Ave Maria, minha mãe - pantokrator.org.br · O século XX trouxe uma profunda crise na vida ......

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PANTOKRATOR Informativo da Comunidade Católica Pantokrator Ano IV - Janeiro/2015 - nº 36 A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente. “Quis, porém, o Pai das misericórdias, que a encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como contribui para a morte, a mulher também contribuísse para a vida” (Concí- lio Vaticano II). Ela é a Mãe de Deus. O profeta Isaías escreveu: “Portan- to, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Ema- nuel [Deus conosco].” (Is 7,14). Clara- mente o profeta declara que o filho da virgem será divino, portanto a materni- dade da virgem também é divina, o que a faz ser Mãe de Deus. “Maria é verdadeiramente Mãe de Cris- to, que é verdadeiro Filho de Deus”. Ma- ria é “Theotókos” (Theo = Deus, Tokos = mãe)! Mãe de Deus. Santo Agostinho: “Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus”. (S. Agost. in orat. ad heres.). Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. É sangue de Maria, é a carne de Maria. Fica em Jesus a marca de Ma- ria, o caráter, e até, não esqueçamos, a herança genética, a fisionomia, a voz, a carne de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesus não foi gerado pelo sêmen de um homem, bio- logicamente tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso dizia Santo Agostinho: “A car- ne de Jesus é a carne de Maria”. O útero de Maria foi o lugar escolhi- do por Deus para celebrar de modo car- nal, humano, concreto e material a Nova e Eterna Aliança entre o céu e a terra. Ano da Vida Consagrada p. 2 - Refletindo sobre a origem, função e significado da vida consagrada Projeto de Vida p. 3 - Novas perspectivas para avaliar, repen- sar e buscar novas formas de agir Especial Jubileu p. 4 - Conhecendo um pouco mais sobre a Forma de Vida de Aliança o No ventre de Maria, Deus marcou um encontro definitivo e eterno com a his- tória humana. Ele está no meio de nós e se fez carne na carne de Maria. Deus se fez homem, sem deixar de ser Deus, e isto se fez por meio de Ma- ria: ela deu a Jesus a carne e o sangue humanos; assim, tornou-se um elo de- finitivo de ligação entre o céu a terra Que por tão grande honra e poder diante de Deus, ela conceda também a nós a grande graça da humildade, do aniquilamento do próprio eu, do es- condimento, do silêncio, da renúncia a todas as pompas, glórias e prazeres va- zios deste mundo. Lucimara Viera Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator Ave Maria, minha mãe

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PANTOKRATORInformativo da Comunidade Católica Pantokrator Ano IV - Janeiro/2015 - nº 36

A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente.

“Quis, porém, o Pai das misericórdias, que a encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como contribui para a morte, a mulher também contribuísse para a vida” (Concí-lio Vaticano II). Ela é a Mãe de Deus.

O profeta Isaías escreveu: “Portan-to, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Ema-nuel [Deus conosco].” (Is 7,14). Clara-mente o profeta declara que o filho da virgem será divino, portanto a materni-dade da virgem também é divina, o que a faz ser Mãe de Deus.

“Maria é verdadeiramente Mãe de Cris-

to, que é verdadeiro Filho de Deus”. Ma-ria é “Theotókos” (Theo = Deus, Tokos = mãe)! Mãe de Deus. Santo Agostinho: “Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus”. (S. Agost. in orat. ad heres.).

Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. É sangue de Maria, é a carne de Maria. Fica em Jesus a marca de Ma-ria, o caráter, e até, não esqueçamos, a herança genética, a fisionomia, a voz, a carne de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesus não foi gerado pelo sêmen de um homem, bio-logicamente tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso dizia Santo Agostinho: “A car-ne de Jesus é a carne de Maria”.

O útero de Maria foi o lugar escolhi-do por Deus para celebrar de modo car-nal, humano, concreto e material a Nova e Eterna Aliança entre o céu e a terra.

Ano da Vida Consagrada p. 2- Refletindo sobre a origem, função e significado da vida consagrada

Projeto de Vida p. 3- Novas perspectivas para avaliar, repen-sar e buscar novas formas de agir

Especial Jubileu p. 4- Conhecendo um pouco mais sobre a Forma de Vida de Aliança

o

No ventre de Maria, Deus marcou um encontro definitivo e eterno com a his-tória humana. Ele está no meio de nós e se fez carne na carne de Maria.

Deus se fez homem, sem deixar de ser Deus, e isto se fez por meio de Ma-ria: ela deu a Jesus a carne e o sangue humanos; assim, tornou-se um elo de-finitivo de ligação entre o céu a terra

Que por tão grande honra e poder diante de Deus, ela conceda também a nós a grande graça da humildade, do aniquilamento do próprio eu, do es-condimento, do silêncio, da renúncia a todas as pompas, glórias e prazeres va-zios deste mundo.

Lucimara Viera Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator

Ave Maria,minha mãe

O Pantokrator . 2

EXPEDIENTE O Pantokrator é uma publicação mensal dirigida aos sócios, membros, engajados e amigos da Comunidade Católica PantokratorDireção Geral: Edgard Gonçalves | Grupo de Comunicação: Eliana Alcântara, Jildevânio Souza, Juliana Campos, Vanessa Cícera, Vanessa Ozelin e Renata Andrade | Jornalista Responsável: Renata Andrade MTB 56 525 | Planejamento, Criação, Edição e Revisão: Comunidade Católica Pantokrator - www.pantokrator.org.br

No dia 21 de novembro, na festa da apresentação da Virgem Maria, o Papa Francisco anunciou o Ano da Vida Consagrada.

Ao fim da perseguição vivida pelos primeiros cristãos houve um arrefeci-mento da vivência do Evangelho, afi-nal não era mais “perigoso” ser cristão. Deus, nesse contexto, por misericórdia, chama Antão para iniciar o movimen-to do monaquismo. Pessoas, jovens e adultos, que largavam tudo para seguir a Cristo mais de perto. Esse seguimen-to desenvolveu-se por séculos, até os dias de hoje. O século XX trouxe uma profunda crise na vida consagrada. Mas então, para quê um Ano para a Vida Consagrada? “Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a cons-truir! Olhai para o futuro, para o qual vos projeta o Espírito a fim de realizar convosco ainda coisas maiores”. Assim, o Papa Francisco, fazendo menção à Exortação Apostólica Pós Sinodal Vita Consecrata, de São João Paulo II, inicia a carta de abertura do Ano da Vida Con-sagrada. Mais do que uma história a re-cordar, um futuro, grande futuro pela frente. Iniciamos o Terceiro Milênio com vários desafios, em especial, uma cultura anti-cristã. Evangelizar de novo e mais uma vez!

A Alegria é outro aspecto que o

papa quer ressaltar. Não existe santida-de na tristeza. Uma coisa é a sobrieda-de. Por vezes encontramos consagra-dos sóbrios no falar, andar. Entretanto, a sobriedade não retira a alegria de ser de Deus, de ter dado a Ele toda a vida; dado a um Amor maior que qualquer outro amor! Essa alegria é cativante! Podemos realizar inúmeros retiros vo-cacionais, mas um consagrado ao tes-temunhar a alegria de sua consagração (por vezes amadurecida e alimentada em meio a profundos desertos na vida de oração, desafios de vivência com outros irmãos) atrai grande número de vocações.

O Papa Francisco ainda levanta re-flexões importantes: colocar o Evan-gelho em prática, buscando os pobres, marginalizados, aqueles que são re-jeitados. Mas quem são os verdadei-ros pobres do Mundo? Um rico, com mansões, fama e mulheres que comete suicídio também não é um pobre para Deus? Qual é sua pobreza? Qual tesou-ro lhe faltou? DEUS! Um candidato aprovado em primeiro lugar em uma fa-culdade pública que larga tudo por uma dependência química, também ele não é um marginalizado? Estar à margem da experiência do Amor de Deus! Mas a prática disso vem de uma pergunta: “Jesus – devemos perguntar-nos ainda – é verdadeiramente o primeiro e o úni-

co amor, como nos propusemos quan-do professamos os nossos compromis-sos de consagração de vida? Só em caso afirmativo, poderemos – como é nosso dever – amar verdadeira e misericordio-samente cada pessoa que encontramos no nosso caminho, porque teremos aprendido d’Ele o que é o amor e como amar: saberemos amar, porque teremos o seu próprio coração.” Então é preciso retornar ao primeiro Amor, não esque-cer das marcas vivenciadas ao longo da caminhada e enamorar-se.

E para os leigos, será um ano de “stand by”? De jeito nenhum! Qual o sentido da Vida Consagrada (sejam re-ligiosos, seja leigos que consagram suas vidas nas Novas Fundações) senão o de ser sinal para a Igreja dos mistérios de Cristo que o carisma de cada fundação a chama a viver. O Evangelho é para ser vivido por todos, mas os consagrados são luzeiros, faróis, para relembrar aos leigos seu compromisso como batiza-dos de levar ao Mundo, Jesus Cristo!

Que esse Ano seja um renovar da graça, da radicalidade batismal a que todos, sem exceção, somos chamados a viver.

Leonardo de Araújo PataroConsagrado da Comunidade Católica Pantokrator

2015: Ano da Vida Consagrada!

O Pantokrator .3

Todo final de ano parece carregar em si um convite especial a reavaliar, repensar nossa vida, nossas atitudes, os caminhos que tomamos, os passos que foram dados, e isso parece encher nosso coração de es-perança, de anseio pelo novo que está para chegar, porque também queremos dar novos passos, crescer, e tudo isso nos faz

muito bem. Isso é necessário, pois quere-mos sempre recomeçar. Porém, precisamos sempre fazer esta autoavaliação com muita seriedade e comprometimento, senão caí-mos na tentação de projetar coisas, planejar e não chegarmos a dar um passo sequer em direção ao que nos propomos .

A verdade é que travamos uma luta

COMUNIDADE CATÓLICA PANTOKRATOR - (19) 3232.4400 - www.pantokrator.org.brRua Culto à Ciência, 238 - Botafogo - Campinas/SP

Missas Dominicais às 11h00 - Grupos de Oração (para todas as idades) às quintas-feiras às 20h00 Grupo Sempre Fiel (dependentes químicos) segundas-feiras às 20h00

Atendimento de Oração (com agendamento) - Cursos e Formações - Visita a casas (com agendamento)

constante entre nosso querer e nosso execu-tar. Vivemos em tempos de facilidades, onde existe controle remoto pra tudo, podemos comprar sem sair de casa... As facilidades do mundo atual também nos atingem como pessoa, e acabamos vivendo comodismos que se apresen-tam em nossa vida pessoal, profissional, e até em nossa relação com Deus!

É justamente aí que precisamos combater essa acomodação e buscar meios que nos reeduquem para viver com compromisso e determinação nos-sos propósitos .

Um exemplo clássico é a dieta que sempre é adiada para a segunda-feira. Mas não só ela! Geralmente ficam para as se-gundas-feiras muitos planos. Em nossa vida espiritual não é diferente; certamente que nesses momentos e para essas situações poderíamos utilizar da graça e auxilio que um projeto de vida pessoal nos pode ofe-recer. Mas o que isso quer dizer?

PVP ou Projeto de Vida Pessoal é um método que auxilia a pessoa primeiramen-te no autoconhecimento, avaliando sua si-tuação de vida atual, elaborando metas de crescimento pessoal , e nos dispondo atingir estas metas através de uma busca disciplina-da e comprometida com Deus e conosco. Claro que com isso aprendemos também a

Você fez já o seu Projeto de Vida para 2015?

estipular metas possíveis, ou seja, que sere-mos capazes de realizar e assim progredir.

Acima temos um exemplo simples, mas com certeza temos inúmeras situações que queremos reavaliar e melhorar em nossa vida. Não percamos tempo e não tenhamos medo!

Santa Teresinha em um de seus po-emas diz o seguinte: “ minha vida é só um instante, uma hora passageira, um só dia que me escapa e que me foge. Tu sabes ó Meu Deus, para amar-te na terra, só tenho o dia de hoje”. Assim é nossa vida, o ontem já passou e o ama-

Área Como eu estou

Como eu gos-taria de estar

ou ser

O que preciso fazer

para isso

Que meios vou utilizar Quando farei isso

SaúdeNão faço exercícios

fisicos

Fazendo exercí-cios fisicos

Reservar dia e horário Caminhadas 2X por semana

nhã ainda não existe, empenhemo-nos em viver o hoje, santa e determinada-mente. Que o novo que se aproxima nos traga uma nova esperança também a respeito de nós mesmos.

Maria Aparecida OliveiraConsagrada da Comunidade Católica Pantokrator

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Especial Jubileu: vivendo a Comunidade na Forma de Aliança

As Novas Comunidades ou Novas Formas de Vida Evangélica, surgem como uma novidade na Igreja e como resposta aos desafios para os tempos de hoje. Começaram a surgir na década de 1970 na França e nos EUA. No Brasil, as primeiras Comunidades Novas surgem nas décadas de 80 e 90, onde vimos o surgimento de inúmeras delas, que hoje, no contexto nacional, superam o núme-ro de 500. As Novas Comunidades fo-ram chamadas de “providencial resposta do Espírito” pelo papa São João Paulo II na vigília de Pentecostes de 1998.

As Novas Comunidades são com-postas por homens e mulheres, clérigos e leigos, casados, celibatários e solteiros que vivem em comunidade, seguem um estilo particular de vida sob a graça e espiritualidade de um carisma parti-cular. Eles consagram sua vida a Deus em serviço do Seu Reino, vivendo seus compromissos particulares de pobreza, obediência e castidade.

A vivência comunitária acontece sob duas formas: Forma de Vida Comum e Forma de Aliança e é sobre esta última que iremos comentar. Na Forma de Aliança, os membros da comunidade vivem sua consagração de vida inseridos no mundo. Eles são chamados a ser tes-

temuhas do Cristo vivo nas realidades do século na sua vivência familiar, pro-fisional, social, etc, dedicando também parte do seu tempo aos compromissos comunitários próprios, como os apos-tolados ou serviços prestados dentro da estrutura da Comunidade, como evan-gelização, administração, liturgia etc. E a vida fraterna, que é o convívio fraterno com os irmãos através de convivências e momentos de lazer.

O irmão, na Forma de Aliança, vive um grande desafio. Ele é chamado por Deus para ser sinal dEle no mundo feri-do e deformado pelo pecado. Para isto, ele precisa de uma experiência profunda e pessoal com a pessoa de Cristo. As-sim, alimentado e seduzido pelo Seu amor, se entregua de forma generosa ao anúncio do Evangelho. Neste momen-to, pode-se perguntar: como anunciar o evangelho na minha familia, no meu tra-balho, no meu círculo de amigos?. Dei-xando-se conduzir pelo Espírito Santo, através do exercício da docilidade, pa-ciência, humildade e caridade. Esta úl-tima, possui lugar de destaque, pois, o amor de caridade só acontece quando conhecemos e experimentamos o amor de Deus, e por Ele, por amor a Ele, re-nunciamos a nossa justiça, nossa busca

de prazer, nosso próprio benefício pelo bem do outro.

Se trata de buscar e encontrar o sen-tido nas atividades mais corriqueiras da vida e orientar tudo para amar a Deus, desde as coisas mais simples até as mais complexas. Oferecer tudo por amor! E nas contrariedades? Também! Elas são provocações que Deus permite para provar e purificar o meu amor ainda frá-gil; elas me ensinam a confiar e esperar em Deus. Na família, ser sinal de união, concórdia, paz, estando pronto a dar e oferecer-se. No trabalho, grande campo de missão, fazer as coisas com profis-sionalismo, ética, respeito pelos outros, sendo fiel às normas, obediente e justo.

Assim, nos dispomos a ser instru-mento de Deus: nossas palavras edifi-carão, serão como alimento, refrigério, consolo para quem precisa, seremos como que oásis no meio do deserto para os filhos sedentos de verdade e beleza; em nosso convívio social e pro-fissional, seremos solícitos, generosos, disponíveis, honestos e justos; e desta forma, transmitiremos a beleza e alegria de ser filhos, de ser consagrados, ser de Deus e de Deus somente.

Mario GonzálezConsagrado da Comunidade Católica Pantokrator