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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Que água consumimos? Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água de fontanários

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Que água consumimos?

Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água de

fontanários

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FICHA TÉCNICA

Projeto FEUP 2015/2016 Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente:

Coordenador geral: Professor Doutor João Bastos

Coordenador do curso: Professora Doutora Margarida Bastos

Equipa: Turma 1 Grupo 1

Monitor: João Sousa

Estudantes & Autores:

Beatriz Cerqueira Silva ([email protected])

Diogo Filipe Correia dos Santos ([email protected])

Eduarda Campos e Costa ([email protected])

Fábio André Fonseca Barbosa ([email protected])

Gustavo Paias da Silva Torres Rangel ([email protected])

Patrícia Isabel da Silva Longo ([email protected])

FICHA TÉCNICA

Projeto FEUP 2015/2016 Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente:

Coordenador geral: Professor Doutor João Bastos

Coordenador do curso: Professora Doutora Margarida Bastos

Equipa: Turma 1 Grupo 1

Monitor: João Sousa

Estudantes & Autores:

Beatriz Cerqueira Silva ([email protected])

Diogo Filipe Correia dos Santos ([email protected])

Eduarda Campos e Costa ([email protected])

Fábio André Fonseca Barbosa ([email protected])

Gustavo Paias da Silva Torres Rangel ([email protected])

Patrícia Isabel da Silva Longo ([email protected])

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RESUMO

O bem mais essencial à vida humana é, de facto, a água. Atualmente este tem vindo a

escassear devido as alterações climatéricas e constantes contaminações provocadas pelo

homem, sendo que no caso destas últimas se encontram os nitratos, contaminante físico-

químico que será abordado neste trabalho.

A experiência realizada no âmbito da avaliação dos parâmetros físico-químicos da água

de fontanário, mais precisamente da medição da concentração de nitratos dissolvidos na água

desses mesmo fontanários foi realizada no âmbito do Projeto FEUP, uma unidade curricular

focada na integração dos novos estudantes no ritmo de trabalho associado ao nível

universitário.

O principal objetivo do procedimento experimental deste trabalho é a determinação da

concentração de nitratos presente na água dos fontanários da região do Porto. O consumo

da água dos fontanários é um hábito incomum nos dias de hoje, mas algo bastante normal

em épocas passadas. A exposição destes fontanários às condições exteriores, atividade

urbana, vida animal, torna o consumo da água deles proveniente um hábito arriscado, pois

acarreta consigo uma grande probabilidade de intoxicação por ingestão de substâncias

prejudiciais ao nosso organismo. Assim, no âmbito deste trabalho, a investigação incide

principalmente sobre os nitratos, compostos provenientes principalmente da atividade

agrícola (fertilizantes). Na determinação da concentração dos nitratos, recorremos ao método

da brucina.

Depois da determinação da concentração dos nitratos em águas de quatro fontanários

diferentes, chegamos à conclusão que o teor de nitratos estava dentro do valor imposto pela

legislação (50mg/L segundo o DL 306/2007 (1)

Apesar de se encontrarem dentro dos parâmetros estabelecidos foi possível verificar que

ainda existem diversas fontes de contaminação que podem poluir estes e outros fontanários,

pelo que é necessário continuar com a monitorização regular das fontes de água potável com

o objetivo de impedir ou controlar mais rapidamente e eficazmente qualquer tipo de

contaminação química ou até mesmo biológica.

PALAVRAS-CHAVE

Água potável; Fontanários; Nitratos, Parâmetros físico-químicos; Contaminação

agroquímica;

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ÍNDICE

FICHA TÉCNICA ............................................................................................................ 1

RESUMO ........................................................................................................................ 2

PALAVRAS-CHAVE ...................................................................................................... 2

ÍNDICE ........................................................................................................................... 3

ÍNDICE DE FIGURAS E ÍNDICE DE TABELAS ............................................................. 4

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5

1.1 NITRATOS: ORIGEM ............................................................................................... 5

1.1.1 CAUSAS DO AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DOS NITRATOS NA ÁGUA .... 6

1.1.2 CONSEQUÊNCIAS NA SAÚDE ............................................................................ 6

2. LEGISLAÇÃO - PARÂMETROS ESTABELECIDOS PARA OS NITRATOS ............. 7

2.1 ZONAS VULNERAVÉIS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES ................................. 8

2.2 LEGISLAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA ................................................................... 10

3. NOTÍCIAS RELATIVAS À ANÁLISE DE ÁGUA DOS FONTANÁRIOS EM

PORTUGAL ........................................................................................................................ 11

4. MÉTODOS DE TRATAMENTO DOS NITRATOS .................................................... 12

5. METODOLOGIA ....................................................................................................... 12

5.1 MÉTODO DA BRUCINA ......................................................................................... 12

5.2 MATERIAIS UTILIZADOS ...................................................................................... 13

5.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................................................ 14

6. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 15

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 16

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ÍNDICE DE FIGURAS E ÍNDICE DE TABELAS Índice de figuras

Figura 1 – Esquema do ciclo do azoto (4)…………………………………………………… 6

Figura 2 – Zonas vulneráveis de Portugal Continental (7)………………………………..... 8

Figura 3 –Zonas vulneráveis dos Açores (8)………………………………………………….9

Figura 4 – Matrazes………………………………………….…………………………………13

Figura 5 –Espetrofotómetro……………………………………………………………………13

Figura 6 – Gráfico da concentração de nitratos nas águas dos 4 fontanários das quais

foram recolhidas as amostras……………………………………………………………………...14

Índice de tabelas

Tabela 1 – Concentração de nitratos nas zonas vulneráveis dos Açores (8)……………..9

Tabela 2 – Percentagem de pontos de amostras de nitratos dissolvidos nas águas nos

diversos países da União Europeia (9) – Adaptado……………………………………………..10

Tabela 3 – Concentração de nitratos nas águas dos 4 fontanários das quais foram

recolhidas as amostras……………………………………………………………………………..14

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1. INTRODUÇÃO

A água, como recurso imprescindível à vida, teve sempre um papel de grande relevância

na vida das populações. No passado, grandes sociedades desenvolveram-se em torno de

margens de rios, de modo a ter melhor acesso à água e terrenos mais férteis. Hoje em dia,

através da criação de uma rede pública de água pela maioria dos países, a necessidade de

viver perto de uma rede hidrográfica foi reduzida. A criação deste tipo de redes permitiu o

transporte e disponibilidade de água em locais em que esta se encontrava em reduzidas

quantidades ou de difícil acesso.

No entanto, a maior acessibilidade à água pode não representar que esta se encontre em

condições adequáveis ao consumo humano. Com o crescente desenvolvimento industrial e

agrícola, as fontes hidrológicas ficaram cada vez mais sujeitas a contaminações por

substâncias poluentes, algumas das quais seriamente prejudiciais à saúde humana,

tornando-se deste modo importante saber a qualidade da água dedicada ao consumo.

Partindo deste ponto, este trabalho teve como objetivo analisar a concentração de nitratos

dissolvidos na água de quatro fontanários (Rua Chã, S. Sebastião, Largo do Souto e Fonte

do Anjo), de modo a verificar se estas se encontram dentro dos parâmetros estabelecidos

pela legislação portuguesa, a fim de se concluir se estas podem ser consideradas próprias

para consumo humano.

Para a análise realizada à concentração de nitratos dissolvidos procedeu-se à recolha de

pequenas amostras de água dos fontanários referidos anteriormente, as quais foram

posteriormente analisadas em laboratório tendo-se aplicado o método da brucina.

Tal como referido no 1º artigo da Diretiva 2000/60/CE de 23 de outubro de 2000 pelo

Parlamento Europeu e do Conselho (2) “A água não é um produto comercial como outro

qualquer, mas um património que deve ser protegido, defendido e tratado como tal.” No

trabalho são ainda abordadas medidas aplicadas atualmente que têm em vista a redução da

contaminação e os tratamentos que podem ser utilizados em águas que se encontrem

contaminadas, visto que com a “boa qualidade de água se assegurará o abastecimento das

populações com água potável” (2).

1.1 NITRATOS: ORIGEM

O azoto é um gás que ocupa cerca de 79% do volume da atmosfera e do qual todos os

organismos têm necessidade. Os nitratos e os nitritos são iões que ocorrem naturalmente

que fazem parte do ciclo do azoto. Processos químicos e biológicos podem reduzir o nitrato

a vários compostos ou oxidá-lo a nitrito. Os nitratos são formados onde os resíduos ricos em

azoto são decompostos biologicamente em condições aeróbias

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O ião nitrato (NO3)- é a

forma estável de azoto combinado

para sistemas oxigenados. Apesar

de quimicamente inerte, pode ser

reduzido por ação bacteriológica.

As bactérias Nitrosomonas e

Nitrosococcus oxidam o amoníaco

originando nitrito (NO2)- O ião

nitrito (NO2)- contém azoto num

estado oxigenado relativamente

instável. (3)

1.1.1 CAUSAS DO AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DOS

NITRATOS NA ÁGUA

Considera-se que as principais fontes de contaminação de água por nitratos são: a

produção agrícola intensiva, os resíduos domésticos, industriais, os esgotos e a poluição

atmosférica por azoto, derivada maioritariamente da queima de combustíveis fósseis;

Outras fontes deste tipo de contaminação menos significativas são ainda a criação de

animais e os grandes relvados exigidos para atividades desportivas, nomeadamente os

relvados dos campos de golf. (3)

1.1.2 CONSEQUÊNCIAS NA SAÚDE

Deste modo, o aumento da concentração de nitratos na água provoca inevitavelmente

danos na saúde de quem a consome, como por exemplo, a metemoglobinemia e outros

problemas associados ao cancro.

Metemoglobinemia (Síndrome do bebé azul) (5)

O excesso de ião nitrato em água potável é um perigo potencial à saúde, uma vez que

pode resultar em metemoglobinemia em recém-nascidos, bem como em adultos com uma

particular deficiência de enzimas.

As bactérias reduzem parte do ião nitrato a ião nitrito. O nitrito combina e oxida os

iões de ferro (Fe2+ em Fe3+) na hemoglobina do sangue, impedindo a absorção e a

Figura 1 - Ciclo do Azoto (4)

Figura 2- Esquema do ciclo do Azoto (4)

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transferência de oxigénio para as células. A hemoglobina que contém na sua constituição Fe3+

é designada como metemoglobina.

Deste modo, no caso dos bebés, devido às suspensões na sua respiração, estes

apresentam uma tonalidade azulada. Nos adultos, em geral, a hemoglobina oxidada é

praticamente reduzida novamente à sua forma de transporte de oxigénio, e o nitrito

novamente oxidado para nitrato, de forma rápida.

No leste europeu, a síndrome do bebé azul foi um sério problema até aos anos oitenta

do século passado (BAIRD; CANN, 2011). No entanto, atualmente é rara nos países

industrializados, mas continua preocupante nos países em desenvolvimento (SPIRO;

STIGLIANI, 2009).

Nitratos associados ao cancro (5)

A elevada concentração de nitratos em água dedicada ao consumo humano apresenta

uma possível associação ao cancro do estômago. Porém as pesquisas realizadas ainda são

insatisfatórias para esclarecerem esta relação. Trabalhos publicados mostram que mulheres

que beberam água de abastecimento público com elevado nível de nitrato (> 2,46 mg/L)

apresentam três vezes mais probabilidade de serem diagnosticadas com cancro da mama do

que as menos expostas (< 0,36 mg/L na água potável). Entretanto, outros estudos falharam

na tentativa de associar a exposição a nitrato ao risco de cancro da bexiga e a efeitos

reprodutivos adversos (BAIRD; CANN, 2011).

2. LEGISLAÇÃO - PARÂMETROS ESTABELECIDOS PARA OS

NITRATOS

Tendo em conta as doenças associadas aos nitratos foi de todo o interesse estabelecer

limites legais para as concentrações de nitratos na água, pelo que estes se encontram

publicados no DL 306/2007 (1)

Assim sendo é importante identificar as zonas do país que apresentam maior

vulnerabilidade relativamente à presença de nitratos. Na figura 2, encontram-se identificadas

as zonas supramencionadas, pelo que se conclui, que no norte de Portugal continental, a

zona de Esposende – Vila do Conde, deve ser sujeita a uma monitorização mais regular de

modo a evitar perigos de maior. No entanto existem zonas mais a centro e a sul que

necessitam do mesmo tipo de monitorização.

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Na identificação das águas contaminadas por nitratos deverá ter-se em conta as

águas doces superficiais, em particular, as destinadas à captação de água potável que

contenham ou possam conter uma concentração de nitratos superior à definida de acordo

com o disposto no DL 306/2007 (1), concretamente mais de 50 mg NO3/L.7

2.1 ZONAS VULNERAVÉIS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES

Tal como em Portugal Continental também no arquipélago dos Açores se podem

encontrar zonas vulneráveis á contaminação da água por nitratos, devido a intensa atividade

agrícola praticada neste grupo de ilhas. Na tabela 1 e na figura 3 podem-se observar e

distinguir estas zonas de acordo com a Portaria n.º 258/2003.

Figura2- zonas vulneráveis de Portugal Continental (7)

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Através da análise dos dados apresentados acima e em comparação com a

concentração máxima permitida de 50mg No3 /L estabelecidos no DL 306/2007 (1), mesmo

decreto de lei estabelecido em Portugal Continental é possível concluir que as zonas

vulneráveis que necessitarão de uma maior monitorização são as zonas de lagoa da Serra

Devassa, São Brás, Congro, Furnas e Sete Cidades todas localizadas na ilha de São Miguel

por terem os valores de concentração mais altos. Deste modo, verifica-se que tal como em

Portugal Continental, na região autónoma dos Açores as concentrações dissolvidas na água

encontram-se dentro dos parâmetros estabelecidos no DL 306/2007 (1), no entanto a

monotorização e prevenção mantêm-se indispensáveis de forma a que não ocorra aumento

dessas concentrações.

Figura 3- Zonas vulneráveis dos Açores (8)

Tabela 1- Concentração de nitratos nas zonas vulneráveis dos Açores (8)

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2.2 LEGISLAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA

Sendo Portugal um dos estados membros da União Europeia a sua legislação interna vai de

encontro a legislação estabelecida pela UE (União Europeia), Diretiva 75/440/CEE.

As concentrações mais baixas médias anuais de nitratos em águas doces de superfície

registaram-se na Finlândia e Suíça seguindo-se Portugal, Lituânia e Países Baixos e as mais

elevadas em Malta, no Reino Unido e na Bélgica, onde as concentrações ultrapassaram

40mg/L de nitratos numa grande percentagem de estações.

Desta forma, podemos concluir que as medidas propostas pela União Europeia têm

permitido a diminuição da contaminação das águas por nitratos, no entanto ainda existem

trabalhos a realizar no sentido de continuar a promover a redução das contaminações

existentes, principalmente nos países em que as concentrações de nitratos dissolvidos nas

águas se encontram superior aos limites estabelecidos e impedir a ocorrência de novas

contaminações.

Tabela 2 - Percentagem de pontos de amostras de nitratos dissolvidos nas águas nos diversos países da União Europeia(9) - Adaptado

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3. NOTÍCIAS RELATIVAS À ANÁLISE DE ÁGUA DOS

FONTANÁRIOS EM PORTUGAL

Desde inicio dos anos 90 que na União Europeia se encontram legislados os parâmetros

para que determinada água seja considerada própria para consumo. No entanto, após 20

anos, ainda era possível encontrar fontes contaminadas por nitratos e outros contaminantes,

tais como o chumbo, o alumínio, entre outros.

“Fontes ameaçam saúde pública”

“A maioria dos fontanários de Aveiro não têm água potável”, apurou o JN junto dos

Serviços Municipalizados de Aveiro, que esta semana começaram a colocar placas de

informação sobre o estado da água nos chafarizes.

Das 140 fontes registadas em 13 freguesias de Aveiro, 79 (56%) constituem um perigo

para a saúde pública, 53 não foram controladas e apenas 8 têm água em condições de ser

consumida. A maioria das fontes estão contaminadas com nitratos e coliformes devido aos

adubos químicos e naturais, que podem provocar gastroenterites e outros problemas", avisa,

acrescentando que o número de fontes não recomendadas tem vindo a aumentar, não

havendo, todavia, sinais de qualquer epidemia relacionada com o consumo de água dos

fontanários.”

(Jornal de Notícias, 4 de fevereiro de 2009) (10)

“1 em cada 3 fontanários com água imprópria para consumo – DECO”

“Entre abril e maio foram recolhidas amostras de água de 35 fontanários. Um em cada

três fontanários tem água imprópria para consumo e bebê-la é “arriscar a saúde”, porque não

têm ligação à rede pública, nem tratamento ou controlo, segundo um estudo divulgado pela

associação de defesa do consumidor, Deco.

Segundo o estudo “Água de fontanários de má qualidade”, que será publicado na revista

PROTESTE julho/agosto, a água de 12 dos 35 fontanários está imprópria para beber. Em

Caneças, Odivelas, a água excede o limite máximo de chumbo e alumínio. Em Abrantes,

foram detetados valores elevados de manganês, metal pesado perigoso por acumular-se no

organismo.”

(Agência Lusa,30 de junho de 2011) (11)

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4. MÉTODOS DE TRATAMENTO DOS NITRATOS

Nas publicações de jornais enunciadas anteriormente verifica-se que os nitratos são

contaminantes que se verificam em diversos fontanários portugueses, pelo que apenas

medidas de prevenção já não são por si só suficientes, é necessário a remoção dos

contaminantes da água. Deste modo, existem diversos métodos para a eliminação dos

contaminantes, dos quais neste trabalho iremos destacar, o método da eletrocoagulação, e a

remoção por permuta iónica, visto que estes dois processos são dos mais eficientes quanto

à remoção de nitratos.

Método da eletrocoagulação

A eletrocoagulação consiste na passagem de eletricidade através da água o que

provocará a destabilização da solução e a consequente coagulação dos contaminantes. Os

contaminantes são colocados sob fortes campos elétricos propiciando reações de oxidação-

redução sendo deste modo levados a estados químicos menos reativos, insolúveis e de maior

estabilidade. Assim, ocorre a formação de agregados insolúveis posteriormente poderão ser

removidos por sedimentação, flutuação ou filtração, permitindo desta forma a transformação

de água contaminada em água própria para consumo. (12)

Remoção de nitratos por permutas iónicas

A remoção de nitratos por troca iónica, realizada através da utilização de filtros

desnitrificadores, é um processo semelhante ao do amaciamento de água, com uma

pequena diferença no polímero da resina. A resina remove o nitrato da água, substituindo

este último por iões cloreto. Quando o leito de resina atinge a exaustão a válvula executa

a regeneração do leito. Isto é efetuado fazendo-se passar água salgada (cloreto de sódio

comum dissolvido em água) através do leito de resinas, o qual processa a substituição

dos iões nitrato por iões cloreto, sendo estes depois eliminados no fluxo de saída. (13)

5. METODOLOGIA

De entre vários métodos possíveis para analisar a concentração de nitratos nas águas

dos fontanários, foi utilizado o método da brucina visto que este permite que, como alunos de

1º ano, seja possibilitado um maior contacto laboratorial.

5.1 MÉTODO DA BRUCINA

O método da brucina é um método aplicável a qualquer tipo de água, e envolve a

mistura da amostra de água com brucina, ácido sulfúrico e água destilada. Depois da mistura,

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a amostra desenvolve uma cor amarelada, e é levada a um espetrofotómetro onde se procede

à medição da absorvância da solução através da emissão de um feixe de luz sobre a mesma.

A absorvância é a capacidade que um material tem de absorver um determinado

comprimento de onda de uma radiação, e é dada pela expressão:

I: Intensidade de luz transmitida

I0: Intensidade da luz incidente

Posteriormente, realizou-se uma análise pós-laboratorial dos dados obtidos

experimentalmente.

Através da utilização da função acima indicada e substituindo na mesma o valor da

absorvância, é possível obter o valor das concentrações de ião nitrato em solução. (14)

5.2 MATERIAIS UTILIZADOS

Durante a experiência, foram utilizadas amostra de 15mL de água (5 mL de água

recolhida nos fontanários dissolvidos com 10mL de água destilada), 1 mL duma solução

de brucina (ácido sulfanílico),10 mL duma solução de ácido sulfúrico; dois matrazes de

100mL, uma pipeta volumétrica de 5mL e uma proveta de 10 mL. Para a determinação

da concentração dos nitratos usou-se o espetrofotómetro.

Figura 4 – Matrazes Figura 5 – Espetrofotómetro

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5.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Após a realização dos procedimentos referenciados anteriormente os resultados

foram analisados e expostos sob a forma de uma tabela (tabela 3).

Através dos resultados expostos na tabela acima referida foi criado um gráfico (figura 6)

de modo a ser possível uma melhor comparação das amostras entre si, com o controlo

positivo e com o valor máximo estabelecido no DL 306/2007 (1)

Resultados obtidos nos ensaios (mg NO3/L)

Ensaio 1 Ensaio 2

Largo do Souto 5,5 5,7

Rua Chã 7,0 2,8

Fonte do Anjo 3,1 5,2

Chafariz S. Sebastião 5,4 6,7

Controlo Positivo 26,8 27,9

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

Largo doSouto

Rua Chã Fonte doAnjo

Chafariz S.Sebastião

ControloPositivo

Concentr

ação(m

g N

O3 /

L)

Fontanários

Amostragem de Fontanários da AMP em 07/10/2015

Figura 6 – Gráfico da concentração de nitratos nas águas dos 4 fontanários das quais foram recolhidas

as amostras

Tabela 3 – Concentração de nitratos nas águas dos 4 fontanários das quais foram recolhidas as amostras

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Pela legislação portuguesa, de acordo com o DL 306/2007 (1) de 27 de agosto, no

Anexo I – parte II – parâmetros químicos é referido que 50mg NO3/L é o limite legal para a

concentração de nitratos dissolvidos nas águas destinadas ao consumo humano.

Deste modo, comparando este valor com as concentrações de nitratos obtidas das

amostras recolhidas nos 4 fontanários, todas as amostras apresentam uma concentração

de nitratos dissolvidos inferior a 10mg NO3/L, verifica-se que todas as amostras se

encontram dentro dos limites legais a nível deste parâmetro.

6. CONCLUSÕES

A água é a origem da vida, sendo por isso o bem mais essencial para a humanidade.

Partindo desse pressuposto, a qualidade da água tornou-se algo de grande importância para

as comunidades, em especial para as equipas responsáveis pela distribuição de água para

consumo humano.

Deste modo, neste trabalho o grupo debateu-se sobre a qualidade da água que é

consumida, mais precisamente sobre a concentração de nitratos dissolvidos na água de

quatro fontanários do Porto (Rua Chã, S. Sebastião, Largo do Souto e Fonte do Anjo), de

modo a concluir se dentro de este parâmetro as águas analisadas se encontravam dentro dos

valores estabelecidos pela legislação portuguesa, decreto de lei 306/2007 de 27 de Agosto ,

que estabelece 50mg NO3/L como a concentração limite de nitratos nas águas destinadas a

consumo.

Com a realização da atividade experimental que consistiu na análise das amostras de

água dos fontanários, através do método da brucina, verificou-se que as concentrações de

nitratos obtidas se encontram dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação

portuguesa. Desta forma, atesta-se que os fontanários onde foram recolhidas as amostras se

encontram livres de contaminações ao nível dos nitratos.

No entanto, a obtenção da concentração de nitratos e a verificação se estes se encontram

dentro dos parâmetros legais não é suficiente para concluir se determinada água se encontra

própria para consumo humano, pelo que para constatar tal facto é necessário analisas outros

parâmetros, seja eles físico-químicos, como por exemplo a concentração de chumbo, ou

microbiológicos, como por exemplo a presença de Escherichia coli (E.coli).

.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Portugal. Decreto de Lei nº306/2007 de 27 de agosto. Disponível através do

Departamento de Água e Ambiente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.

(2) Parlamento europeu e do conselho. Diretiva 2000/60/CE de 23 de outubro de 2000 que

estabelece um quadro de ação comunitária no domínio da política da água (24ºartigo).

Disponível através do Departamento de Água e Ambiente da Câmara Municipal da Póvoa

de Varzim.

(3) Bruno C. Vale e Naim Haie. Efeitos prejudiciais na saúde humana derivados por

ingestão de nitratos na zona vulnerável Nº1 (freguesias: Apúlia, Fão) e na zona não

vulnerável (freguesias: Fonte Boa, Gandra, Gemeses, Rio Tinto). Disponível em

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7254/1/F21-

EFEITOS%20PREJUDICIAIS%20NA%20SA%C3%9ADE%20HUMANA.pdf

(4) Autor desconhecido. Nitrogen Cycle. Disponível em

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_nitrog%C3%AAnio#/media/File:Nitrogen_Cycle_pt.

png - acedida a 14 de outubro de 2015

(5) Leila Cristina Magalhães Silva e Maria Elizabeth Brotto, Escola Superior de Química,

Faculdades Oswaldo Cruz. Nitratos em água: ocorrência e consequências.

(6) Informática da DGADR (direção-geral de agricultura e desenvolvimento rural). Zonas

Vulneráveis. Disponível em http://www.dgadr.mamaot.pt/rec-hid/diretiva-nitratos/zonas-

vulneraveis - acedida a 13 de outubro de 2015

(7) Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento de Território.

Poluição provocada por nitratos de origem agrícola. Diretiva 91/676/CEE. Disponível em

http://snirh.apambiente.pt/snirh/download/relatorios/PT_Rel_Directiva_Nitrados_2008_2

011_final.pdf - acedida a 15 de outubro de 2015

(8) Ministério da Agricultura, Desenvolvimento rural e pescas e das cidades, ordenamento

do território e ambiente. Portaria nº257/2003 de 19 de março. Disponível em

http://ec.europa.eu/environment/pubs/pdf/factsheets/nitrates/pt.pdf.

(9) Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento de Território.

Poluição provocada por nitratos de origem agrícola. Diretiva 91/676/CEE. Disponível em

http://snirh.apambiente.pt/snirh/download/relatorios/PT_Rel_Directiva_Nitrados_2008_2

011_final.pdf - acedida a 15 de outubro de 2015

Page 18: Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água de ...projfeup/submit_15_16/uploads/relat_MIEA... · Deste modo, o aumento da concentração de nitratos na água provoca inevitavelmente

Que água consumimos?

Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água dos fontanários

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(10) Correio da manhã. Fontanários e Poços contaminados. Disponível em

http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/portugal/detalhe/fontanarios-e-

pocoscontaminados.html - acedida a 13 de outubro de 2015

(11) Jornal de Noticias. Fontes ameaçam saúde pública. Disponível em

http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=Aveiro&Opt

ion=Interior&content_id=1129950- acedida a 12 de outubro de 2015

(12) SNatural 1989-2011. Tratamento de Água, Efluentes, Aquicultura e Paisagismo.

Tratamento Físico-Químico. Eletrocoagulação (EC). Disponível em

http://www.snatural.com.br/Tratamento-Agua-Eletrocoagulacao.html - acedida a 16 de

outubro de 2015

(13) Ambietel – Tecnologias Ambientais, Lda. Filtro Desnitrificador. Sistemas de remoção

de nitratos. Disponível em http://www.ambietel.com/docs/sistemas_remocao_nitratos.pdf

- acedida a 14 de outubro de 2015

(14) Westminster College–SIM. Determining the Amount of Nitrate in Water. Disponível em

http://www.westminster.edu/about/community/sim/documents/SDeterminingtheAmountof

NitrateinWater.pdf - acedida a 15 de outubro de 2015

(15) Agência Lusa. Água potável perto da perfeição. Fontanários controlados para quem

não tem torneiras em casa. Disponível em http://observador.pt/2015/09/30/agua-potavel-

perto-da-perfeicao-fontanarios-controlados-nao-torneiras-casa/ - acedida a 17 de outubro

de 2015.

(16) BAIRD, C.; CANN, M. Química Ambiental. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

(17) SPIRO, T. G.; STIGLIANI, W. M. Química ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson

Prentice Hall.

(18) União Europeia. Diretiva «Nitratos» da União Europeia de Janeiro de 2010. Disponível

em http://ec.europa.eu/environment/pubs/pdf/factsheets/nitrates/pt.pdf - acedida a 14 de

outubro de 2015

(19) Instituto politécnico de Bragança. Escola Superior Agrária. Avaliação microbiológica e

físico-química da qualidade da água para o consumo humano na província do Planalto

Central–Huambo–Angola. Disponível em

https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/11755/1/Tese_final_Lafayete_16_12_2014

.pdf - acedida a 16 de outubro de 2015