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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE …§ão... · tratar de um dos principais consumidores...
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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTIVEL DE ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL (OFR) EM
ANÁPOLIS E IMPLANTAÇÃO DA COLETA DE ÓLEO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Carmencita Tonelini1
Victor Alves Barbosa2
1INTRODUÇÃO
Com o crescimento econômico e populacional das cidades mundiais, a
necessidade de fontes de energia renovável que possa competir com a insegurança do
futuro suprimento de combustíveis fósseis, além da minimização dos impactos negativos
ao meio ambiente, vem se tornando cada vez mais visadas no cenário mundial.
Dentro desse contexto, já não é mais aceitável um desenvolvimento sem
planejamento e sem as devidas preocupações com o ambiente e o futuro, nos conduzindo
ao desenvolvimento sustentável, que vem a ser o modelo em que o desenvolvimento
acontece de forma a atender as necessidades do presente, sem comprometer as
possibilidades das futuras gerações atenderem suas próprias necessidades (CMMAD,
1998).
Com isso entramos no conceito de ecoeficiência, que se baseia em três pilares
básicos; o econômico, o ambiental e o social, ou seja, uma empresa ou um processo para
serem válidos dentro dos conceitos atuais de gestão, deve ser economicamente rentável,
ambientalmente compatível e socialmente justo (NASCIMENTO, 2001).
No Brasil, medidas estão sendo tomadas com a finalidade de viabilizar a
produção de biodiesel de forma sustentável. A utilização da biomassa é de grande valia,
pois o país possui várias vantagens agrárias no que se diz respeito à geografia, por estar em
uma região tropical com temperaturas médias ao longo do ano, luminosidade constante,
disponibilidade de recursos hídricos e chuvas, gerando um grande potencial na produção
de biocombustíveis.
Pesquisadores do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas
(LADETEL), em Ribeirão Preto, onde é desenvolvido o Projeto Biodiesel Brasil, vem
utilizando onze variantes de óleos em testes são eles: algodão, amendoim, babaçu, canola,
1 Bióloga (UEG), Especialista em Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Líquidos (UFG)2 Biólogo (UniEvangélica)
11
dendê, girassol, mamona, macaúba, milho, soja e óleos residuais de fritura (LUCENA,
2004).
Entretanto o uso de grandes extensões de terra e a utilização de óleos vegetais
na produção de biocombustíveis gera uma competição com a produção de alimentos.
Sendo assim, os preços dos alimentos tendem a aumentar visto que a demanda será menor
em relação à procura por parte da população.
A reciclagem de óleos vegetais industriais vem ganhando espaço cada vez
maior, não simplesmente porque os resíduos representam matérias primas de baixo custo,
mas principalmente porque os efeitos da degradação ambiental decorrente de atividades
industriais e urbanas estão atingindo níveis cada vez mais alarmantes (FIGUEIREDO,
1995).
Anápolis é uma cidade com 325.544 habitantes e está localizada
estrategicamente entre Goiânia, a capital do estado de Goiás, e Brasília, a capital federal
(IBGE, 2007). Visto o grande número de habitantes, o potencial da cidade na produção de
biocombustível por meio de óleos de fritura residual (OFR) é de grande relevância. Assim,
a captação de OFR de maneira correta para o processamento e produção de biodiesel,
evitará o depósito errôneo desses resíduos, evitando impactos negativos ao meio ambiente.
Levando em consideração a vocação do país na produção de energia renovável,
o presente trabalho avaliou o potencial de produção de biocombustível de óleos de fritura
residual (OFR), na cidade de Anápolis – Goiás, bem como a destinação final desses óleos
pela população, a fim de evitar o despejo de forma indiscriminada no meio ambiente.
Foram aplicados questionários em 10 (dez) escolas estaduais de diversos
bairros da cidade, tanto para alunos, funcionários e professores, que avaliou o nível do
conhecimento de ambos a respeito da degradação ambiental causada pelos OFR, bem
como a quantidade usada nas residências e a disposição final desses resíduos por parte da
população.
Após a aplicação dos questionários, foi proposto aos diretores e gestores das
escolas um projeto de caráter educativo, no intuito de coletar óleos residuais de fritura.
Esse projeto é baseado primeiramente na Educação Ambiental, educação esta que é
fundamental para a reflexão a respeito das ações antrópicas sendo sua prática fundamental
para conservação ambiental.
Foi realizada uma entrevista com a empresa de Saneamento de Goiás S/A,
SANEAGO, com intuito de obter informações a respeito dos impactos negativos dos óleos 12
no tratamento de esgoto e no tratamento de água. Posteriormente foi executada uma
entrevista na Granol S/A, empresa que produz biocombustível de OFR na cidade de
Anápolis, no intuito de verificar o potencial da cidade de Anápolis na produção desse
combustível.
Baseado no exposto, o trabalho verificou a capacidade de coleta de óleos
residuais de fritura na cidade de Anápolis para produção de biocombustível de forma
sustentável, bem como a implementação de projetos nas escolas na forma de educação
ambiental para coleta de OFR, minimizando os impactos ambientais gerados pela má
disposição desses resíduos, trazendo benefícios à cidade.
13
2OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
•Averiguar o potencial de produção de OFR na cidade de Anápolis-GO e
implantar nas escolas um projeto de coleta de óleos residuais para
reaproveitamento na produção de biocombustível.
2.2 Objetivos Específicos
•Avaliar o potencial de produção de Biocombustível de OFR na cidade de
Anápolis – GO, por meio de entrevista com a especialista da empresa
GRANOL;
•Verificar o nível de conhecimento dos alunos, dos professores e gestores da
escola a respeito da degradação ambiental causada por óleos e gorduras
residuais no meio ambiente;
•Analisar juntamente com a SANEAGO os custos e problemas da disposição
de óleos e gorduras residuais no tratamento de esgotos;
•Verificar junto aos diretores e gestores das Escolas, a viabilidade da inserção
do projeto de coleta de OFR;
•Implantar o projeto de coleta seletiva através de educação ambiental.
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3JUSTIFICATIVA
A energia é considerada questão estratégica de uma nação e a extensão de seu
uso sempre esteve diretamente associada ao grau de desenvolvimento de um povo. Ao
longo da história pode-se constatar que a disponibilidade e a acessibilidade que as pessoas
têm à energia estão ligadas ao conforto humano e a produção de bens (RABELO, 2001).
Visando a produção de energia renovável de maneira sustentável, é que estão
sendo realizados projetos para a utilização do biodiesel. Esses projetos buscam uma forma
de desvencilhar a energia das fontes fósseis, obtendo alternativas ecoeficientes, ou seja,
utilizando energia e recursos de forma racional, minimizando as emissões de poluentes e
de resíduos, além de benefícios econômicos e sociais.
Uma das principais preocupações atuais é o aquecimento global, causado
principalmente pelos gases causadores do efeito estufa (GEE). O setor de transportes por se
tratar de um dos principais consumidores de energia e, por conseqüência, um dos
principais emissores de resíduos, deve ser encarado com prioridade na busca de
alternativas para mitigação de GEE (ALMEIDA, 2002).
Dentre as soluções para reduzir a poluição atmosférica, causada pelo consumo
de óleo diesel nos centros urbanos, a substituição desse óleo por combustíveis derivados da
biomassa, os biocombustíveis, são apontados como alternativas de grande valor
econômico, social e ambiental (RIBEIRO apud GOLDEMBERG, 2001).
O biocombustível pode reduzir a emissão de gases poluidores, como por
exemplo, o dióxido de carbono (CO2), o dióxido de enxofre (SO2), os particulados e os
hidrocarbonetos (HC) em diferentes níveis, dependendo da tecnologia utilizada na
combustão e da qualidade do combustível (ALMEIDA NETO et al., 2000).
Evitando a competição entre alimentos e biocombustíveis, aliado ao
reaproveitamento de resíduos degradantes do meio ambiente, é que se torna viável a
produção de biodiesel a partir de óleos e gorduras residuais (OGR).
15
Grande parte dos óleos residuais não são coletados e acabam sendo descartados
em esgotos ou diretamente no solo. Segundo o Centro de Saúde Ambiental do Município
de Curitiba, estima-se que somente entre restaurantes industriais da cidade e região
metropolitana, são descartadas por mês aproximadamente 100 toneladas desse resíduo no
meio ambiente (COSTA NETO et al., 2000). Na cidade de Salvador 43% dos OGR são
depositados nos esgotos e cerca de 30% diretamente nos lixos, conforme Figura 1
(HIRSHC, 2000).
Figura 1. Descarte de OGR na cidade de Salvador – BAFonte: Hirshc (2000)
Um benefício na utilização do ORF diz respeito à redução de custos com
tratamentos de efluentes, visto que o volume gerado diariamente nos centros urbanos e
descartado na rede de esgotos é reaproveitado na forma de insumos na produção do
biodiesel (ALMEIDA NETO et al. 2000). Estudos mostram que diferentes tipos de óleo,
quando lançados diretamente na rede coletora de esgoto, chegam a encarecer o tratamento
de efluentes em até 45% (MANCINI, 2006).
A presença de óleos e graxas diminui a área de contato entre a superfície da
água e o ar atmosférico, impedindo dessa forma, a transferência do oxigênio da atmosfera
para a água. Em processo de decomposição a presença dessas substâncias reduz o oxigênio
dissolvido elevando a DBO e a DQO, causando alteração no ecossistema aquático, além da
vedação dos estômatos das plantas e órgãos respiratórios dos animais, a impermeabilização
das raízes de plantas e a ação tóxica para os seres aquáticos (BRAGA, 2002).
16
O biocombustível de OGR apresenta-se como o menos agressivo ao meio
ambiente quando comparado a outros biocombustíveis, tendo em vista que na cadeia de
produção deste tipo de combustível, os possíveis impactos ambientais da etapa agrícola,
como: erosão, desmatamento, queimadas, e contaminação de águas subterrâneas não lhe
são imputados, por sua matéria-prima ter origem residual (ALMEIDA, 2002).
O biodiesel vem sendo usado na Europa desde 1995, tanto como aditivo ao
óleo diesel (França, Suécia), como para colocar um motor em marcha (Alemanha, Áustria
e Itália). O combustível vegetal misturado numa proporção de 5% ao óleo diesel, ajuda a
diminuir as partículas de enxofre e o efeito lubrificante do biodiesel ameniza o desgaste da
bomba injetora (MENCONI, 2000).
Diante do mencionado, se faz necessário um trabalho de aproveitamento dos
óleos de fritura, pois além de possuírem grande potencial na produção de biodiesel,
evitariam o despejo de um poluente no meio ambiente, minimizando os problemas no
tratamento de água, de esgotos, na vida aquática e na contaminação do solo.
A necessidade da Educação Ambiental na conscientização e sensibilização da
população e em especial dos alunos é de grande valia, pois segundo Sato (2003, p. 23-24) a
educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de
conceitos, objetivando o desenvolvimento de habilidades e modificando as atitudes em
relação ao meio, relacionando-se com a prática das tomadas de decisões e a ética que
conduzem para a melhoria da qualidade de vida.
Sendo assim, para coletas eficientes e manejo corretos dos OFR a educação
ambiental realizada em instituições de ensino é de fundamental importância visto a
necessidade de reaproveitamento desses resíduos, tanto pela retirada de um poluente do
meio ambiente evitando os impactos e degradação gerados pelos óleos, tanto por ser uma
matéria-prima de grande potencial na produção de biocombustível.
17
4REFERENCIAL TEÓRICO
Criador do motor com ciclo a diesel, Rodolf Diesel, afirmou em 1912 que, o
uso de óleos vegetais como combustível para máquinas poderia parecer insignificante em
sua época, mas que futuramente poderia assumir um papel tão importante quanto o petróleo
e o carvão mineral (RABELO, 2001).
De um modo geral, biodiesel foi definido pela "National Biodiesel Board" dos
Estados Unidos como o derivado mono-alquil éster de ácidos graxos de cadeia longa,
proveniente de fontes renováveis como óleos vegetais ou gordura animal, cuja utilização
está associada à substituição de combustíveis fósseis (COSTA NETO et al., 2000).
Quimicamente, conforme a Figura 2, os óleos e gorduras animais e vegetais
consistem de moléculas de triglicerídeos, as quais são constituídas de três ácidos graxos de
cadeia longa ligados na forma de ésteres a uma molécula de glicerol. Esses ácidos graxos,
conforme a Figura 3, variam na extensão da cadeia carbônica no número, na orientação e
posição das ligações duplas (MEHER, 2004). As reações que os ácidos graxos podem
sofrer são importantes para o controle das alterações da qualidade de óleos e gorduras.
Figura 2. Estrutura genérica dos óleos e gorduras Fonte: Fleck et al. (2005)
18
Figura 3. Saturação de ácidos graxos dos triglicerídeos Fonte: LINCX serviços de saúde apud Fleck, et al (2007)
Os ácidos graxos ocupam a maior parte do peso molecular da molécula do
triglicerídeo, sendo assim eles são responsáveis pelas principais características dos óleos. O
peso molecular do glicerol é apenas 41, ao passo que o dos ácidos graxos, dependendo da
fonte lipídica chega a 650-970, ou seja, 94% a 96% do peso total (SWERN, 1964 apud).
O consumo do diesel no Brasil situa-se aproximadamente em 35,7 bilhões de
litros, os quais lançam cerca de 70 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera
(ANP, 2001). A utilização de biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis
deverá ser responsável por evitar o lançamento de 570 milhões de toneladas de CO2 no
período compreendido entre 2008 a 2017 (MMA, 2008).
A menor emissão de gases poluentes é uma das principais qualidades do
biodiesel, comparando as emissões de gases poluentes pelas combustões de biodiesel e de
óleo diesel de petróleo, os resultados foram favoráveis ao biocombustível. O SO2 é
totalmente eliminado, a fuligem diminui em 60%, o monóxido de carbono e os
hidrocarbonetos diminuem em 50%, os hidrocarbonetos poliaromáticos são reduzidos em
mais de 70% e os gases aromáticos diminuem em 15%, conforme a Figura 4 (BARNWAL
& SHARMA, 2005).
19
Figura 4. Níveis de redução das emissões de poluentes do Biodiesel em relação ao Diesel fóssil.Fonte: Barnwal & Sharma (2005)
Dados do Ministério do Meio Ambiente indicam que no Brasil mais de 46% do
total consumido de derivados de petróleo foi utilizado pelo setor de transportes no ano de
1999. Nesse mesmo ano o setor de transportes foi responsável por cerca de 20% do
consumo final de energia do país (MATTOS, 2001).
Diante da grande dependência da energia proveniente dos combustíveis fósseis
no Brasil, soluções devem ser apresentadas para minimizar essa dependência, e que
estejam focadas nas causas da degradação ambiental. Assim a produção de
biocombustíveis utilizando a biomassa de forma sustentável, e a utilização de óleos
residuais, destaca-se entre as mais ecoeficientes.
A substituição gradativa dos combustíveis fósseis por biocombustíveis
oriundos das plantas oleaginosas como soja, dendê, mamona, girassol, além do uso de
óleos e gorduras residuais (OGR), vem sendo estudada e implantada em vários países do
mundo, pois estes são renováveis, geram empregos e renda, diminuem as emissões de
gases causadores do efeito estufa (GEE), e minimizam os impactos causados pela
disposição final errônea no caso dos OGR.
20
No programa brasileiro de biocombustíveis, as principais matérias-primas são
os óleos vegetais (LIMA, 2004). No entanto, o uso de terras férteis para cultivos destinados
à fabricação de biocombustíveis reduz as superfícies destinadas aos alimentos,
contribuindo para o aumento dos preços dos mantimentos e para sua escassez (FAO,
2007).
Sendo assim uma alternativa seria a utilização de óleos de fritura residuais na
produção de biocombustível, pois aliado ao fato de ser uma matéria-prima de baixo custo,
mitigaria os impactos causados pela disposição inadequada no meio ambiente, que estão
chegando a níveis alarmantes, e não competiria com a produção de alimentos.
A fritura por imersão é um dos métodos de preparo de alimentos mais
populares atualmente, tanto doméstica quanto industrialmente. Devido ao uso contínuo, os
óleos usados na fricção dos alimentos podem sofrer algumas reações, segundo Regitano-
d’Arce (2005) são elas:
Hidrólise: a hidrólise é favorecida pelo uso excessivas de água, altas temperaturas, pressão e ação de enzimas lipolíticas ou catalisadoras, aumentando o número de ácidos graxos livres. A hidrólise em óleos e gorduras pode ser particularmente observada após o uso repetitivo em frituras, ela é facilitada pela combinação de vapor de água proveniente dos alimentos e da alta temperatura.Auto-oxidação: ocorre quando o oxigênio atmosférico ou dissolvido na amostra encontra os segmentos mais reativos da molécula do triglicerídeo, ou seja, as duplas ligações dos ácidos graxos insaturados. Quanto maior o grau de insaturação do ácido graxo componente do triglicerídeo maior será a intensidade da oxidação.Termoxidação: tanto ácidos graxos saturados ou insaturados sofrem decomposição química quando expostos ao calor na presença de oxigênio, sendo que os principais exemplos de termoxidação são o uso de fornos de microondas e frituras por imersão.
Após a utilização contínua dos óleos eles se tornam um resíduo indesejável
devido ao aumento da viscosidade por causa da formação de dímeros e trímeros de
triglicerídeos, formação de espuma pelo surgimento de compostos que contém
grupamentos hidroxila, além de compostos voláteis e não voláteis, os primeiros são
perdidos para o ambiente enquanto os não voláteis podem ser absorvidos pelos alimentos,
comprometendo a sua qualidade nutricional (REGITANO-D’ARCE, 2005).
Sendo este resíduo prejudicial à qualidade dos alimentos e a saúde, eles muitas
vezes são despejados em pias, vasos sanitários, no solo, no lixo, comprometendo a
qualidade do sistema de tratamento de esgoto, dos mananciais e lençóis freáticos.
Entretanto este resíduo possui grande valor e potencial por ser uma matéria-prima
reutilizável principalmente na produção de biocombustível.21
Para utilizar os óleos vegetais em um motor comum do ciclo diesel sem
adaptações no motor, é preciso submeter este óleo a uma reação química denominada
transesterificação, com o principal objetivo de baixar a viscosidade do óleo a valores
próximos a do diesel convencional (RABELO, 2001).
A transesterificação, conforme a Figura 5, consiste na reação química de
triglicerídeos com álcoois (metanol ou etanol) na presença de um catalisador (ácido, básico
ou enzimático), resultando na substituição do grupo éster do glicerol pelo grupo etanol ou
metanol. A glicerina é um subproduto da reação, e deve ser purificada antes da venda para
aumentar a eficiência econômica do processo (SILVA et al, 2008).
Figura 5. Reação de transesterificação metílica em meio alcalinoFonte: Almeida (2002).
Experimentos foram feitos para a reação de transesterificação em óleos de
fritura residuais com seis tipos de alcoóis: metanol, etanol, 1-propanol, 2-propanol, 1-
butanol, e 2-etoxyetanol e dois catalisadores, uma base KOH e um ácido H2SO4,
concluindo que os melhores resultados foram obtidos com metanol e hidróxido de potássio
(NYE et al., 1983).
Entretanto para a produção de biodiesel através de óleos residuais, deve ser
feito um trabalho de sensibilização e conscientização da população para que os mesmos
possam interagir com as causas ambientais, impedindo assim o despejo incorreto desses
óleos na rede de esgoto e no meio ambiente.
Esse processo de sensibilização e conscientização se dá através da educação
ambiental, quem vem a ser o processo no qual incorporamos critérios sócio-ambientais,
ecológicos, éticos e estéticos nos objetivos didáticos da educação, com o objetivo de
construir novas formas de pensar incluindo a compreensão da complexidade e das
22
emergências e inter-relações entre os diversos subsistemas que compõem a realidade
(LEFF, 2001).
Os problemas causados pela degradação do meio ambiente atingem a todos os
seres vivos independente de sua complexibilidade ou nível social, ou seja, as
conseqüências dizem respeito a todos os seres bióticos. Sendo assim, a preservação e
recuperação do espaço abiótico, propiciará melhores condições à vida das mais variadas
espécies.
É nesse âmbito de pensamento que um dos grandes poluentes do meio
ambiente e dos sistemas de tratamento de esgoto e água, os óleos e gorduras residuais,
devem ser reutilizados já que possuem grande potencial na produção de biocombustíveis,
de forma a minimizar os impactos negativos, evitando custos as ETE’s e ETA’s, além de
evitar prejuízo à vida nos rios, lagos e mares.
Dessa forma, o presente trabalho buscou implantar projetos de educação
ambiental nas escolas de Anápolis, para que houvesse um comprometimento com o meio
ambiente através de coleta seletiva do óleo de fritura residual, para utilização como
matéria-prima na fabricação de biocombustível.
23
5METODOLOGIA
Como metodologia foi escolhida a pesquisa exploratória como modelo para a
presente investigação. Os resultados serviram de base para a criação de uma proposta de
implantação da coleta de óleo de fritura nas escolas públicas de Anápolis, que possa suprir
as atuais demandas de óleo para produção de biodiesel. Segundo Vergara (1997), a
pesquisa exploratória é recomendada em casos em que existe pouco conhecimento
acumulado sobre o objeto em estudo.
De acordo com Vergara (1997), a metodologia pode ser entendida sob dois
aspectos: quanto aos fins; e, quanto aos meios.
Quanto aos fins, tomando-se por base a classificação da pesquisa apresentada por
Vergara (1997), esta pesquisa é do tipo descritiva. Este tipo de pesquisa, para Martins
(1997, p.30), é aquele que “tem como objetivo a descrição das características de
determinada população ou fenômeno, bem como o estabelecimento de relação entre
variáveis e fatos”. Já Andrade (1993, p.98) aponta que, na pesquisa descritiva, “os fatos
são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o
pesquisador interfira neles”.
Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, existem duas
perspectivas para a realização da pesquisa: a pesquisa quantitativa e a qualitativa.
(RICHARDSON, 1989; ROESCH, 1999).
A pesquisa quantitativa significa transformar opiniões e informações em
números para possibilitar a classificação e análise. Exige o uso de recursos e de técnicas
estatísticas. Já a pesquisa qualitativa considera que há uma relação entre o mundo objetivo
e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.
A pesquisa objeto deste trabalho utilizou-se de ambos os modelos: quantitativo
e qualitativo. Por meio do modelo qualitativo descreveu-se a realidade encontrada,
possibilitando uma análise com maior profundidade; usou-se também o método
quantitativo já que, em parte dos dados coletados bem como no tratamento destes dados,
utilizou-se técnicas estatísticas.
Conforme descrito anteriormente, para a obtenção dos resultados, observaram-
se sistematicamente os seguintes itens: revisão literária; entrevista como responsável pelo
tratamento de esgotos da SANEAGO; entrevista com responsável técnico da empresa
GRANOL S/A sobre o potencial da produção de biocombustível de OFR em Anápolis;
24
aplicação de questionários com estudante, professores, gestores e funcionários de dez
escolas públicas de Anápolis com alunos do 3º e 2º Ano do ensino médio e implantação do
projeto Coleta de Óleo de Fritura Residual nas Escolas onde foram aplicados os
questionários.
A revisão literária buscou familiarizar o autor a respeito do assunto discutido,
levantando dados das mais variadas fontes, desde artigos científicos a teses de graduação e
pós-graduação (especialização, mestrado), colocando o autor em contato direto com obras
já escritas para que o trabalho tivesse bases científicas fidedignas (LAKATOS &
MARKONI, 2001).
A pesquisa foi desenvolvida junto a três diferentes segmentos: a) profissional
da Empresa de tratamento de água e esgoto (SANEAGO), b) técnico responsável em
biodiesel da empresa GRANOL, c) alunos, professores e funcionários de escolas públicas.
Como instrumentos de coleta de dados da pesquisa foram elaborados e aplicados três
diferentes questionários intitulados:
Questionário nº 1, questionário nº 2 e questionário nº 3; aplicados
respectivamente aos três grupos (a), (b) e (c) citados acima.
O questionário nº 1 (Anexo 1) foi aplicado ao supervisor técnico da rede de
esgoto da SANEAGO de Anápolis. A motivação para a aplicação do questionário nº 1
consiste no fato do supervisor possuir informações abrangentes sobre o trabalho
desenvolvido pela empresa no tratamento de água e esgoto e as dificuldades encontradas
para remoção do óleo ou gordura no processo de tratamento.
O questionário nº 2 (Anexo 2) foi aplicado ao técnico da empresa de biodiesel
GRANOL S/A, localizada no Distrito Agroindustrial de Anápolis, o motivo foi avaliar o
potencial da produção de biocombustível a partir do óleo de fritura em Anápolis.
Para avaliar o grau de importância de conhecimentos específicos sobre impactos
ambientais causados por óleos e gorduras, consumo e disposição dos óleos nas residências,
bem como, o conhecimento de formas de reaproveitamento dos resíduos a partir da visão
dos educadores, gestores e alunos foi elaborado e aplicado o questionário nº 3 (Anexo 3).
O questionário nº 3 foi aplicado a 100 alunos, 66 professores e 34 funcionários alocados
em 10 escolas.
O número de alunos foi estipulado na amostragem de 10% do total de alunos dos
terceiros ou segundos anos do ensino médio no turno da realização dos questionários,
porém foi estabelecido como amostragem mínima o número de 10 (dez) alunos por Escola. 25
A escolha de alunos do ensino médio, principalmente de terceiros ou segundos anos
baseou-se no pressuposto de possuírem uma maior carga de disciplinas ao longo da vida
acadêmica e um maior conhecimento da rotina de suas residências.
Já os professores foram selecionados de acordo com suas disciplinas, dando
preferência para professores de Biologia, Geografia, Química e Física. Funcionários e
gestores foram selecionados de acordo com suas funções, ou seja, principalmente
funcionários responsáveis pelos refeitórios além de secretários e coordenadores.
Visando a conduta ética, foi anexado ao questionário nº 3 o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 4), com dados pessoais do pesquisador
responsável, objetivo do projeto e medidas a serem tomadas caso o sujeito participante se
sinta lesado, sendo que cada participante recebeu uma cópia do Termo.
A implantação do projeto de Coleta de Óleo de Fritura Residual nas Escolas
Estaduais foi realizada em parceria com a ONG 4 Elementos, projeto esse dividido em 3
(três) etapas: 1) Visitas às escolas para expor a proposta aos gestores e coletar dados e informações como número de alunos matriculados, nome do responsável e endereço, 2) Entrega do material gráfico sobre reciclagem, danos causados por óleos e como armazena-lo e entrega dos cupons para os sorteios semestrais, 3) Coleta do óleo arrecadado na data marcada pela Escola (TONELINI, 2008, p. 12).
Foram selecionados 10 (dez) Colégios Estaduais em diferentes bairros para a
implementação do projeto, sendo as mesmas aonde foi aplicado o questionário de nº 3, são
eles: Colégio Estadual Américo Borges de Carvalho (Bairro Jardim Goiano), Colégio
Estadual Carlos de Pina (Bairro Boa Vista), Colégio Estadual Durval Nunes da Mata
(Bairro João Luiz de Oliveira), Colégio Estadual Genserico Gonzaga Jaime (Setor
Industrial), Colégio Estadual Padre Trindade (Bairro Jundiaí), Colégio Estadual
Polivalente “Gabriel Issa” (Vila Nossa Senhora D’Abadia), Colégio Estadual Polivalente
“Frei João Batista” (Bairro Maracanã), Colégio Estadual Professor Faustino (Centro),
Colégio Estadual Virgínio Santillo (Bairro Maracanã) e Colégio Estadual Zeca Batista
(Vila Góis).
26
6RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos de acordo com os
métodos propostos no capítulo anterior.
6.1Entrevista SANEAGO S/A
A entrevista foi realizada com o Engenheiro Civil Clodoveu Reis Pereira, cujo
cargo é de Supervisor de Esgoto dentro da empresa de saneamento de Goiás, a
SANEAGO, empresa concessionária responsável pelo saneamento básico em Anápolis
desde 1973 (PDA, 2005).
A entrevista teve como objetivo obter informações sobre o prejuízo que os
óleos e gorduras causam no sistema de tratamento de esgotos, desde incrustações no
sistema de distribuição a gastos excessivos na sua remoção.
Além da obtenção de dados a respeito dos impactos negativos causados em
todo o processo de tratamento, foi questionada a necessidade de projetos e políticas
públicas para a reutilização desses óleos de fritura residuais, evitando o despejo na rede de
esgotos e no meio ambiente.
Com quase metade da população da cidade sem rede coletora de esgoto, várias
são as redes clandestinas que depositam esses dejetos tanto em leitos d’água quanto no
próprio solo, contaminando os lençóis freáticos e os mananciais que abastecem a cidade
(PDA, 2005).
O atual sistema de esgotamento está dividido em seis sub-bacias: Góis, Água
Fria, Cezários, Reboleiras e Antas, estão localizadas na bacia do Rio das Antas; e a sub-
bacia Catingueiros, localizada na bacia do Córrego Catingueiro. A rede coletora das
extensões das sub-bacias e diâmetros conta com 476.766,00 metros (PDA, 2005).
A estação de tratamento está localizada na margem direita do Rio das Antas,
tratando uma vazão máxima afluente, medida em maio de 1998, de 470 L/s. O corpo
receptor dos esgotos tratados é o Rio das Antas, bacia do Rio Corumbá. O Distrito
Agroindustrial de Anápolis (DAIA) possui sistema de esgotamento sanitário próprio, com
lançamento dos esgotos tratados no Córrego Extrema, bacia do Rio das Antas (PDA,
2005).
27
Segundo o entrevistado os principais problemas causados pelo descarte de
óleos e gorduras na rede de esgoto são as incrustações e obstruções das redes coletoras.
Essas obstruções se dão pelo fato da alta reatividade dos óleos e gorduras, fazendo com
que esses resíduos se tornem sólidos e dificultem o desempenho eficiente das redes
coletoras. Entretanto o prejuízo não é apenas da rede coletora e da empresa de saneamento,
mas também do corpo receptor do esgoto tratado, pois os óleos não são removidos em sua
totalidade no tratamento biológico, retornando aos mananciais e poluindo o ambiente.
Quando indagado a respeito dos custos gerados para a remoção dos óleos,
gorduras e obstruções, o entrevistado afirmou não haver um estudo de caso específico para
essa situação dentro da empresa, nem possuir dados relativos à porcentagem dos gastos
totais no que diz respeito ao caso dos óleos. Todavia os gastos são imensuráveis vistos os
inúmeros casos de incrustações e obstruções da rede, havendo a necessidade de obras,
troca de manilhas, reposição de asfalto, manutenções e diminuição da eficiência da Estação
de Tratamento de Esgoto (ETE).
Foi elucidada a maneira na qual os óleos e gorduras são removidos do sistema
de tratamento de esgoto, segundo os dados obtidos na entrevista a remoção dos sólidos
grosseiros é feita com tratamento preliminar. Já a retirada da matéria orgânica é feita
através de tratamento biológico, com microorganismos, nas lagoas de estabilização.
Processo esse que não remove os óleos e gorduras em sua totalidade, poluindo os corpos
receptores.
De acordo com o entrevistado, a SANEAGO não possui projetos no intuito de
conscientizar a população na minimização do problema de despejo incorreto de óleos na
rede coletora. Porém foi visto com grande valia um projeto nesse âmbito, devido ao
reaproveitamento de uma matéria-prima com grande potencial na produção principalmente
de biocombustível, na diminuição dos poluentes e impurezas na rede, facilitando o
tratamento do esgoto sanitário e diminuindo os custos, e por retirar um resíduo altamente
poluente da natureza, mitigando os impactos ambientais.
A entrevista pôde mostrar como é valida e importante a realização de projetos
ambientais com o objetivo de minimizar o despejo de resíduos no meio ambiente,
principalmente resíduos com grande potencial de reaproveitamento, como o caso dos óleos
de fritura residuais. Sendo assim, a entrevista confere subsídios necessários para a
implantação do projeto de Coleta de Óleo de Fritura Residual nas Escolas Públicas
Estaduais de Anápolis, proposto no presente trabalho.28
6.2Entrevista GRANOL S/A
Para avaliar o potencial de produção de biocombustível a partir de OFR em
Anápolis, foi necessário um levantamento de dados juntamente com a GRANOL
INDÚSTRIA, COMERCIO E EXPORTAÇÃO S/A situada no Distrito Agroindustrial de
Anápolis (DAIA). Essa empresa realiza campanhas para troca de óleos residuais em alguns
pontos da cidade de Anápolis, como supermercados e pontos de comércio.
A entrevista foi realizada com o Gerente Regional do Centro-Oeste Paulo
Donato, cuja formação é de Administrador de Empresas com Mestrado em Qualidade.
Foram apresentadas ao entrevistado perguntas que elucidavam o trabalho da empresa
dentro da cidade de Anápolis, seus projetos ambientais, a quantidade de OFR arrecadada,
bem como a viabilidade de projetos nessa área.
Segundo o entrevistado, os objetivos da Granol na arrecadação e produção de
biocombustível a partir de OFR são exclusivamente sócio-ambientais e de marketing
ecológico, visto que a quantidade da produção diária de biocombustível é infinitamente
maior do que a quantidade do óleo residual coletada junto à população.
Economicamente o trabalho de coleta do OFR não foi considerado viável,
entretanto o entrevistado afirmou que o projeto ambiental gera um benefício à empresa de
saneamento da cidade, pois minimiza a emissão desses resíduos na rede coletora de esgoto,
aumentando a eficiência do tratamento e diminuindo a contaminação dos corpos receptores
e menores gastos no posterior tratamento da água para o consumo humano.
Porém, o maior beneficiado é o meio ambiente, pois as propriedades químicas
e físicas dos mais variados óleos, fazem com que estes sejam poluidores em potencial do
ambiente, tanto para água quanto para o solo, prejudicando os mais variados tipos de vida
existentes.
O entrevistado afirmou ainda que a cidade de Anápolis não possui potencial na
arrecadação de OFR para produção de biocombustível quando comparado a demanda do
mercado, visto que hoje conforme Lei vigente nº 11.097/05, que regulamenta o uso do
Biodiesel (Anexo 1) é obrigatório o uso de 3% de biodiesel no diesel mineral
comercializado no país, todavia foi dito que todo resíduo deve ser reaproveitado para que
sejam minimizados os danos ao ambiente, a qualidade de vida da população e para que
esses OFR sejam reaproveitados na forma mais nobre conhecida atualmente, a produção de
biocombustível.
29
Foi evidenciado através da entrevista que o biocombustível proveniente do
OFR não possui diferenças quando comparados com as outras matérias-primas, pois
durante o processo de fabricação esse óleo é previamente tratado para que sejam retiradas
impurezas e para neutralização do pH, já que este é coletado com grande quantidade de
resíduos de alimentos, com alta umidade e com maior acidez, devido às diversas reações
que esse óleo sofre durante o processo de processamento dos alimentos.
O único problema citado pelo entrevistado a respeito da produção de
biocombustível é a pequena demanda do subproduto da reação, a glicerina. Esse
subproduto é usado principalmente na queima para geração de energia nas caldeiras da
própria indústria, fabricação de sabão, cosméticos e para a indústria farmacêutica,
entretanto, os custos para a purificação da mesma inviabilizam a destinação para fins mais
nobre, como indústrias farmacêuticas e cosméticas. De acordo com o entrevistado a cada
400 toneladas produzidas de biocombustível, são geradas 55 toneladas de glicerina.
O biocombustível produzido pela empresa, independente da matéria-prima,
seja óleo puro, seja óleo residual, sebo bovino, gordura de frango ou o subproduto da
fabricação de margarina, é destinado ao abastecimento do mercado interno brasileiro,
devido à grande demanda proveniente da regulamentação da mistura B3, ou seja, mistura
entre 3% de Biodiesel e 97% diesel mineral. Essa demanda de biocombustível se deve,
segundo o entrevistado, ao fato do Brasil utilizar anualmente cerca de 40 (quarenta) bilhões
de litros de óleo diesel provenientes do petróleo.
Segundo dados obtidos pela própria empresa, o biocombustível produzido
abastece a demanda do mercado interno brasileiro conforme Figura 6.
Figura 6. Abastecimento Interno de Biocombustível produzido pela GRANOL. Fonte: Granol Indústria Comércio e Exportação S/A (2007).
30
A Granol vem realizando, desde 2006, projetos de conscientização ambiental
juntamente com a população de Anápolis com o intuito de obter sucesso na campanha de
coleta de OFR feita pela empresa, que é realizada com o apoio de supermercados da
cidade. Esse projeto baseia-se na troca de 4 (quatro) litros de óleo residual por um litro de
óleo novo.
A empresa coletou na cidade de Anápolis no ano de 2007, 27.219 litros de
OFR, e em 2008 até o mês de outubro, coletou 30.892 litros de OFR. Entretanto, a
produção mensal de biocombustível feita pela empresa chega à casa dos 13 (treze) milhões
de litros, já que a produção diária é de cerca de 500 (quinhentos) mil litros.
Sendo assim, o óleo residual coletado mensalmente na cidade, cerca de 3.000
(três mil) litros, não supre a demanda de biocombustível mensal produzido pela empresa,
porém o entrevistado afirmou não ser essa a maior preocupação da empresa, e sim a
questão da retirada de um resíduo com grande potencial poluidor do meio ambiente e o
reaproveitamento do mesmo de uma forma ecologicamente correta, pois os benefícios
gerados ao ambiente e ao marketing da empresa são bem maiores que os custos para coleta
e reaproveitamento desses resíduos.
Segundo o entrevistado, Anápolis com uma população média de 350 (trezentos
e cinqüenta) mil habitantes, com o consumo mensal de óleo de 315 (trezentos e quinze) mil
litros, sendo o consumo per capta mensal de óleo de 900 mL por família, aliado ao fato de
apenas 15% desse óleo ser usado em frituras, ou seja, cerca de 47 (quarenta e sete) mil
litros, e desse, 15% uma quantia considerável é reaproveitada pela própria população na
fabricação de sabão, torna-se necessárias medidas para a coleta do óleo que possivelmente
é depositado incorretamente no meio ambiente.
A campanha da empresa é realizada através de divulgação feita por carros de
som, divulgação nas rádios, na distribuição de panfletos educativos nos supermercados, nas
residências e em algumas escolas municipais através da distribuição de gibis. Todos estes
mostram os malefícios causados pelo depósito incorreto de OFR, tanto para a rede de
saneamento quanto para o meio ambiente e a forma de reaproveitamento do mesmo, pela
produção de biocombustível.
O entrevistado ainda afirmou a necessidade de parcerias com ONG’s e
Universidades, que estejam engajadas em projetos sócio-ambientais no intuito de realizar
projetos de conscientização ambiental, tanto para o reaproveitamento em maior escala,
31
quanto para preservação do meio ambiente, validando assim o projeto de coleta de óleo nas
escolas públicas proposto pelo presente trabalho.
6.3Questionário nas Escolas
O questionário aplicado nas Escolas teve como intuito verificar a percepção de
alunos, professores e funcionários a respeito do impacto causado por óleos e gorduras
quando descartados de forma incorreta no Meio Ambiente, bem como a quantidade usada
nas residências, a disposição final desses óleos, o conhecimento prévio de formas de
reaproveitamento, a freqüência de utilização de alguma dessas formas em seu dia-a-dia e a
disponibilidade de fornecimento desses resíduos para projetos ambientais.
Os dados coletados deram embasamento para o projeto proposto pelo trabalho,
pois a partir do conhecimento prévio dos entrevistados que foram estabelecidas as metas da
primeira parte do projeto, a de apresentação e conscientização, ou seja, a Educação
Ambiental.
O questionário foi aplicado a 200 (duzentas) pessoas, divididas em 10 (dez)
Escolas da rede Estadual de ensino, por tanto foram aplicados 20 questionários por Escola,
sendo 100 alunos (50%), 66 professores (33%) e 34 funcionários (17%), conforme Figura
7.
Figura 7. Quantidade e porcentagem dos entrevistados Fonte: Questionário 3
As 10 (dez) Escolas da rede Estadual de ensino foram selecionadas com o
objetivo de diversificar os bairros e comunidades, para que os resultados pudessem mostrar 32
não somente dados de uma determinada região com os mesmos fatores sociais, mas dados
capazes de conter resultados provenientes das diversas variâncias de realidades, e de
situações sociais. A Figura 8, mostra os locais que tem rede de esgoto em Anápolis e as
escolas pesquisadas.
Figura 8. Mapa da cidade de Anápolis com os setores que possuem rede coletora de esgoto (em Vermelho), e as Escolas Estaduais selecionadas (a Direita em Preto). Fonte: PDA, (2005).
Outro aspecto considerado foi a função do entrevistado dentro da escola e o seu
grau de escolaridade, sendo que dos 66 professores entrevistados 83,33% têm pós-
graduação, enquanto 16,66% graduação. Dos 100 alunos entrevistados 60% cursavam o 3º
ano do ensino médio, enquanto 40% o 2º ano do ensino médio. No caso dos 34
funcionários entrevistados 17,64% têm ensino fundamental, 52,94% ensino médio, 17,64%
graduação e 11,76% pós-graduação, conforme Figura 9.
33
Figura 9. Grau de escolaridade dos entrevistados por categoria (alunos, professores e funcionários)Fonte: Questionário 3
A primeira pergunta do questionário serviu para mostrar o nível de
conhecimento dos entrevistados a respeito do impacto ambiental causado pelo descarte
incorreto de óleos e gorduras residuais no meio ambiente. Conforme os dados obtidos
foram verificados que 84% dos alunos têm conhecimento a respeito dos impactos gerados
pelo descarte incorreto de óleos e gorduras, e que 16% não possuem conhecimento a
respeito do assunto.
No caso dos professores, 90,9% possuem consciência relativa ao impacto
gerado por óleos e gorduras e 9,1% não possuem tal consciência. Já os funcionários
82,35% possuem conhecimento a respeito dos impactos gerados pelo descarte incorreto,
enquanto 17,64% não possuem conhecimento sobre o assunto, conforme Figura 10.
34
Figura 10. Porcentagem relativa de Professores, Alunos e Funcionários a respeito da consciência dos impactos ambientais causados por óleos e gorduras quando despejados incorretamente no Meio Ambiente.Fonte: Questionário 3 – Questão 1
Comparando os índices encontrados relativos ao conhecimento dos impactos
gerados pela disposição incorreta de óleos e gorduras, às funções dos entrevistados dentro
da escola e o grau de escolaridade dos mesmos, ficam evidentes a relação do nível de
instrução e de escolaridade com o conhecimento a respeito da degradação ambiental. Os
professores se mostraram mais conscientes, seguidos por alunos e funcionários, validando
a comparação entre instrução, escolaridade e conhecimento.
Na segunda pergunta do questionário, os entrevistados foram indagados a
respeito da quantidade de óleo usada mensalmente em suas residências, para que esses
dados possam ser usados posteriormente em comparações como o local de disposição
desses óleos nas residências.
A segunda pergunta era composta por quatro alternativas para os entrevistados,
sendo a primeira até 2 litros, a segunda de 2 a 5 litros, a terceira de 5 a 10 litros e a quarta
mais de 10 litros. A Figura 11, mostra a porcentagem do consumo mensal de óleo por
alunos, professores e funcionários das escolas pesquisadas.
35
Figura 11. Porcentagem de consumo mensal de óleo por categoria (alunos, professores e funcionários)
Fonte: Questionário 3 – Questão 2
Para os alunos, 19% utilizam até 2 litros mensais de óleo em suas residências,
52% de 2 a 5 litros, 25% de 5 a 10 litros e 4% mais de 10 litros.
Para professores, 41% utilizam até 2 litros em suas residências, 38% de 2 a 5
litros, 21% de 5 a 10 litros, sendo que nenhum dos professores entrevistados afirmou
utilizar mais de 10 litros. Já os funcionários, 18% afirmaram utilizar até 2 litros mensais,
55% de 2 a 5 litros, 21% de 5 a 10 e 6% mais de 10 litros mensais.
Totalizando todos os resultados de consumo mensal de óleo nas residências,
tanto de professores, alunos e funcionários, encontramos o resultado conforme a Figura 12.
36
Figura 12. Porcentagem dos entrevistados em relação ao consumo mensal de óleo nas residências. Fonte: Questionário 3 – Questão 2
Na terceira etapa do questionário, os entrevistados foram perguntados a
respeito dos locais, ou seja, poderia ser marcada mais de uma alternativa, em que eles
depositam os óleos residuais em suas residências. Essa pergunta teve como objetivo
mostrar os locais mais utilizados para disposição final dos resíduos, sendo as opções: lixo,
pia, solo ou outros locais, nesta última, o entrevistado deveria informar qual o local de
descarte de óleo por ele. A Figura 13 mostra os locais de descarte do óleo pelos
entrevistados.
37
Figura 13. Locais de descarte do óleo de fritura por categoria (alunos, professores e funcionários)Fonte: Questionário 3 – Questão 3
Segundo os alunos, 13% depositam o óleo residual diretamente no solo, 26%
no lixo, 31% na pia e 30% em outros locais, descritos pelos entrevistados como garrafas
plásticas (PET) e vidros. Já os professores, 9% depositam o óleo residual diretamente no
solo, 21% no lixo, 11% na pia e 59% em outros locais, como garrafas plásticas (PET) e
vidros.
Para os funcionários 9% são depositados diretamente no solo, 21% no lixo, 3%
na pia e 67% em outros locais, como garrafas plásticas (PET) e vidros. Sendo assim o
resultado total de todos os entrevistados mostram que 11% dos óleos residuais são
depositados no solo, 24% no lixo, 20,5% na pia e 46,5% em garrafas plásticas (PET) e
vidros, conforme Figura 14.
38
Figura 14. Porcentagem dos locais em que os OFR são depositados nas residências dos entrevistados.Fonte: Questionário 3 – Questão 3
O despejo incorreto dos OFR ocasiona vários problemas tanto ao meio
ambiente quanto a rede coletora de esgoto. O descarte feito diretamente no lixo implica na
contaminação do solo, provocando o fechamento dos estômatos das plantas, dificultando a
atividades das raízes, e contaminando o lençol freático. Por outro lado, o depósito dos OFR
no esgoto pode provocar danos ambientais e econômicos (ALMEIDA, 2002).
A análise em relação ao depósito dos OFR no esgoto deve ser feita em duas
dimensões: os impactos causados com e sem o tratamento do esgoto, pois na cidade de
Anápolis apenas 52,64% da população possui sistema coletor de esgoto, sendo várias as
redes clandestinas (PDA, 2005).
A quarta pergunta do questionário teve como intuito avaliar o conhecimento
dos entrevistados a respeito de formas de reaproveitamento do óleo de fritura residual. A
questão era composta por seis alternativas, sendo elas: produção de sabão, produção de
biocombustível, produção de ração animal, produção de massa de vidraceiro, não conheço
e outros, entretanto a última alternativa não foi marcada por nenhum entrevistado. A
Figura 15, mostra o grau de conhecimento prévio dos entrevistados a respeito de formas de
reaproveitamento do OFR.
39
Figura 15. Conhecimento prévio dos entrevistados (alunos, professores e funcionários) a respeito de formas de reaproveitamento do OFR.Fonte: Questionário 3 – Questão 4
Segundo os alunos, 71,66% conhecem como forma de reaproveitamento do
OFR a fabricação de sabão, 20,02% a fabricação de biocombustível, 0,83% produção de
massa de vidraceiro, 1,66% produção de ração animal e 5,83% afirmaram não conhecer
formas de reaproveitar os óleos residuais.
Para os professores, 72% conhecem como forma de reaproveitamento a
produção de sabão, 23% a produção de biocombustível e 5% não possuem conhecimento
sobre o assunto.
Já os funcionários, 87% conhecem a fabricação de sabão como forma de
reaproveitar o OFR, e 13% afirmaram conhecer a produção de biocombustível a partir
desses resíduos.
No total dos entrevistados, 90,5% conhecem a fabricação de sabão, 24,5% a
produção de biocombustível, 1% fabricação de ração animal, 0,5% a fabricação de massa
de vidraceiro e 5,5% afirmaram não possuir conhecimento a respeito de formar de
reaproveitamento dos óleos de fritura residuais, conforme Figura 16.
40
Figura 16. Conhecimento prévio dos entrevistados a respeito de formas de reaproveitamento dos óleos de fritura residuaisFonte: Questionário 3 – Questão 3
O conhecimento prévio dos entrevistados mostra que a forma de reutilização
dos OFR mais conhecida popularmente é a fabricação de sabão e a produção de
biocombustível, por ser um tema atual, está começando a fazer parte do conhecimento
popular. Entretanto outras formas ainda são pouco conhecidas, como no caso da fabricação
de ração animal e massa de vidraceiro.
O número de pessoas que não conhecem formas de reaproveitamento do óleo
residual é considerável, mostrando a necessidade e a importância de projetos educacionais ,
a fim de identificar os problemas sofridos pelo meio ambiente quando os OFR são
descartados incorretamente.
A quinta pergunta do questionário procurou levantar dados a respeito do
número de pessoas que reutilizam o óleo, fabricando produtos cuja matéria-prima é o óleo
de fritura residual. A pergunta era fechada, com alternativas entre sim ou não, caso a
resposta fosse “sim” havia a pergunta “qual”, para mostrar qual a forma de reutilização. A
Figura 17, mostra o índice de reutilização do OFR pelos entrevistados no dia-a-dia.
41
Figura 17. Porcentagem de entrevistados (alunos, professores e funcionários) que reaproveitam o OFR no seu dia-a-dia.Fonte: Questionário 3 – Questão 5
Para os alunos, 46% reutilizam os OFR fabricando sabão e 54% não
reaproveitam esses resíduos. Para os professores, 63,63% reutilizam os OFR na fabricação
de sabão, enquanto 36,36% não reaproveitam. Já os funcionários, 67,64% fabricam sabão,
enquanto 2,94% realizam a troca do óleo residual no supermercado, 2,94% misturam o
óleo na ração do cachorro e 26,47% não reaproveitam.
Os resultados encontrados para todos os entrevistados foram que 55,5%
reaproveitam o óleo de fritura residual na produção de sabão, 0,5% realiza a troca do óleo
usado no supermercado, 0,5% mistura o óleo na ração do cachorro, enquanto 43,5% não
reutilizam o óleo de nenhuma forma, conforme Figura 18.
42
Figura 18. Nível de reaproveitamento dos óleos de fritura residuais pelos entrevistados.Fonte: Questionário 3 – Questão 5
A questão 6 do questionário procurou mostrar o interesse de alunos,
professores e funcionários em fornecer o óleo residual para projetos ambientais. A
pergunta possuía alternativas fechadas, com as opções “sim” e “não” e a pergunta “por
quê”, cuja resposta não era obrigatória mas era importante para elucidar os motivos pelos
quais os entrevistados optariam ou não pelo fornecimento dos óleos usados para projetos
ambientais. A Figura 19, mostra a porcentagem dos entrevistados que se interessaram em
fornecer o OFR para projetos ambientais.
Figura 19. Porcentagem dos entrevistados (alunos, professores e funcionários) interessados em fornecer o óleo para projetos ambientais.
43
Para os alunos, 73% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a fornecer os
OFR para projetos ambientais, enquanto 27% não estão dispostos. Para os professores,
69,69% possuem interesse em fornecer os óleos usados, enquanto 30,3% não estão
dispostos a fornecer o OFR. Já para os funcionários, 61,76% estão dispostos a doar o óleos
utilizado para projetos ambientais, enquanto 38,23% não estão dispostos a fornecer o OFR.
Totalizando todos os entrevistados, 70% se mostraram dispostos no fornecimento
dos óleos de fritura residuais para projetos ambientais, enquanto 30% afirmaram não
possuir interesse nesse fornecimento, conforme a Figura 20.
Interesse no fornecimento de OFR para projetos ambientais
70%
30%InteressadosNão Interessados
Figura 20. Interesse no fornecimento de OFR para projetos ambientais dos entrevistados.Fonte: Questionário 3 – Questão 6
Na mesma questão, havia um espaço para que os entrevistados pudessem expor os
motivos pelos quais eles tinham interesse ou não em fornecer o OFR para projetos
ambientais. Essas respostas variaram de acordo com a marcação da alternativa “sim” ou
“não”. Dos 200 (duzentos) entrevistados houve uma incidência de 121 respostas, ou seja,
60,5% dos entrevistados, pois não era obrigatório responder, sendo que essas respostas
variaram de acordo com a Tabela 1.
44
Tabela 1. Respostas obtidas pelos entrevistados quando questionados sobre o interesse em fornecer o óleo para projetos ambientais.
RESPOSTAS SIM QUANTIDADE DE RESPOSTASPreservar/Diminuir os Impactos Ambientais 36Conservar o Meio Ambiente 39Diminuir o Efeito Estufa/Aquecimento Global 6Garantir um futuro melhor/Melhorar a vida 4Não poluir o solo 2Porque não o reaproveito 2
Total de respostas SIM 89RESPOSTAS NÃO
Já o reutilizo para fabricação de sabão 23Não sobra em casa 5Não tenho interesse 1Não tenho tempo 3
Total de respostas NÃO 32
Os resultados obtidos em todas as perguntas da pesquisa serviram de base para
traçar as metas da divulgação do Projeto de Coleta de Óleo de Fritura Residual nas
Escolas, pois esses dados mostraram que a maioria das pessoas possui conhecimento a
respeito do impacto ambiental causado por óleos e gorduras no meio ambiente e estão
dispostas a fornecer esse óleo para projetos ambientais.
Os entrevistados que afirmaram não estar dispostos a fornecer o óleo são em
grande maioria aqueles que já o aproveitam na fabricação de sabão, pois é uma forma
economicamente atraente para os mesmos na reutilização desses resíduos. Entretanto a
produção de sabão apenas retarda a poluição causada pelos mesmos, visto que estes não
são biodegradáveis.
Com os dados encontrados nas seis perguntas, foram feitas correlações entre os
dados. Essas relações foram feitas entre a pergunta 1 e a 6, entre a 2 e a 3, e entre a 4 e a 5,
ou seja, foram feitas respectivamente indagações relativas ao conhecimento dos impactos
ambientais causados por óleos e gorduras e o interesse no fornecimento dos mesmos para
projetos ambientais (Tabela 2), entre a quantidade de óleo usada mensalmente nas
residências e o local de disposição dos mesmos (Tabela 3) e entre o conhecimento prévio
de formas de reaproveitamento e a utilização de alguma dessas formas no dia-a-dia (Tabela
4).
45
Tabela 2. Relação entre o conhecimento dos entrevistados a respeito dos impactos causados por óleos e gorduras quando depositados incorretamente no ambiente e do interesse de fornecimento dos OFR para projetos ambientais.
Tabela 3. Relação entre a quantidade mensal de óleo usado nas residências e o local de disposição dos resíduos
Tabela 4. Relação entre o conhecimento de formas de reaproveitamento do OFR e utilizações de alguma dessas formas no dia-a-dia.
Mediante os dados obtidos pelas entrevistas na GRANOL, na SANEAGO e
nas Escolas, fica claro a necessidade da implementação de projetos ambientais que
envolvam as comunidades como um todo, para que sejam minimizados os impactos
ambientais causados pela disposição errada dos mais diversos resíduos poluentes,
principalmente óleos e gorduras, trazendo benefícios para o meio ambiente e para a cidade
de uma forma geral.
46
Total ENTREVISTADOS
Até 2 de 2 a 5 de 5 a 10 Mais de 10 Solo Lixo Pia Pet ou vidros
100 Alunos 19 52 25 4 13 27 33 31
66 Professores 27 25 14 - 6 14 7 39
34 Funcionários 6 19 7 2 3 7 1 23
200 Entrevistados 52 96 46 6 22 48 41 93
USO MENSAL DE ÓLEO (LITROS) LOCAL DE DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS
ENTREVISTADOS
SIM NÃO SIM NÃO
Alunos 84 16 73 27
Professores 60 6 46 20
Funcionários 28 6 21 13
Entrevistados 172 28 140 60
CONHECIMENTO DO IMPACTO AMBIENTAL INTERESSE EM FORNECER O OFR PARA PROJETOS AMBIENTAIS
ENTREVISTADOS
Sabão Biodiesel Massa de vidro Ração animal Não conhece Fazem sabão Não reaproveitam
Alunos 86 24 1 2 7 46 54
Professores 62 20 - - 4 42 24
Funcionários 33 5 - - - 23 9
Entrevistados 181 49 1 2 11 111 87
CONHECIMENTO PRÉVIO DE FORMAS DE REAPROVEITAMENTO APLICAÇÃO NO DIA-A-DIA
a) Implantação do Projeto de Coleta de Óleo nas Escolas Públicas Estaduais
Várias são as justificativas para a implantação de um projeto com caráter
educativo, que visa minimizar a disposição de resíduos poluentes no meio ambiente,
principalmente quando esse resíduo possui grande potencial para ser reaproveitado de
formas variadas.
A educação ambiental se faz necessária para que os indivíduos ou grupos de
indivíduos percebam suas necessidades e responsabilidades de ações que contribuam
valores sociais de posturas e atitudes direcionadas para a preservação e manutenção do
meio ambiente, atitudes estas que devem ser executadas de modo consciente e participativo
(REIGOTA, 2006).
Essa educação ambiental deve ser feita de forma coordenada, baseada em
dados coletados anteriormente junto a população local para que sejam traçados os métodos
e diretrizes de trabalho, para que as necessidades básicas da comunidade sejam atendidas
de forma correta, e a educação seja efetiva.
Como já foi dito em capítulos anteriores OFR são grande poluidores de redes
de esgoto e do meio ambiente, e possuem potencial para reaproveitamento na fabricação de
biocombustível, sendo assim, o projeto visa aplicar junto às escolas e comunidades
medidas mitigadoras do impacto ambiental causado por OFR descartados erroneamente no
ambiente.
O projeto foi implementado nas mesmas escolas em que foram aplicados os
questionários, conforme Figura 21.
47
Figura 21. Localização das Escolas Estaduais selecionadas para a realização do projeto. Fonte: PDA (2005).
A implementação do projeto foi dividida em 3 (três) fases: visitas as escolas
para apresentar a proposta, elaboração do material gráfico (cartazes, panfletos e cupons
para os sorteios) e coleta do óleo.
Em um primeiro momento foi realizada visitas as escolas, para a apresentação
do projeto aos gestores das escolas, (Anexo 5). Nesse momento foi apresentada a escola as
necessidades da realização do projeto, tanto para os alunos, para a escola, para a
comunidade e para o meio ambiente.
Além dos benefícios trazidos ao aluno em relação a conscientização ambiental
e a aquisição de novos conhecimentos, o projeto visa incentivar a participação dos
mesmos, com o sorteio de prêmios, a cada 2 litros de OFR doado pelo aluno, ele recebe um
cupom para concorrer a sorteios semestrais de bicicletas, celulares, mp3, skates entre
outros brindes.
48
A escola participante serve de ponto de coleta tanto para alunos, professores e
funcionários, como para a comunidade local. A divulgação da escola como ponto de coleta
é feita na rádio e através de faixas que são colocadas na comunidade. Além disso, para
incentivar a escola na participação, a cada 7 mil litros de OFR arrecadados ela irá receber
um computador ou materiais no valor desse computador.
A comunidade pode doar o óleo nas escolas, não havendo mais a necessidade
de depositá-los nas pias, no solo ou nos lixos, gerando uma minimização dos malefícios
causados por esses resíduos. Entretanto os maiores beneficiados serão os mananciais de
água, os lençóis freáticos, o sistema de tratamento de esgoto, os corpos receptores, o solo, e
a fauna e a flora existente nesses locais.
Cada escola receberá uma bombona de PEAD (Polietileno expandido de alta
densidade) para a deposição das garrafas pets com o óleo residual. Em datas agendadas
juntamente com as escolas a empresa parceira da ONG 4 Elementos fará a coleta dos óleos
para a fabricação de biocombustível.
Exposto isso aos gestores das dez escolas, as mesmas decidiram participar pois,
viram no projeto uma excelente forma de atrair e motivar os alunos a participarem de uma
forma mais ativa das questões ambientais, gerando consciência e maior responsabilidade
com a vida, além do conhecimento de novas tecnologia, no caso do biocombustível.
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7CONCLUSÕESA partir do presente estudo avaliou-se o potencial de arrecadação de OFR na
cidade de Anápolis, bem como levantar dados a respeito dos prejuízos causados por esses
resíduos no meio ambiente e na rede coletora de esgoto, além de implantar nas Escolas
Estaduais da cidade de Anápolis o projeto de coleta de óleo de fritura residual para
reaproveitamento na produção de biocombustível.
Em um primeiro momento foi elucidado junto à empresa GRANOL,
responsável pela produção de biocombustível através desses óleos vegetais, que a cidade
não possui potencial de arrecadação de óleo residual para produção de biocombustível
quando comparados com a demanda do mercado, já que a legislação vigente exige a
mistura B3 no diesel mineral comercializado em todo o território nacional.
Mesmo a coleta de óleo não trazendo benefícios econômicos para empresa, a
mesma reafirmou a necessidade da continuidade dos projetos, e a maior realização de
campanhas de projetos ambientais no sentido de sensibilizar e conscientizar a população a
respeito do problema em questão, principalmente campanhas destinadas à educação
ambiental nas escolas.
Em um segundo momento, juntamente com a empresa de saneamento
da cidade, a SANEAGO, ficou claro o efeito negativo de óleos e gorduras
quando depositados na rede coletora de esgoto. Esses resíduos geram custos
imensuráveis em todo o processo de coleta e tratamento, pois além das
incrustações e obstruções na rede, reduzem a eficiência do tratamento do
esgoto fazendo com que os resíduos retornem ao corpo receptor e gerem
prejuízos ao ambiente.
Apesar de não haver projetos de conscientização ambiental realizados pela
empresa de saneamento, a mesma enfatizou a necessidade da execução de tais projetos e
campanhas junto à população, principalmente em escolas visando à formação de uma
consciência nas crianças e nos jovens para que a curto e médio prazo as emissões de
resíduos possam diminuir consideravelmente, beneficiando a SANEAGO, a cidade e
principalmente o meio ambiente.
Em um terceiro momento, questionários foram aplicados nas Escolas Estaduais
da cidade, com o objetivo de coletar dados a respeito do conhecimento de alunos,
professores e funcionários a respeito dos impactos e formas de reaproveitamento do OFR.
Sendo assim, observou-se um grau de conhecimento elevado a respeito dos impactos 50
causados pelos resíduos no meio ambiente, conhecimento esse que está proporcionalmente
vinculado à escolaridade, pois quanto maior a escolaridade, maior o conhecimento a
respeito do assunto.
A escolaridade também é de grande valia para avaliar o conhecimento a
respeito do reaproveitamento do OFR e utilização do mesmo no dia-a-dia, sendo que no
caso da produção de sabão, a escolaridade foi inversamente proporcional as respostas, pois,
quanto menor a escolaridade maior o conhecimento desse costume e maior a incidência de
pessoas que utilizavam esse método em seu cotidiano, já que a produção de sabão torna-se
economicamente viável e atrativa para a população.
Porém, no caso do biocombustível, a relação com a escolaridade foi
diretamente proporcional, visto que quanto maior a escolaridade, maior o conhecimento
desse modo de reutilização do OFR, entretanto não foram evidenciados casos de utilização
no cotidiano devido à inviabilidade econômica.
Outro importante dado foi o fato de que apesar do grande conhecimento
a respeito dos impactos ambientais causados por óleos e gorduras quando
depositados incorretamente no ambiente, o interesse no fornecimento do OFR
para projetos ambientais, apesar de elevado, não é compatível ao conhecimento
prévio dos impactos, isso se deve ao fato do alto grau de reutilização desse
resíduo na fabricação de sabão.
Em relação aos locais de descarte do OFR ficou evidenciado a reutilização do
mesmo e doação para vizinhos e parentes para fabricação de sabão. Todavia, os outros
locais como, solo, pia e lixo, somaram um pouco mais da metade das respostas.
Com a prévia revisão literária dando suporte ao estudo e mostrando as
necessidades de se construir um desenvolvimento de forma sustentável, ecologicamente
correto, atendendo as necessidades econômicas atuais, sem prejudicar as futuras gerações,
aliado aos resultados obtidos no presente trabalho, evidenciou-se a necessidade do
reaproveitamento desse resíduo, que é um potencial poluidor, principalmente na geração de
energia limpa, já que a energia está diretamente vinculada ao desenvolvimento de uma
nação.
Para um melhor reaproveitamento dos resíduos, tornam-se necessárias medidas
para uma mobilização popular, obtendo um comprometimento para dar continuidade a
campanhas e projetos. Primeiramente, essas campanhas e projetos devem promover a
educação ambiental, no intuito de sensibilizar, conscientizar e mudar os hábitos de descarte 51
incorreto dos resíduos, principalmente óleos de fritura residuais, evitando os malefícios ao
ambiente, gerando soluções tanto para problemas ambientais quanto para problemas
sociais e econômicos.
Diante dos resultados obtidos nas análises do presente trabalho, foram
encontrados dados que deram o suporte necessário para implementação do projeto de
coleta de óleo residual nas escolas estaduais da cidade de Anápolis.
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