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DANIELA MARQUES NOGUEIRA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS PORTADORES DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA – SIDA/AIDS NO MUNICÍPIO DE CANOAS - RS. Canoas, 2009

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DANIELA MARQUES NOGUEIRA

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS

PORTADORES DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRID A

– SIDA/AIDS NO MUNICÍPIO DE CANOAS - RS.

Canoas, 2009

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DANIELA MARQUES NOGUEIRA

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS

PORTADORES DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRID A

– SIDA/AIDS NO MUNICÍPIO DE CANOAS - RS.

Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora do curso de Nutrição, do Unilasalle - Centro Universitário La Salle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Nutrição.

Orientação: Prof. Ms. Francisco Stefani Amaro

Coorientadora: Profª. Ms. Lívia Trois de Oliveira

Canoas, 2009

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DANIELA MARQUES NOGUEIRA

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS

PORTADORES DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRID A

– SIDA/AIDS NO MUNICÍPIO DE CANOAS - RS.

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Nutrição pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle.

Aprovado pela banca examinadora em 03 de dezembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Ms. Francisco Stefani Amaro Unilasalle

Profª. Carmem Kieling Franco Unilasalle

Maria Eloíza Possebom Gazzo Nutricionista responsável pela Unidade de Programas Especiais

em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas

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Dedico este trabalho a uma pessoa que me inspirou

e cativou pelo amor e dedicação a está profissão.

Profª. Ms. Lívia Trois de Oliveira

A ela que sempre demonstrou todo interesse e

sabedoria para ensinar aos alunos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida.

Agradeço especialmente...

...aos meus pais, Eloir e Vera que sempre me incentivaram demonstrando todo

o amor, carinho e dedicação.

...a minha querida irmã Gabriela pelas palavras amigas, apoio e

companheirismo de sempre.

...ao meu amor André, que sempre esteve ao meu lado nos momentos alegres

e difíceis, ouvindo todas as minhas angústias e me auxiliando durante esta jornada.

...a nutricionista Maria Eloisa Possebom Gazzo que foi a pessoa que me

auxiliou na indicação para realização deste trabalho, bem como todo conhecimento

que me transmitiu durante o estágio de Nutrição em Saúde Pública.

...ao meu orientador Prof. Ms. Francisco Stefani Amaro pelo apoio, paciência,

colaboração e dedicação para realização deste trabalho.

...a minha coorientadora Profª. Ms. Lívia Trois de Oliveira que mesmo distante

me auxiliou na conclusão deste trabalho.

...a minha banca avaliadora, Carmem Kieling Franco e Maria Eloisa Possebom

Gazzo pela disponibilidade em avaliar o meu trabalho.

...e a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para que este trabalho

pudesse ser concluído.

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RESUMO

No Brasil, de 1980 a junho de 2008, foram notificadas 506.499 casos de Acquired

Immune Deficiency Syndrome / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS /

SIDA). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil possui uma

epidemia controlada, com taxa de prevalência de 0,6%. O Portador da AIDS precisa

manter cuidados com a sua saúde, abrangendo alimentação balanceada e higiene

pessoal, pois o vírus HIV afeta as células T-CD4 (células de defesa) propiciando o

aparecimento de infecções oportunistas, o que demonstra a necessidade do

acompanhamento nutricional e antropométrico. O objetivo desta pesquisa foi verificar

a efetividade do Projeto Qualidade de Vida Melhor na melhora do estado nutricional

dos indivíduos portadores da SIDA. O estudo foi do tipo transversal observacional,

sendo o tipo de análise comparativa e descritiva. Foi verificado o peso corporal e a

estatura, aplicação de entrevista para obtenção de dados como: idade, sexo, tempo

de infecção pelo HIV, patologias associadas. Também foi aplicado questionário de

frequência alimentar. Dos 40 pacientes incluídos na pesquisa 60% foram

classificados como eutróficos tanto no momento da adesão ao Programa quanto na

avaliação realizada durante a pesquisa. Percebeu-se que após um período de

acompanhamento no programa houve uma evolução clínica positiva, pois os

pacientes que se encontravam em baixo peso passaram para uma classificação de

eutrofia e aqueles que eram eutróficos passaram a apresentar sobrepeso e

obesidade. Com este trabalho conclui-se que o Programa Qualidade de Vida Melhor

possui um papel importante na evolução de parâmetros antropométricos dos

pacientes, pois contribuiu em alguns casos para modificar o estado nutricional. Outro

aspecto relevante foi a socialização, a melhora na situação socioeconômica, devido

ao auxílio na alimentação através do fornecimento de cesta básica. Foi elaborado

uma sugestão de Protocolo de Atendimento aos pacientes pertencentes ao

Programa que deverá ser aprovado pela Unidade de Programas Especiais em

Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas.

Palavras-chave: HIV, AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - SIDA,

Programas de acompanhamento para soropositivos, IMC em indivíduos HIV / AIDS

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ABSTRACT

In Brazil, 1980 to June 2008 were 506,499 reported cases of Acquired Immune Deficiency

Syndrome. According to the World Health Organization (WHO), Brazil has a controlled

epidemic, with prevalence rate of 0.6%. The holder of AIDS needs to keep care of your

health through sensible eating and personal hygiene, because the HIV virus affects CD4 T-

cells (immune cells) resulting in the onset of opportunistic infections, which demonstrates the

need for nutritional support and anthropometric. The objective this survey was to evaluate

the effectiveness of the Project Quality of Life Better in improving the nutritional status of

individuals with AIDS. The study was a cross-sectional observational, and the type of

comparative analysis and descriptive. It was verified the weight and height, use of interview

to obtain data such as age, sex, duration of HIV infection, associated diseases. It Was also

used food frequency questionnaire. Of the 40 patients included in the survey 60% were

classified as eutropich both at the time of joining the program how much for the evaluation

performed during the search. It was noticed that after a period of monitoring the program

there was a positive clinical evolution, because patients who were underweight to have a

classification of normal weight and those who were normal weight became overweight and

obesity. This study concludes that the Program Quality of Life Better plays an important role

in the evolution of anthropometric parameters of patients, because it contributed in some

cases to modify the nutritional status. Another important issue was socialization, the

improvement in socioeconomic status, because of the food aid through the provision of basic

food basket. It was prepared a suggested treatment protocol for patients in the program to be

approved by the Office of Special Programs in Nutrition from the Municipal Health Secretariat

of Canoas.

Keywords : HIV, AIDS, Acquired Immune Deficiency Syndrome - AIDS, monitoring programs

for HIV, BMI in HIV / AIDS

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 12

2.1 Incidência da AIDS ............................................................................ 12

2.2 Transmissão do vírus (HIV/AIDS) .................................................... 13

2.3 Diagnóstico ........................................................................................ 13

2.4 Estágios da Doença - AIDS .............................................................. 14

2.5 Tratamento ......................................................................................... 14

2.6 Antiretrovirais .................................................................................. 15

2.7 Terapia e efeitos colaterais dos medicamentos ............................ 15

2.8 Lipodistrofia ...................................................................................... 18

2.9 Avaliação nutricional ........................................................................ 18

2.10 Alimentação ....................................................................................... 20

2.11 Tratamento Dietoterápico ................................................................. 21

2.12 Qualidade de Vida ............................................................................. 23

3 OBJETIVOS ........................................................................................ 24

3.1 Objetivo geral .................................................................................... 24

3.2 Objetivos específicos ....................................................................... 24

4 METODOLOGIA................................................................................. 25

4.1 Delineamento do estudo .................................................................. 25

4.2 População e amostra ........................................................................ 25

4.3 Critérios de inclusão e exclusão ..................................................... 26

4.4 Variáveis analisadas ......................................................................... 26

4.4.1 Entrevista............................................................................................ 26

4.4.2 Questionário de frequência alimentar................................................. 27

4.4.3 Dados antropométricos....................................................................... 28

4.4.3.1 Peso.................................................................................................... 28

4.4.3.2 Estatura............................................................................................... 28

4.4.4 Estado nutricional............................................................................... 29

4.4.4.1 Índice de Massa Corporal (IMC) ........................................................ 29

4.5 Análise Estatística ............................................................................ 30

4.6 Considerações Éticas ....................................................................... 30

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................... 31

5.1 Caracterização da população .......................................................... 31

5.2 Antropometria ................................................................................... 32

5.2.1 Índice de Massa Corporal (IMC) ........................................................ 32

5.3 Questionário de Frequência Alimentar (QFA) ................................ 40

6 CONCLUSÃO ..................................................................................... 49

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 51

REFERÊNCIAS.................................................................................. 52

ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................ 57

ANEXO B – Entrevista........................................................................ 58

ANEXO C - Questionário de Frequência Alimentar............................ 59

ANEXO D – Protocolo de atendimento ao Programa Qualidade de

Vida Melhor......................................................................................... 61

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1 INTRODUÇÃO

Conforme Boletim Epidemiológico, de 1980 a junho de 2008 foram notificadas

pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SISNAN), 506.499 casos de

Acquired Immune Deficiency Syndrome / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

(AIDS/SIDA) no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil

possui uma epidemia controlada, com taxa de prevalência de 0,6% na população de

15 a 49 anos. A taxa de incidência (por 100.000 hab.) de casos de AIDS notificados

pelo SISNAN no Brasil em 2007 foi de 17,8 e no Rio Grande do Sul de 27,6

(BRASIL, 2008).

Estudo epidemiológico realizado em 2007 no Brasil demonstrou que, cinco

anos após o diagnóstico da doença, 90% das pessoas com AIDS na região Sudeste

continuaram vivas, seguidas por 78% no Norte, 80% no Centro Oeste, 81% no

Nordeste e 82% no Sul (BRASIL, 2008).

A incidência da AIDS se mantém estável no Brasil, porém com diferenças

regionais que se acentuam. A epidemia avança no interior do país, em mulheres,

adolescentes, idosos, heterossexuais e na população de baixa renda e pouca

escolaridade (BRASIL, 2008).

Segundo dados disponibilizados pelo Serviço de Atendimento Especializado –

SAE em 2008, o Município de Canoas possui atualmente 2.341 pessoas infectadas

pelo Human Immunodeficiency Vírus / Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e

AIDS cadastradas neste serviço, e 730 em uso de terapia antiretroviral. Geralmente

são cadastrados em torno de 15 a 18 pacientes por mês.

Estudos evidenciam que as denominações grupos de risco e comportamento

de risco não foram suficientes para demonstrar as mudanças ocorridas na epidemia

do HIV, que ao longo do tempo passou a atingir não somente os homens

homossexuais e usuários de drogas injetáveis, mas também homens

heterossexuais, bissexuais, mulheres, adolescentes, idosos, principalmente pessoas

em vulnerabilidade social. Essas mudanças mostram um novo conceito de

vulnerabilidade social, direitos humanos, gênero, sexualidade, idade, raça/cor e

cidadania (SOUSA; SANTO; MOTTA, 2008).

A contaminação pelo vírus se da quando o HIV infecta as células do sistema

imunológico, especialmente as células do tipo T (células de defesa) que juntamente

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com as células do tipo B (linfócitos) são responsáveis por garantir a defesa e por

manter o corpo funcionando sem a presença de doenças, resultando numa severa

imunodepressão, tornando a pessoa suscetível a doenças oportunistas (BRASIL,

2008).

A progressão da infecção pelo HIV e desenvolvimento da AIDS é determinada

pela depleção das células imunes (linfócitos T) que com a associação do aumento

da carga viral, afetando suficientemente o sistema imunológico e permite o

aparecimento de doenças oportunistas, causadas por diversos tipos de bactérias,

vírus e alguns tipos de cânceres venham causar disfunções graves no organismo

como um todo, elevando o risco de morte, morbimortalidade, infecções e

desenvolvimento de tipos de câncer (DERESZ, 2007) e (BRASIL, 2008).

Os fatores nutricionais são apontados segundo Polacow et. al. (2004) como

peça importante no tratamento da AIDS. Uma nutrição inadequada pode mudar

parâmetros antropométricos e favorecer para a baixa imunidade e aumento das

infecções oportunistas, podendo dificultar o tratamento da doença e conseqüente

evolução do quadro de problemas relacionados.

A desnutrição é uma conseqüência marcante da doença, bem como a

utilização dos antiretrovirais que podem agravar este quadro e propiciar à diminuição

da ingestão alimentar, disfagia, vômitos, alterações no paladar, distúrbios gástricos,

boca, esôfago e intestino, infecções locais e sistêmicas, neoplasias e má-absorção.

Além dos fatores clínicos e medicamentosos a influência socioeconômica,

vulnerabilidade social e acesso a informação da população de baixa renda, afetam

sensivelmente no desenvolvimento de desnutrição, baixa imunidade e por

conseqüência doenças oportunistas (POLACOW et. al., 2004).

Desde 1996, os medicamentos antiretrovirais, tratamento medicamentoso do

HIV/AIDS, passaram a ser distribuídos gratuitamente, pelo Ministério da Saúde,

permitindo assim a diminuição da incidência de infecções oportunistas, bem como a

diminuição da carga viral, para em muitos casos indetectável, minimizando a

Wasting Syndrome (Síndrome Consumptiva) associada ao HIV, e

conseqüentemente reduzindo as taxas de mortalidade (POLACOW et. al., 2004).

Associado ao uso dos antiretrovirais de alta potência, principalmente os

inibidores de protease, surgiram as alterações na composição corporal,

principalmente no que se refere a redistribuição da gordura corporal – denominada:

lipodistrofia, caracterizada pelo acúmulo de gordura nas regiões centrais do corpo, o

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que vem a ter uma grande associação com doenças cardiovasculares, produção

desreguladas de lipoproteínas, resistência periférica à insulina, intolerância à glicose

e diabetes mellitus (JAIME et. al., 2004).

O Portador da AIDS precisa constantemente manter cuidados com a sua

saúde, abrangendo alimentação balanceada, atividade física e higiene pessoal, pois

o vírus HIV afeta as células T-CD4 (células de defesa) propiciando o aparecimento

de infecções oportunistas, o que demonstra a necessidade do acompanhamento

nutricional e antropométrico por profissional capacitado.

Os serviços e programas públicos são de grande importância no

monitoramento e auxílio aos indivíduos soropositivos, tanto nos exames

laboratoriais, distribuição dos anti-retrovirais, tratamento, melhora e manutenção do

estado nutricional, apoio psicológico, orientações quanto aos cuidados que devem

ser seguidos nesta patologia, prevenção e controle de DST e AIDS (BRASIL, 2008).

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Incidência da AIDS

Em 2006 foram notificados no Brasil 35.459 novos casos da doença no

SISNAN, declarados no SIM e registrados Sistema de Informação de Exames

Laboratoriais / Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SISCEL / SICLOM),

representando a taxa de incidência de 19,0 casos de AIDS a cada 100.000

habitantes, já em 2007 foram notificados 33.689 novos casos pelos mesmos órgãos

com incidência de 17,8 casos de AIDS a cada 100.000 habitantes (BRASIL, 2008).

Dados referentes até junho de 2007 demonstram que a razão entre os sexos

vem diminuindo de forma progressiva ao longo do tempo. Atualmente a relação de

casos da doença em homens para mulheres é de 1,5 para 1, ocorrendo uma

inversão na razão de sexo, a partir de 1998, na faixa etária de 13 a 19 anos.

(BRASIL, 2007).

Devido ao aumento da população feminina infectada durante o período de 1980

a 2007 houve um crescimento na transmissão vertical (situação em que a criança é

infectada pelo vírus da aids durante a gestação, o parto ou por meio da

amamentação) do vírus, na qual o número de casos notificados no país em menores

de 13 anos foi de 16.455 sendo que 83% foram contaminados através da

transmissão vertical (PAIM; SILVA; LABREA, 2008).

De 1980 a 2007 foram registrados no Sistema de Informações de Mortalidade

(SIM) 205.409 óbitos por AIDS no Brasil e até 2006 o total foi de 192.709. Em

análise realizada pelo Boletim Epidemiológico de 2007, demonstra que indivíduos

com diagnóstico de AIDS haviam morrido em até um ano após descoberta da

doença nos seguintes percentuais: 20,5% no Norte, 19,2% no Centro Oeste, 18,3%

no Nordeste, caindo para 16,8% no Sudeste e 13,5% no Sul (BRASIL, 2007 e 2008).

Até maio de 1999, foram notificados no Brasil, 163.355 casos da doença com a

incidência de 113 / 100.000 habitantes (POLACOW et. al., 2004).

Conforme dados apresentados no Boletim Epidemiológico de 2007, através do

SINAN, foram notificados 407.211, e com o objetivo de saber a totalidade foram

utilizadas fontes de informações complementares (67.062) totalizando assim

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474.273 casos de AIDS no Brasil, caracterizando um aumento maior que o dobro

num período de sete anos. Os dados atuais obtidos pelo Boletim Epidemiológico

2008 demonstram um total de 506.499 casos de AIDS no Brasil até junho de 2008

(BRASIL, 2007 e 2008).

Conforme dados relatados no Relatório UNAIDS (2007), o número estimado

pessoas vivendo com HIV no mundo era de 33,2 milhões, demonstrando uma

redução de 16% em relação aos dados publicados em 2006.

2.2 Transmissão do vírus (HIV/AIDS)

O vírus HIV está presente no sangue e nos fluidos corporais dos indivíduos

infectados e presente no leite materno. A transmissão se dá através de relações

sexuais sem o uso de preservativo com pessoas contaminadas pelo vírus, uso

compartilhado de seringas ou agulhas contaminadas, transfusão de sangue

contaminado, contato de ferimentos com presença de sangue contaminado,

instrumentos que furam ou cortam não esterilizados, transmissão vertical que ocorre

quando a criança é infectada durante a gestação, parto e amamentação (BRASIL,

2008).

2.3 Diagnóstico

O diagnóstico da infecção pelo vírus HIV é realizado por meio de teste, a partir

da coleta de uma amostra de sangue em laboratórios, unidades básicas de saúde,

em Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), podendo ser realizado de forma

anônima e gratuita. Geralmente, leva de 3 a 12 semanas após o contato com o vírus,

para que o exame consiga detectar a presença do HIV (BRASIL, 2008).

Estar infectado pelo HIV não significa que o indivíduo esteja com AIDS, e sim

que foram detectados anticorpos contra o vírus. As pessoas soropositivas podem

permanecer por muitos anos infectados sem desenvolver a doença (BRASIL, 2008).

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A AIDS está instalada quando o vírus HIV já causou danos suficientes ao

sistema imunológico, com a inserção do seu material genético no DNA (ácido

desoxirribonucléico) de células-alvo hospedeiras, principalmente as do tipo CD4

(células de defesa) destruindo-as após ampla replicação, podendo assim

desenvolver infecções oportunistas e alguns tipos de câncer (POLACOW et. al.,

2004).

Um dos principais marcadores laboratoriais do comprometimento imunológico

através da infecção do HIV é quantificado pelos linfócitos T auxiliares e supressores

(CARVALHO; TONELLI, 1999).

É necessário que os indivíduos soropositivos façam o controle da carga viral

periodicamente (quantidade de vírus na corrente sanguínea), pois este determina

como está atuando o sistema imunológico e irá determinar o tratamento a ser

seguido.

2.4 Estágios da Doença – AIDS

A AIDS está classificada em 3 estágios: inicial, no qual a contagem de células

CD4 é superior a 500 cel./mm³ em que a sintomatologia é a linfadenopatia e

dermatites; intermediário, em que a contagem de CD4 passa entre 200 e 500

cel./mm³ com o aparecimento de candidíase oral e vaginal, displasia cervical,

neuropatia periférica, herpes zoster e febre; e, no estágio final da doença, a

contagem de CD4 encontra-se inferior a 200 cel./mm³ e desenvolvimento de

doenças neurológicas, infecções oportunistas, tumores, entre outras (CUPPARI,

2005).

2.5 Tratamento

Os objetivos para o tratamento dos indivíduos soropositivos é prolongar o

tempo e a qualidade de vida, através do uso dos medicamentos antiretrovirais, bem

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como a recuperação do estado nutricional e redução dos efeitos colaterais,

complicações e sintomas das infecções oportunistas (POLACOW et. al., 2004).

2.6 Antiretrovirais

Em 1995 surgiu uma nova classe de medicamentos, os inibidores da protease

e inibidores da transcriptase reversa e em 1996, no Brasil, o tratamento

medicamentoso passou a ser distribuído gratuitamente e universalmente pelo

Ministério da Saúde (BRASIL, 2008).

Com o avanço dos antiretrovirais e a distribuição gratuita e universal no Brasil

verificou-se uma importante redução das infecções oportunistas, internações

hospitalares e mortalidade, bem como a melhora na qualidade de vida das pessoas

que vivem com HIV/AIDS (ALMEIDA; JAIME, 2006).

A terapia medicamentosa contra o HIV é realizada atualmente por pelo menos

dois agentes antiretrovirais. A ativação dos inibidores nucleosídeos de transcriptase

reversa (INTR) se dá através de enzimas no ambiente intracitoplasmático, que

engloba três processos de fosforilação, inibindo por competitividade a transcriptase

reversa do HIV-1 ou agregando-se à cadeia do DNA viral bloqueando o

desenvolvimento do vírus (REIS, 2004).

Os medicamentos então são assim classificados: Inibidores de Transcriptase

Reversa Análogos de Nucleosídeos (lamivudina, zidovudina, estavudina, didanosina,

abacavir e o tenofovir) ou Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa

(efavirenz e nevirapina) e Inibidores de Protease (indinavir, nelfinavir, saquinavir,

atazanavir, amprenavir e lopinavir/ritonavir).

2.7 Terapia e efeitos colaterais dos medicamentos

A crescente evolução nos conhecimentos e avanços nos estudos referentes à

utilização dos recursos terapêuticos, principalmente em 1996, com o surgimento da

terapia combinada de alta potência highly ative antiretroviral therapy (HAART) vem

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demonstrando o aumento na sobrevida e qualidade de vida dos indivíduos com a

infecção pelo HIV, o que atualmente caracteriza como uma doença crônica, fazendo

com que a atenção aos pacientes portadores do vírus concentre-se em

atendimentos ambulatoriais (CECCATO et. al., 2004).

A adoção universal da terapia antiretroviral para gestantes e crianças em

contato com o vírus evitou, no período de 1997 a 2001 a incidência de 6000 novos

casos de HIV em crianças nascidas, consolidando assim que as “Recomendações

para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antiretroviral em gestantes” e

a terapia são de grande importância para evitar a transmissão vertical da doença,

chegando a praticamente zero o risco de transmissão se bem acompanhado e

tratado desde o início da gestação (BRITO et. al., 2006).

O número de casos de AIDS notificados no SISNAN referente à categoria de

transmissão vertical teve uma diminuição considerável conforme podemos verificar

na figura 1 que demonstra os dados de 1980 a junho de 2008 disponibilizados no

Boletim Epidemiológico 2008 (BRASIL, 2008).

Em estudo realizado na Itália verificou-se que, dos 35.318 pacientes adultos

com diagnóstico de AIDS após 1995, obteve uma proporção de sobreviventes nos

24 meses maior que dobro (66%) comparado aos diagnosticados antes daquele ano

(31%), demonstrando assim um impacto importante da distribuição dos

medicamentos antiretrovirais. No Brasil também se notou uma redução na

morbimortalidade por AIDS e aumento da sobrevida destes pacientes após a

distribuição universal e gratuita dos antiretrovirais (REIS; SANTOS; CRUZ, 2007).

Porém, conforme Almeida e Jaime (2006) junto com os avanços e benefícios

do tratamento podemos observar que estudos identificaram alterações morfológicas

bem como alguns efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarréia, anorexia,

diabetes mellitus, lipodistrofia que é caracterizada pela redistribuição de gordura,

influenciando na alteração da composição corporal, hipercolesterolemia (aumento

isolado do colesterol sérico), hipertrigliceridemia (aumento isolado dos triglicerídeos),

alterações no metabolismo de glicose, entre outros (POLACOW et. al., 2004).

O nutricionista possui um papel muito importante no suporte da saúde e

qualidade de vida dos indivíduos portadores de HIV/AIDS, pois é necessário avaliar

e planejar ações que visam melhorar o estado nutricional do paciente, na perda de

peso, alterações lipídicas e gordura corporal (ALMEIDA; JAIME, 2006).

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17

2.8 Lipodistrofia

Figura 1. Tabela que demonstra casos de exposição à transmissão vertical.

Fonte: Boletim Epidemiológico 2008 - BRASIL, 2008.

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18

A lipodistrofia, conhecida como a síndrome lipodistrófica, se caracteriza pela

distribuição anormal da gordura corporal, na qual as principais manifestações são o

acúmulo de gordura dorso-cervical, nos seios, abdominal, bem como a redução de

gordura na face e membros denominada como lipoatrofia, o aparecimento de

dislipidemias e ainda resistência à insulina. Tais alterações estão diretamente

associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus

(MELLO; REIS; RIBEIRO, 2008).

O diagnóstico da lipodistrofia pode ser realizado através das medidas

antropométricas, absormetria com duplo feixe de Raios X, tomografia

computadorizada e ressonância nuclear magnética, as dislipidemias através da

avaliação das dosagens dos níveis de colesterol total, frações e triglicerídeos, e a

glicemia de jejum, curva glicêmica e a dosagem da insulinemia basal é utilizada para

avaliar a resistência à insulina e diagnóstico de diabetes (DUTRA; LIBONATI, 2008).

Apesar dos avanços na terapia antiretroviral, com melhora no prognóstico e

sobrevida dos indivíduos portadores da SIDA, surgiu à síndrome da lipodistrofia

associada ao HIV, caracterizada por alterações metabólicas (hipercolesterolemia,

hipertrigliceridemia e alterações no metabolismo da glicose) e morfológicas

envolvendo a redistribuição da gordura corporal, perda de perda de gordura da face,

membros e nádegas e acúmulo de gordura nas regiões dorso cervical,

supraclavicular, mamária e abdominal (ALMEIDA; JAIME, 2006).

O uso prolongado da terapia antiretroviral já está relacionado com o aumento

de peso, redistribuição da gordura corporal, sobrepeso e obesidade, bem como o

desenvolvimento de outras comorbidades, fazendo com que as infecções

oportunistas e neoplasias deixassem de ser as principais causas de morte em

determinados casos, surgindo assim novas causas múltiplas de morte relacionadas

ao HIV (PEREIRA; MACHADO; RODRIGUES, 2007).

Conforme estudo realizado com pacientes adultos de ambos os sexos

portadores do vírus HIV / AIDS, acompanhados por serviço ambulatorial de

infectologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do

Rio de Janeiro um Hospital universitário do Rio de Janeiro de 1° de outubro de 2004

e 30 de maio de 2005, identificou-se uma prevalência de 77,5% dos pacientes com a

presença de dislipidemia, um dado bastante alarmante devido ao distúrbio estar

associado com o aumento das doenças cardiovasculares e risco de morte (FARHI;

LIMA; CUNHA, 2008).

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Observa-se uma alta relação da terapia antiretroviral com o aumento na

expectativa de vida do paciente, porém a terapia está diretamente relacionada com o

surgimento das dislipidemias, o que se faz necessário o devido acompanhamento

dos exames laboratoriais, bem como acompanhamento nutricional e orientação para

melhor controle dos efeitos colaterais visto que a infecção pelo HIV passou a ser

considerada uma doença crônica (FARHI; LIMA; CUNHA, 2008).

2.9 Avaliação Nutricional

O estado nutricional destes indivíduos pode variar da desnutrição até a

obesidade, pois existem diversos fatores envolvidos: utilização de medicamentos,

falta de apetite, algumas vezes até o excesso, alterações no metabolismo,

gastrointestinais.

Uma grande influência para desnutrição é a Síndrome Consumptiva, na qual

pode ocorrer uma redução de 10% ou mais do peso corporal habitual, que vem

acompanhada de ocorrências marcantes para diminuição do peso, bem como a

diminuição da massa magra, tais como diarréia, febre, fraqueza crônica. Ao atingir

54% de perda de massa magra comparada com o peso habitual o paciente

inevitavelmente vai ao óbito (POLACOW et. al., 2004).

A desnutrição desenvolve diversas alterações funcionais afetando praticamente

todo o sistema, sendo o mais afetado o trato gastrointestinal, órgão importante na

digestão, absorção de nutriente e órgão imunológico, atuando como uma barreira à

entrada de microorganismos (TEIXEIRA NETO, 2003).

Os métodos antropométricos para avaliação nutricional são de grande

importância para avaliar o estado nutricional dos pacientes, pois refletem como estão

aderindo ao tratamento. É importante associar diversos parâmetros, pois facilita a

caracterização do estado nutricional do paciente.

Conforme Albuquerque et. al. (2009), as medidas mais utilizadas para

avaliação nutricional de indivíduos é o peso e estatura, o qual possibilita obter o

índice de Quelelet ou índice de massa corporal (IMC), pois são métodos de fácil

utilização, disponibilidade, não é necessária uma prévia preparação e tem boa

aceitação dos pacientes.

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O IMC é um índice amplamente utilizado e é determinado pela razão entre o

peso e a altura ao quadrado, e considera-se uma medida valiosa para determinação

do estado nutricional podendo indicar sobre ou subnutrição (MAHAN, 2005).

Existem diversos métodos que são considerados boas técnicas para

diagnóstico da gordura corporal, tais como absortometria por dupla emissão de

raios-X (Dexa) de corpo total e a tomografia computadorizada do abdômen (TCA),

porém com custos muito altos, e assim se faz o uso de outras ferramentas que

também tem o poder de mensurar a gordura corporal (FLORIANO et. al., 2004).

Segundo Floriano et. al. (2004), estudos realizados em países desenvolvidos

vem utilizando métodos mais acessíveis como a somatória de espessura de dobras

cutâneas, circunferência da cintura (CC) e razão cintura-quadril (RCQ) de avaliação

da gordura corporal em portadores do HIV/AIDS.

2.10 Alimentação

A alimentação dos indivíduos soropositivos deve ser balanceada e saudável

para manter os níveis de T - CD4 de cada um, pois aumentam a resistência à

doença e evitam o aparecimento dos sintomas e complicações da doença (BRASIL,

2006).

Uma dieta saudável e balanceada, além de ser vital para a saúde e

sobrevivência dos indivíduos, também pode melhorar a aderência ao tratamento

medicamentoso (ALMEIDA; JAIME, 2006).

A alimentação deve ser variada contemplando todos os macro e

micronutrientes a fim de atender as necessidades do organismo (CUPPARI, 2005).

Os micronutrientes fornecem diversos componentes que atuam na manutenção

e recuperação do organismo. Na infecção pelo HIV foi constatado deficiências de

micronutrientes, provavelmente pela ingestão deficitária, além dos problemas de má

absorção e alterações no metabolismo. Encontramos dentre as deficiências de

micronutrientes o zinco e o selênio (ANGELIS, 2006).

O zinco é responsável pela manutenção da integridade estrutural das proteínas

e pela regulação da informação genética, desenvolvendo papel essencial na

composição e função de enzimas e hormônios. Fontes de zinco são encontradas em

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ostras, fígado, carne vermelha, gema de ovo, carne escura de aves, nozes,

leguminosas, sementes, trigo (ANGELIS, 2006).

O selênio em conjunto com a vitamina C e E atua como um eficiente

antioxidante para o organismo. Fontes de selênio são encontradas em beterraba,

espinafre, cenoura, tomate, brócolis, repolho, ovos e cereais (CUPPARI, 2005).

A vitamina C também exerce papel importante nos indivíduos soropositivos,

pois está envolvida na produção de anticorpos atuando no sistema imune. Também

possui a função de produção do interferon, uma substância antiviral e anticâncer. A

ação antioxidante da vitamina C atua na proteção ao dano oxidativo contra certos

tipos de câncer, efeitos do envelhecimento, doença cardíaca entre outros problemas

de saúde. Fontes de vitamina C são encontradas em laranja, limão, morango, kiwi,

mamão papaia, acerola, pimentas vermelhas, brócolis e couve-de-bruxelas

(ANGELIS, 2006).

Segundo Duarte a deficiência da vitamina A está associada com a diminuição

das células CD4, progressão da AIDS e aumento da mortalidade e dentre as

deficiências de vitaminas a mais encontrada é a vitamina B12 (DUARTE, 2007).

2.11 Tratamento Dietoterápico

A desnutrição está associada à baixa ingestão de calorias e proteínas,

anorexia, inapetência pela alteração do paladar, elevação do metabolismo, episódios

de diarréias, aparecimento de infecções oportunistas, fatores psicológicos, baixa

ingestão de vitaminas, que são essenciais para melhora do sistema imunológico

(CUPPARI, 2005).

Uma das complicações, encontrada nos pacientes com a doença avançada,

que pode afetar o estado nutricional é o sarcoma de Kaposi, malignidade que pode

ser encontrada na pele, membranas mucosas, linfonodos e trato gastrointestinal.

Existe a hipótese que a nutrição adequada e manutenção do peso atrasem o início

do desenvolvimento da AIDS, pois auxilia na preservação da função imunológica

(PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997).

A intervenção nutricional deve seguir objetivos individualizados, de acordo com

os problemas identificados, no qual incluem a redução dos efeitos colaterais e

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complicações associadas à doença e ao tratamento, auxiliar o paciente com

informações sobre uma alimentação saudável e proporcionar a melhora da

qualidade de vida (ALMEIDA; JAIME, 2006).

O acompanhamento nutricional é essencial em todos os estágios da infecção

pelo HIV/AIDS, na qual deve ser verificado o paciente como um todo, avaliando a

história familiar e do paciente, exame físico, avaliação antropométrica, exames

laboratoriais para que o profissional possa determinar os riscos e desenvolver metas

nutricionais com o intuito de minimizar as deficiências nutricionais (CUPPARI, 2005).

A dieta dos indivíduos soropositivos deve oferecer energia suficiente para

manter as necessidades do organismo, pois o metabolismo passa a ficar mais

acelerado em função do vírus que está presente. Recomenda-se de 25 a 30 Kcal/kg

por dia para pacientes assintomáticos e, de 35 a 40 Kcal/kg por dia para pacientes

sintomáticos, utilizando-se para o cálculo o peso atual (POLACOW et. al., 2004).

Em muitos casos é necessário utilizar no tratamento nutricional suplementos

que atinjam as necessidades calóricas, pois o aporte nutricional destes indivíduos

encontra-se aumentado (PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997).

A ingestão de proteínas dos indivíduos soropositivos deve ser de 0,8 a 1g/kg

de peso adequado ao dia ou de 1 a 1,2g/kg de peso adequado ao dia se houver a

necessidade de ganho de peso, o que é mais freqüente nos indivíduos soropositivos.

No caso dos lipídios, a dieta deve ser suplementada com triglicerídeos de cadeia

média (TCM), também existem relações com o uso concomitante de óleos de peixe,

pois podem melhorar a função imune. Os carboidratos devem contribuir com 50 a

60% do valor energético total (POLACOW et. al., 2004).

Conforme os valores de ingestão dietética de referência (DRIS) de minerais e

vitaminas hidrossolúveis, a ingestão dietética recomendada (RDA) de zinco, para

homens entre 19 e 70 anos, é de 11mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina

C é de 90mg/dia. Para as mulheres entre 19 e 70 anos a recomendação de zinco é

de 8mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina C é de 75mg/dia (CUPPARI,

2005).

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2.12 Qualidade de vida

Cada vez mais vem crescendo a preocupação da qualidade de vida nos

pacientes portadores do HIV/AIDS visto o aumento tempo de vida após o início da

utilização da terapia antiretroviral (CASTANHA et. al., 2007).

Segundo Fernandes, Britto (2007) e Castanha et. al. (2007), existem diversas

associações relacionadas à infecção pelo HIV/AIDS que podem interferir na sua

qualidade de vida e as principais são os aspectos pessoais, sociais, econômico e

assistencial, assim enfrentar a doença se torna mais problemático. Por isso a

importância da realização de pesquisas, bem como a introdução de políticas para

promoção da qualidade de vida desses pacientes.

Segundo Deresz et. al. (2007), o exercício físico tem uma grande importância

para auxiliar nos parâmetros antropométricos, cardiorrespiratórios, musculares e

psicológicos, podendo influenciar na melhora das condições de tratamento da

doença, pois oferecem benefícios, tais como pressão sanguínea arterial controlada,

risco diminuído de desenvolvimento da diabetes, doenças cardiovasculares e

obesidade, apesar de ainda não encontrarem resultados significativos quando

avaliado o perfil lipídico. Alguns autores supõem a relação aumentada do uso de

inibidores da protease com o desenvolvimento de dislipidemias e que a mesma não

consegue ser revertida através de treinamentos aeróbicos e orientações na dieta.

A definição de qualidade de vida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

compreende “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações”. Conceito que está relacionado com

diferentes domínios (físico, psicológico, social e ambiental), que podem determinar a

medida de ação para solucionar os problemas (CASTANHA et. al., 2007).

A qualidade da assistência ao pacientes soropositivos é de grande importância

para um bom acompanhamento e adesão ao tratamento e conseqüentemente

melhor qualidade de vida (MELCHIOR et. al., 2006).

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3 OBJETIVOS

Neste capítulo serão descritos os objetivos geral e específicos daquilo que foi

desenvolvido no presente estudo.

3.1 Objetivo geral

Verificar a efetividade do Programa Qualidade de Vida Melhor na melhora do

estado nutricional dos indivíduos portadores da Síndrome da Imunodeficiência

Adquirida – SIDA/AIDS, atendidos no Centro de Saúde do Município de Canoas pela

Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde em

parceria com o Serviço de Atendimento Especializado (SAE).

3.2 Objetivos específicos

a) Realizar avaliação antropométrica e classificação nutricional dos usuários do

projeto;

b) realizar comparações entre o consumo dos grupos alimentares para analisar

qual a média de consumo;

c) correlacionar aspectos da terapia com o estado nutricional;

d) identificar a existência de protocolo específico para o atendimento do

programa e promover sugestões para o melhor atendimento.

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4 METODOLOGIA

Neste capítulo é descrito o tipo de estudo, tamanho da amostra, critério de

inclusão, variáveis analisadas, análise estatística e considerações éticas.

4.1 Delineamento do Estudo

O estudo realizado foi do tipo individualizado e a posição do investigador foi

observacional. Quanto ao período e seqüência do estudo, este foi transversal

observacional, sendo o tipo de análise comparativa e descritiva.

4.2 População e amostra

O estudo foi realizado com pacientes soropositivos atendidos no Programa

Qualidade de Vida Melhor, coordenado pela Unidade de Programas Especiais em

Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde, localizado no Centro de Saúde do

Município de Canoas, e acompanhados pelo SAE, serviços de saúde que realizam

ações de assistência, prevenção e tratamento às pessoas soropositivas e seus

familiares. A coleta de dados ocorreu no mês de junho de 2009. O Projeto atende 60

pacientes soropositivos encaminhados pelo Serviço de Atendimento Especializado –

SAE. Nos dias determinados para coleta de dados da pesquisa haviam sido

agendados 57 pacientes, destes pacientes, 10 não compareceram para a avaliação

mensal previamente agendada, 47 foram avaliados dos quais houve perdas, 7 foram

excluídos da pesquisa devido aos critérios determinados pela pesquisadora. Dos

pacientes incluídos na pesquisa, 29 eram do gênero feminino e 11 do gênero

masculino.

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4.3 Critérios de inclusão e exclusão

Para este estudo foram incluídos pacientes com as seguintes condições:

a) Idade entre 18 e 60 anos;

b) permanecer no Projeto Qualidade de Vida Melhor por pelo menos três

meses;

c) pacientes que concordaram em participar da pesquisa, assinando o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A).

Foram excluídos do estudo os pacientes com as seguintes condições:

a) Gestantes;

b) ter passado por alguma cirurgia nos últimos três meses anteriores à

pesquisa;

c) pacientes que se negaram a participar da pesquisa ou que não

compareceram no dia agendado para coleta de dados.

4.4 Variáveis analisadas

A autora realizou a coleta das variáveis descritas e necessárias para realização

desta pesquisa em conjunto com a equipe de nutricionistas da Unidade de

Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde.

4.4.1 Entrevista

A entrevista (ANEXO B) aplicada compreendeu questões relacionadas ao

estado de saúde do paciente e aos hábitos alimentares visando à obtenção de

dados válidos, reprodutíveis e comparáveis para análise e descrição. Dados como:

idade, sexo, tempo de infecção pelo HIV, patologias associadas. Os dados referente

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27

à administração dos antiretrovirais foi verificado diretamente no SAE, serviço que

realiza a distribuição dos medicamentos.

4.4.2 Questionário de frequência alimentar

O Questionário de Frequência Alimentar (QFA) é considerado uma ferramenta

simples e econômica que tem como objetivo conhecer o consumo habitual de

alimentos de determinados grupos populacionais. Esta ferramenta é considerada

como o mais prático e informativo método de avaliação da ingestão dietética

(SLATER et. al., 2003).

Este método consiste em uma lista estruturada de alimentos ou grupos de

alimentos, no qual cada participante deve responder o número estimado de vezes

que consome por dia, semana e mês do respectivo alimento.

Neste estudo foi desenvolvido um QFA específico (ANEXO C) para os

pacientes participantes do Programa, conforme a lista de alimentos fornecido na

cesta básica, além de determinados alimentos necessários para a manutenção de

um bom estado de saúde dos pacientes soropositivos. O QFA foi aplicado pela

pesquisadora aos pacientes, devido à dificuldade na interpretação das questões, na

qual a pesquisadora questionava sobre os alimentos e mostrava as opções de

respostas para facilitar o entendimento destes pacientes.

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4.4.3 Dados antropométricos

Aqui será descrito como foi realizada a aferição dos dados antropométricos.

4.4.3.1 Peso

As nutricionistas devidamente treinadas realizaram a medida de pesagem do

paciente sem calçados e com roupas leves, descontando-se logo após. Para esta

medida foi utilizada balança digital da marca Balmak com precisão de 50 gramas,

devidamente aferidas. O paciente foi posicionado com os pés unidos no centro da

balança, para que assim se mantivesse uma correta distribuição do peso.

4.4.3.2 Estatura

As nutricionistas devidamente treinadas realizaram esta medida através de

antropometro da marca Sanny fixada na parede e com precisão de 0,25 centímetros.

O paciente sem calçados foi posicionado com os pés encostados na parede de

forma ereta com a cabeça em posição horizontal.

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4.4.4 Estado nutricional

Descrição de como foi realizada a avaliação do estado nutricional dos

pacientes pesquisados.

4.4.4.1 Índice de Massa Corporal (IMC)

O estado nutricional foi determinado pelo cálculo do Índice de Massa Corporal

(IMC) de cada paciente pesquisado. A definição do IMC é realizada pela razão entre

a massa corporal (em kg) e o quadrado da estatura (em m²). Para realização do

cálculo do IMC utilizou-se as medidas de peso e estatura obtidas nos itens 4.4.3.1 e

4.4.3.2 além dos dados coletados do prontuário do paciente no momento da adesão

ao programa. O parâmetro utilizado para classificação do estado nutricional foi a

classificação da Organização Mundial da Saúde - OMS (1998), conforme mostrado

no quadro 1.

IMC (Kg/m²) Classificação

Igual ou abaixo de 18,4 Baixo peso

18,5 a 24,9 Eutrofia

25 a 29,9 Sobrepeso

30 a 34,9 Obesidade grau I

35 a 39,9 Obesidade grau II

Igual ou acima de 40 Obesidade grau III

Quadro 1. Classificação do Índice de Massa Corpórea

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), 1998.

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4.5 Análise Estatística

Os dados coletados no estudo foram tabulados e analisados utilizando-se o

programa SPSS Statistics versão 16, nível de significância (P≤0,05), análise de

variância (P≤0,05). Para testar as associações entre variáveis contínuas utilizou-se a

correlação de Pearson. Para comparar médias entre diferentes grupos utilizou-se

teste T Student para variáveis binárias. Para testar as associações entre variáveis

categóricas utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson.

4.6 Considerações Éticas

Toda e qualquer pesquisa utilizando seres humanos exige que o pesquisador

utilize de procedimentos e metodologia adequada, conduzidas dentro dos padrões

éticos que forneça segurança e privacidade das informações prestadas e coletadas

dos indivíduos pesquisados, oferecendo proteção da sua imagem.

As pesquisas realizadas em indivíduos soropositivos é a única maneira

confiável para encontrar melhorias na terapia antiretroviral, bem como qualidade de

vida prolongada (SCHEFFER, 2000).

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário La Salle

– Unilasalle. Para realização da coleta de dados deste estudo os pacientes que

aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e

esclarecido (ANEXO A).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Serão apresentados, neste capítulo, os resultados e a discussão dos dados

prospectados na pesquisa.

5.1 Caracterização da população

Dos 57 (100%) pacientes agendados para avaliação mensal, 10 (17,54%) não

compareceram, 47 (82,46%) pessoas foram as consultas, 7 (12,28%) foram

excluídos da amostra em função dos critérios de exclusão.

Entre os 40 pacientes incluídos na amostra 29 (72,5%) eram do gênero

feminino e 11 (27,5%) do gênero masculino. Esta amostra de pacientes incluídos na

pesquisa representa 70,17% dos pacientes em atendimento pelo Programa

Qualidade de Vida Melhor durante o mês de junho e 1,70% da totalidade de

pacientes atendidos no SAE Canoas.

Notou-se que neste estudo tinham mais mulheres do que homens, diferente de

estudos realizados por Albuquerque et. al. (2009), Dihel et. al. (2008), Guimarães et.

al. (2007), com percentuais de 65%, 59% e 64% dos pacientes avaliados eram do

sexo masculino, respectivamente.

Tabela 1. Dados referentes a característica da população participante do Programa

de Qualidade de Vida Melhor / Canoas, RS, 2009.

n = 40 Variáveis

Mínimo Máximo Média DP

Idade (anos) 22 60 41 9

Tempo de infecção pelo HIV (anos) 1 18 7 4

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

No estudo realizado por Jaime et. al. (2004), com indivíduos portadores de HIV

de ambos os sexos, com idades de 20 a 59 anos em uso de terapia antiretroviral

com inibidores da protease, atendidos por um serviço de referência em São Paulo a

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população apresentava uma média de idades de 39,09 (homens) e 38,21

(mulheres), o que se assemelha bastante com os dados do presente estudo com

uma pequena diferença de 2 a 3 anos em média.

Em estudo realizado no Hospital Corrêa Picanço, Cidade do Recife, Estado de

Pernambuco entre agosto de 2006 a julho de 2007 por Albuquerque et. al. (2009),

obteve uma caracterização da população semelhante à apresentada neste estudo,

com o mesmo percentual de homens e mulheres quanto aos casos de co-infecção

pela tuberculose e HIV/AIDS e o maior percentual de pacientes também ficou com a

média de idade entre 35 a 49 anos.

Segundo Dihel et. al. (2008), no estudo que avaliou a prevalência da

lipodistrofia associada ao HIV em pacientes adultos ambulatoriais brasileiros: relação

síndrome metabólica e fatores de risco cardiovascular, a média de idade dos

pacientes avaliados foi de 42,9 anos.

Podemos perceber conforme os estudos acima citados que as médias de idade

ficaram entre 35 e 49, provavelmente demonstrando que a população com a idade

adulta tem mais facilidade para a adesão ao tratamento e acompanhamento a

programas de assistência, principalmente no Brasil em que a distribuição de

medicamentos para a AIDS é universal. Outro fator importante é que esta população

já está entrando numa idade em que começam a ter mais cuidados com a saúde, e

por isso passam a procurar assistência em saúde na maioria das vezes. Também

podemos citar que a qualidade no atendimento influencia na decisão pelo

acompanhamento (COLOMBRINI; LOPES; FIGUEIREDO, 2006).

5.2 Antropometria

5.2.1 Índice de Massa Corporal

O IMC é uma ferramenta bastante utilizada devida a sua praticidade de

identificar a classificação nutricional de indivíduos.

O IMC é um método de avaliação com baixo custo, considerado como um dado

universal e extremamente acessível, devido à disponibilidade de equipamentos,

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determinação simples, precisa e com boa aceitação dos pacientes, sendo indicado

para avaliação nutricional. O acompanhamento nutricional e avaliação do IMC são

muito importantes para determinar a classificação do estado nutricional, bem como

associar o desenvolvimento de tuberculose com IMC inferior a 18,5 kg/m², podendo

assim se desenvolver estratégias para recuperação do estado nutricional

(ALBUQUERQUE et. al., 2009).

Segundo o Manual Clínico de Alimentação e Nutrição na assistência a adultos

infectados pelo HIV, para avaliação e diagnóstico nutricional é importante a

utilização de métodos considerados complementares entre si, tais como medidas

antropométricas, composição corporal, exames bioquímicos, exames físicos e

avaliação do consumo alimentar, porém na falta de acesso a recursos necessários

para fazer o uso de todos os métodos, o fundamental para um bom trabalho com os

pacientes é estar sensibilizado para importância da alimentação e nutrição na saúde

dos mesmos (BRASIL, 2006).

Tabela 2. Dados antropométricos da população participante do Programa de

Qualidade de Vida Melhor / Canoas, RS, 2009.

n = 40 Variáveis

Mínimo Máximo Média DP

IMC – adesão (kg/m²) 16,79 31,10 22,43 3,93

IMC – avaliação (kg/m²) 14,47 33,15 22,52 4,31

Diferença IMC adesão/avaliação (kg/m²) - 3,96 3,51 0,09 1,51

Diferença de peso adesão/avaliação (kg) - 9,50 8 0,21 3,77

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Conforme Duran (2009), a utilização métodos de aferição antropométrica

simplificados são instrumentos importantes para avaliação do estado nutricional,

podendo demonstrar as prevalências de baixo peso e obesidade na população com

HIV / AIDS.

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34

Tabela 3. Índice de Massa Corporal (classificação) no momento da adesão e

avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida Melhor da Secretaria

Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009.

IMC Adesão (n = 40) IMC Avaliação (n = 40) Variáveis

n % n %

> 18,5 (baixo peso) 7 17,5 5 12,5

18,5 – 24,9 (eutrofia) 24 60 24 60

25 – 29,9 (sobrepeso) 8 20 9 22,5

< 30 (obesidade) 1 2,5 2 5

Fonte: Autoria própria, 2009.

Em estudo realizado por Diehl et. al. (2008), com pacientes infectados por HIV /

AIDS, com mais de 18 anos, atendidos no Ambulatório de Infectologia do Hospital de

Clínicas da Universidade Estadual de Londrina (HC/UEL), de 22 de junho a 23 de

novembro de 2006, dos 180 pacientes avaliados 59% eram do sexo masculino, 5%

dos pacientes apresentaram IMC com baixo peso, 61% IMC normal, 25% sobrepeso

e 8,9% obesidade.

Conforme Albuquerque et. al. (2009), o IMC é um método muito importante

para avaliação do estado nutricional, visto que existe uma forte correlação entre a

classificação abaixo de 18,5 kg/m² e a presença de tuberculose, podendo assim ser

um sinal para que os serviços de saúde proporcionem um aporte calórico adequado

e orientações nutricionais que visem à recuperação do estado nutricional.

Comparando estes dados com o presente estudo percebemos que o IMC

normal e sobrepeso estão relativamente iguais, com pequenas diferenças,

demonstrando que grande parte da população portadora do vírus após o uso da

terapia de alta potência, está se enquadrando nas classificações de eutrofia e

sobrepeso, justificando assim o aumento na preocupação relacionada com a

alimentação e estado nutricional das pessoas que vivem com HIV/AIDS e

enfatizando a importância da assistência nutricional com o objetivo de promover

boas respostas ao tratamento e melhorias na qualidade de vida (DURAN, 2009).

Conforme dados apresentados na tabela 3 percebeu-se que após um período

de acompanhamento no programa houve uma evolução clínica em os pacientes que

se encontravam em baixo peso passaram para uma classificação de eutrofia e

aqueles que eram eutróficos passaram a apresentar sobrepeso e obesidade.

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35

Conforme dados coletados no prontuário e avaliação nutricional dos 40 pacientes,

35 pacientes mantiveram a sua classificação nutricional inicial, 2 pacientes evoluíram

da classificação de desnutrição para eutrofia, 2 pacientes evoluíram da eutrofia para

sobrepeso, 1 paciente evoluiu de sobrepeso para obesidade.

Segundo Dihel et. al. (2008), a síndrome metabólica tem um risco de

desenvolvimento 4 vezes maior em pacientes com o IMC > 25 kg/m² e a história

familiar de obesidade. Ainda segundo o mesmo autor, os dados apesar de não

serem significantes, apresentaram uma associação mostrada em estudos

prospectivos da síndrome metabólica com o risco de doenças cardiovasculares.

No estudo apresentado por Guimarães et. al. (2007) ficou reforçado o fato da

utilização dos antiretrovirais com o surgimento de alterações lipídicas o que está

associado ao risco de doença metabólica e cardiovascular. No presente estudo os

achados, entre os pacientes usuários ou não dos antiretrovirais, o peso e o IMC

foram semelhantes.

Tabela 4. Índice de Massa Corporal (classificação) por sexo no momento da adesão

e avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida Melhor da Secretaria

Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009.

IMC Adesão (n = 40) IMC Avaliação (n = 40) Variáveis

Homens (11) Mulheres (29) Homens (11) Mulheres (29)

> 18,5 (baixo peso) 2 5 2 3

18,5 – 24,9 (eutrofia) 6 18 6 18

25 – 29,9 (sobrepeso) 2 6 2 7

< 30 (obesidade) 1 0 1 1

Fonte: Autoria própria, 2009.

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36

Figura 2. Correlação de Pearson (r) entre Índice de Massa Corporal nos homens no

momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida

Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Entre os homens houve uma forte correlação estatisticamente significativa (r =

0,99 p<0,01) entre o IMC atual e o IMC adesão.

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37

Figura 3. Correlação de Pearson (r) entre Índice de Massa Corporal nas

mulheres no momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa

Qualidade de Vida Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

A correlação entre o IMC atual e o IMC adesão entre as mulheres foi de r=0,91,

sendo esta uma forte correlação estatisticamente significativa (p<0,01).

Os gráficos acima demonstram que a população estudada manteve ou

aumentou o IMC após um período de acompanhamento no Programa, é importante

ressaltar que existem diferenças no período de acompanhamento destes pacientes,

conforme descrito na tabela 05.

Devemos destacar que com o surgimento da terapia antiretroviral modificou-se

o perfil nutricional dos indivíduos soropositivos, pois surgiu, principalmente com os

inibidores da protease, este tratamento passou a ser associado com um aumento de

peso corporal e melhora do estado nutricional e conseqüentemente reduzindo a

incidência de desnutrição (MELLO; REIS; RIBEIRO 2008).

Segundo Duran (2009) para favorecer a promoção do bem-estar e evolução

positiva do paciente é necessário acompanhamento nutricional e orientações de

bons hábitos alimentares, objetivando retardar a progressão do HIV e a melhoria do

estado nutricional.

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Segundo Castanha et. al. (2007), viver com o vírus está associado a diversas

complicações, as quais podem comprometer a qualidade de vida deste paciente,

pois envolvem situações de discriminação, abandono, segregação, estigmatização,

falta de recursos sociais e problemas relacionados com a sexualidade, assim

encarar a doença torna-se cada vez mais problemático, fazendo com que o paciente

entre num processo de isolamento e em muitas vezes influenciando e

comprometendo seu estado nutricional.

A lipodistrofia tem sido associada a dificuldades psicológicas e emocionais, em

estudos realizados por Collins, Wagner e Walmsley (2000), Boyle (2001), Tebas

(2001), que demonstram uma estigmatização social podendo prejudicar a adesão

aos medicamentos antiretrovirais (SEIDL; MACHADO, 2008).

Segundo Madureira et. al. (2009), um estilo de vida saudável é importante na

prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis, tais como: obesidade,

diabetes, dislipidemias que vem sendo associadas ao uso dos medicamentos

antiretrovirais.

Tabela 5. Correlação entre o tempo de permanência no programa e Índice de Massa

Corporal no momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa

Qualidade de Vida Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009.

Variável IMC adesão X IMC atual P*

Tempo 1 (3 – 6m) 0,893 0,107

Tempo 2 (6,1 – 9m) 0,964 <0,01*

Tempo 3 (9,1 – 12m) 0,939 <0,01*

Tempo 4 (12,1 – 36m) 0,950 <0,01*

*valor estatisticamente significativo (Correlação (r) de Pearson).

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Essa correlação demonstra forte relação entre o tempo de permanência e a

melhora do estado nutricional e adesão ao acompanhamento no programa, o que

caracterizou uma diminuição do número de indivíduos com classificação de IMC a

baixo do peso (>18,5), porém identificou-se o aumento na classificação de

sobrepeso e obesidade, o que se faz necessário desenvolver ações que evitem o

aumento excessivo do peso nestes pacientes.

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O acompanhamento e orientação nutricional nestes pacientes são de grande

importância, pois segundo o material publicado pelo Ministério da Saúde, os

cuidados com a saúde e uma reeducação alimentar podem auxiliar na adesão ao

tratamento e melhora do estado nutricional, favorecendo para melhorar a qualidade

de vida dos indivíduos soropositivos (BRASIL, 2006).

Não existem estudos que comprovem que os programas de nutrição tiveram

efeito positivo em pacientes que vivem com HIV/AIDS, também verificamos segundo

Goulart, França Júnior e Souza (2009), que os programas de suplementação

alimentar em crianças desnutridas têm sido pouco avaliados, por isso os mesmos

realizaram um estudo em Mogi das Cruzes que teve como objetivo avaliar os fatores

associados à recuperação nutricional de crianças em programas de suplementação

alimentar. Conforme os resultados do estudo citado a condição nutricional

apresentava-se significativamente melhor, com um impacto maior quanto mais

intensa era a deficiência nutricional.

No estudo realizado por Carvalho et. al. (2009), em que foi avaliada a evolução

do estado nutricional de crianças submetidas a um programa de suplementação

alimentar em município do Estado de São Paulo, foi confirmada a relativa

importância de programas de suplementação alimentar, especialmente em crianças

com desnutrição grave, porém a efetividade dos programas não depende só do

provimento e distribuição de alimentos, mas também de ações desenvolvidas junto

ao programa.

Um fator importante a ser avaliado constantemente é a alteração do perfil de

estado nutricional, na qual se assiste uma redução contínua dos casos de

desnutrição, é observado um aumento de pessoas com excesso de peso,

contribuindo assim para evolução nos casos de doenças crônicas não

transmissíveis, por isso a necessidade de medidas de promoção da alimentação

saudável (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008).

O impacto dos programas de educação nutricional tem efeitos positivos na

melhora do estado nutricional, tanto para o ganho de peso como para o controle e

perda de peso como demonstrado no estudo realizado por Alvarez e Zanella (2009),

em que após um período de acompanhamento, com pacientes hipertensos, obesos

ou em excesso de peso com fatores de risco associado a doenças cardiovasculares,

foi eficaz para estimular mudança qualitativa no perfil dos hábitos alimentares e

assim reduzir os fatores de risco para doenças cardiovasculares.

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40

É um direito humano o acesso à alimentação e nutrição adequadas, por isso a

importância de ações que promovam saúde pública e segurança alimentar (BRASIL,

2006).

5.3 Questionário de Frequência Alimentar (QFA)

Segundo, Oliveira et. al. (2008), para caracterização dos hábitos alimentares

em populações é necessário a utilização de instrumentos de fácil acesso, prático e

com baixos custos, pois neste estudo foi utilizado um questionário de freqüência

alimentar específico à população estudada.

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Tabela 6. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo

de carboidratos

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Pão branco 26 (65%) 12 (30%) 1 (2,5%) 1 (2,5%) 0 0

Pão integral 0 0 0 0 0 40 (100%)

Bolacha doce 2 (5%) 16 (40%) 2 (5%) 12 (30%) 6 (15%) 2 (5%)

Bolacha salgada

1 (2,5%) 17 (42,5%) 3 (7,5%) 15 (37,5%) 3 (7,5) 1 (2,5%)

Bolo 0 0 0 8 (20%) 15 (37,5%) 17 (42,5%)

Aveia 4 (10%) 8 (20%) 0 8 (20%) 3 (7,5%) 17 (42,5%)

Cereais integrais

0 0 0 0 2 (5%) 38 (95%)

Arroz branco 35 (87,5%) 3 (7,5%) 0 2 (5%) 0 0

Arroz integral 0 0 0 1 (2,5%) 0 39 (97,5%)

Massa 2 (5%) 2 (5%) 1 (2,5%) 26 (65%) 9 (22,5%) 0

Batata 0 2 (5%) 0 23 (57,5) 13 (32,5%) 2 (5%)

Farinha de milho

1 (2,5%) 0 0 19 (47,5%) 11 (27,5%) 9 (22,5%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Na tabela 6, podemos verificar que a maioria dos entrevistados tem o hábito de

consumir mais de uma vez ao dia pão e arroz branco, alimentos com alto teor de

calorias, porém com baixo valor nutritivo e sem a presença de fibras alimentares,

caracterizando assim que a população desconhece ou não tem condições

financeiras de consumir alimentos ricos em fibras, tais como o pão integral, arroz

integral, cereais integrais. Outros itens que também aparecem no consumo diário

desta população é a bolacha doce e salgada.

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Tabela 7. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo

de frutas

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Banana 2 (5%) 6 (15%) 0 16 (40%) 7 (17,5%) 9 (22,5%)

Maçã 2 (5%) 3 (7,5%) 0 9 (22,5%) 4 (10%) 22 (55%)

Mamão 0 1 (2,5%) 0 6 (15%) 0 23 (57,5%)

Laranja 0 5 (12,5%) 2 (5%) 21 (52,5%) 4 (10%) 8 (20%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Conforme a tabela 7 referente ao consumo de frutas, verificamos o baixo

consumo diário destes alimentos que são de grande importância para o aporte de

fibras e vitaminas, principalmente a laranja que é fonte de vitamina C e pode auxiliar

na melhora do sistema imunológico.

Tabela 8. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo

de leguminosas

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Feijão 14 (35%) 11 (27,5%) 2 (5%) 11 (27,5%) 1 (2,5%) 1 (2,5%)

Proteína de soja

0 2 (5%) 0 26 (65%) 4 (10%) 8 (20%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Segundo os dados da tabela 8, o consumo de feijão nos pacientes

entrevistados ficou bem distribuído, visto que a maioria deles consomem entre 2 a 4

vezes por semana 27,5%, 1 vez ao dia 27,5% e mais de uma vez ao dia 35%, sendo

um alimento muito importante no aporte de ferro.

A proteína de soja é consumida na maioria dos entrevistados pelo menos de 2

a 4 vezes por semana 65%, possivelmente devido a este produto ser oferecido na

cesta básica e por poder substituir a carne de gado como fonte de proteína.

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Tabela 9. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo

de hortaliças

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Alface 6 (15%) 9 (22,5%) 1 (2,5%) 10 (25%) 4 (10%) 10 (25%)

Beterraba 2 (5%) 3 (7,5%) 0 7 (17,5%) 9 (22,5%) 19 (47,5)

Cenoura 0 2 (5%) 0 8 (20%) 12 (30%) 18 (45%)

Brócolis 0 1 (2,5%) 0 3 (7,5%) 7 (17,5%) 29 (72,5%)

Couve 0 1 (2,5%) 0 11 (27,5%) 9 (22,5%) 19 (47,5%)

Couve-flor 0 0 0 9 (22,5%) 6 (15%) 25 (62,5%)

Espinafre 0 0 0 5 (12,5%) 3 (7,5%) 32 (80%)

Tomate 4 (10%) 13 (32,5%) 1 (2,5%) 12 (30%) 6 (15%) 4 (10%)

Cebola 1 (2,5%) 29 (72,6%) 0 4 (10%) 2 (5%) 4 (10%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Quanto ao consumo de hortaliças, mostrado na tabela 9, identificou-se que os

pacientes entrevistados têm um consumo diário de verduras insuficiente para

preencher as necessidades e recomendações de vitaminas e minerais. Dos

alimentos relatados pelos entrevistados como presentes na alimentação diária

encontram-se a alface, beterraba, cenoura, brócolis e couve, dos quais o mais

consumido pela população foi a alface com 22,5% de consumo diário. O tomate foi

citado por 32,5% e a cebola por 72,6% de consumo diário, em função de

provavelmente fazerem parte de diversas preparações. Nos demais alimentos o

consumo era de nunca ou menos que uma vez por mês, caracterizando que nesta

população o consumo de hortaliças é insuficiente e com pouca variedade.

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Tabela 10. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao

consumo de carnes

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Ovos 0 4 (10%) 0 16 (40%) 7 (17,5%) 13 (32,5%)

Frango 1 (2,5%) 3 (7,5%) 5 (12,5%) 24 (60%) 6 (15%) 1 (2,5%)

Carne de gado 0 3 (7,5%) 1 (2,5%) 22 (55%) 9 (22,5%) 5 (12,5%)

Carne de porco 0 0 1 (2,5%) 2 (5%) 5 (12,5%) 32 (80%)

Peixe 0 0 0 3 (7,5%) 3 (7,5%) 34 (85%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Referente ao consumo de carnes, apresentado na tabela 10, podemos

perceber que a maioria dos pacientes entrevistados consome como tipo de carne o

frango, provavelmente pelo preço menor em comparação com a carne de gado, mas

mesmo assim estes pacientes ainda conseguem consumir a carne de gado pelo

menos de 2 a 4 vezes por semana. Além de substituir a carne de gado por frango, os

pacientes entrevistados na sua maioria utilizam proteína de soja na sua alimentação

semanal, reduzindo assim os gastos, pois este produto é distribuído na cesta básica.

Tabela 11. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao

consumo de leites e derivados

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Leite Desnatado

1 (2,5%) 2 (5%) 0 0 0 37 (92,5%)

Leite Semi desnatado

0 0 0 0 0 40 (100%)

Leite Integral 27 (67,5%) 4 (10%) 0 4 (10%) 1 (2,5%) 4 (10%)

Iogurte 0 1 (2,5%) 0 7 (17,5%) 5 (12,5%) 27 (67,5%)

Queijo 2 (5%) 2 (5%) 0 5 (12,5%) 3 (7,5%) 28 (70%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

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45

Na tabela 11, novamente podemos perceber que o consumo dos alimentos que

possuem um custo econômico mais alto não é muito consumido pelos pacientes

pertencentes ao programa. O leite integral nesta população é consumido mais de

uma vez ao dia com percentual de 67,5%, contabilizando-se a maioria da população

estudada, devido provavelmente a este produto ser ofertado na cesta básica do

programa.

Tabela 12. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao

consumo de açúcares e doces

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Sobremesa 1 (2,5%) 2 (5%) 1 (2,5%) 1 (2,5%) 13 (32,5%) 22 (55%)

Açúcar 33 (82,5) 4 (10%) 0 1 (2,5%) 1 (2,5%) 1 (2,5%)

Achocolatado 12 (30%) 3 (7,5%) 0 9 (22,5%) 1 (2,5%) 15 (37,5%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Quanto ao consumo de açúcares e doces, podemos identificar que o consumo

de açúcar, mais de uma vez ao dia, foi referido pela maioria dos pacientes

entrevistados 82,5%.

Tabela 13. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao

consumo de óleos e gorduras

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Óleos 2 (5%) 38 (95%) 0 0 0 0

Margarina 19 (47,5%) 11 (27,5%) 0 2 (5%) 0 8 (20%)

Manteiga 2 (5%) 2 (5%) 0 0 0 36 (90%)

Frituras 0 1 (2,5%) 1 (2,5%) 11 (27,5%) 10 (25%) 17 (42,5%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

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Referente ao consumo de óleos e gorduras, a população estudada informou

um consumo diário de óleos: 95% uma vez ao dia, margarina 47,5% mais de uma

vez ao dia, já o consumo de manteiga ficou em 90% nunca ou menos de uma vez ao

mês e as frituras 42,5% se enquadrou em nunca ou menos de uma vez ao mês e

27,5% referiu o consumo de 2 a 4 vezes por semana.

Tabela 14. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao

consumo de bebidas

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Bebida alcoólica

0 0 0 1 (2,5%) 0 39 (97,5%)

Café 29 (72,5%) 6 (15%) 0 3 (7,5%) 0 2 (5%)

Refrigerante 1 (2,5%) 0 2 (5%) 7 (17,5%) 12 (30%) 18 (45%)

Água 33 (82,5%) 7 (17,5%) 0 0 0 0

Chá 4 (10%) 9 (22,5%) 0 9 (22,5%) 2 (5%) 16 (40%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

A maioria dos pacientes entrevistados relatou nunca ou menos de uma vez ao

mês consumir bebidas alcoólicas, porém podem ter sido influenciados pela presença

da pesquisadora e não relatarem a verdadeira realidade. Afirmaram ter um consumo

diário de água, porém ainda se percebeu que do total de pacientes entrevistados

17,5% informaram consumir água somente uma vez ao dia, demonstrando assim um

baixo consumo de água.

Tabela 15. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao

consumo de suplementos

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Nutren Activia 7 (17,5%) 19 (47,5%) 0 6 (15%) 1 (2,5%) 7 (17,5%)

Mucilon 3 (7,5%) 7 (17,5%) 0 1 (2,5%) 1 (2,5%) 28 (70%)

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

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Dos suplementos ofertados pela cesta básica verificamos que do total de

entrevistados 28 (70%) relataram que o consumo de mucilon é menor que uma vez

ao mês ou nunca, já o nutrem activia é consumido diariamente por 19 pacientes

(46,5%). Estes dados podem demonstrar a necessidade de realização de oficinas

para mostrar as possibilidades de utilização destes suplementos no consumo diário

para um melhor aproveitamento dos produtos ofertados na cesta básica.

Tabela 16. Porcentagens do questionário de frequência alimentar

Alimentos Mais de 1X dia

1X p/ dia 5 a 6X

semana 2 a 4X

semana 1X

semana

Nunca ou < 1X

mês

Carboidratos 14,79% 12,50% 1,45% 23,96% 12,92% 34,3 8%

Frutas 2,67% 10% 1,33% 34,67% 10% 41,33%

Hortaliças 3,61% 16,11% 0,56% 19,17% 16,11% 44,44%

Leguminosas 17,5% 16,25% 2,5% 46,25% 6,25% 11,25%

Carnes 0,5% 5% 3,5% 33,5% 15% 42,5%

Leites e derivados 15% 4,5% 0% 8% 4,5% 68%

Açúcares e doces 38,33% 7,5% 0,83% 9,17% 12,5% 31,67%

Óleos e gorduras 14,38% 32,5% 0,62% 8,12% 6,25% 38,13%

Bebidas 33,5% 11% 1% 10% 7% 37,5%

Suplementos 12,5% 32,5% 0% 8,75% 2,5% 43,75%

Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009.

Ao avaliar o perfil do consumo alimentar diário dos pacientes entrevistados

verificamos um baixo consumo de carnes e frutas, alimentos que são de grande

importância para melhora do estado nutricional, bem como para a absorção de

vitaminas e minerais que tem grande influência no sistema imunológico destes

pacientes. Já os carboidratos, leguminosas, açúcares e doces, óleos e gorduras e os

suplementos aparecem com maior frenquência no consumo diário dos pacientes

entrevistados, podendo assim influenciar para o aumento de peso, devido a serem

alimentos com maiores índices calóricos.

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Com a avaliação da frequência alimentar destes pacientes podemos verificar

que a introdução da cesta básica na alimentação desta população pode ter sido o

fator de aumento de peso, reforçando assim que é fundamental a distribuição dos

alimentos para auxiliar na melhora e manutenção do peso corporal, porém deve-se

ter um acompanhamento mais efetivo para evitar o sobrepeso e obesidade.

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6 CONCLUSÃO

Com este trabalho conclui-se que o Programa Qualidade de Vida Melhor possui

um papel importante na evolução de parâmetros antropométricos dos pacientes, pois

contribuiu em alguns casos para modificar o estado nutricional.

Outro aspecto relevante foi a socialização, a melhora na situação

socioeconômica, devido ao auxílio na alimentação através do fornecimento de cesta

básica.

A população avaliada e participante do Programa se encontra na idade adulta e

o perfil do público efetivo deste Programa é em maior percentual feminino.

A classificação nutricional da maioria dos pacientes avaliados foi a eutrofia

tanto no momento da adesão ao Programa quanto na avaliação realizada durante a

pesquisa, contudo identificou-se uma tendência que a população estudada evoluísse

para um aumento no peso. Também podemos citar que o público feminino foi o que

mais aumentou de peso.

Quanto ao consumo alimentar dos pacientes deste estudo, podemos citar que

foi identificado um baixo consumo de frutas e verduras e um consumo aumentado de

alimentos com alto teor de calorias, demonstrando assim uma alimentação com

baixa qualidade nutricional e pouca quantidade de fibras.

Dos alimentos consumidos pelos pacientes avaliados, encontramos como fonte

de proteína de alto valor biológico a carne de frango.

O consumo de açúcares, doces, óleos e gorduras foi bastante elevado nesta

população, podendo estar associado ao aumento de peso.

Os suplementos ofertados pela cesta básica para complementar a alimentação

tem bastante aceitação, porém é importante que os pacientes participem de oficinas

para melhor aproveitar as suas funcionalidades.

Foi elaborado pela pesquisadora com auxílio de informações da Unidade de

Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas um

Protocolo de Atendimento (ANEXO D) ao Programa Qualidade de Vida Melhor que

deverá ser aprovado pela Unidade e Secretaria Municipal de Saúde da cidade de

Canoas.

O presente estudo verificou a efetividade do Programa Qualidade de Vida

Melhor e analisou o perfil alimentar dos pacientes pertencentes ao programa, porém

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constatamos a possibilidade de viés referente à veracidade das respostas que

podem ter sido influenciadas pela presença da pesquisadora.

São necessários outros estudos que possam acompanhar a evolução do

estado nutricional dos pacientes pertencentes a programas de auxílio a pessoas que

vivem com HIV/AIDS.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os programas de nutrição para os pacientes que vivem com HIV / AIDS são de

grande importância para minimizar os efeitos da doença e da medicação.

A avaliação nutricional, educação nutricional, atividades físicas e atividades

que desenvolvam a socialização de diversos assuntos a estes pacientes podem

favorecer na adesão, tratamento e ao acompanhamento destes indivíduos, podendo

oferecer uma qualidade de vida melhor.

É importante que haja um acompanhamento nutricional efetivo com orientações

para que o aumento do peso nestes pacientes não evolua para as classificações de

sobrepeso e obesidade, e que evite a desnutrição.

O profissional deve fazer o uso de alternativas como: avaliação de questionário

de frequência alimentar, recordatório 24h, diário alimentar, para que seja possível

montar uma estratégia de ações específicas para melhoria da qualidade da

alimentação e estado nutricional no baixo peso, devido à associação com doenças

oportunistas que são características das pessoas que vivem com HIV / AIDS, e no

sobrepeso e obesidade por causa da relação com lipodistrofia e as doenças

cardiovasculares que estão sendo vinculadas aos indivíduos soropositivos em uso

dos antiretrovirais.

A utilização de estratégias na qual possa haver um envolvimento dos pacientes

com palestras, oficinas, treinamentos é de grande importância para um bom

acompanhamento nutricional.

Devemos citar a necessidade de desenvolvimento de ações públicas que

possam auxiliar a acessibilidade das pessoas com baixas condições

socioeconômicas para uma alimentação mais saudável, onde existam ferramentas

que venham a facilitar a compra de frutas, verduras e alimentos integrais, tais como

parcerias com a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul S.A entre outras

empresas e serviços do ramo.

Existem dois documentos do Ministério da Saúde que podem ajudar no

acompanhamento e tratamento nutricional às pessoas que vivem com HIV / AIDS, o

Manual Clínico de Alimentação e Nutrição Na Assistência a Adultos Infectados pelo

HIV e a cartilha de Alimentação e Nutrição para Pessoas que Vivem com HIV e

AIDS.

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ANEXO A

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O (a) senhor (a) está sendo convidado (a) a fazer parte de uma pesquisa que

tem por objetivo verificar a importância do Projeto Qualidade de Vida Melhor na

evolução do estado nutricional dos indivíduos soropositivos, atendidos no Centro de

Saúde do Município de Canoas pela Seção de atenção Alimentar em parceria com o

Serviço de Atendimento Especializado – SAE. Esta pesquisa chama-se “Avaliação

do estado nutricional dos indivíduos portadores da Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida – SIDA/AIDS no Município de Canoas - RS” . O

resultado poderá trazer informações que beneficiem o (a) senhor (a) e outros

pacientes. Os indivíduos que aceitarem participar da pesquisa irão preencher o

Termo de Consentimento Livre e esclarecido em duas vias, sendo uma retida pelo

sujeito da pesquisa ou representante e uma arquivada pelo pesquisador.

Será verificado o peso corporal e a estatura, aplicação de entrevista para

obtenção de dados como: idade, sexo, tempo de infecção pelo HIV, patologias

associadas. Também serão realizados entrevista e questionário de freqüência

alimentar auto-aplicável nos indivíduos alfabetizados e aplicado aos indivíduos

analfabetos.

Os dados coletados serão de caráter confidencial, mas o (a) senhor (a) poderá

saber de seus resultados, se solicitado. As informações obtidas serão utilizadas

unicamente para fins de pesquisa.

O (a) senhor (a) poderá solicitar para deixar a pesquisa em qualquer momento,

sem qualquer restrição ou conseqüências.

Eu, ________________________________________, RG nº ________________,

declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de

pesquisa acima descrito.

Canoas, ____ de _____________ de ______.

_____________________________ ____________________________

Assinatura do paciente Assinatura do pesquisador

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ANEXO B

Entrevista

Data: ____/____/______

Nome (iniciais): __________________ Código: ______

Data de Nascimento : ____/____/______ Idade: __________

Tempo de infecção pelo HIV: __________________________________

Gênero : ( ) M ( ) F

Doenças associadas :

( ) Diabetes Mellitus ( ) Hipertensão ( ) Depressão ( ) Outra

Qual : ___________________________________________________

Uso de antiretrovirais :

( ) Sim ( ) Não

Quais e quantas vezes ao dia :

( ) ABACAVIR ________ ( ) ESTAVUDINA ________ ( ) LAMIVUDINA ________

( ) ZALCITABINA ________ ( ) ZIDOVUDINA ________ ( ) DELAVIRDINA ________

( ) EFAVIRENZ ________ ( ) NEVIRAPINA ________ ( ) AMPRENAVIR ________

( ) NELFINAVIR ________ ( ) LOPINAVIR ________ ( ) RITONAVIR ________

( ) SAQUINAVIR ________ ( ) TENOFOVIR ________ ( ) ATAZANAVIR ________

( ) DIDANOSINA ________ ( ) INDINAVIR ________

Ocorrências nos últimos três meses:

( ) Falta de apetite ( ) Perda de Peso ( ) Náuseas

( ) Vômitos ( ) Diarréias ( ) Dor ao deglutir ( ) Infecções

O que mudou após o início do acompanhamento no Prog rama?

( ) Alimentação ( ) Peso ( ) Alívio dos sintomas ( ) Disposição

Peso Atual: __________ Estatura: __________

IMC = ____________ Classificação: _____________________

Peso Adesão: __________ Estatura: __________

IMC = ____________ Classificação: _____________________

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ANEXO C

Questionário de Frequência Alimentar

Data: ____/____/______

Nome (iniciais): __________________ Código: ______

Freqüência média

Alimentos Nunca ou <

1 mês 1 sem. 2 – 4 sem. 5 – 6 sem. 1 dia Mais de 1 dia

Leite desnatado

Leite semi

desnatado

Leite integral

Iogurte

Queijo

Sobremesas

(chocolates)

Ovos

Frango

Carne de vaca

Carne de porco

Peixe

Óleos

Margarina

Manteiga

Pão branco

Pão integral,

centeio

Aveia

Cereais integrais

Arroz branco

Arroz integral

Massas

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Batata

Frituras

Bolacha doce

Bolacha salgada

Bolos

Farinha de milho

Açúcar

Achocolatado

Bebidas alcoólicas

Café

Refrigerantes

Água

Chá

Banana

Maçã

Mamão

Melão

Laranja, bergamota

Feijão

Alface

Beterraba

Cenoura

Brócolis

Couve

Couve-flor

Espinafre

Tomate

Cebola

Proteína de soja

Nutrem activia

Mucilon

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ANEXO D

SECRETARIA MUNICIPAL DE CANOAS

UNIDADE DE PROGRAMAS ESPECIAIS EM NUTRIÇÃO

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO AO PROGRAMA

QUALIDADE DE VIDA MELHOR

2009

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 2

2 OBJETIVOS ........................................................................................ 4

2.1 Objetivo Geral .................................................................................... 4

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 4

3 POPULAÇÃO ALVO .......................................................................... 4

4 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 5

4.1 Diagnóstico ........................................................................................ 5

4.2 Estágios da Doença – AIDS ............................................................. 6

4.3 Tratamento ......................................................................................... 6

4.4 Atiretrovirais ...................................................................................... 6

4.5 Lipodistrofia ...................................................................................... 7

4.6 Avaliação Nutricional ........................................................................ 7

4.7 Alimentação ....................................................................................... 9

4.8 Tratamento Dietoterápico ................................................................. 10

5 TEMPO DE PERMANÊNCIA NO PROGRAMA ................................. 11

6 PASSOS PARA O ATENDIMENTO ................................................... 11

7 ACOMPANHAMENTO NO PROGRAMA ........................................... 12

8 CESTA BÁSICA DE COMPLEMENTAÇÃO DE ALIMENTOS .......... 13

9 RECURSOS FINANCEIROS.............................................................. 13

10 DADOS ANTROPOMÉTRICOS ......................................................... 13

10.1 Peso .................................................................................................... 13

10.2 Estatura .............................................................................................. 14

10.3 Estado nutricional ............................................................................. 14

10.4 Métodos associados para avaliação e diagnóstic o nutricional ... 15

11 DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ................ 15

REFERÊNCIAS.................................................................................. 17

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, de 1980 a junho de 2008, foram notificadas 506.499 casos de

Acquired Immune Deficiency Syndrome / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

(AIDS / SIDA). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil possui

uma epidemia controlada, com taxa de prevalência de 0,6% (BRASIL, 2008).

Estudo epidemiológico realizado em 2007 no Brasil demonstrou que, cinco

anos após o diagnóstico da doença, 90% das pessoas com AIDS na região Sudeste

continuaram vivas, seguidas por 78% no Norte, 80% no Centro Oeste, 81% no

Nordeste e 82 no Sul (BRASIL, 2008).

A AIDS se mantém estável no Brasil, porém com diferenças regionais que se

acentuam. A epidemia avança no interior do país, em mulheres, adolescentes,

idosos, heterossexuais e na população de baixa renda e pouca escolaridade

(BRASIL, 2008).

A progressão da infecção pelo Human Immunodeficiency Vírus / Vírus da

Imunodeficiência Humana (HIV) e desenvolvimento da AIDS é determinada pela

depleção das células imunes (linfócitos T) que com a associação do aumento da

carga viral, afetando suficientemente o sistema imunológico e permiti o aparecimento

de doenças oportunistas, causadas por diversos tipos de bactérias, vírus e alguns

tipos de cânceres venham causar disfunções graves no organismo como um todo,

elevando o risco de morte, morbimortalidade, infecções e desenvolvimento de tipos

de câncer (DERESZ, 2007) e (BRASIL, 2008).

A AIDS está instalada quando o vírus já afetou suficientemente o sistema

imunológico, com disfunção na imunidade celular, permitindo que doenças

oportunistas, causadas por diversos tipos de bactérias, vírus e alguns tipos de

cânceres venham causar disfunções graves do organismo como um todo, elevando

o risco de morte, morbimortalidade, infecções e desenvolvimento de tipos de câncer

(BRASIL, 2008).

Segundo dados disponibilizados pelo Serviço de Atendimento Especializado –

SAE em 2008, o Município de Canoas possui atualmente 2.341 pessoas infectadas

pelo HIV/AIDS cadastradas neste serviços, e 730 em uso de terapia antiretroviral.

Geralmente são cadastrados em torno de 15 a 18 pacientes por mês.

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Estudos evidenciam que as denominações grupos de risco e comportamento

de risco não foram suficientes para demonstrar as mudanças ocorridas na epidemia

do HIV, que ao longo do tempo passou a atingir não somente os homens

homossexuais e usuários de drogas injetáveis, mas também homens

heterossexuais, bissexuais, mulheres, adolescentes, idosos, principalmente pessoas

em vulnerabilidade social. Essas mudanças mostram um novo conceito de

vulnerabilidade social, direitos humanos, gênero, sexualidade, idade, raça/cor e

cidadania (SOUSA; SANTO; MOTTA, 2008).

A desnutrição é uma conseqüência marcante da doença, bem como a

utilização dos antiretrovirais que propiciam à diminuição da ingestão alimentar,

disfagia, vômitos, distúrbios na boca e esôfago, infecções locais e sistêmicas,

neoplasias e má-absorção. Além dos fatores clínicos e medicamentosos a influência

socioeconômica, vulnerabilidade social e acesso a informação da população de

baixa renda, afetam sensivelmente no desenvolvimento de desnutrição, baixa

imunidade e por conseqüência doenças oportunistas (POLACOW et. al. 2004).

O Portador da AIDS precisa constantemente manter cuidados com a sua

saúde, abrangendo alimentação balanceada, atividade física e higiene pessoal, pois

o vírus HIV afeta as células T-CD4 (células de defesa) propiciando o aparecimento

de infecções oportunistas, o que demonstra a necessidade do acompanhamento

nutricional e antropométrico por profissional capacitado.

Os serviços e programas públicos são de grande importância no

monitoramento e auxílio aos indivíduos soropositivos, tanto nos exames

laboratoriais, distribuição dos antiretrovirais, tratamento, melhora e manutenção do

estado nutricional, apoio psicológico, orientações quanto aos cuidados que devem

ser seguidos nesta patologia, prevenção e controle de DST e AIDS (BRASIL, 2008).

A finalidade deste protocolo é servir de instrumento para o adequado e

uniforme atendimento de pessoas participantes do Programa Qualidade de Vida

Melhor, bem como os pacientes atendidos no Serviço de Atendimento Especializado

- SAE.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Atender a demanda dos pacientes soropositivos em risco nutricional e em

vulnerabilidade social, uma vez que existe uma gama de problemas e sintomas

associados decorrentes da AIDS que comprometem o estado nutricional e vice

versa. Uma orientação nutricional individualizada, adequação da dieta e

suplementação alimentar contribuem para minimizar os problemas que acometem as

pessoas que vivem com HIV / AIDS.

2.2 Objetivos Específicos

� Recuperar, melhorar ou manter o estado nutricional dos pacientes;

� prevenir desnutrição protéico-energéticas e deficiências vitamínicas;

� melhorar a qualidade de vida;

� promover educação nutricional;

� promover segurança alimentar;

� complementar as necessidades nutricionais com a distribuição de alimentos

e suplementos alimentares.

3 POPULAÇÃO ALVO

A população alvo abrangida pelas ações proposta neste protocolo é constituída

por pacientes que residam em Canoas e sejam encaminhados pelo Serviço de

Atendimento Especializado – SAE, na qual esteja enquadrado em vulnerabilidade

social e risco nutricional.

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A situação socioeconômica será analisada através de informações prestadas

em entrevista com assistente social, verificação de documentos e ou visita domiciliar.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Diagnóstico

O diagnóstico da infecção pelo vírus HIV é realizado por meio de teste, a partir

da coleta de uma amostra de sangue em laboratórios, unidades básicas de saúde,

em Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), podendo ser realizado de forma

anônima e gratuita. Geralmente, leva de 3 a 12 semanas após o contato com o vírus,

para que o exame consiga detectar a presença do HIV (BRASIL, 2008).

Estar infectado pelo HIV não significa que o indivíduo esteja com AIDS, e sim

que foram detectados anticorpos contra o vírus. As pessoas soropositivas podem

permanecer por muitos anos infectados sem desenvolver a doença (BRASIL, 2008).

A AIDS está instalada quando o vírus HIV já causou danos suficientes ao

sistema imunológico, com a inserção do seu material genético no DNA (ácido

desoxirribonucléico) de células-alvo hospedeiras, principalmente as CD4 (células de

defesa) destruindo-as após ampla replicação, podendo assim desenvolver infecções

oportunistas e alguns tipos de câncer (POLACOW et. al., 2004).

Um dos principais marcadores laboratoriais do comprometimento imunológico

através da infecção do HIV é quantificado pelos linfócitos T auxiliares e supressores

(CARVALHO; TONELLI, 1999).

É necessário que os indivíduos soropositivos façam o controle da carga viral

(quantidade de vírus na corrente sanguínea), pois este determina como está

atuando o sistema imunológico.

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4.2 Estágios da Doença – AIDS

A AIDS está classificada em 3 estágios, inicial no qual a contagem de células

CD4 é superior a 500 cel./mm³ em que a sintomatologia é a linfadenopatia e

dermatites, intermediário em que a contagem de CD4 passa entre 200 e 500

cel./mm³ com o aparecimento de candidíase oral e vaginal, displasia cervical,

neuropatia periférica, herpes zoster e febre, já no estágio final da doença a

contagem de CD4 encontra-se inferior a 200 cel./mm³ e desenvolvimento de

doenças neurológicas, infecções oportunistas, tumores, entre outras (CUPPARI,

2005).

4.3 Tratamento

Os objetivos para o tratamento dos indivíduos soropositivos é prolongar o tempo e a

qualidade de vida, através do uso dos medicamentos anti-retrovirais, bem como a

recuperação do estado nutricional e redução das complicações e sintomas das

infecções oportunistas (POLACOW et. al., 2004).

4.4 Atiretrovirais

Inibidores de Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos: lamivudina,

zidovudina, estavudina, didanosina, abacavir e o tenofovir.

Inibidores não-nucleosídeos da transcriptase reversa: efavirenz e nevirapina.

Inibidores de Protease: indinavir, nelfinavir, saquinavir, atazanavir, amprenavir

e lopinavir/ritonavir.

O tratamento medicamentoso acarreta efeitos colaterais, como náuseas,

vômitos, diarréia, anorexia, diabetes mellitus, lipodistrofia que é caracterizada pela

redistribuição de gordura, influenciando na alteração da composição corporal,

hipercolesterolemia (aumento isolado do colesterol sérico), hipertrigliceridemia

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(aumento isolado dos triglicerídeos), alterações no metabolismo de glicose, entre

outros (POLACOW et. al., 2004).

O nutricionista possui um papel muito importante no suporte da saúde e

qualidade de vida dos indivíduos portadores de HIV/AIDS, pois é necessário avaliar

e planejar ações que visam melhorar o estado nutricional do paciente, na perda de

peso, alterações lipídicas e gordura corporal (ALMEIDA; JAIME, 2006).

4.5 Lipodistrofia

A lipodistrofia, conhecida como a síndrome lipodistrófica, se caracteriza pela

distribuição anormal da gordura corporal, na qual as principais manifestações são o

acúmulo de gordura dorso-cervical, nos seios, abdominal, bem como a redução de

gordura na face e membros denominada como lipoatrofia, o aparecimento de

dislipidemias e ainda resistência a insulina. Tais alterações estão diretamente

associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus

(MELLO; REIS; RIBEIRO, 2008).

O diagnóstico da lipodistrofia pode ser realizado através das medidas

antropométricas, absormetria com duplo feixe de Raios X, tomografia

computadorizada e ressonância nuclear magnética, as dislipidemias através da

avaliação das dosagens dos níveis de colesterol total, frações e triglicerídeos, e a

glicemia de jejum, curva glicêmica e a dosagem da insulinemia basal é utilizada para

avaliar a resistência a insulina e diagnóstico de diabetes (DUTRA; LIBONATI, 2008).

4.6 Avaliação Nutricional

O estado nutricional destes indivíduos pode variar da desnutrição até a

obesidade, pois existem diversos fatores envolvidos: utilização de medicamentos,

falta de apetite, algumas vezes até o excesso, alterações no metabolismo,

gastrointestinais.

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A desnutrição desenvolve diversas alterações funcionais afetando praticamente

todo o sistema, sendo o mais afetado o trato gastrointestinal, órgão importante na

digestão, absorção de nutriente e órgão imunológico, atuando como uma barreira à

entrada de microorganismos (TEIXEIRA NETO, 2003).

Apesar dos avanços na terapia antiretroviral, com melhora no prognóstico e

sobrevida dos indivíduos portadores da SIDA, surgiu a síndrome da lipodistrofia

associada ao HIV, caracterizada por alterações metabólicas (hipercolesterolemia,

hipertrigliceridemia e alterações no metabolismo da glicose) e morfológicas

envolvendo a redistribuição da gordura corporal, perda de perda de gordura da face,

membros e nádegas e acúmulo de gordura nas regiões dorso cervical,

supraclavicular, mamária e abdominal (ALMEIDA; JAIME, 2006).

Os métodos antropométricos para avaliação nutricional são de grande

importância para avaliar o estado nutricional dos pacientes, pois refletem como estão

aderindo ao tratamento. É importante associar diversos parâmetros, pois facilita a

caracterização do estado nutricional do paciente.

Conforme Albuquerque et. al. (2009), as medidas mais utilizadas para

avaliação nutricional de indivíduos é o peso e estatura, o qual possibilita obter o

índice de Quelelet ou índice de massa corporal (IMC), pois são de fácil utilização,

disponibilidade, não é necessário uma prévia preparação e tem boa aceitação dos

pacientes.

O IMC é um índice amplamente utilizado e é determinado pela razão entre o

peso e a altura ao quadrado, e considera-se uma medida valiosa para determinação

do estado nutricional podendo indicar sobre ou subnutrição (MAHAN, 2005).

Existem diversos métodos que são considerados boas técnicas para

diagnóstico da gordura corporal, tais como absortometria por dupla emissão de

raios-X (Dexa) de corpo total e a tomografia computadorizada do abdômen (TCA),

porém com custos muito altos, e assim se faz o uso de outras ferramentas que

também tem o poder de mensurar a gordura corporal (FLORIANO et. al., 2004).

Segundo Floriano et. al. (2004), estudos realizados em países desenvolvidos

vem utilizando métodos mais acessíveis como a somatória de espessura de dobras

cutâneas, circunferência da cintura (CC) e razão cintura-quadril (RCQ) de avaliação

da gordura corporal em portadores do HIV / AIDS.

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4.7 Alimentação

A alimentação dos indivíduos soropositivos deve ser balanceada e saudável

para manter os níveis de T - CD4 (células de defesa) de cada um, pois aumentam a

resistência à doença e evitam o aparecimento dos sintomas e complicações da

doença (BRASIL, 2006).

Uma dieta saudável e balanceada, além de ser vital para a saúde e

sobrevivência dos indivíduos, também pode melhorar a aderência ao tratamento

medicamentoso (ALMEIDA; JAIME, 2006).

A alimentação deve ser variada contemplando todos os macro e

micronutrientes a fim de atender as necessidades do organismo (CUPPARI, 2005).

Os micronutrientes fornecem diversos componentes que atuam na manutenção

e recuperação do organismo.

Na infecção pelo HIV foi constatado deficiências de micronutrientes,

provavelmente pela ingestão deficitária, além dos problemas de má absorção e

alterações no metabolismo. Encontramos dentre as deficiências de micronutrientes o

zinco e o selênio (ANGELIS, 2006).

O zinco é responsável pela manutenção da integridade estrutural das proteínas

e pela regulação da informação genética, desenvolvendo papel essencial na

composição e função de enzimas e hormônios. Fontes de zinco são encontradas em

ostras, fígado, carne vermelha, gema de ovo, carne escura de aves, nozes,

leguminosas, sementes, trigo (ANGELIS, 2006).

O selênio em conjunto com a vitamina C e E atua como um eficiente

antioxidante para o organismo. Fontes de selênio são encontradas em beterraba,

espinafre, cenoura, tomate, brócolis, repolho, ovos e cereais (CUPPARI, 2005).

A vitamina C também exerce papel importante nos indivíduos soropositivos,

pois está envolvida na produção de anticorpos atuando no sistema imune. Também

possui a função de produção do interferon, uma substância antiviral e anticâncer. A

ação antioxidante da vitamina C atua na proteção ao dano oxidativo contra certos

tipos de câncer, efeitos do envelhecimento, doença cardíaca entre outros problemas

de saúde. Fontes de vitamina C são encontradas em laranja, limão, morango, kiwi,

mamão papaia, acerola, pimentas vermelhas, brócolis e couve-de-bruxelas

(ANGELIS, 2006).

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4.8 Tratamento Dietoterápico

Os indivíduos soropositivos sofrem diversas alterações metabólicas e de

massa corpórea, tais como perda ponderal de 10% do peso corpóreo, febre

constante, caracterizada como wasting syndrome – síndrome consumptiva. A

desnutrição está associada à baixa ingestão de calorias e proteínas, elevação do

metabolismo, episódios de diarréias, aparecimento de infecções oportunistas, fatores

psicológicos, baixa ingestão de vitaminas, que são essenciais para melhora do

sistema imunológico (CUPPARI, 2005).

A intervenção nutricional deve seguir objetivos individualizados, de acordo com

os problemas identificados, no qual incluem a redução dos efeitos colaterais e

complicações associadas à doença e ao tratamento, auxiliar o paciente com

informações sobre uma alimentação saudável e proporcionar a melhora da

qualidade de vida (ALMEIDA; JAIME, 2006).

O acompanhamento nutricional é essencial em todos os estágios da infecção

pelo HIV/AIDS, na qual deve ser verificado o paciente como um todo, avaliando a

história familiar e do paciente, exame físico, avaliação antropométrica, exames

laboratoriais para que o profissional possa determinar os riscos e desenvolver metas

nutricionais com o intuito de minimizar as deficiências nutricionais (CUPPARI, 2005).

A dieta dos indivíduos soropositivos deve oferecer energia suficiente para

manter as necessidades do organismo, pois o metabolismo passa a ficar mais

acelerado em função do vírus que está presente. Recomenda-se de 25 a 30 Kcal/kg

por dia para pacientes assintomáticos e, de 35 a 40 Kcal/kg por dia para pacientes

sintomáticos, utilizando-se para o cálculo o peso atual (POLACOW et. al. 2004).

Em muitos casos é necessário utilizar no tratamento nutricional suplementos

que atinjam as necessidades calóricas, pois o aporte nutricional destes indivíduos

encontra-se aumentado (PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997).

A ingestão de proteínas dos indivíduos soropositivos deve ser de 0,8 a 1g/kg

de peso adequado ao dia ou de 1 a 1,2g/kg de peso adequado ao dia se houver a

necessidade de ganho de peso, o que é mais freqüente nos indivíduos soropositivos.

No caso dos lipídios, a dieta deve ser suplementada com triglicerídeos de cadeia

média (TCM), também existem relações com o uso concomitante de óleos de peixe,

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pois podem melhorar a função imune. Os carboidratos devem contribuir com 50 a

60% do valor energético total (POLACOW et. al. 2004).

Conforme os valores de ingestão dietética de referência (DRIS) de minerais e

vitaminas hidrossolúveis, a ingestão dietética recomendada (RDA) de zinco, para

homens entre 19 e 70 anos, é de 11mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina

C é de 90mg/dia. Para as mulheres entre 19 e 70 anos a recomendação de zinco é

de 8mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina C é de 75mg/dia (CUPPARI,

2005).

5 TEMPO DE PERMANÊNCIA NO PROGRAMA

O tempo de duração do paciente no programa será de 12 meses, salvo casos

de carência física ou social muito grave, ou por tempo inferior em caso de denúncia

(uso inadequado dos alimentos) ou alteração da situação socioeconômica. Só

poderão participar do programa uma pessoa por família, (para dar chance a um

maior número de famílias), mesmo que outros membros da composição familiar

sejam soropositivos.

6 PASSOS PARA O ATENDIMENTO

1° Passo: Identificação dos pacientes em risco nutr icional e vulnerabilidade

social, encaminhados pelo SAE para inserção no Programa;

2º Passo: Avaliação da situação socioeconômica e visita domiciliar, quando

necessário será realizada pela Assistente Social da Unidade de Programas

Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas;

3º Passo: Avaliação do estado nutricional através do IMC, curva de Rosso,

curvas da OMS 2007 preconizadas pelo Ministério da Saúde, para realização do

diagnóstico nutricional;

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4° Passo: Coleta dos dados e preenchimento do Siste ma de Vigilância

Alimentar e Nutricional (SISVAN) e Boletim de Produtividade (BPA) onde o paciente

ou familiar assinam.

7 ACOMPANHAMENTO NO PROGRAMA

O acompanhamento no Programa deverá ser mensalmente, no qual um mês

será realizado avaliação nutricional e no mês seguinte uma atividade de educação

nutricional ou temas diversos a serem abordados conforme a necessidade dos

pacientes. Mensalmente o paciente irá receber uma cesta básica para

complementação dos alimentos.

Nos casos de comprometimento do estado nutricional tanto para baixo peso

como para sobrepeso e obesidade o acompanhamento deverá ter uma proposta

mais efetiva, em que com o consentimento do paciente sejam agendadas outras

datas, podendo ser quinzenalmente para uma abordagem mais específica para a

melhoria e recuperação do seu estado nutricional.

O profissional deve fazer o uso de alternativas como: avaliação de questionário

de frequência alimentar, recordatório 24h, diário alimentar, para que seja possível

montar uma estratégia de ações específicas para melhoria da qualidade da

alimentação e estado nutricional no baixo peso, devido à associação com doenças

oportunistas que são características das pessoas que vivem com HIV / AIDS, e no

sobrepeso e obesidade por causa da relação com lipodistrofia e as doenças

cardiovasculares que estão sendo vinculadas aos indivíduos soropositivos e uso dos

antiretrovirais.

É importante utilizar estratégias na qual possa haver um envolvimento dos

pacientes como palestras, oficinas, treinamentos.

Existem dois documentos do Ministério da Saúde que podem ajudar no

acompanhamento e tratamento nutricional às pessoas que vivem com HIV / AIDS, o

Manual Clínico de Alimentação e Nutrição Na Assistência a Adultos Infectados pelo

HIV e a cartilha de Alimentação e Nutrição para Pessoas que Vivem com HIV / AIDS.

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8 CESTA BÁSICA DE COMPLEMENTAÇÃO DE ALIMENTOS

Os alimentos serão fornecidos conforme a situação nutricional, socioeconômica

e composição familiar do paciente. A tabela de alimentos para composição da cesta

básica de complementação alimentar vão depender dos recursos financeiros e tipos

de alimentos disponíveis no mês.

9 RECURSOS FINANCEIROS

Os recursos financeiros para distribuição da cesta básica serão provenientes

do SAE e Secretaria Municipal da Saúde de Canoas.

10 DADOS ANTROPOMÉTRICOS

Os dados antropométricos a serem avaliados na avaliação nutricional serão os

descritos abaixo.

10.1 Peso

As nutricionistas devidamente treinadas devem realizar a medida de pesagem

do paciente sem calçados e com roupas leves, descontando-se logo após. A

balança a ser utilizada deve estar devidamente aferida. O paciente deve ser

posicionado com os pés unidos no centro da balança, com o objetivo de manter uma

correta distribuição do peso.

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10.2 Estatura

As nutricionistas devidamente treinadas devem realizar a medida de estatura

através de antropometro, o paciente deve estar sem calçados e posicionado com os

pés encostados na parede de forma ereta com a cabeça em posição horizontal.

10.3 Estado nutricional

O estado nutricional dos pacientes deverá ser determinado pelo cálculo do

Índice de Massa Corporal (IMC). A definição do IMC é realizado pela razão entre a

massa corporal (em kg) e o quadrado da estatura (em m²). O parâmetro utilizado

para classificação do estado nutricional será a classificação da Organização Mundial

da Saúde (OMS) - 1998, conforme mostrado no quadro abaixo.

IMC (Kg/m²) Classificação

Igual ou abaixo de 18,4 Baixo peso

18,5 a 24,9 Eutrofia

25 a 29,9 Sobrepeso

30 a 34,9 Obesidade grau I

35 a 39,9 Obesidade grau II

Igual ou acima de 40 Obesidade grau III

QUADRO – Classificação do Índice de Massa Corpórea

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), 1998.

Em caso de avaliação de crianças será utilizado à classificação conforme as

novas curvas da OMS 2007 preconizadas pelo Ministério da Saúde, e na avaliação

de gestantes a classificação será através da curva de Rosso.

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10.4 Métodos associados para avaliação e diagnóstic o nutricional

Circunferência da Cintura e Circunferência do Quadril para realização da razão

cintura / quadril para verificar a associação com doenças cardiovasculares;

Avaliação da pregas cutâneas para estimar a composição da gordura corporal.

11 DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Foi elaborado pelo Ministério da Saúde, especialmente para as pessoas que

vivem com HIV e AIDS os 10 passos para uma alimentação saudável, uma

estratégia em busca de uma vida mais saudável. Recomendações visando contribuir

para a melhoria de sua qualidade de vida.

1. A alimentação deve ser uma atividade prazerosa, procure desfrutar em

companhia da família ou amigos, evitando fazer refeições sozinho. Procure evitar ao

máximo o estresse, depressão, discussões e isolamento;

2. Você deve se alimentar em períodos regulares, várias vezes ao dia, mesmo

que se encontre sem apetite. O ideal é fazer 3 refeições principais e 3 pequenos

lanches nos intervalos, ao dia. Procure optar por uma alimentação saudável, variada

e saborosa;

3. Consuma frutas, legumes e verduras todos os dias. Você deve preferir as

que estejam em seu período de safra, pois preservam as vitaminas e minerais, e são

mais baratas. Aproveite estes alimentos de maneira total, buscando o máximo

aproveitamento das folhas, talos, cascas e sementes;

4. Procure incluir proteínas, animal ou vegetal, na sua alimentação, pelo menos

uma vez ao dia, quatro vezes por semana. As proteínas são importantes na

manutenção da sua saúde e são encontradas em carnes, ovos, peixe e proteína de

soja;

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5. Consuma fibras e alimentos integrais, pois são ricos em vitaminas do

complexo B e minerais. Substitua as farinhas refinadas e arroz polido (brancas) por

produtos integrais, pois preservam melhor os nutrientes. Assim como arroz e pães

integrais, os grãos como feijões, grão de bico, frutas, verduras e legumes também

são ótimas fontes de fibras;

6. Reduza o açúcar refinado na alimentação. Prefira usar mel ou melado de

boa qualidade, quando se fizer necessário. Procure evitar refrigerantes e guloseimas

em geral;

7. Reduza o sal. O ideal é usar ervas e temperos para realçar o sabor dos

alimentos;

8. Evite usar gorduras animais. Prefira usar azeite ou óleo vegetal na

preparação dos alimentos e para temperar saladas;

9. Beba pelo menos 2 litros de água por dia, evitando tomar líquidos nas

refeições principais;

10. Procure não fazer uso de bebidas alcoólicas, fumo ou drogas de qualquer

tipo, pois podem prejudicar a saúde como um todo.

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