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Num. 99 - Ano 4 - 20 de Janeiro- 20 janvier 2018

Le Portugal

Toute l’Europe dans un seul pays

O Major-general Fernando Canha da Silva tem uma colecção de mais de dois mil presépios, feitos nos mais diversos materiais desde o barro, madeira, metal, cera, cascas de ovos, rendas, pasta de papel e outros, que muito solicitados, sobretudo por órgãos religiosos, expõe ao público celebrando a Natividade de Jesus, colaborando assim com a Igreja na expansão da evangelização. Muitos modelos de presépios que possui, estão encaixotados, por falta de espaço onde os colocar. Acontece até, que em sua casa — e por compreensão da sua esposa — mesmo os armários habitualmente feitos para guardar loiças, estão repletos de presépios.

Nascido em 1941, a ideia de coleccionar presépios vem da tenra idade, ao recordar os festejos natalícios que faziam em sua casa e na sua região habitacional. Crescendo, a sua paixão desenvolveu-se e gradualmente tornou-se possuidor duma grande quantidade de presépios oriundos de várias regiões do país, incluindo os arquipélagos dos Açores e Madeira. Nunca pensou em expor e apenas em 1971 quando colocado em Évora empreendeu foros de coleccionador nacional, ao aperceber-se que a região alentejana possui presépios muito bonitos que merecem ser conhecidos pela população. Tendo sido a certa altura convidado pelas autoridades religiosas que se prontificaram a facilitar-lhe espaços, para fazer mostras em Museus e paróquias, fez uma primeira exposição na Igreja de São Francisco, na cidade eborense, que obteve grande êxito, contando com alargada faixa de cidadãos interessados, que desde logo lhe pediram representações noutros locais.

continua na página 2

St. Barthélemy - Mon Amour

En fait, pas de surprise, explication de cet « amour» démesuré pour St Barth. (Et pourtant j’aime beaucoup Johnny).

St Barth, paradis fiscal pour les milliardaires !!!!!

Ce qui est impensable, c’est que dans la République Française, cela existe! (Macro, qui pique l’APL aux indigents et augmente la CSG aux retraités de 25 % ne serait-il pas au courant ?).

On paie les motards de la gendarmerie qui l’accompagnent à l’avion pour s’y rendre et se soustraire au paiement des impôts que nous-mêmes payons. Quelle mascarade.

En parlant de paradis, l’île française de Saint-Barthélemy aux Antilles en est un, paradis fiscal.

Pour ceux qui y sont résidents depuis cinq ans, pas de TVA, d’ISF, d’impôts sur le revenu, ni d’impôts sur la succession.

Bref, en choisissant la petite île des Antilles comme ultime demeure, Johnny a fait un sacré dernier pied-de-nez au fisc, une administration qu’il n’a jamais porté dans son cœur. (Vous non plus, je présume ?)

De fait, le statut de Saint-Barthélemy est tout à fait légal, puisqu’il a été négocié avec l’Etat en 2007. Il est donc inapproprié de parler de fraude. Quant au paradis fiscal, seule la Belgique en Europe l’a mise sur sa liste noire… » : Ce statut est intolérable !

Et quand il y a une catastrophe à St Barth., on demande aux Français de la métropole (brebis bêlantes et consentantes) de payer : Cherchez l’erreur.

Auteur inconnue Saint-Barthélemy est une île française des petites Antilles et une collectivité d’outre-mer (COM) au sens de l’article 74 de la Constitution depuis le 15 juillet 20073. Avant cette date, à laquelle le changement de statut a pris effet lors de la réunion du conseil territorial nouvellement élu, elle était une commune et un ar-rondissement, dépendant du département d’outre-mer de la Guadeloupe.

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A Chuva e o Bom Tempo

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Visitez Le Portugal

Presépios Portuguesescont. pág. 1

Deste modo, considerando que de nada lhe serviriam os presépios guardados em casa só para si, decidiu, com a colaboração paroquial, expôr o Presépio da Igreja Matriz de Estremoz, da autoria de um conhecido artesão dessa região, dando assim início a uma proveitosa participação na função de dar conhecimento à população de como as regiões interpretam e traduzem a Natividade.

O link aqui junto, mostra a exposição de presépios da região transmontana.

De salientar que as mostras que realiza de que apresentamos algumas imagens, são de ordem permanente ou itinerantes e, onde quer que estejam, poderão ser visitadas pelas populações locais ou turísticas.

Raul Mesquita

https://youtu.be/TYkfawSrgb4

Quando ter a consciência limpa…é sinal de má memória.Para este apontamento habitual nesta coluna, tinha pensado desenvolver sobre a demasiado fácil explicação, muito à moda aliás, da antiga ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa. E porquê? Porque a senhora querendo confundir a opinião pública, fazendo o choradinho de vítima, afirmou que foi o sexismo que motivou grande parte das críticas que sofreu durante a sua demonstração de incompetência e leviandade, no referente ao tratamento e consequências dos fogos florestais, no ano passado.

Na entrevista que concedeu à Notícias Magazine — revista de domingo do JN e DN — a pobre senhora está convicta que o seu trabalho durante as tragédias foi de tal modo bem feito que, imaginem, “não há dia em que as pessoas não venham ter comigo a abraçar-me” diz ela sem rir. Posto isto, não tive coragem de continuar. Não por pena. Por revolta. Por nojo.

Sorte que, entretanto, findou a corrida à liderança do PSD, em que Rui Rio e Pedro Santana Lopes se afrontavam.

Pouco ou nada conheço do primeiro. Creio ter sido Presidente da Câmara do Porto e que o voto que saiu em seu apoio, cheirava muito a bairrismo e áquilo que por cá, se classifica de “poteaux” ou seja, pessoas que votam por pressão e são pagas para isso. O pagamento pode ser feito em “cash” ou por meio de subterfúgios como o caso de ficarem com as quotas em dia. Quem pagou, parece por enquanto ser o mistério. E são muitas. Ou muitos. E este mistério aumenta e torna-se num balão de fumo, quando se provam haverem moradas falsas, nas avançadas por esses membros à votação. Destaco o caso de 17 votantes que há última hora terão sido inscritos no Distrito de Ovar e cujo endereço é ocupado por uma família que não tem qualquer afinidade com eles e, nem sequer é simpatizante do PSD.

E também foram bastantes os autocarros onde “empacotaram” militantes para os levar às mesas de votação. Clássico.

Segundo o Expresso descobriu, no último dia marcado como final para a inscrição de militantes, foram pagas 20 mil quotas. Para outro tanto de pessoas poderem votar. Há outros casos burlescos nos cadernos eleitorais que deixam muitas dúvidas sobre a idoneidade dos organizadores, que parecem ter retirado os nomes duma lista telefónica…

Conheci situações muito semelhantes nas minhas andanças políticas neste cantinho onde resido. Por isso, sabendo do que falo, compreendo o resultado do escrutínio e a bandeira de Rio: “Nós somos um rio que não vai parar”. Porém, vencer com estas artimanhas — para utilizar um eufemismo — nada de bom se anuncia do lado do vencedor. Já que como diz o ditado:” Quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita”!

Estão ainda por conhecer as retaliações do vencedor sobre aqueles que votaram contra e ocupam lugares de destaque no seio das tropas PSD. Entre eles, Hugo Soares o líder parlamentar na AR. É que Soares votou Santana Lopes. Aqui as opiniões dividem-se. Há quem pense que o líder é bom e deve ficar enquanto outros, como o repescado grilinho Marques Mendes, acha que Hugo Soares deverá pôr o seu lugar à disposição do novo chefe.

Veremos se tudo fica como está e, se porventura, ninguém exige investigação aos casos detectados.

Santana Lopes merecia melhor. Ele foi o único político que demonstrou verticalidade e postura aquando uma entrevista na TV há poucos anos, algumas vezes interrompida pelas equipas de exteriores no aeroporto, para captar a chegada a Lisboa de José Mourinho. Á segunda interrupção Santana Lopes levantou-se e disse à entrevistadora que quando quisessem fazer uma entrevista de forma profissional o convidassem de novo. E saiu. É deste tipo de molde que precisamos para ordenar o país. Gente. Não de trapaceiros ou vendilhões.

Rui Rio terá a consciência limpa? Ou será caso de má memória?

Raul Mesquita

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Manuel do Nascimento / Paris

Le procès des « Távora » par le marquis de Pombal ; barbarie, cruauté et injustice !Le 3 septembre 1758, le roi D. José 1er du Portugal échappe à une tentative d’assassinat. Marquis de Pombal, alors, Premier ministre, profite de cet attentat pour en accuser la famille de Távora, proche des jésuites s’opposant à ses réformes sociales. La sentence fut cruelle et sauvage. Plusieurs membres de la famille de Távora, dont la marquise de Távora, furent condamnés à mort torturée et exécutée en public. Cette macabre sentence est un de plus rocambolesques et énigmatiques, qui ont laissé vestiges(1). Après le tremblement de terre de Lisbonne du 1er novembre 1755, qui avait touché une partie du Palais-royal qui se trouvait à Terreiro do Paço, le roi et la maison royale ont été installés da quartier d’Ajuda, tout près du monastère de Jerónimos (Belém). Sans que l’on sache encore aujourd’hui la vérité, mais selon les mauvaises langues, le roi D. José 1er dans une de ses sorties pour visiter une de ses amies ou amante - l’épouse d’un des héritiers de la puissante famille Távora (Teresa Leonor(2) était mariée avec Luís Bernardo, un des héritiers de la maison des Távora(3),) - le roi aurait été l’objet d’un attentat na Calçada do Galvão(4) , dont les Távora seraient accusés de complicité, afin de pousser le duc d’Aveiro, José de Mascarenhas sur te trône (5). Les titres de marquis de Távora et de Duc d’Aveiro sont effacés de la noblesse, les biens confisqués au bénéfice de la couronne, et le palais de José de Mascarenhas à Belém est démoli et le sol aspergé de sel pour rendre le lieu stérile. Les Távora ont beau nier toutes les accusations, ils ont tous été, y compris femmes et enfants, condamnés à mort, avec châtiment public préalable. La marquise de Távora fut décapitée sans qu’on la laisse s’expliquer. On lui explique les douleurs et les souffrances atroces que cela allait engendrer à elle et à ses proches, époux fils et gendres. Le roi et la cour ont assisté six heures durant aux châtiments exemplaires qui devait montrer à un peuple apeuré, qui se trouve en la Praça de Belém, lieu de l’exécution.

Le lendemain, le 13 janvier 1759, par la folie d’un homme, le Portugal allait inscrire dans son histoire, une des pages les plus sanglantes, plus sombres, plus inhumaines et barbares de son histoire. La princesse Maria et future reine du Portugal (D. Maria 1ère) bouleversé par ce procès barbare, a, lors de son arrivée au trône, un vrai procès des Távora par le tribunal et mettra le Marquis de Pombal à l’écart de la couronne et de l’État. Plus de vingt ans après, jamais aucune preuve n’est venue démontrer la culpabilité des Távora dans l’attentat.

Dès 1882, on inscrit dans la Constitution portugaise l’abolition de toutes les peines cruelles et infamantes, mais c’est seulement, en 1867, que l’abolition de la peine de mort est définitivement inscrite au Code pénal portugais.

Sur le socle du pilori des Távoras où pourra lire :Ici ont été détruites et salées les maisons de José de Mascarenhas, ex-duc d’Aveiro et autres et condamné par sentence par la commission suprême, le 12 janvier 1759, faisant justice à une attaque barbare dans la nuit du 3 septembre 1758 contre la personne royale et sacrée de notre seigneur le roi D. José 1er. Sur ce terrain infâme on ne pourra plus construire, pendant un certain temps.

Aqui foram arrasadas e salgadas as casas de José de Mascarenhas exautorado das honras de Duque de Aveiro e outras, condemnado por sentença proferida na Suprema Juncta de inconfidência em 12 de Janeiro de 1759. Justiçado como um dos chefes bárbaros e execrando desacato que na noite de 3 de Setembro de 1758 se havia cometido contra a real sagrada pessoa de D. José I. Neste terreno infâme se não poderá edificar em tempo algum.

Coupables ou pas les exécutions des Távora étaient un événement dévastateur au Portugal pour l’époque. La culpabilité ou l’innocence de la famille des Távora est encore discutée aujourd’hui par les historiens portugais.1)Le pilori des Távora (Pelourinho dos Távora) bien caché et souvent méconnu des lisboètes, se trouve au Beco do Chão Salgado, situé dans la rue de Belém, tout près du monastère des Jerónimos, renferme une curieuse colonne de pierre. Elle fut érigée par le roi D. José 1er, en mémoire d’un scandale qui a marqué l’histoire du Portugal. Les cinq anneaux sculptés entourant la colonne symbolisent cinq exécutions. Ce pilori fut aspergé de sel pour que plus rien n’y pousse, d’où son surnom Pelourinho do Chão Salgado (pilori du sol salé). Les cendres des exécutés ont été jetées dans le Tage, là l’endroit où se trouvent les eaux salées.(2) Bernardo José de Lorena, fils de Teresa Leonor et du roi D. José 1er, est le demi-frère de la princesse Maria de Portugal, devenue reine du Portugal sous le nom de D. Maria 1ère. Bernardo José de Lorena a gourvené São Paulo, puis Minas Gerais au Brésil.(3) La famille de la Maison ‘Casa’ des Távora remonte à Ramiro II de Leão (900-965) et roi de Leão (931-951). Le premier Seigneur de Távora est Rozendo Henriques. Le 8ème Seigneur de Távora, chevalier du royaume portugais, est le Seigneur de Minhocal et du Couto de São Pedro das Águias, par ordre du roi portugais D. Pedro 1er. La famille Távora provient du fleuve du même nom, un affluent du fleuve du Douro. L’église/monastère de São Pedro das Águias serait construite vers 991 par les chevaliers D. Tedon et D. Rozendo (Rausendo). Cette église se trouve dans les environs de la ville de Távora et Granginha.(4) Endroit où se trouve l’église Boa Memória, qui fut construite par le roi D. José 1er en mémoire d’avoir échappé à l’attentat. C’est le Marquis de Pombal qui suggère au roi de la construction de cette église.(5) Le manque d’un héritier masculin au trône du Portugal contrarié la plupart d’entre eux et, en effet le duc d’Aveiro, était une option ouverte.

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Eça de QueirósEscritor português

Por Dilva Frazão

Biografia de Eça de Queirós

Eça de Queirós (1845-1900) foi um escritor português. “O Crime do Padre Amaro” foi o seu primeiro grande trabalho, um marco inicial do Realismo em Portugal. Foi considerado o melhor romance realista português do século XIX. Foi o único romancista português que conquistou fama internacional nessa época. Foi duramente criticado por suas críticas ao clero e à própria pátria. A crítica social unida à análise psicológica aparece nos livros “O Primo Basílio”, “O Mandarim”, “A Relíquia” e “Os Maias”.

Eça de Queirós (1845-1900) nasceu no dia 25 de Novembro, na cidade de Póvoa de Varzim, Portugal. Seus pais, o brasileiro José Maria Teixeira de Queirós e a portuguesa Carolina Augusta Pereira de Eça, casaram-se quatro anos após o seu nascimento. Esse facto fez com que o ocultassem por muito tempo. Passou sua infância e adolescência longe da família, sendo criado pelos avós paternos. Foi interno no Colégio da cidade do Porto. Ingressou em 1861 na Universidade de Coimbra, onde em 1866 se formou em Direito. Manteve ligação com Antero de Quental e Teófilo Braga, da chamada «Escola Coimbrã», mas só se filiou ao grupo em 1870.

Exerceu a advocacia e o jornalismo em Lisboa. Em 1867, dirigiu na cidade de Évora, o jornal de oposição “O Distrito de Évora”. Voltou para Lisboa e revelou-se como escritor no folhetim “Gazeta de Portugal”. Em 1869, como jornalista, assistiu a inauguração do Canal de Suez, no Egipto, que resultou na obra “O Egipto”. Em 1871, com a colaboração do escritor Ramalho Ortigão, escreveu a novela policial “O Mistério da Estrada de Sintra”, e nesse mesmo ano lançou um folheto mensal “As Farpas”, contendo sátiras à sociedade portuguesa e suas instituições.

Em 1871, Eça de Queirós profere em conferência o tema “O Realismo Como Nova Expressão de Arte”, no Cassino de Lisboa. Em 1872 ingressa na carreira diplomática, é nomeado cônsul em Havana, e em 1874 é transferido para a Inglaterra.

O romance “O Crime do Padre Amaro”, publicado em 1875, foi o marco inicial do Realismo em Portugal, nele, Eça faz uma crítica violenta da vida social portuguesa, denuncia a corrução do clero e da hipocrisia dos valores burgueses. A crítica social unida à análise psicológica aparece também no romance “O Primo Basílio”, publicado em 1878, em “Mandarim”, 1880, e em “Relíquia”, 1887.

Em 1885 visita, em Paris, o escritor francês Émile Zola. Casa-se com Emília de Castro Pamplona Resende, em 1886. O casal teve dois filhos, Maria e José Maria. Em 1888 foi nomeado cônsul em Paris, ano que publica “Os Maias”. Nesse romance observa-se uma mudança na atitude irreverente de Eça de Queirós, segundo o crítico João Gaspar Simões, o autor “deixa transparecer os mistérios do destino e as inquietações do sentimento, as apreensões da consciência e os desequilíbrios da sensualidade”.

Surge então uma nova fase literária, em que Eça deixa transparecer uma descrença no progresso. Manifesta a valorização das virtudes nacionais e a saudade da vida no campo. É o momento dos romances “A Ilustre Casa de Ramires” e “A Cidade e as Serras”, o conto “Suave Milagre” e as biografias religiosas.

José Maria Eça de Queirós morreu em Paris, França, no dia 16 de Agosto de 1900

Obras de Eça de Queirós

O Mistério da Estrada de Sintra, 1870O Crime do Padre Amaro, 1875A Tragédia da Rua das Flores, 1877-78O Primo Basílio, 1878O Mandarim, 1880As Minas do Rei Salomão, 1885, traduçãoA Relíquia, 1887

Camilo Castelo BrancoEscritor português

Por Dilva FrazãoBiografia de Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco (1825-1890) foi um escritor português. “Amor de Perdição” foi sua novela mais importante. Foi considerado o criador da novela passional portuguesa. Escreveu irreverentes crónicas para jornais. Dedicou-se à actividade literária, foi um dos primeiros escritores portugueses a viver exclusivamente do que escrevia. Recebeu o título de Visconde concedido pelo rei de Portugal, D. Luís I.

Camilo Castelo Branco (1825-1890) nasceu na freguesia dos Mártires, em Lisboa, Portugal, no dia 16 de Março de 1825. Filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, ficou órfão de mãe com um ano e de pai com 10 anos. Foi morar com uma tia e depois com sua irmã mais velha.

Em 1841, com apenas 16 anos, casou-se com uma jovem de 15 anos, Joaquina Pereira, mas logo a abandonou.

Em 1843 ingressou na Escola Médico-Cirúrgica na cidade do Porto, mas entregue à boémia, não conseguiu concluir o curso. Em 1845 publicou seus primeiros trabalhos literários. Em 1846 fugiu com a jovem Patrícia Emília, mas a abandona, poucos anos depois. No ano seguinte morreu sua esposa legítima, de quem estava separado, e a filha do casal morreu no ano seguinte.

Camilo Castelo Branco passou por uma crise espiritual em 1850, e ingressou no seminário do Porto, pretendendo seguir a vida religiosa. Nesse ano conheceu Ana Plácido, que casada com um comerciante brasileiro, abandonou o marido em 1859 e foi viver com Camilo. Em 1860 é processado e preso por crime de adultério, mas é absolvido no ano seguinte, passando a viver com Ana. O casal foi morar em Lisboa e depois em São Miguel de Seide, sempre com muitos problemas financeiros.

Em 1863 publica “Amor de Perdição”, sua novela mais famosa. Sua vida atribulada lhe deu inspiração para os temas de suas novelas. Também reconstituiu em suas obras o panorama dos costumes de Portugal de seu tempo, quase sempre com uma profunda sintonia com as maneiras de ser e sentir do povo português.Camilo foi um dos primeiros escritores portugueses a viver da literatura. Sua produção é composta de mais de cem obras, a maior parte de novelas satíricas, de mistério ou terror, históricas e passionais, publicadas em folhetins. Com uma linguagem simples e histórias repletas de emoção, fazia grande sucesso. Em 1889, quando se torna uma celebridade nacional como escritor, recebe uma homenagem da Academia de Lisboa.

Uma doença nos olhos que pouco a pouco lhe tirava a visão, fez Camilo mergulhar em profunda depressão. Depois de saber que ficaria definitivamente cego Camilo suicida-se em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão, no dia 01 de Junho de 1890.

Obras de Camilo Castelo Branco

Os Mistérios de Lisboa, 1854Duas Épocas na Vida, 1854O Livro Negro do Padre Dinis, 1855Vingança, 1858Carlota Ângela, 1858A Morta, 1860O Romance de um Homem Rico, 1861Doze Casamentos Felizes, 1861Estrelas Funestas, 1861Amor de Perdição, 1862

Coração, Cabeça e Estômago, 1862Estrelas Propícias, 1863Amor de Salvação, 1864O Olho de Vidro, 1866O Retrato de Ricardina, 1868A Mulher Fatal, 1870Novelas do Minho, 1876Perfil do Marquês de Pombal, 1882Vulcões de Lama, 1886Nas Trevas, 1890

Os Maias, 1888Uma Campanha Alegre, 1891O Tesouro, 1893Adão e Eva no Paraíso, 1897Suave Milagre, 1898Correspondência de Fradique Mendes, 1900(10 outras a título póstumo)

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Rosa dos Ventos Rose des Vents

Images du

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A quantos Presidentes dura uma Rainha?

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Présidents

une

Reine

2017

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Dois terços do mundo foram descobertos pelos portuguesesInvestigaram. Experimentaram. Desbravaram. Deixando testemunho da sua presença.

Trouxeram novas de sítios que se julgavam inalcançáveis. Em menos de 100 anos mudaram o mundo. A esse Mundo deram novos Mundos.

Explorações marítimas portuguesas séc. XV e XVI

Sabia que dois terços do mundo foram descobertos pelos portugueses?

Provavelmente não sabe. Mas é verdade. Foram os primeiros a chegar.

Investigaram. Experimentaram. Desbravaram. Deixando o testemunho da sua presença.

Trouxeram novas de sítios que se julgavam inalcançáveis. Em menos de 100 anos mudaram o mundo. A esse Mundo deram novos Mundos. Materializaram o sonho e modificaram a noção de distância. Fizeram crescer o comércio e o conhecimento científico. Anteciparam a História. Ajudaram ao nascimento de vários países. Foram os primeiros cidadãos do Mundo.

E se mais Mundo houvesse lá teriam chegado.

1434- CABO BOJADOR

Gil Eanes transpõe o Cabo Bojador (27º latitude Norte – Sara Ocidental) até então considerado como limite convencional do mundo.

1471 – EQUADOR

1471-72 – João de Santarém e Pero Escobar descobrem as Ilhas de S. Tomé e Príncipe e Ano Bom, explorando a costa africana até à foz do rio Niger, levando como pilotos Martim Fernandes e Álvaro Fernandes, avançaram até à Mina (a Elmira dos Ingleses). Primeiros navegadores europeus a passar a linha do Equador.

1488 – CABO DA BOA ESPERAÇA

Bartolomeu Dias descobre a passagem do Sueste, a África do Sul e o Cabo da Boa Esperança.

Desembarque na angra de S. Brás, Mossel Bay, 3 de Fevereiro e exploração da costa até ao rio do Infante (Gret Fish River).

Aniversário de São Paulo a 25 de Janeiro

No dia 25 de Janeiro é o aniversário de São Paulo. Já se passaram 464 anos da fundação desta verdadeira megalópole. É a maior cidade do Brasil, do continente americano e uma das mais populosas do mundo, ocupando neste quesito lugar entre as 10 maiores. A exemplo de alguns países há no Brasil duas capitais que levam o nome de seu Estado. É o caso do Estado de São Paulo que tem como capital São Paulo; Rio de Janeiro, capital Rio de Janeiro; no Canadá, a Província do Québec tem como capital a cidade de Québec; e alguns países que tem sua capital com o mesmo nome como, por exemplo, o México, cuja capital é Cidade do México, capital esta que é a mais antiga das Américas. O nome São Paulo, foi dado em homenagem ao Apóstolo Paulo, que de acordo com a tradição católica, se teria convertido ao cristianismo no dia 25 de Janeiro.

São Paulo nasceu com a chegada de uma missão de Jesuítas da Companhia de Jesus. Sua fundação ocorreu em 25 de Janeiro de 1554 e é atribuída ao padre José de Anchieta. Com o passar do tempo, o pequeno povoado passou a viver como entreposto comercial e actividades afins com destaque para exploração da agricultura. Assim permaneceu até atingir um crescimento demográfico e económico vindo especialmente do ciclo do café e da industrialização por volta da metade do século XIX, e continuou com o advento de indústrias de todos os segmentos de mercado notadamente as usinas de aço, metalurgia, têxteis, olarias, veículos automotores etc., o que elevou São Paulo, já à época, ao posto de maior cidade do Brasil. Hoje, chamada de Locomotiva do Brasil, o seu brasão traz a frase que representa bem que cidade é São Paulo: “Non ducor, duco” Não sou conduzido, conduzo.

Hoje, São Paulo é o maior centro de negócios do Brasil por onde passam anualmente centenas de milhares de executivos de todo mundo que vêm em busca de oportunidades comerciais, trazendo investimento nas mais diversas áreas de tecnologia. Congressos, reuniões e encontros de homens de negócios de alto nível ao redor do mundo fazem presença marcante durante todo ano. Para complementar, é a única cidade que tem um bairro, o Ipiranga, que é citado no Hino Nacional Brasileiro.

A cidade possui centenas de pontos de interesses turísticos: Autódromo de Interlagos, MASP Museu de Arte Moderna, Avenidas Paulista e Iguatemi, Biblioteca Mário de Andrade, Estádios de futebol dos principais Clubes de São Paulo (Palmeiras, São Paulo, Corinthians e o Bucólico e tradicional Estádio Paulo Machado de Carvalho Pacaembu), Sambódromo, Palácio de Convenções do Anhembi, São Paulo Expo, Pico do Jaraguá, Estátua de Borba Gato, Catedral da Sé, Mercado Municipal da Cantareira, Horto Florestal, Teatro Municipal, Edifício Martinelli, Museu do Ipiranga, Parque da Independência, Parque da Água Branca, Monumento às Bandeiras, Pinacoteca, Museu da Imigração do Estado de São Paulo, Monumento à Independência, Monumento das Ondas, Museu de Arte Sacra, Pátio do Colégio, Museu da Língua Portuguesa, Edifício Altino Arantes, Palácio das Indústrias, Estação da Luz, Fundação Maria Luisa e Óscar Americano. Estes pontos representam uma pequena parte que o visitante que vem a São Paulo pode optar, ver e sentir a pujança da cidade que foi chamada outrora de “Terra da Garoa”. A garoa dava-se por ocasião de chuvas com partículas finas de água, mas o crescimento das áreas urbanas fez modificações no clima e hoje raramente a garoa se faz presente em São Paulo.

Boa Viagem

João Aparecido da Luz

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Le grand récit de la crise du verglasPar Noémi Mercier

(A lire le texte complet dans l’actualité de janvier)

C’est le pire cataclysme naturel que le Québec ait connu. Du 5 au 9 janvier 1998, une quantité phénoménale de pluie verglaçante s’abat sur le sud-ouest de la province. Les installations d’Hydro-Québec ne résistent pas au poids de toute cette glace accumulée, et plus d’un million de Québécois se retrouvent sans électricité.

Un cauchemar s’annonceLe lundi 5 janvier 1998, au retour des Fêtes, les habitants de Montréal et de la Montérégie voient apparaître un paysage féerique. La pluie verglaçante qui crépite depuis quelques heures a recouvert les arbres d’un manteau de verre. Mais cette beauté est trompeuse. Le PDG d’Hydro-Québec, André Caillé, qui se trouve à Paris pour une conférence, pressent qu’un malheur se prépare et rentre d’urgence.

C’est le pire cataclysme naturel que le Québec ait connu. Du 5 au 9 janvier 1998, une quantité phénoménale de pluie verglaçante s’abat sur le sud-ouest de la province. Les installations d’Hydro-Québec ne résistent pas au poids de toute cette glace accumulée, et plus d’un million de Québécois se retrouvent sans électricité. Dans la zone la plus touchée, appelée le « triangle noir », certains sinistrés seront privés de courant pendant cinq semaines. En plein hiver.

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Ferraria de São João. A aldeia salva pelos sobreiros

Por Nuno Antunes Marta F. Reis

Em Ferraria de São João, não foram precisos peritos ou estudos. Bastou olhar à volta na manhã depois do fogo para perceber o que tinha de ser feito. O ‘como’ é que não é linear. «Isto é que devia ser um caso de estudo», diz Pedro Pedrosa, da associação de moradores da aldeia na fronteira entre Penela e Figueiró dos Vinhos.

Ao chegar a Ferraria de São João, não há como não ver o que está à vista de todos. Há o povoado, uma circular verde de sobreiros e depois a encosta de eucaliptos queimados, o chão negro. O fogo chegou na madrugada de 18 de Junho, vindo do concelho de Figueiró dos Vinhos pela serra a oeste da aldeia. As chamas desceram a montanha numa frente em toda a largura e depois pararam. Não houve helicópteros. Havia dois carros de bombeiros, um em cada ponta, mas a certa altura deixaram de poder ir buscar água ao tanque. Foram os sobreiros, imagem de marca da aldeia, a guardar o lugar de 38 habitantes, orgulhosos deste património legado pelos antigos. Nunca, na história recente, tinham percebido o quanto podiam fazer a diferença.

A aldeia fica na fronteira entre o concelho de Penela e Figueiró dos Vinhos, linha que cruza precisamente o sobreiral que quase parece deslocado numa região onde predomina eucalipto e pinheiro. Pedro Pedrosa, da associação de moradores de Ferraria de São João, diz que são 400 árvores, que fazem parte da história da terra. «Algumas têm dois séculos. Os mais antigos dizem que na altura foram plantados para proteger a aldeia dos incêndios. É curioso ver como há duas ou três gerações já havia essa percepção», explica o proprietário de uma empresa de turismo de natureza e de um turismo rural, que há oito anos trocou a vida em Lisboa pela aldeia. Ali, os sobreiros já eram bem estimados antes de o fogo tornar evidente o seu papel. «Metade estão em terrenos privados e a outra metade num baldio, mas historicamente sempre existiram donos para cada uma das árvores. Até estão registadas nas Finanças e foram sendo transmitidas». Há oito anos, a associação de moradores nasceu doutra aventura da aldeia, a criação do primeiro centro de BTT do país. Mas a política florestal também passou a fazer parte das missões. «Na altura, 84 árvores pertenciam a uma mesma pessoa, o senhor José Vaz, que quis vender. Como o terreno não era de ninguém e queríamos que mantivesse o usufruto pública, a associação comprou-as».

Lançaram então um projecto singular de adopção de sobreiros, que permitiria manter as árvores e os terrenos limpos. Por 40, 60 ou 80 euros, os adoptantes ganhavam direito a nove anos do sobreiro-afilhado, com direito a metade da cortiça, mas também à sombra da árvore. Neste momento, há cerca de 60 sobreiros adoptados, a maioria por portugueses, mas alguns pelos turistas estrangeiros que ao passar por Ferraria foram vendo interesse no Projecto, que em Junho acabaria por se revelar muito mais do que uma carolice.

O fogo que se auto-extinguiu

Passava pouco da 1 da manhã de domingo, já depois do caos em Pedrógão Grande, quando as chamas atacaram a aldeia. Começaram a descer a encosta e a devorar os eucaliptos até que chegaram ao sobreiral. No local, é notória a linha em que a batalha foi ganha. Há sobreiros que de um lado ainda ficaram chamuscados e do outro continuam verdes vivos. Pedro Pedrosa explica que não

havia qualquer cordão de água: o fogo auto-extinguiu-se ali. «Quando chegou ao sobreiral bateu nas primeiras árvores, algumas arderam, mas outras só ficaram chamuscadas. Como debaixo do sobreiral a vegetação é muito rasteira e a cortiça arde mal, acabou por se auto-extinguir. Debaixo do sobreiral nem o chão ardeu».

A aldeia acabou por ser cercada pelas chamas, mas saiu incólume. «O fogo acabou por só conseguir entrar numa zona do sobreiral até às casas e foi porque havia alguns eucaliptos no meio dos sobreiros e já crescidos. De resto, contornou e passou».

Na manhã seguinte, o que precisava de ser feito saltava à vista e foi convocada uma reunião da associação. «Já tínhamos tido um incêndio lateral naquela encosta, mas tínhamos conseguido pará-lo antes de chegar ao sobreiral. Foi a primeira vez que realmente vimos aquele cenário». A decisão de reforçar o perímetro de sobreiros e cortar todos os eucaliptos num raio de 100 metros em torno da aldeia foi unânime entre os moradores. Mas o trabalho estava só a começar. «Estamos a falar de uns cinco hectares com eucalipto e tivemos de definir as diferentes fases do processo. A primeira coisa a fazer era o cadastro, porque não podíamos mexer em terrenos que não são nossos», explica Pedro Pedrosa.

Passa um mês e esse levantamento - que, depois da aprovação esta semana no Parlamento, o Governo pretende iniciar precisamente na zona afectada pelos incêndios de Junho - ali já está feito. E mostra bem a manta de retalhos que compõe a floresta nacional. «Para ter uma ideia, temos cerca de 300 parcelas de terrenos identificados e cerca de 60 proprietários. Algumas parcelas têm 30 metros quadrados, o tamanho de uma sala de jantar», diz Pedro Pedrosa, isto só tendo em conta a faixa de protecção de 100 metros - ir mais longe, diz este morador, seria por agora difícil. Foi tudo cartografado com GPS para que se possa iniciar o trabalho de remoção de eucaliptos e raízes sem que se ponha em causa a delimitação dos terrenos, caso seja preciso remover temporariamente marcos.

Um mês depois do fogo, o cadastro de proprietários na aldeia está feito. Só ali, são 300 parcelas de 60 donos

Feito o levantamento, foi negociado o corte das madeiras. Alguns proprietários avançaram sozinhos e a associação já tem, entretanto, a autorização de 45 outros proprietários para mexer nas terras, trabalho que vai começar já esta segunda-feira. Já a reflorestação com árvores autóctones, entre elas mais sobreiros, está prevista para a chegada do Outono, o tempo disso.

Dito assim num par de linhas até parece simples, mas Pedro Pedrosa acredita que, a nível nacional, não será possível replicar o modelo de aldeia para aldeia e exige todo um trabalho de intermediação social que não vê ninguém discutir. «Há uma função muito difícil de facilitação do processo. Nem é convencer as pessoas, mas explicar-lhes o que está a ser feito. Isto é um problema social e é preciso encontrar técnicas que permitam comunicar e levar as pessoas a aceitar um modelo de arborização e propriedade que contraria o que têm há 100 anos. Hoje em dia temos terrenos muito abandonados que as pessoas não querem vender, não querem deixar limpar e não vemos ninguém discutir isto».

O que torna difícil a mudança é a pergunta para a qual Pedro não tem ainda uma resposta clara. «Se soubesse tinha a resposta para o problema aqui. É o valor sentimental das propriedades, é o receio de que alguém esteja a aproveitar-se. Isto sim devia ser um caso de estudo. Sem este problema resolvido, ninguém vai conseguir fazer nada em termos de política florestal e protecção das aldeias.»

Ali, ainda assim, não foram precisos peritos ou estudos para dar os primeiros passos e há que dizer que não estão contra os eucaliptos. «A culpa não é dos eucaliptos, é de estarem mal plantados e não serem limpos os matos. Perto da aldeia há um bosque de eucaliptos gerido pelas celuloses que não ardeu: estava limpo e as árvores tinham o espaçamento correcto. Não temos nada contra, o eucalipto não pode é estar à beira das casas porque é uma árvore em que o fogo progride rapidamente e, plantado como estava, as pessoas nem tiram rendimento económico ali».

Com reuniões todos os domingos para discutir o que fazer, a aldeia até tem estado a ganhar nova vida. «Não existe um café, não tínhamos uma vida social muito activa. Não era o objectivo inicial, mas acredito que vamos proteger mais a aldeia e aproximar as pessoas». E passar a mensagem, que neste caso as imagens acabam por falar por si.

No peito vai-me um país

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«Trop de viols par les immigrés » : les femmes suédoises se révoltent dans Europe / International / Islamisme —

par Francesca de Villasmundo

A Malmö, les femmes suédoises ont manifesté pour protester, avant Noël, contre la vague de viols qui déferle sur leur ville. Elles ont été une centaine à descendre dans la rue pour contester le chef de la police locale et la façon dont est gérée la sécurité.

Le dernier atroce épisode concernait une jeune fille de 17 ans violée et torturée par un gang d’immigrés. « Il s’agit d’un crime horrible, particulièrement grave et avec une violence extrêmement brutale », a déclaré Andy Roberts, chef de la police de secteur à North Malmo au Helsinborg Dagblad. C’est le troisième cas en trois semaines, en plein centre de la ville suédoise et c’est la troisième fois en une semaine que les auteurs sont identifiés au sein de bandes d’immigrés qui arrêtent et violentent les femmes.

La seule réponse de la police fût un laconique communiqué du responsable local :

« Ne vous aventurez pas seules dans la ville, après le coucher du soleil. »

Une déclaration qui a mis en colère les Suédoises. Mais non pas à cause de l’immigration invasive comme l’on pourrait le croire. Non ! à l’avant-garde dans la lutte pour l’égalité des droits cette déclaration sonne pour elles comme l’échec de toutes les politiques égalitaristes. D’où cette protestation publique de la part des féministes de Suède. Jamais le couvre-feu pour les femmes n’avait été envisagé quand la Suède était montrée comme le modèle d’intégration et de cohabitation entre toutes les cultures et les ethnies… modèle qui tombe en ruine et laisse apparaître son vrai visage conflictuel.

Pour faire front, le porte-parole de la police locale, Anders Nilsson, a admis que son communiqué était maladroit et confus tout en précisant :

« C’est une question de bon sens. Nous n’avertissons pas les gens de ne pas être dehors, mais de réfléchir à deux fois et peut-être de ne pas marcher seuls tard dans la nuit et d’aller plutôt avec les autres ou de prendre un taxi. »

Car garantir la sécurité des personnes à Malmö est devenu une urgence absolue.A quelques mois de distance, les paroles de Donald Trump qui comparait la Suède à une poudrière sur le point d’exploser à cause de l’importante présence d’immigrés islamistes prennent une dimension prophétique. Pourtant, à l’époque, elles furent la cible de l’ironie et des contestations de la part du gouvernement suédois. Aujourd’hui, à la lumière de l’attentat de Stockholm et des nombreux viols de la région de Malmö, ces déclarations vont relues avec un autre regard et beaucoup plus de sagesse…

Affinités Historiques Franco-portugaisesAfonso V, “o africano”, est venu en pérégrination en France chercher appui pour continuer les croisades.

por Maria Fernanda Pinto

Afonso n'a que 6 ans quand son père décédé. Son frère Pedro, prend les rênes du gouvernement et tente de limiter le développement des grandes maisons aris-tocratiques, véritables royaumes dans le royaume, concentrant le pouvoir dans les mains du roi. Sous son administration, le pays connaît une période de pros-périté économique mais le climat politique se dégrade et la noblesse complote. À l'âge de 14 ans, âge légal pour régner, Afonso assume le pouvoir, annule toutes les décisions prises sous la régence et déclare rebelle le régent. Il s'ensuit un conflit… mais... la chute de Constantinople le 29 mai 1453, avait été un événe-ment traumatisant pour le monde chrétien suscitant des appels à la croisade.

Afonso V, rassemble ses troupes, mais les autres rois occidentaux ne répondent pas à son l’appel. Afonso V épouse en secondes noces Isabel de Castille et se lance alors dans la conquête du Maroc. Devant les difficultés, il laisse son fils comme régent au Portugal et se rendit à Tours, auprès de Louis XI, pour de-mander son aide et connaître la France.

Louis XI a réfléchi beaucoup “avec envie de l'emprisonner”, mais a refréné ses envies et chargea le Bailli d'Évreux de l'accompagner dans les pérégrinations que Afonso V désirait faire, comme atteste le document suivant : “ De par le Roy. Chiers et bien aimez, vous avez bien sceu comme très haut et très puissant prince notre très chier et très aimé frère, cousin et allié le roy de Castille, de Leon, de Portugal, est venu devers nous, dont avons este et fuymes tres joyeulx, et s'en va presentement en aucuns pellerinages, esquelx faisant, luy conviendra passer par vous ...”

Afonso V, “o africano”, fut un roi lettré. Il n’écrivit pas d’œuvres originales, mais il forma une importante bibliothèque et favorisa la littérature.

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O herdeiro dos rebuçados fez chegar a Dr. Bayard dos avós ao Instagram dos netosEsta é a história de um dos herdeiros da Dr. Bayard e de como as suas escolhas nem sempre se cruzaram com os rebuçados. Até ao dia em que Daniel Matias decidiu fazer chegar aos netos os rebuçados dos avós. Como? Através da Internet e das redes sociais

Texto de Cristiana Faria Moreira / P

Diz que nasceu num caldeirão de açúcar, mel, glucose e plantas medicinais, ingredientes que bem mexidos, aquecidos e arrefecidos se transformam em pequenos rebuçados onde se depositam as esperanças do alívio da tosse maldita. Aos 32 anos, Daniel Matias é um dos herdeiros da Dr.Bayard e tem nas mãos “o peso da tradição” e a missão de fazer com que os rebuçados dos avós passem de geração em geração.

Ali, por trás do discreto portão do número 10, da rua Gomes Freire, na Amadora, entre o barulho ensurdecedor das máquinas do “laboratório” da Bayard, Daniel Matias conta como o pai, José António, as ia todos os dias ligar, de manhã, para depois seguir com Daniel e o irmão André, hoje com 34 anos, para a escola. Era religioso que os garantes do futuro da Dr. Bayard passassem ali todas as manhãs para dar os bons dias ao avô Álvaro, à espera que lhes caísse no pão com manteiga um bocadinho do açúcar dos rebuçados que já estavam a ser feitos.

A história da Dr. Bayard é também a da família Matias, que começou quando Álvaro resolveu testar a fórmula que estava na caixinha que um dia o francês Dr. Bayard lhe deu. E é também sobre como os brinquedos de Benjamim — a quarta geração dos Matias — partilham com os rebuçados o protagonismo das imagens que vão sendo publicadas nas redes sociais para estreitar relações entre as novas gerações e os velhos rebuçados.

Mas, se recuarmos uns anos, seria difícil imaginar Daniel a assumir parte do negócio da família. Apesar de ter sido criado no meio dos rebuçados, era a música que lhe enchia as medidas. Teve bandas, tocava instrumentos. Tirou um curso de técnico de som na Restart - Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias. Chegou mesmo a ter um estúdio com amigos onde fazia gravações de bandas. Até que, em 2011, decide partir para Berlim com a mulher (na altura namorada), Cláudia. Um dia cruzou-se com o vídeo, no outro já estava a trabalhar como freelancer, a gravar e a editar filmes.

Entretanto, Benjamim, o filho do casal, nasceu. O regresso a Portugal começou a ser ponderado. Foi “juntar um mais um”: aliar a experiência de quatro anos em Berlim e aplicá-la na comunicação da Bayard que “ainda não estava muito desenvolvida”.

Acabaram por regressar, em 2015, à mesma casa onde Daniel tinha crescido, na Amadora, envolta no cheiro a mel misturado com mentol que sai da fábrica que fica no andar de baixo. E que hoje serve, muitas vezes, de pano de fundo das muitas fotografias que partilha nas redes sociais da Bayard.

Rejuvenescer a marca

“A nossa marca tem um público ainda com bastante mais idade. Se as pessoas não passarem para os filhos, há uma quebra grande na marca”, nota Daniel. O objectivo, diz o director de comunicação, foi sempre trabalhar a faixa etária dos 25 aos 35, “com uma linguagem visual que as pessoas não associam muito à Bayard, para trazer pessoas diferentes à marca”.

(Num ano são utilizadas, 128 ton de glucose, 40 ton de mel e 600 ton de açucar)

É que pouco mudou — e ainda bem, salienta Daniel — ao longo dos quase 70 anos da marca dos rebuçados peitorais. “Apesar de nós acharmos que não temos concorrência directa, todas as marcas têm uma presença muito forte no digital. E acho que estávamos a ficar um bocado para

trás.”

Por isso, desenvolveu um site com uma loja online, começou a pôr a marca a borbulhar nas redes sociais, partilhando fotografias, vídeos e conteúdos sobre os bastidores do negócio. Os rebuçados vão dividindo o protagonismo com os gatos e com os brinquedos de Benjamim, hoje com três anos. “Compramos muitos brinquedos com a desculpa de que é para o nosso filho, mas também é para nós”, admite Daniel, confessando que muitas das ideias surgem de um trabalho de equipa com Cláudia.

Os destinos da Dr. Bayard estão ainda sob a responsabilidade do pai, José António, mas os dois filhos estão sempre por perto. “Acho que [o pai] ficou muito contente quando viu que eu estava interessado em trabalhar na fábrica e dar continuidade ao negócio. E não só na parte da comunicação, mas em todo o processo. Como é uma pessoa mais velha não está muito ligada às redes sociais, mas começa a ter algum feedback das pessoas na rua”, refere.

Ponto de rebuçadoA história, já se sabe, junta um médico francês, o Dr. Bayard, refugiado da Segunda Guerra Mundial, e um português de Almeida, na Guarda, que tinha ido trabalhar para Lisboa, para uma mercearia. Havia de estar aí, nessa amizade, cultivada ao balcão da mercearia, onde Álvaro Matias conseguia arranjar à família francesa comida extra numa altura em que tudo era racionado, e pelas ruas da capital, por onde o jovem merceeiro os orientava qual guia turístico, a razão para a receita dos rebuçados peitorais ter ido parar às mãos do português.“A guerra acabou e, quando o Dr. Bayard voltou para França, tinha perdido quase todas as posses. E, para agradecer ao avô, a única coisa de valor que tinha era uma latinha com uma fórmula de uns rebuçados que ele dizia que fazia lá em França”, conta Daniel.

A fórmula permaneceu uns anos dentro da caixa, até que o avô resgatou a receita e começou a fazer vários testes, em casa, ao lume, numa panela e com uma colher de pau, para chegar ao ponto do rebuçado. Num cesto de verga, vendia-os primeiro nos cinemas. Até que, a certa altura, dada a procura, foi mesmo preciso começar a fazer “uma linha de montagem” com a mulher e com os filhos, um deles José António, que embrulhavam os rebuçados à mão.

Por comparação com esse processo artesanal, hoje há máquinas com capacidade para embrulhar 1000 rebuçados por minuto. Por dia, na Dr. Bayard, a produção pode chegar às quatro toneladas de massa doce, suficientes para fazer cerca de 800 mil rebuçados. Num ano, detalhou Daniel, são gastas 125 toneladas de glucose, 40 toneladas de mel e 600 toneladas de açúcar. Hoje, a fábrica emprega 16 pessoas. À frente da produção estão só mulheres, enquanto a administração está reservada aos homens da família Matias. “Já era assim no tempo do meu avô”, sublinha Daniel.

É a “consistência” da Bayard, acredita Daniel, que tem permitido à marca manter-se todos estes anos, longe das corridas pela inovação e pela internacionalização. “É uma coisa tão bem feita que se fôssemos mexer estragávamos”, diz o herdeiro dos rebuçados.

Com a criação da loja online, Daniel quis levar um pouco de Portugal ao mundo e aos portugueses que estão longe. Chegaram já a alguns países da União Europeia. “Mas são números muito insignificantes quando comparados com o volume de vendas no mercado nacional”, nota, que absorve totalmente a produção da fábrica, facturando, por ano, cerca de 2,5 milhões de euros.

Se a sucessão da Dr. Bayard está já assegurada para a próxima geração, a esperança de Daniel é que Benjamim, e a filha que nascerá em Março, também lhe possam suceder. “O meu trabalho aqui é passá-lo para a geração seguinte”.

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Un satellite du Pentagone a mystérieusement disparuLancé par SpaceX le 7 janvier, le satellite-espion Zuma n’aurait pas rejoint l’orbite prévue, et n’a pas donné signe de vie. Que s’est-il passé ?

Par Guerric Poncet

Lancement du satellite Zuma par une fulsée Falcon 9 de SpaceX, le 7 janvier 2018.

C’était un contrat stratégique pour SpaceX : la mise sur orbite d’un satellite militaire américain ultrasecret devait absolument être une réussite, pour rassurer un client aussi prestigieux que le Pentagone. Les équipes d’Elon Musk ont crié victoire après le lancement réussi le 7 janvier depuis Cap Canaveral : le premier étage du lanceur Falcon 9 a même réussi à revenir se poser sans encombre sur Terre afin d’être réutilisé. Mais le satellite n’a, semble-t-il, jamais rejoint l’orbite prévue : un mystère ouvrant la voie aux spéculations les plus folles.

Tout s’est bien déroulé durant le lancement, du décollage au largage de la coiffe (qui protège le satellite durant le lancement), selon SpaceX, qui a pour habitude de communiquer avec sincérité sur ses échecs. « Après analyse de toutes les données disponibles à ce jour, il apparaît que Falcon 9 a réalisé toutes les tâches prévues dimanche soir. Si d’autres éléments émergent, nous le signalerons immédiatement. En raison du caractère classifié de la mission, nous ne pouvons pas faire d’autre commentaire », a expliqué Gwynne Shotwell, présidente de SpaceX. Le site space-track.org, une base de données des objets en orbite autour de la Terre, a bien référencé Zuma : cela pourrait indiquer que le satellite a au moins effectué une orbite.

La séparationLa première hypothèse est que le satellite ne se serait pas séparé, et se serait donc consumé en retombant dans l’atmosphère avec le deuxième étage du lanceur. Zuma a été fabriqué pour le Pentagone par Northrop Grumman, qui, contrairement à l’usage chez SpaceX, a aussi fourni le système de fixation de la charge utile (le satellite) au lanceur. Cette pièce sera à n’en pas douter au centre de l’enquête. Northrop Grumman a refusé de commenter cette mission classifiée.Toutefois, cette hypothèse soulève une question : voyant que le satellite ne se séparait pas, pourquoi les ingénieurs au sol n’ont-ils pas essayé de retarder la rentrée du deuxième étage dans l’atmosphère et de résoudre le problème ? Réponse des experts interrogés par la presse américaine : ce n’est peut-être pas possible sur une fusée Falcon 9, ou alors les communications étaient impossibles à ce moment-là (elles dépendent d’un réseau incomplet d’antennes réparties tout autour de la Terre).

Autre hypothèse : le satellite a pu être endommagé lors de la séparation, et ses systèmes de communication ont pu être touchés, ce qui expliquerait qu’il n’ait pas donné signe de vie, mais aussi que la rentrée dans l’atmosphère du deuxième étage n’ait pas été retardée. Il a peut-être rejoint son orbite tout en étant condamné au silence... Dans une semaine, la trajectoire supposée de Zuma pourra être observée par les amateurs, et nous saurons probablement s’il est sur son orbite ou pas.

Des hypothèses follesPuisqu’il s’agit d’un satellite militaire ultrasecret, les théories les plus folles ont immédiatement fleuri. Certains estiment que le gouvernement américain veut dissimuler un satellite-espion fantôme en faisant mine de l’avoir perdu, d’autres accusent Moscou ou Pékin de l’avoir détruit (ce qui est possible avec un missile ou un autre satellite... mais pas très discret). La défaillance technique reste de loin l’hypothèse la plus crédible...

Semaine cruciale pour SpaceXTrès peu d’informations ont filtré sur le satellite Zuma, qualifié de «satellite-espion» par la presse américaine. SpaceX a connu deux incidents majeurs en 2015 et 2016, mais a réussi 18 lancements d’affilée en 2017. Le groupe spatial du milliardaire Elon Musk espère conquérir de nouveaux marchés, dont celui des satellites gouvernementaux ultrasensibles, des lancements traditionnellement réservés aux agences spatiales nationales comme la Nasa.Cette deuxième semaine de janvier est cruciale pour SpaceX, qui doit tester son nouveau lanceur lourd Falcon Heavy, capable de placer 26,7 t sur orbite de transfert géostationnaire (contre 10,5 t pour la future Ariane 6).

Roi du Portugal, exilé en France...

Par Nanda Pinto / Paris

Dernier membre de la dynastie d’Aviz, D. António, connu sous le nom de Prior do Crato, (mais aussi le Déterminé, le Combattant ou l'Indépendantiste pour l'énergie déployée à rétablir l'indépendance du Portugal), était fils bâtard de D. Luis et cousin du roi D. Sebastião qu'il a accompagné lors de la campagne ma-rocaine, échappé vivant du désastre de Alcácer Kibir, où D. Sebastião a perdu la vie.

Il rentre au Portugal, qui se trouve plongé dans une crise de succession, le jeune roi D. Sebastião ayant disparu dans la bataille. D. António cherche à se faire re-connaître héritier du trône, en tant que petit-fils de D. Manuel Ier, contre Philippe II d'Espagne (marié à la tante de D. Sebastião), mais son statut de bâtard et de fils de nouveau chrétien (encore que cette dernière affirmation ne soit pas prou-vée), lié au fait que son père ait été Prieur de l'Ordre de Crato, sa candidature n'aurait jamais été validée. Philippe II devient roi du Portugal et mets la tête de D. António à prix.

Il quitte le Portugal, erre pendante des mois, arrive à Calais et après à Paris où il est logé au Louvre. Catherine de Médicis le soutien contre la promesse d'obtenir une implantation au Brésil. Comme ça ne marche pas, il va en Angleterre où il séjourne quelque temps. Ensuite il tente de s'emparer des Açores à 2 reprises avec une flotte française, mais il échoue. Après D. António revient à Chartres invité au sacre d'Henri IV, il y reçoit de riches vêtements et une place d'honneur.

Il finit ses jours à Paris en 1595, à 64 ans. Le journal de Pierre l'Estoile dit : « en ce mois, mourut à Paris dom António, Roy du Portugal...»

Il est inhumé à l'église du grand couvent des Cordeliers à Paris et sous l'ordre du roi de France, son cœur est déposé au couvent des béguines de l' Avé Maria.

Mais il paraît que son corps a disparu lors du transfert de son cercueil vers l'église de Saint Germain l'Auxerrois, paroisse des rois de France...nul ne le sait...

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Memórias navais Na bibliografia deixada por gente do mar distinguiram-se, mais perto de nós, as belíssimas obras de cronista de um Joaquim Pedro Celestino Soares com os seus Quadros Navais, ou João Braz d’Oliveira com as não menos famosas Narrativas Navais, que nos desenharam imagens e vivências muito características do século XIX português.

Depois, com a viração do século, outros “marujos” escreveram as suas memórias, de um tempo que foi desde a época dos navios à-vela-e-a-vapor até aos alvores do “Estado Novo”, muito espraiada pelos mares ultramarinos até ao Oriente pintado com arte por Wenceslau de Moraes ou Jaime do Inso. Lembramo-nos de Marinheiros de Portugal de Bernardo Mesquitela, de Escola de Mouzinho de Eduardo Lúpi, de No Mundo da Âncora de Travassos Valdez, de Histórias de Marinheiro de Óscar de Carvalho, de Navios e Marinheiros de Emílio da Silva ou ainda das Marinhescas e dos dois volumes de Marulho, de Joaquim Costa (que usava o pseudónimo De Macedo), todos um tanto tocados pelas nostalgias das juventudes já idas.

Na nossa geração, a veia literária de marinheiros tardou talvez mas, quiçá acossada pelo rolo esmagador das memórias e melancolias que são as novas tecnologias de comunicar, aí está agora uma corrente assinalável de gente-do-mar que não quer deixar a praça sem gravar alguma marca literária das suas vivências, sonhos e perplexidades. Como é compreensível, o cenário das últimas guerras coloniais está muitas vezes presente, tal como já acontecera com gente que palmilhou com as suas “botas cardadas” os trilhos e as picadas africanas, de Lobo Antunes a Vale Ferraz (ou àquelas que lhes sofriam os desalentos, como Lídia Jorge), sentimentos que também afloram entre os testemunhos de “cinzentos” que Barão da Cunha tem registado na sua colecção Fim do Império.

Entre a nova vaga de talentos literários que narram estas aventuras “marujas” podem figurar O Quarto da Alva de Patrício Leitão, A Viagem da Corveta de Manuel Begonha, Era Só Eu e o Mar de Alvarenga Rua, Retalhos de Vidas de Marinheiros de Geraldo Lourenço ou Estórias do Arco da Vela de Roberto Robles. Mais escondidas no interior de relatos factuais, vislumbram-se também os estados-de-alma e sentimentos de diversos protagonistas que estão presentes em A Última História de Goa de Marques da Silva, no livro Bissau em Chamas de Reis Rodrigues e Silva Santos ou mesmo na colectânea Comandar no Mar, agora lançada. Mas, num país de aventureiros que nos legou Camões e Fernão Mendes Pinto e que dispõe agora de editores como Fernando Mão-de-Ferro (Colibri), a Âncora ou a Sextante (de João Rodrigues) dispostos a publicar coisas destas, não espantaria que o excelente e imaginativo ficcionista que é Jacinto Rego de Almeida (outro que não foi dos “insignificantes” a que se referia Jorge de Sena) viesse ainda a dedicar um livro a algumas das muitas e engraçadas “histórias da coberta”, que sempre foram sendo propaladas pela inesgotável “voz da abita” e às quais os Anais do Clube Militar Naval (vide Junça e companhia) deram acolhimento durante muito tempo.

Com maior afinação das suas cordas de sensibilidade (marinheira e humana), citaremos ainda os Pedaços da Minha Vida com que nos brindou o Comandante Oliveira Costa (Ó Costa para os amigos) e, numas divagações mais telúricas e continentais, a selecta póstuma de textos de Ferreira Júnior Terra-Mar-E-Guerra (Cogitações de um Marinheiro Alentejano) ou os volumes Caminhando… saboreando e o recente E não só… de António Oliveira Bento. Porém, verdadeiramente surpreendente é o livro Enquanto me lembro há um ano publicado por José Guerreiro – aliás Júlio José Guerreiro das Chagas Torre – o qual, além do mais, nos dá de borla uma lição de como se devia escrever em bom português.

Eis, pois, esta minha crónica de hoje, “mansa como um conto de Natal”, como já alguém escreveu dever ser.

JF / 12.Dez.2017

Financiamento dos Partidos

O silêncio de Ferro Rodrigues é inadmissível Por Alexandre Homem Cristo

A Marcelo já não basta vetar o diploma do financiamento partidário. Importa que, em nome do regular funcionamento das instituições, aponte o dedo: ao ficar calado, Ferro Rodrigues legitimou o golpe.

No meio do ruído (justamente) gerado pelas polémicas alterações dos partidos às regras do financiamento partidário, quase todos os protagonistas da política nacional sentiram a necessidade de se pronunciar. Sublinhe-se o ‘quase’. É que prevalece um silêncio ensurdecedor: o do Presidente da Assembleia da República. Eduardo Ferro Rodrigues não emitiu uma declaração, não esboçou um gesto, não disse uma palavra, não solicitou um único esclarecimento. É admissível que o Presidente da Assembleia da República, que deve garantir o regular funcionamento do parlamento e do processo legislativo, assista imóvel à revelação de que a normal transparência foi sabotada pelos partidos, que instrumentalizaram um grupo de trabalho em benefício próprio? Obviamente que não. Pelo menos não o é num país que leve as suas instituições políticas a sério – o que, afinal, nunca pareceu ser o caso de Portugal.

É função do Presidente da Assembleia da República coordenar e dirigir os trabalhos parlamentares. Mais: compete-lhe assegurar o cumprimento do Regimento (isto é, o conjunto de regras para as actividades parlamentares) e zelar pelo funcionamento dos trabalhos parlamentares. Ou seja, Ferro Rodrigues, como segunda figura do Estado, não é responsável pelo conteúdo das leis elaboradas e discutidas nas comissões parlamentares – isso é com os partidos, que apresentam e votam as propostas. Mas Ferro Rodrigues é o primeiro responsável pelo respeito pelos procedimentos parlamentares, definidos para salvaguardar, entre outras, condições de igualdade, representação política e transparência (para escrutínio público). É, simplificando, o árbitro do jogo político no parlamento, e quem assegura que todos seguem as regras delineadas à partida.

Ora, neste caso das alterações ao financiamento partidário, há três pontos que objectivamente espelham a violação dessas regras, leia-se o regular funcionamento dos trabalhos parlamentares. Primeiro, no respectivo grupo de trabalho, os partidos reuniram por nove vezes à porta fechada – o que contraria o procedimento habitual e não tem aqui justificação. Segundo, ao contrário do que sempre sucede nos trabalhos parlamentares, desta vez não houve actas ou quaisquer outros registos acerca do teor das discussões e do processo legislativo, tornando impossível o escrutínio público. Terceiro, de forma insólita, os partidos optaram por não ser identificados nas suas propostas e, em vez da indicação partidária, estas surgiram nos documentos de trabalho sob anonimato, para que não se percebesse quem propôs o quê (caso os documentos saíssem do grupo de trabalho) – e isto, se não for inédito, anda lá perto.

Resumindo, Ferro Rodrigues falhou duas vezes. Num momento inicial, não foi capaz de prevenir tal sabotagem dos partidos aos normais procedimentos parlamentares no grupo de trabalho sobre o financiamento partidário – ou seja, não foi capaz de zelar pelo regular funcionamento dos trabalhos parlamentares, como é das suas funções. E agora, confrontado pelos factos que vieram a público pela comunicação social, Ferro Rodrigues optou pelo silêncio conivente com o golpe dos partidos. Ou seja, ficou calado num momento-chave de justa indignação popular em que, pelas suas funções, deveria ter imediatamente emitido uma declaração pública, solicitado esclarecimentos aos partidos e aos serviços parlamentares, censurado o comportamento dos deputados e garantido que tal não se voltaria a passar sob a sua Presidência.

Este silêncio é inadmissível e torna o Presidente da Assembleia da República cúmplice do golpe partidário. No final, tudo conduz à triste constatação de que quem está a zelar pelo regular funcionamento da Assembleia da República não está nada preocupado com o regular funcionamento da Assembleia da República. O que sobra, então? Só Marcelo. É por isso que, ao Presidente da República, já não basta olhar ao conteúdo das alterações que os partidos desenharam à sua medida, vetando o diploma. É necessário que, em nome do regular funcionamento das instituições democráticas, Marcelo aponte o dedo: ao fechar os olhos e ficar calado, Ferro Rodrigues legitimou o golpe.

Todos não somos demaispara salvar Portugal

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France : la Guerre contre les Pompiers et la Police

par Yves MamouTraduction du texte original: France’s War against Firefighters and Police

Une guerre ouverte - mais qui ne dit pas son nom - contre la police et les pompiers bat son plein. « 2 280 pompiers ont été agressés en 2016 ... Dans certaines zones, la police est appelée uniquement en protection des combattants du feu. » - Observatoire national de la délinquance, Europe 1.

Deux policiers qui ont risqué leur vie pour sauver des enfants prisonniers d’un appartement en flammes, ont été attaqués et lapidés au sortir de l’incendie alors qu’ils tenaient encore les enfants dans les bras.

Comme d’habitude, les politiciens minimisent le problème. Le gouvernement ne considère pas la violence urbaine croissante comme du terrorisme. A son habitude, il va tenter d’acheter la paix sociale avec de l’argent.

Le ministre de l’intérieur, Gérard Collomb, a affiché clairement sa joie et son soulagement le 1er janvier au matin : aucune attaque terroriste n’a eu lieu le soir du Nouvel An. Collomb profité de son invitation sur Europe 1 pour chaleureusement remercier les 140 000 policiers, soldats, pompiers et associations de sécurité civile mobilisés pour bloquer toute attaque terroriste potentielle.

Depuis 2015, tous les gouvernements français ont nié que l’Islam soit en guerre avec la France. Mais pour être sûr que 2018 commence pacifiquement, le ministère de l’intérieur a mobilisé le 31 décembre plus de forces de sécurité que l’armée française ne compte de soldats. Rappelons que l’ensemble des forces militaires terrestres françaises ne compte que 117 000 soldats en service actif .Dans un communiqué de presse , le ministre Collomb a déclaré :

« Grâce à la très forte présence policière, combinée à l’efficacité des mesures de protection mises en œuvre sur le fondement de la loi du 30 octobre 2017 renforçant la sécurité intérieure et la lutte contre le terrorisme (SILT), les fêtes de la Saint-Sylvestre ont pu se passer de manière sereine pour l’ensemble des Français. »

Aucune attaque terroriste n’a eu lieu, mais affirmer que la nuit de la Saint Sylvestre a été « sereine » est, au mieux, un euphémisme. Conformément à la « tradition », 1031 véhicules ont été intentionnellement brûlés (935 en 2016) dans la banlieue majoritairement musulmane qui entoure chaque grande ville de France.

Dans la seule région de Paris, 250 voitures ont été incendiées, et huit policiers et trois gendarmes attaqués et blessés. Une vidéo, rapidement devenue virale sur Internet, a montré une foule de « jeunes » (le substantif utilisé par les médias pour évoquer les jeunes africains et arabes des cités) assommant de coups de poings et de pieds une policière jetée à terre. Elle avait tenté de disperser ces mêmes « jeunes » qui avaient pris d’assaut une soirée du nouvel an à laquelle ils n’était pas conviés à Champigny près de Paris.

A Strasbourg, selon le syndicat de police Alliance, « cinq policiers ont été légèrement blessés, dont quatre par de feux d’artifice », lesquels sont fréquemment utilisés comme des armes. En outre, 70 voitures ont été incendiées intentionnellement.

Dans chaque grande ville, des dizaines de voitures ont été incendiées et, dans les banlieues, des dizaines de commandos de « jeunes » ont attaqué la police.

Même au cœur de Paris, où la police était ostensiblement postée à tous les carrefours, des « incidents » ont eu lieu. Selon Le Figaro, qui a divulgué un rapport confidentiel du ministère de l’Intérieur, les attaques ont eu lieu à chaque minute :

« A 20h50, au coin des Champs-Elysées et de la rue Balzac, des gendarmes ont arrêté sept individus qui jetaient des bouteilles vides sur la foule. Les victimes n’ont pu être identifiées. Les agresseurs, des migrants illégaux originaires d’Afghanistan, ont été placés en détention administrative. »

Le rapport mentionne également un serveur du restaurant Le Fouquet’s sur les Champs Elysées, blessé au couteau alors qu’il tentait de mettre fin à une altercation. Ce rapport confidentiel, uniquement dédié aux violences commises en région parisienne, n’était qu’un sous-ensemble d’un rapport beaucoup plus volumineux répertoriant tous les actes de violence commis sur l’ensemble du territoire national le soir du 31 décembre.

Tous ces événements - à l’exception des incendies de voiture, qui depuis des années servent de « feux d’artifice » aux « jeunes » le soir du Nouvel An - ne se limitent pas à la Saint-Sylvestre. Violences et agressions contre la police et les pompiers sont le pain quotidien des banlieues. Le 2 janvier 2018, deux policiers, qui venaient de risquer leur vie pour sauver des enfants d’un appartement en flammes en banlieue parisienne, ont été attaqués et lapidés par la foule.

En Novembre 2017, la station de radio Europe 1 a publié les chiffres d’un rapport

confidentiel sur les attaques de pompiers :

« Les chiffres de l’ Observatoire national de la délinquance que s’est procuré Europe 1 pointent une augmentation de 17% en 2016. Ainsi, l’année dernière, 2.280 sapeurs-pompiers ont été victimes d’une agression contre 1.939 en 2015, selon la même source. Les arrêts de travail ont également bondi de 36,5%, notamment dans les Hauts-de-France où les soldats du feu sont confrontés au quotidien à des situations de plus en plus extrêmes. Avec 366 agressions en 2016, il s’agit de la région la plus touchée par ce phénomène juste derrière la Nouvelle-Aquitaine (406 agressions déclarées). En conséquence, les forces de l’ordre sont amenées, dans certaines zones, à encadrer les interventions. »

Selon Bruno Retailleau, député, président d’une commission parlementaire sur l’état des forces de sécurité intérieure :

« La moitié des 4 079 gendarmes blessés lors d’interventions en 2016 sont la conséquence d’une agression. Côté police, le nombre de blessures par arme recensées en mission connaît une hausse de 60 %. »

Cinq mois après l’adoption d’une loi qui a assoupli les règles limitant le droit à la légitime défense des policiers, la chaîne d’information LCI a révélé que l’usage d’armes à feu par les policiers, notamment pour « intimidation ou sommation » (tirs en l’air ou au sol), était en hausse de 89%. Ce type de coups de feu est « justifié et justifiable », a noté l’IGPN (la police des polices) dans une note confidentielle de juillet 2017, également révélée par le LCI.

Une guerre ouverte et qui ne dit pas son nom bat donc son plein contre les pompiers et la police. Le 3 janvier 2018, le quotidien Le Parisien titrait : « Quand la police ne fait plus peur ».

Le même jour, Lydia Guirous, présidente du parti d’opposition, Les Républicains, a déclaré :

« Dans les banlieues, l’autorité de l’Etat n’existe plus, l’impunité prédomine, la police est dans la peur et les moyens de répondre font défaut. Ce sentiment d’impunité doit être brisé ».

Comme d’habitude, le gouvernement minimise le problème et ne considère pas la propagation de la violence urbaine comme du terrorisme. Le 1er janvier 2018, le ministre de l’Intérieur a expliqué que les violences commises en banlieue contre la police et les pompiers étaient la réponse à l’injustice sociale qui était faite aux populations qui y vivent. Reprenant les mêmes poncifs, il a répété que les bandes de « jeunes » n’étaient pas des criminels, mais les victimes de leur « environnement »:

« Je crois que ce sont ces quartiers qu’il faut changer. Lorsque l’on voit ces grandes barres on se dit qu’il y a un aspect inhumain qui ne peut générer que de la violence ... Je crois que ces quartiers ne peuvent pas rester comme ça. »Fidèle à la tradition, le gouvernement va donc essayer d’acheter la paix avec de l’argent. Pendant ce temps, les suicides se propagent parmi les policiers. En novembre 2017, en une semaine, cinq policiers se sont suicidés dans différentes villes françaises. Le 3 décembre 2017, un policier s’est suicidé au commissariat d’Alençon. Le 5 décembre 2017, un policier chargé de la sécurité du ministre du Travail s’est suicidé dans le parking d’un commissariat de la gendarmerie. Entre le 1er janvier et le 1er décembre 2017, 47 policiers et 16 gendarmes se sont suicidés. Un record.

Sur la photo: Véhicules de police et de pompiers sur le site d›une attaque terroriste commise sur les Champs-Élysées à Paris, France, le 20 avril 2017. L›attaquant a tué un policier et en a blessé un autre. (Photo par Aurelien Meunier / Getty Images)

Yves Mamou, auteur et journaliste, a travaillé pendant deux décennies pour Le Monde. Il achève un livre, « Collaborateurs et idiots utiles de l’islamisme en France », qui sera publié en 2018.

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Certificadamente autoritários Por Helena Matos/Ob

Portugal é hoje bem menos livre do que era há anos. Em nome do combate às discriminações criámos um monstro. O certificado de igualdade de género é a última criação desse monstro. Mas vai haver mais.

“Governo estuda certificado de igualdade de género para empresas”. Os certificados são a versão do mistério do Espírito Santo (o bíblico não o bancário) na vida das empresas: ao certo não se consegue definir o seu papel, mas são considerados indispensáveis.

Notícias pressurosas informam-nos que o nosso Governo estuda este documento com o governo da Islândia que temos sido abundantemente informados ser um país governado por uma senhora que é pacifista, ecologista, feminista… enfim uma política que está no lado bom das notícias. Note-se que o nosso Governo que também costuma estar no lado bom das notícias apresentou, no passado mês de Novembro, uma proposta de lei para, dizia, combater as desigualdades salariais entre homens e mulheres. Nessa proposta, agora em discussão no Parlamento, prevê-se que as empresas com mais de 100 trabalhadores sejam notificadas pela Autoridade das Condições do Trabalho sempre que forem detectadas desigualdades salariais. Mas tudo isto aparece pouco escassos dois meses depois. E assim num projecto liderado pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) aí iremos ter o certificado de igualdade de género para empresas.

A primeira reacção seria a de sorrir com condescendência como se este “certificado de igualdade de género” fosse mais uma na longa série de decisões grotescas de um governo que não consegue garantir a segurança dos cidadãos mas não os deixa comer arroz doce nos bares dos hospitais, um governo que legislou no sentido de adolescentes de 16 anos puderem mudar de sexo sem relatórios médicos nem consentimento dos pais mas que não permite aos mesmos adolescente e já agora aos seus pais comer uma sandes de presunto num bar de hospital ou pegarem num saleiro num restaurante.

Quiçá alguém mais criativo aproveitasse até para comentar que o certificado de igualdade de género permitirá dar emprego a tanto menino activista que não sabendo o que fazer com os seus cursos de sociologia e antropologia poderá dar uso ao seu lado de cientista social perante os milhares de cafés onde a igualdade de género não está a ser respeitada. Quem sabe até num lampejo de ironia desesperada algum pequeno empresário consiga explicar que perante a catadupa legislativa que visa obrigar as empresas a combater as desigualdades de género, promover a alimentação saudável, combater o desperdício, apoiar o comércio dito justo, defender os transgénero, pagar impostos, taxas e multas, preencher as centenas de formulários e modelos que a administração pública exige… não sobra tempo para produzir bens e serviços.

Mas nada disto é uma excentricidade de quem não conhece o mundo real e o tempo em que se sorria perante o anúncio deste tipo de decisões definitivamente passou. Aquilo que estamos a viver é a transformação da ideologia numa grande burocracia, em que as empresas são um palco para experiências sociais e a discordância individual é tratada como uma anomalia. Quando não como um crime. Veja-se, por exemplo, a queixa apresentada pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) contra o jornalista José António Saraiva. Este escreveu um texto em que se manifesta contra as operações para mudança de sexo que define como “burlas”, “embustes” a par de uma “inaudita brutalidade”.

Perante uma opinião não conforme à verdade oficial logo a CIG – que há uns meses já dera um triste sinal de vida no caso Porto Editora e dos respectivos livros para meninos e meninas – avança com uma queixa contra José António Saraiva acusando-o nada mais nada menos de ser autor de uma mensagem “susceptível de favorecer a prática de atos de violência homofóbica e transfóbica, agravada pela amplificação que decorre da sua divulgação num meio de comunicação de âmbito nacional, podendo o mesmo configurar a prática de crimes de discriminação sexual e de instigação à prática de crimes” e solicitando ao “Ministério Público que proceda às diligências que considere necessárias para o apuramento de eventual responsabilidade criminal no que diz respeito à discriminação e incitamento ao ódio e à violência contra pessoas transexuais”.

Não sei como escrever isto sem que a CIG me processe mas o que José António Saraiva fez foi precisamente alertar para o que ele considera ser uma violência contra os transexuais: as cirurgias a que estes se sujeitam. Não interessa se se concorda ou discorda de José António Saraiva, mas achar que esta queixa é um assunto que só a ele diz respeito (e está na moda dizer mal do arquitecto) será um erro que pagaremos caro. Hoje é com José António Saraiva. Amanhã será connosco.

Portugal é hoje muito menos livre do que era há anos. Em nome da igualdade e

do combate às discriminações criámos um monstro. Ou o enfrentamos ou ele toma conta das nossas vidas.

PS. Não fossem os comunicados sindicais e quase não teríamos percebido que esteve marcada uma greve nos serviços de limpeza da CML para os dias 26, 27, 28 e 29 de Dezembro. A greve foi suspensa pois como anuncia a CGTP “a maior parte das suas reivindicações vão ser cumpridas após compromisso escrito da Câmara Municipal.” E que reivindicações eram essas? Durante as férias os trabalhadores vão receber também subsídio nocturno. E não só, vão também receber 5 anos de retroactivos do subsídio nocturno (de 2013 a 2017). Já agora na CML para se considerar que se faz serviço nocturno basta fazer pelo menos uma hora de trabalho diário no período nocturno. Para o ano que vem haverá mais ameaças de greve porque ainda ficou por negociar o pagamento do suplemento de insalubridade, penosidade e risco durante as férias. Repito, durante as férias. Alguém terá oportunidade de perguntar ao dr. Fernando Medina porque terão estes trabalhadores de receber subsídio de risco por trabalho nocturno durante as férias? Ou os únicos trabalhadores de que por agora se pode falar são os dos CTT em processo reivindicativo de retorno à administração estatal? Mas há mais: conseguiram os delegados sindicais a garantia de que a CML não irá externalizar mais serviços de lavagem de contentores. Por outras palavras, a partir de Maio deste ano, estes serviços serão novamente assegurados pelos trabalhadores da CML. Em resumo, o contribuinte paga com juros a factura da derrota autárquica do PCP.

Angola

João Lourenço exonera mais um filho de José Eduardo dos Santos

por Lusa

João Lourenço exonerou José Filomeno dos Santos da administração do Fundo Soberano de Angola.

Foto LUSA / MANUEL DE ALMEIDA

O Presidente angolano, João Lourenço, exonerou a administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), presidida por José Filomeno dos Santos, tendo nomeado Carlos Alberto Lopes para liderar a instituição.

A informação sobre a exoneração, “por conveniência de serviço”, foi transmitida pela Casa Civil do Presidente da República em nota enviada à agência Lusa, em Luanda, passando o FSDEA, que gere activos do Estado angolano de 5.000 milhões de dólares, a ser presidido por Carlos Alberto Lopes, até agora secretário para os Assuntos Sociais do chefe de Estado.

Depois de Isabel dos Santos, que exonerou do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol, e de ter ordenado a rescisão do contrato entre a Televisão Pública de Angola (TPA) e a empresa Semba Comunicações, detida por Welwítschia “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coreon Dú” para a gestão do segundo canal, José Filomeno dos Santos é o quarto filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a ser afastado do poder por João Lourenço, empossado em Setembro último.

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« J’accuse... ! » : il y a 120 ans, le cri d’Émile ZolaLe 13 janvier 1898, l’écrivain publiait dans le journal « L’Aurore » la lettre « J’accuse..! » pour dénoncer la machination contre Alfred Dreyfus.

Par Anna Breteau / Le Point.fr

Le 13 janvier 1898, le journal « L’Aurore » publie en une une lettre d’Émile Zola adressée au président de la République intitulée « J’accuse ... ! ».

À l›occasion du 120e anniversaire de la publication de J›accuse… ! d›Émile Zola, les éditions des Saints Pères publient le manuscrit, un texte de 39 pages d›une valeur historique inestimable. Mille exemplaires ont été tiré s, uniquement disponibles sur Internet. J›accuse... ! est devenue la une la plus célèbre de l›histoire de la presse française. Le numéro de L›Aurore publié le 13 janvier 1898 a été vendu à plus de 300 000 exemplaires. « Je n›ai qu›une passion, celle de la lumière au nom de l’humanité qui a tant souffert et a droit au bonheur », écrit Zola.

Dans cette lettre adressée au président de la République Félix Faure, l’écrivain naturaliste s’insurge contre l’injustice qui accable le militaire Alfred Dreyfus, officier français accusé de trahison et condamné à la déportation. Les relents d’antisémitisme qui entourent cette accusation, le dossier sans preuve tangible ainsi que le déroulement rapide du procès ont révolté certains intellectuels français.

En 1894, une lettre prouvant que des documents confidentiels ont été transmis à l’ambassade d’Allemagne au sein de l’armée est découverte. Sur la base d’une ressemblance typographique entre son écriture et celle de la lettre, l’officier d’état-major Alfred Dreyfus est accusé d’acte de haute trahison. Condamné à la prison à perpétuité, il est dégradé dans la cour d’honneur de l’École militaire de Paris le 5 janvier 1895, puis déporté sur l’île du Diable en Guyane française. L’affaire s’éteint pendant deux ans, mais sa famille, convaincue de son innocence, prépare sa défense et rassemble des preuves. En novembre 1897, le commandant Walsin Esterhazy, endetté, est reconnu comme le véritable auteur des faits par le colonel Marie-Georges Picquart. Pourtant, afin d’empêcher de relancer l’affaire, ce dernier est limogé par l’état-major et muté en Afrique du Nord. En novembre 1896, une copie du bordereau de la lettre est publiée dans la presse : l’écriture ne fait aucun doute sur la culpabilité du commandant Esterhazy. Le camp des « dreyfusards », au départ largement minoritaire, prend de l’ampleur. L’état-major est contraint de juger Esterhazy en conseil de guerre. Il est acquitté à l’unanimité le 11 janvier 1898. C’est à la suite de l’acquittement d’Esterhazy que Zola, fou de rage, prend la plume.

Manuscrit de la lettre «J’accuse...!» d’Emile Zola publiée par les éditions des Saints Pères

© Bibliothque nationale de France - cote : N08451622 Bibliothque nationale de France - cote : N08451622

Les coulisses de la une de L’Aurore

En 1898, Émile Zola, déjà connu du grand public, est au sommet de sa gloire. Il a obtenu la Légion d’honneur et préside la Société des gens de lettres. Les Rougon-Macquart ont déjà été publiés en 20 volumes et il prépare une série de trois livres intitulée Les Trois Villes. Il a déjà écrit deux articles sur l’affaire Dreyfus publiés dans Le Figaro, mais ils sont passés plus ou moins inaperçus.

Le temps de rédaction de J’accuse... ! fait débat chez les historiens : alors que certains avancent que Zola l’aurait écrite en seulement deux jours et d’une seule traite, d’autres spécialistes pensent plutôt, au regard des informations que l’écrivain exploite, que la rédaction a commencé à la fin de l’année 1897. Mais la nouvelle de l’acquittement d’Esterhazy ne fait que renforcer la volonté de Zola de faire un coup d’éclat. C’est le 13 janvier, seulement deux jours après l’acquittement de ce dernier, que paraît J’accuse... !.

Charles Péguy est à Paris au matin du 13 janvier. Il témoigne alors : « Toute la journée, dans Paris, les camelots à la voix éraillée crièrent L’Aurore, coururent avec L’Aurore, en gros paquets sous les bras, distribuèrent L’Aurore aux acheteurs empressés. Le choc fut si extraordinaire que Paris faillit se retourner. » Et le journal L’Aurore, qui n’existe que depuis seulement trois mois, profite de la notoriété de l’homme de lettres. Habitué à des tirages n’excédant pas les 30 000 exemplaires, le numéro se vend à plus de 300 000 exemplaires. Le 12 janvier, Clemenceau, éditorialiste du journal, s’exclame à la lecture de la lettre : « C’est immense, cette chose-là ! » La maîtrise du verbe qui caractérise l’écrivain et l’utilisation de toutes les figures littéraires propres à la rhétorique rendent cette lettre redoutablement convaincante. J’accuse... ! est une véritable rupture dans la production journalistique de Zola.

La naissance de l’intellectuel engagé

La lettre brutale, entière et sans concession fait trembler la sphère politique. « Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. Mes nuits seraient hantées par le spectre de l’innocent qui expie là-bas, dans la plus affreuse des tortures, un crime qu’il n’a pas commis », écrit-il. Et, dans les jours qui suivent sa publication, Zola est confronté à une hostilité quasi générale. Néanmoins, elle obtient l’effet escompté : l’affaire Dreyfus est relancée. La gauche républicaine, Clemenceau et Jean Jaurès en première ligne, initialement convaincus de la culpabilité d’Alfred Dreyfus, change d’avis. L’historien René Rémond voit même dans cet affrontement provoqué par J’accuse... ! l’une des origines de l’affrontement entre la droite et la gauche tel que nous le connaissons aujourd’hui (1).

Manuscrit de la lettre «J’accuse...!» d’Emile Zola. © Bibliothque nationale de France - cote : N08451622 Bibliothque nationale de France - cote : N08451622

À la suite de cette publication, de nombreux écrivains signent dans la presse une « protestation » – l›ancêtre de nos tribunes – afin d›obtenir la révision du procès Dreyfus. Ils seront 2 000 intellectuels à signer, parmi lesquels Anatole France, Georges Courteline, ou encore Émile Duclaux, directeur

de l›Institut Pasteur. Le choc que provoque la publication de Zola témoigne également de l›évolution de la presse : depuis la loi du 29 juillet 1881, elle ne cesse de s›imposer comme un véritable contre-pouvoir, capable d›influencer la sphère politique et judiciaire.

J’accuse... ! marque également un changement de perspective majeur pour les intellectuels français, plus ancrés dans l’actualité, et surtout conscients de leur influence en tant que citoyens. Vincent Duclert, historien spécialiste de l’affaire Dreyfus, parle d’« un rôle civique du savoir scientifique à la fin du XIXe siècle, une relation entre des pratiques de science et une conscience de citoyenneté, relation révélée dans l’affaire Dreyfus de manière collective et individuelle et qui débouche sur la naissance d’un type d’intellectuel, l’intellectuel critique devenu au XXe siècle l’intellectuel démocratique » (2).

Le 23 février 1898, Zola est condamné à un an de prison et 4 000 francs d’amende. Pour échapper à la justice, il s’exile en Angleterre. À l’issue du procès intenté contre Zola, convaincu que l’arsenal judiciaire n’a pas fonctionné correctement, Ludovic Trarieux, ancien garde des Sceaux, organise le 25 février 1898 la première réunion qui débouchera sur la création de la Ligue des droits de l’homme (le 4 juin 1898).

(1) René Rémond, La droite en France de 1815 à nos jours. Continuité et diversité d’une tradition politique, Les Aubiers, 1954.

(2) Duclert Vincent. «L’engagement scientifique et l’intellectuel démocratique. Le sens de l’affaire Dreyfus». In: Politix, vol. 12, n°48, Quatrième trimestre 1999. Les savants et le politique. pp. 71-94.

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Colaboração Especial

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150º aniversário do nascimento de Józef Piłsudski /5 de Dezembro de 1867)“ Józef Piłsudski, o arquitecto da independência em 1918 e um dos mais notáveis homens de Estado na história da Polónia, nasceu no dia 5 de Dezembro de 1867 em Zułów, na região de Vilnius. Os seus feitos e conceitos políticos têm sido uma fonte de inspiração e das disputas acaloradas para os políticos, jornalistas e historiadores na Polónia.

A recuperação da independência em 1918 foi um resultado dos esforços das várias gerações dos polacos e do trabalho de diversos meios políticos. Józef Piłsudski, o fundador das legiões e o primeiro Chefe de Estado, é considerado o verdadeiro pai da Segunda República Polaca. No dia 5 de Dezembro celebramos o 150º aniversário do seu nascimento.

Piłsudski nasceu numa família dos proprietários rurais onde se cultivavam tradições de independência. Envolveu-se nas actividades políticas ainda na altura dos seus estudos em Kharkov, de onde foi expulso por participar nos protestos de estudantes em 1885. Dois anos mais tarde Piłsudski foi detido, acusado de ser envolvido numa conspiração que visava o derrube do czar Alexandro III, e foi deportado para a Sibéria por cinco anos.

Pouco após o seu regresso do exílio, Piłsudski juntou-se ao Partido Socialista Polaco. Sendo um dos líderes do partido, foi novamente detido pelas autoridades russas e enviado para a infame prisão de Cidadela de Varsóvia.

No início da Grande Guerra criou as Legiões Polacas e assumiu a liderança das mesmas, levando-as para o território de partição russa. Em 1917 as autoridades

austro-húngaras exigiram que os membros das Legiões prestassem juramento de lealdade ao Imperador. Quando Piłsudski recusou, tal como a maioria dos seus companheiros de armas, foi detido e preso numa fortaleza em Magdeburgo, onde ficou até Novembro de 1918.

Após a derrota da Alemanha, Piłsudski foi libertado da prisão e chegou a Varsóvia, onde o Conselho de Regência, na altura o mais importante órgão de Estado nos territórios do antigo Reino Polaco ocupado pelas chamadas “Forças Centrais”, confiou ao Piłsudski o comando supremo das tropas polacas e uma missão de criação de um governo nacional num Estado libertado.

No dia 22 de Novembro de 1918 Piłsudski assumiu oficialmente a função de Chefe de Estado Temporário, que manteve até Dezembro de 1922, quando foi eleito o primeiro Presidente da República da Polónia, Gabriel Narutowicz. Nos anos 1919-1921, Piłsudski foi envolvido na defesa da recuperada independência polaca: sendo Comandante-em-Chefe foi arquitecto das vitórias das tropas polacas nas batalhas pelas fronteiras da Polónia independente, inclusive da guerra polaco-bolchevique. A Batalha de Varsóvia de 1920 foi uma das maiores e mais marcantes batalhas na história: a vitória polaca travou a marcha da revolução bolchevique à Europa ocidental.

Em 1923 Piłsudski retirou-se da vida política activa. Contudo, em Maio de 1926, não concordando com a direcção do desenvolvimento da situação política, liderou as suas tropas leais a Varsóvia, onde após três dias de luta forçou a demissão das autoridades na altura. Nos anos seguintes assumiu funções de Ministro dos Assuntos Militares e de Primeiro-Ministro, entre outros. No domínio da política externa, Piłsudski procurou manter boas relações com a Europa Ocidental.

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A morte de Józef Piłsudski no dia 12 de Maio de 1935 surpreendeu a nação inteira e o seu funeral tornou-se uma enorme manifestação nacional, homenageando o pai da Polónia Independente. O seu corpo foi sepultado na cripta de Wawel, onde são enterrados os reis polacos, homens de Estado e os mais notáveis representantes da nação. O seu coração, de acordo com o testamento deixado pelo Piłsudski, foi colocado numa urna de prata e transportado para Vilnius, onde foi sepultado no túmulo da sua mãe no Cemitério de Rasus.

Na viragem dos anos 1930 e 1931 o marechal Józef Piłsudski veio para Portugal, visitando Lisboa e a Madeira onde passou as maiores férias da sua vida.

[19.12.1930] O Sud-Express com a carruagem salão de Józef Piłsudski, chegou a Portugal e, às 9h, entrou na estação de Vilar Formoso. Na estação já está presente um representante do presidente Carmona, que deu ao marechal as boas-vindas.

[19.12.1930] O Ministério dos Negócios Estrangeiros português informa o embaixador de Portugal em Varsóvia, Thomas Ribeiro de Mello, sobre a chegada de Józef Piłsudski:

- O Marechal chegou hoje a Lisboa. Viagem sem problemas. Amanhã dirige-se para a Madeira. Ministro -

20.12.1930] Durante a visita no Palácio de Belém, o Marechal Piłsudski foi condecorado pelo presidente de Portugal, General António Óscar de Fragoso Carmona, com a Grande Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a mais alta condecoração militar (foto anexa)

[20.12.1930] O tempo em Lisboa está hoje muito bom! O Marechal Pilsudski passou a manhã no hotel Intercontinental e, há pouco, partiu para o Palácio de Belém, onde o Presidente de Portugal, o general António Óscar de Fragoso Carmona, o vai receber para o pequeno almoço. Não será uma refeição humilde. Entre os participantes estão os ministros de guerra e assuntos estrangeiros, altos funcionários de ambos os ministérios e da Casa Civil... no total 26 pessoas. Eis o menu em foto anexa.” DE: de : http://www.lizbona.msz.gov.pl/

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Revolução na Arábia Saudita: “É como ver os Tudors em fast forward”Cátia Bruno / Observador

Uma purga entre a família real, medidas de austeridade e diplomacia a ferro e fogo. A Arábia Saudita está em convulsão, mas o que se passa afinal neste país misterioso? E onde terminará?

1. Austeridade, concentração de poder e… alta popularidade2. Diplomacia: quando se tem “mais olhos que barriga”3. “Desafio à autocracia” ou a criação de “um líder supremo”?

Para Jamal Khashoggi, tudo começou com um telefonema. O respeitado jornalista saudita, de 59 anos, recebeu uma chamada de Saud al-Qahtani — um homem próximo do poder apelidado por alguns de “Steve Bannon” saudita — que mudaria o rumo da sua vida. “Foi um telefonema muito educado em que ele me disse que tinha instruções para me proibir de continuar a escrever a minha coluna de opinião.” Foi o princípio do fim para o, à altura director, do canal de televisão Al Arab; as pressões acumularam-se e Khashoggi acabou por tomar a decisão radical de abandonar o país onde sempre viveu, a Arábia Saudita, em Junho deste ano.

“Foi muito difícil tomar esta decisão. Os meus filhos já são crescidos e têm bons empregos, mas foram proibidos de sair do país. O meu casamento desfez-se devido ao facto de eu ser publicamente crítico do regime, a minha mulher preferiu estar segura do que estar a meu lado”, partilha o jornalista com o Observador. “Eu tinha uma coluna do jornal Al-Watan há seis anos, antes disso tinha tido outra coluna durante 15 anos num jornal diferente e agora estava proibido de falar a qualquer meio de comunicação e de escrever a minha coluna. Estava em casa sem nada para fazer. Quando comecei a ouvir falar sobre amigos que andavam a ser pressionados para dizer coisas positivas do Governo, pensei que poderia ser o próximo.” Daí a dar o salto, foi um pequeno passo.

Jamal Khashoggi (D.R.)

são de tal forma que os reis têm de ter cuidado em equilibrar interesses rivais. Têm ainda de ter em conta os clérigos Wahhabistas [seguem uma doutrina islâmica fundamentalista] que esperam recompensas por defender uma monarquia absolutista, os tecnocratas que são os regentes de facto e, por vezes, alguns dos seus súbditos.” Num ambiente destes, é fácil de entender o impacto de uma purga como esta, que afectou até o ministro da Guarda Nacional Miteb bin Abdullah, o almirante e responsável pela Marinha Nacional Abdullah bin Sultan e até o príncipe Alwaleed bin Talal, um dos homens mais ricos do mundo.

Chas Freeman conhece bem os meandros do poder na Arábia Saudita, ou não tivesse sido ele embaixador norte-americano no país no período-chave da primeira Guerra do Golfo. Ao Observador, não tem dúvidas em afirmar que esta série de detenções representa uma revolução interna: “Estamos perante uma concentração de poder sem precedentes. Não é típico e é até contrário à tradição saudita, que espalha o poder pela família real”, resume. “Agora estamos perante um decisor que não tem receio de correr riscos. É claro que isto não é bem visto pela maior parte da família real, mas não há muito que possam fazer sobre isso.” Afinal de contas, MbS parece ter todo o apoio do seu pai, o rei Salman.

A decisão de fazer uma cavalgada contra a corrupção é popular entre a maior parte da população. Para além de consolidar o poder de MbS, afecta profundamente um dos países mais ricos do mundo, onde quase 20% da população vive abaixo do limiar da pobreza. A Arábia Saudita é um país de nuances: não concede vistos de turista, mas, no entanto, tem uma das maiores taxas de uso de smartphones em todo o mundo. O próprio MbS encerra as suas contradições: lidera uma purga anticorrupção e um programa de austeridade e contenção, ao mesmo tempo que compra o imóvel mais caro do mundo, um castelo no valor de 300 milhões de dólares. E, no ano em que o país parecia ter dado um grande passo em frente relativamente aos direitos das mulheres (ao autorizar que possam conduzir), a decisão da campeã de xadrez Anna Muzychuk de faltar ao mundial em Riade lembrou ao mundo que as mulheres sauditas ainda são obrigadas a cobrir-se da cabeça aos pés e a ter um guardião masculino.

O dia-a-dia dos sauditas tem sido afectado pelas medidas de MbS. As mulheres vão poder passar a conduzir e todos os produtos terão IVA (AFP PHOTO / FAYEZ NURELDINE)

Os contrastes são visíveis nas observações feitas pelos correspondentes internacionais. “Na afamada ‘Praça Chop Chop’, onde são executados os que são condenados por homicídio, violação ou crimes relacionados com drogas, encontrei uma cena semelhante à de qualquer praça, em qualquer lugar do mundo. As crianças dançavam ao pé das fontes de água, sob o olhar das mães. À porta do quartel-general da temida polícia religiosa — a mutawwa’in, que investiga os que quebram a estrita lei da sharia através de roupa imodesta, por exemplo –, adolescentes com camisolas de futebol a dizer ‘Ronaldo’ brincam com uma bola e uma baliza improvisada, enquanto as famílias comem gelados à sombra”, escrevia em 2014 o colunista Charlie Askew para a revista britânica Prospect.

Sholto Byrnes já tinha antes registado na New Statesman que “a vida na Arábia Saudita é uma questão de regras. Leva sempre dinheiro vivo contigo no carro: se tiveres um acidente com um saudita, ele tem automaticamente razão. Se não puderes indemnizá-lo imediatamente, serás detido. E os sauditas são condutores terríveis”, escreveu em 2009 o jornalista sobre os tempos em que viveu no país.É um país fértil em costumes curiosos, mas não só. A Arábia Saudita é um elemento crucial para a economia do mundo, ou não fosse o segundo maior produtor de petróleo do mundo, ficando apenas atrás da Rússia. É também um actor essencial no Médio Oriente, jogando no tabuleiro da geopolítica através da influência saudita, para servir de contraponto ao Irão. E vive, neste momento, um momento de transformação económica e social, acelerado pelo plano Visão 2030, promovido pelo príncipe MbS. Plano esse que o jornalista Jamal Khashoggi

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da Arábia Saudita sem reforma política”Jamal Khashoggi, jornalista saudita exilado

Com estes dados na cabeça — e uma clara vontade de ocupar o papel principal da corte –, o príncipe MbS pôs em marcha o Visão 2030. Para além das restrições à mutawwa’in, da autorização para as mulheres poderem conduzir ou da reabertura das salas de cinema (fechadas desde os anos 80), o príncipe tem introduzido medidas económicas como a criação de alguns impostos (como o IVA, de 5%, que deverá entrar em vigor em 2018), cortes em salários e subsídios e a privatização da petrolífera estatal Aramco. É a “austeridade à saudita”, como classificou o The Guardian, mas tal não tem beliscado a popularidade de MbS. “As pessoas aguentam um certo nível de privação económica se se sentirem orgulhosas do seu país e do rumo que leva. Acho que essa é a troca que ele está a propor”, resume o embaixador Chas Freeman.

Diplomacia: quando se tem “mais olhos que barriga”O país sente as dores de crescimento internas e qualquer transformação num país tão determinante no Golfo tem reflexos na região. Se MbS não hesitou em entrar a matar com a elite do seu país, não é de surpreender o facto de não ter poupado os inimigos no plano internacional.

A famosa frase “se os EUA espirram, a Europa constipa-se” podia aplicar-se bem aos sauditas e ao resto do Médio Oriente. Só se assim se explica que Riade tenha o poder de manter um líder de outro país durante mais de duas semanas na Arábia Saudita, levando-o a apresentar a demissão. Saad Hariri, primeiro-ministro libanês, esteve no país em circunstâncias pouco claras, demitindo-se num anúncio televisivo que muitos libaneses entenderam como sendo manobrado pelos sauditas — tanto que, depois de regressar ao Líbano, Hariri anunciou em Beirute que afinal fica no cargo. A jogada de MbS — que teria como objectivo prejudicar o Hezbollah, que faz parte do Governo libanês e que está ligado ao Irão — foi mal recebida em Beirute, onde se espalharam cartazes com o rosto de Hariri e a frase “À tua espera”.

Maratona organizada em Beirute pelo regresso do primeiro-ministro libanês (NWAR AMRO/AFP)

A capital libanesa é definida por alguns como o “parque de diversões” dos sauditas, que ali vão aproveitar as maiores liberdades como o consumo de álcool ou a não obrigatoriedade do véu. E a ligação entre os dois países é antiga, como explicou ao Observador Imad Salamey, professor de Ciência Política na cidade. “A Constituição do país tem o nome da cidade saudita Taef, onde se fez o acordo para terminar 15 anos de guerra. A Arábia Saudita tornou-se um

redondamente e parece-me que os sauditas vão ter de arranjar uma estratégia diferente para lidar com o círculo que o Irão desenhou à sua volta.”

A rivalidade com os persas é de tal forma intensa que levou ao que muitos entenderam como uma aproximação a Israel, alegadamente mediada pelos norte-americanos, seguindo a máxima de “o inimigo do meu inimigo meu amigo é”. Contudo, as ações dos últimos dias desfizeram qualquer miragem de que houvesse alterações de fundo na relação entre os dois países: os sauditas não só se uniram aos restantes Estados muçulmanos na ONU no voto contra o reconhecimento de Jerusalém como capital pelos EUA, como impediram os israelitas de participar no afamado mundial de xadrez.

Destroços depois de um bombardeamento em Sanaa, capital do Iémen (AFP / GETTY IMAGES)

Esta estratégia de disparar em todas as direcções é, para alguns, desastrosa: “O Exército é incompetente, a Marinha muito pequena. Se eles não conseguem derrotar os Houthis, conseguem derrotar quem? Estão a ser completamente ultrapassados pelo Irão em toda a região”, resumiu Thomas Lippman, especialista na Arábia Saudita, ao Observador por email.

Lippman, autor do livro “Saudi Arabia on the edge” (‘Arábia Saudita à beira do precipício’, sem edição em português), faz também uma análise negativa das transformações internas que o país atravessa — e do futuro da Arábia Saudita. “Os sauditas dentro e fora do reino receberam bem as acções do jovem príncipe, que consideram tardias e necessárias. Os analistas que não são sauditas, como eu, têm uma visão muito mais cínica. Vemos isto como uma tentativa de agarrar o poder que vai levar o país a um regime de líder único — o mesmo caminho que trouxe a ruína a países como o Egipto, a Síria, o Iraque e a Líbia.”

Nem todos os analistas não-sauditas pensam assim, contudo. O embaixador Freeman, por exemplo, prevê reflexos positivos vindos da purga contra a corrupção ou do plano Visão 2030, que provoca o maior ceticismo possível a Lippman. “Quando o reino distribuía riqueza de acordo com a tradição árabe, através do Rei como dispensador de caridade, era normal as pessoas não terem direito a opinião. Mas agora, se lhes é cobrado impostos, elas vão ter direito a opinar sobre a forma como o seu dinheiro é gasto. Creio que a longo prazo isto será um desafio à autocracia”, diz Freeman. “Quando eu estava na Arábia Saudita, costumava dizer que o slogan nacional era ‘progresso sem mudanças’. Ou seja, quando olhávamos pelo retrovisor, conseguíamos ver as alterações que foram feitas, mas não conseguíamos vê-las no momento. Agora são visíveis, acontecem no dia-a-dia.”

As mudanças são aplaudidas pelos mais jovens. “Este país precisava de alguém como ele”, dizia um jovem de 25 anos de Jedá ao Independent. Os jovens são os mais entusiasmados com as mudanças do príncipe de 32 anos, que vêem como um representante da modernidade e da sua geração. Mas há sauditas preocupados. O jornalista Jamal Khashoggi, por exemplo, assusta-se com a concentração de poder inegável em MbS: “Ainda há uns dias fui convidado para falar na Universidade de Stanford. E lá disseram-me, ‘mas ele está a fazer tudo o que vocês pediram!’. É verdade, mas está a fazê-lo sozinho, não partilha o processo de decisão com ninguém e isso perturba-me. Ele está a tornar-se o líder supremo da Arábia Saudita”.

O jornalista já se conformou com a ideia de que provavelmente não regressará ao seu país, mas continua a preocupar-se com o futuro da Arábia Saudita. Nem que seja porque os seus filhos — que hesitam em partilhar nas redes sociais os artigos do pai — ainda lá vivem. “Às vezes acordo com uma sensação…”, solta Jamal na conversa com o Observador. “Se calhar eu sou só um velho sem importância. Espero mesmo que ele seja bem-sucedido, mas acho que sozinho vai acabar por falhar”, lamenta-se, sublinhando a necessidade de trazer a democracia para o seu país. “Não quero ser um tipo da oposição zangado. Eu acredito no sistema, acredito no papel da Casa de Saud [família real]. Só gostava que eu e os outros sauditas pudéssemos participar. Andam a ser tomadas decisões importantes sem ouvir ninguém e acho que isso não é justo. Não é justo”, repete.

vê à distância como sendo “tudo menos abertura política”. “É uma transformação social, cultural e económica da Arábia Saudita sem reforma política”, resume.

O país com as segundas maiores reservas de petróleo do mundo tem, contudo, 13% de desemprego de acordo com os números oficiais — que ultrapassa os 30% entre os jovens. Com a maior parte dos sauditas empregada apenas no sector público, os restantes empregos têm sido ocupados por mão de obra estrangeira, que corresponde a cerca de um terço da população. “Isso matou a ética de trabalho dos sauditas. Chega-se a um Starbucks e os empregados são estrangeiros, vai-se ao escritório de um advogado e ele é estrangeiro…” ilustra Jamal. Com o petróleo em queda, não é preciso muito para perceber que, mais cedo ou mais tarde, a população saudita enfrentará um grande problema económico — e não só. Para além do desemprego jovem, a falta de habitação a preços económicos e o radicalismo religioso (a título de exemplo, a Arábia Saudita é o segundo país a fornecer mais combatentes para o Estado Islâmico, apenas atrás da Tunísia) são outros dos elementos que podem contribuir para um cocktail explosivo.

“O Visão 2030 representa uma transformação social, cultural e económica

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EUA | Israel | PalestinaDonald Trump anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a consequente instalação da Embaixada dos EUA nesta cidade.

O que levou a este desfecho e o que podemos esperar a partir de agora?

1- Trump não é o único responsável. É uma decisão relativamente consensual entre Republicanos e Democratas.

a) O líder Democrata no Senado, Chuck Schumer, já havia confirmado ao The Weekly Standard que aconselhou Trump a reconhecer Jerusalém como capital de Israel e cidade indivisível.

b) Também o Senador Democrata Ben Cardin confirmou o seu apoio à comunicação de Trump.

c) Entre os Republicanos, a decisão foi facilmente aceite.

2- Outros Presidentes dos EUA pronunciaram-se, no passado, no mesmo sentido que Trump.

a) George W. Bush já tinha manifestado visão semelhante à de Trump, só não a concretizou.

b) Barack Obama, quando candidato presidencial, em 2008, foi categórico quando, durante uma acção de campanha, reconheceu que “Jerusalém é a capital de Israel e deve permanecer unida”.

c) Esta medida nunca foi levada adiante no passado apenas para alimentar a ideia de suposta neutralidade dos EUA num eventual processo de paz entre Israel e Palestina.

3- Trump saldou a dívida com o lobby sionista.

a) A campanha presidencial de Donald Trump foi apoiada e financiada por influentes personalidades sionistas. Viram em Donald Trump um candidato mais blindado e menos susceptível às dinâmicas políticas, tornando-se, exactamente por isso, cada vez mais apetecível à medida que ia conquistando as primárias.

b) Uma das personalidades israelitas mais importantes para a campanha de Donald Trump foi o multibilionário Sheldon Adelson, que patrocinou a campanha de Benjamin Netanyahu e não apenas patrocinou a viagem de Trump a Israel como ainda financiou a campanha deste com 100 milhões de dólares.

c) Os favores têm um preço e Trump saldou parte da sua dívida ontem.

4- Os EUA violam o Direito Internacional com esta decisão.

a) São inúmeras as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e da Assembleia-Geral que conferem um estatuto especial a Jerusalém e não a reconhecem como parte de Israel ou de outro Estado.

b) O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel tem pouco ou nenhum valor jurídico, já que a prática dos Estados, que poderia criar um efeito vinculativo sobre o estatuto de Jerusalém, é clara: 99% dos Estados-Membros da ONU não acompanham, até ao momento, a decisão de Trump.

c) Esta realidade expõe, uma vez, as fragilidades da ONU e a necessidade de refundar a ordem internacional, seja via uma ONU falida, seja através de um novo conceito.

5- A ilusão da Arábia Saudita.

a) Desiludam-se os que acham que a condenação da Arábia Saudita é genuína. Se fosse sincera, teríamos assistido ao anúncio de retaliações. Há muito tempo que Riade abandonou a agenda palestiniana e se transformou num wahabismo capitalista dependente dos interesses financeiros.

b) Está activa já há muito tempo uma aliança entre Arábia Saudita e Israel, no Médio Oriente, para fragilizar o eixo xiita. Riade não tira qualquer benefício de fragilizar ou atacar um aliado.

6- Os efeitos prometem ser devastadores.

a) Em primeiro lugar, a paz está absolutamente comprometida enquanto Benjamin Netanyahu e a extrema-direita israelita continuarem a liderar Israel.

b) É impossível acalentar a ideia de dois Estados enquanto Jerusalém,o símbolo com mais significado para Israel e Palestina, for considerada e tratada como capital de Israel e não for colocado um travão e um recuo à política de colonatos que torna inviável um Estado (a Palestina) dividido em parcelas de solo e territorialmente desunido.

c) O anúncio de nova intifada contra Israel promete colocar interesses israelitas e norte-americanos ainda mais debaixo de fogo e um alvo privilegiado de grande parte do mundo árabe.

d) Face à passividade saudita e de outros Estados árabes, é muito provável a ascensão de Irão, Síria e Líbano a líderes da reacção (política e armada) da causa da Palestina.

e) É expectável uma adesão a agendas extremistas e um descontrolo da luta armada e terrorista contra Israel e EUA. Muitos dos que até há pouco tempo eram moderados, indiferentes ou neutros relativamente à causa palestiniana poderão encontrar nesta situação uma motivação para a radicalização e para empunharem as armas que tiverem ao seu alcance contra israelitas e norte-americanos.

Em suma, não é por acaso que Israel nunca foi membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas: trata-se de um Estado pária, liderado por um conjunto de ideais de extrema-direita e sustentado num sistema de apartheid que nem sequer é consensual entre os judeus.

A discussão de manipulação das eleições dos EUA pela Rússia é absolutamente inócua e desvia as atenções sobre quem verdadeiramente interfere de forma directa, grosseira e permanente na política dos EUA: Israel. Provavelmente seria mais importante para o futuro dos EUA e do Mundo abrir um inquérito ao conluio entre membros do poder político dos EUA e Israel e responsabilizar quem protege interesses estrangeiros e coloca em perigo o seu próprio país.

Alexandre Guerreiro, jurista, investigador e analista de segurança e política internacional

MULHERES SEM ROSTO – UM PRIVILÉGIO ISLÂMICO? Argelino paga as Multas a Mulheres que violem a Proibição do Nigab e da Burca

Por António Justo

A Bélgica (2010), a Holanda, a Suíça, a Áustria e a Alemanha proibiram, por lei, o trajo do nigab e da burca, nos espaços públicos. Quem infringir a proibição das máscaras terá de pagar uma multa que vai até 150 €. Na Alemanha a infracção custa 60 euros. Também a motorista tem de ser identificável.

O milionário Rachid Nekkaz paga a multa de mulheres que violem a proibição de uso do Nigab e da Burca na Europa. O país onde assumiu o pagamento de mais multas foi a França; na Bélgica o número já chegou a 300. O muçulmano nasceu em França, estudou Filosofia e História na Sorbonne. Criou uma Fundação com um milhão de euros para pagar multas, como diz, para “defesa da liberdade”. Nekkaz tem assim a oportunidade de se tornar pessoa pública e de usar da liberdade ocidental para promover o seu perfil, à maneira árabe, contra o ocidente. Deste modo instiga as mulheres a esconder o próprio rosto, que não lhes é dado ter, porque o rosto livre é sinal de pessoa livre e pode expressar a não subjugação.

A presença do rosto árabe nas ruas vale mais que a perda de rosto daquelas que o servem e expressam. Nekkaz, que se diz contra o Nigab e a Burca incita as mulheres a infringir uma lei que se legitima em nome do perigo terrorista e de um islão radical na linha de Maomé que tudo subjuga e instrumentaliza.

Para muitos muçulmanos a mulher deve ter a liberdade de concordar com a própria humilhação!

Imagine-se o bem que este senhor faria se empregasse o dinheiro das multas na promoção das mulheres na Argélia! Ele pensa candidatar-se para presidente da Argélia em Abril de 2019.

EUA - ISRAEL- PALESTINA

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D’où proviennent les milliards du gouvernement Couillard ?L’économiste Pierre Fortin explique comment la hausse de la fiscalité et un repli des dépenses de missions ont permis au gouvernement d’offrir ses bonbons électoraux, qui ne constituent qu’une fraction de ce qu’il a retiré du circuit économique depuis trois ans.

POR Pierre Fortin Photo: La Presse canadienne/Jacques Boissinot

En mars et en novembre 2017, le gouvernement Couillard a introduit un combo de baisses d’impôt et de hausses des dépenses des missions de l’État. Dans l’année financière 2017-2018, ces mesures expansionnistes doivent totaliser environ 2,8 milliards de dollars.

Elles ont été rendues possibles par un important retournement de plus de 6 milliards de dollars du solde budgétaire réalisé au cours des trois exercices précédents, lequel a procuré une confortable marge de manœuvre au gouvernement. En effet, dans la dernière année pour laquelle les chiffres vérifiés sont disponibles, en 2016-2017, un surplus de 4,4 milliards a été enregistré. En revanche, dans la dernière année du précédent gouvernement, en 2013-2014, le budget avait affiché un déficit 1,7 milliard.

Il s’agit donc d’un retournement de plus de 6 milliards en trois ans. Mais d’où provient-il?

Le tableau ci-dessous est construit pour donner une réponse précise cette question. Il repose sur l’idée que, pour analyser correctement un budget gouvernemental, il faut évaluer le poids que chacun de ses postes de revenus et de dépenses représente en proportion du revenu total de l’économie (son PIB) et observer son évolution au fil du temps.

Le tableau applique cette idée (classique, je n’invente rien ici… !) à la comparaison du budget québécois de 2016-2017 avec celui de 2013-2014. Les colonnes (1) et (2) rapportent les montants officiellement inscrits dans les comptes publics pour chaque poste de revenus et de dépenses et pour le solde budgétaire qui en résulte. La colonne (3) calcule le montant « théorique » de chaque élément qui aurait été observé en 2016-2017 si son poids en pourcentage du PIB était resté le même qu’en 2013-2014.

Comme le PIB a augmenté au total de 8,3 % de 2013 à 2016 (passant de 364 530 millions à 394 819 millions), chacun des montants théoriques de la colonne (3) s’obtient simplement en majorant le montant observé en 2013-2014 de 8,3 %. Par exemple, pour les impôts, taxes et tarifs, à la première ligne du tableau, on a : 69 171 x 1,083 = 74 918.

D’où vient le retournement de 6 milliards du gouvernement Couillard? (en millions de dollars)

Poste budgétaire 2013-2014 2016-2017 2016-2017 théorique si poids / PIB était resté le même Différence

Impôts, taxes et tarifs 69 171 77 407 74 918 2 488

+ Revenus des sociétés d’État 5 241 4 899 5 676 -777

+ Revenus de placement du Fonds des générations 339 422 367 55

+ Transferts fédéraux 18 546 20179 20 087 92

- Dépenses de missions -84 400 -89 018 -91 413 2 395- Service de la dette -10 600 -9 527 -11 481 1 954

majoration de 8,3 % de ceux de la colonne (1) ; l’opération est expliquée dans le corps du texte.

Source: Ministère des Finances du Québec ; Statistique Canada ; calculs Pierre Fortin Created with Datawrapper

En comparant le montant théorique de 74 918 millions de dollars, qui aurait été observé en 2016-2017 si le poids des impôts, taxes et tarifs était resté inchangé, au montant réel de 77 407 millions, on constate que le fardeau fiscal s’est alourdi de 2 488 millions (colonne Différence). D’une part, c’est le résultat net des mesures fiscales adoptées de juin 2014 à novembre 2016 : hausses d’impôts et de taxes, réduction de dépenses fiscales, droits d’émission de GES, moins abolition de la contribution santé, bouclier fiscal, etc. D’autre part, on a observé une tendance naturelle des revenus fiscaux à croître plus vite que le PIB du Québec au cours de cette période [1].

À la deuxième ligne du tableau, on découvre qu’en 2016-2017, les revenus que le gouvernement a tiré de ses sociétés d’État ont été inférieurs de 777 millions de dollars au montant qui aurait pu les maintenir au même pourcentage du PIB depuis 2013-2014. La principale cause est la détérioration des résultats d’Hydro-Québec. Ainsi, plutôt que de contribuer à transformer le déficit budgétaire de 2013-2014 en surplus, cette source de revenu a agi comme un frein au mouvement.Les troisième et quatrième lignes du tableau montrent que les revenus de placement du Fonds des générations, dont l’importance est encore modeste, et les transferts fédéraux, qui ont suivi de près la croissance du PIB, n’ont pas beaucoup aidé à bâtir le surplus budgétaire.

À la cinquième ligne, on peut voir que la croissance des dépenses de missions (+5,5 % au total sur trois ans) a été plus lente que celle de l’économie (+8,3 %). Tout comme l’apport des impôts, taxes et tarifs, celui des dépenses de missions au retournement budgétaire a été majeur : 2 395 millions.

Le repli des dépenses a été très inégal selon les secteurs. Seul celui de la Santé et services sociaux (+8,7 %) a pu suivre le rythme du PIB. La hausse sur trois ans a été de 5,2 % en Éducation et culture, de 2,9 % en Économie et environnement, de 1,3 % en Gouverne et justice et de 0,1 % en Soutien aux personnes et aux familles. Dans ce dernier cas, la réforme de 2015 en matière de services de garde à l’enfance a fait économiser environ 230 millions au gouvernement en subventions amoindries.

Enfin, la sixième ligne rapporte une contribution notable de 1 954 millions de la réduction du service de la dette à l’amélioration du solde budgétaire. Pendant que le PIB augmentait de 8,3 % de 2013-2014 à 2016-2017, le service de la dette diminuait de 10,1 %, soit de 10 600 millions à 9 527 millions. Presque toute cette heureuse divergence est due à la baisse du taux d’intérêt moyen applicable à la dette brute totale du gouvernement. Ce taux moyen est passé de 5,3 % en 2013-2014 à 4,5 % en 2016-2017. Les taux d’intérêt sur emprunts obligataires ont énormément baissé partout dans le monde depuis 25 ans.

Ainsi, à mesure que les vieux emprunts effectués aux taux d’intérêt élevés d’autrefois ont atteint leur échéance, ils ont été renouvelés à des taux de plus en plus bas. Cela a fait diminuer le taux d’intérêt moyen sur la dette.

Comment lire ces chiffres ?

Le tableau ci-dessus a permis de calculer qu’en 2014-2015, 2015-2016 et 2016-2017, sous le gouvernement Couillard, le solde budgétaire du Québec a été relevé de 6,2 milliards. On y observe en effet que, si les revenus et les dépenses avaient conservé leur poids de 2013-2014 dans l’économie, c’est un déficit de 1,8 milliard plutôt qu’un surplus de 4,4 milliards qu’on aurait enregistré. L’augmentation plus forte des revenus et plus faible des dépenses a en grande partie résulté des mesures budgétaires appliquées par les autorités, mais elle a aussi bénéficié de facteurs externes favorables. Le tableau a permis de calculer que les trois principales sources du retournement budgétaire ont été un alourdissement du poids de la fiscalité (2,5 milliards), un repli des dépenses de missions (2,4 milliards) et une baisse des intérêts à payer sur la dette (2,0 milliards). En contrepartie, la détérioration des résultats des sociétés d’État (surtout d’Hydro-Québec) a ralenti la hausse du solde budgétaire en retranchant près de 800 millions à l’opération.

En mars et novembre 2017, le gouvernement a annoncé des mesures d’allégement fiscal et de réinvestissement dans les dépenses de missions qu’on peut estimer respectivement à 1,6 milliard et à 1,2 milliard (donc, au total, à 2,8 milliards) pour l’année financière en cours. Cette remise est une fraction de ce qu’il a retiré du circuit économique depuis trois ans. La dernière estimation gouvernementale du surplus budgétaire (après mesures) pour 2017-2018 se chiffrant à 2,2 milliards, on peut en déduire que, sans ce train de mesures, le surplus projeté aurait pu atteindre 5 milliards. Les principales interventions sont un relèvement de l’exemption de base et une réduction à 15 % du premier taux d’imposition de l’impôt sur le revenu, l’abolition complète de la contribution santé,

Page 24:  · avec l’Etat en 2007. Il est donc inapproprié de parler de fraude. Quant au paradis fiscal, seule la Belgique en Europe l’a mise sur sa liste noire… » : Ce statut est intolérable

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L’être humain est incroyable : c’est la seule créature qui va couper un arbre pour en faire du papier et écrire dessus: «Sauvez les arbres» !

...os millions du gouvernement Couillard

la prolongation du crédit RénoVert, un programme de réussite éducative, un réinvestissement dans l’enseignement supérieur, une subvention à l’achat de fournitures scolaires et des ajouts de services en Santé.

Le retournement budgétaire des années récentes a reposé sur deux motivations, l’une financière et l’autre politique. La motivation financière était de bâtir une accumulation de surplus budgétaires pouvant assurer la conformité aux cibles d’endettement fixées par la Loi sur la réduction de la dette à l’échéance de mars 2026. Si la tendance se maintient, un surplus budgétaire moyen de 3 milliards par année d’ici 2025-2026 permettrait au gouvernement d’atteindre les cibles.

Alors pourquoi a-t-il laissé le surplus budgétaire grimper jusqu’à 5 milliards (avant mesures) cette année ? Fort probablement afin de se constituer une cagnotte permettant de distribuer des bonbons à l’orée d’une année électorale, ce qu’il a commencé à faire avec empressement en mars et en novembre dernier. Voilà pour la seconde motivation, la politique.

Il manque, à mon avis, la motivation la plus importante : mieux gérer cette énorme entreprise à « chiffre d’affaires » de 105 milliards par année qu’est le gouvernement du Québec (si je peux m’exprimer ainsi). Bien gouverner ne consiste pas seulement à empiler les beaux ratios financiers et à gagner un concours de beauté à tous les quatre ans, mais aussi à offrir en tout temps, avec efficacité, diligence et humanité, les meilleurs services d’éducation, de santé, de solidarité, de culture, de transport, de justice et d’environnement possibles avec les impôts qu’on prélève auprès des citoyens. L’avons-nous perdu de vue ?

[1] Après avoir exclu les revenus des sociétés d’État et retranché les effets envisagés des mesures fiscales, les mises à jour budgétaires automnales du gouvernement ont estimé à 11,3 % la hausse cumulative des revenus autonomes vérifiés qui a accompagné celle de 8,3 % du PIB au cours des trois années 2014-2015, 2015-2016 et 2016-2017.

Actualité Société

La Française Émilie König, «combattante» de Daech, a été arrêtéeLa recruteuse bretonne avait quitté la France pour la Syrie, puis a été ajoutée par les États-Unis à la liste des terroristes les plus recherchés.

Par Le Point.fr

Depuis la Syrie, la jeune femme incitait plusieurs de ses proches à commettre des actions violentes sur le territoire français, notamment contre les institutions ou les femmes de soldats français.

Elle figurait sur la liste noire des « combattants terroristes étrangers ». Émilie König, une Bretonne de 30 ans, était activement recherchée par les services de renseignements américains et internationaux depuis plusieurs années. Elle aurait, selon les informations de RMC , été arrêtée en Syrie par les forces kurdes. Première femme inscrite sur la liste des terroristes internationaux par les États-Unis en octobre 2015, elle avait rejoint la Syrie dès 2012. Depuis cette date, la jeune femme incitait plusieurs de ses proches à commettre des actions violentes sur le territoire français, notamment contre les institutions ou les femmes de soldats français. Elle a également été aperçue dans différentes vidéos de propagande postées sur les réseaux sociaux et faisant l’apologie du djihad armé. En 2013, elle a tenté de revenir en France, pour récupérer ses deux enfants, mais est finalement repartie sans eux, ajoute RMC.

C’est justement à leur intention qu’une vidéo avait été postée sur YouTube le 31 mai 2013, dans laquelle on pouvait apercevoir la terroriste armée d’un fusil, s’entraîner au tir, rapporte Le Parisien. Dans une autre, la Bretonne adresse un message à ses deux enfants : « N’oubliez pas que vous êtes musulmans. Le djihad ne cessera pas aussi longtemps qu’il aura des ennemis à combattre. »

Les femmes et le dijihad

Née dans le Morbihan, elle se serait radicalisée au contact de son premier mari, un Algérien inculpé pour trafic de drogue, dans la région de Nantes. Émilie König serait désormais aux mains des Kurdes, enfermée dans un camp de réfugiés. Une dizaine de femmes auraient, comme cette fille de gendarme, été arrêtées ces dernières semaines, d’après les informations de RMC.

En novembre, Emmanuel Macron expliquait que le cas de ces femmes terroristes serait traité « au cas par cas ». En octobre, une mère de famille avait été condamnée à dix ans de prison pour avoir rejoint les rangs de l’organisation État islamique en Syrie, avec ses cinq enfants mineurs.

Archi : à Issy, Orange et sa ville de verreLe futur siège de l’opérateur téléphonique surplombera la halle Eiffel, déplacée et transformée. © Jean-Paul Viguier & Associés/SP

Par Bruno Monier-Vinard/lepoint.fr

Dessiné par l’architecte Jean-Paul Viguier, le futur siège de l’opérateur téléphonique Orange verra le jour en 2020 à Issy-les-Moulineaux, au pied du RER C.

Nom de code : Bridge. Avec pas moins de 56 000 mètres carrés, dont 3 000 de terrasses, le futur siège de l’opérateur téléphonique Orange, dont les bureaux offriront une vue sur Paris, Issy-les-Moulineaux, la Seine et l’île Saint-Germain, accueillera quelque 2 700 salariés à l’horizon 2020. Au menu, un atrium de 5 000 mètres carrés recréant une « ville intérieure » et une façade toute en transparence valorisant l’éclairage naturel. « Les circulations verticales, qui feront la part belle à la lumière du jour, stimuleront la créativité. Cette ergonomie répondra également aux nouveaux usages et attentes en matière de digitalisation », détaille Jean-Frédéric Heinry, patron des activités tertiaires d’Altarea-Cogedim, porteur du projet au côté du groupe Crédit agricole assurances. Ancré au pied du RER C et de la ligne de tramway T2, ce gigantesque paquebot entend marquer les esprits par l’audace de son architecture. « Surplombant la halle Eiffel, conservée et déplacée, un spectaculaire porte-à-faux déployé sur 15 mètres de longueur s’apparentera à la passerelle d’un navire jouant un rôle de sentinelle urbaine », commente l’architecte Jean-Paul Viguier, déjà à l’œuvre avec le siège de SFR à Saint-Denis et la tour de Maroc Telecom à Rabat.