AVALIAÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA...

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Érika Monqueiro Leme R.A. 001200500957 -8º semestre AVALIAÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA E COMPREENSÃO DA LEITURA Bragança Paulista 2008

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Érika Monqueiro Leme

R.A. 001200500957 -8º semestre

AVALIAÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA E COMPREENSÃO DA LEITURA

Bragança Paulista

2008

Érika Monqueiro Leme

R.A. 001200500957 -8º semestre

AVALIAÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA E COMPREENSÃO DA LEITURA

Bragança Paulista

2008

AGRADECIMENTOS

Aos meus filhos Pedro e Luísa

Agradeço a Deus, acima de tudo,

às Profª. Drª. Neide de Brito Cunha e Profª. Drª. Eleusa Ferreira por terem me

ensinado tanto, à minha mãe pelo estímulo, aos meus filhos pela paciência, e à

Rede SESI -SP pela oportunidade a mim conferida.

LEME, Érika Monqueiro. Avaliação de dificuldades de aprendizagem da escrita e compreensão da leitura. 2008. 42f. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) –

Curso de Pedagogia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista.

RESUMO

Este estudo teve por objetivo buscar evidências de validade convergente entre a

Escala de Avaliação de Dificuldades na Aprendizagem da Escrita (ADAPE), a

Escala de Reconhecimento de Palavras e o teste de Cloze. Foram averiguadas as

habilidades de leitura e escrita por meio dos instrumentos e investigadas as

variáveis de sexo, tipo de instituição e série. Além disso, foram analisados os erros

cometidos no Cloze, em crianças com ou sem dificuldades de aprendizagem,

conforme os critérios de classificação do ADAPE. Participaram 90 crianças, de

ambos os sexos, entre 8 e 10 anos, de segundas, terceiras e quartas séries, do

Ensino Fundamental de escolas públicas e particulares, do interior de São Paulo.

Os resultados permitiram encontrar diferenças estatisticamente significativas entre

os sexos, as séries e entre os tipos de instituição nos escores dos sujeitos, no

EAVE, no Reconhecimento de Palavras e no Cloze, sendo que as maiores médias

foram obtidas pelos estudantes de 2ª série do Ensino Fundamental das escolas

particulares e pelas meninas. Este estudo pretendeu revelar como os testes são

ferramentas úteis e necessárias para a avaliação precoce das dificuldades de

aprendizagem. Ao lado disso, espera-se que esses instrumentos possam se tornar

recursos disponíveis e úteis para os educadores.

Palavras-chave: compreensão da leitura; escrita; dificuldades de aprendizagem;

Teste de Cloze.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 7

1.A EVOLUÇÃO DA ESCRITA ......................................................... 10

1.1 Etapas do processo de evolução da escrita ................................ 12

2. DIFICULDADES DE APRE............................................................ 17

3. AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM: PESQUISAS COM

INSTRUMENTOS DE MEDIDA ......................................................... 20

4. MÉTODO ...................................................................................... 26

4.1 Participantes ............................................................................... 26

4.2 Instrumentos ............................................................................... 26

4.3 Procedimentos ............................................................................ 27

5. RESULTADOS .............................................................................. 28

6. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................ 31

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 34

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INTRODUÇÃO

É de grande importância ressaltar que leitura e escrita são atividades

fundamentais para o desenvolvimento e formação de qualquer indivíduo, pois

dentro e fora da escola e por toda vida, o domínio ou não de ambas facilitará ou

não o crescimento intelectual. Tudo o que se ensina na escola está diretamente

ligado à leitura e depende dela para se manter e se desenvolver (CAGLIARI,

1995).

Para o autor, entrar em contato com o mundo letrado e ter de escrever

o pensamento é um fato comum a todas as crianças. Dessa forma, a escola é um

espaço educacional, com objetivos próprios e definidos em termos de

desenvolvimento propício para esta atividade. As séries iniciais permitem que a

criança se alfabetize, oportunizando a ela momentos em que possa questionar-se

sobre suas hipóteses acerca da escrita, que reflita sobre

o uso da mesma e perceba sua importância. Assim, proporcionam-se as

oportunidades de tornar a criança leitora e escritora e que também ela possa

aprender a expor suas idéias de forma clara e precisa, abrindo-lhe a chance de ter

uma participação cada vez melhor por intermédio de suas possibilidades

comunicativas.

Partindo da hipótese de que a aprendizagem da leitura e da escrita não

se limita à sala de aula e de que a criança inicia o seu processo de alfabetização

muito antes de entrar para a escola, Ferreiro e Teberosky (1989) inovam ao

assumir a alfabetização sob uma abordagem mais ampla. Ela deixa de ser uma

questão exclusivamente pedagógica, a qual requer a utilização de um método

preconcebido e atividades mecanicistas de treinos e memorização. Assim, a

alfabetização se explica também pelas variáveis sociais, culturais, políticas e

psicolingüísticas.

De acordo com essas autoras, a complexidade da construção da escrita

sugere a necessidade de iniciativas que, tanto do ponto de vista político quanto no

plano pedagógico, possam estimular a continuidade de pesquisas básicas e

aplicadas, ampliar o debate e a troca de experiências dos educadores, aproximar

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a universidade da escola básica. As autoras pontuam a necessidade de valorizar a

educação, incidir sobre a formação inicial e continuada dos professores, favorecer

a desburocratização escolar, a autonomia das instituições de ensino e o

aprimoramento das condições de trabalho.

Nesse trabalho destaca-se a importância da leitura e da escrita na vida

do indivíduo, sendo vital que essa construção da criança seja auxiliada pelo

professor, que deve ser um mediador e avaliador das hipóteses de escrita que a

criança passa no decorrer da mesma. Assim, é importante considerar os

procedimentos a ter com crianças na fase inicial escolar, partindo das suas

vivências e linguagens, posto que estimular o raciocínio da criança sobre as

regras da escrita e o relacionamento entre a linguagem falada e a escrita é uma

necessidade e um exercício lúdico.

Segundo Smith e Strick (2001), há distúrbios apresentados por crianças

com dificuldades em qualquer tipo de aprendizagem. Distúrbio significa

perturbação ou alteração no comportamento habitual de uma pessoa, que interfere

no processo ensino-aprendizagem acarretando problemas. É um termo

empregado para casos de crianças com dificuldade de aprendizagem de causa

desconhecida, uma vez que as mesmas não apresentam deficiências físicas,

sensoriais, emocionais ou intelectuais.

Uma criança com dificuldades de aprendizagem (DA) possui aptidões

mentais adequadas, adequados processos sensoriais, estabilidade emocional, tem

um limitado número de deficiências específicas nos processos perceptivos,

integrativos ou expressivos que impedem a eficiência da aprendizagem, ou seja, a

criança não apresenta deficiência sensorial; motora; intelectual; emocional.

Problemas de aprendizagem estão relacionados a vários fatores, sendo orgânicos

e constitucionais da criança; específicos quando localizados (visão, audição,

coordenação motora), psicógenos (emocionais e intelectuais) e fatores ambientais,

tais como lar, escola ou comunidade (DROUET, 1995).

De acordo com José e Coelho (1991), as DA no processo de aquisição

da leitura podem ser divididas em quatro categorias: dificuldade na leitura oral,

devido à percepção visual e ou auditiva alterada, uma vez que a criança recebe

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informações cerebrais distorcidas e freqüentemente confunde, troca, acrescenta

ou omite letras e palavras. Outra dificuldade se centra na leitura silenciosa, pois

devido à distorção visual a criança apresenta lentidão e dispersão na leitura,

perdendo-se no texto e repetindo palavras ou mesmo frases e linhas inteiras.

A terceira categoria apontada por esse autor está na dificuldade de

compreensão da leitura. Devido à deficiência de vocabulário e a pouca habilidade

reflexiva, a criança apresenta sérios obstáculos em entender o que está escrito. A

dislexia é a dificuldade com a identificação dos símbolos gráficos desde o início da

alfabetização, acarretando fracassos futuros na leitura e escrita.

Quanto à dificuldade de aprendizagem no processo de aquisição da

escrita, há a disgrafia; a disortografia e os erros de formulação e sintaxe. A

disgrafia é a falta de habilidade motora para transpor através da escrita o que

captou no plano visual ou mental, a criança apresenta lentidão no traçado e letras

ilegíveis e a disortografia é a incapacidade para transcrever corretamente a

linguagem oral; caracteriza-se pelas trocas ortográficas e confusões com as letras

(JOSÉ e COELHO, 1991).

De acordo com Drouet (1995), são muitas as questões que envolvem

crianças com DA, razão que condiciona a investigação do papel do mediador do

sistema educacional nas proporções que a DA se apresenta. Desse modo, é

preciso trabalhar o sucesso na aprendizagem, qualquer que seja o potencial da

criança. Instrumentos como EAVE, EREP e CLOZE serão utilizados neste estudo

para diferenciar os níveis de aprendizagem e a compreensão em leitura no Ensino

Fundamental.

Esses instrumentos têm sido desenvolvidos para diagnosticar as

dificuldades de aprendizagem referentes à linguagem, o mais precocemente

possível, permitindo sua eventual superação. A escala de Avaliação da Escrita

(EAVE) e a Escala de Reconhecimento de Palavras (Sisto, 2004), possibilitam a

identificação da fase de alfabetização de alunos do Ensino Fundamental. É

importante assinalar que esses instrumentos também conseguem detectar

eventuais dificuldades de aprendizagem na escrita, que os alunos possam

apresentar.

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O teste de Cloze tem sido utilizado para avaliar a compreensão em

leitura, sendo que por meio dele se pode acessar as inter-relações estabelecidas

entre o leitor e o texto escrito. Com esse instrumento também é possível identificar

eventuais dificuldades de leitura.

Diante de tais considerações, formulou-se a seguinte questão

norteadora:

Em que medida podem ser avaliadas as dificuldades de escrita com

base nos instrumentos EAVE, EREP e CLOZE? Investigar se os resultados se

relacionam quanto às variáveis de sexo, série e tipo de instituição, mesmo

utilizando recursos distintos.

Este estudo foi proposto com os objetivos detalhados a seguir.

1 -Averiguar as habilidades lingüísticas em escrita tal como mensuradas

pela EREP e EAVE;

2 – Verificar as habilidades lingüísticas em leitura por meio do teste de

Cloze;

3 – Analisar diferenças relacionadas às variáveis de sexo, série e tipo de

instituição por crianças que apresentam ou não dificuldade de aprendizagem;

Para alcançar esses objetivos, este trabalho apresenta no primeiro

capítulo considerações sobre os aspectos teóricos que norteiam a evolução da

escrita e as etapas desse processo. No segundo capítulo são discutidas questões

de dificuldades de aprendizagem. O terceiro capítulo apresenta pesquisas

elaboradas com os instrumentos focalizados neste estudo. A seguir, no quarto

capítulo, é apresentado o delineamento da pesquisa, contendo os participantes,

instrumentos e procedimentos. Finalmente, apresentam-se a descrição dos

resultados, a discussão, as considerações finais, as referências e os anexos.

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1. A EVOLUÇÃO DA ESCRITA

A aprendizagem da linguagem oral tem tido até hoje uma importância

fundamental na educação pré-escolar e no primeiro ano do Ensino Fundamental.

Ensinar crianças a ler neste período escolar é ajudá-las a construir as estruturas

para a aprendizagem da escrita. A Educação Infantil necessita de mudanças

pedagógicas, isto é, precisa ser mais desafiadora. Os professores devem crer na

capacidade de aprendizagem das crianças, razão para repensar o papel da leitura

e da escrita (FERREIRO, 1991).

A autora acentua que as fases da construção da escrita são,

inicialmente, com os rabiscos, depois a combinação das letras de várias formas,

em seguida a hipótese silábica, assim como a sonorização da palavra e por último

a escrita, atrelada à reflexão da prática cotidiana, em uma classe de educação

infantil. O que pode ser realizado em uma classe que inicia a alfabetização é

participar de atos de ler e escrever; produzir texto individual e coletivo, presenciar

momentos de leitura e escrita realizados pelo professor; ter ensejos de registrar

sua própria escrita; ter oportunidade de perguntar, explorar e confrontar suas

hipóteses com as dos outros.

Investigando o desenvolvimento cognitivo referente à aquisição da

leitura e da escrita, Ferreiro (1990, p. 13) constatou que as crianças vão

formulando, com intrigante regularidade, suas próprias hipóteses sobre a natureza

do sistema da escrita no mundo que as cerca. Quando a criança atinge o nível alfabético, segmento fônico representado pelas letras e o

fonema, acontece a alfabetização com sucesso. Antes de compreender qual é o modelo

de sistema de representação da linguagem, que a nossa escrita implementa, qualquer

criança está despreparada para alfabetizar-se.

Essas descobertas afetam, de maneira fundamental, a noção de

prontidão e prérequisitos, transferindo a ênfase dos aspectos relacionados e

habilidades motoras para os relacionados à construção da compreensão do

sistema de representação. A alfabetização é um objeto socialmente elaborado e,

portanto, deve-se proporcionar às crianças contato com a riqueza e complexidade

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do mundo da língua escrita, isto é, mergulhá-la em todos os elementos que fazem

parte da alfabetização, ou seja, letras, palavras ou textos (FERREIRO, 1990).

Para Grossi (1994), a leitura e escrita devem estar presentes no

ambiente das classes de Educação Infantil. É importante que crianças, nesta faixa

etária, manipulem material escrito para que possam levantar hipóteses sobre o

processo de construção da leitura e da escrita. O professor deve realizar atos de

ler e escrever para que seus alunos percebam os usos e funções da leitura e

escrita. Segundo Grossi (1994), também é fundamental deixar que as crianças em

idade pré-escolar façam suas tentativas de ler e escrever livremente e expor os

alunos a vários tipos de linguagens: desenho, dramatizações, televisão, filmes,

danças, textos escritos sob várias formas, como receitas, bulas, histórias, avisos,

anúncios, cartazes.

A criança é quem constrói seu processo de aprendizagem, dela

depende a construção do conhecimento. No caso da aprendizagem escolar, essa

construção não surge de uma atividade interpessoal. São as interações entre

professor-aluno, aluno-aluno, no grupo social que está inserido que fornecem as

condições para a atividade de pensamento que possibilita o processo da

construção e modificação da competência da criança para a aprendizagem

(GROSSI, 1994).

Nos primeiros anos escolares, as práticas de leitura não visam à

formação de um leitor socialmente posicionado. Pretende-se criar laços entre o

leitor e o livro, enquanto que em séries iniciais as práticas de sistematização da

leitura visam possibilitar o conhecimento lingüístico indispensável à leitura

alfabética. É importante resgatar a leitura como prática social através das práticas

com possibilidades de leituras. Para a autora, toda criança que desenvolve a sua

competência lingüística, refletindo sobre os segmentos mínimos com os sons,

favorecerá uma melhor aquisição da leitura, a partir deste aspecto redescobrirá os

segmentos gráficos que trabalhará em nível oral.

Várias pesquisas, como as desenvolvidas por Ferreiro e Teberosky

(1989), entre outras, já constataram que o contato com a escrita permite que o

aluno interaja, pense sobre ela e, portanto, formule questões sobre o seu

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funcionamento, usos e vantagens. A partir desses conhecimentos, o texto ganha

lugar especial nas classes de alfabetização, porque é no contato com ele que o

alfabetizando descobre o significado da escrita e o seu funcionamento, ou seja, as

regras do sistema alfabético.

Segundo as autoras, para preparar a criança para a leitura é

fundamental que realize tarefas em que tenha de trabalhar com materiais orais e

escritos. O desenvolvimento da criança não depende de sua idade cronológica, e

sim de fatores como estímulo, motivação, provocados pelo ambiente e pela

interação, é necessário que a criança seja vista sob a ótica de suas

potencialidades.

Quando a criança entra na escola, espera-se que ela aprenda ler e

escrever. O aprendizado da escrita requer tempo, paciência e maturidade. Para a

realização dessa aprendizagem Prieto e Cavalcanti (1997) sugerem horas de

atenção e tarefas realizadas, por parte do professor, e que para a criança, não faz

grande sentido, porque escrever é traçar letras, juntá-las segundo determinadas

regras para formar palavras, ordená-las para construir frases, para compor um

texto que transmita, com lógica, uma idéia e a criança na fase préescolar não está

preparada para isto. Segundo os autores, durante os primeiros anos de escola, as

crianças reproduzem oralmente suas histórias. Tornar-se-ão leitores à medida que

recebem informações, conhecimentos sobre o sistema de representação escrita

da língua que já sabem falar com autonomia.

De acordo com Prieto e Cavalcanti (1997), a criança não se transforma

em leitor de um dia para o outro. Ela percorre um trajeto, cujas bases são as

concepções iniciais sobre o que é ler, sendo que este se inicia no momento em

que as condições do meio lhes sejam favoráveis. Por isso, um certo número de

crianças chega à escola em uma etapa avançada dessa aprendizagem. É que

elas tiveram oportunidade de viver num mundo letrado, por meio do qual as

atividades de leitura e escrita estavam inscritas no cotidiano familiar. Para outras

crianças, entretanto, o meio social não proporcionou esse suporte de base,

essencial para a intervenção escolar do processo de aprendizagem da leitura e

escrita.

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1.1 Etapas do processo de evolução da escrita

Segundo Ferreiro e Teberosky (1989), as experiências das crianças vão

alargando os seus conhecimentos também sobre a escrita. O contato com as

coisas, com os outros, o início da socialização proporcionam-lhe cada vez mais,

maior abertura e receptividade a essa aprendizagem e também o contato com o

lápis, o papel, faz com que a criança se familiarize com a linguagem escrita. São

importantes a atitude do educador e o ambiente que é criado a fim de serem

facilitadores de uma familiarização com o código escrito. Nesse sentido as

tentativas de escrita, mesmo que não conseguidas, deverão ser valorizadas e

incentivadas. Essas tentativas de escrita “errada” são erros construtivos, isto é,

tentativas de respostas e saídas para situações de conflito cognitivo. Mostram

como o aluno estava pensando no momento de escrever, que dificuldades se

fizeram presentes, o que lhe falta aprender para solucionar essas dificuldades.

Dentro do processo de construção da aprendizagem, valorizar as tentativas de

escrita utilizando o “erro” tem sido um caminho para o acerto em sala de aula.

De acordo com as autoras, toda essa experiência respeitada e elogiada

vai mais tarde fazer com que a criança se sinta segura daquilo que pode transmitir

aos outros por meio da escrita. Tem maior facilidade em se apoderar depressa e

conscientemente do significado e traçado dos caracteres exigidos para uma

escrita social. Quando as crianças não têm oportunidade de se familiarizar com o

lápis, o papel e de se exprimir através destes meios desde cedo, tornam-se mais

limitadas, podendo escrever corretamente as palavras propostas

pelo professor, mas terão medo de se lançarem sozinhas na escrita de novas

palavras. Sendo uma das funções do código escrito, dar prazer e desenvolver a sensibilidade

estética, partilhar sentimentos e emoções, sonhos e fantasias, este é também um meio de

informação, de transmissão do saber e da cultura, um instrumento para planificar e

realizar tarefas concretas (FERREIRO e TEBEROSKY, 1989, p. 57).

Nesse percurso a criança esbarra com a escrita antes mesmo de entrar

para a escola (já que a fala ela já conhece e manifesta) e passa a reconhecê-la

também como um objeto dessa realidade. O conhecimento vai lhe possibilitar o

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acesso aos segredos da história, da ciência, da ficção, enfim de todo o

pensamento humano acumulado ao longo do tempo (FERREIRO e TEBEROSKY,

1989).

Ferreiro (1991) descreve a evolução da escrita nas seguintes fases:

Fase pré-silábica, a criança desse nível produz riscos e/ou rabiscos

típicos da escrita que tem como forma básica (modelo). Se a forma básica for letra

de imprensa, fará rabiscos separados, com linhas retas e curvas; se for a letra

cursiva, o modelo que ela tem contato, fará grafismos ligados ou rabiscos

ondulados. Nessa fase, a criança usa os mesmos sinais gráficos (letras

convencionais ou outros símbolos quaisquer) para escrever tudo o que deseja.

Outra característica é que a criança acha que os nomes das pessoas e

das coisas têm relação com o seu tamanho ou idade. As pessoas, animais ou

objetos grandes devem ter nomes grandes. Por conseguinte, as coisas pequenas

terão nomes pequenos.

Se pedir à criança para escrever a palavra boi, ela fará um rabisco

ondulado grande ou então colocará algumas letras, mais do que utilizaria para

escrever formiguinha. Para ela, boi será uma palavra grande e formiguinha uma

palavra pequena, atentando-se para

o tamanho dos animais. Isso se deve ao realismo nominal lógico, numa fase em

que a criança não separa os “nomes” das “coisas” que representam.

Ainda na fase pré-silábica, porém mais evoluída que a inicial, a criança,

diante de materiais gráficos, já descobriu que coisas diferentes têm nomes

diferentes. Assim, ela imprime diferenças nas grafias das palavras, às vezes

apenas mudando a ordem das letras, quando possui poucos recursos gráficos.

Observa-se também, que a forma do grafismo é mais definida que na fase

anterior, havendo bastante semelhança com letras convencionais ou mesmo o uso

dessas letras.

Fase silábica, se caracteriza por uma busca cada vez maior de

diferenciação entre as escritas produzidas, sem uma preocupação com as

propriedades sonoras da escrita. Cada letra pode valer pelo todo e não tem valor

em si mesma.

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As exigências de quantidade e variedades de letras podem desaparecer

momentaneamente; isto porque, estando a atenção da criança centrada no recorte

silábico da palavra, não atenderá, simultaneamente, ambas as exigências. Porém,

tais critérios permanecerão ainda por um certo tempo e, juntos com a hipótese

silábica, constituirão fonte de inúmeros conflitos.

Ferreiro (1991) explica que ao solicitar à criança que escreva as

palavras: sapo, pato, rato etc., ela poderá representá-las todas com as letras A O,

no caso, utilizando as vogais das palavras citadas, notando-se o aparecimento de

formas fixas (valores sonoros estáveis) as vogais. Entretanto, quando ler o que

escreveu, descobre que as grafias são iguais e entra em conflito, porque já

superou a fase anterior, período em que acreditava que podia escrever qualquer

palavra com os mesmos símbolos gráficos. Por outro lado, de acordo com o

critério de quantidade, duas letras não bastam (exigência de um mínimo de três

letras).

Buscando uma saída, a criança costuma acrescentar mais letras à

palavra (quando se trata de dissílaba), apenas para compor. Nesta situação,

Ferreiro (1991, p. 23) exemplifica:

A U O = carro Quando lê, aponta para A e O, assim: A U O (a letra U no caso não seria considerada no ato da leitura da palavra) car ro Outra situação constrangedora para a criança quando alguém pede que ela escreva MAPA ou BATATA. Nessa fase, ela responderia: A A = mapa A A A = batata

Há momentos em que a criança não atenta para as letras iguais,

conforme já foi dito, porém, acontece de se negar a escrever a palavra, face à

inadequação da escrita com suas hipóteses. Sente-se tão atrapalhada e confusa,

que prefere fugir da situação no momento; porém, buscará uma forma de superar

o conflito.

Para que se possa interpretar uma produção escrita da criança, é

necessário considerar o resultado e o processo de construção, ou seja, como a

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criança agiu no momento: silabou a palavra, buscando a sua forma convencional,

e como leu, apontando a palavra que escreveu. Considerando o processo, adotar-

se-á o ponto de vista da criança e não o do adulto, e, só assim, poder-se-á saber o

que ela pensou e porque agiu de tal forma, sendo possível detectar o nível

conceitual de evolução em que se encontra. (FERREIRO, 1985).

A consideração conjunta do resultado e do processo permite fazer uma

interpretação significativa, sendo que, em caso contrário, estar-se-ia inferindo e

privilegiando

o ponto de vista próprio e não o do sujeito em desenvolvimento. Conforme já foi

dito, os conflitos levarão a criança a novos avanços. As suas idéias originais, em

face do modelo estável convencional, farão com que ela vá, aos poucos,

reformulando as suas hipóteses até a compreensão do sistema de representação

da linguagem escrita. Trata-se de um sistema que foi socialmente elaborado, mas

que a criança não o torna seu, segundo Ferreiro (1985, p. 32): “antes de ter

passado pela difícil tarefa de reconstruí-lo”.

A fase silábica se caracteriza pela correspondência entre a

representação escrita das palavras e as suas propriedades sonoras. É a

descoberta de que a quantidade de letras com que se escreverá uma palavra

pode ter correspondência com a quantidade de partes que se reconhece na

emissão oral. Essas partes são as sílabas e em geral a criança faz corresponder

uma grafia a cada sílaba.

Fase silábica-alfabética. Esta fase apresenta-se como uma transição

entre a anterior, silábica, e a posterior, alfabética. Ante os conflitos da hipótese

silábica, a criança sente a necessidade de fazer uma análise que vai além da

sílaba. Ela descobre que o esquema de uma letra para cada sílaba não funciona,

e assim, procura acrescentar letras à escrita da fase anterior. Começa então a

grafar algumas sílabas completas, embora ainda permaneçam sílabas

representadas por uma letra só.

Ferreiro (1991, p. 25) exemplifica:

C A V O B O E A ca va lo bo ne ca

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Ferreiro (1985) acentua que um adulto mal informado poderá, nessa

fase, achar que a criança está omitindo letras, o que não é verdade. A criança as

acrescenta à sua escrita da fase anterior. Segundo a autora, trata-se de uma

progressão, e não de um retrocesso.

A evolução da fase silábica leva a criança a estabelecer que as partes

sonoras semelhantes entre as palavras se exprimem por letras semelhantes.

Nesse nível, existem duas formas de correspondência entre sons e grafias:

silábica (sílaba é o som produzido por uma só emissão de voz) e alfabética

(análise fonética e/ou análise dos fonemas, que são os elementos sonoros da

linguagem e tem nas letras o seu correspondente). O conjunto de letras é o

alfabeto, ou seja, a criança escreve parte da palavra aplicando a hipótese silábica,

de que para se escrever uma sílaba é necessário apenas uma letra; e parte da

palavra analisando todos os fonemas da sílaba.

Fase alfabética. Fase final da evolução da criança. De acordo com

Ferreiro (1985), nesse nível pode-se considerar que a criança venceu as barreiras

do sistema de representação da linguagem escrita. Ela já se torna capaz de fazer

uma análise sonora dos fonemas das palavras que escreve. Isso, porém, não

significa que todas as dificuldades estejam vencidas. A partir daí, surgirão os

problemas relativos à ortografia, entretanto, trata-se de outro tipo de dificuldade

que não corresponde a do sistema de escrita que ela já venceu. A fase alfabética

se caracteriza pela correspondência entre formas e grafias. Existe a compreensão

da escrita alfabética, onde todos os fonemas devem estar representados.

Segundo Ferreiro (1985), o professor deve interagir a criança como um

sujeito ativo na construção da leitura e escrita, partindo do pressuposto de que a

escrita é um sistema de representação da língua, cuja aprendizagem significa a

apropriação de um novo objeto e não simplesmente a aquisição de técnicas.

Compreende-se, portanto, que a passagem da criança de um nível de

conceitualização a outro está diretamente relacionada a um conhecimento

anterior. O tempo em que permanece num mesmo nível é muito variável; por outro

lado, essa evolução não é linear, pois a criança passa por avanços e recuos

durante todo o seu processo de construção da escrita, ainda que seu

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desenvolvimento esteja diretamente relacionado com seu nível inicial de

conceitualização. É nessa passagem que a intervenção do professor pode ser

observada.

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2. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Por aprendizagem, estendeu-se o conceito para além do conhecimento

formal, acadêmico. Qualquer sujeito, independente do seu comprometimento

corporal, orgânico, cultural ou psicológico se relaciona e elabora aprendizagem,

pois é um ser social, que estabelece relações vinculares durante toda a sua

existência. Nos dias de hoje, fica cada vez mais evidente que se faz necessário

considerar o aspecto orgânico como importante na avaliação do problema de

aprendizagem, no entanto é, também, indispensável que os aspectos cognitivos e

afetivos sejam ponderados na elaboração do diagnóstico, como também no

tratamento indicado (FONSECA, 1995).

O Sistema Educacional Brasileiro apresenta estatísticas que mostram o

fracasso escolar e o baixo aproveitamento das crianças como problemas que

estão em destaque. Essas estatísticas apontam que por razões de não

conseguirem aprender, as crianças evadem das escolas e, as que continuam a

freqüentar não têm rendimento satisfatório (STOCKEL, JAEGER e TAVARES,

2001). As autoras (2001, p.58), destacam ainda que a razão desse fenômeno é de

cunho individual, ou seja, a criança não aprende por fatores neurológicos,

psicológicos ou outros aspectos que desfavoreçam seu desenvolvimento

cognitivo. Elas propõem, então, uma reflexão acerca do tema: “Será que o

problema da aprendizagem é apenas do aluno?” “Que relação existe entre a

metodologia utilizada pelo professor e a produção do sucesso ou fracasso

escolar?”.

Nesse contexto, ressalta-se que os problemas de aprendizagem não

são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das

conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque

multidimensal, que englobe fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e

pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Para tanto, o autor

afirma: “Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem

devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da

sociedade” (SCOZ, 1994, p. 22). O autor afirma ser necessário o reconhecimento

do problema por um profissional adequado, com treino específico da dificuldade a

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fim de que a criança a supere, com esforço, colaboração da família e da escola

em conjunto, acompanhando as etapas de evolução da criança. Inúmeras

questões dizem respeito ao conceito do distúrbio de aprendizagem, em relação à

utilização dessa terminologia para detectar os alunos que não aprendem apesar

dos esforços dos professores.

Na mesma perspectiva, França (1996) afirma que a utilização dos

termos distúrbios, problemas e dificuldades de aprendizagem é um dos aspectos

menos conclusivos para aqueles que iniciam a formação. O autor entende que a

distinção entre os termos dificuldades e distúrbios de aprendizagem está baseada

na concepção de que o termo “dificuldade” está mais relacionado a problemas de

ordem psicopedagógica e/ou sócioculturais, ou seja, o problema não está centrado

apenas no aluno, sendo que essa visão é mais freqüentemente utilizada em uma

perspectiva preventiva; por outro lado, o termo “distúrbio” está mais vinculado ao

aluno, na medida em que sugere a existência de comprometimentos neurológicos

em funções corticais específicas.

Segundo Smith e Strick (2001), dificuldades de aprendizagem são

problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender,

recordar ou comunicar informações. Muitas vezes o termo Dificuldades de

Aprendizagem é utilizado de forma inadequada, por motivo de pouco

conhecimento sobre o assunto. Este tem sido bastante estudado, mas as

informações obtidas penetram no âmbito educacional de forma lenta. (...) dificuldades de aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla

gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico.

Raramente, elas podem ser atribuídas a uma única causa: muitos aspectos diferentes

podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os problemas psicológicos destas crianças

freqüentemente são complicados, até certo ponto, por seus ambientes domésticos e

escolares (SMITH e STRICK, 2001, p. 15).

Geralmente, as crianças com distúrbio de aprendizagem parecem

normais até entrarem na escola. Os pais podem ter percebido que a criança

começou a falar tarde ou era especialmente agitada e um pouco desajeitada.

Entretanto, seus problemas começam quando ela tenta aprender a ler ou a

escrever. Logo, começa a achar as tarefas difíceis e os colegas fazem com

20

facilidade, ela começa a se sentir frustrada. Para compensar uma falta de sucesso

escolar, ela pode desenvolver um comportamento agressivo ou brincalhão, ou

pode se isolar no seu próprio mundo. Se essa criança for constantemente

repreendida ou castigada, ela pode criar uma verdadeira fobia à escola (BEYER,

1995).

Esse autor sinaliza que os distúrbios de aprendizagem revelam que há

evidências substanciais que favorecem fatores neurológicos, educacionais e

ambientais, uma vez que os mesmos contribuem significativamente para o

problema da má produção escolar em um grande número de crianças com

capacidade normal. A tentativa de simplificar o problema dos distúrbios de

aprendizagem, por meio de definições, que excluem crianças com evidentes

deficiências sociais ou físicas pode ser atraente para educadores, fonoaudiólogos

e psicólogos. No entanto, os profissionais que trabalham neste campo encontram

crianças com má produção escolar sem outras especificações, e é

responsabilidade do profissional descobrir os vários fatores que podem estar

contribuindo para o distúrbio da aprendizagem, seja através de uma avaliação, ou

de um trabalho multidisciplinar, que seria mais válido para a criança.

Outro aspecto a ser considerado é que a aprendizagem depende

basicamente da motivação. Muitas vezes o que se chama de dificuldade de

aprendizagem é basicamente dificuldade de ensino. É sabido que cada indivíduo

aprende de uma forma diferente, conforme seu canal perceptivo preferencial.

Alguns indivíduos dão maior importância a informações visuais e pensam por meio

de imagens, outros utilizam principalmente a percepção auditiva e, por

conseguinte são atentos ao som e à voz e outro grupo de indivíduos, os

cinestésicos, recebe informações das sensações internas que experimentam,

como o contato físico. Quando

o que lhe é ensinado não o motiva suficientemente, ou lhe chega de forma

diferente de seu canal preferencial (de acordo com o canal preferencial de quem

lhe ensina), então a compreensão ou o aprendizado não se completa. A

massificação do ensino tem contribuído muito ao aparecimento e aumento dos

distúrbios de aprendizagem (FRANÇA, 1996).

21

Apesar de existirem diferentes conceitos, a aprendizagem implica numa

relação bilateral, tanto de quem ensina como de quem aprende. Assim, a

aprendizagem estará sendo definida como processo evolutivo e constante,

envolvendo um conjunto de modificações no comportamento do indivíduo, tanto

físico como biológico, e do ambiente no qual ele está inserido (FONSECA, 1995;

BORUCHOVITCH, 2001; MARTINELLI, 2001).

22

3. AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM: PESQUISAS COM INSTRUMENTOS DE MEDIDA Pesquisas com ADAPE

Reconhecendo que a alfabetização é um processo complexo que

abrange representação dos fonemas e compreensão de significados, Sisto (2001)

restringiu seu estudo às dificuldades de representação de fonemas, ou seja, da

grafia de letras e palavras com base em um sistema lingüístico estruturado e que

apresenta arbitrariedades, visando a construção de um instrumento para sua

avaliação. A partir das dificuldades mais comuns apresentadas pelas crianças de

séries iniciais, elaborou o ADAPE, instrumento já utilizado em várias pesquisas,

como as apresentadas a seguir. Devido a dificuldade de correção dos resultados

deste instrumento, houve uma modificação em seu formato que passou de 114

palavras para 55 e também veio a se chamar EAVE.

Nos estudos de Suehiro (2006), as dificuldades no processo de

aquisição da escrita e na apropriação do sistema ortográfico foram investigadas

em 287 crianças, de ambos os sexos, entre 7 e 10 anos, de escolas públicas e

particulares do Estado de São Paulo. Os instrumentos utilizados para medir as

dificuldades na escrita foram um questionário de identificação dos sujeitos e

também a Escala de Avaliação de Dificuldades na Aprendizagem da Escrita,

ADAPE. Eles foram aplicados coletivamente em sala de aula, em uma única

sessão, através da qual se identificou as diferenças significativas entre a

pontuação total do ADAPE e as variáveis referentes à idade, gênero e natureza

jurídica da escola, pública ou particular.

Os resultados obtidos permitiram observar que a segunda série

apresenta uma freqüência maior de crianças sem indícios de Dificuldade de

Aprendizagem e a terceira, uma freqüência maior de crianças nas demais

categorias previstas pelo instrumento para cada uma das séries analisadas.

Verificou-se também diferença significativa entre os gêneros, podendo-se dizer

que os meninos tendem a ter mais dificuldades na aprendizagem da escrita que as

meninas, uma vez que estes obtiveram uma pontuação média maior

(Masculino=41,73; Feminino=33,76) e, portanto, um número superior de erros no

23

ADAPE.

A pesquisa constatou também diferenças relativas à natureza jurídica

da escola, pública ou particular, a qual as crianças avaliadas pertencem. Também

no que concerne à natureza jurídica da escola freqüentada, houve diferença

estatisticamente significativa, uma vez que os resultados evidenciam que os

alunos de escola pública apresentam um desempenho inferior (M=50,87 erros)

quando comparados aos de escola particular (M=26,90 erros), o que mostra que,

conforme o esperado, as crianças de escola pública, da amostra pesquisada,

tendem a ter mais dificuldades na aprendizagem da escrita que as demais.

Outra pesquisa realizada por Zucoloto e Sisto (2002), investigou a

compreensão da leitura de crianças com dificuldade de aprendizagem escrita, em

relação ao gênero e idade. Os participantes foram 194 alunos de 2ª e 3ª séries de

uma escola pública. Os alunos foram categorizados por níveis de dificuldade de

aprendizagem em escrita segundo o instrumento ADAPE. A compreensão da

leitura foi avaliada por dois textos em Cloze, com diferentes quantidades de

omissões.

Pela verificação dos resultados notou-se que na segunda e terceira

séries os erros na compreensão da leitura aumentavam em razão da dificuldade

de aprendizagem da escrita e que os mais velhos apresentavam mais erros do

que os mais novos, sendo que o gênero não indicou relações significativas. As

tendências dos alunos de 2ª e 3ª séries foram similares, com a diferença de que

na terceira série eles poderiam estar apresentando automatismo dos erros. Este

fato ressalta que quanto mais automatizado estiver o erro, mais difícil se torna a

sua correção, porque a forma assimilada é a forma errada.

Os referidos autores dão suma importância à avaliação das crianças,

pois a investigação dos casos de dificuldade de aprendizagem no início do

processo de escolarização minimiza suas conseqüências e possibilita a superação

antes de o erro se tornar automatizado.

O estudo de Santos, Sampaio, Lukjanenko, Cunha e Zenorini (2006)

teve como objetivo investigar a relação entre as dificuldades em compreensão de

leitura e escrita em alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto

24

foi utilizado um texto formatado de acordo com a técnica de Cloze e o ADAPE.

Participaram 512 alunos, entre 7 e 14 anos, de segunda a quarta série de seis

escolas particulares e onze escolas públicas do Estado de São Paulo. Foram

consideradas as variáveis de sexo, tipo de escola e série. Os resultados indicaram

haver diferença estatisticamente significativa entre os sexos, com superioridade do

sexo feminino, e também entre os alunos de escolas públicas e particulares, com

superioridade destes últimos, para ambos os instrumentos e somente o ADAPE

diferenciou a 2ª e a 4ª séries. Os escores do ADAPE, resultantes do número total

de erros no ditado, se correlacionaram negativamente com o número de acertos

do Cloze. Esses resultados foram congruentes com a literatura da área, visto que

demonstraram que quanto mais erros na escrita, menor a compreensão em leitura.

Ficou evidenciada nessas pesquisas a sensibilidade para a captação

das dificuldades de aprendizagem na escrita, pelo ADAPE. Confirma-se, então, a

consideração de Sisto (2001), de que a escrita é uma habilidade instrumental para

a vida acadêmica e social.

Pesquisas com Reconhecimento de Palavras Para Cagliari (1988), algumas condições devem ser dadas ao aluno

para decodificar a escrita, tais como conhecer o funcionamento do seu sistema,

saber o nome das letras, memorizar o alfabeto, conhecer a organização gráfica

das letras, identificar para que elas servem, saber como se correspondem com os

sons e ter conhecimento sobre a ortografia. A eficiente decodificação das palavras

é relacionada a uma melhora significativa na aprendizagem de leitura e de escrita.

Kingeski e Sisto (2004),estudaram o Reconhecimento de Palavras em

338 crianças de ambos os sexos, com idades entre 6 e 12 anos, que

freqüentavam da 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental. O instrumento utilizado

para avaliar os alunos foi o Reconhecimento de Palavras, com vistas a diferenciar

as séries iniciais do Ensino Fundamental, de acordo com a classificação de Sisto

(2001). Constatou-se que, quanto mais adiantados eram os alunos, menos tempo

era necessário para responder ao instrumento. Houve também superioridade do

sexo feminino na média de acertos em relação ao masculino.

25

Corroborando outros estudos realizados com crianças, Caliatto e

Martinelli (2005) salientaram que é interessante perceber que o instrumento de

Reconhecimento de Palavras, mesmo oferecendo as opções de escolha, em vez

de utilizar a escrita espontânea dos alunos, possibilitou observar as principais

dificuldades dos alunos e que elas se assemelham às verificadas em trabalhos

que analisaram a escrita por meio de ditado de palavras ou texto ou produção

espontânea de textos.

Cunha (2006), averiguou habilidades lingüísticas por meio do

Reconhecimento de Palavras e investigou as variáveis de sexo, tipo de instituição

e série. Além disso, analisou, qualitativamente, os erros cometidos no Cloze, em

crianças com ou sem dificuldades de aprendizagem, conforme os critérios de

classificação do ADAPE. Participaram 266 crianças, de ambos os sexos, entre 8 e

13 anos, de terceiras e quartas séries, do Ensino Fundamental de escolas

públicas, particulares e do Sesi, do interior de São Paulo.

De acordo com a pesquisa foram encontradas diferenças significativas

entre os sexos e entre os tipos de instituição nos escores dos sujeitos. Foi

encontrada evidência de validade de critério pela série somente no

Reconhecimento de Palavras. A análise da variância entre as médias do

Reconhecimento de Palavras e o Cloze, pelas categorias do ADAPE, também

indicou diferenças significativas, permitindo encontrar a validade convergente

entre os instrumentos. Quanto à análise qualitativa dos erros cometidos no Cloze,

as crianças sem dificuldades de aprendizagem na escrita cometeram mais erros

lexicais (o erro lexical indica compreensão, pois houve recuperação do conceito

associado à unidade lingüística, mas com uso de um sinônimo ou palavra que não

compromete o contexto), enquanto as crianças com dificuldades tiveram mais

erros semânticos (o erro semântico é a troca de uma palavra por outra

sintaticamente aproximada, mas seu uso compromete o contexto).

Cabe relatar que há poucas pesquisas com um instrumento específico

para Reconhecimento de Palavras foram encontradas e verificou-se que elas

trataram a escrita e a leitura concomitantemente. Isso ocorre porque esses

processos são interligados, resultantes da ação do pensamento integrado,

26

simultaneamente dinâmico e complexo (KOPKE FILHO, 2001).

Nesse sentido, após apresentadas pesquisas com instrumentos para

diagnosticar dificuldades na escrita, serão apresentadas a seguir pesquisas que

se utilizaram do Cloze como instrumento para avaliar a compreensão em leitura.

Pesquisas com o teste de Cloze Originalmente, o teste Cloze foi proposto por Taylor (1953), com o

objetivo de avaliar a compreensibilidade de textos escritos, a partir da década de

70, técnica esta que vem sendo utilizada por pesquisadores de leitura e

linguagem. Como procedimento de ensino, o Cloze apresenta uma versatilidade

de formatos e conteúdos, permitindo ao leitor participar ativamente da

reconstrução do significado pretendido pelo mesmo.

Esse procedimento consiste na apresentação de um texto do qual se

omitem todos os quintos vocábulos, substituindo-os por um traço proporcional ao

tamanho da palavra omitida, que deve ser recuperada pelo leitor para restituir o

sentido completo da história. Tendo como pressuposto a inter-relação entre a

experiência do mundo e da linguagem que o leitor tem armazenadas na sua

memória, com as respostas semânticas e sintáticas que fornece

o contexto para completar o significado, as palavras omitidas passam a constituir

espaços de observação direta do processo da compreensão, úteis tanto para o

educador como para o pesquisador das ciências da linguagem (CONDEMARIN e

MILICIC, 1994).

Com o objetivo de testar um material didático para leitura, Mello (1988)

avaliou sujeitos de uma escola pública de São Paulo. Os alunos tinham de 8 a 10

anos e cursavam a 2ª série do Ensino Fundamental. A pesquisa teve por objetivo

a avaliação da adequação do material, compreensão e inteligibilidade do texto,

usando dois procedimentos: leitura silenciosa e teste de Cloze. Os resultados

indicaram 73% de acerto, o que mostrou a eficiência da técnica de Cloze para

avaliar compreensão e inteligibilidade do texto e demonstrou ser um meio para

adequar materiais de leitura ao nível do leitor.

Valendo-se de provas de leitura oral e testes de Cloze para avaliar

27

compreensão de leitura e produção de textos escritos com tema livre e à vista de

uma gravura, Castelo Branco (1992) desenvolveu um estudo com 40 alunos da 1ª

a 4ª séries do ensino fundamental. Os resultados mostraram que o desempenho

em leitura pode estar relacionado com a facilidade para o Reconhecimento de

Palavras, à melhor utilização da informação gráfica, com uso dos conhecimentos

fonológico, ortográfico e do vocabulário visual, adquiridos com a prática de leitura

e a utilização eficiente das informações contextuais.

Joly e Lomônaco (2003) utilizaram-se da Técnica de Cloze Progressiva,

variação que permite a introdução gradual de dificuldades, a fim de ajudar o aluno

a construir o significado do texto. Nessa variação, a omissão foi feita a partir do

décimo vocábulo até atingir-se o quinto, que caracteriza o Cloze Clássico. Foram

associadas também pistas de respostas para facilitar o processo (listas de

palavras, quantidade de letras da palavra a ser grafada). Foram elaboradas duas

provas diferentes: tradicional – texto impresso com lacunas a serem completadas,

usando-se lápis; e informatizada – texto apresentado num programa

computadorizado. Participaram alunos de 1ª a 4ª série, divididos por sorteio e

série, em dois grupos: experimental e de controle. Os grupos experimentais foram

avaliados em provas tradicionais e informatizadas e o grupo de controle apenas

em provas tradicionais. O programa de treino em compreensão de leitura foi

desenvolvido para esse estudo a partir do Programa Educacional “Caça-Palavras”,

utilizando linguagem de computação com lógica simples e baseada em instrução

programada linear, do tipo “ensino assistido por computador – tutor”.

Comparados os desempenhos em relação à prova tradicional, observou-

se uma superioridade do grupo de controle sobre o experimental, mas foi

inquestionável o alto índice de progresso obtido pelos experimentais na avaliação

informatizada, que foi qualitativamente superior ao dos grupos controle. Assim,

Joly e Lomônaco (2003) constataram, por meio da avaliação da compreensão da

leitura, que o Programa de Leitura baseado na literatura infantil foi eficiente para o

desenvolvimento dos leitores, confirmando estudos que consideram seu uso como

essencial, não somente para aquisição de compreensão, fluência e independência

pelo leitor, mas também para garantir-lhe uma formação multicultural.

28

4. MÉTODO 4.1 Participantes

Participaram deste estudo 90 alunos de 2ª a 4ª séries do Ensino

Fundamental de escolas públicas e particulares. As idades variaram de 8 a 10

anos. Destes participantes, 70 estudam em escolas públicas e 20 em escola

particular, sendo que todas as escolas eram do interior do estado de São Paulo.

Das 90 crianças que realizaram os testes, 47 são do sexo masculino e 43 do sexo

feminino.

4.2 Instrumentos

Questões de identificação -os sujeitos informaram, na mesma folha do

Reconhecimento de Palavras, os seguintes aspectos: nome, idade, sexo, série e

instituição de ensino à qual pertencem.

Reconhecimento de Palavras (Anexo 1) -contém 55 palavras, que foram

organizadas em ordem alfabética. Para cada uma delas foram criadas outras duas

com erros gramaticais. Assim, consiste em um teste de múltipla escolha, com itens

que têm três alternativas de respostas, das quais somente uma é correta.

Escala de Avaliação da Escrita (EAVE), Anexo 2. Visa avaliar a

dificuldade de representação de fonemas, ou seja, de grafar letras e palavras a

partir de um sistema lingüístico estruturado e arbitrário. Consiste no ditado de um

texto composto por 55 palavras que apresentam algum tipo de dificuldade

classificada como encontro consonantal (lt, mb, mp, nc, nç, nd, ng, ns, nt, rc, rd, rs,

rt, sp, st), dígrafo (ch, lh, nh, qu, rr, ss), sílaba composta (br, cr, dr, gr, tr) e sílaba

complexa (ão, ça, ce, ci, ge, sa, sá, se, sé, si, so). Esse conjunto de palavras

engloba as dificuldades mais comuns na escrita entre crianças de primeiras e

segundas séries, identificadas por um levantamento das palavras comuns

utilizadas no material didático dessas séries. Esse levantamento possibilitou a

definição de alguns critérios para a construção do texto, a saber: as palavras

29

deveriam ser usuais no cotidiano das crianças; uma mesma palavra poderia conter

mais de uma dificuldade e deveria haver pelo menos um terço de palavras

trissílabas e/ou polissílabas.

Testes de Cloze (Anexo 3). Foram utilizados dois textos estruturados na

forma do Cloze tradicional com o 5º vocábulo omitido, tal como preconiza Taylor

(1953). Esses textos foram especialmente montados para serem utilizados com

crianças da faixa etária do ensino fundamental. Foram elaborados por Santos

(2005), com total de 103 palavras, das quais foram omitidas 15.

4.3 Procedimentos para a coleta dos dados

Foi solicitada a autorização à diretoria da escola escolhida para a

realização da pesquisa (Anexo 4). Finalmente, os pais das crianças foram

contatados para que se verificasse se havia interesse em participar da pesquisa.

Devido ao interesse dos pais, foram encaminhados os Termos de Consentimento

Livre e Esclarecido (Anexo 5).

Esta pesquisa fez parte de um projeto de avaliação psicológica em

contextos de escolarização que vem sendo desenvolvido no Laboratório de

Psicologia Educacional (LAPE) no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da

Universidade São Francisco, já tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da instituição. Os instrumentos foram aplicados em sala de aula, por

equipes constituídas pelas alunas do 7º semestre do curso de Pedagogia do

Campus de Bragança Paulista da Universidade São Francisco, como parte das

atividades da disciplina de Metodologia da Pesquisa em Educação, sob orientação

das professoras doutoras Rita da Penha Campos Zenorini e Neide de Brito Cunha.

Os instrumentos EAVE, EREP e os dois testes de Cloze foram

distribuídos e as orientações foram dadas de acordo com as indicações dos

autores desses instrumentos. Os participantes iniciaram a escrita das palavras, no

caso da EAVE, que foram lidas pela professora, uma a uma, em forma de ditado,

sem repetição. O mesmo procedimento foi adotado com a EREP, com a diferença

de que as crianças assinalaram a palavra que correspondia à grafia correta da

palavra ditada. Já para os testes de Cloze as crianças preencheram as lacunas

30

com as palavras que julgaram adequadas para dar sentido aos textos.

Os participantes foram informados também de que suas respostas não

influenciariam de forma alguma suas notas ou desempenho na escola e foi

assegurado o caráter confidencial do estudo. A aplicação dos instrumentos teve

duração de aproximadamente 40 minutos. Os dados foram lançados em um banco

de dados do programa SPSS e os resultados estão apresentados a seguir.

31

5. RESULTADOS

Tendo em vista os objetivos pretendidos, recorreu-se a provas de

estatística descritiva para se analisar os dados obtidos no presente estudo.

Julgou-se importante explorar eventuais diferenças relacionadas ao sexo das

crianças, como pode ser visto na Tabela 1.

Tabela 1 -Estatísticas descritivas para comparação entre os sexos

SEXO n Média Desvio padrão

EREP M 47 36,81 11,47

F 43 43,35 9,03

EAVE M 44 32,52 13,64

F 41 39,37 9,02

Cloze 1 M 47 7,74 3,76

F 43 9,79 3,08

Cloze 2 M 47 5,96 4,27

F 43 7,21 3,70

Observou-se que para os meninos (n=47) a média do EREP foi de

36,81, com um desvio padrão de 11,47, menor que a das meninas (n=43), de

43,35, com um desvio padrão de 9,03. Portanto, as meninas obtiveram um melhor

resultado, visto que acertaram mais.

Também no EAVE, o sexo feminino (n=41) obteve o melhor resultado

com a média de 39,37, e desvio padrão de 9,02, contra a média do masculino

(n=44) de 32,52 e desvio padrão de 13,64.

No Cloze 1 “A princesa e o fantasma”, se manteve a tendência dos

escores anteriores com uma média maior de 9,79 acertos para as meninas (n=43),

com desvio padrão de 3,08, contra a média de 7,74 e desvio padrão de 3,76 para

os meninos (n=47). No Cloze 2 “Uma vingança infeliz”, a tendência de uma média

maior para as meninas (n=43) se manteve com 7,21 acertos, com desvio padrão

32

de 3,70, contra a média de 5,96 e desvio padrão de 4,27 para os meninos (n=47).

Ainda conforme o segundo objetivo, buscou-se explorar eventuais

diferenças nos escores dos instrumentos em razão da série freqüentada. As

estatísticas descritivas para a comparação entre as séries estão apresentadas na

Tabela 2.

Tabela 2 -Estatísticas descritivas para comparação entre as séries

SÉRIE n Média Desvio padrão

EREP 2 17 45,76 7,42

3 47 37,40 10,46

4 22 39,09 12,38

EAVE 2 17 44,41 5,50

3 42 32,00 11,06

4 22 34,82 14,66

Cloze 1 2 17 11,41 2,29

3 47 7,57 3,23

4 22 8,45 4,00

Cloze 2 2 17 11,41 2,32

3 47 4,70 3,13

4 22 6,00 3,51

Verificou-se na comparação entre as séries, que os escores dos quatro

instrumentos foram melhores para a 2ª série em relação aos da 3ª série e 4ª

séries. No EREP, a média da 2ª série foi de 45,76, com desvio padrão de 7,42,

enquanto que a média da 4ª série foi de 39,09, com desvio padrão de 12,38.

Para o EAVE, a média para a 2ª série ( n= 17) foi de 44,41, com desvio

padrão de 5,50, enquanto que para a 4ª série foi de 34,82, com desvio padrão de

14,66.

A média do Cloze 1 “A princesa e o fantasma” para a 2ª série (n=17) foi

de 11,41, com desvio padrão de 2,29, enquanto que para a 4ª série (n=22), foi de

8,45 com desvio padrão de 4,00.

33

No Cloze 2 “Uma vingança infeliz” para a 2ª série (n=17) foi de 11,41

com desvio padrão de 2,32, enquanto que para a 4ª série (n=22) foi de 6,00, com

desvio padrão de 3,51.

Finalizando o objetivo deste trabalho, foram realizadas as análises

estatísticas descritivas, por tipos de instituição, na Tabela 3 estão apresentados os

resultados obtidos.

Tabela 3 -Estatísticas descritivas para comparação entre as escolas

ESCOLA n Média Desvio padrão

EREP 1 45 36,49 11,93

2 15 36,80 9,05

3 10 44,80 7,37

4 20 47,60 4,81

EAVE 1 45 31,76 13,20

2 11 31,18 10,89

3 9 40,22 6,05

4 20 45,55 1,70

Cloze 1 1 45 7,56 3,78

2 15 7,40 2,89

3 10 9,50 2,63

4 20 11,95 1,31

Cloze 2 1 45 4,98 3,08

2 15 4,13 3,24

3 10 7,00 3,71

4 20 11,70 1,21

Observou-se que na escola particular (n=20) as médias nos quatro

instrumentos indicaram melhor desempenho dos alunos em relação aos das

escolas públicas (n=45;11;9). No EREP a média dos acertos foi de 47,60 com um

desvio padrão de 4,81, para a escola particular, enquanto que os alunos de escola

pública obtiveram média de 36,49 com desvio padrão de 11,93.

Para o EAVE a média foi de 45,55 para a particular com desvio padrão

34

de 1,70 e uma média de 31,18 com desvio padrão de 10,89 para a pública.

No Cloze 1 “A princesa e o fantasma” obteve-se a média de 11,95 com

desvio padrão de 1,31 para a escola particular e de 7,40 com desvio padrão de

2,89 para a pública. No Cloze 2 “Uma vingança infeliz” obteve-se a média de

11,70, com desvio padrão de 1,21 para a escola particular e uma média de 4,13

com desvio padrão de 3,24 para a pública.

35

6. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora as dificuldades de aprendizagem afetem uma grande

quantidade de crianças em idade escolar, o estudo de dificuldades específicas na

escrita teve início somente no final de 1970 (ALMEIDA, 2002; ESCORIZA NIETO,

1998; SCHIAVONI, 2004; ZUCOLOTO, 2000). Neste presente estudo buscou-se

analisar as relações entre a leitura e a escrita que pudessem ser estabelecidas

com alunos de segunda, terceira e quarta séries.

Com base no pressuposto de que a escrita é resultante de um aspecto

evolutivo, procurou-se verificar se essa evolução seria captada pelos instrumentos

aqui utilizados. As análises feitas por meio dos instrumentos EREP e EAVE

verificaram diferenças de pontuação entre séries, sexo dos participantes e

diferenças de pontuação no que se refere à natureza jurídica da escola, pública ou

particular. A análise dos erros obtidos pelos participantes desta pesquisa na

Escala de Avaliação de Dificuldades na Aprendizagem da Escrita confirma a

ocorrência de dificuldades de aprendizagem em crianças que freqüentam o ensino

fundamental, uma vez que apontou que grande parte da amostra pesquisada,

apresenta dificuldades de aprendizagem.

Os resultados indicaram que a dificuldade de aprendizagem em

escrita está relacionada à compreensão da leitura independendo da série, como

podemos verificar nos dados obtidos, em que todas as crianças que participaram

do estudo apresentam dificuldades. Os dados apontaram também que em todas

as séries os resultados para a dificuldade de aprendizagem em escrita e a

compreensão da leitura sofreram influências do gênero. Neste estudo observou-se

uma significativa diferença entre os sexos dos participantes, podendo-se dizer que

os meninos tendem a ter mais dificuldades na aprendizagem da escrita que as

meninas. Assim, constatou-se que os meninos obtiveram uma pontuação média

de erros maior no EAVE, o que corrobora com os resultados obtidos por Suehiro

(2006), que indicam que os meninos apresentam mais dificuldades de

aprendizagem na escrita, quando comparados às meninas.

Constatou-se diferença estatisticamente significativa no mesmo sentido

das pesquisas de Zucoloto e Sisto (2002), no que se refere à pontuação por

36

séries. Neste estudo, as crianças de 2ª série obtiveram menos erros de escrita

que as de 3ª e 4ª séries. Um aspecto a ser ressaltado é que os erros na

compreensão da leitura aumentam em razão da dificuldade de aprendizagem da

escrita e que os mais velhos apresentam mais erros do que os mais novos. Ao

lado disso, os alunos mais velhos podem apresentar automatismo dos erros e

quanto mais estiver automatizado o erro, mais difícil se torna sua correção, porque

a forma assimilada é a forma errada. Buscando analisar os aspectos que

poderiam ter contribuído para que os resultados se configurassem de tal maneira,

outra possibilidade aventada seria de que as crianças da 2ª série estão

matriculadas em uma escola particular, enquanto que as demais estudam em

escolas públicas.

No que concerne à natureza jurídica da escola freqüentada pelos

participantes, houve diferença estatisticamente significativa para os instrumentos

de escrita. Os resultados corroboram com os estudos de Santos, Sampaio,

Lukjanenko, Cunha e Zenorini (2006). Isso confirma que as crianças que

freqüentam ambientes favorecidos apresentam condições mais adequadas ao

aprendizado, em detrimento daquelas que não têm os mesmos privilégios

(BARRETO, 1981; POPPOVIC, ESPÓSITO e CAMPOS, 1975). Ficou evidente

que os alunos de escola pública apresentam um desempenho inferior quando

comparados aos de escola particular, o que mostra que, as crianças de escola

pública da amostra pesquisada, tendem a ter mais dificuldades na aprendizagem

da escrita que as demais.

Com relação à compreensão da leitura, pôde-se perceber que os

resultados se mostram com características semelhantes. Nos testes Cloze, as

meninas se destacaram obtendo mais acertos que os meninos, o que vai ao

encontro da pesquisa de Santos, Sampaio, Lukjanenko, Cunha e Zenorini (2006).

Os alunos da 2ª série obtiveram melhores resultados que os mais velhos e as

crianças da escola particular cometeram menos erros que as crianças das escolas

públicas. No que se refere ao sexo dos participantes e a natureza jurídica da

escola, se mantém as razões já discutidas anteriormente.

Estes resultados apresentados a respeito da diferença de pontuação

37

por séries, podem ser devido a compreensão da leitura dos alunos. A

compreensão da leitura das crianças mais velhas tende a se fragmentar, a fluência

tende a diminuir, fazendo com que elas consigam retirar poucas informações do

texto. Cabe lembrar ainda que de acordo com Fonseca (1995), duas condutas

distintas podem ser observadas. Quando o aluno está diante de uma palavra

conhecida age com rapidez, e o reconhecimento é instantâneo. Quando se

encontra diante de uma palavra desconhecida, o reconhecimento se torna mais

lento e pode tender a transformarem sons as unidades ortográficas que a

compõem, dando lugar à pronúncia da palavra.

Como visto, para tornar-se um leitor competente, as experiências na escola e

na família, a motivação e o conhecimento do aprendiz, as ajudas e os recursos

que o educador proporciona são importantes para o desenvolvimento das

habilidades em escrita e leitura.

Portanto, estes resultados enfatizam a importância do planejamento,

construção e utilização de instrumentos de aprendizagem adequados à realidade

das crianças e de projetos pedagógicos elaborados com base na identificação das

necessidades do grupo. Outra questão relevante se refere à avaliação precoce e

contínua da aprendizagem das crianças no início do processo de escolarização,

pois essa ação visa prevenir e não apenas remediar o surgimento das dificuldades

de aprendizagem, o que reforça que os testes são ferramentas úteis e

necessárias.

Muitas situações como práticas educativas utilizadas pelos professores,

suporte familiar, ambiente social estimulador (contato precoce com livros, jornais,

Internet e outros materiais escritos), podem ser capazes de superar algumas

limitações e propiciar condições mais adequadas para o desenvolvimento e a

formação de habilidades importantes para a aprendizagem tanto da leitura quanto

da escrita. Dessa forma, o compromisso da escola torna-se maior em identificar e

propor alternativas viáveis para que os alunos possam superar eventuais

dificuldades que apresentem.

38

REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. M. As dificuldades de aprendizagem: repensando o olhar e a prática no cotidiano da sala de aula. Dissertação de Mestrado. Universidade de Santa Catarina, Santa Catarina, 2002. Disponível em: http://www.isal.com.br. Acessado em: 23 de ago. 2008. BARRETO, E. S. S. Bons e maus alunos e suas famílias, vistos pela professora de 1º grau. Cadernos de Pesquisa, v. 37, 1981, p. 84-89. BEYER, H. O. A abordagem psicossocial do desenvolvimento cognitivo segundo Reuven Feuerstein: um modelo teórico para o trabalho pedagógico com indivíduos portadores de dificuldades cognitivas. Integração, ano 6, n. 15, 1995, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. BORUCHOVITCH, E. A motivação do aluno: contribuição da psicologia contemporânea. 3 ed., Petrópolis: Vozes, 2001. CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Lingüística. 8 ed., São Paulo: Scipione, 1995. ______________. A cartilha e a leitura. Revista Série Idéias, v. 5. São Paulo: FDE, 1988. CALIATTO, S. G.; MARTINELLI, S. C. Avaliação do Reconhecimento de Palavras em jovens e adultos. Psicologia Escolar Educacional, v. 6, nº 1, 2005, p. 51-58. CASTELO BRANCO, S. M. C. Estudo do desenvolvimento de leitura oral em escolares de 1ª a 4ª série do primeiro grau. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1992. Disponível em: http://www.scielo.org.br. Acessado em: 28 de ago. 2008. CONDEMARÍN, M.; MILICIC, N. Test de Cloze – Procedimiento par el desarrollo y la evaluación de la comprensión lectora. Santiago de Chile: Andrés Bello, 1994. Disponível em: http://www.scielo.org.br. Acessado em: 28 de agosto de 2008. CUNHA, N. B. (2006). Instrumentos para Avaliação da Leitura e Escrita: estudos de validade. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia, Universidade São Francisco, Itatiba, 148 p. DROUET, R. C. da R. Distúrbios da aprendizagem. 2 ed., São Paulo: Ática, 1995. FERREIRO, E. A representação da linguagem e o processo de alfabetização. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, Fundação Carlos Chagas, n. 52, p. 7-17, fev. 1985.

39

_______________. Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. _______________. Alfabetização em processo: São Paulo: Cortez, 1991. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. FONSECA, V. da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2 ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. FRANÇA, C. Um novato na Psicopedagogia. In: SISTO, F. e cols. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 1996. GROSSI, E. P. Didática do nível pré-silábico: alfabetização em classes populares. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. JOSÉ, E. A.; COELHO, M. T. Problemas de Aprendizagem. 3 ed., São Paulo: Ática, 1991. JOLY, M. C. R. A.; LOMÔNACO, J. F. B. Avaliando a compreensão de leitura no ensino fundamental: uma comparação entre instrumento eletrônico e o impresso. Revista da Vetor Editora, v. 53, n. 119, 2003, p. 131-147. KINGESKI, M. F.; SISTO, F. F. Reconhecimento de palavras nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista da Vetor Editora,v. 7, nº 2, 2004, p. 183-190. KOPKE FILHO, H. Estratégias em compreensão da leitura: conhecimento e uso por professores de língua portuguesa. Tese de Doutoramento, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. Disponível em: http://www.scielo.org.br. Acessado em: 28 de ago. 2008. MARTINELLI, S. de C. Metacognição e motivação na aprendizagem: relações e implicações. Petrópolis: Vozes, 2001. Disponível em: http://www.ipep.edu.br. Acessado em 01 de setembro de 2008. MELLO, M. T. O. P. Efeito de um material de história do Brasil para crianças de 8 a 10 anos quanto à inteligibilidade e compreensão do texto. Psicologia em estudo, v. 5, nº 2, 1988, p. 112-126. POPPOVIC, A. M.; ESPÓSITO, Y. L.; CAMPOS, M. M. M. Marginalização cultural: subsídio para um currículo pré-escolar. Cadernos de Pesquisa, nº 14, 1975, p. 7-73. PRIETO, H.; CAVALCANTI, Z. Alfabetizando. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. SANTOS, A. A. A.; SAMPAIO, I. S.; LUKJANENKO, M. F. S.; CUNHA, N. B.; ZENORINI, R. P. C. Avaliação de dificuldades em compreensão de leitura e

40

escrita. Em Currículo do Sistema de Currículos. Disponível em: http://www.lattes.cnpq.br/. Acessado em 01 de set. 2008. SCHIAVONI, A. Dificuldades de aprendizagem em escrita e percepção de alunos sob expectativas de professores. Dissertação de Mestrado. Unicamp, Campinas, 2004. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br. Acessado em 01 de set. 2008. SCOZ, B. Psicopedagogia e realidade escolar, o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1994. SISTO, F. F. Dificuldade de aprendizagem em escrita: um instrumento de avaliação (ADAPE). Em F. F. Sisto, E. Boruchovitch, & L. D. T. Fini (Orgs.), Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 190-213. SISTO, F. F. Avaliação de dificuldade de aprendizagem: uma questão em aberto. Em F. F. Sisto, E. A. Dobránszky, A. Monteiro (Orgs.), Cotidiano Escolar: questões de leitura, matemática e aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 121-141. SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldade de Aprendizagem de A a Z: um guia completo para pais e educadores. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 2001. SUEHIRO, A. C. B. Dificuldade de aprendizagem da escrita num grupo de crianças do ensino fundamental. Revista de Psicologia da Vetor Editora, v. 7, nº 1, Jan/Jun. 2006, p. 59 68. TAYLOR, W. L. Cloze procedure: a new tool for measuring readability. Journalism Quarterly, nº 30, 415-433, 1953, p. 415-433. Disponível em: http://www.ncsu.edu. Acessado em 01 de set. 2008. ZUCOLOTO, K. A.; SISTO, F. S. Dificuldades de aprendizagem em escrita e compreensão em leitura. Interação em Psicologia, v. 6, n.2, 2002, p.157-166. Disponível em: http://www.scielo.org.br. Acessado em: 01 de set. 2008.

41

ANEXO 1 ESCALA DE RECONHECIMENTO DE PALAVRAS (EREP) Sisto, 2004

Depois de ouvir a palavra, faça um X na palavra escrita corretamente:

1 -alem -alén -além

2 -emfim -enfin -enfim

3 -jol-gou-gol

4 -palavra -pelavra -pavavra

5 -ventu -vento –vênto

6 -populações -populassões -popuações

7 -pusição -posicão -posição

8 -poduz -produz -produs

9 – pronunciadas -pronuncidas -pronunssiadas

10 -marela -amarrela -amarela

11 -ambienti -anbiente -ambiente

12 -atrazado -atlasado -atrasado

13 -cinzenda -cizenta -cinzenta

14 -clarera -clareira -crareira

15 -clarro -claro -craro

16 -déla -delá -dela

17 -dêrradeiro -deradeiro -derradeiro

18 -decubra -desçubra -descubra

19 -ditância -distânsia -distância

20 -emtrar -entar -entrar

21 -enrado -erado -errado

22 -eztiagem -esfiagem -estiagem

23 -ezemplo -exemplo -ixemplo

24 -eziste -existe -existi

25 -exploração -esploração -exproração

26 -foran -poram -foram

27 -forma -forna -fôrma

42

28 -fotebol -futebou -futebol

29 -geraumente -geralmente -geralmenti

30 -imaginasão -imaginação -imajinação

31 -importante -inportante -importamte

32 -informação -informassão -infornação

33 -juntaram -juntáram -juntaran

34 -lapis -lápis -lápiz

35 -madrugaba -madrugada –nadrugada

36 -matirial -materiau -material

37 -medico -médica -médico

38 -ninguem -nimguém -ninguém

39 -paineu -painel -panel

40 -paresse -padece -parece

41 -pediátricu -pediátlico -pediátrico

42 -pega-lo -pagá-lo -pegá-lo

43 -proqagandas -propagamdas -propagandas

44 -proparoxítunas -proqaroxítonas -proparoxítonas

45 -raceita -resseita -receita

46 -reponsável -resposável -responsável

47 -socou -çocou -socol

48 -çurgiu -surjiu -surgiu

49 -telas -temas -télas

50 -viria -tiria -virria

51 -vivacidabe -vivaacidade -vivacidade

52 -vontadi -vomtade -vontade

53 -pequenas -peqenas -piquenas

54 -personagens -perçonagens -persomagens

55 -pesquisadas -tesquisadas -pesquisabas

43

ANEXO 2

ESCALA DE AVALIAÇÃO DA ESCRITA (EAVE) Fermino Fernandes Sisto (2005)

Ditar as seguintes palavras dando um tempo para as crianças escreverem

uma ao lado da outra, deixando um espaço entre elas. Exemplo a ser colocado na

lousa: cidade bosque banana

Avisar as crianças que nenhuma palavra vai ser repetida. Quando for

maiúscula, falar “letra maiúscula” e ditar a palavra. Não é preciso dizer o número

de cada palavra, ou seja, ditar apenas as palavras.

1. ficou 19. divertido 37. alegre 55. gente

2. chácara 20. jogando 38. certo

3. tarde 21. campo 39. ele

4. Animais 22. aniversário 40. necessário

5. quente 23. casa 41. muitas

6. seus 24. não 42. iam

7. perto 25. achou 43. Meus

8. pensando 26. Todos 44. contaram

9. verão 27. atrás 45. brincadeiras

10. Chegou 28. Quando 46. engraçadas

11. colocou 29. beberam 47. cachorro

12. chegam 30. companheiros 48. médico

13. joelho 31. tenho 49. Vontade

14. gostam 32. Fizeram 50. Passar

15. sobre 33. voltar 51. difícil

16. festinha 34. Outros 52. machucou

17. Burrico 35. mercúrio 53. bastante

18. estava 36. vizinho 54. esparadrapo

44

ANEXO 3

TESTES DE CLOZE

A PRINCESA E O FANTASMA Era uma vez uma princesa que vivia muito infeliz em seu palácio. Ela era

apaixonada por _____ fantasma que vivia escondido ____.

Um dia chegou um ________________ estrangeiro e disse à ____ que o

seu fantasma ______ um príncipe enfeitiçado.

A ____________ suspirou de alívio e ________ pensando em uma maneira

____ tirar aquele feitiço. Achou ______ se o fantasma soubesse ____ seu amor

por ele, ___ feitiço desapareceria.

Acreditando nisso, __ princesa armou um plano __ prendeu o fantasma

numa ______________ de música. Declarou seu ________ a ele e, ao abrir a

caixinha, o som da música se transformou num príncipe maravilhoso.

UMA VINGANÇA INFELIZ Pedro ficou muito bravo porque seu irmão quebrou um de seus

brinquedos. Sua vingança foi rasgar _____ fotografia em que eles ___________

juntos no quintal da __________.

A mãe de Pedro _________ brava com ele e o castigou. _____ lhe disse

que ao __________ uma fotografia ele também __________ destruindo uma

lembrança. Explicou ________ ele que quando envelhecemos ___ lembranças

ajudam a animar __________ vidas.

Depois de pensar _________, Pedro desculpou-se com ______ irmão e

pediu para __ seu pai tirar um ______ retrato deles. Um bonito ______-retrato foi

colocado no quarto, onde está guarda a lembrança daquele dia.

Santos, A. A. A. (2004). O Teste de Cloze na avaliação da competência em leitura no ensino fundamental. Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Psicologia – Universidade São Francisco. Itatiba – SP.

45

ANEXO 4 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE PEDAGOGIA CÂMPUS DE BRAGANÇA PAULISTA

Bragança Paulista,______de______________________de 2007.

Senhor(a) Diretor(a),

A Universidade São Francisco solicita autorização para que a estudante Érika

Monqueiro Leme, do Curso de Pedagogia faça a coleta de dados para a realização da

pesquisa sobre Alfabetização e Dificuldades de Aprendizagem, na instituição

dirigida por Vossa Senhoria.

Desde já agradecemos sua atenção e colocamo-nos à disposição para quaisquer

esclarecimentos.

Atenciosamente,

_________________________________________

Prof.ª Dra. Rita da Penha Campos Zenorini

Coordenadora do Curso de Pedagogia

Eu__________________________________________________________, responsável

pela instituição_________________________________________________________,

autorizo a estudante _____________________________________________________ a

realizar sua pesquisa nesta instituição.

________________, ______de_____________________de 2007.

46

ANEXO 5 TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO (1ª via)

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DE ESCOLARIZAÇÃO

Eu,...............................................................................................................................

................................................................................................................. (nome, idade, RG, endereço), abaixo assinado

responsável legal de..................................................................................., dou meu consentimento livre e esclarecido para

que ele(a) participe como voluntário(a) do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade do(s) pesquisador(es) e

Profª Drª Rita da Penha Campos Zenorini e Profª Drª Neide de Brito Cunha, do curso de graduação em Pedagogia e pós-

graduação em Psicologia da Universidade São Francisco.

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:

1 -O objetivo da pesquisa é investigar a relação das dificuldades de aprendizagem na escrita e na leitura com a

agressividade, o autoconceito, as estratégias de aprendizagem, a motivação para aprender e a consciência fonológica;

2-Durante o estudo serão aplicados instrumentos de avaliação psico-educacional, a saber: dois textos para avaliação da

compreensão de

leitura, dois ditados para avaliação da escrita, uma escala de agressividade, uma escala de autoconceito, uma escala de

estratégias de aprendizagem, uma escala de motivação para aprender e um roteiro de consciência fonológica;

3 -Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a sua participação na referida

pesquisa;

4-A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não causam riscos conhecidos a sua saúde física e mental;

5 -Estou livre para interromper a qualquer momento sua participação na pesquisa;

6 – Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados apenas para

alcançar os

objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;

7 -Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou

reclamações em relação à

pesquisa pelo telefone: (11) 4534-8040;

8 -Poderei entrar em contato com as responsáveis pelo estudo, Profª Rita da Penha Campos Zenorini e Profª Neide de Brito

Cunha, sempre

que julgar necessário pelo telefone (11) 4034-8075;

9-Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o

pesquisador responsável.

________________________________________________, _________ de ______________________ de 2007

(cidade) (dia) (mês)

___________________________________

Assinatura do responsável legal

47

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO (2ª via) DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DE ESCOLARIZAÇÃO

Eu,...........................................................................................................................................................................

................................................................................................................. (nome, idade, RG, endereço), abaixo

assinado responsável legal de..................................................................................., dou meu consentimento

livre e esclarecido para que ele(a) participe como voluntário(a) do projeto de pesquisa supra-citado, sob a

responsabilidade do(s) pesquisador(es)e Profª Drª Rita da Penha Campos Zenorini e Profª Drª Neide de Brito

Cunha, do curso de graduação em Pedagogia e pós-graduação em Psicologia da Universidade São

Francisco.

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:

1 -O objetivo da pesquisa é investigar a relação das dificuldades de aprendizagem na escrita e na leitura com

a agressividade, o autoconceito,

as estratégias de aprendizagem, a motivação para aprender e a consciência fonológica;

2-Durante o estudo serão aplicados instrumentos de avaliação psico-educacional, a saber: dois textos para

avaliação da compreensão de

leitura, dois ditados para avaliação da escrita, uma escala de agressividade, uma escala de autoconceito, uma

escala de estratégias de

aprendizagem, uma escala de motivação para aprender e um roteiro de consciência fonológica;

3 -Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a sua participação na

referida pesquisa;

4-A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não causam riscos conhecidos a sua saúde física e

mental;

5 -Estou livre para interromper a qualquer momento sua participação na pesquisa;

6 – Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados

apenas para alcançar os

objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;

7 -Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos

ou reclamações em relação à

pesquisa pelo telefone: (11) 4534-8040;

8 -Poderei entrar em contato com as responsáveis pelo estudo, Profª Rita da Penha Campos Zenorini e Profª

Neide de Brito Cunha, sempre

que julgar necessário pelo telefone (11) 4034-8075;

9-Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra

com o pesquisador responsável.

____________________________________, _________ de ________________________ de 2007

(cidade) (dia) (mês)

___________________________________

Assinatura do responsável legal