Avaliação Formativa é Uma Realidade Em Discussão
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8/18/2019 Avaliação Formativa é Uma Realidade Em Discussão
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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e CulturaSão Cristóvão/SE: GELIC/UFS, 03 e 04 de maio de 2012.
ISSN: 2175-41281
AVALIAÇÃO FORMATIVA: É UMA REALIDADE EM DISCUSSÃOOU UMA PROPOSTA UTÓPICA
Eliana Elias Alvim (PICIN/UNEB)
Na abordagem Tradicional a avaliação visa a exatidão da reprodução doconteúdo comunicado em sala de aula e as notas obtidas funcionam na sociedadecomo níveis de aquisição do patrimônio cultural. Portanto, mede-se o aluno pela
exatidão de informações que consegue reproduzir. Nessa abordagem parte dopressuposto de que a inteligência seja uma faculdade de acumular/armazenarinformações.
A partir das leituras realizadas na obra de Philippe Perrenoud, com objetivode pesquisar a avaliação formativa, que para Perrenoud (1999), não é apenas oprocesso avaliativo que precisa de mudanças, mas é imprescindível que as mudançasse iniciem em todo o sistema educativo, e que através da avaliação que se regula as
diferentes relações com o trabalho, a autoridade e a cooperação em sala de aula.Entretanto, ela levanta uma questão tão banal que poderia ser ignorada: como se sabese um aluno “adquiriu, ou não, no prazo previsto, os novos conhecimentos e asnovas competências que a instituição, conforme o programa, previa que adquirisse”?Perrenoud cita as duas lógicas avaliativas: a tradicional e a formativa, para o autor aformativa, é a mais eficaz, nela não se avalia por avaliar, tem que fundamentar umadecisão, criar os próprios instrumentos avaliativos, uma vez que a avaliação éanalisada como um componente de um sistema de ação. Uma verdadeira avaliaçãoformativa só é possível no âmbito de pedagogias fortemente diferenciadas, atémesmo de pedagogias formais de domínio.
Quanto mais a avaliação formativa for relacionada às pedagogiasfortemente diferenciadas, mais será confinada a algumas escolas
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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e CulturaSão Cristóvão/SE: GELIC/UFS, 03 e 04 de maio de 2012.
ISSN: 2175-41283
nosso cotidiano e no cotidiano da sala de aula onde o professor e alunos estarãoformulando julgamentos para orientar as decisões a serem tomadas, havendo uma
diversidade de práticas avaliativas no nosso contexto escolar.Perrenoud considera que os debates atuais têm acontecido motivados por
uma nova crise de valores, da cultura e do sentido da escola. Argumenta quelentamente a escola muda.
A maioria dos sistemas declara agora querer favorecer uma pedagogiadiferenciada e uma maior individualização das trajetórias de formação.
Também a avaliação evolui. As notas desaparecem e certos graus, emcertos tipos de escolas [...] falar de avaliação formativa não é maisapanágio de alguns marcianos. Talvez passemos – muito lentamente –da medida obsessiva da excelência a uma observação formativa aserviço das aprendizagens. Todavia, nada está pronto! [...] avaliação estáno âmago das contradições do sistema educativo, constantemente naarticulação da seleção e da formulação, do reconhecimento e da negaçãodas desigualdades [...] Não se pode melhorar a avaliação sem tocar noconjunto do sistema didático e do sistema escolar. (PERRENOUD, 1999,p.10,11)
Segundo Perrenoud a avaliação formativa é uma peça essencial dentro de umdispositivo de pedagogia diferenciada. “Quem não aceita o fracasso escolar e adesigualdade na escola se pergunta necessariamente: como fazer da regulaçãocontínua das aprendizagens a lógica prioritária da escola?”
Perrenoud utiliza a abordagem por competência, como objetivo na formaçãoprofissional. Em seu livroDez Novas Competências para Ensinar , ele relaciona o que éimprescindível saber para ensinar bem em uma sociedade, onde o conhecimentoalém de necessário e cada vez mais rápido seu acesso. Segundo o autor: “Oindividualismo dos professores começa, de algum modo, com a impressão de quecada um tem uma resposta pessoal e original a questões comoO que é ensinar? O que é aprender? ”
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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e CulturaSão Cristóvão/SE: GELIC/UFS, 03 e 04 de maio de 2012.
ISSN: 2175-41284
Phillipe Perrenoud em sua obra seleciona e agrupa as competências em 10grandes famílias:
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem.2. Administrar a progressão das aprendizagens.3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.5. Trabalhar em equipe.6. Participar da administração escolar.7. Informar e envolver os pais.8. Utilizar novas tecnologias.9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.10. Administrar sua própria formação contínua.
Hoje em dia, fala-se muito de competências, tanto no campo do trabalhoquanto no da formação sem que essa expressão tenha um significadoestável e compartilhado. Isso faz com que, muitas vezes, saberes ecompetências se contraponham inutilmente. De acordo com Le Boterf(1994, 1997, 2000), às vezes concebemos a competência como umacapacidade demobilizar todos os tiposde recursos cognitivos, entre osquais estão as informações e os saberes: saberes pessoais, privados ousaberes públicos, compartilhados; saberes acadêmicos, saberesprofissionais, saberes de senso comum; saberes provenientes da
experiência, de uma troca, ou saberes adquiridos na etapa de formação;saberes de ação, pouco formalizados, e saberes teóricos, baseados napesquisa. (PERRENOUD, 2002, p.180)
Após mostrar as competências segundo Perrenoud, retomo a análise sobreavaliação proposta por ele, quando cita que os inovadores propõem outras maneirasde avaliar apontam para competências emergentes, que faltam a uma parte dosprofessores de hoje, primeiro, no nível dos conhecimentos e dos conceitos tais como:
avaliação criteriada, regulação interativa, auto-avaliação e metacognição. Emseguida, no nível de sua colocação em prática. A avaliação segundo Perrenoud, nãoera mais para criar hierarquia, mas sim em identificar os conhecimentos construídose os modos de raciocínio de cada aluno para que pudesse auxiliá-lo a progredir noalcance dos objetivos.
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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e CulturaSão Cristóvão/SE: GELIC/UFS, 03 e 04 de maio de 2012.
ISSN: 2175-41285
Mesmo com uma pedagogia tradicional, há sempre um mínimo de regulaçãoda aula planejada, dependendo das atividades mentais dos alunos e seus progressos
de aprendizagem, há espaço para ajustes em uma aula que foi organizada de acordoa roteiro bem preciso e não pode ser seguido ao “pé da letra”, sendo assim no meiodo trajeto pode-se efetuar um remanejo. A avaliação formativa leva o professor aobservar os alunos mais metodicamente, ela está mais centrada na gestão dasaprendizagens dos alunos, e, a partir do momento que ela se define claramente comofonte de regulação, tende a se fundir em uma abordagem mais global dos processosde regulação das aprendizagens em curso em um dispositivo, sequência ou situaçãodidática.
Para aprender, o indivíduo não deixa de operar regulações intelectuais.Na mente humana, toda regulação, em última instância, só pode seruma auto-regulação, pelo menos se aderirmos às teses básicas doconstrutivismo: nenhuma intervenção externa age se não for percebida,interpretada, assimilada por umsujeito. Nessa perspectiva, toda açãoeducativa só pode ser estimular o autodesenvolvimento, a auto-aprendizagem, a auto-regulação de um sujeito, modificando seu meio,
entrando em interação com ele. Não se pode apostar, afinal de contas,senão na auto-regulação. (PERRENOUD, 1999, p.96)
Os estabelecimentos escolares estão engajados em uma mudança, pormodelos mais participativos, que substituam os modelos tradicionais de gestão,autoritários e centralizadores. Há várias pesquisas que apontam para necessidade demodificar os procedimentos habituais de avaliação, é preciso que haja umatransformação nas escolas, centrar na aprendizagem interativa, melhorando asaprendizagens dos alunos. Quando o sistema educacional impõe uma avaliação auma escola, a relação com a administração passa para um evidente embate de forças,os programas e as regras são observados, para que seja certificado que alcançaram orendimento aceitável. Em um primeiro momento todos poderão sentir-se ameaçados,mas ao final, uma parte sairá ganhando com este tipo de operação.
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ISSN: 2175-41286
Phillipe Perrenoud critica a avaliação para obtenção de certificação, defendeque as provas tradicionais se revelam de pouca utilidade porquê são, as que criam
uma hierarquia e a análise do erro é mais para a classificação dos alunos do que paraidentificação do nível de domínio de cada um. Permitindo assim se dar boas e másnotas, não informando muito como se operam a aprendizagem e a construção dosconhecimentos em cada aluno.
[...], não satisfeita em criar fracasso, empobrece as aprendizagens einduz, nos professores, didáticas conservadoras e, nos alunos,
estratégias utilitaristas. A avaliação formativa participa da renovaçãoglobal da pedagogia, da centralização sobre o aprendiz, da mutação daprofissão de professor: outrora dispensador de aulas e de lições, oprofessor se torna o criador de situações de aprendizagem “portadorasde sentido e de regulação”. As resistências não atingem, portanto,unicamente a salvaguarda das elites. Elas se situam cada vez mais nosregistros das práticas pedagógicas, do ofício do professor e do ofício doaluno! (PERRENOUD, 1999, p.18)
Segundo Perrenoud, para se tornar uma prática realmente nova, seria
necessário, entretanto, que a avaliação formativa fosse regra e se integrasse a umdispositivo de pedagogia diferenciada, pois “se a avaliação formativa nada mais é doque uma maneira de regular a ação pedagógica, por que não é uma práticacorrente?” (PERRENOUD, 1999, p.14)
Dessa forma, a avaliação deve romper com o esquema igualitarista e adiferença começa com uma “dose” de avaliação formativa. A diferenciação, então,começa com um investimento na observação e interpretação dos processos e dosconhecimentos proporcional às necessidades de cada aluno. Ela visa dar ao professoras informações de que ele necessita para intervir eficazmente na regulação dasaprendizagens dos alunos. Leva também em conta a rotina, os erros de apreciação oua imprecisão. Devemos lembrar que essa proposta de “avaliação formativa seconstrói em uma lógicacooperativa, baseada na hipótese de que o aluno quer
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aprender e faz tudo o que pode para esse fim. Na escola obrigatória, essa não é adefinição da situação”. (PERRENOUD, 1999, p.141)
As contribuições de Perrenoud, na avaliação formativa, é uma conquista enão devemos esquecer-nos de aprender a participar; aprender a dialogar; aprender aorganizar e aprender a aprender.
Considerações Finais
Ao sermos avaliados estamos sendo analisados, examinados, testados,investigados, interrogados, mas temos consciência que não vão esgotar a discussãosobre este tema aliado a sua complexidade e a sua importância no desenvolvimentodas atividades, mas acreditamos na necessidade de discutir avaliação, não só parareforçar ou rever nossas práticas pedagógicas, mas também, entender o contextoexterno à sala de aula, porque, como se pode perceber, o problema da avaliaçãotambém deverá mexer com as mentalidades e com a cultura escolar, o que leva
tempo. O caminho a ser percorrido é longo é inevitável o papel ativo do docente depropiciar visão mais aberta de mundo, de envolvê-los nos problemas sociais da suaépoca e das possibilidades de crescer, de se desenvolver e de acreditar nas suaspotencialidades. E não podemos desistir de lutar pela construção de uma escola deboa qualidade para todos, que dê conta de vencer os problemas de ensinar eaprender, bem como de eliminar o fracasso escolar. Por este motivo a avaliaçãoformativa é uma realidade em discussão e uma discussão de fonte inesgotável.
REFERÊNCIASPERRENOUD, Philippe.Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens.Porto Alegre: ARTMED Editora, 1999.PERRENOUD, Philippe.Dez novas competências para ensinar. Trad. PratríciaChittoni Ramos. - Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
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ISSN: 2175-41288
PERRENOUD, Philippe.A prática reflexiva no ofício do professor:profissionalização e razão pedagógica. Tradução Cláudia Schilling. - Porto Alegre:Artmed, 2002.MIZUKAMI. Maria da Graça Nicoletti,Ensino: as abordagens do processo.SãoPaulo: EPU, 1986.RIBEIRO, Marinalva Lopes; MARTINS, Édiva de Sousa; Cruz, Antonio RobertoSeixas da (Orgs.).Docência no ensino superior; desafios da prática educativa.Salvador: EDUFBA, 2011. 225p.http://www.brasilescola.com/filosofia/utopia.htm