para começar a cronometrar o tempo.

1.3. Simetria na descarga de peso no AVE

Como em condições de hemiparesias o controle postural encontra-se

prejudicado. Sujeitos hemiparéticos na posição em pé oscilam mais do que sujeitos

sem hemicorpo afetado, adotando posturas assimétricas com maior descarga de

peso na perna não afetada (PEREIRA et al., 2010).

Através de uma gravação de força de reação do solo e eletromiografia de

superfície (EMG) de membros inferiores, foram estudada formas de adaptação para

o controle postural em indivíduos portadores de AVE. O estudo realizado

por KIYOTA, et al. (2011) demonstrou que os indivíduos hemiparéticos que nunca

ficaram em bipedestação sozinhos após o episódio do AVE podem alcançar

adaptações para a manutenção postural. Os pacientes deslocaram o centro de

oscilação do corpo para o membro inferior sem acometimento, no qual também

reduzia a atividade muscular do membro acometido. Portanto um indivíduo capaz

de suportar a descarga de peso mesmo que não seja de forma simétrica, essa

assimetria pode ser um fator para melhorar a oscilação do corpo e aumentar a

atividade muscular do membro não acometido. Sendo, portanto um fator de

adaptação para manter-se em equilíbrio KIYOTA, et al. (2011)

23

Em sujeitos saudáveis, distribuindo o peso de membros inferiores de forma

simétrica, a magnitude das forças de reação com o solo que os músculos são

capazes de produzir variam no mesmo padrão para os dois pés devido a estratégia

de controle postural em padrões similares por influencia de mecanismos de

estratégias de quadril e tornozelo. Essa simetria se torna alterada pelas doenças

neurológicas que possam gerar hemiparesia promovendo sobrecarga de peso em

um dos pés em resposta a uma menor eficiência nas estratégias de quadril e

tornozelo para o ajuste postural (PEREIRA et al., 2010).

Indivíduos que sofreram AVE e são hemiplégicos possuem assimetria da

descarga de peso durante a manutenção da postura vertical. Isso contribui para o

aumento da oscilação e instabilidade. Os déficits proprioceptivos são comuns

nesses indivíduos e que são importantes para controlar as maneiras de compensar

as informações sensoriais alteradas.Os indivíduos com acidente vascular cerebral

têm uma maior dependência visual para controlar o equilibrio durante a oscilação

postural no sentido medial-lateral, e existe uma maior assimetria que esta

relacionada ao aumento da oscilação médio-lateral. Os indivíduos com AVE que

apresentavam uma leve assimetria tem uma maior dependência visual em relação

aos que apresentavam uma assimetria mais grave (MARIGOLD e ENG, 2011).

Para estimar a assimetria na descarga e peso em hemiparéticos dois

métodos foram descritos: a posturografia em plataforma de força e em duas

balanças de peso. A plataforma de força possibilita observar medir a diferença de

peso quando há alterações posturais e as forças existentes nas articulações do

membro inferior à qual recebe maior descarga de peso. (SOARES et al, 2008).

A plataforma de força não pode ser encontrada em todos os departamentos

de fisioterapia, então as balanças digitais já são suficientes para o mesmo

propósito. A medida do peso que cada hemicorpo suporta é obtida por meio de

duas balanças calibradas com visor digital (PEREIRA et al., 2009).

Com o avanço da tecnologia, novas ferramentas surgem para avaliações

clínicas. O Wii Balance Board, da Nintendo Wii®, fornece dados comparáveis à

24

plataforma de força quando avalia a amplitude de deslocamento do centro de

pressão durante os experimentos de equilíbrio (CLARK et al., 2010).

1.4. Realidade virtual

Devido ao aumento do risco de quedas nas pessoas que possuem

comprometimento do equilíbrio, sua habilidade funcional fica prejudicada. Com isso,

a avaliação do equilíbrio tem grande importância e fornece importantes informações

numa variedade de situações, desde prognósticos de quedas em idosos a exames

de controle postural durante cirurgia (CLARK et al., 2010).

Com o objetivo de melhorar a função cognitiva e motora do paciente

acometido, aumentando o tempo de interação e eficácia da terapia, estimulando a

auto-estima e o contato social, a realidade virtual está sendo utilizada em vários

países trazendo benefícios importantes à reabilitação. Assim como os jogos do

novo console do Nintendo Wii®, que chegou ao Brasil em 2007, que através de sua

forma lúdica e motivacional recupera pacientes neurológicos de acordo com as

necessidades de cada indivíduo (SRH, 2010).

Devido a Wii Balance Board ser um sistema validado de baixo custo, portátil

e de fácil acesso que pode, precisamente, quantificar o centro de pressão, um

importante componente do equilíbrio, concluíram que ele fornece dados

comparáveis à plataforma de força quando avalia a amplitude de deslocamento do

centro de pressão durante os experimentos de equilíbrio (CLARK et al., 2010).

O Wii Fit® constituído para ajudar a ganhar mais consciência da condição

física usando Wii Balance Board. É um jogo que contém opções de 60 exercícios

destinados a ajudar na melhora do equilíbrio e postura, alterar o IMC ou

simplesmente relaxar. (NINTENDO ©, 2008).

O Wii Balance Board consiste numa balança com 4 sensores dispostos

inferiormente a uma placa posicionados em suas extremidades, que são sensíveis

para quantificar o centro de pressão. As informações detectadas nessa balança é

comunicadas para uma barra de sensores dispostas numa superfície plana e

horizontal sobre uma TV á frente do indivíduo. A barra de sensores esta ligada por

25

um cabo ao Console Wii. A projeção de imagem é conduzida por outro cabo de

áudio e vídeo ligado do Console Wii a TV. (NINTENDO ©, 2008).

2. Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Avaliar através do Wii® Balance board a descarga de peso nos membros

inferiores em indivíduos hemiparéticos comparando com um grupo de indivíduos

sem hemiparesia (grupo controle).

2.2 Objetivos Específicos

Com base na avaliação verificar a correlação entre simetria na descarga de

peso em membros inferiores com o lado da hemiparesia, a simetria na descarga de

peso com a presença de alteração proprioceptiva.

3. Métodos

Estudo transversal observacional. Aprovado pelo comitê de ética em

pesquisa da universidade São Francisco. Todos os pacientes assinaram um termo

de consentimento livre e esclarecido.

3.1. Sujeitos

Foram convidados para participar do presente estudo indivíduos

portadores de acidente vascular encefálico com quadro disfuncional de

hemiparesia, que já estiveram ou ainda permanecem em atendimento na Clínica

Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco - CEF-USF e no Centro de

26

Fisioterapia Municipal de Bragança Paulista - CFMBP e indivíduos saudáveis de

mesma faixa etária para compor o grupo controle.

Para compor o grupo experimental foram incluídos indivíduos hemiparéticos

adultos, acometidos por AVE, que já estiveram ou ainda permanecem em

tratamento fisioterapêutico, com idade entre 35 e 70 anos, que tinham capacidade

de permanecerem em bipedestação com ou sem dispositivo de auxilio ou órtese de

posicionamento.

Não puderam participar da pesquisa os pacientes com alteração cognitiva,

visual, neurológica e ortopédica que pudessem impedir a utilização do equipamento

do Wii Fit® como atividade para avaliação de descarga de peso.

O grupo controle foi recrutado entre os funcionários da Universidade São

Francisco e não foram incluídos os trabalhadores deficientes físicos e portadores de

necessidades especiais e indivíduos com alteração cognitiva, visual, neurológica e

ortopédica que pudessem impedir a utilização do equipamento do Wii Fit® ou

interferissem na descarga de peso em membros inferiores.

3.2. Materiais e Equipamentos

Foram utilizados como materiais para realização do estudo: Termo

consentimento livre e esclarecido para participação da pesquisa; Ficha de dados de

coleta; Teste TUGO; cadeira; fita métrica; cronômetro; Wii Fit® e Wii® balance/

projetor multimídia.

3.3. Procedimentos

Primeiramente, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade São Francisco para análise. Após aprovado, os portadores de AVE

e o grupo controle, os trabalhadores da USF, participaram do estudo após a

27

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO I). Foi

realizado o preenchimento da ficha de dados de coleta pelos avaliadores para

então dar seguimento aos testes específicos. O Equilíbrio dinâmico foi avaliado

utilizando o Teste TUGO (ANEXO II). Para avaliação da força muscular foi utilizado

o teste de força muscular manual (ANEXO IV), a graduação numérica clássica

utilizada foi graduada de 0 a 5; a resistência foi imposta ao membro e executada

por um único avaliador, primeiramente, explicado ao paciente a finalidade do teste

e, em seguida, foi posicionado de maneira adequada para que o segmento testado

estivesse livre para realização do movimento e instrução da maneira que o

movimento teria de ser realizado de forma passiva; o segmento foi recolocado na

posição inicial, o músculo testado foi palpado e o segmento articular distal foi

estabilizado; solicitou-se que o paciente realizasse ativamente o movimento de

acordo com a sua amplitude máxima, primeiramente sem resistência e

posteriormente com uma resistência gradual. Para aferir a diferença de peso

descarregada em cada MI dos indivíduos foi utilizado Wii Fit® e Wii® balance

board, onde o paciente permaneceu em bipedestação, alguns segundos sobre o Wii

Balance Board para análise da porcentagem de descarga de peso em membro

inferior direito e esquerdo. Os dados foram registrados na ficha do estudo (ANEXO

III). O paciente que só mantém a bipedestação com auxílio de bengala ou andador

poderia fazê-lo durante a mensuração e o dado seria catalogado na ficha de

avaliação própria do estudo (ANEXO III). Para avaliação da propriocepção

utilizamos a sensibilidade profunda (proprioceptiva) verificando a noção da posição

segmentar (teste cinético postural) que foi realizada colocando passivamente o

membro (tornozelo e hálux) em determinada posição e solicitando que o paciente

diga a posição do membro ou que coloque outro membro na mesma posição. Esta

manobra foi realizada com os olhos fechados (ANEXO V). O grupo controle passou

pelo mesmo processo de avaliação do grupo experimental.

Foi utilizado o programa estatístico SPSS 17.0, utilizado o teste Wilcoxon e

ANOVA para análise dos dados e adotando o nível de significância de ≤0,05; para

análise fórmula de razão de simetria de descarga de peso em pacientes com AVE

(rs=a/na) e para grupo controle (rs=e/d); e Teste de Correlação de Pearson.

28

3.4. Análise dos dados

Foi utilizado o programa estatístico SPSS 17.0. para analisar os dados. O Teste

de Wilcoxon foi aplicado comparar as medidas das duas amostras (grupo

experimental e Grupo controle) com p≤0,05. ANOVA foi aplicado para comparar as

medidas com mais de duas amostras (Lado acometido, Lado não acometido e Lado

dominante) com nível de significância de ≤0,05. O Teste de Correlação de Pearson

(r²) para verificar a correlação entre as variáveis de simetria e propriocepção entre

os grupos. A fórmula de razão de simetria para analisar individualmente a descarga

de peso dos pacientes com AVE (rs=a/na) e do grupo controle (rs=e/d).

3.5. Resultados

Foram avaliados 10 pacientes com sequelas de AVE, sendo 6 homens e 4

mulheres. A idade média dos pacientes foi 55,3(± 8,53) anos, tempo de lesão média

de 30,8 meses (±25,23) e tempo de fisioterapia de no mínimo 5 meses (28±33,05

meses). Dos 10 pacientes, 6 apresentaram acometimento em hemicorpo direito e 4

apresentaram acometimento em hemicorpo esquerdo. Nenhum paciente necessitou

de dispositivos de auxílio e uso de órtese durante a avaliação da descarga de peso,

porém 2 necessitaram do uso de bengala durante o TUGO. O grupo controle

composto por 11 pessoas, sendo 8 homens e 3 mulheres. A idade média foi de

51,5(± 6,83).

Ao analisar individualmente o grupo 1 dividindo-o em hemiparéticos à D e

hemiparéticos à E, é possível identificar uma diferença significativa em relação a

assimetria na descarga de peso para o membro não afetado e alteração da força

muscular (Gráficos 1, 2 e 3 e Tabela 3).

O Gráfico 1 mostra análise da simetria da descarga de peso. Os valores

dessa descarga sobre o Balance Board no lado afetado e não afetado entre os

pacientes foram registrados e calculado a razão de simetria através da fórmula

rs=a/na , onde rs refere-se ao valor dimensional da razão de simetria calculada pela

divisão da descarga de peso no lado afetado (a) sobre o lado não afetado (na),

sendo composto de 6 indivíduos hemiparéticos a D e 4 a E. No grupo controle,

29

composto por 11 indivíduos, a fórmula utilizada foi rs=e/d, onde a razão de simetria

calculada seria pela divisão da descarga de peso sobre o MIE (e) sobre o MID (d).

Os valores de rs >1 representam assimetria de descarga de peso para o

membro afetado e rs <1 representam assimetria de descarga de peso para lado

não afetado entres os grupos hemiperéticos. Para o grupo controle os valores de rs

>1 representam assimetria para membro inferior esquerdo e rs <1 representam

assimetria para membro inferior direito. Valores rs=1, padrão simétrico.

Gráfico 1. Gráfico de linhas da razão da simetria da descarga de peso dos grupos:

hemiparéticos D, hemiparético E e grupo controle.

A razão de simetria calculada variou entre 0,39 e 1,07 (0,79±0,23) em

hemiparéticos à D; variou entre 0,26 e 0,91 (0,64±0,28) em hemiparéticos à E; e

variou entre 0,65 e 1,50 (1±0,22) para o grupo controle. Com base no resultado da

rs representada no gráfico 1, hemiparéticos à E e hemiparéticos à D apresenta

padrão assimétrico com maior descarga de peso no membro não afetado, já o

grupo controle em média apresentou simetria na descarga de peso, representado

por 5 indivíduos com rs>1 com assimetria para E e 6 indivíduos com rs<1 com

assimetria para D.

30

Analisando individualmente, nenhum dos indivíduos avaliados apresentou

padrão simétrico da descarga de peso na posição ortostática, porém, foi possível

observar que somente 1 indivíduo hemiparético á D apresentou assimetria de

descarga de peso para o lado afetado e 5 indivíduos do grupo controle

apresentaram assimetria de descarga para o membro inferior esquerdo (não

dominante).

Realizada a análise descritiva das variáveis numéricas e categóricas da

amostra. Foram calculados os valores em média e desvio padrão da força muscular

de MMII (quadríceps e tríceps sural direito e esquerdo), da propriocepção de hálux

e tornozelo, da porcentagem da descarga de peso no Balance Board e do TUGO

(Tabela 1).

Podemos observar que o resultado obtido em relação ao equilíbrio avaliado

através da realização do teste TUGO, conforme apresenta a tabela 1, o Grupo 1

realizou o teste em média 19,7 segundos e o grupo 2 com média de 9,2 segundos,

sendo uma diferença de 10,5 segundos entre os grupos.

Tabela 1. Resultados encontrados das variáveis entre grupo 1 e grupo 2.

Grupo 1 Grupo 2

Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão

FMQD 4,5 0,52 5 0

FMQE 4,4 0,51 5 0

FMTSD 4,2 0,63 5 0

FMTSE 4,3 0,48 5 0

PH 2,1 1,44 4 0

PT 2,1 1,44 4 0

%DPMID 48,5 13,53 50,2 5,30

%DPMIE 51,4 12,84 49,7 5,30

TUGO 19,7 18,00 9,2 1,27

FMQD (Força Muscula de Quadríceps Direito); FMDE (Força Muscular de

Quadríceps Esquerdo); FMTSD (Força Muscular de Tríceps Sural Direito); FMTSE

(Força Muscular de Tríceps Sural Esquerdo); PH (Propriocepção de Hálux); PT

(Propriocepção de Tornozelo); %DPMID (% Descarga de Peso em MID); %DPMIE

(% Descarga de peso em MIE).

Perante os dados, pode-se relatar que a tabela 1 representa a diferença da

descarga de peso em relação ao MID e MIE dos pacientes hemiparéticos (Grupo1)

com relação ao grupo controle (Grupo 2). Nota-se que há uma diferença

31

significativa entre os grupos quando observado o desvio padrão do Grupo 1

%DPMID = 15,53 e %DPMIE = 12,84 com o Grupo 2 %DPMID e %DPMIE = 5,30.

O teste estatístico, que compara os dois grupos, mostrou que o Grupo 1

apresenta um déficit de equilíbrio comparado ao Grupo 2, mostrando significância

estatística como consta na tabela 2 com p=,001.

A tabela 2 mostra que não há diferença estatisticamente significativa da

relação propriocepção de hálux e tornozelo entre os grupos p=,056 para ambos,

porém como mostrado anteriormente, a variabilidade mostrada através do desvio

padrão foi de 1,44 sendo valor maior comparado com a variável de força muscular.

Analisando a variabilidade força muscular da tabela 1, os resultados

apresentados no calculo do desvio padrão do grupo 1 não são significantes

comparado aos resultados das demais variáveis. Já a força muscular dos músculos

quadríceps e tríceps do sural do grupo 1 como consta na tabela 2, mostrou-se

diferença estatisticamente significante quando comparado ao grupo 2, sendo

p=,009 para FMQD, p=,003 para FMQE, p=,001 para FMTSD e FMTSE, resultando

então como um fator que possa interferir na simetria da descarga de peso em

paciente hemiparéticos.

Tabela 2. Test Statisticsb

FMQD FMQE FMTSD FMTSE PHalux PTornozelo %DPMID %DPMIE TUGO

Mann-Whitney U 27,500 22,000 16,500 16,500 38,500 38,500 45,000 45,000 6,500

Wilcoxon W 82,500 77,000 71,500 71,500 93,500 93,500 100,000 111,000 72,500

Z -2,622 -2,966 -3,283 -3,317 -1,915 -1,915 -,704 -,704 -3,463

Asymp. Sig. (2-tailed) ,009* ,003* ,001* ,001* ,056 ,056 ,481 ,481 ,001*

Exact Sig. [2*(1-tailed

Sig.)]

,051a ,020

a ,005

a ,005

a ,251

a ,251

a ,512

a ,512

a ,000

a

a. Not corrected for ties; b. Grouping Variable: Grupo1; * Indica diferença significativa (p<0,05); Teste utilizado: Wilcoxon

32

Gráfico 2. Gráfico de dispersão das variáveis propriocepção e simetria dos hemiparéticos à E

pelo teste de correlação de Pearson. A correlação entre as duas variáveis foram indicadas pelo índice de correlação (r²).

Gráfico 3. Gráfico de dispersão das variáveis propriocepção e simetria dos hemiparéticos à D

pelo teste de correlação de Pearson. A correlação entre as duas variáveis foram indicadas pelo índice de correlação (r²).

33

No teste de Correlação de Pearson os índices (r²) positivos indicam

correlação direta, onde quanto maior a propriocepção maior a descarga de peso

para lado afetado, entre as variáveis e os índices (r²) negativos indicam que não há

correlação direta entre as variáveis.

Ao analisar o gráfico 2 é possível identificar uma correlação leve direta pelo

teste de Correlação de Pearson entre as variáveis propriocepção e simetria dos

indivíduos hemiparéticos à E, pois o r²=0,149. Portanto, quanto maior a

propriocepção maior o rs, ou seja, maior será a descarga de peso no lado afetado.

Pois, o déficit de propriocepção ocorre no lado afetado e quanto menor a

propriocepção, menor a descarga nesse membro.

Analisando o gráfico 3, existe uma correlação insignificantemente negativa

entre as variáveis de propriocepção e simetria dos indivíduos hemiparéticos a

direita, pois o r²= -0,106, ou seja, o aumento de uma variáveis é acompanhada pela

diminuição de outra, isso se deve ao fato de 1 indivíduo apresenta assimetria para o

lado afetado.

Considerando os dados que constam na tabela 3, quando comparado a

FMQ e FMTS do lado hemiparético dos indivíduos acometidos (Grupo 1) com o MI

direito dos indivíduos saudáveis (Grupo 3), nota-se que há uma diferença

significativa (p=,000). O mesmo nota-se quando comparado a FMQ do Grupo 1

com o lado não acometido dos mesmos (Grupo 2), sendo p=,013. Já para a FMTS,

não houve diferença significativa quando comparado o grupo de membro acometido

com o grupo de membro não acometido (p=,287).

34

Tabela 3. Múltiplas comparações

Tukey HSD

Depend

ent

Variable

(I)

Grupos

(J)

Grupos

Mean Difference

(I-J) Std. Error Sig.

95% Confidence Interval

Lower Bound Upper Bound

FMQ 1,00 2,00 -,50000* ,16257 ,013* -,9023 -,0977

3,00 -,80000* ,15883 ,000* -1,1930 -,4070

FMTS 1,00 2,00 -,30000 ,19457 ,287 -,7814 ,1814

3,00 -,90000* ,19010 ,000* -1,3704 -,4296

2,00 ,90000 ,50767 ,197 -,3561 2,1561

2,00 ,90000 ,50767 ,197 -,3561 2,1561

DP 1,00 2,00 -18,22000* 3,74330 ,000* -27,4822 -8,9578

3,00 -9,34636* 3,65724 ,042* -18,3957 -,2971

*. The mean difference is significant at the 0.05 level.

Quando comparado a DP do grupo com lado acometido ao grupo sem

acometimento observa-se que há uma diferença significativa, sendo p=,042.

Através do método ANOVA, identificamos que a DP do lado acometido é menor do

que o lado não acometido, sendo p=,000, ressaltando os dados anteriormente

analisados no Gráfico 1 deste estudo.

4. Discussão

Nos resultados obtidos através deste estudo, é possível verificar que a

assimetria na descarga de peso dos pacientes com AVE com seqüelas de

hemiparesia esta presente. Os fatores avaliados para a realização desse estudo foi

a propriocepção, força muscular, descarga de peso nos membros inferiores e o

equilíbrio dinâmico.

Pereira et al (2010), em média observou-se assimetria de 54% de descarga

para o lado não afetado em hemiparéticos. No estudo de Genthon et al. (2008) nos

35

mostra assimetria cerca de 63% de descarga para o lado não afetado. No presente

estudo foi observado assimetria para o lado não afetado de 64% da descarga de

peso.

Em estudo realizado por Nichols et al. (1997), realizando teste de descarga

de peso, mostrou assimetrias de até 27% para o grupo de indivíduos com AVE e

demonstrou pouca assimetria na descarga de peso para o grupo controle, menor

que 7%. No nosso estudo a razão de simetria dos pacientes variou de 0,26 a 1,07

(média de 0,70), ou seja, 30% de assimetria.

Com base no trabalho de Martins et al. (2011) foi possível observar que a

assimetria na descarga de peso está presente também em indivíduos saudáveis.

Os autores realizaram um estudo com 20 indivíduos hemiparéticos comparando

com 20 indivíduos saudáveis, e o resultado da pesquisa mostrou que 55% dos

indivíduos saudáveis apresentaram uma assimetria, com descarga de peso no

membro não dominante e que em torno de 80% dos indivíduos com hemiparesia foi

observado que uma descarga de peso no membro que não tem

o comprometimento, uma vez que é comum no hemiparético forçar mais o membro

não acometido, pois as lesões podem causar deterioração na área cerebral

relacionada ao controle postural que foi afetada no paciente que sofreu um AVE, na

qual leva à assimetria na distribuição da descarga de peso. No presente estudo a

razão de simetria dos pacientes variou de 0,26 a 1,07 (média de 0,70), ou seja,

30% de assimetria.

O paciente com AVE apresenta déficit de reconhecimento do movimento dos

membros distalmente, a consciência de sua posição no espaço, além da

capacidade de identificar a posição ou sua direção. As informações proprioceptivas

parecem ser particularmente importantes para o equilíbrio da massa corporal.

(CARR e SHEPHERD, 2008). Apesar de CARR e SHEPHERD apresentar esse

déficit como algo que seja importante para o hemiparético manter um equilíbrio, o

presente estudo não apresenta a propriocepção como um fator gerador de

desequilíbrio estático que influencie na assimetria da descarga de peso, quando

comparando os grupos.

36

Aquino et al. (2004) ressalta que a propriocepção em indivíduos normais é

determinada como a sensação de movimento e a posição articular enviadas através

de informações que não sejam de fontes visuais, auditivas ou cutâneas. As

informações de alteração mecânica das estruturas articulares são enviadas ao

sistema nervoso central através dos mecanorreceptores presentes em cápsulas,

ligamentos, meniscos, e músculos (tendão) onde são processadas para detectar o

movimento e reconhecer o posicionamento articular em relação ao espaço. Em

indivíduos com AVE é comum apresentarem déficits proprioceptivos, o que pode

interferir na assimetria de descarga de peso aumentando a oscilação e

instabilidade, de maneira que necessitam encontrar formas de adaptação para

manter o equilíbrio em pé.

No estudo de Kim e Eng (2003) os hemiparéticos desempenharam a marcha

em um período maior de tempo em relação aos indivíduos sem déficit de força

durante a realização do teste de TUGO. Neste estudo os indivíduos hemiparéticos

realizaram o teste com 114 % de tempo a mais em relação ao grupo controle.

No estudo realizado por Marigold e Eng (2006) mostra que os indivíduos

com AVE apresentam aumento anteroposterior (AP) da oscilação postural quando

comparado com indivíduos saudáveis quando ha uma alteração somatossensorial.

Também relata que a propriocepção do tornozelo é um fator importante para

controlar a oscilação postural, mas ainda não é clara a forma de como os déficits

somatossensoriais afetam a oscilação da postura em indivíduos com AVE crônico

Deficiências dos sistemas sensoriais tem um papel maior do

comprometimento motor durante a posição estática. Porém, não é clara a forma de

como os déficits somatossensoriais afetam a oscilação da postura em indivíduos

com AVE crônico (MARIGOLD e ENG, 2006)

No nosso estudo a propriocepção não foi um fator determinante, mas esse

resultado pode ter ocorrido devido ao n pequeno (amostra), embora um estudo de

revisão de 2006 (Van Peppen et al.) de 78 artigos que propuseram um treino com

feedback visual para substituir o déficit proprioceptivo em pacientes hemiplégicos e

melhorar a postura em bipedestação e diminuição na assimetria na distribuição do

peso, não mostrou resultados significativos. Os autores questionam, portanto se as

37

aferências sensoriais, visão e propriocepção são determinantes para a simetria na

distribuição do peso em bipedestação.

Estudo realizado por Bonan et al. (2012), traz que a dependência crescente

visuais manifestada por pacientes com AVC não implica necessariamente qualquer

negligência de informações proprioceptivas e vestibulares.

Já o estudo realizado por TORRIANE et al. (2008) nos relata que os

receptores cutâneos e articulares têm um papel fundamental na manutenção do

equilíbrio para assegurar que os movimentos posturais se tornem adequados para

cada tipo de superfície. Para a manutenção desse controle postural a sensibilidade

dos pés e tornozelo são essenciais. Os olhos, aparelho vestibular, músculos,

proprioceptores tendíneos e articulares e receptores de tato são fontes que

monitoram o movimento. Pacientes com seqüelas de AVE que apresentam

deficiência em qualquer sistema sensorial de monitorização dos movimentos são

capazes de realizar compensações através dos demais sistemas.

Carr e Shepherd (2008) mostra que na posição em pé e em superfície de

solo estável, os músculos das pernas garantem uma posição em pé equilibrada, ou

seja, o déficit de força muscular pode inibir a manutenção de uma atividade

muscular e o controle da sinergia entre os músculos, para sustentar o indivíduo em

pé. O resultado do nosso estudo corrobora, pois na análise da avaliação da força

muscular identificamos que os indivíduos hemipareticos mostraram déficit de força

muscular, cujos valores diferem significantemente do grupo controle podendo ser

esse um fator significativo para a deficiência na sustentação do peso no membro

afetado, gerando, portanto uma assimetria na descarga de peso.

Um estudo realizado por Brière et al., (2011), comparou um grupo de

indivíduos hemiparéticos com um grupo saudável o erro na percepção de suporte

de peso e na sua distribuição na descarga de peso real durante a tarefa sit-to-stand

( sentado para em pé) analisando sua o associação entre a força muscular do

extensor do joelho e a percepção na descarga de peso. A partir disso, revelou-se

que indivíduos com hemiparesia após AVE não tem a percepção quando executam

a tarefa de forma assimétrica e que a força do extensor do joelho é um fator ligado

a essa assimetria de descarga de peso e não à sua percepção. A assimetria

38

observada em indivíduas hemiparéticos parece estar relacionada ao desejo de

produzir níveis simétricos, portanto, na presença de fraqueza muscular, indivíduos

hemiparéticos que se baseiam nas suas estratégias motoras para produzir níveis

semelhantes de esforço inevitavelmente executarão de forma assimétrica.

(SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003) justificam a fraqueza muscular

em sujeitos hemiparéticos após AVE trazendo como hipótese o resultado do

desuso, consequência da alteração do suprimento sanguíneo do membro afetado, a

atrofia muscular secundaria a artropatia, e mudanças transsinápticas que

influenciam os motoneurônios após da degeneração das fibras cortiços espinhais. A

literatura também nos traz a conhecimento que após um AVE o individuo pode ser

imobilizado pelo recrutamento pobre de unidades motoras, desuso subsequente e

pode haver também mudanças adaptativas associadas ao envelhecimento e

diminuição da atividade física. (SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003).

As qualidades dos músculos dependem da função neurológica preservada.

Quando ocorre lesão do neurônio motor superior, há necessidade de melhorar tanto

a eficiência quanto a capacidade da geração de força dos músculos fracos (COSTA

et al., 2010).

Os hemipareticos desempenharam a marcha em um período maior de

tempo em relação aos indivíduos sem déficit de força durante a realização do teste

de TUGO, esse resultado pode estar relacionado ao fato de que a fraqueza

muscular dos membros inferiores também interfere na variabilidade da velocidade

da marcha cerca de 66% a 72% de acordo com estudo realizado por Kim e Eng

(2003), ou seja, o déficit de força muscular interfere também na velocidade da

marcha.

Com a velocidade da marcha alterada consequentemente a distância

percorrida durante um determinado tempo estará comprometida. É o que nos

mostra o estudo realizado por Pradon et al. (2012) utilizando teste de caminhada de

6 minutos para avaliar a capacidade funcional do pacientes com AVE levando em

consideração a força muscular, mostrou que indivíduos com menor força muscular

executou o teste realizando uma distância menor em relação ao grupo de maior

39

força muscular, confirmando que a diminuição de força interfere no desempenho da

marcha.

De acordo com estudo realizado por Teixeira-Salmela et al, (2005) que ao

correlacionar simetria ao desempenho funcional após treinamento de fortalecimento

muscular dos membros inferiores de hemiplégicos crônicos identificou que após

treinamento e condicionamento muscular mostraram melhora significativas somente

para medidas de desempenho funcional e não mostrou melhora significativamente

da simetria.

Na prática terapêutica é comum observar um planejamento de tratamento

que vise promover padrões de simetria na descarga de peso em paciente com

hemiparesia devido ao déficit de equilíbrio na posição ortostática consequente da

hemiparesia, como já citado, que traz padrões compensatórios de assimetria

corporal (TRÍPOLI et al., 2008).

5. CONCLUSÃO

Concluímos que a assimetria está presente em indivíduos parético e em

indivíduos sem acometimento, porém, em indivíduos sem acometimento a

assimetria é menor. Quando comparados os grupos, é possível identificar uma

diferença significativa nas variáveis descarga de peso e força muscular. Embora os

pacientes hemiplégicos sejam mais dependentes das aferências sensoriais que os

indivíduos saudáveis. Nosso estudo sugere que a FM possa ser o fator mais determinante

para a assimetria postural. Sugerimos novos estudos com um n maior de indivíduos e

como proposta de trabalho um próximo estudo comparando um treino de

fortalecimento muscular com a assimetria na descarga de peso antes e após o

treino.

40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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44

ANEXO I

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

“Avaliação da simetria na descarga de peso em membros inferiores em

pacientes portadores de hemiparesia”.

Eu,................................................................................................................................,

RG.................................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e

esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob

a responsabilidade das pesquisadoras Gianna C. Cannonieri Nonose, Anna Carolina

Marchelli de Assis e Jeisianny do Vale Carvalho, do Curso de Fisioterapia da

Universidade São Francisco

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:

1 - O objetivo da pesquisa é avaliar através do Wii® Balance Board a

descarga de peso nos membros inferiores em indivíduos hemiparético comparando

com um grupo de indivíduos sem hemiparesia (grupo controle).

2- Durante o estudo serei avaliado quanto a minha descarga de peso sobre os

membros inferiores, utilizando o console Nintendo Wii, durante 1 sessão, avaliação

realizada uma única vez, com duração de 50 minutos a sessão.

3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente

sobre a minha participação na referida pesquisa;

4- A resposta a este procedimento não causam riscos conhecidos à minha saúde física

e mental, não sendo provável, também, que causem desconforto emocional.

5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa,

o que não me causará nenhum prejuízo;

45

6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na

pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos

acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;

7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco

para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 –

2454-8981;

8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Profª Gianna, sempre

que julgar necessário pelo telefone 11- 2454-8133

9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá

em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

___________, _____________

Local data

Assinatura do participante...................................................................................

________________________________________________________

Responsável: Profª Gianna Carla Cannonieri

46

ANEXO II

TESTE “TIME UP AND GO”: TUG

1. Equipamentos: cadeira com braço, fita métrica, fita adesiva e cronômetro.

2. Iniciar o teste com o indivíduo sentado corretamente em uma cadeira

descansando no encosto da cadeira. A cadeira ficará posicionada de forma

que não se mova durante o teste.

3. Uma fita é colocada a 3 metros de distância da cadeira de forma fácil do

indivíduo ver.

4. Instrução: “Quando eu disser a palavra “vá” você vai se levantar, caminhar

até a linha no chão e volta para cadeira caminhando e sentar. Ande em seu

ritmo normal”.

5. Iniciar a cronometragem na palavra “vá” e interromper o cronômetro quando

o indivíduo estiver sentado novamente de forma correta na cadeira com as

costas apoiada no encosto da cadeira.

6. O indivíduo deve utilizar calçado regular, podendo utilizar dispositivos de

apoio durante a deambulação sem auxilio de outra pessoa. Não há tempo

limite.

7. Deve ser dado um teste prático sem cronometragem antes da realização do

teste que será validado.

8. Será avaliada a velocidade da marcha com mudança de direção e equilíbrio.

Nome:_______________________________________________Idade:______anos

TEMPO DE REALIZAÇÃO:___________________

Data:_____/_____/_____

47

ANEXO III

FICHA DE AVALIAÇÃO

Nome:_______________________________________________________________

Data de Nascimento: ______/_____/_____ Idade:________________

Sexo: F( ); M ( ) Telefone: __________________

Dominância manual: ( ) destro; ( ) sinistro; ( ) ambidestro

Data do AVE:_______________________

Episódios de AVE:____________________________________________________

AVE: ( ) isquêmico ( ) hemorrágico

Hemiplegia: ( ) direita; ( ) esquerda

Mantém bipedestação : ( ) sem auxilio

( ) com auxilio; Qual:___________________

Deambula: ( ) sim; ( ) não

( ) sem auxilio ( ) Com auxilio; Qual:___________________

Uso de órtese posicionamento:

( ) sim; ( ) não Qual:___________________________

Tempo de tratamento fisioterapeutico:

____________________________________________________________________

FM Propriocepção

Descarga de

peso sem

aferência visual

Descarga de

peso com

aferência

visual

Avaliação

TUGO

D E Hálux Tornozelo D E D E

Quadríceps

Tríceps

Sural

48

ANEXO IV

Teste de força muscular (manual)

Método de graduação numérica clássica que é graduada de 0 a 5. A

resistência imposta ao membro deve ser executada por um único avaliador.

Primeiramente, deve-se explicar ao paciente a finalidade do teste e, em seguida,

posicioná-lo de maneira adequada para que o segmento testado esteja livre para

realização do movimento e instruí-lo a maneira que o movimento será realizado de

forma passiva. O segmento será recolocado na posição inicial, o musculo testado será

palpado e o segmento articular distal será estabilizado. Solicita-se que o paciente

realize ativamente o movimento de acordo com a sua amplitude máxima

primeiramente sem resistência e posteriormente com uma resistência gradual.

Músculo Membro Grau

0

Grau

01

Grau

02

Grau

03

Grau

04

Grau

05

Extensão de joelho

Quadríceps

D

E

Flexão plantar

Tríceps Sural

D

E

Graduação:

0 = ausência de contração;

1 = contração sem movimento ou com movimento incompleto;

2 = contração com movimento completo sem a força da gravidade;

3 = contração com movimento completo contra força da gravidade;

49

4 = contração com movimento completo vencendo a resistência;

5 = contração com movimento completo vendo uma forte resistência.

No teste de força muscular do músculo quadríceps o paciente deve estar

sentado à beira na maca, joelhos aproximadamente 90°, realizar uma extensão do

joelho sem rotação da coxa e simultaneamente o terapeuta aplica uma resistência

sobre o terço distal de perna (acima do tornozelo) na direção oposta ao movimento

realizado (flexão). Já para avaliar a força muscular do músculo tríceps sural, o

paciente deve está e bipedestação e deve-se elevar sobre os artelhos, empurrando o

peso do corpo diretamente para cima sendo que a resistência imposta é o próprio

peso do corpo. (KENDELL, 1995)

50

ANEXO V

Teste Cinético Postural

Verifica a noção da posição segmentar (teste cinético postural) que será

realizada colocando passivamente o membro testado em determinada posição e

solicitando que o paciente diga a posição do membro ou que coloque outro membro

na mesma posição. Esta manobra é realizada com os olhos fechados.

Regiões do corpo Propriocepção

TORNOZELO

HÁLUX

Pontuação: propriocepção

0 = ausente

1=execução do movimento de forma errada

2= direção do movimento > 10°

3= normal ou direção articular < 10°