Avaliação Do Nível de Pressão Sonora Em Trabalhadores Envolvidos Na Atividade de Banho

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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA EM TRABALHADORES ENVOLVIDOS NA ATIVIDADE DE BANHO, SECAGEM E ESCOVAÇÃO DE CÃES “ESTUDO DE CASO EM SALÃO DE EMBELEZAMENTO CANINO NA CIDADE DE SÃO CARLOS/SP” EPUSP ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PECE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM ENGENHARIA (MODELO EAD) FRANCISCO ANISIO DA SILVA Avaliação do Nível de pressão sonora em trabalhadores envolvidos na atividade de banho, secagem e escovação de cães “Estudo de Caso em Salão de Embelezamento Canino na cidade de São Carlos/SP”. SÃO CARLOS 2005 FRANCISCO ANISIO DA SILVA

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Avaliação Do Nível de Pressão Sonora Em Trabalhadores Envolvidos Na Atividade de Banho

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AVALIAO DO NVEL DE PRESSO SONORA EM TRABALHADORES ENVOLVIDOS NA ATIVIDADE DE BANHO, SECAGEM E ESCOVAO DE CES ESTUDO DE CASO EM SALO DE EMBELEZAMENTO CANINO NA CIDADE DE SO CARLOS/SPEPUSPESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

PECEPROGRAMA DE EDUCAO CONTINUADA EM ENGENHARIA(MODELO EAD)

FRANCISCO ANISIO DA SILVA

Avaliao do Nvel de presso sonora em trabalhadores envolvidos na atividade de banho, secagem e escovao de cesEstudo de Caso em Salo de Embelezamento Canino na cidade de So Carlos/SP.

SO CARLOS2005

FRANCISCO ANISIO DA SILVA

Avaliao do Nvel de Presso Sonora em trabalhadores envolvidos na atividade de banho, secagem e escovao de ces Estudo de caso em Salo de Embelezamento Canino na cidade de So Carlos/SP.

Monografia apresentada a EPUSP - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo / PECE Programa de Educao Continuada em Engenharia, para concluso do Curso de Especializao em Higiene Ocupacional Modelo EAD Turma 2003-2004

So Carlos/SP.2005

DEDICATRIA

A meus familiares, com gratido com que muita compreenso apoiou e apostou no sucesso deste trabalho, apesar de todas as dificuldades ocorridas ao longo da sua elaborao.

AGRADECIMENTOS

A JOT Banho e Tosa, que gentilmente concedeu valiosas informaes operacionais, assim como liberdade para realizao do trabalho de campo junto ao seu estabelecimento.

A FAS Assessoria e Servios em Segurana e Higiene Ocupacional, que forneceu os equipamentos de higiene ocupacional para o levantamentoquantitativo de rudo presentes neste trabalho.

RESUMO

A poluio sonora um dos graves problemas ambientais nos grandes centros urbanos. uma ameaa constante ao homem. A nocividade do rudo est diretamente relacionada ao seu espectro de freqncia, intensidade da presso sonora, constncia da exposio diria, bem como suscetibilidade individual. Embora exista legislao especfica que regula os limites de emisso de rudos e estabelece medidas de proteo para a coletividade contra os efeitos danosos da poluio sonora, o que normalmente se constata que os limites pr-estabelecidos para rudo no protegem todos os trabalhadores dos efeitos adversos da exposio ao rudo. Tais limites so direcionados para proteger a mdia da populao de forma que a perda auditiva mdia induzida pelo rudo, nas freqncias de 0.5, 1, 2, e 3khz, aps 40 anos de exposio, no exceda 2dB. (ACGIH).A presente pesquisa trata de um estudo de caso realizado em um salo de embelezamento canino, localizado na cidade de So Carlos/SP, que objetivou estudar os Nveis de Presso Sonora (rudo) presentes na atividade de banho, secagem e escovao de plos de ces, executada pela Auxiliar de Banho e Tosa. Atravs do monitoramento de rudo da jornada completa de trabalho, buscou-se levantar o perfil da exposio ao rudo para a funo. Devido s oscilaes dos nveis de presso sonora (rudo) entre os dias monitorados, decorrentes do dinamismo do trabalho, buscou-se o estabelecimento da tendncia atravs de estudo estatstico,revelando uma exposio abaixo mas muito prxima do limite de tolerncia fixado pela legislao brasileira. Em alguns dos dias amostrados, procurou-se, por meio de entrevista junto a Auxiliar de Banho e Tosa, indcios pertencentes a algum desconforto quanto presena e exposio ao rudo, sendo observado que mesmo com exposio dentro do tolervel, existem manifestaes de desconforto relacionados ao rudo, determinando assim a necessidade de implantao de procedimentos preventivos de proteo junto ao seguimento. Os procedimentos de amostragem obedeceram aos preceitos da Norma Higiene Ocupacional 01 (NHO-01) da Fundacentro. Os resultados obtidos foram comparados aos limites de tolerncia vigentes no Brasil, recomendados pela Norma Regulamentadora 15 (NR-15) da Portaria 3214 do Ministrio do Trabalho e Emprego, a qual fixa 85dB(A) como limite de tolerncia para exposio de 8 horas dirias a rudos contnuos ou intermitentes sem uso de proteo auricular. Acredita-se que este trabalho alcanou os objetivos estabelecidos e que poder contribuir para a divulgao da importncia ou da relevncia do tema, mais especificamente para este ramo de atividade, que nos ltimos anos se encontra em plena expanso.

Abstract

The resonant pollution is one of the most serious environmental problems in large urban centers. It is a constant threat to human beings. The harmfulness of noise is directly related to its frequency spectrum, intensity of resonant pressure, constancy of daily exposition, as well as to individual susceptibility.Although there is an especific legislation that regulates the limits for noise emission and establishes protection steps for the community against the harmful effects of resonant pollution, what is usually noticed is that the pre-stablished limits for noise do not protect all the workers from the adverse effects of expositin to noise. Such limits are directed to protect the average population so that the average hearing loss inducted by noise, in frequencies 0,5, 1, 2 and3 Khz, after 40 years exposition do not exced 2 dB (ACGIH).This research is about a case study carried out in a canine beauty salon, in So Carlos/SP, which aimed to study the resonant pressure levels (noise) present in the bath, drying and brushing activity in hair of dogs executed by the Bath and Trim assistant. Through monitoring the noise in the complete workday is was sought to raise the profile of noise exposition for the position. Due to oscilation of resonant pressure levels (noise) to the exposition among the monitorized days, resulting from the dynamic of the work, the establishment of the tendency was sought through statistical work, revealing an exposition bellow but very close to the tolerance limit fixed by the sample days, in an interview with the Bath and Trim assistant, it was sought some traces of disconfort because of the presence and exposition to noise, observing that, even with the exposition in the tolerable level, there are expressions of disconfort related to noise, determining the necessity for introduction of preventive procedures. The sampling proceduresobeyed the Ocupation Higiene Rule 01 (NHO-O1) from Fundacentro. The results obtained where compared with the tolerance limits in force in Brazil recommended by the Regulator Rules 15 (NR-15) of edict 3214 of Ministry of Labour and Jobs, which fixes 85 dB(A) as a limit of tolerance for an exposition of 8 hours a day to constant protection. It is believed that this study achieved the established goals and that it will be able to contribute to spread the importance or relevance of the theme, more especifically for this activity branch, which is, recently, in expansion.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Decibelmetro Instrutherm, modelo DEC-405............................................. 20Figura 2 - Calibrador Acstico TESS, modelo 1356.................................................... 20Figura 3 - Calibrao acstica do decibelmetro.......................................................... 21Figura 4 - Posicionamento e conduta durante medio com o decibelmetro.............. 21Figura 5 - Secador Kondor, modelo 2005.................................................................... 22Figura 6 - Tosquiadeira ster Golden, modelo A5...................................................... 22Figura 7 - Dosmetro de rudo TESS, modelo DOS 500.............................................. 23Figura 8 - Calibrao acstica do dosmetro................................................................ 24Figura 9 - Posicionamento microfone do dosmetro zona auditiva.............................. 24Figura10 - Faixa audvel de freqncia......................................................................... 27Figura 11 - Diagrama esquemtico das estruturas auricular........................................... 35Figura 12 - Cadeia ossicular ouvido mdio.................................................................... 35Figura 13 - Seo de membrana basilar.......................................................................... 36Figura 14 - Forma de movimentao do estribo para sons normaise acima de 70-80 dB.................................................................................... 37Figura 15 - Fluxograma de trabalho do Salo de Embelezamento Canino estudado..... 45Figura 16 - Lay out da rea de trabalho do Salo de Embelezamento Canino estudado 45

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Limite tolerncia para exposio a rudo continuo e intermitentePortaria 3214, NR 15 Anexo 1..................................................................... 29Tabela 2 - Nveis presso sonora individual das fontes ruidosas presentes naatividade do auxiliar de banho e tosa........................................................... 46Tabela 3 - Nveis mdio de rudo e dose, obtidos nos diferentes dias amostrado.. 47Tabela 4 - Ordem crescente do nmero de ces trabalhados nos diferentes diasamostrados.................................................................................................. 48Tabela 5 - Valores ordenados com respectivas posies de plotagem no papel logprobabilstico............................................................................................... 49

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1 - Distribuio da atividade de embelezamento canino nos diferentesestabelecimentos em So Carlos/SP, no ano de 2004.................................. 14Grfico 2 - Rudo do tipo contnuo................................................................................ 28Grfico 3 - Rudo do tipo flutuante................................................................................ 28Grfico 4 - Rudo do tipo intermitente........................................................................... 28Grfico 5 - Rudo do tipo impacto.................................................................................. 29Grfico 6 - Representao grfica do nvel mdio equivalentecontnuo frente ao rudo flutuante................................................................ 34

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABHO Associao Brasileira de Higienistas OcupacionaisACGIH American Conference of Governmental Industrial HygienistsdB DecibelEPI Equipamento de Proteo IndividualHz HertzLavg Level averege (nvel mdio)Leq Level equivalent (nvel equivalente)Log LogaritmoMTE Ministrio do Trabalho e EmpregoNHO Norma de Higiene OcupacionalNPS Nvel de Presso SonoraNR Norma RegulamentadoraOMS Organizao Mundial da SadePAIR Perda Auditiva Induzida peloRudoPTS Permanent Threshold Shift (mudana permanente do limiar)TTS Temporary Threshold Shift (mudana temporria do limiar)

SUMRIO

1 INTRODUO...................................................................................................... 131.1 Indstria de embelezamento canino em So Carlos/SP.......................................... 142 HIPTESE............................................................................................................. 153 OBJETIVO............................................................................................................. 164 JUSTIFICATIVA DO TEMA.............................................................................. 185 METODOLOGIA.................................................................................................. 196 REVISO BIBLIOGRFICA............................................................................. 266.1 Anatomia do ouvido humano................................................................................... 346.2 Fisiologia da audio............................................................................................... 366.2.1 Audio via area.................................................................................................... 366.2.2 Audio via ssea.................................................................................................... 376.3 Efeitos auditivos dorudo........................................................................................ 386.4 Efeitos no auditivos do rudo................................................................................. 407 ESTUDO DE CASO SALO DE EMBELEZAMENTO CANINO.............. 447.1 Perfil da funo estudada......................................................................................... 457.2 Resultado................................................................................................................. 457.3 Estudo estatstico..................................................................................................... 488 CONCLUSO........................................................................................................ 50REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................ 54

anexosAnexo A - Roteiro de entrevista empregado junto ao Auxiliar de Banho e Tosa......... 57Anexo B - Relatrios emitidos pelo dosmetro de rudo nos interdias amostrados...... 58Anexo C - Resultados das amostragens inter dias plotados emPapel Logprobabilstico............................................................................... 63ANEXO D - Certificados de calibrao dos aparelhos de Higiene Ocupacionalutilizados nas quantificaes do rudo......................................................... 67

1 INTRODUO

A preocupao com os efeitos do rudo sobre a sade bastante antiga. Desde a Revoluo Industrial, a dicotomia sade e trabalho ocupavam lugar de destaque frente aos prejuzos que os trabalhadores sofriam noambiente de trabalho.(MARTINS, 2001, p. 8).Apesar do avano tecnolgico trazer vantagens para a sociedade, o progresso trouxe consigo algumas desvantagens como a poluio do ar, da gua e a poluio sonora.Atualmente, a urbanizao acelerada vem elevando consideravelmente os nveis de rudo nas cidades, estando presente na maioria das atividades dirias dos indivduos, tanto no trabalho quanto no lazer.Cita Almeida (1999, p.11), que[...}estudos da Organizao Mundial da Sade (OMS), sugerem que em torno de 15 milhes de pessoas no Brasil tenham algum problema de audio e que, depois da poluio da gua e do ar, nada agride mais os sentidos humanos que a poluio sonora.Conforme Santos (1994 apud Almeida, 1999, p.1),[...}poluio sonora, seja ambiental ou a ocupacional, uma forma de poluio bastante disseminada nas sociedade industrializadas e causa de perda auditiva em adultos e crianas. Acarreta tambm comprometimentos no auditivos que afetam a sade fsica geral e emocional dos indivduos.

No s os trabalhadores das indstrias esto sujeitos a doenas ocupacionais; os profissionais liberais tambm esto expostos a uma srie de riscos e cargas de trabalho que na maioria das vezes passam desapercebidos na sua prtica diria. Dentre os profissionais que sofrem a influncia de diversos fatores de risco est o Auxiliar de Banho e Tosa Canino atuante no seguimento de embelezamento canino.Importante observar que as marcas dos anos de trabalho s aparecero ao final da carreira profissional, quando a hipertenso, a surdez, problemasergonmicos, dentre outros, estiverem incorporados como fatores relacionados idade e no decorrentes da exposio, ao longo de um perodo laboral, a agentes de riscos ocupacionais.

1.1 - A Indstria de Embelezamento Canino EM SO CARLOS.Segundo levantamento realizado junto ao setor de cadastros da Prefeitura Municipal da cidade de So Carlos/SP, a atividade de embelezamento canino apresentou um crescimento de 10% no ltimo ano (2004) na cidade, existindo formalmente 32 destas atividades, distribudas e atuantes nos estabelecimentos de Pet Shop (lojas para animais de estimao), clnicas veterinrias e sales exclusivos para embelezamento canino (banho e tosa), sendo as clnicas veterinrias os estabelecimentos que mais possuem esta atividade, absorvendo 63 % do total, como pode ser observado no grfico 1.

Banho e Tosa

Pet Shop

Clnica Veterinria

Grfico 1. Distribuio percentual da atividade de embelezamento canino nos diferentes estabelecimentos em So Carlos no ano de 2004, segundo setor de cadastros da Prefeitura de So Carlos/SP.

O crescimento na rea de embelezamento canino tem ocorrido no somente no Brasil, mas em vrios pases, resultante do grande aumento da procura por animais de estimao, principalmente ces e gatos, para companhia, sendo que ces so os preferidos (Alonso, 2005). Da, para satisfazer uma clientela cada vezmais exigente, a cada ano surgem novidades das mais variadas, existindo no mercado inclusive at mesmo jias para tais animais de estimao.Segundo informaes da proprietria do Salo de Embelezamento Canino (Banho e Tosa) pesquisado, os donos de ces que freqentam seu estabelecimento os tratam como membros da famlia, os quais dormem em suas camas, comem mesa, freqentam restaurantes, etc. Da a preocupao em mant-los sempre limpos. At a alimentao est longe de ser a recomendada por veterinrios, tudo para agrad-los. O atendimento em seu estabelecimento realizado geralmente com hora marcada, existindo clientes que o freqenta at 2 vezes por semana.A tosquia (tosa) realizada apenas em ces de pelagem longa ou dura. Os banhos devem ser realizados no mximo 01 vez por semana em ces de pequeno porte (ex.: poodles, shih tzu, yorkshires, cocker) para no causar a retirada da oleosidade natural da pele, j a escovao pode ser realizada diariamente. Os ces de mdio e grande porte de pelagem curta ou semicurta (ex.: rottweiler, labrador e retriever) devem tomar banho quando necessrio.O estabelecimento pesquisado, possui 02 profissionais especializados; o Tosador, para a atividade de tosquia (tosa) e o Auxiliar de Banho e Tosa, para atividades de banho, secagem e escovao de plos. A mdia da demanda de trabalho dirio de 12 ces.Um dos fatores de risco presente no processo de trabalho do Auxiliar de Banho e Tosa o rudo, produzido principalmente pelo secador, utilizado na secagem e escovao de plos dos animais.Alm do rudo,as observaes realizadas durante a execuo deste trabalho revelaram a presena de outros riscos ocupacionais na atividade de embelezamento canino, tais como: posturas inadequadas, movimentos repetitivos, poeira de origem biolgica, zoonose, vibrao mecnica ttil, mordidas, etc.2 Hipotse

A hiptese deste estudo que os nveis de presso sonora junto s atividades da funo do Auxiliar de Banho e Tosa de Salo de Embelezamento Canino, nas atividades de banho, tosa e escovao de plos, ultrapassam os limites de tolerncia determinados pela Portaria 3214 em sua Norma Regulamentadora 15 Anexo 1, expondo seu executante a risco potencial de sade, segundo preceitos legais (SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO).

3 OBJETIVOS

Conhecer o nvel de rudo mdio dirio da exposio da funo de Auxiliar de Banho e Tosa em um Salo de Embelezamento Canino (Banho e Tosa) na cidade de So Carlos/SP, e comparar sua intensidade com os limites de tolerncia exposio, estipulados pelo Ministrio do Trabalho e Emprego atravs da Portaria 3214 na Norma Regulamentadora 15 anexo 01, para o conhecimento da potencialidade do risco da funo junto ao agente de risco rudo. Os conceitos emitidos na referida pesquisa no pretendem esgotar o assunto e sim, ao contrrio, motivar os estudiosos a desenvolverem outras pesquisas e mant-las permanentemente atualizadas.

4 JUSTIFICATIVA DO TEMA.

O crescimento do seguimento de embelezamento canino tornou-o popularizado junto comunidadeem geral, revelando a existncia de uma atividade profissional at ento pouco conhecida, e dos seus respectivos riscos ocupacionais potenciais de comprometimento da qualidade de vida dos trabalhadores responsveis pela sua execuo. O desconhecimento da existncia de estudos antecedentes sobre o assunto, decorrentes de pesquisas frustradas realizadas em sites de busca na rede mundial de computadores e em revistas especializadas do setor, tais como; Ces & Cia e Ces & Raa, motivou a realizao desta pesquisa. O rudo foi o escolhido para alvo deste trabalho por agir sobre o organismo humano de vrias maneiras, trazendo danos auditivo e extra-auditivo e por ser ele um dos riscos mais disseminado entre a sociedade higienista ocupacional.

5 METODOLOGIA

Esta pesquisa trata de um estudo de caso em um Salo de Embelezamento Canino (Banho e Tosa) da cidade de So Carlos/SP., no qual se buscou avaliar os nveis de rudo presentes nas atividades de banho, secagem e escovao de pelos de ces, desenvolvidas pela funo Auxiliar de Banho e Tosa, sendo este trabalho limitado apenas ao estudo de um estabelecimento, devido grande dificuldade na liberao ao acesso dos demais existentes na cidade.

Os procedimentos utilizados para desenvolvimento desta pesquisa foram divididos em trs etapas. Primeiramente foram realizadas na zona auditiva da funo da Auxiliar de Banho e Tosa medies instantneas dos nveis de presso sonora (NPS) do equipamento utilizado pela mesma e dos demais equipamentos utilizados no ambiente detrabalho, contribuintes da composio total da energia acstica de exposio envolvendo o seu posto de trabalho. Assim, durante a realizao destas medies, nenhum equipamento encontrava-se em funcionamento, seno aquele de interesse.

O instrumento utilizado, conforme figura 1, foi o medidor de nvel de presso sonora instantneo (decibelmetro) com protetor de vento sobre microfone, do tipo 2, Marca Instrutherm, modelo Dec - 405, Nmero de Srie 0109671 e Certificado de Calibrao n. 7335, realizado pela Chrompack Instrumentos Cientficos Ltda., conforme ANEXO D, sendo seus parmetros de medio ajustados para operar com circuito de compensao A e resposta LENTA (SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO, 2003).

Figura 1. Decibelmetro Instrutherm modelo DEC 405, utilizado.

Imediatamente antes e aps as medies foi realizado a calibrao acstica do decibelmetro usado, com o intuito de aferio da mesma, no sendo acusado variao fora da faixa tolerada, ou seja, de 1 dB para mais ou para menos, sendo utilizado para tal um Calibrador Acstico compatvel conforme figura 2, Marca TES, modelo1356, nmero de srie 20103889 e Certificado de Calibrao N. 64626/04, realizado pela Politeste Instrumentos de Teste Ltda., conforme ANEXO D, (Norma de Higiene Ocupacional, 2001).

Figura 2. Calibrador Acstico marca Tes, modelo 1356.

Figura 3. Calibrao Acstica do Decibelmetro

Em todas as medies, procurou-se posicionar o microfone do decibelmetro dentro daZona Auditiva (prximo da orelha) a no mais de 150 milmetros da entrada do canal auditivo do Auxiliar de Banho e Tosa em um ngulo de 30 ou no mximo 45, para que a quantidade de energia sonora fosse precisamente captada (Norma de Higiene Ocupacional, 2001).Outro cuidado observado durante as medies, conforme figura 4, foi conforme Norma de Higiene Ocupacional (2001, p. 26) o posicionamento e a conduta do avaliador, os quais no devem interferir no campo acstico ou nas condies de trabalho, para no falsear os resultados obtidos.

Figura 4. Posicionamento do avaliador durante medio com o decibelmetro.

Os nveis de presso sonora encontrados foram provenientes do secador marca Kondor modelo 2005 conforme figura 5 (motor localizado a 30 centmetros de distncia da orelha direita e sada do fluxo de ar distante a 10 centmetros da mesma orelha da Auxiliar de Banho e Tosa), da mquina tosquiadeira ster modelo Golden A5 (figura 6) situada a 2 metros de distncia, utilizada na mesa de tosquia pelo Tosador e do plano de fundo do ambiente (rudo de fundo).

Figura 5. Secador Kondor modelo 2005 Figura 6. Tosquiadeira ster modelo Golden A5

Na segunda etapa do trabalho, em funo dos rudos provenientes dos latidos dos ces, da turbulncia originada pelo fluxo da sada do ar do secador contra a escova e o corpo do co, e do dinamismo envolvendo a execuo das atividades dirias de trabalho do Auxiliar de Banho e Tosa, e serem estes rudos altamente variveis em intensidade e tempo (rudoflutuante), expondo-o conseqentemente a um alta variao dos nveis de presso sonora (NPS), buscou-se atravs de amostragens de dosimetria de rudo de jornada completa de trabalho de 8 horas dirias, jornada esta fixada por acordo coletivo da categoria comerciaria e sindical da cidade, determinar um nvel de presso sonora mdio que represente de forma constante os efeitos combinados de todos os diferentes nveis de presso sonora existentes e seus respectivos tempos de permanncia ao longo da jornada total diria de trabalho.O instrumento utilizado foi o medidor integrador de uso pessoal (dosmetro), do tipo 2, marca Instrutherm, modelo DOS 500, nmero de srie 040704001 e certificado de calibrao n. 10285, realizado pela Chrompack Instrumentos Cientficos Ltda., conforme ANEXO D, com protetor de vento sobre microfone, ajustado nos seguintes parmetros: circuito de ponderao A, circuito de resposta Lenta, critrio de referncia 85 dB(A), nvel limiar de integrao 80dB(A), faixa de medio de 80 a 115 dB(A), incremento de duplicao de dose 5 e indicao da ocorrncia de nveis superiores a 115 dB(A).

Figura 7. Dosmetro marca Instrutherm modelo DOS 500

Imediatamente antes e aps a cada medio da jornada completa de trabalho nos diferentes dias amostrados, foi realizada a calibrao acstica do decibelmetro, com intuito de aferio da mesma, no sendo acusado variao fora da faixa tolerada de 1 dB para mais ou para menos. A calibrao acstica foi realizada atravs de Calibrador Acstico conforme figura 2, compatvelcom o dosmetro, Marca TES, modelo1356, nmero de srie 20103889 e Certificado de Calibrao N. 64626/04 realizado pela Politeste Instrumentos de Teste Ltda. (Norma de Higiene Ocupacional, 2001).Figura 8. Calibrao Acstica do Dosmetro

Em todas as medies realizadas nos diferentes dias amostrados, durante todo o perodo da medio, posicionou-se o microfone do dosmetro sobre o ombro, preso na vestimenta dentro da zona auditiva (prximo da orelha) a no mais de 150 milmetros da entrada do canal auditivo do Auxiliar de Banho e Tosa. (Norma de Higiene Ocupacional, 2001).Figura 9. Posicionamento do microfone do dosmetro na zona auditiva.

De acordo com Latance (2001, p. 52)[...}por princpio toda avaliao higinica, incluindo a a dosimetria de rudo, deve ser realizada cobrindo-se toda a jornada de trabalho, porm podero ser feitas amostragens de perodo menores, desde que seja garantida a cobertura de pelo menos um ciclo completo de trabalho e que seja representativo em relao realidade das diversas variveis a que se expe o trabalhador, sendo que, ciclo de trabalho em relao ao rudo aquele conjunto de situaes acsticas ao qual submetido o trabalhador, sem seqncia definida, a qual se repete de forma contnua no decorrer da jornada de trabalho.Desta forma, as avaliaes foram realizadas cobrindo-se toda s 8 horas da jornada completa de trabalho do Auxiliar de Banho e Tosa, durante o desenvolvimento de suas atividades normais e em condies padro de atividade.Os resultadosobtidos sofreram tratamento estatstico, com o objetivo do conhecimento da tendncia e probabilidade de exceder o Limite de Exposio ou Limite de Tolerncia.A terceira etapa da pesquisa teve como objetivo detectar algum desconforto instalado que pudesse estar influenciando negativamente na qualidade de vida da executante da funo da Auxiliar de Banho e Tosa, relacionado com a exposio ao rudo ocupacional. Para tanto, realizou-se entrevista com perguntas elaboradas, baseadas nos relatos evidenciados na reviso bibliogrfica, conforme roteiro descrito no ANEXO A - Roteiro de entrevista empregado junto ao Auxiliar de Banho e Tosa.

6 REVISO BIBLIOGRFICA

Na presente pesquisa utiliza-se com freqncia o termo rudo. Podendo haver pessoas que no diferenciam este termo de som, procurou-se diferenci-los.Sobre rudo, Almeida (1982, p. 16) cita o conceito de que{...}o termo expressa uma sensao subjetiva auditiva, originada por movimento vibratrio e propagada atravs de meios slidos, lquidos ou gasosos, com uma velocidade diferente, segundo o meio empregado em sua propagao; psicologicamente, entendemos por rudo uma sensao auditiva desagradvel.

Para Fantazzini (2003, p.52){...}o som, como entendido subjetivamente pelas pessoas, algo que promove a sensao de escutar. Entretanto, fisicamente falando, so as alteraes de presso no ambiente (as quais so detectadas pelo sistema auditivo) que produzem o estmulo para audio. So ondas mecnicas (para diferenciarmos das ondas eletromagnticas),que se deslocam velocidade do som, e so capazes de ser refletidas, absorvidas, transmitidas em outros meios que no o ar. Som uma categoria genrica, mas podemos distinguir vrios tipos de sons. O som mais simples, uma onda que se constitui em uma nica freqncia, chamado de tom puro. Este som raro no dia a dia das pessoas, que est povoado de sons complexos (compostos de vrias freqncias). O som complexo mais estruturado o som musical que composto de vrias freqncias, entendidas como uma freqncia fundamental (a nota musical emitida), acompanhada de vrias outras, mltiplas de nmeros inteiros da mesma, cada qual com sua intensidade e que, no seu conjunto, fornece a sensao de timbre daquele som por isso sabemos que algum est tocando um piano e no um trombone, apesar de ser mesma nota musical. importante observar que para a pessoa, a sensao de que existe um s som, pois o ouvido no consegue analisar e discriminar cada freqncia, dando ao ouvinte a conscincia de cada uma. uma sensao global que associa nota musical recebida um timbre muito caracterstico. Apesar de no conseguirmos identificar as freqncias formadoras de um som complexo, possumos uma excelente memria de timbres. Sabemos, por exemplo, identificar quem fala ao telefone, mesmo em ligaes ruins; sabemos quando algum est mexendo na nossa gaveta da cmoda, ou quando fecharam a porta do banheiro ou da rea de servio, pois temos esses timbres na memria.O rudo tambm um conjunto de freqncias emitidas simultaneamente, porm, nestecaso, no existe qualquer relao especfica entre elas. Em um dado rudo, podem estar presentes (e freqentemente esto) todas as freqncias audveis. Assim, um rudo um pacote de freqncias, sem relao direta entre as mesmas, que pode cobrir toda a gama audvel, cada um com uma amplitude (presso sonora) individualizada. Por isso, no faz sentido falar-se em freqncia de um rudo, pois no uma s, mas espectro de um rudo. Como a energia se distribui pelas freqncias, o somatrio nos d a sensao global de intensidade subjetiva do mesmo. Apesar disso, podemos falar em rudos onde predominam altas ou baixas freqncias, e podemos intuir isso, pois as altas freqncias do uma sensao maior de estridncia e intolerabilidade do que as baixas.

O termo rudo usado para descrever sons indesejveis como: buzina, alarme, exploso, barulho de trnsito, mquina, ao passo que o termo som utilizado para identificar sensaes prazerosas como msica ou fala (Santos e Matos, 1996).Um som no necessariamente um rudo, mas o rudo um tipo de som. O som ser percebido se estiver dentro da faixa de freqncia captado pelo ouvido humano, que varia de 20 a 20.000Hz, conforme figura 10, (Gerges, 1997).

Figura 10. Faixa audvel de freqncias (FERNANDES, 2002, p. 17)Qualquer sinal audvel cuja intensidade ultrapasse os limites de tolerncia permitidos considerado rudo (Queiroz, 1999).O rudo tambm pode ser entendido como uma superposio de movimentos vibratrios com freqncias e intensidadesdiferentes, cujos componentes no so harmnicos entre si (Moratta & Carnicelli, 1988).Os conceitos bsicos da fsica do rudo, quanto suas caractersticas, esto relacionados com; a intensidade, que pode ser definida como a quantidade de energia vibratria que se propaga nas reas prximas, a partir da fonte emissora, podendo ser expressa em termos de energia (watt/m2) ou em termos de presso (N/m2 ou Pascal) e a freqncia, que representada pelo nmero de vibraes completas em um segundo, sendo sua unidade de medida expressa em hertz (Hz) (Camarotto, 1983 e 1985), (Gerges, 1992), (Santos, 1994) e (Azevedo, 1994)Os rudos podem ainda ser classificados com relao ao seu nvel de intensidade e durao ao longo do tempo em contnuo ou estacionrio, flutuante, intermitente e impacto (Queiroz, 1999) e (Russo, 1993):- Rudo contnuo estacionrio: no perodo de observao, apresenta variaes de intensidade desprezveis, conforme grfico 2.Grfico 2. Rudo do tipo contnuo (FERNANDES, 2002, p. 101)

- Rudo contnuo flutuante: no perodo de observao, varia em valores apreciveis. conforme grfico 3.

O rudo flutuante aquele que aumenta ou diminui mais do que 5dB de intensidade no perodo de observao. Esse tipo de rudo destaca-se como o mais freqente em indstrias (Melnick, 1989).Grfico 3. Rudo do tipo flutuante (FERNANDES, 2002, p. 102)- Rudo intermitente: o nvel de intensidade cai vrias vezes ao valor do rudo de fundo, durante o perodo de observao, conforme grfico 4.Grfico 4. Rudo do tipo intermitente.- Rudo de impacto ou impulsivo: apresenta picos de energia acstica de durao menor do que um segundo, aparecendo em intervalos de tempo maiores do que um, conforme grfico 5.

considerado um dos tipos mais nocivos audio, com intensidades que variam de 100 dB para o rudo de impacto e acima de 140 dB para o rudo impulsivo. O prejuzo auditivo desse tipo de rudo deve-se ao fato de a orelha no conseguir desencadear o mecanismo de proteo do reflexo acstico, em tempo suficiente (Azevedo et al., 1994).

Grfico 5. Rudo do tipo impacto. (FERNANDES, 2002, p. 102)

Os limites de tolerncia para exposio ao rudo contnuo, intermitente e de impacto, sem uso de proteo auditiva, so regulamentados no Brasil atravs da Portaria 3214 da Norma Regulamentadora 15 Anexos 1 e 2, do Ministrio do Trabalho e Emprego, onde para cada nvel de presso sonora existe um tempo mximo permissvel no caso dos contnuos e intermitentes (Saliba, 2001).Tabela 1 Limites Tolerncia para exposio a rudo contnuo e Intermitente, Portaria 3214, NR 15 Anexo 1 (SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO)

Nvel de rudodB (A)Mxima exposio diriaPERMISSVEL858 horas867 horas876 horas885 horas894 horas e 30 minutosContinuao,Tabela 1 Limites Tolerncia para exposio a rudo contnuo e Intermitente,Portaria 3214, NR 15 Anexo 1 (SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO).904 horas913 horas e trinta minutos923 horas932 horas e 40 minutos942horas e 15 minutos952 horas961 hora e 45 minutos981 hora e 15 minutos1001 hora10245 minutos10435 minutos10530 minutos10625 minutos10820 minutos11015 minutos11210 minutos1148 minutos1157 minutos

A expresso matemtica usada para a construo da tabela dos limites de tolerncia do Anexo 1 da Norma Regulamentadora 15, apresentada abaixo (Luttgardes, 2002):

T = 16 . (1)[(L-80)]52

onde:T tempo mximo permitidoL Nvel de Presso Sonora

Como pode ser observado na tabela 1, a cada 5 decibis aumentados na tabela do Anexo 1 da Norma Regulamentadora 15, o tempo de exposio ao rudo cai pela metade, e inversamente a cada 5 decibis diminudos, o tempo de exposio dobrado, assim sendo, o fator de dobra ou incremento usado de 5 decibis (SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO).O mesmo anexo 1 da Norma Regulamentadora 15 define que quando h exposies dirias a diferentes nveis de rudo, devem ser considerados os seus efeitos combinados, em vez de os efeitos individuais de cada um deles. Esse efeito combinado ou dose equivalente definido como a soma das seguinte fraes (SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO):

C1 + C2 + C3 .......Cn (2)T1 T2 T3 Tn

Onde:Cn - indica o tempo total em que o trabalhador fica exposto a um nvel de rudo especfico.

Tn - indica a mxima exposio de tempo permissvel a este nvel, segundo quadro delimites de tolerncia.

Assim, a exposio ao rudo ocupacional uma relao entre nvel de presso sonora e tempo de exposio (nvel versus tempo), e no simplesmente uma exposio instantnea, de modo que no deve ser avaliado o rudo instantneo, mas sim a dose equivalente de rudo que atinge o trato auditivo do trabalhador. Em outras palavras: um trabalhador poder ficar exposto, por exemplo, durante 8 horas a um nvel de rudo equivalente de 85 dB(A), mas tambm poder se expor a 90 dB(A) durante 4 horas ou ainda a 95 dB(A) durante 2 horas, causando sempre o mesmo efeito em seu aparelho auditivo. Deste modo o que devemos mensurar a quantidade de energia acstica a que permanece sujeito o trabalhador durante toda sua jornada de trabalho.A cada duplicao da distncia, o rudo da fonte sonora diminui em 6dB em campo livre. J se duas fontes geradoras de rudo com mesma intensidade forem ativadas ao mesmo tempo, o ouvido humano perceber apenas um pequeno incremento de 3dB, correspondente ao logaritmo (log) decimal (Santos & Matos, 1996).Com o propsito de determinar se o rudo em determinado local apresenta riscos ao organismo humano, se faz necessrio um estudo do ambiente atravs de medies sonoras que permitam a anlise da intensidade e durao do rudo.souza (1998, p.107) aborda queToda medio consiste em calcular quantas vezes uma determinada unidade est contida na grandeza a ser medida. A presso sonora no ar representa a variao da presso atmosfrica em relao a um valor de referncia, percebido pelo ouvido. O ouvido humanoresponde a uma larga faixa de intensidade acstica, desde o limiar da audio at o limite da dor como, pr exemplo: a 1000 Hz a intensidade acstica capaz de causar a sensao de dor de 1014 vezes a intensidade capaz de causar sensao de audio. Pela dificuldade de se expressar nmeros de ordens de grandezas to diferentes em uma escala linear, utiliza-se, ento, a escala logartmica. Um valor de diviso adequado a esta escala seria log. 10. Ao valor de diviso de escala log. 10, d-se o nome de Bel que um valor de diviso de escala muito grande, usando-se, ento, o decibel (dB) que um dcimo do Bel. Um decibel, portanto, corresponde a 100,1 = 1,26, ou seja, igual variao na intensidade de 1,26 vezes. Uma mudana de 3 dB corresponde a 100,3 = 2. Ao se dobrar a intensidade sonora, observa-se um acrscimo de 3 dB. Sempre que se observar um acrscimo de 3 dB no nvel de presso sonora, pode-se dizer que se tem um risco duplicado.

O Nvel de Presso Sonora pode ser definido como uma relao logartmica expressa como: NPS= 20 log P/P0, onde P o valor eficaz de presso medida em Pascal ou N/m2 e P0 o valor de referncia (menor presso percebida pelo ouvido humano a 100Hz) equivalente a 2 x 10-5 N/m2 ou 20 m Pa. (SALIBA, 2001).Podem ser empregados equipamentos como o medidor de nvel de presso sonora (decibelmetro), ou o medidor de dose de rudo (dosmetro). O primeiro fornece as medidas dos nveis sonoros simultaneamente ocorrncia do som. O segundo proporciona a dose do rudo a que o sujeito esteve exposto em um determinado perodode tempo (Moratta & Carnicelli, 1988).O decibelmetro um instrumento prprio para medies instantneas, sendo utilizado nesta pesquisa com a finalidade de conhecer isoladamente os nveis de presso sonora de cada uma das fontes geradoras de rudo presentes no ambiente de trabalho (Vendrame, 1999).Os medidores so compostos basicamente de microfone, amplificador, circuito atenuador e algum tipo de indicador de nvel. Esses circuitos podem apresentar respostas lentas, rpidas ou de impulso (Russo 1993):- Circuito lento: utilizado para situaes de grande flutuao, obtendo-se um valor mdio.

- Circuito rpido: indicado para rudos contnuos ou para determinar valores extremos de rudo intermitente.

- Circuito de impulso: utilizado para rudo de impacto.

Com a finalidade de obter uma medio de rudo mais fidedigna e precisa, os equipamentos eletrnicos utilizados para as medies foram incrementados com circuitos de compensao A,B, C e D. Esses circuitos servem para reproduzir a audibilidade em funo da freqncia sonora, visto que o ouvido humano no responde linearmente ao espectro de freqncias. O circuito de compensao A foi idealizado para tentar reproduzir as curvas de audibilidade humana por apresentar melhores correlaes com os testes subjetivos, tem sido utilizado para medio de rudo contnuo e intermitente. J os circuitos de compensao B e C foram considerados pouco eficazes. A curva de compensao como um circuito padronizado para medio de nveis de rudo muito elevados, como por exemplo em aeroportos (Moratta &Carnicelli, 1988).Existem ainda os calibradores, registradores grficos e analisadores de freqncia. A escolha do equipamento adequado depende do tipo de rudo a ser avaliado e do dado que se deseja obter (Santos & Matos, 1996).O local ideal para a medio do nvel de rudo o local exato de trabalho do indivduo. O decibelmetro deve ser posicionado na altura do ouvido em um ngulo de 30 ou no mximo 45, para que a quantidade de energia sonora seja precisamente captada (Millman et al., 1992).Conforme Fernandes (2002, p. 107)[...]as variaes de nvel de um rudo flutuante podem ser representadas pelo Nvel de Som Contnuo Equivalente. Nesse mtodo de medio obtemos um nvel de rudo contnuo que possui a mesma energia acstica que os nveis flutuantes originais, durante um perodo de tempo. O princpio da mesma energia assegura a preciso do mtodo para avaliao dos efeitos do rudo sobre o aparelho auditivo, sendo adotado pela Norma ISO, e muitas normas nacionais.

Complementa Fantazzini (2003, p.52)o Leq um nvel obtido ao longo de um perodo, que um equivalente energtico mdio da histria do nvel real ocorrido. Por isso ele equivalente. A exposio nvel real, varivel, no perodo, energeticamente igual exposio ao Leq, no mesmo perodo. O Leq obtido de medidores integradores, ou de dosmetros que estejam operando com q=3 (lembramos aqui que a proviso de q=3 representa o princpio de igual energia, pois a cada 3 dB, dobra-se ou divide-se por 2 a potncia sonora). J o Lavg (L abreviao de level, nvel em ingls eavg abreviao de average, mdia em ingls) um nvel mdio que obtido a partir da dose de rudo (para qualquer fator q diferente de 3 de um dosmetro). Lavg o nvel constante que produziria mesma dose no mesmo perodo em que nvel real variou. Ele obtido a partir da dose de rudo medida e do tempo de operao. No nosso caso (ver a questo de ajuste um dosmetro), como trabalhamos com q=5, todo nvel obtido ser um nvel mdio (Lavg), mas nunca equivalente, no sentido energtico. Os dois valores sero como regra, diferentes.

Grfico 6. Representao grfica do nvel mdio equivalente de rudo Contnuo (Lavg), frente aorudo Flutuante (FERNANDES, 2002, p. 102)

6.1 ANATOMIA DO OUVIDO HUMANO.

Conforme Fernandes (2002, p. 40)o ouvido o rgo coletor dos estmulos externos, transformando as vibraes sonoras em impulsos sonoros para o crebro. , sem dvida, a estrutura mecnica mais sensvel do corpo humano pois detecta quantidades mnimas de energia. Para fins de estudo, o ouvido dividido em trs partes: ouvido externo, ouvido mdio e ouvido interno.

Diagrama Esquemticodas Estruturas Auriculares1 - Pavilho da orelha ou aurculo2 - Concavidade da Concha3 - Meato acstico externo cartilaginoso4 - Meato acstico externo sseo5 - Membrana timpnica6 - Trompa de Eustquio7 - Cclea8 - Martelo9 - Bigorna10 Estribo11 - Cavidade timpnica (ouvido mdio)12 - Canais semicirculares

Figura 11. Diagrama esquemtico das estruturas auriculares. (SOUZA, 1998, p.7)Ainda Fernandes (2002, p. 40-41)o ouvido externo compe-se do pavilho auditivo (orelha), do canal auditivo e do tmpano. A funo da orelha a de uma corneta acstica, capaz de dar um acoplamento de impedncias entre o espao exterior e o canal auditivo, possibilitando uma melhor transferncia de energia. Essa corneta, tendo uma certa caracterstica diretiva, ajuda localizao da fonte sonora. As paredes do canal auditivo so formadas de ossos e cartilagens. Em mdia, o canal tem 25 mm de comprimento, 7 mm de dimetro e cerca de 1 cm3 de volume total. O tmpano (membrana timpnica) oblquo e fecha o fundo do canal auditivo. Tem a forma aproximada de um cone com dimetro da base de 10 mm. formado de uma membrana de 0,05 mm de espessura e superfcie de 85 mm2. Deve ficar claro, que o tmpano assemelha-se a um cone rgido sustentado em sua periferia por um anel de grande elasticidade, que lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do seu eixo.Logo depois do tmpano temos o ouvido mdio: uma cavidade cheia de ar conhecida tambm como cavidade do tmpano, cujo volume da ordem de 1,5 cm3 e que contm 3 ossculos: o martelo (23 g), a bigorna (27 g) e o estribo (2,5 g). A funo de tais ossculos , atravs de uma alavanca, acoplar mecanicamente o tmpano cclea (caracol), triplicando a presso do tmpano. Na parte interna da cavidade do tmpano, existem as janelas oval e redonda, que so as aberturas do caracol. As reas de tais janela so da ordem de 3,2 e 2 mm2 respectivamente. A janela redonda fechada por uma membrana e a oval fechada pelo p do estribo.

Figura 12. Cadeia ossicular do ouvido mdio. (FERNANDES, 2002, p. 42)

Continuando, segundo Fernandes (2002, p. 42)o ouvido interno inicia-se pela janela oval, seguindo um canal semicircular que conduz ao caracol (cclea) que tem um comprimento de 30 a 35 mm e dividido longitudinalmente em duas galerias, pela membrana basilar. O caracol tem aspecto de um caramujo de jardim e mede cerca de 5 mm do pice base, com uma parte mais larga de aproximadamente 9 mm. Pode-se dizer que o caracol consiste de um canal duplo enrolado por 2,5 voltas em torno de um eixo sseo. A janela oval fecha o compartimento superior e transmite suas vibraes para a membrana basilar atravs da endolinfa, lquido viscoso que preenche esse conduto. O comprimento da membrana basilar de 32 mm; tem cerca de 0,1 mm de espessura prxima janela oval e 0,5 mm na outra extremidade. A janela redonda uma membrana circular, muito elstica, que fecha a parte superior do canal e, mediante as suas contraes, compensa as variaes de presso produzidas pelas oscilaes da membrana basilar. Sobre a membrana basilar esto distribudas as clulas acsticas (rgo de Corti), em nmero de 18 mil (externas e internas), de onde saem os nervos que formam o nervo acstico e levam o sinal eltrico at o crebro. A membrana basilar atua como um filtro seletivo ou analisador de freqncias, em que a percepo de cada freqncia se realiza em um determinado ponto da membrana: as altas freqncias excitam a parte prxima da membrana oval e, medida quese caminha para dentro do caracol, a freqncia diminui.

Figura 13. Seo da membrana basilar. (FERNANDES, 2002, p. 43)

6.2 FISIOLOGIA DA AUDIOA percepo da audio pode se dar por via area e ssea, como segue:6.2.1 Audio Via AreaSegundo Fernandes (2002, p. 43)o processo fundamental da audio a transformao do som em impulsos eltricos ao crebro. Esse processo passa pelas seguintes etapas: As ondas sonoras chegam at o pavilho auditivo e so conduzidas ao canal auditivo (meato acstico externo). Alm de conduzir o som ao canal auditivo, o pavilho auditivo tambm ajuda na localizao da fonte sonora. As ondas sonoras percorrem o canal auditivo e incidem sobre o tmpano (membrana timpnica), fazendo-o vibrar com a mesma freqncia e amplitude da energia do som. As ondas sonoras (presso) so transformadas em vibrao. A vibrao do tmpano transmitida para o cabo do martelo que faz movimentar toda a cadeia ossicular. A vibrao do martelo transmitida para a bigorna e para o estribo, atravs de um sistema de alavancas que aumentam em 3 vezes a fora do movimento, diminuindo em 3 vezes a amplitude da vibrao. A vibrao da platina do estribo transmitida sobre a janela oval, que est em contato com o lquido do ouvido interno. A vibrao transformada em ondas de presso no lquido. Como a relao entre as reas do tmpano e da janela oval de 14:1, ocorre uma nova amplificao do som pela reduo da rea. A vibrao no lquido da cclea , portanto, uma onda sonora (longitudinal), semelhante onda sonora quechegou ao pavilho auditivo, com a mesma freqncia, com a amplitude reduzida de 42 vezes (3 X 14) e a presso aumentada de 42 vezes. As ondas sonoras se propagando nos lquidos do ouvido interno provoca a vibrao da membrana basilar e do rgo de Corti. A vibrao chega at as clulas ciliadas, fazendo com que seus clios oscilem saindo de sua posio de repouso. A oscilao dos clios (na mesma freqncia da onda sonora original) causa uma mudana na carga eltrica endocelular, provocando um disparo de um impulso eltrico para as fibras nervosas que conduzido para o nervo acstico e para o crebro. A indicao de qual clula ciliada ir responder ao estimulo vibratrio depende da freqncia do som: para sons agudos o deslocamento da membrana basilar maior na regio basal (prxima janela oval) estimulando as clulas desta regio; se o som grave, o movimento maior da membrana basilar ser na regio apical. Um importante mecanismo de proteo ocorre no ouvido mdio. Quando o estmulo sonoro atinge nveis acima de 70 - 80 dB o processo de proteo ativado, estimulando a contrao do msculo estapdio (atravs do nervo facial), que faz alterar a forma de vibrao do estribo sobre a janela oval. A platina do estribo passa a vibrar paralelamente membrana da janela oval, impedindo a transmisso da vibrao e incluses muito pronunciadas que poderiam romper esta membrana.

SONS NORMAIS SONS ACIMA DE 70-80 dB

Figura 14. Formas de movimento do estribo: parasons normais e para sons acima de 70 80 dB(FERNANDES, 2002, p. 44)

6.2.2 Audio Via sseaConclui Fernandes (2002, p. 44)[...] que as vibraes da energia sonora podem chegar ao ouvido interno (cclea) atravs dos ossos do corpo humano, principalmente da caixa craniana. Um exemplo disto o barulho que escutamos quando mastigamos ou coamos a cabea. A audio por via ssea acontece quando as ondas sonoras chegam at os ossos da cabea, fazendo-os vibrar; esta vibrao conduzida pelos ossos at os ossculos do ouvido mdio e diretamente at a cclea, provocando ondas nos lquidos internos e provocando a sensao da audio. A audio por via area muito mais sensvel que por via ssea; como exemplo, se ns eliminssemos a audio area de uma pessoa, ela escutaria um nvel sonoro com, aproximadamente, 60 dB de atenuao (reduo de 106 ou 1.000.000 de vezes). Estudos demonstram que os ossos do crnio vibram de forma diferente para diversas bandas de freqncia. Para sons graves, prximos a 200 Hz, o crnio vibra como um corpo rgido. Para freqncias em torno de 800 Hz a caixa craniana se deforma na direo anterior-posterior, e para 1500 Hz a deformao lateral. Outro mecanismo importante na audio por via ssea a vibrao que chega ao ouvido atravs da mandbula, que ligada diretamente no osso temporal.

Conforme observa Lacerda (1971, p. 283), o rudo age sobre o organismo humano de vrias maneiras, prejudicando no s o funcionamento do aparelho auditivo como comprometendo a atividade fsica, fisiolgica e mental doindivduo a ele exposto.

6.3 EFEITOS AUDITIVOS DO RUDOConforme Melnick (1989 apud MARTINS, 2001, p.13), os efeitos auditivos mais diretos incluem a capacidade que o rudo apresenta em produzir uma perda auditiva e as interferncias na comunicao falada. Atribui o mascaramento decorrente do rudo de fundo como fator fundamental na dificuldade de interpretao do som.Segundo Seligman (1997 apud MARTINS, 2001, p. 13), o rudo ao provocar perda auditiva, atua sob forma de dois mecanismos. A exposio aguda (Trauma Acstico) e a exposio crnica (Perdas Auditivas Induzidas pelo Rudo). A primeira ocorre quando uma grande concentrao de potncia sonora aplicada em um nico momento. A segunda necessita de energia sonora suficiente de forma repetida, aplicada em um longo perodo de tempo.Em relao periculosidade do rudo, se este no ocasionar mudana temporria no limiar auditivo, certamente no ocasionar uma perda auditiva permanente (Moratta & Carnicelli, 1988).A mudana temporria no limiar de grande importncia no estabelecimento de critrios de risco para o rudo. Os principais fatores que contribuem para esse risco: o nvel sonoro, a distribuio espectral, a durao e a distribuio da exposio ao rudo. Para que ocorra mudana temporria no limiar, os nveis de rudos devem ultrapassar 60 a 80dBA em exposies que durem de 8 a 16 horas (Melnick, 1989).Moratta & Carnicelli (1988 apud Martins, 2001, p.14), definem que as alteraes auditivas, provocadas pela exposio ao rudo, podem variar de perdas auditivas passageiras a perdasauditivas irreversveis. O tipo e a magnitude dos danos auditivos dependem do nvel de presso sonora, do tempo de constncia de exposio e da suscetibilidade de cada indivduo.Segundo Fernandes( 2002, p. 31). Acima de 80 dB(A), as pessoas mais sensveis podem sofrer perda de audio, o que se generaliza para nveis acima de 85 dB(A)Russo (1993 apud Martins, 2001, p. 6), afirma que os nveis de rudo contnuo superiores a 85dB podem ocasionar perdas permanentes na audio. Ressaltou que, aumentando-se em 5dB o nvel de rudo, o tempo de exposio mxima permitida reduzido pela metade. Outro aspecto a ser considerado distncia entre o indivduo e a fonte sonora.Para Osguthorpe & Klein (1991 apud Martins, 2001 p. 14), existem trs componentes a serem analisados na perda auditiva induzida pelo rudo: mudana temporria no limiar (TTS), mudana permanente no limiar (PTS) e zumbidos.Segundo Spoendlin (1976 apud ALMEIDA, 1999, p. 3), o rudo atinge diferentemente as estruturas do rgo de corti, que a estrutura receptora auditiva. Aqueles que so intensos de impacto tendem a produzir leses mecnicas, como conseqente processo degenerativo. Os rudos contnuos e prolongados originam alteraes mais para exausto metablica das clulas sensoriais e seus clios.Kitamura (1995 apud ALMEIDA, 1999, p. 3), cita como conseqncia destas leses diversos efeitos auditivos. Entre os mais conhecidos e estudados encontram-se: a perda auditiva, os prejuzos na comunicao oral, os zumbidos e a otalgia.O quadro clnico dos sintomas decorrentes daexposio ao rudo evolui em quatro estgios. No primeiro estgio, o trabalhador refere zumbido acompanhado de leve cefalia, fadiga e tontura. No segundo estgio os sintomas desaparecem. No terceiro estgio, refere dificuldades para escutar sons agudos. No ltimo estgio, o dficit auditivo interfere na comunicao oral, reaparecendo o zumbido (Santos & MATOS, 1996).Segundo Almeida (1999, p. 4)as perdas auditivas podem ser classificadas em trs tipos: trauma acstico, perda auditiva temporria e perda auditiva permanente. O trauma acstico a perda de audio de instalao sbita, provocada por rudo repentino e de grande intensidade, como uma exploso ou uma detonao. J a perda auditiva temporria (TTS - Temporary Threshold Shift) ocorre aps a exposio a rudo intenso, por um curto perodo de tempo. Hoje em dia acredita-se que um rudo capaz de provocar uma perda temporria ser capaz de provocar uma perda permanente aps longa exposio. E a perda auditiva permanente (PTS - Permanent Threshold Shift) aquela que se instala lenta e progressivamente devido exposio ao rudo excessivo e que, no decorrer dos anos, leva a uma perda irreversvel. A configurao audiomtrica exibe um traado bem caracterstico, com um entalhe inicial em torno de 3000, 4000 ou 6000 Hz. Com a exposio continuada tende a se aprofundar e a se alargar na direo de outras freqncias. Na maioria das vezes a perda bilateral e mais ou menos simtrica.

Tambm Melnick (1989 apud Martins, 2001, p. 14), aborda tais conseqncias.

6.4. EFEITOS NO AUDITIVOS DO RUDO.Deacordo com Andrade et al. (1997 apud MARTINS, 2001, p. 23) o rudo responsvel por danos auditivos e extra-auditivos. Estes ainda mais desconhecidos. Pode afetar vrios rgos e atividades atravs de um mecanismo indireto, ativando ou inibindo o sistema nervoso e perifrico.Para melhor compreender os efeitos no auditivos causados pelo rudo no organismo, Okamoto & Santos (1996 apud Martins, 2001, p. 24), explicam que, antes de atingir o crtex cerebral, o estmulo auditivo passa pelas estaes subcorticais, em particular as funes vegetativas. Os mesmos relatam que os efeitos extra-auditivos costumam aparecer aps um tempo de exposio mais longo do que o tempo necessrio para provocar afeitos auditivos. Podem ser desencadeados por exposio a nveis de rudo com menor intensidade. Consideram o limite de tolerncia para reduzir ou impedir esses efeitos em 70dB(A) freqncia de 1000Hz.Quick & Lapertosa (1981 apud Martins, 2001, p. 24), realizaram um estudo com indivduos expostos a dois diferentes nveis de rudo: abaixo de 70 dB(A) e acima de 85dB(A). Suas concluses evidenciam uma considervel diferena entre os grupos. Os indivduos expostos a nveis superiores a 85 dB(A), alm dos danos auditivos, apresentaram outros sintomas como: zumbido, cefalia, vertigem, insnia, palpitaes, nuseas, fadiga e irritabilidade. Nesse grupo os efeitos extra-auditivos foram consideravelmente maiores.Conforme Andrade et al. (1997 apud Martins, 2001, p. 24), problemas gastrintestinais esto associados exposio ao rudo. diarria, priso de ventre egastrite.Okamoto & Santos (1996 apud Martins, 2001, p. 24), abordam que as alteraes gastrintestinais parecem estar relacionadas com a exposio a rudos de freqncias baixas, menor que 500 hertz.No sistema circulatrio, Andrade et al., Seligman e Gerges (1997 apud Martins, 2001, p. 24), apontam que o rudo age diretamente sobre o calibre vascular, desencadeando hipertenso arterial, taquicardia, variaes da presso, entre outros.Okamoto & Santos (1996 apud Martins, 2001, p. 25) abordam ainda: alteraes do sono, alteraes neuropsquicas, transtornos vestibulares, transtornos comportamentais e transtornos na comunicao. De acordo com esses autores, a diminuio do limiar de reconhecimento de fala leva a conseqncias sociais, isolando o sujeito, impedindo sua interao com o meio em que vive. Dificuldades na interao com familiares, no trabalho, no lazer, desmotivam o indivduo a participar de atividades corriqueiras do seu dia a dia, diminuindo consideravelmente a qualidade de vida. O rudo um incmodo, mas apresentado de forma contnua e em grande quantidade passa a ser mais do que um incmodo, torna-se agente causador de doena. citado por Fernandes (2002, p. 91)trabalhos cientficos relacionados com o rudo ambiental demonstram que uma pessoa s consegue relaxar totalmente durante o sono, em nveis de rudo abaixo de 39 dB(A), enquanto a Organizao Mundial de Sade estabelece 55 dB(A) como nvel mdio de rudo dirio para uma pessoa viver bem. Portanto, os ambientes localizados onde o rudo esteja acima dos nveis recomendadosnecessitam de um isolamento acstico. Acima de 75 dB(A), comea a acontecer o desconforto acstico, ou seja, para qualquer situao ou atividade, o rudo passa a ser um agente de desconforto. Nessas condies h uma perda da inteligibilidade da linguagem, a comunicao fica prejudicada, passando a ocorrer distraes, irritabilidade e diminuio da produtividade no trabalho.

Nos trabalhos de Costa. (1991 apud Souza, 1998, p. 10), [...]confirma-se tambm a interferncia do rudo nos diversos rgos e aparelhos, atravs de um mecanismo indireto, ativando e inibindo os sistemas nervoso, central e perifrico. Didaticamente, estas alteraes so descritas a seguir:a) Aparelho circulatrio - Sabe-se que curtos perodos de exposio ao nvel de presso sonora entre 60 e 100dB(A), em pacientes normotensos e hipertensos, elevam a presso sangnea, em mdia, de 3,3 a 7%, alm de provocar taquicardia. Em pessoas com surdez provocada pelo rudo, observa-se uma queda de presso, desprovida, ainda de explicao concreta;b) Aparelho digestivo - Alterando o movimento peristltico e provocando gastrites, lceras, enjos e vmitos;c) Sistema endcrino - Provocando alterao no funcionamento glandular;d) Sistema imunolgico - Alterando os elementos de defesa;e) Qumica sangnea - Modificando os ndices do colesterol, triglicerdios e cortizol plasmtico,f) Mulheres grvidas - O ouvido do feto est formado no 5 ms de gestao; a reao deste ao rudo pode ser observada atravs do aumento do batimento cardaco e movimentao do corpo;g) Funo sexual ereprodutiva - Nos homens, diminui a libido, levando impotncia e/ou infertilidade. Nas mulheres, altera a menstruao com ciclos anovulatrios;h) Vestibulares - Produzem dificuldade de equilbrio, vertigens, desmaios e dilatao da pupila. Pode-se tornar crnica a labirintite, de acordo com a exposio;i) Sistema nervoso - Tremores de mos, diminuio de estmulos visuais, desencadeamento ou piora de crises epilpticas.Animais e seres humanos tm demonstrado que, em situaes calmas e silenciosas, um rudo de 100 dB(A) produz sobressalto, mas em um ambiente de 70 dB(A), o mesmo som, brusco e intenso, determina reao muito mais intensa, fazendo com que pessoas excitveis, neurticas ou pr- psicticas percam o controle e ultrapassem o limite do comportamento racional (Quik & Lapertosa, 1983).j) Performance - interferncia negativa na realizao de tarefas fsicas e mentais, com falta de concentrao. Diminuio da produtividade e trabalhos intelectuais, aumento dos erros e velocidade de trabalho. Existem barulhos de curta durao ou intermitentes, impulsivos, capazes de produzir efeitos residuais com durao de apenas 15 a 30 seg.Conforme Carvalho (1985 apud SOUZA, 1998, p. 11), admite-se que, independente do seu nvel energtico, o barulho intermitente ou flutuante, mais que contnuo, seja sempre ativador e, por isso, modifique o estado geral do organismo. O estmulo barulhento deteriora os processos de deciso ou de codificao ou descodificao, nscio sobretudo, no seu aspecto de preciso.k) Sono - insnia ou dificuldade de adormecimento.Diminuio da fase de sono profundo;l) Comunicao oral - Afeta tambm a privacidade das pessoas que se precisam comunicar em um tom mais elevado. A compreenso de algumas palavras fica prejudicada interferindo no relacionamento pessoal. A soluo preventiva do EPI aumenta a sensao de isolamento do profissional.m) Psiquismo - surgimento de depresso e aparecimento da neurose do rudo podendo interferir diretamente nas relaes interpessoais dos profissionais.Segundo Azevedo (1994 apud Souza, 1998, p. 11),a cronicidade dos efeitos (so necessrios vrios anos para manifestao de surdez) e a dificuldade de estabelecer correlao direta com outras doenas (hipertenso, estresse, aumento do nmero de acidentes) fazem do rudo um agente reconhecvel mas com repercusses pouco visveis para a maioria.Conforme Gerges (1993, p. 65),as pessoas que, aparentemente, gozam de boa sade, podem estar sendo vtimas de seu ataque. Como o ser humano tem uma alta capacidade de adaptao a ambientes adversos, o desenvolvimento de um estado de fadiga e fuga de energia pode ocorrer sem que a pessoa se d conta, esgotando os limites de sua resistncia.7 ESTUDO DO CASO: SALO de embelezamento CANINO.

As caractersticas ambientais do Salo de Embelezamento Canino (Banho e Tosa) em estudo se resumem em dois compartimentos: um especfico para recepo dos clientes e o outro para a execuo do trabalho e espera dos ces no pr e ps-trabalho, onde se d efetivamente as exposies ao rudo. Laboram neste ambiente duas pessoas com funes distintas: o Tosador,responsvel pela tosquia dos plos dos ces dando formato ao diferentes tipos de cortes, e o Auxiliar de Banho e Tosa, alvo desta pesquisa, responsvel pelo banho, secagem e escovao dos pelos dos ces.Especificamente neste local pesquisado so executadas dois tipos diferentes de tarefas: a tosquia e banho com escovao de plos, sendo que todo trabalho de tosquia obrigatoriamente envolve a tarefa de banho e escovao de plos, mas nem todo trabalho de banho e escovao envolve a atividade de tosquia, exigindo assim uma atividade mais intensa do Auxiliar de Banho e Tosa.A tarefa de tosquia dividida em duas partes: na primeira parte retirado o excesso de plos para facilitar a lavagem e a escovao. Na segunda parte, com a pelagem j seca e devidamente escovada, realizada uma segunda tosquia que d forma ao corte, finalizando com uso de tesouras. Para a realizao da tosquia utilizada mquina ster Golden A 5- 5.01 (conforme figura 6) com lminas cortantes que so encaixadas na parte frontal da mquina e so especificadas atravs de numerao que variam de 4 a 10, as quais determinam o quanto ser cortado da pelagem, sendo que, quanto maior a numerao das lminas, maior a quantidade de pelagem retirada.O banho e a escovao de plos consiste primeiramente na lavagem da pelagem do co, realizada em banheira apropriada com gua corrente devidamente aquecida e utilizao de shampoos adequados para cada tipo de pelagem; o uso dos shampoos est tambm relacionados cor do plo, presena de parasitas (pulga e carrapatos) e doenas drmicas.Posteriormente, sobre a mesa realiza-se secagem com uso de toalha para a retirada do excesso de umidade da pelagem e logo aps inicia-se a escovao com utilizao de escova tipo rasquiadeira (cerdas de ao) e simultaneamente realizada a secagem com uso do secador, marca Kondor modelo 2005 e potncia 2.700 watts (conforme figura 5), finalizando com a limpeza da orelha e corte das unhas do animal.

Figura 15. Fluxograma de trabalho do Salo de Embelezamento Canino estudado

Devido s dimenses do local, 4,5 metros de largura por 5,0 metros de comprimento, ambas as funes sofrem influncias uma da outra e das gaiolas de espera quanto ao rudo de fundo.

Figura 16. Lay out da rea de trabalho do So de Embelezamento Canino estudado

7.1 PERFIL DA FUNO ESTUDADAO presente estudo visou especificamente s atividades desempenhadas pela funo do Auxiliar de Banho e Tosa, o qual constitui-se do sexo feminino, com idade de 34 anos, apresentando um tempo de servio na profisso de 3 anos. A durao normal da jornada de trabalho de 8 horas dirias com intervalo para almoo de 1,0 hora, podendo em circunstncias especiais, dependendo da demanda de trabalho do dia noSalo de Embelezamento Canino, haver aumento na carga horria. A funo pesquisada trabalha apenas com banho, secagem e escovao de plos de ces.

7.2 ResultadosA pesquisa foi realizada em um Salo de Embelezamento Canino na cidade de So Carlos/SP., sendo monitorado efetivamente nove jornadas dirias completas de trabalhode 8 horas, entre os meses de janeiro a maio do ano de 2005, totalizando 72 horas de medies.As medies, com objetivo do conhecimento dos nveis de presso sonora de forma individualizada de cada fonte de rudo, e de influncia junto a Auxiliar de Banho e Tosa presentes no ambiente laborativo, foram realizadas com o decibelmetro, cujos resultados esto expressos em decibis, conforme a tabela 2.Tabela 2 Nvel de Presso Sonora de fontes ruidosas presentes na atividade do Auxiliar do Auxiliar de Banho e TosaFONTE RUIDOSANIVEL DE PRESSO SONORAdB(A)SECADOR KONDOR MOD 2005(motor a 30 cm e fluxo de ar a 10 cm)86TOSQUEADEIRA OSTER GOLDEN A 5(2 m distante)73RUDO DE FUNDO70

Como os nveis de rudo variam de maneira aleatria no tempo, mediu-se o nvel equivalente (Leq), expresso em dB(A), que representa a energia equivalente sonora durante um intervalo de tempo. um mtodo de anlise de valores mdios atravs de aproximao matemtica. Este valor j calculado normal e automaticamente por alguns instrumentos de medio de rudo. A dose de rudo uma variante do nvel equivalente, com o tempo de medio fixado em 8 horas, tempo mximo normalmente estabelecido para limites de tolerncia. Porm, o fator de duplicao (fator q) adotado no Brasil para fins de limite de tolerncia de exposio a rudos contnuos e intermitentes, segundo Portaria 3214 em sua Norma Regulamentadora 15, anexo 1, q = 5, o que no representa logaritmicamente a duplicidade de energia sonora. Aplica-se o Nvel Mdio (Level average - Lavg) ponderadosobre o perodo de medio, que pode ser considerado como nvel de presso sonoro contnuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose de exposio que o rudo real, flutuante, no mesmo perodo de tempo.Frmula simplificada aplicada de clculo, como segue (Luttgardes, 2002):Lavg = 80 + 16,61 x log 9,6 x P Dose. (3)T min

Onde:T min = Tempo de amostragem (em minutos).P Dose = Contagem da dose (porcentagem).

Os resultados das Doses obtidas das jornadas completas de trabalho do Auxiliar de Banho e Tosa, nos diferentes dias amostrados, e seus respectivos Nveis Mdios (Lavg), aps aplicao da frmula simplificada apresentada, esto descritos na tabela a seguir:

Tabela 3 Nveis Mdio de Rudo e Dose obtidas nos diferentes dias amostrados, na atividade do Auxiliar de Banho e TosaDIAS AMOSTRADOSDOSE OBTIDA(%)NVEL MDIO(Lavg)05/01/200555,1480,7 dB(A)13/01/2005139,8087,4 dB(A)04/02/2005122,4086,5 dB(A)17/02/200546,0579,4 dB(A)23/02/200561,6381,5 dB(A)11/03/2005122,1086,4 dB(A)04/04/200595,1184,6 dB(A)22/04/200511085,7 dB(A)05/05/200572,8282,6 dB(A)As diferenas nos Nveis de Exposio ao rudo, encontrados nos diferentes dias amostrados, esto relacionados com as diferentes demandas de trabalho, proporcionando aumento do tempo em que o secador permanece ligado ao longo do dia, e conforme observado, isto se d em funo do nmero de ces trabalhados, situao climtica (quanto maior umidade no ar maior dificuldade de secagem) e comprimento e tipo depelagem (fina e grossa) do co a ser secado e escovado. Outra causa est relacionada com o estado de estresse do co, que faz com que o mesmo venha ladrar mais ou menos durante sua permanncia no ambiente de trabalho (gaiolas, banheira, mesas de tosquia e de secagem e escovao de plos). A tabela 04 demonstra as variveis dos Nveis Mdios de Rudo nos diferentes dias amostrados, organizadas em ordem crescente de nmeros de ces trabalhados ao longo da jornada completa de trabalho.

Tabela 4 Ordem crescente de nmero de ces trabalhados, nos salo de embelezamento canino nos diferentes dias amostrados e respectivos nveis mdios de rudo dirios, envolvendo a atividade do Auxiliar de Banho e TosaDIAS AMOSTRADOSNMERO DE CESTRABALHADOSNVEL MDIO DE RUDO(Lavg).17/02/20050879,4 dB(A)05/01/20050980,7 dB(A)23/02/20050981,5 dB(A)05/05/20051082,6 dB(A)04/04/20051184,6 dB(A)04/02/20051286,5 dB(A)22/04/20051285,7 dB(A)13/01/20051387,4 dB(A)11/03/20051486,4 dB(A)

7.3 ESTUDO ESTATSTICO

Diante das variaes dos resultados obtidos, buscou-se estatisticamente definir a tendncia da exposio ao rudo para a atividade da Auxiliar de Banho e Tosa. Para tanto, foi utilizado papel logprobabilstico para anlise de distribuio lognormal, obedecendo aos seguintes procedimentos (Fantazini, 2003):a) Os nveis mdio de rudo, obtidos como resultados nos interdias amostrados (Tabela 3), foram ordenados de forma crescente.

79,4 dB(A) 80,7 dB(A) 81,5 dB(A) 82,6 dB(A) 84,6 dB(A) 85,7dB(A) 86,4 dB(A) 86,5 dB(A) 87,4 dB(A)

b) Calculado para cada um dos resultados, sua posio (Pi) de plotagem no papel logprobabilstico, utilizando a seguinte expresso matemtica,Pi = 100 i 100% 100% 10% (5)(N+1) (9 + 1) 10sendo:N = numero de amostrasi = porcentagem

c) Construo de tabela com os valores ordenados e com sua respectivas posies de plotagem, no papel logprobabilstico.

Tabela 5 Valores ordenados com respectivas posies de plotagem no papellogprobabilstico

N. ORDEMNVEL MDIO DE RUIDO(Lavg).POSI0 (Pi %)0179,4 dB(A)100280,7 dB(A)200381,5 dB(A)300482,6 dB(A)400584,6 dB(A)500685,7 dB(A)600786,4 dB(A)700886,5 dB(A)800987,4 dB(A)90

d) Representao dos pontos plotados no papel logprobabilstico, apresentado junto ao ANEXO C, onde cada nvel mdio de rudo, segundo sua intensidade, ocupar um posicionamento conforme tabela 5.__e) Obteno da mdia geomtrica da distribuio (X), o valor com 50% de probabilidade, no grfico (papel logprobabilstico), corresponde a Lavg 84,6 dB(A), conforme ANEXO C.

f) Obteno desvio padro geomtrico (s), a diferena entre os valores com probabilidade de 50% e 84%, ou entre 16% e 50%, no grfico (papel logprobabilstico), ANEXO C.

Pi 16% 80Pi 50% 84,6 DPG = Pi (50%) = Pi (84%) 84,6 = 89,2 1,05Pi 84% 89,2 Pi (16%) Pi (50%) 80 84,6

g) Obteno do coeficiente de variao(CV%), atravs da expresso matemtica,

CV% = 100s 100 x 1,05 105 1,24 % (6)X 84,6 84,6Sendo:s = Desvio Padro GeomtricoX = Mdia Geomtrica

h) Obteno da probabilidade de exceder o limite de tolerncia, atravs da interseco do valor do Limite de Tolerncia ao rudo 85 dB(A) com a reta de ajuste de distribuio, sendo que este ponto corresponde a 52 %, descrito no ANEXO C. Existindo, portanto, uma probabilidade de 48% do limite de tolerncia ser ultrapassado, nas condies ambientais e operacionais em que foram realizados os monitoramentos.

8 CONCLUSO

Aps dados obtidos da avaliao estatstica, comparando com os Limites de Tolerncia estabelecidos pela Portaria 3214 na Norma Regulamentadora 15 Anexo 1 do Ministrio do Trabalho e Emprego, concluiu-se que a exposio ao rudo da funo de Auxiliar de Banho e Tosa na atividade de banho, secagem e escovao de plos, no Salo de Embelezamento Canino estudado, apresenta uma probabilidade de 48% do limite de tolerncia ser ultrapassado, com tendncia de exposio a 84,6 dB(A), considerando o Limite de Tolerncia para jornadas de trabalho de 8 horas dirias de exposio ao rudo contnuo e intermitente ser de 85 dB(A).Outro aspecto a ser considerado que o nvel de rudo oferecido pelo secador de 86 dB(A) e a jornada diria 08 (oito) horas, assim, a dose mxima recebida, considerando eventual uso ininterrupto do secador durante toda a jornada de trabalho, seria de no mximo 114 % ou Lavg 86 dB(A), conforme clculo:

C1 8 1,14 doseou 114% (2)T1 7Onde:

C1 = Tempo de exposio ao Nvel de Rudo.T1 = Tempo mximo permissvel de exposio ao mesmo Nvel de Rudo.

Porm, puderam ser observados valores superiores ao longo de jornadas completas normais dirias de trabalho, ou seja, 8 horas, chegando at a uma dosagem de 139,8% correspondente a um nvel mdio de rudo ou Lavg de 87,4 dB(A), revelando assim que o nvel mdio de rudo (Lavg) ao longo do dia trabalhado, quanto intensidade ou dose recebida, no esta apenas ligado ao nmero de ces trabalhados, ou outra varivel que prolongue a permanncia do funcionamento do secador, principal equipamento ruidoso existente no ambiente de trabalho, como tambm est relacionado s condies de estresse que se encontram os ces durante a tarefa, fazendo com que os mesmos ladrem mais ou menos vezes, com maior ou menor intensidade e o fluxo de ar (turbulncia) do secador em contato com a rasquiadeira (escova), em diversos ngulos durante a escovao.Como informao adicional, poderamos suspeitar que a Auxiliar de Banho e Tosa estudada encontra-se no primeiro estgio do quadro clnico evolutivo dos sintomas da exposio ao rudo, citados anteriormente nas referncias bibliogrficas, visto que as queixas referenciadas na entrevista realizada foram; zumbido, cefalia e irritao. Diante das evidncias, conveniente ressaltar a importncia emergencial da implantao e regulamentao do uso de proteo auditiva, assim como, do controle audiomtrico sistemtico da funo, evitando agravamento do estgio dos sintomasclnico apresentados.A partir desta pesquisa se faz necessrio divulgao da probabilidade de danos auditivos e no auditivos causados pelo rudo na funo de Auxiliar de Banho e Tosa. Muitos so os livros e artigos cientficos publicados, mas a populao afetada ainda leiga e carente de informaes desse teor. Trazer esse tipo de informao para os meios de comunicao utilizados por esses profissionais, como, por exemplo, em revistas e programas de televiso especializados no seguimento de PET SHOP, seria talvez a forma mais fcil e acertada de atingi-los. A preveno atravs de orientaes junto aos profissionais do seguimento de embelezamento canino, quanto potencialidade do risco e forma de proteo, como por exemplo, a utilizao de proteo individual auditiva importante. Necessrio atuar tambm nas fontes geradoras do problema, rudo excessivo. O avano da tecnologia poderia fornecer equipamentos mais silenciosos, garantindo segurana e conforto ao usurio, assim como, diminuir o tempo de permanncia dos ces no local aps concluso do trabalho, agilizando a retirada destes pelos seus donos, ou rea mais afastada do local de trabalho para posicionamento das gaiolas de espera.Outros agentes de risco a sade dos trabalhadores do salo de embelezamento canino foram observadas durante a realizao desta pesquisa, os quais podero ser alvo de novas pesquisas, tais como exemplos: posturas inadequadas de trabalho (mesa de tosquia e banheira), ergonmico (movimentos repetitivos), vibrao mecnica nas mos (mquina de tosquia), calor (secador),poeiras (plos tosquiados), estresse (insegurana mordida de ces) e biolgicos (zoonose).

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ANEXO A - Roteiro de entrevista empregado junto ao Auxiliar de Banho e Tosa.

1- Existe queixa de dores de cabea?2- Qual freqncia?3- Como o relacionamento interpessoal com familiares?4- Existe irritabilidade constante, sem motivos aparentes?5- Aps o trabalho, a audio fica sensvel a sons mesmo no muito intensos, por exemplos rdio e televiso?

6- Tem o desconforto de ouvir algum tipo de zumbido, dentro do ouvido em algum momento?7- fcil se concentrar para estudar, ou para desenvolver a tarefa?8- Logo de manh, acorda com boa disposio?9- H boa disposio para o trabalho durante o dia?10- A qualidade do trabalho permanente durante toda a jornada de trabalho?11- Qual a freqncia de erros praticados durante o trabalho?12- Qual o dia da semana em que a margem de erros aumenta?13- Existe alguma dificuldade quanto a manter o equilbrio ao longo do dia, mesmo fora do ambiente do trabalho?

ANEXO B - Relatrios emitidos pelo dosmetro de rudo nos diferentes dias amostrados.