Avaliação microbiológica associada ao risco de infecção cr…

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS MESTRADO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE FERNANDA VILLIBOR XAVIER AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA ASSOCIADA AO RISCO DE INFECÇÃO CRUZADA ATRAVÉS DAS LINHAS D’ÁGUA DOS EQUIPOS ODONTOLÓGICOS NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE PALMAS 2006 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

    CAMPUS UNIVERSITRIO DE PALMAS

    MESTRADO EM CINCIAS DO AMBIENTE

    FERNANDA VILLIBOR XAVIER

    AVALIAO MICROBIOLGICA ASSOCIADA AO RISCO DE INFECO

    CRUZADA ATRAVS DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS ODONTOLGICOS

    NA REDE PBLICA DE SADE

    PALMAS2006

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  • FERNANDA VILLIBOR XAVIER

    AVALIAO MICROBIOLGICA ASSOCIADA AO RISCO DE INFECO

    CRUZADA ATRAVS DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS ODONTOLGICOS

    NA REDE PBLICA DE SADE

    Dissertao apresentada ao curso de Ps-Graduao em Cincias do Ambiente daUniversidade Federal do Tocantins, comorequisito para obteno do ttulo de Mestre emCincias do Ambiente.

    Orientador: Prof. Dr. Aparecido OsdimirBertolin

    Co-Orientadora: Prof. Dr. Liliana Pena Naval

    PALMAS2006

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  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    X3a Xavier, Fernanda VilliborAvaliao microbiolgica associada ao risco de infeco cruzadaatravs das linhas dgua dos equipos odontolgicos na rede pblica desade. / Fernanda Villibor Xavier. Palmas: UFT, 2006.97p.

    Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Tocantins, Curso dePs-Graduao em Cincias do Ambiente, 2006.Orientador: Prof. Dr. Aparecido Osdimir BertolinCo-orientadora: Prof. Dr. Liliana Pena Naval

    1. Equipos odontolgicos 2. Avaliao microbiolgica 3. biofilme 4.controle de infeco I.Ttulo.

    CDU 504

    Bibliotecrio: Paulo Roberto Moreira de AlmeidaCRB-2 / 1118

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS proibida a reproduo total ou parcial, dequalquer forma ou por qualquer meio. A violao dos direitos do autor (Lei n 9.610/98) crime estabelecido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.

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  • ii

    TERMO DE APROVAO

    FERNANDA VILLIBOR XAVIER

    AVALIAO MICROBIOLGICA ASSOCIADA AO RISCO DE INFECO

    CRUZADA ATRAVS DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS ODONTOLGICOS

    NA REDE PBLICA DE SADE

    Dissertao aprovada como requisito parcial para obteno do grau de Mestre nocurso de Ps-graduao em Cincias do Ambiente, da Universidade Federal doTocantins, pela seguinte banca examinadora:

    Orientador: Prof. Dr. Aparecido Osdimir BertolinProf. do Curso de Cincias Biolgicas, UFT

    Prof. Dr. Eleonora Cano CarmonaDepartamento de Bioqumica e Microbiologia, UNESP

    Prof. Dr. Hilda Gomes Dutra MagalhesProf. do Curso de Direito, UFT

    Palmas, 26 de janeiro de 2006

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  • iii

    Dedicatria

    Ao meu pai Antonio Roberto Villibor, meu exemplo de vida e de carter.

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  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Ao professor Dr. Aparecido Osdimir Bertolin, amigo, incentivador e orientador,

    pela incansvel dedicao dispensada durante a realizao deste trabalho, pelos

    conselhos e principalmente, pela confiana em mim depositada.

    professora Dr. Liliana Pena Naval pela co-orientao, correes e

    conselhos dados durante todo o curso e acima de tudo por acreditar neste trabalho.

    professora Dr. Paula Benevides de Morais, pelo exemplo e dedicao ao

    magistrio, meu reconhecimento e admirao.

    Ao professor Dr. Joenes Mucci Peluzio, pela pacincia, dedicao e ajuda

    constante na anlise estatstica.

    Prefeitura Municipal de Araguana, por permitir a realizao deste trabalho.

    urea Casagrande da Luz, Secretria Municipal de Sade de Araguana,

    pelo apoio decisivo, pelo carter e profissionalismo que fazem a sade de

    Araguana, se destacar em mbito nacional.

    Ao ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos, pelo apoio e

    disposio do Laboratrio de Microbiologia, sem o qual, este trabalho no seria

    possvel.

    Aos professores do Curso de Mestrado em Cincias do Ambiente pelos

    ensinamentos e incentivos.

    Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paran,

    em especial s professoras Fabiana Naufel, Vera Schmitt, Marli Walker e Maria de

    Ftima Thomazinho, pela minha formao em nvel de graduao.

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  • v

    equipe do Laboratrio de Microbiologia do ITPAC, em especial a Tcnica de

    Laboratrio Maria Guaracy, pelo carinho, e ajuda durante a parte experimental deste

    trabalho.

    Aos estagirios e bilogas do Laboratrio de Microbiologia e Sade Pblica

    da UFT, Campus de Porto Nacional, pela ajuda no incio da minha jornada neste

    mestrado.

    Anelise Kappes Marques, pela ajuda nos momentos mais difceis, mas

    acima de tudo, pela verdadeira amizade.

    s minhas irms, em especial Roberta F. Villibor, pelas correes neste

    trabalho.

    Aos meus pais, Maurien e Villibor, pelo amor, dedicao e compreenso,

    muitas vezes no correspondidos.

    Ao meu esposo Marcos, pela pacincia, amor, incentivos persistentes nos

    momentos em que pensei em desistir e compreenso pela minha ausncia durante o

    curso.

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  • vi

    preciso lembrar que no h nada mais difcil de planejar, desucesso mais duvidoso e administrao mais perigosa que acriao de um novo sistema. Para seu introdutor haver ainimizade daqueles que lucraro com a preservao das velhasinstituies e ter meramente a defesa daqueles que poderolucrar com as novas.

    (Nicol di Bernardo dei Machiavelli)

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  • vii

    SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES ....................................................................................... ix

    LISTA DE SIGLAS....................................................................................................x

    RESUMO ..................................................................................................................xi

    ABSTRACT ..............................................................................................................xii

    1 INTRODUO ......................................................................................................1

    2 REVISO DE LITERATURA ................................................................................5

    2.1 TICA DA SADE PBLICA E ODONTOLOGIA..............................................5

    2.2 MICROBIOLOGIA DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS................................8

    2.3 PROPOSTAS DE BIOSSEGURANA PARA AS LINHAS DGUA DOS

    EQUIPOS..................................................................................................................34

    3 OBJETIVOS..........................................................................................................45

    3.1 GERAL...............................................................................................................45

    3.2 ESPECFICOS ...................................................................................................45

    4 MATERIAL E MTODOS .....................................................................................46

    4.1 MATERIAIS........................................................................................................46

    4.1.1 Meios de Cultura.............................................................................................46

    4.1.2 Composio dos Meios de Cultura .................................................................47

    4.1.3 Reagentes e Solues....................................................................................47

    4.1.4 Coleta e Transporte das Amostras .................................................................48

    4.1.5 Inoculao e Cultivo das Amostras.................................................................48

    4.1.6 Colorao de Gram e Anlise das Lminas....................................................49

    4.1.7 Equipamentos .................................................................................................49

    4.1.8 Questionrio....................................................................................................50

    4.2 MTODOS.........................................................................................................50

    4.2.1 Preparo dos Meios de Cultura ........................................................................50

    4.2.1.1 Controle de segurana da esterilidade dos meios de cultura......................50

    4.2.2 Preparo de Reagentes e Solues .................................................................51

    4.2.2.1 Soluo de tiossulfato de sdio a 10%........................................................51

    4.2.3 Periodicidade e Coleta das Amostras.............................................................51

    4.2.3.1 Coleta das amostras do spray das turbinas de alta rotao e mangueiras52

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  • viii

    4.2.3.2 Coleta das amostras das seringas trplices .................................................52

    4.2.3.3 Coleta das amostras do reservatrio ...........................................................52

    4.2.4 Transporte das Amostras................................................................................53

    4.2.5 Inoculao e Cultivo das Amostras.................................................................53

    4.2.6 Colorao de Gram e Anlise das Lminas....................................................54

    4.2.7 Metodologia de Aplicao do Questionrio ....................................................54

    4.2.8 Mtodos Estatsticos .......................................................................................55

    5 RESULTADOS .....................................................................................................56

    6 DISCUSSO .........................................................................................................61

    7 CONCLUSES .....................................................................................................71

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .........................................................................73

    APNDICES .............................................................................................................81

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  • ix

    LISTA DE ILUSTRAES

    TABELA 1 MDIA DA CONTAMINAO MICROBIANA EM UFC/ml DAS42 AMOSTRAS DE GUA COLETADAS DE SEGUINTESPONTOS DE COLETA: DO RESERVATRIO, SPRAY DATURBINA DE ALTA ROTAO, MANGUEIRAS COMTURBINAS DE ALTA ROTAO DESACOPLADAS E SERIN-GAS TRPLICES, SEMEADAS EM AGAR NUTRIENTE............... 56

    TABELA 2 CONTAGEM DE UNIDADES FORMADORAS DE COLNIANAS AMOSTRAS DE GUAS OBTIDAS DOS EQUIPOSODONTOLGICOS, NOS SEGUINTES PONTOS: RESERVA-TRIO, TURBINAS DE ALTA ROTAO, MANGUEIRAS DASTURBINAS E SERINGAS TRPLICES, SEMEADAS EM AGARNUTRIENTE................................................................................... 57

    TABELA 3 CONTAMINAO DAS GUAS DE EQUIPOS ODONTO-LGICOS POR FUNGOS E/OU LEVEDURAS, COLETADASDO RESERVATRIO DO EQUIPO, TURBINAS DE ALTAROTAO, MANGUEIRAS DAS TURBINAS, SERINGASTRPLICES, SEMEADAS EM AGAR SABOURAUD................... 58

    TABELA 4 NMERO DE UNIDADES FORMADORAS DE COLNIAS DEMICRORGANISMOS PRESENTES NAS AMOSTRAS DE GUAOBTIDAS DE EQUIPOS ODONTOLGICOS, DOS SEGUIN-TES PONTOS DE COLETA: RESERVATRIO, TURBINAS DEALTA ROTAO, MANGUEIRAS DAS TURBINAS, SERINGASTRPLICES, SEMEADAS EM AGAR MAC CONKEY................. 58

    GRFICO 1 PERCENTUAL DE OCORRNCIA DE MICRORGANISMOSNAS AMOSTRAS DE GUA OBTIDAS DOS EQUIPOS ODON-TOLGICOS, PLAQUEADAS EM AGAR NUTRIENTE................ 59

    GRFICO 2 PERCENTUAL DE OCORRNCIA DE MICRORGANISMOSNAS AMOSTRAS DE GUA OBTIDAS DOS EQUIPOSODONTOLGICOS, PLAQUEADAS EM AGAR MACCONKEY....................................................................................... 60

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  • x

    LISTA DE SIGLAS

    ACD Auxiliar de Consultrio Dentrio

    ADA American Dental Association

    AIDS Sndrome da Imunodeficincia Humana Adquirida

    BHI Infuso Crebro e Corao

    CD Cirurgio-Dentista

    CETESB Companhia de Saneamento Ambiental

    EMB Eosina Azul de Metileno

    EU/ml Unidades de Endotoxina por mililitro de gua

    HPC Heterotrophic Plate Count

    MEV Microscpio Eletrnico de Varredura

    ml Mililitro

    nm Nanmetro

    NMP Nmero Mais Provvel de Coliformes Totais e Fecais

    OMS Organizao Mundial de Sade

    p/v Peso por Volume

    PCA Agar para Contagem em Placa

    PCR Reao em Cadeia da Polimerase

    SUS Sistema nico de Sade

    TSA Trypticase Soy Agar

    UFC Unidade Formadora de Colnia

    UFC/ml Unidade Formadora de Colnia por mililitro

    m Micrmetro

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  • xi

    RESUMO

    O controle de infeco de grande importncia nas prticas dirias dos consultriosodontolgicos. A qualidade da gua usada nos equipos odontolgicos consideradanecessria, pois os pacientes e a equipe odontolgica esto constantementeexpostos gua e aerossis gerados pelas turbinas e seringas trplices. O objetivodesse estudo foi avaliar a ocorrncia de contaminao microbiana associada aorisco de infeco cruzada da gua dos equipos, utilizando como modelo o municpiode Araguana TO. Amostras de gua foram coletadas assepticamente e, apsserem submetidas a diluies decimais seriadas em soluo salina at a ordem de10-4, alquotas de 0,1 ml foram semeadas pela tcnica do spread plate e cultivadasem Agar Nutriente, Agar Mac Conkey e Agar Sabouraud. As anlises forambaseadas na contagem do nmero de unidades formadoras de colnias (UFC/ml).No primeiro dia de coleta foi aplicado um questionrio equipe de sade bucalcontendo 13 questes sobre prticas de biossegurana realizadas pela equipe. Oteste no-paramtrico de Mann-Whitney indicou que no houve diferenaestatisticamente significante entre os nveis de contaminao das guas dasseringas trplices e turbinas de alta rotao e entre seringas trplices e mangueirasdas turbinas. Das amostras analisadas, obtidas do reservatrio, turbinas de altarotao, mangueiras das turbinas e seringas trplices uma grande porcentagemestava fora dos padres preconizados pela ADA.

    Palavras-chave: Equipos odontolgicos, avaliao microbiolgica, biofilme, controlede infeco.

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  • xii

    ABSTRACT

    Infection control is important in the daily routine procedures of a dental office. Thequality of water in a dental unit is considerable necessary, because patients anddental staff are regularly exposed to water and aerosols generated from handpieces.The aim of this study was to evaluate the occurrence of microbial contaminationassociated to crossed infection risk, in dental unit of public health, using as model thecity of Araguana TO. Water samples were collected aseptically and, after serialdilution in saline to the order of 10-4, aliquots of 0.1 ml were plated by the spreadplate technique and cultured in Nutrient Agar, Mac Conkey Agar and SabouraudAgar. Analyses were based on the number of colony forming units (CFU/ml). On thefirst collecting day, there was a questionnaire applied to the dental staff, which had13 questions about the routine of bio security accomplished by them. The Mann-Whitney non-parametric test indicated that there was no significant statisticaldifference between the level of contamination in the air-water syringe and the high-speed handpieces. The same occurred between the air-water syringe and the high-speed hoses. The water samples analyzed, collected from dental reservoirs, high-speed, high-speed hoses and water syringe were out of standards presented by theADA.

    Key-words: Dental units, microbiological evaluation, biofilms, infection control.

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  • 1

    1 INTRODUO

    A sade pblica tem passado por transformaes diretamente ligadas s

    mudanas temporais do conceito de sade. Inicialmente, sade era entendida como

    sendo o estado de ausncia de doena, e seus modelos assistenciais estavam

    voltados para as patologias em si. Aos aspectos fsicos, ou biolgicos, foram sendo

    agregados os psicolgicos e os sociais, igualmente reconhecidos como causas de

    doenas. Desta forma, o conceito de sade que antes era um simples estado de

    ausncia de doena, passou a ser entendido como sendo um estado de bem estar

    fsico, mental e social.

    Quase que ao mesmo tempo, o conceito de promoo de sade, no sentido

    de incentivar a preveno das doenas atravs do estmulo de hbitos e

    comportamentos saudveis se estabelece aps a Carta de Ottawa, que recomenda

    reorientaes nos servios de sade. Atualmente nas polticas pblicas, busca-se

    oferecer ao paciente um atendimento mais humanizado e inserido nos padres de

    biossegurana propostos pela OMS Organizao Mundial de Sade.

    A sade passou a agregar uma varivel fundamental de respeito ao

    indivduo, doente ou sadio, atravs do compromisso social solidrio no alcance do

    objetivo maior de garantia de condies dignas de vida a cada ser humano, ou seja,

    a sade passou a ser, um critrio de cidadania. Assim, todos os cidados tm

    direitos, mas so igualmente responsveis pela sua manuteno, e a sade, neste

    contexto, ocorre em conseqncia de aes realizadas em toda a sociedade. Este

    novo olhar para a sade, abrange aspectos individuais e coletivos, envolvendo

    questes ambientais, sociais e antropolgicas.

    A nova Poltica Nacional de Sade Bucal, que surge como uma necessidade

    da ampliao da ateno sade, preconiza diretrizes para a sade bucal no mbito

    do SUS - Sistema nico de Sade, considerando as diferenas sanitrias,

    epidemiolgicas, culturais e regionais do Brasil. Essas diretrizes promovem uma

    reorganizao da ateno em sade bucal em todos os nveis, respondendo a

    concepo de sade centrada no exerccio da cidadania, na promoo da boa

    qualidade de vida e interveno nos fatores que a colocam em risco. De acordo com

    a nova proposta, o ponto de partida para o exerccio da cidadania e da construo

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  • 2

    da conscincia sanitria implica necessariamente, tanto para gestores e profissionais

    de sade quanto para os usurios, em conhecer os aspectos que condicionam e

    determinam um dado estado de sade e os recursos existentes para sua preveno,

    promoo e recuperao (BRASIL, 2005).

    A preocupao com a qualidade dos servios odontolgicos prestados na

    rede pblica de sade pode ser evidenciada pela crescente insero do Cirurgio-

    Dentista nas Equipes de Sade da Famlia, adoo de protocolos mais rgidos de

    controle da infeco cruzada nos consultrios e atendimento mais humanizado ao

    paciente.

    No que se refere ao controle da infeco cruzada, o surgimento da AIDS fez

    com que os profissionais refletissem sobre o risco de transmisso da doena em

    consultrios odontolgicos e atravs de pesquisas, descobriu-se que diversas

    infeces estreptoccicas, estafiloccicas, fngicas e virais, podiam ser facilmente

    transmitidas aos pacientes neste ambiente. Apesar dos procedimentos de controle

    de infeco terem sido amplamente discutidos, a exposio de pacientes aos

    microrganismos presentes nas guas das unidades dos equipos odontolgicos,

    continua sendo comum nos servios odontolgicos pblicos ou privados. Esta gua

    alm de estar poluda, com diferentes agentes, pode ainda conter microrganismos

    potencialmente patognicos, tornando-se, desta forma, um veculo de transmisso

    de doenas, pois acaba sendo aspergida nos pacientes.

    Entre os diferentes equipamentos de um consultrio odontolgico, as

    turbinas de ar de alta rotao, introduzidas no final da dcada de 50, so

    imprescindveis para prticas odontolgicas. Entretanto, sua utilizao tem sido alvo

    de estudo, pois se descobriu que este aparelho, suas conexes, mangueiras e

    reservatrio de gua, podem ser fontes de biofilmes.

    As literaturas consultadas relatam pesquisas que se preocupam em detectar

    a microbiota presente nas linhas dgua dos equipos odontolgicos de consultrios

    particulares, entretanto a realidade nos padres de descontaminao destes

    mesmos equipos na rede pblica est distante da proposta pelos padres de

    biossegurana preconizados pela ADA American Dental Association.

    De acordo com COSTERTON et al. (1987), WEINE, HARARI (2001), SINGH

    et al. (2003), biofilmes so consrcios funcionais de clulas microbianas imersas em

    matrizes de polmeros extracelulares (PEC), onde se concentram produtos do seu

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  • 3

    prprio metabolismo juntamente com ons e nutrientes seqestrados do ambiente

    ecolgico, resultante da aderncia, multiplicao e desenvolvimento de

    microrganismos sobre superfcies slidas substrato em ambiente aqutico.

    As linhas dgua dos equipos odontolgicos so compostas por longos tubos

    flexveis de 1,0 mm de dimetro, nos quais, em sua extremidade so conectadas as

    seringas trplices e as turbinas de alta e baixa rotao. O contato constante com a

    gua que pode permanecer estagnada quando o equipo est em desuso funciona

    como ambiente propcio para desenvolvimento de biofilmes iniciados por

    microrganismos presentes na gua da fonte de abastecimento, ou provenientes da

    saliva de pacientes, carreados para o interior do sistema, devido ao refluxo nas

    turbinas de alta rotao (WIRTHLIN; MARSHALL; ROWLAND, 2003).

    O modelo de atendimento odontolgico nos municpios onde h um intenso

    fluxo de pacientes usando um nico equipo durante todo o dia e, s vezes, uma

    nica turbina, o contato constante da turbina com a saliva e a ausncia de

    esterilizao facilitam a proliferao de vrios microrganismos patognicos,

    formando biofilmes e tornando os equipamentos odontolgicos possveis veculos de

    disseminao de doenas na populao.

    A desinfeco dos equipamentos segue protocolos, os quais determinam

    que, no intervalo entre pacientes as turbinas de alta rotao sejam desinfetadas e

    esterilizadas, aps procedimentos que envolvam contato com sangue ou saliva. As

    seringas trplices devem ser desinfetadas externamente e sua ponta metlica deve

    ser protegida com pontas descartveis ou retirada para esterilizao (AMERICAN

    DENTAL ASSOCIATION, 2003; BRASIL, 2000).

    Entretanto, em consultrios pblicos e privados, observa-se que no intervalo

    entre pacientes, no h esterilizao das turbinas e pontas de seringas trplices, e o

    controle de microrganismos nestes equipamentos, fica restrito desinfeco de suas

    partes externas com gaze embebida em lcool 70% (p/v). Tal fato provavelmente

    est associado ao elevado custo das turbinas, idia de que a esterilizao pode

    causar desgaste em suas partes mveis e/ou a necessidade de atender vrios

    pacientes em curto espao de tempo (AL-RABEAH; MOHAMED, 2002).

    Nos servios pblicos de sade, o controle de infeco nos consultrios

    odontolgicos fica sob a responsabilidade do Cirurgio-Dentista, que, frente

    intensa procura da populao por atendimento e aliada a falta de padronizao dos

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  • 4

    protocolos de biossegurana pelo rgo gestor, acaba no realizando

    procedimentos para controle de biofilmes nas linhas dgua dos equipos

    odontolgicos. Por sua vez, parte da gua utilizada nas turbinas de alta rotao e

    seringa trplices acaba sendo ingerida ou inalada na forma de aerossis, expondo o

    paciente diretamente ao risco de infeco cruzada.

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  • 5

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 TICA DA SADE PBLICA E ODONTOLOGIA

    A preocupao com a sade das populaes e adoo de medidas

    governamentais para controle de doenas tm sido observadas desde a antiguidade.

    Entretanto, nos ltimos 25 anos temos vislumbrado um crescimento exponencial no

    campo da promoo de sade, gerando impactos diretos sobre as concepes e

    prticas da Sade Pblica (BUSS, 2000).

    A primeira Conferncia Internacional sobre Cuidados Primrios de Sade,

    realizada em Alma-Ata, capital do Kazaquisto, organizada pela OMS em 1978,

    resultou na adoo de uma Declarao que reafirmou o significado da sade como

    um direito humano. De acordo com esta Declarao, deveriam ser estimuladas

    aes dos diferentes atores internacionais no sentido de diminuir as diferenas

    econmicas e sociais dos pases desenvolvidos e em desenvolvimento. O consenso

    de que a promoo e a proteo da sade dos povos era essencial para alcanar

    tais objetivos, e conseqentemente condio nica para a melhoria da qualidade de

    vida dos homens e para a paz mundial, representou o ponto de partida para a

    Conferncia de Ottawa (BRASIL,1978).

    A Carta de Ottawa para a Promoo da Sade, marco fundamental na

    histria da Sade Pblica, significou, segundo MENDES (2004) a ampliao da

    concepo de promoo de sade incorporando a importncia e o impacto das

    dimenses scio-econmicas, polticas e culturais sobre as condies de sade. As

    estratgias de ao propostas pela Carta foram o estabelecimento de polticas

    pblicas saudveis; criao de ambientes favorveis sade; reforo da ao

    comunitria; desenvolvimento de habilidades pessoais; reorientao dos servios de

    sade (WHO, 1986).

    A partir deste marco, os diferentes atores reconheceram que a promoo de

    sade no poderia ser responsabilidade exclusiva do setor de sade, sendo

    necessria uma abordagem interdisciplinar com atuao de diferentes profissionais,

    dando desdobramento a outras conferncias internacionais.

    Na Sucia, em 1991, foi organizada a terceira Conferncia Internacional

    sobre Promoo da Sade, precedendo a Conferncia Mundial sobre o Meio

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  • 6

    Ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992. Durante o evento o destaque dado

    foi para a rea de ecologia e sade, concluindo que ambas eram interdependentes e

    inseparveis, e que as polticas governamentais deveriam estabelecer prioridades de

    desenvolvimento que respeitassem esta relao (BRASIL, 2001b).

    A quarta Conferncia, realizada em Bogot em 1992, trouxe tona a

    discusso para a situao da sade na Amrica Latina, com enfoque na

    transformao das relaes existentes conciliada aos interesses econmicos e

    propsitos sociais de bem estar. O documento elaborado reiterou a necessidade de

    mais opes nas aes de sade pblica, orientadas para combater o sofrimento

    causado pelas enfermidades decorrentes da falta de desenvolvimento e da pobreza,

    bem como as derivadas da urbanizao e da industrializao nos pases em

    desenvolvimento (BRASIL, 2001c).

    A ASSEMBLIA MUNDIAL DA SADE (1996) adotou uma Declarao

    reforando a estratgia de Sade para Todos no Sculo XXI e a necessidade de

    implementao de novas polticas nacionais e internacionais.

    Os conceitos trabalhados nas conferncias evidenciam que a promoo de

    sade um campo de grande amplitude com caractersticas prprias situadas no

    domnio da ao intersetorial, incluindo os servios de sade.

    No Brasil, tais servios esto inseridos em uma crise com base relacionada

    ao modelo de assistncia, focalizado na natureza hospitalar, nas aes curativas, e

    na viso fragmentada dos problemas de sade (SILVA JR., 1996).

    Do mesmo modo, a assistncia odontolgica do SUS tem se estruturado

    historicamente, a partir dos clssicos modelos de assistncia a escolares e

    atendimento da livre demanda em unidades de sade (OLIVEIRA et al., 1999).

    No intuito de modificar este modelo, o Ministrio da Sade (BRASIL, 1994)

    apresentou um projeto estruturante do Sistema de Sade, visando essencialmente

    organizao da ateno primria, norteada por princpios e estratgias comuns ao

    SUS, criando-se ento o PSF - Programa Sade da Famlia. Neste programa,

    prope-se uma nova maneira de atuao sobre o processo sade-doena,

    enfatizam-se as aes de proteo e promoo de sade, alm do atendimento

    domiciliar, definindo rea de abrangncia, equipe multiprofissional, ao preventiva e

    de promoo de sade a partir de prioridades epidemiolgicas da rea adstrita,

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  • 7

    reduzindo assim a demanda por servios hospitalares e ambulatoriais, com bases

    voltadas para a humanizao no atendimento (OLIVEIRA et al., 1999).

    Partindo do pressuposto de que a sade bucal parte indissocivel da

    sade integral do indivduo e, portanto responsabilidade do SUS, as equipes de PSF

    incluram o CD - Cirurgio-Dentista na composio da equipe multiprofissional do

    programa. A partir da criao da portaria MS n 673/03 do Ministrio da Sade, os

    municpios puderam aumentar suas equipes de sade bucal, podendo alcanar a

    mesma quantidade de equipe de sade da famlia (BRASIL, 2003).

    De acordo com AERTS, ABEGG e CESA (2004), o CD deve atuar em

    equipes interdisciplinares no planejamento de polticas pblicas saudveis e no

    desenvolvimento de aes de vigilncia em sade da coletividade. Enquanto

    membro da equipe de vigilncia em sade, o CD capaz de orientar aes para

    educao em sade, contribuir para a normalizao dos servios odontolgicos,

    monitorar a qualidade da gua de abastecimento pblico e dos produtos contendo

    flor, entre outros. Para os autores, a ausncia de Legislao Federal especfica,

    estabelecendo parmetros e regulamentando as aes de controle de infeco e

    biossegurana no ambiente de consultrio, tem dificultado a implementao dos

    sistemas de vigilncia em muitos estados.

    A ampliao do acesso aos servios odontolgicos na rede pblica, segundo

    o Ministrio da Sade (BRASIL, 2005), deve estar regida por princpios universais de

    tica em sade, que incluem servios de qualidade e em conformidade com os

    protocolos da Vigilncia Sanitria Nacional.

    O Governo do Estado do Tocantins, em parceria com o Governo Federal,

    tem criado programas de incentivos a melhoria dos servios de sade ofertados, e

    atualmente conta com Equipes de Sade da Famlia nos municpios. O Estado tem

    ampliado o acesso da populao aos servios pblicos de sade, propiciando,

    assim, a reorganizao da Ateno Bsica e a diminuio dos seus indicadores de

    morbi-mortalidade (SANTOS et al., 2004).

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  • 8

    2.2 MICROBIOLOGIA DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS

    At o surgimento da AIDS, o controle de infeces em redes pblicas de

    sade no tinha recebido merecido destaque. Porm, o aumento de pacientes

    portadores do vrus HIV, atendidos normalmente em consultrios, tem proporcionado

    uma maior insero do profissional de Odontologia nas normas de biossegurana

    (GUANDALINI; MELO; SANTOS, 1998).

    A preocupao com a qualidade da gua usada nos setores mdico-

    hospitalar e odontolgico tem sido tratada com grande importncia, pois tem

    influncia direta sobre a sade, a qualidade de vida e desenvolvimento do ser

    humano (PANKHURST, 2003).

    Para a ORGANIZAO PAN-AMERICANA DA SADE (2001) e seus pases

    membros, todas as pessoas, em quaisquer estgios de desenvolvimento e

    condies scio-econmicas, tm o direito de ter acesso a um suprimento adequado

    de gua potvel e segura. Neste contexto, segura refere-se a uma oferta de gua

    que no represente risco significativo sade.

    Nos equipamentos odontolgicos, a gua utilizada nas seringas trplices

    que expelem ar, gua ou ar e gua simultaneamente; nos ultra-sons, utilizados para

    remoes de clculos; nas turbinas de alta rotao, com intuito de resfriar as brocas

    adaptadas s turbinas, evitando leses pulpares e nas cuspideiras (MOHAMMED,

    MANHOLD; MANHOLD, 1964; WALKER; MARSH, 2004).

    Tais equipamentos podem receber suprimento de gua por meio de ligao

    direta rede de abastecimento municipal ou de gua armazenada em reservatrios

    individuais, localizados no cho prximos aos equipos, ou em garrafas individuais

    tipo pet (WALKER et al., 2000; WATANABE, 2003).

    Os reservatrios, por sua vez, podem ser preenchidos com gua de

    abastecimento pblico, gua esterilizada, soluo fisiolgica, gua destilada,

    deionizada, adicionada de solues anti-spticas, entre outros (CHIBEBE; UENO;

    PALLOS, 2002).

    De acordo com PANKHURST e JOHNSON (1998), a gua utilizada nos

    equipos odontolgicos deveria ser isenta de microrganismos, pois os pacientes

    esto submetidos ao contato direto com a mesma, que pode ser ingerida e inalada

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  • 9

    na forma de aerossis, produzidos pelas seringas trplices, ultra-sons e turbinas de

    alta rotao.

    O potencial de contaminao da gua dos equipos foi abordado em 1963,

    por BLAKE em um estudo que buscava determinar o risco de transmisso de

    doenas por meio da gua do equipamento odontolgico. Foram coletadas sete

    amostras de gua de dois tipos de reservatrios, sendo um, responsvel pelo

    suprimento das seringas trplices (tipo garrafa) e outro pelo suprimento das turbinas

    de alta rotao (fixo no cho). As amostras foram semeadas em Agar Sangue e

    Agar Mac Conkey, e incubadas em aerobiose a 37 C por 24 horas. Das quatro

    amostras obtidas do reservatrio das seringas trplices, trs estavam isentas de

    contaminao e uma apresentou 6,7x105UFC/ml. Todas as amostras retiradas dos

    reservatrios que alimentavam as turbinas de alta rotao estavam contaminadas,

    com 1,0x103, 1,03x105, 2,52x105UFC/ml respectivamente. O autor concluiu que

    ambos reservatrios estavam freqentemente contaminados com microrganismos

    no patognicos e o nico microrganismo patognico isolado foi a Pseudomonas

    pyocynea, de baixa patogenia.

    Baseados neste estudo, ABEL et al. (1971) realizaram um levantamento

    microbiolgico na gua de equipos odontolgicos instalados em consultrios

    particulares. Foram coletadas amostras de gua das linhas dgua (mangueiras) das

    turbinas de alta rotao, com e sem turbinas acopladas e de seringas trplices, nas

    quais foram detectadas bactrias comuns cavidade bucal. Um estudo preliminar

    das amostras de gua das turbinas de alta rotao e seringas trplices foi realizado

    com a semeadura de amostras em HIA Heart Infusion Agar, incubadas por 48

    horas a 37 C, seguida da contagem do nmero de UFC/ml, que alcanou contagens

    acima de 1,0x103UFC/ml. Estudos subseqentes determinaram a contaminao da

    gua das mangueiras com e sem conexo das turbinas de alta rotao, das seringas

    trplices e de torneiras de pias. Setenta e duas amostras foram coletadas de 10

    equipos pertencentes a 3 clnicas particulares e semeadas em HIA, Mitis Salivarius

    Agar, e EMB Eosin Methylene Blue Agar. O nmero de UFC/ml encontrado

    variou de 4,0x102 a 1,0x106, com mdia de 1,8x105UFC/ml. As amostras de gua

    das pias, que abasteciam os equipos, mostraram contagens de 0 a 90UFC/ml, mdia

    de 15UFC/ml. Os microrganismos encontrados nas amostras de gua dos equipos

    eram semelhantes aos encontrados na boca. Streptococcus mitis, S. salivarius e

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  • 10

    Enterococcus foram isolados em 26%, 16% e 40% das amostras, respectivamente.

    A contaminao bacteriana nas guas excedia os limites permitidos para a gua de

    abastecimento pblico (100UFC/ml) e os autores sugeriram que os dentistas

    deveriam realizar uma anlise microbiolgica peridica da gua expelida pelas

    turbinas, para verificar sua qualidade.

    McENTEGART e CLARK (1973) analisaram a contaminao microbiana da

    gua de 20 equipos odontolgicos, escolhidos aleatoriamente, supridos diretamente

    pela gua de abastecimento pblico ou com reservatrios individuais, das quais

    foram isolados bacilos Gram-negativos que cresceram em Agar Mac Conkey. Os

    autores demonstraram que o sistema de tubulao das linhas dgua dos equipos

    favorecia o desenvolvimento bacteriano, devido dificuldade de desinfeco de

    suas tubulaes, pois sua estrutura permitia a estagnao da gua por longos

    perodos de tempo. Como soluo ao problema, foi sugerido motivar os fabricantes a

    desenvolverem sistemas que permitissem a desinfeco.

    Buscando verificar o nvel de contaminao microbiana na gua expelida

    dos equipos, GROSS, DEVINE e CUTRIGHT (1976) investigaram 12 equipos

    pertencentes a 2 clnicas do exrcito, dos quais foram coletadas amostras das

    mangueiras das turbinas de alta rotao, com e sem turbinas acopladas, das

    seringas trplices e dos ultra-sons sem pontas acopladas. Antes de coletar a primeira

    amostra, as turbinas foram acionadas, para expelir uma quantidade de gua,

    procedimento denominado de flush, com durao de dois minutos. Amostras

    adicionais de gua foram coletadas das torneiras das clnicas antes e aps cinco

    minutos de drenagem. Todas as amostras foram plaqueadas em meio TSA

    Trypticase Soy Agar, incubadas em aerobiose por sete dias a 35 C, seguidas da

    contagem do nmero de UFC/ml aps 48 horas e 7 dias. Os resultados

    demonstraram que a maioria das amostras apresentou contagens de 2 a 10 vezes

    maior com 7 dias, do que com 48 horas de incubao. Antes do incio da rotina de

    trabalho, a contaminao das linhas dgua das turbinas de alta rotao variou de

    5,7x103UFC/ml a 3,3x106UFC/ml. Aps longos perodos de desuso (finais de

    semana e de um dia para o outro) em que as guas ficaram estagnadas nas linhas

    dgua, as mdias das contagens foram de 2,85x105UFC/ml e 9,29x105UFC/ml,

    respectivamente. O flush de gua de dois minutos reduziu o nmero de UFC nas

    guas das amostras, entretanto, no foi suficiente para eliminar a contaminao. As

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  • 11

    guas das seringas trplices estavam menos contaminadas (1,0x103UFC/ml a

    1,0x104UFC/ml, e uma unidade apresentou 1,9x105UFC/ml), se comparadas com a

    dos ultra-sons e das mangueiras das turbinas de alta rotao. As amostras de gua

    obtidas das torneiras da clnica, antes e aps drenagem de cinco minutos de gua

    apresentaram respectivamente contaminao de 0 a 63UFC/ml e 0 a 3UFC/ml. Os

    resultados demonstraram que os nveis de contaminao microbiana nos sistemas

    de gua dos equipos eram elevados, mesmo aps realizao do flush de dois

    minutos, fora dos nveis aceitveis para gua de consumo humano.

    Um levantamento publicado em 1978 pela AMERICAN DENTAL

    ASSOCIATION intitulado Controle de infeco no consultrio odontolgico reforou

    a hiptese levantada por McENTEGART e CLARK (1973) de que algumas

    caractersticas do tratamento odontolgico poderiam contribuir para a transmisso

    da infeco cruzada, tais como: a dificuldade de esterilizar e/ou descontaminar as

    mangueiras, nas quais a gua quando estagnada, propiciaria a proliferao de

    microrganismos presentes em baixo nmero na gua da fonte de abastecimento; o

    elevado nmero de pacientes que visitam anualmente cada dentista (em torno de

    3.500 visitas/ano); a possibilidade de penetrao de microrganismos nas tubulaes

    devido ao refluxo nas turbinas, com posterior liberao dos mesmos no paciente

    subseqente (a vlvula anti-retrao, que causa presso negativa para evitar o

    gotejamento e aspira microrganismos presentes na saliva, despejando-os na turbina

    de alta rotao); e o custo elevado das turbinas, fazendo com que o Cirurgio-

    Dentista tenha poucas unidades disponveis nos consultrios, que so submetidas

    apenas ao processo de desinfeco no intervalo entre pacientes. Os aerossis

    eliminados pelas turbinas podem conter vrus, bactrias e fungos que,

    principalmente em pacientes imunocomprometidos, podem causar doenas

    oportunistas. A ADA sugeriu que todos os instrumentos usados em contato direto

    com a cavidade bucal deveriam ser submetidos esterilizao qumica ou fsica.

    Nas turbinas de alta rotao, quando no fosse possvel esteriliz-las, deveria ser

    realizada a desinfeco por meio de frico com gaze embebida em lcool etlico

    70% e ser expelido um flush de gua por no mnimo dois minutos no intervalo entre

    pacientes. Os autores sugeriram a limpeza das tubulaes de gua com soluo

    desinfetante contendo glutaraldedo, cloro e detergente iodoformado e a realizao

    de testes microbiolgicos peridicos na gua dos equipamentos para verificar a

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  • 12

    contaminao, bem como alertaram sobre a ineficcia do lcool etlico contra formas

    esporuladas, em casos nos quais a esterilizao no fosse possvel.

    Buscando verificar a contaminao microbiana da gua expelida pelas

    turbinas de alta rotao e seringas trplices, MILLS, LAUDERDALE e MAYHEW,

    (1986) investigaram 10 equipos odontolgicos, com reservatrios e gua

    esterilizados. De cada equipo, foram coletadas duas amostras das mangueiras das

    turbinas de alta rotao, sem as turbinas acopladas e duas das seringas trplices,

    semeadas na superfcie de placas contendo Dextrose Agar, pela tcnica do

    spread plate, incubadas a temperatura ambiente por 48, 96 e 120 horas. Observou-

    se contaminao acima de 7x103UFC/ml, em todas as amostras, sendo isoladas as

    bactrias Pseudomonas paucomobilis, Pseudomonas cepacia, Pseudomonas

    maltophilia e Flavobacterium sp. e predominantemente a levedura Rhodotorula

    rubra, concluindo que apenas o uso de gua esterilizada nos reservatrios no foi

    suficiente para prover gua de qualidade.

    At o ano de 1987, as recomendaes a respeito da transmisso de

    patgenos atravs da gua dos equipamentos odontolgicos apresentavam uma

    conotao preventiva, porm MARTIN (1987), relatou clinicamente dois casos de

    pacientes comprometidos imunologicamente que foram infectados por Pseudomonas

    aeruginosa, quando submetidos a tratamento odontolgico em hospital odontolgico

    em Liverpool. Em ambos o caso, foi isolado P. aeruginosa em amostras de gua

    coletadas da turbina de alta rotao do equipo usado para tratar os pacientes,

    comprovando ser esta, a fonte de contaminao.

    SCHEID, ROSEN e BECK (1990) realizaram a contagem de bactrias

    presentes na gua de 20 equipos em desuso, por pelo menos 24 horas, da clnica

    odontolgica da Universidade do Estado de Ohio - EUA. Quatro diferentes volumes

    de gua (100, 200, 300, 400 ml) foram coletados das linhas dgua das turbinas de

    alta rotao, sem as turbinas acopladas, totalizando 1000 ml. Aps isso, 20 turbinas

    de alta rotao estreis sem lubrificantes foram conectadas s linhas dgua e duas

    amostras de 100 ml foram coletadas. Todas as amostras foram semeadas pela

    tcnica do pour plate em meio TSA adicionado de 5% de sangue de carneiro,

    seguido de incubao por 48 horas. Os resultados demonstraram uma reduo

    estatisticamente significativa no nmero de UFC/ml nas quatro amostras

    consecutivas coletadas das linhas dgua dos aparelhos de alta rotao, sem estes

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  • 13

    estarem conectados. A mdia de contaminao da primeira amostra foi de

    545,8UFC/ml, volume expelido de 100 ml; 124UFC/ml, volume expelido de 200 ml;

    14,3UFC/ml volume expelido de 300 ml e 0,5UFC/ml volume expelido de 500 ml

    na ltima amostra. Aps a conexo das turbinas, foi observado um aumento no nvel

    de contaminao, seguido de diminuio, porm no significativo estatisticamente.

    Concluram que fluxos de gua expelidos inferiores a um litro no foram suficientes

    para a reduo significativa no nmero de UFC, e que, em uma situao real, os

    microrganismos alojados no interior da turbina, seriam expelidos para a boca do

    paciente subseqente.

    WHITEHOUSE et al. (1991) determinaram o nmero de bactrias na gua

    durante os perodos de uso e desuso dos equipos odontolgicos. Coletaram

    amostras de 11 equipos, sendo 4 de uma clnica principal e 7 de pr-clnicas que

    no tinham sido utilizadas para tratamento de pacientes da Faculdade de

    Odontologia da Universidade de Alberta - EUA, plaqueadas em Agar Nutriente

    (Tryptose Blood Agar com extrato de levedo) e incubadas a 37 C por 48 horas em

    aerobiose. Aps a coleta inicial, foi efetuado um flush (100 ml/min) com durao de

    20 minutos em cada equipo para a remoo total das bactrias. Aps esse

    procedimento, cada equipo foi fechado por 48 horas para permitir a reorganizao

    do biofilme. As mangueiras de poliuretano, intactas, de cada equipo, foram

    removidas, preenchidas com gua esterilizada e imediatamente drenadas e

    analisadas quanto ao nmero de bactrias. Aps esse procedimento, cada uma foi

    submetida a um flush de gua de torneira por 20 minutos, preenchidas com gua

    esterilizada, e mantidas seladas a temperatura ambiente por 48 horas. Todas as

    guas provenientes dos equipos estavam contaminadas inicialmente

    (1,0x105UFC/ml), entretanto, aps 20 minutos de flush, todas as amostras estavam

    isentas de contaminao. Em oito casos, as guas esterilizadas que passaram

    atravs das mangueiras dos equipos tornaram-se contaminadas (3,0x102UFC/ml) e

    aps 20 minutos de flush no apresentaram crescimento bacteriano. As guas

    esterilizadas e mantidas por 48 horas nas mangueiras apresentaram crescimento

    bacteriano em todas as amostras. Nos equipos, foram isoladas as bactrias

    Pseudomonas paucimobilis, Methylobacterium mesophilica, Neisseria elongata,

    Pseudomonas sp., Flavobacterium sp. Observou-se que havia completa remoo

    das bactrias aps 20 minutos de flush de gua e que, aps estagnao por 48

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  • 14

    horas, havia a recontaminao da gua, sugerindo que o biofilme aderido parede

    das mangueiras fosse a fonte provvel de contaminao microbiana da gua dos

    equipos.

    Os riscos de infeco cruzada, associados a processos operatrios

    rotineiros que utilizavam a turbina de alta rotao, foram avaliados por LEWIS e BOE

    (1992) atravs da utilizao de uma soluo corante (corante vermelho Kroger,

    Cincinnati, Ohio) que simulava os fluidos orais, sangue e saliva. A soluo corante

    foi injetada nas mangueiras das turbinas de alta rotao sem turbinas acopladas em

    parte do experimento, e em um segundo momento, turbinas de alta rotao com

    brocas adaptadas foram acionadas em intervalos de 1 a 25 segundos, em 50 ml da

    soluo corante tendo o cuidado de no submergir sua cabea no lquido, simulando

    o processo de preparo cavitrio em pacientes, no qual as partes externas da turbina

    ficavam em contato com a saliva. As amostras de gua em ambos os casos foram

    coletadas em tubos de ensaio acionando as mangueiras, com e sem turbinas

    conectadas, em intervalos de 1 a 5 segundos, com vazo de gua de

    aproximadamente 1,0 ml/s, durante 10 minutos. A quantidade de corante nas

    amostras coletadas foi determinada com o auxlio de um espectrofotmetro em

    comprimento de onda de 210nm (Perkin-Elmer Lambda 4C), usando a gua pura

    das mangueiras como branco. Os resultados demonstraram que a maior eliminao

    do corante, foi no incio do flush, com uma rpida e exponencial eliminao,

    seguida de uma constante eliminao, com apenas traos de corante presentes nas

    amostras. Aps desconectar as turbinas das mangueiras, o corante continuou sendo

    eliminado, mesmo acionando a turbina por mais de 10 minutos. Os autores

    comprovaram que a soluo se alojava nas cmaras internas das turbinas,

    simulando o que ocorria clinicamente com a saliva, que acabava criando

    reservatrios de microrganismos que se depreendiam lentamente pela passagem de

    gua quando a turbina era acionada, permitindo que microrganismos de um paciente

    fossem expelidos a outro, caso no houvesse esterilizao da turbina. Esse estudo

    reproduziu em laboratrio o procedimento clnico rotineiramente realizado pelo

    Cirurgio-Dentista, alertando que a turbina pode ser um agente transmissor de

    patgenos no consultrio odontolgico e a gua utilizada para resfriamento das

    brocas, pode contribuir para disseminao da infeco cruzada.

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  • 15

    No Brasil, o exame bacteriolgico da gua de equipos odontolgicos foi

    realizado por FANTINATO et al. (1992), em 83 equipos de clnicas da Faculdade de

    Odontologia de So Jos dos Campos SP e em 10 equipos de clnicas

    particulares. As pontas das seringas trplices foram desinfetadas com algodo

    umedecido em lcool 70%, com primeiro jato de gua, desprezado por

    aproximadamente 10 segundos. Aps esse procedimento, 100 ml de amostra de

    cada seringa foram coletadas e semeadas em meio PCA, pela tcnica do pour

    plate, incubadas a 35 C por 48 horas. Os resultados obtidos demonstraram que

    apenas 1 equipo dos 83 analisados nas faculdades, e 2 dos 10 equipos de clnicas

    particulares estavam dentro das especificaes legais propostas pelo Ministrio da

    Sade que avalia as condies sanitrias dos sistemas de abastecimento pblico de

    gua, sendo as demais amostras consideradas imprprias para consumo humano.

    Esta normativa do Ministrio da Sade recomendava que em apenas 20% das

    amostras analisadas por ms, semestre ou ano, a contagem de bactrias

    heterotrficas efetuadas poderia exceder 5,0x102UFC/ml e, se ocorresse nmero

    superior ao recomendado, deveria ser providenciada uma nova coleta e inspeo

    local imediata. Contagens acima de 1,0x105UFC/ml foram freqentes, sendo que a

    maior contagem detectada foi de 3,08x105UFC/ml, muito alm do valor permitido

    pelo Ministrio da Sade.

    Mesmo dispondo de artifcios capazes de reduzir a contaminao bacteriana

    nas tubulaes dos equipos, estudos anteriores demonstraram que a gua

    estagnada nas mangueiras poderia ser recontaminada por bactrias aderidas s

    superfcies internas das tubulaes, devido presena de biofilmes. Os biofilmes

    presentes nas mangueiras podiam estar relacionados com o refluxo de gua passivo

    que ocorria nas turbinas de alta rotao, mesmo com vlvulas anti-retrao, e

    poderiam ser persistentes e resistentes a descontaminao com biocidas. Se a rede

    de suprimento de gua (reservatrio) no estivesse estril, as turbinas seriam

    contaminadas, assim como no sentido inverso (MARTENS, 1992).

    Estudo microbiolgico em amostras de unidades de gua em equipos de trs

    estados americanos revelou um alto e inaceitvel nvel de contaminao, devido a

    biofilmes formados ao longo das paredes das tubulaes. As amostras de gua de

    116 seringas trplices, 54 turbinas de alta rotao e 12 ultra-sons foram coletadas de

    150 equipos, durante o expediente do consultrio. Nenhuma tentativa de acionar o

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  • 16

    sistema flush antes da coleta foi feita, de modo a reproduzir a rotina nos

    consultrios. As amostras foram semeadas em meio TSA e incubadas a 20 C

    durante 96 horas. Fragmentos de mangueira foram removidos e examinadas em

    MEV Microscpio Eletrnico de Varredura. Em 72% das amostras de gua do

    equipo, havia contaminao bacteriana, que as classificava como inaceitvel para o

    consumo humano (mais de 500UFC/ml), com predominncia de Pseudomonas spp.,

    Staphylococcus, Micrococcus e fungos filamentosos isolados tais como Penicillium,

    Cladosporium, Alternaria e Scopulariopsis. A contagem do nmero de bactrias

    heterotrficas variou de 49,70x103UFC/ml a 12,0x105UFC/ml (mdia de

    15,62x104UFC/ml) para as amostras de gua das seringas trplices e de

    72,5x103UFC/ml a 55,0x104UFC/ml (mdia de 14,03x102UFC/ml) para as amostras

    provenientes das turbinas de alta rotao. Nas amostras de gua do ultra-som, a

    contagem bacteriana variou de 0 a 37,3x103UFC/ml (mdia de 19,8x103UFC/ml). A

    MEV evidenciou a formao de biofilme nas paredes dos fragmentos de mangueiras

    dos equipos. Os autores concluram que a presena de tais microrganismos em altos

    nveis poderia ter, provavelmente, como fonte primria, os pacientes, e estava

    associada falta de desinfeco e esterilizao das turbinas, seringas trplices e

    ultra-sons (WILLIAMS et al., 1993).

    O potencial de refluxo de fluidos bucais para o interior da turbina foi

    investigado por MILLS, KUEHNE e BRADLEY, (1993). Vinte turbinas de alta rotao

    previamente esterilizadas foram selecionadas da Clnica Odontolgica Militar. Foi

    solicitado aos profissionais que utilizassem as turbinas de modo a reproduzir sua

    rotina, incluindo os procedimentos de desinfeco qumica que inclua frico com

    gaze embebida em soluo de desinfetante iodforo, no intervalo entre pacientes,

    sem realizar qualquer procedimento de esterilizao. Aps o trmino de cada

    sesso, as turbinas foram coletadas em embalagens limpas, separadas e sorteadas

    aleatoriamente em 2 grupos de 10, sendo que, no primeiro grupo, foram limpas,

    lubrificadas e esterilizadas em autoclave. No segundo grupo, no foram realizados

    procedimentos adicionais de esterilizao ou desinfeco. O mandril de cada turbina

    foi removido em mtodos estreis e imerso em frasco contendo soluo salina

    estril, do qual foram retiradas alquotas semeadas pela tcnica do pour plate em

    Eugonager e Agar sangue de carneiro. Nenhum crescimento bacteriano foi

    observado em ambos os grupos (turbinas autoclavadas e no autoclavadas).

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  • 17

    A fim de determinar tcnicas e prticas necessrias para limpeza e

    desinfeco das unidades de gua, BEIERLE (1993) avaliou a qualidade da gua

    utilizada em consultrios odontolgicos. Amostras de gua foram coletadas das

    mangueiras das turbinas de alta rotao, com as turbinas desconectadas, e de

    seringas trplices, em diferentes horrios do dia, semeadas pela tcnica do pour

    plate em meio TSA, e em Agar sangue, pela tcnica do espalhamento em superfcie

    com ala de Drigalski, incubadas em aerobiose a 36 C durante 72 horas.

    Amostras de trs consultrios foram cultivadas em meio Charcoal Yeast Extract

    durante 12 dias e as colnias foram avaliadas quanto presena de Legionella. O

    estudo apontou que, quanto maior o tempo de desuso das unidades de gua, maior

    a presena de microrganismos, e, que a passagem de um fluxo de gua pelas

    mangueiras das turbinas e seringas trplices de 3 a 4 minutos no incio do dia e no

    intervalo entre pacientes reduzia significativamente o nmero de microrganismos

    presentes.

    A qualidade da gua em equipos odontolgicos com reservatrio tipo

    garrafa, foi avaliada por WILLIAMS et al. (1994), submetendo amostras de 24

    equipos, sendo 12 de consultrios particulares e 12 de uma clnica odontolgica

    cirrgica, anlise microbiolgica. Na clnica cirrgica, amostras da seringa trplice e

    do reservatrio tipo garrafa, abastecidos com gua esterilizada, de contineres

    comerciais ou destiladas, foram coletadas pela manh, aps a gua ficar estagnada

    nas mangueiras do equipo de um dia para o outro. Aps a coleta, as amostras foram

    semeadas em duplicatas, pela tcnica do spread plate em Agar Peptona,

    incubadas por 4 semanas a 25 C. Os resultados demonstraram que todas as

    amostras provenientes da clnica cirrgica estavam altamente contaminadas por

    bactrias, com os nveis variando de 17,0x102 a 1,0x106 de UFC/ml, e mdia de

    28,8x104UFC/ml. As amostras obtidas do reservatrio tipo garrafa apresentaram

    contagem mdia de 22,0x103UFC/ml, com exceo de um equipo, no qual a

    contagem de bactrias nas guas dos reservatrios tipo garrafa foi inferior das

    seringas trplices. Os equipos conectados diretamente gua de abastecimento

    municipal apresentaram contaminao de 32,0x102 a 56,0x105UFC/ml, com mdia

    de 16,74x104UFC/ml. As guas dos equipos apresentaram um alto nvel de

    contaminao microbiana, ainda que as guas utilizadas para abastec-los

    estivessem isentas de microrganismos (gua estril, ou de abastecimento pblico),

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  • 18

    permitindo inferir que a fonte de contaminao das guas dos equipamentos

    odontolgicos era a presena de biofilmes nas paredes das mangueiras dos

    equipos.

    ATLAS, WILLIAMS e HUNTINGTON, (1995), coletaram amostras de gua

    de 28 equipamentos odontolgicos nos estados da Califrnia, Massachusetts,

    Michingan, Minnesota, Oregon e Washington USA, sendo 20 de clnicas

    particulares e 8 de clnicas institucionais, totalizando 265 amostras, que incluam

    gua das mangueiras das turbinas de alta rotao, seringas trplices e ultra-sons. Os

    pesquisadores examinaram as amostras quanto presena de Legionella

    pneumophila e outras espcies de Legionella spp., atravs do exame de PCR -

    Reao em Cadeia da Polimerase, microscopia de imunofluorescncia e mtodo de

    contagem de microrganismos viveis. No mtodo PCR, detectou-se Legionella spp.

    em 68% das amostras das unidades de gua e Legionella pneumophila em 8%. Os

    exames de microscopia de imunofluorescncia e mtodo de contagem de

    microrganismos viveis indicaram que a contaminao estava presente nas

    unidades de gua, especialmente na gua expelida pelas turbinas.

    A qualidade da gua de equipos odontolgicos de consultrios privados e de

    equipos antigos e novos das clnicas da Escola de Odontologia da Universidade de

    Montreal Canad foi investigada por PREVOST et al. (1995). Duas amostras de

    aproximadamente 5,0 ml foram coletadas das seringas trplices (do equipo principal

    e auxiliar), das mangueiras sem turbinas conectadas e dos ultra-sons, antes e

    depois de realizar um flush de 2 minutos, designadas T0 e T1, respectivamente.

    Amostras adicionais de gua foram coletadas de torneiras usadas para preencher o

    reservatrio dos equipos tipo garrafa. Todas as amostras coletadas foram diludas e

    plaqueadas em meio BIH Brain Heart Infusion Agar, incubadas a 37 C por 48

    horas. Os resultados demonstraram contagens bacterianas nas guas das

    mangueiras das turbinas de alta rotao antes do flush (To) de 5,0x102 a

    3,33x106UFC/ml. Aps flush (T1), a contagem reduziu significativamente, mas no

    alcanou valores abaixo de 5,0x102 UFC/ml. O nvel mdio de microrganismos, nas

    guas dos reservatrios tipo garrafa foi de 6,6x102UFC/ml, enquanto que na gua da

    torneira, utilizada para preencher os reservatrios esta contagem foi apenas

    15UFC/ml, indicando que a provvel causa de contaminao000 das guas era o

    biofilme formado ao longo das paredes das mangueiras. Concluram que todas as

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  • 19

    amostras de gua dos equipos apresentavam elevados nveis de contaminao

    microbiana, mesmo a fonte de gua apresentando baixo nmero de bactrias

    (15UFC/ml).

    WILLIAMS, BAER e KELLEY, (1995), avaliaram a contaminao microbiana

    da gua e a formao de biofilme nas mangueiras de 3 seringas trplices, de equipos

    odontolgicos conectados diretamente gua de abastecimento pblico, em uso por

    mais de dois anos, em uma escola de odontologia. As mangueiras foram

    desconectadas dos equipos convencionais e conectadas a equipos com

    reservatrios tipo garrafa pet, isentos de contaminao microbiana. Foram coletas

    amostras de 2,0 ml de gua, no incio do acionamento dos equipos, depois de 24 e

    48 horas de estagnao da gua nas mangueiras, e logo aps flush de gua de 10

    minutos e mais 24 horas de estagnao (72 horas). As amostras foram diludas,

    semeadas em meio de peptona e incubadas a 25 C por 28 dias. Para verificar a

    presena de biofilmes nas mangueiras, antes da trocar os reservatrios

    convencionais por garrafas pet, foram cortados fragmentos das mangueiras de

    duas seringas trplices, e submetidos anlise em MEV. As mdias de

    contaminao das guas foram de 9,2x106UFC/ml, no incio do acionamento dos

    equipos; 3,0x106UFC/ml e 1,4x106UFC/ml, aps estagnao da gua por 24 e 48

    horas respectivamente; 0UFC/ml, aps 10 minutos de flush e de 1,5x101UFC/ml,

    aps 24 horas de estagnao da gua (tempo total de 72 horas). Com auxlio de

    MEV, foi detectada a presena de biofilme, complexo, maduro e bem desenvolvido

    nas paredes das mangueiras dos equipos convencionais. O flush de 10 minutos

    com gua isenta de contaminao, reduziu o nmero de microrganismos a nveis

    no detectveis, entretanto, aps ficar em desuso por mais 24 horas, as mangueiras

    foram novamente recolonizadas, e as amostras obtidas apresentaram contaminao

    de 1,5x101UFC/ml. Concluram que o biofilme formado ao longo das paredes das

    mangueiras era a maior fonte de contaminao microbiana da gua dos equipos

    odontolgicos.

    Para SHEARER (1996), as espcies microbianas que colonizam as

    unidades de gua de equipamentos odontolgicos so, em sua maioria, fungos,

    bactrias e protozorios de vida livre, sendo que os vrus, como o HIV, no so

    capazes de se multiplicar. Todavia, possvel que fluidos orais sejam aspirados

    durante o tratamento odontolgico para o interior das turbinas e mangueiras,

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  • 20

    contendo inmeros microrganismos passveis de multiplicao, sendo expelidos a

    outro paciente.

    De acordo com BARBEAU, GAUTHIER e PAYMENT, (1998), o principal

    problema da gua dos equipos odontolgicos a formao de biofilmes e

    conseqentemente a possibilidade de transmisso de agentes infecciosos aos

    pacientes, durante o tratamento odontolgico. Tais biofilmes podem ser uma das

    fontes de infeco cruzada, pois patgenos como micobactrias no tuberculticas,

    Pseudomonas aeruginosa, Legionella pneumophila, entre outras, podem se

    desenvolver e proliferar neste local, at posteriormente colonizarem um hospedeiro

    suscetvel.

    Buscando identificar estes possveis patgenos nas guas dos equipos,

    BIANCHI et al. (1998) realizaram uma anlise microbiolgica quantitativa da gua

    que alimentava as canetas de alta rotao, em 4 ambulatrios da Faculdade de

    Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, totalizando 27

    amostras. No ambulatrio 1, funcionavam a clnica de endodontia e a clnica

    integrada (7 equipos); no 2, prtese dentria (7 equipos); no 3, odontopediatria (6

    equipos); e no 4, dentstica e periodontia (7 equipos). Os equipos foram escolhidos

    por sorteio, considerando a possibilidade do reservatrio conter gua suficiente para

    a coleta. Antes do incio da coleta, a extremidade da mangueira que alimentava a

    turbina de alta rotao foi desinfetada com lcool etlico a 70% e os primeiros 30

    segundos de gua corrente foram desprezados. As amostras foram coletadas em

    frasco estril contendo 0,12 ml de soluo de tiossulfato de sdio e semeadas pela

    tcnica do pour plate, em meio PCA, incubadas em estufa a 35 C durante 48

    horas. Para deteco de coliformes totais e fecais, os pesquisadores utilizaram o

    mtodo de substrato cromognico, o qual permite deteco simultnea de coliforme

    total e Escherichia coli. Os resultados demonstraram que todas as unidades dentais

    do Ambulatrio 1 estavam fora dos padres de potabilidade e, 4 das 7 amostras

    analisadas apresentavam contagens de bactrias heterotrficas superiores a

    6,5x104UFC/ml (130 vezes maior que a contagem permitida), porm no foram

    detectados coliformes totais ou fecais. No ambulatrio 2, tambm no foram

    encontrados coliformes totais ou fecais, mas todas as amostras apresentavam um

    nmero de bactrias heterotrficas superior ao permitido. No ambulatrio 3, apenas

    uma amostra estava dentro dos padres de potabilidade, entretanto uma unidade

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  • 21

    apresentou contagem de 2UFC/ml, para coliformes totais ou fecais. Como

    concluso, observou-se que a grande maioria das unidades dentais analisadas,

    88,89%, estava em desacordo com os padres de potabilidade exigidos e que

    apenas 11,11% estavam dentro dos padres, resultados semelhantes a estudos em

    pases desenvolvidos, denotando que o problema da qualidade de gua ofertada

    nos consultrios odontolgicos no regional e sim mundial.

    Em busca de mtodos simples para deteco de bactrias nas linhas dgua

    de equipos, KARPAY, PLAMONDON e MILLS, (1999) testaram a tcnica do HPC

    Hererotrophic Plate Count, Millipore comparada tcnica do plaqueamento em

    Agar R2A Low Nutrient Agar. Foram coletadas 8 amostras de gua da seringa

    trplice, de um equipo com 25 anos de uso sem qualquer tratamento prvio para

    remoo de biofilmes e que apresentavam ligao direta gua de abastecimento

    pblico. Aps a remoo das pontas da seringa trplice, amostras de 100 ml foram

    coletadas, submetidas a diluies e semeadas pela a tcnica do espalhamento em

    superfcie em Agar R2A e pela tcnica do HPC. Os resultados obtidos sugeriram que

    a contaminao da gua medida pelo teste HPC estava correlacionada aos

    resultados obtidos em placas contendo Agar R2A e que, desta forma, o Cirurgio-

    Dentista poderia realizar as anlises da gua sem a necessidade de treinamento

    microbiolgico, atravs da tcnica do HPC.

    No Recife PE, AGUIAR e PINHEIRO (1999) avaliaram a qualidade de 148

    amostras de gua coletadas de 37 equipos odontolgicos. Os equipos foram

    divididos em trs grupos de acordo com a localizao dos reservatrios de gua e

    disponibilidade do Sistema Flush (Dabi-Atlante, So Paulo) que, segundo o

    fabricante, tinha funo de desinfetar as linhas de gua e as peas de mo, atravs

    da passagem de soluo de hipoclorito de sdio. No grupo I, os equipos

    apresentavam reservatrio na caixa de comando; no grupo II, o reservatrio era

    acoplado unidade auxiliar e, no grupo III, os equipos apresentavam o Sistema

    Flush. As amostras foram coletadas de cada equipo, em quatro diferentes locais:

    reservatrio, seringa trplice, linha dgua da turbina de alta rotao sem conect-la e

    spray da turbina de alta rotao. As amostras foram coletadas antes do primeiro

    atendimento do dia, aps desinfeco com lcool 70% (p/v) das turbinas de alta

    rotao e pontas da seringa trplice, em frascos de vidro contendo 0,1 ml de soluo

    de tiossulfato de sdio a 10%. A tcnica dos tubos mltiplos foi empregada para a

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  • 22

    determinao do NMP - nmero mais provvel de coliformes totais e fecais - e a

    contagem de microrganismos totais foi realizada em placas com PCA. Do total dos

    equipos analisados, 70,2% apresentaram contaminao nas guas dos reservatrios

    e 92,3% das seringas trplices. Em termos de contaminao por local de coleta,

    somente 2 equipos (5,4%) estavam totalmente livres de bactrias, 35 (94,6%) tinham

    algum local contaminado e a presena de microrganismos patognicos foi detectada

    em mais de 50% dos equipos. Dados do grupo I mostraram que 64,3% das amostras

    estavam contaminadas, enquanto 100% do grupo III, com Sistema Flush, no

    apresentavam contaminao. A gua procedente das unidades auxiliares (grupo II)

    apresentou 57,1% de contaminao. As guas dos reservatrios dos grupos I, II, III

    apresentaram, respectivamente, 78,6, 57,1 e 77,8% de contaminao. Quanto

    presena de coliformes, os resultados demonstraram contaminao de 13,5, 16,2,

    2,7 e 13,5% nas guas das seringas trplices, das mangueiras com turbinas de alta

    rotao conectadas, das mangueiras sem as turbinas conectadas e dos

    reservatrios, respectivamente. Os autores concluram que, das 148 amostras de

    gua analisadas, 116 apresentaram contaminao e foram consideradas imprprias

    para consumo domstico e/ou hospitalar, e apenas 32 consideradas potveis,

    segundo os padres estabelecidos pelo Ministrio da Sade em 1999. Os elevados

    nveis de microrganismos presentes na gua e a ineficcia do Sistema Flush

    podiam ser fontes potenciais de infeco cruzada.

    O grau de contaminao das guas dos equipos antes e aps o uso de

    turbinas de alta rotao, em 3 diferentes condies clnicas, foi analisado por

    CARDOSO et al. (1999). Os autores fizeram uma diviso em grupos, os quais foram

    numerados como a seguir: no grupo I, foram includos os equipos de clnicas nos

    quais gua era proveniente da rede de abastecimento pblico; no grupo II, equipos

    com Sistema Flush (Dabi-Atlante, So Paulo) que, aps a descontaminao das

    linhas dgua por este sistema, tiveram os reservatrios tipo garrafa abastecidos

    com gua destilada esterilizada; grupo III, equipos do centro cirrgico, abastecidos

    com gua destilada esterilizada, em um reservatrio externo. Antes e aps a

    realizao dos procedimentos clnicos, amostras de gua do spray das turbinas de

    alta rotao foram coletadas com swab e colocadas em tubos de ensaio estreis

    contendo caldo simples, incubadas a 37 C por 48 horas. Amostras dos tubos foram

    submetidas a diluies decimais seriadas em soluo salina at 10-3, e alquotas de

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  • 23

    0,1 ml foram semeadas em placas com Agar Simples e Agar Sangue, incubadas a

    37 C por 48 horas em aerobiose e anaerobiose, seguida da contagem das UFC/ml.

    No cultivo em aerobiose, foram observadas (mtodo presuntivo), as colnias de

    Staphylococcus, Streptococcus, Difteriides, Lactobacillus, Neisseria, Bacillus,

    Listeria, Nocardia Actinomyces, e no cultivo em anaerobiose, Clostridium,

    Actinomyces, Eubacterium, Streptococcus, Lactobacillus, Peptococcus, Sarcina,

    bacteriides, Fusobacterium, Veilonella, Propioniumbacterium, difteriides,

    leptotriquia e Wollinela. No grupo I, no houve diferena estatisticamente

    significativa entre a gua coletada antes e aps os procedimentos clnicos. No grupo

    II, foi observada uma reduo significativa no nmero de UFC/ml aps uso do

    Sistema Flush de desinfeco. No grupo III, observou-se um aumento significativo

    na contaminao da gua aps a interveno cirrgica em pacientes. O Sistema

    Flush foi efetivo para a reduo do nvel de contaminao da gua dos equipos

    odontolgicos estudados.

    NOCE, DI GIOVANNI e PUTNINS (2000) avaliaram a contaminao

    microbiana das amostras de gua e de fragmentos de mangueiras de equipos

    odontolgicos, apresentaram protocolos para a coleta e anlise dos dados e

    investigaram os processamentos laboratoriais que poderiam alterar a contagem de

    microrganismos. No estudo, foram utilizados 16 equipos odontolgicos dos quais

    foram coletadas amostras de gua das seringas trplices e de alta rotao.

    Segmentos das linhas dgua de equipos novos (grupo controle) e em uso, foram

    submetidos a MEV. As amostras foram plaqueadas em meio R2A e PCA. Parte das

    placas foi incubada a 35 C por 7 dias e as demais a 21, 28 e 25 C, durante 2, 4 e 7

    dias respectivamente. A MEV das superfcies das linhas dgua dos equipos novos

    demonstrou no haver presena de biofilmes; em contraste, as linhas de gua das

    seringas trplices e das turbinas de alta rotao de equipos em uso que

    apresentaram filamentos contnuos de matriz orgnica contendo bacilos curtos e

    longos. Observou-se que a temperatura e o tempo de incubao afetaram o

    crescimento de microrganismos heterotrficos. As baixas contagens ocorreram a 21

    C, quando comparadas s temperaturas de 28 e 35 C, que no mostraram

    diferenas significativas entre si. A utilizao das tcnicas spread plate e pour

    plate mostraram resultados semelhantes para a contagem de microrganismos. O

    aumento da contagem de microrganismos nas seringas trplices, aps neutralizao

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  • 24

    do cloro residual com soluo de tiossulfato de sdio, variou significativamente, em

    cada equipo, com mdia de 1,4x105UFC/ml antes da neutralizao e de

    2,2x105UFC/ml aps este procedimento. Passados dois dias de incubao, a mdia

    das contagens nas amostras, de todos os consultrios, no incio do dia, foi de

    3,2x103UFC/ml, e reduziu para 2,0x102UFC/ml aps 2 minutos de flush de gua.

    Alm disso, depois de 7 dias de incubao, as contagens foram 3,2x104UFC/ml no

    incio do dia e 2,5x103UFC/ml aps 2 minutos de flush de gua. A contagem de

    microrganismos heterotrficos, em 2 e 7 dias de incubao, mostrou que 36% e 88%

    dos equipos, respectivamente, excederam os limites recomendados de UFC/ml para

    a gua de consumo humano. Os autores concluram que o tempo e a temperatura

    de incubao, bem como a neutralizao do cloro residual, influenciaram a

    contagem de microrganismos nas guas, e que o flush de gua reduziu a

    contaminao nas amostras.

    A formao microbiana do biofilme e a contaminao de unidades de gua

    foram investigadas por WALKER et al. (2000). Foram avaliadas 55 unidades de gua

    de 21 consultrios odontolgicos utilizados para clnica geral, atravs de amostras

    de gua e de pedaos das mangueiras. Dos equipos selecionados, 32

    apresentavam reservatrio individual, 20 estavam ligados gua de abastecimento

    pblico e 3 apresentavam reservatrio tipo tanque. Amostras de gua foram

    coletadas das seringas trplices e das linhas dgua das mangueiras das turbinas de

    alta rotao, plaqueadas em meios Agar Columbia Blood para estreptococos,

    Actinomyces spp. e anaerbios bucais, Agar R2A, Agar Mac Conkey para

    enterobactrias, Agar Sabouraud Dextrose para Candida spp. e incubadas a

    temperatura e tempo varivel para cada meio de cultura e tcnica empregada.

    Fragmentos das linhas dgua das seringas trplices foram retirados para avaliar a

    presena de biofilmes. Os resultados demonstraram contagens de bactrias que

    alcanaram de 5,0x102 a 1,0x105UFC/ml; 95% das amostras de gua analisadas

    excediam os padres de potabilidade da Unio Europia e 83% excedia os padres

    da ADA. Legionella pneumophila, Mycobacterium spp., Candida spp. e

    Pseudomonas spp., foram detectadas em 1, 5, 2 e 9 consultrios, respectivamente.

    Estreptococos foram detectados em 4 diferentes consultrios e Fusobacterium spp

    em 1, com suspeitas de serem provenientes da cavidade bucal de pacientes, devido

    a falhas no sistema anti-retrao dos equipamentos. Na anlise microbiolgica,

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  • 25

    nenhuma unidade de gua foi considerada limpa, e a gua aspergida nos pacientes,

    excedia os nveis considerados seguros ao consumo humano.

    MILLS (2000) publicou um artigo intitulado A controvrsia da unidade de

    gua odontolgica: acabando com os mitos e definindo solues, no qual o autor

    realizou uma reviso de literatura sobre as principais causas da contaminao da

    gua nos equipos e formao de biofilmes. O autor sugeriu que os dentistas

    deveriam realizar testes de monitoramento da qualidade da gua utilizada em seus

    equipamentos, e que deveriam utilizar preferencialmente gua esterilizada, mesmo

    que fossem poucos os relatos de pacientes que adoeceram aps serem submetidos

    a tratamentos odontolgicos.

    Alm de investigarem a formao de biofilme e a contaminao microbiana

    nas mangueiras de equipos odontolgicos, PUTNINS et al. (2001) verificaram o nvel

    de endotoxina presente. As amostras foram coletadas de 11 equipos, com vrios

    anos de uso, de uma clnica odontolgica, supridos pela gua de abastecimento

    municipal sem adio de agentes antimicrobianos para controle da formao de

    biofilmes nas mangueiras e tubulaes. Aps realizao de flush,

    aproximadamente 40 ml de amostra de gua foram coletadas em tubos esterilizados,

    e plaqueadas atravs da tcnica do espalhamento em superfcie com ala de

    Drigalski em Agar R2A. Foi retirado 1,0 ml dos 40 ml de amostra e filtrado em

    Millipore. As bactrias vivas foram estimadas atravs da anlise da fluorescncia, e

    os nveis de endotoxina foram quantificados com resultados expressos em EU/ml -

    unidades de endotoxina por mililitro de gua. Todas as linhas dgua dos equipos

    apresentaram elevadas contagens de microrganismos heterotrficos, com mdia de

    1,3x104UFC/ml; entretanto, o teste da fluorescncia denotou que grande parte das

    bactrias no estava viva (64%). Os nveis de endotoxinas presentes nas amostras

    de gua das linhas de gua das seringas trplices e das turbinas de alta rotao

    foram de 1,008EU/ml e 4,8x102EU/ml, respectivamente, sendo considerados

    elevados se comparados aos nveis encontrados nas amostras das torneiras das

    pias, que abasteciam os equipos (66EU/ml). Como concluso, observou-se elevada

    contaminao e agregao microbiana, nas amostras de gua dos equipos

    analisados, oferecendo riscos aos pacientes submetidos ao tratamento odontolgico.

    LINGER et al. (2001) avaliaram a contaminao bacteriana nas guas de 24

    equipos odontolgicos com reservatrios individuais de gua tipo garrafa pet,

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    http://www.pdfdesk.com

  • 26

    selecionados aleatoriamente, dentre os 76 existentes na University of Detroit Mercy

    Simulation Lab USA. As amostras de gua foram coletadas das seringas trplices

    e do spray das turbinas de alta rotao, semeadas em placas contendo R2A Agar,

    pela tcnica do spread plate, incubadas a 37 C durante 7 dias. Fragmentos de 1

    cm, provenientes de trs seringas trplices, foram preparados para observao em

    MEV. A maioria das amostras excedeu 2,0x102UFC/ml, com mdias de

    8,44x103UFC/ml. Nos fragmentos observados em MEV, foram detectados a

    presena de biofilmes bem estabelecidos, com variedade de nmero e formas de

    microrganismos. Concluram elevado nvel de contaminao nas guas das seringas

    trplices e das turbinas de alta rotao, com presena de biofilme maduro e bem

    estabelecido, mesmo em equipos abastecidos com gua de boa qualidade

    (

  • 27

    basto de vidro, e incubadas por 72 horas a 37 C e 5% de CO2. Fragmentos das

    linhas dgua, positivas para o exame bacteriolgico, foram examinados atravs de

    MEV. Houve uma reduo estatisticamente significante no nmero de

    microrganismos, descritos em UFC/ml, em cada flush de gua sucessivo (2, 3 e 4

    minutos), se comparados ao tempo inicial, antes do flush. A mdia da contagem

    inicial de bactrias era de 15,32x103UFC/ml que, aps 4 minutos de flush, foi

    reduzida para 31,6x102UFC/ml. Em 12 amostras de fragmentos das linhas dgua

    analisadas, foi observado biofilmes na superfcie do seu lmen, contendo densa

    matriz extracelular, com diferentes morfologias microbianas, tais como cocos, bacilos

    curtos e mdios, espirilos e com freqentes achados de esporos fngicos. Mesmo

    com reduo significativa nas contagens microbianas, o flush contnuo de 4

    minutos no foi suficiente para enquadrar a gua dos equipos analisados nos

    padres propostos pela ADA, que considera aceitvel, nveis inferiores a

    200UFC/ml.

    ARAJO e LOPES-SILVA (2002) verificaram a qualidade microbiolgica das

    guas dos reservatrios, de equipos odontolgicos de 6 consultrios de

    odontopediatria. As amostras foram coletadas em frascos esterilizados e enviadas

    ao Laboratrio de Anlises de gua e Efluentes Lquidos da EPTS - Empresa de

    Pesquisa, Tecnologia e Servios da Universidade de Taubat SP, que, de acordo

    com as normas propostas pela CETESB - Companhia de Saneamento Ambiental,

    determinaram o nvel de contaminao, por coliformes totais e fecais, bactrias

    heterotrficas, aerbias e anaerbias facultativas. Os resultados demonstraram

    ausncia de contaminao por coliformes totais e fecais em todas as 6 amostras,

    porm as amostras 3 e 6, de abastecimento pblico/caixa dgua, cujos reservatrios

    estavam acoplados s unidades auxiliares dos equipos apresentaram mais de

    5,7x103UFC/ml. Alm disso, a amostra 5, gua mineral de galo com reservatrio

    acoplado unidade auxiliar do equipo, apresentou 741UFC/ml. A amostra 1

    (3UFC/ml) com gua de abastecimento pblico direto da rua e reservatrio acoplado

    unidade auxiliar do equipo, a amostra 2 (1,0UFC/ml), com gua de abastecimento

    pblico/caixa de gua, higienizada com hidrosteril (higienizador) e reservatrio

    acoplado unidade auxiliar do equipo e, amostra 4 (6UFC/ml) de abastecimento

    pblico direto da rua, ligada ao reservatrio da caixa de comando no cho, estavam

    prprias para consumo humano, segundo o Ministrio da Sade (

  • 28

    metade das amostras de gua dos equipos analisadas, no estava dentro dos

    padres de potabilidade propostos pelo Ministrio da Sade, podendo ser

    consideradas fontes potenciais de infeco cruzada.

    CHIBEBE, UENO e PALLOS, (2002), avaliaram a contaminao da gua

    dos equipos odontolgicos e as possveis correlaes com os tipos de clnica,

    reservatrio e origem da gua de abastecimento. Foram coletadas 40 amostras de

    gua das seringas trplices de consultrios particulares e clnicas populares de

    Taubat SP. A coleta foi realizada mediante desinfeco das superfcies externa

    das seringas trplices, com algodo embebido em lcool 70%, seguido de flush de

    gua por 30 segundos. As amostras de gua in natura e diludas foram distribudas

    pela tcnica do pour plate em placas contendo meio TSA, incubadas a 37 C por

    48 horas. Os equipos eram de diferentes marcas comerciais, tais como Beltimore

    (1), Cristfoli (2), GNATUS (12), KaVo (3) e Olsen (3), que apresentavam o sistema

    de reservatrio em garrafa de plstico/pet (24) ou reservatrio de gua (16). A

    gua utilizada para preencher o reservatrio ou o pet era proveniente da torneira

    (7), gua mineral comercializada em galo (12) e filtro caseiro (21). A ocorrncia de

    contaminao das amostras de gua foi de 72,5%, sendo que as clnicas

    particulares e os reservatrios tipo pet apresentaram menor taxa de contaminao,

    se comparadas s clnicas populares e aos reservatrios tradicionais. No foram

    observadas diferenas estatisticamente significantes entre as variveis, tipo de

    clnica, reservatrio e gua utilizada para seu abastecimento (torneira, filtrada,

    mineral).

    KETTERING et al. (2002) avaliaram 15 equipos odontolgicos - Adec,

    modelo Decade 1021 - novos, com sistema de circuito de gua fechado e com

    garrafas tipo pet conectadas aos equipos. Os reservatrios foram preenchidos com

    gua esterilizada e as amostras de 5,0 ml foram coletas das seringas trplices e das

    mangueiras das turbinas de rotao sem as peas de mo acopladas, aps flush

    de 30 segundos, antes e aps 6 semanas. As amostras foram filtradas em

    membrana, com poros de 47m de dimetro - Micro-Funnel, Gelma Sciences, Ann

    Arbor, semeadas posteriormente em Agar R2A Difco, e incubadas temperatura

    ambiente por cinco dias, seguido da contagem do nmero de UFC/ml. Amostras

    adicionais de gua foram coletadas da torneira de 7 locais diferentes da escola de

    odontologia, em intervalos semanais, com anlises realizadas em laboratrio

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    comercial licenciado do Estado da Califrnia. O nmero de organismos presente nas

    7 amostras de gua da torneira variou de 4 a 95UFC/ml e a aplicao sistemtica do

    flush de 30 segundos com gua esterilizada durante 6 semanas no foi eficaz na

    reduo do nvel de contaminao microbiana, mdia 644,75x104UFC/ml.

    SOUZA-GUGELMIN et al. (2003) determinaram contaminao microbiana

    das guas de equipos odontolgicos, atravs da coleta de amostras de gua dos

    reservatrios, seringas trplices e alta rotao de 15 equipos de clnicas

    odontolgicas da cidade de Ribeiro Preto SP. As amostras foram inoculadas pela

    tcnica pour plate em meio PCA, incubadas por 48 horas a 32 C, seguido da

    contagem do nmero de UFC/ml. Os resultados demonstraram que os reservatrios

    de 13 dos 15 equipos analisados apresentavam contaminao bacteriana em

    diferentes nveis. As contagens microbianas das amostras de gua das turbinas de

    alta rotao e seringas trplices foram maiores que a dos reservatrios. Concluram

    que os nveis elevados de contaminao microbiana, observados nas guas das

    seringas trplices e turbinas de alta rotao, eram provavelmente decorrentes da

    formao de biofilmes ao longo das linhas de gua.

    WATANABE (2003) avaliou o nvel de contaminao da gua de equipos

    odontolgicos por meio de placas Petrifilm (3M, EUA), coletando amostras de

    gua da seringa trplice e alta rotao antes e aps flush, reservatrio dos equipos

    e da fonte de abastecimento/filtro d