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Alexandra Gomes de Figueiredo Licenciatura em Engenharia do Ambiente Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos hídricos superficiais em projectos rodoviários Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente - Perfil de Ordenamento do Território e Impactes Ambientais Orientadora: Professora Doutora Maria Paula Baptista da Costa Antunes, Professora Catedrática, FCT / UNL Júri: Presidente: Prof. Doutor Pedro Manuel da Hora Santos Coelho Vogais: Prof. Doutora Maria Paula Baptista da Costa Antunes Prof. Doutor João Miguel Dias Joanaz de Melo Julho 2013

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Alexandra Gomes de Figueiredo

Licenciatura em Engenharia do Ambiente

Avaliação de Impacte Ambiental do descritor

recursos hídricos superficiais em projectos

rodoviários

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente - Perfil de

Ordenamento do Território e Impactes Ambientais

Orientadora: Professora Doutora Maria Paula Baptista da

Costa Antunes, Professora Catedrática, FCT / UNL

Júri:

Presidente: Prof. Doutor Pedro Manuel da Hora Santos Coelho

Vogais: Prof. Doutora Maria Paula Baptista da Costa Antunes

Prof. Doutor João Miguel Dias Joanaz de Melo

Julho 2013

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O presente documento foi desenvolvido sem a utilização do Novo Acordo Ortográfico.

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Avaliação de Impacte Ambiental do descritor

recursos hídricos superficiais em projectos

rodoviários

“Copyright” de Alexandra Gomes de Figueiredo, FCT/UNL e UNL

“A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito,

perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicar esta dissertação através de

exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio

conhecido ou que venha a ser inventado, e de a divulgar através de repositórios científicos e de

admitir a sua cópia e distribuição com objectivos educacionais ou de investigação, não

comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e editor”

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Agradecimentos

É sempre difícil decidir a quem agradecer com o medo de excluir alguém. Mas sem dúvida

alguma os meus agradecimentos vão para a professora Paula Antunes e indubitavelmente para

os meus pais e para o meu irmão que me acompanharam com toda a paciência e carinho no

desenvolvimento deste trabalho.

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RESUMO

A protecção dos recursos naturais constitui uma prioridade do ser humano desde os tempos

primórdios. A introdução da Avaliação de Impacte Ambiental foi mais um passo nessa

prioridade tendo sido aplicado por todo o mundo.

Em Portugal, a Avaliação de Impacte Ambiental tomou especial destaque com a publicação do

Decreto-lei nº 186/90, de 6 de Junho, posteriormente revogado na totalidade pelo Decreto-lei

n.º 69/2000, o qual definiu os critérios a seguir no desenvolvimento das diferentes fases do

processo de Avaliação de Impacte Ambiental, de entre as quais se destacam os Estudos de

Impacte Ambiental.

Desde o ano da publicação do Decreto-lei n.º 69/2000 até Setembro de 2012 (data em que se

procedeu à análise considerada no presente trabalho) foram avaliados 958 Estudos de Impacte

Ambiental, sendo que destes 21% correspondem a projectos de vias rodoviárias.

Pela sua importância em termos sociais e económicos as vias de comunicação sempre se

destacaram. Tendo em consideração a sua importância estrutural tomou-se como ponto de

partida para o desenvolvimento do presente trabalho os Estudos de Impacte Ambiental

desenvolvidos sobre vias de comunicação e mais particularmente vias rodoviárias.

Complementarmente e dada a riqueza nacional em recursos hídricos superficiais, pretendeu-se

analisar o factor ambiental Recursos Hídricos Superficiais, ao nível dos Estudos de Impacte

Ambiental e definir uma metodologia que simplificasse a realização futura dos mesmos.

Da análise realizada verificou-se uma tendência para a realização de estudos baseados

essencialmente numa análise teórica e muitas vezes desgarrados da realidade em que o

projecto se desenvolve. Esta componente leva a que a caracterização da situação de

referência não seja muitas vezes realizada da forma mais adequada o que compromete a

avaliação de impactes e consequente proposta de medidas de minimização de impactes

negativos e de potenciação de impactes positivos.

Assim, e independentemente da listagem de pontos identificados como adequados para a

realização do descritor Recursos Hídricos, há que reforçar a necessidade de proceder a um

levantamento adequado de informação, o qual enriquecerá toda a análise realizada.

Palavras-Chave: Recursos Hídricos, Vias Rodoviárias, Avaliação de Impacte Ambiental

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ABSTRACT

The natural resources protection was always a priority for the human being since the earliest

times. The introduction of the Environmental Impact Assessment was another step in such

priority that in a way embraced the whole world.

In Portugal, the Environmental Impact Assessment took special prominence with the publication

of the decree law nº 186/90 of June 6, after being completely revoked by the decree law nº

69/2000, which defined the criteria to follow in the development of the different phases of the

Environmental Impact Assessment process, from which the Environmental Impact Statement is

highlighted.

Since the year of publication of the decree law nº 69/2000 until September 2012 (time on which

proceeded the considered analysis in the present work) 958 Environmental Impact Statement

were evaluated, 21% of which correspond to road projects.

For its importance in social and economical terms the roads of communication always stood up.

Given to its structural importance it became the beginning point for the development of this

present work of Environmental Impact Statement developed about communication routes and

more particularly roads.

In addition and due to the national riches in surface water resources, it was intended to analyze

the Surface Water Resources environmental factor in the level of the Environmental Impact

Statement and define a methodology to simplify the future performance of such.

From the performed analysis there was a tendency to perform studies essentially based on a

theorethical analysis that often strays from reality in which the project develops. This component

leads to the characterization of the reference situation that many times prevents its performance

in the most appropriate way which compromises the impact assessment and consequent

measures proposed to minimize the negative impacts and maximize positive impacts.

Therefore, regardless the identified points listing as appropriate to the performance of the Water

Resources descriptor, the need to proceed to an adequate information survey should be

reinforced, which will enrich all the performed analysis.

Keywords: Water Resources, Roads, Environmental Impact Assessment

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Lista de Abreviaturas e siglas

AE – Auto-estrada

AIA – Avaliação de Impacte Ambiental

APA – Agência Portuguesa do Ambiente, I.P.

CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio

CQO – Carência Química de Oxigénio

Cd – Cádmio

CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional

Cr - Crómio

Cu – Cobre

DIA – Declaração de Impacte Ambiental

DL – Decreto-Lei

EIA – Estudo de Impacte Ambiental

EN – Estrada Nacional

EP – Estradas de Portugal, E.P.E.

ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais

Fe – Ferro

HAP – Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares

IC – Itinerário Complementar

IP – Itinerário Principal

IST – Instituto Superior Técnico

LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil

Ni – Níquel

OD – Oxigénio Dissolvido

Pb - Chumbo

RECAPE – Relatório de Conformidade Ambiental com o Projecto de Execução

SST – Sólidos Suspensos Totais

Zn – Zinco

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Índice

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2. ENQUADRAMENTO ................................................................................................. 3

2.1. A Avaliação de Impacte Ambiental no mundo .......................................................... 3

2.2. A Avaliação de Impacte Ambiental em Portugal ...................................................... 4

2.3. Avaliação de Impacte Ambiental de vias Rodoviárias e do factor ambiental

recursos hídricos ...................................................................................................................... 9

2.4. Recursos Hídricos ................................................................................................... 12

2.5. Vias Rodoviárias ..................................................................................................... 16

2.5.1. Drenagem longitudinal ............................................................................................ 18

2.5.1.1. Dimensionamento das Redes de Drenagem Longitudinal ..................................... 21

2.5.2. Drenagem Transversal ........................................................................................... 24

2.5.2.1. Dimensionamento das Redes de Drenagem Transversal ...................................... 26

3. EXPERIÊNCIA NA AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL DAS VIAS

RODOVIÁRIAS NOS RECURSOS HÍDRICOS EM PORTUGAL ............................................... 29

3.1. Caracterização do meio hídrico passível de ser afectado ...................................... 34

3.1.1. Enquadramento Hidrográfico .................................................................................. 35

3.1.2. Escoamento ............................................................................................................ 38

3.1.3. Situações Hidrológicas Extremas ........................................................................... 39

3.1.4. Uso da Água ........................................................................................................... 39

3.1.5. Fontes de poluição .................................................................................................. 41

3.1.6. Qualidade da Água ................................................................................................. 43

3.1.7. Zonas Sensíveis ..................................................................................................... 44

3.2. Previsão e avaliação de impactes sobre os recursos hídricos ............................... 46

3.2.1. Fase de Construção ................................................................................................ 47

3.2.2. Fase de Exploração ................................................................................................ 53

3.2.3. Fase de Desactivação ............................................................................................ 56

3.3. Medidas de minimização ........................................................................................ 56

3.4. Monitorização .......................................................................................................... 57

4. PONTOS A DESENVOLVER NA REALIZAÇÃO DO DESCRITOR RECURSOS

HÍDRICOS NO EIA DE PROJECTOS RODOVIÁRIOS .............................................................. 61

5. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 65

6. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 71

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Anexo I – Ficha dos EIA Consultados……………………………………………..…………………I.1

Anexo II – Recomendações para a fase de projecto e Medidas de Minimização gerais para as

fases de construção e de exploração…………………………………………….…… II.1

Índice de Figuras

Figura 2.1 - Regiões pluviométricas definidas para Portugal Continental (sem escala) ............ 23

Figura 2.2 - Auto-estrada nº5 - Saída da PH 7.3 – ribeira das Margaridas – jusante ................ 25

Figura 2.3 - E.R. 385 – Pontão do Barranco do Sobral da Adiça (alçado jusante) .................... 25

Figura 2.4 - EN380 - Ponte de Canha sobre a ribeira da Amieira ao km 9+296 ....................... 25

Figura 2.5 - Viaduto no Lanço do IP2 – Vale Benfeito / Junqueira ............................................ 25

Figura 3.1 - Número de Estudos de Impacte Ambiental desenvolvidos por empresa no período

decorrente desde a publicação do DL nº 69/2000 a 3 de Maio até Setembro de 2012 ............. 32

Figura 3.2 - Número de Estudos de Impacte Ambiental por tipologia de decisão no período

desde a publicação do DL nº 69/2000 a 3 de Maio até Setembro de 2012................................ 32

Figura 3.3 – Esquema de análise do Enquadramento Hidrológico nos EIA considerados........ 37

Figura 3.4 - Síntese das metodologias seguidas na análise do escoamento superficial nos EIA

analisados ................................................................................................................................ 38

Índice de Quadros

Quadro 2.1 - Planos em vigor em Portugal Continental ................ Erro! Marcador não definido.

Quadro 2.2 - Planos em vigor nos Açores e Madeira ................................................................ 15

Quadro 2.3 - Características da rede nacional fundamental e da rede nacional complementar 17

Quadro 2.4 - Principais órgãos da rede de drenagem longitudinal ............................................ 19

Quadro 2.5 – Coeficiente da fórmula racional de escoamento em função do meio em que o

escoamento se processa ............................................................................................................ 21

Quadro 2.6 - Coeficientes de escoamento em áreas agrícolas ................................................. 22

Quadro 2.7 - Parâmetros a e b associados às diferentes Regiões Pluviométricas ................... 23

Quadro 2.8 - Identificação e caracterização dos diferentes órgãos de drenagem transversal .. 25

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Quadro 2.9 - Metodologias passíveis de serem consideradas na determinação do caudal

máximo de cheia de projecto ...................................................................................................... 26

Quadro 3.1 - Tipologia e número de estudos avaliados pela APA desde a publicação do DL nº

69/2000 a 3 de Maio até Setembro de 2012 ............................................................................... 29

Quadro 3.2 - Tipologia e número de estudos avaliados pela APA desde Setembro de 2012 até

Junho de 2013 ............................................................................................................................. 30

Quadro 3.3 - Vias de Comunicação – tipologias consideradas ................................................. 30

Quadro 3.4 - Estudos considerados para a análise apresentada .............................................. 33

Quadro 3.5 - Classificação dos cursos de água superficiais de acordo com as suas

características de qualidade para usos múltiplos ....................................................................... 43

Quadro 3.6 - Critérios para avaliação de impactes .................................................................... 46

Quadro 3.7 - Critérios de classificação dos impactes em função do modo de atravessamento

das linhas de água ...................................................................................................................... 49

Quadro 3.8 - Síntese dos poluentes passíveis de serem identificados e respectivas origens .. 54

Quadro 3.9 - Parâmetros considerados na monitorização das águas superficiais e de

escorrência ................................................................................................................................ 58

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1. INTRODUÇÃO

A Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) apresenta-se como um instrumento preventivo que

deve ser considerado conjuntamente com a concepção de qualquer projecto que possa

produzir impactes no ambiente, não constituindo as vias rodoviárias a excepção.

Nos últimos tempos Portugal tem visto a sua rede rodoviária crescer a um ritmo muito elevado

tendo o auge do crescimento sido no ano de 2011 com o desenvolvimento de diversas

Concessões Rodoviárias.

As vias rodoviárias, pela sua linearidade e extensão são promotoras de diversos impactes

sobre os diversos factores ambientais, nomeadamente sobre os recursos hídricos.

Com o presente trabalho pretende-se analisar o modo como é feita a avaliação do descritor

recursos hídricos superficiais em AIA de projectos rodoviários, identificando modo como é feita

a caracterização da situação de referência, a avaliação de impactes, as medidas de

minimização de impactes negativos e potenciadoras de impactes positivos e os planos de

monitorização. Após essa análise pretende-se desenvolver uma metodologia, simplificada

numa listagem de pontos a seguir na abordagem do descritor Recursos Hídricos numa fase

específica do processo de Avaliação de Impacte Ambiental – Estudos de Impacte Ambiental

(EIA).

Esta listagem será desenvolvida para a situação nacional, sendo que, como não poderá deixar

de ser, trata-se de uma listagem genérica já que cada zona do país tem características e

particularidades diferentes.

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2. ENQUADRAMENTO

2.1. A AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL NO MUNDO

A protecção dos recursos naturais constituiu uma prioridade do ser humano desde os tempos

primórdios. A introdução da Avaliação de Impacte Ambiental foi mais um passo nessa

prioridade e foi de certo modo abraçado em todo o mundo.

Ao nível mundial a primeira abordagem à temática Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) foi

realizada nos Estados Unidos com a publicação em 1969 da “National Environmental Policy

Act”. Esta lei serviu como impulsionadora para outros países desenvolverem as suas próprias

bases ao nível da AIA. Caso disso foi o Japão que, baseando-se nessa legislação

desenvolveu, após diversas alterações, em 1997 a denominada “Environmental Impact

Assessment Law”.

Ao nível da União Europeia, o ponto de partida deu-se em 1985 com a publicação da Directiva

85/337/CEE a 27 de Junho de 1985, relativa à avaliação das repercussões de determinados

projectos públicos e privados sobre o meio ambiente. A transposição pelos países membros

para a respectiva legislação nacional das bases definidas na referida Directiva permitiu que

cada país membro da então designada Comunidade Económica Europeia (actual União

Europeia) tivesse uma base para o desenvolvimento de legislação adequada a cada realidade.

Complementarmente e independentemente do país, por todo o mundo foi alentando o princípio

de protecção do ambiente quer através da criação de legislação própria quer da constituição de

entidades reguladoras adequadas como é o caso da United States Environmental Protection

Agency (EPA), nos Estados Unidos da América, ou da Egyptian Environmental Affairs Agency

(EEAA) no Egipto, ou mesmo da Agência Portuguesa do Ambiente a nível nacional.

De modo a facilitar a análise dos processos de Avaliação de Impacte Ambiental, as diferentes

entidades reguladoras, baseadas na legislação vigente em cada país, foram desenvolvendo

guias orientadores que permitissem uma uniformização no estudos desenvolvidos e ajudar os

proponentes a perceber o conteúdo e a informação necessária para as várias fases do

processo de Avaliação de Impacte Ambiental. Contudo, conforme mencionado em “Guidelines

for Environmental Impact Assessment (EIA) in the Artic” (1997), estes guias não pretendem

substituir os procedimentos definidos pela legislação internacional ou nacional.

Estes guias desenvolvidos um pouco por todo o mundo, são de acordo com Fouracre:

(Environmental impact assessment and management, 2001) “broadly similar in their content

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and advice, and all stress the continuing and contributory nature of environmental impact

assessment with other components of project appraisal as part of a comprehensive process of

project preparation implementation and operation”.

De modo a focar mais os guias nos diferentes tipos de projectos passíveis de serem sujeitos a

Avaliação de Impacte Ambiental, foram desenvolvidos documentos mais objectivos, como é o

caso da Gambia, que em 1999 desenvolveu o manual intitulado “EIA Guidelines”, o qual lista

um conjunto de parâmetros a analisar em projectos de indústrias, explorações mineiras,

estradas, aterros, projectos agrícolas de grande dimensão, piscicultura e aquacultura ou

mesmo em projectos turísticos. Também em Portugal foram desenvolvidos guias específicos

para projectos no sector dos campos de golfe, dos aldeamentos turísticos, das pedreiras ou

das vias rodoviárias.

Não obstante da variabilidade de guias desenvolvidos nos diferentes países, nos observados

verificou-se sempre uma linha orientadora comum para o desenvolvimento dos Estudos de

Impacte Ambiental e que se alicerça essencialmente em três pontos:

1. Caracterização do ambiente em que se desenvolve o projecto em análise;

2. Avaliação dos impactes decorrentes da implementação do projecto;

3. Identificação de medidas de minimização de impactes negativos e de potenciação de

impactes positivos e planos de monitorização adequados.

Independentemente do país há particularidades territoriais que são específicas de cada zona,

daí que todos os guias observados tenham um carácter generalista passível de ser adaptado a

qualquer território.

2.2. A AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL EM PORTUGAL

Tal como referido, a Avaliação de Impacte Ambiental permite identificar as afectações, numa

determinada área, decorrentes da implantação de um projecto (público ou privado) e propor

medidas que atenuem os efeitos ambientais negativos e potenciem os positivos.

Em Portugal, a primeira referência à Avaliação de Impacte Ambiental consta da Lei de Bases

do Ambiente – Lei nº 11/87 de 7 de Abril, onde é referido no seu artigo 30º - Estudos de

Impacte Ambiental e 31º - Conteúdo do Estudo de Impacte Ambiental (EIA):

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Artigo 30.º

Estudos de impacte ambiental

“1 - Os planos, projectos, trabalhos e acções que possam afectar o ambiente, o território e

a qualidade de vida dos cidadãos, quer sejam da responsabilidade e iniciativa de um

organismo da administração central, regional ou local, quer de instituições públicas ou

privadas, devem respeitar as preocupações e normas desta lei e terão de ser

acompanhados de um estudo de impacte ambiental.

2 - Serão regulamentadas por lei as condições em que será efectuado o estudo de

impacte ambiental, o seu conteúdo, bem como as entidades responsáveis pela análise das

suas conclusões e pela autorização e licenciamento de obra ou trabalhos previstos.

3 - A aprovação do estudo de impacte ambiental é condição essencial para o

licenciamento final das obras e trabalhos pelos serviços competentes, nos termos da lei.“

Artigo 31.º

Conteúdo do estudo de impacte ambiental

“O conteúdo do estudo de impacte ambiental compreenderá, no mínimo:

a) Uma análise do estado do local e do ambiente;

b) O estudo das modificações que o projecto provocará;

c) As medidas previstas para suprimir e reduzir as normas aprovadas e, se possível,

compensar as eventuais incidências sobre a qualidade do ambiente.”

No entanto, as condições em que devia ser efectuado o referido EIA estavam dependentes de

regulamentação por lei posterior, que acabou por se concretizar apenas com a transposição da

Directiva 85/337/CEE.

A Directiva 85/337/CEE foi transposta para o ordenamento jurídico português através do

Decreto-Lei (DL) nº 186/90, de 6 de Junho (alterado pelo DL n.º 278/97, de 8 de Outubro).

Posteriormente, o DL n.º 69/2000, de 3 de Maio, veio revogar toda a legislação anterior,

aprovando o novo regime jurídico de AIA, que transpôs para a ordem jurídica interna a

Directiva n.º 85/337/CE, com as alterações introduzidas pela Directiva n.º 97/11/CE, do

Conselho, de 3 de Março de 1997.

Assim, presentemente a Avaliação de Impacte Ambiental segue o disposto no DL nº 69/2000

de 03 de Maio com as alterações introduzidas pelo DL nº 197/2005 de 8 de Novembro e pela

Declaração de Rectificação nº2/2006 de 6 de Janeiro.

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Complementarmente há a considerar a Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril, a qual fixa as

normas técnicas para a elaboração da Proposta de Definição de Âmbito (PDA), EIA, Relatório

de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE), critérios para a elaboração

de Resumos Não Técnicos do EIA (RNT) e estrutura dos Relatórios de Monitorização (RM).

Sistematicamente o processo de Avaliação de Impacte Ambiental desenvolve-se do seguinte

modo:

Proposta de Definição de Âmbito (PDA)

A proposta de definição de Âmbito (PDA) é facultativa e tem como objectivo, de acordo com o

definido no Anexo I da Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril, “identificar as questões e áreas

temáticas que se antecipem de maior relevância em função dos impactes positivos e negativos

que possam causar no ambiente e que devem ser tratadas no Estudo de Impacte Ambiental

(EIA)”.

Após o prazo estabelecido legalmente pelo DL nº 197/2005 de 8 de Novembro para a avaliação

da PDA é emitido uma deliberação na qual são identificados os aspectos a ser tratados no EIA.

Complementarmente é referido no nº 9 do artigo 11 do referido diploma que “A definição de

âmbito do EIA vincula o proponente e a comissão de avaliação quanto ao conteúdo do EIA a

apresentar por aquele, salvo a verificação, em momento posterior ao da deliberação, de

circunstâncias que manifestamente a contrariem”.

EIA

De acordo com o DL nº 197/2005 de 8 de Novembro, o EIA, corresponde ao “documento

elaborado pelo proponente no âmbito do procedimento de AIA que contém uma descrição

sumária do projecto, a identificação e avaliação dos impactes prováveis, positivos e negativos,

que a realização do projecto irá ter no ambiente, a evolução previsível da situação de facto sem

a realização do projecto, as medidas de gestão ambiental destinadas a evitar, minimizar ou

compensar os impactes negativos esperados e um resumo não técnico destas informações”.

O referido “documento” consubstancia-se no denominado Relatório Técnico ou Relatório

Síntese, o qual é composto por diversas partes sendo de destacar as seguintes:

i) Relatório Síntese

Neste volume, para além dos capítulos de enquadramento geral e de caracterização do

projecto, são desenvolvidos os seguintes capítulos:

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a) Caracterização da Situação de Referência – Neste capítulo é feita a caracterização

do local de desenvolvimento do projecto bem como identificação dos factores

passiveis de serem afectados pelo desenvolvimento do projecto. A caracterização é

feita para factores ambientais nas vertentes Natural (nomeadamente diversidade

biológica, nas suas componentes fauna e flora; solos; água; atmosfera; paisagem;

clima e recursos naturais) e Social (nomeadamente população e povoamento;

património cultural; condicionantes; servidões e restrições; sistemas ou redes

estruturantes; espaços e usos definidos em instrumentos de planeamento; sócio-

economia).

b) Ausência de Intervenção – com este capítulo pretende-se uma avaliação do

desenvolvimento da Situação de Referência sem o desenvolvimento do projecto.

c) Avaliação de Impactes – Tendo em consideração o desenvolvimento e as

características do projecto, são neste capítulo avaliados os impactes sobre a

situação existente e caracterizada como situação de referência.

d) Impactes cumulativos – O projecto em análise não surge sozinho e isolado, pelo

que há a necessidade de avaliar os impactes decorrentes da sua implementação

em conjunto com a presença de outros projectos, existentes ou previstos, bem

como dos projectos complementares ou subsidiários.

e) Comparação de Soluções – Quando estamos perante um projecto que apresenta

diversas alternativas, é realizada, tendo em consideração a avaliação de impactes

realizada para todos os factores ambientais considerados, uma comparação entre

soluções que permitirá definir qual a solução ambientalmente mais favorável.

f) Medidas de Minimização de Impactes Negativos e de Potenciação de Impactes

Positivos – Tendo em consideração toda a análise realizada são propostas medidas

que permitirão a minimização dos impactes negativos identificados e a potenciação

dos impactes positivos para todos os factores ambientais considerados.

g) Programa de Monitorização – em função dos impactes identificados e da

sensibilidade do meio onde o projecto se desenvolverá poderá tornar-se relevante a

adopção de Planos de Monitorização que permitirão, além de validar o real impacte

do projecto, verificar se as medidas de minimização estão adequadas e são

suficientes.

A avaliação feita no EIA terá que ter em consideração as diversas fases que compõem o

projecto, nomeadamente:

i) Fase de projecto, em que há necessariamente uma interacção directa entre equipe

projectista e a equipe que desenvolverá a análise da vertente ambiental, de modo a

que o projecto apresente logo na sua fase de concepção as medidas adequadas que

permitirão minimizar o impacte sobre o ambiente;

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8

ii) Fase de construção, em que há uma grande alteração sobre o meio existente com

perturbações que se podem tornar irreversíveis;

iii) Fase de exploração, em que é considerada a situação de funcionamento em pleno do

projecto em estudo.

Complementarmente há a considerar, no Relatório Síntese a inclusão de Anexos Técnicos,

quando necessário.

Relativamente ao Resumo Não Técnico mencionado, este apresenta-se como uma peça

fundamental de todo o processo de Avaliação de Impacte Ambiental, na medida em que é o

volume que será distribuído para publicitação do projecto e dos seus impactes no ambiente.

O seu desenvolvimento deverá seguir as regras definidas no documento elaborado pela

Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes em conjunto com a Agência Portuguesa de

Ambiente, I.P. (APA), denominado “Critérios de Boa Prática para o RNT” de 2008.

A avaliação do EIA, pela Comissão de Avaliação (CA) resulta na emissão de uma Declaração

de Impacte Ambiental (DIA) proferida pelo actualmente denominado Ministério da Agricultura,

do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território a qual corresponde à decisão emitida

sobre a viabilidade da execução dos projectos analisados. A decisão sobre o procedimento

pode ser favorável, condicionalmente favorável ou desfavorável.

Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE)

Após a emissão de uma DIA favorável ou condicionalmente favorável sobre um projecto

desenvolvido em fase de Estudo Prévio ou Anteprojecto, desenvolve-se o processo de pós-

avaliação, no qual é desenvolvido o denominado Relatório de Conformidade Ambiental do

Projecto de Execução, e que permite, tal como o nome indica a análise do Projecto de

Execução.

De acordo com a Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril, o RECAPE tem como objectivo a

“verificação de que o projecto de execução obedece aos critérios estabelecidos na declaração

de impacte ambiental (DIA), dando cumprimento aos termos e condições nela fixados”.

Complementarmente é referido que “especialmente porque a DIA é, neste caso, emitida em

fase de Estudo Prévio ou Anteprojecto, o RECAPE deve conter a caracterização mais completa

e discriminada dos impactes ambientais relativos a alguns factores em análise no âmbito do

procedimento de AIA de que decorreu a emissão da respectiva DIA.”

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9

A avaliação do RECAPE é feita por uma comissão de avaliação a qual emite e envia para a

autoridade de AIA um parecer sobre a conformidade do projecto de execução com a DIA.

2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL DE VIAS RODOVIÁRIAS E DO FACTOR AMBIENTAL

RECURSOS HÍDRICOS

Tal como referido, a nível nacional a exigência de realização dos EIA surgiu essencialmente

com a publicação do DL nº 186/90, de 6 de Junho, posteriormente revogado na totalidade pelo

DL n.º 69/2000 e alterado pelo DL 197/2005 de 8 de Novembro. Desde a publicação do DL n.º

69/2000 até à data em que se procedeu à análise de diversos Estudos no Centro de

Documentação da APA para o presente trabalho – Setembro de 2012, foram avaliados,

segundo a informação disponibilizada no sítio da internet da APA, 958 EIA, os quais se

distribuem segundo diversas tipologias. Destes 21% referem-se a projectos rodoviários.

De acordo com IST, (Guia para apreciação Técnica de Estudos de Impacte Ambiental. Sector

dos Aldeamentos Turísticos, 2006) o EIA “constitui um dos elementos mais importantes do

processo de AIA (…) uma vez que envolve a realização de inventários e levantamentos de

campo para a caracterização do ambiente afectado, simulações sobre evoluções previsíveis do

estado do ambiente actual sem projecto e dos impactes esperáveis pelo projecto, mais ou

menos complexas, a avaliação dos efeitos potenciais, positivos e negativos, das acções do

projecto, as medidas de mitigação (minimização e mitigação) dos impactes potenciais

esperados e o programa de monitorização que irá acompanhar o desenvolvimento do projecto”.

Contudo, dada a evolução na tipologia de projectos analisados verificou-se a necessidade, não

só a nível nacional, do desenvolvimento de guias orientadores para o desenvolvimento de EIA

de projectos rodoviários. Estes guias, como referido, pretendem dar linhas orientadoras de aos

promotores dos projectos e às respectivas equipas consultoras.

A nível nacional, as Estradas de Portugal, em conjunto com a Agência Portuguesa de Ambiente

e com o Instituto Superior Técnico, desenvolveu em 2012 o denominado “Guia Técnico para a

elaboração de Estudos no âmbito da Avaliação de Impacte Ambiental de Infra-estruturas

Rodoviárias” (2012), o qual tem vindo a ser melhorado ao longo do tempo não só em função da

observação do que é feito fora de Portugal, mas também em função da melhoria do modo de

tratamento da informação ou da facilidade de acesso à mesma ou mesmo devido à crescente

exigência das Comissões de Avaliação que analisam os EIA.

Conforme mencionado no capítulo anterior, um EIA desenvolve-se de uma forma sequencial e

por diversos capítulos, sendo de destacar a Caracterização da Situação de Referência, a

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10

Identificação e Avaliação de Impactes e identificação de medidas de minimização de impactes

negativos e de potenciação de impactes positivos e consequentes Planos de Monitorização.

Como base para o presente trabalho teve-se em consideração não só a estrutura base dos EIA

referida mas também o modo como o factor ambiental Recursos Hídricos Superficiais era e é

tratado.

O conteúdo da caracterização da situação de referência que o factor ambiental Recursos

Hídricos deve conter é variável de país para país, sendo difícil estabelecer um padrão

relativamente rigoroso.

Assim, em alguns casos é evidenciada a necessidade de proceder a uma “Descrição do

sistema hidrográfico (bacias hidrográficas) da área de influência direta e indireta (…) das

características físicas dos cursos d’água no trecho da obra (larguras média e máxima e cota

máxima de inundação); Identificação e caracterização dos mananciais hídricos ocorrentes na

área de influência direta e indireta do empreendimento e da drenagem regional e local (bacia,

curso d’água). Descrição da qualidade e usos atuais das águas no trecho onde será executada

a obra e variações do regime hidrológico no trecho da obra. Descrição das bacias hidrográficas

da área de influência direta e indireta do empreendimento”, conforme referido por Bandeira e

Floriano (Avaliação de Impacto Ambiental de Rodovias, 2004), sendo noutros somente

solicitada a identificação de “Details of surface water bodies within right of way and wihtin 500

mts from the right of way should be documented along with the present usage” (Environmental

Impact Assessment Guidance Manual for Highways, 2010).

A nível nacional e tendo por base a última publicação na área é referido que “Neste factor

devem ser caracterizados os recursos hídricos superficiais da área em estudo, compreendendo

quer aspectos quantitativos, quer aspectos qualitativos” (Guia Técnico para a Elaboração de

Estudos no âmbito da Avaliação de Impacte Ambiental de Infra-estruturas Rodoviárias, 2012).

Nesta publicação é recomendada a caracterização da rede hidrográfica directa e

indirectamente afectada, das captações existentes e respectivas condições de protecção, do

escoamento, das fontes poluentes e da qualidade da água e das áreas sujeitas a risco de

ocorrência de cheias.

Ao nível da avaliação de impactes sobre os recursos hídricos superficiais e de acordo com as

Estradas de Portugal, S.A. a Agência Portuguesa de Ambiente e o Instituto Superior Técnico,

(Guia Técnico para a Elaboração de Estudos no âmbito da Avaliação de Impacte Ambiental de

Infra-estruturas Rodoviárias 2012), “A implantação de um projecto rodoviário poderá ter

impactes (…) por intervenção das actividades humanas, sobre a quantidade e qualidade dos

recursos hídricos superficiais, quer durante a fase de construção, quer durante a fase de

exploração”.

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A fase de construção caracteriza-se por ser a promotora de maiores impactes sobre os

recursos hídricos superficiais dada toda a alteração meso-fisiográfica que é necessário

executar. A alteração do natural escoamento das massas de água a possibilidade de alteração

da sua qualidade traduzem-se como os impactes mais significativos nesta fase.

Já na fase de exploração, a nível nacional, um pouco à semelhança do verificado nos Estados

Unidos da América, em França ou no Reino Unido, o principal foco de análise de impactes

nesta fase é a avaliação da qualidade das águas drenadas da plataforma, denominadas águas

de escorrência. A importância das águas de escorrência deve-se ao facto de estas acumularem

os vários tipos de poluentes gerados pela utilização dos automóveis, pelo desgaste dos

componentes das viaturas e da própria via e que são encaminhados quer para o solo quer para

o meio aquático.

Dada a sua importância, as águas de escorrência, têm sido alvo de diversos estudos, os quais

na sua maioria resultam em modelos que permitem estimar com a maior antecedência possível

qual o impacte resultante da exploração de uma via e quais as medidas de minimização a

adoptar.

A análise a este nível tem vindo a ser encaminhada no sentido de desenvolver um modelo

matemático, adequado às condições de cada país, que permita a predição da qualidade das

águas de escorrência e a consequente correcta avaliação dos impactes decorrentes da

exploração da via sobre o meio envolvente. Para responder a tal necessidade as Estradas de

Portugal, S.A. em parceria com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil têm vindo a analisar

diversos modelos, sendo actualmente utilizado uma adaptação do Modelo de Driver & Tasker,

denominado, segundo LNEC (Águas de escorrência de estradas. Sistemas para minimização

de Impactes, 2004) como “Método de Previsão da qualidade da água de escorrência de

estradas em Portugal”.

Após a identificação dos impactes decorrentes quer da fase de construção quer da fase de

exploração, o passo seguinte é inevitavelmente a proposta de medidas de minimização as

quais, “na evolução dos EIA tem-se vindo a registar com agrado a proposta de medidas mais

realistas e menos utópicas relativamente às que eram propostas nos primeiros estudos”

(Medidas Minimizadoras dos Impactes Resultantes das infra-estruturas Rodoviárias nos

Recursos Hídricos, 2004).

Tendo em consideração o exposto é possível verificar que por todo o mundo há uma grande

panóplia de metodologias que permitem a realização da análise do factor ambiental Recursos

Hídricos nos Estudos de Impacte Ambiental de projectos rodoviários, sendo que contudo cada

caso é um caso e independentemente das propostas apresentadas deverá ter em atenção as

características de cada local e de cada via.

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2.4. RECURSOS HÍDRICOS

Portugal apresenta-se como um território abundante ao nível dos recursos hídricos quer

subterrâneos quer superficiais, sendo a sua distribuição dependente das condições climáticas e

das características geológicas de uma área.

No que respeita aos recursos hídricos superficiais, a sua distribuição espacial, em território

nacional apresenta grandes contrastes resultantes principalmente da desigual repartição da

precipitação, dos contrastes térmicos e de evapotranspiração.

A região minhota e barreira montanhosa do Noroeste nacional, com elevados valores de

precipitação que quase atingem 3000 mm, opõe-se o baixo vale do Guadiana, com valores de

precipitação cerca de 10 vezes inferiores. É também nesta última área, onde se atingem as

precipitações mais baixas, que são mais elevados os valores de evapotranspiração. Com estas

condições facilmente se depreende que as disponibilidades hídricas superficiais são muito

desiguais em Portugal continental.

Acresce ainda que o regime da precipitação apresenta, no Continente, uma acentuada

variabilidade mensal, verificando-se que cerca de 70% da precipitação se concentra no

semestre húmido, entre os meses de Outubro a Março (Plano Nacional da Água, 2001), para

além de uma considerável variabilidade interanual, que deve também ser tida em consideração

no armazenamento, uso e gestão dos recursos hídricos superficiais.

No que respeita aos recursos hídricos subterrâneos, a Península Ibérica apresenta realidades

diversas no tocante ao armazenamento e transmissão da água subterrânea. Os aquíferos mais

importantes situam-se nas Orlas Sedimentares (ocidental e meridional) e na Bacia do Tejo-

Sado. Naquelas, são sobretudo os calcários (do Jurássico médio) que se constituem como os

melhores aquíferos. Na Bacia do Tejo-Sado, os níveis detríticos constituem o aquífero mais

importante do País. Grande parte do abastecimento mundial de água doce está na

dependência dos aquíferos, aos quais tem sido dada atenção ao nível da recarga (em

quantidade e qualidade da água).

Com o objectivo de estabelecer o enquadramento para a gestão das águas superficiais e

subterrâneas foi desenvolvida a denominada Lei da Água - Lei nº 58 de 2005 de 29 de

Dezembro. De acordo com o definido no Artigo 1º do diploma mencionado, são ainda

objectivos desta:

“ a) evitar a continuação da degradação e proteger e melhorar o estado dos ecossistemas

aquáticos e também dos ecossistemas terrestres e das zonas húmidas directamente

dependentes dos ecossistemas aquáticos, no que respeita às suas necessidades de água;

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b) Promover uma utilização sustentável de água, baseada numa protecção a longo prazo

dos recursos hídricos disponíveis;

c) Obter uma protecção reforçada e um melhoramento do ambiente aquático,

nomeadamente através de medidas específicas para a redução gradual e a cessação ou

eliminação por fases das descargas, das emissões e perdas de substâncias prioritárias;

d) Assegurar a redução gradual da poluição das águas subterrâneas e evitar o

agravamento da sua poluição;

e) Mitigar os efeitos das inundações e das secas;

f) Assegurar o fornecimento em quantidade suficiente de água de origem superficial e

subterrânea de boa qualidade, conforme necessário para uma utilização sustentável,

equilibrada e equitativa da água;

g) Proteger as águas marinhas, incluindo as territoriais;

h) Assegurar o cumprimento dos objectivos dos acordos internacionais pertinentes,

incluindo os que se destinam à prevenção e eliminação da poluição no ambiente marinho.”

De acordo com a alteração introduzida à Lei da Água pelo DL nº 347/2007 de 19 de Outubro,

encontram-se delimitadas as denominadas regiões hidrográficas (RH), as quais constituem as

principais unidades de planeamento e gestão das águas. Assim, são definidas as seguintes

regiões em Portugal Continental:

- RH 1 – Minho e Lima;

- RH2 – Cávado, Ave e Leça;

- RH 3 – Douro;

- RH 4 – Vouga, Mondego,

Lis e Ribeiras do Oeste;

- RH 5 – Tejo;

- RH 6 – Sado e Mira;

- RH 7 – Guadiana;

- RH 8 – Ribeiras do Algarve.

Sectorialmente e de modo a levar a cabo os objectivos definidos pela Lei da Água para as

diferentes regiões hidrográficas, foram definidos planos com diversas áreas de abrangência

como sintetizado no Quadro 2.1.

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Quadro 2.1 - Planos em vigor em Portugal Continental

Plano Objectivos

Plano Nacional da Água (PNA)

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos a nível nacional

Planos de Gestão de

Bacia Hidrográfica

(PGBH)

PGBH Minho /

Lima

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos na área dos PGBH do rio Minho e do rio Lima.

Rio Minho: inclui, para além da própria bacia do rio Minho, uma pequena faixa costeira a Norte do rio Âncora.

Rio Lima e Âncora: a Norte -, Neiva – a Sul – e por uma faixa constituída por um conjunto de pequenas bacias hidrográficas da zona costeira compreendida sensivelmente entre a foz do rio Minho e a Bacia Hidrográfica do rio Cávado. Exclui uma área de cerca de 15 km

2 em torno de Tourém, a norte da bacia do

Cávado que, apesar de se situar na bacia do Lima, drena para Espanha

PGBH Cávado /

Ave / Leça

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas dos rios Cávado, Ave e Leça.

Rio Cávado: inclui as ribeiras costeiras, situadas a sul e norte da bacia, pertencentes aos concelhos de Póvoa de Varzim e Esposende, respectivamente, e ainda a região de Tourém pertencente à bacia do Lima mas que drena para Espanha. Esta região confronta a Norte com as bacias hidrográficas dos rios Neiva e Lima, fazendo fronteira com Espanha, e a Este com a bacia hidrográfica do rio Douro e a Sul com a bacia hidrográfica do rio Ave

Rio Ave: inclui o próprio rio e duas faixas costeiras que drenam directamente para o Oceano: uma, de dimensão bastante reduzida, a norte da foz do rio Ave e outra a sul, que inclui o rio Onda e algumas ribeiras de costa.

Rio Leça: inclui o próprio rio e duas faixas costeiras que drenam directamente para o Oceano; uma a norte da foz do Leça, englobando grande parte do concelho de Matosinhos, e outra a sul, compreendendo parte do concelho do Porto

PGBH Douro

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Leça e duas faixas costeiras que drenam directamente para o oceano; uma a norte da foz do Leça, englobando grande parte do concelho de Matosinhos, e outra a sul, compreendendo parte do concelho do Porto

PGBH Vouga /

Mondego / Lis

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis

Rio Vouga: inclui, para além da bacia do rio Vouga, as ribeiras da costa atlântica dos concelhos de Cantanhede.

Rio Mondego: inclui o próprio rio e bacias hidrográficas das ribeiras da costa atlântica dos concelhos de Figueira da Foz e de Pombal, com exclusão da faixa litoral, que é objecto dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira nos aspectos específicos dessa faixa litoral.

Rio Lis: inclui o próprio rio e bacias hidrográficas das ribeiras da costa atlântica dos concelhos de Marinha Grande e de Leiria, com exclusão da faixa litoral de 500m, que é objecto dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira nos seus aspectos específicos de faixa litoral

PGBH ribeiras

do Oeste

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos das 9 bacias principais da zona do Oeste, correspondentes à foz dos rios, ribeiras ou principais afluentes de 1ª ordem, destacando-se, de Norte para Sul: Alcobaça, S. Martinho (Tornada), Óbidos (Cal, Arnóia e Real), Peniche (S. Domingos, Grande e Alcabrichel), Sizandro, Safarujo, Lizandro, Colares e Costa do Estoril.

PGBH Tejo

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica, em território português, do Rio Tejo, incluindo o seu estuário, pela ribeira da Apostiça e restantes ribeiras abrangidas na zona da costa pelos concelhos de Almada e Sesimbra

PGBH Sado / Mira

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos nas Bacias Hidrográficas dos rios Sado (e dos restantes 649 km

2 aos cursos

de água da plataforma litoral) e Mira

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Quadro 2.1 - Planos em vigor em Portugal Continental

Plano Objectivos

PGBH Guadiana

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do rio Guadiana

PGBH Ribeiras

do Algarve

Estabelecer linhas orientadoras para a correcta gestão dos recursos hídricos da totalidade do Barlavento Algarvio e a parte do Sotavento não abrangida pelo limite Sudoeste da Bacia Hidrográfica do rio Guadiana.

Plano de Ordenamento das Albufeiras de Água

Públicas (POAAP)

Define regimes de salvaguarda, protecção e gestão estabelecendo usos preferenciais, condicionados e interditos do plano de água e da zona terrestre de protecção, e a articulação e compatibilização, na respectiva área de intervenção os regimes e medidas constantes noutros instrumentos de gestão territorial e instrumentos de planeamento das águas. Os POAAP incidem sobre as albufeiras de águas públicas classificadas em função da sua utilização como albufeiras de utilização protegida, utilização condicionada ou utilização livre.

Plano de Ordenamento da Orla Costeira

(POOC)

Os POOC abrangem uma faixa terrestre com 500 metros de largura, contados a partir da linha de limite da margem das águas do mar, e a zona marítima adjacente até ao limite da batimétrica dos 30 metros. Não se encontram abrangidos pelos POOC as áreas sob jurisdição portuária.

Estes Planos têm como objectivo o ordenamento dos diferentes usos e actividades específicas da orla costeira, a classificação das praias e a regulamentação do uso balnear, a valorização e qualificação das praias consideradas estratégicas por motivos ambientais ou turísticas a orientação do desenvolvimento de actividades específicas da orla costeira e a defesa e conservação da natureza.

Complementarmente há a considerar os planos desenvolvidos para as regiões dos Açores e

Madeira:

Quadro 2.2 - Planos em vigor nos Açores e Madeira

Plano Objectivos

Plano Regional da Água (PRA)

PRA Açores

Integra comandos de orientação para a actuação dos diversos intervenientes no processo de planeamento e gestão da utilização dos recursos hídricos regionais, em especial para os órgãos legislativos e para a Administração Pública regional.

PRA Madeira

Planeamento dos recursos hídricos, no contexto geral de desenvolvimento sustentável, qualidade de vida dos habitantes, satisfação das necessidades relativas às actividades económicas e protecção do ambiente da Região Autónoma da Madeira

Dada a importância dos recursos hídricos e de modo a que a sua gestão seja feita de modo

equilibrado, racional e eficaz, foi publicado a 31 de Maio de 2007 do DL nº 226-A/2007

(alterado pelo DL nº 391-A/2007 de 21 de Dezembro de 2007, pelo DL nº 93/2008 de 04 de

Junho de 2008 e pelo DL n.º 245/2009 de 22 de Setembro), o qual Define o Regime da

Utilização dos Recursos Hídricos e Respectivos Títulos.

De modo a proteger os recursos hídricos, ao nível da qualidade foram publicados diversos

diplomas, sendo de destacar os seguintes:

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DL nº 236/98 de 01 de Agosto, com as respectivas rectificações e alterações -

Estabelece normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o

meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos.

DL n.º 243/2001 de 05 de Setembro de 2001, alterado pelo DL nº 306/2007 de 27 de

Agosto de 2007 - Aprova normas relativas à qualidade da água destinada ao consumo

humano transpondo para o direito interno a Directiva n.º 98/83/CE, do Conselho, de 3

de Novembro, relativa à qualidade da água destinada ao consumo humano.

DL n.º 235/97 de 03 de Setembro de 1997, alterado pelo DL n.º 68/99 de 11 de Março

de 1999 – Transposição para o direito interno a Directiva n.º 91/676/CEE, do Conselho

de 12 de Dezembro de 1991, relativa à protecção das águas contra a poluição causada

por nitratos de origem agrícola.

DL n.º 152/97 de 19 de Junho de 1997 alterado pelos DL n.º 348/98 de 09 de

Novembro de 1998, 149/2004 de 22 de Junho de 2004 e 198/2008 de 08 de Outubro

de 2008 - Transpõe para o direito interno a Directiva n.º 91/271/CEE, do Conselho, de

21 de Maio de 1991, relativamente ao tratamento de águas residuais urbanas.

O território nacional caracteriza-se por uma intensa actividade agrícola, na qual são utilizadas

grandes quantidades de fertilizantes, os quais por norma detêm elevadas concentrações de

nitratos que podem ser encaminhados para os recursos hídricos. Pela sensibilidade do meio

receptor foram definidas Zonas Vulneráveis, as quais se encontram listadas em diversas

Portarias, sendo a base a Portaria nº 1100/2004 de 03 de Setembro de 2004.

Para a protecção dos recursos hídricos e dos usos associados foram igualmente definidos

diversos diplomas, sendo de realçar os seguintes:

DL n.º 172/2009, de 3 de agosto - Cria o fundo de protecção de recursos hídricos.

Portaria n.º 702/2009, de 6 de Junho - Estabelece os termos da delimitação dos

perímetros de protecção das captações de água superficiais destinadas ao

abastecimento público de água para consumo humano.

DL n.º 107/2009, de 15 de Maio - Regime de Protecção das Albufeiras de Águas

Públicas e das Lagoas ou Lagos de águas Públicas.

2.5. VIAS RODOVIÁRIAS

O desenvolvimento das vias rodoviárias em Portugal, em termos estratégicos, segue o definido

no Plano Rodoviário Nacional (DL nº 222/98 com as alterações introduzidas pela Lei nº 98/99

de 26 de Julho, pela Declaração de Rectificação nº 19-D/98 e pelo DL nº 182/2003 de 16 de

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Agosto). De acordo com este diploma as vias de comunicação rodoviária classificam-se em

duas categorias: Rede Nacional Fundamental e Rede Nacional Complementar.

A Rede nacional fundamental corresponde às “vias de comunicação de maior interesse

nacional, que servem de base e apoio a toda a rede das estradas nacionais, os quais

asseguram a ligação entre os centros urbanos com influência supradistrital destes com os

principais portos, aeroportos e fronteiras” (Número 2 do Artigo 2º do DL nº 380/ 85 de 26 de

Setembro). Esta rede é constituída pelos itinerários principais (IP). No que se refere à Rede

nacional complementar esta é “constituída pelas estradas que asseguram a ligação entre a

rede nacional fundamental e os centros urbanos de influência concelhia ou supraconcelhia,

mas infradistrital” (Número 1 do Artigo 3º do DL nº 380/ 85 de 26 de Setembro). Nesta rede

inserem-se os Itinerários complementares (IC) e outras estradas. Em termos gerais, estas

apresentam características diferentes conforme apresentado no Quadro 2.3.

Quadro 2.3 - Características da rede nacional fundamental e da rede nacional complementar

Características Rede Nacional Fundamental Rede Nacional Complementar

Nível de serviço1

Devem assegurar correntes de tráfego estáveis e permitir uma razoável

liberdade de circulação aos condutores

Devem assegurar condições de circulação relativamente estáveis

embora com restrita liberdade quanto à velocidade e a ultrapassagem

Circulação de peões, velocípedes

e veículos de tracção animal

Proibida Permitido

Vedação Os IP são vedados em toda a sua

extensão Não são vedados

Acesso

É proibido o acesso a partir das propriedades marginais. O acesso é feito por cruzamentos ou por nós de

ligação

O acesso pode ser garantido directamente, sendo que os acessos

privados com finalidade agrícola serão progressivamente transformados em acessos para outros fins de interesse

público.

Perfil transversal tipo

Estruturas com um perfil transversal mais largo (normalmente o mínimo

são 17 m de largo)

Estruturas com um perfil transversal menos largo (normalmente o mínimo

são 9 m de largo)

Fonte: Adaptado do DL nº 222/98 com as alterações introduzidas pela Lei nº 98/99 de 26 de Julho, pela Declaração de

Rectificação nº 19-D/98 e pelo DL nº 182/2003 de 16 de Agosto

Os projectos rodoviários à luz do disposto no DL nº 197/2005 de 08 de Novembro, o qual altera

o DL nº 69/2000 de 3 de Maio, são sujeitos a Avaliação de Impacte Ambiental nos seguintes

casos:

1 Níveis de serviço – medida qualitativa das condições de circulação do fluxo de tráfego, avaliado em função da

velocidade de circulação, dos tempos de manobra e interrupções da circulação, bem como do conforto e da segurança. Os níveis de serviço variam entre A (condições de circulação livre, com baixos volumes de tráfego e altas velocidades) e F (circulação forçada a efectuar-se a baixa velocidade (< 50 km/h) com volumes de tráfego inferiores à capacidade da estrada).

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Anexo I, nº 7:

“b) Construção de auto-estradas e de estradas destinadas ao tráfego motorizado, com

duas faixas de rodagem, com separador, e pelo menos duas vias cada, e

c) Construção de itinerários principais e de itinerários complementares, de acordo com o

Decreto-Lei nº 222/98, de 17 de Julho, em troços superiores a 10 km.”

Anexo II, nº 10 – Projectos de Infra-estruturas

“e) Construção de estradas”

Caso geral – “Itinerários principais e itinerários complementares,

Estradas nacionais e estradas regionais, de acordo com o Decreto-Lei nº

222/98, de 17 Julho, em troços > 10 km”

Quando localizado em áreas sensíveis – “Estradas nacionais e estradas regionais

todas”.

Considerando que se pretende a análise da avaliação de impactes ambientais das vias

rodoviárias sobre os recursos hídricos superficiais, há que ter em consideração que as vias

enquanto estruturas lineares que são e que se estendem por diversos quilómetros têm de estar

dotadas de sistema de drenagem que garantam que estas não constituam barreiras e não

produzam o efeito semelhante ao de uma barragem, bem como de um sistema que garanta a

segurança dos utilizadores das vias.

Assim, no desenvolvimento das vias rodoviárias são considerados dois tipos de drenagem –

drenagem longitudinal e drenagem transversal. Ambos os tipos de drenagem são

seguidamente apresentados.

2.5.1. Drenagem longitudinal

A drenagem longitudinal, que acompanha as vias rodoviárias longitudinalmente tem como

principais objectivos:

Garantir a recolha e escoamento das águas pluviais precipitadas na plataforma e nos

taludes (de modo a evitar que estas sejam drenadas para a plataforma);

Garantir a recolha e escoamento das águas pluviais provenientes dos terrenos

envolventes à via de modo a que estes não danifiquem a estrutura dos taludes;

Assegurar o escoamento de modo a que não haja uma contribuição para a subida dos

níveis freáticos existentes, quando estes, por condições naturais, puderem vir a atingir

níveis próximos do da plataforma.

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19

A rede de drenagem longitudinal é composta por diversos órgãos os quais são genericamente

identificados no Quadro 2.4.

Quadro 2.4 - Principais órgãos da rede de drenagem longitudinal

Identificação Localização e Objectivo

Valas e valetas

Valetas de plataforma

laterais

Localizam-se entre as bermas da via e os taludes e têm como objectivo a recolha das águas caídas sobre a plataforma e os taludes de escavação.

Valetas de plataforma em

separador

Instalados no separador central, têm como função, a recolha das águas caídas no separador central ou drenadas para esta zona devido à sobreelevação das faixas de rodagem.

Valetas de bordadura de

aterro

Localizam-se na bordadura da plataforma em zonas de aterro, no limite da berma, fazendo a concordância com o talude de aterro. Têm como finalidade evitar que o escoamento das águas caídas sobre a plataforma se faça para os taludes de aterro erodindo-os.

Valetas de banqueta

Com a finalidade de recolher as águas caídas sobre as banquetas, estas localizam-se na intercepção da banqueta com o talude de escavação que fica sobre ela.

Valas de crista de talude

Canais instalados no topo dos taludes de escavação e permitem a intercepção da água proveniente de terrenos adjacentes. Estes são cruciais para a protecção da estrutura dos taludes contribuindo assim para a manutenção da sua estrutura e estabilidade

Valetas de pé de talude

São instaladas na base dos taludes de aterro e têm como finalidade evitar que as águas escorridas da plataforma e dos taludes seja drenada para os terrenos adjacentes

Dispositivos de entrada

na rede enterrada

Sumidouros e sarjetas

Localizadas junto aos lancis ou separadores elevados, tem como objectivo a recolha das águas escorridas na superfície da plataforma

Caleiras / sumidouros com rasgo contínuo

superior ou com grelha metálica

Colocadas no separador central, quando este é executado com guarda rígida de betão e tem igualmente como função a recolha das águas escorridas na superfície da plataforma.

Drenos2

Drenos de rebaixamento do

nível freático

Como o próprio nome indica têm como objectivo principal o rebaixamento de níveis freáticos detectados na plataforma a cotas próximas do leito do pavimento e localizam-se sob as valetas revestidas.

Dreno de intercepção

Drenos que visam garantir a drenagem interna dos pavimentos e a intercepção de eventuais águas subterrâneas nos maciços escavados.

Ecrãs drenantes em elementos pré-fabricados

Normalmente localizados no limite do pavimento de modo a permitir a captação das águas de infiltração proveniente da estrutura do pavimento, da sua fundação ou berma.

Ecrãs drenantes em material

granular envolvido em geotêxtil

Drenos longitudinais com funções semelhantes aos Ecrãs drenantes em elementos pré-fabricados.

Drenos transversais

Executados sob o leito do pavimento, implantados normalmente com viés relativamente ao eixo. Têm como finalidade a evacuação para os drenos longitudinais das águas que afluem, pontualmente, à plataforma

2 Elementos associados à rede de drenagem longitudinal subterrânea ou interna e têm como objectivo geral a não

alteração do estado hídrico dos solos de fundação do pavimento de modo a não reduzir a sua capacidade de suporte.

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Quadro 2.4 - Principais órgãos da rede de drenagem longitudinal

Identificação Localização e Objectivo

Colectores

Elementos que garantem o transporte das águas de drenagem superficial recolhidos através dos dispositivos de entrada na rede. Estes podem, localizar-se ao longo da via, paralelamente ao seu eixo, ou transversais, assegurando neste caso a ligação entre colectores longitudinais de um e outro lado da plataforma, ou entre o separador e os colectores longitudinais laterais.

Câmaras de visita

Dispositivos complementares das redes enterradas, destinados a permitir o acesso aos colectores, tendo em vista a sua inspecção e limpeza. Podem igualmente ser utilizados para estabelecer pontos de mudança de direcção dos colectores e fazer a ligação dos mesmos. A sua localização depende de vários critérios, nomeadamente a inclinação dos colectores.

Órgãos complementares: elementos de ligação e derivação

Para além dos elementos mencionados, há outros complementares que garantem o funcionamento da via, nomeadamente: caixas de limpeza e evacuação lateral (indispensáveis ao nom funcionamento das caleiras longitudinais e necessárias para o acesso às caleiras de modo a garantir a sua limpeza e inspecção); caixas de recepção, ligação ou derivação (garantem a ligação entre as valas de crista, valetas de banqueta e valetas de plataforma); descidas em talude (indispensáveis para a ligação transversal entre os diversos elementos lineares do sistema em pontos onde restrições de natureza topográfica a isso obriguem ou quando se pretende diminuir o caudal de escoamento); bacias de dissipação (elementos destinados à absorção da energia em escoamento feitos com velocidade elevada); dissipadores de energia (têm com objectivo criar pontos de perca de energia ao longo do escoamento, ou, quando executadas no fim das descidas em talude de aterro, evitar que o escoamento seja conduzido para os terrenos naturais com velocidades elevadas)

Nota: Adaptado de Manual de Drenagem superficial em vias de comunicação, 2001

O dimensionamento da rede de drenagem longitudinal é feito de acordo com a região em que a

via se desenvolve, contudo, há princípios gerais que são tidos em consideração,

nomeadamente:

Adopção, sempre que possível, de dispositivos a céu aberto (valas, valetas, canais,

caleiras), limitando a utilização de sistemas enterrados;

Promover uma criteriosa e frequente instalação dos pontos de descarga, por forma a

limitar a altura da lâmina líquida junto à plataforma;

Atender aos constrangimentos de segurança associados à geometria do traçado e a

sua relação com a localização, forma e tipo dos elementos dos elementos do sistema

de drenagem longitudinal;

Atender aos constrangimentos relativos à preservação da propriedade e de bens de

terceiros, nas áreas confinantes;

Atender aos constrangimentos de natureza ambiental, ecológica e estética das áreas

confinantes;

Atender aos custos de investimento, operação e manutenção;

Atender à exequibilidade técnica das soluções propostas;

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21

Atender à minimização dos impactes ambientais adversos e ao enquadramento

paisagístico e estético.

2.5.1.1. Dimensionamento das Redes de Drenagem Longitudinal

O dimensionamento da rede de drenagem longitudinal compreende de um modo geral duas

fases: 1) cálculo do caudal afluente a jusante de cada trecho de cálculo utilizando o Método

Racional e 2) Comparação do caudal afluente com o caudal admissível da estrutura pré-

seleccionada através da fórmula de Manning-Strickler.

Cálculo do caudal afluente a jusante de cada trecho de cálculo utilizando o Método

Racional

O Método Racional mencionado na primeira fase traduz-se pela seguinte fórmula:

Q = C.I.A

em que:

Q - Caudal de ponta de cheia associado a um período de retorno T (m3/s)

C - Coeficiente de escoamento

I - Intensidade de precipitação (mm/h)

A – Área drenada (m2)

O coeficiente da fórmula racional ou de proporcionalidade (C) depende do meio, onde se

processa o escoamento, apresenta. Assim, são considerados os seguintes valores médios,

consoante o tipo de ocupação:

Quadro 2.5 – Coeficiente da fórmula racional de escoamento em função do meio em que o

escoamento se processa

Tipologia da ocupação Coeficiente

Zonas Verdes

Relvados em solos arenosos 0,05 – 0,20

Relvados em solos pesados 0,15 – 0,35

Parques e cemitérios 0,10 – 0,25

Campos desportivos 0,20 – 0,35

Zonas Comerciais Centro da cidade 0,70 – 0,95

Periferia 0,50 – 0,70

Zonas Residenciais

Habitações Unifamiliares no centro da cidade 0,30 – 0,50

Habitações Unifamiliares na periferia da cidade 0,25 – 0,40

Prédios de apartamento 0,50 – 0,70

Zonas Industriais Indústria dispersa 0,50 – 0,80

Indústria concentrada 0,60 – 0,90

Vias férreas 0,20 – 0,40

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Tipologia da ocupação Coeficiente

Pavimento

Asfaltado 0,70 – 0,95

Betão de cimento 0,80 – 0,95

Tijolo 0,70 – 0,85

Coberturas (telhados) 0,75 – 0,95

Passeios 0,75 – 0,85

Baldios 0,10 – 0,30

Fonte: Lições de Hidrologia, 2006, pág. 291

Quadro 2.6 - Coeficientes de escoamento em áreas agrícolas

Tipo de Solo

Coeficiente de escoamento

Cobertura da bacia

Culturas Pastagens Bosques e florestas

Com capacidade de infiltração superior à média - usualmente arenosos

0,20 0,15 0,10

Com capacidade de infiltração média – sem camadas de argila, solos francos ou similares

0,40 0,35 0,30

Com capacidade de infiltração inferior à média – solos argilosos pesados ou com uma camada argilosa junto à

superfície; solos delgados sobre rocha impermeável 0,50 0,45 0,40

Fonte: Lições de Hidrologia, 2006, pág. 291

Na drenagem longitudinal e dado que o meio a escoar é a plataforma e os taludes adjacentes,

é utilizado frequentemente o coeficiente médio de escoamento de 0,7 para a drenagem

longitudinal e de 0,9 para a drenagem do separador central.

A determinação da Intensidade de Precipitação (I) é determinada através da aplicação da

seguinte fórmula:

I = a . tc b

Em que:

I – Intensidade de precipitação (mm/h)

tc – Tempo de concentração (h)

a, b - Parâmetros que dependem da região em estudo e do período de retorno

considerado.

O tempo de concentração (tc) pode ser obtido através da aplicação da Fórmula de Temez, a

qual é dado pela seguinte expressão:

tc = 0,30 . ( (L / H0,25

)0,76

)

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Em que:

tc - Tempo de concentração (min)

L - Comprimento da projecção horizontal da linha de água principal (km)

H – Declive médio da linha de água principal (km/km).

O parâmetros a e b são obtidos através das denominadas curvas IDF (Intensidade, Duração,

Frequência), associadas a diferentes regiões pluviométricas. De acordo com definido no Anexo

IX do Decreto Regulamentar nº 23/95 de 23 de Agosto, são definidas para o território português

as curvas de Intensidade – Duração – Frequência seguidamente ilustradas.

Figura 2.1 - Regiões pluviométricas definidas para Portugal

Continental (sem escala)

Quadro 2.7 - Parâmetros a e b associados às diferentes Regiões Pluviométricas

Período de retorno (anos)

Região A Região B Região C

a b a b a b

2 202,75 - 0,577 162,18 - 0,577 243,26 - 0,577

5 259,26 - 0,562 207,41 - 0,562 311,11 - 0,562

10 290,68 - 0,549 232,21 - 0,549 348,02 - 0,549

20 317,74 - 0,538 254,19 - 0,538 381,29 - 0,538

50 349,54 - 0,524 279,63 - 0,524 419,45 - 0,524

100 385,62 - 0,508 292,50 - 0,508 438,75 - 0,508

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Complementarmente e de modo a actualizar a informação existente, o Instituto da Água

(Análise de Fenómenos extremos precipitações intensas em Portugal Continental, 2001)

publicou um estudo com a definição de novas curvas IDF baseado na informação levantada

nos postos udográficos existentes em Portugal.

Comparação do caudal afluente com o caudal admissível da estrutura pré-

seleccionada

A fórmula de Manning-Strickler, utilizada para a comparação do caudal afluente com o caudal

admissível traduz-se pela seguinte equação:

Qa = K . RH2/3

. J1/2

. S

Em que:

Qa - Caudal admissível (m3/s)

K - Coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler (m1/3

/ s)

RH – Raio hidráulico (superfície molhada / perímetro molhado da secção) (m)

J – Declive longitudinal (m/m)

S – Superfície molhada da secção (m2)

2.5.2. Drenagem Transversal

Enquanto que a drenagem longitudinal tem como objectivo a escorrência das águas que se

avolumam ao longo da plataforma, a drenagem transversal tem como objectivo a travessia das

linhas de água naturais interceptadas pela via. Podem igualmente ser utilizadas para a

transposição de infra-estruturas (associadas por exemplo ao saneamento ou a sistemas de

rega) ou servir como passagens para a fauna.

Os órgãos de drenagem transversal podem ser classificados do seguinte modo:

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Quadro 2.8 - Identificação e caracterização dos diferentes órgãos de drenagem transversal

Identificação Característica Exemplo

Passagens Hidráulicas (PH)

Largura transversal da estrutura é igual

ou inferior a 3 metros

Figura 2.2 - Auto-estrada nº5 - Saída da PH 7.3 – ribeira das Margaridas – jusante

Pontão O vão da estrutura está compreendido entre 3 e 10 metros

Figura 2.3 - E.R. 385 – Pontão do Barranco do Sobral da Adiça (alçado jusante)

Ponte / Viaduto

O comprimento do vão da estrutura,

entre os encontros, é superior a 10

metros

Figura 2.4 - EN380 - Ponte de Canha sobre a ribeira da Amieira ao km 9+296

Figura 2.5 - Viaduto no Lanço do IP2 – Vale

Benfeito / Junqueira

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26

2.5.2.1. Dimensionamento das Redes de Drenagem Transversal

No dimensionamento dos órgãos de drenagem transversal e considerando que estes são

primordialmente concebidos para o atravessamento de linhas de água, há que começar o

dimensionamento pela caracterização das linhas de água transpostas e das suas bacias

hidrográficas. De acordo com o referido pelo INAG (Critérios e metodologias para o projecto da

drenagem transversal em projectos rodoviários, 2006), deverão ser considerados os seguintes

elementos de base:

Informação hidrológica:

- Área e características das bacias hidrográficas afluentes,

- Alterações futuras relevantes das bacias hidrográficas afluentes,

- Informação udográfica (dada pelas curvas IDF anteriormente mencionadas);

- Informação hidrométrica dada pelas estações hidrométricas do INAG.

Informação hidráulica:

- Morfologia da linha de água quanto ao declive, geometria da secção;

- Níveis de água em cheia, normais e de estiagem;

- Coeficiente de rugosidade e declive;

- Informação sobre outros condicionantes à drenagem.

Tendo em consideração a informação referida, e de modo a determinar o caudal máximo de

cheia é, à semelhança do dimensionamento para a rede de drenagem longitudinal, utilizado o

Método Racional. Complementarmente existem outros métodos que poderão ser considerados

em função dos pressupostos e dados existentes. Assim, sintetizando podem ser considerados

os seguintes métodos:

Quadro 2.9 - Metodologias passíveis de serem consideradas na determinação do caudal

máximo de cheia de projecto

Método Pressupostos Elementos necessários

Racional

Bacias pequenas (< 5 km2)

Tempo de concentração inferior a 1 hora

Duração da chuvada menor que o tempo de concentração

Precipitação uniformemente distribuída no tempo e espaço

O escoamento é proveniente de encostas

O canal tem uma capacidade muito pequena de armazenamento

Intensidade da precipitação

Área da bacia

Declive médio da linha de água

Coeficiente de escoamento

Tempo de concentração

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Quadro 2.9 - Metodologias passíveis de serem consideradas na determinação do caudal

máximo de cheia de projecto

Método Pressupostos Elementos necessários

NRCS (TR55)

Bacias pequenas (< 10 km2)

Tempo de concentração até 10 horas

Duração da chuvada menor que o tempo de concentração

Precipitação uniformemente distribuída no tempo e espaço

O escoamento é proveniente de encostas e da propagação do canal

Cálculo simplificado da propagação

O canal tem uma capacidade muito pequena de armazenamento

Precipitação diária

Distribuição da precipitação

Área da bacia

Número de escoamento

Tempo de concentração

Hidrograma Unitário

3

Bacias médias (até 1000 km2)

Uniformidade da intensidade da precipitação e na duração

Relação precipitação – escoamento linear

Distribuição no tempo da precipitação directa independente das ocorrências anteriores

Cálculo da propagação simplificado

Hietograma para mais de uma tempestade

Área da bacia ao longo das linhas de água

Comprimento das linhas de água

Estatístico

Bacias médias a grandes com dados hidrométricos

Canal com capacidade de armazenamento

10 ou mais anos de registos de cheias

Transferência de informação entre bacias

Características hidrológicas semelhantes

Canal com capacidade de armazenamento

Caudais e áreas das bacias com medições

Área da bacia sem medições

Fonte: Adaptado de Manual de Drenagem superficial em vias de comunicação, 2001e Lições de Hidrologia, 2006

3 O Hidrograma Unitário de duração T corresponde ao escoamento superficial resultante da queda de uma unidade de

precipitação útil uniformemente distribuída quer por toda a bacia quer por um intervalo de tempo com duração T.

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3. EXPERIÊNCIA NA AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL DAS VIAS RODOVIÁRIAS NOS RECURSOS HÍDRICOS EM PORTUGAL

Com o objectivo de identificar o procedimento actualmente adoptado na concepção do descritor

Recursos Hídricos Superficiais e comparar modos de análise, procedeu-se a uma pesquisa

sobre os EIA, já sujeitos ao processo de AIA e disponíveis na APA.

Dos EIA existentes considerou-se como base de análise os referentes a vias rodoviárias e em

especial ao descritor Recursos Hídricos Superficiais com os todos os capítulos que lhe foram

dedicados.

Assim, desde a publicação do DL nº 69/2000 a 3 de Maio até à data em que se procedeu à

análise de diversos Estudos no Centro de Documentação da APA – Setembro de 2012, foram

avaliados, segundo a informação disponibilizada no sítio da internet da APA, 958 Estudos de

Impacte Ambiental, os quais se distribuem segundo diversas tipologias. No Quadro 3.1, são

identificadas as tipologias avaliadas bem como o número de Estudo avaliados no referido

período.

Quadro 3.1 - Tipologia e número de estudos avaliados pela APA desde a publicação do DL nº

69/2000 a 3 de Maio até Setembro de 2012

Tipologia de Estudos Avaliados Número de

Estudos Avaliados Percentagem por

tipologia (%)

Estruturas de transporte de substâncias químicas ou de energia / Indústria do sector da energia

150 15,7

Recursos Hídricos 77 8,0

Agricultura, silvicultura, aquacultura e pecuária 83 8,7

Indústria extractiva 168 17,5

Indústria transformadora 43 4,5

Eliminação de resíduos perigosos e/ou não perigosos 14 1,5

Portos e Aeroportos 32 3,3

Armazenamento de substâncias químicas 4 0,4

Turismo 67 7,0

Estação de tratamento de águas residuais 13 1,4

Vias de comunicação 254 26,5

Outros projectos 53 5,5

TOTAL 958 100

No período entre a análise realizada na APA (Setembro de 2012) e a data da apresentação do

trabalho (Junho de 2013) verificou-se a avaliação de um reduzido número de EIA conforme se

pode verificar no Quadro 3.2:

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Quadro 3.2 - Tipologia e número de estudos avaliados pela APA desde Setembro de 2012 até

Junho de 2013

Tipologia de Estudos Avaliados Número de Estudos

Avaliados – Set. 2012 Número de Estudos

Avaliados – Jun. 2013

Estruturas de transporte de substâncias químicas ou de energia / Indústria do sector da energia

150 151

Recursos Hídricos 77 78

Agricultura, silvicultura, aquacultura e pecuária 83 83

Indústria extractiva 168 168

Indústria transformadora 43 45

Eliminação de resíduos perigosos e/ou não perigosos 14 16

Portos e Aeroportos 32 32

Armazenamento de substâncias químicas 4 4

Turismo 67 67

Estação de tratamento de águas residuais 13 13

Vias de comunicação 254 255

Outros projectos 53 54

TOTAL 958 966

Fonte: www.apa.pt (consulta feita a 25 de Junho de 2013)

Tendo em consideração o acréscimo verificado considerou-se que os dados analisados em

Setembro de 2013 se encontravam válidos e suficientes. Assim, destes e relativamente às vias

de comunicação estas podem ser, numa primeira análise, subdivididas em diferentes

tipologias, conforme seguidamente exposto.

Quadro 3.3 - Vias de Comunicação – tipologias consideradas

Tipologia de Estudos Avaliados Número de Estudos Avaliados

Vias Ferroviárias 33

Linhas de Metropolitano 16

Canais Fluviais 1

Vias Rodoviárias 204

Complementarmente, há algumas diferenças relativamente à tipologia e fase de

desenvolvimento que levam a que a análise possa (e deva) diferir. Assim há a considerar as

seguintes variantes:

Quanto à tipologia do projecto:

- Beneficiação e/ou alargamento de vias já existentes;

- Construção de novas vias de comunicação.

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Quanto à fase de desenvolvimento do projecto:

- Estudo Prévio ou Anteprojecto;

- Projecto de Execução.

A fase em que o projecto se encontra é determinante para o desenvolvimento do processo de

AIA. Assim e sintetizando o referido no Capítulo 2, podem verificar-se as seguintes situações:

Situação 1

Situação 2

As vias rodoviárias, pelo seu desenvolvimento linear, são promotoras de diversas alterações

sobre as componentes ambientais consideradas e os recursos hídricos não são excepção.

Para que a definição da metodologia fosse o mais fundamentada possível, foi realizada no

Centro de Documentação da APA, durante o mês de Setembro de 2012, a análise de diversos

EIA de vias de comunicação – estradas, desenvolvidos por diversas empresas consultoras.

O processo de AIA de vias rodoviárias foi até à referida data desenvolvido por um vasto

conjunto de empresas consultoras, conforme se pode verificar pela Figura 3.1:

1. Estudo de Impacte Ambiental (EIA) Fase de ESTUDO PRÉVIO ou ANTEPROJECTO

(podem ser estudadas diversas alternativas de traçado)

2. Relatório de Conformidade Ambiental com o Projecto de Execução (RECAPE) Fase de PROJECTO DE EXECUÇÃO

(É estudada a Solução aprovada pela Declaração de Impacte Ambiental)

Fim do processo de AIA

1. Estudo de Impacte Ambiental (EIA) Fase de PROJECTO DE EXECUÇÃO

(Podem ser estudadas várias soluções mas o mais comum é a análise de uma única solução que após a emissão da Declaração de Impacte Ambiental é a que será adoptada)

Fim do processo de AIA

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Figura 3.1 - Número de Estudos de Impacte Ambiental desenvolvidos por empresa no período

decorrente desde a publicação do DL nº 69/2000 a 3 de Maio até Setembro de 2012

Para os diversos estudos analisados foram obtidas diversos tipos de decisão, sendo que 73%

dos mesmos teve como decisão final na DIA – Parecer Favorável, Condicionado ao

cumprimento de medidas de minimização específicas. O número de estudos por tipologia de

decisão é apresentado na Figura 3.2:

Figura 3.2 - Número de Estudos de Impacte Ambiental por tipologia de decisão no período

desde a publicação do DL nº 69/2000 a 3 de Maio até Setembro de 2012

Assim, na definição de quais os estudos a considerar, para além da longa experiência de

desenvolvimento de estudos, teve-se por base os seguintes pressupostos:

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33

- Numa mesma empresa consultora, há uma natural tendência, salvo em situações

excepcionais resultantes da especificidade do projecto, para o desenvolvimento de

uma metodologia semelhante nos diversos estudos para uma mesma tipologia de

projecto, pelo que se considerou um estudo de cada empresa;

- Ao longo do tempo, em função da emissão de Pareceres ou de Declarações de

Impacte Ambiental, há uma evolução no sentido de melhorar as metodologias e

adequar às reais necessidades de desenvolvimento dos Estudos. Nesse sentido,

considerou-se o Estudo mais recente e disponível no Centro de Documentação,

de cada empresa, independentemente da tipologia de decisão ou da fase de

desenvolvimento do projecto.

Tendo em consideração o referido, foram considerados os seguintes EIA para a presente

análise. A demais informação de caracterização dos EIA considerados é apresentada no

Anexo I do presente trabalho.

Quadro 3.4 - Estudos considerados para a análise apresentada

Consultor Designação do Projecto Tipologia da

decisão

AGRIPRO Ambiente – consultores, S.A.

IC3 - Condeixa - Coimbra Favorável

Condicionado

Amb & Veritas – Ambiente, Qualidade e Formação, Lda.

Alargamento da A28 - Sublanço Freixieiro - Póvoa do Varzim

Favorável Condicionado

AmbiDelta, Ambiente e Paisagismo, Lda.

A1 Sublanço Coimbra Sul - Coimbra Norte - Alargamento e Beneficiação para 2x3 vias

Favorável Condicionado

ARQPAIS, Consultores de Arquitectura Paisagista e Ambiente,

Lda.

Variante à EN 125-4 entre a Circular de Loulé e Valados

Favorável Condicionado

Atkins Portugal Variante à EN14 (Nó do Jumbo) - Famalicão (Nó

da Cruz IP1-A3) Favorável

Condicionado

Cenorplan – Planeamento e Projectos, Lda.

IC32 - CRIPS - Circular Interna da Península de Setúbal - Funchalinho / Coina

Favorável Condicionado

CISED, consultores, Lda. Via Alternativa ao Monte da Caparica Favorável

Condicionado

COBA - Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A.

IC33 - Grândola (A2) - Évora (IP2) Favorável

Condicionado

DCEA/FCT/UNL Prolongamento da Avenida Poente de Torres

Vedras Encerramento do

Processo

ECOMIND, Consultadoria Ambiental, Lda.

Variante de Faro - 2.ª Fase (alteração) e Regularização do Rio Seco

Favorável Condicionado

ECOSERVIÇOS - Gestão de Sistemas Ecológicos, Lda.

EN222-2 Resende - Bigorne Desconformidade

do EIA

ECOSSISTEMA-Consultores em Engenharia do Ambiente, Lda.

IC31 – Castelo Branco - Monfortinho Favorável

Condicionado

Espaços Verdes, Projectos e Construção, Lda.

IP2 - Vale Benfeito / Ponte do Sabor Favorável

Condicionado

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34

Quadro 3.4 - Estudos considerados para a análise apresentada

Consultor Designação do Projecto Tipologia da

decisão

Horizonte de Projecto - Consultores em Ambiente e Paisagismo, Lda.

Ligação do IC21 no Nó de Coina (A2) a Sesimbra

Desfavorável

Ideia Verde – Arquitectura Paisagista, Consultadoria Ambiental e Formação

Profissional, Lda. IC2 - Alargamento da EN1 em Condeixa Desfavorável

IMPACTE - Ambiente e Desenvolvimento, Lda.

IP2 - Lanço Teixoso / Alcaria - Ligação da Covilhã ao IP2

Favorável Condicionado

Intecsa, engenheiros associados, S.A. IC34 - Vila Nova de Foz Côa (IP2) / Barca d´Alva Favorável

Condicionado

IPA - Inovação e Projectos em Ambiente, Lda.

Desnivelamento da Avenida Duarte Pacheco, Rua Joaquim António de Aguiar e Avenida

Fontes Pereira de Melo (Túnel do Marquês)

Favorável Condicionado

MYOSOTIS - Consultoria Ambiental, Lda.

A1 Auto-estrada do Norte. Alargamento e Beneficiação para 2 x 3 vias - Trecho Nó Feira /

Nó com o IC24

Favorável Condicionado

PEV - Projectos de Espaços Verdes, Lda.

A1 - Sublanço Feira/Carvalhos Nó com o IC24 e Alargamento e Beneficiação para 2x4 vias

Favorável Condicionado

PROCESL - Engenharia Hidráulico e Ambiental, Lda.

Circular Externa da Zona Urbana de Pombal Favorável

Condicionado

PROFICO, Ambiente e Ordenamento, Lda.

IC36 - Leiria Sul (IC2) - Leiria Nascente (COL) Favorável

Condicionado

PROVIA, Consultores em Engenharia, S.A.

Variante à EN9 - Ligação entre o Nó de Lourel (IC16) e o Nó de Fervença (VCAML - Norte)

Desfavorável

SEIA - Sociedade de Engenharia e Inovação Ambiental, S.A

A2 - Sublanço Castro Verde / Almodôvar e A2 - Sublanço Almodôvar /VLA

Favorável Condicionado

Tecninvest, Técnicas e Serviços para o Investimento, S.A.

IC 9 - Ligação entre o Nó do IP 6 (Abrantes) e o IC 13 (Proximidades de Ponte de Sôr)

Encerramento do Processo

TRIFÓLIO - Estudos e Projectos Ambientais e Paisagísticos, Lda.

EN238 - Sertã - Oleiros Favorável

Condicionado

VISA, Consultores de Geologia Aplicada e Engenharia do Ambiente,

S.A. IC32 - CRIPS - Trafaria / Pera

Desconformidade do EIA

A avaliação de impactes das vias rodoviárias tem vindo a ser sobejamente analisada dada a

quantidade de Estudos de Impacte Ambiental que têm sido desenvolvidos e a necessidade de

tornar o processo de AIA um verdadeiro instrumento de gestão do ambiente.

Nos capítulos seguintes é apresentada uma análise dos capítulos constituintes dos EIA

considerados na análise e identificados no Quadro 3.4.

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO HÍDRICO PASSÍVEL DE SER AFECTADO

A realização de uma boa caracterização da situação de referência permite uma correcta e

adequada avaliação de impactes da infra-estrutura linear. Genericamente a caracterização dos

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35

recursos hídricos, ou de qualquer outro descritor, deverá iniciar-se a uma escala macro para

posteriormente passar à fase micro.

Tendo em consideração os EIA observados, na situação de referência foram identificados os

seguintes principais capítulos:

Enquadramento Hidrográfico;

Escoamento;

Situações Hidrológicas Extremas;

Usos da água;

Fontes de poluição;

Qualidade da Água;

Zonas Sensíveis.

Seguidamente é analisado individualmente cada item mencionado.

3.1.1. Enquadramento Hidrográfico

A totalidade dos EIA observados realiza numa primeira análise uma abordagem ao

enquadramento hidrológico do projecto com a identificação da bacia hidrográfica em que o

mesmo se desenvolve. Esta abordagem, comum à totalidade dos estudos considerados

baseia-se na divisão das regiões hidrográficas existentes.

A abordagem feita passa pela identificação da bacia hidrográfica e pela sua caracterização em

termos de área e identificação das principais linhas de água que nela se desenvolvem.

Genericamente, esta caracterização é feita tendo por base a informação constante nos Planos

de Bacia Hidrográfica.

Após a caracterização genérica é feita uma abordagem mais focada na área de

desenvolvimento do traçado. Aqui, são identificadas as bacias hidrográficas sobre as quais o

traçado se desenvolve. Esta caracterização passa primordialmente pela identificação e

caracterização das linhas de água transpostas e difere entre os EIA considerados, quanto ao

maior ou menor detalhe. Nos projectos em fase de Projecto de Execução há uma maior

pormenorização da análise, a qual é de modo explícito, acompanhada por trabalho de campo.

A questão do trabalho de campo, que deveria ser obrigatório em todas as fases de análise do

projecto, nem sempre é possível ou exequível, pelo que nem sempre a sua realização está

patente nos EIA.

Tal como referido e relativamente à caracterização das linhas de água, esta é feita segundo

diversos factores, sendo que foram identificados os seguintes:

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36

Denominação da linha de água transposta (identificação feita na totalidade dos EIA

considerados);

Área da sua bacia hidrográfica (identificação feita por 89% dos EIA considerados);

Localização do quilómetro do traçado em que se verifica o atravessamento das linhas

de água (apenas 61% dos EIA analisados realizaram esta identificação);

Modo de atravessamento da linha de água – PH, ponte, viaduto (identificação feita por

14% dos EIA considerados);

Sentido do escoamento (identificação feita apenas por 11% dos EIA considerados);

Regime de escoamento – sazonal, permanente (identificação feita por 25% dos EIA

considerados);

Classificação quanto à Classificação Decimal4 (identificação feita por 71% dos EIA

considerados);

Extensão da linha de água (identificação feita por 89% dos EIA considerados);

Uso do solo na envolvente da linha de água (identificação feita por 4% dos EIA

considerados);

Aspecto visual da massa de água; aspecto do leito; estado de eutrofização; natureza

das margens (rocha, solo, outros) e seu estado de conservação; caracterização da

galeria ripícola – estas características foram agrupadas na medida em que apenas um

dos estudos considerados realizou a caracterização a este nível.

Complementarmente houve um estudo que procedeu, para cada bacia hidrográfica transposta

à caracterização quanto à: cota da nascente, cota máxima da bacia, cota mínima da bacia,

comprimento da linha de água principal, declive médio da linha de água principal, declive médio

da bacia, altitude média da bacia, altura média da bacia.

Para além das linhas de água, podem ser identificadas na envolvente do traçado massas de

água de diferentes tipologias, e com diferentes finalidades. Nos estudos considerados três

tinham na sua proximidade massas de água, as quais num caso se tratava de uma albufeira

pública e nos demais de charcas ou açudes.

Verificou-se que todos procederam a uma caracterização das massas de água quanto às suas

dimensões, uso e no caso da albufeira, do regime de protecção associado.

Complementarmente foi identificada a sua localização face ao traçado em estudo.

Sintetizando o enquadramento hidrológico foi desenvolvido seguindo o seguinte

encadeamento:

4 De acordo com o Índice Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água de Portugal (1981)

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37

Figura 3.3 – Esquema de análise do Enquadramento Hidrológico nos EIA considerados

Ressalve-se que uma linha de água também é uma massa de água, contudo nos EIA há uma

diferenciação entre linhas de água (pela seu desenvolvimento mais linear) e as demais massas

de água, como são por exemplo as barragens, açudes ou represas que assumem uma forma

diferente e não tão linear.

Para a realização do enquadramento hidrológico, há um recurso preferencial aos Planos de

Bacia Hidrográfica e à cartografia existente (nomeadamente Cartas Militares com o respectivo

levantamento topográficos e demais elementos cartográficos existentes). Contudo, verifica-se

igualmente um recurso aos dados das entidades municipais e nacionais, nomeadamente

Câmaras Municipais e ao Instituto da Água. Raramente se constata a evidência de realização

de trabalho de campo.

Identificação das linhas de água directamente afectadas pelo traçado

Enquadramento Hidrográfico

Bacia Hidrográfica em que o traçado se desenvolve

Bacias Hidrográficas directamente afectadas pelo traçado em estudo

Caracterização quanto a: - Região Hidrográfica em que se insere; - Área da Bacia hidrográfica; - Principais linhas de água da Bacia; - Sentido do escoamento; …

Caracterização quanto a: - Área da bacia; - Sentido do escoamento; …

- Identificação da(s) linha(s) de água; - Extensão; - Classificação Decimal; - Local de atravessamento (km da via); - Sentido e regime de escoamento; - Caracterização do leito e das margens; - Identificação dominante do uso do solo na envolvente; …

Massas de água

- Identificação da(s) massa(s) de água; - Tipologia (albufeira, charca…); - Identificação de regime de protecção; - Principal Uso associado; - Área da massa de água; - Volume armazenado; …

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3.1.2. Escoamento

A definição do regime de escoamento é fundamental para que haja uma correcta definição dos

órgãos de drenagem a considerar para a transposição das diferentes linhas de água, bem

como a definição da altura mais adequada à intervenção durante a fase de construção.

Genericamente os dados trabalhados neste ponto correspondem aos obtidos nas estações

hidrométricas espalhadas pelo país e acompanhadas pelo Instituto da Água, o qual fornece os

dados recolhidos. O recurso às Estações Hidrométricas foi realizado por 54% dos EIA

considerados.

Outra fonte de informação para a caracterização do escoamento das bacias hidrográficas

interceptadas são os Planos de Bacia Hidrográfica. O recurso aos Planos de Bacia

Hidrográfica, verificado apenas em 4% dos EIA considerados, foi feito nas situações em que

não existiam Estações Hidrométricas nas proximidades do traçado em estudo.

O tratamento dos dados obtidos resultou, na maioria, na caracterização dos regimes de

escoamento ao longo do ano hidrológico, tendo sido pontualmente identificados os caudais

médios, instantâneos e mínimos diário.

No esquema seguinte é sintetizada a metodologia seguida pelos EIA analisados. Refira-se que

alguns houve (42%) em que não se fez qualquer referência ao regime de escoamento.

Figura 3.4 - Síntese das metodologias seguidas na análise do escoamento superficial nos EIA

analisados

Regime de Escoamento

Identificação das Estações Hidrométricas existentes na envolvente

- Identificação do regime de escoamento ao longo do ano - Variação do escoamento médio mensal - Caudais médios, instantâneos e mínimos diário …

Existem dados disponíveis das Estações Hidrométricas do Instituto da Água ou dados dos Planos de bacia Hidrográfica

Não existem dados disponíveis das Estações Hidrométricas do Instituto da Água ou dados dos Planos de bacia HidrográficaBacia Hidrográfica em que o traçado se desenvolve

Caracterização hidrológica efectuada com base em estimativas dos caudais médios e dos caudais máximos de cheia, nas secções correspondentes ao atravessamento das principais linhas de água pelos traçados em estudo (secções que definem bacia a montante com área inferior a 5 km

2).Bacias Hidrográficas directamente afectadas pelo traçado em estudo

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3.1.3. Situações Hidrológicas Extremas

Cheias definem-se como um “fenómeno hidrológico extremo causado por precipitação intensa

de duração mais ou menos prolongada numa bacia hidrográfica ou em parte dela, originando

caudais que excedem a capacidade de vazão do leito menor do rio” (Hidrologia e Recursos

Hídricos (2011), pág. 485).

Em Portugal o regime hidrológico dos pequenos cursos de água, caracteriza-se genericamente

por ser torrencial. Durante grande parte do ano o caudal é nulo ou quase nulo, e decorrem

anos sem que ocorra transbordamento do leito. Em contrapartida, em caso de precipitação

intensa, o escoamento superficial dá-se com elevada rapidez, sendo os caudais específicos

referentes a cheias centenárias muito elevados.

Além das condições climáticas referidas, os factores fisiográficos das bacias hidrográficas

condicionam a ocorrência de cheias. Os factores geométricos são a área, a forma, a densidade

de drenagem e o relevo da bacia hidrográfica. Os factores físicos são o uso e o tipo de solo,

cobertura vegetal, condições geológicas e rede hidrográfica.

A identificação de situações hidrológicas extremas, como sejam as cheias, torna-se crucial

para a avaliação, não só mas também, da viabilidade de um determinado projecto.

A delimitação das zonas de cheia pode ter base na informação disponibilizada pelo Instituto da

Água, pelas Câmaras Municipais dos concelhos em que os traçados se desenvolvem, ou em

registos históricos. Dos EIA considerados, apenas 24% fez menção às zonas consideradas

como zonas inundáveis em caso de ocorrência de cheias, sendo que o tratamento dos dados

diverge de estudo para estudo. Na maioria apenas são mencionadas zonas com maior

possibilidade de ocorrência de cheias, sendo que em um dos referidos há a delimitação das

zonas de cheia com base na cartografia da Rede Ecológica Nacional – zonas de cheia.

A delimitação das zonas de cheia apresenta-se como um ponto sensível dos EIA na medida

em que nem sempre há disponibilidade temporal e económica para realizar uma caracterização

adequada. Assim recorre-se de um forma geral aos dados existentes, os quais nem sempre

apresentam o rigor e precisão necessários.

3.1.4. Uso da Água

A identificação dos usos da água é necessária para várias vertentes:

Identificação dos usos associados aos recursos hídricos existentes na envolvente do

traçado em análise;

Análise das afectações possíveis ao nível dos usos;

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40

Identificação e caracterização das infra-estruturas associadas aos diferentes usos de

modo a avaliar a sua possível afectação directa ou indirecta.

Os usos da água variam em função da zona de desenvolvimento do traçado, variando também

o grau de detalhe na exploração deste ponto em função da fase do projecto. Num EIA em fase

de Projecto de Execução, deverá ser apresentado com rigor, as infra-estruturas directamente

afectadas e a identificação dos respectivos modos de restabelecimento.

Os principais usos associados aos recursos hídricos são os seguidamente identificados, sendo

que conforme a zona de desenvolvimento do traçado podem ser identificados outros usos.

Abastecimento doméstico e industrial

A origem da água para consumo humano depende da disponibilidade hídrica quer superficial

quer subterrânea. Concomitantemente, as infra-estruturas existentes dependem das

necessidades e do desenvolvimento humano.

A identificação quer da origem da água quer das infra-estruturas que lhe estão associadas, é

maioritariamente feita com o apoio das autarquias locais ou dos sistemas responsáveis pelo

abastecimento. Complementarmente há que ter em consideração que associadas às infra-

estruturas encontram-se definidas, na grande maioria dos casos, zonas de protecção. Estas

são maioritariamente definidas ao nível do Plano Director Municipal podendo contudo possuir

legislação específica.

Genericamente, pode obter-se uma caracterização do consumo humano através dos Planos de

Bacia Hidrográfica, procedimento este seguido por 14% dos EIA analisados. Os demais

procederam a uma caracterização com base nos dados fornecidos pelas entidades gestoras e

responsáveis pelo abastecimento nos concelhos em que o traçado se desenvolve.

Rega

A rega consiste num processo artificial de satisfação das necessidades em água das plantas

quando esta não existe no solo em condições utilizáveis, tais que as plantas a possam usar

sem que isso provoque uma quebra de produção superior a um limite admissível pelo gestor da

rega (http://www.agroportal.pt/a/2001/ioliveira.htm).

As vias rodoviárias, pela sua linearidade, afectam, muitas vezes, parcelas agrícolas às quais

estão associadas infra-estruturas de rega. Tal como no consumo humano, a identificação quer

da origem da água quer das infra-estruturas que lhe estão associadas, é maioritariamente feita

com o apoio das autarquias local, da Direcção Geral de Agricultura e do Desenvolvimento

Rural, das Direcções Regionais da Agricultura e Pescas ou dos respectivos proprietários. As

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41

fontes de água também podem ser identificadas com o auxílio das Administrações das Regiões

Hidrográficas.

Nos estudos em que foi identificada a actividade agrícola na envolvente do traçado, a mesma

foi mencionada, sendo que de um modo geral não se verificou uma abordagem no sentido de

identificar as origens da água utilizada na rega e as infra-estruturas associadas à distribuição

da mesma.

Para além dos usos identificados, mas que não foram considerados nos EIA considerados,

podem ser identificados outros usos, os quais permitem não só caracterizar de forma mais

aprofundada o local de implantação da via, como proceder a uma avaliação de impactes mais

rigorosa. Assim, há ainda a referir os seguintes:

Combate a incêndios – o Instituto Geográfico Português, dispõe de uma base de dados

com os pontos utilizados para combate ao incêndio. Esta contempla diversas

informações sobre os pontos de água nomeadamente: identificação, localização

(freguesia, concelho, coordenadas), caracterização (tipo, proprietário, tipo de

proprietário, formato, dimensões) e acessibilidades;

Abeberamento animal - O abastecimento animal é feito normalmente através de

pequenas massas de água, as quais constituem maioritariamente pequenas

depressões no terreno, as quais só podem, de um modo genérico ser caracterizadas

através do trabalho de campo;

Lazer / Lúdico – em algumas linhas de água são identificadas praias fluviais ou zonas

com características tais que são concessionadas para a actividade da pesca. As zonas

concessionadas encontram-se legisladas, estando essa informação agrupada no

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

A correcta identificação das infra-estruturas associadas aos diferentes usos pressupõe uma

plena interacção com a equipa projectista de modo a que haja uma sintonia (técnica e

ambiental) quer na identificação da mesma quer no modo de minimizar qualquer impacte sobre

ela.

3.1.5. Fontes de poluição

O meio hídrico pode ser afectado em termos de qualidade e de quantidade por diversos

factores, sendo que seguidamente são identificados alguns dos exemplos identificados.

A actividade humana e industrial contribui de um modo bastante significativo para a

degradação da qualidade da água. De modo a minimizar o impacte gerado pela nossa

actividade são também instaladas redes de drenagem de águas residuais e sistemas de

tratamento de águas residuais. Quando se procede ao tratamento das águas residuais

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domésticas ou industriais assume-se que o efluente final apresenta uma qualidade tal que o

impacte sobre o meio receptor seja o menor possível.

Infelizmente a realidade tem sido bastante diferente e as Estações de Tratamento de Águas

Residuais (ETAR) podem, muitas vezes, constituir um foco de poluição. Nesse sentido torna-se

necessária a identificação das ETAR, o sistema de tratamento existente, a sua localização e

principalmente o ponto de descarga de seu efluente. Complementarmente e sempre que

possível deverá ser identificada a eficiência do sistema de tratamento em questão.

A poluição resultante da actividade humana e industrial foi, com maior ou menor detalhe,

identificada pela quase totalidade dos EIA considerados (68%).

Também a actividade agrícola pode constituir uma fonte de poluição em consequência do uso,

muitas vezes abusivo, de pesticidas e fertilizantes, compostos orgânicos e inorgânicos de

azoto, fósforo e potássio, usados como componentes dos adubos.

Os pesticidas são substâncias muito persistentes e muito estáveis que sofrem bioacumulação

ao longo da cadeia trófica. Os principais problemas que ocorrem actualmente são sobretudo

relativos ao azoto, resultado do seu arrastamento pelas águas pluviais, em solos menos

estruturados, contribuindo para a sua elevada concentração nas águas superficiais, tendo

como consequência a eutrofização.

Dos EIA identificados, somente 29% identificou a actividade agrícola como uma fonte de

poluição. Contudo, a ausência a esta referência deve-se à inexistência de áreas agrícolas na

envolvente dos traçados.

Para além das referidas, as quais se apresentam como as mais relevantes, foram identificados

outros focos de poluição, nomeadamente:

Tráfego rodoviário – resultante da emissão de poluentes originados na circulação

rodoviária;

Águas drenadas dos aglomerados populacionais – as águas pluviais dos aglomerados

populacionais são, tal com as águas de escorrência das estradas, transportadoras de

partículas, hidrocarbonetos, óleos e metais pesados. Esta carga poluente, de natureza

difusa, torna-se mais significativa em aglomerados mais densos sempre que as águas

de recolha pluvial sejam lançadas para as linhas de água;

Lixeiras – os lixiviados das lixeiras quando não são devidamente tratados podem

constituir uma relevante fonte de poluição para os recursos hídricos e solos;

Pedreiras – a exploração de pedreiras, quando realizada de forma inadequada pode

constituir uma fonte de poluição para os recursos hídricos, através das lamas que

podem atingir as linhas de água.

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43

As fontes de poluição são variáveis e dependentes do local de implantação do projecto, sendo

que as acima mencionadas correspondem às identificadas nos EIA considerados para a

presente análise. A identificação das fontes de poluição existentes permite uma correcta

análise dos impactes cumulativos com as vias rodoviárias em estudo.

3.1.6. Qualidade da Água

A identificação da qualidade da água das linhas de água ou mesmo das massas de água

existentes na envolvente permite a definição de um termo de comparação para a posterior

avaliação de impactes e respectiva definição do plano de monitorização a aplicar.

A nível nacional encontra-se implementada uma rede de controlo de qualidade da água

composta por 275 estações de monitorização. Estas são geridas pelo Instituto da Água,

encontrando-se os resultados obtidos nas diferentes campanhas de monitorização no Sistema

Nacional de Informação dos Recursos Hídricos – www.snirh.pt.

A definição da qualidade da água verificada nas estações de monitorizações existentes segue

o disposto no DL nº 236/98 de 01 de Agosto. Complementarmente estão definidos, pelo

Instituto de Água, valores limite que permitem caracterizar a qualidade da água para usos

múltiplos através de 5 classes, conforme apresentado no quadro seguinte:

Quadro 3.5 - Classificação dos cursos de água superficiais de acordo com as suas

características de qualidade para usos múltiplos

Parâmetro

Classe A Classe B Classe C Classe D Classe E

Excelente Boa Razoável Má Muito Má

Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. -

Arsénio (mg/l As) - 0,01 - 0,05 - - - 0,1 >0,1

Azoto Kjeldahl (mg/l N) - 0,5 - 1 - 2 - 3 >3

Azoto amoniacal (mg/l NH4) - 0,5 - 1,5 - 2,5 - 4 >4

Carência bioquímica de oxigénio (mg/l O2)

- 3 - 5 - 8 - 20 >20

Carência química de oxigénio (mg/l O2)

- 10 - 20 - 40 - 80 >80

Chumbo (mg/l Pb) - 0,05 - - - 0,1 - 0,1 >0,1

Cianetos (mg/l CN) - 0,05 - - - 0,08 - 0,08 >0,08

Cobre (mg/l Cu) - 0,05 - 0,2 - 0,5 - 1 >1

Coliformes fecais (uni/100 ml) - 20 - 2000 - 20000 - >20000

Coliformes totais (uni/100 ml) - 50 - 5000 - 50000 - >50000

Condutividade (µS/cm, 20ºC) - 750 - 1000 - 1500 - 3000 >3000

Crómio (mg/l Cr) - 0,05 - - - 0,08 - 0,08 >0,08

Cádmio (mg/l Cd) - 0,001 - 0,005 - 0,005 - >0,005

Estreptococos fecais (uni/100 ml)

- 20 - 2000 - 20000 - >20000

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Parâmetro

Classe A Classe B Classe C Classe D Classe E

Excelente Boa Razoável Má Muito Má

Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. -

Fenóis (mg/l C6H5OH) - 0,001 - 0,005 - 0,01 - 0,1 >0,1

Ferro (mg/l Fe) - 0,5 - 1 - 1,5 - 2 >2

Fosfatos (mg/l P2O5) - 0,4 - 0,54 - 0,94 - 1 >1

Fósforo (mg/l P) - 0,2 - 0,25 - 0,4 - 0,5 >0,5

Manganês (mg/l Mn) - 0,1 - 0,25 - 0,5 - 1 >1

Mercúrio (mg/l Hg) - 0,0005 - - - 0,001 - 0,001 >0,001

Nitratos (mg/l NO3) - 5 - 25 - 50 - 80 >80

Oxidabilidade (mg/l) - 3 - 5 - 10 - 25 >25

Oxigénio dissolvido (% saturação de O2)

90 - 70 - 50 - 30 - <30

Selénio (mg/l Se) - 0,01 - - - 0,05 - 0,05 >0,05

Substâncias tensioactivas (mg/l, sulfato de lauril e sódio)

- 0,2 - - - 0,5 - 0,5 >0,5

Sólidos suspensos totais (mg/l) - 25 - 30 - 40 - 80 >80

Zinco (mg/l Zn) - 0,3 - 1 - 3 - 5 >5

pH (Escala Sorensen) 6,5 8,5 5,5 9 5 10 4,5 11 >11

- O pH, sendo um parâmetro muito dependente de características geomorfológicas, pode apresentar valores fora deste intervalo, sem contudo significar alterações de qualidade devidas à poluição. - Alteração de frequência ao Azoto Kjeldahl desde 2006. - Nas classificações referentes ao Norte em 2007 não foi respeitada a frequência mínima de amostragem.

Fonte: www.inag.pt

A identificação da qualidade da água a partir dos dados disponibilizados pelas estações de

monitorização do INAG foi seguida por 46% dos EIA considerados, tendo os demais seguido a

informação disponibilizada pela CCDR (7% dos EIA considerados), ou não realizado qualquer

avaliação da qualidade da água (47% dos EIA considerados).

Na definição de quais os parâmetros a considerar verificou-se uma grande variabilidade sendo

que em nenhum dos estudos é definido um critério para a selecção dos parâmetros realizada.

Não obstante e como ressalva, uma vez que se pretende utilizar os dados apresentados neste

capítulo como termo de comparação para a realização de futuras campanhas de

monitorização, deverão não só ser seleccionados parâmetros passiveis de sofrerem maior

variabilidade com a construção e exploração da via como também os que se prevêem

considerar nos planos de monitorização a aplicar.

3.1.7. Zonas Sensíveis

A necessidade de criação das denominadas Zonas Sensíveis surge da aplicação da Directiva

Quadro da Água (transposta para o nosso regime pela Lei 58/2005 de 29 de Dezembro) e tem

como objectivo primordial a protecção sustentável dos recursos hídricos.

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45

A identificação destas zonas começou a ter mais desenvolvimento a partir de 2006, com a

publicação do estudo realizado pelo LNEC, para o INAG e intitulado “Avaliação e gestão

ambiental das águas de escorrência de estradas – Relatório Final”. De acordo com o estudo

mencionado, zonas sensíveis são as “zonas do domínio hídrico interior – subterrâneos e

superficial, de transição e costeiras que, pelas suas características físicas e químicas

intrínsecas, pelos seus usos e pelos ecossistemas que suportam constituem, separadamente

ou cumulativamente, áreas mais sensíveis à poluição gerada pela circulação rodoviária”.

(Avaliação e gestão ambiental das águas de escorrência de estradas – Relatório Final, 2006).

Neste estudo é definido um fluxograma que permite identificar se estamos perante uma zona

sensível ou não. Contudo, são consideradas como zonas particularmente sensíveis às águas

de escorrência drenadas das vias as seguintes:

Albufeiras de águas públicas e de serviço público e respectivas zonas de protecção;

Explorações das águas de nascente;

Águas minerais;

Áreas classificadas como Reserva Ecológica Nacional;

Zonas hídricas sensíveis à descarga das águas residuais, conforme definido no DL nº

152/97 de 19 de Junho, revogado pelo DL nº 172/2001 de 26 de Maio e nº 149/2004 de

22 de Junho;

Zonas vulneráveis à poluição causada por nitratos de origem agrícola (conforme

definido pelo DL nº 235/97 de 3 de Março);

Águas classificadas como piscícolas (Aviso nº 12677/2000 de 23 de Agosto);

Áreas com interesse ecológico, nomeadamente Rede Natura 2000, Sítios de Interesse

Comunitário (SIC), Zonas de Protecção Especial (ZPE) ou outras;

Perímetros de protecção de captações (subterrâneas ou superficiais) destinadas ao

abastecimento público;

Sistemas de retenção de água de pequena dimensão (como sejam por exemplo as

charcas);

Canais de distribuição de água para rega.

Para além das zonas identificadas, aquando da caracterização do local de desenvolvimento

das vias rodoviárias, podem ser identificadas outras zonas que podem ser, pelas suas

características, consideradas como sensíveis.

A identificação destas zonas apresenta-se como importante para a definição, em conjunto com

a equipe projectista, dos locais de descarga das águas de escorrência das plataformas. Dos

estudos considerados, apenas 29% procedeu à identificação ou a uma abordagem das zonas

sensíveis existentes na envolvente ao projecto.

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46

3.2. PREVISÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTES SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS

A construção, beneficiação ou alargamento de uma via produz impactes sobre os recursos

hídricos que se manifestam nas diferentes fases do projecto – fase de construção, de

exploração e de desactivação.

A caracterização dos impactes é variável consoante os critérios que venham a ser definidos.

Contudo, e de um modo geral os impactes podem ser caracterizados segundo os critérios

identificados no quadro seguinte:

Quadro 3.6 - Critérios para avaliação de impactes

Parâmetro

Quanto à natureza Positivo

Negativo

Quanto à incidência Directo

Indirecto

Quanto à ocorrência

Certo

Provável

Incerto

Quanto à duração do impacte Temporário

Permanente

Quanto à dimensão espacial

Locais

Supra-locais

Regionais

Nacionais

Quanto à reversibilidade Reversíveis

Irreversíveis

Quanto à magnitude

Elevada

Média

Baixa

Quanto à capacidade de minimização e/ou de compensação

Minimizável

Minimizável e compensável

Não minimizável nem compensável

Quanto à significância

Pouco significativo

Significativo

Muito significativo

Seguidamente são identificáveis os impactes passíveis de serem verificados em cada fase e o

modo como os mesmos foram tratados nos diferentes EIA analisados.

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47

3.2.1. Fase de Construção

Na fase de construção podem ser identificáveis impactes sobre os recursos hídricos que

poderão ter expressão quer em termos qualitativos quer quantitativos. Da análise dos EIA

considerados foram identificados os seguintes impactes decorrentes da fase de construção:

Alteração do regime de escoamento e desvio de linhas de água – consubstanciado

pelas alterações no modelado natural do terreno e no atravessamento de linhas de

água;

Criação do efeito barreira;

Interferência com zonas de cheia;

Interferência com áreas agrícolas, nomeadamente de áreas de regadio;

Alteração da qualidade da água;

Interferência com infra-estruturas associadas ao aproveitamento dos recursos hídricos

superficiais.

Os impactes genericamente identificados são seguidamente caracterizados tendo por base

informação recolhida em diversas fontes bibliográficas e nos próprios EIA analisados.

Alteração do regime de escoamento e interferência com as linhas de água

O desenvolvimento de uma via induz a alterações meso-fisiográficas do terreno as quais

resultam da realização de escavações, que induzem ao desvio de caudais, e de aterros que

constituem obstáculos à drenagem. Estas modificações alteram consequentemente, o modo

como se processa o escoamento superficial, podendo modificar a dimensão das próprias

bacias hidrográficas, o volume escoado, o tempo de concentração da bacia e a geometria das

linhas de água.

Nas obras de beneficiação / alargamento este impacte, já se verifica, podendo ser mais ou

menos gravoso consoante a intervenção que se venha a realizar. Contudo, é indubitavelmente

a construção de uma nova via que induz a impactes mais significativos neste contexto.

Complementarmente não há dúvida que o impacte sobre as linhas de água é tanto mais

relevante quanto maior for a alteração que lhe é introduzida.

Paralelamente, o desvio pontual ou permanente das linhas de água provoca alterações no

escoamento que podem provocar fenómenos de erosão, sedimentação e até alterações na

vegetação. As zonas mais sensíveis correspondem ao atravessamento das várias linhas de

água.

De modo a minimizar ao máximo o impacte gerado, é conveniente que as passagens

hidráulicas sigam o alinhamento do curso de água, evitando-se curvas bruscas que poderão

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resultar em erosão diferencial nas duas margens e dificuldade de estabilização do leito e

renaturalização da linha de água a jusante.

Numa última análise, há que referir o aumento do escoamento superficial e a diminuição da

recarga dos aquíferos, devido à colmatação dos solos nas zonas de trabalho e à sua

desmatação, já que a ausência de vegetação diminui a infiltração e acelera o processo de

escoamento superficial. Outra consequência desta fase é a diminuição da área de infiltração

das águas subterrâneas e o aumento considerável da escorrência superficial. Estando estes

fenómenos directamente associados à pluviosidade registam-se principalmente nas alturas do

ano mais chuvosas.

Tendo em consideração as análises realizadas nos EIA analisados, verificou-se que a

abordagem a esta temática é muito variável e na globalidade não estão definidos critérios

claros para a avaliação dos impactes. Vaja-se o caso de um dos EIA analisados em que

apenas é referido que “os impactes serão mais significativos se a programação das obras

ocorrer em períodos de maior intensidade de precipitação e não se verificar o seu

restabelecimento imediato”. Apesar do referido, há um consenso geral (quando é feita

abordagem a este impacte – verificada em 54 %) de que o impacte resultante da alteração do

regime de escoamento é negativo. Os demais critérios não são tão concordantes, havendo

estudos que classificam o impacte como temporário (20%) e outros como permanente (13%).

Quanto à ocorrência é referido na mesma proporção que o impacte é certo (13%) ou provável

(13%). Quando à referência à reversibilidade do impacte, esta é concordantemente reversível

(20%). No que se refere à magnitude, esta varia entre moderada (13%) a média a elevada

(7%). Finalmente e no que concerne à significância e não considerando a avaliação acima

referida, verifica-se que esta varia entre pouco significativa (13%) e média a alta (7%).

O impacte decorrente da interferência com as linhas de água depende do modo como o

mesmo é feito e das próprias características das linhas de água.

O modo de atravessamento, tal como anteriormente referido, pode ser conseguido com recurso

a passagens hidráulicas (que podem ser em aterro ou escavação), pontões, viadutos ou

pontes. No que se refere à dimensão da linha de água, o impacte varia em função da zona de

atravessamento, sendo menor nos troços de cabeceira e maior nos troços intermédios ou finais

das linhas de água e, da dificuldade relacionada com a sua reposição, no sentido de garantir as

condições hidrológicas anteriores ao seu atravessamento pelos traçados.

A significância dos impactes gerados na fase de construção é dependente de um conjunto de

factores, nomeadamente:

Tipologia das actividades desenvolvidas;

Distância entre a origem do impacte e a massa de água afectada pelo mesmo;

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Utilização das massas de água localizadas nas proximidades da área de intervenção;

Capacidade de regeneração do meio receptor do impacte;

Factores exógenos à construção como sejam a frequência e intensidade da

precipitação.

Alguns EIA analisados no centro de documentação da APA definem critérios de classificação

dos impactes sobre as linhas de água em função do modo de atravessamento das mesmas,

nomeadamente:

Quadro 3.7 - Critérios de classificação dos impactes em função do modo de atravessamento

das linhas de água

Critérios de avaliação de impactes

Modo de atravessamento das linhas de água

Passagem hidráulica Viaduto

Escavação Aterro

Duração Permanente Permanente Temporário

Reversibilidade Reversível Reversível Reversível

Magnitude Elevada Moderada Reduzida

Probabilidade de ocorrência Certo Certo Certo

Relacionamento Directo Directo Directo

Capacidade de minimização ou compensação Minimizável Minimizável Minimizável

Significância Significativo Pouco

significativo Pouco

significativo

Fonte: Amb & Veritas,2007

Nos estudos considerados para a presente análise apenas um identifica a interferência com as

linhas de água como um impacte, classificando-o como negativo, certo, directo, local,

permanente, imediato, irreversível, de magnitude reduzida e pouco significativo.

Paralelemente é também identificado, num outro estudo, o impacte decorrente do desvio de

linhas de água, sendo este caracterizado como “minimizável através da reorientação da PH ou

a colocação de órgãos dissipadores de energia e/ou o revestimento das margens da linha de

água à saída da PH com enrocamento”.

Outro modo de análise de interferência com as linhas de água consubstanciou-se na criação de

obstáculos temporários ao escoamento de água devido a intervenções no leito das linhas de

água. Este impacte considerado em apenas um dos estudos foi caracterizado como negativo,

de magnitude reduzida, directo, temporário, certo, imediato, local, reversível e pouco

significativo.

Como referido, o impacte sobre as linhas de água resulta do modo de atravessamento das

linhas de água e das intervenções a que estas são expostas. Indubitavelmente o

atravessamento em viaduto é o que se apresenta como menos impactante, contudo não é

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isento de impactes. O impacte mais significativo deste modo de atravessamento prende-se

com a localização dos pilares de sustentação. Quando a sua localização é descuidada a linha

de água transposta pode sofrer alterações irreversíveis. Dos EIA considerados apenas um

(pelas características do próprio projecto) identificou o impacte decorrente da localização dos

pilares dos viadutos, tendo o mesmo recomendado que não se deveriam localizar nem no leito

nem nas margens da linha de água a restabelecer sem que, contudo, tenha feito a

classificação do impacte.

Criação do efeito barreira

Pelas suas características uma via rodoviária constitui uma barreira ao correcto escoamento

superficial. A minimização deste impacte passa forçosamente pela adopção de um sistema de

drenagem transversal adequado às características da envolvente da via (caracterização do

existente a montante e a jusante da via), das características das linhas de água transpostas e

do solo e uso do solo da envolvente.

Este impacte, gerado na fase de construção e com continuidade para a fase de exploração,

apenas foi considerado num dos EIA analisados, tendo o impacte sido identificado como

decorrente da fase de exploração e caracterizado como negativo, pouco significativo,

permanente e reversível. Ora este impacte é efectivamente permanente uma vez que

permanece por todo o tempo em que a via existir, contudo a sua significância pode ser função

do modo como se processa o atravessamento das linhas de água e de como é garantida a

permeabilidade da via.

Interferência com zonas de cheia

O atravessamento de zonas de cheia traduz-se como um impacte negativo e torna-se mais

gravoso quanto maior for a área afectada. Aliado a este facto deverá ser tido em consideração

o modo de atravessamento das referidas áreas.

O atravessamento destas zonas por aterro ou escavação é mais gravoso do que o

atravessamento das mesmas com recurso em viaduto, uma vez que não há a ocupação física

das zonas de cheia com possibilidade de agravamento em situação de cheia e não há a

criação do efeito barreira. Complementarmente, quanto maior a área afectada, quer por aterro

quer por escavação, maior a magnitude do impacte associado.

A identificação deste impacte foi realizada em 11% dos EIA analisados, sendo que destes

apenas 14% caracterizou o impacte. Assim, na totalidade foi caracterizado como negativo e

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pouco significativo e com reduzida magnitude. Complementarmente e no que se refere à

magnitude, verificou-se num dos estudos a definição da magnitude em função da extensão de

zona de com risco de cheia atravessada, sendo a magnitude tanto maior quanto maior a

extensão atravessada.

Interferência com áreas agrícolas, nomeadamente de regadio

A interferência com áreas de regadio só pode ser avaliada quando esta é identificada na área

de desenvolvimento do projecto, o que se verificou em dois dos estudos considerados.

Num deles não foi feita qualquer caracterização do impacte gerado, enquanto que o outro

definiu a variação da magnitude e da significância do impacte em função de:

Modo de atravessamento: considerou que o atravessamento em viaduto teria um

impacte menor magnitude, enquanto que o atravessamento em aterro ou escavação

teria um impacte mais elevado;

Localização do atravessamento em relação á área do regadio - considera-se um

impacte menor (reduzido a médio) para um atravessamento marginal, por oposição a

um central (médio a elevado);

Área de regadio afectada - quanto maior a área da afectação da área regada, maior o

impacte associado.

Alteração da qualidade da água

Nesta fase o principal impacte ao nível da qualidade da água decorre da execução de

movimentações de terras, necessárias para a realização dos aterros e escavações, que

provocarão a desagregação do solo, com consequente libertação de poeiras e desprendimento

de terras que se poderão parcialmente depositar nas linhas de águas localizadas na envolvente

da via em desenvolvimento ou em beneficiação. Esta libertação de poeiras pode induzir os

seguintes factores:

Aumento de turvação das águas, o que se traduz numa redução de penetração da luz

solar podendo afectar algas e outros seres fototróficos;

Incremento da deposição de sedimentos no fundo dos cursos de água, afectando os

habitats existentes;

Transporte de poluentes, uma vez que os sólidos podem movimentar alguns elementos

tóxicos existentes nos solos ou nos materiais de construção da obra;

A presença de poeiras nas linhas de água poderá igualmente, agravar a qualidade da

água utilizada para os diversos usos a que se destina. Assim, se a água das linhas de

água for utilizada para a rega, poderá verificar-se uma redução na eficácia das

espécies regadas para a realização de processos fotossintéticos, verificando-se

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consequentemente uma menor redução no desenvolvimento. No caso da água para

abastecimento, e caso sejam verificadas situações graves de deposição de poeiras nas

linhas de água poderá ser necessário recorrer a um tratamento adicional da água antes

de esta ser distribuída.

O aumento de sólidos suspensos e dissolvidos terá maior expressão aquando de chuvadas

que ocorram durante a fase de construção e após um longo período seco, podendo nesses

casos, surgir pontualmente impactes significativos. A significância do impacte depende de

factores como sejam a granulometria das partículas, o relevo da zona, a humidade relativa do

ar, a época sazonal do ano, a direcção predominante do vento, entre outros.

O impacte decorrente do aumento da concentração de SST nas linhas de água apenas foi

considerado em dois dos EIA considerados, sendo que apenas num destes foi apresentada

uma classificação para o mesmo (negativo, de magnitude reduzida, directo, provável,

temporário, imediato, localizado, reversível, pouco significativo).

Ainda durante a fase de construção, há que considerar a produção de efluentes domésticos

resultantes da exploração do estaleiro e de outras fontes relacionadas, nomeadamente as

águas de lavagem das máquinas, efluentes das centrais de fabrico de asfalto e óleos usados

dos motores, que constituem uma fonte significativa de matéria orgânica e de sólidos

suspensos, levando à degradação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas.

Deste modo, a contaminação química e biológica provocada pelas águas residuais produzidas

nos estaleiros e oficinas deverá ser controlada através da instalação de sistemas adequados

de tratamento de águas residuais ou, em alternativa, o encaminhamento dessas águas para o

sistema de drenagem de águas residuais local.

O encaminhamento das águas residuais geradas no estaleiro para a rede de drenagem local

poderá acarretar impactes negativos de magnitude e significância dependente do volume

descarregado e da capacidade da rede de esgotos para absorver o caudal adicional. Este

impacte prende-se com o acréscimo de águas residuais dimensionada para colectar um

determinado caudal. Esta situação deverá ser considerada junto das autoridades locais de

modo a averiguar a necessidade de realizar um qualquer pré-tratamento das águas residuais

geradas no estaleiro, antes de descarregadas na rede municipal de colecta de águas residuais.

Apesar de ser um impacte controlável pela adopção de medidas de minimização adequadas e

adaptáveis às características de cada obra, não é um impacte que possa ser desprezado. Dos

EIA considerados para a presente análise, verificou-se que apenas 18% identificou este

impacte, os quais na sua globalidade o caracterizaram. Consentaneamente o impacte foi

classificado como negativo e temporário (associado à duração da obra). Quanto aos demais

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critérios verificaram-se algumas divergências. Assim, 25% considerou o impacte como sendo

directo, provável, imediato, localizado e de magnitude e significância reduzida. Sendo que num

dos EIA há a referência de que “não é possível quantificar a sua magnitude e significância”.

Finalmente 75% considerou o impacte como reversível.

Interferência com infra-estruturas associadas ao aproveitamento dos recursos

hídricos superficiais

O impacte sobre as infra-estruturas de vários factores, nomeadamente:

Tipo de infra-estrutura, sua utilização e características;

Tipo de afectação (inviabilização permanente ou temporária, afectação directa ou

indirecta);

Facilidade ou dificuldade de restabelecimento e / ou compensação;

Localização face ao traçado em análise.

A conjugação destes factores permite definir critérios adequados de caracterização dos

impactes passíveis de serem verificados, sendo que esta caracterização é tanto mais rigorosa

quanto maior for o detalhe do projecto.

Nos EIA considerados, apenas 21% identificou este impacte, sendo que destes 67%

caracterizou o impacte. Assim, este foi globalmente considerado negativo, 50% considerou-o

como sendo directo, permanente, e na mesma proporção temporário, localizado, de magnitude

reduzida e pouco significativa. Complementarmente 75% classificou o impacte como reversível

e certo.

3.2.2. Fase de Exploração

Os impactes passíveis de serem verificados na fase de exploração decorrem da utilização e

manutenção da via e incidem essencialmente sobre a qualidade da água.

Os poluentes drenados de uma via podem ter diferentes origens e dependem quer do tráfego,

quer das características da própria via, quer das próprias características dos veículos que nela

circulam. De um modo geral são gerados os poluentes identificados no Quadro 3.8:

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Quadro 3.8 - Síntese dos poluentes passíveis de serem identificados e respectivas origens

1 Sais utilizados para evitar o congelamento, pouco utilizado em Portugal

Fonte: Avaliação e gestão ambiental das águas de escorrência de estradas (2006)

A contribuição destes compostos para a poluição das linhas de água resulta da acumulação no

pavimento em períodos de ausência de pluviosidade e, de posteriormente por ocorrência de

precipitação, serem encaminhados para o solo ou para as linhas de água. Todo o fenómeno,

desde a deposição dos poluentes até à entrada da carga poluente no meio receptor, é regido

por uma série de processos físicos, químicos e biológicos, de maior ou menor complexidade,

onde normalmente entram em jogo factores como as condições climáticas da zona, a tipologia

do tráfego, o sistema de drenagem e as características do meio receptor.

Presentemente a determinação (em termos teóricos) da qualidade das águas de escorrência

drenadas das vias, segue o recomendado pela EP, ou seja, a quase totalidade dos consultores

recorre ao “Método de Previsão da qualidade da água de escorrência de estradas em Portugal”

desenvolvido pela própria EP em parceria com o LNEC.

Este modelo com aplicação em pequenas bacias, foi adaptado à situação nacional mas teve

por base o modelo desenvolvido por Driver & Tasker (1991).

O modelo, ainda em fase de aperfeiçoamento, tem por base o resultado das monitorizações que

têm vindo a ser desenvolvidas em diferentes vias nacionais. Apesar da variabilidade de poluentes

que resultam da exploração de uma via, o modelo em questão permite obter a concentração de

quatro poluentes associados ao tráfego rodoviário, considerados como os mais relevantes - Sólidos

Suspensos Totais, o Zinco, o Cobre e o Chumbo. Das observações realizadas aos resultados

obtidos nas monitorizações verificou-se a existência da seguinte relação:

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Concentração de Zinco > Concentração de Cobre > Concentração de Chumbo

A modelação tal como está desenvolvida, tem por base um conjunto de variáveis climáticas, físicas

e de uso do solo, seguidamente referidas: variáveis físicas e de uso do solo (características da

estrada e da zona drenada e características da zona envolvente à via); variáveis climatéricas

(volume total da chuvada e duração da chuvada; Intensidade da precipitação máxima de 24

horas - para um período de retorno de 2 anos - e precipitação média anual).

A aplicação do modelo e a definição das variáveis a utilizar na modelação baseiam-se na

definição do tipo de Região em função da precipitação média anual. Assim, são definidas 3

regiões conforme seguidamente estabelecido:

Região I – Precipitação média anual ≤ 508 mm

Região II – Precipitação média anual entre 508 e 1020 mm

Região III – Precipitação média anual ≥ 1020 mm

A determinação da concentração dos diferentes poluentes considerados é feita com recurso à

seguinte equação:

Lp = [ β0’ . X1β1

. X2β2

. ….. Xnβn

.BCF ] . 0,4536

Sendo:

Lp – Carga poluente ou volume, estimado em kg ou m3

β0, β1, β2, …, βn – Coeficientes de regressão

X1, X2, … Xn – Características físicas, de uso do solo e climáticas

Hr – Volume total da chuvada (mm)

A – Área total de drenagem (km2)

I – Área impermeabilizada (%)

n – Número de características físicas, de uso do solo e climáticas do modelo

BCF – Factor de correcção dos desvios à mediana e de compensação da resposta média

Para a determinação do volume total da chuvada considera-se a Fórmula de Kirpich:

tc = 0,0663 * ( L 0,77

/ S 0,385

)

Onde:

tc – Tempo de concentração (horas)

L – Comprimento do rio principal (conotado com o comprimento máximo entre o ponto mais

a montante e o ponto de descarga da área estudada) (km)

S – Declive médio da bacia que gera o caudal (conotado com a inclinação entre o ponto

mais a montante e o ponto de descarga da área estudada)

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Depois de obtido o tempo de concentração determina-se o volume correspondente à chuvada

com base nas tabelas de Brandão, et al. (2001), considerando um período de retorno de 2 anos

e a duração equivalente ao período de tempo calculado.

A avaliação dos dados obtidos por modelação, em função do meio hídrico, segue o disposto no

DL nº 236/98 de 01 de Agosto, o qual define normas, critérios e objectivos de qualidade com a

finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus

principais usos, mais especificamente pelos seguintes Anexos:

Anexo XVI – Utilização da água para rega;

Anexo XXI – Objectivos Ambientais de Qualidade mínima para as águas superficiais;

Anexo XVIII – Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais (apesar de

as águas de escorrência não terem características de águas residuais, considera-se o

presente Anexo uma vez que dá os valores de descarga de um efluente antes de

qualquer diluição).

Este modelo, tal como é apresentado, foi considerado por 30% dos estudos analisados. Houve

outros EIA que consideraram o modelo que anteriormente ao exposto era considerado como o

mais adequado perante a EP, denominado como Félix-Filho. Porém, este modelo deixou de ser

usado na medida em que a EP privilegiou o uso do “Método de Previsão da qualidade da água

de escorrência de estradas em Portugal” e houve uma adaptação pelos consultores a esta

alteração.

3.2.3. Fase de Desactivação

Um projecto rodoviário é concebido para possuir uma vida útil muito longa, pelo que não se

considera a fase de desactivação na avaliação de impactes. Esta fase não é considerada em

nenhum dos EIA considerados.

Os impactes decorrentes desta fase sobre os recursos hídricos, e em consequência do

levantamento do pavimento e necessidade de restabelecimento da situação antes da sua

implantação, são semelhantes aos verificados na fase de construção.

3.3. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO

Tendo em consideração os impactes passíveis de serem verificados sobre os recursos

hídricos, é necessária a definição de medidas que permitem a minimização dos impactes

negativos e a potenciação dos impactes positivos.

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As medidas de minimização são variáveis de projecto para projecto, não só em função das

características do mesmo, mas também do local onde se desenvolve o projecto. Não obstante,

há medidas de carácter geral aplicáveis à maioria dos projectos, pelo que a APA publicou, uma

listagem com um conjunto de medidas de minimização aplicáveis à fase de construção,

disponíveis em www.apambiente.pt.

Tendo em consideração as medidas de minimização propostas na referida listagem e as

medidas recomendadas nas Declarações de Impacte Ambiental disponíveis para consulta, quer

através do site da APA, quer no seu Centro de Documentação, considerou-se um conjunto de

medidas passiveis de serem aplicadas aos Recursos Hídricos as quais deverão ser

devidamente ajustadas ao projecto em análise. As medidas consideradas encontram-se

listadas no Anexo II do presente trabalho.

3.4. MONITORIZAÇÃO

Ao longo de todo o desenvolvimento do projecto, numa fase inicial, e da obra numa fase

posterior, é indutor de impactes para os quais são propostas medidas de minimização. A

verificação da validade das medidas propostas e a avaliação da necessidade de medidas

complementares decorre normalmente da aplicação de um plano de monitorização.

Nos EIA considerados para a presente análise apenas 40% define um plano de monitorização

a aplicar aos recursos hídricos. Esta não aplicação decorre de vários factores como seja a não

identificação de impactes relevantes sobre os recursos hídricos, a dimensão do projecto que

não justifica a aplicação de um plano ou simplesmente a reduzida interferência com os

recursos hídricos.

A definição do Plano de Monitorização, contempla para além de outros factores, a identificação

dos locais a monitorizar, os parâmetros a considerar e a frequência da amostragem.

Locais a monitorizar

No que se refere à definição dos locais a monitorizar, esta é função de diversos factores que

variam de projecto para projecto e de local para local. Assim, são considerados os seguintes

critérios para a definição do local adequado a monitorizar:

Variação do escoamento das linhas de água ao longo do ano hidrológico;

Dimensão e usos associados às massas de água transpostas e passiveis de serem

sujeitas a monitorização;

Acessibilidade ao local de amostragem;

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58

Localização dos pontos de descarga das águas de escorrência (para definição

complementar dos locais a monitorizar na fase de exploração);

Delimitação das zonas sensíveis.

Não obstante dos critérios considerados deverá ser realizada, por cada linha de água

considerada, uma amostragem a montante e a jusante do local de atravessamento pela via em

análise.

Parâmetros a monitorizar

Os parâmetros a considerar encontram-se directamente dependentes da tipologia dos impactes

esperados para as fases a considerar na monitorização.

Na fase de construção e tal como anteriormente referido, a alteração da qualidade da água

decorre essencialmente de dois factores: movimentação de terras e consequente libertação de

poeiras e exploração do estaleiro. Já na fase de exploração o principal impacte está associado

à descarga de águas de escorrência que por efectuarem a “lavagem” do pavimento arrastam

uma grande quantidade de poluentes.

A quase totalidade dos EIA considerados fez uma distinção entre os parâmetros a considerar

para as águas superficiais e para as águas de escorrência. Isto é aplicável considerando que

se procede à monitorização das águas de escorrência antes que estas entrem em contacto

com o meio receptor e sejam sujeitas a diluição.

Assim, são considerados nos estudos analisados, globalmente, os seguintes parâmetros como

adequados:

Quadro 3.9 - Parâmetros considerados na monitorização das águas superficiais e de

escorrência

Parâmetros a monitorizar

Águas superficiais Águas de escorrência

pH

temperatura

condutividade

SST

Cd

Pb

Cu

Zn

Ni

Cr

Fe

CQO

CBO5

HAP

Óleos e gorduras

Dureza total

OD

Azoto amoniacal

Caudal

SST

Cd

Pb

Cu

Zn

Cr

Fe

CQO

CBO5

HAP

Óleos e gorduras

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59

Periodicidade da monitorização

A periodicidade da monitorização deverá ser tal que permita abarcar o máximo de informação

nos diferentes cenários possíveis. Na definição da periodicidade é crucial ter em consideração

a informação levantada na caracterização da situação de referência ao nível do modo de

escoamento.

Não obstante das alterações ao nível do clima e das implicações que as mesmas têm sobre os

regimes de escoamento, Portugal de um modo global, é caracterizado por dois períodos

distintos – período seco, que normalmente decorre entre os meses de Maio e de Setembro e o

período húmido, que abarca os períodos com ocorrência de precipitação e que regra geral

varia entre Outubro e Abril. Assim, tendo em consideração o referido são de modo geral

definidos três períodos passíveis de monitorização:

Período Seco: para caracterizar as condições de escoamento mínimo. A monitorização

nesta fase nem sempre é possível dado o regime de escoamento torrencial de grande parte

das linhas de água existentes a nível nacional;

Período Crítico: esta é a situação considerada mais crítica passível de ser monitorizadas e

também a mais complicada em termos logísticos. Esta corresponde ao período em que há a

ocorrência das primeiras chuvadas, em que a diluição é mínima e a concentração de

poluentes é máxima;

Período Húmido: para caracterizar as condições em que o factor de diluição é mais elevado

como resultado do aumento do caudal.

Além das fases temporais em termos de condições externas há a ter em consideração, na

definição da periodicidade as fases intrínsecas ao próprio desenvolvimento do projecto. Assim,

identificam-se três fases relevantes:

1ª fase – antes da fase de construção – a monitorização nesta fase tem como objectivo

obter um padrão de referência, ou uma situação de referência;

2ª fase – fase de construção – em que se avaliam os impactes passiveis de afectarem a

qualidade da água - movimentações de terras e exploração do estaleiro;

3ª fase – fase de exploração – em que se avaliam os impactes resultantes da exploração

da via e mais especificamente da drenagem das águas de escorrência da plataforma e

o seu impacte no meio receptor.

Tendo em consideração o exposto e a informação contida nos EIA analisados, dos que

consideraram a realização de um plano de monitorização (9 num universo de 27), apenas três

consideram pertinente a realização de monitorização antes da fase de construção. Destes, dois

referem que é suficiente uma única campanha (não especificando a altura em que a mesma

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60

deverá ocorrer) e outro refere que deverão ser realizadas três campanhas, ou seja uma por

período: período seco, crítico e húmido.

Tendo em consideração que o objectivo da campanha de monitorização antes da fase de

construção é a de servir de referência faz sentido, nesta fase, proceder a campanhas de

monitorização nos mesmos períodos que depois serão considerados nas fases de construção e

exploração. Esta definição nem sempre é aplicável dada a incerteza associada ao inicio da

fase de construção e a dificuldade em planear as campanhas de monitorização de

caracterização.

Já na fase de construção há consonância quanto à necessidade de monitorizar os três

períodos durante todo o desenvolvimento da fase de construção. Apenas num estudo é referido

que a monitorização na fase de construção deverá ocorrer “no início da movimentação de

terras, no final da movimentação de terras, durante a fase de pavimentação”.

Finalmente é na fase de exploração que há maiores divergências quanto à periodicidade a

seguir, sendo que aqui para além dos critérios definidos, ainda é incluído o critério duração da

monitorização durante a exploração da via. As “hipóteses” levantadas nos planos de

monitorização verificados foram:

Nos três períodos - seco, húmido e crítico;

Trimestrais - nos dois primeiros anos de exploração; caso não se verifiquem alterações

significativas, a frequência de amostragem deverá passar a semestral (período seco e

húmido);

Semestrais – executadas no período húmido, preferencialmente após a ocorrência das

primeiras chuvadas e a seguir a um período seco prolongado e no período seco;

Mensais - sendo que ao fim de dois anos ajustar-se-á, em função dos resultados

obtidos, poderá ser abandona a monitorização.

A definição da periodicidade aplicar é sempre dúbia e dependente das características quer da

via quer do local de implantação da mesma. Complementarmente há que incutir alguma

razoabilidade nos planos de modo a que estes não se tornem de difícil ou impossível

cumprimento.

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61

4. PONTOS A DESENVOLVER NA REALIZAÇÃO DO DESCRITOR RECURSOS HÍDRICOS NO EIA DE PROJECTOS RODOVIÁRIOS

Tendo em consideração toda a análise realizada e a experiência adquirida é seguidamente

apresentada uma proposta de listagem de pontos a considerar no desenvolvimento do descritor

Recursos Hídricos, na fase de EIA.

Refira-se que na proposta de listagem seguidamente apresentada não será considerada a

ausência de intervenção e os impactes cumulativos, na medida em que estes dependem

directamente do que existe ou está preconizado para a envolvente do projecto.

Relativamente ao Resumo Não Técnico, e dado que este resulta de uma síntese quer da

situação de referência quer da avaliação de impactes, quer das medidas de minimização, não

se afigura como pertinente identificar um conteúdo específico. Ressalva-se que o mesmo

deverá seguir as regras definidas no documento elaborado pela Associação Portuguesa de

Avaliação de Impactes em conjunto com a Agência Portuguesa de Ambiente, I.P. (APA),

denominado “Critérios de Boa Prática para o RNT” de 2008.

1. Caracterização da Situação de Referência

1.1. Enquadramento Geral

1.1.1. Bacias Hidrográficas Interceptadas

Identificação das bacias hidrográficas interceptadas

Caracterização das bacias hidrográficas interceptadas (identificação da Região Hidrográfica em que se insere, denominação, área, principais linhas de água da bacia e respectivo sentido de escoamento)

1.1.2. Massas de água

Identificação das massas de água passiveis de serem directa e indirectamente afectadas e localizadas na envolvente do traçado em análise

Caracterização das massas de água (dimensão, volume armazenado, proprietário, uso, protecção associada)

1.2. Caracterização Hidrológica

1.2.1. Rede hidrográfica

Identificação das linhas de água directamente afectadas

Caracterização das linhas de água directamente afectadas (denominação, sentido e regime de escoamento, extensão, caracterização do uso do solo da

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envolvente, identificação de possíveis fontes de poluição, uso da água, classificação decimal, localização do quilómetro do traçado em que se verifica o atravessamento)

5

Modo de atravessamento das linhas de água – identificação e caracterização dos órgãos de drenagem considerados

1.2.2. Escoamento

Identificação e caracterização do modo de obtenção dos dados, por exemplo estações hidrográficas

Identificação do regime de escoamento das linhas de água transpostas e envolventes

1.2.3. Situações Hidrológicas Extremas

Histórico de situações hidrológicas extremas – cheias – na zona de desenvolvimento do projecto

Caracterização quanto à probabilidade de ocorrência

Delimitação das zonas de cheia e identificação do modo de atravessamento das mesmas

1.3. Usos da Água

Caracterização das redes de abastecimento de água, nomeadamente para consumo humano, rega ou outras existentes e de drenagem de águas residuais

Identificação e caracterização das infra-estruturas associadas às redes de abastecimento e de drenagem das águas residuais, passiveis de serem directa ou indirectamente afectadas pelo projecto em análise

Localização cartográfica das infra-estruturas identificadas e das respectivas faixas de protecção quando estiverem definidas

1.4. Fontes de poluição

Identificação e caracterização das fontes de poluição – tópica e difusa – existentes na envolvente do traçado em análise

1.5. Zonas Sensíveis

Identificação das zonas sensíveis do ponto de vista hidrológico

Delimitação das zonas sensíveis identificadas

2. Identificação e Avaliação de Impactes

(Nota: Todos os impactes identificados deverão ser caracterizados, fundamentados e classificados segundo critérios devidamente justificados)

5 O grau de detalhe na caracterização das linhas de água deverá ser tanto mais rigoroso quanto mais pormenorizado

for o projecto.

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63

2.1. Fase de Construção

2.1.1. Alteração do regime de escoamento

Identificação dos impactes passíveis de promoverem alteração no regime de escoamento das massas de água identificadas, nomeadamente movimentação de terras

Definição de critérios para a qualificação e quantificação dos impactes promotores de alterações no regime de escoamento e caracterização dos mesmos

2.1.2. Afectação das massas de água

Identificação dos impactes passíveis de promoverem alteração nas massas de água identificadas na envolvente directa e indirecta do traçado

Definição de critérios para a qualificação e quantificação dos impactes promotores da afectação das massas de água identificadas e caracterização dos mesmos

2.1.3. Efeito barreira

Análise da extensão do efeito barreira

Definição de critérios para a qualificação e quantificação dos impactes decorrentes do efeito barreira e caracterização dos mesmos

2.1.4. Afectação de zonas sensíveis

Identificação dos impactes passíveis de promoverem alteração nas zonas sensíveis identificadas

Definição de critérios para a qualificação e quantificação dos impactes promotores da afectação das zonas sensíveis e caracterização dos mesmos

2.1.5. Afectação da qualidade da água

Identificação dos factores passíveis de promoverem alterações na qualidade da água durante a fase de construção

Definição de critérios para a qualificação e quantificação dos impactes promotores da alteração da qualidade da água e caracterização dos mesmos

2.2. Fase de Exploração

2.2.1. Identificação e avaliação de impactes originados na fase de construção e que têm continuidade para a fase de exploração

2.2.2. Afectação da qualidade da água

Identificação dos factores passíveis de promoverem alterações na qualidade da água durante a fase de exploração

Definição de critérios para a qualificação e quantificação dos impactes promotores da alteração da qualidade da água e caracterização dos mesmos

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64

3. Medidas de Minimização

As medidas de minimização a considerar devem ser adaptadas às características do meio onde se vai desenvolver a via e das características da própria via e da intervenção a realizar (nova construção vs beneficiação de uma via existente)

No Anexo II foram listadas as medidas de minimização de carácter geral que podem ser adaptadas para a quase totalidade dos projectos rodoviários

4. Plano de Monitorização

Definição de um plano de monitorização adequado aos impactes da via e dos recursos hídricos existentes. Este deverá abarcar as fases antes da fase de construção (de modo a definir um termo de comparação), fase de construção e fase de exploração

Não obstante do referido e dado o carácter teórico que um EIA pode assumir há que

complementar a análise dos pontos acima mencionados com um trabalho de campo adequado.

A identificação da realidade que efectivamente se verifica na área de desenvolvimento do

projecto é uma mais-valia para uma correcta caracterização da situação de referência e

consequentemente para a avaliação de impactes.

Complementarmente é crucial o contacto com entidades e pessoas que conhecem a área de

desenvolvimento dos projectos e que detêm informação sobre a zona.

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65

5. CONCLUSÃO

Um pouco por todo o mundo e de forma gradual a AIA foi sendo introduzida na legislação

conferindo-lhe um carácter de obrigatoriedade.

A nível nacional a exigência de realização de EIA para determinado tipo de projectos foi

introduzida com a publicação do DL nº 186/90, de 6 de Junho, posteriormente revogado na

totalidade pelo DL n.º 69/2000 (alterado parcialmente pelo DL nº 197/2005 de 8 de Novembro e

pela Declaração de Rectificação nº2/2006 de 6 de Janeiro, de 3 de Maio). Este, em

complemento com a Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril, definiu os parâmetros que devem ser

tidos em consideração no desenvolvimento do processo de AIA.

A referida Portaria destaca-se por fixar as normas técnicas para a elaboração dos diferentes

documentos que compõem o processo de Avaliação de Impacte Ambiental - Proposta de

Definição de Âmbito, Estudo de Impacte Ambiental, Relatório de Conformidade Ambiental do

Projecto de Execução, Resumo Não Técnicos e Relatórios de Monitorização.

De acordo com a Portaria e no âmbito dos EIA é definido que deverá ser feita uma análise dos

diferentes factores passíveis de serem afectados pelo desenvolvimento do projecto e deverá

possuir na sua composição, pelo menos, os seguintes capítulos:

Caracterização da Situação de Referência – em que é feito um levantamento de

informação que garanta a correcta caracterização do local de desenvolvimento do

projecto em análise;

Ausência de intervenção – que consiste na análise do ambiente no caso da não

execução do projecto;

Avaliação de impactes – decorrente da concretização das diferentes fases que

compõem o projecto desde a sua origem até à sua concretização no terreno, sendo

que esta última contempla as fases de construção, exploração e desactivação;

Impactes cumulativos – avaliação dos impactes do projecto em análise com outros

existentes ou previstos, bem como dos projectos complementares ou subsidiários;

Comparação de soluções, quando aplicável;

Medidas de Minimização de impactes negativos e de potenciação de impactes

positivos – crucial para que o impacte de um projecto seja o mínimo possível e na

sequencia de toda a análise realizada, definição de medidas que permitam a

minimização de impactes negativos ou a potenciação dos impactes positivos;

Programa de Monitorização – este permite validade as medidas propostas e a

apreciação da necessidade de medidas complementares.

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Paralelamente ao EIA deverá ser desenvolvido o denominado Resumo Não Técnico. Este

traduz-se numa síntese do exposto no Estudo, numa linguagem não técnica e constitui a

ligação entre este e a população.

Complementarmente têm vindo a ser desenvolvidas metodologias que pretendem que os EIA

sejam ferramentas sérias de análise e com relevância na definição de medidas de minimização

dos impactes negativos e de potenciação dos impactes positivos. Estas metodologias e o

detalhe do desenvolvimento dos referidos estudos têm vindo a ser gradualmente aprofundado

não só devido à melhoria do modo de tratamento da informação ou da facilidade de acesso à

mesma, mas também devido à crescente exigência das Comissões de Avaliação que analisam

os EIA que têm vindo a ser desenvolvidos.

A nível nacional e desde a publicação do DL nº 69/2000 a 3 de Maio até à data em que se

procedeu à análise de diversos Estudos no Centro de Documentação da APA – Setembro de

2012, foram avaliados, segundo a informação disponibilizada no sítio da internet da APA, 958

EIA, os quais se distribuem segundo diversas tipologias. Destes a maior percentagem refere-se

a projectos de vias rodoviárias (21% do total).

As vias rodoviárias foram, durante muito tempo, o impulsionador da economia nacional daí que

se tenham desenvolvido tantos projectos a nível nacional. Dada a sua expressão, pretendeu-se

com o presente trabalho focar, numa primeira análise, os procedimentos utilizados na

elaboração de EIA de vias rodoviárias.

Numa segunda análise e dada a riqueza nacional em recursos hídricos superficiais, pretendeu-

se analisar o factor ambiental Recursos Hídricos Superficiais, ao nível dos EIA, e definir uma

listagem de pontos que deverão ser considerados no desenvolvimento do referido factor

ambiental. A definição da listagem teve por base a análise de diferentes EIA disponíveis no

Centro de Documentação da APA. Mediante a aplicação de critérios de selecção foram

considerados para análise 27 EIA, sendo que foram verificados, sempre que possível, outros

estudos disponíveis.

Da análise realizada verificou-se que em termos estruturais, os EIA considerados seguiam, no

seu essencial, o definido pela Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril, sendo identificada na

totalidade dos EIA desenvolvidos os seguintes capítulos:

Caracterização da situação de referência;

Identificação e avaliação de impactes;

Medidas de minimização de impactes negativos e de potenciação de impactes

positivos.

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Para além dos supramencionados e de uma forma menos criteriosa surge o capítulo associado

ao Plano de Monitorização.

Ao nível de conteúdo e no que se refere à Caracterização da Situação de Referência, verificou-

que na generalidade dos EIA há uma análise que parte da escala macro – caracterização das

bacias hidrográficas em que os traçados se desenvolvem, para posteriormente seguirem para o

micro – identificação e caracterização das linhas de água directa e indirectamente afectadas

pelos traçados em estudo.

Para além da caracterização, quer à escala macro quer à micro, é identificada na quase

totalidade dos EIA considerados o regime de escoamento e as situações hidrológicas. A

análise destes pontos apresenta-se na globalidade dos EIA como muito teórica e em alguns

casos até afastada da realidade da área de desenvolvimento dos traçados simplesmente pela

falta de dados que fundamentem a análise.

Outro ponto fortemente evidenciado nos EIA em causa prende-se com os usos da água e

consequentemente com a análise da qualidade da água. Na análise da qualidade da água é

dada quase total importância, senão mesmo exclusiva, aos dados fornecidos pelas estações de

monitorização de qualidade da água existentes ao longo do país e geridas pelo Instituto da

Água. De certo modo poder-se-ia considerar que os elementos são desadequados e que se

deveria proceder a uma efectiva monitorização da qualidade das linhas de água passíveis de

serem afectadas. Contudo, quando estamos perante um EIA em fase de Estudo Prévio,

estamos, na maioria dos casos, perante diversas alternativas de traçado das quais será

considerada uma, a qual será ajustada em fase de Projecto de Execução. O facto de não se ter

definido uma solução final de traçado leva a que seja praticamente inviável proceder a uma

campanha de caracterização, principalmente em termos económicos. A par disto há a

considerar o factor tempo que, em muitos casos inviabiliza a correcta caracterização da rede

hidrográfica existente. Por contraposição os EIA desenvolvidos em fase de Projecto de

Execução, apesar de também não possuírem uma caracterização baseada em análises aos

recursos hídricos, possuem, na sua quase totalidade, planos de monitorização que abarcam as

fases de pré-construção, construção e exploração.

Com o objectivo de identificar todos os pontos críticos ao nível dos recursos hídricos e tendo

por base a análise realizada são definidas as denominadas Zonas Sensíveis. Esta definição

tomou maior expressão após a emissão da Directiva Quadro Água, contudo ainda se encontra

pouco desenvolvida nos EIA analisados. Este ponto, se convenientemente desenvolvido e

conjugado com os demais descritores ambientais, permite sintetizar de forma adequada todos

os pontos sensíveis do ponto de vista hidrológico, podendo esta síntese ser crucial para uma

correcta identificação e avaliação de impactes.

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Para a definição da caracterização da situação de referência verificou-se de um modo geral um

desligamento do terreno, sendo o trabalho de campo feito preferencialmente quando o projecto

se encontra em fase de projecto de execução, e na quase totalidade dos casos, descurado na

fase de Estudo Prévio. O trabalho de campo, apesar de muitas vezes não ser exequível nem

técnica nem economicamente, deverá ser promovido com maior veemência em qualquer fase

de desenvolvimento do projecto. Um adequado trabalho de campo permite uma melhor

caracterização da situação de referência e consequentemente uma avaliação de impactes mais

adequada à realidade e menos teórica.

Uma adequada caracterização da situação de referência gera indubitavelmente uma correcta

avaliação impactes, tanto positivos como negativos. Nos EIA considerados e na generalidade

dos estudos desenvolvidos a nível nacional a identificação e avaliação dos impactes das vias

rodoviárias subdivide-se em duas fases: fase de construção e fase de exploração.

A análise da fase de construção tem por base a identificação das acções que ocorrem durante

a construção, sendo que estas apresentam alguma variabilidade entre projectos associados a

novas construções e projectos em que apenas se considera a beneficiações de vias já

existentes. Pela sua dimensão e pelas intervenções passíveis de serem realizadas na

construção de uma nova via os impactes são mais significativos comparativamente com uma

beneficiação.

Não obstante, a avaliação de impactes incide essencialmente sobre a análise da alteração dos

regimes de escoamento, da afectação das massas de água, da criação ou agravamento do

efeito barreira e da afectação das zonas sensível com interesse hidrológicos.

Já na fase de exploração e independentemente de se tratar de uma nova construção ou de

uma beneficiação, o principal impacte decorre da alteração da qualidade da água em

consequência da descarga das águas de escorrência, a análise nesta fase incide grosso modo

sobre a predição da qualidade das águas de escorrência e da do meio receptor, através de

modelação matemática.

Actualmente os modelos de predição da qualidade das águas de escorrência estão mais

adaptados à realidade nacional, contudo, há ainda um longo percurso a percorrer para o

desenvolvimento de um modelo perfeitamente adequado. Esta evolução requer especial

atenção de quem desenvolve os EIA no sentido de adaptar de forma adequada a modelação

ao traçado em estudo.

Finalmente e em função de toda a análise realizada e particularidades identificadas foram

previstas medidas de minimização, de caracter mais ou menos genérico, e em alguns casos a

definição de um Plano de Monitorização adequado à tipologia de impactes avaliados.

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Após a análise realizada aos EIA e tendo por base o conhecimento adquirido ao longo do

tempo, pretendeu-se com o presente trabalho definir um conjunto de pontos que deverão ser

tidos em consideração no desenvolvimento do descritor Recursos Hídricos Superficiais em EIA

de projectos rodoviários. Os aspectos identificados constituem pontos de partida para uma

análise mais ou menos profunda. O grau de profundidade pode ser função de diversos factores

sendo que se destacam os seguintes:

Fase de desenvolvimento do projecto;

Informação existente e disponibilizada sobre a área de desenvolvimento;

Meios técnicos e financeiros para o desenvolvimento do EIA.

Crucial para o desenvolvimento de um trabalho correcto é a realização de um reconhecimento

adequado e atempado do local de execução do projecto. Os aspectos referidos, conjuntamente

com um apropriado contacto com as entidades e pessoas detentoras de conhecimento sobre a

área de implementação do projecto, leva a que seja feita uma correcta e adequada

Caracterização da Situação de Referência. Esta mais-valia permite a concretização de

impactes reais e adequados. Finalmente, ressalve-se a necessidade de definir critérios exactos

e justificados para a avaliação dos impactes que possam vir a ser identificados.

Dada a evolução económica do país o sector da construção rodoviária tem vindo a decrescer

substancialmente, sendo expressão disso o facto de na listagem de processos de AIA da APA

apenas constar, no ano de 2012, um EIA referente a vias de comunicação. Contudo, e por

muito escassos que sejam, os EIA não deverão ser descurados de rigor técnico e profissional e

deverão ser sempre o mais adaptados possível à realidade de cada projecto e da área em que

se inserem.

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6. BIBLIOGRAFIA

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NORTHERN IRELAND ENVIRONMENT AGENCY (2012) - EIA Scoping Guidance for Road Schemes

Likely to Impact upon the Water Enviornment – A Water management Unit Guidance Note.

Disponível em www.doeni.gov.uk.

PÉCURTO, C.; PEREIRA, S. (2002) – Avaliação de Impactes Ambientais e Eficiência das Medidas

em Projectos Rodoviários – Relatório Base, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

TELHADO, A. (2004) – Medidas Minimizadoras dos Impactes Resultantes das infra-estruturas

Rodoviárias nos Recursos Hídricos. Disponível em www.inag.pt.

Estudos de Impacte Ambiental

AGRIPRO, S.A. (2011) – Estudo de Impacte Ambiental – IC3 – Condeixa – Coimbra – Projecto de

Execução, Lisboa.

AMB & VERITAS, LDA. (2070) – Estudo de Impacte Ambiental – IP3 – Mealhada / Viseu (IP5) e

IC2 – A1/IP1 (Mealhada) / Santa Comba Dão – Estudo Prévio, Lisboa.

AMB & VERITAS, LDA. (2010) – Estudo de Impacte Ambiental – Alargamento da A28 – Sublanço

Freixieiro – Póvoa do Varzim – Projecto de Execução, Lisboa.

AMBIDELTA, LDA. (2009) – Estudo de Impacte Ambiental – A1 Sublanço Coimbra Sul – Coimbra

Norte. Alargamento e Beneficiação para 2 x 3 vias – Projecto de Execução, Lisboa.

ARQPAIS, LDA. (2010) – Estudo de Impacte Ambiental – Variante à EN 125-4 entre a Circular de

Loulé e Valados – Estudo Prévio, Lisboa.

ATKINS (2009) – Estudo de Impacte Ambiental – Variante à EN14 (Nó do Jumbo) – Famalicão

(Nó da Cruz IP1-A3) – Estudo Prévio, Lisboa.

CENORPLAN, LDA. (2004) – Estudo de Impacte Ambiental – IC32 - CRIPS - Circular Interna da

Península de Setúbal - Funchalinho / Coina – Estudo Prévio, Lisboa.

CISED, LDA. (2002) – Estudo de Impacte Ambiental – Via Alternativa do Monte da Caparica –

Projecto de Execução, Lisboa.

COBA, S.A. (2010) – Estudo de Impacte Ambiental – IC33 – Grândola (A2) – Évora (IP2) –

Estudo Prévio, Lisboa.

ECOMIND, LDA. (2007) – Estudo de Impacte Ambiental – Variante de Faro – 2ª Fase (alteração)e

Regularização do Rio Seco – Projecto de Execução, Lisboa.

Page 92: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

74

ECOSERVIÇOS, LDA. (2008) – Estudo de Impacte Ambiental – EN222 Resende – Bigorne –

Estudo Prévio, Lisboa.

ECOSSISTEMA, LDA. (2010) – Estudo de Impacte Ambiental – IC31 – Castelo Branco -

Monfortinho – Estudo Prévio, Lisboa.

ESPAÇOS VERDES, LDA. (2003) – Estudo de Impacte Ambiental – IP2 – Vale Benfeito / Ponte do

Sabor – Estudo Prévio, Lisboa.

HORIZONTE DE PROJECTO, LDA. (2010) – Estudo de Impacte Ambiental – Ligação do IC21 no Nó

de Coina (A2) a Sesimbra – Estudo Prévio, Lisboa.

IDEIA VERDE, LDA. (2002) – Estudo de Impacte Ambiental – IC2 – Alargamento da EN1 em

Condeixa – Projecto Base, Lisboa.

IMPACTE, LDA. (2001) – Estudo de Impacte Ambiental – IP2 – Lanço Treixoso / Alcaria – Ligação

da Covilhã ao IP2 – Estudo Prévio, Lisboa.

INTECSA, S.A. (2000) – Estudo de Impacte Ambiental – IC34 – Vila Nova de Foz Côa (IP2) /

Barca D’Alva – Estudo Prévio, Lisboa.

IPA, LDA. (2004) – Estudo de Impacte Ambiental – Desnivelamento da Avenida Duarte

Pacheco, Rua Joaquim António de Aguiar e Avenida Fontes Pereira de Melo (Túnel do

Marquês) – Projecto de Execução, Lisboa.

MYOSOTIS, LDA. (2003) – Estudo de Impacte Ambiental – A1 – Sublanço Feira / Carvalhos –

Trecho Feira / Nó com o IC24 – Alargamento e Beneficiação para 2 x 3 vias – Projecto de

Execução, Lisboa.

PEV, LDA. (2000) – Estudo de Impacte Ambiental – A1 – Sublanço Feira/Carvalhos Nó com o

IC24 e Alargamento e Beneficiação para 2x4 vias – Projecto de Execução, Lisboa.

PROCESL, LDA. (2001) – Estudo de Impacte Ambiental – Circular Externa da Zona Urbana de

Pombal – Estudo Prévio, Lisboa.

PROFICO, LDA. (2007) – Estudo de Impacte Ambiental – IC36 – Leiria Sul (IC2) – Leiria Nascente

(COL) – Projecto Base, Lisboa.

PROVIA, S.A. (2008) – Estudo de Impacte Ambiental – Variante à EN9 – Ligação entre o Nó de

Lourel (IC16) e o Nó de Fervença (VCAML – Norte) – Projecto de Execução, Lisboa.

SEIA, LDA. (1999) – Estudo de Impacte Ambiental – A2 – Sublanço Castro Verde / Almodôvar e

A2 – Sublanço Almodôvar / VLA – Projecto de Execução, Lisboa.

Page 93: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

75

TECNINVEST, S.A. (2001) – Estudo de Impacte Ambiental – IC9 – Ligação entre o Nó do IP6

(Abrantes) e o IC13 (Proximidades a Ponte de Sôr) – Estudo Prévio, Lisboa.

TRIFÓLIO, LDA. (2008) – Estudo de Impacte Ambiental – EN238 – Sertã / Oleiros – Estudo

Prévio, Lisboa.

VISA, S.A. (2003) – Estudo de Impacte Ambiental – IC32 – CRIPS - Trafaria / Pêra – Projecto

de Execução, Lisboa.

Sítios da Internet

www.apambiente.pt

www.inag.pt

www.snirh.pt

http://www.agroportal.pt/a/2001/ioliveira.htm

Legislação

LEI 11/87 DE 07 DE ABRIL DE 1987 – Lei de Bases do Ambiente.

DECRETO-LEI 69/2000 DE 03 DE MAIO DE 2000 – Regime jurídico da avaliação de impacte

ambiental dos projectos públicos e privados sujeitos de produzirem efeitos significativos no

ambiente, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva 85/337/CEE, do Conselho, de

27 de Junho de 1985, com as alterações introduzidas pela Directiva 97/11/CE, do Conselho de

03 de Março.

DECRETO-LEI 197/2005 DE 08 DE NOVEMBRO DE 2005 – Alteração ao DL 69/2000 de 03 de Maio.

Alterado pela Declaração de Rectificação 2/2006 de 06 de Janeiro.

PORTARIA 330/2001 DE 02 DE ABRIL DE 2001 – Define as regras a que devem obedecer, em

termos gerais, as peças que integram os documentos a desenvolver na Avaliação de Impacte

Ambiental.

DECRETO-LEI 347/2007 DE 19 DE OUTUBRO DE 2007 – Delimitação das bacias hidrográficas no

território nacional.

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76

DECRETO-LEI 45/94 DE 22 DE FEVEREIRO DE 1994 – Regula o processo de planeamento de

recursos hídricos e a elaboração e aprovação dos planos de recursos hídricos.

DECRETO REGULAMENTAR 17/2001 DE 05 DE DEZEMBRO DE 2001 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Minho.

DECRETO REGULAMENTAR 11/2002 DE 08 DE MARÇO DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Lima.

DECRETO REGULAMENTAR 19/2002 DE 20 DE MARÇO DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Douro.

DECRETO REGULAMENTAR 18/2002 DE 18 DE MARÇO DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Leça.

DECRETO REGULAMENTAR 15/2002 DE 14 DE MARÇO DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Vouga.

DECRETO REGULAMENTAR 9/2002 DE 01 DE MARÇO DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Mondego.

DECRETO REGULAMENTAR 23/2002 DE 03 DE ABRIL DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica do Lis.

DECRETO REGULAMENTAR 26/2002 DE 05 DE ABRIL DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica das

Ribeiras do Oeste.

DECRETO REGULAMENTAR 18/2001 DE 07 DE DEZEMBRO DE 2001 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Tejo.

DECRETO REGULAMENTAR 6/2002 DE 12 DE FEVEREIRO DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica do

Sado.

DECRETO REGULAMENTAR 12/2002 DE 09 DE MARÇO DE 2002 – Plano de Bacia Hidrográfica das

Ribeiras do Algarve.

DECRETO REGULAMENTAR 2/88 DE 20 DE JANEIRO DE 1988 – define a classificação das albufeiras

e as zonas de protecção associadas.

DECRETO-LEI 309/93 DE 02 DE SETEMBRO DE 1993 – Criação dos Planos de Ordenamento da

Orla Costeira (POOC). Alterado pelo DL 218/94 de 20 de Agosto.

PORTARIA 767/96 DE 30 DE DEZEMBRO DE 1996 – Normas técnicas de referência a observar na

elaboração dos planos de ordenamento da orla costeira.

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77

DECRETO LEGISLATIVO REGIONAL 19/2003/A DE 23 DE ABRIL DE 2003 – Plano Regional da Água

dos Açores.

DECRETO LEGISLATIVO REGIONAL 38/2008/M DE 20 DE AGOSTO DE 2003 – Plano Regional da Água

da Madeira.

DECRETO-LEI 226-A/2007 DE 31 DE MAIO DE 2007 – Títulos de utilização dos recursos hídricos.

Alterado pelos Decretos-Lei 391-A/2007 de 21 de Dezembro, 93/2008 de 04 de Junho e

245/2009 de 22 de Setembro.

DECRETO-LEI 236/98 DE 01 DE AGOSTO DE 1998 – Estabelece normas, critérios e objectivos de

qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em

função dos seus principais usos.

DECRETO-LEI 243/2001 DE 05 DE SETEMBRO DE 2001 – Aprova normas relativas à qualidade da

água destinada ao consumo humano transpondo para o direito interno a Directiva nº 98/83/CE,

do Conselho, de 3 de Novembro, relativa à qualidade da água destinada ao consumo humano.

Alterado pelo Decreto-Lei 306/2007 de 27 de Agosto.

DECRETO-LEI 235/97 DE 03 DE SETEMBRO DE 1997 – Os objectivos do diploma são a redução da

poluição das águas causadas ou induzida por nitratos de origem agrícola, bem como impedir a

propagação desta poluição. Alterado pelo Decreto-Lei 68/99 de 11 de Março.

DECRETO-LEI 152/97 DE 19 DE JUNHO DE 1997 – Normas e disposições a aplicar na recolha,

tratamento e descarga de águas residuais urbanas no meio aquático. Alterado pelos Decretos-

Lei 348/98 de 09 de Novembro, 149/2004 de 22 de Junho e 198/2008 de 08 de Outubro.

PORTARIA 1100/2004 DE 03 DE SETEMBRO DE 2004 – Lista de zonas vulneráveis à poluição por

nitratos de origem agrícola.

DECRETO-LEI 172/2009 DE 03 DE AGOSTO DE 2009 – Criação do Fundo de Protecção dos

Recursos Hídricos.

PORTARIA 702/2009 DE 06 DE JULHO DE 2009 – define o regime de utilização dos recursos

hídricos.

DECRETO REGULAMENTAR 23/95 DE 23 DE AGOSTO DE 1995 – Regras para o desenvolvimento dos

sistemas de distribuição pública e predial de água e de drenagem pública e predial de águas

residuais, de forma que seja assegurado o seu bom funcionamento global, preservando-se a

segurança, a saúde pública e o conforto dos utentes.

Page 96: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

78

Page 97: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

I.1

ANEXO I

FICHA DOS EIA CONSULTADOS

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I.2

IC3 – Condeixa - Coimbra

Consultor AGRIPRO Ambiente – consultores, S.A.

Proponente Ascendi – Estradas do Pinhal Interior, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova construção

Concelhos abrangidos Coimbra, Mealhada

Extensão (km) 25,6

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 22-11-2011

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Alargamento da A28 - Sublanço Freixieiro - Póvoa do Varzim

Consultor Amb & Veritas – Ambiente, Qualidade e Formação, Lda.

Proponente Auto-Estradas do Litoral, SA

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Alargamento de 2x2 vias para 2x3 vias

Concelhos abrangidos Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa Varzim

Extensão (km) 23

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 04-08-2011

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

A1 Sublanço Coimbra Sul - Coimbra Norte - Alargamento e Beneficiação para 2x3 vias

Consultor AmbiDelta, Ambiente e Paisagismo, Lda.

Proponente Brisa, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Alargamento de 2x2 vias para 2x3 vias

Concelhos abrangidos Coimbra

Extensão (km) 7,9

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 20-07-2009

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Page 99: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

I.3

Variante à EN 125-4 entre a Circular de Loulé e Valados

Consultor ARQPAIS, Consultores de Arquitectura Paisagista e Ambiente, Lda.

Proponente Câmara Municipal de Loulé

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova Construção / Beneficiação com alargamento de 2x2 vias para 2x3 vias

Concelhos abrangidos Loulé, Faro

Extensão (km) 3,5

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 06-04-2011

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Variante à EN14 (Nó do Jumbo) - Famalicão (Nó da Cruz IP1-A3)

Consultor Atkins Portugal

Proponente Estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Maia, Trofa, Santo Tirso, Vila Nova de Famalicão

Extensão (km) Cerca de 35

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 02-06-2010

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

IC32 - CRIPS - Circular Interna da Península de Setúbal - Funchalinho / Coina

Consultor Cenorplan – Planeamento e Projectos, Lda.

Proponente Estradas de Portugal, E.P.E.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Almada, Seixal, Barreiro

Extensão (km) 22

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 06-09-2005

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Page 100: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

I.4

Via Alternativa ao Monte da Caparica

Consultor CISED, consultores, Lda.

Proponente Câmara Municipal de Almada

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Almada

Extensão (km) 2

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 11-11-2002

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

IC33 - Grândola (A2) - Évora (IP2)

Consultor COBA - Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A.

Proponente Estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Grândola, Évora, Alcácer do Sal, Ferreira do Alentejo, Alvito, Viana do Alentejo

Extensão (km) Cerca de 70

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 05-04-2011

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Prolongamento da Avenida Poente de Torres Vedras

Consultor DCEA/FCT/UNL

Proponente Câmara Municipal de Torres Vedras

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Torres Vedras

Extensão (km) Cerca de 2

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 20-05-2003

Tipologia da decisão

Encerramento do processo

Observações

O EIA desenvolvido pela DCEA/FCT/UNL por lhe ter sido dado Encerramento, não se encontrava disponível para consulta. Da entidade em referência, não foi identificado mais nenhum estudo.

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I.5

Variante de Faro - 2.ª Fase (alteração) e Regularização do Rio Seco

Consultor ECOMIND, Consultadoria Ambiental, Lda.

Proponente Estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Faro

Extensão (km) 2,5

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 14-03-2008

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

EN222-2 Resende – Bigorne

Consultor ECOSERVIÇOS - Gestão de Sistemas Ecológicos, Lda.

Proponente Estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Resende, Lamego, Castro Daire

Extensão (km) 20

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 16-04-2008

Tipologia da decisão

Desconformidade do EIA

De acordo com o Parecer da Comissão de Avaliação, foi dada Desconformidade ao EIA, uma vez que “Da apreciação desenvolvida destaca-se a existência de lacunas graves, quer em termos metodológicos, quer de conteúdo, em factores ambientais fundamentais, facto que não permite uma análise adequada e específica de cada solução, e consequente apoio à tomada de decisão. A informação em falta corresponde a um conjunto substancial de elementos a esclarecer, desenvolver ou corrigir que não permite uma adequada sistematização e organização dos documentos, quer para a consulta pública quer para a análise da CA, tal com o referido no documento normativo "Critérios de Conformidade", emitido pela Secretaria de Estado do Ambiente”

IC31 – Castelo Branco – Monfortinho

Consultor ECOSSISTEMA-Consultores em Engenharia do Ambiente, Lda.

Proponente Estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Castelo Branco, Idanha-a-Nova

Extensão (km) Cerca de 52

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 03-03-2011

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Page 102: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

I.6

IP2 - Vale Benfeito / Ponte do Sabor

Consultor Espaços Verdes, Projectos e Construção, Lda.

Proponente IEP - Instituto das Estradas de Portugal

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vila Flor, Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo

Extensão (km) 34

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 03-12-2003

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Ligação do IC21 no Nó de Coina (A2) a Sesimbra

Consultor Horizonte de Projecto - Consultores em Ambiente e Paisagismo, Lda.

Proponente Estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Palmela, Seixal, Setúbal, Sesimbra, Barreiro

Extensão (km) Cerca de 20

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 09-05-2011

Tipologia da decisão

Desfavorável

Na DIA emitida é referido que “do ponto de vista do ordenamento do território, o projecto em apreço se afigura ambientalmente inviável (…) No que respeita à paisagem, foram identificados impactes negativos de elevada significância e de mitigação difícil ou impossível, tendo a análise específica, tendo-se concluído que o projecto em estudo não é passível de aprovação em qualquer dos troços e soluções propostos. (…). Pese embora o âmbito local e regional sejam apontados impactes positivos, essencialmente ao nível da melhoria das acessibilidades a Sesimbra, conclui-se que o projecto em apreço apresenta incompatibilidades com IGT em vigor e induz a impactes negativos, significativos a muito significativos, não minimizáveis ou de difícil minimização, que colocam em causa a viabilidade ambiental do projecto”

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I.7

IC2 - Alargamento da EN1 em Condeixa

Consultor Ideia Verde – Arquitectura Paisagista, Consultadoria Ambiental e Formação Profissional, Lda.

Proponente ICOR – Instituto para a Construção Rodoviária

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto Base

Características do projecto Nova construção / Beneficiação

Concelhos abrangidos Condeixa-a-Nova

Extensão (km) 3

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 06-05-2003

Tipologia da decisão

Desfavorável

Na DIA é referido que “o projecto colide com o PDM de Condeixa-a-Nova, designadamente quanto à previsão do nó do Paul, não se encontrando esta opção fundamentada, face aos impactes significativos e muito negativos decorrentes das mesmas (…); afectará áreas agrícolas da zona (…) (que abastece a sede do concelho); (…) interfere com áreas de RAN e REN, tendo recebido parecer desfavorável da Comissão Regional da Reserva Agrícola da Beira Litoral, pelo facto de se tratar de uma zona baixa, sensível e muito importante para a economia local; com o alargamento em causa serão fortemente afectadas (directa ou indirectamente) áreas sociais existentes na envolvente da actual EN1 (...) a afectação acresce o efeito barreira induzido pela vedação da via, a qual inviabilizará a acessibilidade directa a partira da EN1 para as referidas áreas sociais. (…) o projecto não perspectiva a existência de acessos alternativos aos hoje existentes, traduzindo-se numa situação penalizante pata a "capilaridade" deste território, prejudicando gravemente o seu funcionamento interno e a sua articulação com o exterior e gerando situações de insustentabilidade não só para a generalidade da população residente, mas para todos aqueles que, por uma razão ou por outra venham a circular na zona.”

IP2 - Lanço Teixoso / Alcaria - Ligação da Covilhã ao IP2

Consultor IMPACTE - Ambiente e Desenvolvimento, Lda.

Proponente SCUTVIAS – Auto-estradas da Beira Interior, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Covilhã

Extensão (km) Cerca de 5

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 2002

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Page 104: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

I.8

IC34 - Vila Nova de Foz Côa (IP2) / Barca d´Alva

Consultor Intecsa, engenheiros associados, S.A.

Proponente IEP – Instituto de Estradas de Portugal

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo

Extensão (km) Cerca de 9

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 12-10-2001

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Desnivelamento da Avenida Duarte Pacheco, Rua Joaquim António de Aguiar e Avenida Fontes Pereira de Melo (Túnel do Marquês)

Consultor IPA - Inovação e Projectos em Ambiente, Lda.

Proponente Câmara Municipal de Lisboa

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova Construção

Concelhos abrangidos Lisboa

Extensão (km) 1,2

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 27-04-2005

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

A1 Auto-estrada do Norte. Alargamento e Beneficiação para 2 x 3 vias - Trecho Nó Feira / Nó com o IC24

Consultor MYOSOTIS - Consultoria Ambiental, Lda.

Proponente BRISA – Auto-estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Alargamento e beneficiação para 2 x 3 vias

Concelhos abrangidos Albergaria-a-Velha, Estarreja, Oliveira de Azeméis, Ovar, Santa Maria da Feira

Extensão (km) 8,3

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 27-02-2004

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Page 105: Avaliação de Impacte Ambiental do descritor recursos ... · “A Faculdade de Ciências e Tecnologias e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos,

I.9

A1 - Sublanço Feira/Carvalhos Nó com o IC24 e Alargamento e Beneficiação para 2x4 vias

Consultor PEV - Projectos de Espaços Verdes, Lda.

Proponente BRISA – Auto-estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Alargamento e beneficiação para 2 x 4 vias e reformulação da praça de portagem

Concelhos abrangidos Santa Maria da Feira e Vila Nova de Gaia

Extensão (km) -

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 13-12-2000

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

Circular Externa da Zona Urbana de Pombal

Consultor PROCESL - Engenharia Hidráulico e Ambiental, Lda.

Proponente Câmara Municipal de Pombal

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova construção

Concelhos abrangidos Pombal

Extensão (km) 10

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 09-05-2002

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

IC36 - Leiria Sul (IC2) - Leiria Nascente (COL)

Consultor PROFICO, Ambiente e Ordenamento, Lda.

Proponente Estradas de Portugal, E.P.E.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto Base

Características do projecto Complemento de troços parcialmente construídos

Concelhos abrangidos Leiria

Extensão (km) 6,5

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 25-02-2008

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

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I.10

Variante à EN9 - Ligação entre o Nó de Lourel (IC16) e o Nó de Fervença (VCAML - Norte)

Consultor PROVIA, Consultores em Engenharia, S.A.

Proponente Câmara Municipal de Sintra

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova construção

Concelhos abrangidos Sintra

Extensão (km) 2,6

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 10-09-2009

Tipologia da decisão

Desfavorável

A DIA emitida refere que "embora conhecendo os impactes positivos significativos de uma Variante à EN9, garantindo melhores condições de circulação, segurança e redução dos tempos de percurso, e integrando o IC6 e a Via de Cintura da Área Metropolitana de Lisboa em melhores condições de circulação, considera-se que a não existência de ligações directas da actual EN 9 aos nós envolventes (Lourel e Fervença), e conforme largamente exposto na Consulta Pública, induz impactes negativos significativos sobre as actividades económicas localizadas na envolvente (da actual EN9). (…) Verifica-se assim que a solução apresentada para a VE9 induz a impactes negativos, significativos e muito significativos, e não minimizáveis, destacando-se ao nível dos impactes directos, a afectação da área de expansão da empresa farmacêutica HIKMA, e ao nível dos impactes indirectos (dada a não existência de ligação directa aos nós de Lourel e Fervença), os que decorrem da afectação das actividades económicas localizadas na envolvente da actual EN9, e do aumento de tráfego na via que atravessa a povoação de Campo Raso."

A2 - Sublanço Castro Verde / Almodôvar e A2 - Sublanço Almodôvar /VLA

Consultor SEIA - Sociedade de Engenharia e Inovação Ambiental, S.A

Proponente BRISA – Auto-estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova construção / Beneficiação

Concelhos abrangidos Castro Verde, Ourique, Almodôvar, Albufeira, Silver

Extensão (km) 21

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 03-05-2000

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

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I.11

IC 9 - Ligação entre o Nó do IP 6 (Abrantes) e o IC 13 (Proximidades de Ponte de Sôr)

Consultor Tecninvest, Técnicas e Serviços para o Investimento, S.A.

Proponente IEP – Instituto de Estradas de Portugal

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova construção

Concelhos abrangidos Abrantes, Ponte de Sôr

Extensão (km) Cerca de 35

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 06-08-2001

Tipologia da decisão

Encerramento do Processo

De acordo com carta remetida, em 2001, à Comissão de Avaliação pela EP (proponente do projecto), "vimos solicitar o seu encerramento, devido ao facto de ter surgido a necessidade de estudar uma solução adicional para o atravessamento do rio Tejo".

EN238 - Sertã – Oleiros - 2008

Consultor TRIFÓLIO - Estudos e Projectos Ambientais e Paisagísticos, Lda.

Proponente Estradas de Portugal, S.A.

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Estudo Prévio

Características do projecto Nova construção

Concelhos abrangidos Oleiros, Sertã

Extensão (km) -

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 23-02-2009

Tipologia da decisão

Favorável Condicionado

IC32 - CRIPS - Trafaria / Pera

Consultor VISA, Consultores de Geologia Aplicada e Engenharia do Ambiente, S.A.

Proponente IEP – Instituto de Estradas de Portugal

Fase de Desenvolvimento do Projecto

Projecto de Execução

Características do projecto Nova construção

Concelhos abrangidos Almada

Extensão (km) 2

Decisão do processo de AIA

Data da decisão 27-05-2003

Tipologia da decisão

Desconformidade do EIA

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I.12

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II.1

ANEXO II

Recomendações para a fase de projecto e Medidas de

Minimização gerais para as fases de construção e

exploração

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II.2

Recomendações para a fase de projecto

- Restabelecimento de todas as linhas de água atravessadas.

- Adaptar os órgãos de drenagem às linhas de água de água / massas de água

transpostas de modo a que o impacte sobre o escoamento seja o menor possível.

Complementarmente estudar para os caminhos e passagens, soluções com secções de

vazão adequadas para, em situações de cheia, as mesmas não serem responsáveis

pelo agravamento de inundações a jusante.

- O dimensionamento dos órgãos de drenagem deverá ser adaptado ao meio envolvente

no sentido de evitar situações de inundação a jusante dos mesmos.

- Na projecção de viadutos, deverá ser evitada a colocação de pilares quer no leito menor

quer nas margens das linhas de água transpostas.

- Os pilares considerados para os viadutos deverão apresentar uma geometria

hidrodinâmica e disposição concordante com a orientação do escoamento, garantindo

condições adequadas de escoamento em situação de cheia.

- De modo a minimizar a erosão resultante da queda das águas de escorrência e sempre

que possível deverão ser equacionadas soluções de condução e de controlo de erosão

hídrica

- Igualmente nos viadutos, o número de vãos a adoptar não deverá constituir obstáculo ao

escoamento de caudais de cheia, devendo evitar-se que no seu espaçamento se

depositem materiais de grande porte.

- Estudar para os caminhos e passagens, soluções com secções de vazão adequadas

para, em situações de cheia, as mesmas nãos erem responsáveis pelo agravamento de

inundações a jusante

- Desenvolvimento de sistemas apropriados de drenagem, no sentido de evitar o

assoreamento das linhas de água.

- O projecto da drenagem longitudinal a desenvolver deve minimizar a descarga das

águas de escorrência da estrada nas zonas identificadas no EIA.

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II.3

Medidas de Minimização gerais aplicáveis às fases de

construção e de exploração

Fase de Construção

- Deverá promover-se o acompanhamento da obra por especialistas, no sentido de ser

garantida a adopção das medidas propostas.

Estaleiro e manutenção das máquinas

- Não localizar estaleiros e áreas de depósito e empréstimo de materiais em zonas

próximas de linhas de água, em áreas inundáveis ou leitos de cheia, zonas de protecção

de albufeiras, áreas definida como perímetros de protecção de captações ou zonas de

protecção de águas subterrâneas.

- Todas as áreas de parqueamento de veículos pesados no estaleiro deverão ser

impermeabilizadas.

- A zona de armazenamento de produtos e o parque de estacionamento de viaturas

devem ser drenados para uma bacia de retenção, impermeabilizadas e isoladas da rede

de drenagem natural, de forma a evitar que os derrames acidentais de óleos,

combustíveis ou outros produtos perigosos contaminem os solos e as massas de água

que possam existir na envolvente. Estas bacias de retenção deverão estar dotadas de

um separador de hidrocarbonetos.

- Deverá ser assegurado o destino final adequado para os efluentes domésticos

provenientes do estaleiro, de acordo com a legislação em vigor, através da ligação ao

sistema municipal, ou alternativamente, através da recolha em tanques ou fossas

estanques e posteriormente encaminhadas para tratamento.

- Efectuar as descargas da lavagem de máquinas e equipamentos utilizados em locais

pré-destinados e pré-definidos aquando da organização e instalação dos estaleiros.

- Todas as operações de manutenção e reparação dos veículos necessárias à obra,

deverão ser efectuadas em locais apropriados, devidamente impermeabilizados e

apetrechados para o efeito.

- No estaleiro deverão existir meios de limpeza imediata para o caso de ocorrer um

derrame de óleos, de combustíveis ou de outros produtos perigosos, devendo os

produtos derramados e/ou utilizados para a recolha dos derrames ser tratados como

resíduos e encaminhados para destino final adequado.

- No estaleiro deverá ser instalado um sistema de recolha e tratamento de águas de

lavagem das betoneiras, estando interdita a lavagem das mesmas em outros locais.

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II.4

- No final dos trabalhos, deverão ser retirados todos os materiais de construção que

pertençam á obra, no sentido de evitar este tipo de ocorrência, e de evitar que resíduos

deste tipo abranjam o leito e margens de linha de água

Movimentação de terras

- Deverá proceder-se à desmatação das áreas estritamente necessárias e durante o

menor tempo possível.

- Realização, de preferência e tanto quanto possível, durante o período seco do ano dos

trabalhos de movimentação de terras.

- Executar os trabalhos que envolvam escavações a céu aberto e movimentação de terras

de forma a minimizar a exposição dos solos nos períodos de maior pluviosidade, de

modo a diminuir a erosão hídrica e o transporte sólido.

- A execução de escavações e aterros deve ser interrompida em períodos de elevada

pluviosidade e devem ser tomadas as devidas precauções para assegurar a estabilidade

dos taludes e evitar o respectivo deslizamento.

- A realização das terraplanagens deve ser executada de modo a minimizar a descarga de

sólidos para as linhas de água.

- Os depósitos de terras não podem ser realizados nas áreas inundáveis, leitos e margens

de linhas de água, áreas de infiltração máxima ou nas imediações de pontos de água.

- Caso se verifique a existência de materiais de escavação com vestígios de

contaminação, estes devem ser armazenados em locais que evitem a contaminação dos

solos e das águas subterrâneas, por infiltração ou escoamento das águas pluviais, até

esses materiais serem encaminhados para destino final adequado.

- Os depósitos para terras sobrantes não deverá ser localizado em áreas do domínio

hídricos, em áreas inundáveis, em zonas de protecção de captações, e outras áreas

sensíveis do ponto de vista hidrológico.

- As terras de empréstimo passíveis de serem utilizadas na obra não deverão ser

provenientes de terrenos situados em linhas de água, leitos e margens de massas de

água; zonas ameaçadas por cheias, zonas de infiltração elevada, perímetros de

protecção de captações de água e outras áreas sensíveis do ponto de vista hidrológico.

Movimentação de máquinas e acessos

- A abertura de acessos não deverá ser feita ao longo das linhas de água, mas sim

transversalmente a estas.

- Sempre que possível, junto das linhas de água, deverão utilizar-se caminhos existentes

como acesso à obra.

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II.5

- A dimensão dos acessos a criar deverá ser limitada junto das linhas de água e no caso

de as mesmas serem interceptadas, terão de ser restabelecidas por órgãos de

drenagem adequados.

- A saída de veículos das zonas de estaleiro e das frentes de obra para a via pública

pavimentada deverá, sempre que possível, ser feita de forma a evitar a sua afectação

por arrastamento de terras e lamas pelos rodados dos veículos, devendo ser instalados

dispositivos de lavagem dos rodados e adoptados procedimentos adequados para a

utilização e manutenção desses dispositivos.

- Efectuar o revestimento adequado dos taludes e das zonas laterais da via com

vegetação ou enrocamento tão cedo quanto possível, por forma a evitar a erosão do solo

e impedir o assoreamento e degradação dos órgãos de drenagem

- A água para abastecimento dos jopers não deverá ter como origem caudal das linhas da

água das imediações, devendo ser recolhidas em captação própria devidamente

licenciada para o efeito

Linhas de água

- Realizar todas as construções em linhas de água no mais curto espaço de tempo, de

modo a evitar-se a deposição e arrastamento de materiais nos seus leitos, bem como

assegurar que as linhas de água serão restabelecidas com as secções adequadas

conforme definido nos Projectos de Drenagem.

- O local e modo de desviar as linhas de água (diques / ensecadeiras) para a realização

das obras deverá ser estudado caso a caso

- Os trabalhos nas linhas de água deverão assegurar que o escoamento natural se

mantém inalterado e todas as acções com interferência nos leitos devem ter em atenção

a protecção dos mesmos, bem como das respectivas margens.

- Caso seja necessário represar uma linha de água, há que garantir os caudais reservados

para jusante.

- Assegurar a não colocação de pargas a menos de 10 m das linhas de água nem em

leitos de cheia, bem como acautelar, especialmente na época das chuvas, todas as

movimentações de terras junto destas áreas sensíveis.

- Caso se verifique o arraste de terras ou finos para as linhas de água, proceder à sua

limpeza imediata.

- As intervenções nas linhas de água devem assegurar que o escoamento natural se

mantém inalterado e todas as acções com interferência nos leitos devem ter em atenção

a protecção dos mesmos, bem como das respectivas margens.

- Recorrer a dispositivos adequados de protecção sempre que se considere inevitável o

atravessamento de linhas de água/escoamento nos caminhos de acesso, dispositivos

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II.6

estes que deverão ser retirados no final dos trabalhos, procedendo-se à recuperação das

áreas afectadas.

Órgãos de drenagem

- Realização de trabalhos nas imediações das linhas de água, e em especial das

respectivas passagens hidráulicas, preferencialmente no período seco.

- Executar a construção das passagens hidráulicas antes da construção dos aterros para

evitar o desabamento das terras em caso de ocorrência de chuvadas intensas.

- Após a realização das obras de arte deverá proceder-se à recuperação do perfil dos

cursos de água (não deve ser alterada a largura, declive e profundidade do leito) e

estabilizadas as margens.

- Após a conclusão dos trabalhos de construção deverão ser limpos todos os órgãos de

drenagem que tenham sido afectados, com vista a evitar problemas de assoreamento e

alagamento nas áreas adjacentes. Esta limpeza deverá ser feita à medida que se vai

avançando com a frente de trabalho.

- Garantir que as passagens hidráulicas dão continuidade ao talvegue natural, evitando

mudanças bruscas de direcção do escoamento.

Ocorrência de acidentes

- Deverá ser estabelecido, com as autoridades competentes, um plano de acções de

emergência para actuação em casos de acidentes que envolvam derrames de

substâncias perigosas.

- Recomenda-se o planeamento da intervenção, bem como a formação do pessoal afecto

à obra para a boa condução das acções e para o seu bom enquadramento ambiental, de

modo a evitar ao máximo a ocorrência de acidentes.

- Proceder a contenção e limpeza imediata de linhas de água em situações de derrame

acidental de substâncias poluentes

Infra-estruturas

- Durante a fase de construção deverão ser restabelecidos todas as infra-estruturas

associadas ao abastecimento ou rega que possam vir a ser afectados.

- A reposição das infra-estruturas deverá ocorrer o mais rapidamente possível de modo a

minimizar a afectação do uso.

- Deverá imprimir-se um especial cuidado na compatibilização do projecto com as todas

as infra-estruturas afectadas. Caso se preveja a diminuição da pressão de serviços ou

mesmo o corte temporário de abastecimento de água durante a execução dos trabalhos,

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II.7

deverá proceder-se ao aviso prévio á população. É de referir que uma parte destas

intervenções já foram actualmente efectuadas.

- Se for afectado algum ponto de água durante a fase de obra, deve ser executada, de

imediato, uma solução alternativa que permita a sua adequada substituição.

Fase de Exploração

Órgãos de drenagem

- Assegurar um programa de manutenção e limpeza periódico dos órgãos de drenagem

longitudinal e transversal, de forma a garantir sempre as boas condições de escoamento.

Ocorrência de acidentes

- Deverá ser estabelecido, com as autoridades competentes, um plano de acções de

emergência para actuação em casos de acidentes que envolvam derrames de

substâncias perigosas.