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  • 8/3/2019 A.W.Tozer

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    Superando as Distraes

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    A. W. Tozer

    "Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, oraa teu Pai que est em secreto; e teu Pai, que v em secreto, terecompensar". -- Mateus 6:6

    Entre os inimigos da devoo, nenhum to nocivo como asdistraes. Tudo o que excita a curiosidade, espalha os pensamentos,inquieta o corao, absorve os interesses ou desloca o foco de nossavida, do reino de Deus dentro de ns, para o mundo ao redor de ns -

    isto uma distrao; e o mundo est cheio dela. Nossa civilizaobaseada na cincia tem nos dado muitos benefcios, porm ela temmultiplicado nossas distraes e assim tem nos ocupado mais do quetem nos dado...

    O remdio para as distraes o mesmo agora como era nos temposprimitivos e simples, a saber, orao, meditao e cultivao da vidainterior. O salmista disse: "Aquietai-vos e sabei", e Cristo nos chama aentrar no nosso quarto, fechar a porta e orar ao Pai. Isto aindafunciona...

    As distraes devem ser conquistadas ou elas nos conquistaro.Portanto, cultivemos a simplicidade; desejemos menas coisas;andemos no Esprito; enchamos nossas mentes com a Palavra deDeus e nossos coraes com louvor. Neste caminho podemos viverem paz at em um mundo distrado como este. "Deixo-vos a paz, aminha paz vos dou".

    Senhor, certamente duro e difcil afastar as distaes de umacivilizao progressivamente baseada na cincia. Ajuda-me a cultivara simplicidade, a ser satisfeiro com menas coisas e a encontrar a paz

    interior que Tu podes dar numa vida de orao e meditao. Amm

    Uma Boca Fechada e um Corao Mudo

    por

    A. W. Tozer

    "Escandesceu-se dentro de mim o meu corao; enquanto eumeditava acendeu-se o fogo; ento disse com a minha lngua..."

    Salmos 39:3

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    A orao entre os cristos evanglicos est sempre em perigo dedegenerao, numa busca incessante pelo ouro. Quase todo livrosobre orao trata primariamente com o elemento "receber". Comoconseguir coisas que queremos de Deus ocupa a maioria do espao.Ora, ns admitimos alegremente que podemos pedir e receber dons

    especiais e sermos beneficiados com a resposta orao, mas nuncadevemos esquecer que a qualidade mais alta da orao nunca acomposio de pedidos. A orao em seu momento mais santo oentrar na presena de Deus, num momento de bendita unio, de umaforma que faz com que os milagres paream enfadonhos e asrespostas extraordinrias s oraes algo muito menos admirvel porcomparao.

    Homens santos de momentos mais sbrios e quietos do que osnossos, conhecem bem mais o poder do silncio. Davi disse, "Comsilncio fiquei qual um mundo; calava-me mesmo acerca do bem;enquanto eu meditava acendeu-se o fogo; ento disse com a minhalngua...". H uma dica aqui para os profetas modernos de Deus. Ocorao raramente pega fogo quando a boca est aberta. Uma bocafechada diante de Deus e um corao mudo so indispensveis paraa recepo de certos tipos de verdade. Nenhum homem qualificadopara falar se primeiro no ouvir.

    Senhor, ensina-me a fechar minha boca. Eu amo pregar; Tu tens medado oportunidades para ensinar; eu sou chamado para dispensaravisos e conselhos. Mas o sentar em silncio diante de Ti, com minha

    boca fechada - eu quase no fao o suficientemente. Amm.

    Seguindo a Deus de Perto

    por

    A. W. Tozer

    A minha alma apega-se a ti: a tua destra me ampara (Sl 63:8.).

    O evangelho nos ensina a doutrina da graa preveniente, quesignifica simplesmente que, antes de um homem poder buscar aDeus, Deus tem que busc-lo primeiro.

    Para que o pecador tenha uma idia correta a respeito de Deus, devereceber antes um toque esclarecedor em seu ntimo; que, mesmo queseja imperfeito, no deixa de ser verdadeiro, e o que desperta nele

    essa fome espiritual que o leva orao e busca.

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    Procuramos a Deus porque, e somente porque, Ele primeiramentecolocou em ns o anseio que nos lana nessa busca. Ningum podevir a mim, disse o Senhor Jesus, se o Pai que me enviou no otrouxer (Jo 6:44), e justamente atravs desse trazer preveniente,que Deus tira de ns todo vestgio de mrito pelo ato de nos

    achegarmos a Ele. O impulso de buscar a Deus origina-se em Deus,mas a realizao do impulso depende de O seguirmos de todo ocorao. E durante todo o tempo em que O buscamos, j estamos emSua mo: ... o Senhor o segura pela mo (Sl 37:24.).

    Nesse amparo divino e no ato humano de apegar-se no hcontradio. Tudo provm de Deus, pois, segundo afirma Von Hgel,Deus sempre a causa primeira. Na prtica, entretanto (isto ,quando a operao prvia de Deus se combina com uma reaopositiva do homem), cabe ao homem a iniciativa de buscar a Deus.De nossa parte deve haver uma participao positiva, para que essaatrao divina possa produzir resultados em termos de umaexperincia pessoal com Deus. Isso transparece na calorosalinguagem que expressa o sentimento pessoal do salmista no Salmo42: Como suspira a cora pelas correntes das guas, assim, por ti, Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, doDeus vivo: quando irei e me verei perante a face de Deus? E umapelo que parte do mais profundo da alma, e qualquer coraoanelante pode muito bem entend-lo.

    A doutrina da justificao pela f uma verdade bblica, e uma

    bno que nos liberta do legalismo estril e de um intil esforoprprio em nosso tempo tem-se degenerado bastante, e muitos lhedo uma interpretao que acaba se constituindo um obstculo paraque o homem chegue a um conhecimento verdadeiro de Deus. Omilagre do novo nascimento est sendo entendido como um processomecnico e sem vida. Parece que o exerccio da f j no abala aestrutura moral do homem, nem modifica a sua velha natureza. como se ele pudesse aceitar a Cristo sem que, em seu corao,surgisse um genuno amor pelo Salvador. Contudo, o homem que notem fome nem sede de Deus pode estar salvo? No entanto, exatamente nesse sentido que ele orientado: conformar-se com

    uma transformao apenas superficial.

    Os cientistas modernos perderam Deus de vista, em meio smaravilhas da criao; ns, os crentes, corremos o perigo deperdermos Deus de vista em meio s maravilhas da Sua Palavra.Andamos quase inteiramente esquecidos de que Deus uma pessoa,e que, por isso, devemos cultivar nossa comunho com Ele comocultivamos nosso companheirismo com qualquer outra pessoa. parte inerente de nossa personalidade conhecer outraspersonalidades, mas ningum pode chegar a um conhecimento plenode outrem atravs de um encontro apenas. Somente aps umaprolongada e afetuosa convivncia que dois seres podem avaliarmutuamente sua capacidade total.

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    Todo contato social entre os seres humanos consiste de umreconhecimento de uma personalidade para com outra, e varia desdeum esbarro casual entre dois homens, at a comunho mais ntimade que capaz a alma humana. O sentimento religioso consiste, emsua essncia, numa reao favorvel das personalidades criadas,

    para com a Personalidade Criadora, Deus. E a vida eterna esta:que te conheam a ti, o nico Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquem enviaste".

    Deus uma pessoa, e nas profundezas de Sua poderosa natureza Elepensa, deseja, tem gozo, sente, ama, quer e sofre, como qualqueroutra pessoa. Em seu relacionamento conosco, Ele se mantm fiel aesse padro de comportamento da personalidade. Ele se comunicaconosco por meio de nossa mente, vontade e emoes.

    O cerne da mensagem do Novo Testamento a comunho entre Deuse a alma remida, manifestada em um livre e constante intercmbiode amor e pensamento.

    Esse intercmbio, entre Deus e a alma, pode ser constatado pelapercepo consciente do crente. uma experincia pessoal, isto ,no vem atravs da igreja, como Corpo, mas precisa ser vivida, porcada membro. Depois, em conseqncia dele, todo o Corpo serabenoado. E uma experincia consciente: isto , no se situa nocampo do subconsciente, nem ocorre sem a participao da alma(como, por exemplo, segundo alguns imaginam, se d com o batismo

    infantil), mas perfeitamente perceptvel, de modo que o homempode conhecer essa experincia, assim como pode conhecerqualquer outro fato experimental.

    Ns somos em miniatura, (excetuando os nossos pecados) saquiloque Deus em forma infinita. Tendo sido feitos a Sua imagem, temosdentro de ns a capacidade de conhec-lO. Enquanto em pecado,falta-nos to-somente o poder. Mas, a partir do momento em que oEsprito nos revivifica, dando-nos uma vida regenerada, todo o nossoser passa a gozar de afinidade com Deus, mostrando-se exultante egrato. Isso este nascer do Esprito sem o qual no podemos ver o

    reino de Deus. Entretanto, isso no o fim, mas apenas o comeo,pois a partir da que o nosso corao inicia o glorioso caminho dabusca, que consiste em penetrar nas infinitas riquezas de Deus. Possodizer que comeamos neste ponto, mas digo tambm que homemnenhum j chegou ao final dessa explorao, pois os mistrios daTrindade so to grandes e insondveis que no tm limite nem fim.

    Encontrar-se com o Senhor, e mesmo assim continuar a busc-lO, oparadoxo da alma que ama a Deus. um sentimento desconhecidodaqueles que se satisfazem com pouco, mas comprovado naexperincia de alguns filhos de Deus que tm o corao abrasado. Seexaminarmos a vida de grandes homens e mulheres de Deus, dopassado, logo sentiremos o calor com que buscavam ao Senhor.

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    Choravam por Ele, oravam, lutavam e buscavam-nO dia e noite, atempo e fora do tempo, e, ao encontr-lO, a comunho parecia maisdoce, aps a longa busca. Moiss usou o fato de que conhecia a Deuscomo argumento para conhec-lO ainda melhor. Agora, pois, seachei graa aos teus olhos, rogo-te que me faas saber neste

    momento o Teu caminho, para que eu Te conhea, e ache graa aosTeus olhos (Ex 33:13). E, partindo da, fez um pedido ainda maisousado: Rogo-te que me mostres a tua glria (Ex 33:18). Deus ficouverdadeiramente alegre com essa demonstrao de ardor e, no diaseguinte, chamou Moiss ao monte, e ali, em solene cortejo, fez todaa Sua glria passar diante dele.

    A vida de Davi foi uma contnua nsia espiritual. Em todos os seussalmos ecoa o clamor de uma alma anelante, seguido pelo brado deregozijo daquele que atendido. Paulo confessou que a mola-mestrade sua vida era o seu intenso desejo de conhecer a Cristo mais emais. Para O conhecer (Fp 3:10), era o objetivo de seu viver, e paraalcanar isso, sacrificou todas as outras coisas. Sim, deverasconsidero tudo como perda, por causa da sublimidade doconhecimento de Cristo Jesus meu Senhor: por amor do qual perditodas as cousas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo(Fp 3:8).

    Muitos hinos evanglicos revelam este anelo da alma por Deus,embora a pessoa que canta, j saiba que o encontrou. H apenasuma gerao, nossos antepassados cantavam o hino que dizia: Verei

    e seguirei o Seu caminho; hoje no o ouvimos mais entre os cristos. uma tragdia que, nesta poca de trevas, deixemos s para ospastores e lderes a busca de uma comunho mais ntima com Deus.Agora, tudo se resume num ato inicial de aceitar a Cristo (apropsito, esta palavra no encontrada na Bblia), e da por dianteno se espera que o convertido almeje qualquer outra revelao deDeus para a sua alma. Estamos sendo confundidos por uma lgicaespria que argumenta que, se j encontramos o Senhor, no temosmais necessidade de busc-lO. Esse conceito nos apresentado comosendo o mais ortodoxo, e muitos no aceitariam a hiptese de queum crente instrudo na Palavra pudesse crer de outra forma. Assim

    sendo, todas as palavras de testemunho da Igreja que significamadorao, busca e louvor, so friamente postas de lado. A doutrinaque fala de uma experincia do corao, aceita pelo grandecontingente dos santos que possuam o bom perfume de Cristo, hoje substituda por uma interpretao superficial das Escrituras, quesem dvida soaria como muito estranha para Agostinho, Rutherfordou Brainerd.

    Em meio a toda essa frieza existem ainda alguns alegro-me emreconhecer que jamais se contentaro com essa lgica superficial.Talvez at reconheam a fora do argumento, mas depois saem emlgrimas procura de algum lugar isolado, a fim de orarem: Deus,

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    mostra-me a tua glria. Querem provar, ver com os olhos do ntimo,quo maravilhoso Deus .

    meu propsito instilar nos leitores um anseio mais profundo pelapresena de Deus. justamente a ausncia desse anseio que nos tem

    conduzido a esse baixo nvel espiritual que presenciamos em nossosdias. Uma vida crist estagnada e infrutfera resultado da ausnciade uma sede maior de comunho com Deus. A complacncia inimigo mortal do crescimento cristo. Se no existir um desejoprofundo de comunho, no haver manifestao de Cristo para oSeu povo. Ele espera que o procuremos. Infelizmente, no caso demuitos crentes, em vo que essa espera se prolonga.

    Cada poca tem suas prprias caractersticas. Neste exato instanteencontramo-nos em um perodo de grande complexidade religiosa. Asimplicidade existente em Cristo raramente se acha entre ns. Emlugar disso, vem-se apenas programas, mtodos, organizaes e ummundo de atividades animadas, que ocupam tempo e ateno, masque jamais podem satisfazer fome da alma. A superficialidade denossas experincias ntimas, a forma vazia de nossa adorao, eaquela servil imitao do mundo, que caracterizam nossos mtodospromocionais, tudo testifica que ns, em nossos dias, conhecemos aDeus apenas imperfeitamente, e que raramente experimentamos aSua paz.

    Se desejamos encontrar a Deus em meio a todas as exteriorizaes

    religiosas, primeiramente temos que resolver busc-Lo, e da pordiante prosseguir no caminho da simplicidade. Agora, como sempre ofez, Deus revela-Se aos pequeninos e se oculta daqueles que sosbios e prudentes aos seus prprios olhos. mister quesimplifiquemos nossa maneira de nos aproximar dEle. Urge quefiquemos to-somente com o que essencial (e felizmente, bempoucas coisas so essenciais). Devemos deixar de lado todo esforopara impression-lO e ir a Deus com a singeleza de corao dacriana. Se agirmos dessa forma, Deus nos responder sem demora.

    No importa o que a Igreja e as outras religies digam. Na realidade,

    o que precisamos de Deus mesmo. O hbito condenvel de buscara Deus e que nos impede de encontrar ao Senhor na plenitude deSua revelao. no conectivo e que reside toda a nossadificuldade. Se omitssemos esse e, em breve acharamos o Senhore nEle encontraramos aquilo por que intimamente sempre anelamos.

    No precisamos temer que, se visarmos to-somente a comunhocom Deus, estejamos limitando nossa vida ou inibindo os impulsosnaturais do corao. O oposto que verdade. Convm-nosperfeitamente fazer de Deus o nosso tudo, concentrando-nos nEle, esacrificando tudo por causa dEle.

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    O autor do estranho e antigo clssico ingls, The Cloud of Unknowing(A nuvem do desconhecimento), d-nos instrues de como conseguirisso. Diz ele: Eleve seu corao a Deus num impulso de amor;busque a Ele, e no Suas bnos. Da por diante, rejeite qualquerpensamento que no esteja relacionado com Deus. E assim no faa

    nada com sua prpria capacidade, nem segundo a sua vontade, massomente de acordo com Deus. Para Deus, esse o mais agradvelexerccio espiritual.

    Em outro trecho, o mesmo autor recomenda que, em nossas oraes,nos despojemos de todo o empecilho, at mesmo de nossoconhecimento teolgico. Pois lhe basta a inteno de dirigir-se aDeus, sem qualquer outro motivo alm da pessoa dEle. Noobstante, sob todos os seus pensamentos, aparece o alicerce firme daverdade neotestamentria, porquanto explica o autor que, ao referir-se a ele, tem em vista Deus que o criou, resgatou, e que, em Suagraa, o chamou para aquilo que voc agora . Este autor defendevigorosamente a simplicidade total: Se desejamos ver a religiocrist resumida em uma nica palavra, para assim compreendermosmelhor o seu alcance, ento tomemos uma palavra de uma slaba ouduas. Quanto mais curta a palavra, melhor ser, pois uma palavramenor est mais de acordo com a simplicidade que caracteriza toda aoperao do Esprito. Tal palavra deve ser ou Deus ou Amor.

    Quando o Senhor dividiu a terra de Cana entre as tribos de Israel, ade Levi no recebeu partilha alguma. Deus disse-lhe simplesmente:

    Eu sou a tua poro e a tua herana no meio dos filhos de Israel(Nm 18:20), e com essas palavras tornou-a mais rica que todas assuas tribos irms, mais rica que todos os reis e rajs que j viveramneste mundo. E em tudo isto transparece um princpio espiritual, umprincpio que continua em vigor para todo sacerdote do DeusAltssimo.

    O homem, cujo tesouro o Senhor, tem todas as coisas concentradasnEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmoque lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas serto diludo que nunca necessrio sua felicidade. E se lhe

    acontecer de v-los desaparecer, um por um, provavelmente noexperimentar sensao de perda, pois conta com a fonte, com aorigem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra todasatisfao, todo prazer e todo deleite. No se importa com a perda, jque, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legtima e eterna.

    Deus, tenho provado da Tua bondade, e se ela me satisfaz,tambm aumenta minha sede de experimentar ainda mais. Estouperfeitamente consciente de que necessito de mais graa.Envergonho-me de no possuir uma fome maior. Deus, Deustrino, quero buscar-Te mais; quero buscar apenas a Ti; tenho sede detornar-me mais sedento ainda. Mostra-me a Tua glria, rogo-Te, para

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    que assim possa conhecer-Te verdadeiramente. Por Tua misericrdia,comea em meu ntimo uma nova operao de amor. Diz minhaalma: Levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem (Ct 2:10). Ed-me graa para que me levante e te siga, saindo deste vale escuroonde estou vagueando h tanto tempo. Em nome de Jesus. Amm.

    Porque o Mundo No O Pode Receber

    por

    A. W. Tozer

    "O Esprito da Verdade que o mundo no pode receber" (Joo 14:17)

    A f crist, baseada no Novo Testamento, ensina o completocontraste entre a igreja e o mundo.

    No mais do que um lugar comum religioso dizer que o problemaconosco hoje que procuramos construir uma ponte sobre o abismoque h entre duas coisas opostas, o mundo e a igreja, e realizamosum casamento ilcito para o qual no h autorizao bblica. Naverdade, nenhuma unio real entre o mundo e a igreja possvel.

    Quando a igreja se junta com o mundo, j no mais a igrejaverdadeira, mas apenas um detestvel produto misturado, um objetode gozao e desprezo para o mundo, e uma abominao para oSenhor.

    A obscuridade em que muitos (ou deveramos dizer a maioria dos?)crentes andam hoje no causada por falta de clareza da parte daBblia. Nada poderia ser mais claro do que os pronunciamentos dasEscrituras sobre a relao do cristo com o mundo. A confuso quecampeia nessa matria resulta da falta de disposio de cristos

    professos para levar a srio a Palavra do Senhor. O cristianismo estto emaranhado no mundo que milhes nunca percebem quoradicalmente abandonaram o padro do Novo Testamento. Atransigncia est por toda parte. O mundo est suficientementecaiado, encobrindo as suas faltas, para passar no exame feito porcegos que posam como crentes; e esses mesmos crentes estoeternamente procurando obter aceitao da parte do mundo.Mediante mtuas concesses, homens que a si mesmos sedenominam cristos manobram para ficar bem como homens quepara as coisas de Deus nada tm, seno mudo desprezo.

    Toda esta questo espiritual, em sua essncia. O cristo o queno por manipulao eclesistica, mas pelo novo nascimento.

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    cristo por causa de um Esprito que nele habita. S o que nascidodo Esprito esprito. A carne nunca pode converter-se em esprito,no importa quantos homens considerados dignos da igreja nelatrabalhem. A confirmao, o batismo, a santa comunho, a profissode f - nenhum destes, nem todos estes juntos, podem transformar a

    carne em esprito, e tampouco podem fazer de um filho de Ado umfilho de Deus. "E, porque vs sois filhos", escreveu Paulo aos glatas,"enviou Deus aos nossos coraes o Esprito de seu Filho, que clama:Aba, Pai.". E aos corntios, ele escreveu: "Examinai-vos a vsmesmos, se realmente estais na f; provai-vos a vs mesmos. Ou noreconheceis que Jesus Cristo est em vs? Se no que j estaisreprovados". E aos romanos: "Vs, porm, no estais na carne, masno Esprito, se de fato o Esprito de Deus habita em vs. E se algumno tem o Esprito de Cristo, esse tal no dele".

    A terrvel zona de confuso to evidente em toda a vida dacomunidade crist, poderia ficar esclarecida num s dia, se osseguidores de Cristo comeassem a seguir a Cristo em vez de uns aosoutros. Pois o nosso Senhor foi muito claro em Seu ensino sobre ocristo e o mundo.

    Numa ocasio, depois de receber no solicitado e carnal conselho deirmos sinceros, mas no esclarecidos, o nosso Senhor respondeu: "Omeu tempo ainda no chegou, mas o vosso sempre est presente.No pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu doutestemunho a seu respeito de que as suas obras so ms". Ele

    identificou os Seus irmos na carne com o mundo e disse que Ele eeles eram de dois espritos diferentes. O mundo O odiava, mas nopodia odi-los porque no podia odiar-se a si prprio. Uma casadividida contra si mesma no subsiste. A casa de Ado tem quepermanecer leal a si prpria, ou se romper. Conquanto os filhos dacarne possam brigar entre si, no fundo esto unidos uns aos outros. quando o Esprito de Deus entra, que entra um elemento estrangeiro."Se o mundo vos odeia", disse o Senhor aos Seus discpulos, "sabeique, primeiro do que a vs outros, me odiou a mim. Se vs fsseis domundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, no sois domundo, pelo contrrio dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.".

    Paulo explicou aos glatas a diferena entre o filho escravo e o livre:"Como, porm outrora, o que nascera segundo a carne perseguia aoque nasceu segundo o Esprito, assim tambm agora" (Glatas 4:29).

    Assim, atravs do Novo Testamento inteiro, traada uma agudalinha entre a igreja e o mundo. No h meio termo. O Senhor noreconhece nenhum bonzinho "concordar para discordar" para que osseguidores do Cordeiro adotem os procedimentos do mundo e andempelo caminho do mundo. O abismo que h entre o cristo e o mundo to grande como o que separou o rico de Lzaro. E, alm disso, omesmo abismo, isto , o abismo que separa o mundo, dosresgatados do mundo; do mundo, dos que continuam cados.

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    Bem sei, e o sinto profundamente quo ofensivo esse ensino deve serpara aquele bando de mundanos que mi e remi o rebanhotradicional. No posso alimentar a esperana de escapar da acusaode fanatismo e intolerncia que, sem dvida, lanaro contra mim osconfusos religionistas que procuram fazer-se ovelhas por associao.

    Mas bem podemos encarar a dura verdade de que os homens no setornam cristos associando-se com gente de igreja, nem por contatoreligioso, nem por educao religiosa; tornam-se cristos somentepor uma invaso da sua natureza, invaso feita pelo Esprito de Deuspor ocasio do novo nascimento. E quanto se tornam cristos assim,imediatamente passam a ser membros de uma nova gerao, uma"raa eleita, sacerdcio real, nao santa, povo de propriedadeexclusiva de Deus ... que no tnheis alcanado misericrdia, masagora alcanastes misericrdia" (I Pedro 2:9,10).

    Com os versculos citados, no houve desejo de os citar fora docontexto, nem de focalizar a ateno num lado da verdade paradesvi-lo de outro. O ensino desta passagem forma completa unidadecom toda a verdade do Novo Testamento. como se tirssemos umcopo de gua do mar. O que tiraramos no seria toda a gua dooceano, mas seria uma amostra real e em perfeito acordo como orestante.

    A dificuldade que ns cristos contemporneos enfrentamos no ade entender mal a Bblia, mas a de persuadir os nossos indceiscoraes a aceitarem as suas claras instrues. O nosso problema

    conseguir o consentimento das nossas mentes amantes do mundopara termos Jesus como Senhor de fato, bem como de palavra. Poisuma coisa dizer, "Senhor, Senhor", e outra completamente diferente obedecer aos mandamentos do Senhor. Podemos cantar, "Coroai-OSenhor de todos", e regozijar-nos com os agudos e sonoros tons dorgo e com a profunda melodia de vozes harmoniosas, mas aindano teremos feito nada enquanto no abandonarmos o mundo e nofizermos os nosso rostos na direo da cidade de Deus na durarealidade prtica. Quando a f se torna obedincia, a de fato fverdadeira.

    O esprito do mundo forte, e gruda em ns to entranhadamentecomo cheiro de fumaa em nossa roupa. Ele pode mudar de rostopara adaptar-se a qualquer circunstncia e assim enganar muitocristo simples, cujos sentidos no so exercitados para discernir obem e o mal. Ele pode brincar de religio com todas as aparncias desinceridade. Ele pode ter acessos de sensibilidade de conscincia , eat pode confessar os seus maus caminhos pela imprensa pblica. Elelouvar a religio e bajular a igreja por seus fins. Ele contribuir paraas causas de caridade e promover campanha para distribuir roupasaos pobres. Basta que Cristo guarde distncia e que nunca afirme oSeu senhorio sobre ele. Positivamente isso no durar. E para com overdadeiro Esprito de Cristo, s mostrar antagonismo. A imprensado mundo (que seu real porta-voz) raramente dar tratamento justo

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    a um filho de Deus. Se os fatos a compelem a uma reportagemfavorvel, o tom tende a ser condescendente e irnico. Ressoa nela anota de desdm.

    Tanto os filhos deste mundo como os filhos de Deus foram batizados

    num esprito, mas o esprito do mundo e o Esprito que habita noscoraes dos homens nascidos duas vezes, acham-se todistanciados um do outro com o cu do inferno. No somente so ocompleto oposto um do outro, mas tambm esto em extremocombate um contra o outro, e em agudo antagonismo um contra ooutro. Para um filho da terra as coisas do Esprito so, ou ridculas,caso em que ele se diverte, ou sem sentido, caso em que ele seaborrece. "Ora, o homem natural no aceita as cousas do Esprito deDeus, porque lhe so loucura; e no pode entend-las porque elas sediscernem espiritualmente."

    Na Primeira Epstola de Joo duas palavras so empregadas uma eoutra vez, as palavras eles e vs, e elas designam dois mundostotalmente diversos; vs refere-se aos escolhidos, que deixaram tudopara seguir a Cristo. O apstolo no se pe genuflexo, de joelhos,ante o deusote Tolerncia (cujo culto se tornou na Amrica umaespcie de religio de segunda capa); Joo grosseiramenteintolerante. Ele sabe que a tolerncia pode ser simplesmente outronome para a indiferena. Exige-se vigorosa f para aceitar o ensinodo experimentado Joo. muito mais fcil apagar as linhas deseparao e, assim, no ofender ningum. Generalidades piedosas e

    o emprego de ns para significar tanto cristos como descrentes, muito mais seguro. A paternidade de Deus pode ser ampliada paraincluir toda gente, desde Jack, o Estripador, at Daniel, o Profeta.Assim, ningum fica ofendido e todos se sentem banhados e prontospara o cu. Mas o homem que se reclinara sobre o peito de Jesus nofoi enganado assim to facilmente. Ele traou uma linha para dividirem dois campos a raa humana, para separar dos salvos os perdidos,dos que se afundaro no desespero final os que subiro para arecompensa eterna. De um lado esto eles aqueles que noconhecem a Deus; de outro, vs (ou, com uma mudana de pessoa,ns), e entre ambos est um abismo moral largo demais para

    qualquer homem atravessar.

    Eis aqui o modo como Joo o declara: "Filhinhos, vs sois de Deus, etendes vencido os falsos profetas, porque maior aquele que est emvs do que aquele que est no mundo. Eles procedem do mundo; poressa razo falam da parte do mundo, e o mundo os ouve. Ns somosde Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que no daparte de Deus no nos ouve. Nisto reconhecemos o esprito daverdade e o esprito do erro". Uma linguagem como esta clarademais para confundir qualquer pessoa que honestamente queiraconhecer a verdade. Nosso problema no de entendimento, repito,mas de f e obedincia. A questo no teolgica: Que que istoensina?

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    moral: Estou disposto a aceitar isto e arcar com as conseqncias?Posso agentar o olhar frio? Tenho coragem de enfrentar os acerbosataques movidos pelos modernistas? Ouso provocar o dio doshomens que se sentiro apontados por minha atitude? Tenhosuficiente independncia mental para desafiar as opinies da religio

    popular e de acompanhar um apstolo? Ou, em resumo, possopersuadir-me a tomar a cruz com o seu sangue e com o seu oprbrio?

    O cristo chamado para ficar separado do mundo, mas precisamoster certeza de que sabemos o que queremos dizer (ou, maisimportante, o que Deus quer dizer) com o mundo. provvel que ofaamos significar alguma coisa externa apenas, perdendo, assim, oseu significado real. Teatro, cartas, bebidas, jogos estas coisas noso o mundo; so simples manifestaes externas do mundo. A nossaluta no apenas contra os procedimentos do mundo, mas contra oesprito do mundo. Porquanto o homem, salvo ou perdido,essencialmente esprito. O mundo, no sentido neotestamentrio dotermo, simplesmente a natureza humana no regenerada ondequer que esta se encontre, quer no bar, quer na igreja. O que querque brote da natureza decada, ou seja edificado sobre ela ou delareceba apoio, o mundo, seja moralmente vil ou moralmenterespeitvel. Os antigos fariseus, a despeito da sua zelosa dedicao religio, eram da prpria essncia do mundo. Os princpios espirituaissobre os quais eles construram o seu sistema foram retirados, no doalto, mas de baixo. Eles empregaram contra Jesus as tticas doshomens. Subornavam os homens para dizerem mentiras em defesa

    da verdade. Para defender Deus, agiam como demnios. Paraproteger a Bblia, desafiavam os ensinamentos da bblia. Elessabotavam a religio para salv-la. Davam rdeas soltas ao dio cegoem nome da religio do amor. Vemos a o mundo com todo o seucruel desafio a Deus. To feroz foi esse esprito, que no descansouenquanto no levou morte o prprio Filho de Deus. O esprito dosfariseus era ativa e maliciosamente hostil ao Esprito de Jesus, poiscada qual era uma espcie de destilao de ambos os respectivosmundos dos quais provinham.

    Os mestres atuais que situam o Sermo do Monte nalguma outra

    dispensao que no esta e, assim, liberam a igreja do seu ensino,mal percebem o mal que fazem. Pois o Sermo do Monte d emresumo as caractersticas do Reino dos homens regenerados. Osbem-aventurados pobres que choram seus pecados e tm sede dejustia so verdadeiros filhos do Reino. Com mansido mostrammisericrdia para com os seus inimigos; com sincera simplicidadecontemplam a Deus; rodeados de perseguidores, abenoam, e noamaldioam. Com modstia escondem as suas boas obras e compacincia aguardam a visvel recompensa de Deus. Livrementerenunciam aos seus bens terrenos, em vez de usar a violncia paraproteg-los. Eles acumulam os seus tesouros no cu. Evitam oselogios e esperam o dia da prestao final de contas para saber quem maior no Reino do cu.

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    Se esta uma viso bem precisa das coisas, que podemos dizerquando cristos disputam entre si lugar e posio? Que podemosresponder quando os vemos famintamente procurando homenagense louvor? Como podemos desculpar a paixo por publicidade, toclaramente evidente entre os lderes cristos? Que dizer da ambio

    poltica nos crculos cristos? E das febris mos estendidas para maise maiores "oferendas de amor"? Que dizer do desavergonhadoegosmo entre os cristos? Como explicar o grosseiro culto do homemque habitualmente infla um ou outro lder popular dando-lhe somasendinheiradas, beijo dado por aqueles que se prope como fiispregadores do Evangelho?

    H s uma resposta a essas perguntas, simplesmente que nessasmanifestaes vemos o mundo, e nada seno o mundo. Nenhumaapaixonada declarao de "amor" s "almas" pode transformar o malem bem. Estes so os mesmos pecados que crucificaram Jesus.

    Tambm verdade que as mais grosseiras manifestaes danatureza humana decada fazem parte do reino deste mundo.Diverses organizadas com nfase em prazeres frvolos, os grandesimprios edificados em hbitos viciosos e inaturais, o irrestrito abusodos apetites normais, o mundo artificial denominado "alta sociedade"- todas estas coisas so do mundo. Todas fazem parte daquilo de quea carne consiste, daquilo que se edifica sobre a carne e que h deperecer com a carne. E dessas coisas o cristo deve fugir. Todasessas coisas ele tem que pr para trs e nelas no deve tomar parte.

    Contra elas deve pr-se serena, mas firmemente, sem transigncia esem temor.

    Portanto, que o mundo se apresente em seus aspectos mais feios,quer em suas formas mais sutis e refinadas, devemos reconhec-lopelo que ele , e repudi-lo categoricamente. Precisamos fazer isso,se que desejamos andar com Deus em nossa gerao como Enoqueo fez na sua. Um rompimento puro e simples com o mundo imperativo. "Infiis, no compreendeis que a amizade do mundo inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo,constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). "No ameis o mundo nem

    as cousas que h no mundo. Se algum amar o mundo, o amor do Paino est nele; porque tudo que h no mundo, a concupiscncia dacarne, a concupiscncia dos olhos e a soberba da vida, no procededo Pai, mas procede do mundo" (I Joo 2:15,16). Estas palavras deDeus no esto diante de ns para nossa considerao; esto a paranossa obedincia, e no temos direito de nos entitular-mos cristosse no as seguimos.

    Quanto a mim, temo qualquer tipo de movimento religioso entre oscristos que no leve ao arrependimento, resultando numa agudaseparao do crente e o mundo. Suspeito de todo e qualquer esforode avivamento organizado, que seja forado a reduzir os durostermos do Reino. No importa quo atraente parea o movimento, se

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    no se baseia na retido e no cuidado com humildade, no deDeus. Se explora a carne, uma fraude religiosa e no deve receberapoio de nenhum cristo temente a Deus. S de Deus aquele quehonra o Esprito e prospera s expensas do ego humano. "Como estescrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor".

    O Vento em Nosso Rosto

    por

    A. W. Tozer

    Deus vos chamou para o lado de Cristo, escreveu o piedoso Rutherford, e

    agora o vento est dando no rosto de Cristo nesta terra; e vendo que estaiscom Ele, no podeis esperar abrigo a sotavento ou do lado ensolarado daescarpa.

    Com a bela sensibilidade para as palavras que caracterizava a mais casualdeclarao de Samuel Rutherford, ele aqui cristaliza para ns um dosgrandiosos fatos radicais da vida crist. O vento est soprando no rosto deCristo e, porque O acompanhamos, tambm temos o vento em nosso rosto.No devemos esperar menos.

    O anseio pelo abrigo ensolarado deveras natural, e, para as criaturassensveis que somos, inteiramente desculpvel, suponho eu. Ningum gostade andar no vento frio. Contudo, a igreja vem tendo de marchar com o ventodando em seu rosto atravs dos sculos.

    Em nossa avidez por conseguir conversos, temo que ultimamente pese sobrens a culpa de usar a tcnica do vendedor moderno, que geralmenteapresenta s as qualidades desejveis de um produto e ignora o restante.Vamos s pessoas e lhes oferecemos um lar confortvel no lado ensolarado daescarpa. Se to-somente aceitarem a Cristo, Ele lhes dar paz mental,solucionar os seus problemas e seus negcios, proteger as suas famlias e as

    manter felizes o tempo todo. Elas acreditam em ns e vm, e o primeirovento frio as envia arrepiadas a algum conselheiro para ver o que est errado;e essa a ltima notcia que temos de muitas delas.

    Os ensinamentos de Cristo revelam que Ele realista no melhor sentido dapalavra. Em parte nenhuma dos evangelhos encontramos algo que sejavisionrio ou exageradamente otimista. Ele dizia toda a verdade aos Seusouvintes e deixava que eles formassem a sua opinio. Ele podia entristecer-secoma retirada de um interessado que no podia enfrentar a verdade; nunca,porm corria atrs dele para tentar ganh-lo mediante rseas promessas. Elequeria que O seguissem sabendo o preo, ou, se no, deixava que seguissem

    os seus prprios caminhos.

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    entre outras coisas, uma afinidade criativa; muda, molda, modela etransforma. sem dvida o mais poderoso agente que afeta anatureza humana depois da ao direta do Esprito Santo dentro daalma.

    O objeto do nosso amor, ento, no um assunto insignificante a serdesprezado. Pelo contrrio, de importncia atual, crtica epermanente. proftico do nosso futuro. Mostra-nos o que seremose, desta forma, prediz com preciso nosso destino eterno.

    Amar objetos errados fatal para o crescimento espiritual; torce edeforma a vida e torna impossvel a imagem de Cristo se formar naalma humana. somente quando amamos as coisas certas que nsmesmos podemos estar certos; e somente enquanto continuamosamando-as que podemos nos deslocar lenta, mas firmemente, emdireo aos objetos da nossa afeio purificada.

    Isto nos d em parte (e somente em parte) uma explicao racionalpara o primeiro e grande mandamento: "Amars o Senhor, teu Deus,de todo o teu corao, de toda a tua alma e de todo o teuentendimento" (Mt 22.37).

    Tornar-se semelhante a Deus , e precisa ser, o supremo objetivo detoda criatura moral. Esta a razo da sua criao, a finalidade sem aqual no existiria nenhuma desculpa para sua existncia. Deixandode fora, no momento, aqueles estranhos e belos seres celestiais a

    respeito dos quais conhecemos to pouco (os anjos), concentraremosnossa ateno na raa cada da humanidade. Criados originalmentena imagem de Deus, no permanecemos no nosso estado original,deixamos nossa habitao apropriada, ouvimos os conselhos deSatans e andamos de acordo com o curso deste mundo e com oesprito que agora opera nos filhos da desobedincia.

    Mas Deus, que rico em misericrdia, com seu grande amor com quenos amou, mesmo quando estvamos mortos em nossos pecados,proveu-nos expiao. A suprema obra de Cristo na redeno no foisalvar-nos do inferno, mas restaurar-nos semelhana de Deus, ao

    propsito declarado em Romanos 8: "Porquanto aos que de antemoconheceu, tambm os predestinou para serem conformes imagemde seu Filho" (Rm 8.29).

    Embora a perfeita restaurao imagem divina aguarda o dia doaparecimento de Cristo, a obra da restaurao est em andamentoagora. H uma lenta, porm firme, transmutao do vil e impurometal da natureza humana para o ouro da semelhana divina, queocorre quando a alma contempla com f a glria de Deus na face deJesus Cristo ( 2 Co 3.18).

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    Supremo Amor a Deus

    Neste ponto, seria proveitoso antecipar uma dificuldade e tentar

    esclarec-la. a questo que surge de um conceito errado sobre oamor. Este conceito errado pode ser definido mais ou menos assim: Oamor volvel, imprevisvel e quase totalmente fora do nossocontrole. Surge espontaneamente e tanto pode perdurar comoapagar-se sozinho. Como, ento, podemos controlar nosso amor?Como podemos direcion-lo para objetos mais ou menos dignos? E,especialmente, como podemos obrig-lo a focalizar-se em Deus comoo objeto apropriado e permanente da sua devoo?

    Se o amor fosse, de fato, imprevisvel e alm do nosso controle, estasperguntas no teriam respostas satisfatrias e nossa perspectiva

    seria desoladora. A simples verdade, entretanto, que o amorespiritual no esta emoo caprichosa e irresponsvel que aspessoas pensam erroneamente que . O amor servo da nossavontade e sempre ter de ir para onde for enviado e fazer o que lhefoi ordenado.

    A expresso romntica "apaixonar-se" nos deu a noo que somosobrigatoriamente vtimas das flechas do Cupido e que no podemoster controle algum sobre nossos sentimentos. Os jovens hoje esperamse apaixonar e ser arrebatados por uma tempestade de emoesdeliciosas. Inconscientemente, estendemos este conceito de amor nossa relao com o Criador e nos perguntamos: Como podemos nosobrigar a amar a Deus acima de todas as coisas?

    A resposta a esta pergunta, e a todas as outras relacionadas a ela, que o amor que temos por Deus no o amor do sentir, mas o amordo querer. O amor est dentro do nosso poder de escolha, de outraforma no teramos na Bblia a ordem de amar a Deus, nem teramosde prestar contas por no am-lo.

    A mistura do ideal de amor romntico com o conceito de como nos

    relacionar com Deus foi extremamente prejudicial s nossas vidascrists. A idia de que necessrio "apaixonar-se" por Deus, comoalgo passivo da nossa parte, fora do nosso controle, uma atitudeignbil, antibblica, indigna da nossa parte e que certamente no trazhonra alguma ao Deus Altssimo. No chegamos ao amor por Deusatravs de uma repentina visitao emotiva. O amor por Deus vem doarrependimento, de um desejo de mudar o rumo da vida e de umadeterminao resoluta de am-lo. medida que Deus entra demaneira mais completa no foco do nosso corao, nosso amor por elepode, de fato, expandir-se e crescer dentro de ns at varrer, qualenchente, tudo que estiver sua frente.

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    Mas no devemos esperar por esta intensidade de sentimento. Nosomos responsveis por sentir, somos responsveis por amar, e overdadeiro amor espiritual comea com o querer. Devemos fixarnosso corao para amar a Deus acima de todas as coisas, por maisfrio ou duro que este possa estar, e depois confirmar nosso amor

    atravs de cuidadosa e alegre obedincia sua Palavra. Emoesprazerosas certamente seguiro. Cnticos de passarinhos e flores noproduzem a primavera, mas quando a primavera chega todos estessinais a acompanharo.

    Agora, apresso-me em negar qualquer identificao com a idiapopular de salvao por esforo humano ou fora de vontade. Estouradicalmente oposto a toda forma de doutrina, com "capa" crist, queensina a depender da "fora latente dentro de ns", ou a confiar em"pensamento criativo" no lugar do poder de Deus. Todas estasfilosofias infundadas falham exatamente no mesmo ponto porpresumirem erroneamente que a correnteza da natureza humanapossa ser levada a voltar e subir as cataratas no sentido contrrio.Isto impossvel. "A salvao vem do Senhor".

    Para ser salvo, o homem perdido precisa ser alcanado pelo poder deDeus e elevado a um nvel superior. Precisa haver uma transmissode vida divina no mistrio do novo nascimento, antes de poder aplicar sua vida as palavras do apstolo: "E todos ns, que com a facedescoberta contemplamos a glria do Senhor, segundo a sua imagemestamos sendo transformados com glria cada vez maior, a qual vem

    do Senhor, que o Esprito" (2 Co 3.18, NVI).

    Ficou estabelecido aqui, espero, que a natureza humana est numprocesso de formao e que vai progressivamente se transformandona imagem daquilo que ama. Homens e mulheres so amoldados porsuas afeies e poderosamente afetados pelo desenho artsticodaquilo que amam. Neste mundo admico e cado, isto produzdiariamente tragdias de propores csmicas. Pense no poder quetransformou um garotinho inocente, de bochechas rosadas, num Neroou num Hitler. E Jezabel, ser que sempre foi a mulher maldita cujacabea nem os cachorros quiseram comer? No! No princpio, ela

    tambm sonhou com a pureza de uma garotinha e se enrubescia aopensar no amor sentimental; mas logo ficou atrada por coisasperversas, admirava-as e finalmente passou a am-las. A a lei daafinidade moral tomou conta e Jezabel, como argila na mo do oleiro,se tornou aquele ser deformado e odioso que os eunucos jogarampela janela (2 Rs 9.30-37).

    Objetos Morais Dignos do Nosso Amor

    Nosso Pai celestial proveu para seus filhos objetos morais e dignos deserem admirados e amados. So para Deus como as cores no arco-ris

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    em volta do trono. No so Deus, porm esto mais prximos a Deus;no podemos am-lo sem amar estas coisas e medida que asamarmos, seremos capacitados a am-lo ainda mais. Quais so elas?

    A primeira justia. Nosso Senhor Jesus amava justia e odiava

    iniqidade (Hb 1.9). Por esta razo, Deus o ungiu com o leo daalegria acima de todos seus companheiros. Aqui temos um padrodefinido. Amar implica tambm em odiar. O corao atrado justiaser repelido pela iniqidade no mesmo grau de intensidade; estarepulso moral dio. A pessoa mais santa aquela que mais ama ajustia e que odeia o mal com o dio mais perfeito.

    Depois vem a sabedoria. Temos a palavra "filosofia", que vem dosgregos e significa o amor sabedoria; porm os profetas hebreusvieram antes dos filsofos gregos e seu conceito de sabedoria eramuito mais elevado e espiritual do que qualquer coisa que seconhecesse na Grcia. A literatura da sabedoria no Velho Testamento Provrbios, Eclesiastes e alguns dos Salmos pulsa com um amor sabedoria desconhecido at por Plato.

    Os escritores do Velho Testamento colocam a sabedoria num planoto elevado que s vezes mal conseguimos distinguir a sabedoria quevem de Deus da sabedoria que Deus. Os hebreus anteciparam poralguns sculos o conceito grego de Deus como a essncia dasabedoria, embora seu conceito da sabedoria fosse mais moral doque intelectual. Para os hebreus, o homem sbio era o homem bom e

    piedoso, e sabedoria na sua maior nobreza era amar a Deus eguardar seus mandamentos. O pensador hebreu no conseguiaseparar sabedoria de justia.

    Um outro objeto para o amor cristo a verdade. Aqui tambmteremos dificuldade em separar a verdade de Deus da sua pessoa.Cristo disse: "Eu sou a verdade", e ao dizer isso, uniu verdade com adivindade de forma indissolvel. Amar a Deus amar a verdade, eamar a verdade com ardor constante crescer em direo imagemda verdade e afastar-se da mentira e do erro.

    No necessrio tentar relacionar todas as outras coisas boas esantas que Deus aprovou como nossos modelos. A Bblia as colocadiante de ns: misericrdia, bondade, pureza, humildade, compaixoe muitas outras, e aqueles que forem ensinados pelo Esprito saberoo que fazer a respeito delas.

    Em sntese, devemos amar e cultivar interesse em tudo que moralmente belo. Foi por isto que Paulo escreveu aos filipenses:"Finalmente, irmos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre,tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amvel,tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno delouvor, pensem nessas coisas" (Fp 4.8).

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    Homens que No Oram

    por

    A. W. Tozer

    "Escolhei, pois, irmos, dentre vs, sete homens de boa reputao,cheios do Esprito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemosdeste servio". Atos 6:3

    Vigiemos para que no deslizemos imperceptivelmente numasituao onde as mulheres orem e os homens administrem as igrejas.Homens que no oram no tm o direito de dirigir os servios da

    igreja. Ns cremos na liderana de homens dentro de umacomunidade espiritual de santos, mas esta liderana deve serconquistada pelo valor espiritual.

    Liderana requer viso, e de onde vir a viso, exceto de quatrohoras gastas na presena de Deus em humilde e fervente orao?Todas as outras coisas sendo iguais, uma mulher de oraoconhecer a vontade de Deus para a igreja melhor do que um homemque no ora.

    Ns no advogamos aqui o governo das mulheres sob as igrejas, masadvogamos o reconhecimento de certas qualificaes espirituais paraa liderana entre os homens, se eles devem continuar a decidir adireo que as igrejas tomaro. O acidente de ser um homem no suficiente. Somente a virilidade espiritual qualifica.

    Senhor, jamais permita que eu tenha uma liderana que nomerea. Jamais permita que eu me torne negligente na orao.Jamais permita que eu sempre dependa das mulheres para orarenquanto eu apenas lidero. Amm.

    Homem: A Morada de Deuspor

    A. W. Tozer

    No profundo interior de cada homem h um lugar sagrado e privadoonde habita a misteriosa essncia de seu ser. Este profundo lugar ,na realidade, uma parte no homem sem referncia a qualquer outra

    parte da complexa natureza do homem. Ela o "Eu Sou" do homem,um dom do EU SOU que o criou.

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    O EU SOU que Deus no derivado de ningum e auto-existente;o "Eu Sou" que homem derivado de Deus e dependente cadamomento de Seu criativo fiat para continuao de sua existncia. Um o Criador, Altssimo sobre todos, ancio de dias, habitando nainacessvel luz. O outro uma criatura e apesar de ser mais

    privilegiado do que outras, ainda apenas uma criatura, umpensionista da generosidade de Deus e um suplicante diante de Seutrono.

    O profundo na entidade humana do qual falamos chamado nasEscrituras de o esprito do homem. "Pois, qual dos homens entende ascoisas do homem, seno o esprito do homem que nele est? assimtambm as coisas de Deus, ningum as compreendeu, seno oEsprito de Deus" (1 Corntios 2:11). Como o autoconhecimento deDeus repousa no eterno Esprito, assim tambm o autoconhecimentodo homem por seu prprio esprito, e seu conhecimento de Deus pela direta impresso do Esprito de Deus sobre o esprito do homem.

    A importncia de tudo isto no pode ser superestimada medida quepensamos, estudamos e oramos. Ela revela a essencialespiritualidade da humanidade. Ela nega que o homem umacriatura que possui um esprito e declara que ele um esprito quetem um corpo. O que o faz ser um ser humano no seu corpo, masseu esprito, no qual a imagem de Deus originalmente repousa.

    Uma das declaraes mais libertadoras no Novo Testamento esta:"Mas a hora vem, e agora , em que os verdadeiros adoradoresadoraro o Pai em esprito e em verdade; porque o Pai procura a taisque assim o adorem. Deus Esprito, e necessrio que os que oadoram o adorem em esprito e em verdade". (Joo 4:23, 24) . Aqui anatureza da adorao mostrada sendo completamente espiritual. Averdadeira religio despojada de dieta e dias, de vesturios ecerimnias, e posta onde ela comea - na unio do esprito do homemcom o Esprito de Deus,

    Do ponto de vista do homem a perca mais trgica na Queda foi a

    desocupao deste santurio interno pelo Esprito de Deus. Noremoto - no oculto centro do ser do homem h uma sara adaptadapara ser a morada do Deus Triuno. Ali Deus planejou descansar earder com fogo espiritual e moral. O homem por seu pecado perdeueste indescritvel privilgio e deve agora habitar sozinho ali. Tointimamente privado o lugar que nenhuma criatura pode penetrar;ningum pode entrar, exceto Cristo; e Ele entrar somente por umconvite da f. "Eis que estou porta e bato; se algum ouvir a minhavoz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e elecomigo" (Apocalipse 3:20).

    Pela operao misteriosa do Esprito no novo nascimento, o que chamado por Pedro de "natureza divina" entra no profundo - no

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    centro do corao do crente e estabelece morada ali. "Se algum notem o Esprito de Cristo, esse tal no dele", porque "o Espritomesmo testifica com o nosso esprito que somos filhos de Deus"(Romanos 8:9,16). Tal um verdadeiro Cristo, e somente tal .Batismo, confirmao, o recebimento dos sacramentos, membresia

    de igrejas - estes no significam nada, a menos que o supremo ato deDeus na regenerao tambm ocorra. As exterioridades religiosaspodem ter um significado para a alma habitada por Deus; paraquaisquer outros elas no so somente inteis, mas podem realmentese tornar armadilhas, ludibriando-os a um falso e perigoso senso desegurana.

    "Guarda com toda a diligncia o teu corao" mais do que um sbioprovrbio; ele uma solene ordenao posta sobre ns por Aqueleque mais se importa conosco. Para isto ns devemos dar a maisdiligente ateno a fim de que no tropecemos a qualquer hora.

    Como Provar os Espritos

    por

    A. W. Tozer

    Nossa relao e a nossa atitude com nossos irmos cristos outroteste definitivo de nossa experincia com Deus.

    O cristo sincero, depois de um notvel encontro espiritual, pode svezes afastar-se de seus irmos na f, e desenvolver um espritocrtico. Ele pode estar sinceramente convencido de que suaexperincia superior - que se acha agora num estado de graa, e

    que os membros de sua igreja no passam de uma multido mistasendo ele o nico e legtimo filho de Israel. Ele pode esforar-se paramostrar pacincia com esses indivduos mundanos, mas sualinguagem suave e sorriso de condescendncia revelam suaverdadeira opinio sobre eles - e sobre si mesmo. Este estado demente perigoso, e tanto mais perigoso porque pode justificar-seatravs de fatos. O irmo teve uma experincia notvel; ele recebeuorientao maravilhosa sobre as Escrituras; ele entrou numa terraesplndida que lhe era desconhecida antes. Pode ser tambmfacilmente verdade que os cristos professos de suas relaes sejammundanos, apticos, sem qualquer entusiasmo espiritual. Ele est

    enganado, mas no so os seus fatos que provam isso, mas a sua

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    reao aos fatos carnal. Sua nova espiritualidade tornou-o menoscaridoso.

    Lady Juliana nos conta em seu ingls castio como a verdadeira graacrist influi em nossa atitude para com nossos semelhantes: "Pois,

    acima de tudo, a contemplao e o amor do Criador diminuem a almaa seus prprios olhos, e a enchem de temor reverente e sincerahumildade; manifestando abundncia de sentimentos caridosos emrelao aos irmos em Cristo". Qualquer experincia religiosa quedeixe de aprofundar nosso amor pelos cristos pode ser com certezadescartada como falsa.

    O apstolo Joo faz do amor por nossos companheiros cristos umteste de verdadeira f: "Filhinhos, no amemos de palavra, nem delngua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somosda verdade, bem como, perante ele, tranqilizaremos o nossocorao" (I Joo 3:18,19). E de novo repete: "Amados, amemo-nosuns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele queama nascido de Deus, e conhece a Deus. Aquele que no ama noconhece a Deus, pois Deus amor" (I Joo 4:7,8).

    medida que crescemos na graa, crescemos em amor para com opovo de Deus. "Todo aquele que ama ao que o gerou, tambm amaao que dele nascido" (I Joo 5:1). Isto significa simplesmente que seamarmos a Deus iremos amar tambm a seus filhos. Toda verdadeiraexperincia crist ir aprofundar nosso amor pelos demais cristos.

    Devemos ento concluir que tudo o que nos separa pessoalmente, ouno corao, de nossos irmos em Cristo, no vem de Deus, maspertence carne ou ao diabo. E, de maneira oposta, tudo o que nosleva a amar os filhos de Deus vem provavelmente de Deus. "Nistoconhecero todos que sois meus discpulos, se tiverdes amor uns aosoutros" (Joo 13:35).

    Aceitar a Jesus!?

    porA. W. Tozer

    Nosso relacionamento com Cristo uma questo de vida ou morte. Ohomem que conhece a Bblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundopara salvar os pecadores e que os homens so salvos apenas por Ele,sem qualquer influncia por parte de quaisquer obras praticadas.

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    "O que devo fazer para ser salvo?", devemos aprender a respostacorreta. Falhar neste ponto no envolve apenas arriscar nossasalmas, mas garantir a sada eterna da face de Deus.

    Os cristos "evangelicais" fornecem trs respostas a esta pergunta

    ansiosa: "Creia no Senhor Jesus Cristo", "Receba Cristo como seuSalvador pessoal" e "Aceite Cristo". Duas delas so extradas quaseliteralmente das Escrituras (At 16:31; Joo 1:12), enquanto a terceira uma espcie de parfrase, resumindo as outras duas. No se trataento de trs, mas de uma s.

    Por sermos espiritualmente preguiosos, tendemos a gravitar nadireo mais fcil a fim de esclarecer nossas questes religiosas,tanto para ns mesmos como para outros; assim sendo, a frmula"Aceite Cristo" tornou-se uma panacia de aplicao universal, eacredito que tem sido fatal para muitos. Embora um penitenteocasional responsvel possa encontrar nela toda a instruo queprecisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos faamuso dela como um atalho para a Terra Prometida, apenas paradescobrir que ela os levou em vez disso a "uma terra de escurido,to negra quanto as prprias trevas; e da sombra da morte, semqualquer ordem, e onde a luz como a treva".

    A dificuldade est em que a atitude "Aceite Cristo" estprovavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a ns, em lugarde ns a Ele. Ela faz com que Ele fique de p, com o chapu na mo,

    aguardando o nosso veredicto a respeito dEle, em vez de nosajoelharmos com os coraes contritos esperando que Ele nos julgue.Ela pode at permitir que aceitemos Cristo mediante um impulsomental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuzo de nosso ego enenhuma inconvenincia ao nosso estilo de vida normal.

    Para esta maneira ineficaz de tratar de um assunto vital, podemosimaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse"aceito" no Egito o sangue da Pscoa, mas continuasse vivendo emcativeiro, ou o filho prdigo "aceitasse" o perdo do pai e continuasseentre os porcos no pas distante. No fica claro que se aceitar Cristo

    deve significar algo? preciso que haja uma ao moral em harmoniacom essa atitude!

    Ao permitir que a expresso "Aceite Cristo" represente um esforosincero para dizer em poucas palavras o que no poderia ser dito tobem de outra forma, vejamos ento o que queremos ou devemosindicar ao fazer uso dessa frase.

    "Aceitar Cristo" dar ensejo a uma ligeira ligao com a Pessoa denosso Senhor Jesus, absolutamente nica na experincia humana.Essa ligao intelectual, volitiva e emocional. O crente acha-seintelectualmente convencido de que Jesus tanto Senhor como

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    Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu corao logo estgozando da singular doura de Sua companhia.

    Esta ligao total, no sentido de que aceita alegremente Cristo portudo que Ele .

    No existe qualquer diviso covarde de posies, reconhecendo-ocomo Salvador hoje, e aguardando at amanh para decidir quanto Sua soberania.

    O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em todos semreservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seuser fique insensvel diante da transao revolucionria.

    Alm disso, sua ligao com Cristo toda-exclusiva. O Senhor torna-se para ele a atrao nica e exclusiva para sempre, e no apenasum entre vrios interesses rivais. Ele segue a rbita de Cristo como aTerra a do Sol, mantido em servido pelo magnetismo do Seu afeto,extraindo dEle toda a sua vida, luz e calor. Nesta feliz condio so-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pelasua relao com o Senhor.

    O fato de aceitarmos Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva um imperativo divino. A f salta para Deus neste pontomediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra daPessoa. Ele cr no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem

    modificao ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez naSua obra de redeno, tudo o que est fazendo agora no cu a favordos seus, e tudo o que opera neles e atravs deles.

    Aceitar Cristo conhecer o significado das palavras: "pois, segundoele , ns somos neste mundo" (1 Joo 4:17). Ns aceitamos osamigos dEle como nossos, Seus inimigos como inimigos nossos, Suacruz como a nossa cruz, Sua vida como a nossa vida e Seu futurocomo o nosso.

    Se isto que queremos dizer quando aconselhamos algum a aceitar

    a Cristo, ser melhor explicar isso a ele, pois possvel que seenvolva em profundas dificuldades espirituais caso no explanarmoso assunto.

    A Velha e Nova Cruz

    por

    A. W. Tozer

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    Sem fazer-se anunciar e quase despercebida uma nova cruzintroduziu-se nos crculos evanglicos dos tempos modernos. Ela separece com a velha cruz, mas diferente; as semelhanas sosuperficiais; as diferenas, fundamentais.

    Uma nova filosofia brotou desta nova cruz com respeito vida crist,e desta nova filosofia surgiu uma nova tcnica evanglica um novotipo de reunio e uma nova espcie de pregao. Este novoevangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seucontedo no o mesmo e sua nfase difere da anterior.

    A velha cruz no fazia aliana com o mundo. Para a carne orgulhosade Ado ela significava o fim da jornada, executando a sentenaimposta pela lei do Sinai. A nova cruz no se ope raa humana;pelo contrrio, sua amiga ntima e, se compreendermos bem,considera-a uma fonte de divertimento e gozo inocente. Ela deixaAdo viver sem qualquer interferncia. Sua motivao na vida no semodifica; ela continua vivendo para seu prprio prazer, s que agorase deleita em entoar coros e a assistir filmes religiosos em lugar decantar canes obcenas e tomar bebidas fortes. A nfase continuasendo o prazer, embora a diverso se situe agora num plano moralmais elevado, caso no o seja intelectualmente.

    A nova cruz encoraja uma abordagem evangelstica nova e porcompleto diferente. O evangelista no exige a renncia da velha vida

    antes que a nova possa ser recebida. Ele no prega contrastes massemelhanas. Busca a chave para o interesse do pblico, mostrantoque o cristianismo no faz exigncias desagradveis; mas, pelocontrio, oferece a mesma coisa que o mundo, somente num planosuperior. O que quer que o mundo pecador esteja idolizando nomomento mostrado como sendo exatamente aquilo que oevangelho oferece, sendo que o produto religioso melhor.

    A nova cruz no mata o pecador, mas d-lhe nova direo. Ela o fazengrenar em um modo de vida mais limpo e agradvel, resguardandoo seu respeito prprio. Para o arrogante ela diz: "Venha e mostre-se

    arrogante a favor de Cristo"; e declara ao egosta: "Venha e vanglorie-se no Senhor". Para o que busca emoes, chama: "Venha e goze daemoo da fraternidade crist". A mensagem de Cristo manipuladana direo da moda corrente a fim de torn-la aceitvel ao pblico.

    A filosofia por trs disso pode ser sincera, mas na sua sinceridade noimpede qe seja falsa. falsa por ser cega, interpretando erradamentetodo o significado da cruz.

    A velha cruz um smbolo da morte. Ela representa o fim repentino eviolento de um ser humano. O homem, na poca romana, que tomoua sua cruz e seguiu pela estrada j se despedira de seus amigos. Eleno mais voltaria. estava indo para seu fim. A cruz no fazia acordos,

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    no modificava nem poupava nada; ela acabava completamente como homem, de uma vez por todas. No tentava manter bons termoscom sua vtima. Golpeava-a cruel e duramente e quando terminavaseu trabalho o homem j no existia.

    A raa de Ado est sob sentena de morte. No existe comutao depena nem fuga. Deus no pode aprovar qualquer dos frutos dopecado, por mais inocentes ou belos que paream aos olhoshumanos. Deus resgata o indivduo, liquidando-o e depoisressucitando-o em novidade de vida.

    O evangelismo que traa paralelos amigveis entre os caminhos deDeus e os do homem falso em relao bblia e cruel para a almade seus ouvintes. A f manifestada por Cristo no tem paralelohumano, ela divide o mundo. Ao nos aproximarmos de Cristo noelevamos nossa vida a um plano mais alto; mas a deixamos na cruz.A semente de trigo deve cair no solo e morrer.

    Ns, os que pregamos o evangelho, no devemos julgar-nos agentesou relaes pblicas enviados para estabelecer boa vontade entreCristo e o mundo. No devemos imaginar que fomos comissionadospara tornar Cristo aceitvel aos homens de negcio, imprensa, aomundo dos esportes ou educao moderna. No somos diplomatasmas profetas, e nossa mensagem no um acordo mas um ultimato.

    Deus oferece vida, embora no se trate de um aperfeioamento da

    velha vida. A vida por Ele oferecida um resultado da morte. Elapermanece sempre do outro lado da cruz. Quem quiser possu-la devepassar pelo castigo. preciso que repudie a si mesmo e concordecom a justa sentena de Deus contra ele.

    O que isto significa para o indivduo, o homem condenado querencontrar vida em Cristo Jesus? Como esta teologia pode sertraduzida em termos de vida? muito simples, ele deve arrepender-se e crer. Deve esquecer-se de seus pecados e depois esquecer-se desi mesmo. Ele no deve encobrir nada, defender nada, nem perdoarnada. No deve procurar fazer acordos com Deus, mas inclinar a

    cabea diante do golpe do desagrado severo de Deus e reconhecerque merece a morte.

    Feito isto, ele deve contemplar com sincera confiana o salvadorressurreto e receber dEle vida, novo nascimento, purificao e poder.A cruz que terminou a vida terrena de Jesus pe agora um fim nopecador; e o poder que levantou Cristo dentre os mortos agora olevanta para uma nova vida com Cristo.

    Para quem quer que deseje fazer objees a este conceito ouconsider-lo apenas como um aspecto estreito e particular daverdade, quero afirmar que Deus colocou o seu selo de aprovaosobre esta mensagem desde os dias de Paulo at hoje. Quer

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    declarado ou no nessas exatas palavras, este foi o contedo de todapregao que trouxe vida e poder ao mundo atravs dos sculos. Osmsticos, os reformadores, os revivalistas, colocaram a a sua nfase,e sinais, prodgios e poderosas operaes do Esprito Santo deramtestemunho da operao divina.

    Ousaremos ns, os herdeiros de tal legado de poder, manipular averdade? Ousaremos ns com nossos lpis grossos apagar as linhasdo desenho ou alterar o padro que nos foi mostrado no Monte? QueDeus no permita! Vamos pregar a velha cruz e conhecermos o velhopoder.