AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DO TECIDO PULPAR DE...
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Rafaela Argento
AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DO TECIDO PULPAR DE
DENTES DE RATOS IRRADIADOS COM RADIAÇÃO X
PIRACICABA
2014
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Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Odontologia de Piracicaba
Rafaela Argento
AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DO TECIDO PULPAR DE
DENTES DE RATOS IRRADIADOS COM RADIAÇÃO X
Este exemplar corresponde à versão final da dissertação
defendida pela aluna Rafaela Argento e orientada pela
profa Dra Glaúcia Maria Bovi Ambrosano
______________________________________
Assinatura da orientadora
PIRACICABA
2014
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia
de Piracicaba da Universidade Estadual de
Campinas, como parte dos requesitos exigidos para
a obtenção do título de Mestra em Radiologia
Odontológica, na área de Radiologia Odontológica.
Orientadora: Profa. Dra. Gláucia Maria Bovi Ambrosano
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RESUMO
A radioterapia é uma modalidade terapêutica de tratamento contra neoplasias
malignas, que pode ser usada isoladamente ou em conjunto com a quimioterapia e/ou
cirurgia, tendo efeito curativo ou remissivo. Apesar de todos os benefícios, por não ser um
tratamento específico, atinge células malignas e células saudáveis, podendo resultar em
complicações. Assim, a radiação ionizante possui efeitos danosos, que podem ser agudos
ou tardios. Quando o tumor maligno se encontra na região de cabeça e pescoço, os efeitos
colaterais incluem mucosite, disfagia, xerostomia, digeusia, trismo, osteorradionecrose,
entre outros. A polpa dental também está no campo de irradiação ou em suas imediações e,
quando afetada, o dente pode ter resposta negativa ao teste de sensibilidade pulpar, sendo
indicado o tratamento endodôntico ou mesmo a exodontia. Este trabalho teve por objetivo
avaliar o efeito da radiação ionizante sobre o tecido pulpar de dentes de ratos Albinus
Wistar por meio de análise morfológica. A amostra foi constituída por 35 ratos, que foram
divididos em 7 grupos: o grupo controle (n=5), 3 grupos irradiados com 15 Gy (n=15) e 3
grupos irradiados com 25 Gy (n=15). Os grupos irradiados foram submetidos à dose única
de radiação, e sacrificados 24 horas, 7 dias e 22 dias após a irradiação. Cinco animais do
grupo irradiado com 25 Gy não sobreviveram por mais de 10 dias. A análise histológica dos
cortes pelo método da hematoxilina e eosina não mostrou alterações como infiltrado
inflamatório, edema ou fibrose, mas mostrou degeneração hialina nos vasos sanguíneos
pulpares dos dentes irradiados, que foi estatisticamente significante (p<0,05). Concluiu-se
que a radiação pode causar alterações vasculares no tecido pulpar.
Palavras chave: Radioterapia. Polpa Dentária. Neoplasia de cabeça e pescoço.
Microcirculação.
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ABSTRACT
Radiotherapy is a therapeutic modality for treatment against malignant
neoplasms, which may be prescribed solely or together with chemotherapy and/or surgery;
it has healing or remissive effects. Despite all the benefits, for not being a specific
treatment it affects both malignant and healthy cells and complications may result;
therefore, ionizing radiation has deleterious effects which may be acute or late. When a
malignant tumor is found in the head and neck region the side effects include mucositis,
dysphagia, xerostomia, dysgeusia, trismus, osteoradionecrosis, among others. The dental
pulp also is in the radiation field or in its surroundings and when affected by radiation, the
tooth may respond negatively to the pulp sensitivity test, in this case, it may receive the
recommendation for endodontic treatment or even extraction. This work has aimed to
evaluate the effects of ionizing radiation upon pulp tissue of Albinus Wistar rat teeth, by
means of morphological analysis. The sample consisted of 35 rats divided into 7 groups:
control group (n=5), 15 Gy irradiated groups (n=15) and 25 Gy irradiated groups (n=15).
The irradiated groups were given a single dose of radiation and sacrificed after 24 hours, 7
days and 22 days. Five animals of the 25 Gy irradiated group did not survived for more
than 10 days. The histological analysis of the slides, by the Hematoxylin-Eosin (HE)
method, showed no changes such as inflammatory infiltrate, edema and fibrosis, though, it
showed hyaline degeneration of pulpal blood vessels of irradiated teeth which was
statistically significant (p<0,05). Therefore it can be concluded that radiation may cause
vascular changes in pulpal tissue.
Keywords: Radiotherapy. Dental Pulp. Head and neck neoplasms.
Microcirculation.
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SUMÁRIO
DEDICATÓRIA xiii
AGRADECIMENTOS xv
EPÍGRAFE xix
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO DE LITERATURA 5
2.1. RADIOTERAPIA 5
2.2. EFEITOS ADVERSOS DA RADIOTERAPIA 7
2.3. EFEITOS DA RADIOTERAPIA NA POLPA DENTAL 9
3 PROPOSIÇÃO 14
4 MATERIAL E MÉTODOS 15
4.1. GRUPOS EXPERIMENTAIS 15
4.2. PROCESSO DE IRRADIAÇÃO 16
4.3. SACRIFÍCIO DOS ANIMAIS 17
4.4. PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO 18
4.5. ANÁLISE MICROSCÓPICA 19
4.6. ANÁLISE DOS DADOS 20
5 RESULTADOS 21
6 DISCUSSÃO 30
7 CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS 37
ANEXO 45
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xiii
Dedicatória
Aos meus pais, José Roberto e Susette, por terem me ensinado a importância da
educação o que me impulsionou a buscar o mestrado, e pelo apoio por este tempo fora de
casa. Obrigada por tudo o que vocês fizeram por mim, a vida inteira.
Aos meus tios Sueli e Tadeu por estarem presentes na minha vida, sempre me
apoiando.
Aos meus avós Mansur e Zenaide, e Armando (in memoriam) e Leonilda (in
memoriam) pelo exemplo de vida. Foi com vocês que aprendi que honestidade é tudo na
vida.
Ao meu namorado, Davi, por todo apoio e incentivo desde o primeiro dia em
que eu disse que tinha vontade de fazer mestrado, e por toda a ajuda e compreensão depois
que comecei o mestrado. Sem sua ajuda o caminho teria sido muito mais difícil.
À minha orientadora, professora Gláucia e à minha co-orientadora, professora
Solange, pela confiança, pelo estímulo ao meu crescimento e pela orientação a este
trabalho.
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Agradecimentos
À Universidade Estadual de Campinas, através da pessoa do Reitor Professor
Doutor José Tadeu Jorge.
À Faculdade de Odontologia de Piracicaba, através da pessoa do Diretor
Professor Doutor Jacks Jorge Júnior.
À Coordenadoria de Pós-Graduação da FOP, através da pessoa da Professora
Doutora Renata Cunha Matheus Rodrigues Garcia.
À Professora Doutora Gláucia Maria Bovi Ambrosano e à Professora Doutora
Solange Maria de Almeida pela orientação desse trabalho.
Ao Professor Doutor Francisco Haiter Neto por ser um exemplo de dedicação a
todos nós, principalmente por ter me recebido tão bem desde que eu fui buscar informações
sobre o mestrado.
À Professora Doutora Déborah Queiroz de Freitas França pelos ensinamentos e
simpatia.
Ao Professor Doutor Frab Norberto Bóscolo por toda sua dedicação à
Radiologia e carinho com que trata todos os alunos
xvi
Aos Professores Doutores Pedro Duarte Novaes e Mário Roberto Vizioli pela
ajuda.
Aos funcionários da radiologia Luciane, Waldek, Fernando e Giselda por toda
simpatia e boa vontade.
À Eliene Narvaes e Maria Aparecida Varella pela paciência, ajuda, bom humor
e incentivo.
Aos funcionários do Biotério Wanderley e Leandro.
Aos colegas Laura, Gina, Amaro e Yuri pela ajuda com os ratinhos.
Aos demais colegas da radiologia pela agradável convivência.
Ao amigo Thiago pela amizade, conversas e incentivo.
À minha querida amiga Maria Virgínia Ludke de Oliveira, que sempre me
tratou com tanto carinho, e que sempre foi, para mim, um exemplo de profissional, e que
sempre esteve disposta a conversar, apoiar, e principalmente acreditar em mim.
xvii
À Cláudia Loureiro, uma pessoa que nem tenho palavras para descrever,
alguém que trouxe a luz para minha vida, que sempre me ajudou a desfazer os nós que
teimam em se fazer na minha cabeça, alguém com quem eu posso conversar sem ter medo
de dizer o que eu realmente sinto, e que me ajudou a aprender a fazer mais para mim
mesma, e que não tem problema nenhum ser diferente da maioria.
À toda a minha família, que em nenhum momento me deixou desanimar e
sempre me apoiou em minhas decisões.
Ao meu namorado, Davi, que sempre me acalmou e me ajudou a ver uma saída
onde eu não via nenhuma esperança.
A todas as pessoas, que não foram citadas aqui, mas que de alguma forma me
ajudaram na execução deste trabalho.
À Capes pela concessão da bolsa de mestrado.
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“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da
terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um
promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer
homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os
sinos dobram; eles dobram por ti”. John Donne
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Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Introdução
1
1 INTRODUÇÃO
Câncer é um termo utilizado genericamente para representar centenas de
doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e
órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo. De rápida divisão, essas células
tendem a ser agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores ou
neoplasias malignas (Ministério da Saúde, 2003). Tendo sido historicamente considerada
como uma doença de países desenvolvidos e com grandes recursos financeiros, essa
situação vem se alterando e há aproximadamente quatro décadas a maior parte dos casos de
câncer vem ocorrendo em países em desenvolvimento, principalmente aqueles com poucos
e médios recursos. Em países com grande volume de recursos financeiros, predominam os
cânceres de pulmão, mama, próstata e cólon. Em países de baixos e médios recursos, os
cânceres predominantes são os de estômago, fígado, cavidade oral e colo do útero (INCA
2011).
As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o ano de 2014,
que também são válidas para o ano de 2015, apontam para a ocorrência de
aproximadamente 576.000 novos casos de câncer no Brasil, sendo os tipos mais incidentes
os cânceres de pele não melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto, estômago e cavidade
oral, para o sexo masculino; e os cânceres de pele não melanoma, mama, cólon e reto, colo
do útero, pulmão e glândula tireoide para o sexo feminino. Estimam-se 11.280 casos novos
de câncer da cavidade oral em homens e 4.010 em mulheres. Esses valores correspondem a
um risco estimado de 11,54 novos casos a cada 100 mil homens e de 3,92 a cada 100 mil
mulheres. Além disso, esperam-se 6.870 novos casos de câncer de laringe em homens e 770
em mulheres (sete casos a cada 100 mil homens, e 0,75 a cada 100 mil mulheres), sendo um
dos mais comuns entre os diversos tipos de cânceres de cabeça e pescoço no mundo (160
mil novos casos por ano, com óbito de aproximadamente de 83 mil pessoas por ano).
As neoplasias malignas podem ser tratadas por cirurgia, radioterapia e
quimioterapia, separadamente ou em conjunto, variando quanto à importância de cada uma
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Introdução
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e a ordem de sua indicação. Atualmente, poucas são as neoplasias malignas tratadas com
apenas uma modalidade terapêutica (Ministério da Saúde, 2008).
A radioterapia é uma importante opção terapêutica para muitos tipos de
tumores, indicada em todos os estadiamentos clínicos (Ministério da Saúde, 2008), porém
seu uso muitas vezes é limitado pelos efeitos adversos que causa em tecidos sadios
(Kouvaris et al. 2007). Em crianças e adolescentes a radioterapia tem sido muitas vezes
contraindicada em decorrência dos efeitos colaterais tardios que ela acarreta ao
desenvolvimento orgânico (Ministério da Saúde, 2008).
As células malignas e as células normais respondem de modo semelhante à
radiação ionizante, ou seja, as células normais também são afetadas durante a radioterapia,
sendo ambas mais sensíveis à radiação durante a divisão mitótica. Habitualmente os
tumores encontram-se em proliferação celular, isto é, em fase mitótica, sofrendo mais os
danos da radiação (Pinto & Leite, 1999).
Os efeitos colaterais desencadeados pela irradiação, na cavidade oral, podem
ser divididos em agudos, como mucosite, disfagia e xerostomia, e efeitos colaterais tardios,
como a osteorradionecrose, que é um problemático efeito colateral tardio (Ahmed et al.
2009). Estes efeitos colaterais podem afetar a dentição, a fala, a deglutição e a mastigação,
muitas vezes de modo irreversível, causando uma diminuição drástica na qualidade de vida
do paciente (Lee et al. 2009). A osteorradionecrose pode ocorrer em qualquer fase da
radioterapia, em média 22 meses após o término da irradiação (variação de 1 a 69 meses),
acometendo 5% a 15% dos pacientes que recebem altas doses de radiação na região de
cabeça e pescoço (Chang et al. 2007, Lee et al. 2009). Não há um fator único para o seu
desenvolvimento, tendo origem multifatorial, sendo que a exodontia é um fator de risco
(Bonan et al. 2006). Pode se desenvolver mesmo após tratamento odontológico preventivo
com adequação da cavidade bucal previamente a radioterapia, como as exodontias
preventivas de dentes comprometidos, tratamento periodontal, troca de restaurações
metálicas e com infiltrações (Bonan et al. 2006, Chang et al. 2007).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Introdução
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Outra complicação importante, do ponto de vista odontológico, é a cárie
relacionada à radioterpia, doença que possui início e progressão rápidos, caráter recorrente
e tratamento desafiador, pois materiais restauradores possuem pouca longevidade nesses
dentes. De acordo com Hong et al. (2010) 25% dos pacientes que passam por radioterapia
desenvolvem cárie relacionada à radioterpia. Vários fatores podem contribuir para o seu
desenvolvimento, como a diminuição do fluxo salivar e mudança na qualidade e
composição salivar (aumento da viscosidade, diminuição da capacidade tampão e alteração
na concentração eletrolítica) que alteram a microbiota da saliva e aumentam a população de
microorganismos cariogênicos (Stevenson & Epstein, 1993; Pankhurst et al., 1996; Al-
Nawas & Grotz, 2006; Kielbassa et al., 2006). Esses fatores podem levar à dissolução do
conteúdo mineral do esmalte e da dentina (Shaw et al., 2000; Kielbassa et al., 2006;
Sciubba & Goldenberg, 2006). Indiretamente, a mucosite contribui para a patogênese da
cárie relacionada à radioterpia por desencadear dor intensa – o que dificulta a mastigação e
a deglutição, aumentando o consumo de alimentos pastosos (Pankhurst et al., 1996;
Kielbassa et al., 2006; Sciubba & Goldenberg, 2006). A dor causada pela mucosite dificulta
o processo de higienização bucal, tornando o paciente ainda mais susceptível à cárie
relacionada à radioterpia.
A polpa dentária, único tecido mole do dente, é um tecido conjuntivo frouxo
ricamente vascularizado e inervado. Em sua periferia se localizam os odontoblastos que são
células especializadas responsáveis pela síntese dos diferentes tipos de dentina. Diversos
tipos celulares são encontrados na polpa dentária, além dos odontoblastos, entre eles:
fibroblastos, células ectomesenquimáticas, macrófagos, células dendríticas, linfócitos,
plasmócitos e, ocasionalmente, eosinófilos e mastócitos. Este tecido encontra-se alojado na
câmara pulpar, que é uma cavidade central escavada na dentina, que morfologicamente
reproduz a forma do elemento dentário, ou seja, se modificada conforme a anatomia dos
dentes. A câmara pulpar divide-se, do mesmo modo que o tecido pulpar, nas porções
coronária e radicular. No forame apical, a polpa radicular se liga diretamente ao tecido
periapical do ligamento periodontal no espaço indiferenciado de Black ou periápice
(Ferraris & Muñoz, 2006).
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Introdução
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Não há muitos estudos que avaliam os efeitos da radioterapia no tecido pulpar,
e a maioria deles são antigos como Meyer et al., 1962, Hutton et al., 1974, Fawzi et al.,
1985, Annertoh et al., 1985, Knowles et al., 1986, Springer et al., 2005; e além disso, ao
se comparar os resultados, eles mostram-se contraditórios, em alguns estudos não houve
alteração pulpar após a irradiação (Hutton et al., 1974, Knowles et al., 1986, Vier-Pelisser
et al., 2007); enquanto que outros autores encontram alterções pulpares em seus estudos
(Fawzi et al., 1985, Annertoh et al., 1985, Springer et al., 2005).
Tendo em vista que a radioterapia tem como um importante efeito colateral
tardio a osteorradionecrose, que possui como fator de risco a exodontia, que é indicada
quando há comprometimento pulpar, viu-se a importância de estudar os efeitos da radiação
X sobre a polpa dentária, uma vez que, se essa for alterada pela irradiação, dependendo da
severidade dessa (resposta negativa ao teste de sensibilidade pulpar), pode indicar a
exodontia. (Kataoka 2011, Kataoka 2012).
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Revisão de Literatura
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Radioterapia
A radioterapia é um tratamento no qual são utilizadas radiações ionizantes para
destruir um tumor ou impedir que as células tumorais se proliferem; esse tratamento pode
ser realizado isoladamente ou em combinação com outros recursos, como a quimioterapia e
a cirurgia. Para muitos pacientes, é um meio bastante eficaz, que faz com que o tumor
desapareça e a doença fique controlada, ou até mesmo curada. Mesmo quando não é
possível obter a cura, a radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida,
pois as aplicações diminuem o tamanho do tumor, o que alivia a pressão, reduz
hemorragias, dores e outros sintomas, proporcionando alívio aos pacientes O número de
aplicações necessárias pode variar de acordo com a extensão e a localização do tumor, dos
resultados dos exames e do estado de saúde do paciente (INCA).
O tratamento radioterápico contra o câncer da cavidade oral consiste em uma
dose total de radiação ionizante de 50 a 70 Gy, fracionadas em 5 a 7 semanas, uma vez ao
dia, cinco dias por semana, com dose diária de aproximadamente 2 Gy (Tsujii, 1985). A
dose total é aplicada de modo fracionado a fim de permitir que os tecidos saudáveis do
paciente tenham tempo para se repararem, e para que a diminuição do volume tumoral seja
lenta (Rothwell & Specktor, 1990; Lima et al., 2001).
Em modelos animais, estes precisam ser anestesiados para a realização da
irradiação, para que fiquem imóveis durante o procedimento. Devido às dificuldades em se
anestesiar os animais para a realização da radioterapia de modo fracionado, Niehoff et al.
(2008) desenvolveram um modelo para a aplicação de uma dose única de radiação e
validou esse modelo experimental utilizando uma dose alta de 20 Gy na forma de
braquiterapia (modelo de tratamento no qual o material radioativo é aplicado por meio de
aparelhos e fica em contato com o organismo do paciente; também é chamado de
radioterapia de contato (Inca, 2014).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Revisão de Literatura
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As unidades em dosimentria sofreram alterações ao longo dos anos. Atualmente
utiliza-se as unidades Sistema Internacional (SI). A dose absorvida, que se refere à
quantidade de energia absorvida do feixe de radiação por unidade de massa tecidual é dada
em Gray (Gy) (Whaites, 2009). Outra unidade que já foi utilizada para a mesma finalidade
é o rad (radiation absorbed dose), na conversão para a unidade atualmente utilizada, tem-se
que 1 Gray = 100 rads. Em trabalhos mais antigos (como por exemplo, Meyer et al., 1962,
Hutton et al., 1974 e Fawzi et al., 1985), os autores referem-se à unidade röentgen (R) que é
uma unidade de exposição a radiações ionizantes, e que também foi substituída pelo Gy,
sendo que 1 Gy ≈ 100 R.
A radiação ionizante provoca ionização e instabilidade elétrica no meio onde
incide (Jham & Freire, 2006). Na célula, age no DNA (ácido desoxirribonucleico) nuclear
levando à morte ou à perda de sua capacidade reprodutiva, por efeito direto ou indireto
(radiólise da água – através de uma complexa série de reações a molécula de água é
convertida em radicais livres de hidrogênio e hidroxila, e na presença de oxigênio
molecular, há a formação de radicais livres hidroperoxila; esses radicais livres são agentes
oxidantes que podem provocar alterações nas moléculas biológicas e causar destruição
celular (White & Pharoah, 2007). O conteúdo do DNA é duplicado durante a mitose assim,
células com alto grau de atividade mitótica são mais radiossensíveis do que aquelas com
baixa taxa de mitose (Murad & Katz, 1996). Segundo Salvajoli et al. (1999) as células
neoplásicas estão em contínuo processo de reprodução e são passíveis de sofrerem os
efeitos da radiação, porém a capacidade de multiplicação varia de acordo com o tipo celular
e existem tumores mais radiossensíveis do que outros.
Todavia, a radioterapia não é um tratamento seletivo, pois não tem a capacidade
de distinguir as células normais das células malignas, tendo efeitos adversos no organismo
(Salazar et al. 2008).
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Revisão de Literatura
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2.2. Efeitos adversos da radioterapia
Apesar das vantagens reconhecidas no tratamento de tumores malignos, a
radioterapia tem efeitos colaterais na região de cabeça e pescoço (Rosales et al., 2009) pois
destrói tanto células tumorais quanto células normais (Lôbo & Martins, 2009).
As complicações decorrentes da radioterapia podem ocorrer durante e/ou após o
tratamento (Jham et al. 2008), e interferem na qualidade de vida do paciente em tratamento
(Lazarus, 2006).
Jisander et al. (1997) descreveram que as reações adversas advindas da
radioterapia dependem do volume irradiado, se a exposição é uni ou bilateral, se a dose será
fracionada, idade e condições físicas do paciente, hábitos sociais e tratamentos associados,
entre outros. Spetch (2002) cita que uma pequena elevação no volume tumoral a ser
irradiado já basta para um aumento expressivo na incidência de complicações. Além disso,
os efeitos da radiação ionizante são diretamente relacionados não só com o tipo de tecido
que recebe a irradiação, mas também com a dose de radiação absorvida (Boraks et al.,
2008).
Dentre as complicações em radioterapia na região da cabeça e pescoço as mais
frequentes são: hemorragia, processos infecciosos, exacerbação de infecções preexistentes,
mucosite, xerostomia, cárie relacionada à radioterpia e interrupção no desenvolvimento
dentário. Também podem ocorrer alterações na odontogênese (Albuquerque et al. 2007). A
maioria dessas alterações é dose-dependente (Shenoy et al. 2007).
Shenoy et al. (2007) em uma revisão de literatura relataram que a altas doses de
radiação na cavidade oral e glândulas salivares podem ter efeitos dramáticos na saúde oral
do paciente, e que o tratamento odontológico de pacientes irradiados demanda particular
atenção do profissional, já que o dentista deve acompanhá-lo de perto, durante e após o
tratamento radioterápico. Os autores relatam que a radiação causa rápida e irreversível
diminuição da secreção do fluxo salivar; pacientes com xerostomia são mais susceptíveis à
doença periodontal, cáries rampantes, e infecções orais fúngicas e bacterianas, como
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Revisão de Literatura
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resultado da queda da imunidade do hospedeiro e desequilíbrio da microbiota. Ainda
segundo esses autores a mucosite é caracterizada pela inflamação e pela ulceração da
mucosa; as células da mucosa oral têm alta taxa de “turn-over”, logo são radiossensíveis. A
digeusia ocorre rápida e exponencialmente com doses maiores de 30 Gy, e diminui a
capacidade de distinguir sabores, essa acuidade é parcialmente restaurada 30 a 60 dias após
o término da radioterapia, e é quase completamente restaurada após 4 meses na maioria dos
pacientes; digeusia e ageusia (incapacidade de sentir gosto) causam anorexia, pois os
pacientes perdem interesse na comida. Os autores relatam ainda que há pouca informação
sobre os efeitos da radiação nos dentes; o desenvolvimento dental pode ser
significantemente afetado e os efeitos potenciais incluem anodontia parcial ou completa,
incompleta formação radicular e defeitos localizados no esmalte; a polpa dental apresenta
decréscimo na vascularização, com fibrose e atrofia, e a resposta pulpar a traumas e
infecções fica comprometida. Pode ocorrer trismo devido à fibrose nos músculos da
mastigação, o que limita a abertura bucal causando dificuldade na alimentação, higiene
dental e procedimentos odontológicos.
Segundo Ahmed et al. (2009) a toxicidade aguda devido à irradiação bilateral
da cavidade oral é severa, e a maioria dos pacientes desenvolve mucosite oral e disfagia.
Ainda segundo os autores o efeito tardio mais comum da radiação é a xerostomia, que pode
afetar a dentição, fala, deglutição e mastigação. Um efeito tardio problemático é
osteorradionecrose, que pode tem como consequências: dor, infeccção, sequestro ósseo, e
em casos extremos, desenvolvimento de fístulas. A osteorradionecrose é mais prevalente no
tratamento radioterápico para tumores na língua, assoalho da boca, trígono-retromolar e
tonsilas, pois estes tipos de tumores requerem maior dose de radiação.
De acordo com Lee et al. (2009) não há estudos claros sobre os fatores de risco
para a osteorradionecrose, embora fatores como fumo, bebida, alguns tumores, higiene oral
e eventos traumáticos como cirurgia e radiação têm sido associados ao seu
desenvolvimento na literatura. Assim, não há um fator único para o seu desenvolvimento,
tendo origem multifatorial, e por isso o tratamento odontológico preventivo com adequação
da cavidade bucal previamente a radioterapia, como as extrações dentárias preventivas de
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Revisão de Literatura
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dentes comprometidos, tratamento periodontal, troca de restaurações metálicas e com
infiltrações não previne a osteorradionecrose (Bonan et al. 2006).
A dose de radiação influencia na osteorradionecrose, e quanto maior é a dose,
maior é o risco. Chang et al. (2007) reportaram que a incidência da osteorradionecrose é
variável entre 5% a 15% dos pacientes irradiados.
2.3. Efeitos da radioterapia na polpa dental
Meyer et al. (1962) compararam os efeitos da irradiação com cobalto-60 e 200
kV nas estruturas dentais de ratos. Os animais receberam dose única de radiação de 1020 r
(10,2 Gy), 1530 r (15,3 Gy) e 2040 r (20,4 Gy), provenientes de cobalto-60 em três grupos
e de 200 kV nos outros três; os animais foram sacrificados 2 e 4 semanas após a irradiação.
Nos animais expostos à 2040 r (20,4 Gy) de 200 kV os autores observaram alterações
severas no tecido pulpar como necrose do tecido pulpar ou dos odontoblastos e fibroblastos
com hemorragia e infiltração de células inflamatórias; em alguns casos havia necrose
pulpar com aparente calcificação de algumas áreas pulpares. Já nos animais expostos à
2040 r (20, 4 Gy) de cobalto-60 a polpa mostrou-se relativamente normal, apenas com
alterações na espessura das paredes dos vasos sanguíneos e ocasionalmente degeneração no
tecido conjuntivo.
Hutton et al. (1974) irradiaram os maxilares de dois macacos com cobalto-60
em doses de 3000 r (30 Gy), 5000 r (50 Gy) e 7000 r (70 Gy). A seguir, 23 dentes foram
extraídos e estudados microscopicamente; quatro dentes foram usados como controle – não
foram irradiados. Não foram encontradas diferenças histológicas no tecido dental devido à
radiação, independente da dose utilizada.
Fawzi et al. (1985) em seu estudo dividiram 36 ratos com 56 dias em dois
grupos experimentais: o grupo 1 recebeu 400 r (4 Gy) de radiação proveniente de césio no
corpo todo e o grupo 2 não foi irradiado e constituiu o grupo controle. Após três semanas
da irradiação foram realizados procedimentos dentários nos dois grupos de animais
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Revisão de Literatura
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(preparo cavitário preenchido com óxido de zinco e eugenol, exposição pulpar e
capeamento com óxido de zinco e eugenol e exposição pulpar aberta). Dois animais de cada
procedimento, dos grupos 1 e 2 foram sacrificados nos tempos de 2, 4 e 8 semanas após o
procedimento. Clinicamente, os animais irradiados demonstraram alteração na
vascularização da polpa dental, quando esta foi exposta, houve sangramento nos animais do
grupo 2 e não houve sangramento no grupo 1. Microscopicamente, esta dose de radiação
causou depressão da resposta inflamatória normal da polpa para trauma e infecção
induzidos pela exposição pulpar, e não houve mudanças patológicas nos molares não
tratados dos animais irradiados.
Annertoh et al. (1985) analisaram clinicamente, histologicamente e através de
microrradiografia, 54 dentes extraídos de 20 pacientes que passaram por radioterapia na
região de cabeça e pescoço devido a tumores malignos, com dose de radiação que variou de
15 a 70 Gy, usando como fonte o cobalto-60. 18 dentes não extraídos de oito pacientes não
irradiados foram usados como controle. Clinicamente, alguns pacientes relataram
hipersensibilidade dentária ao frio e ao calor com sintomas semelhantes à pulpite. Foram
encontradas calcificações pulpares em 8 de 20 casos.
Knowles et al. (1986) estudaram 389 dentes de 24 pacientes irradiados e 288
dentes não irradiados como controle. Os pacientes irradiados receberam uma dose mínima
de 5000 rads (50 Gy) proveniente de cobalto-60 na região de cabeça e pescoço; os dentes
estudados poderiam estar incluídos ou não no campo de radiação. Todos os dentes,
irradiados ou não, tiveram sua sensibilidade testada e foi atribuído um escore para cada um.
Cada dente foi testado em intervalos de seis meses, durante dois anos. Além disso, dentes
extraídos 3 a 5 anos após a irradiação foram preparados histologicamente. Os resultados
demonstraram decréscimo imediato na sensibilidade dos dentes mandibulares fora do
campo de radiação, enquanto que os dentes maxilares fora do campo de radiação não
tiveram alterações significativas após 36 horas, este decréscimo foi atribuído à uma
diminuição no fluxo sanguíneo pulpar. O fluxo sanguíneo era ideal previamente à
radioterapia, com decréscimo de 50% 4 meses após o início da raditerapia, e era 75%
reestabelecido um ano após o término da radioterapia. Não foram encontradas diferenças
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Revisão de Literatura
11
histológicas em dentes expostos à 5040 r (50,4 Gy) comparados com o controle, sendo
observada uma mudança sutil nas paredes dos vasos sanguíneos, quando os cortes foram
analisados em microscopia de luz; porém, quando os cortes foram analisados no
microscópio eletrônico, foram observadas fibrose e alterações vasculares.
Springer et al. (2005) avaliaram 80 dentes humanos extraídos; 40 dentes
constituíram o grupo controle e 40 dentes constituíram o grupo experimental que
receberam, in vitro, uma dose de 31,5 Gy proveniente do cobalto-60 (6,3 Gy/dia, por 5
dias). Após a última dose de radiação a polpa dental foi removida. Fragmentos de colágeno
foram isolados por ultrafiltração e agrupados para cada grupo experimental. As ligações
maduras de colágeno foram mensuradas por cromatografia líquida de alto desempenho para
determinar a proporção entre a quantidade de fragmentos de colágeno irradiados em
oposição aos não irradiados e avaliar a mineralização do tecido pulpar separadamente.
Encontraram-se danos radiogênicos imediatos e diretos do colágeno da matriz extracelular
do colágeno do tecido pulpar.
Rodrigues & Franzi (2007) testaram 91 dentes hígidos de pacientes submetidos
à radioterapia para o tratamento de malignidades de cabeça e pescoço e 103 dentes de
pacientes do grupo controle para avaliar a resposta pulpar ao teste de vitalidade com gás
refrigerante tetrafluoretano, em três grupos dentários distintos: incisivos inferiores,
incisivos superiores e canino. Os autores encontraram diferença significativa entre os dois
grupos de pacientes com relação às respostas negativas apresentadas, porém não houve
diferença entre os grupos dentários avaliados. Assim, os pacientes submetidos à
radioterapia de cabeça e pescoço apresentaram maior número de dentes com resposta
negativa ao teste de vitalidade pulpar.
Vier-Pelisser et al.(2007) avaliaram os efeitos precoces e tardios da radioterapia
fracionada na polpa dental de ratos usando cobalto-60. Para isso os autores submeteram 15
ratos à radioterapia fracionada com dose de 200 cGy (0,2 Gy) ao dia, por 30 dias,
totalizando 60Gy, e após a última dose os ratos foram sacrificados, formando o grupo 1. No
grupo 2 foi realizado o mesmo protocolo, porém os ratos foram sacrificados 30 dias após a
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Revisão de Literatura
12
última dose de radiação. Os grupos 3 e 4 formaram o grupo controle que não foi submetido
à radioterapia, o grupo 3 foi sacrificado junto com o grupo experimental 1 e o grupo 4 foi
sacrificado junto com o grupo experimental 2. Após a perfusão, a mandíbula esquerda foi
dissecada e processada para histologia. Foram encontradas alterações nucleares (vacúolos,
bolhas ou área esférica fracamente corada, tanto nos fibroblastos quanto nos odontoblastos)
nos grupos 1 e 2; não foi encontrada reação inflamatória ou modificações na matriz
extracelular, e também não houve diferença no conteúdo do colágeno.
Para avaliar os níveis de oxigenação pulpar em pacientes com malignidade
intraoral ou orofaringeal tratados com radioterapia, Kataoka et al. (2011) mensuraram a
oxigenação pulpar por oximetria de pulso. Foram selecionados vinte pacientes e 2 dentes de
cada paciente (n=40) foram analisados, independente do quadrante e da área irradiada, em
quatro momentos diferentes: antes da radioterapia; no início do tratamento radioterápico
com doses de radiação entre 30 e 35 Gy; no final do tratamento com doses de radiação
entre 60 e 70 Gy e 4 a 5 meses após o início da radioterapia. Os autores observaram que os
níveis de oxigenação pulpar eram maiores antes da radioterapia e que 4 a 5 meses após o
início do tratamento os valores eram próximos aos valores antes do tratamento. No início e
ao final do tratamento a média de oxigenação pulpar era menor, demonstrando que o tecido
pulpar pode ser capaz de recuperar seu fluxo sanguíneo normal; assim, se as alterações na
microcirculação pulpar são transitórias, tratamento endodôntico preventivo ou extração em
pacientes que estão em curso ou receberam radioterapia recentemente e apresente teste de
sensibilidade pulpar negativo, pode não ser necessário por razões pulpares.
Em 2012, Kataoka et al. avaliaram a sensibilidade pulpar de dentes de pacientes
que foram submetidos à radioterapia conformal ou radioterapia de intensidade modulada
para tratamento de tumores malignos na região de cabeça e pescoço. Vinte pacientes
tiveram 2 dentes que passaram por teste térmico (frio) para avaliar a vitalidade pulpar, em
4 momentos: antes da radioterapia; no início do tratamento radioterápico com doses de
radiação entre 30 e 35 Gy; no final do tratamento com doses de radiação entre 60 e 70 Gy e
4 a 5 meses após o início da radioterapia. Os autores encontraram que a radioterapia
diminui o número de dentes que responderam ao teste térmico de sensibilidade após doses
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Revisão de Literatura
13
maiores que 30 a 35 Gy; o tipo de radioterapia, ser conformal ou modulada não teve
influência sobre a resposta pulpar após a conclusão da radioterapia.
Visto isso, é importante conhecer os efeitos da radiação ionizante no tecido
pulpar, pois modificações transitórias na microcirculação pulpar tem como efeito a resposta
negativa ao teste de sensibilidade pulpar, levando ao tratamento endodôntico ou a extração
dentária que é um fator de risco para osteorradionecrose em pacientes submetidos à
radioterapia.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Proposição
14
3 PROPOSIÇÃO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da radiação X no tecido pulpar de
ratos Albinus Wistar, por meio de análise histológica, a presença dos seguintes itens no
tecido pulpar:
Reação inflamatória, fibrose;
Alterações nos vasos sanguíneos pulpares.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Material e Métodos
15
4 MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Animais
(CEUA) da UNICAMP, sob protocolo de nº 2998-1 (certificado de aprovação em anexo).
Foram avaliados 35 ratos machos (Albinus Wistar), com 12 semanas de idade,
advindos do Biotério central da UNICAMP. Esses animais foram mantidos em gaiolas de
policarbonato, em grupos de cinco animais, em ambiente com temperatura e umidade
controladas, com períodos de 12 horas de claro e 12 horas de escuro, e alimentados à base
de ração apropriada e água ad libitum.
4.1. Grupos experimentais
Os animais foram divididos aleatoriamente em sete grupos, entre grupo controle
e grupos irradiados, conforme o quadro 1.
Quadro 1. Distribuição dos animais nos grupos.
Grupo Descrição *N Tempo de Sacrifício após irradiação
A Controle 5 Não irradiado, sacrifício junto com o grupo B
B 15 Gy 5 24 horas
C 15 Gy 5 7 dias
D 15 Gy 5 22 dias
E 25 Gy 5 24 horas
F 25 Gy 5 7 dias
G 25 Gy 5 22 dias
* Número de ratos.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Material e Métodos
16
4.2. Processo de irradiação
Anteriormente à realização do procedimento de irradiação todos os animais
foram anestesiados, via intramuscular, com 80mg/kg de Cloridrato de Ketamina
(Dopalen®, Agribrands do Brasil Ltda., Paulínia, São Paulo, Brasil) e 8mg/kg de Cloridrato
de Xylasina (Rompum®, Bayer S.A., São Paulo, SP, Brasil).
Os animais dos grupos irradiados B, C e D receberam dose única de 15 Gy de
radiação X, a partir de um acelerador linear (Clinac 6/100®; Varian Medical Systems, Palo
Alto, CA, EUA) com 6 MeV, com distância focal de 100 cm (Figura 1). Os animais dos
grupos E, F e G passaram pelo mesmo procedimento, porém receberam dose única de 25
Gy.
Figura 1. Animais posicionados na mesa com distância focal de 100 cm.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Material e Métodos
17
A colimação foi feita de forma que apenas a região de cabeça e pescoço (área
de 18 X 30 cm) fosse irradiada (Figura 2). Não foi usada colimação secundária.
Figura 2. Colimação para a cabeça e pescoço do animal.
4.3. Sacrifício dos animais
Previamente ao sacrifício, os animais foram pesados para avaliar se houve
alteração no peso após a irradiação.
Tanto os animais do grupo controle quanto os dos grupos experimentais foram
sacrificados por aprofundamento anestésico, sendo os animais dos grupos experimentais
sacrificados nos tempos indicados anteriormente no quadro 1.
As mandíbulas foram dissecadas (Figura 3) e armazenadas em solução fixadora
composta por solução de formol a 10% tamponado (pH 7,2) em tampão de fosfato de sódio
a 0,1M, durante pelo menos 1 mês, em recipientes identificados.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Material e Métodos
18
Figura 3. Mandíbula dissecada.
4.4. Processamento histológico
As hemimandíbulas direitas foram descalcificadas em EDTA (Ácido Etileno
Diaminotetracético) com concentração de 4,13% e cortadas na região de interesse ao
presente estudo, abrangendo os 3 molares, em sua porção coronal e radicular, de modo que
o tecido pulpar estivesse exposto (Figura 4).
Figura 4. Mandíbula cortada, previamente à diafanização.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Material e Métodos
19
Em seguida, as hemimandíbulas foram lavadas e desidratadas em soluções
crescentes de etanol: 70%, 95% e 100%.
Após a desidratação, realizou-se a diafanização com xilol, embebição e inclusão
em Paraplast Plus: Tissue Embedding Medium® (McCormick TM Scientific, Leica
Biosystems, St. Louis LLC, EUA) e posteriormente a hemimandíbula foi seccionada em
cortes transversais com espessura de 7 µm utilizando um micrótomo manual Leica RM
2155 (Leica, Flϋssigkeit, Alemanha).
Foram confeccionadas 6 lâminas com 3 cortes cada; essas lâminas foram
desparafinizadas, hidratadas e coradas com Hematoxilina e Eosina (HE) e montadas em
bálsamo do Canadá para análise.
4.5. Análise microscópica
O melhor corte de cada lâmina foi escolhido para a análise. O corte foi
classificado como melhor quando era o mais representativo entre os 3 cortes, mostrando os
3 dentes molares, com a porção coronária e radicular, sem apresentar rasgos ou dobras.
As lâminas foram observadas em microscópio de luz comum (Carl Zeiss
Microscopy GmbH, Axio Lab, Jena, Alemanha), com aumento de 40 vezes, avaliando-se a
presença das seguintes alterações patológicas: células inflamatórias, edema e fibrose e
alterações nos vasos sanguíneos, por meio de análise morfológica.
Foram analisadas tanto a polpa coronária quanto a polpa radicular, dos três
dentes molares inferiores dos animais.
A análise foi realizada por um único observador, e as lâminas estavam
codificadas para que o avaliador não soubesse se o corte pertencia ao animal irradiado ou
não.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Material e Métodos
20
4.6. Análise dos dados
Os dados foram avaliados qualitativamente para presença ou ausência de
alterações patológicas e vasculares e quantitativamente pela porcentagem de lâminas com
presença e ausência de alterações, por meio de estatística descritiva e pelos testes não
paramétricos de Kruskal Wallis e Dunn. A comparação dos pesos entre os grupos foi
realizada pela análise de variância um critério de classificação e teste post-hoc Tukey. Em
todas as análises, foi considerado o nível de significância de 5%.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
21
5 RESULTADOS
A maioria dos animais irradiados, tanto com 15 Gy quanto com 25 Gy
apresentaram alopecia (figura 5); os animais irradiados do grupo D apresentaram menor
massa em relação aos animais não irradiados, essa variação no peso pode ser observada na
tabela 1.
Os animais do grupo G (que foram submetidos a uma dose de 25 Gy) não
sobreviveram por mais de 10 dias.
Figura 5. Animal irradiado apresentando alopecia.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
22
Tabela 1. Massa média, em gramas, no dia do sacrifício e desvio padrão em função do
grupo.
Grupo *Tempo de avaliação Média Desvio Padrão
Controle 342,0 a 9,3
Irradiado 15 Gy 24 horas 338,0 a 10,5
7 dias 329,0 a 8,8
22 dias 276,0 b 17,7
Irradiado 25 Gy 24 horas 335,0 a 8,6
7 dias 317,0 a 11,7
22 dias - -
*Tempo de sacrifício após a irradiação. Médias seguidas de letras distintas diferem entre si
(p≤0,05). Testes Anova e Tukey
Nos cortes corados com Hematoxilina e Eosina (HE) não se observou diferença
entre os grupos controle e irradiado, independente do tempo de sacrifício, quanto a
presença de infiltrado inflamatório significativo, edema ou fibrose de acordo com os
resultados apresentados na tabela 2.
Tabela 2. Porcentagem de animais nos grupos com presença de alterações patológicas,
vistas microscopicamente.
*Grupos
A B C D E F
Edema 0% 0% 0% 0% 0% 0%
Fibrose 0% 0% 0% 0% 0% 0%
Infiltrado
inflamatório 0% 0% 0% 0% 0% 0%
*Grupo A – controle, grupos B, C D receberam dose de radiação de 15 Gy e foram
sacrificados 24 horas, 7 dias e 22 dias após a irradiação, respectivamente; grupos E e F
receberam 25 Gy e foram sacrificados 24 horas e 7 dias após a irradiação, respectivamente.
Analisando-se os vasos sanguíneos, foi encontrada degeneração hialina nos
vasos sanguíneos pulpares em 100% dos animais irradiados, nas doses de 15 Gy e 25 Gy,
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
23
de modo semelhante nas duas doses, nos tempos de sacrifício de 24 horas, 7 dias e 22 dias.
Foi encontrado em menor frequência nos animais do grupo controle espessamento dos
vasos sanguíneos. (p<0,05) (tabela 3).
A degeneração hialina é uma alteração que pode ocorrer no interior das células
ou nos espaços extracelulares ou estruturas, dando origem a um aspecto vítreo róseo
homogêneo em cortes histológicos corados pela Hematoxilina e Eosina.
Tabela 3. Porcentagem de lâminas (mediana, valor mínimo e máximo) com alteração
vascular em função dos grupos.
Grupo *Tempo de
avaliação
Mediana Valor
mínimo
Valor
máximo
Controle 33,3% b 0,0% 33,3%
Irradiado 15 Gy 24 horas 100,0% a 100,0% 100,0%
7 dias 100,0% a 100,0% 100,0%
22 dias 100,0% a 100,0% 100,0%
Irradiado 25 Gy 24 horas 100,0% a 100,0% 100,0%
7 dias 100,0% a 100,0% 100,0%
22 dias - - -
*Tempo de sacrifício após a irradiação. Medianas seguidas de letras distintas diferem
entre si (p≤0,05).
As figuras 6 – 11 mostram cortes histológicos dos animais dos grupos
estudados.
Foram feitas imagens individuais de cada dente e de cada região – coronária e
radicular – com um aumento de 40 vezes.
A presença de hialinização foi marcada com setas pretas.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
24
Figura 6. Grupo A (controle). Nota-se a presença de vasos sanguíneos vazios ou
preenchidos por hemáceas. As letras A, C e E representam a porção coronária do 1º, 2º
e 3º molares; B, D e F representam a porção radicular do 1º, 2º e 3º molares (HE –
40x).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
25
Figura 7. Grupo B (15 Gy de irradiação, sacrfício após 24 horas). Vasos sanguíneos
com presença de degeneração hialina. As letras A, C e E representam a porção
coronária do 1º, 2º e 3º molares; B, D e F representam a porção radicular do 1º, 2º e 3º
molares (HE – 40x).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
26
Figura 8. Grupo C (15 Gy de irradiação, sacrfício após 7 dias). Vasos sanguíneos com
presença de degeneração hialina. As letras A, C e E representam a porção coronária do
1º, 2º e 3º molares; B, D e F representam a porção radicular do 1º, 2º e 3º molares (HE
– 40x).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
27
Figura 9. Grupo D (15 Gy de irradiação, sacrfício após 22 dias). Vasos sanguíneos
com presença de degeneração hialina. As letras A, C e E representam a porção
coronária do 1º, 2º e 3º molares; B, D e F representam a porção radicular do 1º, 2º e 3º
molares (HE – 40x).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
28
Figura 10. Grupo F (25 Gy de irradiação, sacrfício após 24 horas). Vasos sanguíneos
com presença de degeneração hialina. As letras A, C e E representam a porção
coronária do 1º, 2º e 3º molares; B, D e F representam a porção radicular do 1º, 2º e 3º
molares (HE – 40x).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Resultados
29
Figura 11. Grupo G (25 Gy de irradiação, sacrfício após 7 dias). Vasos sanguíneos
com presença de degeneração hialina. As letras A, C e E representam a porção
coronária do 1º, 2º e 3º molares; B, D e F representam a porção radicular do 1º, 2º e 3º
molares (HE – 40x).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Discussão
30
6 DISCUSSÃO
A radioterapia é frequentemente utilizada no tratamento de neoplasias malignas,
podendo ser utilizada isoladamente ou em conjunto com a quimioterapia e/ou cirurgia.
Apesar de todos os benefícios, podendo inclusive ter efeito curativo, também apresenta
efeitos adversos. Há vários estudos na literatura que se referem às complicações advindas
da radioterapia na região de cabeça e pescoço (Albuquerque et al., 2007, Shenoy et al.,
2007, Ahmed et al., 2009, Lee et al., 2009), porém foram encontrados poucos estudos
sobre os efeitos na polpa dental e estes mostraram resultados divergentes, além da maioria
ser antigo (Meyer et al., 1962, Hutton et al., 1974, Fawzi et al., 1985, Annertoh et al.,
1985, Knowles et al., 1986, Springer et al., 2005).
A resposta negativa ao teste de vitalidade pulpar é uma indicação para o
tratamento endodôntico ou mesmo para a exodontia do elemento; porém a exodontia é um
procedimento contra-indicado a pacientes que se submeteram à radioterapia, devido ao
risco de osteorradionecrose (Bonan et al. 2006). Dessa forma, é importante o estudo da
polpa dental quando submetida à radiação ionizante na forma de radioterapia.
Para tal análise, no presente estudo 30 ratos foram irradiados com doses únicas
de 15 Gy (n=15) e 25 Gy (n=15). Segundo Niehoff et al. (2008), uma dose única de 15 Gy
equivale à dose fracionada de 54 Gy, que é um valor médio próximo ao usado para o
tratamento radioterápico na região de cabeça e pescoço. A dose fracionada é utilizada em
humanos para que o organismo possa se recuperar entre uma dose e outra - o paciente
recebe uma dose diária de 1,8 a 2 Gy, uma vez ao dia, 5 dias por semana, por 5 a 7
semanas. Em testes experimentais com animais têm-se dificuldade em usar a dose
fracionada, pois geralmente o acelerador linear usado para a radioterapia está disponível em
hospitais, para os pacientes humanos, sendo necessário conciliar os horários disponíveis
para o uso do aparelho nos animais com o cronograma da pesquisa; além disso, para a
realização da irradiação é necessário que os animais sejam anestesiados, e nessa condição
eles ficam mais susceptíveis às condições externas, como o calor que pode ser excessivo
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Discussão
31
durante o transporte e esses animais podem vir a morrer antes mesmo que seja realizada a
irradiação.
Foi escolhido aplicar duas doses de radiação: uma dose menor (15 Gy),
compatível com a dose fracionada utilizada em humanos, e outra dose maior (25 Gy), pois
doses elevadas proporcionam maiores danos (Boraks et al., 2008) e assim as alterações
histológicas tornariam-se mais perceptíveis.
A radiação pode induzir alterações na polpa dentária, que é formada por tecido
conjuntivo que possui moderada sensibilidade à radiação. E uma perturbação que culmine
em infecção pode predispor à osteorradionecrose, que é o efeito tardio mais problemático
da radioterapia (Vier-Pelisser et al. 2007).
No presente estudo encontrou-se degeneração hialina nos vasos sanguíneos
pulpares dos dentes dos animais irradiados. Este tipo de degeneração denota um acúmulo
de um material que é homogêneo e eosinófilo (róseo) por microscopia óptica. Essa
alteração, quando extensa, contribui para a obliteração dos lumens capilares e esse
estreitamento causa comprometimento da irrigação sanguínea, implicando em diminuição
da nutrição e desnutrição localizada. É geralmente consequência de injúria endotelial ou da
parede capilar. Essa alteração se origina de um vazamento de proteínas plasmáticas através
de células endoteliais lesadas.
Não foram observadas alterações inflamatórias, edema ou fibrose no presente
estudo. Também Hutton et al. (1974), ao analisarem histologicamente a polpa de dentes de
macacos irradiados com cobalto-60 (doses de 30, 50 e 70,13 Gy), não encontraram
diferenças histológicas entre as polpas de dentes irradiados e polpas de dentes que não
foram irradiadas; os autores salientarem que embora o modelo experimental se
assemelhava a situação clínica em humanos e os animais eram similares aos seres humanos
anatomicamente e em outros aspectos, estes animais não apresentavam cáries ou
restaurações, o que geralmente não ocorre com pacientes, sendo esta uma possível
explicação para que neste estudo não tenha sido encontrada alterações pulpares. Knowles et
al. (1986), quando estudaram dentes de pacientes submetidos à radioterapia, não
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Discussão
32
encontraram diferenças histológicas nas polpas de dentes expostos à 50,4 Gy comparados
com o controle sob microscopia de luz, mas quando o corte foi observado em microscopia
eletrônica, foi encontrada severa fibrose e mudanças vasculares; foi enfatizado que após a
irradiação o fluxo sanguíneo no campo irradiado decaiu, sendo que 1 ano após a
radioterapia, 75% do fluxo foi reestabelecido. Os autores concluíram que a diminuição na
sensibilidade pulpar foi devida à diminuição do fluxo sanguíneo. Do mesmo modo não foi
encontrada reação inflamatória, modificações na matriz extracelular e diferença no
conteúdo do colágeno de ratos submetidos à radioterapia fracionada com dose de 200 cGy
ao dia, por 30 dias (total de 60 Gy), sacrificados logo ao fim ou 30 dias após da
radioterapia; esses animais apresentaram mais alterações nucleares do que os animais grupo
controle, que não foi irradiado, sendo que o grupo que foi sacrificado imediatamente após o
fim da irradiação apresentou mais alterações que o grupo sacrificado 30 dias após o fim da
irradiação, podendo estas alterações serem transitórias (Vier-Pelisser et al. 2007).
Por outro lado, severas alterações como necrose pulpar, necrose dos
odontoblastos e dos fibroblastos, hemorragia e infiltrado inflamatório foram encontradas
em dentes de ratos expostos à 20,40 Gy e 200 kV, sendo que em alguns casos havia
calcificação em algumas áreas pulpares; animais que receberam 20,40 Gy de radiação
proveniente de cobalto-60 apresentaram poucas alterações; os autores concluíram que a
radiação proveniente de cobalto-60 é menos prejudicial aos tecidos dentários do que a
radiação proveniente de 200 kV (Meyer et al., 1962). Anneroth et al. (1985) encontraram
calcificação em 8 dos 20 dentes humanos de pacientes irradiados, além de atrofia dos
odontoblastos e avascularização pulpar; os autores atribuem essas alterações a dose de
radiação administrada, e que devem ser tomadas medidas para diminuir a dose absorvida
nos dentes e em seus tecidos de suporte.
Nessa pesquisa, foram observadas alterações vasculares na polpa radicular e na
polpa coronária dos dentes de ratos irradiados, em comparação com os animais do grupo
controle; essas alterações vasculares provavelmente são decorrentes da radiação, pois foram
encontradas em todos os dentes irradiados analisados.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Discussão
33
Os animais desse estudo foram irradiados em um acelerador linear, e encontrou-
se alterações vasculares, mas não alterações inflamatórias ou fibrose. Do mesmo modo que
Meyer et al. (1962), relataram que animais que receberam dose única 20,40 Gy de cobalto-
60 apresentaram pequenas alterações pulpares: espessamento das paredes dos vasos
sanguíneos e ocasionalmente degeneração do tecido conjuntivo e dos odontoblastos.
Knowles et al. (1986) também encontraram sutil mudança nas paredes dos vasos
sanguíneos pulpar de dentes de paciente que foram expostos à 50,40 Gy de radiação
proveniente de cobalto-60.
Em seu estudo Fawzi et al., 1985 demonstraram que uma dose única de
radiação de 4 Gy, de fonte de césio, foi capaz de diminuir a resposta normal da polpa frente
a um trauma ou infecção induzida por exposição pulpar em ratos; esses animais não
apresentaram mudanças patológicas nos dentes que, embora irradiados, não tiveram
exposição pulpar induzida. Os dentes dos animais do presente estudo eram hígidos, e isso
pode ser um dos motivos pelos quais não houve alterações inflamatórias na polpa. Visto
isso, concorda-se com Vier-Pelisser et al. (2007) que embora a dose de radiação possa ser
considerada alta para espécies pequenas, os dentes humanos podem apresentar alterações
pulpares devido a cáries, envelhecimento, trauma, atrição, abrasão, erosão e preparo para
restauração, que podem diminuir o potencial de reparação pulpar.
Analisando a sensibilidade pulpar, Knowles et al. (1986) observaram
decréscimo imediato na sensibilidade de dentes mandibulares fora do campo de radiação,
enquanto que os dentes maxilares fora do campo de radiação não apresentaram alterações
significativas após 36 horas.
Pacientes submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço apresentaram maior
número de dentes com resposta negativa ao teste de sensibilidade pulpar, em comparação à
pacientes não irradiados (Anneroth et al., 1985; Rodrigues & Franzi, 2007; Kataoka et al.,
2012). A sensibilidade pulpar é relacionada ao fluxo sanguíneo pulpar, que no presente
estudo mostrou-se diminuído devido à hialinização dos vasos sanguíneos.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Discussão
34
A oxigenação pulpar é devida ao fluxo sanguíneo na polpa. Avaliando a
oxigenação pulpar antes durante e após a radioterapia (4 a 5 meses após o início da
radioterapia), Kataoka et al. (2011) observaram que a oxigenação pulpar tinha níveis mais
elevados antes da radioterapia, e que esses níveis caíam durante a radioterapia, e voltava a
níveis próximos aos anteriores ao tratamento após o término deste, demonstrando que o
tecido pulpar pode ser capaz de recuperar seu fluxo sanguíneo normal, ou seja, as alteração
na microcirculação são transitórias.
Danos radiogênicos imediatos e diretos do colágeno da matriz extracelular do
colágeno do tecido pulpar foram observados em dentes humanos extraídos e irradiados, in
vitro, com uma dose de 31,5 Gy proveniente do cobalto-60 (6,3 Gy/dia, por cinco dias)
Springer et al. (2005).
O tratamento endodôntico em pacientes que foram submetidos à radioterapia
não é bem documentado; porém, é uma alternativa à exodontia, que é um fator de risco para
a osteorradionecrose. Como há a possibilidade de que as alterações circulatórias sejam
transitórias, o dente que logo após a radioterapia apresenta sensibilidade negativa, sendo
assim indicado tratamento endodôntico, pode apresentar resposta positiva após alguns
meses ao término do tratamento com radiação; dessa forma, são necessários mais estudos, a
longo prazo, sobre os efeitos da radioterapia na polpa dental.
No presente trabalho, foi encontrada alteração vascular nos tempos de 24 horas,
7 dias e 22 dias após a irradiação. Em vista do exposto acima, vê-se a necessidade de se
estudar essa alteração após maior tempo entre a irradiação e o sacrifício. Assim como Vier-
Pelisser et al. (2007) e Kataoka et al. (2011) em seus estudos notaram que, no decorrer do
tempo havia alguma reparação nos danos pulpares encontrados em seus respectivos
estudos, observa-se que o presente estudo poderia estender-se por mais tempo e também
poderia ser realizada mensurações a fim de quantificar a extensão da degeneração hialina
encontrada.
A análise dos cortes histológicos foi feita no microscópio de luz, e deste modo
não foram observadas alterações além da hialinazação dos vasos sanguíneos. Em seu
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Discussão
35
estudo, Vier-Pelisser et al. (2007) também não encontraram alterações em seus cortes
histológicos sob microscopia óptica, mas o mesmo não ocorreu quando os cortes foram
analisados no microscópio eletrônicos. Assim, poderia haver outras alterações no presente
estudo, que não puderam ser observadas por não ter sido utilizado o recurso do microscópio
eletrônico.
Depois do sacrifício, a mandíbula foi removida e armazenada em solução
fixadora de formol tamponado. Outro modo de fixação tecidual é a perfusão, quando a
substância fixadora é injetada no animal e levada pela corrente sanguínea, com o animal
ainda vivo. Este procedimento poderia penetrar melhor na polpa e fixá-la melhor, e assim,
possíveis alterações seriam mais perceptíveis, sendo esta uma sugestão para futuros
trabalhos.
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
Conclusão
36
7 CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos, nas condições do presente trabalho, pôde-se
concluir que a radiação ionizante:
Não provocou alterações inflamatórias ou fibrose na polpa dentária;
Causou aumento na degeneração hialina de vasos sanguíneos da polpa dos
dentes dos ratos irradiados que receberam dose única de radiação de 15 Gy e 25 Gy, nos
três tempos de sacrifício avaliados (24 horas, 7 dias e 22 dias).
Avaliação histológica do tecido pulpar de dentes de ratos irradiados com radiação X
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Anexo
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ANEXO