AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ESCALA NO ESTUDO …‡ÃO... · para una determinada altura del cuerpo de...

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Dissertação de Mestrado AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ESCALA NO ESTUDO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE UM ESTÉRIL DE MINÉRIO DE FERRO AUTOR: CHRIST JESUS BARRIGA PARIA ORIENTADOR: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP OURO PRETO – ABRIL DE 2015

Transcript of AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ESCALA NO ESTUDO …‡ÃO... · para una determinada altura del cuerpo de...

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    Dissertao de Mestrado

    AVALIAO DO EFEITO DE ESCALA NO

    ESTUDO DA RESISTNCIA AO CISALHAMENTO

    DE UM ESTRIL DE MINRIO DE FERRO

    AUTOR: CHRIST JESUS BARRIGA PARIA

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOTECNIA DA UFOP

    OURO PRETO ABRIL DE 2015

  • Catalogao: www.sisbin.ufop.br

    P231a Paria, Christ Jesus Barriga. Avaliao do efeito de escala no estudo da resistncia ao cisalhamento deum estril de minrio de ferro [manuscrito] / Christ Jesus Barriga Paria. -2015. 131f.: il.: grafs; tabs.

    Orientador: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima.

    Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola deMinas. Ncleo de Geotecnia-NUGEO. rea de Concentrao: Geotecnia de Minerao.

    1. Resistncia ao cisalhamento. 2. Materiais granulados. 3. Ferro - Minas eminerao. I. Lima, Hernani Mota de. II. Universidade Federal de Ouro Preto.III. Titulo.

    CDU: 624.13

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    AVALIAO DO EFEITO DE ESCALA NO ESTUDO DA RESISTNCIA AO

    CISALHAMENTO DE UM ESTRIL DE MINRIO DE FERRO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Geotecnia do Ncleo de Geotecnia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Geotecnia.

    Esta dissertao foi apresentada em sesso pblica e aprovada em 13 de Abril de

    2015, pela Banca Examinadora composta pelos membros:

    Prof. Dr. Hernani Mota de Lima (Orientador /UFOP)

    Prof. Dr. Jos Aurlio Medeiros da Luz (Membro - UFOP)

    Prof. Dr. Terezinha de Jesus Espsito Barbosa (Membro - UFMG)

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    Aos meus pais, com amor, admirao e gratido

    por seu carinho, compreenso, e incansvel apoio

    ao longo do perodo de elaborao deste trabalho.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela proteo e presena constante em minha vida.

    A minha grande me Genoveva, aos meus queridos pais Ofelia e Jorge, e a minha irm

    Alejandra, quem sempre me demonstraram seu amor, compreenso, incentivo e apoio.

    A Universidade Federal de Ouro Preto UFOP, Escola de Minas e ao Ncleo de

    Geotecnia pela oportunidade de me desenvolver profissional e pessoalmente.

    Ao Prof. Hernani Mota de Lima, pela orientao deste trabalho, pelo incentivo e sempre

    amigo, pelas contribuies e pelo apoio incondicional ao longo da elaborao desta

    dissertao.

    Ao Prof. Eleonardo Lucas Pereira, pela coorientao, pela amizade, pelos ensinamentos

    oportunos, pela cordialidade e simpatia demonstradas, pela acessibilidade em esclarecer

    as minhas dvidas.

    A todos os professores do Programa de Ps-graduao em Geotecnia da Universidade

    Federal de Ouro Preto UFOP, pelo conhecimento adquirido em especial aos pilares

    Prof. Romero Csar Gomes, Prof. Frederico Garcia Sobreira e o Prof. Rodrigo Peluci de

    Figueiredo.

    Aos meus colegas e amigos de mestrado, pela amizade e agradvel convivncia, em

    especial ao Leonardo, Rodrigo e Ivan por aqueles momentos memorveis depois das

    aulas.

    A minha me preta, Iraci, quem sempre me mostrou sua amizade e preocupao do meu

    bem-estar em todo momento na minha estadia em Ouro Preto.

    Aos meus amigos da secretaria, Jussara, Viviane e Rafael, pela amizade, colaborao e

    torcida.

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    Aos meus amigos conquistados aqui em Ouro Preto, com aqueles que formamos a

    Repblica do Peru e com outros as Naes Unidas, quem facilitaram e alegraram a

    minha estadia.

    Ao Laboratrio de Tratamento de Minrios do Departamento de Engenharia de Minas, e

    ao meu orientador por providenciar o apoio tcnico e uso de materiais em todo

    momento.

    Ao Laboratrio de Propriedades Interfaciais do Departamento de Engenharia de Minas,

    e Coordenadora Prof. Rosa Malena Fernades Lima, pela autorizao do uso do

    equipamento necessrio.

    Ao Laboratrio de Geoqumica Ambiental do Departamento de Engenharia Geolgica,

    e ao Coordenador Prof. Hermnio Arias Nalini, por disponibilizar os recursos para a

    anlise qumica necessria para este trabalho.

    FAPEMIG, pelo financiamento deste trabalho.

    A todos que contriburam diretamente ou indiretamente na realizao deste trabalho.

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    Voc nunca sabe que resultados viro da sua ao.

    Mas se voc no fizer nada, no existiro resultados.

    Mahatma Gandhi

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    RESUMO

    Pilhas de estril em minerao so formadas pela disposio de material estril,

    conforme a norma, para garantir a estabilidade em longo prazo. Geralmente, na fase de

    projeto os parmetros de resistncia obtidos em laboratrio correspondem a faixas

    granulomtricas diferentes daquelas do estril disposto nas pilhas. Portanto, faz-se

    necessrio determinar o efeito de escala granulomtrica nos parmetros de resistncia.

    O objetivo principal desta dissertao estudar o comportamento do estril em funo

    do efeito de escala granulomtrica e aferir as variaes nas suas propriedades

    geotcnicas. Durante o programa experimental foram utilizadas amostras obtidas a

    partir de ensaios de caracterizao fsica adequados s normas vigentes. A metodologia

    adotada baseou-se no comportamento de um estril submetido ao cisalhamento direto e

    sua relao com os parmetros de resistncia obtidos para vrias faixas granulomtricas.

    Com base nesta investigao foram obtidas correlaes da granulometria com uma

    compacidade relativa emprica, que ressaltam a influncia destes parmetros no valor do

    ngulo de atrito deste estril. A concordncia e a reprodutibilidade dos resultados para

    as amostras com granulometrias variadas, comprovam e aferem a qualidade das

    moldagens propostas e realizadas. No obstante, evidente que uma reavaliao do

    dimetro mximo dos gros a ser utilizado para uma determinada altura do CP

    necessrio, o efeito do tamanho do gro durante o cisalhamento foi observado, cujas

    amostras apresentaram expansibilidade durante o cisalhamento. O efeito de escala na

    determinao do ngulo de atrito do estril foi evidente, a dependncia entre a

    granulometria das amostras de estril e a resistncia ao cisalhamento do estril foi

    percebida pela tendncia do decrscimo do ngulo de atrito com a reduo do dimetro

    das suas partculas. Ressalta-se que para pilhas dimensionadas a partir de ensaios

    realizados com granulometrias reduzidas quando comparadas quelas presentes em

    campo o projeto caminha no sentido da segurana, pois se projetam estruturas baseadas

    em parmetros conservadores. No obstante, a avaliao do efeito de escala pode

    colaborar para minimizao das reas de disposio e, assim, em impactos ambientais

    consideravelmente menores.

    Palavras-chave: Resistncia ao Cisalhamento, Estril de Minerao, Granulometria.

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    ABSTRACT

    Waste rock dumps in a mining, are constructed by the disposal of waste rock material,

    as the standard to ensure, especially, the stability of the pile in the long term. Generally,

    in the design phase the strength parameters obtained in the laboratory correspond to

    different particle sizes of those sterile disposed. Therefore, it is necessary to determine

    the effect of particle size range in strength parameters. The main objective of this

    dissertation is to study the waste rock behavior as a function of particle size scale effect

    and measure the variations in their geotechnical properties. In implementing the

    experimental program samples were used obtained from physical characterization tests

    appropriate to current standards. The methodology adopted was based on the behavior

    of a waste rock sample subjected to direct shear and its relation to the strength

    parameters obtained for various particle sizes. Based on this research were obtained

    from particle size correlations with relative compactness known empirically that

    highlight the influence of these parameters on the value of the friction angle of the

    waste rock. The execution of shear tests for determining the resistance parameters,

    showed a consistent tool when applied to granular waste rock. The agreement and the

    reproducibility of the results for the different specimen with different grain sizes attest

    and certify the quality of impressions and proposals made. However, it is clear that a

    revaluation of the maximum grain diameter to be used for a given height of the

    specimen is required, the effect of grain size during the shear was observed, whose

    specimen showed expansion during shearing. The scale effect in determining the waste

    rock friction angle was evident the dependence between particle size of the waste rock

    specimen and waste rock shear resistance was realized by decreasing the tendency of

    the friction angle with the reduced diameter of its particles. It is noteworthy that for

    waste rock dumps designed considering reduced particle size compared to those

    particles in the field present the project moves towards safety because protrude in

    conservative parameters based structures. However, the scale effect evaluation can

    contribute to the minimization of disposal sites and, therefore, in significantly less

    environmental impact.

    Keywords: Shear Strength, Mine waste rock, Particle size.

  • ix

    RESUMEN

    Los botaderos de desmonte en minera, son formados por la disposicin de material estril, de acuerdo a norma para garantir la estabilidad a largo plazo. En general, en la etapa de planeamiento los parmetros de resistencia obtenidos en laboratorio corresponden a rangos granulomtricos diferentes al material estril dispuesto en los depsitos. Por lo tanto, es necesario determinar el efecto escala granulomtrica en los parmetros de resistencia. El objetivo principal de esta disertacin es estudiar el comportamiento del estril en funcin del efecto escala granulomtrica y corroborar las variaciones en las propiedades geotcnicas. Durante el programa experimental fue utilizado muestras obtenidas a partir de ensayos de caracterizacin fsica de acuerdo a las normas vigentes. La metodologa adoptada esta sustentada en el comportamiento del estril bajo cizallamiento y su relacin con los parmetros de resistencia obtenidos para varios rangos granulomtricos. Con este sustento en esta investigacin fueron obtenidas correlaciones de la granulometria con una compacidad relativa conocida empricamente, destacando la influencia de estos parmetros en el valor del ngulo de friccin de este estril. La ejecucin de los ensayos de cizallamiento, para la determinacin de los parmetros de resistencia de los estriles mostro ser una herramienta consistente, cuando es aplicada en estriles granulares. La concordancia y la reproductibilidad de los resultados para las diferentes muestras, con granulometras variadas, certifican y comprueban la calidad de las molduras propuestas y formuladas. Por otro lado, es evidente que una nueva evaluacin del dimetro mximo de los granos a ser utilizado para una determinada altura del cuerpo de prueba es necesaria, el efecto del tamao de los granos durante el cizallamiento fue observado, cuyas muestras presentaron expansibilidad durante el cizallamiento. El efecto escala en la determinacin del ngulo de friccin del estril fue evidente, la dependencia entre la granulometra de las muestras de estril y la resistencia al cizallamiento del estril fue observada por la tendencia de la disminucin del ngulo de friccin con la reduccin del dimetro de sus partculas. Se resalta que para los depsitos dimensionados a partir de los ensayos realizados con granulometras reducidas, cuando son comparadas con las ofrecidas en campo, el proyecto sigue la direccin de seguridad, pues se proyectan estructuras basadas en parmetros conservadores. Sin embargo, la evaluacin del efecto escala puede contribuir para minimizar las reas de disposicin y, consecuentemente, en los impactos ambientales significativamente menores. Palabras clave: Resistencia al Cizallamiento, Estril de Mina, Granulometria.

  • x

    SUMRIO

    AGRADECIMENTOS ............................................................................................... iv RESUMO .................................................................................................................. vii ABSTRACT ............................................................................................................. viii RESUMEN ................................................................................................................. ix SUMRIO ................................................................................................................... x LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. xiii LISTA DE TABELAS.............................................................................................. xvi LISTA DE ABREVIATURA E NOMENCLATURAS ......................................... xvii LISTA DE SMBOLOS ......................................................................................... xviii

    CAPTULO 1 .............................................................................................................. 1

    INTRODUO .................................................................................................................................... 1 1.1 CONTEXTO GERAL ............................................................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAO ........................................................................................... 3 1.3 ESTRUTURA E ORGANIZAO DA DISSERTAO ......................................................... 4

    CAPTULO 2 .............................................................................................................. 6

    PILHAS DE ESTRIL ......................................................................................................................... 6 2.1 INTRODUO ........................................................................................................................ 6 2.2 ASPECTOS GEOLGICOS DO QUADRILTERO FERRFERO DE MINAS GERAIS ........ 6 2.3 ESTREIS DE MINRIO DE FERRO DO QUADRILTERO FERRFERO DE MINAS GERAIS .......................................................................................................................................... 10 2.4 ASPECTOS GERAIS DE UMA PILHA DE ESTRIL ........................................................... 11

    2.4.1 Planejamento ............................................................................................................ 11 2.4.2 Construo de Pilha de Estril ................................................................................... 13

    Preparao da Fundao .......................................................................................................... 13 Controle da gua Superficial .................................................................................................. 14 Operao da Pilha ................................................................................................................... 15 Interao entre Projeto e Construo ....................................................................................... 16

    2.4.3 Classificao de Pilhas de Estril ............................................................................... 17 Geral ...................................................................................................................................... 17 Configurao da pilha ............................................................................................................. 18 Inclinao do talude de fundao e grau de confinamento ........................................................ 19 Tipo de fundao .................................................................................................................... 19 Qualidade do material da pilha ................................................................................................ 19

  • xi

    Mtodo de construo ............................................................................................................. 19 Condies Hidrogeolgicas ..................................................................................................... 20 Taxa de Disposio ................................................................................................................. 20 Sismicidade ............................................................................................................................ 20

    2.4.4 Fechamento de Pilhas de Estril ................................................................................ 21 2.5 METODOLOGIAS DE DISPOSIO E CO-DISPOSIO DE ESTRIL ............................ 21

    2.5.1 Disposio de Pilhas de Estril ............................................................................................ 22 Pilha executada pelo Mtodo Ascendente ................................................................................ 22 Pilha executada pelo Mtodo Descendente .............................................................................. 24

    2.5.2 Co-Disposio de Pilhas de Estril ...................................................................................... 26

    CAPTULO 3 ............................................................................................................ 27

    COMPORTAMENTO DOS SOLOS GRANULARES ...................................................................... 27 3.1 INTRODUO ...................................................................................................................... 27 3.2 RESISTNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS GRANULARES ................................. 28

    3.2.1 Critrios de Ruptura de Critrio de Ruptura Mohr-Coulomb....................................... 32 3.3 FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO DOS SOLOS GRANULARES ... 34

    3.3.1 Caractersticas dos Gros em Termos de Distribuio Granulomtrica........................ 35 3.3.2 Caractersticas dos Gros em Termos de Distribuio Granulomtrica........................ 36

    Dimetro efetivo ( ) ........................................................................................................... 37 Coeficiente de uniformidade ( ) ........................................................................................... 37 Coeficiente de curvatura ( ) .................................................................................................. 37

    3.3.3 ndice de Vazios, Compacidade e Arranjo Estrutural .................................................. 39 3.3.4 Ensaios de Cisalhamento Direto ................................................................................ 44

    Ensaio Convencional de Cisalhamento .................................................................................... 45 Equipamento Clssico ............................................................................................................. 45 Velocidade de Cisalhamento dos Corpos de Prova ................................................................... 47

    CAPTULO 4 ............................................................................................................ 50

    PROGRAMA EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 50 4.1 INTRODUO ...................................................................................................................... 50 4.2 AMOSTRAGEM DO ESTRIL DE MINRIO DE FERRO ................................................... 51

    4.2.1 Caracterizao do Estril da Pilha de Estril da Mina em estudo................................. 51 4.2.2 Processo de obteno e preparao das amostras ........................................................ 52

    Obteno das amostras ............................................................................................................ 53 Preparao das amostras.......................................................................................................... 54

    4.3 CARACTERIZAO QUMICA DO ESTRIL .................................................................... 55 4.3.1 Anlise Qumica........................................................................................................ 56

  • xii

    4.4 CARACTERIZAO GEOTCNICA DAS AMOSTRAS DE ESTRIL ............................... 59 4.4.1 Cominuio da amostra de estril, identificao e construo das curvas granulomtricas .... 59 4.4.2 Determinao da massa especfica dos gros .............................................................. 65 4.4.3 Determinao dos ndices de vazios limites................................................................ 66

    4.6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA A DETERMINAO DOSPARMETROS DE RESISTNCIA AO CISALHAMENTO DO ESTRIL .................................................................... 68

    4.6.1 Equipamento de cisalhamento direto automatizado convencional ............................... 69 4.6.2 Equipamento de cisalhamento direto automatizado de grande porte ............................ 70

    4.6 DETERMINAO DOS PARMETROS DE RESISTNCIA AO CISALHAMENTO DO ESTRIL ......................................................................................................................................... 72

    4.6.1 Preparao dos Corpos de Prova ................................................................................ 72 Areia seca Geral ................................................................................................................... 72 Areia seca Densa .................................................................................................................. 73 Areia seca Fofa .................................................................................................................... 73 Areia seca Densidade mdia ................................................................................................. 73 Areia Saturada ........................................................................................................................ 74

    4.6.2 Determinao da velocidade de cisalhamento dos corpos de prova ............................. 74 4.6.3 Curvas obtidas nos ensaios de cisalhamento direto ..................................................... 75

    CAPTULO 5 ............................................................................................................ 83

    ANLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 83 5.1 INTRODUO ...................................................................................................................... 83 5.2 CARACTERIZAO DO ESTRIL DE MINRIO DE FERRO ........................................... 84

    5.2.1 Granulometria ........................................................................................................... 84 5.2.2 ndice de Vazios ........................................................................................................ 85

    5.3 PARMETROS DE RESISTNCIA DO ESTRIL DE MINRIO DE FERRO ..................... 86 5.3.1 ngulo de atrito efetivo (') ....................................................................................... 86 5.3.2 Relao entre Granulometria e ngulo de Atrito ........................................................ 91

    Influncia da escala nos parmetros de resistncia ao cisalhamento .......................................... 91 Relao entre tamanhos dos gros e ngulo de atrito ................................................................ 94

    CAPTULO 6 .......................................................................................................... 102

    CONCLUSES E SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS ................................................. 102 6.1 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................ 102 6.2 CONCLUSES .................................................................................................................... 103 6.3 SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS ..................................................................... 104

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 106

  • xiii

    LISTA DE FIGURAS

    CAPTULO 2 .............................................................................................................. 6

    PILHAS DE ESTRIL ......................................................................................................................... 6

    Figura 2.1: Mapa Geolgico do Quadriltero Ferrfero (ALKMIN & MARSHAK, 1998, modificado de

    DORR, 1969). ........................................................................................................................................ 8

    Figura 2.2: Coluna Estratigrfica do Quadriltero Ferrfero (modificado de ALKMIN & MARSHAK,

    1998)...................................................................................................................................................... 9

    Figura 2.3: Progresso executivo de uma pilha de estril (PETRONILHO, 2010) .................................... 13

    Figura 2.4: Tipos de pilhas de estril (BCMWRPRC, 1991) .................................................................. 18

    Figura 2.5: Construo de uma pilha de estril pelo mtodo ascendente (FREITAS, 2004) ..................... 22

    Figura 2.6: Retaludamento da face do banco em conformao ao projeto geotcnico da Pilha (FREITAS,

    2004).................................................................................................................................................... 23

    Figura 2.7: Construo de uma pilha de estril pelo mtodo descendente (FREITAS, 2004) ................... 24

    Figura 2.8: Tcnica de empilhamento por stacker .................................................................................. 25

    CAPTULO 3 ............................................................................................................ 27

    COMPORTAMENTO DOS SOLOS GRANULARES ...................................................................... 27

    Figura 3.1: Componente da resistncia ao cisalhamento de solos granulares (modificado de ROWE,

    1962).................................................................................................................................................... 30

    Figura 3.2: Envoltria de Mohr-Coulomb em termos de tenses efetivas (LAMBE & WHITMAN, 1969)

    ............................................................................................................................................................ 32

    Figura 3.3: Envoltria de Mohr-Coulomb para mistura areia-pedregulho (HOLTZ e GIBBS, 1956 citado

    por LAMBE &WHITMAN, 1969). ....................................................................................................... 33

    Figura 3.4: Aproximaes lineares envoltria curva de Mohr, com a aproximao de duas linhas e com

    a aproximao de uma linha (LAMBE & WHITMAN, 1969). ............................................................... 34

    Figura 3.5: Definio de D , D e D (DAS, 2007). .......................................................................... 37

    Figura 3.6: Diferentes tipos de curvas de distribuio granulomtrica (DAS, 2007)................................ 38

    Figura 3.7: Variao de e e e (para areia de Nevada 50/80) com porcentagem de finos no-

    plsticos. (Reproduzido de LADE et al., 1988 citado por DAS, 2007) .................................................... 40

    Figura 3.8: Curvas tpicas de tenso-deformao para areias fofas e compactas. ..................................... 42

    Figura 3.9: Equipamento tpico de Cisalhamento Direto para amostras de 60 x 60 mm ou 100 x 100 mm

    ............................................................................................................................................................ 46

    Figura 3.10: Arranjo do Equipamento Convencional 60 milmetros com controle de deslocamento

    (HEAD, 1994) ...................................................................................................................................... 46

    Figura 3.11: Variao do adensamento com a raiz quadrada do tempo (HEAD, 1994) ............................ 48

    Figura 3.12: Variao do adensamento e consolidao completa (HEAD, 1994) .................................... 49

  • xiv

    CAPTULO 4 ............................................................................................................ 50

    PROGRAMA EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 50

    Figura 4.1: Vista de uma pilha de estril do Quadriltero Ferrfero de Minas Gerais............................... 54

    Figura 4.2: Quarteador mecnico para obteno das amostras representativas do estril ......................... 55

    Figura 4.3: Espectrmetro de Emisso ptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP OES) marca

    Spectro Ciros modelo CCD do Laboratrio de Geoqumica Ambiental do Departamento de Geologia da

    UFOP ................................................................................................................................................... 57

    Figura 4.4: Representao esquemtica dos componentes do Espectrofotmetro de Emisso ptica com

    Plasma Acoplado Indutivamente ........................................................................................................... 58

    Figura 4.5: Curva granulomtrica do estril obtido em campo ............................................................... 60

    Figura 4.6: Vista do britador de mandbulas .......................................................................................... 61

    Figura 4.7: Vista do britador de rolos .................................................................................................... 61

    Figura 4.8: Vista do moinho com carga de bolas ................................................................................... 62

    Figura 4.9: Curvas granulomtricas das amostras de estril estruturadas artificialmente ......................... 63

    Figura 4.10: Curva de calibrao do tempo mnimo de vibrao ............................................................ 67

    Figura 4.11: Detalhes do equipamento de cisalhamento direto convencional compacto .......................... 69

    Figura 4.12: Vista do equipamento de cisalhamento direto convencional compacto ................................ 70

    Figura 4.13: Vista do equipamento de cisalhamento direto de grande porte automatizado....................... 71

    Figura 4.14: Curva tenso cisalhante versus desloc. horizontal (EMF-00) -CSC-GP 150kN ................... 76

    Figura 4.15: Curva desloc. vertical versus desloc. horizontal (EMF-00) - CSC-GP 150kN ..................... 76

    Figura 4.16: Curva tenso cisalhante versus desloc. horizontal (EMF-01) - CSC-GP 150KN.................. 77

    Figura 4.17: Curva desloc. vertical versus desloc. horizontal (EMF-01)- CSC-GP 150kN ...................... 77

    Figura 4.18: Curva tenso cisalhante versus desloc. horizontal (EMF-02)- CSC-GP 150kN ................... 78

    Figura 4.19: Curva desloc. vertical versus desloc. horizontal (EMF-02)- CSC-GP 150kN ...................... 78

    Figura 4.20: Curva tenso cisalhante versus desloc. horizontal (EMF-03)- CSC-GP 150kN ................... 79

    Figura 4.21: Curva desloc. vertical versus desloc. horizontal (EMF-03)- CSC-GP 150kN ...................... 79

    Figura 4.22: Curva tenso cisalhante versus desloc. horizontal (EMF-01) -CSC-1000 ............................ 80

    Figura 4.23: Curva desloc. vertical versus desloc. horizontal (EMF-01) - CSC-1000 .............................. 80

    Figura 4.24: Curva tenso cisalhante versus desloc. horizontal (EMF-02) - CSC-1000 ........................... 81

    Figura 4.25: Curva desloc. vertical versus desloc. horizontal (EMF-02) - CSC-1000 .............................. 81

    Figura 4.26: Curva tenso cisalhante versus desloc. horizontal (EMF-03) - CSC-1000 ........................... 82

    Figura 4.27: Curva desloc. vertical versus desloc. horizontal (EMF-03) - CSC-1000 .............................. 82

  • xv

    CAPTULO 5 ............................................................................................................ 83

    ANLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 83

    Figura 5.1: Curva Tenso cisalhante versus tenso normal (EFM-00) CSC-GP 150kN ........................... 88

    Figura 5.2: Curva Tenso cisalhante versus tenso normal (EFM-01) (a) CSC-GP 150kN e (b) CSC-1000

    ............................................................................................................................................................ 88

    Figura 5.3: Curva Tenso cisalhante versus tenso normal (EFM-02) (a) CSC-GP 150kN e (b) CSC-1000

    ............................................................................................................................................................ 89

    Figura 5.4: Curva Tenso cisalhante versus tenso normal (EFM-03) (a) CSC-GP 150kN e (b) CSC-1000

    ............................................................................................................................................................ 89

    Figura 5.5 (a): Correlao entre D10 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-GP 150kN............ 95

    Figura 5.5 (b): Correlao entre D10 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-1000 .................... 95

    Figura 5.6 (a): Correlao entre D30 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-GP 150kN............ 96

    Figura 5.6 (b): Correlao entre D30 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-1000 .................... 96

    Figura 5.7 (a): Correlao entre D50 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-GP 150kN............ 97

    Figura 5.7 (b): Correlao entre D50 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-1000 .................... 97

    Figura 5.8 (a): Correlao entre D60 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-GP 150kN............ 98

    Figura 5.8 (b): Correlao entre D60 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-1000 .................... 98

    Figura 5.9 (a): Correlao entre D90 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-GP 150kN............ 99

    Figura 5.9 (b): Correlao entre D90 e o ngulo de atrito das quatro amostras CSC-1000 .................... 99

    Figura 5.10: (a) Estado flutuante: matriz de partculas finas; (b) Estado no-flutuante: partculas finas

    ocupando vazios das partculas grossas ............................................................................................... 100

  • xvi

    LISTA DE TABELAS

    CAPTULO 3 ............................................................................................................ 27

    COMPORTAMENTO DOS SOLOS GRANULARES ...................................................................... 27

    Tabela 3.1: Descrio Qualitativa de Depsitos de Solo Granular .......................................................... 41

    CAPTULO 4 ............................................................................................................ 50

    PROGRAMA EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 50 Tabela 4.1: Composio Qumica do Estril Analisado.......................................................................... 58

    Tabela 4.2: Percentagens mximas de impurezas na avaliao da qualidade do minrio de ferro. ............ 59

    Tabela 4.3: Distribuio granulomtrica conforme a ABNT .................................................................. 64

    Tabela 4.4: Distribuio granulomtrica conforme a ASTM. ................................................................. 64

    Tabela 4.5: Valores da massa especfica dos gros (s) das amostras de estril ....................................... 66

    Tabela 4.6: ndices de vazios mximo e mnimo das amostras de estril ................................................ 68

    Tabela 4.7: Dados obtidos para o clculo da velocidade de cisalhamento ............................................... 75

    CAPTULO 5 ............................................................................................................ 83

    ANLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 83

    Tabela 5.1: Resumo das Caractersticas Granulomtricas das Amostras ................................................. 84

    Tabela 5.2: Relao dos ndices de Vazios com a Compacidade ............................................................ 86

    Tabela 5.3: Massas especficas secas de cada amostra para CR = 50% ................................................... 86

    Tabela 5.4: Valores de ngulo de atrito efetivo (') ................................................................................ 90

    Tabela 5.5: Valores de ngulos de atrito para gros de quartzo Terzaghi e Peck (1967), citado por Head

    (1994) .................................................................................................................................................. 90

    Tabela 5.6: Valores tpicos de ' para Solos Secos No Coesivos Lambe e Whitman (1979), citado por

    Head (1994) ......................................................................................................................................... 90

    Tabela 5.7: Dimetros mximos dos gros utilizados nos modelos CSC-GP 150kN e CSC-1000 ............ 93

  • xvii

    LISTA DE ABREVIATURAS E NOMENCLATURAS

    AASHTO American association of state highway and transportation officials

    ABNT Associao brasileira de normas tcnicas

    Al2O3 xido de alumnio

    ASTM American society for testing and materials

    BC British columbia

    BCWPRC British columbia mine waste rock pile research committee

    BIF Banded iron formations

    CaO xido de Clcio

    CCD Charge coupled device

    CID Charge injection device

    CP Corpo de prova

    CR Compacidade relativa

    CRM Certificate reference material

    CSC-1000 Cisalhamento servo controlado convencional

    CSC-GP-150 kN Cisalhamento servo controlado de grande porte

    DNPM Departamento nacional de produo mineral

    Fe Ferro

    ICP OES Inductively coupled plasma optical emission spectrometry

    MEV Microscopia Eletrnica de Varredura

    MgO xido de magnsio

    MnO xido de mangans

    NBR Norma brasileira registrada

    NRM Normas reguladoras de minerao

    P Fsforo

    P2O5 Pentxido de fsforo

    PMT Photomultipliers

    QF Quadriltero ferrfero

    QFMG Quadriltero ferrfero de Minas Gerais

    S Enxofre

    SiO2 Dixido de silcio

    TiO2 Dixido de titnio

  • xviii

    LISTA DE SMBOLOS

    c' Coeso efetiva

    Coeficiente de consolidao

    Coeficiente de curvatura

    Coeficiente de uniformidade

    CR Compacidade relativa

    cm Centmetro

    cm Centmetro quadrado

    cm3 Centmetro cbico

    D10 Dimetro equivalente para o qual passa 10% do material obtido da curva

    granulomtrica (dimetro efetivo)

    D30 Dimetro equivalente para o qual passa 30% do material obtido da curva

    granulomtrica D50 Dimetro equivalente para o qual passa 50% do material obtido da curva

    granulomtrica (dimetro mdio)

    D60 Dimetro equivalente para o qual passa 60% do material obtido da curva

    granulomtrica

    D90 Dimetro equivalente para o qual passa 90% do material obtido da curva

    granulomtrica

    ndice de vazios

    ndice de vazios mximo

    ndice de vazios mnimo

    ndice de vazios terico

    Fc Teor de finos (frao menor que 0,075 mm)

    g Gramas

    H Espessura

    H Altura maior

    h Altura menor

    h Hora

    ID ndice de densidade

    K Kelvin

    km2 Quilmetro quadrado

    kN Quilonewton

  • xix

    kPa Quilopascal

    m Metro

    m2 Metro quadrado

    m3 Metro cbico

    m/s Metro cbico por segundo

    Mg Megagramas

    min Minuto

    mm Milmetro

    mm/min Milmetro por minutos

    Ms Massa da areia necessria para encher o molde

    nm Nanmetro

    Pc Frao do tamanho da argila (

  • xx

    d ngulo de atrito global

    dr ngulo de atrito devido reorientao de partculas

    resid ngulo de atrito residual

    u ngulo de atrito entre partculas

    Deformao

    Tenso normal

  • 1

    CAPTULO 1

    INTRODUO

    1.1 CONTEXTO GERAL

    Os depsitos controlados de estril ou comumente chamados de pilhas de estril, em

    uma mina, so formados pela disposio de material estril, removido na operao de

    lavra, para extrao do minrio. Segundo a NBR 13029 (ABNT, 2006), estril todo e

    qualquer material no aproveitvel economicamente, cuja remoo se torna necessria

    para a lavra do minrio. Em geral, a relao entre os volumes de estril gerados e

    minrio denominado de relao estril/minrio, nomenclatura comumente utilizada

    pela indstria mineradora.

    Ao contrrio do minrio, que extrado e conduzido ao devido tratamento, o estril

    segue outra rota e precisa ser descartado corretamente para garantir condies aceitveis

    de segurana e meio ambiente. Isso significa que o estril gerado deve ser disposto em

    pilhas, em local apropriado e gerar, em longo-prazo, o menor risco segurana e sade

    da populao e o menor impacto ambiental possvel. No Brasil, a disposio de estril

    em minerao normatizada segundo a NBR 13029 (ABNT, 2006).

    O tipo de pilha depende principalmente da caracterizao do estril a ser armazenado.

    Experincias acumuladas ao longo dos anos geralmente conduzem a adequada gesto da

    disposio de estril de mina, cujas principais preocupaes consistem na garantia da

    segurana e proteo ao meio ambiente. Juntamente com estas, so associadas as

    variveis custo e caractersticas do estril.

  • 2

    Durante o planejamento de lavra, inclusive com o conhecimento antecipado da relao

    estril/minrio econmico e global, bem como no sequenciamento de lavra, deve-se

    projetar a capacidade das pilhas para que a mina possa garantir as opes seguras de

    disposio final, todos os quais devem ser aprovados pelos estudos de impacto

    ambiental da operao de mina pelas autoridades competentes. Este planejamento inclui

    a caracterizao do estril e a concepo do modelo de pilha a ser adotado para o

    armazenamento destes materiais. Estas pilhas so especialmente preparadas com

    camadas de argila compactada para gerar confinamento impermevel do material

    depositado, evitando, por exemplo, processos de lixiviao ocasionados pela ao da

    gua ao longo do tempo. Desta maneira, alm das avaliaes de estabilidade da pilha,

    tradicionalmente abordadas nos projetos, so garantidos tambm estudos associados aos

    impactos ambientais e sociais do material disposto.

    A concepo das pilhas de estril deve levar em conta tambm os custos, tanto de

    armazenagem dos resduos, mas principalmente aqueles associados ao transporte.

    Devem ser includos, por exemplo, estudos relacionados distncia de transporte do

    estril originado na frente de lavra at a pilha, considerando a distncia mais curta

    possvel para minimizar os custos de transporte de materiais. Alm disso, as etapas de

    construo devem possuir uma configurao geotcnica estvel para suportar provveis

    deslizamentos e condies extremas previsveis de exposio ambiental. necessrio

    tomar medidas adequadas para evitar, se possvel, o contato com a gua e fluxos de

    gua que podem comprometer a estabilidade fsica ou qumica do estril ao longo do

    tempo. Portanto, torna-se fundamental assegurar que a construo da pilha de estril

    satisfaa as especificaes de projeto aprovados pela autoridade competente, porque a

    maioria das causas de insucesso destes depsitos so geralmente relacionados a desvios

    durante a construo da mesma, como falta de controle da qualidade durante a

    construo da mesma. Indiretamente, vo ao encontro reduo de custos, visto que

    para remediar aquelas aes erradas necessrio muitas vezes dispor de recursos muito

    maiores do que no projeto inicial.

    A gesto de estreis deve, e o processo construtivo geralmente permite, incluir critrios

    de fechamento parcial desde a fase de projeto, para que se tenha uma recuperao

  • 3

    progressiva, de forma a incluir os custos dessa recuperao nos custos operacionais da

    mina. Do ponto de vista do fechamento, os elementos a serem controlados so,

    essencialmente, a estabilidade fsica dos taludes dos bancos e da pilha como um todo, a

    estabilidade geoqumica, com especial ateno gerao de drenagem cida de mina, as

    estruturas de drenagem de guas superficiais e o impacto visual da configurao da

    pilha.

    A concepo, construo, operao e encerramento de pilhas de estril requerem o uso

    de tecnologias que garantam, principalmente, a estabilidade em longo prazo. Entretanto,

    na fase de projeto os parmetros de resistncia obtidos em laboratrio correspondem a

    faixas granulomtricas diferentes daquelas do estril disposto nas pilhas. Portanto, faz-

    se necessrio determinar o efeito de escala granulomtrica nos parmetros de

    resistncia.

    Particularmente para o estudo da estabilidade destas pilhas, em especial pilhas

    localizadas no Quadriltero Ferrfero em Minas Gerais, tornam-se necessrias as

    anlises e abordagens especficas sobre o comportamento geotcnico dos estreis,

    tomando referncia a distribuio granulomtrica, a mineralogia dos materiais estreis,

    e a influncia do efeito de escala granulomtrica na determinao dos parmetros de

    resistncia.

    1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAO

    O objetivo principal desta dissertao estudar o comportamento do estril em funo

    do efeito de escala granulomtrica e aferir as variaes nas suas propriedades

    geotcnicas. Assim, foram realizados ensaios para avaliar a influncia do tamanho dos

    gros, associando o consecutivo efeito nos parmetros de resistncia do estril. Deste

    modo, na execuo do programa experimental foram utilizadas amostras obtidas a partir

    de ensaios de caracterizao fsica adequados s normas vigentes, com vistas a avaliar o

    comportamento do estril em funo da granulometria.

  • 4

    A presente dissertao procurou estabelecer uma sistemtica geral de anlise, com a

    implementao da metodologia de variao da granulometria para avaliao das

    propriedades geotcnicas associadas, em especial, aos parmetros de resistncia de

    estreis de mineiro de ferro do Quadriltero Ferrfero de Minas Gerais.

    A metodologia baseada no comportamento de um estril submetido ao cisalhamento

    direto e sua relao com os parmetros de resistncia obtidos para vrias faixas

    granulomtricas. A presente dissertao procura contribuir com futuros projetos de

    pilhas de estril no estabelecimento de critrios de projeto e de segurana, dada a

    impossibilidade atual de ensaiar os diversos materiais estreis na granulometria que,

    geralmente, so dispostos nas pilhas.

    1.3 ESTRUTURA E ORGANIZAO DA DISSERTAO

    O trabalho est estruturado em seis captulos, sendo o primeiro captulo introdutrio,

    destacando as consideraes gerais associadas construo de uma pilha de estril em

    minas de minrio de ferro. Este captulo apresenta ainda os objetivos pretendidos pela

    dissertao com base no estudo do comportamento geotcnico de um estril oriundo do

    Quadriltero Ferrfero de Minas Gerais.

    O segundo captulo compreende uma reviso bibliogrfica sobre os principais assuntos

    envolvidos na pesquisa. Dentre os assuntos, destacam-se algumas referncias geolgicas

    da rea de estudo e a correlao com os estreis. Alm disso, so mostrados os tpicos

    essenciais de projeto de depsitos controlados de estril ou comumente chamados de

    pilhas de estril, com as metodologias normalmente aplicadas para disposio destes

    resduos da indstria de minerao. Este captulo complementado com a apresentao

    das metodologias de disposio de estril em pilhas, em conformidade com as Normas

    Reguladoras para a Disposio de Estril, Rejeitos e Produtos, NBR 13029 (ABNT,

    2006).

  • 5

    O terceiro captulo descreve basicamente o comportamento os materiais granulares a

    partir da anlise do comportamento de solos arenosos. Este tipo de abordagem objetiva

    mostrar os princpios de resistncia ao cisalhamento dos solos granulares e os fatores

    que podem induzir na sua relevncia. Referncias sobre o comportamento dos solos

    granulares so essenciais para uma melhor compreenso das particularidades do

    material estril e sustentao das anlises propostas.

    No quarto captulo exposto o esquema do trabalho em laboratrio, apresentando os

    resultados dos ensaios realizados de acordo com os procedimentos normativos da

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas, para a caracterizao fsica do estril, onde

    se objetivou a obteno das amostras nas diferentes granulomtricas mantendo sempre a

    conformao da curva granulomtrica original. Ademais, so apresentados os resultados

    dos ensaios de caracterizao qumica, alm dos resultados associados aos parmetros

    de resistncia das amostras do estril.

    No quinto captulo se desenvolve a anlise dos resultados obtidos no capitulo

    precedente. A partir dos resultados obtidos para as diferentes faixas granulomtricas e

    respectivos parmetros geotcnicos, se investigou a influncia da escala nos parmetros

    de resistncia ao cisalhamento e a relao entre os tamanhos dos gros e ngulo de

    atrito.

    Finalmente, o sexto captulo apresenta as concluses gerais deste trabalho, algumas

    sugestes e recomendaes para as prximas pesquisas. Essa dissertao encerra-se com

    a lista de referncias bibliogrficas.

  • 6

    CAPTULO 2

    PILHAS DE ESTRIL

    Neste captulo, apresentam-se os principais tpicos de projeto para depsitos

    controlados de estril ou, como comumente chamados, pilhas de estril, bem como as

    metodologias comumente utilizadas para disposio destes materiais, de acordo com as

    especificaes vigentes e recomendaes tcnicas.

    2.1 INTRODUO

    Pilhas de estril so estruturas formadas na mina pela disposio do estril,

    necessariamente, removido de uma cava para liberao/extrao do minrio. Estril de

    mina algo que se gostaria de evitar a manipulao, pois um item de custo. Como um

    item de custo significativo, exige gesto e planejamento. Se a remoo, transporte e

    disposio do material estril de uma mina no forem tratados de forma responsvel

    pode gerar impactos de ordem econmica, ambiental e social. Portanto, no

    planejamento de uma mina, pilhas de estril devem ser tratadas de forma responsvel,

    segura, econmica e ambientalmente satisfatria (COUZENS, 1985).

    2.2 ASPECTOS GEOLGICOS DO QUADRILTERO FERRFERO DE MINAS GERAIS

    O Quadriltero Ferrfero est situado no limite sul do Crton So Francisco e

    composto basicamente por rochas arqueanas, Supergrupo Rio das Velhas, e

    proterozicas, Supergrupos Minas e Espinhao (DORR, 1969). O minrio de ferro

  • 7

    encontra-se alojado em formaes ferrferas bandadas (Banded Iron Formations -

    BIFs), a maior fonte de ferro, e elas correspondem a rochas peculiares tais como

    itabiritos. A sigla BIF uma terminologia internacionalmente usada para caracterizar

    sedimentos e metassedimentos qumicos do Pr-Cmbrico finamente bandados

    constitudos por alternncia de chert, tipo de rocha composta principalmente de slica,

    ou quartzo e xidos de ferro (JAMES, 1954). A principal fase de formao de grandes

    depsitos de BIF se deu na Era do Paleoproterozico (GROSS, 1980).

    O Quadriltero Ferrfero de Minas Gerais ocupa uma rea aproximada de 7.000 km2 na

    poro central do estado de Minas Gerais e considerado uma das mais importantes

    provncias minerais do Brasil devido as suas jazidas de minrios de ouro, ferro,

    mangans, bauxita e pedras preciosas tais como topzio imperial. O Quadriltero

    Ferrfero apresenta uma longa evoluo geolgica, abarcando unidades

    litoestratigrficas, cujo tempo geolgico prolonga-se desde o Arqueano ao Proterozico

    Superior (SILVA et al., 1994). A figura 3.2 mostra a coluna estratigrfica tpica da

    regio do Quadriltero Ferrfero.

    Os depsitos minerais ferrferos so formados por meio de grandes acumulaes de

    idade pr-cambriana, e so as principais fontes de minrio de ferro no Brasil, tal o

    caso do estado de Minas Gerais (Quadriltero Ferrfero). Os depsitos minerais

    ferrferos podem, ainda, acontecer em pequenas quantidades em muitas rochas gneas e

    metamrficas (SPIER et al., 2006). A Figura 2.1 apresenta o Mapa Geolgico do

    Quadriltero Ferrfero.

    No Quadriltero Ferrfero, os minrios que esto relacionados Formao Cau

    (Supergrupo Minas) so divididos em duas categorias bsicas: minrio hemattico de

    alto grau e minrio itabirtico (DORR, 1965; ROSIRE e CHEMALE Jr., 2001). A

    hematita macia um tipo prprio de minrio de ferro de alto grau que contm

    caractersticas qumicas e fsicas singulares, alto teor em ferro, baixo teor de slica e

    textura macia, que permitem que esse minrio seja usado como granulado (lump ore)

    nos processos de obteno do ferro via reduo direta. A hematita macia pode se

    apresentar na forma macia, laminada ou bandada.

  • 8

    Figura 2.1: Mapa Geolgico do Quadriltero Ferrfero (ALKMIN & MARSHAK, 1998, modificado de DORR, 1969).

    Estas formaes ferrferas suportaram ao longo de sua evoluo geolgica, alm de

    alteraes mineralgicas, fortes modificaes texturais entre as quais o

    desenvolvimento de uma orientao preferencial morfolgica e cristalogrfica de seus

    constituintes minerais que possibilitaram o xido preeminente de ferro, hematita,

    ocorrer sob diferentes formas: hematita macia, hematita especulartica, hematita

    marttica e hematita porosa, todas originadas em diferentes geraes e com clara relao

    com o grau de deformao e metamorfismo. Segundo Rosiri (2003), os depsitos de

    minrio de ferro esto situados no Domnio de Baixa Deformao Oeste do

    Quadriltero Ferrfero, estando muito deles na borda leste do Sinclinal Moeda.

    Segundo Rosire e Chemale (2001), o Grupo Itabira composto um conjunto de

    formaes ferrferas metamrficas de itabiritos, dolomitos ferruginosos e filitos

    hematticos. Esses minrios, denominados itabiritos, podem ser classificados em

    friveis, compactos e semi-compactos. Os Itabiritos Friveis so profundamente

    intemperizados, consistindo de massas moles de xidos de ferro finamente granulados,

  • 9

    predominantemente hematita e martita e, em menor quantidade, limonita/goethita; os

    Itabiritos Compactos so formados de bandas alternadas de magnetita/hematita e

    quartzo, localmente com nveis de especularita; e os Itabiritos Semi-compactos so

    itabiritos levemente intemperizados consistindo de magnetita, martita e hematita,

    intercalados com slica e minerais silicatados.

    Figura 2.2: Coluna Estratigrfica do Quadriltero Ferrfero (modificado de ALKMIN & MARSHAK, 1998)

  • 10

    2.3 ESTREIS DE MINRIO DE FERRO DO QUADRILTERO

    FERRFERO DE MINAS GERAIS

    No Quadriltero Ferrfero de Minas Gerais, a maior parte das minas de minrio de ferro

    pertencem Vale, a maior mineradora do Brasil e a maior produtora de mineiro de ferro

    do mundo. Dentre os materiais lavrados evidenciam-se os itabiritos e hematitas da

    Formao Cau, os quartzitos ferruginosos da Formao Cercadinho, os quartzitos da

    formao Moeda e os dolomitos da Formao Gandarela (SILVA et al., 1994). Nas

    pilhas de estril, so estocados todos os resduos extrados in natura de dentro da cava.

    Em Minas Gerais, o procedimento geralmente praticado consiste no encaminhamento

    do estril lavrado na cava para locais apropriados de disposio. Os estreis,

    geralmente, se dividem em dois tipos: o estril franco e o estril de formao ferrfera.

    Estril franco refere-se ao material escavado que no contm ferro em sua constituio e

    cuja extrao necessria para que a cava possua uma conformao adequada

    produo. Os estreis predominantes so filitos, quartzitos, xistos e dolomitos, formados

    prximos das formaes ferrferas. O segundo tipo se refere ao minrio de ferro que

    possui baixos teores de ferro e/ou altos teores de contaminantes (fsforo, alumina,

    mangans, etc). Este ltimo o que ser reutilizado nos ensaios laboratoriais.

    No passado, o estril removido nos trabalhos de lavra era simplesmente basculado em

    pontas de aterro, formando bota-fora em condies hoje entendidas como precrias.

    Dcadas atrs, iniciou-se a disposio controlada e planejada de pilhas de estril.

    Atualmente, as empresas mineradoras adotam uma boa prtica, planejando suas pilhas

    de forma adequada. Todas as pilhas so planejadas com antecedncia, sendo que os

    projetos so feitos por empresas de consultoria e acompanhados e revisados por uma

    equipe tcnica. Durante sua construo, a pilha monitorada por instrumentao e

    pelos tcnicos. Mesmo aps o fechamento, as pilhas continuam sendo rigorosamente

    vistoriadas.

  • 11

    2.4 ASPECTOS GERAIS DE UMA PILHA DE ESTRIL

    As atividades relacionadas gesto de pilhas de estril envolvem basicamente o

    planejamento, a construo, monitoramento e manuteno e a recuperao das reas

    impactadas pelas pilhas. Tais atividades so desenvolvidas conjuntamente com a

    operao de mina, sendo a geotecnia de grande importncia em todas as etapas, em

    especial a que antecede a construo da pilha.

    2.4.1 Planejamento

    O planejamento de uma pilha de estreis geralmente no to abrangente ou to

    detalhado como o planejamento de lavra. Isso natural, porque o objetivo principal da

    mina produzir o melhor resultado possvel de minrio a ser processado. O

    planejamento de pilhas de estreis ainda tem menor importncia. Uma inadequada

    gesto de pilhas dos estreis pode significar a diferena entre lucro e prejuzo

    (COUZENS, 1985).

    Cada pilha de estril nica em material que a constitui, local de disposio e projeto

    visto que condies especficas podem ditar um nmero significativo de investigaes

    geotcnicas e condicionantes de projeto. Comumente, as investigaes especficas para

    disposio de estril no so realizadas durante a fase inicial de abertura de uma mina,

    mas informaes bsicas coletadas na fase de explorao, como topografia, geologia,

    hidrologia, clima e outros podem ser avaliadas e utilizadas na fase de planejamento

    (EATON et al., 2005 citado por ARAGO, 2008).

    Segundo Welsh (1985), a aquisio de informaes detalhadas sobre os lugares

    possveis para disposio do estril de forma a obter um reconhecimento prvio de

    dados referentes geologia, topografia, vegetao, hidrologia, clima e possveis

    informaes arqueolgicas, como tambm projetos de interesse ou publicaes

    importantes com dados e imagens significativos, so etapas compreendidas na fase de

    pr-viabilidade. Ademais, tambm so definidos os dados bsicos sobre a disposio do

  • 12

    estril, como a origem, a quantidade, o tipo do material, e os mtodos sugeridos para

    manejo e disposio.

    A escolha do lugar para construo de uma pilha de estril deve ser criteriosa e objetiva,

    e deve envolver algumas consideraes de ordem tcnica, ambiental e econmica. Esses

    fatores devem, em primeiro lugar, ser analisados diferenciadamente, para logo serem

    avaliados em conjunto, a fim de se determinar um lugar, onde os impactos ambientais

    sejam minimizados, e os objetivos econmicos e tcnicos sejam maximizados. Por outro

    lado, esses fatores so inter-relacionados, e a importncia de um depende

    essencialmente da qualidade de estudo que se perfilhou na avaliao dos demais

    (BOHNET, 1985).

    Segundo Eaton et al., (2005) citado por Arago (2008), as ltimas fases do

    planejamento so a fase de viabilidade e o projeto preliminar. Na primeira so

    conduzidos estudos para o projeto preliminar, alm de tratar de questes especficas

    esboadas no estgio anterior, submetidas ao rgo ambiental. Nesta fase, realizam-se

    investigaes de campo para obter uma melhor avaliao das condies do local e sua

    adequabilidade, alm de se determinar as caractersticas do material de fundao

    (resistncia ao cisalhamento, durabilidade, composio qumica) e de materiais que vo

    compor a pilha.

    Planos preliminares para a disposio de estril, avaliaes das condicionantes

    ambientais, impactos potenciais, estratgias de mitigao destes impactos e parmetros

    de projeto para que possa ser submetido avaliao dos rgos competentes, devem

    estar pormenorizados no projeto preliminar, e quando concludo, deve ser apresentado

    ao rgo ambiental para o consentimento da licena. Caso alguns problemas sejam

    observados, a licena no outorgada at que sejam resolvidos mediante apresentao

    de estudos para a complementao do mesmo e passar a seguinte fase.

    Finalmente, a ltima fase de desenvolvimento do projeto executivo consiste no

    detalhamento das caractersticas da pilha, desde suas particularidades geomtricas,

    passando pelo dimensionamento da drenagem interna e superficial at a proteo final

    das bermas e o acabamento paisagstico, conforme destaca a NBR 13029 (ABNT,

  • 13

    2006). A anlise da estabilidade da pilha um ponto determinante e fundamenta-se em

    informaes adquiridas no decorrer dos estudos preliminares. So avaliadas vrias

    hipteses de ruptura para as diversas situaes das pilhas, sob diferentes condies

    hidrogeolgicas. Desde o ponto de vista tcnico, a estabilidade deve ser sempre

    assegurada ao longo de todas das fases de vida de uma pilha de estril.

    2.4.2 Construo de Pilha de Estril

    Depois da fase de planejamento, passa-se para a construo, que deve ser estabelecida

    em ordem criteriosa e sequencial (Figura 2.3), abarcando aspectos tais como a

    preparao da fundao; o controle das guas superficiais e a metodologia construtiva.

    Figura 2.3: Progresso executivo de uma pilha de estril (PETRONILHO, 2010)

    Preparao da Fundao

    As abordagens de fundaes previstas e detalhadas a seguir devem ser efetuadas

    medida em que a pilha seja construda, para que no se exponha toda a rea, no caso de

    ngulos globais muito altos, aos efeitos do desgaste em geral por causa do

    intemperismo:

  • 14

    Supresso da vegetao, com retirada da massa vegetal, sem o procedimento de

    limpeza do solo atravs da retirada dos tocos ou restos de rvores (queimadas ou

    cortadas) destocamento generalizado, ocorrendo tal necessidade somente nos

    espaldares do dreno principal;

    Limpeza de materiais inconsistentes casualmente localizados no fundo do vale,

    como madeiras etc., quando acontecerem abaixo de drenos, com retirada para

    fora da rea ou retidos no interior de zonas resistentes da pilha;

    Limpeza da cobertura vegetal, caso a pilha seja construda numa extenso de

    floresta densa ou mata (ABNT, 2006).

    Segundo Eaton et al., (2005), os drenos de areia e/ou pedregulhos podem se caracterizar

    como uma possibilidade executvel nos casos de reas com nascentes (surgncias

    naturais) ou solos midos, conduzindo as guas para uma valeta ou vala coletora. Os

    drenos de fundo podem se constituir de colches ou valas preenchidas de pedregulhos e,

    no caso de grandes vazes, tubos perfurados podem ser instalados no ncleo destes

    objetos de capacidade drenante. De qualquer maneira, os benefcios e a performance dos

    drenos devem ser sempre avaliados, sempre que possvel, monitorados constantemente.

    Controle da gua Superficial

    De acordo com as caractersticas prprias da rea onde se encontra instalada a pilha, o

    sistema de drenagem superficial ocorre por meio de canais perifricos, em sequncia, a

    para interceptao das guas pluviais provenientes das vizinhanas externas da pilha e o

    redirecionamento dessas guas para um sistema extravassor final ao p da pilha.

    Segundo McCarter (1990), as pilhas de estreis geralmente ocupam grandes reas e

    certos cuidados precisam ser estabelecidos no sentido do controle da gua superficial. A

    gua superficial deve ser conduzida de modo a impedir a saturao dos taludes

    descobertos, de forma a evitar seriamente o desenvolvimento de superfcie fretica

    dentro da pilha, para preservar a estrutura contra a perda de finos por piping (fenmeno

    que acontece quando a presena do lenol fretico interceptada pela vooroca,

  • 15

    induzindo ao aparecimento de surgncias de gua), alm de minimizar eroses

    superficiais que, em estgios avanados, podem mobilizar ou induzir mecanismos de

    ruptura ao longo das superfcies dos taludes.

    A gua superficial que se origina da precipitao ou de outras procedncias deve ser

    coletada e direcionada para canais de escoamento ao redor da estrutura, ou conduzida

    por drenagem interna. Desvios da gua superficial so geralmente factveis em pilhas

    construdas em encostas ou em extenses planas, mas dificultoso de serem ajuntados

    no caso de pilhas em vales fechados e curtos e aterros que cruzam vales extensos. A

    plataforma de disposio da pilha deve ter um caimento de 1 a 2%, a partir da sua crista,

    de maneira a direcionar a gua coletada para uma valeta situada na parte posterior da

    plataforma. O dreno de fundo de enrocamento uma alternativa vivel e econmica

    frente a canais de desvios de superfcie, que so construes caras e de difcil

    manuteno. Os drenos de fundo de enrocamento so geralmente aceitveis, no caso de

    fluxo de at 20 m/s (EATON et al., 2005).

    Operao da Pilha

    A disposio do estril deve ser realizada com maior relevncia ao longo do

    comprimento da crista, de modo a fazer desta a mais longa possvel, minimizando a taxa

    de elevao do aterro, o que beneficia a estabilidade. Um bom planejamento da

    disposio do estril deve aproveitar todas as condies presentes do lugar. No

    desenvolvimento de uma pilha, a disposio deve ser feita em vrios setores, no sendo

    concentrada em um nico local (BCWPRC, 1991).

    As restries de operao devem ser cumpridas nas fases de construo da pilha. O

    desempenho da pilha deve ser controlado mediante constantes monitoramentos visuais e

    por meio de instrumentos. Em caso de eventuais irregularidades, medidas preventivas

    devem ser tomadas, incluindo-se a prpria suspenso de disposio, reduo na taxa de

    disposio ou lanamento de camadas de material de granulometria grosseira

    selecionado (EATON et al., 2005).

  • 16

    Materiais rochosos mais grosseiros devem ser dispostos em ravinas e gargantas, no leito

    de cursos da gua bem definidos e diretamente sobre terrenos ngremes. Isto aumenta a

    resistncia ao cisalhamento do contato e permite uma melhor drenagem de fundo. Os

    materiais de pouca qualidade, moles e finos, devem ser dispostos fora de reas de

    escoamento superficial. Outra maneira de trabalhar com os materiais de qualidade ruim

    coloc-los em clulas de uma maneira arranjada, tendo como objetivo no gerar uma

    zona favorvel de ruptura (BCWPRC, 1991).

    Nos lugares onde a estabilidade da pilha mais difcil de ser prevista, a disposio

    inicial deve ser realizada experimentalmente, de forma que possa se conferir as

    hipteses do projeto. Fatores como as poropresses e as suas taxas de dissipao so

    mais difceis de ser previstos, com base unicamente em ensaios de laboratrio. Assim,

    instrumentaes para mensurao de poropresses devem ser instaladas em fundaes

    em situao complicada, de modo a possibilitar a preparao de um modelo de

    desenvolvimento que reproduza as medidas de campo.

    Os objetivos de longo prazo devem ser bem ministrados no projeto da reabilitao da

    pilha de forma a garantir, de certo modo, uma reduo dos custos, um aumento da

    estabilidade de curto prazo (na construo) e diminuir os problemas operacionais. O

    projeto da reabilitao deve ter objetivos que garantam a estabilidade e o controle de

    eroses em longo prazo, de tal modo que a gua liberada pela pilha ao meio ambiente

    local seja de uma qualidade admissvel e que tornem possvel um uso futuro apropriado

    para as reas afetadas pelas pilhas (BOHNET e KUNZE, 1990).

    Interao entre Projeto e Construo

    A fase de construo sempre subordinada fase anterior de planejamento. No entanto,

    eventos no previstos podem ocorrer e devem ser documentados. importante ter uma

    informao precisa de todas as caractersticas, para um bom desenvolvimento do

    processo construtivo; mas neste processo obtm-se outras informaes mais

    aprofundadas que ajudam a melhorar o planejamento, as quais devem ser corretamente

  • 17

    registradas e guardadas. O projeto de uma pilha precisa sempre de uma auditoria

    peridica pela equipe tcnica qualificada da prpria mineradora e melhor ainda se forem

    conjuntamente com auditores externos.

    2.4.3 Classificao de Pilhas de Estril

    Geral

    Em geral, um sistema de classificao disponibiliza representaes e caracterizaes

    bsicas das pilhas de estreis como, por exemplo, o seu tipo e a forma de disposio do

    estril numa determinada ordem. Essas informaes facilitam a comunicao e o

    entendimento entre profissionais interessados nas fases de projeto e construo.

    Alm disso, as descries frequentemente fornecem uma previso sobre o

    comportamento interno da pilha (poropresses, nvel de gua, etc.) e previnem sobre

    reas de riscos potenciais, com o intuito de serem investigados, minimizados ou

    excludos o mais cedo possvel. Existem vrios esquemas, propostos na literatura, de

    classificao de pilhas de estril quanto aos seus tipos, os quais se baseiam nos aspectos

    referentes s caractersticas gerais da fundao e da configurao das pilhas (ARAGO,

    2008).

    Uma publicao do governo canadense intitulada Mined Rock and Overburden Piles

    (BCMWRPRC, 1991) considera que os fatores para avaliar as pilhas de estreis

    segundo o seu potencial de estabilidade, so a configurao da pilha, a inclinao do

    talude de fundao e o grau de confinamento, o tipo de fundao, a qualidade do

    material da pilha, o mtodo construtivo empregado, as condies hidrogeolgicas, a

    taxa de disposio e a sismicidade.

    Os tipos de pilhas classificados conforme o BC Mine Waste Rock Pile Research

    Committee so destacados na Figura 2.4 (BCMWRPRC, 1991).

  • 18

    Figura 2.4: Tipos de pilhas de estril (BCMWRPRC, 1991)

    Configurao da pilha

    A estabilidade tem uma dependncia direta com a geometria e dimenses da pilha. A

    altura da pilha, por exemplo, tem relao com carga que ser exercida sobre um

    determinado terreno de fundao. As configuraes principais so a altura, o volume e a

    inclinao geral do talude.

  • 19

    Inclinao do talude de fundao e grau de confinamento

    Um cenrio mais apropriado a formao cncava dos taludes em vale fechado

    (confinamento 3D); no caso contrrio seria uma formao convexa dos taludes de

    fundao como no caso de aterros de crista mostrados na Figura 2.4.

    Tipo de fundao

    Na estabilidade geral da pilha este fator de grande importncia e a causa mais

    frequente de ruptura. Nesse caso, categorizam-se as fundaes em competentes

    (resistncia igual ou maior pilha), intermedirias (resistncia entre competente e fraca)

    e fracas (capacidade de suporte limitada).

    Qualidade do material da pilha

    Outros fatores importantes na estabilidade da pilha so as caractersticas prprias do

    material da pilha, como textura, resistncia ao cisalhamento e durabilidade. Os materiais

    mais favorveis so aqueles constitudos por materiais grosseiros, de rocha dura e

    durvel, com pouco ou nenhum fino. Materiais de capeamento ou rocha muito

    intemperizada com grande percentagem de finos so menos favorveis.

    Mtodo de construo

    O mtodo construtivo tambm est diretamente relacionado com a estabilidade, sendo o

    mais favorvel o mtodo ascendente (empilhamento ascendente) em formas de bermas,

    e, no caso contrrio, o mtodo descendente em talude nico (denominado de bota-fora).

    A construo em que se d preferncia para a expanso da pilha na direo das curvas

  • 20

    de nvel (para o lado, na direo do vale) favorece mais a estabilidade do que

    perpendicular a elas (para baixo).

    Condies Hidrogeolgicas

    A gua sempre um fator desfavorvel estabilidade, conhecendo-se que a gua pode

    entrar no aterro, seja por infiltrao direta, gua superficial, ou como percolao

    subterrnea. Uma situao de desenvolvimento da linha fretica dentro da pilha ser

    sempre uma condio adversa.

    Taxa de Disposio

    Altas taxas de elevao da pilha podem dar origem a um excesso de poropresses,

    favorecendo para a instabilidade do arranjo estrutural, alm de tornar difcil o

    adensamento do material.

    Sismicidade

    Embora a Amrica do Sul forme uma placa continental que em contato com a Placa de

    Nazca ocasionam os terremotos, o movimento ssmico no Brasil geralmente baixo,

    mas os eventos causados por desmonte de rocha, que provocam vibraes, deve ser um

    fator a ser considerado.

  • 21

    2.4.4 Fechamento de Pilhas de Estril

    Como um componente ou uma estrutura de uma mina, o fechamento de pilhas de estril

    tratado no fechamento de mina. O fechamento de pilhas de estril, dado sua forma

    construtiva por mtodos ascendente, permite que as operaes de recuperao

    progressiva sejam empregadas concomitantemente com a construo da pilha nos

    bancos inferiores dessa. Portanto, atividades como rebatimento do talude dos bancos,

    para um ngulo de talude final, revegetao e instalao de sistemas de drenagem

    superficial devem ser implementadas logo aps a finalizao do banco. Tais atividades

    permitem alm da incluso das despesas de recuperao no custo operacional da mina,

    uma reduo no carreamento de sedimentos para a bacia de captao, reduo de

    rupturas localizadas no talude do banco e, consequentemente, menor custo de

    manuteno. Detalhes do fechamento de mina e das etapas envolvidas so descritos por

    Flres e Lima (2012).

    2.5 METODOLOGIAS DE DISPOSIO E CO-DISPOSIO DE

    ESTRIL

    As condies atuais de requerimentos legais e de gesto corporativa de muitas empresas

    estabelecem que um sistema de disposio ou co-disposio de estril seja entendido

    como uma estrutura projetada e implantada para acumular materiais de forma segura,

    econmica e ambientalmente satisfatria. A disposio e/ou co-disposio de estreis,

    em carter temporrio ou definitivo, devem ser colocadas de modo planejado e

    controlado para garantir suas condies de estabilidade.

    No documento NRM19 (DNPM, 2001) so estipulados os principais critrios e

    premissas que regulam a construo de uma pilha de estril, assegurando sua adequada

    implantao, controle operacional e futura desativao (fechamento). Em pilhas de

    estril, aos custos de disposio acrescentam-se os de cuidado da cobertura vegetal, de

    drenagem, de transporte do estril, de reteno de finos gerados por carreamento de

  • 22

    slidos durante e aps a formao da pilha, de manuteno e conservao ao longo da

    vida da pilha. A disposio de estril feita de modo normal e habitual por meio de

    camadas espessas, formando uma sucesso de plataformas de lanamento espaadas a

    intervalos de 10 m ou mais de altura. Assegura-se a estabilidade da pilha por meio do

    controle da largura e do comprimento das plataformas, bem como do espaamento

    vertical entre elas. Entre as plataformas deixam-se bermas, sendo a funo principal de

    acesso, como estrutura auxiliar na drenagem superficial e controle de eroso e de

    suavizao do talude geral da pilha. Fundamentalmente, uma pilha de estril

    construda pelos mtodos descendente ou ascendente (EATON et al., 2005).

    2.5.1 Disposio de Pilhas de Estril

    Pilha executada pelo Mtodo Ascendente

    mtodo recomendvel para a construo de uma pilha de estril, uma vez que o

    comportamento geotcnico da estrutura pode ser bem acompanhado e controlado ao

    longo dos alteamentos sucessivos. Pode dar-se de duas formas por camadas ou por

    bancadas conforme demonstrado na Figura 2.5.

    Figura 2.5: Construo de uma pilha de estril pelo mtodo ascendente (FREITAS, 2004)

  • 23

    Resumidamente, a metodologia construtiva pode ser definida de acordo com as

    seguintes fases:

    Execuo de jusante para montante, em direo s cabeceiras da bacia de

    drenagem, a partir de um enrocamento de p;

    Transporte de material por meio de caminhes ou motoraspadores

    (motoscrapers) e lanamento do estril sobre a plataforma de trabalho, de

    maneira a conformar pilhas de pequena altura (tipicamente entre 2,0 e 3,0m);

    Espalhamento do material feito por trator de esteira (camadas entre 1,0 e 1,5m

    de espessura), com compactao induzida pelo prprio trfego dos veculos;

    Formao de bancadas e bermas pelo mtodo ascendente (entre 10,0 e 15,0m de

    altura) e retaludamento posterior com trator de esteira, sendo a camada

    superficial regularizada e estabilizada por compactao final (Figura 2.6);

    Implantao de dispositivos de drenagem e de proteo superficial dos taludes

    concludos.

    Figura 2.6: Retaludamento da face do banco em conformao ao projeto geotcnico da Pilha (FREITAS, 2004).

    Este mtodo apresenta uma grande contribuio segurana da estrutura, uma vez que

    qualquer ruptura ter de passar pelo banco anterior, que tambm atua como apoio para o

    p do talude do banco superior e fornece certo confinamento para os solos de fundao.

    Outro ponto positivo que o p de cada banco suportado em uma superfcie plana

    (berma) superior (Eaton et al., 2005 citado por Arago, 2008).

  • 24

    Com relao aos processos utilizados nas minas para remoo e disposio do estril,

    estes tendem a gerar ambientes favorveis para a predominncia de sistemas

    heterogneos de escoamento pelo macio da pilha, devido grande variabilidade das

    propriedades fsicas dos estreis. Tal fato pode ser reforado, ainda mais, caso o mtodo

    de disposio utilizado seja o mtodo descendente.

    Pilha executada pelo Mtodo Descendente

    Este mtodo era realizado com pouco ou nenhum controle geotcnico, em depsitos de

    ponta de aterro (tipo bota-fora), pelo lanamento e basculamento direto do estril a

    partir da cota mais elevada dos taludes da pilha, construda j na sua altura mxima a

    montante (Figura 2.7). As condies de fundao e os taludes do terreno natural na

    regio do p da pilha so os elementos que, em geral, condicionam a estabilidade da

    pilha.

    Os equipamentos de transporte do estril no assumem a atividade de compactao e os

    taludes evoluem com a dinmica do empilhamento, sem possibilitar, assim,

    procedimentos de cobertura vegetal. Formam estruturas bastante instveis, altamente

    susceptveis a processos erosivos e a escorregamentos generalizados (Figura 2.7).

    Assim, apresentam enormes restries de aplicao prtica, sendo indicadas apenas para

    materiais francamente drenantes (enrocamentos) e/ou em reas confinadas.

    Figura 2.7: Construo de uma pilha de estril pelo mtodo descendente (FREITAS, 2004)

  • 25

    Conforme a NBR 13029 (ABNT, 2006) este mtodo citado no pode ser adotado pela

    indstria de minerao. Um processo alternativo o chamado empilhamento por

    stacker (Figura 2.8), utilizando-se sistemas de correias transportadoras. Este

    equipamento empregado para manuseio de material a granel, mais utilizado para

    empilhamento de minrio, mas que pode ser tambm empregado para sistemas de

    disposio de estreis, por sua versatilidade e velocidades de alteamento.

    Figura 2.8: Tcnica de empilhamento por stacker1

    Esta tcnica apresenta maior velocidade de alteamento que os demais, com uma baixa

    perda de umidade do estril. Por conseguinte, essas elevadas velocidades no permitem

    a dissipao das poropresses da fundao, o que exige maiores estudos e anlises

    quanto sua aplicao. Como no ocorre a presena de equipamentos de transporte e o

    trfego nulo, no apresenta nenhum tipo de compactao, nem mesmo superficial.

    1http://www.takraf.com/en/products/yardequipment/stacker.htm, (Acesso em 11 de Jul. 2014)

  • 26

    2.5.2 Co-Disposio de Pilhas de Estril

    Pilhas de estril em minas de minrio sulfetado podem gerar drenagem cida pois a

    estrutura porosa e a circulao de ar mais a mida favorecem tal processo. Quando se

    trata de rejeito, o risco de liquefao de pilhas e barragens grande visto que tais

    materiais so consolidados e podem permanecer semifluidos e, pela caracterstica

    granulomtrica, podem dificultar a drenagem e, em consequncia a elevao das

    poropresses. Neste sentido, tem sido adotado pela indstria a tcnica da co-disposio

    estril com rejeito. O mtodo de co-disposio tem por finalidade limitar a transferncia

    de oxignio nos vazios do estril em uma pilha e garantira estabilidade fsica e

    geoqumica da pilha formada.

    Segundo Wickland e Wilson (2005), a co-disposio envolve a combinao de estril e

    rejeitos. Existem alguns tipos de co-disposio, que variam em funo do percentual da

    mistura (% de estril / % de rejeito) e mtodo de arranjo, incluindo:

    Disposio compartilhada: rejeitos e estreis no se misturam, mas so dispostos

    em extremidades opostas de uma cava;

    Co-disposio em camadas: estreis e rejeitos so colocados alternadamente em

    camadas;

    Co-disposio por bombeamento: materiais grosseiros e finos so suspensos

    juntos e bombeados para uma barragem; e

    Misturas homogneas, estreis e rejeitos esto intimamente misturados.

    As duas primeiras opes sero heterogneas, e podem, portanto, permitir que o

    material estril permanea no saturado. As condies no saturadas podem permitir o

    fluxo convectivo de oxignio e, portanto, a oxidao pode ocorrer a taxas mais elevadas

    do que para as condies saturadas. Os mtodos de co-disposio por bombeamento e

    misturas homogneas tm o potencial para produzir depsitos saturados que reduzem a

    oxidao e a possibilidade de gerao de drenagem cida (WICKLAND e WILSON,

    2005).

  • 27

    CAPTULO 3

    COMPORTAMENTO DOS SOLOS GRANULARES

    3.1 INTRODUO

    Neste capitulo, so apresentadas algumas caractersticas fundamentais de solos

    granulares que tendem a servir de fundamento para a anlise do comportamento

    geotcnico de estreis. De uma forma geral, materiais estreis podem ser avaliados a

    partir da anlise do comportamento de solos arenosos. Esta aproximao se apia nas

    correspondncias que acontecem nas propriedades destes materiais. A menor

    concentrao de finos plsticos e o efeito da compacidade, em ambos os materiais, tem

    justificado a adoo de tcnicas de avaliao, metodologias de ensaios similares s

    usadas para solos propriamente arenosos.

    Porm, deve ser destacado que alm do estril ter uma similitude com a granulometria

    da areia, o seu comportamento no pode ser estimado exatamente ao mesmo de uma

    areia, devido principalmente s caractersticas mineralgicas que o diferencia e

    presena predominante de partculas de ferro (no caso do rejeito de minrio de ferro

    objeto desse estudo) e outros minerais, fundamentando assim uma anlise mais

    cuidadosa. No entanto, existem trabalhos referentes a solos granulares no coesivos, em

    especial com rejeitos, tal como os mais antigos feitos por Reynolds (1885), Casagrande

    (1940), Taylor (1948), Bishop (1954), Rowe (1962), Lee e Seed (1967), Lambe e

    Whitman (1969), que foram considerados neste captulo.

  • 28

    3.2 RESISTNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

    GRANULARES

    Normalmente os solos granulares consistem de arranjos com formas irregulares

    aleatoriamente formados por partculas de granulometria variada. Assim, os mais

    importantes fatores que influenciam a resistncia ao cisalhamento de uma massa de solo

    granular so o tipo de partcula que forma este solo, o arranjo das partculas e ndice de

    densidade (ID), comumente conhecido como compacidade relativa (CR). O

    comportamento dos solos granulares quando dependente de foras externas regido

    pelas foras individuais e deslocamentos que ocorrem em cada ponto de contato. Sendo

    as tenses transmitidas nos pontos de contato muito grandes, pode-se afirmar que a

    resistncia ao cisalhamento desses solos devida, basicamente, ao componente

    horizontal da fora entre suas partculas. Para mobilizar a resistncia ao cisalhamento

    devem ocorrer deformaes no solo, sendo o movimento referente entre os gros o

    principal agente desta ao. Deste modo, a relao entre resistncia ao cisalhamento e

    movimento relativo das partculas evidente.

    O rolamento e deslizamento entre gros exercem influncia na resistncia ao

    cisalhamento; no primeiro caso, porque os gros podem tambm rolar uns sobre os

    outros, influenciando o contato entre partculas. No segundo, porque os gros podem

    deslizar uns sobre os outros, originando o atrito. Por sua vez, a rugosidade superficial

    das partculas exerce influncia nestes dois fatores.

    Ao longo dos anos, vrias pesquisas buscam investigar a resistncia ao cisalhamento de

    solos granulares e vrias destas investigaes se baseiam na anlise da resistncia

    drenada e no-drenada de areias, sendo analisado a maioria dos fatores que contribuem

    para a resistncia ao cisalhamento de solos granulares, como o efeito da tenso de

    confinamento, do ndice de vazios, etc. (PRESOTTI, 2002).

    Reynolds (1885) chama de dilatncia o efeito da dilatao de um solo granular denso,

    como a areia, durante o cisalhamento. Um solo fofo, por outro lado, comprimido o que

    chamado de contrao. Destaca-se tambm que um solo denso exibe uma resistncia

  • 29

    de fora de contato mais elevada do que quando fofo. Isto significa que a mobilizao

    do ngulo de atrito () consiste em vrios componentes, no apenas do componente da

    fora com