Avaliação dos efeitos de diferentes protocolos de orientação para o controle mecânico do...
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Avaliação dos efeitos de diferentes protocolos de orientação para o
controle mecânico do biofilme dentário.
Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes *
Paola Fernanda Leal Corraza **
Celso Emílio Tormena Júnior *
Luis Rodolfo May Santos ***
* Mestre em Diagnóstico Bucal pela Universidade Paulista – São Paulo/Brasil e Docente dos cursos de
especialização em periodontia da ABENO/NAP Odonto – São Paulo/Brasil e da EAP – APCD Pinheiros.
** Mestranda em Odontologia pela São Leopoldo Mandic e docente do curso de graduação em odontologia
– disciplina de periodontia - da UNICASTELO – São Paulo/Brasil e da EAP – APCD Pinheiros.
*** Especialista em Periodontia pela ABENO/NAP Odonto – São Paulo/Brasil e docente do curso de
atualização em periodontia da EAP – APCD Pinheiros/ Brasil.
Resumo:
Com o objetivo de avaliar o significado da conscientização dos pacientes para o controle mecânico
do biofilme dentário, foram investigados os efeitos da motivação e da adequação dos recursos de higiene
bucal às necessidades de dois grupos de pacientes portadores de doença periodontal. As comparações,
entre e dentro dos grupos, consideraram o perfil de controle do biofilme dentário, mensurado através do
Índice de Placa de O’Leary. Os resultados mostraram uma melhora significativa na capacidade de controle
do biofilme dentário, pela incorporação das escovas interdentais à rotina diária de higiene bucal de todos os
investigados.
Unitermos : Biofilme Dentário - Controle Mecânico – Escova Interdental
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Nota dos autores: A realização desse trabalho contou com o apoio da FNL Comercio de Suprimentos
Ltda, representante exclusiva dos produtos de higiene bucal suecos TePe® -disponibilizados para o
desenvolvimento desse projeto. A íntegra desse conteúdo poderá ser observado nas próximas edições de um
importante periódco científico brasileiro e os direitos de uso desse material são de responsabilidade exclusiva
dos autores
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Introdução :
Apesar dos significativos avanços que conduziram à redução nos índices de
cárie, a melhora nas condições para o controle da saúde periodontal e ao aumento das
oportunidades para a preservação dos dentes, a odontologia ainda necessita de mais
esforços para a exaltação de alguns recursos de higiene bucal fundamentais para a
promoção de saúde.
Desde a avaliação histórica da gengivite experimental em humanos, as ciências
da saúde dispõem da real consciência sobre a importância do controle mecânico do
biofilme dentário para a prevenção da cárie, da doença periodontal e dos potenciais
desequilíbrios oriundos desses comprometimentos1-4.
Trata-se de uma questão cultural atribuir à escova dentária comum a capacidade
para a preservação dos dentes e das gengivas. Apesar de histórica, esta é uma questão
que induz a sociedade a uma subvalorização das consequências bucais relacionadas à
negligência no uso dos recursos de higiene dos espaços interdentários. Apontamentos
feitos por alguns autores5-8 evidenciam que os comprometimentos periodontais e a
ocorrência de lesões cariosas são mais prevalentes nas regiões proximais do que nas
faces livres.
A instrução para uma higiene bucal satisfatória deve enfatizar – de forma similar
– a escovação tradicional e a higiene dos espaços proximais, com o fio dental e /ou
escovas interdentárias, para o devido controle do biofilme dentário e promoção da
saúde9.
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O termo compliance (ou colaborador), diz respeito a um perfil de contribuição do
paciente, voltado a prática regular dos cuidados bucais orientados e ao cumprimento
dos prazos estipulados para as visitas de rotina, destinadas ao controle da progressão
das doenças e à manutenção da dentição em saúde e função10.
Os autores10 tiveram a oportunidade de avaliar o nível desta colaboração em
um grupo de 505 pacientes - tratados e mantidos - sob o ponto de vista periodontal, por
um mínimo de 10 anos. Os resultados mostraram que os colaboradores tiveram uma
redução dos sinais clínicos da doença periodontal – caso da profundidade clínica de
sondagem (PCS), do sangramento à sondagem (IS), do índice de placa (IP) e das
perdas dentárias - quando comparados aos pacientes que não se enquadraram neste
perfil.
O nível de ocorrência de colaboração foi avaliado em uma série de outros
levantamentos, representando uma significativa variável de destaque para a obtenção
de saúde bucal. A investigação dos hábitos de um grupo de pacientes de uma clínica
privada, mostrou que a proporção de pacientes colaboradores foi de 32.5% e a de não –
colaboradores de 67.5%10,11,12.
Em uma dessas análises12, verificaram que 54% dos pacientes dispunham
do perfil colaborador e que 46% não se encaixaram nesta definição.
Apesar de, sob o ponto de vista periodontal, uma completa higiene bucal - a
cada 48 horas – dispor de potencial para colaborar com a prevenção em periodontia13,
outros fatores importantes conduzem à recomendação desta prática, pelo menos, a
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cada 12 horas 9.
O mesmo autor9 propõe que a alimentação, a prevenção da cárie, a
quantidade e a qualidade de uso dos recursos de higiene bucal e a regularidade na
presença de outros hábitos e/ou condições indesejadas, tornam as pessoas mais ou
menos susceptíveis para a preservação da saúde dental e periodontal. Todos estes
fatores devem ser considerados para a orientação da frequência diária de higiene bucal.
Sob o ponto de vista dos cuidados diários, ficou claro que um adulto, com
contornos gengivais e alinhamentos dentários preservados (incluindo a ausência de
retrações ou de crescimentos gengivais e com as papilas interdentais preenchendo os
espaços entre os dentes) poderia usufruir, tão somente, do uso regular da escova
comum e do fio dental – como ferramentas para o controle mecânico do biofilme
dentário 9,14.
Para atender à demanda da higiene das faces livres 15, foi estabelecido que
os modelos mais preconizados de escovas comuns tenham cerdas macias ou extra-
macias, distribuídas em alturas semelhantes, cabeça de tamanho reduzido, cabeça e
hastes situadas em um eixo similar, leveza, impermeabilidade, fácil limpeza, um mínimo
de 3 fileiras de cerdas com 6 tufos para cada, fácil manuseio, durabilidade, eficácia,
custo adequado e visual agradável. Para os autores essa configuração atende aos
requisitos estabelecidos pelas técnicas de escovação mais preconizadas15.
A técnica de escovação, prescrita por Bass16, continua representando uma
das principais formas cogitadas para a remoção do biofilme dentário das faces livres.
Essa técnica proporciona a limpeza das faces vestibulares, linguais e palatinas -
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especialmente na porção cervical – de maneira dirigida para a área do sulco gengival9.
Para o cumprimento desta demanda, as cerdas são posicionadas em 45o, no sentido do
ápice dentário, seguindo-se uma curta vibração horizontal que permita que elas
penetrem no início da região subgengival.
Ainda, sob o ponto de vista técnico, uma série de apontamentos
demonstraram as limitações mais comuns para a maior eficácia do controle mecânico
9,14,17. Uma avaliação salientou que a higiene dos espaços dentários era uma prática
menos frequente do que a escovação comum, em um grupo investigado através de
entrevista 17. O levantamento destacou que um número próximo a 100% dos
consultados utilizavam a escova comum como ferramenta diária de higiene bucal. Em
contrapartida, a utilização dos recursos para a limpeza dos espaços entre os dentes foi
exaltada por 67,5%. Tal constatação reforça a tese de que o controle proximal do
biofilme dentário ainda é pouco valorizado para o cotidiano da população.
As escovas comuns são efetivas no controle do biofilme dentário das faces
livres. Ocorre que a gengivite papilar é mais frequente do que a marginal e os sinais
clínicos de doença periodontal são mais perceptíveis nas áreas proximais18. Os autores
ressaltaram que o controle do biofilme nos espaços entre dentes, considerando o fio
dental como o recurso mais conhecido, ainda é pouco disseminado na rotina da
população. As dificuldades avaliadas incluem a baixa compreensão sobre o correto
manuseio deste recurso e o desconforto pelo tempo gasto na prática da limpeza
proximal.
Por outro lado, a instrução sobre as escovas interdentais mostrou maior
aceitação, apesar da clássica indicação deste recurso para situações clínicas que
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envolvam uma maior abertura e/ou perda tecidual (na região da papila gengival), nas
áreas proximais18.
A limpeza com o fio dental deve ser indicada para as regiões de contato
entre os dentes e nas situações clínicas em que a papila gengival ocupe todo o espaço
interdental. Em todas as outras situações, a utilização das escovas interdentais (de
calibre compatível com o espaço interdentário disponível) é de fundamental significado
para a manutenção da saúde dentária e periodontal 9,14.
Outro estudo19 avaliou a qualidade do controle mecânico do biofilme dentário
e os seus efeitos clínicos, em 30 pacientes submetidos a três diferentes protocolos
diários de higienização por um período de 90 dias. As técnicas incluíram uma
escovação comum, a escovação comum associada ao fio dental e a utilização da
escova comum associada à escova interdental. Todos os pacientes alternaram estes
diferentes protocolos, em intervalos de 30 dias, quando eram reavaliados para o índice
gengival (GI) e o índice de placa (IP).
A conclusão salienta a importância da limpeza proximal para o incremento
da qualidade da higiene bucal e a grande capacidade demonstrada pelas escovas
interdentais em proporcionar resultados relevantes para o controle do biofilme dentário.
�
Figura 1. O fio dental é incapaz de higienizar as áreas de exposição das
concavidades proximais (a), ao contrário das escovas interdentais (b).
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Uma avaliação, em especial, destacou que na presença de espaços proximais
oriundos de comprometimentos periodontais, torna-se evidente a superioridade para a
indicação das escovas interdentais20. Os autores salientaram que a perda da substância
gengival na região proximal conduz à exposição das porções radiculares à cavidade
bucal e, por conseguinte, das concavidades proximais oriundas da anatomia radicular
característica da maioria dos dentes da cavidade bucal. Estas cavidades proximais não
puderam ser alcançadas completamente pelo fio dental, em contraposição ao que se
verifica com a utilização da escova interdental. A figura 1 (a e b) ilustra a diferença na
qualidade do acesso para a limpeza proximal.
A comparação, em pacientes sem tratamento e com diagnóstico de periodontite
de evolução moderada à severa, sobre a eficácia do fio dental e das escovas
interdentais na redução do IP, do sangramento gengival e da PCS, foi praticada em
outra investigação 21.
O tempo total desse estudo foi de seis semanas, prévias ao tratamento
periodontal clínico. Vinte e seis pacientes (12 mulheres, 14 homens - com médias de
idade de 37.4 anos; variando de 27 a 72 anos) foram instruídos a utilizar o fio dental, em
um lado da boca e as escovas interdentais, no outro lado, como complementos diários
da escovação comum.
A conclusão da investigação 21 aponta para uma indicação da combinação
da escovação manual comum com o uso das escovas interdentais, como ferramenta
mais eficaz para a remoção do biofilme dentário e incremento na redução na
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profundidade de sondagem– quando comparados ao uso da escova comum e do fio
dental. Entretanto as diferenças não foram tão grandes ao ponto de contra – indicar a
recomendação do fio dental para a fase do pré - tratamento. Ficou claro que as escovas
interdentais devem ser mais consideradas, em comparação a tradicional indicação do
fio dental, para pacientes portadores de periodontites de comprometimentos moderados
a avançados.
Outra investigação22 avaliou que as escovas interdentais devem se adaptar – o
mais intimamente possível - às faces proximais dos dentes. Tal fato possibilita a
penetração das cerdas abaixo da margem gengival, desestruturando o biofilme das
áreas subgengivais. Esse estudo citou que as escovas interdentais, quando associadas
à escovação tradicional, permitem a remoção de uma maior quantidade de biofilme
dentário que a escovação isolada.
Os mesmos autores22 notaram que grande parte da literatura aponta que a
escovação proximal conduziu a uma diferença significativamente positiva para a
redução do IP, para a remissão do sangramento gengival (IS) e para a diminuição da
PCS. Também notaram uma maior disposição de uso das escovas interdentais, quando
comparadas ao uso do fio dental, para o controle proximal do biofilme dentário.
No entender de outros dois autores23 o manuseio das escovas interdentais
começa pela introdução no espaço interdental, acompanhando o perfil da inclinação
papilar. A repetição de cinco movimentos, no sentido de vestibular para a lingual,
atenderia a necessidade de remoção do biofilme dentário - conforme a figura 2.
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Figura 2. Paciente utilizando uma escova interdental de calibre compatível
Outras avaliações comentaram que a variedade de aberturas dos espaços
proximais e as situações anatômicas associadas à utilização destes recursos (como a
presença de aparelhos ortodônticos, próteses, implantes, retrações gengivais e furcas)
podem influir na seleção dos diâmetros necessários para o atendimento das demandas
funcionais durante a utilização das escovas interdentais 9, 22 e 23.
Segundo os autores22, as escovas interdentais removem mais biofilme
dentário do que a escovação comum isolada. Avaliaram uma diferença positiva, graças
ao uso das escovas interdentais, na capacidade de controle do IP, na diminuição do
sangramento gengival e na profundidade das bolsas periodontais. As diferenças para a
capacidade de controle do biofilme dentário foram favoráveis as escovas interdentais
quando comparadas ao fio dental.
A investigação da morfologia de 26 tipos diferentes das escovas interdentais
– disponibilizadas no mercado consumidor – por meio do microscópio eletrônico de
varredura e de uma microanálise quantitativa das cerdas avaliou o perfil dos recursos
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disponibilizados a sociedade24. A avaliação permitiu aos autores diferenciarem o padrão
de qualidade e de resistência entre as amostras estudadas o que sugeriu um
incremento para a qualidade de configuração destas escovas, tanto sob o ponto de vista
de manufatura, como para o incremento na variedade de diâmetros que atendam as
demandas de espaços, maiores e menores, com a mesma eficácia. A consideração
destes requisitos é de fundamental importância para a orientação e a seleção dos
melhores recursos de limpeza proximal, destinados a cada paciente.
Alguns autores 9,22-23 citaram que uma sequência de escovas interdentais de
diferentes diâmetros (variando do menor disponível até o mais amplo), atenderiam as
necessidades da higiene proximal e facilitariam a indicação profissional.
Outro estudo salientou que as limitações para o controle do biofilme
dentário, em adultos na terceira idade25. Os autores avaliaram a presença do biofilme
dentário, a frequência de utilização da escova e do fio dental. O estudo investigou a
situação de 65 pacientes atendidos em uma escola de odontologia de São Paulo.
Os resultados mostraram que 94% dos investigados apresentaram níveis
elevados de acúmulo bacteriano, apesar de afirmarem utilizar alguns dos principais
recursos disponíveis para a higiene bucal.
Os autores consideraram alta a prevalência do biofilme dentário, independente
da utilização da escova comum e do fio dental. A avaliação deixou evidente que a
escova comum estava incorporada ao cotidiano da maioria dos investigados e que,
apenas, 34% citaram o fio dental como recurso complementar a higiene bucal.
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A conclusão citou que o grande desafio para o adequado controle do biofilme
envolveria o desenvolvimento de programas específicos para estes pacientes para a
motivação e a adequada orientação sobre os recursos mais eficazes para o controle do
biofilme dentário.
Proposição:
O objetivo desta investigação clínica é o de comparar a variação dos níveis
de acumulo do biofilme dentário (IP), obtidos com a orientação individualizada para um
perfil de controle que contemple a escovação comum e a limpeza dos espaços
proximais, em dois grupos de pacientes, inicialmente desprovidos de hábitos e de
instruções adequadas para este intento.
Materiais e Métodos:
Um total de vinte pacientes, oriundos dos serviços de atendimento clínico de
duas escolas de odontologia da cidade de São Paulo, foram avaliados e reavaliados
para o perfil de controle do biofilme dentário, através do Índice de Placa de O’Leary
(IP)26.
Os vinte investigados foram divididos em grupos, conforme a origem da
procedência clínica. O primeiro grupo foi composto por doze pacientes. Dois deles
foram excluídos durante o processo, pois não dispunham de, pelo menos, um quarto da
dentição original, o que representou um critério de exclusão para a composição dos
grupos. O segundo grupo foi composto por oito pacientes.
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Todos os pacientes envolvidos na pesquisa receberam os benefícios
gerados pelos protocolos estabelecidos, de acordo com os preceitos éticos,
fundamentados pela confirmação da disponibilidade para compor os grupos, por meio
do preenchimento de um termo de livre consentimento, proposto para esta finalidade e
da aceitação, pelo comitê de ética consultado, da metodologia proposta.
Os pacientes, de ambos os grupos, eram portadores da doença periodontal
e demonstraram, ao ínicio, negligência na higiene dos espaços entre dentes. No
começo da análise (T0), os participantes foram avaliados quanto ao IP, utilizando-se
uma solução de fucsina básica a 0,5%, em propileno glycol, como substância
evidenciadora do biofilme dentário. Os dados do IP inicial foram registrados em
formulários devidamente confeccionados para este estudo.
Na sequência, os participantes receberam orientação individual para praticar
a higiene dentária das faces livres, utilizando a escova comum (modelo SELECT –
cerdas macias - TePe(), pela técnica de Bass. Os dois grupos foram instruídos a
manterem a rotina de utilização dos dentifrícios e a descartarem quaisquer soluções
comerciais para bochechos, durante a avaliação, conforme ilustra a figura 3.
Figura 3. Escova comum utilizada pela investigação clínica
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Na instrução inicial, o grupo 1 foi orientado a higienizar as regiões proximais,
através do fio dental (modelo Mini Flosser – TePe(), por um período de 30 dias (T1). No
trigésimo dia, incorporou-se a recomendação para as escovas interdentais à rotina
desse grupo (modelo TePe(), de calibre(s) compatível(eis) com as aberturas proximais
avaliadas pelo investigador clínico, conforme ilustra a figura 4.
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Figura 4. Modelo do fio dental e da variedade de escovas interdentais
disponibilizadas para o estudo.
Esta forma de higiene proximal teve sequência por outros 30 dias, ou até o 60o
dia do levantamento. As reavaliações do IP, do primeiro grupo, foram praticadas e
registradas, dentro da mesma metodologia utilizada no T0; durante o T1 (30 dias) e no
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T2 (60 dias). No décimo quinto e quadragésimo quinto dias do estudo, os pacientes
receberam um reforço sobre as técnicas propostas, embora desprovidos de
quantificações sobre o IP daquele momento. Os resultados aferidos estão disponíveis
na tabela 1.
Tabela 1. Valores do Índice de Placa (O’Leary) avaliados para o grupo 1
Paciente Idade IP inicial IP Intermediário IP Final No.dentes
RAM (fem.) 65 88,80% 70,70% 25% 29
ACF (fem.) 62 40,90% 52,20% 11,40% 11
RSR (masc.) 66 31,20% 25% 6,20% 28
MLB (fem.) 57 47,20% 47,20% 16,70% 18
RRH (masc.) 63 84,80% 55,40% 28,30% 23
YCS (fem.) 55 53,10% 43,70% 25% 8
LRMJ(fem.) 68 85,40% 39,60% 18,70% 12
PMS (fem.) 60 52,90% 64,70% 4,40% 17
LSV (fem.) 69 77,50% 50% 27,50% 10
VSRC (fem.) 51 55% 40% 15% 10
Média: 61,6 62% 49% 18% 16,6
O segundo grupo de pacientes recebeu a mesma instrução para o controle
mecânico do biofilme dentário das faces livres. A diferença protocolar entre os grupos
correspondeu à exclusão do fio dental da rotina proposta para o controle mecânico
proximal e a inclusão das escovas interdentais como ferramentas de higiene dos
espaços entre dentes.
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Dessa forma, no T0, todos os pacientes, do segundo grupo, foram avaliados
quanto ao IP e orientados a utilizarem a escova dentária comum e as escovas
interdentais por 30 dias (T1), para a aferição da qualidade da higiene dos espaços
mensurados pelo investigador clínico. Os dados referentes aos registros inicial e final do
IP desse outro grupo de pacientes encontram-se na tabela 2.
Tabela 2. Valores do Índice de Placa (O’Leary) avaliados para o grupo 2
Paciente Idade IP inicial IP Final No. dentes ALS (fem.) 44 97% 86% 25 MFSC (fem.) 48 83% 45,80% 18 CAS (fem.) 57 100% 58,34% 18 CGS (fem.) 31 92,50% 65% 30 NET (masc.) 56 34,80% 29,40% 23 MC (fem.) 39 69,40% 45,40% 27 SR (masc.) 50 100% 50% 11 SGCO (fem.) 34 79,16% 29,16% 18
Cabe ressaltar que todas as mensurações e registros do IP, nos dois grupos,
foram realizadas por um examinador que não interferiu na orientação para o controle do
biofilme dos pacientes investigados.
A ilustração da metodologia descrita para este levantamento é apresentada
na Figura 5. As informações estatísticas foram interpretadas e analisadas por um outro
investigador especializado, a fim de avaliar os resultados obtidos pela investigação
clínica praticada.
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�
Figura 5. Esquema da metodologia aplicada ao estudo.
Resultados e Discussão:
Os resultados sobre a influência dos protocolos estabelecidos, dentro de
cada grupo, estão disponíveis na tabela 4. Ao analisá-la, comparando-se os resultados
obtidos, dentro dos grupos, notam-se melhoras significativas no controle do biofilme
dentário, variando do tempo inicial ao final, nas investigações de cada um dos grupos. É
possível atribuir esses ganhos de qualidade no controle do IP as medidas de higiene
bucal propostas, reforçadas e incorporadas pelos investigados.
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� Tabela 4. Comparação das variações do IP nos grupos investigados
Esta constatação foi corroborada por outras investigações, de perfil similar, que
obtiveram resultados satisfatórios a partir do estímulo e da adequada orientação
técnica, para a utilização dos recursos de higiene bucal – especialmente o fio dental e
as escovas interdentais – fundamentais a preservação das estruturas dentárias e
periodontais 19,21,22.
É evidente que os recursos de higiene dos espaços proximais são
negligenciados por grande parte da sociedade, especialmente se comparados a escova
comum. Uma série de estudos considerou os motivos cogitados para a menor
dedicação no controle interproximal do biofilme dentário 9,10,11,14,18,22,25. Dentre os
Indice de Placa (O'Leary) (em ptos percentuais) valor - p conclusão a 5%
momento inicial (T0) = 1o. Dia ( g1) intermediaria (T1) = 30o. Dia (g1) var int/ini g1
media (dp) 61,7% ( 20,68% ) 48,9% ( 13,11% ) -12,8% ( 18,31% ) 0,066 aceita H0
IC95% media 46,9% ; 76,5% 39,5% ; 58,2% -25,9% ; 0,3%
1ºq;mediana;3ºq 45,6% : 54,1% : 84,9% 39,9% : 48,6% : 57,0% -28,0% : -12,2% : 2,8%
min ; max 31,2% : 88,8% 25,0% : 70,7% -45,8% : 11,8%
valor - p 0,090
conclusão a 5% aceita H0
momento intermediaria (T1) = 30o. Dia (g1) final (T2)= 60o. dia (g1) var int/fin g1
media (dp) 48,9% ( 13,11% ) 17,8% ( 8,65% ) -31,0% ( 13,73% ) 0,005 rejeito H0
IC95% media 39,5% ; 58,2% 11,6% ; 24,0% -40,9% ; -21,2%
1ºq;mediana;3ºq 39,9% : 48,6% : 57,0% 10,1% : 17,7% : 25,6% -42,0% : -26,1% : -20,4%
min ; max 25,0% : 70,7% 4,4% : 28,3% -60,3% : -18,7%
valor - p 0,001
conclusão a 5% rejeito H0
momento inicial (T0)= 1o. Dia ( g1) final (T2)= 30o. Dia ( g1) var ini/fin g1
media (dp) 61,7% ( 20,68% ) 17,8% ( 8,65% ) -43,9% ( 15,43% ) 0,005 rejeito H0
IC95% media 46,9% ; 76,5% 11,6% ; 24,0% -54,9% ; -32,8%
1ºq;mediana;3ºq 45,6% : 54,1% : 84,9% 10,1% : 17,7% : 25,6% -58,3% : -44,3% : -29,2%
min ; max 31,2% : 88,8% 4,4% : 28,3% -66,7% : -25,0%
valor - p 0,001
conclusão a 5% rejeito H0
estatística (em ptos percentuais) valor - p conclusão a 5%
momento inicial (T0)= 1o. Dia ( g2) final (T1) = 30o. Dia (g2) var ini/fin g2
media (dp) 82,0% ( 21,97% ) 51,1% ( 18,81% ) -30,8% ( 16,86% ) 0,012 rejeito H0
IC95% media 63,6% ; 100,0% 35,4% ; 66,9% -44,9% ; -16,7%
1ºq;mediana;3ºq 71,8% : 87,8% : 99,2% 33,4% : 47,9% : 63,3% -47,9% : -32,4% : -14,2%
min ; max 34,8% : 100,0% 29,2% : 86,0% -50,0% : -5,4%
valor - p 0,004
conclusão a 5% rejeito H0
teste de Wilcoxon**
teste de Wilcoxon**
teste de Wilcoxon**
teste de Wilcoxon**
teste do sinal (a variação entre duas avaliações é igual a zero) ***
teste do sinal (a variação entre duas avaliações é igual a zero) ***
variaçãocomparaçãoentre avaliaçõesavaliação
Variável
teste do sinal (a variação entre duas avaliações é igual a zero) ***
teste do sinal (a variação entre duas avaliações é igual a zero) ***
Variávelavaliação variação
comparaçãoentre avaliações
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listados, merecem destaque as dificuldades técnicas no manuseio desses recursos
(propagados como complementares)14,25, o custo, o aumento no tempo gasto para a
prática da higiene e, principalmente, a desinformação da população sobre a importância
da higiene interdentária para a promoção de saúde – fato também evidenciado pela
investigação presente 9,14,18,25.
A propagação da escovação comum como a “principal ferramenta destinada
ao controle do biofilme dentário” conduz a um efeito preventivo dos problemas bucais,
embora incompleto para a prevenção de sequelas proximais relevantes e mais
frequentes do que os comprometimentos das faces livres, conforme atestam uma série
de estudos 9,14,22,25.
No grupo 1, os resultados mostram que a proposta inicial para a inclusão de
uma pormenorizada instrução para o uso da escova comum e do fio dental (T0 à T1) à
rotina dos investigados, conduziu a uma visível tendência de melhora no controle do
biofilme dentário, apesar de ainda insatisfatória para efeito da análise estatística.
Este fato pode ser explicado pela constatação dos problemas periodontais,
nos investigados, que conduziram à perda da papila interdental nos espaços proximais
da maioria dos dentes examinados. Isto corrobora o alcance limitado do fio dental,
nestas circusntâncias, embora não exclua a sua importância para a higienização das
áreas de contato entre os dentes 9,14,21,22,23,24.
Por outro lado, a inclusão das escovas interdentais na rotina de controle
mecânico do biofilme dentário ofereceu significativas mudanças na capacidade de
controle do IP de todos os pacientes investigados.
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As avaliações dos grupos 1 e 2, salientam níveis estatisticamente
significativos de melhora na capacidade de controle do IP, para os usuários de escovas
interdentais dos dois grupos. A confirmação desta condição pode ser vista no gráfico 1.
�
Gráfico 1. Variação do Indice de Placa (IP) nos grupos 1 e 2.
A ilustração (constante do gráfico 1), reforça a compreensão sobre a melhora no
controle do IP com a inclusão de adquadas técnicas de higiene proximal e das faces
livres. Inicialmente, pela tendência demonstrada na associação da escova comum e do
fio dental para a prática de duas higienes bucais diárias e, posteriormente, pela
significativa redução do biofilme, tanto pela incorporação da escova interdental a uma
rotina de uso da escova comum e do fio dental (conforme observado no grupo 1), como
pela substituição do fio dental pelas escovas interdentais para a higiene dos espaços
proximais (conforme observado pelo grupo 2).
G1
Reduçã
o
(T0 a
o T
2)
G2
Reduçã
o
(T0 a
o T
1)
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Cada ponto observado, na gráfico 2, corresponde a um paciente investigado
naquela amostra de grupo. A absoluta presença de pontos, localizados na divisão
inferior dos gráficos, reitera o significado estatístico positivo para a melhora no controle
do IP. Tal fato é observado nos gráficos que ilustram o momento da associação das
escovas interdentais na rotina de higiene bucal preconizada para os grupos
investigados.
�
Gráfico 2. Representação da repercussão das metodologias prescritas para o
controle do IP nos diferentes momentos dos grupos 1 e 2.
Dos investigados que compuseram o primeiro grupo, apenas três pacientes
não aprimoraram a capacidade para o controle do biofilme dentário, quando utilizaram o
fio dental associado à escovação comum - pelo período de 30 dias. No mais, todos os
outros pacientes, em todas as fases da avaliação, evoluíram na capacidade de controle
do IP.
� PAGE \* MERGEFORMAT � 22�
As evidências sobre a melhora na capacidade de controle do biofilme
dentário (IP), observadas neste estudo, condizem com as observações de outros
protocolos, elaborados para a mesma finalidade, conforme descreveram os autores 3, 19-
22.
A comparação das médias do IP – nos momentos finais de cada grupo –
mostraram diferenças estatisticamente relevantes para a qualidade do controle do
biofilme dentário em favor do primeiro grupo (17,8% para o GI e 51,1% para o GII).
Apesar da significativa melhora, observada dentro de cada um dos grupos, os
incrementos obtidos pelo grupo 1 (variação das média do IP de 61,7% para 17,8% -
pelo uso instruído da escova comum, das escovas interdentais e do fio dental) foram
superiores aos do grupo 2 (variação das médias do IP de 82% para 51,1% - pelo uso
instruído da escova comum e das escovas interdentais).
É possível cogitar que a maior capacidade para o controle do IP, atribuída
ao grupo 1, decorra do maior tempo de convívio para a motivação (G1 = 60 dias e o G2
= 30 dias)10 e/ou da associação entre os recursos para a higiene proximal 9,14 (fio dental
e escovas interdentais), reforçando a condição para a melhor higiene proximal.
Essas justificativas encontraram respaldo nas citações que comentaram
sobre a eficácia do fio dental na limpeza das áreas de contato entre dentes e, das
escovas interdentais, na higiene das regiões desprovidas do preenchimento gengival
entre dentes 9,14,18,19,21,22.
� PAGE \* MERGEFORMAT � 23�
Conclusão:
A avaliação dos dois grupos de pacientes mostrou que a motivação e a
instrução para o controle mecânico do biofilme dentário colaboraram para a redução na
contagem do biofilme dentário (IP) de todos os investigados.
Ficou evidente a contribuição das escovas interdentais para a relevância
dos resultados obtidos.
� PAGE \* MERGEFORMAT � 24�
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