AVALIAÇÃO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS … · SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DOS ......
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AVALIAÇÃO DE GESTÃO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DOS
HOSPITAIS PÚBLICOS DE UMA GRANDE
CIDADE NO NORDESTE DO BRASIL.
Francimara Carvalho da Silva (UFPI)
Edison de Oliveira Silva (UFPI)
Jorge Fernando Castro Silva (UFPI)
Maria do Socorro Ferreira dos Santos (UFPI)
O aumento da demanda por serviços de saúde provocou um crescimento na
geração de resíduos hospitalares infectantes e comuns. O objetivo do estudo
é abordar o gerenciamento dos resíduos sólidos dos serviços de saúde de
quatro hospitais públicos de Teresina (PI). Os resíduos são percebidos como
um problema, em função do esgotamento de aterros sanitários, necessidade
de altos investimentos para soluções equivalentes, carência de novas
propostas para evitar sua geração e ausência de estímulo para a reciclagem.
Esta pesquisa é de abordagem quantitativa e qualitativa. Foram realizados
registros fotográficos, aplicação de questionários de forma individual com os
funcionários da limpeza e gestores dos hospitais, bem como vistoria na
empresa que realiza o transporte externo, esterilização e destinação final dos
resíduos. Os resultados comprovam que as ações de gerenciamento de
resíduos sólidos de serviços de saúde não preveem o risco potencial dos seus
resíduos, em todas suas etapas, de forma a evitar que resultem em danos à
saúde do trabalhador e do usuário e ambiente. Constatou-se que o plano de
gerenciamento hospitalar das unidades estudadas não é seguido de forma
eficiente pelos envolvidos. Considerando-se as não-conformidades de várias
etapas seriam necessárias mudanças de atitude para o correto
gerenciamento dos resíduos
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
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avançadas de produção”
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Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Serviços de Saúde. Gerenciamento.
Legislação
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
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1. Introdução
A problemática relacionada ao Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde
(GRSSS) é uma preocupação atual, em razão da falta de conhecimento dos profissionais de
saúde quanto a sua importância, bem como a aplicabilidade da legislação vigente
(NÓBREGA et al., 2014).
Os impactos ambientais causados pelo gerenciamento inadequado dos resíduos hospitalares
podem atingir grandes proporções, indo desde contaminações, infecções hospitalares, e, até
mesmo, a geração de epidemias ou mesmo endemias ante as contaminações do lençol freático
com os mais diversos tipos de resíduos oriundos dos serviços de saúde (NAIME;
RAMALHO; NAIME, 2008) cujo destino se dá muitas vezes de forma inadequada (lixões,
céu aberto, entre outros).
Desta forma, é importante que os hospitais tenham dados precisos sobre a quantidade de
resíduos produzidos, pois, como afirma Figueiredo (2010), a geração, segregação,
acondicionamento e o conhecimento da quantidade de resíduos gerados pelos hospitais é uma
informação importante para o gerenciamento, uma vez que, quando não há controle, torna-se
mais difícil o processo de tomada de decisão.
Há uma mobilização destes para um melhor gerenciamento dos RSSS, com o intuito de
minimizar os riscos aos profissionais que lidam com esses resíduos e ao meio ambiente.
(FERREIRA; GORGES; SILVA, 2009). Além disso, Mendes (2012) relatou uma grande
carência de estudos que demonstrem como está sendo realizado o GRSSS em Teresina.
Neste contexto o presente estudo buscou avaliar o gerenciamento dos resíduos sólidos dos
serviços de saúde dos hospitais públicos de Teresina (PI) e sua adequação com a legislação
vigente A opção por essa temática levou em consideração o grande risco a que estão expostos
à sociedade e o meio ambiente, particularmente os profissionais de saúde, comunidades
próximas dos hospitais e pacientes.
2. Fundamentação teórica
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2.1 Resíduos hospitalares
De acordo com Kougemitrou et al. (2011), os resíduos hospitalares originam-se da operação
de qualquer unidade sanitária, tais como enfermarias públicas, privadas e municipal,
cirúrgicas, hospitais, centros de doação de sangue, diagnósticos, laboratórios de
microbiologia, clínicas veterinárias e laboratórios de diagnóstico veterinário. Questões
relacionadas aos aspectos ambientais em uma instituição hospitalar são de relevância
considerável no contexto da manutenção da qualidade de vida de uma sociedade (NAIME;
SARTOR; GARCIA, 2008).
No Brasil, existem três órgãos que elaboram a classificação dos RSSS, a saber: CONAMA,
ANVISA e ABNT. A Resolução N. 283/01 do CONAMA, dispõe sobre o tratamento e a
destinação final dos resíduos dos serviços de saúde e classifica em quatro grupos: A, B, C e
D.
Considerando-se a necessidade de prevenir e reduzir os riscos à saúde e ao meio ambiente,
por meio do correto gerenciamento dos resíduos gerados pelos serviços de saúde, a RDC
33/2003 da ANVISA classifica tais resíduos em cinco grupos: A (potencialmente infectantes),
B (químicos), C (rejeitos radioativos), D (resíduos comuns) E (perfurocortantes). Já para a
NBR 12.808/1993 ABNT os residuos divididos em classe desde A1 ao A6 e B1 ao B3.
Chaerul, Tanaka e Chekdar (2007) afirmam que a sociedade sempre está alerta em melhorar
os seus padrões de saúde. Uma maneira de melhorar os padrões pode ser obtida através dos
vários serviços da saúde pública ou privada. Não obstante, as consequências oriundas dos
estabelecimentos de saúde nem sempre estão em paralelo com os benefícios oferecidos por
eles.
Considerando tal preocupação, percebe-se o surgimento da necessidade de adoção de medidas
de gestão acerca dos impactos dos RSSS, hoje carecedores de fiscalização. Pode-se citar como
exemplo dessas necessidades, a pesquisa realizada em 16 hospitais localizados no Reino
Unido, UK. Segundo Blenkharn (2007), são várias deficiências encontradas no desempenho
do tratamento. O armazenamento de carrinhos de resíduos clínicos permanecia em áreas
acessíveis a membros do público, muitos carrinhos de resíduos hospitalares e as áreas
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dedicadas ao seu armazenamento estavam em um mau estado de conservação bem como
vários casos de armazenamento de resíduos clínico apresentavam-se, aparentemente, em
violação à saúde e legislação de segurança, de regulamentos de incêndio e dos resíduos
perigosos do Reino Unido.
Outro caso a ser mencionado foram os estudos realizados na Líbia, em 2009. Por meio dos
dados coletados constataram-se déficits no plano de gerenciamento nos hospitais libianos. As
unidades hospitalares não apresentavam orientações para a coleta, separação e classificação,
nem métodos de armazenamento e eliminação dos resíduos. Enfim, a deficiência detectada
indica a necessidade de uma estratégia adequada de gestão de resíduos hospitalares para
melhorar e controlar a situação existente (SAWALEM et al., 2009).
E o cenário supracitado não foi diferente para o Egito. El-Salam (2010) realizou uma
pesquisa, nos hospitais localizados na cidade de Damanhour, que mostra as várias
dificuldades enfrentadas em muitas províncias para a implementação da gestão integrada de
resíduos hospitalares na prática. Falta dos registros governamentais e estudos sobre as
quantidades de resíduos, características e categorização em instituições de saúde de Al-
Buhaira são fatores limitantes para identificar as deficiências de gestão existentes.
Omar, Nazli e Karuppannan (2012), em pesquisa realizada em três hospitais localizados nos
estados de Johor, Perak e Kelantan, na Malásia, acerca das práticas de gerenciamento de
resíduos clínicos, verificaram que a falta de conhecimento dos profissionais de saúde quanto
ao tipo de resíduos gerados nos hospitais é comum, existindo ainda uma grande deficiência no
manejo e no processo de segregação.
Philippi Jr e Aguiar (2005) destacam que a busca das mais diversas alternativas para
equacionar, solucionar ou amenizar o problema dos RSSS devem envolver o sistema de
gerenciamento integrado, havendo a aplicação simultânea de medidas de redução de geração
na fonte, minimização dos resíduos por meio da implantação de formas diferentes de
tratamento, considerando-se as peculiaridades locais e políticas de educação ambiental.
Segundo Rovere (1988), o manejo de RSSS através da NBR 12.807/1993 consiste na
operação de identificação e fechamento do recipiente. O manejo, neste caso, envolve todas as
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fases que, de certa forma, dizem respeito a manipulação dos resíduos e que possam oferecer
riscos ocupacionais aos profissionais envolvidos.
No Brasil, segundo Schneider et al. (2004), na maioria dos municípios, os RSSS não recebem
nenhum tipo de tratamento especial, pois são coletados junto com os resíduos comuns e têm
como destinação final o mesmo local utilizado para os resíduos urbanos, ficando geralmente a
céu aberto e com um grande número de pessoas tendo acesso livre para praticarem a atividade
de catação, ficando estes últimos expostos a sérios problemas de saúde em razão do contato
direto com os resíduos e com seus vetores (moscas, mosquitos, ratos e baratas), que
encontram no lixo um local ideal para proliferação e alimentação.
3. Metodologia
O presente trabalho é classificado como estudo de caso multicaso, por se tratar de um estudo
de fatos isolados cujo objeto de estudo foi quatro hospitais do município de Teresina-PI. Gil
(2010) define o estudo de caso como um “[...] estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento [...]”.
Quanto à natureza, a pesquisa deste trabalho é classificada como básica, já que busca
informações e conhecimentos que poderão, eventualmente, levar a resultados acadêmicos ou
aplicações importantes, envolvendo interesses universais (PRODANOV; FREITAS, 2013) Já
quanto à abordagem do problema, classifica-se como quantitativo e qualitativo, visto que o
pesquisador teve contato direto com o ambiente de estudo e quantificou os resultados das
entrevistas com os colaboradores da limpeza e gestores, obtendo dados estatísticos (RUIZ,
2008; KOCHE, 2009).
A pesquisa foi realizada em quatro hospitais públicos de Teresina (PI), os quais realizam
atendimentos a pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os hospitais tiveram seus
nomes preservados, sendo chamados da seguinte forma: o hospital “B1” é o maior hospital
público do estado em atendimento de urgência e emergência; o hospital “B2” é referência no
transplante de órgãos no estado; o hospital “B3” é referência em pediatria e, por fim, o
hospital B4 possui a especialidade de doenças infectocontagiosas. O Quadro 1 apresenta a
forma como a pesquisa foi delineada, detalhando suas respectivas etapas.
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Quadro 1 – Etapas da pesquisa
1 - Comitê de ética
Projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí. Obteve aprovação
CAAE 46310715.6.000.5214, com parecer número 1.197.630, e com aprovação do comitê de ética
dos quatro hospitais pesquisados.
2 - Definição da amostra
Foi constituída dos gestores dos hospitais, eis que todos estão envolvidos no processo de
GRSSS. Para manter o anonimato dos hospitais, critério exigido por eles para realização da
pesquisa, os hospitais foram nomeados como B1, B2, B3 e B4 quando da análise dos
resultados.
3 - Coleta de dados
Todos os gestores dos hospitais foram entrevistados. Os participantes desta pesquisa
responderam a um questionário com questões fechadas e a observação simples/direta, e logo
em seguida, foram realizados registros fotográficos.
Fonte: Elaboração própria (2016).
Todos os participantes desta pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) e Termo de Compromisso de Utilização de Dados. É válido ressaltar que
durante a coleta de dados, aplicou-se o questionário aos gestores dos hospitais pesquisados,
além disso, ocorreu a observação in loco nos hospitais.
4. Resultados e discussão
O hospital identificado como B1 não autorizou registros fotográficos de sua rotina. Destaca-se que foi
possível a entrevista com 100% dos gestores. Os resultados obtidos e dispostos a seguir foram
baseados de acordo com a legislação vigente sobre o tema.
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4.1 Avaliação do GRSSS dos hospitais pesquisados e sua conformidade com a legislação.
O Quadro 2 apresenta o resumo com os quatro hospitais pesquisados e a conformidade com a
legislação, bem como algumas observações pertinentes.
Quadro 2 – Conformidade com a legislação por hospitais (C para conforme e NC para não conforme).
B1 B2 B3 B4 Observação
Caixa para acondicionamento de
materiais perfurocortantes C C C C Nenhum problema encontrado
Lixeiras para acondicionamento
de resíduos C C NC NC
B3 não possui pedal e B4 possui símbolo
ilegível
Carro de transporte de resíduos
internos C C C NC B4 não possui carro feito de material rígido
Expurgo para armazenamento
interno de resíduos C C C NC
B4 não possui expurgo, visto que do ponto de
geração vai direto para o abrigo externo
Carro para transporte de resíduos
externos C C NC NC B3 e B4 possuem símbolos ilegíveis no carro
Abrigo externo de resíduos
comum NC C NC NC
B1 possui abrigo externo exposto na rua. B3
compartilha o abrigo com B2. B4 possui
inconformidade, pois armazena resíduos
próximo aos infectantes
Abrigo externo de resíduos
infectantes NC C NC NC
* B1 possui abrigo externo exposto na rua. B3
compartilha o abrigo com B2. B4 possui
inconformidade, pois armazena resíduos
próximo aos infectantes B2 é único que possui
freezer
Fonte: Elaboração própria (2016).
Foi identificado neste estudo que os hospitais pesquisados não cumprem com a legislação de
referência, em sua totalidade, estabelecida pela ANVISA, CONAMA e Associação Brasileira
de normas Técnicas. Foram encontrados em alguns hospitais lixeiras sem pedal de
acionamento e sem os símbolos de identificação do tipo de resíduos a ser acondicionado
naquele local, havendo o descumprimento da NBR 7500/2005 quanto aos padrões de cores e
símbolo dos resíduos, e da RDC N. 306/2004 quanto aos padrões de segurança do
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equipamento, já que a referida norma estabelece que todas as lixeiras devem conter o pedal de
acionamento e tampa.
Foram identificados hospitais com abrigos externos expostos à rua, sem condições favoráveis
para o acondicionamento de resíduos, visto que esta situação coloca em risco pessoas que
trafegam nas proximidades, bem como pode levar a proliferação de doenças através da
contaminação de animais que adentrem no abrigo. Não houve, desta forma, atendimento a
NBR 12.809/1993 quanto os padrões de segurança exigidos para as pessoas e para o meio
ambiente, pois o abrigo deve ser em uma área restrita, dentro do hospital, com acesso somente
para profissionais que trabalhem no processo de manuseio de resíduos.
Foram encontradas, nos quatros hospitais estudados, em seus postos de preparação de
medicação e enfermarias, caixas para acondicionamento de materiais perfurocortantes fixadas
na parede, com o devido suporte de sustentação, para facilitar a visualização dos profissionais
de saúde no momento do descarte. A RDC N. 306/2004 estabelece que os materiais como
seringas, agulhas, lâminas de bisturi e demais que se enquadrem no grau de risco E devem ser
descartados em caixas especificas, obedecendo ao limite de armazenamento indicado no
recipiente. No hospital B1 identificou-se, através de vistoria, o atendimento de tal exigência.
De acordo com as classificações da ANVISA RDC 306/04 e Resolução CONAMA N. 358/05,
é obrigatória a segregação dos resíduos no momento de sua geração. As lixeiras devem conter
o pedal de acionamento e os resíduos devem ser acondicionados em sacos brancos para os
infectantes e azuis para os comuns. A substituição dos sacos deverá ocorrer quando for
atingido 2/3 de sua capacidade, e, pelo menos, uma vez a cada 24 horas.
Através da análise visual feita no hospital B1 revelou que o mesmo atende às exigências
legais. Ademais, o hospital B2 também está de acordo com as legislações vigente. Por fim, o
hospital B3 apresenta lixeira sem pedal de acionamento, enquanto que B4 possui lixeira com
símbolo de identificação ilegível.
Os carros para transporte de resíduos são utilizados nos hospitais B1, B2 e B3 para facilitar na
coleta do ponto de geração até o expurgo, onde os mesmos estão de acordo com a legislação.
Para o hospital B4, não há ponto de armazenamento interno, sendo os RSSS levados
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diretamente ao abrigo externo. Além disso, O carro utilizado na coleta interna de resíduos do
hospital B4 é de lona plástica de polietileno, não sendo um material rígido e resistente, os
quais não atendendo as exigências da ANVISA.
O ponto de armazenamento interno (expurgo) localiza-se próximo das enfermarias dos
hospitais B2 e B3, facilitando o processo de recolhimento dos resíduos e atendendo as
exigências legais. O hospital B1 também possui o ponto de armazenamento temporário dentro
dos padrões exigidos. Segundo Coelho (2010), o ponto de armazenamento temporário interno
tem como objetivo a guarda temporária dos resíduos em local próximo do ponto de geração e
tem como finalidade minimizar o tempo para os funcionários que fazem a coleta.
Quanto ao carro de transportes de resíduo, foi possível constatar no hospital B1 o atendimento
das exigências legais, bem como o hospital B2. Observou-se, ainda, que o carro do hospital
B3 não possui o símbolo de identificação, enquanto que o do hospital B4 tem símbolo
ilegível, não atendendo, desta forma, a NBR 7.500/2005, quanto o símbolo de identificação
nos recipientes de coleta.
Quanto ao abrigo externo de resíduo comum, foi identificada irregularidade no hospital B1, já
que este fica exposto na rua, disputando espaço com pedestres e carros, e dificultando a
coleta. O hospital B2 possui conformidade no abrigo externo, cujo recolhimento é realizada
pela Prefeitura Municipal de Teresina-PI para os resíduos comuns. No caso do resíduo
infectante, o hospital B2 usa serviços autorizados para recolhimento, foi identificado freezer
para acondicionamento dos resíduos tipo A. No caso do hospital B4, observou-se a
proximidade entre abrigo de resíduos comum e infectante, além de estar na área externa do
hospital, apresentando, portanto uma inconformidade.
4.2 Resultados das entrevistas com os gestores dos hospitais
A Tabela 1 mostra os resultados das entrevistas com os gestores dos quatros hospitais
pesquisados.
Foi questionado aos gestores se estes possuíam um plano de gerenciamento e se existia algum
setor no hospital que fosse responsável por esse plano, se práticas de gerenciamento eram
aplicadas no estabelecimento, e se ocorriam fiscalizações por parte dos órgãos competentes.
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Os gestores dos hospitais B1, B2, B3 e B4 responderam que sim. Isso é contraditório com os
demais resultados do presente estudo, já que foram encontrados equipamentos quebrados,
carros de transporte sem símbolo de identificação, funcionários da limpeza sem conhecimento
do tipo de resíduos gerados no hospital, e sem conhecimentos acerca da destinação final
destes.
Sobre a infraestrutura dos hospitais se está adequada para o gerenciamento, todos os gestores
responderam que não. Os hospitais B1 e B2 informaram que estão fazendo mudanças com o
intuito de atender a legislação e, consequentemente, adequar o PGRSSS. Não houve
informação quanto à natureza de tais mudanças. Os hospitais B3 e B4 relataram que muita
coisa precisa mudar principalmente no que se refere à infraestrutura, como, por exemplo, a
edificação de um abrigo externo que atenda às suas necessidades.
Tabela 1 – Resultado das entrevistas com gestores.
Tópicos Respostas Hospitais
O estabelecimento possui plano de gerenciamento de
resíduos sólidos? Sim B1/B2/B3/B4
Existe algum setor responsável pelo gerenciamento dos
resíduos?
Sim
B1/B2/B3/B4
Existe práticas de gerenciamento de resíduos aplicadas neste
hospital? Sim B1/B2/B3/B4
A infraestrutura do hospital está adequada para o
gerenciamento dos resíduos? Não B1/B2/B3/B4
Há fiscalização dos órgãos competentes em relação aos
resíduos hospitalares? Sim B1/B2/B3/B4
Existe educação continuada frequente em relação ao tema
resíduo de serviços de saúde, neste hospital?
Sim B1/B2/B4
Parcial B3
Quais as principais dificuldades para cumprir a legislação?
Recurso financeiros B3/B4
Fazer com que os
colaboradores cumpram
com o gerenciamento
B1/B3
Fonte: Elaboração própria (2016).
Sobre a infraestrutura dos hospitais se está adequada para o gerenciamento, todos os gestores
responderam que não. Os hospitais B1 e B2 informaram que estão fazendo mudanças com o
intuito de atender a legislação e, consequentemente, adequar o PGRSSS. Não houve
informação quanto à natureza de tais mudanças. Os hospitais B3 e B4 relataram que muita
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coisa precisa mudar principalmente no que se refere à infraestrutura, como, por exemplo, a
edificação de um abrigo externo que atenda às suas necessidades.
Os gestores dos hospitais B1, B2 e B4 afirmaram que existe um processo de educação
continuada de seus funcionários. Por outro lado, o gestor do hospital B3 informou que está
educação se dá de forma parcial, existindo necessidade de melhoria.
Quanto às dificuldades para cumprir a legislação, os hospitais B3 e B4 respondeu a falta de
recursos financeiros. Os hospitais B1 e B2 relataram que há dificuldade para fazer com que
seus colaboradores cumpram com o plano de gerenciamento. Evidenciando que nestes
hospitais é necessária uma maior conscientização dos colaboradores para o cumprimento da
legislação. A Tabela 2 apresenta a continuidade da entrevista com os gestores dos hospitais.
Sobre a legislação vigente, o gestor do hospital B1 respondeu que a regulamentação atual é
suficiente, falta apenas colocá-la em prática; do hospital B2 acredita que a regulamentação é
necessária, pois ela informa como deve ser feito o gerenciamento. Para o gestor do hospital
B3, a legislação em si é boa, residindo o principal problema na estrutura do hospital e para o
da unidade B4 acredita que se houver o cumprimento, a regulamentação será suficiente.
Eventuais insuficiências decorreriam da falta de efetiva obediência à legislação.
Tabela 2 – Continuidade dos resultados da entrevista com os gestores.
Tópico - Qual sua avaliação sobre a legislação vigente no que se refere ao gerenciamento? As exigências
são necessárias?
Respostas Hospital
Já é suficiente falta mesmo é colocar em prática da forma correta. (Sim) B1
São necessárias pois elas informam de como deve ser feito o gerenciamento. (Sim) B2
A legislação em si e boa a estrutura dos hospitais e que não oferece condições de pôr em pratica a
mesma. (Sim)
B3
Se realmente for cumprida é suficiente mas se não pôr em prática passa a se tornar insuficiente.
(Sim)
B4
Fonte: Elaboração própria (2016).
5. Conclusão
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O presente estudo tinha por escopo analisar a adequação de quatro unidades de saúde de
Teresina (PI) e as normas relativas ao correto e efetivo gerenciamento de seus resíduos
sólidos de serviço de saúde.
Foi constatado que o gerenciamento dos resíduos hospitalares ainda é ineficiente, já que não
foi identificado PGRSS nestes hospitais. A forma de capacitação ainda é inadequada para
atividade, foi identificado algumas não conformidades, havendo a necessidade de
investimento e fiscalização.
Não menos importante foram encontradas deficiências físicas, tais como lixeiras sem pedal e
símbolo de identificação do tipo de resíduos, bem como hospital sem abrigo externo para
acondicionamento dos resíduos.
Quanto à legislação que envolve o GRSSS, os gestores responderam que esta é importante,
embora os hospitais não a atendam por completo. Foi enfatizado que a estrutura dos hospitais
ainda não está adequada para um bom gerenciamento.
A complexidade do problema proposto está clara. Foi identificado no decorrer deste trabalho
que as normas do CONAMA, ANVISA e ABNT contêm situações ideais para o
gerenciamento dos resíduos hospitalares, que só poderão ser alcançadas com uma melhor
conscientização de todos os envolvidos no PGRSSS (gestores, funcionários, médicos,
população em geral).
Conclui-se, portanto, que é preciso que ocorram melhorias no gerenciamento dos resíduos
hospitalares, nas unidades pesquisadas, bem como em estrutura física (e.g. novos abrigos de
acordo com os padrões exigido na legislação), lixeiras, carro de transporte e treinamento e
conscientização entre os profissionais envolvidos no PGRSSS.
6. Referências
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.807: Resíduo de Serviço de Saúde
- Terminologia. Rio de janeiro: ABNT, 1993b.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.808: Sacos plásticos para
Acondicionamento de lixo - Determinação da capacidade volumétrica. Rio de Janeiro: ABNT, 1993.
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ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC 33: Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília: ANVISA, 2003.
BLENKHARN J. I., Standards of clinical waste management in hospitals-A second look. Public Health, n. 121,
p. 540–545, 2007.
CHAERUL M., TANAKA M., SHEKDAR A. V. A system dynamics approach for hospital waste management.
Waste Management, n.28, p. 442–449, 2008.
CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 358: Dispõe sobre o tratamento e
a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde. Brasília: CONAMA, 2005.
COELHO, N. M. G. P. Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde: Manejo dos resíduos potencialmente
infectantes e perfurocortantes em unidades de internação da criança, adulto e pronto-socorro de hospitais
públicos no Distrito Federal. 154 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Faculdade de Ciência da
Saúde, Universidade de Brasília – UNB, Brasília, 2010
EINGENHEER, E; ZANON, U. Proposta para classificação, embalagem, coleta e destinação final dos resíduos
hospitalares. Arquivo Brasileiro de Medicina, n.5a, p. 93-95, 1991.
EL-SALAM, M. M. A. Hospital waste management in El-Beheira Governorate. Journal of environmental
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