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AVM FACULDADE INTEGRADA
O PEDAGOGO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL NA
EMPRESA
Luis Carlos Caspary Marins
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
30/01/2011
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PEDAGOGO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL NA
EMPRESA
30/01/2011
Trabalho referente ao Curso de Pedagogia Empresarial, orientado pelo , Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho, realizado por Luis Carlos C. Marins
Agradecimentos
A Deus por ter me proporcionado saúde, força e coragem para atingir mais um
objetivo com a elaboração deste trabalho acadêmico.
A minha esposa Maria de Fátima e o meu filho Diego que durante todo o
período deste curso me incentivaram, abriram mão de minha presença, e assim
me motivaram incondicionalmente.
Aos professores e amigos da turma, que colaboraram em todos os momentos
solicitados, enriquecendo ainda mais este estudo.
Dedicatória
Pessoas aprendem. Aprendemos a andar, falar, estudar.
Aprendemos a viver em sociedade, envelhecer, amar.
Aprendemos a construir, transformar, criar. Aprendemos novas línguas, novos conhecimentos, novas habilidades.
Aprendemos a trabalhar e trabalhamos aprendendo.
Aprendemos com a vida e com as pessoas. Aprendemos com os mais velhos e com os mais novos.
Passamos enfim, a vida aprendendo.
E as organizações, elas também aprendem?
As Empresas não apenas aprendem como são obrigadas a aprender, até por uma questão de sobrevivência.
Elas aprendem a ouvir e a atender as necessidades do cliente, do empregado, aprendem a modificar processos, criar novos produtos e serviços.
As organizações aprendem especialmente porque há pessoas, pessoas que já aprenderam e que estão aprendendo.
O ambiente das organizações constitui-se assim um lugar especial onde há
troca incessante de informação, conhecimento e saber.
Organizações como sistemas de aprendizagem, como vocês podem perceber é um tema amplo e instigante.
Quanto maior a capacidade de aprendizagem da organização maior será o seu sucesso no mercado e maior a satisfação das pessoas que nela trabalham.
RESUMO
Neste estudo desenvolveu-se ampla abordagem teórica para tratar da
problemática de três eixos temáticos no contexto de Responsabilidade Social:
A degradação sócio-ambiental, a evolução da Responsabilidade Social
Empresarial e o pedagogo como agente de mudança e conscientização. Ao
abordar o papel do pedagogo nas empresas como ciência ligada ao
desenvolvimento e aprendizado contribuindo para que as empresas possam
reconhecer esse profissional a compartilhar o conhecimento coorporativo. O
desenvolvimento do processo da pedagogia empresarial oferece o
conhecimento conceitual e prático às empresas, apresentando estratégias de
atuação social na visão de especialistas no campo da responsabilidade social,
além de inspirar, estimular o desenvolvimento corporativo socialmente
responsável.
Palavras-chave: Pedagogo. Responsabilidade Social. Empresas. Aprendizado
Metodologia
Através de pesquisa em bibliografia, sites, vídeos e artigos pertinentes ao
assunto.
Sumário
INTRODUÇÃO..................................................................................................7
1. CAPÍTULO I – A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL........................8
1.1. Resguardar e manter a fauna: Dever de todos..........................................9
1.2. Ameaça à Flora Brasileira........................................................................10
1.3. A importância dos Recursos Hídricos no Desenvolvimento de Diversas
Atividades Econômicas...................................................................................13
1.4. Uso e Ocupação do Solo.........................................................................13
1.5. O Aumento Populacional no Mundo .......................................................15
1.6. Lixo: Reduzindo o Desperdício................................................................16
1.7. Saneamento Básico: Um drama das cidades brasileiras........................16
1.8. A Cultura do Desperdício.........................................................................19
1.9. Desigualdade Social................................................................................20
2. CAPÍTULO II - O SURGIMENTO E A EVOLUÇÃO DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL.........................................21
2.1. Responsabilidade Social como Ferramenta de Gestão Empresarial......22
2.2. A Responsabilidade Social e a Importância do Stakeholders.................25
3. CAPÍTULO III - A IMPORTÃNCIA DO PEDAGOGO COMO AGENTE DE
IMPLEMENTAÇÃO DO MOVIMENTO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL..............................................................................................38
3.1. A Empresa, a Pedagogia e a Responsabilidade Social Empresarial.......39
3.2. Atividades de Responsabilidade Social na Empresa............................ ...41
CONCLUSÃO..................................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................46
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Introdução
Os consumidores e clientes cada vez mais estão atentos a questões
ambientais do planeta e com isso as empresas começam a perceber que a sua
credibilidade é o fruto da prática efetiva e constante de valores como respeito
ao consumidor, honestidade, transparência nas relações com seus públicos,
integridade nas demonstrações financeiras e preocupação com o meio
ambiente e comunidade.
É cada vez maior a necessidade dela demonstrar a seus públicos que
estão preocupadas em oferecer produtos e serviços de qualidade, que
protegem o meio ambiente e se empenham em contribuir para o
desenvolvimento social, buscando transparência nos processos
administrativos, para cumprir um papel social, sendo não apenas empresas
legais, mas legítimas e éticas.
Deste modo a empresa que atua com responsabilidade social, aumenta
o seu relacionamento com diversos públicos relevantes, dessa forma
crescendo a exposição positiva em mídia espontânea onde seus produtos,
serviços e marca ganham maior visibilidade e aceitação.
Portanto o pedagogo empresarial deve levar a empresa a discutir seus
conceitos e verificar qual é a verdadeiro objetivo a ser alcançado, se uma
autopromoção ou uma conscientização de preservar o planeta.
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Capitulo I - A Degradação Ambiental e Social
O mundo no final da primeira década do século XXI convive com
imensas crises de degradação do meio ambiente e da sociedade. Rios
poluídos, florestas sendo desmatadas, poluição atmosférica fora do controle e
injustiça social diante das autoridades e da sociedade, que em seus debates
tornam vãs as tentativas de solução, enquanto a maioria assiste passivamente
de braços cruzados. Os meios de comunicação estão denunciando diariamente
que o planeta está em risco, sendo pública e notória essa questão.
Esse tema, porém, não é do mundo contemporâneo, pois a Bíblia relata
que, no princípio, Deus deixou a cargo da humanidade o cuidado do mundo
belo e perfeito, conforme Gênesis 2:15 “Tomou, pois, o Senhor Deus o homem,
e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.” Também percebe-se a
justiça de Deus contra os maus e governantes corruptos, como está escrito no
livro do profeta Isaias, na versão INV, no capitulo 10.1-4
“1 Ai de vocês que fazem leis injustas, leis para explorar o povo! 2 Vocês
não defendem os direitos dos pobres nem as causas dos necessitados e
exploram as viúvas e os órfãos.3 O que vocês vão fazer no dia do castigo,
quando de um país distante vier a desgraça? A quem vão pedir socorro? Onde
esconderão as suas riquezas? 4 Vocês serão levados como prisioneiros, serão
mortos na batalha. Mesmo assim, a ira de Deus não passou; a sua mão continua
levantada para castigar”.
A educadora Adriana Gioda, professora da UNIVILLE, Joinville- SC,
afirma que os motivos das agressões ao meio ambiente são de ordem política,
econômica e cultural. A sociedade ainda não compreendeu a importância do
meio ambiente para sua sobrevivência. O homem “civilizado” tem se
aproveitado dos recursos naturais inescrupulosamente, priorizando o lucro em
prejuízo das questões ambientais. Contudo, essa ambição e ganância têm um
elevado preço, já percebido nos problemas originados pela poluição do ar e da
água e nos indicadores de doenças oriundas desses fatores.
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A apreensão com o meio ambiente marcha a passos lentos no Brasil, ao
contrário dos países desenvolvidos, principalmente em função de interesses
próprios e dessa forma o Brasil está sempre atrasados com relação às nações
desenvolvidas e, com isso, continua devastando o meio ambiente.
Segundo Gioda, a única maneira de evitar problemas no futuro, de ainda
maiores degradações do meio ambiente, é através de leis rígidas, fiscalização
rigorosa, educação e consciência ecológica.
Os problemas ambientais contemporâneos permanecem, apesar de
existirem diversas iniciativas por parte de empresas, novas legislações
aprovadas e contratos internacionais em vigor. A realidade apontada pelas
pesquisas mostra que as adversidades ambientais ainda são imensas e estão
distantes de serem resolvidas.
É necessário compreender que o meio ambiente não se trata apenas as
áreas de preservação e ambientes paradisíacos, mas sim a tudo que cerca a
humanidade: água, ar, solo, flora, fauna, homem, etc. Cada um desses itens
está padecendo de algum tipo de degradação.
Para maior compreensão dos elementos que compõem o eco sistema e
que se encontra em risco, podem-se destacar os seguintes fatores:
1.1. Resguardar e manter a fauna: Dever de todos
O defloramento desordenado do território nacional é um dos principais
motivos de destruição da natureza. O desmatamento e deterioração dos
ambientes naturais, o aumento desordenando do perímetro agrícola, a caça de
subsistência e a caça predatória, a comercialização de produtos e animais
procedentes da caça ilegal (trafego) na natureza e a entrada de espécies
estranhas no território país são fatores que participam de maneira ativa do
processo de extinção. Este método vem aumentando nas últimas duas
10
décadas à proporção que a população aumenta e os indicadores de pobreza
crescem.
Uma maneira de se entender o efeito perigoso da exploração
desorganizada das regiões originárias sobre a fauna residente é o aumento
expressivo do número de espécies na lista oficial de fauna silvestre ameaçada
de destruição, pois a caça predatória deforma a cadeia alimentar e dessa
maneira pode haver a eliminação de uma espécie e superpopulação de outra.
Essa lista é analisada pelo Ibama e Ministério do Meio Ambiente e aponta
novos caminhos.
Com base em pesquisas, determina-se quais espécies e ecossistemas
necessitam ser em primeiro lugar resguardados e conservados e aqueles que
deveriam ser aproveitados dentro de princípios sustentáveis. Abrigar e
empregar racionalmente os recursos faunísticos são atos de manobra que
exigem conhecimento, prática, domínio e monitoramento.
A proteção e a manobra ordenada da fauna silvestre na procura de sua
permanência podem e precisam ser praticados pelo poder público e a
sociedade de maneira associada no sentido de proteger o que é de todos: a
riqueza natural da Nação, bem de uso comum de todos os brasileiros e
segurança para as futuras gerações.
1.2. Ameaça à Flora Brasileira
O território nacional é considerado a maior extensão de diversidade
biológica do planeta, segundo informações do Ibama, órgão responsável pela
classificação oficial de espécies da flora brasileira ameaçada de destruição.
Existem, segundo pesquisas, 106 espécies vegetais com grandes
possibilidades de extinção.
As causas que ameaçam a flora são as derrubadas de florestas, as
queimadas, o estrago dos ecossistemas para loteamento e a poluição de rios.
Outro problema grave que ameaça a flora brasileira é a chamada biopirataria, a
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extração ilegal de material genético ou subprodutos de plantas para análise
sobre novas drogas e cosméticos no exterior sem o pagamento de patentes.
Fundamentada em um projeto de lei, que prevê que estados, municípios,
empresas e comunidades indígenas tenham direito a informação, controle e
participação do lucro fruto de produtos obtidos de vegetais encontrados em
suas áreas, ao mesmo tempo um domínio maior das coletas. No Brasil, em
conseqüência de sua topografia geográfica, variedade de recursos naturais e
condição distinta de industrialização convivem com inúmeros problemas
ambientais.
Também devido á poluição, ocasionada por lixos domésticos, industriais
e por agrotóxicos, há a deterioração de riquezas naturais. Nas principais
metrópoles as condições ambientais são prejudiciais, o desmatamento, a
desertificação e a destruição de espécies biológicas ameaçam a biodiversidade
e colocam em perigo a sustentabilidade dos ecossistemas e da própria
qualidade de vida.
O Brasil possui a maior taxa de desmatamento do mundo. A cada ano,
perto de 18.200 km² da floresta Amazônica são desmatados, A conseqüência,
é a diminuição da biodiversidade, acréscimo da erosão e comprometimento dos
cursos d’água. Diversas conseqüências indiretas também podem acontecer
como transformação no regime de chuva e no clima.
Após a Amazônia, a Floresta Atlântica é uma das áreas mais afetadas
pelo desmatamento no Brasil. Além destas, diferentes áreas de vegetação
acham-se ameaçadas por exploração ou ocupação irregular. Avaliado como
uma das maiores riquezas naturais do planeta, o Pantanal vem suportando
progressiva destruição em função da intensa ampliação das atividades
agropecuárias. Essa extensão é a maior planície inundável do planeta (150.000
km²) com uma área de cerrado, onde, nos lugares mais úmidos, aumentam
espécies arbóreas de floresta tropical.
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1.3. A importância dos Recursos Hídricos no
Desenvolvimento de Diversas Atividades Econômicas
A mídia noticia sobre a guerra do petróleo e os países da OPEP. Como
é de conhecimento, a maior concentração de petróleo conhecida se acha no
Golfo Pérsico. Entretanto, o “petróleo” deste novo século que será a causa de
inúmeras guerras é outro: a água. Mais da metade dos rios do planeta
reduziram seu fluxo e encontram-se poluídos, ameaçando a saúde da
humanidade. Esses rios estão localizados tanto em países pobres quanto ricos.
A Bacia do Amazonas é a maior mina de água doce do mundo,
correspondendo a 20% da água doce disponível. Não é à toa que há um
interesse internacional em defesa dessa região
As probabilidades de insuficiência e deterioração da qualidade dos
recursos hídricos do mundo colocaram no centro das discussões mundiais a
obrigação de adoção de um plano e de manobras integradas nos recursos
hídricos. As previsões do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas
indicam que até o ano de 2025 a quantidade de indivíduos que habitam em
países submetidos a forte pressão sobre os recursos hídricos passará dos
cerca de 700 milhões atuais para mais de 3 bilhões.
Em muito breve o mundo terá escassez e poderá a vir buscar água na
Bacia do Amazonas e o Brasil será a “OPEP da água”. Portanto, é necessário
que o Brasil tenha muito cuidado para não ser surpreendido e perder o domínio
sobre a Bacia Amazônica e a região passe a ser dominada por nações mais
poderosas. Embora ocupe aproximadamente metade da extensão da América
do Sul e de possuir quase 60% da Bacia Amazônica, que percorre 20% do
volume de água doce do planeta, existem áreas críticas, onde a insuficiência
de água deixou de ser somente uma ameaça. As três bacias hidrográficas que
contêm a maior quantidade de água doce do mundo são: Amazonas, São
Francisco e Paraná. Por isso, o Brasil precisa ser exemplo na eficácia da
administração de seus recursos hídricos.
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Apenas 2% da água do planeta é doce, sendo que 90% está no subsolo
e nos pólos. Cerca de 70% da água consumida mundialmente, incluindo a
desviada dos rios e a bombeada do subsolo, são utilizadas para irrigação.
Aproximadamente 20% vão para a indústria e 10% para as residências
(http://www.wiuma.org.br)
Hoje a água já é uma ameaça a paz mundial, pois inúmeros países da
Ásia e do Oriente Médio disputam recursos hídricos. Relatórios da ONU
apontam que 1 bilhão de pessoas não tem acesso a água tratada e com isso 4
milhões de crianças morrem devido a enfermidades como o cólera e a malária.
A estimativa é de que nos próximos 25 anos 2,76 bilhões de seres humanos
sofreram com a falta de água.
A carência de água se deve essencialmente à má administração dos
recursos hídricos e não à falta de chuvas. Uma das maiores agressões para a
formação de água doce é a ocupação e o uso desordenado do solo. Para
agravar ainda mais o contexto, esta previsto o crescimento de mais de 3
bilhões de pessoas que nascerão neste século, sendo a maioria em países que
já tem falta de água, como Índia, China, Paquistão (http://www.wiuma.org.br).
1.4. Uso e Ocupação do Solo
A falta de justiça e de critérios na ocupação da terra continua sendo um
dos maiores problemas de nosso país. O padrão urbanístico nacional
praticamente se divide em dois: a cidade oficial e legal, registrada em órgãos
municipais, e a cidade oculta (ocupação ilegal do solo). A cidade ilegal, sem
noção técnica e com o descaso do poder público, é onde ocorre o choque entre
o cuidar do meio ambiente e a urbanização. Toda lei que almeja colocar em
ordem o uso e a ocupação do solo, é aplicada à cidade legal, mas não se
aplica à outra parte, a qual é a que mais cresce. De acordo com a Profª.
Ermíria Maricato (FAU/USP) foram construídos no Brasil 4,4 milhões de
moradias entre 1995 e 1999, sendo apenas 700 mil dentro do mercado formal.
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Ou seja, mais de 3 milhões de moradias foram construídas em terras invadidas
ou em áreas inadequadas. O programa "Minha Casa, Minha Vida", prevê a
construção de um milhão de casas nos próximos anos. Há uma relação direta
entre as moradias pobres e as áreas ambientalmente frágeis que ficam a beira
de córregos, rios, reservatórios, encostas íngremes, mangues, várzeas e áreas
de proteção ambiental.
Essa constatação é melhor observada nas grandes cidades, onde mais
da metade da população mora ilegalmente. Infelizmente, no Brasil há má
administração do solo, bem como a deficiência de uma política habitacional. Os
invasores “sem teto” passam a ser considerados oponentes da qualidade de
vida e do meio ambiente, quando na verdade eles não têm opção, visto que
isso ocorre devido à falta de uma gestão urbana.
As implicações dessa ocupação sem planejamento já são bastante
previsíveis: enchentes, assoreamento dos cursos de água devido ao
desmatamento e ocupação das margens, desaparecimento de áreas verdes,
desmoronamento de encostas, comprometimento dos cursos de água que
viraram depósitos de lixo e canais de esgoto e, conseqüentemente, óbitos.
Essas razões ainda são agravadas pelo ressurgimento de epidemias
como dengue, febre amarela e leptorpirose.
Outro fator que prejudica o solo é o perverso uso na agricultura, onde
24 milhões de toneladas de terra agricultável são desperdiçadas a cada ano
correspondendo, no momento, a 30% da superfície da Terra. E o mais
preocupante é que a situação tende a agravar-se. Trata-se de um fenômeno
mundial cujos danos chegam a 26 bilhões de dólares anuais, e, com isso, a
sobrevivência de 1 bilhão de pessoas está correndo risco. Os motivos da
desertificação são o abuso de cultivo e de pastoreio o desmatamento, além das
práticas pouco eficientes de irrigação.
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1.5. O Aumento Populacional no Mundo
Comprovadamente a classe média e alta tem mais possibilidades de
informação. Entretanto, grande parte da sociedade brasileira ainda não tem
acesso aos mesmos recursos e dispensam uma menor preocupação com a
qualidade que darão a seus filhos. Nessa classe sem privilégios é onde deveria
ocorrer um controle maior da natalidade, minimizando os problemas sociais
para o país. A partir dessa iniciativa seriam evitados abortos indesejáveis,
crianças abandonadas, exploradas, prostituídas e com um futuro quase certo
para a criminalidade, o que é a atual realidade das grandes cidades do Brasil e
dos países pobres. O crescimento populacional é uma forma de proliferação da
pobreza.
O controle da natalidade é indispensável, pois o planeta está acima de
sua capacidade máxima de ocupação e há evidências de falta de alimentos e
água para as próximas décadas.
A idéia de um controle de natalidade não é nova. Thomas Malthus
(1766-1834), um economista inglês, abordou o problema do crescimento
populacional e da produção de alimentos em seus livros. De acordo com o
pensamento maltusiano, a felicidade do ser humano está diretamente
relacionada com os recursos naturais, ou seja, o esgotamento destes
condenará a humanidade à infelicidade. Malthus assegurava que o crescimento
populacional traria a miséria, então, se faz necessário conter a explosão
demográfica. Para ele, o ótimo da população garantiria mais recursos por
habitante, atingindo o equilíbrio entre população e produção de alimentos.
Se no planeta com 6,5 bilhões de habitantes, a população já se encontra
no limite, imagine-se com 10 bilhões de pessoas previstas para o ano de 2050.
Países como a Índia terão um acréscimo de 519 milhões de pessoas; China
211 milhões e o Paquistão de 200 milhões até o ano de 2050
(http://www.wiuma.org.br). Se não for realizado um controle da natalidade,
seremos todos responsáveis pela condenação de milhões de pessoas a
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morrerem de fome ou sede. A morte por fome já é uma realidade em vários
países da África e tem sido destaque na imprensa diariamente
1.6. Lixo: Reduzindo o Desperdício.
Mais um calamitoso fator ambiental é o lixo que, em sua maior parte,
ainda é despejado a céu aberto. No Brasil, cerca de 84,35% (Censo 2010
IBGE) da população brasileira vive em metrópoles . Por isso, o lixo se tornou
um dos imensos problemas das cidades. Pelas leis vigentes, é de
responsabilidade das prefeituras administrarem o recolhimento e destinação do
lixo. De acordo com o IBGE, 76% do lixo é jogado a céu aberto, sendo visível
ao longo de ruas. Também, são levados para represas de abastecimento
durante na ocasião de chuvas. Ainda com toda a intensidade que se faça nesta
área em nível mundial, ainda são mínimos os materiais aproveitados no Brasil
onde é avaliado um desperdício de cerca de 4 bilhões de dólares anualmente.
Porém, há indicadores de evolução nessa área no Brasil, onde se tem como
excelente exemplo as latas de alumínio, cuja produção é 63% reciclada .
O lixo industrial demonstra indicadores mais consistentes de reciclagem.
De acordo com a FIRJAN, no Estado do Rio de Janeiro 36-70% das indústrias
reciclam seus dejetos. Cada cidadão produz 1 Kg de lixo doméstico
diariamente, ou seja, se o cidadão viver durante 60 anos terá produzido em
torno de 21 toneladas. Essa quantidade produzida vezes a população nacional
dimensiona o tamanho do problema.
1.7. Saneamento Básico: Um drama das cidades
brasileiras
A compreensão do Saneamento Básico como um somatório de métodos
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adotados em uma determinada região que visa adequar uma condição
higiênica benéfica para os moradores é fundamental para os habitantes das
comunidades. Os processos de saneamento básico consistem em: tratamento
de água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública de ruas e
avenidas, coleta regular e seletiva, alem do tratamento de detritos orgânicos
em aterros sanitários legalizados, pelo meio da reciclagem.
Por meio do saneamento básico, é possível garantir melhores condições
de saúde para os indivíduos, impedindo a contaminação e propagação de
enfermidades e simultaneamente garante-se a preservação do meio ambiente.
A ausência de Saneamento Básico afeta imensamente a poluição
ambiental. No Brasil, pouco mais 68% do esgoto domiciliar é tratado (IBGE-
2007) e o restante é jogado diretamente nos leitos dos rios. Um relatório da
ONU informa que as regiões costeiras, sul e sudeste do Brasil, são uma das
mais poluídas do planeta. 40 milhões de pessoas residem no litoral
despejando 150 mil litros de esgoto diariamente ou seis bilhões de litros de
esgoto sem tratamento.
Os reduzidos investimentos do poder público nessa área são
injustificáveis, pois, para cada dólar aplicado no saneamento básico, 4 dólares
são poupados com a prevenção de doenças que levam à internações. Devido
a falta de saneamento básico ocorre 65% das internações nos hospitais do
país. (http://www.ultimosegundo.ig.com.br).
1.7. Condições Climáticas: Fatores que Influenciam o
Planeta
A preocupação com as alterações climáticas é justificada, já que
prejudicará todo o planeta e de forma desproporcional aos países mais
carentes, que serão afetados por ciclones tropicais, chuvas torrenciais e ventos
fortes, falta de água, epidemias e erosão. Essas nações são mais frágeis
devido à carência de recursos. Por causa disso, poderá acontecer a diminuição
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de colheitas e, nesse caso, o Brasil seria um dos países prejudicado, dentre
diversas outras conseqüências.
Com verões mais extensos e quentes crescerá a taxa de reprodução e
aumento de insetos e, com isso, cresce também a transmissão de epidemias
por estes vetores. O renomado cientista Stephen Hawkings já havia alertado
que a espécie humana não chegaria ao final do Terceiro Milênio justamente por
causa do efeito estufa.
De acordo com o ex-secretário geral da ONU, Kafi Annau, pouco se tem
feito com relação ao desenvolvimento sustentável proposto na ECO-92,
porque os países ricos não têm cumprido os acordos internacionais firmados à
época. É pouco provável que as medidas propostas venham a ser adotadas
por esses governos, uma vez que precisariam de uma mudança total no
modelo de desenvolvimento econômico e social.
Os Estados Unidos admitem haver uma ligação entre o efeito estufa e o
homem. Mesmo assim, os principais poluidores mundiais afirmaram
oficialmente que não se sentem na obrigação de cooperar com a despoluição
atmosférica, prevista no Protocolo de Kioto, para que suas indústrias invistam
com programa de controles de emissões sujas. Em meio aos prováveis
prejuízos originados pelo envio descontrolado de compostos para a atmosfera
alguns já foram constatados cientificamente.
Uma pesquisa mais ampla sobre a Terra foi realizada por 1.000
especialistas, através do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas.
Esse trabalho antecipa um futuro ameaçador para o planeta caso não sejam
tomadas medidas imediatas. De acordo com esse estudo 50% dos rios já estão
contaminados, 15% do solo estão afetados e 80 países sofrem com a falta de
água. Segundo o relatório, nas próximas três décadas 50% da humanidade
perecerá com a escassez de água; 11 mil espécies de animais e plantas estão
ameaçadas de extinção. O relatório adverte que essas radicais alterações,
pelas quais o planeta está atravessando, piorarão o problema da fome e de
epidemias infecciosas e tornarão as tragédias climáticas mais constantes.
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Não se deve achar que essas alterações estão muito longe. É só
constatar as modificações sofridas no meio ambiente na última década: verões
insuportáveis, invernos mais curtos, carência nas chuvas, secas e enchentes,
etc. Muitas outras causas serão acrescidas a essas nos próximos 10 anos, se
não houver medidas imediatas.
1.8. A Cultura do Desperdício
Por existir abundância de recursos no Brasil, o desperdício virou algo
cultural, isso tanto para a população carente quanto para os ricos. Cerca de
20% dos alimentos são desperdiçados, desde a colheita até a mesa da
comunidade, segundo o IBGE.
Essas toneladas de mantimentos perdidos seriam suficientes para
alimentar toda a população carente. Além disso, se desperdiça muito material
reciclável, onde são derramadas na natureza 125 mil toneladas de rejeitos
orgânicos e materiais recicláveis diariamente. A cada tonelada de papel que se
recicla, 40 árvores deixam de ser cortadas. Os dois fatos o desperdício gera
poluição ambiental.
Metade da água tratada é desperdiçada no país. E o pior é que essa
água volta às fontes em seguida ao uso, sem tratamento e, novamente, retorna
para consumo após diversos processos de tratamentos de elevado custo. Entre
os desperdícios está a lavagem de carro, calçadas, roupas, banhos
demorados, na higiene bucal, louças na qual é perdida mais água do que o
necessário, além de vazamentos. Para se ter idéia, uma gota de água potável
desperdiçada em uma torneira durante um dia inteiro corresponde a 46 Litros .
De maneira semelhante, à energia elétrica, os brasileiros
desperdiçam 50% da geração anual de Itaipu ou 9,5% da média total do ano.
Como exemplo do esbanjamento está o uso irracional de aparelhos elétricos e
luzes ligadas desnecessariamente nas residências e em vias públicas. O uso
racional pode impedir a construção de novas barragens, que são a origem de
grandes impactos ambientais, somente pela diminuição dos desperdícios.
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1.9. Desigualdade Social
A despeito do Brasil estar entre as dez maiores economias do mundo, é
também um dos campeões de disparidade social. Os indicadores de violência
cresceram assustadoramente, elevando o desenvolvimento da indústria de
segurança. Blindagem de veículos, aparelhos de alarmes, travas e grades
compõem um arsenal que, atualmente, é quase uma necessidade fundamental.
A situação, incontestavelmente, é fruto de um enorme tempo de
descaso e falha de toda coletividade. Felizmente a maioria da sociedade já
percebeu que é definitivamente conflitante o crescimento das empresas numa
sociedade em circunstâncias de desordem. As companhias devem não
somente usar o seu poder político para influenciar nas decisões
governamentais e nas políticas públicas para que estas sejam mais éticas e
justas, mas, também, atentar em segmentos onde a dignidade dos cidadãos e
a qualidade de vida estão absolutamente ligadas.
Não se deve aceitar esconder-se com receio dos miseráveis, é
necessário estar ciente da função da sociedade e da responsabilidade perante
a importância do problema. Felizmente a conscientização do cidadão tem
aumentado caminhado e obtido conquistas. Não são apenas as empresas que
se voltam para programarem atuações no campo social; mas grande parte da
coletividade tem se favorecido com projetos dirigidos para os mais
necessitados. Há, atualmente, no Brasil, em torno de 220.000 OGN’s
organizações não-governamentais, a maioria destinada à caridade. Os
componentes dessa boa tropa estão em todos os locais, em ruas, escolas,
associações, empresas, repartições. Isto comprova que as ações cidadãs
independem do poder aquisitivo, condição social ou humana, pois, estão
absolutamente ligadas à disposição de difundir a visão para o que está ao
redor procurando mostrar que há sempre alguma coisa a realizar pelo próximo.
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Capitulo II - O Surgimento e a Evolução da
Responsabilidade Social Empresarial
A definição do termo “responsabilidade social” ocorreu primeiramente
nos EUA, por volta de 1950, e cresceram, após a disseminação do conceito na
Europa, entre as décadas de 1960 e 1970. A idéia fortaleceu-se durante os
anos 1980, e efetivou-se no ambiente mundial e brasileiro no início dos anos
1990, assim como nas empresas enxergaram sua atuação na área social.
Segundo Parente (2006), na última década, o processo de globalização
continuou se intensificando não somente na integração dos hábitos culturais,
sociais, políticos e econômicos, mas, também no problema da exclusão social,
marginalizando enormes parcelas da população mundial e até mesmo de
nações que não apresentavam condições de se inserir de maneira ordenada
nesse processo.
A grande influência do livre-comércio; determinando o fluxo de capitais e
mercadorias, e das novas tecnologias, facilitando a realização de novos
negócios pelo mundo, gera uma riqueza nunca vista, mas em contra partida,
acentua os problemas da humanidade sob diferentes aspectos: dá origem a
uma imensa concentração de recursos e informação, agrava a degradação do
meio ambiente e aumenta as mazelas sociais, que afligem e impõem condições
muito desiguais as diferentes camadas sociais.
Enquanto isso, as empresas começam a perceber que realizar negócios,
adotando uma atitude ética e socialmente responsável, procurando
desenvolver iniciativas que promovam a mudança da realidade social das
comunidades nas quais se encontram inseridas, deve ser uma maneira de
acrescentar valor às suas atividades e fortalecer a marca, tanto que a tática de
responsabilidade social corporativa vem se tornando uma estratégia de gestão
empresarial capaz de produzir uma diferença competitiva para os negócios.
Na América Latina, o Brasil tomou a dianteira, pois milhares de
empresas do país vem desenvolvendo um movimento significativo que além de
22
discutir a responsabilidade social, promove ações eficazes para diminuir as
diferenças sociais, gerenciando seus negócios de modo responsável e
transparente e dessa maneira , visa a sustentabilidade. A responsabilidade
social engloba todos os segmentos da sociedade: o primeiro setor é constituído
pelo poder público; o segundo formado pelas empresas; o terceiro, por
instituições sociais, ONGs e pela sociedade. Apesar disso, é no setor
empresarial que está baseada a possibilidade de mobilização para as
transformações, em função do poder econômico que as empresas detêm e a
capacidade que possuem de estimular seus colaboradores e parceiros a
colaborarem para o desenvolvimento da sociedade.
2.1. Responsabilidade Social como Ferramenta de Gestão
Empresarial
Agir de forma socialmente responsável não implica que as companhias
passem a realizar as responsabilidades do Estado, mas, sim, a produzir na
cultura corporativa e em todas as relações da organização um novo regime de
desenvolvimento econômico e social. Parente (2006), afirma que o ambiente
empresarial começa a ampliar uma estratégia inovadora e ecossistêmica,
apropriado a um só tempo alcançar as metas almejadas com os seus negócios
e beneficiar a inclusão social
A responsabilidade social não deve ser vista e tratada simplesmente
como uma maneira de filantropia ou de atitude comunitária. Seu aprendizado
precisa ser encarado como uma atitude criativa e inovadora de gestão
empresarial, associada aos objetivos estratégicos, implantada na composição
organizacional das companhias e ao mesmo tempo em seu orçamento anual.
As empresas devem fazer uma análise conforme todas essas perspectivas,
buscando crescer na confiança de que esse é um processo permanente de
incorporar a gestão social de forma profissional, dirigindo suas atividades para
administrar seus próprios conflitos e, assim, avalizando sua sobrevivência.
23
Em uma atmosfera caracterizada por indicadores cada vez mais
elevados de competitividade e produtividade, às companhias começam a
preocupar-se progressivamente com a legalidade social de sua atuação e a
expor que o posicionamento socialmente responsável pode resultar em uma
boa vantagem competitiva no que diz respeito ao mercado. Para Zadek (2003),
estabelecer a responsabilidade corporativa como parâmetro para a
competitividade é a chave para fazer com que seu potencial se confirme,
determinando objetivos de desenvolvimento sustentável, metas sociais e
comerciais.
É possível observar que as empresas socialmente responsáveis,
aquelas que não pensam exclusivamente no lucro, mas também no aspecto
social e no meio ambiente, são mais valorizadas e reconhecidas pelos clientes.
Estudos de pesquisa sobre as percepções do consumidor, do Instituto Ethos
(2002), realizado no Brasil e em diverso paises do mundo, já indicam que os
consumidores optam por produtos e serviços que comprovam práticas
socialmente responsáveis em suas operações. Os consumidores privilegiam a
postura ética e a preocupação das empresas em tornar a sociedade mais
equilibrada, com menos injustiças e desigualdades.
Segundo Torquato apud Kunsch (1997), não podemos esquecer que
existe uma relação direta entre a responsabilidade social de uma organização e
os resultados que está obtém, entre os códigos de conduta adotados pela
companhia em conseguir de seus objetivos. Nesse processo, o consumidor,
por meio de consumo consciente, torna-se uma peça fundamental, pois tem em
suas mãos a decisão da compra e, assim, um crescente poder de influenciar a
prática de ações responsáveis, permeando a cadeia produtiva.
As semelhanças empresariais precisarão ser cada vez mais ajustadas
pela ética, pelo respeito e pela cidadania, por isso que todo e qualquer negócio
tem um compromisso maior com o aumento social, uma vez que a gestão
voltada para a responsabilidade social já é vista, no ambiente empresarial,
como um diferencial competitivo, que é capaz de influenciar espontaneamente
24
os negócios das empresas, fortalecendo sua importância e de sua marca
diante aos clientes e os demais públicos de interesse.
Quando uma companhia investe em ações sociais contínuas, não só
coopera para melhoria da qualidade de vida da comunidade; ela adquire stattus
de empresa-cidadã e consegue o retorno social, demonstrando em
fortalecimento de imagem, valorização da marca, conseguindo a captação de
novos clientes, maior divulgação espontânea na mídia, obtenção de
reconhecimento do público e maior apoio dos colaboradores e parceiros
(Fernandes e Oliveira 2001)
A estratégia da responsabilidade social significa a conscientização e o
compromisso das empresas em prestar contas à sociedade, comprovando que
não são apenas organismos de riquezas, mas também agentes fundamentais
do processo de desenvolvimento de uma nação.
Difundir uma figura positiva no mercado representa um imenso capital
para empresa, comparado ao domínio de uma tecnologia, à independência do
sistema financeiro e à presença no mercado externo, visto que as companhias
em geral não mais entregam produtos ou serviços como itens isolados, mas,
sim, vendem a confiabilidade de uma marca proveniente de uma empresa que
desfruta de uma reputação sólida e positiva (Fortes, 1999).
A pesquisa Sustentabilidade Aqui e Agora desenvolvida pelo ministério
do Meio Ambiente e o Supermercado Wal Mart constatou que 59% da
população brasileira acredita que o meio ambiente é mais importante do que o
crescimento econômico. Uma atitude surpreendente da sociedade brasileira, o
que deve nortear o poder público e o meio empresarial em geral.
A gestão socialmente responsável acrescenta valor aos negócios bem
como é mais um exemplo de conduta que deve ser seguido, principalmente
pela mudança de cultura e pelas atitudes concretas tomadas pelas empresas
que adotam implicando mudança de mentalidade dos indivíduos e
transformando a responsabilidade social em uma forma de atuação global, que
envolve todas as relações e ações da organização e das pessoas ligadas a ela.
25
A pressão da sociedade relativamente ao compromisso social das
empresas é grande e tende a crescer ainda mais à medida que não só os
clientes, mas também todos os seus públicos preferirem as companhias que se
preocupam com o bem-estar social e prezam a transparência no
relacionamento. Por isso, esse comportamento não é mais uma questão de
opção, mas de sobrevivência empresarial a longo prazo. Nesse sentido, a
responsabilidade é conceituada pelo Instituto Ethos (2005), de forma completa
e abrangente, como segue;
Responsabilidade social empresarial, segundo Parente (2006) é a forma
de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com
todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de
metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da
sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras,
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
2.2. A Responsabilidade Social e a Importância do
Stakeholders
Definido que a responsabilidade social empresarial é considerada a
forma de gestão definida pela relação ética e transparente da empresa com
todos os públicos com os quais ela se relaciona, torna-se indispensável
identificar e conhecer melhor seus stakeholders, ou seja, os públicos aos quais
a empresa está vinculada.
Nesse contexto, segundo PARENTE (2006) o conceito de stakeholders
tornou-se imprescindível para o entendimento das relações entre as empresas
e as partes envolvidas da sociedade. O termo deriva das construções mais
familiares stockholders e shareholders – acionistas, investidores ou
proprietários de empresa. Todavia, com o aumento da complexidade da
sociedade começaram a ser identificados outros grupos que tinham interesse
(stake em inglês) nas organizações, de modo que eles passaram a ser incluído
26
nas decisões. Sendo assim, pessoas e grupos que outrora eram considerados
sem poder ou incapazes de fazer reivindicações às empresas tornaram-se
stakeholders. Desse modo os stakehoders podem ser definidos como
indivíduos que estão ligados a organização ou que apresentam interesse em
uma organização e são afetados pelas decisões tomadas por ela, de acordo
com Fern-Banks (1996).
Nas empresas se percebe os vários públicos de interesse (stakeholders)
através de diversos conjuntos: os funcionários, os concorrentes, a mídia, os
clientes, os acionistas / proprietários, entre outros. Entretanto, observa-se ao
mesmo tempo em que a empresa tem muita familiaridade com a comunidade
do entorno e isso denota que ela tem a capacidade de desempenhar com mais
plenitude sua tarefa de interagir no meio.
A empresa socialmente responsável é aquela que cultiva um
relacionamento ético e respeitoso não somente com alguns, mas com todos os
seus stakeholders. Logo é vital atentar para a conduta da empresa
relativamente aos principais públicos de interesse.
Portanto, em um processo de gestão socialmente responsável, os
empresários com inúmeras possibilidades de envolver-se com os seus diversos
stakeholders, e não resta dúvida sobre a vocação do setor empresarial para
efetivamente desempenhar sua atuação social. O processo de
responsabilidade social nas empresas sempre começa no âmbito pessoal e
atinge o organizacional, pois se trata da decisão de um indivíduo, ou de um
grupo, de agir de maneira coletiva. É a expansão da consciência que vai
despertar uma maior responsabilidade pelo bem coletivo.
A habilidade da empresa, portanto fica bem caracterizada não só pela
suas qualidades de negócios, mas igualmente pela sua enorme importância na
sociedade. A grande interação que ocorre entre a empresa e o cliente, ao longo
de sua cadeia, permite a empresa à transformar-se em um centro de
disseminação de valores para a comunidade.
A conclusão de PARENTE (2006) é de que o que se pensava ser utopia
começa a se tornar realidade, pois o ideal da sustentabilidade passou a ser
27
uma solução inteligente para garantir não só a sobrevivência das empresas e,
mas também do planeta. Ademais, no processo evolutivo da humanidade, são
os ideais que devem povoar os pensamentos, pois é no mundo das idéias e
das imagens mentais que são forjadas e construídas a base de um mundo
melhor e mais justo.
Stakeholders; qualquer pessoa ou grupo que tenha interesse ou possa
ser afetado pelas ações de uma organização. Ex: público interno, fornecedor,
consumidor, cliente, instituição pública, comunidade, acionistas, entidades de
classe, órgãos governamentais entre outros [NBR 16001;2004, definição 2.11]
Individuo ou grupo que tem um interesse identificável por quaisquer atividades
de uma organização, quando esse interesse também é pertinente ao
desenvolvimento sustentável e ao bem-estar da sociedade [ISSO 26000,
definição 3. 12.b]
Além dos conceitos já apresentados percebe-se que existe uma enorme
quantidade de iniciativas convergem formando empresas com culturas
sustentáveis. Baseado em seus pensamentos, BARBIERE (2009), considera
que a Responsabilidade Social Empresarial é um meio para alcançar a
sustentabilidade, que se define como a empresa que orienta a sua gestão para
obter resultados positivos em termos econômicos, sociais e ambientais. É a
empresa que pretende ser economicamente eficiente, socialmente justa e
includente e ambientalmente prudente.
Para orientar as atividades que ocorrem nas organizações sob diferentes
modos e perspectivas de quem as pratica em 1948, foi adotada e proclamada
pela Assembléia Geral das Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, considerado a fonte de princípios para orientar a formulação de
políticas de responsabilidade social de qualquer entidade pública ou privada.
A Declaração é formada por um preâmbulo e 30 artigos que enunciam
os direitos e liberdades a todos os humanos por meio do princípio básico da
igualdade e não discriminação. Os direitos econômicos, sociais e culturais, que
representam a geração de direitos humanos, começam com o art. 22:
28
Todo ser humano, como membro da sociedade tem direito à
segurança social, a realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de
acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e
culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
O avanço das organizações internacionais em 1992 durante a
Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e Desenvolvimento
Humano, realizada no Rio de Janeiro, aprovaram um plano de ação para
alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável: A Agenda 21, que em
sua essência é uma espécie de consolidação sistematizada por assunto como
a erradicação da pobreza, padrão de consumo, combate ao desflorestamento,
proteção da atmosfera, gestão de recursos hídricos, manejo de resíduos
sólidos, etc, que foram tratados em diversos relatórios.
A Agenda 21 dedica um capítulo específico as empresas, no qual
recomenda que elas considerem a gestão sócio-ambiental como uma das suas
mais altas prioridades e como fator determinante do desenvolvimento
sustentável. Na Agenda são mencionadas duas áreas de atuação:
1ª) Refere-se ao aumento da eficiência produtiva para maximizar a
utilização dos recursos naturais, que implica no aperfeiçoamento do sistema de
produção para que utilizem os recursos naturais de modo mais eficiente,
gerando menos resíduo e com menor grau de periculosidade para os seres
vivos.
2ª) Refere-se à promoção da responsabilidade empresarial objetiva com
os seguintes propósitos:
* Estimular o conceito de vigilância no manejo e utilização dos recursos
por parte dos empresários.
* Aumentar o número de empresários cujas empresas apóiem e
implementem políticas de desenvolvimento sustentável. Entre as
recomendações a esse respeito estão o engajamento em atividades de
pesquisa e desenvolvimento sobre tecnologias ambientalmente saudáveis e o
29
manejo responsável e ético de produto e processos do ponto de vista da
saúde, da segurança e do meio ambiente.
Segundo, BARBIERI (2009), as empresas podem criar suas próprias
agendas com base na Agenda 21 global, nacional ou local, naquilo que cabem
a elas, ou podem adotar recomendações especificas dessas agendas.
Outra fonte importante de princípios diretivos para políticas diretivas
empresariais que deve ser conhecida é a Carta da Terra, que surgiu para
incluir questões que não foram abordadas na Declaração do Rio de Janeiro de
1992 ou foram tratadas de maneiras insatisfatória. Sua elaboração teve início
em 1995, após muitas consultas e com participantes de todo o mundo com sua
conclusão acontecendo no ano de 2000. A Carta da Terra está dividida em
quatro partes referentes aos seguintes temas básicos com os seguintes
Princípios:
PRINCÍPIOS DA CARTA DA TERRA
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de
vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres
humanos.
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no
potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos
naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de
proteger os direitos das pessoas.
30
b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do
poder, vem a
maior responsabilidade de promover o bem comum.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas,
sustentáveis e pacíficas.
a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos
humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a
oportunidade de realizar seu pleno potencial.
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção
de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente
responsável.
4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às
futuras gerações.
a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada
pelas necessidades das gerações futuras.
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que
apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da
Terra a longo prazo.
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra,
com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais
que sustentam a vida.
a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de
desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a
reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de
desenvolvimento.
31
b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo
terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de
sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa
herança natural.
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados
geneticamente que
causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a
introdução desses
organismos prejudiciais.
e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos
florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de
regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
f. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como
minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento
e não causem dano ambiental grave.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção
ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura
de precaução.
a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou
irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou
não-conclusivo.
b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta
não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas
sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências
cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das
atividades humanas.
32
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o
aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias
perigosas.
e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as
capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar
comunitário.
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção
e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos
sistemas ecológicos.
b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez
mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do
vento.
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de
tecnologias
ambientais seguras.
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no
preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que
satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde
reprodutiva e a reprodução responsável.
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência
material num mundo finito.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o
intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à
sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em
desenvolvimento.
33
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria
espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção
ambiental e o bem-estar humano.
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e
para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam
disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos
solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os
recursos nacionais e internacionais demandados.
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma
condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança
coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que
sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem
suas aspirações.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os
níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e
sustentável.
a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as
nações.
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das
nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais
onerosas.
34
c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de
recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas
progressistas.
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras
internacionais
atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-
las pelas conseqüências de suas atividades.
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos
para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à
educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar
com toda violência contra elas.
b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da
vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e
paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os
membros da família.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a
um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a
saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos
direitos dos povos indígenas e minorias.
a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas
em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem
nacional, étnica ou social.
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade,
conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas
relacionadas com condições de vida sustentáveis.
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a
cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
35
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e
espiritual.
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover
transparência e responsabilização no exercício do governo, participação
inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.
a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e
oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de
desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais
tenham interesse.
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a
participação significativa de todos os indivíduos e organizações
interessadas na tomada de decisões.
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião
pacífica, de associação e de oposição.
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais
administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação
por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus
próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis
governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os
conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida
sustentável.
36
a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades
educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o
desenvolvimento sustentável.
b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das
ciências, na educação para sustentabilidade.
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da
conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma
condição de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e
protegê-los de sofrimento.
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca
que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de
espécies não visadas.
16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a
cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar
a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver
conflitos ambientais e outras disputas.
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma
postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para
propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armam de
destruição em massa.
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção
ambiental e a paz.
37
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas
consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com
a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
Em sua obra, BARBIERI (2009) conclui, afirmando que a
Responsabilidade Social Empresarial, não é uma onda passageira ou
modismo, já que raro é o dia em que os problemas não estão estampados nos
jornais e noticiários televisados, pois o mundo começa a se inteirar dos graves
problemas que afetam o planeta e que colocam sua sobrevivência em risco.
38
Capitulo III - A Importância do Pedagogo como Agente
de Implementação do Movimento de Responsabilidade
Social Empresarial
No inicio da segunda década do século XXI, já é reconhecida a
necessidade do profissional pedagogo em diversas instâncias em que há
ensino e aprendizagem e não somente na escola. A partir desta comprovação,
são apresentados para discussão, sinais da adequação do trabalho desse
profissional à empresa, a partir da análise do perfil e competências do
pedagogo. Além disso, apresentados indícios de que o campo da ciência da
Pedagogia pode consentir a participação desses profissionais nas ações
desencadeadas pelo movimento de Responsabilidade Social Empresarial.
Segundo o antropólogo BRANDÃO (1981), “Não há uma única forma
nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que
acontece..., o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional
não é o único praticante. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo
ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender,
para ensinar, para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação”,
portanto baseado na afirmação de Brandão o desenvolvimento do homem
ocorre por meio de sua relação participativa no meio ambiente, seja ele natural
e social, formando assim, o meio cultural organizado.
BRANDÃO, também afirmou que a aprendizagem sociocultural, passa
de geração em geração, formando nossa herança historicamente acumulada e
organizada e essa herança precisa ser comunicada às novas gerações e
divididas de forma igualitárias entre todos sem exceção.
O Pedagogo em seu trabalho de educação e aprendizado precisa dirigir
e tornar produtivo, do ponto de vista pedagógico o procedimento de relação
participativa causando o desenvolvimento do homem. A educação
coorporativa assim, se torna a mediadora entre a teoria e a pratica, entre o
sujeito e o meio ambiente.
39
Na prática pode-se definir como especialista que se dedica às atividades
de pesquisa, documentação, formação profissional, gestão educacional,
orientação pedagógica, animação sociocultural, formação continuada em
empresas e em outras instituições. Seu papel, também é exercido no campo de
investigação e na sua atuação dentro da variedade de atividades voltadas para
o educacional.
3.1. A Empresa, a Pedagogia e a Responsabilidade Social
Empresarial
Segundo afirmação de HOLTZ(2006) uma empresa é a associação de
pessoas, para explorar uma atividade com objetivo definido, liderada por
pessoas empreendedoras, que dirigem e lideram as atividades com o fim de
atingir os objetivos também definidos. Deste processo, também participa, o
Pedagogo, gestor e administrador, que a dirige e lidera para a consecução de
seus objetivos educacionais.
Não se deve, afirmar que a escola pode se guiar pela hipótese da
empresa e vice-versa, mas sim que existe, na prática do Pedagogo, algo que
precisa ser feito em benefício do trabalho da empresa, ainda que haja
existência de poucas literaturas sobre o assunto Pedagogia Empresarial.
HOLTZ(2006) acredita que “Pedagogia e Empresa fazem um casamento
perfeito”, e em pesquisa ela comprova a necessidade dos trabalhos
pedagógicos dentro das empresas e a admiração dos empresários por esses
trabalhos e seus resultados.
O perfil do pedagogo almejado pelas empresas baseia-se nas seguintes
aptidões: criatividade, espírito de inovação, compromisso com os resultados,
pensamento estratégico, trabalho em equipe, capacidade de realização,
direção de grupos de trabalho, condução de reuniões, enfrentamento e análise
em conjunto das dificuldades cotidianas das empresas, bem como problemas
profissionais.
40
Na opinião de RIBEIRO (2003), a Pedagogia Empresarial se ocupa
primeiramente com os conhecimentos, as competências, as habilidades e as
atitudes consideradas como indispensáveis e necessários à melhoria da
produtividade. Portanto, implanta programa de qualificação e desenvolvimento
profissional, produz e dissemina o conhecimento, estrutura o campo de
treinamento, amplia programas de levantamentos de necessidades de
treinamento, desenvolve e adequa metodologias de informação e da
comunicação às práticas de treinamento.
Para GRECO (2005) esse novo profissional deve agir em harmonia com
demais profissionais de gestão, porque assim será possível organizar e
consolidar planos, projetos e ações que visem colaborar para o progresso da
performance dos funcionários, bem como para melhorar o desempenho da
empresa. O que o pedagogo empresarial procura é efetivar os conhecimentos
corporativos e como seu domínio contribuirá para a melhoria do clima
organizacional, da qualidade de vida e crescimento da satisfação pessoal de
todos. O desempenho do pedagogo empresarial está precisa ir além da
aplicação de técnicas visando estabelecer políticas educacionais no contexto
escolar. Seu desempenho avança sobre os indivíduos que fazem as
instituições e empresas de todos os tipos, portes e áreas.
O papel do pedagogo na empresa e suas credenciais vão além dos
conhecimentos gerais que são proporcionados pelos cursos de Pedagogia,
outras informações do pedagogo fazem com que ele seja importante para as
empresas e podem ser assim identificados: conhece recursos auxiliares de
ensino, entende do processo de ensino-aprendizagem, sabe avaliar seus
programas, estudou didática (arte de ensinar) no seu curso superior, sabe
elaborar projetos. Além desses pré-requisitos que são indispensáveis à função,
outros se fazem necessários para uma boa atuação profissional.
O Pedagogo Empresarial necessita de uma formação
filosófica,humanística e técnica sólida a fim de aumentar a capacidade de
atuação junto aos recursos humanos da empresa. É comum em sua formação
acadêmica incluir disciplinas como: Didática Aplicada ao Treinamento, Jogos e
41
Simulações Empresariais, Administração do Conhecimento, Ética nas
Organizações, Comportamento Humano nas organizações, Cultura e Mudança
nas Organizações, Educação e Dinâmica de Grupos, Relações Interpessoais
nas Organizações, Desenvolvimento Organizacional e Avaliação do
Desempenho. (RIBEIRO, 2003)
As atribuições e funções do Pedagogo na empresa estão ligadas a cinco
campos: atividades pedagógicas, técnicas e organizacionais, sociais e
administrativas, podendo ser assim sintetizadas: Conceber, planejar,
desenvolver e administrar atividades relacionadas à educação na empresa.
- Diagnosticar a realidade institucional
- Elaborar e desenvolver projetos, buscando conhecimento também em
outras áreas profissionais.
3.2. Atividades de Responsabilidade Social na Empresa
Diferentes atividades de cunho social, de caráter interno e externo, ou
simultaneamente podem ser desenvolvidas pelo pedagogo. As atividades de
caráter interno são as ligadas aos integrantes da comunidade empresarial, e
atividades de caráter externo, são as relacionadas à comunidade externa e à
sociedade como um todo.
As atividades de caráter interno destinam-se ao bem estar dos
colaboradores e suas famílias. Compete ao pedagogo, por exemplo, auxiliar na
colocação dos filhos dos funcionários no colégio, assim como identificar
parcerias locais para apresentar serviços diversos de interesse dos
colaboradores, como por exemplo: creches, atendimento pediátrico,
atendimento psicológico, acolhimento ao idoso, auxílio jurídico,
assessoramento de planejamento financeiro, academias de ginástica etc., do
mesmo modo como agendar cursos e palestras sobre assuntos importantes à
vida saudável: atividade física e qualidade de vida, efeitos do fumo sobre o
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organismo, a precaução da dependência química, do alcoolismo, hábitos
posturais saudáveis, a boa qualidade do ar e diversas atividades.
Entre as atividades de caráter externo, a de maior importância, é a
questão do meio ambiente. É vital destacar que essa não é uma questão
apenas de caráter externo. Em seu aspecto interno, o pedagogo precisa
preparar projetos visando motivar os funcionários a resguardar a natureza. Um
código de defesa ambiental deve ser criado e nele podem ser definidos os
principais princípios ambientalistas que devem ser respeitados. O exemplo de
conduta ecologicamente correta deve vir da própria empresa.
Deste modo, cabe à empresa instituir uma política ecológica de
compras, a partir do uso de matéria-prima ambientalmente correta; reciclar,
diminuir o consumo de papel, comprar e usar produtos de papel reciclado,
suprimir o uso de produtos não degradáveis e tóxicos, atentar para o descarte
adequado de substâncias tóxicas e outras ações similares. Cuidados
semelhantes devem ser tomados com o uso da água e da energia elétrica.
Além das medidas de cunho social, o pedagogo pode colaborar para a
empresa promover sua comunidade, através de uma relação de respeito e
parceria. O Instituto Ethos (2003) fala da necessidade de respeito aos
costumes e à cultura local, contribuição em projetos educacionais em ONGs ou
organizações comunitárias, destinação de verbas a instituições sociais e
divulgação de princípios que aproximem seu empreendimento das pessoas ao
redor. O próprio documento aponta para a necessidade de a empresa
comprometer-se com o bem comum. O relacionamento ético com o poder
público e deste modo zelar pelo cumprimento das leis, faz parte da cultura e
gestão de uma empresa socialmente responsável.
Ser ético, nesse caso, significa cumprir as obrigações de recolhimento
de impostos e tributos, ajustar os interesses da empresa com os da
coletividade, comprometer-se formalmente com o combate à corrupção,
contribuir para projetos e ações governamentais. Em síntese: cooperar para o
desenvolvimento de sua região, da nação e do planeta.
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Assim, todas as atividades citadas anteriormente, planejadas pelos
órgãos gestores da empresa, podem ser delegá-las ao pedagogo para que
sejam executadas.
Outra atividade importante que pode ser desenvolvida pelo pedagogo,
em harmonia com a administração é a que trata de envolver parceiros
fornecedores nos projetos da empresa. Através do trabalho do pedagogo, a
empresa deve incentivar seus fornecedores para que do mesmo modo
adquiram compromissos de responsabilidade social, evitando fornecedores que
tenham condições de trabalho impróprios e degradantes.
Todas essas habilidades, aliadas as outras adquiridas em seu curso de
graduação em Pedagogia, fazem do pedagogo o profissional apropriado para
desenvolver também as ações ligadas à responsabilidade social das empresas.
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Conclusão
Baseado no que foi demonstrado neste trabalho, conclui-se que existem
outras áreas de mercado para o pedagogo, devido a, novas oportunidades,
ocupações e funções que se apresentam abertas no campo empresarial a
partir da reestruturação produtiva. Ainda que saibamos que a intenção principal
da empresa é o lucro, não podemos fechar os olhos para a possibilidade de
atuação do pedagogo fora de seu ambiente natural, ou seja, a escola. Essa
parceria entre os campos da educação e do empreendedorismo, envolvendo
todos os atores sociais e colaborando para uma formação humana mais global,
não pode ser desconsiderada, no entanto, parece ser imprescindível que exista
um movimento mútuo de interesses.
Ainda é inexistente uma definição acabada das atribuições do que faz o
pedagogo dentro de uma empresa. O caminho está em construção. O que se
pode constatar é que existem inúmeras possibilidades de atuação e que o
pedagogo, em conseqüência de sua formação profissional, tem legitimidade de
atuar competentemente nas organizações.
Sugerir ações de modernização para melhor qualificar o profissional da
empresa, lidar com planejamento, recomendar projetos variados, preocupar-se
com a saúde e qualidade de vida do trabalhador, num projeto multidisciplinar
com a participação de profissionais de outras áreas, propor atividades culturais
e educacionais e outras ações já apontadas neste trabalho, podem ser
atividades desenvolvidas a contento pelo pedagogo.
Em relação à Responsabilidade Social Empresarial pode-se afirmar que
essa atividade vem ganhando importância no mundo empresarial, uma vez que
representa um diferencial no mundo competitivo das empresas. Ainda que
ocorra com maior amplitude nas empresas de grande porte, muitas empresas
têm buscado maneiras diferentes de gestão, a fim de contemplar o seu papel
social. Conforme mencionado no início, este texto vem apontar possibilidades
de articulação entre a Empresa a Pedagogia e a Responsabilidade Social
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Empresarial, como uma via de mão dupla, educação e empresa onde podem
conviver em harmonia. Quem sabe tenha chegado o momento de não mais os
educadores ficarem culpando o setor empresarial de conivente do capitalismo,
do neoliberalismo e, que só almejam o lucro, a produtividade e a eficiência; por
outro lado, nem os empresários ficarem atribuindo a responsabilidade da falta
de capacidade de seus colaboradores na escola que não soube prepará-los.
Contudo, é tempo de desfrutar das conquistas tecnológicas no sentido de se
desenvolver parcerias, relações, entre o mundo do trabalho empresarial e o
mundo do trabalho educacional. Somente deste modo nossa sociedade terá
condições concretas de evoluir econômica, social e educativamente. Contudo
isso só será possível na medida em que houver empenho convergentes entre
os campos da educação formal e informal escola e empresa.
É indispensável que empresários e pedagogos se unam na
compreensão da proposta pedagógica nos vários ambientes educativo, uma
vez que atualmente, a educação surgiu como um desafio não só ligado à
intelectualidade do colaborador, mas ao mesmo tempo ao desenvolvimento
harmônico da raça humana.
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Referências Bibliográficas
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sustentável – Da teoria à prática; Ed. Saraiva, 2009
FERRELL, O.C. Ética empresarial. 4 ed. São Paulo: Reichmann & Affonso,
2001.
GELMAN, Jacob Jacques. Varejo e Responsabilidade social - visão
Estratégicas e práticas no Brasil; Artmed Editora 2006
HERZOG, Ana Luiza. Uma janela para o mundo. Guia de boa cidadania
corporativa. Exame. São Paulo: 2001.
INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL.
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social empresarial. São Paulo,
2000.
____________________. Reflexão: Os novos desafios da responsabilidade
social empresarial. São Paulo, ano 2, no 5, julho/ 2001
LOPES Izolda, Pedagogia Empresarial - formas e contextos de atuação;
Ed. Wak
PARENTE, Juracy, Responsabilidade social no Varejo; Ed. Saraiva 2004