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Universidade Federal Fluminense

Avaliação de metodologias de tratamento de efluent

Nívia de Mello

Universidade Federal Fluminense

Instituto de Química

Química industrial

Avaliação de metodologias de tratamento de efluent es industriais com vistas ao

reúso.

Nívia de Mello Nascimento

Niterói

2016

Avaliação de metodologias de tratamento es industriais com vistas ao

Nascimento

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Nívia de Mello Nascimento

Avaliação de metodologias de tratamento de efluente s industriais com vistas ao reúso.

Monografia apresentada ao Curso de

Graduação de Química Industrial da

Universidade Federal Fluminense

como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Bacharel em

Química Industrial.

Orientadora:

SÍLVIA MARIA SELLA

Niterói

2016

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N 244 Nascimento, Nívia de Mello Avaliação de metodologias de tratamento de efluentes in- dustriais com vistas ao reúso./ Nívia de Mello Nascimento.-- Niterói : [52 p.], 2016. xxf. Trabalho de Conclusão de Curso--(Bacharelado em Quími- ca Industrial), 2016. 1. Água. 2. Recurso hídrico; aspecto econômico. 3. Reúso da água. 4. Legislação ambiental. 5. Metodologia. I. Título. CDD. : 333.91

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Dedico este trabalho ao meu pai, Moacyr Nascimento Jr.(in memoriam), pelo seu amor, carinho, cuidado e orientação que sempre foram constantes e determinantes na minha vida.

Woody Allen

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Agradecimentos

A Deus, por ter me abençoado ao longo desta jornada com muita sabedoria,

coragem e força.

Ao meu pai que não está mais aqui conosco, mas que sempre me ensinou a

importância de sermos perseverantes, seguirmos nossa intuição e tentar dar sempre

o nosso melhor em tudo que fizermos. E também por enfatizar e incentivar a minha

formação profissional, sempre dizendo a mesma frase “A maior herança que deixo

para você é sua educação”.

A minha mãe, meu padrasto e meu irmão, que são os meus pilares, por terem muita

paciência, amor e carinho comigo, me ajudando nos momentos mais difíceis para

que eu não desistisse da UFF.

Ao meu primo Alexandre Gomes, pelos conselhos, incentivos e por ser um exemplo

de profissional para mim.

Aos meus amigos que graças a UFF conheci, por me ajudarem, me incentivarem e

não desistirem de mim, mesmo diante de tantas ausências minhas. Agradeço em

especial a Anderson Costa, Daniele Portugal, Fernanda Krajewski, Fernanda Pinto,

Gustavo Mangia, Munique Ferreira, Roberto Ferreira e Thaís Barbosa.

A algumas pessoas que foram muito especiais e presentes ao longo dessa trajetória

na UFF, dividindo momentos de aflição e grandes dificuldades. Em especial a Ana

Paula Sposito, Bruno Salarini, Janiny Lacerda, Ludmila Almeida, Maria Bernadete,

Marcos Palmeira, Melissa Chamon e Neiva Rosa.

À minha orientadora Sílvia Sella, que teve muita paciência e atenção, me auxiliando

na concretização deste trabalho.

À professora Mônica Maia, por suas orientações e preocupações, e por ter me

apresentado esse tema de Reúso de Efluentes.

Aos professores Carlos Eduardo Côrtes e Martha Araújo, por não medirem esforços

para me ajudar sempre que precisei.

À professora Lídia Yokayama, à Nathália Oliveira e ao Luciano Dias, que me deram

oportunidade de trabalhar no LABTARE-UFRJ.

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Ter talento é sorte. O importante na vida é ter coragem.

Woody Allen

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Resumo

Segundo a secretaria de recursos hídricos do Ministério do Meio Ambiente cerca de

70% da superfície do planeta é composta por água. Entretanto, apenas 2, 5% deste

total correspondem à água doce, própria para consumo. Ainda segundo a secretaria,

a maior parte deste recurso natural é destinada à produção de alimentos e na

indústria. O aumento no consumo, provocado pelo desenvolvimento de novas

tecnologias e serviços, além do crescimento populacional e do desperdício, tende a

provocar a escassez deste bem, fundamental para a vida. Segundo dados de 2012,

disponibilizados na rede, o Brasil está em 40 lugar entre os países que mais usam

água para a produção de bens de consumo. Portanto é imprescindível o

desenvolvimento de tecnologias que visem o uso racional deste recurso.Este

trabalho tem como objetivo avaliar as tecnologias adotadas para fins de tratamento

de efluentes de indústrias, com vistas a possível reúso no próprio setor

produtivo.Considerando a gama variada de indústrias de bens de consumo, optou-se

por avaliar as metodologias de tratamento de efluentes das indústrias cervejeiras,

têxteis e de metal-mecânica, cujas atividades se destacam em função da quantidade

e da qualidade da água utilizada na produção, além da geração de efluentes com

alta carga poluidora.

Palavras-chave: Reúso, tratamento, efluente, água, indústria.

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Abstract

Accordingly to water resources secretary from Brazilian Ministry of the Environment,

water covers approximately 70% of the earth surface. However, only 2.5% is

freshwater, which is proper to consume. Moreover, most of this natural resource is

used in industries and to produce food. The greater consumption, due to the new

technologies development and services, allied to population growing and waste, may

to come to scarcity of this resource, which is fundamental to life. Data from 2012

shows that Brazil is in the 4th position, between countries, that uses more water for

commodities production. Therefore is indispensable the development of new

technologies that helps to reduce and rationalize the use this natural resource. This

work aims to evaluate the technologies that are use nowadays to industries effluent

treatment, to intend a possible reuse in the own productive system.Taking into

account the variety of commodities industries, it was evaluated the effluent treatment

methodologies from beer, textile and engineering industries, whose activities requires

high amount of water as well as from good quality. In addition, these industries

generates effluents with high pollutant load.

Keywords: Reuse, treatment, effluent, water, industry.

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SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................. 1

2. Justificativa ........................................................................................................... 2

3. Objetivo Geral ....................................................................................................... 2

3.1 Objetivos específicos ..................................................................................... 2

4. Revisão da Literatura ............................................................................................ 3

4.1 Efluentes industriais ....................................................................................... 3

4.2 Parâmetros de caracterização de efluentes industriais .................................. 4

4.2.1 Sólidos totais ........................................................................................... 5

4.2.2 Temperatura ............................................................................................ 6

4.2.3 Cor ........................................................................................................... 6

4.2.4 Turbidez ................................................................................................... 7

4.2.5 Odor ......................................................................................................... 7

4.2.6 Potencial Hidrogênionico (pH) ................................................................. 7

4.2.7 Alcalinidade ............................................................................................. 8

4.2.8 Nitrogênio e fósforo ................................................................................. 8

4.2.9 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) .............................................. 10

4.2.10 Demanda Química de Oxigênio (DQO) .............................................. 10

4.2.11 Carbono orgânico total (COT) ............................................................ 11

4.2.12 Oxigênio dissolvido (OD) .................................................................... 12

4.2.13 Óleos e Graxas .................................................................................. 12

4.2.14 Constituintes biológicos ...................................................................... 12

4.3 Tecnologias de tratamento de efluentes ...................................................... 13

4.3.1. Coagulação e Floculação ...................................................................... 14

4.3.2 Sedimentação e Flotação ...................................................................... 15

4.3.3 Adsorção com carvão ativado................................................................ 16

4.3.4 Processos de separação por membranas ............................................. 18

4.3.5 Neutralização ......................................................................................... 20

4.3.6 Filtração ................................................................................................. 20

4.3.7 Oxidação química convencional ............................................................ 21

4.3.8 Oxidação avançada ............................................................................... 22

4.3.9 Tratamento biológico ............................................................................. 24

4.4 Reúso de efluente na indústria ..................................................................... 26

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5. Avaliação das metodologias ............................................................................... 33

5.1 Indústria cervejeira ....................................................................................... 33

5.2 Indústria têxtil ............................................................................................... 36

5.3 Indústria metal-mecânica ............................................................................. 39

6. Conclusões ......................................................................................................... 44

7. Referências Bibliográficas .................................................................................. 45

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Esquema de classificação dos sólidos totais .............................................. 5

Figura 2. Reação que ocorre na análise de DBO ..................................................... 10

Figura 3. Reação que ocorre na análise de DQO .................................................... 11

Figura 4. Esquema genérico do processo de flotação ............................................. 16

Figura 5. Sistema industrial de adsorção em leito fixo ............................................. 17

Figura 6. Esquema dos processos de osmose reversa e da separação por osmose19

Figura 7. Esquema simplificado de um sistema de tratamento de Lodo Ativado ..... 25

Figura 8. Reúso macro interno em cascata ............................................................... 27

Figura 9. Reúso macro interno de efluente tratado ................................................... 28

Figura 10. Esquema da composição do sistema de tratamento ................................ 35

Figura 11. Representação esquemática de um reator de oxidação química ............. 38

Figura 12. Fluxograma da unidade de bancada de osmose reversa ......................... 41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tabela de classificação de contaminantes presentes em efluentes .......... 13

Tabela 2. Características de processos de separação por membrana ..................... 18

Tabela 3. Principais agentes oxidantes utilizados para o tratamento de efluentes ... 21

Tabela 4. Etapas do Projeto de Reúso de Água na Indústria ................................... 29

Tabela 5. Classificação das águas doces estabelecidas na resolução 357/05 ......... 32

Tabela 6. Caracterização do afluente de alimentação .............................................. 34

Tabela 7. Características do efluente bruto e do tratado biologicamente .................. 37

Tabela 8. Caracterização do efluente tratado nas três etapas .................................. 40

Tabela 9. Comparação entre valores exigidos para o reuso e os resultados

encontrados ............................................................................................................... 43

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT

CONAMA

COT

DBO

DQO

EPA

FAD

FAI

MF

µm

NF

OD

OMS

OR

pH

POA

PNRH

ST

UF

UV

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Conselho Nacional de Meio Ambiente

Carbono Orgânico Total

Demanda Bioquímica de Oxigênio

Demanda Química de Oxigênio

Environmental Protection Agency

Flotação por Ar Dissolvido

Flotação por Ar Induzido

Microfiltração

Micrômetro

Nanofiltração

Oxigênio Dissolvido

Organização Mundial de Saúde

Osmose Reversa

Potencial Hidrogenionico

Processo Oxidativo Avançado

Política Nacional de Recursos Hídricos

Sólidos Totais

Ultrafiltração

Ultravioleta

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1

1.Introdução

A água por sua devida importância, em sentido amplo, atinge desde as

necessidades básicas vitais dos seres vivos até o desenvolvimento da vida em

sociedade. Suas aplicações encontram um relevante espaço em atividades

econômicas, como na agricultura, na indústria e nas utilizações domésticas.

Em vista disso e do crescimento exponencial da população e da urbanização,

a demanda por recursos hídricos sempre tende a ser progressiva, trazendo em

pauta a exploração indiscriminada e inconsciente desses recursos, além de

alterações climáticas que estão provocando modificações no ciclo hidrológico na

natureza, derrubando o conceito de constante renovação agregado à agua, e dessa

forma comprometendo a sua disponibilidade.

A conservação da água tornou-se imprescindível para a manutenção do

desenvolvimento da civilização humana,o uso mais racional desse recurso e o

estudo de fontes hídricas alternativas passaram a integrar essa visão e fizeram

diversos setores econômicos mudarem sua postura com relação ao consumo de

água.

O tratamento de efluentes é um ponto crucial nessa discussão, já que é

através deste que se pode evitar ou ao menos minimizar a degradação dos corpos

hídricos. Os resíduos líquidos gerados, principalmente, pelas atividades agrícolas e

industriais trazem uma carga poluidora alta, que se não forem devidamente tratados

podem deteriorar os seus corpos receptores.

Nas duas atividades citadas no parágrafo anterior, cujos consumos de água

são muito elevados, o reúso de efluentes tornou-se uma alternativa de suprir essa

grande demanda, trazendo mais economicidade, fomentando a sustentabilidade,

reduzindo a dependência dos recursos naturais e os riscos de suspensão das

atividades no caso de uma escassez.

O reúso industrialapresentauma discussão bem ampla devido à existência de

diversas ramificações, tais como farmacêuticas, químicas, alimentícia, termelétricas,

entre outras. Essa diversificação de produções leva à fabricação

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2

dos mais variados bens de consumo, acarretando,também, necessidades de

quantidade e qualidade da água bem específica.

É estecontexto abrangente do reúso de águana indústria, que o presente

trabalho pretende avaliar, analisando a variação de metodologias empregadas para

aplicação do reúso de efluentes, trazendo uma visão da produção e da geração de

efluentes específicos dos principais tipos de indústrias, cujos potenciais de reúso

estão presentes.

1. Justificativa

A prática do reúso de efluentes na indústria é uma questão cada vez mais

abordada atualmente e que deve ser fomentada. O certame dessa prática está nos

benefícios de caráter ambiental, social e econômico que ela traz. Incorporam-se

aspectos de sustentabilidade e bem-estar social à produção de bens e serviços, já

que mitiga a degradação de fontes hídricas.

Pontos cruciais para implantação de um sistema de reuso num ambiente

industrial devem ser estudados e desenvolvidos. Entre esses pontos, estão as

tecnologias empregadas para o tratamento dos efluentes gerados e parâmetros de

água exigidos para aplicação de reúso em atividades específicas. Esses devem ser

objetos de estudo em laboratórios de pesquisas para a elaboração de um projeto de

reuso em escala industrial.

2. Objetivo Geral

Avaliar, por meio de revisão de trabalhos de pesquisas publicados,

metodologias empregadas nos processos de reúso de efluentes industriais.

2.1 Objetivos específicos

� Analisar osparâmetros de caracterização e as tecnologias de

tratamento empregadas nos efluentes gerados nas indústrias

cervejeira, têxtil e metal-mecânica;

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3

� verificar para quais atividades nessas três indústrias o reúso do

efluente tratado é viável.

3. Revisão da Literatura

A revisão da literatura, nesse trabalho, vai englobar conceitos que dão

embasamento para o entendimento das metodologias de reúso de efluente

industrial. Esses conceitos estão relacionados a características dos efluentes

gerados na indústria, processos de tratamento de efluentes e reúso de efluentes.

3.1 Efluentes industriais

De uma forma geral, o efluente é definido como sendo o termo usado para

caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou processos.1

No cenário industrial, a origem de efluentes é decorrente de uma ampla

variedade de atividades que dependem de água para se concretizarem. Como

exemplo destas atividades têm-se o uso da água para: lavar máquinas, tubulações e

pisos; comofluidos de torres de resfriamento ou de geradores de vapor; participar de

etapas do processo industrial ou ser incorporada ao produto; entre outros. 2

Dessa forma, uma definição genérica da composição de efluentes industriais

para os variados setores torna-se impossível. Cada setor emprega um tipo de

produção, de tecnologia, de tempo no regime de operação etc. A avaliação mais

apurada das características dos efluentes gerados por uma determinada indústria

exige um conhecimento mais detalhado de todo processo produtivo, principalmente,

com relação a matérias-primas e insumos utilizados. 3

Algumas características são típicas de efluentes gerados em determinada

indústria. Alguns perfis estão exemplificados a seguir:

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4

Indústria cervejeira – encontra-se grande quantidade de açucáres (malte e

cevada),além de partículas de terras diatomáceas oriundas da filtração do mosto e

óleos minerais. Apresenta um pH ácido ou neutro e a DQO é normalmente de 2.000

mg O2/L.2

Indústria têxtil – efluentes com alta concentração de álcalis, carboidratos,

proteínas, corantes (naturais e sintéticos), e metais pesados. 2

Indústria farmacêutica – efluentes com alta concentração de matéria orgânica,

sais e toxicidade. 2

3.2 Parâmetros de caracterização de efluentes indus triais

Os efluentes industriais têm uma carga poluidora que deve ser controlada. A

destinação destas águas residuais, seja para disposição em corpos receptores ou

para reutilização, exige um tratamento prévio adequado. Para definir as tecnologias

que serão empregadas no tratamento, são necessárias análises químicas, físicas e

biológicas dos componentes poluidores presentes nessas águas. 4

A maioria dos setores industriais, a fim de definir qual tecnologia será

aplicada, leva em consideração além das características dos efluentes, as

exigências das legislações, a área disponível e o custo envolvido. Os parâmetros de

análise que são comumente aplicados para caracterizar os efluentes industriais

estão listados a seguir: 5

• Sólidos totais

• Temperatura

• Cor

• Turbidez

• Odor

• pH

• Alcalinidade

• Nitrogênio/fósforo

• DBO

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5

• DQO

• Carbono orgânico total (COT)

• Oxigênio dissolvido (OD)

• Óleos e graxas

• Constituintes biológicos

3.2.1 Sólidos totais

A definição que, geralmente, é dada para sólidos totais e que está relacionada

diretamente ao método de análise, baseia-se no resíduo que se mantém depois da

evaporação e secagem a uma temperatura entre 103 e 1050C. 6

Os sólidos totais (ST) apresentam uma classificação física que separa em

dissolvidos e suspensos. A diferenciação analítica entre os dois está no tamanho da

partícula, que para os sólidos dissolvidos apresentam um diâmetro inferior a 1,2 µm

e superior a este valor para os que estão em suspensão.2,6

Os sólidos totais também são classificados quanto à natureza, que é uma

classificação química, que separa em sólidos fixos, que são substâncias inorgânicas,

e os sólidos voláteis que são substâncias orgânicas.2,6

A figura 1 apresenta um esquema que resume estas classificações de sólidostotais.

Figura 1. Esquema de classificação dos sólidos tota is 2

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6

3.2.2 Temperatura

A temperatura do efluente é um parâmetro relevante, pois influencia na

precipitação química, na viscosidade, na absorção do oxigênio, na solubilidade de

compostos e alterações no metabolismo dos organismos presentes no meio. Além

disso, em caso de temperaturas altas pode ocorrer a liberação de gases, alterando o

odor do efluente. 7

Um ponto importante, relacionado ao controle da temperatura, consiste na

redução do oxigênio dissolvido quando há uma elevação da temperatura. Além

disso, para que não prejudique as atividades biológicas, é necessária a manutenção

de temperaturas adequadas na faixa de 25-35oC.8

3.2.3 Cor

A cor da água ou de um efluente é medida pela redução da intensidade da luz

ao atravessar o meio líquido, ocasionada pela quantidade de sólidos dissolvidos.

Estes podem estar em estado coloidal, podendo ser de natureza orgânica ou

inorgânica.9,10

Em efluentes industriais, existem matérias coloidais orgânicas, que

influenciam na determinação da cor e que variam de acordo com o tipo de indústria.

Como exemplos têm-se a presença de taninos nos efluentes de curtume; de anilinas

nos efluentes têxtis; lignina e celulose em efluentes das indústrias de papel, de

celulose e madeira. 9

A turbidez do efluente interfere na determinação da cor, pois absorve parte da

radiação eletromagnética. Sendo assim, são realizadas duas análises de cor: a cor

aparente e a cor real. A cor aparente é a influenciada pela turbidez, sendo esta

causada pela presença de partículas com diâmetro a partir de 1,2 µm. Para medir a

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7

cor real, é necessário que o efluente sofra uma filtração, centrifugação ou

sedimentação, a fim de eliminar a interferência da turbidez. 9,10

3.2.4 Turbidez

A turbidez é, de forma semelhante ao parâmetro da cor, medida pela

absorção e dispersão da incidência da luz causada por substâncias em suspensão e

coloidais no efluente. Essas substâncias geralmente são partículas inorgânicas, tais

como argila e areia, partículas orgânicas, bactérias, algas, entre outras.9,10

A determinação da turbidez é um ponto de comparação entre o efluente

tratado biologicamente nos processos anaeróbicos e aeróbicos. No primeiro

apresenta uma turbidez maior devido a um arraste de sólidos para superfície durante

o processo bioquímico de fermentação. 11

3.2.5 Odor

O odor é um fator indicativo da presença de substâncias químicas inorgânicas

e orgânicas, e gases dissolvidos no efluente, além de produtos decorrentes do

metabolismo de micro-organismos, como algas e cianobactérias. 10

Nos efluentes industriais, o odor é causado, como exemplos, pela geração de

ácidos voláteis e gás sulfídrico(H2S) em reações de fermentação; de aromas em

industrias farmacêuticas; solventes em industrias de tintas, refinarias de petróleo e

pólos petroquímicos; amônia do chorume. 2

3.2.6 Potencial Hidrogênionico (pH)

O pH é um parâmetro químico que mede a concentração de íons hidrogênios

na solução, definindo se o efluente está ácido, alcalino ou neutro. Matematicamente,

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8

o pH é igual ao negativo do logaritmo da concentração desses íons hidrogênios (pH

= - log [H+]).O valores de pH variam de 0 a 14, é considerado ácido se estiver com

valores abaixo de 7,0, básico acima de 7,0 e neutro igual a 7,0. 11,

A medida da concentração de íons hidrogênio está diretamente relacionada

com a dissociação das moléculas de água. Por isso a existência da grande maioria

de constituintes químicos no efluente está relacionada com o pH do meio. 12

O pH está atrelado à solubilidade das substâncias e à toxicidade apresentada

no efluente. Como exemplos, em pH básico pode ocorrer a solubilidade de amônia

(NH3), de metais pesados e alguns sais, além de haver a precipitação de sais de

carbonato; em pH ácido, pode elevar a concentração de dióxido de carbono e ácido

carbônico. 13

3.2.7 Alcalinidade

A alcalinidade é mensurada pelas concentrações dos íons hidróxidos[OH-],

carbonatos [ CO32-] e bicarbonatos [HCO3

-]. Por isso, a alcalinidade total é

definidacomo sendo o somatório das concentrações desses íons e mede a

capacidade de tamponamento da água ou do efluente.

Um monitoramento da alcalinidade deve ser realizado no efluente, caso este

venha ser reutilizado no processo. Principalmente, nas indústrias de papel, têxtil e

bebidas deve haver esse monitoramento, pois pode destruir reagentes ácidos,

corantes, floculantes e aromatizantes. 3

3.2.8 Nitrogênio e fósforo

Os elementos nitrogênio (N) e fósforo (P) são parâmetros que devem ser

controlados nas águas residuais. Esses elementos, se despejados no corpo receptor

em quantidades elevadas, podem provocar a eutrofização, modificando as

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9

propriedades da água e ocasionando uma retenção de lodo no leito desses corpos

receptores. 14

Por outro lado, esses dois elementos são considerados nutrientes básicos

para alimentação de micro-organismos. Desta forma, é necessário que tenha uma

quantidade mínima para que esse efluente possa ser tratado biologicamente. 12

As formas de nitrogênio comumente encontradas nos efluentes são a amônia

(NH3), o íon amônio (NH4+), o gás nitrogênio (N2), o íon nitrito (NO2

-) e o íon nitrato

(NO3-). Além disso, em compostos orgânicos, encontra-se nitrogênio em

aminoácidos, açúcares aminados e proteínas (polímeros de aminoácidos). 12

A principal forma do fósforo presente em efluentes é de fosfato (PO4)3-. Este

pode ser classificado em ortofosfatos, fosfatos condensados (piro-, meta- e outros

polifosfatos) e fosfatos constituindo compostos orgânicos.15

Os efluentes industriais, que apresentam quantidades maiores de nitrogênio e

fósforo, têm origem na produção de fertilizantes, laticínios, plásticos, explosivos,

pesticidas, amônia, ácido nítrico, entre outros.16

A análise de nitrogênio orgânico e nitrogênio amoniacal é realizada pelo

método Kjeldahl. Nesse método, há, normalmente, uma destilação do nitrogênio

amoniacal e depois uma digestão do nitrogênio orgânico, que é transformado em íon

amônio, sendo essa digestão feita com calor e ácidos. A determinação do nitrogênio

Kjeldahl total ocorre sem haver essa destilação prévia, determinando todo o

nitrogênio (amoniacal e orgânico) pela digestão. 12,6

Para o fósforo, o procedimento de análise de qualquer espécie, de uma forma

geral, ocorre com por meio da sua conversão a ortofosfato (caso não esteja nesta

forma) seguida de um método colorimétrico. A formação do ortofosfato pode ser

através de hidrólise ou digestão ácida, e a determinação colorimétrica pode ser com

a utilização de ácido ascórbico ou ácido vanadomolibdofosfórico.6

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10

3.2.9 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)

A demanda bioquímica de oxigênio é um indicador indireto do carbono

orgânico biodegradável presente no efluente. A DBO determina a quantidade de

oxigênio dissolvido que os micro-organismos necessitam para realizarem a oxidação

bioquímica da matéria orgânica contida. Essa reação entre o oxigênio e a matéria

orgânica está esquematizada na figura 2. 17

matéria orgânica+ O2CO2 + H2O + NH3 + novas células

Dessa forma, a medição da DBO é a quantidade de oxigênio que vai

estabilizar a matéria orgânica. A estabilização completa pode demorar muitosdias,

por isso foi estabelecido um padrão de 5 dias e temperatura de 20oC para as

análises de DBO, sendo por isso chamado de DBO5 . 17

Os testes de DBO consistem em bioensaios, onde os micro-organismos

(geralmente bactérias) entram em contato com a matéria orgânica do efluente.

Esses testes são considerados indicativos da capacidade poluidora em termos da

quantidade de oxigênio dissolvido. 8

Esses testes, além de degradar a matéria orgânica (DBO carbonácea), oxida

material inorgânico como Fe2+ e S2- (DBO imediata) e formas reduzidas de

nitrogênio, como nitrito e amônia (DBO nitrogenada). 18

3.2.10 Demanda Química de Oxigênio (DQO)

A DQO mede o quanto de oxigênio é gasto para oxidar a matéria orgânica

presente no efluente. Esta medida é realizada por meio da oxidação dessa matéria

por um forte agente oxidante que, geralmente, é o dicromato (Cr2O7)2-, em condições

ácidas (figura 3). Desta forma, há uma proporcionalidade entre quantidade de

bactérias

aéróbicas

Figura 2. Reação que ocorre na análise de DBO 18

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11

oxigênio e do agente oxidante, por isso a unidade de medida de DQO é em mg

O2/L.18

A DQO é um parâmetro que mede não somente a matéria orgânica oxidável

por dicromato, mas também componentes inorgânicos suscetíveis àoxidação por

esse agente (DQO inorgânica). Dessa forma, a DQO é um fator indicativo de maior

amplitude com relação ao grau de poluição que o efluente pode ter no sentido de

consumo de oxigênio. Porém, essa amplitude na capacidade de oxidação pode

reduzir a precisão na medição de matéria orgânica.8,14

A DQO e a DBO terão valores bem próximos ou iguais se houver no efluente,

predominantemente, matéria biodegradável. A razão entre DQO e DBO assumindo

valores superiores a 5, indica a necessidade de processos de tratamento dessa

DQO inorgânica.18

3.2.11 Carbono orgânico total (COT)

A determinação de carbono orgânico total controla no efluente a totalidade de

moléculas orgânicas, já que o carbono é um elemento presente nas estruturas dos

compostos orgânicos. É um parâmetro complementar às análises de DBO e DQO, já

que não detecta substância inorgânica nenhuma. 19

As análises de COT consistem em transformar o composto orgânico em

dióxido de carbono (CO2), este podendo ser detectado por radiação infravermelha.

As formas de realizar essa transformação podem ser utilizando calor e oxigênio

(reação de combustão), radiação ultravioleta, oxidantes químicos ou combinações

dessas formas.12

Matéria orgânica + K2Cr2O7 + H2SO4 Ag2SO4

CO2 + H2O + K2Cr2O7(residual) HgSO4

Figura 3. Reação que ocorre na análise de DQO 18

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12

3.2.12 Oxigênio dissolvido (OD)

Este parâmetro indica a quantidade de oxigênio molecular (O2) que está

dissolvido no meio líquido. O seu aparecimento em águas naturais ou efluentes

deve-se ao contato com o ar atmosférico, à fotossíntese de algas e aos processos

de aeração ocorridos no meio. A redução da concentração de oxigênio dissolvido

ocorre porque foi utilizado por micro-organismos para a depuração de matéria

orgânica. 8,20

Este parâmetro sofre variação em diferentes condições de temperatura,

salinidade e pressão atmosférica. A presença de oxigênio dissolvido em águas de

processo ou efluentes que transitam por tubulações de aço e ferro pode causar a

corrosão destas. 20

As análises desse parâmetro podem ser realizadas por titulação, pelo

chamado método WINKLER ou método iodométrico, que se fundamenta no poder

oxidante do oxigênio. E o método eletrométrico, com eletrodos e membranas

seletivas, fundamenta-se na taxa de difusão do oxigênio nessas membranas.

Normalmente, a quantidade de oxigênio detectada é expressa em mg/L. 6

3.2.13 Óleos e Graxas

É um parâmetro designado a indicar o teor de substâncias orgânicas com

características físicas e químicas semelhantes, baseado na solubilidade destas em

solventes tais como éter de petróleo, n-hexano e triclorotrifluoretano. Dessa forma,

sendo um parâmetro determinado por métodos que envolvem extração líquido-

líquido.12,18

3.2.14 Constituintes biológicos

A composição biológica de poluentes num efluente consiste nos micro-

organismos tais como bactérias, fungos, protozoários helmintos e vírus. Estes são

mais comumente encontrados em esgoto humano, no entanto podem ser detectados

em efluentes industriais e até mesmo na mistura de correntes dos dois tipos de

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13

efluentes. Estes constituintes são monitorados, principalmente, por estarem

associados à transmissão de doenças.12

3.3 Tecnologias de tratamento de efluentes

O tratamento de efluentes, de um modo geral, abrange diversos tipos de

processos e operações unitárias. A combinação de quais tecnologias devem ser

empregadas está diretamente relacionada às características do efluente a ser

tratado. É a partir da análise de contaminantes presentes, que se elabora qual

sistema de tratamento será mais adequado. Esses contaminantes podem ser

classificados em seisgrupos, como mostra a tabela 1.3

Tabela 1. Tabela de classificação de contaminantes presentes em efluentes 3

Classe Contaminantes Exemplos

1 Sais inorgânicos

dissolvidos

Íons metálicos e não

metálicos(Cl,Cr 6+,Na+,Mg+,CN-,NH4+,etc.)

2 Gases dissolvidos NH3, H2S

3 Compostos orgânicos

dissolvidos

Solventes, pesticidas, herbicidas, tensoativos

e açúcares, entre outros.

4 Partículas em suspensão Areia, sílica coloidal, sais insolúveis, sólidos

suspensos diversos

5 Microrganismos Bactérias, vírus, protozoários, fungos,

leveduras.

6 Óleos e graxas

Os processos utilizados para a remoção desses elementos presentes nos

efluentes, podem ser classificados em processos unitários físicos, químicos e

biológicos. Eles são encontrados mesclados nos sistemas de tratamento, mas o

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14

estudo desses processos assim é mais eficiente, devido aos princípios e objetivos

relacionados a cada tipo.

Os processos unitários físicos são métodos nos quais predominam forças

físicas. Como exemplos dos principais processos desta natureza são o

peneiramento, floculação, sedimentação, flotação, filtração e adsorção. Já os

processos químicos consistem na retirada dos contaminantes utilizando compostos

químicos ou por meio de reações químicas e têm como exemplos mais comuns a

precipitação, transferência de gases, adsorção e desinfecção.E os processos

unitários biológicos destinam-se à retirada de substâncias biodegradáveis, coloidais

ou dissolvidas, e também de nitrogênio e fósforo presentes no efluente.12

Na indústria, alguns processos, dentre esses três tipos, são muito

empregados para o tratamento e pós-tratamento de efluentes industriais, por serem

adequados às características desses efluentes, à medida que removem os

componentes que são necessários para que se atenda aos padrões de qualidade

estabelecidos. Esses processos estão listados a seguir: 3

� Coagulação/floculação

� Sedimentação ou flotação;

� Adsorção em carvão ativado

� Processos de separação por membranas

� Neutralização;

� Filtração

� Oxidação química convencional

� Oxidação química avançada

� Tratamento biológico

4.3.1. Coagulação e Floculação

A coagulação e floculação são processos físico-químicos destinados a facilitar

retirada de partículas coloidais que estejam suspensas e/ou dissolvidas, e não

possuam uma razoável velocidade de sedimentação, necessitando, por isso, desses

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15

processos de agregação de suas moléculas para acelerar a separação da parte

líquida. 21

As partículas em meio aquoso tendem a adquirir cargas negativas na interface

com a água, pois adsorvem ânions (Ex: hidroxilas). Essas cargas negativas geram

forças de repulsão, que impendem a agregação e a sedimentação dessas partículas.

Dessa forma, a coagulação consiste em acabar com essas forças de

repulsão, neutralizando essas cargas com adição de compostos (agentes

coagulantes) que geram íons positivos em meio aquoso. Além disso, todo o

processo de coagulação é realizado sob forte agitação para ajudar na

desestabilização das partículas carregadas negativamente. Os agentes coagulantes

mais conhecidos são os sais de ferro e os sais de alumínio. Ambos vão levar à

formação de hidróxidos com baixa solubilidade. Porém, o uso desses sais tem sido

questionado por ocasionar a formação de um lodo tóxico e não biodegradável. 21

A floculação ocorre depois dessa desestabilização do material coloidal,

tratando-se de uma aglutinação dos compostos coagulados por meio de uma força

de atração entre eles. Essa aglutinação vai levar à formação dos chamados “flocos”.

A formação desses flocos acontece com uma agitação mecânica cautelosa, o

suficiente para obter a colisão necessária entre as partículas.21,23

3.3.2 Sedimentação e Flotação

A sedimentação consiste num processo unitário de clarificação e separação

líquido-sólido no efluente. Por ação da gravidade, do empuxo e de resistência ao

movimento, as partículas sólidas acumulam-se no fundo do tanque de

sedimentação, formando um lodo. As características deste lodo e a velocidade de

sedimentação dependem dos sólidos contidos no efluente, inclusive dos flocos

formados nos processos de coagulação e floculação. 2,24,25

A flotação é também um processo unitário que faz a separação líquido-sólido

(figura 4).O mecanismo dessa separação é efetuado através da introdução de

bolhas finas de um gás na fase líquida. As bolhas aderem ao material particulado e a

força de empuxo das partículas e bolhas de gás combinados é suficientemente forte

para provocar ascensão das partículas para superfície.

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16

Existem variações do processo de flotação, que se diferenciam pela forma

como as bolhas são formadas. Dentre esses tipos de flotação, destacam-se a

eletroflotação, flotação por ar dissolvido (FAD) e flotação por ar induzido (FAI).25

A flotação abrange diversas aplicações no tratamento de efluentes industriais.

Como exemplo destas aplicações está a remoção de sólidos solúveis totais (SST),

óleos, metais precipitados, pigmentos, gorduras, micro-organismos etc. A utilização

da flotação é indicada, principalmente, para efluentes provenientes de indústrias

petroquímicas, de pescado, frigoríficas e de lavanderias. 2,27

3.3.3 Adsorção com carvão ativado

A adsorção é um processo em que o adsorvato, sendo uma espécie presente

num meio líquido ou gasoso, é transferido para o adsorvente de material sólido e

com uma superfície porosa que proporciona essa transferência. A interação entre o

adsorvato e o adsorvente pode ser de natureza química, por meio de reações

químicas, ou física, resultante de forças de atração. 28

Os materiais mais utilizados como adsorventes são a sílica, alumina e o

carvão ativado. Entre estes, o carvão ativado destaca-se por ter uma superfície com

uma área que pode estar entre 500 a 1500 m2/g e uma composição variada de

grupos funcionais, contribuindo para uma elevada eficiência na adsorção. Além

Figura 4. Esquema genérico do processo de flotação 26

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17

disso, apresenta estabilidade térmica, boa funcionalidade em larga faixa de pH, e

capacidade de regeneração.29,30

O tratamento do efluente por meio desse processo pode ocorrer pela mistura

entre o carvão ativado e o efluente, sendo necessária uma posterior filtração ou

sedimentação para retirar o carvão contendo as impurezas adsorvidas. O processo

também pode ser realizado com a passagem do efluente num leito fixo contendo o

carvão ativado. 12,31

Uma ferramenta matemática importante que auxilia na determinação da

quantidade máxima que pode ser adsorvida de um contaminante pelo carvão

ativado, ou qualquer outro adsorvente, é a isoterma de adsorção. Esta consiste

numa curva que relaciona a razão da quantidade adsorvida e da massa inicial do

adsorvente com a concentração de contaminante que ainda estão no fluido. 12,32

Entre os modelos desenvolvidos de isoterma, o mais adequado para

tratamento de efluentes é o de Freundlich. A elaboração de como será o

equipamento de adsorção e as suas condições de operação dependem da forma da

isoterma de adsorção. Um exemplo de equipamento empregado no tratamento de

efluente industrial está na figura 6, que apresenta dois tanques, sendo um

destinadoao processo de adsorção e outro que regenera o carvão para ser

reutilizado.33

A aplicabilidade deste processo no tratamento de efluentes é devida à

capacidade de remoção de contaminantes como íons metálicos, corantes

agrotóxicos, metais pesados entre outros. 32

Figura 5. Sistema industrial de adsorção em leito f ixo 33

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18

3.3.4 Processos de separação por membranas

Os processos de separação por membranas (PSM) são similares aos de

filtração, distinguindo-se deste por ter uma capacidade ampliada na remoção de

material, pois alcança materiais com diâmetros menores e espécies dissolvidas.

Além disso, na filtração comum há somente as correntes de entrada (alimentação) e

a que sai do sistema (permeado). Nos PSM existem três correntes: a da

alimentação, do permeado e do concentrado.36

Esses processos são impulsionados por alguma força motriz que pode ser

resultado das variações de: concentração, temperatura, potencial elétrico ou

pressão. No campo de aplicação dos tratamentos de efluentes os tipos de PSM

empregados são os que possuem a força motriz resultante de um gradiente de

pressão. Esses se classificam pelo material que conseguem reter e dos valores de

pressão que podem operar no processo de separação. 3,34

Essa classificação abrange quatro categorias que são as seguintes:

microfiltração (MF), adequada para separar sólidos suspensos, ultrafiltração (UF)

que retém macromoléculas, nanofiltração (NF) consegue separar de forma seletiva

íons multivalentes de íons univalentes e a osmose reversa (OR) para separação de

íons dissolvidos. 35

A tabela 2 mostra os quatro tipos de separação por membranas, os

respectivos gradientes de pressão(força motriz), a composição do permeado e do

material retido na membrana.

Tabela 2. Características de processos de separação por membrana 36

Processos Força motriz (atm) Retido Permeado

Microfiltração (0,5-2) Material em suspensão

Água e sólidos dissolvidos

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19

Ultrafiltração (1-7) Colóides e

macromoléculas Água e sais solúveis

Nanofiltração (5-25)

Colóides,

macromoléculas e

íons divalentes

Água e sais solúveis

Osmose Reversa (15 - 80) Todo material solúvel

ou em suspensão Água

A osmose reversa é o PSM mais utilizado atualmente em tratamento de água

e efluentes, sendo a opção mais comumente aplicada para dessalinização. O

mecanismo deste processo baseia-se na aplicação de uma pressão hidráulica

superior à pressão osmótica, invertendo o processo natural de osmose, fazendo o

fluxo da solução mais concentrada (Ex: efluente) ser direcionado para a solução

mais diluída. Dessa forma, o sistema contendo uma membrana densa vai reter o

material dissolvido no líquido. A figura 6 mostra um esquema do mecanismo de

osmose reversa e como ocorre a separação por esse mecanismo. 37

Figura 6. Esquema dos processos de osmose reversa e da separação por osmose 38

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20

Além da dessalinização, a osmose reversa é empregada em diversas

atividades na indústria. Como exemplo, têm-se a reutilização de efluente nas

indústrias químicas, de papel e celulose, têxtis; a obtenção de água com elevada

pureza para indústria farmacêutica e de bebidas; para processamento de produtos

lácteos. 34

3.3.5 Neutralização

A neutralização é necessária para ajustar o pH do efluente de acordo com a

sua destinação posterior. A resolução 430/11 da CONAMA determina que o pH

deve estar numa faixa entre 5 e 9 para ser lançado nos corpos receptores. Este

processo de neutralização pode ser realizado em qualquer etapa do tratamento de

efluente.39

Este ajuste é realizado com a finalidade de reduzir a acidez ou alcalinidade.

Os agentes básicos mais comuns são o hidróxido de cálcio, hidróxido de sódio ou

carbonato de sódio. Os acidulantes comumente empregados são o ácido clorídrico,

ácido sulfúrico e ácido carbônico. Estes são ácidos fortes, por isso sua utilização

requer cuidados. Dessa forma, destaca-se o dióxido de carbono como alternativa de

um acidulante que tem uma facilidade maior na operação.40 As reações com o

dióxido de carbono estão apresentadas nas equações 1 e 2:

2OH- + CO2 → CO3 + H2O(1)

CO3 + CO2 + H2O → 2HCO-3(2)

3.3.6 Filtração

A filtração consiste na separação de sólidos que estão suspensos no meio

líquido. Todo o efluente passa por um meio poroso chamado de meio filtrante, onde

os sólidos ficam retidos. Existem diversos tipos de meios filtrantes, a escolha de qual

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21

sistema a ser utilizado depende da quantidade de sólidos presentes e do tamanho

destes.39,41,42

Os principais meios filtrantes são filtro tipo cartucho, filtros com meio granular,

filtros à vácuo e filtros prensas. O tipo cartucho são apropriados para efluentes com

concentração baixa de sólidos e os demais tipos, para efluentes com altas

concentrações de sólidos.43,44

3.3.7 Oxidação química convencional

A oxidação química consiste na transformação da composição química de um

composto ou de um grupo de compostos por meio da modificação dos seus estados

de oxidação, sendo consequências das reações de oxidação-redução.

As reações de oxidação-redução são reações químicas nas quais ocorrem

transferências de elétrons. A oxidação consiste na perda dos elétrons e a redução

no ganho desses elétrons. O agente redutor perde os elétrons e sofre oxidação, e o

agente oxidante ganha esses elétrons e sofre a redução.45

As aplicações da oxidação química no tratamento de efluentes destinam-se a

controle de odores e de sulfeto de hidrogênio (H2S), remoção de cor, ferro e

manganês, desinfecção, controle de biofilmes e de depósitos biológicos. O maior

destaque é para o controle de odores e desinfecção, nos quais a oxidação química é

muito eficiente para isso.12

A tabela 3 traz os principais agentes oxidantes utilizados no tratamento de

efluentes.

Tabela 3. Principais agentes oxidantes utilizados para o tratamento de efluentes3

Oxidante Semi-reação Potencial de

Redução E 0(V)

Ozônio O3 + 2H+ 2e- → O2 + H2O 2,070

Peróxido de Hidrogênio H2O2 + 2H + 2e- → 2H2O 1,770

Permanganato MnO- + 4H+ +2e- → MnO2 + 2H2O 1,695

Cloro Cl2 + 2e-→ 2Cl- 1,359

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22

Dicromato Cr2O72-+ 14H+ +6e-

→2Cr3+ + H2O 1,330

3.3.8 Oxidação avançada

Os processos de oxidação avançada (POA) conseguem eliminar compostos

mais resistentes, os quais não conseguiram ser removidos por oxidação

convencional. Principalmente no caso de destruição de substâncias orgânicas, os

POA’s têm uma alta eficiência.12,46

Os POA’s utilizam como agente oxidante o radical hidroxila (HO.), que possui

uma reatividade muito elevada. Dessa forma, o ponto crucial destes processos é a

geração desse radical, pois quanto mais rápido for a formação dele maior será a

eficiência da oxidação. 47

O radical hidroxila (HO.) é um oxidante forte (tem um potencial padrão de

redução de 2,80V) com capacidade de transformar poluentes orgânicos em matérias

mais simples como dióxido de carbono, água, ânions inorgânicos e substâncias mais

facilmente degradáveis por técnicas menos complexas. Além dasua alta reatividade,

a sua não seletividade leva à degradação de diversas espécies presentes nos

efluentes, reduzindo as toxicidades destes.46

As principais formas, de como os radicais hidroxila atacam os constituintes

orgânicos presentes nos efluentes, são por meio da retirada de um átomo de

hidrogênio, adição de uma hidroxila a uma ligação insaturada e uma transferência de

elétrons, conforme estão apresentados de forma genérica, respectivamente nas

equações 3,4 e 5:50

HO● + RH → H2O + R● (3)

HO● X2C=CX2→ X2C(OH)-C● X2 (4)

HO● + RX → HO + XR● (5)

A formação deste radical pode ser realizada por diversos métodos. Existem

métodos sem o uso de radiação UV, os quais utilizam somente agentes oxidantes

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23

fortes como H2O2 e O3, métodos com adição de radiação UV, além de combinações

de agentes oxidantes e radiação ou com catalisadores como íons metálicos ou

semicondutores.48Alguns processos estão apresentados a seguir:

• Ozónio/Peróxido de hidrogênio

Aplicado em compostos que não absorvem UV ou quando a transmitância do

líquido a ser tratado inibe a fotólise. A reação de geração do radical hidroxila está

descrita na equação 6.12

H2O2 + 2O3 → HO● + 3 O2(6)

• Ozônio/UV

Nesse método, os radicais hidroxilas são gerados diretamente e

indiretamente, acelerando a degradação das espécies orgânicas. Conforme está

apresentado nas equações 7,8 e 9, a fotólise de ozônio leva à formação de peróxido

que, em seguida, pode ser fotolisado ou reagido com o O3.49

O3 + H2O+ hν → O2 + H2O2(7)

O2+ H2O2 +hν→ 2HO●(8)

O3 + H2O+ hν → O3 + HO2(9)

• Peróxido de hidrogênio/UV

Neste processo, os radicais hidroxila são gerados por meio da aplicação de

radiação ultravioleta (UV) na água contendo H2O2. A molécula de peróxido, ao ser

exposta à luz UV numa faixa de comprimento de onda de 200 a 300 nm, tem sua

ligação O-O rompida, dessa forma, levando à formação do radical hidroxila. A

equação 10 resume esse processo .49

H2O2 + UV → HO●+ HO● (10)

• Fenton

A formação da hidroxila, nesse caso, decorre da decomposição do peróxido

de hidrogênio, por meio da reação deste com o íon ferroso (Fe2+) como mostra a

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equação 11. O íon ferroso atua como catalisador e essa reação necessita de um

meio ácido devido a solubilidade dos íons ferrosos e da presença de complexos não

reativos entre a água e os íons ferrosos.51,52

Fe2++ H2O2 →Fe3+ + HO● + OH-(11)

• Foto-Fenton

Esse método consiste na reação de Fenton com uso de radiação, tendo uma

ampliação da taxa reacional por ocorrer excitação dos íons de férrico pelos raios UV

e por submeter o peróxido de hidrogênio a uma fotólise. Há a conversão

fotocatalítica dos íons férrico (Fe3+) em íons ferroso (Fe2+) e conjuntamente a

formação de mais radicais hidroxilas (equação 12). Desta forma, é um procedimento

que apresenta uma maior eficiência na degradação de contaminantes.53,54

Fe3+ + H2O2 + hv → Fe2+ + H+ + HO• (12)

3.3.9 Tratamento biológico

Esse tratamento baseia-se em processos biológicos que consistem na

degradação da matéria orgânica por micro-organismos. A matéria orgânica funciona

como substrato para a manutenção e crescimento do micro-organismo. Este vai

transformar o substrato em matérias finais mais simples e em biomassa. Para o caso

de processos aeróbicos, as matérias finais serão CO2 e H2O e para processos

anaeróbicos as matérias finais serão CO2 e CH4.55

Os processos biológicos, no contexto de tratamento de efluentes industriais,

têm como finalidade a remoção e redução de compostos orgânicos e inorgânicos.

Além disso, nos casos de esgotos industriais terem compostos tóxicos a alguns

micro-organismos, há a necessidade de realização de um pré-tratamento,

antecedendo a coleta.

Os parâmetros comumente utilizados a fim de dar uma dimensão da

quantidade de matérias orgânica presente no efluente industrial são a demanda

bioquímica de oxigênio( DBO), demanda química de oxigênio (DQO) e carbono

orgânico total (COT). 55

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25

Há uma variabilidade nos tipos de processos biológicos empregados, no

tratamento de efluentes industriais são empregados, principalmente, as lagoas

aeradas e lodos ativados como sistemas aeróbicos, e biodigestor anaeróbico que é

o mais relevante processo anaeróbico. 56

Lodos ativados

Este processo é definido pela metabolização e floculação de grande parte da

matéria orgânica mediante agitação do efluente junto com micro-organismos e

oxigênio. Mesmo com os micro-organismos estando em pequena quantidade no

efluente, a matéria orgânica, o oxigênio e as condições ambientais como pH e

temperatura adequados, além da presença de nutrientes essenciais como nitrogênio

e fósforo, permitem a reprodução acelerada desses micro-organismos. 56,57

Dessa forma, os micro-organismos agrupam-se em colônias que permanecem

em suspensão por causa do sistema de aeração constante, e formam flocos

biologicamente ativos, sendo por isso o nome do processo ser lodos ativados. 57,58

O sistema de lodos ativados normalmente empregados engloba um tanque de

aeração e por onde o efluente entra e é misturado com o lodo ativado, e com isso

oxidando a matéria orgânica. No tanque de sedimentação ocorre a deposição de

flocos microbianos que são resultados da fase de oxidação no tanque de aeração. 55

Um esquema deste tipo de sistema de lodos ativados está representado

na figura 7.

No processo de lodos ativados, a recirculação do lodo acarreta numa

potencialização da oxidação da matéria orgânica e num menor tempo de residência

do efluente no sistema, pois há uma quantidade elevada de micro-organismos

permanecendo no meio por mais tempo. 55

Figura 7. Esquema simplificado de um sistema de tra tamento de Lodo Ativado 55

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26

Lagoas aeradas

O funcionamento de uma lagoa aerada é semelhante ao do tanque de

aeração de um lodo ativado com algumas diferenças, como o fato de não ocorrer

sedimentação do lodo, pois toda a biomassa está distribuída de forma homogênea

pela lagoa. E também, outra distinção que se faz é na questão de não haver

recirculação do lodo. 2

A operação desses tipos de lagoas acontece com o auxilio de uma lagoa

aerada facultativa. Estas são chamadas de facultativas por mesclar condições

aeróbicas na parte superior, tendo a suspensão da biomassa, e anaeróbicas na

parte inferior, ocorrendo uma sedimentação. 2,58

Biodigestor anaeróbico

O biodigestor anaeróbico consiste em uma câmara fechada, onde acontece o

processo bioquímico de digestão anaeróbica, sendo a decomposição da matéria

orgânica por ação de bactérias, sem a necessidade de oxigenação. Os produtos

resultantes deste processo são biofertilizantes e biogás. Este é composto,

majoritariamente, por metano e dióxido de carbono. Além disso, o metano, contido

no biogás produzido, é uma vantagem do biodigestor, já que este gás pode ser

convertido em energia elétrica, térmica ou mecânica, devido a sua elevada

capacidade energética.60,61

Um sistema comum de biodigestor consegue promover a digestão de

efluentes com alta concentração de sólidos, além de, normalmente, ter uma elevada

capacidade volumétrica, que possibilita ter um tempo maior de retenção do

efluente.58

3.4 Reúso de efluente na indústria

A indústria é um setor da economia que têm um gasto hídrico elevado, em

escala mundial, cerca de 20% da água doce disponível é utilizada para as atividades

de produção de bens de consumo. Este fato, aliado a um crescimento exponencial

da população, elabora um contexto de necessidade de implantação de políticas de

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27

conservação de água neste setor, enfatizado pelo uso racional da água e o reúso de

água.62,63,64

A Organização Mundial da Saúde (OMS),em 1973, trouxe uma classificação

geral de tipos de reúso de água, conceituando cada um da seguinte maneira:68

• Reúso direto: É o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para

certas finalidades como irrigação, recarga de aquífero eágua potável.

• Reúso indireto: Ocorre quando a água já usada, uma ou mais vezes

para o uso doméstico e industrial, é descarregada nas águas

superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente de forma diluída.

• Reciclagem interna: É o reuso da água internamente às indústrias,

tendo como objetivo a economia de água e o controle de poluição.

O reúso de efluente industrial consiste numa geração de água nos parâmetros

de qualidade necessários para as atividades destinadas, por meio de processos de

tratamento adequados feitos na própria indústria. Além disso, se possível, o reuso é

feito sem um tratamento prévio do efluente. 66

Este tipo de reúso, é denominado de reuso macro interno, e pode ser operado

em cascata (figura 8), em que a água residual de um processo é aproveitada em

outro processo, ou pode ser operado com prévio tratamento, sendo o reúso de

efluente tratado propriamente dito (figura 9).

Figura 8. Reúso macro interno em cascata 65

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28

Além do reúso macro interno, as indústrias adotam como outras fontes

alternativas de abastecimento hídrico, a prática do reúso macro externo, que

consiste na utilização de esgoto tratado proveniente de empresas de saneamento, e

a captação de águas pluviais. 65,66

Para que a indústria tenha um sistema de reúso, é necessário um estudo

detalhado de todo o processo de produção e de todas as atividades que utilizam a

água, assim como as quantidades e qualidade desta que são exigidas. Além disso,

analisar a relação custo/benefício das instalações, do tipo de tecnologia empregada

no tratamento do efluente e se precisa deste tratamento prévio. 66

Uma forma de organizar em etapas o projeto de reúso de água em uma

indústria está apresentada na tabela 4. 67

Figura 9. Reúso macro interno de efluente tratado 65

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29

Tabela 4. Etapas do Projeto de Reúso de Água na Ind ústria 67

Etapas de um projeto de reuso de água na indústria

1. Definição dos principais usos de água na planta industrial e requisitos de qualidade.

2. Otimização das instalações existentes e a racionalização do uso da água

3. Balanço de massa com a caracterização de todos os pontos de geração de efluentes de cada unidade do processo industrial.

4. Caracterização dos efluentes e avaliação da confiabilidade da estação de tratamento de efluentes

5. Avaliação dos locais potenciais de reúso, ensaios de tratabilidade e legislação vigente

6. Tratamentos adicionais necessários e estudo de modificações na ETE

7. Análise da viabilidade técnica e econômica das rotas tecnológicas para reutilização e reciclagem de efluentes.

As atividades com maior potencialidade de aplicabilidade de práticas de reuso

nas indústrias são as listadas a seguir:68,69

• Torres de resfriamento

• Caldeiras

• Lavagem de peças e equipamentos

• Irrigação de áreas verdes

• Lavagem de pisos e veículos

• Processo industrial, principalmente, nas indústrias de papel, têxtil, curtume,

plásticos, construção civil e petroquímica

• Lavagem de gases da chaminé

• Uso sanitário

• Proteção contra incêndios

A aplicação de sistemas de práticas de conservação e reúso na indústria traz

benefícios de natureza ambiental, social e econômica. Estas vantagens estão

apresentadas a seguir: 70

Benefícios ambientais

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30

• Amenizar a degradação de corpos receptores de água, ao diminuir o

lançamento de efluentes industriais nestes e assim manter disponível fontes

hídricas com boa qualidade para uso dos habitantes das regiões mais

industrializados;

• Evitar alterações no ciclo hidrológico, à medida que vai diminuir as retiradas

de água superficiais e subterrâneas;

• Conseguir disponibilizar, de forma majoritária, água com padrões de

qualidade mais elevados para usos mais exigentes, tais como abastecimento

público, hospitalar etc.

Benefícios sociais

• Gerar mais empregos diretos e indiretos, já que possibilita a ampliação nas

oportunidades de negócios para empresas que fornecem serviços e

equipamentos em toda cadeia produtiva;

• Melhorar a imagem das empresas perante a sociedade, mostrando a atenção

delas com o bem estar social.

Benefícios econômicos

• Redução de custos de produção;

• Promoção da competitividade num mesmo setor de produção;

• Criação de um cenário favorável de redução do consumo de água, levando o

governo a criar subsídios que vão incentivar essa prática.

O aspecto legal de reúso de água no Brasil, principalmente na indústria, ainda

não está bem regulamentado, carece de uma legislação mais específica e técnica de

como direcionar a prática do reúso. As leis e normas brasileiras concentram-se nas

questões de controle de poluentes de efluentes e nos padrões de qualidade de água

exigidos. Um respaldo melhor para o desenvolvimento desta prática encontra-se em

normas internacionais. 71

Em 1997, houve, no Brasil, a instituição da Política Nacional de Recursos

Hídricos (PNRH) por meio da lei 9.433. Esta lei estabeleceu a cobrança pela

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captação de água e o lançamento de efluentes em corpos hídricos, o que de alguma

forma começou a mobilizar o setor industrial a investir em fontes alternativas de

água. 72

Neste mesmo ano, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

publicou a norma 13.969, que expôs sobre esgoto doméstico, dispondo sobre a

possibilidade de haver reúso em atividades que utilizam água não potável. A norma

cita algumas destas atividades, tais como irrigação de jardins, lavagens de pisos e

automóveis, descarga dos vasos sanitários etc.73

A resolução nº 54 do Conselho Nacional de recursos Hídricos (CNRH)

lançada no ano de 2005, conforme dispõe no seu art. 1º, estabelece modalidades,

diretrizes e critérios gerais que regulamentam e estimulam a prática de reúso direto

não potável de água. E no seu art. 3º elenca as modalidades de reúso direto não

potável, que são as seguintes: 74

• reúso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de irrigação

paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de

tubulações, construção civil, edificações, combate a incêndio, dentro da área

urbana;

• reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso para

produção agrícola e cultivo de florestas plantadas;

• reúso para fins ambientais: utilização de água de reuso para implantação de

projetos de recuperação do meio ambiente;

• reúso para fins industriais: utilização de água de reuso em processos,

atividades e operações industriais; e,

• reúso na aqüicultura: utilização de água de reuso para a criação de animais

ou cultivo de vegetais aquáticos.

Em 2005, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), lançou a

resolução 357, que trata sobre a classificação e diretrizes ambientais para o

enquadramento dos corpos de água superficiais e estabelece as condições e

padrões de lançamento de efluentes. Em 2011, a resolução 430 trouxe algumas

alterações e complementações para resolução 357. No entanto, o ponto mais

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importante para a prática de reuso, está nas classificações das águas doces,

como mostra a tabela 5. 1,75

Os Estados Unidos, por meio da sua agência de proteção ambiental (EPA),

em 2012,lançaram oGuidelines for Water Reuse, que consiste num guia com mais

de 600 páginas, no qual aborda, entre outros assuntos, a questão do reuso

industrial, enfatizando nas atividades de recirculação de água por evaporação nas

torres de resfriamento; utilização como “make-up” (água de reposição) de caldeiras;

emprego nos processos de produção da indústria alimentícia; água de reúso

proveniente de produção de gás e óleo; uso em altas tecnologias, como a indústria

de semicondutores. 76

Este guia de 2012,é uma atualização do Guidelines for Water Reuse lançado

em 2004. Este guia tratou também orienta sobre reúso industrial, mostrando alguns

parâmetros requeridos para água utilizada em sistema de resfriamento na indústria.

Além disso, trouxe parâmetros necessários para água utilizada em indústrias têxtil,

de petróleo e carvão, e química.77

Tabela 5. Classificação das águas doces estabelecidas na resolução 357/05

Classes Usos Classe especial

a) abastecimento para consumo humano, com desinfecção

b) preservação do equilíbrio natural das comunidades

aquáticas

c) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral

Classe 1 a) abastecimento doméstico após tratamento simplificado

b) proteção de comunidades aquáticas

c) recreação de contato primário (natação, esqui aquático

e mergulho)

d) irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de

frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam

ingeridas cruas sem remoção de película

e) proteção das comunidades aquática em terras indígenas

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33

Classe 2 a) abastecimento doméstico, após tratamento convencional

b) proteção das comunidades aquáticas

c) recreação de contato primário (natação, esqui aquático e

mergulho)

d) irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques,

jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o

público possa vir a ter contato direto;

e) Aquicultura e atividade de pesca

Classe 3 a) abastecimento para consumo humano, após tratamento

convencional ou avançado

b) irrigação de culturas arbóres, cerealíferas e forrageiras

c) pesca amadora

d) recreação de contato secundário

e) dessedentação de animais

Classe 4 a) Navegação

b) Harmonia paisagística

4. Avaliação das metodologias

Esta parte do trabalho consiste em revisar pesquisas científicas publicadas

que foram realizadas no campo de reúso de efluente industrial, analisando os

parâmetros de caracterização, tipos de tecnologias usadas para o tratamento e pós-

tratamento, e em quais atividades da indústriapropuseram a potencialidade do

reuso.

4.1 Indústria cervejeira

Pesquisa : Pós- tratamento de efluente cervejeiro com coagul antes naturais 78

a) Caracterização do efluente

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34

O efluente utilizado nessa pesquisa tem origem numa indústria multinacional

do ramo de bebidas, que está instalada no município de Jacareí- São Paulo. Nessa

indústria, ao efluente industrial, é adicionado o efluente sanitáriocorrespondendo a

10% do efluente total. Este efluente misturado passa por um tratamento preliminar

de gradeamento para a remoção de sólidos grosseiros.

Foi realizada uma caracterização com parâmetros mais relevantes para a

carga poluidora típica de um efluente proveniente de indústria cervejeira. O objetivo

dessa caracterização foi constatar, além das características, as possíveis

necessidades de correções, destacando-se as relações DBO:N:P e pH. Na tabela 6

estão os valores encontrados para cada parâmetro analisado.

b) Tratamento do efluente

As tecnologias empregadas foram de origem biológica e físico-química. A

biológica consistiu no processo de lodos ativados, avaliando a modalidade de

Tabela 6. Caracterização do afluente de alimentação 78

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35

batelada e com leito móvel. O processo físico-químico, considerado um pós-

tratamento, foi o de coagulação usando sementes de Moringa como coagulante

natural.

Foi construído um sistema com essas tecnologias de tratamento. O sistema

era composto por um reator aerado que simulava o processo de lodo ativado, um

tanque de armazenamento do efluente e por último um equipamento de ensaios de

Jar Test para o pós-tratamento. A figura 10 mostra o esquema desse sistema.

A avaliação desse sistema de tratamento ocorreu em 4 etapas. A etapa I foi

de aclimatação do lodo biológico ao efluente cervejeiro. A etapa II avaliou a remoção

do material orgânico e dos nutrientes. A etapa III foi a escolha da melhor dose de

coagulante após a passagem pelo equipamento de Jar test. E por fim na etapa IV o

teste do sistema compacto com a adição do coagulante direto no reator, unindo os

dois processos de tratamento.

c) Potencialidade do Reúso

Figura 10. Esquema da composição do sistema de trat amento 78

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36

A pesquisa não especificou um destino para o reúso do efluente, apenas

comentou os reusos de efluentes para fins não potáveis mais comuns na indústria,

como para lavagem de pisos, processos de resfriamento e higienização.

A conclusão do trabalho expos que o sistema compacto, correspondente às

condições de operação da etapa IV, foi a que obteve melhor eficiência. As remoções

de matéria orgânica e nutrientes derivados de nitrogênio atenderam em 90% das

concentrações apresentadas nas legislações brasileiras (Resolução 357/05, 430/11

e NBR 13.969) e na legislação americana (USEPA 1992), que tratam de lançamento

de efluentes em corpos hídricos e reúso.

A única ressalva feita foi relacionada ao parâmetro fosfato, pois não foi obtido

êxito na sua remoção nesses processos empregados. Uma alternativa para isto

poderia ser utilização do sulfato de alumínio como agente coagulante ou a adição de

um processo de flotação posteriormente aos processos de lodo ativados e

coagulação. Nessas duas alternativas há uma eficiência maior na remoção de

fósforo

4.2 Indústria têxtil

Pesquisa: Processo UV/H2O2 como pós-tratamento para remoção de cor e polimento

de efluentestêxtis79

a) Caracterização do efluente

O efluente utilizado nessa pesquisa é proveniente de uma indústria de

tecidos e algodão sintéticos. É um efluente que já foi tratado biologicamente pelo

processo de lodos ativados. A caracterização foi feita levando em consideração a

tipicidade de um efluente industrial têxtil.

As caracterizações realizadas foram com o efluente bruto, o efluente

tratado biologicamente e um monitoramento desses parâmetros conforme foram

feitos os ensaios de pós-tratamento, avaliando a eficiência em cada condição de

operação empregada.

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37

A tabela 7 mostra a caracterização do efluente bruto e do efluente tratado

biologicamente.

Tabela 7. Características do efluente bruto e do tr atado biologicamente 79

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38

As absorbâncias que aparecem na tabela 7 correspondem às análises de

compostos aromáticos e cor, cujos métodos de análises foram espectrofotométricos

utilizando os comprimentos de onda de 280 nm (compostos aromáticos) e 511nm

(cor).

b) Tecnologia de pós-tratamento do efluente

A tecnologia empregada como pós-tratamento, a fim de remover

principalmente a cor do efluente, foi o processo oxidativo avançado (POA) UV/H202.

Foi instalado um reator UV de bancada, que continha além da fonte de radiação

policromática UV/Visível, um sistema de resfriamento para evitar oaquecimento da

lâmpada, além de um agitador magnético para manter a amostra em constante

homogeneização. Essa homogeneização foi necessária, pois o peróxido era

adicionado antes de colocar a amostra no reator. A figura 11 traz um esquema

desse reator de oxidação fotoquímica.

Foram realizados testes variando a concentração de peróxido de hidrogênio a

fim de encontrar a concentração com melhor eficiência para o tratamento,

juntamente com coletas de amostras para análise de redução dos parâmetros.

Figura 11. Representação esquemática de um reator de oxidação química

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39

c) Potencialidade de reúso

A pesquisa teve como conclusão a eficiência do processo oxidativo

avançado como pós-tratamento para viabilizar o reuso do efluente. Obtiveram

resultados de remoção de 84% de compostos aromáticos, 56% de COT, 90% de

SST e 23 % de turbidez e 96% da cor.

Não foi especificado para quais atividades presentes nesta indústria

poderia se aplicado o reúso, porém pode-se observar que o efluente que sofreu

processo oxidativo já havia passado por um tratamento biológico cujos resultados

foram bem satisfatórios (tabela7) e com o acréscimo do POA, o grau de

polimento do efluente atingido abre um leque de possibilidades de reuso dentro

da indústria têxtil.

4.3 Indústriametal-mecânica

Pesquisa: Avaliação de tecnologias avançadas para o reuso de água na indústria

metal-mecânica80

a) Caracterização do efluente

A indústria em questão é do setor de assentos automotivos. Ela fornece

desde componentes, serviços de pintura, estruturas metálicas até os bancos

completos.

O efluente gerado abrange as correntes de esgoto sanitário, que é

proveniente de banheiros e o refeitório industrial, e a corrente de água residual que

tem origem na linha produção, através do excedente dos enxágues e banhos que

caem em calhas de coletas e descartes programados de efluente concentrado.

A caracterização foi do efluente resultante de um tratamento que acontece na

indústria e é composto por três etapas(Tabela 8). A primeira etapa consiste num

tratamento do esgoto sanitário por meio de fossa séptica e lodos ativados. A

segunda etapa é um tratamento físico-químico dado ao efluente industrial

proveniente da linha de pintura. E a última etapa mistura as duas correntes para o

tratamento final em duas lagoas aeradas em série e numa lagoa de polimento.

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40

Tabela 8. Caracterização do efluente tratado nas tr ês etapas 80

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41

b) Tecnologias de pós-tratamento do efluente

Os tipos de tecnologias empregadas como pós-tratamento foram adsorção

com carvão ativado e osmose reversa. A adsorção com carvão ativado ocorreu por

meio da mistura da amostra do efluente filtrado e com o carvão ativado granular.

Foram feitos testes com vários tempos de contato para determinar o tempo de

contato ideal e taxa de adsorção do carvão ativado.

Para o emprego da osmose reversa, foi montada uma unidade de bancada

que contava com um tanque de alimentação e um sistema de filtração, acoplados à

unidade de osmose reversa. A figura 12 mostra o sistema completo da unidade de

bancada de osmose reversa.

Foram realizados dois tipos de testes nesse sistema. Num teste foi utilizado o

filtro cartucho de carvão e no outro não foi utilizado. O processo de osmose reversa

ocorreu durante 180 minutos.

c) Potencialidade do reúso

Ambas as tecnologias empregadas nesta pesquisa obtiveram resultados

satisfatórios em termos de qualidade do efluente para reuso. As atividades

avaliadas para a aplicação do reuso de efluente foram as seguintes:

• Processo de pintura

• Reposição de perdas em torres de resfriamento

• Lavagem de pisos

Figura 12. Fluxograma da unidade de bancada de osmo se reversa 80

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42

• Irrigação de áreas verdes industriais e descarga sanitária

Carvão ativado

O efluente resultante deste processo atingiu os valores exigidos para o reuso

nas quatro opções, com relação aos parâmetros de DQO, DBO, cor e turbidez.

Somente o pH foi o parâmetro que não alcançou o valor necessário para nenhuma

das quatro opções.

Osmose reversa

No processo de osmose reversa, o efluente tratado apresentou resultados

bons nos testes realizados. Os parâmetros, pH, DQO,DBO,ST, SST, SDT,

coliformes totais e coliformes fecais mostraram-se adequados aos valores exigidos

para o reuso proposto nas quatro categorias.

A tabela 9mostra os valores exigidos para cada parâmetro nas quatro opções

apresentadas, assim como os resultados obtidos da caracterização dos efluentes

tratados pelos processos de adsorção de carvão ativado e osmose reversa.

A faixa de pH ideal para o reúso como água de processo é de 6-8 e para as

outras atividades de 6-9. Após o tratamento com carvão ativado o efluente estava

com pH 9,5 e com osmose reversa o pH verificado foi de 7.

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43

Tabela 9. Comparação entre valores exigidos para o reuso e os resultados encontrados80

Atividades/

Processos

DBO

(mg/L)

DQO

(mg/L)

Cor

(Hazen)

ST

(mg/L)

SST

(mg/L)

SDT

(mg/L)

Turbidez

(NTU)

Água de processo ≤30 ≤50 ≤20 ≤1005 ≤5 ≤1000 ≤2

Torre de

resfriamento ≤30 ≤75 SE ≤530 ≤30 ≤500 ≤3

Lavagem de pisos e

irrigação de áreas

verdes industriais

≤10 ≤25 ≤15 SE SE ≤1000 ≤2

Descarga

sanitária ≤30 ≤ ≤ SE SE ≤1000 ≤5

Efluente tratado

Carvão ativado NA 5 <2,5 NA NA NA 1

Osmose Reversa NA 3 7 44 0 44 0,5

*NA – não avaliado * SE – sem especificação

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5. Conclusões

� As tecnologias de tratamento adotadas em cada tipo de efluente

industrial mostraram-se adequadas à viabilidade do reuso. Visto que os

tipos de processos empregados tinham boa eficiência na remoção dos

contaminantes mais resistentes e problemáticos presentes em cada

tipo de efluente. E com isso, podendo minimizar possíveis problemas e

impedimentos para reutilizar o efluente dentro da indústria.

� O tratamento biológico para os efluentes das três indústrias foram

necessários devido à presença de uma alta carga de matéria orgânica.

Este tratamento auxiliou na eficiência dos processos de coagulação,

oxidativo avançado, osmose reversa e carvão ativado.

� Pode-se observar que quanto mais eficazes os processos ou a

combinação de processos para remoção de poluentes presentes nos

efluentes, melhor será a qualidade destes. Dessa forma, ampliam-se

as possibilidades de reuso dentro da indústria.

� A carência de normas, que regulamentem e orientem o reuso de

efluentes nas indústrias, dificulta o desenvolvimento desta prática e de

pesquisas neste campo. Deixando como alternativa, às vezes,

apenas,tecnologias onerosas de tratamento para garantir uma boa

qualidade da água e não haver o risco de problemas nas atividades de

destino do reuso.

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6. Referências Bibliográficas

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