AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES TERMOFÍSICAS EM … · Inovação Tecnológica e Propriedade...
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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES
TERMOFÍSICAS EM UNIDADES DE
TERAPIA INTENSIVA DE HOSPITAIS
DA CIDADE DE JOÃO PESSOA
Priscila Elida de Medeiros Vasconcelos (UFPB)
Luiz Bueno da Silva (UFPB)
Antonio Souto Coutinho (UFPB)
LUCIANO CARLOS AZEVEDO DA COSTA (UFPB)
ROBERTA DE LOURDES SILVA DOS SANTOS (UFPB)
Este estudo avaliou as condições termofísicas às quais estão
submetidos os profissionais de saúde em ambientes Unidades de
Terapia Intensiva (UTIs) da cidade de João Pessoa. Para tanto, foram
analisadas 5 UTIs de hospitais da rede pública dda cidade, nas quais
foram avaliadas o calor,o ruído e a iluminação. Questionários foram
aplicados a fim de obter-se informações comportamentais dos
usuários. As medições foram realizadas em um período de três dias
seguidos, em que foram feitas visitas e medições nos três turnos de
trabalho para cada UTI. Para a análise do conforto térmico foi
utilizado um medidor de estresse térmico que permitiu aferir as
temperaturas de globo, de bulbo seco e de bulbo úmido. Os índices de
PMV e PPD foram calculados conforme a norma ISO 7730/94. Os
níveis de pressão sonora foram obtidos com auxílio de um
decibelímetro, e a análise de acústica realizada com base na norma
NBR 10152/87. A iluminância média foi obtida através de um
luxímetro, e a análise posterior foi baseada na norma NBR 5413/92.
Constatou-se que em algumas UTIs os profissionais estão submetidos a
índices inadequados de calor. Também os índices de ruído e
iluminação encontram-se fora do intervalo estabelecido pelas normas
adotadas, em todas as unidades estudadas. Grande parte dos
funcionários afirmou sentir sintomas relacionados à permanência no
local, decorrentes das condições ambientais as quais estão submetidos.
Entretanto, afirmam que não tem sua capacidade de trabalho
prejudicada pelos mesmos.
Palavras-chaves: conforto ambiental, profissionais de saúde, hospitais,
UTIs
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
As atividades realizadas, assim como o ambiente físico e social surtem efeitos diversos sobre
a capacidade física, mental e emocionais dos profissionais. Os hospitais em geral oferecerem
condições precárias, que aliadas a fatores organizacionais como: estresse, sobrecarga de
horários, plantões, trabalho noturno, segundo emprego, baixos salários, convívio contínuo
com dor e morte, dentre outros, geram uma série de problemas acumulados aos quais os
profissionais em que neles trabalham estão constantemente submetidos (Costa, 2005).
Segundo Miranda (2008), a preocupação com a questão da saúde dos trabalhadores
hospitalares no Brasil iniciou-se na década de 70, quando pesquisadores da Universidade de
São Paulo enfocaram a saúde ocupacional em trabalhadores hospitalares. Considerando o
desconforto térmico, assim como iluminação inadequada e níveis elevados de ruído, fatores
de risco de acidentes.
Hospitais e estabelecimentos de saúde encontram-se entre as mais complexas instalações,
devido à grande variedade de utilizações de seus espaços internos e funções, sendo a
qualidade do ambiente interno, incluindo o conforto térmico, acústico e visual, e a qualidade
do ar, fatores que interferem diretamente nas condições de trabalho, bem-estar, segurança e
saúde dos profissionais que neles trabalham (BALARAS, 2007).
O conforto ambiental compreende o estudo das condições térmicas, acústicas, luminosas e
energéticas e os fenômenos físicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e
da organização do espaço, ou seja, está ligado à questão de proporcionar ao usuário de uma
edificação as condições básicas necessárias de habitabilidade, utilizando-se racionalmente os
recursos disponíveis (Frota e Schiffer, 1995).
Para Verdussen (1978) apud Santos (2000), o calor é um parâmetro de grande importância
quando se busca criar condições ambientais de trabalho adequadas. Condições de desconforto
térmico implicam em redução da capacidade muscular e do rendimento, alteração da atividade
mental, causando perturbação de coordenação sensório-motora.
Condições de iluminação ruins podem causar fadiga, distorção da visão, redução da
produtividade, cansaço, alteração no ciclo circadiano e estresse ao sistema visual, nervo ótico.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA (2005), para o caso do
ambiente hospitalar a questão da iluminação deve ser enfocada principalmente nas salas
cirúrgicas e no campo operatório, tendo em vista que a má iluminação nestes casos pode
acarretar em graves prejuízos ao profissional e ao paciente.
A exposição a altos níveis de ruído pode trazer sérias perturbações funcionais ao organismo,
podendo afetar o sistema nervoso, os sistemas digestivo e circulatório, trazendo desconforto e
fadiga aos profissionais, influenciando diretamente na produtividade dos mesmos. (ANVISA,
2005)
As atividades realizadas pelos profissionais da saúde são muito importantes, e os fatores
ambientais apresentam grande interferência não só na capacidade individual dos mesmos,
como também conseqüências diretas aos pacientes por eles tratados. Por esse motivo, este
estudo tem como objetivo avaliar as condições termofísicas às quais estão submetidos os
profissionais da saúde, especificamente das unidades de terapia intensiva, da cidade de João
Pessoa, e as possíveis conseqüências sobre a saúde dos mesmos.
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2. Conforto Térmico
Segundo ASHRAE (1997) apud Djongyang (2010), o conforto térmico é expresso como ―um
estado da mente que reflete satisfação com o ambiente térmico‖. Com isso, este pode ser
considerado um estado de espírito, estando sujeito à diferenças de humor, cultura, fatores
organizacionais e sociais de cada indivíduo.
De acordo com Frota e Schiffer (2001), se as condições térmicas ambientais causam sensação
de frio ou de calor, significa que o organismo está perdendo mais ou menos calor que o
necessário para a manutenção da homeotermia, à temperatura corporal constante (37°C), que
passa a ser conseguida com um esforço adicional. Este esforço representa uma sobrecarga,
com queda do rendimento no trabalho, até o limite, sob condições de rigor excepcionais,
perda total de capacidade para realização de trabalho e/ou problemas de saúde.
Atendendo a solicitação da ASHRAE, em 1923 foi criado o índice de temperatura efetiva por
Hougthen e Yaglow, que considerava apenas a temperatura de bulbo seco, a umidade e a
velocidade do ar como variáveis envolvidas. A fim de corrigir essa deficiência, estudos
realizados na década de 70 passaram a considerar também a radiação. Com isso, passou-se a
se definir a temperatura efetiva TE como ―a temperatura operativa de um ambiente com
umidade relativa igual a 50%, que proporcionaria a uma pessoa, a mesma sensação que essa
pessoa teria no ambiente real‖. (COUTINHO, 2005)
Segundo Lin (2008), em 1962, Macpherson definiu seis fatores como aqueles que afetam a
sensação térmica: quatro variáveis físicas (temperatura, velocidade e umidade relativa do ar, e
temperatura média radiante); e duas variáveis pessoais (resistência térmica das vestes e nível
de atividade, ou seja, a taxa metabólica).
Para Roriz (1987), a sensação de conforto térmico é obtida a partir do efeito simultâneo de um
complexo conjunto de fatores objetivos, como os elementos do clima (temperatura do ar,
umidade relativa, movimento do ar e radiação), atividade física e vestimenta, e outros de
caráter subjetivo como aclimatação, etc. Segundo o autor, somente o efeito conjugado destes
parâmetros, quando produz sensações térmicas agradáveis, constitui a denominado zona de
conforto.
A determinação de uma temperatura de conforto apresentada pelas Normas ISO 7730 (1994) e
ASHRAE Fundamentals (1997) está baseada no balanço térmico entre o corpo humano e o
ambiente, através de mecanismos de trocas de calor ocorridas pela pele e pela respiração. O
balanço térmico é obtido quando a diferença entre o calor produzido pelo corpo através do
metabolismo e o trabalho realizado é dissipado no ambiente. Quando isto é alcançado sem
reações fisiológicas significativas, é dito que o corpo está em neutralidade térmica, uma
exigência para o conforto térmico.
Para quantificar esta variação a Norma ISO 7730/94 utiliza uma equação de balanço térmico
que leva em consideração, além do metabolismo e das perdas de calor através da pele e da
respiração. Essas levam em conta a resistência térmica e permeabilidade das vestimentas
utilizadas, a temperatura do ar, à temperatura media radiante, a umidade, a velocidade do ar e
a atividade exercida. Entretanto, segundo estudo realizado por Fanger (1970), o balanço
térmico não é uma condição suficiente para garantir a sensação de conforto térmico. Para o
autor, qualquer mudança nas condições de conforto, implica em um saldo ou carga térmica L
a ser imediatamente eliminado pelo sistema de termorregulação para que o balanço seja
refeito, equação abaixo:
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Onde:
M= Taxa metabólica de produção de calor (W/m²);
T = Trabalho externo (W/m2);
Cres= Perda de calor sensível na respiração, por convecção (W/m2);
Eres= Perda de calor latente pela respiração, por evaporação (W/m2);
Edif = Perda de calor por evaporação por difusão, nas partes enxutas do corpo (W/m2);
Es =Perda de calor por evaporação, nas partes molhadas do corpo (W/m2);
C = Perda de calor sensível pela pele (W/m2);
R = perda de calor sensível por radiação (W/m2).
A fim de identificar a relação entre a sensação de conforto térmico, de caráter subjetivo, e as
variáveis de balanço térmico, Fanger realizou um experimento, no qual pessoas ficavam em
câmaras climáticas, nas quais as variáveis de conforto eram mudadas a cada teste. Ao final de
cada experimento as pessoas expressavam sua opinião em relação a sua sensação térmica (Y),
como mostra o quadro 1.
SENSAÇÃO PMV
Muito Frio -3
Frio -2
Levemente Frio -1
Confortável 0
Levemente Quente 1
Quente 2
Muito Quente 3
Quadro 1 - Escala de sensação térmica representativa do PMV.
Ao final do experimento, obteve a seguinte relação:
Com isso, a sensação térmica passou a ser representada pelo voto médio estimado PMV
(Predicted Mean Vote) que é obtido a partir da equação abaixo:
Em seu estudo, Fanger constatou que cada sensação térmica (PMV) correspondia a um
percentual de pessoas insatisfeitas PPD (Predicted Percentage of Dissatisfied), que pode ser
calculada de acordo com a equação:
Considerando o caráter subjetivo relativo às condições de conforto, a Norma ISO-7730/94
admite serem aceitáveis ambientes térmicos em que -0,5 ≤ PMV ≤ 0,5, ou seja, em que no
máximo 10% dos ocupantes se mostrem descontentes, ou seja, PPD ≤ 10%.
3. Conforto Lumínico
Segundo Iida (2005) o correto planejamento da iluminação e das cores contribui para
aumentar a satisfação no trabalho e melhorar a produtividade, assim como reduzir a fadiga e
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os acidentes de trabalho.
A norma NBR 5413/92 da ABNT estabelece que a Iluminância consiste no limite da razão do
fluxo luminoso recebido pela superfície em torno de um ponto considerado, para a área da
superfície quando esta tende para o zero.
Segundo Slack et al (2005), a intensidade de iluminação requeria para desempenhar qualquer
trabalho está diretamente ligada à natureza do mesmo. Trabalhos que envolvem movimentos
extremamente delicados e precisos, como é o caso de cirurgias, requerem níveis elevados de
iluminação, enquanto outros que não exigem tamanha precisão, requerem níveis mais baixos.
Segundo Wedel (1995), além da iluminação natural, a UTI deve possuir iluminação geral de
teto para realização das atividades e registro pela equipe de trabalho e conforto do paciente,
não excedendo 30 pé-vela(fc), aproximadamente 300 lux. A iluminação noturna quando em
uso contínuo não deve exceder 6,5 fc (65 lux), ou para períodos curtos 19 fc (190 lux). É
desejável uma lâmpada de leitura para o paciente que não deve exceder 30 fc (300 lux).
Iluminação específica para procedimentos de urgência devem ser colocados diretamente
acima do paciente com pelo menos 150 fc (1500 lux).
Entretanto, a ANVISA (2005), sugere a adoção da norma NBR 5413/92, que estabelece os
valores de iluminâncias médias mínimas em serviço para iluminação artificial em interiores
em geral. Esta, para cada tipo de local ou atividade, indica três valores de iluminâncias, das
quais, a seleção do valor recomendado é feita levando-se em conta as refletâncias e contrastes,
a importância da velocidade e precisão, e a capacidade visual do observador.
Normalmente utiliza-se o valor intermediário dentre os três. O valor mais alto, só deve ser
utilizado em casos em que:
a) a tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes bastante baixos;
b) erros são de difícil correção;
c) o trabalho visual é crítico;
d) alta produtividade ou precisão são de grande importância;
e) a capacidade visual do observador está abaixo da média.
Em contrapartida, o valor mais baixo, das três iluminâncias, pode ser usado quando:
a) refletâncias ou contrastes são relativamente altos;
b) a velocidade e/ou precisão não são importantes;
c) a tarefa é executada ocasionalmente.
A tabela 1 apresenta os valores de iluminância em lux, para diferentes tipos de atividades
realizadas em hospitais:
Ambiente Iluminâncias em lux, por tipo de atividade
(valores médios em serviço)
Hospitais (Salas dos médicos ou enfermeiras –
geral)
100 – 150 – 200
Hospitais (Salas dos médicos ou enfermeiras –
mesa de trabalho)
300 - 500 - 750
Hospitais (departamento cirúrgico: sala de
operação - iluminação geral)
300 - 500 - 750
Fonte: Adaptado de NBR 5413/92
Tabela 1 - Níveis de Iluminância Média para hospitais
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A Norma NBR 5382/85 especifica o procedimento para a verificação da iluminância de
interiores de áreas retangulares, através da iluminância média sobre um plano horizontal,
proveniente da iluminação geral. O método consiste na divisão da área observada em áreas de
(50 x 50) cm, fazendo-se uma medição em cada área e calculando-se a média aritmética. Para
tanto a norma NBR 5382/85 estabelece a metodologia para verificação de áreas com
determinados padrões de iluminação.
As UTIs foram classificadas de acordo com a iluminação existente no local, e com isso,
utilizou-se a metodologia indicada pela norma NBR 5382, para se calcular a iluminância
média de cada uma delas e compará-las com os níveis indicados pela norma NBR 5413.
4. Conforto Acústico
Conceituar o ruído não é tão fácil quanto percebê-lo. Existem diversas definições, dentre as
quais, a mais usual, é a que considera o ruído como um som indesejado (GERGES, 2000).
Fisicamente, o ruído pode ser considerado uma mistura complexa de diversas vibrações,
medido em escala logarítmica, cuja unidade é decibel (dB) (IIDA, 2005). Normalmente, o
termo som é usado para as sensações prazerosas, como fala ou música, enquanto o ruído é
utilizado para descrever um som indesejável como buzina, barulho de trânsito e máquinas
(AZEVEDO, 1994 apud SOUZA, 1998).
Entretanto, tais vibrações somente se tornam auditivamente perceptíveis caso estejam dentro
da faixa de freqüência captável pelo ouvido humano, a qual varia desde 20 a 20.000Hz. Além
disso, é necessário que haja também certa variação de pressão para ocorrer a percepção do
som. Dessa forma, percebe-se o som quando as variações de pressão e a freqüência de
propagação estiverem dentro dos limites compatíveis com a fisiologia do ouvido humano
(SANTOS, 1999).
Segundo Araújo e Refazzi (2002), a escala logarítmica utilizada para descrever o nível de
ruído é a escala BEL, que representa a aproximação à percepção humana da audibilidade
relativa. O bel é o logaritmo de uma razão de 10, sendo dividido em dez partes chamadas
decibels. Logo, o decibel é um décimo do bel.
1 BEL = log10 = 10 dB
De acordo com Iida (2005), existem dois tipos de ruídos: os contínuos, que ocorrem de
maneira uniforme durante toda a jornada de trabalho; e os de impacto, que se tratam de picos
de energia acústica de curta duração (1s) e que chegam a níveis de 110 a 135 decibéis (dB). O
autor afirma que, de acordo com as normas brasilieras (NR-15), para uma jornada de trabalho
de 8 horas diárias, o limite de tolerância é de 85 dB, sendo que, a cada elevação equivalente a
5 dB(A), o tempo máximo de exposição ao ruído é reduzido pela metade.
Muitos estudos relatam que a exposição prolongada à poluição sonora pode causar tanto
distúrbios auditivos quanto não-auditivos. Estes podem ser desde a perda auditiva à vertigens,
agitação, fadiga, hipertensão, problemas gastrointestinais, arritmia cardíaca, distúrbios
nervosos e psicológicos, entre outros (JUANG, 2010).
Diante disso, a Norma NBR 10152/87 da ABNT fixa os níveis de ruído compatíveis com o
conforto acústico em ambientes diversos, estabelecendo as faixas aceitáveis para o nível de
pressão sonora (LPA) em decibéis [dB], de acordo com a tipologia do mesmo. O nível de
pressão sonora (LPA) pode ser obtido através da equação abaixo:
Onde:
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PA = pressão ponderada A, dada em pascal (Pa);
Po= pressão sonora de referência (20 μPa).
Os valores mensurados devem ser comparados com os previamente estabelecidos pela NBR
10152/87. A tabela (2) apresenta os níveis sonoros aconselhados para ambientes hospitalares:
Local Níveis Sonoros (dB)
Hospitais (Apartamentos, Enfermarias, Berçários e
Centros Cirúrgicos)
35 – 45
Hospitais (Laboratórios e Áreas para uso público) 40 – 50
Fonte: NBR 10152/87
Tabela 2 - Limites toleráveis de ruído para ambiente hospitalar
Neste caso, os valores inferiores das faixas de nível sonoro representam a condição para
conforto, enquanto os superiores significam o nível sonoro aceitável para a finalidade. Assim
sendo, níveis que extrapolem o superior estabelecido para cada atividade, nesta tabela, são
considerados de desconforto, porém sem necessariamente implicar em risco de danos a saúde.
5. Metodologia
O estudo abrangeu UTIs de 5 hospitais da rede pública de João Pessoa. Dentre elas duas eram
neonatal, uma pediátrica e duas adulto. Nelas foram entrevistados 60 funcionários, técnicos de
enfermagem e enfermeiros.
Para a realização da análise do ambiente foi necessária a realização de medições de
temperatura de bulbo seco (tbs), temperatura de bulbo úmido (tbu), temperatura de globo (tg),
nível de pressão sonora (LPA) e iluminância média (IM) de todas as unidades estudadas. As
medições foram realizadas em um período de três dias seguidos, em que foram feitas visitas e
medições nos três turnos de trabalho (9h, 10h, 11h, 14h, 15h, 16h, 18h, 19h, 20h), para cada
hospital.
As altitudes dos bairros foram obtidas através da análise dos marcos geodésicas fornecidos
pela secretaria do planejamento da cidade de João Pessoa. A resistência térmica das vestes
adotada foi de 0,49 clo, correspondente ao uso de calcinha, sutiã, calça normal, camisa de
manga curta, meia e sapato tipo tênis, de acordo com a Norma ISO 9920/95. Enquanto o
metabolismo dos usuários estabelecido foi de 70 W/m², correspondente ao trabalho de
escriturário e 116 W/m², correspondente à maiores esforços físicos, observados nas UTIs
adulto.
Para a análise de conforto térmico foi utilizado um medidor de stress térmico portátil TGD
200 (que fornece as temperaturas de bulbo úmido, bulbo seco e de globo com ± 0,1 °C de
precisão); o software Analysis CST, forneceu os dados referentes ao PMV e PPD médio de
cada UTI, conforme ISO 7730/94.
Quanto aos níveis de iluminação, a ANVISA (2005) sugere a adoção da norma NBR 5413/92,
que estabelece os valores de iluminâncias médias mínimas em serviço para iluminação
artificial em interiores em geral. A Norma NBR 5382/85 especifica o procedimento para a
verificação da iluminância de interiores de áreas retangulares, a partir do padrão de
iluminação encontrado em cada ambiente, para tanto se utilizou um luxímetro modelo Lux
Meter Digital ( com precisão de 0,1 lux e faixa nominal de 0-9999 lux).
Com relação ao conforto acústico, a Norma NBR 10152/87 da ABNT fixa os níveis de ruído
compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos, estabelecendo as faixas
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aceitáveis para o nível de pressão sonora (LPA) em decibéis [dB], de acordo com a tipologia
do mesmo; para mensurar estes níveis utilizou-se um medidor de ruído modelo DEC – 470
(com precisão de +/- 1,5 dB)
6. Resultados e Discussões
Os hospitais foram classificados de A a E, de acordo com a ordem em que foram realizadas as
medições. As UTIs neonatais se encontram nos hospitais C e D, enquanto a pediátrica e as
adulto se encontram nos hospitais E, A e B, respectivamente.
6.1. Conforto térmico
De posse dos valores de temperatura, taxa metabólica, resistência térmica das vestimentas e
altitude dos bairros, foi possível calcular o Voto médio Previsto – PMV (tabela 1), que
implicaram em um Percentual de Pessoas Insatisfeitas – PPD de acordo com a norma ISO-
7730/94.
PMV
70 W/m² 116 W/m²
A B C D E A B
10:00 -0,74 -0,74 -0,34 -0,05 0,21 0,23 0,17
11:00 -0,74 -0,83 -0,36 0,01 0,3 0,21 0,16
12:00 -0,74 -0,71 -0,51 0,13 0,33 0,22 0,26
14:00 -0,66 -0,65 0,00 0,25 0,27 0,28 0,29
15:00 -0,74 -0,72 0,02 -0,04 -0,03 0,26 0,24
16:00 -0,61 -0,77 -0,07 0,15 -0,01 0,31 0,19
18:00 -0,74 -0,81 -0,07 -0,07 -0,11 0,25 0,18
19:00 -0,74 -0,92 -0,07 -0,09 -0,06 0,21 0,10
20:00 -0,72 -0,89 -0,07 -0,18 -0,03 0,23 0,12
PPD (%)
10:00 16,40 16,40 7,43 5,05 5,93 6,09 5,59
11:00 16,40 19,44 7,76 5,00 6,91 5,95 5,54
12:00 16,40 15,70 10,34 5,36 7,27 6,01 6,21
14:00 14,16 13,76 5,00 6,34 6,47 6,60 6,74
15:00 16,40 15,90 5,01 5,03 5,02 6,41 6,15
16:00 12,82 15,59 5,11 5,44 5,00 7,03 5,75
18:00 16,40 18,67 5,11 5,11 5,26 6,29 5,65
19:00 16,40 22,71 5,11 5,15 5,08 5,93 5,21
20:00 15,96 21,65 5,11 5,70 5,02 6,12 5,30
Tabela 3 - Voto médio previsto para as UTIs A, B,C, D e E
Observa-se que os valores de PMV obtidos em todas as Unidades de Terapia intensiva
variaram de -0,92 à 0,33, o que representa uma sensação térmica de levemente frio à
confortável, considerando atividades mais leves (70 W/m²), implicando em valores de PPD
que variaram de 5,00 à 22,71%, o que mostra que em determinados horários as UTIs se
encontravam fora do intervalo especificado pela Norma ISO 7730/94, - 0,5≤ PMV ≤+0,5 e
PPD= 10%.
As figuras 1 e 2 permitem observar que para M=70 W/m², apenas as unidades A e B,
encontram-se fora do intervalo proposto pela norma ISO 7730/94, assim como a unidade C no
horário de 12h. Estas apresentam valores que caracterizam o ambiente como levemente frio.
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Considerando a realização de atividades com taxa
metabólica de 116 W/m², encontradas nas unidades A e B, os valores de PMV variaram de
0,10 à 0,31, ou seja, permanecendo dentro do intervalo de conforto especificado. Com isso,
entende-se que os indivíduos, quando realizando atividades de maior esforço físico, estão
sujeitos à uma situação confortável.
Tendo em vista que os profissionais não realizam atividades com taxas metabólicas constantes
durante toda a jornada de trabalho, entende-se que para as unidades A, B e C, estes estão
submetidos á períodos de desconforto térmico.
Pensando em amenizar as implicações do frio sobre os profissionais durante os períodos de
desconforto, sugere-se o uso de agasalhos apropriados do tipo avental, como adicional ao
trajes já utilizados que proporcionariam o aumento da resistência térmica das vestes para
0,79clo e, conforme demonstram as figuras 3 e 4, permitiria que o ambiente se enquadrasse na
zona de conforto térmico, prevista pela Norma ISO 7730/94.
3.2. Conforto lumínico
Devido algumas das UTIs não apresentarem uma disposição uniforme de luminárias, e por
estas se tratarem de um ambientes em que nem todos os espaços podem ser acessados, optou-
se analisá-las por postos de trabalhos: P1 – leito; P2 – Posto de enfermagem. Apenas as UTIs
C e D, permitiram a análise geral do ambiente. Tendo em vista que não foram realizadas
medições durante procedimentos de urgência, que exigiriam iluminação mínima de 750 lux,
considerou-se a iluminação mínima exigida de 500 lux, segundo a norma NBR 5413/92.
Observa-se, a partir da figura 5, que a maioria das UTIs apresentaram níveis de iluminância
constante durante todo o horário de trabalho. Entretanto, isto não ocorreu na unidade B, que
apresentou aumento de iluminação de 11 às 12h, e seguida queda de 12 às 14h. Isso pode ser
explicado devido ao fato da existência de grandes janelas, propiciando iluminação natural
direta no posto estudado, em determinados momentos da medição. Na unidade C também se
observou a existência de janelas, porém estas não permitiam a entrada direta de luz solar. As
demais UTIs não possuíam janelas.
Figura 2 - Relação entre a Sensação Térmica
limite adotada pela Norma ISO 7730/94, e a
observada nas UTIs A, B, C, D, E, considerando
M= 70W/m².
Figura 1 - Relação entre o PMV observado
para M= 70 W/m², e o intervalo permitido pela
Norma ISO 7730/94
Figura 1 - Relação entre a sensação térmica limite
adotada pela Norma ISO 7730/94, e a observada
nas UTIs A e B, considerando M=116W/m².
Figura 2 - Relação entre o intervalo permitido
pela Norma ISO 7730/94 e o PMV estimado após
a adoção do uso de agasalhos
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Os níveis de iluminância observados no posto de trabalho P1 variaram de 68 a 460 lux, sendo
considerados insuficientes para a realização das atividades mais delicadas, quando
considerada a norma NBR 5413/92. De acordo com a figura 7, novamente observa-se níveis
de iluminância constante em todas as UTIs, exceto para a unidade B, que, novamente,
apresentou pequenas variações nos níveis às 11 e 12h e seguida queda de 12 às 14h.
Os níveis de iluminância variaram de 68 a 256 lux no posto de trabalho P2, o que caracteriza
iluminação insuficiente para a realização das atividades desenvolvidas pelos profissionais
como prescrição e manipulação de medicamentos e anotações de procedimentos e atividades,
como estipula a norma NBR 5413/92. O preenchimento incorreto do escriturário em geral,
pode passar informações incorretas para os funcionários dos plantões seguintes, induzindo-o a
realizar procedimentos incorretos, podendo prejudicar a vida do paciente.
3.3. Conforto Acústico
Para a avaliação de conforto acústico todas as UTIs foram divididas em dois postos de
trabalhos: P1 – Leito e P2 – Postos de enfermagem. Os valores dos níveis de pressão sonora
obtidos em cada um deles foram dispostos na tabela 2:
Lpa (P1) – Leito Lpa (P2) - Área de Enfermagem
Hora A B C D E A B C D E
10:00 69,9 58,6 75,4 66,7 64,2 66,3 60,6 78,3 62,5 62,0
11:00 62,1 59,6 77,2 62,0 62,4 61,3 60,2 79,8 61,5 65,1
12:00 65,7 59,3 79,9 62,6 60,6 64,4 59,9 72,8 64,0 62,1
14:00 63,7 60,1 73,3 60,8 64,6 62,4 62,0 72,1 61,5 63,6
15:00 64,3 58,4 70,1 63,1 63,0 62,7 60,2 69,2 61,8 61,0
16:00 63,8 60,4 77,7 61,7 63,7 63,0 60,8 78,8 59,7 63,7
19:00 62,8 60,5 75,6 61,1 62,5 63,3 60,5 75,2 60,0 61,1
20:00 66,6 63,7 75,6 59,9 65,6 64,1 62,6 75,2 61,1 63,1
21:00 62,8 60,7 75,6 57,6 63,3 60,0 58,5 75,2 58,8 60,9
Tabela 4 - Níveis de Pressão Sonora
Observa-se que os valores de nível de pressão sonora encontrados em todas as UTIs nos
postos de trabalho 1 e 2 variaram em mínimos de 57,6 dB e máximos de 79,9 dB, estando
todos fora do intervalo de tolerância especificado pela norma NBR 10152/87, que vai de
Figura 6 - Comparação entre os níveis de iluminância
média observados e o estabelecido pela NBR 5413/92
no posto de trabalho P2.
Figura 5 - Comparação entre os níveis de
iluminância média observados e o estabelecido pela
NBR 5413/92 no posto de trabalho P1
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mínimo 35 a máximo 45 dB. Este fato pode ser melhor observado através das figuras 7 e 8,
que apresentam esta comparação para os postos 1 e 2, separadamente.
Os questionários foram aplicados a 20 enfermeiros e 40 técnicos de enfermagem. Dos 60
entrevistados, 85% eram mulheres e 15% homens. 97% relataram trabalhar em turnos de mais
de 8 horas, escala de plantões. Quanto ao tempo de trabalho na mesma empresa, 63% trabalha
há mais de 2 anos nas unidades onde foi realizado o estudo. A maioria dos participantes
encontra-se entre os 20 e 30 anos (47%). As mulheres apresentaram em média 64 kg (desvio-
padrão = 9,80) e 1,60m de altura (desvio-padrão = 0,06), enquanto os homens apresentaram
média de 69 kg (desvio-padrão = 9,52) e 1,73m de altura (desvio-padrão = 0,05).
Quando questionados quanto à sensação térmica atual, mais da metade dos funcionários das
unidades A e B (55%), assim como das demais unidades (50%), declararam estar em situação
térmica confortável; poucos declararam e sentir frio ou um pouco de frio. Entretanto, ao
preencher as tabelas de percepção, avaliação e preferências térmicas, durante a jornada de
trabalho, os profissionais declaram sentir frio, e desejar estar um pouco mais aquecido.
Referindo-se aos itens relacionados à sensação térmica (neste caso um indivíduo poderia
marcar mais de uma opção) 53% declararam condições térmicas agradáveis e 45% que as
atividades de trabalhos eram desenvolvidas normalmente.
Quando questionados sobre sintomas que cessam após a saída do trabalho (poderiam ser
selecionadas várias alternativas), a grande maioria declarou apresentar garganta seca (85%),
olhos vermelhos (82%) e fadiga ao final do turno. Foram também mencionados ressecamento
e irritação nos olhos e lábios, tonturas e náuseas. Constatou-se grande aceitação do ambiente
por parte dos profissionais participantes (88%).
4. CONCLUSÕES
O ambiente UTI oferece condições de trabalho precárias para o profissional da saúde, quando
consideradas as grandes jornadas de trabalho, contato diário com doenças e morte, ausência
da noção de dia e noite, dentro outros. Aliado a isso, os fatores ambientais podem interferir
ainda mais na capacidade de trabalho dos mesmos.
Os valores de PMV obtidos em todas as Unidades de Terapia Intensiva variaram de -0,92 à
0,33, o que representa uma sensação térmica de levemente frio à confortável. As unidades A e
B também se enquadraram no intervalo estabelecido, porém somente para execução de
Figura 7 - Comparação entre os níveis sonoros
observados e o intervalo de tolerância proposto pela
norma NBR 10152/87, para o posto de trabalho P1
Figura 8 - Comparação entre os níveis sonoros
observados e o intervalo de tolerância proposto
pela norma NBR 10152/87, para o posto de
trabalho P2
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atividades pesadas (M=116 W/m²), ou seja, durante a execução de atividade leves (70 W/m²),
os ocupantes encontravam-se em situação de desconforto, que pode estar associado aos
sintomas observados tais quais ressecamento nos olhos, garganta e lábios, assim como o
comprometimento da coordenação motora.
A elevação da temperatura tornaria o ambiente mais agradável termicamente, permitindo que
os profissionais desenvolvam suas atividades confortavelmente. Em contrapartida, se a
temperatura for superior a 24°C, conforme NBR 7256/2005, poderá implicar na proliferação
de bactérias, aumentando o risco de contaminação no ambiente. Neste caso, para amenizar
esta situação, sugere-se a utilização de agasalhos do tipo avental, que aumentaria a resistência
térmica das vestes, e possibilitaria a sensação de conforto dos profissionais.
No que tange ao ruído, observou-se que os valores de nível de pressão sonora encontrados em
todas as UTIs nos postos de trabalho 1 e 2 variaram de 57,6 à 79,9 dB, estando todos fora do
intervalo de tolerância especificado pela norma NBR 10152/87, que vai de 35 a 45 dB. Os
níveis de ruído, portanto, encontram-se excessivamente elevados, em decorrência dos
inúmeros alarmes e equipamentos, além da conversação da própria equipe hospitalar. Além de
prejudicar a saúde dos profissionais, níveis elevados de ruído podem vir a retardar o processo
de recuperação dos pacientes, principalmente no caso de recém-nascidos.
Os níveis de iluminância observados no posto de trabalho P1 variaram de 68 à 460 lux, sendo
considerados insuficientes para a realização das atividades mais delicadas, quando
considerada a norma NBR 5413/92, porém propiciam conforto ao paciente. Entretanto, para o
posto de trabalho P2, os níveis variaram de 68 à 256 lux, o que caracteriza iluminação
insuficiente para a realização das atividades desenvolvidas pelos profissionais como
prescrição e manipulação de medicamentos e anotações de procedimentos e atividades, como
estipula a norma NBR 5413/92. Os níveis inadequados de iluminação podem estar
relacionados às sensações de ardor nos olhos, vermelhidão, fotofobia, podendo causar cefaléia
e irritabilidade.
Os dados obtidos no questionário mostraram variação nas declarações dos trabalhadores com
relação à sensação de conforto percebida. Tal variação pode ser atribuída à própria
subjetividade do conceito de conforto térmico, assim como pode ser devido a fatores como a
dificuldade de interpretação dos questionários. A maioria dos funcionários afirmou sentir
sintomas relacionados à permanência no local, tais quais garganta ressecada, irritação nos
olhos, nariz e boca, assim como fadiga ao final do trabalho. Ainda assim, declararam
tolerância ao ambiente, afirmando que não tem sua capacidade de trabalho prejudicada pelos
mesmos.
A fadiga e irritabilidade, provocada pelo desconforto ambiental, são fatores atenuantes para o
acontecimento de acidentes. No caso das UTIs, estes podem vir a prejudicar não somente o
profissional, mas também os próprios pacientes. Este trabalho, ao analisar o ambiente UTI e
seus postos de trabalho, evidencia a necessidade de se atentar aos aspectos ambientais a fim
de garantir a segurança dos profissionais e, conseqüentemente, do pacientes, assim como de
manter o nível de atenção que é exigido pela profissão.
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