AVM Educacional - Cursos de Pós, MBA e Extensão - … · 2017. 2. 7. · sistemas sensoriais (de...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA E DA
PSICOMOTRICIDADE COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO PARA UM
MELHOR DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS COM TDAH EM
PERÍODO ESCOLAR.
Por: Felipe Paschoal
Orientador
Profa. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2016 DOCUMENTO P
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA E DA
PSICOMOTRICIDADE COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO PARA UM
MELHOR DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS COM TDAH EM
PERÍODO ESCOLAR.
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Neurociência
Pedagógica.
Por: Felipe Paschoal
Rio de Janeiro
2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por
me permitir chegar até aqui vivo e com saúde,
aos meus pais e familiares, que me apoiaram
e me incentivaram, aos amigos próximos que
me ajudaram e torceram por mim e aos
docentes do curso de Neurociência
Pedagógica pelo conhecimento transmitido e
em especial a orientadora professora Marta
Pires Relvas por me ajudar a trilhar o caminho
certo nessa presente pesquisa.
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais e ao
meu irmão, e aos verdadeiros amigos.
Sem eles nada disso seria
possível.
RESUMO
Ao longo da vida, indivíduos de uma mesma espécie tendem a
passar por uma sequência de fatos e eventos que decorrem de maneira
semelhante a todos, esse processo chama-se Ontogênese. Que somado ao
modo pelo qual o indivíduo passa a enxergar e se conectar com o ambiente
que está inserido leva o mesmo a perceber e vivenciar diversos estímulos, ao
mesmo tempo em que passa a se relacionar com outras pessoas, gerando
assim respostas motoras, cognitivas e afetivas que favorecem o seu
desenvolvimento neuropsicomotor. As crianças que se encontram no transtorno
de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) apresentam sinais e sintomas
básicos como: desatenção, hiperatividade física/mental e impulsividade. Tais
sintomas podem afetar o seu correto desenvolvimento ontogênico, visto que o
TDAH apresenta alterações de origens perceptivas, cognitivas, motoras e
comportamentais que irão influenciar diretamente no seu processo de
aprendizagem. O presente estudo busca identificar as possíveis causas para o
transtorno assim como as principais dificuldades encontradas pelas crianças
TDAH’s no período escolar, estabelecendo a partir dessa compreensão a
importância da Psicomotricidade e da Neurociência como instrumentos
pedagógicos atuantes para contribuir com novas estratégias que proporcionem
uma melhor qualidade tanto no processo de aprendizagem quanto na vida do
indivíduo TDAH.
Palavras-chaves: TDAH, Psicomotricidade, Aprendizagem,
Neurociências, Ontogênese, Alterações.
METODOLOGIA
Os métodos utilizados para a pesquisa do presente trabalho vêm da
prática de uma revisão bibliográfica de livros, revistas e artigos científicos com
uma abordagem exploratória qualitativa do tema proposto que tem como base
os seguintes autores: Jean Le Boulch, Vitor da Fonseca, Marta Pires Relvas,
Roberto Lent, Guyton & Hall, Dangelo & Fattini, Newra Tellechea Rotta, Fátima
Alves entre outros.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I:
O Sistema Nervoso 10
CAPÍTULO II:
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade 21
CAPÍTULO III:
A Psicomotricidade, a Neurociência Pedagógica, a escola e o TDAH
31
CONCLUSÃO: 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS : 54
WEBGRAFIA: 56
ÍNDICE: 57
8
INTRODUÇÃO
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) tem sido
amplamente discutido nos dias atuais visto que o número de pessoas
diagnosticadas e tratadas com o transtorno tem crescido a cada ano no mundo.
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABADA, 2016), a
prevalência do déficit de atenção e hiperatividade está entre 3% e 5% em
crianças com idade escolar, ou seja, esse transtorno se faz presente dentro
das escolas que possivelmente devem estar preparadas para dar todo o
suporte pedagógico necessário, para que o indivíduo TDAH possa progredir de
acordo com suas etapas de desenvolvimento no processo de aprendizagem
respeitando suas possibilidades e individualidade biológica.
Segundo SILVA (2014), o TDAH é um transtorno neurobiológico que
apresenta sinais e sintomas como: Hiperatividade física e mental, desatenção e
impulsividade, esses três sintomas são os principais sendo chamados de “trio
de base alterada” levando os indivíduos a possíveis problemas não só de
escolarização, mas também comportamentais visto que essas crianças acabam
sendo constantemente rotuladas e vítimas de bullyng fazendo com que se
isolem ou se tornem mais agressivas, levando também a uma possível evasão
escolar frente às dificuldades encontradas por elas no período escolar.
Nesse cenário a pré-escola que compreende crianças de quatro a
seis anos de idade tem um papel fundamental, pois além de poder contribuir
para um correto desenvolvimento neuropsicomotor do indivíduo, pode perceber
em um grupo de alunos de uma mesma faixa etária se alguém apresenta
comportamento diferenciando que pode levar a um possível TDAH. Sinalizando
para as famílias que possam dar início a uma investigação melhor de tais
comportamentos, que se de fato forem constatados como TDAH possam
através da interdisciplinaridade dar todo o suporte e estímulos para que essa
criança venha a se desenvolver da melhor maneira possível dentro da
sociedade assim como na escola.
9
Desta forma o primeiro capítulo do presente trabalho irá abordar o
desenvolvimento Ontogênico do ser humano com foco na anatomia e fisiologia
do Sistema Nervoso, assim como outras questões de extrema importância para
tal desenvolvimento como: plasticidade cerebral, sinapses nervosas, funções
executivas e fatores neurotróficos.
No segundo capítulo será descrita uma breve história do TDAH,
assim como suas possíveis causas e dificuldades encontradas pelas crianças
que se encontram no transtorno.
O terceiro capítulo irá apresentar como a Psicomotricidade e a
Neurociências podem vir a contribuir com novas estratégias pedagógicas para
que as crianças TDAH’s possam se desenvolver da melhor maneira possível
dentro do ambiente pré-escolar. Como conduzi-las no processo de
aprendizagem para atingir as suas necessidades que acabam sendo diferentes
das outras crianças.
Com base nos capítulos o presente estudo busca apresentar a
importância da integralidade das duas ciências descritas anteriormente para
que o aluno TDAH na pré-escola possa vivenciar esse momento desfrutando
de todas as suas possibilidades, potencializando suas habilidades e
estimulando suas dificuldades para que as escolas, pais e professores possam
perceber que novas abordagens metodológicas podem atingir de diversas
maneiras crianças que aprendem em ritmos diferentes umas das outras, porém
se forem respeitadas e orientadas de maneira correta todas tem condições de
caminhar com maior segurança e autonomia no processo de aprendizagem.
10
CAPÍTULO I
O SISTEMA NERVOSO
1.1 O Sistema Nervoso
O sistema nervoso transforma-se com o tempo, por essa razão o
desenvolvimento embrionário, a maturidade, o envelhecimento e a morte, são
fenômenos sequencias de sua existência LENT (2010).
Tal sistema tem uma importância tão única no desenvolvimento do
individuo que LENT (2010), declara que desde muito cedo o sistema nervoso
surge no embrião primeiro com uma placa de células ectodérmicas que se
multiplicam e se transformam em um tubo cilíndrico, que se desenvolve, se
contorce transformando-se em uma estrutura composta por vesículas que
sobressaem ao tubo neural, sendo as precursoras das grandes regiões do
sistema nervoso.
Segundo LENT (2010), em paralelo com a sequência biológica de
eventos, estabelecem-se gradativamente as funções do sistema nervoso
humano que DANGELO & FATTINI (2007), relatam ser o sistema responsável
pelas funções orgânicas, bem como a integração do indivíduo com o meio
ambiente. Para RELVAS (2015), o sistema nervoso coordena tanto as
atividades internas, como as externas do organismo, a fim de produzir uma
integração buscando manter o equilibro (homeostase) do indivíduo com o meio
externo.
O sistema nervoso tem uma importância vital para o
desenvolvimento ontogênico de qualquer indivíduo, porém iremos abordar no
presente trabalho algumas de suas partes que tem relevância fundamental
para o estudo, visto que o mesmo é de uma complexidade muito grande e tem
relação direta com todas as funções que o organismo é capaz de
desempenhar.
11
Divisão do Sistema Nervoso
Quanto a sua divisão o sistema nervoso divide-se em: parte central
que corresponde ao SNC, parte periférica, que corresponde ao SNP, e uma
divisão autônoma do sistema nervoso, que compreende as partes simpáticas e
parassimpáticas (DANGELO & FATTINI, 2007).
Segundo (DANGELO &FATTINI, 2007) quanto ao SNC é uma
porção de recepção de estímulos, de comandos que desencadeiam respostas.
Já a porção periférica (SNP), é constituída pelas vias que conduzem os
estímulos ao SNC ou que levam até aos órgãos (músculos e glândulas) as
ordens advindas da porção central.
Partes do Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso Central é constituído por estruturas localizadas
no esqueleto axial (coluna vertebral e crânio), denomina-se encéfalo a parte
contida no interior da caixa craniana e é constituído pelo cérebro, cerebelo e
tronco encefálico. Já o Sistema Nervoso Periférico é constituído pelos nervos
cranianos, periféricos, espinhais e gânglios LENT (2010).
Funções do Sistema Nervoso
Segundo GUYTON & HALL (2012), o sistema nervoso inclui os
sistemas sensoriais (de entrada) e motor (de saída), que são interconectados
por mecanismos complexos e integrativos.
Para que ocorra essa integração o sistema nervoso é composto por
um tecido nervoso que compreende dois tipos de células: os neurônios e as
células gliais ou neuroglia (DANGELO & FATINNI 2007).
1.2 Sistema Nervoso e Suas Células
Os Neurônios
12
As unidades funcionais de informação são os neurônios e operam
em grandes conjuntos e não isoladamente, esses conjuntos de neurônios
formam os chamados circuito ou redes neurais (LENT 2010).
ROTTA (2016) relata que a formação dos circuitos neurais também é
conhecida por sinaptogênese, aonde a maior parte desse processo ocorre após
o nascimento, sendo, portanto suscetível às influencias do ambiente externo,
que quando somado à bagagem genética do indivíduo moldam os engramas.
Quando as primeiras redes neurais são formadas, torna-se necessária uma
remodelagem, com a eliminação de circuitos que eram importantes para a vida
intrauterina, pois passam a ser rudimentares após o nascimento. A morte
programada dos neurônios corticais é conhecida como apoptose e inicia-se no
terceiro trimestre da gestação e se prolonga até o segundo ano de vida.
Segundo ROTTA et al. (2016), as estruturas que formam o neurônio
são:
• Corpo celular ou soma – é constituído por citoplasma,
núcleo e organelas. É o centro metabólico do neurônio,
responsável pela síntese proteica, bem como pela maioria
dos processos de degeneração e renovação dos constituintes
celulares, tendo suas formas e tamanhos variáveis.
• Dendritos – geralmente são curtos e numerosos, recebem os
estímulos que chegam ao corpo do neurônio. Ramificam-se
profusamente, com um aspecto que lembra galhos de uma
árvore.
• Axônios – são finos e se originam do corpo celular, sendo
responsáveis pela condução dos impulsos que saem do
neurônio. Seu comprimento é variável e seu formato é
cilíndrico.
Portanto a informação chega ao neurônio através dos dendritos, a
resposta unificada passa pelo corpo do neurônio e, após integração de todos
os impulsos sai pelo axônio (ROTTA et al., 2016).
Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando
presentes, seus envoltórios. Destes, o principal é a bainha de
13
mielina, que funciona como isolante elétrico. Quando
envolvidos pela bainha de mielina, os axônios são fibras
nervosas mielínicas. Aqueles nos quais ela está ausente
denominam-se fibras nervosas amielínicas. As fibras nervosas
amielínicas conduzem o impulso nervoso mais lentamente. Os
dois tipos, fibras mielínicas e amielícas ocorrem tanto no SNC
quanto no periférico. Neste último, a bainha de mielina é
formada por células de Schwann e no central pelos
oligodentrócitos. (DANGELO & FATTINI, 2007, p.56)
A bainha de mielina tem uma grande importância no processo de
desenvolvimento do sistema nervoso, pois segundo LENT (2010) essa capa
tem propriedades isolantes e quando presente traz consequências
significativas para que o impulso nervoso seja propagado, através do potencial
de ação que é um sinal elétrico muito rápido que concede ao neurônio uma
capacidade de transmitir informações.
Segundo ROTTA et al. (2016), a mielinização marca o período final
de maturação embriológica e ontogenética do sistema nervoso, sendo
composta basicamente por proteínas e lipídeos, salientando-se o fosfolipídeos.
Por ser isolante, permite condução mais rápida impulso nervoso, que é
saltatório e os potencias de ação só ocorrem nos nódulos de Ranvier.
As Células Gliais (Neuroglia)
O termo células gliais vem do inglês glue, que significa “cola”. A
opinião inicial dos pesquisadores era de que as células gliais desempenhavam
apenas a função de “colar” e fornecer sustentação aos neurônios, contudo
foram constatadas várias outras funções que as mesmas desempenham
(ROTTA et al., 2016).
De acordo com LENT (2010), as neuroglias participam da
transmissão e processamento das informações, da modulação da transmissão
sináptica e da sincronização da atividade neuronal. Tem ação hemodinâmica,
pois media a regulação do fluxo de sangue no local segundo atividade neuronal
e participa da seleção de substâncias que circulam entre o tecido nervoso e o
sangue. Também participam da regulação hormonal, especialmente da
14
glândula hipófise, participam das respostas imunitárias e protegem os
neurônios de danos por excesso de aminoácidos excitatórios.
As células gliais são 10 a 15 vezes mais numerosas do que os
neurônios, que podem modificar-se com a chegada de novas
informações no Sistema Nervoso Central e que, de certo modo,
portanto, também participam da neurotransmissão e dos
mecanismos celulares do aprendizado. No presente, sabe-se
que as conexões entre os neurônios (sinapses) são tripartites,
ou seja, englobam neurônio pré-sináptico, o neurônio pós-
sináptico e também um tipo de célula glial, denominada
astrócito. (ROTTA et al., 2016, p. 12)
Segundo LENT (2010), no Sistema Nervos Central consideram-se
duas grandes classes: a macroglia e a microglia. Já no Sistema Nervoso
Periférico apresenta um tipo glial principal as células de Schwann.
Visto a importância das diversas funções que as células gliais
desempenham no organismo, o presente estudo irá destacar dois tipos das
presentes células que são: os astrócitos e as células de Schawann.
De acordo com GOMES et al. (2013), os astrócitos são as células
gliais mais abundantes no Sistema Nervos Central, e constituem
aproximadamente metade das células do cérebro humano. Desempenham uma
série de funções essenciais para a homeostase do Sistema Nervoso Central,
incluindo manutenção dos níveis iônicos do meio extracelular, alterados com a
descarga de potenciais de ação dos neurônios, captação e liberação de
diversos neurotransmissores, tendo um papel crítico no metabolismo do
neurtransmissores, glutamato e GABA. Participa na formação da barreira
hematoencefálica e secreção de fatores tróficos essenciais para a
sobrevivência e diferenciação dos neurônios, direcionamento de axônios e
formação e funcionamento das sinapses.
A neuroglia do Sistema Nervoso Periférico é composta pelas células
de Schawann, que circundam os axônios formando a bainha de mielina no
sistema nervoso periférico, participam também da regeneração das fibras
nervosas periféricas (ROTTA et al., 2016).
15
1.3 Via Aferente e Eferente
Segundo GUYTON & HALL (2012), grande parte da atividade do
sistema nervoso origina-se de mecanismo que estimulam receptores sensoriais
localizados na terminação distal do neurônio sensorial. Os sinais trafegam ao
longo de nervos periféricos para alcançar a medula espinal, sendo, então,
transmitidos para todo o cérebro. As mensagens sensoriais de entrada (via
aferente) são processadas e integradas com a informação armazenada em
vários grupamentos de neurônios, de modo que os sinais resultantes podem
ser utilizados para gerar uma resposta motora adequada (via eferente).
Na via sensitiva, basicamente são estudados os seguintes
elementos: o receptor, o trajeto periférico, o trajeto central e a área de projeção
cortical. O receptor é sempre uma terminação nervosa sensível ao estímulo
que caracteriza a via, o trajeto periférico apresenta um nervo espinal ou
craniano e um gânglio sensitivo anexo a este nervo. No trajeto central as fibras
que constituem a via aferente juntam-se em feixes de acordo com suas
funções. O trajeto central implica ainda a existência de núcleos relés, onde se
encontram neurônios de associação da via considerada. A área de projeção
cortical está no córtex cerebral ou no córtex cerebelar, no primeiro caso a via é
consciente, ou seja, a via nos permite reconhecer os diversos tipos de
sensibilidade; no segundo caso, ou seja, quando a via termina no córtex
cerebelar, o impulso não determina qualquer manifestação sensorial e é
utilizado pelo cerebelo para a realização de suas função principal de integração
motora, a via é inconsciente. (DANGELO & FATTINI, 2007)
De acordo com GUYTON E HALL (2012), a divisão motora do
sistema nervoso é responsável pelo controle de diversas atividades corporais,
como a contração dos músculos estriados e lisos e a secreção de glândulas
exócrinas e endócrinas. De fato, só uma parcela relativamente pequena dos
estímulos sensoriais recebidos pelo cérebro é utilizado para gerar respostas
motoras imediatas. Grande parte é descartada como irrelevante, os estímulos
sensoriais podem ser armazenados sob a forma de memória. A informação
armazenada como memória pode se tornar parte de um mecanismo de
16
processamento utilizado para gerenciar estímulos sensoriais subsequentes. O
cérebro compara novas experiências sensoriais com aquelas armazenadas na
memória e, desse modo, desenvolve estratégias bem-sucedidas para a
formação de uma resposta motora.
1.4 Sensação, Sistema Sensorial e Percepção.
Cada indivíduo é um ser único, sendo assim, duas pessoas não
percebem a mesma situação vivenciada da mesma forma. Cada um tem uma
leitura do mundo completamente diferente do outro, interpretam o ambiente
através dos sentidos de maneiras distintas, sendo assim, entender esse
processo se faz extremamente relevante para o presente trabalho, pois o
mesmo trata de um transtorno global de desenvolvimento o TDAH.
Segundo LENT (2010), a percepção inicia quando uma forma
qualquer de energia incide sobre as interfaces situadas entre o corpo e o
ambiente, sejam elas externas (na superfície corporal), ou internas (nas
vísceras), Nessas interfaces encontram-se células especializadas capazes de
traduzir a linguagem do ambiente para a linguagem do sistema nervoso: os
receptores sensoriais. São eles que definem o que habitualmente chamamos
de sentidos: visão, audição, sensibilidade corporal, olfação e gustação. Mas de
forma consciente e inconsciente, nosso cérebro é capaz de sentir muito mais
do que esses cinco sentidos clássicos permitem supor.
Sensação é a capacidade que os animais apresentam de codificar
certos aspectos de energia física e química que os circunda, representando-os
como impulsos nervosos capazes de serem “compreendidos” pelos neurônios.
A sensação permite a existência dos sentidos, ou seja, as diferentes
modalidades sensoriais advêm da tradução pelo sistema nervoso das diversas
formas de energias existentes no ambiente. (LENT, 2010)
Ainda de acordo com LENT (2010), sistema sensorial, então,
representa os conjuntos de regiões do sistema nervoso, conectadas entre si,
cuja função possibilita as sensações. Já a percepção é um tanto quanto
diferente. Pois se trata da capacidade do individuo vincular os sentidos a outros
aspectos da existência, como o comportamento, no caso dos animais em geral,
17
e o pensamento, no caso dos seres humanos. Portanto a percepção apresenta
um nível de complexidade mais alto que a sensação, por exemplo, o sentido da
audição nos permite detectar os diferentes tipos de sons, mas é a percepção
auditiva que nos permite identificar, apreciar e lembrar uma música. Sendo
assim, a percepção ultrapassa os limites estruturais dos sistemas sensoriais,
envolvendo também outras partes do Sistema Nervoso, de funções não
sensoriais.
1.5 Sinapses
De acordo com DANGELO & FATTINI (2007), os locais onde
terminações axônicas entram em contato com outros neurônios, transmitindo-
lhes informações são conhecidos como sinapses interneuronais. No Sistema
Nervoso Periférico, terminações axônicas também podem relacionar-se com as
células não neuronais, isto é, efetuadoras como as células musculares ou as
células secretoras, controlando suas funções.
Segundo GUYTTON E HALL (2012), em seu local de terminação um
axônio forma normalmente, uma serie de ramos que exibem pequenas regiões
dilatadas denominadas terminal sináptico ou botões sinápticos. O botão
sináptico está colocado diante, mas separado de uma estrutura pós – sináptica
(dendrito ou soma) por um espaço estreito denominado fenda sináptica. Os
botões sinápticos contém uma diversidade de organelas incluindo numerosas
mitocôndrias e exibem uma agregação de vesículas sinápticas relativamente
pequenas, as quais contêm moléculas de um agente químico
neurotransmissor. Quando liberado esse agente neurotransmissor se liga aos
receptores no neurônio pós-sináptico e altera a permeabilidade da membrana
para determinados íons. As sinapses químicas e elétricas são os dois principais
tipos de sinapses encontradas no cérebro. Um neurônio, pré-sináptico, libera
um agente transmissor que se liga ao neurônio pós-sináptico, que é então
excitado ou inibido, sendo assim, a transmissão é tipicamente “em mão única”,
ou seja, do terminal axonal pré-sináptico para o dendrito ou soma pós-
sináptico.
18
Nas sinapses químicas, que são a grande maioria das sinapses
interneuronais e todas as sinapses neuroefetuadoras, a comunicação se faz
por liberação de uma substância química, denominada neurotransmissor.
Existem diversos neurotransmissores entre eles destacam-se a acetilcolina, a
noradrenalina e a adrenalina. Atualmente, entretanto, a estes se acrescentam a
glicina, o glutamato, o aspartato, o GABA, a dopamina e a histamina. Certos
peptídeos também podem funcionar como neurotransmissores como, por
exemplo, a substância P, assim como os opióides como a endorfina e as
encefalinas (DANGELO E FATTINI, 2007).
1.6 O Lobo Frontal e Funções Executivas
De acordo com RELVAS (2014), os lobos frontais nos fazem ser
ativos perante aos nossos planejamentos. Sendo assim, através das funções
desempenhadas pelo mesmo, nos diferenciamos dos demais seres primitivos
para nos tornarmos então seres humanos, sendo considerados a princípio, os
mais evoluídos diante de um salto qualitativo de atitudes proativas.
Conforme relata ROTTA et al. (2016), o lobo frontal tem várias
funções como: o planejamento da fala, o planejamento dos atos motores, o
controle do humor e dos impulsos, o gerenciamento de todas as situações que
envolvam pessoas e o ambiente. Para se desenvolverem, as praxias
necessitam do lobo frontal além de todas suas conexões com o núcleo da base
e o cerebelo. A maturação da atividade motora do lobo frontal se completa
entre os 5 e os 7 anos de idade, já a maturação da atividade cognitiva e
comportamental só atinge a maturidade aos 21 anos de idade.
Indivíduos que apresentam lesões nos lobos frontais apresentam
uma incapacidade de planejar e tomar decisões, bem como a de antecipar as
consequências de suas ações. Estudos apontam que lesões em outras partes
do cérebro aparentemente não afetam essa capacidade (RELVAS, 2014).
As funções executivas se estruturam no decorrer da vida,
obedecendo a uma sequência que vai da menor para a maior complexidade, da
dependência inicial para a autonomia, e proporcional a cada idade do indivíduo.
Ou seja, não nascemos com essa capacidade, nem esta se estrutura
19
automaticamente, será necessário que essa capacidade se organize durante o
processo de desenvolvimento pela interação que a criança terá com seu
entorno (ROTTA et al., 2016).
As funções executivas (FE) são consideradas
como um conjunto de funções responsáveis por
iniciar e desenvolver uma atividade com objetivo
final determinado. Participam da sua consecução
um espectro amplo de processos cognitivos,
destacando-se o estado de alerta, atenção
sustentada e seletiva, o tempo de reação, a
fluência e a flexibilidade do pensamento,
condições estas que favorecerão a possibilidade
de busca de soluções para novas propostas,
atuando no planejamento e regulando o
comportamento adaptativo com a finalidade de
atingir um objetivo determinado (FUSTER, 2000
apud, ROTTA et al., 2016).
Através dos conceitos citados anteriormente nota-se que para uma
criança com TDAH em período escolar, as dificuldades de aprendizagem
acabam se acentuando, pois do ponto de vista ontogênico é preciso uma
maturação do lobo frontal assim como das funções executivas para que as
crianças passem por suas etapas de desenvolvimento de maneira coerente e
gradual de acordo com sua faixa etária.
O lobo frontal possui uma importância extremamente relevante no
desenvolvimento do ser humano, pois é através dele que o indivíduo planeja e
executa seus objetivos de maneira corticalizada, ou seja, pensa para agir e
dessa maneira passa a perceber com maior atenção os sentidos e significados
planejando melhor suas ações. Visto que crianças que se enquadram no TDAH
apresentam dificuldades pontuais em relação atenção, percepção, memória de
trabalho, planejamento das ações entre outras funções que o lobo frontal e as
funções executivas estão diretamente ligados, ocorre com as mesmas uma
baixa na sua qualidade de vida, pois elas não dão conta do seu problema
20
agravando assim seus sintomas que serão descritos de maneira mais criteriosa
no capítulo posterior.
21
CAPÍTULO II
O TRANSTORNO DO DÉFICT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)
2.1 ATENÇÃO, ALERTA E PERCEPÇÃO
Segundo MAGILL (2000), desde os primórdios da investigação
acerca do comportamento humano, pesquisadores mostram-se
particularmente interessados no estudo da atenção. Quando o termo é
utilizado no contexto do desempenho humano, a atenção se refere ao
envolvimento das atividades perceptivas, cognitivas e motoras associadas
ao desempenho de habilidades.
Essas atividades podem ser desempenhadas
consciente ou inconscientemente. Por exemplo,
a detecção de informação do ambiente é uma
atividade que requer atenção. Nós observamos e
prestamos atenção no ambiente onde nos
movimentamos para poder detectar aspectos
que nos ajudem a determinar a habilidade a ser
desempenhada e como desempenhá-la
(MAGILL, 2000, p. 108).
Em conformidade com LENT (2010), intuitivamente todo mundo
sabe o que é atenção. Prestar atenção é focalizar a consciência,
concentrado os processos mentais em uma única tarefa principal e
colocando as demais em segundo plano. É natural intuir que essa ação
focalizadora só se torna possível porque conseguimos sensibilizar
seletivamente um conjunto de neurônios de certas regiões cerebrais que
executam a tarefa principal, inibindo as demais. Sendo assim, a atenção
tem dois aspectos principais: o primeiro seria a criação de um estado geral
de sensibilização conhecido atualmente como alerta, e o segundo aspecto
que seria a atenção propriamente dita que será descrita com uma maior
importância ainda nesse capítulo.
22
Somente em condições mínimas de alerta é possível receber e
integrar informação intracorporal e extracorporal. A condição de alerta, que
exige a incitação de tônus e de uma certa energia cortical, é indispensável para
a ativação dos sistemas seletivos de conexão, que sem os mesmos nenhuma
atividade mental pode ser realizada, mantida ou organizada, e tão pouco
corrigida ou recorrigida com eficácia (FONSECA, 2012).
Segundo ROTTA (2016), a função atencional tem um papel
fundamental no desempenho das funções executivas e deve ser considerada
como parte atuante desse sistema funcional. A atenção inclui-se no processo
com os seus subtipos: estado de alerta, atenção sustentada, seletiva serial, de
deslocamento, compartilhada e os chamados mecanismos inibitórios, que
favorecem a exclusão dos estímulos que não interessam ao objetivo atual.
De acordo com FONSECA (2012), a atenção seletiva não ocorre no
sono, ou seja, no período não vigilante. A clássica alternância vigília-sono,
controlada por síntese proteica que libera a serotonina e inibe a formação
reticulada, é uma manifestação superior e vital da atividade cortical. A função
de alerta reclama a integração e a modulação de estímulos, de forma que
possa selecionar o relevante do irrelevante, estruturando-se na mobilização de
processos neurológicos de facilitação e inibição, que são imprescindíveis à
atividade ou a mudança de atividades.
Conforme LENT (2010), percepção para os seres humanos é a
capacidade de aliar as informações sensórias à memória e à cognição, de
modo a desenvolver conceitos sobre o mundo e sobre nós mesmos e orientar o
nosso comportamento. Ainda sobre o mesmo autor isso significa duas coisas:
primeiro, que a percepção é dependente, mas diferente dos sentidos, isto é,
tem um “algo mais” que a torna uma experiência mental particular. Segundo,
ela envolve processos complexos ligados à memória, à cognição e ao
comportamento.
Cada resposta a uma nova situação requer a comparação do novo
estímulo com o anterior, comparação essa se torna decisiva para a elaboração
da resposta (FONSECA, 2012).
De acordo com FONSECA (2012), a atividade gnóstica humana é
um sistema funcional complexo, não apenas dependente de uma única
modalidade sensorial, mas resultado de uma construção dinâmica e complexa,
23
como a percepção. A percepção humana resulta de uma realidade que se
constrói na mente por intermédio de representações de objetos em que
necessariamente está envolvida uma polimodal coordenada.
O TDAH por ser um transtorno no qual ocorre uma defasagem das
habilidades neurológicas descritas anteriormente, gera aos indivíduos prejuízos
em sua qualidade de vida de maneira geral que quando se acumulam ao longo
de suas jornadas, levam os mesmo a adquirem problemas graves no que diz
respeito as suas relações interpessoais e intrapessoais. Por não darem conta
dos processos fisiológicos que ocorrem de maneira irregular, os indivíduos
TDAH’s sofrem com os sintomas da desordem que dificultam seu convívio em
harmonia dentro de um ambiente de relações que serão descritos
posteriormente.
2.2 O QUE É O TDAH
Definições
Para entender melhor o que é o Transtorno do Déficit de atenção e
hiperatividade, o presente estudo irá fazer uma breve explanação sobre o
conceito geral de transtorno do neurodesenvolvimento e também o que são
déficits, afim de esclacer melhor os conceitos posteriores sobre o que é o
TDAH.
Segundo o DSM V (2014), os transtornos do neurodesenvolvimento
tipicamente se manifestam muito cedo no desenvolvimento, em geral antes de
a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no
desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social,
acadêmico ou profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde
limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções
executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência.
Com alta prevalência entre a população mundial e com o quadro
clínico bastante heterogênio, o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) apresenta elevado risco de comprometimentos
comportamentais de diversas áreas do funcionamento adaptativo, com
dificuldades nos relacionamentos sociais e familiares, no ajustamento motor,
24
psicossocial, além de prejuízos no desempenho acadêmico e na aprendizagem
(ASSAFE; CAPOVILLA; CAPOVILLA, 207; RIZZUTTI et al., 2008 apud,
SHIMIZU, 2011).
Segundo RELVAS (2015), O TDAH é um transtorno psiquiátrico,
neurobiológico, mais comum da infância e da adolescência, de causas ainda
desconhecidas, porém com forte participação genética na sua etiologia que
acompanha o indivíduo por toda a vida.
De acordo com ROTTA et al., (2016), o transtorno do déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH) atualmente é definido como uma síndrome
neurocomportamental com sintomas classificados em três categorias:
desatenção, hiperatividade e impulsividade. Sendo assim, o TDAH se
caracteriza por um nível inadequado de atenção em relação ao esperado para
a idade, o que leva a distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e
comportamentais.
Sabe-se hoje que o TDAH é uma síndrome
heterogênea, um dos maiores problemas
clínicos e de saúde publica, que acomete
crianças, adolescentes e adultos, causando
grande impacto na sociedade pelo custo, pelo
estresse envolvido, pelas dificuldades
acadêmicas, por problemas de
comportamento e pela baixa autoestima. O
TDAH é definido por meio de duas vertentes:
a dificuldade para manter um bom nível de
atenção e a hiperatividade com impulsividade
(ROTTA et al., 2016, p. 276).
Características e Diagnósticos
A característica essencial do transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade é um padrão persistente de desatenção e/ou
hiperatividade-impulsividade que afeta o funcionamento ou no desenvolvimento
do indivíduo. A desatenção manifesta-se comportamentalmente no TDAH como
divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e
25
desorganização, e não constitui consequência de desafio ou falta de
compreensão. A hiperatividade refere-se à atividade motora excessiva (como
uma criança que corre por tudo) quando não apropriado ou remexer, batucar
ou conversar em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar
como inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade. A
impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem
premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa como, por exemplo,
atravessar uma rua sem olhar. A impulsividade pode ser reflexo de um desejo
de recompensas imediatas ou de incapacidade de protelar a gratificação.
Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social
como, por exemplo, interromper os outros em excesso e/ou tomada de
decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo
prazo (DSM V, 2014).
O TDAH tem seu início na infância. A exigência de que vários
sintomas estejam presentes antes dos 12 anos de idade retrata a importância
de uma apresentação clínica substancial durante o período da infância. Ao
mesmo tempo, uma idade de início mais precoce não é especificada devido a
dificuldades para se estabelecer retrospectivamente um início na infância. As
lembranças dos adultos sobre sintomas na infância tendem a não ser
confiáveis, sendo benéfico obter informações complementares (DSM V, 2014).
Manifestações do transtorno devem estar
presentes em mais de um ambiente (p. ex., em
casa e na escola, no trabalho). A confirmação de
sintomas substanciais em vários ambientes não
costuma ser feita com precisão sem uma
consulta a informantes que tenham visto o
indivíduo em tais ambientes. É comum os
sintomas variarem conforme o contexto em um
determinado ambiente. Sinais do transtorno
podem ser mínimos ou ausentes quando o
indivíduo está recebendo recompensas
frequentes por comportamento apropriado, está
sob supervisão, está em uma situação nova, está
envolvido em atividades especialmente
26
interessantes, recebe estímulos externos
consistentes (p. ex., através de telas eletrônicas)
ou está interagindo em situações individualizadas
(p. ex., em um consultório) (DSM V, 2014, p.
102).
O diagnóstico deve ser fundamentado no quadro clínico
comportamental do indivíduo, uma vez que não existe um marcador biológico
definido para todos os casos de TDAH. Sabe-se que para considerar o
diagnóstico, é necessário que os sintomas ocorram em mais de um local, ou
seja, não só na escola ou só em casa e sim nos mais variados ambientes e
situações. Em situações de estresse e ansiedade é esperado que a
sintomatologia causada pelo transtorno possa vir a se agravar (ROTTA et al.,
2016).
Não existindo marcador biológico para diagnosticar com precisão o
transtorno, o DSM V (2014) relata que como grupo na comparação com seus
pares, crianças com TDAH apresentam eletroencefalogramas com aumento de
ondas lentas, volume encefálico total reduzido na ressonância magnética e,
possivelmente, atraso na maturação cortical no sentido póstero-anterior,
embora esses achados não sejam diagnósticos.
O TDAH além de trazer prejuízos significativos em diversas esferas
do desenvolvimento para os indivíduos que se enquadram no transtorno,
também carrega uma grande dificuldade para ser diagnosticado com precisão
visto às citações anteriores descritas pelos autores. Sendo assim, a
observação e a comparação se tornam ferramentas fundamentais para que
pais, professores, médicos e terapeutas identifiquem as diferenças entre
atitudes e comportamentos de uma criança agitada, porém dentro dos padrões
normais, para outra que persiste em uma agitação e/ou desatenção muito
acentuada que acarretem danos significativos no seu desenvolvimento
biopsicosocial, assim como em sua qualidade de vida.
Segundo o DSM V (2014), muitos pais observam pela primeira vez
uma atividade motora excessiva quando a criança começa a andar, mas é
difícil distinguir os sintomas do comportamento normal, que é altamente
variável, antes dos quatro anos de idade. O TDAH costuma ser identificado
27
com mais frequência durante os anos do ensino fundamental, com a
desatenção ficando mais saliente e prejudicial. O transtorno fica relativamente
estável nos anos iniciais da adolescência, mas alguns indivíduos têm piora no
curso, com o desenvolvimento de comportamentos antissociais. Na maioria das
pessoas com TDAH, sintomas de hiperatividade motora ficam menos claros na
adolescência e na vida adulta, embora persistam dificuldades com
planejamento, inquietude, desatenção e impulsividade. Uma proporção
substancial de crianças com TDAH permanece relativamente prejudicada até a
vida adulta.
Na pré-escola, a principal manifestação é a hiperatividade. A
desatenção fica mais proeminente nos anos do ensino fundamental. Na
adolescência, sinais de hiperatividade são menos comuns, podendo limitar-se a
comportamento mais irrequieto ou sensação interna de nervosismo, inquietude
ou impaciência. Na vida adulta, além da desatenção e da inquietude, a
impulsividade pode permanecer problemática, mesmo quando ocorreu redução
da hiperatividade (DSM V, 2014).
Prevalência
Segundo ROTTA et al., (2016), a prevalência do TDAH é estimada
em torno de 3 a 30% nas crianças em idade escolar, em diferentes países
incluindo o Brasil. Observando 19 estudos semelhantes em sua metodologia
foram observadas variações de 2 a 17% que a prevalência do transtorno
diminuiu a medida que a idade aumenta.
Levantamentos populacionais sugerem que o TDAH ocorre na
maioria das culturas em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos (DSM V,
2014).
Conforme relata SHIMIZU (2010), em uma recente revisão sistema
sobre o tema (POLANCZYK et al., 2007), reuniu 102 estudos de prevalência
em todo mundo, computando uma estimativa de prevalência de 5,29% entre
indivíduos menores de 18 anos de idade. Entre crianças em idade escolar, a
estimativa de prevalência foi de 6, 48% e entre adolescentes foi de 2,74%.
28
O TDAH é mais comum no sexo masculino do que no feminino na
população em geral, com uma proporção de cerca de 2:1 nas crianças e de
1,6:1 nos adultos. Há maior probabilidade de pessoas dó sexo feminino se
apresentarem primariamente com características de desatenção na
comparação com as do sexo masculino (DSM V, 2014).
Etiologia
De acordo com ROTTA et al., (2016), a etiologia é multifatorial e dela
fazem partes os fatores genéticos e os fatores ambientais em diferentes
combinações.
Segundo SILVA (2014), o TDAH, deriva de um funcionamento
alterado no sintoma neurobiológico cerebral. Isto é, substâncias químicas
produzidas pelo cérebro, os neurotransmissores apresentam-se alterados
qualitativamente e/ou quantitativamente no interior do cérebro, tais substâncias
são responsáveis por alimentar e modular os circuitos cerebrais fazendo
funcionar todas as funções da atenção, da impulsividade e da atividade física e
mental no comportamento humano, o TDAH trata-se de uma disfunção e não
uma lesão.
Estudos demonstram que o desenvolvimento do TDAH está
relacionado à participação de vários genes envolvidos no sistema
dopaminérgico (DRD4, DRD5, DATI1/SLC6A3, DBH, DDC), genes associados
ao sistema noradrenérgico (NET1/ SLC6A2, ADRA2A, ADRA2C), assim como
os genes associados às sistemas menos estudados, como o sistema
serotoninérgico (5-HTT/SLC6A4, HTR1B, HTR2A, TPH2) (BARKLEY, 2008
apud SHIMIZU, 2010).
O abarcamento da dopamina na fisiopatologia do transtorno poderia
ser compreendido pela associação do TDAH as alterações nas funções das
vias fronto-estreatais e funções executivas, que são dependentes de uma
adequada atuação dos neurotransmissores dopaminérgicos, condição que
explicaria a eficácia do metilfenidato, ao atuar como bloqueador do
transportador de dopamina no tratamento do TDAH (DIAMOND, 2005;
SWANSON et al., 2010 apud SHIMIZU, 2010).
29
De acordo com SILVA (2014), estudos apontam uma hipoperfusão
cerebral localizada mais significativamente na região pré-frontal e pré-motora
do cérebro. A hipoperfusão demonstra que a região frontal em indivíduos
TDAH’s, recebe um menor aporte sanguíneo do que deveria e, como
consequência, ocorre uma diminuição do metabolismo nessa área. Ao receber
menos glicose vinda do sangue, o local terá uma quantidade menor de energia,
sendo assim, a região passa a funcionar com um desempenho reduzido.
Assim como a dopamina, a noradrenalina desempenharia também
um importante papel nos processos atencionais e em alguns aspectos das
funções executivas (BANASCHEWISKI et al., 2010 apud SHIMIZU, 2010).
Conforme relata SILVA (2014), O lobo frontal é o principal
responsável pela ação reguladora do comportamento humano, o seu
hipofuncionamento está diretamente ligado a alterações funcionais
apresentadas no transtorno. O lobo frontal regula o comportamento das
seguintes funções: mantêm os impulsos sob controle, planeja ações futuras,
regula o estado de vigília, participa da “filtragem” de estímulos irrelevantes
responsáveis pela distração, aciona relações de luta ou fuga, estabelece
conexões diretas com o sistema límbico (centro das emoções) entre outras
funções. Em última análise, chega-se a conclusão que a ação reguladora do
comportamento humano é feito pelo lobo frontal, o qual exerce também uma
série de funções de caráter inibitório (freio).
O cérebro do TDAH aponta uma falha em seu filtro ou freio,
caracterizando uma perda na eficácia reguladora. Sem freio o cérebro terá uma
atividade muito mais intensa sendo “bombardeado” por pensamentos e
impulsos em uma velocidade a cima da média. Essa situação poderá gerar
uma desorganização interna, podendo muitas vezes encobrir potenciais,
grandes aptidões, talentos num grande emaranhado mental (SILVA, 2014).
Em relação aos fatores ambientais que podem estar diretamente
ligados ao desenvolvimento do transtorno, o DSM V (2014), relata que
indivíduos de muito baixo peso ao nascer (menos de 1.500 gramas) confere um
risco 2 a 3 vezes maior para TDAH, embora a maioria das crianças com baixo
peso ao nascer não desenvolva transtorno. Embora o TDAH esteja
correlacionado com tabagismo na gestação, parte dessa associação reflete um
risco genético comum. Uma minoria de casos pode estar relacionada a reações
30
a aspectos da dieta. Pode haver história de abuso infantil, negligência,
múltiplos lares adotivos, exposição à neurotoxina como, por exemplo, o
chumbo, infecções como, por exemplo, ou exposição ao álcool no útero.
Autodeterminação variável ou inadequada a tarefas que
exijam esforço prolongado frequentemente é interpretada
pelos outros como preguiça, irresponsabilidade ou falta
de cooperação. As relações familiares podem se
caracterizar por discórdia e interações negativas. As
relações com os pares costumam ser conturbadas devido
a rejeição por parte daqueles, negligência ou
provocações em relação ao indivíduo com TDAH. Em
média, pessoas com o transtorno alcançam escolaridade
menor, menos sucesso profissional e escores intelectuais
reduzidos na comparação com seus pares, embora exista
grande variabilidade. Em sua forma grave, o transtorno é
marcadamente prejudicial, afetando a adaptação social,
familiar e escolar/profissional. Déficits acadêmicos,
problemas escolares e negligência pelos colegas tendem
a estar principalmente associados a sintomas elevados
de desatenção, ao passo que rejeição por colegas e, em
menor grau, lesões acidentais são mais proeminentes
com sintomas acentuados de hiperatividade ou
impulsividade (DSM V, 2014 p. 104).
Todas as informações descritas anteriormente serão de extrema
relevância para o próximo capítulo, que irá apresentar as reias dificuldades
encontradas por indivíduos TDAH’s em idade escolar. Como os mesmos
sofrem com os sintomas dos transtornos e de que jeito a Neurociência
Pedagógica e a Psicomotricidade podem vir a contribuir com novas abordagens
metodológicas visando uma melhora qualitativa em suas habilidades motoras,
cognitivas, afetivas e sociais.
31
CAPÍTULO III
A PSICOMOTRICIDADE, A NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA, A ESCOLA E O TDAH
O presente capítulo irá abordar os conceitos sobre Psicomotricidade
e Neurociência Pedagógica, irá explanar como ambas as ciências podem vir a
contribuir com uma metodologia e visão global do ser de humano no processo
educacional. O aluno TDAH traz consigo dificuldades pontuais nos sistema
atencional, de inibição e funções executivas, dificuldades essas que podem vir
a gerar prejuízos em sua vida acadêmica, sendo assim, a Psicomotricidade e a
Neurociência Pedagógica em parceria atuando como facilitadores no processo
de aprendizagem além do desenvolvimento das habilidades motoras,
cognitivas, afetivas e sociais propiciam aos alunos TDAH’s dias melhores
dentro do ambiente escolar dando aos mesmos uma maior qualidade de vida.
3.1 A Psicomotricidade
Segundo ALVES (2016), a Psicomotricidade é uma ciência que tem
como objetivo o estudo do ser humano por meio do seu corpo e contribui no
desenvolvimento da criança para a aquisição da aprendizagem nos aspectos
cognitivos, motores e afetivos.
A abordagem Psicomotricista, utiliza-se da atividade lúdica
como impulsionadora dos processos de desenvolvimento e
aprendizagem. Trata das aprendizagens significativas,
espontâneas e exploratórias da criança e de suas relações
interpessoais. Focaliza-se na criança pré-escolar, destacando
sua pré-história como fator de adoção de estratégias
pedagógicas e de planejamento. Busca analisar e interpretar o
jogo infantil e seus significados (AZEVEDO E SHIGUNOV,
2000, p.5).
32
De acordo com LE BOULCH (1982), a educação psicomotora deve
ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela
condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares, leva a criança a
tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, orientar-se no espaço,
dominar o tempo, adquirir de maneira progressiva habilidades e coordenação
de seus gestos e movimentos.
Diante das citações anteriores nota-se que a Psicomotricidade se
ocupa em estudar o ser humano a partir do movimento e como o mesmo se
relaciona com o ambiente ao seu redor levando-o a explorar, experimentar e
perceber os estímulos do mundo externo, proporcionando um maior
entendimento dos signos, sentidos e significados do seu mundo interno
(intrapessoal), o que favorece a representação e internalização de conceitos e
conhecimentos que levam o indivíduo a fortalecer quem ele é e/ou que lugar
pertence, onde está e/ou aonde seu corpo pode leva-lo, o que ele faz e/ou o
que poderá fazer. Todo esse processo ocorre dentro de um ambiente de
relações aonde os vínculos vão se fortalecendo e as preferências pelos seus
pares começam a se estabelecer, esses indivíduos começam a perceber seu
real papel dentro da sociedade, pensando para agir, argumentando suas ideias
e definindo suas escolhas que irão contribuir de forma direta para a formação
do seu caráter e personalidade. Em paralelo a todos esses acontecimentos as
suas vivências irão favorecer a busca por sua autonomia e maturidade.
Segundo WINNICOTT (1990), o crescimento emocional consiste
numa questão de maturidade, assim o ser humano saudável é emocionalmente
maduro tendo em vista sua idade no momento. A maturidade envolve
gradualmente o ser humano numa relação de responsabilidade para com o
ambiente.
A Psicomotricidade enxerga e trabalha para proporcionar um melhor
desenvolvimento do indivíduo de maneira global, respeitando sua
individualidade biológica, ou seja, as particularidades de cada um, ao mesmo
tempo em que tem a percepção que todos dentro das suas possibilidades têm
capacidades infinitas de crescimento e desenvolvimento. Avalia o indivíduo de
forma qualitativa, ou seja, estimula suas qualidades já existentes e identifica
suas possíveis dificuldades para auxiliar de forma mediada e facilitadora os
mesmos a vencer suas frustrações, percebendo o quanto são capazes de
33
ultrapassar desafios de forma criativa, lúdica e prazerosa possibilitando o
aumento na autoestima (emocional) e consequentemente na qualidade de vida
do indivíduo.
Autores descrevem que motricidade, cognição e afetividade são
indissociáveis, ou seja, não se separam, porém vale analisar as três
separadamente para entender melhor suas definições e conceitos, passando
desse modo a entender que esse trio que forma a base do estudo da
Psicomotricidade é de extrema importância no processo do desenvolvimento
neuropsicomotor de qualquer indivíduo tornando-se realmente indissociáveis.
Motricidade
Conforme relata MAGILL (2000), na literatura sobre aprendizagem
motora o termo habilidades motoras é comumente usado, e são: as
habilidades, os movimentos, e as ações.
• Habilidades: Palavra usada para designar uma tarefa com uma
finalidade específica a ser atingida. Por exemplo, tocar piano
exige prática e é uma habilidade motora que é aprendida, pois é
uma habilidade que de fato exige movimentos voluntários do
corpo e/ou membros para atingir o objetivo específico.
• Movimentos: se Refere à característica de comportamento de
um membro específico ou de uma combinação de membros
nesse contexto, movimentos são partes que compõem a
habilidade. Pode ocorrer uma diversidade de características de
comportamento de membros que capacite uma pessoa a andar
satisfatoriamente. Por exemplo, nossos membros se movimentam
de maneira distinta quando caminhamos na areia, no chão de
concreto ou na lama, porém a habilidade desempenhada é a
mesma nas três situações caminhar.
• Ações: Cada vez mais importante na literatura da aprendizagem
motora, pois ações são respostas às metas que consistem em
movimentos do corpo e/ou dos membros. Uma ação também
34
pode ser definida como uma família de movimentos vale ressaltar
que uma variedade de movimentos pode produzir a mesma ação
e assim atingir a mesma meta. Por exemplo, subir os degraus de
uma escada é uma ação, que em diferentes movimentos em
conjunto atingem seu objetivo que é o topo da escada (MAGILL,
2000).
Segundo Alves (2016), existem três tipos de movimentos:
• Movimento Voluntário: Compreende uma relação entre a
imagem (gnosia) e um conjunto de deslocamentos segmentares
que incorporam a uma respectiva concretização (praxia), sendo
assim, são atos intencionais que encerram dois elementos
importantes, motivação e antecipação.
• Movimento Automático: Torna-se cada vez mais ajustado e
eficiente devido ao processo de aprendizagem do indivíduo, logo
ocorrem reações no organismo a partir dos estímulos do meio
externo. São reações aprendidas, que através de um estímulo
surge uma cadeia de respostas que se sucede com o controle
consciente do sujeito.
• Movimento Reflexo: Que se realiza através da excitação
sensitiva sobre os centros nervosos, portanto é uma reação
involuntária, estereotipada e localizada no organismo a um
estimulo específico.
A integração sucessiva da motricidade implica em uma constante
permanente maturação orgânica, que vem refletir aquilo que Piaget denominou
dimensão motora do comportamento humano. O movimento tem sempre uma
orientação significativa, em função da satisfação das necessidades que
provoca com o meio. O movimento e seu fim são uma unidade, e desde a
motricidade fetal até a maturidade plena, o mesmo passa por sucessivas
evoluções e é sempre projetado diante de uma necessidade relacional ou
satisfação, a relação entre o movimento e seu fim aprimora-se cada vez mais
visando uma diferenciação progressiva das estruturas integrativas do ser
humano (FONSECA, 2009).
35
De acordo com LE BOULCH (1982), a descoberta pela criança de
que a satisfação de suas necessidades passa pela apropriação de um objeto
exterior a ela, é a origem do comportamento intencional que se traduzir dentre
outras habilidades pelo movimento, pois leva a exploração do ambiente. A
sensação de falta que resulta da ausência do objeto provoca a sua busca e o
estímulo pela atividade perceptiva. A conduta exploradora é uma resposta
global do organismo a uma situação nova, tais condutas são explicadas pelos
mecanismos neurofisiológicos que agem reciprocamente entre o córtex
cerebral e a formação reticulada do tronco cerebral.
A espontaneidade motora durante as atividades de exploração
permitem ao indivíduo experimentar e continuar enriquecendo sua bagagem
práxica, aonde praxia se define por um conjunto de reações motoras
coordenadas em função de um resultado prático. Representa um conjunto
organizado com a finalidade de alcançar um fim (LE BOULCH, 1982).
A praxia é a capacidade motora que o individuo possui de realizar
um ato motor, anteriormente aprendido de forma voluntária, tais movimentos
depois de aprendidos, posteriormente tornam-se automáticos (ROTTA, 2016).
Segundo ROTTA (2016), para Piaget as praxias não podem ser
dissociadas das percepções (gnosias), o autor deixa esse conceito bem claro
quando aborda as sensopercepções envolvidas na execução dos movimentos,
que nada mais são que as respostas às informações recebidas. Ainda para
Piaget as praxias tratam de sistemas de movimentos e não de um ato motor
simples, pois o mesmo afirma que afirma que praxias não são quaisquer
movimentos, e sim sistemas de movimentos coordenados em função de um
resultado ou de uma intenção. A intenção é fundamental na execução do
movimento.
“Segundo Rebollo, praxia significa planificação de
uma atividade motora dependente da etapa do
desenvolvimento em que se encontra a criança,
da capacidade cognitiva e da exposição ao
estímulo que permitiu o aprendizado. Para a
realização correta do movimento aprendido, é
necessário que ao componente sensório-motor se
36
acrescente um adequado conhecimento do
esquema corporal e de sua ação no espaço que
lhe corresponde e no tempo esperado. Depois de
aprendido, o ato motor se torna automático. É o
caso, por exemplo, de andar, de dançar, de jogar
e etc (ROTTA, 2016, p. 191).”
Em conformidade com ROTTA (2016), podem-se considerar as
praxias como resultado de três etapas: planificação (que tem a ver com a
percepção), execução (que depende dos aspectos motores associados às
noções de esquema corporal, de espaço e de tempo), e automatização (que se
relaciona à agilidade). Para que um ato motor complexo exerça sua função de
comunicação, ou seja, de resposta, tem de se considerar sempre a importância
do meio ambiente que está em constante modificação, logo há necessidade de
o movimento se modificar nesse contexto.
As informações descritas anteriormente pelos autores citados
descrevem com clareza a importância do movimento no processo de
desenvolvimento do indivíduo, porém todo estudo que envolve a motricidade
humana está diretamente relacionado com os processos cognitivos e afetivos,
visto que é a através da percepção do ambiente proveniente dos estímulos aos
quais os indivíduos se deparam, que o Sistema Nervoso faz toda a
interpretação em suas respectivas áreas para que de fato a resposta motora
ocorra da mesma forma que, mudanças no ambiente externo no momento da
realização do movimento, levam o Sistema Nervoso a se reorganizar a partir
das novas percepções para que ocorram os possíveis ajustamentos motores
em determinadas tarefas. Em relação ao processo emocional ou afetivo, a
necessidade sobre algo leva o indivíduo a se movimentar para obter o sucesso
em saciar tal vontade, por exemplo, se for feita uma analise histórica do
período filogenético da evolução da espécie humana, o homem precisava se
movimentar para saciar necessidades básicas do organismo como caçar para
se alimentar, andar por quilômetros em busca de água ou para se abrigar por
conta das mudanças climáticas (frio/calor). Nos dias atuais as necessidades
básicas dos seres humanos para sua sobrevivência se mantêm como, por
exemplo, comer, beber, dormir e buscar alternativas por conta do clima, porém
37
com o avanço da tecnologia e velocidade dos estímulos novas necessidades
surgiram fazendo com que o ser humano deixasse de se movimentar como
seus ancestrais, mas mesmo com tamanhas mudanças o movimento não se
dissocia do processo emocional tão pouco do cognitivo para que ocorra um
coerente desenvolvimento neuropsicomotor do indivíduo.
AFETIVIDADE
Segundo MAHONEY & ALMEIDA (2005), afetividade para Henri
Wallon refere-se à capacidade do ser humano de ser afetado pelo mundo
externo/interno por sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou
desagradáveis, ou seja, ser afetado é reagir com atividades internas/externas
que a situação desperta. A teoria de Wallon aponta três momentos marcantes,
sucessivos na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão. Os três
resultam de fatores orgânicos e sociais, e correspondem a configurações
diferentes. Na emoção há o predomínio da ativação fisiológica, no sentimento
da ativação representacional e na paixão da ativação do autocontrole.
De acordo com SOUZA (2003), para Piaget a afetividade e a
inteligência são diferentes em sua natureza, porém indissociáveis na conduta
concreta da criança, o que significa que não há conduta unicamente afetiva,
assim como não existe conduta unicamente cognitiva. A afetividade interfere
constantemente no funcionamento da inteligência, estimulando ou perturbando,
acelerando ou retardando. A afetividade não modifica as estruturas da
inteligência, sendo somente o elemento energético das condutas, não se
restringindo somente as emoções e aos sentimentos, mas engloba também as
tendências e as vontades.
A agitação global da criança é provocada pela necessidade, pelos
estados de bem-estar ou mal-estar despertado por variações tônicas
(hipertônicas e hipotônicas) e pelas emoções, é na forma agitada que a criança
se comunica, aonde progressivamente essa agitação irá se ajustar de acordo
com as suas vivências. Tal expressão motora está diretamente ligada à esfera
afetiva, por ser o escape das emoções vividas. A forma de expressão emotiva
38
é o elemento da manifestação da consciência, que apesar de confusa e global
irá promover a estruturação das significações (FONSECA, 2009).
Conforme relata DAMÁSIO (2000), emoções são conjuntos
complexos de reações químicas e neurais formando um padrão, todas as
emoções têm algum tipo de papel regulador a desempenhar, levando à criação
de circunstâncias vantajosas para o organismo em que o fenômeno se
manifesta, ou seja, as emoções estão ligadas ao corpo e seu papel é auxiliar o
organismo a conservar a vida. Apesar de a composição e a dinâmica das
reações emocionas sejam reguladas em cada indivíduo pelo meio e por um
desenvolvimento singular, há indícios de que a maioria das reações
emocionais, se não todas, são frutos de uma longa história de minuciosos
ajustes evolutivos, pois as emoções são parte dos mecanismos biorreguladores
com os quais nascemos equipados, visando à sobrevivência.
“A onipresença da emoção em nosso
desenvolvimento e, subsequentemente, em nossa
experiência cotidiana vincula quase todos os
objetos ou situações encontrados em nossa
experiência, em virtude do condicionamento, aos
valores fundamentais da regulação homeostática:
recompensa e punição, prazer ou dor,
aproximação ou afastamento, vantagem ou
desvantagem pessoal e, inevitavelmente, bem (no
sentido de sobrevivência) ou mal (no sentido de
morte). Gostemos ou não, essa é a condição
humana natural. Mas, quando há consciência, os
sentimentos têm seu impacto máximo e os
indivíduos também são capazes de refletir e
planejar. Têm como controlar a tirania onipresente
da emoção: isso se chama razão”(DAMÁSIO,
2000, p.83).
As citações anteriores dos autores apontam que afetividade é um
processo complexo, desencadeado pelas emoções que tem uma importância
fundamental no processo de sobrevivência do ser humano. Mesmo sendo um
39
processo fisiológico, as emoções acabam sendo gatilhos para as necessidades
do ser humano, dessa forma relacionar-se com seus pares, mover-se em
busca de algo e até mesmo pensar para agir diante de uma determinada
situação requer uma entrega não só afetiva, mas também motora e cognitiva
do indivíduo. Sendo assim, o que afeta o indivíduo através das emoções e
sentimentos, leva o mesmo a racionalizar sobre os fatos para transformar todo
o processo emocional em possíveis soluções de acordo com suas experiências
de vida, sendo indissociáveis motricidade, cognição e afetividade, para a busca
pelo sucesso das mesmas.
COGNIÇÃO
O desenvolvimento ocorre de forma que as aquisições de um
período sejam necessariamente integradas nos períodos posteriores. É o
“caráter integrativo” segundo o qual “as estruturas construídas numa idade
dada se tornam parte integrante das estruturas da idade seguinte”. Ou seja, a
partir do nascimento, inicia-se o desenvolvimento cognitivo e todas as
construções do sujeito servem de base a outras (PIAGET, 1983, p. 236 apud
MARQUES, 2005).
Segundo CAVICCHIA (2010), para Piaget ao tentar se adaptar ao
meio ambiente o indivíduo utiliza dois processos fundamentais que compõem o
sistema cognitivo em nível de seu funcionamento: a assimilação ou a incor-
poração de um elemento exterior (objeto, acontecimento e etc.), num esquema
sensório-motor ou conceituai do sujeito e a acomodação, quer dizer, a
necessidade em que a assimilação se encontra de considerar as
particularidades próprias dos elementos a assimilar. No sistema cognitivo do
sujeito esses processos estão normalmente em equilíbrio. A perturbação desse
equilíbrio gera um conflito ou uma lacuna diante do objeto ou evento, o que
dispara mecanismos de equilibração. A partir de tais perturbações produzem-
se construções compensatórias que buscam novo equilíbrio, melhor do que o
anterior. Nas sucessivas desequilibrações e reequilibrações o conhecimento
exógeno é complementado pelas construções endógenas, que são
incorporadas ao sistema cognitivo do sujeito. Nesse processo, que Piaget
40
denomina processo de equilibração, se constroem as estruturas cognitivas que
o sujeito emprega na compreensão dos objetos, fatos e acontecimentos,
levando ao progresso na construção do conhecimento.
Segundo GONÇALVES E VAGULA (2012), entende-se por
Modificabilidade Cognitiva Estrutural, uma propensão do sujeito a assimilar e
acomodar os objetos do conhecimento de modo que cause impacto em toda a
rede estrutural cognitiva relacionada com aquela realidade. O sujeito aqui
aprende mais além do mero aprendizado local. Do objeto, ele retira
informações e relações internas, relaciona com informações e relações
implícitas em seus esquemas prévios, revisa e remodela toda a realidade
construída anteriormente (reaprende o aprendido) e modifica sua maneira de
organizar todos os objetos futuros que estejam ligados àquele presente no
momento da aprendizagem. Tendo realizado isso, diremos que ocorreu uma
modificação da estrutura cognitiva, sendo que modificabilidade é uma
tendência autônoma do sujeito a realizar tal modificação diante da necessidade
de conhecer o novo.
De acordo com as citações dos autores anteriores, adaptar-se a
novos estímulos é a forma plástica que o cérebro realiza um maior número de
sinapses a fim de fortalecer o aprendizado, esse que deve ser mediado de
forma correta para levar o indivíduo a questionar as informações e utilizar toda
a sua flexibilidade de pensamento assimilando de fato e internalizando o
conhecimento para posteriormente evocar as informações quando necessária.
Fortalecendo a importância de estimular cada vez mais cedo o indivíduo em
todas as áreas e competências para promover um melhor desenvolvimento das
suas capacidades biológicas, psicológicas, sociológicas e culturais.
3.2 NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA
Nos capítulos anteriores o presente estudo trouxe relevantes
informações de como ocorre o processo de aprendizagem através da
maturação do Sistema Nervoso, demonstrando a importância anatômica e
fisiológica do mesmo ao longo do processo de desenvolvimento ontogênico. O
presente capítulo irá explanar questões ligadas a Neurociência e a
41
Psicomotricidade voltadas para novas abordagens metodológicas que o
professor de sala de aula pode vir a utilizar para mediar de uma maneira mais
coerente o aprendizado do aluno TDAH.
Segundo GROSSI et al.,(2014), a Neurociência enquanto um ramo
do conhecimento que envolve várias áreas como, por exemplo, a neurologia, a
psicologia e a biologia, que possuem como tema comum de pesquisa o
Sistema Nervoso, oferece a possibilidade de entender como ocorre o processo
de aprendizagem. Porém, para que a aprendizagem aconteça, é necessário um
diálogo entre a Neurociência e a Pedagogia, pois esta última é a responsável
pelos métodos pedagógicos de ensino-aprendizagem.
“Os avanços das Neurociências esclareceram
muitos aspectos do funcionamento do SN,
especialmente do cérebro, e permitiram a
abordagem mais científica do processo
ensino e aprendizagem. Funções
relacionadas à cognição e às emoções,
presentes no cotidiano e nas relações
sociais, como dormir, comer, gostar,
reconhecer, falar, compreender, ter atenção,
esquecer, experimentar, ajudar, lembrar,
calcular, planejar, julgar, rir, movimentar-se,
trabalhar, emocionar-se, são
comportamentos que dependem do
funcionamento do cérebro. Educar é
aprender também” (GUERRA, 2010 p.4 apud
GROSSI et al., 2014).
Existe uma biologia cerebral, uma fisiologia e uma anatomia e um
cérebro que aprende. Assim, pode-se pensar em uma anatomia da
aprendizagem que envolve a análise e a compreensão da relação entre a
cognição, que abrange os mecanismos neurais responsáveis pelas funções
mentais superiores como a consciência, a imaginação e a linguagem, e o
processo de aprendizagem. Em síntese, é o vínculo entre o ato de aprender e
42
as atividades do Sistema Nervoso Central (SNC). (RELVAS, 2011 apud
GROSSI et al., 2014).
Nos dias atuais o acesso à informação e a velocidade dos estímulos
ocorre de maneira mais fácil, pessoas estão conectadas a internet e por
consequência a redes sociais trocando milhões de informações a todo instante.
Faz-se extremamente necessário que o professor, educador ou mediador
esteja cada vez mais capacitado e aberto a entender que o processo no qual o
seu aluno aprende hoje é completamente diferente de décadas passadas.
Dentro desse contexto sociocultural atual os estudos sobre a
Neurociência Pedagógica vêm crescendo a cada dia e auxiliando os
professores, pois uma de suas propostas é estudar o cérebro fisiologicamente
e comportamentalmente levando o indivíduo a aprender como o cérebro
aprende, para posteriormente ensinar de uma maneira mais próxima da
realidade do seu aluno. Potencializando a maioria de suas capacidades e
habilidades visando uma internalizarão da informação promovendo assim de
fato a aprendizagem.
Estímulos diversos levam o cérebro a se reorganizar a todo o
instante promovendo uma maior ativação cerebral aumentando o número de
sinapses com o objetivo de gerar algum tipo de aprendizado para o indivíduo.
Quando o professor entende que mediar o aprendizado de forma correta não é
somente o depósito de conteúdos ou apresentação de informações de uma
maneira verticalizada do professor para o aluno, e sim um processo multilateral
de troca de valores, saberes, sentimentos gerando a retroalimentação que
potencializa diversas áreas das múltiplas inteligências é de fato levar esse
indivíduo a experimentar sensações, pensar sobre as informações para dessa
forma se adaptar ao novo e assimilar da melhor maneira possível o conteúdo
que está sendo proposto.
Segundo RELVAS (2014), a situação de ensino e aprendizagem se
insere na esfera mais ampla na educação. Professores tornam-se educadores
quando encaram sua tarefa em toda sua complexidade, sem perder suas
competências e habilidades. Tanto o professor como o aluno, deve ter na
situação de ensino e aprendizagem um contexto de construção e não de
destruição.
43
A escola é o lugar onde corações e mentes devem encontrar espaço
de desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social. Dessa forma o
professor simboliza para o aluno um importante foco afetivo, pois o mesmo se
torna um modelo de identificação, formador de opiniões e se torna um a gente
de “regras sociais” (RELVAS, 2014).
3.3 O ALUNO TDAH E SUAS DIFICULDADES, O PROFESSOR ,
A ESCOLA E NOVAS METODOLOGIAS.
De acordo com o DSM V, existem alguns critérios importantes que
devem ser observados quando falamos de crianças em investigação de um
possível TDAH e são eles:
• Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo
menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do
desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades
sociais e acadêmicas/profissionais:
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender
tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou
mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.
A. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por
descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex.,
negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).
B. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou
atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas,
conversas ou leituras prolongadas).
C. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra
diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de
qualquer distração óbvia).
D. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar
trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as
tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).
44
E. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex.,
dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e
objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau
gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).
F. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que
exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de
casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios,
preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).
G. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex.,
materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos,
óculos, celular).
H. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para
adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não
relacionados).
I. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex.,
realizar tarefas, obrigações; para adolescentes). (DSM V, 2014, p. 100)
• 2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes
sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é
inconsistenté com o nível dõ desenvolvímènto é tém impacto negativo
diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender
tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou
mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.
A. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na
cadeira.
B. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que
permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou
em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se
permaneça em um mesmo lugar).
45
C. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é
inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações
de inquietude).
D. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer
calmamente.
E. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado"
(p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito
tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como
inquieto ou difícil de acompanhar).
F. Frequentemente fala demais.
G. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha
sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez
de falar).
H. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p.ex., aguardar em
uma fila).
I. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas,
jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem
pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se
em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo). (DSM V, 2014, p.
101)
Tais indicadores acima descritos pelo do DSM V, tem uma
importância muito significativa para a observação da criança em comparação
com outras de mesma idade ou sozinha dentro de vários contextos sociais
como, por exemplo, na escola, em casa, na brincadeira, em passeios com a
família, na igreja, entre outros ambientes sociais na qual ela venha a participar.
A partir das observações dos indicadores fornecidos pelo DSM V, identifica-se
aquilo que de fato está começando a atrapalhar de maneira significativa a
criança ao ponto da mesma não dar conta iniciando então, um prejuízo no
processo de aprendizagem, nas habilidades sociais, no desenvolvimento
psicomotor e na qualidade de vida da mesma. O professor tem uma
importância fundamental nesse processo, pois junto com a equipe escolar
observa tais prejuízos causados pelos sintomas de um possível TDAH por um
determinado período, para em seguida a equipe pedagógica responsável
46
convidar a família também na presença do professor, para explanar de maneira
lúcida e com afeto aos responsáveis todas as observações pontuadas
solicitando então, um encaminhamento a especialistas para que os mesmos
possam investigar de uma forma mais minuciosa, as queixas e dificuldades da
escola, família e também da criança a fim de ajudar e somar no processo de
desenvolvimento da mesma.
Quando o TDAH é constatado através de um laudo, as rotinas da
criança, da família e da escola devem começar a mudar para que todos os
adultos envolvidos tenham o mesmo foco para ajudar esse ser que ainda está
em processo maturacional de desenvolvimento neuropsicomotor, assim como
do seu processo de autonomia, necessitando então de todo o amparo e afeto
possível para que tudo transcorra com a maior coerência.
Segundo SILVA (2014), a criança TDAH pode dar tudo de si e deixar
fluir criatividade e seu entusiasmo intatos se for corretamente estimulada. Mais
do que qualquer outra a criança, TDAH responde muito bem ao calor do
incentivo. Os elogios e as recompensas constantes se constituem no melhor
aditivo para grande quantidade de combustível da qual a mesma foi dotada.
Em contrapartida, mais do que nenhuma outra, a criança a TDAH se retrai sob
o peso das críticas excessivas e a falta de compreensão. Ela pode responder
com recolhimento ou então pela explosão de comportamentos agressivos e
impulsivos.
Ainda conforme SILVA (2014), como consequência da
hiperatividade/impulsividade, a criança TDAH faz primeiro e pensa depois.
Responde irrefletidamente à maioria dos estímulos que se apresentam, não
porque seja imatura, mal-educada ou pouco inteligente, e sim porque na
verdade a área cerebral responsável pelo controle dos impulsos e pela
filtragem de estímulos (córtex pré-frontal), na criança TDAH não é devidamente
eficiente, gerando um prejuízo para a mesma.
“O fato é que a criança TDAH é
constantemente inundada por estímulos
que não consegue filtrar de maneira
correta. A consequência mais evidente
47
é que ela parece não conseguir priorizar
os seus afazeres – características que,
alias é levada na vida adulta. É um
tanto comum que tenha dificuldades em
aprender ou memorizar, não porque
não queira ou porque seja pouco capaz,
mas sim porque não consegue
sustentar a atenção e se manter
concentrada por tempo suficiente e com
a intensidade adequada” (SILVA, 2014,
p. 75,76).
Diante das informações citadas sobre os prejuízos e dificuldades
encontradas por alunos TDAH’s, nota-se a importância que novas didáticas e
metodologias devem ser empregadas em sala de aula e na comunidade
escolar como um todo. Pois é necessário que se entenda o que é o transtorno
para que todos os envolvidos no cotidiano do aluno possam contribuir de
maneira positiva para que o mesmo possa internalizar conceitos, limites, regras
e conhecimentos que terão um impacto muito grande na sua vida social. A
mudança na rotina se faz necessária para que essa criança que apresenta um
déficit na atenção e consequentemente nas funções executivas possa ouvir os
comandos e assim planeja-los para uma possível execução, talvez de primeira
não como esperado, mas adaptar a tarefa é preciso e deve ser feito para que
ele aprenda aquilo que tenha relevância e significado dentro das suas
possibilidades e não somente para preencher a folha do trabalho. A criança
TDAH tende a ser hipercinética, ou seja, se movimenta constantemente, logo
sentar para ela pode vir a ser um problema, realizar atividades como circuitos
psicomotores é uma alternativa muito importante para que a mesma se mexa
pedagogicamente apropriando-se do meio e também de uma maior
corporeidade, pois atividades de dupla tarefa podem ser estimuladas
favorecendo uma maior atenção e plasticidade cerebral.
Segundo MAGILL (2000), um dos procedimentos mais utilizados
para investigar as questões de limite de atenção é o procedimento de dupla
tarefa. Sua finalidade principal é analisar o desempenho dos níveis de atenção
em duas tarefas diferentes desempenhadas simultaneamente, por exemplo,
48
caminhar e a cada passo falar um nome do gênero feminino diferente. No
procedimento de dupla tarefa, a tarefa primaria é a de interesse na qual se
observa os níveis de atenção.
O professor e a escola podem se lançar de atividades de dupla
tarefa de uma maneira lúdica sem tanto critério de avaliação dos níveis de
atenção, porém adaptando brincadeiras para que não só o aluno TDAH, mas
todos possam vivenciar com o corpo de uma maneira global (se movendo),
algum conteúdo que é importante para o papel em sala de aula. Por exemplo,
pular dentro do bambolê com formas geométricas e solicitar para que os alunos
digam em voz alta à forma que reconheceram. Através do corpo e da
brincadeira o professor consegue aproximar do aluno TDAH o que é mais
concreto para ele, e assim o mesmo pode passar a assimilar melhor a atividade
posterior, pois a brincadeira dentro da Educação Infantil se faz uma
metodologia atuante no processo de desenvolvimento quando bem orientada.
As crianças de hoje assim como a criança TDAH gostam de jogos
eletrônicos, e essa tecnologia está disponível em celulares, tablets,
computadores e videogames. Levar um ambiente interativo para a sala também
se faz extremamente importante e não precisa ser somente com aparelhos com
grandes tecnologias, um ambiente rico em estímulos, colorido, musical e com
objetos que gerem um fator de recompensa para o aluno TDAH, podem gerar
maior atenção na atividade proposta.
“O fundamental é que todas as situações de jogos
e brinquedos no ensino sejam interessantes para
a criança. O corpo e a mente são entendidos
como componentes que interagem um único
organismo. A concretude do ensino depende das
ações práticas que deem significado por meio do
jogo e do brinquedo. O brinquedo existirá de um
jeito ou de outro. As habilidades motoras podem
ser desenvolvidas em um contexto de jogo,
brinquedo, no universo da cultura da criança,
conforme o conhecimento que ela possui. O jogo
e o brinquedo facilitam o conteúdo pedagógico
para o professor, já que garante o interesse e a
49
motivação por meio desses recursos” ( ALVES,
2016, p. 77).
Buscar novas alternativas de estimular cérebros pulsantes na
Educação Infantil se faz necessário para um melhor desenvolvimento do aluno
TDAH, o mesmo irá precisar de uma atenção maior da professora e da auxiliar
da classe, deve sentar próximo a uma delas para que evite ficar muito
desligado no memento de algo importante no conteúdo. Se o aluno TDAH tem
dificuldades em concentração, ele não deve sentar próximo a janelas e portas,
da mesma forma que quando o professor perceber uma grande inquietude
(corporal) no seu aluno pode solicitar que ele faça uma tarefa fora da sala de
aula ou até mesmo pedir para que vá beber água, dessa forma, o aluno nem
que por alguns instantes saia de um momento de ansiedade que favorece uma
maior agitação e retorne a sala mais concentrado. A afetividade é a porta
principal de entrada no processo de aproximação do aluno TDAH e o professor,
pois ela irá criar vínculos que favorecerem um melhor relacionamento, logo
ocorrendo uma maior aceitação de limites e regras que são extremamente
difíceis de ser seguidas por ele.
Conforme relata RELVAS (2014), estudantes e professores estão
sempre envolvidos em emoções. Uma aula bem-humorada promove bem-estar
físico, psicológico, afetivo, seguro, liberando neurotransmissores para
favoráveis a aprendizagem. As emoções básicas podem ser percebidas e
trabalhadas em sala de aula. Emoções como prazer, tristeza, raiva, medo,
amor e alegria tem uma enorme escala de variação.
Ainda segundo RELVAS (2014), o desenvolvimento emocional e a
aprendizagem são considerados fatores determinantes da sensibilidade
humana e se refletem por meio de respostas e reações psíquicas e orgânicas.
Os estímulos externos que causam as reações emocionais e o significado que
o individuo da para essa emoção promovem mudanças de atitudes quando
assimiladas e compreendidas.
De acordo com as citações anteriores quando se trata de um aluno
TDAH, a paciência e a perseverança devem ser exercitadas diariamente pelo
professor, pois esse aluno muitas vezes é rotulado e hostilizado em vários
ambientes sociais por não dar conta do problema comportamental gerado pelos
50
sintomas do transtorno. Logo esse professor deve trabalhar a emoção do seu
aluno para que ele favoreça o desenvolvimento de um ser humano que tem
infinitas possibilidades quando orientado de maneira correta e humana, o
TDAH não é um transtorno que tem como características o déficit intelectual,
logo a habilidade cognitiva do individuo é preservada, ou seja, o aluno TDAH
tem a capacidade de voar tão alto quanto qualquer outra pessoa. Com
humildade no processo de ensino e aprendizagem, com novas abordagens
metodológicas aproximando do concreto, trazendo a atenção para a aula e
adaptando o currículo escolar, o professor e aluno TDAH caminham lado a lado
no processo acadêmico, subindo degrau por degrau.
51
CONCLUSÃO
O presente estudo abordou alguns aspectos importantes e
relevantes sobre o desenvolvimento ontogênico da espécie humana, buscando
evidenciar que a maturação do Sistema Nervoso está diretamente ligada com o
processo de aprendizagem, pois através do constante desenvolvimento e
adaptação do mundo no qual o indivíduo está inserido, o mesmo passa a
experimentar sensações e estímulos que visam uma maturação neurológica
dentro da sua correta faixa etária, potencializando aquisições primordiais para
a sua formação ativa na sociedade, compartilhando com as demais pessoas
que participam desse processo, inúmeros sentimentos e ações essências para
a sua formação biológica, social, cultural e cognitiva.
A Neurociência e a Psicomotricidade tem uma importância
fundamental no processo de aprendizagem, pois aproximam o indivíduo de
uma realidade onde ele é o centro do processo trabalhando seu corpo
(movimento), mente (cognição) e comportamentos mais diversos que são
expressos através dos seus sentimentos e sensações. Assim, estimula os
mesmos a experimentar diversas possibilidades como, por exemplo,
articulação do pensamento, memória de trabalho, atenção sustentada,
orientação espacial e lateralidade fortalecendo as funções executivas que leva
o indivíduo no momento da atividade reconhecer, assimilar, planejar e perceber
melhor o mundo que está a sua volta. Pois cada um tem seu universo de
particularidades, singularidades e limitações, sendo assim, ambas as ciências
descritas anteriormente promovem verdadeiros ganhos qualitativos não só no
processo de aprendizagem, mas também para o seu desenvolvimento
biopsicossocial, independente da sua faixa etária.
O movimento proporciona ao individuo não somente um
deslocamento pelo espaço, com ele o ser humano interage com o ambiente
externo percebendo que seu corpo faz parte de um mundo no qual infinitas
possibilidades podem e devem ser alcançadas.
Através das percepções e vivencias o individuo faz conexões e
internaliza uma serie de conhecimentos e signos que geram mudanças
estruturais na forma de planejar, pensar e executar suas ideias e atitudes.
52
Dessa forma passa entende melhor suas possibilidades e tende a querer se
superar e buscar algo novo, pois o aprendizado e desenvolvimento são
constantes na vida de qualquer pessoa, passando a se conectar melhor com
seu mundo externo que é um ambiente pulsante, movimentado e confuso
muitas vezes. O presente estudo destacou de maneira bem detalhada o
transtorno de aprendizagem conhecido como TDAH, que tem como sintomas o
déficit de atenção, hiperatividade física/mental e impulsividade que acarretam
em crianças em idade escolar diversos problemas acadêmicos evidenciados
pelos sintomas do transtorno. A criança TDAH é “inundada” por estímulos
diversos o tempo todo fazendo com que o mundo ao seu redor fique um tanto
quanto confuso, o que leva a não dar conta da demanda de conteúdos, regras
e rotinas. Quando a comunidade escolar e a família detectam o problema e
todos começam a buscar novas abordagens e estratégias a criança consegue
dar passos sólidos no seu processo de escolarização, pois necessitam de
adaptações, carinho e compreensão para que consigam vencer as barreiras e
desafios encontrados no processo de aprendizagem por conta do transtorno.
A escola tem um papel fundamental na continuação desse
processo, pois é nela que as crianças se confrontam com a visão que tem de
mundo em um primeiro momento, trazendo suas experiências para um lugar
novo com determinadas regras de convívio social principalmente que em sua
casa pode não existir, a criança deixa de ser o “centro das atenções” e passa a
dividir experiências, objetos, brinquedos e sensações com outras crianças
gerando um aprendizado enorme quando bem orientado para todos. O
professor se faz peça atuante nesse processo, pois é ele que irá mediar o
conhecimento da criança estimulando e desafiando cada uma delas
respeitando sua individualidade biológica, visando trazer sempre novas
informações para sua realidade a fim de desenvolver cada vez mais todos os
aspectos relevantes para a sua formação.
Enxergar essa importância do professor no processo de ensino-
aprendizagem das crianças TDAH’s em idade escolar se faz necessário, pois
um profissional capacitado e especializado para lidar com as questões
neuropsicomotoras dos seus alunos irá possibilitar uma série de benefícios
para o educando, pois conseguem enxergar suas necessidades e
especificidades mediando à formação de um cidadão crítico e consciente do
53
seu papel na sociedade para futuramente ser um adulto que consiga lidar com
suas frustrações e sucessos na vida.
54
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Sensorial em Crianças com Transtorno do Déficit de
Atenção/Hiperatividade. Disponível em: http://repositorio.unifesp.br
57
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I O SISTEMA NERVOSO 10 1.1 – O Sistema Nervoso 10 1.2 – O Sistema Nervoso e suas Células 11 1.3 – Via Aferente e Via Eferente 15 1.4 Sensação, Sistema Sensorial e Percepção 16
1.5 Sinapses 17
1.6 O Lobo Frontal e Funções Executivas 18
CAPÍTULO II
O TRANSTORNO DO DÉFICT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 21
2.1- Atenção, Alerta e Percepção 21
2.2- O Que é o TDAH 23
CAPÍTULO III
A PSICOMOTRICIDADE, A NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA, A ESCOLA E O TDAH 31
3.1 A Psicomotricidade 31
3.2 Neurociência Pedagógica 40
58
3.3 O ALUNO TDAH E SUAS DIFICULDADES, O PROFESSOR , A ESCOLA E
NOVAS METODOLOGIAS. 43
CONCLUSÃO 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54 WEBGRAFIA 56 ÍNDICE 57