Avc principais causas, sintomas e tratamentos

12
O que é AVC isquêmico? AVC isquêmico ou acidente vascular cerebral isquêmico se dá pelo comprometimento de alguma artéria cerebral. Dizemos que o AVC é isquêmico quando há uma obstrução da artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais, que morrem - essa condição é chamada de isquemia. A diferença do AVC isquêmico para o AVC hemorrágico é que o segundo decorre do rompimento de um vaso, e não de seu entupimento. A obstrução da artéria pode acontecer por um trombo, que é um coágulo de sangue que se junta à parede do vaso sanguíneo, ou por um êmbolo, que nada mais é do que um trombo que se desloca pela corrente sanguínea até ficar preso em um vaso sanguíneo menor que sua extensão. As artérias que mais entopem são a carótida interna do pescoço ou a artéria cerebral média dentro do cérebro. Tipos Existem dois tipos comuns de AVC isquêmico: AVC isquêmico aterotrombótico: esse tipo de AVC isquêmico ocorre por fatores de risco não modificáveis, como a idade ou doenças crônicas. A principal causa de AVC isquêmico

Transcript of Avc principais causas, sintomas e tratamentos

O que é AVC isquêmico?

AVC isquêmico ou acidente vascular cerebral isquêmico se dá

pelo comprometimento de alguma artéria cerebral. Dizemos

que o AVC é isquêmico quando há uma obstrução da artéria,

impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais,

que morrem - essa condição é chamada de isquemia. A

diferença do AVC isquêmico para o AVC hemorrágico é que o

segundo decorre do rompimento de um vaso, e não de seu

entupimento. A obstrução da artéria pode acontecer por um

trombo, que é um coágulo de sangue que se junta à parede do

vaso sanguíneo, ou por um êmbolo, que nada mais é do que

um trombo que se desloca pela corrente sanguínea até ficar

preso em um vaso sanguíneo menor que sua extensão. As

artérias que mais entopem são a carótida interna do pescoço

ou a artéria cerebral média dentro do cérebro.

Tipos

Existem dois tipos comuns de AVC isquêmico:

AVC isquêmico aterotrombótico: esse tipo de AVC

isquêmico ocorre por fatores de risco não modificáveis, como a

idade ou doenças crônicas. A principal causa de AVC isquêmico

aterotrombótico é a aterosclerose, doença que causa a

formação de placas nos vasos sanguíneos, levando à oclusão.

AVC isquêmico cardioembólico: esse tipo de AVC isquêmico

ocorre quando o êmbolo causador do derrame parte do

coração, no geral decorrente de doenças cardiovasculares,

como arritmias cardíacas ou doenças da válvula cardíaca.

Causas

As causas de AVC estão geralmente relacionadas com

problemas no organismo que afetam o fluxo do sangue, tais

como:

Endurecimento das artérias (aterosclerose)

Arritmias cardíacas

Doenças das válvulas cardíaca, como prolapso da válvula mitral

ou estenose de uma válvula cardíaca

Endocardite, que é a infecção das válvulas do coração

Forame oval patente, que é um defeito cardíaco congênito

Distúrbios de coagulação do sangue

Vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos)

Insuficiência cardíaca

Infarto agudo do miocárdio

Pressão arterial baixa (hipotensão) também pode causar um

AVC isquêmico, embora com menor frequência. Resultados

baixos de pressão arterial podem reduzir o fluxo sanguíneo

para o cérebro e causar estreitamento das artérias. Além disso,

algumas cirurgias ou outros processos usados para tratar as

artérias carótidas estreitadas podem causar um coágulo de

sangue, que se viajar para o cérebro, resultará em um AVC

isquêmico.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco do AVC isquêmico são:

Hipertensão

Doenças cardiovasculares

Colesterol alto

Obesidade

Diabetes tipo 2

Uso de drogas ilícitas, como cocaína

Tabagismo

Uso excessivo de álcool

Uso de pílula anticoncepcional

Idade avançada.

Sintomas de AVC isquêmico

Assim como o AVC hemorrágico, os sintomas do AVC isquêmico

se caracterizam por uma perda neurológica súbita, como:

Dores de cabeça muito fortes, beirando o insuportável, sem

histórico de dores de cabeça importantes

Perda de força em um dos lados do corpo

Paralisia súbita de um dos lados do corpo, geralmente no braço

ou perna, de grau pequeno ou acentuado. Quando a paralisia é

parcial, é chamada paresia. Se o paciente com AVC fica

paralisado completamente de um lado, ele está hemiplégico

Se o AVC isquêmico acontecer no hemisfério cerebral

dominante, que na maioria da população é o lado esquerdo, a

alteração da fala é um sintoma muito precoce. A pessoa tem

dificuldade para falar, seja por não conseguir articular a palavra

(não fazer a boca se mexer) ou por não conseguir elaborar as

palavras

Alterações visuais, como perder uma parte ou totalmente o

campo visual

Sintomas motores ou sensitivos, como dormência no rosto,

mãos e pernas

Em alguns casos, podem acontecer episódios de sonolência ou

coma.

Buscando ajuda médica

Na presença de qualquer um dos sintomas de derrame citados,

é importante ir a um pronto-socorro imediatamente. Isso

porque quanto mais rápido se dá o tratamento, menores são as

sequelas decorrentes do AVC isquêmico. O mais correto é

chamar o resgate para fazer a remoção em vez de encaminhar

o paciente para o hospital de carro ou ônibus, pois já na

ambulância podem ser iniciados alguns procedimentos, como

oxigenação. Também é importante dar preferência a hospitais

que são conhecidamente preparados para receber um paciente

em situações agudas do AVC.

A escala pré-hospitalar de AVC deverá ser aplicada para

reconhecer os sinais mais frequentes, caso o paciente não

esteja com um quadro claro. Dos três itens avaliados, um sinal

positivo (com início súbito) é suficiente para suspeitar de um

AVC isquêmico:

Face: o socorrista pedirá para o paciente dar um sorriso, para

verificar se há desvio da boca

Força: ele pedirá ao paciente para levantar os dois braços e

verá se um deles cai por falta de força

Fala: será solicitado ao paciente dizer uma frase qualquer,

como “o céu é azul”, para verificar se não há qualquer

alteração.

Entre os cuidados clínicos de emergência estão:

Verificar os sinais vitais, como pressão arterial e temperatura

axilar

Posicionar a cabeceira da cama a 0°, exceto se houver vômitos

(nesse caso manter a 30 graus)

Acesso venoso periférico em membro superior não paralisado

Administrar oxigênio por cateter nasal ou máscara, caso o

paciente precise

Checagem de glicemia capilar

Determinar o horário de início dos sintomas por meio de

questionário ao paciente ou acompanhante.

Alguns exames podem ser feitos para ajudar no diagnóstico do

AVC, bem como o seu tipo:

Ressonância magnética

Tomografia computadorizada

Angiografia

Ultrassonografia

Ecocardiograma.

Tratamento de AVC isquêmico

O essencial do tratamento do AVC isquêmico, assim como para

outros tipos de AVC, é que a busca pelo médico seja feita o

mais rápido possível. No caso de AVC isquêmico, é possível

usar um medicamento chamado alteplase, que deve ser

aplicado em até quatro horas e meia após o início dos

sintomas. Esse medicamento diminui em 30% o risco de

sequelas do AVC isquêmico e reduz em 18% a mortalidade.

Após o tratamento de emergência para AVC isquêmico, quando

a condição se estabilizou, o tratamento se concentra na

prevenção de outro AVC e acompanhamento das sequelas.

Quando você tem um AVC isquêmico, o suprimento de sangue

e oxigênio a uma parte do seu cérebro é reduzido. Depois de

cerca de quatro minutos sem sangue e oxigênio, as células

cerebrais ficam danificadas e podem morrer. O corpo tenta

restaurar sangue e oxigênio para as células por meio da

ampliação de outros vasos sanguíneos (artérias), perto da área.

Se o fornecimento de sangue não for restaurado, danos

cerebrais permanentes geralmente ocorrem.

Quando as células do cérebro são danificadas ou morrem, as

partes do corpo controladas por essas células podem não

funcionar. A perda de função pode ser leve ou grave,

temporária ou permanente. Isso depende de onde e como a

maior parte do cérebro foi danificada e a rapidez com que o

fornecimento de sangue foi devolvido para as células afetadas.

As áreas do cérebro que morrem em decorrência da falta de

oxigenação causada pelo AVC isquêmico podem se reconstruir

aos poucos, e a recuperação é mais rápida quando feito o

estímulo correto. Por exemplo, uma pessoa que sofreu

alterações da fala terá um acompanhamento com

fonoaudiólogo, assim como uma pessoa que sofreu paralisia

fará fisioterapia. A recuperação do AVC isquêmico começa

enquanto você ainda está no hospital ou em um centro de

reabilitação e continuará quando você volta para casa. Durante

a recuperação do AVC isquêmico, você vai aprender a gerir:

Problemas na bexiga e intestino

Atividades domésticas feitas anteriormente

Perda de movimento ou sensibilidade de uma ou mais partes

do corpo

Problemas musculares e nervosos

Espasmos musculares

Problemas de fala

Deglutição e problemas alimentares

Raciocínio e problemas de memória.

Cirurgia para AVC isquêmico

Se você tiver obstrução significativa das artérias carótidas no

pescoço, você pode precisar de uma endarterectomia de

carótida. Durante esta operação, o cirurgião remove formação

de placas nas artérias carótidas para reduzir o risco de ataque

isquêmico transitório (TIA) ou AVC. Os benefícios e os riscos

desta cirurgia devem ser cuidadosamente avaliados, pois a

cirurgia em si pode causar um AVC.

Convivendo/ Prognóstico

Você tem a maior chance de recuperar suas habilidades

durante os primeiros meses após um acidente vascular

cerebral. Cerca de metade de todas as pessoas que têm um

AVC sofrerão alguns problemas no longo prazo. Se você tiver

dúvidas, converse com seu médico.

O objetivo do tratamento depois de um AVC envolve também

evitar possíveis eventos futuros, além de tratar as sequelas que

surgem. Por isso, mudanças no estilo de vida são uma parte

importante do acompanhamento do AVC isquêmico. Veja o que

é preciso fazer para se recuperar do AVC isquêmico e impedir

um segundo derrame:

Não fumar ou permitir que outros fumem perto de você

Limite de álcool a duas doses por dia para homens e uma dose

por dia para as mulheres

Manter um peso saudável

Praticar pelo menos 30 minutos de exercícios na maioria dos

dias da semana (caminhada é uma boa escolha)

Manter uma dieta equilibrada, pobre em colesterol, gorduras

saturadas e sal, conforme orientação profissional

Fisioterapia

Terapia ocupacional

Fonoaudiologia.

Complicações possíveis

Entre as principais sequelas do AVC isquêmico, podemos

destacar:

Paralisias: a área mais afetada pelo AVC é aquela responsável

pelos movimentos do nosso corpo, sendo o lado esquerdo do

cérebro responsável pelos movimentos do lado direito e vice

versa. Por isso, é comum os pacientes passarem os primeiros

dias após o AVC com um dos lados do corpo paralisados, e

mesmo com a recuperação alguns têm a movimentação

limitada. Pensando nisso, é essencial que o paciente não passe

todo o tempo deitado, mesmo em sua estadia no hospital

Déficit sensitivo: a perda de sensibilidade do lado afetado

pelo AVC acontece quando a área do encéfalo responsável por

interpretar a sensibilidade é lesada. Grande parte da melhora

acontece no primeiro ano após o evento, mas nada impede que

elas continuem acontecendo. Uma atividade que pode ajudar

na recuperação da sensibilidade é expor a área afetada a

diferentes materiais, como esponjas, papéis, madeira, lixas

ásperas e etc

Afasia: quando o AVC ocorre na área do cérebro

correspondente à linguagem, é comum o paciente sofrer com a

afasia, a perda da comunicação, que pode ser a fala ou o

entendimento de uma mensagem. Ela pode ser dividida

basicamente em dois grandes grupos: afasia de expressão

(quando o paciente entende o que você fala, mas é incapaz de

se expressar pela linguagem falada) e de compreensão

(quando ele consegue se expressar de todas as formas, mas

não entende o que lhe é dito). Caso a dificuldade esteja em se

expressar, é fundamental o trabalho do fonoaudiólogo. Com

esse acompanhamento, é possível até mesmo que uma pessoa

que não conseguia dizer nada, reaprenda algumas palavras.

Durante esse processo, enquanto a vítima do AVC ainda não

consegue se comunicar pela fala ou escrita, podem ser

combinados códigos, como mímicas ou acenos de cabeça. No

caso de uma afasia no grupo da compreensão, é importante

que a família e o cuidador fiquem atentos aos sinais que ela

pode apresentar, pois é muito difícil reconhecer essa

dificuldade. No geral, a pessoa não responderá suas perguntas

de forma adequada, e falará sobre assuntos que não estão

sendo discutidos no momento. Essa situação tem recuperação

progressiva, e o melhor a fazer é entender que o paciente não

tem consciência disso e esperar que as ligações cognitivas se

recomponham adequadamente

Apraxias: além da dificuldade na fala, um paciente de AVC

com apraxia perde a capacidade de se expressar por gestos e

mímicas e de realizar tarefas motoras em sequências. Por

exemplo: a pessoa sabe o que é uma chave e sabe o que é

uma fechadura, mas simplesmente não consegue ligar uma

coisa na outra, realizando o ato de inserir a chave na

fechadura. É uma sequência que a pessoa não sabe mais fazer.

Outro exemplo de apraxias é a incapacidade de fazer gestos

que tenham um significado pré-definido, como o sinal de

silêncio, acenar para dar oi ou levantar o polegar em sinal

positivo. Nesses casos o paciente precisa reaprender a fazer

esses processos. É necessário ensinar novamente essa

sequência de movimentos, que deve ser lembrada e exercitada

Negligência: essa sequela diz respeito ao paciente que

negligencia uma parte ou um lado se seu corpo - a intensidade

do problema dependerá do tamanho da lesão. Ela se

caracteriza por uma falta de percepção da metade afetada do

corpo, como se aquele segmento não pertencesse à pessoa. É

uma sequela muito grave, mas que normalmente desaparece

depois dos três primeiros meses. Os quadros de negligência

podem ser de três tipos - motor, visual e sensitivo. Ou seja, o

indivíduo consegue se movimentar, enxergar ou sentir as

coisas, mas o cérebro não processa essas possibilidades

Agnosia visual: entende-se por agnosia visual a incapacidade

da pessoa de reconhecer objetos e pessoas através da visão,

apesar de essa não ter sido comprometida. Dependendo do

grau da lesão, a pessoa pode inclusive não reconhecer mais

rostos. É importante exercitar esse lado do paciente,

apresentando-o para novos objetos, sempre com muita

paciência - uma tática é começar por objetos que faziam parte

do cotidiano do paciente antes do AVC

Déficit de memória: a perda de memória normalmente é

déficit secundário, inserido dentro de um contexto de outras

perdas. O sintoma de déficit de memória dependerá da área do

cérebro afetada, mas no geral a pessoa perde a capacidade de

lembrar eventos recentes, recordando apenas episódios

passados

Lesões no tronco cerebral: no tronco cerebral estão

localizados centros responsáveis por atividades vitais, como a

respiração. Lesões no tronco cerebral podem deixar sequelas

graves e até mesmo levar à morte - a gravidade dependerá da

extensão da lesão. Pacientes com esse tipo de sequela podem

apresentar também paralisia nos dois lados do corpo,

estrabismo e dificuldades para engolir - cada ponto sendo

tratado por sua especialidade específica

Alterações comportamentais: Ocasionados por uma lesão

na parte frontal do cérebro, as alterações comportamentais são

comuns em vítimas de AVC. O indivíduo geralmente passa por

quadros de agitação e quadro de apatia, passando por

sintomas como perda de iniciativa ou explosões de raiva sem

causa aparente. Os cuidadores devem buscar orientação

medica, pois em alguns casos pode ser necessário que o

paciente seja medicado

Depressão: até 30% dos pacientes com AVC, principalmente

aqueles que sofreram lesão no hemisfério esquerdo do cérebro,

podem desenvolver a depressão pós-AVC. A doença funciona

exatamente como a depressão comum, mas há uma janela de

tempo que liga esses sintomas ao AVC. Os sintomas são iguais

aos da depressão comum - tristeza, apatia, sono inadequado,

transtornos alimentares, entre outros - e pede um tratamento

especializado com um psicólogo ou psiquiatra

Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): uma

pesquisa feita pela Universidade de Columbia, nos Estados

Unidos, mostrou que quase um para cada quatro pacientes de

AVC sofrem de estresse pós-traumático, e um em cada nove

pacientes desenvolve TEPT crônico mais de um ano depois.

Sintomas que ajudam a identificar o problema são pesadelos

persistentes e tendência do paciente a evitar lembranças do

evento, bem como frequência cardíaca e pressão arterial

elevada.

A recuperação depende da localização e da quantidade de

danos cerebrais causados por acidente vascular cerebral, a

capacidade de outras áreas saudáveis do cérebro para assumir

a funcionar para as zonas danificadas, e reabilitação. Em geral,

a menos que haja danos no tecido cerebral, as chances de

invalidez são pequenas.

Prevenção

Muitos fatores de risco contribuem para o seu aparecimento.

Alguns desses fatores não podem ser modificados, como a

idade, a raça, a constituição genética e o sexo. Outros fatores,

entretanto, podem ser diagnosticados e tratados, tais como a

hipertensão arterial (pressão alta), a diabetes mellitus, as

doenças cardíacas, a enxaqueca, o uso de anticoncepcionais

hormonais, a ingestão de bebidas alcoólicas, o fumo, o

sedentarismo (falta de atividades físicas) e a obesidade. A

adequação dos hábitos de vida diária é primordial para a

prevenção do AVC.

Referências:

Sociedade Brasileira de Cardiologia

Ministério da Saúde

Academia Brasileira de Neurologia