AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS … · requisitos da Portaria 453/98 do...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
UESC
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM
RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA CIDADE DE ITABUNA-BAHIA
PATRÍCIA COSTA OLIVEIRA
ILHÉUS, BAHIA 2006
PATRÍCIA COSTA OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA
CIDADE DE ITABUNA-BAHIA
Dissertação apresentada ao
Programa Regional de Pós-graduação em DesenvolvimentoRegional e Meio Ambiente,Subprograma UniversidadeEstadual de Santa Cruz, como partedos requisitos para a obtenção dotítulo de Mestre emDesenvolvimento Regional e MeioAmbiente
Orientador: Profº. Dr. Fermin Garcia Velasco
Co-orientadora: Profª. Ms. Agnes Maria Fonseca Fausto
ILHÉUS, BAHIA 2006
PATRÍCIA COSTA OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA
CIDADE DE ITABUNA-BAHIA
Ilhéus-BA, 20/11/2006.
Fermin Garcia Velasco - PhD UESC
(Orientador)
Agnes Maria Fonseca Fausto – MS UESC
(Co-orientadora)
Paulo Sérgio Flores Campos – PhD UFBA
Marcelo Araújo – PhD UESC
DEDICATÓRIA
A João Correia, meu querido esposo, pelo seu amor, confiança, cuidado e
incentivo na realização deste mestrado.
À minha filha Luísa, meu melhor presente, por saber esperar e me ajudar a
vencer mais este desafio.
À minha mãe, pelo exemplo de amor e determinação, sempre admirados em
todas as fases da minha vida.
AGRADECIMENTOS
“Não desampares a sabedoria, e ela te
guardará; ama-a e ela te protegerá”.
Provérbios 4: 6
A Deus, por me fazer sonhar e caminhar junto comigo no cumprimento deste
sonho. A Ele toda a minha adoração.
À minha família pelo carinho e força em toda esta caminhada.
Ao meu orientador, Profº Dr. Fermin Garcia Velasco, por acreditar na
realização deste trabalho, dispensando o seu tempo com orientação precisa e
competente, imprescindíveis para a minha formação científica.
À Profª Agnes Fausto, mais do que orientadora, uma amiga de todas as
horas, dedicada, disponível, incentivadora, sem a qual não teria conseguido realizar
mais este trabalho.
Ao Profº Dr. Anderson Mol, pelo seu carinho e ajuda em compartilhar suas
experiências e dando idéias que muito contribuíram na elaboração deste estudo.
À Profª Irene Maurício Cazola, professora de Estatística Experimental, pela
orientação recebida durante a elaboração deste trabalho.
A Lindolfo por dedicar parte de seu precioso tempo na orientação final deste
trabalho, o qual admiro, não somente por sua competência profissional, mas também
pela disponibilidade, dedicação e amizade demonstradas.
Aos meus colegas de profissão, queridos cirurgiões-dentistas da cidade de
Itabuna, que abriram as portas dos seus consultórios e possibilitaram a realização da
pesquisa. Serei eternamente grata.
Aos alunos do Núcleo de Física Médica da UESC, Camila, Carlos, Murilo e
Marcos, que com muita dedicação participaram colaborando para a concretização
desta pesquisa.
Aos meus colegas de mestrado, Adil, Alonso, Ariele, Brenda, Cezar, Cláudia,
Christiana, Edvaldo, Eliana, Érik, Fábio, Fred, Jacson, Leila, Pires, Sabine, Vinícius e
Tula, por enriquecerem a minha vida com suas experiências e por hoje serem meus
amigos.
Aos professores do mestrado de Desenvolvimento Regional e Meio ambiente
da UESC pelo exemplo docente com o qual nos conduziu nesta caminhada.
vii
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA
CIDADE DE ITABUNA-BAHIA
RESUMO
A poluição ambiental gerada pelas práticas odontológicas tem sido alvo de preocupação de cientistas de todo o mundo no que se refere à qualidade de vida e saúde da população. O uso das radiações ionizantes, metais pesados e solventes orgânicos, nos consultórios odontológicos, representa riscos à saúde das pessoas e produzem impactos ambientais quando não manipulados de forma adequada. Avaliaram-se os níveis de poluição ambiental em 65 consultórios odontológicos de Itabuna-BA quanto à utilização e descarte de metais pesados e solventes orgânicos e usuário de radiação ionizante. A entrevista estruturada por questionário foi aplicada a 65 odontólogos, e na amostra aleatória de 30 consultórios realizou-se os testes de controle de qualidade em radiodiagnóstico, através das variáveis quilovoltagem e demanda do equipamento. A pesquisa abrangeu os seguintes fatores: ambiente, equipamentos de raios X, procedimentos de trabalho, produtos químicos utilizados, qualidade de imagem, o perfil e o comportamento dos profissionais quanto à radioproteção. Os resultados obtidos foram comparados com os estabelecidos pelas normas de proteção radiológica e de resíduos sólidos. Quanto aos ambientes, 4,6% dos consultórios odontológicos possuem blindagem extra nas paredes e revestimento de chumbo na porta da sala de exame; os níveis de radiação produzidos em todos os ambientes ao redor dessa sala atendem aos requisitos da Portaria 453/98 do Ministério da Saúde (MS). Em relação aos equipamentos de raios X odontológicos, 40% são de tensão nominal de 50 kVp, 50,8% dos localizadores estão fora dos padrões recomendados e nenhum apresentou 100% de conformidade a todos os testes do controle de qualidade. Quanto aos resíduos químicos, 80% dos profissionais realizam restauração de amálgama e 100% deles utilizam solventes orgânicos para desinfecção de instrumentais e do ambiente. Todos descartam os metais pesados e os solventes orgânicos no lixo comum ou na rede sanitária. Quanto à qualidade de imagem, 98% não utilizam termômetro e cronômetro para o processamento radiográfico, 65% possuem lupa e 68% possuem negatoscópio. Em relação ao comportamento profissional, em relação à radioproteção, apenas 3% já fizeram curso de radioproteção, 1,5% faz uso de dosímetro pessoal e 77% possuem vestimenta plumbífera para os pacientes. Concluímos que os profissionais cirurgiões-dentistas de Itabuna-BA precisam ser sensibilizados e atualizados quanto às práticas, normas e novos critérios que regem o funcionamento de um consultório odontológico, principalmente no que diz respeito à proteção radiológica e ao gerenciamento dos resíduos da área de saúde.
Palavras-chave: Radiação Ionizante – Resíduos da área de Saúde –
Odontologia – Controle de Qualidade.
viii
THE ENVIRONMENTAL POLLUTION LEVELS EVALUATION OF RADIOLOGY DENTAL SERVICES IN ITABUNA-BAHIA
ABSTRACT
The environmental pollution produced by dental practices has been a target of scientists’ preoccupation in today’s world regarding to life and health quality of the population. The use of ionizing radiation, heavy metals and organic solvents in dental offices represent health risks to people and produce environmental impacts when not adequately manipulated. The environmental pollution levels were evaluated in 65 dental offices in Itabuna-BA, during heavy metals and organic solvents employment and disposal, and the use of ionizing radiation. An interview supported by an elaborated questionnaire was applied with 65 dentists and quality control tests in radio diagnosis on kilo voltage and equipment use basis was performed through a randomized sample from 30 dental offices. The research evaluated the offices’ spaces, X ray equipment, work procedures, chemicals products, image quality and professionals behavior related to radioprotection. The obtained results were compared to established radioprotection and solid wastes parameters. As for the offices, 4.6 % have protective armored walls and leaded doors in the exam room and the radiation levels produced in there attended the official requirements. In relation to dental X ray equipment, 40% of them are tube potential of 50 kVp, 50.8% of the cylindrical collimation is not according to recommended standards and none of them were 100% in accordance with quality control tests. As for chemical wastes, 80% of the professionals employ amalgam restoration and 100% of them use organic solvents for disinfections of the instruments and office environment. All of them discharge the heavy metals and organic solvents into ordinary garbage cans which end in municipal sanitary disposals. As for the image quality, 98% do not use thermometer or chronometer in the radiographic development, 65% have extra magnifying lenses and 68% have negatoscópio. As for the professional radiation protection procedure, only 3% had already done a radiation protection course, 1.5% use personal dosimeters and 77% have leaded aprons for the patients. We concluded that the professionals in Itabuna-BA ought to know the work practice based on criteria and rules that guide the functioning of the dental offices mainly when it comes to radiation protection and the administration of waste residues. Key words: Ionizing Radiation – Health Wastes – Dentistry – Quality Control.
LISTA DE FIGURAS
1 - Imagem de um tubo de raios X, no qual o cátodo produz um fluxo de elétrons puros que é acelerado e atinge o ânodo produzindo radiação X...............................26
2 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga..........................67
3 - Relação da distância medida em centímetros com a densidade óptica obtida para a determinação do tamanho de campo irradiado pela largura a meia altura...........................................................................................................................68
4 - Tipos de localizadores encontrados: em forma de cone fechado, em forma de cilindro aberto de acrílico curto e de cilindro aberto longo revestido com chumbo, respectivamente.........................................................................................................77
5 - Equipamentos de raios X odontológico adquiridos na década de 50 e em 2002, respectivamente.........................................................................................................78
6 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga..........................92
7 - Campo ampliado dos feixes de raios X de equipamento odontológico irradiando áreas de órgãos vitais como o cristalino e a tireóide..................................................93
8 - Dimensões de tamanho de campo aceitável demonstradas pelo gráfico da distância com a densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.................................94
9 - Dimensões de tamanho de campo fora do recomendado demonstradas pelo gráfico da distância com a densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.............94
10 - Conformidade do tamanho de campo relacionada à tensão do tubo dos equipamentos de raios X odontológicos.....................................................................95
11 - Cabeçote do equipamento periapical onde se lê: 1.Ampola; 2.Foco da ampola; 3.Distância foco-pele; 4.Tamanho do localizador; 5.Pele do paciente; 6.Localizador..............................................................................................................96
12 - Dose em (mGy) de entrada na pele obtida pelas duas distâncias ( 2 e 8 cm) entre o localizador e a pele do paciente de cada equipamento de raios X odontológico.............................................................................................................104
LISTA DE TABELAS
1 - Valores mínimos de camadas semi-redutoras em função da tensão de tubo máxima de operação dadas pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.....................................................................................................................70
2 - Percentual da conformidade dos consultórios em relação aos requisitos de proteção radiológica quanto aos ambientes...............................................................88
3 - Características dos localizadores e o percentual dos equipamentos em conformidade com a Portaria 453/98 MS...................................................................97
4 - Valores da tensão do tubo dos equipamentos relacionados com os valores e a conformidade das camadas semi-redutoras.............................................................99
5 - Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à Reprodutibilidade e Linearidade da exposição ........................................102
6 - Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à Reprodutibilidade, Linearidade e exatidão do tempo de exposição.................................................................................................................103
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT ADA ALARA ANVISA cm CD
CNEN
CONAMA
CRO
CSR
DEP DQO ICRP
IRD
kVp
mA
mmAl MS
OPAS
PGRSS RSS
SUS
TC TLD TLV VOCs
Associação Brasileira de Normas Técnicas
American Dental Association
as low as reasonably achievable
Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
centímetro
Cirurgião-dentista
Comissão Nacional de Energia Nuclear
Conselho Nacional do Meio Ambiente
Conselho Regional de Odontologia
Camada Semi-redutora
Dose de Entrada na Pele
Demanda Química de Oxigênio
International Commission on Radiological Protection
Instituto de Radioproteção e Dosimetria
quilovoltagem pico
miliamperagem
milímetros de alumínio
Ministério da Saúde
Organização Pan-Americana da Saúde
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
Resíduos de Serviço de Saúde
Sistema Único de Saúde
Tamanho de Campo
Termoluminescence Dosimetry
Threshold Limit Value
Volatiles Organics Compounds
SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
RESUMO ..................................................................................................................vii
ABSTRACT ..............................................................................................................viii
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................5
2.1. SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SAÚDE AMBIENTAL......................................5
2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS POLUENTES FÍSICOS E QUÍMICOS NOS
SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS..............................................................................10
2.3. RISCOS NOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS...........................................11
2.3..1. Risco Físico ........................................................................................12
2.3.2. Risco Químico ......................................................................................16
2.4. SÍNTESE HISTÓRICA SOBRE RADIAÇÃO EM RADIOLOGIA
ODONTOLÓGICA ...............................................................................................24
2.5. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES................................................28
2.6. REQUISITOS DE PROTEÇÃO RELACIONADOS COM O EQUIPAMENTO
DE RAIOS X ODONTOLÓGICO .........................................................................33
2.7. GARANTIA DE QUALIDADE EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA............38
2.8. LEGISLAÇÃO PARA RADIODIAGNÓSTICO EM ODONTOLOGIA.............42
2.9. POLUIÇÃO POR METAIS EM ODONTOLOGIA: MERCÚRIO E PRATA....45
2.10. POLUIÇÃO POR SOLVENTES ORGÂNICOS EM ODONTOLOGIA.........49
2.11. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS GERADOS NO
CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO....................................................................54
3. OBJETIVOS ....................................................................................................60
3.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................60
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................60
4. METODOLOGIA .............................................................................................62
4.1. CONDUÇÃO DA PESQUISA........................................................................62
4.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA.........................................................................63
4.3. AVALIAÇÃO DOS AMBIENTES...................................................................64
4.4. AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS...........................................................66
4.4.1. Filtração Total.......................................................................................66
4.4.2. Radiação de Fuga.................................................................................67
4.4.3. Tamanho de Campo.............................................................................68
4.4.4. Camada Semi-Redutora (CSR)............................................................69
4.4.5. Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão..............................................70
4.4.6. Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição.....................................71
4.4.7. Exatidão e Reprodutibilidade do Tempo de Exposição........................72
4.4.8. Dose de Entrada na Pele......................................................................73
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................74
5.1. O ´PERFIL ACADÊMICO DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS........................74
5.2. OS EQUIPAMENTOS DE RAIOS X ODONTOLÓGICOS............................75
5.3. COMPORTAMENTO QUANTO À PROTEÇÃO RADIOLÓGICA.................77
5.4. QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA...............................................82
5.5. REJEITOS RADIOGRÁFICOS.....................................................................83
5.6. USO DO MERCÚRIO...................................................................................84
5.7. USO DE SOLVENTES ORGÂNICOS...........................................................86
5.8. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DOS AMBIENTES....................................87
5.8.1. Levantamento Radiométrico.................................................................87
5.9. RESULTADOS DOS TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE...............91
5.9.1. Filtração................................................................................................91
5.9.2. Radiação de Fuga.................................................................................92
5.9.3. Tamanho de Campo.............................................................................93
5.9.4. Camada Semi-Redutora (CSR)............................................................98
5.9.5. Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão.............................................99
5.9.6. Tempo de Exposição..........................................................................100
5.9.7. Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição...................................102
5.9.8. Dose de Entrada na Pele....................................................................103
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................106
6.1. CONCLUSÕES...........................................................................................106
6.2. RECOMENDAÇÕES..................................................................................107
REFERÊNCIAS.......................................................................................................109
ANEXO.....................................................................................................................117
APÊNDICE...............................................................................................................119
QUADRO..................................................................................................................129
1
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as inovações tecnológicas trouxeram grandes avanços
na área da saúde, mais especificamente nos diagnósticos e tratamentos das mais
diversas doenças. Entretanto, o cuidado com a manipulação adequada dos
equipamentos emissores de raios X e o descarte desordenado de resíduos no meio
ambiente têm se tornado motivo de preocupação de cientistas de todo o mundo, no
que se refere aos cuidados com a saúde da população.
Constitui-se um enorme desafio administrar eficientemente os riscos à saúde
associada com o vasto espectro da poluição gerada pelas atividades no planeta.
Essa complexidade e multidisciplinaridade causadas pelo rápido crescimento
tecnológico requerem que a questão da saúde seja tratada de forma integrada, pois
a melhora da qualidade da saúde ambiental estará, necessariamente, ligada ao
desenvolvimento de processos ecologicamente sustentáveis (BRILHANTE, 1999).
O exercício da Radiologia, pelas suas características ligadas principalmente à
produção de efeitos biológicos sobre organismos vivos, está sujeita às regras e
2
normas que visam a proteger todos aqueles que, de forma habitual ou não, recebem
radiações. No entanto, os mecanismos de fiscalização da observância de normas
que garantam a qualidade dos serviços ligados à radiação ionizante são, na maioria
dos casos, pouco eficientes. Neste aspecto reside a maior preocupação de todos
aqueles que estão apreensivos com a poluição do meio ambiente (FREITAS, 2000).
Os riscos potenciais das radiações ionizantes geralmente são vistos como
perigosos, tornando-se então compreensível que muitos pacientes sintam um
desconforto ao exame radiológico, temendo efeitos negativos das radiações.
Entretanto, não existem motivos para evitar um exame radiográfico devidamente
indicado, pois os benefícios individuais em diagnóstico e na terapêutica
intervencionista são grandes, porém é necessário um bom conhecimento sobre os
requisitos básicos de proteção radiológica para minimizar os riscos.
Em odontologia, os órgãos importantes envolvidos na radiografia dentária são
provavelmente a medula vermelha da mandíbula, a tireóide e o cristalino. De acordo
com o tipo de exposição (aguda ou fracionada), poderá ocorrer, nestes órgãos,
depressão do processo de formação sanguínea, hipotireoidismo ou tireoidite e
redução da visão (ZENÓBIO; SILVA, 2003).
A poluição possível de ser gerada nos consultórios odontológicos, através da
radiação ionizante e dos resíduos químicos, é uma das maiores preocupações na
área da saúde humana. Quanto à identificação dos resíduos produzidos nos
consultórios odontológicos, o mercúrio é o mais temido por ser extremamente tóxico.
Mesmo assim é muito usado como componente principal da restauração de
amálgama na recuperação da saúde dental, mesmo com o desenvolvimento de
novos e promissores materiais restauradores.
3
Tanto os dentistas, como a sociedade em geral, reconhecem os benefícios da
restauração de amálgama para manter a saúde dental dos pacientes, contudo é
ainda difícil transmitir segurança ou proteção ambiental quando do uso do mercúrio.
Um outro metal que também é muito utilizado em odontologia, e que
necessita de um controle para o seu descarte, é a prata. Além de ser um dos
componentes da restauração de amálgama, a prata também faz parte da emulsão
que cobre os filmes sensíveis para radiografia e, na forma de thiosulfato de prata, é
fundida em altas concentrações em soluções fixadoras de raios X. Sensíveis à luz,
os cristais de prata presentes no filme de raios X são liberados como thiosulfato
durante o processo de fixação. Assim, a solução fixadora usada no processamento
dos filmes radiográficos é um resíduo de risco por causa do alto nível de prata. Um
controle da quantidade da prata contida nos filmes e na solução fixadora é
imprescindível e as formas de descarte, lixo e rede sanitária, devem ser
rigorosamente fiscalizadas.
Na maioria das vezes, os filmes que vão para o lixo comum são os rejeitos, ou
seja, aqueles que são repetidos ou que são considerados velhos, sem motivo útil. O
que preocupa são as reações que ocorrem no meio ambiente, pois os íons de prata
livres atuam como enzimas inibidoras, interferindo nos processos metabólicos dos
organismos (THUNTHY, 1990).
Também são considerados como resíduos tóxicos muitos dos desinfetantes
que são utilizados nos consultórios odontológicos para a desinfecção de espaços,
superfícies, instrumentais e certos equipamentos. Dentre eles estão o glutaraldeído,
formaldeído, amônia e os fenóis que são substâncias perigosas à saúde, quando
acima de um por cento na concentração, podendo também causar a alergia e a
asma.
4
Muitos desses desinfetantes contêm substâncias voláteis e não-voláteis. Os
maiores constituintes com significado tóxico são da forma dos VOCs. As acetonas
são consideradas como substâncias tóxicas com uma concentração acima de dez
por cento. Também dependendo da concentração, o álcool isopropil e o etanol são
soluções tóxicas. Assim, como todo consultório odontológico precisa estar com seus
equipamentos e espaços livres de contaminação, muitos dos desinfetantes
considerados tóxicos, como acima citados, são usados em larga escala e
descartados no meio ambiente, através da pia, sem passar por algum tipo de
tratamento.
A má gestão dos recursos de proteção radiológica e do tratamento dos
resíduos dos metais pesados e solventes orgânicos nos consultórios odontológicos
expõe a saúde dos profissionais e dos seus pacientes e interfere no meio ambiente.
Diante desta circunstância, e sendo Itabuna uma cidade de relevância regional na
Bahia, o presente trabalho visa avaliar a poluição ambiental quando da utilização do
aparelho de raios X e do descarte de metais pesados e solventes orgânicos em seus
consultórios odontológicos.
5
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SAÚDE AMBIENTAL
Compreender problemas de saúde simultaneamente a partir de perspectivas
ecológicas e sociais é fundamental para que propostas de desenvolvimento
econômico e tecnológico possam resultar em balanços mais positivos entre os
benefícios e os prejuízos deles decorrentes, seja para a saúde dos trabalhadores, da
população em geral ou dos ecossistemas. Essa visão nos ajuda a pensar de forma
integrada os conceitos de risco e o de desenvolvimento econômico-tecnológico a
partir da dialética entre produção-destruição. Ao mesmo tempo em que novos
processos de produção e tecnologias geram riquezas e conforto, novos riscos
ocupacionais e ambientais podem ser incorporados aos territórios e afetar certos
grupos populacionais em distintas escalas espaciais e temporais (PORTO, 2005).
Em todo o mundo, a área da saúde manifesta fenômenos preocupantes. Não
são somente riscos potenciais, mas agravos crescentes à saúde e à integridade
6
individual ou coletiva que têm produzido conseqüências destruidoras no conjunto
das populações. Degradação ambiental e agravos à saúde expressam, portanto,
uma crise ecológica stricto sensu. Grande parte desses problemas é conseqüência
direta de ações humanas sobre o meio, incluindo, por exemplo, os riscos de
exploração de novos nichos ecológicos, as progressivas ondas migratórias de
homens e mulheres por todas as partes do mundo, o desenvolvimento industrial
exponencial, a falta de resolução dos problemas da fome e desnutrição, o
crescimento das desigualdades sociais, as condições de vida das populações
urbanas e rurais, as novas tecnologias, e outros (IANNI, 2005).
O plano estratégico 2003-2007 da Repartição Sanitária Pan-Americana
(OPAS, 2002) põe em destaque forças importantes que moldam a natureza e a
qualidade das interações humanas e redefinem práticas, crenças e atitudes. As três
forças mais relevantes para o ambiente que afetam a saúde são a globalização, a
mudança ambiental, e o binômio ciência-tecnologia. Elas atuaram de maneira
significativa na seleção das questões organizacionais essenciais e das prioridades
da cooperação técnica.
A mudança ambiental ocorre com os deslocamentos populacionais, a
mudança tecnológica e as forças socioculturais e econômicas por moldarem a
transformação do ambiente que afeta o lugar em que as pessoas vivem, bem como
seus locais de trabalho e lazer. Outras atividades humanas também foram
relacionadas, como a industrialização e o uso de tecnologias por afetarem o meio
ambiente, alterando o clima e a qualidade da água, da terra e do ar e, por
conseguinte, a qualidade da produção agrícola e pecuária (OPAS, 2002).
Em relação à saúde humana, historicamente, as ações de saúde pública
estavam relacionadas à contaminação da água de consumo humano e ao controle
7
de vetores, reservatórios ou hospedeiros e peçonhentos. Mas, o aumento em
tamanho e em complexidade do meio urbano tem elevado, cada vez mais, a
quantidade de fatores ambientais de risco. Atualmente, considera-se como fatores
ambientais de risco também os poluentes químicos lançados no ar e no solo pela
atividade humana, campos eletromagnéticos gerados por antenas de transmissão e
mesmo desastres naturais e acidentes com produtos perigosos (BRASIL, 2002).
Segundo Brilhante (1999) os riscos tecnológicos ambientais são classificados
em dois grupos: riscos tecnológicos, aqueles decorrentes das atividades
desenvolvidas pelo homem e os riscos naturais, os oriundos de distúrbios da
natureza.
Dentro deste contexto, e com o intuito de garantir e promover a saúde
humana nos mais diversos ambientes, em que ocorre a presença do homem surge o
conceito de Saúde Ambiental.
Segundo o Ministério da Saúde, o conceito de Saúde Ambiental é o conjunto
de ações e serviços que proporcionam o conhecimento e a detecção de fatores de
risco do meio ambiente que interferem na saúde humana. O sistema integra
informações e ações de diferentes setores com o objetivo de prevenir e controlar os
fatores de risco de doenças e de outros agravos à saúde, decorrentes do ambiente e
das atividades produtivas (BRASIL, 2002).
A crise ambiental contemporânea vem intensificando as discussões e a
percepção pública acerca dos efeitos dos processos de produção e consumo das
sociedades industriais modernas sobre a saúde humana e a dos ecossistemas.
Dentre outros fatores, podemos destacar a degradação ambiental em várias regiões
do planeta e o reconhecimento científico dos riscos ecológicos globais, tais como o
chamado efeito estufa, a redução da camada de ozônio, a destruição de florestas e
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da biodiversidade, a poluição atmosférica e marítima. Os riscos ambientais vêm
fazendo com que as escalas espaciais e temporais para as análises dos riscos
modernos tornem-se cada vez mais amplas e complexas, ao mesmo tempo em que
intensificam os imperativos éticos relacionados à ameaça da continuidade da vida no
planeta, colocados anteriormente com a ameaça da guerra nuclear total (PORTO,
2005).
As preocupações com a problemática ambiental estão inseridas na Saúde
Pública desde seus primórdios, apesar de só na segunda metade do século XX ter
se estruturado uma área específica para tratar dessas questões (RIBEIRO, 2004).
No Brasil, os enfoques na abordagem de problemas de saúde relacionados
ao meio ambiente seguiram, em linhas gerais, os mesmos enfoques internacionais
(RIBEIRO, 2004). As preocupações com os problemas ambientais e sua vinculação
com a saúde humana foram ampliadas no Brasil, inclusive, a partir da década de
1970. Durante essa década, foi criada a SEMA (Secretaria Especial de Meio
Ambiente) e, a exemplo dos Estados Unidos, foram estabelecidos os Padrões de
Qualidade do Ar e das Águas. O Ministério da Saúde vem estruturando a área de
Vigilância e em 2003, criou a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), na qual está
inserida uma Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde (CGVAM)
(DOU, 2005). A Vigilância Ambiental em Saúde tem como objetivo geral prevenir e
controlar fatores de risco de doenças e de outros agravos à saúde, decorrentes do
ambiente e das atividades produtivas. Um de seus objetivos específicos é identificar
os riscos e divulgar, para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a sociedade, as
informações referentes aos fatores ambientais condicionantes e determinantes das
doenças e outros agravos à saúde (RIBEIRO, 2004).
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A área de contaminantes ambientais também tem como atribuição identificar e
catalogar o perfil toxicológico dos fatores ambientais físicos e químicos de interesse
à saúde pública. Considerando o grande volume de novos produtos que são
disponibilizados para o consumo e para a economia humana, esta área deverá
atualizar permanentemente o conhecimento dos potenciais efeitos à saúde humana
decorrentes da exposição humana a estes fatores (BRASIL, 2002).
A Saúde Ambiental atual baseia-se no reconhecimento da existência e das
necessidades de todos os seres humanos e no encontro de soluções dentro dos
princípios de eqüidade e de universalidade. Tradicionalmente os direitos humanos
ou direitos inalienáveis do ser humano eram: eqüidade, liberdade, felicidade, vida e
propriedade. Hoje em dia, um meio ambiente salubre não é só visto como um
elemento da qualidade de vida, mas como um direito humano ou um direito
inalienável, portanto sujeito ao princípio universal de igualdade e a receber um
status legal formal, uma vez que constituiria um direito legal. As pesquisas em
Saúde Ambiental têm buscado subsidiar políticas, programas e ações que visem
garantir maior justiça ambiental e esse direito inalienável do ser humano, apesar das
dificuldades, por exigir transformações nos próprios homens (RIBEIRO, 2004).
Devido à própria definição de meio ambiente, os conceitos e práticas relativas
à Saúde Ambiental são eminentemente interdisciplinares e intersetoriais. Assim,
dentro das diferentes esferas de governo (municipal, estadual e federal), envolve a
participação das áreas de saúde, meio ambiente, educação e serviços e obras, entre
outros, bem como de profissionais das mais diversas formações.
O reconhecimento da interdependência entre saúde, desenvolvimento
econômico, qualidade de vida e condições ambientais, vem sendo superado pela
consciência de que a capacidade de interferência humana desenvolve um papel
10
contundente no equilíbrio e na evolução de sistemas complexos. Isto significa
constatar as possibilidades e as responsabilidades decorrentes da capacidade de
intervenção da sociedade humana sobre seu destino, e o da vida no planeta como
um todo (GEO BRASIL, 2002).
O conhecimento científico tem avançado no sentido de elaborar e estabelecer
relações entre um grande número de indicadores ambientais e de saúde,
notadamente aqueles referentes a morbidades particulares e processos
fisiopatológicos, mas também indicadores biológicos de exposição. Portanto, para
ajuizar e explicitar cientificamente a relação ambiente-saúde torna-se necessário que
esteja disponível um estoque de informações passadas e atuais sobre os dois
termos da relação. É preciso que o meio ambiente, a saúde e o desenvolvimento
sustentável e humano se situem no centro deste processo. A promoção da saúde se
constitui num novo marco teórico que permite considerar tais inter-relações e serem
vistos e abordados de maneira indissociável. Nesses termos, a saúde e as
condições de vida somente têm sua relevância, quando referenciadas ao nível do
lugar e das pessoas, onde deverão ser equacionadas na conformidade dos recursos
aí existentes (GEO BRASIL, 2002).
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS POLUENTES FÍSICOS E QUÍMICOS NOS
SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS
Os estabelecimentos de saúde passaram por uma enorme evolução devido
ao desenvolvimento da ciência médica, onde a todo o momento são incorporadas
novas tecnologias aos métodos para diagnóstico e tratamento, agregando novos
materiais, substâncias químicas e equipamentos. Esses processos refletem-se na
11
composição do produto residual gerado, que se torna mais complexo e em alguns
casos mais perigosos, oferecendo riscos ao homem e ao meio ambiente (SILVA,
2004).
Conforme a classificação do CONAMA (1993), os resíduos gerados pelas
práticas odontológicas se enquadram nos grupos A (infectantes ou biológicos), B
(químicos) e D (comuns). No grupo A, exigem atenção especial os resíduos perfuro
cortantes. No grupo D, estão aqueles resíduos que não apresentam risco biológico,
químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos
resíduos domiciliares. No grupo B, merece atenção: o mercúrio metálico, que
também exige critérios especiais de manuseio, acondicionamento e destinação final
(NAZAR et al.; 2005).
2.3 RISCOS NOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS
Os resíduos gerados nos serviços odontológicos causam riscos à saúde
pública e ocupacional equivalente aos resíduos dos demais estabelecimentos de
saúde (BRASIL, 2006). Embora a quantidade de resíduos que causam riscos à
saúde é em menor proporção, existe ainda risco de infecção cruzada e perigo
potencial para o meio ambiente associado com a má administração dos resíduos
(OZBEK, 2003).
São considerados riscos ocupacionais a possibilidade de perda ou dano e a
probabilidade de que tal perda ou dano ocorra. Implica, pois a probabilidade de
ocorrência de um evento adverso. Os riscos mais freqüentes a que estão sujeitos os
profissionais que atuam em assistência odontológica são os físicos, os químicos, os
12
ergonômicos, os mecânicos ou de acidente, os advindos da falta de conforto e
higiene e os biológicos (BRASIL, 2006).
2.3.1 Risco Físico
Os profissionais da área da odontologia diariamente manuseiam caneta de
alta rotação, micromotor, compressor de ar, sugadores, condicionadores de ar,
equipamento de raios X, equipamento de laser, fotopolimerizador, autoclave, etc.
(BRASIL, 2006), expondo-se a riscos físicos como ruído, vibração, radiação
ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas, iluminação deficiente ou
excessiva, umidade e outros. Destes agentes físicos, o objeto deste estudo é a
radiação ionizante.
Radiação é uma forma de energia, emitida por uma fonte, e que se propaga
de um ponto a outro sob a forma de partículas com ou sem carga elétrica, ou ainda
sob a forma de ondas eletromagnéticas. A radiação natural pode ser externa,
quando originada do cosmos ou de radionucleotídeos naturais, ou interna, quando
radionucleotídeos são inalados ou ingeridos. Além da exposição à radiação natural,
o ser humano também está exposto à radiação artificial que é proveniente de
artefatos produzidos por ele próprio (OKUNO, 1998).
A radiação ionizante é um tipo de radiação que inclui os raios X, e que é
capaz de remover um elétron orbital de um átomo com que interage. A ionização
ocorre quando os raios X passam perto de um elétron orbital de um átomo e
transfere suficiente energia para o elétron para removê-lo do átomo (BUSHONG,
2004).
13
A radiação X é ionizante do tipo eletromagnética e não sofre desvios em
campos elétricos ou magnéticos. Além disso, possui várias propriedades: caminha
em linha reta; possui a velocidade da luz no vácuo (300.000 km/s); é divergente;
pode sensibilizar chapas fotográficas; é invisível e inodora; não sofre em condições
normais reflexão e refração; produz ionizações nos sistemas biológicos, alterando o
metabolismo celular, mitose e produzindo quebras cromossômicas; produz
fluorescência e fosforescência em várias substâncias com a conseqüente
manifestação dos efeitos biológicos; pode penetrar corpos opacos (FREITAS, 2000).
Seu poder de penetração depende do comprimento da onda, quanto menor, maior o
poder de penetração. Da distância entre o foco que emite o raio e o objeto que o
recebe, quanto menor, maior o poder de penetração. E da densidade do objeto
penetrado pelo raio, quanto menor, maior o poder de penetração (GOMES, 2001).
Os raios são produzidos dentro de um tubo contendo um eletrodo negativo -
cátodo, e um eletrodo positivo - ânodo. No cátodo, encontra-se o filamento que,
quando em temperatura elevada emite elétrons. Quando acelerados por uma alta
tensão de dezenas de quilovolts, são impelidos para o ânodo e, freados
bruscamente, produzem os fótons, que constituem a radiação utilizada para produzir
a imagem radiográfica. Raios X são o resultado do freamento brusco de elétrons
acelerados num meio rarefeito (FREITAS, 2000).
O cátodo e o ânodo estão instalados dentro de um tubo de vidro a vácuo,
dentro de uma calota protetora, revestida de chumbo, com duas aberturas para a
saída do feixe de radiação, denominada diafragma, situada na base do cone. Esta
abertura é coberta por um filtro de alumínio, permitindo apenas a passagem do feixe
ativo. Os raios X são identificados pela qualidade (quilovoltagem), quantidade
(miliamperagem) e pelo tempo de exposição (GOMES, 2001).
14
Os equipamentos de raios X são identificados de acordo com sua capacidade
de produção de raios X e com as aplicações para as quais são projetados. Possuem
três componentes principais: o tubo de raios X, o gerador de alta voltagem e o painel
de controle (BUSHONG, 2004). Os equipamentos de raios X odontológicos são de
quilovoltagem e miliamperagem fixas, havendo apenas compensador para as
variações da rede elétrica geral. A quilovoltagem oscila entre 50 e 70 kVp, e a
miliamperagem entre 7 e 10 mA. Estes equipamentos são dotados de um marcador
de tempo eletrônico, e de um dispositivo sonoro, que permanece em funcionamento,
durante o tempo de exposição, indicando, ao profissional, que está em operação
(FREITAS, 2000).
Quanto aos tipos de exposições, elas podem ser primárias, secundárias e de
escape. A radiação primária é originada diretamente da fonte de radiação (do alvo
das máquinas geradoras de raios X). A radiação secundária é proveniente da
interação da radiação primária com qualquer meio material. A radiação de escape
escapa da cabeça do equipamento de raios X, quando há falha na blindagem do
cabeçote (GOMES, 2001).
A utilização da radiação na odontologia está relacionada à melhoria e à
manutenção da saúde do paciente. As radiografias intra e extra-orais, embora de
extrema importância no auxílio ao diagnóstico, têm sido excessivamente utilizadas,
causando preocupação quanto aos riscos radiológicos e à qualidade desses
exames, apontando para a necessidade de um conhecimento mais amplo sobre o
assunto, incluindo equipamento adequado, redução da dose a níveis aceitáveis e
proteção do paciente e do profissional (GOMES, 2001).
Os riscos de dose baixa de radiação a que uma pessoa está sujeita são
probabilísticos. Quando a radiação passa através do corpo pode não produzir
15
nenhum dano, ou desencadear uma série de reações, que poderão resultar na morte
celular ou nas induções de mutações celulares e em seu material genético,
podendo-se diagnosticar, anos mais tarde, células malignas (OKUNO, 1998).
Mesmo para doses muito baixas é possível que uma energia suficiente possa
ser depositada dentro de um volume crítico na célula para resultar em mutação
celular ou morte celular. A morte de uma ou de um pequeno número de células, na
maioria dos casos, não tem conseqüências nos tecidos, mas modificações em uma
única célula, tais quais mudanças genéticas ou transformações que levam à
malignidade podem ter sérias conseqüências (ICRP, 2005). Riscos pela idade à
exposição também são enfatizados, porque exposição a jovens sempre é mais
carcinogênico do que adultos expostos (RON, 2003).
A possibilidade de risco de carcinogênese para os tecidos radiossensíveis da
cabeça e pescoço, pelas radiografias intra e extra – orais, tem sido relatada, isto
porque nenhuma dose, não importa quanto pequena, pode ser prejudicial para a
saúde humana. O aumento do risco de carcinogênese e a necessidade para
comparar técnicas estão entre as razões pelas quais o controle de qualidade e
medidas de doses absorvidas têm sido executadas em radiografia dental em vários
países (OGUNDARE, 2002).
Radiobiologistas têm se empenhado para estimar os riscos à saúde por
baixas doses de radiação, em humanos, por décadas. Riscos à saúde envolvem não
só doenças neoplásicas, mas também mutações somáticas que podem contribuir
para o aparecimento de outras doenças (incluindo defeitos ao nascimento e
enfermidades oculares) e mutações hereditárias, que podem aumentar o risco de
doenças em gerações futuras (PRASAD, 2004). Baixa dose de radiação que
induziria ao câncer em humanos depende de muitas variáveis, e a maioria destas
16
variáveis não é possível rever para nenhum estudo epidemiológico. Alguns desses
fatores que confundem incluem a interação da radiação com outros mutantes físicos
(luz ultravioleta), químicos e biológicos e carcinógenos em um modo sinergético;
variação nos mecanismos de reparo que dependem da dose; variação na
sensibilidade de células subseqüente expostas à radiação, que dependem se elas
têm sido pré ou pós-irradiada; e variação em resposta adaptativa, que depende da
dose da radiação e de substâncias protetoras (antioxidantes). Por isso, baixas doses
de radiação ionizante não devem ser consideradas insignificantes para riscos de
mutações somáticas e hereditárias e doenças neoplásicas e não-neoplásicas em
humanos (PRASAD, 2004).
Embora exposições diagnósticas sejam geralmente de doses baixas, elas
envolvem milhões de pessoas. Em contraste, exposições terapêuticas são de doses
grandes, mas poucas pessoas são tratadas. Por isso, as exposições diagnósticas
são consideradas de maior relevância em termos de saúde pública (RON, 2003) e
constituem a principal fonte de exposição da população a fontes artificiais de
radiação ionizante (BRASIL, 1998).
2.3.1. Risco Químico
Consideram-se agentes de risco químico: poeiras, névoas, vapores, gases,
mercúrio, produtos químicos em geral e outros (BRASIL, 2006).
A resolução nº 358 CONAMA (2005) define no grupo B os resíduos contendo
substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio
ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade e toxicidade. E estes são:
17
a) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos;
antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais,
quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de
medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos
medicamentos controlados pela Portaria 344/98 MS e suas atualizações;
b) resíduos de saneantes, desinfetantes; resíduos contendo metais
pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por
estes;
c) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);
d) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises
clínicas; e
e) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da
NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).
As características dos resíduos pertencentes a este grupo são as contidas na
Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ (NBR 14.725
da ABNT, de julho de 2001) (BRASIL, 2006).
Os resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente,
quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou
reciclagem, devem ser submetidos a tratamento e disposição finais específicos
(BRASIL, 2006).
A estimativa do risco ocupacional decorrente do manuseio das substâncias
químicas é o processo de avaliação das propriedades tóxicas dos agentes químicos
e das condições de exposição do trabalhador para verificar a probabilidade de
ocorrência de efeitos adversos e caracterizar sua natureza. Esse processo inclui a
identificação da periculosidade da substância química, isto é, se esta é capaz de
18
interagir com o organismo e causar efeito danoso; a avaliação da relação dose-
resposta que estabelece a correlação entre a extensão da exposição e a
probabilidade de ocorrência dos efeitos tóxicos; a avaliação do tipo de exposição,
considerando as vias de exposição, o tempo e a dose a que o trabalhador está
exposto; a caracterização do risco (HIRATA, 2002).
Os principais causadores desse risco, segundo o manual de serviços
odontológicos da ANVISA, publicado em 2006, são: amalgamadores, desinfetantes
químicos (álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina,
entre outros) e os gases medicinais (oxido nitroso e outros).
Dentro do universo das substâncias químicas que o CD utiliza no consultório
odontológico é o mercúrio (Hg), a que mais causa preocupação. Os profissionais que
ficam constantemente expostos a este metal pesado, comumente apresentam
valores de mercúrio na urina superiores ao limite de tolerância biológica
(SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).
Desde a introdução do amálgama para uso dental, os riscos de intoxicação do
mercúrio têm sido discutidos extensivamente. Muitos autores relataram que estes
riscos são muito baixos para os pacientes, mas o assunto é ainda controverso.
Entretanto, o risco ocupacional é real. O TLV que significa limiar do valor limite, é
usado em medicina ocupacional para indicar a concentração máxima aceitável de
um material tóxico no meio ambiente para o qual o trabalhador pode ser exposto,
durante um período de 8 horas ao dia, sem sofrer algum dano substancial à saúde.
O TLV fixado para o vapor de mercúrio teve queda de 100 μg/m3 para 50 μg/m3
nos
anos setenta. Atualmente, de acordo com a ADA, o valor TLV aceito é de 25 μg/m3.
Estas reduções no TLV enfatizam a crescente preocupação considerando a
possibilidade de intoxicação por este metal (CALHEIROS, 2004).
19
A presença de fontes geradoras de calor, como estufas e autoclaves, no
mesmo ambiente onde o amálgama é manipulado ou utilizado, também aumentam
as possibilidades de intoxicação por mercúrio, uma vez que este se volatiliza muito
mais rapidamente. A evaporação do mercúrio ocorre a partir de -12 ºC, e se a
temperatura sofrer uma elevação de 20 ºC para 50 ºC, a volatilização do metal se
multiplica oito vezes. Os profissionais da equipe de saúde bucal estão
constantemente expostos a elevados riscos de contaminação pelos vapores de
mercúrio em seus ambientes de trabalho. A contaminação desses profissionais pode
ocorrer através do contato do metal com a pele ou da inalação dos vapores
dispersos no ambiente, decorrentes de higiene inadequada do ambiente de trabalho,
de falhas na refrigeração durante a remoção de restaurações de amálgama, além do
derramamento acidental de gotas de mercúrio pelo chão (CLARO, 2003).
Em temperatura ambiente, o mercúrio se volatiliza, e o momento de maior
risco de contaminação do mercúrio é durante a preparação do amálgama de prata.
Se cair, contaminando o ambiente de trabalho, torna-se necessário a
descontaminação ambiental, embora seja um processo extremamente difícil, é
essencial. A intoxicação crônica de mercúrio pelo CD e sua equipe deve ser evitada.
Seus sintomas iniciais são: a inquietude, a irritabilidade, a insônia, a sialorréia, a
gengivite e o tremor das mãos. A exposição do CD a níveis superiores aos
estabelecidos (0,05mg/m3) foi observada através de análise do teor de mercúrio em
cabelo, pêlos e unhas, revelando correlação direta entre a contaminação de
mercúrio encontrada nestes tecidos, e a concentração de mercúrio presente no ar.
Comparando-se diferentes vias de absorção, nota-se a predominância da
transferência do metal através das mãos, alimentos e cigarros, em relação aos
procedimentos operatórios. Durante a remoção de restaurações ocorre a liberação
20
do metal, sob a forma de vapor e de poeira de amálgama. O mercúrio ingerido pelo
CD fica alojado nos sistema nervoso e renal causando doenças irreparáveis. Como
conseqüência da contaminação, os profissionais podem desenvolver o mal de
Parkinson, chegando a ter dificuldade de se alimentar e se locomover, e nos casos
mais avançado da doença, chegar à deficiência renal aguda por deterioração do
sistema renal (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).
Os metais pesados, dentre os vários poluentes existentes, têm recebido
atenção especial, uma vez que alguns são extremamente tóxicos, quando estão
acima das concentrações permissíveis para uma grande variedade de organismos,
mesmo em concentrações em torno de mili ou microgramas (BARROS, 2006).
Em sua tese, Muñoz (2002) relata vários estudos descritos na literatura que
se referem aos efeitos tóxicos dos metais pesados. Estes apresentam número
atômico relativamente alto e caracterizam-se pelo efeito bioacumulativo. Em
concentrações acima dos valores legalmente recomendados, têm sido
responsabilizados por causarem agravos à saúde, além de uma série de doenças
carcinogênicas. Dentre os efeitos adversos, apontam-se danos no sistema nervoso
central, no sistema hepático, no sistema renal, no sistema hematopoiético e no
sistema esquelético.
Outro metal que participa dos efluentes gerados no processo de revelação de
radiografias é a prata. A prata pode ser recuperada uma vez que este metal é um
elemento com risco de escassez e possui elevado valor de mercado. Elevados
volumes de água de processamento são lançados diariamente na rede coletora de
esgoto, com concentração de prata muito acima do valor estabelecido (0,1 mg/L)
pela Resolução n° 358 CONAMA (2005). Portanto, deve-se buscar a recuperação da
prata do fixador usado e da água de enxágüe, reduzindo custos do processo e
21
permitindo a reutilização desta água no processo. Deve-se, ainda, tratar a solução
reveladora e a solução fixadora e dar-lhes uma adequada destinação final,
minimizando o impacto gerado por estes efluentes (BORTOLETTO, 2005).
Um número considerável de agentes químicos é utilizado nos
estabelecimentos de saúde. Entretanto, não existe um desinfetante que atenda a
todas as situações e necessidades encontradas, sendo preciso conhecer as
características de cada um para se ter subsídios suficientes que permitam a escolha
correta do produto, evitando custos excessivos e uso inadequado. Na escolha do
desinfetante deve-se levar em consideração aspectos como: espectro de atividade
desejada, ação rápida e irreversível, toxidade, estabilidade e natureza do material a
ser tratado (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).
Os álcoois mais empregados em desinfecção são etílico e isopropílico (etanol
e isopropanol). O álcool etílico tem maior atividade germicida, menor custo e menor
toxicidade que o isopropílico. Além de ser o mais usado no nosso país, é contra
indicado em acrílico, enrijece borrachas, tubos plásticos e pode danificar o cimento
das lentes de equipamentos (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006). O etanol e o
isopropanol são irritantes para os olhos e são produtos tóxicos. A freqüente
aplicação produz irritação e dessecação da pele (MASTROENI, 2004).
O formaldeído é um desinfetante de alto nível, embora seja considerado
potencialmente carcinogênico. O seu uso é limitado pelos vapores irritantes, odor
característico desagradável mesmo em baixa concentração (1ppm). Causa
endurecimento e branqueamento da pele, dermatite de contato e reações de
sensibilização. A concentração máxima na atmosfera recomendada pelo National
Institute for Occupational Safety and Health é de 1 ppm 17, 25, 38. A formalina
sólida é vaporizada através do calor na presença de umidade, sendo os resíduos
22
tóxicos, danificando alguns instrumentos. Embora seja uma opção econômica tem
sido pouco estudada quanto aos efeitos adversos (MASTROENI, 2004).
As vantagens são: penetra no sangue, pus e restos orgânicos; não ataca
material de borracha ou plástico. As desvantagens são: apresenta toxicidade
cutânea, celular e inalatória; libera vapores tóxicos, razão para se evitar o
processamento de materiais em salas mal ventiladas, em recipientes sem tampa ou
com vazamentos; aconselha-se o uso de máscaras com camada de carvão ativado
para diminuir o efeito tóxico, quando em manipulação freqüente; é alergênico; não
pode ser utilizado em superfícies; sua atividade corrosiva aumenta com a diluição;
seu tempo de reutilização varia com a biocarga; pode ser retido por materiais
porosos, daí exigir enxágüe rigoroso, para evitar seus resíduos tóxicos (BIANCHI,
2003).
Existe um número razoável de compostos liberadores de cloro ativo
disponíveis para alvejamento e desinfecção em diversas áreas. Os compostos mais
comumente utilizados são os inorgânicos: hipoclorito de sódio, cálcio, lítio, e os
orgânicos: ácido dicloroisocianúrico e seus sais sódicos e potássio e o ácido
triocloroisocianúrico. O Cloro é altamente corrosivo para metais. O Hipoclorito de
Sódio deve ser colocado em recipiente plástico escuro com tampa, devido às suas
fotossensibilidade e volatilidade. Compostos clorados são altamente instáveis, por
isso deve-se utilizá-los imediatamente após diluídos e desprezá-los em 24 horas,
após a diluição (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006). Os compostos liberadores de
cloro provocam irritação da pele, dos olhos e do aparelho respiratório. Quando
ingeridos, provocam irritação das membranas mucosas (MASTROENI, 2004).
Os compostos quaternários de amônio apresentam baixa toxicidade, porém
podem causar irritação e sensibilização da pele; assim também são considerados
23
poluentes ambientais. São recomendados para desinfecção de baixo nível,
aplicados às superfícies não críticas como pisos, mobiliário e paredes, de áreas não
críticas. Apropriados para desinfecção de superfícies e equipamentos em todas as
áreas relacionadas também com alimentos. São considerados germicidas de baixo
nível, mas de baixa toxicidade, podendo ser empregados em alimentos e áreas que
entram em contato com sua produção. Seu uso como anti-séptico (0,1 a 0,5%) tem
sido questionado devido ao risco de contaminação das suas soluções, mas são
comercializadas soluções para anti-sepsia da orofaringe com cloreto de cetilpiridium
(Cepacol). Podem ser empregados como preservativo em colírios e utilizados como
xampus anti-caspa, creme condicionador e agentes amaciantes de roupa
(MASTROENI, 2004).
Os iodóforos são compostos iodados associados a um surfactante (redutor de
tensão superficial) e agente estabilizador para facilitar a penetração e prover uma
liberação lenta do composto iodado. O surfactante e estabilizador funcionam como
carreadores de iodo (G: phora = condutor). São classificados como desinfetantes de
nível intermediário ou anti-sépticos conforme o uso. O iodo simples não deve ser
confundido com um iodóforo. Os iodóforos são menos irritantes aos tecidos, menos
alergenos, não mancham e se mantêm ativos por mais tempo que o iodo comum. O
produto é apresentado em solução alcoólica ou aquosa e associado a um detergente
(USP, 2006).
Os fenóis sintéticos não são recomendados para artigos que entram em
contato com o trato respiratório, nem com objetos de látex, acrílico e borrachas. Os
fenóis não são prontamente neutralizados pela matéria orgânica, são absorvidos por
materiais porosos e o efeito residual pode causar irritação tecidual. Os compostos
24
fenólicos são tóxicos quando ingeridos e irritantes para a pele e para os olhos
(SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).
A importância de estudar os efeitos danosos de exposições ocupacionais é
baseada no fato de que eles podem afetar ambas as células germinativas dos pais
antes da concepção e as células somáticas após a concepção. Os dois mecanismos
podem induzir morte celular ou disfunção, resultando em má-formação. A principal
exposição analisada foi para solventes, e o principal grupo de trabalhadores foram
aqueles envolvidos em atividades hospitalares (LEITE, 2002).
O risco químico pode ser minimizado, utilizando procedimentos simples como
o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs (luvas, máscaras, óculos e
avental impermeável) adequados para o manuseio de produtos químicos
desinfetantes; usar EPI completo durante o atendimento ao paciente e disponibilizar
óculos de proteção ao mesmo para evitar acidentes com produtos químicos; utilizar
somente amalgamador de cápsulas; acondicionar os resíduos de amálgama em
recipiente inquebrável, de paredes rígidas, contendo água suficiente para cobri-los, e
encaminhá-los para coleta especial de resíduos contaminados; armazenar os
produtos químicos de maneira correta e segura, conforme instruções do fabricante,
para evitar acidentes (BRASIL, 2006).
2.4 SÍNTESE HISTÓRICA SOBRE RADIAÇÃO EM RADIOLOGIA
ODONTOLÓGICA
O físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen descobriu os raios X em 08 de
novembro de 1895, quando trabalhava em seu laboratório em Wurzburg, na Baviera.
O ambiente estava escurecido, uma vez que seus experimentos relacionavam-se
25
com fenômenos luminosos e outras emissões geradas por descargas de correntes
elétricas em tubos de vidro com vácuo. Estes tubos eram conhecidos como “tubos
de Crookes”, em homenagem ao cientista William Crookes. Röntgen estava
interessado nos raios catódicos e na determinação de seu alcance, após emitidos
pelos tubos de Crookes submetidos a descargas elétricas. Röntgen mergulhou
durante sete semanas, mal saindo de seu laboratório, em experimentos para
determinar a natureza dos desconhecidos raios. Quando imobilizou, por alguns
momentos, a mão de sua mulher na trajetória dos raios, sobre uma placa fotográfica,
observou, após o processamento fotográfico da placa, a imagem da mão, revelando
a sombra dos ossos e do anel que ela usava. Este foi o primeiro roentgenograma
obtido na História, a primeira imagem impressa de uma estrutura interna do corpo
humano (MARTINS, 2005).
Durante uma de suas experiências, o cientista colocou o tubo numa caixa de
papelão negro, que foi guardada numa câmara escura. Havia próximo à caixa um
pedaço de papel recoberto de platinocianeto de bário. Röntgen notou então que,
quando se fornecia corrente elétrica aos elétrons do tubo, era emitida uma radiação
que velava a chapa fotográfica. Ele observou também que vários materiais opacos à
luz diminuíam, mas não extinguia a emissão de luz induzida pelos raios X, o que
indicava que eles atravessavam a matéria com relativa facilidade. Assim, o cientista
resolveu fotografar corpos normalmente opacos e obteve, pela primeira vez na
história da ciência, uma chapa fotográfica que revelava a estrutura interna da mão
humana, com todas as suas formações ósseas (BUSHONG, 2004; GARCIA, 1998).
O aparelho produtor de raios X (Figura 1) denomina-se Tubo de Coolidge, no
qual um cátodo incandescente produz um fluxo de elétrons puros que é acelerado
por uma grande diferença de potencial e atinge o ânodo. Para fins de pesquisa
26
pode-se utilizar qualquer metal, mas nos aparelhos comerciais, o ânodo é feito de
tungstênio, material com alto ponto de fusão, pois é grande a quantidade de calor
gerada no processo. Além disso, o ânodo é oco, o que permite resfriá-lo mediante a
circulação de água ou óleo em seu interior. Dentro do tubo cria-se um vácuo para
evitar o enfraquecimento ou o desvio de elétrons do feixe original (BUSHONG,
2004).
Figura 1 - Imagem de um tubo de raios X, no qual o cátodo produz um fluxo de elétrons puros que é acelerado e atinge o ânodo produzindo radiação X
Fonte: http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/rx/index.html. Acesso em: 09 set. 2006.
Para Trevert (1896), poucos eventos agitaram o mundo científico como o
efetivo experimento do Prof. Röntgen na descoberta dos raios X e seus efeitos na
fotografia. Com a ajuda dessa nova forma de radiação ficou possível fotografar
objetos contidos em caixas, um livro, uma mala de couro e expor o esqueleto de
animal vivo ou morto. Isto seria de grande valor para os cirurgiões localizarem a
exata posição de um tumor, de projétil por arma de fogo, fraturas, etc. Ele também já
vislumbrava o valor desses novos raios para a química, a metalúrgica e outras áreas
de conhecimento da ciência.
Duas semanas após a descoberta dos raios X, em dezembro de 1895, o Dr.
Otto Walkoff, de Braunschweig, na Alemanha, realizou a primeira radiografia
dentária, da sua própria boca, utilizando uma placa fotográfica de vidro, envolta em
papel preto; para isto, submeteu-se a 25 minutos de exposição (ABBOTT, 2000;
FREITAS, 2000).
27
Em 1899, o Dr. Edmund Kells publicou o primeiro artigo na Dental Cosmos
sobre a importância de manter o filme e objeto em ângulo reto. Ele é considerado o
mártir da radiologia odontológica, em virtude de ter realizado inúmeras pesquisas
clínicas, com aplicação dos raios X (HUBAR, 2000). Kells imediatamente iniciou
experimentos com a nova técnica no campo da Odontologia e construiu um
elaborado laboratório em sua casa, onde trabalhava incansavelmente. Em julho de
1986, Kells tornou-se o primeiro clínico no mundo a utilizar um aparelho de raios X
no consultório (MARTINS, 2005).
Kells foi o primeiro americano a realizar uma radiografia dentária e ele não
iniciou seu trabalho radiográfico com pacientes. A primeira pessoa em que ele fez
uma tomada radiográfica foi uma de suas assistentes. Ele veio a ser um vigoroso
proponente do uso dos raios X na prática dentária (JACOBSOHN, 1995). Para
Freitas (2000), o Dr. Kells, provavelmente, foi o primeiro a sugerir o emprego do
filme “bite wing” também chamado de interproximal, mas foi o Dr. Howard quem o
introduziu.
No Brasil, o primeiro aparelho de raios X foi instalado pelo Dr. José Carlos
Ferreira Pires (MARTINS, 2005). A Radiologia Odontológica no Brasil teve como
pioneiro o Prof. Dr. Cyro A. Silva, que implantou a Radiologia no currículo
acadêmico, como disciplina autônoma, no ano de 1932, na faculdade de Farmácia e
Odontologia de São Paulo. No Rio de Janeiro, o Prof. Carlos Newlands, catedrático
de clínica odontológica, da Universidade do Brasil, foi o primeiro autor de um livro de
Radiologia Dentária, destinado aos profissionais odontólogos (FREITAS, 2000).
28
2.5 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES
Apesar do benefício gerado pelo uso das radiações ionizantes, sabe-se que a
interação da radiação com a matéria biológica pode produzir efeitos nocivos. Dentre
todas as fontes de radiações ionizantes criadas pelo homem, as que mais
contribuem para a sua exposição são as utilizadas em radiologia diagnóstica, se
considerarmos que aproximadamente metade da população mundial realiza um
exame radiológico por ano. Portanto, é necessária uma atenção especial para as
exposições médicas. Segundo a ICRP, a exposição médica é a única categoria na
qual é possível a redução na dose média para a população (OLIVEIRA, 2003).
Os efeitos deletérios produzidos pelos raios X são tão antigos quanto a sua
descoberta. A primeira descrição de caráter científico destes efeitos foi feita por
Thomas Alva Edison em 1896, descrevendo os efeitos que a manipulação dos raios
X havia causado em seu colaborador. A preocupação da comunidade científica
aumentava, com relação aos efeitos biológicos dos raios X, e em 1901, Rollins
sugeriu o fechamento do tubo em caixa de chumbo e a irradiação apenas das áreas
de interesse, cobrindo as adjacentes com materiais radiopacos, na tentativa de
proteger tanto o operador quanto o paciente. Apenas em 1906, na França, dois
cientistas, Bergonié e Tribondeau, apresentaram dados científicos sobre os efeitos
somáticos e genéticos dos raios X em diversos grupos celulares e tecidos
(ROSENTHAL 1995).
No início de 1896, Dr. Edmund Kells, um dentista de New Orleans, realizou a
primeira radiografia intra-oral. Ele foi a primeira pessoa a notar os problemas
associados ao uso da radiação X. Reportou que longas exposições causavam uma
moderada irritação na pele similar à queimadura causada pelo sol, embora esta
29
desaparecesse depois de pouco tempo. Os primeiros aparelhos de raios X
necessitavam ser ajustados para cada uso, e para isto, o operador deveria colocar
sua mão entre o tubo de radiação e o filme no ato do exame. Após doze anos
tomando radiografias desta forma, Kells anunciou tumores cancerosos em seus
dedos, chegando a amputá-los (HUBAR, 2000). Nos anos seguintes, outros efeitos
da radiação tornaram-se evidentes, com a alta ocorrência de sarcomas ósseos em
trabalhadores que usavam radio em relógios, câncer de pulmão em mineradores de
urânio, eritema de pele e leucemia em radiologistas, e leucemia e outras doenças
malignas entre os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki (OKUNO, 1998).
Quando a radiação atravessa o corpo humano, quatro tipos de eventos
podem ocorrer: a radiação passa próximo ou através da célula sem produzir dano; a
radiação danifica a célula, mas ela é reparada adequadamente; a radiação mata a
célula ou a torna incapaz de se reproduzir; o núcleo da célula é lesado, sem, no
entanto, provocar morte celular. A célula sobrevive e se reproduz na sua forma
modificada, podendo diagnosticar, anos mais tarde, células malignas nesse local
(OKUNO, 1998).
Efeitos biológicos da radiação ionizante em humanos, devido a processos
físicos e químicos, ocorrem imediatamente após a passagem da radiação através da
matéria viva. Estes processos irão envolver mudanças nas moléculas, células,
tecidos e em todos os níveis do organismo. Para exposições agudas de corpo inteiro
acima de uns poucos grays de radiação de baixa transferência de energia linear, os
danos ocorrem principalmente como resultado de morte celular. Isto pode dar um
avanço nos danos dos órgãos e tecidos, em casos extremos, morte. Estes efeitos,
chamados de precoce ou determinísticos, ocorrem principalmente acima da dose
limite que deve ser excedida antes deles serem manifestados como dano clínico,
30
embora os danos para células individuais vão ocorrer para doses baixas. Um
segundo tipo de dano, chamado de estocástico, pode ocorrer tardiamente após a
exposição. Este dano consiste, primeiramente, em prejudicar o material nuclear nas
células, causando câncer induzido por radiação para desenvolver em uma proporção
de exposição somática ou doença hereditária em seus descendentes. Embora a
probabilidade de câncer e de doença hereditária aumentar com a dose de radiação,
é geralmente considerado que sua severidade não aumenta com a dose recebida
(UNSCEAR, 2000).
Os efeitos determinísticos são previsíveis, dependem da dose administrada e
podem produzir dano celular de acordo com a dose recebida, por exemplo,
alterações digestivas, anemia, queda de cabelo, esterilidade, radiodermites,
cataratas, etc. (MONDACA, 2006). Nenhum caso de morte, acompanhado por
exposição aos raios X diagnósticos, tem sido relatado, embora alguns pioneiros
morreram por efeitos tardios da exposição aos raios X. Em cada um destes casos,
entretanto, a dose de radiação total foi extremamente alta para os padrões dos dias
de hoje (BUSHONG, 2004).
Os efeitos estocásticos são imprevisíveis. Estes são probabilísticos,
independentes da dose; desta forma, se só um fóton de raios X impacta em um
ponto de uma célula especialmente sensível, poderia ser capaz de provocar lesões
como malformações hereditárias ou gerar o desenvolvimento de um câncer (ICRP,
2006).
A morte de uma ou de um pequeno número de células irá, na maioria dos
casos, não ter conseqüências nos tecidos, mas modificações em uma única célula
como mudanças genéticas ou transformações que levem à malignidade, podem ter
31
sérias conseqüências. Estes efeitos que resultam em uma única célula são
denominados estocásticos (ICRP, 2006).
Felizmente, a possibilidade de que se produzam efeitos estocásticos é
baixíssima, porém ela existe e aumenta com as sucessivas exposições aos raios X,
já que as doses são acumulativas durante a vida. Portanto, por menor que seja a
dose, não há radiação sem risco. Em respeito, cabe salientar que uma pequena
parte das mutações genéticas e das neoplasias malignas pode ser atribuída à
radiação natural de fundo (MONDACA, 2006).
Uma vez que uma malignidade tenha sido induzida, a doença irá seguir seu
curso natural até que seja manifestada clinicamente, e isto pode ocorrer muitos anos
depois. Por exemplo, uma leucemia induzida por radiação leva uma média de 12
anos para se manifestar e um tumor sólido pode levar mais do que 20 anos. Desta
forma, é difícil, senão impossível, mostrar a direta “causa e efeito” de uma particular
exposição à radiação para um particular câncer devido a este período de latência ao
início dos sintomas e à alta possibilidade que numerosas radiografias tenham sido
tomadas por motivos médicos ou dentários durante a vida do paciente (ABBOTT,
2000).
É assumido que qualquer dose é capaz de causar um efeito, sem um limite de
dose. Como conseqüência não é possível prevenir sua ocorrência e os limites de
exposição são estabelecidos para limitar sua ocorrência e também para prevenir
níveis inaceitáveis de risco (ICRP, 2006).
Os efeitos biológicos ainda são classificados como somáticos e genéticos. Os
efeitos somáticos concernem ao indivíduo que está sendo irradiado e eles podem
ser efeitos agudos ou crônicos. Por outro lado, os efeitos genéticos poderiam
32
indesejavelmente influenciar a progênie da pessoa que está sendo irradiada
(ABBOTT, 2000).
Para uma população global, o risco de câncer aumenta em 10% quando se
recebe uma dose única de 01 Sv. Se isto acontece ao adulto de idade média, o risco
chega a 1%. Ao contrário, quando ocorre em idades inferiores aos 10 anos aumenta
para 15%. A revisão de uma série de casos de 5.000 crianças com repetidos
estudos radiológicos por escoliose, mostram uma incidência de câncer de mama
similar a das doses equivalentes em sobreviventes japoneses da bomba atômica.
Está determinado que a qualquer dose associada a um evento específico como um
estudo radiológico, sem repetição em tempo futuro, acumula o dano associado e
aumenta a probabilidade de aparição de câncer (MONDACA, 2006).
A radiação tem um papel importante na incidência de leucemias em crianças.
Estudos efetuados em mães que receberam doses de 50 mSv sobre o feto, por
procedimentos diagnósticos, durante o segundo e terceiro trimestres de gravidez,
demonstraram que podiam duplicar-se o risco de leucemias nestas crianças, até os
10 anos. Assim, a radiação materna deve ser bem argumentada e justificada
(MONDACA, 2006).
O período da gravidez mais sensível aos danos no feto por irradiação é entre
2 a 15 semanas depois da fecundação. Experimentos em animais sugerem que uma
dose entre 50 a 100 mGy pode ser fatal para o embrião. Observações nos filhos de
mulheres sobreviventes ao bombardeio de Hiroshima e Nagasaki demonstram que a
malformação mais freqüente é a microcefalia. Na última metade do período
embrionário, desde 8 a 15 semanas, existe o risco de déficit mental para doses ao
feto em cerca de 100 mGy (VERGARA, 2005).
33
No período fetal, poderão ocorrer alterações sobre o sistema nervoso central,
pois ele é susceptível durante todo o período gestacional. Na espécie humana, o
neuroblasto ainda é encontrado no cérebro até os dois anos após o nascimento,
sendo extremamente sensível às radiações. Baseado em algumas observações, os
exames roentgenográficos, em mulheres férteis, só devem ser realizados até o
décimo dia da menstruação (regra dos dez dias). Durante todo o período de
gestação, o feto não deve acumular a dose de 01 Rem (FREITAS, 2000).
2.6 REQUISITOS DE PROTEÇÃO RELACIONADOS COM O
EQUIPAMENTO DE RAIOS X ODONTOLÓGICO
Os danos devido à exposição sistemática à radiação ionizante em doses
baixas não são totalmente conhecidos. Uma vez que não temos modelos precisos
para analisar este risco, a posição mais prudente é procurarmos manter os níveis de
exposição os mais baixos possivelmente exeqüíveis. Este princípio é conhecido
como ALARA (VERGARA, 2005).
A Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), criada em 1928,
vem estabelecendo, periodicamente, os limites de doses para a população em geral
e a pessoa exposta. As sucessivas propostas recomendam uma progressiva
diminuição das doses máximas permissíveis. Em 1965, esta comissão introduziu o
conceito ALARA do inglês “as low as reasonably achievable” ou “utilizar uma dose
tão baixa como, razoavelmente, possível”. O limite da dose efetiva para o público em
geral é de 1 mSv/ano e das pessoas ocupacionalmente expostas, de 100 mSv/ano
durante um período consecutivo de cinco anos, sujeito a uma dose efetiva máxima
de 50 mSv em qualquer ano oficial. Trabalhar este conceito sem deixar de lado os
34
indubitáveis aportes ao diagnóstico da radiologia, é primar o sentido comum que
limita sua indicação, evitando, sobre tudo, aqueles exames que não vão aportar
dados decisivos para o manejo clínico do paciente (MONDACA, 2006).
Para assegurar o uso ideal dos equipamentos de raios X a NCRP 1970
recomenda as seguintes práticas:
• Testes de radiação de fuga, nos quais são removidos os localizadores e
bloqueada a passagem dos raios X com metal como o chumbo, estando a
tensão do tubo em sua máxima voltagem e corrente. Para tanto, só é
permitido no máximo exposição de 100 mR/h a uma distância de 01 metro
para equipamentos odontológicos.
• Limitação do tamanho de campo irradiado, em que é verificado se o
diafragma e o localizador estão mantendo o feixe de raios X em áreas tão
pequenas possíveis.
• Minimização da radiação espalhada, que pode ser efetuada usando
localizadores com saída aberta, e não fechada; colocando filtros tão perto da
janela do tubo quanto possível para assegurar que o feixe útil não colida com
as paredes do localizador (o filtro e o localizador atuam com fontes de
radiação espalhada).
• Filtração, que quando usada apropriadamente, os filtros absorvem a baixa
energia desnecessária do feixe dos raios X que não contribuem para a
qualidade do filme. De acordo com a tensão do tubo, placas de alumínio
testam os feixes de radiação.
• Alguns procedimentos operacionais, durante o ato do exame radiológico nas
práticas dentais, devem ser considerados: somente as pessoas que vão se
submeter ao exame devem permanecer na sala; as exposições devem ser
35
feitas somente em resposta ao diagnóstico necessário como prescrito por um
dentista autorizado; os profissionais, os assistentes, ou os acompanhantes
nunca devem segurar o filme durante a exposição; se disponível, os
profissionais devem permanecer atrás de uma barreira protetora durante as
exposições (se esta não existe, eles devem permanecer o distante possível
do paciente e do feixe útil, vestidos com avental de chumbo); o cabeçote e o
localizador do equipamento nunca devem ser segurados durante o ato do
exame; sempre manter a exposição ALARA nos pacientes e a proteção das
gônadas; vestimentas plumbíferas devem ser usadas sempre que possível
(MICHEL, 1999).
No início da década de 90, o governo federal começou a definir algumas
estratégias para enfrentar os problemas com relação às instalações físicas dos
equipamentos odonto-médico-hospitalares. Em 1991, o Ministério da Saúde
estabeleceu o PROEQUIPO – Programa de Equipamentos Odonto-Médico-
Hospitalares, que visava assegurar o compromisso de prover serviços e ações de
saúde de forma adequada e de caráter progressivo. De maneira genérica, o
Ministério da Saúde está preocupado com a qualidade dos serviços prestados à
população, exigindo cuidados com o funcionamento dos equipamentos e com os
procedimentos radiológicos (BARBOSA, 2000).
A Portaria 453 do Ministério da Saúde, de 01 de junho de 1998, veio de forma
mais específica preocupar-se com a utilização de radiações ionizantes na medicina e
na odontologia. Este documento estabelece requisitos específicos para a radiologia
odontológica no que se refere ao equipamento de raios X odontológico, aos
ambientes e aos procedimentos de trabalho:
36
A. Equipamentos:
• tensão do tubo preferencialmente maior que 60 kVp;
• aparelhos e raios X com 70 kVp devem possuir filtração total não
inferior a 1,5 mm de alumínio ou equivalente;
• blindagem adequada do cabeçote;
• colimação com diâmetro de campo de radiação de 6 cm na
extremidade do localizador, que deve ter tamanho mínimo de 20 cm;
• possuir localizador de extremidade de saída aberta para posicionar o
feixe e limitar a distância foco-pele, sendo construído de modo que o feixe
primário não interaja com a extremidade de saída do localizador;
• sistema de controle de exposição do tipo eletrônico, com garantia de
que não sejam emitidos raios x quando o indicador de tempo estiver na
posição “zero” e o disparador for acionado;
• o botão disparador deve permitir que o operador possa ficar a uma
distância de, pelo menos, 2 m do tubo e do paciente durante a exposição;
• o cabeçote deve permanecer estável durante a exposição.
B. Ambientes:
O equipamento de radiografia intrabucal deve ser instalado em salas com
dimensões suficientes para permitir que o profissional possa se afastar mais de 2
metros do cabeçote e do paciente. Elas devem ser sinalizadas nas portas de acesso
com o símbolo internacional das radiações ionizantes, com a inscrição indicando que
é área restrita e proibindo a entrada de pessoas não autorizadas. A sala deve
possuir, em lugar visível, um quadro contendo orientações de proteção radiológica
para o paciente quanto ao uso de aventais plumbíferos e a permanência de
37
acompanhantes na sala durante o exame. O processamento dos filmes deve ser
feito em local apropriado e são permitidas caixas de processamento portáteis desde
que, fabricadas com material opaco à luz; ter disponível um cronômetro, um
termômetro de imersão e uma tabela de temperatura/tempo, para garantir a
qualidade da imagem.
C. Procedimentos de trabalho:
Os exames radiográficos devem ser realizados quando, após exame clínico e
da cuidadosa avaliação das necessidades de saúde geral e dentária do paciente,
sejam julgados necessários. Deve ser averiguada a existência de exames
radiográficos anteriores que tornem desnecessários um novo exame;
• o tempo de exposição deve ser o menor possível, compatível com a
obtenção de imagem de qualidade;
• as radiografias devem ser executadas, preferencialmente, com a
técnica do paralelismo, localizador longo, dispositivos posicionadores e de
mantenedores para o filme radiográfico, e com menor distância possível entre
a pele e a extremidade do localizador;
• proibido o uso de sistema de acionamento de disparo com retardo;
• as vestimentas plumbíferas devem ser acondicionadas em suporte
apropriado para preservar a sua integridade.
Para a verificação de cumprimento dos requisitos acima descritos é necessário um
controle de qualidade, que é previsto no programa e garantia de qualidade, e que
inclui testes de constância.
38
2.7 GARANTIA DE QUALIDADE EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA
Controle de Qualidade é internacionalmente definido como uma série de
procedimentos para assegurar a produção de radiografias de alta qualidade com o
mínimo de exposição de radiação para o paciente e para os operadores. Protocolos
de controle de qualidade devem incluir controle periódico dos filmes, das soluções
do processamento, adequação da câmara escura, e da geração dos raios X (GEIST,
2002).
Um programa de Controle de Qualidade pode ser definido como um esforço
organizado com o objetivo de assegurar que o produto seja de qualidade
consistentemente alta. É necessário assegurar a obtenção de imagens radiológicas
de boa qualidade diagnóstica com o menor risco radiológico para o paciente, e a
manutenção de um espaço seguro para os profissionais (OLIVEIRA, 1994).
Qualidade de imagem e exposição do paciente são dois importantes aspectos
da radiografia. Radiografias com qualidade inferior podem afetar o diagnóstico e
posteriormente o tratamento. Muitos estudos de controle de qualidade em radiologia
dental revelaram pobres qualidades de imagem por uso indevido da técnica ou
inadequadas condições de processamento. De acordo com as “Diretrizes dos
Pacientes” da Comunidade Européia, dentistas devem ser treinados em seu próprio
uso do equipamento radiológico, das técnicas de processamento dos filmes e nas
medidas de proteção radiológica durante o diagnóstico radiológico dental.
Recomendações similares também têm sido publicadas nos Estados Unidos pela
American Academy of Oral and Maxillofacial Radiology (Academia Americana de
Radiologia Oral e Maxilofacial). A lei requer controles de qualidade regular de todos
os equipamentos radiográficos (YAKOUMAKIS, 2001).
39
O uso dos raios X é de absoluta necessidade na prática diária de uma
odontologia moderna de alto nível. No entanto, existem especialidades
odontológicas como a Endodontia e a Cirurgia Buco-maxilo-facial que, por força de
sua execução, requerem a obtenção de radiografias com maior brevidade. Em vista
disso, muitos profissionais são levados a recorrer à superexposição dos filmes,
buscando reduzir o tempo de processamento para aquisição das radiografias, o que
leva a um aumento dos efeitos biológicos danosos ao paciente, bem como ao
prejuízo da qualidade da imagem radiográfica (PONTUAL, 2002).
A radiografia dentária é um dos mais freqüentes tipos de procedimentos
radiológicos, embora as exposições aos pacientes sejam baixas. As técnicas mais
comuns envolvem filmes intra-orais que provêem uma imagem dos dentes
superiores e inferiores juntos (radiografia bitewing) ou que demonstram toda a
estrutura dentária, incluindo coroa e raiz (radiografia periapical). Não obstante, os
baixos níveis relativos à exposição individual, a dose do paciente pode ser
influenciada pelo equipamento e técnicas usadas na radiografia dentária
(UNSCEAR, 2000).
Na Austrália, preocupado com a segurança durante a tomada de radiografias
dentárias, Abbott (2000) fez um estudo mostrando os problemas relacionados ao uso
dos raios X e seus efeitos, bem como os danos causados aos tecidos irradiados.
Comparou doses de radiações e através de métodos expressou o risco das
mesmas. Alertou quanto à importância da proteção radiológica e das técnicas de
redução dos riscos dos raios X.
O controle de qualidade e as doses utilizadas em radiografias intra-orais
também foram objeto de estudo em Atenas por Yakoumakis (2001), onde ele
relacionou dose de exposição com o tempo utilizado em 108 consultórios
40
odontológicos. Os resultados indicaram uma grande variedade de tempos de
exposição utilizados pelos cirurgiões dentistas, um processamento inadequado de
filmes na maioria das práticas resultou em pobres qualidades de imagem e aumento
da dose no paciente.
A baixa qualidade das imagens já foi apontada pela Organização Mundial de
Saúde como responsável pela redução na certeza do diagnóstico e no aumento dos
custos, desacreditando, junto ao grande público, a radiografia como instrumento
eficaz de diagnóstico (YACOVENC0, 2001).
Geist (2002) realizou um estudo entre algumas faculdades de odontologia nos
Estados Unidos e Canadá, com aplicação de questionário, sobre o uso de técnicas
avançadas que permitem uma significante redução nas doses de radiação durante
os exames radiográficos intrabucais. Os resultados revelaram que o uso de filmes de
velocidade E e F permitem significantes reduções de exposição comparadas com o
filme do grupo D. O colimador retangular do feixe de raios X, bem como o protetor de
tireóide diminuem a quantidade de tecido exposto, conseqüentemente abaixando a
dose absorvida para o paciente.
O uso da radiologia dental na Nigéria, como em muitos outros países, tem
aumentado rapidamente por muitos anos. Existe a necessidade de monitorar a
qualidade das práticas dentárias na Nigéria, como em muitos outros países, para
comparações com o que é obtido em outros lugares. Diante desta afirmação,
Ogundare et al. (2002) fizeram o primeiro controle de qualidade em duas unidades
com raios X odontológicos na Nigéria e chegaram à conclusão de que as doses altas
recebidas pelos pacientes em radiografia dental são devido à falta de treino de
alguns operadores, e que a maioria dos que foram treinados, pode não estar ciente
do desenvolvimento de modernas técnicas em odontologia.
41
O número de aparelhos de raios X usados em odontologia é de modo
extremamente largo. Em 1993, na França, mais do que 35.000 aparelhos foram
estimados estarem instalados. A exposição ocupacional em odontologia é de
radiação espalhada vinda do paciente e de escape do cabeçote do tubo, embora
esta última devesse ser insignificante com os modernos equipamentos. A tendência
geral dos últimos trinta ou mais anos tem sido um aumento dramático do número de
pessoas envolvidas com a radiologia dental, mas um decréscimo firme em coletar
dose. A maioria dos profissionais não recebe uma medida qualificada de dose, e
realmente algumas autoridades reguladoras não requerem rotina individual de
monitoramento exceto onde a carga de trabalho é alta (UNSCEAR, 2000).
No Brasil, alguns estudos têm mostrado preocupação na área de
radiodiagnóstico em odontologia. Um estudo realizado em 5.000 consultórios
odontológicos do Estado de São Paulo, entre os anos de 1998 e 2000
(YACOVENCO, 2001), analisou os problemas mais freqüentes da radiografia na
prática odontológica e a partir disso, foram obtidos os seguintes resultados:
aparelhos com doses inadequadas para a produção de uma boa imagem; aparelhos
com variações na tensão pico do feixe de raios X superiores ao limite máximo
estabelecido em normas; e cirurgiões-dentistas utilizando tempos de exposição
superiores aos recomendados para o exame periapical, não deixando dúvidas em
relação à necessidade de atualização do profissional quanto ao emprego de suas
ferramentas de trabalho.
Em sua tese de mestrado, Gurjão (2001) teve como objetivo avaliar o nível de
adequação dos aparelhos de radiologia odontológica para técnicas intrabucais na
cidade de Salvador-Ba. Os resultados mostraram que mais da metade dos aparelhos
42
estudados estavam inadequados de acordo com os critérios de avaliação
estabelecidos.
A Portaria 453/98 do Ministério da Saúde define, de acordo com o programa
de garantia de qualidade, um conjunto mínimo de testes de constância com
freqüência mínima de dois anos para o controle de qualidade dos serviços que
utilizam equipamentos radiológicos em odontologia: Camada semi-redutora; Tensão
de pico; Tamanho de campo; Reprodutibilidade do tempo de exposição ou
reprodutibilidade da taxa de kerma no ar; Linearidade da taxa de kerma no ar com o
tempo de exposição; Dose de entrada na pele do paciente; Padrão de imagem
radiográfica; Integridade das vestimentas de proteção individual.
2.8 LEGISLAÇÃO PARA RADIODIAGNÓSTICO EM ODONTOLOGIA
Exames diagnósticos com raios X têm sido usados na medicina por mais de
um século, embora com aumento de sofisticação. Durante os últimos vinte anos em
particular, as imagens têm experimentado uma revolução tecnológica, e agora
permitido uma melhora em anatomia, fisiologia e metabolismo. Os avanços contidos
na qualidade de imagem das radiografias e na proteção do paciente têm mantido os
exames de raios X diagnósticos nos cuidados da saúde, embora modalidades
alternativas de diagnóstico estejam se tornando mais viáveis, tais como ultra-som,
endoscopia, e, particularmente em países desenvolvidos, ressonância magnética.
Todavia, como os exames que utilizam radiação ionizante permanecem como os de
uso mais freqüente na medicina, eles são as fontes mais significantes de exposição
médica para a população mundial. Uma extensão muito larga de equipamentos e
43
técnicas é empregada para satisfazer a diversidade de objetivos clínicos
diagnósticos (UNSCEAR, 2000).
Com a expansão do uso da radiação ionizante na área de radiodiagnóstico foi
necessário estabelecer políticas internacionais e nacionais de radioproteção.
Em 1928, foi criado o Comitê Internacional de Raios X e Radioproteção, por
recomendação do Segundo Congresso Internacional de Radiologia. Em 1950, esse
comitê transformou-se na atual ICRP. Embora ligada ainda à Sociedade
Internacional de Radiologia, a Comissão ampliou suas atividades para todas as
aplicações das radiações ionizantes (ICRP, 1990).
As recomendações da Comissão têm ajudado a prover uma base consistente
para padrões regulamentares regionais e nacionais. A ICRP estabeleceu que
nenhuma prática envolvendo exposição à radiação devesse ser adotada a menos
que produza benefícios suficientes para compensar os seus detrimentos. Além
disso, estabelece que as práticas com as radiações ionizantes devam ser otimizadas
de modo que as doses recebidas sejam tão baixas quanto razoavelmente possível
(Princípio ALARA). Portanto, as exposições médicas de pacientes devem ser
otimizadas de modo que o paciente receba a menor dose necessária para a
obtenção do diagnóstico.
Há mais de cinqüenta anos, foi proposto à Assembléia Geral das nações
Unidas que estabelecesse um Comitê para coletar e avaliar informações nos níveis e
efeitos da radiação ionizante. Subseqüentemente, em 03 de dezembro de 1955, a
Assembléia Geral aprovou o Comitê Científico das Nações Unidas em Efeitos da
Radiação Atômica, the United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic
Radiation (UNSCEAR, 2000). Governos e organizações de toda parte do mundo
44
confiam nas estimativas do Comitê como as bases científicas para a avaliação dos
riscos das radiações e para estabelecer medidas de proteção (UNSCEAR, 2000).
Durante os anos que passaram desde a criação do UNSCEAR, este veio a
ser uma autoridade internacional oficial em níveis e efeitos da radiação ionizante
relativo à paz. No primeiro relatório de 1955, do UNSCEAR, foi lembrado que as
exposições médicas diagnósticas e terapêuticas eram os maiores componentes da
exposição global à radiação, um fato que ainda é verdade nos dias de hoje. O
Comitê tem sistematicamente revisado e avaliado níveis globais e regionais e as
tendências de exposições médicas, bem como exposições ao público e aos
trabalhadores. Estas revisões têm imediato significado em reduzir, em todo o mundo,
as exposições desnecessárias à radiação, e continuar a influenciar os programas
internacionais como o International Atomic Energy Agency (IAEA), International
Labour Organization (ILO), World Health Organization (WHO) and ICRP (UNSCEAR,
2000).
Problemas na área radiológica vêm sendo apontados desde a década de 70
pela Organização Panamericana da Saúde e, desde a década de 90, pela CNEN
(YACOVENCO, 2004). A CNEN, através da norma CNEN-NE-3.01, estabelece
diretrizes básicas de radioproteção e tem o objetivo de impedir o aparecimento de
efeitos biológicos determinísticos e limitar a probabilidade de efeitos estocásticos
durante a vida profissional do indivíduo.
Considerando a crescente demanda na utilização das radiações ionizantes no
Brasil, e preocupado com o funcionamento dos equipamentos e com os
procedimentos radiológicos, os riscos inerentes ao seu uso e a necessidade de se
estabelecer uma política de proteção radiológica na área de radiodiagnóstico, o MS
publicou a Portaria 453, em 1º de junho de 1988. Esta Portaria estabeleceu como
45
ponto fundamental a exigência de implementação de um programa de Garantia de
Qualidade para que o prestador de serviço de radiodiagnóstico demonstre à
sociedade o seu compromisso com a qualidade e segurança. A implementação dos
princípios e requisitos de segurança e proteção radiológica requer profissionais
capacitados, chamados especialistas em física de radiodiagnóstico.
Segundo Yacovenco (2002), o objetivo principal da Portaria não está sendo
atendido. Atualmente, são realizados testes nos equipamentos de raios X, efetuados
levantamentos radiométricos das instalações e a verificação da blindagem do
cabeçote. Ele relata a falta de se executar os procedimentos de trabalho, aplicar
técnicas de exposições corretas, de estabelecer procedimentos controlados de
processamento, que inclui um estudo individualizado para elaboração da tabela de
exposição de acordo com o rendimento do equipamento.
A Portaria estabelece que a inobservância do Regulamento constitui infração
de natureza sanitária, sujeitando o infrator ao processo e penalidades previstas na
legislação vigente. Está sujeito ainda à responsabilidade civil e penal como está no
Artigo 132 do Código Penal: “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
eminente”.
2.9 POLUIÇÃO POR METAIS EM ODONTOLOGIA: MERCÚRIO E
PRATA
Os metais pesados podem apresentar-se em três formas: metálica, podendo
interagir com o organismo por meio da inalação de fumos metálicos, quando
aquecidos a altas temperaturas; oxidados, constituindo sais e óxidos metálicos que
quando manuseados industrialmente geram grande quantidade de poeira no
46
ambiente que pode ser absorvida pelos tratos digestivo e respiratório, e
organometálicos, quando participam de ligações co-valentes com compostos
orgânicos e são geralmente voláteis e lipossolúveis, podendo ser absorvidos pelas
vias cutânea, respiratória e digestiva. O metilmercúrio, que faz parte deste último
grupo, tem grande importância em Toxologia Ambiental (HIRATA, 2002).
A distribuição das diversas espécies de mercúrio que entram no sistema
aquático é regulada por processos físicos, químicos e biológicos, os quais ocorrem
nas interfaces ar/água e água/sedimento. A conversão entre estas diferentes formas
é a base do complexo padrão de distribuição do mercúrio em ciclos locais e globais
e de seu enriquecimento biológico. Sejam quais forem os processos que regulam
estes ciclos, o mercúrio que aporta nos diferentes compartimentos ambientais pode
apresentar-se como inorgânico e/ou orgânico. Todavia, a toxicidade do mercúrio
varia nos seus diferentes compostos. A forma orgânica é extremamente tóxica, não
apenas para o ser humano, mas para toda a biota. Devido ao radical orgânico, esta
espécie pode entrar rapidamente na corrente sanguínea, causando danos
irreparáveis ao sistema nervoso central. Em acidentes por intoxicação, constatou-se
que a vida intra-uterina é mais suscetível aos danos cerebrais causados pelo
metilmercúrio, uma vez que este parece interferir nos processos de divisão celular.
Em casos de exposição severa do feto, houve relatos de problemas neurológicos
graves e inclusive má formação cefálica (MICARONI, 2000).
De acordo com estudos realizados na Alemanha por Drummond et al.. (2003),
aproximadamente 46% do amálgama triturado é inserido como uma nova
restauração de amálgama, e o resto são resíduos. O excesso da mistura com a
saliva do paciente é lançado na unidade de água adjacente e tem a rede de esgoto
como destino. A sobra que fica na bancada, no rolo de algodão, cápsulas
47
trituradoras, dentes extraídos ou perdidos com amálgama são descartados no lixo e,
assim, lançados no meio ambiente. Nos Estados Unidos, no ano de 1990,
estimaram-se terem sido realizadas cento e cinqüenta milhões de restaurações de
amálgama.
O amálgama é um material restaurador efetivo que oferece muitas vantagens
sobre outros materiais restauradores, inclusive: ampla aplicação, fácil manipulação,
razoável aceitação clínica e baixo custo relativo. No entanto, a liberação de vapor de
mercúrio, durante procedimentos clínicos como a inserção, condensação e remoção
de restaurações, pode comprometer a saúde do profissional e do paciente.
(VILARINHO, 1999).
Nos consultórios odontológicos também é muito utilizado o serviço de
radiologia para diagnosticar pacientes. Neste, utiliza-se emissões de raios X para se
obter chapas radiográficas, as quais são reveladas em câmara escura. O processo
de revelação das radiografias envolve quatro etapas: Revelação, Fixação, Enxágüe
e Secagem.
A etapa de revelação torna visível a prata sensibilizada pelos raios X, e logo
após, a etapa de fixação remove a prata não sensibilizada. A etapa de enxágüe é
necessária para a retirada de excessos de revelador e fixador, pois estes podem
prejudicar a qualidade da radiografia. Efluentes típicos de processos de revelação de
raios X são caracterizados por elevados valores de DQO em torno de 200 g/l. Estes
efluentes não contêm somente os componentes iniciais do revelador fotográfico, mas
também uma variedade de substâncias resultantes de reações químicas dos
agentes reveladores com a prata, oxigênio e outros componentes presentes. Os
efluentes gerados no processo de revelação de radiografias contêm prata, a qual
48
pode ser recuperada, uma vez que este metal é um elemento com risco de escassez
e possui elevado valor de mercado (BORTOLETTO, 2005).
A solução de fixador contém thiosulfato, sulfito de sódio e isotiazolonas, que
são grandes consumidores de oxigênio, sendo o thiosulfato o mais nocivo, tendo em
vista suas propriedades e sua alta concentração. Ele é o responsável tanto pela alta
DQO, da ordem de 55 g O2/l, aproximadamente 280 vezes o limite estabelecido na
legislação, quanto como complexante para diversos metais pesados, favorecendo a
dissolução de compostos metálicos, mantendo-os em solução, como prata, cobre,
zinco-cádmio e mercúrio, por exemplo. A solução de revelador usada contém
compostos aromáticos fenólicos (hidroquinona/quinona), sais de aminoácidos e pH
alto, fora do intervalo permitido (de 5 a 9). A sua DQO é alta, cerca de 3.800 mg
O2/l, cerca de 20 vezes o limite máximo que a legislação permite para o descarte. A
água resultante da lavagem também constitui um componente do efluente que
contém todos os compostos do revelador, do fixador e de seus produtos de reação,
o que também a torna carente de tratamento antes de ser lançada na rede de
esgotos (FERNANDES, 2005).
A resolução RDC nº.306 da ANVISA (2004) dispõe sobre o regulamento
técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, incluindo os
efluentes líquidos provenientes do processo de revelação de filmes usados em raios
X. Assim, geradores destes resíduos devem atender a esta resolução, e de alguma
forma, tentar minimizar ao máximo o impacto ambiental causado por estes efluentes.
Apesar de ser clara a legislação quanto à conseqüência da infração, os
efluentes e os resíduos gerados pelos serviços de diagnóstico por imagem seguem
em geral os seguintes caminhos: algumas instituições lançam tanto os efluentes
(soluções de fixador, de revelador e de água de lavagem) quanto os resíduos (filmes
49
radiográficos) no meio ambiente, sem nenhum tratamento adequado. Em face da
dificuldade atual em alterar o processo de revelação de filmes radiográficos por meio
de novos produtos, processos ou técnicas menos poluentes, a opção restante para
sua otimização ambiental consiste em interferir em seu final através de uma estação
de tratamento dos efluentes. Embora poluente, se tratado apropriadamente, o
fixador poderá se tornar um insumo que gera receita e economia ao serviço, por ser
reutilizado (FERNANDES, 2005).
Centenas de radiografias são realizadas diariamente nos consultórios
dentários, e não há um controle da quantidade da prata contida nos filmes e na
solução fixadora que são, sem precedentes, lançados no lixo e na rede sanitária,
respectivamente. Os filmes que vão para o lixo comum, na maioria das vezes, são
os rejeitos, ou seja, aqueles que são repetidos ou que são considerados velhos sem
motivo útil. O que preocupa são as reações que ocorrem no meio ambiente, pois os
íons de prata livres atuam como enzimas inibidoras, interferindo nos processos
metabólicos dos organismos (THUNTHY,1990).
2.10 POLUIÇÃO POR SOLVENTES ORGÂNICOS EM
ODONTOLOGIA
Solventes orgânicos são substâncias líquidas, orgânicas, voláteis,
pertencentes a diversos grupos químicos. Possuem funções orgânicas como
cetonas, ésteres, álcoois, éteres, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, derivados
halogenados, compostos nitroaminos, glicóis, entre outras (HIRATA, 2002).
A principal via de absorção é a respiratória, entretanto os solventes orgânicos
também podem ser absorvidos pela pele. Pela via pulmonar atingem o alvéolo,
50
atravessam a barreira alvéolo-capilar por difusão simples e atingem o sangue, onde
são transportados a todos os tecidos. Conforme o coeficiente de partição do
solvente haverá maior ou menor afinidade por determinados tecidos. Em geral,
quanto mais hidrofóbico o solvente, maior a tendência em se depositar no tecido
adiposo e sistema nervoso central. São biotransformados principalmente no fígado,
mas também há ação bioquímica pulmonar e renal, além de outros tecidos. Podem
ser eliminados sem modificação ou biotransformados pelos rins ou pela via
respiratória (HIRATA, 2002).
A desinfecção é definida como um processo físico ou químico que elimina a
maioria dos microorganismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies, com
exceção de esporos bacterianos. Existem diversos produtos para desinfecção que
devem possuir registro junto ao Ministério da Saúde e necessitam ser avaliados com
relação ao custo – benefício, à eficácia e ao artigo a ser processado (MASTROENI,
2004).
A legislação brasileira prevê as soluções anti-sépticas adequadas para uso
domiciliar e em áreas de saúde. Assim, também sugere as características mínimas
necessárias para um anti-séptico, quais sejam: atividade germicida sobre a flora
cutânea, sem causar irritações à pele ou mucosa; não provocar reações alérgicas ou
queimaduras; possuir baixo teor de toxicidade (MASTROENI, 2004).
Segundo Mastroeni (2004), a escolha do desinfetante deve levar em
consideração aspectos como: espectro de atividade desejada, ação rápida e
irreversível, toxicidade, estabilidade e natureza do material a ser tratado.
Dentre os desinfetantes mais utilizados por características peculiares
apresentadas estão:
51
A. Álcoois
Os álcoois mais empregados em desinfecção são o etanol e o isopropanol,
sendo o primeiro o mais utilizado no Brasil, em função da disponibilidade e do baixo
custo. São indicados para desinfecção de baixo nível e de nível intermediário.
Mecanismo de ação dos álcoois ainda não foi totalmente elucidado, sendo a
desnaturação de proteínas a explicação mais plausível. Os álcoois não possuem
ação residual. São inflamáveis, requerendo, portanto, cuidados especiais na
manipulação e estocagem. Por evaporarem rapidamente, sua ação torna-se limitada,
recomendando-se a imersão do item em questão (MASTROENI, 2004).
B. Formaldeído
Gás encontrado disponível na forma líquida em solução a 37-40%, contendo
metanol para retardar a polimerização (formalina); e na forma sólida, polimerizado
em paraformaldeído. Destrói os microorganismos através da alquilação dos
grupamentos amino e sulfidrilas de proteínas e dos anéis de nitrogênio das bases
purinas. O seu uso em Estabelecimentos de Saúde é limitado pelos vapores
irritantes, odor desagradável e comprovado potencial carcinogênico. O limite de
exposição permitido é 1ppm, durante 30 minutos (SECRETARIA DE SAÚDE RJ,
2006).
O formaldeído é utilizado principalmente para descontaminação, através de
fumigação de ambientes fechados (cabines de segurança, salas diversas, salas de
envase em indústria de medicamentos estéreis, biotérios, hospitais). Em função da
sua toxicidade e caráter irritante, não é recomendado para desinfecção rotineira de
superfícies, equipamentos e vidraria, podendo ser utilizado em situações especiais
(MASTROENI, 2004).
52
C. Glutaraldeído
Trata-se de um dialdeído que pode se apresentar pronto para o uso. Em pH
ácido, necessita ativação pelo bicarbonato de sódio, para exibir atividade
esterilizante. O glutaraldeído ativado sofre polimerização em pH alcalino, inativando-
se após 14 dias, quando seu pH for 8.5, ou após 28 dias, em pH 7.5. É esterilizante
(8 a 10 h) e desinfetante de alto nível (30 min). É indicado para a esterilização de
artigos críticos e semi-críticos termossensíveis; desinfecção de alto nível e
descontaminação (BIANCHI, 2003).
D. Compostos Liberadores de Cloro Ativo
Desinfetante de baixo a alto nível, dependendo da concentração, valor de pH
da solução e do tempo de exposição, os compostos liberadores de cloro são ativos
sobre bactérias gram-positivas e negativas, incluindo micobactérias, assim também
contra esporos bacterianos, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos. Quanto maior a
concentração e/ou o tempo maior o espectro de ação, podendo ser utilizado como
desinfetante de baixo e alto nível. Os desinfetantes à base de cloro reagem
rapidamente com matéria orgânica, incluindo sangue, fezes e tecidos. Sua atividade
é reduzida, sendo o grau de inativação proporcional à quantidade de material
presente. Portanto, a concentração de cloro disponível no processo de desinfecção
deve ser alta o suficiente para satisfazer a demanda do cloro (cloro consumido pela
carga orgânica presente) e fornecer cloro residual suficiente para destruir os
microorganismos (MASTROENI, 2004).
53
E. Compostos Quaternários de Amônio
São substâncias detergentes catiônicas com propriedade germicida, sendo
derivados orgânicos da amônia, contendo um hidrogênio pentavalente em sua
fórmula ligado a quatro radicais orgânicos com 8 a 18 átomos de carbono. Quatro
dos substituintes são radicais alquila ou arila e o quinto um haleto (cloreto), sulfato
ou similar. Cada composto possui características antimicrobianas próprias que
dependem da distribuição e do tamanho das cadeias dos radicais. Alguns
compostos freqüentemente utilizados são: cloretos de alquildimetilbenzilamônio
(cloreto de benzalcônio) e cloretos de dialquildimetilamônio (MASTROENI, 2004).
F. Iodóforos
Os iodóforos são muito usados no pré-operatório, tanto intra como extra-
bucalmente, na prevenção de infecções. São eficientes anti-sépticos para as mãos,
reduzindo em muito a contagem bacteriana e deixando um efeito residual que
continuará agindo embaixo da luva durante o ato operatório. Dez minutos é o tempo
mais comumente recomendado para a ação dos iodóforos como desinfetantes. Se
forem usados em superfícies deverão permanecer durante este tempo. Podem
provocar a coloração de alguns locais. Os iodóforos agem muito bem, ainda que
diluídos. A diluição facilita a liberação do iodo de seu carreador. Usá-lo puro é não
entender essas características. A diluição aumenta a capacidade de corroer os
instrumentos de aço. Um inibidor de ferrugem deve ser associado. As soluções
aquosas e detergentes devem ser acondicionadas em recipientes de cor âmbar ou
opacos e protegidos da luz e calor. As soluções alcoólicas devem ser armazenadas
em frascos transparentes, pois a luz evita a formação de ácido iodídrico, que inativa
a solução por impedir a formação de iodo livre (USP, 2006).
54
Os compostos orgânicos devem ser cuidadosamente armazenados e
manuseados, por apresentarem características que os tornam perigosos. Alguns
solventes orgânicos podem ser inflamáveis e possuir potencial carcinogênico. Outros
agem de imediato sobre certo órgão ou tecido do organismo, produzindo alterações
que desaparecem quando o agente tóxico é afastado. Diante de tais fatos, as
precauções possíveis devem ser tomadas em relação a esses agentes químicos
(HIRATA, 2002).
2.11 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS GERADOS NO
CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO
A temática acerca dos resíduos de serviços de saúde, em especial dos
serviços odontológicos, necessita ampliação e aprofundamento de estudos, devido
às controvérsias decorrentes das implicações desses resíduos no que se refere à
saúde ambiental. Nela estão contidas questões vinculadas à saúde ocupacional e
dos usuários dos serviços odontológicos e ao saneamento ambiental (BRASIL,
2006).
Hirata (2002) cita a NBR 10004, de setembro de 1987, da ABNT que define,
classifica e lista os resíduos, servindo de norma e dando respaldo técnico a leis nos
três níveis do governo (federal, estadual e municipal), assim como a resoluções,
classificações, definições etc. Segundo a NBR 10004, os resíduos classificam-se
em:
Classe I - Perigosos: Estão incluídos os resíduos que apresentam as
seguintes características: Inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou
patogenicidade.
55
Classe II - Não Inertes: São compostos por resíduos que podem apresentar
propriedades como: Combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.
Classe III - Inertes: São compostos por resíduos que quando amostrados de
forma representativa e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água, à
temperatura ambiente, não apresentam atividade. Como exemplo destes materiais,
pode-se citar as rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são
prontamente decompostos.
Conforme a classificação do CONAMA (1993), os resíduos gerados pelas
práticas odontológicas se enquadram nos grupos A (infectantes ou biológicos), B
(químicos) e D (comuns). No grupo A, exigem atenção especial os resíduos pérfuro-
cortantes. No grupo B, merece atenção o mercúrio metálico, que também exige
critérios especiais de manuseio, acondicionamento e destinação final. O maior risco
para a equipe odontológica em relação ao mercúrio está no momento da preparação
do amálgama, quando ocorre o aquecimento e a conseqüente liberação do vapor de
mercúrio. Para a população, o risco está na organificação e biomagnificação do
mercúrio lançado no ambiente natural (NAZAR, 2005).
Neste contexto, a questão dos resíduos sólidos tem sido uma das principais
preocupações vividas pelo ser humano. Os RSS chamam a atenção das autoridades
públicas relacionadas ao meio ambiente e vigilância sanitária, que publicam
Resoluções, estabelecendo padrões e diretrizes para o correto gerenciamento no
manejo e disposição final desses resíduos, entendendo a necessidade de proteção à
saúde pública e meio ambiente, através da conduta responsável, consoante com
uma política nacional que concorre com o atual estágio do conhecimento técnico-
científico estabelecido (SILVA, 2004).
56
O ano de 1993 tem como marco inicial a publicação das Normas da ABNT e
da Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA nº 05, de 05 de
Agosto de 1993, que estabelecem os procedimentos adequados para Movimentação
e Disposição dos Resíduos de Serviços de Saúde. Define resíduo com base na NBR
10.004, como sendo resíduos sólidos dos estabelecimentos prestadores de serviço
de saúde em estado sólido, semi-sólidos, resultantes destas atividades. São também
considerados sólidos os líquidos produzidos nestes estabelecimentos, cujas
particularidades tornem inviáveis o seu lançamento em rede pública de esgotos ou
em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente
inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível (SILVA, 2004).
O mesmo órgão, através da Resolução CONAMA nº 283, de 12 de Julho de
2001, vem complementar a de nº 05/93 e dispõe sobre o Tratamento e Destinação
Final dos Resíduos dos Serviços de Saúde. Considerando a necessidade de
aprimoramento, atualização e complementação dos procedimentos contidos na
Resolução CONAMA nº 283, de 12 de julho de 2001, a Resolução CONAMA 358 de
29 de abril de 2005 dispõe sobre a necessidade de minimizar riscos ocupacionais
nos ambientes de trabalho e proteger a saúde do trabalhador e da população em
geral; sobre estimular a minimização da geração de resíduos, promovendo a
substituição de materiais e de processos por alternativas de menor risco, a redução
na fonte e a reciclagem, dentre outras alternativas; sobre a segregação dos
resíduos, no momento e local de sua geração, permite reduzir o volume de resíduos
que necessitam de manejo diferenciado; sobre a necessidade de ação integrada
entre os órgãos federais, estaduais e municipais de meio ambiente, de saúde e de
limpeza urbana com o objetivo de regulamentar o gerenciamento dos resíduos de
serviços de saúde (BRASIL, 2001; BRASIL, 2005).
57
O gerenciamento é tido como um processo capaz de minimizar ou até mesmo
impedir os efeitos adversos causados pelos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS),
do ponto de vista sanitário, ambiental e ocupacional, sempre que realizado racional
e adequadamente (BRASIL, 2006).
Os resíduos gerados nos serviços odontológicos causam risco à saúde
pública e ocupacional equivalente aos resíduos dos demais estabelecimentos de
saúde, razão pela qual seus responsáveis técnicos devem implantar um plano de
gerenciamento de acordo com a RDC/ANVISA nº 306, de 07 de dezembro de 2004.
Referido documento, em seu capítulo VI, Manejo de Resíduos de Serviços de
Saúde, estabelece que os resíduos químicos (Grupo B) que apresentam risco à
saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de
reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou
disposição final específicos:
• resíduos no estado sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em
aterro de resíduos perigosos – Classe I;
• resíduos no estado líquido devem ser submetidos a tratamento específico,
sendo vetado o seu encaminhamento para disposição final em aterros;
• quando submetidos a processo de tratamento térmico por incineração, devem
seguir as orientações contidas na Resolução Conama nº 316, de 29 de
outubro de 2002, ou a que vier substituí-la;
• o acondicionamento deve ser feito em recipientes individualizados,
observadas as exigências de compatibilidade química do resíduo com os
materiais das embalagens, de forma a evitar reação química entre os
componentes, enfraquecendo-a ou deteriorando-a, ou a possibilidade de que
o material da embalagem seja permeável aos componentes do resíduo;
58
• os reveladores utilizados em radiologia podem ser submetidos a processo de
neutralização para alcançarem pH entre 7 e 9, sendo posteriormente lançados
na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam às
diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos
hídricos e de saneamento competentes;
• os fixadores usados em radiologia podem ser submetidos a processo de
recuperação da prata ou então como os demais resíduos sólidos contendo
metais pesados podem ser encaminhados a Aterro de Resíduos Perigosos -
Classe I ou serem submetidos a tratamento de acordo com as orientações do
órgão local de meio ambiente, em instalações licenciadas para este fim. Os
resíduos líquidos deste grupo devem seguir orientações específicas dos
órgãos ambientais locais;
• o descarte de pilhas, baterias e acumuladores de carga contendo chumbo
(Pb), cádmio (Cd) e mercúrio (Hg) e seus compostos deve ser feito de acordo
com a Resolução Conama nº 257/99, ou a que vier substituí-la;
• os resíduos contendo mercúrio (Hg) devem ser acondicionados em
recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação;
• resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente
não necessitam de tratamento, podendo ser submetidos a processo de
reutilização, recuperação ou reciclagem;
• resíduos no estado sólido, quando não submetidos à reutilização,
recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para sistemas
licenciados de disposição final;
• resíduos no estado líquido podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou
em corpo receptor, desde que atendam, respectivamente, às diretrizes
59
estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de
saneamento competentes.
Todos os profissionais que trabalham no serviço, incluindo os temporários e
os que não estejam diretamente envolvidos nas atividades de gerenciamento de
resíduos, devem conhecer o sistema adotado para o gerenciamento de RSS, a
prática de segregação de resíduos, a localização dos abrigos de resíduos, bem
como reconhecer os símbolos, expressões e padrões de cores adotados, entre
outros fatores indispensáveis à completa integração do serviço ao PGRSS.
O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de
gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,
normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar, aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,
visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos
naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2004).
60
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a poluição ambiental gerada nos consultórios odontológicos da cidade
de Itabuna-BA, quanto à produção de radiação ionizante na utilização do aparelho
de raios X e ao descarte de metais pesados e solventes orgânicos.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
i. Avaliar as condições de radioproteção e riscos ocupacionais nos consultórios
odontológicos.
ii. Caracterizar a formação técnica dos profissionais da odontologia de Itabuna-
BA.
iii. Verificar se os níveis de radiação ionizante provocados nos ambientes
adjacentes, pelos consultórios odontológicos, estão dentro dos níveis
considerados seguros atualmente.
61
iv. Diagnosticar as condições de operação dos aparelhos de raios X
odontológicos para otimizar a produção de raios X e assim minimizar as
emissões desnecessárias ao meio ambiente.
v. Verificar o volume potencial e o local de descarte dos resíduos gerados pelas
práticas odontológicas.
vi. Investigar a relação entre os dados encontrados quanto à poluição gerada
pelos equipamentos de raios X odontológicos, por metais pesados e solventes
orgânicos e suas relações com as pessoas ocupacionalmente expostas e a
interferência ao meio ambiente.
62
4 METODOLOGIA
4.1 CONDUÇÃO DA PESQUISA
Através de uma pesquisa de levantamento, elaborou-se uma entrevista
estruturada com questionário (Apêndice A), visando caracterizar o profissional
cirurgião-dentista e seus procedimentos de trabalho, suas instalações, equipamentos
de raios X e uso de materiais solventes químicos.
Quanto aos procedimentos de trabalho, observou-se: o tipo de disparador, o
uso do posicionador e do dosímetro, o tempo de exposição mais utilizado e as
repetições de radiografias; o tempo de revelação; conhecimento e uso de técnicas
que minimizam os efeitos danosos da radiação ionizante.
Nas instalações fez-se o levantamento radiométrico com o objetivo de
verificar se os níveis de exposição ocupacional e do público na instalação estão de
acordo com as restrições de dose estabelecidas na Portaria 453/98 MS.
63
Quanto aos equipamentos de raios X odontológicos utilizou-se o Protocolo de
Controle de Qualidade em Equipamentos de Radiodiagnóstico do IRD (Instituto de
Radioproteção e Dosimetria) PT-RXD-URMCF para avaliar o nível da qualidade de
uso dos mesmos, onde se encontram definidos os cálculos e os métodos de
medição. O modelo do questionário do levantamento radiométrico e dos testes de
controle de qualidade dos equipamentos estão no Apêndice B e o termo de
consentimento no Anexo A.
No uso de materiais químicos avaliou-se quem usa, quanto usa e onde
descarta os metais e os solventes químicos.
4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Segundo a lista de cadastro fornecida pelo Conselho Regional de Odontologia
do Estado da Bahia (CROBA), até 27 de abril de 2004, havia 139 cirurgiões-
dentistas inscritos na cidade de Itabuna. Através de contato por telefone, verificou-se
que existiam nesta cidade somente 79 equipamentos de raios X odontológicos. Com
auxílio do questionário, entrevistou-se 65 profissionais que possuíam, em seus
consultórios, equipamentos de raios X. Dos 14 profissionais que ficaram de fora da
entrevista, 07 não utilizavam mais os equipamentos de raios X, apesar de ainda tê-
los e 07 não estavam disponíveis na época da entrevista. Neste estudo, não se
contabilizou os equipamentos de raios X odontológicos do serviço público municipal
que atende à saúde bucal em Itabuna-BA.
Utilizou-se para a seleção dos consultórios a amostragem aleatória simples
para calcular o tamanho da amostra dos equipamentos de raios X as seguintes
fórmulas:
64
0
002
00
.1nNnN
nE
n+
== (1)
Sendo:
N tamanho da população
n tamanho da amostra
n0 primeira aproximação de n
E0 erro amostral tolerável.
4.3 AVALIAÇÃO DOS AMBIENTES
Os ambientes foram avaliados quanto:
a) a presença de sinalização visível na porta de acesso, contendo o
símbolo internacional da radiação ionizante, acompanhado da inscrição: “RAIOS X,
ENTRADA RESTRITA” ou “RAIOS X, ENTRADA PROIBIDA A PESSOAS NÃO
AUTORIZADAS” recomendado pela Portaria 453/98 MS;
b) a distância do operador em relação à fonte de raios X, no ato do exame
radiográfico;
c) a blindagem das paredes, portas e divisórias;
d) ao uso de vestimenta plumbífera para o paciente e para o operador;
e) ao uso do protetor de tireóide para o paciente;
f) ao tipo de câmara escura.
Os níveis de exposição ocupacional e do público nos ambientes da amostra
foram avaliados através do levantamento radiométrico realizado por uma câmara de
ionização com volume de 180 cc (centímetro cúbico) e um eletrômetro modelo 9015
da Radcal.
65
Para obter as devidas dimensões das salas com equipamento de raios X
odontológico e das áreas adjacentes utilizou-se um croqui. O local que o dentista e a
atendente se posicionam no momento do disparo dos raios X; o equipamento de
raios X; portas e janelas foram referenciados no croqui através de letras.
A natureza das áreas adjacentes foi anotada da seguinte forma: Área livre,
circulação interna/ externa, sala de espera, recepção e sanitários. Os pontos de
interesse situados dentro e fora da sala onde indivíduos do público e/ou funcionários
possam estar mais expostos à radiação também foram identificados com letras. A
seleção dos parâmetros de operação foi definido por esses pontos de interesses.
Para medir os níveis de radiação nos pontos escolheu-se o tempo mais
utilizado pelo profissional devido ser este o único parâmetro que varia em um
equipamento de raios X odontológico.
Para o teste de barreiras primárias direcionou-se o feixe de raios X para uma
barreira primária crítica, ou seja, o local de maior exposição a radiação, sem a
presença de qualquer objeto entre o feixe de raios X e a câmara de ionização.
Para o teste de barreiras secundárias posicionou-se um fantoma, recipiente
plástico contendo 500 ml água, para simular o paciente espalhando radiação, na
parte superior do encosto da cadeira, local onde fica a cabeça do paciente. O tubo
de raios X foi ajustado na distância foco-filme mais utilizada nos procedimentos de
rotina e realizaram-se exposições com o feixe direcionado para a câmara de
ionização na pior hipótese de estar alguém neste local. As doses foram
quantificadas em cada ponto selecionado.
Conhecendo os valores das doses, calculou-se a carga de trabalho semanal,
especificando o fator de uso e o fator de ocupação para cada posição. Os valores
66
obtidos para as exposições ocupacionais e para o controle das áreas de serviço
foram comparados com os da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.
Para as exposições ocupacionais estabeleceu-se que a dose efetiva anual
não devia exceder 20 mSv em qualquer período de 5 anos consecutivos e 50 mSv
em nenhum ano.
Quanto ao controle das áreas de serviço, para fins de planejamento de
barreiras físicas de uma instalação e para verificação de adequação dos níveis de
radiação em levantamentos radiométricos, adotaram-se, como restrição de dose, os
seguintes níveis de equivalente de dose ambiente: 5 mSv/ano em áreas controladas
e 0,5 mSv/ano em áreas livres.
4.4 AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
Os equipamentos foram avaliados quanto à tensão, filtração total, radiação de
fuga, tamanho de campo irradiado, camada semi-redutora, dose de entrada na pele,
tempo de exposição, tipo de localizador e manutenção periódica.
4.4.1 Filtração Total
A Portaria estabelece que equipamentos com tensão de tubo inferior ou igual
a 70 kVp devem possuir uma filtração total permanente não inferior ao equivalente a
1,5 mm de alumínio. Os equipamentos foram inspecionados quanto à filtração total
que vem discriminada no manual ou em placa fixada no equipamento.
67
4.4.2. Radiação de Fuga
Para medir este teste vedou-se a saída do feixe de raios X com uma placa de
chumbo de 2 mm. Cada lado da ampola de raios X foi demarcado, gerando 5 pontos
denominados A, B, C, D e E que respectivamente corresponderam aos seguintes
lados: esquerdo, direito, fundo, frente e trás (Figura 2). Posicionou-se a câmara de
ionização, com volume sensível de 180 cc (centímetro cúbico) e um eletrômetro
modelo 9015 da Radcal, a uma distância de um metro da ampola e realizadas
exposições iguais para todos os lados. O tempo de exposição escolhido foi o mais
utilizado pelo CD.
Figura 2 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga.
A taxa de Kerma no ar calculada e os valores encontrados foram comparados
com os da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária que estabelece no máximo 0,25
mGy/h.
68
4.4.3. Tamanho de Campo
As medidas do tamanho de campo dos equipamentos de raios X
odontológicos foram obtidas a partir da irradiação de um filme com chassi 18 x 24
cm, posicionado perpendicular e centralizado ao localizador do tubo sem que
houvesse distância entre os mesmos. O tempo de exposição utilizado foi o mais
utilizado pelo CD.
Foram utilizados filmes da mesma caixa e lote, sendo revelados na mesma
processadora. Após revelação, a imagem referente ao campo da radiação foi
demarcada e medida a cada meio centímetro com a ajuda de um densitômetro,
equipamento da Nuclear Associates modelo 07-443. Mediu-se a densidade óptica
nesses espaços marcados. O tamanho de campo foi determinado na relação da
densidade óptica e distância: traçou-se uma reta horizontal na metade da amplitude
da densidade (ponto médio dos valores máximo e mínimo) e duas outras verticais na
interseção daquela reta com a curva (Figura 3).
Figura 3 - Relação da distância medida em centímetros com a densidade óptica obtida para a determinação do tamanho de campo irradiado pela largura à meia altura.
69
Para aqueles que ultrapassaram o tamanho do chassi 18 x 24 cm, foi utilizado
filme do chassi 35,5 x 35,5 cm. Os valores obtidos para o tamanho de campo foram
comparados com o estabelecido pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária que
estabelece no máximo 6 cm de diâmetro.
4.4.4. Camada Semi-Redutora (CSR)
O objetivo deste estudo é determinar a camada semi-redutora (CSR), isto é, a
espessura de um material necessária para reduzir a intensidade do feixe de raios X
à metade. A partir deste valor e com o valor da tensão utilizada no teste, é possível
estimar a filtração total do equipamento de raios X.
Para tanto, utilizou-se do detector de radiação VICTOREEN modelo 4000+,
posicionando-se o localizador paralelamente a 2 cm do detector; o tempo de
exposição fixo escolhido foi o mais utilizado pelo cirurgião-dentista; a primeira
medida de radiação foi feita sem filtro entre o localizador e o detector; as medidas
seguintes foram feitas com sucessivas espessuras do filtro: 0,3 mm Al, 1,0 mm Al,
1,3 mm Al, 2,3 mm Al, 2,6 mm Al; e por último, uma medida de radiação feita sem
filtro. A partir do gráfico que relaciona a exposição (mR) e a espessura do
absorvedor de alumínio determinou-se a CSR. Os valores obtidos para as CSR
foram comparados com os estabelecidos pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária
na Tabela 1.
70
Tabela 1 - Valores mínimos de camadas semi-redutoras em função da tensão de tubo máxima de operação dadas pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária
kVp CSR (mm Al) 51 1,2 60 1,3 70 1,5 71 2,1 80 2,3 90 2,5
4.4.5. Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão
Verificou-se a exatidão e a reprodutibilidade dos valores da tensão de pico
aplicada ao tubo de raios X com relação aos valores indicados pelo equipamento,
através das medidas do detector de radiação VICTOREEN modelo 4000+,
posicionado a 2 cm abaixo e perpendicular ao localizador do tubo de raios X.
Avaliaram-se os valores de kVp para três diferentes tempos: o tempo de
maior uso, o tempo um pouco acima e o tempo um pouco abaixo, a depender do
profissional. Para verificar a exatidão da tensão, em cada valor de kVp, foi
determinado o desvio máximo obtido entre os valores selecionados e os valores
medidos de kVp máximo, conforme a seguinte fórmula:
sel
medselmáx kV
kVkVdesvio −=100 (2)
Onde:
kVsel é o valor nominal no equipamento
kVmed é o valor máximo medido pela câmara de ionização.
Obs.: o intervalo de tolerância de ±10% foi o utilizado para aceitação da
conformidade dos desvios.
71
Para a reprodutibilidade da tensão optou-se pelo cálculo do tempo repetido,
tomando os dois valores mais discrepantes medido pela câmara de ionização e
utilizando-se a seguinte fórmula:
( ) 2/100
21
21
kVkVkVkVdesviomáx +
−= (3)
Onde:
kV1 e kV2 são os valores mais discrepantes
Obs.: o intervalo de tolerância de ±10% foi o utilizado para aceitação da
conformidade dos desvios.
4.4.6. Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição
Verificou-se se a constância de Kerma, para o mAs, dado pelo tempo mais
utilizado pelo profissional e a linearidade da exposição estão em conformidade com
os padrões de desempenho estabelecidos na Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.
As medidas foram efetuadas utilizando-se o detector de radiação
VICTOREEN modelo 4000+ posicionado a 2 cm abaixo e perpendicular ao
localizador do tubo de raios X. Como no equipamento de raios X odontológico o mA
e o kVp são fixos, foram realizadas três exposições sem variar o tempo. Para a
reprodutibilidade da exposição utilizou-se a seguinte fórmula:
( ) 2/100
menormaior
menormaiormáx LL
LLdesvio+
−= (4)
72
Onde:
Lmaior é a maior medida da exposição
Lmenor a menor.
Obs.: o desvio máximo deve-se encontrar no intervalo de ±10%.
4.4.7. Exatidão e Reprodutibilidade do Tempo de Exposição
Este parâmetro é particularmente responsável pela dose do paciente e pela
densidade óptica da imagem, por isso, foi verificado se o tempo de exposição
selecionado no painel do equipamento de raios X é o tempo real da exposição.
As medidas foram efetuadas utilizando-se o detector de radiação
VICTOREEN modelo 4000+ posicionado a 2 cm abaixo e perpendicular ao
localizador do tubo de raios X. Foram utilizados 3 tipos diferentes de tempo de
exposição: um mais abaixo, e outro mais acima do tempo mais utilizado pelo
cirurgião-dentista; e, o tempo mais usado em sua rotina, sendo que para este foram
feitas três medidas para poder verificar a reprodutibilidade do mesmo.
Para determinar a exatidão do tempo, calculou-se o percentual de variação
em relação ao valor nominal, ajustado no painel de controle, sendo considerados em
condições adequadas de operação os equipamentos que apresentavam variações
menores ou iguais a ±10%, conforme fórmula a seguir:
sel
medselmáx T
TTdesvio −=100 (5)
Onde:
Tsel é o valor nominal no equipamento
e o Tmed é o valor medido pela câmara de ionização.
73
Com relação à reprodutibilidade, calculou-se, para o tempo de exposição mais
utilizado, a razão entre as leituras obtidas e o valor do tempo médio (t1/tm, t2/tm,
t3/tm). Com base no protocolo da ABFM, foram considerados reprodutíveis os
equipamentos cujas razões (ti/tm) estiveram no intervalo de 0,95 a 1,05.
4.4.8. Dose de Entrada na Pele
Estimou-se a dose de entrada na pele representativa dos exames praticados
por equipamentos de raios X odontológicos e comparou-se com o nível de referência
apresentado na Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.
As medidas foram efetuadas utilizando-se o detector de radiação
VICTOREEN modelo 4000+ posicionado abaixo e perpendicular ao localizador do
tubo de raios X a duas distâncias 02 e 08 cm.
Para a dose de entrada na pele utilizou-se a seguinte fórmula:
DEP=Kar X BSF X KTP X Fc (6)
Onde:
Kar é o Kerma no ar, BSF é o fator de retro-espalhamento na água para a
geometria e qualidade da radiação;
KTP é o fator de correção para a temperatura e pressão;
Fc é o fator de calibração da câmara para a qualidade do feixe.
Os valores obtidos foram comparados com o nível de referência da Portaria
que para equipamento odontológico periapical é de 3,5 mGy.
74
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante da dificuldade de operacionalização da coleta de dados,
principalmente quanto ao tempo disponível dos profissionais envolvidos e a
disponibilidade dos equipamentos para esta pesquisa, além de dois equipamentos
estarem avariados, só foi possível amostrar 28 equipamentos ou 44% dos
equipamentos de raios X dos consultórios pesquisados. Este percentual mostra-se
significativo para um tamanho de amostra n = 26 com erro tolerável de 15%.
5.1 O PERFIL ACADÊMICO DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS
Dos 65 profissionais entrevistados, 37% foram graduados na Bahia e 20% no
Estado de Minas Gerais. O tempo de experiência profissional variou de 40 anos de
formados a recém-formados, sendo 32% dos profissionais com curso de
especialização, 3% com mestrado em andamento, 1,5% com o título de mestre. O
75
período que trabalham com raios X variou de 03 a 37 anos, ou 18 anos em média, e
neste intervalo, apenas 3% já participaram de curso de radioproteção.
Os valores referentes à média de 18 anos de experiência, 3% com curso de
radioproteção e que 98% desconhecem a existência da Portaria 453/98 MS refletem
uma baixa atualização técnica/teórica na área de radiação ionizante e ausência de
atitudes coerentes relacionadas à proteção radiológica.
5.2 OS EQUIPAMENTOS DE RAIOS X ODONTOLÓGICOS
Os equipamentos variaram em marcas e em quilovoltagem: Dabi Atlante
Spectro II, Dabi Atlante 1070, Dabi Atlante 70 X, Funk, Gnatus, Philips, Procion,
Rhos XRM, Siemens,Toshiba, Trophy. Desses, 40% possuíam tensão nominal de 50
kVp, 18% tensão nominal de 60 kVp, 8% tensão nominal de 66 kVp e 34% de tensão
nominal de 70 kVp. A miliamperagem (mA) variou de 6 a 12, sendo a maioria (60%)
de 10 mA. Geist et al. (2002) avaliaram as técnicas de redução de dose de radiação
em 65 faculdades de odontologia norte-americanas através de questionário e
descobriram que a tensão do tubo mais encontrada foi de 70 kVp em 88% das
escolas. Em 24,6% das escolas foram encontrados equipamentos com 90 kVp,
21,5% usando tubo de 75 kVp, e outros tipos de tensão foram encontrados em
quantidades menores. Em trinta escolas, dois ou mais tipos de quilovoltagem foram
encontrados, e seis delas responderam que utilizam a tensão mais baixa para
realizar exames interproximais, enquanto três escolas alternam a quilovoltagem
baseadas na localização anatômica da radiografia (região anterior x região
posterior). Em um estudo realizado por Yakoumakis et al. na Grécia em 2001, 108
consultórios dentários foram divididos em quatro grupos de acordo com
76
quilovoltagem pico encontrada: 50 kVp, 60 kVp, 65 kVp e 70 kVp. Diferentemente do
estudo de Geist e parecido com o nosso aqui no Sul da Bahia, a quilovoltagem pico
mais encontrada foi a de 50 kVp num total de 33%.
Os localizadores apresentaram-se de três formas: 49,2% eram de cilindro
aberto revestido com chumbo, 35,4% eram de cilindro curto de acrílico e 15,4% eram
em cone fechado (Figura 4). 50,8% estão fora do que recomenda a Portaria 453/98
MS que preconiza que todo equipamento de raios X deve possuir um sistema de
colimação para limitar o campo de raios X ao mínimo necessário para cobrir a área
do exame. O localizador tipo cone fechado e o cilindro aberto de acrílico, além de
aumentarem o campo irradiado, aumentam também a radiação secundária,
significando um acréscimo indesejado de dose para o paciente e para o operador,
caso este esteja na sala no ato do exame.
Figura 4 - Tipos de localizadores encontrados: em forma de cone fechado, em forma de cilindro
aberto de acrílico curto e de cilindro aberto longo revestido com chumbo, respectivamente.
A idade dos equipamentos de raios X odontológicos variou de 56 anos até
menos de um ano de uso (Figura 5); 92% deles foram comprados de primeira mão,
51% nunca passaram por manutenção e 95% nunca passaram por um controle de
77
qualidade. De acordo com a Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária, a periodicidade
de calibração do equipamento de raios X deve ser de dois anos, e o levantamento
radiométrico a cada quatro anos. Nos equipamentos que nunca passaram por
nenhum controle, os pacientes estão recebendo doses de 3,81 a 15,38 mGy, acima
do limite máximo permitido, comprometendo, assim, a otimização do procedimento,
o que significa dizer limitação da dose de exposição e minimização do risco à saúde
do paciente.
Figura 5 - Equipamentos de raios X odontológico adquiridos na década de 50 e em 2002, respectivamente.
5.3 COMPORTAMENTO QUANTO À PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
Quanto ao uso do disparo com retardo, 46% ainda o faz por alguns motivos:
77% por se sentirem mais seguros, 17% por acharem mais fácil e 7% por ser o único
meio de disparo por não possuírem o fio extensor. Observa-se que a segurança
relatada por esses 77% não pode tecnicamente ser confirmada devido a ausência
78
de controle de qualidade nesses equipamentos. A Portaria 453/98 da Vigilância
Sanitária proíbe o uso do sistema de acionamento de disparo com retardo, e
estabelece que o operador deve utilizar um fio extensor que lhe permita ficar a uma
distância mínima de 2 m, pois assim ele tem total controle do tempo de exposição
com o disparador em mãos. A proibição do uso deste sistema foi desconhecida por
quase todos (98 %) os profissionais.
No que diz respeito à dosimetria pessoal, no caso de quem trabalha só com
equipamentos de raios X intrabucais, a obrigatoriedade do uso de dosímetro
individual pode ser dispensada, a depender da autoridade sanitária local e mediante
ato normativo, quando a carga de trabalho máxima for inferior a 04 mA min/semana.
As cargas de trabalho dos consultórios analisados foram verificadas e apresentou
variação entre 0,08 e 7,35 mAmin. Destes, 14% apresentaram valores acima do
estabelecido, o que mostra a importância de se fazer um monitoramento de dose
recebida pelos operadores. Apenas 1,5% dos profissionais utilizam dosímetro
pessoal.
A Dosimetria Pessoal é uma medida de grande importância, pois além de
permitir a determinação da dose de cada usuário, permite ainda uma indicação das
condições de funcionamento da aparelhagem utilizada. Dose elevada pode indicar
maneira incorreta de trabalho, instalação com problema de blindagens ou
aparelhagem defeituosa.
Para evitar a repetição indevida dos exames radiográficos por técnica
incorreta, a Portaria 453/98 sugere o uso de posicionadores. Neste estudo, 34% dos
operadores possuem e utilizam deste recurso, 14% possuem, mas utilizam às vezes
e 52% não possuem. Da mesma forma Abbott em seu trabalho na Austrália, em
2000, relata que o uso de posicionadores não é comum neste país apesar das
79
recomendações publicadas em livros-textos e jornais técnicos de radiografia
dentária: somente 25% dos cirurgiões-dentistas usam rotineiramente esses
dispositivos e 40% usam ocasionalmente, o que retrata que falta uma aceitação para
o uso dos posicionadores objetivando um diagnóstico de qualidade, além da
reprodutibilidade das radiografias.
O uso de uma técnica que ofereça a possibilidade do operador dirigir o feixe
de radiação mediante um orientador do cone e que determine, numa só etapa, por
meio da colocação do suporte porta-filmes, a localização da região a ser
radiografada e a angulação vertical e horizontal, poderia ser considerado como
atividade que simplifica o aprendizado dos aspectos envolvidos na execução das
radiografias pela técnica da bissetriz. Também o custo benefício é muito maior já
que os posicionadores são de fácil uso, proporcionam otimização do tempo,
padronizam as radiografias e diminuem erros de execução.
O uso do avental de chumbo foi citado por Kells em 1912 como um dispositivo
auxiliar de proteção. Mas a sua importância ficou mais evidente entre 1950 e 1960. A
vestimenta do paciente é obrigatória quando da tomada radiográfica no mesmo. Foi
verificado que 77% possuem vestimenta plumbífera, porém 64% realmente utilizam,
24% utilizam às vezes e 12% nunca utilizam. Um dado importante é que apenas 6 %
destes aventais são de borracha plumbífera, ou seja, material que não permite
fragmentação do chumbo com facilidade e que pode comprometer a função de
proteger da radiação. Como o tipo do avental de chumbo contribui na qualidade da
radioproteção, esse também deveria ser normalizado pela ANVISA. Na Austrália,
em 2000, Abbott (2000) constatou que 66% sempre usavam aventais de chumbo em
seus pacientes, enquanto que 22% usavam ocasionalmente e 22% relataram nunca
usá-los. A nossa realidade é bem semelhante à deles, o que mostra um problema a
80
nível mundial do descuido quanto à minimização dos riscos que podem ser
associados à radiação através de um método simples e seguro que é o avental de
chumbo.
O protetor de tireóide também é de uso obrigatório no paciente e apenas
12,3% possuem, sendo que 75% destes utilizam sempre e 25% não utilizam, apesar
de possuírem. Geist et al.. (2002) realizaram uma pesquisa em relação ao uso de
vestimenta plumbífera para os pacientes em faculdades de odontologia norte-
americanas e observaram que 74% utilizam o avental de chumbo e o protetor de
tireóide durante a tomada radiográfica; 11% utilizam o avental de chumbo, mas não
o protetor de tireóide; 11% utilizam tanto o avental de chumbo quanto o protetor de
tireóide somente para crianças, jovens até 30 anos de idade, ou quando são
requeridos pelo próprio paciente; 4% não usam o avental de chumbo, e somente o
protetor de tireóide. Os nossos resultados mostram que os pacientes não estão
recebendo dose de radiação de forma segura e adequada como o que é
regulamentado.
O protetor de tireóide é recomendado principalmente em crianças e adultos
jovens. Segundo WHITE (2001), pessoas abaixo dos 30 anos de idade têm um risco
maior de câncer de tireóide induzido por radiação porque neles a glândula
permanece mais próxima ou dentro do feixe primário de radiação. Estima-se a
redução da dose na glândula tireóide em 50%, com o uso do protetor.
Apenas um profissional possuía avental de chumbo para uso próprio, pois ele
permanecia na sala por não ter um fio extensor suficiente para se distanciar de
forma mais segura. É importante ressaltar que as partes do corpo, como cabeça e
membros, que estão descobertas da vestimenta plumbífera, estão recebendo dose
81
de radiação e esta é acumulativa. O ideal mesmo é permanecer atrás de uma
barreira física que seja suficientemente segura para atenuar os raios X.
Nas instalações da sala onde fica o equipamento de raios X, a porta de
acesso foi laminada com uma placa de chumbo em apenas 4,6% dos consultórios, e
revestimento das paredes com baritina foi feito em apenas 10,8% das salas.
Sinalização e biombo de chumbo foram encontrados em apenas 1,5% das salas de
exame. Oliveira et al.. (2003) pesquisaram os procedimentos de proteção radiológica
em consultórios de São Paulo, e seus resultados também mostraram poucos
consultórios com sinalização (18,33%) e blindagem (42,08%) das portas entre a sala
de espera e o consultório que dão acesso ao local onde ficavam os equipamentos
de raios X. A blindagem extra no caso de São Paulo é maior do que aqui na nossa
cidade, provavelmente devido ao rigor da vigilância sanitária local.
De acordo com a norma da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária, as salas
equipadas com aparelhos de raios X devem dispor de um quadro visível contendo os
dizeres: “paciente, exija e use corretamente vestimenta plumbífera para sua
proteção durante o exame radiográfico”, e “não é permitida a entrada de
acompanhantes na sala durante o exame radiológico, salvo quando estritamente
necessário”. Apenas 1,5% apresentaram este quadro que é de grande valia, pois
informa ao paciente do que lhe é de direito para a sua proteção, durante a realização
do exame radiográfico, e ajuda o profissional a manter os acompanhantes fora da
sala, evitando que estes recebam dose de radiação desnecessária.
82
5.4 QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA
Dos sessenta e cinco entrevistados, 98% não possuem instalações
adequadas para revelação dos filmes e utilizam câmaras portáteis manuais sem o
devido uso de cronômetro e termômetro. O tamanho de uma sala de 9 m² não
permite instalar uma câmara escura; para corrigir essa limitação de espaço físico, a
Portaria 453/98 aceita as caixas portáteis de acrílico vermelho que impedem a
passagem da luz para seu interior, chamadas de câmaras portáteis. A qualidade
das radiografias reveladas em câmaras portáteis está diretamente relacionada com a
temperatura do revelador, com o tempo do processamento e com as boas condições
da caixa, do revelador e do fixador.
Para as caixas portáteis são exigidos termômetro para obter a temperatura do
revelador que deve ser adequada para cada tipo de fabricante, e um cronômetro
para indicar o tempo também recomendado pelo fabricante. Isto evita repetições dos
exames por erro no processamento radiográfico e melhora o padrão de qualidade da
imagem. Apenas 1,5% possuíam termômetro para controle de temperatura do
revelador. A grande maioria (98,5 %) dos profissionais informou não saber da
necessidade destes para um correto processamento radiográfico e 75% repetem
radiografias por erro no processamento.
Em uma pesquisa realizada em consultórios odontológicos no Sul do Brasil,
Barbosa e Gewehr (2000) entrevistaram 100 cirurgiões-dentistas e em relação à
técnica de revelação, 31% deles disseram utilizar cronômetro, 4% cronômetro e
termômetro e 3% cronômetro, termômetro e tabela de revelação. A justificativa da
maioria para não usarem os acessórios é por já saberem aproximadamente o tempo
necessário para uma boa revelação, não levando em conta variação de temperatura
83
em seus consultórios. Essas variações podem ser obviamente bastante significativas
nas cidades do Sul do país no que se refere às baixas temperaturas. Oliveira et al.
(2005) ressaltaram a importância desse item, pois se a temperatura do revelador
estiver abaixo do valor recomendado, nem todos os grãos de brometo de prata serão
revelados e a densidade ficará comprometida. Na nossa região o que pode ocorrer,
principalmente no verão, é que com a temperatura mais alta a emulsão do filme
poderá sofrer danos. Freitas (2000) ressalta que se a temperatura do revelador
ultrapassar 35º existe a possibilidade de desprendimento da gelatina do filme
radiográfico.
Quanto ao método de visualizar a imagem, 68% possuem negatoscópio e
65% possuem lupa. A baixa qualidade das imagens, neste trabalho apresentado
em 32% dos consultórios sem negatoscópio, foi apontada pela Organização Mundial
de Saúde como responsável pela redução na certeza do diagnóstico e no aumento
dos custos, e o pior, exposições desnecessárias.
5.5 REJEITOS RADIOGRÁFICOS
Neste estudo 88% dos profissionais relataram repetir radiografias por vários
motivos: 75% por erro no processamento radiográfico, 71% por erro na técnica
radiográfica e 48% por movimentação do paciente; interessante observar que 95%
dos profissionais relataram não ter um controle desta perda. Em conformidade com
este estudo trabalhos encontrados na literatura mostram grande número de
radiografias com erros, como exemplo Kreich et al. avaliaram o controle de
qualidade em radiografias periapicais obtidas no curso de odontologia da UEPG e
observaram que dentre as 800 radiografias analisadas, apenas 6,9% foram
84
consideras perfeitas, ou seja, não apresentavam nenhum tipo de erro. O restante
apresentou 1847 erros, sendo 1160 erros de técnica, 213 erros de processamento e
474 erros de densidade.
O destino dado aos filmes rejeitados é em 95% o lixo comum. Em alguns
países estes rejeitos são devolvidos à fábrica ou vendidos e arquivados, mas a
prática de jogar no lixo comum é proibida. No Brasil, apesar da Legislação existente
quanto ao destino desses resíduos, observa-se que com a prática desse
comportamento registrado neste estudo, a prata existente em 95% dos filmes
descartados no lixo comum acresce o nível de metais pesados de forma
desordenada no meio ambiente.
A quantidade dos químicos (revelador e fixador) utilizada no processamento
radiográfico variou de 50 mililitros a 1 litro por semana, sendo trocados em média de
2 a 15 dias. O revelador e fixador são em 100% lançados in natura na rede sanitária,
assim como a água resultante da lavagem por conter todos os compostos do
revelador, do fixador e de seus produtos de reação. Os resultados mostram que os
consultórios odontológicos não possuem uma gestão para o meio ambiente que
satisfaça a legislação ambiental vigente no Brasil.
5.6 USO DO MERCÚRIO
Neste estudo verificou-se que oitenta por cento dos profissionais fazem
restauração de amálgama, em média 11 restaurações por semana, sendo 57,5%
manipulados com cápsula, 41,4% manipulados com amalgamador comum e 1,1%
através da manipulação manual com gral e pistilo. Quanto ao excesso de mercúrio
gerado na manipulação do amálgama, 28% relatam esta ocorrência e 50% desses
85
descartam este excesso na pia, 28% põem num frasco com vidro cheio de água e
22% jogam no lixo. A relação do excesso de mercúrio com o tipo de técnica de
manipulação utilizada foi de quase 100% para o amalgamador comum e manual,
pois apenas um que utiliza cápsula citou apresentar esse excesso na manipulação.
PÉCORA et al. (2002) demonstraram com base em análise química
qualitativa, que as cápsulas de amálgama não podem ser descartadas no meio
ambiente, pois elas estão contaminadas com mercúrio. As cápsulas devem ser
estocadas e encaminhadas para um laboratório de recuperação de resíduos
químicos.
A sobra do amálgama que não foi utilizada no paciente é descartada na pia
(1,5%), no lixo (46%) e em recipiente de vidro com água (31%). Segundo Pécora et
al.. (2000), no preparo do amálgama para realizar uma restauração a sobra é de
cerca de 30% do que é amalgamado. Esta sobra é resultante do excesso
manipulado bem como das raspas produzidas pela escultura do amalgama.
O rolo de algodão que se utiliza na boca do paciente e que fica impregnado
com as sobras do amálgama é, em 78%, dos casos descartado no lixo comum,
apenas 1,5% incinera o rolo de algodão. A armazenagem inadequada das sobras de
amálgama nos consultórios odontológicos também é um aspecto amplamente
apontado na literatura como importante fonte de contaminação pelos vapores de
mercúrio.
A remoção de restaurações com amálgama é feita por 94% dos profissionais,
num intervalo de 1 a 100 remoções por semana, média 14,06. Na literatura
pesquisada não foram encontrados trabalhos abordando alguns outros aspectos do
despejo dos resíduos de mercúrio utilizado na odontologia no meio ambiente, como
por exemplo, a crescente substituição das restaurações de amálgama por
86
restaurações de resinas fotopolimerizáveis em dentes posteriores. Embora essa
substituição tenha promovido uma redução na utilização do mercúrio em
odontologia, teoricamente promoveu ligeiro aumento na contaminação ambiental por
resíduos de mercúrio, uma vez que mais pacientes procuram os profissionais para
substituição das antigas restaurações por outras mais estéticas. A água captada
pelos sugadores e pelas bombas a vácuo dos consultórios odontológicos, misturada
aos resíduos das restaurações removidas de amálgama é despejada na rede de
esgotos, indo até as estações de tratamento ou diretamente aos rios e aos oceanos.
Um outro aspecto no que diz respeito a resíduos do amálgama é a remoção
de dentes que contém restauração de amálgama. Neste estudo, este tipo de
extração é realizada por 35% dos profissionais, e destes 82% jogam os dentes no
lixo, 9% estocam e 9% dão para o próprio paciente. O mercúrio presente no dente
extraído é um meio de contaminação assim como as sobras da restauração, e seu
destino também deve ser gerenciado de forma adequada.
5.7 USO DE SOLVENTES ORGÂNICOS
Todos os profissionais utilizam algum tipo de solvente orgânico para fazer a
desinfecção do ambiente e dos instrumentais. Os mais usados foram o álcool 70º
(77,0%), glutaraldeído (63,0%), formaldeído (30,7%), hipoclorito de sódio (12,5%),
detergente e desinfetantes comuns (9,2%), amônia (1,5%), soda clorada (1,5%),
álcool iodado (1,5%), numa média de uso de 50 mililitros a 2 litros por semana,
sendo 100% deles descartados na rede sanitária.
O Ministério da Saúde, através da Resolução CONAMA 358 de 29 de abril de
2005, regulamenta o tratamento e a disposição final dos resíduos de serviços de
87
saúde e determina no GRUPO B os resíduos contendo substâncias químicas que
podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Na
classificação do grupo B, dentre outros, estão os resíduos de saneantes,
desinfetantes, resíduos contendo metais pesados, efluentes de processadores de
imagem (reveladores e fixadores). O descarte deles quando não forem submetidos a
processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a
tratamento e disposição final específicos.
Neste estudo não foi observado o conhecimento desta norma, muito menos
há um gerenciamento para armazenamento, uso e descarte dos solventes
orgânicos. Mas isso não é um problema só da odontologia e sim dos serviços de
saúde em geral e até no aspecto de uso doméstico. Neste caso, são utilizados
diariamente desinfetantes com vários tipos de solventes orgânicos e todos são
descartados na rede sanitária sem que haja um controle dos mesmos.
5.8 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DOS AMBIENTES
5.8.1. Levantamento Radiométrico
As medidas foram realizadas em todas as áreas circunvizinhas à sala de
exame onde ficava o equipamento de raios X. As distâncias entre o centro
espalhador de radiação e o ponto de medida, onde foi posicionada a câmara de
ionização, ficaram em um intervalo de 1,5 a 2,5m. A realização de levantamento
radiométrico nunca foi feita em 88% dos consultórios e a distância de no mínimo 2 m
da fonte de raios X não é obedecida por 10,7% dos profissionais.
88
O levantamento radiométrico demonstrou que os níveis de radiação
produzidos em todos os consultórios odontológicos avaliados atenderam aos
requisitos da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária. Todos apresentaram
conformidade em relação à blindagem das paredes. Mesmo aquelas que não
estavam revestidas por baritina revelaram-se eficientes quanto à proteção
radiológica, ou seja, o nível de radiação encontrado na condição mais desfavorável
ficou dentro do permitido pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária. É interessante
ressaltar que em 11% dos consultórios que apresentaram divisória leve (vidro ou
madeira) os níveis de radiação detectados foram superiores ao nível de radiação
verificado entre 3,92x105 e 5,92x104 mSv/ano. Nestas condições se a carga de
trabalho for superior a 30 mAmin por semana, o operador deve manter-se atrás de
uma barreira protetora com uma espessura de pelo menos 0,5mm de chumbo.
Apenas 4,6 % dos consultórios possuem paredes blindadas com baritina e
portas revestidas com placa de chumbo. A Tabela 02 mostra que somente em 1,5%
dos consultórios existe a sinalização na face exterior das portas de acesso, como
recomenda a Portaria 453/98, contendo o símbolo internacional da radiação
ionizante acompanhada das inscrições: “RAIOS X, ENTRADA RESTRITA” OU
“RAIOS X, ENTRADA PROIBIDA A PESSOAS NÃO AUTORIZADAS”.
Tabela 2 - Percentual da conformidade dos consultórios em relação aos requisitos de proteção
radiológica quanto aos ambientes
% de consultórios conformes Requisitos de Proteção Radiológica SIM NÃO
Sinalização na Porta 1,5% 98,5% Parede c/ blindagem extra 4,6% 95,4% Porta com lâmina de chumbo 4,6% 95,4%
89
Resultados semelhantes foram obtidos por Oliveira et al.. (2005) ao
analisarem 240 consultórios no município de São Paulo e observou que em 63,75%
dos consultórios odontológicos não existiam salas especiais para a realização de
exames radiográficos. Notaram ainda que uma minoria deles possuía sinalização
(18,33%) e blindagem (42,08%) das portas entre a sala de espera e o consultório
que dão acesso ao local onde se encontravam os aparelhos de raios X. Eles
acrescentaram que a obediência às leis e normas de conduta em serviços que
mantêm equipamentos de raios X se reflete em gastos, nos quais somam despesas
com equipamentos e dispositivos de segurança, pessoal treinado e credenciado,
cursos de qualificação e atualização, adicionais de insalubridade, férias especiais,
taxas oficiais que devem ser pagas para a liberação do funcionamento e outros.
Nem todos os entrevistados queriam ou podiam arcar com estas despesas e
a falta de fiscalização resultou em degradação do atendimento e ao encarecimento
do sistema como um todo, considerando os possíveis acidentes e incidentes
inerentes ao serviço em questão.
Toda a circunvizinhança da área controlada foi considerada como área livre,
sob o aspecto de proteção radiológica. Nenhuma medida nestas áreas ultrapassou o
nível de restrição de dose estabelecido de 0,5 mSv/ano, onde se conclui que o
ambiente de todos os consultórios está em conformidade, ou seja, o nível de
radiação encontrado na condição mais crítica ficou dentro do permitido pela Portaria.
Verificou-se que os equipamentos de 50 kVp apresentam níveis mínimos de
radiação para o ambiente a uma distância de 1,80 m, porém para os equipamentos
de 60 e 70 kVp esta distância foi de 2 m. Era de se esperar já que com o aumento
da tensão o feixe de raios X é mais penetrante. Como atualmente não se fabrica
90
mais equipamentos de radiografia periapical de 50 kVp, a distância de 2 m é
padronizada para todos.
Medidas foram feitas dentro da sala de raios X para verificar a quantidade de
dose, caso o profissional necessite ficar na hora do exame. Destes equipamentos
11% possuíam fio extensor curto que impossibilitava o operador de ficar a pelo
menos 2 m de distância da fonte de raios X. Entretanto, durante a entrevista
registrou-se que 23% dos profissionais ficavam dentro da sala no ato do exame. A
Portaria estabelece limitação de doses individuais para as exposições ocupacionais.
A dose efetiva anual não deve exceder a 20 mSv em qualquer período de 5 anos
consecutivos e não podendo exceder 50 mSv em nenhum ano. Como estes
profissionais não utilizam dosímetro pessoal e nem de área, fica difícil saber se os
mesmos estão em conformidade com este requisito.
O princípio da otimização da proteção radiológica preconiza que as
exposições ocupacionais e as exposições do público decorrentes das práticas de
radiodiagnóstico devem ser otimizadas a um valor tão baixo quanto exeqüível, assim
para eles, recomenda-se o planejamento de barreiras físicas ou a troca do fio
extensor por um maior que permita manter-se à distância de, pelo menos, 2 m do
cabeçote e do paciente, requisito exigido na Portaria para equipamentos de
radiografia intra-oral (capítulo 5, item 5.2).
A área física dos consultórios avaliados variou entre 6,0 e 29,8 m2, e apenas
3% apresentaram valores abaixo da norma. De acordo com a RDC 50/2002, norma
técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que especifica as
áreas físicas para serviços de saúde, o tamanho mínimo para um consultório
odontológico é de 9 m². Desta forma, o profissional consegue obter a distância
mínima estabelecida sem comprometer sua saúde.
91
5.9 RESULTADOS DOS TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE
5.9.1 Filtração
O feixe de raios X emite vários níveis de energia que podem ser filtrados. A
filtração remove preferencialmente os raios moles (raios de níveis de energia muito
baixos) que possuem grande comprimento de onda, logo, de pouca penetração.
Estes raios são indesejáveis porque eles são absorvidos pelo paciente (aumentando
a dose do paciente) não contribuindo para a formação da imagem radiográfica. Esta
filtração reduz 50% de dose desnecessária que atingiria o paciente, sem prejuízo do
tempo de exposição utilizado.
Dos equipamentos analisados, apenas 6,7% com tensão de 50 kVp não
apresentaram filtração total permanente adequada, ou seja, igual ou superior a
1,5mm de alumínio. O filtro de alumínio foi observado em 26,7 % dos equipamentos,
porém sem a especificação da espessura. Destes 15% possuem entre 15 a 20 anos
de uso. Conforme o que recomenda a norma 66,7 % apresentam espessura correta
e esta variou de 1,5 a 3,81 mm Al com média de 2,2 mm Al. Zimmerman (1999) em
seu trabalho sobre as considerações de proteção radiológica nas práticas dentais
cita a NCRP 35 que recomenda o uso de 0.5, 1.5, e 2.5 mm de alumínio para as
tensões de tubo abaixo de 50 kVp, entre 50 e 70 kVp, e acima de 70 kVp,
respectivamente. A Portaria 453/98 segue esses mesmos requerimentos de filtração
como norma nacional.
Os filtros encontraram-se localizados após a janela de saída do feixe de
radiação. Como visto, apenas os equipamentos mais antigos não apresentaram os
92
filtros ou suas especificações, podendo, desta forma, estar contribuindo com uma
maior dose de radiação para o paciente e ao mesmo tempo prejudicando a
qualidade da imagem radiográfica.
5.9.2 Radiação de Fuga
Por definição, a radiação de fuga é a radiação que consegue atravessar o
cabeçote e o sistema de colimação, não pertencente ao feixe primário. Também
chamada radiação de vazamento.
Através da avaliação da blindagem do cabeçote (ampola) dos equipamentos
durante a emissão da radiação verificou-se que 63,3% não apresentaram radiação
de fuga em nenhum ponto. Detectou-se radiação de fuga, ou seja, dose acima de
0,25mGy/h, em 30% dos equipamentos. Os valores dos pontos que apresentaram
níveis de radiação de vazamento variaram de 0,27 até 2,59mGy. O ponto C que é o
ponto oposto à saída do feixe de radiação foi o que apresentou melhor desempenho.
Em nenhum equipamento foi detectada radiação neste ponto (Figura 6).
Figura 6 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga.
93
Segundo a Portaria 453/98 do Ministério da Saúde, os equipamentos de raios
X deverão ter blindagem no cabeçote tal que o valor médio do "kerma" no ar da
radiação de fuga ou vazamento do conjunto emissor de radiação X a um metro do
ponto focal, em qualquer ponto em torno do envoltório protetor não ultrapasse 0,25
mGy / h (vinte e cinco décimos de miligray em uma hora), para equipamentos de
radiografia odontológica, com receptor de imagem de radiação intra-oral, com tensão
do tubo de raios X não excedendo 125 kVp.
Os níveis de radiação de fuga devem ser avaliados na instalação do
equipamento ou ainda sempre que o tubo de Raios X, a blindagem do cabeçote ou o
sistema de colimação forem modificados, pois eles aumentam a dose de radiação
para o paciente e para o profissional, quando permanece na sala no ato do exame.
5.9.3 Tamanho de Campo
O feixe primário ao atingir qualquer superfície produz feixes secundários.
Logo, entre o foco da válvula e a pele do paciente não deve haver nenhum
obstáculo, exceto a devida filtração de alumínio. O ângulo do feixe pode resultar, a
uma determinada distância, num diâmetro de campo que cause uma irradiação
ionizante que atinja órgãos vitais desnecessariamente (Figura 7).
Figura 7 - Campo ampliado dos feixes de raios X de equipamento odontológico irradiando áreas de órgãos vitais como o cristalino e a tireóide.
Fonte: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=98>. Acesso em: 17 nov. 2006.
94
Para radiografias intra-orais, o diâmetro do campo não deve ser superior a 6
cm na extremidade de saída do localizador, como diz a Portaria 453/98 MS (Figura.
8). Esta recomendação serve para proteger áreas nobres da cabeça como o
cristalino e a tireóide.
Um total de 67,9% dos equipamentos apresentaram tamanho de campo
acima de 6 cm de diâmetro em um intervalo de 7 a 20 cm (Figura 9).
Figura 8 - Dimensões de tamanho de campo aceitável demonstradas pelo gráfico da distância com a
densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.
Figura 9 - Dimensões de tamanho de campo fora do recomendado demonstradas pelo gráfico da distância com a densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.
95
Todos os equipamentos de tensão do tubo de 50 kVp apresentaram tamanho
de campo maior do que o estabelecido, assim como 25% dos equipamentos de 60
kVp e 10,7% do de 70 kVp (Figura 10). Os equipamentos anteriores à norma
vigente não possuem colimação suficiente como o revestimento do tubo cilíndrico
com chumbo.
Figura 10 - Conformidade do tamanho de campo relacionada à tensão do tubo dos equipamentos de raios X odontológicos.
No total foram encontrados 67,9% dos equipamentos com tamanho de campo
maior que o estabelecido. Realidade semelhante foi constatada por Gurjão (2001),
quando pesquisou o tamanho de campo irradiado de 150 equipamentos de raios X
na cidade de Salvador-BA, utilizando cartão dosimétrico desenvolvido pelo
IRD/CNEN (Instituto de Radioproteção e Dosimetria/ Comissão Nacional de Energia
Nuclear). Observou que 59,3% dos equipamentos foram reprovados e destes o
diâmetro de campo foi o principal responsável (68,5%) pela reprovação. Através de
testes de correlação observou-se uma tendência da exposição na pele do paciente
crescer conjugadamente com o crescimento dos valores de diâmetro de campo. No
presente estudo, os 39,3% dos equipamentos que apresentaram dose de entrada na
pele acima do permitido também foram reprovados no diâmetro de campo.
96
Os equipamentos de 70 kVp que apresentaram tamanho de campo maior que
o recomendado, são aparelhos mais antigos, adquiridos na década de 80 e que
possuem cilindros curtos de plástico, os demais possuem 4,0 cm de acrílico na
extremidade do localizador, aumentando o tamanho de campo apresentando uma
sombra adjacente à imagem mais densa. Diferentemente do que ocorre com os
equipamentos mais novos de mesma tensão, o que mostra a mudança dos
fabricantes após a vigência da Portaria 453/98 MS.
Esta Portaria 453/980MS determina que o tamanho do localizador deva ser tal
que "preencha" o espaço entre a extremidade física da ampola e a pele do paciente
(Figura 11).
Figura 11 - Cabeçote do equipamento periapical onde se lê: 1.Ampola; 2.Foco da ampola; 3.Distância
foco-pele; 4.Tamanho do localizador; 5.Pele do paciente; 6.Localizador. Fonte: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=98>. Acesso em 17 nov. 2006.
Determina também que a distância mínima foco-pele seja função da voltagem
da ampola: 18 cm para ampolas com voltagem menor ou igual a 60 kVp; 20 cm para
ampolas com voltagem entre 60 kVp e 70 kVp; e 24 cm para ampolas com voltagem
acima de 70 kVp. Isto significa que aparelhos de kV mais elevado são mais
adequados para a técnica do paralelismo.
97
Alguns fabricantes já estão lançando no mercado novos modelos de ampolas
com voltagem igual ou maior a 70 kVp e com localizadores mais longos e revestidos
de chumbo. Externamente é colocada uma identificação do ponto focal.
A Tabela 03 mostra as características dos localizadores dos equipamentos
analisados e sua conformidade com a Portaria 453/98 do MS. Observa-se que todos
os equipamentos que possuíam cilindro revestido de chumbo apresentam distância
foco-pele dentro do estabelecido na norma. Dos 32% dos equipamentos de 50 kVp,
77,8% apresentaram localizador de acrílico e, 22,2% a forma cônica. Também se
observou que dos 32% dos equipamentos de 60 kVp, 44,4% apresentam localizador
em forma cônica. O tamanho de campo está diretamente relacionado ao tipo de
localizador do equipamento de raios X. Os cilindros de tubo de metal limitam o
campo de radiação e os cilindros de acrílico e os localizadores em forma de cone
fechado ampliam a radiação espalhada, o que se verificou em 68% dos
equipamentos.
Tabela 3 - Características dos localizadores e o percentual dos equipamentos em conformidade com a Portaria 453/98 MS
Conformidade Portaria com a
453/98
Voltagem nominal do equipamento
Comprimento do Localizador
(cm)
C=curto
Distância
Foco - Pele
(cm)
Tipo de localizador
SIM NÃO
% de distribuição dos equipamentos
10,0 – 11,5 c 14,0 – 15,5 Cilindro/acrílico X 25% 50 kVp
07,0 – 08,0 c 11,0 – 12,0 Cone fechado X 7%
15,0 20,0 Cilindro/chumbo X 7%
05,5 – 10,0 c 09,5 – 14,0 Cone fechado X 14% 60 kVp
11,0 – 14,0 c 15,0 – 19,0 Cilindro/acrílico X 11%
10,0 – 15,0 c 14,0 – 19,0 Cilindro/acrílico X 11% 70 kVp
16,5 – 17,5 20,0 Cilindro/chumbo X 25%
98
Yacovenco analisou 5000 consultórios odontológicos nos anos de 1998, 1999
e 2000 no Estado de São Paulo e mostrou que 62% (no nosso estudo 68%)
apresentavam localizadores muito curtos, inferiores a 15 cm de comprimento, 27%
(neste estudo 39%) tinham formato cônico com extremidade de saída fechado e
58,2% (neste estudo 68%) apresentavam tamanho de campo acima dos 6 cm de
diâmetro. Observa-se uma grande semelhança entre os trabalhos e,
conseqüentemente, a constatação do aumento da radiação espalhada e do tamanho
do campo irradiado em dois grandes centros urbanos.
5.9.4 Camada Semi-Redutora (CSR)
Os resultados do teste da camada semi-redutora (CSR) encontram-se na
Tabela 4. Do total dos equipamentos de tensão de 50 kVp, 62,5% apresentaram
filtração mínima de 1,2 mm Al; do total dos equipamentos de tensão de 60 kVp
88,8% apresentaram a filtração mínima de 1,3mm Al; e do total dos equipamentos
de 70 kVp 80% registraram a mínima de 1,5 mm Al, todos de acordo com a Portaria
453/98 MS. Os 37,5% equipamentos de tensão de 50 kVp que não apresentaram
filtração mínima adequada obtiveram valores que variaram de 0,68 a 0,98 mm Al. O
equipamento de 60 kVp que não apresentou filtração mínima adequada obteve
1,18mm Al, e os de 70 kVp variaram entre os valores de 1,35 a 1,33 mmAl. Neste
teste, um equipamento não foi avaliado por não apresentar fio extensor suficiente
para se distanciar do feixe de raios X, já que para testar a camada semi-redutora
foram necessários, no mínimo, sete disparos.
99
Tabela 4 - Valores da tensão do tubo dos equipamentos relacionados com os valores e a conformidade das camadas semi-redutoras
Conformidade Tensão do Tubo (kvp)
CSR (mmAl) No de equipamentos (%) Sim Não
1,2 5 (18,5) X 50
0,68 – 0,98 3 (11,1) X
1,3 8 (29,6) X 60
1,18 1 (3,7) X
1,5 8 (29,6) X 70
1,35 – 1,33 2 (7,4) X
Total 27 (100) 77,8% 22,2%
Um percentual significativo de equipamentos possui espessuras de filtros que
não atendem às normas da Portaria 453/98 MS. Em 1998, Yakoumakis et al..
realizaram avaliações em 52 equipamentos de raios X odontológicos da Grécia,
sendo 9,6% com tensão nominal de 50 kVp, 23 % 60 kVp e 21% 70 kVp. A análise
destes equipamentos mostrou que 68% dos de 50 kVp tinham filtração inadequada,
e que a maioria (80%) dos de tensão 60 e 70 kVp, apresentaram filtração
apropriada, o que também foi observado no presente trabalho.
5.9.5 Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão
O teste de exatidão da tensão verifica se o valor de tensão nominal do
equipamento de raios X odontológico corresponde à tensão de saída do feixe de
raios X. A Portaria 453/98 MS estabelece que o indicador de tensão do tubo deve
apresentar um desvio (diferença entre o valor nominal e o valor medido) no intervalo
de tolerância de ± 10% em qualquer corrente de tubo selecionada.
Neste estudo, 39% dos equipamentos apresentaram variação na exatidão da
tensão superiores a 10% na faixa de 10,18 a 26,98% (Quadro 1 do apêndice, pg.
100
130). Os equipamentos de 70 kVp registraram maioria (80%) em conformidade com
a norma na exatidão da tensão, seguidos pelos de 50 kVp (67%) e dos de 60 kVp
(33%).
A tensão de pico do feixe de raios X deve manter-se constante, dentro dos
limites estabelecidos pela portaria 453/98 MS. Os equipamentos destinados a
radiografias intrabucais devem apresentar tensão de pico não inferior a 50 kVp, com
uma tolerância de 4%. Todos os equipamentos testados apresentaram
reprodutíveis quanto à tensão do tubo, ou seja, a variação em relação ao valor da
tensão média encontrada foi aceitável (Quadro 1 do apêndice, pg. 130).
No estudo da reprodutibilidade da tensão, Yacovenco (2001) dividiu os
equipamentos em três grupos: aparelhos que apresentavam os valores da tensão de
pico variando dentro de um intervalo de 4%, dentro de um intervalo de 10%, e
aqueles que variaram em mais de 10% em relação à tensão indicada. O resultado
mostrou, diferentemente dos 100% registrado no nosso estudo, que somente 12,3%
se enquadraram à norma. Tamanha diferença deve ser atribuída ao tipo de
metodologia aplicada para cada pesquisa.
5.9.6 Tempo de Exposição
O tempo de exposição controlado pelos marcadores de tempo que estão
ligados entre os terminais do auto transformador e do primário do transformador de
alta tensão, juntamente com a miliamperagem, constrói o binômio “mAs”,
responsável pela quantidade de raios X. Como a maioria dos equipamentos
odontológicos é de miliamperagem fixa, o único elemento variável para se regular a
quantidade de raios X é o Tempo de Exposição, que determina o tempo total durante
101
o qual os raios X são produzidos, daí a importância da sua exatidão e
reprodutibilidade. Esses crono-interrultores, quando mecânicos, utilizam princípios
de relógios, sendo imprecisos, dependentes de flexibilidade de molas metálicas.
Neste estudo, 36% dos equipamentos possuem marcadores eletrônicos, os
demais são mecânicos. O tempo de exposição oferecido pelos equipamentos variou
de 0,1 a 8,0 segundos. A Portaria regulamenta que o tipo de sistema de controle
deve ser eletrônico e não deve permitir exposição com duração superior a 5
segundos.
O tempo de exposição utilizado apresentou-se de forma variada: 20%
utilizavam 0,8 segundos de tempo de exposição; 45% utilizavam tempo de
exposição abaixo de 0,8%, variando de 0,2 a 0,7 segundos; e 35% utilizavam tempo
de exposição que variaram de 0,9 a 3,0 segundos. A média do tempo de exposição
utilizado foi de 0,8 segundos. Como a maioria dos livros de radiologia odontológica
com edições mais antigas tenta padronizar a técnica radiográfica recomendando 0,8
segundos de exposição, talvez seja por isso que 20% dos entrevistados utilizam este
tempo fixo para todos os pacientes, independente da região anatômica.
Do total dos equipamentos, 93% não apresentaram conformidade com a
exatidão do Tempo de Exposição, variando entre -191,30 à 86,31% (Quadro1). Em
relação à reprodutibilidade do Tempo de Exposição, 78% se revelou reprodutível.
Quanto à linearidade do Tempo de Exposição apenas 14% são lineares, o que
mostra que apesar deles não estarem exatos e nem serem lineares, são
reprodutíveis (Tabela 5). Trabalhos realizados como o de Costa (2002), em Boa
Vista (RR), mostram que o sistema de ajuste de tempo dos equipamentos de raios X
odontológicos é o que apresenta mais discrepância entre o valor ajustado e o valor
real do tempo de exposição. Ele comprovou que a maioria dos equipamentos
102
avaliados (70%) apresentavam discrepância na exatidão do tempo de exposição
maior do que 10% e Yacovenco (2001), em São Paulo, observou a mesma
discrepância em 58,6% dos equipamentos.
Tabela 5 -Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à
Reprodutibilidade, Linearidade e exatidão do tempo de exposição
Reprodutibilidade Linearidade Exatidão % Equipamentos
Não Não Não 17.9 Não Não Sim 3.6 Sim Não Sim 3.6 Sim Sim Não 14.3 Sim Não Não 60.7
5.9.7 Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição
Quanto maior a exposição, maior a dose e risco de radiação, pois não há
dose de radiação tão pequena que não possa produzir um efeito colateral. A
exposição permitida deve ser reprodutível para cada tempo escolhido com desvio
máximo dentro do intervalo de ±10%, e ser linear dentro de um intervalo de ± 20%.
Neste estudo, quanto a reprodutibilidade, somente 16,7% dos equipamentos
analisados apresentaram valores acima do estabelecido pela Portaria 453/98 da
Vigilância Sanitária, com desvio variando entre 10,14 - 106,22%. Quanto à
linearidade de exposição, 82% apresentaram valores acima do estabelecido, com
desvio variando entre 20,49 - 178,55% (Tabela 5). Estes resultados mostram por um
lado equipamentos confiáveis na reprodutibilidade e incorretos na linearidade. Este
fato pode estar diretamente relacionado com a exatidão do tempo de exposição que
neste estudo está desaprovada em 93% dos casos. Os equipamentos que se
apresentam em completa conformidade (21,4%), no item da exposição, pertencem
tanto a modelos atuais (40%) quanto a modelos mais antigos (60%), como da
103
década de 80 ou mais. O que se observa, que não está diretamente relacionado ao
tempo de uso do equipamento, mas provavelmente ao tipo de crono-interrultor
impreciso.
Tabela 6 - Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à Reprodutibilidade e Linearidade da exposição
Reprodutibilidade Linearidade % Equipamentos
Não Não 25.0 Não Não 3.6 Sim Não 46.4 Sim Não 3.6 Sim Sim 21.4
5.9.8 Dose de Entrada na Pele
Não existem limites de doses para pacientes nas exposições médicas, sendo
mais apropriado, neste caso, que se estabeleçam doses de referência. A dose
mínima ideal é aquela em que se obtém uma boa qualidade de imagem. A Portaria
453/98 MS estabelece que a dose na entrada na pele dos pacientes em radiografia
intrabucal deve ser inferiores a 3,5 mGy.
Para o teste de dose de entrada na pele foram realizadas medidas a 2 e 8 cm,
entre a câmara de ionização e o tubo localizador. A distância de 2 cm representa o
espaço dado quando o profissional aproxima mais o localizador da pele do paciente.
A distância de 8 cm representa o espaço dado pelo posicionador entre o tubo
localizador e a pele do paciente.
104
0.001.002.003.004.005.006.007.008.009.00
10.0011.0012.0013.0014.0015.0016.0017.00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Equipamento
dose
(mG
y)
8 cm2 cm
3,5 mGy
3.81 mGy3.62 mGy
Figura 12 - Dose em (mGy) de entrada na pele obtida pelas duas distâncias (2 e 8 cm) entre o
localizador e a pele do paciente de cada equipamento de raios X odontológico
Os resultados obtidos revelaram que para a distância de 08 cm, 14,3 %
ultrapassaram o valor permitido, variando de 3,62 a 7,31mGy. Já para a distância de
2 cm, 39,3% dos equipamentos ultrapassaram o valor permitido, variando de 3,81 a
15,38mGy (Figura 12). Destes, 45,5% nunca utilizam avental de chumbo nos
pacientes, e 9% utiliza às vezes. Isto mostra a existência de radiação excessiva
sendo aplicada aos pacientes submetidos a exames radiográficos intrabucais.
Valores concordantes foram encontrados por Yakoumakis et al. na Grécia (1998),
que observaram uma variação na dose de entrada na pele de 1,0 mGy e 19 mGy.
Foi observado que os equipamentos que apresentam doses de entrada na
pele maiores do que o recomendado possuem também localizadores fora dos
padrões, foram adquiridos entre o período de 1978 a 1998 e que nunca fizeram
manutenção (73%) ou fizeram a mais de quatro anos (32%). Fazendo uma
comparação entre as médias de dose de entrada na pele de equipamentos com
localizadores em forma de cone fechado e com os de cilindro aberto, observou-se
105
que a dose dos equipamentos com cone fechado a uma distancia de 8 cm é de 3,64
mGy e para uma distancia de 2 cm 6,41 mGy. Já os equipamentos de cilindro aberto
a uma distancia de 8 cm é de 2,02 mGy e para uma distancia de 2 cm 2,31 mGy,
demonstrando que o localizador em forma de cone fechado apresenta maior dose
para o paciente em relação ao localizador em forma de cilindro aberto. O tempo de
exposição mais utilizado pelos profissionais é de 0,4 s (18%), 0,6 s (18%), 0,8 s
(18%), 1,0 s (36%) e 3 s (9%).
Gurjão (2001) observou que 33,7% dos equipamentos analisados foram
reprovados no item de dose de entrada na pele. Levando em conta que não havia
distância entre a saída do localizador e o cartão dosimétrico, estes valores são bem
semelhantes ao registrado neste estudo quando feito a uma distância de 2 cm,
confirmando o fato de que quanto mais próximo o localizador da pele do paciente,
maior a dose de radiação que ele recebe.
106
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 CONCLUSÕES
Neste estudo nenhum equipamento de raios X odontológico da cidade de
Itabuna-BA apresentou 100% de conformidade com as normas estabelecidas pela
Portaria 453/ 98 MS. Assim, a manutenção periódica dos equipamentos de raios X
nos consultórios odontológicos deve ser uma prática rigorosa, pois caso contrário, os
níveis de radiação acima do regulamentado são um indicador que há mais riscos à
saúde humana através da maior probabilidade de ocorrência dos efeitos biológicos.
Não há necessidade de blindagem extra nas paredes de concreto, pois estas
se mostraram eficientes na atenuação da radiação ionizante, atendendo aos
requisitos da Portaria 453/98 MS, por meio do Levantamento Radiométrico.
Devido à falta de um controle quanto às repetições das radiografias e da
ausência do negatoscópio e da lupa para a visualização das mesmas, aliada a falta
do uso de um correto protocolo no processamento radiográfico, verificou-se a
107
necessidade de aperfeiçoamento técnico dos profissionais visando à melhoria da
qualidade das imagens radiográficas.
A não utilização dos recursos de proteção radiológica e do tratamento dos
resíduos dos metais pesados e solventes orgânicos nos consultórios odontológicos
da cidade de Itabuna-BA, no ano de 2004, os expõem, desnecessariamente,
podendo prejudicar a saúde dos profissionais e dos seus pacientes, além de elevar a
contribuição para a poluição do meio ambiente.
Os profissionais cirurgiões-dentistas de Itabuna-BA precisam ser
sensibilizados e atualizados quanto às práticas, normas e novos critérios que regem
o funcionamento de um consultório odontológico, principalmente no que diz respeito
à proteção radiológica e ao gerenciamento dos resíduos da área de saúde.
6.2 RECOMENDAÇÕES
A implementação de um programa de controle de qualidade em diagnóstico
por imagem nos serviços que utilizam raio X odontológico;
Promoção de cursos de capacitação aos profissionais cirurgiões-dentistas
para melhor conhecimento da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária e sua
aplicabilidade na rotina de trabalho com radiação ionizante.
Adequação dos equipamentos antigos para que atendam às diretrizes da
Portaria 453/98, através da troca de colimadores que reduzam o ângulo do feixe.
Uso do avental de borracha plumbífera que evita a rachadura do chumbo
quando não manipulado corretamente;
108
A organização de um sistema de gerenciamento dos resíduos gerados nos
consultórios odontológicos, que permita um controle mais rigoroso e eficiente que
traga segurança e menores custos;
Promoção de treinamento dos auxiliares de consultório dentário quanto aos
aspectos relevantes à minimização do risco à saúde pública e ambiental, através de
uma correta segregação e descarte dos resíduos manipulados na área odontológica.
109
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117
ANEXO
118
ANEXO A - Termo de Consentimento livre e esclarecido.
Universidade Estadual de Santa Cruz
Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
TERMO DE CONSENTIMENTO
__________________________, declaro para os
esenvolvimento Regional e Meio Ambiente, intitulada: “
Eu,_____________ devidos fins que estarei participando da pesquisa que está sendo elaborada
ela aluna de pós-graduação Patrícia Costa Oliveira do curso de mestrado em
pD Avaliação dos níveis
e poluição ambiental nos serviços com radiologia odontológica na cidade deabuna-BA, sob orientação do Prof. Dr. Fermin de la Caridad Garcia Velasco, qual será produto da dissertação de mestrado.
tei participar por livre e espontânea vontade e concedo à pesquisadora oireito de me entrevistar no meu consultório para que proceda comigo realiza
dIt
a
Acei
d r uestionários sobre o tema da pesquisa, sendo que com o meu consentimento oderão ser utilizados na íntegra.
Tem-me sido esclarecido pela pesquisadora que a minha fala serásguardada, assim como o sigilo da minha pessoa ou de outros que possamr sido referidos por mim, obedecendo aos princípios éticos e legais; e que
isa a qualquer momento de acordoo a assistência a que tenho direito
nesse serviço. Itabuna,_________ de _______________ ________ de 2004.
________________________ ___________________ ASSINATURA – favor não rubricar
q
p
re te terei livre arbítrio para me desligar da pesqucom a minha vontade sem qualquer prejuíz
__
_
119
APÊNDICE
120
APÊNDICE A - Questionário utilizado na entrevista com os cirurgiões-dentistas
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EMDESENVOLVIMENTO
REGIONAL E MEIO AMBIENTE
rezado Colega:
gradecemos sua disposição para colaborar com a presente pesquisa e ressaltamos
P
A
aimportância que terá este trabalho para a melhora da qualidade de nossos serviços de
diologia odontológica regional.
s dados levantados neste questionário serão utilizados no desenvolvimento do projeto de
ra
Op esquisa de dissertação intitulado “Avaliação dos níveis de poluição ambiental nos serviçosom radiologia em odontologia”, orientado pelo Prof. Dr. Fermin Garcia Velasco, pré-quisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meiombiente da aluna Patrícia Costa Oliveira. Vale ressaltar que os dados serão mantidos emgilo e utilizados de forma global nas estatísticas do projeto, e que as fichas dos
possuirão identificação do profissional entrevistado, constando apenas deumeração.
lmente,
rof. Dr. Fermin Garcia Velasco Patrícia Costa Oliveira Coordenador e orientador Mestranda
c reA si questionários nãon Cordia
P
UESC, Ilhéus, 29 julho - 2004
121
I - PROFISSIONAL Graduação: 1 - Instituição: 2 - Ano de Conclusão: Pós-Graduação: 3 - Especialização: ( ) Não ( ) Sim Qual ? 4 - Mestrado: ( ) Não ( ) Sim Qual ? 5 - Outros: ( ) Não ( ) Sim Qual ? 6 - Já fez curso de radioproteção? ( ) Não ( ) Sim Quando ?
Onde? 7 - Já fez curso de imagenologia? ( ) Não ( ) Sim Quando ?
Onde? 8 - Há quanto tempo que trabalha com raios X? 9 - Turnos de trabalho: Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
Manhã
Tarde
Noite II. EQUIPAMENTO
APARELHO DE RAIOS X 10 - Marca: 11 – Origem 12 - Série 13 – Foco 14 - kVp Máximo 15 - Tubo Localizador: ( ) Cilindro ( ) Cone 16 - Corrente 17 - Tempo máximo de exposição disponível do aparelho: 18 - Tempo de exposição mais utilizado: Região anterior ( )
Região posterior ( ) 19 – Ano de aquisição:
122
20 - De primeira ou segunda mão? 21 – Data da última manutenção:
III. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 22 - Faz uso de disparo com retardo? Não ( )
Sim ( ) Porquê ? 23 - Já fez o levantamento radiométrico? Não ( )
Sim ( ) Quantas vezes? Quando? 23 - Já fez controle de qualidade do equipamento? Não ( )
Sim ( ) Quantas vezes? Quando? 25 - Quem tira as radiografias: Dentista ( ) Atendente ( ) Estagiário ( ) Outros ( ) 26 - Utiliza Posicionadores para os filmes radiográficos? Não ( )
Sim ( ) 27 - Distância entre o operador e o paciente durante exposição aos raios X: 28 – Faz uso de dosímetro? Não ( )
Sim ( ) Qual a empresa que monitora?
Local que guarda: 29 - Marque a tabela abaixo: ACESSÓRIOS POSSUI UTILIZA
Avental de chumbo
Protetor de Tireóide
Parede blindada
Porta com placa de chumbo
Visor plumbífero
Sinalização visível na porta de acesso
Biombo de chumbo
Outros: Quais??
123
IV. EXAMES REALIZADOS
30 - Quais os exames radiográficos que mais utiliza? Periapical ( ) Interproximal ( ) Oclusal ( )
Outros: 31 - Média do número de radiografias por paciente: 32 - Média do número de radiografias por semana:
V. QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA 33 - Tipo de revelação: ( ) Manual com câmara portátil: Tempo total de revelação:
( ) Automática: Tempo total de revelação:
( ) Outros 34 - Possui termômetro para controle dos químicos? Não ( ) Sim ( ) 35 - Marca de filmes e químicos:
Kodak Kodak Insigth
Kodak Ektaspeed
Kodak Ultraspeed Fuji Agfa Outros
Filme
Revelador
Fixador 36 - Possui Negatoscópio? Não ( ) Sim ( ) Qual a marca? 37 - Possui Lupa? Sim ( ) Não ( )
VI. REJEITOS 38 - Há repetição de radiografias? Não ( )
Sim ( ) O que faz com as perdas? 39 - Há controle desta perda? 40 - Quais as causas das repetições? Movimentação do Paciente ( ) Revelação Inadequada ( )
Técnica (angulação/posicionamento) ( ) Tempo ( ) Outros: 41 - Local de descarte destes filmes: Lixo ( ) Estoque ( ) Vende ( ) Outros ( )
124
VII. POLUIÇÃO POTENCIAL
VII.1. QUÍMICOS 42 - Qual a quantidade de químicos utilizados por semana?
Revelador: mL ou Litros
Fixador: mL ou Litros 43 - Período de troca: Revelador Fixador 44 - Qual o destino dado aos químicos do processamento radiográfico?
Pia ( ) Rede Sanitária ( ) Lixo ( ) Estoque ( ) Vende ( ) Troca ( ) Outros ( )
VII.2. AMÁLGAMA 45 - Faz restauração de amálgama? Sim ( ) Não ( ) Média por semana: 46 - Método de manipulação do amálgama: Manual ( ) Cápsula ( ) Outro ( ) 47 - Descarte da sobra do amálgama: Pia ( ) Rede Sanitária ( ) Lixo ( )
Recipiente c/ água ( ) Outro ( ) 48 - Destino do rolo de algodão com excesso de amálgama: Lixo ( ) Incineração ( ) Outro ( ) 49 - Há excesso de mercúrio? Não ( ) Sim ( ) O que faz? 50 - Faz remoção de restauração de amálgama? Sim ( ) Não ( ) Média por semana: 51 - Faz extrações de dentes com amálgama? Sim ( ) Não ( ) Média por semana: 52 - Qual o destino dado a estes dentes?
VII.3. SOLVENTES QUÍMICOS 53 - Utiliza para desinfecção dos instrumentos Não ( ) Sim ( ) Quais?
54 - Utiliza para desinfecção do ambiente: Não ( ) Sim ( ) Quais?
125
55 - Quantidade utilizada por semana: mL ou Litros 56 - Qual o destino dado a estes? Pia ( ) Rede Sanitária ( ) Outros ( ) Segunda Fase 57 - Desejaria fazer levantamento radiométrico do seu equipamento e instalações? Não ( ) Sim ( ) Melhor dia e horário?
126
APÊNDICE B - Testes de Controle de Qualidade e Levantamento Radiométrico.
Universidade Estadual de Santa Cruz
FIMED - Núcleo de Física Médica
i) Identificação: Nº: ______ Nome:______________________________________
Endereço:__________________________________________________
Data:___/___/___
Equipe:____________________________________________________
Equipamento:_______________________________________________
KVp: _____ mA: _____ Tempo máximo: ________________
Tubo Localizador: comprimento: ______________ cone cilindro
filtro adicional: _____________
revestimento com chumbo:
sim
não diâmetro: _________________
Filtração Adicional: sim
não
espessura: _________________
outros: ____________________
127
Levantamento Radiométrico
pontos distância (m)
dose ( )
Tempo( ): ______ Croqui da Sala
iii) Radiação de Fuga Ampola de raios X
pontos distância (m)
dose ( )
128
iv) Controle de Qualidade Distância câmara – tubo localizador:____________ Tempo ( ) KVp max. KVp avg. KVp eff. ms Exp.
t1 t2 t2 t2 t3 Tamanho de Campo: T( ): ______ Camada Semi-Redutora t ( ) = _________
Filtro kVp max. kVp avg. kVp eff. ms Exp. Obs:
129
QUADRO
130
Quadro 1 – Valores dos resultados dos testes de controle de qualidade dos equipamentos de raios X odontológicos
Continua
Amostra Tempo
Selecionado (segundos)
kVpDesvio Tempo Medido
(%)
Tensão Desvio
(%)
Tensão Reprodutibilidade
(%)
Exposição Reprodutibidade
(%)
Exposição Linearidade
(%)
Camada semi
redutora (mmAl)
DEP a 8 cm
DEP a 2 cm
1 0.25 70 17.60 -2.94 20.49 1.93 1.10 1,72 1 0.32 14.78 -1.27 0.28 0.13 1 0.63 6.76 -1.03 2 0.25 50 -15.84 1.80 27.72 0.98 0.82 5,06 2 0.40 -33.65 0.65 0.06 10.14 2 0.80 -4.19 0.78 3 0.30 70 -18.20 5.56 22.14 2.34 1.66 2,99 3 0.80 11.36 5.37 6.40 22.14 3 1.50 18.33 5.63 4 0.30 70 14.77 1.13 27.57 2.08 2.00 2,74 4 0.60 7.66 1.09 0.09 2.24 4 1.50 4.00 0.93 5 0.40 70 -21.00 16.69 12.19 1.35 2.32 3,45 5 0.80 -9.67 17.00 0.91 0.20 5 1.50 -5.40 16.64 6 0.10 70 -14.70 -1.50 41.97 2.29 1.68 2,55 6 0.50 1.22 2.80 0.96 10.60 6 1.00 -0.20 2.40 7 0.50 70 2.50 2.09 9.44 2.02 2.21 3,35 7 1.00 13.06 2.83 0.19 0.85 7 1.50 13.27 2.67 8 0.10 70 10.60 0.91 65.18 2.07 0.69 1,26 8 0.20 7.87 7.10 0.45 7.18 8 0.50 2.50 9.27 9 0.30 50 -45.77 11.64 38.95 0.87 1.57 3,18 9 0.50 -21.82 10.94 0.83 4.92 9 1.00 4.69 10.74 10 0.10 50 -22.70 7.42 9.38 1.28 2.08 3,23 10 0.20 -17.03 9.28 0.31 4.03 10 0.50 -4.22 9.42 11 0.50 50 35.52 9.70 32.24 1.30 2.45 4,14 11 0.80 16.15 10.60 1.84 6.30 11 1.00 11.32 9.84
131Quadro 1 – Valores dos resultados dos testes de controle de qualidade dos equipamentos de raios X odontológicos.
Continuação
Amostra Tempo
Selecionado (segundos)
kVpDesvio Tempo Medido
(%)
Tensão Desvio
(%)
Tensão Reprodutibilidade
(%)
Exposição Reprodutibidade
(%)
Exposição Linearidade
(%)
Camada semi
redutora (mmAl)
DEP a 8 cm
DEP a 2 cm
13 0.20 50 71.75 -3.10 142.53 1.39 1.09 2,07 13 0.40 71.75 8.33 0.52 1.75 13 0.80 71.75 8.86 14 0.10 60 -73.20 8.43 18.75 1.45 3.03 5,01 14 0.40 -26.19 9.44 0.24 5.92 14 0.60 -22.75 8.17 15 0.20 50 -69.30 5.84 72.50 . 7.31 8,42 15 0.50 -2.59 5.81 0.79 41.18 15 1.00 -1.97 6.20 16 0.90 60 86.31 -3.05 149.26 1.95 1.15 1,69 16 1.50 57.15 1.26 0.08 2.29 16 2.00 39.90 1.62 17 0.20 70 -109.85 9.04 114.52 1.33 3.62 5,21 17 0.40 -28.62 8.59 2.09 106.22 17 0.80 0.95 8.59 18 0.50 60 -67.32 18.52 30.83 1.18 2.15 5,73 18 1.00 -66.73 17.58 3.34 30.83 18 1.50 -53.20 18.70 19 0.10 60 79.40 -1.12 178.55 1.74 0.40 0,72 19 0.40 52.51 12.41 1.47 0.00 19 1.00 16.32 12.22 20 1.00 60 59.71 26.53 88.78 1.54 3.36 4,06 20 2.50 8.32 26.12 0.90 2.28 20 3.00 3.50 26.98 21 0.50 70 19.18 22.27 51.29 1.53 3.37 5,08 21 1.00 -11.83 22.41 0.24 2.00 21 1.50 -23.27 22.40 22 0.40 60 -0.55 10.18 6.57 1.76 1.82 2,43 22 0.80 4.79 7.79 1.23 5.99 22 1.00 3.34 7.53
132
Quadro 1 – Valores dos resultados dos testes de controle de qualidade dos equipamentos de raios X odontológicos. Conclusão
Amostra Tempo
Selecionado (segundos)
kVpDesvio Tempo Medido
(%)
Tensão Desvio
(%)
Tensão Reprodutibilidade
(%)
Exposição Reprodutibidade
(%)
Exposição Linearidade
(%)
Camada semi
redutora (mmAl)
DEP a 8 cm
DEP a 2 cm
23 0.40 60 53.30 2.27 51.60 1.45 2.43 2,43 23 0.70 17.82 4.87 0.26 5.99 23 1.00 1.31 4.55 25 0.40 60 -150.00 10.68 47.23 2.02 6.92 15,38 25 0.70 -151.62 15.51 1.50 47.23 25 1.00 -191.30 15.18 26 0.50 50 -0.92 12.74 5.74 1.28 5.19 9,80 26 1.10 13.88 12.75 0.32 1.25 26 1.50 8.80 12.84 27 0.30 50 42.80 -5.42 65.91 1.26 0.60 0,96 27 0.50 33.58 -1.46 2.38 37.88 27 0.80 16.11 3.38 28 0.50 60 10.00 11.23 26.10 1.51 2.25 3,34 28 1.20 6.56 12.59 3.60 0.55 28 1.50 10.27 11.92 29 0.20 70 -2.80 4.80 158.16 2.08 0.94 1,44 29 0.40 3.79 5.28 0.24 2.68 29 0.70 6.67 5.44 30 0.30 50 36.93 2.12 31.93 0.68 2.13 3,81 30 0.60 35.89 -0.24 0.48 3.29 30 1.00 36.64 0.38
O48 Oliveira, Patrícia Costa. Avaliação dos níveis de poluição ambiental dos serviços com radiologia odontológica na cidade de Itabuna-Bahia / Patrícia Costa Oliveira. – Ilhéus, BA: UESC/PRODEMA, 2006. viii, 132 f. : il. ; Anexo Orientador: Fermin Garcia. Co-orientadora: Agnes Maria Fonseca Fausto. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-Gradua- ção em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndice.
1. Poluição – Aspectos ambientais. 2. Radiação Ionizante. 3. Radiologia odontológica. 4. Resíduos de serviço de saúde. 5. Consultórios odontológicos – Itabuna (BA). I. Título. CDD 363.73