AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

14
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA GINÁSTICA ARTÍSTICA BIANCA GONDIM NASCIMENTO1, JADIANE DIONÍSIO2 1Discente do curso de Fisioterapia, Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia - MG, Brasil 2Doutor Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia - MG, Brasil UBERLÂNDIA 2018

Transcript of AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

Page 1: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA GINÁSTICA ARTÍSTICA

BIANCA GONDIM NASCIMENTO1, JADIANE DIONÍSIO2

1Discente do curso de Fisioterapia, Faculdade de Educação Física e

Fisioterapia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia - MG,

Brasil

2Doutor Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade de Educação Física e

Fisioterapia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia - MG,

Brasil

UBERLÂNDIA2018

Page 2: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar e comparar o desenvolvimento motor de crianças da ginástica artística e escolares que não praticam atividade física com idades entre 06 e 12 anos incompletos. MÉTODO: Foram selecionadas quarenta crianças que praticam e não praticam ginástica artística, e a partir de então, submetidas a uma ficha de avaliação estruturada, seguido da avaliação através da bateria psicomotora (BPM), o qual teve a finalidade de averiguar a tonicidade, equilibração, lateralização, praxia fina, praxia global, noção do corpo e estruturação espaço-temporal; sendo de acordo com cada idade. Foi utilizado o teste t de Student com o valor de p menor ou igual a 0,05. RESULTADOS: Não foi observada diferença significativa na comparação de tonicidade (t: -1.04; p: 0.15), equilíbrio (t: -0.91; p: 0.18) e valor geral (t: -0.623; p: 0.26) entre ginastas e não praticantes de atividade física; porém observa-se a partir de uma análise dos resultados, que os ginastas se evidenciaram na pontuação diante os escolares não praticantes de atividade física. CONCLUSÃO: O desenvolvimento motor está relacionado à prática de ginástica artística, pois apesar da não significância da análise estatística, o escore dos ginastas foi maior que os escolares que não praticam atividade física.

Palavras-chaves: Ginástica artística. Desenvolvimento motor. Escolares.

Equilíbrio.

Page 3: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento motor é um processo de mudança sucessivo

relacionado a idade cronológica em que o indivíduo obtém diversas habilidades

motoras, prosseguindo de movimentos simples para os mais complexos

influenciados pelas características físicas e estruturais, assim como o ambiente

e tarefa em que são inseridos (HAYWOOD e GETCHELL, 2004).

O comportamento motor relaciona-se a distinguir os momentos de

instabilidade e estabilidade e as relativas descontinuidades e continuidades do

desenvolvimento que são melhores identificados na fase da infância, pois na

idade adulta surgem barreiras com longos períodos de tempo entre um

determinado comportamento e outro (SANTOS, DANTAS e OLIVEIRA, 2004).

Antes se acreditava que esse comportamento representava as modificações

maturacionais do sistema nervoso central, hoje se sabe que este processo de

desenvolvimento ocorre a ser adaptado a partir de várias provocações externas

(TECKLIN, 2002).

Nas crianças a prática da ginástica artística pode contribuir para o

desenvolvimento motor, pois segundo a Confederação Brasileira de Ginástica

(2007) é um esporte com vários exercícios corporais ordenados, que são

aplicados com fins competitivos, com um conjunto de força, agilidade e

elasticidade.

Como os movimentos desafiam a gravidade e o equilíbrio, diversas

causas podem ser consideradas como intervenientes na manutenção do

equilíbrio corporal, como o centro de massa do corpo e o centro de gravidade

(LEMOS, TEIXEIRA e MOTA, 2009). Para que o desenvolvimento deste

aspecto ocorra, pode ser através de treinamento dos movimentos de equilíbrio

visando uma correta execução por meio de outras capacidades físicas como a

força e coordenação (MATSUI, 1996).

Além do equilíbrio, é importante ampliar o repertorio motor da criança

que pratica ginástica artística através da grande variedade de movimentos e a

Page 4: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

riqueza de materiais, com isto está intimamente ligada aos aspectos da

melhora da coordenação (NISTA-PICCOLO, 2005). O aprimoramento da

coordenação torna-se necessário para evitar consequências ruins na vida

adulta, para que as habilidades tendem a aumentar seu grau de complexidade

e relacionam-se com a capacidade de interação social (BESSA e PEREIRA,

2002; DEUS et al., 2008; SANTOS et al., 2004).

Surge da mesma forma a psicomotricidade como um alicerce sensório-

perceptivo-motor e atua diretamente na organização das percepções, das

sensações e nas cognições, com a sua utilização em retornos adaptativos

previamente planejados e programados, sendo necessária na contribuição do

processo da educação e reeducação psicomotora (FONSECA, 1995). As

potencialidades e as dificuldades da criança caracterizam o perfil psicomotor,

executando gradativamente as necessidades mais especifica da mesma,

dando suporte para distinguir e intervir nas dificuldades de aprendizagem

psicomotora (FONSECA, 1995). Portanto, a bateria psicomotora (BPM) é

composta por tonicidade, equilibração, lateralização, praxia fina, praxia global,

noção do corpo e estruturação espaço-temporal. De acordo com o

desempenho da criança é pontuado de 1 a 4, com o nível de dificuldade

aumentando gradativamente, sendo eles referente ao perfil apráxico,

dispráxico, eupráxico e hiperpráxico. Somando-se as pontuações dos sete

fatores, quanto maior for o escore, melhor é o perfil psicomotor da criança

(CAMPOS, SILVA et al., 2008).

Considera-se que a ginástica artística na infância influencia o nível de

desenvolvimento motor no atleta, principalmente até em média os dez anos de

idade, quando a criança está saindo dos movimentos fundamentais e atingindo

a fase dos movimentos especializados, encontrando-se em um estágio

transitório (GALLAHUE e OZMUN, 2005). Como está fase tem combinações de

movimentos e descobertas, é muito importante um estímulo adequado, com

experiências motoras diversificadas sem restringir seu movimento em

determinadas atividades para não prejudicar os próximos estágios

(KUMAKURA, 2012). Lembrando que devemos considerar principalmente a

idade biológica da criança, em que reflete a progressão do organismo em

Page 5: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

direção a maturidade (HILGENBERG, PINTO et al., 2008). Este esporte possui

potencial para contribuir no processo desenvolvimento das crianças e dos

adolescentes por exigir muitas capacidades físicas e motoras com vários tipos

de habilidades, facilitando para as outras modalidades esportivas. (NISTA-

PICCOLO, 2005).

Este estudo se justifica sobre a influência da ginástica artística nas

ações de equilíbrio e coordenação nas primeiras fases da infância. O corpo do

ser humano sempre esta passando por transformações, tanto no

desenvolvimento motor, como em outros aspectos. Por exigir várias habilidades

motoras coordenativas, exige muito do condicionamento físico, portanto,

influencia no desenvolvimento dessas crianças. Pode ser ganho com a

evolução em que se aprende e ser notados em desenvolvimentos futuros. Por

este motivo, temos como objetivo da pesquisa analisar a influência da ginástica

artística no desenvolvimento motor, comparando se há melhoras em relação

aos escolares que não praticam atividade física, com as seguintes hipóteses: 1)

Ginástica artística contribui para o desenvolvimento motor das crianças, como

a melhora do equilíbrio e a coordenação, baseadas no instrumento de

avaliação bateria psicomotora (BPM); 2) Alunos que praticam ginástica artística

a mais tempo tem um melhor desenvolvimento motor.

MÉTODO

Estudo prospectivo, de caráter avaliativo e transversal em crianças

entre 06 e 12 anos que praticam ginástica artística e que não fazem atividade

física. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres

Humanos da Universidade Federal de Uberlândia.

A pesquisa foi realizada no campus Faculdade de Educação física

(FAEFI) localizada na rua Benjamin Constant, 1286, CEP 38400-678. E na

Escola de Educação Básica - ESEBA (UFU) localizada na rua Adutora São

Pedro, 40, CEP 38400-785. Ambos na cidade de Uberlandia - MG, no bairro

Nossa Sra. Aparecida.

Page 6: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

Foram entregues os termos de consentimento livre e esclarecido para os

responsaveis pelos ginástas e pelos escolares que tinham entre 06 a 12 anos.

Não foram incluidos aqueles que apresentavam patologia ou que tiveram lesão

que comprometa seu desenvolvimento nas atividades do dia a dia. Foi

selecionada a entrega dos termos para os escolares do ESEBA, apenas para

aqueles que não praticam esporte ou qualquer atívidade física fora da escola.

Após a autorização dos responsáveis, admitiu-se 40 crianças

consideradas saudáveis. Conforme não conseguimos disponibilidades de

crianças de 06 anos, foram admitidas de 07 a 12 anos incompletos e divididas

em dois grupos: Grupo 1 = 20 escolares não praticantes de atividade física e

Grupo 2 =20 praticantes da ginástica artística. Os ginastas selecionados

praticavam o esporte no mínimo duas vezes por semana, e alguns deles

treinavam até cinco vezes por semana.

Foram selecionadas as crianças para a participação da pesquisa do

ESEBA, aquelas com a mesma idade dos praticantes da ginástica artística que

tiveram a disponibilidade de participar do projeto, respeitando assim, as

diferentes fases do desenvolvimento motor de acordo com cada idade. Foi

realizado com 6 crianças de 7 anos, 10 de 8 anos, 12 de 9 anos, 8 de 10 anos

e 4 de 11 anos.

Para os selecionados, deu se inicio a avaliação estruturada que durou

em média de 5 minutos. Esta foi aplicada antes da ficha da BPM para obter os

dados do participante e observar se o participante estava apto para a

realização da pesquisa. Nesta avaliação incluiu dados como peso, idade,

gênero, raça, entre outros dados.

Após a avaliação estruturada, foi executada a aplicação do instrumento

de avaliação Bateria Psicomotora (BPM) com duração de 30-40 minutos. Com

o objetivo de avaliar a tonicidade, equilibração, lateralização, praxia fina, praxia

global, noção do corpo e estruturação espaço-temporal.

A avaliação estruturada e a aplicação do instrumento de avaliação BPM,

foram realizadas nos ginastas no próprio ginásio onde acontecem os treinos e

Page 7: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

em um ginásio próximo. Nos escolares foi exercido na sala de ginástica da

educação física.

Os participantes não tiveram que se deslocar para participar da

pesquisa, foi realizado antes do treino para a maioria dos ginastas e após o

treino somente para aqueles que não tinham a disponibilidade de chegar mais

cedo. Para os alunos do ESEBA foi realizado no primeiro horário de educação

física, no qual foi cedido para a realização da pesquisa. Ocorreu antes de

iniciar as aulas de educação física, para caso os escolares não ficassem

cansados e assim podendo interferir no resultado da avaliação.

Para análise dos dados, foram tabulados e tratados pelo pacote

estatístico BioEstat 5.0. Para as variáveis contínuas foram aplicados a média e

o desvio padrão, enquanto que nas variáveis categóricas por teste t de Student

com o valor de p menor ou igual a 0,05.

RESULTADOS

Foram analisadas 40 crianças, destas, 60% são de raça branca nos

praticantes de ginástica artística e 85% de raça branca dos escolares. Foi

observado que 85% dos praticantes do esporte e 75% dos escolares

pesquisados são de gênero feminino.

A média de peso entre os participantes foi de 33,71 kg (DP: 6,49) para

os escolares e 29,54 kg (DP:4,76) para os ginastas. E a média de idade foi de

8.85 (DP:0,98) para os estudantes que não realizavam atividade física e 8,85

(DP: 0,98) para os praticantes da ginástica artística.

Na análise estatística com teste t, não foi observado diferença

significativa em tonicidade (t: -1.04; p: 0.15) (figura 1), equilíbrio (t: -0.91; p:

0.18) (figura 2) e valor geral (t: -0.623; p: 0.26) (figura 3). Mas apesar de não ter

sido significativo, na análise de pontuação observa-se a diferença de que os

ginastas obtiveram o maior escore em relação aos escolares.

Page 8: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

Figura 1: Gráfico de tonicidade da avaliação BPM dos escolares não

praticantes de atividade física e dos ginastas (t: -1.04; p: 0.15).

Figura 2: Gráfico do equilíbrio da BPM dos escolares não praticantes de

atividade física e dos ginastas (t: -0.91; p: 0.18).

Figura 3: Gráfico da pontuação total da BPM dos escolares não praticantes de

atividade física e dos ginastas (t: -0.623; p: 0.26).

Page 9: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

DISCUSSÃO

Devido à conclusão da analise estatística acreditamos que vem a

propósito de muitos dos escolares que não praticam atividade física fora,

executam de forma correta a educação física escolar. É uma escola bastante

reconhecida e oferecem o ensino da ginástica artística, que é incentivada e

realizada em algumas aulas de educação física, assim como vários outros

esportes. Na escola a ginástica artística pode desenvolver nos seus alunos

capacidades físicas e psicológicas, como o fortalecimento dos membros

inferiores e superiores, exploração do peso e da força, identificação dos

segmentos corporais, desenvolvimento das ações motoras, controle de

equilíbrio, cooperação e coordenação, entre outras (LEGUET, 1987). Além

deste fator, o que acreditamos ter contribuído para a não significância da

análise estatística, é que três das escolares que não praticam atividade física

fizeram ginástica artística anteriormente e havia parado duas delas há um ano,

e a outra há dois anos.

Embora a diferença pela analise estatística não seja significativa,

podemos observar a partir de uma análise dos resultados, que os ginastas se

evidenciaram na pontuação diante os escolares não praticantes de atividade

física. Na ginástica artística a criança começa a aprender a conhecer seu

próprio corpo, tendo em vista seus limites, e os movimentos que vão do mais

simples até o mais complexo, aumentando seu repertório motor, como:

equilíbrio, saltos, locomoções diversas, que serão fundamentais para a

aprendizagem da criança, e a repetitiva execução dos movimentos pela

diversidade de exercícios, é fundamental para o desenvolvimento da criança

(FILHO, ALVES et al., 2013). Podemos observar com a hipótese do nosso

estudo que a ginástica artística colabora com o desenvolvimento motor desses

praticantes. Outro ponto importante observado que se associa com nossa

segunda hipótese, foi que a maior frequência de treinos na semana contribui

para o desenvolvimento motor dos ginastas, pois grande parte das crianças

que participaram da pesquisa e realizavam quatro e cinco vezes na semana,

obtiveram um escore maior que os outros.

Page 10: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

Para o desenvolvimento motor do ser humano, a flexibilidade tem

importância ajudando em certos aspectos como: aperfeiçoamento motor;

consciência corporal; expressividade e profilaxia de lesões (TONELLO e

SIQUEIRA, 2010). A flexibilidade ajuda em outras atividades a serem

realizadas com melhor êxito, com mais amplitude, força, facilidade e rapidez

(FILHO, ALVES et al., 2013). A tonicidade, que foi um dos fatores observados

durante a avaliação, vem em destaque à flexibilidade desses atletas da

ginástica, que obteve um maior escore em relação aos escolares.

Como outras capacidades motoras, o equilíbrio tem um papel muito

importante no sucesso da execução das habilidades motoras específicas, que

permite a realização dos elementos técnicos sem descorar o alinhamento e a

postura, assim como na predição de lesões desportivas (SABIN et al., 2010;

SCHMIT et al., 2005). Deste modo, de acordo com a nossa pesquisa, foi

notado que o equilíbrio desses ginastas obteve o escore maior que os

escolares, contribuindo para a primeira hipótese deste estudo.

Além dos aspectos de tonicidade e equilíbrio, observamos outros fatores

avaliados, como a praxia global, que engloba os movimentos de coordenação.

Os aspectos neuromusculares parecem ser mais relevantes na ginástica

artística, e potência muscular, força, flexibilidade e coordenação destacam-se

entre as capacidades fundamentais para o desempenho em competições

(TRICOLI; SERRÃO, 2005; BALE e GOODWAAY, 1990). As capacidades

coordenativas dependem de conduções nervosas e da condição em organizar

e regular o movimento, como a observação, a diferenciação sensorial, a

representação, o ritmo, a antecipação, a coordenação motora, o controle motor,

a expressão motora e a reação motora (BARBANTI, 1996). Nosso estudo foi

observado melhora no desempenho dos ginastas na praxia global, porém

houve pouca diferença em relação aos escolares, descartando a necessidade

da análise estatística.

As influências que explicam as diferenças no desenvolvimento motor das

crianças são por dois tipos: intrínsecas, que inclui o nível socioeconômico e as

características da família como o número de irmãos, ordem de nascimento e

outros; e extrínsecas, incluindo as oportunidades de prática, estimulação na

Page 11: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

infância, qualidade de brinquedos, etc (MALINA, 1973). A variação na

proficiência entre os gêneros pode ser devida aos fatores de maturação,

hereditários, desenvolvimento físico e experiências permitidas pelo

envolvimento (GALLAHUE, 1982). Diante disto, no nosso estudo não foram

encontradas evidências de gênero entre o sexo feminino e masculino. Outro

fator importante observado foi em relação ao peso das crianças que não ouve

evidências na pontuação, tal como crianças com aspecto tipológico endomorfo

na pesquisa, não obtiveram menor pontuação em relação aos outros.

Segundo Okano et al.(2001), as diferenças das etnias relacionado ao

desenvolvimento motor são favoráveis aos negros. Neste estudo, as crianças

de etnia negra apresentam resultados estatisticamente superiores em relação

aos de etnia branca. Há aqueles que consideram que esta superioridade é um

produto de condicionamentos ambientais, devido validez das teses sociológicas

e culturais (PEREIRA e SOUZA, 2005). Portanto, não se pode descartar a

hipótese de que essas diferenças possam ser convenientes a outros fatores,

como os diferentes níveis socioeconômicos, e não exclusivamente aos

aspectos étnicos (RAUDSEPP e JÜRIMÃE, 1996). De acordo com essas

diferenças encontradas, do mesmo modo em nosso estudo foi observada uma

superioridade de pontuações nas crianças da ginástica artística em raça parda

e preta em relação à branca. Porém, nos escolares não praticantes de

atividade física, não foi observado diferença em relação a etnias.

CONCLUSÃO

O desenvolvimento motor está relacionado à prática de ginástica

artística, pois apesar da não significância da análise estatística, o escore dos

ginastas foi maior que os escolares que não praticam atividade física. Acredita-

se que a não significância pode ser pela pratica do esporte de ginástica

artística no ambiente escolar.

Page 12: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

Conclui se ainda que quanto maior a frequência dos treinos dos

ginastas, melhor é seu desenvolvimento motor, devido à superioridade de

pontuação da maior parte daqueles que praticavam mais vezes na semana.

Além disso, a raça parda e preta influencia no desenvolvimento motor,

encontrando-se melhores que os de raça branca nos praticantes do esporte de

ginástica artística. Porém nos escolares não houve diferença de etnias.

Acredita-se que esse estudo possa contribuir para avaliar o impacto da

ginástica artística no desenvolvimento motor de crianças de 07 a 12 anos

incompletos, bem como estimular a prática, e auxiliar em um melhor

reconhecimento deste esporte.

REFERÊNCIAS

BESSA, M.F.S.; PEREIRA, J.S. Equilíbrio e Coordenação Motora em pré- escolares: um estudo comparativo. Rev. Brasileira de Ciência e Movimento, v.10, p.57-62, 2002.

BALE, P.; GOODWAY, J. Performance variables with the competitive gymnast. Sports Medicine, London, v. 10, n. 3, p. 139-145, 1990.

CAMPOS, A. C. D.; SILVA, L. H.; PEREIRA, K.; ROCHA, N. A. C. F.; TUDELLA, E. Intervenção psicomotora em crianças de nível socioeconômico baixo. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.15, n.2, p.188-93, abr./jun. 2008

DEUS, R.K.B.C.; BUSTAMANTE, A.; LOPES, V.P.; SEABRA, A.F.T.; SILVA, R.M.G.; MAIA, J.A.R. Coordenação Motora: estudo de tracking em crianças dos 6 aos 10 anos da Região Autônoma dos Açores, Portugal. Rev. Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v.10, p.215-222, 2008

FONSECA, V. Manual de Observação Psicomotora: Significação Psiconeurológica dos Fatores Psicomotores. Porto Alegre: Artmed,1995.

FILHO C.A.C., ALVES E.S., VIANA H.B, GUIMARAES R.O. Os benefícios da ginástica artística para o desenvolvimento motor infantil: um estudo comparativo entre duas modalidades. Rev. Digital. Ano18,n.180. Buenos Aires, 2013.

GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Ed. Phorte; 2005.

Page 13: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

GALLAHUE, S.L. Motor development and movement experiences for children. New York: Wiley & Sons; 1982.

HAYWOOD, K.M.; GELCHELL N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3a ed. Porto Alegre: Artmed, 2004, 344p.

HILGENBERG, S.P.; PINTO, S.C.S.; PINHEIRO, J.C.; JIMENEZ, E.E.O.; COELHO U. Comparação entre as idades óssea, dentária e cronológica por meio de método radiográfico simplificado. Rev. Odonto, v.16, n.32, p.31-38, 2008.

KUMAKURA, R. S. Influência da ginástica artística no desenvolvimento motor de escolares. Sergipe, 2012. Dissertação (Mestrado) - Núcleo de Pós- Graduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe.

LEGUET, Jacques. As Ações Motoras em Ginástica Esportiva, editora Manole Ltda. São Paulo. 1987.

LEMOS L.F.C; TEIXEIRA C.S; MOTA C.B. Uma revisão sobre centro de gravidade e equilíbrio corporal. Rev. Bras. Ci. e Mov 2009;17(4):83-90.

MACIEL, L.H.R.; PACHECO, L.C.; MACIEL D.C.R. Desenvolvimento de capacidades físicas em praticantes das modalidades ginástica artística e natação com idade de 8 a 10 anos do sexo feminino: uma analise comparativa. Rev. Digital, Buenos Aires, v.17, n.167, 2012.

MALINA, R.M. (1973). Factors influencing motor development during infancy and childhood. In C.B.Corbin (Ed.), A textbook of motor development (pp.55-74). Dubuque, IA: Brown.

MATSUI R. O equilíbrio na ginástica artística: experiências voltadas para pessoas portadoras de deficiência visual. Campinas, 1996. Monografia (Bacharelado) - Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas.

MOCHIZUKI, L.; AMADIO, A.C. Aplicações de conceitos de biomecânica na ginástica artística. In: NUNOMURA, M.; NISTA-PICCOLO, V.L. (Orgs.). Compreendendo a ginástica artística. São Paulo: Phorte, 2005.

OKANO, A.H., ALTIMARI, L.R., DODERO, S.R., COELHO, C.F., ALMEIDA, P.B.L., CYRINO, E.S. Comparação entre o desempenho motor de crianças de diferentes sexos e grupos étnicos. Rev. Bras. Ciên e Mov.2001; 9(3): 39-44.

PEREIRA, B; SOUZA, T. P. Adaptação e rendimento físico - Considerações biológicas e antropométricas. Revista Brasileira Ciência e Movimento.v.13(2),p.145-152, 2005.

Page 14: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DA ...

RAUDSEPP, L. & JÜRIMÃE, T. Physical activity, fitness, and adiposity of prepubertal girls. Pediatric Exercise Sciences, 8: 259-267, 1996.

SANTOS S.; DANTAS L.; OLIVEIRA J.A. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Rev. Paulista de Educação Física, São Paulo, v.18, p.33-44, ago. 2004.

TECKLIN, JS. Fisioterapia pediátrica. 3a ed. Porto Alegre: Artmed, 2002, 479 p.

TRICOLI, V.; SERRÃO, J. Aspectos científicos do treinamento esportivo aplicado à ginástica artística. In: NUNOMURA, M.; NISTA-PICCOLO, V. N. Compreendendo a ginástica artística. São Paulo: Phorte, 2005.