Avaliação da adequação dos dados de saúde ...M827 Moraes, Flávia Franchini de Mattos....

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Estudos em Saúde Coletiva FLÁVIA FRANCHINI DE MATTOS MORAES Avaliação da adequação dos dados de saúde, socioeconômicos e ambientais para a construção de indicadores de saúde ambiental para a população infantil brasileira. RIO DE JANEIRO 2015

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Estudos em Saúde Coletiva

FLÁVIA FRANCHINI DE MATTOS MORAES

Avaliação da adequação dos dados de saúde, socioeconômicos e ambientais para a construção de

indicadores de saúde ambiental para a população infantil brasileira.

RIO DE JANEIRO 2015

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Flávia Franchini de Mattos Moraes

Avaliação da adequação dos dados de saúde, socioeconômicos e ambientais para a construção de indicadores de saúde ambiental

para a população infantil brasileira.

Tese de Doutorado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito à obtenção do título de Doutor em Saúde Coletiva.

Orientador: Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus

Rio de Janeiro 2015

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M827 Moraes, Flávia Franchini de Mattos.

Avaliação da adequação dos dados de saúde, socioeconômicos e ambientais para a construção de indicadores de saúde ambiental para a população infantil brasileira / Luís Felipe Leite Martins. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2015.

159 f.: il.; 30 cm. Orientadora: Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2015. Referências: f. 124-142. 1. Saúde ambiental. 2. Criança. 3. Adolescente. 4. Indicadores ambientais. I. Asmus, Carmen Ildes Rodrigues Fróes. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título. CDD 613.1

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Flávia Franchini de Mattos Moraes

Avaliação da adequação dos dados de saúde, socioeconômicos e ambientais para a construção de indicadores de saúde ambiental

para a população infantil brasileira.

Tese de Doutorado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito à obtenção do título de Doutor em Saúde Coletiva.

Aprovada em

____________________________________ Profa. Dra. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus, IESC, UFRJ

____________________________________ Prof. Dr. Carlos Machado de Freitas, ENSP, FIOCRUZ

____________________________________ Profa. Dra. Sandra de Souza Hacon, ENSP, FIOCRUZ

____________________________________ Prof. Dr. Antonio José Leal Costa, IESC, UFRJ

____________________________________ Prof. Dr. Volney de Magalhaes Camara, IESC, UFRJ

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Este trabalho é dedicado às

crianças.

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ii

Agradecimentos

À minha orientadora, Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus. Suas

qualidades como inteligência, competência, dedicação, comprometimento e

elegância, tornaram este processo mais tranquilo e proveitoso. Guardarei para

sempre seus exemplos de postura ética e profissional.

Às minhas amiguinhas Carina e Nataly, simplesmente por existirem e

estarem por perto.

Aos colegas do Labead, pela compreensão e apoio nos momentos de

maior estresse. Em especial à Izabel, pela sua enorme e infindável capacidade

de acolhimento.

À Fátima e Nádia, eternas salvadoras dos alunos em apuros, da Pós-

Graduação.

Aos meus pais, Helena e Guilherme. Sem eles a minha infância e

adolescência não teriam sido cuidadas o suficiente para que eu pudesse, agora,

contribuir um pouquinho com o cuidado de outras crianças e adolescentes.

Aos meus dois maiores incentivadores, Paulo e Guilherme. O apoio

(quase um empurrão!) dos dois foi fundamental nesta fase da minha vida

acadêmica e pessoal.

Aos amigos da Souza Marques, pelo incentivo e companheirismo.

Aos meus companheiros da Vigilância em Saúde de Niterói, por arcarem

com os meus afazeres, durante a minha licença.

À Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental / Ministério da

Saúde, pelo apoio financeiro.

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É Bom Ser Criança

Toquinho

É bom ser criança

Ter de todos atenção

Da mamãe, carinho

Do papai, a proteção

É tão bom se divertir

E não ter que trabalhar

Só comer, crescer, dormir, brincar

É bom ser criança

Isso às vezes nos convém

Nós temos direitos

Que gente grande não tem

Só brincar, brincar, brincar

Sem pensar no boletim

Bem que isso podia nunca mais ter fim

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Resumo

A situação de vulnerabilidade característica da população infantil determina a

necessidade de um monitoramento contínuo das suas condições de saúde,

através do uso de indicadores, construídos com dados atualizados e fidedignos

que permitam aos gestores a adoção de ações específicas para cada intervenção

necessária. Para isso é necessário que seja investigada a existência de dados

cientificamente válidos que possam ser utilizados na construção de indicadores

de saúde ambiental para a população infantil. Desta forma, o objetivo deste

trabalho foi avaliar a adequação dos dados de saúde, socioeconômicos e

ambientais disponíveis no Brasil, para a construção de indicadores de saúde

ambiental específicos para a população de crianças e adolescentes, entre 0 e 14

anos. A seleção dos dados existentes nos Sistemas de Informação, de interesse

para a construção de indicadores de saúde ambiental infantil, foi realizada a partir

da revisão da literatura nacional e internacional específica sobre o tema. Eles

foram discutidos por um painel de especialistas, durante o TALLER SAÚDE

AMBIENTAL INFANTIL, realizado em novembro de 2013 em Brasília, pela

Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria de

Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (CGVAM/SVS/MS). Foram também

avaliados segundo suas características como, facilidade de acesso, cobertura,

disponibilidade ao longo do tempo, captação no tempo oportuno, níveis de sub-

registro, fidedignidade e grau de precisão das medidas, com a finalidade de

classificá-los quanto à sua qualidade. Os dados selecionados foram utilizados em

análises para investigar correlações entre exposição e desfecho, compatíveis

com as descritas na literatura. Foi possível observar que os sistemas de

informações oficiais existentes no Brasil, disponibilizam dados com qualidade

adequada para a construção de indicadores de saúde ambiental infantil. Estes

indicadores permitem a identificação e o monitoramento da ocorrência de

doenças diarreicas, perinatais, respiratórias, neoplasias e injúrias relacionadas à

exposição à condições ou fatores ambientais específicos, na população de

crianças e adolescentes brasileiros.

Descritores: Indicadores; Crianças, Adolescentes; Saúde Ambiental

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Abstract

The specific vulnerability situation of the child population requires a continuous

survey of its health conditions based on indicators, which should be constructed

with the latest and best representative data, and that will subsidize the

administrators’ actions and necessary interventions. To achieve the goal of

constructing environmental health indicators for the Brazilian child population, the

availability of valid scientific data was investigated. Our objective was to assess

the adequacy of current health, socioeconomic and environmental data to

construct specific environmental health indicators for children and teenagers (0 to

14 years old). The variables, present in the studied Information Systems, were

chosen based on an extensive and through literature review about child

environmental health, which were discussed by a specialist panel during

Environmental Health Workshop held in Brasilia in November 2013, sponsored by

the CGVAM/SVS. The available data were also evaluated regarding their

accessibility, spatial coverage, availability through time, adequate data collection

time, under-notification, reliability, precision and accuracy of measurements, and

were classified according to their quality. The selected data were used to

investigate correlations between exposures and health outcomes, as described in

the literature. It was observed that the existing Brazilian official information

systems provide data with necessary quality for the construction of child

environmental health indicators. These indicators allowed the identification and

surveillance of neoplasia, injuries, diarrheic, perinatal, and respiratory diseases,

associated with environmental conditions or specific factors, in the Brazilian child-

adolescent population.

Descriptors: Indicators; Child; Adolescent; Environmental Health

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Lista de Siglas e Abreviações

a.C. – antes de Cristo

AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitário

CENEPI – Centro Nacional de Epidemiologia

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CGVAM – Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental

CNUMAD – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento

CNUDS – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DN – Declaração de Nascidos Vivos

DO – Declaração de Óbito

DSS – Determinantes Sociais da Saúde

ESF – Estratégia Saúde da Família

FPSEEA – Modelo Força Motriz – Pressão – Situação – Exposição – Efeito –

Ações

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

HIPERDIA – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e

Diabéticos

IARC – Agência Internacional para Pesquisa em Câncer

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDS – Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

INCA – Instituto Nacional do Câncer

MEME – Modelo de Múltiplas Exposições – Múltiplos Efeitos

MS – Ministério da Saúde

OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OMS – Organização Mundial de Saúde

PER – Modelo Pressão – Estado – Resposta

PEIR – Modelo Pressão – Estado – Impacto – Resposta

PM2,5 – Material Particulado < 2,5 µm

PM10 – Material Particulado < 10 µm

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

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PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SIA-SUS – Sistema de Informações Ambulatoriais

SI – Sistema de informação

SIS – Sistema de Informação em Saúde

SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica

SIH-SUS – Sistema de Informações Hospitalares

SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade

SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos

SINIMA – Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente

SIPACS – Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de

Saúde

SI-PNI – Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações

SIS – Sistemas de Informação em Saúde

SISAGUA – Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para

Consumo Humano

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SIS-PRENATAL – Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização

no Pré-Natal e Nascimento

SISSOLO – Sistema de Informação de Vigilância em Saúde Relacionado a Solos

Contaminados

SNC – Sistema Nervoso central

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Lista de Figuras

Figuras Pag.

Figura 1 – Modelo de Dahlgren e Whitehead. 4

Figura 2 – Relação entre os indicadores: de saúde, ambientais e de saúde ambiental.

15

Figura 3 – Modelo Pressão – Estado – Resposta 17

Figura 4 - Modelo Pressão – Estado – Impacto – Resposta 18

Figura 5: Modelo de organização de indicadores FPSEEA 19

Figura 6: Modelo Múltiplas Exposições – Múltiplos Efeitos (MEME) 20

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Lista de Quadros

Quadro Pag.

Quadro 1 – Propriedades desejáveis dos indicadores. 7

Quadro 2 – Classificação dos indicadores. 9

Quadro 3 – Indicadores recomendados pela Comissão para a Cooperação Ambiental, da América do Norte

55

Quadro 4 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no sitio do IBGE

74

Quadro 5 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no sitio do DENATRAN

76

Quadro 6 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no site do AGROFIT

76

Quadro 7 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no sitio do DATASUS

77

Quadro 8 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às doenças perinatais

111

Quadro 9 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às doenças respiratórias

113

Quadro 10 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às doenças diarreicas

115

Quadro 11 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às injúrias

117

Quadro 12 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às neoplasias

118

Quadro 13 – Indicadores disponíveis para serem utilizados como ferramenta da vigilância em saúde ambiental para a população infantil

122

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Lista de Tabelas

Tabelas Pag.

Tabela 1 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados

81

Tabela 2 – Correlação entre o percentual de gestantes com baixo peso e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados

82

Tabela 3 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados

83

Tabela 4 – Correlação entre a renda e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados

84

Tabela 5 – Correlação entre o percentual de mães de acordo com os anos de estudo e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados

85

Tabela 6 – Correlação entre a comercialização/consumo de agrotóxicos e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados

86

Tabela 7 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados e os desfechos relacionados às doenças respiratórias estudados

87

Tabela 8 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados e os desfechos relacionados às doenças respiratórias estudados.

88

Tabela 9 – Correlação entre o percentual de moradores em domicílios particulares permanentes sem fogão e os desfechos relacionados às doenças respiratórias estudados

89

Tabela 10 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais e os desfechos relacionados às doenças diarreicas

89

Tabela 11 – Correlação entre o percentual de domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais em relação à forma de abastecimento de água e os desfechos relacionados às doenças diarreicas

90

Tabela 12 – Correlação entre o percentual de moradores em relação à forma de abastecimento de água e os desfechos relacionados às doenças diarreicas

92

Tabela 13 – Correlação entre o percentual de municípios com racionamento de água e os desfechos relacionados às doenças diarreicas

93

Tabela 14 – Correlação entre o percentual de municípios em relação à existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio e os desfechos relacionados às doenças diarreicas

94

Tabela 15 – Correlação entre o percentual de municípios em relação existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário e os

95

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desfechos relacionados às doenças diarreicas

Tabela 16 – Correlação entre o percentual de domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios particulares permanentes por situação e tipo do esgotamento sanitário e os desfechos relacionados às doenças diarreicas

96

Tabela 17 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais e a taxa de acidentes e violências, de acidentes por animais peçonhentos e de mortalidade por causas externas

97

Tabela 18 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados e as taxas de acidentes de trânsito e de mortalidade por acidente de trânsito

97

Tabela 19 – Correlação entre a renda e as taxas de violência por negligência/abandono, de acidentes de trânsito, de mortalidade por acidente de trânsito e de homicídios

98

Tabela 20 – Correlação entre o grau de instrução da população e as taxas de acidentes de trânsito, de mortalidade por acidente de trânsito e de homicídio

100

Tabela 21 – Correlação entre a taxa de trabalho infantil e a taxa de acidentes e violências relacionadas ao trabalho

100

Tabela 22 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados e as taxas de internação e de mortalidade por leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central

101

Tabela 23 – Correlação entre comercialização de agrotóxicos e as taxas de internação e de mortalidade por leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central

102

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Sumário

Nota Introdutória 1

Introdução 2

1. Relação Saúde e Ambiente 2

2. Indicadores 5

2.1. Indicadores de Saúde Ambiental 14

3. Sistemas de Informação 21

4. Condições Ambientais Relacionadas à Saúde da População Infantil 28

4.1. Características da população infantil e ambiente 28

4. 2. Condições ambientais relacionados às doenças diarreicas 34

4. 3. Condições ambientais relacionados às doenças respiratórias 37

4. 4. Condições ambientais relacionados às doenças perinatais 40

4. 5. Condições ambientais relacionados às injurias 45

4. 6. Condições ambientais relacionados às neoplasias 47

5. Indicadores de saúde ambiental para a população infantil 52

Justificativa 58

Objetivos 59

Metodologia 60

Identificação dos dados existentes nos Sistemas de Informação e classificação quanto a sua qualidade

60

Identificação de correlação entre dados de exposição ambientais e desfechos de interesse na população infantil

60

Fontes de dados 61

Análises de correlação 68

Resultados 73

Identificação e classificação dos dados existentes nos Sistemas de Informação selecionados quanto a sua qualidade

73

Identificação de correlação entre fatores de exposição ambientais e desfechos de interesse na população infantil

81

Discussão 103

Conclusão 123

Referências Bibliográficas 124

Anexo I 143

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Nota introdutória

A necessidade de estabelecimento de indicadores de saúde ambiental

infantil, a partir da consolidação das informações existentes sobre a população,

se insere nos objetivos estratégicos do Ministério da Saúde no que diz respeito à

redução dos riscos e agravos à saúde da população por meio das ações de

promoção e vigilância em saúde. Sob esta ótica, o presente projeto foi

desenvolvido em resposta à solicitação do Ministério da Saúde/Coordenação de

Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde relacionada à construção

de Indicadores de Saúde Ambiental para a população infantil, sendo financiado

por este Ministério.

Para dar conta desta solicitação é necessário que seja investigada a

existência de dados cientificamente válidos que possam ser utilizados na

construção de indicadores de saúde ambiental para a população infantil.

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Introdução

1. Relação Saúde e Ambiente

Dentre as várias definições de saúde existentes na literatura, podemos

encontrar a saúde como ausência de doenças, como estado de completo bem-

estar físico, mental e social e, ainda, como completo bem estar resultado do

equilíbrio dinâmico entre o indivíduo e o meio ambiente (ALMEIDA FILHO, 2000;

ALMEIDA FILHO & JUCÁ, 2002; CALIJURI et al., 2009).

A evolução deste conceito foi influenciada por diversos fatores que incluem

discussões filosóficas, a respeito da interpretação valorativa da saúde como base

para sua definição e questões de ordem social, com a incorporação de propostas

oriundas das Conferências de Saúde (ALMEIDA FILHO & JUCÁ, 2002;

CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1986). Como fator capaz de influenciar

a evolução do conceito de saúde também pode ser citada a incorporação de

outras disciplinas e campos de conhecimento, como a dimensão ambiental, no

momento em que surge a necessidade de abordagens multidisciplinares no

campo da saúde (PIGNATTI, 2004).

O estabelecimento de uma relação entre saúde e ambiente pode ser

evidenciada desde o século V a.C, com a publicação de “Ares, Águas e Lugares”

por Hipócrates, um tratado sobre a influência do meio físico e social na produção

de doenças (SOBRAL & FREITAS, 2010). Desde este primeiro estudo até os dias

atuais, a dimensão ambiental participa no desenvolvimento da área da saúde de

diferentes formas. Inicialmente, a influência do lugar no desenvolvimento das

doenças era reconhecida e responsável por estudos sobre o meio ambiente

como causa das doenças. As relações entre lugares, e suas condições

ambientais, e as doenças eram estudadas com base na teoria miasmática, que

explicava a origem das doenças pelas emanações resultantes dos dejetos

(miasmas) (PIGNATTI, 2004).

Esta teoria começa a ser reformulada em 1849, com os estudos de John

Snow sobre o cólera, a partir dos quais se considera a participação de seres

vivos microscópicos na origem das doenças (PIGNATTI, 2004). Entretanto,

somente no final do século XIX, com a contribuição de novos campos da ciência

como a bacteriologia, pôde-se evidenciar a existência de microrganismos e a sua

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associação com as doenças. Neste contexto, cada doença tem uma causa

identificável e que pode ser curada, o que estabelece uma nova forma de lidar

com a relação saúde-doença. O foco principal da saúde deixa de ser o meio

ambiente como causa das doenças e passa a ser o controle de doenças

específicas. Com esta mudança do foco preventista para curativo, a contribuição

da questão ambiental para a saúde fica limitada ao controle de vetores e ao

saneamento (RIBEIRO, 2004; SOBRAL & FREITAS, 2010).

No Brasil, segundo Tambellini e Câmara (1998), até a década de 70 as

questões ambientais relacionadas à saúde eram aquelas referentes ao

saneamento, enquanto outras questões ambientais, como as associadas à

industrialização do país, eram objeto de discussão de instituições que não se

articulavam com a área da saúde. Somente a partir da implementação da área de

saúde do trabalhador, responsável, entre outras coisas, pela demonstração do

elo entre situações de risco presentes no ambiente de trabalho e alterações

ambientais oriundas do processo de produção e a saúde das populações, foi

possível incorporar uma visão diferenciada da questão ambiental à área da

saúde.

Ainda na década de 70, o enfoque dado ao ambiente começou a ser

alterado. Passou a ser enfatizada a compreensão de que as alterações no meio,

produzidas pelo homem, não somente as originadas dos processos de produção,

eram responsáveis pelo aparecimento e/ou agravamento de doenças

(TAMBELLINI &CÂMARA, 1998).

Neste mesmo período, em 1974, é publicado o Relatório Lalonde, que

introduz um novo conceito de “campo de saúde”, e incorpora ao mesmo, quatro

componentes – biologia humana; estilo de vida; organização dos serviços de

saúde; e ambiente – dentro dos quais estão os fatores que podem influenciar a

saúde. É introduzido o conceito de promoção da saúde e os aspectos biomédicos

que orientavam a prática da saúde, dão lugar às dimensões ambientais que

assumem maior importância. Dentro deste contexto, os fatores ou condições

ambientais são compreendidos como externos ao organismo humano, que não

podem ser controlados pelo indivíduo e que interferem positiva ou negativamente

na sua condição de saúde (BUSS, 2003; NETTO et al., 2009).

Como resultado destas novas abordagens, aliado ao novo conceito de

saúde proposto pela VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986 –

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Saúde como expressão das formas de organização da vida social – são

associadas as questões sociais ao enfoque ambiental, como capazes de

determinar as condições de saúde da população. Desta forma, o estudo e o

desenvolvimento de ferramentas para medir e melhor entender a relação entre os

determinantes sociais e ambientais e a saúde passam a fazer parte das políticas

nacionais e internacionais de saúde (SOBRAL & FREITAS, 2010).

Em consonância com o movimento internacional, o Brasil cria a Comissão

sobre Determinantes Sociais da Saúde com o objetivo de gerar conhecimento

sobre os determinantes sociais; subsidiar políticas que promovam a equidade em

saúde e mobilizar a população e o governo sobre o tema, apoiando-se em três

compromissos básicos: com a equidade, com a evidência científica e com a ação.

Para melhor estudar a relação entre os determinantes sociais e a saúde, e

orientar a organização de suas atividades, a comissão brasileira utilizou o modelo

de Dahlgren e Whitehead (Figura 1). Neste modelo, os determinantes sociais da

saúde (DSS), são dispostos em camadas cuja proximidade com os indivíduos,

que estão na sua base, evidenciam seu nível de abrangência. Desta forma, parte-

se da camada menos abrangente ligada aos indivíduos como, idade, sexo e

fatores hereditários; até a camada mais abrangente, onde são encontrados os

determinantes relacionados às condições econômicas, culturais e ambientais da

sociedade, que possuem grande influência sobre as demais camadas (CNDSS,

2008).

Figura 1 – Modelo de Dahlgren e Whitehead

Fonte: CNDSS (2008)

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Dentre os DSS presentes na penúltima camada, podemos encontrar as

condições de vida e trabalho, responsáveis, entre outros, pelos fatores vinculados

ao ambiente de trabalho, à moradia e ao saneamento, que podem ser agrupados

em uma temática ambiental. Entretanto, segundo Sobral & Freitas (2010) apesar

de ter descrito brevemente as inter-relações entre a exposição a determinados

poluentes e as condições de saúde e de ter evidenciado a desestruturação de

ecossistemas naturais para o aparecimento de doenças, o relatório não apontou

um indicador para ser utilizado no acompanhamento dos determinantes

ambientais.

Paralelo a este movimento, no âmbito do Ministério da Saúde, tem início o

processo de estruturação e institucionalização da vigilância ambiental em saúde,

que tem no Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), então órgão específico

da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) a função de, entre outras, planejar,

coordenar e supervisionar a execução das atividades relativas à proposição de

políticas e de ações de educação em saúde pública, referentes às áreas de

epidemiologia e vigilância ambiental e a gestão do Sistema Nacional de Vigilância

Epidemiológica e Ambiental em Saúde (FUNASA, 2000). Como resultado deste

processo, a Coordenação Geral de Vigilância Ambiental, agora vinculada à

Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, associa os

determinantes sociais e econômicos às mudanças ambientais e seus efeitos à

saúde e organiza, pela primeira vez, dados e indicadores em saúde ambiental

(NETTO et al., 2009).

2. Indicadores

Indicadores podem ser definidos como medidas, integradas a partir de

dados isolados, capazes de informar uma situação de interesse ao longo do

tempo (SOBRAL et al., 2011a). Desta forma, os dados podem ser considerados

uma parte integrante e fundamental de qualquer indicador e normalmente são

obtidos mediante a mensuração de fenômenos, o que resulta em um valor

quantitativo representativo do evento estudado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Entretanto, os mesmos também podem ser resultado de percepções de

indivíduos sobre a realidade investigada, sendo compostos então, por registros

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de avaliações ou percepções de parte da população (SOBRAL et al., 2011a). O

que caracteriza um dado é a ausência de qualquer tratamento estatístico após a

sua coleta, o que resulta no armazenamento e disponibilização de valores na

forma bruta ou absoluta. Para que o dado possa ser transformado em informação

contextualizada sobre a realidade estudada, e, desta forma, subsidiar pesquisas

e decisões político-administrativas, é necessária que o mesmo seja associado a

um referencial explicativo sistematizado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Outras possibilidades de definição de indicadores compreendem: (i) a de

sinalização de fenômenos que não podem ser vistos de forma direta (WHO,

2003a) (ii) a de Corvalán e colaboradores (2000) como a de informação útil,

proveniente dos dados coletados e de valores atribuídos aos mesmos, que

podem ser utilizados por gestores, tomadores de decisão e sociedade e (iii) a de

modelos simplificados da realidade, sendo capazes, portanto, de facilitar o

entendimento e a percepção de tendências e/ou fenômenos, não facilmente

compreendidos a partir de dados brutos isolados. Por conta desta capacidade de

síntese e, consequentemente, de simplificação da informação, são essenciais

tanto para os gestores, como para a população em geral, principalmente no que

diz respeito à comunicação entre estes diferentes grupos (SOBRAL & FREITAS,

2010).

Diante do exposto, podem ser observadas várias vantagens na utilização

de indicadores, entretanto, deve-se ter em mente que a utilização de medidas

sintéticas também pode gerar incertezas na compreensão do fenômeno, uma vez

que, o processo de redução de determinado evento em medidas sintéticas, pode

levar à perda da totalidade e da diversidade do mesmo (SOBRAL et al., 2011a).

Desta forma é imprescindível que, ao utilizar um indicador, todas as suas

potencialidades sejam conhecidas mas, também, os seus limites (FREITAS,

2007).

Para cumprir esta função, algumas características devem estar presentes

na seleção dos indicadores. Maciel e colaboradores (2011) elencam algumas

características essenciais na elaboração e seleção dos indicadores. Estas

características incluem sua aplicabilidade que deve ser geral, a especificidade do

mesmo à questão tratada, a existência de associação conhecida entre os

elementos de interesse, a sua sensibilidade a mudanças nas condições

examinadas e sua relação com condições passíveis de controle. A utilização de

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dados cientificamente sólidos para a sua construção é outra característica

imprescindível para um indicador. Dados consistentes e comparáveis entre si;

imparciais e representativos das condições de interesse são responsáveis pela

solidez científica de um indicador. Por fim, a utilização de dados disponíveis em

tempo oportuno e a um custo aceitável, e a facilidade na sua compreensão leva a

uma melhor capacidade de aplicação dos mesmos pelos usuários.

Ainda sobre as características dos indicadores, Sobral e colaboradores

(2011a) listam uma série de propriedades consideradas como desejáveis para

que um indicador seja considerado confiável, quais sejam: a relevância social; a

validade; a acurácia; a cobertura; a sensibilidade; a especificidade; a

inteligibilidade de sua construção; a comunicabilidade; a periodicidade de

atualização; a factibilidade para a obtenção; a desagregabilidade e a historicidade

(Quadro 1). Algumas destas propriedades podem ser comparadas às

características essenciais descritas por Maciel e colaboradores (2011) como a

confiabilidade relacionada à qualidade dos dados usados, e à credibilidade da

instituição produtora dos mesmos, que pode ser relacionada à utilização de

dados cientificamente sólidos. Outras características podem ser correlacionadas

a propriedades desejáveis nos indicadores, como a utilização de dados

resistentes e não vulneráveis a pequenas mudanças na metodologia usada para

sua construção que serão responsáveis pela historicidade dos mesmos.

Quadro 1 – Propriedades desejáveis dos indicadores

Propriedade Definição

Relevância Social Importância para a sociedade. Legitima o emprego no

processo de análise, formulação e implementação de

políticas.

Validade Grau de proximidade entre o conceito subjacente ao

indicador e a medida.

Acurácia Qualidade dos dados usados na construção de um

indicador e a credibilidade da instituição que produz as

estatísticas.

Cobertura Cobertura espacial e populacional do indicador.

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Quadro 1 - Propriedades desejáveis dos indicadores (Cont.) Sensibilidade Capacidade de mostrar se ocorreram mudanças

significativas nos fatores que afetam as condições

estudadas ao longo do tempo. Relacionada à acurácia.

Especificidade Grau de associação existente entre os dados utilizados

para a construção de um indicador, que deve refletir as

alterações estritamente ligadas às mudanças

relacionadas à dimensão de interesse.

Inteligibilidade de

sua construção

Relacionada à transparência da metodologia empregada

na sua construção.

Comunicabilidade Propriedade importante no processo de decisão política

sobre programas em áreas específicas ou sobre as

formas de alocação de recursos públicos.

Propriedade Definição

Periodicidade de

atualização

Disponibilização regular dos indicadores.

Factibilidade para

obtenção

Acessibilidade aos indicadores disponíveis.

Desagregabilidade Possibilidade de ser relacionado aos grupos

populacionais de interesse, espaços geográficos

definidos, composições sociodemográficas ou

vulnerabilidades sociais específicas.

Historicidade Possibilidade de se dispor de séries históricas

comparáveis, de modo a permitir contrapor valores do

presente a situações do passado, inferir tendências e

avaliar os efeitos de políticas eventualmente

implantadas.

Fonte: Adaptado de SOBRAL et al., 2011a.

Ainda no que diz respeito às características necessárias a um bom

indicador, Neto e colaboradores (2009) citam a relevância, no sentido de ser

representativo e de fácil compreensão e comparação; a sua consistência, que se

relaciona à utilização de termos técnicos e científicos de consenso internacional;

e a sua mensurabilidade, devendo ser facilmente mensurável proporcionando um

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monitoramento regular e com baixo custo. Já Kligerman e colaboradores (2007)

enfatizam alguns critérios que devem ser considerados na seleção dos

indicadores como: a existência de dados, a possibilidade de intercalibração, o

tipo de informação transmitida, o custo de implementação e a possibilidade de

atualização oportuna.

Os indicadores podem ser classificados segundo diferentes critérios,

desde a área temática de aplicação até a sua natureza, passando pela

complexidade metodológica utilizada na sua construção (Quadro 2) (SOBRAL et

al., 2011a).

Quadro 2 – Classificação dos indicadores

Classificação quanto: Tipos Exemplo

Complexidade metodológica

Simples Escolaridade média

Composto Índice de desenvolvimento humano

Incorporação de significados valorativos

Descritivos Rendimento médio do trabalho

Normativos Proporção de pobres

Fenômeno sintetizado Objetivos/Quantitativos Percentual de domicílios com acesso a saneamento básico

Subjetivos/Qualitativos Indicador de qualidade de vida

Natureza Insumo Quantidade de médico por habitante

Processo Número de consultas de pediatria por mês por total de crianças

Produto Taxa de mortalidade infantil

Temas Saúde Taxa de incidência de dengue

Ambiente Taxa de desmatamento anual

Educação Taxa de analfabetismo

Mercado de Trabalho Taxa de desemprego

Demografia Taxa de urbanização

Infraestrutura Urbana Proporção de domicílios adequados

Fonte: SOBRAL et al., 2011a.

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Quando classificados quanto à complexidade metodológica envolvida na

sua construção, os indicadores podem ser divididos em simples e compostos. Um

indicador simples é definido como aquele construído a partir de uma estatística

específica, relacionada a apenas uma dimensão da realidade, enquanto o

composto vai ser construído a partir da reunião de dois ou mais indicadores

simples, podendo desta forma abranger diferentes dimensões da realidade.

Em relação à incorporação de significados valorativos em sua construção,

os indicadores podem ser classificados como descritivos ou normativos, sendo os

primeiros isentos de juízo de valor, responsáveis somente pela descrição das

características e aspectos da realidade. Em contrapartida, os indicadores

normativos exprimem de forma explicita critérios de valores ao utilizar conceitos

que dependem de padrões previamente determinados pela sociedade.

Outra classificação possível diz respeito às diferenças no fenômeno

sintetizado. Quando se utilizam indicadores para fornecer informações sobre

situações concretas, sendo utilizados dados/estatísticas de caráter público, estes

podem ser classificados como objetivos ou quantitativos. Quando, de outra forma,

os dados que subsidiam a construção dos indicadores são provenientes de

avalições individuais, sejam elas da população em geral ou de especialistas, eles

são classificados como subjetivos ou qualitativos.

Quanto à sua natureza, os indicadores podem ser divididos em indicador-

insumo, indicador-processo e indicador-produto, sendo possível associá-los a

uma sequência de informações que podem ser utilizadas para conhecer todo um

processo. O indicador-insumo nos informa os insumos existentes que são

necessários para que o processo ocorra. O indicador-processo estima o esforço

operacional na utilização dos insumos existentes, enquanto o indicador-produto

vai informar o resultado efetivo da disponibilidade juntamente com a alocação

correta dos insumos.

E por fim, os indicadores também podem ser classificados quanto ao tema

relacionado à realidade estudada, podendo ser distribuídos em indicadores de

saúde, ambientais, de educação, de mercado de trabalho, demográficos, de

infraestrutura urbana, entre outros. Apesar de ser bastante didática e por isso

esclarecedora, esta classificação não pode ser considerada como absoluta ou

final. Informações de diferentes temas podem ser utilizadas em conjunto,

resultando em indicadores compostos como os socioeconômicos e o índice de

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desenvolvimento humano. Além disso, um mesmo indicador poder ser

classificado em mais de um tema, dependendo da forma como ele é analisado.

Como exemplo, pode ser citada a taxa de incidência de dengue que, tanto pode

ser um indicador de saúde (adoecimento da população) quanto pode informar

sobre condições de saneamento básico relacionadas à proliferação do mosquito.

Dentre os diferentes temas relacionados à realidade estudada, os

indicadores de saúde têm seu desenvolvimento iniciado a partir da necessidade

de conhecer o padrão de vida das populações. Como forma de resposta a esta

necessidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) se debruçou sobre o

assunto e sugeriu uma lista de componentes capazes de influenciar o nível de

vida, que devem ser mensurados para avaliar a situação de saúde das

coletividades. Dentre os diversos componentes, que incluem, por exemplo;

alimentação e nutrição; condições de trabalho e segurança social, a saúde

aparece em posição de destaque. Desta forma, a saúde, considerada o item mais

importante do elenco de componentes, passa a ser mensurada através de

indicadores. Entretanto, a dificuldade metodológica de se medir saúde aliada à

necessidade de indicadores que permitissem comparações internacionais, levou

à OMS a recomendar o uso das informações sobre os óbitos, como medida

indireta da saúde. Como consequência, foram propostos o coeficiente de

mortalidade geral, o índice de Swaroop & Uemura e a esperança de vida, como

indicadores globais de saúde (KERR-PONTES & ROUQUAYROL, 2003).

Atualmente, além dos indicadores inicialmente propostos, e devido a novas

formas de pensar a saúde e seus determinantes sociais, novos indicadores de

saúde foram incorporados às análises da situação de saúde de uma população.

Estes indicadores refletem a morbidade, o acesso aos serviços de saúde, a

qualidade da atenção à saúde e as condições de vida, entre outros, sendo

capazes de refletir a situação sanitária de uma população quando analisados em

conjunto e incluindo os de mortalidade (RIPSA, 2008).

Desta forma, os indicadores de saúde podem ser definidos como fontes de

informação sobre as condições de saúde da população, e são utilizados para

monitorar esta condição. Este monitoramento, por sua vez, se relaciona

diretamente com as ações de vigilância em saúde, no momento em que permite o

contínuo acompanhamento da situação de saúde, bem como a interpretação e a

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disseminação das suas informações para os responsáveis pelo planejamento,

organização e operacionalização dos serviços de saúde (FREITAS, 2003).

Com a interpretação e a disseminação das informações trazidas pelos

indicadores, não somente para os responsáveis pela gestão da saúde, mas

também à população em geral, a vigilância em saúde passa a oferecer uma

contribuição importante para a promoção da saúde. Neste contexto, as

informações que mostram a situação de saúde de forma ampliada focalizam a

saúde de forma multidimensional, ao invés de informações de agravos

específicos. Como consequência, pode-se ir além das ações de controle

específicas de agravos relacionadas à prevenção, para as ações de promoção da

saúde (CZERESNIA, 2003).

Segundo Buss (2003), a promoção da saúde procura identificar os

determinantes do processo saúde – doença, relacionados com as condições de

vida, para que os mesmos sejam analisados e possam orientar decisões

individuais e coletivas no sentido de favorecer a saúde e melhoria das condições

de bem-estar. Para tanto, a promoção da saúde propõe abordagens que visam

manter e melhorar as condições de saúde existentes, e se encontram dentro e

fora do setor saúde. A estratégia da promoção, social, política e cultural, implica

em uma ação combinada de políticas públicas, modificação de estilos de vida e

intervenção ambiental, sendo um dos seus objetivos a mudança na situação dos

indivíduos e de seu ambiente.

Como forma de subsidiar as ações de promoção da saúde relacionadas ao

meio ambiente, a FUNASA, apresentou, em 2002, os indicadores de saúde

ambiental como instrumentos necessários à vigilância em saúde ambiental. De

acordo com este documento, os indicadores de saúde ambiental devem permitir

uma visão integrada da relação saúde e ambiente, e utilizam ferramentas como a

estatística, a epidemiologia e os sistemas de informação geográfica (FUNASA,

2002). Além desta atribuição, Corvalán e colaboradores (2000) conferem a estes

indicadores a função de expressar o conhecimento científico sobre a relação

ambiente e saúde, como forma de melhor informar os atores responsáveis pelas

decisões, a fim de que os mesmos possam fazer a melhor escolha.

Na área ambiental, os indicadores vêm sendo desenvolvidos, como

resultado das conferências mundiais sobre o meio ambiente ocorridas desde

1972, em Estocolmo. Nesta primeira conferência, caracterizada pela pequena

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participação de líderes mundiais, os países desenvolvidos propunham a

existência de mecanismos de conservação dos recursos naturais do planeta à

custa de uma diminuição no crescimento econômico, enquanto que os países em

desenvolvimento alegavam necessitar de crescimento econômico, vinculado à

industrialização, para enfim chegarem ao desenvolvimento. Como resultado da

mesma, foi possível observar a criação de órgão ambientais em vários países

(SCHÜTZ et al.; 2012).

A Rio 92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), aconteceu no Rio de Janeiro,

20 anos após a de Estocolmo. Um dos produtos de destaque desta conferência

foi a elaboração da Agenda 21, documento cujo objetivo foi garantir a realização

dos acordos realizados durante a Rio 92 (CNUMAD, 1992). Este documento teve

como base os princípios do desenvolvimento sustentável. O termo

“desenvolvimento sustentável” foi cunhado pela primeira vez em 1980 e entra na

pauta das discussões mundiais sobre meio ambiente em 1987. Ele é definido no

relatório Relatório Brundtland elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento ou Comissão Brundtland como desenvolvimento

capaz de suprir as atuais necessidades da sociedade sem comprometer a

capacidade das futuras gerações no suprimento de suas necessidades (SCHÜTZ

et al.; 2012; MALHEIROS et al.; 2008; IBGE, 2010).

Em resposta a este novo conceito, surge a necessidade de monitorar o

desenvolvimento não mais somente através do aspecto econômico, mas sim

através do aspecto econômico vinculado às dimensões social, ambiental e

institucional. Para isto, a Agenda 21, em seus capítulos 8 e 40, respectivamente,

estabelece a necessidade de integração entre meio e ambiente e a necessidade

de informação sobre esta relação para a tomada de decisão (CNUMAD, 1992;

IBGE, 2010). Desta forma, são pensados e criados os indicadores de

desenvolvimento sustentável (IDS), que devem ser específicos para cada país e

responsáveis por revelar seus problemas e necessidades. No Brasil, o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publica pela primeira vez em 2002, o

documento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, onde além de

disponibilizar os IDS para o Brasil, inicia o debate sobre os mesmos em nível

nacional (IBGE, 2002; IBGE, 2010). Neste momento, os IDS são elaborados de

acordo com as especificidades brasileiras e com base nas orientações

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estabelecidas pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações

Unidas, em seu documento “Indicators of sustainable development: framework

and methodologies”, de 1996 e na recomendação publicada em 2001, que

estabelece uma lista de 57 IDS (IBGE, 2010).

Em 2012, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Rio + 20, como ficou

conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

(CNUDS). Nesta conferência, entra em cena a economia verde, que pode ser

definida como uma economia cujas consequências incluem a igualdade e o bem

estar social e a redução dos riscos e danos ambientais (PNUMA, 2011). Este

conceito de economia verde é incorporado ao documento elaborado ao final

desta conferência (The future we want), e definido como uma ferramenta capaz

de viabilizar o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza (UNITED

NATIONS, 2012).

2.1 Indicadores de Saúde Ambiental

Indicadores de saúde ambiental não devem ser vistos como indicadores de

saúde e indicadores ambientais apresentados de forma conjunta. Estes

indicadores devem ser a expressão da relação entre o ambiente e a saúde, onde

seja possível exprimir todo o conhecimento sobre as implicações à saúde

decorrentes do ambiente. O esquema elaborado por Corvalán e colaboradores

(2000) (Figura 2) representa a relação entre estes três tipos de indicadores.

No centro da figura (área A) estão os indicadores de saúde ambiental,

onde acontece a interseção de conhecimento sobre saúde e ambiente, de modo

que o conhecimento a respeito das associações entre saúde e ambiente pode ser

transformado em informação sob a forma de indicadores. À medida que nos

afastamos do centro, temos as informações mais específicas de cada área do

conhecimento, sendo os da área D referentes aos indicadores ambientais e os da

área E referente aos indicadores de saúde. Na porção intermediária estão as

áreas B e C, onde não se consegue mostrar uma relação direta de influência

entre ambiente e saúde. Na área B estão os conhecimentos acerca das

condições ambientais que, embora não tenham influência direta, podem contribuir

de forma sutil para alterações na saúde humana. Na área C temos o

conhecimento sobre agravos à saúde que não possuem uma causa ambiental

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definida, porém, com alguma evidência que sugere a participação de fatores

ambientais na sua origem. Cabe ressaltar que este esquema não é estático, uma

vez que novos conhecimentos podem evidenciar novas associações, ou refutar

antigas associações, de modo que as áreas podem sofrer alterações no próprio

tamanho, resultando em áreas de maior ou menor interseção (CORVALÁN et al.,

2000).

Figura 2 – Relação entre os indicadores: de saúde, ambientais

e de saúde ambiental.

Fonte: Traduzido de CORVALÁN et al., 2000.

Desta forma, a construção deste tipo de indicador deve ser baseada no

conhecimento acerca das relações entre exposição ambiental e efeitos à saúde,

podendo ser obtidos dois tipos básicos de indicadores de saúde ambiental: (i)

indicador baseado na exposição e (ii) indicador baseado no efeito. No primeiro

caso, a informação obtida permite estimar o risco de uma exposição ambiental

sobre a saúde, prevendo as consequências á saúde (ex.: o aumento estimado na

morbidade relacionado a uma exposição ambiental), enquanto no segundo, a

informação sobre a saúde é que serve de base para indicar a causa ambiental

(ex.: proporção de casos de determinado agravo que pode ser atribuída a certa

exposição) (CORVALÁN et al., 2000).

No Brasil, os indicadores de saúde ambiental foram organizados e

disponibilizados pela primeira vez em 2006, pela Coordenação Geral de

Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM), vinculada ao Ministério da Saúde, com

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foco nos efeitos à saúde causados por mudanças na situação ambiental.

Entretanto, como consequência da inserção da saúde ambiental, não só na

promoção da saúde, mas também no debate sobre os determinantes sociais da

saúde, estabeleceu-se a necessidade de definição e construção de indicadores

não mais focados nos efeitos à saúde, consequentes da situação ambiental, mas

também, capazes de incorporar a compreensão do quadro socioeconômico e das

mudanças ambientais (NETTO et al., 2009).

Com o objetivo de abranger o quadro socioeconômico e as mudanças

ambientais, o Brasil tem adotado o modelo denominado Força Motriz – Pressão –

Situação – Exposição – Efeito – Ações (FPSEEA), para a construção dos ISA.

Este modelo, utilizado internacionalmente, foi criado a partir do modelo Pressão –

Estado – Resposta (PER), desenvolvido pela Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OECD), e do modelo Pressão – Estado – Impacto

– Resposta (PEIR), desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA), ambos utilizados para estudos na área ambiental (SOBRAL

&FREITAS, 2010).

O modelo Pressão – Estado – Resposta (Figura 3) foi desenvolvido pela

OECD com o objetivo de monitorar a integração entre as decisões econômicas e

ambientais, analisar as políticas ambientais e avaliar os resultados. Neste

modelo, a “Pressão” se refere às pressões sobre o ambiente derivadas direta ou

indiretamente da atividade humana, sendo relacionado diretamente aos padrões

de produção e consumo. O “Estado” se reporta à qualidade ambiental

relacionada aos efeitos ou impactos da “Pressão”, bem como à qualidade e

quantidade de recursos naturais, enquanto a “Resposta” se refere às ações

coletivas ou individuais induzidas pelos impactos ambientais ocorridos, tais como

mitigação, adaptação ou prevenção (OECD, 2012).

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Figura 3 – Modelo Pressão – Estado – Resposta

Fonte: Traduzido de OECD, 2012

O modelo Pressão – Estado – Impacto – Resposta (Figura 4), foi

desenvolvido pelo PNUMA a partir do modelo PER, tendo como objetivo

adicional, monitorar os possíveis impactos sobre a saúde humana decorrentes

dos efeitos das pressões sobre as condições ambientais. Neste modelo, as ações

que não humanas deixam de integrar o componente “Pressão” e é adicionado o

componente “Impacto” como um desdobramento do “Estado”. Este modelo

expressa a relação causal entre as atividades humanas e os efeitos ao ambiente,

acarretando alteração do “Estado” ambiental, que implica em um impacto à saúde

humana e consequentemente em uma “Resposta” por meio de políticas para o

enfrentamento dos problemas ambientais ocorridos (SILVA, et al., 2012; SOBRAL

et al., 2011b).

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Figura 4 - Modelo Pressão – Estado – Impacto – Resposta

Fonte: Sobra et al., 2011b.

Entretanto, Corvalán & Kjellström (1997), definiram uma nova forma de

tornar o modelo PER aplicável ao campo da saúde ambiental. Para tanto, foi

adicionado a “Força Motriz”, ao mesmo tempo em que o “Estado” foi subdividido

em “Exposição” e “Efeito”, e a “Resposta” foi substituída pela “Ação”. De acordo

com o modelo FPSEEA (Figura 5), as forças motrizes e as pressões que levam à

degradação ambiental constituem o ponto de onde o controle pode se dar de

forma mais efetiva. As forças motrizes geram diferentes formas de pressão no

ambiente, que, por sua vez, pode acarretar mudanças na situação do ambiente.

A situação do ambiente pode, então, interferir na saúde humana e causar um

efeito que é dependente do grau de exposição do ser humano a esta situação.

Neste modelo, as forças motrizes estão relacionadas às políticas que

determinam as formas de desenvolvimento econômico ou tecnológico, aos

padrões de consumo e ao crescimento populacional. A pressão sobre o ambiente

pode se dar através do acúmulo de resíduos oriundos do consumo humano ou da

emissão de poluentes originados dos processos de produção, entre outros. A

mudança da situação do ambiente, resultante das pressões sofridas, incluem a

poluição, o desmatamento e a diminuição dos recursos naturais. Em relação à

exposição, deve-se pensar que a mesma é resultante de vários fatores, como a

presença de seres humanos nas áreas onde a situação ambiental foi alterada e o

tempo de contato destes indivíduos com a situação perigosa. A exposição se

refere à interseção entre ser humano e ambiente modificado e pode ser medida

em níveis que variam entre aceitáveis e danosos, dependendo do potencial que o

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ambiente modificado tem de produzir efeitos adversos. Similarmente ao que

ocorre com a exposição, os efeitos também podem ocorrer em diferentes níveis.

Esta gradação de efeitos é consequência das diferenças existentes em relação

ao tipo e ao nível da exposição, bem como da quantidade de pessoas expostas

(Corvalán & Kjellström, 1997).

Figura 5: Modelo de organização de indicadores FPSEEA

Fonte: SOBRAL & FREITAS (2010)

Entretanto, ao mesmo tempo em que os indicadores de saúde ambientais

são construídos e disponibilizados periodicamente pelo Ministério da Saúde

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008) tem início a preocupação com a população

infantil que, por possuir características próprias, precisa ser mais bem estudada.

Como forma de produzir estas informações, vários modelos têm sido

adotados para a construção de indicadores de saúde ambiental infantil. Dentre os

mesmos, podemos encontrar modelos mais simples, como o que apresenta três

componentes a serem avaliados em conjunto: os indicadores de exposição, os

indicadores de saúde e as ações que devem ser realizadas para reduzir os

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riscos, e modelos mais complexos, como o modelo de múltiplas exposições –

múltiplos efeitos (MEME) (WHO, 2003a).

O modelo mais simples leva em consideração que um problema de saúde

pode estar relacionado com mais de um fator ambiental de exposição e que as

ações necessárias à solução dos problemas podem assumir medidas preventivas

ou de remediação. Já no modelo MEME (Figura 6) reflete-se a associação

“many-to-manny” existente entre saúde e ambiente. Neste modelo, a relação

entre os indicadores de saúde e ambiente não podem ser interpretados de forma

simples ou direta. Nesta concepção, a mesma exposição pode levar a diferentes

efeitos à saúde, bem como um mesmo efeito pode ser consequência de inúmeros

tipos diferentes de exposição. Além disto, este modelo considera que tanto a

exposição quanto o efeito, aí incluída a relação entre eles, são afetados pelos

contextos definidos por fatores sociais, econômicos e demográficos. Também são

incluídas as ações de prevenção e remediação que podem ter como alvo a

exposição e/ou os efeitos à saúde (WHO, 2003a).

Figura 6: Modelo Múltiplas Exposições – Múltiplos Efeitos (MEME)

Fonte: WHO, 2003a

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3. Sistemas de Informação

Entretanto, independente do modelo adotado para a construção de

indicadores de saúde ambiental, ou da faixa etária considerada, são necessárias

informações sobre as condições de exposição e de saúde, que podem ser

obtidas junto aos sistemas de informação (SI) existentes no país.

Sistemas de informação podem ser definidos como um conjunto de

dispositivos utilizados de forma integrada e articulada, com o objetivo de gerar

informação a partir de dados selecionados. Como características inerentes ao

bom funcionamento de um sistema de informação podem ser citadas a

padronização e a cobertura dos dados. A padronização dos dados tem a sua

importância para a qualidade dos SI justificada pela necessidade de

comparabilidade das informações, enquanto que a cobertura se justifica pela

abrangência que se pretende alcançar nas análises e interpretações, ou, dito de

outra forma, pela representatividade das informações para a população em geral.

Além destas características, a coleta primária dos dados, realizada de forma

correta e completa também é responsável pelo aumento da qualidade das

informações geradas (MOTA & CARVALHO, 2003).

Na área da Saúde, o Brasil, através do Ministério da Saúde, gerencia um

conjunto de SI. Estes sistemas de informação em saúde (SIS) são alimentados

com dados relativos à assistência (ambulatorial e hospitalar) dados originados

das investigações epidemiológicas e dados resultantes das ações de vigilância

sanitária. O gerenciamento dos SIS é realizado pelo Departamento de Informática

do Sistema Único de Saúde (DATASUS), que foi criado com o objetivo de

informatizar as atividades do SUS, gerando informações para a gestão da saúde

em todos os níveis de governo. Neste contexto, compete ao DATASUS, entre

outras atividades, a manutenção do acervo das bases de dados necessários ao

sistema de informações em saúde e aos sistemas internos de gestão

institucional, e a garantia aos gestores do SUS e aos órgãos congêneres o

acesso aos serviços de tecnologia da informação e bases de dados mantidos

pelo Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012a).

Entretanto, a natureza das atividades alvos da informatização pelo

DATASUS faz com que os sistemas de informação em saúde construídos

possam ser utilizados com finalidade outras, como para o estabelecimento do

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perfil de adoecimento da população, das condições de nascimento e de morte,

além de pesquisas que envolvam questões relacionadas à morbidade e à

mortalidade da população. Dentre os sistemas de informação mantidos pelo

DATASUS podem ser citados o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM),

Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informações

de Agravos de Notificação (SINAN), Sistemas de Informações Hospitalares (SIH-

SUS), Sistemas de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) e os Sistemas de

Informação da Atenção Básica (SIAB) (MOTA & CARVALHO, 2003).

Os dados que alimentam os dois primeiros sistemas são obtidos mediante

a utilização de formulário padronizado, a Declaração de Óbito (DO) e a

Declaração de Nascido Vivo (DN). Os dados da DO, que alimentam o SIM, são

capazes de descrever as características de pessoa, tempo e lugar, a causa

básica e as condições de assistência, entre outras. Já os dados da DN dizem

respeito às condições da gravidez, do parto e do recém-nato (FRIAS, et al., 2005;

SILVA et. al., 2011).

As informações constantes do SINAN são obtidas como consequência da

obrigatoriedade de notificação e investigação de casos de doenças

transmissíveis elencados pelos governos, federais, estaduais e municipais. Desta

forma, neste SIS são encontradas informações sobre a situação epidemiológica

de endemias, epidemias e surtos epidêmicos (LEIMANN & KOIFMAN, 2009).

O SIH-SUS e o SIA-SUS são sistemas de informação que se originaram

com finalidade administrativa. No primeiro, os dados sobre as internações, como

tempo de permanência, causa básica e procedimentos realizados, servem de

base para o repasse financeiro do MS aos estados e municípios, pela prestação

de serviços hospitalares (CANDIAGO & ABREU, 2007). No SIA-SUS, os dados

são coletados a partir dos procedimentos ambulatoriais realizados, como

consultas e exames, sendo possível obter informações sobre o motivo do

atendimento, mas não sobre o diagnóstico final (MOTA & CARVALHO, 2003).

Por fim, o SIAB compreende vários subsistemas que coletam dados dos

serviços relacionados às ações da atenção básica. Neste SIS podem ser

encontradas informações sobre as características da habitação, do nível social e

de instrução das famílias atendidas pela Estratégia Saúde da Família e pelo

Programa de Agentes Comunitários de Saúde – Subsistema SIPACS

(MARCOLINO & SCOCHI, 2010). Além das já citadas, o SIAB possui

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informações sobre os pacientes com hipertensão e/ou diabetes (HIPERDIA),

sobre as ações desenvolvidas pela atenção pré-natal (SIS-PRENATAL) e sobre a

cobertura vacinal da população (SI-PNI) (MOTA & CARVALHO, 2003).

Dentre estes sistemas, o SINAN, o SIH-SUS, o SIA-SUS, o SIAB e o SIM,

podem ser utilizados para a obtenção de dados de morbidade e mortalidade da

população. Entretanto, devido ao objetivo primeiro de sua criação e,

consequentemente, às suas características como a forma de disponibilização e a

completude dos dados, existem vantagens e desvantagens em cada um deles

que devem ser levadas em consideração, na escolha do sistema de informação a

ser utilizado.

Em relação ao sistema que utiliza dados provenientes de instrumentos

imprescindíveis para registros civis como a DO, sem a qual os sepultamentos não

são realizados, pode-se esperar que o percentual de casos não informados seja

pequeno, fazendo com que a cobertura deste sistema seja bastante completa.

Entretanto, como se tratam de dados provenientes de óbito, ao analisar doenças

com baixa ou média letalidade, pode-se ter uma visão subestimada da situação

de saúde. Outra desvantagem deste sistema é o alto número de DO cuja causa

básica é descrita como “mal definida”, ou seja, não foi identificada a causa, o que

pode trazer problemas na estimativa de casos da doença, embora esta condição

venha apresentando diminuição.

No que diz respeito ao SINAN, mesmo considerando a obrigatoriedade da

informação à Secretaria Municipal de Saúde, da ocorrência de todos os casos de

doenças de notificação compulsória por parte de todas as unidades de saúde, a

inexistência de sanção relacionada a não notificação pode gerar um quadro de

subnotificação. Aliado a este fato, a existência de localidades onde a vigilância

epidemiológica não se encontra minimamente estruturada, agrava ainda mais os

problemas com a subnotificação. Outras limitações no uso dos dados deste

sistema são: (i) a grande quantidade de informações sem preenchimento,

principalmente em períodos de grandes epidemias; (ii) a existência de

informações somente sobre as doenças de notificação compulsória e (iii) a

existência de doenças que devem ser notificadas assim que exista uma suspeita,

devendo ser posteriormente confirmada ou descartada através da investigação

epidemiológica e/ou laboratorial. Em localidades sem infraestrutura adequada,

estes casos podem permanecer sem definição por muito tempo, interferindo na

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real quantidade de casos. Como uma das vantagens da utilização das

informações deste sistema, pode ser citada a possibilidade de se calcular taxas

de incidências e elaborar séries históricas, pois fornece a informação dos casos

em função do tempo.

Como as informações constantes no SIH-SUS são imprescindíveis para o

repasse financeiro do Ministério da Saúde aos Municípios ou hospitais

particulares conveniados com o SUS, pode-se inferir que as mesmas apresentem

melhor qualidade dos dados e menor número de subnotificação. Entretanto, pelo

fato da informação ser referente à internação, existem algumas desvantagens

que devem ser levadas em consideração ao utilizar este sistema como fonte de

dados. A primeira diz respeito ao fato de que os dados são referentes somente a

casos de determinada doença que necessitaram de internação, não

contemplando todos os casos da doença. Também deve ser observado que os

dados existentes são referentes somente às internações ocorridas na rede

pública e conveniada ao SUS, deixando de fora aquelas ocorridas na rede

particular. Por fim, um mesmo caso de determinada doença poder ser

responsável por mais de um episódio de internação, não sendo possível

descrever o número exato de casos. Entretanto, mesmo com esta limitação, é

possível obter a quantificação do adoecimento da população decorrente da

doença em questão.

Outro sistema de informação também vinculado ao repasse financeiro, o

SIA-SUS também pode ser considerado um sistema com baixo nível de

subnotificação. Neste sistema os dados disponíveis se referem, entre outros, a

procedimentos clínicos e diagnósticos que podem ser relevantes na definição de

um perfil de morbidade da população. Entretanto, em relação aos procedimentos

diagnósticos, a informação disponível faz referência ao número de procedimentos

realizados, não havendo informação neste sistema dos resultados dos mesmos.

Outra desvantagem, similar ao SIH-SUS, é que os procedimentos clínicos e

diagnósticos realizados na rede privada de assistência à saúde não são inseridos

neste sistema e, consequentemente, não estão incluídos nas informações

fornecidas pelos mesmos.

Cabe ressaltar que, tanto para o SIH-SUS, quanto para o SIA-SUS, a

disponibilidade de unidades de assistência à saúde públicas ou conveniadas,

bem como o perfil sócio econômico da população, pode interferir de forma

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considerável na utilização dos serviços pelos indivíduos, introduzindo distorções

nas informações à disposição nestes SIS.

Com o objetivo de permitir o monitoramento das ações da Estratégia

Saúde da Família (ESF), o SIAB reúne informações sobre cadastro das famílias

atendidas, condições de moradia e saneamento, situação de saúde e produção e

composição das equipes de saúde. Para atender a este objetivo, a forma como

as informações são coletadas e disponibilizadas, apesar de evidenciarem alguns

padrões de morbidade da população de determinada área, apresentam algumas

limitações, como a impossibilidade de obtenção de informações sobre

determinadas doenças como diabetes e hipertensão, por exemplo, por faixa

etária. Também deve ser levada em consideração a existência de informações

somente de indivíduos/territórios atendidos pela ESF, bem como a distribuição

desigual desta estratégia no território nacional.

Além dos sistemas acima expostos, o Ministério da Saúde também é

responsável por outros sistemas de informação relacionados à necessidade de

conhecer e monitorar os fatores ambientais envolvidos com a saúde da

população. Neste contexto, a Secretaria de Vigilância em Saúde coordena os

programas de vigilância em saúde ambiental relacionados à qualidade da água,

do ar e à exposição a substâncias químicas e ao solo contaminado. Dentre os

objetivos destes programas está o monitoramento sistemático da qualidade da

água, do ar; das áreas com populações expostas ou sob-risco de exposição a

solo contaminado e a substâncias químicas de reconhecido interesse à saúde,

em razão de seus efeitos prejudiciais. Este monitoramento é realizado por alguns

municípios elegíveis por suas características demográficas, que coletam

informações relacionadas à qualidade da água, como concentração de coliformes

totais, concentração de cloro residual livre e turbidez; e relacionadas à existência

de áreas com solo contaminado, como os contaminantes potenciais, a existência

de população susceptível nas proximidades e a existência de cursos d’água,

entre outras. Estas informações municipais são reunidas nos sistemas de

informação SISAGUA e SISSOLO, respectivamente, cujas informações são

consolidadas e disponibilizadas por meio de relatórios (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2012b).

Na área ambiental, o Ministério do Meio Ambiente é o órgão responsável

pela gestão da informação nacional no âmbito ambiental (Lei no 6.938/1981).

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Desta forma é o responsável pela manutenção do Sistema Nacional de

Informação sobre Meio Ambiente – SINIMA. Este sistema está inserido no

Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), e, consequentemente, observa

a lógica da gestão compartilhada entre as três esferas do governo, no que diz

respeito à gestão ambiental. Este sistema tem como função fortalecer o processo

de produção, sistematização e análise de estatísticas e indicadores ambientais;

recomendar e definir a sistematização de um conjunto básico de indicadores e

estabelecer uma agenda com instituições que produzem informação ambiental; e

propiciar avaliações integradas sobre o meio ambiente e a sociedade

(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012). As informações contidas neste

sistema são disponibilizadas através de mapas interativos compostos por dados

geográficos do Brasil e de regiões específicas, e imagens de satélite (SOBRAL et

al., 2011c).

Além das já citadas, os dados, informações e estatísticas produzidas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constituem outra fonte de

informação de interesse para a saúde. O IBGE é responsável pelo fornecimento

de dados e informações de todo o país. Nos seus bancos de dados são

encontradas informações sociais, econômicas, demográficas e geográficas,

obtidas através de censos nacionais e pesquisas por amostragem (IBGE, 2011).

Os censos nacionais são realizados a cada 10 anos e suas informações

versam sobre as características demográficas da população brasileira, tais como

a população residente, distribuídas por sexo, raça e faixa etária, relacionadas à

escolaridade, religião, situação de domicílio, situação trabalhista, rendimento

familiar, existência de deficiência física/mental (IBGE, 2012a).

As pesquisas por amostragem tiveram início em 1967 com a criação da

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e contemplam informações

sobre características gerais da população, educação, trabalho, rendimento e

habitação, além de outras com periodicidade variável e dependente das

necessidades de informação para o País. Enquanto alguns dados específicos

estão disponíveis apenas para alguns anos, como os sobre trabalho infantil no

ano de 2001, os de segurança alimentar no ano de 2004 e os relacionados ao

acesso e utilização de serviços de saúde nos anos de 2003 e 2008, os dados da

pesquisa básica são disponibilizados anualmente desde 2001, sendo os últimos

referentes ao ano de 2011 (IBGE, 2012b).

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As informações constantes da pesquisa básica, assim como as

provenientes dos censos, são disponibilizadas de forma agregada e por meio de

tabelas organizadas em grandes temas como: “Dados Gerais”; “Migração”;

“Instrução e Educação”; “Trabalho e Rendimento”; “Fecundidade”; “Famílias” e

“Domicílios” (IBGE, 2012b).

Além das já citadas, também podem ser encontradas informações sobre

abastecimento de água; esgotamento sanitário; manejo de resíduos sólidos,

manejo de águas pluviais, que fazem parte da Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico (PNSB). Esta pesquisa, que tem por objetivo investigar as condições de

saneamento básico de todos os municípios brasileiros, para avaliação sobre a

oferta e a qualidade dos serviços prestados, bem como análises das condições

ambientais e suas implicações diretas com a saúde e a qualidade de vida da

população, foi realizada pela primeira vez em 1974. Desde então, vem sendo

realizada em intervalos de tempo não regulares, tendo ocorrido algumas

alterações na coleta dos dados ao longo do período (IBGE, 2012c).

Outra categoria de informações constante no site do IBGE, diz respeito

aos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, cuja elaboração e

disponibilização objetiva acompanhar a sustentabilidade de desenvolvimento do

país. Estes indicadores se constituem como uma das mais importantes fontes de

informações sistematizadas sobre os aspectos ambientais, sociais, econômicos e

institucionais do desenvolvimento brasileiro. Na dimensão ambiental podem ser

obtidas, entre outras, informações referentes aos temas “Atmosfera”; “Terra” e

“Oceanos, Mares e Áreas Costeiras” como concentração de poluentes no ar; uso

de agrotóxicos e balneabilidade, respectivamente. Estes dados também são

disponibilizados por meio de tabelas e, apesar de estarem quase sempre

disponíveis para os níveis Brasil, Região Geográfica e Unidade da Federação,

podem ser observadas lacunas espaciais e temporais nos mesmos (IBGE,

2012d).

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4. Condições ambientais relacionadas à saúde da população infantil.

4.1. Características da população infantil e ambiente.

As preocupações específicas com o desenvolvimento de indicadores de

saúde ambiental para a população infantil se baseiam nas características desta

população, que as tornam mais susceptíveis a problemas de saúde originados a

partir de exposições ambientais quando comparadas com adultos.

As crianças e adolescentes compreendem um grupo populacional

distribuído entre as faixas etárias de 0 a 12 anos incompletos e de 12 a 18 anos,

respectivamente. Esta definição foi instituída pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente, que trata de vários temas dentre os quais podem ser citados o

direito à liberdade e à dignidade, o direito à convivência familiar, o direito à

educação, cultura e lazer e o direito á vida e à saúde. Estes últimos

compreendem a efetivação de políticas públicas e atendimento integral à saúde,

voltados para a promoção, proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 1990).

Entretanto, por considerar que as diferenças existentes entre as fases de

crescimento e desenvolvimento da criança e o início da puberdade são capazes

de interferir nas questões relacionadas à saúde, o Ministério da Saúde classifica

como criança a pessoa de 0 a 9 anos e o adolescente a pessoa de 10 a 19 anos

(MINISTÉRIO DA SAUDE, 2010a).

Segundo a Agência Ambiental Federal Alemã, a subdivisão da infância e

adolescência em diferentes faixas de idades permite considerar, de forma mais

apropriada, os diversos estágios de desenvolvimento, tanto fisiológico quanto

comportamental, deste grupo etário em relação aos fatores relacionados à sua

saúde. Os grupos compreendidos por esta subdivisão são: (i) fetos e embriões;

(ii) recém – nascidos e bebês (menores de 1 ano); (iii) crianças (1 a 3 anos); (iv)

pré-escolar (3 a 6 anos); (v) escolar (6 a 16 anos); (v) adolescente (16 a 18 anos)

(Umweltbundesamt, 2004). Desta forma, para melhor compreender a saúde

destes grupos etários, é preciso conhecer as diferenças fisiológicas e

comportamentais, encontradas nas diferentes fases de crescimento e

desenvolvimento dos mesmos.

Em relação à fisiologia, vários aspectos influenciam, direta ou

indiretamente, na susceptibilidade destes diferentes grupos etários aos efeitos de

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substâncias tóxicas. Uma primeira característica inerente a estes grupos

compreende a maior absorção dérmica proporcional ao peso, resultante da

relação superfície dérmica/peso corporal bem maior que os adultos. Cabe

ressaltar que em crianças, particularmente, recém-nascidos, a maior

permeabilidade cutânea também contribui para o aumento da absorção dérmica

(UMWELTBUNDESAMT, 2004; VALENZUELA et al., 2011).

Outra característica importante está relacionada à respiração. Comparada

a dos adultos, a taxa respiratória em crianças é maior, seus brônquios ainda não

estão completamente estruturados e seus alvéolos estão em quantidade e

tamanho menor. A elevada taxa respiratória pode determinar, em casos de

exposição a poluentes ambientais, uma maior absorção de poluentes pelas

crianças, tornando-as mais susceptíveis a este tipo de substâncias (WHO, 2003b;

MAZOTO et al., 2011). Além da elevada taxa respiratória, o pequeno tamanho

das vias aéreas das crianças facilita e torna mais rápido o aparecimento de

dificuldade respiratória, quando da exposição a partículas irritantes (WHO, 2010).

Por serem indivíduos ainda em crescimento e, consequentemente,

apresentarem uma alta taxa de replicação celular e não possuírem um sistema

imunológico totalmente maduro, os fetos, os embriões e as crianças, possuem

maior vulnerabilidade aos fatores físicos e químicos considerados

carcinogênicos. Além dos já citados, e especificamente para o grupo de

indivíduos até seis meses de idade, a imaturidade da barreira hematoencefálica é

uma importante característica que confere maior susceptibilidade a substâncias

neurotóxicas a este grupo etário, quando comparado aos demais

(UMWELTBUNDESAMT, 2004, WHO, 2010).

Aliado aos fatores fisiológicos, o comportamento infantil também interfere

na sua susceptibilidade às substâncias tóxicas. O hábito de colocar a mão na

boca, relacionado à necessidade de explorar o mundo a sua volta, implica na

possibilidade de exposição a substâncias tóxicas, por uma rota não encontrada

em adultos. Devido ao fato de brincarem no chão e também por conta da sua

pequena estatura, as crianças ficam mais expostas às substâncias tóxicas que

tendem a se acumular ao nível do chão, no solo propriamente dito, ou em

aerossóis que podem ser mais facilmente respirados pelas crianças. Note-se

ainda a falta de conhecimento das crianças sobre os riscos aos quais elas podem

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estar expostas e, consequentemente, a dificuldade em se protegerem dos

mesmos (WHO, 2010; WHO, 2003b).

Segundo a OMS, as condições ambientais são responsáveis pela morte de

aproximadamente 3 milhões de crianças de até 5 anos, por ano, no mundo. As

infecções respiratórias e as doenças diarreicas são as principais causas

relacionadas a este elevado número de mortes, sendo as primeiras relacionadas

a problemas ambientais em 60% dos casos e as últimas em mais de 90%. Cabe

ressaltar que as crianças que sobrevivem, continuam sendo expostas às

condições ambientais adversas, o que pode resultar em problemas no seu

desenvolvimento e à ocorrência de doenças futuras (WHO, 2010; WHO, 2009).

Em estudo realizado com o objetivo de avaliar o impacto do ambiente na

saúde de crianças na Europa, Valente e colaboradores (2004) evidenciaram a

participação da poluição do ar, da água contaminada, da exposição ao chumbo e

das violências em aproximadamente 33% das doenças em indivíduos de 0 a 19

anos. Estes resultados serviram de base para a proposição de metas para

diminuição deste problema, relacionadas ao enfrentamento da falta de

saneamento adequado; à poluição atmosférica; à poluição química e às injúrias

relacionadas ao trânsito.

A água é vital para a manutenção da vida humana e sua qualidade está

associada às condições adequadas de saneamento, que incluem o tratamento

dos resíduos biológicos excretados pelo homem, a correta disposição dos

resíduos sólidos produzidos e o tratamento da água para consumo humano. A

falta de saneamento adequado, a água contaminada e a higiene inadequada

estão envolvidas em cerca de 90% dos casos de diarreia, sendo possível,

reverter esta situação com a garantia de fornecimento de água potável e de

saneamento básico e melhorando ás práticas de higiene (WHO, 2010). As

crianças são as principais vítimas das doenças diarreicas, que dependendo da

severidade podem levar à desnutrição, anemias, retardo no crescimento e até à

morte. Embora as mortes associadas às doenças diarreicas venham

apresentando diminuição, devido à melhoria das condições de saneamento e,

principalmente, da administração de reidratação oral, a morbidade não apresenta

a mesma tendência (UNEP, UNICEF & WHO, 2002).

As doenças diarreicas constituem o grupo de doenças mais associado à

falta de saneamento básico e às condições inadequadas da água. Entretanto,

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outras doenças como as parasitoses intestinais, a hepatite A, a desnutrição, a

anemia, e a intoxicação por substâncias tóxicas como pesticidas e arsênio,

também são atribuídas a estes fatores (VALENZUELA et al., 2011; TEIXEIRA &

HELLER, 2004; MEDRONHO et al., 2003).

A poluição atmosférica pode ser dividida em poluição do ar no ambiente

interno, principalmente o domiciliar quando se trata de crianças, e em poluição do

ar no ambiente exterior. Os fatores que interferem na qualidade do ar no interior

do domicílio incluem as condições do ar exterior, as fontes poluidoras dentro da

casa, o hábito de fumar dos moradores, e as características da construção. As

fontes de poluição dentro de casa incluem a utilização de combustíveis sólidos no

cozimento de alimentos e no aquecimento, podendo resultar em aumento da

concentração de monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio, associados à

hipóxia, fadiga, sonolência, cefaleia, tontura, desorientação, alteração da

consciência e morte (VALENZUELA et al., 2011, WHO, 2010).

A fumaça do cigarro, advinda do habito de fumar é o mais importante

poluente do ar interior. Os componentes da fumaça do cigarro causam problemas

às crianças desde a fase fetal. Como consequência da capacidade de atravessar

a barreira placentária e da afinidade pelo tecido adiposo, estes poluentes chegam

até o feto e o embrião ainda durante a gestação e podem causar baixo peso ao

nascer, prematuridade e aborto. A exposição passiva das crianças está

relacionada ao aumento no risco de ocorrência da Síndrome da Morte Súbita

Infantil, asma, bronquite, pneumonia e otite média. Também tem sido descrita

uma relação entre a condição de fumante passivo e a ocorrência de

comprometimento neurológico, distúrbios comportamentais, alguns tipos de

neoplasia e doenças cardiovasculares na idade adulta (VALENZUELA et al.,

2011; VORK, et al., 2008; UMWELTBUNDESAMT, 2004).

As características da construção estão relacionadas à utilização de tintas e

canos contendo chumbo, sendo as primeiras particularmente importantes para as

crianças, pelo seu hábito de levar a mão à boca com relativa frequência. A

intoxicação por chumbo pode causar anemia, hipertensão, polineuropatia e

recentemente tem sido associada a uma diminuição sutil da capacidade

intelectual na população infantil (VALENZUELA et al., 2011). Além do chumbo, a

presença de ácaros e mofo também depende das características da construção

do domicílio, uma vez que casas mais úmidas determinam o crescimento mais

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rápido de mofos e a presença de tapetes favorecem a presença de ácaros. Estes

contaminantes biológicos são conhecidos agentes causadores de alergias

respiratórias, asma brônquica, rinite alérgica e dermatite atópica em crianças

(VALENZUELA et al., 2011; UNEP, UNICEF & WHO, 2002).

A poluição do ar externo está bastante associada às áreas urbanas,

principalmente às megacidades de países em desenvolvimento, onde o aumento

da utilização de combustíveis fósseis e os processos industriais lançam vários

poluentes na atmosfera, como dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio, dióxido de

nitrogênio, monóxido de carbono, chumbo, dioxinas, materiais particulados e

compostos orgânicos voláteis (UNEP, UNICEF & WHO, 2002). Nas áreas rurais,

a queima de biomassa, acidental ou provocada durante o processo de cultivo

para a agroindústria, resulta em um aumento da emissão de material particulado

para a atmosfera. O aumento no número de internações por doenças

respiratórias, para a população em geral, tem sido descrito como uma

consequência da poluição atmosférica, tanto nas zonas urbanas quanto rurais

(LOPES & RIBEIRO, 2006; NASCIMENTO et al., 2004). Considerando a

imaturidade do seu sistema respiratório, a população infantil apresenta maior

vulnerabilidade à poluição do ar externo, quando comparada com a população

geral, tendo sido reportada a associação entre esta exposição e a ocorrência de

asma, de baixo peso ao nascer e de anomalias congênitas (WHO, 2010; Valente

et al., 2004).

A poluição química, que se estende pelos diferentes compartimentos

ambientais como água, ar e solo, é resultado de um aumento na produção e na

utilização de substâncias químicas tóxicas, relacionado aos processos de

industrialização, urbanização e intensificação da agricultura. Estes processos são

responsáveis pelo lançamento de diferentes poluentes como agrotóxicos, metais

pesados e substâncias radioativas, que podem se acumular no ambiente, e/ou

ser transportados para locais distantes da fonte de poluição. (UNEP, UNICEF &

WHO, 2002).

Dentro dos grupos dos agrotóxicos, os organoclorados são particularmente

maléficos para a população infantil. A afinidade dos mesmos pelo tecido adiposo

faz com que o leite de mães expostas apresente concentrações de

organoclorados capazes de interferir no processo de regulação do crescimento e

desenvolvimento das crianças. Além deste efeito, a relação entre a intoxicação

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crônica por agrotóxicos e a ocorrência de alguns tipos de neoplasia como a

leucemia e alguns sarcomas; de danos ao sistema nervoso que podem resultar

em diminuição da inteligência e desvios de comportamento e danos ao sistema

imunológico, tem sido sugerida na literatura (UNEP, UNICEF & WHO, 2002).

Entre os metais, a exposição ao mercúrio no período embrionário está

associada a efeitos no desenvolvimento do SNC, como paralisia cerebral, retardo

mental e convulsões (DAVIDSON, et al., 2004). Problemas relacionados ao

desenvolvimento de crianças, como a diminuição nos valores de testes de QI e a

ocorrência de encefalopatias cujas consequências incluem sequelas neurológicas

e neuropsicológicas irreversíveis são descritos como resultado da exposição de

crianças ao chumbo (BARROCAS, 2013).

A poluição radioativa está relacionada a acidentes com materiais

radioativos, às usinas nucleares, aos radioisótopos utilizados no diagnóstico e

tratamento de doenças, consideradas ionizantes, e aos campos

eletromagnéticos, considerados não ionizantes. Em crianças, a exposição à

radiação ionizante tem sido associada à indução de neoplasia como leucemia,

má formação congênita e distúrbios psiquiátricos (MANGANO & SHERMAN,

2003; UNEP, UNICEF & WHO, 2002). Segundo Maslanyj e colaboradores (2010)

e Pelissari e colaboradores (2009), os estudos epidemiológicos sobre a

ocorrência de leucemia derivadas da exposição à radiação não ionizante ainda

são insuficientes para evidenciar uma relação de associação.

As injurias podem ser classificadas como não intencionais e intencionais,

sendo os acidentes de tráfego, queimaduras, quedas e intoxicações

representantes do primeiro grupo e as violências como guerras, homicídios e

suicídios, representantes do segundo grupo (WHO, 2010). Em relação ao grupo

das injurias não intencionais, excetuando os acidentes de trânsito, todas as

demais ocorrem, no caso das crianças, com mais frequência no ambiente

domiciliar. Considerando que os acidentes domiciliares têm uma grande

possibilidade de causar sequelas incapacitantes nas crianças, é fundamental que

a habitação seja estruturada com a finalidade de diminuir os riscos domiciliares

principalmente de quedas e queimaduras (VALENZUELA et al., 2011; WHO,

2010). As substâncias químicas presentes na casa da criança, como material de

limpeza, remédios e inseticidas, armazenados de forma indevida e ao alcance

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das mesmas, estão normalmente associadas às intoxicações agudas nesta faixa

etária (VALENZUELA et al., 2011; WHO, 2003b).

As diferentes faixas etárias apresentam maior predisposição para

determinados tipos de injúria, tais como: (i) em crianças de 1 a 4 anos, os

afogamentos; (ii) entre 5 e 9 anos, os afogamentos, os acidentes de trânsito e os

envolvendo animais peçonhentos; (iii) de 10 a 17 anos, os acidentes de transito

são as principais causas de morte por injuria. Entretanto, cabe ressaltar que,

entre as crianças que vivem em situação de pobreza, as injúrias possuem maior

relevância para a sua saúde, tendo em vista a falta de proteção social das

mesmas (WHO, 2010).

Com base nestas características, estudos destinados a discutir as

especificidades deste grupo etário, ou que se debruçaram sobre os efeitos de

fatores ambientais sobre a saúde infantil, reconhecem que existe a necessidade

de geração de mais informações sobre o assunto. Eles concluem ainda que estas

informações devem estar disponíveis para os responsáveis pela gestão dos

serviços de saúde, para os profissionais de saúde que atendem este grupo

populacional (ex.: pediatras) e para a população como um todo (MAZOTO et al.,

2011; VALENZUELA et al., 2011).

4.2. Condições ambientais relacionados às doenças diarreicas

A relação entre doenças diarreicas e condições de saneamento é alvo de

estudos desde muito tempo, sendo possível identificar no trabalho de John Snow

a primeira referência à relação abastecimento de água e doença diarreica

(SNOW, 1990). Atualmente, vários trabalhos têm como objetivo investigar esta

relação sob diferentes aspectos e utilizando metodologias diversas, cujos

resultados e conclusões nos permitem estabelecer alguns vínculos entre doenças

diarreicas e saneamento (TEIXEIRA et al., 2011; YONGSI, 2010; TESCHKE, et

al., 2010; CALIJURI et al., 2009; TEIXIERA & GUILHERMINO, 2006; TEIXEIRA &

HELLER, 2005; JENSEN et al., 2004; HELLER et al., 2003; CIFUENTES et al.,

2002; WHO, 2002a).

Em estudo seccional sobre o tipo de fornecimento e a qualidade da água

potável, Yongsi (2010) discorre sobre os achados referentes ao menor número de

casos de diarreia entre os indivíduos cujas casas eram servidas pela água

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fornecida pela companhia de abastecimento, em comparação com aqueles que

eram servidos por poços públicos, sendo os primeiros de melhor qualidade

quando comparados com os últimos. Os resultados deste estudo se mostraram

compatíveis com os obtidos em um estudo de coorte que avaliou o risco de

internações e consultas por doenças intestinais infecciosas endêmicas em

relação aos sistemas de fornecimento de água, de esgotamento sanitário, de

tempo de moradia na residência e condições sociodemográficas. Neste estudo, a

cloração da água se mostrou associada à quantidade de consultas por doenças

intestinais infecciosas e os sistemas de abastecimento de água com altas

proporções de água superficial apresentaram um risco aumentado para a

incidência da doença. Além disso, os resultados de um estudo de coorte,

realizado no Canadá, mostraram que os indivíduos servidos pelos sistemas de

esgotamento e abastecimento de água municipais, apresentavam maiores taxas

de doença, quando comparados com aqueles servidos pelo sistema de

esgotamento municipal, mas com sistema privativo (próprio) de abastecimento de

água. Os autores sugerem que o fato de os encanamentos dos dois sistemas

municipais estarem dispostos no mesmo espaço pode ser suficiente para a

ocorrência de contaminação da água servida. (TESCHKE, et al., 2010).

Em estudo caso-controle, cujo objetivo foi verificar se a densidade de

sistemas sépticos para tratamento de esgoto estava associada à doença

diarreica em crianças, Borchardt e colaboradores (2003) concluíram que a

ocorrência de diarreias estava associada ao número de tanques de retenção do

sistema séptico, mostrando aumento no número de casos em função do aumento

no número de fossas sépticas em determinada área. Diferentemente do exposto

por Borchardt e colaboradores (2003), que sugeriram que os tanques de retenção

do sistema séptico estariam envolvidos na contaminação do solo e da água,

Cifuentes e colaboradores (2002) não encontraram associação entre a

proximidade de poços contaminados com o número de casos de diarreia. Os

resultados deste estudo, entretanto, mostraram aumento no risco de diarreia em

crianças que moravam em casas sem instalações sanitárias adequadas quando

comparadas com as que moravam em casas com sistema de tratamento de

esgoto.

A influência das condições de saneamento sobre a ocorrência de doenças

diarreicas também foi objeto de estudo de Teixeira & Heller (2005). Neste estudo,

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realizado com crianças residentes em áreas de assentamento subnormal, os

autores também investigaram o papel de fatores como consumo de água de mina

e acondicionamento inadequado do lixo, entre outros na ocorrência do agravo.

Como resultados, os autores identificaram que o consumo de água de mina, a

disposição de esgotos na rua ou no entorno domiciliar e o acondicionamento

inadequado de lixo se apresentavam como fatores de risco para o

desenvolvimento da doença diarreica nas crianças estudadas e sugeriram que o

número de doenças diarreicas pode ser diminuído com uma melhor e maior

cobertura dos serviços de saneamento ambiental.

Ainda sobre as condições de saneamento, Heller e colaboradores (2003)

realizaram estudo caso-controle com crianças menores de 5 anos residentes em

área urbana, cujos resultados evidenciaram associação estatisticamente

significativa entre a ocorrência de diarreia e a presença de esgoto a céu aberto,

armazenamento e disposição de resíduos sólidos, condições dos reservatórios

domiciliares de água e a presença de vetores nas casas, entre outros.

Com o objetivo de investigar a associação entre a qualidade bacteriológica

da água potável e a incidência de diarreia, Jensen e colaboradores (2004)

coletaram informações sobre episódios de diarreia e as fontes e a qualidade da

água consumida por crianças menores de 5 anos no Paquistão. Neste estudo, os

autores não observaram associação entre a incidência de diarreia com a

contaminação bacteriológica nas fontes de água potável, sendo somente

observada uma tendência de associação entre a qualidade bacteriológica da

água armazenada no domicilio e a ocorrência de diarreia, embora sem

significância estatística. Com estes resultados, eles questionaram o

monitoramento isolado da qualidade bacteriológica da água nas fontes públicas e

sugeriram que a melhoria na quantidade de oferta da água produza mais

impactos na ocorrência das doenças diarreicas.

Em um trabalho cujo objetivo era investigar a associação entre os

indicadores de saneamento básico e os de saúde nos estados brasileiros,

Teixeira e colaboradores (2011) concluíram que taxa de cobertura por

esgotamento sanitário pode ser associada com as taxas de mortalidade infantil e

que a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias também está associada

à menor cobertura por sistemas de abastecimento de água. Resultados estes

semelhantes aos encontrados por Teixeira e Guilhermino (2006) que sugerem

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que a taxa de mortalidade infantil e a taxa de mortalidade proporcional por

diarreia aguda em menores de 5 anos podem ser reduzidas com o aumento do

percentual da população atendida por serviços de esgotamento sanitário, além de

evidenciarem a possibilidade de diminuição da mortalidade proporcional por

doenças infecciosas e parasitárias, com o aumento do percentual da população

com abastecimento de água. Cabe ressaltar que além destes fatores, tais

estudos também investigaram e evidenciaram a influencia de outros fatores como

renda e escolaridade nas alterações das taxas estudadas.

Seguindo a linha de estudos sobre indicadores de saúde ambiental e de

saneamento Calijuri e colaboradores (2009) almejavam compor um sistema

capaz de discriminar áreas segundo sua condição sanitária-ambiental e

relacionável à ocorrência de agravos ligados ao saneamento. Com os resultados

obtidos, os autores concluíram que, de modo geral, os melhores níveis de

saneamento e saúde ambiental estavam associados à ausência dos agravos

estudados, e os de piores níveis associados á presença de agravos.

4.3.Condições ambientais relacionados às doenças respiratórias

Segundo a OMS, a asma e as alergias estão entre as doenças

respiratórias que apresentam altas taxas de prevalência em crianças em muitos

países europeus, sendo possível verificar um aumento destas doenças em

países industrializados. Este fato pode ser explicado pelo importante papel que

os fatores ambientais, principalmente nas fases iniciais da vida, desempenham

no desenvolvimento das mesmas. Dentre os fatores ambientais envolvidos no

desenvolvimento da asma e de alergias respiratórias estão a poluição

proveniente da fumaça do tabaco e a presença de dióxido de nitrogênio, de

dióxido de enxofre, de óxido de nitrogênio, material particulado e ozônio, tanto no

ambiente interno quando externo e a presença de poeira, mofo, ácaros e

humidade no ambiente interno (WHO, 2002a; NASCIMENTO et al., 2004).

A relação poluição ambiental e doenças respiratórias, tem sido objeto de

vários estudos, cujos resultados, de forma geral, convergem na demonstração de

associações entre os mesmos (MASCARENHAS et al., 2008; CASAGRANDE et

al., 2008; MARTINS et al., 2001; MOURA, et al., 2009; AMÂNCIO &

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NASCIMENTO, 2012; GIOVANNINI et al., 2010; KO et al., 2007; JALALUDIN et

al., 2008; LINARES et al., 2010; MUSTAPHA et al., 2011; IGNOTTI et al., 2010).

Com o objetivo de investigar o impacto da poluição atmosférica na função

pulmonar de crianças em uma área urbana no México, Linares e colaboradores

(2010) coletaram informações sobre a poluição do ar e a condição de saúde

relacionada às doenças respiratórias, em dois grupos de crianças reunidas em

duas escolas localizadas em duas áreas ambientalmente diferentes. Os

resultados evidenciaram um aumento na frequência de doenças alérgicas e

sintomas respiratórios nas crianças cuja escola se encontrava na área mais

próxima à fonte de poluição atmosférica em todas as estações do ano, com

exceção do inverno.

As mesmas evidências foram relatadas por Giovannini e colaboradores

(2010) em estudo cujas informações sobre as condições de saúde se referiam

aos dados de internação hospitalar relacionada à condição respiratória. Neste

estudo os autores concluíram que, na localidade estudada, a poluição

atmosférica por monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio pode ser associada

às internações por doenças respiratórias em crianças menores de 14 anos.

No que se refere à população brasileira, Moura e colaboradores (2009)

estudaram a associação entre poluição atmosférica e sintomas respiratórios em

crianças na zona oeste do Rio de Janeiro. Neste estudo ecológico de séries

temporais, os autores observaram correlação positiva e estatisticamente

significativa entre a concentração de material particulado < 10 µm (PM10) e a

procura por serviço de emergência devido à obstrução das vias aéreas, em

crianças menores de 2 anos. Com objetivo similar, Nascimento e colaboradores

(2004) desenvolveram estudo cujo objetivo era estimar a associação entre

poluição atmosférica e número de internações por doença respiratória em

crianças na cidade de Taubaté, São Paulo. Neste estudo, os autores relataram a

existência de correlação positiva entre número de internações por doença

respiratória e poluentes atmosféricos como PM10 e dióxido de enxofre. Em estudo

sobre a exposição a PM10, proveniente de mineração a céu aberto, Braga e

colaboradores (2007) encontraram uma associação entre o aumento das

concentrações deste poluente e o aumento nos atendimentos por doenças

respiratórias em unidades de pronto atendimento de Itabira em Minas Gerais,

entre crianças e adolescentes.

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Com o foco mais específico na asma, Ko e colaboradores (2007)

realizaram um estudo ecológico retrospectivo, cujo objetivo era avaliar a relação

entre os níveis de poluição atmosférica e as taxas de internação hospitalar por

asma. Os resultados descritos pelos autores demonstraram a existência de

associação entre a internação por asma e o aumento das concentrações dos

seguintes poluentes: dióxido de nitrogênio; ozônio; material particulado < 2,5 µm

(PM2,5) e PM10. A relação dos efeitos da poluição atmosférica e o número de

atendimentos de emergência ocasionados por asma em crianças foi objeto de

estudo de Jalaludin e colaboradores (2008) realizado na Austrália. Neste estudo,

os autores relataram a existência de associação entre os atendimentos de

emergência por asma e o aumento das concentrações dos poluentes

atmosféricos estudados (PM10; PM2,5; Ozônio; dióxido de nitrogênio; monóxido de

carbono e dióxido de enxofre) ressaltando que as mesmas foram mais

consistentes entre as crianças de 1 a 4 anos. No grupo de 5 a 9 anos, somente

os materiais particulados e o monóxido de carbono se mostraram associados aos

atendimentos de emergência por asma e no grupo de 10 a 14 anos, só o

monóxido de carbono apresentou igual resultado.

No Brasil, Amâncio & Nascimento (2012) estudaram a associação entre o

número de internações por asma brônquica na infância e a exposição a material

particulado, dióxido de enxofre e ozônio, encontrando associação

estatisticamente significativa nas análises envolvendo os dois primeiros

poluentes.

Também com foco na asma, Casagrande e colaboradores (2008)

encontraram evidencias da poluição decorrente do fumo como fator de risco para

a ocorrência da doença. Em estudo, realizado com crianças de 6 a 7 anos de

idade matriculadas em escolas públicas da cidade de São Paulo, os autores

observaram que, dentre outros, a presença de mãe fumante no primeiro ano de

vida da criança aumentava a chance de desenvolvimento de asma.

Especificamente sobre a poluição causada pelo tráfego de veículos,

Mustapha e colaboradores (2011) estudaram a associação entre a poluição

atmosférica originada pelo tráfego e a existência de sintomas respiratórios em

estudantes de 7 a 14 anos. Para estimar os níveis de exposição, os autores

usaram dados sobre a quantidade de carros em circulação, a distância entre as

estradas principais e a escola e as concentrações de monóxido de carbono e

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material particulado, entre outros. Os resultados relatados pelos autores

demostraram haver associação entre a exposição a maiores concentrações de

PM2,5 e PM10 e o aumento de ocorrência de dificuldade respiratória.

A exposição a material particulado devido à queima de biomassa florestal

e sua relação com o atendimento médico por doença respiratória tem sido objeto

de estudos no Brasil, particularmente nas regiões amazônica e central do país.

Os resultados de Mascarenhas e colaboradores (2008) evidenciaram a

associação entre as concentrações de PM2,5 e o número de atendimentos de

emergência com diagnóstico de asma, ocorridos em uma localidade da região

amazônica. Resultados semelhantes foram observados em estudo realizado na

Amazônia subequatorial por Ignotti e colaboradores (2010). Neste estudo, os

dados referentes à internação por doenças respiratórias e à concentração de

PM2,5 foram coletados e analisados em dois municípios da região. Os resultados

das análises se mostraram diferentes entre as duas localidades estudadas.

Somente em um dos municípios estudados foi possível observar um aumento no

número de internações por doença respiratória em crianças e idosos associado

ao aumento da concentração de PM2,5.

4.4. Condições ambientais relacionados às doenças perinatais

As doenças perinatais incluem anomalias cromossomiais, síndromes e

defeitos congênitos, que são caracterizados como anomalias estruturais ou

deformidades atribuíveis a falhas no desenvolvimento do concepto desde a

fertilização até a maturidade sexual (WHO, 2002a). Os defeitos congênitos são

originados por fatores ocorridos antes do nascimento e que podem ter como

causa agentes ambientais e/ou genéticos. Atualmente acredita-se que os agentes

ambientais sejam responsáveis por 8 a 12 % dos defeitos congênitos existentes,

o que corresponde à menor parcela dos casos. Os defeitos congênitos

ocasionados pelos agentes genéticos significam de 15 a 25 % do total de casos e

aqueles decorrentes da presença dos dois agentes perfazem de 20 a 25 %,

sendo o restante dos casos sem origem definida (GEREMIAS et al.; 2009).

Os fatores ambientais referentes ao estilo de vida da mãe, relacionados ao

consumo de álcool, café e cigarro e às condições de moradia têm sido

estudados. Em estudo sobre a relação do consumo materno de álcool e o

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desenvolvimento de defeitos congênitos, Feldman e colaboradores (2012)

identificaram a associação entre a exposição a altas concentrações de álcool e a

ocorrência de microcefalia em uma população da Califórnia. Zhang e

colaboradores (2012) em estudo realizado com a população residente em

Mongólia, na China, observaram que a probabilidade de ocorrência de defeitos

congênitos em indivíduos nascidos de mães que consumiam álcool foi

aproximadamente 3 vezes maior do que naqueles cujas mães não consumiam.

Entretanto, nenhuma evidencia de associação foi observada pelos mesmos

autores em relação ao hábito de fumar. Resultados invertidos foram obtidos em

um estudo sobre a estenose anorretal, desenvolvido em 10 estados norte-

americanos. Para este defeito congênito específico, os autores não encontraram

evidencias de associação entre o consumo de álcool da mãe e a ocorrência do

defeito. Entretanto, relataram a ocorrência de associação com o consumo de café

e a exposição ao fumo, tanto ativa como passiva (MILLER et al., 2008).

A investigação de associação entre os defeitos congênitos e diversos

fatores ambientais, tais como a exposição à água contendo subprodutos da

cloração, às emissões provenientes de depósitos de lixo tóxico e à poluição do ar

no ambiente de trabalho da mãe e no ambiente externo de uma forma em geral

tem sido objeto de vários estudos (SRAM et al.; 2005; BOVE et al.. 2002;

VINCETI et al., 2009; HWANG & JAAKKOLA, 2003; LANGLOIS et al., 2009;

HWANG et al., 2008; HEEREN et al., 2003; CASTILLA et al., 2000; HANSEN et

al., 2009; LEITE &SCHÜLER-FACCINI, 2001).

Em relação à exposição materna à água tratada com cloro, utilizado na

desinfecção da água potável, Bove e colaboradores (2002) revisaram 19 estudos

publicados sobre o assunto. Como resultado desta revisão, os autores

identificaram a presença de associação entre os defeitos congênitos e a

presença de trialometanos na água. Entretanto, os autores ressaltaram que a

presença de erros na classificação da exposição podem ter subestimado os

riscos e distorcido a relação exposição-resposta. Já em um estudo de metanálise,

realizado com 5 artigos publicados no período de 1996 a 2001, Hwang &

Jaakkola (2003) encontraram evidências de associação entre a exposição aos

produtos resultantes da cloração da água e a ocorrência de defeitos congênitos

em tubo renal e sistema urinário. Resultados semelhantes forma encontrados por

Hwang e colaboradores (2008) em estudo seccional realizado em Taiwan. Neste

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caso, a exposição ao trialometano foi classificada em 4 diferentes níveis, sendo

possível observar a associação entre o mais alto e a ocorrência de defeitos

congênitos como fenda palatina, anencefalia e defeitos no septo ventricular.

Sobre o mesmo assunto, Nieuwenhuijsen e colaboradores (2010) realizaram um

estudo de metanálise, onde foi possível observar um excesso de risco, para

todas as anomalias congênitas estudadas, associado à exposição ao

trialometano.

A relação entre a exposição às emissões de incinerador de resíduos

sólidos e a ocorrência de defeitos congênitos foi objeto de estudo caso controle

conduzido por Vinceti e colaboradores (2009). Neste trabalho, os autores

classificaram as áreas municipais em função das concentrações de dioxina em

baixa, média e alta exposição e mapearam os casos e os controles nestas áreas,

considerando o endereço materno nos primeiros 3 meses de gestação. Os

resultados das análises realizadas não evidenciaram a ocorrência de excesso de

risco relacionado à proximidade do incinerador. Neste caso, o aumento da

prevalência de defeitos congênitos só foi observado nas áreas de média

exposição, sem configurar uma associação estatisticamente significativa.

Segundo os autores, uma explicação para este achado pode estar relacionada à

ocorrência de erros na classificação da exposição.

A proximidade de depósitos de resíduos sólidos perigosos também foi

objeto de estudo de Langlois e colaboradores (2009). Neste caso, os autores

investigaram a associação entre a proximidade da moradia da mãe e a

ocorrência específica de defeitos congênitos na região conotruncal do coração.

Os resultados do estudo evidenciaram um aumento na chance de

desenvolvimento de tuncus arteriosus (persistência do canal arterial; conexão

ventriculoarterial anormal com via de saída única comum) entre os indivíduos que

viviam próximo aos depósitos.

Heeren e colaboradores (2003) estudaram a associação entre a exposição

a pesticidas e a ocorrência de defeitos congênitos em uma população rural da

África do Sul. Neste estudo caso-controle, as informações de exposição se

referiam às atividades no campo ou em jardins desenvolvidas pelas mães. Os

resultados apresentados pelos autores mostraram um aumento de 7 vezes na

ocorrência de defeitos congênitos entre os indivíduos nascidos de mães expostas

quando comparados com aqueles de mães não expostas e um aumento de 6,5

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vezes na ocorrência dos mesmos defeitos entre as mães que utilizavam

embalagens plásticas, algumas delas embalagens de pesticidas, para transportar

água.

Em relação à exposição resultante de atividades industriais, Castilla e

colaboradores (2000) realizaram um estudo ecológico na Argentina onde 21

províncias foram classificadas segundo suas atividades industriais e todos os

nascimentos nestas províncias ocorridos no período de 1982 a 1994 foram

analisados. Os autores observaram uma associação estatisticamente significativa

entre a indústria têxtil e a ocorrência de anencefalia e entre a fabricação de

motores e turbinas e a ocorrência de microcefalia.

No Brasil, Leite & Schüler-Faccini (2001) realizaram estudo em uma

população residente em região de mineração de carvão na região sul do país.

Neste estudo, os autores investigaram a relação entre os resíduos da extração de

carvão e a saúde reprodutiva, através da observação da ocorrência de defeitos

congênitos. Neste caso, os autores afirmaram que não foi possível evidenciar

qualquer tipo de associação, mas relacionaram a existência de limitações no

estudo que podem ter contribuído para este resultado, como a impossibilidade de

determinação exata dos locais de moradia das mães e sua relação com as áreas

de mineração.

A poluição do ar no ambiente externo e a ocorrência de defeitos

congênitos foi alvo de estudo caso-controle desenvolvido na Austrália. Neste

estudo, os níveis médios de poluição atmosférica foram calculados para o

período de 3 a 8 semanas de gestação para todos os nascimentos. Os resultados

mostraram um aumento no risco de desenvolvimento de defeitos congênitos na

artéria pulmonar, na artéria aórtica, nas válvulas cardíacas e nas fendas labiais

entre os indivíduos expostos a maiores concentrações de poluentes atmosféricos

tais como O3 e SO2 (HANSEN et al., 2009).

Esta mesma relação também foi objeto de um estudo de revisão

desenvolvido por Sram e colaboradores (2005). Neste estudo, além dos defeitos

congênitos, cujas evidencias não foram suficientes para chegar a conclusões, os

autores também se debruçaram sobre a influência da poluição atmosférica sobre

a mortalidade infantil, o peso ao nascer, o nascimento pré-termo e o retardo no

crescimento intrauterino. Segundo os autores, as evidencias sugeriram a

existência de uma relação de causalidade entre a poluição do ar e o peso ao

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nascer, entretanto, eles relataram a necessidade de mais investigações capazes

de confirmar este achado, bem como quantificar esta relação, identificar os

períodos de maior vulnerabilidade durante a gravidez e a participação de cada

poluente. Em relação ao nascimento pré-termo e o retardo no crescimento

intrauterino, não foi possível identificar evidencias suficientes para inferir

causalidade, sendo recomendada pelos autores a realização de mais estudos,

uma vez que estudos de epidemiologia molecular mostraram que existem

mecanismos biológicos plausíveis capazes de suportar uma relação de

causalidade entre estes eventos e a poluição do ar.

A relação entre viver próximo a um polo petroquímico e os riscos

reprodutivos foi estudada em uma região do sul do Brasil, por Oliveira e

colaboradores (2002). Neste estudo do tipo caso controle, os casos de defeitos

congênitos, baixo peso ao nascer e natimortos foram comparados aos controles,

tendo as diferentes distâncias entre a casa da mãe e o polo petroquímico sido

usadas como níveis de exposição. Os resultados obtidos não foram capazes de

mostrar associação entre os desfechos estudados e a proximidade ao polo

petroquímico.

No Brasil, alguns autores têm pesquisado o nascimento de crianças com

baixo peso como possível efeito da exposição ambiental a material particulado

(PM10), ozônio, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono

sobre a saúde reprodutiva. Romão e colaboradores (2013) observaram que o

patamar mais alto de concentração de PM10 estudado, mesmo não ultrapassando

os padrões de qualidade do ar, era responsável pelo aumento no risco de

ocorrência de baixo peso ao nascer entre os filhos de mães expostas a esta

concentração no 3º trimestre gestacional. Seguindo a mesma tendência,

Medeiros & Gouveia (2005) observaram associação estatisticamente significativa

entre a diminuição no peso de recém-nascidos e a exposição da mãe, durante o

1º trimestre da gravidez, ao PM10, ao monóxido de carbono e ao dióxido de

nitrogênio. Em contrapartida, Junger & Ponce de Leon (2007) não obtiveram

resultados estatisticamente significativos sobre a associação entre estes

poluentes e o baixo peso de recém-nascido, embora seus resultados tenham sido

semelhantes aos descritos na literatura sobre o tema. Sobre este fato, os autores

relataram a existência de limitações, impostas pela utilização de dados

secundários incompletos, tanto sobre o desfecho quanto sobre a exposição, e

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sugerem que as mesmas tenham sido as responsáveis pela ausência de

significância estatística.

A relação entre baixo peso ao nascer e as condições de vida maternas

também tem sido estudada. Sobre as condições de vida maternas, Vettore e

colaboradores (2010) realizaram um estudo caso controle com o objetivo de

investigar a influência das condições de moradia sobre o peso ao nascer. Neste

estudo, os casos foram compostos por recém-nascidos com baixo peso ao

nascer e os prematuros também com baixo peso, e as condições de moradia

foram definidas como adequadas, inadequadas e muito inadequadas. A situação

de inadequação na área interna se referia a existência de aglomeração, a

inexistência de revestimento no chão, a utilização de matérias como plástico,

metal, madeira, barro ou palha para construção da parede e a ausência de vaso

sanitário com descarga no banheiro. Para a área externa esta situação estava

relacionada à ausência de sistema de tratamento de esgoto e/ou fossa ou esgoto

a céu aberto. Como resultado, os autores observaram aumento na chance de

ocorrência dos dois desfechos estudados, tanto para as condições de moradia

inadequadas quanto para as muito inadequadas. Além disso, o baixo índice de

massa corporal materno também se mostrou associado ao baixo peso dos

recém-nascidos.

4.5 Condições ambientais relacionados às injúrias

Segundo a WHO (2002a) as injúrias constituem vários tipos de agravos à

saúde, associados a diferentes fatores, relacionados ao ambiente físico, social

e/ou emocional. Este grupo de agravos pode, primeiramente, ser dividido em

injúrias intencionais e em injúrias não intencionais. Dentre as primeiras podem

ser listadas as lesões decorrentes de maus tratos, agressões, guerras,

homicídios e suicídios, enquanto as últimas estão relacionadas às quedas,

queimaduras, intoxicações, afogamentos e envenenamentos, ocorridos no

ambiente doméstico e aos acidentes de trânsito.

Dados obtidos no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do

DATASUS, revelam que as causas externas foram a segunda maior causa de

óbitos envolvendo a faixa etária de 1 a 14 anos na população brasileira, no

período de 2003 a 2011 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Em relação à

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morbidade, dados internacionais estimam a ocorrência de 1 caso de injúria com

necessidade de cuidados médicos ou responsável por limitação de atividades

para cada 4 crianças (GASPAR, et al., 2004).

Como uma das mais importantes causas de injúrias não intencionais, que

acontecem fora do ambiente domiciliar, as lesões relacionadas ao tráfego de

veículos foram responsáveis pelo maior percentual de hospitalização em estudo

sobre o tema envolvendo crianças e adolescentes (GASPAR, et al., 2004). Ainda

sobre este tipo de injuria, Donroe e colaboradores (2008) desenvolveram um

estudo caso-controle com o objetivo de investigar os fatores de risco, pessoais e

ambientais, relacionados às lesões ligadas ao tráfego em crianças pedestres de

uma área urbana de Lima no Peru. Como conclusão, foi possível observar que a

presença de vias com grande volume de veículos, a falta de demarcação nas

pistas da rodovia, a alta velocidade veicular e a presença de vendedor ambulante

nas vias foram responsáveis pelo aumento da chance de ocorrência de injúrias.

Entretanto, as injúrias não intencionais ocorridas no ambiente doméstico

são reportadas na literatura como as que mais acometem as crianças,

principalmente as mais jovens (PAES & GASPAR, 2005; FATAMI et al., 2009;

BASHOUR & KHAROUF, 2008; HYDER et al., 2009). Em relação aos estudos

sobre fatores de risco para este tipo de injuria, LeBlanc e colaboradores (2006)

evidenciaram a pouca quantidade de estudos no âmbito internacional. A falta de

estudos sobre o assunto para a população brasileira também foi observada por

Fonseca e colaboradores (2002).

As características das injurias não intencionais no ambiente domiciliar

foram objeto de estudo de Paes & Gaspar (2005). Nesta revisão sobre o assunto,

os autores evidenciaram a maior chance de ocorrência deste tipo de injurias em

indivíduos que vivem em agrupamentos sociais em situação de vulnerabilidade,

sendo aqueles em condição de exclusão social e os portadores de deficiência os

mais afetados. Dentro das condições de exclusão, os autores relacionaram os

aspectos relacionados á condição de moradia, ao desemprego, à inexistência de

rede de apoio familiar e ao grande número de filhos, entre outros. Em relação aos

tipos de injúrias mais frequentes, foram relatadas as quedas, as queimaduras, as

intoxicações e o afogamento no meio urbano e os acidentes ofídicos e

escorpiônicos no meio rural.

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47

Em relação aos fatores existentes dentro da casa, LeBlanc e

colaboradores (2006) realizaram estudo caso-controle multicêntrico, com crianças

com idade inferior a 7 anos. Os resultados deste estudo evidenciaram a presença

de andador, a presença de material com risco de engasgo ao alcance da criança,

ausência de tampa segura para crianças no vaso sanitário, ausência de alarme

de fumaça como fatores capazes de aumentar a chance de ocorrência de injurias

na população estudada.

Em estudo realizado em Damasco, com crianças em idade pré-escolar,

Bashour & kharouf (2008) observaram a existência de associação entre morar em

ambiente rural e o aumento do risco de injúrias, quando comparado com a área

urbana. Entretanto, ao investigar a relação entre o nível de desenvolvimento da

comunidade e a ocorrência de injúrias, Fatami e colaboradores (2009),

encontraram um risco 3 vezes maior de ocorrência destes tipos de lesões em

crianças que moravam em comunidades com menor nível de desenvolvimento.

Em relação à população brasileira, Fonseca e colaboradores (2002)

realizaram uma coorte prospectiva com crianças entre 4 e 5 anos de idade, cujo

objetivo era medir os principais fatores de risco relacionados à ocorrência de

injúrias acidentais (não intencionais). Dentre os fatores de risco estudados

encontravam-se variáveis socioeconômicas, biológicas, reprodutivas, perinatais,

infantis, de cuidado da criança e ambientais. Após análise multivariada dos

dados, as variáveis não ambientais que se mostraram associadas à ocorrência

de injurias foram sexo masculino e cor branca. Entre as variáveis ambientais, foi

possível evidenciar a existência de associação entre a moradia em casa de tijolo

e a presença de irmão menor na casa e a maior incidência de injurias.

4.6. Condições ambientais relacionados às neoplasias

As neoplasias podem ser definidas como um conjunto de patologias

resultantes de um crescimento desordenado de células que, por serem

normalmente muito agressivas e incontroláveis, formam tumores malignos. Como

características destas células também podem ser citadas a capacidade das

mesmas de invadir órgãos e tecidos e a possibilidade de se espalharem para

outras regiões do corpo, originando as metástases (INCA, 2012a).

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Quando comparada com a incidência de neoplasias em adultos, a

neoplasia infanto-juvenil é considerada rara. Entretanto, a neoplasia é a segunda

causa de mortalidade na população infanto-juvenil. Como a primeira causa diz

respeito a violências e acidentes, a neoplasia é a primeira causa de morte por

doença nesta população, sendo também responsável pela maior perda de

potenciais anos de vida nesta faixa etária (INCA, 2012b; SILVA et al., 2002)

De acordo com estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), os

tumores mais frequentes na infância, no Brasil, são as leucemias, os do sistema

nervoso central (SNC) e os linfomas, havendo diferenças entre as posições dos

mesmos em função da faixa etária estudada. Além destes, também são

encontradas na população infantil o neuroblastoma, o tumor de Wilms, o

retinoblastoma, o tumor germinativo, o osteossarcoma e os sarcomas (INCA,

2012b).

Os linfomas compreendem a doença de Hodgkin, os linfomas não-

Hodgkin, o linfoma de Burkitt, as miscelâneas de neoplasias linfo-reticulares e os

linfomas não especificados, sendo os três primeiros os tipos mais frequentes.

Estudos apontam que este grupo de neoplasias é o terceiro mais comum em

crianças norte americanas e europeias, o segundo em crianças brasileiras e o

primeiro na população infantil africana. No que concerne aos estudos sobre

causalidade, existem evidencias de associação entre o linfoma de Hodgkin e

nível socioeconômico e infecção pelo vírus Epstein-Barr, sem, no entanto, haver

muitos estudos sobre a influência ambiental (INCA, 2008; WHO, 2002a).

Como característica importante das neoplasias, de uma forma geral, tem-

se que, independentemente da idade, esta é resultado de interações entre fatores

genéticos e ambientais.

A susceptibilidade genética apresenta importante papel no

desenvolvimento de vários tipos de neoplasias. Entretanto, a sua ação está

vinculada à existência de fatores ligados ao modo de vida e ao ambiente (INCA,

2012c). Em relação a estes últimos, independentemente de fatores genéticos,

alguns tipos de neoplasias em adultos já foram claramente associados aos

fatores ambientais, como a exposição ao tabaco e o câncer de pulmão. Em

crianças e adolescentes, ainda não foi possível evidenciar cientificamente uma

relação de causalidade entre fatores ambientais e a ocorrência de neoplasias

(INCA, 2012b; WHO, 2002a).

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Entretanto, vários estudos sobre o tema vêm sendo realizados, com

fatores ambientais como a radiação não ionizante / campos eletromagnéticos, a

radiação ionizante, os poluentes provenientes do tráfego automotivo e os

pesticidas (MARCILIO et al., 2009; WENG et al., 2009, MASLANYJ et al., 2010;

TURNER et al., 2011; PELISSARI et al., 2009; BELSON et al., 2007; MANGANO

et al., 2002; WHO, 2002a, WARD et al., 2009; NASTERLACK, 2006).

A relação entre a exposição a campos eletromagnéticos e a ocorrência de

leucemia em crianças foi objeto de estudo de Pelissari e colaboradores (2009).

Estes autores realizaram uma revisão da literatura, utilizando estudos caso-

controle publicados entre 1960 e 2004. Segundo os autores, a dificuldade em

avaliar a exposição foi uma limitação dos estudos observados, o que pode ter

sido responsável pela observação de que a associação investigada, embora

existente, se mostrou de forma inconsistente. Marcílio e colaboradores (2009)

também abordaram as dificuldades relacionadas à avaliação da exposição aos

campos eletromagnéticos. Para estes autores, além da dificuldade de

quantificação da exposição, a inexistência de explicação fisiopatológica plausível

sobre a relação causal entre campos magnéticos e leucemia, atrapalha o

desenvolvimento das pesquisas nesta área. A ausência de um modelo biológico

que sustente a relação causal entre a exposição e a leucemia também foi citada

por Maslanyj e colaboradores (2010). Entretanto, a despeito de quaisquer

lacunas ainda existentes sobre a relação entre a ocorrência de leucemia em

crianças e os campos eletromagnéticos, estes são classificados como possível

carcinogênico humano (grupo 2B), pela Agência Internacional para Pesquisa em

Câncer (IARC) (WHO, 2002a).

Em relação à radiação ionizante, Mangano e colaboradores (2002)

puderam observar uma queda significativa na incidência de neoplasias em

crianças menores de 5 anos, que viviam em áreas próximas a instalações

nucleares, após suas desativações. Tais achados são compatíveis com os relatos

de Belson e colaboradores (2007) em artigo de revisão sobre os fatores de risco

para leucemia em crianças. Esta revisão abordou a exposição à radiação

ionizante e não ionizante, aos hidrocarbonetos, aos pesticidas e ao consumo de

álcool, tabaco e drogas ilícitas pela mãe. Segundo os autores, embora tenham

sido encontrados estudos que sugerem uma relação entre todos os fatores e a

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leucemia, apenas a exposição à radiação ionizante se mostrou significativamente

relacionada á ocorrência de leucemia em crianças.

A poluição do ar proveniente do tráfego automotivo é considerada um

importante fator de exposição em crianças, entretanto, a mistura de compostos

poluentes existentes dificulta o estabelecimento de nexo de causalidade com

uma substância específica neste tipo de poluição (WHO, 2002a). Neste sentido,

Weng e colaboradores (2009) investigaram a existência de relação entre a

exposição à poluição proveniente do tráfego de veículos e o desenvolvimento de

leucemia em crianças menores de 14 anos. Para tal realizaram um estudo caso

controle, onde as mortes por leucemia foram comparadas com as mortes por

outras causas que não neoplasias e doenças respiratórias, levando em

consideração a quantidade de postos de combustíveis na área de residência da

criança. Como resultado, os autores relataram a existência de um aumento na

chance de ocorrência de morte por neoplasia entre os indivíduos que moravam

em áreas com maior quantidade de postos de combustíveis. Os autores também

fazem referência à existência de uma relação dose-resposta significativa entre

exposição e risco, entretanto, não utilizam uma medida de dose para dimensionar

a exposição, mas sim a concentração de postos de gasolina na área de

residência da criança.

Os pesticidas podem ser definidos como um grupo de substâncias

químicas usadas para prevenir, eliminar ou controlar pragas como fungos,

roedores, insetos e ervas daninhas. Entretanto, como os seus mecanismos de

ação tóxica não são específicos para as pragas que se deseja eliminar, os

pesticidas são responsáveis por muitos efeitos prejudiciais à saúde humana e

ambiental (JUREWICZ & HANKE, 2006; FARIA et al., 2007). Em relação à

população infantil, estudos já demonstraram efeitos nos sistemas imunológico,

endócrino, respiratório e neurológico. No entanto, dificuldades em relação à

quantificação da exposição ambiental a pesticidas, nesta população, têm sido

responsáveis pela falta de resultados conclusivos sobre o tema. Normalmente,

estudos neste sentido medem a exposição de crianças de forma indireta, através

de informações sobre a atividade dos pais e/ou ligadas à posição geográfica da

residência. Desta forma, mesmo levando em consideração a necessidade de

interpretações mais cuidadosas, alguns estudos já foram capazes de evidenciar

associações entre pesticidas e neoplasia, sem, no entanto, satisfazer os critérios

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de causalidade. Turner e colaboradores (2011) realizaram uma revisão

sistemática e um estudo de metanálise sobre a exposição a pesticidas

domésticos e a ocorrência de leucemia em crianças. Neste estudo, realizado com

15 trabalhos selecionados, os autores puderam evidenciar a ocorrência de

associação positiva entre leucemia em crianças e a exposição de forma genérica

a pesticidas e inseticidas no ambiente doméstico. Os autores relatam que não foi

possível evidenciar tal associação, quando a exposição doméstica era específica

a herbicidas. Ainda no ambiente doméstico, Ward e colaboradores (2009)

estudaram a contaminação da poeira do tapete por várias substâncias

organocloradas, dentre as quais 5 pesticidas. Segundo os autores, os resultados

não foram capazes de evidenciar associação entre os pesticidas organoclorados

investigados e a ocorrência de leucemia em crianças.

Em trabalho de revisão, Nasterlack (2006) relatou a existência de vários

estudos, publicados em 1997 e 1998, que sugeriam, porém não eram

conclusivos, sobre a existência de associação entre a ocorrência de neoplasia

infantil e a exposição própria e dos pais a pesticidas. A partir de nova revisão

utilizando estudos publicados entre os anos de 1998 a 2004, o autor afirma que o

conhecimento científico disponível não era suficiente para determinar conclusões

sobre a relação pesticida e neoplasia infantil. Tal fato estaria associado a

problemas na definição da exposição, uma vez que, em muitos casos, a

exposição é medida somente pela atividade desempenhada pelos pais (ex.:

agricultor) e/ou categorizada de forma pouco plausível como “sempre exposto” ou

“nunca exposto”.

Associações entre a fumaça do tabaco e o consumo de álcool pelos pais

também vem sendo estudadas. Em relação ao tabaco, sabe-se que a sua fumaça

contém vários hidrocarbonetos aromáticos policíclicos capazes de atravessar a

barreira placentária e se acumular no sangue do feto. Embora não existam

resultados consistentes sobre associação entre mãe fumante e neoplasia na

criança, estudo realizado na China demonstrou que filhos de homens fumantes

em alto grau apresentavam aumento no risco relativo referente ao

desenvolvimento de leucemia linfoide aguda. Em relação ao consumo de álcool é

conhecida sua capacidade de atravessar a barreira placentária e produzir

malformações congênitas, sem, no entanto, haver estudos conclusivos sobre

associações com neoplasias (WHO, 2002a). Sobre o mesmo assunto, MacArthur

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e colaboradores (2008) realizaram um estudo caso controle com o objetivo de

investigar a influência do fumo e do consumo de álcool dos pais sobre o risco de

leucemia infantil. Como resultado, os autores puderam observar um aumento,

estatisticamente significativo, no risco de ocorrência de leucemia, entre as

crianças cujas mães consumiram álcool durante a gestação. Já em relação ao

fumo, nenhuma associação entre o consumo materno e a ocorrência de leucemia

foi observada.

5. Indicadores de saúde ambiental para a população infantil

Muito vem sendo feito no sentido de disponibilizar informações capazes de

descrever a situação da saúde infantil relacionada aos aspectos ambientais. As

discussões ocorridas em âmbito internacional, sobre os fundamentos a serem

considerados no desenvolvimento de indicadores de saúde ambiental infantil

foram objeto de publicação da Organização Mundial da Saúde, no ano de 2003.

Nesta publicação são descritos os modelos a serem utilizados na definição dos

indicadores, os fatores ambientais de interesse para a saúde da população

infantil e listados os indicadores propostos por esta organização, que foram

agrupados em função dos agravos (WHO, 2003a).

Para as doenças diarreicas, os indicadores propostos pela OMS são:

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em situação de pobreza;

� Falhas na qualidade microbiológica da água;

� Pessoas vivendo em assentamentos informais;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em áreas afetadas por desastres;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em casas sem serviços de saneamento

básico e higiene;

� Taxa de mortalidade de crianças de 0 a 14 anos por diarreia;

� Taxa de morbidade de crianças de 0 a 14 anos por diarreia;

� Taxa de recorrência de surto de diarreia em crianças de 0 a 14 anos;

� Mudanças atribuíveis ao número de casas sem serviços básicos;

� Mudanças atribuíveis ao número de pontos de venda de comida sem

padrões de higiene; e

� Crianças (0 a 14 anos) aptas a receber terapia de reidratação oral no

período de 24 horas.

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Os indicadores propostos pela OMS, relacionados às doenças

respiratórias, são os seguintes:

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em casas inseguras, insalubres ou

perigosas;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em aglomeração excessiva;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em locais próximos a vias com tráfego

intenso;

� Exposição média anual de crianças (0 a 14 anos) à poluição atmosférica

por material particulado;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em casas onde se utiliza álcool ou carvão

para cozinhar e aquecimento;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em casas com pelo menos 1 adulto

fumando;

� Taxa de mortalidade de crianças de 0 a 14 anos por doença respiratória;

� Taxa de morbidade de crianças de 0 a 14 anos por doença respiratória; e

� Prevalência de doenças respiratórias crônicas em crianças de 0 a 14 anos.

Já para as doenças perinatais, os indicadores propostos pela OMS são:

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo na pobreza;

� Risco de desnutrição;

� Pessoas vivendo em assentamentos informais;

� Mulheres em idade fértil em situação de desnutrição;

� Mulheres em idade fértil trabalhando em empregos informais;

� Nascimento de crianças de mães que vivem em casas inseguras ou

perigosas;

� Taxa de mortalidade perinatal;

� Retardo no crescimento intrauterino em recém nascidos;

� Malformações congênitas com necessidade de correção cirúrgica em

crianças menores de 1 ano de idade;

� Mulheres em idade fértil vivendo em locais distante 1 hora de serviços de

atenção perinatal ou maternidade;

� Mudanças atribuíveis no numero de casas sem acesso aos serviços

básicos; e

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� Prevalência de crianças de 0 a 14 anos com atraso de crescimento.

E por fim, os indicadores relacionados às injúrias propostos são

apresentados abaixo:

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo na pobreza;

� Pessoas vivendo em assentamentos informais;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em áreas afetadas por desastres;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em locais próximos a vias com tráfego

intenso;

� Crianças (0 a 14 anos) envolvidas com trabalho rotineiro;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em casas inseguras, insalubres ou

perigosas;

� Crianças (0 a 14 anos) vivendo em casas sem acesso à agua encanada;

� Taxa de mortalidade de crianças de 0 a 14 anos por injurias;

� Incidência de injúrias em crianças de 0 a 14 anos que necessitam de

tratamento;

� Crianças de 0 a 14 anos vivendo próximo aos serviços médicos de

emergência; e

� Mudanças atribuíveis nas injurias físicas que requerem tratamento em

crianças de 0 a 14 anos.

A Organização Pan-Americana da Saúde também vem participando destas

discussões desde 2004, quando foram identificados os primeiros indicadores de

saúde ambiental infantil para a região da América Latina e Caribe, em reunião

realizada com os países desta região. Já em 2006, juntamente com a Comissão

para a Cooperação Ambiental da América do Norte, publicou uma relação de

indicadores relacionados à qualidade do ar, exposição a substâncias químicas e

à qualidade da água, listados no Quadro 3 (OPAS, 2007).

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Quadro 3 – Indicadores recomendados pela Comissão para a Cooperação Ambiental da América do Norte Área prioritária Indicador Asma e outras doenças respiratórias

Percentagem de crianças que vivem em zonas urbanas onde os níveis de contaminação atmosférica ultrapassam as normas de qualidade do ar Qualidade do ar em lugares fechados Incidência de caso de asma

Efeitos do chumbo e outras substâncias tóxicas na saúde infantil

Níveis de chumbo no sangue Crianças que vivem em locais com fonte de chumbo Pesticidas (concentração corporal, concentrações nos alimentos ou vendas) Dados dos “Registros de Emissões e Transferências de Contaminantes”

Doenças transmitidas pela água e saúde infantil

Percentagem de crianças (famílias) que recebem água tratada Percentagem de crianças (famílias) que contam com sistema de saneamento ou de drenagem Morbidade de crianças atribuídas às doenças causadas pela contaminação da água Mortalidade de crianças atribuídas às doenças causadas pela contaminação da água Percentagem de crianças que utilizam água potável fora dos padrões locais

Fonte: Reproduzido de CCA, 2006.

Segundo Montoya e colaboradores (2011), este tema também foi objeto de

estudos preliminares em seis países da região das Américas, cujas principais

metas diziam respeito à construção de indicadores capazes de informar, de forma

padronizada, a situação de saúde ambiental infantil na região. Tendo como base

estas metas, foi realizado um estudo piloto em seis países desta região, dentre

os quais o Brasil, com a finalidade de padronizar as fontes e os dados a serem

coletados, bem como a forma de análise dos mesmos para a construção de

indicadores de saúde ambiental infantil. Como resultado do estudo, foram

elencados 39 indicadores, relacionados abaixo:

� População infantil nas Américas

� Projeção do número de menores em zonas urbanas

� População de menores em idade escolar

� Taxa de mortalidade infantil

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� Coeficiente de Gini e taxa de mortalidade infantil

� Taxa de mortalidade por infecções respiratórias agudas e doenças

diarreicas agudas em pessoas de 0 a 19 anos

� Mortalidade proporcional por doenças diarreicas agudas e infecções

respiratórias agudas em pessoas de 0 a 19 anos

� Mortalidade proporcional em menores de 19 anos por doenças causadas

pela contribuição de fatores ambientais conhecidos

� Prevalência de infecções respiratórias agudas em menores de 5 anos

� Carga de morbidade atribuível a exposições ambientais em menores de 19

anos

� Prevalência de lactência materna exclusiva até os 6 meses

� Prevalência da desnutrição em menores de 5 anos

� Mortalidade por carências nutricionais em crianças

� Correlação entre alfabetização feminina, pobreza e desnutrição em

menores de 19 anos

� Incidência de anomalias congênitas de acordo com a lisa da OPAS (Q-

Q99) (ácido fólico)

� Proporção de crianças em idade escolar (5 a 14 anos) com sobrepeso ou

obesidade (UNICEF)

� Relação entre acesso a fontes de água melhoradas e mortalidade infantil

� Relação entre acessibilidade a melhores sistemas de saneamento e

mortalidade infantil

� População urbana sem acesso a água potável, saneamento e desnutrição

por nível de pobreza

� Taxa de parasitismo infantil (helmintos, Entamoeba)

� Proporção de menores que vivem em casas onde se usam combustíveis

de biomassa ou carvão

� Proporção de jovens de 13 a 15 anos expostos ao fumo passivo

� Vigilância da poluição do ar em interiores e probabilidade de sintomas

respiratórios em determinados lugares, em menores de 19 anos

� Porcentagem de menores (13 a 15 anos) expostos ao fumo em casa

� Estudantes que apoiam a proibição de fumar em lugares públicos

(proporção)

� Prevalência atual do hábito de fumar em jovens (de 13 a 15 anos)

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� Numero estimado de pessoas menores de 19 anos que vivem em cidades

onde se excedem as normas nacionais de poluição do ar (concentração

anual média de PM10)

� Prevalência de menores de 1 a 5 anos com níveis e chumbo no sangue ≥

10 microgramas/dl

� Taxa de incidência de intoxicação infantil por pesticidas e importações

desses produtos

� Incidência infantil de malária e dengue

� Proporção de crianças que vivem em moradias de qualidade inferior

� Proporção de crianças que vivem em condições de superlotação

� Número de óbitos infantis por desastres naturais, por tipo

� Número de crianças matriculadas em escolas primárias

� Escolas com acesso a instalações de água e saneamento

� Mortalidade infantil por acidentes de transporte terrestre

� Mortalidade infantil proporcional por traumatismos não intencionais

� Numero de menores de 14 anos que estão trabalhando

� Progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

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Justificativa

Segundo a OMS (2009), as doenças relacionadas ao ambiente acarretam

a morte de cerca de 3 milhões de crianças de até 5 anos de idade por ano. Neste

contexto, o ambiente está relacionado à 60 % das doenças respiratórias que são

responsáveis por cerca de 2 milhões destas mortes e à 90 % das doenças

diarreicas que são responsáveis por outros 1,5 milhões de mortes. Dados de

2000, indicaram a ocorrência de 1,3 milhões de mortes por diarreia e 2 milhões

por infecções respiratórias agudas, sendo as mesmas, em sua maioria,

associadas a práticas inadequadas de higiene e contaminação de água e comida,

no primeiro caso, e à poluição do ar intradomiciliar no segundo. Além destas,

foram observadas 1 milhão de mortes por doenças infeciosas e/ou transmitidas

por vetores, como malária, dengue, leishmaniose e hepatites e 400 mil mortes

por injúrias, tais como acidentes de trânsito, afogamentos, queimaduras e

intoxicações (WHO, 2002b).

Aliado a este fato, a realização deste estudo tem íntima relação com a

Política Nacional de Promoção de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010) cujo

objetivo inclui a promoção da qualidade de vida e a redução de vulnerabilidades e

riscos relacionados, entre outros, ao ambiente. Para desenvolver ações de

promoção da saúde que visem à redução dos riscos e agravos à saúde

decorrentes de exposições ambientais, é de extrema importância que existam

informações que possam ser consolidadas em medidas integradas, capazes de

informar a situação de morbimortalidade decorrente da exposição a poluentes

ambientais ao longo do tempo.

Desta forma, considerando que medidas integradas sobre a relação

ambiente e saúde infantil ainda não foram suficientemente bem desenvolvidas no

Brasil, surge a necessidade de avaliar as informações existentes, quanto a sua

aplicabilidade na construção de indicadores de saúde ambiental infantil.

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Objetivos

Geral

• Avaliar a adequação dos dados de saúde, socioeconômicos e ambientais

existentes para a construção de indicadores de saúde ambiental

específicos para a população de crianças e adolescentes brasileiros.

Específicos

• Identificar os dados de interesse para a construção de indicadores de

saúde ambiental infantil, existentes nos diversos sistemas de informações

oficiais no país.

• Classificar os dados identificados em relação à sua qualidade no que se

refere à acessibilidade, cobertura, periodicidade, fidedignidade, e captação

no tempo oportuno.

• Investigar a existência de correlações entre dados de exposição ambiental

e desfecho de interesse na população infantil, compatíveis com as

descritas na literatura.

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Metodologia

Identificação dos dados existentes nos Sistemas de Informação e

classificação quanto a sua qualidade

Os dados descritos como de interesse para a construção dos indicadores

de saúde ambiental infantil, a partir da revisão da bibliografia realizada e do

padrão de adoecimento da população infantil brasileira, foram identificados nos

sistemas de informação existentes no país. Características como facilidade de

acesso, cobertura, disponibilidade ao longo do tempo, captação no tempo

oportuno, níveis de sub-registro, fidedignidade, e grau de precisão das medidas

foram avaliadas e descritas, com a finalidade de classificação quanto à qualidade

e à possibilidade de uso para a construção dos indicadores.

Identificação de correlação entre dados de exposição ambientais e

desfechos de interesse na população infantil

Com base nos dados disponíveis nos sistemas de informações oficiais

existentes e nos indicadores de saúde ambiental infantil referenciados pela

literatura foi construída uma matriz de indicadores de saúde ambiental de

relevância para a população infantil.

Esta matriz foi discutida e revisada por um painel de especialistas da área

de saúde ambiental infantil, durante o TALLER SAÚDE AMBIENTAL INFANTIL,

realizado em novembro de 2013 em Brasília, pela Coordenação Geral de

Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria de Vigilância em Saúde do

Ministério da Saúde (CGVAM/SVS/MS) (ANEXO I).

Para investigar associações entre a exposição a condições ou fatores

ambientais e os desfechos de interesse selecionados, foram realizadas análises

de correlação.

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61

Fonte de dados

IBGE

As informações sobre a densidade demográfica foram coletadas no site do

IBGE no dia 19/02/2015. Para a coleta, foi consultada a tabela 156 que apresenta

“Domicílios particulares ocupados, moradores em domicílios particulares

ocupados e média de moradores em domicílios particulares ocupados”. Nesta

tabela foi selecionada a variável “Média de moradores em domicílios particulares

ocupados (Pessoas)”, nas áreas urbana e rural, para os sexos feminino e

masculino, por unidade da federação e ano.

Para a coleta de informações referentes ao indicador “pessoas vivendo em

assentamentos informais”, realizada em 30/03/2013, foram utilizados os dados da

“Tabela 3380 do IBGE” proveniente do Censo Demográfico 2010, cuja variável

medida é a “média de moradores em domicílios particulares ocupados em

aglomerados subnormais”. Aglomerado subnormal é definido pelo IBGE como

“cada conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais carentes,

em sua maioria, de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado,

até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e

estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. A identificação

atende aos seguintes critérios: (a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção

em terrenos de propriedade alheia (pública ou particular) no momento atual ou

em período recente (obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou

menos); e (b) Possuírem urbanização fora dos padrões vigentes (refletido por

vias de circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e

formas desiguais e construções não regularizadas por órgãos públicos) ou

precariedade na oferta de serviços públicos essenciais (abastecimento de água,

esgotamento sanitário, coleta de lixo e fornecimento de energia elétrica) (IBGE,

2013).

As informações sobre a renda foram coletadas no site do IBGE no dia

29/01/2015. Para a coleta destas, foi consultada a tabela 1860 da PNAD que

apresenta “Pessoas de 10 anos ou mais de idade e Valor do rendimento médio

mensal, por sexo, situação e classes de rendimento mensal”. Nesta tabela foi

selecionada a variável “Valor do rendimento médio mensal das pessoas de 10

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anos ou mais de idade (Reais)”, nas áreas urbana e rural, para os sexos feminino

e masculino, por unidade da federação e ano.

As informações sobre a ausência de fogão no domicílio foram coletadas no

site do IBGE no dia 16/10/2014. Para a coleta foi utilizada a Tabela 1954

“Domicílios particulares permanentes e Moradores em domicílios particulares

permanentes, por classes de rendimento mensal domiciliar, situação do domicílio

e alguns bens duráveis existentes no domicílio”. Nesta tabela foi utilizada a

variável “moradores em domicílios particulares permanentes (Percentual)”

segundo existência de fogão no domicílio. Estes dados estão disponíveis

segundo presença e ausência de fogão, por região e unidade da federação, nos

anos de 2001 a 2009 e 2011 a 2012.

As informações disponíveis no site do IBGE, relacionadas às doenças

diarreicas, foram coletadas no dia 30 de março de 2013. A coleta de informações

sobre falhas no sistema de abastecimento de água foi feita a partir de três

tabelas. A tabela 3382 – “Domicílios particulares permanentes em aglomerados

subnormais, por forma de abastecimento de água” apresenta o percentual de

domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais segundo a

forma de abastecimento de água, por UF no ano de 2010. A tabela 1436 –

“Domicílios particulares permanentes e Moradores em Domicílios particulares

permanentes por situação e abastecimento de água” apresenta o percentual de

moradores em domicílios particulares permanentes, segundo a forma de

abastecimento de água, por UF no ano de 2000. A tabela 1369 –“Número de

municípios, total e os com racionamento de água, por periodicidade do

racionamento” apresenta a variável percentual de municípios com racionamento

de água segundo a periodicidade do racionamento por UF no ano de 2008.

A coleta de informações sobre serviços de saneamento básico e higiene

foi feita a partir de três tabelas. A tabela 1437 – “Domicílios particulares

permanentes e Moradores em Domicílios particulares permanentes por situação

e tipo do esgotamento sanitário” apresenta a variável percentual de moradores

em domicílios particulares permanentes, segundo tipo de esgotamento sanitário,

por UF no ano de 2000. A tabela 3155 – “Domicílios particulares permanentes,

por existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio” apresenta a

variável percentual de domicílios particulares permanentes, segundo existência e

número de banheiros de uso exclusivo do domicílio, por UF no ano de 2010. A

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tabela 3154 – “Domicílios particulares permanentes, por existência de banheiro

ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário” apresenta a variável percentual de

domicílios particulares permanentes segundo a existência de banheiro ou

sanitário e esgotamento sanitário, por UF no ano de 2010.

As informações sobre a taxa de trabalho infantil foram coletadas no site do

IBGE no dia 13/11/2014. Para a coleta foi utilizada a opção “séries estatísticas”

dentro do “Banco de Dados”. Esta série estatística apresenta os dados sobre o

percentual da população residente de 10 a 15 anos de idade que se encontra

trabalhando ou procurando trabalho na semana de referência, em determinado

espaço geográfico, nos anos de 1992 a 2008.

As informações sobre a escolaridade foram coletadas no site do IBGE no

dia 30/01/2015. Para a coleta destas, foi consultada a tabela 1856 da PNAD que

apresenta “Estudantes de 5 anos ou mais de idade, por situação, sexo e grau e

série que frequentavam”. Nesta tabela foi selecionada a variável “Estudantes de 5

anos ou mais (Percentual)”, segundo grau de instrução, nas áreas urbana e rural,

para os sexos feminino e masculino, por unidade da federação e ano.

DENATRAN

As informações sobre a frota veicular foram coletadas no site do

DENATRAN no dia 20/07/2014. Para a coleta destas, foram consultadas as

bases de dados referentes à frota acumulada de veículos emplacados, por ano

de fabricação. Estes dados estão disponíveis segundo o tipo de veículo, as

regiões brasileiras, as unidades da federação.

Ministério da Saúde - DATASUS

Para as informações referentes às doenças perinatais, foram utilizados o

sistema de informação sobre mortalidade (SIM) e o sistema de informação sobre

nascidos vivos (SINASC). Os dados foram coletados no dia 20 de julho de 2014.

No primeiro sistema foram coletados os dados para o cálculo da taxa de

mortalidade perinatal, através da coleta do número de casos de óbitos fetais,

número de óbitos até crianças de 0 a 6 dias, número de nascidos vivos por

residência, por unidade da federação e ano. A taxa foi calculada utilizando a

fórmula: {número de óbitos fetais (22 semanas de gestação e mais) + número de

óbitos de crianças de 0 a 6 dias completos de vida} / {número de nascimentos

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totais de mães residentes (nascidos vivos mais óbitos fetais de 22 semanas e

mais de gestação)} x 1000.

No SINASC foram coletadas as informações para o cálculo das taxas de

malformação congênita, malformação neurológica congênita e baixo peso ao

nascer e escolaridade da mãe. A taxa de malformação congênita foi estimada

através da coleta do número de nascidos vivos que apresentavam algum tipo de

anomalia congênita, utilizando para a busca a ocorrência de nascimentos por

residência da mãe, unidade da federação e ano. O número de casos absolutos foi

relativizado por 100.000 nascimentos por residência da mãe por unidade da

federação e ano, obtido no site do DATASUS. A taxa de malformação

neurológica congênita foi calculada através da coleta do número de nascidos

vivos que apresentavam anomalia neurológica congênita, utilizando para a busca

a ocorrência de nascimentos por residência da mãe, unidade da federação e ano,

considerando como tipos de anomalia neurológica congênita os casos

classificados como espinha bífida e as outras malformações congênitas do

sistema nervoso. O número de casos absolutos foi relativizado por 10.000

nascimentos por residência da mãe por unidade da federação e ano, obtido no

site do DATASUS. A taxa de nascidos vivos com baixo peso ao nascer foi

calculada utilizando para a busca a ocorrência de nascimentos por residência da

mãe, unidade da federação e ano, considerando os casos com peso menor que

2.500 g. O número de casos absolutos foi relativizado por 100 nascimentos por

residência da mãe por unidade da federação e ano, obtido no site do DATASUS.

Os dados sobre a escolaridade da mãe foram coletados por ocorrência de

nascimentos por residência da mãe, unidade da federação e ano. A escolaridade

da mãe foi estratificada em menos de 3 anos de estudo, de 4 a 11 anos e mais

de 12 anos de estudo. O número absoluto de nascidos vivos com mães nestas

três faixas de escolaridade foi relativizado por 100 nascidos vivos por residência

da mãe, unidade da federação e ano.

As informações sobre o estado nutricional das gestantes foram obtidas no

sistema de informação sobre estado nutricional dos usuários da atenção básica

(SISVAN). Neste sistema, a classificação em baixo peso, peso adequado,

sobrepeso e obesidade é realizada de acordo com os valores do Índice de Massa

Corporal e a idade gestacional. O percentual de gestantes com baixo peso,

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65

acompanhadas pela atenção básica, por unidade da federação e ano, foi

coletado diretamente do relatório disponível neste site.

Para as informações referentes às doenças respiratórias foram utilizados o

sistema de informações sobre mortalidade (SIM) e o sistema de informações

hospitalares (SIH-SUS). Os dados foram coletados no dia 14 de outubro de 2014.

No primeiro sistema foram coletados os dados para o cálculo das taxas de

mortalidade por infecções das vias aéreas inferiores e por asma, através da

coleta do número de casos de óbitos de indivíduos de 0 a 14 anos, por infecções

das vias aéreas inferiores (Pneumonia e Bronquiolite) e por asma, por residência,

por unidade da federação e ano. Estes valores foram relativizados por 100.000

habitantes de 0 a 14 anos, por residência, unidade da federação e ano.

No SIH SUS foram coletadas as informações para o cálculo das taxas de

internação por asma, por infecções das vias aéreas inferiores e por infecções das

vias aéreas superiores. Estas taxas foram estimadas através da coleta do

número de casos de internação de indivíduos de 0 a 14 anos, respectivamente,

por asma, por infecções das vias aéreas inferiores (Pneumonia, Bronquite aguda

e bronquiolite aguda) e por infecções das vias aéreas superiores (Outras

infecções agudas das vias aéreas superiores, Sinusite crônica, Outras doenças

do nariz e dos seios paranasais, Outras doenças do trato respiratório superior). O

número de casos absolutos foi relativizado por 100.000 habitantes de 0 a 14

anos, por residência, unidade da federação e ano.

As informações sobre a ocorrência de casos de doenças diarreicas foram

retiradas do Sistema de Informação Hospitalar (SIH-SUS) no dia 30 de março de

2013, usando como parâmetros de busca as internações por residência, por

região e ano, ocorridos entre a população de 0 a 14 anos e considerando como

causa da internação os agravos Cólera, Febres tifoide e paratifoide, Shiguelose,

Amebíase, Diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível e Outras

doenças infecciosas intestinais. O número de casos absolutos foi relativizado por

100.000 residentes de 0 a 14 anos por região e ano, obtido no site do DATASUS.

As informações sobre a ocorrência de óbitos por doenças diarreicas foram

retiradas do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) no dia 30 de março de

2013, usando como parâmetros de busca os óbitos por residência, por região e

ano, ocorridos entre a população de 0 a 14 anos e considerando como causa de

óbito as Doenças infecciosas intestinais, Cólera, Diarreia e gastroenterite de

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origem infecciosa presumível, Outras doenças infecciosas intestinais, Febres

tifoide e paratifoide. O número de casos absolutos foi relativizado por 100.000

residentes de 0 a 14 anos por região e ano, obtido no sitio do DATASUS.

Para as informações referentes aos acidentes e violências relacionados ao

trabalho e de trânsito, foram utilizados os dados do inquérito “Vigilância de

violências e acidentes” realizados nos anos de 2006 e 2007 e nos anos de 2006,

2007, 2009 e 2011, respectivamente. Este inquérito foi realizado em uma amostra

de hospitais de urgência e emergência, em um único mês durante o ano

(DATASUS, 2014). Os dados foram coletados no dia 13/11/2014. Para o cálculo

da taxa de violências e acidentes relacionados ao trabalho, foram considerados

os casos notificados como “evento relacionado ao trabalho” entre os indivíduos

de 10 a 14 anos por unidade da federação de residência e ano. Estes valores

foram relativizados por 100.000 habitantes de 10 a 14 anos por unidade da

federação de residência e ano. Para o cálculo da taxa de violências e acidentes

de trânsito, foram considerados os casos notificados como “acidentes de trânsito”

entre os indivíduos de 0 a 14 anos por unidade da federação de residência e ano.

Estes valores foram relativizados por 100.000 habitantes de 0 a 14 anos, por

unidade da federação de residência e ano.

As informações referentes aos acidentes e violências e aos acidentes por

animais peçonhentos foram obtidas no sistema de informação de agravos de

notificação (SINAN) no dia 13 de novembro de 2014. Neste sistema foi coletado o

número de casos notificados de acidentes e violência e de acidentes por animais

peçonhentos (serpente, aranha e escorpião) sofridos por indivíduos de 0 a 14

anos, por unidade da federação de residência, no ano de 2010. Estes valores

foram relativizados por 100.000 habitantes de 0 a 14 anos, por unidade da

federação de residência, e ano.

As informações referentes aos casos de violência por

negligência/abandono foram obtidas no sistema de informação de agravos de

notificação (SINAN) no dia 30 de janeiro de 2015. Neste sistema foi coletado o

número de casos notificados de violência por negligência/abandono sofridos por

indivíduos de 0 a 14 anos, por unidade da federação de residência, nos anos de

2009 a 2012. Estes valores foram relativizados por 100.000 habitantes de 0 a 14

anos, por unidade da federação de residência, e ano.

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Para as informações referentes à mortalidade por causas externas,

mortalidade por acidentes de trânsito e homicídio, foi utilizado o sistema de

informação sobe mortalidade (SIM). Os dados referentes aos dois primeiros

foram coletados no dia 16 de novembro de 2014 e ao último no dia 30 de janeiro

de 2015. O cálculo da taxa de mortalidade por causas externas foi realizado

através da coleta do número de casos de óbitos, de indivíduos de 0 a 14 anos,

classificados como “causa externa”. O cálculo da taxa de mortalidade por

acidentes de trânsito foi realizado através da coleta do número de casos de

óbitos, de indivíduos de 0 a 14 anos, classificados como “Pedestre traumatizado

em um acidente de transporte”, “Ciclista traumatizado em um em um acidente de

transporte”, “Motociclista traumatizado em um acidente de transporte”, “Ocupante

triciclo motorizado traumatizado em um acidente de transporte”, ”Ocupante

automóvel traumatizado em um acidente transporte”, “Ocupante caminhonete

traumatizado em um acidente transporte”, “Ocupante veículo de transporte

pesado traumatizado em um acidente transp.”, “Ocupante ônibus traumatizado

em um acidente de transporte” e “Outros acidentes de transporte terrestre”. O

cálculo da taxa de homicídio foi realizado através da coleta do número de casos

de óbitos, de indivíduos de 0 a 14 anos, classificados como “Agressão disparo de

arma de fogo de mão”, “Agressão disparo arma fogo de maior calibre”, “Agressão

disparo outra arma de fogo ou NE”, “Agressão objeto cortante ou penetrante”,

“Agressão p/meio de um objeto contundente”, “Agressão p/meio projeção de um

lugar elevado”, “Agressão p/meio de forca corporal”. Todos os dados foram

coletados por residência, por unidade da federação e ano. Estes valores foram

relativizados por 100.000 habitantes de 0 a 14 anos, por residência, unidade da

federação e ano.

Para as informações referentes à leucemia e neoplasia do sistema nervoso

central, foram utilizados o sistema de informação sobe mortalidade (SIM) e o

sistema de informações hospitalares (SIH-SUS). Os dados foram coletados no

dia 23 de janeiro de 2015. No primeiro sistema foram coletados os dados para o

cálculo da taxa de mortalidade por leucemia e por neoplasia do sistema nervoso

central, através da coleta do número de casos de óbitos de indivíduos de 0 a 14

anos, respectivamente por “leucemia” e por “Neoplasia maligna mening, encéf e

out partes SNC”, por residência, por unidade da federação e ano. Estes valores

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foram relativizados por 100.000 habitantes de 0 a 14 anos, por residência,

unidade da federação e ano.

No SIH-SUS foram coletadas as informações para o cálculo da taxa de

internação por leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central. A primeira

taxa foi calculada através da coleta do número de casos de internação de

indivíduos de 0 a 14 anos, por “leucemia”, por residência, por unidade da

federação e ano. A segunda foi calculada através da coleta do número de casos

de internação de indivíduos de 0 a 14 anos, por “neoplasia maligna do encéfalo”

e “Neoplasia maligna outras partes sistema nervoso central”, por residência, por

unidade da federação e ano. Para as duas taxas, o número de casos absolutos

foi relativizado por 100.000 habitantes de 0 a 14 anos, por residência, unidade da

federação e ano.

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - AGROFIT

As informações sobre a comercialização de agrotóxicos, presentes no

Sistema de Agrotóxicos Fitossanitário (AGROFIT), foram obtidas junto à

Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental/MS. As informações são

referentes à comercialização de agrotóxico por região e unidade da federação no

período de 2007 a 2014 e estão expressas em toneladas de ingrediente ativo.

Análises de correlação

O tipo de desenho de estudo realizado de forma preferencial foi o estudo

analítico de Desenho Misto, onde foi possível avaliar a associação entre os níveis

de exposição e as taxas de doenças entre diferentes grupos populacionais e em

diferentes momentos de tempo.

Nos casos onde não foi possível dispor dos dados em diferentes

momentos de tempo, foi realizado o estudo analítico de Desenho de Múltiplos

Grupos. Neste tipo de estudo foi possível avaliar a associação entre o nível de

exposição e a taxa de doença entre diferentes grupos populacionais.

Em todas as situações os valores relacionados às exposições ambientais

ou socioeconômicas foram considerados variáveis independentes e os valores

relacionados aos desfechos como variáveis dependentes.

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Doenças perinatais

Para as análises de correlação entre a média de moradores em domicílios

ocupados (densidade demográfica) e todos os desfechos foi realizado um estudo

analítico de desenho de múltiplos grupos. Para tanto foram considerados os

valores da média de moradores nos estados e DF, como variável independente, e

as taxas relacionadas aos desfechos nos estados e DF como variável

dependente, somente no ano de 2010.

Para as análises de correlação envolvendo os fatores “percentual de mães

com até 3 anos de estudo”, “percentual de mães com 4 a 11 anos de estudo”,

“percentual de mães com mais de 12 anos de estudo”, “percentual de gestantes

com baixo peso” e “frota acumulada de veículos emplacados”, foi realizado um

estudo analítico de desenho misto. Para tanto, os valores percentuais de mães

nas diferentes faixas de anos de estudo e de gestantes com baixo peso, bem

como de frota acumulada de veículos emplacados nos estados e DF, foram

utilizados como variável independente e as taxas relacionadas aos desfechos nos

estados e DF como variável dependente, nos anos de 2004 a 2012 e de 2008 a

2012, respectivamente.

Para as análises de correlação entre renda e todos os desfechos foi

realizado um estudo analítico de desenho misto. Para tanto, os valores de renda

média foram utilizados como variável independente e as taxas relacionadas aos

desfechos nos estados e DF como variável dependente, nos anos de 2004 a

2011, exceto 2010.

Para as análises de correlação entre comercialização/consumo de

agrotóxicos e todos os desfechos foi realizado um estudo analítico de desenho

misto. Para tanto, os valores de comercialização/consumo de agrotóxicos foram

utilizados como variável independente e as taxas relacionadas aos desfechos nos

estados e DF como variável dependente, nos anos de 2008 a 2012.

Doenças respiratórias

Para as análises de correlação entre a média de moradores em domicílios

ocupados (densidade demográfica) e todos os desfechos foi realizado um estudo

analítico de desenho de múltiplos grupos. Para tanto foram considerados os

valores da média de moradores nos estados e DF, como variável independente, e

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as taxas relacionadas aos desfechos nos estados e DF como variável

dependente, somente no ano de 2010.

Para as análises de correlação envolvendo os fatores “percentual de

moradores em domicílios particulares permanentes sem fogão” e “frota

acumulada de veículos emplacados”, foi realizado um estudo analítico de

desenho misto. Para tanto, os valores percentuais de domicílios particulares

permanentes sem fogão e de frota acumulada de veículos emplacados nos

estados e DF, foram utilizados como variável independente e as taxas

relacionadas aos desfechos nos estados e DF como variável dependente, nos

anos de 2004 a 2012 (exceto 2010) e de 2008 a 2012, respectivamente.

Doenças diarreicas

Para as análises de correlação entre todos os fatores ambientais

estudados e todos os desfechos foi realizado um estudo analítico de desenho de

múltiplos grupos. Para tanto foram consideradas as taxas relacionadas aos

desfechos nos estados e DF como variável dependente os valores referentes aos

fatores ambientais nos estados e DF, como variável independente nos anos de

2000, 2008 ou 2010, de acordo com a disponibilidade de cada um destes últimos.

Injúrias

Para as análises de correlação entre a média de moradores em domicílios

particulares ocupados em aglomerados subnormais e as taxas de todos os

acidentes e violências ocorridos, dos acidentes por animais peçonhentos

(serpente, aranha e escorpião), da taxa de violência por negligência/abandono,

de mortalidade por causas externas e de homicídios foi realizado um estudo

analítico de desenho de múltiplos grupos. Para tanto foram considerados os

valores da média de moradores em domicílios particulares ocupados em

aglomerados subnormais nos estados e DF, como variável independente, e as

taxas relacionadas aos acidentes e violências ocorridos e à mortalidade por

causas externas nos estados e DF como variável dependente, somente no ano

de 2010.

Para as análises de correlação envolvendo os fatores “taxa de trabalho

infantil” e “acidentes e violências relacionadas ao trabalho” foi realizado um

estudo analítico de desenho misto. Para tanto, as taxas de trabalho infantil nos

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estados e DF, foram utilizadas como variável independente e as taxas

relacionadas aos acidentes e violências relacionadas ao trabalho nos estados e

DF como variável dependente, nos anos de 2006 e 2007.

Para as análises de correlação envolvendo os fatores “frota acumulada de

veículos emplacados” e as taxas de acidentes de trânsito ocorridos e de

mortalidade por acidente de trânsito foi realizado um estudo analítico de desenho

misto. Para tanto, os valores de frota cumulada de veículos emplacados nos

estados e DF, foram utilizadas como variável independente e as taxas

relacionadas aos acidentes de trânsito ocorridos e á mortalidade por acidente de

trânsito nos estados e DF como variável dependente, nos anos de 2006, 2007,

2009 e 2011.

Para as análises de correlação envolvendo os fatores “renda” e as taxas

de acidentes de trânsito ocorridos, de mortalidade por acidente de trânsito e de

homicídios foi realizado um estudo analítico de desenho misto. Para tanto, os

valores de renda nos estados e DF, foram utilizadas como variável independente

e as taxas relacionadas aos acidentes de trânsito ocorridos, á mortalidade por

acidente de trânsito e aos homicídios nos estados e DF como variável

dependente, nos anos de 2006, 2007, 2009 e 2011, para o primeiro e de 2001 a

2012 (exceto 2010), para os dois últimos.

Para as análises de correlação envolvendo os fatores “renda” e a taxa de

violência por negligência/abandono foi realizado um estudo analítico de desenho

de misto. Para tanto, os valores de renda nos estados e DF, foram utilizadas

como variável independente e as taxas relacionadas violência por

negligência/abandono nos estados e DF como variável dependente, nos anos de

2009, 2011 e 2012.

Para as análises de correlação envolvendo os fatores “escolaridade” e as

taxas de acidentes de trânsito ocorridos, de mortalidade por acidente de trânsito

e de homicídios foi realizado um estudo analítico de desenho misto. Para tanto, o

percentual de indivíduos segundo grau de instrução foi utilizado como variável

independente e as taxas relacionadas aos acidentes de trânsito ocorridos, à

mortalidade por acidente de trânsito e aos homicídios nos estados e DF como

variável dependente, nos anos de 2006, para o primeiro e de 2001 a 2006, para

os dois últimos.

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72

Neoplasias

Para as análises de correlação envolvendo os fatores ambientais “frota

acumulada de veículos emplacados” e “comercialização de agrotóxicos” e todos

os desfechos relacionados às neoplasias (taxas de internação e de mortalidade

por leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central) foi realizado um estudo

analítico de desenho misto. Para tanto, os valores de frota cumulada de veículos

emplacados e de comercialização de agrotóxicos nos estados e DF, foram

utilizadas como variável independente e as taxas de internação e mortalidade por

leucemia e por neoplasia do Sistema nervoso central nos estados e DF como

variável dependente, nos anos de 2008 a 2012.

Para todas as análises de correlação realizadas, foram consideradas

significativas as que apresentaram p<0,05. As análises estatísticas dos dados

serão realizadas utilizando o programa Excel versão 2010.

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73

Resultados

Identificação e classificação dos dados existentes nos Sistemas de

Informação selecionados quanto a sua qualidade

Com o objetivo de avaliar a capacidade de fornecer dados pertinentes para

a construção de indicadores de saúde ambiental infantil, foi realizada a

identificação e classificação das informações constantes nos sistemas de

informação existentes. As informações constantes no site do IBGE, DENATRAN,

AGROFIT e DATASUS bem como as suas características como facilidade de

acesso, cobertura, disponibilidade ao longo do tempo, captação no tempo

oportuno, níveis de sub-registro e fidedignidade estão apresentadas nos Quadros

4, 5, 6 e 7, respectivamente.

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74

Quadro 4 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

sitio do IBGE.

Fonte Tipo Características

Tabela 1860 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade e Valor do rendimento médio mensal, por sexo, situação e classes de rendimento mensal.

Valor do rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade (Reais).

Positivas: fácil acesso; captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: dados não disponíveis em anos censitários.

Tabela 156 - Domicílios particulares ocupados, moradores em domicílios particulares ocupados e média de moradores em domicílios particulares ocupados

Média de moradores em domicílios particulares ocupados (Pessoas)

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: disponível somente no ano de 2010.

Tabela 1954 - Domicílios particulares permanentes e Moradores em domicílios particulares permanentes, por classes de rendimento mensal domiciliar, situação do domicílio e alguns bens duráveis existentes no domicílio.

Percentual de moradores em domicílios particulares permanentes, segundo existência de fogão no domicílio.

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional; captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: dados não disponíveis em anos censitários.

Tabela 3380 - Média de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais.

Média de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: disponível somente no ano de 2010

Tabela 3382 - Domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais, por forma de abastecimento de água.

Percentual de domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais segundo a forma de abastecimento de água

Tabela 1369 - Número de municípios, total e os com racionamento de água, por periodicidade do racionamento.

Percentual de municípios com racionamento de água segundo a periodicidade do racionamento.

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno e fidedignidade. Negativas: disponível somente no ano de 2008.

OBS: Dados expressos em nº de municípios.

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Quadro 4 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

site do IBGE (Cont.).

Fonte Tipo Características

Tabela 1436 - Domicílios particulares permanentes e Moradores em Domicílios particulares permanentes por situação e abastecimento de água.

Percentual de moradores em domicílios particulares permanentes, segundo a forma de abastecimento de água.

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: disponível somente no ano de 2000 e classificação quanto à forma de abastecimento diferente da realizada em 2010, para o universo “Aglomerado Subnormal”.

Tabela 1437 - Domicílios particulares permanentes e Moradores em Domicílios particulares permanentes por situação e tipo do esgotamento sanitário

Percentual de moradores em domicílios particulares permanentes, segundo tipo de esgotamento sanitário.

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: disponível somente no ano de 2000 e classificação quanto à situação e tipo do esgotamento sanitário diferente da realizada em 2010.

Tabela 3155 - Domicílios particulares permanentes, por existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio.

Percentual de domicílios particulares permanentes, segundo existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio.

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno e fidedignidade. Negativas: disponível somente no ano de 2010.

OBS: Dados expressos em domicílios Tabela 3154 - Domicílios particulares permanentes, por existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário.

Percentual de domicílios particulares permanentes segundo a existência de banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário.

Séries Estatísticas Taxa de trabalho infantil Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1992 a 2008.

Tabela 1856 - Estudantes de 5 anos ou mais de idade, por situação, sexo e grau e série que frequentavam.

Estudantes de 5 anos ou mais (Percentual) Positivas: fácil acesso; captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: dados disponíveis somente de 2001 a 2006

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Quadro 5 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

sitio do DENATRAN.

Fonte Tipo Características

Estatística – Frota Frota acumulada de veículos emplacados, por ano de fabricação.

Positivas: fácil acesso; captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: dados somente de veículos emplacados.

Quadro 6 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

site do AGROFIT.

Fonte Tipo Características

Séries Estatísticas Comercialização de agrotóxico (toneladas de ingrediente ativo)

Positivas: cobertura nacional, captação no tempo oportuno.

Negativas: difícil acesso, disponível nos anos de 2007 a 2012.

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Quadro 7 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

sitio do DATASUS.

Fonte Tipo Características

Informações de Saúde – Estatísticas Vitais – SINASC

Número de casos de malformação congênita

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: não há Número de casos de malformação neurológica congênita

Número de casos de baixo peso ao nascer

Escolaridade Materna

Informações de Saúde – Estatísticas Vitais – SIM

Número de casos de óbitos fetais Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1979 a 1995 pela CID 9 e de 1996 a 2010 pela CID 10; número considerável de indefinição da causa básica do óbito.

Número de óbitos até o 7º dia de vida

Informações de Saúde – Vigilância Alimentar e Nutricional - Estado Nutricional - Usuários da Atenção Básica

Percentual de gestantes com baixo peso Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno.

Negativas: informações disponíveis somente para os usuários do SUS; possibilidade de sub-registro.

Informações de Saúde – Epidemiológicas e de Morbidade

Número de internações por asma Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1998 a 2012, dados referentes às internações ocorridas na rede pública e conveniada ao SUS (não são contados casos de internação ocorridos na rede particular); um mesmo caso de doença poder ser responsável por mais de um episódio de internação (casos podem ser superestimados).

Número de internações por infecção das vias aéreas inferiores

Número de internações por infecção das vias aéreas superiores

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Quadro 7 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

site do DATASUS (Cont.).

Fonte Tipo Características

Informações de Saúde – Estatísticas Vitais – SIM

Número de casos de óbitos por asma Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1979 a 1995 pela CID 9 e de 1996 a 2010 pela CID 10; número considerável de indefinição da causa básica do óbito.

Número de óbitos por infecção das vias aéreas inferiores

Informações de Saúde - Assistência à Saúde - Atenção Básica Saúde da Família

Situação de saneamento Positivas: fácil acesso; captação no tempo oportuno e fidedignidade.

Negativas: disponível somente nos meses de dezembro para os anos de 1998 a 2011 e meses de julho, agosto e setembro de 2012; informações disponíveis somente para as áreas atendidas pela Estratégia Saúde da Família; possibilidade de sub-registro.

OBS: Dados expressos em nº de famílias (dificuldade em fazer comparações entre as unidades da federação e regiões).

Informações de Saúde – Estatísticas Vitais Mortalidade por diarreia Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1979 a 1995 pela CID 9 e de 1996 a 2010 pela CID 10; número considerável de indefinição da causa básica do óbito.

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Quadro 7 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

sitio do DATASUS (Cont.).

Fonte Tipo Características

Informações de Saúde – Epidemiológicas e de Morbidade

Morbidade por diarreia Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1998 a 2012, dados referentes às internações ocorridas na rede pública e conveniada ao SUS (não são contados casos de internação ocorridos na rede particular); um mesmo caso de doença poder ser responsável por mais de um episódio de internação (casos podem ser superestimados).

Informações de Saúde – Epidemiológicas e de Morbidade – SINAN

Casos notificados de violências e acidentes Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno.

Negativas: dados dependentes de notificação, possibilidade de sub-registro.

Casos notificados de acidentes por animais peçonhentos

Informações de Saúde – Inquéritos e Pesquisas – Vigilância de violências e acidentes

Número de acidentes e violências relacionados ao trabalho

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno.

Negativas: dados provenientes de pesquisa, com utilização de amostra. Dados coletados em um único mês dos anos de 2006, 2007, 2009 e 2011. Possibilidade de sub-registro

Número de acidentes de trânsito

Informações de Saúde – Estatísticas Vitais – SIM

Número de casos de óbitos por causas externas

Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1979 a 1995 pela CID 9 e de 1996 a 2010 pela CID 10; número considerável de indefinição da causa básica do óbito.

Número de casos de óbitos por acidentes de transporte terrestre

Número de casos de óbitos compatíveis com situação de homicídio

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Quadro 7 – Informações com potencial para utilização na construção dos indicadores de saúde ambiental infantil, disponíveis no

site do DATASUS (Cont.).

Fonte Tipo Características

Informações de Saúde – Epidemiológicas e de Morbidade – SIH-SUS

Número de internações por leucemia Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1998 a 2012, dados referentes às internações ocorridas na rede pública e conveniada ao SUS (não são contados casos de internação ocorridos na rede particular); um mesmo caso de doença poder ser responsável por mais de um episódio de internação (casos podem ser superestimados).

Número de internações por neoplasia do sistema nervoso central

Informações de Saúde – Estatísticas Vitais – SIM

Número de casos de óbitos por leucemia Positivas: fácil acesso; cobertura nacional, captação no tempo oportuno, sem sub-registro.

Negativas: disponível nos anos de 1979 a 1995 pela CID 9 e de 1996 a 2010 pela CID 10; número considerável de indefinição da causa básica do óbito.

Número de óbitos por neoplasia do sistema nervoso central

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Identificação de correlação entre fatores de exposição ambientais e

desfechos de interesse na população infantil

Doenças Perinatais

As análises de correlação realizadas entre a média de moradores em

domicílios ocupados e os desfechos relacionados às doenças perinatais

mostraram uma correlação positiva e estatisticamente significativa com a taxa de

mortalidade perinatal (r = 0382; p<0,05) e correlação negativa e estatisticamente

significativa (p<0,05) com as taxas de nascidos vivos com baixo peso (r = -0,534)

e nascidos vivos com malformação congênita (r = -0,570) (Tabela 1).

Tabela 1 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados no ano de 2010.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade perinatal1 0,382 0,049

Taxa de nascidos vivos com baixo peso2 -0,534 0,004

Taxa de nascidos vivos com malformação congênita3 -0,570 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação neurológica congênita4

-0,248 0,211

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE 1 - óbitos fetais mais óbitos até o 7º dia de vida, por 1.000 nascidos vivos mais os óbitos fetais. 2 - número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer por 100 nascimentos. 3 - número de nascidos vivos com anomalia congênita, por 100.000 nascimentos. 4 - número de nascidos vivos com anomalia neurológica congênita, por 100.000 nascimentos. Em relação ao fator “percentual de gestante com baixo peso”, foi possível

observar correlação estatisticamente significativa com todos os desfechos

relacionados às doenças perinatais estudadas (p<0,05). Quando a análise foi

realizada entre este fator e a taxa de mortalidade perinatal, observou-se uma

correlação estatisticamente positiva indicando que quanto maior o percentual de

gestantes com baixo peso, maior a taxa de mortalidade perinatal. No entanto, ao

se correlacionar o percentual de gestantes com baixo peso e a taxas de nascidos

vivos com baixo peso, nascidos vivos com malformação congênita e nascidos

vivos com malformação neurológica congênita observou-se uma correlação

negativa para todos estes desfechos. Para as taxas de malformações a

correlação negativa observada pode ser considerada fraca. No entanto, em

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relação ao desfecho “nascidos vivos com baixo peso” a correlação observada é

moderada (-0,504) (Tabela 2).

Tabela 2 – Correlação entre o percentual de gestantes com baixo peso por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados no período de 2008 a 2012.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade perinatal1 0,555 0,001

Taxa de nascidos vivos com baixo peso2 -0,504 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação congênita3 -0,431 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação neurológica congênita4

-0,204 0,017

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS 1 - óbitos fetais mais óbitos até o 7º dia de vida, por 1.000 nascidos vivos mais os óbitos fetais. 2 - número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer por 100 nascimentos. 3 - número de nascidos vivos com anomalia congênita, por 100.000 nascimentos. 4 - número de nascidos vivos com anomalia neurológica congênita, por 100.000 nascimentos. As análises de correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados

e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudadas, mostraram que

quanto maior a frota de veículos maiores são as taxas de nascidos vivos com

baixo peso; nascidos vivos com malformação congênita e com malformação

neurológica congênita. Para estes desfechos, foi possível observar uma

correlação positiva com os coeficientes de correlação iguais a 0,585; 0,457 e

0,205 (p<0,05), respectivamente. O inverso foi observado quando a análise foi

realizada considerando a frota acumulada e a taxa de mortalidade perinatal.

Neste caso, o coeficiente de correlação foi igual a -0,365 (p<0,05), indicando uma

correlação negativa, porém fraca (Tabela 3).

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Tabela 3 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados no período de 2004 a 2012.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade perinatal1 -0,365 0,001

Taxa de nascidos vivos com baixo peso2 0,585 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação congênita3 0,457 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação neurológica congênita4

0,205 0,001

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sítios do DATASUS e DENATRAN 1 - óbitos fetais mais óbitos até o 7º dia de vida, por 1.000 nascidos vivos mais os óbitos fetais. 2 - número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer por 100 nascimentos. 3 - número de nascidos vivos com anomalia congênita, por 100.000 nascimentos. 4 - número de nascidos vivos com anomalia neurológica congênita, por 100.000 nascimentos.

As análises de correlação entre a renda e os desfechos relacionados às

doenças perinatais estudadas, mostraram que quanto maior a renda, maiores são

as taxas de nascidos vivos com baixo peso e nascidos vivos com malformação

congênita. Para estes desfechos, foi possível observar uma correlação positiva

com os coeficientes de correlação iguais a 0,585 e 0,366 (p<0,05),

respectivamente. O inverso foi observado quando a análise foi realizada

considerando a renda e a taxa de mortalidade perinatal. Neste caso, o coeficiente

de correlação foi igual a -0,646 (p<0,05), indicando uma correlação negativa e

estatisticamente significativa (Tabela 4). Com exceção da taxa de malformação

neurológica congênita, que não apresentou correlação estatisticamente

significativamente com a renda, os outros desfechos apresentaram

comportamento semelhante ao encontrado com a análise entre os mesmos e a

frota veicular.

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Tabela 4 – Correlação entre a renda por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados no período de 2004 a 2009 e de 2011 a 2012.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade perinatal1 -0646 0,001

Taxa de nascidos vivos com baixo peso2 0,585 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação congênita3 0,366 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação neurológica congênita4

0,101 0,137

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGEN 1 - óbitos fetais mais óbitos até o 7º dia de vida, por 1.000 nascidos vivos mais os óbitos fetais. 2 - número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer por 100 nascimentos. 3 - número de nascidos vivos com anomalia congênita, por 100.000 nascimentos. 4 - número de nascidos vivos com anomalia neurológica congênita, por 100.000 nascimentos.

Na tabela 5 podem ser observados os valores dos coeficientes de

correlação para as análises realizadas entre os anos de estudo da mãe e os

desfechos relacionados às doenças perinatais estudados. Pode-se observar que

quanto maior o percentual de mães com menos de três anos de estudo maior a

taxa de mortalidade perinatal (r = 0,626, p<0,05), ocorrendo o inverso com as

taxas de nascidos vivos com baixo peso (r = -0,576, p<0,05), com malformação

congênita (r = -0,538, p<0,05) e com malformação neurológica congênita (r =

0,337, p<0,05). Para estes três desfechos, quanto maior o percentual de mães

com até três anos de estudo, menores as taxas dos desfechos estudadas. Já a

análise do comportamento destas taxas relacionado ao percentual de mães com

4 a 11 anos e acima de 12 anos de estudo mostrou o oposto do descrito acima. A

taxa de mortalidade perinatal se mostrou negativamente correlacionada com as

duas faixas de anos de estudos, enquanto que as demais se mostraram

positivamente correlacionadas.

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Tabela 5 – Correlação entre o percentual de mães de acordo com os anos de estudo por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados no período de 2001 a 2012.

Desfecho < 3 anos 4 a 11 anos > 12 anos

r P r p r p

Taxa de mortalidade perinatal1 0,626 0,001 -0,513 0,001 -0,567 0,001

Taxa de nascidos vivos com baixo

peso2 -0,576 0,001 0,330 0,001 0,653 0,001

Taxa de nascidos vivos com

malformação congênita3 -0,538 0,001 0,463 0,001 0,422 0,001

Taxa de nascidos vivos com

malformação neurológica congênita4 -0,337 0,001 0,401 0,001 0,131 0,018

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas no site do DATASUS 1 - óbitos fetais mais óbitos até o 7º dia de vida, por 1.000 nascidos vivos mais os óbitos fetais. 2 - número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer por 100 nascimentos. 3 - número de nascidos vivos com anomalia congênita, por 100.000 nascimentos. 4 - número de nascidos vivos com anomalia neurológica congênita, por 100.000 nascimentos.

As análises realizadas entre a comercialização/consumo de agrotóxicos e

os desfechos relacionados às doenças perinatais estudadas, mostraram

correlação positiva e estatisticamente significativa entre este fator ambiental e as

taxas de nascidos vivos com baixo peso e nascidos vivos com malformação

congênita (respectivamente, r = 0,420; 0,435, p<0,05). O inverso foi observado

quando a análise foi realizada considerando a comercialização/consumo de

agrotóxicos e a taxa de mortalidade perinatal. Neste caso, o coeficiente de

correlação foi igual a -0,364 (p<0,05), indicando uma correlação negativa e

estatisticamente significativa (Tabela 6).

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Tabela 6 – Correlação entre a comercialização/consumo de agrotóxicos por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças perinatais estudados no período de 2008 a 2012.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade perinatal1 -0,364 0,001

Taxa de nascidos vivos com baixo peso2 0,420 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação congênita3 0,435 0,001

Taxa de nascidos vivos com malformação neurológica congênita4

0,168 0,051

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sítios do DATASUS e AGROFIT 1 - óbitos fetais mais óbitos até o 7º dia de vida, por 1.000 nascidos vivos mais os óbitos fetais. 2 - número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer por 100 nascimentos. 3 - número de nascidos vivos com anomalia congênita, por 100.000 nascimentos. 4 - número de nascidos vivos com anomalia neurológica congênita, por 100.000 nascimentos.

Doenças Respiratórias

As analises realizadas entre a média de moradores em domicílios

ocupados e os desfechos relacionados às doenças respiratórias não mostraram

correlação estatisticamente significativa quando os desfechos investigados foram

as taxas de mortalidade ou internação por asma e as taxas de internação por

infecção das vias aéreas superiores e por infecção das vias aéreas inferiores. O

único desfecho que apresentou uma correlação positiva e estatisticamente

significativa com este indicador ambiental foi a taxa de mortalidade por infecção

das vias aéreas inferiores (r = 0,651; p <0,05) (Tabela 7).

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Tabela 7 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças respiratórias estudados no ano de 2010.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade por infecções das vias aéreas inferiores1

0,651 0,001

Taxa de mortalidade por asma2 -0,134 0,504

Taxa de internação por asma 3 -0,028 0,889

Taxa de internação por infecções das vias aéreas inferiores 4

-0,081 0,687

Taxa de internação por infecções das vias aéreas superiores 5

-0,266 0,178

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE 1 – óbitos por infecção das vias aéreas superiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – óbitos por asma de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 – internação por asma de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 4 – internação por infecção das vias aéreas inferiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 5 – internação por infecção das vias aéreas superiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

A tabela 8 apresenta as análises de correlação entre a frota acumulada de

veículos emplacados e os desfechos relacionados às doenças respiratórias

estudadas. Não foi observada correlação entre este indicador ambiental e as

taxas de internação por estas doenças. Em relação às taxas de mortalidade,

tanto por asma, quanto por infecções das vias aéreas inferiores, as análises

evidenciaram uma correlação negativa e estatisticamente significativa, porém

fraca (-0,298 e -0,170, respectivamente).

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Tabela 8 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças respiratórias estudados no período de 2004 a 2012.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade por infecções das vias aéreas inferiores1

-0,298 0,001

Taxa de mortalidade por asma2 -0,170 0,007

Taxa de internação por asma 3 -0,114 0,187

Taxa de internação por infecções das vias aéreas inferiores4

0,047 0,581

Taxa de internação por infecções das vias aéreas superiores5

-0,146 0,089

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e DENATRAN 1 – óbitos por infecção das vias aéreas superiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – óbitos por asma de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 – internação por asma de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 4 – internação por infecção das vias aéreas inferiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 5 – internação por infecção das vias aéreas superiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

Em relação ao fator “percentual de moradores em domicílios particulares

permanentes sem fogão”, foi possível observar correlação positiva, moderada e

estatisticamente significativa com as duas taxas de mortalidade estudadas e a

taxa de internação por asma. As análises de correlação resultaram em

coeficientes iguais a 0,397 (p<0,05) para mortalidade por infecção das vias

aéreas inferiores, 0,265 (p<0,05) para mortalidade por asma e 0,348 (p<0,05)

para internação por asma. A correlação entre o percentual de moradores em

domicílios particulares permanentes sem fogão e a taxa de internação por

infecção das vias aéreas inferiores não evidenciou correlação estatisticamente

significativa. Quando a análise foi realizada tendo como desfecho a taxa de

internação por infecção das vias aéreas superiores, foi possível observar uma

correlação negativa e estatisticamente significativa, porém fraca (r = -0,195

p<0,05) (Tabela 9).

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89

Tabela 9 – Correlação entre o percentual de moradores em domicílios particulares permanentes sem fogão por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças respiratórias estudados no período de 2008 a 2012.

Desfecho r p

Taxa de mortalidade por infecções das vias aéreas inferiores1

0,397 0,001

Taxa de mortalidade por asma2 0,265 0,001

Taxa de internação por asma 3 0,348 0,001

Taxa de internação por infecções das vias aéreas inferiores4

0,077 0,425

Taxa de internação por infecções das vias aéreas superiores5

-0,195 0,042

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE 1 – óbitos por infecção das vias aéreas superiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – óbitos por asma de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 – internação por asma de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 4 – internação por infecção das vias aéreas inferiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 5 – internação por infecção das vias aéreas superiores de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

Doenças Diarreicas

Considerando as análises realizadas, foi possível observar uma correlação

estatisticamente significativa entre a média de moradores em domicílios

particulares ocupados em aglomerados subnormais com as taxas de mortalidade

por doença diarreica, o que não aconteceu quando as análises foram realizadas

com a taxa internação por doença diarreica (Tabela 10).

Tabela 10 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças diarreicas no ano de 2010.

Desfecho r p

Internação1 0,094 0,602

Óbito2 0,453 0,008

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE

1 – internação por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos.

2 – óbitos por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

A Tabela 11 mostra os resultados obtidos com a análise de correlação

entre o percentual de domicílios particulares permanentes em aglomerados

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90

subnormais em relação à forma de abastecimento de água e as taxas de

internação e mortalidade. Considerando todas as fontes de abastecimento e

internação, foi verificada correlação negativa e estatisticamente significativa

quando a água era proveniente da rede geral de abastecimento (r = -0,401,

p<0,05) e positiva e estatisticamente significativa quando a água era proveniente

de poço ou nascente na propriedade (r = 0,385, p< 0,05). Quando os mesmos

dados sobre forma de abastecimento foram analisados em relação às taxas de

mortalidade, também foi encontrada correlação negativa e estatisticamente

significativa entre estas e o abastecimento de água proveniente da rede geral (r =

-0,528, p<0,05). Além desta, a correlação entre a taxa de mortalidade e o poço

ou a nascente fora da propriedade, como forma de abastecimento de água,

também se mostrou positiva e estatisticamente significativa (r = 0,602, p<0,05).

Tabela 11 – Correlação entre o percentual de domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais em relação à forma de abastecimento de água por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças diarreicas no ano de 2010.

Forma de abastecimento de água Internação1 Mortalidade2

r p r p

Rede geral de distribuição -0,401 0,020 -0,528 0,001

Poço ou nascente na propriedade 0,385 0,026 0,289 0,102

Poço ou nascente fora da propriedade 0,250 0,159 0,602 0,001

Carro-pipa -0,061 0,732 0,103 0,565

Água da chuva armazenada em cisterna -0,179 0,317 0,012 0,944

Água da chuva armazenada de outra forma

-0,146 0,416 0,323 0,066

Rio, açude, lago ou igarapé -0,068 0,703 0,281 0,112

Outra 0,052 0,770 0,271 0,127

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE

1 – internação por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos.

2 – óbitos por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

As informações constantes na Tabela 12 mostram que o percentual de

moradores abastecidos pela rede geral como um todo e que possuíam

canalização desta fonte em pelo menos um cômodo se mostrou correlacionado

negativamente com a taxa de internação (r = 0,630 e -0,597, p<0,05,

respectivamente). Em contraposição, o percentual de moradores que utilizavam

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91

água proveniente de poço ou nascente na propriedade como um todo e que não

dispunham de canalização desta fonte mostrou correlação positiva e

estatisticamente significativa com a taxa de internação (r = 0,449 e 0,540, p<0,05,

respectivamente). O mesmo aconteceu ao analisar as informações sobre o

percentual de moradores que utilizam outras fontes que não rede geral ou

poço/nascente. De forma geral, o abastecimento por outras formas se mostrou

correlacionado de forma positiva e estatisticamente significativa com as taxas de

internação, tanto quando analisadas as informações referentes a este tipo de

fonte de forma geral (r = 0,442, p<0,05) canalizada só na propriedade ou terreno

(r = 0,385, p<0,05) e não canalizada (r = 0,441, p<0,05).

Ao realizar as mesmas análises considerando as taxas de mortalidade ao

invés das de internação, o mesmo padrão de correlação foi observado para o

percentual de moradores que utilizavam outra forma de abastecimento de água

que não a rede geral e poço/nascente. Os valores do coeficiente de correlação

para as formas de abastecimento “outra forma” e “outra forma não canalizada” se

mostraram maiores nestas análises com as taxas de mortalidade e foram iguais a

0,6555 e 0,6616 (p<0,052), respectivamente. A correlação entre o percentual de

moradores com abastecimento pela rede geral canalizada em pelo menos um

cômodo e a taxa de mortalidade também se mostrou negativa e estatisticamente

significativa para aqueles que são abastecidos pela rede geral, embora, quando a

canalização só chega até a propriedade ou ao terreno, a correlação tenha se

mostrado positiva e significativa. De forma similar, a utilização de poço ou

nascente canalizada em pelo menos um cômodo se mostrou correlacionada

negativamente com a taxa de mortalidade (r = -0,409 p<0,05), enquanto a mesma

fonte (poço ou nascente) não canalizada se mostrou correlacionada

positivamente (r = 0,365, p<0,05). Com os resultados obtidos pode-se perceber

que, de modo geral, as informações sobre a canalização da água, além das

referentes à fonte/forma de abastecimento, podem compor uma matriz de

indicadores de saúde ambiental para a população infantil, relacionados às

doenças diarreicas (Tabela 12).

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92

Tabela 12 – Correlação entre o percentual de moradores em relação à forma de abastecimento de água por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças diarreicas no ano de 2000.

Forma de abastecimento de água Internação1 Mortalidade2

r p r p

Rede geral -0,630 0,001 -0,340 0,052

Rede geral - canalizada em pelo menos um cômodo

-0,597 0,001 -0,398 0,021

Rede geral - canalizada só na propriedade ou terreno

0,281 0,111 0,397 0,021

Poço ou nascente (na propriedade) 0,449 0,008 -0,002 0,990

Poço ou nascente (na propriedade) - canalizada em pelo menos um cômodo

0,097 0,589 -0,409 0,017

Poço ou nascente (na propriedade) - canalizada só na propriedade ou terreno

0,340 0,052 0,018 0,918

Poço ou nascente (na propriedade) - não canalizada

0,540 0,001 0,356 0,041

Outra forma 0,442 0,010 0,655 0,001

Outra forma - canalizada em pelo menos um cômodo

-0,013 0,940 -0,024 0,891

Outra forma - canalizada só na propriedade ou terreno

0,385 0,026 0,398 0,021

Outra forma - não canalizada 0,441 0,010 0,661 0,001

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE

1 – internação por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos.

2 – óbitos por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

As informações referentes à ocorrência e à periodicidade do racionamento

de água foram analisadas em relação às taxas de internação e de óbito e estão

apresentadas na tabela 13. Os resultados obtidos nas análises envolvendo as

taxas de internação evidenciaram uma correlação, estatisticamente significativa,

negativa entre estas e o percentual de municípios sem racionamento de água (r =

-0,345, p<0,05). Ao utilizar a taxa de mortalidade nas análises, o mesmo

resultado de correlação negativa foi observado considerando o percentual de

municípios sem racionamento de água (r = -0,509, p<0,05). Em contrapartida, os

dados referentes aos percentuais de municípios com racionamento constante,

independentemente da época do ano, e os com racionamento todos os anos na

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93

época da seca, se correlacionaram positivamente com as taxas de mortalidade (r

– 0,562 e 0,367, p<0,05, respectivamente).

Tabela 13 – Correlação entre o percentual de municípios com racionamento de água por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças diarreicas no ano de 2008.

Periodicidade do racionamento Internação1 Mortalidade2

r p R p

Constante, independente da época do ano

0,259 0,144 0,562 0,001

Todos os anos na época da seca 0,325 0,064 0,367 0,035

Esporadicamente 0,120 0,503 -0,024 0,890

Outra -0,030 0,866 -0,302 0,087

Não existe racionamento -0,345 0,049 -0,509 0,002

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE

1 – internação por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos.

2 – óbitos por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

Em relação às condições de saneamento, as informações disponíveis nos

sites IBGE se referiam à existência e número de banheiros de uso exclusivo do

domicílio e a existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário

de 2010; e referentes aos domicílios particulares permanentes e moradores em

domicílios particulares permanentes por situação e tipo do esgotamento sanitário

de 2000.

Os resultados das análises referentes às informações sobre a existência e

o número de banheiros estão apresentados na Tabela 14, em relação às taxas de

internação e mortalidade. Pode-se perceber que, com exceção da correlação

entre e o percentual de domicílios que possuía 1 banheiro de uso exclusivo e a

taxa de internação que se mostrou sem significância estatística, as outras

correlações se mostraram significativas e negativas quanto à presença de

banheiros, independentemente da quantidade. Em relação ao percentual de

domicílios sem banheiro, as correlações com a taxa de mortalidade e de

internação se mostraram positivas e estatisticamente significativas. Os resultados

obtidos sugerem que as informações sobre a existência de banheiro de uso

exclusivo apresentam grande potencial como indicador de saúde ambiental

infantil.

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94

Tabela 14 – Correlação entre o percentual de municípios em relação à existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças diarreicas no ano de 2010.

Existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio

Internação1 Mortalidade2

r p r p

Tinham -0,591 0,001 -0,602 0,001

Tinham - 1 banheiro -0,287 0,105 -0,378 0,030

Tinham - 2 banheiros -0,680 0,001 -0,618 0,001

Tinham - 3 banheiros -0,640 0,001 -0,545 0,001

Tinham - 4 banheiros ou mais -0,405 0,019 -0,401 0,020

Não tinham 0,591 0,001 0,602 0,001

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE

1 – internação por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos.

2 – óbitos por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

A tabela 15 apresenta os resultados das análises de correlação realizadas

entre o tipo de esgotamento sanitário do banheiro e as taxas de internação e

mortalidade por diarreias. Observando os resultados, pode-se perceber um

padrão semelhante ao dos resultados acima. O percentual de domicílios sem

banheiro ou sanitário se mostrou correlacionado positivamente, de forma

significativa, com as taxas estudadas e o percentual de domicílios com banheiro

ou sanitário se mostrou correlacionado negativamente, também de forma

significativa. Entretanto, ao analisar as informações sobre o tipo de esgotamento

para aqueles que tinham banheiro ou sanitário, foi verificado que o percentual de

domicílios com o sistema ligado à rede geral ou pluvial se correlacionou

negativamente com as taxas de internação e mortalidade (r = -0,631 e -0,451,

p<0,05, respectivamente), ocorrendo o inverso em relação ao percentual de

domicílios com banheiro que não utilizavam nem a rede geral de esgoto ou

pluvial nem a fossa séptica como sistema de esgotamento.

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95

Tabela 15 – Correlação entre o percentual de municípios em relação existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças diarreicas no ano de 2010.

Existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento sanitário

Internação1 Mortalidade2

R p r p

Tinham banheiro ou sanitário -0,6052 0,0012 -0,4514 0,0084

Tinham banheiro ou sanitário - rede geral de esgoto ou pluvial

-0,6310 0,0011 -0,6247 0,0011

Tinham banheiro ou sanitário - fossa séptica

0,0740 0,6825 0,0744 0,6806

Tinham banheiro ou sanitário - outro 0,6256 0,0011 0,6539 0,0010

Não tinham banheiro ou sanitário 0,6053 0,0012 0,4515 0,0084

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE

1 – internação por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos.

2 – óbitos por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

Também em relação ao tipo de esgotamento sanitário, foram realizadas

análises de correlação entre as taxas de internação e mortalidade e as

informações sobre o percentual de moradores em domicílios particulares

permanentes por situação e tipo de esgotamento sanitário, referentes ao Censo

de 2000 (Tabela 16). Embora a informação tenha sido coletada de forma

diferente da realizada no Censo de 2010, algumas comparações podem ser

realizadas.

Assim como visto no resultado imediatamente anterior, o percentual de

moradores com rede geral de esgoto ou pluvial se mostrou correlacionado

negativamente com as taxas de internação e mortalidade (r = -0,620 e -0,448,

p<0,05, respectivamente), e o percentual de moradores sem banheiro ou

sanitário se mostrou correlacionado de forma positiva e estatisticamente

significativa com as taxas de internação e de mortalidade por diarreia (r = 0,571 e

0,540, p<0,05, respectivamente). Mesmo considerando que a informação sobre a

existência de banheiro é bastante relevante, que houve alteração na forma de

coleta das informações e que não temos uma grande quantidade de informações

ao longo do tempo, tais resultados, permitem sugerir a utilização das informações

“percentual de moradores/domicílios servidos pela rede geral de esgoto ou

pluvial” e “percentual de moradores/domicílios sem banheiro ou sanitário” na

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96

construção de um indicador de saúde ambiental para a população infantil,

relacionados às doenças diarreicas.

Ainda sobre estas análises, foi possível observar que diferentemente da

fossa séptica, cujos resultados das análises não mostraram correlação com as

taxas estudadas, a presença de fossa rudimentar se mostrou correlacionada

positivamente e estatisticamente significativa com as taxas de internação e

mortalidade (r = 0,456 e 0,365, p<0,05, respectivamente).

Tabela 16 – Correlação entre o percentual de domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios particulares permanentes por situação e tipo do esgotamento sanitário por unidade da federação e os desfechos relacionados às doenças diarreicas no ano de 2010.

Situação e tipo do esgotamento sanitário Internação1 Mortalidade2

r p r p

Rede geral de esgoto ou pluvial -0,620 0,001 -0,448 0,008

Fossa séptica -0,001 0,992 -0,126 0,483

Fossa rudimentar 0,456 0,007 0,365 0,036

Vala -0,059 0,744 -0,145 0,420

Rio, lago ou mar -0,209 0,241 -0,244 0,170

Outro escoadouro 0,297 0,092 0,164 0,360

Não tinham banheiro ou sanitário 0,571 0,001 0,540 0,001

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE

1 – internação por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos.

2 – óbitos por doenças diarreicas de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

Injúrias

As análises de correlação realizadas entre a média de moradores em

domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais e a taxa de

acidentes e violências, de acidentes por animais peçonhentos, de violência por

negligência/abandono, de mortalidade por causa externa e de homicídios não

mostraram correlação estatisticamente significativa. Os valores do coeficiente de

correlação são apresentados na tabela 17.

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Tabela 17 – Correlação entre média de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais por unidade da federação e a taxa de acidentes e violências, de acidentes por animais peçonhentos e de mortalidade por causas externas no ano de 2010.

Desfecho r P

Taxa de acidentes e violências 1 0,1321 0,510

Taxa de acidente por animais peçonhentos2 -0,169 0,398

Taxa de violência por negligência/abandono3 0,020 0,918

Taxa de mortalidade por causas externas4 0,188 0,345

Taxa de homicídio5 -0,117 0,558

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE 1 – número de acidentes e violências sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – número de acidentes por animais peçonhentos (serpente, aranha e escorpião) sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 - número de casos de violência por negligência/abandono sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 4 – óbitos por causa externa de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 5 – número de casos de óbitos compatíveis com situação de homicídio entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

A tabela 18 apresenta os resultados das análises de correlação entre a

frota acumulada de veículos emplacados e as taxas de acidentes de trânsito e de

mortalidade por acidentes de trânsito terrestre. Para os dois desfechos foi

possível identificar uma correlação fraca, negativa e estatisticamente significativa,

sendo os valores de r, respectivamente -0,257 (p = 0,007) e -0,153 (p = 0,001).

Tabela 18 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados por unidade da federação e as taxas de acidentes de trânsito e de mortalidade por acidente de trânsito. no período de 2004 a 2012.

Desfecho r P

Taxa de violências e acidentes de trânsito1 -0,257 0,007

Taxa de mortalidade por acidente de trânsito2 -0,153 0,001

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e DENATRAN 1 – número de acidentes de trânsito sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – número de mortes por acidente de trânsito de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

A tabela 19 apresenta os resultados das análises de correlação entre a

renda e as taxas de violência por negligência/abandono, de acidentes de trânsito,

de mortalidade por acidentes de trânsito terrestre e de homicídios. Não foi

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98

possível observar correlação entre as taxas de acidentes de trânsito e de

mortalidade por acidentes de trânsito terrestre e a renda, sendo os valores de r

iguais a -0,036 e 0,094, respectivamente. A análise realizada entre a renda e a

taxa de homicídios, resultou em uma correlação positiva e estatisticamente

significativa, apresentando valor do coeficiente de correlação igual a 0,310

(p<0,05). Quando a análise foi realizada envolvendo a renda e a taxa de violência

por negligência/abandono, foi observada uma correlação positiva e

estatisticamente significativa (r = 0,375; p<0,05).

Tabela 19 – Correlação entre a renda por unidade da federação e as taxas de violência por negligência/abandono, de acidentes de trânsito, de mortalidade por acidente de trânsito e de homicídios no período de 2001 a 2009 e 2011 a 2012.

Desfecho r P

Taxa de violências e acidentes de trânsito1 -0,036 0,711

Taxa de mortalidade por acidente de trânsito2 0,094 0,104

Taxa de violência por negligência/abandono3 0,375 0,001

Taxa de homicídio4 0,310 0,001

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e DENATRAN 1 – número de acidentes de trânsito sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – número de mortes por acidente de trânsito de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 - número de casos de violência por negligência/abandono sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 4 – número de casos de óbitos compatíveis com situação de homicídio entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

A tabela 20 apresenta os resultados das análises de correlação entre o

grau de instrução da população e as taxas de acidentes de trânsito, de

mortalidade por acidentes de trânsito terrestre e de homicídios. Não foi possível

observar correlação estatisticamente significativa entre a taxa de violência e de

acidentes de trânsito e o grau de instrução da população. Em relação à taxa de

mortalidade por acidentes de trânsito, pode-se verificar uma correlação negativa

fraca e estatisticamente significativa quando a análise envolveu o percentual de

indivíduos que cursaram o 1º grau (r = -0,223; p<0,05, respectivamente). Em

relação ao percentual de indivíduos que cursaram o 2º e o 3º graus e a taxa de

mortalidade por acidente de trânsito, observou-se uma correlação positiva e

significativa com valores de r iguais a 0,242 e 0,301 (p<0,05), respectivamente.

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99

Resultados semelhantes foram encontrados quando a escolaridade foi analisada

em relação à taxa de homicídio. Foi observada uma correlação negativa fraca e

estatisticamente significativa quando a análise envolveu o percentual de

indivíduos que cursaram o 1º grau (r = -0,231; p<0,05) e uma correlação positiva

e estatisticamente significativa quando a análise envolveu o percentual de

indivíduos com 3º grau (r = 274; p<0,05). A única diferença se deu na análise

realizada entre o percentual de indivíduos com 2º grau e a taxa de homicídio que

não resultou em correlação estatisticamente significativa (r = 0,150; p>0,05).

Desta forma, os resultados obtidos com os dados utilizados permitem perceber

que quanto maior a proporção de indivíduos com maiores níveis de instrução,

maiores são as taxas de mortalidade por acidente de trânsito e de homicídios.

Entretanto, é possível que a diferença entre os níveis de instrução existente entre

as áreas urbana e rural, seja responsável por este resultado. Quando a análise

foi realizada, utilizando a taxa de mortalidade e os dados de escolaridade

referentes somente à área urbana foi possível observar, para todos os níveis de

instrução, correlação positiva e estatisticamente significativa. Os valores dos

coeficientes de correlação foram iguais a 0,184 (p<0,05) para o percentual de

indivíduos com 1º grau; 0,237 (p<0,05), para o percentual de indivíduos com 2º

grau e 0,294 (p<0,05), para o percentual de indivíduos com 3º grau. Quando a

análise foi realizada, utilizando a taxa de homicídios e os dados de escolaridade

referentes somente à área urbana foi possível observar, para todos os níveis de

instrução, correlação positiva e estatisticamente significativa. Os valores dos

coeficientes de correlação foram iguais a 0,302 (p<0,05) para o percentual de

indivíduos com 1º grau; 0,247 (p<0,05), para o percentual de indivíduos com 2º

grau e 0,288 (p<0,05), para o percentual de indivíduos com 3º grau. Entretanto,

cabe ressaltar que a falta de disponibilidade de dados de mortalidade

classificados por área urbana ou rural, impossibilita a análise correta dos dados.

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100

Tabela 20 – Correlação entre o grau de instrução da população por unidade da federação e as taxas de acidentes de trânsito, de mortalidade por acidente de trânsito e de homicídio no período de 2001 a 2006.

Desfecho 1º grau 2º grau 3º grau

r p r p r p

Taxa de violências e acidentes de

trânsito1 0,194 0,350 -0,199 0,338 -0,040 0,848

Taxa de mortalidade por acidente de

trânsito2 -0,223 0,004 0,242 0,001 0,301 0,001

Taxa de homicídio3 -0,231 0,003 0,150 0,055 0,274 0,001

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e DENATRAN 1 – número de acidentes de trânsito sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – número de mortes por acidente de trânsito de indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 – número de casos de óbitos compatíveis com situação de homicídio entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

A análise de correlação realizada entre a taxa de trabalho infantil e a taxa

de acidentes e violências relacionados ao trabalho, não evidenciou a existência

de correlação entre as variáveis estudadas. Entretanto deve-se levar em conta

que as informações sobre o número de acidentes de trabalho são provenientes

de observação de uma amostra, referente a um único mês de cada um dos dois

anos estudados (Tabela 21).

Tabela 21 – Correlação entre a taxa de trabalho infantil por unidade da federação e a taxa de acidentes e violências relacionadas ao trabalho no período de 2006 a 2007.

Desfecho R p

Taxa de acidentes e violências relacionados ao trabalho1

-0,208 0,201

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e IBGE 1 – número de acidentes de trabalho sofridos por indivíduos entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

Neoplasias

A tabela 22 apresenta as análises de correlação entre a frota acumulada

de veículos emplacados, utilizada como uma forma de estimar a poluição

proveniente do tráfego automotivo, e as taxas de internação e de mortalidade por

leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central. Quando estas análises

foram realizadas com os desfechos relacionados à leucemia, não foi possível

identificar correlação estatisticamente significativamente. Em relação aos

desfechos referentes à neoplasia do sistema nervoso central, foi possível

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101

identificar uma correlação positiva e estatisticamente significativa, com valores de

coeficiente de correlação iguais a 0,354 (p<0,05) para a taxa de internação e de

0,199 (p<0,05) para a taxa de mortalidade.

Tabela 22 – Correlação entre a frota acumulada de veículos emplacados por unidade da federação e as taxas de internação e de mortalidade por leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central no período de 2008 a 2012.

Desfecho r P

Taxa de internação por leucemia1 0,139 0,105

Taxa de internação por neoplasia do sistema nervoso central2

0,354 0,001

Taxa de mortalidade por leucemia3 -0,045 0,477

Taxa de mortalidade por neoplasia do sistema nervoso central 4

0,199 0,020

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e DENATRAN 1 – número de internação por leucemia entre indivíduos de 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – número de internação por neoplasia do sistema nervoso central entre indivíduos de 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 – número de mortes por leucemia entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 4 – número de mortes por neoplasia do sistema nervoso central entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

Os resultados das análises de correlação realizadas entre a

comercialização de agrotóxico e as taxas de internação e de mortalidade por

leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central estão expressos na tabela

23. A comercialização de agrotóxicos se mostrou correlacionada de forma

positiva e significativa com a taxa de internação por leucemia (r = 0,216; p >0,05).

Não houve correlação com a taxa de mortalidade por leucemia (r = -0,082; p

>0,05). A análise realizada entre este fator e as taxas de internação e de

mortalidade por neoplasia do sistema nervoso central evidenciou uma correlação

positiva e estatisticamente significativa (r = 0,343 e 0,199; p<0,05,

respectivamente).

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102

Tabela 23 – Correlação entre comercialização de agrotóxicos por unidade da federação e as taxas de internação e de mortalidade por leucemia e por neoplasia do sistema nervoso central no período de 2008 a 2012.

Desfecho r P

Taxa de internação por leucemia1 0,216 0,011

Taxa de internação por neoplasia do sistema nervoso central2

0,343 0,001

Taxa de mortalidade por leucemia3 -0,082 0,343

Taxa de mortalidade por neoplasia do sistema nervoso central 4

0,199 0,020

Fonte: Informações utilizadas nas análises coletadas nos sites do DATASUS e DENATRAN 1 – número de internação por leucemia entre indivíduos de 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 2 – número de internação por neoplasia do sistema nervoso central entre indivíduos de 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 3 – número de mortes por leucemia entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos 4 – número de mortes por neoplasia do sistema nervoso central entre 0 e 14 anos por 100.000 habitantes entre 0 e 14 anos

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103

Discussão

Doenças Perinatais

A existência de correlação negativa entre a média de moradores em

domicílios ocupados e a taxa de nascidos vivos com baixo peso, não está de

acordo com os resultados de Vettore e colaboradores (2010), que observaram

um aumento na chance de ocorrência de baixo peso e prematuridade entre

indivíduos que viviam em condições inadequadas de moradia, dentre as quais a

existência de aglomeração. Entretanto, pode-se pensar que moradias com maior

aglomeração reflitam piores condições sociais, como a falta de acesso aos

serviços de saúde, tanto os básicos quanto aos especializados e piores

condições de renda e instrução, condições estas responsáveis pela morte de

fetos que não estão se desenvolvendo de forma adequada, seja por baixo

crescimento ou por malformação. Desta forma, à medida que a média de

moradores aumenta, vemos o aumento na taxa de mortalidade perinatal e a

diminuição das taxas de nascidos vivos com baixo peso e com malformação

congênita, pelo fato de que fetos nestas duas últimas condições não chegam a

nascer.

Em relação aos resultados das análises realizadas, a observação de uma

correlação negativa entre o percentual de gestantes com baixo peso e a taxa de

nascidos vivos com baixo peso não pode ser corroborado pela literatura existente

(DIOUF et al., 2011; FURLAN et al., 2003). Entretanto deve-se ressaltar que o

dado utilizado para a classificação de baixo peso é o IMC, que não

necessariamente é capaz de traduzir estado nutricional. Batista Filho e

colaboradores (2008) identificaram o crescimento conjunto de carência nutricional

e obesidade na população brasileira. Além disso, apesar de ser classificado como

um índice de fácil obtenção, devido à facilidade da medição e do cálculo, o IMC

vem sendo questionado quanto a sua capacidade de estimar o estado nutricional

(CLEMENTE et al., 2011; BENEDETTI et al, 2012; BRAMBILLA et al, 2013).

A correlação negativa encontrada entre a frota acumulada de veículos e a

taxa de mortalidade perinatal pode estar relacionada a ao fato de que localidades

com maior frota de automóveis sejam também as localidades com maior

desenvolvimento econômico e maior oferta e acesso aos serviços de saúde, o

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104

que pode resultar em menores taxas de óbito. Tal fato pode ser corroborado pela

correlação negativa encontrada na análise entre a renda e a taxa de mortalidade

perinatal. Mais uma vez pode-se inferir que localidades com a maior renda média

por habitante apresentam maior desenvolvimento econômico e maior oferta e

acesso aos serviços de saúde. Tais achados são compatíveis com dados

descritos na literatura. Leal e colaboradores (2004), observaram percentuais de

óbitos perinatais 3 vezes maiores entre usuárias dos SUS, com menor nível

socioeconômico, quando comparados com usuárias do setor privado. Resultados

semelhantes foram encontrados por Martins e colaboradores (2013), em estudo

que demonstram maiores taxas de mortalidade perinatal por asfixia/hipóxia e

causa não especificada, nas localidades com maior vulnerabilidade social, em

Belo Horizonte e por Aquino e colaboradores (2007) cujos resultados

evidenciaram risco de morte perinatal 1,45 vezes maior em moradoras de bairros

de baixa e intermediária condição de vida, quando comparados com residentes

de bairros com alta condição de vida no Recife, Pernambuco.

A correlação positiva encontrada entre o percentual de mães com menos

de três anos de estudo e a taxa de mortalidade perinatal, bem como a correlação

negativa entre a mesma taxa e o percentual de mães com 4 anos ou mais de

estudo, está de acordo com o descrito por Aquino e colaboradores (2007), que

calcularam um risco 2,09 vezes maior de morte no período perinatal entre os

nascidos de mães com menos de 4 anos de estudos, quando comparados com

mães com 4 ou mais anos de estudo. Segundo os autores, a escolaridade da

mãe, dentre outros fatores (ex.: condições socioeconômicas, hábitos de vida,

etc.), pode influenciar negativa ou positivamente sobre a sobrevivência de recém-

nascidos prematuros ou com baixo peso.

A existência de correlação positiva entre a taxa de malformação congênita

e a comercialização/consumo de agrotóxicos é compatível com os resultados de

Heeren e colaboradores (2003), que evidenciaram um aumento de 7 vezes na

ocorrência de defeitos congênitos entre os indivíduos nascidos de mães expostas

a agrotóxicos em atividades no campo ou em jardins.

Diante do exposto, pode-se afirmar que os dados relativos à média de

moradores em domicílios particulares ocupados, à renda, à escolaridade

materna; e à comercialização/consumo de agrotóxicos se mostram úteis para a

construção de indicadores de saúde ambiental relacionados às doenças

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105

perinatais. Os dados referentes à frota acumulada de veículos emplacados

devem ser utilizados com cautela, uma vez que podem refletir não somente uma

variação na poluição atmosférica, mas também maior desenvolvimento e

consequentemente mais acesso a serviços de saúde. Em relação aos dados

sobre o percentual de gestantes com baixo peso, a possibilidade de que os

mesmos não estejam refletindo o estado nutricional das gestantes pode interferir

na validade do indicador, uma vez que o conceito subjacente ao indicador se

afasta da sua medida.

Doenças Respiratórias

A relação inversa evidenciada pelos resultados das análises realizadas

entre a frota acumulada e as taxas de mortalidade por asma e por infecção das

vias aéreas são contrários aos existentes na literatura (MUSTAPHA et al., 2011).

Tal fato pode ser explicado pelas limitações do desenho de estudo utilizado,

como por exemplo, a incapacidade de investigar a ocorrência de fatores de

confundimento na associação observada. Neste caso, pode-se inferir que

localidades com maior frota de automóveis sejam também as localidades com

maior desenvolvimento econômico e maior oferta e acesso aos serviços de

saúde, o que pode resultar em menores taxas de óbito.

A partir das análises realizadas pode-se perceber que, os dados referentes

aos fatores “média de moradores em domicílios particulares ocupados” e

“percentual de moradores em domicílios particulares permanentes sem fogão”, se

mostraram úteis para compor uma matriz de indicadores de saúde ambiental

infantil relacionados às doenças respiratórias. Cabe ressaltar que a

disponibilidade dos dados referentes à média de moradores em domicílios

particulares ocupados durante somente um ano, faz com que este indicador

perca a sua capacidade de inferir tendências e avaliar efeitos de acontecimentos

e fatos relacionados ao mesmo (historicidade). O indicador “percentual de

moradores em domicílios particulares permanentes sem fogão”, foi utilizado como

uma forma de quantificar o percentual de moradores que utilizam a lenha para

cozinhar. Entretanto, não é específico, embora também possa refletir uma

condição de extrema pobreza. Em contrapartida, os dados relacionados a “frota

acumulada de veículos emplacados”, não se mostraram úteis como um indicador

de exposição a poluentes atmosféricos.

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106

Doenças Diarreicas

Em relação aos dados sobre abastecimento de água, utilizados nas

análises referentes às doenças diarreicas, cabe ressaltar que existem alterações

na forma de disponibilização dos mesmos. Quando as informações foram

coletadas durante o censo de 2000, deixaram de ser disponibilizadas

informações sobre as fontes “carro-pipa”; “água da chuva” e “Rio, açude, lago ou

igarapé”, disponibilizadas para o recorte territorial “aglomerados subnormais”, no

ano de 2010. Estas alterações podem ser consideradas como um fator limitante

na utilização destes dados na construção de indicadores, uma vez que

impossibilita a comparação da situação em diferentes situações e momentos de

tempo e a avaliação de efeitos de políticas que tenham sido ou venham a ser

implementadas.

A correlação positiva encontrada entre o percentual de municípios com

racionamento constante de água e a taxa de mortalidade por diarreia é

compatível com os achados de Jensen e colaboradores (2004) sobre o impacto

que a melhoria na quantidade de oferta da água conseguiria produzir na

ocorrência das doenças diarreicas.

As informações sobre a situação de saneamento disponíveis no sítio do

DATASUS não foram utilizadas, uma vez que as informações são referentes às

áreas atendidas pela Estratégia Saúde da Família (ESF) e são expressas em

número de famílias. O fato de não haver homogeneidade na abrangência desta

estratégia e não haver possibilidade de relativizar as informações sobre número

de famílias dificulta, e por vezes impossibilita, a utilização das mesmas em

estudos deste tipo. Além disso, deve ser levado em consideração que o fato de

ser beneficiária da ESF pode interferir no padrão de adoecimento e de

mortalidade de uma população, no que diz respeito ao acesso á saúde, podendo

desta forma, ter influência nos resultados.

Os resultados encontrados nas análises referentes às doenças diarreicas

se mostraram compatíveis com os dados da literatura que evidenciaram a

existência de vínculos entre a ocorrência destas doenças e as condições

referentes à oferta de água tratada, ao serviço de coleta e tratamento de esgoto e

à condição de higiene (TEIXEIRA et al., 2011; YONGSI, 2010; TESCHKE, et al.,

2010; CALIJURI et al., 2009; TEIXIERA & GUILHERMINO, 2006; TEIXEIRA &

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107

HELLER, 2005; JENSEN et al., 2004; HELLER et al., 2003; CIFUENTES et al.,

2002; WHO, 2002a).

Por fim, convém evidenciar que embora algumas informações tenham se

mostrado úteis e adequadas para a construção destes indicadores, a

disponibilidade das informações somente em um ponto no tempo, compromete a

construção dos mesmos. Caso não existam informações ao longo do tempo, o

indicador perde algumas de suas propriedades desejáveis, tais como a

disponibilização regular (Periodicidade de Atualização), que afeta a

comparabilidade dos valores apresentados pelos mesmos, impossibilitando

também a capacidade de inferir tendências e avaliar impactos de ações de

saúde.

Injúrias

Considerando as injúrias, a relação inversa evidenciada pelos resultados

obtidos, que sugerem que quanto maior a frota acumulada de veículos

emplacados, menores são as taxas de acidentes de trânsito e de mortalidade por

acidentes de trânsito terrestres são contrários ao que se esperaria encontrar.

Entretanto, esta relação inversa pode ser resultado de limitações do desenho do

estudo utilizado, como por exemplo, a incapacidade de investigar a ocorrência de

fatores de confundimento na associação observada. Neste caso, pode-se inferir

que localidades com maior frota de automóveis podem ser localidades com maior

desenvolvimento econômico e maior oferta e acesso aos serviços de saúde, o

que pode resultar em menores taxas de óbito. Corroborando a possível

implicação do desenvolvimento econômico na associação observada, Sauer, &

Wagner (2003), encontram uma correlação positiva e estatisticamente

significativa entre o índice de mortos em acidentes de trânsito e a taxa de

mortalidade infantil. Neste estudo, os autores utilizaram a taxa de mortalidade

infantil como indicador do nível socioeconômico e discutem os seus achados com

dados da literatura que indicam a participação de vários fatores na ocorrência de

mortes no trânsito, dentre os quais o desenvolvimento econômico. Além disso,

deve ser levado em consideração o fato de que a entrada em vigor de uma

legislação mais rigorosa relacionada ao consumo de álcool e direção (“Lei Seca”)

seja responsável pela diminuição de acidentes e mortes. Em relação aos

impactos de ações governamentais nas taxas de internação e de mortalidade por

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acidente de trânsito, Bacchieri & Barros (2011), em artigo de revisão sobre

acidentes de trânsito no Brasil, relacionam estudos que demonstraram queda

nestas taxas após a implementação da “Lei Seca”. Da mesma forma, os

resultados obtidos com a análise entre renda e taxa de violência por

negligência/abandono, que mostraram correlação positiva entre estes dois

fatores, não são compatíveis com os dados da literatura. Em estudo de revisão

sobre injúrias não intencionais ocorridas no ambiente domiciliar Paes & Gaspar

(2005), verificaram que existe uma maior chance de ocorrência deste tipo de

injurias entre os indivíduos que vivem em moradias em condições de exclusão,

como desemprego, e condições inadequadas de moradia. Um risco aumentado

para a ocorrência de injurias entre crianças que moravam em comunidades com

menor nível de desenvolvimento também foi observado por Fatami e

colaboradores (2009), em estudo com dados provenientes do Inquérito Nacional

de Saúde do Paquistão. No entanto, municípios que apresentam maiores valores

de rendimento são os mesmos que atraem uma parcela da população em busca

de melhores condições de vida e emprego, mas que acabam por integrar áreas

de pobreza e de exclusão social.

A partir das análises realizadas, nenhum dos dados disponíveis sobre os

fatores ambientais estudados se mostraram úteis para a construção de

indicadores de saúde ambiental infantil, relacionados às injúrias. A inexistência

de correlação encontrada com a análise dos dados disponíveis sobre a média de

moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais e

com a análise dos acidentes de trabalho não é compatível com a literatura (PAES

& GASPAR, 2005; FATAMO et al., 2009; CASTRO et al., 2005; COOPER &

ROTHSTEIN, 1995; CASTILLO et al., 1994). Este achado pode ser devido à

disponibilidade temporal e ou ao tipo de informação disponível, no caso da média

de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais

e dos acidentes de trabalho, respectivamente. Por fim, a implicação de múltiplos

fatores na ocorrência de acidentes e mortes relacionadas ao trânsito, faz com

que os dados isolados sobre a frota acumulada de veículos não sejam capazes

de indicar variações nestes desfechos. Da mesma forma, por se tratar de

desfechos que podem apresentar diferentes fatores associados, com igual nível

de importância, como o nível de instrução e a quantidade de filhos para análise

da negligência e abandono e a área de moradia e condição social para a análise

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de homicídio, os valores de renda e de escolaridade obtidos de forma agregada

não se constituem um bom indicador para estes desfechos.

Neoplasias

A observação de correlação positiva entre a frota cumulada e as taxas de

mortalidade e de internação por neoplasia do sistema nervoso central está de

acordo com os resultados do estudo caso-controle realizado em 2009 por Weng e

colaboradores. Neste estudo, os autores utilizaram a quantidade de postos de

combustíveis por área, para estimar a poluição proveniente do tráfego automotivo

e evidenciaram um aumento na chance de ocorrência de morte por neoplasia

entre os indivíduos que moravam em áreas com maior quantidade de postos.

Entretanto, a inexistência de correlação entre este fator e os desfechos

relacionados à leucemia pode estar relacionada aos dados utilizados. De acordo

com os dados de óbitos por leucemia obtidos junto ao SIM, inexistem óbitos em

uma unidade da federação nos anos de 2004, 2005, 2008, 2009 e 2010, apesar

da existência de casos de internação.

Os resultados das análises realizadas entre o consumo de agrotóxicos e

as taxas de mortalidade e de internação por leucemia se mostraram semelhantes

aos encontrados nas análises que envolveram o fator “frota acumulada de

veículos emplacados”, sendo possível suspeitar que a ausência de óbitos citada

acima seja responsável pela incapacidade de evidenciar correlação. A

observação de correlação positiva entre o consumo de agrotóxicos e as taxas de

internação e de mortalidade por neoplasias do sistema nervoso central estão de

acordo com dados da literatura que identificaram a existência de associação

entre a ocorrência de neoplasia em crianças e a exposição própria e dos pais a

agrotóxicos (TURNER et al, 2001; NASTERLACK, 2006).

Tanto a frota acumulada de veículos emplacados quanto a

comercialização de agrotóxicos se mostraram úteis como indicadores de saúde

ambiental infantil, relacionados à ocorrência de leucemia e neoplasia do sistema

nervoso central. É importante ressaltar que, a inexistência de correlação

encontrada com a análise dos dados disponíveis sobre as taxas de mortalidade

não é compatível com a literatura (Turner et al.,2011; Weng et al., 2009;

Nasterlack, 2006). Este achado pode ser devido a problemas relacionados à

fidedignidade dos dados utilizados, normalmente originados a partir de falhas no

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110

preenchimento da declaração de óbito cuja principal consequência é o grande

número de declarações com indefinição da causa básica do óbito.

Em resumo, como resultado final das análises realizadas, foi possível

verificar que das informações disponíveis para a construção dos indicadores de

saúde ambiental infantil, algumas se mostraram úteis, adequadas e com

disponibilidade de acesso ao longo do tempo. No entanto, outras informações se

mostraram úteis e adequadas, porém sem disponibilidade ao longo do tempo, e

ainda outras se mostraram inadequadas devido à forma de disponibilização, ou

mesmo inexistentes.

Em relação às doenças perinatais, os resultados deste estudo

evidenciaram a existência de dados ambientais, demográficos, sociais e de

saúde adequados para a sua utilização como ferramentas da vigilância em saúde

ambiental, por meio da construção de indicadores sobre a densidade domiciliar, a

renda, a densidade veicular, a comercialização de agrotóxicos, a escolaridade

materna, a taxa de mortalidade perinatal, a taxa de recém-nascidos com baixo

peso ao nascer, a taxa de recém-nascidos com malformação congênita e a taxa

de recém-nascidos com malformação neurológica congênita. Verificou-se

também a inexistência de dados adequados à construção de indicadores sobre

insegurança alimentar, mulheres em idade fértil em condição de desnutrição,

mulheres em idade fértil vivendo em áreas de queimada e mulheres em idade

fértil vivendo em áreas com poluição atmosférica (Quadro 8).

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111

Quadro 8 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às doenças perinatais.

Indicador Componente FPSEEA

Origem dos Dados

Densidade domiciliar Situação Média de moradores em domicílios particulares ocupados– Censo Demográfico - IBGE

Mulher em idade fértil, trabalhando em empregos irregulares

Exposição Valor do rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade – PNAD – IBGE.

Densidade veicular Exposição Frota acumulada de veículos emplacados, por ano de fabricação - DENATRAN

Consumo de agrotóxicos Exposição AGROFIT – MAPA*

Escolaridade da mãe Exposição Escolaridade Materna – SINASC - DATASUS

Taxa de mortalidade perinatal Efeito Número de casos de óbitos fetais e Número de óbitos até o 7º dia de vida – SIM - DATASUS

Taxa de recém-nascidos com baixo peso ao nascer

Efeito Número de casos de baixo peso ao nascer – SINASC - DATASUS

Taxa de recém-nascidos com malformação congênita

Efeito Número de casos de malformação – SINASC - DATASUS

Taxa de recém-nascidos com malformação congênita neurológica

Efeito Número de casos de malformação neurológica congênita – SINASC - DATASUS

* dados disponibilizados pelo MAPA, entretanto de difícil coleta. Disponibilizados pelo Ministério da Saúde, por meio de solicitação pessoal da autora.

Cabe ressaltar que as informações sobre a densidade domiciliar não estão

disponíveis ao longo do tempo, o que inviabiliza a capacidade do indicador de

inferir tendências e avaliar os efeitos de ações eventualmente implantadas,

comprometendo a sua historicidade. A dificuldade de obtenção dos dados

referentes à comercialização de agrotóxicos deve ser destacada, uma vez que

afeta uma das características essenciais de um indicador, que se refere à

factibilidade para obtenção. Além deste, os dados sobre a densidade veicular

devem ser utilizados com cautela, uma vez que não se mostraram específicos

para a situação estudada, uma vez que podem refletir não somente a poluição

atmosférica, como também a situação de desenvolvimento do local.

Quando comparados com os indicadores de saúde ambiental infantil

relacionados às doenças perinatais já desenvolvidos em âmbito internacional,

pela OMS (WHO, 2003a), verifica-se que a taxa de mortalidade perinatal e a taxa

de recém-nascidos com malformação congênita também são utilizadas pela

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112

OMS. As informações referentes a recém-nascidos com baixo peso podem ser

relacionadas ao indicador referente ao retardo no crescimento intrauterino em

recém nascidos utilizado pela OMS. É possível também relacionar-se os

indicadores de densidade domiciliar, renda e escolaridade materna com aqueles

utilizados pela OMS referentes a crianças vivendo na pobreza, pessoas vivendo

em assentamentos informais e mulheres em idade fértil trabalhando em

empregos informais, uma vez que as condições estudadas são capazes de

refletir a pobreza e as piores condições sociais. As informações sobre a condição

e o risco de desnutrição, preconizadas pela OMS, também são importantes para

a população infantil brasileira, entretanto, não foram identificados dados capazes

de refletir tais informações.

Também foram consideradas importantes as informações sobre a poluição

atmosférica e a existência de queimadas, entretanto, os dados nacionais

disponíveis, além de preliminares, são de difícil coleta e consolidação. Tais dados

são disponibilizados por ano e por munícipio, vinculado à unidade da federação e

região, em ordem alfabética da unidade da federação seguida pela ordem

alfabética do município. Desta forma, torna-se necessária a reconfiguração da

planilha disponibilizada para que os dados apresentem a configuração necessária

para a análise realizada. A existência de mais de 5.500 municípios, que se traduz

na mesma quantidade de linhas da planilha, dificulta a manipulação destes

dados. Aliado a este fato, a construção de uma série temporal com os dados,

inclui uma nova manipulação dos mesmos. Cabe ressaltar que também foi

realizada uma tentativa de obtenção dos dados sobre poluição atmosférica,

disponibilizados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB),

referente ao estado de São Paulo. Entretanto, a falta de sincronia entre a

disponibilidade espacial dos dados de saúde e a dos dados ambientais,

impossibilitou a realização das análises. Como exemplo, pode ser citada a

diferença observada entre o DATASUS e a CETESB na abrangência espacial de

uma mesma região. Pelo DATASUS, a região do Alto Tietê compreende as

localidades de Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema,

Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e

Suzano. Pela CETESB, a mesma região compreende as localidades de Santana,

Mauá, Parque D. Pedro II, Congonhas, Ibirapuera, Mooca, São Caetano do Sul,

Cerqueira César, Diadema, Nossa Senhora do Ó, Parelheiros, Pinheiros, S.

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113

André-Capuava, S. Bernardo-Paulicéia, Taboão da Serra, Osasco e S. André-

Paço, quando o parâmetro é PM10.

Em relação às doenças respiratórias, os fatores ambientais cujos dados se

mostraram adequados à construção de indicadores de saúde ambiental para a

população infantil foram a densidade domiciliar, as taxas de morbidade por

doenças respiratórias das vias aéreas superiores e de morbidade por asma e a

taxa de mortalidade por infecção das vias aéreas inferiores (Quadro 9).

Quadro 9 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às doenças respiratórias.

Indicador Componente FPSEEA

Origem dos Dados

Densidade domiciliar Situação Média de moradores em domicílios particulares ocupados– Censo Demográfico - IBGE

Crianças vivendo em casas onde se utiliza álcool ou carvão para cozinhar

Exposição Percentual de moradores em domicílios particulares permanentes, segundo existência de fogão no domicílio. - PNAD

Morbidade por doenças respiratórias das vias aéreas superiores

Efeito Internação por doenças respiratórias das vias aéreas superiores – SIH-SUS - DATASUS

Mortalidade por infecção das vias aéreas inferiores

Efeito Mortalidade por infecção das vias aéreas superiores – SIM - DATASUS

Taxa de morbidade por asma Efeito Internação por asma – SIH-SUS - DATASUS

Da mesma forma que o descrito para as doenças perinatais, as

informações sobre a densidade domiciliar não apresentam a característica de

historicidade, o que compromete a utilização do indicador. A utilização das

informações sobre a existência de fogão no domicílio deve ser realizada com

cautela, uma vez que a mesma não necessariamente representa a utilização de

lenha e pode refletir pior condição econômica.

No que diz respeito às doenças respiratórias, os dados disponíveis nos

permitem construir alguns dos indicadores compatíveis com os preconizados no

âmbito internacional. Tanto a OMS (2003a) quanto a OPAS (2007) apresentam

indicadores relacionados à qualidade do ar em ambientes internos. A primeira

apresenta o indicador “Crianças vivendo em casas onde se utiliza álcool ou

carvão para cozinhar e aquecimento”, enquanto a segunda apresenta juntamente

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114

com a Comissão para a Cooperação Ambiental da América do Norte o indicador

“Qualidade do ar em lugares fechados” e o indicador “Proporção de menores que

vivem em casas onde se usam combustíveis de biomassa ou carvão” como

relevante para a região das Américas (MONTOYA et al., 2011), o que pode ser

comparável ao indicador relacionado à ausência de fogão no domicílio, caso este

seja capaz de indicar a utilização de lenha para cozinhar. Além deste, a

densidade demográfica também é apontada pela OMS (2003a), como um

indicador capaz de refletir condições ambientais relacionadas às doenças

respiratórias. Em se tratando de indicadores de efeito, a utilização das taxas de

mortalidade por vias aéreas inferiores e de morbidade por infecção das vias

aéreas superiores está de acordo com o preconizado pela OMS (2003a)

enquanto que a utilização das taxas de morbidade por asma se encontra em

consonância com o recomendado tanto pela OMS (2003a) quanto pela OPAS

(2007). Cabe ressaltar que a exposição à poluição atmosférica é recomendada

como um indicador pelas duas organizações e que a impossibilidade de utilização

de dados sobre a poluição atmosférica se constitui em uma importante limitação

no monitoramento das condições ambientais capazes de interferir na saúde

respiratória das crianças. Seguindo o mesmo raciocínio, a inadequação dos

dados sobre a densidade veicular, indicador recomendado pela OMS (2003a),

também traz limitações a este monitoramento.

Os dados que se mostram úteis para a construção de indicadores, de

saúde ambiental infantil, relacionados às doenças diarreicas foram os

relacionados a falhas no sistema de abastecimento de água, a existência de

pessoas vivendo em assentamentos informais, a existência de pessoas vivendo

em casas sem serviço de saneamento básico e higiene e as taxas de mortalidade

e de morbidade por doenças diarreicas (Quadro 10). Entretanto, apesar da

existência de dados adequados para a construção destes indicadores, a falta de

disponibilização dos dados em anos não censitários, faz com que a historicidade

do indicador seja prejudicada. Aliado a este fato, a alteração na forma de coleta e

disponibilização dos dados em anos censitários diferentes prejudica ainda mais a

capacidade do indicador de registrar alterações na situação que se quer

monitorar.

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115

Quadro 10 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às doenças diarreicas

Indicador Componente FPSEEA

Origem dos Dados

Falhas no sistema de abastecimento de água

Situação Percentual de moradores abastecidos pela rede de abastecimento de água – Censo Demográfico - IBGE Percentual de municípios com racionamento de água – PNSB - IBGE

Pessoas vivendo em assentamentos informais

Exposição Média de moradores em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais – Censo Demográfico - IBGE

Crianças vivendo em casas sem serviços de saneamento básico e higiene

Exposição Percentual de municípios em relação à existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio– Censo Demográfico - IBGE Percentual de domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios particulares permanentes por situação e tipo do esgotamento sanitário– Censo Demográfico - IBGE

Taxa de mortalidade por diarreia Efeito Mortalidade por diarreia – SIM - DATASUS

Taxa de morbidade por diarreia Efeito Internação por diarreia – SIH-SUS - DATASUS

No tocante às doenças diarreicas, as duas organizações internacionais de

saúde concordam em apontar que indicadores de exposição relacionados à

quantidade e à qualidade da água utilizada e ao saneamento, bem como

indicadores de efeito referentes ás taxas de morbidade e mortalidade de crianças

atribuídas às doenças causadas pela contaminação da água são importantes

ferramentas para o monitoramento da situação de saúde relacionada às doenças

diarreicas (OMS, 2003a;OPAS, 2007). No que se refere ao Brasil, a

disponibilidade dos dados ao longo do tempo garante somente a construção dos

indicadores de efeito preconizados, de forma contínua. Para a construção dos

indicadores de exposição acima descritos, é necessário que os dados sejam

disponibilizados de forma contínua e sem alteração na forma de coleta e/ou

disponibilização.

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116

Ainda sobre as doenças diarreicas, a construção de um indicador

relacionado a pessoas vivendo em assentamentos informais está de acordo com

o preconizado pela OMS (2003a) e, dados devem ser disponibilizados de forma

contínua para que possam ser utilizados para a população infantil brasileira.

Cabe ressaltar que, apesar da ocorrência de desastres capazes de afetar a

disponibilidade de água e saneamento e do fato de que a OMS (2003a)

recomenda a utilização de um indicador referente a crianças afetadas por

desastres, a indisponibilidade de dados sobre o assunto impede a construção

deste indicador para a população brasileira.

Em se tratando das injúrias, a OMS (2003a) recomenda a utilização de

indicadores tanto de exposição quanto de efeito. Os primeiros são relacionados à

condição de pobreza, à ocorrência de desastres, à proximidade de vias com

tráfego intenso, ao envolvimento com trabalho regular e à moradia em condições

inadequadas, enquanto que os últimos se referem às taxas de mortalidade e

morbidade por injúrias. Os dados disponíveis nos sistemas de informação

utilizados somente permitiram a construção de indicadores de efeito semelhantes

aos preconizados pela OMS (2003a), onde as taxas de morbidade e de

mortalidade são construídas utilizando os diferentes tipos de injúrias somados.

Quanto aos indicadores de exposição, os dados disponíveis não se mostraram

úteis para a construção de indicadores (Quadro 11). Esta incapacidade dos

dados pode ser explicada por diferentes motivos, dependendo do tipo de

indicador. A incapacidade de englobar os múltiplos fatores que interferem na

ocorrência de acidentes faz com que os dados isolados de densidade veicular

não se mostrem correlacionados com as taxas de morbidade nem de mortalidade

por acidentes de trânsito. O mesmo pode ser observado em relação aos dados

sobre os valores de renda e de escolaridade, que influenciam e são influenciados

pelo nível de instrução, quantidade de filhos e condição social dentre outros. A

falta de correlação encontrada quando as taxas de acidentes de trabalho foram

utilizadas como desfecho pode estar associada à utilização de dados

provenientes de uma pesquisa, onde os valores referentes a um único mês

representariam um ano. Ainda sobre os dados utilizados na construção de alguns

desfechos como as taxas de negligência/abandono, de acidentes e violências e

de acidentes por animais peçonhentos, deve-se observar que eles são obtidos

em um sistema de informação cuja alimentação dos dados, apesar de obrigatória,

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117

não é passível de penalidade em caso de não notificação e que pode ser

influenciada pela estrutura da vigilância epidemiológica municipal.

Quadro 11 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às injúrias

Indicador Componente FPSEEA

Origem dos Dados

Taxa de mortalidade violência Efeito Mortalidade por violência – SIM - DATASUS

Taxa de morbidade por violência Efeito Internação por violência – SIH-SUS - DATASUS

Diferentemente do que acontece com os outros agravos, nenhuma das

duas organizações de saúde estabelecem como prioridade a construção de

indicadores relacionados à ocorrência de neoplasia na população infantil.

Entretanto, como neoplasia é a segunda causa de mortalidade na população

infanto-juvenil brasileira, e o responsável pela maior perda de potenciais anos de

vida nesta faixa etária (INCA, 2012b; SILVA et al., 2002), este trabalho buscou

dados adequados para a construção de indicadores de exposição relacionados à

comercialização de agrotóxicos e à densidade veicular, este último como forma

indireta de poluição atmosférica, uma vez que, como descrito anteriormente, os

dados sobre a poluição atmosférica, além de preliminares são de difícil coleta e

consolidação. Além destes indicadores de exposição, também foram procurados

dados adequados para a construção de indicadores de efeito, como as taxas de

mortalidade e morbidade, tanto por leucemia quanto por neoplasia do sistema

nervoso central. A escolha destes indicadores de efeito e de exposição está de

acordo com dados da literatura que evidenciaram a associação existente entre os

mesmos (Turner et al., 2011; Weng et al., 2009; Nasterlack, 2006; WHO, 2002a).

A partir dos resultados obtidos foi possível verificar que os dados sobre a

comercialização de agrotóxicos, a densidade veicular e a morbidade e

mortalidade por leucemia e neoplasia do sistema nervoso central se mostraram

úteis para a construção de indicadores de saúde ambiental infantil relacionados à

ocorrência de neoplasia (Quadro 12). Como já descrito anteriormente, os dados

sobre a comercialização de agrotóxicos são de difícil obtenção, situação esta que

deve ser alterada para que os mesmos possam ser úteis e adequados para a

construção do indicador. Ainda sobre este tema, cabe ressaltar que, apesar de

não vincular a sua utilização ao monitoramento das condições ambientais

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118

relacionadas às neoplasias, a OPAS (2007) preconiza a utilização de um

indicador sobre a concentração corporal, a concentração nos alimentos ou a

comercialização de pesticidas, com o monitoramento dos efeitos de substâncias

tóxicas na saúde infantil.

Quadro 12 – Origem de dados úteis para a construção de Indicadores de saúde ambiental infantil relacionados às neoplasias

Indicador Componente FPSEEA

Origem dos Dados

Consumo de agrotóxicos Exposição AGROFIT – MAPA*

Densidade veicular Exposição Frota acumulada de veículos emplacados, por ano de fabricação - DENATRAN

Taxa de mortalidade por leucemia Efeito Mortalidade por leucemia – SIM - DATASUS

Taxa de mortalidade por neoplasia do sistema nervoso central

Efeito Mortalidade por neoplasia do sistema nervoso central – SIM - DATASUS

Taxa de morbidade por leucemia Efeito Internação por leucemia – SIH-SUS - DATASUS

Taxa de morbidade por neoplasia do sistema nervoso central

Efeito Internação por neoplasia do sistema nervoso central – SIH-SUS - DATASUS

* dados disponibilizados pelo MAPA, entretanto de difícil coleta. Disponibilizados pelo Ministério da Saúde, por meio de solicitação pessoal da autora.

Em resumo, o quadro 13 apresenta os indicadores ambientais,

demográficos, sociais e de saúde, que podem ser utilizados como ferramentas da

vigilância em saúde ambiental para a população infantil, e são capazes de serem

construídos com os dados existentes.

A utilização destes indicadores no monitoramento das condições

ambientais e sociais relacionadas à saúde da população infantil é de grande

importância, uma vez que tais condições são responsáveis pelo adoecimento e

pela mortalidade de crianças e adolescentes que são na sua maioria evitáveis.

Levando em consideração o fato de que, segundo a OMS (2009), o ambiente é

responsável por cerca de 90% da ocorrência de doenças diarreicas e que uma

grande parcela destas pode ser relacionada às condições de saneamento, o

monitoramento das condições ambientais, por meio do acompanhamento dos

indicadores sobre a situação do esgotamento sanitário, por exemplo, é de grande

valia no conhecimento da situação atual de cobertura, na elaboração de

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119

propostas que visem melhorar esta cobertura e no acompanhamento das

melhorias efetivamente implementadas. Cabe ressaltar que, de acordo com as

informações disponíveis no DATASUS, estas doenças, juntamente como as

doenças respiratórias, se constituem nas principais causas de mortalidade e

morbidade das crianças brasileiras de 0 a 5 anos (DATASUS 2013). Sobre estas

últimas, o conhecimento sobre as condições de moradia, principalmente sobre a

densidade domiciliar existente nas diferentes regiões, unidades da federação,

municípios e localidades dentro destes últimos, pode auxiliar no planejamento de

políticas públicas específicas para as localidades com maiores densidades

domiciliares e no acompanhamento dos impactos provocados por estas políticas

ao longo do tempo.

O uso de indicadores sobre a escolaridade e rendimento da mãe, assim

como a densidade veicular e o consumo de agrotóxicos, como forma de

acompanhamento das condições sociais e ambientais capazes de influenciar a

morbidade e a mortalidade perinatal, se justifica, uma vez que, no Brasil, a taxa

de mortalidade perinatal, apesar de apresentar declínio, ainda é considerada alta

e se apresenta de forma desigual entre as diferentes regiões brasileiras, muito

provavelmente devido a diferenças no desenvolvimento econômico e social

destas regiões (FONSECA & COUTINHO, 2008; MARTINS et al., 2013). A

utilização do conhecimento sobre as condições sociais existentes nas diferentes

regiões, por meio da construção de indicadores referentes à escolaridade e à

renda materna, deve ser encarada como uma oportunidade de estabelecimento

de políticas públicas voltadas para o enfrentamento de problemas relacionados à

formação educacional, de forma diferenciada e apropriada para cada situação

encontrada. Por outro lado, os indicadores de densidade veicular e o consumo de

agrotóxicos, se mostram importantes para o acompanhamento da evolução

temporal e regional destas condições que afetam as taxas de ocorrência de baixo

peso ao nascer e malformação congênita. Tal acompanhamento deve ser

pensando não somente na possibilidade de prever mais ou menos casos em

função do aumento ou diminuição das taxas, mas principalmente na possiblidade

de ajustes nas políticas de desenvolvimento e de produção de alimentos

utilizadas no país.

A importância destes dois indicadores aumenta uma vez que os mesmos

também são úteis no monitoramento da ocorrência de leucemias e neoplasias do

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120

sistema nervoso central na população infantil brasileira que, juntamente com os

linfomas, são os três tumores mais frequentes na infância, no Brasil (INCA,

2012b). Desta forma, estes indicadores poderão propiciar o conhecimento capaz

de subsidiar ajustes em políticas relacionadas à taxa de mortalidade por afecções

originadas no período perinatal (< 1 ano) igual a 8,21 por 1.000 no ano de 2011 e

à taxa de internação por leucemia igual a 37,93 por 100.000, entre os indivíduos

de 1 a 4 anos, no ano de 2012 (DATASUS, 2013).

Como pode ser observado no quadro 13, não foi possível identificar dados

adequados para a construção de indicadores de exposição relacionados às

injúrias. Tal fato merece atenção, uma vez que, de acordo com as informações

disponíveis no site do DATASUS, os acidentes e violências se constituíram na

primeira causa de mortalidade entre os indivíduos de 10 a 14 anos e do sexo

masculino, no ano de 2012. Neste caso, é necessário que sejam disponibilizados,

de forma contínua e oportuna, dados sobre crianças vivendo em casas inseguras,

perigosas ou insalubres, bem como em condições inadequadas no entorno da

moradia e em áreas afetadas por desastres.

A falta de disponibilização de dados sobre o saneamento ambiental de

forma contínua prejudica o acompanhamento da evolução temporal e a avaliação

da eficácia da adoção das medidas pertinentes, características essenciais a um

indicador. Outro fator importante que prejudica a factibilidade para obtenção de

um indicador foi observado na disponibilização de forma inadequada dos dados

sobre a comercialização de agrotóxicos e sobre a poluição atmosférica. Em

relação ao primeiro, a única possibilidade de acesso público aos dados de

comercialização se dá por meio da coleta dos valores por ingrediente ativo e

semestre do ano, o que torna esta coleta extremamente longa e passível de erro.

De outra forma, os dados disponibilizados, mediante pedido da autora, são

consolidados pelo total de agrotóxico (ingrediente ativo), por semestre do ano.

Tendo em vista que estes dados se mostraram adequados para a construção de

indicadores relacionados às doenças perinatais e às neoplasias, a

disponibilização dos mesmos de forma consolidada deve ser praticada.

No que se refere aos dados sobre a poluição atmosférica, além da

disponibilização de forma inadequada que também dificulta a coleta, conforme

descrito acima, o caráter preliminar dos dados é capaz de afetar a acurácia de

um indicador construído a partir dos mesmos. Cabe ressaltar que, pelo fato deste

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121

tipo de indicador poder trazer informações essenciais à vigilância e

consequentemente às ações de promoção de saúde relacionadas às doenças

respiratórias, às doenças perinatais e às neoplasias, a disponibilização de dados

que não preliminares e de mais fácil coleta deve ser considerada essencial.

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Quadro 13 – Indicadores disponíveis para serem utilizados como ferramenta da vigilância em saúde ambiental para a população infantil.

Agravo Indicador Componente FPSEEA

Doenças Perinatais

Densidade domiciliar Situação

Mulher em idade fértil, trabalhando em empregos irregulares

Exposição

Densidade veicular Exposição

Consumo de agrotóxicos Exposição

Escolaridade da mãe Exposição

Taxa de mortalidade perinatal Efeito

Taxa de recém-nascidos com baixo peso ao nascer

Efeito

Taxa de recém-nascidos com malformação congênita

Efeito

Taxa de recém-nascidos com malformação congênita neurológica

Efeito

Doenças Respiratórias

Densidade domiciliar Situação

Crianças vivendo em casas onde se utiliza álcool ou carvão para cozinhar

Exposição

Morbidade por doenças respiratórias das vias aéreas superiores

Efeito

Mortalidade por infecção das vias aéreas inferiores

Efeito

Taxa de morbidade por asma Efeito

Doenças Diarreicas

Falhas no sistema de abastecimento de água Situação

Pessoas vivendo em assentamentos informais Exposição

Crianças vivendo em casas sem serviços de saneamento básico e higiene

Exposição

Taxa de mortalidade por diarreia Efeito

Taxa de morbidade por diarreia Efeito

Injúrias Taxa de mortalidade violência Efeito

Taxa de morbidade por violência Efeito

Neoplasias Consumo de agrotóxicos Exposição

Densidade veicular Exposição

Taxa de mortalidade por leucemia Efeito

Taxa de mortalidade por neoplasia do sistema nervoso central

Efeito

Taxa de morbidade por leucemia Efeito

Taxa de morbidade por neoplasia do sistema nervoso central

Efeito

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123

Conclusão

A partir dos resultados descritos, pode-se concluir que os sistemas de

informações oficiais existentes disponibilizam dados com qualidade adequada

para a construção de indicadores. Alguns destes dados foram capazes de refletir

as associações, descritas na literatura, entre exposição ambiental e a ocorrência

de doenças na população infantil brasileira, o que os torna aptos a serem

utilizados como indicadores de saúde ambiental para a população infantil

brasileira. Entretanto, apesar da existência de problemas relacionados à

disponibilização de alguns dados no que se refere à forma e temporalidade, é

possível construir indicadores de saúde ambiental infantil necessários para o

conhecimento e monitoramento das condições de saúde relacionadas às

doenças diarreicas, perinatais, respiratórias, às neoplasias e às injúrias, com os

dados existentes.

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143

Anexo I

Indicadores de saúde ambiental infantil, validados pelos Especialistas presentes

no Taller Saúde Ambiental Infantil - Brasília 27 e 28/11/2013.

Agravo Indicador Componente FPSEEA

Doenças Perinatais

Densidade domiciliar Situação

Insegurança alimentar Situação

Mulher em idade fértil em condição de subnutrição Exposição

Mulher em idade fértil, trabalhando em empregos irregulares

Exposição

Mulher em idade fértil vivendo em áreas de queimada Exposição

Mulher em idade fértil vivendo em áreas com poluição atmosférica

Exposição

Densidade veicular Exposição

Consumo de agrotóxicos Exposição

Escolaridade da mãe Exposição

Taxa de mortalidade perinatal Efeito

Taxa de recém-nascidos com baixo peso ao nascer Efeito

Taxa de recém-nascidos com malformação congênita neurológica

Efeito

Doenças Respiratórias

Densidade domiciliar Situação

Crianças vivendo em locais próximos a vias com tráfego intenso

Exposição

Crianças vivendo em áreas com poluição por PM10 e PM 2,5

Exposição

Crianças vivendo em áreas de queimadas Exposição

Morbidade por doenças respiratórias das vias aéreas superiores

Efeito

Mortalidade por infecção das vias aéreas inferiores Efeito

Taxa de morbidade por asma Efeito

Taxa de morbidade por pneumonia Efeito

Taxa de morbidade por otite média Efeito

Taxa de morbidade por bronquite Efeito

Taxa de morbidade por alergias respiratórias Efeito

Taxa de morbidade por rinite alérgica Efeito

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Indicadores de saúde ambiental infantil, validados pelos Especialistas presentes

no Taller Saúde Ambiental Infantil - Brasília 27 e 28/11/2013 (Cont.).

Agravo Indicador Componente FPSEEA

Doenças Diarreicas

Falhas no sistema de abastecimento de água Situação

Pessoas vivendo em assentamentos informais Exposição

Crianças vivendo em áreas afetadas por desastres Exposição

Crianças vivendo em casas sem serviços de saneamento básico e higiene

Exposição

Taxa de mortalidade por diarreia Efeito

Taxa de morbidade por diarreia Efeito

Taxa de morbidade por parasitoses intestinais Efeito

Taxa de morbidade por hepatite A Efeito

Taxa de morbidade por desnutrição Efeito

Acidentes e Violências

Crianças envolvidas em trabalho regular Situação

Pessoas vivendo em assentamentos informais Exposição

Crianças vivendo em condições inadequadas no entorno da moradia

Exposição

Crianças vivendo em casas inseguras, perigosas ou insalubres

Exposição

Crianças vivendo em áreas afetadas por desastres Exposição

Crianças vivendo em locais próximos a vias com tráfego intenso

Exposição

Taxa de mortalidade violência Efeito

Taxa de morbidade por violência Efeito

Taxa de morbidade por queimaduras Efeito

Taxa de morbidade por quedas Efeito

Taxa de morbidade por intoxicações Efeito

Taxa de morbidade por exposição às forças da natureza Efeito

Taxa de morbidade por acidentes de transporte Efeito

Neoplasias Consumo de agrotóxicos Exposição

Crianças vivendo em áreas com poluição Exposição

Densidade veicular Exposição

Taxa de mortalidade por leucemia Efeito

Taxa de morbidade por leucemia Efeito