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Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2006, 7 (2), pp. 81 - 102 81 Avaliação de um Serviço de Orientação Profissional: A Perspectiva de Ex-Usuários 1 Endereço para correspondência: Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901, Monte Alegre, Departamento de Psicologia e Educação, FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, SP. E-mail: lucileal@f fclrp.usp.br Fabiana Hilário de Almeida Lucy Leal Melo-Silva Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto RESUMO Considerando a importância da avaliação de processos e resultados em intervenções psicológicas, este estudo objetivou avaliar a eficácia de um Serviço de Orientação Profissional da Clínica-escola de uma universidade pública no período de sete anos de funcionamento. Dentre os 466 ex-usuários que concluíram o processo no período analisado, 104 responderam a um questionário enviado por correio. Esse instrumento, composto de questões abertas e fechadas, avalia o serviço em três dimensões: inputs, processos e outputs, segundo modelo de French, Hiebert e Bezanzon. As questões fechadas foram tratadas por meio da estatística descritiva e as abertas foram tratadas conforme análise do conteúdo de Bardin e com base em referenciais integrados (clínico-operativo e desenvolvimentista). Constatou-se que a maioria dos ex-usuários avaliou positivamente o serviço, revelando compreensão da Orientação Profissional como uma estratégia que possibilita o autoconhecimento e o amadurecimento para a realização de escolhas vocacionais. Palavras-chave: avaliação de intervenção; orientação profissional; serviços psicológicos; escolhas vocacionais. ABSTRACT: Evaluation of a Professional Guidance Service: A View by Former Clients Considering the importance of evaluation of the process and results of psychological interventions, this study aimed at evaluating the Vocational Guidance Service done by a public university, during seven years. Out of a total of 466 former clients, who concluded attendance, 104 answered a questionnaire sent by post. That instrument, consisting of closed and open questions, evaluates services according to three dimensions: inputs, processes and outputs, according to the French, Hiebert and Bezanzon model. The answers to the closed questions were treated by means of descriptive statistics and the answers to the open questions were analyzed according to Bardin and also as based on the integrated references (clinical- operative and developmental). Most former clients evaluated the service positively, what showed that they understood professional guidance as a strategy that favors an individual’s self-knowledge and development to accomplish their vocational choices. Keywords: evaluation of interventions; professional guidance; psychological services; vocational choices RESUMEN: Evaluación de un Servicio de Orientación Profesional: La Perspectiva de Ex Usuarios Considerando la importancia de la evaluación de procesos y resultados en intervenciones psicológicas, este estudio buscó evaluar la eficacia de un Servicio de Orientación Profesional de una Clínica-Escuela de una Universidad pública en el período de siete años de funcionamiento. De los 466 ex usuarios que

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Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2006, 7 (2), pp. 81 - 102 81

Avaliação de um Serviço de Orientação Profissional:A Perspectiva de Ex-Usuários

1 Endereço para correspondência: Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901, Monte Alegre, Departamento de Psicologia e Educação,FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, SP. E-mail: [email protected]

Fabiana Hilário de AlmeidaLucy Leal Melo-Silva

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto

RESUMOConsiderando a importância da avaliação de processos e resultados em intervenções psicológicas, esteestudo objetivou avaliar a eficácia de um Serviço de Orientação Profissional da Clínica-escola de umauniversidade pública no período de sete anos de funcionamento. Dentre os 466 ex-usuários que concluíramo processo no período analisado, 104 responderam a um questionário enviado por correio. Esse instrumento,composto de questões abertas e fechadas, avalia o serviço em três dimensões: inputs, processos e outputs,segundo modelo de French, Hiebert e Bezanzon. As questões fechadas foram tratadas por meio daestatística descritiva e as abertas foram tratadas conforme análise do conteúdo de Bardin e com base emreferenciais integrados (clínico-operativo e desenvolvimentista). Constatou-se que a maioria dos ex-usuáriosavaliou positivamente o serviço, revelando compreensão da Orientação Profissional como uma estratégiaque possibilita o autoconhecimento e o amadurecimento para a realização de escolhas vocacionais.Palavras-chave: avaliação de intervenção; orientação profissional; serviços psicológicos; escolhasvocacionais.

ABSTRACT: Evaluation of a Professional Guidance Service: A View by Former ClientsConsidering the importance of evaluation of the process and results of psychological interventions, thisstudy aimed at evaluating the Vocational Guidance Service done by a public university, during sevenyears. Out of a total of 466 former clients, who concluded attendance, 104 answered a questionnaire sentby post. That instrument, consisting of closed and open questions, evaluates services according to threedimensions: inputs, processes and outputs, according to the French, Hiebert and Bezanzon model. Theanswers to the closed questions were treated by means of descriptive statistics and the answers to theopen questions were analyzed according to Bardin and also as based on the integrated references (clinical-operative and developmental). Most former clients evaluated the service positively, what showed thatthey understood professional guidance as a strategy that favors an individual’s self-knowledge anddevelopment to accomplish their vocational choices.Keywords: evaluation of interventions; professional guidance; psychological services; vocational choices

RESUMEN: Evaluación de un Servicio de Orientación Profesional: La Perspectiva de Ex UsuariosConsiderando la importancia de la evaluación de procesos y resultados en intervenciones psicológicas,este estudio buscó evaluar la eficacia de un Servicio de Orientación Profesional de una Clínica-Escuelade una Universidad pública en el período de siete años de funcionamiento. De los 466 ex usuarios que

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concluyeron el proceso, en el período analizado, 104 respondieron a un cuestionario enviado por correo.Ese instrumento, compuesto por cuestiones abiertas y cerradas, evalúa el servicio en tres dimensiones:inputs, procesos y outputs, según el modelo de French, Hiebert y Bezanzon. Las cuestiones cerradasfueron tratadas por medio de la estadística descriptiva y las abiertas de acuerdo con el análisis del contenido,de Bardin y con base en los referenciales integrados (clínicooperativos y desarrollistas). Se constató quela mayoría de los ex usuarios evaluó positivamente el servicio revelando comprensión de la OrientaciónProfesional como una estrategia que posibilita el autoconocimiento y la maduración para la realización delas elecciones vocacionales.Palabras clave: evaluación de intervención; orientación profesional; servicios psicológicos; eleccionesvocacionales.

Com o processo de mundialização da econo-mia, as mudanças no mercado de trabalho têm seacelerado intensamente. Neste contexto, maior im-portância vem sendo dada ao campo da OrientaçãoProfissional no Brasil, sobretudo após a década de1990. Em decorrências de tais transformações, cadavez mais se torna necessário compreender as neces-sidades sociais e humanas, e como elas influenciamno processo de escolha e desenvolvimento da car-reira profissional.

Nos últimos anos têm-se observado aumentoda demanda por serviços de orientação em diversasinstituições de ensino médio e superior. Os serviçosde atendimento à comunidade são, freqüentemente,desenvolvidos em clínicas-escola de cursos de Psi-cologia, públicos ou privados, principalmente desti-nados a alunos do Ensino Médio e de cursospré-vestibulares; e também a adultos, demanda maisrecente, como apontaram Melo-Silva, Lassance eSoares (2004). Desta forma, antigas e novas de-mandas exigem cada vez mais a realização de estu-dos de natureza avaliadora, tanto dos instrumentosutilizados, quanto das práticas de Orientação Pro-fissional instituídas.

No contexto da Orientação Vocacional, Profis-sional ou de Carreira a avaliação desempenha umpapel central. Quando ela ocorre, freqüentemente érealizada em duas dimensões de análise: (1) avalia-ções da pessoa, que se centra nos traços e caracte-rísticas individuais, e (2) dos problemas, ou seja,preocupações das pessoas em relação à tomada dedecisão vocacional (Savickas, 2004). Inclui-se aquia necessidade de avaliação em uma terceira dimen-são a de processos e resultados da intervenção,objeto deste estudo.

No cenário da avaliação de processos e resul-tados, cabe indagar como os serviços de Orienta-

ção Profissional são avaliados por seus usuários, quaisos benefícios e limitações. “Necessitamos de infor-mações mais precisas sobre o processo de aconse-lhamento na carreira. Precisamos determinar aeficácia das intervenções no tratamento. (...) Os pes-quisadores precisam saber quais profissionais con-siderar efetivos, e precisam ajudar a informar aosprofissionais sobre os tratamentos efetivos” (tradu-ção dos autores) conforme Fouad (1994, p. 160).

Sobre a avaliação da efetividade em estratégiasde aconselhamento de carreira no Canadá, Flynn(1994) aponta a literatura da área como escassa(Melo-Silva, 2000; Melo-Silva & Jacquemin, 2001).Considera-se relevante continuar a “expandir e apro-fundar nosso conhecimento do porquê o aconselha-mento de carreira para carreira é eficaz, com quem,sob que condições e com que resultados” (Flynn,1994, p. 272). Segundo French, Hiebert e Bezan-zon (1994) pouco se sabe sobre a eficácia e a ade-quação dos programas elaborados para ajudar aspessoas nas questões relativas a emprego e a carrei-ra profissional. Assim, surgem questões referentesao impacto que os programas e Serviços de Orien-tação Profissional ou Desenvolvimento de Carreirapossuem, em longo prazo, na vida de jovens e adul-tos. Desse modo, analisar criticamente os serviçosprestados, do ponto de vista dos ex-usuários torna-se relevante à medida que permite aferir a adequa-ção dos recursos disponíveis para o atendimento àsreais necessidades do usuário. French e colabora-dores (1994) afirmam que a avaliação deve incluirtanto metodologia qualitativa quanto quantitativa. Énecessário, ainda, considerar os resultados e os pro-cessos integrados, os fatores intrapessoais do clien-te e os fatores contextuais. Os orientadores precisamser convencidos de que a avaliação pode proporcio-nar informação útil aos conselheiros, além de consti-

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tuir sólido apoio para a continuidade de sua inter-venção. A avaliação de procedimentos de interven-ção no domínio da Orientação Vocacional /Profissional, considerando processos e resultadoscomo entrelaçados no próprio aconselhamento, foiapontada como relevante por Hiebert (1994).

Cumpre destacar que um modelo de avaliaçãofoi proposto em um Simpósio sobre Problemas eSoluções para Avaliar Programas e Serviços doDesenvolvimento de Carreira realizado em Halifax,na Universidade do Monte Saint Vicent, no Canadá,em março de 1994. O modelo consiste em uma ava-liação em três dimensões: inputs (restrições físicas erecursos que operam na instituição que presta o ser-viço), processos (os meios utilizados na prestaçãode serviços) e outputs (resultados diretos do pro-cesso como: habilidades para resolução de proble-mas, para tomada de decisões, de planejamento eauto-administração). Esse modelo de avaliação, deFrench e col. (1994), inspirou os autores para a re-alização de uma ampla pesquisa (Melo-Silva, Almei-da, Loosli & Fraga, 2004). Considerando que aindasão poucos os estudos brasileiros, justificam-se osobjetivos deste estudo, ou seja, avaliar os proces-sos e os resultados de intervenção em OrientaçãoProfissional, na perspectiva de ex-usuários.

MÉTODO

Participantes e universo da pesquisaPara a realização do estudo foi delimitada a

população de ex-usuários do Centro de Pesquisa ePsicologia Aplicada (CPA) da Faculdade de Filoso-fia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universida-de de São Paulo (FFCLRP/USP), que realiza aextensão universitária em dois locais no campus: (1)prédio do CPA e (2) clínica. A clínica psicológica doCPA realiza serviços diretos e gratuitos à comunida-de, seguindo critérios de seleção apropriados ao en-sino. Os serviços são prestados por estagiários, emsua maioria do 4º e 5º ano de Psicologia e por psicó-logos. Esses serviços compreendem: inscrição e en-trevista de triagem, avaliação psicológica, psicoterapia,aconselhamento, orientação profissional e orientaçãode pais (Melo-Silva, Santos, & Simon, 2005).

Este estudo refere-se especificamente aos ex-usuários do Serviço de Orientação Profissional

(SOP). Após a entrevista de triagem, realiza-se aindicação para o processo de Orientação Profissio-nal (em grupo ou individual) ou o encaminhamentopara outro tipo de intervenção. O processo de Ori-entação Profissional dura em torno de 12 sessões,uma vez por semana. O grupo funciona durante duashoras com cerca de 10 a 17 participantes. A sessãodo atendimento individual é de 50 minutos. O pro-cesso de intervenção baseia-se em seis eixos temá-ticos: autoconhecimento, escolha, estudos, vestibular,mundo do trabalho, informação sobre as carreiras eformas de acesso aos cursos e universidades (Melo-Silva, 2005). A fundamentação teórica que embasaa análise dos atendimentos em grupo segue o refe-rencial clínico-operativo (Melo-Silva & Jaquemin,2001) que integra contribuições de Pichon-Rivière(1994, 1995), Bohoslavsky (1991) e Müller (1988,1994). Os atendimentos individuais têm por base aentrevista clínica de Bohoslavsky.

A parcela de população delimitada para esteestudo abrangeu os ex-usuários atendidos no perío-do de 1994 a 2000, totalizando 786 sujeitos. Des-tes, 466 eram ex-usuários que concluíram o processoda Orientação Profissional. Este artigo focalizará avisão dos ex-usuários que concluíram o processo deOrientação Profissional e que responderam ao ques-tionário (n = 104 sujeitos).

Instrumento de coleta de dadosPara a coleta dos dados, foi elaborado um ins-

trumento misto (Anexo 1) que contempla tanto per-guntas abertas quanto questões fechadas. Asperguntas fechadas – tipo escala Likert de 5 pontos– visam à obtenção de dados objetivos. Sabe-seque são mais utilizadas nas Ciências Sociais, especi-almente em levantamentos de atitudes e opiniões. Asquestões abertas visam uma manifestação mais livre,objetivando aprofundar a avaliação através de te-mas mais gerais como: escolha, futuro e sugestõespara outros atendimentos; e uma questão final solici-ta a avaliação do próprio questionário. Esse instru-mento de coleta foi preparado com base na propostade French e col. (1994) para uma avaliação quecontempla três dimensões de análise (inputs, pro-cessos, outputs). Os inputs, neste estudo, referem-se às condições oferecidas pelo serviço, tais como alocalização da USP, o local / sala de atendimento, a

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inscrição no serviço, a primeira entrevista, a dura-ção do atendimento, os recursos materiais e huma-nos disponíveis. A segunda dimensão de análise,relativa ao processo aborda as atividades desenvol-vidas, a interação com o psicólogo-estagiário, a in-teração com os demais participantes do grupo, asatividades complementares, a assiduidade, o grau deimportância dos temas trabalhados. A terceira, osoutputs, referem-se aos resultados obtidos atravésda Orientação Profissional, ou seja, a maturidadepara a tomada de decisão profissional, as influênciaspercebidas durante a escolha e o quanto o processoauxiliou na resolução de problemas, assim como odesenvolvimento de habilidades para a organizaçãode um projeto de vida profissional.

A utilização do método do questionário, envia-do por correio, para a coleta de dados é apontadapor Selltiz, Wrightsman e Cook (1987) como des-vantajosa uma vez que o retorno na maioria das ve-zes é pequeno, em torno de 10% a 15%. Por outro,sua vantagem consiste na possibilidade de acessarum universo maior de respondentes. Embora conside-rando as desvantagens que a literatura aponta, tal pro-cedimento foi escolhido com o objetivo de alcançar apopulação total inscrita no serviço. Observou-se que ométodo foi eficaz em garantir o retorno de 22,31% dosex-usuários que concluíram o atendimento.

Procedimento de coleta de dadosTrata-se de um estudo longitudinal que avalia o

serviço em sete anos de atendimento e, para tal, re-

alizou-se um levantamento de todos os usuários ins-critos no SOP, no período de 1994 a 2000, identifi-cando os grupos de usuários: concluintes,abandonadores e desistentes. A fim de obter os da-dos foram enviados por correio: (1) carta explicati-va sobre o estudo, (2) termo de Consentimento Livree Esclarecido, (3) questionário específico para cadaum dos três grupos (concluintes, desistentes, aban-donadores), e (4) envelope resposta subscritado epré-franqueado. Ao todo foram 459 correspondên-cias de concluintes, 203 de abandonadores e 124de desistentes. Objetivando o retorno do maior nú-mero possível de questionários, foram realizadas li-gações telefônicas a todos os ex-usuários a fim deaveriguar o recebimento da correspondência pelosmesmos. As ligações visaram também esclarecermelhor sobre os objetivos e motivar os ex-usuáriosa participarem do estudo.

Tratamento dos dadosA partir dos questionários respondidos, reali-

zou-se uma organização dos dados por ano de aten-dimento, conforme mostra a Tabela 1. Foiconsiderado como população potencial o númerode questionários postados. Uma amostra dessa po-pulação potencial foi considerada como “perdida”,ou seja, os questionários extraviaram, ou então nãofoi possível contatar essa pequena amostra via tele-fone para a atualização de endereços. Dessa manei-ra, foi feita uma estimativa da amostra da populaçãoque provavelmente recebera os questionários.

Tabela 1Ex-usuários atendidos no período de 1994 a 2000: população total potencial (N=466); questionários queextraviaram (N=20), amostra que provavelmente recebeu os questionários (N=446) e participantes respon-dentes (N=104)

ONA OÃÇALUPOPLATOT SOIVARTXE UEBECEREUQOÃÇALUPOP

SOIRÁNOITSEUQSOSETNAPICITRAPSETNEDNOPSER

4991 43 3 13 7 %85,225991 43 3 13 7 %85,226991 94 2 74 7 %98,417991 94 3 74 8 %20,718991 001 4 69 62 %80,729991 211 5 701 82 %61,620002 88 0 88 12 %68,32

LATOT 664 02 644 401 %13,32

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Realizou-se o tratamento por meio da estatísti-ca descritiva, ou seja, através das porcentagens derepostas aos itens do questionário, de acordo com oconjunto de informações sobre (1) as condições ofe-recidas pelo serviço (inputs), (2) o processo (meiospelos quais o serviço se valeu para facilitar o pro-cesso da tomada de decisão profissional); e (3) osresultados atingidos com a orientação profissional(outputs). Os dados qualitativos relativos aos co-mentários dos participantes e as respostas às ques-tões abertas foram analisadas segundo a análise deconteúdo de Bardin (1977), e com base em referen-ciais integrados clínico-operativos (Müller, 1988;Lima, 1999; Melo-Silva, 2005) e desenvolvimentis-tas (Super, 1980) o que permitiu complementar asreflexões e destacar nuances, que muitas vezes ostratamentos quantitativos encobrem. Inicialmente foirealizada a pré-análise através da leitura flutuante e

uma organização das informações obtidas por meiodos comentários dos ex-usuários em cada questãodo questionário e das respostas às questões abertas.Os resultados serão apresentados e discutidos em duasetapas: a primeira refere-se aos dados quantitativosobtidos por meio das perguntas fechadas e a segundaaos dados qualitativos sistematizados a partir dos co-mentários e respostas às questões abertas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados quantitativosAs condições oferecidas pelo serviço (inputs)A análise geral das informações obtidas por

meio da avaliação das condições oferecidas peloserviço (Tabela 2), possibilita constatar que os con-ceitos Bom e Excelente predominaram nas respos-tas dos ex-usuários.

Tabela 2Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários participantes (N=104),segundo o conceito atribuído às condições oferecidas pelo serviço de Orientação Profissional

A respeito do item Localização da USP, no-tou-se que a freqüência de respostas que avaliamcomo Bom (41,34%) e Excelente (20,19%) totali-zaram 61,53%, o que permite inferir que o fato doatendimento ser realizado no campus universitárionão é percebido como obstáculo. A sala de atendi-mento foi avaliada como Boa (53,84%) e Excelente(13,46%), totalizando 67,30% de opiniões favorá-veis. A maioria dos atendimentos ocorreu em grupose em uma sala adaptada, considerada pela equipetécnica como inadequada, porém não foi percebidaassim pela maioria dos usuários.

Com relação ao item inscrição que correspon-de ao contato inicial com o serviço, cabe apontarque a soma Bom (65,38%) e Excelente (15,38%)foi de 80,76%. Esta elevada porcentagem é muitosignificativa, pois demonstra que o primeiro contatocom o cliente tem sido muito bem realizado pelassecretárias. A entrevista de triagem também apre-sentou porcentagem significativa de Bom (63,46%)e Excelente (17,30%) totalizando também 80,76%.Este dado revela que o contato inicial entre o estagiá-rio que realiza a triagem e o orientado também estásendo muito bem estabelecido. Segundo Ancona-

SNETI OMISSÉP MIUR RALUGER MOB ETNELECXE OCNARBMEPSUadoãçazilacoL 1, 29 01 , 75 32 , 70 14 , 43 02 , 91 2, 88otnemidnetAedalaS 0, 69 3, 48 32 , 70 35 , 48 31 , 64 4, 08

oçivresonoãçircsnI 0 2, 88 9, 16 56 , 83 51 , 83 6, 37megairT 0 3, 48 4, 08 36 , 64 71 , 03 11 , 35

)nim05(laudividnioãssesadopmeT 0 3, 48 7, 96 34 , 62 91 , 32 52 , 69)saroh2(opurgmeortnocneodopmeT 0, 69 4, 08 4, 08 64 , 51 92 , 08 31 , 64

meossecorpodoãçarudedopmetOseõssesedoremún 1, 29 3, 48 31 , 64 55 , 67 91 , 32 5, 67

sievínopsidsiairetamsosrucersO 1, 29 6, 37 32 , 70 05 31 , 64 4, 08oiráigatseodaicnêtepmoC 0 0, 69 41 , 24 05 , 69 92 , 08 3, 48

)acinílC(airatercesadotnemidnetA 0 0, 69 6, 37 85 , 56 41 , 24 91 , 32)APC(airatercesadotnemidnetaO 0 2, 88 4, 08 63 , 35 7, 96 84 , 70

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Lopez (2005), com relação às entrevistas de tria-gem, entendidas como parte de um processo inter-venção, propõe que o psicólogo esteja disponível àspossíveis demandas e, ainda, que possibilite trans-formar este encontro em um processo que fará comque este sujeito se aproprie de seus próprios pro-blemas. A entrevista de triagem é importante comooportunidade de conhecer os “pedidos” originais dosusuários na consulta psicológica vocacional, ou seja,atentar para os diferentes focos de intervenção (Nas-cimento & Coimbra, 2005a, 2005b) e, assim, pro-ceder às aproximações diagnósticas com vistas arealizar o encaminhamento no qual o usuário obterámaior benefício.

O tempo da sessão individual de 50 minutos,também teve uma avaliação positiva: Bom (43,26%)e Excelente (19,23%) , totalizando 62,29%. É ne-cessário ressaltar que a maior parte dos ex-usuáriosfoi atendida em grupo e, assim, se justifica a porcen-tagem de respostas deixadas Em Branco (25,96%).Os dados qualitativos apontam que a maioria da-queles que realizou o atendimento individual está sa-tisfeita com o tempo de sessão. O tempo da sessãoem grupo também foi bem avaliado por 46,15%dos ex-usuários, sendo que neste item ocorreu amaior porcentagem de conceito Excelente (29,80%)que somado à porcentagem de Bom resultou em75,95% de aprovação. No item sobre o tempo deduração do processo em número de sessões – emmédia 12 – novamente houve uma predominânciade Bom (55,76%) e Excelente (19,23%), o que re-sultou em 74,99% de respostas favoráveis. Este altoíndice de aprovação revela que o tempo da sessão eo número de encontros são percebidos como ade-quados para o atendimento às necessidades do ori-entado. Os achados corroboram estudo anterior, deMelo-Silva e Jacquemin (2001), no qual foi aponta-do que nove sessões atendem aos objetivos da Orien-tação Profissional, porém, entre 12 a 15 sessões osresultados são melhores em termos de aprofunda-mento do autoconhecimento.

A respeito dos recursos materiais disponíveis,a soma de Bom (50%) e Excelente (13,46%) totali-za 63,46% de respostas. Assim, considerando osdados qualitativos, nota-se que, salvo algumas quei-xas a respeito da desatualização e escassez do ma-

terial, a maioria dos ex-usuários ainda avalia razoa-velmente bem os recursos materiais disponíveis. Aavaliação negativa ocorreu, sobretudo em anos ini-ciais do atendimento, período no qual havia poucosinstrumentos. E ainda, utilizava-se o original do Tes-te de Fotos de profissões (BBT), que foi substituídoem 2001 pelo BBT-Br, adaptação brasileira, comparte das fotos atualizadas.

A competência do estagiário foi bem avaliada(50,96%) e neste item também se observou o maiorvalor percentual de respostas Excelente (29,80%),totalizando 81,76%. Segundo Melo-Silva (2003), acompetência vista como uma capacidade de saberfazer bem, envolve duas dimensões: a técnica, quese refere ao domínio dos conteúdos que o indivíduoprecisa para desempenhar sua função; e a política,que envolve o questionamento de onde levará aquiloque é desejável e que está valorativamente determi-nado com relação à atuação do profissional. Os da-dos permitem inferir que os estagiários estão sendobem treinados e preparados, além de estarem de-sempenhando bem suas funções de psicólogo / ori-entador.

Com relação ao atendimento da secretaria daClínica, o resultado da soma Bom-Excelente foi de73,07%. Considerando-se este alto índice, isso nospermite confirmar que realmente o atendimento dasecretaria na Clínica tem sido muito bem visto pelousuário. Sobre o atendimento da secretaria doCPA, a porcentagem acentuada de resposta EmBranco (48,07%). Ocorreu porque a maioria da cli-entela não pôde avaliar esse item uma vez que foiatendida na clínica e não no CPA, local onde funcio-na parte do atendimento direto à população, ambosno campus universitário.

Processos e meios utilizadosA análise mais ampla das Tabelas 3 e 4 permite

observar que há predomínio do conceito Muito, ouseja, houve uma avaliação relativamente positiva dosex-usuários referente aos itens que têm por finalida-de contribuir para o processo de tomada da deci-são. Porém, na Tabela 3 predominam as avaliaçõesMais ou Menos e Muito. A respeito do primeiro item:as atividades desenvolvidas facilitaram a deci-são nota-se que a freqüência de respostas Mais ou

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Menos (39,42%) predomina, seguido de Muito(29,80%). Apesar desse item ter tido a maior por-centagem do conceito Péssimo (12,50%), neste con-junto de dados, esta ainda é uma freqüência pequena.Assim, julgou-se importante investigar se o usuário,durante o processo, tem percebido que na decisãofinal cabe a ele o papel ativo na tarefa da “escolha”.

Sobre se o vínculo com o estagiário ajudou,as respostas Mais ou Menos e Muito também foramsuperiores (69,22%), com predomínio de Muito.Assim, percebe-se que alguma importância os ex-usuários atribuem à questão do vínculo com o esta-giário no sentido de favorecer o processo de escolha.Pichon-Rivière (1994) define vínculo como sendouma estrutura complexa que pressupõe um indiví-duo, um objeto e a sua mútua inter-relação com pro-cessos de comunicação e aprendizagem. O vínculoorientando-orientador constitui a condição necessá-ria para a eficácia nas intervenções de natureza psi-cológica. Na questão que aborda o vínculo com osintegrantes do grupo, os ex-usuários fizeram umaavaliação também relativamente positiva (Mais ou

Menos e Muito totalizaram 51,92%), demonstran-do que este vínculo também ajudou a favorecer oamadurecimento da decisão em parte do grupo. Nocontexto grupal a vinculação entre os integrantes éque define o grupo. No processo de mútua repre-sentação interna estão presentes gratificações, frus-trações e ansiedades básicas. Este interjogo entre ojovem e o grupo implica em uma inevitável transfor-mação do mundo para a realização de seus desejose propósitos. Isto reflete em uma relação sujeito-mundo conflitiva e contraditória (Pichon-Rivière,1994), que é transferida para a situação grupal evivenciada com ansiedade. Assim, de certa forma,se explicam as avaliações Mais ou Menos nos doisitens que abordam vinculação. A respeito do itemsobre a participação do ex-cliente no processo,notou-se o predomínio Muito (36,53%), seguido deMais ou Menos (29,80%), totalizando 66,33%. Istomostra que a grande maioria entende que sua parti-cipação durante o atendimento é imprescindível, ouseja, o cliente deve ser sujeito na “escolha” profissio-nal consciente e autônoma (Bohoslavsky, 1991).

Tabela 3Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários (N=104), segundo os con-ceitos atribuídos aos meios que contribuíram para o processo da tomada de decisão

Sobre a realização das atividades complemen-tares externas, notou-se uma dispersão maior entreos conceitos: Muito importante (24,03%); Totalmenteimportante (20,19%); Mais ou Menos (15,38%); e24,03% deixaram o item Em Branco. Esta disper-são dos resultados pode significar que muitos dosex-usuários aderiram à proposta de realização deatividades complementares externas. Porém, alguns

podem ter uma expectativa de papel mais ativo porparte do psicólogo-estagiário. Tais atitudes podemevidenciar: imaturidade, dependência do outro, difi-culdades no comprometimento com a tarefa de es-colha e com o seu próprio projeto de vida (Almeida,2003).

Sobre a assiduidade às sessões, 64,42% res-ponderam que foram Totalmente assíduos. Esse foi

)SOSSECORP(METI OMISSÉP OCUOP UOSIAMSONEM OTIUM ETNEMLATOT OCNARBME

oãsicedamaratilicafsedadivitasA 21 ,5 6, 37 93 , 24 92 , 08 7, 96 3, 48uodujaemoiráigatseomocolucnívO 5, 67 01 , 75 92 , 08 93 , 24 7, 96 6, 37opurgodsetnargetnisomocolucnívO

uodujaem 9, 16 11 , 35 52 , 69 52 , 69 7, 96 91 , 32

uo(opurgonoãçapicitrapahniMossecorpoarapuiubirtnoc)laudividni 4, 08 5, 67 92 , 08 63 , 35 9, 16 31 , 64

sedadivitasaiezilaeR)etnemanretxe(seratnemelpmoc 6, 37 9, 16 51 , 83 42 , 30 02 , 91 42 , 30

seõssessàoudíssaiuF 0 0 4, 08 52 46 , 24 5, 67uemoerbosaicnêicsnociemoT

ahlocseedossecorp 6, 37 1, 29 71 , 03 63 , 35 82 , 48 8, 56

oarapuiubirtnocsotofedetsetOahlocseedossecorp 8, 56 11 , 35 12 , 51 92 , 08 51 , 83 31 , 64

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o item melhor avaliado na Tabela 3. Nota-se um em-penho da grande maioria dos ex-usuários em esta-rem presentes nos encontros o que pode sinalizarum compromisso com a orientação oferecida e al-guma expectativa de benefício. A respeito do itemtomada da consciência sobre o processo de esco-lha a avaliação foi: Muito (36,53%); Totalmente(28,84%), somando 65,37%. O que leva a inferirque o processo tenha auxiliado em decisões futuras,uma vez que a avaliação foi feita entre um e seis anosapós a intervenção. Assim, pode-se inferir que osresultados foram bem sucedidos, dado que a inter-venção é planejada e desenvolvida visando que ocliente desenvolva habilidades para tomar decisõesao longo da vida, como concebem as teorias desen-volvimentistas de carreira (Super, 1980). É precisocada vez mais “aprender a aprender” e redirecionarcaminhos considerando o mundo em mudança e acondição humana em processos contínuos e velozesde mutação (Almeida, 2003).

Sobre o item que avalia o uso do Teste de Fo-tos (BBT), houve uma dispersão maior dos resulta-dos: o teste contribuiu Muito (29,80%); Mais ouMenos (21,15%), e Totalmente (15,3%), totalizan-

do 66% de respostas que apontam alguma contri-buição recebida com o uso do referido instrumento.Por outro lado, para alguns deles o teste ajudou pouco(11,53%) ou nada (8,6%) ou o item não foi avaliado(13,46%). Esta questão do teste de fotos é um pon-to importante, principalmente pelas expectativas ide-alizadas, uma vez que os orientados solicitam testevocacional quando buscam o SOP. Porém, quandoo atendimento ocorre, percebem que os resultadosdos testes podem auxiliar na compreensão da dinâ-mica da pessoa (Almeida, 2003), ocorrendo des-mistificação. No caso do BBT, uma técnica projetivade avaliação, o objetivo é a clarificação da inclina-ção profissional, ou seja, fornecer informações so-bre interesses e motivações. Vale destacar que aténo contato com material, o sujeito é ativo no pro-cesso, realizando escolhas e posicionamentos (Melo-Silva & Noce, 2004), porém não se dá respostapronta, o que pode gerar insatisfação.

A Tabela 4, também referente aos processos,mostra os resultados relativos ao item que avalia ograu de importância dos temas trabalhados parafacilitar a aprendizagem sobre o processo de esco-lha de carreira.

Tabela 4Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários concluintes participantes(N=104), segundo o conceito atribuído à importância dos temas trabalhados no processo da tomada dedecisão profissional

Observando os resultados, percebe-se que hou-ve uma grande freqüência de respostas nos concei-tos: Muita e Extrema importância na avaliação dostemas trabalhados. Os dados corroboram a funda-

mentação do processo de intervenção, que se ba-seia no referencial de Pichon-Rivière, focalizando osemergentes grupais na seleção dos temas. O temaescolha da carreira foi avaliado como: Muito im-

METI AMUHNEN ACUOP AIDÉM ATIUM AMERTXE OCNARBMEarierracadahlocsE 0, 69 6, 37 01 , 75 44 , 32 23 , 96 4, 08ralubitsevododeM 91 , 32 11 , 35 61 , 43 03 , 67 81 , 62 3, 48

rarreedodeM 21 , 05 8, 56 32 , 70 43 , 16 61 , 43 4, 08ailímafadaicnêulfnI 41 , 24 71 , 03 22 , 11 82 , 48 01 , 75 6, 37

otnemicehnocotuA 0 4, 08 22 , 11 63 , 35 82 , 48 7, 96otludaodnumododeM 12 , 51 12 , 51 22 , 11 52 , 00 2, 88 7, 96

seõssiforpsaerbosoãçamrofnI 1, 29 8, 56 12 , 51 63 , 35 52 , 69 5, 67ohlabartedodacreM 2, 88 41 , 24 72 , 88 92 , 08 02 , 91 4, 08

ohlabartododnumonseõçamrofsnarT 3, 48 11 , 35 32 , 70 43 , 16 62.81 7, 96sodutsesoaoãçacideD 4, 08 9, 16 52 , 69 43 , 16 81 , )62 6, 37adavirpeacilbúpalocsE 8, 56 61 , 43 52 , 69 52 , 00 41 , 24 9, 16

setnapicitrapsoertneedazimA 5, 67 7, 96 02 , 91 33 , 56 81 , 62 41 , 24

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portante (44,23%) e de Extrema importância(32,69%). Trata-se do objetivo central da interven-ção e perpassa todos os outros temas.

O tema Autoconhecimento assim como o temaInformação sobre as profissões, foram os que ob-tiveram 36,53% de freqüência de respostas de Mui-to, ou seja, ocupam o segundo lugar referente aostemas mais importantes a serem refletidos durante oprocesso de Orientação Profissional, corroborandoa relevância atribuída aos dois temas ao longo dahistória da Orientação Profissional em diferentesabordagens teóricas. O Autoconhecimento foi ava-liado como sendo de Muita importância (36,52%) ede Extrema importância (28,84%). A maioria dosex-usuários, portanto, tem consciência da necessi-dade de se trabalhar o autoconhecimento para serealizar uma escolha profissional autêntica e madura.

A Informação sobre as profissões obteve36,53% de Muito e 25,96% de Extrema importân-cia. Ter acesso ao mundo das profissões a fim deconhecer, esclarecer e até sanar dúvidas foi valori-zado pelos respondentes. Segundo Levenfus e Soa-res (2002), o adolescente por medo de escolher e,conseqüentemente, crescer, muitas vezes deseja nãoentrar em contato com aquilo que lhe é desconheci-do, preferindo, inclusive, se manter apoiado em in-formações mínimas, distorcidas e idealizadas.Contudo, os resultados do presente estudo permi-tem inferir que os ex-usuários desta amostra atribuemimportância à informação.

Outros temas que obtiveram o mesmo índice derespostas de avaliação Muito (34,61%): o medo deerrar, transformações no mundo do trabalho ededicação aos estudos retratam a angústia relativaao futuro, na realização de tarefas a serem cumpri-das para a constituição da identidade pessoal: pro-fissional, sexual, ideológica, religiosa. O próximo tematambém considerado de Muita importância (33,65%)foi: amizade entre os participantes. Pode-se inferirque maioria dos ex-usuários parece ter percebido aimportância da interação grupal, da cooperação dogrupo frente à tarefa. Estar em grupo com seus pa-res é um dos argumentos favoráveis à intervençãoem grupo com adolescentes, pelo convívio e a ne-cessidade de diferenciar-se de seu grupo familiar(Soares-Lucchiari, 1993; Carvalho, 1995; Melo-Silva & Jacquemin, 2001).

O tema medo do vestibular foi conceituadocomo sendo de Muita importância (30,76%) e Ex-trema (18,26). O vestibular como uma barreira que“serve para distribuir os privilegiados, já seleciona-dos pelas escolas de primeiro e segundo graus”(Whitaker, 1997, p. 49). A situação de vestibularfreqüentemente aumenta a ansiedade, por isso apa-rece acompanhado da palavra medo. Existem pres-sões internas e externas (sociais e familiares). Assim,o adolescente que não consegue passar no vestibu-lar, freqüentemente, se vê como um fracassado. Emmuitos casos, o vestibular pode gerar: elevada ansi-edade, estresse e até, em alguns casos, depressãoum ano antes da prova (Soares, 2002). Há ainda osignificado simbólico do vestibular como “ritual depassagem” (Teixeira, 1981) para o mundo adulto comtudo que ele representa de barreiras, desafios e res-ponsabilidades.

O tema mercado de trabalho das profissõesfoi avaliado como Muito importante (29,80%), deExtrema importância (20,19%) ou Média (27,88%),ou seja, racionalmente os ex-usuários julgam comorelevante. Porém, o que se observa na prática é apostergação, uma vez que as tarefas mais urgentessão: decidir e passar no vestibular. O tema tem sidotratado no SOP com vistas a antecipar problemasque os jovens poderão encontrar na adaptação ati-va ao mundo do trabalho, uma vez que, “o trabalha-dor do futuro, seja qual for a sua especialidade ousetor, precisa estar habituado à gestão do próprioconhecimento” (Schwartz, 2000, p. 11). Lidar comum mundo do trabalho dinâmico e flexível é uma dashabilidades que precisa ser desenvolvida cada vezmais.

A questão que aborda a influência da família,também teve uma porcentagem elevada de respos-tas relativas ao conceito Muito (28,84%), Média(22,11%) e Extrema (10,57%), totalizando 61%.Segundo Bohoslavsky (1991), o grupo familiar cons-titui o grupo de participação e de referência funda-mental e, por isso, os valores desse grupo constituembases significativas na orientação dos adolescentes,operando positivamente como grupo de referênciaou não. Sabe-se que a influência dos pais no pro-cesso de escolha profissional dos filhos há temposvem sendo considerada em diferentes modelos teó-ricos do campo da Orientação Vocacional / Profis-

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sional. No entanto, segundo Pinto e Soares (2001),não obstante as referências teóricas sobre o assuntodatarem da década de 50, só mais recentemente ainfluência da família no desenvolvimento da carreirados filhos vêm sendo objeto mais específico de in-vestigação.

Houve dispersão na avaliação dos temas medodo mundo adulto e a escola pública versus escolaprivada. Nessa tabela, atingiram a menor freqüên-cia de respostas Muito (25%), mas, ainda assim,foram considerados assuntos com um elevado graude importância para serem discutidos em grupo. Mui-tos jovens não possuem consciência de que, muitasvezes, estão resistentes em realizar suas escolhas,justamente porque isso representa o ingresso no mun-do adulto, o que significa assumir compromissos esuperar obstáculos. A escolha implica necessariamen-te em um luto, que pode ser traduzido na perda do

mundo infantil (Aberastury, 1983). A questão da es-cola pública versus privada é outro assunto quecausa preocupação, já que, muitas vezes, o aluno daescola pública, que é quem aborda o assunto no gru-po, não se sente em condições de competir em con-dições de igualdade, com candidatos de escolasparticulares. Assim, muitas vezes, diante da impo-tência, pode se deixar levar por sentimentos de con-formismo “escolhendo” uma carreira não condizentecom suas motivações.

Resultados da intervenção em Orientação Pro-fissional (outputs)

A Tabela 5 mostra os dados obtidos sobre osoutputs em três conjuntos de informações: (1) cren-ças sobre a sua decisão e se a orientação pode aju-dar outras pessoas; (2) influências; (3) itens nos quaisa orientação teria auxiliado.

Tabela 5Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários (N=104), segundo o concei-to atribuídos aos resultados obtidos com o Serviço de Orientação Profissional

METI ADAN OCUOP UOSIAMSONEM OTIUM -LATOT

ETNEMME

OCNARB:EUQOTIDERCA-1

lanoissiforpoãsicedahnimàoãçalermeicerudamA 75,01 56,8 88,72 48,82 51,12 88,2oãsicedahnimaraplatnemadnufiofPOA 05,21 70,32 96,23 32,91 16,9 88,2

saossepsartuoradujaedopadazilaerPOedopitO 0 88,2 11,22 75,53 64,83 69,0:ADAICNEULFNIIOFARIERRACADAHLOCSE.2

ailímafaleP 64,36 43,61 35,11 48,3 0 08,4sogimasoleP 03,76 43,61 75,01 29,1 69,0 88,2

serosseforpsuemsoleP 62,86 35,11 05,21 48,3 0 48,3ohlabartedodacremoleP 88,72 83,51 08,92 43,61 67,5 08,4

socimônoceoicosserotafroP 67,03 64,31 56,33 05,21 67,5 48,3siaicosesianoicacudeserotafroP 70,32 35,11 96,23 32,91 56,8 08,4

lanoissiforpoãçatneiroaleP 62,81 03,71 67,03 51,12 37,6 67,5,satsiver,oãsivelet:oãçacinumocedsoiemsoleP

tenretni 24,93 29,62 56,8 24,41 67,5 08,4

:AEM-UOILIXUALANOISSIFORPOÃÇATNEIROA.3sacimônoceoicossedadlucifidmocradiL 48,82 11,22 08,92 83,51 69,0 88,2serailimafesiaossepsotilfnocmocradiL 08,92 62.81 88,72 51,12 29,1 69,0

sianoicacudesedadlucifidmocradiL 11,22 51,12 67,03 91,02 88,2 88,2socitsílaersovitejborecelebatsE 67,5 83,51 08,92 96,23 24,41 29,1

serolavsuemrecehnoceR 16,9 56,8 32,91 62,34 03,71 29,1açnarediledsedadilibahrevlovneseD 64,31 43,61 08,92 96,23 37,6 69,0

epiuqemerahlabartarapsedadilibahrevlovneseD 56,8 03,71 62,81 64,83 43,61 69,0samelborprevloserarapsedadilibahrevlovneseD 24,41 83,51 88,72 29,62 64,31 29,1otejorpmurazinagroarapsedadilibahrevlovneseD

adived 05,21 75,01 37,13 00,52 64,31 37,6

lanoissiforpoãsicedahnimramoT 05,21 83,51 88,72 70,32 62,81 88,2

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O primeiro subconjunto de itens é sobre as cren-ças relativas aos resultados da decisão na vida dosex-usuários. O item que aborda a questão do ex-cliente ter ficado maduro em relação a sua deci-são profissional avaliou como Muito maduro(28.84%), Mais ou Menos (27.88%) e Totalmente(21.15 %). Desta maneira, este tema foi avaliadopositivamente, o que sinaliza uma direção adequadana prestação do serviço que objetiva facilitar o pro-cesso de escolha autônoma e consciente.

O item que aborda se a Orientação Profissio-nal foi fundamental para a decisão, 32.69% con-ceituou como Mais ou Menos e 19.23% comoMuito. A divergência entre esses dois itens pode serem função da orientação ter por objetivo contribuirpara o autoconhecimento do cliente, desta maneira,propiciar que ele realize uma escolha madura comcompromisso pessoal, assumindo seu projeto devida. Quando isto ocorre – e a intervenção visa esteobjetivo – é natural que o cliente credite o mérito asi. Esse é o paradoxo da situação de avaliação emprocedimentos psicológicos. Assim, a OrientaçãoProfissional na modalidade clínica-operativa não visadiagnosticar uma carreira específica e sim orientarpossíveis caminhos e até interfaces entre carreiras.Em algumas situações, o cliente sabe qual é a carrei-ra de seu interesse, mas busca o serviço para confir-mar sua opção, ampliando o conhecimento sobre sie o mundo do trabalho. Em outras situações nãoconsegue colocar em prática sua decisão, por exem-plo passar no vestibular. E, nesse sentido, avalia quea orientação não o ajudou a concretizar seus objeti-vos. Em outros casos, o adolescente pode necessi-tar de orientações para os estudos. Sobre osresultados desse item, cabe refletir se os usuáriostêm ou não compreendido a real função da Orienta-ção Profissional e se o serviço está explicitando ade-quadamente os objetivos da intervenção. É sabidoque informações sobre o procedimento de interven-ção são fornecidas desde a entrevista de triagem.Entretanto, vale destacar que o ser humano ouve oque pode, quando pode e como pode. Além disso,os psicólogos-orientadores quando realizam a en-trevista e mesmo o atendimento podem apresentarfalhas de comunicação, insegurança tanto em rela-ção ao funcionamento do serviço quanto ao papel

profissional, o que é esperado da situação de está-gio. Somado a isto, é necessário pensar que o esta-giário encontra-se em situação de constituição daidentidade profissional no campo da Psicologia e osconflitos dos usuários reatualizam seus próprios con-flitos vocacionais, relativos à “escolha” da carreira eda especialidade ao término do curso universitário.Ademais, a pesquisa foi realizada entre 1994 e 2000,alguns anos depois do atendimento, e, nesse perío-do alguns usuários não alcançaram seus objetivosrelativos ao ingresso na carreira pretendida, em ge-ral, porque não foram aprovados no vestibular. Cum-pre destacar que o problema da “escolha”diferencia-se, em certa medida, dos obstáculos parao acesso à carreira, porém a implementação da deci-são ainda é uma problemática do domínio da Orien-tação profissional.

Sobre a questão se o tipo de orientação reali-zada pode ajudar outras pessoas, 38,46% respon-deram que pode ajudar Totalmente, seguido de Muito(35,57%) e de Mais ou Menos (22,11%). Nenhumex-usuário respondeu que a Orientação Profissionalnão ajuda em Nada. Estes dados evidenciam que oex-cliente julga positivamente a intervenção realiza-da, na crença de que a mesma possa contribuir paraa pessoa que está em dúvida acerca das decisõessobre a carreira. Desta maneira, por mais que a ori-entação possa não ter sido tão eficaz na visão dealgum ex-cliente do serviço, ele avalia que, de algu-ma forma, é útil para ajudar outras pessoas que pro-curam o atendimento.

Sobre as questões que abordam o quanto aescolha da carreira foi influenciada, o segundoconjunto de informações, os dados são descritos aseguir. Na opinião dos participantes a família (63%),os amigos (67%), e os professores (68%) não in-fluenciam na escolha da carreira. O que se pode in-ferir a partir disto é que a grande maioria dosex-usuários julga que não foi muito influenciada pe-las pessoas que fazem parte da sua vida, ou seja,esses usuários pensam que realizaram suas escolhasa partir do conhecimento de suas potencialidades edesejos. Uma hipótese é a de que não reconheçama influência de pessoas significativas. Nesses casos,as influências foram introjetadas. Assim, julgou-sevaler a pena averiguar melhor estas respostas por

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parte dos ex-usuários. A questão da influência, prin-cipalmente da família ainda requer mais estudos nocontexto brasileiro.

Os próximos três itens analisam a influência do:mercado de trabalho, fatores socioeconômicos efatores educacionais e sociais; foram considera-dos, pela maioria dos ex-usuários, como possuindoinfluência relativa na escolha profissional. O primei-ro tema que aborda a questão da influência do mer-cado de trabalho na escolha da profissão, foiconsiderado Mais ou Menos (29,80%), seguido deNada (27,88%). Assim, ao mesmo tempo em queconsideram a importância do tema, como apontadoanteriormente, a realidade do mundo do trabalho nãoé percebida como determinante. A influência dosfatores socioeconômicos também é consideradamédia (33,65%), assim como dos fatores educacio-nais e sociais (32,69%). Estudos confirmam quejovens, provenientes de contexto social, econômi-co, político e educacional desfavorável, têm uma li-berdade limitada para escolher uma profissão(Bastos, 2005). Muitas vezes, eles se sentem em des-vantagem em relação a outros jovens que se consi-deram mais preparados para enfrentar não apenas ovestibular, mas também uma faculdade. O capitalcultural como apontou Whitaker (1997) tem sido umrequisito quase indispensável para o sucesso no ves-tibular. Assim, é cada vez mais imprescindível que aOrientação Profissional não esteja restrita a apenasdeterminados grupos específicos, mas que se esten-da a todos que necessitam de ajuda na elaboraçãoou reelaboração de um projeto de vida (Ribeiro,2003).

A respeito da influência da Orientação Pro-fissional no processo de escolha dos ex-usuáriosos conceitos são: Mais ou Menos (30,76%), Muitaimportância (21,15%), totalizando 51,91%. É, jun-to com fatores educacionais e sociais, um dos itensmelhor avaliados no conjunto sobre influência. Cabedestacar que a Orientação Profissional visa promo-ver o auxílio para a tomada de decisão que é pesso-al e intransferível, portanto, não tem pretensão deindicar uma resposta absoluta e definitiva para o orien-tando. Assim, é possível que nem todos percebamos objetivos da intervenção. Por outro lado, muitosregistraram nas respostas abertas informações so-bre a importância da Orientação Profissional em suas

vidas. Todavia, um dado relevante é que para 17,30%a orientação influenciou Pouco e para 18,26% emNada influenciou. Para esta amostra é preciso dedi-car mais atenção e algumas hipóteses são: (1) o pro-cesso de intervenção pode não ter sido realmenteeficaz para parte dos usuários; (2) a vinculação en-tre os integrantes do grupo ou com os psicólogos-estagiários pode não ter ocorrido; e/ou (3) o clientepode ter iniciado o atendimento na situação pré-di-lemática (na qual a escolha não é sua preocupação),segundo Bohoslavsky (1991), e ao término do pro-cesso passar para a dilemática (na qual sabe quetem que escolher, mas está em um nível elevado deansiedade e acredita que tem muitas opções de car-reira). Nesta última situação o orientando desliga-sedo serviço com a percepção de não obteve benefí-cios; (4) o ex-cliente tomou sua decisão por umacarreira, e como já foi discutido anteriormente, cre-ditou o mérito a si mesmo, julgando não ter tido qual-quer influência da orientação.

Sobre os meios de comunicação, a maioria,39,42% dos ex-usuários julgou que eles não influen-ciaram Nada. Isso talvez possa ser pelo fato de queeste tipo de influência muitas vezes nem é percebida.As informações que os meios de comunicação vei-culam geralmente acabam sendo introjetadas sem quemuitos percebam a influência camuflada e velada nomodo de pensar e viver. Valeria a pena trabalharmelhor esse tema para que os usuários estejam cien-tes da influência, ainda que indireta, destes meios decomunicação, de modo que isso se reverta em con-tribuição para uma escolha autônoma e consciente.Os dados, deste conjunto de itens, permitem obser-var o predomínio de respostas na avaliação Nada,ou seja, nenhuma influência, e em outros itens há dis-persão. Cabe destacar que esta é a única parte doquestionário no qual os menores conceitos apontampara melhores resultados em termos de decisão au-tônoma. Porém, é preciso cautela porque influênciasexistem e o importante é reconhecê-las e adminis-trá-las.

O terceiro conjunto de informações diz respeitoàs contribuições da Orientação Profissional realiza-da em termos de desenvolvimento de diversas habi-lidades. O primeiro item, se a intervenção ajudou ocliente a lidar com dificuldades socioeconômicas,as respostas foram: Mais ou Menos (29,80%) e

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Nada (28,84%). Desta maneira, uma parte dos ex-usuários avaliou que a orientação pode relativamen-te ajudar o cliente a lidar com esses entraveseconômicos, contudo, outra parte dos respondentesapontou que não. Esta é outra questão paradoxal,pois a intervenção é de fato limitada. Como o orien-tador profissional poderia auxiliar nas soluções fi-nanceiras da família? O que freqüentemente se faz éorientar sobre a isenção da taxa de inscrição naFUVEST e outras universidades públicas, sobrebolsa moradia, bolsa alimentação, bolsa trabalho,bolsas de iniciação científica nas universidades pú-blicas, fontes de financiamento em universidadesparticulares e programa de cotas. O dado mostraque talvez estas orientações não estejam sendo sufi-cientes. Por outro lado, dificuldades socioeconômi-cas serão sempre fatores limitantes e deverão serresolvidas no âmbito familiar. Sobre o quanto a orien-tação pode auxiliar o cliente a lidar com conflitospessoais e familiares, as respostas foram: em Nada(29,80%) e Mais ou menos (27,88%). Tal avaliaçãopode sugerir que este não é o foco principal da orien-tação e nem a principal demanda dos ex-usuários.Por outro lado, pode sinalizar a necessidade de in-tervenção que aprofunde mais no autoconhecimentoe, inclusive, que inclua os familiares. Assim a orien-tação poderá facilitar os diálogos necessários para oenfrentamento das adversidades na busca de solu-ções relativas ao projeto de carreira.

A respeito do auxílio do atendimento referentea lidar com dificuldades educacionais, 30,76%julgou que ajudou Mais ou Menos, porém há dis-persão nas avaliações. Sobre a contribuição daOrientação Profissional no que diz respeito ao es-tabelecimento de objetivos realísticos, 32,69% dosex-usuários julgaram que auxiliou Muito a pensar empotencialidades e limitações.

No item que avalia o quanto a intervenção aju-dou o ex-usuário a reconhecer seus valores, 43,26%analisou como tendo auxiliado Muito, melhor notaatribuída nesse conjunto de itens. Afinal escolher umacarreira é uma forma de atualizar o conceito de simesmo, conforme a teoria desenvolvimentista deSuper. Savickas (citado por Duarte, 2004, p. 169)chama de matriz motivacional a relação entre neces-sidades, valores e interesses. Para ele, as necessida-des incitam ao movimento, os valores conduzem esse

movimento e os interesses o moldam. Nesse senti-do, a clareza na identificação de valores é relevantepara a definição de um projeto de carreira.

A Orientação Profissional auxiliou o ex-usuárioa desenvolver habilidades de liderança: Muito(32,69%) e Mais ou Menos (29,80%). Pode-se in-ferir que muitos ex-usuários experimentaram no gru-po situações que proporcionaram, de alguma forma,o amadurecimento de atitudes de liderança. Tais ex-periências podem ser muito ricas se for levado emconsideração que há usuários com dificuldades dese expressarem em grupo e que, entretanto, pode-rão obter benefícios. Assim, a Orientação Profissio-nal contribuiu no desenvolvimento de habilidadespara trabalhar em equipe: Muito (38,46%). Estedado permite inferir que o grupo possibilita a vivên-cia na interação entre os integrantes para o desen-volvimento de tarefas. Tal habilidade é fundamentalpara as relações com outras pessoas, seja na Univer-sidade, seja no trabalho ou até no contexto familiar.

No que concerne ao auxílio da orientação nosentido de desenvolver habilidades para resolverproblemas, alguns respondentes avaliaram que aju-dou Mais ou Menos (27,88%) e outros Muito(26,92%). Apesar das porcentagens terem sido me-nores e haver muita dispersão, os resultados foramconsiderados favoráveis. Sobre a ajuda da orienta-ção no sentido de desenvolver habilidades paraorganizar um projeto de vida, 31.73% avalioucomo Mais ou Menos e 25% julgou que auxiliouMuito. Quanto ao último item que avalia se a orien-tação auxiliou o ex-cliente a tomar a decisão pro-fissional, 27,88% avaliaram como tendo ajudadoMais ou Menos, 41,30% julgaram entre Muito(23%) e Totalmente (18%), totalizando 82%. Osdados sinalizam que os ex-usuários podem ter to-mado consciência do papel da orientação em seuprocesso de autoconhecimento, o que culminaria coma opção por uma carreira profissional, a ser desen-volvida ao longo da vida.

Resultados qualitativosOs registros nos espaços dedicados aos comen-

tários e as respostas às questões abertas foram ana-lisados em sua totalidade e posteriormente agrupadosem duas categorias de análise e, dentro delas, emsubcategorias. A primeira categoria reúne registros

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sobre SUGESTÕES dadas ao serviço que apontama necessidade de ampliação e de aprimoramento daintervenção realizada. A segunda categoria é sobreCRÍTICAS FAVORÁVEIS que sinalizam os pontosfortes do serviço e, portanto, a manutenção é reco-mendada. Em termos estatísticos, o número de re-gistros não é significativo. Porém, estes dados foramanalisados, no presente estudo, no sentido de cor-roborar os dados quantitativos e mostrar nuançasque a análise quantitativa encobre.

A primeira grande categoria de análise – SU-GESTÕES – aponta as necessidades de mudançasno SOP em diversas direções. A primeira subcate-goria refere-se à ampliação do serviço, o que écompreendido como avaliação positiva, expressonos seguintes registros: “realizar mais divulgação doServiço de Orientação Profissional”; “promover maisatendimentos individuais; “aumentar o número devagas”; e “aumentar as opções de horários”. Suges-tão difícil de ser contemplada, pois há limite no nú-mero de estagiários e de carga horária para o estágio.A segunda subcategoria estratégia de atendimen-to agrupou as seguintes respostas: “realizar mais ses-sões individuais durante o processo em grupo”;“aumentar o número das técnicas de dinâmicas degrupo”; “aumentar o número de testes e materiaisdisponíveis”; “atualizar os recursos utilizados: ‘osmateriais deveriam ser melhores e mais atualizados’”.Tais sugestões já foram ou estão sendo implementa-das, principalmente em decorrência do desenvolvi-mento do serviço, da produção do conhecimento noâmbito institucional; e da disponibilização de uma minibiblioteca no serviço, além de materiais alternativos.A terceira subcategoria reúne registros que enfati-zam a necessidade de se dedicar mais a determina-dos temas, como por exemplo: “abordar mais aprática e o mercado das profissões (visitas a facul-dades e palestras com profissionais da área)”; “tra-balhar questões ‘mais profundas’ dos usuários(características pessoais, medos, dúvidas)”; e “abor-dar mais o autoconhecimento”. Os temas trabalha-dos dependem do emergente grupal, assim sendo, éesperado que, para algum usuário, sempre haveráfalta. Reuniu-se na quarta subcategoria registros so-bre o desempenho dos estagiários. Nesse quesitoos respondentes destacam a necessidade de: “me-

lhor preparação dos estagiários”; “fortalecer mais ovínculo entre psicólogo-cliente”; “utilizar estratégiasmais diretivas: ‘os estagiários deveriam dar mais res-postas’”. Como se trata de uma Clínica-escola, aequipe será sempre e, predominantemente, de estu-dantes em processo de formação. Por fim, um res-pondente aponta a necessidade de se possibilitar umlocal de mais fácil acesso. O que é impossível, apriori, dado à existência de espaço no Campus. Po-rém relevante no sentido de que é competência doPoder Executivo, em todos os níveis, a oferta de taisatendimentos em toda a cidade.

A segunda grande categoria – CRÍTICAS FA-VORÁVEIS – dos ex-usuários sobre o SOP sinali-zou aprovação da estratégia de intervenção afirmandoque: “a Orientação Profissional ajudou a confirmar aescolha da carreira”; “a Orientação Profissional aju-dou muito em relação a lidar com sentimentos de:ansiedade, medo, angústia, aflições, confusão e atétimidez”; “o teste BBT (Teste de fotos) é muito im-portante”; “os temas foram muito bem tratados”;“muitos estagiários são competentes”; e “o trabalhoem grupo é extremamente rico pela troca que pro-porciona”.

Refletindo sobre estes resultados qualitativos noconjunto das respostas, constatou-se um ponto in-teressante que chamou a atenção: a grande maioriadaqueles que fizeram críticas desfavoráveis ao servi-ço, ainda possuem uma visão mais diretiva da Orienta-ção Profissional, ou seja, que ela deveria indicar umacarreira, porém essas expectativas idealizadas emágicas foram sendo frustradas no decorrer do aten-dimento. Isso se evidenciou nos comentários dos ex-usuários à respeito de que os orientadores deveriamestar mais bem preparados a proporcionarem “res-postas prontas”, solucionando dúvidas emergentes.No entanto, notou-se também que muitos passarama entender a orientação como um processo gradualde autoconhecimento, que contribui e possibilita atomada de decisão pelo próprio cliente, que passa ase reconhecer como mais amadurecido e conscienteda realidade interna e externa, com possibilidades elimites.

À respeito destas críticas sobre os orientado-res, constatou-se que existem controvérsias. Pode-se inferir também que tanto nos grupos como nos

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atendimentos individuais há diversificação no estiloe competência dos estagiários e nas estratégiasadotadas na intervenção, particular à identidade emconstrução de cada um ou da dupla de psicólogo-estagiário. Dessa maneira, várias hipóteses podemser levantadas a esse respeito. Alguns psicólogos-estagiários estariam talvez atuando de maneira nãosuficientemente comprometida com a função de co-ordenadores de grupo. Além disso, não se podedeixar de levar em consideração que opiniões favo-ráveis ou não acerca do estagiário podem variar en-tre os usuários, pois dependem fundamentalmentedo vínculo estabelecido na relação e, também, comocada um lida com suas dificuldades relativas à “es-colha” da carreira. Contudo, algo que se julga deextrema importância de ser trabalhado junto ao ori-entador, é que ele não tome para si a tarefa de reso-lução da crise que o adolescente tem urgência emsuperar. O orientador, mais do que ninguém, deveter claro o quanto esta crise é parte do processo deconstituição da personalidade do adolescente que olevará, ao longo da vida, a tomar decisões, que po-dem inclusive ser transitórias. Destituído desta oni-potência, o orientador pode realmente auxiliar oorientado em seu percurso.

Cabe ainda ressaltar que, enquanto muitos acre-ditam ser necessário enfatizar mais os atendimentosindividuais, a maioria afirma que o atendimento emgrupo é mais rico em virtude da interação, da apren-dizagem com o outro, da possibilidade de comparti-lharem medos, as ansiedades, as angústias e atéconquistas. Segundo Zimerman (1997), o grupo é ohabitat natural do adolescente, que freqüentementeestá inserido em “turmas”. Estas funcionam comoum espaço intermediário, “transacional”, entre a fa-mília e a sociedade e possibilitam o surgimento deuma nova identidade, com assunção e exercícios depapéis diferentes daqueles até então vivenciados pelojovem.

Sobre os testes, as opiniões são contraditórias.Alguns julgaram que são importantes e que deve-riam ser mais aplicados e outros acreditam que sãopassíveis de manipulação. Em verdade, os testespodem auxiliar e orientar para o reconhecimento depotencialidades. Cabe, assim, aos orientadores des-mistificarem os testes e fornecerem melhores escla-

recimentos sobre sua finalidade no processo. Emprincípio, é o orientador quem deve ter clareza so-bre os objetivos de todos os instrumentos utilizados.Os testes fornecem elementos de diagnóstico ao psi-cólogo (Bohoslavsky, 1971/1991), que objetivamcorroborar, retificar ou ampliar os dados obtidos peloorientando (Müller, 1988). Na atualidade, a avalia-ção psicológica tem destacado a importância do usode testes em perspectivas que “enfatizam a interpre-tação, a compreensão e a atribuição de sentido dosdados decorrentes da avaliação feita pelo própriosujeito” (Leitão, 2004, p. 10). Portanto, “a avalia-ção psicológica é encarada, hoje, enquanto etapade um processo integrador da variedade dos deter-minantes situacionais e dos determinantes pessoaisque caracterizam, sustentam e definem a singulari-dade individual” (Duarte, 2004, p. 155).

À respeito da crítica relacionada ao acesso aoatendimento, cabe aqui uma reflexão a ser levanta-da, e que foi apontada por alguns respondentes so-bre a necessidade da existência de postos de serviçosde Orientação Profissional públicos em diversas es-colas e/ou regiões do município. A viabilização deuma estratégia como esta se encontra aquém das pos-sibilidades de atuação da Universidade. Isto ficariaa cargo dos governos municipais, estaduais e fede-rais definirem planos para a viabilização de formasde implantação de programas e serviços acessíveisa pessoas que deles necessitem, em diferentes con-textos: educação, trabalho, social-comunitário, porexemplo, e cenários sociais e econômicos; dirigidosa diversos grupos por faixa etária: adolescentes, adul-tos e “envelhescentes”; e, em função da natureza dosproblemas apresentados: orientação educacional,vocacional, profissional e ocupacional, educação ereorientação de carreira, colocação em emprego,geração de trabalho e renda, entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma síntese que se pode ser elaborada a partirdos dados é que os usuários que puderam se valerda contribuição da Orientação Profissional foramaqueles que passaram a entendê-la como um pro-cesso de autoconhecimento e amadurecimento doindivíduo. Aprender a escolher, a tomar decisões, a

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refletir sobre influências e a avaliar possibilidades,riscos e conseqüências é a maior contribuição que oserviço pode prestar aos usuários. Esta é uma ques-tão ética na Orientação Profissional, que a pessoaseja sujeito de seu destino, de seu projeto de vida.Na perspectiva da estratégia clínica (Bohoslavsky,1991) e operativa (Pichon-Rivière, 1994, 1995) érelevante intervir considerando a singularidade dapessoa em sua condição sócio-histórica.

Esta pesquisa procurou mostrar a importânciada realização de estudos longitudinais e a necessida-de de se avaliar a intervenção da Orientação Profis-sional não apenas ao término do atendimento, comoa maioria dos profissionais brasileiros realiza e comoaponta a literatura internacional, mas principalmentedurante o processo e após alguns anos. Assim sen-

do, neste estudo, defende-se a necessidade da revi-são constante das práticas clínicas, abrindo espaçopara a reflexão de modo a “evitar a reprodução ali-enada de modelos cristalizados, que engessa o pen-samento crítico” (Santos & Oliveira, 2005, p. 296).

Com base na análise dos resultados do estudocompleto, incluindo a visão dos que desistiram eabandonaram o processo de Orientação Profissio-nal, e outros estudos que realizaram a avaliação doserviço, na perspectiva dos familiares dos ex-usuári-os e na perspectiva dos psicólogos-estagiários, estra-tégias viáveis e realísticas de aperfeiçoamento doserviço vêm sendo implementadas com a finalidadede garantir tanto uma melhor formação acadêmica aosgraduandos em Psicologia, como também qualidadenas intervenções que visam à promoção de saúde.

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Recebido: 19/07/20061ª Revisão: 02/10/2006

Aceite Final: 27/10/2006

Sobre as autorasFabiana Hilário de Almeida é Psicóloga, aluna do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da

Faculdade de Filosofia. Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP).Lucy Leal Melo-Silva é Psicóloga, Docente da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em

Psicologia do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras deRibeirão Preto (FFCLRP-USP). Coordenadora do Programa Vita, do Serviço de Orientação Profissional(SOP), integrante do Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico (CPP). Membro da Associação Brasileirade Orientadores Profissionais (ABOP) e da International Association Educational Vocacional Guidance(IAEVG). Autora de livros na área da Orientação Profissional e Formação em Psicologia.

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