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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente UESC AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA CIDADE DE ITABUNA-BAHIA PATRÍCIA COSTA OLIVEIRA ILHÉUS, BAHIA 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

UESC

AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM

RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA CIDADE DE ITABUNA-BAHIA

PATRÍCIA COSTA OLIVEIRA

ILHÉUS, BAHIA 2006

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PATRÍCIA COSTA OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA

CIDADE DE ITABUNA-BAHIA

Dissertação apresentada ao

Programa Regional de Pós-graduação em DesenvolvimentoRegional e Meio Ambiente,Subprograma UniversidadeEstadual de Santa Cruz, como partedos requisitos para a obtenção dotítulo de Mestre emDesenvolvimento Regional e MeioAmbiente

Orientador: Profº. Dr. Fermin Garcia Velasco

Co-orientadora: Profª. Ms. Agnes Maria Fonseca Fausto

ILHÉUS, BAHIA 2006

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PATRÍCIA COSTA OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA

CIDADE DE ITABUNA-BAHIA

Ilhéus-BA, 20/11/2006.

Fermin Garcia Velasco - PhD UESC

(Orientador)

Agnes Maria Fonseca Fausto – MS UESC

(Co-orientadora)

Paulo Sérgio Flores Campos – PhD UFBA

Marcelo Araújo – PhD UESC

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DEDICATÓRIA

A João Correia, meu querido esposo, pelo seu amor, confiança, cuidado e

incentivo na realização deste mestrado.

À minha filha Luísa, meu melhor presente, por saber esperar e me ajudar a

vencer mais este desafio.

À minha mãe, pelo exemplo de amor e determinação, sempre admirados em

todas as fases da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

“Não desampares a sabedoria, e ela te

guardará; ama-a e ela te protegerá”.

Provérbios 4: 6

A Deus, por me fazer sonhar e caminhar junto comigo no cumprimento deste

sonho. A Ele toda a minha adoração.

À minha família pelo carinho e força em toda esta caminhada.

Ao meu orientador, Profº Dr. Fermin Garcia Velasco, por acreditar na

realização deste trabalho, dispensando o seu tempo com orientação precisa e

competente, imprescindíveis para a minha formação científica.

À Profª Agnes Fausto, mais do que orientadora, uma amiga de todas as

horas, dedicada, disponível, incentivadora, sem a qual não teria conseguido realizar

mais este trabalho.

Ao Profº Dr. Anderson Mol, pelo seu carinho e ajuda em compartilhar suas

experiências e dando idéias que muito contribuíram na elaboração deste estudo.

À Profª Irene Maurício Cazola, professora de Estatística Experimental, pela

orientação recebida durante a elaboração deste trabalho.

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A Lindolfo por dedicar parte de seu precioso tempo na orientação final deste

trabalho, o qual admiro, não somente por sua competência profissional, mas também

pela disponibilidade, dedicação e amizade demonstradas.

Aos meus colegas de profissão, queridos cirurgiões-dentistas da cidade de

Itabuna, que abriram as portas dos seus consultórios e possibilitaram a realização da

pesquisa. Serei eternamente grata.

Aos alunos do Núcleo de Física Médica da UESC, Camila, Carlos, Murilo e

Marcos, que com muita dedicação participaram colaborando para a concretização

desta pesquisa.

Aos meus colegas de mestrado, Adil, Alonso, Ariele, Brenda, Cezar, Cláudia,

Christiana, Edvaldo, Eliana, Érik, Fábio, Fred, Jacson, Leila, Pires, Sabine, Vinícius e

Tula, por enriquecerem a minha vida com suas experiências e por hoje serem meus

amigos.

Aos professores do mestrado de Desenvolvimento Regional e Meio ambiente

da UESC pelo exemplo docente com o qual nos conduziu nesta caminhada.

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AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL DOS SERVIÇOS COM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NA

CIDADE DE ITABUNA-BAHIA

RESUMO

A poluição ambiental gerada pelas práticas odontológicas tem sido alvo de preocupação de cientistas de todo o mundo no que se refere à qualidade de vida e saúde da população. O uso das radiações ionizantes, metais pesados e solventes orgânicos, nos consultórios odontológicos, representa riscos à saúde das pessoas e produzem impactos ambientais quando não manipulados de forma adequada. Avaliaram-se os níveis de poluição ambiental em 65 consultórios odontológicos de Itabuna-BA quanto à utilização e descarte de metais pesados e solventes orgânicos e usuário de radiação ionizante. A entrevista estruturada por questionário foi aplicada a 65 odontólogos, e na amostra aleatória de 30 consultórios realizou-se os testes de controle de qualidade em radiodiagnóstico, através das variáveis quilovoltagem e demanda do equipamento. A pesquisa abrangeu os seguintes fatores: ambiente, equipamentos de raios X, procedimentos de trabalho, produtos químicos utilizados, qualidade de imagem, o perfil e o comportamento dos profissionais quanto à radioproteção. Os resultados obtidos foram comparados com os estabelecidos pelas normas de proteção radiológica e de resíduos sólidos. Quanto aos ambientes, 4,6% dos consultórios odontológicos possuem blindagem extra nas paredes e revestimento de chumbo na porta da sala de exame; os níveis de radiação produzidos em todos os ambientes ao redor dessa sala atendem aos requisitos da Portaria 453/98 do Ministério da Saúde (MS). Em relação aos equipamentos de raios X odontológicos, 40% são de tensão nominal de 50 kVp, 50,8% dos localizadores estão fora dos padrões recomendados e nenhum apresentou 100% de conformidade a todos os testes do controle de qualidade. Quanto aos resíduos químicos, 80% dos profissionais realizam restauração de amálgama e 100% deles utilizam solventes orgânicos para desinfecção de instrumentais e do ambiente. Todos descartam os metais pesados e os solventes orgânicos no lixo comum ou na rede sanitária. Quanto à qualidade de imagem, 98% não utilizam termômetro e cronômetro para o processamento radiográfico, 65% possuem lupa e 68% possuem negatoscópio. Em relação ao comportamento profissional, em relação à radioproteção, apenas 3% já fizeram curso de radioproteção, 1,5% faz uso de dosímetro pessoal e 77% possuem vestimenta plumbífera para os pacientes. Concluímos que os profissionais cirurgiões-dentistas de Itabuna-BA precisam ser sensibilizados e atualizados quanto às práticas, normas e novos critérios que regem o funcionamento de um consultório odontológico, principalmente no que diz respeito à proteção radiológica e ao gerenciamento dos resíduos da área de saúde.

Palavras-chave: Radiação Ionizante – Resíduos da área de Saúde –

Odontologia – Controle de Qualidade.

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THE ENVIRONMENTAL POLLUTION LEVELS EVALUATION OF RADIOLOGY DENTAL SERVICES IN ITABUNA-BAHIA

ABSTRACT

The environmental pollution produced by dental practices has been a target of scientists’ preoccupation in today’s world regarding to life and health quality of the population. The use of ionizing radiation, heavy metals and organic solvents in dental offices represent health risks to people and produce environmental impacts when not adequately manipulated. The environmental pollution levels were evaluated in 65 dental offices in Itabuna-BA, during heavy metals and organic solvents employment and disposal, and the use of ionizing radiation. An interview supported by an elaborated questionnaire was applied with 65 dentists and quality control tests in radio diagnosis on kilo voltage and equipment use basis was performed through a randomized sample from 30 dental offices. The research evaluated the offices’ spaces, X ray equipment, work procedures, chemicals products, image quality and professionals behavior related to radioprotection. The obtained results were compared to established radioprotection and solid wastes parameters. As for the offices, 4.6 % have protective armored walls and leaded doors in the exam room and the radiation levels produced in there attended the official requirements. In relation to dental X ray equipment, 40% of them are tube potential of 50 kVp, 50.8% of the cylindrical collimation is not according to recommended standards and none of them were 100% in accordance with quality control tests. As for chemical wastes, 80% of the professionals employ amalgam restoration and 100% of them use organic solvents for disinfections of the instruments and office environment. All of them discharge the heavy metals and organic solvents into ordinary garbage cans which end in municipal sanitary disposals. As for the image quality, 98% do not use thermometer or chronometer in the radiographic development, 65% have extra magnifying lenses and 68% have negatoscópio. As for the professional radiation protection procedure, only 3% had already done a radiation protection course, 1.5% use personal dosimeters and 77% have leaded aprons for the patients. We concluded that the professionals in Itabuna-BA ought to know the work practice based on criteria and rules that guide the functioning of the dental offices mainly when it comes to radiation protection and the administration of waste residues. Key words: Ionizing Radiation – Health Wastes – Dentistry – Quality Control.

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LISTA DE FIGURAS

1 - Imagem de um tubo de raios X, no qual o cátodo produz um fluxo de elétrons puros que é acelerado e atinge o ânodo produzindo radiação X...............................26

2 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga..........................67

3 - Relação da distância medida em centímetros com a densidade óptica obtida para a determinação do tamanho de campo irradiado pela largura a meia altura...........................................................................................................................68

4 - Tipos de localizadores encontrados: em forma de cone fechado, em forma de cilindro aberto de acrílico curto e de cilindro aberto longo revestido com chumbo, respectivamente.........................................................................................................77

5 - Equipamentos de raios X odontológico adquiridos na década de 50 e em 2002, respectivamente.........................................................................................................78

6 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga..........................92

7 - Campo ampliado dos feixes de raios X de equipamento odontológico irradiando áreas de órgãos vitais como o cristalino e a tireóide..................................................93

8 - Dimensões de tamanho de campo aceitável demonstradas pelo gráfico da distância com a densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.................................94

9 - Dimensões de tamanho de campo fora do recomendado demonstradas pelo gráfico da distância com a densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.............94

10 - Conformidade do tamanho de campo relacionada à tensão do tubo dos equipamentos de raios X odontológicos.....................................................................95

11 - Cabeçote do equipamento periapical onde se lê: 1.Ampola; 2.Foco da ampola; 3.Distância foco-pele; 4.Tamanho do localizador; 5.Pele do paciente; 6.Localizador..............................................................................................................96

12 - Dose em (mGy) de entrada na pele obtida pelas duas distâncias ( 2 e 8 cm) entre o localizador e a pele do paciente de cada equipamento de raios X odontológico.............................................................................................................104

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LISTA DE TABELAS

1 - Valores mínimos de camadas semi-redutoras em função da tensão de tubo máxima de operação dadas pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.....................................................................................................................70

2 - Percentual da conformidade dos consultórios em relação aos requisitos de proteção radiológica quanto aos ambientes...............................................................88

3 - Características dos localizadores e o percentual dos equipamentos em conformidade com a Portaria 453/98 MS...................................................................97

4 - Valores da tensão do tubo dos equipamentos relacionados com os valores e a conformidade das camadas semi-redutoras.............................................................99

5 - Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à Reprodutibilidade e Linearidade da exposição ........................................102

6 - Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à Reprodutibilidade, Linearidade e exatidão do tempo de exposição.................................................................................................................103

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT ADA ALARA ANVISA cm CD

CNEN

CONAMA

CRO

CSR

DEP DQO ICRP

IRD

kVp

mA

mmAl MS

OPAS

PGRSS RSS

SUS

TC TLD TLV VOCs

Associação Brasileira de Normas Técnicas

American Dental Association

as low as reasonably achievable

Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

centímetro

Cirurgião-dentista

Comissão Nacional de Energia Nuclear

Conselho Nacional do Meio Ambiente

Conselho Regional de Odontologia

Camada Semi-redutora

Dose de Entrada na Pele

Demanda Química de Oxigênio

International Commission on Radiological Protection

Instituto de Radioproteção e Dosimetria

quilovoltagem pico

miliamperagem

milímetros de alumínio

Ministério da Saúde

Organização Pan-Americana da Saúde

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

Resíduos de Serviço de Saúde

Sistema Único de Saúde

Tamanho de Campo

Termoluminescence Dosimetry

Threshold Limit Value

Volatiles Organics Compounds

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RESUMO ..................................................................................................................vii

ABSTRACT ..............................................................................................................viii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................5

2.1. SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SAÚDE AMBIENTAL......................................5

2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS POLUENTES FÍSICOS E QUÍMICOS NOS

SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS..............................................................................10

2.3. RISCOS NOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS...........................................11

2.3..1. Risco Físico ........................................................................................12

2.3.2. Risco Químico ......................................................................................16

2.4. SÍNTESE HISTÓRICA SOBRE RADIAÇÃO EM RADIOLOGIA

ODONTOLÓGICA ...............................................................................................24

2.5. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES................................................28

2.6. REQUISITOS DE PROTEÇÃO RELACIONADOS COM O EQUIPAMENTO

DE RAIOS X ODONTOLÓGICO .........................................................................33

2.7. GARANTIA DE QUALIDADE EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA............38

2.8. LEGISLAÇÃO PARA RADIODIAGNÓSTICO EM ODONTOLOGIA.............42

2.9. POLUIÇÃO POR METAIS EM ODONTOLOGIA: MERCÚRIO E PRATA....45

2.10. POLUIÇÃO POR SOLVENTES ORGÂNICOS EM ODONTOLOGIA.........49

2.11. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS GERADOS NO

CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO....................................................................54

3. OBJETIVOS ....................................................................................................60

3.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................60

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................60

4. METODOLOGIA .............................................................................................62

4.1. CONDUÇÃO DA PESQUISA........................................................................62

4.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA.........................................................................63

4.3. AVALIAÇÃO DOS AMBIENTES...................................................................64

4.4. AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS...........................................................66

4.4.1. Filtração Total.......................................................................................66

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4.4.2. Radiação de Fuga.................................................................................67

4.4.3. Tamanho de Campo.............................................................................68

4.4.4. Camada Semi-Redutora (CSR)............................................................69

4.4.5. Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão..............................................70

4.4.6. Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição.....................................71

4.4.7. Exatidão e Reprodutibilidade do Tempo de Exposição........................72

4.4.8. Dose de Entrada na Pele......................................................................73

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................74

5.1. O ´PERFIL ACADÊMICO DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS........................74

5.2. OS EQUIPAMENTOS DE RAIOS X ODONTOLÓGICOS............................75

5.3. COMPORTAMENTO QUANTO À PROTEÇÃO RADIOLÓGICA.................77

5.4. QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA...............................................82

5.5. REJEITOS RADIOGRÁFICOS.....................................................................83

5.6. USO DO MERCÚRIO...................................................................................84

5.7. USO DE SOLVENTES ORGÂNICOS...........................................................86

5.8. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DOS AMBIENTES....................................87

5.8.1. Levantamento Radiométrico.................................................................87

5.9. RESULTADOS DOS TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE...............91

5.9.1. Filtração................................................................................................91

5.9.2. Radiação de Fuga.................................................................................92

5.9.3. Tamanho de Campo.............................................................................93

5.9.4. Camada Semi-Redutora (CSR)............................................................98

5.9.5. Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão.............................................99

5.9.6. Tempo de Exposição..........................................................................100

5.9.7. Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição...................................102

5.9.8. Dose de Entrada na Pele....................................................................103

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................106

6.1. CONCLUSÕES...........................................................................................106

6.2. RECOMENDAÇÕES..................................................................................107

REFERÊNCIAS.......................................................................................................109

ANEXO.....................................................................................................................117

APÊNDICE...............................................................................................................119

QUADRO..................................................................................................................129

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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, as inovações tecnológicas trouxeram grandes avanços

na área da saúde, mais especificamente nos diagnósticos e tratamentos das mais

diversas doenças. Entretanto, o cuidado com a manipulação adequada dos

equipamentos emissores de raios X e o descarte desordenado de resíduos no meio

ambiente têm se tornado motivo de preocupação de cientistas de todo o mundo, no

que se refere aos cuidados com a saúde da população.

Constitui-se um enorme desafio administrar eficientemente os riscos à saúde

associada com o vasto espectro da poluição gerada pelas atividades no planeta.

Essa complexidade e multidisciplinaridade causadas pelo rápido crescimento

tecnológico requerem que a questão da saúde seja tratada de forma integrada, pois

a melhora da qualidade da saúde ambiental estará, necessariamente, ligada ao

desenvolvimento de processos ecologicamente sustentáveis (BRILHANTE, 1999).

O exercício da Radiologia, pelas suas características ligadas principalmente à

produção de efeitos biológicos sobre organismos vivos, está sujeita às regras e

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normas que visam a proteger todos aqueles que, de forma habitual ou não, recebem

radiações. No entanto, os mecanismos de fiscalização da observância de normas

que garantam a qualidade dos serviços ligados à radiação ionizante são, na maioria

dos casos, pouco eficientes. Neste aspecto reside a maior preocupação de todos

aqueles que estão apreensivos com a poluição do meio ambiente (FREITAS, 2000).

Os riscos potenciais das radiações ionizantes geralmente são vistos como

perigosos, tornando-se então compreensível que muitos pacientes sintam um

desconforto ao exame radiológico, temendo efeitos negativos das radiações.

Entretanto, não existem motivos para evitar um exame radiográfico devidamente

indicado, pois os benefícios individuais em diagnóstico e na terapêutica

intervencionista são grandes, porém é necessário um bom conhecimento sobre os

requisitos básicos de proteção radiológica para minimizar os riscos.

Em odontologia, os órgãos importantes envolvidos na radiografia dentária são

provavelmente a medula vermelha da mandíbula, a tireóide e o cristalino. De acordo

com o tipo de exposição (aguda ou fracionada), poderá ocorrer, nestes órgãos,

depressão do processo de formação sanguínea, hipotireoidismo ou tireoidite e

redução da visão (ZENÓBIO; SILVA, 2003).

A poluição possível de ser gerada nos consultórios odontológicos, através da

radiação ionizante e dos resíduos químicos, é uma das maiores preocupações na

área da saúde humana. Quanto à identificação dos resíduos produzidos nos

consultórios odontológicos, o mercúrio é o mais temido por ser extremamente tóxico.

Mesmo assim é muito usado como componente principal da restauração de

amálgama na recuperação da saúde dental, mesmo com o desenvolvimento de

novos e promissores materiais restauradores.

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Tanto os dentistas, como a sociedade em geral, reconhecem os benefícios da

restauração de amálgama para manter a saúde dental dos pacientes, contudo é

ainda difícil transmitir segurança ou proteção ambiental quando do uso do mercúrio.

Um outro metal que também é muito utilizado em odontologia, e que

necessita de um controle para o seu descarte, é a prata. Além de ser um dos

componentes da restauração de amálgama, a prata também faz parte da emulsão

que cobre os filmes sensíveis para radiografia e, na forma de thiosulfato de prata, é

fundida em altas concentrações em soluções fixadoras de raios X. Sensíveis à luz,

os cristais de prata presentes no filme de raios X são liberados como thiosulfato

durante o processo de fixação. Assim, a solução fixadora usada no processamento

dos filmes radiográficos é um resíduo de risco por causa do alto nível de prata. Um

controle da quantidade da prata contida nos filmes e na solução fixadora é

imprescindível e as formas de descarte, lixo e rede sanitária, devem ser

rigorosamente fiscalizadas.

Na maioria das vezes, os filmes que vão para o lixo comum são os rejeitos, ou

seja, aqueles que são repetidos ou que são considerados velhos, sem motivo útil. O

que preocupa são as reações que ocorrem no meio ambiente, pois os íons de prata

livres atuam como enzimas inibidoras, interferindo nos processos metabólicos dos

organismos (THUNTHY, 1990).

Também são considerados como resíduos tóxicos muitos dos desinfetantes

que são utilizados nos consultórios odontológicos para a desinfecção de espaços,

superfícies, instrumentais e certos equipamentos. Dentre eles estão o glutaraldeído,

formaldeído, amônia e os fenóis que são substâncias perigosas à saúde, quando

acima de um por cento na concentração, podendo também causar a alergia e a

asma.

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Muitos desses desinfetantes contêm substâncias voláteis e não-voláteis. Os

maiores constituintes com significado tóxico são da forma dos VOCs. As acetonas

são consideradas como substâncias tóxicas com uma concentração acima de dez

por cento. Também dependendo da concentração, o álcool isopropil e o etanol são

soluções tóxicas. Assim, como todo consultório odontológico precisa estar com seus

equipamentos e espaços livres de contaminação, muitos dos desinfetantes

considerados tóxicos, como acima citados, são usados em larga escala e

descartados no meio ambiente, através da pia, sem passar por algum tipo de

tratamento.

A má gestão dos recursos de proteção radiológica e do tratamento dos

resíduos dos metais pesados e solventes orgânicos nos consultórios odontológicos

expõe a saúde dos profissionais e dos seus pacientes e interfere no meio ambiente.

Diante desta circunstância, e sendo Itabuna uma cidade de relevância regional na

Bahia, o presente trabalho visa avaliar a poluição ambiental quando da utilização do

aparelho de raios X e do descarte de metais pesados e solventes orgânicos em seus

consultórios odontológicos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SAÚDE AMBIENTAL

Compreender problemas de saúde simultaneamente a partir de perspectivas

ecológicas e sociais é fundamental para que propostas de desenvolvimento

econômico e tecnológico possam resultar em balanços mais positivos entre os

benefícios e os prejuízos deles decorrentes, seja para a saúde dos trabalhadores, da

população em geral ou dos ecossistemas. Essa visão nos ajuda a pensar de forma

integrada os conceitos de risco e o de desenvolvimento econômico-tecnológico a

partir da dialética entre produção-destruição. Ao mesmo tempo em que novos

processos de produção e tecnologias geram riquezas e conforto, novos riscos

ocupacionais e ambientais podem ser incorporados aos territórios e afetar certos

grupos populacionais em distintas escalas espaciais e temporais (PORTO, 2005).

Em todo o mundo, a área da saúde manifesta fenômenos preocupantes. Não

são somente riscos potenciais, mas agravos crescentes à saúde e à integridade

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individual ou coletiva que têm produzido conseqüências destruidoras no conjunto

das populações. Degradação ambiental e agravos à saúde expressam, portanto,

uma crise ecológica stricto sensu. Grande parte desses problemas é conseqüência

direta de ações humanas sobre o meio, incluindo, por exemplo, os riscos de

exploração de novos nichos ecológicos, as progressivas ondas migratórias de

homens e mulheres por todas as partes do mundo, o desenvolvimento industrial

exponencial, a falta de resolução dos problemas da fome e desnutrição, o

crescimento das desigualdades sociais, as condições de vida das populações

urbanas e rurais, as novas tecnologias, e outros (IANNI, 2005).

O plano estratégico 2003-2007 da Repartição Sanitária Pan-Americana

(OPAS, 2002) põe em destaque forças importantes que moldam a natureza e a

qualidade das interações humanas e redefinem práticas, crenças e atitudes. As três

forças mais relevantes para o ambiente que afetam a saúde são a globalização, a

mudança ambiental, e o binômio ciência-tecnologia. Elas atuaram de maneira

significativa na seleção das questões organizacionais essenciais e das prioridades

da cooperação técnica.

A mudança ambiental ocorre com os deslocamentos populacionais, a

mudança tecnológica e as forças socioculturais e econômicas por moldarem a

transformação do ambiente que afeta o lugar em que as pessoas vivem, bem como

seus locais de trabalho e lazer. Outras atividades humanas também foram

relacionadas, como a industrialização e o uso de tecnologias por afetarem o meio

ambiente, alterando o clima e a qualidade da água, da terra e do ar e, por

conseguinte, a qualidade da produção agrícola e pecuária (OPAS, 2002).

Em relação à saúde humana, historicamente, as ações de saúde pública

estavam relacionadas à contaminação da água de consumo humano e ao controle

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de vetores, reservatórios ou hospedeiros e peçonhentos. Mas, o aumento em

tamanho e em complexidade do meio urbano tem elevado, cada vez mais, a

quantidade de fatores ambientais de risco. Atualmente, considera-se como fatores

ambientais de risco também os poluentes químicos lançados no ar e no solo pela

atividade humana, campos eletromagnéticos gerados por antenas de transmissão e

mesmo desastres naturais e acidentes com produtos perigosos (BRASIL, 2002).

Segundo Brilhante (1999) os riscos tecnológicos ambientais são classificados

em dois grupos: riscos tecnológicos, aqueles decorrentes das atividades

desenvolvidas pelo homem e os riscos naturais, os oriundos de distúrbios da

natureza.

Dentro deste contexto, e com o intuito de garantir e promover a saúde

humana nos mais diversos ambientes, em que ocorre a presença do homem surge o

conceito de Saúde Ambiental.

Segundo o Ministério da Saúde, o conceito de Saúde Ambiental é o conjunto

de ações e serviços que proporcionam o conhecimento e a detecção de fatores de

risco do meio ambiente que interferem na saúde humana. O sistema integra

informações e ações de diferentes setores com o objetivo de prevenir e controlar os

fatores de risco de doenças e de outros agravos à saúde, decorrentes do ambiente e

das atividades produtivas (BRASIL, 2002).

A crise ambiental contemporânea vem intensificando as discussões e a

percepção pública acerca dos efeitos dos processos de produção e consumo das

sociedades industriais modernas sobre a saúde humana e a dos ecossistemas.

Dentre outros fatores, podemos destacar a degradação ambiental em várias regiões

do planeta e o reconhecimento científico dos riscos ecológicos globais, tais como o

chamado efeito estufa, a redução da camada de ozônio, a destruição de florestas e

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da biodiversidade, a poluição atmosférica e marítima. Os riscos ambientais vêm

fazendo com que as escalas espaciais e temporais para as análises dos riscos

modernos tornem-se cada vez mais amplas e complexas, ao mesmo tempo em que

intensificam os imperativos éticos relacionados à ameaça da continuidade da vida no

planeta, colocados anteriormente com a ameaça da guerra nuclear total (PORTO,

2005).

As preocupações com a problemática ambiental estão inseridas na Saúde

Pública desde seus primórdios, apesar de só na segunda metade do século XX ter

se estruturado uma área específica para tratar dessas questões (RIBEIRO, 2004).

No Brasil, os enfoques na abordagem de problemas de saúde relacionados

ao meio ambiente seguiram, em linhas gerais, os mesmos enfoques internacionais

(RIBEIRO, 2004). As preocupações com os problemas ambientais e sua vinculação

com a saúde humana foram ampliadas no Brasil, inclusive, a partir da década de

1970. Durante essa década, foi criada a SEMA (Secretaria Especial de Meio

Ambiente) e, a exemplo dos Estados Unidos, foram estabelecidos os Padrões de

Qualidade do Ar e das Águas. O Ministério da Saúde vem estruturando a área de

Vigilância e em 2003, criou a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), na qual está

inserida uma Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde (CGVAM)

(DOU, 2005). A Vigilância Ambiental em Saúde tem como objetivo geral prevenir e

controlar fatores de risco de doenças e de outros agravos à saúde, decorrentes do

ambiente e das atividades produtivas. Um de seus objetivos específicos é identificar

os riscos e divulgar, para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a sociedade, as

informações referentes aos fatores ambientais condicionantes e determinantes das

doenças e outros agravos à saúde (RIBEIRO, 2004).

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A área de contaminantes ambientais também tem como atribuição identificar e

catalogar o perfil toxicológico dos fatores ambientais físicos e químicos de interesse

à saúde pública. Considerando o grande volume de novos produtos que são

disponibilizados para o consumo e para a economia humana, esta área deverá

atualizar permanentemente o conhecimento dos potenciais efeitos à saúde humana

decorrentes da exposição humana a estes fatores (BRASIL, 2002).

A Saúde Ambiental atual baseia-se no reconhecimento da existência e das

necessidades de todos os seres humanos e no encontro de soluções dentro dos

princípios de eqüidade e de universalidade. Tradicionalmente os direitos humanos

ou direitos inalienáveis do ser humano eram: eqüidade, liberdade, felicidade, vida e

propriedade. Hoje em dia, um meio ambiente salubre não é só visto como um

elemento da qualidade de vida, mas como um direito humano ou um direito

inalienável, portanto sujeito ao princípio universal de igualdade e a receber um

status legal formal, uma vez que constituiria um direito legal. As pesquisas em

Saúde Ambiental têm buscado subsidiar políticas, programas e ações que visem

garantir maior justiça ambiental e esse direito inalienável do ser humano, apesar das

dificuldades, por exigir transformações nos próprios homens (RIBEIRO, 2004).

Devido à própria definição de meio ambiente, os conceitos e práticas relativas

à Saúde Ambiental são eminentemente interdisciplinares e intersetoriais. Assim,

dentro das diferentes esferas de governo (municipal, estadual e federal), envolve a

participação das áreas de saúde, meio ambiente, educação e serviços e obras, entre

outros, bem como de profissionais das mais diversas formações.

O reconhecimento da interdependência entre saúde, desenvolvimento

econômico, qualidade de vida e condições ambientais, vem sendo superado pela

consciência de que a capacidade de interferência humana desenvolve um papel

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contundente no equilíbrio e na evolução de sistemas complexos. Isto significa

constatar as possibilidades e as responsabilidades decorrentes da capacidade de

intervenção da sociedade humana sobre seu destino, e o da vida no planeta como

um todo (GEO BRASIL, 2002).

O conhecimento científico tem avançado no sentido de elaborar e estabelecer

relações entre um grande número de indicadores ambientais e de saúde,

notadamente aqueles referentes a morbidades particulares e processos

fisiopatológicos, mas também indicadores biológicos de exposição. Portanto, para

ajuizar e explicitar cientificamente a relação ambiente-saúde torna-se necessário que

esteja disponível um estoque de informações passadas e atuais sobre os dois

termos da relação. É preciso que o meio ambiente, a saúde e o desenvolvimento

sustentável e humano se situem no centro deste processo. A promoção da saúde se

constitui num novo marco teórico que permite considerar tais inter-relações e serem

vistos e abordados de maneira indissociável. Nesses termos, a saúde e as

condições de vida somente têm sua relevância, quando referenciadas ao nível do

lugar e das pessoas, onde deverão ser equacionadas na conformidade dos recursos

aí existentes (GEO BRASIL, 2002).

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS POLUENTES FÍSICOS E QUÍMICOS NOS

SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

Os estabelecimentos de saúde passaram por uma enorme evolução devido

ao desenvolvimento da ciência médica, onde a todo o momento são incorporadas

novas tecnologias aos métodos para diagnóstico e tratamento, agregando novos

materiais, substâncias químicas e equipamentos. Esses processos refletem-se na

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composição do produto residual gerado, que se torna mais complexo e em alguns

casos mais perigosos, oferecendo riscos ao homem e ao meio ambiente (SILVA,

2004).

Conforme a classificação do CONAMA (1993), os resíduos gerados pelas

práticas odontológicas se enquadram nos grupos A (infectantes ou biológicos), B

(químicos) e D (comuns). No grupo A, exigem atenção especial os resíduos perfuro

cortantes. No grupo D, estão aqueles resíduos que não apresentam risco biológico,

químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos

resíduos domiciliares. No grupo B, merece atenção: o mercúrio metálico, que

também exige critérios especiais de manuseio, acondicionamento e destinação final

(NAZAR et al.; 2005).

2.3 RISCOS NOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

Os resíduos gerados nos serviços odontológicos causam riscos à saúde

pública e ocupacional equivalente aos resíduos dos demais estabelecimentos de

saúde (BRASIL, 2006). Embora a quantidade de resíduos que causam riscos à

saúde é em menor proporção, existe ainda risco de infecção cruzada e perigo

potencial para o meio ambiente associado com a má administração dos resíduos

(OZBEK, 2003).

São considerados riscos ocupacionais a possibilidade de perda ou dano e a

probabilidade de que tal perda ou dano ocorra. Implica, pois a probabilidade de

ocorrência de um evento adverso. Os riscos mais freqüentes a que estão sujeitos os

profissionais que atuam em assistência odontológica são os físicos, os químicos, os

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ergonômicos, os mecânicos ou de acidente, os advindos da falta de conforto e

higiene e os biológicos (BRASIL, 2006).

2.3.1 Risco Físico

Os profissionais da área da odontologia diariamente manuseiam caneta de

alta rotação, micromotor, compressor de ar, sugadores, condicionadores de ar,

equipamento de raios X, equipamento de laser, fotopolimerizador, autoclave, etc.

(BRASIL, 2006), expondo-se a riscos físicos como ruído, vibração, radiação

ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas, iluminação deficiente ou

excessiva, umidade e outros. Destes agentes físicos, o objeto deste estudo é a

radiação ionizante.

Radiação é uma forma de energia, emitida por uma fonte, e que se propaga

de um ponto a outro sob a forma de partículas com ou sem carga elétrica, ou ainda

sob a forma de ondas eletromagnéticas. A radiação natural pode ser externa,

quando originada do cosmos ou de radionucleotídeos naturais, ou interna, quando

radionucleotídeos são inalados ou ingeridos. Além da exposição à radiação natural,

o ser humano também está exposto à radiação artificial que é proveniente de

artefatos produzidos por ele próprio (OKUNO, 1998).

A radiação ionizante é um tipo de radiação que inclui os raios X, e que é

capaz de remover um elétron orbital de um átomo com que interage. A ionização

ocorre quando os raios X passam perto de um elétron orbital de um átomo e

transfere suficiente energia para o elétron para removê-lo do átomo (BUSHONG,

2004).

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A radiação X é ionizante do tipo eletromagnética e não sofre desvios em

campos elétricos ou magnéticos. Além disso, possui várias propriedades: caminha

em linha reta; possui a velocidade da luz no vácuo (300.000 km/s); é divergente;

pode sensibilizar chapas fotográficas; é invisível e inodora; não sofre em condições

normais reflexão e refração; produz ionizações nos sistemas biológicos, alterando o

metabolismo celular, mitose e produzindo quebras cromossômicas; produz

fluorescência e fosforescência em várias substâncias com a conseqüente

manifestação dos efeitos biológicos; pode penetrar corpos opacos (FREITAS, 2000).

Seu poder de penetração depende do comprimento da onda, quanto menor, maior o

poder de penetração. Da distância entre o foco que emite o raio e o objeto que o

recebe, quanto menor, maior o poder de penetração. E da densidade do objeto

penetrado pelo raio, quanto menor, maior o poder de penetração (GOMES, 2001).

Os raios são produzidos dentro de um tubo contendo um eletrodo negativo -

cátodo, e um eletrodo positivo - ânodo. No cátodo, encontra-se o filamento que,

quando em temperatura elevada emite elétrons. Quando acelerados por uma alta

tensão de dezenas de quilovolts, são impelidos para o ânodo e, freados

bruscamente, produzem os fótons, que constituem a radiação utilizada para produzir

a imagem radiográfica. Raios X são o resultado do freamento brusco de elétrons

acelerados num meio rarefeito (FREITAS, 2000).

O cátodo e o ânodo estão instalados dentro de um tubo de vidro a vácuo,

dentro de uma calota protetora, revestida de chumbo, com duas aberturas para a

saída do feixe de radiação, denominada diafragma, situada na base do cone. Esta

abertura é coberta por um filtro de alumínio, permitindo apenas a passagem do feixe

ativo. Os raios X são identificados pela qualidade (quilovoltagem), quantidade

(miliamperagem) e pelo tempo de exposição (GOMES, 2001).

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Os equipamentos de raios X são identificados de acordo com sua capacidade

de produção de raios X e com as aplicações para as quais são projetados. Possuem

três componentes principais: o tubo de raios X, o gerador de alta voltagem e o painel

de controle (BUSHONG, 2004). Os equipamentos de raios X odontológicos são de

quilovoltagem e miliamperagem fixas, havendo apenas compensador para as

variações da rede elétrica geral. A quilovoltagem oscila entre 50 e 70 kVp, e a

miliamperagem entre 7 e 10 mA. Estes equipamentos são dotados de um marcador

de tempo eletrônico, e de um dispositivo sonoro, que permanece em funcionamento,

durante o tempo de exposição, indicando, ao profissional, que está em operação

(FREITAS, 2000).

Quanto aos tipos de exposições, elas podem ser primárias, secundárias e de

escape. A radiação primária é originada diretamente da fonte de radiação (do alvo

das máquinas geradoras de raios X). A radiação secundária é proveniente da

interação da radiação primária com qualquer meio material. A radiação de escape

escapa da cabeça do equipamento de raios X, quando há falha na blindagem do

cabeçote (GOMES, 2001).

A utilização da radiação na odontologia está relacionada à melhoria e à

manutenção da saúde do paciente. As radiografias intra e extra-orais, embora de

extrema importância no auxílio ao diagnóstico, têm sido excessivamente utilizadas,

causando preocupação quanto aos riscos radiológicos e à qualidade desses

exames, apontando para a necessidade de um conhecimento mais amplo sobre o

assunto, incluindo equipamento adequado, redução da dose a níveis aceitáveis e

proteção do paciente e do profissional (GOMES, 2001).

Os riscos de dose baixa de radiação a que uma pessoa está sujeita são

probabilísticos. Quando a radiação passa através do corpo pode não produzir

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nenhum dano, ou desencadear uma série de reações, que poderão resultar na morte

celular ou nas induções de mutações celulares e em seu material genético,

podendo-se diagnosticar, anos mais tarde, células malignas (OKUNO, 1998).

Mesmo para doses muito baixas é possível que uma energia suficiente possa

ser depositada dentro de um volume crítico na célula para resultar em mutação

celular ou morte celular. A morte de uma ou de um pequeno número de células, na

maioria dos casos, não tem conseqüências nos tecidos, mas modificações em uma

única célula, tais quais mudanças genéticas ou transformações que levam à

malignidade podem ter sérias conseqüências (ICRP, 2005). Riscos pela idade à

exposição também são enfatizados, porque exposição a jovens sempre é mais

carcinogênico do que adultos expostos (RON, 2003).

A possibilidade de risco de carcinogênese para os tecidos radiossensíveis da

cabeça e pescoço, pelas radiografias intra e extra – orais, tem sido relatada, isto

porque nenhuma dose, não importa quanto pequena, pode ser prejudicial para a

saúde humana. O aumento do risco de carcinogênese e a necessidade para

comparar técnicas estão entre as razões pelas quais o controle de qualidade e

medidas de doses absorvidas têm sido executadas em radiografia dental em vários

países (OGUNDARE, 2002).

Radiobiologistas têm se empenhado para estimar os riscos à saúde por

baixas doses de radiação, em humanos, por décadas. Riscos à saúde envolvem não

só doenças neoplásicas, mas também mutações somáticas que podem contribuir

para o aparecimento de outras doenças (incluindo defeitos ao nascimento e

enfermidades oculares) e mutações hereditárias, que podem aumentar o risco de

doenças em gerações futuras (PRASAD, 2004). Baixa dose de radiação que

induziria ao câncer em humanos depende de muitas variáveis, e a maioria destas

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variáveis não é possível rever para nenhum estudo epidemiológico. Alguns desses

fatores que confundem incluem a interação da radiação com outros mutantes físicos

(luz ultravioleta), químicos e biológicos e carcinógenos em um modo sinergético;

variação nos mecanismos de reparo que dependem da dose; variação na

sensibilidade de células subseqüente expostas à radiação, que dependem se elas

têm sido pré ou pós-irradiada; e variação em resposta adaptativa, que depende da

dose da radiação e de substâncias protetoras (antioxidantes). Por isso, baixas doses

de radiação ionizante não devem ser consideradas insignificantes para riscos de

mutações somáticas e hereditárias e doenças neoplásicas e não-neoplásicas em

humanos (PRASAD, 2004).

Embora exposições diagnósticas sejam geralmente de doses baixas, elas

envolvem milhões de pessoas. Em contraste, exposições terapêuticas são de doses

grandes, mas poucas pessoas são tratadas. Por isso, as exposições diagnósticas

são consideradas de maior relevância em termos de saúde pública (RON, 2003) e

constituem a principal fonte de exposição da população a fontes artificiais de

radiação ionizante (BRASIL, 1998).

2.3.1. Risco Químico

Consideram-se agentes de risco químico: poeiras, névoas, vapores, gases,

mercúrio, produtos químicos em geral e outros (BRASIL, 2006).

A resolução nº 358 CONAMA (2005) define no grupo B os resíduos contendo

substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio

ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,

reatividade e toxicidade. E estes são:

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a) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos;

antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais,

quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de

medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos

medicamentos controlados pela Portaria 344/98 MS e suas atualizações;

b) resíduos de saneantes, desinfetantes; resíduos contendo metais

pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por

estes;

c) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

d) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises

clínicas; e

e) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da

NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

As características dos resíduos pertencentes a este grupo são as contidas na

Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ (NBR 14.725

da ABNT, de julho de 2001) (BRASIL, 2006).

Os resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente,

quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou

reciclagem, devem ser submetidos a tratamento e disposição finais específicos

(BRASIL, 2006).

A estimativa do risco ocupacional decorrente do manuseio das substâncias

químicas é o processo de avaliação das propriedades tóxicas dos agentes químicos

e das condições de exposição do trabalhador para verificar a probabilidade de

ocorrência de efeitos adversos e caracterizar sua natureza. Esse processo inclui a

identificação da periculosidade da substância química, isto é, se esta é capaz de

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interagir com o organismo e causar efeito danoso; a avaliação da relação dose-

resposta que estabelece a correlação entre a extensão da exposição e a

probabilidade de ocorrência dos efeitos tóxicos; a avaliação do tipo de exposição,

considerando as vias de exposição, o tempo e a dose a que o trabalhador está

exposto; a caracterização do risco (HIRATA, 2002).

Os principais causadores desse risco, segundo o manual de serviços

odontológicos da ANVISA, publicado em 2006, são: amalgamadores, desinfetantes

químicos (álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina,

entre outros) e os gases medicinais (oxido nitroso e outros).

Dentro do universo das substâncias químicas que o CD utiliza no consultório

odontológico é o mercúrio (Hg), a que mais causa preocupação. Os profissionais que

ficam constantemente expostos a este metal pesado, comumente apresentam

valores de mercúrio na urina superiores ao limite de tolerância biológica

(SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).

Desde a introdução do amálgama para uso dental, os riscos de intoxicação do

mercúrio têm sido discutidos extensivamente. Muitos autores relataram que estes

riscos são muito baixos para os pacientes, mas o assunto é ainda controverso.

Entretanto, o risco ocupacional é real. O TLV que significa limiar do valor limite, é

usado em medicina ocupacional para indicar a concentração máxima aceitável de

um material tóxico no meio ambiente para o qual o trabalhador pode ser exposto,

durante um período de 8 horas ao dia, sem sofrer algum dano substancial à saúde.

O TLV fixado para o vapor de mercúrio teve queda de 100 μg/m3 para 50 μg/m3

nos

anos setenta. Atualmente, de acordo com a ADA, o valor TLV aceito é de 25 μg/m3.

Estas reduções no TLV enfatizam a crescente preocupação considerando a

possibilidade de intoxicação por este metal (CALHEIROS, 2004).

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A presença de fontes geradoras de calor, como estufas e autoclaves, no

mesmo ambiente onde o amálgama é manipulado ou utilizado, também aumentam

as possibilidades de intoxicação por mercúrio, uma vez que este se volatiliza muito

mais rapidamente. A evaporação do mercúrio ocorre a partir de -12 ºC, e se a

temperatura sofrer uma elevação de 20 ºC para 50 ºC, a volatilização do metal se

multiplica oito vezes. Os profissionais da equipe de saúde bucal estão

constantemente expostos a elevados riscos de contaminação pelos vapores de

mercúrio em seus ambientes de trabalho. A contaminação desses profissionais pode

ocorrer através do contato do metal com a pele ou da inalação dos vapores

dispersos no ambiente, decorrentes de higiene inadequada do ambiente de trabalho,

de falhas na refrigeração durante a remoção de restaurações de amálgama, além do

derramamento acidental de gotas de mercúrio pelo chão (CLARO, 2003).

Em temperatura ambiente, o mercúrio se volatiliza, e o momento de maior

risco de contaminação do mercúrio é durante a preparação do amálgama de prata.

Se cair, contaminando o ambiente de trabalho, torna-se necessário a

descontaminação ambiental, embora seja um processo extremamente difícil, é

essencial. A intoxicação crônica de mercúrio pelo CD e sua equipe deve ser evitada.

Seus sintomas iniciais são: a inquietude, a irritabilidade, a insônia, a sialorréia, a

gengivite e o tremor das mãos. A exposição do CD a níveis superiores aos

estabelecidos (0,05mg/m3) foi observada através de análise do teor de mercúrio em

cabelo, pêlos e unhas, revelando correlação direta entre a contaminação de

mercúrio encontrada nestes tecidos, e a concentração de mercúrio presente no ar.

Comparando-se diferentes vias de absorção, nota-se a predominância da

transferência do metal através das mãos, alimentos e cigarros, em relação aos

procedimentos operatórios. Durante a remoção de restaurações ocorre a liberação

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do metal, sob a forma de vapor e de poeira de amálgama. O mercúrio ingerido pelo

CD fica alojado nos sistema nervoso e renal causando doenças irreparáveis. Como

conseqüência da contaminação, os profissionais podem desenvolver o mal de

Parkinson, chegando a ter dificuldade de se alimentar e se locomover, e nos casos

mais avançado da doença, chegar à deficiência renal aguda por deterioração do

sistema renal (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).

Os metais pesados, dentre os vários poluentes existentes, têm recebido

atenção especial, uma vez que alguns são extremamente tóxicos, quando estão

acima das concentrações permissíveis para uma grande variedade de organismos,

mesmo em concentrações em torno de mili ou microgramas (BARROS, 2006).

Em sua tese, Muñoz (2002) relata vários estudos descritos na literatura que

se referem aos efeitos tóxicos dos metais pesados. Estes apresentam número

atômico relativamente alto e caracterizam-se pelo efeito bioacumulativo. Em

concentrações acima dos valores legalmente recomendados, têm sido

responsabilizados por causarem agravos à saúde, além de uma série de doenças

carcinogênicas. Dentre os efeitos adversos, apontam-se danos no sistema nervoso

central, no sistema hepático, no sistema renal, no sistema hematopoiético e no

sistema esquelético.

Outro metal que participa dos efluentes gerados no processo de revelação de

radiografias é a prata. A prata pode ser recuperada uma vez que este metal é um

elemento com risco de escassez e possui elevado valor de mercado. Elevados

volumes de água de processamento são lançados diariamente na rede coletora de

esgoto, com concentração de prata muito acima do valor estabelecido (0,1 mg/L)

pela Resolução n° 358 CONAMA (2005). Portanto, deve-se buscar a recuperação da

prata do fixador usado e da água de enxágüe, reduzindo custos do processo e

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permitindo a reutilização desta água no processo. Deve-se, ainda, tratar a solução

reveladora e a solução fixadora e dar-lhes uma adequada destinação final,

minimizando o impacto gerado por estes efluentes (BORTOLETTO, 2005).

Um número considerável de agentes químicos é utilizado nos

estabelecimentos de saúde. Entretanto, não existe um desinfetante que atenda a

todas as situações e necessidades encontradas, sendo preciso conhecer as

características de cada um para se ter subsídios suficientes que permitam a escolha

correta do produto, evitando custos excessivos e uso inadequado. Na escolha do

desinfetante deve-se levar em consideração aspectos como: espectro de atividade

desejada, ação rápida e irreversível, toxidade, estabilidade e natureza do material a

ser tratado (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).

Os álcoois mais empregados em desinfecção são etílico e isopropílico (etanol

e isopropanol). O álcool etílico tem maior atividade germicida, menor custo e menor

toxicidade que o isopropílico. Além de ser o mais usado no nosso país, é contra

indicado em acrílico, enrijece borrachas, tubos plásticos e pode danificar o cimento

das lentes de equipamentos (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006). O etanol e o

isopropanol são irritantes para os olhos e são produtos tóxicos. A freqüente

aplicação produz irritação e dessecação da pele (MASTROENI, 2004).

O formaldeído é um desinfetante de alto nível, embora seja considerado

potencialmente carcinogênico. O seu uso é limitado pelos vapores irritantes, odor

característico desagradável mesmo em baixa concentração (1ppm). Causa

endurecimento e branqueamento da pele, dermatite de contato e reações de

sensibilização. A concentração máxima na atmosfera recomendada pelo National

Institute for Occupational Safety and Health é de 1 ppm 17, 25, 38. A formalina

sólida é vaporizada através do calor na presença de umidade, sendo os resíduos

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tóxicos, danificando alguns instrumentos. Embora seja uma opção econômica tem

sido pouco estudada quanto aos efeitos adversos (MASTROENI, 2004).

As vantagens são: penetra no sangue, pus e restos orgânicos; não ataca

material de borracha ou plástico. As desvantagens são: apresenta toxicidade

cutânea, celular e inalatória; libera vapores tóxicos, razão para se evitar o

processamento de materiais em salas mal ventiladas, em recipientes sem tampa ou

com vazamentos; aconselha-se o uso de máscaras com camada de carvão ativado

para diminuir o efeito tóxico, quando em manipulação freqüente; é alergênico; não

pode ser utilizado em superfícies; sua atividade corrosiva aumenta com a diluição;

seu tempo de reutilização varia com a biocarga; pode ser retido por materiais

porosos, daí exigir enxágüe rigoroso, para evitar seus resíduos tóxicos (BIANCHI,

2003).

Existe um número razoável de compostos liberadores de cloro ativo

disponíveis para alvejamento e desinfecção em diversas áreas. Os compostos mais

comumente utilizados são os inorgânicos: hipoclorito de sódio, cálcio, lítio, e os

orgânicos: ácido dicloroisocianúrico e seus sais sódicos e potássio e o ácido

triocloroisocianúrico. O Cloro é altamente corrosivo para metais. O Hipoclorito de

Sódio deve ser colocado em recipiente plástico escuro com tampa, devido às suas

fotossensibilidade e volatilidade. Compostos clorados são altamente instáveis, por

isso deve-se utilizá-los imediatamente após diluídos e desprezá-los em 24 horas,

após a diluição (SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006). Os compostos liberadores de

cloro provocam irritação da pele, dos olhos e do aparelho respiratório. Quando

ingeridos, provocam irritação das membranas mucosas (MASTROENI, 2004).

Os compostos quaternários de amônio apresentam baixa toxicidade, porém

podem causar irritação e sensibilização da pele; assim também são considerados

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poluentes ambientais. São recomendados para desinfecção de baixo nível,

aplicados às superfícies não críticas como pisos, mobiliário e paredes, de áreas não

críticas. Apropriados para desinfecção de superfícies e equipamentos em todas as

áreas relacionadas também com alimentos. São considerados germicidas de baixo

nível, mas de baixa toxicidade, podendo ser empregados em alimentos e áreas que

entram em contato com sua produção. Seu uso como anti-séptico (0,1 a 0,5%) tem

sido questionado devido ao risco de contaminação das suas soluções, mas são

comercializadas soluções para anti-sepsia da orofaringe com cloreto de cetilpiridium

(Cepacol). Podem ser empregados como preservativo em colírios e utilizados como

xampus anti-caspa, creme condicionador e agentes amaciantes de roupa

(MASTROENI, 2004).

Os iodóforos são compostos iodados associados a um surfactante (redutor de

tensão superficial) e agente estabilizador para facilitar a penetração e prover uma

liberação lenta do composto iodado. O surfactante e estabilizador funcionam como

carreadores de iodo (G: phora = condutor). São classificados como desinfetantes de

nível intermediário ou anti-sépticos conforme o uso. O iodo simples não deve ser

confundido com um iodóforo. Os iodóforos são menos irritantes aos tecidos, menos

alergenos, não mancham e se mantêm ativos por mais tempo que o iodo comum. O

produto é apresentado em solução alcoólica ou aquosa e associado a um detergente

(USP, 2006).

Os fenóis sintéticos não são recomendados para artigos que entram em

contato com o trato respiratório, nem com objetos de látex, acrílico e borrachas. Os

fenóis não são prontamente neutralizados pela matéria orgânica, são absorvidos por

materiais porosos e o efeito residual pode causar irritação tecidual. Os compostos

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fenólicos são tóxicos quando ingeridos e irritantes para a pele e para os olhos

(SECRETARIA DE SAÚDE RJ, 2006).

A importância de estudar os efeitos danosos de exposições ocupacionais é

baseada no fato de que eles podem afetar ambas as células germinativas dos pais

antes da concepção e as células somáticas após a concepção. Os dois mecanismos

podem induzir morte celular ou disfunção, resultando em má-formação. A principal

exposição analisada foi para solventes, e o principal grupo de trabalhadores foram

aqueles envolvidos em atividades hospitalares (LEITE, 2002).

O risco químico pode ser minimizado, utilizando procedimentos simples como

o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs (luvas, máscaras, óculos e

avental impermeável) adequados para o manuseio de produtos químicos

desinfetantes; usar EPI completo durante o atendimento ao paciente e disponibilizar

óculos de proteção ao mesmo para evitar acidentes com produtos químicos; utilizar

somente amalgamador de cápsulas; acondicionar os resíduos de amálgama em

recipiente inquebrável, de paredes rígidas, contendo água suficiente para cobri-los, e

encaminhá-los para coleta especial de resíduos contaminados; armazenar os

produtos químicos de maneira correta e segura, conforme instruções do fabricante,

para evitar acidentes (BRASIL, 2006).

2.4 SÍNTESE HISTÓRICA SOBRE RADIAÇÃO EM RADIOLOGIA

ODONTOLÓGICA

O físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen descobriu os raios X em 08 de

novembro de 1895, quando trabalhava em seu laboratório em Wurzburg, na Baviera.

O ambiente estava escurecido, uma vez que seus experimentos relacionavam-se

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com fenômenos luminosos e outras emissões geradas por descargas de correntes

elétricas em tubos de vidro com vácuo. Estes tubos eram conhecidos como “tubos

de Crookes”, em homenagem ao cientista William Crookes. Röntgen estava

interessado nos raios catódicos e na determinação de seu alcance, após emitidos

pelos tubos de Crookes submetidos a descargas elétricas. Röntgen mergulhou

durante sete semanas, mal saindo de seu laboratório, em experimentos para

determinar a natureza dos desconhecidos raios. Quando imobilizou, por alguns

momentos, a mão de sua mulher na trajetória dos raios, sobre uma placa fotográfica,

observou, após o processamento fotográfico da placa, a imagem da mão, revelando

a sombra dos ossos e do anel que ela usava. Este foi o primeiro roentgenograma

obtido na História, a primeira imagem impressa de uma estrutura interna do corpo

humano (MARTINS, 2005).

Durante uma de suas experiências, o cientista colocou o tubo numa caixa de

papelão negro, que foi guardada numa câmara escura. Havia próximo à caixa um

pedaço de papel recoberto de platinocianeto de bário. Röntgen notou então que,

quando se fornecia corrente elétrica aos elétrons do tubo, era emitida uma radiação

que velava a chapa fotográfica. Ele observou também que vários materiais opacos à

luz diminuíam, mas não extinguia a emissão de luz induzida pelos raios X, o que

indicava que eles atravessavam a matéria com relativa facilidade. Assim, o cientista

resolveu fotografar corpos normalmente opacos e obteve, pela primeira vez na

história da ciência, uma chapa fotográfica que revelava a estrutura interna da mão

humana, com todas as suas formações ósseas (BUSHONG, 2004; GARCIA, 1998).

O aparelho produtor de raios X (Figura 1) denomina-se Tubo de Coolidge, no

qual um cátodo incandescente produz um fluxo de elétrons puros que é acelerado

por uma grande diferença de potencial e atinge o ânodo. Para fins de pesquisa

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pode-se utilizar qualquer metal, mas nos aparelhos comerciais, o ânodo é feito de

tungstênio, material com alto ponto de fusão, pois é grande a quantidade de calor

gerada no processo. Além disso, o ânodo é oco, o que permite resfriá-lo mediante a

circulação de água ou óleo em seu interior. Dentro do tubo cria-se um vácuo para

evitar o enfraquecimento ou o desvio de elétrons do feixe original (BUSHONG,

2004).

Figura 1 - Imagem de um tubo de raios X, no qual o cátodo produz um fluxo de elétrons puros que é acelerado e atinge o ânodo produzindo radiação X

Fonte: http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/rx/index.html. Acesso em: 09 set. 2006.

Para Trevert (1896), poucos eventos agitaram o mundo científico como o

efetivo experimento do Prof. Röntgen na descoberta dos raios X e seus efeitos na

fotografia. Com a ajuda dessa nova forma de radiação ficou possível fotografar

objetos contidos em caixas, um livro, uma mala de couro e expor o esqueleto de

animal vivo ou morto. Isto seria de grande valor para os cirurgiões localizarem a

exata posição de um tumor, de projétil por arma de fogo, fraturas, etc. Ele também já

vislumbrava o valor desses novos raios para a química, a metalúrgica e outras áreas

de conhecimento da ciência.

Duas semanas após a descoberta dos raios X, em dezembro de 1895, o Dr.

Otto Walkoff, de Braunschweig, na Alemanha, realizou a primeira radiografia

dentária, da sua própria boca, utilizando uma placa fotográfica de vidro, envolta em

papel preto; para isto, submeteu-se a 25 minutos de exposição (ABBOTT, 2000;

FREITAS, 2000).

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Em 1899, o Dr. Edmund Kells publicou o primeiro artigo na Dental Cosmos

sobre a importância de manter o filme e objeto em ângulo reto. Ele é considerado o

mártir da radiologia odontológica, em virtude de ter realizado inúmeras pesquisas

clínicas, com aplicação dos raios X (HUBAR, 2000). Kells imediatamente iniciou

experimentos com a nova técnica no campo da Odontologia e construiu um

elaborado laboratório em sua casa, onde trabalhava incansavelmente. Em julho de

1986, Kells tornou-se o primeiro clínico no mundo a utilizar um aparelho de raios X

no consultório (MARTINS, 2005).

Kells foi o primeiro americano a realizar uma radiografia dentária e ele não

iniciou seu trabalho radiográfico com pacientes. A primeira pessoa em que ele fez

uma tomada radiográfica foi uma de suas assistentes. Ele veio a ser um vigoroso

proponente do uso dos raios X na prática dentária (JACOBSOHN, 1995). Para

Freitas (2000), o Dr. Kells, provavelmente, foi o primeiro a sugerir o emprego do

filme “bite wing” também chamado de interproximal, mas foi o Dr. Howard quem o

introduziu.

No Brasil, o primeiro aparelho de raios X foi instalado pelo Dr. José Carlos

Ferreira Pires (MARTINS, 2005). A Radiologia Odontológica no Brasil teve como

pioneiro o Prof. Dr. Cyro A. Silva, que implantou a Radiologia no currículo

acadêmico, como disciplina autônoma, no ano de 1932, na faculdade de Farmácia e

Odontologia de São Paulo. No Rio de Janeiro, o Prof. Carlos Newlands, catedrático

de clínica odontológica, da Universidade do Brasil, foi o primeiro autor de um livro de

Radiologia Dentária, destinado aos profissionais odontólogos (FREITAS, 2000).

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2.5 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES

Apesar do benefício gerado pelo uso das radiações ionizantes, sabe-se que a

interação da radiação com a matéria biológica pode produzir efeitos nocivos. Dentre

todas as fontes de radiações ionizantes criadas pelo homem, as que mais

contribuem para a sua exposição são as utilizadas em radiologia diagnóstica, se

considerarmos que aproximadamente metade da população mundial realiza um

exame radiológico por ano. Portanto, é necessária uma atenção especial para as

exposições médicas. Segundo a ICRP, a exposição médica é a única categoria na

qual é possível a redução na dose média para a população (OLIVEIRA, 2003).

Os efeitos deletérios produzidos pelos raios X são tão antigos quanto a sua

descoberta. A primeira descrição de caráter científico destes efeitos foi feita por

Thomas Alva Edison em 1896, descrevendo os efeitos que a manipulação dos raios

X havia causado em seu colaborador. A preocupação da comunidade científica

aumentava, com relação aos efeitos biológicos dos raios X, e em 1901, Rollins

sugeriu o fechamento do tubo em caixa de chumbo e a irradiação apenas das áreas

de interesse, cobrindo as adjacentes com materiais radiopacos, na tentativa de

proteger tanto o operador quanto o paciente. Apenas em 1906, na França, dois

cientistas, Bergonié e Tribondeau, apresentaram dados científicos sobre os efeitos

somáticos e genéticos dos raios X em diversos grupos celulares e tecidos

(ROSENTHAL 1995).

No início de 1896, Dr. Edmund Kells, um dentista de New Orleans, realizou a

primeira radiografia intra-oral. Ele foi a primeira pessoa a notar os problemas

associados ao uso da radiação X. Reportou que longas exposições causavam uma

moderada irritação na pele similar à queimadura causada pelo sol, embora esta

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desaparecesse depois de pouco tempo. Os primeiros aparelhos de raios X

necessitavam ser ajustados para cada uso, e para isto, o operador deveria colocar

sua mão entre o tubo de radiação e o filme no ato do exame. Após doze anos

tomando radiografias desta forma, Kells anunciou tumores cancerosos em seus

dedos, chegando a amputá-los (HUBAR, 2000). Nos anos seguintes, outros efeitos

da radiação tornaram-se evidentes, com a alta ocorrência de sarcomas ósseos em

trabalhadores que usavam radio em relógios, câncer de pulmão em mineradores de

urânio, eritema de pele e leucemia em radiologistas, e leucemia e outras doenças

malignas entre os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki (OKUNO, 1998).

Quando a radiação atravessa o corpo humano, quatro tipos de eventos

podem ocorrer: a radiação passa próximo ou através da célula sem produzir dano; a

radiação danifica a célula, mas ela é reparada adequadamente; a radiação mata a

célula ou a torna incapaz de se reproduzir; o núcleo da célula é lesado, sem, no

entanto, provocar morte celular. A célula sobrevive e se reproduz na sua forma

modificada, podendo diagnosticar, anos mais tarde, células malignas nesse local

(OKUNO, 1998).

Efeitos biológicos da radiação ionizante em humanos, devido a processos

físicos e químicos, ocorrem imediatamente após a passagem da radiação através da

matéria viva. Estes processos irão envolver mudanças nas moléculas, células,

tecidos e em todos os níveis do organismo. Para exposições agudas de corpo inteiro

acima de uns poucos grays de radiação de baixa transferência de energia linear, os

danos ocorrem principalmente como resultado de morte celular. Isto pode dar um

avanço nos danos dos órgãos e tecidos, em casos extremos, morte. Estes efeitos,

chamados de precoce ou determinísticos, ocorrem principalmente acima da dose

limite que deve ser excedida antes deles serem manifestados como dano clínico,

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embora os danos para células individuais vão ocorrer para doses baixas. Um

segundo tipo de dano, chamado de estocástico, pode ocorrer tardiamente após a

exposição. Este dano consiste, primeiramente, em prejudicar o material nuclear nas

células, causando câncer induzido por radiação para desenvolver em uma proporção

de exposição somática ou doença hereditária em seus descendentes. Embora a

probabilidade de câncer e de doença hereditária aumentar com a dose de radiação,

é geralmente considerado que sua severidade não aumenta com a dose recebida

(UNSCEAR, 2000).

Os efeitos determinísticos são previsíveis, dependem da dose administrada e

podem produzir dano celular de acordo com a dose recebida, por exemplo,

alterações digestivas, anemia, queda de cabelo, esterilidade, radiodermites,

cataratas, etc. (MONDACA, 2006). Nenhum caso de morte, acompanhado por

exposição aos raios X diagnósticos, tem sido relatado, embora alguns pioneiros

morreram por efeitos tardios da exposição aos raios X. Em cada um destes casos,

entretanto, a dose de radiação total foi extremamente alta para os padrões dos dias

de hoje (BUSHONG, 2004).

Os efeitos estocásticos são imprevisíveis. Estes são probabilísticos,

independentes da dose; desta forma, se só um fóton de raios X impacta em um

ponto de uma célula especialmente sensível, poderia ser capaz de provocar lesões

como malformações hereditárias ou gerar o desenvolvimento de um câncer (ICRP,

2006).

A morte de uma ou de um pequeno número de células irá, na maioria dos

casos, não ter conseqüências nos tecidos, mas modificações em uma única célula

como mudanças genéticas ou transformações que levem à malignidade, podem ter

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sérias conseqüências. Estes efeitos que resultam em uma única célula são

denominados estocásticos (ICRP, 2006).

Felizmente, a possibilidade de que se produzam efeitos estocásticos é

baixíssima, porém ela existe e aumenta com as sucessivas exposições aos raios X,

já que as doses são acumulativas durante a vida. Portanto, por menor que seja a

dose, não há radiação sem risco. Em respeito, cabe salientar que uma pequena

parte das mutações genéticas e das neoplasias malignas pode ser atribuída à

radiação natural de fundo (MONDACA, 2006).

Uma vez que uma malignidade tenha sido induzida, a doença irá seguir seu

curso natural até que seja manifestada clinicamente, e isto pode ocorrer muitos anos

depois. Por exemplo, uma leucemia induzida por radiação leva uma média de 12

anos para se manifestar e um tumor sólido pode levar mais do que 20 anos. Desta

forma, é difícil, senão impossível, mostrar a direta “causa e efeito” de uma particular

exposição à radiação para um particular câncer devido a este período de latência ao

início dos sintomas e à alta possibilidade que numerosas radiografias tenham sido

tomadas por motivos médicos ou dentários durante a vida do paciente (ABBOTT,

2000).

É assumido que qualquer dose é capaz de causar um efeito, sem um limite de

dose. Como conseqüência não é possível prevenir sua ocorrência e os limites de

exposição são estabelecidos para limitar sua ocorrência e também para prevenir

níveis inaceitáveis de risco (ICRP, 2006).

Os efeitos biológicos ainda são classificados como somáticos e genéticos. Os

efeitos somáticos concernem ao indivíduo que está sendo irradiado e eles podem

ser efeitos agudos ou crônicos. Por outro lado, os efeitos genéticos poderiam

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indesejavelmente influenciar a progênie da pessoa que está sendo irradiada

(ABBOTT, 2000).

Para uma população global, o risco de câncer aumenta em 10% quando se

recebe uma dose única de 01 Sv. Se isto acontece ao adulto de idade média, o risco

chega a 1%. Ao contrário, quando ocorre em idades inferiores aos 10 anos aumenta

para 15%. A revisão de uma série de casos de 5.000 crianças com repetidos

estudos radiológicos por escoliose, mostram uma incidência de câncer de mama

similar a das doses equivalentes em sobreviventes japoneses da bomba atômica.

Está determinado que a qualquer dose associada a um evento específico como um

estudo radiológico, sem repetição em tempo futuro, acumula o dano associado e

aumenta a probabilidade de aparição de câncer (MONDACA, 2006).

A radiação tem um papel importante na incidência de leucemias em crianças.

Estudos efetuados em mães que receberam doses de 50 mSv sobre o feto, por

procedimentos diagnósticos, durante o segundo e terceiro trimestres de gravidez,

demonstraram que podiam duplicar-se o risco de leucemias nestas crianças, até os

10 anos. Assim, a radiação materna deve ser bem argumentada e justificada

(MONDACA, 2006).

O período da gravidez mais sensível aos danos no feto por irradiação é entre

2 a 15 semanas depois da fecundação. Experimentos em animais sugerem que uma

dose entre 50 a 100 mGy pode ser fatal para o embrião. Observações nos filhos de

mulheres sobreviventes ao bombardeio de Hiroshima e Nagasaki demonstram que a

malformação mais freqüente é a microcefalia. Na última metade do período

embrionário, desde 8 a 15 semanas, existe o risco de déficit mental para doses ao

feto em cerca de 100 mGy (VERGARA, 2005).

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No período fetal, poderão ocorrer alterações sobre o sistema nervoso central,

pois ele é susceptível durante todo o período gestacional. Na espécie humana, o

neuroblasto ainda é encontrado no cérebro até os dois anos após o nascimento,

sendo extremamente sensível às radiações. Baseado em algumas observações, os

exames roentgenográficos, em mulheres férteis, só devem ser realizados até o

décimo dia da menstruação (regra dos dez dias). Durante todo o período de

gestação, o feto não deve acumular a dose de 01 Rem (FREITAS, 2000).

2.6 REQUISITOS DE PROTEÇÃO RELACIONADOS COM O

EQUIPAMENTO DE RAIOS X ODONTOLÓGICO

Os danos devido à exposição sistemática à radiação ionizante em doses

baixas não são totalmente conhecidos. Uma vez que não temos modelos precisos

para analisar este risco, a posição mais prudente é procurarmos manter os níveis de

exposição os mais baixos possivelmente exeqüíveis. Este princípio é conhecido

como ALARA (VERGARA, 2005).

A Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), criada em 1928,

vem estabelecendo, periodicamente, os limites de doses para a população em geral

e a pessoa exposta. As sucessivas propostas recomendam uma progressiva

diminuição das doses máximas permissíveis. Em 1965, esta comissão introduziu o

conceito ALARA do inglês “as low as reasonably achievable” ou “utilizar uma dose

tão baixa como, razoavelmente, possível”. O limite da dose efetiva para o público em

geral é de 1 mSv/ano e das pessoas ocupacionalmente expostas, de 100 mSv/ano

durante um período consecutivo de cinco anos, sujeito a uma dose efetiva máxima

de 50 mSv em qualquer ano oficial. Trabalhar este conceito sem deixar de lado os

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indubitáveis aportes ao diagnóstico da radiologia, é primar o sentido comum que

limita sua indicação, evitando, sobre tudo, aqueles exames que não vão aportar

dados decisivos para o manejo clínico do paciente (MONDACA, 2006).

Para assegurar o uso ideal dos equipamentos de raios X a NCRP 1970

recomenda as seguintes práticas:

• Testes de radiação de fuga, nos quais são removidos os localizadores e

bloqueada a passagem dos raios X com metal como o chumbo, estando a

tensão do tubo em sua máxima voltagem e corrente. Para tanto, só é

permitido no máximo exposição de 100 mR/h a uma distância de 01 metro

para equipamentos odontológicos.

• Limitação do tamanho de campo irradiado, em que é verificado se o

diafragma e o localizador estão mantendo o feixe de raios X em áreas tão

pequenas possíveis.

• Minimização da radiação espalhada, que pode ser efetuada usando

localizadores com saída aberta, e não fechada; colocando filtros tão perto da

janela do tubo quanto possível para assegurar que o feixe útil não colida com

as paredes do localizador (o filtro e o localizador atuam com fontes de

radiação espalhada).

• Filtração, que quando usada apropriadamente, os filtros absorvem a baixa

energia desnecessária do feixe dos raios X que não contribuem para a

qualidade do filme. De acordo com a tensão do tubo, placas de alumínio

testam os feixes de radiação.

• Alguns procedimentos operacionais, durante o ato do exame radiológico nas

práticas dentais, devem ser considerados: somente as pessoas que vão se

submeter ao exame devem permanecer na sala; as exposições devem ser

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feitas somente em resposta ao diagnóstico necessário como prescrito por um

dentista autorizado; os profissionais, os assistentes, ou os acompanhantes

nunca devem segurar o filme durante a exposição; se disponível, os

profissionais devem permanecer atrás de uma barreira protetora durante as

exposições (se esta não existe, eles devem permanecer o distante possível

do paciente e do feixe útil, vestidos com avental de chumbo); o cabeçote e o

localizador do equipamento nunca devem ser segurados durante o ato do

exame; sempre manter a exposição ALARA nos pacientes e a proteção das

gônadas; vestimentas plumbíferas devem ser usadas sempre que possível

(MICHEL, 1999).

No início da década de 90, o governo federal começou a definir algumas

estratégias para enfrentar os problemas com relação às instalações físicas dos

equipamentos odonto-médico-hospitalares. Em 1991, o Ministério da Saúde

estabeleceu o PROEQUIPO – Programa de Equipamentos Odonto-Médico-

Hospitalares, que visava assegurar o compromisso de prover serviços e ações de

saúde de forma adequada e de caráter progressivo. De maneira genérica, o

Ministério da Saúde está preocupado com a qualidade dos serviços prestados à

população, exigindo cuidados com o funcionamento dos equipamentos e com os

procedimentos radiológicos (BARBOSA, 2000).

A Portaria 453 do Ministério da Saúde, de 01 de junho de 1998, veio de forma

mais específica preocupar-se com a utilização de radiações ionizantes na medicina e

na odontologia. Este documento estabelece requisitos específicos para a radiologia

odontológica no que se refere ao equipamento de raios X odontológico, aos

ambientes e aos procedimentos de trabalho:

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A. Equipamentos:

• tensão do tubo preferencialmente maior que 60 kVp;

• aparelhos e raios X com 70 kVp devem possuir filtração total não

inferior a 1,5 mm de alumínio ou equivalente;

• blindagem adequada do cabeçote;

• colimação com diâmetro de campo de radiação de 6 cm na

extremidade do localizador, que deve ter tamanho mínimo de 20 cm;

• possuir localizador de extremidade de saída aberta para posicionar o

feixe e limitar a distância foco-pele, sendo construído de modo que o feixe

primário não interaja com a extremidade de saída do localizador;

• sistema de controle de exposição do tipo eletrônico, com garantia de

que não sejam emitidos raios x quando o indicador de tempo estiver na

posição “zero” e o disparador for acionado;

• o botão disparador deve permitir que o operador possa ficar a uma

distância de, pelo menos, 2 m do tubo e do paciente durante a exposição;

• o cabeçote deve permanecer estável durante a exposição.

B. Ambientes:

O equipamento de radiografia intrabucal deve ser instalado em salas com

dimensões suficientes para permitir que o profissional possa se afastar mais de 2

metros do cabeçote e do paciente. Elas devem ser sinalizadas nas portas de acesso

com o símbolo internacional das radiações ionizantes, com a inscrição indicando que

é área restrita e proibindo a entrada de pessoas não autorizadas. A sala deve

possuir, em lugar visível, um quadro contendo orientações de proteção radiológica

para o paciente quanto ao uso de aventais plumbíferos e a permanência de

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acompanhantes na sala durante o exame. O processamento dos filmes deve ser

feito em local apropriado e são permitidas caixas de processamento portáteis desde

que, fabricadas com material opaco à luz; ter disponível um cronômetro, um

termômetro de imersão e uma tabela de temperatura/tempo, para garantir a

qualidade da imagem.

C. Procedimentos de trabalho:

Os exames radiográficos devem ser realizados quando, após exame clínico e

da cuidadosa avaliação das necessidades de saúde geral e dentária do paciente,

sejam julgados necessários. Deve ser averiguada a existência de exames

radiográficos anteriores que tornem desnecessários um novo exame;

• o tempo de exposição deve ser o menor possível, compatível com a

obtenção de imagem de qualidade;

• as radiografias devem ser executadas, preferencialmente, com a

técnica do paralelismo, localizador longo, dispositivos posicionadores e de

mantenedores para o filme radiográfico, e com menor distância possível entre

a pele e a extremidade do localizador;

• proibido o uso de sistema de acionamento de disparo com retardo;

• as vestimentas plumbíferas devem ser acondicionadas em suporte

apropriado para preservar a sua integridade.

Para a verificação de cumprimento dos requisitos acima descritos é necessário um

controle de qualidade, que é previsto no programa e garantia de qualidade, e que

inclui testes de constância.

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2.7 GARANTIA DE QUALIDADE EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA

Controle de Qualidade é internacionalmente definido como uma série de

procedimentos para assegurar a produção de radiografias de alta qualidade com o

mínimo de exposição de radiação para o paciente e para os operadores. Protocolos

de controle de qualidade devem incluir controle periódico dos filmes, das soluções

do processamento, adequação da câmara escura, e da geração dos raios X (GEIST,

2002).

Um programa de Controle de Qualidade pode ser definido como um esforço

organizado com o objetivo de assegurar que o produto seja de qualidade

consistentemente alta. É necessário assegurar a obtenção de imagens radiológicas

de boa qualidade diagnóstica com o menor risco radiológico para o paciente, e a

manutenção de um espaço seguro para os profissionais (OLIVEIRA, 1994).

Qualidade de imagem e exposição do paciente são dois importantes aspectos

da radiografia. Radiografias com qualidade inferior podem afetar o diagnóstico e

posteriormente o tratamento. Muitos estudos de controle de qualidade em radiologia

dental revelaram pobres qualidades de imagem por uso indevido da técnica ou

inadequadas condições de processamento. De acordo com as “Diretrizes dos

Pacientes” da Comunidade Européia, dentistas devem ser treinados em seu próprio

uso do equipamento radiológico, das técnicas de processamento dos filmes e nas

medidas de proteção radiológica durante o diagnóstico radiológico dental.

Recomendações similares também têm sido publicadas nos Estados Unidos pela

American Academy of Oral and Maxillofacial Radiology (Academia Americana de

Radiologia Oral e Maxilofacial). A lei requer controles de qualidade regular de todos

os equipamentos radiográficos (YAKOUMAKIS, 2001).

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39

O uso dos raios X é de absoluta necessidade na prática diária de uma

odontologia moderna de alto nível. No entanto, existem especialidades

odontológicas como a Endodontia e a Cirurgia Buco-maxilo-facial que, por força de

sua execução, requerem a obtenção de radiografias com maior brevidade. Em vista

disso, muitos profissionais são levados a recorrer à superexposição dos filmes,

buscando reduzir o tempo de processamento para aquisição das radiografias, o que

leva a um aumento dos efeitos biológicos danosos ao paciente, bem como ao

prejuízo da qualidade da imagem radiográfica (PONTUAL, 2002).

A radiografia dentária é um dos mais freqüentes tipos de procedimentos

radiológicos, embora as exposições aos pacientes sejam baixas. As técnicas mais

comuns envolvem filmes intra-orais que provêem uma imagem dos dentes

superiores e inferiores juntos (radiografia bitewing) ou que demonstram toda a

estrutura dentária, incluindo coroa e raiz (radiografia periapical). Não obstante, os

baixos níveis relativos à exposição individual, a dose do paciente pode ser

influenciada pelo equipamento e técnicas usadas na radiografia dentária

(UNSCEAR, 2000).

Na Austrália, preocupado com a segurança durante a tomada de radiografias

dentárias, Abbott (2000) fez um estudo mostrando os problemas relacionados ao uso

dos raios X e seus efeitos, bem como os danos causados aos tecidos irradiados.

Comparou doses de radiações e através de métodos expressou o risco das

mesmas. Alertou quanto à importância da proteção radiológica e das técnicas de

redução dos riscos dos raios X.

O controle de qualidade e as doses utilizadas em radiografias intra-orais

também foram objeto de estudo em Atenas por Yakoumakis (2001), onde ele

relacionou dose de exposição com o tempo utilizado em 108 consultórios

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40

odontológicos. Os resultados indicaram uma grande variedade de tempos de

exposição utilizados pelos cirurgiões dentistas, um processamento inadequado de

filmes na maioria das práticas resultou em pobres qualidades de imagem e aumento

da dose no paciente.

A baixa qualidade das imagens já foi apontada pela Organização Mundial de

Saúde como responsável pela redução na certeza do diagnóstico e no aumento dos

custos, desacreditando, junto ao grande público, a radiografia como instrumento

eficaz de diagnóstico (YACOVENC0, 2001).

Geist (2002) realizou um estudo entre algumas faculdades de odontologia nos

Estados Unidos e Canadá, com aplicação de questionário, sobre o uso de técnicas

avançadas que permitem uma significante redução nas doses de radiação durante

os exames radiográficos intrabucais. Os resultados revelaram que o uso de filmes de

velocidade E e F permitem significantes reduções de exposição comparadas com o

filme do grupo D. O colimador retangular do feixe de raios X, bem como o protetor de

tireóide diminuem a quantidade de tecido exposto, conseqüentemente abaixando a

dose absorvida para o paciente.

O uso da radiologia dental na Nigéria, como em muitos outros países, tem

aumentado rapidamente por muitos anos. Existe a necessidade de monitorar a

qualidade das práticas dentárias na Nigéria, como em muitos outros países, para

comparações com o que é obtido em outros lugares. Diante desta afirmação,

Ogundare et al. (2002) fizeram o primeiro controle de qualidade em duas unidades

com raios X odontológicos na Nigéria e chegaram à conclusão de que as doses altas

recebidas pelos pacientes em radiografia dental são devido à falta de treino de

alguns operadores, e que a maioria dos que foram treinados, pode não estar ciente

do desenvolvimento de modernas técnicas em odontologia.

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41

O número de aparelhos de raios X usados em odontologia é de modo

extremamente largo. Em 1993, na França, mais do que 35.000 aparelhos foram

estimados estarem instalados. A exposição ocupacional em odontologia é de

radiação espalhada vinda do paciente e de escape do cabeçote do tubo, embora

esta última devesse ser insignificante com os modernos equipamentos. A tendência

geral dos últimos trinta ou mais anos tem sido um aumento dramático do número de

pessoas envolvidas com a radiologia dental, mas um decréscimo firme em coletar

dose. A maioria dos profissionais não recebe uma medida qualificada de dose, e

realmente algumas autoridades reguladoras não requerem rotina individual de

monitoramento exceto onde a carga de trabalho é alta (UNSCEAR, 2000).

No Brasil, alguns estudos têm mostrado preocupação na área de

radiodiagnóstico em odontologia. Um estudo realizado em 5.000 consultórios

odontológicos do Estado de São Paulo, entre os anos de 1998 e 2000

(YACOVENCO, 2001), analisou os problemas mais freqüentes da radiografia na

prática odontológica e a partir disso, foram obtidos os seguintes resultados:

aparelhos com doses inadequadas para a produção de uma boa imagem; aparelhos

com variações na tensão pico do feixe de raios X superiores ao limite máximo

estabelecido em normas; e cirurgiões-dentistas utilizando tempos de exposição

superiores aos recomendados para o exame periapical, não deixando dúvidas em

relação à necessidade de atualização do profissional quanto ao emprego de suas

ferramentas de trabalho.

Em sua tese de mestrado, Gurjão (2001) teve como objetivo avaliar o nível de

adequação dos aparelhos de radiologia odontológica para técnicas intrabucais na

cidade de Salvador-Ba. Os resultados mostraram que mais da metade dos aparelhos

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estudados estavam inadequados de acordo com os critérios de avaliação

estabelecidos.

A Portaria 453/98 do Ministério da Saúde define, de acordo com o programa

de garantia de qualidade, um conjunto mínimo de testes de constância com

freqüência mínima de dois anos para o controle de qualidade dos serviços que

utilizam equipamentos radiológicos em odontologia: Camada semi-redutora; Tensão

de pico; Tamanho de campo; Reprodutibilidade do tempo de exposição ou

reprodutibilidade da taxa de kerma no ar; Linearidade da taxa de kerma no ar com o

tempo de exposição; Dose de entrada na pele do paciente; Padrão de imagem

radiográfica; Integridade das vestimentas de proteção individual.

2.8 LEGISLAÇÃO PARA RADIODIAGNÓSTICO EM ODONTOLOGIA

Exames diagnósticos com raios X têm sido usados na medicina por mais de

um século, embora com aumento de sofisticação. Durante os últimos vinte anos em

particular, as imagens têm experimentado uma revolução tecnológica, e agora

permitido uma melhora em anatomia, fisiologia e metabolismo. Os avanços contidos

na qualidade de imagem das radiografias e na proteção do paciente têm mantido os

exames de raios X diagnósticos nos cuidados da saúde, embora modalidades

alternativas de diagnóstico estejam se tornando mais viáveis, tais como ultra-som,

endoscopia, e, particularmente em países desenvolvidos, ressonância magnética.

Todavia, como os exames que utilizam radiação ionizante permanecem como os de

uso mais freqüente na medicina, eles são as fontes mais significantes de exposição

médica para a população mundial. Uma extensão muito larga de equipamentos e

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técnicas é empregada para satisfazer a diversidade de objetivos clínicos

diagnósticos (UNSCEAR, 2000).

Com a expansão do uso da radiação ionizante na área de radiodiagnóstico foi

necessário estabelecer políticas internacionais e nacionais de radioproteção.

Em 1928, foi criado o Comitê Internacional de Raios X e Radioproteção, por

recomendação do Segundo Congresso Internacional de Radiologia. Em 1950, esse

comitê transformou-se na atual ICRP. Embora ligada ainda à Sociedade

Internacional de Radiologia, a Comissão ampliou suas atividades para todas as

aplicações das radiações ionizantes (ICRP, 1990).

As recomendações da Comissão têm ajudado a prover uma base consistente

para padrões regulamentares regionais e nacionais. A ICRP estabeleceu que

nenhuma prática envolvendo exposição à radiação devesse ser adotada a menos

que produza benefícios suficientes para compensar os seus detrimentos. Além

disso, estabelece que as práticas com as radiações ionizantes devam ser otimizadas

de modo que as doses recebidas sejam tão baixas quanto razoavelmente possível

(Princípio ALARA). Portanto, as exposições médicas de pacientes devem ser

otimizadas de modo que o paciente receba a menor dose necessária para a

obtenção do diagnóstico.

Há mais de cinqüenta anos, foi proposto à Assembléia Geral das nações

Unidas que estabelecesse um Comitê para coletar e avaliar informações nos níveis e

efeitos da radiação ionizante. Subseqüentemente, em 03 de dezembro de 1955, a

Assembléia Geral aprovou o Comitê Científico das Nações Unidas em Efeitos da

Radiação Atômica, the United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic

Radiation (UNSCEAR, 2000). Governos e organizações de toda parte do mundo

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confiam nas estimativas do Comitê como as bases científicas para a avaliação dos

riscos das radiações e para estabelecer medidas de proteção (UNSCEAR, 2000).

Durante os anos que passaram desde a criação do UNSCEAR, este veio a

ser uma autoridade internacional oficial em níveis e efeitos da radiação ionizante

relativo à paz. No primeiro relatório de 1955, do UNSCEAR, foi lembrado que as

exposições médicas diagnósticas e terapêuticas eram os maiores componentes da

exposição global à radiação, um fato que ainda é verdade nos dias de hoje. O

Comitê tem sistematicamente revisado e avaliado níveis globais e regionais e as

tendências de exposições médicas, bem como exposições ao público e aos

trabalhadores. Estas revisões têm imediato significado em reduzir, em todo o mundo,

as exposições desnecessárias à radiação, e continuar a influenciar os programas

internacionais como o International Atomic Energy Agency (IAEA), International

Labour Organization (ILO), World Health Organization (WHO) and ICRP (UNSCEAR,

2000).

Problemas na área radiológica vêm sendo apontados desde a década de 70

pela Organização Panamericana da Saúde e, desde a década de 90, pela CNEN

(YACOVENCO, 2004). A CNEN, através da norma CNEN-NE-3.01, estabelece

diretrizes básicas de radioproteção e tem o objetivo de impedir o aparecimento de

efeitos biológicos determinísticos e limitar a probabilidade de efeitos estocásticos

durante a vida profissional do indivíduo.

Considerando a crescente demanda na utilização das radiações ionizantes no

Brasil, e preocupado com o funcionamento dos equipamentos e com os

procedimentos radiológicos, os riscos inerentes ao seu uso e a necessidade de se

estabelecer uma política de proteção radiológica na área de radiodiagnóstico, o MS

publicou a Portaria 453, em 1º de junho de 1988. Esta Portaria estabeleceu como

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ponto fundamental a exigência de implementação de um programa de Garantia de

Qualidade para que o prestador de serviço de radiodiagnóstico demonstre à

sociedade o seu compromisso com a qualidade e segurança. A implementação dos

princípios e requisitos de segurança e proteção radiológica requer profissionais

capacitados, chamados especialistas em física de radiodiagnóstico.

Segundo Yacovenco (2002), o objetivo principal da Portaria não está sendo

atendido. Atualmente, são realizados testes nos equipamentos de raios X, efetuados

levantamentos radiométricos das instalações e a verificação da blindagem do

cabeçote. Ele relata a falta de se executar os procedimentos de trabalho, aplicar

técnicas de exposições corretas, de estabelecer procedimentos controlados de

processamento, que inclui um estudo individualizado para elaboração da tabela de

exposição de acordo com o rendimento do equipamento.

A Portaria estabelece que a inobservância do Regulamento constitui infração

de natureza sanitária, sujeitando o infrator ao processo e penalidades previstas na

legislação vigente. Está sujeito ainda à responsabilidade civil e penal como está no

Artigo 132 do Código Penal: “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e

eminente”.

2.9 POLUIÇÃO POR METAIS EM ODONTOLOGIA: MERCÚRIO E

PRATA

Os metais pesados podem apresentar-se em três formas: metálica, podendo

interagir com o organismo por meio da inalação de fumos metálicos, quando

aquecidos a altas temperaturas; oxidados, constituindo sais e óxidos metálicos que

quando manuseados industrialmente geram grande quantidade de poeira no

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ambiente que pode ser absorvida pelos tratos digestivo e respiratório, e

organometálicos, quando participam de ligações co-valentes com compostos

orgânicos e são geralmente voláteis e lipossolúveis, podendo ser absorvidos pelas

vias cutânea, respiratória e digestiva. O metilmercúrio, que faz parte deste último

grupo, tem grande importância em Toxologia Ambiental (HIRATA, 2002).

A distribuição das diversas espécies de mercúrio que entram no sistema

aquático é regulada por processos físicos, químicos e biológicos, os quais ocorrem

nas interfaces ar/água e água/sedimento. A conversão entre estas diferentes formas

é a base do complexo padrão de distribuição do mercúrio em ciclos locais e globais

e de seu enriquecimento biológico. Sejam quais forem os processos que regulam

estes ciclos, o mercúrio que aporta nos diferentes compartimentos ambientais pode

apresentar-se como inorgânico e/ou orgânico. Todavia, a toxicidade do mercúrio

varia nos seus diferentes compostos. A forma orgânica é extremamente tóxica, não

apenas para o ser humano, mas para toda a biota. Devido ao radical orgânico, esta

espécie pode entrar rapidamente na corrente sanguínea, causando danos

irreparáveis ao sistema nervoso central. Em acidentes por intoxicação, constatou-se

que a vida intra-uterina é mais suscetível aos danos cerebrais causados pelo

metilmercúrio, uma vez que este parece interferir nos processos de divisão celular.

Em casos de exposição severa do feto, houve relatos de problemas neurológicos

graves e inclusive má formação cefálica (MICARONI, 2000).

De acordo com estudos realizados na Alemanha por Drummond et al.. (2003),

aproximadamente 46% do amálgama triturado é inserido como uma nova

restauração de amálgama, e o resto são resíduos. O excesso da mistura com a

saliva do paciente é lançado na unidade de água adjacente e tem a rede de esgoto

como destino. A sobra que fica na bancada, no rolo de algodão, cápsulas

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trituradoras, dentes extraídos ou perdidos com amálgama são descartados no lixo e,

assim, lançados no meio ambiente. Nos Estados Unidos, no ano de 1990,

estimaram-se terem sido realizadas cento e cinqüenta milhões de restaurações de

amálgama.

O amálgama é um material restaurador efetivo que oferece muitas vantagens

sobre outros materiais restauradores, inclusive: ampla aplicação, fácil manipulação,

razoável aceitação clínica e baixo custo relativo. No entanto, a liberação de vapor de

mercúrio, durante procedimentos clínicos como a inserção, condensação e remoção

de restaurações, pode comprometer a saúde do profissional e do paciente.

(VILARINHO, 1999).

Nos consultórios odontológicos também é muito utilizado o serviço de

radiologia para diagnosticar pacientes. Neste, utiliza-se emissões de raios X para se

obter chapas radiográficas, as quais são reveladas em câmara escura. O processo

de revelação das radiografias envolve quatro etapas: Revelação, Fixação, Enxágüe

e Secagem.

A etapa de revelação torna visível a prata sensibilizada pelos raios X, e logo

após, a etapa de fixação remove a prata não sensibilizada. A etapa de enxágüe é

necessária para a retirada de excessos de revelador e fixador, pois estes podem

prejudicar a qualidade da radiografia. Efluentes típicos de processos de revelação de

raios X são caracterizados por elevados valores de DQO em torno de 200 g/l. Estes

efluentes não contêm somente os componentes iniciais do revelador fotográfico, mas

também uma variedade de substâncias resultantes de reações químicas dos

agentes reveladores com a prata, oxigênio e outros componentes presentes. Os

efluentes gerados no processo de revelação de radiografias contêm prata, a qual

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pode ser recuperada, uma vez que este metal é um elemento com risco de escassez

e possui elevado valor de mercado (BORTOLETTO, 2005).

A solução de fixador contém thiosulfato, sulfito de sódio e isotiazolonas, que

são grandes consumidores de oxigênio, sendo o thiosulfato o mais nocivo, tendo em

vista suas propriedades e sua alta concentração. Ele é o responsável tanto pela alta

DQO, da ordem de 55 g O2/l, aproximadamente 280 vezes o limite estabelecido na

legislação, quanto como complexante para diversos metais pesados, favorecendo a

dissolução de compostos metálicos, mantendo-os em solução, como prata, cobre,

zinco-cádmio e mercúrio, por exemplo. A solução de revelador usada contém

compostos aromáticos fenólicos (hidroquinona/quinona), sais de aminoácidos e pH

alto, fora do intervalo permitido (de 5 a 9). A sua DQO é alta, cerca de 3.800 mg

O2/l, cerca de 20 vezes o limite máximo que a legislação permite para o descarte. A

água resultante da lavagem também constitui um componente do efluente que

contém todos os compostos do revelador, do fixador e de seus produtos de reação,

o que também a torna carente de tratamento antes de ser lançada na rede de

esgotos (FERNANDES, 2005).

A resolução RDC nº.306 da ANVISA (2004) dispõe sobre o regulamento

técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, incluindo os

efluentes líquidos provenientes do processo de revelação de filmes usados em raios

X. Assim, geradores destes resíduos devem atender a esta resolução, e de alguma

forma, tentar minimizar ao máximo o impacto ambiental causado por estes efluentes.

Apesar de ser clara a legislação quanto à conseqüência da infração, os

efluentes e os resíduos gerados pelos serviços de diagnóstico por imagem seguem

em geral os seguintes caminhos: algumas instituições lançam tanto os efluentes

(soluções de fixador, de revelador e de água de lavagem) quanto os resíduos (filmes

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radiográficos) no meio ambiente, sem nenhum tratamento adequado. Em face da

dificuldade atual em alterar o processo de revelação de filmes radiográficos por meio

de novos produtos, processos ou técnicas menos poluentes, a opção restante para

sua otimização ambiental consiste em interferir em seu final através de uma estação

de tratamento dos efluentes. Embora poluente, se tratado apropriadamente, o

fixador poderá se tornar um insumo que gera receita e economia ao serviço, por ser

reutilizado (FERNANDES, 2005).

Centenas de radiografias são realizadas diariamente nos consultórios

dentários, e não há um controle da quantidade da prata contida nos filmes e na

solução fixadora que são, sem precedentes, lançados no lixo e na rede sanitária,

respectivamente. Os filmes que vão para o lixo comum, na maioria das vezes, são

os rejeitos, ou seja, aqueles que são repetidos ou que são considerados velhos sem

motivo útil. O que preocupa são as reações que ocorrem no meio ambiente, pois os

íons de prata livres atuam como enzimas inibidoras, interferindo nos processos

metabólicos dos organismos (THUNTHY,1990).

2.10 POLUIÇÃO POR SOLVENTES ORGÂNICOS EM

ODONTOLOGIA

Solventes orgânicos são substâncias líquidas, orgânicas, voláteis,

pertencentes a diversos grupos químicos. Possuem funções orgânicas como

cetonas, ésteres, álcoois, éteres, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, derivados

halogenados, compostos nitroaminos, glicóis, entre outras (HIRATA, 2002).

A principal via de absorção é a respiratória, entretanto os solventes orgânicos

também podem ser absorvidos pela pele. Pela via pulmonar atingem o alvéolo,

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atravessam a barreira alvéolo-capilar por difusão simples e atingem o sangue, onde

são transportados a todos os tecidos. Conforme o coeficiente de partição do

solvente haverá maior ou menor afinidade por determinados tecidos. Em geral,

quanto mais hidrofóbico o solvente, maior a tendência em se depositar no tecido

adiposo e sistema nervoso central. São biotransformados principalmente no fígado,

mas também há ação bioquímica pulmonar e renal, além de outros tecidos. Podem

ser eliminados sem modificação ou biotransformados pelos rins ou pela via

respiratória (HIRATA, 2002).

A desinfecção é definida como um processo físico ou químico que elimina a

maioria dos microorganismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies, com

exceção de esporos bacterianos. Existem diversos produtos para desinfecção que

devem possuir registro junto ao Ministério da Saúde e necessitam ser avaliados com

relação ao custo – benefício, à eficácia e ao artigo a ser processado (MASTROENI,

2004).

A legislação brasileira prevê as soluções anti-sépticas adequadas para uso

domiciliar e em áreas de saúde. Assim, também sugere as características mínimas

necessárias para um anti-séptico, quais sejam: atividade germicida sobre a flora

cutânea, sem causar irritações à pele ou mucosa; não provocar reações alérgicas ou

queimaduras; possuir baixo teor de toxicidade (MASTROENI, 2004).

Segundo Mastroeni (2004), a escolha do desinfetante deve levar em

consideração aspectos como: espectro de atividade desejada, ação rápida e

irreversível, toxicidade, estabilidade e natureza do material a ser tratado.

Dentre os desinfetantes mais utilizados por características peculiares

apresentadas estão:

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A. Álcoois

Os álcoois mais empregados em desinfecção são o etanol e o isopropanol,

sendo o primeiro o mais utilizado no Brasil, em função da disponibilidade e do baixo

custo. São indicados para desinfecção de baixo nível e de nível intermediário.

Mecanismo de ação dos álcoois ainda não foi totalmente elucidado, sendo a

desnaturação de proteínas a explicação mais plausível. Os álcoois não possuem

ação residual. São inflamáveis, requerendo, portanto, cuidados especiais na

manipulação e estocagem. Por evaporarem rapidamente, sua ação torna-se limitada,

recomendando-se a imersão do item em questão (MASTROENI, 2004).

B. Formaldeído

Gás encontrado disponível na forma líquida em solução a 37-40%, contendo

metanol para retardar a polimerização (formalina); e na forma sólida, polimerizado

em paraformaldeído. Destrói os microorganismos através da alquilação dos

grupamentos amino e sulfidrilas de proteínas e dos anéis de nitrogênio das bases

purinas. O seu uso em Estabelecimentos de Saúde é limitado pelos vapores

irritantes, odor desagradável e comprovado potencial carcinogênico. O limite de

exposição permitido é 1ppm, durante 30 minutos (SECRETARIA DE SAÚDE RJ,

2006).

O formaldeído é utilizado principalmente para descontaminação, através de

fumigação de ambientes fechados (cabines de segurança, salas diversas, salas de

envase em indústria de medicamentos estéreis, biotérios, hospitais). Em função da

sua toxicidade e caráter irritante, não é recomendado para desinfecção rotineira de

superfícies, equipamentos e vidraria, podendo ser utilizado em situações especiais

(MASTROENI, 2004).

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C. Glutaraldeído

Trata-se de um dialdeído que pode se apresentar pronto para o uso. Em pH

ácido, necessita ativação pelo bicarbonato de sódio, para exibir atividade

esterilizante. O glutaraldeído ativado sofre polimerização em pH alcalino, inativando-

se após 14 dias, quando seu pH for 8.5, ou após 28 dias, em pH 7.5. É esterilizante

(8 a 10 h) e desinfetante de alto nível (30 min). É indicado para a esterilização de

artigos críticos e semi-críticos termossensíveis; desinfecção de alto nível e

descontaminação (BIANCHI, 2003).

D. Compostos Liberadores de Cloro Ativo

Desinfetante de baixo a alto nível, dependendo da concentração, valor de pH

da solução e do tempo de exposição, os compostos liberadores de cloro são ativos

sobre bactérias gram-positivas e negativas, incluindo micobactérias, assim também

contra esporos bacterianos, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos. Quanto maior a

concentração e/ou o tempo maior o espectro de ação, podendo ser utilizado como

desinfetante de baixo e alto nível. Os desinfetantes à base de cloro reagem

rapidamente com matéria orgânica, incluindo sangue, fezes e tecidos. Sua atividade

é reduzida, sendo o grau de inativação proporcional à quantidade de material

presente. Portanto, a concentração de cloro disponível no processo de desinfecção

deve ser alta o suficiente para satisfazer a demanda do cloro (cloro consumido pela

carga orgânica presente) e fornecer cloro residual suficiente para destruir os

microorganismos (MASTROENI, 2004).

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E. Compostos Quaternários de Amônio

São substâncias detergentes catiônicas com propriedade germicida, sendo

derivados orgânicos da amônia, contendo um hidrogênio pentavalente em sua

fórmula ligado a quatro radicais orgânicos com 8 a 18 átomos de carbono. Quatro

dos substituintes são radicais alquila ou arila e o quinto um haleto (cloreto), sulfato

ou similar. Cada composto possui características antimicrobianas próprias que

dependem da distribuição e do tamanho das cadeias dos radicais. Alguns

compostos freqüentemente utilizados são: cloretos de alquildimetilbenzilamônio

(cloreto de benzalcônio) e cloretos de dialquildimetilamônio (MASTROENI, 2004).

F. Iodóforos

Os iodóforos são muito usados no pré-operatório, tanto intra como extra-

bucalmente, na prevenção de infecções. São eficientes anti-sépticos para as mãos,

reduzindo em muito a contagem bacteriana e deixando um efeito residual que

continuará agindo embaixo da luva durante o ato operatório. Dez minutos é o tempo

mais comumente recomendado para a ação dos iodóforos como desinfetantes. Se

forem usados em superfícies deverão permanecer durante este tempo. Podem

provocar a coloração de alguns locais. Os iodóforos agem muito bem, ainda que

diluídos. A diluição facilita a liberação do iodo de seu carreador. Usá-lo puro é não

entender essas características. A diluição aumenta a capacidade de corroer os

instrumentos de aço. Um inibidor de ferrugem deve ser associado. As soluções

aquosas e detergentes devem ser acondicionadas em recipientes de cor âmbar ou

opacos e protegidos da luz e calor. As soluções alcoólicas devem ser armazenadas

em frascos transparentes, pois a luz evita a formação de ácido iodídrico, que inativa

a solução por impedir a formação de iodo livre (USP, 2006).

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Os compostos orgânicos devem ser cuidadosamente armazenados e

manuseados, por apresentarem características que os tornam perigosos. Alguns

solventes orgânicos podem ser inflamáveis e possuir potencial carcinogênico. Outros

agem de imediato sobre certo órgão ou tecido do organismo, produzindo alterações

que desaparecem quando o agente tóxico é afastado. Diante de tais fatos, as

precauções possíveis devem ser tomadas em relação a esses agentes químicos

(HIRATA, 2002).

2.11 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS GERADOS NO

CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO

A temática acerca dos resíduos de serviços de saúde, em especial dos

serviços odontológicos, necessita ampliação e aprofundamento de estudos, devido

às controvérsias decorrentes das implicações desses resíduos no que se refere à

saúde ambiental. Nela estão contidas questões vinculadas à saúde ocupacional e

dos usuários dos serviços odontológicos e ao saneamento ambiental (BRASIL,

2006).

Hirata (2002) cita a NBR 10004, de setembro de 1987, da ABNT que define,

classifica e lista os resíduos, servindo de norma e dando respaldo técnico a leis nos

três níveis do governo (federal, estadual e municipal), assim como a resoluções,

classificações, definições etc. Segundo a NBR 10004, os resíduos classificam-se

em:

Classe I - Perigosos: Estão incluídos os resíduos que apresentam as

seguintes características: Inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou

patogenicidade.

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55

Classe II - Não Inertes: São compostos por resíduos que podem apresentar

propriedades como: Combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Classe III - Inertes: São compostos por resíduos que quando amostrados de

forma representativa e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água, à

temperatura ambiente, não apresentam atividade. Como exemplo destes materiais,

pode-se citar as rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são

prontamente decompostos.

Conforme a classificação do CONAMA (1993), os resíduos gerados pelas

práticas odontológicas se enquadram nos grupos A (infectantes ou biológicos), B

(químicos) e D (comuns). No grupo A, exigem atenção especial os resíduos pérfuro-

cortantes. No grupo B, merece atenção o mercúrio metálico, que também exige

critérios especiais de manuseio, acondicionamento e destinação final. O maior risco

para a equipe odontológica em relação ao mercúrio está no momento da preparação

do amálgama, quando ocorre o aquecimento e a conseqüente liberação do vapor de

mercúrio. Para a população, o risco está na organificação e biomagnificação do

mercúrio lançado no ambiente natural (NAZAR, 2005).

Neste contexto, a questão dos resíduos sólidos tem sido uma das principais

preocupações vividas pelo ser humano. Os RSS chamam a atenção das autoridades

públicas relacionadas ao meio ambiente e vigilância sanitária, que publicam

Resoluções, estabelecendo padrões e diretrizes para o correto gerenciamento no

manejo e disposição final desses resíduos, entendendo a necessidade de proteção à

saúde pública e meio ambiente, através da conduta responsável, consoante com

uma política nacional que concorre com o atual estágio do conhecimento técnico-

científico estabelecido (SILVA, 2004).

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56

O ano de 1993 tem como marco inicial a publicação das Normas da ABNT e

da Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA nº 05, de 05 de

Agosto de 1993, que estabelecem os procedimentos adequados para Movimentação

e Disposição dos Resíduos de Serviços de Saúde. Define resíduo com base na NBR

10.004, como sendo resíduos sólidos dos estabelecimentos prestadores de serviço

de saúde em estado sólido, semi-sólidos, resultantes destas atividades. São também

considerados sólidos os líquidos produzidos nestes estabelecimentos, cujas

particularidades tornem inviáveis o seu lançamento em rede pública de esgotos ou

em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente

inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível (SILVA, 2004).

O mesmo órgão, através da Resolução CONAMA nº 283, de 12 de Julho de

2001, vem complementar a de nº 05/93 e dispõe sobre o Tratamento e Destinação

Final dos Resíduos dos Serviços de Saúde. Considerando a necessidade de

aprimoramento, atualização e complementação dos procedimentos contidos na

Resolução CONAMA nº 283, de 12 de julho de 2001, a Resolução CONAMA 358 de

29 de abril de 2005 dispõe sobre a necessidade de minimizar riscos ocupacionais

nos ambientes de trabalho e proteger a saúde do trabalhador e da população em

geral; sobre estimular a minimização da geração de resíduos, promovendo a

substituição de materiais e de processos por alternativas de menor risco, a redução

na fonte e a reciclagem, dentre outras alternativas; sobre a segregação dos

resíduos, no momento e local de sua geração, permite reduzir o volume de resíduos

que necessitam de manejo diferenciado; sobre a necessidade de ação integrada

entre os órgãos federais, estaduais e municipais de meio ambiente, de saúde e de

limpeza urbana com o objetivo de regulamentar o gerenciamento dos resíduos de

serviços de saúde (BRASIL, 2001; BRASIL, 2005).

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57

O gerenciamento é tido como um processo capaz de minimizar ou até mesmo

impedir os efeitos adversos causados pelos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS),

do ponto de vista sanitário, ambiental e ocupacional, sempre que realizado racional

e adequadamente (BRASIL, 2006).

Os resíduos gerados nos serviços odontológicos causam risco à saúde

pública e ocupacional equivalente aos resíduos dos demais estabelecimentos de

saúde, razão pela qual seus responsáveis técnicos devem implantar um plano de

gerenciamento de acordo com a RDC/ANVISA nº 306, de 07 de dezembro de 2004.

Referido documento, em seu capítulo VI, Manejo de Resíduos de Serviços de

Saúde, estabelece que os resíduos químicos (Grupo B) que apresentam risco à

saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de

reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou

disposição final específicos:

• resíduos no estado sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em

aterro de resíduos perigosos – Classe I;

• resíduos no estado líquido devem ser submetidos a tratamento específico,

sendo vetado o seu encaminhamento para disposição final em aterros;

• quando submetidos a processo de tratamento térmico por incineração, devem

seguir as orientações contidas na Resolução Conama nº 316, de 29 de

outubro de 2002, ou a que vier substituí-la;

• o acondicionamento deve ser feito em recipientes individualizados,

observadas as exigências de compatibilidade química do resíduo com os

materiais das embalagens, de forma a evitar reação química entre os

componentes, enfraquecendo-a ou deteriorando-a, ou a possibilidade de que

o material da embalagem seja permeável aos componentes do resíduo;

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58

• os reveladores utilizados em radiologia podem ser submetidos a processo de

neutralização para alcançarem pH entre 7 e 9, sendo posteriormente lançados

na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam às

diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos

hídricos e de saneamento competentes;

• os fixadores usados em radiologia podem ser submetidos a processo de

recuperação da prata ou então como os demais resíduos sólidos contendo

metais pesados podem ser encaminhados a Aterro de Resíduos Perigosos -

Classe I ou serem submetidos a tratamento de acordo com as orientações do

órgão local de meio ambiente, em instalações licenciadas para este fim. Os

resíduos líquidos deste grupo devem seguir orientações específicas dos

órgãos ambientais locais;

• o descarte de pilhas, baterias e acumuladores de carga contendo chumbo

(Pb), cádmio (Cd) e mercúrio (Hg) e seus compostos deve ser feito de acordo

com a Resolução Conama nº 257/99, ou a que vier substituí-la;

• os resíduos contendo mercúrio (Hg) devem ser acondicionados em

recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação;

• resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente

não necessitam de tratamento, podendo ser submetidos a processo de

reutilização, recuperação ou reciclagem;

• resíduos no estado sólido, quando não submetidos à reutilização,

recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para sistemas

licenciados de disposição final;

• resíduos no estado líquido podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou

em corpo receptor, desde que atendam, respectivamente, às diretrizes

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59

estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de

saneamento competentes.

Todos os profissionais que trabalham no serviço, incluindo os temporários e

os que não estejam diretamente envolvidos nas atividades de gerenciamento de

resíduos, devem conhecer o sistema adotado para o gerenciamento de RSS, a

prática de segregação de resíduos, a localização dos abrigos de resíduos, bem

como reconhecer os símbolos, expressões e padrões de cores adotados, entre

outros fatores indispensáveis à completa integração do serviço ao PGRSS.

O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de

gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,

normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e

proporcionar, aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,

visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos

naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2004).

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a poluição ambiental gerada nos consultórios odontológicos da cidade

de Itabuna-BA, quanto à produção de radiação ionizante na utilização do aparelho

de raios X e ao descarte de metais pesados e solventes orgânicos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

i. Avaliar as condições de radioproteção e riscos ocupacionais nos consultórios

odontológicos.

ii. Caracterizar a formação técnica dos profissionais da odontologia de Itabuna-

BA.

iii. Verificar se os níveis de radiação ionizante provocados nos ambientes

adjacentes, pelos consultórios odontológicos, estão dentro dos níveis

considerados seguros atualmente.

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iv. Diagnosticar as condições de operação dos aparelhos de raios X

odontológicos para otimizar a produção de raios X e assim minimizar as

emissões desnecessárias ao meio ambiente.

v. Verificar o volume potencial e o local de descarte dos resíduos gerados pelas

práticas odontológicas.

vi. Investigar a relação entre os dados encontrados quanto à poluição gerada

pelos equipamentos de raios X odontológicos, por metais pesados e solventes

orgânicos e suas relações com as pessoas ocupacionalmente expostas e a

interferência ao meio ambiente.

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62

4 METODOLOGIA

4.1 CONDUÇÃO DA PESQUISA

Através de uma pesquisa de levantamento, elaborou-se uma entrevista

estruturada com questionário (Apêndice A), visando caracterizar o profissional

cirurgião-dentista e seus procedimentos de trabalho, suas instalações, equipamentos

de raios X e uso de materiais solventes químicos.

Quanto aos procedimentos de trabalho, observou-se: o tipo de disparador, o

uso do posicionador e do dosímetro, o tempo de exposição mais utilizado e as

repetições de radiografias; o tempo de revelação; conhecimento e uso de técnicas

que minimizam os efeitos danosos da radiação ionizante.

Nas instalações fez-se o levantamento radiométrico com o objetivo de

verificar se os níveis de exposição ocupacional e do público na instalação estão de

acordo com as restrições de dose estabelecidas na Portaria 453/98 MS.

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63

Quanto aos equipamentos de raios X odontológicos utilizou-se o Protocolo de

Controle de Qualidade em Equipamentos de Radiodiagnóstico do IRD (Instituto de

Radioproteção e Dosimetria) PT-RXD-URMCF para avaliar o nível da qualidade de

uso dos mesmos, onde se encontram definidos os cálculos e os métodos de

medição. O modelo do questionário do levantamento radiométrico e dos testes de

controle de qualidade dos equipamentos estão no Apêndice B e o termo de

consentimento no Anexo A.

No uso de materiais químicos avaliou-se quem usa, quanto usa e onde

descarta os metais e os solventes químicos.

4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Segundo a lista de cadastro fornecida pelo Conselho Regional de Odontologia

do Estado da Bahia (CROBA), até 27 de abril de 2004, havia 139 cirurgiões-

dentistas inscritos na cidade de Itabuna. Através de contato por telefone, verificou-se

que existiam nesta cidade somente 79 equipamentos de raios X odontológicos. Com

auxílio do questionário, entrevistou-se 65 profissionais que possuíam, em seus

consultórios, equipamentos de raios X. Dos 14 profissionais que ficaram de fora da

entrevista, 07 não utilizavam mais os equipamentos de raios X, apesar de ainda tê-

los e 07 não estavam disponíveis na época da entrevista. Neste estudo, não se

contabilizou os equipamentos de raios X odontológicos do serviço público municipal

que atende à saúde bucal em Itabuna-BA.

Utilizou-se para a seleção dos consultórios a amostragem aleatória simples

para calcular o tamanho da amostra dos equipamentos de raios X as seguintes

fórmulas:

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0

002

00

.1nNnN

nE

n+

== (1)

Sendo:

N tamanho da população

n tamanho da amostra

n0 primeira aproximação de n

E0 erro amostral tolerável.

4.3 AVALIAÇÃO DOS AMBIENTES

Os ambientes foram avaliados quanto:

a) a presença de sinalização visível na porta de acesso, contendo o

símbolo internacional da radiação ionizante, acompanhado da inscrição: “RAIOS X,

ENTRADA RESTRITA” ou “RAIOS X, ENTRADA PROIBIDA A PESSOAS NÃO

AUTORIZADAS” recomendado pela Portaria 453/98 MS;

b) a distância do operador em relação à fonte de raios X, no ato do exame

radiográfico;

c) a blindagem das paredes, portas e divisórias;

d) ao uso de vestimenta plumbífera para o paciente e para o operador;

e) ao uso do protetor de tireóide para o paciente;

f) ao tipo de câmara escura.

Os níveis de exposição ocupacional e do público nos ambientes da amostra

foram avaliados através do levantamento radiométrico realizado por uma câmara de

ionização com volume de 180 cc (centímetro cúbico) e um eletrômetro modelo 9015

da Radcal.

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Para obter as devidas dimensões das salas com equipamento de raios X

odontológico e das áreas adjacentes utilizou-se um croqui. O local que o dentista e a

atendente se posicionam no momento do disparo dos raios X; o equipamento de

raios X; portas e janelas foram referenciados no croqui através de letras.

A natureza das áreas adjacentes foi anotada da seguinte forma: Área livre,

circulação interna/ externa, sala de espera, recepção e sanitários. Os pontos de

interesse situados dentro e fora da sala onde indivíduos do público e/ou funcionários

possam estar mais expostos à radiação também foram identificados com letras. A

seleção dos parâmetros de operação foi definido por esses pontos de interesses.

Para medir os níveis de radiação nos pontos escolheu-se o tempo mais

utilizado pelo profissional devido ser este o único parâmetro que varia em um

equipamento de raios X odontológico.

Para o teste de barreiras primárias direcionou-se o feixe de raios X para uma

barreira primária crítica, ou seja, o local de maior exposição a radiação, sem a

presença de qualquer objeto entre o feixe de raios X e a câmara de ionização.

Para o teste de barreiras secundárias posicionou-se um fantoma, recipiente

plástico contendo 500 ml água, para simular o paciente espalhando radiação, na

parte superior do encosto da cadeira, local onde fica a cabeça do paciente. O tubo

de raios X foi ajustado na distância foco-filme mais utilizada nos procedimentos de

rotina e realizaram-se exposições com o feixe direcionado para a câmara de

ionização na pior hipótese de estar alguém neste local. As doses foram

quantificadas em cada ponto selecionado.

Conhecendo os valores das doses, calculou-se a carga de trabalho semanal,

especificando o fator de uso e o fator de ocupação para cada posição. Os valores

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obtidos para as exposições ocupacionais e para o controle das áreas de serviço

foram comparados com os da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.

Para as exposições ocupacionais estabeleceu-se que a dose efetiva anual

não devia exceder 20 mSv em qualquer período de 5 anos consecutivos e 50 mSv

em nenhum ano.

Quanto ao controle das áreas de serviço, para fins de planejamento de

barreiras físicas de uma instalação e para verificação de adequação dos níveis de

radiação em levantamentos radiométricos, adotaram-se, como restrição de dose, os

seguintes níveis de equivalente de dose ambiente: 5 mSv/ano em áreas controladas

e 0,5 mSv/ano em áreas livres.

4.4 AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Os equipamentos foram avaliados quanto à tensão, filtração total, radiação de

fuga, tamanho de campo irradiado, camada semi-redutora, dose de entrada na pele,

tempo de exposição, tipo de localizador e manutenção periódica.

4.4.1 Filtração Total

A Portaria estabelece que equipamentos com tensão de tubo inferior ou igual

a 70 kVp devem possuir uma filtração total permanente não inferior ao equivalente a

1,5 mm de alumínio. Os equipamentos foram inspecionados quanto à filtração total

que vem discriminada no manual ou em placa fixada no equipamento.

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67

4.4.2. Radiação de Fuga

Para medir este teste vedou-se a saída do feixe de raios X com uma placa de

chumbo de 2 mm. Cada lado da ampola de raios X foi demarcado, gerando 5 pontos

denominados A, B, C, D e E que respectivamente corresponderam aos seguintes

lados: esquerdo, direito, fundo, frente e trás (Figura 2). Posicionou-se a câmara de

ionização, com volume sensível de 180 cc (centímetro cúbico) e um eletrômetro

modelo 9015 da Radcal, a uma distância de um metro da ampola e realizadas

exposições iguais para todos os lados. O tempo de exposição escolhido foi o mais

utilizado pelo CD.

Figura 2 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga.

A taxa de Kerma no ar calculada e os valores encontrados foram comparados

com os da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária que estabelece no máximo 0,25

mGy/h.

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4.4.3. Tamanho de Campo

As medidas do tamanho de campo dos equipamentos de raios X

odontológicos foram obtidas a partir da irradiação de um filme com chassi 18 x 24

cm, posicionado perpendicular e centralizado ao localizador do tubo sem que

houvesse distância entre os mesmos. O tempo de exposição utilizado foi o mais

utilizado pelo CD.

Foram utilizados filmes da mesma caixa e lote, sendo revelados na mesma

processadora. Após revelação, a imagem referente ao campo da radiação foi

demarcada e medida a cada meio centímetro com a ajuda de um densitômetro,

equipamento da Nuclear Associates modelo 07-443. Mediu-se a densidade óptica

nesses espaços marcados. O tamanho de campo foi determinado na relação da

densidade óptica e distância: traçou-se uma reta horizontal na metade da amplitude

da densidade (ponto médio dos valores máximo e mínimo) e duas outras verticais na

interseção daquela reta com a curva (Figura 3).

Figura 3 - Relação da distância medida em centímetros com a densidade óptica obtida para a determinação do tamanho de campo irradiado pela largura à meia altura.

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Para aqueles que ultrapassaram o tamanho do chassi 18 x 24 cm, foi utilizado

filme do chassi 35,5 x 35,5 cm. Os valores obtidos para o tamanho de campo foram

comparados com o estabelecido pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária que

estabelece no máximo 6 cm de diâmetro.

4.4.4. Camada Semi-Redutora (CSR)

O objetivo deste estudo é determinar a camada semi-redutora (CSR), isto é, a

espessura de um material necessária para reduzir a intensidade do feixe de raios X

à metade. A partir deste valor e com o valor da tensão utilizada no teste, é possível

estimar a filtração total do equipamento de raios X.

Para tanto, utilizou-se do detector de radiação VICTOREEN modelo 4000+,

posicionando-se o localizador paralelamente a 2 cm do detector; o tempo de

exposição fixo escolhido foi o mais utilizado pelo cirurgião-dentista; a primeira

medida de radiação foi feita sem filtro entre o localizador e o detector; as medidas

seguintes foram feitas com sucessivas espessuras do filtro: 0,3 mm Al, 1,0 mm Al,

1,3 mm Al, 2,3 mm Al, 2,6 mm Al; e por último, uma medida de radiação feita sem

filtro. A partir do gráfico que relaciona a exposição (mR) e a espessura do

absorvedor de alumínio determinou-se a CSR. Os valores obtidos para as CSR

foram comparados com os estabelecidos pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária

na Tabela 1.

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Tabela 1 - Valores mínimos de camadas semi-redutoras em função da tensão de tubo máxima de operação dadas pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária

kVp CSR (mm Al) 51 1,2 60 1,3 70 1,5 71 2,1 80 2,3 90 2,5

4.4.5. Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão

Verificou-se a exatidão e a reprodutibilidade dos valores da tensão de pico

aplicada ao tubo de raios X com relação aos valores indicados pelo equipamento,

através das medidas do detector de radiação VICTOREEN modelo 4000+,

posicionado a 2 cm abaixo e perpendicular ao localizador do tubo de raios X.

Avaliaram-se os valores de kVp para três diferentes tempos: o tempo de

maior uso, o tempo um pouco acima e o tempo um pouco abaixo, a depender do

profissional. Para verificar a exatidão da tensão, em cada valor de kVp, foi

determinado o desvio máximo obtido entre os valores selecionados e os valores

medidos de kVp máximo, conforme a seguinte fórmula:

sel

medselmáx kV

kVkVdesvio −=100 (2)

Onde:

kVsel é o valor nominal no equipamento

kVmed é o valor máximo medido pela câmara de ionização.

Obs.: o intervalo de tolerância de ±10% foi o utilizado para aceitação da

conformidade dos desvios.

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Para a reprodutibilidade da tensão optou-se pelo cálculo do tempo repetido,

tomando os dois valores mais discrepantes medido pela câmara de ionização e

utilizando-se a seguinte fórmula:

( ) 2/100

21

21

kVkVkVkVdesviomáx +

−= (3)

Onde:

kV1 e kV2 são os valores mais discrepantes

Obs.: o intervalo de tolerância de ±10% foi o utilizado para aceitação da

conformidade dos desvios.

4.4.6. Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição

Verificou-se se a constância de Kerma, para o mAs, dado pelo tempo mais

utilizado pelo profissional e a linearidade da exposição estão em conformidade com

os padrões de desempenho estabelecidos na Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.

As medidas foram efetuadas utilizando-se o detector de radiação

VICTOREEN modelo 4000+ posicionado a 2 cm abaixo e perpendicular ao

localizador do tubo de raios X. Como no equipamento de raios X odontológico o mA

e o kVp são fixos, foram realizadas três exposições sem variar o tempo. Para a

reprodutibilidade da exposição utilizou-se a seguinte fórmula:

( ) 2/100

menormaior

menormaiormáx LL

LLdesvio+

−= (4)

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Onde:

Lmaior é a maior medida da exposição

Lmenor a menor.

Obs.: o desvio máximo deve-se encontrar no intervalo de ±10%.

4.4.7. Exatidão e Reprodutibilidade do Tempo de Exposição

Este parâmetro é particularmente responsável pela dose do paciente e pela

densidade óptica da imagem, por isso, foi verificado se o tempo de exposição

selecionado no painel do equipamento de raios X é o tempo real da exposição.

As medidas foram efetuadas utilizando-se o detector de radiação

VICTOREEN modelo 4000+ posicionado a 2 cm abaixo e perpendicular ao

localizador do tubo de raios X. Foram utilizados 3 tipos diferentes de tempo de

exposição: um mais abaixo, e outro mais acima do tempo mais utilizado pelo

cirurgião-dentista; e, o tempo mais usado em sua rotina, sendo que para este foram

feitas três medidas para poder verificar a reprodutibilidade do mesmo.

Para determinar a exatidão do tempo, calculou-se o percentual de variação

em relação ao valor nominal, ajustado no painel de controle, sendo considerados em

condições adequadas de operação os equipamentos que apresentavam variações

menores ou iguais a ±10%, conforme fórmula a seguir:

sel

medselmáx T

TTdesvio −=100 (5)

Onde:

Tsel é o valor nominal no equipamento

e o Tmed é o valor medido pela câmara de ionização.

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73

Com relação à reprodutibilidade, calculou-se, para o tempo de exposição mais

utilizado, a razão entre as leituras obtidas e o valor do tempo médio (t1/tm, t2/tm,

t3/tm). Com base no protocolo da ABFM, foram considerados reprodutíveis os

equipamentos cujas razões (ti/tm) estiveram no intervalo de 0,95 a 1,05.

4.4.8. Dose de Entrada na Pele

Estimou-se a dose de entrada na pele representativa dos exames praticados

por equipamentos de raios X odontológicos e comparou-se com o nível de referência

apresentado na Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária.

As medidas foram efetuadas utilizando-se o detector de radiação

VICTOREEN modelo 4000+ posicionado abaixo e perpendicular ao localizador do

tubo de raios X a duas distâncias 02 e 08 cm.

Para a dose de entrada na pele utilizou-se a seguinte fórmula:

DEP=Kar X BSF X KTP X Fc (6)

Onde:

Kar é o Kerma no ar, BSF é o fator de retro-espalhamento na água para a

geometria e qualidade da radiação;

KTP é o fator de correção para a temperatura e pressão;

Fc é o fator de calibração da câmara para a qualidade do feixe.

Os valores obtidos foram comparados com o nível de referência da Portaria

que para equipamento odontológico periapical é de 3,5 mGy.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante da dificuldade de operacionalização da coleta de dados,

principalmente quanto ao tempo disponível dos profissionais envolvidos e a

disponibilidade dos equipamentos para esta pesquisa, além de dois equipamentos

estarem avariados, só foi possível amostrar 28 equipamentos ou 44% dos

equipamentos de raios X dos consultórios pesquisados. Este percentual mostra-se

significativo para um tamanho de amostra n = 26 com erro tolerável de 15%.

5.1 O PERFIL ACADÊMICO DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS

Dos 65 profissionais entrevistados, 37% foram graduados na Bahia e 20% no

Estado de Minas Gerais. O tempo de experiência profissional variou de 40 anos de

formados a recém-formados, sendo 32% dos profissionais com curso de

especialização, 3% com mestrado em andamento, 1,5% com o título de mestre. O

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período que trabalham com raios X variou de 03 a 37 anos, ou 18 anos em média, e

neste intervalo, apenas 3% já participaram de curso de radioproteção.

Os valores referentes à média de 18 anos de experiência, 3% com curso de

radioproteção e que 98% desconhecem a existência da Portaria 453/98 MS refletem

uma baixa atualização técnica/teórica na área de radiação ionizante e ausência de

atitudes coerentes relacionadas à proteção radiológica.

5.2 OS EQUIPAMENTOS DE RAIOS X ODONTOLÓGICOS

Os equipamentos variaram em marcas e em quilovoltagem: Dabi Atlante

Spectro II, Dabi Atlante 1070, Dabi Atlante 70 X, Funk, Gnatus, Philips, Procion,

Rhos XRM, Siemens,Toshiba, Trophy. Desses, 40% possuíam tensão nominal de 50

kVp, 18% tensão nominal de 60 kVp, 8% tensão nominal de 66 kVp e 34% de tensão

nominal de 70 kVp. A miliamperagem (mA) variou de 6 a 12, sendo a maioria (60%)

de 10 mA. Geist et al. (2002) avaliaram as técnicas de redução de dose de radiação

em 65 faculdades de odontologia norte-americanas através de questionário e

descobriram que a tensão do tubo mais encontrada foi de 70 kVp em 88% das

escolas. Em 24,6% das escolas foram encontrados equipamentos com 90 kVp,

21,5% usando tubo de 75 kVp, e outros tipos de tensão foram encontrados em

quantidades menores. Em trinta escolas, dois ou mais tipos de quilovoltagem foram

encontrados, e seis delas responderam que utilizam a tensão mais baixa para

realizar exames interproximais, enquanto três escolas alternam a quilovoltagem

baseadas na localização anatômica da radiografia (região anterior x região

posterior). Em um estudo realizado por Yakoumakis et al. na Grécia em 2001, 108

consultórios dentários foram divididos em quatro grupos de acordo com

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quilovoltagem pico encontrada: 50 kVp, 60 kVp, 65 kVp e 70 kVp. Diferentemente do

estudo de Geist e parecido com o nosso aqui no Sul da Bahia, a quilovoltagem pico

mais encontrada foi a de 50 kVp num total de 33%.

Os localizadores apresentaram-se de três formas: 49,2% eram de cilindro

aberto revestido com chumbo, 35,4% eram de cilindro curto de acrílico e 15,4% eram

em cone fechado (Figura 4). 50,8% estão fora do que recomenda a Portaria 453/98

MS que preconiza que todo equipamento de raios X deve possuir um sistema de

colimação para limitar o campo de raios X ao mínimo necessário para cobrir a área

do exame. O localizador tipo cone fechado e o cilindro aberto de acrílico, além de

aumentarem o campo irradiado, aumentam também a radiação secundária,

significando um acréscimo indesejado de dose para o paciente e para o operador,

caso este esteja na sala no ato do exame.

Figura 4 - Tipos de localizadores encontrados: em forma de cone fechado, em forma de cilindro

aberto de acrílico curto e de cilindro aberto longo revestido com chumbo, respectivamente.

A idade dos equipamentos de raios X odontológicos variou de 56 anos até

menos de um ano de uso (Figura 5); 92% deles foram comprados de primeira mão,

51% nunca passaram por manutenção e 95% nunca passaram por um controle de

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qualidade. De acordo com a Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária, a periodicidade

de calibração do equipamento de raios X deve ser de dois anos, e o levantamento

radiométrico a cada quatro anos. Nos equipamentos que nunca passaram por

nenhum controle, os pacientes estão recebendo doses de 3,81 a 15,38 mGy, acima

do limite máximo permitido, comprometendo, assim, a otimização do procedimento,

o que significa dizer limitação da dose de exposição e minimização do risco à saúde

do paciente.

Figura 5 - Equipamentos de raios X odontológico adquiridos na década de 50 e em 2002, respectivamente.

5.3 COMPORTAMENTO QUANTO À PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

Quanto ao uso do disparo com retardo, 46% ainda o faz por alguns motivos:

77% por se sentirem mais seguros, 17% por acharem mais fácil e 7% por ser o único

meio de disparo por não possuírem o fio extensor. Observa-se que a segurança

relatada por esses 77% não pode tecnicamente ser confirmada devido a ausência

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de controle de qualidade nesses equipamentos. A Portaria 453/98 da Vigilância

Sanitária proíbe o uso do sistema de acionamento de disparo com retardo, e

estabelece que o operador deve utilizar um fio extensor que lhe permita ficar a uma

distância mínima de 2 m, pois assim ele tem total controle do tempo de exposição

com o disparador em mãos. A proibição do uso deste sistema foi desconhecida por

quase todos (98 %) os profissionais.

No que diz respeito à dosimetria pessoal, no caso de quem trabalha só com

equipamentos de raios X intrabucais, a obrigatoriedade do uso de dosímetro

individual pode ser dispensada, a depender da autoridade sanitária local e mediante

ato normativo, quando a carga de trabalho máxima for inferior a 04 mA min/semana.

As cargas de trabalho dos consultórios analisados foram verificadas e apresentou

variação entre 0,08 e 7,35 mAmin. Destes, 14% apresentaram valores acima do

estabelecido, o que mostra a importância de se fazer um monitoramento de dose

recebida pelos operadores. Apenas 1,5% dos profissionais utilizam dosímetro

pessoal.

A Dosimetria Pessoal é uma medida de grande importância, pois além de

permitir a determinação da dose de cada usuário, permite ainda uma indicação das

condições de funcionamento da aparelhagem utilizada. Dose elevada pode indicar

maneira incorreta de trabalho, instalação com problema de blindagens ou

aparelhagem defeituosa.

Para evitar a repetição indevida dos exames radiográficos por técnica

incorreta, a Portaria 453/98 sugere o uso de posicionadores. Neste estudo, 34% dos

operadores possuem e utilizam deste recurso, 14% possuem, mas utilizam às vezes

e 52% não possuem. Da mesma forma Abbott em seu trabalho na Austrália, em

2000, relata que o uso de posicionadores não é comum neste país apesar das

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recomendações publicadas em livros-textos e jornais técnicos de radiografia

dentária: somente 25% dos cirurgiões-dentistas usam rotineiramente esses

dispositivos e 40% usam ocasionalmente, o que retrata que falta uma aceitação para

o uso dos posicionadores objetivando um diagnóstico de qualidade, além da

reprodutibilidade das radiografias.

O uso de uma técnica que ofereça a possibilidade do operador dirigir o feixe

de radiação mediante um orientador do cone e que determine, numa só etapa, por

meio da colocação do suporte porta-filmes, a localização da região a ser

radiografada e a angulação vertical e horizontal, poderia ser considerado como

atividade que simplifica o aprendizado dos aspectos envolvidos na execução das

radiografias pela técnica da bissetriz. Também o custo benefício é muito maior já

que os posicionadores são de fácil uso, proporcionam otimização do tempo,

padronizam as radiografias e diminuem erros de execução.

O uso do avental de chumbo foi citado por Kells em 1912 como um dispositivo

auxiliar de proteção. Mas a sua importância ficou mais evidente entre 1950 e 1960. A

vestimenta do paciente é obrigatória quando da tomada radiográfica no mesmo. Foi

verificado que 77% possuem vestimenta plumbífera, porém 64% realmente utilizam,

24% utilizam às vezes e 12% nunca utilizam. Um dado importante é que apenas 6 %

destes aventais são de borracha plumbífera, ou seja, material que não permite

fragmentação do chumbo com facilidade e que pode comprometer a função de

proteger da radiação. Como o tipo do avental de chumbo contribui na qualidade da

radioproteção, esse também deveria ser normalizado pela ANVISA. Na Austrália,

em 2000, Abbott (2000) constatou que 66% sempre usavam aventais de chumbo em

seus pacientes, enquanto que 22% usavam ocasionalmente e 22% relataram nunca

usá-los. A nossa realidade é bem semelhante à deles, o que mostra um problema a

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nível mundial do descuido quanto à minimização dos riscos que podem ser

associados à radiação através de um método simples e seguro que é o avental de

chumbo.

O protetor de tireóide também é de uso obrigatório no paciente e apenas

12,3% possuem, sendo que 75% destes utilizam sempre e 25% não utilizam, apesar

de possuírem. Geist et al.. (2002) realizaram uma pesquisa em relação ao uso de

vestimenta plumbífera para os pacientes em faculdades de odontologia norte-

americanas e observaram que 74% utilizam o avental de chumbo e o protetor de

tireóide durante a tomada radiográfica; 11% utilizam o avental de chumbo, mas não

o protetor de tireóide; 11% utilizam tanto o avental de chumbo quanto o protetor de

tireóide somente para crianças, jovens até 30 anos de idade, ou quando são

requeridos pelo próprio paciente; 4% não usam o avental de chumbo, e somente o

protetor de tireóide. Os nossos resultados mostram que os pacientes não estão

recebendo dose de radiação de forma segura e adequada como o que é

regulamentado.

O protetor de tireóide é recomendado principalmente em crianças e adultos

jovens. Segundo WHITE (2001), pessoas abaixo dos 30 anos de idade têm um risco

maior de câncer de tireóide induzido por radiação porque neles a glândula

permanece mais próxima ou dentro do feixe primário de radiação. Estima-se a

redução da dose na glândula tireóide em 50%, com o uso do protetor.

Apenas um profissional possuía avental de chumbo para uso próprio, pois ele

permanecia na sala por não ter um fio extensor suficiente para se distanciar de

forma mais segura. É importante ressaltar que as partes do corpo, como cabeça e

membros, que estão descobertas da vestimenta plumbífera, estão recebendo dose

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de radiação e esta é acumulativa. O ideal mesmo é permanecer atrás de uma

barreira física que seja suficientemente segura para atenuar os raios X.

Nas instalações da sala onde fica o equipamento de raios X, a porta de

acesso foi laminada com uma placa de chumbo em apenas 4,6% dos consultórios, e

revestimento das paredes com baritina foi feito em apenas 10,8% das salas.

Sinalização e biombo de chumbo foram encontrados em apenas 1,5% das salas de

exame. Oliveira et al.. (2003) pesquisaram os procedimentos de proteção radiológica

em consultórios de São Paulo, e seus resultados também mostraram poucos

consultórios com sinalização (18,33%) e blindagem (42,08%) das portas entre a sala

de espera e o consultório que dão acesso ao local onde ficavam os equipamentos

de raios X. A blindagem extra no caso de São Paulo é maior do que aqui na nossa

cidade, provavelmente devido ao rigor da vigilância sanitária local.

De acordo com a norma da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária, as salas

equipadas com aparelhos de raios X devem dispor de um quadro visível contendo os

dizeres: “paciente, exija e use corretamente vestimenta plumbífera para sua

proteção durante o exame radiográfico”, e “não é permitida a entrada de

acompanhantes na sala durante o exame radiológico, salvo quando estritamente

necessário”. Apenas 1,5% apresentaram este quadro que é de grande valia, pois

informa ao paciente do que lhe é de direito para a sua proteção, durante a realização

do exame radiográfico, e ajuda o profissional a manter os acompanhantes fora da

sala, evitando que estes recebam dose de radiação desnecessária.

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5.4 QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA

Dos sessenta e cinco entrevistados, 98% não possuem instalações

adequadas para revelação dos filmes e utilizam câmaras portáteis manuais sem o

devido uso de cronômetro e termômetro. O tamanho de uma sala de 9 m² não

permite instalar uma câmara escura; para corrigir essa limitação de espaço físico, a

Portaria 453/98 aceita as caixas portáteis de acrílico vermelho que impedem a

passagem da luz para seu interior, chamadas de câmaras portáteis. A qualidade

das radiografias reveladas em câmaras portáteis está diretamente relacionada com a

temperatura do revelador, com o tempo do processamento e com as boas condições

da caixa, do revelador e do fixador.

Para as caixas portáteis são exigidos termômetro para obter a temperatura do

revelador que deve ser adequada para cada tipo de fabricante, e um cronômetro

para indicar o tempo também recomendado pelo fabricante. Isto evita repetições dos

exames por erro no processamento radiográfico e melhora o padrão de qualidade da

imagem. Apenas 1,5% possuíam termômetro para controle de temperatura do

revelador. A grande maioria (98,5 %) dos profissionais informou não saber da

necessidade destes para um correto processamento radiográfico e 75% repetem

radiografias por erro no processamento.

Em uma pesquisa realizada em consultórios odontológicos no Sul do Brasil,

Barbosa e Gewehr (2000) entrevistaram 100 cirurgiões-dentistas e em relação à

técnica de revelação, 31% deles disseram utilizar cronômetro, 4% cronômetro e

termômetro e 3% cronômetro, termômetro e tabela de revelação. A justificativa da

maioria para não usarem os acessórios é por já saberem aproximadamente o tempo

necessário para uma boa revelação, não levando em conta variação de temperatura

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em seus consultórios. Essas variações podem ser obviamente bastante significativas

nas cidades do Sul do país no que se refere às baixas temperaturas. Oliveira et al.

(2005) ressaltaram a importância desse item, pois se a temperatura do revelador

estiver abaixo do valor recomendado, nem todos os grãos de brometo de prata serão

revelados e a densidade ficará comprometida. Na nossa região o que pode ocorrer,

principalmente no verão, é que com a temperatura mais alta a emulsão do filme

poderá sofrer danos. Freitas (2000) ressalta que se a temperatura do revelador

ultrapassar 35º existe a possibilidade de desprendimento da gelatina do filme

radiográfico.

Quanto ao método de visualizar a imagem, 68% possuem negatoscópio e

65% possuem lupa. A baixa qualidade das imagens, neste trabalho apresentado

em 32% dos consultórios sem negatoscópio, foi apontada pela Organização Mundial

de Saúde como responsável pela redução na certeza do diagnóstico e no aumento

dos custos, e o pior, exposições desnecessárias.

5.5 REJEITOS RADIOGRÁFICOS

Neste estudo 88% dos profissionais relataram repetir radiografias por vários

motivos: 75% por erro no processamento radiográfico, 71% por erro na técnica

radiográfica e 48% por movimentação do paciente; interessante observar que 95%

dos profissionais relataram não ter um controle desta perda. Em conformidade com

este estudo trabalhos encontrados na literatura mostram grande número de

radiografias com erros, como exemplo Kreich et al. avaliaram o controle de

qualidade em radiografias periapicais obtidas no curso de odontologia da UEPG e

observaram que dentre as 800 radiografias analisadas, apenas 6,9% foram

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consideras perfeitas, ou seja, não apresentavam nenhum tipo de erro. O restante

apresentou 1847 erros, sendo 1160 erros de técnica, 213 erros de processamento e

474 erros de densidade.

O destino dado aos filmes rejeitados é em 95% o lixo comum. Em alguns

países estes rejeitos são devolvidos à fábrica ou vendidos e arquivados, mas a

prática de jogar no lixo comum é proibida. No Brasil, apesar da Legislação existente

quanto ao destino desses resíduos, observa-se que com a prática desse

comportamento registrado neste estudo, a prata existente em 95% dos filmes

descartados no lixo comum acresce o nível de metais pesados de forma

desordenada no meio ambiente.

A quantidade dos químicos (revelador e fixador) utilizada no processamento

radiográfico variou de 50 mililitros a 1 litro por semana, sendo trocados em média de

2 a 15 dias. O revelador e fixador são em 100% lançados in natura na rede sanitária,

assim como a água resultante da lavagem por conter todos os compostos do

revelador, do fixador e de seus produtos de reação. Os resultados mostram que os

consultórios odontológicos não possuem uma gestão para o meio ambiente que

satisfaça a legislação ambiental vigente no Brasil.

5.6 USO DO MERCÚRIO

Neste estudo verificou-se que oitenta por cento dos profissionais fazem

restauração de amálgama, em média 11 restaurações por semana, sendo 57,5%

manipulados com cápsula, 41,4% manipulados com amalgamador comum e 1,1%

através da manipulação manual com gral e pistilo. Quanto ao excesso de mercúrio

gerado na manipulação do amálgama, 28% relatam esta ocorrência e 50% desses

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descartam este excesso na pia, 28% põem num frasco com vidro cheio de água e

22% jogam no lixo. A relação do excesso de mercúrio com o tipo de técnica de

manipulação utilizada foi de quase 100% para o amalgamador comum e manual,

pois apenas um que utiliza cápsula citou apresentar esse excesso na manipulação.

PÉCORA et al. (2002) demonstraram com base em análise química

qualitativa, que as cápsulas de amálgama não podem ser descartadas no meio

ambiente, pois elas estão contaminadas com mercúrio. As cápsulas devem ser

estocadas e encaminhadas para um laboratório de recuperação de resíduos

químicos.

A sobra do amálgama que não foi utilizada no paciente é descartada na pia

(1,5%), no lixo (46%) e em recipiente de vidro com água (31%). Segundo Pécora et

al.. (2000), no preparo do amálgama para realizar uma restauração a sobra é de

cerca de 30% do que é amalgamado. Esta sobra é resultante do excesso

manipulado bem como das raspas produzidas pela escultura do amalgama.

O rolo de algodão que se utiliza na boca do paciente e que fica impregnado

com as sobras do amálgama é, em 78%, dos casos descartado no lixo comum,

apenas 1,5% incinera o rolo de algodão. A armazenagem inadequada das sobras de

amálgama nos consultórios odontológicos também é um aspecto amplamente

apontado na literatura como importante fonte de contaminação pelos vapores de

mercúrio.

A remoção de restaurações com amálgama é feita por 94% dos profissionais,

num intervalo de 1 a 100 remoções por semana, média 14,06. Na literatura

pesquisada não foram encontrados trabalhos abordando alguns outros aspectos do

despejo dos resíduos de mercúrio utilizado na odontologia no meio ambiente, como

por exemplo, a crescente substituição das restaurações de amálgama por

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restaurações de resinas fotopolimerizáveis em dentes posteriores. Embora essa

substituição tenha promovido uma redução na utilização do mercúrio em

odontologia, teoricamente promoveu ligeiro aumento na contaminação ambiental por

resíduos de mercúrio, uma vez que mais pacientes procuram os profissionais para

substituição das antigas restaurações por outras mais estéticas. A água captada

pelos sugadores e pelas bombas a vácuo dos consultórios odontológicos, misturada

aos resíduos das restaurações removidas de amálgama é despejada na rede de

esgotos, indo até as estações de tratamento ou diretamente aos rios e aos oceanos.

Um outro aspecto no que diz respeito a resíduos do amálgama é a remoção

de dentes que contém restauração de amálgama. Neste estudo, este tipo de

extração é realizada por 35% dos profissionais, e destes 82% jogam os dentes no

lixo, 9% estocam e 9% dão para o próprio paciente. O mercúrio presente no dente

extraído é um meio de contaminação assim como as sobras da restauração, e seu

destino também deve ser gerenciado de forma adequada.

5.7 USO DE SOLVENTES ORGÂNICOS

Todos os profissionais utilizam algum tipo de solvente orgânico para fazer a

desinfecção do ambiente e dos instrumentais. Os mais usados foram o álcool 70º

(77,0%), glutaraldeído (63,0%), formaldeído (30,7%), hipoclorito de sódio (12,5%),

detergente e desinfetantes comuns (9,2%), amônia (1,5%), soda clorada (1,5%),

álcool iodado (1,5%), numa média de uso de 50 mililitros a 2 litros por semana,

sendo 100% deles descartados na rede sanitária.

O Ministério da Saúde, através da Resolução CONAMA 358 de 29 de abril de

2005, regulamenta o tratamento e a disposição final dos resíduos de serviços de

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saúde e determina no GRUPO B os resíduos contendo substâncias químicas que

podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Na

classificação do grupo B, dentre outros, estão os resíduos de saneantes,

desinfetantes, resíduos contendo metais pesados, efluentes de processadores de

imagem (reveladores e fixadores). O descarte deles quando não forem submetidos a

processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a

tratamento e disposição final específicos.

Neste estudo não foi observado o conhecimento desta norma, muito menos

há um gerenciamento para armazenamento, uso e descarte dos solventes

orgânicos. Mas isso não é um problema só da odontologia e sim dos serviços de

saúde em geral e até no aspecto de uso doméstico. Neste caso, são utilizados

diariamente desinfetantes com vários tipos de solventes orgânicos e todos são

descartados na rede sanitária sem que haja um controle dos mesmos.

5.8 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DOS AMBIENTES

5.8.1. Levantamento Radiométrico

As medidas foram realizadas em todas as áreas circunvizinhas à sala de

exame onde ficava o equipamento de raios X. As distâncias entre o centro

espalhador de radiação e o ponto de medida, onde foi posicionada a câmara de

ionização, ficaram em um intervalo de 1,5 a 2,5m. A realização de levantamento

radiométrico nunca foi feita em 88% dos consultórios e a distância de no mínimo 2 m

da fonte de raios X não é obedecida por 10,7% dos profissionais.

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O levantamento radiométrico demonstrou que os níveis de radiação

produzidos em todos os consultórios odontológicos avaliados atenderam aos

requisitos da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária. Todos apresentaram

conformidade em relação à blindagem das paredes. Mesmo aquelas que não

estavam revestidas por baritina revelaram-se eficientes quanto à proteção

radiológica, ou seja, o nível de radiação encontrado na condição mais desfavorável

ficou dentro do permitido pela Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária. É interessante

ressaltar que em 11% dos consultórios que apresentaram divisória leve (vidro ou

madeira) os níveis de radiação detectados foram superiores ao nível de radiação

verificado entre 3,92x105 e 5,92x104 mSv/ano. Nestas condições se a carga de

trabalho for superior a 30 mAmin por semana, o operador deve manter-se atrás de

uma barreira protetora com uma espessura de pelo menos 0,5mm de chumbo.

Apenas 4,6 % dos consultórios possuem paredes blindadas com baritina e

portas revestidas com placa de chumbo. A Tabela 02 mostra que somente em 1,5%

dos consultórios existe a sinalização na face exterior das portas de acesso, como

recomenda a Portaria 453/98, contendo o símbolo internacional da radiação

ionizante acompanhada das inscrições: “RAIOS X, ENTRADA RESTRITA” OU

“RAIOS X, ENTRADA PROIBIDA A PESSOAS NÃO AUTORIZADAS”.

Tabela 2 - Percentual da conformidade dos consultórios em relação aos requisitos de proteção

radiológica quanto aos ambientes

% de consultórios conformes Requisitos de Proteção Radiológica SIM NÃO

Sinalização na Porta 1,5% 98,5% Parede c/ blindagem extra 4,6% 95,4% Porta com lâmina de chumbo 4,6% 95,4%

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Resultados semelhantes foram obtidos por Oliveira et al.. (2005) ao

analisarem 240 consultórios no município de São Paulo e observou que em 63,75%

dos consultórios odontológicos não existiam salas especiais para a realização de

exames radiográficos. Notaram ainda que uma minoria deles possuía sinalização

(18,33%) e blindagem (42,08%) das portas entre a sala de espera e o consultório

que dão acesso ao local onde se encontravam os aparelhos de raios X. Eles

acrescentaram que a obediência às leis e normas de conduta em serviços que

mantêm equipamentos de raios X se reflete em gastos, nos quais somam despesas

com equipamentos e dispositivos de segurança, pessoal treinado e credenciado,

cursos de qualificação e atualização, adicionais de insalubridade, férias especiais,

taxas oficiais que devem ser pagas para a liberação do funcionamento e outros.

Nem todos os entrevistados queriam ou podiam arcar com estas despesas e

a falta de fiscalização resultou em degradação do atendimento e ao encarecimento

do sistema como um todo, considerando os possíveis acidentes e incidentes

inerentes ao serviço em questão.

Toda a circunvizinhança da área controlada foi considerada como área livre,

sob o aspecto de proteção radiológica. Nenhuma medida nestas áreas ultrapassou o

nível de restrição de dose estabelecido de 0,5 mSv/ano, onde se conclui que o

ambiente de todos os consultórios está em conformidade, ou seja, o nível de

radiação encontrado na condição mais crítica ficou dentro do permitido pela Portaria.

Verificou-se que os equipamentos de 50 kVp apresentam níveis mínimos de

radiação para o ambiente a uma distância de 1,80 m, porém para os equipamentos

de 60 e 70 kVp esta distância foi de 2 m. Era de se esperar já que com o aumento

da tensão o feixe de raios X é mais penetrante. Como atualmente não se fabrica

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mais equipamentos de radiografia periapical de 50 kVp, a distância de 2 m é

padronizada para todos.

Medidas foram feitas dentro da sala de raios X para verificar a quantidade de

dose, caso o profissional necessite ficar na hora do exame. Destes equipamentos

11% possuíam fio extensor curto que impossibilitava o operador de ficar a pelo

menos 2 m de distância da fonte de raios X. Entretanto, durante a entrevista

registrou-se que 23% dos profissionais ficavam dentro da sala no ato do exame. A

Portaria estabelece limitação de doses individuais para as exposições ocupacionais.

A dose efetiva anual não deve exceder a 20 mSv em qualquer período de 5 anos

consecutivos e não podendo exceder 50 mSv em nenhum ano. Como estes

profissionais não utilizam dosímetro pessoal e nem de área, fica difícil saber se os

mesmos estão em conformidade com este requisito.

O princípio da otimização da proteção radiológica preconiza que as

exposições ocupacionais e as exposições do público decorrentes das práticas de

radiodiagnóstico devem ser otimizadas a um valor tão baixo quanto exeqüível, assim

para eles, recomenda-se o planejamento de barreiras físicas ou a troca do fio

extensor por um maior que permita manter-se à distância de, pelo menos, 2 m do

cabeçote e do paciente, requisito exigido na Portaria para equipamentos de

radiografia intra-oral (capítulo 5, item 5.2).

A área física dos consultórios avaliados variou entre 6,0 e 29,8 m2, e apenas

3% apresentaram valores abaixo da norma. De acordo com a RDC 50/2002, norma

técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que especifica as

áreas físicas para serviços de saúde, o tamanho mínimo para um consultório

odontológico é de 9 m². Desta forma, o profissional consegue obter a distância

mínima estabelecida sem comprometer sua saúde.

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91

5.9 RESULTADOS DOS TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE

5.9.1 Filtração

O feixe de raios X emite vários níveis de energia que podem ser filtrados. A

filtração remove preferencialmente os raios moles (raios de níveis de energia muito

baixos) que possuem grande comprimento de onda, logo, de pouca penetração.

Estes raios são indesejáveis porque eles são absorvidos pelo paciente (aumentando

a dose do paciente) não contribuindo para a formação da imagem radiográfica. Esta

filtração reduz 50% de dose desnecessária que atingiria o paciente, sem prejuízo do

tempo de exposição utilizado.

Dos equipamentos analisados, apenas 6,7% com tensão de 50 kVp não

apresentaram filtração total permanente adequada, ou seja, igual ou superior a

1,5mm de alumínio. O filtro de alumínio foi observado em 26,7 % dos equipamentos,

porém sem a especificação da espessura. Destes 15% possuem entre 15 a 20 anos

de uso. Conforme o que recomenda a norma 66,7 % apresentam espessura correta

e esta variou de 1,5 a 3,81 mm Al com média de 2,2 mm Al. Zimmerman (1999) em

seu trabalho sobre as considerações de proteção radiológica nas práticas dentais

cita a NCRP 35 que recomenda o uso de 0.5, 1.5, e 2.5 mm de alumínio para as

tensões de tubo abaixo de 50 kVp, entre 50 e 70 kVp, e acima de 70 kVp,

respectivamente. A Portaria 453/98 segue esses mesmos requerimentos de filtração

como norma nacional.

Os filtros encontraram-se localizados após a janela de saída do feixe de

radiação. Como visto, apenas os equipamentos mais antigos não apresentaram os

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92

filtros ou suas especificações, podendo, desta forma, estar contribuindo com uma

maior dose de radiação para o paciente e ao mesmo tempo prejudicando a

qualidade da imagem radiográfica.

5.9.2 Radiação de Fuga

Por definição, a radiação de fuga é a radiação que consegue atravessar o

cabeçote e o sistema de colimação, não pertencente ao feixe primário. Também

chamada radiação de vazamento.

Através da avaliação da blindagem do cabeçote (ampola) dos equipamentos

durante a emissão da radiação verificou-se que 63,3% não apresentaram radiação

de fuga em nenhum ponto. Detectou-se radiação de fuga, ou seja, dose acima de

0,25mGy/h, em 30% dos equipamentos. Os valores dos pontos que apresentaram

níveis de radiação de vazamento variaram de 0,27 até 2,59mGy. O ponto C que é o

ponto oposto à saída do feixe de radiação foi o que apresentou melhor desempenho.

Em nenhum equipamento foi detectada radiação neste ponto (Figura 6).

Figura 6 - Pontos do cabeçote utilizados para o teste de radiação de fuga.

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93

Segundo a Portaria 453/98 do Ministério da Saúde, os equipamentos de raios

X deverão ter blindagem no cabeçote tal que o valor médio do "kerma" no ar da

radiação de fuga ou vazamento do conjunto emissor de radiação X a um metro do

ponto focal, em qualquer ponto em torno do envoltório protetor não ultrapasse 0,25

mGy / h (vinte e cinco décimos de miligray em uma hora), para equipamentos de

radiografia odontológica, com receptor de imagem de radiação intra-oral, com tensão

do tubo de raios X não excedendo 125 kVp.

Os níveis de radiação de fuga devem ser avaliados na instalação do

equipamento ou ainda sempre que o tubo de Raios X, a blindagem do cabeçote ou o

sistema de colimação forem modificados, pois eles aumentam a dose de radiação

para o paciente e para o profissional, quando permanece na sala no ato do exame.

5.9.3 Tamanho de Campo

O feixe primário ao atingir qualquer superfície produz feixes secundários.

Logo, entre o foco da válvula e a pele do paciente não deve haver nenhum

obstáculo, exceto a devida filtração de alumínio. O ângulo do feixe pode resultar, a

uma determinada distância, num diâmetro de campo que cause uma irradiação

ionizante que atinja órgãos vitais desnecessariamente (Figura 7).

Figura 7 - Campo ampliado dos feixes de raios X de equipamento odontológico irradiando áreas de órgãos vitais como o cristalino e a tireóide.

Fonte: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=98>. Acesso em: 17 nov. 2006.

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94

Para radiografias intra-orais, o diâmetro do campo não deve ser superior a 6

cm na extremidade de saída do localizador, como diz a Portaria 453/98 MS (Figura.

8). Esta recomendação serve para proteger áreas nobres da cabeça como o

cristalino e a tireóide.

Um total de 67,9% dos equipamentos apresentaram tamanho de campo

acima de 6 cm de diâmetro em um intervalo de 7 a 20 cm (Figura 9).

Figura 8 - Dimensões de tamanho de campo aceitável demonstradas pelo gráfico da distância com a

densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.

Figura 9 - Dimensões de tamanho de campo fora do recomendado demonstradas pelo gráfico da distância com a densidade óptica pela largura a meia altura, e um filme tamanho 18 x 24 cm com a imagem do campo irradiado, respectivamente.

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Todos os equipamentos de tensão do tubo de 50 kVp apresentaram tamanho

de campo maior do que o estabelecido, assim como 25% dos equipamentos de 60

kVp e 10,7% do de 70 kVp (Figura 10). Os equipamentos anteriores à norma

vigente não possuem colimação suficiente como o revestimento do tubo cilíndrico

com chumbo.

Figura 10 - Conformidade do tamanho de campo relacionada à tensão do tubo dos equipamentos de raios X odontológicos.

No total foram encontrados 67,9% dos equipamentos com tamanho de campo

maior que o estabelecido. Realidade semelhante foi constatada por Gurjão (2001),

quando pesquisou o tamanho de campo irradiado de 150 equipamentos de raios X

na cidade de Salvador-BA, utilizando cartão dosimétrico desenvolvido pelo

IRD/CNEN (Instituto de Radioproteção e Dosimetria/ Comissão Nacional de Energia

Nuclear). Observou que 59,3% dos equipamentos foram reprovados e destes o

diâmetro de campo foi o principal responsável (68,5%) pela reprovação. Através de

testes de correlação observou-se uma tendência da exposição na pele do paciente

crescer conjugadamente com o crescimento dos valores de diâmetro de campo. No

presente estudo, os 39,3% dos equipamentos que apresentaram dose de entrada na

pele acima do permitido também foram reprovados no diâmetro de campo.

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96

Os equipamentos de 70 kVp que apresentaram tamanho de campo maior que

o recomendado, são aparelhos mais antigos, adquiridos na década de 80 e que

possuem cilindros curtos de plástico, os demais possuem 4,0 cm de acrílico na

extremidade do localizador, aumentando o tamanho de campo apresentando uma

sombra adjacente à imagem mais densa. Diferentemente do que ocorre com os

equipamentos mais novos de mesma tensão, o que mostra a mudança dos

fabricantes após a vigência da Portaria 453/98 MS.

Esta Portaria 453/980MS determina que o tamanho do localizador deva ser tal

que "preencha" o espaço entre a extremidade física da ampola e a pele do paciente

(Figura 11).

Figura 11 - Cabeçote do equipamento periapical onde se lê: 1.Ampola; 2.Foco da ampola; 3.Distância

foco-pele; 4.Tamanho do localizador; 5.Pele do paciente; 6.Localizador. Fonte: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=98>. Acesso em 17 nov. 2006.

Determina também que a distância mínima foco-pele seja função da voltagem

da ampola: 18 cm para ampolas com voltagem menor ou igual a 60 kVp; 20 cm para

ampolas com voltagem entre 60 kVp e 70 kVp; e 24 cm para ampolas com voltagem

acima de 70 kVp. Isto significa que aparelhos de kV mais elevado são mais

adequados para a técnica do paralelismo.

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Alguns fabricantes já estão lançando no mercado novos modelos de ampolas

com voltagem igual ou maior a 70 kVp e com localizadores mais longos e revestidos

de chumbo. Externamente é colocada uma identificação do ponto focal.

A Tabela 03 mostra as características dos localizadores dos equipamentos

analisados e sua conformidade com a Portaria 453/98 do MS. Observa-se que todos

os equipamentos que possuíam cilindro revestido de chumbo apresentam distância

foco-pele dentro do estabelecido na norma. Dos 32% dos equipamentos de 50 kVp,

77,8% apresentaram localizador de acrílico e, 22,2% a forma cônica. Também se

observou que dos 32% dos equipamentos de 60 kVp, 44,4% apresentam localizador

em forma cônica. O tamanho de campo está diretamente relacionado ao tipo de

localizador do equipamento de raios X. Os cilindros de tubo de metal limitam o

campo de radiação e os cilindros de acrílico e os localizadores em forma de cone

fechado ampliam a radiação espalhada, o que se verificou em 68% dos

equipamentos.

Tabela 3 - Características dos localizadores e o percentual dos equipamentos em conformidade com a Portaria 453/98 MS

Conformidade Portaria com a

453/98

Voltagem nominal do equipamento

Comprimento do Localizador

(cm)

C=curto

Distância

Foco - Pele

(cm)

Tipo de localizador

SIM NÃO

% de distribuição dos equipamentos

10,0 – 11,5 c 14,0 – 15,5 Cilindro/acrílico X 25% 50 kVp

07,0 – 08,0 c 11,0 – 12,0 Cone fechado X 7%

15,0 20,0 Cilindro/chumbo X 7%

05,5 – 10,0 c 09,5 – 14,0 Cone fechado X 14% 60 kVp

11,0 – 14,0 c 15,0 – 19,0 Cilindro/acrílico X 11%

10,0 – 15,0 c 14,0 – 19,0 Cilindro/acrílico X 11% 70 kVp

16,5 – 17,5 20,0 Cilindro/chumbo X 25%

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98

Yacovenco analisou 5000 consultórios odontológicos nos anos de 1998, 1999

e 2000 no Estado de São Paulo e mostrou que 62% (no nosso estudo 68%)

apresentavam localizadores muito curtos, inferiores a 15 cm de comprimento, 27%

(neste estudo 39%) tinham formato cônico com extremidade de saída fechado e

58,2% (neste estudo 68%) apresentavam tamanho de campo acima dos 6 cm de

diâmetro. Observa-se uma grande semelhança entre os trabalhos e,

conseqüentemente, a constatação do aumento da radiação espalhada e do tamanho

do campo irradiado em dois grandes centros urbanos.

5.9.4 Camada Semi-Redutora (CSR)

Os resultados do teste da camada semi-redutora (CSR) encontram-se na

Tabela 4. Do total dos equipamentos de tensão de 50 kVp, 62,5% apresentaram

filtração mínima de 1,2 mm Al; do total dos equipamentos de tensão de 60 kVp

88,8% apresentaram a filtração mínima de 1,3mm Al; e do total dos equipamentos

de 70 kVp 80% registraram a mínima de 1,5 mm Al, todos de acordo com a Portaria

453/98 MS. Os 37,5% equipamentos de tensão de 50 kVp que não apresentaram

filtração mínima adequada obtiveram valores que variaram de 0,68 a 0,98 mm Al. O

equipamento de 60 kVp que não apresentou filtração mínima adequada obteve

1,18mm Al, e os de 70 kVp variaram entre os valores de 1,35 a 1,33 mmAl. Neste

teste, um equipamento não foi avaliado por não apresentar fio extensor suficiente

para se distanciar do feixe de raios X, já que para testar a camada semi-redutora

foram necessários, no mínimo, sete disparos.

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Tabela 4 - Valores da tensão do tubo dos equipamentos relacionados com os valores e a conformidade das camadas semi-redutoras

Conformidade Tensão do Tubo (kvp)

CSR (mmAl) No de equipamentos (%) Sim Não

1,2 5 (18,5) X 50

0,68 – 0,98 3 (11,1) X

1,3 8 (29,6) X 60

1,18 1 (3,7) X

1,5 8 (29,6) X 70

1,35 – 1,33 2 (7,4) X

Total 27 (100) 77,8% 22,2%

Um percentual significativo de equipamentos possui espessuras de filtros que

não atendem às normas da Portaria 453/98 MS. Em 1998, Yakoumakis et al..

realizaram avaliações em 52 equipamentos de raios X odontológicos da Grécia,

sendo 9,6% com tensão nominal de 50 kVp, 23 % 60 kVp e 21% 70 kVp. A análise

destes equipamentos mostrou que 68% dos de 50 kVp tinham filtração inadequada,

e que a maioria (80%) dos de tensão 60 e 70 kVp, apresentaram filtração

apropriada, o que também foi observado no presente trabalho.

5.9.5 Exatidão e Reprodutibilidade da Tensão

O teste de exatidão da tensão verifica se o valor de tensão nominal do

equipamento de raios X odontológico corresponde à tensão de saída do feixe de

raios X. A Portaria 453/98 MS estabelece que o indicador de tensão do tubo deve

apresentar um desvio (diferença entre o valor nominal e o valor medido) no intervalo

de tolerância de ± 10% em qualquer corrente de tubo selecionada.

Neste estudo, 39% dos equipamentos apresentaram variação na exatidão da

tensão superiores a 10% na faixa de 10,18 a 26,98% (Quadro 1 do apêndice, pg.

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100

130). Os equipamentos de 70 kVp registraram maioria (80%) em conformidade com

a norma na exatidão da tensão, seguidos pelos de 50 kVp (67%) e dos de 60 kVp

(33%).

A tensão de pico do feixe de raios X deve manter-se constante, dentro dos

limites estabelecidos pela portaria 453/98 MS. Os equipamentos destinados a

radiografias intrabucais devem apresentar tensão de pico não inferior a 50 kVp, com

uma tolerância de 4%. Todos os equipamentos testados apresentaram

reprodutíveis quanto à tensão do tubo, ou seja, a variação em relação ao valor da

tensão média encontrada foi aceitável (Quadro 1 do apêndice, pg. 130).

No estudo da reprodutibilidade da tensão, Yacovenco (2001) dividiu os

equipamentos em três grupos: aparelhos que apresentavam os valores da tensão de

pico variando dentro de um intervalo de 4%, dentro de um intervalo de 10%, e

aqueles que variaram em mais de 10% em relação à tensão indicada. O resultado

mostrou, diferentemente dos 100% registrado no nosso estudo, que somente 12,3%

se enquadraram à norma. Tamanha diferença deve ser atribuída ao tipo de

metodologia aplicada para cada pesquisa.

5.9.6 Tempo de Exposição

O tempo de exposição controlado pelos marcadores de tempo que estão

ligados entre os terminais do auto transformador e do primário do transformador de

alta tensão, juntamente com a miliamperagem, constrói o binômio “mAs”,

responsável pela quantidade de raios X. Como a maioria dos equipamentos

odontológicos é de miliamperagem fixa, o único elemento variável para se regular a

quantidade de raios X é o Tempo de Exposição, que determina o tempo total durante

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101

o qual os raios X são produzidos, daí a importância da sua exatidão e

reprodutibilidade. Esses crono-interrultores, quando mecânicos, utilizam princípios

de relógios, sendo imprecisos, dependentes de flexibilidade de molas metálicas.

Neste estudo, 36% dos equipamentos possuem marcadores eletrônicos, os

demais são mecânicos. O tempo de exposição oferecido pelos equipamentos variou

de 0,1 a 8,0 segundos. A Portaria regulamenta que o tipo de sistema de controle

deve ser eletrônico e não deve permitir exposição com duração superior a 5

segundos.

O tempo de exposição utilizado apresentou-se de forma variada: 20%

utilizavam 0,8 segundos de tempo de exposição; 45% utilizavam tempo de

exposição abaixo de 0,8%, variando de 0,2 a 0,7 segundos; e 35% utilizavam tempo

de exposição que variaram de 0,9 a 3,0 segundos. A média do tempo de exposição

utilizado foi de 0,8 segundos. Como a maioria dos livros de radiologia odontológica

com edições mais antigas tenta padronizar a técnica radiográfica recomendando 0,8

segundos de exposição, talvez seja por isso que 20% dos entrevistados utilizam este

tempo fixo para todos os pacientes, independente da região anatômica.

Do total dos equipamentos, 93% não apresentaram conformidade com a

exatidão do Tempo de Exposição, variando entre -191,30 à 86,31% (Quadro1). Em

relação à reprodutibilidade do Tempo de Exposição, 78% se revelou reprodutível.

Quanto à linearidade do Tempo de Exposição apenas 14% são lineares, o que

mostra que apesar deles não estarem exatos e nem serem lineares, são

reprodutíveis (Tabela 5). Trabalhos realizados como o de Costa (2002), em Boa

Vista (RR), mostram que o sistema de ajuste de tempo dos equipamentos de raios X

odontológicos é o que apresenta mais discrepância entre o valor ajustado e o valor

real do tempo de exposição. Ele comprovou que a maioria dos equipamentos

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102

avaliados (70%) apresentavam discrepância na exatidão do tempo de exposição

maior do que 10% e Yacovenco (2001), em São Paulo, observou a mesma

discrepância em 58,6% dos equipamentos.

Tabela 5 -Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à

Reprodutibilidade, Linearidade e exatidão do tempo de exposição

Reprodutibilidade Linearidade Exatidão % Equipamentos

Não Não Não 17.9 Não Não Sim 3.6 Sim Não Sim 3.6 Sim Sim Não 14.3 Sim Não Não 60.7

5.9.7 Reprodutibilidade e Linearidade da Exposição

Quanto maior a exposição, maior a dose e risco de radiação, pois não há

dose de radiação tão pequena que não possa produzir um efeito colateral. A

exposição permitida deve ser reprodutível para cada tempo escolhido com desvio

máximo dentro do intervalo de ±10%, e ser linear dentro de um intervalo de ± 20%.

Neste estudo, quanto a reprodutibilidade, somente 16,7% dos equipamentos

analisados apresentaram valores acima do estabelecido pela Portaria 453/98 da

Vigilância Sanitária, com desvio variando entre 10,14 - 106,22%. Quanto à

linearidade de exposição, 82% apresentaram valores acima do estabelecido, com

desvio variando entre 20,49 - 178,55% (Tabela 5). Estes resultados mostram por um

lado equipamentos confiáveis na reprodutibilidade e incorretos na linearidade. Este

fato pode estar diretamente relacionado com a exatidão do tempo de exposição que

neste estudo está desaprovada em 93% dos casos. Os equipamentos que se

apresentam em completa conformidade (21,4%), no item da exposição, pertencem

tanto a modelos atuais (40%) quanto a modelos mais antigos (60%), como da

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década de 80 ou mais. O que se observa, que não está diretamente relacionado ao

tempo de uso do equipamento, mas provavelmente ao tipo de crono-interrultor

impreciso.

Tabela 6 - Conformidade e percentual dos equipamentos de raios X odontológicos em relação à Reprodutibilidade e Linearidade da exposição

Reprodutibilidade Linearidade % Equipamentos

Não Não 25.0 Não Não 3.6 Sim Não 46.4 Sim Não 3.6 Sim Sim 21.4

5.9.8 Dose de Entrada na Pele

Não existem limites de doses para pacientes nas exposições médicas, sendo

mais apropriado, neste caso, que se estabeleçam doses de referência. A dose

mínima ideal é aquela em que se obtém uma boa qualidade de imagem. A Portaria

453/98 MS estabelece que a dose na entrada na pele dos pacientes em radiografia

intrabucal deve ser inferiores a 3,5 mGy.

Para o teste de dose de entrada na pele foram realizadas medidas a 2 e 8 cm,

entre a câmara de ionização e o tubo localizador. A distância de 2 cm representa o

espaço dado quando o profissional aproxima mais o localizador da pele do paciente.

A distância de 8 cm representa o espaço dado pelo posicionador entre o tubo

localizador e a pele do paciente.

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0.001.002.003.004.005.006.007.008.009.00

10.0011.0012.0013.0014.0015.0016.0017.00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Equipamento

dose

(mG

y)

8 cm2 cm

3,5 mGy

3.81 mGy3.62 mGy

Figura 12 - Dose em (mGy) de entrada na pele obtida pelas duas distâncias (2 e 8 cm) entre o

localizador e a pele do paciente de cada equipamento de raios X odontológico

Os resultados obtidos revelaram que para a distância de 08 cm, 14,3 %

ultrapassaram o valor permitido, variando de 3,62 a 7,31mGy. Já para a distância de

2 cm, 39,3% dos equipamentos ultrapassaram o valor permitido, variando de 3,81 a

15,38mGy (Figura 12). Destes, 45,5% nunca utilizam avental de chumbo nos

pacientes, e 9% utiliza às vezes. Isto mostra a existência de radiação excessiva

sendo aplicada aos pacientes submetidos a exames radiográficos intrabucais.

Valores concordantes foram encontrados por Yakoumakis et al. na Grécia (1998),

que observaram uma variação na dose de entrada na pele de 1,0 mGy e 19 mGy.

Foi observado que os equipamentos que apresentam doses de entrada na

pele maiores do que o recomendado possuem também localizadores fora dos

padrões, foram adquiridos entre o período de 1978 a 1998 e que nunca fizeram

manutenção (73%) ou fizeram a mais de quatro anos (32%). Fazendo uma

comparação entre as médias de dose de entrada na pele de equipamentos com

localizadores em forma de cone fechado e com os de cilindro aberto, observou-se

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105

que a dose dos equipamentos com cone fechado a uma distancia de 8 cm é de 3,64

mGy e para uma distancia de 2 cm 6,41 mGy. Já os equipamentos de cilindro aberto

a uma distancia de 8 cm é de 2,02 mGy e para uma distancia de 2 cm 2,31 mGy,

demonstrando que o localizador em forma de cone fechado apresenta maior dose

para o paciente em relação ao localizador em forma de cilindro aberto. O tempo de

exposição mais utilizado pelos profissionais é de 0,4 s (18%), 0,6 s (18%), 0,8 s

(18%), 1,0 s (36%) e 3 s (9%).

Gurjão (2001) observou que 33,7% dos equipamentos analisados foram

reprovados no item de dose de entrada na pele. Levando em conta que não havia

distância entre a saída do localizador e o cartão dosimétrico, estes valores são bem

semelhantes ao registrado neste estudo quando feito a uma distância de 2 cm,

confirmando o fato de que quanto mais próximo o localizador da pele do paciente,

maior a dose de radiação que ele recebe.

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106

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 CONCLUSÕES

Neste estudo nenhum equipamento de raios X odontológico da cidade de

Itabuna-BA apresentou 100% de conformidade com as normas estabelecidas pela

Portaria 453/ 98 MS. Assim, a manutenção periódica dos equipamentos de raios X

nos consultórios odontológicos deve ser uma prática rigorosa, pois caso contrário, os

níveis de radiação acima do regulamentado são um indicador que há mais riscos à

saúde humana através da maior probabilidade de ocorrência dos efeitos biológicos.

Não há necessidade de blindagem extra nas paredes de concreto, pois estas

se mostraram eficientes na atenuação da radiação ionizante, atendendo aos

requisitos da Portaria 453/98 MS, por meio do Levantamento Radiométrico.

Devido à falta de um controle quanto às repetições das radiografias e da

ausência do negatoscópio e da lupa para a visualização das mesmas, aliada a falta

do uso de um correto protocolo no processamento radiográfico, verificou-se a

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107

necessidade de aperfeiçoamento técnico dos profissionais visando à melhoria da

qualidade das imagens radiográficas.

A não utilização dos recursos de proteção radiológica e do tratamento dos

resíduos dos metais pesados e solventes orgânicos nos consultórios odontológicos

da cidade de Itabuna-BA, no ano de 2004, os expõem, desnecessariamente,

podendo prejudicar a saúde dos profissionais e dos seus pacientes, além de elevar a

contribuição para a poluição do meio ambiente.

Os profissionais cirurgiões-dentistas de Itabuna-BA precisam ser

sensibilizados e atualizados quanto às práticas, normas e novos critérios que regem

o funcionamento de um consultório odontológico, principalmente no que diz respeito

à proteção radiológica e ao gerenciamento dos resíduos da área de saúde.

6.2 RECOMENDAÇÕES

A implementação de um programa de controle de qualidade em diagnóstico

por imagem nos serviços que utilizam raio X odontológico;

Promoção de cursos de capacitação aos profissionais cirurgiões-dentistas

para melhor conhecimento da Portaria 453/98 da Vigilância Sanitária e sua

aplicabilidade na rotina de trabalho com radiação ionizante.

Adequação dos equipamentos antigos para que atendam às diretrizes da

Portaria 453/98, através da troca de colimadores que reduzam o ângulo do feixe.

Uso do avental de borracha plumbífera que evita a rachadura do chumbo

quando não manipulado corretamente;

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A organização de um sistema de gerenciamento dos resíduos gerados nos

consultórios odontológicos, que permita um controle mais rigoroso e eficiente que

traga segurança e menores custos;

Promoção de treinamento dos auxiliares de consultório dentário quanto aos

aspectos relevantes à minimização do risco à saúde pública e ambiental, através de

uma correta segregação e descarte dos resíduos manipulados na área odontológica.

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ANEXO

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ANEXO A - Termo de Consentimento livre e esclarecido.

Universidade Estadual de Santa Cruz

Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

TERMO DE CONSENTIMENTO

__________________________, declaro para os

esenvolvimento Regional e Meio Ambiente, intitulada: “

Eu,_____________ devidos fins que estarei participando da pesquisa que está sendo elaborada

ela aluna de pós-graduação Patrícia Costa Oliveira do curso de mestrado em

pD Avaliação dos níveis

e poluição ambiental nos serviços com radiologia odontológica na cidade deabuna-BA, sob orientação do Prof. Dr. Fermin de la Caridad Garcia Velasco, qual será produto da dissertação de mestrado.

tei participar por livre e espontânea vontade e concedo à pesquisadora oireito de me entrevistar no meu consultório para que proceda comigo realiza

dIt

a

Acei

d r uestionários sobre o tema da pesquisa, sendo que com o meu consentimento oderão ser utilizados na íntegra.

Tem-me sido esclarecido pela pesquisadora que a minha fala serásguardada, assim como o sigilo da minha pessoa ou de outros que possamr sido referidos por mim, obedecendo aos princípios éticos e legais; e que

isa a qualquer momento de acordoo a assistência a que tenho direito

nesse serviço. Itabuna,_________ de _______________ ________ de 2004.

________________________ ___________________ ASSINATURA – favor não rubricar

q

p

re te terei livre arbítrio para me desligar da pesqucom a minha vontade sem qualquer prejuíz

__

_

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - Questionário utilizado na entrevista com os cirurgiões-dentistas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EMDESENVOLVIMENTO

REGIONAL E MEIO AMBIENTE

rezado Colega:

gradecemos sua disposição para colaborar com a presente pesquisa e ressaltamos

P

A

aimportância que terá este trabalho para a melhora da qualidade de nossos serviços de

diologia odontológica regional.

s dados levantados neste questionário serão utilizados no desenvolvimento do projeto de

ra

Op esquisa de dissertação intitulado “Avaliação dos níveis de poluição ambiental nos serviçosom radiologia em odontologia”, orientado pelo Prof. Dr. Fermin Garcia Velasco, pré-quisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meiombiente da aluna Patrícia Costa Oliveira. Vale ressaltar que os dados serão mantidos emgilo e utilizados de forma global nas estatísticas do projeto, e que as fichas dos

possuirão identificação do profissional entrevistado, constando apenas deumeração.

lmente,

rof. Dr. Fermin Garcia Velasco Patrícia Costa Oliveira Coordenador e orientador Mestranda

c reA si questionários nãon Cordia

P

UESC, Ilhéus, 29 julho - 2004

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I - PROFISSIONAL Graduação: 1 - Instituição: 2 - Ano de Conclusão: Pós-Graduação: 3 - Especialização: ( ) Não ( ) Sim Qual ? 4 - Mestrado: ( ) Não ( ) Sim Qual ? 5 - Outros: ( ) Não ( ) Sim Qual ? 6 - Já fez curso de radioproteção? ( ) Não ( ) Sim Quando ?

Onde? 7 - Já fez curso de imagenologia? ( ) Não ( ) Sim Quando ?

Onde? 8 - Há quanto tempo que trabalha com raios X? 9 - Turnos de trabalho: Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

Manhã

Tarde

Noite II. EQUIPAMENTO

APARELHO DE RAIOS X 10 - Marca: 11 – Origem 12 - Série 13 – Foco 14 - kVp Máximo 15 - Tubo Localizador: ( ) Cilindro ( ) Cone 16 - Corrente 17 - Tempo máximo de exposição disponível do aparelho: 18 - Tempo de exposição mais utilizado: Região anterior ( )

Região posterior ( ) 19 – Ano de aquisição:

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20 - De primeira ou segunda mão? 21 – Data da última manutenção:

III. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 22 - Faz uso de disparo com retardo? Não ( )

Sim ( ) Porquê ? 23 - Já fez o levantamento radiométrico? Não ( )

Sim ( ) Quantas vezes? Quando? 23 - Já fez controle de qualidade do equipamento? Não ( )

Sim ( ) Quantas vezes? Quando? 25 - Quem tira as radiografias: Dentista ( ) Atendente ( ) Estagiário ( ) Outros ( ) 26 - Utiliza Posicionadores para os filmes radiográficos? Não ( )

Sim ( ) 27 - Distância entre o operador e o paciente durante exposição aos raios X: 28 – Faz uso de dosímetro? Não ( )

Sim ( ) Qual a empresa que monitora?

Local que guarda: 29 - Marque a tabela abaixo: ACESSÓRIOS POSSUI UTILIZA

Avental de chumbo

Protetor de Tireóide

Parede blindada

Porta com placa de chumbo

Visor plumbífero

Sinalização visível na porta de acesso

Biombo de chumbo

Outros: Quais??

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IV. EXAMES REALIZADOS

30 - Quais os exames radiográficos que mais utiliza? Periapical ( ) Interproximal ( ) Oclusal ( )

Outros: 31 - Média do número de radiografias por paciente: 32 - Média do número de radiografias por semana:

V. QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA 33 - Tipo de revelação: ( ) Manual com câmara portátil: Tempo total de revelação:

( ) Automática: Tempo total de revelação:

( ) Outros 34 - Possui termômetro para controle dos químicos? Não ( ) Sim ( ) 35 - Marca de filmes e químicos:

Kodak Kodak Insigth

Kodak Ektaspeed

Kodak Ultraspeed Fuji Agfa Outros

Filme

Revelador

Fixador 36 - Possui Negatoscópio? Não ( ) Sim ( ) Qual a marca? 37 - Possui Lupa? Sim ( ) Não ( )

VI. REJEITOS 38 - Há repetição de radiografias? Não ( )

Sim ( ) O que faz com as perdas? 39 - Há controle desta perda? 40 - Quais as causas das repetições? Movimentação do Paciente ( ) Revelação Inadequada ( )

Técnica (angulação/posicionamento) ( ) Tempo ( ) Outros: 41 - Local de descarte destes filmes: Lixo ( ) Estoque ( ) Vende ( ) Outros ( )

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124

VII. POLUIÇÃO POTENCIAL

VII.1. QUÍMICOS 42 - Qual a quantidade de químicos utilizados por semana?

Revelador: mL ou Litros

Fixador: mL ou Litros 43 - Período de troca: Revelador Fixador 44 - Qual o destino dado aos químicos do processamento radiográfico?

Pia ( ) Rede Sanitária ( ) Lixo ( ) Estoque ( ) Vende ( ) Troca ( ) Outros ( )

VII.2. AMÁLGAMA 45 - Faz restauração de amálgama? Sim ( ) Não ( ) Média por semana: 46 - Método de manipulação do amálgama: Manual ( ) Cápsula ( ) Outro ( ) 47 - Descarte da sobra do amálgama: Pia ( ) Rede Sanitária ( ) Lixo ( )

Recipiente c/ água ( ) Outro ( ) 48 - Destino do rolo de algodão com excesso de amálgama: Lixo ( ) Incineração ( ) Outro ( ) 49 - Há excesso de mercúrio? Não ( ) Sim ( ) O que faz? 50 - Faz remoção de restauração de amálgama? Sim ( ) Não ( ) Média por semana: 51 - Faz extrações de dentes com amálgama? Sim ( ) Não ( ) Média por semana: 52 - Qual o destino dado a estes dentes?

VII.3. SOLVENTES QUÍMICOS 53 - Utiliza para desinfecção dos instrumentos Não ( ) Sim ( ) Quais?

54 - Utiliza para desinfecção do ambiente: Não ( ) Sim ( ) Quais?

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55 - Quantidade utilizada por semana: mL ou Litros 56 - Qual o destino dado a estes? Pia ( ) Rede Sanitária ( ) Outros ( ) Segunda Fase 57 - Desejaria fazer levantamento radiométrico do seu equipamento e instalações? Não ( ) Sim ( ) Melhor dia e horário?

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APÊNDICE B - Testes de Controle de Qualidade e Levantamento Radiométrico.

Universidade Estadual de Santa Cruz

FIMED - Núcleo de Física Médica

i) Identificação: Nº: ______ Nome:______________________________________

Endereço:__________________________________________________

Data:___/___/___

Equipe:____________________________________________________

Equipamento:_______________________________________________

KVp: _____ mA: _____ Tempo máximo: ________________

Tubo Localizador: comprimento: ______________ cone cilindro

filtro adicional: _____________

revestimento com chumbo:

sim

não diâmetro: _________________

Filtração Adicional: sim

não

espessura: _________________

outros: ____________________

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127

Levantamento Radiométrico

pontos distância (m)

dose ( )

Tempo( ): ______ Croqui da Sala

iii) Radiação de Fuga Ampola de raios X

pontos distância (m)

dose ( )

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iv) Controle de Qualidade Distância câmara – tubo localizador:____________ Tempo ( ) KVp max. KVp avg. KVp eff. ms Exp.

t1 t2 t2 t2 t3 Tamanho de Campo: T( ): ______ Camada Semi-Redutora t ( ) = _________

Filtro kVp max. kVp avg. kVp eff. ms Exp. Obs:

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QUADRO

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Quadro 1 – Valores dos resultados dos testes de controle de qualidade dos equipamentos de raios X odontológicos

Continua

Amostra Tempo

Selecionado (segundos)

kVpDesvio Tempo Medido

(%)

Tensão Desvio

(%)

Tensão Reprodutibilidade

(%)

Exposição Reprodutibidade

(%)

Exposição Linearidade

(%)

Camada semi

redutora (mmAl)

DEP a 8 cm

DEP a 2 cm

1 0.25 70 17.60 -2.94 20.49 1.93 1.10 1,72 1 0.32 14.78 -1.27 0.28 0.13 1 0.63 6.76 -1.03 2 0.25 50 -15.84 1.80 27.72 0.98 0.82 5,06 2 0.40 -33.65 0.65 0.06 10.14 2 0.80 -4.19 0.78 3 0.30 70 -18.20 5.56 22.14 2.34 1.66 2,99 3 0.80 11.36 5.37 6.40 22.14 3 1.50 18.33 5.63 4 0.30 70 14.77 1.13 27.57 2.08 2.00 2,74 4 0.60 7.66 1.09 0.09 2.24 4 1.50 4.00 0.93 5 0.40 70 -21.00 16.69 12.19 1.35 2.32 3,45 5 0.80 -9.67 17.00 0.91 0.20 5 1.50 -5.40 16.64 6 0.10 70 -14.70 -1.50 41.97 2.29 1.68 2,55 6 0.50 1.22 2.80 0.96 10.60 6 1.00 -0.20 2.40 7 0.50 70 2.50 2.09 9.44 2.02 2.21 3,35 7 1.00 13.06 2.83 0.19 0.85 7 1.50 13.27 2.67 8 0.10 70 10.60 0.91 65.18 2.07 0.69 1,26 8 0.20 7.87 7.10 0.45 7.18 8 0.50 2.50 9.27 9 0.30 50 -45.77 11.64 38.95 0.87 1.57 3,18 9 0.50 -21.82 10.94 0.83 4.92 9 1.00 4.69 10.74 10 0.10 50 -22.70 7.42 9.38 1.28 2.08 3,23 10 0.20 -17.03 9.28 0.31 4.03 10 0.50 -4.22 9.42 11 0.50 50 35.52 9.70 32.24 1.30 2.45 4,14 11 0.80 16.15 10.60 1.84 6.30 11 1.00 11.32 9.84

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131Quadro 1 – Valores dos resultados dos testes de controle de qualidade dos equipamentos de raios X odontológicos.

Continuação

Amostra Tempo

Selecionado (segundos)

kVpDesvio Tempo Medido

(%)

Tensão Desvio

(%)

Tensão Reprodutibilidade

(%)

Exposição Reprodutibidade

(%)

Exposição Linearidade

(%)

Camada semi

redutora (mmAl)

DEP a 8 cm

DEP a 2 cm

13 0.20 50 71.75 -3.10 142.53 1.39 1.09 2,07 13 0.40 71.75 8.33 0.52 1.75 13 0.80 71.75 8.86 14 0.10 60 -73.20 8.43 18.75 1.45 3.03 5,01 14 0.40 -26.19 9.44 0.24 5.92 14 0.60 -22.75 8.17 15 0.20 50 -69.30 5.84 72.50 . 7.31 8,42 15 0.50 -2.59 5.81 0.79 41.18 15 1.00 -1.97 6.20 16 0.90 60 86.31 -3.05 149.26 1.95 1.15 1,69 16 1.50 57.15 1.26 0.08 2.29 16 2.00 39.90 1.62 17 0.20 70 -109.85 9.04 114.52 1.33 3.62 5,21 17 0.40 -28.62 8.59 2.09 106.22 17 0.80 0.95 8.59 18 0.50 60 -67.32 18.52 30.83 1.18 2.15 5,73 18 1.00 -66.73 17.58 3.34 30.83 18 1.50 -53.20 18.70 19 0.10 60 79.40 -1.12 178.55 1.74 0.40 0,72 19 0.40 52.51 12.41 1.47 0.00 19 1.00 16.32 12.22 20 1.00 60 59.71 26.53 88.78 1.54 3.36 4,06 20 2.50 8.32 26.12 0.90 2.28 20 3.00 3.50 26.98 21 0.50 70 19.18 22.27 51.29 1.53 3.37 5,08 21 1.00 -11.83 22.41 0.24 2.00 21 1.50 -23.27 22.40 22 0.40 60 -0.55 10.18 6.57 1.76 1.82 2,43 22 0.80 4.79 7.79 1.23 5.99 22 1.00 3.34 7.53

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Quadro 1 – Valores dos resultados dos testes de controle de qualidade dos equipamentos de raios X odontológicos. Conclusão

Amostra Tempo

Selecionado (segundos)

kVpDesvio Tempo Medido

(%)

Tensão Desvio

(%)

Tensão Reprodutibilidade

(%)

Exposição Reprodutibidade

(%)

Exposição Linearidade

(%)

Camada semi

redutora (mmAl)

DEP a 8 cm

DEP a 2 cm

23 0.40 60 53.30 2.27 51.60 1.45 2.43 2,43 23 0.70 17.82 4.87 0.26 5.99 23 1.00 1.31 4.55 25 0.40 60 -150.00 10.68 47.23 2.02 6.92 15,38 25 0.70 -151.62 15.51 1.50 47.23 25 1.00 -191.30 15.18 26 0.50 50 -0.92 12.74 5.74 1.28 5.19 9,80 26 1.10 13.88 12.75 0.32 1.25 26 1.50 8.80 12.84 27 0.30 50 42.80 -5.42 65.91 1.26 0.60 0,96 27 0.50 33.58 -1.46 2.38 37.88 27 0.80 16.11 3.38 28 0.50 60 10.00 11.23 26.10 1.51 2.25 3,34 28 1.20 6.56 12.59 3.60 0.55 28 1.50 10.27 11.92 29 0.20 70 -2.80 4.80 158.16 2.08 0.94 1,44 29 0.40 3.79 5.28 0.24 2.68 29 0.70 6.67 5.44 30 0.30 50 36.93 2.12 31.93 0.68 2.13 3,81 30 0.60 35.89 -0.24 0.48 3.29 30 1.00 36.64 0.38

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O48 Oliveira, Patrícia Costa. Avaliação dos níveis de poluição ambiental dos serviços com radiologia odontológica na cidade de Itabuna-Bahia / Patrícia Costa Oliveira. – Ilhéus, BA: UESC/PRODEMA, 2006. viii, 132 f. : il. ; Anexo Orientador: Fermin Garcia. Co-orientadora: Agnes Maria Fonseca Fausto. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-Gradua- ção em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndice.

1. Poluição – Aspectos ambientais. 2. Radiação Ionizante. 3. Radiologia odontológica. 4. Resíduos de serviço de saúde. 5. Consultórios odontológicos – Itabuna (BA). I. Título. CDD 363.73