AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO - Escola de Administração · do referencial teórico e dos modelos de...

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2 ANDRÉIA LÉ DIAS DEISE DA SILVA CÂMARA RITA OLIVEIRA DO NASCIMENTO AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FATORES QUE RESULTAM EM IMPLICAÇÕES NEGATIVAS DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL ASSOCIADA AO PROGRAMA GDF DA CHESF Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Administração da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia como requisito para obtenção do grau de Especialista em Administração. Orientadora: Elizabeth Regina Loiola SALVADOR 2003

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ANDRÉIA LÉ DIAS DEISE DA SILVA CÂMARA

RITA OLIVEIRA DO NASCIMENTO

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FATORES QUE RESULTAM EM IMPLICAÇÕES NEGATIVAS DA AVALIAÇÃO

DE DESEMPENHO FUNCIONAL ASSOCIADA AO PROGRAMA GDF DA CHESF

Monografia apresentada ao Curso de Especialização

em Administração da Escola de Administração da

Universidade Federal da Bahia como requisito para

obtenção do grau de Especialista em Administração.

Orientadora: Elizabeth Regina Loiola

SALVADOR 2003

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ANDRÉIA LÉ DIAS DEISE DA SILVA CÂMARA

RITA OLIVEIRA DO NASCIMENTO

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FATORES QUE RESULTAM EM IMPLICAÇÕES NEGATIVAS DA AVALIAÇÃO

DE DESEMPENHO FUNCIONAL ASSOCIADA AO PROGRAMA GDF DA CHESF

Monografia para obtenção do grau de Especialista em Administração.

Salvador, agosto de 2003.

Orientadora: Profa. Elizabeth Regina Loiola Universidade Federal da Bahia

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AGRADECIMENTOS

A criação desse trabalho se deu não só através dos esforços das três autoras, mas

também pelas contribuições prestadas por diversas pessoas as quais desejamos agradecer e

reconhecer que sem estas nada teria sido possível.

A nossos familiares e amigos pelo apoio recebido e pela compreensão em dividir a

atenção merecida com os tempos de estudo.

À Elizabeth Loiola, nossa orientada, pelo incentivo dado na escolha do nosso objeto de

estudo o que nos estimulou a mergulhar intensamente no tema Avaliação de Desempenho e

pelas contribuições apresentadas ao longo da concepção dessa monografia.

À Sônia Mª Oliveira Bonelli Rebouças e Jaqueline Barreto Lé que apesar das suas

inúmeras atividades, apresentaram-se sempre receptivas às nossas solicitações, contribuindo

de maneira valiosa no processo de elaboração deste estudo.

À CHESF pela oportunidade que nos foi dada em estudar o seu Modelo de

Gerenciamento de Desempenho.

Aos professores Edilson Souto Freire, Antônio Carrilho Farias, Robinson Tenório e

Lucival José Siqueira Costa pelas sugestões apresentadas na elaboração dos questionários.

A todo o pessoal do CPA pelo constante apoio a nossas atividades, em especial a

Cristina Santos e Geovana Rufino por todos os instantes em que estiveram conosco, apoiando,

esclarecendo dúvidas, resolvendo nossos problemas, sempre com um sorriso amigo no rosto.

À Terezinha de Cássia Cotrim Amaral, Messias Bittencourt Figueiredo e Leusonval da

Silva Meirelles, funcionários do Núcleo de Informática da Escola de Administração da

UFBA, pelo suporte oferecido no momento das tabulações dos dados dos questionários.

Aos funcionários da biblioteca, em especial a Jackson Freitas e Wilson Araújo, por

terem nos atendido de forma sempre prestativa e cortês.

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À FORD, através de Karina Zanta e Marcos Leão, e à Monsanto, através de Emanuel

Moreira, por nos oferecerem a chance de conhecer seus modelos de gerenciamento de

desempenho.

Em especial cada autora deseja agradecer a algumas pessoas que lhes foram

particularmente importantes no decorrer do processo de elaboração deste estudo.

Eu, Deise, agradeço a meus pais, Mário e Lourdes, pelas oportunidades dadas, pelo

amor, atenção e compreensão para com a sua “caçulinha” e a Ricardo pela parceria afinada

em tudo, no amor e na vida. São vocês que me permitem ter sempre a certeza de que tudo vai

dar certo.

Eu, Andréia, agradeço primeiramente a Deus por ter me iluminado em todos os

momentos da minha vida. Agradeço a minha mãe e a minha tia Valdelice, que muitas vezes

renunciaram aos seus sonhos para que eu pudesse realizar os meus. A Nelson, meu marido,

por me motivar constantemente no meu aprimoramento profissional e também pelo

companheirismo e dedicação demonstrada em todos os momentos, principalmente naqueles

mais difíceis. Agradeço, ainda, ao prof. Osvaldo Barreto Filho e Eduardo Fausto Barreto por

terem me incentivado para inicialização deste curso.

Eu, Rita, agradeço a Deus “que me deu o Dom da vida, me presenteou com a liberdade,

me abençoou com a inteligência, me deu a graça de lutar para a conquista das minhas

realizações. A Ele cabe todo o louvor e glória; a mim; humildemente agradecer.” Aos meus

pais “Alegrem-se, pois se hoje sou estrela a brilhar, é porque sempre foram o Sol da minha

vida.” Aos meus amores Josafá, meu marido, Deivide, meu filho amado, e Thiago, meu filho

de coração. Amo muito vocês. À CHESF pela oportunidade e incentivo que sempre me

proporciona, sem este apoio, minha “estrela” não pode brilhar.

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“Insignificâncias fazem a perfeição, mas a perfeição não é uma insignificância.”

Miguelângelo

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S U M Á R I O

ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS.............................................................................................. 9

ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................. 11

RESUMO .................................................................................................................................... 12

1 - INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 13

1.1 - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................................. 14

1.2 - OBJETIVOS ........................................................................................................................ 15

– Geral ................................................................................................................................. 15

– Específicos ......................................................................................................................... 15

1.3 - JUSTIFICATIVA.................................................................................................................. 16

1.4 – ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ....................................................................................... 17

CÁPITULO I – REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 19

1 – O INDIVÍDUO NAS ORGANIZAÇÕES ............................................................................ 19

2 – DIVERSIDADES HUMANAS .......................................................................................... 22

2.1 – Diversidade Individual.................................................................................................... 23

2.2 – Ambiente Externo .......................................................................................................... 24

2.3 – Competência Profissional................................................................................................ 25

2.4 - Cultura Organizacional.................................................................................................... 26

2.5 - Estilo Gerencial.............................................................................................................. 28

3 – HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .......................................................... 29

4 – A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ................................................. 32

5 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................................ 37

6 – VISÃO CRÍTICA DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL .............................. 53

CÁPITULO II – METODOLOGIA ................................................................................................ 60

1 – Método de Pesquisa.......................................................................................................... 60

2 – Abordagem...................................................................................................................... 60

3 – Amostra.......................................................................................................................... 60

4 – Instrumentos Utilizados ..................................................................................................... 61

5 – Pesquisa de Campo........................................................................................................... 62

6 – Análise dos Dados ............................................................................................................ 63

CAPITULO III – PERFIL EMPRESA ESTUDADA – CHESF .......................................................... 64

1. NATUREZA JURÍDICA E OBJETO SOCIAL ...................................................................... 64

2. IDENTIDADE ORGANIZACIONAL .................................................................................. 65

3. HISTÓRICO ..................................................................................................................... 65

4. ÁREA DE ATUAÇÃO ....................................................................................................... 67

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5. CLIENTES DA CHESF POR SEGMENTO .......................................................................... 67

6. FORNECEDORES DA CHESF ........................................................................................... 68

7. SISTEMA FÍSICO – TRANSMISSÃO ................................................................................. 68

8. SISTEMA FÍSICO – GERAÇÃO......................................................................................... 69

9. ASPECTOS ECONÔMICOS............................................................................................... 70

10. PERFIL DEMOGRÁFICO DA FORÇA DE TRABALHO .................................................... 71

11. POLÍTICA SOCIAL E DE RECURSOS HUMANOS........................................................... 73

12. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E DE GESTÃO .......................................................... 75

CAPÍTULO IV – SISTEMA ESTUDADO – GDF............................................................................ 79

1. HISTÓRICO ..................................................................................................................... 79

2. PERFIL ............................................................................................................................ 81

3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 82

4. DETALHAMENTO DO PROCESSO................................................................................... 84

5. PESQUISA DE SATISFAÇÃO REALIZADA COM OS GERENTES SOBRE O GDF .............. 92

CAPÍTULO V – ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................ 94

1 – PERFIL DA AMOSTRA................................................................................................... 94

2 – PERFIL ORGANIZACIONAL .......................................................................................... 97

3 – PERCEPÇÃO DO AVALIADOR......................................................................................107

4 – PERCEPÇÃO DO AVALIADO ........................................................................................118

CÁPITULO VI – CONCLUSÃO...................................................................................................133

1 - ANÁLISE COMPARATIVA ............................................................................................133

2 – REFLEXÕES FINAIS .....................................................................................................138

3 – NOVAS LINHAS DE PESQUISA ....................................................................................145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................................146

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO AVALIADORES ............................................................................151

ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO AVALIADOS ................................................................................155

ANEXO 3 – DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS .............................................................................160

ANEXO 4 – FORMULÁRIO GDF PARA GERENTES ...................................................................164

ANEXO 5 – FORMULÁRIO GDF PARA NÃO GERENTES...........................................................169

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ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS Quadro 1: Competências profissionais ............................................................................................. 26

Quadro 2: Composição do Modelo D.P.R Monsanto ......................................................................... 49

Quadro 3: Coaches........................................................................................................................ 50

Quadro 4: Quadro Resumo das Ações Técnicas e Administrativas Decorrentes do GDF ....................... 88

Tabela 1: Tabela de Desempenho de Gilbert..................................................................................... 41

Tabela 2: Amostra da pesquisa....................................................................................................... 61

Tabela 3: Perfil do empregado da CHESF........................................................................................ 72

Tabela 4: Perfil do empregado da Regional Sul................................................................................. 73

Tabela 5: Avaliação de Desempenho no ADF................................................................................... 79

Tabela 6: Avaliação de Desempenho na GRL................................................................................... 80

Tabela 7: Respondentes do Questionário Avaliador (%)..................................................................... 95

Tabela 8: Respondentes do Questionário Avaliado (%)...................................................................... 96

Tabela 9: Percepção dos gerentes quanto ao Perfil de Características Organizacionais (%) ..................102

Tabela 10: Percepção dos não-gerentes quanto ao Perfil de Características Organizacionais (%)............104

Tabela 11: Percepção global quanto ao Perfil de Características Organizacionais (%)..........................105

Tabela 12: Percepção dos avaliadores quanto à concordância com os pontos avaliados (%)...................108

Tabela 13: Percepção dos avaliadores quanto aos critérios da avaliação (%)........................................110

Tabela 14: Percepção dos avaliadores quanto à metodologia da avaliação usada no GDF (%)................112

Tabela 15: Percepção dos avaliadores quanto a interferência positiva do GDF (%)...............................113

Tabela 16: Percepção dos avaliadores quanto à interferência do GDF na gestão do seu órgão (%)..........114

Tabela 17: Percepção dos avaliadores quanto ao comentário dos pontos positivos no feedback (%)........115

Tabela 18: Percepção dos avaliadores quanto aos pontos que são mais ressaltadas no feedback (%) .......116

Tabela 19: Percepção dos avaliadores quanto à abertura para opiniões durante o feedback (%)..............116

Tabela 20: Percepção dos avaliadores quanto à negociação das metas com o subordinado (%)...............117

Tabela 21: Percepção dos avaliadores quanto ao seu relacionamento com o subordinado (%)................117

Tabela 22: Percepção dos avaliados quanto ao seu sentimento no momento do feedback (%).................119

Tabela 23: Percepção dos avaliados quanto à injustiça no processo avaliativo (%)................................120

Tabela 24: Percepção dos avaliados quanto ao suporte oferecido pela empresa (%)..............................120

Tabela 25: Percepção dos avaliados quanto ao(s) objetivo (s) da avaliação de desempenho (%).............121

Tabela 26: Percepção dos avaliados sobre o GDF de acordo com as variáveis órgão e função (%)..........123

Tabela 27: Percepção dos avaliados quanto aos pontos avaliados (%) .................................................124

Tabela 28: Percepção dos avaliados quanto aos critérios da Avaliação (%)..........................................125

Tabela 29: Percepção dos avaliados quanto a metodologia da avaliação usada no GDF (%)...................127

Tabela 30: Percepção dos avaliados em relação à freqüência do feedback (%).....................................129

Tabela 31: Percepção dos avaliados sobre características que são mais ressaltadas no feedback (%).......129

Tabela 32: Percepção dos avaliados sobre os comentários positivos no feedback (%)...........................130

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Tabela 33: Percepção dos avaliados quanto à negociação das metas (%).............................................130

Tabela 34: Percepção dos avaliados em relação a metas X capacidade de realizá-las (%) ......................131

Tabela 35: Percepção dos avaliados quanto à facilidade para exposição de opiniões (%).......................131

Tabela 36: Percepção dos avaliados quanto ao relacionamento Chefe X Subordinado (%).....................132

Tabela 37: Percepção dos respondentes quanto à freqüência de feedback positivo (%)..........................134

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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Fases do Processo de Avaliação de Desempenho................................................................................43

Figura 2: Modelo de Avaliação de Desempenho na FORD.................................................................................47

Figura 3: Modelo de Avaliação de Desempenho na Monsanto...........................................................................52

Figura 4: Mapa do Sistema Eletro-Energético .......................................................................................................70

Figura 5: Organograma CHESF (Simplificado)....................................................................................................76

Figura 6: Metodologia utilizada para elaboração da Formulação Estratégica..................................................78

Figura 7: Fluxograma do Processo...........................................................................................................................83

Figura 8: Relação das Variáveis X Sistemas ..........................................................................................................99

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RESUMO

Este estudo, realizado sobre a temática Avaliação de Desempenho Funcional, através de revisão bibliográfica e uma pesquisa de campo em uma organização concessionária de serviço público de energia elétrica, objetivou conhecer os fatores influenciadores que proporcionam insatisfação dos envolvidos no processo de avaliação de desempenho aplicada nessa empresa, considerando a percepção dos empregados da Regional Sul que exercem cargos de gerência ou não. Através da aplicação da pesquisa buscou-se identificar também, como os gerentes avaliam seus subordinados, como estes se auto-avaliam e recebem o feedback gerencial. A revisão bibliográfica sobre o tema em questão serviu como base para a análise dos resultados da pesquisa aplicada. A referida análise visou apontar os principais problemas encontrados no processo avaliativo da CHESF e possíveis soluções. Para se traçar o perfil geral da organização e de seu sistema de avaliação de desempenho funcional fez-se um levantamento documental. A pesquisa de campo levou em conta duas amostras, a dos avaliados, composta por gerentes e não-gerentes, e a de avaliadores, dividida entre gerentes e encarregados. Três tipos de questionários foram aplicados, um para determinar a percepção dos avaliados sobre o processo avaliativo da empresa e outro, com o mesmo propósito, para avaliadores, e um terceiro para determinar o perfil de características organizacionais, a fim de obter informações da percepção da amostra sobre a cultura da empresa estudada. A teoria de Likert foi usada na elaboração desse último instrumento, a análise dos dados extraídos deste apresentou uma tendência da organização em estudo para um estilo de gestão autoritário benevolente. Os resultados gerais da pesquisa apontam que a CHESF, demonstra essa característica também em relação ao gerenciamento do desempenho dos seus empregados. A partir das informações do referencial teórico e dos modelos de sistemas de avaliação de desempenho da FORD e Monsanto, uma nova metodologia é apresentada a fim de tornar mais positivo os resultados do sistema avaliativo da organização.

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1 - INTRODUÇÃO

O desafio empresarial apresentado no paradigma da globalização é descobrir o que as

organizações devem fazer para potencializar seus talentos humanos. Dessa forma, as empresas

necessitam investir em formação e educação como meios de garantir a diferenciação no

mercado, resolvendo e qualificando ações que resultarão na integração e comprometimento de

todos os componentes da empresa a fim de se obter a melhoria contínua.

Nesse cenário de valorização do Fator Humano, a Avaliação de Desempenho insere-se

como um mecanismo de mensuração das contribuições individuais para o alcance dos

resultados globais, proporcionando às pessoas um sentido de identidade e comprometimento

com as metas organizacionais, bem como fazendo as mesmas entenderem o seu papel como

geradores de resultados. Às organizações cabe a função de estimular um clima organizacional

saudável através de políticas e ações que insiram o ser humano na participação das decisões

diárias, conferindo-lhe autonomia e responsabilidade pelo sucesso do negócio.

“A prática da avaliação, entendida no seu sentido genérico, é tão antiga quanto o próprio

homem. É o exercício da análise e do julgamento sobre a natureza, sobre o mundo que nos

cerca e sobre as ações humanas (LUCENA,1992, p. 35).” Na área da administração

empresarial avalia-se a performance financeira, a concorrência, o ambiente externo, os

recursos humanos e todas as variáveis que influem no desempenho da organização.

No que diz respeito aos aspectos do RH, essas avaliações podem ocorrer de forma

estruturada - com um sistema específico – ou de modo informal. Avaliações e julgamentos

são efetivados constantemente nas organizações. O processo de formalização da Avaliação de

Desempenho visa otimizar essa relação natural e verter para usos produtivos as informações

colhidas pelo sistema.

Apesar das vantagens apregoadas, normalmente a implantação de sistemas de Avaliação

de Desempenho vem cercada de contradições e desconfortos, seja pelo fato do histórico da

mesma relembrar os velhos mecanismos tayloristas de cobrança de resultados, seja porque

muitas organizações têm uma cultura organizacional antiquada, que tolhe a implantação de

modelos inovadores de gestão. A verdade é que há sempre uma inquietação rodeando a

Avaliação. Além disso, esta nunca é colocada como prioridade. Planejamentos e consultorias

são feitos, sistemas são criados, cronogramas são aprovados e, no entanto, ao final, as metas

do processo não são todas cumpridas.

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A análise do tema Avaliação de Desempenho leva a questionamentos tais como: Por

que a Avaliação de Desempenho é tão desgastante para algumas organizações? Como a

cultura organizacional interfere na Avaliação de Desempenho? Como é realizada hoje a

avaliação de desempenho nas empresas modernas? O que a literatura atual traz de novidade

sobre o assunto? A partir destas indagações, este estudo pretende elaborar uma análise teórica

do tema - contextualizando-o e compreendendo seu processo de formação conceitual. Será

utilizada como campo empírico a CHESF, pelo motivo da mesma possuir como prática um

modelo de Gestão do Desempenho Funcional (GDF).

Ponderações iniciais serão abordadas e servirão como marcos para aprofundamentos

posteriores, visando fornecer um referencial teórico-prático para as organizações que desejem

implantar ou otimizar seus sistemas de Avaliação de Desempenho e especificamente para a

CHESF, contribuindo na melhoria de seu sistema.

1.1 - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Com o advento da globalização e conseqüente aumento da concorrência entre as

empresas, nota-se um movimento de maior valorização do capital humano diante dos outros

existentes nas organizações, sejam eles de qualquer natureza (financeiros, tecnológicos, etc),

uma vez que a eficácia destes depende da forma como serão utilizados pelas pessoas que os

manipulam.

O capital humano vem merecendo uma atenção especial, necessitando, dessa forma, de

ferramentas capazes de mensurar o seu valor para a organização, assim como meios para

potencializar as suas competências. Nesse contexto, a Avaliação de Desempenho vem

assumindo papel fundamental e constante nas tarefas da gestão contemporânea. No entanto,

na prática, verifica-se que a mesma pode vir a ocasionar desconforto para o avaliador, bem

como para o avaliado, tendendo-se, então, a se produzir um clima organizacional estressante,

de modo que tal avaliação nem sempre consegue cumprir seus objetivos.

A CHESF, organização objeto de estudo desta monografia, vem aplicando há três anos o

modelo de gerenciamento de desempenho funcional e durante este período foram realizadas

pesquisas sobre a opinião dos envolvidos no processo. O resultado dessas pesquisas revelou

uma contínua insatisfação com o sistema de avaliação vigente na empresa, havendo

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reclamações quanto à metodologia, ao sistema, à hierarquização do planejamento do mesmo e

à pouca interação avaliado-avaliador.

Partindo da hipótese de que o fator influenciador mais forte da etapa de avaliação de

desempenho se localiza no processo de diálogo entre os envolvidos, pretendemos descobrir a

causa desses resultados, através do questionamento deste estudo:

Por que o processo de avaliação através do Gerenciamento do Desempenho Funcional

- GDF, nos últimos dois anos, traduz-se, para os avaliadores e avaliados da Regional Sul da

CHESF, em resultados negativos?

Fatores Influenciadores Avaliação de Desempenho Insatisfação de avaliados e avaliadores 1.2 - OBJETIVOS – Geral

Identificar os fatores influenciadores no processo de avaliação do desempenho

funcional que proporcionam insatisfação para os avaliadores e avaliados.

– Específicos

- Revisar a bibliografia sobre o tema Avaliação de Desempenho Funcional.

- Pesquisar como os gerentes avaliam seus subordinados

- Investigar como os subordinados se auto-avaliam e recebem o feedback gerencial.

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1.3 - JUSTIFICATIVA

As mudanças no cenário econômico, político e social das últimas décadas provocaram

profundas alterações nas relações entre países, economias, hemisférios, continentes e,

principalmente, alterações nas formas de envolvimento do ser humano com o trabalho.

Avaliar, mudar e influenciar o comportamento humano nas empresas sempre foi um

desafio para líderes, porém constitui um poderoso meio de resolver problemas de desempenho

e melhorar a qualidade do trabalho e a qualidade de vida dentro das organizações.

À medida que as empresas avançam na reorganização de suas atividades-fim, procede

também a reestruturação de seus sistemas administrativos e a implementação de Sistemas de

Medição de Desempenho vem fazendo parte dessa reestruturação.

Baseadas na máxima de que “só se pode gerenciar o que se pode medir”, as empresas

têm avançado no desenvolvimento de sistemas cada vez mais completos e sofisticados e é

neste contexto de mudanças que se situa o nosso objeto de estudo. A realização deste projeto

resulta da intenção de aprofundar os conhecimentos no campo da temática do Gerenciamento

do Desempenho Humano, em especial o estudo do processo de Avaliação de Desempenho

Funcional na CHESF.

A compreensão de tais abordagens visa proporcionar reflexões sobre o processo de

Avaliação de Desempenho. Por ser uma tarefa constante nas organizações, estas poderão

utilizá-la como uma importante ferramenta para a tomada de decisões. Dessa forma, o

aprofundamento no tema torna-se imprescindível, uma vez que os resultados auferidos no

processo avaliativo poderão trazer conseqüências relevantes no que diz respeito ao clima

organizacional e, conseqüentemente, aos resultados estratégicos das empresas. A despeito da

importância do tema, este ainda encontra-se pouco estudado, não havendo muitas publicações

sobre o assunto. Uma revisão teórica unida ao estudo do caso CHESF trará contribuições

substanciais à temática, servindo como referencial teórico-prático para as organizações e para

o meio acadêmico.

O levantamento dos vários posicionamentos teóricos na área e as diferenciações entre os

modelos teórico-práticos serão fundamentais para se traçar uma fundamentação teórica

necessária para a discussão do tema, bem como a revisão do modelo GDF objetivando uma

melhoria do processo.

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1.4 – ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O presente trabalho está dividido em seis capítulos abordando a temática avaliação de

desempenho funcional visando atingir os objetivos propostos. No decorrer do texto, os termos

avaliação, avaliação de desempenho e avaliação de desempenho funcional serão usados como

sinônimos.

O primeiro capítulo trata do referencial teórico onde são analisados aspectos

relacionados ao tema em busca de sua conceituação. Inicia-se com uma análise da evolução

do papel dos indivíduos nas organizações, seguida de uma análise das diversidades ambientais

influenciadoras de processos de avaliação, classificando-as como diversidade individual,

ambiente externo, competência profissional, cultura organizacional e estilo gerencial. O tema

avaliação de desempenho então passa a ser discutido a partir de sua evolução histórica,

verificando-se a sua importância dentro do contexto organizacional. Posteriormente são

apresentados alguns métodos teóricos de avaliação, bem como dois modelos práticos

utilizados pelas empresas FORD e Monsanto como forma de permitir um entendimento mais

aprofundado da metodologia de avaliação de desempenho. Finalizando a revisão

bibliográfica, faz-se uma análise crítica do tema apontando suas principais dificuldades e

caminhos para evitá-las seguindo as tendências existentes no mundo organizacional

relacionadas com a avaliação de desempenho funcional.

O segundo capítulo refere-se à metodologia utilizada na elaboração da monografia

abordando o universo pesquisado, a delimitação da amostra, as representações sociais, os

instrumentos e o procedimento da coleta e, por fim, o tratamento dos dados.

O terceiro capítulo foca a empresa estudada – CHESF. Apresenta seu histórico, o perfil

organizacional, os aspectos econômicos, o perfil demográfico da força de trabalho, a política

social e de recursos humanos e a sua estrutura organizacional e de gestão.

O quarto capítulo apresenta o sistema estudado – GDF fazendo uma análise desde seu

histórico, verificando-se seu perfil e metodologia além de apresentar uma pesquisa realizada

pela própria organização onde se detectou a insatisfação dos avaliadores com o GDF.

O quinto capítulo traz aborda a análise dos resultados da pesquisa aplicada na CHESF

com intuito de descobrir as causas da insatisfação dos envolvidos com o sistema empregado.

Divide-se a análise em perfil da amostra, análise das características organizacionais,

percepção dos avaliadores e dos avaliados sobre o GDF.

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O último capítulo é destinado a reflexões sobre o estudo de campo desenvolvido,

criticando os resultados da pesquisa à luz da teoria de avaliação de desempenho.

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CÁPITULO I – REFERENCIAL TEÓRICO

1 – O INDIVÍDUO NAS ORGANIZAÇÕES

O papel do indivíduo, dentro das organizações, vem sofrendo significativas evoluções

desde a criação das Teorias da Administração. Antigamente as empresas tinham uma visão

míope a respeito do homem - enxergando-o apenas como um mero executor de tarefas.

Verifica-se que, nos dias atuais, as organizações tendem a observá-lo com mais atenção,

percebendo-o como um ser complexo, possuidor de racionalidade, criatividade e

conhecimentos multidisciplinares - características estas que vêm contribuindo para que o

mesmo tenha uma participação mais ativa nas organizações, assumindo, muitas vezes, um

papel importante nos processos decisórios da empresa.

Várias são as concepções a respeito da natureza humana a partir do surgimento das

teorias administrativas. Em Teoria Geral da Administração, Motta (1996) discorre a respeito

dessas concepções, iniciando com a de “homo economicus”, uma das idéias centrais do

Movimento de Administração Científica, na qual se considerava o indivíduo como um ser

unicamente motivado por recompensas salariais, econômicas e materiais. Taylor, um dos

representantes desta corrente, preocupava-se com o aumento da produtividade das empresas e

acreditava que se o pagamento salarial fosse proporcional à produção, o trabalhador estaria

motivado a produzir cada vez mais, garantindo desse modo o aumento dos lucros para as

empresas.

O Movimento das Relações Humanas fazia uma crítica à figura do “homo

economicus”, sugerindo então, a sua substituição por “homo social”, uma vez que tratava a

organização como grupos de pessoas que interagem. A concepção de homem motivado

apenas por recompensas materiais foi descartada pela Escola de Relações Humanas, uma vez

que julgava indispensável a preocupação com as satisfações humanas para o alcance da

eficiência dos trabalhos. Mayo, fundador deste movimento, trouxe significativas contribuições

acerca da valorização dos aspectos não materiais. Para Mayo, “os empregados eram pessoas

motivadas pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecido”, de “receber uma boa

comunicação” ” (apud Lodi, 1978 p. 70). Após os seus experimentos realizados na fábrica

Western Electric, situada no bairro Hawthorne de Chicago, Mayo conclui que “o trabalho é

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uma atividade grupal: o nível de produção é mais influenciado pelas normas do grupo do que

pelos incentivos físicos e pecuniários de produção”.(LODI, 1978, p. 69).

Motta cita as três características do modelo “homo social” apresentado pela Escola de

Relações Humanas:

a) o homem é apresentado como um ser cujo comportamento não pode ser reduzido a esquemas simples e mecanicistas;

b) O homem é, a um só tempo, condicionado pelo sistema social e pelas demandas de ordem biológicas;

c) em que pesem as diferenças individuais, todo homem possui necessidades de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e auto-realização. (MOTTA, 1996, p. 23).

O Movimento do Behaviorismo não concordava nem com a idéia defendida pela teoria

das Relações Humanas - a de que a satisfação do empregado já era um fator suficiente para a

garantia da eficiência - nem com a figura de “homo economicus”, por achá-la

demasiadamente simplista. Surge então a figura de “homem administrativo”, não descartando

a percepção das Relações Humanas, na qual se considera o indivíduo como um ser que possui

sentimentos e motivos, mas também acreditando ser relevante observar a questão da

adaptabilidade humana ao ambiente.

Para os behavioristas, os homens se comportam racionalmente apenas com relação a um conjunto de dados característicos de determinada situação. Esses dados compreendem o conhecimento de eventos futuros ou das distribuições de probabilidades relativas a eles, o conhecimento das alternativas de ação disponíveis e o conhecimento das conseqüências dessas alternativas, conhecimento esse que pode ser mais ou menos completo, além de regras ou princípios segundo os quais o indivíduo estabelece uma ordem de preferência para as conseqüências ou alternativas (MOTTA,1996, p. 40-41).

Desse modo, o comportamento do indivíduo será influenciado pela sua percepção da

relação existente entre as alternativas atuais e as prováveis condições futuras e não pela

situação atual propriamente dita.

A figura do “homem organizacional” surge na abordagem estruturalista – que teve sua

origem na Teoria da Burocracia de Max Weber e posteriormente na Teoria Estruturalista. O

homem, nessa abordagem, é considerado como um ser capaz de desempenhar papéis de forma

simultânea em diversas organizações. No entanto, essa vertente acreditava que, para o

indivíduo conseguir desempenhar de forma eficaz suas tarefas, o mesmo deveria possuir

alguns traços na sua personalidade, a saber: flexibilidade, tolerância às frustrações,

capacidade de adiar as recompensas e ainda ter permanente desejo de realização.

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21

O conceito de “homem funcional” aparece na abordagem do Sistemas Abertos, na qual

a ênfase maior era dada ao papel que as pessoas desempenhavam na organização do que a

estas propriamente ditas. Na visão sistêmica, a organização é percebida como um conjunto de

papéis ou cargos nos quais os indivíduos se relacionam. Desse modo, as relações interpessoais

se apresentavam como de fundamental importância para o desempenho de um papel. Outro

aspecto igualmente importante dizia respeito à flexibilidade do indivíduo ao executar suas

tarefas. Motta (1996) cita alguns trabalhos nesse sentido desenvolvidos por Kahn (1958), Katz

e Kahn (1951) e Mann e Dent (1954), nos quais esses autores perceberam que os

administradores bem sucedidos, utilizando-se de um estilo de liderança democrático, tendo

uma participação ativa dos seus subordinados, conseguiam ter como resultado trabalhadores

mais comprometidos e com maior responsabilidade.

Nos dias atuais, diante do mercado cada vez mais complexo, veloz e globalizado, o

capital humano surge como uma grande vantagem competitiva nas organizações. Para

Böhmerwald (1996, p.7), “uma empresa competitiva é aquela que tem um grupo de pessoas

mais capaz de atingir metas que os grupos de pessoas das empresas concorrentes”. Desse

modo, conclui o autor que “não é possível admitir o crescimento das empresas dissociado do

crescimento das pessoas”.

A percepção do indivíduo como uma das fontes responsável para a conquista de

vantagem competitiva para as organizações também é observada por Wagner e Hollenbeck:

Uma das maneiras mais eficazes de garantir essa vantagem é aproveitar ao máximo o conhecimento, habilidades e outros predicados dos colaboradores da sua empresa. Nenhuma outra tem o mesmo pessoal que ela. Por isso, nenhuma outra pode copiar a gama de produtos e serviços feitos pelas capacidades específicas dos membros de sua empresa. Administrar o comportamento organizacional, portanto, é essencial ao processo de garantir vantagem competitiva. (WAGNER III e HOLLENBECK, 1999, p. XV).

Enfim, pode-se perceber que o indivíduo vem assumindo valores diferentes ao longo da

história da ciência da administração. Percebe-se ainda, diante da cadeia lógica dos

acontecimentos, uma tendência à valorização maior das suas competências e habilidades, bem

como o reconhecimento do elemento humano como uma importante arma para obter

vantagens competitivas nas organizações. Diante do cenário de constantes mudanças em que

estão inseridas as empresas, a competitividade torna-se acirrada, fazendo com que a palavra

de ordem para as organizações que queiram sobreviver neste mercado globalizado seja a

“inovação”. Dessa forma, não basta que as empresas acompanhem todo o avanço tecnológico

e mercadológico existente, mas faz-se necessário que criem estratégias a fim de se destacar

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diante das outras organizações. Entretanto, a palavra “inovar” está intimamente relacionada

com criatividade, qualidade esta que, indubitavelmente, não se encontra disponível nas

máquinas, o que torna imperativo que a empresa potencialize o seu recurso mais precioso que

é o capital humano. Assim, “não se trata mais de produzir cada vez mais rápido e com o

menor custo, mas produzir cada vez melhor, de forma criativa e confiável. A era da qualidade

e criatividade estende suas exigências e mostra que todos os empregados devem ser

protagonistas, ativos e pensantes” (AKTOUF, 2001, p.16).

2 – DIVERSIDADES HUMANAS

O desempenho humano nas organizações é influenciado por elementos que interagem

produzindo condições favoráveis ou desfavoráveis para o mesmo. Esses vão desde a

diversidade individual (personalidade, valores, atitudes), perpassando pela cultura

organizacional, competência profissional, estilos de liderança, englobando também o

ambiente externo. Cada um desses aspectos, a seu modo, influenciando o processo

organizacional.

A administração de desempenho é constituída de derivadas estruturas sociais da

organização estando também interligada aos valores culturais que permeiam as relações de

trabalho nesta. Lucena (1992) coloca como dimensões influenciadoras do desempenho

humano a qualificação profissional, a cultura organizacional, o estilo gerencial e o ambiente

externo. Segundo Oliveira-Castro, Lima & Veiga (1996, p. 43), o desempenho no trabalho é

afetado por diferentes fatores, como:

• Características organizacionais – cultura e clima organizacionais, políticas e práticas

de treinamento e desenvolvimento de pessoal, políticas de administração de pessoal,

imagem da organização;

• Características do ambiente de tarefas – qualidade e disponibilidade de equipamentos

e recursos, qualidade nas relações interpessoais, clareza de objetivos, qualidade do

gerenciamento do desempenho, clareza na definição do escopo do trabalho, adequação

de prazos;

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• Características do indivíduo – conhecimentos e habilidades, atitudes, idade, sexo,

personalidade, motivações;

• Características extra-organizacionais – situação econômica do país, oferta de mão-de-

obra, oferta de empregos, legislação e outros itens similares.

A análise dessas abordagens proporciona uma visão mais completa das diversidades de

dimensões envolvidas com a problemática Avaliação de Desempenho definidas nesse trabalho

como: diversidade individual, competência profissional, estilo de liderança, cultura

organizacional e ambiente externo.

2.1 – Diversidade Individual

Bergamini (1997, p.62) afirma que “o comportamento das pessoas é baseado em suas

percepções do que é a realidade”. Através da percepção, os indivíduos organizam e

interpretam suas impressões sensoriais a fim de dar sentido a seu ambiente.

Fatores individuais interferem no processo de percepção. O indivíduo avalia o que vê a

partir de suas próprias expectativas, seu conhecimento sobre o objeto, as experiências

passadas, as atitudes, as motivações, os interesses, a personalidade. Cada uma dessas variáveis

age diferentemente a depender do alvo e da situação observada.

Bergamini (1971) apresenta dois tipos de variáveis responsáveis pelas diferenças

individuais de comportamento – as consideradas inatas e as adquiridas ao longo da vida. As

variáveis inatas são de ordem física - tais como sexo, acuidade sensorial - e psicológica, como

inteligências múltiplas, instinto, aptidões. Outras características vão sendo adquiridas à

medida que o indivíduo vai incorporando aspectos vivenciados na sua estrutura psíquica, isso

é influenciado pelas experiências vividas por cada um.

Bergamini (1983) expõe vários aspectos individuais influenciadores no contexto

organizacional. O primeiro é caracterizado pelo processo de correlação com experiências

vividas, o percebedor tem a tendência a ordenar suas experiências presentes dentro de classes

estabelecidas a partir de vivências passadas. Como as categorias de um indivíduo não são

similares a de outro, pode-se obter resultados distintos para uma mesma situação apresentada

a ambos. Outro aspecto está relacionado à estabilidade das experiências com as pessoas. De

acordo Hastorf (1973, apud Bergamini, 1983, p. 9), “ao perceber os atributos de outra pessoa

focalizamos não o seu comportamento em constante mudança, mas suas características mais

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invariáveis – isto é, suas intenções e objetivos.” O último fenômeno perceptivo colocado por

Bergamini (1983) diz respeito às teorias implícitas de personalidade, que afirmam que o

percebedor atribui ao sujeito percebido características que não lhe são próprias. O estereótipo

e o preconceito são dois exemplos de disfunções preconizadas pelas teorias implícitas da

personalidade.

A influência destes diferentes aspectos individuais no desempenho pode ser percebida e

norteada a fim de convergir para os parâmetros organizacionais desejáveis ao se considerar

como estratégico o fator humano e se desenvolver políticas gerenciais que o valorize.

A interioridade do indivíduo, com seus idealismos ou seus egoísmos, com a sua audácia ou seus medos, com a sua consciência ou a sua alienação, com seus valores e crenças ou seus preconceitos e mitos, compõem um conjunto de forças que clarificam ou deturpam a percepção real dos fatos ou situações. (LUCENA, 1992, p. 35)

2.2 – Ambiente Externo

A globalização vem caracterizar um mundo de imprevisibilidade e mudanças freqüentes

às quais as organizações precisam adaptar-se constantemente. É época de mudanças de

valores, avanços tecnológicos, incertezas econômicas, contradições sociais, concorrência

acirrada e mercado exigente. Em uma organização os resultados do trabalho estão sujeitos a

inúmeras variáveis conjunturais que podem estar fora da capacidade de controle da

organização. Nesse patamar situam-se as variáveis externas determinadas pelo macro

ambiente. A análise de cenários visa minimizar situações que possam surpreender a

organização, entretanto nunca será totalmente infalível. As organizações vêm interagindo com

esse ambiente buscando ajustar-se às demandas apresentadas, exigindo uma posição de

análise e reflexão sobre o negócio e sua interação com o ambiente com vista ao futuro.

É preciso levar em consideração variáveis como processo de trabalho, tecnologia e

meios de produção, que influenciam significativamente no desempenho. Segundo Lucena

(1992, p. 26), “são as expectativas do ambiente que irão direcionar as decisões voltadas para o

desempenho organizacional e individual”. Para a autora, o impacto do ambiente externo

relaciona-se com a capacidade de reação da empresa e seu potencial de interpretação dos

efeitos das mudanças do ambiente, bem como de sua agilidade no processo de adaptação,

considerando a autora que o fator dinamismo é essencial numa visão de mercado eficiente.

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2.3 – Competência Profissional

As diferenças entre os conceitos de qualificação e competência vislumbram distinções

entre o modo de pensar taylorista-fordista e o pensamento administrativo mais moderno.

Segundo Fleury (2001), a qualificação restringi-se à definição de requisitos associados à

posição, ou ao cargo, ou aos estoques de conhecimento de uma pessoa, os quais podem ser

certificados pelo sistema educacional. Já o conceito de competência extrapola essa visão e

refere-se a capacidade do indivíduo de assumir iniciativas, ir além das atividades prescritas,

sendo capaz de conhecer e dominar novas situações de trabalho.

As inovações tecnológicas e as modificações nas relações de trabalho vêm

impulsionando as organizações a aumentarem seus padrões de exigência em relação a seu

capital humano. É nesse contexto que o conceito de competência vem ganhando importância

nas discussões gerenciais; as empresas modernas visam colocar as pessoas em atividades

condizentes com suas competências, aproveitando os talentos existentes a fim de aumentar

competitividade.

Le Boterf (1994, apud Fleury, 2001) situa a competência num pilar com três eixos: a

biografia da pessoa, sua formação educacional e sua experiência profissional.

O trabalho não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo, mas torna-se o prolongamento direto da competência que o indivíduo mobiliza em face de uma situação profissional cada vez mais mutável e complexa. (FLEURY, 2001, p. 20)

O autor apresenta um quadro que detalha o significado de competência.

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Quadro 1: Competências profissionais

Saber agir Saber o que faz e por que faz

Saber julgar, escolher, decidir

Saber mobilizar Saber mobilizar recursos de pessoas, financeiros, materiais, criando sinergia

entre eles.

Saber comunicar Compreender, processar, transmitir informações e conhecimentos,

assegurando o entendimento da mensagem pelos outros.

Saber aprender

Trabalhar o conhecimento e a experiência

Rever modelos mentais

Saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros.

Saber comprometer-se Saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos da organização.

Saber assumir

responsabilidades

Ser responsável, assumindo os riscos e conseqüências de suas ações, e ser,

por isso, reconhecido.

Ter visão estratégica Conhecer e entender o negócio da organização, seu ambiente, identificando

oportunidades e alternativas.

Fonte: Fleury, 2001, p. 22

O modelo de competências está relacionado com o de gestão do conhecimento. As

organizações que aprendem estão sendo consideradas como as que possuem um maior

potencial competitivo ao valorizarem a qualificação de seu capital humano para produzir

diferenciais. As competências devem ser priorizadas para a otimização do plano de

desenvolvimento e estar alinhadas com a estratégia e os objetivos do negócio pois cada vez

mais o diferencial mercadológico será definido pela qualidade dos talentos humanos.

A competência profissional também é um dos componentes da avaliação funcional,

onde se analisam aspectos que impactam no desempenho. Isso é conseguido através de perfis

profissionais, nos quais ficam claras as atribuições e competências exigidas por cada cargo: o

supervisor e o funcionário podem assim avaliar concretamente essa questão e mensurá-la

dentro do processo avaliativo.

2.4 - Cultura Organizacional

A cultura organizacional consiste da manifestação coletiva sobre a filosofia, a missão,

os valores e as políticas gerais que configuram o comportamento empresarial da organização.

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Normalmente esses aspectos não são perceptíveis, mas influenciam profundamente todo o

comportamento organizacional, tendo em vista que as atitudes dos funcionários derivam da

forma como estes percebem a empresa. Bergamini (1983) classifica como psicoestrutura

social as características comportamentais das pessoas que integram a organização e a

interatuação entre estas dando uma fisionomia particular à instituição.

As características culturais podem ser percebidas em aspectos como comprometimento

e lealdade dos colaboradores para com o negócio, flexibilidade organizacional, preocupação

da empresa com questões ecológicas, ética, transparência nas ações, potencial criativo,

integração e trabalho em equipes, capacidade empreendedora de equipe, prioridade a ações

preventivas, capacidade de inovar, responsabilidade social, incentivo ao trabalho voluntário,

imagem da organização externa e internamente.

Exemplos de culturas diferentes ocorrem quando em uma empresa predomina a

burocratização, a severidade nas punições, com uma comunicação deficiente, incentivando a

individualização e onde cada chefia prepara suas próprias diretrizes sem preocupar-se com as

estratégias globais da organização. Enquanto na outra empresa o direcionamento de todas as

ações são focadas nos objetivos do negócio, há incentivo à motivação e à produtividade, ao

desenvolvimento de competências, estimula-se os colaboradores a terem ações

empreendedoras e estes se sentem inseridos no processo de planejamento estratégico.

A postura gerencial predominante sobre o Fator Humano influirá no processo de

Avaliação de Desempenho, assim como na maneira da direção visualizar este processo –

como meio ou fim, motivador ou punitivo. As variáveis do ambiente interno impactam o

desempenho substancialmente, podendo motivar ou produzir distorções como o estresse

ocupacional, além dos impactos na implantação de processos avaliativos.

Para Oliveira-Castro, Lima & Veiga (1996, p. 38), “Um modelo de avaliação de

desempenho, para ser bem sucedido, deve respeitar as características culturais da organização

que o adota”. Isso é reforçado com a afirmação de Guimarães, Leitão & Lourenço (1999, p.

86) de que “é fundamental a consonância entre os sistemas propostos e o universo social, com

suas políticas e práticas administrativas, que é o que expressa a identidade da organização”.

Para Lucena (1992), criar uma cultura gerencial adequada é não correr o risco de implantar a

Avaliação de Desempenho em um ambiente organizacional sem as mínimas condições de

absorver a filosofia do processo.

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2.5 - Estilo Gerencial

“O estilo gerencial predominante em uma organização é o resultado das influências das

forças, visíveis e invisíveis, da cultura organizacional que se manifestam no dia-a-dia do

trabalho” (LUCENA, 1992, p.140). É a percepção do modo como o gerente conduz sua

unidade organizacional, a relação dos líderes com seus seguidores, bem como os critérios

utilizados nessas interações.

Os estilos gerenciais diferenciados refletem as percepções pessoais, traços de

personalidade, experiências vividas, as diversidades individuais, contribuindo para condutas

particulares de liderança. Lucena (1992) ressalta que estes estilos e seus efeitos na

administração do trabalho e das pessoas devem ser diagnosticados em profundidade, de modo

a indicar uma intervenção mais efetiva para se criar uma cultura gerencial adequada ao

processo de Avaliação de Desempenho.

A proliferação de extremos deve ser combatida para não gerar distorções como chefe

paternalista, leniente, autoritário, auto-suficiente, severo. O ideal é aproximar-se ao máximo

da liderança participativa, buscando envolver todos empregados nos processos estratégicos,

estimulando a produtividade, criatividade, inovação e autonomia.

A eficiência do processo de Avaliação de Desempenho depende diretamente da gerência

e, para atingir os resultados propostos, faz-se necessário uma postura gerencial atrelada com

as premissas da visão empresarial a fim de suscitar resultados satisfatórios do processo

avaliativo para a organização como um todo. Ainda segundo Lucena (1992, p. 39), a

“qualidade gerencial é uma condição emergente para gerenciar o desempenho, não pela

subserviência ou submissão comportamental, mas para descobrir talentos e criar espaços para

a ousadia, o desafio, a participação e o comprometimento”.

A liderança eficaz engloba a formação gerencial focada na identificação de

competências, no aproveitamento das mesmas e numa retroalimentação avaliativa dos

próprios gerentes. Através disto, busca-se evitar posturas gerenciais distorcidas que

atrapalhem o alcance dos resultados do negócio e, conseqüentemente, da Avaliação de

Desempenho. “O líder deve ser essencialmente um educador de novos e melhores líderes e

um formador de equipes” (GRADIN, 1996, p. 7).

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3 – HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

A prática de avaliar é um processo tão antigo que acompanha o homem desde a sua

existência. Farias (2001, p. 7) observa que em um trecho de Êxodo (BÍBLIA, Ex.18, 13-27),

referente a um diálogo entre Moisés e seu sogro Jetro a respeito da necessidade de nomeação

de auxiliares, já existia vestígio de um ser humano avaliar outrem.

[...] Não é bom o que fazes. Sem dúvidas desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo: pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer. [...] Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta, chefes de dez, para que julguem este povo em todo tempo. [...] Escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os constituiu por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, [...]

Na frase “Não é bom o que fazes”, já se conota que Jetro julgava o comportamento de

Moisés, ou seja, o avaliava. E, quando diz: “Procura dentre o povo homens capazes” pode-se

perceber que para se atender a referida ordem, fazia-se necessário que Moisés fizesse uma

comparação entre os homens a fim de escolher aquele que estava de acordo com as

especificações que Jetro desejava. Ainda a respeito do aspecto religioso, Lucena (1992)

comenta que os jesuítas já eram submetidos a processos de avaliação no que se referia à sua

atuação quanto ao cumprimento de suas missões religiosas.

Diante da multiplicidade da aplicação do processo de avaliar, o mesmo poderá servir

como uma forma de retro-informação ao procedimento de seleção de pessoal. Na

administração pública brasileira, a Constituição de 25 de março de 1824 já trazia como

condição para o acesso aos cargos públicos o preenchimento de alguns critérios: “Todo

cidadão pode ser admitido aos cargos públicos civis, políticos ou militares, sem outra

diferença que não seja por talentos ou virtudes”. (Constituição de 1824, artigo 179, item

XIV). Desse modo, os requisitos “talento ou virtudes” eram avaliados para o ingresso ao setor

público.

No âmbito geral, tomando como base outros países, Pereira (1991) aponta que em 1842

ocorreu a aprovação de uma lei no Congresso Americano na qual se designava aos chefes de

departamentos executivos do Serviço Público Federal, a elaboração de relatório anuais no

qual deveria constar a informação de seus funcionários quanto ao seu aproveitamento, bem

como se a demissão de funcionários para permitir a admissão de outros levava em

consideração a possibilidade de um melhor desempenho do serviço público.

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Em 1880, foi desenvolvido um sistema de avaliação no exército americano. E em, 1918,

a General Motors implantou sistemas formais para avaliar seus executivos. No Brasil, a partir

da lei 284 de 28 de outubro de 1936, também chamada “lei do reajustamento”, é que foram

fixadas as diretrizes do primeiro plano de classificação e de avaliação de desempenho de

cargos na administração pública.

Fazendo uma análise a partir do advento das teorias da administração pode-se citar

Taylor como um dos principais precursores da prática de avaliar os operários, uma vez que

dispensava uma atenção especial ao desempenho do trabalho do funcionário a fim de obter

um aumento da produtividade para as empresas, acreditando o referido autor que existia uma

“única maneira certa” de execução das tarefas. Assim, em seus estudos, Taylor “surge com o

“homem de primeira classe” que deve servir como base para o estudo de tempos e

movimentos”. (MOTTA, 1996, p.7). Após estabelecido os padrões de produção era necessário

a seleção, o treinamento, o controle por supervisão e a fixação de uma forma de incentivos

para que estes padrões fossem cumpridos.

Taylor afirma que:

[...] É absolutamente necessário, então, quando os trabalhadores estão encarregados de tarefa que exige muita velocidade de sua parte, que a eles também seja atribuído pagamento mais elevado, cada vez que forem bem sucedidos. Isto implica não somente em determinar, para cada um, a tarefa diária, mas também em pagar boa gratificação ou prêmio todas as vezes que conseguir fazer toda a tarefa em tempo fixado. (1966, apud Farias, 2001, p.9)

Para Shigunov Neto (2000) a evolução do pensamento administrativo está dividida 7

abordagens distintas, sendo que a avaliação de desempenho teve um foco diferente para cada

uma delas:

• Abordagem Clássica: Constituída pela Administração Científica de Taylor, com

ênfase nas tarefas e a de Fayol que enfatizava a estrutura organizacional. A

avaliação de desempenho naquele momento tinha como ênfase as tarefas.

• Abordagem Humanística: Teve como precursor Elton Mayo. A avaliação de

desempenho nessa abordagem passou a observar outros aspectos como o psicológico

e o ambiental por considerar que as condições de trabalho também eram fatores

influenciadores no desempenho das pessoas.

• Abordagem Neoclássica: Composta de duas fases: A Teoria Neoclássica da

Administração, na qual se enfatizam os princípios clássicos da prática da

administração, os resultados, os objetivos e o ecletismo. A segunda fase foi a da

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Administração por Objetivos, destacando a necessidade de estabelecimento de

objetivos pelas partes envolvidas, bem como a elaboração de planos e metas. Os

sistemas de avaliação naquela época continuavam considerando os aspectos

psicológicos e ambientais, no entanto tinham como principal característica o

estabelecimento de metas e objetivos a serem cumpridos.

• Abordagem Estruturalista: Surge com a Teoria Burocracia, na qual tinha como

fundamento a estrutura organizacional, o modelo burocrático de organização e a

Teoria Estruturalista (mais voltada para a sociologia organizacional). A avaliação de

desempenho naquele período contemplava a execução do trabalho e as condições

organizacionais.

• Abordagem Comportamental: Composta por duas teorias: A Teoria

Comportamental (Behaviorista) na qual se enfatizavam as pessoas e a Teoria do

Desenvolvimento Organizacional, que visava uma mudança planejada e estruturada

da cultura organizacional. Nesta abordagem a avaliação de desempenho considerava

os aspectos psicológicos, a motivação, a organização, o ambiente e os grupos de

trabalho.

• Abordagem Sistêmica: Composta pela Teoria Interdisciplinar, a qual se constituía

de princípios e modelos adaptáveis em todas as ciências. Divide-se nas fases da

Cibernética, da Teoria da Matemática e da Teoria dos Sistemas. Os sistemas de

avaliação naquela época contemplavam os elementos da organização e do trabalho,

minimizando a importância do homem nesse contexto.

• Abordagem Contingencial: Surge com as pesquisas de Chandler, Burns e Stalker,

Woodward e Lawrence e Lorsch. Considera a organização como um sistema aberto

que mantém relação com diversos sistemas internos e externos, considerando desse

modo as condições ambientais e as práticas organizacionais de gestão fatores

condicionantes para o desempenho organizacional. Os sistemas de avaliação de

desempenho nessa abordagem contemplavam aspectos das teorias tecnicistas e

humanísticas.

Diante do exposto, percebe-se que a avaliação de desempenho foi adquirindo, assim

como os indivíduos, conotações diferentes ao longo da história da ciência da administração.

Os sistemas de avaliação apresentaram maior destaque e tornaram-se mais freqüentes após o

final da Segunda Guerra Mundial (1945). A partir de então, verifica-se que cada vez mais as

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empresas vêm em busca de novos modelos para adapta-los à sua realidade e ao mundo

moderno, apresentando uma grande tendência de sair do foco de apenas avaliar o desempenho

para se concentrar mais em gerenciá-lo.

4 – A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Avaliar quer dizer apreciar, medir, mensurar, julgar, comparar ou conferir. Avaliação, num sentido geral, significa apreciar um ser, situação ou atividade, considerando os fatores ou elementos que o constituem, atribuindo-lhe um “justo” valor. (XAVIER, RIBEIRO e FILHO, 1988, p.46).

O desempenho significa performance, resultado do trabalho ou atuação, que consideramos estar composto dos resultados (quantitativamente e qualitativos), da capacidade (conjunto do potencial, conhecimento e habilidades) e das atitudes. (BÖHMERWALD, 1996, p. 29).

Avaliação de Desempenho Funcional é a maneira pela qual a organização pode

mensurar o grau de contribuição do empregado na execução de seus trabalhos, podendo

comparar o resultado das ações praticadas pelo mesmo com as expectativas da empresa.

Matos (1991) considera que o desempenho profissional deve contemplar

conhecimentos, atitudes e habilidades do empregado em, no mínimo, quadro dimensões: a)

Dimensão Técnica – que corresponde ao conhecimento e habilidades técnicas, relacionadas a

sua formação profissional. b) Dimensão Administrativa – na qual abrange os conhecimentos e

habilidades nas funções de planejar, controlar e avaliar suas atividades profissionais, assim

como propor de ações que venham a contribuir na melhoria do desenvolvimento do trabalho a

fim de proporcionar um aumento da produtividade, a satisfação dos clientes e a utilização

eficiente dos recursos necessários para o cumprimento das tarefas. c) Dimensão Psicossocial –

na qual corresponde às habilidades e atitudes pessoais no que tange aos aspectos relacionados

com a emoção, criatividade, relacionamento, sensibilidade, motivação, dentre outros. d)

Dimensão Política – refere-se ao comportamento do empregado nas suas relações com o seu

superior e colegas de trabalho, bem como nas questões relacionadas ao exercício do poder e

nas articulações com outros setores.

O processo de avaliação é uma prática intrínseca à vida do ser humano, seja na área

pessoal, profissional ou familiar. Para as empresas, tal rotina não é diferente, ou seja,

constantemente as organizações estão avaliando as suas estratégias, o comportamento dos

concorrentes, o resultado auferido, o seu recurso humano e vários outros aspectos. Nos dias

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atuais, devido à importância destacada ao indivíduo dentro das organizações, a avaliação de

desempenho funcional constitui uma ferramenta utilizada de forma freqüente na maioria das

empresas.

Entretanto, a discussão sobre a temática vem trazendo opiniões contraditórias, existindo

assim, uma corrente de autores que desaprovam a sua prática, enquanto outros que a

defendem de maneira obstinada.

Barbosa (1996, p. 6-8) cita alguns depoimentos que demonstram insatisfações no que

tange à aplicação do processo avaliativo, a saber:

Não há, provavelmente, campo que ofereça conflito mais agudo entre a teoria e prática do que o que diz respeito à apuração do merecimento. A teoria diz que seria excelente apurar o merecimento dos empregados de acordo com o seu valor e desempenho das funções. Com isso concorda a administração, assim como os empregados. Mal, porém, se tenta pôr a idéia em execução, é ela bloqueada ou a sua eficácia é reduzida por obstáculos quase insuperáveis. (JOHN M. PFIFFNER, 1938)

Os sistemas menos eficientes são olhados com desconfiança pelos empregados e, provavelmente, é melhor não ter sistema algum do que ter um que produza resultados nos quais a maioria dos empregados não deposita confiança. (HARVEY WALKER, 1937)

A autora considera que a crítica mais famosa em oposição à avaliação de desempenho

partiu de Edward Deming, guru norte-americano dos programas de qualidade no Japão, por

considerar o referido processo como uma das cinco doenças fatais que atingem a

administração. Barbosa (1996) descreve que, segundo Deming, o sistema avaliação traz

resultados negativos porque é um sistema arbitrário e injusto, que desmoraliza os empregados,

alimenta o desempenho imediatista, aniquila o trabalho em equipe, estimula o medo e a

mobilidade administrativa, já que as pessoas mal avaliadas tendem a procurar outros

empregos.

Em relação às considerações positivas, Barbosa (1996, p. 7) descreve:

Em conclusão, é francamente reconhecido que os sistemas de apuração ou avaliação do merecimento revelaram-se, no passado, acima de tudo, rudimentares e imperfeitos processos de apreciação e registro de aptidões e hábitos de trabalho. Desde, porém, que eles são preferíveis a julgamentos não escritos formulados individualmente pelos administradores, a administração de pessoal deve aceitar o desafio da situação e fazer por desenvolver instrumentos mais adequados e úteis. (MOSHER, KINGSLEY e SRAHL, 1937).

Acredito que, praticamente, experimentamos todos os tipos de sistemas de apuração de merecimento que apareceram. Nem um deles se revelou inteiramente satisfatório

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e qualquer um é, sem sombra de dúvida, melhor do que nada. (relato de um gerente da mesma época)

Apurar ou não o merecimento não é mais a questão. O essencial é como apurar o merecimento – como apurá-lo meticulosamente, facilmente, sem preconceitos e sem levantar antagonismo. (PROBST, 1938)

Siqueira (2002) também tece comentários a respeito das divergências de opiniões acerca

o processo de Avaliação de Desempenho e conclui que:

Compatibilizar a necessidade formal do sistema de avaliação de desempenho com a sua inevitável impossibilidade de aplicação sistemática no cotidiano é um desafio, mas esse objetivo não é inalcançável. Como muitas organizações de sucesso demonstram, é possível tornar a avaliação mais realista e operacional, e não mais obrigatória e determinativa. (SIQUEIRA, 2002, p.5)

[...] a solução para o problema de avaliação de desempenho não reside no fato de extingui-la, mas de modificar a maneira como ela vem sendo aplicada. (SIQUEIRA, 2002, p.8)

De fato não se pode negar que a avaliação de desempenho apresenta-se como uma

incógnita para muitos estudiosos, uma vez que algumas pesquisas vêm demonstrando

resultados não satisfatórios quanto à sua aplicabilidade, enquanto outras têm apresentado que

a mesma constitui uma poderosa ferramenta para conhecer o potencial dos empregados,

podendo ser utilizado o seu resultado para objetivos diversos.

O cerne da questão está na forma como é aplicado o processo de avaliação, uma vez que

se o mesmo não for implantado de forma eficaz poderá surtir efeitos totalmente antagônicos

ao desejado. Por esse motivo, a implementação de um sistema de avaliação de desempenho

funcional requer uma série de cuidados para que a mesma não se apresente como um

problema ao invés de solução para empresa.

Bergamini (1993) atribui à fase em que se dá o planejamento da Avaliação de

Desempenho como a maior responsável pelo sucesso ou fracasso da mesma. Observa ainda,

que uma das causas mais freqüentes de fracasso na avaliação de desempenho consiste na

utilização de um mesmo instrumental, de um único procedimento, não levando em conta o

tipo de organização. Outro aspecto que a autora considera relevante é que “para se avaliarem

umas às outras, as pessoas precisam conhecer-se muito bem” (BERGAMINI,1993, p.7).

Desse modo, conclui Bergamini que “antes de se iniciar qualquer implantação do sistema de

avaliação de pessoas, há a necessidade de se estar seguro de que existe um razoável

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conhecimento não só do estilo da organização como um todo, mas também dos indivíduos que

dela fazem parte” (BERGAMINI,1993, p.7).

Para Siqueira (2002), o maior problema da avaliação é o mau avaliador:

Os programas de avaliação de desempenho implantados na maioria das organizações têm a sua legitimidade e validade contestadas porque enfocam essencialmente os detalhes técnicos e subestimam um fator que deveria ser alvo de maior preocupação: o avaliador. (SIQUEIRA, 2002, p. 62)

De fato, se o avaliador não tiver condições de avaliar de maneira eficiente e eficaz,

poderá gerar a insatisfação do avaliado e comprometer o clima organizacional da empresa, a

motivação, a produtividade, gerando, dessa forma, uma reação em cadeia. Assim, ao avaliar o

empregado, o avaliador deverá: a) conhecer profundamente os cargos e as pessoas que

avaliarão; b) libertar-se de qualquer juízo de valor, para que a avaliação seja a mais justa

possível; c) ser imparcial; d) fornecer feedback de forma regular e cuidadosa, ressaltando os

pontos positivos, apresentando os negativos por meio de demonstração de dados e colocando-

se à disposição do avaliado para a solução do problema.

Quando administrado de forma eficaz, o processo de avaliação apresenta vantagens

tanto para empresa quanto para o funcionário. Assim, com o uso desse instrumento a empresa

poderá mensurar o grau de contribuição do funcionário para a execução da meta estabelecida,

planejar ações para corrigir possíveis desvios apresentados, bem como o seu resultado poderá

servir como indicador para processos de treinamento, promoção, transferência de funções ou

setores, progressão salarial e carreira profissional. Os funcionários, por sua vez, poderão:

[...] identificar melhor as diretrizes da empresa, adaptando-se a elas, conhecer quais as expectativas de seu superior e as medidas por ele tomadas para corrigir distorções que eventualmente ocorram, e principalmente o funcionário tem oportunidade de crescimento e desenvolvimento dentro da empresa. (FRAGA e NUNES, 2002, p.12)

Siqueira ( 2002, p. 58) enumera algumas das aplicações da avaliações, dentre outras,

pode-se citar:

­ identificação da diferenças individuais;

­ estímulo à comunicação interpessoal;

­ desenvolvimento do conceito de “equipe de dois”, formada por chefe e subordinado;

­ estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e do avaliado;

­ gestão de crises nas equipes e nos processos operacionais (sistemas técnico e social);

­ auxílio na verificação de aprendizagens;

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­ identificação de problemas de trabalho em geral, no relacionamento individual, intra-

equipe ou interequipes;

­ registro histórico suplementar para ações administrativas de gestão, e

­ apoio às pesquisas de clima organizacional;

Lobos (1979, apud Grillo, 1982 p.31) considera que o último objetivo da avaliação de

desempenho é:

[...] melhorar os resultados operacionais da empresa. Entretanto, desde que esse objetivo só pode ser atingido mediante a colaboração dos membros da organização, a avaliação de desempenho tem finalidades imediatas, essencialmente motivacionais. Assim o ato de avaliar-se o desempenho de um empregado não só procura reforçar a conduta desejada mediante algum estímulo salarial e promocional, mas também constitui uma base para o desenvolvimento individual e organizacional.

Da mesma forma, Böhmerwald (1996, p.33) conclui que “o objetivo final da avaliação

do desempenho, é contribuir para o aumento da motivação das pessoas”. E ainda, o autor

considera sem nenhum sentido a medição da performance das pessoas no intuito de apenas

conhecê-la e registrá-la formalmente, por considerar de fundamental importância a sua

aplicação em outros sistemas de recursos humanos.

Enfim, não obstante as críticas sobre a Avaliação de Desempenho Funcional, observa-se

que a prática do processo avaliativo se apresenta de maneira cada vez mais constante na

Política de Recursos Humanos das empresas. Diante da tendência à valorização do indivíduo

dentro das organizações, a Avaliação de Desempenho surge como uma importante ferramenta

para o desenvolvimento de pessoas e competências, caracterizando-se como um instrumento

de grande valia para o crescimento organizacional. Contudo, para que a mesma venha a

agregar valor tanto para organização quanto para os seus funcionários, faz-se mister que ela

esteja revestida de requisitos que a torne justa, transparente e abrangente. Assim, “limitar a

avaliação de desempenho a um instrumento burocrático, ou utilizá-la somente como

referência para aumentos salariais é empobrecer sua abrangência e desvirtuar sua finalidade

de desenvolvimento e melhoria de desempenho” (KRISCHKE, 1997, p. 13).

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5 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

A aplicação do sistema de Avaliação de Desempenho nas organizações deve ser

norteada por alguns princípios básicos para proporcionar os benefícios desejados. A avaliação

deve englobar o alcance de metas e objetivos, concentrar-se em uma análise objetiva do

desempenho, ser aceita por ambos os lados envolvidos – avaliador e avaliado - e ainda ser

utilizada para melhorar a produtividade do indivíduo dentro da organização.

A avaliação de desempenho dispõe de diversos modelos aplicativos que diferem tanto

em relação ao sujeito (quem deve ser o avaliador) quanto aos métodos. Guimarães, Leitão &

Lourenço (1999, p. 85) ponderam que “ao optar por uma metodologia de avaliação de

desempenho de pessoal, a organização deve levar em conta sua cultura e seu clima, evitando a

transposição de modelos de outras organizações, mesmo que bem sucedidos”.

Com relação ao sujeito da avaliação, os autores identificam diferenças que interferem

nos resultados dos sistemas de avaliação de desempenho. As diversas possibilidades

dependem da cultura organizacional, variando entre modelos participativos e outros

hierarquicamente rígidos. No processo que trabalha com “auto-avaliação” de desempenho, o

próprio funcionário é o responsável pelo monitoramento do seu desempenho, auxiliado pelo

seu superior através de parâmetros fornecidos sobre sua performance, eficiência e eficácia.

Esse modelo é mais coerente em organizações participativas. De acordo Bergamini (1971),

este possui como pontos favoráveis o fato de propiciar a oportunidade de mútuo

esclarecimento do empregado e seu superior, a reparação de muitos defeitos causados por

distorções de percepção além de oportunizar uma grande interação subordinado-superior.

Como aspecto negativo está o fato de poderem ocorrer atritos devido a divergências de

opinião, principalmente se o avaliado for mais competente que seu superior.

O responsável mais freqüentemente utilizado é o “gerente ou o supervisor direto”.

Nesses casos, o próprio gerente estabelece os meios e critérios da avaliação, normalmente

com a assessoria do RH. Essa forma de avaliar proporciona maior liberdade e flexibilidade

para o avaliador, no entanto apresenta maiores riscos de subjetividade por apoiar-se na

percepção de uma única pessoa. Uma outra possibilidade de avaliação engloba o subordinado

e o gerente, visando a aproximação das duas partes, por meio de um intercâmbio no qual o

gerente fornece os recursos para os subordinados, cobrando resultados e estes fornecem o

desempenho e cobram recursos. É um processo de retroalimentação. De acordo Lucena

(1992), esse modelo engloba também a auto-avaliação do colaborador e o diálogo entre as

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partes para se chegar a um consenso. Em caso de discordância, o caso pode ser levado a uma

comissão de avaliação ou seguir a linha hierárquica direta.

A avaliação a partir da “equipe de trabalho” também pode ser utilizada. A equipe avalia

cada um de seus membros, definindo metas e objetivos. É a auto-avaliação em equipe. Já a

avaliação para cima consiste numa nova visão que permite que a equipe avalie seu gerente

dentro das demandas esperadas deste, permitindo desse modo o intercâmbio ao inverso,

subordinado-superior, alimentando uma relação mais participativa. Contrário a esse modelo,

Bohmerwarld (1996, p. 31) afirma que “a avaliação no sentido inverso poderia desencandear

efeitos indesejáveis, tais como enfraquecimento ou mesmo perda de autoridade”. Esse temor

existe em organizações que ainda não alcançaram um grau de participação mais elevado,

mantendo-se apoiada na rigidez hierárquica.

Um modelo mais abrangente e participativo é o da “Avaliação 360º”. De acordo Lucena

(1992), esse processo baseia-se na utilização de fontes múltiplas de fornecer feedback sobre as

competências de uma pessoa, envolvendo suas habilidades, atributos pessoais,

comportamentos e desempenho. O desempenho é avaliado de forma circular, por todos que

mantém interação com o avaliado, (supervisor, colegas, clientes (internos/externos),

subordinados, pares e o próprio avaliado) num número mínimo de seis pessoas, produzindo-se

assim, diferentes informações, enriquecendo de forma substancial o processo avaliativo ao

vislumbrar as variadas demandas que o avaliado recebe do seu ambiente de trabalho. Siqueira

(2002) atenta para os pré-requisitos necessários à aplicação desse modelo – objetivos fixados

de forma clara na definição de papéis, funções e resultados; instrumentos de feedback e

avaliação de fácil uso; clarificação dos resultados embutidos no processo; total uso dos

recursos de desenvolvimento da organização atrelados aos resultados da avaliação 360º. O

autor atenta, ainda, para a peculiaridade desse modelo em relação aos outros.

Para obter bons resultados, no entanto, ele exige, mais até que os demais, que todas as funções de administração de recursos humanos estejam em linha com as políticas e as diretrizes organizacionais que valorizem a participação democrática, a construção de um clima de abertura, franqueza e autenticidade na equipe, a capacidade de dar e receber feedback não-censurado, o uso diferenciado da hierarquia e da autoridade. (SIQUEIRA, 2002, p. 112)

Outra modalidade, quanto ao sujeito, envolve a existência de uma “comissão de

avaliação de desempenho”. Consiste em uma comissão designada para esta finalidade,

formada por pessoas de diferentes unidades organizacionais e com membros permanentes

(presidente, diretores de RH) e transitórios (gerentes) que irão analisar e julgar o desempenho

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de todos os funcionários. A comissão é um elemento externo ao relacionamento funcionário-

gerente, causando estranheza aos avaliados e podendo prejudicar a predisposição destes para a

avaliação caso não venha a considerar os critérios de proximidade e conhecimento dos

gerentes sobre os avaliados, por esse motivo faz-se necessária a participação ativa destes.

Uma última possibilidade é a concentração do processo avaliativo no “órgão de RH”. A

responsabilidade total pela avaliação é assumida por este órgão. Assim como a “comissão de

avaliação de desempenho”, incorre no fato de estar externo ao cotidiano relacional

funcionário-gerente. Trabalha no genérico, não tendo espaço para a singularidade de cada

indivíduo, o que pode vir a provocar reações negativas.

Dentre todas as perspectivas apresentadas, as mais eficientes são aquelas que dão

flexibilidade e liberdade para os sujeitos mais interessados na avaliação de desempenho:

subordinados e gerentes. Quanto maior o grau de interação, mais reais serão os dados obtidos

de eficiência na retroalimentação, proporcionando resultados mais positivos.

Na busca por englobar critérios de equidade no processo avaliativo que estimulem as

pessoas, muitas organizações criam seus próprios sistemas espelhando-se em métodos

conhecidos e ajustado-o às suas características. Dentre os métodos existentes Pontes (1989),

destaca aqueles considerados tradicionais como Comparação Simples, Comparação aos Pares

ou Binária, Pesquisa de Campo, Incidentes Críticos, Escolha Forçada e Escalas Gráficas.

Os métodos tradicionais são geralmente burocratizados, rotineiros e repetitivos. A

avaliação funciona como fim e não como meio. São excludentes, provocando uma sensação

de julgamento com o processo de avaliação por minimizar a participação do avaliado e não

proporcionar feedback. Há também uma limitação dos fatores de avaliação, não

proporcionando uma visão global dos resultados.

O método de comparação simples constitui na construção de uma escala de graus

predeterminados de desempenho, variando de ruim a ótimo, no qual cada subordinado é

classificado de acordo o seu comportamento. É um método comparativo que não estabelece as

regras da avaliação, ficando estas a cargo do avaliador, e possui grande subjetividade além de

não ser pró-ativo. No método de comparação aos pares ou binária o comportamento do

funcionário A é comparado com o do B, do C e assim sucessivamente, quando este

desempenho for melhor ganha um sinal + se pior leva o sinal - , após as avaliações soma-se

+1 aos sinais positivos e obtêm-se o escalonamento das pessoas. Segundo Pontes (1989), esse

método possui os mesmos problemas que o da comparação simples.

Na pesquisa de campo, um especialista em avaliação entrevista as chefias para

juntamente com estas avaliar os empregados, levantando as causas do desempenho. Analisa-

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se o comportamento humano e os fatos, não a pessoa. Esse método exige muito tempo e

recursos humanos, o que limita o seu uso. A técnica de incidentes críticos baseia-se nas

características extremas que representam o desempenho, envolvendo uma lista de incidentes

críticos de comportamentos efetivos e inefetivos no trabalho, não se preocupando com o

comportamento normal, e sim com desempenhos excepcionalmente positivos ou negativos.

Haynes (1978, apud Milani, 1988, p. 53) criticou essa perspectiva considerando-a onerosa e

impopular ao se basear em medidas extremas e não no comportamento do dia-a-dia, o que

impossibilita revelar a efetividade do desempenho.

O método de escolha forçada consiste na distribuição forçada dos empregados em

grupos predefinidos de desempenho. Esse modelo pressupõe a existência de uma curva

normal de desempenho em uma organização existindo sempre aqueles que possuem

desempenhos baixos, regulares e excelentes. Baseia-se no princípio de que a organização

possui obrigatoriamente uma certa quantidade de pessoas ineficazes. Esse sistema não

vislumbra o melhoramento e provoca distorções avaliativas.

Outro método é o de escalas gráficas. Este permite a avaliação do desempenho a partir

de características pré-determinadas que são graduadas desde péssimo a excepcional. São

escolhidos os fatores mais aplicáveis a um conjunto de cargos. Pontes (1989) apresenta como

desvantagens desse sistema o fato deste não permitir flexibilidade por parte do avaliador,

apresentar distorções de desempenho, se preocupar apenas com o passado não visando ações

de melhoria e por colocar o avaliador no papel de juiz.

Grillo (1982) criticou os métodos de escalas gráficas e escolha forçada pela

subjetividade e pouca eficiência dos mesmos na administração pública federal. O método de

escalas gráficas, segundo o autor (1980, p. 20), “objetivava precipuamente a implantação dos

critérios de promoção então definidos para os funcionários públicos federais, isto é, a

promoção por merecimento e antiguidade”. O instrumento era um Boletim de Merecimento,

onde o chefe imediato analisava semestralmente o desempenho dos funcionários a partir de

critérios pré-estabelecidos. Entretanto os resultados foram ineficazes porque segundo DASP –

Departamento Administrativo do Serviço Público, havia uma tendência a promover avaliações

acima da média demonstrando a necessidade de mais objetividade nos critérios. O método de

escolha forçada tentou superar essa questão e delimitar mais o processo, restringindo o

percentual dos que poderiam ser classificados como acima da média e com isso fazer jus à

cota de benefícios, além disso não permitia a participação do avaliado. Esse método

incentivava uma competição agressiva entre os funcionários e instalava uma espécie de

despotismo ao não permitir que o mesmo discutisse a sua avaliação.

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Um contraponto aos modelos tradicionais foi a metodologia desenvolvida por Gilbert

(1978 apud por Flauzino, 2000), a qual se baseia na diferenciação de desempenho (integração

das realizações esperadas) e comportamento (meios para atingir essas finalidades). Essa

abordagem apregoa que só se deve analisar os comportamentos diferentes se estes afetarem os

resultados, para isso utiliza tabelas de desempenho (Tabela 1). De acordo com Flauzino

(2000), esse sistema se diferencia dos tradicionais em cinco aspectos básicos:

• Sistematiza a coleta periódica do impacto da intervenção, permitindo reaplicar

e aperfeiçoar o processo;

• Coleta e analisa apenas os comportamentos ligados às realizações esperadas e

que provoquem deficiência no desempenho;

• Identifica as diferenças nos desempenhos e analisa as causas da deficiência;

• O Potential for Improvement Performance (PIP = potencial para melhorar o

desempenho) informa quantas vezes o desempenho pode ser melhorado até

atingir um padrão, chamado de desempenho exemplar;

• Seleciona a intervenção com maior potencial e a menor relação custo /

benefício, contextualizando com o desempenho dentro da realidade

institucional.

Tabela 1: Tabela de Desempenho de Gilbert

Padrões Valor ou Custo do Desempenho Real

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Realizações

Esperadas

Requisitos Desempenho

Exemplar

Desempenho

Típico

Unidade

de Valor

ou Custo

Número de

Pessoas ou

Transações

Total PIP Risco/Lucro

Stakes

Fonte: Flazino, 2000, p. 85

O método mais moderno de avaliação de desempenho é o oriundo da Administração

por Objetivo (MBO Management by Objectives). Este é um processo de avaliação no qual

supervisores juntamente com os subordinados definem seus objetivos comuns e suas áreas de

responsabilidade individual, bem como os resultados esperados (Odiorne, 1979 apud Milani,

1988). Essa metodologia exige uma cultura organizacional baseada na participação e divisão

de responsabilidades, a liderança tem que estar preparada para o diálogo e para compartilhar

decisões com seus subordinados.

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No sistema de avaliação por objetivos não pode ser ressaltado apenas o atingimento ou não dos objetivos estabelecidos; também é necessário analisar os problemas enfrentados pelo subordinado, o contexto geral da empresa, a sucessão de fatos que contribuíram para o atingimento desses objetivos ou dificultaram sua plena realização. (PONTES, 1999, p.51)

O contexto empresarial brasileiro apresenta a coexistência de características bem

diversas.

[...] revela um quadro confuso, onde convivem simultaneamente: • todos os estágios de desenvolvimento, em todos os campos de atuação – do mais arcaico ao mais avançado; • todos os modelos de organização e modelos de gestão – do mais autoritário e paternalista , ao mais aberto e participativo; • estágios de desenvolvimento diferenciados dentro de uma mesma empresa – setores avançados e setores obsoletos; • modelos de Avaliação de Desempenho também diferenciados – dos mais tradicionais aos mais modernos. (LUCENA, 1992, p. 39)

Lucena (1992) propõe ainda um modelo metodológico para o processo de avaliação de

desempenho que contemple a dinâmica do processo gerencial. O modelo possui quatro

características básicas: a continuidade , onde a avaliação não se resume ao preenchimento de

formulários, sendo um ciclo realimentado; a periodicidade , com a definição dos prazos

máximos para a fase de acompanhamento sistemático; a flexibilidade , sendo o modelo

passível de adaptações às peculiaridades de cada unidade organizacional e às especificidades

de trabalho de cada empregado; e, por fim, a individualidade , com metas individuais

retiradas do planejamento organizacional. Estas características, segundo a autora, devem estar

presentes em todas as fases do processo de avaliação de desempenho, cujo método, proposto

por esta (Figura 1), abrange cinco fases – negociação do desempenho, análise da capacitação

profissional, acompanhamento do desempenho, avaliação de desempenho e

comprometimento.

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Figura 1: Fases do Processo de Avaliação de Desempenho

Fonte: Adaptado de Lucena , 1992, p. 28

A busca por tornar a Avaliação de Desempenho mais simples, produtiva e um meio de

impulsionar o comportamento das pessoas propicia a constante criação de novas tendências.

Os indicadores vêm se tornando cada vez mais sistêmicos e escolhidos em conjunto, evitando

distorções e ampliando o comprometimento. A avaliação precisa levar em conta o contexto

geral, incluindo indicadores externos como concorrência e índices econômicos. É necessário

também que a mesma funcione como elemento integrador das práticas de RH e seja baseada

em processos não estruturados, fugindo da burocratização. O feedback às pessoas é outro

aspecto que merece uma atenção especial, uma vez que é fundamental para proporcionar

orientação, auto-avaliação e monitoramento.

1 - Análise da Capacitação Profissional

Atribuições - O que fazer - Porque - Quando - Recursos

2 - Negociação do Desempenho

3 - Acompanhamento do Desempenho

Capacitação - Curso - Orientação - Aconselhamento -Treinamento no trabalho

4 - Avaliação de Desempenho

Registros - Reuniões com

empregados - Resultados do

trabalho - Correção de desvios - Reconhecimento

5 - Comprometimento Conseqüências - Para o setor - Para a empresa - Para o empregado

Eficácia - Assimilação - Interiorização - Institucionalização - Durabilidade

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A objetividade está cada vez mais valorizada visualizando o alcance das metas e

objetivos, importando desse modo o desempenho eficaz e eficiente. É preciso, antes de tudo,

envolver as pessoas, mostrar-lhes que a avaliação de desempenho traz benefícios a todos ao

ser empregada como “ferramenta gerencial e ser utilizada na definição dos resultados

desejados, na medição da produtividade e da qualidade, no desenvolvimento da capacitação

profissional e no aproveitamento do potencial dos empregados” (LUCENA, 1992, p.58).

5.1 – Modelos práticos

Visando obter metodologias adequadas a suas realidades, as organizações partem da

análise dos métodos existentes para criar os seus próprios modelos. Um breve estudo de

modelos de organizações, como Ford – Projeto Amazon e Monsanto, demonstra de forma

prática a sinergia entre as diversas possibilidades de sistemas de avaliação. Analisar as

características de cada um identificando as peculiaridades inerentes que os diferenciam

possibilita a identificação de parâmetros que determinem a efetividade de processos

avaliativos.

5.1.1 – Modelo Ford

A FORD Motor Company foi fundada em 1903 na cidade de Detroit (Michigan - EUA)

por Henry Ford, idealizador do projeto do primeiro automóvel da empresa, bem como do

processo de produção, conhecido posteriormente como Fordismo. Após 13 anos de existência,

a FORD começou a expandir seus investimentos na América Latina através da instalação de

uma fábrica nos arredores de Buenos Aires (Pacheco - Argentina) em 1916. No Brasil, a

primeira fábrica foi fundada em 1919, na cidade de São Bernardo do Campo e no ano de 2000

foi inaugurada a fábrica no Pólo Petroquímico de Camaçari – Bahia.

A FORD Mundial, a partir de 1997, começou a desenvolver um novo processo de

desenvolvimento profissional de maneira a identificar os futuros líderes da empresa. Tal

processo foi implementado em todos os setores da companhia. Para esta análise foram

pesquisadas as ações desenvolvidas dentro do departamento da engenharia de produto da

empresa em Camaçari.

A nova estratégia de desenvolvimento de pessoal foi criada pela área de Recursos

Humanos e baseia-se no princípio de que o planejamento da carreira profissional é uma

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responsabilidade compartilhada entre o próprio funcionário e sua supervisão direta. De modo

a defender os direitos do funcionário frente aos outros gestores da área em questão, foram

criados também os grupos de avaliação e discussão. Tais grupos são compostos sempre por

graus hierárquicos semelhantes, os quais são responsáveis por avaliar seus subordinados

diretos. Por exemplo, um grupo de supervisores é responsável pela avaliação de todos os

mensalistas daquele departamento, bem como, um grupo de gerentes é responsável por avaliar

todos os supervisores de um departamento.

Estes grupos também são responsáveis por coordenar as necessidades de cada

funcionário, tanto no que diz respeito a promoções, como a treinamentos especiais para

formação do empregado e para aquisição de conhecimento e aprimoramento da área em si,

podendo ainda, agir como facilitador para transferências laterais. As avaliações de 360 graus

também são realizadas, mas restritas aos cargos de gerência e diretores.

Em termos de avaliação pessoal, cada funcionário, juntamente com seu supervisor

direto, deve, no início de cada ano, estabelecer os objetivos a serem alcançados naquele

período. Estes objetivos podem ser abrangentes, como a determinação do número de semanas

dedicadas a treinamento, ou bem específicas, como por exemplo, uma estimativa de ganhos

para a companhia em unidades monetárias por veículo.

Ao final do primeiro semestre a avaliação é revista com o propósito principal de

verificar o progresso realizado pelo funcionário, bem como adicionar mais objetivos caso o

funcionário/supervisor acreditem ser necessário. Através desta avaliação intermediária,

supervisor e funcionário podem entender e discutir as dificuldades encontradas até o

momento.

Caso o desempenho do funcionário esteja sendo insatisfatório, um plano de

aconselhamento e de supervisão mais próxima é estabelecido e comunicado para o

departamento pessoal. Muitas vezes, a solução para o baixo desempenho será um plano de

treinamento ou mesmo a transferência do funcionário para uma outra área onde ele possa se

identificar melhor.

Além da verificação e discussão dos objetivos e do progresso alcançado, este

documento contém a lista de todas as “competências” que o funcionário deve apresentar. Tais

competências são relativas a vários aspectos do empregado como se pode verificar abaixo:

• Planejamento e Organização

• Análise de Problemas e Tomadas de Decisão

• Comunicações Escritas

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• Comunicações Orais

• Relacionamento Pessoal no Trabalho

• Conhecimento Técnico

• Motivação para Alcançar Objetivos

• Inovação/ Criatividade

• Preocupação com Qualidade

• Preocupação com Segurança

• Dependência da Supervisão

A cada uma destas competências é atribuída uma nota a qual ajudará na definição da

nota final do funcionário. Ao final do ano, a avaliação final do funcionário é realizada

novamente e uma nota oficial é atribuída ao seu desempenho do ano em questão e

comunicada ao departamento de RH para registro.

Além da avaliação pessoal, o funcionário é responsável por manter o seu currículo

interno atualizado e disponível na intranet, de modo a permitir que os representantes de RH de

todas as áreas tenham acesso ao seu perfil. Neste documento estão listadas as áreas de

interesse do funcionário, bem como se ele tem motivação ou não de trabalhar em outras

unidades da empresa, dentro e fora do país. Estes documentos são algumas das ferramentas

que o grupo de avaliação usa para determinação de aumentos por mérito, estabelecimento de

planos de treinamento e viagens em assignments especiais.

Uma terceira ferramenta utilizada pelo grupo é a que se baseia na definição da

capacidade de um funcionário se tornar líder. Esta ferramenta requer informações de muitas

fontes, tais como do supervisor, dos clientes e de outras pessoas com as quais o empregado

tenha trabalhado, seguido de um processo de decisão por consenso do grupo de avaliação.

Esse processo deve acontecer pelo menos uma vez por ano, iniciando-se quando o empregado

completar dois anos na empresa, sendo que esta definição de potencial poderá se alterar já que

ela é decorrente do desempenho, experiência e desenvolvimento do empregado. É importante

ressaltar que, caso o funcionário manifeste interesse, ele tem direito a saber qual a sua

classificação de potencial.

Através de todas estas ferramentas mencionadas, das reuniões periódicas do grupo de

avaliação e discussão e do canal aberto de comunicação entre funcionário e supervisão, as

decisões são tomadas quanto ao futuro do profissional de cada indivíduo do departamento.

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Figura 2: Modelo de Avaliação de Desempenho na FORD

Fonte: Fluxograma desenvolvido pelas autoras a partir de dados da empresa

5.1.2 – Modelo Monsanto

A Monsanto, fundada em 1901, é uma empresa de desenvolvimento de produtos

voltados para o setor agrícola, incluindo sementes modificadas por melhoramento

convencional ou pela biotecnologia1 e herbicidas. A sede da matriz fica em St. Louis, no

estado de Missouri, nos Estados Unidos. Com cerca de 14 mil funcionários em países de todos

os continentes, a Monsanto faturou mais de US$ 5,4 bilhões em 2001.

A Monsanto veio para o Brasil durante os anos 50, quando suas matérias-primas

começaram a ser comercializadas no País. Em 1963, instalou seu escritório de vendas em São

Paulo. Na década seguinte, iniciou uma série de investimentos na área química, que

culminaram com a inauguração da primeira fábrica em 1976, em São José dos Campos (SP).

Em dezembro de 2001, a empresa inaugurou, no Pólo Petroquímico de Camaçari, a primeira

fábrica da empresa no Brasil apta a produzir matérias-primas para o herbicida Roundup na

América do Sul. A fábrica de Camaçari, a maior unidade da Monsanto fora dos Estados

1 Plantas geneticamente modificadas são cultivadas em 52 milhões de hectares em todo o mundo, em especial nos Estados Unidos, Canadá e Argentina - importantes produtores de grãos. Esses plantios também ocorrem em países da Europa, Ásia e América Latina.

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Unidos, também é a única unidade no Hemisfério Sul em que são produzidas as matérias-

primas da linha Roundup. A Monsanto do Brasil emprega 1.600 pessoas e apresenta vendas

anuais da ordem de US$500 milhões, produz no Brasil herbicidas , sementes, produtos da

biotecnologia.

Em 1985, a Monsanto iniciou-se nos negócios farmacêuticos com a aquisição da Searle

e, na seqüência, em 1989, passou a fabricar os produtos da Nutrasweet no País, integrando-se

à área de alimentos. O fortalecimento paralelo das duas atividades principais - química e

agrícola - levou, em 1997, a uma divisão natural dos negócios do holding Monsanto em duas

empresas distintas: a Monsanto, dedicada à agricultura, à farmacêutica e à biotecnologia, e a

Solutia, que passou a agregar todos os negócios da área química. O enfoque da Monsanto em

agricultura foi fortalecido após a fusão, nos Estados Unidos, da Monsanto Company com a

Pharmacia & Upjohn, consolidada em abril de 2000 com a criação da Pharmacia Corporation.

No dia 13 de agosto ocorreu a cisão entre a Monsanto e a Pharmacia, já previamente

acordada. Atualmente a Monsanto é uma empresa independente, totalmente focada em

agricultura.

O processo de implantação do controle de desempenho surgiu, na Monsanto, como uma

ferramenta administrativa e estratégica que atua para mensurar e monitorar os resultados dos

trabalhos das pessoas, podendo interferir nos processos de Recursos Humanos (como

capacitação e gestão de desempenho) e também servir de base para tomada de inúmeras

decisões sobre carreira e remuneração. A organização procura com isto, aprimorar e motivar

seu quadro de funcionários tendo em vista a excelência na qualidade de seus produtos e

serviços, sejam eles oriundos da própria empresa ou de fora dela.

A empresa vem há muito tempo realizando processos de avaliação anual dos resultados

de seus funcionários em todas as unidades ao redor do mundo. Ao longo deste período, este

sistema vem sofrendo pequenas modificações e ajustes com a finalidade de torná-lo cada vez

mais transparente, justo e contributivo para o crescimento pessoal e profissional de seus

funcionários, alavancando e assegurando desta forma, o crescimento sustentado e contínuo do

negócio. A empresa há cerca de oito anos, vem adotando, em nível mundial, o modelo

chamado D.P.R. (Development, Performance & Rewards – Desenvolvimento, Performance e

Compensação).

Os objetivos desse processo são: tomar decisões sobre a remuneração variável, fazendo

com que o pagamento de incentivos reflita os resultados e dê prêmios para desempenhos

extraordinários, fornecer recompensas para negócios que atinjam e mantenham alta

“performance”, criando valor agregado a longo prazo para as ações e acionistas, confeccionar

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planos de desenvolvimento pessoal/profissional de acordo com os objetivos de performance

e os futuros interesses de carreira e identificar potenciais.

Quadro 2: Composição do Modelo D.P.R Monsanto

• Fixação de objetivos - Resultados de negócio - Desenvolvimento

• Feed-back múltiplo

- Coaches - Feedback 360° /não anônimo/contínuo

• Avaliação de performance ligada à remuneração variável • Salário base • Compensação anual

- Resultados de negócio - Resultados de desenvolvimento

• Compensação a longo prazo

- Opções/Shared Success

• Benefícios Fonte: Material institucional da Monsanto

O modelo utilizado obedece a seguinte seqüência – Fixação de Objetivos, Feedback

Múltiplo e Avaliação de Performance Ligada à Remuneração Variável. A fixação de objetivos

é a etapa na qual são fixados tanto os objetivos dos resultados do negócio quanto os objetivos

de desenvolvimento pessoal e profissional do funcionário, em concordância com o seu

supervisor direto. Na fase de feedback múltiplo é utilizada uma sistemática de Feedbacks 360o

não anônimos e contínuos e de Coaches, que são pessoas que possuem relação com o

empregado, conhecem o seu trabalho e podem avaliá-lo.

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Quadro 3: Coaches

COACHES

Funções

- Clarificação, re-direcionamento

- Diálogo aberto / solução conjunta de problemas

- Prover recursos e identificar barreiras para alcançar os objetivos

- Forçar a desafiar nossos pressupostos

Quantos eleger - Mínimo dois, máximo seis

Quem eleger

- Pessoas que tenham contato direto com o trabalho do avaliado

- Pessoas que possam ajudar, direcionar e agregar novas idéias/perspectivas

ao nosso trabalho

Padrão de

Comportamento –

Habilidades dos

Coaches

- Capacidade de assumir riscos e coragem

- Liderança

- Orientação para resultados

- Comunicação

- Rapidez, inovação e criatividade

- Orientação ao cliente

- Orientação a trabalho em equipe

- Gerenciamento estratégico do negócio

- Capacidade de aprendizagem contínua

- Resolução de problemas e capacidade de decisão

- Habilidades profissionais/funcionais

Fonte: Material institucional da Monsanto

A última etapa de avaliação de performance está ligada à remuneração variável na qual

o desempenho do empregado é discutido novamente com o supervisor direto, baseando-se no

Documento de Resultados preparado pelo próprio funcionário, saindo daí a decisão sobre a

remuneração variável a que este fará jus.

A filosofia de recompensas da Monsanto tem por intuito facilitar a atração de top talents

pelo mundo e está diretamente relacionada ao desempenho apresentado pelos empregados. A

empresa se predispõe a oferecer um salário base que reflita o valor de mercado externo, o

papel/responsabilidade da pessoa e a equidade interna. O pagamento de incentivos visa pagar

por resultados e dar prêmios para desempenhos extraordinários. A compensação total objetiva

aproximar-se do topo do mercado para performance extraordinária nos negócios e varia com

base nos resultados reais da Monsanto e no desempenho do setor e do empregado, em equipe

e individual.

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Os critérios de avaliação utilizados pelos supervisores levam em conta, basicamente o

sucesso ao atingir os objetivos propostos no início do período (resultados do negócio e

desenvolvimento pessoal e profissional do funcionário). Em caso de não concretizar o

atingimento total ou parcial, faz-se necessária a apresentação das justificativas (que

usualmente incluem o alcance de objetivos não listados no documento original, mas que

surgiram como necessidades prementes no decorrer do período).

A avaliação é fechada numa discussão entre o avaliado e o supervisor direto do mesmo

ao final do período de um ano, sendo que é feita uma revisão formal ao longo deste período

(Mid Year D.P.R. Review – Revisão de D.P.R ao meio do ano) com a finalidade de realinhar

os objetivos com quaisquer mudanças estruturais e/ou conjunturais ocorridas no período, tanto

do ponto de vista do negócio, quanto dos itens relacionados ao lado pessoal e profissional do

funcionário. Os processos de Coaching e de Feedbacks, no entanto, são contínuos e não

necessariamente formais, embora seja requerida a formalização dos itens mais críticos e

importantes, visando não só o acompanhamento do progresso dos mesmos, mas também para

servirem – em conjunto com o Documento de Resultados preparado pelo funcionário – como

suporte à discussão de avaliação com o supervisor. É importante ressaltar que todos os

funcionários da Monsanto, sem exceção, são submetidos ao mesmo processo de avaliação.

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Figura 3: Modelo de Avaliação de Desempenho na Monsanto

Começar Implementação

Escrever Objetivos de Performance

Escrever Planos e Objetivos de

Desenvolvimento

Identificar Coaches

Competências

Interesses Futuros

360° Feedback (Opcional)

Objetivos da Área Objetivos de Equipe

Identificar Responsabilidade

Discutir progresso de objetivos de performance

e de desenvolvimento

Fazer ajustes

Solicitar feedback (não anônimo)

Preparar documento de feedback

Discutir feedback com o supervisor

Repetição do Ciclo

Decisão sobre remuneração variável

• 25 / 75% individual • 50 / 50% supervisores

Fonte: Adaptado a partir de material institucional da Monsanto

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6 – VISÃO CRÍTICA DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

FUNCIONAL

A ação de avaliar apesar de fazer parte do cotidiano humano sempre levanta apreensões,

principalmente quando se trata de um sistema formal. No contexto organizacional esta se

tornou uma prática comum na tentativa de quantificar desempenho e produtividade. Lucena

(1992, p.36) relembra a condição de onipresença de processos avaliativos no campo da

administração empresarial, onde se avaliam “as características de mercado, as expectativas

dos consumidores, a posição dos concorrentes, o impacto das decisões e leis governamentais

na economia, as forças e fraquezas da organização, sua performance financeira, sua tecnologia

e seus Recursos Humanos”. Em relação a esse último aspecto é onde se situam os

desconfortos relacionados a avaliações de desempenho. Macgregor (1957, apud Bergamini,

1983) afirmou que as principais causas de resistência oferecidas pelas pessoas, diante da

iminência de adoção de um sistema de diagnóstico de desempenho em situação de trabalho,

estão baseadas em quatro pilares básicos:

• A aversão natural que o ser humano possui diante da situação na qual se vê obrigado a

criticar um subordinado, podendo ver-se envolvido numa discussão desagradável;

• Falta de preparo e, por conseguinte, de habilidade das pessoas para conduzirem uma

entrevista;

• A má vontade habitual das pessoas, todas as vezes que se torna necessário adotar uma

nova maneira de proceder, quando se tem que alterar a forma habitual de trabalhar;

• Um clima generalizado de desconfiança quanto à validade do instrumento de avaliação

e ao desconhecimento sobre sua metodologia de uso e aplicabilidades.

Guimarães, Leitão & Lourenço (1999, p. 85) afirmam que outro fator relacionado às

dificuldades de aplicação de processos avaliativos está associado “ao fato da tecnologia

gerencial não ser considerada de forma holística e multideterminada.” Segundo os autores, a

avaliação de desempenho precisa ser vista como um produto das relações sociais específicas

de cada organização que incorpora não só aspectos econômicos e administrativos como

envolve os valores culturais, psicológicos e éticos que permeiam as relações de trabalho.

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É visível que a prática de avaliação de desempenho nas organizações é um processo

que desperta sentimentos ambíguos nos envolvidos podendo ocasionar situações prejudiciais

às instituições. Conhecer as principais causas desses problemas orienta na elaboração de

modelos específicos que sejam eficientes e eficazes na condução do processo avaliativo.

A literatura relacionada ao tema apresenta vários problemas na execução de processos

de avaliação de desempenho. O comprometimento da alta administração é ponto crucial na

decisão de adoção de um sistema de avaliação. A sua participação não pode ser restrita apenas

à autorização da implantação da avaliação, deixando toda a responsabilidade a cargo do setor

de Recursos Humanos. Esse desligamento, geralmente, se deve a uma postura inerente à Alta

Administração. Lucena (1992) afirma que normalmente esta não se compromete com nada

que seja referente a Pessoal e que o empresariado brasileiro diferencia negócio e força de

trabalho, não dando o devido valor a seu capital humano. Este tipo de postura influencia

negativamente em todo o processo avaliativo, desde a escolha do modelo a ser implantado até

o uso dos resultados deste.

A não participação de todos os envolvidos – gerência e subordinados – dificulta ou

mesmo impede a utilização adequada dos resultados da avaliação.

A implantação de um sistema de avaliação de desempenho requer também o comprometimento de chefias e demais trabalhadores com as novas práticas de avaliação, a divulgação do novo modelo, o treinamento cuidadoso dos avaliadores e o aumento da participação dos atores (avaliadores e avaliados) em todas as fases de implantação e em todas as etapas do processo avaliativo. (OLIVEIRA-CASTRO, LIMA & VEIGA, 1996, p. 39)

A preocupação em agilizar a implantação dos sistemas leva os responsáveis pelos

mesmos a ignorarem a real necessidade de envolvimento de toda a organização, criando

situações em que os sistemas apresentam discrepâncias com o ambiente podendo até

inviabilizar todo o processo.

A questão do despreparo gerencial para administrar pessoas é apresentado como um

fator desmotivador do processo avaliativo. Lucena (1992) aponta que o treinamento da

gerência exige uma profundidade maior do que o mero ensino do preenchimento de

formulários de avaliação. Segundo a autora (1992, p. 42) os responsáveis pela administração

do fator humano precisam estar capacitados “para utilizar eficazmente as competências e os

potenciais sob seu comando”. Um gerente despreparado não consegue motivar sua equipe de

trabalho visando atingir as metas organizacionais.

Diversos autores (BERGAMINI, 1971; PONTES,1989; ROBBINS, 1999, SIQUEIRA,

2002) tratam dos erros mais freqüentes cometidos pelos avaliadores, que estão relacionados à

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percepção, a fim de orientar os mesmos a evitá-los. O “efeito de halo” ocorre quando o

avaliador tende a julgar o avaliado pelo seu conceito geral sobre o mesmo, se a impressão for

positiva, a avaliação segue o mesmo caminho ainda que o desempenho do avaliado não seja

condizente. Essa situação tende a produzir perfis com variações insignificantes das

características não retratando fielmente o avaliado. Na situação em que ocorre “tendência

central” o avaliador tende a atribuir notas medianas a todos os avaliados com receio de

prejudicar os subordinados. Assim como o efeito halo, esse desvio não retrata o perfil real do

avaliado. O “erro de indulgência” ou “de leniência” ocorre quando os avaliadores tendem a

avaliar os empregados com notas excessivamente altas (erro de indulgência positiva) ou

excessivamente baixas (erro de indulgência negativa). Oliveira-Castro, Lima & Veiga (1996)

afirmam que essa prática é muito comum no setor público, predominando a tendência a

produzir superavaliações onde, sem distinção, todos são avaliados acima da média, e que essa

situação apresenta resultados extremamente negativos principalmente para aqueles

trabalhadores mais competentes e empenhados. Esses desvios nas posturas de avaliação

funcionam como um desmotivador tornando ineficiente não só a avaliação de desempenho

como os objetivos e metas organizacionais traçados. Robbins (1999) propõe o uso de

avaliadores múltiplos a fim de diminuir a ocorrência desses erros, nesse caso, são

desconsiderados os escores extremos e considerados os mais freqüentes, a partir da análise de

comportamentos evidenciados no cumprimento das tarefas.

O risco de subjetividade extrema levando a situações injustas também está

intrinsecamente relacionado aos vícios de percepção. Segundo Bergamini (1971) “residem na

incapacidade de ver nos outros características que não lhe são próprias”, de acordo com a

autora, nesse caso, ocorrem mecanismos de projeção, quando o avaliador atribui

características suas ao avaliado, projetando nele qualidades ou defeitos que na realidade este

não tem. Bergamini ressalta que esses vícios de percepção são oriundos de inadequação ou

desajustamentos afetivos emocionais. Outro fator que eleva a subjetividade ocorre quando os

avaliadores observam pontos de personalidade e relacionamento no momento da avaliação

fazendo uso de estereótipos e preconceitos. A fim de evitar esse desvio, Oliveira-Castro, Lima

& Veiga (1996), propõem a construção de instrumentos objetivos evitando ao máximo avaliar

traços de personalidade como iniciativa e urbanidade, bem como considerar como mais

relevantes os fatores relacionados à produtividade ou à qualidade do trabalho. Outra sugestão

dos autores para diminuir os riscos de subjetividade constitui em definir claramente os

aspectos a serem avaliados, exemplificando com ações observáveis e quantificáveis e

apontando referênciais concretos para atribuição de escores. Robbins (1999) recomenda dar

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ênfase a comportamentos que possam ser evidenciados ao invés de traços de personalidade

altamente subjetivos. De acordo Nigro (1966, apud Grillo, 1982, p. 32) “é utópico pensar em

poder eliminar completamente os fatores subjetivos na administração de pessoal. O máximo

que se pode esperar a respeito é reduzi-los ao mínimo possível, no interesse da justiça com os

subordinados”.

Outro momento no qual se apresenta fundamental a existência de uma gerência pró-

ativa é o do feedback. A postura adotada por parte da liderança será responsável pelo sucesso

ou fracasso deste. Gillen (2000) frisa a importância do estabelecimento adequado de um

comportamento que favoreça a troca e torne o instante produtivo. As pessoas costumam temer

o feedback por não desejarem enfrentar situações em que suas falhas serão expostas. O

avaliador precisa conduzir o processo de modo a torná-lo um diálogo aberto onde soluções

serão buscadas e deixar claro que não se trata de uma “caça as bruxas” e sim de um momento

de revisão de metas. Gillen (2000) lembra que alguns avaliadores assumem posição de juizes,

agindo de forma extremamente crítica o que encoraja a polarização das posições, o avaliado

se colocando na posição de vítima de um algoz – o avaliador. Uma maneira de aumentar a

credibilidade no momento do feedback é evitar o “efeito recentidade” que ocorre quando o

avaliador se deixa influenciar apenas pelos fatos ocorridos mais próximos ao período da

avaliação, isso acontece quando não existe a preocupação em anotar sistematicamente o

desempenho do avaliado, sua vida funcional e ações ocorridas. Alijar o avaliado do processo

de feedback é subutilizar essa ferramenta de crucial importância para um sistema avaliativo, e,

segundo Grillo (1981), a participação deste é mais que necessária é indispensável para o

sucesso da avaliação de desempenho. Esse aspecto também é ressaltado por Robbins (1999)

ao afirmar que tornar o processo participativo contribui para reduzir os efeitos da

subjetividade e propicia o surgimento de uma cultura de avaliação.

Avaliar o desempenho do empregado envolve uma análise de toda a organização. As

causas de um mau desempenho podem estar presentes na falta de recursos disponíveis para a

realização dos objetivos. Um suporte organizacional insuficiente representará perda de

desempenho e culpar, exclusivamente, o empregado por resultados negativos pode gerar um

clima de insatisfação e desprezo pela avaliação. As metas organizacionais devem ser traçadas

levando em conta a real probabilidade de realização. Metas extremamente grandiosas não

servem como estimulantes, ao contrário, levam a uma sensação generalizada de ineficiência e

angústia. Oliveira-Castro, Lima & Veiga (1996, p. 39), ressaltam que “os sistemas de

avaliação devem ser justos e imparciais, baseados em padrões de desempenho atingíveis,

objetivos e claros, apoiados na realidade dos cargos ou postos de trabalho.”

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Robbins (1999) afirma que outro problema relacionado ao processo avaliativo diz

respeito à formulação dos critérios de análise dos empregados. A utilização de um critério

único prejudica o avaliado que tem seu desempenho analisado apenas a partir de um segmento

de seu trabalho, excluindo-se fatores relevantes do cargo. Outro erro é o uso de critérios

irrelevantes para a análise do desempenho, como antiguidade, privilegiando um grupo de

pessoas. O sistema de avaliação de desempenho deve possuir padrões específicos, que sejam

do conhecimento de todos os envolvidos, a fim de evitar o uso de critérios inadequados no

processo.

A averiguação de potenciais deve possuir instrumentos específicos expondo claramente

os objetivos desse procedimento e o que está sendo buscado. Também aqui é preciso objetivar

os instrumentos com referenciais concretos como por exemplo habilidades, aptidões, cursos

participados, sugestões apresentadas e usadas. Este pode ser um instrumento complementar à

avaliação de desempenho servindo para detectar talentos, preparar líderes, treinar pessoal,

elaborar um plano de investimento no capital humano da organização a fim de otimizá-lo.

No momento da elaboração dos objetivos de um sistema de avaliação de desempenho é

preciso observar a adequação direta deste com os objetivos dos negócios. Há uma tendência a

se relacionar a avaliação a recompensas financeiras, seja com bonificações ou promoções,

contudo nem sempre há capital disponível para distribuir este tipo de premiação a todos o que

leva a frustração e reações negativas à avaliação. É preciso deixar claro para os envolvidos no

processo avaliativo quais os objetivos do sistema, se para premiações, treinamentos,

promoções, rodízio de pessoal, distribuição de bônus, promoção de ações corretivas do

desempenho. Lucena (1992) ressalta a necessidade dos objetivos da Avaliação de

Desempenho expressarem claramente seu significado para a empresa e a sua importância

como ferramenta gerencial para administrar o capital humano indicando ações a serem

desenvolvidas a partir de seus resultados.

A incoerência na definição dos períodos de avaliação também interfere no processo.

Lucena (1992, p. 39) alerta para o perigo do que chama “Dia Nacional de Avaliação de

Desempenho”, no qual a avaliação fica restrita a um preenchimento de questionários num

determinado mês onde o avaliador tenta lembrar magicamente de todo o desempenho do

avaliado durante todo o ano e acaba se guiando pelos últimos acontecimentos incorrendo em

erro de recentidade. A situação causa desconforto e estresse e transforma-se num mero

cumprimento de burocracia. Modelos mais eficientes de avaliação valorizam um processo

contínuo de registro do desempenho dos avaliados, para isso são criadas ferramentas de

suporte que possibilitem a constante alimentação de informações. Robbins (1999) ressalta que

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essa precaução favorece a não influência do “efeito de halo” e dos “erros de indulgência”.

Essa ação é completada com feedbacks que não se restringem à apenas uma aplicação anual,

possibilitando a correção mais rápida de posturas que ocasionem falhas no desempenho e

mesmo o redirecionamento de metas.

O potencial do processo de avaliação de desempenho depende intrinsecamente da

destinação dos resultados apurados. O planejamento do sistema avaliativo deve englobar um

direcionamento pós-avaliação, entretanto para Oliveira-Castro, Lima & Veiga (1996), muitas

organizações subutilizam esses resultados, direcionando todas as ações para um único foco,

por exemplo, bonificação por mérito, não havendo, desse modo, uma programação global

para dar conseqüência às informações obtidas, envolvendo todas as possibilidades que a

avaliação de desempenho suscita. Ainda segundo esses autores é preciso envolver os usuários

apresentando os sistemas avaliativos como verdadeiras ferramentas de prevenção,

identificação e resolução de problemas.

A não obtenção dos resultados esperados pela organização, segundo Bohmerwald

(1996), causa frustração e muitas vezes ocasiona a interrupção da avaliação de desempenho.

Além disso, a tendência a não valorização do capital humano leva as empresas a cancelarem

projetos relacionados a essa área sempre que visam cortar gastos. Muitas organizações ainda

vêm seus empregados como custo e não como investimento. Essa não continuidade do

processo de avaliação causa sentimentos de descrença e repúdio em relação a este. No setor

público isto é agravado, segundo Grillo (1982), devido à transitoriedade das lideranças

levando a um ritmo constante de modificações nas diretrizes das instituições e no trato do

processo avaliativo o que, no Brasil, vem impedindo o aperfeiçoamento de sistemas de

avaliação para os funcionários públicos. A falta de um planejamento eficiente de um sistema

de avaliação produz situações negativas e que desvalorizam o potencial desse instrumento.

A ânsia por implantar um sistema de avaliação de desempenho pode levar a organização

a adotar modelos prontos aplicados em outras empresas. O sucesso de um modelo em uma

organização não torna esse modelo infalível, muitas vezes, após aplicar o sistema importado,

a empresa percebe que não conseguiu atingir os objetivos esperados. Isto ocorre porque o

modelo não foi gerado de forma a se adequar às peculiaridades da instituição trazendo em si

pontos conflitantes com a cultura organizacional. Bergamini (1983) alerta para o fato de não

existirem fórmulas definitivas para serem utilizadas. Ao pensar em introduzir um processo

avaliativo é aconselhável o conhecimento de sistemas aplicados em outras instituições

visando obter dados para a construção do próprio modelo ou adequação de um já existente

coerente com o estilo da organização e suas estratégias.

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A avaliação de desempenho funcional é um valioso instrumento de apoio na elaboração

de diretrizes focadas na otimização do capital humano da organização. A base para seu

sucesso está na elaboração de um planejamento adequado, implantando um sistema coerente

com as peculiaridades de cada empresa. Para Oliveira-Castro, Lima & Veiga (1996), é preciso

ter em vista também que a avaliação de desempenho deve trazer benefícios para todos os

envolvidos, fornecendo informações técnicas e procedimentos facilitadores de planejamento

para a chefia e para os avaliados vindo a oportunizar condições propícias à identificação de

pontos fortes e fracos bem como diretrizes para aperfeiçoamento de desempenhos. A

implantação de um processo avaliativo só tem sentido se intimamente interligada com as

estratégias organizacionais, servindo com o suporte à política gerencial de recursos humanos.

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CÁPITULO II – METODOLOGIA

1 – Método de Pesquisa

A fim de alcançar os objetivos propostos, foi necessária a estipulação de uma

metodologia de investigação que propiciasse o conhecimento teórico-prático sobre o tema.

Isso implicou a definição de métodos de coleta de informações, desde o levantamento

bibliográfico existente sobre a temática até a delimitação do campo de pesquisa.

A pesquisa foi dividida em duas etapas. A primeira caracterizou-se por uma revisão

bibliográfica envolvendo abordagens de autores diversos acerca do tema, o que propiciou uma

análise crítica desses posicionamentos a fim de produzir um arcabouço teórico a ser utilizado

na 2ª etapa do estudo como referencial sobre o tema Avaliação de Desempenho Funcional. A

segunda fase, utilizando-se o embasamento teórico, compreendeu a pesquisa de campo, cujo

objeto de estudo foi o sistema GDF da CHESF, buscando verificar na prática as nuanças que

envolvem o processo de Avaliação de Desempenho e suas implicações. A união dos

procedimentos de pesquisas possibilitou o alcance dos objetivos propostos neste estudo.

2 – Abordagem

A presente pesquisa procurou identificar os fatores influenciadores no processo de

avaliação do desempenho funcional adotado pela CHESF – Regional Sul que proporcionam

insatisfação para os avaliadores e avaliados, além de verificar a efetividade do mesmo. A isso

uniu-se uma pesquisa sobre perfil de características organizacionais baseada na teoria de

Likert a fim de conhecer os traços mais marcantes do sistema administrativo da empresa

percebidos pelos empregados. As categorias definidas foram de gerentes e não-gerentes, para

a pesquisa com avaliados, e de gerentes e encarregados, para a pesquisa com avaliadores.

3 – Amostra

A pesquisa pretendia atingir todos os empregados da CHESF lotados na Região Sul,

incluindo os gerentes e alguns superintendentes, porém isso não foi possível. Hoje há um total

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de 617 empregados na Regional Sul, mas só foram considerados para essa pesquisa 560,

tendo em vista que os demais ingressaram na empresa a partir de outubro/2002, não tendo

participado do processo de avaliação anterior. A amostra foi ainda reduzida para 410

funcionários já que muitas equipes que atendem os sistemas de Manutenção de Linhas e

Subestações da CHESF ficam praticamente 30 dias no campo o que impossibilitava o

preenchimento do questionário por parte desse grupo. Unido a isso há o fato de 90% das áreas

serem descentralizadas, algumas distante até 600km de Salvador, o que dificultou o envio do

mesmo para todos os setores.

Foram distribuídos 410 questionários pessoalmente ou através de malotes, correio

interno e e-mail. Destes, 40 eram para avaliadores (gerentes e encarregados) e 370 para

avaliados (gerentes e não gerentes). Foram devolvidos 25 de avaliadores e 169 de avaliados,

sendo que 17 questionários chegaram após o prazo estipulado e 16 apresentaram erros de

preenchimento, portanto foi necessário desconsiderá-los. Dos questionários descartados, 3

eram de avaliadores e o restante de avaliados. A amostra final foi composta por 22

questionários de avaliadores e 129 de avaliados.

Tabela 2: Amostra da pesquisa

Segmento

População Amostra selecionada

Amostra final

%

Gerentes e Encarregados da Regional Sul 40 40 22 55

Empregados da Regional Sul 520 370 129 34,86

4 – Instrumentos Utilizados

Os instrumentos utilizados na elaboração dessa monografia envolveram as necessidades

relativas à pesquisa bibliográfica e à pesquisa de campo. Através desses instrumentos,

buscou-se identificar as opiniões sobre o tema Avaliação de Desempenho Funcional, as

percepções dos envolvidos sobre o sistema GDF. Incluiu-se também uma verificação do perfil

das características organizacionais. A intenção foi verificar a influência desses tópicos na

questão da insatisfação dos envolvidos com o modelo GDF.

Os instrumentos adotados foram:

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62

• Questionário estruturado, misto, composto por perguntas abertas e fechadas,

para ser respondido pelos avaliados, a fim de levantar informações relativas às

variáveis demográficas e à percepção dos respondentes sobre o processo de

avaliação de desempenho na CHESF;

• Questionário estruturado, misto, composto por perguntas abertas e fechadas para

ser respondido pelos avaliadores com o mesmo propósito explicitado acima;

• Questionário Perfil de Características Organizacionais baseado na teoria de

Likert, para conhecer a predominância de percepções sobre os sistemas de

gestão praticados na empresa. Este questionário foi aplicado juntamente com o

de avaliados. Para facilitar a operação, sua análise se deu separadamente;

• Uso do programa Sphinx para realizar a tabulação dos dados dos questionários;

• Entrevistas com empregados diretamente relacionados com a implantação e

acompanhamento do sistema GDF;

• Documentos da empresa – relatórios, balanços sociais, manuais de avaliação do

PNQ e do GDF;

• Bibliografia sobre o tema tratado;

• Pesquisa exploratória nas empresas FORD e Monsanto a fim de obter

informações sobre o sistema de avaliação de desempenho aplicado nestas

organizações.

5 – Pesquisa de Campo

A fase da pesquisa de campo se realizou nos meses de maio e junho de 2003. A

aplicação de uma pesquisa sobre avaliação de desempenho de uma organização enriquece o

tema ao extrapolar os limites teóricos e verificar na prática um processo avaliativo e as

nuanças que o cercam. A aplicação dessa pesquisa teve como empecilho o fato de a empresa

estar passando por um processo de transição gerencial, o que provocou certa resistência por

parte dos pesquisados quanto a responder os questionários, refletindo-se no índice de

devolução geral em torno dos 37%. Além disso, os dados da pesquisa de satisfação dos

períodos 2000 e 2001 foram perdidos por problemas técnicos, só restando os de 2002.

Antes do procedimento de campo, um teste de validação do questionário foi efetuado

junto a profissionais de funções diferentes da UFBA, CHESF e outras instituições, além de

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professor pesquisador, professores de metodologia, pesquisadores da área de avaliação de

desempenho e analistas de RH. A partir dos comentários destes foram feitos os ajustes

necessários.

Os questionários foram distribuídos pessoalmente ou através de malotes, correio interno

e e-mail, com a explicação sobre a importância da pesquisa, a indicação de um responsável

por esclarecer dúvidas e receber os questionários, bem como a garantia de não identificação

dos respondentes.

6 – Análise dos Dados

As informações obtidas nos questionários foram transcritas para o programa Sphinx, no

qual se realizou a tabulação das mesmas. Nessa etapa foram envolvidos profissionais da área

de informática para auxiliar no mecanismo de tabulação. Posteriormente esses dados foram

condensados em tabelas resumidas no programa Excel e analisados, levando-se em conta as

concentrações estatísticas por variável em cada tipo de questionário e as teorias abordadas no

referencial teórico.

As análises feitas neste estudo não são conclusivas, servindo unicamente para

representar a amostra pesquisada e possibilitar a continuação da investigação do tema a partir

de novos estudos e linhas de pesquisa.

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CAPITULO III – PERFIL EMPRESA ESTUDADA – CHESF

1. NATUREZA JURÍDICA E OBJETO SOCIAL

Concessionária de Serviço Público de Energia Elétrica, a Companhia Hidro Elétrica do

São Francisco - CHESF é uma sociedade de economia mista de capital aberto, controlada

pelas Centrais Elétricas-Eletrobrás. A Empresa que teve sua organização autorizada através

do Decreto Lei n. 8.031, de 03 de outubro de 1945 foi criada pela Assembléia Geral de

Constituição, realizada a 15 de março de 1948.

Após cinqüenta e cinco anos atuando no Nordeste a CHESF, ao fazer uma análise das

condições de mercado, sobre as necessidades que o atual modelo de serviços do Setor Elétrico

requer, firmou contratos de energia com empresas localizadas nos subsistemas Norte, Sul,

Sudeste e Centro-Oeste, ultrapassando as fronteiras de sua atuação no Nordeste.

Do seu objeto social, constam, dentre outras, as seguintes atividades:

• Realizar estudos, projetos, construção e operação de usinas produtoras e linhas

de transmissão e distribuição de energia elétrica, bem como a celebração de atos

de comércio decorrentes destas atividades;

• Participar de pesquisas de interesse do setor energético, ligadas à geração,

transmissão e distribuição de energia elétrica, bem como estudos de

aproveitamento de reservatórios para fins múltiplos;

• Contribuir para a formação do pessoal técnico necessário ao setor de energia

elétrica, bem como para a preparação de operários qualificados, através de

cursos especializados;

• Participar de associações ou organizações de caráter técnico, científico e

empresarial de âmbito regional, nacional ou internacional, de interesse para o

setor de energia elétrica;

•• Colaborar para a preservação do meio ambiente no âmbito de suas atividades..

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2. IDENTIDADE ORGANIZACIONAL

• Missão

Produzir, transmitir e comercializar energia elétrica com qualidade e rentabilidade,

contribuindo para o desenvolvimento do Nordeste e do Brasil.

• Visão

Empresa líder do Setor Elétrico, competitiva e valorizada pela sociedade.

• Crenças e Valores

- Satisfação dos clientes.

- Valorização da empresa e dos seus empregados.

- Satisfação do acionista.

- Preservação da ética nas relações sociais e comerciais.

- Respeito ao meio ambiente.

3. HISTÓRICO

No início dos anos 20, o Serviço Geológico e Mineralógico do Ministério da

Agricultura realizou uma série de estudos com vistas ao aproveitamento energético do Rio

São Francisco, no trecho entre Juazeiro e Paulo Afonso, porém somente na década de 40

foram tomadas providências efetivas para explorar o potencial hidráulico do rio, com a

assinatura, em 3 de outubro de 1945, pelo Presidente Getúlio Vargas, do Decreto-Lei n. 8.031,

autorizando o Ministério da Agricultura a organizar a Companhia Hidro Elétrica do São

Francisco – CHESF. A deposição de Vargas, naquele mesmo ano, adiou a organização da

empresa recém criada, a qual somente veio a se efetivar em 15 de março de 1948 através da

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Assembléia Geral de Acionistas realizada no Rio de Janeiro, a qual criou oficialmente a

CHESF.

Em março de 1949, teve início a construção da barragem e, quatro meses depois, era

aprovado o projeto básico da primeira usina, tendo a primeira turbina sido acionada em 1954.

No período 1956 – 1975, a CHESF consolidou-se como a principal empresa de geração de

energia elétrica da Região Nordeste. Entre 1975 – 1999, a CHESF consolidou seu parque

gerador de energia elétrica, com a construção de cinco grandes usinas.

A regulação e controle do setor eletroenergético nacional teve seu primeiro input

quando da criação do Código de Águas em 1934 no governo de Vargas em contraposição com

as regras estabelecidas pelas empresas privadas da época, Light e AMPFORP.

Após esta mudança no sistema de regulação da época, o governo brasileiro concebeu a

estrutura de regulação e controle do setor elétrico baseada em três agentes de destaque: o

Ministério de Minas e Energia (MME), as Centrais Elétricas Brasileiras S/A (Eletrobrás) e o

Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE).

A Lei n.º 1.699/96 criou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o novo órgão

regulador, cabendo a ela promover e regular a competição. A Aneel teve a incumbência de

regular os serviços de eletricidade e não o uso da água, como anteriormente era atribuído ao

DNAEE.

No modelo de geração brasileiro, a hidroeletricidade representa cerca de 95% do total

da geração bruta anual e a geração térmica possui a função de complementaridade nas

situações de pico do sistema. Como as bacias hídricas apresentam uma característica de

grande diversidade pluviométrica, ocasiona-se uma situação na qual a coordenação da

operação e despacho de cargas é a forma mais adequada para otimizar a operação do sistema

elétrico, funcionando de forma sincronizada de acordo com a situação dos reservatórios das

regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil. Para preservar essas

características, a nova modelagem do setor elétrico criou a figura do Operador Nacional do

Sistema (ONS), com a missão de efetuar, de forma centralizada, o despacho coordenado do

sistema, concomitantemente com a inauguração do mercado competitivo de energia, no

âmbito do MAE.

Na realização pelo Mercado Atacadista de Energia (MAE) do primeiro leilão de

energia das empresas geradoras, a CHESF ofertou energia em todo o País conseguindo

conquistar 15 novos clientes de Norte a Sul.

A empresa tem buscado aprofundar estudos na área de fontes alternativas de energia,

cujos resultados indicam como sendo promissor o uso da energia do sol (Fotovoltáica e

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Termossolar), dos ventos (Eólica) e da Biomassa Florestal (Gaseificação da madeira) como

fontes ecologicamente viáveis.

4. ÁREA DE ATUAÇÃO

A CHESF tem como área de atuação principal a Região Nordeste, abrangendo os

estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e

Sergipe, abrangendo 1.200.000 km2, o que representa 14% de toda área nacional. Através de

dez concessionárias de distribuição e quatorze consumidores industriais, a CHESF atinge,

indiretamente, mais de quarenta e um milhões de pessoas, equivalente a 25% da população

nacional.

Com a liberação gradual da energia dos contratos iniciais, feita a partir de 1º. de janeiro

de 2003, a CHESF também terá contratos de suprimento de energia elétrica com empresas dos

subsistemas Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, fazendo-se, portanto, presente em todo o

mercado brasileiro.

Em face das grandes dimensões do seu sistema físico, a CHESF, além de sua sede no

Recife, possui seis Gerências Regionais localizadas em Paulo Afonso, Salvador, Fortaleza,

Sobradinho, Terezina e no Recife. Possui, ainda, duas Administrações Regionais, localizadas

em Paulo Afonso e Salvador.

5. CLIENTES DA CHESF POR SEGMENTO

Consumidores Livres:

Triken-AL, Dow Química, Copene, Ferbasa, Alcan, Sibra, Gerdau S/A-Ba, Triken-Ba,

Caraiba Metais, Petrobrás, Gerdau S/A, Libra, Metais Caraiba, P.Schincariol e Vale do Rio

Doce.

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Comecializadoras:

Guaraniana, Comerc, Enertrade, Elektro, União Comercial, RHE Comercial, Votener,

Itambé, Tradener.

Distribuidoras:

Coelba, Celpe, Coelce, Coserm, Saelpa, Ceal, Energipe, Cepisa, Celb, Sulgipe, Celtins,

Celpa, Eletronorte, Cemar, Furnas, Celg, Light, CEEE, Colesc, outros fora área CHESF.

6. FORNECEDORES DA CHESF

Os insumos críticos para o processo de produção de energia são a água, cujos

fornecedores são a União, Estados e Municípios, e o gás, cuja principal fornecedor é a

Petrobrás.

7. SISTEMA FÍSICO – TRANSMISSÃO

A CHESF é, entre as empresas federais, aquela que possui o maior sistema de

transmissão do Brasil, com cerca de 18.000 km de linhas de transmissão e 92 subestações. A

sua capacidade de transformação instalada é de 36.249 MVA, sendo 24.392 MVA em 76

subestações do sistema de transmissão e cerca de 12.000 MVA em 16 subestações elevadoras

das usinas. Conta, ainda, no seu sistema de transmissão, com 11 compensadores síncronos e 6

compensadores estáticos.

Atendendo diretamente aos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco,

Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, a CHESF faz intercâmbio de energia diretamente com

o sistema das Centrais Elétrica do Norte do Brasil S/A - Eletronorte, através das linhas de

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transmissão Presidente Dutra/Boa Esperança e Presidente Dutra/Terezina/Sobral/ Fortaleza,

em 500KV.

A sua rede de transporte de informação, suportada em tecnologia óptico-digital, forma

uma rede de aproximadamente 4.800km integrando as principais usinas e subestações da

Empresa, além dos seus centros administrativos. Adicionalmente, a CHESF participa

juntamente com a Eletronorte, Furnas e Eletrosul da maior rede de fibra óptica nacional para

transmissão em longa distância, com mais de 16.000km de extensão.

8. SISTEMA FÍSICO – GERAÇÃO

A CHESF é a maior empresa de produção de energia elétrica do Brasil, com 10.704

MW de potência instalada, o que representa 14% de toda capacidade nominal do país. É no

Rio São Francisco, que lhe empresta o nome, que a CHESF tem implantada as suas maiores

usinas, correspondendo a mais de 90% de toda a sua potência.

Seguindo a característica do sistema elétrico brasileiro, a CHESF possui um parque

essencialmente fundamentado na água como insumo para sua produção de energia elétrica,

com regularização exercida através de nove reservatórios com capacidade total de armazenar

50 bilhões de metros cúbicos. Apenas 4% da potência instalada têm como insumo básico o

óleo diesel.

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Figura 4: Mapa do Sistema Eletro-Energético

Fonte: Material institucional da CHESF

9. ASPECTOS ECONÔMICOS

A CHESF teve uma melhoria de desempenho em 2002 e com avanços na performance

operacional, na recuperação das margens e a melhoria significativa nos principais índices da

empresa. No entanto, o resultado líquido foi severamente afetado pelos efeitos da variação

cambial no custo da dívida da Companhia. A Receita Operacional líquida de impostos e

energia comprada foi de R$2,1 bilhões, com crescimento de 18% em relação ao exercício

anterior, compensando a retração de 7,6% ocorrida no ano de 2001, em função do

racionamento.

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No Resultado Operacional a CHESF continua se destacando como uma das geradoras

brasileiras com maior grau de competitividade em termos de custo. O resultado operacional

(resultado do serviços), antes do resultado financeiro, foi de R$1,2 bilhão, correspondendo a

um crescimento de 57,7% ante aos R$745 milhões de 2001.

A CHESF, no exercício de 2002, registrou um resultado financeiro líquido negativo de

R$1,3 bilhão – diferença entre as receitas e despesas financeiras – onerada pelos efeitos

adversos das variações dos principais indexadores da sua dívida: IGPM, do dólar dos Estados

Unidos e euro, em relação a 2001, além dos encargos da mesma.

A dívida líquida consolidada (dívida bruta contratada menos caixa e aplicações

financeiras) no final do período representava 63,9% do Patrimônio Líquido, do total, 87,3%

está contratada com a Eletrobrás, controladora da CHESF. Em dezembro de 2002, o

endividamento da CHESF era composto de 79,5% de empréstimos e financiamentos,

vinculados a moeda nacional e 20,5%, a moedas estrangeiras.

A contribuição da CHESF para o crescimento nacional e, especialmente, para a Região

Nordeste, também se expressa pela geração de R$2,1 bilhões em valor adicionado,

representando um crescimento de 35,1% em relação ao ano anterior. Esse valor foi devolvido

à sociedade em forma de salários e benefícios aos empregados, remuneração a financiadores,

aquisição de bens e serviços junto a fornecedores, impostos, taxas e contribuições sociais aos

Governos Federal, Estadual e Municipal, e a seus acionistas.

10. PERFIL DEMOGRÁFICO DA FORÇA DE TRABALHO

Os dados a seguir demonstram o perfil do trabalhador de toda a CHESF no ano 2002:

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Tabela 3: Perfil do empregado da CHESF

Discriminação da Categoria 2002

Empregados por faixa etária

Abaixo de 30 anos 447

De 30 até 45 anos (exclusive) 1.743

Acima de 45 anos 3.340

Admissão entre 2001 e 2002 522

Mulheres que trabalham na empresa 1.085

% de cargos gerenciais ocupados por mulheres em relação ao total de mulheres 2,94%

% de cargos gerenciais ocupados por mulheres em relação ao total de gerentes 12,95%

Portadores de deficiência física 38

Total de empregados 5.530

Fonte: Balanço Social da CHESF 2002

Os dados que servirão como referência para comparação com os dados demográficos

obtidos na pesquisa realizada para esta monografia são os constantes na tabela a seguir, pois

referem-se ao perfil dos empregados da Regional Sul, antes da admissão em outubro/2002.

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Tabela 4: Perfil do empregado da Regional Sul

Descrição da Categoria Set/2002 %

Total de empregados 560 100

Empregados por faixa etária

De 26 a 30 anos 17 3,0

De 31 a 40 anos 125 22,0

De 41 a 50 anos 314 56,0

Acima de 51 anos 104 19

Empregados por nível de escolaridade

1º Grau incompleto 59 11,0

1º. Grau completo 34 6,0

2º. Grau incompleto 28 5,0

2º. Grau completo 286 51,0

3º Grau incompleto 41 7,0

3º Grau completo 100 18,0

Pós-Graduação 12 2,0

Gerentes 26 4,6

Não Gerentes 534 95,4

% de cargos gerenciais ocupados por mulheres em relação ao total de

gerentes

9 34,60

Fonte: Relatórios CHESF/SSPE/2003

11. POLÍTICA SOCIAL E DE RECURSOS HUMANOS

Há mais de meio século, a CHESF vem cumprindo a sua missão de promover a infra-

estrutura energética necessária ao desenvolvimento do Nordeste, sempre pautada em valores

que evidenciam a Responsabilidade Social. A preocupação com o social transcende o público

interno sendo traduzida em diversas realizações nas áreas de Educação, Saúde, Ações

Comunitárias, Meio Ambiente, Cultura e Promoção do Desenvolvimento Sustentável.

Exemplos dessas ações na área social:

• Investimento em programas educativos dirigidos principalmente para crianças e

adolescentes. Destacam-se o Programa Alfabetização Solidária, a Revitalização

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do Ginásio Pernambucano, o Projeto Aprender Fazendo e o Estágio de

Estudantes.

• Programa de Assistência ao Portador de Deficiência – PAPD através de parceria

com a organização não-governamental.

• Desenvolvimento de ações de caráter preventivo, como o programa Viva Melhor,

Alimentação Saudável, Gestão do Estresse na Empresa e o programa CHESF de

Combate ao fumo, além de campanhas de vacinação e atividade de ginástica

laboral.

• A CHESF, em busca de inovações para fazer frente aos desafios tecnológicos,

firmou acordo com instituições detentoras de excelência técnica para a realização

de 18 projetos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico.

• Presença na Fundação do Menor, do Governo do Estado da Bahia, por meio de

cessão de instalação, onde são realizadas ações de ressocialização de menores que

antes viviam pelas ruas.

• Projeto SUZUKI que visa a inclusão social, forma instrumentistas de cordas,

selecionados entre estudantes das escolas comunitárias do Bairro Alto do Céu, na

Região Metropolitana do Recife.

• Apoio a projetos culturais na Região, concentrado basicamente na área de música e

artes cênicas. Destaca-se o projeto a “Paixão de Cristo de Nova Jerusalém”, em

Recife, e na Bahia, a parceria com o Teatro Jorge Amado.

• Recuperação de áreas degradadas no entorno das hidrelétricas e repovoamento dos

grandes reservatórios, com espécies de peixes nativos e exóticos.

As políticas e diretrizes de Gestão de Pessoas na empresa são específicas no que

concerne a admissão de empregados; práticas administrativas; remuneração, incluídos os

benefícios; saúde ocupacional e segurança do trabalho; acompanhamento e avaliação do

desempenho; reconhecimento pelos resultados; desenvolvimento; gerenciamento do clima

organizacional.

A admissão de novos empregados só pode ser feita através de concurso público, pois é

vetado qualquer outro acesso por ordem do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal. A

remuneração a que o empregado tem direito refere-se a um salário permanente e a anuênios,

entendidos como remuneração direta e outras vantagens por designação de acordo coletivo ou

de deliberação da Diretoria, denominados como remuneração indireta. Há práticas de outras

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formas de remuneração como a promoção e a participação nos lucros. A promoção anual é

recebida quando o empregado obtém o conceito “Atendeu a Expectativa” - AT, ou “Acima da

Expectativa” – AC na avaliação do GDF referente aos 12 últimos meses. O valor pago é de

3% do salário permanente, sendo esta a única forma de prêmio pelo desempenho do

empregado. A Participação dos Lucros e Resultados - PLR trata-se de remuneração

dependente dos resultados positivos apresentados pela empresa no seu Balanço Contábil.

O Gerenciamento do Desempenho Funcional trata-se de uma forma de gerenciamento

do trabalho, onde através de 03 etapas – planejamento, acompanhamento e avaliação – os

gerentes aferem os resultados apresentados pelos empregados. A empresa reconhece o

desempenho do empregado e a sua contribuição para os resultados da organização através de

prêmios como medalha por tempo de serviço e promoção.

O Programa de Desenvolvimento Humano e Organizacional - PDHO recebe diretrizes

da Diretoria, cujas ações são definidas para atender a objetivos do planejamento estratégico

quanto a necessidades específicas dos órgãos/empregados. Além disso, anualmente a empresa

realiza pesquisa para avaliação do clima organizacional.

A CHESF, como outras empresas estatais, busca adotar estratégias de gestão que

prioriza a reorganização, a capacidade de inovação, a eficiência produtiva e a cooperação dos

trabalhadores. Essas novas estratégias competitivas e organizacionais implicam em uma

criação de uma cultura da qualidade que envolveria novas relações e interações internas com

novas relações de poder, mas sua interpretação esbarra em fortes resistências, tais como

políticas burocráticas, cultura autoritária e hierárquica, modelo taylorista de gestão do

trabalho, competências inadequadas ao novo modelo competitivo.

12. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E DE GESTÃO

Ao longo dos anos a CHESF desenvolveu um padrão institucional na qual a

competência técnica foi considerada critério fundamental para a sua eficiência empresarial.

Na cadeia hierárquico-funcional, a Diretoria de Operação e a Diretoria Administrativa se

destacam. A primeira tem a predominância dos engenheiros que têm sob sua responsabilidade

a atividade-fim da empresa e a disponibilidade com a maioria dos recursos de poder os quais

são colocados à sua disposição. Esta área tem uma gestão taylorista do trabalho, sustentado

por um conjunto de normas e atividades prescritas e relacionamentos hierarquizados. A

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segunda, por sua característica de prestadora de serviço é composta por equipes

multiprofissionais onde não há dominâncias profissionais. Observa-se que esta pluralidade

produz uma gestão mais flexível e participativa.

A estrutura organizacional é formada por uma Assembléia Geral; um Conselho

Administrativo; uma Diretoria Plena e uma Presidência. Ligada a Presidência estão as

Diretorias Administrativa, de Operação, Financeira e de Engenharia. O organograma a seguir

mostra de forma simplificada o desdobramento das Diretorias Administrativa e de Operação,

no contexto da Regional Sul.

Figura 5: Organograma CHESF (Simplificado)

Fonte: Relatório do Planejamento Estratégico da CHESF 2003-2007

A CHESF- Regional Sul, escritório 03, compreende uma Gerência de Operação – GRS,

responsável pela execução da operação e manutenção de 17 Subestações, 05 UTE’s e 02

UHE’s. Possui uma estrutura organizacional com uma Divisão de Manutenção, uma Divisão

de Operação de Sistema e uma Divisão de Operação e Manutenção sediada em Aracajú - SE,

Presidência

DA Diretoria Administrativa

DF Diretoria Financeira

DO Diretoria de Operação

DE Diretoria de Engenharia

ASV Administração Reg.

Salvador

GRS Gerência Regional Sul

DRMDRA DRODRH DRG DRS DRF DRJS

SSA

SSASSPE

SSST

SSTR

SSC SSFN

SSM

SSM

SSLS

SSU

SSSS

SSCP

SSTL SSO

SSM SSO

CRO

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todas elas coordenando os Serviços de Operação e Manutenção, último nível hierárquico da

organização.

Essa Regional Sul possui uma estrutura de Suporte Administrativo – ASV, que apóia

todos processos produtivos de operação e manutenção, provendo toda a parte de infra-

estrutura e aspectos ligados a administração de pessoal, segurança, higiene e medicina do

trabalho. Possui uma estrutura organizacional composta por uma Divisão Financeira, uma

Divisão de Suprimento, uma Divisão de Recursos Humanos e uma Divisão de Serviços

Gerais, todas também coordenando os Serviços de Apoio, também último nível hierárquico da

organização.

O Planejamento da CHESF é elaborado para um período de 05 (cinco) anos, com a

participação de todos do primeiro escalão onde são estabelecidas as metas estratégicas.

Anualmente o Planejamento é revisado e as metas estratégicas são desdobradas em

metas/medidas até o último nível hierárquico da organização, sendo disseminado entre todos

os empregados. Na montagem deste Planejamento, a CHESF adota os Critérios de Excelência

da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade - FPNQ como Modelo de Gestão, tal

como a FPNQ o conceitua.

A FPNQ define este modelo como sendo sistêmico, integrado a todas as partes

interessadas e voltado a resultados, visando alcançar a excelência da gestão. O Modelo está

baseado nos seguintes fundamentos:

• Liderança e Constância de Propósitos;

• Visão de Futuro

• Foco no Cliente e no Mercado

• Responsabilidade Social e Ética

• Decisões Baseadas em Fatos

• Valorização das Pessoas

• Abordagem por Processos

• Foco nos Resultados

• Inovação

• Agilidade

• Aprendizagem Organizacional

• Visão Sistêmica

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Figura 6: Metodologia utilizada para elaboração da Formulação Estratégica

Metas Globais da Alta administração

Ambiente Interno

Forças Fraquezas

Negócio

Missão

Visão

Crenças e ValoresEstratégia Genérica

AçõesObjetivos Políticas

Gerenciamento pelas Diretrizes

Gerenciamento de Projetos

Sistema de Padronização

Plano de Ação

Identidade Organizacional

Integração com Orçamento

Ambiente Externo

Cenários/Sinalizadores

Oportunidades Ameaças

Análise Competitiva

Análise do Ambiente Interno

Posicionamento Estratégico

Fonte: Relatório do Planejamento Estratégico da CHESF 2003-2007

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CAPÍTULO IV – SISTEMA ESTUDADO – GDF

1. HISTÓRICO

A CHESF, através da Decisão de Diretoria (DD número 3109/97 de 21.08.1997),

determinou a implantação do processo de Avaliação de Desempenho Funcional (ADF), cujos

objetivos eram:

• Identificar a contribuição dos empregados para as atividades e projetos das

unidades organizacionais da CHESF;

• Estimular a interação entre gerentes e suas equipes de trabalho, oportunizando

troca de informações sobre resultados alcançados;

• Orientar as ações gerenciais no sentido de corrigir eventuais desvios constatados

e, dessa forma, promover a melhoria do desempenho profissional e dos

resultados organizacionais.

Em quatro ciclos, os resultados com o ADF, foram os seguintes:

Tabela 5: Avaliação de Desempenho no ADF

1997 1998 1999 2000 CONCEITO N % N % N % N %

NÃO ATENDEU À EXPECT. 4 - - - - - 2 - ABAIXO DA EXPECTATIVA 107 2 40 1 38 1 25 1 ATENDEU À EXPECTATIVA 2843 43 2727 46 2595 46 2062 41 ACIMA DA EXPECTATIVA 3660 55 3184 53 3005 53 2904 58 TOTAL 6614 100 5951 100 5638 1000 4993 100

Fonte: Relatório do Planejamento Estratégico da CHESF 2003-2007

Nos quatro ciclos de avaliação realizados no período de 1997 a 2000 ocorreu uma

concentração de avaliações nos conceitos “Acima da expectativa” e “Atendeu à expectativa”.

Esses resultados foram considerados contraditórios pelos analistas da CHESF que levaram em

conta estudos feitos por teóricos sobre o assunto, especificamente Sttofel, que observa que em

qualquer organização há diferentes desempenhos numa escala variável entre desempenho

fraco, regular, bom, muito bom e excelente, com pessoas produzindo melhor, outras pior. O

resultado atípico, nivelado para cima, foi visto, pela Diretoria Administrativa, como

conseqüência das próprias características do programa de ADF implantado. Os resultados

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apresentados tendiam para o erro de indulgência positiva, no entanto Pontes (1989) ressalta

que considerar a obrigatoriedade da existência de resultados medíocres de parcela dos

empregados é desvalorizar seu capital humano.

A análise do ADF apontou para duas limitações do programa. A primeira referia-se ao

fato do mesmo somente contemplar o processo de avaliação, sem considerar etapas

antecedentes como o planejamento e acompanhamento do desempenho. A segunda limitação,

dizia respeito ao fato desse mesmo sistema destacar apenas o como os empregados fazem o

trabalho, deixando de considerar o que eles fazem, não havendo, portanto, uma explicitação

dos planos de trabalho dos funcionários avaliados.

A fim de aproximar o programa ADF de um gerenciamento do desempenho, algumas

medidas, diretrizes e práticas foram criadas no intuito de minimizar suas limitações e de

aproximar o programa de avaliação anual ao gerenciamento de desempenho. A Gerência de

Operação Leste – GRL, em 1998, realizou uma experiência na qual atrelou os itens da

avaliação de desempenho com os objetivos e metas de trabalho obtendo resultados mais

satisfatórios, tal fato estimulou a expansão da experiência para toda a Diretoria de Operação –

DO.

Os resultados das Avaliações de Desempenho na GRL constam a seguir:

Tabela 6: Avaliação de Desempenho na GRL

1997 1998 1999 2000 CONCEITO N % N % N % N % NÃO ATENDEU À EXPECT. ABAIXO DA EXPECTATIVA 11 2 2 - 2 - ATENDEU À EXPECTATIVA 235 41 232 44 370 72 284 60 ACIMA DA EXPECTATIVA 329 57 299 56 148 28 188 40 TOTAL 575 100 533 100 520 100 472 100

Fonte: Fonte: Relatório do Planejamento Estratégico da CHESF 2003-2007

As metas e medidas que foram definidas serviram de base para definir ações para que,

em 2001, fosse implantando, em substituição ao ADF, o sistema de “Gerenciamento de

Desempenho Funcional”, tendo inicialmente, como áreas piloto a ASV - Administração

Regional de Salvador e a Diretoria Operacional, considerando a experiência da GRL e

otimizando os instrumentos e procedimentos adotados no atual Sistema de Avaliação de

Desempenho.

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2. PERFIL

O Gerenciamento do Desempenho desenvolvido pela CHESF ocorre em nível do

trabalho/executor, de maneira que cada nível operacionaliza seu trabalho cotidiano, buscando

alcançar os resultados para a organização, sendo estes atingidos através dos comportamentos.

O GDF é um conjunto de ações gerenciais, as quais consistem em planejamento,

acompanhamento e avaliação.

Os comportamentos, também foram contemplados nesta proposta tendo como base a

Teoria de Matos (1991), na qual se destaca que o desempenho profissional exige dos

empregados conhecimentos, atitudes e habilidades em, no mínimo, quatro dimensões –

técnica, administrativa, psicossocial e política.

O Gerenciamento do Desempenho foi concebido para resultar em benefícios para a

empresa, para o gerente e para o empregado. Para a empresa objetiva uma viabilização de

ações gerenciais coerentes com as orientações estratégicas contidas no Planejamento

Empresarial, bem como facilitação da operacionalização do planejamento, fortalecimento da

unidade organizacional, incremento da qualidade e da produtividade e, ainda tornar a CHESF

mais competitiva por facilitar no processo de ajustamento da cultura da empresa às novas

realidades do mercado.

Para o gerente o gerenciamento do desempenho visa contribuir para o melhor

desempenho, maior valorização e reconhecimento do papel gerencial, permitindo também a

tomada de decisão sobre movimentação, capacitação, desenvolvimento e remuneração dos

recursos humanos, fundamentadas em critérios objetivos e imparciais, além de facilitar a

operacionalização do método de gerenciamento de sua área, denominado PDCA2 e sintetizar

as funções gerenciais básicas, uniformizando os procedimentos relativos à administração de

seus recursos humanos.

Para o empregado, o GDF busca orientar a sua ação, a partir do comprometimento com

os trabalhos negociados, possibilitando uma maior motivação, bem como estimulando o

autodesenvolvimento, respeitando as expectativas de desenvolvimento profissional e pessoal,

além de elevar a confiabilidade e credibilidade nas ações gerenciais da CHESF, em função da

maior objetividade e uniformização do processo.

2 PDCA – método de gerenciamento aplicado na CHESF, que possui 4 etapas. A primeira é o Planejamento (P - Play), a segunda é o Executar (D - Do), a terceira é Verificar (C - Check) no qual se avaliam os resultados obtidos, e a última é o Atuar (A - Action), que é a efetuação das correções.

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3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o GDF foi pautada em duas definições. A primeira é a

definição constitutiva, que caracteriza o gerenciamento de desempenho como um conjunto de

ações gerenciais, que devem ser desenvolvidas de forma continuada, participativa e focadas

nos resultados da unidade organizacional e nas tarefas das pessoas, já que essas ações são

direcionadas às pessoas da organização. Um outro elemento levado em consideração é o

comportamental, ou seja, atitudes e posturas dos indivíduos na realização de suas atividades.

A segunda definição é a operacional, que abrange as ações gerenciais no tocante ao

planejamento, acompanhamento e avaliação.

O planejamento é constituído por três etapas: negociação do desempenho, elaboração

dos planos de ação e a confirmação dos planos de ação. A negociação do desempenho é o

ponto de partida do processo de GDF. É nesta etapa, que as chefias, saindo do nível mais

estratégico para o operacional, definem, em conjunto com sua equipe, os resultados que

devem ser alcançados com período e recursos também estabelecidos, tomando-se sempre

como base o planejamento empresarial e o plano de trabalho de cada unidade organizacional.

A segunda etapa é a elaboração dos planos de ação que compreendem a descrição das

atividades, que serão desenvolvidas pelos colaboradores e equipes, dos resultados estimados a

serem alcançados no período definido, detalhando as condições para o alcance dos objetivos

negociados na fase anterior. Esta etapa também é realizada da mesma forma da primeira. A

terceira e última etapa é a confirmação dos planos de ação. Nesta aprovam-se os planos

individuais e em equipes pelas suas respectivas chefias, após uma análise de conteúdo e novas

negociações com os empregados para o ajustamento do plano de ação, de maneira que, em sua

totalidade, abarque todas as atividades e resultados definidos anteriormente. Nesta fase, há

uma inversão em relação às duas primeiras, já que se dá dos níveis mais operacionais para os

mais estratégicos.

O acompanhamento é o momento em que o avaliador e o avaliado realizam avaliações

em data pré-estabelecida; efetivam o registro do desempenho do período; fornecem feedback

e fazem os ajustes necessários ao plano de trabalho. A avaliação é a etapa final do sistema de

gerenciamento e compreende a sistematização do conjunto das informações importantes sobre

o desempenho, tanto individual quanto em equipe, em um determinado período. É nesta etapa

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que se fazem os registros e também se negociam com os empregados as ações que serão

implementadas com o objetivo de reforçar ou corrigir os desempenhos individuais e das

equipes.

Figura 7: Fluxograma do Processo

Fonte: Manual do Usuário – GDF, 2002

Gerentes definem, junto com as equipes, resultados a serem alcançados, no período e os comportamentos desejáveis

Empregados/equipes elaboram seus planos de trabalho, negociando as condições necessárias ao

alcance dos resultados.

Planos de Trabalho atendem às diretrizes indicadores e expectativa do desempenho Não

Sim

Empregados/equipes realizam ajustes

Empregados/equipes executam os planos de trabalho

Gerentes realizam acompanhamento do período, registrando o produto em formulário específico.

Gerentes, no final do período, sintetizam as avaliações obtidas nos

acompanhamentos em uma única avaliação, definindo, junto com o

empregado ações para reforçar ou corrigir o desempenho.

FINAL DO CICLO DE AVALIAÇÃO

Níveis estratégicos definem diretrizes, indicadores e expectativa do desempenho para o período

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4. DETALHAMENTO DO PROCESSO

Todas as informações resultantes do processo de GDF são armazenadas em um banco

de dados informatizado, chamado de SGDF – Sistema de Gerenciamento do Desempenho

Funcional, sendo este uma adaptação do sistema anterior. A avaliação do GDF é dividida em

quatro etapas, denominadas campos (A, B, C, D), com seus respectivos instrumentos (anexos

4 e 5).

Campo A – Planejamento do Desempenho – consta três colunas, uma com os aspectos

opcionais, outra para peso e a terceira com a descrição operacional.

Campo B – Aspecto – cada aspecto opcional tem suas metas e atividades especificadas.

Campo C – Acompanhamento – tabela para o acompanhamento do cumprimento das

metas estipuladas no campo B.

Campo D – Análise do Desempenho – focado em fatores influenciadores e ações

técnicas administrativas.

4.1. Campo A – Planejamento do Desempenho

Primeiramente, os gerentes agrupam os empregados em categorias (anexo 5), sendo que

estas são uniformizadas e obrigatórias para gerentes e não gerentes. Para os não gerentes, há

um número limite de 10 categorias por unidade organizacional. Na ocorrência de todos os

empregados de uma equipe serem igualmente responsáveis por metas comuns, terem

processos interdependentes ou fazerem rodízio de tarefas, gerente e equipe fazem a opção por

um Plano de Trabalho de Equipe, mas o registro no sistema é feito individualmente.

O Plano Individual de Trabalho é registrado em formulários específicos para gerentes e

não gerentes (anexos 3 e 4). O Formulário do Gerente é composto de 9 aspectos fixos e estão

registrados no Campo A do formulário. Já o formulário do não gerente é composto de 6

aspectos fixos (primeira página do Campo A) e mais 1, 2, 3 ou 4 aspectos opcionais que

devem ser escolhidos nas segunda e terceira páginas do Campo A do formulário, perfazendo

um total de 7, 8, 9 ou 10 aspectos.

O aspecto “Resultados e Metas” é associado às atividades e metas de trabalho e os

demais aspectos referem-se a metas comportamentais, tanto para gerentes como para não

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gerentes. A esse aspecto são atribuídos pesos variando de 12 a 18. Quando o avaliador atribui

peso 18, admite-se que as atividades e metas de trabalho têm um peso de 60% e as metas

comportamentais 40%, para o empregado ocorre o inverso, quando o avaliador atribui peso 12

ao empregado avaliado 40% para as atividades e metas de trabalho e 60% para as metas

comportamentais. Para os demais aspectos são atribuídos pesos de 1 a 3, sendo que o

somatório de todos os aspectos deve ser igual a 30.

As atividades e metas de trabalho são registradas no campo B do formulário. Se houver

a decisão de associar metas aos aspectos comportamentais, para cada aspecto é preenchida

uma folha em separado, e é associado um peso de 1 a 30 a cada meta, aqui também o

somatório de todos os aspectos deve ser igual a 30. Podem ser associadas a cada aspecto até

15 metas. Esta regra é valida tanto para o aspecto de “Resultados e metas” como para os

aspectos comportamentais.

4.2. Campo B – Metas/Atividades

As metas são descritas conforme padrões e normas de qualidade e classificadas como

metas de manutenção - ligadas ao dia-a-dia. Representam a continuidade dos resultados que

já estão no nível desejado; Metas de melhoria - implicam em otimizar as ações do dia-a-dia,

seja através do aperfeiçoamento dos resultados ou do funcionamento da organização,

desenvolvimento do negócio, ampliação do mercado, melhoria da qualidade dos produtos,

aumento da produtividade, reformas administrativas, desenvolvimento dos recursos humanos,

reorientações dos investimentos, etc. Ao se definir metas de melhoria, deve-se fazer referência

ao padrão atual e àquele que se deseja alcançar; Metas de inovação - quando se pretende

implementar uma ação ainda inexistente e que possa gerar resultados ou novas iniciativas,

como: diversificação do negócio, lançamento de novos produtos, aquisição de novas

tecnologias, etc.

As metas de melhoria e de inovação estão geralmente relacionadas com funções

estratégicas, gerenciais e profissionais especializados. Apesar das metas de manutenção

estarem relacionadas com as funções operacionais e de apoio administrativo, elas representam

a maior parte do plano de trabalho.

As metas, no entanto, são formuladas obedecendo alguns critérios: devem estar em

consonância com as metas dos Planos de trabalho da área, estar delimitada e redigida de

forma clara, simples e objetiva, bem como coerente com os recursos disponíveis ou possíveis

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de obtenção. Além da obrigatoriedade da meta se ater ao nível de competência de quem vai

coordenar, deve, principalmente, representar resultados.

Porém a nível gerencial as metas são classificadas como operacionais e gerenciais. A

primeira tem relação com a área de resultado de responsabilidade do gerente e a segunda tem

relação com as responsabilidades de gestão da unidade (planejamento, organização, controle,

etc).

Desempenho esperado:

No desempenho esperado são colocadas as orientações e ou recomendações que não

puderam ser descritas quando da definição das metas. As orientações e recomendações são

exatas e objetivas, mensuráveis, gerenciáveis, desafiadoras e possíveis de ser cumpridas de

forma que não gerem falta de compromisso nem frustração nos executores.

Critério de Avaliação:

O critério de avaliação é o mecanismo utilizado para interpretar o desempenho. Este

critério é utilizado para traduzir em pontuação, dentro de uma escala de 0 a 10, cada meta e/ou

atividades ou, ainda, o conjunto das mesmas que serão desenvolvidas.

Condições/Recursos:

As condições ou recursos são os requisitos pessoais, materiais, tecnológicos e

financeiros ou alguma ação precedente necessária ao desenvolvimento e alcance das metas.

Estes devem ser o mais específicos possíveis.

Instrumentos de Controle:

Os instrumentos de controle são utilizados para aferir os critérios de avaliação e definir

a pontuação a ser atribuída à meta, como por exemplo, relatórios, entrevistas, demonstrativos,

orçamentos, leis etc.

No SGDF é obrigatório o preenchimento das Metas e pesos, os demais campos

(Desempenho esperado, critério de avaliação, recursos e condições e instrumento de controle)

são facultativos, apesar do preenchimento de todos os campos facilitar o acompanhamento.

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4.3. Campo C – Acompanhamento

O acompanhamento e a avaliação são fases fundamentais, pois servem de insumo para o

crescimento e desenvolvimento do gerente e de sua equipe de trabalho. Segundo Lucena

(1992, p.20) “é neste processo de acompanhamento que as habilidades gerenciais são

exercitadas de maneira mais efetiva, no que se refere à participação, ao relacionamento

interpessoal, ao diálogo construtivo e à liderança efetiva na solução de problemas e de tomada

de decisões”.

O resultado final da Avaliação é traduzido nos conceitos e suas respectivas faixas de

pontuação a seguir:

NA – Não Atendeu à Expectativa – 1 a 3,9

AB – Abaixo da Expectativa – 4 a 5,9

AT – Atendeu à Expectativa – 6 a 7,9

AC – Acima da Expectativa – 8 a 9,9

MC – Muito Acima da Expectativa – 10

4.4. Campo D – Análise do Desempenho

A fase de avaliação é a etapa final do gerenciamento do desempenho que tem como

momento final à análise de desempenho. Sabe-se que um bom desempenho representa valor

econômico para a empresa, mas é preciso, sobretudo, representar um valor social, uma vez

que o desempenho serve como referência para ações que valorizem o empregado e

proporcione o crescimento deste tanto profissionalmente como pessoalmente. No formulário

desta fase são levados em consideração aspectos influenciadores e as ações técnicas e

administrativas.

Os Fatores Influenciadores do Desempenho são opcionais, entretanto a sua análise é de

grande importância no apoio a etapa de acompanhamento. Esses fatores servem de

referenciais para análise de variáveis que não são do controle do avaliado, mas que podem

estar impactando no seu desempenho, permitindo ajustes corretivos antes da avaliação. Além

disso, essas variáveis podem justificar uma pontuação favorável ao avaliado, mesmo que a

meta não tenha sido atingida.

A cada acompanhamento e na etapa de avaliação, são destacados fatores, utilizando-se a

seguinte legenda:

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A = ALTO IMPACTO

M = MÉDIO IMPACTO

B = BAIXO IMPACTO

Uma outra forma de contemplar o valor social é atentar para ações técnicas e

administrativas sinalizadas no sistema. No SGDF existe também campo específico para

registro de informações complementares sobre os treinamentos, tais como: título, carga

horária, fonte ou outros dados relevantes.

Quadro 4: Quadro Resumo das Ações Técnicas e Administrativas Decorrentes do GDF

GERENTE NÃO GERENTE RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE

AÇÕES

TÉCNICAS/ADMINISTRATIVAS

CONCEITO

Empresa Empregado Empresa Empregado Treinamento para Capacitação AB X X X Treinamento para Aperfeiçoamento e Atualização

MC-AC-AT X X X X

Acompanhamento Sociofuncional NA X Readaptação Funcional NA X Enriquecimento da Função MC-AC X Apto a Promoção MC-AC-AT X X Apto a Acesso na Mesma Carreira MC-AC-AT X X Movimentação MC-AC-AT X X Representação da Empresa MC-AC X X Desenvolvimento de Equipes MC-AC-AT X Desenvolvimento Gerencial MC-AC-AT X Apto a Acesso a Outros Níveis Gerenciais

MC-AC X

Estudos de Manuais e Normas MC-AC-AT-AB

X

Autodesenvolvimento MC-AC-AT-AB

X X

Conhecimento de Outras Áreas da Empresa

MC-AC-AT X X X

Apto para Remuneração Variável MC-AC-AT X X Apto para Participação Acionária MC-AC-AT X X Conhecimento de Outras Empresas MC-AC-AT X X X Outras Medidas Técnicas e Administrativas

NA-AB X X

Fonte: Manual do usuário – GDF, 2002 Legenda: MC – MUITO ACIMA DA EXPECTATIVA – 10 AC – ACIMA DA EXPECTATIVA – 8 a 9,9 AT – ATENDEU À EXPECTATIVA – 6 a 7,9 AB – ABAIXO DA EXPECTATIVA – 4 a 5,9

NA – NÃO ATENDEU À EXPECTATIVA – 1 a 3,9

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Ø Detalhamento das ações técnicas e administrativas decorrentes do GDF

• Treinamento e desenvolvimento:

­ Capacitação (4 a 5,9 pontos)

Esta modalidade é indicada quando o resultado da avaliação caracterizar a necessidade

de o empregado adquirir conhecimentos necessários à realização de suas tarefas. É importante

que sejam verificadas as dimensões do desempenho que foram avaliadas como mais carentes

de desenvolvimento (Administrativa, Psicossocial, Técnica ou Política), o que servirá de

indicação para o tipo de treinamento mais adequado ao caso.

­ Aperfeiçoamento e Atualização (6 a 10 pontos)

Esta modalidade é recomendada quando o resultado da avaliação indicar a necessidade

de o empregado, gerente ou não gerente, incorporar em suas atividades conhecimentos ou

práticas de trabalho condizentes com um padrão diferenciado de acordo com novos aspectos

da realidade organizacional.

­ Estudo de Manuais e Normas (4 a 10 pontos)

É indicado preferencialmente quando os resultados mínimos da avaliação se

concentraram em conhecimentos ou aspectos caracterizados como das dimensões técnica e/ou

administrativa. É tarefa da responsabilidade do empregado e exclusiva para o não gerente,

devendo receber supervisão e acompanhamento direto do gerente formal ou representante.

­ Autodesenvolvimento ( 4 a 10 pontos)

Inclui-se nesta modalidade qualquer ação de desenvolvimento individual voltada

especificamente para uma ou várias das dimensões e é sempre de responsabilidade do

empregado. Os interesses individuais devem ser conciliados com os da Organização,

considerando-se a possibilidade de os conhecimentos, habilidades ou atitudes decorrentes

serem aplicados no trabalho.

­ Desenvolvimento Gerencial ( 6 a 10 pontos)

Esta modalidade tem a finalidade de preparar os gerentes para o cumprimento de sua

função, conforme diretrizes previamente definidas pela diretoria da Empresa, sendo sempre de

responsabilidade da mesma.

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­ Desenvolvimento de Equipes (6 a 10 pontos)

Esta modalidade é indicada quando a avaliação de desempenho indicar que aspectos

referentes a atitudes e comportamentos necessitam de evolução entre os componentes de uma

equipe de trabalho para que as atividades aconteçam de forma produtiva, mantendo-se um

clima de cooperação e harmonia entre todos.

­ Conhecimento de Outras Empresas (6 a 10 pontos)

Esta modalidade deverá ser indicada quando, na avaliação, o avaliador constatar que,

conhecendo outras empresas, o gerente ou não gerente avaliado terá maior possibilidade de

desenvolvimento.

­ Conhecimento de Outras Áreas da Empresa (6 a 10 pontos)

Esta modalidade deverá ser indicada quando, na avaliação, o avaliador constatar que,

conhecendo outras áreas da Empresa, o gerente e o não gerente avaliados terão maior

possibilidade de desenvolvimento. No caso do gerente, poderá ser de responsabilidade da

Empresa ou do empregado. No caso do não gerente, será sempre de responsabilidade da

Empresa.

• Remuneração

­ Apto para Remuneração Variável (6 a 10 pontos)

Esta modalidade, que compõe o grupo denominado de Remuneração Estratégica, é

indicada quando se constata, através de indicadores de desempenho individuais ou de equipes,

que resultados e metas, previamente definidos, foram atingidos e a Empresa reconhece

monetariamente o mérito das pessoas envolvidas. Pode incluir participação nos resultados,

distribuição de lucros, bônus, comissionamentos, etc. Estar apto para Remuneração Variável

não significa um compromisso da Empresa em incluir todos os empregados classificados

como tal nos programas corporativos de remuneração Estratégica. Significa que, tendo sido

implementado o programa, este resultado deverá ser considerado, junto com os demais

critérios específicos adotados.

­ Apto para Promoção (6 a 10 pontos)

Trata-se de uma medida em que se considera o mérito de o empregado perceber um

salário mais elevado, dentro do mesmo cargo que ocupa, graças a um desempenho esperado

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pela empresa. A indicação para promoção deve seguir, em ordem de prioridade, as médias

mais elevadas obtidas na avaliação, dentro de uma faixa especificada previamente. A esse

critério deverão ser acrescidos outros específicos do programa, como limite de verba, número

de níveis ou outros, divulgados quando da deflagração do processo. Da mesma forma como

na Indicação para Acesso, não significa um compromisso da Empresa em incluir todos os

empregados classificados como tal nos programas corporativos de Promoção.

• Apto a Acesso na mesma carreira (6 a 10 pontos)

Esta medida é indicada quando o resultado da avaliação sinaliza a condição de o

empregado exercer atividades mais diferenciadas, ascendendo para um cargo de nível mais

elevado. Aqui também a classificação como Apto para Acesso não significa um compromisso

da empresa com esta medida.

• Apto a Acesso a Níveis Gerenciais mais elevados (8 a 10 pontos)

Esta medida é indicada quando, no resultado da avaliação, seja constatado que um

gerente está capacitado para assumir funções gerenciais hierarquicamente superiores às que

ocupa e é sempre de responsabilidade da Empresa, fruto de uma negociação prévia com o

gerente avaliado, e quando surgir oportunidade. Trata-se de medida para motivá-lo à assunção

de maiores desafios e, consequentemente, atingir estágios mais elevados de desenvolvimento.

• Movimentação (6 a 10 pontos)

Esta modalidade é indicada quando o resultado da avaliação indicar a necessidade de o

empregado, gerente e não gerente, ampliar a experiência profissional em várias áreas da

empresa.

• Acompanhamento Sociofuncional ( 1 a 3,9 pontos)

Esta medida é recomendada para os casos em que o empregado não gerente demonstra

inadequações no desempenho de suas atividades e os resultados mínimos da avaliação se

concentrarem nos aspectos caracterizados como das dimensões psicossocial e política.

• Readaptação Funcional (1 a 3,9 pontos)

Esta medida é recomendada para os casos em que o empregado não gerente demonstra

inadaptação para o cargo que ocupa, motivado por acidente ou doença do trabalho. Deve ser

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de responsabilidade da Empresa em interação com o empregado e será sempre realizado em

conjunto com o INSS. Embora esta ação esteja vinculada a acidente ou doença, deve ser

registrada no momento da avaliação.

• Enriquecimento de Função (8 a 10 pontos)

Quando o resultado da avaliação indica que o empregado não gerente está capacitado

para assumir funções mais complexas, com níveis de responsabilidade mais elevados e maior

autonomia. Tal indicação é estratégia para motivá-lo à assunção de maiores desafios e,

consequentemente, atingir estágios mais elevados de desenvolvimento.

• Representação da Empresa em eventos e junto a entidades externas (8 a 10 pontos)

Esta medida é indicada quando o resultado da avaliação concluir pela condição de o

empregado, gerente ou não gerente, poder servir de porta-voz da Empresa, através de

informações ou ações oficiais, em fóruns ou junto a outras organizações, significando

estímulo a seu autodesenvolvimento.

• Outras Medidas Técnicas/Administrativas (1 a 5,9 pontos)

Esta modalidade inclui medidas de caráter disciplinar, de iniciativa da Empresa, tanto

para o gerente quanto para o não gerente.

5. PESQUISA DE SATISFAÇÃO REALIZADA COM OS GERENTES

SOBRE O GDF

Nos três anos de prática do GDF foram feitas análises do processo de avaliação de

desempenho, junto aos gerentes, com o objetivo de implantar melhorias, uma vez que a

Regional Sul foi escolhida como área piloto para a implantação.

Através dessas pesquisas, verificou-se que a avaliação tem gerado muitas insatisfações

relacionadas ao processo de negociação e de diálogo entre avaliador e avaliado, como também

tem refletido outras insatisfações advindas de perdas que o trabalhador vem sofrendo com as

mudanças ocorridas no país, no âmbito econômico, social, político, etc.

Page 92: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO - Escola de Administração · do referencial teórico e dos modelos de sistemas de avaliação de desempenho da FORD e Monsanto, uma nova metodologia é

93

As insatisfações começam pelo sistema informatizado que é chamado pelos usuários de

“Pé duro”, ultrapassado. Reclama-se da dificuldade para registrar os dados, da inexistência de

um resumo de indicadores de desempenho, e da falta de acompanhamento do desempenho

funcional entre o empregado e gerente.

Os gerentes reclamam que encontram dificuldades no registro das metas e que muitas

vezes estas encontram-se desconectadas do plano estratégico. Os gerentes apresentam também

uma extensa insatisfação quanto as metas estabelecidas pelos órgãos hierárquicos superiores e

impostas aos empregados, ambos, gerentes imediato e executores não concordam com as

metas, pois as consideram inexecutáveis. Além disso, o processo é considerado muito

subjetivo, analisando muito a personalidade do avaliado ao invés de enfocar mais

contudentemente no desempenho dos resultados do seu trabalho.

Uma etapa de acompanhamento já foi solicitada para introdução no sistema, mas

encontra-se para providências na Divisão de Desenvolvimento Organizacional–DADO. Há

uma insatisfação por parte dos avaliadores e avaliados sobre os registros do acompanhamento

do desempenho funcional que é realizado em planilhas, preparadas por gerentes, sendo de

difícil acompanhamento e avaliação gerencial.

A etapa de avaliação propriamente dita é a que reflete uma maior insatisfação por parte

dos avaliados. Esta começa pela falta de diálogo entre avaliadores e avaliados desde a etapa

do planejamento, onde os empregados não participam da construção das metas, não sabem

concretamente o desempenho que a empresa espera dele, não é acompanhado o desempenho

do profissional e por último a maioria dos gerentes comunica ao empregado a sua nota sem

debater com este o seu desempenho não sendo um processo construtivo para os envolvidos. A

falta de diálogo entre os gerentes e subordinados tem sido um grande motivo de insatisfação

com relação ao GDF.

Através dessas pesquisas verificou-se que o processo de avaliação tem sido percebido

pelos envolvidos como um incômodo, algo estressante e com poucos resultados práticos. A

tarefa de avaliar é vista como um mero cumprimento de ordens. Avalia-se porque é

obrigatório e não se atenta para as contribuições que um processo adequadamente vivenciado

pode trazer.

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94

CAPÍTULO V – ANÁLISE DOS RESULTADOS

A pesquisa do presente estudo foi realizada, conforme explicitado na metodologia,

tomando-se como base duas amostras, a saber: a dos avaliadores e a dos avaliados. A primeira

amostra foi constituída pelos empregados que exercem as funções de gerente ou a de

encarregado, e a segunda pelos gerentes e não-gerentes que participam do processo avaliativo

assumindo a posição de avaliados. A seguir serão apresentados o perfil da amostra e os

resultados, separadamente, das percepções dos avaliadores e avaliados de acordo com as

seguintes dimensões: Dimensão Processo de Avaliação de Desempenho, Dimensão Sistema e

Dimensão Feedback. Também será feita uma análise do Perfil da Organização. A partir dessas

informações, far-se-á uma análise comparativa das percepções dos avaliados e avaliadores, e

por fim, uma reflexão final sobre o resultado geral do estudo e a proposição de novas linhas

de pesquisa.

No decorrer da descrição das percepções dos respondentes serão analisadas, sempre que

necessário, as variáveis do questionário, sendo que as mais destacadas foram as que dizem

respeito ao órgão e à função. Vale ressaltar que foi feito o uso das siglas ASV e GRS em

substituição ao órgão Administrativo e ao Operacional, respectivamente.

1 – PERFIL DA AMOSTRA

Os dados a seguir demonstram o perfil dos respondentes da pesquisa aplicada na

CHESF entre maio/junho 2003. A tabela 7 apresenta o perfil dos respondentes que têm a

função de serem avaliadores no processo de avaliação de desempenho da empresa. Observa-se

que a percentagem de mulheres em cargos de gerência (27,30%) foi próximo da média

encontrada na Regional Sul que é de 34,60%, explicitado no capítulo do perfil da empresa

estudada.

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95

Tabela 7: Respondentes do Questionário Avaliador (%)

Variável Pesquisada Qt. cit. Freq. F 6 27,27 M 16 72,73

Sexo

TOTAL 22 100

31 a 40 anos 4 18,20 41 a 50 anos 16 72,70 mais de 51 anos 2 9,10

Idade

TOTAL 22 100

2º grau completo 8 36,40 Superior incompleto 1 4,50 Superior completo 13 59,10

Escolaridade

TOTAL 22 100

11 a 15 anos 4 18,20 16 a 20 anos 1 4,50 mais de 20 anos 17 77,30

Tempo de Serviço

TOTAL 22 100

Administrativo 10 45,50 Operacional 12 54,50 Órgão

TOTAL 22 100

Gerente 13 59,10 Encarregado 9 40,90 Função

TOTAL 22 100 Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Os responsáveis pela avaliação dos funcionários estão concentrados na faixa etária entre

41 e 50 anos (72,70%) e possuem mais de 20 anos de tempo de serviço (77,30%). Isso leva a

concluir que esses fatores estão intrinsecamente interligados no momento de definição de

gerências, havendo uma tendência a escolher os mais experientes. Esse fato não significa que

haja uma garantia da qualidade do desempenho dos mesmos.

Além disso, a escolaridade dos avaliadores está acima do 2o grau completo, com

36,40% nessa faixa, concentrando-se a maioria no nível superior completo com 59,10%,

demonstrando a valorização de uma base acadêmica na formação gerencial. Esse indicativo

remete a uma expectativa de uma organização preocupada com a qualificação de seu capital

humano. No grupo de avaliadores não houve respondentes com menos de 11 anos de tempo

de serviço ou 30 anos de idade tampouco com formação acadêmica abaixo do 2o grau

completo.

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96

Tabela 8: Respondentes do Questionário Avaliado (%)

Variável Pesquisada Qt. cit. Freq. F 33 25,60 M 96 74,40 Sexo

TOTAL 129 100

22 a 30 anos 8 6,20 31 a 40 anos 13 10,10 41 a 50 anos 77 59,70 mais de 51 anos 31 24

Idade

TOTAL 129 100

1º grau incompleto 1 0,80 1º grau completo 3 2,30 2º grau incompleto 5 3,90 2º grau completo 64 49,60 Superior incompleto 20 15,50 Superior completo 36 27,90

Escolaridade

TOTAL 129 100

1 a 3 anos 4 3,10 4 a 6 anos 14 10,90 6 a 10 anos 0 0,00 11 a 15 anos 14 10,90 16 a 20 anos 23 17,80 mais de 20 anos 74 57,40

Tempo de Serviço

TOTAL 129 100

Administrativo 46 35,70 Operacional 83 64,30 Órgão

TOTAL 129 100

Gerente 16 12,40 Não-gerente 113 87,60 Função

TOTAL 129 100 Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Os dados referentes aos respondentes do questionário avaliado (tabela 8) comparados

com os da Regional Sul, revelam que a principal diferença está na quantidade de respondentes

com 1o grau incompleto, que na Regional Sul é de 11% e na amostra foi de apenas 0,80%.

Isso ocorreu principalmente devido ao fato de que a maioria dos empregados nessa faixa de

escolaridade atua em áreas descentralizadas, no campo e muitos em turno de revezamento, o

que impossibilitou a participação dos mesmos nessa pesquisa.

O nível geral de escolaridade dos avaliados respondentes confirma a tendência,

percebida na amostra dos avaliadores, de valorização da formação acadêmica, concentrando-

se 93% dos respondentes no nível escolar acima do 2o grau completo.

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97

2 – PERFIL ORGANIZACIONAL

A elaboração de um questionário de identificação das características organizacionais

ocorreu a partir da necessidade de mapear a percepção dos respondentes em relação a cultura

da organização estudada. As postulações de Likert (1975) serviram de base para construção e

análise do instrumento. O autor defende a idéia de que “o sistema administrativo de uma

firma exerce importante influência sobre suas relações de trabalho” (LIKERT, 1975, p. 60) e,

conseqüentemente, nos resultados obtidos por esta. Likert engloba os estilos de administração

em sistemas que têm uma gradação de 1 a 4, dentro destes. Foram consideradas sete variáveis

organizacionais, referentes à natureza da liderança aplicada, às forças motivacionais, ao

processo de comunicação, à influência e interação, ao processo decisório, ao sistema de metas

e diretrizes e, por fim, ao processo de controle. Essas variáveis se alteram a depender do

sistema em que se enquadrar cada organização.

O Sistema 1, também conhecido como autoritário rígido, apresenta como características

baixa confiança dos superiores nos subordinados, falta de espaço para o diálogo e pouca

participação dos empregados, seja no processo decisório, na elaboração de metas ou na

contribuição com idéias construtivas para o seu trabalho. A responsabilidade por atingir as

metas é sentida nos altos escalões. A comunicação nesse sistema costuma ser de cima para

baixo, com concentração de poder na alta administração, e os empregados tendem a trabalhar

por pressão e receio de punições. Há um clima de desconfiança interno, as relações

interpessoais não fluem de forma positiva, as ordens são impostas e acatadas com

desconfiança, contribuindo assim para a existência de uma organização informal se opondo às

decisões da organização formal.

O Sistema 2, conhecido como autoritário benevolente, é um avanço em relação ao

Sistema 1, pois suas principais características se alteram levemente em relação a esse último.

A confiança dos superiores nos subordinados torna-se condescendente, há uma pequena

abertura para o diálogo e às vezes os empregados têm suas idéias ouvidas e aplicadas, sendo

que a participação dos mesmos no processo decisório se dá a partir de diretrizes

preestabelecidas pela alta administração, que mantém o controle desse processo. A

comunicação nesse sistema continua sendo de cima para baixo, porém com um pouco de

interação, e os empregados tendem a trabalhar motivados por recompensas e algumas

punições. A responsabilidade por atingir as metas é sentida principalmente nos médios e altos

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98

escalões. O clima de desconfiança interno diminui e a organização informal existente não se

opõe constantemente às decisões da organização formal.

O Sistema 3, foi denominado participativo deliberativo. Nele a confiança entre

superiores e subordinados é recíproca e substancial, porém não completa; o diálogo é mais

aberto e a participação dos empregados no processo decisório é ampliada, sendo suas idéias

geralmente ouvidas e aplicadas. Há ainda, mais delegação com as diretrizes gerais vindo do

topo da administração e ficando as decisões mais específicas a cargo dos escalões inferiores.

A comunicação acontece com bastante interação, com fluxos de informações para baixo e

para cima. Os empregados trabalham motivados por recompensas, punições ocasionais e

alguma participação no processo organizacional. A responsabilidade por atingir as metas é

sentida por um grande número de empregados, principalmente os dos altos escalões. A

organização informal existente se manifesta tanto para apoiar como, às vezes, para resistir às

metas da organização formal.

O Sistema 4, denominado participativo grupal, é o mais alto estágio em que uma

organização pode se inserir. Nele há irrestrita confiança entre superiores e subordinados em

todos os assuntos, o diálogo é amplo e a participação dos empregados é total com suas idéias

sendo sempre aceitas. O processo decisório ocorre por toda a empresa, havendo total

participação na elaboração das diretrizes e metas da organização. A comunicação acontece

com muita interação, com fluxos de informações para baixo, para cima e lateralmente. Os

empregados trabalham motivados, principalmente, por recompensas financeiras, participação

no processo organizacional e constante aprimoramento. A responsabilidade por atingir as

metas é sentida por todos os empregados. As organizações formais e informais são um único

ser, não havendo resistências e sim comprometimento e busca por atingir os objetivos

organizacionais.

Likert (1975) faz ainda uma distinção entre as três variáveis influentes na definição de

cada tipo de sistema.

• Variáveis Causais – caracterizadas por serem independentes, determinam o curso de

eventos dentro da organização e dos resultados obtidos. Abrangem a estrutura da

organização e as diretrizes, aptidões e comportamento da administração desta. Essas

variáveis podem ser alteradas pelos membros da organização.

• Variáveis Intermediárias – refletem o comportamento interno da organização. São as

atitudes, as metas de desempenho individual, o comprometimento, a comunicação.

• Variáveis de Resultado – refletem as realizações da organização.

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99

Figura 8: Relação das Variáveis X Sistemas

Variáveis Causais

Administrador possui

- Plano de operações bem elaborado - Competência técnica - Elevados objetivos de desempenho

e se age segundo:

Sistema 1 ou 2 Sistema 4

organização exibirá:

Variáveis Intermediárias

- Menor lealdade - Metas mais baixas de desempenho - Mais conflito - Menor assistência entre colegas - Atitudes menos favoráveis ao administrador - Menor motivação

- Maior lealdade - Metas mais altas de desempenho - Mais cooperação - Maior assistência entre colegas - Atitudes mais favoráveis ao administrador - Maior motivação

organização alcançará:

Variáveis de Resultado

- Menor produtividade - Custos mais elevados - Menor remuneração dos empregados - Pior qualidade dos produtos/serviços

- Maior produtividade - Custos mais baixos - Maior remuneração dos empregados - Melhor qualidade dos produtos/serviços

Fonte: Adaptado de Likert, 1975, p. 98

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100

A supervisão baseada nas necessidades econômicas e que adota métodos coercitivos e punitivos de motivação provoca apatia ou hostilidade nos subordinados em relação a seu superior, em relação à organização onde eles trabalham e aos seus objetivos. (LIKERT, 1975, p. 189)

Quando a empresa explora principalmente as necessidades econômicas, ela deixa de usar as motivações humanas básicas capazes de desenvolver os relacionamentos cooperativos necessários a fazer funcionar produtivamente as organizações altamente complexas e funcionalizadas exigidas pelas modernas técnicas industriais. (LIKERT, 1975, p. 189)

Likert (1975) afirma que as relações de trabalho são melhores em empresas que

possuem sistemas administrativos próximos das características do Sistema 4 e que este

representa a união ideal das necessidades da organização com as de todos os públicos com os

quais está envolvida – empregados, acionistas, clientes, fornecedores e comunidade. Os

resultados do negócio tendem a ser mais produtivos nas empresas que se aproximam do

Sistema 4 do que nas que tendem ao Sistema 1.

Faz-se um paralelo entre a teoria de Likert e a conceituação de Lucena (1992) sobre

organizações. A autora ressalta a necessidade de identificar o perfil predominante na empresa

em relação ao ambiente organizacional e a cultura desta a fim de se estabelecer um processo

de avaliação de desempenho adequado para a organização. A autora divide as empresas em

três modelos predominantes no perfil empresarial do Brasil.

O primeiro modelo é o de Empresas Tradicionais que possui como indicadores o

autoritarismo, centralização de decisões, paternalismo, dependência e estilo gerencial

profundamente hierarquizado. Esse modelo está próximo do Sistema 1 apontado por Likert. A

confiança superior-subordinado é quase nenhuma, não existem políticas definidas para

desenvolvimento do capital humano, o turnover é alto, os salários são baixos, as relações de

trabalho precárias. Lucena (1992) afirma que neste tipo de empresa o processo de Avaliação

de Desempenho não tem espaço, precisando a organização mudar suas políticas e diretrizes

antes da implantação de um processo avaliativo que seja funcional e produza resultados

concretos e satisfatórios para todos os envolvidos.

O segundo modelo é o das Empresas em Vias de Modernização que é a etapa

intermediária entre aquelas que estão abandonando o modelo tradicional visando atingir um

mais avançado. Lucena (1992) afirma que esse ritmo de modernização é geralmente

desnivelado, sendo mais amplos em alguns setores que em outros. Seus indicadores o

aproximam dos Sistemas 2 e 3 de Likert, quanto mais avançado o processo mais perto do

Sistema 3. Neste tipo de empresa o processo de Avaliação de Desempenho precisa estar

conectado com as transformações que ocorrem e ser implantado no momento mais propício,

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101

uma vez que mudanças tendem a produzir conflitos e resistências que podem desgastar o

instrumento e inutilizá-lo.

O último modelo é o do grupo das Empresas Avançadas. Este representa as

organizações que “são abertas a inovações e as mudanças qualitativas do ambiente, do

mercado, da organização do trabalho, portanto, dependentes de pessoal motivado e altamente

qualificado” (LUCENA, 1992, p. 56). As características desse modelo o aproximam do

Sistema 4 de Likert, com relações de trabalho pró-ativas, focadas no sucesso do

empreendimento empresarial como um todo. Lucena (1992) afirma que nas empresas

avançadas o processo de avaliação de desempenho está integrado à filosofia da organização e

funciona como importante ferramenta gerencial passando sempre por adaptações ou

aperfeiçoamentos qualitativos.

A análise dos resultados da pesquisa sobre o perfil das características organizacionais da

CHESF apresenta situações interessantes sobre a percepção diferenciada de cada tipo de

respondente. Destacam-se as comparações entre gerentes e não-gerentes, da área operacional

(GRS) com a administrativa (ASV), além do resultado global, identificando-se os traços mais

marcantes da cultura da empresa percebidos pelos respondentes. As variáveis utilizadas neste

estudo foram adaptadas da teoria de Likert, definidas como liderança, motivação,

comunicação, decisão e objetivos.

Os gerentes tenderam a enquadrar a cultura da empresa no Sistema 3, com a seguinte

oscilação na concentração das respostas – Sistema 2 – 31,25%; Sistema 3 – 50%; equilíbrio

entre todos os Sistemas – 18,75%.

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102

Tabela 9: Percepção dos gerentes quanto ao Perfil de Características Organizacionais (%)

Variáveis Branco I II III IV 01 Os gerentes têm confiança nos

subordinados? – 7 31 31 31

02 Os empregados têm liberdade para falar com os superiores ?

– – 25 50 25

03 As idéias dos empregados são solicitadas e aplicadas?

– 19 43 19 19 Lid

eran

ça

04 Os empregados confiam nos gerentes? – 6 19 44 31 05 As principais formas de motivação

usadas na CHESF são: 13 13 13 30,5 30,5

06

A responsabilidade por atingir as metas organizacionais é sentida principalmente:

– 6 56 13 25

07 O trabalho é feito em equipe? – 6 19 63 12 Mot

ivaç

ão

08 Em relação às metas os empregados se sentem:

– –

25 69 6

09 Os gerentes conhecem os problemas dos subordinados?

– 12

19 63 6

10 Os empregados conhecem as metas da CHESF? 6 25

25 25 19

Com

unic

ação

11 A comunicação com os gerentes é fácil? 6 5 13

63 13

12 Em que níveis são tomadas as decisões? 6 19 31

25 19

13 Os empregados podem influenciar nas metas, métodos e atividades de seus setores de trabalho? 6 – 38

31 25

Dec

isõe

s

14 O processo de decisão contribui para a motivação? 13 13 13

43 18

15 Como são estabelecidas as metas na organização?

– – 56 25 19

Obj

etiv

o

16 As metas estabelecidas vêm sendo cumpridas?

– – 6 88 6

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Em relação à Liderança há uma tendência entre os gerentes em apontar esse indicador

como positivo, posicionado no Sistema 3 – participativo deliberativo. A ressalva se faz na

resposta sobre a solicitação e aplicação das idéias e opiniões dos funcionários que ficou

classificada no Sistema II (43%), indicando pouco envolvimento dos empregados. Esse fato é

confirmado, na variável Decisão, diante da questão sobre em que nível as decisões são

tomadas, na qual o percentual de respostas apontou para uma concentração do processo

decisório na diretoria junto com as gerências (31%), além disso, 38% dos respondentes

disseram que os empregados exercem pouca influência na elaboração das metas, métodos e

atividades de seus setores de trabalho, colocando o indicador Decisão também no Sistema II.

Percebe-se que, apesar dos gerentes considerarem a organização como participativa

deliberativa, a descentralização de decisões ainda não alcançou um nível elevado dentro da

CHESF.

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103

Outro ponto em que a CHESF tendeu para o Sistema autoritário benevolente relaciona-

se à Motivação. 56% dos respondentes afirmaram que a responsabilidade por atingir metas na

organização é sentida principalmente nos escalões médios e superiores. Unido a isso, 52,70%

responderam, em Objetivo, que as metas da organização são estabelecidas pela diretoria junto

com a gerência. Evidencia-se uma discordância de padrões, ao mesmo tempo que os gerentes

consideram que o processo decisório contribui para motivação, que há um alto grau de

cumprimento das metas estabelecidas, que as relações internas são de confiança mútua, com

valorização do trabalho em equipe, com uso de mecanismos de motivação pautados em

recompensas e participação percebe-se que ainda existem travas para a ingresso num modelo

totalmente participativo. Isso pode ser explicado a luz da teoria de Lucena (1992) na qual a

CHESF, a partir da visão dos gerentes, posiciona-se como uma empresa em vias de

modernização, convivendo simultaneamente com o “arcaico e o novo”, tendo que enfrentar as

oscilações existentes e trabalhar de forma a superá-las.

Os não-gerentes enquadraram o perfil da empresa no Sistema 2, com a seguinte variação

na concentração das respostas – Sistema 1 – 6,25%; Sistema 2 – 68,75%; Sistema 3 – 25%.

Há uma profunda discordância entre as percepções de gerentes e não-gerentes.

Em relação à Liderança os não-gerentes pontuam essa variável como negativa ao

afirmarem que o grau de confiança superior-subordinado é baixo (42%), que apenas às vezes

existe liberdade para o diálogo com os superiores (34%); e que suas idéias são pouco

solicitadas ou implementadas (64%). Em Motivação, há discordância entre os dois grupos

pesquisados no que diz respeito ao trabalho em equipe, que é considerado pelos não-gerentes

como ocorrendo algumas vezes (43%), ao contrário dos gerentes que afirmaram ser essa uma

prática bastante adotada (63%); os não-gerentes afirmam, em sua maioria, que o principal

método de motivação adotado na CHESF é o de punições e ameaças (28%) contradizendo os

gerentes que apontam para um sistema de recompensas e participação (31%).

Também há diferenças quanto às percepções em relação à Comunicação. Os não-

gerentes apontam que a chefia não conhece os problemas dos subordinados (45%) e que a

comunicação com esta nem sempre é fácil (45%), enquanto que os gerentes afirmam conhecer

os problemas de seus subordinados (63%) e que, geralmente, mantêm um espaço para facilitar

a comunicação com estes (63%). Os não-gerentes também consideram que o processo

decisório não contribui para motivar (41%), enquanto 44% dos gerentes afirmam que este

motiva.

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Tabela 10: Percepção dos não-gerentes quanto ao Perfil de Características Organizacionais (%)

Variáveis Branco I II III IV 01 Os gerentes têm confiança nos

subordinados? 3 17 42 27 11

02 Os empregados têm liberdade para falar com os superiores ?

3 14 34 33 17

03 As idéias dos empregados são solicitadas e aplicadas?

1 22 64 10 3 Lid

eran

ça

04 Os empregados confiam nos gerentes? 5 14 34 35 12 05 As principais formas de motivação

usadas na CHESF são: 6 28 23 20 22

06

A responsabilidade por atingir as metas organizacionais é sentida principalmente:

3 13 33 25 27

07 O trabalho é feito em equipe? 2 7 43 40 8 Mot

ivaç

ão

08 Em relação às metas os empregados se sentem: –

4 32

57 8

09 Os gerentes conhecem os problemas dos subordinados? 2 25

45 21 7

10 Os empregados conhecem as metas da CHESF? – 6

37 44 13

Com

unic

ação

11 A comunicação com os gerentes é fácil?

– 13

45 30 12

12 Em que níveis são tomadas as decisões? 1

22 44 24 9

13 Os empregados podem influenciar nas metas, métodos e atividades de seus setores de trabalho? 1

27 42 20 9

Dec

isõe

s

14 O processo de decisão contribui para a motivação? 4

19 41 31 5

15 Como são estabelecidas as metas na organização?

1 21 52 21 5

Obj

etiv

o

16 As metas estabelecidas vêm sendo cumpridas? 2

3 21 65 9

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Outras informações interessantes são obtidas quando se elabora um comparativo entre

as opiniões dos empregados do órgão ASV com os do GRS. Há divergências de opiniões em

relação as mesmas questões que os gerentes e não-gerentes responderam de forma contrária,

exceto na que se refere a confiança dos superiores nos subordinados que se enquadrou no

Sistema 2 tanto no administrativo quanto no operacional.

Enquanto os respondentes do setor ASV classificam a CHESF no Sistema 3 (56,25%),

os do GRS a colocam no Sistema 2 (68,75%). As divergências estão em quase todas as

variáveis. O setor ASV considera que as idéias dos empregados são bastante solicitadas e

implementadas (43,48%), que as principais formas de motivação são recompensas e

participação (39,13%), que o trabalho em equipe é bastante adotado (45,65%), que os gerentes

conhecem os problemas dos subordinados (50%), sendo a comunicação superior-subordinado

geralmente fácil (50%). Além disso, consideram que o processo decisório motiva os

empregados (36,96%).

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105

As percepções sobre esses mesmos fatos são diferentes no setor GRS. Este afirma que

apenas algumas vezes as idéias dos empregados são solicitadas e implementadas (38,55%),

considera como principais formas de motivação usadas na empresa as punições e ameaças

(33,33%), que o trabalho em equipe é adotado algumas vezes (42,17%), que os problemas dos

subordinados são pouco conhecidos pelos gerentes (49,40%), que às vezes a comunicação

superior-subordinado é fácil (49,40%), e afirmam, ainda, que o processo decisório não motiva

os empregados (39,76%).

Tabela 11: Percepção global quanto ao Perfil de Características Organizacionais (%)

Variáveis Branco I II III IV 01 Os gerentes têm confiança nos

subordinados? 2,30 15,50 40,30 27,90 14

02 Os empregados têm liberdade para falar com os superiores ?

2,30 12,40 32,60 34,90 17,80

03 As idéias dos empregados são solicitadas e aplicadas?

0,80 21,70 61,20 10,90 5,40

Lid

eran

ça

04 Os empregados confiam nos gerentes? 4,70 13,20 31,80 36,40 14 05 As principais formas de motivação

usadas na CHESF são: 7 26,40 21,70 21,70 23,30

06

A responsabilidade por atingir as metas organizacionais é sentida principalmente:

2,30 12,40 35,70 23,30 26,40

07 O trabalho é feito em equipe? 1,60 7 40,30 42,60 8,50 Mot

ivaç

ão

08 Em relação às metas os empregados se sentem:

- 3,10 31 58,10 7,80

09 Os gerentes conhecem os problemas dos subordinados?

1,60 23,30 41,90 26,40 7

10 Os empregados conhecem as metas da CHESF?

0,80 8,50 35,70 41,90 13,20

Com

unic

ação

11 A comunicação com os gerentes é fácil?

0,80 12,40 41,10 34,10 11,60

12 Em que níveis são tomadas as decisões?

1,60 21,70 42,60 24 10,10

13 Os empregados podem influenciar nas metas, métodos e atividades de seus setores de trabalho?

1,60 24 41,90 21,70 10,90

Dec

isõe

s

14 O processo de decisão contribui para a motivação?

4,70 18,60 37,20 32,60 7

15 Como são estabelecidas as metas na organização?

0,80 18,60 52,70 21,70 6,20

Obj

etiv

o

16 As metas estabelecidas vêm sendo cumpridas?

1,60 2,30 19,40 68,20 8,50

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

As diferenças de percepção entre gerentes e não-gerentes, ASV e GRS, demonstram que

há falhas no processo de comunicação na CHESF. Os gerentes percebem a organização de

uma forma mais participativa enquanto seus subordinados a vêem de maneira autoritária

benevolente. As ações da administração e da gerência são vistas com desconfiança pelos

níveis inferiores o que pode gerar uma certa resistência às decisões da organização formal. Há

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106

a necessidade de um ajuste interno que vise aproximar essas percepções a fim de se obter uma

cultura voltada para a modernização da organização em todos os seus níveis.

O perfil global das características organizacionais da CHESF a colocou no Sistema 2. A

organização foi vista como possuindo um modelo administrativo autoritário benevolente com

algumas tentativas relacionadas à participação deliberativa. Um aspecto que se destaca é o

fato de 26,40% dos respondentes considerarem que o sistema de motivação da empresa é

pautado em punições e ameaças. Aqui aparece a necessidade da empresa rever seus conceitos

e desvendar mais claramente os motivos dessa imagem extremamente negativa, mesmo com

as concentrações uniformes nos outros sistemas (21,70%, 21,70%, 23,30%).

Em todas as variáveis a organização apresentou tendências para o Sistema 2, destacando

a de Decisão, 100% classificada nesse sistema. A CHESF é percebida como tendo um grau

fraco de confiança superior-subordinado, com concentração das decisões na alta

administração e nas gerências excluindo a maioria dos empregados, que tem suas idéias pouco

aproveitadas e quase não exercem influência na elaboração das metas e atividades de seus

respectivos setores, a comunicação é considerada difícil, com um fluxo de informações de

cima para baixo.

Organizações que concentram seu sistema administrativo no Sistema 2 tendem a

apresentar alto grau de resistência interna, com suas relações de trabalho estremecidas e

possuindo uma organização informal se opondo às decisões da alta administração, o que afeta

a produtividade, apresentando resultados ineficientes. Em uma realidade como a apresentada

na CHESF, um sistema de avaliação de desempenho será negativamente afetado por essas

características. É necessário rever os posicionamentos e direcionar esforços rumo a um

sistema mais próximo do 4 para se obter resultados positivos de um processo avaliativo. O

fato da gerência enxergar a empresa como participativa deliberante pode ser capitalizado para

analisar as diferenças de percepções e efetuar os ajustes necessários.

As variáveis causais da CHESF concentram as distorções apresentadas pelos

respondentes. A estrutura organizacional, as diretrizes, decisões e estratégias da organização

são os aspectos apontados como propensos ao estilo de administração do Sistema 2. A

empresa pode alterar essas variáveis transformando todo o seu perfil de características

organizacionais, recriando sua cultura de modo a influenciar as variáveis intermediárias a fim

de modificar de forma positiva os seus resultados.

Likert (1975, p. 63) ressalta que “as mudanças em direção ao Sistema 4 são sempre

acompanhadas de aumento de produtividade a longo prazo, melhoria das relações de trabalho,

redução dos custos e ampliação dos lucros”. Lucena (1992) acrescenta que uma empresa em

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107

vias de modernização apresenta grandes desafios para a área de gerenciamento do capital

humano. Essas organizações enfrentam conflitos e dificuldades para processar as mudanças e

têm uma convivência desgastante com os desníveis do ritmo dessas alterações.

A área de Recursos Humanos tem um papel estratégico nesse processo de mudança, tanto a nível das transformações de mentalidade e de atitude quanto ao desenvolvimento de políticas, programas e atividades orientadas para a administração de pessoal. (LUCENA, 1992, p.56)

3 – PERCEPÇÃO DO AVALIADOR

I - Dimensão Processo de Avaliação de Desempenho

No que diz respeito à periodicidade da Avaliação de Desempenho pode-se constatar

que 59,10% dos avaliadores respondentes não concordam com a periodicidade (anual) que

atualmente é aplicada na CHESF. Dentre os 40,90% que discordam, 36,40% sugeriram que a

avaliação fosse aplicada trimestralmente, 13,60% preferem semestralmente, 9,10%

responderam que poderia ser mensal ou de acordo com o cumprimento das metas e 40,90%

não emitiram opinião.

Em relação a como os avaliadores se sentem no momento da avaliação, 59,10% dos

entrevistados indicaram que se sentem tranqüilos, 27,30% ansiosos, 13,60% desmotivados e

9,10% responderam sentir-se inseguros e estressados. Vale ressaltar que esta questão foi de

múltipla escolha, por este motivo o somatório dos resultados apresentados perfaz um

percentual maior do que 100%. Tomando-se como análise a variável órgão, verifica-se que no

ASV o sentimento de tranqüilidade teve um percentual maior (80%) do que no GRS

(41,67%). Nesse último órgão, o sentimento de tranqüilidade dividiu seu espaço com a

ansiedade com também 41,67%. A mesma situação ocorreu no que se refere à variável

Função, na qual os gerentes demonstraram se sentirem mais tranqüilos (69,23%) do que os

encarregados (44,44%), os quais dividiram esse sentimento com a ansiedade (44,44%). Em

relação à variável tempo de serviço, observa-se que os avaliadores que possuem mais de 20

anos de serviço demonstram um maior sentimento de tranqüilidade (64,70%) enquanto que os

que possuem de 11 a 15 anos dividiram seu sentimento entre tranqüilidade e ansiedade (50%

cada opção).

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108

77,30% dos avaliadores respondentes afirmaram que buscam sempre conhecer as metas

e atividades dos avaliados, enquanto que 22,70% responderam que somente às vezes agem

dessa forma. Na variável órgão, observa-se que 90% dos avaliadores do ASV afirmam

conhecer com maior freqüência as metas e atividades do seu avaliado, enquanto que no GRS a

percentagem diminui para 66,67%. Em relação à variável função, observa-se que 84,62% dos

gerentes responderam que sempre procuram conhecer as metas e atividades dos seus

avaliados, enquanto que os encarregados apenas 66,67% comportam-se da mesma maneira.

Quanto ao suporte oferecido para o cumprimento das metas, 95,50% dos avaliadores

respondentes afirmaram fornecer esse recurso, enquanto que 4,50% responderam que não.

Sendo que no órgão GRS, 100% dos respondentes afirmam que fornecem suporte enquanto

no ASV o percentual diminui para 90%. Quanto à variável função, foi demonstrado que 100%

dos encarregados responderam que fornecem suporte, enquanto que entre os gerentes o

percentual passou para 92,31%.

Ao emitirem sua opinião quando questionados se os subordinados tiveram crescimento

pessoal após as avaliações, 72,70% dos avaliadores responderam afirmativamente, enquanto

27,30%, negativamente.

II – Dimensão Sistema

Quanto à questão sobre a concordância dos avaliadores com os pontos avaliados,

observa-se, através da tabela 12, que é quase unânime a concordância parcial com estes, o que

demonstra que a percepção da maioria (95,5%) aponta para a necessidade de aprimoramento

do GDF.

Tabela 12: Percepção dos avaliadores quanto à concordância com os pontos avaliados (%)

Você concorda com os pontos

avaliados? Global ASV GRS Gerente Encarregado

Totalmente 4,5 10 0 7,7 0

Parcialmente 95,5 90 100 92,3 100

Não 0 0 0 0 0

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Com relação aos critérios mais importantes observa-se, conforme tabela 13, que 100%

dos respondentes da ASV consideraram o critério “Resultados e Metas” como sendo o mais

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109

importante, seguidos de “Iniciativa”, “Foco no Cliente”, “Solução de Problemas”,

“Autodesenvolvimento”, “Cumprimento de Normas”, “Relacionamento/Cooperação”,

“Planejamento da Tarefa”, “Otimização de Custo” e “Domínio/utilização do conhecimento”,

enquanto que os do GRS consideraram “Iniciativa” , seguidos de “Domínio/Utilização do

conhecimento”, Resultados e Metas”, “Relacionamento/Cooperação”, “Solução de

Problemas”, “Foco no cliente”, “Segurança do Trabalho”, “Planejamento da Tarefa”,

“Assiduidade” e “Cumprimento de Norma”.

A partir da comparação entre os dois órgãos, observa-se, através da tabela 13, que

dentre os 10 critérios considerados como mais importantes apenas “Assiduidade” e

“Segurança do Trabalho”, não foram valorizados pela ASV e “Autodesenvolvimento” e

“Otimização de Custo” não foram considerados pela GRS. Esse resultado é considerado

normal, uma vez que no ASV não há encarregados, somente gerentes e estes tendem a

valorizar mais os critérios “Autodesenvolvimento” e “Otimização de Custo”. Enquanto isso,

no GRS a maioria dos respondentes foi composta por encarregados, onde a pontualidade e

segurança do trabalho são fundamentais para o desenvolvimento de suas atividades.

A ASV possui autonomia para determinar suas metas, podendo assim, ser

compreendido que “Resultados e Metas” seja o critério mais importante para esta área e já a

GRS considerou a “Iniciativa”, podendo ser percebido como fator presente no comportamento

do seu corpo funcional, pela característica do trabalho desenvolvido nesta área.

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110

Tabela 13: Percepção dos avaliadores quanto aos critérios da avaliação (%)

CRITERIOS / DIMENSÃO

MAIS IMPORTANTES RETIRARIA

GL ASV GRS GER ENC GL ASV GRS GER ENC Não resposta 0 0 0 0 0 13,6 Resultados e Metas (Administrativa)

95,5 100 92 100 89 0 0 0 0 0

Flexibilidade (Psicossocial)

18,2 10 25 7,7 33 27,3 57 17 31 22

Articulação (Política) 18,2 30 8 23 11 40,9 29 58 15 78 Autodesenvolvimento (Psicossocial)

45,5 50 40 46 44 4,5 14 0 7,7 0

Assiduidade (Administrativa)

40,9 10 70 7,7 89 36,4 86 17 62 0

Iniciativa (Psicossocial) 86,4 70 100 77 100 4,5 14 0 7,7 0 Gestão de Pessoas (Psicossocial)

27,3 30 25 31 22 22,7 14 33 15 33

Delegação (Politica) 13,6 10 17 7,7 22 36,4 29 50 23 56 Foco no Cliente (administrativa)

68,2 60 75 69 67 0 0 0 0 0

Planejamento das tarefas(Administrativa)

54,5 40 72 46 67 4,5 14 0 7,7 0

Dominio/utilização do conhecimento(Técnica)

63,6 30 92 38 100 9,1 29 0 15 0

Cumprimento de Normas(Administrativa)

54,5 50 60 46 67 13,6 43 0 23 0

Solução de Problemas (Técnica)

68,2 50 83 54 89 4,5 14 0 7,7 0

Relacionamento/Cooperação (Psicossocial)

68,2 40 92 54 89 4,5 14 0 7,7 0

Segurança do Trabalho (Administrativa)

50,0 20 75 31 78 13,6 43 0 23 0

Otimização de Custo (Administrativa)

27,3 40 17 31 22 31,8 29 42 15 56

Informação e Analise (Administrativa)

4,5 10 0 7,7 0 68,2 86 75 54 89

Fonte: Questionário da pesquisa de campo Legenda: GL = global GER = gerente e ENC = encarregado

Ainda em relação a tabela 13, observando a variável função, verifica-se que 100% dos

respondentes que exercem a função gerente consideraram o critério “Resultados e Metas”

como sendo o mais importante, seguidos de “Iniciativa”, “Foco no Cliente”, “Solução de

Problemas”, “Relacionamento/Cooperação” “Autodesenvolvimento”, “Planejamento da

Tarefa”, “Cumprimento de Normas”, “Domínio/utilização do conhecimento” e “Otimização

de Custo”, enquanto que os encarregados consideraram “Iniciativa” e “Domínio/Utilização do

conhecimento”, como os mais importantes, seguidos de “Resultados e Metas”,

“Assiduidade”, “Solução de Problemas”, “Relacionamento/Cooperação”, “Segurança do

Trabalho”, “Cumprimento de Normas”, “Foco no Cliente” e “Planejamento da Tarefa”.

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111

O comparativo entre as duas funções aponta que dentre os 10 critérios considerados

como mais importantes apenas “Assiduidade” e “Segurança do Trabalho”, não foram

valorizados pelos gerentes e “Autodesenvolvimento” e “Otimização de Custo” não foram

considerados pelos encarregados. Semelhante a situação da ASV e do GRS este resultado é

considerado natural, pelos mesmos motivos já mencionados anteriormente quando da análise

dos órgãos.

No resultado global o maior grau de importância está depositado no critério

“Resultados e Metas”, seguidos de “Iniciativa”, “Solução de Problemas”,

“Relacionamento/Cooperação”, “Foco no Cliente”, “Domínio/Utilização do Conhecimento”,

“Cumprimento de Normas”, “Planejamento da Tarefa”, “Segurança do Trabalho” e

“Autodesenvolvimento”. Observa-se, também, que dos 10 critérios que foram considerados

como os mais importantes pelos respondentes da ASV e gerentes, apenas “Otimização de

Custo” ficou fora dos selecionados no global.

Percebe-se, também, em termos percentuais, que a maioria dos respondentes da GRS

e encarregados valorizam mais os critérios nas dimensões “Psicossocial” e “Técnica”, e a

ASV e gerentes as dimensões “Administrativa” e “Psicossocial”, ocorrem com menor

incidência. Trata-se de um resultado esperado, uma vez que, apesar dos gerentes delegarem

aos encarregados a aplicação da Avaliação do Desempenho dos operadores, o foco destes

está voltado para a operação do sistema, pois lideram equipes que trabalham em turnos de

revezamento nas subestações e usinas, onde suas atividades são prescritas e executadas em

área de risco. A aplicação das normas de segurança do trabalho, a pontualidade, as relações

interpessoais e o espírito de equipe são fundamentais para o atingimento das metas da

organização nesta área.

Em relação aos 7 critérios a serem retirados, verifica-se uma oposição de percepções

entre ASV e GRS. Os respondentes da ASV retirariam “Cumprimento de Normas” e

“Segurança do Trabalho”, considerados importantes pela GRS, enquanto os respondentes da

GRS retirariam “Otimização de Custo” e “Gestão de Pessoas”, ao contrário da ASV. Observa-

se divergência da ASV quanto ao critério “Cumprimento de Norma” pois o mesmo está entre

os 7 que retiraria, na 5ª posição, mas aparece também entre os 10 mais importantes na 6ª

posição.

A análise de respostas segmentadas entre gerentes e encarregados mostra outra oposição

de percepções. Os gerentes retirariam “assiduidade”, “cumprimento de normas” e “segurança

do trabalho” e conservariam “gestão de pessoas” e “otimização de custo”, enquanto que os

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112

encarregados fariam exatamente ao contrário: retirariam “gestão de pessoas” e “otimização de

custo” e conservariam “assiduidade”, “cumprimento de normas” e “segurança do trabalho”.

Assim como na ASV, há divergência dos gerentes quanto ao critério “Cumprimento de

norma”, pois o mesmo está entre os 7 que seriam retirados, na 5ª posição, mas aparece,

também, entre os 10 mais importantes, na 8ª posição.

O critério “Assiduidade” foi bastante valorizado pela GRS e encarregados, enquanto

que para a ASV e gerentes foi considerado como um dos primeiros critérios que retirariaM da

avaliação. Ressalta-se que o percentual de gerentes da GRS foi de apenas 25%, o que

contribuiu para que este critério fosse tão desvalorizados.

Apesar da tendência dos encarregados para as dimensões “Psicossocial” e “Técnica”,

conforme já mencionado, eles também concordam em manter critérios da dimensão

“Administrativa”, percebendo-a como necessária para o bom desempenho das atividades e o

atingimento das metas.

Um ponto surpreendente foi a dimensão política, composta de apenas 2 critérios

(Articulação e Delegação), na qual a maioria concorda que os referidos critérios devam ser

retirados, com uma pequena aceitação dos mesmos por parte dos gerentes. Com este

resultado, acredita-se que existe uma tendência à centralização do poder, bem como a

indiferença quanto à mobilização interna e externa para a melhoria do desempenho das

atividades e dos resultados do órgão ou o não entendimento do que de fato estes critérios

representam.

Na questão sobre a satisfação dos avaliadores com a metodologia da avaliação utilizada

no GDF, observa-se, através da tabela 14, que a maioria dos respondentes estão parcialmente

satisfeitos (77,3%).

Tabela 14: Percepção dos avaliadores quanto à metodologia da avaliação usada no GDF (%)

Você está satisfeito com a

metodologia de avaliação

usada no GDF?

Global

ASV

GRS

Gerente

Encarregado

Totalmente 4,5 0 8 0 11

Parcialmente 77,3 80 75 85 67

Não 18,2 20 17 15 22

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Foi solicitado aos respondentes que apresentassem sugestões para melhoria da

metodologia de avaliação e o índice de sugestões obtido foi de 82%. Deste percentual, 40%

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113

sugeriram o acompanhamento constante e sistematizado através de um sistema informatizado

no qual se possa registrar, também, ações importantes realizadas pelo empregado ao longo do

ano. 28% sugeriram ampliar o número de avaliados através da avaliação das hierarquias

superiores e da implantação do GDF em toda a CHESF. 16% apontaram para a necessidade

de mais treinamento, maior interação/participação das pessoas no processo e uma maior

transparência na gestão do mesmo. Outros 16% cobraram melhoria e redução dos critérios

comportamentais, visando minimizar a subjetividade e ainda, propuseram a criação de uma

nova metodologia.

Solicitou-se, também, aos respondentes que apresentassem as influências da Avaliação

do Desempenho para o seu trabalho. A maioria, 60%, acredita que esta estimula o

crescimento pessoal e profissional, motiva a busca de melhoria contínua, aumenta a

competitividade e o comprometimento com as metas. 20% consideram que o processo

avaliativo norteia as atividades, havendo maior aprendizado, proporciona a melhoria do

sistema sócio-técnico, cria a oportunidade de auto-avaliação e oferece mais espaço para

fornecer feedback aos empregados. 20% tem uma visão negativa da avaliação, sendo que

10% consideram que não há nenhuma influência desta no seu trabalho e os outros 10%

afirmam que se sentem confusos em relação a avaliação e desapontados com o tipo de

reconhecimento oferecido.

Quando questionados se a utilização do GDF interfere positivamente na avaliação do seu

órgão, observa-se, através tabela 15, que 68,2% dos respondentes afirmam que sim, sendo que

com maior incidência no órgão GRS e na função encarregados, enquanto que para a ASV e

gerentes este percentual foi bem inferior.

Tabela 15: Percepção dos avaliadores quanto a interferência positiva do GDF (%)

A utilização do GDF interfere positivamente na avaliação dos funcionários?

Global

ASV

GRS

Gerente

Encarregado

Sim 68,2 50 84 61,5 78

Não 31,8 50 16 38,5 22

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Pediu-se aos respondentes que justificassem suas respostas e 82% se manifestaram,

sendo que 72,30% de forma positiva e 27,70% negativa. Dentre os que têm uma percepção

positiva da interferência do GDF na avaliação dos funcionários, 84,60% consideram que o uso

deste é um forte fator estimulante dentro da organização. Afirmam que o GDF proporciona

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114

melhoria dos resultados de desempenho funcional; que auxilia a despertar o interesse e

iniciativa de todos por conhecerem os reflexos de suas metas no resultado global; além disso,

que define critérios e estimula uma disputa de melhoria, motivando o empregado a cumprir

suas metas. 15,40% dos respondentes vêm como principal interferência do GDF o fato deste

proporcionar uma maior abertura entre gerentes e subordinados e ser o único instrumento da

CHESF que favorece essa troca de informações. Os 27,30% que apresentaram justificativas

negativas afirmaram que falta sistemática e compreensão, além de reconhecimento pecuniário;

que o uso do GDF cria um clima de insatisfação; e que há um descrédito por não se ter

informações sobre o objetivo final do mesmo.

Em relação à questão da utilização do GDF melhorar a gestão do órgão, o resultado

apresentado na tabela 16 demonstra que o GDF não está sendo percebido de forma

predominantemente positiva para a gestão dos órgãos, havendo um equilíbrio entre as

percepções positivas e negativas.

Tabela 16: Percepção dos avaliadores quanto à interferência do GDF na gestão do seu órgão (%)

A utilização do GDF

melhorou a gestão seu

órgão?

Global

ASV

GRS

Gerente

Encarregado

Sim 54,5 50 58 61,5 44,4

Não 45,5 50 42 38,5 55,6

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Solicitou-se aos respondentes que justificassem suas respostas e houve retorno de

86,40% de respostas. Destas 52,7% concordam que a utilização do GDF melhorou a gestão do

seu órgão, alegando o motivo de ter se tornado mais fácil gerenciá-lo com as metas atreladas a

um sistema de avaliação, além do fato de que com os resultados sendo medidos há a

oportunidade de corrigir desvios de desempenhos, e, mesmo com o processo apresentando

algumas deficiências, os empregados têm informações sobre suas avaliações e se dedicam

mais às suas atividades. Acreditam também que o gerenciamento do processo ficou mais

transparente com as metas mais claramente definidas e vinculadas ao planejamento, com uma

visão mais profissional sendo despertada em todos.

Os 47,30% que apresentaram justificativas negativas consideram que a utilização desta

ferramenta gera insatisfação da equipe; que falta definição mais clara do critério para

pontuação, e que os critérios em relação as metas não estão estruturados precisando as mesmas

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115

serem melhor definidas; que não há interação positiva entre chefia e subordinados, não

existindo clareza nas explanações e faltando um mecanismo padrão para acompanhamento.

Além disso, alguns apontam que existe um descrédito em relação ao processo avaliativo e que

este não influencia em nada a gestão na organização.

Analisando os dados da tabela e as justificativas dos atores respondentes, acredita-se

haver uma dissonância entre as opiniões dos encarregados e gerentes em relação ao GDF. Os

encarregados o vêem como uma sistemática pronta e imposta com a finalidade única de

executar e avaliar a equipe. Além disso, percebem entre os envolvidos a existência de elevado

grau de insatisfação com o processo avaliativo. Já os gerentes o percebem como uma

metodologia que permite o acompanhamento dos resultados e se envolve mais com o

planejamento e avaliação dos resultados e não das pessoas.

III – Dimensão Feedback

Quando questionado aos avaliadores em que momento eles fornecem feedback sobre o

desempenho aos seus subordinados, 59,10% responderam que constantemente e 40,90%

responderam que o feedback é fornecido apenas durante a avaliação. Na segmentação por

órgão, observa-se que os avaliadores do ASV afirmam fornecer feedback de forma mais

constante (80%) do que os do GRS (41,67%).

68,20% dos avaliadores respondentes afirmam que sempre comentam as

características positivas dos seus subordinados no feedback. Enquanto que 27,30%

responderam que somente às vezes agem da mesma forma e 4,50% não opinaram. Conforme

tabela 17, analisando-se as respostas de acordo com os referentes órgão e função, percebe-se

que os avaliadores do ASV e os avaliadores que exercem a função de gerente apresentaram

um maior percentual dos que responderam que fornecem feedback positivo freqüentemente.

Tabela 17: Percepção dos avaliadores quanto ao comentário dos pontos positivos no feedback (%)

Variável Órgão Função No feedback as características positivas são comentadas?

Global ASV GRS Gerente Encarregado

Sempre 68,20 90,00 50,00 76,92 55,56

Às vezes 27,30 10,00 41,67 23,08 33,33

Não - - - - -

Não responderam 4,50 - 8,33 - 11,00

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

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116

Ainda a respeito do feedback, 45,50% dos avaliadores respondentes afirmam que,

quando dão o feedback, ressaltam as características positivas e negativas do avaliado de forma

equilibrada, 27,30% afirmam que comentam com maior freqüência os pontos positivos,

22,70% responderam que os pontos negativos são mais ressaltados no feedback fornecido ao

avaliado e 4,50% não opinaram. Na representação por órgão ,observa-se que, de acordo com

as respostas dos avaliadores respondentes, os pontos negativos são mais ressaltados no GRS

(33,33%) do que no ASV (10%).

Tabela 18: Percepção dos avaliadores quanto aos pontos que são mais ressaltadas no feedback (%)

Variável Órgão No feedback o que é mais ressaltado? Global ASV GRS

Pontos Positivos 27,30 40,00 16,67

Pontos Negativos 22,70 10,00 33,33

Há um equilíbrio entre ambos 45,50 50,00 41,67

Não responderam 4,50 - 8,33

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Quando questionados se durante o processo de avaliação os avaliadores abrem espaço

para que os seus subordinados exponham sua opinião, todos os respondentes afirmaram que

sim. Porém, 86,40% afirmaram que agem dessa maneira de forma freqüente, enquanto

13,60% responderam que somente às vezes têm esse comportamento. Analisando as variáveis

órgão e função, de acordo com a tabela 19, percebe-se que os avaliadores respondentes do

órgão ASV e os que exercem a função de gerente afirmaram favorecer maior abertura para

que os seus subordinados exponham suas opiniões.

Tabela 19: Percepção dos avaliadores quanto à abertura para opiniões durante o feedback (%)

Variável Órgão Função Durante o processo de avaliação você abre espaço para que seus subordinados exponham sua opinião?

Global ASV GRS Gerente Encarregado

Sim, sempre 86,40 100 75 100 66,67

Sim às vezes 13,60 - 25 - 33,33

Não - - - - -

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Em relação à negociação das metas, todos os avaliadores afirmaram que negociam as

mesmas com os seus subordinados. Sendo que 54,50% responderam que negociam de forma

parcial e 45,50% respondem que negociam totalmente. Analisando-se as respostas por órgão e

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117

função, observa-se que a negociação é mais freqüente no órgão ASV e nos cargos de gerência,

conforme pode ser observado na tabela 20:

Tabela 20: Percepção dos avaliadores quanto à negociação das metas com o subordinado (%)

Variável Órgão Função Você negocia as metas com seus subordinadas? Global ASV GRS Gerente Encarregado

Sim, totalmente 54,50 70,00 25,00 53,85 33,33

Sim, parcialmente 45,50 30,00 75,00 46,15 66,67

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Quanto ao relacionamento com os seus subordinados, 81,80% dos avaliadores

respondentes afirmaram que têm uma boa relação, enquanto 18,20% responderam que a

relação gerente X subordinado é ótima. A freqüência maior dos que responderam que

possuem uma ótima relação está concentrada no órgão GRS e nos cargos de encarregado.

Tabela 21: Percepção dos avaliadores quanto ao seu relacionamento com o subordinado (%)

Variável Órgão Função O seu relacionamento com seus subordinados é: Global ASV GRS Gerente Encarregado Ótimo 81,80 10,00 25,00 7,69 33,33

Bom 18,20 90,00 75,00 92,31 66,67

Regular - - - - -

Ruim - - - - -

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

E mais, 77,30% dos respondentes afirmam que a sua relação com o subordinado

permaneceu a mesma a partir do processo de avaliação de desempenho, enquanto os 22,70%

restantes responderam que a relação melhorou. Segundo alguns respondentes a melhora no

relacionamento se deu, devido ao fato da avaliação proporcionar maior aproximação com os

funcionários, bem como tornar o processo avaliativo mais democrático e mais fácil, uma vez

que o mesmo está baseado em fatos e dados.

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118

4 – PERCEPÇÃO DO AVALIADO

I - Dimensão Processo de Avaliação de Desempenho

Em relação à periodicidade da Avaliação de Desempenho, pode-se constatar que a

maioria dos avaliados (54,26%) concorda com a periodicidade (anual) que atualmente é

aplicada na CHESF, enquanto 44,96% discordam e 0,78% não respondeu à pergunta. Dentre

os que discordam, 55% não sugeriram outra periodicidade, 21,70% responderam que a

avaliação deveria ser semestral, 18,60% preferem-na trimestral e 4,70% dividiram sua opinião

entre bimestral, bianual e mensal.

Em relação a como os avaliados se sentem no momento da avaliação, 58,10 %

afirmam que se sentem tranqüilos, 21,70% ansiosos, 17,80% preocupados, 14% motivados,

3,90% nervosos, 0,80% ameaçado e 7,80% dividiram sua opinião entre os sentimentos de

falta de esperança, desmotivação, frustração, injustiça, tensão e curiosidade. Vale ressaltar

que esta questão foi de múltipla escolha, por este motivo o somatório dos resultados

apresentados perfazem um percentual maior do que 100%. Tomando-se como análise a

variável órgão, observa-se que no ASV predomina o sentimento de tranqüilidade (78%),

enquanto que no GRS este sentimento não se apresenta de forma tão representativa (46,99%)

dando espaço para outros sentimentos como ansiedade, preocupação e motivação.

Observando a variável função, percebe-se que os respondentes não gerentes mostram-se mais

tranqüilos em relação aos gerentes no momento da avaliação. Apesar dos respondentes

gerentes apresentarem a maior freqüência de resposta pelo sentimento de tranqüilidade (50%),

apresentaram também uma incidência considerável de sentimento de ansiedade (37,50%).

Estas variáveis podem ser observadas na tabela 22:

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119

Tabela 22: Percepção dos avaliados quanto ao seu sentimento no momento do feedback (%)

Variável Órgão Função No momento da avaliação como você de sente?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Ansioso 21,70 8,70 28,92 37,50 19,47

Motivado 14,00 4,35 19,28 6,25 15,04

Nervoso 3,90 6,52 2,41 18,75 1,77

Tranqüilo 58,10 78,26 46,99 50,00 59,29

Preocupado 17,80 8,70 22,89 12,50 18,58

Ameaçado 0,80 - 1,20 - 0,88

Outro 7,80 6,52 8,43 12,50 7,08

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Quando questionados se os resultados das avaliações condizem com o desempenho

funcional dos avaliados, a maioria dos respondentes afirmou que sim (53,50%), enquanto

45,70% responderam que não e 0,80% não respondeu a essa pergunta. Dos avaliados

respondentes que afirmaram que não, 54,30% não justificaram. Dentre os que justificaram,

37,30% atribuíram ao fato da avaliação não valorizar o trabalho como um todo, 26,40%

alegaram o motivo do gerente não conhecer direito o seu trabalho, 15,40% afirmaram que o

gerente não é imparcial nas suas avaliações, 12,70% atribuíram ao fato do gerente apenas

ressaltar os pontos negativos e 8,20% optaram pela alternativa “outro” justificando que o

resultado da avaliação não condiz com a realidade pelo fato da mesma não valorizar àquele

que se destaca ou porque a avaliação é tendenciosa aos últimos acontecimentos, outros ainda

criticaram que os critérios não são precisos, que o questionário tem uma abordagem errada e

que deveriam contemplar outras atividades. Conclui-se, a partir das respostas apresentadas

pelos respondentes que apresentaram justificativa, que a maioria dos avaliados atribuem à

gestão gerencial os problemas causados pelo seu mau desempenho.

Levantada a questão se o avaliado já se sentiu injustiçado em algum critério, a maioria

dos avaliados respondentes (62,80%) afirmaram que sim. Percebe-se que as respostas por

órgão e função se apresentaram de forma similar ao resultado global, conforme demonstra a

tabela 23:

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120

Tabela 23: Percepção dos avaliados quanto à injustiça no processo avaliativo (%)

Variável Órgão Função Você já se sentiu injustiçado em algum critério da avaliação?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Sim 62,80 60,87 63,86 50,00 64,60

Não 34,10 30,43 36,14 50,00 31,86

Não respondeu 3,10 8,70 - - 3,54

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Dentre os avaliados respondentes que já se sentiram injustiçados apenas 48,15%

justificaram o motivo pelo qual consideram que os critérios não foram avaliados de forma

coerente. Sendo que dentre os que justificaram, 28,20% alegam que os gerentes não são

imparciais nas suas avaliações, privilegiando aqueles com maior afinidade pessoal ou ainda se

influenciando por questões políticas; 20,51% afirmaram que se sentiram injustiçados pelo fato

das notas obtidas não serem compatíveis com o seu desempenho, ou ainda pelas mesmas

serem injustas comparadas com as de outros colegas; 33,33% apontam como fatores

responsáveis pelas injustiças percebidas nas suas avaliações a incapacidade gerencial e a de

avaliar, bem como a falta de conhecimento das informações sobre o seu trabalho por parte do

gerente; e 17,96% alegam que há uma falta de transparência no processo avaliativo e que o

mesmo não contempla uma premiação justa para aqueles que apresentam um bom

desempenho. Nesta questão, assim como na anterior, percebe-se que os problemas gerenciais

foram os mais acusados como causadores de injustiça.

Para 71,30% dos avaliados respondentes a CHESF, algumas vezes, fornece suporte

necessário para o cumprimento de suas metas; 12,40% afirmam que sempre este suporte é

oferecido; 8,50% responderam que a empresa não fornece o referido suporte; e 7,80% não

responderam à questão. Observando-se as respostas segmentadas por órgão e função, na

tabela 24, verifica-se que há no órgão GRS e na função de não-gerente uma freqüência maior

dos avaliados que afirmam não ter recebido nenhum tipo de suporte para o cumprimento de

suas metas.

Tabela 24: Percepção dos avaliados quanto ao suporte oferecido pela empresa (%)

Variável Órgão Função A empresa lhe dá o suporte necessário para você cumprir suas metas?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Sim, sempre 12,40 17,39 9,64 18,75 11,50 Sim, algumas vezes 71,30 58,70 78,31 50,00 74,34 Não 8,50 4,35 10,84 6,25 8,85 Não respondeu 7,80 19,57 1,20 25,00 5,31

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

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121

Entretanto, a maior parte dos respondentes afirma ter recebido algum tipo de suporte.

Dentre os suportes oferecidos foram citados: treinamento, cursos, instrumentos normativos,

equipamentos, suporte técnico, de segurança e financeiro.

Do total de respondentes, 51,20% afirmam que tiveram crescimento pessoal após as

avaliações, enquanto 43,40% responderam que não e 5,40% não opinaram quanto a essa

questão.

Quando questionado sobre a qual (is) objetivo(s) a que se propõe a avaliação de

desempenho, as maiores freqüências de respostas foram as alternativas “Avaliação das

necessidades de treinamento” e “Promoção de cargos”, com 54,30% e 50,40%

respectivamente. Vale ressaltar que esta questão foi de múltipla escolha, por este motivo o

somatório dos resultados apresentados perfaz um percentual maior do que 100%. Percebe-se

que uma percentagem considerável dos respondentes desconhece a aplicabilidade da

avaliação de desempenho como pode ser verificado através da tabela 25:

Tabela 25: Percepção dos avaliados quanto ao(s) objetivo (s) da avaliação de desempenho (%)

Variáveis Órgão Função Na sua opinião, qual (is) o(s) objetivos a que se propõe a Avaliação:

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Promoção de cargos 50,40 50,00 50,60 62,50 48,67 Avaliação das necessidades de treinamento 54,30 65,22 48,19 68,75 52,21 Movimentação de pessoal p/ outro setor ou função

12,40 8,70 14,46 18,75 11,50

Demissão 0,80 2,17 - - 0,55 Punição 7,00 2,17 9,64 - 7,96 Participação nos lucros 12,40 13,04 12,05 25,00 10,62 Desconhece 16,30 15,22 16,87 - 18,58 Outras aplicações 12,40 17,39 9,64 25,00 10,62 Não respondeu 1,60 2,17 1,20 - 1,77

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Analisando-se as afirmativas feitas pelos avaliados a respeito do GDF, conforme tabela

26, e tomando-se como base o somatório dos que discordam (total e parcialmente) e dos que

concordam (parcial e totalmente), verifica-se que há maior freqüência dos que acreditam que

o GDF vem contribuindo para atingir as metas da empresa e para a melhora do desempenho

profissional dos funcionários e dos que discordam que o GDF vem atingindo a expectativa

dos funcionários, bem como melhorando a relação entre os colegas e entre o gerente e seus

subordinados. Utilizando-se a mesma metodologia e fazendo uma análise das respostas

segmentadas por função e órgão, verifica-se que:

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122

• Os respondentes de ambos os órgãos e funções apresentaram uma maior freqüência

dos que concordam que o GDF vem contribuindo para atingir as metas da empresa

e para melhorar o seu desempenho profissional. E maior freqüência dos que

discordam que o GDF vem atendendo as expectativas dos funcionários.

• Os respondentes do órgão GRS e ambas as funções apresentaram uma maior

freqüência dos que discordam que o GDF vem contribuindo para melhorar a

relação com os colegas, enquanto que o órgão ASV apresentou maior freqüência

na resposta que concorda com este aspecto.

• Os respondentes do órgão ASV e os respondentes que exercem a função de

gerentes apresentaram uma maior freqüência dos que concordam que o GDF vem

contribuindo para melhorar a relação entre o gerente e o empregado, enquanto que

o órgão GRS e os funcionários que não são gerentes apresentaram maior

freqüência na resposta que discorda com este aspecto.

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123

Tabela 26: Percepção dos avaliados sobre o GDF de acordo com as variáveis órgão e função (%)

A avaliação de

desempenho da CHESF:

Variáveis DT D NDC C CT NR SD SC

Resultado Global 19,40 23,30 16,30 29,50 8,50 3,10 42,70 38,00

ASV 17,39 13,04 19,57 34,78 10,87 4,35 30,43 45,65 Òrgão

GRS 20,48 28,92 14,46 26,51 7,23 2,40 49,40 33,74

Gerente 12,50 31,25 25,00 25,00 - 6,25 43,75 25,00

Tem contribuído

para melhorar a relação com os colegas Função

Não Gerente 20,35 22,12 15,04 30,09 9,73 2,65 42,47 39,82

Resultado Global 15,50 31,00 22,50 24,80 3,10 3,10 46,50 27,90

ASV 15,22 19,57 26,09 26,09 6,52 6,52 34,79 32,61 Órgão

GRS 15,66 37,35 20,48 24,10 1,20 1,20 53,01 25,30

Gerente 6,25 43,75 12,50 31,25 - 6,25 50,00 31,25

Vem atendendo as expectativas

dos funcionários Função

Não Gerente 16,81 29,20 23,89 23,89 3,54 2,65 46,01 27,43

Resultado Global 3,10 16,30 21,70 41,10 15,50 2,30 19,40 56,60

ASV 6,52 6,52 15,22 50,00 17,39 4,35 13,04 67,39 Órgão

GRS 1,20 21,69 25,30 36,14 14,46 1,20 22,89 50,60

Gerente - 12,50 6,25 62,50 12,50 6,25 12,50 75,00

Vem contribuindo para atingir as metas da

empresa Função Não Gerente 3,54 16,81 23,89 38,05 15,93 1,77 20,35 53,98

Resultado Global 11,60 18,60 25,60 33,30 7,80 3,10 30,20 41,10

ASV 10,87 10,87 23,91 34,78 13,04 6,52 21,74 47,82 Órgão

GRS 12,05 22,89 26,51 32,53 4,82 1,20 34,94 37,35

Gerente - 12,50 50,00 18,78 6,25 12,50 12,50 25,03

Tem contribuído para o seu

desempenho profissional Função

Não Gerente 13,27 19,47 22,12 35,40 7,96 1,77 32,74 43,36

Resultado Global 17,80 24,80 23,30 27,10 5,40 1,60 42,60 32,50

ASV 15,22 13,04 21,74 41,30 6,52 2,17 28,26 47,82 Órgão

GRS 19,28 31,33 24,10 19,28 4,82 1,20 50,61 24,10

Gerente - 31,25 25,00 43,75 - - 31,25 43,75

Tem contribuído

para melhorar a relação do

empregado X gerente

Função Não Gerente 20,35 23,89 23,01 24,78 6,19 1,77 44,24 30,97

Legenda: DT = discordo totalmente; D=discordo; NDC= não dis cordo nem Concordo; C=concordo;

T=concordo totalmente; NR= Não respondeu; SD = somatório dos que discordam (parcial ou totalmente) SC

= somatório dos que concordam (parcial ou totalmente)

II – Dimensão Sistema

Levantada a questão quanto à concordância com os pontos avaliados, observa-se que,

tanto os respondentes da ASV, quanto da GRS, gerente e não-gerente, concordam

parcialmente com os pontos avaliados, evidenciando a necessidade de aprimoramento do

GDF a partir da visão da maioria.

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Tabela 27: Percepção dos avaliados quanto aos pontos avaliados (%)

Você concorda com os pontos

avaliados? Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Não resposta 2,3 2,17 2,41 0 3

Totalmente 8,5 15,22 4,82 19 7

Parcialmente 82,2 76,09 85,54 69 84

Não 7 6,52 7,23 13 6

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Em relação a questão sobre os critérios mais importantes observa-se, através dos dados

da tabela 28, que 78% dos respondentes da ASV consideraram o critério “Resultados e Metas”

como sendo o mais importante, seguidos de “Foco no Cliente”, “Domínio/Utilização do

Conhecimento”, “Planejamento da Tarefa”, “Solução de Problemas”, “Iniciativa”,

Relacionamento/Cooperação”, “Autodesenvolvimento”, “Segurança do Trabalho” e

“Assiduidade”, enquanto que os do GRS consideraram como a mais importante

“Domínio/Utilização do conhecimento”, seguidos de “Solução de Problemas”, “Iniciativa”,

“Cumprimento de Normas”, “Relacionamento/Cooperação”, “Resultados e Metas”,

“Segurança do Trabalho”, “Planejamento da Tarefa”, “Autodesenvolvimento” e Foco no

Cliente”.

Comparando-se os dois órgãos, percebe-se que dentre os 10 critérios considerados mais

importantes, apenas “Cumprimento de Normas” não foi considerado pela ASV e

“Assiduidade” pela GRS. Quanto ao fato do GRS não considerar “Assiduidade” como um dos

mais importantes é surpreendente, tendo em vista ser um órgão com características mais

rígidas que a ASV, pois opera e dá manutenção ao sistema elétrico da Regional Sul. Em

relação à ASV é plenamente natural a não inclusão de “Cumprimento de normas”, pois em

determinadas situações o uso dos normativos engessa o processo administrativo.

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Tabela 28: Percepção dos avaliados quanto aos critérios da Avaliação (%)

CRITERIOS / DIMENSÃO

MAIS IMPORTANTES RETIRARIA

GL ASV GRS GER NG GL ASV GRS GER NG

Não resposta 3,9 2,2 4,8 0 4 21,70 19,60 22,90 19 22

Resultados e Metas (Administrativa)

65,9 78,3 59 100 61 4,7 4,4 4,8 0 5

Flexibilidade (Psicossocial)

34,9 36,9 33,7 13 38 11,6 17,4 8,4 31 9

Articulação (Política) 8,5 10,9 7,2 25 6 46,5 43,5 48,2 25 50

Autodesenvolvimento (Psicossocial)

50,4 50 50,6 44 51 9,3 13 7,2 25 7

Assiduidade (Administrativa)

41,9 43,5 40,9 19 45 14,7 21,7 10,8 38 12

Iniciativa (Psicossocial) 62 56,5 65,1 50 64 3,9 4,3 3,6 0 4

Gestão de Pessoas (Psicossocial)

18,6 28,3 13,3 31 17 19,4 21,7 18,1 6 21

Delegação (Politica) 17,8 13 20,5 31 16 45 52,2 41 25 48

Foco no Cliente (Administrativa)

55 67,4 48,2 69 53 7,8 6,5 8,4 6 8

Planejamento das tarefas (Administrativa)

56,6 63 53 56 57 1,6 2,2 1,2 6 1

Domínio/Utilização do conhecimento(Técnica)

71,3 65,2 74,7 56 73 2,3 6,5 0 6 2

Cumprimento de Normas (Administrativa)

51,9 34,8 61,5 38 54 10,9 19,6 6 25 9

Solução de Problemas (Técnica)

66,7 60,9 69,9 56 68 3,1 0 4,8 6 3

Relacionamento/Cooperação (Psicossocial)

58,9 54,4 61,5 69 58 5,4 6,5 4,8 13 4

Segurança do Trabalho (Administrativa)

53,5 43,5 59 25 58 4,7 4,4 4,8 19 3

Otimização de Custo (Administrativa)

27,9 36,9 22,9 56 24 20,9 10,9 26,5 13 22

Informação e Analise (Administrativa)

17,1 6,5 22,9 6 19 27,1 37 21,7 56 23

Fonte: Questionário da pesquisa de campo Legenda GL = global GER = gerente e NG = Não-gerente

ASV = Administrativo GRS = Operacional

Ainda em relação à tabela 28, verifica-se que 100% dos respondentes na função gerente

consideraram o critério “Resultados e Metas” como sendo o mais importante, seguidos de

“Foco no Cliente”, , “Relacionamento/Cooperação”, “Solução de Problemas”, “Planejamento

da Tarefa”, “Domínio/Utilização do conhecimento”, “Otimização de Custo” , “Iniciativa” ,

“Autodesenvolvimento” e “Cumprimento de Normas”, enquanto que os não gerentes

consideraram “Domínio/Utilização do conhecimento” como o mais importante, seguidos de

“Solução de Problemas”, “Iniciativa”, “Resultados e Metas”, “Relacionamento/Cooperação”,

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“Segurança do Trabalho”, “Planejamento da Tarefa”, “Cumprimento de Normas” , “Foco no

Cliente” e “Autodesenvolvimento”.

O comparativo das respostas das duas funções revela opiniões divergentes. Dentre os 10

critérios considerados mais importantes pelos respondentes, apenas “Segurança do Trabalho”

não foi priorizado pelos gerentes e “Otimização de Custo” pelos não-gerentes. Um resultado

já esperado diz respeito ao fato dos não-gerentes não considerarem “Otimização de custo”

como um dos critérios mais importantes, uma vez que a preocupação maior dos empregados

reside em executar as suas tarefas e não em administrar o orçamento do seu órgão,

constituindo esta uma responsabilidade do gerente. O fato de “Segurança do Trabalho” não

aparecer como uma das mais importantes na concepção dos gerentes, demonstra que estes não

atentam para as questões de aplicação das normas, participação nos treinamentos e

contribuição para identificar, minimizar ou eliminar as condições de trabalho inseguro,

estando esses aspectos voltados mais para o operativo – que executa atividades nas

subestações e usinas, onde se requer muita atenção para essa questão.

No resultado global, a predominância é para “Domínio/Utilização do Conhecimento”

seguidos de “Solução de Problemas”, “Resultados e Metas”, “Iniciativa”,

“Relacionamento/Cooperação”, “Planejamento da Tarefa”, “Foco no Cliente”, “Segurança do

Trabalho”, “Cumprimento de Normas” e “Autodesenvolvimento”. Observa-se que dos 10

critérios que foram selecionados como os mais importantes pelos respondentes da ASV, GRS,

gerentes e não gerentes, apenas “Assiduidade” e “Otimização de Custo” não foram

considerados, no global, pela maioria.

Em relação aos 7 critérios a serem retirados, há uma oposição de percepções entre ASV

e GRS. Os respondentes da ASV retirariam “Cumprimento de Normas” enquanto que os GRS

o conservariam e retirariam “Otimização de Custo”, o qual foi considerado importante pelos

da ASV. Observa-se uma leve divergência da percepção dos respondentes da ASV quanto ao

critério “Assiduidade” pois o mesmo está entre os 7 a serem retirados, na 5ª posição, mais

aparece também, entre os 10 mais importantes, porém na 10ª posição.

Fazendo uma análise dos gerentes e não gerentes, observa-se que os não-gerentes

retirariam “Gestão de Pessoas” e “Otimização de Custo” considerados importantes pelos

gerentes enquanto estes retirariam “Autodesenvolvimento” e “Cumprimento de Normas” que

seriam conservados pelos não-gerentes. Aqui também percebe-se uma pequena divergência

dos gerentes quanto aos critérios “Autodesenvolvimento” e “Cumprimento de Normas” pois

os mesmos estão entre os 07 a serem retirados, nas 4ª e 7ª posições, mas aparece também,

entre os 10 mais importantes, porém na 9ª e 10ª posição, respectivamente.

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127

Observa-se, também, que, em termos percentuais, a maioria dos respondentes da GRS e

os não-gerentes valorizam mais os critérios nas dimensões “Psicossocial” e “Técnica”,

enquanto que os aspectos das dimensões “Administrativa” e Técnica”são mais valorizados

avaliados do ASV e pelos gerentes. Entretanto, ao responderem quais critérios retirariam,

apesar destas preferências, a GRS e não-gerentes concordam em manter critérios da dimensão

“Administrativa”, e a ASV e gerentes em manter os da dimensão “Psicossocial”,

demonstrando assim que estas são percebidas como necessárias ao desempenho eficiente das

atividades.

A exclusão da dimensão “Política” que é composta pelos critérios “Articulação e

Delegação” foi surpreendente devido a importância desta dimensão. Acredita-se que este

resultado seja pela falta de conhecimento dos avaliados quanto ao seu significado.

Em relação à satisfação dos avaliados com a metodologia da avaliação usada no GDF,

observa-se, através da tabela 29, que a maioria dos respondentes está parcialmente satisfeita

com a metodologia usada.

Tabela 29: Percepção dos avaliados quanto a metodologia da avaliação usada no GDF (%)

Você está satisfeito com a

metodologia de avaliação usada

no GDF?

Global

ASV

GRS

Gerente Não

Gerente

Não resposta 2,3 4,4 1,2 0 3

Totalmente 7,8 10,9 6 4 6

Parcialmente 71,3 67,4 73,5 7 85

Não 18,6 17,4 19,3 5 19

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Solicitou-se aos respondentes que apresentassem sugestões para melhoria do GDF e o

índice obtido foi de 63% de respostas. Dentre as sugestões apresentadas as com percentuais

significativos foram: 23,50% sugeriram o acompanhamento constante e sistematizado através

de um sistema informatizado no qual se possa registrar ações importantes realizadas pelo

empregado ao longo do ano; 9% solicitou maior feedback entre avaliador/avaliado e melhor

relacionamento interpessoal; 12,40% sugerem que a chefia seja imparcial nas avaliações,

acabando com o protecionismo e as decisões políticas; 6% afirmam que as avaliações

precisam ser mais justas; 13,60% observam que há a necessidade de uma metodologia mais

atualizada com maior objetividade e clareza de critérios e aplicações; 10% sugeriram uma

maior participação de todos os envolvidos no processo de discussão de melhoria da

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128

metodologia e no momento de definição das metas, sendo que estas devem ser mais claras e

negociadas; 6% propuseram mais treinamentos de esclarecimentos sobre o GDF e a adoção de

maior transparência no processo avaliativo; e, 7,40% apresentaram a necessidade dos

resultados serem efetivamente usados, que os bons desempenhos sejam recompensadas e que

os resultados sirvam para respaldar transferências; 3,70% apresentaram a idéia de ampliação

do processo incluindo a avaliação das chefias e entre colegas;

Além das sugestões acima, foram apresentadas outras como: setorização da avaliação

por instalação; implantação do processo em toda CHESF e que este seja aderente ao

planejamento global da organização; mais autonomia e maior flexibilidade do gerente,

pesquisa de satisfação com os empregados sobre a avaliação de desempenho e mudar a

filosofia da organização para que seja menos demagógica.

Também foi solicitado aos respondentes que apresentassem as influências da avaliação

de desempenho para o seu trabalho e o índice de respostas obtido foi de 68,20%. Desse total,

63,70% apontaram influências positivas da avaliação de desempenho na CHESF e 36,30%

negativas. Dentre os aspectos positivos, 32,20% responderam que o GDF auxilia na melhoria

do desempenho do funcionário, dos indicadores da empresa e do cumprimento de metas;

26,80% afirmaram que funciona como motivador dos empregados, os quais se sentem mais

comprometidos e valorizados; 25% informaram que acarreta influência positiva por indicar

direções de trabalho, por reconhecer o trabalho realizado e por proporcionar uma maior

integração com entre as equipes; 16% apontaram a melhora do processo de autocrítica pela

chance de rever os próprios erros e redirecionar esforços aumentando a auto-estima.

As respostas negativas concentraram-se com 62,50% afirmando que a avaliação de

desempenho tem muito pouca ou nenhuma influencia para o seu trabalho e 37,50% apontando

seus aspectos negativos como forte causadora de tensão, estresse, conflito, desmotivação,

devido a existir muita pressão, cobrança, temor e descrédito em relação ao processo avaliativo.

III – Dimensão Feedback

Quando questionados sobre em que momento os avaliados recebem feedback sobre o

seu desempenho, 51,90% dos respondentes afirmam que somente durante a avaliação; 26,40

afirmam que constantemente; 20,90% responderam que nunca recebem feedback e 0,80% não

respondeu à questão.

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129

Este resultado constitui um fator agravante para a Avaliação de desempenho da

CHESF, tendo em vista que o feedback é uma das etapas mais importantes do referido

processo. Diante dos dados apresentados acima, verifica-se que a grande maioria (72,80%) só

recebe o feedback durante a avaliação, a qual ocorre anualmente, ou ainda, nunca recebem o

feedback sobre os seu desempenho. O feedback serve para o avaliado como um termômetro

para medir como está desempenhando o seu papel, para a partir de então, adotar medidas

cabíveis para corrigir os seus desvios.

Analisando a tabela 30, observando as respostas por órgão e função, verifica-se que a

situação anterior se apresenta com maior intensidade no órgão GRS e na função de não

gerente. Entretanto, os resultados do ASV e para a função de gerentes também não são

satisfatórios.

Tabela 30: Percepção dos avaliados em relação à freqüência do feedback (%)

Variável Órgão Função Em que momento você recebe feedback sobre o seu desempenho?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Durante a avaliação 51,90 50,00 53,01 50,00 52,21

Constantemente 26,40 36,96 20,48 31,25 25,66

Nunca 20,90 10,87 26,51 18,75 21,24

Não respondeu 0,80 2,17 - - 0,89

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Quando recebem feedback, 43,40% dos avaliados respondentes afirmam que tanto os

aspectos positivos quanto os negativos são comentados na mesma proporção; 31,80%

afirmam que os pontos negativos são mais ressaltados; enquanto 11,60% responderam que o

mais ressaltado são os pontos positivos. 13,20% não responderam à questão. Considerando a

segmentação por órgão e função, verifica-se que as respostas se apresentaram de forma

similar ao resultado global, conforme pode ser observado na tabela 31.

Tabela 31: Percepção dos avaliados sobre características que são mais ressaltadas no feedback (%)

Variável Órgão Função No feedback o que é mais ressaltado?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Pontos positivos 11,60 15,22 9,64 12,50 11,50

Pontos negativos 31,80 30,43 32,53 43,75 30,09

Há um equilíbrio entre ambos 43,40 50,00 39,76 43,75 43,36

Não respondeu 13,20 4,35 18,07 - 15,05

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

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130

Quando questionados com que freqüência as características positivas são comentadas no

feedback, 49,60% dos avaliados respondentes afirmam que somente às vezes isso ocorre;

23,30% afirmam que sempre; 16,30% responderam que nunca; e 10,90% não opinaram.

Tabela 32: Percepção dos avaliados sobre os comentários positivos no feedback (%)

Variável Órgão Função Com que freqüência suas características positivas são comentadas no feedback?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Sempre 23,30 39,13 14,46 50,00 19,47

Às vezes 49,60 47,83 50,60 25,00 53,10

Nunca 16,30 8,70 20,48 25,00 15,04

Não respondeu 10,90 4,35 14,46 - 12,39

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

57,40% dos avaliados respondentes afirmam que somente às vezes as metas que são

executadas por ele são negociadas previamente; 26,40% responderam que sempre suas metas

são negociadas de forma prévia; e 14% afirmam que nunca têm esta negociação prévia. 2,30%

não responderam à questão.

Tabela 33: Percepção dos avaliados quanto à negociação das metas (%)

Variável Órgão Função As metas que você executa são negociadas previamente?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Sim, sempre 26,40 36,96 20,48 43,75 23,89

Sim, às vezes 57,40 56,52 57,83 56,25 57,52

Não 14,00 4,35 19,28 0,00 15,93

Não respondeu 2,30 2,17 2,41 - 2,66

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Observando a tabela 33, traçando um comparativo entre os órgãos e entre as funções,

percebe-se que os avaliados do ASV e os que exercem a função de gerente tiveram uma

freqüência maior de respondentes que afirmam que sempre negociam suas metas previamente

do que do órgão GRS e a função de não-gerentes, respectivamente. E mais, estes últimos

apresentaram uma maior freqüência dos que afirmam que nunca têm suas metas negociadas

previamente.

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131

Quando questionado aos avaliados se as suas metas são compatíveis com o que podem

realizar, a grande maioria respondeu que sim, porém 58,10% afirmam que de forma parcial,

33,30% afirmam que de forma total e apenas 7% responderam que as metas não são

compatíveis com o que ele pode realizar. 1,60% não opinou.

Tabela 34: Percepção dos avaliados em relação a metas X capacidade de realizá-las (%)

Variável Órgão Função Suas metas são compatíveis com o que você pode realizar?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Sim, totalmente 33,30 41,30 28,92 62,50 29,20

Sim, parcialmente 58,10 56,52 59,04 31,25 61,95

Não 7,00 2,17 9,64 6,25 7,08

Não respondeu 1,60 - 2,41 - 1,77

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Analisando a tabela 34, observa-se que a função de gerente foi a que apresentou a

maior freqüência dos que afirmam que as metas são totalmente compatíveis com o que podem

realizar.

Quanto à facilidade de diálogo com seu chefe, 51,20% dos avaliados respondentes

afirmam que sempre têm espaço para expor suas opiniões no processo de avaliação, enquanto

24,80% responderam que somente às vezes encontram essa abertura e 22,50% afirmam que

não possuem qualquer tipo de espaço para expor sua opinião. 1,60% não opinou.

Tabela 35: Percepção dos avaliados quanto à facilidade para exposição de opiniões (%)

Variável Órgão Função Durante o processo de avaliação você tem espaço para expor sua opinião?

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Sim, sempre 51,20 69,57 40,96 81,25 46,90

Sim, às vezes 24,80 21,74 26,51 12,50 26,55

Não 22,50 8,70 30,12 6,25 24,78

Não respondeu 1,60 - 2,41 - 1,77

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Analisando a tabela 35, conclui-se que os avaliados do ASV e os que exercem a

função de gerente possuem uma liberdade maior para expor suas opiniões do que os do GRS e

os não gerentes.

De acordo com as respostas dos avaliados, a relação entre chefe e subordinado

acontece de forma bastante positiva: 48,80% afirmam que têm uma boa relação; 34,90%

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afirmam que a relação é ótima; 15,50% consideraram regular; e apenas 0,80% respondeu que

a relação é ruim.

Tabela 36: Percepção dos avaliados quanto ao relacionamento Chefe X Subordinado (%)

Variável Órgão Função O seu relacionamento com o seu chefe é:

Global ASV GRS Gerente Não Gerente

Ótimo 34,90 47,83 27,71 43,75 33,63

Bom 48,80 39,13 54,22 37,50 50,44

Regular 15,50 10,87 18,07 12,50 15,93

Ruim 0,80 2,17 - 6,25 -

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

A grande maioria dos avaliados respondentes, 79,10%, afirma que a relação com o

chefe permaneceu a mesma a partir do processo de avaliação. 17,10% responderam que a

relação melhorou e 3,90% afirmam que a relação piorou. Apenas 17,83% dos respondentes

justificaram suas respostas. Os que justificaram o motivo pelo qual a relação melhorou

(13,04%), atribuíram ao fato de adquirirem maior abertura para expor suas opiniões e também

por receberem alguns treinamentos que contribuíram para tornar mais positivo o

relacionamento interpessoal. Os que justificaram o porquê da relação ter piorado (26,09%),

alegaram o motivo de falta de coerência por parte do gerente em atribuir as notas ou por não

receberem feedback de suas avaliações. E, dos que justificaram que a relação permaneceu a

mesma (60,87%), 35,71% afirmaram que a relação sempre foi muito boa, 28,58%

responderam que sempre teve problemas de relacionamento interpessoal e 35,71% acreditam

que o não acontecimento da melhora pode ter se dado por alguns motivos, a saber: questões

políticas, inflexibilidade do processo avaliativo, impedimentos da alta administração e falta de

credibilidade nas avaliações por parte dos avaliados.

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133

CÁPITULO VI – CONCLUSÃO

1 - ANÁLISE COMPARATIVA

No presente estudo, verificaram-se algumas similaridades e divergências em relação às

percepções dos avaliadores e avaliados sobre o sistema de gerenciamento de desempenho da

CHESF. Será traçado, a seguir, um comparativo entre essas percepções.

Diante dos dados obtidos, observa-se que os avaliadores demonstraram um grau de

insatisfação maior do que os avaliados quanto à periodicidade em que é aplicada a avaliação

de desempenho na CHESF, apresentando um percentual de 59,10% e 44,96%,

respectivamente, de respondentes que não concordam que a avaliação seja anual. Ambos os

resultados, portanto, são significativos. Pressupõe-se que este elevado índice de não aceitação

decorra, por parte dos avaliadores, da dificuldade que os mesmos enfrentam para coletar os

dados e fornecer um feedback mais preciso ao final do processo avaliativo. Por parte dos

avaliados, presume-se que seja decorrente da necessidade que os mesmos têm em receber

constantemente o resultado do seu desempenho. Essas pressuposições estão pautadas nos

resultados apresentados de acordo com o questionário aplicado neste trabalho, tendo em vista

que, diante das respostas dos avaliados e avaliadores, ficou demonstrado que há um índice

alto de avaliadores que só fornece feedback no momento da avaliação.

O feedback constante é um fator que possibilitará ao empregado perceber suas

deficiências, podendo melhorá-las no seu dia-a-dia, permitindo também que o mesmo seja

reconhecido pelos seus sucessos de forma mais freqüente. Um aspecto de suma importância é

que o feedback venha a ressaltar, ainda, os pontos positivos. O empregado precisa se sentir

valorizado pelo seu trabalho e não apenas receber críticas pelo seu mau desempenho. “Às

vezes, uma mera massagem no ego, desde que sincera e genuína, pode ser tão importante

quanto um aumento de salário ou uma promoção” (Siqueira, 2002, p. 123). De acordo com as

respostas dos avaliadores e avaliados no questionário deste estudo, referentes à freqüência

com que as características positivas são comentadas no feedback, observa-se que houve uma

contradição entre as respostas dos mesmos, conforme pode ser observado na tabela 37:

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134

Tabela 37: Percepção dos respondentes quanto à freqüência de feedback positivo (%)

Com que freqüência suas características positivas são comentadas no feedback?

Avaliador Avaliado

Sempre 68,20 23,30

Às vezes 27,30 49,60

Nunca - 16,30

Não respondeu 4,50 10,90

Fonte: Questionário da pesquisa de campo

Verifica-se que a maior parte dos avaliadores afirma que comenta freqüentemente as

características positivas dos seus subordinados, o que, no entanto, não é percebido de forma

tão freqüente pelos avaliados. Então, supõe-se que os avaliadores não estão deixando tão

perceptivo para os avaliados o reconhecimento do seu trabalho. Para que o feedback positivo

venha a surtir efeitos satisfatórios, faz-se necessário que este seja transmitido de forma

adequada, ou seja, em um momento oportuno e realmente merecido. “O avaliador, que tem o

hábito do “elogio fácil”, dirigido a torto e a direito, dá a impressão de que se contenta com

pouco, e, assim, inadvertidamente estimula o desempenho medíocre de seus subordinados”.

(SIQUEIRA, 2002, p. 130).

A maioria dos avaliados respondentes ao questionário da presente pesquisa (51,20%)

respondeu que sempre tem espaço para expor sua opinião no processo de avaliação, enquanto

24,80% afirmam que somente às vezes encontram esta oportunidade e 22,50% responderam

que essa abertura nunca acontece. Novamente a divergência de opiniões ocorreu entre os

avaliados e avaliadores, uma vez que todos os avaliadores respondentes afirmam que abrem

espaço para que seus subordinados exponham sua opinião, sendo que 86,40% dos mesmos

afirmam que isto ocorre de maneira freqüente enquanto apenas 13,60% responderam que

somente às vezes esta abertura é permitida. Será então que os avaliadores estão realmente

estimulando um canal de comunicação claro e mútuo entre eles e seus subordinados ou apenas

os ouvem quando emitem sua opinião? É preciso que o avaliador esteja realmente atento às

sugestões do avaliado no momento do feedback. Gillen (2000) alerta que o avaliador deve se

lembrar de que, apesar das suas inúmeras obrigações a fazer, do ponto de vista de cada

avaliado a situação é diferente, ou seja, o feedback é a oportunidade que ele tem, às vezes uma

vez por ano, de merecer a completa atenção do seu superior.

Quanto ao processo avaliativo, percebe-se que os avaliados demonstram não conhecer

de forma precisa quais os reais objetivos a que se propõe a Avaliação de Desempenho da

CHESF, uma vez que quando lhes foi questionado sobre o referido assunto não se obteve um

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135

percentual representativo de respostas em qualquer um dos objetivos apresentados, sendo que

as alternativas “avaliação das necessidades de treinamento” e “promoção para cargos”

apresentaram maiores índices de resposta, 54,30% e 50,40%, respectivamente. Vale ressaltar

que a referida questão foi de múltipla escolha, por esse motivo o somatório dos percentuais

ultrapassa 100%.

Em relação ao clima que se manifesta no momento da avaliação do GDF, verifica-se

que o de tranqüilidade se apresentou com uma maior intensidade, vindo logo em seguida o de

ansiedade. Os resultados se apresentaram de forma bastante similar entre os avaliadores e

avaliados, ou seja, o percentual de avaliadores e avaliados respondentes que afirmam se sentir

tranqüilos é de 59,10% e 58,10% e dos que afirmam se sentir ansiosos é de 27,30% e 21,70%

, respectivamente. Esse resultado se mostrou um pouco surpreendente tendo em vista que

conforme pesquisa aplicada anteriormente na CHESF, os avaliados e avaliadores mostraram

sentir-se demasiadamente insatisfeitos com a avaliação de desempenho aplicada na empresa.

Em função disso esperava-se que o resultado da atual pesquisa demonstrasse uma

predominância pelo sentimento de desmotivação, preocupação ou outros similares.

No entanto, para ratificar a insatisfação do avaliado quanto ao GDF, o resultado da

pesquisa do presente trabalho demonstra que 46,50% dos avaliados respondentes discordam

(de forma parcial ou total) que o GDF vem atendendo suas expectativas contra 27,90% que

concordam (de forma parcial ou total) com essa afirmativa.Um outro ponto a ser considerado

é que, apesar de um percentual maior de avaliados respondentes afirmarem que os resultados

das suas avaliações condizem com o seu desempenho funcional (53,50%), uma freqüência

significativa (45,70%) afirma o contrário. Aliado a tudo isto, a maioria dos avaliados

(62,80%) afirma que já se sentiu injustiçado em alguns critérios da avaliação, atribuindo o

maior percentual dessa injustiça a questões gerenciais como, por exemplo, protecionismo,

incapacidade de avaliar e falta de conhecimento do gerente sobre o trabalho do subordinado.

O questionamento a respeito do GDF favorecer ao crescimento pessoal dos avaliados

após as avaliações apresentou respostas similares à questão anterior, ou seja, 51,20% dos

avaliados respondentes afirmam que sim, enquanto que 43,40% responderam que não. Ao

emitirem sua opinião quanto a este crescimento pessoal dos avaliados, os avaliadores

demonstraram uma percepção mais positiva, apresentando-se um percentual de 72,20% que

responderam afirmativamente à alternativa, enquanto 27,30% negativamente. Já em relação

ao fato do GDF contribuir para o crescimento profissional dos avaliados, percebe-se que os

mesmos reagiram mais positivamente a este questionamento, sendo apresentado um

percentual de 58,60% de avaliados que concordam com a afirmativa enquanto que 30,20%

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136

que não concordam. Para a maioria dos avaliados respondentes, um ponto positivo no GDF é

que ele vem contribuindo para que as metas da empresa sejam atendidas.

No que se refere às metas que são estabelecidas pela CHESF, a maioria dos

avaliadores (77,30%) afirma que buscam sempre conhecer aquelas que são atribuídas aos seus

avaliados, enquanto que 22,70% responderam que somente às vezes agem dessa forma. Todos

os avaliadores respondentes afirmam que negociam as mesmas com os seus subordinados,

sendo que 54,40% responderam que esta negociação é parcial enquanto que 45,50% afirmam

que as metas são totalmente negociadas. No entanto, 14% dos avaliados respondentes

afirmam que nunca têm a negociação prévia de suas metas, 57,40% afirmam que somente às

vezes existe esse tipo de negociação e apenas 26,40% responderam que sempre as suas metas

são negociadas.

Para a maioria dos avaliados respondentes as metas estabelecidas são compatíveis com

o que eles podem realizar, porém 58,10% afirmaram que somente de forma parcial e 33,30%

responderam que de forma total e apenas 7% afirmam que há uma incompatibilidade entre as

metas e a sua condição de desempenhá-las. O que se faz necessário é analisar o motivo pelo

qual a maioria os avaliados respondentes acusaram não possuir uma completa compatibilidade

entre as metas estabelecidas e o que é possível de se realizar. Um dos fatores que pode ser

responsável por este resultado é a falta de suporte necessário para o cumprimento das

mesmas. Apesar de 95,50% dos avaliadores respondentes afirmarem que fornece suporte para

que seus empregados possam cumprir suas metas, a maioria (71,30%) dos avaliados afirma

que somente às vezes a CHESF oferece esse tipo de suporte.

Em relação aos pontos avaliados, tanto os avaliadores quanto os avaliados concordam

parcialmente com estes, com percentuais em média de 95,5% e 82,2% respectivamente, o que

demonstra a necessidade de melhoria dos critérios da avaliação.

Quanto aos critérios mais relevantes, observa-se que, dentre os 10 mais importantes, há

uma coincidência de opiniões entre os avaliadores e os avaliados, alterando apenas sua

classificação. Para os avaliadores os 3 mais importantes são “Resultados e Metas” (95,5%),

“Iniciativa”(86,4%) e “Solução de Problemas” (68,2%), enquanto que para os avaliados em

1º lugar está “Domínio/utilização do conhecimento” (71,3%) , seguido de “Solução de

Problemas” (66,7%) e “Resultados e Metas”(65,9%). Deduz-se, a partir desses dados, que os

avaliadores estão mais preocupados em atingir os resultados, sejam relativos à satisfação dos

clientes, ao mercado, às pessoas, aos fornecedores, aos parceiros ou financeiro, enquanto que,

na percepção dos avaliados, para se atingir as metas é necessário, em primeiro lugar, que os

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137

empregados disponham dos conhecimentos indispensáveis à realização das tarefas e sejam

capazes de assumir e solucionar os desafios que surgirem.

Em relação aos critérios que seriam retirados, o resultado foi o mesmo para ambas

amostras, alterando apenas a classificação. Para os avaliadores em 1o lugar está “Informação e

Análise”, depois “Articulação” e “Delegação”, enquanto que para os avaliados em 1o lugar

está “Articulação”, seguido de “Delegação” e “Informação e Análise”. Observa-se

unanimidade quanto à retirada da dimensão política que é composta pelos critérios

Articulação e Delegação. Considerando que para Matos (1991) o desempenho profissional

exige do empregado atitudes, habilidades e conhecimentos, em quatro dimensões – técnica,

administrativa, psicossocial e política – e sendo as mesmas consideradas no GDF, conclui-se

que a falta de conhecimento da fundamentação teórica da metodologia de avaliação com

esclarecimentos sobre a importância desses critérios pode ter levado os avaliadores e

avaliados a considerá-los descartáveis.

Com referência à satisfação com a metodologia da avaliação usada no GDF, tanto os

avaliadores quanto os avaliados concordam parcialmente com esta em percentuais de 77,3% e

71,3%, respectivamente, demonstrando mais uma vez o desejo destes de que se realizem

melhorias no processo que vivenciam.

Pelas sugestões apresentadas para a melhoria do GDF, tanto por parte dos avaliadores

quanto por parte dos avaliados, percebe-se que a maior carência diz respeito à necessidade de

um sistema contínuo de acompanhamento do desempenho do empregado que possibilite a

adoção de ações corretivas sobre os desvios verificados no plano de trabalho. Nesse registro

constariam, também, as ações positivas do funcionário a fim de evitar injustiças ao final da

avaliação, através de um exato conhecimento do desempenho total do mesmo naquele

período. A adoção do acompanhamento sugerido possibilitaria encontros mais freqüentes,

sistemáticos, rotineiros e eficazes entre avaliador e avaliado, havendo, portanto, uma maior

interação e transparência no processo.

Percebe-se, ainda, a necessidade de mais treinamentos e envolvimento das pessoas com

o sistema de avaliação, desde o processo de implantação, para que as mesmas possam opinar,

até a estipulação de metas, para que haja um maior comprometimento. Através dos dados da

pesquisa, observa-se que na CHESF há um desconhecimento da metodologia proposta, o que

acarreta em modos diferentes de aplicação da mesma, com cada gerente agindo de acordo sua

interpretação do processo avaliativo, minando a eficiência do mesmo e produzindo resultados

negativos para a organização.

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138

Em relação à influência da avaliação de desempenho para o trabalho de cada

empregado, embora já tenhamos identificado falhas na sistemática do GDF gerando

insatisfações de todos os envolvidos, percebe-se uma proximidade no resultado entre

avaliadores e avaliados numa seta positiva para a satisfação sentida por ambos pelo motivo do

GDF proporcionar maior clareza de suas posições e responsabilidades quanto às suas

atividades. Entretanto, o índice negativo é preocupante, oscilando entre 30% e 40%, o que

indica a necessidade de a organização rever seus posicionamentos para detectar mais

profundamente as causas dos índices de rejeição e sanar esses problemas investindo nos

aspectos que proporcionam uma visão positiva da avaliação de desempenho.

Pode ser observado, através dos resultados supracitados, que existem algumas

deficiências na aplicabilidade do processo avaliativo da CHESF. Um fator surpreendente,

porém, é que foi constatado, por meio deste trabalho, que a relação entre o chefe e

subordinado se mostra bastante positiva tanto na percepção dos avaliados como na dos

avaliadores. É de se esperar que, quando os resultados das avaliações não atendem às

expectativas do avaliado, esse fato venha a comprometer o relacionamento interpessoal entre

o mesmo e o seu superior. No entanto, na empresa estudada, verificou-se que a maioria dos

respondentes afirma que após as avaliações não houve qualquer tipo de alteração entre a

relação chefe X subordinado. Esta convivência harmoniosa poderá ser um grande facilitador

para a melhoria do processo avaliativo na CHESF.

2 – REFLEXÕES FINAIS

A apresentação das análises sobre a avaliação de desempenho na CHESF – obtidas na

pesquisa aplicada na organização – trouxe à tona as respostas para o objetivo proposto por

este trabalho: identificar os fatores influenciadores no processo de avaliação do desempenho

funcional da CEHSF que proporcionam insatisfação para os avaliadores e avaliados. A

hipótese apresentada era que o fator influenciador mais forte da etapa de avaliação de

desempenho se localizava no processo de diálogo entre os envolvidos, o feedback. As

informações obtidas na pesquisa de campo ratificaram essa hipótese.

As percepções negativas em relação ao sistema de avaliação de desempenho na

empresa estudada estão intimamente relacionadas ao seu perfil de características

organizacionais definido pelos pesquisados como sendo predominantemente pertencente ao

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139

Sistema 2, autoritário benevolente, com algumas tendências para o Sistema 3, participativo

deliberativo. As variáveis causais são as responsáveis pela classificação da empresa estudada

no Sistema 2 pelos respondentes devido ao fato da empresa possuir sua estrutura

organizacional, diretrizes, decisões e estratégias focadas num estilo de administração pouco

participativo, com alta concentração do processo decisório e pouca confiança interna

gerência-subordinados.

Na pesquisa aplicada o destaque foi a variável Decisão, na qual se evidência um fraco

grau de confiança superior-subordinado, uma concentração das decisões na alta administração

e nas gerências, pouca participação da maioria dos empregados no processo de gestão, e uma

comunicação pautada num fluxo de informações de cima para baixo. Outro destaque diz

respeito à Motivação já que 26,40% dos respondentes consideraram que o sistema

motivacional da empresa é baseado em punições e ameaças.

Outros aspectos apontados como principais fatores causadores da insatisfação dos

envolvidos no processo avaliativo foram as questões relacionadas ao feedback e a

transparência do processo bem como a relação de confiança entre a alta administração, a

gerência e os empregados.

O feedback no processo avaliativo da empresa em estudo não vem recebendo a

importância merecida, servindo o mesmo apenas como mais um instrumento burocrático a ser

cumprido. No entanto, este constitui uma valiosa ferramenta para crescimento de ambas as

partes envolvidas no processo. Para Siqueira (2002), quando o avaliador fornece feedback,

muitas vezes está presenteando o avaliado com a oportunidade de crescer, inclusive pelo

desenvolvimento da sua maturidade pessoal em discernir entre o conteúdo e a forma do que

lhe é dito, aprendendo a encaixar e absorver o que for, de fato, relevante, oportuno e

adequado. Os avaliadores, por sua vez, também poderão receber benefícios para o seu

desempenho profissional e pessoal durante a etapa do feedback a partir das observações, dos

comentários e das sugestões do avaliado.

Nesta questão do feedback, uma queixa constante diz respeito à falta de

acompanhamento sistemático do desempenho do avaliado ao longo do ano. Isso promove a

ocorrência do “efeito de recentidade”, no qual os gerentes são influenciados pelos últimos

acontecimentos, não contemplando o desempenho do empregado como um todo. Uma das

condições necessárias para se obter resultados positivos no feedback é que o mesmo se

apresente de forma justa, transparente, constante e que haja a oportunidade do avaliado expor

suas opiniões. Para que os resultados se apresentem de forma mais fidedigna possível, faz

necessário que o avaliador, no momento da discussão com o avaliado, apresente dados reais

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sobre o desempenho deste. Na empresa estudada, o sistema GDF não contempla um meio de

serem descritas de forma constante as observações sobre o avaliado. Sugere-se, então, a

criação de uma forma para que o referido sistema possibilite o registro dessas observações à

medida que elas ocorram, assim, o avaliador estaria de posse de uma ferramenta de

informações concretas para serem apresentadas ao avaliado no momento do feedback.

O feedback precisa se realizar de maneira constante para que o avaliado possa conhecer

as suas deficiências e tentar superá-las no cotidiano do seu trabalho, evitando, desse modo, a

reincidência no futuro, bem como um reflexo negativo no final da avaliação. Nesse ponto

entra a significativa insatisfação de 44,96% dos avaliados quanto ao fato da avaliação ser

apenas anual, sem reuniões de acompanhamento. Essa situação, se não for modificada, pode

levar a situações esdrúxulas. Por exemplo, um gerente detecta no meio do ano um desvio que

afetará o atingimento da meta proposta. Deveria ele esperar até o “Dia da Avaliação” para

discutir o problema com o subordinado? A resposta mais coerente é que correções devem ser

efetuadas ao longo do processo. Portanto, modificar a metodologia para que inclua

procedimentos de acompanhamentos sistemáticos é uma ação necessária e que urge ser

transmitida e absorvida pelos avaliadores, pois de nada adianta um sistema avaliativo se este

não for corretamente usado.

Com relação à transparência, há um descrédito por parte dos avaliados por não

perceberem resultados concretos a partir da utilização dos dados do processo de avaliação.

Além disso, não há uma clarificação sobre os objetivos do sistema. As reivindicações indicam

necessidades de uma maior participação de todos no processo de definição das metas e que

estas sejam claras e totalmente negociadas. É preciso, ainda, que ocorram treinamentos sobre

o processo de avaliação de desempenho, seus objetivos, metodologias e aplicações, e haja

uma preparação de avaliadores e avaliados para que desempenhem seus papéis de uma forma

pró-ativa.

Apesar de 83,70% afirmarem existir um bom ou ótimo relacionamento chefia-

subordinado a relação de confiança entre a alta administração, a gerência e os demais

empregados também foi considerada precária e como forte influenciadora negativa. Isto se

deve ao fato de que muitos respondentes tendem a considerar as chefias parciais em seus

julgamentos, adotando posições protecionistas com caráter político sem qualquer ligação com

as estratégias organizacionais. Esta é uma queixa típica relacionada ao setor público, no qual

há gerentes que não concebem a organização como uma empresa e sim como um protetorado,

buscando garantir privilégios para alguns.

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141

A gerência foi alvo de muitas críticas por parte dos avaliados, que consideram que falta

comprometimento desta com o processo avaliativo, havendo um despreparo geral para lidar

com as situações de feedback, além de uma mentalidade focada no protecionismo e na falta de

transparência. 45,70% dos avaliados apontam a incapacidade da chefia como fator

responsável pelos principais problemas da avaliação; pelo fato dos gerentes não conhecerem o

trabalho dos subordinados, serem parciais e agirem com protecionismo. Além disso, por se

influenciarem por eventos recentes e não contemplarem o trabalho como um todo, cometerem

erros de indulgência positiva, não destacando os mais competentes ou ressaltarem mais os

pontos negativos do desempenho dos empregados. Essas atitudes gerenciais afetam a

credibilidade do sistema de avaliação de desempenho ao diminuírem a transparência do

mesmo e, por isso, deve-se ter sempre em mente que o bom relacionamento interpessoal não é

garantia de resultados positivos se não estiver ligado à competência técnica administrativa.

A objetividade do processo de avaliação de desempenho também precisa ser ampliada

através da redução dos critérios comportamentais, centrando-se mais nos resultados e menos

nos comportamentos em si. O processo tem que se ajustar ao planejamento estratégico da

organização e ter influência significativa na gestão da mesma. Isso exige a implantação de um

sistema de gerenciamento de desempenho atrelado à política de recursos humanos da

organização, na qual poderá servir de base para decisões sobre carreira e remuneração, a fim

de aprimorar e motivar os funcionários, enfatizando-se a excelência de seus produtos e

serviços.

A fim de resolver os problemas de insatisfação dos empregados com o seu sistema de

avaliação de desempenho, a empresa em estudo, primeiramente, precisa trabalhar os aspectos

relacionados ao estilo de administração apresentado na organização. O estilo autoritário

benevolente não é favorável à existência de um sistema de avaliação de desempenho que

deseje produzir reais resultados positivos. A alta administração precisa se comprometer com o

processo e dar credibilidade ao mesmo demonstrando o concreto uso dos resultados obtidos

nas avaliações. Faz-se necessário definir aonde a organização quer chegar estrategicamente e

o estilo de gestão que pretende adotar para se tornar uma empresa moderna. Um problema

difícil de ser contornado no estilo da empresa estudada é a questão da existência dos

chamados cargos de confiança que abrangem toda a liderança, da diretoria às gerências. Um

plano de cargos e salários fica em segundo plano quando as promoções estão mais atreladas

ao fator confiança que ao aspecto merecimento. Um passo importante em direção à

modernização da empresa é a adoção de um plano de carreira pautado nas competências dos

funcionários, onde a ascensão ocorra por merecimento, de modo que, assim cada um possa ter

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uma visão real sobre até onde pode ir na organização através de seus méritos, bem como

desenvolver um trabalho constante de aprimoramento técnico e pessoal em busca de

resultados cada vez mais positivos para a empresa.

A cultura da CHESF exigirá novos estudos a fim de que se elaborem ações que

produzam mudanças substanciais na forma de liderança. Protecionismos, interferências

políticas devem ser vistos como comportamentos nocivos e sua eliminação exige urgência a

fim de se criar um clima de confiança interna que dê credibilidade ao uso do sistema de

avaliação de desempenho. Acrescido a isso, as chefias precisam ser sensibilizadas para a

necessidade da auto-avaliação, como uma forma de conhecerem suas próprias competências e

limitações.

Antes de ensinar os avaliadores a observarem adequadamente o seu pessoal, torna-se indispensável colocá-los em condições de conhecerem a si próprios de forma mais clara. Conhecendo o seu estilo comportamental estarão em condições de corrigirem as possíveis distorções que naturalmente imprimiriam aos perfis dos seus subordinados. (BERGAMINNI, 1983, p. 10)

Sugere-se, ainda, a apresentação de seminários de esclarecimentos sobre o processo

avaliativo abrindo espaço para questionamentos e a participação de todos na reformulação do

modelo GDF para que se assemelhe às necessidades dos envolvidos. Não adianta apresentar

um modelo totalmente pronto se este não se adequa aos seus usuários, pois isso produz

insatisfação e resistência. Além disso, todos devem passar por treinamentos que esclareçam as

nuanças de um processo de avaliação, focando nos erros de percepção, a fim de gerar

resultados mais precisos e confiáveis.

Outro ponto a ser ressaltado é que a organização deve deixar claro, desde o princípio, os

objetivos do processo de avaliação de desempenho, o direcionamento dos resultados obtidos,

além de analisar suas reais possibilidades de oferecer recompensas pecuniárias a fim de adotar

outros mecanismos de incentivo ao bom desempenho. Estes precisam ser aprimorados de

forma a extinguir os problemas ocorridos por falta de planejamento de um sistema claro de

recompensas ou pela falta de compreensão de todos dos objetivos do sistema avaliativo.

O gerenciamento do desempenho precisa levar em conta o alcance dos objetivos

propostos, tanto em relação aos resultados da organização, quanto ao desenvolvimento

pessoal e profissional do funcionário. Uma proposição deste estudo seria a criação de um

sistema que englobasse não só a análise do desempenho, contemplando a verificação dos

resultados e metas alcançadas, mas também a identificação de talentos, buscando desenvolvê-

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los para formar líderes, e criar um cadastro de possíveis substitutos visando futuras

promoções.

A identificação de talentos permite que a organização tenha à sua disposição

informações extremamente ricas sobre a potencialidade de seu capital humano. Essa

identificação poderia ocorrer através de um sistema que absorvesse informações sobre cada

empregado em relação a aspectos como criatividade, conhecimento técnico, competências,

aptidões, treinamentos, capacitação, aspirações pessoais e profissionais, formação educacional

e inteligência interpessoal, capacidade de liderança e projetos em que esteja envolvido. Além

disso, os empregados colocariam na intranet um currículo atualizado à disposição do setor de

Recursos Humanos, podendo o mesmo ser utilizado como mais um instrumento de

gerenciamento do desempenho do empregado.

As informações obtidas nesses dois instrumentos serviriam de subsídio para um terceiro,

o cadastro de possíveis substitutos, que se caracterizaria por ser uma lista de empregados

aptos a assumirem cargos de liderança. Esse instrumento estaria atrelado à política de

promoção e ao plano de cargos e salários da organização podendo ser elaborado pela gerência

juntamente com o setor de Recursos Humanos. A implantação de um sistema desse tipo

requer o uso de recursos financeiros e humanos. No entanto, traz como resultado uma

organização mais eficiente através do desenvolvimento de seu capital humano.

A avaliação sistemática deve ser uma prática na qual o desempenho é analisado no

decorrer do ano com uma avaliação parcial formal no final do primeiro semestre, a fim de

verificar os progressos realizados, adicionar mais objetivos e redirecionar esforços visando

suprir falhas ocorridas. As soluções para o baixo desempenho podem ser resolvidas com

treinamentos, redimensionamento dos objetivos ou transferência do empregado para um setor

no qual venha a potencializar suas competências. Ao final do processo, os resultados devem

ser analisados de forma criteriosa apresentando as metas cumpridas e as não atingidas, caso

isso ocorra, vinculado-as as suas verdadeiras causas. Devem constar, também, os resultados

atingidos que não estavam no plano originalmente definido.

Uma outra medida é tornar o sistema de avaliação mais democrático de duas formas: a)

permitindo a ampla participação dos empregados no momento de definição de suas metas; b)

ampliando o processo avaliativo para o modelo 360º. Para isso a organização precisa estar

com um estilo de administração no mínimo participativo deliberativo a fim de obter resultados

significativos com esse modelo. Os empregados, ao atuarem de forma concreta no

estabelecimento de suas metas, tornam-se mais compromissados o que eleva os índices de

bons/ótimos desempenhos. A possibilidade do empregado obter retorno sobre o seu

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desempenho de mais pessoas que conhecem e são influenciadas pelo seu trabalho, além deste

também poder avaliar os seus pares, torna o processo menos subjetivo, mais claro,

democrático e popular.

A filosofia de recompensas precisa ser claramente definida. Todos devem saber os

procedimentos resultantes do seu desempenho. A avaliação de desempenho não deve ser

diretamente vinculada a aumentos por mérito, mas sim a bônus por desempenho não

incorporados ao salário. As cotas para bonificação precisam ser estabelecidas de forma tal que

não ocorram situações em que pessoas com o mesmo desempenho em funções similares

recebam recompensas diferentes. Se não há recurso para reconhecimentos financeiros a

empresa deve adotar outras medidas que recompensem os bons desempenhos, a saber:

oportunidade de transferências, cursos de pós-graduação, treinamentos desejados pelos

empregados, real possibilidade de ascensão na organização.

Oliveira-Castro, Lima & Veiga (1996) ressaltam como condições necessárias à

sustentação de um sistema de avaliação de desempenho o aprimoramento de mecanismos de

incentivo ao bom desempenho, o acompanhamento constante do impacto da implantação

desse sistema, o aprimoramento dos instrumentos, sempre que necessário, o treinamento dos

avaliadores, o aperfeiçoamento das ações do gerenciamento do desempenho, a criação de

mecanismos de avaliação das chefias e, por fim, o desenvolvimento de meios para articular a

avaliação de desempenho individual com a institucional. Além disso, a criação de um manual

de avaliação de desempenho que seja objetivo, claro, simples e de fácil assimilação tornando

mais transparente e produtivo o processo avaliativo.

O modelo proposto por este estudo é passível de implantação na organização estudada

desde que haja interesse da alta administração desta em implantar um sistema de

gerenciamento de desempenho. A aplicação desse modelo requer que a CHESF adote medidas

visando à modernização de seu estilo de administração para que este se torne compatível a

uma gestão participativa do desempenho. Pela percepção da amostra dessa pesquisa, o sistema

atual de gestão vem prejudicando a eficiência e a eficácia do modelo implantado, o GDF,

impossibilitando avanços no gereciamento do capital humano da organização. Cabe aos

dirigentes da companhia definirem se o perfil da CHESF estará: a) voltado para a

modernização de suas relações de trabalho; b) preso a um modelo autoritário de gestão; c)

ajustado a uma empresa em vias de modernização; d) ajustado a uma empresa avançada.

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3 – NOVAS LINHAS DE PESQUISA

O presente estudo apresenta a possibilidade de desenvolvimento de novas linhas de

pesquisa sobre o tema avaliação de desempenho dentro da própria CHESF e de outras

empresas e de aprofundamento por meio de mais pesquisa teórica.

Primeiramente, o estudo a ser desenvolvido deve contemplar a análise dos motivos que

levaram os resultados da área administrativa a serem mais favoráveis que os do setor

operacional. As informações obtidas serviriam de base para a elaboração de ações que

corrigissem as falhas identificadas a fim de otimizar todo o processo e torná-lo mais eficaz.

Uma pesquisa de motivação pode ser ministrada na CHESF visando obter dados

referentes as necessidades dos empregados e a compatibilidade entre estas e as

organizacionais. A pesquisa objetivaria identificar a satisfação das necessidades dos

empregados, a satisfação destes com a organização, sua política de gestão do negócio e de seu

capital humano, além do impacto do processo de avaliação de desempenho sobre a motivação

dos empregados.

A elaboração de um novo estudo sobre subjetividade na avaliação, pesquisando a

opinião dos funcionários sobre esse aspecto serviria como embasamento para a concepção de

um método de avaliação mais abrangente que contemple as sugestões dos empregados e que

seja mais adequado a realidade da organização. Outra pesquisa a ser efetuada seria sobre

cultura e clima organizacional, seus fatores influenciadores e o impacto destes na gestão da

organização e no processo de avaliação.

Novas pesquisas podem ser desenvolvidas em outras organizações que possuam

sistemas de avaliação de desempenho a fim de identificar estilos de administração, modelos

aplicados, percepção dos envolvidos sobre esses modelos, tendências de gestão de

desempenho. Além disso, um estudo mais detalhado sobre o tema poderia ser desenvolvido na

FORD e na Monsanto, empresas que foram alvo de uma pesquisa exploratória neste estudo. A

obtenção dessas informações serviria para comparar com as já existentes da CHESF e a

criação de um referencial teórico mais aprofundado sobre a temática avaliação de

desempenho.

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ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO AVALIADORES

Este questionário, realizado por alunos do curso de Especialização em Administração da UFBA, pretende identificar quais são os fatores que proporcionam insatisfação para avaliadores e avaliados no processo de Avaliação do Desempenho Funcional aplicado na CHESF. Sua participação, como público dotado de consciência crítica, será de fundamental importância para a discussão deste assunto. Caracterização do Perfil do Entrevistado 1- Sexo: •F •M 2- Idade: •18 a 21 anos •22 a 30 anos •31 a 40 anos •41 a 50 anos •mais de 51 anos 3- Escolaridade: •1º Grau incompleto •Superior incompleto •1º Grau completo •Superior, completo •2º Grau incompleto •Especialização •2º Grau completo •Mestrado •Doutorado 4-Órgão/localidade •ASV •GRS 5- Função: •Gerente •Encarregado 6- Tempo de serviço: •1 a 3 anos •4 a 6 anos •7 a 10 anos •11 a 15 anos •16 a 20 anos •mais de 20 anos Dimensão Processo de Avaliação de Desempenho 7- Você concorda com a periodicidade com que é realizada a Avaliação de Desempenho? • Sim • Não (Caso a resposta seja negativa passe para a questão número 8, se afirmativa passe para a questão número 9) 8- Com qual periodicidade deveria ser realizada? • Trimestral • Semestral • Outra (Qual?)________________________ 9- No momento da avaliação como você se sente? (pode ser assinalada mais de uma opção) •ansioso •motivado •nervoso •tranqüilo •desmotivado •ameaçado

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•Outro (especifique)__________________________ 10- Antes da avaliação você busca conhecer as metas e atividades do avaliado? • Sempre • Ás vezes • Não 11- Você busca fornecer o suporte necessário para que seus subordinados atinjam suas metas? • Sim. • Não 12- Você acha que seus subordinados tiveram crescimento pessoal após as avaliações? • Sim. • Não Dimensão Sistema 13- Você concorda com os pontos avaliados? • Totalmente • Parcialmente • Não 14-Qual(is) o(s) critério(s) considera mais importante(s) que seja(m) avaliado (s) ? •RESULTADOS E METAS (Administrativa) •PLANEJAMENTO DAS TAREFAS (Administrativa) • FLEXIBILIDADE (Psicossocial) • DOMÍNIO / UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (Técnica)

• ARTICULAÇÃO (Política) • CUMPRIMENTO DE NORMAS (Administrativa)

• AUTODESENVOLVIMENTO (Psicossocial) • SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (Técnica) • ASSIDUIDADE (Administrativa) • RELACIONAMENTO / COOPERAÇÃO (Psicossocial) • INICIATIVA (Psicossocial) • SEGURANÇA DO TRABALHO (Administrativa) • GESTÃO DE PESSOAS (Psicossocial) • OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS (Administrativa) • DELEGAÇÃO (Política) • INFORMAÇÃO E ANÁLISE (Administrativa)

• FOCO NO CLIENTE INTERNO OU EXTERNO IMAGEM DO ÓRGÃO (Administrativa) 15-Qual(is) o(s) critério(s) retiraria da avaliação ? •RESULTADOS E METAS (Administrativa) •PLANEJAMENTO DAS TAREFAS (Administrativa) • FLEXIBILIDADE (Psicossocial) • DOMÍNIO / UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (Técnica)

• ARTICULAÇÃO (Política) • CUMPRIMENTO DE NORMAS (Administrativa)

• AUTODESENVOLVIMENTO (Psicossocial) • SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (Técnica) • ASSIDUIDADE (Administrativa) • RELACIONAMENTO / COOPERAÇÃO (Psicossocial) • INICIATIVA (Psicossocial) • SEGURANÇA DO TRABALHO (Administrativa) • GESTÃO DE PESSOAS (Psicossocial) • OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS (Administrativa) • DELEGAÇÃO (Política) • INFORMAÇÃO E ANÁLISE (Administrativa)

• FOCO NO CLIENTE INTERNO OU EXTERNO IMAGEM DO ÓRGÃO (Administrativa) 16- Você está satisfeito com a metodologia de avaliação usada no GDF? • Totalmente • Parcialmente • Não 17- O que sugere para melhorá-la? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

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18- Qual a influência da Avaliação de Desempenho para o seu trabalho? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 19- A utilização do GDF interfere positivamente na avaliação dos funcionários? Justifique • Sim. • Não Por que? ______________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

20- A utilização do GDF melhorou a gestão do seu órgão? Justifique • Sim. • Não Por que? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Dimensão Feedback 21- Em que momento você fornece feedback sobre o desempenho aos seus subordinados? • Constantemente • Durante a avaliação • Nunca 22- No feedback as características positivas são comentadas? • Sempre • Às vezes • Não 23- No feedback o que é mais ressaltado? • Pontos positivos • Pontos negativos • Há um equilíbrio entre ambos 24- Você negocia as metas com seus subordinados? • Totalmente • Parcialmente • Não 25- Durante o processo de avaliação você abre espaço para que seus subordinados exponham sua opinião? • Sim, sempre • Sim, às vezes • Não 26- O seu relacionamento com o seu subordinado é: • Ótimo • Bom • Regular • Ruim

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27- A partir das avaliações seu relacionamento com os seus subordinados: • Melhorou • Permaneceu o mesmo • Piorou Justifique: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO AVALIADOS

Este questionário, realizado por alunos do curso de Especialização em Administração da UFBA, pretende identificar quais são os fatores que proporcionam insatisfação para avaliadores e avaliados no processo de Avaliação do Desempenho Funcional aplicado na CHESF. Sua participação, como público dotado de consciência crítica, será de fundamental importância para a discussão deste assunto.

Caracterização do Perfil do Entrevistado 1- Sexo: •F •M 2- Idade: •18 a 21 anos •22 a 30 anos •31 a 40 anos •41 a 50 anos •mais de 50 anos 3- Escolaridade: •1º Grau incompleto •Superior incompleto •1º Grau completo •Superior, completo •2º Grau incompleto •Especialização •2º Grau completo •Mestrado •Doutorado 4-Órgão/localidade •ASV •GRS 5- Função: •Gerente •Não-gerente 6- Tempo de serviço: •1 a 3 anos •4 a 6 anos •7 a 10 anos •11 a 15 anos •16 a 20 anos •mais de 20 anos Dimensão Processo de Avaliação de Desempenho 7- Você concorda com a periodicidade com que é realizada a Avaliação de Desempenho? • Sim • Não (Caso a resposta seja negativa passe para a questão número 8, se afirmativa passe para a questão número 9)

8- Com qual periodicidade deveria ser realizada? • Trimestral • Semestral • Outra (Qual?) ________________ 9- No momento da avaliação como você se sente? (pode ser assinalado mais de uma opção)

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•ansioso •motivado •nervoso •tranqüilo •preocupado •ameaçado •Outro (especifique)__________________________ 10- Você considera os resultados das avaliações compatíveis com o seu desempenho funcional? • Sim • Não (Caso a resposta seja negativa passe para a questão número 11, se afirmativa passe para a questão número 12)

11- Por que? (pode ser assinalado mais de uma opção)

• Só ressalta os pontos negativos. • Não valoriza o trabalho como um todo. • O gerente não conhece direito o meu trabalho. • O gerente não é imparcial nas suas avaliações. • Outros (especifique) ______________________________ 12- Você já se sentiu injustiçado em algum critério da avaliação? • Sim • Não (Caso a resposta seja afirmativa passe para a questão número 13, se negativa passe para a questão número 15)

13- Em qual(is) critério(s)? •RESULTADOS E METAS (Administrativa) •PLANEJAMENTO DAS TAREFAS (Administrativa) • FLEXIBILIDADE (Psicossocial) • DOMÍNIO / UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (Técnica)

• ARTICULAÇÃO (Política) • CUMPRIMENTO DE NORMAS (Administrativa)

• AUTODESENVOLVIMENTO (Psicossocial) • SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (Técnica) • ASSIDUIDADE (Administrativa) • RELACIONAMENTO / COOPERAÇÃO (Psicossocial) • INICIATIVA (Psicossocial) • SEGURANÇA DO TRABALHO (Administrativa) • GESTÃO DE PESSOAS (Psicossocial) • OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS (Administrativa) • DELEGAÇÃO (Política) • INFORMAÇÃO E ANÁLISE (Administrativa)

• FOCO NO CLIENTE INTERNO OU EXTERNO IMAGEM DO ÓRGÃO (Administrativa) 14- Por que? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 15-A empresa lhe dá o suporte necessário para você cumprir suas metas? • Sim, sempre • Sim, algumas vezes • Não Em caso positivo indique o suporte oferecido. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 16- Você acha que teve crescimento pessoal após as avaliações? • Sim. • Não 17- Na sua opinião, qual (is) o (s) objetivo (s) a que se propõe a Avaliação:

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• Promoção de cargos • Demissão • Avaliação das necessidades de treinamento • Punição • Movimentação de pessoal p/ outro setor ou função • Participação nos lucros • Desconhece •Outras Aplicações. Especificar __________________ 18 – Assinale na escala abaixo, a alternativa que corresponda a sua opinião em relação a cada afirmativa sobre o GDF. Utilize a seguinte legenda: 1 = discordo totalmente 2 = discordo 3 = não discordo nem concordo 4 = concordo 5 =concordo totalmente

A avaliação de desempenho na CHESF: Escala de percepção/alternativas • Tem contribuído para melhorar a relação como os colegas • 1 • 2 • 3 • 4 • 5 • Vem atendendo as expectativas dos funcionários • 1 • 2 • 3 • 4 • 5 • Vem contribuindo para atingir as metas da empresa • 1 • 2 • 3 • 4 • 5 • Tem contribuído para o seu desempenho profissional • 1 • 2 • 3 • 4 • 5 • Tem contribuído para melhorar a relação do empregadoXgerente • 1 • 2 • 3 • 4 • 5 Dimensão Sistema 19- Você concorda com os pontos avaliados? • Sim, totalmente • Sim, parcialmente • Não 20-Qual(is) o(s) critério(s) considera mais importante(s) que seja(m) avaliado (s) ? •RESULTADOS E METAS (Administrativa) •PLANEJAMENTO DAS TAREFAS (Administrativa) • FLEXIBILIDADE (Psicossocial) • DOMÍNIO / UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (Técnica)

• ARTICULAÇÃO (Política) • CUMPRIMENTO DE NORMAS (Administrativa)

• AUTODESENVOLVIMENTO (Psicossocial) • SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (Técnica) • ASSIDUIDADE (Administrativa) • RELACIONAMENTO / COOPERAÇÃO (Psicossocial) • INICIATIVA (Psicossocial) • SEGURANÇA DO TRABALHO (Administrativa) • GESTÃO DE PESSOAS (Psicossocial) • OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS (Administrativa) • DELEGAÇÃO (Política) • INFORMAÇÃO E ANÁLISE (Administrativa)

• FOCO NO CLIENTE INTERNO OU EXTERNO IMAGEM DO ÓRGÃO (Administrativa) 21-Qual(is) o(s) critério(s) retiraria da avaliação ? •RESULTADOS E METAS (Administrativa) •PLANEJAMENTO DAS TAREFAS (Administrativa) • FLEXIBILIDADE (Psicossocial) • DOMÍNIO / UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (Técnica)

• ARTICULAÇÃO (Política) • CUMPRIMENTO DE NORMAS (Administrativa)

• AUTODESENVOLVIMENTO (Psicossocial) • SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (Técnica) • ASSIDUIDADE (Administrativa) • RELACIONAMENTO / COOPERAÇÃO (Psicossocial) • INICIATIVA (Psicossocial) • SEGURANÇA DO TRABALHO (Administrativa) • GESTÃO DE PESSOAS (Psicossocial) • OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS (Administrativa) • DELEGAÇÃO (Política) • INFORMAÇÃO E ANÁLISE (Administrativa)

• FOCO NO CLIENTE INTERNO OU EXTERNO IMAGEM DO ÓRGÃO (Administrativa) 22-Você está satisfeito com a metodologia de avaliação usada no GDF?

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• Sim, totalmente • Sim, parcialmente • Não 23-O que sugere para melhorá-la ? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 24- Qual a influência da Avaliação de Desempenho para o seu trabalho? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ Dimensão Feedback 25- Em que momento você recebe feedback sobre seu desempenho? • Durante a avaliação • Constantemente • Nunca 26- No feedback o que é mais ressaltado? • Pontos positivos • Pontos negativos • Há um equilíbrio entre ambos 27- Com que freqüência suas características positivas são comentadas no feedback? • Sempre • Às vezes • Nunca 28- As metas que você executa são negociadas previamente? • Sim, sempre • Sim, às vezes • Não 29- Suas metas são compatíveis com o que você pode realizar? • Sim, totalmente • Sim, parcialmente • Não 30- Durante o processo de avaliação você tem espaço para expor sua opinião? • Sim. • Às vezes • Não 31- O seu relacionamento com o seu chefe é: • Ótimo • Bom • Regular • Ruim 32- A partir das avaliações seu relacionamento com o chefe: • Melhorou • Permaneceu o mesmo • Piorou Justifique: ______________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Dimensão Perfil Características Organizacionais Para cada pergunta marque a alternativa no sistema correspondente ao grau de intensidade que você percebe o fato na CHESF.

Variáveis Sistema 1 Sistema 2 Sistema 3 Sistema 4

01 Os gerentes têm confiança nos subordinados?

Muito pouco Alguma Substancial Muita

02 Os empregados têm liberdade para falar com os superiores ?

Raramente Algumas vezes Geralmente Quase sempre

03 As idéias dos empregados são solicitadas e aplicadas?

Raramente Algumas vezes Geralmente Quase sempre

Lid

eran

ça

04 Os empregados confiam nos gerentes?

Muito pouco Pouco Substancial Muito

05

As principais formas de motivação usadas na CHESF são:

Medo, ameaças, punição e

ocasionalmente, recompensas

Recompensas e um pouco de

punição

Recompensas e um pouco de punição e participação

Recompensas e

participação

06

A responsabilidade por atingir as metas organizacionais é sentida principalmente:

No escalão superior

Nos escalões médio e superior

De forma bastante

generalizada

Em todos os níveis

07

O trabalho é feito em equipe? Raramente Algumas vezes Em boa quantidade

Muito, com bastante interação

Mot

ivaç

ão

08 Em relação as metas os empregados se sentem:

Hostis Indiferentes Favoráveis Fortemente favoráveis

09 Os gerentes conhecem os problemas dos subordinados?

Muito pouco Pouco Bem Muito bem

10 Os empregados conhecem as metas da CHESF?

Muito pouco Pouco Bem Muito bem

Com

unic

ação

11 A comunicação com os gerentes é fácil? Raramente Algumas Vezes

Geralmente Quase sempre

12 Em que níveis são tomadas as decisões? Principalmente na diretoria

Na diretoria junto com as

gerências

Nas gerências

Em todos os níveis

13 Os empregados podem influenciar nas metas, métodos e atividades de seus setores de trabalho?

Muito pouco Pouco Bem Muito bem

Dec

isõe

s

14 O processo de decisão contribui para a motivação?

Muito pouco Pouco Bem Muito bem

15 Como são estabelecidas as metas na organização?

Diretoria emite ordens

Diretoria junto com a gerência

Gerência Em grupo com todos os

empregados

Obj

etiv

o

16 As metas estabelecidas vem sendo cumpridas?

Muito pouco Pouco Bastante Muito

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ANEXO 3 – DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS

• DIRETORIA DE OPERAÇÃO - DO

NÃO GERENTES:

ENGENHEIRO (*)

ENGENHEIRO DE OPERAÇÃO

ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO DE SUBESTAÇÃO

ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO DA GERAÇÃO

ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO CIVIL DAS INSTALAÇÕES

ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO DA PROTEÇÃO/MEDIÇÃO/AUTOMAÇÃO

ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO DA TELECOMUNICAÇÃO

TÉCNICO DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO

ASSESSOR

ASSISTENTE TÉCNICO (*)

ASSISTENTE TÉCNICO DE MANUTENÇÃO CIVIL DE INSTALAÇÃO

ASSISTENTE TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DE SUBESTAÇÃO

ASSISTENTE TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DA GERAÇÃO

ASSISTENTE TÉCNICO SUPERVISOR DE MANUTENÇÃO DA GERAÇÃO

ASSISTENTE TÉCNICO SUPERVISOR DE MANUTENÇÃO CIVIL DE INSTALAÇÃO

ASSISTENTE TÉCNICO SUPERVISOR DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE

TRANSMISSÃO

ASSISTENTE TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DA PROTEÇÃO/MEDIÇÃO/

AUTOMAÇÃO

ASSISTENTE TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DA TELECOMUNICAÇÃO

ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO

OPERADOR DE INSTALAÇÃO (SE e USINA)

OPERADOR DE SISTEMA

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ENCARREGADO DE INSTALAÇÃO (SE e USINA)

ENCARREGADO DE EQUIPE DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

SECRETÁRIA(O)

AUXILIAR TÉCNICO (*)

AUXILIAR TÉCNICO DE MANUTENÇÃO CIVIL DE INSTALAÇÃO

AUXILIAR TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DE SUBESTAÇÃO

AUXILIAR TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DA GERAÇÃO

AUXILIAR TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

INSPETOR DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

AUXILIAR TÉCNICO DE APOIO ADMINISTRATIVO

ASSISTENTE TÉCNICO EM CONTABILIDADE

ASSISTENTE TÉCNICO DE COMPRAS E CONTRATAÇÕES

ASSISTENTE TÉCNICO DE ALMOXARIFADO

AUXILIAR DE SERVIÇOS JURÍDICOS

AUXILIAR DE SEGURANÇA DO TRABALHO

AUXILIAR TÉCNICO DE ALMOXARIFADO

AUXILIAR DE ENFERMAGEM DO TRABALHO

AUXILIAR DE MECÂNICO

TÉCNICO EM RECURSOS HUMANOS

TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

MOTORISTA

ADMINISTRADOR DE CONTRATOS

VIGILANTE

MECÂNICO

ADVOGADO

ENFERMEIRA

ASSISTENTE SOCIAL

GERENTES:

SUPERINTENDENTE (*)

GERENTE DE DEPARTAMENTO (*)

GERENTE REGIONAL (*)

GERENTE DE DIVISÃO (*)

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GERENTE DE CENTRO (*)

GERENTE DE CENTRO REGIONAL DE OPERAÇÃO DE SISTEMA

GERENTE DE SERVIÇO (*)

GERENTE DE SERVIÇO DE OPERAÇÃO

GERENTE DE SERVIÇO DE MANUTENÇÃO DE SUBESTAÇÕES

GERENTE DE SERVIÇO DE MANUTENÇÃO DE SE E LT

GERENTE DE SERVIÇO DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

GERENTE DE SERVIÇO DE MANUTENÇÃO DA GERAÇÃO

GERENTE DE SERVIÇO DE PROTEÇÃO/MEDIÇÃO/AUTOMAÇÃO

GERENTE DE SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES

(*) Essas categorias devem ser adotadas para os empregados do segmento normativo da DO.

• ADMINISTRAÇÃO DE SALVADOR – ASV

SUPERINTENDÊNCIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - STI

NÃO GERENTES:

ADMINISTRADOR DE CONTRATOS

ADVOGADO

ASSESSOR

ASSISTENTE SOCIAL

ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO

ASSISTENTE TÉCNICO DE ALMOXARIFADO

ASSISTENTE TÉCNICO DE COMPRAS E CONTRATAÇÕES

ASSISTENTE TÉCNICO EM CONTABILIDADE

AUXILIAR DE ENFERMAGEM DO TRABALHO

AUXILIAR DE MECÂNICO

AUXILIAR DE SERVIÇOS JURÍDICOS

AUXILIAR DE SEGURANÇA DO TRABALHO

AUXILIAR TÉCNICO DE ALMOXARIFADO

COORDENADOR DE CÉLULA

ENFERMEIRA

MECÂNICO

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MOTORISTA

OPERADOR DE COMPUTADOR

SECRETÁRIA(O)

TÉCNICO DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO

TÉCNICO EM INFORMÁTICA

TÉCNICO EM RECURSOS HUMANOS

TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

TELEATENDENTE

VIGILANTE

GERENTES:

GERENTE DE DEPARTAMENTO

GERENTE DE DIVISÃO

GERENTE DE SERVIÇO

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ANEXO 4 – FORMULÁRIO GDF PARA GERENTES

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ANEXO 5 – FORMULÁRIO GDF PARA NÃO GERENTES

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