AVALIACAO DO DESEMPENHO EM COM ESTRUTURA … · aceite a orientaqao do presente trabalho, e pelo...

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UNIVERSIDADE DO PORT0 Inslituto Superior de Estudos Empresariais AVALIACAO DO DESEMPENHO EM ORGANIZACOES COM ESTRUTURA DIVISIONAL Disserta@o para a obtenq%o do grau de Mestre em Gestao de Empresas Rui Jorge de Figueiredo Lagoa L c,. ijEZ 13 4 4 . . 2 : I . .:: . . :, , . , : .: Porto 1994

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UNIVERSIDADE DO PORT0 Inslituto Superior de Estudos Empresariais

AVALIACAO DO DESEMPENHO EM ORGANIZACOES COM ESTRUTURA DIVISIONAL

Disserta@o para a obtenq%o do grau de Mestre em Gestao de Empresas

Rui Jorge de Figueiredo Lagoa

L c,. ijEZ 13 4 4 . . 2 : I . . : :

. . :, , . , : .:

Porto 1994

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Agradecimentos

Ao Sr. Professor Doutor Jose Valente o nosso reconhecimento por ter

aceite a orientaqao do presente trabalho, e pelo apoio e disponibilidade

demonstrada ao longo da sua elaboraqi30.

Ao Sr. Eng. ~ r l ge lo Brou, Director Geral da CIBA-GEIGY (Portugal), o

nosso agradecimento pelo interesse e colaboraqao na analise do caso

ilustrativo de um sistema de avaliaqao do desempenho de uma organizaqiio com

estrutura divisional.

Ao corpo docente do Curso de Mestrado em GestAo de Empresas (MBA)

- Professores Doutores Rui Guimaraes, Daniel Bessa, Gordon Paul, Jose

Miguez, Luis Mota de Castro, Jose Marques - e ao Presidente da Direcqao, Sr.

Professor Carlos Barral, o nosso agradecimento pelos conhecimentos

facultados e pela colaboraq%o prestada.

Ao Sr. Eng. Virgilio Folhadela e ao Sr. Professor Doutor Augusto Medina,

o nosso obrigado pelo incentivo a prossecuq%o dos nossos estudos na area da

Gestio Empresarial.

A Eurospuma - Sociedade Industrial de Espumas Sinteticas Lda., na

pessoa do seu Socio-Gerente Sr. Jose Morais, o nosso agradecimento pelo

apoio a nossa actividade academica.

Para finalizar, o nosso agradecimento a todos aqueles que de algum

mod0 tornaram possivel a realizaqio deste trabalho; em particular ao Sr.

Professor Doutor Fernando Rocha pelos seus conselhos.

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Avaliacao do desern~enho em oraanizacaes corn estrutura divisional Rui Laaoa

.......................................................................................................... 1 Introduqio 4

1 . 1 Objectivos e relevincia do tema da dissertaqio ......................................... 4

1.2 Metodologia de trabalho adoptada .............................................................. 6

................................................................................................ 2 Conceitos gerais 7

............................................................................. 2.1 Conceito de organizaqio 7

.............................................................................. 2.2 Estrutura organizational I I

2.3 Eficacia de uma organizaqio ....................................................................... 20

3 Divisionalizaq%o ................................................................................................. 25

3.1 Determina~ites organizacionais ................................................................... 25

3.2 Pre-requisitos para o sucesso ..................................................................... 29

4 Sistema classico de avaliaqio do desempenho ................................................ 32

4.1 Factores a considerar na criaqio do sistema de avaliaqso ......................... 34

4.2 Avaliaqio do desempenho em divis6es ....................................................... 38

............................................................... 4.3 Sistema de informaqio de gestio 45

4.3.1 lnvestimento ....................................................................................... 46

4.3.2 Depreciaqbes contabilisticas ............................................................. 49

...................................................................... 4.3.3 Criterios valorimetricos 51

4.3.4 Metodos de custeio ............................................................................ 52

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..................................................................... 4.3.5 Pre~os de transferkncia 53

............................................... 4.3.5.1 Pre~os baseados no mercado 55

................................................. 4.3.5.2 Pre~os baseados nos custos 57

................................................................ 4.3.5.3 Pre~os negociados 58

............................................................................................ 4.3.6 lmpostos 60

4.3.7 Custo do capital ................................................................................. 61

....................................................... 4.4 Medidas de avalia~5o do desempenho 63

..................................... 4.4.1 Taxa de retorno do investimento controlavel 64

.......................................................................... 4.4.2 Rendimento residual 68

....................................................................... 5 Sistema de avalia~iio alternativo 72

............ 5.1 Conjunto de medidas alternativas para avalia@o do desempenho 75

6 0 caso CIBA-GEIGY .......................................................................................... 79

6.1 Conceito de organiza~iio e objectivos organizacionais ............................... 79

.............................................................................. 6.2 Estrutura organizacional 80

........................................................................ 6.3 A CIBA-GEIGY em Portugal 84

6.4 Sistema de informa~ao de gestiio ............................................................... 86

......................................................................... 6.4.1 Relatorios divisionais 88

.............................. 6.4.1.1 Demonstra~ao da contribui~ao divisional 88

................................ 6.4.1.2 Demonstra~%o do "cash flow" divisional 90

6.4.2 Investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

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6.4.3 Deprecia~des contabilisticas ............................................................. 92

6.4.4 Metodos e tecnicas de custeio ........................................................... 94

6.4.5 Pre~os de transferencia ..................................................................... 95

.................................................................................... 6.4.6 Juro calculado 96

6.5 Medidas de avaliaqao do desempenho ....................................................... 97

6.5.1 Contribui~ao apos juros .................................................................... -97

......................................................................................... 6.5.2 "Cash flow" 98

6.5.3 "Return on net assets" ....................................................................... 99

........................................................................................................ 7 Conclusdes I 0 1

..................................................................................... Referencias bibliograficas 103

Lista de figuras e tabelas ...................................................................................... I 1 0

Nomenclatura ........................................................................................................ 111

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1.1 Obiectivos e relevincia do tema da disserta~ao

A quest30 da avalia~ao do deserr~penho tem ganho relevincia nos

ljltimos tempos devido ao ambiente de relativa crise que vive a economia

ml-lndial, relanpndo a questao da necessidade de um controlo mais apertado

sobre as estruturas organizacionais./Este controlo tem sido conseguido por via

de um refor~o do poder dos elementos-chave da estrutura em cuja capacidade

se confia quase cegamente, elou por via do aperfei~oamento do sistenia de

avalia~iio, de forma a induzir os comportamentos e decisdes desejaveis do

ponto de vista da organiza~ao.

0 presente trabalho pretende proceder a uma analise do sentido, forma e

efeitos do sistema de avalia~ao do desempenho do gestor e da entidade

economica-divisao, em organiza~bes com estrutura divisional.'A sequencia

natural deste trabalho devera ser a proposta de um sistema de avalia~30

alternativo que, simultaneamente, possibilite avalia~des eficazes do

desempenho e motive a tomada de decisdes coerentes com os objectivos

organizacionaisJ

Numa abordagem superficial da quest30 "avalia@o do desempenho",

sofre-se a tentag30 de se utilizar os elementos mais acessiveis para ponto de

partida. Tal permite a obten@o de avalia~des objectivas mas retira sentido a aval ia~io: verifica~iio do grau de extensio na ob ten~ io dos objectivos

organizacionais.

Um processo mais correct0 consiste na analise da organiza~30 e dos

objectivos subjacentes, partindo ent3o para a defini~ao de eficacia

organizational e sua avaliac30.

Uma dificuldade deste processo consiste na def in i~ io dos objectivos e

eficacia organizacionais, devido a complexidade dos elementos constituintes de

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uma organiza~%o: associada a dificuldade operacional de avaliar, existe a

dificuldade conceptual em definir os contornos da chamada eficacia

organizacional.

Na realidade, n%o existe unia defini~ao unica do criterio de eficacia organizacional; existe um conjunto de formas passiveis de agrupamento en1

famllias ou linhas de pensamento e que definem localmente os contornos da

grandeza.

A dificuldade de defini~ao do criterio da eficacia organizacional n%o tem

impedido, na pratica, a realizagao das avalia~des de desempenho: estas t6m

sido feitas com base em aproxima~des operacionais desse criterio. Por tal

motivo, surgem, inevitavelmente, desfasamentos entre os resultados da

avalia@o. em termos do conceit0 operacional da eficacia e os resultados duma

eventual "avaliag%o ideal"; adicionalmente, caso se tome a operacionalizagiio

da efichcia pela grandeza "ideal", poder-se-%o incentivar comportamentos

optimizados segundo o criterio operacionalizado mas que se afastam do

desejavel do ponto de vista da organiza~%o.

Esta possibilidade de desfasamento e tanto mais importante quanto maior

for a autonon-~ia de tomada de decisao. No caso especifico das estruturas

divisionais, esta questao aplica-se particularmente aos gestores divisionais por,

em geral, usufrufrem de grande autonomia.

Devido ao desenho estrutural deste tip0 de organiza~des, e relativamente

facil, tomando como base os elementos contabilisticos, proceder a uma

avalia@o do desempenho da entidade economica-divisao e projectar essa

avalia@o para o gestor responsavel pela divisao: ha grande facilidade na

separaqao dos dados divisionais.

No entanto, mantem-se algumas dificuldades no tratamento desses

dados, similares as dificuldades existentes em outros tipos estruturais: ex. a

definiqao dos padrdes de avaliagiio.

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1.2 Metodoloaia de trabalho adoptada

A metodologia adoptada consistiu na analise do sistema classico de

avaliaqao do desempenho em organizaqdes com estrutura divisional e

introduqao de formas alternativas, ligando-as as visdes classica e

comportamental das organizaqdes. Posteriormente procedeu-se a uma

avaliaqao das ilaqdes, atraves da analise de um caso.

Assim, esta dissertaqao comeqa por apresentar os elementos gerais

orientadores da avaliaqao do desempenho (Capitulo 2): organizaqao, estrutura

organizacional e eficacia organizacional. Pretende-se ilustrar, ainda que de uma

forma n%o exaustiva, a complexidade dos elementos de partida da estrutura dos

sistemas de avaliaqao do desempenho.

No Capitulo 3 analisam-se as particularidades da estrutura divisbnal,

nomeadamente os determinantes organizacionais potenciadores duma estrutura

deste tip0 e os requisitos desejaveis para o sucesso da adopqiio deste tip0 de

estrutura. Partindo destes elementos, procede-se a elaboraqao de conclusdes

relativas a extensso da adopq%o deste tipo de estrutura por parte das empresas

a operar em Portugal.

No Capitulo 4 procede-se a analise da operacionalizaqio do sistema

classico de avaliaqao: comeqa-se por analisar os requisitos a que deve

obedecer; posteriormente, abordam-se as questdes relativas ao caso especifico

das estruturas divisionais, a relevincia dos dados a recolher, bem como alguns

casos especificos de medidas de avaliaq%o do desemper~ho (taxa de retorno do

investimento e rendimento residual).

No Capitulo 5 introduz-se o sentido e a forma geral de urn sistema

alternativo de avaliaqao do desempenho que tem por base uma visa0

comportamental e sistemica da organizaqso.

No Capitulo 6, procede-se a analise duma organizaqao (CIBA-GEIGY) a

luz dos elementos abordados nos capitulos anteriores.

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2 Conceitos qerais

A abordagem da ava l ia~ io do desempenho de organiza~bes con1

estrutura divisional requer a introduHo de conceitos essenciais a sua

compreensio.

Em primeiro lugar, o conceito de avaliaHo pressup& a comparaHo com

un7 padrio. Para a de f in i~ io desse padrio, ha a necessidade de definir as

grandezas a avaliar. Esta cadeia tem como origem o conceito de organiza~io.

A abordagem dos diferentes conceitos de organiza~io e a sua

materializa@o em termos de inter-relacionamento de elementos humanos

permite recriar a envolvente influenciadora dos objectivos organizacionais e do

conceito de eficacia organizacional.

Neste capitulo introduzem-se as diversas perspectivas de visualiza~io de

unia organiza~40; seguidamente, ilustram-se as diferentes formas-tip0 em que

se agrupam as estruturas de inter-relacionamento dos seus elementos

humanos; conclui-se o capitulo com a abordagem do conceito de eficacia

organizacional.

2.1 Conceito de orqaniza~ilo

0 conceito de organiza~40 esta implicit0 nas vivencias das pessoas; no

seu process0 de evo lu~ io , o Homem apercebeu-se cedo que, se juntasse os

seus esfor~os aos de outros homens, poderia obter muito mais do que se agisse

sozinho. A percep~ io de objectivos mutuamente desejaveis deu origem ao

nascimento das organiza~bes. Estas representam os meios atraves dos quais

os seus membros conseguem preencher um nljmero de necessidades fisicas,

psicologicas e sociais.

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Apesar da vivencia que cada individuo tem do que e urna organiza~%o,

ha urna certa dificuldade em apresentar urna definipo: March e Simon' referem

"ser mais facil, e provavelmente mais util, dar exemplos de organiza~bes formais

do que definir o termo".

Uma vez que a fun~%o primaria de urna definipo e ajudar-nos a distinguir

entre diferentes fenomenos, tambem a defini~ao de organizapo devera p6r em

evidencia as caracteristicas que permitem diferenciar urna organiza~%o de

outras formas sociais. Blau e Scott2 referem que "organiza~bes formais s%o

caracterizadas - por objectivos explicitos, um sistema elaborado de regras

claramente definidas e regulamentos, e urna dada estrutura formal com linhas

de comunica~io e autoridade bem marcadas". Na mesma linha de pensamento,

Barnard3 define "organiza~%o formal como o tipo de coopera@o entre pessoas

que e consciente, deliberado, e com objectivos". March e Simon4 salientani o

elemento humano referindo que "organiza~bes s%o conjuntos de seres humanos

inter-actuantes; s%o os maiores conjuntos da nossa sociedade que tern algo de

parecido com um sistema central coordenador. A coordena~%o e a elevada

especificidade da estrutura nas organiza~bes - em contraste com as rela~bes

difusas e variaveis entre organiza~bes e entre individuos n i o organizados - distingue urna dada organiza$%o como unidade sociologica, comparavel em

significincia a um dado organism0 na biologia". Ainda na mesnia l i~iha nias

salientando o caracter dinimico, Etzionis refere que "organiza~bes s%o unidades

MARCH, James G.; SIMON, Herbert A. - Organizations. New York, John Wiley & Sons, Inc., 1958, p. 1.

BLAU, Peter M.; SCOTT, W. Richard - Formal Organizations. A comparative approach. San Francisco, Chandler Publishing Company, 1962, p. 514.

BARNARD, Chester I. - The Functions of the Executive. Cambridge, Mass., Harvard University Press, 1938, p. 4.

MARCH, James G.; SIMON, Herbert A. - Organizations. New York, John Wiley & Sons, 1958, p. 4.

ETZIONI, Amitai - Modern Organizations. Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1964, p. 3

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Avaliaciio do desern~enho em oraanizacBes corn estrutura divisional Rui Laaoa

sociais (ou qgrupamentos humanos) deliberadamente construidas e

reconstruidas para atingir objectivos especificos".

Estas visdes do que e uma organizaflo tkm em comum dois pontos

basicos que a permitem distinguir de outras formas sociais:

-0rganiza~des sao conjuntos de pessoas orientados para a

obtencio de objectivos relativamente especificos (explicitos e definidos ao ponto de orientarem a selec~%o entre actividades

alternativas).

- Organiza~bes sZio conjuntos que exibem um grau relativamente elevado de formaliza~io relativamente a outros tipos estruturais

(movimentos sociais, comunidades).

Estas defini~bes sao feitas com base numa perspectiva a que Scott6

chama "perspectiva racionalff. Este mesmo autor apresenta defini~bes

alternativas tendo em conta outras possiveis perspectivas de analise, como a

perspectiva de sistema natural em que "organiza~bes sZio colectividades cujos

participantes partilham urn i~iteresse na sobrevivencia do sistema em que

interv&rn, pelo que participam em actividades colectivas, informalmente

estruturadas, para atingirem esse objectivo". Segundo esta perspectival os

objectivos explicitos da organiza@o influenciam de forma muito parcial o

comportamento dos elementos da organiza~Ao, pelo que as regras definidas

formalmente nZio sAo o determinante principal do seu comportamento. Esta

perspectiva parece-nos produzir uma forma menos restritiva do conceito de

organiza~Ao, uma vez que a liberta do conceito de formaliza~20, abrangendo

SCOTT, W. Richard - Organizations. Rational, natural, and open systems. 2nd. ed., Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1987, p. 20 - 26.

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certas formas organizacionais descritas por Rothschild-Whitt', e designadas por

organiza~des colectivistas.

Scott apresenta uma defini@o alternativa, baseada numa "perspectiva de

sistema aberfo", referindo que "organiza~bes sao coliga~bes de grupos de interesses com caracter instavel que definem objectivos por negocia~%o; a

estrutura da coliga~%o, as suas actividades e os seus resultados s%o fortemente

influenciados por factores ambientais". A perspectiva de sistema natural tende a

visualizar as organiza~bes como sistemas fechados, separados do seu

ambiente, num conjunto estavel; no entanto, os elementos da organiza~%o t6m

interesses heterogeneos, entram e saem da organiza~%o, pelo que em cada

momento, num dado ambiente, formam coliga~bes temporarias para atingir

objectivos comuns. 0 conceito de organiza~ao gerado por esta perspectiva

apresenta uma diminui~%o das restri~bes comparativamente com o conceito de

organiza~%o gerado na segunda perspectiva pois relativiza a especificidade dos

o bjectivos.

Estas tr6s perspectivas s i o bastante diferentes, n%o so porque englobam

tipos de organiza~bes muito diferentes, mas tambem porque real~am diferentes

aspectos das organiza~bes. A "perspectiva rational" tem influenciado a analise

das empresas devido ao facto de estas apresentarem graus elevados de

formaliza~io e especifica~ao de objectivos, comparativamente com outras

organiza~bes - assim, os seus sistemas de ava l ia~ io do desempenho traduzem

fortemente esta perspectiva. No entanto, este elevado grau de especifica~io

dos objectivos da organiza~io e redutor da realidade organizacional,

traduzindo-se numa pouco efectiva defini~ao dos objectivos organizacionais e

perrr~itindo margem para desfasamentos. A n%o previsao desses desfasamentos

por esta perspectiva, acarreta o pel-igo de falta de consci6ncia das suas

exist6ncias, pelo que numa abordagem superficial poder%o ser identificados

ROTHSCHILD-WHITT, Joyce - The Collectivist Organization. An alternative to rational bureaucratic models. "American Sociological Review", Ago. 1979, p. 509 - 527.

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como imperfei~bes da organizaHo, necessitando para a sua elirnina~ao de

medidas correctivas a r~ivel organizacional.

Contrariamente, as outras perspectivas incluem elementos que

pretendem explicar parte desses desfasamentos como sendo implicitos a organiza~%o, pelo que a intervenG30 correctora devera ser localizada ao nivel

da operacionaliza@o dos objectivos organizacionais e do sistema de avalia~%o.

Infelizmente, isto traduz-se num aumento da dificuldade de operacionaliza~%o

do conceit0 de eficacia organizacional devido ao acrescimo de subjectividade.

2.2 Estrutura orqanizacional

Uma organizaG30 compreende um conjunto de elementos hunianos. Em

termos gerais, a estrutura organizacional e a forma como esses elementos se

inter-relacionam. ChandleP definiu estrutura da seguinte forma: "quer seja 01-c

n%o definida explicitamente, a estrutura apresenta dois aspectos. Ela cornporta,

primeiramente, as vias hierarquicas e de comunica@o entre os diferentes niveis

e quadros administrativos, el em segundo lugar, as informaqbes e os dados que

circulam pelos canais dessas vias". Para Mintzbergg, "a estrutura de uma

organiza~30 pode ser definida simplesmente como a soma total das formas em

que se divide o trabalho por tarefas distintas, e se consegue a sua

coordena@o; (...) a estrutura organizacional engloba os meios formais e semi-

-formais que a organiza~ao usa para dividir e coordenar o sel-c esfor~o de forma

a estabelecer padrdes estaveis de comportamento".

Cada organiza~ao tem uma estrutura propria e especifica. Tal sugere

que, mesmo as caracteristicas utilizadas na defini~so de organiza~ao (que no

CHANDLER, Alfred D. - Strategy and Sfrucfure. Chapters in fhe history of American enterprise. Cambridge, Mass., M.I.T. Press, 1962, p. 42.

MINTZBERG, Henry - The Sfrucfuring of Organizafions. A synthesis of fhe research Englewood Cliffs, N.J. , Prentice-Hall, 1979, p. 2, 66.

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caso da "perspectiva rational" s%o a especificidade de objectivos e o grau

elevado de formalizaHo - ver 2.1) variam de estrutura para estrutura. Esta sofre

a influencia de determinantes (estrategia, dimensao, tecnologia, ambiente,

controlo de poder).

Apesar de n%o existir acordo sobre o conjunto de dimensdes que

traduzem as diferen~as entre as estruturas, tem-se utilizado frequentemente tr6s

grandezas: formalizaHo, centralizaHo e complexidadel0.

A formaliza@o refere-se ao grau de especifica~iio das

expectativas relativamente aos meios e objectivos, ou seja, ate que

ponto a a c t u a ~ i o dos elementos da organiza~so se baseia em

elementos escritos e procedimentos pre-detern'linados. Em termos

de sub-componentes, uma grande formaliza@o pode ser o

resultado de uma grande especializa@o do trabalho e de uma

forte delega~%o de autoridadell.

A centraliza~a"~ refere-se a localizagao da autoridade na hierarquia

da organiza~so. Assim, em geral, a centraliza~io tende a aumentar

com a especializa@o funcional e a diminuir com a delega@o de

autoridade.

A complexidade relaciona-se com a diferenci-%o das fun~bes dos

elementos da organizaGZio. A ideia subjacente e que, quanto maior

a variedade de fun~des, mais complexes serso os problemas a

nivel organizational e de gestiio. Em geral, quanto maior for a

delega~so de autoridade e a especializa~%o, maior devera ser a

complexidade.

OBLACKBURN, Richard - Dimensions of Structure. A review and reappraisal. "Academy of Management Review", Jan. 1982, p. 59 - 66.

llGRINYER, Peter H.; YASAI-ARDEKANI, Masoud - Dimensions of Organizational Structure. A critical replication. "Academy of Management Journal", Set. 1980, p. 405 - 420.

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A tipologia traditional agrupa as estruturas organizacionais em tr&s

grandes tipos principais: funcionais, divisionais e matriciais.

Nas estruturas funcionais, as actividades de tipo similar s%o colocadas

sob o controlo de um mesmo poder. A vantagem advem da especializa~%o de

tarefas, o que origina economias de escala e minimizaHo dos desperdicios em

duplica~des: as actividades do mesmo imbito s%o agrupadas sob o controlo de

executivos funcionais ("marketing", contabilidade, produ@o, etc.) que reportam

aos gestores de topo. Esta estrutura~%o pode originar conflitos entre as diversas

unidades funcionais bem como distor~bes nos objectivos pois ha problemas de

responsabiliza~%o pelos resultados - nenhum grupo responde pela globalidade.

Cada fun@o tem as suas responsabilidades especificas, sendo a coordena~%o

interna relativamente simples; no entanto, a coordena~%o entre fun~des

apresenta dificuldades devido a diversidade de interesses em jogo. Esse

trabalho de integra@o recai sobre a gestao de topo. Este tip0 estrutural parece

mais vocacionado para organiza~des que lidam com um unico produto ou

servi~o. A medida que a organiza@o se vai diversificando por adiHo de

produtos ou mercados, as vantagens da especializa~%o v%o sendo atenuadas

pelos problemas da diversifica@o.

No caso da estrutura divisional, as actividades relativas a cada produto

est%o dependentes de um mesmo poder: tem-se unidades autonomas, quase

pequenas companhias. Uma inspec~%o ao interior das divisdes revela que estas

est%o organizadas, em geral, de forma funcional. Tal possibilita o cor~trolo

integrador ao gestor divisional, tirando partido da especializa$io funcional. Esta

estrutura permite libertar a gest%o de top0 de fun~des de coordena~%o

operacional, para se ocupar de questdes de prazo mais longo. Uma

desvantagem e o aumento de custos em actividades comuns as divisbes, ao

duplica-las em cada divis%o; em organiza~bes com estrutura funcional, estas

actividades s%o desempenhadas por departamentos que servem toda a

organiza~ao.

Na estrutura matricial, a unicidade do comando - pedra basilar da

burocracia - e quebrada, existindo duas cadeias de comando: a hierarquia

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normal "funcional" articula-se com uma forma de influencia lateral legitimada

(grupo de projecto, produto). Este tipo estrutural procura beneficiar simultaneamente das vantagens das estruturas funcionais e das vantagens das

estruturas baseadas em produtos, procurando evitar as desvantagens de cada

uma delasl*. Este caracter dualista e uma das origens das suas fraquezas, uma

vez que origina ambiguidade ao nivel da autoridade e da responsabilidade,

gerando tensdes sociais e psicologicas~3.

Mintzbergl4 propde uma grelha alternativa de classifica@io que se baseia

na identifica~ao de cinco elenientos estruturais, representados nas figuras

seguintes, e descritos como:

NLicleo operativo - empregados, que realizam o trabalho basico relativo a produ$%o de produtos e servi~os;

Topo estrategico - gestores de topo, responsaveis pela globalidade da organizaC20;

Linha intermedia - gestores, que fazem a liga$%o entre o n6cleo operativo e o top0 estrategico;

Tecno-estrutura - analistas, responsaveis por tornar efectivas certas formas de normaliza@o no interior da organiza@o;

Grupo de apoio - pessoas que produzem servi~os indirectos de apoio a organiza~fio.

I*GALBRAITH, Jay - Matrix Organizations Designs. How to combine functional and project forms. "Business Horizons", Fev. 1971, p. 29 - 40.

1 3 ~ A v l s , Stanley M.; LAWRENCE, Paul R. - Problems of Matrix Organizations. "Harvard Business Review", Mai.-Jun. 1978, p. 131 - 142.

I 4 ~ l ~ T Z B E R G , Henry - Structure in Fives. Design effective organizations. Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1983.

Page 17: AVALIACAO DO DESEMPENHO EM COM ESTRUTURA … · aceite a orientaqao do presente trabalho, e pelo apoio e disponibilidade ... ilustrativo de um sistema de avaliaqao do desempenho de

Avaliacao do desem~enho em orqanizacBes com estrutura divisional Rui Laqoa

Cada um destes cinco elementos pode dominar a organizaqio:

dependendo da correla@o de forps, e maior ou menor a probabilidade de se

verificar uma dada configura@io.

Fig.1 - 0 s cinco elementos bhsicos de uma organizaqio MINTZBERG, Henry - Structure in Fives. Design effective organizations.

Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1983, p. 11.

Quando o top0 estrategico e dominante, a tomada de decisao e

centralizada: a organizaqao tendera a apresentar uma estrutura que Mintzberg

chamou de estrutura simples. A estrutura e caracterizada por um baixo grau de

complexidade e formalizaqao. Esta estrutura e mais interessante para pequenas

organizaqdes, organizaNes em fase de forniaqio, organizaqdes cujo ambiente

envolvente seja simples mas dinimico, ou organizaqdes em que se deseje ter

um forte controlo do poder. 0 seu ponto forte consiste na rapidez e flexibilidade

de adaptaqao mas torna-se inadequada aquando de um aumento de dimensso.

Por outro lado, e uma estrutura que acarreta riscos elevados, uma vez que, na

essencia, e suportada pelos elementos centralizadores.

Fig.2 - Estrutura simples MINTZBERG, Henry - Structure in Fives. Design effective organizations

Englewood Cliffs. N.J., Prentice-Hall. 1983, p. 159.

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AvaliacZo do desernpenho em orqanizacijes corn estrutura divisional Rui Lasoa

Se os analistas da tecno-estrutura forem dominantes, o controlo e

conseguido por normaliza$%o. Esta e a situa@o da burocracia mecanicista tal

como foi proposta por Weberl5, caracterizada pela divisao do trabalho, defini$%o extensiva da hierarquia de autoridade, tomadas de decisao relativas aos

colaboradores baseadas no merito, carreiras bem definidas e distin$%o clara

entre as vidas pessoal e organizacional dos membros da organiza$%o. A

burocracia mecanicista e mais eficiente em organiza~bes de grande dimensao e

com um ambiente simples e estavel porque possibilita um maior controlo e

previsibilidade sobre o comportamento dos membros da organiza$%o; estes,

pelo seu lado, beneficiam duma garantia de tratamento justo. Na pratica,

verificam-se distor$bes ao nivel dos objectivos e regras, e tendgncia para a

concentra@o de autoridade.

Fig.3 - Burocracia rnecanicista MINTZBERG, Henry - Structure in Fives. Design effective organizations.

Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1983, p. 170.

Mintzberg definiu dois tipos de burocracia: o que foi identificado por

Weber, e urn segundo tip0 (burocracia profissional) baseado na

descentraliza@o extensiva e na substitui~%o da formaliza~%o externa por

padr6es profissionais interiorizados. Esta configuraGZio e mais provavel quando

o nicleo operativo tern o controlo da organiza~ao.

1 5 ~ ~ ~ ~ ~ , Max - The Theory of Social and Economic Organizafions. New York, Free Press, 1947.

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Avaliacao do desempenho em orqanizachs com estrutura divisional Rui Laqoa

on- Fig.4 - Burocracia profissional

MINTZBERG. Henry - Structure in Fives. Design effective organizations. Englewd Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1983, p. 194.

Quando o controlo da organiza~20 pertence aos grupos de apoio, as

decisdes sso tomadas por via de ajustes mQtuos: temos a adocracia, um

sistema com grande capacidade adaptativa, alterando-se frequentemente,

organizada em torno de problemas que necessitam, para a sua resolu@o, de

pessoas relativamente estranhas entre si e com aptiddes profissionais diversas.

Conforme descrito por Bennisl6, a organizasiio tem um baixo grau de

complexidade, formalizasiio e centraliza~40.

Fig.5 - Adocracia MINTZBERG, Henry - Structure in Fives. Design effective organizations

Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1983, p. 262.

Se o controlo se encontra na posse da linha intermedia, e normal

encontrarem-se unidades relativaniente autonomas agrupadas numa esfrufura

16B~NNls, Warren - Post-Bureaucrafic Leadership. "Transaction", Jul.-Ago. 1969, p. 45.

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AvaliacFio do desempenho em orqanizac6es com estrutura divisional Rui Laaoa

divisional. Mintzberg" definiu "estrutura divisional como um conjunto de

unidades autonomas, sendo cada uma, tipicamente, uma burocracia

mecanicista, coordenadas por uma unidade de topo, central. Sendo as unidades

autonomas, tal permite as linhas intermedias - os gestores divisionais - grande

controlo." Em cada divisgo, os gestores divisionais sZio responsaveis pelo

desempenho, tendo autoridade para tomar decisdes operacionais e

estrategicas.

- Fig.6 - Estrutura divisional

A unidade central fornece servi~os de suporte as divisdes como sejam

servigos financeiros, apoio juridic0 e tratamento de impostos; actuam tarr~beni

como auditores externos, avaliando e controlando o desempenho. 0 s gestores

divisionais sZo livres de dirigir as suss divisdes da forma que acharem melhor,

desde que se mantenhani dentro das directivas da unidade central. As divisdes

tendem a estar organizadas de forma funcional, com forte divisao do trabalho,

grande formalizaqao e centralizaGi30 da autoridade nos gestores divisionais.

Um dos problemas associados a burocracia mecanicista consiste na

tendencia a sobreposi~Zo dos objectivos das unidades funcionais aos objectivos

globais da organiza~ao. A estrutura divisional procura resolver este problema,

1 7 ~ 1 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Henry - Structure in Fives. Design effective organizations. Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1983, p. 217.

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Avaliaclo do desempenho em oraanizacaes corn estrutura divisional Rui Laqoa

responsabilizando totalmente o gestor divisional por um produto ou serviqo,

permitindo assim uma maior responsabiliza@o e um maior enfase no resultado

global do que sel-ia possivel numa estrutura burocratica mecanicista. A

autonomia que e concedida aos gestores divisionais torna a estrutura divisional

num excelente veiculo para treino e desenvolvimento de gestores generalistas,

ao contrario da burocracia mecanicista onde se procura a especializa@o.

Cada divisao tem o beneficio da especializaHo actuando como uma

pequena organizaqao: assim, a adop~ao deste tipo de estruturas pode

apresentar como vantagens uma maior rapidez e melhoria do process0 de

decisao. Essa melhoria e devida ao facto de as decisdes serem tomadas pelas

pessoas que estao familiarizadas com a situa@o e que, em principio, se

encontram em melhor posi~ao de decidir. Assim, a estr~~tura divisional e mais

apropriada para organizaqdes cujas actividades sao diversificadas, devido ao

facto de ser dificil aos gestores de top0 abrangerem intimamente as diversas

actividades da organizaqao. 0 resultado de um conjunto de pesquisas sugere

isto mesmols.

Acessoriamente, a descentralizaqao devera criar possibilidades de

aumento de realizaqao pessoal em todos os niveis da organizaqio (num estudo

acerca das atitudes dos gestores norte-americanos da autoria de Dittman e

Ferrislg, estes autores conclu?ram que os gestores de centros de resultados

tinham maior satisfaqao no trabalho que os gestores de centros de custos - ver

4.2). No entanto, se a autononiia dada aos gestores divisionais for mais tedrica

do que real, pode originar ressentimento: o gestor pode argumentar que e

responsavel pelos resultados divisionais mas que a sua responsabilidade e

superior a sua autoridade.

8~~~~~ EL, M. A.; HI LTON, K. - Divisionalization in British Industry. A preliminary study. "Accounting and Business Research", Verso 1980, p. 197 - 214.

VANCIL, R. F. - Decentralization. Ambiguity b y design. Homewood, IL., R. D. Irwin, 1979.

l g ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , D. A.; FERRIS, K. R. - Profit Centre. A satisfaction generating concept. "Accounting and Business Research", Verio 1978, p. 242 - 245.

Page 22: AVALIACAO DO DESEMPENHO EM COM ESTRUTURA … · aceite a orientaqao do presente trabalho, e pelo apoio e disponibilidade ... ilustrativo de um sistema de avaliaqao do desempenho de

Avalia~eo do desempenho em oraanizacBes corn estrutura divisional Rui Laaoa

Tendencialmente, a estrutura divisional permite manter os beneficios

decorrentes de unia organiza~io de grandes dimensdes como sejam, por

exemplo, os ganhos no poder de negocia@o em financiamentos e a dispersio

do risco.

No entanto, existe o perigo de as divisdes entrarem em compet i~ io

excessiva e actuarem com o objectivo de aumentar os seus lucros a custa de

outras divisdes, podendo o efeito global ser negativo para a organiza~io. De

facto, este tip0 de estrutura n i o encoraja a cooperaqao entre as divisdes,

potencializando situa~des de conflito com a unidade central relativamente a

localiza~io, na estrutura, dos servi~os de suporte.

Em suma, a estrutura divisional destaca uma figura na organiza~io: o

gestor divisional. Este elemento e o elo principal da estrutura, aglutinando em si

o controlo global da divisio, mas sofrendo ao mesmo tempo os efeitos das

rela~des de poder entre si e a ur~idade central. Tal implica que a avaliaqio do

desempenho de uma divisio tenha, para alem do caracter de ava l ia~ io

economica da divisio em termos organizacionais, uma forte componente de

ava l ia~ io pessoal do desenipenho de cada gestor.

2.3 Eficacia de uma organizacao

Nas decadas de 60 e 70 fizeram-se diversos estudos sobre eficacia

organizational onde se apresentaram possiveis criterios de avalia@o. Numa

revisio destes criterios, Campbell20 encontrou trinta criterios diferentes para

medir a eficacia de uma organiza~io, desde medidas gerais como qualidade e

moral ate factores especificos como sinistralidade e absentisnio: naturalniente

que a extensio da lista e f u n ~ i o da diversidade das organiza~bes analisadas.

*OCAMPBELL, John P. - On the Nature of Organizational Effectiveness, in GOODMAN, P. S.; PENNINGS, J. M., compil. - "New Perspectives on Organization Effectiveness", San Francisco, Jossey-Bass, 1977, p. 13 - 55.

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Para Campbell, o resultado do estudo foi a constata~a"~ da aus6ncia de

defini~go operacional de eficacia organizational devido 8 heterogeneidade de

factores independentes envolvidos, para os quais a organiza~io pode ou nao ser eficaz21 .

A expl ica~io para a variedade de criterios parece-nos estar, em parte,

nas diferentes perspectivas como s%o encaradas as organiza~bes: a cada perspectiva estio preferencialmente associados determinados criterios de

avalia~ao da eficacia.

Encarando a organiza@o sob o ponto de vista da "perspectiva rational",

a filosofia de aval ia~ io devera basear-se no grau de obten~io dos objectivosn:

a organizaG5lo mais eficaz e aquela que atinge em maior extens80 os seus

objectivos. Segundo esta perspectiva, uma organizaG30 e criada

deliberadamente para atingir um ou mais objectivos. A eficacia deve ser

avaliada em termos da comparaqio dos resultados conseguidos com os

objectivos que se pretendiam atingir. Esta corrente parte do principio de que os

objectivos s i o definidos, de que a sua tradu~ao operacional permite

compreend6-los, de que s%o em baixo numero para ser possivel a sua gest%o, e

de que sao mensuraveis. 0 s decisores definem os objectivos especificos e

desenvolvem formas de medir os resultados. Esta filosofia e muito prevalecente

nas organiza~bes com fins lucrativos e tem um exemplo de operacionaliza~%o

no caso do "management by objectives (MBO)".

Se adoptarmos uma perspectiva de sistema natural, teremos um conjunto

diferente de criterios de eficacia: como vimos em 2.1, segundo esta perspectiva,

uma organiza@o e capaz de atingir objectivos especificos, mas participa

tambem em outras actividades necessarias para se manter como unidade

2 2 ~ ~ ~ 1 ~ ~ 1 , Amitai - Two Approaches to Organizational Analysis. A critique and a suggestion "Administrative Science Quaterly", Set. 1960, p. 257 - 278.

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social. Kimberley23 refere a sobrevivencia da organizaqio como a condiqio

necessaria ao seu sucesso; tal conceit0 apresenta dificuldades operacionais:

implica a capacidade de determinaqio da "morte" de uma organiza@o, o que

nZio e facil; ha organizaqbes que n i o s i o eficazes e que apesar disso n%o se

extinguem24. 0 s criterios gerados por esta perspectiva incluem avaliaqbes da

satisfaqio e moral dos elementos (indicadores sobre se o incentivo as

contribuiqbes dos elementos e suficiente para a sobrevivencia da organiza@o).

Baseados na perspectiva dos sistemas abertos, Yuchtman e Seashore25

defendem que a avaliaqio da eficacia organizacional atraves da avaliaqio do

grau de obten@o de objectivos e uma forma parcial de medida, nZio

constituindo, por exemplo, uma base adequada para comparaqio das eficacias

de diferentes organizaqbes. Para estes autores, a organizaqio deve ser

avaliada em termos da capacidade de obtenqZio de recursos, processamento e

obtenqio de resultados, assegurando-se simultaneamente a manutenqio da

estabilidade e equilibrio da organizaqio. Assim, a organizaqio e constituida por

sub-partes inter-relacionadas e inter-dependentes em termos de desempenho,

sofrendo influencias do ambiente. A sobrevivencia da organizaqao depende da

sua capacidade em se equilibrar e em repor os recursos gastos. Evan26 sugere

que as inter-relaqbes criticas do sistema podem ser convertidas em "ratios" de

eficacia organizacional. Estes podem incluir "ratios" saidaslentradas (como por

2 3 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , John R. - Issues in the Creation of Organizations. Initiation, innovation, and institutionalization. "Academy of Management Journal", Set. 1979, p. 438.

2 4 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Jeffrey - Usefulness of the Concept, in GOODMAN, P. S.; PENNINGS, J. M., compil. - "New Perspectives on Organization Effectiveness", San Francisco, Jossey-Bass, 1977, p. 139.

2 5 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Ephraim; SEASHORE, Stanley E. - A Systems Resource Approach to Organizational Effectiveness. "American Sociological Review", Dez. 1967, p. 891 - 903.

2 6 ~ ~ ~ ~ , William M. - Organizational Theory and Organizational Effectiveness. An exploratory analysis, in SPRAY, S. Lee, compil. - "Organizational Effectiveness. Theory, research, utilization", Kent, Ohio, Kent State University Press, 1976, p. 21 - 24.

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exemplo taxa de retorno do investimento), ou transforma@o/entradas (como por

exemplo rotaC%o de exist~ncias), etc.

Pfeffer e Salancik27 apresentam uma filosofia alternativa, colocando

enfase nos elementos do arr~biente que podem ameaCar a sobrevivencia da

organiza@o - filosofia dos elementos estrategicos. Uma organiza@io vk-se

perante exigencias de diferentes grupos; estes n%o s%o igualmente importantes.

Para estes autores, a eficacia organizacional aumenta com a capacidade da

organizaC%o em identificar os elementos niais criticos e estrategicos (dos quais

depende para sobreviver) e satisfazer as suas exigencias. Em termos

operacionais, esta filosofia apresenta alguns problemas, como sejam a relativa

arbitrariedade na defini~3o dos elementos estrategicos.

A utilizaC30 de criterios baseados nas perspectivas de sistema elege a

avalia~%o de objectivos intermedios como forma de avalia@o da eficacia

organizacional, enquanto que a utiliza@o de criterios baseados na filosofia do

grau de obtenC%o de objectivos direcciona essa avaliaC%o para os objectivos

finais. Em termos abstractos, a avalia@o directa dos objectivos finais e

preferivel a avalia@o de objectivos intermedios. No entanto, se os objectivos

finais especificados n%o forem a tradu~%o dos reais objectivos da organizaC%o,

dara origem a avalia~des com validade inferior a da avaliaC%o indirecta por via

dos objectivos intermedios.

Deve-se tambem real~ar que a filosofia adoptada, devido a ter implicita

uma dada perspectiva de organizaC%o, motiva diferen~as nas defini~6es dos

objectivos orgar~izacionais: a filosofia do grau de obtenC%o de objectivos (que

tem influenciado fortemente os sistemas de avalia~ao desemper~ho das

empresas) tera tendencia a considerar eventuais desfasamentos como sendo

desvios que dever3o ser corrigidos ao nivel da organiza~30; as outras filosofias

tender30 a considerar alguns desses elementos como intrinsecos a

2 7 ~ ~ ~ F F E R , Jeffrey; SALANCIK, Gerald - The External Control of Organizations. New York. Harper & Row, 1978.

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Avaliaci40 do desernuenho em orqanizacBes corn estrutura divisional Rui Laqoa

organiza@o. No caso particular da estrutura divisional, a adop~so dum criterio

influenciado pela primeira perspectiva e problematica pois a tentativa de

interven~so dos gestores de top0 a nivel organizational e anti-natural (sob o

risco de perverter o sentido do tip0 de estrutura) devido ao elevado grau de

autonomia que gozam os gestores divisionais.

A resolu$%o deste problema passa pela diminui~so da possibilidade de

desfasamentos por via de elementos de controlo mais aperfei~oados, ou pela

adop$%o de perspectivas alternativas que incorporem a complexidade dos

objectivos concorrentes como sendo intrinsecos a organiza$%o. A corrente

tradicionalmente adoptada tenta a primeira via. Parece-nos, no entanto, que a

segunda via corresponde a uma solu~%o mais perfeita, como se tentara mostrar

no Capitulo 5.

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No ponto 2.2 fez-se uma analise das tipologias estruturais com o

objectivo de introduzir a estrutura divisional, tendo-se referido que os

determinantes principais de uma dada estn~tura organizacional silo a estratkgia

a adoptar, a dimensao da organiza~ilo, a tecnologia utilizada, o ambiente

envolvente da organizaMo e o controlo do poder pelos decisores

organizacionais. Neste capitulo pretende-se analisar os processos conducentes

a adop@o de uma dada estrutura divisional. Para tall procede-se a avalia$%o da

importAncia relativa dos deterniinantes organizacionais, utilizando-os para

tentar justificar o pequeno nljmero de organiza~bes com estrutura divisional em

actividade em Portugal; finalmente, analisam-se as condi~des organizacionais

minimas necessarias para que o processo de divisionaliza~%o tenha sucesso.

3.1 Determinantes orqanizacionais

Tradicionalmente refere-se a estrategia, a dimens%o, a tecnologia, e o

ambiente como sendo os determinantes que condicionam o tip0 de estrutura

apresentado por uma organizaqio: separadamente n%o explicam a adop~go de

uma dada estrutura, nias em cor~junto apresentam alguma co r re la~%o~~ ,

explicando cerca de 50 % a 60 % da variabilidade da estrutura.

Child29 argumenta contra esta perspectiva introduzindo a vis%o do

controlo de poder e afastando-se da "perspectiva rational": apesar da existkncia

de condicionantes do poder discricionario dos individuos que controlam a

2 8 ~ ~ ~ ~ , Jeffrey D.; SLOCUM, John W. - Size, Techonology, Environment and the Structure of Organizations. "Academy of Management Review", Out. 1977, p. 561 - 575.

2 9 ~ ~ ~ L ~ , John - Organization Structure, Environment and Performance. The role of strategic choice. "Sociology", Jan. 1972, p. 1 - 22.

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estrutura, estes t6m alguma margem para a escolha do "design" estrutural. De

acordo com esta vis%o, os detentores do controlo n%o procuram maximizar a

eficikncia organizacional, mas sim atingir um minimo de eficicia aceitavel e ao

mesmo tempo manter o controlo sobre a organiza~so; a estrategia, a dimens%o,

o tip0 de tecnologia usado e o ambiente que rodeia a organiza~so s%o

restri~des a essa discri~ao.

0 grau de controlo aumenta, em principio, com um posicionamento

criterioso da estrutura, em ternios das dimensdes estruturais referidas em 2.2.

0 s individuos que controlam a estrutura organizacional deverao preferir (en1

termos das dimensdes grau de complexidade, grau de formaliza$io e grau de

centraliza~%o) urna estrutura que lhes permita ter o controlo do poder: um baixo

nivel de complexidade, unia vez que a diferencia~so levanta dificuldades a coordena~%o e ao controlo da organiza~80; um nivel minimo de fornializa~%o

que possibilite o controlo, nomeadamente atraves de regras e regulamentos;

urna centralizaHo elevada30.

No entanto, a necessidade de se atingir um nivel satisfatorio de eficacia

organizacional podera implicar que os individuos que possuem o controlo da

estrutura tenham que abdicar deste posicionamento estrutural. Assim, pode

acontecer que tenham que adoptar urna estrategia de diversifica$%o, ou

aumentar a dimensio da organizaflo, ou adoptar urna tecnologia de menor

rotina, que posicionara a organiza@o de forma diferente, conduzindo a urna

evolu~%o estrutural.

Se as restri~bes a discri$%o implicarem urna altera~so de estrategia, esta

podera ter diferentes objectivos: pode-se pretender aumentar a ,I'lexibilidade

("estrategia de prospector" na classifica~%o de Miles et a1.31), o que conduzira a

3 0 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Jeffrey - Organizational Design. Arlington Heights, IL., AHM Publishing, 1978, p. 72 - 73.

31MILES, Raymond E., et a/. - Organizational Strategy, Structure, and Process. "Academy of Management Review", Jul. 1978, p. 552 - 556.

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estruturas divisionalizadas com baixo grau de formaliza@o, controlo

descentralizado com sistemas de informa@o horizontais e mecanismos de

coordena@o cornplexos; ou balancear flexibilidade com estabilidade

("estrategia de analista"), o que resultara na combina~io de urna estrutura

divisionalizada com urna estrutura funcional, com um controlo moderadamente

centralizado e sistemas de coordena@o cornplexos.

Em termos de dimensa"~, a medida que a organiza@o contrata mais

elementos, tende a tirar vantagem desse facto por via da especializa@o. 0 resultado 6 urna maior diferencia~io horizontal. 0 agrupamento dos elementos

com funcbes semelhantes leva a um aumento da eficiencia intra-grupo a custa

de urna maior necessidade de coordena@o inter-grupos - surge assim a

necessidade de diferencia~io vertical para coordenar as unidades horizontais.

A consequencia deste processo e o aumento da complexidade e urna perda do

controlo direct0 sobre as opera~bes. 0 controlo conseguido atraves da

vigilincia permanente tem que ser substitufdo pela implementacio de regras

formais e regulamentos. Este aumento na formaliza$io pode ser acompanhado

de urna maior diferencia~io vertical, o que conduz a um afastamento das

opera~bes, tornando dificil a tomada de decisbes - surge assim urna tendencia

para a descentraliza@o.

Parece haver urna associa$io entre tecnologias na"o rotineiras e

complexidade: a medida que o trabalho se torna mais sofisticado, o "span" de

controlo estreita-se, aumentando a diferenciacgo vertical32. A rela@o entre um

elevado grau de rotina da tecnologia e a tendencia para o aumento da

formalizac30 ja parece ser mais dificil de estabelecer33: parece haver maior

3 2 ~ ~ ~ ~ , Raymond G. - Technology and Organization. "Academy of Management Journal", Set. 1970, p. 235 - 252.

LIDY, Stanley H. - Organization of Work, New Haven, Conn., HRAF Press, 1959.

3 3 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , D. - Relationships between Structure and Technology, in NYSTROM, P. C.; STARBUCK, W. H., compil. - "Handbook of Organizational Design", vol. 2, N.Y., Oxford University Press, 1981, p. 3 - 38.

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correla~%o nas organiza~des pequenas el em particular, para as actividades

proximas do nucleo operativo. No que diz respeito a re la~i io com o grau de

centraliza@o, niio se encontraram resultados consistentes. Uma possivel

explica~iio parece ser que, quer a formaliza~iio quer a centraliza@o actuam

como mecanismos de con,trolo intermutaveis, pelo que devera ser o conjunto

grau de centraliza~iio - grau de formaliza~%o a apresentar correla~%o com o tip0

de te~no log ia~~ .

0 efeito do ambiente na organiza@o depende do grau de dependencia35 e do grau de variabilidade ambiental36. Normalmente a incerteza ambiental

provoca tensdes no sentido da diminui~ao da formaliza~iio e da complexidade.

0 aumento da complexidade arr~biental provoca tendencias para o aumento da

descentraliza@o; no entanto, a hostilidade extrema do ambiente origina

tendencias para centraliza~%o temporaria.

No caso portugues, parece-nos que a vis%o de Child podera explicar o

tipo de estrutura organizativa dominante: a adop@o de estruturas funcionais ou,

segundo a tipologia de Mintzberg, de estruturas proximas das estruturas

simples. Assumindo que os decisores tem alguni poder discricionario sobre a

escolha da estrutura da organiza~%o, nos termos defendidos por Child, isto e

ainda mais relevante em Portugal pois, na maioria dos casos, os decisores s3o

tambem os accionistas principais das empresas, pelo que os interesses dos

decisores e dos donos s%o coincidentes. 0 s outros deterrr~inantes n%o tern

constituido restri~des fortes as decisdes estruturais: as tecnologias empregues

siio normalmente de rotina (agricultura, tkxteis, cal~ado, papel, metalurgia, etc.)

e o arr~biente foi durante dbcadas controlado e infll-renciado forterr~ente pelo

3 4 ~ ~ ~ ~ , Jerald; AIKEN, Michael - Relationships of Centralization to Other Structural Properties. "Administrative Science Quartely", Jun. 1967, p. 72 - 92.

3 5 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , David - Dependency and Vulnerability. An exchange approach to the control of organizations. "Administrative Science Quartely", Mar. 1974, p. 45 - 59.

36MlNTZ~E~G, Henry - The Structuring of Organizations. A synthesis of the research. Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1979, p. 272 - 285.

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proteccionisnio do Estado (de que e exemplo a contingenta~ao industrial). Em

termos de estrategia, estamos perante o que Miles et al.S7 definem como sendo

uma "estrategia defensiva", em que o objectivo e a estabilidade e que conduz a

uma tendhcia para estruturas funcionais com divisao extensiva de trabalho e

controlo centralizado.

Com a adesao a Comunidade Economica Europeia, o ambiente

economico em que as empresas se movimentam sofreu um forte impacto: a

participa~ao no mercado k i c o induziu condi~bes para altera~bes de estrategia

(em particular, a procura de uma maior reactividade as mudan~as ocorridas no

mercado, devido a uma concorr6ncia alargada), que se poderao reflectir em

termos de aumento de dimensao (procura de "massa critica" para poder intervir

no mercado alargado comunitario) e adop~ao de tecnologias mais

concorrenciais que poderao ser menos rotineiras (ainda que dentro dos

sectores tradicionais, como aconselha a primeira fase do relatorio sobre "A Competitividade de Portugal" da autoria da Monitor); nesta situa@o, ha um

aumento da importancia destes determinantes relativamente ao determinante

controlo de poder, o que podera criar condi~bes para a adop@o de estruturas

divisionais.

3.2 Pre-requisitos para o sucesso

0 s resultados dos trabalhos de varios autores sugerem que a

divisionaliza@o e mais comum em companhias com actividades

diver~if icadas~~. A razao para tal esta na dificuldade dos gestores de top0 em

3 7 ~ 1 ~ ~ ~ , Raymond E., et a/. - Organizational Strategy, Structure, and Process. "Academy of Management Review", Jul. 1978, p. 552 - 556.

3 8 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , M. A.; HILTON, K. - Divisionalization in British Industry. A preliminary study. "Accounting and Business Reserach", Verso 1980, p. 197 - 214.

VANCIL, R. F. - Decentralization. Ambiguity by design. Homewood, IL., R. D. Irwin, 1979.

Page 32: AVALIACAO DO DESEMPENHO EM COM ESTRUTURA … · aceite a orientaqao do presente trabalho, e pelo apoio e disponibilidade ... ilustrativo de um sistema de avaliaqao do desempenho de

Avaliacao do desernpenho em orqanizac6es corn estrutura divisional Rui Laaoa

abrangerem intimamente todas as actividades dos diversos segmentos de

neg6cio.

Por vezes, os termos divisionaliza~ao e descentraliza~ao s%o usados

indistintamente. Horngren e Foster39, consideram, pelo contrario, nao haver qualquer rela@o entre divisionaliza@o e descentraIiza~%o, referindo a

existencia de organiza~des centralizadas com estrutura divisional. A nossa

posiC%o vai no sentido de considerar o termo divisionaliza~%o mais lato que o

termo descentraliza$%o: assim, um verdadeiro processo de divisionaliza$io

reposiciona a estrutura organizacional noutras dimensdes para alem do grau de

centralizaflo, pelo que e possivel encontrarem-se posicionamentos

descentralizados em formas estr~~turais diferentes da estrutura divisional. 0

criterio de classifica@o adoptado por Horngren e Foster baseia-se na

estrutura~ao formal da organiza~ao, esquecendo as dimensdes definidoras

duma estrutura, o que o esvazia de sentido organizacional.

Segundo Solomons40, para o processo de divisionaliza~%o ter sucesso e

necessario estarem presentes certas condi~des basicas:

- Cada divisZio tem que ser suficientemente independente das outras

divisdes para tornar efectiva a sua responsabilidade na obtenC%o

do lucro. No entanto, isto n%o deve ser entendido ate ao extremo,

destruindo a ideia de que pertencem a uma mesma organiza~io:

em tal situa~ao, a gestZio de top0 limitar-se-ia a gerir participa~des;

as divisdes devem contribuir para o sucesso global da organizaCZio

permitindo por exemplo corrlprar mais barato (em conjunto ou por

transferencia na organiza~ao), ajudando a criar procura para as

3 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Charles T.; FOSTER, George - Cost Accounting. A managerial emphasis, 7th. ed., Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1991, p. 855

4 0 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , David - Divisional Performance. Measurement and control. Homewood, IL., R . D. Irving, 1965, p. 10.

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Avaliacao do desempenho em oraanizacBes com estrutura divisional Rui Laaoa

restantes divisbes (por estarem em mercados de produtos

complementares), partilhando "know-how" tecnico e informaqdes

de mercado, etc.

-As relaqdes entre divisdes devem ser reguladas de forma a que a

procura de lucro por parte de uma dada divisio niio origine a

diminuiqiio do lucro global da organizaqiio. Infelizmente, por vezes

os conflitos entre divisdes surgem, sendo importante que o sistema

de controlo desencoraje os comportamentos prejudiciais a

organizaqiio.

N i o se deve, portanto, encarar a divisionalizaqio como uma panaceia

para se conseguir a descentralizaq60. E uma realidade mais complexa e

represents uma soluqio dispendiosa porque implica alguma duplicaqio de

funqbes - por muito cuidado que a organizaqio tenha relativamente a

duplicaqbes, o facto de a unidade central controlar o pessoal divisional tem

como consequencia que haja uma maior despesa na organizaqio, ao nivel a

que Mintzberg chamou de linha intermedia.

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4 Sistema classico de avaliac%o do desempenho

A avalia~ao do desempenho e um dos componentes centrais do sistema

de controlo de gestao de uma empresa. E usual distinguir entre formas de

avalia@o de tip0 financeiro e avalia~bes de tipo nao financeiro. Geralmente, as

formas financeiras de avaliaMo t6m como fonte de dados o sistema

contabilistico da empresa, enquanto que as restantes formas se baseiam

noutras fontes de dados da organiza~ao como sejam as bases de dados de

produ@o (produ@o da empresa), comercial (no de novos clientes), etc.

A cr ia~ao do sistema contabilistico da empresa deve ter em aten~ao

quem e a entidade receptora da informa~a"~. Esta diferencia~ao tem interesse,

uma vez que, quer os formatos de apresenta~ao de informa~ao .financeira, quer

as proprias linhas directrizes para a recolha da informa~ao s3o diferentes

consoante a entidade a que se destinam. Assim, segundo Solomons41, podemos

definir dois grandes tipos de contabilidade:

-Externa (tarnbern dita financeira)- cujos destinatarios sao,

usualmente, entidades legais e

accionistas.

-1nterna (tambem dita de gesta"o)- cujos destinatarios sAo internos

a organiza~ao. Neste caso, a

informa~ao pode ser tratada

numa perspectiva de:

-Centros de responsabilidade;

-Entidades economicas (transientes ou permanentes).

41 SOLOMONS, David - Divisional Performance. Measurement and control. Homewood, I L . , R. D. Irving, 1965, p. 39 - 43.

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Avaliac?io do desempenho em orqanizaciks com estrutura divisional Rui Laqoa

0 s dados utilizados na avalia@o do desempenho divisional (entidade e

gestor) devem ter origem na contabilidade interna. Se se pretende avaliar o

desempenho pessoal do gestor na gestao das actividades da divisao, deve-se

analisar os resultados do centro de responsabilidade, comparando as entradas

e saidas pelas quais ele e responsavel. Quando se pretende avaliar o

desempenho economico da divisao, deve-se analisar os resultados usando urns perspectiva de entidade economics. 0 s resultados da avalia@o, obtidos a partir

de uma mesma realidade, podem ser bastante diferentes consoante a

perspectiva adoptada. Por exemplo, pode o desempenho economico duma

divisao ser o pior da organiza~ao (devido ao ambiente adverso em que opera),

mas o desempenho pessoal do gestor divisbnal ter sido brilhante (tendo em

conta as circunstincias).

Drury42 acrescenta uma dimensao temporal a esta diferenciaqao: o

desempenho pessoal e medido frequentemente, em intervalos regulares,

enquanto que a avalia~iio do desempenho economico e feita de forma menos

regular, sendo, por exemplo, requerida quando ha necessidade de tomar

decisdes relativas a expansdes ou contrac~des. As avalia~bes de desempenho

econornico consistem, normalmente, em estudos com caracter especial,

relativos ao desempenho futuro (em que os resultados previsionais duma

divisao sao comparados com os das suas congeneres, com o objectivo de

optimizar o "portfolio" da organiza@o), pelo que as suas necessidades de

informa$iio adaptam-se pouco ao caracter rotineiro de um sistema de avalia@o.

A avalia~ao do desempenho pessoal coloca enfase no desempenho passado do

gestor. Esta diferencia~ao temporal e, segundo o autor, um dos motivos para

que o sistema de avalia~ao do desempenho pessoal seja fortemente

influenciado pelas praticas da contabilidade externa da organiza@o.

A nosso ver, os dados contabilisticos deveriam ser tratados

paralelamente, de forma autonoma, pelo sistema contabilistico, consoante

42DRURY, Colin - Management and Cost Accounting, 2nd. ed., London, VNR International, 1988, p. 717.

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produzissem informaflo relativa a contabilidade interna ou a contabilidade

externa; nesta situagiio, a ljnica influencia da contabilidade externa na

contabilidade interna seria o efeito da fiscalidade nos resultados dos centros de

responsabilidade. Por ser mais economico e menos complexo manter um unico

procedimento, as praticas da contabilidade interna sGo, muitas vezes,

influenciadas pelas praticas da contabilidade externa.

0 s argumentos atras expostos demonstram que a avaliago do

desempenho pessoal deve ser feita corn base em padrdes que permitam

descontar o efeito circunstancial, bem como corrigir a diferenga de perspectiva acerca do receptor da informagiio.

4.1 Factores a considerar na cria~ao do sistema de avalia~iio

Gatewood e Carro143 consideram que, em termos genericos,

anteriormente a conceptualizagao de uma qualquer grelha de avaliagiio, dever-

-se-a responder a duas questdes: a) 0 que e que se pretende avaliar?; b) Quais os padr6es a utilizar?.

Quanto a primeira questao, parece-nos liquid0 (ver 2.3) que a avaliag%o

do desempenho devera ter como principio orientador a avaliagao da eficacia

organizational, havendo a necessidade de Ihe dar uma definigio operacional

aplicavel as sub-unidades que compiljem a organizagso. As dimensdes

determinantes da qualidade operacional dos criterios utilizados na avaliagao do

deserr~penho silo a executabilidade (implementabilidade e aceitabilidade pelos

elementos envolvidos) e a fiabilidade (consistiincia e estab~lidade no tempo).

4 3 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Robert D., CARROL, Archie B. - Assessment of Ethical Performance of Organization Members. A conceptual framework. "Academy of Management Review", Out. 1991, p. 667 - 690.

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Gatewood e FeildM acrescentam a controlabilidade a estes elementos:

independkncia dos resultados face a variaveis externas e possibilidade do

individuo a avaliar influenciar os resultados atraves do seu desempenho.

Smith4 responde a segunda quest40 propondo trks dimensdes CI-iticas

para a especificaMo do criterio de avaliaMo (efi&cia organizacional): o periodo

de tempo a cobrir (curto prazo, longo prazo), a especificidade desejada (entidade a avaliar - elemento, divisao) e o grau de proximidade 9ue se pretende atingir relativamente aos objectivos organizacionais.

0 criterio deve variar consoante se usa uni horizonte de curto prazo ou

de longo prazo como demonstrado por Steersa, sendo a importsncia desta

diferencia~4o tanto maior quanto maior a variabilidade do ambiente47. Na

pratica, e usual utilizar-se o ano como horizonte temporal, de forma a haver

coincidkncia do periodo de avaliaqao e do periodo fiscal, o que facilita a

realiza@o da avalia~40.

As conclusdes relativas a eficacia da organiza~40 variam com o nivel em

que esta e analisada: e diferente avaliar o impact0 nos elementos da

organiza@o, na organiza~ao em si propria, ou no sistema envolvente.

CummingsM defende a analise ao nivel do individuo, considerando que "uma

M ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Robert; FEILD, H. - Human Resource Selection, 2nd. ed., Hinsdale, IL., Dryden Press, 1990.

&SMITH, P. - Behaviors, Results and Organizational Effectiveness. The problem of criteria, in DUNNETTE, M. D., cornpil. - "The Handbook of Industrial-Organizational Psychology", Chicago, Rand McNally, 1977, p. 745 - 750.

a ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Richard M. - Problems in the Measurement of Organizational Efectiveness. "Administrative Science Quaterly", Dez. 1977, p. 546 - 558.

4 7 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Michael T.; FREEMAN, John - The Population Ecology of Organizations, "American Journal of Sociology", Mar. 1977, p. 929 - 964.

~~cuMMINGs, Larry L. - Emergence of the Instrumental Organization, in GOODMAN, P . S.; PENNINGS, J. M., cornpil. - "New Perspectives on Organization Effectiveness", San Francisco, Jossey-Bass, 1977, p. 60.

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organiza@o torna-se mais eficaz a medida que uma maior percentagem dos

seus participantes se sente livre para utilizar a orgal-1izaq3o e os seus sub-

sistemas como instrumentos dos seus prdprios objectivos". Outros autores, como Parsons49, adoptam uma perspectiva mais alargada e propdem que as

organizaqdes sejam avaliadas em termos da sua contribuieo para sistemas

mais gerais.

Hallso descreve claramente a import5ncia da avaliaq3o do desempenho

dos elementos de todos os niveis duma organizaq20 quando trata o seu impact0

na estrutura, estilo e processo. Para este autor, o desempenho dos niveis

superiores da organizaq30 afecta os objectivos e cultura da organizaq30,

enquanto que o desemper~ho dos niveis inferiores afecta a cultura, e a geraq30

e distribuiq20 das compensaqdes.

Neste estudo, tenta-se fazer uma abordagem do ponto de vista da

organizaq20 como todo, tendo como objectos de estudo a divis3o como

entidade economica e o gestor divisional com elemento com autonomia.

A proximidade do criterio relativamente aos objectivos organizacionais e,

talvez, a quest30 fundamental. Na nossa opini30, a perspectiva com que as

empresas encaram o conceit0 de organizaq30 Et fortemente influenciada pela

"perspectiva rational", o que se traduz por contribuiqdes importantes da filosofia

do grau de obtenq3o de objectivos na definiqao do criterio.

Diversos autores referem que os objectivos declarados oficialmente pelas

organizaqbes nem sempre reflectem os seus reais ob~ectivos51: os primeiros

4 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Talcott - Structure and Process in Modern Societies. Glencoe, IL., Free Press, 1960.

5 0 ~ ~ ~ ~ , D. T. - The Effect of the Individual on an Organization's Structure, Style and Process, in LANDY, F., etal., compil. - "Performance Measurement and Theory", Hillsdale, N.J., Erlbaum, 1983, p. 5 - 30.

51 WARRINER, Charles K. - The Problem of Organizational Effectiveness. "Sociological Quaterly", Primavera 1965, p. 139 - 146.

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AvaliacBo do desempenho em orqanizacBes corn estrutura divisional Rui Laqoa

tendem a ser fortemente influenciados por padrdes de aceitabilidade social.

Acresce que, existindo mliltiplos objectivos e interesses numa organizaHo (por

vezes incompativeis), e impossivel um consenso relativamente aos objectivos

organizacionais, . a menos que estes sejam definidos de urna forma de tal

maneira ambigua e vaga que perrnita urna interpretaMo favoravel a cada grupo

de interesses. Naturalmente que esta forma n i o possibilita qualquer tip0 de avaliaqio com um minimo de validade. A alternativa sera a ordenaflo dos

objectivos e a constru@o do criterio de acordo com essa ordem. Ainda assim,

poder-se-a argumentar, que em muitas situaqdes, o comportamento dos

elementos da organizaqio nilo e dirigido pelos objectivos organizacionais, o que

torna o criterio muito menos relevante.

Subjacente a esta argumentaqilo esta o confronto de diferentes

concepqdes de urna organizaqio ("perspectiva rational" vs. perspectiva de

sistema) bem como das filosofias relativas a eficacia organizacional. Por um

lado, a organizaqio com estrutura divisional procede a urna avaliaqio do

desempenho tendo como base urna filosofia de grau de obtenqio de objectivos.

Para tal e definida urna determinada operacionalizaqio (relativamente pr6xima)

dos objectivos da organizaqio, que e anunciada como fonte do criterio de

avaliaqio. Por outro lado, na pratica, tal n i o corresponde corr~pletamente a

situaqio organizacional, urna vez que tendo o gestor divisional urna elevada

autonomia, tendera a actuar muito mais de acordo com urna filosofia de

satisfaq30 dos seus proprios interesses, aproveitando os desajustes entre os

objectivos organizacionais e o criterio de avaliaqio.

Uma possivel explicaqio para a manutenqio da filosofia de grau de

obtenqio de objectivos, apesar do seu desajuste em relaqilo a realidade

organizacional, podera estar no facto de a avaliaqio do desempenho, usando

critel-ios baseados nesta filosofia, ser formalmente mais facil, apesar da

qualidade dos resultados ser inferior: utilizam-se avaliaqdes de resultados

finais, enquanto que alternativamente ter-se-ia que determinar e avaliar

variaveis intermedias que estivessem relacionadas com os meios necessarios a

obtenqio da eficacia organizacional.

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Avaliacao do desempenho em oraanizacaes corn estrutura divisional Rui Laaoa

4.2 Avalia~ao do desempenho em divis6es

Nas estruturas divisionais ha, normalmente, um elevado grau de

autonomia e de delega~ao de autoridade ao nivel do responsavel de divisao. No

entanto, essa delega~ao pode ter diversos cambiantes.

Drury52 descreve diversos tipos de centro, a que correspondem diferentes

graus de delega~ao de autoridade e de responsabilidade:

- Se o controlo e exercido, unicamente, ao nivel de custos estamos

perante um centro de custos.

- Se for extensivel aos resultados relativos aos activos sob a sua

a l~ada estamos perante um centro de resultados.

- Se o controlo for extensivel a dimensao e cornposiq60 dos activos

estamos perante um centro de investimento.

Horngren e FosteP3 utilizam as mesmas designa~bes (adicionando ainda

o centro de proveitos - controlo extensivel aos proveitos), mas consideram a

estrutura~go da reportabilidade das suas sub-unidades como a base da

classifica@o do tip0 de centro: assim, pode-se associar centros de investimento

a uma organiza~ao centralizada, bastando para tal que, ao avaliar o

desempenho da divisao, se incluam os investimentos, os proveitos, e os custos

nas formas de avalia~ao. Na nossa opiniao, esta classifica@io traduz uma

perspectiva es,tritamente operacional, retirando interesse ao conceit0 do ponto

de vista organizacional: reduz-lo a tradu~ao de eventuais manipula~bes de

dados contabilisticos. Por outro lado, devido a metodologia usada neste

5 2 ~ ~ ~ ~ ~ , Colin - Management and Cost Accounting, 2nd. ed., London, VNR International, 1988, p. 71 5.

5 3 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Charles T.; FOSTER, George - Cost Accounting. A managerial emphasis, 7th. ed., Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1991, p. 854 - 855.

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Avaliacio do desempenho em orsanizacBes com estrutura divisional Rui Laaoa

trabalho (analise dos conceitos organizacionais visando uma operacionaliza@o

de efidcia organizacional), parece-nos desajustado utilizar uma classifica@o

predominantemente operacional, havendo uma alternativa mais adequada.

Partindo de uma visa0 organizacional da classifica$%o de centros (similar

a de Drury), Ezzamel e Hilton54 investigaram o grau de autonomia em 129

grandes companhias brit5nicas com estrutura divisional, tendo encontrado

sobretudo centros de investimento e de resultados.

0 elevado grau de autonomia normalmente presente nas estruturas

divisionais p8e em relevo a import5ncia e a necessidade de um sistema de

avaliaqiio do desempenho da divisao e do gestor divisional. De facto, a

intervenqiio da unidade central de top0 depende da informa~%o obtida e, em

particular, da avalia~ao do desempenho.

Conforme tratado no ponto 2.3, as diferentes perspectivas

organizacionais fornecem argumentos que permitem discutir a composi~iio e o

peso relativo dos elementos que comp6em os objectivos organizacionais.

A "perspectiva rational" (corrente que tem influenciado o desenho dos

sistemas de avalia~iio das empresas) considera que um dos objectivos

principais das empresas e o "superavit" entre as saidas e as entradas (lucro),

pelo que dever-se-a incluir este elemento no sistema de avalia~iio do

desempenho. No entanto, nao se pode usar o lucro divisional como medida

absoluta do desempenho do gestor, quer porque este depende da estr~~tura~f io

das divisaes (nivel de investimento posto ao dispor do gestor, caracter das

fun~bes da divisiio), quer devido aos metodos contabilisticos geralmente

utilizados (que, por exemplo, podem n3o evidenciar a dissipa~iio de valor

potencial futuro ou podem transformar riqueza gerada em exercicios anteriores

mas nao efectivada, em resultados do exercicio actual). Esta perspectiva parte

duma defini~iio exaustiva dos objectivos organizacionais finais para criar o

5 4 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , M. A.; HILTON, K. - Divisionalization in British Industry. A preliminary study "Accounting and Business Research", Verio 1980, p. 197 - 214.

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Avaliacao do desernpenho em orqanizacbes corn estrutura divisional Rui Lacroa

sistema de avaliaq%o. As outras perspectivas introdwzidas em 2.1 argumentam

contra a qualidade desta abordagem, considerando-a simplista.

Deixando esta quest%o em aberto, existe ainda, no caso especifico das

estruturas divisionais, uma dificuldade operational em traduzir os objectivos

organizacionais globais em objectivos divisionais: apesar do grau de autonomia

das divisdes, existe uma relativa inter-dependencia, pelo que a transposi$%o

n%o e linear.

Assim, um dos maiores desafios a vencer na cria$%o do sistema de

avalia@o consiste em conseguir que ele n%o encoraje a divis%o a ter ganhos a custa da organiza$%o como um todo. Shillinglafi5 sugere que existem tres

regras a que as medi~des do lucro divisional devem obedecer, antes de

poderem ser aceites.

- 0 lucro divisional n3o pode aumentar por ac~6es que reduzam o

lucro total da organizaG30 - este problema pode-se verificar

quando se estabelecem rela~des fornecedorlcliente entre

divisbes, sendo o preGo de transferencia definido com base no

custo total ("absorption costing") mais uma margem de lucro (ver

4.3.5).

As praticas contabilisticas adoptadas podem tambem conduzir a

decisdes indesejaveis do ponto de vista da organiza~iio (ex: se a

aloca$%o dos custos administrativos de gestao central for

baseada nas vendas pode conduzir a um menor incentivo a

vender, um lucro menor antes da aloca$%o desses custos, mas

5 5 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ L A ~ , Gordon D. - Cost Accounting. Analysis and control. Homewood, IL., R. D. I ~ i n g , 1962, p. 688 - 690.

SHILLINGLAW, Gordon D. - Guides to Internal Profit Measuremenf. "Haward Business Review", Mar.-Abr. 1957, p. 22 - 29.

SHILLINGLAW, Gordon D. - Towards a Theory of Divisional Income Measuremenf. "Accounting Review", Abr. 1962, p. 208 - 216.

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Avaliacfio do desempenho em orqanizacaes com estrutura divisional Rui Laqoa

um lucro superior apos a sua aloca@o; a utilizaqio de

"absorption costing" pode tambem incentivar a produgo para

inventario o que produz uma melhoria dos resultados da divisio - ver 4.3.4).

Outra situaqio indutora de corrflito de interesses pode ocorrer se

uma pouco adequada estrutura@o das divisdes criar situaqdes

em que duas divisdes entrem em competiMo pelo mesmo

mercado.

Todas estas manifestaqdes s i o o resultado de uma ljnica falha: a

incapacidade de atribuir o custo para a organizaqio, a divisio

responsavel pela acqio.

- 0 lucro de cada divisso deve ser ta"o independente guanto possivel da eficiencia de decisdes de terceiros - normalmente esta

dependencia toma a forma de transferkncia obrigatoria de

produtos ou serviqos entre divisdes a preqos diferentes dos de

mercado, ou na alocaqio, por metodos arbitrarios, dos custos de

administraqio central, pesquisa e desenvolvimento, etc..

- 0 lucro da divisao deve reflectir os itens sob controlo da divisso - o problema pbe-se relativamente a forma que devera ter o lucro

divisional, necessario ao calculo da medida de avaliaqio: lucro

liquido, margem de contribuiqio para os encargos gerais extra-

-divisionais, lucro controlavel, etc.

0 lucro liquido nao devera ser utilizado como medida do lucro

uma vez que 6 obtido da margem de contribuiqio para os

encargos gerais extra-divisionais por subt rq io duma fracqio

(atribuida) dos custos fixos extra-divisionais: ha itens que nao s i o

controlaveis pela divisio nem estZio directamente relacionados

com a sua actividade; alem disso a imputaqio dos custos fixos

extra-divisionais e arbitraria e origina uma forma de medida

arbitraria.

A diferenqa entre a margem de contribuiqiio para os encargos

gerais extra-divisionais e o lucro controlavel e constituida pelos

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Avaliacao do desempenho em orqaniza~ks com estrutura divisional Rui Laqoa

encargos gerais divisionais n%o controlaveis. 0 problema

consiste na distin~iio entre controlavel e n%o controlavel, em

especial no caso dos custos de capital n%o financeiro - ex:

deprecia~des. Ha que reconhecer se o investimento que da

origem ao custo e ou n%o controlavel. A classifica@o de um

investimento controlavel como n%o controlavel pode originar, no

limite, uma troca de f o r ~ a de trabalho por capital fixo,

inflacionando artificialmente o lucro controlavel.

Pode haver alguns custos n%o controlaveis cuja aloca@io pode

ser feita objectivamente: estes dever%o ser incluidos na

determina~30 do lucro a utilizar no rendimento residual. Por

exemplo, parece justificada a inclusiio como custo divisional, de

incrementos de custos da administra~ao central directamente

originados na divisiio. lsto n%o e o mesmo que alocar uma

frac@o dos custos centrais uma vez que a soma dos primeiros

n%o elimi~ia a totalidade dos custos da administra~iio central.

Outros itens a ter em conta s%o os rendimentos e despesas n3o

operacionais. Nem todos os resultados n%o operacionais podem

ser retirados dos resultados divisionais sem os adulterar: ex.

rendimentos de "royalties" desenvolvidos na divisiio, juros de

curto prazo e resultados extraordinarios obtidos no mercado

cambial devem ser incluidos desde que o controlo esteja na

posse da divisgo. A sua n%o inclusiio convida a n%o

responsabiliza~iio na tomada da decisiio.

Tendo em conta uma analise similar a anterior, Solomons56 prop8e uma

demonstra~iio de resultados divisional com a seguinte forma:

5 6 ~ ~ L ~ ~ ~ ~ ~ , David - Divisional Performance. Measurement and control. Homewood, IL., R . D Irving, 1965, p. 82.

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Avaliacao do desern~enho em oraanizacBes corn estrutura divisional Rui Laaoa

Demonstraqiio de resultados divisional

Vendas a clientes externos

Transferiincias para outras divisdes

Custos variaveis adicionais por transferiincias a valores diferentes dos de mercado

Deduzido de

Custos variaveis das merc. vendidas ou transferidas

Outros custos variaveis divisionais -

Margem de Contribuiqiio

Adicionado (deduzido) de

Custos fixos adicionais por transferiincias a valores diferentes dos do mercado

Deduzido de

Encargos gerais divisionais controlaveis Deprecia~des nos activos fixos controlaveis

Lucro operacional controlavel

Adicionado (deduzido) de

Ganhos (perdas) extraordinarios controlaveis

Deduzido de

Juro do investimento controlavel

Rendimento residual controlavel antes de impostos

XXX

XXX

MX XXX

XXX

XXX

XXX

XXX

XXX -

XXX

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Deduzido de

Encargos gerais divisionais nao controlaveis

Custos adicionais centrais imputaveis a divisao

Juro do investimento nao controlavel

Rendimento residual liquido antes de impostos

Deduzido de

lmpostos sobre o rendimento

XXX

XXX

XXX XXX -

XXX

XXX -

Rendimento residual liquid0 apos impostos - xxx

Esta forma permite responder aos diferentes propositos da demonstra~%o

de resultados divisional:

- Guiar a tomada de decisgo da gestso de top0 relativamente 2 diviszo - tomando em considera~ao toda a informa~ao relativa a

divisao, quer ela se refira a assuntos sob controlo do gestor

divisional, quer ela se refira a assuntos sob controlo da unidade

central de topo. Assim, dever-se-a utilizar o rendimento residual

liquido antes ou apos impostos, que inclui elementos fora do

controlo da divisao.

A gera~ao, com caracter de rotina, deste resultado funcionara

como estimulo para a necessidade de estudos especiais de

avalia~ao do desempenho economico de uma divisao, auxiliando

decisdes relativas a eventuais expansdes ou contrac~des.

- Permitir a ava1ia~a"o do desempenho do gestor da divisgo -

utilizando o rendimento residual controlavel antes de impostos, que

tem como base o lucro controlavel operacional (controlavel

totalmente pelo gestor divisional).

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Apesar destes argumentos, varios estudos demonstram que, na pratica,

os gestores divisionais s i o geralmente avaliados corrl base no lucro liquid0 da

divisio o que inclui aloca~bes arbitrarias de encargos gerais centrais57.

4.3 Sistema de informacao de nestao

No ponto anterior tratou-se do tip0 de lucro que melhor se adapta as

necessidades do controlo divisional. Neste ponto vai-se referenciar alguns

elementos perturbadores do efectivo controlo de gestio, que se traduzem por

determinadas praticas.

Um desses elementos e a fiscalidade: as organiza~bes, ao pretenderem

minimizar os pagamentos em impostos, dentro dos limites da lei, adoptam

metodos contabilisticos que, se bem que n i o diminuam os impostos a pagar no

longo prazo, podem atrasar no tempo essa efectiva~io: ex. criterio valorimetrico

LIFO e os metodos acelerados de deprecia~io. Se as organiza~bes utilizarem

os metodos da contabilidade externa no tratamento contabilistico interno ( o p ~ i o

justi.ficavel com os argumentos de ser mais pratico e economico proceder a um

conjunto irnico de calculos de lucro), introduzem perturba~bes no seu controlo

de gestio.

Um outro elemento a analisar consiste no conceit0 de medi@o em moeda: a ava l ia~ io de riqueza e feita com base numa unidade de medida cujo

poder de compra flutua no tempo; enquanto que na contabilidade externa, a

legis la~io obriga a a d o p ~ i o dos valores historicos (passiveis de reavalia~io),

na contabilidade interna, a escolha de proceder ou n i o a cor rec~ io monetaria e

uma decisio interna que produzira efeitos no nivel das deprecia~bes, na

ava l ia~ io do capital, bem como no efeito que uma a d o p ~ i o do criterio

5 7 ~ ~ ~ ~ ~ NS, C. - Financial Planning in Divisionalized Companies. Haymarket Publishing Company, 1973.

VANCIL, R. F. - Decentralization. Ambiguity by design. Homewood IL.: R . D. Irwin, 1979

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valorimetrico LIFO produzira no Glculo dos lucros. Alias, a pratica contabilistica

de uso de custos historicos (decorrente do principio da prudencia, que liga o

reconhecimento de um ganho a sua efectiva realiza@o, contrariamente ao caso

de uma perda) apresenta problemas no apuramento do lucro de um periodo, em

particular, quando ha aprecia~bes reais nos inventarios, venda de inventarios

apreciados realmente em exercicios anteriores, distor@o do valor contabilistico

relativamente ao valor real dos activos fixos, e varia@o da perspectiva futura da

organiza@o.

4.3.1 lnvestimento

Neste ponto vai-se tentar responder a questao: qua1 a melhor forma de

quantificar um investimento numa divisao? Do que se argumentou em 4.2, parte

da resposta reside na separa@o entre investimento controlavel e n%o

controlavel: depende, portanto, do grau de autonomia que uma divis%o usufrui;

no entanto, podemos dizer que, na generalidade, o investimento em activos

fixos e controlavel pelo gestor uma vez que as decisdes relativas a

investimentos em divisdes s%o feitas sob proposta ou com o acordo do

responsavel da divis%o. A situa~ao em que a divis%o tem activos que est%o

desaproveitados mas em que a gestiio de top0 considera n%o ser do interesse

da organiza~ao proceder a sua liquida@o constitui um caso distinto uma vez

que nesta situa~%o o activo nao el de facto, controlavel pela divis%o. Deve,

assim, ser removido da base de investimento da divisao e alocado a gestao de

topo.

Ao tentarmos quantificar o valor do investimento numa divisao, podemos

aborda-lo segundo duas perspectivas: o valor investido na divis%o ou o valor

que se pode retirar duma eventual liquida@o. A escolha devera depender dos

objectivos. No nosso caso, para a avalia~go de rotina do desempenho de

divisaes e gestores, dever-se-a utilizar a primeira perspectiva; no caso de se

procurar avaliar diferentes alternativas de decisao (nomeadamente

desinvestimento) dever-se-a proceder a calculos tendo em conta a segunda.

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Avaliaciio do desempenho em orqanizacBes com estrutura divisional Rui Laqoa

0 primeiro problema prende-se com a defini@o de investimento a utilizar

no ciilculo das medidas de avalia@o do desemper~ho (ver 4.4.1 e 4.4.2): activos

totais, activos liquidos (activos totais deduzidos do passivo), ou activos fixes

adicionados dos activos correntes liquidos. A utilizago de activos totais parece-

-nos ser a alternativa mais correcta se se pretender avaliar o grau de eficiencia

na utiliza@o dos activos efectivamente controlaveis, independentemente da sua

proveniencia; em geral, o financiamento e tratado ao nivel da gest%o de topo,

logo n%o e controlavel na totalidade pelo gestor. Assim, se utilizarmos os activos

liquidos estaremos a considerar a forma de financiamento desses activos; no

caso de utiliza@o activos fixos adicionados dos activos correntes liquidos,

estaremos a considerar a forma de financiamento dos activos correntes.

Tendo concluido que a melhor forma de investimento a considerar

consiste nos activos totais, colocam-se ainda duas questdes:

- 0 s calculos de investimento traduzem com menor objectividade o

investimento intangivel comparativamente com o investimento

tangivel; quanto maior for a frac~Go do investimento intangivel no

investimento total, menor sera a objectividade do investimento

traduzido nos balan~os, e a validade e o interesse da taxa de

retorno.

E normal as divisdes recorrerem a "leasing" para a

utiliza~Go/aq~-risi~%o de activos. NGo incluindo estes activos nos

balan~os poder-se-a ter alguma distor@o'. Normalmente a renda

paga pelo "leasing" corresponde a deprecia@o acrescida de um

juro sobre o capital, que sera contabilizado como custo. Quanto

Pelo artigo 4O do Decreto-Lei n.O410/89, de 21 de Novembro (diploma que aprovou o novo Plano Oficial de Contabilidade), deveria entrar em vigor a partir de 1 de Janeiro de 1993 uma nova metodologia na forma de contabilizaqio das opera~des de l o c a ~ i o financeira (inclusio nos activos das empresas dos bens utilizados em contrato de "leasing"). 0 Decreto-Lei n029/93 de 12 de Fevereiro adia esta medida por mais um ano.

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mais proximo for a taxa de juro cobrada no "leasing" da taxa de

retorno (no caso do ROI) ou da taxa juro utilizada no cilculo do

rendimento residual, menor sera essa distoreo. No caso de a

distoreo ser significativa (quer porque o periodo de "leasing" n%o

corresponde a vida util do activo, quer por a taxa ser muito diferente), e partindo do principio que as medidas do desempenho

n4o deverao ser afectadas pelos metodos de financiamento, ter-

-se-a que corrigir o investimento acrescentando o valor do

equipamento em regime de "leasing", bem como o resultado

divisional por a d i ~ i o do valor da renda do "leasing", subtraido da

depreciaMo sofrida pelo activo.

Um segundo problema pbe-se relativamente ao valor a atribuir aos

activos fixos: custo historico, valor contabilistico liquido, custo de substitui~Zio,

ou valor estimado. 0 uso do custo historico tern como argumento de defesa o

facto de que, em principio, os activos estarao sempre em condi~Sres de produzir

em condi~bes optimas, havendo eventualmente gastos com a sua manuten~ao.

Na nossa opini%o, a argumenta~ao revela unicamente um descredito acerca das

deprecia~bes contabilisticas normalmente usadas; n%o tem suporte em

situa~bes em que existe rapida evolu~%o na tecnologia (caso em que provoca

uma penaliza@o das divisbes a operar com activos antiquados) ou em que haja

forte infla$%o (situa$%o em que premeia o n%o investimento).

Da mesma forma, o argumento contra a utiliza$%o do valor contabilistico

dos activos tem origem na falta de equivalencia entre as deprecia~bes

contabilisticas e as deprecia~des reais (normalmente menos elevadas) o que

origina que as medidas de desempenho melhorem a medida que os activos s%o

depreciados contabilisticamente. Naturalmente que essas deprecia~des teriam

que ser contabilizadas num periodo posterior: no entanto, a utiliza~ao em

termos de curto prazo torna-se incorrecta. Uma forma de tentar resolver este

problema e a utiliza~Zio de um metodo de deprecia@o de juro composto descrito

em 4.3.2: assume-se que as deprecia~bes deverao ter valor igual desde que

actualizado para um dado momento.

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A maior critica a estes metodos (custo historic0 ou valor contabilistico

liquido) talvez seja a incapacidade de lidarem com as distor~bes provocadas

pela varia@o do nivel de preGos: os numeros contabilisticos est%o ligados a um

dado momento pelo que, neste caso, se est%o a comparar valores de momentos

temporais diversos. As tend6ncias actuais apontam no sentido de um aumento

do nivel geral de preGos, o que origina que os lucros, com origem mais recente,

sejam comparados com valores de investimentos a niveis de preGos inferiores,

sobrevalorizando as medi~bes do desempenho. Uma das solu~bes sera a

aplica~%o de numeros-indice que reduzam todos os valores a valores

comparaveis para um dado momento.

A valoriza~30 dos activos a custo de substitui@o e uma outra forma de

tentar resolver esta falha. No entanto, tal pode ser impraticavel por ser

impossivel obter um activo equivalente no mercado. Acresce que esta forma de

calculo esquece a deprecia~ao do activo ao longo da sua utiliza~%o.

A utiliza~%o de valores estimados para os activos reflecte n30 so esta

mudan~a do nivel de preGos, mas tambem o poder de realizar riqueza futura,

procedendo a sua actualiza$%o para o momento actual. Assim sendo, no caso

do ROI, esta-se a obter uma taxa de retorno do investimento que e fun@o da

taxa de capitaliza~%o: estamos perante um raciocinio viciado.

4.3.2 Depreciacees contabilisticas

Em 4.3.1 argumentou-se que as deprecia~bes deveriam ser incluidas

como custo para calculo do lucro divisional controlavel uma vez que ainda que o

gestor possa n%o ter o controlo direct0 no curto prazo, pode influenciar o capital

empregue pela divisao no longo prazo; naturalmente que na base desta

afirma~ao esta a suposi@o de que as decisbes relativas ao activo fixo reflectir-

-se-20 realisticamente na demonstra@o de resultados divisional (ver 4.2).

0 valor de um activo operacional a inscrever num balan~o divisional deve

corresponder ao valor presente descontado das contrib@des futuras para o

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Avaliactio do desempenho em orqanizacees com estrutura divisional Rui Laqoa

lucro liquido. Com a ut i l iza~io desse activo, a sua esperanGa de vida e o seu

valor presente descontado da contribui@o v i o diminuindo. As deprecia~des

devem reflectir esta diminui~io. Se as deprecia~des s i o calculadas de forma

n i o apropriada - como pode acontecer no caso cilculo de deprecia~des

aceleradas - e necessario rever essa afirmaMo; em divisdes com grande

percentagem de capital investido em activos novos, o lucro relatado e inferior ao

que deveria ser efectivaniente relatado, enquanto o inverso acontece na

s i t u a ~ i o reciproca. Demonstra-se assim a necessidade de manter dois niveis de

deprecia~ties: um para efeitos fiscais e outro para efeitos de gestio.

Uma tentativa para aproximar as deprecia~des contabilisticas as

deprecia~ties reais consiste na ut i l iza~io de um metodo de juro composto:

assume-se que as deprecia~des deverio ter valor igual desde que actualizado

para um dado momento:

n Valor do activo = .C DepreciaMo =

!=I t=i

DavidsonS8 considera que, em divisdes que atingiram a maturidade, a

utiliza~%o de metodos acelerados de deprecia~io n i o constitui um problema tao

grave quanto se possa supor uma vez que, estando os activos uniformemente

Resultado obtido pela aplicaqio da f h u l a da soma de n elementos de uma progress20 geometrica de razio (1 +i).

5 8 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Sidney - Accelerafed Depreciafion and fhe Alocafion of Income Taxes. "Accounting Review", Abr. 1958, p. 173 - 180.

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distribuidos em termos de ciclo de vida, ter%o esses efeitos cancelados. Na

nossa opini%o, apesar do argument0 estar correct0 em termos de perspectiva

imediatista, esquece os efeitos a longo prazo, nomeadamente a indu@o para o

gestor divisional reduzir os investimentos, tornando a idade media dos activos

cada vez mais elevada e, portanto, apresentando deprecia~bes contabilisticas

inferiores as reais.

A argumenta@o utilizada atras assumiu tacitamente a estabilidade do

valor da unidade monetaria. Na realidade, actualmente, o poder de compra da

moeda apresenta uma tendencia no sentido da diminui~ao (a compra do activo

e feita com moeda com poder de compra superior ao das deprecia~bes); a

utiliza@io simples do custo historic0 para base do calculo das deprecia~bes

produz um lucro superior ao que efectivamente se verifica. Tal deriva de se

estarem a utilizar valores que n%o se apresentam nas mesmas unidades: utiliza-

-se como custo as deprecia~bes calculadas com base numa unidade monetaria

com maior poder de compra que a unidade monetaria utilizada para avaliar o

rendimento produzido. A s o l u ~ i o para esta distor~%o passa pela utiliza~%o de

nQmeros-indice para converter estes valores em valores comparaveis.

4.3.3 Criterios valorimetricos

Ha dificuldade em atingir unanimidade sobre a ~ ~ t i l i z a ~ % o de um criterio

valorimetrico ur~ico para tomada de decis%o e para reportabilidade. 0 criterio

FIFO parece ser o metodo mais Iogico para reportabilidade, uma vez que segue

a ordem dos fluxos fisicos dos inventarios. No entanto, para a tomada de

decis%o, o criterio LlFO esta mais proximo da realidade uma vez que os

inventarios consumidos s%o valorizados a preGos mais proximos dos custos de

substitui~%o. Por outras palavras, desde que o volume fisico do inventario n%o

se altere substancialmente durante o periodo, o criterio LlFO permite que a

demonstra@o de resultados traduza uma compara@o das vendas com o custo

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Avaliaclo do desem~enho em orqanizacBes com estrutura divisional Rui Laaoa

de reposi~%o59. Esta vantagem e atenuada se a r o t a ~ i o de inventarios e

elevada elou os preGos permanecem relativamente estaveis, si tua~i io em que o

criterio FIFO apresenta tambem valores muito proximos dos preGos de

reposi~ao.

A vantagem relativa do criterio LlFO desaparece quando o volume fisico

do inventario diminui, pois as vendas tgm origem no consumo das materias

corr~pradas e das existgncias: o custo de reposi@o destas existgncias pode

diferir muito do seu valor contabilistico, originando oscila$des irreais nos lucros.

Assim, em periodos de flutuaciio de preGos, o uso do LlFO perrr~ite a

manipula~iio do lucro por via de altera~des nos niveis de inventarios (decisao

de repor ou n%o existencias contabilizadas a baixo custo).

4.3.4 Metodos de custeio

Relativamente ao metodo de custeio tambem ha dificuldades em

conseguir unanimidade como ilustrado, por exemplo, por Fremgenm.

0 "direct costing" advoga que as unidades de produtos so devem ser

sobrecarregadas com os custos pelos quais siio directamente responsaveis. 0 s

custos indirectos (n io imputados ao produto) s%o considerados custos do

periodo e sao retirados ao rendimento liquid0 do periodo em causa. A diferencia~iio entre custos do produto e custos do periodo distingue o "direct

costing" do "absorption costing". Este ljltimo considera todos os custos como

custos do produto, imputados da forma mais correcta possivel. 0 "direct costing"

identifica o custo do produto com o seu custo variavel, enquanto que os custos

do periodo correspondem aos custos fixos. Como o "direct costing" imputa

5 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , R. M.; SHANK, J. L. - LlFO and the Diffusion of Innovation. "Journal of Accountirlg Research Selected Studies", 1971, p. 197 - 230.

6 0 ~ ~ E ~ ~ ~ ~ , J. M. - The Direct Costing. An identification of issues. "The Accounting Review", Jan. 1964, p. 43 - 51.

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Avaliacao do desempenho em orqanizac6es com estrutura divisional Rui Laqoa

somente uma fracq%o dos custos que seriam imputados em "absorption costing",

o valor da produ@o em inventario e menor. Qual o melhor metodo para a

avaliaMo do desempenho de divisbes? Se, idealmente, pretendemos julgar a

contribuiMo para a melhoria da organiza@o dentro dos limites do poder do

gestor, o "absorption costing" parece ser mais adequado porque em circunstincias normais apresenta um valor de inventario mais proximo do valor

de venda (mas isto implica o abandon0 da realizaMo como teste efectivo da

obten~ao do lucro). No entanto, numa situa@o em que a produ~ao tenha

diminuido drasticamente, o custo do period0 em termos unitarios tera

aumentado, originando um aumento no custo e "valor" do inventario, n%o

justificavel em termos fisicos. Do anterior parece decorrer que n%o existe um

metodo optimo, tendo ambos vantagens e desvantagens.

Numa tentativa de ultrapassar este problema Horngren e SorteP1

apresentaram uma alternativa baseada no custo relevante (um custo so deve

ser considerado para efeitos de custeio se tiver uma influgncia economica futura

esperada favoravel em termos de custo ou rendimento) que se afasta da

ader6ncia a um so dos metodos de custeio.

Um preqo de transferencia e o preGo que um segmento de uma

organizaqao cobra por uni produto ou servi~o fornecido a outro segmento da

mesma organizaqiio. A defini@o destes preqos n%o e facil:

-Ao transferir produtos entre divisbes, o proveito de uma divisio

constitui um custo de outra: o preqo de transferencia influencia os

resultados divisionais.

6 1 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Charles T.; SORTER, G. H. - Asset Recognition and Economic Attributes. The relevant costing approach. "The Accounting Review", Jul. 1962, p. 394.

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AvaliacBo do desernpenho em oraanizac6es corn estrutura divisional Rui Laqoa

- Numa organizaG80 com processo de decisao descentralizado

(tipica de estrutura divisionalizada - ver 3.2), o gestor da divis8o

receptora tratara o preGo de transferencia como um custo marginal:

a decisao sobre a extensgo do processo produtivo e tomada com

base numa analise custo-beneficio a nivel divisional (o

processamento e estendido ate ao ponto em que o custo marginal

iguala o rendimento marginal) que esquece a realidade global da

organiza~Zio. Numa organizaflo em que o processo de decisZio esta centralizado, a decisao sobre a extens80 do processamento

de um produto e tomada com base numa analise custo-beneficio

que tern em conta a globalidade da organizaMo. Por este motivo,

ha a tentaG80, por parte do gestor de topo, de intervir na defini~8o

dos preGos de transferencia, violando a autonomia divisional.

Atendendo a estes problemas, Anthony e Dearden62 defendem que a

definiG8o de urn sistema de preGos de transferencia devera atingir os seguintes

objectivos:

- Motivar o gestor divisional a tomar as decisaes correctas e fornecer

informa~a"~ que constitua uma base tiavel para essas decisdes - induzindo-o a tomar as medidas que melhoram, quer os resultados

divisionais, quer os resultado globais organizacionais.

- Reflectir-se nos resultados divisionais, numa forma que permita a avalia~iio do gestor divisional - ilustrando o seu desempenho

gerencial.

- Na"o p6r em perigo a autonomia divisional.

6 2 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , R. N.; DEARDEN, J. - Management Control Systems. Homewood, IL.: R . D. Irwin. 1984, p. 235.

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D r u p demonstrou que o preGo teorico de transferencia (que motiva as

tomadas de decisao optimas, do ponto de vista da organizago, por parte dos

gestores divisionais fornecedor e comprador), quando a divisgo fornecedora n%o

tem restri~des de capacidade, devera ser igual ao custo marginal da divisao-

-fornecedora para o nivel de produgo que iguala o rendimento e o custo

marginais da organizago.

Na pratica, ~~tilizam-se basicamente tres tipos de metodos para

determina~ao de preGos de transferencia: baseados no mercado, baseados no

custo, e negociados.

4.3.5.1 Precos baseados no mercado

Quando existe um mercado concorrencial para o produto intermedio, o

preGo que se verifica no mercado corresponde ao preGo teorico de

transferencia. A Figura 7 pretende ilustrar a situa~ao de mercado perfeito para o

produto intermedio.

I Q1 Q2

Quantidade

Fig.7 - Mercado perfeito para o produto intermedio

63DRU~Y, Colin - Management and Cost Accounting, 2nd. ed., London, VNR International. 1988, p. 749 - 752, 765 - 769.

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A linha PE representa a procura externa do produto intermedio e coincide

com o rendimento marginal da divisso-fornecedora; a linha BF representa o

rendimento liquido marginal da divisso-receptors (rendimento marginal da

divisso-cliente deduzido do custo marginal de convers30); a linha AG

representa o custo marginal da divisso-fornecedora (e da organiza@o).

Considerando o conjunto da organiza~%o, o rendimento marginal do produto

intermedio e a linha BCDE.

Considerando como preGo de transferencia te6ric0, o custo marginal da

divisao-fornecedora para uma produ~ao que iguala os rendiniento e custo

marginais da organiza~ao (D), verifica-se que o preGo de transferencia

corresponde ao preGo de mercado. A divisao-fornecedora produzira Q2; a

divisao-cliente comprara Q1, sendo o diferencial Q2-Q1 vendido no mercado.

0 s resultados divisionais resultantes da aplica~ao deste preGo sao

proximos das reais contribui~des divisionais para o resultado da organiza~ao - caso o fornecedor interno n%o existisse, o produto teria de ser comprado no

mercado; se o comprador interno nao existisse, o produto teria que ser vendido

no mercado.

Na pratica, nao e exactamente assim porque o mercado na"o e

concorrencial perfeito64: existem despesas adicionais de vendalcompra e ha

diferen~as nas caracteristicas dos produtos (o que confere um certo grau de

monopolio). Podemos visualizar o primeiro caso em termos de dois preGos de

mercado: I_rm preGo de venda liquido de despesas de comercializa~~o, e um

preGo de compra, superior, que inclui essas despesas - ver Figura 8.

Para a organiza~ao, ate que o custo marginal do produto intermedio

(linha AG) supere o preGo de compra, e mais rentavel produzir internamente - o

custo marginal da orgarriza~ao e ADE; a organiza~ao tem vantagem em

consumir os produtos intermedios fabricados internamente, desde que o

6 4 ~ ~ U L ~ , J. R. - Internal pricing on firms when there are costs of using an outside market. "Journal of Business", Jan. 1964, p. 61 - 67.

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rendimento liquid0 marginal (linha BF) seja superior ao preqo de venda - o

rendimento marginal da organiza@o e BHI.

Rend. OU

. I -prep de venda

Quantidade

Fig.8 - Mercado perfeito para o produto interrnedio corn custos de comercializa@o

No caso da intersecqao da lir~ha AG corn linha BF se situar abaixo do

preqo devenda, dever-se-a considerar como preGo de transferencia o preqo de

venda: produz-se em excess0 em relaqiio ao requerido na organizaqiio. No caso

da intersecqao d a linha AG com linha BF se situar acima do preqo de compra,

dever-se-a considerar como preGo de transferencia o preqo de compra: a produqao e insuficiente para as necessidades da organizaqao, sendo

necessario recorrer ao mercado. No caso de ficar entre as duas linhas (situa#io

ilustrada na Figura 8), em teoria, o preqo que resulta de uma negociaqao entre

os gestores divisionais conduzira a optimizaqiio.

4.3.5.2 Precos baseados nos custos

Algumas p e s q u i s a ~ ~ ~ demonstram que muitas empresas usam preqos de

transferencia baseados no custo (variavel ou total), acrescidos de uma margem.

A justificaqiio principal consiste na capacidade de, desta forma, se traduzir a

contribuiqao divisional para a organizaqao. No entanto, tat e discutivel pois a

6 5 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , C. - Financial Planning in Divisionalized Companies. Haymarket Publishing Company, 1973, Cap.4 e 8.

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Avaliaciio do desempenho em oraanizacdes com estrutura divisional Rui Laaoa

margem e definida arbitrariamente pela gestio de topo, o que resulta na definigio da contribuigio divisional.

Acresce que, nesta situagio, ha o perigo de o gestor responsavel pela

divisio-receptora restringir a produgio a niveis inferiores ao desejavel pela

organizag30: em pequenos intervalos, os custos variaveis podem ser

considerados iguais ao custos marginais; a definigio de um prego de

transferencia superior ao custo marginal corresponde ao deslocamento para a esquerda do ponto de intersecgio er~tre o rendimento liquid0 marginal da

divisio-cliente (BF) e o prego de transferencia - ver Figura 7, induzindo uma

diminuigio da extensio da produgio da unidade cliente.

Uma alternativa que tenta conciliar a indugio de coniportamentos

optimizados com a avaliagio do desempenho consiste no pagamento, por parte

da divisio-cliente, de um valor fixo a divisio-fornecedora a titulo do privilegio de

poder comprar o produto internamente. As decisdes s io tomadas considerando

um prego de transferencia igual ao custo marginal el em teol-ia, poder-se-a imputar a cada divisio a contribuigio respectiva. 0 problema reside na definigio, eventualmente arbitraria por parte da gestio de topo, do valor do

pagamento fixo.

Unia outra alterna,tiva e a utilizagio de um sistema de pregos duplo: a

divisio-cliente e imputado o custo marginal enquanto que a divisio-fornecedora

e imputado um proveito superior (acrescimo que dara origem a contribuigio divisional). Mais uma vez, o problema reside na eventual arbitrariedade da definigio da margem.

/

4.3.5.3 Precos nesociados

Nalguns casos, as unidades s io livres de negociarem entre si os pregos

de transferencia. Esta alternativa parece-nos a mais apropriada quando existem

algumas imperfeigdes no mercado do produto intermedio, como, por exemplo, diferengas no produto: a negociagio tera como base o prego do mercado, mas

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adapta-o a situa@o especifica. Em termos comportamentais, esta alternativa

parece ter vantagens conforme ilustrado por Cook6? mesmo que a negociagao

nao resulte em niveis de produ@o bptimos, origina vantagens motivacionais,

decorrentes da autonomia dada aos gestores divisionais, que compensam essa

perda.

Do que atras ficou dito, parece recomendavel que, quando exista um

mercado concorrencial perfeito para o produto transferido, o preso de

transferencia se baseie no prego de mercado.

No caso de imperfeigges do mercado, em teoria, o prego de transferencia

deve seguir a regra geral, considerando-se as particularidades de cada

situagao:. no caso de inexistbncia de mercado para o produto intermedio, o

rendimento marginal da organiza@o coincide com o rendimento marginal da

divisao-cliente; no caso dos mercados intermedio e final serem imperfeitos, o

rendimento global da organizagao e a soma do rendimento liquid0 marginal da

divisao-cliente e do rendimento marginal da divisao fornecedora.

Tomando em consideraMo as teorias de comportamento, parece haver

suporte para deixar que o prego seja definido por negociag20.

Na pratica, diversos estudos demonstram que, quer os pregos baseados

no mercado quer os pregos baseados nos custos acrescidos de uma margem

sao largamente usados67.

%OOK, P. W. - Decentralisation and the Transfer Price Problem, "Journal of Business", Abr. 1975, p. 87 - 94.

6 7 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , A., et al. - Transfer Pricing. A survey using discriminant analysis. "Omega", No 5, 1984, p. 465 - 474.

TANG, R., et al. - Transfer pricing. Japanese vs. American style. "Management Accounting", Jan. 1979, p. 12 - 16.

TANG, R. - Canadian Transfer. Pricing pratices. "CA Magazine", Mar. 1980, p. 32 - 38

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As divisdes (entidade economica) n%o pagam impostos; estes s%o

tributados a entidade legal, a organizago. Dever-se-a incluir os impostos cuja

responsabilidade pertence a divisao, no cilculo do lucro divisional a utilizar na

medida de aferigo? Antes de dar uma reposta, e necessario analisar algumas

questdes:

- A tr ibuta~a"~ e uma despesa controldvel ao nivel da divisZio? 0 s

impostos atribuidos a uma dada divisao tem dois tipos de

condicionantes: uma e a contribui~Go da divisao para a rentabilidade

da organizas20 e a outra e constituida por todos os outros itens,

nomeadamente as diferen~as entre deprecia~des reais e

contabilisticas, ajustes do LIFO e todos os acertos contabilisticos,

introduzidos com objectivos fiscais. Naturalmente que este ultimo

grupo n%o e controlavel pela divis%o, pelo que o conjunto n%o e

controlavel. lsto quer dizer que o lucro apos impostos n%o deve ser

utilizado para avalia~ao do desempenho pessoal do gestor

divisional, mas que podera ser usado na avalia@o da entidade

economica desde que a forma de imputaC%o dos impostos seja

coerente com a participas20 de cada divisio no increment0 destes.

lsto e particularmente importante quando a organizaC%o e

constituida por divisdes que est%o em areas fiscais em que o

enquadramento fiscal e significativamente diferente.

- Dever-se-a atribuir impostos negativos as divisdes com resultados antes de impostos negativos? Se a divisao com prejuizo fosse uma

companhia autonoma, somente poderia utilizar esses prejuizos na

redugo do rendimento colectavel de periodos posteriores. Na

eventualidade de todas as divisdes terem prejuizos prolongados,

n%o haveria poupanCa de impostos a imputar. A regra da

independencia parece indicar a n2o imputa@o de impostos

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negativos. Pode-se, no entanto, argumentar que a regra da

independencia n%o deve implicar que as divisdes sejam tratadas

como companhias separadas (em especial, na avaliaHo de areas

de negocio), devendo-se creditar os rendimentos a que d%o origem

e debitar os custos que originam. Esta argumenta~30 suporta duas

formas de tratamento desse "rendimento": considera-lo como

resultado do period0 (mas e se a organiza~Bo n%o tira partido desse

possivel rendimento?), ou considera-lo nos periodos em que e

efectivamente obtido pela organiza~ao. No entanto, as redu~des dos

irrlpostos devem-se reflectir nas contas dos periodos em que se

verificaram. Ha portanto um conflito. A soluq%o parece-nos ser usar

a primeira forma quando ha confian~a de que os lucros

ultrapassarZio as perdas e a segunda na outra situa~%o.

4.3.7 Custo do capital

Para o calculo do rendimento residual (bem como para o calculo de

deprecia~bes de juro composto) e necessario definir uma taxa de remunera~iio do capital. Se as divisdes fossem elementos independentes, n%o teriam o

mesmo custo para o capital. No entanto, Solomons" argumenta a favor do uso

de uma unica taxa porque "da mesma forma que unia corrlpa~ihia de seguros

reduz a incerteza numa possivel perda assegurando uma dispersao do risco

que segura, e da mesma forma que um investidor reduz a incerteza do

rendimento do seu investimento pelo aumento da dimens30 e variedade do seu

"portfolio", tambem a diversifica@o num negocio divisionalizado reduz o risco

suportado pela organiza~ao. lsto e conseguido pelo cancelamento dos riscos

associados as divisdes separadas. Assim, a adi@o de uma actividade divisional

que em si propria pode ser bastante arriscada, pode, na realidade, reduzir o

6 8 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , David - Divisional Pedormance. Measurement and control. Homewood, IL., R . D. Irving, 1965, p. 159.

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Avaliacio do desernpenho em orqanizacbes corn estrutura divisional Rui Laqoa

risco total da organiza@o. Por esta razZio, nZio se deve avaliar o risco da divisao visionando-a em separado do resto do neg6cio. Tambem e por esta

razao que se deve utilizar um 6nico custo para o capital, para toda a

organizaqao, independentemente do suposto risco de cada divisao em

separado". No entanto, este argument0 nZio 6 suportado pela teoria, que advoga

o uso de custos de capital diferentes consoante o risco, sob pena de conduzir a

decisdes incorrectas69.

Na pra,tica, o uso de um unico custo para o capital parece ser corrente70,

aparentemente justificado por permitir comparar resultados divisionais e evitar

fricqdes entre divisdes. 0 custo desse capital e definido pela gestao de topo,

tendo em conta a procura de capital do conjunto das divisdes e as

disponibilidades, possibilidades e custos de financiamento. Sob o ponto de vista

da gestao de topo, o custo deste capital deve ser encarado como um custo de

oportunidade. Do ponto de vista da divisao, todo o financiamento e externo,

tornando-a mais sensivel as variaqdes no custo do capital, uma vez que nZio

retem ganhos ou fundos, sendo estes centralizados na tesouraria central da

organizaqao.

Quer se utilize uma ou varias taxas para o custo de capital, o importante

e que, como refere Drury71, caso a medida usada para avaliar o gestor necessite

da utilizaqao da taxa de remuneraqao do capital, esta seja a mesma que foi

utilizada para as decisdes de investimento. Doutra forma, ndo se esta a avaliar

o sucesso das decisdes de investimento do gestor.

6 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , J. R., et a/. - Corporate Finance. Concepts and applications. Wadsworth, 1985, Cap.10 e 11.

7 0 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , J.; ANTHONY, R. N. - Mis-evaluation of investment centre performance. 'Harvard Business Review", Mar.-Abr. 1966.

7 1 ~ ~ ~ ~ ~ , Colin - Management and Cost Accounting, 2nd. ed., London, VNR International, 1988, p. 732.

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Avaliacao do desempenho em oraanizac6es com estrutura divisional Rui Laaoa

4.4 Medidas de avaliacao do desempenho

Tendo definido qua1 a forma de calcular o lucro para os diferentes

objectivos em vista, surge a quest80 da utiliza@o desse valor em formas

passiveis de comparaF%o.

Pesquisas efectuadas por diversos autores72 acerca dos metodos

utilizados para avaliar o desempenho de centros de investimento indicam que a

taxa de retorno do investimento (ROI) e a forma mais popular: por exemplo, a

pesquisa de Reece e Cool (efectuada sob uma amostra de 459 companhias dos

USA) apresenta os seguintes valores:

1 Forma Usada 11 % 11 I 7

pl' Outros criterios

I NBo Respondem I 1 % !I Tabela 1 - Medidas utilizadas para avalia~ao do desempenho

E visivel que muitas organiza~iies usam simultaneamente a taxa de

retorno do investimento (ROI) e o rendimento residual (RI), reconhecendo que

cada uma das formas tem pontos fortes e pontos fracos especificos. Nos dois

7 2 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , J.; ANTHONY, R. N. - Mis-evaluation of investment centre performance. 'Warvard Business Review", Mar.-Abr. 1966.

TOMKINS, C. - Financial Planning in Divisionalized Companies. Haymarket Publishing Company, 1973.

REECE, J. S.; COOL, W. R. - Measuring investment centre performance. "Harvard Business Review", Jun. 1978, p. 29 - 49.

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pontos seguintes analisar-se-%o particularmente estas duas formas financeiras

de avaliaMo.

4.4.1 Taxa de retorno do investimento controlavel

Utilizando a taxa de retorno do investimento (ROI), definida como a raz%o

entre o lucro controlavel e o investimento controlavel, tem-se a possibilidade de

comparar desempenhos em diferentes periodos ou entre divisdes.

ROI = Lucro lnvestimento

No entanto, esta medida apresenta alguns problemas, a comeGar pela

validade do calculo dos factores utilizados (como visto em 4.3). A propria

validade da taxa de retorno como medida efectiva da eficiencia de um

desempenho levanta problemas. Assim, usando o calculo infinitesimal:

d ROI = d Lucro - ROI * d lnvestimento lnvestimento

No caso de um centro de resultados, situa@o em que o gestor divisional,

formalmente, nao pode influenciar o investimento (d lnvestimento = O), temos:

d ROI = d Lucro lnvestimento (5)

o que mostra que a melhoria da taxa corresponde a um aumento do valor

absoluto do lucro. Nesta situa~so, o ROI e uma f m a aceitavel de avaliaG%o do

desempenho.

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No entanto, no caso de um centro de investimento, para haver um

aumento do ROI, e necessario que:

0 d Lucro - ROI * d lnvestimento > lnvestimento

e d Lucro - ROI * d lnvestimento > 0 0

d Lucro > ROI * d lnvestimento

Se houver um aumento do investimento (d lnvestimento > 0):

d Lucro > ROI d lnvestimento

Se houver desinvestimento (d lnvestimento < 0):

d Lucro < ROI d lnvestimento

Tal denionstra que um aumento da taxa de retorno pode ser conseguido

a custa de um investimento num activo que produza um ROI superior ao 201

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Avaliaciio do desernpenho em orqanizac6es corn estrutura divisional Rui Laqoa

global, ou por desinvestimento num activo que originava um ROI inferior ao ROI

global. Na pratica, este problema e ampliado pela pratica de deprecia~bes

aceleradas, o que se traduz-se pela tendencia dos gestores a n%o investirem.

No curto prazo, este n i o investimento (desinvestimento, tendo em conta as

deprecia~des) n i o tem efeito no lucro da divisio, havendo uma melhoria da taxa

de retorno. No entanto, em termos de longo prazo, pode n i o ser esta a decisio

mais desejavel do ponto de vista da organizaMo.

As decisdes relativas a investimentos s%o um dos tipos mais importantes

de decisio que o gestor divisional de centro de investimento devera tomar.

Estas decisbes deverio ser tomadas corn base no valor actualizado liquid0

(NPV - "net present value"), pelo que e desejavel que a medida utilizada para

avaliaHo do deserr~penho seja coerente com ele. De facto, a taxa de retorno do

investimento n i o e coerente, como se mostra abaixo. Assim, para um dado valor

de investimento, temos que:

n NPV = C Cash 'low t - lnvestimento

t=l (l+i)t

pelo que a maximizaq%o do NPV corresponde a:

n MAX (NPV) = MAX C Cashflow t - lnvestimento ) \=, (l+i)t

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Avaliaciio do desempenho em oraaniza~Bes com estrutura divisional Rui Laaoa

enquanto que a maximiza@o da taxa retorno do investimento, considerando

deprecia~6es lineares, corresponde a:

n = MAX ( C Cashflow t - Depreciacao I n ) =

t= l Investimento - (t-I ) * Deprecia~ao

= MAX ( C Cashflow t ) l n ~ t=l (n-t+l ) * Deprecia~Go (n-t+l)

~ M A X ( C Cashflow t- ) t= l (n-t+l)

0 s valores maximizados s i o diferentes pelo que os resultados nao sao

coerentes.

Considerando como traduqio de comportamento, que um gestor pretende maxirnizar o ROI em cada exercicio.

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4.4.2 Rendimento residual

Para tentar evitar estes problemas, pode-se utilizar a maximiza@o do

rendimento residual como criterio. 0 rendimento residual a calcular para avaliar

o desempenho do gestor da divisio devera ser definido como o lucro controlavel

subtraido de um custo do capital que resulta da aplica@o de uma taxa sobre o

investimento controlavel. Chamou-se a este valor rendimento residual

control~vel antes de impostos (ver 4.2). A avalia@o do desempenho da divisio

em termos econ6micos, separada da sua gestio, tera que ter em conta custos

divisionais n i o controlaveis, tendo-se proposto a utiliza~%o do rendimento

residual liquid0 antes ou apds impostos.

RI = Lucro - i * Investimento (12)

Analisando a validade da utiliza~Zio do rendimento residual para

avalia~%o do desempenho, obtem-se usando o calculo infinitesimal:

d RI = d Lucro - i * d lnvestimento

No caso de um centro de resultados, situa~%o em que o gestor divisional

n%o influencia o investimento (d lnvestimento = 0) tem-se:

d RI = d Lucro

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o que mostra que a maximiza~iio do rendimento residual corresponde a maximiza$iio do valor absoluto do lucro. Nesta situa@o, o RI e uma f m a

aceitavel de avalia@o do desempenho.

No caso de um centro de investimento, os aumentos do rendimento residual correspondem a:

dRI >O e

e d Lucro - i * d lnvestimento > 0 e

e d Lucro > i * d lnvestimento

Se houver um aumento do investimento (d lnvestimento > 0):

d Lucro ., d lnvestimento

Se houver desinvestimento (d lnvestimento < 0):

d Lucro , d lnvestimento

o que mostra que se consegue um aumento do rendimento residual se se

conseguir uma varia~ao do lucro originada numa varia~ao de investimento cuja

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taxa de retorno compense a taxa do custo do capital. Tal tambem demonstra

que o rendimento residual e uma forma aceitavel de avalia~30 do desempenho.

A tomada de decisao de investimento, efectuada numa perspectiva de

maximiza@o do rendimento residual, e coerente com a maxiniiza~30 do valor

actual liquido (NPV). Considerando deprecia~bes lineares para um dado

investimento:

= MAX ( C Cashflow t - Deprec.- i * (lnvestimento - (t-1 )*Deprec.) = t= l (1 +i)t )

. .

= MAX ( C Cashflow t - i * lnvestimento - (1 -i*t+i) * Deprec. t= l (1 +i)t > "

"MAX@ Cashflow t t= l (l+i)t 1

resultado equivalente ao obtido na express30 (10) em 4.4.1. Em conclus3o1 a

ava l i a~ io do rendimento residual em termos de longo prazo (totalidade da vida

do investimento) e uma forma aceitavel de avalia~30 porque e coerente com a

base em que deve ser tomada uma decisao de investimento (valor actualizado

liquido). No entanto, a utiliza@o do rendimento residual em termos de curto

prazo (inferior ao tempo de vida do investimento) n30 traduz os efeitos das

decisdes dos gestores, pelo que pode induzir decisdes incorrectas, do ponto de

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vista da organiza@o. Ha, portanto, a necessidade de definir uma forma de

avalia@o que concilie a avalia$%o de curto prazo com a avalia@o de longo

prazo.

Uma forma de tentar essa concilia@o, referida por Drury73, passa pela

valorizaqt30 dos activos pelo valor presente dos "cash flows" futuros. Neste caso

o valor do activo para um momento t seria:

Activot = ( C ( Cashflows s- s=t+l (1 +i)s-t 1

A expressZio (18) seria constituida, caso os "cash flows" coincidissem com os

previstos, por parcelas nulas. A diferen~a entre os "cash flows" actualizados e o

custo da decisao seriam contabilizados no periodo em que esta e tomada:

reconhecer-se-ia, no momento da decisao, que a organiza~ao teria ficado

melhor. Apos a decisao, a utilizaq6o conforme previsto do activo conduziria

unicamente a um rendimento residual nulo. A dificuldade, neste caso, consiste

na avalia~ilo de um activo em termos de valor liquid0 actualizado, bem como o

registo de ganhos antes da sua realiza@o (o que vai contra o principio da

prudencia).

A utiliza@o do rendimento residual como forma de avalia@o do

deserr~penho de um gestor tem que ser feito por comparaGt30 com um padrt3o

pre-acordado, como seja um rendirr~ento residual previsional, salvo no caso em

que se considera a valoriza@o dos activos por via dos seus "cash flows"

futures, situa~ao em que a previsZio esta implicita no valor do activo, e o

rendimento residual previsional e nulo.

7 3 ~ ~ ~ ~ ~ , Colin - Management and Cost Accounting, 2nd. ed., London, VNR International, 1988, p. 726.

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5 Sistema de avaliacao alternativo

A "perspectiva racional" considera essential uma congruencia formal de

objectivos organizacionais. Conforme referido por Horngren74, essa congruencia

e atingida quando o sistema contabilistico da organizago es pecifica objectivos

e sub-objectivos que encorajam um comportamento em que os individuos

aceitam os objectivos dos gestores de top0 como sendo os seus proprios. A avalia~ao tradicional do desempenho divisional baseia-se na utiliza@o de um

indice de rentabilidade (calculado a partir de uma dada forma de lucro

d i v i s i ~ n a l ) ~ ~ para atingir essa congruencia.

Uma visa0 fortemente influenciada por esta perspectiva torna-se limitada

por se concentrar na estrutura formal da organiza~ao, esquecendo a

personalidade individual dos elementos humanos da organiza~ao, a existencia

de grupos informais, conflitos internos, bem como o proprio processo de

decisao76, factores tidos em considera@o nas perspectivas de sistema.

0 modelo do processo de decisao racional considera que o objectivo das

tomadas de decisao e a maximiza~ao do lucro. Este modelo tem sido

questionado por psicologos, sociologos e antropologos, que Ihe apontam falhas:

muitas vezes, o processo de defini~ao de objectivos e ligado a racionaliza~6es a posteriori das ac~6es tomadad7; os individuos apresentam uma tendencia para

7 4 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Charles T. - Cost Accounting. A Managerial Emphasis, 4th. ed., Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1977, p. 151.

7 5 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ G ~ ~ W , Gordon D. - Managerial Cost Accounting, 4th. ed., Homewood, IL., R. D. Irving, 1977, p. 777.

7 6 ~ ~ ~ ~ ~ , W. G. - Organization Theory. An overview and an appraisal, in LITTERER, J. A., compil. - "Organizations. Structure and behavior", 2nd. ed., vol. 1, Englewood Cliffs, New York, John Wiley & Sons, Inc., p. 16 - 17.

7 7 ~ ~ ~ ~ ~ , K. E. - The Social Psychology of Organizing. Reading, Mass., Addison-Wesley, 1969, p. 8, 37 - 38.

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adoptarem comportamentos que visam a obten@o de niveis satisfatorios dos

objectivos, e n30 a sua maximizaq3078.

A moderna teoria das organizaqbes adopta uma grelha comportamental e

envereda pela investigaq80 dos sub-sistemas organizacionais, a sua inter-

-rela@o e os seus objectivos, suportada na argumenta@o de que79:

- A empresa, em si propria, n8o age - s3o os elementos humanos

que agem.

- 0 comportamento dos elementos humanos e condicionado pela

sua personalidade e por factores ambientais.

- 0 s processos comportamentais dos merr~bros da orgar~iza@o s5o

funq30 das suas cogniqbes, percepqbes, crenqas e conhecimentos.

-As compensaqbes e os objectivos s3o fenomenos muito

complexos.

Assim, e pouco provavel que exista um objectivo irnico organizacional,

mas sim um cor~junto de objectivos que podem ser contraditorios80 - cada

individuo tem os seus e os objectivos organizacionais s8o o reflexo de uma

coalesc6ncia dos objectivos individuais, reflectindo o poder de negociaq30,

7 8 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , C. - Complex Organizations. A Critical Essay. Glenview, IL, Scott Foresman, 1 972, p. 149.

7 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , J. W. - Theories of Business Behavior. Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1964, p. 21 - 25.

8 0 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , C. - Complex Organizations. A Critical Essay. Glenview, IL, Scott Foresman, 1972, p. 160 - 163.

SMITH, R. L. - Management Through Accounting. Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1962, p. 228 - 229.

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posicionamentos das diversas coalesckncias e consensos alcan~ados - n%o devendo os objectivos organizacionais apresentar uma consistkncia internael.

A dificuldade, por parte da "perspectiva racional", em explicar estes elementos, leva-a classifid-10s como disfun~bes: Horngrene2 identifica a "falta de harmoniza@io ou congrukncia entre os objectivos organizacionais e os

objectivos individuais dos decisores divisionais" como sendo uma das causas de disfun@io no process0 de decisso em organizaNes divisionalizadas. Assim,

segundo esta perspectiva, uma das tarefas do responsavel do sistema de controlo sera persuadir os gestores divisionais a desistirem dos seus objectivos

pessoais, a favor dos objectivos organizacionais oficiais emanados pelos gestores de top0 (objectivos que poderao ter ml-tito pouco a ver corn o conjunto real de objectivos da orgar~iza@o, resultante da coalesc~ncia dos interesses dos individuos e grupos). A possibilidade dos gestores divisionais actuarem

deliberadamente de acordo com os seus interesses, devera ser minimizada atraves da "cria~iio de sistemas aperfei~oados de avalia~ao e recompensaU83.

Na pratica, a actua@o consonante com a "perspectiva racional" consegue induzir determinadas respostas comportamentais mas dificilmente origina uma

altera~ilo de atitudes (em termos de necessidades, desejos e filosofias).

0 reconhecimento de que a avalia~ao do desempenho em divisdes s6 pode ser feita utilizando como padrso o conjunto de objectivos organizacionais

conduz a necessidade de se rejeitar qualquer forma de medi@o de lucro divisional como forma solitaria de avalia~ao do desempenho. Moore e

8 1 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , M.; LEWIN, A. Y. - Behavioral Aspects ofAccounting. Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1974, p. 4 - 7.

8 2 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , Charles T. - Cost Accounting. A Managerial Emphasis, 3rd. ed., Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1972, p. 694.

8 3 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , C. - Financial Planning in Divisionalized Companies. Haymarket Publishing Company, 1973, p. 6 - 7.

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Jaedickeu frisam este ponto ao referirem que o lucro divisional nil0 traduz a capacidade do gestor divisional em estabelecer boas relafles com os clientes,

nem a lealdade dos empregados (infelizmente estes autores retornam a "perspectiva rational" ao advogarem a necessidade de formas de avaliago

mais refinadas).

A avalia~80 do desempenho divisional e uma quest80 contabilistica mas tambem comportamental. CapIan85 sugere que as organiza~bes devem tentar desenvolver o melhor conjunto de objectivos e criterios possivel el ao proceder ao process0 de avaliaG80, ter em aten~ao que este e imperfeito: medidas

solitarias de aval ia~ io do desempenho (como o ROI ou o RI) conduzem a exclus8o de outros factores importantes e induzem os gestores divisionais a concentrarem-se na medida em vez de tomarem as decisdes que beneficiam a

organizago.

5.1 Coniunto de medidas alternativas para avalia~iio do desempenho

A forma classica de avalia@o, baseada na congruencia de objectivos organizacionais e divisionais, tem sido usada como justifica~ao para maximizar

o controlo da gestao de topo, restrirrgindo a autonomia das divisbes. No entanto, a tendencia actual nas organiza~bes vai no sentido de uma maior

aten~8o as necessidades e desejos de outros niveis organizacionais e sociais, de que s8o exemplos a inclusiio de empregados de niveis inferiores nos

processes de decisiio, a divulga~8o de informa@o financeira sobre a organiza~ao dirigidas a esses niveis, o aumento das preocupa~aes com a

seguranGa e bem-estar dos empregados, o aumento da pressao social relativa

aos efeitos perniciosos das opera~ijes, etc. Em resumo, o nljmero e as

8 4 ~ ~ ~ ~ ~ , C. L.; JAEDICKE, R. K. - ManagerialAccounting. South Western Publishing, 1972, p. 544.

8 5 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , E. H. - Management Accounting and Behavioral Science. Reading, Mass., Addison- Wesley, 1971, p. 103 - 108.

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Avaliacao do desem~enho em orqanizacBes com estrutura divisional Rui Laaoa

necessidades dos utilizadores da avaliaHo do desempenho tem tendencia a aumentar pelo que os sistemas de avaliaMo ter%o que evoluir no sentido de

responder a estas questbes.

Nesta linha, ParkeP propse uma forma alternativa de abordagem da avaliaMo do desempenho, defendendo o abandon0 da promoHo da congruencia de objectivos (uma vez que traduz a tentativa de manutenMo do controlo por parte dos gestores de topo), o reconhecimento da necessidade de preservar a autonomia divisional, e a revis%o dos metodos de avalia~ao do desempenho alternativos tendo em conta as necessidades e os desejos dos

diversos niveis de gestZio. lsto obrigara a introdu~%o de novas medidas de avalia$%o do desempenho no criterio de sucesso.

Este tipo de sistemas de aval ia~ io do desempenho devera apresentar

uma maior complexidade devido a necessitar de transformar as formas operacionais de medi~Zio (basicamente indirectas) em avalia~80 do

desempenho; esta multiplicidade de transforma~bes torna-o, ao mesmo tempo, muito interassante pois permite a satisfa~Zio das necessidades informa~Zio de um numero alargado de utilizadores.

Numa tentativa de responder a algumas destas questbes (sintetizadas no

termo responsabilidade social) surge o balan~o social', projectado para definir e delimitar a responsabilidade social da empresa. No process0 da sua

implementaGZio e possivel distinguir tres fases87: numa primeira fase, o balan~o

social e utilizado basicamente como instrumento de rela~bes publicas;

posteriormente, assume-se como instrumento de informa~50-comunica~50; por

8 6 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , L. D. - Divisional Profit Performance. Beyond an exclusive profit test, "Accounting and Business Research", Outono 1979, p. 309 - 31 9.

0 Decreto-Lei no 141185 de 14 de Novembro , alterado pelo Decreto-Lei no 9192 de 22 de Janeiro, instituiu o "Balanco Social".

8 7 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ , J. Eduardo - 0 balan~o social da empresa. Uma abordagem sist4mica. Lisboa, 1986, p. 60 - 66.

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Avaliacao do desem~enho em orqanizac6es com estrutura divisional Rui Laqoa

fim, constitui-se em instrumento de gestao. Assim, existem diferentes opqbes no seu tratamento, determinadas basicamente pela finalidade da sua elaboraHo:

Tabela 2 - Alternativas de tratamento do balan~o social CARVALHO, J. Eduardo - 0 balan~o social da ernpresa. Urna abordagern sisternica

S.I., Editoral Minerva, 1990, p. 65.

Finalidade

Destinatarios

Ambito da analise

Grau de quantificaq20

Nivel de

agregaqao

Metodologia de aplicaq%o

Rela~bes Publicas

Pessoal

Efeitos sociais exclusivos da

fun~%o Pessoal

lndicadores sobre Pessoa I

Sem qualquer

agrega~io

Ratios, Estatisticas

Informa@io - - comunica@o

Pessoal, Accionistas,

Estado

Efeitos sociais internos em

nicmero reduzido

Aspectos quantificaveis e

n%o quantifidveis

Aspectos agregaveis e n%o

agregaveis

"Ratios", Estatisticas,

Anal. qualitativa

Gest%o integrada

Trabal hadores, Direc@io,

Accionistas, Fornecedores,

Clientes, Comunidade,

Efeitos sociais internos e

externos em numero elevado

Aspectos totalmente

quantifichveis com juizos qualitativos

Agrega~ao total

do conjunto

Excedente de produtiv. global,

Anal. qualitativa

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AvaliacBo do desem~enho em oraanizac6es corn estrutura divisional Rui Laaoa

Num sistema de avaliaeo alargado, o balango social podera constituir unia das fornias de apresentaeo da informaeo necessaria a avaliaeo do

desempenho organizacional (juntamente com os balan~os contabilisticos, etc.).

0 alargamento deste conceit0 a unidades divisionais podera ser um desenvolvimento desta dissertaMo.

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Avalia~iio do desempenho em oraanizac6es corn estrutura divisional Rui Laqoa

6 0 caso CIBA-GEIGY

Neste capitulo vai-se proceder a analise de uma organiza@o com

estrutura divisional (CIBA-GEIGY), com o objectivo de analisar o seu sistema da

avaliaflo do desempenho a luz das ilaqdes geradas nos capitulos anteriores.

A CIBA-GEIGY e uma multinational com sede na Su ip ; nela e patente

um esforqo de reflexiio ao nivel da gestao de topo, no sentido de tentar

"harmonizar" a organizaHo (ou, como diria Parker88, conseguir um controlo

mais eficiente da organizaq%o, por parte da gest%o de topo), procurando

ultrapassar as dificuldades decorrentes da dispersZio por areas de neg6cio e

areas geograficas. Por tal motivo, optou-se por utilizar como fonte inicial de

informa@o as directivas da gestao de top0 da empresa relativas aos conceitos

gerais, complementado-as com uma analise de campo da frac@o da estrutura a

operar em Portugal.

0 s elementos emanados da gestao de top0 utilizados na redac~iio deste

trabalho s%o confidenciais, dai a impossibilidade de os incluir em apiindice.

6.1 Conceito de orqanizac%o e obiectivos orqanizacionais

A gestao de top089 define organizaqso como "unidade sdcio-tecnica corn

objectivos definidos (pessoas que realizam diferentes tarefas, utilizando

recursos materiais, com o objectivo de criar beneficios para terceiros)". A

organizaqao n%o e um fim em si mesmo, mas um veiculo para atingir objectivos

organizacionais. A CIBA-GEIGY elege tres objectivos como sendo os mais

8 8 ~ ~ ~ ~ ~ ~ , L. D. - Divisional Profit Performance. Beyond an exclusive profit test, "Accounting and Business Research", Outono 1979, p. 309 - 31 9.

8 9 ~ ~ ~ ~ - ~ ~ ~ ~ ~ - The Organization of CIBA-GEIGY. Jan. 1992, p. 21 - 26.

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Avaliacao do desempenho em orqanizacBes com estrutura divisional Rui Laaoa

importantes, atribuindo-lhes igual importincia: "sucesso econdmico, responsabilidade social e respeito pelo ambiente". Para se atingirem esses objectivos e necessario preencher um conjunto de objectivos operacionais:

- "eficdcia na cria@o dos beneficios requeridos; - efici6ncia na produ@o de resultados com um minimo de gastos;

- flexibilidade de adaptaMo a altera~des internas e externas;

- transpar6ncia em termos de estrutura e processes; e

- capacidade de induzir motiva@o nos em pregados".

Esta visa0 de organiza@o e dos objectivos organizacionais sofre, pelo

menos na aparencia formal, uma grande influencia da "perspectiva rational" de

uma organizaMo (introduzida em 2.1 ), nomeadamente ao afirmar que uma organizaHo tem uma genese deliberada com vista a prossecu$%o de objectivos;

como consequencia, e de esperar que o conceito de efic5cia organizacional contenha elementos da filosofia de grau obten~ao de objectivos.

Nota-se tarr~bem a existencia de elementos das perspectivas de sistema,

como sejam a responsabilidade social e o respeito pelo ambiente, numa

tentativa de conjugar diferentes perspectivas. No entanto, as avaliacbes

relativas a estes objectivos tern um caracter diferente do adoptado na avalia$%o

do sucesso economico: os objectivos tipicos da perspectiva de sistema s%o

encarados como sendo qualitativos e orientadores de escolha de alternativas (pretende-se obter um nivel aceitavel).

6.2 Estrutura organizacional

Para a gestso de top0 da CIBA-GEIGY, o conceito de estrutura

organizacional e definido como "o conjunto de regras de interac~ao dos

elementos humanos, tendo como objectivo dirigir as pessoas para objectivos

comuns, optimizando a utiliza$%o dos recursos disponiveis". Ela tem como fun~bes:

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AvaliacBo do desernpenho em orqanizacees corn estrutura divisional Rui Laqoa

- "parti@o da estrutura em partes inter-actuantes (estrutura

propriamente dita);

- defini@o de sistemas e procedimentos (processes da

organiza~80);

- regula@o dos relacionamentos sociais (regras formais e

informais)."

A escolha do tip0 estrutural e a extens80 da estn~tura da organiza~%o e

influenciada por:

- "objectivos e tarefas derivados da miss80 da empresa;

- pessoal de apoio (numero e qualifica~io);

- recursos materiais;

- factores ambientais (econ6micosI sociais, ecologicos)."

Formalmente, a CIBA-GEIGY tem uma estrutura matricial com duas

dimensdes: areas de negocio e geografia de opera~des. A dimens80 principal e

area de negocio, sendo a organiza@o constituida por divisdes globais que t6m

responsabilidade integral pela condu@o dos negocios. A segunda dimens80 e

constituida pelas organiza~des locais, sob a forma de divisdes locais e

companhias do grupo.

Na pratica, a gest8o de top0 considera a area de negocio como a

dimens80 mais importante, pelo que consideramos que a estrutura

organizacional e essencialmente divisional.

A adopG80, por parte da estrutura portuguesa da organiza@o, de uma

estrutura deste tip0 n8o e representativa do process0 de adopG8o ocorrido

recentemente noutras empresas portuguesas e descrito em 3.1. De facto, este

tipo de estrutura foi adoptado deliberadamente (de que a citaG8o "a estrutura

vem depois da estrategia, e as pessoas surgem depois da estrutura" e a

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traduMog0) pois e suposto ser esta a forma estrutural que melhor se adapta ao ambiente organizacional que se pretende imprimir: processos e estrutura organizacional compreensiveis e transparentes que permitam adaptabilidade as necessidades de mudanp por via duma clareza de deveres/autoridades/res- ponsabilidades e das formas de relacionamento, em particular, atraves da diferenciaMo entre as tarefas operacionais e estrategicas, locais e globais; simplicidade na comunica~%o e canais de decisao; flexibilidade de utiliza@o de recursos; orientaHo holistica das tarefas permitindo margem para a criatividade

pessoal, o espirito empreendedor e o desenvolvimento pessoal.

Na ,Figura seguinte, apresenta-se a estrutura organizacional geral da CIBA-GEIGY:

Unidades Centrais Unidades de Apio da C.E.

D~isdes Locais Unidades Locais de Servips

Fig.9 - Estrutura da CIBA-GEIGY

A Comissa"~ Executiva, tendo o apoio das Unidades de Apoio (suporte de gestiio: relagbes pliblicas, planeamento global, secretariado, auditoria interna) e

S O ~ ~ ~ ~ - ~ ~ ~ ~ Y - The Organization of CIBA-GEIGY. Jan. 1992, p. 24.

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das Unidades Centrais (centros de cornpetencia em campos especializados: f inanps e controlo, segurang e protegio do ambiente, pesquisa e

desenvolvimento, recursos humanos e tecnologias de informa@o), tem como

principais responsabilidades a gestio estrategica (definindo e gerindo o "portfolio" da organizaMo e definindo as estrategias globais), a gestio operacional da organizago global (orgmentaflo, investimentos, etc.), o treino de gestores globais e a representa@o da companhia perante a opiniio pliblica.

0 s elementos da Comissio Executiva participam nas operaqbes da organizaflo, tendo responsabilidades divisionais como gestores de divisbes

globais ou responsabilidades funcionais (ex.: pesquisa e desenvolvimento,

finanqas, etc.).

0 responsavel de cada divisso global tem como tarefas: a defini@o de planos globais (submetidos a aprovaqio da Comissio Executiva) adaptados ao

papel que e atribuido a divisio no "portfolio" do grupo; a discuss30 com a Cornissio Executiva dos objectivos a atingir pela divis3o; a optimizaqio do

resultado da divisao (definido em termos de contribui@o ap6s juros, "cash sflow",

retorno nos activos liquidos (RONA), aumento do valor dos activos e do valor para os "stakeholders" - ver 6.4), tendo poder para a cria@o de urna sub-

-estrutura relativamente autonoma. 0 s serviqos necessarios as operaqdes de cada divisio devem ser providenciados por ela propria: a decisio de efectuar

ela propria a presta@o, comprar internarnente (a outras divisdes ou as unidades

centrais de serviqos - compras e transporte, laborat6rios, serviqos de informa@o, project0 - a custo padrio total), ou comprar a terceiros, cabe ao

responsavel divisional.

0 responsavel de cada diviszo local (reportando ao responsavel da divis3o global) tem como funqdes adaptar as estrategias da divisao global as

condiqbes locais, explorando as oportunidades de negocio e gerindo as tarefas

funcionais atribuidas (produq30, vendas, pesquisa e desenvolvimento).

Urna divisao local pode ser elevada ao nivel de companhia do grupo,

constituindo entidade de direito no pais onde actua (desde que a dimensio do

mercado justifique essa opqao a companhia consiga ser autonoma em infra-

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Avaliaciio do desempenho em orqanizacijes corn estrutura divisional Rui Laqoa

-estruturas e tal n i o implique desvantagens fiscais); quando tal n io e adequado, combina-se um conjunto de divisdes locais numa companhia do grupo; pode ainda acontecer que- os interesses de diversas divisdes globais sejam representados por uma mesma divisio local, caso a dimensio do

mercado n i o justifique a representa@o autonoma (a o p ~ i o e da responsabilidade do director da companhia local). No entanto, existe uma reportabilidade separada em rela@o as divisdes globais.

0 responsavel de cada compar~hia do grupo deve providenciar a satisfaHo das condi~des necessarias a opera@o eficiente das divisdes locais,

disponibilizando os recursos financeiros, as infra-estruturas e os servi~os necessarios (a preGo de custo). 0 s responsaveis divisionais locais t6m autonomia formal para decidir sobre a compra dos servi~os a companhia ou a terceiros:

0 responsavel de cada companhia do grupo deve tambem participar na avalia@o do desempenho dos executivos divisionais locais (em colabora@o com os responsaveis divisbnais globais), nomeadamente na defini@o de

remunera~des, pronio~des, desenvolvimento, etc.

6.3 A CIBA-GEIGY em Portuqal

Devido ao facto de a dimensio do mercado portugues n i o justificar a

constitui@io de divisdes-companhias, a CIBA-GEIGY optou por agrupar as

divisdes locais numa companhia do grupo.

Para alem da representa~io local das divisdes globais, a companhia do grupo disponibiliza a presta~io de servi~os ao conjunto das divisdes, a preGo de

custo (alocando os custos or~amentados atraves de indices acordados entre os gestores divisionais). Cada gestor pode decidir acerca da compra ou n i o

desses serviqos.

Na figura 10 representa-se a estrutura da CIBA-GEIGY Portuguesa:

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AvaliacBo do desem~enho em orqanizachs corn estrutura divisional Rui Laaoa

DN. PP D k AD

DN. PI

DN. PO

Di. CO

Legenda

Div. TFlCH

Div. PH

ClBA Vision

Div. AG Div. PP Div. AH

Div. APP Div. AD Div. PI Div. PO Div. CO

FA Fonc.

PE Fonc.

- Corantes e produtos qulmicos

- Produtos farmacduticos

- Lentes de contacto, produtos de manuten~io de lentes de contacto e produtos oftalmol6gicos

- Agricultura - Protec~io de plantas - Sa~lde animal

- Aditivos, plastico, pigmentos - Aditivos - Pigmentos - Polimeros - Comp6sitos

- Fun@o Finan~as e Servi~os Administrativos

- Fun~Bo Pessoal

Fig.10 - Estrutura da CIBA-GEIGY em Portugal

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Avaliacao do desempenho em orqanizac6es corn estrutura divisional Rui Laaoa

-

Para alem das divisdes atras descritas, subordinadas ao Director Geral (estruturas essencialmente comerciais, resultando duma transposit$lo

geografica das divisdes globais), existem ainda outra estruturas que fogem a - -

este enquadramento:

-ZYMA (auto-medica@o), detida a 100% pela CIBA-GEIGY S.A.-

Basle, sob responsabilidade parcial do Director Geral;

- Laboratorio Normal (produ@o e comercializa~%o de produtos farmaciiuticos eticos), detida em parte iguais pela CIBA-GEIGY

Portuguesa e pela CIBA-GEIGY S.A.-Basle, sob responsabilidade parcial do Director Geral;

- SAPEC, que actua como agente em Portugal da DivisZio Seeds

(global);

- SOQU~MICA e quatro colaboradores em regime de presta$%o de servi~os, funcionando como agentes em Portugal da Div. Mettler-

-Toledo (global).

Estes elementos s%o independentes da CIBA-GEIGY Portuguesa, encontrando-se fora do imbito desta analise.

6.4 Sistema de informacilo de qest%o

A CIBA-GEIGY define as suas divisdes como sendo "partes do grupo global, geridas individualmente, responsaveis por rendimentos e custos, e pelos

activos sob seu controlo. Tal principio implica a n%o imputa~%o de encargos gerais n%o divisionais (ComissZio Executiva, ou Unidades Centrais), impostos ou

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Avaliacao do desernpenho em oraanizac6es com estrutura divisional Rui Laqoa

custos/proveitos financeiros". Esta definiHo esta de acordo com a defini@o de

centro de resultados feita por Drurpl, introduzida em 4.2.

Na pratica, no caso portugu6sl devido ao caracter da sua actividade (essencialmente comercial), cada divisao tem poder para influenciar o nivel de investimento sob a sua alpda, requerendo (ou disponibilizando) os activos ao

nlicleo central da companhia do grupo. Essas decisdes t6m reflexos directos no

nivel de investimento associado a cada divisao e reflexos indirectos nos custos

imputados pelos servi~os prestados (que sao baseados em indices: os custos

com a fun@o pessoal sao imputados as divisdes corn base no nlimero de pessoas associado a cada divisao, etc.).

Assim, apesar de nao terem autonomia para decidir sobre a ordem de grandeza. do investirnento, podem, de facto, decidir sobre o nivel

correspondente. Parece-nos, portanto, que as divisdes locais portuguesas

deverao ser consideradas como centros de investimento.

0 sistema de informa~ao de gestao desta organiza~ao foi criado com o

objectivo de planear, reportar e controlar o grau de obten~ao dos objectivos

divisionais e da globalidade da organiza~ao; a contabilidade interna segue as mesmas regras que a contabilidade external tendo como principios basicos: a

ut i l iza~io de custos hist6ricos deduzidos das deprecia~6es para avalia~io de activos fixos e a ufiliza~io de custos padrao fotais como critgrio valorim6frico e metodo de cusfeio; os preGos de transfer6ncia coincidem corn o custo padrao

total, podendo o responsavel divisional recorrer ao mercado externo (caso o

considere vantajoso, situa~ao que n3o e usual); todas as actividades que conduzam a um aumento ou diminui~ao dos activos liquidos da organiza@o sao

consideradas relevantes para o resultado, com a excep~ao de ganhoslperdas

decorrentes da conversao de balan~os e demonstra~des expressos em moeda estrangeira.

g l ~ ~ ~ ~ ~ , Colin - Management and Cost Accounting, 2nd. ed., London, VNR International, 1988, p. 715.

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6.4.1 Relat6rios divisionais

As divisdes apresentam, basicamente, dois tipos de relatorios pekjdicos: um relatori0 relativo a contribuieo divisional e um relatori0 relativo ao "cash

flow1' divisional.

6.4.1.1 Demonstraciio da contribuicZio divisional

Este relatorio e efectuado por todas as divisBes de cada companhia do

grupo, trimestralmente, apresentando os valores previstos e os realmente verificados; anualmente, tarr~bem se faz uma previsao do period0 economico subsequente (detalhada ao trimestre). Estes relatorios sao posteriormente consolidados no relatorio mundial.

Na demonstra@o da contribui@o divisional apresentam-se as vendas divisionais, a contribuigiio marginal, o lucro bruto e a contribuigo apos juros.

Vendas

Demonstra~Zio da contribui~iio divisional

XXX

Deduzido de

Custos (padriio) variaveis das mercadorias vendidas xxx Outros custos variaveis divisionais xxx

Contribui~iio marginal xxx

Deduzido de Custos (padriio) fixos das mercadorias vendidas XXX

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AvaliacBo do desem~enho em orqanizacaes corn estrutura divisional Rui Laqoa

Adicionado (deduzido) de

Reavalia~des de inventarios xxx

Desvios de custo variavel das mercadorias fabricadas xxx Desvios de quantidade nos custos (padrao) fixos - xxx xxx

Lucro bruto xxx

Deduzido de

Custos totais do period0

Servi~os (locais e internacionais)

Adicionado de

Custos (padrao) fixos da produ~ao prevista

Adicionado (deduzido) de

Outros proveitos/custos

Contribui~iio apos servi~os

Deduzido de

Juro calculado

XXX

XXX XXX -

XXX

XXX -

XXX

XXX -

Contribui~iio apos juros xxx

0 s custos fixos incluern encargos gerais de fabric0 calculados com base

em custos padr%o. 0 custo (padrao) das mercadorias vendidas e o resultado da

rnultiplicaC%o do custo unitario padr%o pela quantidade vendida. 0 desvio de

custo variavel das mercadorias fabricadas e o resultado da multiplica~%o da

quantidade fabricada pela diferen~a entre os custos variaveis padrio e efectivo.

0 desvio de quantidade nos custos (padrio) fixos e o resultado da multiplica@o

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AvaliacBo do desempenho em orqanizachs corn estrutura divisional Rui Laqoa

do custo padrio ,fix0 pela diferenp entre a quantidade produzida e a

quantidade programada. 0 s custos totais do period0 s i o todos os custos fixos

nele incorridos, dentro da directa responsabilidade da divisao. 0 custo (padrao) fix0 da produeo prevista e uma parcela compensatoria dos desvios, de forma a

valorizar as varia~ges de inventario a custo padrao total.

6.4.1.2 DemonstracZio .do "cash flow" divisional

Este relatori0 e efectuado por todas as divisdes de cada corrlpanhia do

grupo, anualmente (detalhado ao trimestre) para or~amentaeo, e

trimestralmente (apresentando os valores orpmentados e os valores realmente

verificados). As comparlhias do grupo tambem elaboram um relatorio com a mesma estrutura.

Para a demonstra~io do "cash flow" divisional usa-se a contribui~io apos servi$os, calculada na demonstra~io da contribuiG50 divisional, como ponto de

partida para obter o "cash flow" operacional e o "cash flow" propriamente dito.

DemonstraGZio do "cash flow" divisional

ContribuiGZio apos servi~os

Adicionado de

Deprecia~des e amortiza~ies

Adicionado (deduzido) de Varia~des nos activos correntes liquidos

XXX

XXX

XXX -

XXX Cash flow operacional

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Avaliaceo do desernpenho em oraanizacties com estrutura divisional Rui Laqoa

Deduzido (adicionado) de Investimentosldesinvestimentos em activos fixos

Deduzido (adicionado) de

Compralvenda de companhias, patentes, etc.

XXX

XXX -

Cash flow xxx

Esta demonstra~ilo do "cash flow" divisional tem como objectivo, fornecer

a gestZio de top0 informaGZio acerca do fluxo de fundos (para or~amenta@io),

mas tambem funcionar como forma de avalia@o sobre a capacidade divisbnal

em gerar fundos.

6.4.2 lnvestimento

A defini~Zio dos elementos constituintes do investimento e importante,

devido ao uso desta grandeza em medidas de avalia@o do desempenho (taxa

de retorno do investimento, "return on net assets", rendimento residual).

Conforme se defendeu em 4.3.1, dever-se-a considerar o investimento

como compreendendo a totalidade dos activos, de forma a excluir da avalia@o

um elemento nao controlavel: a forma de financiamento. A CIBA-GEIGY

considera que o investimento compreende os activos fixos e os activos

correntes liquidos. Esta op~i lo , se bem que esteja de acordo com a perspectiva

da gestZio de top0 (rentabiliza~ilo dos activos fixos e activos correntes liquidos - investimento necessario a operaGZio), inclui um elemento, geralmente nZio

controlavel na totalidade pelo gestor divisional, na avalia~ilo do seu

desempenho - o financiamento dos activos correntes. Em estruturas comerciais

como a portuguesa, o gestor divisional tem possibilidade de interferir nos niveis

de activos correntes utilizados pelo que esta forma de definir investimento tem

alguma relevancia. Na utiliza@o sistematica desta forma de calculo esta-se a

misturar duas avalia~bes: utiliza@io dos activos disponiveis e capacidade de

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Avaliacao do desempenho em orqanizac6es com estrutura divisional Rui Laqoa

,financiamento do gestor divisional (que pode ou nZio ser controlavel); a avaliagZio destes elementos e importante, mas a sua aglutinagao numa grandeza Linica e discutivel.

Nesta organizaMo, os activos fixos sZio valorizados tendo em conta o seu

custo hist6rico deduzido das depreciagdes contabilisticas*. Viu-se em 4.3.1 que este metodo apresenta duas fraquezas: a falta de correspond6ncia entre as

depreciagbes contabilisticas e as depreciafles reais, e a incapacidade de lidar

com a alteragio do nivel geral de pregos. A decisBo sobre a eliminagao destes desvios depende de uma analise custo-beneficio, balanceando as vantagens

decorrentes dessa correcgio (maior exactidao) com as desvantagens

decorrentes do aumento de complexidade do tratamento contabilistico. Com

base nesta analise, a CIBA-GEIGY considera duas excepgbes a utilizagao do

custo hist6rico: operagbes em paises com hiper-inflagio, em que utiliza custos correntes; e activos financeiros, em que os contabiliza a valores de mercado.

6.4.3 Depreciac6es contabilisticas

As depreciagbes s%o baseadas no custo hist6rico dos activos fixos, calculadas linearmente; nZio se fazem ajustes relativos a variagbes do nivel de pregos (salvo na excepgZio citada atras).

Apesar de um activo poder estar ainda em uso, deixa-se de contabilizar

depreciagbes a partir do momento em que ele se encontra totalmente

amortizado contabilisticamente: tall traduz uma falta de relagio entre as

depreciagdes contabilisticas e as depreciagbes reais, permitindo situagdes em

que um mesmo produto pode ter diferentes custos (padrBo) fixos, consoante a

sua origem.

N?lo estao incluidos terrenos, que s%o considerados "corporate investment"; para estes, n%o se contabilizam deprecia~des, sendo a sua valoriza$%o feita a custo historico.

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Para uma divisio que vende externamente a organiza@o, isto pode

representar um ince~itivo a n i o substitui@o de equipamento (a menos que o investimento se reflicta em ganhos de eficiencia) pois ha menores custos contabilisticos: ha tendencia, portanto, para as decisdes tomadas se

projectarem numa redu@o das despesas de investimento e num aumento das despesas de manuten@o e repara@o (e consequente envelhecimento dos activos).

Assim, este sistema origina uma necessidade de intervenqio, por parte da gestao central, para regulaqio dos preqos e garantir que a sua deFini@o, em

termos de mercado exterior, nso sofre os efeitos desta disparidade de custos (se forem baseados nos custos totais mais uma margem), em especial para

produtos com ciclos de vida longos. Esta intervenqio parece-nos contraria ao sentido da divisionaliza@o.

Uma terceira consequencia surge ao nivel dos preqos de transferencia ( ig~~a is ao custos totais) que variam consoante a origem do produto. Tal, faz com que haja uma maior procura dos produtos com custos mais baixos,

originando niveis de utilizaqio superiores para as instala~des mais antigas (que

possivelmente apresentam eficiencias reais inferiores).

Parece-nos que, neste ponto, a -0rganizaHo teve como critkrio a objectividade dos dados contabilisticos (ao n i o incluir taxas de inl ' la~io, nem

permitir formas mais complexas de avalia~so dos activos), i custa de uma perda de exactidio.

Para tentar minorar os problemas decorrentes da falta de

correspondkncia entre as depreciaqdes contabilisticas e as deprecia~des reais, a gestio de top0 define limites para a vida irtil contabilistica dos activos fixos:

ex. edificios industriais 20-40 anos; edificios adrr~inistrativos e residenciais 30- -50 anos; maquinaria 10-20 anos; equipamento de laboratorio 10-1 5 anos;

equipamento de escritorio 5-10 anos; veiculos 5-7 anos; etc.

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Avaliaclo do desempenho em oraanizac6es corn estrutura divisional Rui Laaoa

6.4.4 M6todos e t6cnicas de custeio

A CIBA-GEIGY considera o custo dos produtos como o seu custo total

valorizado em termos de custos padrdes. Tal tem como consequencia que o

inventario feito nesta base apresente os produtos com um valor mais proximo do

seu valor de venda do que no caso do "direct costing".

Numa situa~iio em que o volume de produHo seja marrifestamente

superior as vendas, ha um aumento do valor de inventario (a custo total padriio)

que diferira marginalmente da situaHo de venda (diferen~a entre preGo de

venda e custo total padrao) no calculo da contribui@o (ver 6.4.1 .I).

A utiliza~iio de custos padrao ultrapassa parte dos problemas

decorrentes do uso do "absorption costirrg" (aumento injustificado do valor

unitario dos elementos do inventario em situaHo de queda do nivel de

produ@o). Mantem-se, no entanto, a pratica de contabilizar uma contribui~ao

para custos fixos, anterior a sua efectiva realizaHo.

Como reflex0 do reconhecimento das questdes atras levantadas, a

organiza@o em estudo rea l~a o calculo da contribui~iio marginal (ver 6.4.1 . I )

no calculo da contribui@o apos juros. Esta-se perante um formato que pretende

retirar as vantagens dos dois metodos de custeio: "absorption costing" e "direct

costing".

Naturalmente que o sucesso deste metodo de custeio depende da

qualidade dos custos padrao fixos. Para corrigir eventuais erros de custeio,

dever-se-80 constituir provisdes para monos, decisao que, em principio, nunca

e tomada pelo responsavel da divisao afectada, uma vez que Ihe dirr~inui os

resultados. Ha, portanto, a necessidade de intervenq%o de niveis superiores de

gestao no controlo dos inventarios, situa$io que representa uma quebra da

autonomia divisional.

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6.4.5 Precos de transferhncia

0 preqo de transferencia de um produto e definido, nesta organiza@o,

como sendo o seu custo padrao total. No entanto, cada gestor divisional tem

autonomia para escolher comprar interiormente ou exteriormente a organizagao.

A figura 11 pretende ilustrar a situa@o de tomada de decisao, no caso de

existencia de um mercado concorrencial para o produto intermedio:

I Quantidade

Cap. max da divislo-f orn.

Fig.1 I - Mercado perfeito para o produto interrnedio usando custos padrBo totais para preGo de transferdncia

A linha PE representa a procura externa do produto intermedio e coincide

com o rendimento marginal obtido pela divisao-fornecedora caso venda para o

exterior; a linha FC representa o rendimento marginal obtido pela divisao-

-fornecedora caso venda para a organizagao; a linha BC representa o

rendimento liquid0 marginal da divisao-receptora (rendimento marginal da

divisao-cliente deduzido do custo marginal de conversao); a linha AD representa

o custo marginal da divisao-fornecedora (e da organizagao).

Do ponto de vista da divisao-cornpradora, existem duas situagdes

possiveis, consoante a organizagao possui ou n%o capacidade para satisfazer a

totalidade das suas necessidades. No primeiro caso, a definigio de um preco de

transfergncia igual ao custo total, traduz-se numa press30 para a extensao da

produg80 da divisao-compradora (C) relativamente ao desejavel do ponto de

vista da divisao (P), uma vez que o seu custo marginal e inferior ao da situag30

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em que esta tivesse que se abastecer no mercado. Caso a organiza@o n i o

abastep totalmente a divisio, esta tendera a produzir ao nivel optimo, mas o

seu resultado divisional apresentar-se-a empolado artificialmente.

Do ponto de vista da divisio-fornecedora ha duas possibilidades: falta de

capacidade (economicamente rentavel) para satisfazer o cliente interno,

situaMo em que tendera a produzir menos (F) do que seria desejavel para a

organiza@o (D); ou excess0 de capacidade (economicamente rentavel)

s i t ua~ io em que a p rodu~ io e a optima, mas em que o resultado da divisio e inferior ao que seria obtido caso a venda tivesse sido externa, originando um mal-estar relativo ao cliente interno.

No caso de ausgncia de mercado concorrencial, viu-se em 4.3.5.2 que,

do ponto.de vista da organiza$io, o preGo que optimiza a tomada de decisio

devera ser igual ao custo marginal da divisio-fornecedora para o nivel de

p rodu~ io que iguala os rendimentos e custos marginais da organiza$io. Este

valor tendera a ser inferior ao custo total, pelo que induz uma diminui~io da

extensio da produ$%o da divisio-cliente, e mal-estar na divisao-fornecedora.

6.4.6 Juro calculado

0 juro imputado por esta organiza~io e calculado tendo com base os

activos correntes liquidos medios (activos correntes subtraidos dos passivos

correntes, n i o incluindo os creditos e debitos de elementos da companhia nem

os fundos liquidos), usando os valores de fecho do m6s. A taxa de juro utilizada

e a taxa de juro a que a companhia local consegue financiamentos.

0 objectivo principal e melhorar a gestao dos activos correntes,

sobrecarregando a contribui@o con1 o custo financeiro da manuten~ao do

capital circulante.

Como se viu em 4.3.7, en1 termos teoricos, n i o e aconselhavel o uso de

uma taxa unica de custo de capital; no caso desta organiza~%o, o custo do

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Avaliacao do desempenho em orqanizac6es corn estrutura divisional Rui Laaoa

capital varia consoante a companhia do grupo, niio sendo fixa, e reflectindo o

risco de incumprimento da companhia. No entanto, para as cornpanhias formadas por diversas divisdes (caso de Portugal), esse custo reflecte a pondera@o dos riscos das diversas divisdes, funcionando como taxa Ijnica.

A demonstra~ao da contribui@o teria mais interesse se inclukse uma parcela contendo os custos financeiros do imobilizado, situa@o em que a

contribui@o apos juro constituiria uma forma de rendimento residual. Na forma apresentada, a organiza~30 esta a penalizar arbitrariamente a utiliza~ao de

activos correntes com o objectivo provavel de induzir determinadas formas de comportamento.

6.5 Medidas de avaliaciio do desempenho

0 sistema de inforrna~iio de gestiio pretende avaliar a rentabilidade

(capacidade para gerar ganhos satisfatorios), a capacidade de manter uma adequada liguidez e a capacidade de obter urn retorno aceitavel para os activos

utilizados. Para tal, a CIBA-GEIGY utiliza como rnedidas, respectivamente, a contribui~a"~ apds juro, o "cash flow" e o "return on net assets".

6.5.1 Contribuicio apos juros

Como se pode ver em 6.4.1.1, a demonstra~iio da contribui@o divisional

apresenta algumas diferen~as quando comparada com a demonstra~io de

resultados proposta em 4.2. Assim, verifica-se que:

- Na"o ha compensaqdes relativas as transferencias entre divisrdes - se bem que se possa argumentar que a divisio-compradora pode recorrer ao mercado, niio existe essa possibilidade de escolha para a divis3o-fornecedora; por outro lado, a contabiliza~iio das

transferencias a urn preGo igual ao custo total n3o e equivalente a uma contabiliza~Zio a preGos de mercado (as implica~bes desta

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Avaliaclo do desem~enho em orqanizacBes com estrutura divisional Rui Laqoa

forma de defini@o dos precos de transferencia nas decisdes tomadas pelos gestores divisionais foram tratadas em 6.4.5) - a

divisgo-cliente vera a sua contribui@o marginal aumentada a custa

da dirninui@o da contribuiqio marginal da divisao-fornecedora. Tal

produz uma falta de interesse da divisi30-fornecedora em transferir

internamente os seus produtos.

- NZio se isolam os encargos nZio controldveis pela gestor divisbnal- responsabiliza-se o responsavel da divisao por elementos n5o

controlaveis por ele. Assim, este formato permite a avalia@o do

desemper~ho econornico da divisao, mas e discutivel a sua

utilidade para a avalia@o do gestor divisional.

- A base de cdlculo do juro sZio os activos correntes liquidos - existe uma penaliza~ao da utiliza@o dos activos correntes liquidos,

comparativamente com a utiliza@o de outros activos.

6.5.2 "Cash flow"

0 "cash flow apresenta, a partida, todos os problemas da contribui~i30

apos servi~os, discutidos em 6.5.1 (pois o seu calculo tem genese nessa

grandeza).

Na analise feita em 4.2 nao se considerou a elabora$%o de uma

demonstra~io de "cash flow" pois partiu-se do piincipio de que as medidas de

desempenho nao deverso ser afectadas pelos metodos de financiamento (ver

4.3.1). A utiliza~iio sem reservas desta forma de avalia~ao (ver 6.4.1.2) induz o

nZio investimento (ou mesmo o desinvestimento).

Urn dos objectivos da organiza$%o e que cada divisgo seja auto-suficiente em termos de "cash flow". A imposi~iio deste objectivo as divisdes retira sentido

a analise de "portfolio" da gestao global, colocando-a ao nivel da gestio

divisional: nesta situa@o, as divisdes sZio induzidas a terem um comportamento

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Avaliaceo do desern~enho em orqanizacties corn estrutura divisional Rui Laaoa

de cornparltlias independentes, perdendo-se eventuais sinergias entre divisdes,

e n i o se tirando partido das oportunidades. Esta situa@o s6 e ultrapassada

corn a interven@o da gest%o de topo, perturbadora da autonomia divisional.

6.5.3 "Return on net assets"

0 "return on net assets" e calculado pela razio entre a contribui@o apos

servi~os e o investimento (activos fixos a valor contabilistico, acrescidos de

activos correntes liquidos). Esta medida tarr~bem pode ser obtida pela

multiplica~io de um indice de rentabilidade (contribui~io apos servi~os dividido

pelas vendas) pela rota@o do investimento (vendas divididas pelo

investiniento).

Como se viu em 4.4.1, a ut i l iza~io de taxas de retorno de investimentos

em centros de investimentos n i o induz a tomada de decisdes coerentes com o

"net present value", conduzindo a desinvestimentos. Neste caso especifico,

esse perigo e reduzido devido ao caracter comercial da organiza~%o portuguesa

(com niveis de investimento baixos).

Nesta forma de avalia~%o, verifica-se uma n%o d is t in~ io entre retorno

controlavel pelo gestor divisional e retorno n%o controlavel; por outro lado,

verifica-se mais uma vez, a existencia de unia penaliza@o no uso de activos

correntes, procedendo-se a avalia~Bo simultinea da eficiencia operacional e da

eficiencia no financiamento dos activos liquidos.

Em conclusZio, o sistenia de avaliaqiio da CIBA-GEIGY utiliza medidas

que se aproximam do rendimento residual (contribui~Zio apos juro) e da taxa de

retorno no investimento ("RONA).

0 s pontos em que existe divergencia corn a nossa opiniZio permitem

compreender as op~des feita pela gestio de topo, relativamente aos objectivos

da avalia~Bo: prefere-se valorizar as componentes avalia~Zio economica e

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indugo de comportamentos nos gestores, sobre a componente avaliaHo do

gestor divisional.

Em especial, observa-se ainda uma grande preocupago com a liquidez

da organizago: considerando-se que os investimentos em activos fixos t6m pouca liquidez (e provavelmente por a decisao de investimento ter sido tomada pela gestao de topo), procura-se induzir comportamentos nos gestores, penalizando a utiliza@o de fundos em activos correntes (dependente parcialmente do gestor divisional).

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Avaliaclo do desernpenho em oraanizacaes corn estrutura divisional Rui Laaoa

7 Conclusdes

Foi proposto na Introdu$%o analisar o sistema de avalia$%o do

desempenho de orgarliza~des com estrutura divisional.

0 interesse do estudo do sistema de ava l ia~ io deste tipo estrutural

advem do grau de autonomia geralmente presente, que releva a importancia do

sistema de avalia$%o como elemento orientador do comportamento do gestor

divisional.

Para o estudo do sistema de avaliaC%o, procedeu-se a uma introdu~%o de

conceitos gerais (ver 2): organiza$%o, objectivos orgal-~izacionais e estrutura

organizacional. Pela sua analise, e patente a n%o existhncia de uma defini~%o

de organiza~io e de objectivos organizacionais aceite na generalidade. Existem

diferentes perspectivas que reflectem melhor certas frac~des duma organizaq%o.

Considerando a gest%o de top0 como o elemento detentor do poder de

avaliaC%o, e compreensivel que esta crie o sistema de avaliaq%o a imagem dos

seus objectivos - justifica-se assim as influencias da "perspectiva rational" uma

vez que esta permite um melhor controlo sobre o comportamento divisional

(ainda que indirecto).

As divisdes apresentam portanto uma situa~%o especial: formalmente s%o

autonomas (devido a determinantes que conduzem a organiza~ao a adop~ao

deste tip0 estrutural - ver 3) mas a gest%o de top0 pretende que elas funcionem

com base nos seus objectivos organizacionais. A forma que tem sido utilizada

para se conseguir este desiderato, tem consistido numa afina~%o tecnocratica

dos elementos de controlo (discutida em 4).

Esta forma tem as limita~des correspondentes ao conceito organizacional

em que se baseia; o reconhecimento da inadapta~io deste conceito devera

conduzir a sistemas de ava l ia~ io alternativos (introduzidos em 5), em que se

considerarao os interesses e objectivos de outros sub-grupos (para alem da

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AvaliacBo do desempenho em oraanizacihs com estrutura divisional Rui Laqoa

gestiio de topo). Parece-nos, no entanto, que a eventual adop@o pratica de sistemas alternativos de avalia@o (e n%o unicamente em termos formais),

passara por uma interiorizaHo por parte da gestiio de topo, de que essa altera@o Ihe possibilitara a obten@o dos seus objectivos, constituindo uma forma mais flexivel de controlo.

Esta abordagem teorica foi complementada com a analise de um ljnico

exemplo, tendo-se verificado que, de facto, os objectivos da gest%o de top0 influenciam fortemente o sistema de avalia@o. Assim, atraves do discurso da gestao de topo, foi possivel identificar as influencias em termos de filosofias de

organiza@o e objectivos organizacionais tendo-se analisado o grau de aperfei~oamento do sistema de avalia@o. Adicionalmente, foi possivel verificar

a tradu@o, em termos de um sistema de avalia@o, das op~bes da gestao de topo.

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Avaliacao do desempenho em orqanizacdes com estrutura divisional Rui Laqoa

Lista de fiquras e tabelas

Figura 1 - 0 s cinco elementos basicos de uma organiza@o

Figura 2 - Estrutura simples

Figura 3 - Burocracia mecanicista

Figura 4 - Burocracia profissional

Figura 5 - Adocracia

Figura 6 - Estrutura divisional

Figura 7 - Mercado perfeito para o produto intermedio

Figura 8 - Mercado perfeito para o produto intermedio com custos de comercializa@o

Figura 9 - Estrutura da CIBA-GEIGY

Figura 10 - Estrutura da CIBA-GEIGY em Portugal

Figura 11 - Mercado perfeito para o produto intermedio usando custos padrso totais para preGo de transferencia

Tabela 1 - Medidas utilizadas para avalia~30 do desempenho p. 63.

Tabela 2 - Alternativas de tratamento do balan~o social p. 77.

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Avaliaciio do desempenho em orqanizac6es com estrutura divisional Rui Laqoa

Nomenclatura

d(. . .) - diferencial total da expressao entre parentesis

I - taxa de remuneraHo do capital

MAX(. . .) - maximiza@o da expressao entre parentesis

n - nljmero maximo de periodos

NPV - valor actualizado liquid0

Q - quantidade, nivel de p rodu~ io

RI - rendimento residual

ROI - taxa de retorno do investimento

RONA - taxa de retorno dos activos (activos fixos + activos

correntes l iquidos)

t - tempo

variavel - valor da variavel para o instante de tempo j t =j

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