REGULAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA DISPONIBILIDADE DE NITROGÊNIO ...
Avaliação microbiológica associada ao risco de infecção cr…
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITRIO DE PALMAS
MESTRADO EM CINCIAS DO AMBIENTE
FERNANDA VILLIBOR XAVIER
AVALIAO MICROBIOLGICA ASSOCIADA AO RISCO DE INFECO
CRUZADA ATRAVS DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS ODONTOLGICOS
NA REDE PBLICA DE SADE
PALMAS2006
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FERNANDA VILLIBOR XAVIER
AVALIAO MICROBIOLGICA ASSOCIADA AO RISCO DE INFECO
CRUZADA ATRAVS DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS ODONTOLGICOS
NA REDE PBLICA DE SADE
Dissertao apresentada ao curso de Ps-Graduao em Cincias do Ambiente daUniversidade Federal do Tocantins, comorequisito para obteno do ttulo de Mestre emCincias do Ambiente.
Orientador: Prof. Dr. Aparecido OsdimirBertolin
Co-Orientadora: Prof. Dr. Liliana Pena Naval
PALMAS2006
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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
X3a Xavier, Fernanda VilliborAvaliao microbiolgica associada ao risco de infeco cruzadaatravs das linhas dgua dos equipos odontolgicos na rede pblica desade. / Fernanda Villibor Xavier. Palmas: UFT, 2006.97p.
Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Tocantins, Curso dePs-Graduao em Cincias do Ambiente, 2006.Orientador: Prof. Dr. Aparecido Osdimir BertolinCo-orientadora: Prof. Dr. Liliana Pena Naval
1. Equipos odontolgicos 2. Avaliao microbiolgica 3. biofilme 4.controle de infeco I.Ttulo.
CDU 504
Bibliotecrio: Paulo Roberto Moreira de AlmeidaCRB-2 / 1118
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS proibida a reproduo total ou parcial, dequalquer forma ou por qualquer meio. A violao dos direitos do autor (Lei n 9.610/98) crime estabelecido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.
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ii
TERMO DE APROVAO
FERNANDA VILLIBOR XAVIER
AVALIAO MICROBIOLGICA ASSOCIADA AO RISCO DE INFECO
CRUZADA ATRAVS DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS ODONTOLGICOS
NA REDE PBLICA DE SADE
Dissertao aprovada como requisito parcial para obteno do grau de Mestre nocurso de Ps-graduao em Cincias do Ambiente, da Universidade Federal doTocantins, pela seguinte banca examinadora:
Orientador: Prof. Dr. Aparecido Osdimir BertolinProf. do Curso de Cincias Biolgicas, UFT
Prof. Dr. Eleonora Cano CarmonaDepartamento de Bioqumica e Microbiologia, UNESP
Prof. Dr. Hilda Gomes Dutra MagalhesProf. do Curso de Direito, UFT
Palmas, 26 de janeiro de 2006
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Dedicatria
Ao meu pai Antonio Roberto Villibor, meu exemplo de vida e de carter.
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iv
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Aparecido Osdimir Bertolin, amigo, incentivador e orientador,
pela incansvel dedicao dispensada durante a realizao deste trabalho, pelos
conselhos e principalmente, pela confiana em mim depositada.
professora Dr. Liliana Pena Naval pela co-orientao, correes e
conselhos dados durante todo o curso e acima de tudo por acreditar neste trabalho.
professora Dr. Paula Benevides de Morais, pelo exemplo e dedicao ao
magistrio, meu reconhecimento e admirao.
Ao professor Dr. Joenes Mucci Peluzio, pela pacincia, dedicao e ajuda
constante na anlise estatstica.
Prefeitura Municipal de Araguana, por permitir a realizao deste trabalho.
urea Casagrande da Luz, Secretria Municipal de Sade de Araguana,
pelo apoio decisivo, pelo carter e profissionalismo que fazem a sade de
Araguana, se destacar em mbito nacional.
Ao ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos, pelo apoio e
disposio do Laboratrio de Microbiologia, sem o qual, este trabalho no seria
possvel.
Aos professores do Curso de Mestrado em Cincias do Ambiente pelos
ensinamentos e incentivos.
Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paran,
em especial s professoras Fabiana Naufel, Vera Schmitt, Marli Walker e Maria de
Ftima Thomazinho, pela minha formao em nvel de graduao.
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v
equipe do Laboratrio de Microbiologia do ITPAC, em especial a Tcnica de
Laboratrio Maria Guaracy, pelo carinho, e ajuda durante a parte experimental deste
trabalho.
Aos estagirios e bilogas do Laboratrio de Microbiologia e Sade Pblica
da UFT, Campus de Porto Nacional, pela ajuda no incio da minha jornada neste
mestrado.
Anelise Kappes Marques, pela ajuda nos momentos mais difceis, mas
acima de tudo, pela verdadeira amizade.
s minhas irms, em especial Roberta F. Villibor, pelas correes neste
trabalho.
Aos meus pais, Maurien e Villibor, pelo amor, dedicao e compreenso,
muitas vezes no correspondidos.
Ao meu esposo Marcos, pela pacincia, amor, incentivos persistentes nos
momentos em que pensei em desistir e compreenso pela minha ausncia durante o
curso.
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vi
preciso lembrar que no h nada mais difcil de planejar, desucesso mais duvidoso e administrao mais perigosa que acriao de um novo sistema. Para seu introdutor haver ainimizade daqueles que lucraro com a preservao das velhasinstituies e ter meramente a defesa daqueles que poderolucrar com as novas.
(Nicol di Bernardo dei Machiavelli)
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vii
SUMRIO
LISTA DE ILUSTRAES ....................................................................................... ix
LISTA DE SIGLAS....................................................................................................x
RESUMO ..................................................................................................................xi
ABSTRACT ..............................................................................................................xii
1 INTRODUO ......................................................................................................1
2 REVISO DE LITERATURA ................................................................................5
2.1 TICA DA SADE PBLICA E ODONTOLOGIA..............................................5
2.2 MICROBIOLOGIA DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS................................8
2.3 PROPOSTAS DE BIOSSEGURANA PARA AS LINHAS DGUA DOS
EQUIPOS..................................................................................................................34
3 OBJETIVOS..........................................................................................................45
3.1 GERAL...............................................................................................................45
3.2 ESPECFICOS ...................................................................................................45
4 MATERIAL E MTODOS .....................................................................................46
4.1 MATERIAIS........................................................................................................46
4.1.1 Meios de Cultura.............................................................................................46
4.1.2 Composio dos Meios de Cultura .................................................................47
4.1.3 Reagentes e Solues....................................................................................47
4.1.4 Coleta e Transporte das Amostras .................................................................48
4.1.5 Inoculao e Cultivo das Amostras.................................................................48
4.1.6 Colorao de Gram e Anlise das Lminas....................................................49
4.1.7 Equipamentos .................................................................................................49
4.1.8 Questionrio....................................................................................................50
4.2 MTODOS.........................................................................................................50
4.2.1 Preparo dos Meios de Cultura ........................................................................50
4.2.1.1 Controle de segurana da esterilidade dos meios de cultura......................50
4.2.2 Preparo de Reagentes e Solues .................................................................51
4.2.2.1 Soluo de tiossulfato de sdio a 10%........................................................51
4.2.3 Periodicidade e Coleta das Amostras.............................................................51
4.2.3.1 Coleta das amostras do spray das turbinas de alta rotao e mangueiras52
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viii
4.2.3.2 Coleta das amostras das seringas trplices .................................................52
4.2.3.3 Coleta das amostras do reservatrio ...........................................................52
4.2.4 Transporte das Amostras................................................................................53
4.2.5 Inoculao e Cultivo das Amostras.................................................................53
4.2.6 Colorao de Gram e Anlise das Lminas....................................................54
4.2.7 Metodologia de Aplicao do Questionrio ....................................................54
4.2.8 Mtodos Estatsticos .......................................................................................55
5 RESULTADOS .....................................................................................................56
6 DISCUSSO .........................................................................................................61
7 CONCLUSES .....................................................................................................71
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .........................................................................73
APNDICES .............................................................................................................81
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ix
LISTA DE ILUSTRAES
TABELA 1 MDIA DA CONTAMINAO MICROBIANA EM UFC/ml DAS42 AMOSTRAS DE GUA COLETADAS DE SEGUINTESPONTOS DE COLETA: DO RESERVATRIO, SPRAY DATURBINA DE ALTA ROTAO, MANGUEIRAS COMTURBINAS DE ALTA ROTAO DESACOPLADAS E SERIN-GAS TRPLICES, SEMEADAS EM AGAR NUTRIENTE............... 56
TABELA 2 CONTAGEM DE UNIDADES FORMADORAS DE COLNIANAS AMOSTRAS DE GUAS OBTIDAS DOS EQUIPOSODONTOLGICOS, NOS SEGUINTES PONTOS: RESERVA-TRIO, TURBINAS DE ALTA ROTAO, MANGUEIRAS DASTURBINAS E SERINGAS TRPLICES, SEMEADAS EM AGARNUTRIENTE................................................................................... 57
TABELA 3 CONTAMINAO DAS GUAS DE EQUIPOS ODONTO-LGICOS POR FUNGOS E/OU LEVEDURAS, COLETADASDO RESERVATRIO DO EQUIPO, TURBINAS DE ALTAROTAO, MANGUEIRAS DAS TURBINAS, SERINGASTRPLICES, SEMEADAS EM AGAR SABOURAUD................... 58
TABELA 4 NMERO DE UNIDADES FORMADORAS DE COLNIAS DEMICRORGANISMOS PRESENTES NAS AMOSTRAS DE GUAOBTIDAS DE EQUIPOS ODONTOLGICOS, DOS SEGUIN-TES PONTOS DE COLETA: RESERVATRIO, TURBINAS DEALTA ROTAO, MANGUEIRAS DAS TURBINAS, SERINGASTRPLICES, SEMEADAS EM AGAR MAC CONKEY................. 58
GRFICO 1 PERCENTUAL DE OCORRNCIA DE MICRORGANISMOSNAS AMOSTRAS DE GUA OBTIDAS DOS EQUIPOS ODON-TOLGICOS, PLAQUEADAS EM AGAR NUTRIENTE................ 59
GRFICO 2 PERCENTUAL DE OCORRNCIA DE MICRORGANISMOSNAS AMOSTRAS DE GUA OBTIDAS DOS EQUIPOSODONTOLGICOS, PLAQUEADAS EM AGAR MACCONKEY....................................................................................... 60
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x
LISTA DE SIGLAS
ACD Auxiliar de Consultrio Dentrio
ADA American Dental Association
AIDS Sndrome da Imunodeficincia Humana Adquirida
BHI Infuso Crebro e Corao
CD Cirurgio-Dentista
CETESB Companhia de Saneamento Ambiental
EMB Eosina Azul de Metileno
EU/ml Unidades de Endotoxina por mililitro de gua
HPC Heterotrophic Plate Count
MEV Microscpio Eletrnico de Varredura
ml Mililitro
nm Nanmetro
NMP Nmero Mais Provvel de Coliformes Totais e Fecais
OMS Organizao Mundial de Sade
p/v Peso por Volume
PCA Agar para Contagem em Placa
PCR Reao em Cadeia da Polimerase
SUS Sistema nico de Sade
TSA Trypticase Soy Agar
UFC Unidade Formadora de Colnia
UFC/ml Unidade Formadora de Colnia por mililitro
m Micrmetro
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xi
RESUMO
O controle de infeco de grande importncia nas prticas dirias dos consultriosodontolgicos. A qualidade da gua usada nos equipos odontolgicos consideradanecessria, pois os pacientes e a equipe odontolgica esto constantementeexpostos gua e aerossis gerados pelas turbinas e seringas trplices. O objetivodesse estudo foi avaliar a ocorrncia de contaminao microbiana associada aorisco de infeco cruzada da gua dos equipos, utilizando como modelo o municpiode Araguana TO. Amostras de gua foram coletadas assepticamente e, apsserem submetidas a diluies decimais seriadas em soluo salina at a ordem de10-4, alquotas de 0,1 ml foram semeadas pela tcnica do spread plate e cultivadasem Agar Nutriente, Agar Mac Conkey e Agar Sabouraud. As anlises forambaseadas na contagem do nmero de unidades formadoras de colnias (UFC/ml).No primeiro dia de coleta foi aplicado um questionrio equipe de sade bucalcontendo 13 questes sobre prticas de biossegurana realizadas pela equipe. Oteste no-paramtrico de Mann-Whitney indicou que no houve diferenaestatisticamente significante entre os nveis de contaminao das guas dasseringas trplices e turbinas de alta rotao e entre seringas trplices e mangueirasdas turbinas. Das amostras analisadas, obtidas do reservatrio, turbinas de altarotao, mangueiras das turbinas e seringas trplices uma grande porcentagemestava fora dos padres preconizados pela ADA.
Palavras-chave: Equipos odontolgicos, avaliao microbiolgica, biofilme, controlede infeco.
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xii
ABSTRACT
Infection control is important in the daily routine procedures of a dental office. Thequality of water in a dental unit is considerable necessary, because patients anddental staff are regularly exposed to water and aerosols generated from handpieces.The aim of this study was to evaluate the occurrence of microbial contaminationassociated to crossed infection risk, in dental unit of public health, using as model thecity of Araguana TO. Water samples were collected aseptically and, after serialdilution in saline to the order of 10-4, aliquots of 0.1 ml were plated by the spreadplate technique and cultured in Nutrient Agar, Mac Conkey Agar and SabouraudAgar. Analyses were based on the number of colony forming units (CFU/ml). On thefirst collecting day, there was a questionnaire applied to the dental staff, which had13 questions about the routine of bio security accomplished by them. The Mann-Whitney non-parametric test indicated that there was no significant statisticaldifference between the level of contamination in the air-water syringe and the high-speed handpieces. The same occurred between the air-water syringe and the high-speed hoses. The water samples analyzed, collected from dental reservoirs, high-speed, high-speed hoses and water syringe were out of standards presented by theADA.
Key-words: Dental units, microbiological evaluation, biofilms, infection control.
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1
1 INTRODUO
A sade pblica tem passado por transformaes diretamente ligadas s
mudanas temporais do conceito de sade. Inicialmente, sade era entendida como
sendo o estado de ausncia de doena, e seus modelos assistenciais estavam
voltados para as patologias em si. Aos aspectos fsicos, ou biolgicos, foram sendo
agregados os psicolgicos e os sociais, igualmente reconhecidos como causas de
doenas. Desta forma, o conceito de sade que antes era um simples estado de
ausncia de doena, passou a ser entendido como sendo um estado de bem estar
fsico, mental e social.
Quase que ao mesmo tempo, o conceito de promoo de sade, no sentido
de incentivar a preveno das doenas atravs do estmulo de hbitos e
comportamentos saudveis se estabelece aps a Carta de Ottawa, que recomenda
reorientaes nos servios de sade. Atualmente nas polticas pblicas, busca-se
oferecer ao paciente um atendimento mais humanizado e inserido nos padres de
biossegurana propostos pela OMS Organizao Mundial de Sade.
A sade passou a agregar uma varivel fundamental de respeito ao
indivduo, doente ou sadio, atravs do compromisso social solidrio no alcance do
objetivo maior de garantia de condies dignas de vida a cada ser humano, ou seja,
a sade passou a ser, um critrio de cidadania. Assim, todos os cidados tm
direitos, mas so igualmente responsveis pela sua manuteno, e a sade, neste
contexto, ocorre em conseqncia de aes realizadas em toda a sociedade. Este
novo olhar para a sade, abrange aspectos individuais e coletivos, envolvendo
questes ambientais, sociais e antropolgicas.
A nova Poltica Nacional de Sade Bucal, que surge como uma necessidade
da ampliao da ateno sade, preconiza diretrizes para a sade bucal no mbito
do SUS - Sistema nico de Sade, considerando as diferenas sanitrias,
epidemiolgicas, culturais e regionais do Brasil. Essas diretrizes promovem uma
reorganizao da ateno em sade bucal em todos os nveis, respondendo a
concepo de sade centrada no exerccio da cidadania, na promoo da boa
qualidade de vida e interveno nos fatores que a colocam em risco. De acordo com
a nova proposta, o ponto de partida para o exerccio da cidadania e da construo
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2
da conscincia sanitria implica necessariamente, tanto para gestores e profissionais
de sade quanto para os usurios, em conhecer os aspectos que condicionam e
determinam um dado estado de sade e os recursos existentes para sua preveno,
promoo e recuperao (BRASIL, 2005).
A preocupao com a qualidade dos servios odontolgicos prestados na
rede pblica de sade pode ser evidenciada pela crescente insero do Cirurgio-
Dentista nas Equipes de Sade da Famlia, adoo de protocolos mais rgidos de
controle da infeco cruzada nos consultrios e atendimento mais humanizado ao
paciente.
No que se refere ao controle da infeco cruzada, o surgimento da AIDS fez
com que os profissionais refletissem sobre o risco de transmisso da doena em
consultrios odontolgicos e atravs de pesquisas, descobriu-se que diversas
infeces estreptoccicas, estafiloccicas, fngicas e virais, podiam ser facilmente
transmitidas aos pacientes neste ambiente. Apesar dos procedimentos de controle
de infeco terem sido amplamente discutidos, a exposio de pacientes aos
microrganismos presentes nas guas das unidades dos equipos odontolgicos,
continua sendo comum nos servios odontolgicos pblicos ou privados. Esta gua
alm de estar poluda, com diferentes agentes, pode ainda conter microrganismos
potencialmente patognicos, tornando-se, desta forma, um veculo de transmisso
de doenas, pois acaba sendo aspergida nos pacientes.
Entre os diferentes equipamentos de um consultrio odontolgico, as
turbinas de ar de alta rotao, introduzidas no final da dcada de 50, so
imprescindveis para prticas odontolgicas. Entretanto, sua utilizao tem sido alvo
de estudo, pois se descobriu que este aparelho, suas conexes, mangueiras e
reservatrio de gua, podem ser fontes de biofilmes.
As literaturas consultadas relatam pesquisas que se preocupam em detectar
a microbiota presente nas linhas dgua dos equipos odontolgicos de consultrios
particulares, entretanto a realidade nos padres de descontaminao destes
mesmos equipos na rede pblica est distante da proposta pelos padres de
biossegurana preconizados pela ADA American Dental Association.
De acordo com COSTERTON et al. (1987), WEINE, HARARI (2001), SINGH
et al. (2003), biofilmes so consrcios funcionais de clulas microbianas imersas em
matrizes de polmeros extracelulares (PEC), onde se concentram produtos do seu
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3
prprio metabolismo juntamente com ons e nutrientes seqestrados do ambiente
ecolgico, resultante da aderncia, multiplicao e desenvolvimento de
microrganismos sobre superfcies slidas substrato em ambiente aqutico.
As linhas dgua dos equipos odontolgicos so compostas por longos tubos
flexveis de 1,0 mm de dimetro, nos quais, em sua extremidade so conectadas as
seringas trplices e as turbinas de alta e baixa rotao. O contato constante com a
gua que pode permanecer estagnada quando o equipo est em desuso funciona
como ambiente propcio para desenvolvimento de biofilmes iniciados por
microrganismos presentes na gua da fonte de abastecimento, ou provenientes da
saliva de pacientes, carreados para o interior do sistema, devido ao refluxo nas
turbinas de alta rotao (WIRTHLIN; MARSHALL; ROWLAND, 2003).
O modelo de atendimento odontolgico nos municpios onde h um intenso
fluxo de pacientes usando um nico equipo durante todo o dia e, s vezes, uma
nica turbina, o contato constante da turbina com a saliva e a ausncia de
esterilizao facilitam a proliferao de vrios microrganismos patognicos,
formando biofilmes e tornando os equipamentos odontolgicos possveis veculos de
disseminao de doenas na populao.
A desinfeco dos equipamentos segue protocolos, os quais determinam
que, no intervalo entre pacientes as turbinas de alta rotao sejam desinfetadas e
esterilizadas, aps procedimentos que envolvam contato com sangue ou saliva. As
seringas trplices devem ser desinfetadas externamente e sua ponta metlica deve
ser protegida com pontas descartveis ou retirada para esterilizao (AMERICAN
DENTAL ASSOCIATION, 2003; BRASIL, 2000).
Entretanto, em consultrios pblicos e privados, observa-se que no intervalo
entre pacientes, no h esterilizao das turbinas e pontas de seringas trplices, e o
controle de microrganismos nestes equipamentos, fica restrito desinfeco de suas
partes externas com gaze embebida em lcool 70% (p/v). Tal fato provavelmente
est associado ao elevado custo das turbinas, idia de que a esterilizao pode
causar desgaste em suas partes mveis e/ou a necessidade de atender vrios
pacientes em curto espao de tempo (AL-RABEAH; MOHAMED, 2002).
Nos servios pblicos de sade, o controle de infeco nos consultrios
odontolgicos fica sob a responsabilidade do Cirurgio-Dentista, que, frente
intensa procura da populao por atendimento e aliada a falta de padronizao dos
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4
protocolos de biossegurana pelo rgo gestor, acaba no realizando
procedimentos para controle de biofilmes nas linhas dgua dos equipos
odontolgicos. Por sua vez, parte da gua utilizada nas turbinas de alta rotao e
seringa trplices acaba sendo ingerida ou inalada na forma de aerossis, expondo o
paciente diretamente ao risco de infeco cruzada.
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2 REVISO DE LITERATURA
2.1 TICA DA SADE PBLICA E ODONTOLOGIA
A preocupao com a sade das populaes e adoo de medidas
governamentais para controle de doenas tm sido observadas desde a antiguidade.
Entretanto, nos ltimos 25 anos temos vislumbrado um crescimento exponencial no
campo da promoo de sade, gerando impactos diretos sobre as concepes e
prticas da Sade Pblica (BUSS, 2000).
A primeira Conferncia Internacional sobre Cuidados Primrios de Sade,
realizada em Alma-Ata, capital do Kazaquisto, organizada pela OMS em 1978,
resultou na adoo de uma Declarao que reafirmou o significado da sade como
um direito humano. De acordo com esta Declarao, deveriam ser estimuladas
aes dos diferentes atores internacionais no sentido de diminuir as diferenas
econmicas e sociais dos pases desenvolvidos e em desenvolvimento. O consenso
de que a promoo e a proteo da sade dos povos era essencial para alcanar
tais objetivos, e conseqentemente condio nica para a melhoria da qualidade de
vida dos homens e para a paz mundial, representou o ponto de partida para a
Conferncia de Ottawa (BRASIL,1978).
A Carta de Ottawa para a Promoo da Sade, marco fundamental na
histria da Sade Pblica, significou, segundo MENDES (2004) a ampliao da
concepo de promoo de sade incorporando a importncia e o impacto das
dimenses scio-econmicas, polticas e culturais sobre as condies de sade. As
estratgias de ao propostas pela Carta foram o estabelecimento de polticas
pblicas saudveis; criao de ambientes favorveis sade; reforo da ao
comunitria; desenvolvimento de habilidades pessoais; reorientao dos servios de
sade (WHO, 1986).
A partir deste marco, os diferentes atores reconheceram que a promoo de
sade no poderia ser responsabilidade exclusiva do setor de sade, sendo
necessria uma abordagem interdisciplinar com atuao de diferentes profissionais,
dando desdobramento a outras conferncias internacionais.
Na Sucia, em 1991, foi organizada a terceira Conferncia Internacional
sobre Promoo da Sade, precedendo a Conferncia Mundial sobre o Meio
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6
Ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992. Durante o evento o destaque dado
foi para a rea de ecologia e sade, concluindo que ambas eram interdependentes e
inseparveis, e que as polticas governamentais deveriam estabelecer prioridades de
desenvolvimento que respeitassem esta relao (BRASIL, 2001b).
A quarta Conferncia, realizada em Bogot em 1992, trouxe tona a
discusso para a situao da sade na Amrica Latina, com enfoque na
transformao das relaes existentes conciliada aos interesses econmicos e
propsitos sociais de bem estar. O documento elaborado reiterou a necessidade de
mais opes nas aes de sade pblica, orientadas para combater o sofrimento
causado pelas enfermidades decorrentes da falta de desenvolvimento e da pobreza,
bem como as derivadas da urbanizao e da industrializao nos pases em
desenvolvimento (BRASIL, 2001c).
A ASSEMBLIA MUNDIAL DA SADE (1996) adotou uma Declarao
reforando a estratgia de Sade para Todos no Sculo XXI e a necessidade de
implementao de novas polticas nacionais e internacionais.
Os conceitos trabalhados nas conferncias evidenciam que a promoo de
sade um campo de grande amplitude com caractersticas prprias situadas no
domnio da ao intersetorial, incluindo os servios de sade.
No Brasil, tais servios esto inseridos em uma crise com base relacionada
ao modelo de assistncia, focalizado na natureza hospitalar, nas aes curativas, e
na viso fragmentada dos problemas de sade (SILVA JR., 1996).
Do mesmo modo, a assistncia odontolgica do SUS tem se estruturado
historicamente, a partir dos clssicos modelos de assistncia a escolares e
atendimento da livre demanda em unidades de sade (OLIVEIRA et al., 1999).
No intuito de modificar este modelo, o Ministrio da Sade (BRASIL, 1994)
apresentou um projeto estruturante do Sistema de Sade, visando essencialmente
organizao da ateno primria, norteada por princpios e estratgias comuns ao
SUS, criando-se ento o PSF - Programa Sade da Famlia. Neste programa,
prope-se uma nova maneira de atuao sobre o processo sade-doena,
enfatizam-se as aes de proteo e promoo de sade, alm do atendimento
domiciliar, definindo rea de abrangncia, equipe multiprofissional, ao preventiva e
de promoo de sade a partir de prioridades epidemiolgicas da rea adstrita,
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7
reduzindo assim a demanda por servios hospitalares e ambulatoriais, com bases
voltadas para a humanizao no atendimento (OLIVEIRA et al., 1999).
Partindo do pressuposto de que a sade bucal parte indissocivel da
sade integral do indivduo e, portanto responsabilidade do SUS, as equipes de PSF
incluram o CD - Cirurgio-Dentista na composio da equipe multiprofissional do
programa. A partir da criao da portaria MS n 673/03 do Ministrio da Sade, os
municpios puderam aumentar suas equipes de sade bucal, podendo alcanar a
mesma quantidade de equipe de sade da famlia (BRASIL, 2003).
De acordo com AERTS, ABEGG e CESA (2004), o CD deve atuar em
equipes interdisciplinares no planejamento de polticas pblicas saudveis e no
desenvolvimento de aes de vigilncia em sade da coletividade. Enquanto
membro da equipe de vigilncia em sade, o CD capaz de orientar aes para
educao em sade, contribuir para a normalizao dos servios odontolgicos,
monitorar a qualidade da gua de abastecimento pblico e dos produtos contendo
flor, entre outros. Para os autores, a ausncia de Legislao Federal especfica,
estabelecendo parmetros e regulamentando as aes de controle de infeco e
biossegurana no ambiente de consultrio, tem dificultado a implementao dos
sistemas de vigilncia em muitos estados.
A ampliao do acesso aos servios odontolgicos na rede pblica, segundo
o Ministrio da Sade (BRASIL, 2005), deve estar regida por princpios universais de
tica em sade, que incluem servios de qualidade e em conformidade com os
protocolos da Vigilncia Sanitria Nacional.
O Governo do Estado do Tocantins, em parceria com o Governo Federal,
tem criado programas de incentivos a melhoria dos servios de sade ofertados, e
atualmente conta com Equipes de Sade da Famlia nos municpios. O Estado tem
ampliado o acesso da populao aos servios pblicos de sade, propiciando,
assim, a reorganizao da Ateno Bsica e a diminuio dos seus indicadores de
morbi-mortalidade (SANTOS et al., 2004).
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2.2 MICROBIOLOGIA DAS LINHAS DGUA DOS EQUIPOS
At o surgimento da AIDS, o controle de infeces em redes pblicas de
sade no tinha recebido merecido destaque. Porm, o aumento de pacientes
portadores do vrus HIV, atendidos normalmente em consultrios, tem proporcionado
uma maior insero do profissional de Odontologia nas normas de biossegurana
(GUANDALINI; MELO; SANTOS, 1998).
A preocupao com a qualidade da gua usada nos setores mdico-
hospitalar e odontolgico tem sido tratada com grande importncia, pois tem
influncia direta sobre a sade, a qualidade de vida e desenvolvimento do ser
humano (PANKHURST, 2003).
Para a ORGANIZAO PAN-AMERICANA DA SADE (2001) e seus pases
membros, todas as pessoas, em quaisquer estgios de desenvolvimento e
condies scio-econmicas, tm o direito de ter acesso a um suprimento adequado
de gua potvel e segura. Neste contexto, segura refere-se a uma oferta de gua
que no represente risco significativo sade.
Nos equipamentos odontolgicos, a gua utilizada nas seringas trplices
que expelem ar, gua ou ar e gua simultaneamente; nos ultra-sons, utilizados para
remoes de clculos; nas turbinas de alta rotao, com intuito de resfriar as brocas
adaptadas s turbinas, evitando leses pulpares e nas cuspideiras (MOHAMMED,
MANHOLD; MANHOLD, 1964; WALKER; MARSH, 2004).
Tais equipamentos podem receber suprimento de gua por meio de ligao
direta rede de abastecimento municipal ou de gua armazenada em reservatrios
individuais, localizados no cho prximos aos equipos, ou em garrafas individuais
tipo pet (WALKER et al., 2000; WATANABE, 2003).
Os reservatrios, por sua vez, podem ser preenchidos com gua de
abastecimento pblico, gua esterilizada, soluo fisiolgica, gua destilada,
deionizada, adicionada de solues anti-spticas, entre outros (CHIBEBE; UENO;
PALLOS, 2002).
De acordo com PANKHURST e JOHNSON (1998), a gua utilizada nos
equipos odontolgicos deveria ser isenta de microrganismos, pois os pacientes
esto submetidos ao contato direto com a mesma, que pode ser ingerida e inalada
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na forma de aerossis, produzidos pelas seringas trplices, ultra-sons e turbinas de
alta rotao.
O potencial de contaminao da gua dos equipos foi abordado em 1963,
por BLAKE em um estudo que buscava determinar o risco de transmisso de
doenas por meio da gua do equipamento odontolgico. Foram coletadas sete
amostras de gua de dois tipos de reservatrios, sendo um, responsvel pelo
suprimento das seringas trplices (tipo garrafa) e outro pelo suprimento das turbinas
de alta rotao (fixo no cho). As amostras foram semeadas em Agar Sangue e
Agar Mac Conkey, e incubadas em aerobiose a 37 C por 24 horas. Das quatro
amostras obtidas do reservatrio das seringas trplices, trs estavam isentas de
contaminao e uma apresentou 6,7x105UFC/ml. Todas as amostras retiradas dos
reservatrios que alimentavam as turbinas de alta rotao estavam contaminadas,
com 1,0x103, 1,03x105, 2,52x105UFC/ml respectivamente. O autor concluiu que
ambos reservatrios estavam freqentemente contaminados com microrganismos
no patognicos e o nico microrganismo patognico isolado foi a Pseudomonas
pyocynea, de baixa patogenia.
Baseados neste estudo, ABEL et al. (1971) realizaram um levantamento
microbiolgico na gua de equipos odontolgicos instalados em consultrios
particulares. Foram coletadas amostras de gua das linhas dgua (mangueiras) das
turbinas de alta rotao, com e sem turbinas acopladas e de seringas trplices, nas
quais foram detectadas bactrias comuns cavidade bucal. Um estudo preliminar
das amostras de gua das turbinas de alta rotao e seringas trplices foi realizado
com a semeadura de amostras em HIA Heart Infusion Agar, incubadas por 48
horas a 37 C, seguida da contagem do nmero de UFC/ml, que alcanou contagens
acima de 1,0x103UFC/ml. Estudos subseqentes determinaram a contaminao da
gua das mangueiras com e sem conexo das turbinas de alta rotao, das seringas
trplices e de torneiras de pias. Setenta e duas amostras foram coletadas de 10
equipos pertencentes a 3 clnicas particulares e semeadas em HIA, Mitis Salivarius
Agar, e EMB Eosin Methylene Blue Agar. O nmero de UFC/ml encontrado
variou de 4,0x102 a 1,0x106, com mdia de 1,8x105UFC/ml. As amostras de gua
das pias, que abasteciam os equipos, mostraram contagens de 0 a 90UFC/ml, mdia
de 15UFC/ml. Os microrganismos encontrados nas amostras de gua dos equipos
eram semelhantes aos encontrados na boca. Streptococcus mitis, S. salivarius e
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Enterococcus foram isolados em 26%, 16% e 40% das amostras, respectivamente.
A contaminao bacteriana nas guas excedia os limites permitidos para a gua de
abastecimento pblico (100UFC/ml) e os autores sugeriram que os dentistas
deveriam realizar uma anlise microbiolgica peridica da gua expelida pelas
turbinas, para verificar sua qualidade.
McENTEGART e CLARK (1973) analisaram a contaminao microbiana da
gua de 20 equipos odontolgicos, escolhidos aleatoriamente, supridos diretamente
pela gua de abastecimento pblico ou com reservatrios individuais, das quais
foram isolados bacilos Gram-negativos que cresceram em Agar Mac Conkey. Os
autores demonstraram que o sistema de tubulao das linhas dgua dos equipos
favorecia o desenvolvimento bacteriano, devido dificuldade de desinfeco de
suas tubulaes, pois sua estrutura permitia a estagnao da gua por longos
perodos de tempo. Como soluo ao problema, foi sugerido motivar os fabricantes a
desenvolverem sistemas que permitissem a desinfeco.
Buscando verificar o nvel de contaminao microbiana na gua expelida
dos equipos, GROSS, DEVINE e CUTRIGHT (1976) investigaram 12 equipos
pertencentes a 2 clnicas do exrcito, dos quais foram coletadas amostras das
mangueiras das turbinas de alta rotao, com e sem turbinas acopladas, das
seringas trplices e dos ultra-sons sem pontas acopladas. Antes de coletar a primeira
amostra, as turbinas foram acionadas, para expelir uma quantidade de gua,
procedimento denominado de flush, com durao de dois minutos. Amostras
adicionais de gua foram coletadas das torneiras das clnicas antes e aps cinco
minutos de drenagem. Todas as amostras foram plaqueadas em meio TSA
Trypticase Soy Agar, incubadas em aerobiose por sete dias a 35 C, seguidas da
contagem do nmero de UFC/ml aps 48 horas e 7 dias. Os resultados
demonstraram que a maioria das amostras apresentou contagens de 2 a 10 vezes
maior com 7 dias, do que com 48 horas de incubao. Antes do incio da rotina de
trabalho, a contaminao das linhas dgua das turbinas de alta rotao variou de
5,7x103UFC/ml a 3,3x106UFC/ml. Aps longos perodos de desuso (finais de
semana e de um dia para o outro) em que as guas ficaram estagnadas nas linhas
dgua, as mdias das contagens foram de 2,85x105UFC/ml e 9,29x105UFC/ml,
respectivamente. O flush de gua de dois minutos reduziu o nmero de UFC nas
guas das amostras, entretanto, no foi suficiente para eliminar a contaminao. As
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guas das seringas trplices estavam menos contaminadas (1,0x103UFC/ml a
1,0x104UFC/ml, e uma unidade apresentou 1,9x105UFC/ml), se comparadas com a
dos ultra-sons e das mangueiras das turbinas de alta rotao. As amostras de gua
obtidas das torneiras da clnica, antes e aps drenagem de cinco minutos de gua
apresentaram respectivamente contaminao de 0 a 63UFC/ml e 0 a 3UFC/ml. Os
resultados demonstraram que os nveis de contaminao microbiana nos sistemas
de gua dos equipos eram elevados, mesmo aps realizao do flush de dois
minutos, fora dos nveis aceitveis para gua de consumo humano.
Um levantamento publicado em 1978 pela AMERICAN DENTAL
ASSOCIATION intitulado Controle de infeco no consultrio odontolgico reforou
a hiptese levantada por McENTEGART e CLARK (1973) de que algumas
caractersticas do tratamento odontolgico poderiam contribuir para a transmisso
da infeco cruzada, tais como: a dificuldade de esterilizar e/ou descontaminar as
mangueiras, nas quais a gua quando estagnada, propiciaria a proliferao de
microrganismos presentes em baixo nmero na gua da fonte de abastecimento; o
elevado nmero de pacientes que visitam anualmente cada dentista (em torno de
3.500 visitas/ano); a possibilidade de penetrao de microrganismos nas tubulaes
devido ao refluxo nas turbinas, com posterior liberao dos mesmos no paciente
subseqente (a vlvula anti-retrao, que causa presso negativa para evitar o
gotejamento e aspira microrganismos presentes na saliva, despejando-os na turbina
de alta rotao); e o custo elevado das turbinas, fazendo com que o Cirurgio-
Dentista tenha poucas unidades disponveis nos consultrios, que so submetidas
apenas ao processo de desinfeco no intervalo entre pacientes. Os aerossis
eliminados pelas turbinas podem conter vrus, bactrias e fungos que,
principalmente em pacientes imunocomprometidos, podem causar doenas
oportunistas. A ADA sugeriu que todos os instrumentos usados em contato direto
com a cavidade bucal deveriam ser submetidos esterilizao qumica ou fsica.
Nas turbinas de alta rotao, quando no fosse possvel esteriliz-las, deveria ser
realizada a desinfeco por meio de frico com gaze embebida em lcool etlico
70% e ser expelido um flush de gua por no mnimo dois minutos no intervalo entre
pacientes. Os autores sugeriram a limpeza das tubulaes de gua com soluo
desinfetante contendo glutaraldedo, cloro e detergente iodoformado e a realizao
de testes microbiolgicos peridicos na gua dos equipamentos para verificar a
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contaminao, bem como alertaram sobre a ineficcia do lcool etlico contra formas
esporuladas, em casos nos quais a esterilizao no fosse possvel.
Buscando verificar a contaminao microbiana da gua expelida pelas
turbinas de alta rotao e seringas trplices, MILLS, LAUDERDALE e MAYHEW,
(1986) investigaram 10 equipos odontolgicos, com reservatrios e gua
esterilizados. De cada equipo, foram coletadas duas amostras das mangueiras das
turbinas de alta rotao, sem as turbinas acopladas e duas das seringas trplices,
semeadas na superfcie de placas contendo Dextrose Agar, pela tcnica do
spread plate, incubadas a temperatura ambiente por 48, 96 e 120 horas. Observou-
se contaminao acima de 7x103UFC/ml, em todas as amostras, sendo isoladas as
bactrias Pseudomonas paucomobilis, Pseudomonas cepacia, Pseudomonas
maltophilia e Flavobacterium sp. e predominantemente a levedura Rhodotorula
rubra, concluindo que apenas o uso de gua esterilizada nos reservatrios no foi
suficiente para prover gua de qualidade.
At o ano de 1987, as recomendaes a respeito da transmisso de
patgenos atravs da gua dos equipamentos odontolgicos apresentavam uma
conotao preventiva, porm MARTIN (1987), relatou clinicamente dois casos de
pacientes comprometidos imunologicamente que foram infectados por Pseudomonas
aeruginosa, quando submetidos a tratamento odontolgico em hospital odontolgico
em Liverpool. Em ambos o caso, foi isolado P. aeruginosa em amostras de gua
coletadas da turbina de alta rotao do equipo usado para tratar os pacientes,
comprovando ser esta, a fonte de contaminao.
SCHEID, ROSEN e BECK (1990) realizaram a contagem de bactrias
presentes na gua de 20 equipos em desuso, por pelo menos 24 horas, da clnica
odontolgica da Universidade do Estado de Ohio - EUA. Quatro diferentes volumes
de gua (100, 200, 300, 400 ml) foram coletados das linhas dgua das turbinas de
alta rotao, sem as turbinas acopladas, totalizando 1000 ml. Aps isso, 20 turbinas
de alta rotao estreis sem lubrificantes foram conectadas s linhas dgua e duas
amostras de 100 ml foram coletadas. Todas as amostras foram semeadas pela
tcnica do pour plate em meio TSA adicionado de 5% de sangue de carneiro,
seguido de incubao por 48 horas. Os resultados demonstraram uma reduo
estatisticamente significativa no nmero de UFC/ml nas quatro amostras
consecutivas coletadas das linhas dgua dos aparelhos de alta rotao, sem estes
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estarem conectados. A mdia de contaminao da primeira amostra foi de
545,8UFC/ml, volume expelido de 100 ml; 124UFC/ml, volume expelido de 200 ml;
14,3UFC/ml volume expelido de 300 ml e 0,5UFC/ml volume expelido de 500 ml
na ltima amostra. Aps a conexo das turbinas, foi observado um aumento no nvel
de contaminao, seguido de diminuio, porm no significativo estatisticamente.
Concluram que fluxos de gua expelidos inferiores a um litro no foram suficientes
para a reduo significativa no nmero de UFC, e que, em uma situao real, os
microrganismos alojados no interior da turbina, seriam expelidos para a boca do
paciente subseqente.
WHITEHOUSE et al. (1991) determinaram o nmero de bactrias na gua
durante os perodos de uso e desuso dos equipos odontolgicos. Coletaram
amostras de 11 equipos, sendo 4 de uma clnica principal e 7 de pr-clnicas que
no tinham sido utilizadas para tratamento de pacientes da Faculdade de
Odontologia da Universidade de Alberta - EUA, plaqueadas em Agar Nutriente
(Tryptose Blood Agar com extrato de levedo) e incubadas a 37 C por 48 horas em
aerobiose. Aps a coleta inicial, foi efetuado um flush (100 ml/min) com durao de
20 minutos em cada equipo para a remoo total das bactrias. Aps esse
procedimento, cada equipo foi fechado por 48 horas para permitir a reorganizao
do biofilme. As mangueiras de poliuretano, intactas, de cada equipo, foram
removidas, preenchidas com gua esterilizada e imediatamente drenadas e
analisadas quanto ao nmero de bactrias. Aps esse procedimento, cada uma foi
submetida a um flush de gua de torneira por 20 minutos, preenchidas com gua
esterilizada, e mantidas seladas a temperatura ambiente por 48 horas. Todas as
guas provenientes dos equipos estavam contaminadas inicialmente
(1,0x105UFC/ml), entretanto, aps 20 minutos de flush, todas as amostras estavam
isentas de contaminao. Em oito casos, as guas esterilizadas que passaram
atravs das mangueiras dos equipos tornaram-se contaminadas (3,0x102UFC/ml) e
aps 20 minutos de flush no apresentaram crescimento bacteriano. As guas
esterilizadas e mantidas por 48 horas nas mangueiras apresentaram crescimento
bacteriano em todas as amostras. Nos equipos, foram isoladas as bactrias
Pseudomonas paucimobilis, Methylobacterium mesophilica, Neisseria elongata,
Pseudomonas sp., Flavobacterium sp. Observou-se que havia completa remoo
das bactrias aps 20 minutos de flush de gua e que, aps estagnao por 48
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horas, havia a recontaminao da gua, sugerindo que o biofilme aderido parede
das mangueiras fosse a fonte provvel de contaminao microbiana da gua dos
equipos.
Os riscos de infeco cruzada, associados a processos operatrios
rotineiros que utilizavam a turbina de alta rotao, foram avaliados por LEWIS e BOE
(1992) atravs da utilizao de uma soluo corante (corante vermelho Kroger,
Cincinnati, Ohio) que simulava os fluidos orais, sangue e saliva. A soluo corante
foi injetada nas mangueiras das turbinas de alta rotao sem turbinas acopladas em
parte do experimento, e em um segundo momento, turbinas de alta rotao com
brocas adaptadas foram acionadas em intervalos de 1 a 25 segundos, em 50 ml da
soluo corante tendo o cuidado de no submergir sua cabea no lquido, simulando
o processo de preparo cavitrio em pacientes, no qual as partes externas da turbina
ficavam em contato com a saliva. As amostras de gua em ambos os casos foram
coletadas em tubos de ensaio acionando as mangueiras, com e sem turbinas
conectadas, em intervalos de 1 a 5 segundos, com vazo de gua de
aproximadamente 1,0 ml/s, durante 10 minutos. A quantidade de corante nas
amostras coletadas foi determinada com o auxlio de um espectrofotmetro em
comprimento de onda de 210nm (Perkin-Elmer Lambda 4C), usando a gua pura
das mangueiras como branco. Os resultados demonstraram que a maior eliminao
do corante, foi no incio do flush, com uma rpida e exponencial eliminao,
seguida de uma constante eliminao, com apenas traos de corante presentes nas
amostras. Aps desconectar as turbinas das mangueiras, o corante continuou sendo
eliminado, mesmo acionando a turbina por mais de 10 minutos. Os autores
comprovaram que a soluo se alojava nas cmaras internas das turbinas,
simulando o que ocorria clinicamente com a saliva, que acabava criando
reservatrios de microrganismos que se depreendiam lentamente pela passagem de
gua quando a turbina era acionada, permitindo que microrganismos de um paciente
fossem expelidos a outro, caso no houvesse esterilizao da turbina. Esse estudo
reproduziu em laboratrio o procedimento clnico rotineiramente realizado pelo
Cirurgio-Dentista, alertando que a turbina pode ser um agente transmissor de
patgenos no consultrio odontolgico e a gua utilizada para resfriamento das
brocas, pode contribuir para disseminao da infeco cruzada.
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No Brasil, o exame bacteriolgico da gua de equipos odontolgicos foi
realizado por FANTINATO et al. (1992), em 83 equipos de clnicas da Faculdade de
Odontologia de So Jos dos Campos SP e em 10 equipos de clnicas
particulares. As pontas das seringas trplices foram desinfetadas com algodo
umedecido em lcool 70%, com primeiro jato de gua, desprezado por
aproximadamente 10 segundos. Aps esse procedimento, 100 ml de amostra de
cada seringa foram coletadas e semeadas em meio PCA, pela tcnica do pour
plate, incubadas a 35 C por 48 horas. Os resultados obtidos demonstraram que
apenas 1 equipo dos 83 analisados nas faculdades, e 2 dos 10 equipos de clnicas
particulares estavam dentro das especificaes legais propostas pelo Ministrio da
Sade que avalia as condies sanitrias dos sistemas de abastecimento pblico de
gua, sendo as demais amostras consideradas imprprias para consumo humano.
Esta normativa do Ministrio da Sade recomendava que em apenas 20% das
amostras analisadas por ms, semestre ou ano, a contagem de bactrias
heterotrficas efetuadas poderia exceder 5,0x102UFC/ml e, se ocorresse nmero
superior ao recomendado, deveria ser providenciada uma nova coleta e inspeo
local imediata. Contagens acima de 1,0x105UFC/ml foram freqentes, sendo que a
maior contagem detectada foi de 3,08x105UFC/ml, muito alm do valor permitido
pelo Ministrio da Sade.
Mesmo dispondo de artifcios capazes de reduzir a contaminao bacteriana
nas tubulaes dos equipos, estudos anteriores demonstraram que a gua
estagnada nas mangueiras poderia ser recontaminada por bactrias aderidas s
superfcies internas das tubulaes, devido presena de biofilmes. Os biofilmes
presentes nas mangueiras podiam estar relacionados com o refluxo de gua passivo
que ocorria nas turbinas de alta rotao, mesmo com vlvulas anti-retrao, e
poderiam ser persistentes e resistentes a descontaminao com biocidas. Se a rede
de suprimento de gua (reservatrio) no estivesse estril, as turbinas seriam
contaminadas, assim como no sentido inverso (MARTENS, 1992).
Estudo microbiolgico em amostras de unidades de gua em equipos de trs
estados americanos revelou um alto e inaceitvel nvel de contaminao, devido a
biofilmes formados ao longo das paredes das tubulaes. As amostras de gua de
116 seringas trplices, 54 turbinas de alta rotao e 12 ultra-sons foram coletadas de
150 equipos, durante o expediente do consultrio. Nenhuma tentativa de acionar o
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sistema flush antes da coleta foi feita, de modo a reproduzir a rotina nos
consultrios. As amostras foram semeadas em meio TSA e incubadas a 20 C
durante 96 horas. Fragmentos de mangueira foram removidos e examinadas em
MEV Microscpio Eletrnico de Varredura. Em 72% das amostras de gua do
equipo, havia contaminao bacteriana, que as classificava como inaceitvel para o
consumo humano (mais de 500UFC/ml), com predominncia de Pseudomonas spp.,
Staphylococcus, Micrococcus e fungos filamentosos isolados tais como Penicillium,
Cladosporium, Alternaria e Scopulariopsis. A contagem do nmero de bactrias
heterotrficas variou de 49,70x103UFC/ml a 12,0x105UFC/ml (mdia de
15,62x104UFC/ml) para as amostras de gua das seringas trplices e de
72,5x103UFC/ml a 55,0x104UFC/ml (mdia de 14,03x102UFC/ml) para as amostras
provenientes das turbinas de alta rotao. Nas amostras de gua do ultra-som, a
contagem bacteriana variou de 0 a 37,3x103UFC/ml (mdia de 19,8x103UFC/ml). A
MEV evidenciou a formao de biofilme nas paredes dos fragmentos de mangueiras
dos equipos. Os autores concluram que a presena de tais microrganismos em altos
nveis poderia ter, provavelmente, como fonte primria, os pacientes, e estava
associada falta de desinfeco e esterilizao das turbinas, seringas trplices e
ultra-sons (WILLIAMS et al., 1993).
O potencial de refluxo de fluidos bucais para o interior da turbina foi
investigado por MILLS, KUEHNE e BRADLEY, (1993). Vinte turbinas de alta rotao
previamente esterilizadas foram selecionadas da Clnica Odontolgica Militar. Foi
solicitado aos profissionais que utilizassem as turbinas de modo a reproduzir sua
rotina, incluindo os procedimentos de desinfeco qumica que inclua frico com
gaze embebida em soluo de desinfetante iodforo, no intervalo entre pacientes,
sem realizar qualquer procedimento de esterilizao. Aps o trmino de cada
sesso, as turbinas foram coletadas em embalagens limpas, separadas e sorteadas
aleatoriamente em 2 grupos de 10, sendo que, no primeiro grupo, foram limpas,
lubrificadas e esterilizadas em autoclave. No segundo grupo, no foram realizados
procedimentos adicionais de esterilizao ou desinfeco. O mandril de cada turbina
foi removido em mtodos estreis e imerso em frasco contendo soluo salina
estril, do qual foram retiradas alquotas semeadas pela tcnica do pour plate em
Eugonager e Agar sangue de carneiro. Nenhum crescimento bacteriano foi
observado em ambos os grupos (turbinas autoclavadas e no autoclavadas).
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A fim de determinar tcnicas e prticas necessrias para limpeza e
desinfeco das unidades de gua, BEIERLE (1993) avaliou a qualidade da gua
utilizada em consultrios odontolgicos. Amostras de gua foram coletadas das
mangueiras das turbinas de alta rotao, com as turbinas desconectadas, e de
seringas trplices, em diferentes horrios do dia, semeadas pela tcnica do pour
plate em meio TSA, e em Agar sangue, pela tcnica do espalhamento em superfcie
com ala de Drigalski, incubadas em aerobiose a 36 C durante 72 horas.
Amostras de trs consultrios foram cultivadas em meio Charcoal Yeast Extract
durante 12 dias e as colnias foram avaliadas quanto presena de Legionella. O
estudo apontou que, quanto maior o tempo de desuso das unidades de gua, maior
a presena de microrganismos, e, que a passagem de um fluxo de gua pelas
mangueiras das turbinas e seringas trplices de 3 a 4 minutos no incio do dia e no
intervalo entre pacientes reduzia significativamente o nmero de microrganismos
presentes.
A qualidade da gua em equipos odontolgicos com reservatrio tipo
garrafa, foi avaliada por WILLIAMS et al. (1994), submetendo amostras de 24
equipos, sendo 12 de consultrios particulares e 12 de uma clnica odontolgica
cirrgica, anlise microbiolgica. Na clnica cirrgica, amostras da seringa trplice e
do reservatrio tipo garrafa, abastecidos com gua esterilizada, de contineres
comerciais ou destiladas, foram coletadas pela manh, aps a gua ficar estagnada
nas mangueiras do equipo de um dia para o outro. Aps a coleta, as amostras foram
semeadas em duplicatas, pela tcnica do spread plate em Agar Peptona,
incubadas por 4 semanas a 25 C. Os resultados demonstraram que todas as
amostras provenientes da clnica cirrgica estavam altamente contaminadas por
bactrias, com os nveis variando de 17,0x102 a 1,0x106 de UFC/ml, e mdia de
28,8x104UFC/ml. As amostras obtidas do reservatrio tipo garrafa apresentaram
contagem mdia de 22,0x103UFC/ml, com exceo de um equipo, no qual a
contagem de bactrias nas guas dos reservatrios tipo garrafa foi inferior das
seringas trplices. Os equipos conectados diretamente gua de abastecimento
municipal apresentaram contaminao de 32,0x102 a 56,0x105UFC/ml, com mdia
de 16,74x104UFC/ml. As guas dos equipos apresentaram um alto nvel de
contaminao microbiana, ainda que as guas utilizadas para abastec-los
estivessem isentas de microrganismos (gua estril, ou de abastecimento pblico),
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permitindo inferir que a fonte de contaminao das guas dos equipamentos
odontolgicos era a presena de biofilmes nas paredes das mangueiras dos
equipos.
ATLAS, WILLIAMS e HUNTINGTON, (1995), coletaram amostras de gua
de 28 equipamentos odontolgicos nos estados da Califrnia, Massachusetts,
Michingan, Minnesota, Oregon e Washington USA, sendo 20 de clnicas
particulares e 8 de clnicas institucionais, totalizando 265 amostras, que incluam
gua das mangueiras das turbinas de alta rotao, seringas trplices e ultra-sons. Os
pesquisadores examinaram as amostras quanto presena de Legionella
pneumophila e outras espcies de Legionella spp., atravs do exame de PCR -
Reao em Cadeia da Polimerase, microscopia de imunofluorescncia e mtodo de
contagem de microrganismos viveis. No mtodo PCR, detectou-se Legionella spp.
em 68% das amostras das unidades de gua e Legionella pneumophila em 8%. Os
exames de microscopia de imunofluorescncia e mtodo de contagem de
microrganismos viveis indicaram que a contaminao estava presente nas
unidades de gua, especialmente na gua expelida pelas turbinas.
A qualidade da gua de equipos odontolgicos de consultrios privados e de
equipos antigos e novos das clnicas da Escola de Odontologia da Universidade de
Montreal Canad foi investigada por PREVOST et al. (1995). Duas amostras de
aproximadamente 5,0 ml foram coletadas das seringas trplices (do equipo principal
e auxiliar), das mangueiras sem turbinas conectadas e dos ultra-sons, antes e
depois de realizar um flush de 2 minutos, designadas T0 e T1, respectivamente.
Amostras adicionais de gua foram coletadas de torneiras usadas para preencher o
reservatrio dos equipos tipo garrafa. Todas as amostras coletadas foram diludas e
plaqueadas em meio BIH Brain Heart Infusion Agar, incubadas a 37 C por 48
horas. Os resultados demonstraram contagens bacterianas nas guas das
mangueiras das turbinas de alta rotao antes do flush (To) de 5,0x102 a
3,33x106UFC/ml. Aps flush (T1), a contagem reduziu significativamente, mas no
alcanou valores abaixo de 5,0x102 UFC/ml. O nvel mdio de microrganismos, nas
guas dos reservatrios tipo garrafa foi de 6,6x102UFC/ml, enquanto que na gua da
torneira, utilizada para preencher os reservatrios esta contagem foi apenas
15UFC/ml, indicando que a provvel causa de contaminao000 das guas era o
biofilme formado ao longo das paredes das mangueiras. Concluram que todas as
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amostras de gua dos equipos apresentavam elevados nveis de contaminao
microbiana, mesmo a fonte de gua apresentando baixo nmero de bactrias
(15UFC/ml).
WILLIAMS, BAER e KELLEY, (1995), avaliaram a contaminao microbiana
da gua e a formao de biofilme nas mangueiras de 3 seringas trplices, de equipos
odontolgicos conectados diretamente gua de abastecimento pblico, em uso por
mais de dois anos, em uma escola de odontologia. As mangueiras foram
desconectadas dos equipos convencionais e conectadas a equipos com
reservatrios tipo garrafa pet, isentos de contaminao microbiana. Foram coletas
amostras de 2,0 ml de gua, no incio do acionamento dos equipos, depois de 24 e
48 horas de estagnao da gua nas mangueiras, e logo aps flush de gua de 10
minutos e mais 24 horas de estagnao (72 horas). As amostras foram diludas,
semeadas em meio de peptona e incubadas a 25 C por 28 dias. Para verificar a
presena de biofilmes nas mangueiras, antes da trocar os reservatrios
convencionais por garrafas pet, foram cortados fragmentos das mangueiras de
duas seringas trplices, e submetidos anlise em MEV. As mdias de
contaminao das guas foram de 9,2x106UFC/ml, no incio do acionamento dos
equipos; 3,0x106UFC/ml e 1,4x106UFC/ml, aps estagnao da gua por 24 e 48
horas respectivamente; 0UFC/ml, aps 10 minutos de flush e de 1,5x101UFC/ml,
aps 24 horas de estagnao da gua (tempo total de 72 horas). Com auxlio de
MEV, foi detectada a presena de biofilme, complexo, maduro e bem desenvolvido
nas paredes das mangueiras dos equipos convencionais. O flush de 10 minutos
com gua isenta de contaminao, reduziu o nmero de microrganismos a nveis
no detectveis, entretanto, aps ficar em desuso por mais 24 horas, as mangueiras
foram novamente recolonizadas, e as amostras obtidas apresentaram contaminao
de 1,5x101UFC/ml. Concluram que o biofilme formado ao longo das paredes das
mangueiras era a maior fonte de contaminao microbiana da gua dos equipos
odontolgicos.
Para SHEARER (1996), as espcies microbianas que colonizam as
unidades de gua de equipamentos odontolgicos so, em sua maioria, fungos,
bactrias e protozorios de vida livre, sendo que os vrus, como o HIV, no so
capazes de se multiplicar. Todavia, possvel que fluidos orais sejam aspirados
durante o tratamento odontolgico para o interior das turbinas e mangueiras,
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contendo inmeros microrganismos passveis de multiplicao, sendo expelidos a
outro paciente.
De acordo com BARBEAU, GAUTHIER e PAYMENT, (1998), o principal
problema da gua dos equipos odontolgicos a formao de biofilmes e
conseqentemente a possibilidade de transmisso de agentes infecciosos aos
pacientes, durante o tratamento odontolgico. Tais biofilmes podem ser uma das
fontes de infeco cruzada, pois patgenos como micobactrias no tuberculticas,
Pseudomonas aeruginosa, Legionella pneumophila, entre outras, podem se
desenvolver e proliferar neste local, at posteriormente colonizarem um hospedeiro
suscetvel.
Buscando identificar estes possveis patgenos nas guas dos equipos,
BIANCHI et al. (1998) realizaram uma anlise microbiolgica quantitativa da gua
que alimentava as canetas de alta rotao, em 4 ambulatrios da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, totalizando 27
amostras. No ambulatrio 1, funcionavam a clnica de endodontia e a clnica
integrada (7 equipos); no 2, prtese dentria (7 equipos); no 3, odontopediatria (6
equipos); e no 4, dentstica e periodontia (7 equipos). Os equipos foram escolhidos
por sorteio, considerando a possibilidade do reservatrio conter gua suficiente para
a coleta. Antes do incio da coleta, a extremidade da mangueira que alimentava a
turbina de alta rotao foi desinfetada com lcool etlico a 70% e os primeiros 30
segundos de gua corrente foram desprezados. As amostras foram coletadas em
frasco estril contendo 0,12 ml de soluo de tiossulfato de sdio e semeadas pela
tcnica do pour plate, em meio PCA, incubadas em estufa a 35 C durante 48
horas. Para deteco de coliformes totais e fecais, os pesquisadores utilizaram o
mtodo de substrato cromognico, o qual permite deteco simultnea de coliforme
total e Escherichia coli. Os resultados demonstraram que todas as unidades dentais
do Ambulatrio 1 estavam fora dos padres de potabilidade e, 4 das 7 amostras
analisadas apresentavam contagens de bactrias heterotrficas superiores a
6,5x104UFC/ml (130 vezes maior que a contagem permitida), porm no foram
detectados coliformes totais ou fecais. No ambulatrio 2, tambm no foram
encontrados coliformes totais ou fecais, mas todas as amostras apresentavam um
nmero de bactrias heterotrficas superior ao permitido. No ambulatrio 3, apenas
uma amostra estava dentro dos padres de potabilidade, entretanto uma unidade
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apresentou contagem de 2UFC/ml, para coliformes totais ou fecais. Como
concluso, observou-se que a grande maioria das unidades dentais analisadas,
88,89%, estava em desacordo com os padres de potabilidade exigidos e que
apenas 11,11% estavam dentro dos padres, resultados semelhantes a estudos em
pases desenvolvidos, denotando que o problema da qualidade de gua ofertada
nos consultrios odontolgicos no regional e sim mundial.
Em busca de mtodos simples para deteco de bactrias nas linhas dgua
de equipos, KARPAY, PLAMONDON e MILLS, (1999) testaram a tcnica do HPC
Hererotrophic Plate Count, Millipore comparada tcnica do plaqueamento em
Agar R2A Low Nutrient Agar. Foram coletadas 8 amostras de gua da seringa
trplice, de um equipo com 25 anos de uso sem qualquer tratamento prvio para
remoo de biofilmes e que apresentavam ligao direta gua de abastecimento
pblico. Aps a remoo das pontas da seringa trplice, amostras de 100 ml foram
coletadas, submetidas a diluies e semeadas pela a tcnica do espalhamento em
superfcie em Agar R2A e pela tcnica do HPC. Os resultados obtidos sugeriram que
a contaminao da gua medida pelo teste HPC estava correlacionada aos
resultados obtidos em placas contendo Agar R2A e que, desta forma, o Cirurgio-
Dentista poderia realizar as anlises da gua sem a necessidade de treinamento
microbiolgico, atravs da tcnica do HPC.
No Recife PE, AGUIAR e PINHEIRO (1999) avaliaram a qualidade de 148
amostras de gua coletadas de 37 equipos odontolgicos. Os equipos foram
divididos em trs grupos de acordo com a localizao dos reservatrios de gua e
disponibilidade do Sistema Flush (Dabi-Atlante, So Paulo) que, segundo o
fabricante, tinha funo de desinfetar as linhas de gua e as peas de mo, atravs
da passagem de soluo de hipoclorito de sdio. No grupo I, os equipos
apresentavam reservatrio na caixa de comando; no grupo II, o reservatrio era
acoplado unidade auxiliar e, no grupo III, os equipos apresentavam o Sistema
Flush. As amostras foram coletadas de cada equipo, em quatro diferentes locais:
reservatrio, seringa trplice, linha dgua da turbina de alta rotao sem conect-la e
spray da turbina de alta rotao. As amostras foram coletadas antes do primeiro
atendimento do dia, aps desinfeco com lcool 70% (p/v) das turbinas de alta
rotao e pontas da seringa trplice, em frascos de vidro contendo 0,1 ml de soluo
de tiossulfato de sdio a 10%. A tcnica dos tubos mltiplos foi empregada para a
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determinao do NMP - nmero mais provvel de coliformes totais e fecais - e a
contagem de microrganismos totais foi realizada em placas com PCA. Do total dos
equipos analisados, 70,2% apresentaram contaminao nas guas dos reservatrios
e 92,3% das seringas trplices. Em termos de contaminao por local de coleta,
somente 2 equipos (5,4%) estavam totalmente livres de bactrias, 35 (94,6%) tinham
algum local contaminado e a presena de microrganismos patognicos foi detectada
em mais de 50% dos equipos. Dados do grupo I mostraram que 64,3% das amostras
estavam contaminadas, enquanto 100% do grupo III, com Sistema Flush, no
apresentavam contaminao. A gua procedente das unidades auxiliares (grupo II)
apresentou 57,1% de contaminao. As guas dos reservatrios dos grupos I, II, III
apresentaram, respectivamente, 78,6, 57,1 e 77,8% de contaminao. Quanto
presena de coliformes, os resultados demonstraram contaminao de 13,5, 16,2,
2,7 e 13,5% nas guas das seringas trplices, das mangueiras com turbinas de alta
rotao conectadas, das mangueiras sem as turbinas conectadas e dos
reservatrios, respectivamente. Os autores concluram que, das 148 amostras de
gua analisadas, 116 apresentaram contaminao e foram consideradas imprprias
para consumo domstico e/ou hospitalar, e apenas 32 consideradas potveis,
segundo os padres estabelecidos pelo Ministrio da Sade em 1999. Os elevados
nveis de microrganismos presentes na gua e a ineficcia do Sistema Flush
podiam ser fontes potenciais de infeco cruzada.
O grau de contaminao das guas dos equipos antes e aps o uso de
turbinas de alta rotao, em 3 diferentes condies clnicas, foi analisado por
CARDOSO et al. (1999). Os autores fizeram uma diviso em grupos, os quais foram
numerados como a seguir: no grupo I, foram includos os equipos de clnicas nos
quais gua era proveniente da rede de abastecimento pblico; no grupo II, equipos
com Sistema Flush (Dabi-Atlante, So Paulo) que, aps a descontaminao das
linhas dgua por este sistema, tiveram os reservatrios tipo garrafa abastecidos
com gua destilada esterilizada; grupo III, equipos do centro cirrgico, abastecidos
com gua destilada esterilizada, em um reservatrio externo. Antes e aps a
realizao dos procedimentos clnicos, amostras de gua do spray das turbinas de
alta rotao foram coletadas com swab e colocadas em tubos de ensaio estreis
contendo caldo simples, incubadas a 37 C por 48 horas. Amostras dos tubos foram
submetidas a diluies decimais seriadas em soluo salina at 10-3, e alquotas de
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0,1 ml foram semeadas em placas com Agar Simples e Agar Sangue, incubadas a
37 C por 48 horas em aerobiose e anaerobiose, seguida da contagem das UFC/ml.
No cultivo em aerobiose, foram observadas (mtodo presuntivo), as colnias de
Staphylococcus, Streptococcus, Difteriides, Lactobacillus, Neisseria, Bacillus,
Listeria, Nocardia Actinomyces, e no cultivo em anaerobiose, Clostridium,
Actinomyces, Eubacterium, Streptococcus, Lactobacillus, Peptococcus, Sarcina,
bacteriides, Fusobacterium, Veilonella, Propioniumbacterium, difteriides,
leptotriquia e Wollinela. No grupo I, no houve diferena estatisticamente
significativa entre a gua coletada antes e aps os procedimentos clnicos. No grupo
II, foi observada uma reduo significativa no nmero de UFC/ml aps uso do
Sistema Flush de desinfeco. No grupo III, observou-se um aumento significativo
na contaminao da gua aps a interveno cirrgica em pacientes. O Sistema
Flush foi efetivo para a reduo do nvel de contaminao da gua dos equipos
odontolgicos estudados.
NOCE, DI GIOVANNI e PUTNINS (2000) avaliaram a contaminao
microbiana das amostras de gua e de fragmentos de mangueiras de equipos
odontolgicos, apresentaram protocolos para a coleta e anlise dos dados e
investigaram os processamentos laboratoriais que poderiam alterar a contagem de
microrganismos. No estudo, foram utilizados 16 equipos odontolgicos dos quais
foram coletadas amostras de gua das seringas trplices e de alta rotao.
Segmentos das linhas dgua de equipos novos (grupo controle) e em uso, foram
submetidos a MEV. As amostras foram plaqueadas em meio R2A e PCA. Parte das
placas foi incubada a 35 C por 7 dias e as demais a 21, 28 e 25 C, durante 2, 4 e 7
dias respectivamente. A MEV das superfcies das linhas dgua dos equipos novos
demonstrou no haver presena de biofilmes; em contraste, as linhas de gua das
seringas trplices e das turbinas de alta rotao de equipos em uso que
apresentaram filamentos contnuos de matriz orgnica contendo bacilos curtos e
longos. Observou-se que a temperatura e o tempo de incubao afetaram o
crescimento de microrganismos heterotrficos. As baixas contagens ocorreram a 21
C, quando comparadas s temperaturas de 28 e 35 C, que no mostraram
diferenas significativas entre si. A utilizao das tcnicas spread plate e pour
plate mostraram resultados semelhantes para a contagem de microrganismos. O
aumento da contagem de microrganismos nas seringas trplices, aps neutralizao
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do cloro residual com soluo de tiossulfato de sdio, variou significativamente, em
cada equipo, com mdia de 1,4x105UFC/ml antes da neutralizao e de
2,2x105UFC/ml aps este procedimento. Passados dois dias de incubao, a mdia
das contagens nas amostras, de todos os consultrios, no incio do dia, foi de
3,2x103UFC/ml, e reduziu para 2,0x102UFC/ml aps 2 minutos de flush de gua.
Alm disso, depois de 7 dias de incubao, as contagens foram 3,2x104UFC/ml no
incio do dia e 2,5x103UFC/ml aps 2 minutos de flush de gua. A contagem de
microrganismos heterotrficos, em 2 e 7 dias de incubao, mostrou que 36% e 88%
dos equipos, respectivamente, excederam os limites recomendados de UFC/ml para
a gua de consumo humano. Os autores concluram que o tempo e a temperatura
de incubao, bem como a neutralizao do cloro residual, influenciaram a
contagem de microrganismos nas guas, e que o flush de gua reduziu a
contaminao nas amostras.
A formao microbiana do biofilme e a contaminao de unidades de gua
foram investigadas por WALKER et al. (2000). Foram avaliadas 55 unidades de gua
de 21 consultrios odontolgicos utilizados para clnica geral, atravs de amostras
de gua e de pedaos das mangueiras. Dos equipos selecionados, 32
apresentavam reservatrio individual, 20 estavam ligados gua de abastecimento
pblico e 3 apresentavam reservatrio tipo tanque. Amostras de gua foram
coletadas das seringas trplices e das linhas dgua das mangueiras das turbinas de
alta rotao, plaqueadas em meios Agar Columbia Blood para estreptococos,
Actinomyces spp. e anaerbios bucais, Agar R2A, Agar Mac Conkey para
enterobactrias, Agar Sabouraud Dextrose para Candida spp. e incubadas a
temperatura e tempo varivel para cada meio de cultura e tcnica empregada.
Fragmentos das linhas dgua das seringas trplices foram retirados para avaliar a
presena de biofilmes. Os resultados demonstraram contagens de bactrias que
alcanaram de 5,0x102 a 1,0x105UFC/ml; 95% das amostras de gua analisadas
excediam os padres de potabilidade da Unio Europia e 83% excedia os padres
da ADA. Legionella pneumophila, Mycobacterium spp., Candida spp. e
Pseudomonas spp., foram detectadas em 1, 5, 2 e 9 consultrios, respectivamente.
Estreptococos foram detectados em 4 diferentes consultrios e Fusobacterium spp
em 1, com suspeitas de serem provenientes da cavidade bucal de pacientes, devido
a falhas no sistema anti-retrao dos equipamentos. Na anlise microbiolgica,
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nenhuma unidade de gua foi considerada limpa, e a gua aspergida nos pacientes,
excedia os nveis considerados seguros ao consumo humano.
MILLS (2000) publicou um artigo intitulado A controvrsia da unidade de
gua odontolgica: acabando com os mitos e definindo solues, no qual o autor
realizou uma reviso de literatura sobre as principais causas da contaminao da
gua nos equipos e formao de biofilmes. O autor sugeriu que os dentistas
deveriam realizar testes de monitoramento da qualidade da gua utilizada em seus
equipamentos, e que deveriam utilizar preferencialmente gua esterilizada, mesmo
que fossem poucos os relatos de pacientes que adoeceram aps serem submetidos
a tratamentos odontolgicos.
Alm de investigarem a formao de biofilme e a contaminao microbiana
nas mangueiras de equipos odontolgicos, PUTNINS et al. (2001) verificaram o nvel
de endotoxina presente. As amostras foram coletadas de 11 equipos, com vrios
anos de uso, de uma clnica odontolgica, supridos pela gua de abastecimento
municipal sem adio de agentes antimicrobianos para controle da formao de
biofilmes nas mangueiras e tubulaes. Aps realizao de flush,
aproximadamente 40 ml de amostra de gua foram coletadas em tubos esterilizados,
e plaqueadas atravs da tcnica do espalhamento em superfcie com ala de
Drigalski em Agar R2A. Foi retirado 1,0 ml dos 40 ml de amostra e filtrado em
Millipore. As bactrias vivas foram estimadas atravs da anlise da fluorescncia, e
os nveis de endotoxina foram quantificados com resultados expressos em EU/ml -
unidades de endotoxina por mililitro de gua. Todas as linhas dgua dos equipos
apresentaram elevadas contagens de microrganismos heterotrficos, com mdia de
1,3x104UFC/ml; entretanto, o teste da fluorescncia denotou que grande parte das
bactrias no estava viva (64%). Os nveis de endotoxinas presentes nas amostras
de gua das linhas de gua das seringas trplices e das turbinas de alta rotao
foram de 1,008EU/ml e 4,8x102EU/ml, respectivamente, sendo considerados
elevados se comparados aos nveis encontrados nas amostras das torneiras das
pias, que abasteciam os equipos (66EU/ml). Como concluso, observou-se elevada
contaminao e agregao microbiana, nas amostras de gua dos equipos
analisados, oferecendo riscos aos pacientes submetidos ao tratamento odontolgico.
LINGER et al. (2001) avaliaram a contaminao bacteriana nas guas de 24
equipos odontolgicos com reservatrios individuais de gua tipo garrafa pet,
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selecionados aleatoriamente, dentre os 76 existentes na University of Detroit Mercy
Simulation Lab USA. As amostras de gua foram coletadas das seringas trplices
e do spray das turbinas de alta rotao, semeadas em placas contendo R2A Agar,
pela tcnica do spread plate, incubadas a 37 C durante 7 dias. Fragmentos de 1
cm, provenientes de trs seringas trplices, foram preparados para observao em
MEV. A maioria das amostras excedeu 2,0x102UFC/ml, com mdias de
8,44x103UFC/ml. Nos fragmentos observados em MEV, foram detectados a
presena de biofilmes bem estabelecidos, com variedade de nmero e formas de
microrganismos. Concluram elevado nvel de contaminao nas guas das seringas
trplices e das turbinas de alta rotao, com presena de biofilme maduro e bem
estabelecido, mesmo em equipos abastecidos com gua de boa qualidade
(
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basto de vidro, e incubadas por 72 horas a 37 C e 5% de CO2. Fragmentos das
linhas dgua, positivas para o exame bacteriolgico, foram examinados atravs de
MEV. Houve uma reduo estatisticamente significante no nmero de
microrganismos, descritos em UFC/ml, em cada flush de gua sucessivo (2, 3 e 4
minutos), se comparados ao tempo inicial, antes do flush. A mdia da contagem
inicial de bactrias era de 15,32x103UFC/ml que, aps 4 minutos de flush, foi
reduzida para 31,6x102UFC/ml. Em 12 amostras de fragmentos das linhas dgua
analisadas, foi observado biofilmes na superfcie do seu lmen, contendo densa
matriz extracelular, com diferentes morfologias microbianas, tais como cocos, bacilos
curtos e mdios, espirilos e com freqentes achados de esporos fngicos. Mesmo
com reduo significativa nas contagens microbianas, o flush contnuo de 4
minutos no foi suficiente para enquadrar a gua dos equipos analisados nos
padres propostos pela ADA, que considera aceitvel, nveis inferiores a
200UFC/ml.
ARAJO e LOPES-SILVA (2002) verificaram a qualidade microbiolgica das
guas dos reservatrios, de equipos odontolgicos de 6 consultrios de
odontopediatria. As amostras foram coletadas em frascos esterilizados e enviadas
ao Laboratrio de Anlises de gua e Efluentes Lquidos da EPTS - Empresa de
Pesquisa, Tecnologia e Servios da Universidade de Taubat SP, que, de acordo
com as normas propostas pela CETESB - Companhia de Saneamento Ambiental,
determinaram o nvel de contaminao, por coliformes totais e fecais, bactrias
heterotrficas, aerbias e anaerbias facultativas. Os resultados demonstraram
ausncia de contaminao por coliformes totais e fecais em todas as 6 amostras,
porm as amostras 3 e 6, de abastecimento pblico/caixa dgua, cujos reservatrios
estavam acoplados s unidades auxiliares dos equipos apresentaram mais de
5,7x103UFC/ml. Alm disso, a amostra 5, gua mineral de galo com reservatrio
acoplado unidade auxiliar do equipo, apresentou 741UFC/ml. A amostra 1
(3UFC/ml) com gua de abastecimento pblico direto da rua e reservatrio acoplado
unidade auxiliar do equipo, a amostra 2 (1,0UFC/ml), com gua de abastecimento
pblico/caixa de gua, higienizada com hidrosteril (higienizador) e reservatrio
acoplado unidade auxiliar do equipo e, amostra 4 (6UFC/ml) de abastecimento
pblico direto da rua, ligada ao reservatrio da caixa de comando no cho, estavam
prprias para consumo humano, segundo o Ministrio da Sade (
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metade das amostras de gua dos equipos analisadas, no estava dentro dos
padres de potabilidade propostos pelo Ministrio da Sade, podendo ser
consideradas fontes potenciais de infeco cruzada.
CHIBEBE, UENO e PALLOS, (2002), avaliaram a contaminao da gua
dos equipos odontolgicos e as possveis correlaes com os tipos de clnica,
reservatrio e origem da gua de abastecimento. Foram coletadas 40 amostras de
gua das seringas trplices de consultrios particulares e clnicas populares de
Taubat SP. A coleta foi realizada mediante desinfeco das superfcies externa
das seringas trplices, com algodo embebido em lcool 70%, seguido de flush de
gua por 30 segundos. As amostras de gua in natura e diludas foram distribudas
pela tcnica do pour plate em placas contendo meio TSA, incubadas a 37 C por
48 horas. Os equipos eram de diferentes marcas comerciais, tais como Beltimore
(1), Cristfoli (2), GNATUS (12), KaVo (3) e Olsen (3), que apresentavam o sistema
de reservatrio em garrafa de plstico/pet (24) ou reservatrio de gua (16). A
gua utilizada para preencher o reservatrio ou o pet era proveniente da torneira
(7), gua mineral comercializada em galo (12) e filtro caseiro (21). A ocorrncia de
contaminao das amostras de gua foi de 72,5%, sendo que as clnicas
particulares e os reservatrios tipo pet apresentaram menor taxa de contaminao,
se comparadas s clnicas populares e aos reservatrios tradicionais. No foram
observadas diferenas estatisticamente significantes entre as variveis, tipo de
clnica, reservatrio e gua utilizada para seu abastecimento (torneira, filtrada,
mineral).
KETTERING et al. (2002) avaliaram 15 equipos odontolgicos - Adec,
modelo Decade 1021 - novos, com sistema de circuito de gua fechado e com
garrafas tipo pet conectadas aos equipos. Os reservatrios foram preenchidos com
gua esterilizada e as amostras de 5,0 ml foram coletas das seringas trplices e das
mangueiras das turbinas de rotao sem as peas de mo acopladas, aps flush
de 30 segundos, antes e aps 6 semanas. As amostras foram filtradas em
membrana, com poros de 47m de dimetro - Micro-Funnel, Gelma Sciences, Ann
Arbor, semeadas posteriormente em Agar R2A Difco, e incubadas temperatura
ambiente por cinco dias, seguido da contagem do nmero de UFC/ml. Amostras
adicionais de gua foram coletadas da torneira de 7 locais diferentes da escola de
odontologia, em intervalos semanais, com anlises realizadas em laboratrio
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comercial licenciado do Estado da Califrnia. O nmero de organismos presente nas
7 amostras de gua da torneira variou de 4 a 95UFC/ml e a aplicao sistemtica do
flush de 30 segundos com gua esterilizada durante 6 semanas no foi eficaz na
reduo do nvel de contaminao microbiana, mdia 644,75x104UFC/ml.
SOUZA-GUGELMIN et al. (2003) determinaram contaminao microbiana
das guas de equipos odontolgicos, atravs da coleta de amostras de gua dos
reservatrios, seringas trplices e alta rotao de 15 equipos de clnicas
odontolgicas da cidade de Ribeiro Preto SP. As amostras foram inoculadas pela
tcnica pour plate em meio PCA, incubadas por 48 horas a 32 C, seguido da
contagem do nmero de UFC/ml. Os resultados demonstraram que os reservatrios
de 13 dos 15 equipos analisados apresentavam contaminao bacteriana em
diferentes nveis. As contagens microbianas das amostras de gua das turbinas de
alta rotao e seringas trplices foram maiores que a dos reservatrios. Concluram
que os nveis elevados de contaminao microbiana, observados nas guas das
seringas trplices e turbinas de alta rotao, eram provavelmente decorrentes da
formao de biofilmes ao longo das linhas de gua.
WATANABE (2003) avaliou o nvel de contaminao da gua de equipos
odontolgicos por meio de placas Petrifilm (3M, EUA), coletando amostras de
gua da seringa trplice e alta rotao antes e aps flush, reservatrio dos equipos
e da fonte de abastecimento/filtro d