AVM - Pós-Graduação - MBA Presencial e Distância ...A história do Patinho Feio (ANDERSEN, 1843)...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDA-H): COMO A NEUROCIÊNCIA ANALISA AS CAUSAS, DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS COM BASE NO DSM-5 Por: Fabrinny Araujo da Silva Orientadora Profª. Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

(TDA-H): COMO A NEUROCIÊNCIA ANALISA AS CAUSAS,

DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS EM CRIANÇAS,

ADOLESCENTES E ADULTOS COM BASE NO DSM-5

Por: Fabrinny Araujo da Silva

Orientadora

Profª. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

2014

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INTRODUÇÃO

A história do Patinho Feio (ANDERSEN, 1843) é uma das mais

conhecidas no mundo todo e atravessa de geração em geração. Esse conto

narra a história de um pato que na opinião dos outros patos e animais, era

muito “feio”. Por ser diferente da sua “família”, ele era menosprezado,

perseguido e ofendido por todos, inclusive por sua própria “mãe”. Após deixar

seu lar em busca de uma nova família e amigos que o aceitassem, conheceu

um grupo de cisnes para então descobrir sua real condição: era na verdade um

belo cisne.

Esse conto destaca uma verdade fundamental. O que pode ser “feio”

para uns, para outros é algo muito bonito, pois a percepção da essência e real

beleza dependerão do ambiente e maneira como os pares enxergam as

qualidades e defeitos. E nem sempre o que enxerga-se ao primeiro momento

pode evidenciar a realidade de uma pessoa. Às vezes precisa-se de certo

tempo para que essas virtudes possam ser observadas. Pode-se dizer que as

pessoas que sofrem algum tipo de transtorno de aprendizagem e de

desenvolvimento, de certa forma, podem ser comparadas a um “patinho feio”.

O sofrimento que ele foi submetido se assemelha aos desgostos

daqueles que passam pelo Bullying1 na escola, no local de trabalho ou mesmo

dentro da própria família. As crianças, adolescentes e até mesmo adultos

sofrem Bullying, por vários motivos: por ser gordinho, por ser muito magro,

muito alto, muito baixo, por ter nascido em outra região do país e outros

motivos bem supérfluos.

1 Bullying é uma situação caracterizada por atos agressivos verbais ou físicos de maneira repetitiva por parte de um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo inglês refere-se ao verbo “ameaçar, intimidar”. O bullying é algo agressivo e negativo, executado repetidamente e ocorre quando há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Desta forma, este comportamento pode ocorrer em vários ambientes, além da escola: em universidades, no trabalho ou até mesmo entre vizinhos (CECB).

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Assim como o patinho feio aqueles que sofrem de um Transtorno do

Desenvolvimento passam pelo Bullying por quase toda sua vida. São mal

interpretados e considerados como relapsos, preguiçosos, mal-educados, sem

interesses para o estudo, trabalho, etc e até mesmo são vistos como alguém

sem caráter e sem moral. Simplesmente por que em geral não conseguem

realizar as simples coisas do dia-a-dia com a mesma facilidade da maioria, ou

pelo menos, da maneira que a sociedade espera. Muitos destes são também

acometidos de outros males ou comorbidades2 que ampliam em muito o

desajuste social.

O cisne filhote da história foi equivocadamente comparado a um patinho

sem beleza, sem atributos, desprovido de qualidades e por isso foi desprezado

por todos os quais ele convivia desde o seu nascimento, crescimento até a

idade adulta. Somente após o seu pleno desenvolvimento é que suas

qualidades foram observadas. Foi necessário tempo para que os atributos

fossem percebidos. Da mesma forma, para muitas pessoas com Transtornos

de Aprendizagem e/ou Desenvolvimento, o tempo é fundamental para

aperfeiçoarem as suas qualidades e aprenderem a lidar com esse “cérebro

hiperativo”.

Não há um consenso na literatura sobre a utilização dos termos

“transtornos, distúrbios, dificuldades e problemas” relacionados a

aprendizagem. Porém, pode-se resumir dizendo que “transtornos e distúrbios”

se referem a uma questão patológica, congênita e que pode ser diagnosticada

na infância e afetam diretamente os processos de aprendizagem. Exemplos de

Transtornos de Aprendizagem são a dislexia, discalculia e disgrafia que serão

abordadas numa seção mais a frente. Por outro lado, os termos “dificuldades e

problemas de aprendizagem” se relacionam a problemas de questões sociais

e/ou orgânicas (doenças crônicas) em um determinado período da vida da

2 Comorbidade é um termo usado para descrever a ocorrência simultânea de dois ou mais problemas de saúde em um mesmo indivíduo. Esse é um fenômeno frequente na prática clínica, e sua identificação é um fator importante que afeta tanto o prognóstico dos pacientes como a conduta terapêutica do médico (Tdah.net.br)

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pessoa que afetam secundariamente a maneira que o indivíduo terá em seu

processo de aprendizagem. Estes são considerados dificuldades de

aprendizagem (NUTTI, 2002).

Há também os “transtornos do desenvolvimento” que se relacionam a

distúrbios neurobiológicos caracterizados por prejuízos severos e invasivos em

diversas áreas do desenvolvimento. Dentre alguns tipos transtornos de

desenvolvimento que poderiam se encaixar perfeitamente na situação do

“patinho feio”, o trabalho aqui apresentado irá destacar o Transtorno do Déficit

de Atenção (TDA)3.

O TDA é “um transtorno psiquiátrico, neurobiológico, mais comum da

infância e da adolescência, de causas ainda desconhecidas, mas com forte

participação genética na sua etiologia” (RELVAS, 2011, p.88). Caracteriza-se

principalmente por um acelerado modo de pensar. Os sintomas básicos são a

desatenção, impulsividade e hiperatividade. Como dito anteriormente, não é

considerado um Transtorno de Aprendizagem, mas seus sintomas podem

interferem nas habilidades e conquistas acadêmicas daqueles que são

acometidos ( SILVA, 2009). Em um capítulo a frente será abordado com mais

detalhes o TDA, sua origem, diagnósticos e tratamentos e intervenções

eficazes aplicados na fase infantil, adolescência e adulta.

Cabe dizer neste ponto que a pessoa TDA (criança, adolescente ou

adulto) não é desprovida de inteligência ou mesmo é alguém inferior no quesito

intelectual ou moral. Pelo contrário, em muitos casos, o portador de TDA,

quando consegue superar ou lidar melhor com esse desajuste cerebral (se

concentrando mais detidamente em suas atividades) evidencia uma inteligência

igual as das outras pessoas consideradas “normais”.

3 Será utilizada neste trabalho a Sigla TDA (Transtorno do Déficit de Atenção) ao invés da mais usual TDA/H (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) pelo fato de descrever a gama de manifestações desse transtorno, pois conforme será explicado no decorrer do estudo, nem sempre o portador dessa disfunção apresentará a hiperatividade ou impulsividade nos traços da sua personalidade, mas sempre apresentará traços de desatenção (SILVA, 2009).

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Resumidamente, explica-se que o portador de TDA apenas possui

dificuldades de concentração, não terminando aquilo que ele se propõe a fazer.

Para muitos destes a hiperatividade e impulsividade também é bem evidente.

Mas a pessoa TDA pode se destacar em muitas outras áreas conforme pode

ser entendido com base na teoria das inteligências múltiplas.

Segundo a teoria de Howard Garner (GARDNER, 1995 apud

TRAVASSOS, 2001) todas as pessoas possuem tipos diferentes de

inteligência, associadas ou não, as quais ele denominou de “múltiplas

inteligências”. De acordo com essa visão nem todas as pessoas possuem os

mesmos interesses e habilidades. Cada pessoa tem a sua maneira, tempo para

aprender e podem se destacar em sete áreas principais ou sete inteligências

principais: (1) Inteligências Linguísticas; (2) Inteligências Lógico-Matemática;

(3) Inteligência Espacial; (4) Inteligência Musical; (5) Inteligência Corporal-

Cinestésica; (6) Inteligência Interpessoal e (7) Inteligência Intrapessoal.

O indivíduo com TDA pode ser considerado num primeiro momento

inapto em algum tipo de Inteligência, mas pode se destacar em muitos outros

tipos. Cabe a escola, a família e a sociedade como um todo, respeitar as

diferenças e ajudá-los a desenvolver suas melhores aptidões e não

menosprezá-los e assim transformá-los num “patinho feio”.

Desta forma, em face do que foi apresentado até agora, é proposto

realizar nesse trabalho de conclusão de curso os seguintes objetivos:

Objetivo geral:

Apresentar as origens, diagnósticos e tratamentos para o Transtorno de

Déficit de Atenção em crianças, adolescentes e adultos.

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Objetivos específicos:

Mostrar as principais teorias para a origem do TDA no córtex cerebral;

Analisar as influências do TDA nas fases infantis, adolescência e adulta;

Apresentar os desafios da vida do TDA, em especial na área

educacional.

Apresentar os diagnósticos, tratamentos e intervenções eficazes para

ajuda aos portadores de TDA com base no Manual de Diagnósticos

Estatísticos de Saúde Mental V.

O trabalho aqui apresentado justifica-se pelo fato de que ao assunto

ainda é um tabu para muitas pessoas ocasionando preconceitos e situações

embaraçosas aos que sofrem do Transtorno do Déficit de Atenção. Desta

forma, intencionamos produzir um material teórico que possa servir de base

para profissionais da educação que possam estar vivenciando essa situação

em suas classes; pais e outros responsáveis que convivem com portadores de

TDA e para todos aqueles interessados no assunto que desejam se aprofundar

nesse mundo tão controvertido e ao mesmo tempo espetacular da

neurociência.

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CAPÍTULO I - HISTÓRICO E DEFINIÇÕES SOBRE O

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO - TDA

. “Triste, novamente saiu nadando. O tempo ia passando e a rotina era a de sempre. Com a chegada do outono, as folhas das árvores começaram a ficar amareladas e foram caindo, espalhando-se pelo chão” (ANDERSEN, 1834).

Ao retornar essa passagem da história do “patinho feio”, toca-se num

ponto chave e frequente em relação aos que sofrem do TDA. Invariavelmente

eles são julgados e colocados à parte das demais pessoas do seu círculo de

convivência. Por apresentarem dificuldades atencionais, mas principalmente

pela sua impulsividade e hiperatividade, não raro eles ouvem expressões do

tipo: “seu “pestinha”, “mal-educado”, “você tem bicho carpinteiro, não para

quieto no lugar”, “sua relaxada”, “isso não é coisa que menina faça!”, o que

gera tristezas, estresse e diversos inconvenientes em suas vidas. A figura 01

ilustra essa situação:

Figura 01: Patinho Feio

Fonte: site http://entremulhereseletras.wordpress.com

O pior é que esse tratamento agressivo ao indivíduo com TDA não é

algo novo. O pesquisador “Rafalovich (...) inicia a história do TDAH com o

discurso médico da criança idiota e do imbecil moral da segunda metade do

século XIX”. A literatura científica pelo menos a mais de 100 anos já nos trazia

atenção a esses inconvenientes e as consequências amargas e tristes nas

vidas destes (CALIMAN, 2010, p 48).

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1.1 Histórico do TDA - Transtorno do Déficit de Atenção

George Still em 1902 4 descreveu numa série de três palestras o caso de

43 crianças que apresentavam sérios problemas de atenção e de controle de

comportamento moral. Ele percebeu que a maioria destas não eram apenas

desatentas e impulsivas, mas eram muito mais ativas em relação aos demais.

Apresentavam um quadro de agressividade, atitudes desafiadoras, resistência

à disciplina e eram excessivamente emocionais, sem um controle efetivo sobre

seu comportamento (BARKLEY, 2013).

Um dado importante do estudo de Still foi a sua percepção de que os

portadores de TDA possuíam uma propensão a ilegalidade, perversidade,

crueldade e desonestidade à medida que iam crescendo até a fase adulta. Já

naquela época podia se detectar a tão conhecida tríade dos sintomas clássicos

do TDA: desatenção-hiperatividade-impulsividade. Porém, será explicado numa

seção a frente que uma das principais comorbidades do TDA é justamente o

Transtorno Desafio Opositor, o que já explicaria toda essa conduta rebelde.

Still observou também que estes possuíam uma baixa sensibilidade à

punições, pois mesmo após serem castigados, inclusive fisicamente, voltavam

a cometer as mesmas infrações. Este fato remete ao um ponto importante

deste trabalho. O TDA persistiria até a idade adulta, “dessa forma abrindo a

porta para a possibilidade de que, pelo menos, os adultos podem possuir o

mesmo padrão de sintomas desde a infância”, ou com alterações nos padrões

do comportamento disruptivo (BARKLEY, 2013, p.12).

4 Considerado por seus comentadores o primeiro pediatra inglês, Still foi também o primeiro professor de doenças infantis do King´s College Hospital e autor de vários livros sobre o comportamento infantil normal e patológico. Na história do diagnóstico do TDAH, de sua vasta produção, são retomadas três conferências proferidas diante do Royal College of Physicians, no ano 1902, entituladas Algumas condições psíquicas anormais em crianças, publicadas no The Lancet, no mesmo ano (CALIMAN, 2010, p. 52)

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Outro nome importante na pesquisa do TDA foi o de Virgínia Douglas 5

que contribuiu na constituição do déficit de atenção no contexto biomédico e

moral nos idos dos anos 70. Ela buscou adequar a pesquisa do TDA para o

âmbito da psiquiatria da sua época, colocando o sintoma da “atenção” no

centro da patologia da hiperatividade, em relação aos demais sintomas de

hiperatividade e impulsividade. O trabalho dela possibilitou que o DSM III

alterasse o nome transtorno hipercinético para Desordem do Déficit de

Atenção, com ou sem hiperatividade, e que mais tarde se denominaria de

Transtorno do Déficit de Atenção (CALIMAN, 2009; 2010).

Em anos mais recentes, no decorrer da década de 90, a psicofisiologia

e a neurociência passaram a inspirar a construção de um novo modelo

interpretativo para o Transtorno do Déficit de Atenção. A prioridade nos estudos

nesse segmento passou a ser relacionado com a melhor compreensão dos

mecanismos cerebrais e casuais. Foi onde os avanços da Neurociência

puderam ser de extrema ajuda para o entendimento desse transtorno

(CALIMAN, 2009).

Com esse novo enfoque para o TDA, despontou o médico Russel

Barkley6, como uma das autoridades mundiais do assunto. Este passou a

integrar a sua pesquisa “a investigação genética, o estudo neuroquímico dos

sistemas neurotransmissores, a análise do sistema inibitório cerebral e a

investigação laboratorial animal” (CALIMAN, 2009, p. 138). Isso por que para

Barkley:

o ponto central da análise teórica e histórica do TDAH: em suas análises, o que determina o transtorno da atenção e da hiperatividade é o vínculo entre um defeito neurofisiológico do sistema inibitório, o déficit da moral e da vontade (CALIMAN, 2010, p. 51).

5 Virgínia era líder de um grupo de pesquisadores da Universidade de McGill que buscavam redefinir a desordem da hiperatividade de uma forma consistente e empiricamente válida. Novos testes deveriam ser criados e novos critérios diagnósticos definidos. O objetivo era possibilitar a medida dos déficits atentivos e cognitivos em um nível mais profundo do que permitido pela observação comportamental (CALIMAN, 2009, p. 137) 6 Russell A. Barkley é professor de Psiquiatria e Neurologia e dirige o departamento de Psicologia no centro médico da Universidade de Massachusetts em Worcester.

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Isso significa dizer que as funções executivas, nas quais se incluem o

autocontrole, atenção, memória de trabalho e o planejamento das atividades,

se encontram alteradas. As funções executivas são totalmente dependentes da

inibição. Sem estas em perfeito funcionamento, ações precipitadas deverão

acontecer:

A timidez, inesgotável origem de tantas infelicidades na vida prática, é a causa direta, mesmo única, de toda a riqueza interior. Emil Cioran.

O TDA interfere neste processo o que será explicado a frente. Na

próxima seção serão abordadas as definições mais utilizadas ao longo dos

últimos para esse transtorno.

1.2 Histórico da Terminologia utilizada para o TDA

No tocante ao histórico dos termos que foram utilizados para descrever

o TDA, pode-se dizer que se basearam no conhecimento científico e clínico de

cada período para sua utilização.

Em 1902 Still chamou os pais das crianças de “portadores de defeito de

controle moral”, apesar de reconhecer grande força hereditária no

comportamento delas. Em 1934 Kahn e Cohen fizeram uma ligação com uma

pandemia de encefalite acontecida anos antes ao surgimento desse

descontrole em crianças que haviam sido acometidas por essa doença. Foi

cunhado o termo “cérebro danificado ou lesionado”.

Com o avanço dos estudos nesse tema percebeu-se que crianças que

nunca haviam tido encefalite ou outro dano cerebral também sofriam com os

sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Desta forma o termo

foi novamente alterado para “disfunção cerebral mínima” (SILVA, 2009).

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No ano de 1957 o pesquisador Laufer e em 1960 a pesquisadora Stella

Chess utilizaram o termo “hiperatividade infantil” para determinar a “síndrome

da criança hiperativa”. Para Laufer essa disfunção era exclusiva para meninos.

Já Chess eliminou a questão do dano cerebral para o sintoma da hiperatividade

relacionando a origem dessa síndrome a questões biológicas.

Em 1968 o Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais

(DSM - II) 7 apresentou um consenso na comunidade científica a fim de se

padronizar o termo para descrever a síndrome chamado-o de: “Reação

Hipercinética da Infância”.

Apesar de todos esses avanços, ainda necessitariam estudos adicionais,

por exemplo, para explicar o motivo de muitas crianças não apresentarem

traços de hiperatividade ou impulsividade e sim apenas a desatenção. Com o

avanço dos estudos será constatado que o TDA com predominância da

hiperatividade (e portanto mais evidente) incide mais nos meninos e o TDA

com predominância da desatenção (mais interiorizado) nas meninas. (SILVA,

2009).

Já na década de 80, o DSM III passou a caracterizar melhor o transtorno

chamando-o apenas de “transtorno de déficit de atenção”. Isso foi possível

devido as melhores definições dos critérios utilizados nos diagnósticos. Foi

apresentando dois subtipos de variações para o TDA, sendo um “com

hiperatividade” e o outro “sem hiperatividade”. Nessa publicação também foram

elencadas uma lista de sintomas além de se determinar a idade de sete anos

de idade para se constatar o comportamento TDA. Sete anos mais tarde, o

DSM-III-R ampliou o termo para “transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade” dando ênfase a uma classificação por gravidade. (NETO, 2010,

apud SANTOS, 2013). 7 O primeiro DSM foi produzido em 1952 e tinha em suas bases o pensamento de Adolf Meyer. O DSM II, publicado em 1968, foi reestruturado com base na linguagem psicanalítica. Para Young (1995), a publicação do DSM III, em 1980, materializou definitivamente o estilo de pensamento psiquiátrico criado pelo encontro dos aspectos que mencionamos acima. (CALIMAN, 2009)

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Com a publicação do DSM IV no ano de 1994 descreve o TDA-H através

de um discurso “neurobiológico” tal como ainda vemos hoje em dia. O

Transtorno foi legitimado, mas não deixou de se tornar motivo de polêmica,

pois havia discordâncias sobre sua existência, sintomas, diagnósticos e

tratamentos (CALIMAN, 2009).

O DSM V foi concluído em 2013, porém o seu conteúdo trouxe a

experiência de quase vinte anos de pesquisas anteriores e indicaria dentre

alguns pontos de atualização em relação ao manual anterior, que os traços do

TDA se estenderiam até e durante a vida adulta, o que possibilita um melhor

entendimento desse transtorno e, consequentemente, uma maneira de garantir

que as crianças continuem recebendo tratamentos adequados a medida que se

tornem adultas . Em uma próxima seção será abordado com mais detalhes as

alterações do DSM V em relação ao DSM IV.

1.3 Transtornos de Aprendizagem Versus TDA

Como dito anteriormente, o TDA não é um Transtorno de Aprendizagem

(TA), mas sim um Transtorno do Desenvolvimento. Segundo a Profª Drª Marta

Relvas (2011), os Transtornos de Aprendizagem se referem a “uma inabilidade

específica, como de leitura, escrita ou matemática”. A pessoa TDA pode ter um

TA como comorbidade. São considerados como TA a Dislexia, Disgrafia e

Discalculia, pois esses transtornos afetam diretamente os processos de

aprendizagem e a capacidade intelectual do indivíduo.

A Dislexia afeta a pessoa gerando uma dificuldade na assimilação e

inversão de letras (leitura e escrita). A Disgrafia se apresenta na dificuldade de

recordar a grafia da letra, também chamada de “letra feia ou garrancho”. Já a

Discalculia se manifesta com uma inabilidade para a linguagem matemática

21

nas suas mais variadas formas. Seguem abaixo algumas figuras que ilustram

esses transtornos:

Figura 02: Dislexia

Fonte: ttp://www.ciencia20.up.pt/attachments/article/843/exemplodislexia.png

Na figura acima conseguimos ver a inversão e supressão de algumas

letras que se manifesta nos disléxicos.

Figura 03: Disgrafia

Fonte: www. http://gabrielaguarnieripsicopedagoga.blogspot.com.br

Na disgrafia há algumas variáveis, como disgrafia por linhas flutuantes,

por linhas descendentes ou ascendentes, etc. O caso ilustrado na página

anterior descreve uma criança com disgrafia com movimentos bruscos onde as

ligações das letras se apresentam com prolongamentos desnecessários.

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Figura 04:Discalculia

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/

Percebe-se na foto acima a dificuldade da criança em resolver questões

matemáticas simples para sua faixa etária.

Por todos estes fatos narrados até o momento, consegue-se entender o

que acontece com uma pessoa que possui um transtorno de aprendizagem.

Mas surge uma pergunta: o que efetivamente acontece no cérebro destes

indivíduos? Como a neurociência moderna nos ajuda a explicar estes fatos? Os

próximos parágrafos procurarão responder estas duas perguntas.

Para entendermos o que ocorre no cérebro de uma pessoa com TA

primeiramente temos que entender como se processa o mecanismo de escrita,

fala e da linguagem humana. Estes são processos linguísticos, anatômicos e

neuropsicológicos altamente complexos.

As principais áreas corticais de controle da linguagem, compreensão, da

fala e escrita se encontram no hemisfério esquerdo do córtex cerebral:

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Figura 05: Córtex cerebral-Hemisférios direito e esquerdo

Fonte: www.infoescola.com

Para a realização dos processos de linguagem e escrita há necessidade

da participação do tálamo, que funciona como uma secretária do cérebro,

recebendo as informações externas e o córtex visual, situado no lobo occiptal,

onde são identificados os grafemas. Sucessivamente a área de Wernicke,8

situada no lobo temporal, reconhece e compreende os símbolos gráficos da

escrita.

Para que se iniciem os movimentos da fala e da escrita as informações

que foram processadas e reconhecidas na área de Wernicke chega a outra

parte do córtex chamada de área de Broca9, que organiza os movimentos

desejados gerando os impulsos necessários para o córtex motor, situado no

lobo frontal. Segue ilustração na página seguinte:

8 Em 1874, [o Neurologista ] Carl Wernicke estudou uma área do cérebro que tem relação com um tipo de afasia, a compreensão da linguagem (área auditiva da linguagem) sendo que posteriormente esta área ficou conhecida como área de Wernicke (PRIMO, Pedro Carlos). 9 Entre 1860/1870 o [Médico] Pierre Broca faz as correlações anatômicas da afasia e descobre uma área no cérebro que depois foi chamada de área de Broca, relacionada com a expressão da fala. Na pesquisa clínica ele foi um dos que mais se destacou (PRIMO, Pedro Carlos).

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Na figura na página anterior, a gravura Non-impaired ilustra o

funcionamento normal do cérebro onde tanto a área de Wernicke (amarela)

como a área de Broca (verde). Já na gravura Dyslexic percebe-se o mau

funcionamento da área de Wernicke e a superativação da área de Broca

(Verde). Por que nos importa saber o que se passa no córtex daqueles que tem

transtornos de aprendizagem, sendo que o TDA é um transtorno do

desenvolvimento?

Primeiramente, o assunto deve interessar para que conheça a dinâmica

das causas dos transtornos de aprendizagem, pois são bem diferentes do que

se passa com um portador de TDA.

Em segundo lugar destaca-se que os transtornos de aprendizagem,

citados acima (Dislexia, Discalculia e Disgrafia) são específicos para questões

diretamente ligadas a aprendizagem, o que já não acontece com o Transtorno

do Déficit de atenção, embora este último esteja muito envolvido com o

comprometimento no domínio educacional de quem padece desse transtorno

(BARKLEY, 2013).

E em terceiro lugar, os indivíduos que sofrem de Transtorno do Déficit de

Atenção podem apresentar algum tipo de Transtorno de aprendizagem e desta

forma é de grande importância o estudo desses TA para um melhor diagnóstico

e tratamento do TDA.

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CAPITULO 2 – ORIGEM E DIAGNÓSTICOS DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO - TDA

Um bom começo é a metade. Aristóteles

Para começar é fundamental compreender a origem do comportamento

TDA. É tão importante quanto à apresentação de tratamentos e intervenções. É

dessa forma que se realizam bons diagnósticos e sugerem-se tratamentos e

intervenções eficazes. Com base nas pesquisas mais atuais, podemos dizer

que o TDA tem origem em um funcionamento alterado do sistema

neurobiológico cerebral. Os neurotransmissores das partes do córtex cerebral

responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividades física e

mental, se encontram alterados.

Uma destas partes é chamada de Formação Reticular(FR), responsável

em manter o córtex cerebral em alerta para o recebimento de novas

informações, conhecimentos e estímulos. A FR não amadurece plenamente em

uma pessoa TDA, e por isso este indivíduo terá dificuldades para se

concentrar, para terminar tarefas, impulsividade, atraso no desenvolvimento

motor e intelectual, dentre outras características relacionadas a tríade dos

sintomas já mencionados (RELVAS, 2011).

Além disso, no comportamento TDA o Sistema de Recompensa e

neurotransmissores envolvidos estão alterados. Mas o que vem a ser este

Sistema? Podemos dizer que este Sistema é um conjunto de estruturas que se

conectam formando os circuitos de recompensa. É formado por regiões

encefálicas chamadas de área tegmentar central, núcleo accunbens e as

regiões cingular e ventro-medial do córtex pré-frontal, conforme podemos

observar na figura na página seguinte:

28

Figura 09: Sistema de Recompensa do Córtex Cerebral

Fonte: www.ciencia.folhadaregiao.com.br

Essas regiões comunicam-se entre si produzindo e liberando um

neurotransmissor chamado Dopamina. Esse sistema dopaminérgico é

responsável por proporcionar a sensação de prazer quando conclui-se

objetivos ou imagina-se a conclusão dos mesmos, o que gera a motivação.

Além disso, a Dopamina é o neurotransmissor responsável pela concentração,

e outras funções executivas do cérebro agindo primordialmente no córtex-pré-

frontal.

Numa pessoa considerada “normal” o Sistema de Recompensa é

acionado em quantidade e tempo suficientes antes e depois de chegar a

objetivos e metas desejadas. Já numa pessoa TDA parece que este sistema

somente é acionado após chegar ao seu objetivo, o que indicaria a propensão

dos mesmos a impulsividade, desatenção e hiperatividade.

Veja na página seguinte um experimento realizado pelo departamento

de psiquiatria da UFRJ utilizando a técnica de neuroimagem funcional que

explica mais detidamente esse fato:

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Figura 10: Experimento de Neuroimagem da UFRJ

Conforme verificou-se no experimento exposto acima, a pessoa TDA

devido ao seu comprometimento das funções executivas e do sistema de

recompensa, não consegue ter a paciência necessária para esperar a

conclusão dos seus objetivos e metas, porque seu cérebro apenas libera

Dopamina ao término da ação. Tal padrão cerebral confirma o que já foi

esclarecido sobre as alterações nos neurotransmissores em partes importantes

do córtex ligadas a atenção, impulsividade e atividades. Assim verifica-se que

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As projeções dopaminérgicas no córtex pré-frontal estão alteradas o que

leva o indivíduo a desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Figura 12: Projeções Dopaminérgicas no Córtex Cerebral

Fonte: http://brainstormers.wordpress.com

Estudos revelam uma hipoperfusão, ou uma baixa irrigação sanguínea

do cérebro, na região dos lobos frontais. A neuroimagem do córtex cerebral

apresenta claramente as desconexões neurais e o consequente problema

gerado nas projeções dopaminérgicas nessas áreas responsáveis pela atenção

e inibição comportamental do indivíduo:

Figura 13: Imagens de varreduras do cérebro

Fonte: http://www.edweek.org/ -

32

A figura da página anterior, de exames cerebrais11, foram tiradas

enquanto as pessoas envolvidas no estudo realizavam cálculos matemáticos.

Nota-se que os resultados evidenciam diferenças significativas entre os

processos de pensamento dos indivíduos com TDA (ADHD) e os que não têm

esse transtorno (Normal).

Os pontos amarelos mostram as regiões do cérebro onde o as conexões

neurais aumentaram durante a execução da tarefa. A pessoa considerada

normal apresentou maior fluxo neural e consequente maior fluxo dopaminérgico

na região do lobo frontal, ligada a atenção e manutenção das funções

executivas, enquanto que a pessoa TDA apresentou maior fluxo neural na

região occipital.

No entanto faz-se necessário frisar que somente um exame de

neuroimagem não é fator preponderante no fechamento do diagnóstico do TDA

em virtude de vários fatores:

Assim, não existem dados científicos para justificar o uso da neuroimagem na prática clínica em TDAH. O diagnóstico do TDAH ainda tem o critério clínico (DSM-IV ou CID-10) como base. Logo, um exame de NI alterado não tem poder nem para excluir e nem para confirmar o diagnóstico de TDAH. O mesmo se aplica ao seu emprego em casos individuais com vistas a decisão medicamentosa ou parecer prognóstico. Espera-se que tais exames ocupem um espaço direto na área clínica no futuro; no entanto, a sua indicação ainda restringe-se aos ambientes acadêmicos, em situações de pesquisa (SZOBOT et al,2001, p. 31 ).

Conforme será exposto mais adiante o diagnóstico do comportamento

TDA envolve diversas etapas realizadas por equipes multidisciplinares.

11 Cada imagem, tirada usando uma tomografia por emissão de pósitrons , ou PET , digitalização, é baseada em imagens em média de um grupo de seis indivíduos com TDAH e seis indivíduos do grupo controle . Nestes exames cerebrais , a atividade no hemisfério direito é mostrada no lado esquerdo da imagem , e a atividade do hemisfério esquerdo é apresentada no lado direito (American Journal of Psychiatry, 2000).

33

Mas quais são os sintomas do comportamento TDA? Inicialmente

podemos dizer que o comportamento TDA se baseia numa tríade de sintomas

formados por alterações no quesito da (1) atenção, (2) impulsividade e (3)

hiperatividade que pode se manifestar em conjunto ou separadamente. Por

exemplo, uma pessoa pode apresentar o sintoma da dispersão (falta de

atenção), porém nem sempre apresentará alterações na sua impulsividade e

hiperatividade.

Desta forma, entende-se que o sintoma mais importante para se

entender o TDA, e por sua vez, realizar um diagnóstico preciso, e a observação

do quesito alteração da atenção, que gera forte tendência a dispersão (SILVA,

2009).

A impulsividade também é outro fator observado em parte do

comportamento TDA. Esta pode se manifestar através da “agressividade,

descontrole alimentar, uso de drogas, gastos demasiado, compulsão por jogos,

tagarelice incontrolável” (SILVA, 2009, p. 25).

Já a hiperatividade apresenta-se, dentro do espectro do comportamento

TDA, de uma forma mais notória na fase da infância, onde as crianças não

conseguem parar quietas. Já na fase adulta, apresenta-se de uma forma

menos exuberante, pelo fato de que esses já conseguem dominar melhor essa

alteração e suas emoções.

Desta forma, cabe-se agora entender como o comportamento do

Transtorno do Déficit de Atenção se manifesta em suas diversas formas e

graus e seu diagnóstico. As próximas seções objetivam trazer esses

esclarecimentos já com base no DSM V.

34

2.1 Apresentação dos Tipos de TDA

Enquanto se escrevia essa monografia, havia sido concluído o DSM V,

que trouxe poucas, porém, importantes mudanças em relação a severidade, a

nomenclatura empregada nas formas de apresentação dos tipos de TDA e nos

diagnósticos.

Uma das alterações importantes foi a que agora se pode classificar o

TDA em grau Leve, moderado e grave. Além disso, foi descontinuado o uso

dos termos “subtipos” sendo optado o emprego do novo termo “apresentação”.

Anteriormente, no DSM-IV, havia uma subdivisão em 3 subtipos:

- [...] subtipo combinado: presente na maioria das crianças e adolescentes com o transtorno. Não se sabe se o mesmo vale para adultos. é caracterizado pela presença de seis ou mais sintomas de desatenção e seis ou mais sintomas de hiperatividade. -[...] subtipo predominantemente desatento: é caracterizado pela presença de seis ou mais sintomas de desatenção, mas menos de seis sintomas de hiperatividade-impulsividade. [...] subtipo predominantemente hiperativo-impulsivo: Caracterizado pela presença de seis ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade, mas menos de seis sintomas de desatenção. (SUBTIPOS, Tdah.net.br)

Esta categorização em subtipos levava a uma má interpretação de que

estas características eram estáveis e sem mudanças com o passar do tempo.

Assim o novo termo “apresentações” ainda mantém a três categorias citadas

acima, porém utilizando-se da nova fraseologia: (1) apresentação combinada,

(2) apresentação predominantemente desatenta e (3) apresentação

predominantemente hiperativa-impulsiva, evidenciando que poderá haver

mudanças no decorrer da vida da pessoa com comportamento TDA.

Russel A. Barkley, em 2013, enquanto o DSM V ainda estava em fase

de conclusão, já contestava a forma como o DSM-IV usava a subtipagem,

especialmente na fase adulta:

35

Existe controvérsia atualmente em relação a se os subtipos do TDAH assim formados representam manifestações da mesma condição ou de diferentes condições [...] A questão dos subtipos é particularmente incômoda com adultos. Evidências sugerem que sintomas hiperativo-impulsivos diminuem significativamente durante o desenvolvimento, mais cedo no desenvolvimento do que os sintomas de desatenção (BARKLEY, 2013, p.40).

Haja visto que em seus anos de pesquisas, especialmente em adultos

com TDA, ele pode perceber as alterações tácitas no comportamento destes

indivíduos. Assim Barkley poderia afirmar, sem sombra de dúvidas, e com base

em sua larga experiência clínica e de estudos, que “[...] a classificação de

subtipos do DSM [IV] nunca foi, de fato, validada em adultos com TDAH e

possui pouca evidência empírica [...] para justificar seu uso depois da infância

[...] (BARKLEY, 2013, P.41).

Então, com base nesse entendimento e no que foi preconizado no DSM

V, buscou-se explicar neste trabalho os sintomas, diagnósticos e comorbidades

nos indivíduos TDA nas três fases principais da vida: infância, adolescência e

fase adulta. Desta maneira, será apresentado de uma maneira mais clara e

concisa, esses fatores nas suas respectivas fases temporais da vida da pessoa

TDA, que conforme já esclarecido, podem sofrer alterações. A próxima seção

abordará em pormenor esses fatos.

2.2 Sintomas, Diagnósticos e Comorbidades do TDA: Fases da Infância, Adolescência e Adulta

Com respeito aos sintomas do comportamento TDA a lista de 18

sintomas (9 de desatenção, 6 de hiperatividade e 3 de impulsividade)

permaneceu a mesma que do DSM IV, conforme verificado na página seguinte:

36

Tabela 01: Sintomas do TDA/H com base no DSM IV

Falta de atenção - Muitas vezes não mostra muita atenção a detalhes, cometendo erros por descuido em lição de casa escola, ou no trabalho. - Muitas vezes tem problemas com foco na tarefa em mãos. - Não parece escutar quando diretamente falado. - Muitas vezes tem dificuldade em seguir instruções, levando a uma falta de preenchimento lição de casa, escolares, tarefas em casa ou tarefas no local de trabalho. - Tem dificuldade para organizar as atividades. - Muitas vezes, evita ou não gosta de atividades que levam sustentada concentração mental. - Muitas vezes, perde coisas necessárias para uma tarefa específica. - É facilmente distraído. - É muitas vezes esquecido em atividades diárias.

Hiperatividade - Muitas vezes, inquietações e/ou se contorce. - Muitas vezes se levanta de sua cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado. - Muitas vezes, corre e sobe em situações inoportunas. - Muitas vezes tem problemas para jogar ou desfrutar de atividades de lazer calmamente. - Parece como se eles estão sempre em movimento ou conduzido por um motor. -Muitas vezes fala excessivamente.

Impulsividade - Muitas vezes, deixa escapar a resposta antes de uma pergunta terminar. - Muitas vezes tem dificuldade em esperar sua vez. - A pessoa muitas vezes fala demais.

Fonte: DSM IV

No quesito diagnóstico foi que houve uma importante alteração.

Falaremos destas mudanças como bases nos critérios gerais12 de diagnósticos

estabelecidos pelo DSM IV tem relação ao DSM V, conforme comentado pelo

Dr. Paulo Mattos da UFRJ (MATTOS, 2013):

12 Critérios Gerais do DSM IV TR: a) alguns dos sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam presentes antes dos sete anos de idade; b) presença de seis (ou mais) sintomas de desatenção e/ou seis (ou mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade, que persistiram por pelo menos seis meses, em grau mal adaptativo, e inconsistente com seu nível de desenvolvimento; c) algum comprometimento causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por exemplo, na escola, no trabalho e em casa);d) deve haver clara evidencia de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional; e, e) os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o transcurso de outros transtornos: Transtorno Global do Desenvolvimento; Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico, Transtorno do Humor, Transtorno Dissociativo, Transtorno de Ansiedade, nem são mais bem explicados por esses outros transtornos mentais. (LOPES,2005)

37

Critério A: No DSM IV generalizava o diagnóstico tanto de crianças como de

adultos. Segundo este manual seria necessário que o indivíduo apresentasse

seis dos nove sintomas (citados na tabela 01), com respeito a falta de atenção,

por pelo menos seis meses corridos. E seis dos nove sintomas com respeito a

hiperatividade e impulsividade. Já no novo manual DSM V, para os adultos o

número de sintomas passou de seis para cinco, estabelecendo assim um novo

critério. “Para os adolescentes mais velhos e adultos ( 17 anos ou mais ), pelo

menos cinco sintomas são obrigatórios” (American Psychiatry Association,

DSM V, 2013).

Critério B: Com respeito a idade de início dos sintomas, o DSM V indicava a

necessidade de que a criança antes dos sete anos de idade já manifestasse o

quadro do comportamento TDA. No DSM V a idade passou para os 12 anos,

visto que muitos grupos de pesquisa já estavam usando esse critério e esta

idade ser mais indicada para a realização da anamnese.

Critério C: Este abordava a necessidade de comprometimento do individuo em

pelo menos duas áreas distintas, como a casa ou trabalho, ou casa e escola,

etc. Esse critério continua o mesmo no DSM V.

Critério D: De acordo com DSM IV haveria também a necessidade de claro

comprometimento no campo profissional, social e educacional. O DSM V

manteve igualmente este critério.

Critério E: Segundo DSV IV não seria possível fazer o diagnóstico do

comportamento TDA caso houvesse um quadro do espectro autista no

indivíduo. O DSM V trouxe uma alteração nesta orientação indicando a

possibilidade de diagnóstico, excetuando-se a manifestação de outro quadro,

como o esquizofrênico ou se o indivíduo não puder ser diagnosticado mais

eficazmente por outro transtorno como o de Ansiedade ou Depressão.

38

No tocante as comorbidades, ou distúrbios associados, pesquisas

indicam que em 50% das crianças e adolescentes com TDA podem ser

acometidas por elas o que prejudica severamente o comportamento já alterado

e pode mascarar o diagnóstico. Nas próximas paginas serão abordadas as

principais comorbidades associadas ao TDA nas fases infantis, adolescência e

adulta.

- TDA com Transtorno Desafiador Opositor (TDO)

- É a maior comorbidade encontrada em crianças e adolescentes. Sua incidência pode chegar à 65% dos casos de TDAH dos quais 63% são meninos e 32% são meninas.

- Caracteriza-se por um comportamento desafiador e opositivo com relação às figuras de autoridade, principalmente pais e professores. Para enfrentar e desobedecer aos comandos destes, violam regras, mentem, podem ser agressivos, desrespeitando limites e direitos alheios. Esse comportamento resulta em respostas punitivas, raivosas, descontroladas às quais crianças e adolescentes revidam descontroladamente.

- Geralmente sentem-se injustiçados por tantas críticas e punições, gerando uma maior baixa autoestima, mais agressividade, maiores taxas de disfunção escolar e transtornos antissociais (Universotdah).

-TDA com Transtorno de Conduta (TC)

- Embora a incidência desse transtorno com TDAH não seja tão grande como no caso do TDO, é mais temido em função de ser bem mais grave. Essas crianças/adolescentes têm suas relações familiares, sociais e escolares muito deterioradas. Podem mentir frequentemente, fugir de casa ou da escola, roubar, ser cruéis com animais e/ou seres humanos (podendo até matar).

- Têm interesse precoce e exagerado por sexo. Podem ter sido vítima de estupro. Há grande risco de apresentar abuso ou dependência de substâncias psicoativas (Universotdah).

39

- TDA com Transtornos de Aprendizagem

- Distúrbio de aprendizagem específico comumente co- ocorre com TDAH. (American Psichiatry Association, DSM V, 2013).

- TDA com Abuso de Substâncias e Distúrbios do Sono

- O abuso de drogas é significativamente maior entre os portadores de TDAH. A impulsividade, a baixa autoestima, a necessidade de sentir-se aceito, o sentimento de incapacidade e a desmoralização são condições que predispõem ao uso de drogas. Geralmente têm pouca expectativa de sucesso futuro e aceitação social.

- A cabeça de quem tem TDAH é sempre invadida por um "turbilhão" de pensamentos que parecem nunca dar descanso, nem mesmo na hora na hora de relaxar e dormir. Aliás é nessa hora que "o cobrador interno" costuma aparecer com mais intensidade: "- Eu tenho que isso, aquilo...", "- Não posso me esquecer de...", ou: "- Por quê falei isso ou fiz aquilo?" e no lugar da tranquilidade, do sono, vem a ansiedade.

- Pode ocorrer em até 75% dos portadores, casos de insônia ou sono conturbado, inquieto, gerando um cansaço e uma indisposição muito grande durante o dia seguinte: o acordar é um drama e assistir às aulas, pior ainda. A falta de sono aumenta a desatenção e a agitação, comprometendo mais o rendimento escolar, os relacionamentos pessoais, além da saúde física e mental.

- É fundamental que a criança ou adolescente faça uma atividade física regularmente, reduza seu peso (caso esteja elevado), durma de lado e desligue o computador pelo menos 1 hora antes do horário previsto para dormir. No caso específico do adolescente, deve eliminar o cigarro, a cafeína e bebidas alcoólicas. (Universotdah).

40

- TDA com Depressão

Tem um alto índice de depressão em crianças e adolescentes com TDAH. Expressa-se por humor triste ou irritável, fadiga, alterações no sono e/ou no apetite, lentidão psicomotora, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e culpa excessiva.

Pode acontecer retraimento social, submissão, dificuldade em ir para a escola, irritabilidade e agressividade.

Em crianças menores, a depressão pode se manifestar por diminuição no crescimento e ganho de peso.

Adolescentes deprimidos tendem a apresentar alterações de conduta e abuso de álcool e drogas (Universotdah).

- TDA com Transtorno de Humor Bipolar

Essa comorbidade, aliada ao TDAH em crianças e adolescentes, aumenta a inadequação social e o risco de suicídio.

No transtorno bipolar há oscilação entre depressão e mania. Sobre a depressão acabamos de falar no tópico acima. A presença de mania faz com que as explosões de raiva sejam mais graves, com manifestação de agressividade muito intensa contra pessoas ou objetos. Muitas vezes esses sintomas são confundidos com transtorno desafiador opositor, transtorno de conduta, de personalidade e até mesmo com psicose (Universotdah).

- TDA com Transtorno de Ansiedade

O transtorno de ansiedade acontece quando os medos ou preocupações passam a ser excessivos, causando prejuízo na adaptação acadêmica, social e familiar.

Estão sempre preocupados com tudo: com seu desempenho escolar, se fizeram algo errado, até mesmo com futuro: se seus pais se separarem, etc.

Eventos cotidianos também podem gerar extrema ansiedade e sofrimento, tais como: ir ao médico, ao dentista, andar de elevador, viajar, dormir na casa de um amigo(a), relacionamento familiar conturbado, etc.

41

A ansiedade generalizada cronificada piora os sintomas de falta de concentração e memória.

Quando não tratados os transtornos de ansiedade na infância/adolescência, podem transformar-se em depressão maior na idade adulta (Universotdah).

- TDA com Transtorno de Tiques

Os transtornos de tiques podem ser:

Transtorno de Tourette, tique motor crônico (exclui tique vocal), tique vocal crônico (exclui o tique motor) e transtorno do tique transitório.O TDAH aparece freqüentemente em pacientes com tiques, mas a maioria dos pacientes com TDAH não têm tiques.

Estima-se que de 70% a 90% das crianças com transtorno de Tourette tenham também TDAH. No entanto, pequena parcela dos casos com TDAH tem transtorno de Tourette: ele acarreta dois ou mais tiques motores e pelo menos um vocal, ocorrendo no mínimo por um ano. Costuma aparecer entre os 2 e 15 anos. O transtorno de tique transitório tem duração de no máximo um ano.O psicoestimulante de 1ª indicação (Metilfenidato) é contra indicado para pacientes com tiques, podendo exacerbá-los.

TDAH com Desordem na Comunicação

Há três categorias distintas dentro da Desordem na Comunicação:

Distúrbio da fala (Disfasia) – Há uma dificuldade no controle motor da fala, manifestado por alterações na modulação do volume da voz, fala acelerada e alterações articulatórias ("a cabeça funciona mais rápido do que a boca consegue falar").

Distúrbio na linguagem (Dislexia) – Acontecem problemas na produção ou compreensão dos enunciados, falhas no processamento da informação. O vocabulário costuma ser limitado. A maioria dessas crianças terá problemas no aprendizado da leitura e da escrita. Além dos sintomas do TDAH essa comorbidade dificulta ainda mais o rendimento escolar.

Dificuldade na escrita (Disgrafia) – Decorre da falta de coordenação motora muitas vezes presente no TDAH bem como na má organização espacial e dificuldade de planejamento no traçado. A caligrafia costuma ser ruim. Geralmente as dificuldades da linguagem oral refletem-se na linguagem escrita (Universotdah).

42

Conforme já citado, uma das principais mudanças que trouxe o DSM V

foi em relação aos sintomas e diagnósticos dos indivíduos TDA adultos.

Seguem abaixo as considerações a respeito dos principais sintomas

encontrados em adultos com comportamento TDA:

Tabela 02: Sintomas do TDA/H em Adultos

Sintomas do TDA em adultos

- Relações afetivas instáveis (separações, divórcios). - Instabilidade profissional que persiste ao longo da vida. - Rendimentos abaixo de suas reais capacidades no trabalho e na profissão. - Falta de capacidade para manter a atenção por um período longo. - Falta de organização (carente de disciplina). - Insuficiente capacidade para cumprir o que se comprometem. - Incapacidade para estabelecer cumprir uma rotina. - Esquecimentos, perdas e descuidos importantes. - Depressão e baixa auto-estima. - Dificuldades para pensar e se expressar com clareza. - Tendência a atuar impulsivamente e interromper os outros - Dificuldades de escutar e esperar sua vez de falar. - Frequentes acidentes automobilísticos devido à distração. - Frequente consumo de álcool e abuso de substância.

Fonte: Roizblatt, Bustamente & Bacigalupo, 2003, apud, LOPES, 2005.

Acrescenta-se a lista oficial da tabela 02, mais outros sintomas que

apresentam-se de forma exagerada nestes indivíduos, como a sonolência

43

durante o dia, dificuldade de levantar pela manhã e ficar disposto para o dia

que se inicia, irritabilidade e impulsividade (pavio curto), variações frequentes

de humor e de interesses na vida e falta de paciência para situações

repetitivas.

Destaca-se que sobre essas características, em algum momento da vida

todo o ser-humano pode passar por elas. Mas a pessoa com comportamento

TDA manifesta estas de maneira exacerbada e regular, em mais de um

ambiente da vida:

Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais configurações (por exemplo, em casa, na escola ou no trabalho, com amigos ou parentes , em outras atividades) (American Psichiatry Association, DSM V, 2013).

Cabe-se aqui explicar também que o adulto TDA consegue ter atenção

em certos momentos e situações da vida, em especial, as que mais lhe

interessam. Essa característica é chamada, por muitos pesquisadores deste

tema, como “atenção flutuante”. Quando isso não acontece, que é a regra na

vida desta pessoa, é que ele se mostra desatento e disperso.

Com o novo DSM V, o diagnóstico para os adultos TDA, deve ser

realizado utilizando-se dos sintomas alistados na tabela 01. Para a questão da

desatenção dos nove sintomas citados no DSM é necessário que a pessoa se

encaixe em cinco. Para o quesito hiperatividade e impulsividade, dos nove

sintomas, também se faz necessário que o indivíduo apresente cinco destes

sinais:

Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento de oposição, desafio, hostilidade, ou uma incapacidade de compreender as tarefas ou instruções. Para os adolescentes mais velhos e adultos ( 17 anos ou mais) , pelo menos cinco sintomas são obrigatórios (American Psichiatry Association, DSM V, 2013).

44

Para a questão das comorbidades, diversos autores citam os altos

índices em adultos TDA, conforme alistados a seguir (Souza, Serra, Mattos &

Franco, 2001, apud LOPES, 2005):

- Uso ou dependência de drogas, - Transtorno do humor bipolar, - Depressão, - Abuso de álcool, - Transtornos de ansiedade, - Outros transtornos psiquiátricos.

A seguir descrevem-se alguns destes transtornos psiquiátricos a serem

considerados no diagnóstico diferencial do adulto com comportamento TDA:

Tabela 03: Transtornos psiquiátricos a serem analisados no diagnóstico

diferencial de adultos TDA:

Depressão Maior -Tem como características similares ao TDAH dificuldade de concentração, de atenção e de memória e dificuldade na conclusão das tarefas.

- Como características distintas do TDAH, o humor disfórico constante ou anedonia, sonolência e perturbação do apetite.

Transtorno do Humor Bipolar - As características similares do TDAH são a hiperatividade, dificuldades em manter atenção e foco; oscilações de humor.

- As características distintas são a disforia ou humor eufórico, insônia e ilusões.

Transtorno de Ansiedade - Demonstra características similares à excitação e à dificuldade de concentração.

- Apresenta como características distintas apreensão exagerada, preocupação e sintomas somáticos de ansiedade.

Abuso de Substâncias ou

Dependência Química - Mostram como características similares dificuldades com atenção, concentração, memória e oscilações de humor.

- Como características distintas apresentam um padrão patológico de uso de substâncias com consequências sociais, tolerância e dependência psicológica.

Fonte: Searight, Burke & Rootnek, 2000, apud, LOPES, 2005

45

Desta forma, percebe-se que o comportamento TDA pode ser

acompanhado de outras comorbidades. Visto que algumas destas

psicopatologias podem mascarar o diagnóstico preciso, faz-se necessário que

os profissionais envolvidos com estes pacientes conheçam bem as outras

desordens de comportamento. Assim, conseguirá diferenciá-las e poderá ter

êxito em seu trabalho para ajudar estas pessoas e indicar o melhor caminho

para amenizar esses transtornos.

46

CAPÍTULO III - TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES

EFICAZES PARA PESSOAS COM TDA

O maior pecado para com os nossos semelhantes, não é odiá-los mas sim tratá-los com indiferença; é a essência da desumanidade. George Bernard Shaw.

Este capítulo tem como objetivo apresentar tratamentos e intervenções

eficazes para o cuidado de crianças, adolescentes e adultos com TDA. Será

abordado inicialmente o valiosíssimo papel da família, as estratégias que os

professores e demais profissionais da educação podem utilizar em sala de aula

e no âmbito educacional e por fim serão apresentadas as estratégias

utilizando-se de medicamentos específicos ao tratamento do comportamento

TDA.

3.1 O Papel da Família

Uma das mais importantes ajudam as pessoas com TDA, especialmente

para a criança é ajuda parental. Quando os pais das crianças recebem

orientações e instruções de apoio para a implementação de estratégias

comportamentais que visam melhorar a atenção deles em relação as regras e

tarefas, o tratamento se torna mais fácil.

Para crianças abaixo de 6 anos de idade a recomendação é sempre

explicar as regras que são cobradas e sempre utilizar de reforço positivo

através de elogios e outros mecanismos para incentiva-las.

Acima dessa idade pode se utilizar treinamentos onde os pais de

crianças TDA podem participar chamado de “Programa de Treinamento para

47

Pais de Forehand”. Este foi adaptado por Barkley enfocando os problemas

mais comuns ligados ao transtorno. Ele pode ser realizado com os pais ou

grupos de pais e geralmente a criança não participa, a não ser por

recomendação do terapeuta.

É realizado ao longo de nove sessões semanais onde são tratados

assuntos como a importância do engajamento familiar, “estratégias de

observação do comportamento da criança, métodos para aumentar a

obediência e brincadeiras independentes, criação de um programa de reforço

por fichas”, além de outras recomendações necessárias para a melhor

sociabilização do (a) filho (a) (DuPaul, George J.; STONER, Gary, 2007,p.

212).

Já para os TDA adolescentes, as pesquisas mostram os benefícios da

terapia comportamental familiar. Um método utilizado é conhecido como

“Solução de Problemas e Treinamento para a Comunicação” (PSCT). Este

consiste em técnicas de construção de habilidades para a resolução de

problemas e comportamentos mais comunicativos dentro da família. Em alguns

casos implementam-se procedimentos de terapia cognitiva comportamental

para a reestruturação dos sistemas de crenças irracionais de familiares em

relação ao TDA.

Estudos avaliaram a eficiência da PSCT e puderam mostrar a eficiência

desta técnica na redução do número de conflitos e da intensidade da raiva nas

discussões entre família e indivíduo TDA. A PSCT melhora significativamente a

qualidade da comunicação entre pais e adolescentes com esse transtorno.

Na parte acadêmica os pais devem procurar dar ajuda contínua a seus

filhos para melhora neste quadro. As dificuldades mais comuns incluem “não

anotar as lições de casas, não levar as instruções para casa, cometer muitos

erros, discutir com os pais sobre a realização das lições de casa e entregar os

deveres atrasados”.

49

Em sala de aula deve-se procurar combinar abordagens preventivas

quanto remediadoras aos problemas que foram observados. Deve-se ter em

mente que para o atendimento as necessidades do jovem TDA faz-se

necessário o envolvimento de múltiplos agentes de intervenção (DuPaul,

George J.; STONER).

O objetivo de todo profissional de educação que tem que lidar com

algum aluno com esse transtorno é o de assumir um enfoque educativo

direcionado para os problemas de comportamento. Devem-se ensinar

habilidades e conhecimentos que substituam os comportamentos considerados

inaceitáveis para um ambiente de aprendizagem. Para tal a o profissional deve

desenvolver e implementar um comportamento programático e planos de apoio

ao docente, chamado de “apoio ao comportamento positivo”. Há inúmeras

evidências de que a mudança de eventos ambientais na sala de aula pode

ajudar nas mudanças de comportamento de estudantes com TDA, mesmo

entre os mais severos. Um exemplo é o de colocar a criança TDA mais perto

do professor de forma que ele possa acompanhar melhor a realização das

tarefas e aula.

Segue abaixo outras sugestões de intervenções e ajuda para as

mudanças de comportamento:

Tabela 04: Possíveis mediadores para intervenções baseadas na escola

Tipo de Intervenção Elementar Secundária Mediada pelo professor

- Estratégias de instrução; - Sistemas de reforço por fichas.

- Instrução de habilidade de estudo; -Contrato de contingências.

Mediada pelos pais

- Estabelecimento de objetivos; - Contrato de contingências; - Reforço no ambiente doméstico; - Instrução pelos pais.

- Negociação; - Contrato de contingências; Reforço no ambiente doméstico.

Mediadas pelos colegas

- Instrução por colegas. - Treinamento por colegas.

50

Assistida por computador -Instrução; - Exercícios e prática.

- Instrução; - Processamento de texto

Autodirigida - Automonitoramento.

- Automonitoramento; -Auto-avaliação.

Fonte: Du Paul e Power (2000). Copyright por American Psychiatric Association.

As estratégias elencadas na tabela 04, quando aplicadas corretamente,

possibilitam a obtenção de altos índices de sucesso na redução do

comportamento inadequado ajudando a melhorar a aprendizagem das crianças

e adolescentes com TDA.

Um fator a ser destacado é que os adolescentes com TDA apresentam

dificuldades na parte acadêmica devido a persistência do transtorno do déficit

de atenção desde a infância. Porém, o fato deles serem mais “punidos” e

disciplinados na escola, se dá muito mais pelas comorbidades em outros

transtornos como o de conduta e oposição, do que com o TDA simples.

Conforme já citado a “sua incidência [Transtorno de oposição] pode chegar à

65% dos casos de TDAH dos quais 63% são meninos e 32% são meninas”

gerando sérios problemas de ordem social e comportamental na vida destes

(BARKLEY, 2013; Tdah.org).

Esses traços levam os adolescentes com TDA a uma vida com

habilidades acadêmicas insatisfatórias, pois são mais expulsos e suspensos

nas escolas, repetem mais de ano (série), carecem de mais reforço escolar, em

comparação aos seus colegas “normais”. Quando chegam a fase adulta, os

problemas tendem a piorar em suas relações profissionais e pessoais, além da

acadêmica.

Barkley (2013) cita que o domínio educacional é um dos mais

comprometidos na vida dos adultos com TDA. Por isso, em geral, a maioria

dos clínicos especialistas neste assunto, começam suas considerações em

livros e artigos abordando essa área. As crianças hiperativas que cresceram

51

com esse transtorno, na adolescência apresentaram maior propensão para não

concluir o ensino médio e, quando adultos, muito poucos destes sequer

chegaram a concluir a faculdade (BARKLEY, 2013).

Estes adultos apresentaram menos anos de estudo em relação a outros

grupos sem traços do TDA. Obtinham mais notas insatisfatórias e colocação

pior do que seus outros colegas de turma. Os mesmos estudos mostraram que

a trajetória acadêmica apresentada no ensino médio também se revelou na

faculdade. A vida profissional destes adultos também sofre com esses

comportamentos disruptivos. Muitos destes ficam pouco tempo nos seus

trabalhos e logo são demitidos. Além do que, por terem baixo rendimento

acadêmico, se deparam com empregos menos remunerados, o que também

contribui para a perda da qualidade de suas vidas e frustrações.

Desta forma, para os adultos que foram diagnosticados com TDA ou que

vem sendo tratados desde a tenra idade, será sempre necessário o contínuo

treinamento em habilidades sociais em medidas que visam diminuir os efeitos

indesejáveis da desatenção, impulsividade e hiperatividade, inclusive alguma

comorbidade, na vida destes. O Planejamento das atividades do dia-a-dia,

utilizando-se de uma agenda com dias e horários fixos, a terapia14 caso seja

recomendada, o relaxamento, os exercícios físicos para o manejo adequado do

estresse, dentre outras medidas que visam a melhor organização da vida deste

adulto TDA. Porém outra ajuda também está disponível para estes (SILVA,

2011).

3.3 Tratamento a Base Medicamentosa

A utilização de medicamentos é a opção mais utilizada para o tratamento

do comportamento TDA. Nos Estados unidos cerca de 4% das crianças em

14 A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental que no Brasil é uma atribuição exclusiva de psicólogos. Não existe até o momento nenhuma evidência científica de que outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de TDAH. (TDAH.ORG)

52

idade escolar são tratadas com esses medicamentos. O Brasil é hoje o

segundo país que mais faz uso da Ritalina®. Não há evidências contrárias aos

excelentes resultados deste tipo de tratamento, especialmente se for aliado a

outros tipos de intervenções, como as citadas neste trabalho.

Porém há um sério problema na banalização da utilização destes

medicamentos devido, principalmente a um diagnóstico menos aprofundado, o

que leva a muitos médicos prescreverem acentuadamente esses psicotrópicos.

Dados recentes indicam um aumento de consumo de 164% entre 2009 e 2011

no Brasil.

Como funcionam esses medicamentos? Por serem psicoestimulantes,

eles agem aumentando a excitação ou “alerta” do sistema nervoso central

(SNC). A pessoa que tem TDA é desatenta e pode ser bem hiperativa e

impulsiva. Isso acontece devido a uma desorganização de seus pensamentos e

focalização em diversos fatores ao mesmo tempo. Por ser um estimulante

funciona melhorando a concentração mental de quem sofre este problema,

ajudando em vários campos da vida e especialmente no âmbito escolar. O uso

é recomendado para crianças, acima de 6 anos de idade, adolescentes e

adultos.

Os estimulantes do SNC mais utilizados são o metilfenidato (Ritalina®,

Concerta®, Metadate®), a dextroanfetamina (Dexendrine®) e a anfetamina

mista (Adderall®). O metilfenidato é o mais utilizado no tratamento chegando a

ser prescrito em 80% das crianças com TDA. “As reações mais comuns ao uso

da ritalina são nervosismo, dificuldade para dormir e perda do apetite”.

(DuPaul, George J.; STONER, 2007 ; VENANCIO, 2013, p. 6).

O resultado da administração desses medicamentos é muito positivo.

Segundo DuPaul (2007, p. 175) “aproximadamente 75% das crianças com

TDAH nas primeiras séries escolares e que são tratadas com medicamentos

estimulantes respondem positivamente a uma ou mais doses”. As crianças

53

restantes ou não apresentam melhoras ou pioram em seus sintomas,

mostrando assim que não há garantias de que uma criança específica terá ou

não resultados com a administração do medicamento (Du Paul, 2007).

Na questão do controle comportamental e atenção as crianças com TDA

apresentam melhoras significativas na realização de tarefas que necessitam de

concentração. Em alguns casos, a evolução é tão espantosa, que o rendimento

escolar se equivale a de seus colegas “normais”. Comportamentos disruptivos

como agressividade, desobediência a instruções de autoridades apresentam

melhoras se combinados com fatores ambientais. Para adolescentes obteve-se

resultados semelhantes, porém em porcentagens menores, em 50-70% dos

casos.

No desempenho cognitivo e acadêmico o uso de medicamentos para o

comportamento TDA é mais evidente em curto prazo. Em longo prazo este

desempenho não sofre um impacto tão significativo pela farmacoterapia

utilizada.

Nas relações sociais os psicotrópicos melhoram significativamente as

interações de crianças com TDA, seus pais, professores e colegas. Há um

aumento da obediência aos comandos dos professores e outros em autoridade

e consequentemente diminuição nos comportamentos considerados

disruptivos. Em relação aos seus colegas, o fato de que essas crianças se

tornam menos agressivas comportando-se de maneira mais apropriada, é um

dos pontos de sucesso na melhora nas relações sociais em sala de aula.

Como a maioria dos medicamentos, estes também podem apresentar

efeitos colaterais. Barkley descreve 17 sintomas mais comuns em curto prazo.

A tabela 05 apresenta os efeitos colaterais mais frequentes:

54

Tabela 05: Frequência de aparecimento de efeitos colaterais por uso de

metilfenidato:

Fonte: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n2/100.html

Percebem-se nesta tabela, alguns efeitos colaterais que podem ser

manifestados. Um ponto a ser destacado neste estudo é que apenas metade

dos participantes apresentaram efeitos colaterais, e daqueles que tiveram este

efeito, o nível de gravidade não passou de moderado. Em longo prazo a

dependência, efeitos cardiovasculares e possível redução da estatura são os

efeitos possíveis (PASTURA e MATTOS, 2004).

Desta forma observam-se claramente os benefícios da utilização,

parcimoniosa e bem conduzida, dos psicoestimulantes para o tratamento do

comportamento TDA, que poderá ajudar crianças, adolescentes e adultos nas

suas diversas áreas de atuação na vida.

Neste capítulo verificou-se a importância da ajuda familiar, apoio e

envolvimento parental, além da necessidade de estratégias e intervenções

55

educacionais apropriadas e ajuda medicamentosa, para o indivíduo com

transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Como foi dito pelo Dr. Paulo

Mattos:

O tratamento do TDAH pode ser feito de forma interdisciplinar, com profissionais como: médico, psicólogo, pedagogo, e outros profissionais, sempre em conjunto com pais e professores. Relata-se ainda que estudos mostram, que crianças e adolescentes que recebem tratamento adequado, são menos propensos a problemas comportamentais, além de menos riscos de abuso de álcool e drogas. (MATTOS, 2011, apud CARVALHO, 2012, p. 6).

Na última seção, será feitas as considerações finais em relação ao que

foi explicado durante este trabalho.

56

CONCLUSÃO

“Foi quando olhando para o céu, viu uma revoada de cisnes brancos. - Que lindo e como voam! Olhem só, mas que surpresa! O que está acontecendo! Não acreditando, foi olhar a sua imagem refletida no lago. - Ora essa, que surpresa, eu sou um cisne também! E nesse instante, feliz e levantando o lindo e belo pescoço, saiu nadando e cantando para junto de sua mãezinha” (ANDERSEN, 1843).

O conto do patinho feio, utilizado como analogia neste trabalho de

conclusão de curso, finaliza dizendo que o ele cresceu e se tornou um lindo

cisne. Assim também pode se dar com aqueles que sofrem com o Transtorno

do Déficit de Atenção. O fato de estes possuírem uma forma diferente e

peculiar de ver e levar a vida, iniciada desde a tenra infância, não deve ser

motivo para que se acomodem e não busquem e acreditem em mudanças das

situações problemáticas e desafios.

Conforme foi destacado neste trabalho, o TDA é um funcionamento

alterado do cérebro do indivíduo, que envolve as questões da desatenção, na

maioria dos casos, e impulsividade e hiperatividade em outros casos,

especialmente em homens. Não se trata de um cérebro com defeito,

argumentou a Drª Ana Beatriz Barbosa Silva, no seu livro Mentes Inquietas,

mas sim de um cérebro que trabalha de forma peculiar, e que deve e pode ser

aceito da forma como ele é. Somente quando esse funcionamento causa

desconforto a vida da pessoa TDA é que se considera um transtorno (SILVA,

2009).

Existem várias alternativas que já estão sendo testadas e utilizadas por

anos a fio em muitas partes do mundo que trazem inúmeros benefícios a vida

daqueles que sofrem do Transtorno do Déficit de Atenção. Com a publicação

do DSM V em 2013, houve um avanço considerável em pontos que já estavam

sendo questionados na comunidade científica.

57

Por exemplo, a questão da retirada dos termos subtipos e a entrada do

termo “apresentação” se referindo a apresentação do TDA combinada, quando

o quadro de desatenção e hiperatividade/impulsividade se apresentam juntas;

a apresentação predominantemente desatenta, onde o quadro atencional

comprometido é mais evidente e por fim a apresentação predominantemente

hiperativa-impulsiva, que induz a pessoa a um comportamento mais

exacerbado e efusivo. Tudo isso traz a tona que pode haver mudanças no

decorrer da vida da pessoa com comportamento TDA e as apresentações

podem também variar.

Foi dito aqui também que o DSM V trouxe mudanças no diagnóstico

para pessoas adultas (incluindo adolescentes com 17 anos ou mais). Para os

adultos o número de sintomas passou de seis para cinco, o que foi um novo

critério.

No quesito idade de início dos sintomas no DSM V a idade passou para

os 12 anos. Idade mais adequada para a realização do diagnóstico em adultos

que buscaram ajuda após a adolescência e provavelmente não se recordariam

com detalhes sobre a fase de 6 ou 7 anos de idade.

A grade questão aqui levantada é sobre a percepção que se deve ter em

relação às crianças, jovens e adultos hiperativos. Como estão sendo tratados

estes indivíduos com TDA em suas escolas, trabalhos e família? Foi

apresentado um histórico onde pode se ver que mesmo nos primórdios do

início da pesquisa científica sobre o TDA, há um pouco mais de 100 anos,

essas pessoas sempre foram mal vistas e deixadas a parte da sociedade. Hoje

infelizmente, na grande maioria dos casos não é diferente, muito pela falta de

conhecimento desse desajuste e orientações práticas para aqueles que

convivem com alguém TDA.

58

Uma triste notícia que está sendo divulgada na época que este trabalho

foi escrito, é de que o TDAH seria uma invenção da indústria farmacêutica. Foi

dito aqui que em 1904 já havia relatos médicos de crianças desatentas,

hiperativas e impulsivas e dos tratamentos que desde então tem se prestado a

esses. Como seria possível então alguém hoje afirmar que o TDAH é uma

invenção? O que dizer de centenas de relatos de crianças, adolescentes e

adultos que são acometidos por esse desajuste cerebral, todos estes com

amparo da neurociência e áreas correlatas da saúde? O fato dos

medicamentos relacionados ao tratamento do comportamento TDAH serem

utilizados de maneira exagerada, na maioria dos países, inclusive no Brasil,

não quer dizer por si só que o transtorno é uma mentira. A questão é outra.

O que se pode entender do aumento vertiginoso do uso de

medicamentos para controle da atenção, hiperatividade e impulsividade, é

como foi explicado pela Drª Maria Aparecida do departamento de pediatria da

Unicamp quando disse que “[...] estamos cada vez mais usando remédio para

tudo. Não há mais gente triste. Há gente deprimida. A tristeza incomoda [...] O

que está acontecendo é que quem não se submete é quimicamente

assujeitado”. Em outras palavras, é muito mais fácil dar remédio a uma criança

mais levada do que priorizar sua educação. É muito mais simples encher o

indivíduo de remédio do que ajudá-lo a andar com suas próprias pernas. Dar

remédios é mais fácil. O difícil é o envolvimento na vida das pessoas TDA

conduzindo-as a construção de comportamentos mais adequados e

socialmente aceitos. Se a pessoa incomoda os medicamentos são prescritos.

Há uma procura pela homogeneização de comportamentos.

No entanto a máxima “Pílulas não ensinam habilidades” pode ser muito

bem direcionada a questão do tratamento medicamentoso para o TDA. Apesar

de benéficos em curto prazo, os psicoestimulantes não ensinam organização,

planejamento, autocontrole, cumprimento de prazos e metas, na vida de uma

pessoa com esse transtorno.

60

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA

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Manual of Mental Disorders (DSM-5). Fifth Edition. 31-05-2013.

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Psicologia & Sociedade; 21 (1): 135-144, 2009. Disponível em:

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Atenção/hiperatividade TDAH. Psicologia ciência e profissão, 2010, 30 (1), 46-

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DSM-V, o Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais. ABDA.

03/07/2013. Disponível em: http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/ item/964-

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62

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saude/homepage/pdfs/pdfs-em-geral/ptc_metilfenidato.pdf. Acesso em:

08/04/2014.

63

ANEXO 1: DISLEXIA - ENTREVISTA DADA POR

RONALD DAVIS15, DE BURLINGAME, NA CALIFÓRNIA

À FOLHA ONLINE DE S.PAULO

Folha - Como foi diagnosticada a sua dislexia?

Davis - Fui considerado um atrasado mental até aos 17 anos e aí fiz um teste

de Q.I. e o resultado foi alto. Depois de algumas outras consultas recebi o

diagnóstico. O errado não é uma pessoa ser disléxica, mas sim a forma como a

escola tenta ensinar os conteúdos. O cérebro do disléxico funciona de outra

maneira.

Folha - Os seus pais ajudaram a vencer o transtorno?

Davis - O meu pai teve sempre vergonha de ter um filho com problemas

mentais. Batia-me constantemente. Dos 3 aos 13 anos ele partiu-me 36 ossos.

A minha mãe foi um anjo para mim. Aceitou-me como eu era, sem

expectativas. Sem o apoio dela, nós não estaríamos a ter esta conversa

(risos).

Folha - A sua experiência escolar foi muito traumatizante?

Davis - Eu tinha pavor da escola, morria de vergonha. Eles mandavam--me

sentar num canto da sala e eu sentia-me emocional e psicologicamente sempre

naquele canto.

15 Em seu livro inovador, The Gift of Dyslexia, © 1994, Ronald D. Davis explica uma nova perspectiva de dislexia focalizando sua positivo, aspectos criativos. Ele também descreve as técnicas que ele desenvolveu para superar seus próprios conflitos - tendo vivido a experiência da dislexia severa si mesmo. Essas idéias profundas, e os métodos revolucionários do Programa Davis ® tem ajudado milhares de pessoas em todo o mundo para compreender o seu próprio estilo de aprendizagem e, finalmente, apreciar o sucesso na aprendizagem! (http://dislexicosaibaseusdireitos.blogspot.com.br)

64

Folha - Como o senhor conseguiu ser Engenheiro?

Davis - Cheguei a frequentar a Universidade de Utah, mas é impossível

quando não se consegue ler. Com 20 anos, eu demorava duas horas para ler o

que as pessoas “normais” liam em cinco minutos. Estava sempre atrasado nas

matérias. Fui para um Instituto Técnico, em que não havia muita necessidade

de leitura, as aulas eram muito práticas e manuais. Aos 25 anos recebi o

Diploma de Engenheiro Mecânico e comecei a actuar na área.

Folha - Como percebeu que podia “controlar” a dislexia?

Davis - Disseram-me que o meu cérebro sofreu uma lesão e que jamais

conseguiria ler bem. Mas eu percebi enquanto esculpia, que no auge da minha

criatividade artística a minha dislexia piorava. Isso mudou a maneira como eu

via o distúrbio – se não era estrutural, e sim funcional, eu podia fazer alguma

coisa que eliminasse o problema. Eu tinha 37 anos. Então criei um Centro de

Pesquisa e uma Associação para ajudar no controle dos sintomas.

Folha - Os métodos de “controle da desorientação” que o senhor explica no livro podem ser aprendidos por qualquer disléxico?

Davis - O meu maior objectivo ao escrever o livro foi ajudar a mãe ou o pai de

uma criança que pede “ Por favor, não me faça ir para a escola”. Esses pais

podem aprender esses métodos, assim como um adulto disléxico. A dislexia

não tem cura, mas os seus sintomas podem ser controlados.

Fonte: http://dislexia.paginas.sapo.pt/Curiosidades.htm

65

ANEXO 2: TDA-H - ENTREVISTA COM CO-AUTOR

GEORGE J. DUPAUL PARA REVISTA VIVA SAÚDE

Quais são os sinais que indicam o TDAH?

Os sintomas são vários, mas incluem, principalmente desatenção e

hiperatividade ou impulsividade. Essas atitudes devem preocupar os pais,

fundamentalmente, quando estiverem associadas a outras, como quando o

filho costuma agir sem pensar, é extremamente ativo e tem baixo rendimento

escolar, por exemplo.

Como os pais devem reagir ao desconfiar do problema?

Procurar um pediatra e um psicólogo qualificado (pode ser o profissional que

atua na escola) para fazer uma avaliação cuidadosa.

Como saber se é TDAH e não apenas preguiça?

Primeiro é preciso identificar se a criança realmente tem problema de

concentração e de controle da impulsividade. A preguiça, por outro lado, está

relacionada à letargia (falta de interesse) e à apatia (falta de ânimo).

Qual é a causa da doença?

Ela é ainda desconhecida, mas há fortes evidências de que o fator hereditário

desempenha grande papel no desenvolvimento do TDAH. No momento,

acredita-se que a combinação de específicas variações genéticas pode levar

ao problema. No entanto, não existe um teste exclusivo que revele se a criança

tem ou não TDAH. Por isso, é fundamental que o médico, ao avalias o garoto

ou a garota, levante informações com pais e professores sobre seu

comportamento, no dia-a-dia, em casa e na escola. Porém, não há cura para o

transtorno, ou seja, ele irá acompanhar a pessoa pela resto da vida.

66

O TDAH sempre surge nos primeiros anos de vida?

A maioria dos casos aparece quando a criança tem menos de sete anos. Mas é

possível surgir até os 18 anos de idade, na adolescência, especialmente se o

jovem for muito inteligente, a ponto de conseguir compensar suas deficiências

(de atenção e impulsividade) nas primeiras fases escolares, que não são tão

difíceis para boa parte das pessoas.

É verdade que os sintomas desaparecem com o avançar da idade?

Aproximadamente 33% das crianças conseguem “se livrar” da doença quando

se tornam adultas. É provável que isso aconteça porque essas pessoas

aprendem a lidar com o problema e passam a organizar suas vidas de maneira

diferente.

Essas crianças são menos inteligentes?

De maneira nenhuma. A garotada com TDAH tem desempenho escolar abaixo

da média por conta de problemas de concentração e de impulsividade, que

atrapalham o aprendizado e o resultado de tarefas e trabalhos nos quais está

envolvida, e não pela falta de inteligência. Em torno de 20% a 30% dessas

crianças também têm deficiência de aprendizagem (sem explicação aparente)

em uma área específica, como leitura e cálculos.

Como é o tratamento? O uso dos remédios não é perigoso para a saúde

dos pequenos?

Utilizamos a combinação de medicamentos estimulantes com a terapia

comportamental (outros tipos, como a terapia tradicional, não surtem efeitos

significativos neste caso ). Mas os remédios devem ser prescritos e

monitorados por um médico especializado. Os efeitos colaterais dessas drogas

não ameaçam a saúde, mas desencadeiam problemas alimentares (aumentam

a fome) e de sono, além de aumentar a irritabilidade quando a dose é

diminuída.

67

Confirmado o diagnóstico, o que deve ser mudado?

Tudo o que suprir as necessidades da criança, tanto em casa quanto na

escola. Os pais precisam ter em mente que seu filho tem uma deficiência e que

algumas atitudes precisam ser tomadas para minimizar os efeitos que ela

propicia. A criança com TDAH necessita ser lembrada constantemente das

expectativas que a envolvem, mas também precisa ser reconhecida pelo

esforço que ela está fazendo para melhorar. Por exemplo, os pais e

professores poderiam implementar um sistema de recompensa quando o

pequeno conseguir manter sua atenção focada em algum evento e terminar

tarefas escolares. Mas sempre estabelecendo objetivos e metas realistas para

ele.

Qual é o papel da escola em relação ao aluno com TDAH?

Os professores devem reconhecer que aquela criança tem uma deficiência,

saber como auxiliá-la e ter conhecimento do transtorno. No geral alunos com

TDAH não exigem uma escola especial, somente alguns ajustes dentro da sala

de aula, como um reforço nas matérias que ele sente mais dificuldades de

aprendizado. Vale ressaltar que alguns irão exigir um reforço um pouco mais

intenso do que outros na mesma condição.

Como contar à criança que ela tem um transtorno que pode no futuro

afetar seu desempenho intelectual, social e até mesmo profissional?

Aliás, os pais devem falar algo?

Sugiro que os pais expliquem ao filho que todo mundo tem pontos fortes e

fracos. A partir daí, os adultos devem apontar as qualidades e especialmente

as fraquezas da criança, como falta de concentração e inquietação. O mais

importante é deixar claro para o filho que ele não deve nunca se envergonhar

por causa disso e sim colaborar com eles e com os professores, a fim de lidar

melhor com a situação. Mesmo que o processo demore alguns anos.

68

O que acontece quando a criança não recebe tratamento?

Ela está arriscada a não terminar os estudos e se envolver com atividades anti-

sociais, inclusive criminais. Cerca de um terço delas quando não trataas

adequadamente, acaba tendo sérios problemas comportamentais quando

adultas.

Há alguma relação entre TDAH e depressão?

Não há um número maior de crianças com TDAH deprimidas, comparado ao

resto da população. Quando a criança desenvolve os sintomas da depressão,

geralmente, é por conta de sucessivos fracassos, particularmente na escola, ou

porque já tem alguma predisposição genética.

A criança poderá levar uma vida normal?

A maioria delas certamente levará uma vida como qualquer outra pessoa.

Terminará seus estudos, conseguirá permanecer em um emprego e construirá

uma família, As chances para um resultado positivo aumentam com o

tratamento precoce (na infância) e adequado.

Fonte: http://www.mbooks.com.br/entrevista_tdah.htm

69

INDICE

FOLHA DE ROSTO ............................................................................................... 2

AGRADECIMENTO ............................................................................................... 3

DEDICATÓRIA ....................................................................................................... 4

EPÍGRAFE ............................................................................................................. 5

RESUMO ............................................................................................................... 6

ABSTRACT ............................................................................................................. 7

METODOLOGIA ..................................................................................................... 8

SUMÁRIO ............................................................................................................... 9

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 CAPÍTULO 1– HISTÓRICO E DEFINIÇÕES SOBRE TDA – TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO ................................................................................. 15 1.4 Histórico do TDA - Transtorno do Déficit de Atenção ..................................... 16 1.5 Histórico da Terminologia utilizada para o TDA ........................................... 18 1.6 Transtornos da Aprendizagem versus TDA .................................................... 20 CAPÍTULO 2 – ORIGEM E DIAGNÓSTICOS DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO – TDA .......................................................................... 27 2.1 Apresentação dos Tipos de TDA .................................................................... 34 2.2 Sintomas, Diagnósticos e Comorbidades do TDA: Fases da Infância, Adolescência e Adulta ........................................................................................ 35 CAPÍTULO 3 – TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES EFICAZES PARA PESSOAS COM TDA ........................................................................................ 46 3.4 O Papel da Família ...................................................................................... 46 3.5 Intervenções e Estratégias Educacionais e Pessoais ................................. 48 3.6 Tratamento a Base Medicamentosa ............................................................ 51

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 56 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA ....................................................... 60

ANEXO 1: DISLEXIA - ENTREVISTA DADA POR RONALD DAVIS, DE BURLINGAME, NA CALIFÓRNIA À FOLHA ONLINE DE S.PAULO ................. 63

70

ANEXO 2: TDA-H - ENTREVISTA COM CO-AUTOR GEORGE J. DUPAUL PARA REVISTA VIVA SAÚDE .......................................................................... 65 ÍNDICE ............................................................................................................... 69

FOLHA DE AVALIAÇÃO ...................................................................................... 71

71

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Faculdade A Vez do Mestre / Universidade Cândido Mendes Título da Monografia: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA-H): Como a Neurociência analisa as causas, diagnósticos e tratamentos em crianças, adolescentes e adultos com base no DSM-5

Autor: Fabrinny Araujo da Silva

Data da Entrega: 14/04/2014 Avaliado Por: Conceito: