Diagnóstico de Diferencial das Cefaléias e Algias Cranianas.
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BÁRBARA ROVARIS DE LUCA
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA HIDROCINESIOTERAPIA SOBRE O SISTEMA
MÚSCULO-ESQUELÉTICO EM GESTANTES NO SEXTO E SÉTIMO MÊS DE
GESTAÇÃO
Tubarão, 2005
3
BÁRBARA ROVARIS DE LUCA
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA HIDROCINESIOTERAPIA SOBRE O SISTEMA
MÚSCULO-ESQUELÉTICO EM GESTANTES NO SEXTO E SÉTIMO MÊS DE
GESTAÇÃO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Fisioterapia, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Orientadora Profª. MSc. Karina Brongholi
Tubarão, 2005
BÁRBARA ROVARIS DE LUCA
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA HIDROCINESIOTERAPIA SOBRE O SISTEMA
MÚSCULO-ESQUELÉTICO EM GESTANTES NO SEXTO E SÉTIMO MÊS DE
GESTAÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso foi apresentado ao Curso de Fisioterapia, e julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina
Tubarão, 21 de novembro de 2005.
__________________________________________ Profª. Orientadora MSc. Karina Brongholi
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________________ Profª. MSc. Adriana Elias dos Reis
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________________ Profª. MSc. Melissa Medeiros Braz Centro Universitário Franciscano
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado, em especial, à
minha família, que sempre esteve e, com
certeza, estará ao meu lado em todos os
momentos de minha vida, apoiando-me e
aconselhando-se. Amo todos vocês.
AGRADECIMENTOS
A todos que de alguma forma estiveram ao meu lado nesta caminhada,
contribuindo para o meu crescimento pessoal e profissional. Principalmente meus pais, que
me deram a oportunidade de estudar em uma universidade de qualidade e com profissionais
capacitados. Aos meus colegas e amigos, que me acompanharam desta jornada e me ajudaram
com suas palavras de conforto, seus ensinamentos e às tantas horas unidos em momentos de
alegrias. À professora Karina Brongholi, por ter me orientado neste trabalho. Obrigada a
todos.
“Tua caminhada ainda não terminou. A
realidade te acolhe dizendo que pela frente o
horizonte da vida necessita de tuas palavras e
do teu silêncio. Se amanhã sentires saudade,
lembra-te da fantasia e sonha com tua próxima
vitória. É certo que irás encontrar situações
tempestuosas, mas haverá de ver sempre o
lado bom da chuva que cai e não a faceta do
rio que destrói. Se não consegues entender que
o céu deve estar dentro de ti, é inútil buscá-lo
acima das nuvens e ao lado das estrelas. Não
faças do amanhã o sinônimo do nunca, nem o
ontem te seja o mesmo que nunca mais. Teus
passos ficaram. Olhe para trás mas vá em
frente, pois há muitos que precisam que
chegues para poderem seguir-te.”
(Charles Chaplin)
RESUMO
A gestação é um período de desenvolvimento e mudanças importantes para o crescimento e desenvolvimento da vida humana. Durante os nove meses de gestação, o corpo da gestante terá que acomodar as devidas mudanças fisiológicas. A meta deste estudo é analisar os efeitos da hidrocinesioterapia sobre o sistema músculo-esquelético em gestantes no sexto e sétimo mês de gestação, bem como identificar as principais queixas, em comum, dessas gestantes, verificar se houve influência da hidroterapia sobre as atividades do seu dia-a-dia e sobre o sistema emocional destas pacientes. Esta pesquisa caracterizou-se como exploratória multicaso qualitativa. A amostra foi composta por três gestantes, duas no sexto mês de gestação e uma no sétimo mês. Foi utilizado como instrumento da coleta de dados ficha de avaliação contendo dados gerais e escala visual análoga de dor. O estudo foi realizado na piscina terapêutica das dependências da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. Com este estudo pôde-se observar uma melhora nos três aspectos propostos: melhora nas atividades de vida diária, melhora quanto ao lado emocional e redução da dor lombar nas três gestantes. Conclui-se, dessa forma, que o plano de tratamento proposto na hidroterapia mostrou-se eficaz para a redução das algias, melhora da auto-estima e disposição para realização das atividades de vida diária.
Palavras-chave: Gestação, hidroterapia, sistema músculo-esquelético, fisioterapia.
ABSTRACT Pregnancy is an important period of development and changes in the growth and formation of a new human being life’s. During the nine months of pregnancy, the body of the expectant mother undergoes physiological changes, leading to a new physical and psycological equilibrium. The objective of this study was to investigate the effect of hydrotherapy on the skeletal and muscle system during the sixth and seventh month period of pregnancy. Also, the influence of hydrotherapy on daily activities and on the emotional system of the patients was researched. This experiment can be classified as an exploratory qualitative multicase. The sample was composed of three expectant mothers, two of them in the sixth month and the other in the seventh month of gestation. Visual observations were made on pain symptoms and take down on tables and charts. The study was carried out in the therapeutical swimming pool at Clínica Escola de Fisioterapia of the Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. As result of the study, an improvement in three aspects was observed: reduction of lumbar pain in all three subjects; improvement in daily life conditions; and, pronounced improvement in emotional aspects for all of them. It can be concluded that hydrotherapy treatment as planned was efficient for the reduction of pain, improvement of auto-stem and disposition for executing daily life activities. Key-Word: Gestation, hydrotherapy, muscle system, physiotherapy.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11
2 HIDROTERAPIA NA GESTAÇÃO.................................................................................14
2.1 Alterações fisiológicas presentes na gestação ................................................................14
2.2 Exercícios na gravidez .....................................................................................................19
2.2.1 Respostas hormonais ao exercício na gravidez ...............................................................19
2.2.2 Respostas pulmonares ao exercício na gravidez .............................................................22
2.2.3 Resposta cardiovascular materna ao exercício durante a gravidez .................................23
2.3 Hidroterapia na gravidez.................................................................................................25
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ..................................................................................28
3.1 Tipo de pesquisa ...............................................................................................................28
3.1.1 Classificação quanto à abordagem ..................................................................................28
3.1.2 Classificação quanto aos níveis de pesquisa ...................................................................28
3.1.3 Classificação quanto aos procedimentos utilizados na coleta de dados ............. ...........29
3.2 População/amostra ...........................................................................................................29
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados ..............................................................29
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados ................................................................30
3.5 Procedimento para análise e interpretação dos dados .................................................31
4 RESULTADOS, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ...............................32
4.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa .......................................................................32
4.2 Alterações emocionais .....................................................................................................33
4.3 Alterações nas atividades de vida diária .......................................................................36
4.4 Graduação da escala visual análoga de dor ..................................................................38
4.5 Considerações quanto à prática de atividade física em meio aquático na gestação ..40
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................42
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................44
ANEXOS ............................................................................................................................... .47
ANEXO A – Termo de consentimento livre e esclarecido ......................................................48
ANEXO B – Ficha de avaliação para gestantes........................................................................50
11
1 INTRODUÇÃO
A gestação é um período de desenvolvimento e mudanças importantes para o
crescimento e desenvolvimento da vida humana.
É um momento em que existem adaptações fisiológicas preparando o organismo
materno para receber o feto em crescimento até que esteja em condições de nascer. Essas
alterações ocorridas pelo desenvolvimento do feto, ocasionam mudanças na postura da
gestante, no seu equilíbrio, percepção corporal, gasto energético e nas propriedades
biomecânicas.
De acordo com Rezende (1998), a gravidez é estabelecida como sendo um episódio
na vida normal da mulher; teoricamente a mulher grávida deverá experimentar os reflexos de
maior sobrecarga imposta ao funcionamento dos órgãos.
Durante os nove meses de gestação o corpo da gestante terá que acomodar as devidas
mudanças fisiológicas. Novas exigências surgirão nos seus sistemas para que o bebê se
desenvolva.
As modificações na gravidez resultam de fatores como: mudanças hormonalmente
mediadas no colágeno e no músculo involuntário; aumento de volume total de sangue com o
fluxo sangüíneo aumentado para o útero; crescimento do feto resultando a conseqüente
ampliação e deslocamento do útero e também o aumento do peso e as mudanças adaptáveis no
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centro de gravidade e postura (REZENDE apud ORLANDI, 2004).
Um dos papéis do fisioterapeuta na área de obstetrícia é orientar a gestante quanto às
adaptações fisiológicas ocorridas durante a gestação, as quais causam desajustes na estrutura
física da mulher e que podem se transformar em desconfortos.
Portanto, as alterações que ocorrem durante a gestação podem afetar
significativamente o sistema músculo-esquelético e limitar as capacidades da gestante,
chegando a causar incapacidade até mesmo nas atividades da vida diária.
As atividades praticadas na água recebem várias denominações, entre elas exercício
aquático ou em imersão e hidroginástica. Dyson (apud PREVEDEL et al, 2003) prefere o
termo hidroterapia, talvez pelos efeitos curativos a ela relacionados.
Estes efeitos contribuem para que a adesão à técnica seja cada vez maior, tanto por
parte das gestantes como dos profissionais que as acompanham no pré-natal. Além de
proporcionar conforto e bem-estar, aumenta a capacidade do organismo materno em eliminar
calor. A manutenção da temperatura corporal durante a hidroterapia é outro efeito desejável.
Durante a gestação, ocorrem várias alterações fisiológicas nos diversos sistemas do
organismo da gestante que podem interferir no seu dia-a-dia, como comprometimentos
emocionais, fadiga, lombalgia, alterações posturais devido à alteração do centro de gravidade,
edema periférico.
Diante dessas alterações e dos efeitos de exercícios em imersão na água, este trabalho
teve como objetivo geral avaliar os efeitos obtidos com a hidrocinesioterapia sobre o sistema
músculo-esquelético em gestantes no sexto e sétimo mês de gestação.
Secundariamente, tornou-se necessário identificar as principais queixas, das gestantes
no sexto e sétimo mês de gestação, verificar se, quando presentes, sofrem alteração com a
utilização da hidrocinesioterapia como tratamento durante este período e se houve influência
da hidroterapia sobre as atividades do seu dia-a-dia.
13
É necessário um conhecimento mais aprofundado sobre algum método que minimize
ou exclua os desconfortos provindos da gestação, para que a gestante possa ter um período
gestacional tranqüilo, sem que interfira no seu convívio social.
O presente estudo consta de uma pesquisa do tipo exploratória multicaso qualitativa,
sendo que os resultados também serão analisados em forma de gráfico e tabela, para melhor
compreensão destes.
O trabalho consta de introdução, justificando o porquê da escolha deste tema;
referencial teórico, apresentando as alterações ocorridas no organismo da mulher durante a
gestação e considerações sobre a hidroterapia neste grupo de mulheres; delineamento da
pesquisa, apresentando a metodologia utilizada neste trabalho, e por fim, o resultado, análise e
interpretação dos dados obtidos com o estudo.
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2 HIDROTERAPIA NA GESTAÇÃO
2.2 Alterações fisiológicas presentes na gestação
Baseado em Skinner (1998), começando logo após a concepção a mulher
responde à gravidez com mudanças fisiológicas generalizadas que preparam o meio ambiente
interno adequado para o feto em crescimento.
Alterações fisiológicas presentes na gestação:
1) Sistema endócrino
Segundo Yitzahak, Masaki e Artal (apud ARTAL; WISWELL; DIRNKWATER,
1999), o sistema endócrino está envolvido em mudanças significativas na gravidez. Essas
alterações são moduladas pelos ovários e unidade fetoplacentéria e pelas glândulas endócrinas
da mãe.
De acordo com Burroughs (1995), a progesterona age proporcionando o
desenvolvimento do endométrio do útero, auxiliando a implantação do ovo, proporcionando o
desenvolvimento dos ductos secretores das mamas para lactação, estimulando a excreção de
sódio e reduzindo o tônus dos músculos lisos, causando diminuição da contratilidade uterina
(principal causa de constipação, azia e varicosidades).
Esse mesmo autor diz que o estrógeno produzido pelo corpo lúteo tem como
principais funções estimular o aumento do útero, das mamas e dos genitais; ocasionar
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modificações vasculares; promover a utilização de nutrientes e estimular o hormônio
melanócito estimulante, responsável pelo aumento da pigmentação.
De acordo com Valadares (apud SOUZA, 1999), a relaxina tem sua concentração
aumentada durante o primeiro trimestre e reduzida no segundo. Esse hormônio proporciona
um aumento do movimento da pelve para acomodar o bebê que está se desenvolvendo durante
a gravidez, possibilitando um nascimento mais fácil; além de permitir que os músculos do
assoalho pélvico se alonguem durante o parto.
2)Sistema gastrointestinal
Segundo Rezende (1998), a gravidez exerce grande efeito sobre a motilidade
gastrointestinal. As alterações da motilidade estão relacionas com os teores crescentes dos
hormônios sexuais femininos diferindo do que se acreditava anteriormente, do útero em
crescimento.
A musculatura do intestino torna-se levemente hipotônica e a motilidade é
diminuída. A velocidade reduzida do peristaltismo esofágico, um relaxamento do estômago e
uma pressão intra-abdominal aumentada com o desenvolvimento da gravidez, favorecem ao
refluxo gástrico ou a azia das quais muitas gestantes se queixam (POLDEN; MANTLE,
2000).
De acordo com Rezende (1998), no primeiro trimestre é freqüente o aparecimento
de náuseas, habitualmente matinais, cuja base fisiológica é desconhecida, mas pode estar
relacionado aos níveis crescentes de estrógeno no sangue. Fatores emocionais contribuem
para a seriedade das náuseas e vômitos.
Este mesmo autor afirma que mais da metade das gestantes referem-se ao aumento
do apetite e da sede, sendo que um número expressivo ocorre no primeiro trimestre, podendo
persistir por toda a gestação ou diminuir nos últimos meses.
3 ) Sistema cardiovascular
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Segundo Polden e Mantle (2000), o volume sangüíneo pode aumentar de 40% ou
mais para suprir as necessidades da parede uterina, servindo assim à placenta e a outras
demandas do corpo. Tem um aumento maior no volume do plasma do que nas células
vermelhas, onde o nível de hemoglobina cai para aproximadamente 80%. Esse efeito pode ser
denominado anemia fisiológica da gravidez. O coração aumenta de tamanho e acomoda mais
sangue, aumentando assim a função cardíaca de 30 a 50%.
As modificações no sistema cardiovascular são essenciais para o fornecimento de
oxigênio e nutrientes ao feto e ao útero em crescimento (BURROUGHS, 1995).
Como a capacidade cardíaca fica elevada, deve-se ter especial cuidado quando a
gestante apresentar história prévia de problemas cardíacos. O aumento é mais rápido durante
o primeiro trimestre, parecendo atingir o pico por volta da 30a a 34a semana de gestação,
estabilizando-se posteriormente.
4) Sistema respiratório
Hanlon (1999) afirma que o diafragma é um músculo que separa a cavidade
torácica da cavidade abdominal e auxilia na respiração. A expansão do útero pressiona e move
o diafragma para cima, dificultando seu movimento durante a inspiração. Os níveis
aumentados de progesterona elevam a taxa normal de respiração em até 45%.
No terceiro trimestre em muitas gestantes o útero dilatado impede crescentemente a descida do diafragma. Podendo deslocar o diafragma para cima geralmente uns 4 cm ou mais. A pressão do feto para cima também afeta as costela, fazendo com que estas se dilatem. A cintura costal inferior materna é aumentada geralmente de 10 a 15 cm, assim como o ângulo subcostal. Com isso a excursão respiratória está limitada nas bases dos pulmões. Com isso as mulheres freqüentemente experimentam consideráveis faltas de fôlego mesmo com esforços moderados em direção ao final da gravidez.(POLDEN; MANTLE, 1998, p. 34).
Segundo Valadares (apud SOUZA, 1999), as modificações pulmonares
anatômicas e fisiológicas nas gestantes levam ao aumento da capacidade inspiratória e
decréscimo do volume residual funcional, surgindo daí a necessidade crescente para facilitar o
17
maior transporte de oxigênio para a unidade fetoplacentária.
5) Sistema urinário
Polden e Mantle (2000) afirmam que, do início ao final da gravidez, ocorre um
aumento do suprimento de sangue para o trato urinário, com a finalidade de enfrentar as
necessidades adicionais do feto. Há, também, um aumento do peso dos rins e uma dilatação
da pélvis renal. Além disso, ocorre um aumento da produção de urina e uma pequena
mudança na reabsorção tubular causadas pela gravidez, podendo resultar em excreção de
quantidades significativas de açúcar e proteína.
No início da gravidez o útero aumentado pressiona a bexiga e ocasiona o aumento da freqüência urinária. Com o fluxo sangüíneo renal aumentado, as substâncias sangüíneas são filtradas com mais facilidade com a diminuição do tônus da musculatura lisa, o movimento peristáltico necessário para impulsionar a urina dos rins para a bexiga também diminui. (BURROUGHS, 1995, p. 77).
Acredita-se que a capacidade dos rins lidarem com maior carga de líquidos
modifica-se à medida que a gravidez progride (ZIEGEL e CRANLEY, 1985).
6) Sistema hematológico
Valadares (apud SOUZA, 1999) diz que as doenças hematológicas têm sido
responsáveis por mais de 50% das complicações clínicas ocorridas na gravidez, as quais se
relacionam estritamente a baixos níveis fisiológicos de hemácias, plaquetas e proteínas.
Segundo Ziegel e Cranley (1985) afirmam que, embora haja uma elevação
considerável de eritrócitos durante a gravidez, há um aumento em média de 250 a 450ml de
glóbulos vermelhos dependendo da quantidade de ferro disponível. A expansão
desproporcionada do volume de plasma, leva a uma diminuição das concentrações de
hemoglobina e de eritrócitos e, portanto, há um decréscimo de hematócrito durante a
gestação.
O problema mais freqüente no ciclo gestacional é a anemia, resultante da
deficiência de ferro.
18
7) Sistema nervoso
Segundo Rezende e Coslovsky (apud REZENDE, 1998), as gestantes apresentam
inúmeras manifestações suscetíveis que podem ser atribuídas ao sistema nervoso central ou
neurovegetativo: distúrbios das funções motoras, sensitivas e mentais.
A retenção de líquidos extracelular quase freqüentemente causa compressão de
estruturas nervosas, isto é, as mulheres grávidas podem referir relativa compressão nervosa
(POLDEN; MANTLE, 2000).
8) Sistema músculo-esquelético
Burroughs (1995) afirma que as principais alterações músculo-esqueléticas
durante a gestação são devidas ao relaxamento das articulações e às alterações na postura,
causadas pelo crescimento do útero e pela ação dos hormônios.
O relaxamento das articulações pélvicas deve-se ao hormônio relaxina. A
mudança de postura e a mobilidade das articulações contribuem para a dor nas costas durante
a gestação (BURROUGHS, 1995).
Segundo Konkler e Kisner (apud KISNER; COLBY, 1998), o centro da gravidade
desvia-se para cima e para frente devido ao alargamento do útero e mamas, ocorrendo, assim,
compensações posturais para equilíbrio e estabilidade. Os ombros ficam arredondados com
protração escapular e rotação interna dos membros superiores, devido ao crescimento das
mamas.
Além das alterações da postura, os músculos abdominais podem distender-se
gradualmente durante a gestação, ocorrendo assim a separação dos músculos retos
abdominais, chamada de diástase dos retos. Estes músculos retornam a sua condição normal
algum tempo após o parto. A diástase dos retos ocorre na gestação devido aos efeitos
hormonais sobre o tecido conectivo e as alterações biomecânicas da gravidez (KISNER;
COLBY, 1998).
19
9) Sistema reprodutivo
As alterações da vagina são devidas à vascularização, sendo que os vasos
sangüíneos ficam maiores. Ocorrem alterações na vulva , ocorrendo aumento de edema e da
vascularização (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
A amenorréia é um dos primeiros sinais de gravidez para a maioria das mulheres, apesar de não ser incomum a ocorrência de um leve sangramento por 1 ou 2 dias no tempo na qual a menstruação seria esperada se a concepção não tivesse recentemente ocorrido.(POLDEN; MANTLE, 2000, p. 28).
De acordo com Burroughs (1995), o útero muda radicalmente durante a gestação.
O crescimento do útero deve-se à estimulação de hormônios e à pressão de feto contra a
parede uterina.
Esse mesmo autor diz que a cérvix do útero torna-se mais curta e amolecida
durante a gravidez. Estes ajustes são necessários para permitir a passagem do feto no parto.
Durante a gestação, os folículos nos ovários não se desenvolvem até a maturidade,
sendo assim não ocorre a ovulação. O corpo lúteo persiste e produz hormônios até a 10a
semana de gestação, mantendo até que a placenta assuma a sua função.
Valadares (apud SOUZA, 1999) afirma que durante a gravidez as concentrações
de prolactina atingem níveis altos, começando em torno de oito semanas, estimulando o
crescimento das mamas e tornando-as mais visíveis.
2.2 Exercícios na gravidez
2.2.1 Respostas hormonais ao exercício na gravidez
Uma das principais necessidades fisiológicas da gravidez é a constante de
suprimento adequado de nutrientes para o feto. Tardiamente, existe uma economia de
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utilização de glicose materna, resultando em níveis maternos reduzidos de glicose,
aminoácidos e cetonas, hipertrofia das ilhotas pancreáticas e aumento da resposta de insulina
à glicose (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
A hipoglicemia ocorre mais prontamente durante a gestação; devido a isto, torna-
se importante uma ingestão adequada de carboidratos pela mulher grávida que se exercita,
para suportar as necessidades energéticas da gestação e do exercício (KISNER; COLBY,
1998).
Os exercícios podem ajudar a controlar o diabetes, pois aumenta a capacidade
máxima de absorver oxigênio e, portanto, reduzem sua pressão sangüínea, além de ajudar a
controlar os níveis de glicose (HANLON, 1999).
Para manter o exercício, até mesmo o mais leve, existe uma contínua captação de
glicose a partir do sangue. Para manter o estado constante de produção de glicose, há um
declínio da concentração plasmática e aumento da concentração de norepinefrina, epinefrina,
cortisol, glucagon e hormônio de crescimento (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
Segundo Kisner e Colby (1998), com o exercício, os níveis de norepinefrina e
epinefrina aumentam. A primeira é responsável pelo aumento da força e freqüência das
contrações uterinas.
Os maiores efeitos hormonais sobre o sistema músculo-esquelético, são causados
pelo hormônio relaxina. Em decorrência disto, a mulher estará mais propensa à lesão durante
movimentos balísticos (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000).
Alterações agudas em hormônios são muito sensíveis ao tipo, à intensidade e à
duração do exercício. A aptidão física e a condição básica do indivíduo, como estar em jejum
ou alimentado, são cruciais para determinar as respostas hormonais (ARTAL; WISWELL;
DRINKWATER, 1999).
Segundo o autor citado acima, durante exercícios leves e moderados, as alterações
21
em epinefrina circulante são mínimas e existem alterações limitadas no cortisol circulante. O
menor aumento de epinefrina facilitaria a captação de glicose e manteria estáveis os níveis de
glicose. Este estado de equilíbrio é desejável na gestação, e é essencial para o bem-estar do
feto.
Sternfeld (apud BATISTA et al, 2003) argumentou que o efeito da estimulação da
noradrenalina, que ocorre com a atividade física, pode ser neutralizado tanto com o aumento
de catecolaminas nas gestantes, como através dos níveis de catecolaminas fetais que
permanecem estáveis à estimulação da noradrenalina materna.
Os hormônios ovarianos, estradiol e progesterona, aumentam durante o exercício,
com uma resposta mais proeminente durante exercício extenuante.
Segundo Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), durante exercícios submáximos na
gestação, ocorre elevação transitória nas concentrações de estriol, o que pode ser interpretada
de várias formas: poderia refletir o bem-estar do feto, ou poderia ser explicada por um
aumento do fluxo de sangue útero-placentário.
A atividade física estimula a secreção de opióides endógenos, beta-endorfina,e
beta-lipotrofina. O treinamento em exercício durante a gestação elevou persistentemente os
opióides dessas mulheres, o que pode ser benéfico durante o trabalho de parto e o parto,
reduzindo a percepção da dor (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
Segundo Batista et al (2003), o aumento de estrogênio contribui para o
relaxamento muscular, facilitando o parto, suavizando as cartilagens e elevando o fluido
sinovial com resultados no alargamento das juntas, facilitando a passagem do feto.
Artal, Wiswell e Drinkwater (1999) afirmam que as alterações hormonais
observadas, durante exercício leve e moderado, são transitórias e voltam aos valores normais
em quinze minutos.
22
2.2.2 Respostas pulmonares ao exercício na gravidez
À medida que a gravidez evolui, as gestantes que se exercitam podem apresentar
intolerância crescente ao exercício, que é provocada pela incapacidade de transferir gases (O2
e CO2) entre a atmosfera e as células (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
Para Kisner e Colby (1998), a respiração materna parece adaptar-se ao exercício
leve, mas não aumenta proporcionalmente com o exercício moderado e intenso quando
comparado com o estado não gestacional.
O trato respiratório superior é freqüentemente afetado por alterações da mucosa da nasofaringe, como hiperemia, edema e secreção excessiva, todos levando a sintomas obstrutivos. A caixa torácica sofre alterações na gestação que resultam em expansão da circunferência torácica devido a uma elevação do diafragma pelo útero em crescimento. A complacência pulmonar aumenta aproximadamente 36% e a resistência das vias aéreas diminui. Essas alterações são mais acentuadas durante a segunda metade da gestação e levam a um aumento na capacidade inspiratória de 300ml e uma redução na capacidade residual funcional para manter a capacidade pulmonar total e vital intactas. (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999, p. 185).
A mulher grávida atinge uma capacidade máxima de exercício em um nível de
trabalho mais baixo que em mulheres não grávidas devido ao aumento da necessidade de
oxigênio (KISNER; COLBY, 1998).
Segundo Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), o objetivo principal do aumento das
respostas ventilatórias maternas, durante a gestação, é reduzir a PCO2 arterial. O resultado é
uma leve alcalose materna que promove trocas gasosas placentárias e evita a acidose fetal. A
freqüência respiratória tende a aumentar com o exercício. Há um aumento significativo,
também, em ventilação minuto e volume corrente, antes, durante e após o exercício.
A dificuldade inspiratória é uma queixa comum durante a gestação. Nota-se que
com exercícios bem orientados e dimensionados, esta queixa desaparece (MIRANDA;
ABRANTES, 1998).
Gestantes respondem ao exercício com aumento da ventilação durante o exercício
23
leve e com ventilação minuto mais alta do que não-gestantes no mesmo nível de trabalho
(ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
2.2.3 Resposta cardiovascular materna ao exercício durante a gravidez
Na gestação ocorrem alterações significativas no sistema circulatório em repouso,
como aumentos no volume sangüíneo, freqüência e débito cardíaco e redução da pressão
arterial de repouso. Essas alterações podem afetar a capacidade das mulheres para realizar
exercício (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
Para Hanlon (1999), durante a gravidez a reserva de oxigênio – o oxigênio extra
armazenado em seu sangue e músculos – diminui. Com os exercícios, haverá um aumento na
capacidade aeróbica, diminuindo a sensação de cansaço.
Sabe-se que a atividade cardiovascular durante a gestação se eleva comparada ao
período não-gestacional. No entanto, com a prática regular de exercícios físicos reduz-se esse
estresse cardiovascular, o que se reflete em freqüência cardíaca mais baixa, maior volume
sangüíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação, menor pressão arterial, prevenção
de trombose e varizes, e redução do risco de diabetes gravitacional (BATISTA et al, 2003).
De acordo com Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), as exigências do exercício
precisam de uma redistribuição importante de sangue para fora dos órgãos esplâncnicos e na
direção dos músculos que estão desenvolvendo o trabalho. O possível efeito negativo de
desviar o sangue para fora dos órgãos reprodutivos é de fundamental preocupação durante o
exercício na gestação, embora não exista nenhuma evidência conclusiva de que o feto humano
realmente seja afetado como resultado dessa aparente privação.
De acordo com Kisner e Colby (1998), o exercício aeróbico não reduz o fluxo
sangüíneo para o cérebro e o coração, mas provoca redistribuição no fluxo sangüíneo que é
24
diminuído nos órgãos internos, e possivelmente no útero, e aumentado nos músculos que
estão em trabalho. Contudo, o volume sistólico e débito cardíaco aumentam, este fato,
combinado com o aumento do volume sangüíneo e a diminuição na resistência vascular
sistêmica durante a gestação, podem ajudar a contrabalancear os efeitos do desvio vascular.
A termorregulação durante a gravidez relaciona-se com as respostas
cardiovasculares. A adequação do fluxo sangüíneo à unidade fetoplacentária é de grande
interesse durante o condicionamento aeróbico (RUOTI; MORRIS; COLE,1999).
Segundo Kisner e Colby (1998), durante a gestação a temperatura central das
mulheres fisicamente preparadas diminui durante o exercício. Elas têm uma eficiência
aumentada regulando sua temperatura central, e assim o stress térmico sobre o embrião e o
feto são reduzidos.
As alterações cardiovasculares, durante o exercício na gravidez, incluem aumento
do consumo de oxigênio em proporção direta à quantidade de peso que é ganho e alteração do
débito cardíaco (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000).
Exercícios submáximos requerem maior débito cardíaco para a gestante. Já no final
da gestação o débito cardíaco diminui. No início do segundo trimestre, o débito cardíaco
durante o exercício atinge um valor semelhante ao registrado em indivíduos em repouso
(ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
O nível de hematócrito materno durante a gestação é reduzido; contudo, aumenta
para uma porcentagem de 10 pontos nos primeiros cinco minutos de exercício vigoroso. Essa
condição continua por mais quatro semanas pós-parto. Como resultado, a reserva cardíaca é
diminuída durante o exercício (KISNER; COLBY, 1998).
Segundo Prevedel et al (2003), em gestantes ativas há um aumento do volume
sistólico e débito cardíaco, há também uma manutenção dos índices de VO2 máx., ao passo
que em gestantes não-ativas este índice decresce durante a gestação.
25
As gestantes que praticam exercícios apresentam maior capacidade aeróbica,
freqüência cardíaca em exercício, mais baixas, esforço percebido ao exercício menor e maior
volume cardíaco (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
Durante exercícios em imersão, segundo estudo de Alberton et al (2004), a
freqüência cardíaca tende a redução conforme o aumento da profundidade. O mesmo ocorre
com a pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e com a pressão arterial média.
O autor citado acima ainda diz que durante a imersão ocorre aumento do volume
sanguíneo na região central de aproximadamente 700 ml, significando um aumento de
aproximadamente 180 a 247 ml de sangue.
2.3 Hidroterapia na gravidez
O efeito da pressão hidrostática provavelmente é a propriedade mais influente da água para a paciente grávida imersa na piscina. O efeito dessa pressão sobre os sistemas cardiovascular e pulmonar é um aumento do retorno venoso, aumentando o volume de ejeção em aproximadamente 60% e diminuindo a freqüência cardíaca e a pressão arterial. (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000, p. 195).
De acordo com Hanlon (1999), por ser um exercício que não envolve suporte de
peso e movimentos balísticos, ou ainda contorções e mudanças súbitas de direção, a atividade
em meio aquático é a ideal na gestação. Ela deve melhorar sua resistência e tonificar seus
músculos.
As atividades aeróbicas na água provocam menos estresse sobre as articulações,
tornando possível o exercício para indivíduos com mobilidade ou capacidade limitadas para
sustentar seu próprio peso (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999).
Para Campion (2000), todos os graus de exercício podem ser realizados no
ambiente aquático, sem sustentação de peso. Não há necessidade de assumir a posição vertical
a não ser que esta seja necessária. A força muscular, o condicionamento físico e a amplitude
26
de movimento podem ser mantidos e aumentados. O equilíbrio e a coordenação podem ser
melhorados; a dor é reduzida. Os benefícios psicológicos e sociais são numerosos.
As forças hidrostáticas da água, juntamente com o boiar e a melhor
termorregulação da imersão, podem oferecer vantagens em relação aos exercícios de solo para
as gestantes. A capacidade de eliminar calor é aumentada durante o exercício na água,
contribuindo para as vantagens desta atividade (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER,
1999).
A diurese da imersão pode ter efeitos positivos sobre a gestante perturbada pela
retenção hídrica. A imersão da gestante em água por 20 a 40 minutos resulta em perda de
líquidos de 300 a 400ml, enquanto o volume sangüíneo é mantido. A terapêutica por imersão
pode ser usada para aliviar edema sintomático em algumas pacientes (CAMPION, 2000).
Durante a imersão a capacidade vital forçada diminui, bem como o volume expiratório forçado. A ventilação voluntária máxima e o volume de reserva expiratório também diminuem. A capacidade inspiratória aumenta durante a imersão, bem como a freqüência respiratória. O volume corrente continua o mesmo. (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999, p. 274).
Os músculos inspiratórios precisam trabalhar contra a pressão hidrostática e
pressão intra-abdominal mais alta, causada pelo abaixamento do diafragma; dessa forma, os
exercícios na água ajudam a tonificar os músculos respiratórios (CAMPION, 2000).
De acordo com Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), há um aumento significativo
em volumes diastólico e sistólico finais durante o exercício. O exercício na água resulta
também em um débito cardíaco mais alto do que exercícios no solo com a mesma intensidade.
A aeróbica na água é um exercício sem sustentação de peso que ocorre em um meio “agradável termicamente”. As alterações hemodinâmicas da imersão podem exigir menos do fluxo sangüíneo uterino do que o exercício no solo. Além disso o edema apresenta-se reduzido. (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999, p. 276).
Segundo Ruoti, Morris e Cole (2000), o exercício realizado com a paciente imersa
27
verticalmente, tende a impor menor sobrecarga ao fluxo sangüíneo uterino e reduz o edema e
a sustentação de peso sobre a pelve e as extremidades inferiores.
Para uma aula com exercícios de movimentos mais constantes, a temperatura ideal
da água para a paciente grávida é entre 26oC e 30oC. Para tratamento terapêutico mais lento e
individual, uma temperatura de 30oC a 32oC é mais confortável. A aeróbica na água é uma
forma segura e benéfica de exercício na gravidez (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER,
1999).
28
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
O delineamento da pesquisa, segundo Gil (2002), “[...] refere-se ao planejamento
da mesma em sua dimensão mais ampla [...]”, ou seja, neste momento, o investigador
estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se o tipo de estudo, a população, os
instrumentos e os procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados.
3.1 Tipo de pesquisa
3.1.1 Classificação quanto à abordagem
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que, de acordo com Rauen (2002), é aquela
onde os objetos de estudo não podem ser considerados como coisas, uma vez que possuem
livre arbítrio.
Laville e Dionne (apud RAUEN, 2002), dizem que neste tipo de pesquisa, tanto o
sujeito quanto os objetos de pesquisa são atores que podem “orientar a situação de diversas
maneiras”.
3.1.2 Classificação quanto aos níveis de pesquisa
29
Esta pesquisa, quanto ao nível, é classificada como exploratória, que, de acordo
com Selltiz (apud GIL, 2002), são pesquisas que têm como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, buscando o aprimoramento de idéias.
3.1.3 Classificação quanto aos procedimentos utilizados na coleta de dados
Quanto aos procedimentos utilizados para coleta de dados, esta pesquisa é
classificada como multi-caso.
Estudo de caso pode ser definido como um estudo exaustivo, profundo e extenso
de uma ou de poucas unidades (multicaso), empiricamente variáveis, de maneira que permita
seu conhecimento amplo e detalhado (HERDT; LEONEL, 2005).
3.2 População/amostra
A população foi composta por gestantes no sexto ou sétimo mês de gestação,
residentes do município de Tubarão ou localidades próximas.
A amostra constou de três gestantes, sendo que uma no sétimo mês de gestação e
duas no sexto mês, sem patologias associadas, residentes de Tubarão ou localidades próximas,
inscritas no projeto de extensão ou na aula prática de Fisioterapia aplicada à Ginecologia e
Obstetrícia II, da Clínica Escola de Fisioterapia – UNISUL, campus Tubarão. Antes de iniciar
os atendimentos, foi solicitado às pacientes que assinassem o termo de consentimento livre e
esclarecido, concordando em participar do estudo (ANEXO A).
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados
30
Para a avaliação foi utilizada a ficha de avaliação para gestantes da Clínica Escola
de Fisioterapia, contendo a escala visual análoga de dor (ANEXO B).
Foi utilizado estetoscópio e esfigmomanômetro (ambos da marca PREMMIUM),
para aferição da pressão arterial antes e após a hidroterapia.
O tratamento foi realizado na piscina terapêutica das dependências da Clínica
Escola de Fisioterapia da UNISUL, campus Tubarão, onde foram utilizados materiais como
“espagueti”, colar cervical, halteres de espuma, step e caneleiras de 1Kg.
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados
Foram realizados dez atendimentos, com duração de cinqüenta minutos, com
média de quatro vezes semanais, em horário e dia pré-estabelecidos com as pacientes.
Realizou-se avaliação antes e após concluírem os dez atendimentos para que pudessem ser
observadas as possíveis alterações no que diz respeito aos desconfortos antes apresentados.
Segundo Hanlon (1999), um programa de exercícios benéfico e seguro para
gestantes deve conter as seguintes fases: aquecimento, alongamento, exercícios aeróbicos,
fortalecimento muscular, desaquecimento e relaxamento.
A conduta terapêutica constava das seguintes etapas: aquecimento com
caminhada entre as barras paralelas; fortalecimento de bíceps e tríceps braquiais com halteres
de espuma (3x10 repetições); fortalecimento de isquiotibiais, quadríceps e adutores de quadril
com caneleira de 1 Kg (3x10 repetições); alongamento de MMSS; alongamento de MMII;
subida e descida do step; fortalecimento de períneo associado a ante e retroversão de pelve
(solicitando a contração perineal durante a retroversão) e agachamento (solicitando a
contração perineal durante a descida), (3x10 repetições); fortalecimento de abdominais com a
paciente em decúbito dorsal (DD), (3x10 repetições); ao final relaxamento global, realizado
31
com a paciente em DD, onde o fisioterapeuta conduziu o corpo da paciente com movimentos
leves.
3.5 Procedimento para análise e interpretação dos dados
Os dados obtidos foram analisados de forma descritiva e expostos sob a forma de
gráfico e tabela.
32
4 RESULTADOS, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Neste estudo foram realizados dez atendimentos hidrocinesioterapêuticos com três
gestantes (duas estavam no sexto mês de gestação e uma no sétimo mês), com freqüência
média de quatro vezes semanais. No primeiro dia de atendimento foi realizada avaliação
fisioterapêutica, onde foram colhidas informações sobre os dados pessoais das pacientes, o
tempo de gestação, sentimentos com a descoberta da gravidez, sentimentos em relação ao
bebê, alterações emocionais durante a gestação, queixas durante este período, alterações do
sistema gastroentestinal, músculo-esquelético, mamas, sistema respiratório, geniturinário,
marcha e a prática de atividade física, além de aplicada a escala visual análoga de dor para o
principal desconforto encontrado, nestes casos a lombalgia em duas gestantes e a
lombociatalgia em uma gestante. Após os dez atendimentos, foi realizada reavaliação
constando os mesmos itens.
Todas as pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para
que fizessem parte do estudo.
4.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa
A amostra constou com a participação de três gestantes, primíparas, com média de
33
idade de 25,33 anos, estando nos meses finais de gestação, apresentando desconforto
músculo-esquelético proveniente da gravidez. Nesta amostra foram relatadas a lombalgia
(duas gestantes) e a lombociatalgia (uma gestante).
Uma das gestantes que se queixava de lombalgia, é advogada, relatando ficar na
posição sentada a maior parte do período de trabalho. As demais gestantes eram do lar, e não
possuíam nenhuma atividade profissional fora de casa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2000), durante a gravidez ocorre uma
alteração funcional da coluna. A gestante tende a deslocar a coluna torácica para trás e a
coluna lombar para frente, aumentando as chances de lombalgias. Boa postura e exercícios
apropriados diminuem o risco de dores nas costas durante a gravidez.
Duas pacientes relataram alterações emocionais provenientes da gestação, uma
não sofreu tais alterações.
Segundo Freitas et al (1997), durante a gestação identificam-se períodos onde
prevalecem determinados sentimentos. Alterações comportamentais podem ser verificadas
desde os dias que precedem a constatação da gestação, até após o nascimento do bebê.
Em relação à prática de atividade física pré-gestacional, apenas uma gestante
realizava e ainda realiza exercícios regulares. As demais gestantes não realizavam nenhuma
atividade antes da gestação e não praticavam até o término do estudo.
Quanto à avaliação postural, todas as gestantes apresentaram postura bípede
inadequada, principalmente quanto à anteversão de pelve, presente nas três pacientes.
Miranda e Abrantes (1998) afirmam que posturas defeituosas são responsáveis por
inúmeras queixas e desconfortos. Lombalgias, cervicalgias e ardência na parede abdominal
estão entre as mais freqüentes.
4.2 Alterações emocionais
34
Os exercícios hidrocinesioterápicos provocaram alterações emocionais positivas
em duas gestantes. A terceira não apresentou mudança quanto este aspecto.
A paciente 1, na avaliação, dizia-se irritada; na reavaliação diz-se estar calma e
tranqüila.
O mesmo relato cabe à paciente 2, que no dia da avaliação dizia-se irritada e
impaciente; após os dez atendimentos sentia-se bastante relaxada. Referindo o seguinte: “meu
marido está adorando que eu faça fisioterapia, pois fico calma, tranqüila, relaxada, diz que eu
deveria ter feito em toda a gestação.”
Quanto aos aspectos emocionais da paciente 3, não houve mudança, pois esta
referiu que durante toda a gestação não teve nenhuma alteração deste tipo, sempre foi calma e
tranqüila.
Na tabela 1, estão dispostos os resultados quanto às alterações emocionais das
pacientes, antes e após o tratamento.
Tabela 1 – Alterações emocionais antes a após a intervenção fisioterapêutica
Paciente Antes do tratamento Após o tratamento
1 ..................... irritada calma, tranqüila
2 ..................... irritada, impaciente calma, tranqüila, relaxada
3 ..................... calma, tranqüila calma, tranqüila
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2000), durante a gestação não é
apenas o corpo da mulher que se modifica, as emoções também sofrem alterações e precisam
ser bem compreendidas.
35
O período gravídico-puerperal é a fase de maior incidência de transtornos
psíquicos na mulher, necessitando de atenção especial para manter ou recuperar o bem-estar, e
prevenir dificuldades futuras para o filho (FALCONE et al, 2005).
Durante o segundo trimestre, as necessidades de carinho, atenção e proteção
intensificam-se. Já no terceiro trimestre a gestante fica mais ansiosa por estar chegando o dia
do parto (MIRANDA; ABRANTES, 1998).
A própria existência da gravidez introduz modificações na vida emocional da
mulher. Assim, existem alterações emocionais que acompanham o processo gestacional
(ZUGAIB; SANCOVSKI, 1994).
A maioria das mulheres sente-se “diferente” durante a gravidez. Algumas ótimas;
outras péssimas. A maioria cansa-se com facilidade e sente-se mais sensível e intuitiva
(Organização Mundial da Saúde, 2000).
Com a aproximação do final da gestação, a perspectiva de mudanças imediatas e
da ocorrência do parto, geralmente se tornam a cerne das preocupações e ansiedades
(ZUGAIB; SANCOVSKI, 1994).
Estudo realizado por Falcone et al (2005) traz que há uma alta prevalência de
transtornos afetivos em gestantes adultas (46,5%) e em adolescentes (37,5%).
Segundo Hanlon (1999), o exercício pré-natal pode aumentar a sua sensação de
bem-estar, controle e consciência do corpo.
De acordo com Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), a atividade física durante a
gestação promoverá capacidade de medir conquistas, externalização e desvio de conflitos,
aumento da sensação de domínio, expulsão da raiva e hostilidade, interação social.
A participação de gestantes em exercícios de hidroterapia pode aliviar sentimentos
de depressão e isolamento e ajudar a preservar a auto-estima, aumentando a adesão ao
programa (KOURY, 2000).
36
Os benefícios da prática de exercício durante a gravidez foram atribuídos à
diminuição dos sintomas de desconfortos da gravidez, ao controle da ansiedade e de
depressão, ao menor tempo de evolução do trabalho de parto e ao menor índice de parto
cesária (CONTI et al, 2003).
Para Koury (2000), a maioria das pessoas tem prazer com o movimento na água e
experimenta uma profunda sensação de relaxamento no ambiente aquático.
As vantagens da atividade física durante a gestação se estende aos aspectos
emocionais, contribuindo para que a gestante torne-se mais autoconfiante e satisfeita com a
aparência, eleve a auto-estima e apresente maior satisfação na prática dos exercícios
(BATISTA et al, 2003).
Todas as gestantes podem se beneficiar de um programa de exercícios e
relaxamento na piscina. Este tipo de atividade irá promover seu bem-estar (POLDEN;
MANTLE, 2000).
4.3 Alterações nas atividades de vida diária
Com relação à influência da hidrocinesioterapia sobre as atividades de vida diária,
as três pacientes referiram melhoras.
Segundo relato da paciente 1, ela está se sentindo mais disposta para realização de
suas tarefas diárias. Antes se sentia muito cansada, não tendo ânimo para realizá-las,
principalmente devido à lombalgia presente.
O mesmo foi relatado pela paciente 2, que se sentia indisposta para o trabalho,
pois este exige muito tempo na posição sentada, o que exacerbava a dor lombar. Após o
tratamento e a interrupção da dor, esta se sente mais disposta e ativa em relação aos seus
afazeres.
37
Já a paciente 3 experimentou um desconforto maior, interferindo com maior
intensidade nas suas atividades diárias. Devido à lombociatalgia, a gestante não era capaz de
subir as escadas de sua casa, alterando toda sua rotina. Devido à intensidade elevada da dor,
tinha dificuldades em certas atividades como deambular e dirigir seu carro. Após 5
atendimentos hidrocinesioterapêuticos, o desconforto músculo-esquelético havia cessado,
sendo agora capaz de realizar suas atividades diárias sem intercorrências.
Martins e Silva (2005) afirmam que a limitação funcional para as atividades de
vida diária e prática também podem ser prejudicadas durante a gestação devido às algias.
Segundo Polden e Mantle (2000), um grande número de mulheres grávidas parece
sentir dor nas costas ou dor associada às suas articulações pélvicas. A intensidade e a duração
da dor geralmente flutua através da gravidez. Em cerca de 50% das mulheres grávidas, a dor é
de intensidade e duração suficiente para afetar o seu estilo de vida de alguma forma.
As dores nas costas durante a gestação são queixas importantes, tanto pela alta
freqüência de mulheres acometidas, quanto pela intensidade da dor e desconforto provocado,
além de influenciar de modo negativo a qualidade do sono, disposição física, desempenho no
trabalho, vida social, atividades domésticas e lazer (MARTINS; SILVA, 2005).
Mais de dois terços das mulheres grávidas se referem à lombalgia como um
problema severo, que interfere em suas atividades de vida diária e capacidade de trabalho,
além de contribuir para a insônia (FERREIRA; NAKANO, 2001).
Para Polden e Mantle (2000), as mudanças de postura e peso, posições para se
sentar e trabalhar, inclinação, levantamento e tarefas domésticas devem ser consideradas
durante o cuidado com as costas na gravidez.
Koury (2000) diz que durante a terapia na piscina, para os pacientes o movimento
fica mais fácil e menos doloroso. Muitos experimentam aumento do relaxamento, redução dos
espasmos musculares e um aumento da amplitude de movimento (ADM) e força. Relatam
38
também que se sentem melhor após a terapia na piscina e observam melhora no desempenho
de atividades cotidianas.
4.4 Graduação da escala visual análoga de dor
Segundo estudo de Martins e Silva (2005), 79,8% das gestantes relatam dor em
alguma região da coluna vertebral e/ou pelve. A região lombar foi referida em 80,8%, seguida
da sacroilíaca (49,1%), torácica (36,7%) e cervical (5,6%).
A maioria das gestantes tem dor na parte inferior das costas; para cerca de metade
delas a dor irradia para as nádegas e coxas, e ocasionalmente até as pernas, como a ciática
(POLDEN; MANTLE, 2000).
Nas três gestantes atendidas no estudo, pôde-se verificar a existência de
desconfortos músculo-esqueléticos como a lombalgia (em duas gestantes) e a lombociatalgia
(em uma gestante).
A escala visual análoga foi utilizada para estimar a intensidade da dor segundo
cada paciente no início e no final dos dez atendimentos, classificando a dor em ordem
crescente de zero a dez.
No gráfico 1, estão dispostos os resultados obtidos quanto à redução da dor antes
e após o tratamento.
As dores lombares decorrem, em parte, das alterações posturais da gestante, que
fazem com que ela utilize grupamentos musculares que normalmente estão em repouso, e a
fadiga leva às dores lombares e cervicais (FREITAS et al, 1997).
A acentuação da lordose lombar é comum na gravidez. Ela pode ser causada pelo
deslocamento do centro de gravidade e pelo peso do útero na região pélvica. Uma postura
incorreta pode causar dores nas costas e espasmos musculares (HANLON, 1999).
39
De acordo com Zugaib e Sancovski (1994), a lombalgia na gravidez é causada por
excesso de sobrecarga, aumento da curva lombar, rigidez lombosacra e/ou tensão muscular.
8
5
3
1
8
00
2
4
6
8
10
Gra
duaç
ão d
a do
r
Pct 1 pct2 pct3
Avaliação
Reavaliação
Gráfico 1 – Alteração da dor antes e após a intervenção fisioterapêutica de acordo com a escala visual análoga de dor.
Para Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), a lombalgia ocorre devido à mudança no
centro de gravidade no corpo da gestante, que irá provocar uma instabilidade. Para conseguir
a estabilidade necessária, a gestante aumenta a carga sobre os músculos e os ligamentos da
coluna vertebral.
A lombalgia na gestação acomete cerca de 50% das mulheres, causando
importantes transtornos sociais. Apesar disso, ela vem sendo considerada como uma
ocorrência normal e até esperada na gravidez, o que tem contribuído para a falta de adoção de
medidas profiláticas e de alívio (FERREIRA; NAKANO, 2001).
A lombalgia, que pode associar-se com a lordose aumentada, é tão comum na
gravidez (48% a 56% dos casos) que muitos clínicos consideram-na um sintoma normal do
estado gravídico (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000).
40
A lombalgia na gestação é multifatorial, a gestação por si só pode contribuir para
agravar quadros dolorosos prévios ou para o desencadeamento dos casos que se iniciam neste
período (FERREIRA; NAKANO, 2001).
O primeiro episódio de dor em uma gravidez pode ocorrer em qualquer etapa, mas
para a maioria é entre o quarto e sétimo meses (POLDEN; MANTLE, 2000).
O exercício durante a gestação reduz e previne as lombalgias, devido à orientação
da postura correta da gestante frente à hiperlordose que comumente surge durante a gestação
(BATISTA et al, 2003).
O simples estar dentro d’água permite que a ação da gravidade atue de forma bem
menos intensa, fazendo com que o peso corporal seja aliviado e melhor suportado.
Conseqüentemente, a cifolordose compensatória torna-se menos acentuada em meio líquido,
melhorando a postura e gerando grande conforto (MIRANDA; ABRANTES, 1998).
De acordo com Koury (2000), na fase aguda da dor lombar, o tratamento
hidroterapêutico deve enfatizar a redução da dor e do espasmo muscular.
4.5 Considerações quanto à prática de atividade física em meio aquático na gestação
Segundo Bates e Hanson (1998), os benefícios terapêuticos do exercício em água
aquecida são: promover relaxamento muscular, diminuir a sensibilidade à dor, reduzir
espasmos musculares, facilitar a movimentação articular, reduzir a atuação da força
gravitacional, aumentar a circulação periférica, melhorar a musculatura respiratória, melhorar
a consciência corporal, o equilíbrio e a estabilidade proximal do tronco, melhorar a moral e
auto-estima do paciente.
Para Prevedel et al (2003), os benefícios da atividade física em imersão foram
destacados pela possibilidade de controle do edema gravídico, incremento da diurese e
41
prevenção ou melhora dos desconfortos músculo-esquelético, além de maior gasto energético,
aumento da capacidade cardiovascular, relaxamento corporal e controle do estresse.
A gestante sofre na água os efeitos da imersão, que geram profundas modificações
fisiológicas. A pressão hidrostática e os aspectos circulatórios da imersão são apontados como
vantagens do exercício realizado em meio líquido para as gestantes (ALBERTON et al, 2004).
A atividade na água é mais recomendada para gestantes, devido à propriedade
inerente do corpo na água, isto é, a flutuabilidade. Este tipo de atividade é, geralmente, mais
relaxante que outros tipos de exercícios (KATZ, apud BATISTA et al, 2003).
A aeróbica na água durante a gestação é um exercício sem sustentação de peso
que ocorre em meio “agradável termicamente”. As alterações hemodinâmicas podem exigir
menor fluxo sangüíneo uterino que exercícios em solo. A maioria das mulheres comenta que
os exercícios são agradáveis e se sentem “mais leves”.
Segundo Koury (2000), a água aquecida (30ºC a 34ºC) diminui a tensão e dores
musculares, proporcionando um ambiente confortável e relaxante.
O Colégio Americano de Ginecologia a Obstetrícia (apud BATISTA et al, 2003),
definiu algumas recomendações de interesse na prescrição de programas de exercícios na
gravidez. Independente do tipo, as intensidades leve ou moderada são as mais adequadas,
freqüência mínima de três vezes semanais, mantidas regularmente; é importante respeitar o
limite de 140 bpm para a freqüência cardíaca materna e de 38ºC para a temperatura ambiente.
42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a gestação, a mulher fica mais vulnerável, exposta a muitas exigências,
vivenciando um período de adaptação ou reorganização corporal, hormonal, social e familiar.
As alterações hormonais na gestação acarretam mudanças em todo o corpo da
gestante, afetando particularmente o sistema músculo-esquelético.
Através deste estudo, pôde-se constatar que as três gestantes queixavam-se de
algias vertebrais e alteração na prática de suas atividades de vida diária, duas delas diziam-se
com alterações emocionais.
Com o programa de hidrocinesioterapia proposto, as gestantes relataram estar
mais calmas, tranqüilas e relaxadas, com maior disposição para a realização de suas atividades
de vida diária. A intensidade das lombalgias e da lombociatalgia reduziu consideravelmente,
proporcionando um maior conforto para as pacientes.
O plano de tratamento proposto na hidroterapia mostrou-se eficaz para a redução
das algias, melhora da auto-estima e disposição para realização das atividades de vida diária.
Embora já se reconheça a contribuição da prática de atividade física regular e
orientada durante a gestação, não existe consenso no estabelecimento da conduta ideal para
essa prática. O exercício, quando bem orientado, controlado, regular e de intensidade leve ou
moderada, traz efeitos benéficos sobre a saúde da gestante.
43
É necessário maior reconhecimento da necessidade de ações de alívio da
lombalgia e lombociatalgia durante a gravidez. Estes desconfortos músculo-esqueléticos não
podem continuar a serem considerados como próprios da gestação.
Propõem-se outros estudos sobre as técnicas de alívio dos desconfortos músculo-
esquelético, e a prática de atividade física durante a gestação, já que a literatura ainda se
encontra escassa sobre os efeitos da interação gravidez exercício e sobre os desconfortos
músculo-esqueléticos na gravidez.
44
REFERÊNCIAS
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45
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ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Nome por extenso : _______________________________________________
RG : _______________________________________________
Local e Data: _______________________________________________
Assinatura: _______________________________________________
Adaptado de: (1) South Sheffield Ethics Committee, Sheffield Health Authority, UK; (2) Comitê de Ética em pesquisa - CEFID - Udesc, Florianópolis, BR.
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ANEXO B
FICHA DE AVALIAÇÃO PARA GESTANTES
Data da avaliação:
IDENTIFICAÇÃO:
Nome:
Idade:
Endereço:
Profissão:
Estado Civil:
Telefone:
ANAMNESE:
Tempo de gestação:
Sentimento com a descoberta da gravidez (felicidade, tristeza, medo, indiferença, vergonha). Sentimento em relação ao bebê (preocupações, temos de ser mãe...)
Alterações emocionais durante a gravidez: Queixas durante a gravidez: ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS: Gesta: Para: Abortos: Parto via: Vaginal ( ) Cesárea ( ) Intercorrência nas gestações anteriores: Intercorrência durante o parto (episiotomia, uso de fórceps...): Amamentou? ( ) SIM, quanto tempo? ( ) NÃO Motivo: Problemas com a amamentação? (fissura, mastite, ingurgitamento...) Como solucionou?
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Data provável do parto: __/__/__ Início dos movimentos fetais: __/__/__ SISTEMA GASTROINTESTINAL: ( ) apetite aumentado ( ) apetite diminuído ( ) apetite igual ( ) náusea ( ) polifagia ( ) disfagia ( ) regurgitação ( ) azia ( ) laxantes ( ) prisão de ventre ( ) hemorróidas ( ) alimentação – necessidades nutricionais ( ) ingesta hídrica: ___ copos/dia Obs:
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO: ( ) fraqueza ( ) fraturas ( ) hipotrofia ( ) deformidades articulares ( ) edema Local: ( ) movimentos limitados ( ) caimbras ( ) dor muscular – tensão muscular Local? ( ) dor lombar ( ) dor no punho ( ) dor no baixo ventre ( ) ganho de peso até o momento: ___kg MAMAS: ( ) aumento da sensibilidade ( ) pigmentação dos mamilos ( ) colostro Quanto tempo? ( ) aumento dos seios ( ) direito ( ) esquerdo ( ) mamilo normal ( ) dir. ( ) esq. ( ) mamilo plano ( ) direito ( ) esquerdo ( ) mamilo invertido ( ) dir. ( ) esq. EXAME FÍSICO: Abdômen (inspeção: forma, cirurgias anteriores, estrias, pigmentação, etc.) Manchas na pele ( ) SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO: Avaliação postural: Hábitos posturais (posturas viciosas e AVD’s: Mudança de postura: Problemas ortopédicos anteriores e no decorrer da gravidez: SISITEMA RESPIRATÓRIO: Freq. Respiratória: ____rpm Utilização da musculatura acessória: ( ) dispnéia ( ) tabagismo SISTEMA GENITURINÁRIO: ( ) incontinência ( ) infecções ( ) disúria ( ) poliúria ___ MARCHA: Dinâmica: Tipo de marcha:
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ATIVIDADE FÍSICA: Pratica algum tipo de atividade física? Qual? Freqüência? Local? Obs: TESTE DA DIÁSTASE DOS RETOS: Supra-umbilical: ( ) sim _____cm ( ) não Infra-umbilical: ( ) sim _____cm ( ) não ESCALA VISUAL ANÁLOGA (EVA) DOR
0 10 MEDICAMENTOS: Uso: ( ) prescrição médica ( ) auto-medicação Suplementos alimentares/vitamínicos: Acadêmico responsável: