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7. ESPÓLIO

7.1 – RECOLHA E TRATAMENTO

Durante a escavação, o espólio recolhido foi sendo dividido em lotes, correspondendo à

respectiva quadrícula, camada e data de recolha. Os materiais, embalados em sacos de

plástico, foram transferidos para o Museu Municipal Leonel Trindade, onde foram lavados,

marcados e inventariados numa folha de cálculo do programa Excel. Aquando da

classificação do espólio, realizada em 2007, optou-se por aproveitar o trabalho de

listagem já efectuado na tabela Excel, adaptando-se ligeiramente a sua estrutura e

programando-se uma posterior adaptação e transferência dos registos para o programa

de gestão de colecções museológicas In Patrimonium, de forma a integrarem o inventário

geral do Museu Municipal.

Após a classificação, os materiais foram embalados em novos sacos, com as respectivas

fichas de identificação, produzidas para o efeito (figs. 306-307).

Figs. 306-307 – Fichas de identificação do espólio.

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Fig. 308 – Ficha de identificação de contentor.

Por último, o espólio foi armazenado em contentores de plástico, devidamente

identificados, tendo sido distribuído da seguinte forma:

Contentor Conteúdo

1 Fauna

2 Fauna

3 Cerâmica de construção

4 Cerâmica vidrada /faiança / porcelana / azulejo

5 Cerâmica fosca – Sectores 5 e 6

6 Cerâmica fosca – Sectores 8 a 10

7 Cerâmica fosca – Sectores 13 a 18

8 Materiais ferrosos

9 Vidro

10 Cerâmica modelada / Diversos / Pedra / Metais / Amostras

11 Pote empedrado

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Os contentores, devidamente organizados foram depositados no armazém de reserva

arqueológica do Museu Municipal Leonel Trindade.

Figs. 309-311 – Espólio da Azenha de Santa Cruz, devidamente organizado.

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7.2 – CRITÉRIOS DE DESCRIÇÃO

O inventário geral do espólio, que integra este relatório, foi feito com base numa tabela

descritiva, cujos campos e critérios utilizados se expõem, seguidamente, de forma

sucinta:

Identificação

N.º de inventário: número sequencial de

registo, antecedido do código atribuído à

estação (AZS).

Sector: identificação numérica do

respectivo sector.

Quadrícula

Descrição complementar: sempre que

necessário, para uma melhor

compreensão, é descrito o local de

recolha no interior da quadrícula ou do

conjunto de quadrículas, quando estas

eram escavadas em simultâneo,

integrando a peça na unidade física

escavada.

Profundidade: sempre que possível ou

relevante, foi identificada, para além da

camada, a profundidade da recolha.

Camada

Data: data da recolha.

_________________________________

Os campos relativos ao espólio foram

preenchidos através do sistema

positivo/negativo, ou presente/ausente,

para facilitar a posterior análise

estatística. Assim, utilizou-se a seguinte

simbologia:

0 – Negativo/ausente

1 – Positivo/presente

Cerâmica

O grupo da cerâmica foi dividido em três

categorias genéricas:

Doméstica Construção

Outra

Doméstica: integra, basicamente, a loiça

utilitária de cozinha e de mesa.

Construção: regista telhas, tijolos,

tijoleiras e fragmentos de recipientes, de

diversas dimensões, reutilizados no

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enchimento e reboco da estrutura

construtiva.

Outra: neste campo registaram-se outras

ocorrências, como brinquedos ou

porcelana para instalações eléctricas.

Não identificada: registo dos fragmentos

cerâmicos cuja natureza não foi possível

determinar, nomeadamente devido ao

seu débil estado de conservação.

_________________________________

Relativamente ao tipo de produção, os

objectos cerâmicos foram divididos em

duas categorias básicas de cerâmica:

Fosca

Vidrada

Fosca

Para cada peça cerâmica foi assinalado

um ou mais campos, de acordo com as

suas características:

Barro vermelho

Modelada

Engobada Brunida

Decorada

Vidrada

Plumbífera

Faiança

Porcelana

Azulejo

_________________________________

Tipologia

Nestes campos procurou-se registar o

tipo de fragmento cerâmico recolhido ou

os vários fragmentos de uma mesma

peça, de forma a esclarecer que partes

da mesma subsistiram. Daí que, para

cada peça registada, possam estar

assinalados vários campos:

Bordo

Aba

Bojo/parede

Arranque de asa

Asa

Pega

Fundo

Colo

No caso dos bordos, abas, asas e

fundos, foram registados todos os

fragmentos que abrangessem essas

zonas caracterizadoras, independente-

mente da área abrangida ou da área de

bojo/parede que pudessem ter anexa.

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Outra/Atípica: regista fragmentos

pertencentes a peças de cozinha,

embora não recipientes contentores.

Regista ainda fragmentos cuja

localização, nos recipientes, não foi

possível definir, ou fragmentos que se

sabem provir de peças de cerâmica

fosca, mas cujo estado de erosão não

permite a sua identificação.

Metal

Os objectos de metal foram registados

pelo seu metal constituinte ou pela liga

do metal predominante.

Vidro

Pedra

Fauna

Os restos faunísticos foram registados

em duas categorias, predominantes na

estação:

Osteológica

Malacológica

Outra: regista outros restos faunísticos,

nomeadamente ictiológicos, etc.

Outro

Neste campo registaram-se vestígios não

abrangidos pelas restantes categorias,

como sola de sapato, botões de osso ou

amostras de carvões.

Integridade

Pelo sistema positivo/negativo,

registaram-se os fragmentos

componentes da peça ou do lote:

Fragmento: assinalado no caso do

registo de um fragmento isolado.

Fragmentos: assinalado nos casos em

que uma mesma peça, registada sob um

único número, é constituída por diversos

fragmentos; ou, ainda, quando um lote

com diversas peças distintas foi registado

sob o mesmo número de inventário.

Perfil completo: quando o fragmento ou

conjunto de fragmentos permitem a

obtenção de um perfil completo, ou

praticamente completo, de uma peça.

Peça completa

Quantidade: assinalou-se sempre “1”

para as peças inteiras ou para os

fragmentos isolados. As peças mais ou

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menos completas, formadas por diversos

fragmentos colados, ou mesmo os

conjuntos de fragmentos colados, são,

quase sempre, registados com o número

de fragmentos constituintes, uma vez

que, na maior parte dos casos, eles só

foram colados depois de numerados e

inventariados individualmente.

Descrição

Morfologia: a descrição segue,

normalmente, a seguinte ordem:

- integridade da peça: se se trata de um

fragmento, de um conjunto de fragmentos

de uma mesma peça (indicando-se se

colam ou não), de uma peça completa ou

de um lote;

- tipologia do fragmento (bordo, fundo,

etc.);

- tipologia da peça, sempre que tenha

sido possível a sua identificação (osso,

moeda, prato, panela, infusa, etc.);

- descrição morfológica pormenorizada;

- tratamento das superfícies e decoração;

- cor da pasta (na cerâmica): a cor é

descrita de acordo e por aproximação às

Munsell Soil Color Charts;

- características da pasta (na cerâmica):

homogénea, friável, compacta, depurada,

foliácea, com fendas ou bolhas de ar,

etc.;

- presença de elementos não plásticos e

sua dimensão (na cerâmica): grão

finíssimo, muito fino, fino, médio, grosso,

muito grosso ou grosseiro;

- estado de conservação: fracturas,

vestígios de combustão, existência de

concreções, etc.

Nas peças sem elementos informativos

específicos (telhas, bojos, etc.), a

descrição foi simplificada, tendo-se

indicado apenas a matéria e a cor

genérica (ex.: barro vermelho).

Dimensões: as dimensões são referidas

pela seguinte ordem: diâmetro (apenas

quando presente e possível), largura,

altura e espessura.

No caso das asas de recipientes, as

medidas seguem, em regra, a seguinte

ordem: largura e espessura.

Cronologia/Observações

Sempre que possível, é fornecida uma

cronologia aproximada da peça.

Nas observações, refere-se se existem

outros fragmentos pertencentes à mesma

peça e quais, bem como se colam ou

não. Também é contabilizada, neste

campo, de forma aproximada, a eventual

existência de materiais não recolhidos,

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cuja informação serve apenas para fins

estatísticos e de contextualização da

peça descrita (ex: fragmentos de telha,

fragmentos de conchas, fragmentos de

tijolo recente ou de vidros recentes, etc.).

Contentor

Identificação do contentor onde a peça se

encontra armazenada.

Desenho

Desenhar: listam-se as peças a

desenhar, de duas formas:

- sim – peças a desenhar;

- se possível – peças que seria desejável

desenhar, se tal se vier a revelar

possível, quer do ponto de vista técnico

(dadas, geralmente, as suas reduzidas

dimensões), quer do ponto de vista do

tempo e/ou das verbas disponíveis;

No total, foram seleccionadas 131 peças

para desenho.

Desenhado: são listadas as peças já

desenhadas.

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7.3 – INVENTÁRIO

Apresentam-se, apenas, os totais do espólio inventariado (ver página seguinte).

A listagem geral de inventário do espólio recolhido é apresentada em anexo ao relatório,

atendendo às suas dimensões.

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AZENHA DE SANTA CRUZ

Tabela cumulativa do espólio inventariado

CERÂMICA Fosca Vidrada Tipologia

FAUNA INTEGRIDADE

Dom

éstic

a

Con

stru

ção

Out

ra

Não

iden

tific

ada

Bar

ro v

erm

elho

Mod

elad

a

Engo

bada

Bru

nida

Dec

orad

a

Plum

bífe

ra

Faia

nça

Porc

elan

a

Azu

lejo

Bor

do

Aba

Boj

o/pa

rede

Arr

anqu

e de

asa

Asa

Pega

Fund

o

Col

o

Out

ra/A

típic

a

MET

AL

VID

RO

PED

RA

Ost

eoló

gica

Mal

acol

ógic

a

Out

ra

OU

TRO

Frag

men

to

Frag

men

tos

Qua

ntid

ade

Perf

il co

mpl

eto

Peça

com

plet

a

N.º de Registos 1510 117 6 68 1249 19 70 180 98 105 123 15 5 323 80 970 20 35 19 205 23 85 117 72 11 91 196 30 10 1574 483 28 195

2238 309 6 74 1653 19 265 269 335 132 215 28 5 119 308 281 11 643 2380 91 24 N.º de Fragmentos 2627 2541 380

119 308 281 11 3114 24 6365

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7.4 – ANÁLISE QUANTITATIVA GERAL

O espólio recolhido durante os trabalhos arqueológicos constituiu uma agradável

surpresa, uma vez que o grau e a extensão da intervenção de “recuperação” do imóvel

fazia antever uma quase inexistência de potência estratigráfica e, consequentemente, de

espólio. Assim, no final dos trabalhos, foi possível contabilizar a existência de 6365 peças

(lotes, peças completas ou fragmentos).

O espólio distribui-se da seguinte forma:

Espólio recolhido

41%

5%4%0%

50%

0%

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outros

Gráfico 1

O gráfico 1 evidencia, desde logo, as grandes percentagens ocupadas pelo espólio

faunístico e cerâmico, relativamente às restantes categorias de materiais. De facto, se a

cerâmica constitui, em regra, o grupo mais abundante no espólio de qualquer escavação

arqueológica desta época e com características semelhantes, já no que respeita ao peso

incontestável dos vestígios faunísticos, que aqui se observa, não podemos deixar de

referir que, em certa medida, nos surpreendeu.

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236

2627

308 281

11

3114

24

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outros

Espólio recolhido

Gráfico 2

No gráfico 2 pode comparar-se a quantidade de espólio recolhido, por categoria. Os

fragmentos de metal e de vidro apresentam uma percentagem semelhante entre si, mas

são num número cerca de dez vezes inferior ao dos fragmentos das duas principais

categorias.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

N.º de registos

Fragmento único

Conjunto de fragmentos

Perfil completo

Peça completa

Integridade dos objectos recolhidos

Gráfico 3

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Analisando o gráfico 3, constata-se o elevado grau de fragmentação e de dispersão do

espólio exumado, uma vez que, na maior parte dos casos, e sobretudo nos casos de

datações mais recuadas, não se encontraram, para cada peça, mais do que um

escassíssimo número dos seus fragmentos constituintes.

Os exemplos de peças completas são parcos e ocorrem, sobretudo, em duas situações:

no inferno inutilizado e selado, onde foram abandonados alguns objectos, antes do seu

enchimento; e na lixeira dos anos 90 do século XX, onde as peças foram depositadas e

enterradas tal como se encontravam, mais ou menos inteiras. No primeiro caso, a

salvaguarda de algumas peças deveu-se à profundidade a que se encontrava o depósito,

que impediu o seu remeximento, durante as recentes obras.

0

500

1000

1500

2000

2500

Núm

ero

de p

eças

5 6 8 9 10 13 14 15 16 18

Sectores

Espólio Recolhidopor sectores

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Gráfico 4

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Comparando agora o espólio, por sectores, verifica-se que a maior quantidade de peças

foi recolhida no sector 13, correspondente à cozinha principal, fundamentalmente devido

ao peso que o espólio faunístico aqui detém.

Os sectores 16 e 18 foram os que menor quantidade de peças forneceram. Apesar de a

área escavada aí ter sido menor, a proporção de peças encontradas foi particularmente

inferior à dos restantes sectores, sobretudo no que concerne ao sector 18. Tal parece-nos

intimamente ligado ao facto de, não só a ocupação aí ter sido mais recente e,

consequentemente, menos intensa, como o substrato rochoso se encontrar a uma menor

profundidade e o espaço ter sofrido mais com as obras do final do século XX.

Vejamos agora a distribuição do espólio recolhido, por sectores:

661

20 1 2

154

10

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 5

Gráfico 5

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239

15310 9 0 0 1

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 6

Gráfico 6

531

69 26 4

260

10

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 8

Gráfico 7

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240

8519 16 0

223

20

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 9

Gráfico 8

130 941 32

317

130

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 10

Gráfico 9

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241

659

766 0

1541

00

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 13

Gráfico 10

1008

1421

174

00

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 14

Gráfico 11

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242

268

10 14 3

432

60

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 15

Gráfico 12

10 1 0 0 0 00

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 16

Gráfico 13

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243

20 0 0 0 6 00

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Núm

ero

de p

eças

Cerâmica Metal Vidro Pedra Fauna Outro

Espólio recolhidoSector 18

Gráfico 14

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7.5 – ANÁLISE POR CATEGORIAS

7.5.1 – CERÂMICA

A maior parte do espólio cerâmico exumado proveio dos sectores 5, 8 e 13, seguidos,

com grande diferença, pelo sector 15, de acordo com o gráfico 15.

661

153

531

85130

659

100

268

10 200

100

200

300

400

500

600

700

N.º

de

peça

s

5 6 8 9 10 13 14 15 16 18

Sectores

Cerâmica

Gráfico 15

A maioria do espólio cerâmico refere-se a fragmentos. Estes são, numa grande

percentagem, fragmentos únicos ou quase, ou seja, representam restos perdidos de

objectos e, não, peças constituintes de objectos inteiros ou semi-inteiros. No entanto,

foram encontradas algumas peças completas ou que permitem a obtenção de perfis

completos, tanto no inferno aterrado – no sector 8 –, onde as peças foram simplesmente

abandonadas, como na lixeira descoberta no sector 14, onde terão sido depositados os

restos do mobiliário da habitação, aquando do início das obras da última década do

século XX.

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0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Quantidade

Fragmentos

Perfil completo

Peças completas

Integridade dos objectos de cerâmica

Gráfico 16

Dos 2.627 fragmentos/peças de cerâmica recolhidos, 5% (127) apresentam um grau de

erosão muito significativo. Estes fragmentos foram exumados dos sectores 5 – de onde

provém 32% do conjunto –, 6, 8, 10, 13, 14 e 15, e, na sua grande maioria, são originários

das camadas estratigráficas inferiores.

0 500 1000 1500 2000 2500

N.º de objectos

Doméstica

Construção

Outra

Não identificada

Objectos de cerâmica recolhidosCategorias

Gráfico 17

Pela análise do espólio cerâmico, por categorias, verifica-se a predominância da cerâmica

doméstica, na qual se incluíram, exclusivamente, apetrechos de cozinha e de mesa.

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246

Cerâmica doméstica

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

N.º de registos

Bordo/Aba

Bojo/parede

Asa/Pega

Fundo

Colo

Outra/Atípica

Tipologia dos achados cerâmicos

Gráfico 18

Relativamente à cerâmica doméstica predominam os bojos de peças, como é normal,

mas encontrou-se uma grande quantidade de bordos e fundos, que permitem, apesar de

tudo, uma maior percentagem de classificação tipológica dos objectos.

Cerâmica de construção

O grupo da cerâmica de construção é constituído, esmagadoramente, por fragmentos de

telhas de canudo que, sendo idênticas durante toda a época moderna e contemporânea,

não permitem uma datação, sequer, aproximada, e muito menos no caso de depósitos

remexidos, como o eram grande parte das camadas identificadas no imóvel. Os

fragmentos recolhidos (275) constituem apenas uma amostragem: dada a sua abundância

em escavações destas épocas, a pouca informação que possibilitavam e o tempo que a

sua recolha exaustiva implicava – nomeadamente com a alteração de métodos de

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247

trabalho e de tipo de mão-de-obra –, recolheram-se apenas os fragmentos que permitiam

uma amostragem da sua presença na respectiva camada. Para além disso, foram ainda

registados, nas fichas de espólio, alguns exemplares identificados e não recolhidos,

apenas para caracterização do respectivo estrato arqueológico.

0

20

40

60

80

100

120

140

Frag

men

tos

5 6 8 9 10 13 14 15 16

Sectores

Cerâmica de construção

Gráfico 19

Da camada 4 do sector 5, onde foram identificadas cerâmicas dos séculos XVII e XVIII,

provêm ainda dois fragmentos de telha de canudo pintada com listas brancas.

No conjunto da cerâmica de construção incluem-se, ainda, 27 fragmentos de tijolo burro

e/ou tijoleiras, raros fragmentos de cerâmica doméstica reutilizados na construção de

estruturas de alvenaria ou no fortalecimento de argamassas e cinco fragmentos de

azulejos.

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248

Fragmento de placa cerâmica: AZS-277. Fragmento de tijolo: AZS-2044.

Os raros fragmentos de azulejo referem-se a peças contemporâneas, de fabrico industrial

em pó de pedra. Um dos fragmentos é branco, sem decoração; os outros três apresentam

decoração azul, a stencil, e foram encontrados nos sectores 9, 10 e 13.

Fragmentos de azulejos: AZS-1246 e AZS-1269.

Um outro pequeno fragmento de azulejo, datado do final do século XVIII/início do século

XIX, foi encontrado no exterior do imóvel, descontextualizado (AZS-1329).

Fragmento de azulejo: AZS-1329.

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249

Outra cerâmica

Sob o item Outra, registaram-se apenas cinco peças, não abrangidas pelo conceito de

cerâmica de cozinha ou de mesa:

• Um peso de rede.

• Um fragmento do que parece ser uma trempe, descoberto no sector 15.

• Dois isoladores eléctricos de porcelana, da primeira metade do século XX, recolhidos

nos sectores 9 e 15.

• Uma miniatura de uma chávena de porcelana, brinquedo contemporâneo, proveniente

dos lixos e entulhos depositados no sector 10.

Brinquedo: miniatura de porcelana (AZS-1344).

Peso de rede: AZS-6.

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250

O peso de rede, de formato esferóide e atravessado por uma perfuração central, foi

recolhido no interior do inferno descoberto durante os trabalhos arqueológicos, em cujo

fundo se encontrava depositado. Apesar de as suas características não permitirem uma

datação por si própria, foi possível datar esta peça pelo seu contexto estratigráfico,

formado por um conjunto muito razoável de espólio dos séculos XVI e XVII. Assim,

estaremos perante um peso de rede cronologicamente situável entre o final do século XVI

e o início/meados do século XVII.

Encontramos paralelos para esta peça, absolutamente idênticos, em pesos de rede

encontrados no Cuartel del Cármen e no Convento del Cármen, em Sevilha, em

contextos, respectivamente, dos séculos XIV/XV e XVI/XVII (Huarte Cambra, Lafuente

Ibáñez, e Somé Muñoz, 1999, pp. 158-159; Somé Muñoz e Huarte Cambra, 1999, pp.

168-170). Pesos de rede semelhantes foram também identificados em escavações

arqueológicas realizadas em Cascais (Cardoso e Rodrigues, 1991, pp. 577 e 581).

Cerâmica não identificada

A cerâmica não identificada refere-se a fragmentos cuja categoria não foi possível

identificar, por diversas ordens de razões:

• porque os fragmentos eram demasiadamente pequenos para permitir a sua correcta

identificação e integração numa das restantes categorias. Incluem-se aqui, por

exemplo, as lascas de zonas não identificadas de peças cerâmicas;

• porque se tratavam de fragmentos com formas atípicas, ou de cerâmica grosseira, ou

com concressões calcárias, que impediam a sua identificação;

• ou, ainda, porque se encontravam demasiadamente erodidos ou rolados para

poderem ser identificados, sendo esta última a situação maioritária.

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251

Estes fragmentos provêm todos, curiosamente, dos sectores 5, 8, 13 e 15, onde se situa,

na generalidade, o núcleo de ocupação mais antiga, identificada na azenha.

Cerâmica fosca

A percentagem de fragmentos de cerâmica fosca queimados ou com vestígios de

combustão é relativamente pequena, não representando mais do que cerca de 16% do

total. Os fragmentos de cerâmica que apresentam manchas de combustão são originários

de contentores e respectivos testos, utilizados na confecção/cozedura de alimentos.

Curiosamente, o maior número de fragmentos manchados por combustão, em

consequência da sua utilização sobre o lume, não provém das zonas de cozinha, mas sim

dos sectores 5, 6 e 8, conforme se pode concluir pela análise do gráfico 20. No sector 13,

estas peças foram recolhidas, maioritariamente, no piso com manchas de cinzas e, no

sector 15, junto à lareira e à mancha de cinzas que a rodeava.

Fragmentos manchados por combustão

0

20

40

60

80

100

5 6 8 9 10 13 14 15 16 18Sectores

Frag

men

tos

Gráfico 20

Já os fragmentos queimados incluem, não só recipientes de ir ao lume, que sofreram uma

utilização intensiva, mas também peças claramente queimadas por outras razões,

nomeadamente já após a sua fragmentação. Tal é perceptível, quer através da análise

geral das peças, como pelo exame das zonas de fragmentação, que apresentam vestígios

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252

profundos de carbonização. A quase totalidade destas peças foi exumada entre os

sectores 5 e 8, embora o sector 13 (cozinha) tenha também uma expressão significativa.

Ambos os conjuntos – cerâmica queimada e com manchas de combustão – têm uma

expressão global idêntica, representando cada um 8% do total do espólio cerâmico (com

216 e 222 fragmentos, respectivamente).

Fragmentos queimados/carbonizados

020406080

100

5 6 8 9 10 13 14 15 16 18Sectores

Frag

men

tos

Gráfico 21

A cerâmica fosca proveniente da Azenha de Santa Cruz foi produzida com barro

vermelho, de diversas qualidades e tonalidades, e quase exclusivamente sob cozedura

oxidante. Apenas foi identificado o fragmento de um pequeno recipiente de paredes finas

(púcaro ou taça), produzido por cozedura redutora. Trata-se de uma peça datada de entre

os séculos XVI e XVII, recolhida no inferno do sector 8. A maioria das peças não possui

qualquer tratamento da superfície, dado que se tratavam de peças utilitárias.

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253

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Fosca Modelada Engobada Brunida Decorada

Cerâmica Fosca

Gráfico 22

050

100150200250300350400

Frag

men

tos

5 6 8 9 10 13 14 15 16Sectores

Distribuição da cerâmica fosca por sectores

Gráfico 23

No gráfico 23 pode observar-se a distribuição da cerâmica fosca por sectores. Nos

sectores 13 e 15 o volume é justificado pela existência de estruturas de combustão

associadas à preparação de alimentos. No sector 8, a quantidade de achados está

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254

intimamente relacionada com o enchimento do inferno desactivado. Surpreende, no

conjunto, o volume de peças exumadas no sector 5, associado à uma série de estruturas

negativas que não foi possível identificar. Como uma quantidade significativa do espólio

proveio, precisamente, do interior dessas estruturas, é possível que se tenha verificado o

mesmo tipo de situação que no sector 8, ou seja, de enchimento de estruturas negativas

com detritos diversos, aquando da sua desactivação.

Uma das mais surpreendentes peças encontradas foi um fragmento de uma asa de

ânfora, do período romano. Apesar de recolhida numa das últimas camadas (4) do sector

5, a peça encontrava-se estratigraficamente descontextualizada. Trata-se de uma asa

maciça, de secção oval, pertencente a uma peça do tipo Almagro 51 A/B.

Asa de ânfora: AZS-1522.

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255

Asa de ânfora: desenho de reconstituição do fragmento.

Este tipo de ânfora era produzido na Lusitânia romana e destinava-se ao transporte

marítimo de preparados de peixe.

A quase totalidade da cerâmica fosca proveniente da Azenha de Santa Cruz apresenta

características similares, ao longo da maior parte dos períodos cronológicos

considerados, uma vez que as formas mantêm uma constância muito grande, ao longo de

toda a Idade Moderna. Existem apenas algumas peças, muito características, que é

possível datar, com segurança, do período inicial da ocupação do imóvel, isto é, do final

do século XV/século XVI e dos séculos XVI/XVII. De resto, não é possível fazer uma

demarcação cronológica clara da generalidade das peças. No entanto, através da análise

morfológica comparada, com o imenso conjunto de peças recolhido no poço dos Paços do

Concelho de Torres Vedras (Luna e Cardoso, 2006), foi possível obter paralelos e

estabelecer balizas cronológicas para um grupo razoável de peças.

Para a análise da tipologia das peças exumadas foram apenas considerados os

fragmentos que poderiam, de forma inegável, corresponder a um determinado tipo de

peça. A análise incluiu, também, as peças brunidas e decoradas.

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256

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Frag

men

tos

foga

reiro

pane

la/p

úcar

a

tach

o/ca

çaro

la

frigi

deira

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eira

test

o/ta

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prat

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o

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ilha

garr

afa/

barr

il

púca

ro/ja

rra

taça

pote

cand

eia

min

iatu

ra

ânfo

ra

Tipologia da cerâmica fosca

Gráfico 24

As tipologias com maior número de fragmentos são as panelas/púcaras e os

testos/tampas, peças primordiais para a cozedura de alimentos, nomeadamente “para

cozinhar os guisados, ensopados e sopas, típicos da alimentação mediterrânica”

(Bugalhão, Sousa e Gomes, 2004, p. 590). Para as restantes tipologias, o volume de

peças considerado é largamente inferior.

As púcaras apresentam um bojo globular e os bordos são, em geral, extrovertidos e

perolados, ou em aba curta e estreita (por vezes descaída: cf. AZS-212) e de secção

triangular. Possuem uma asa vertical em fita, cuja secção se pode apresentar de forma

oval, sub-triangular e, raramente, bilobada. Destaca-se, no conjunto, uma púcara datada

dos séculos XVI/XVII (AZS-212), recolhida no inferno do sector 8.

As panelas são também em aba curta e estreita (por vezes descaída), de secção perolada

ou quadrangular, sendo os bordos, geralmente, reentrantes. Num dos casos, o bordo é

direito, em aba curta e alta. Foi possível datar três bordos de panelas: um recolhido no

sector 15 e datado dos séculos XVII/XVIII (AZS-355); outro exumado do sector 13, e com

uma cronologia situada entre os séculos XVII e XIX (AZS-974); e um terceiro encontrado

no sector 6, já dos séculos XIX/XX (AZS-265).

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257

As púcaras apresentam, maioritariamente, uma canelura a marcar o ombro da peça, que

em dois casos é, respectivamente, dupla e quádrupla. Nas panelas, a canelura desloca-se

para a base do lábio, vincando-o. Em duas das panelas o interior é brunido. Na

generalidade, apresentam vincadas marcas de utilização sobre o fogo.

Púcara: AZS-8.

Púcara ou panela: AZS-212.

Púcara (?): AZS-54. Panela (?): AZS-102.

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258

Panela: AZS-1907.

Os testos encontrados apresentam paredes introvertidas (só raramente extrovertidas), em

aba descaída ou, por vezes, direita, com bordo geralmente boleado ou ligeiramente

afilado, tardoz plano e pega interior em forma de pitorra. No fundo do inferno do sector 8

foram encontrados dois testos, datados do século XVI, um deles inteiro (AZS-7).

Testo: AZS-916. Testo: AZS-339.

Testo: AZS-726.

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259

Testo: AZS-1530. Testo: AZS-7.

Testo: AZS-782.

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260

Fragmento de tampa (?): AZS-284. Tampa (?): AZS-2037.

Duas outras peças em cerâmica parecem-nos ser fragmentos de tampas, nomeadamente

para potes ou cântaros/bilhas (AZS-284 e AZS-2037).

Entre as peças utilizadas na confecção de alimentos foram também recolhidos diversos

exemplares de tachos/caçarolas e de frigideiras/papeiras.

Tanto os tachos como as frigideiras apresentam bordos reentrantes, perolados, com

lábios em pequena voluta, sendo mais escassos os que possuem bordos em aba larga

descaída. Suaves caneluras, simples ou duplas, vincam o lábio, na superfície externa.

Todos os exemplares apresentam pegas triangulares horizontais, em zonas opostas do

bordo. Em geral, as panelas/púcaros, os tachos e as frigideiras/papeiras são peças que

se apresentam queimadas, nalguns casos mesmo com zonas carbonizadas.

A peça AZS-1008 foi recolhida no sector 9 e foi datada do século XVI. Tem a

particularidade de possuir um lábio bipartido, com estribo exterior em aba alçada, que

permite o encaixe do respectivo testo. O tacho AZS-251 data do século XVI/XVII e foi

exumado do interior do inferno do sector 8.

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261

Tacho: AZS-273. Frigideira/papeira: AZS-1489.

Tacho: AZS-251.

Tacho: AZS-1008.

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262

Os cântaros, bilhas/infusas e as garrafas ou barris, peças utilizadas no transporte,

armazenagem e distribuição de líquidos (fundamentalmente água), quando somados,

apresentam também um peso muito significativo.

Da transição do século XV para o século XVI foi identificado, no sector 13, um bordo de

infusa/bilha, de bordo perolado e estriado (AZS-595).

No sector 15 recolheram-se dois fragmentos de infusa, com a superfície externa brunida,

que podem ser datados do século XVI (AZS-525 e AZS-560), nomeadamente um bordo

triangular em pequena voluta, com dupla nervura a vincar o lábio. Ainda dos séculos

XVI/XVII foi encontrado, no fundo do inferno do sector 8, um bocal de infusa, de bordo

perolado e estriado. Também um fundo de bilha recolhido no sector 9 poderá,

eventualmente, datar do século XVII.

Apenas foram exumados dois fragmentos que poderão ter pertencido a garrafões ou

barris (AZS-432 e AZS-501), respectivamente nos sectores 13 e 5.

Bordo de bilha/infusa: AZS-595.

Bocal de infusa: AZS-253.

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263

Fundo de bilha: AZS-596.

Fundo de bilha ou cântaro: AZS-1965. Fundo de recipiente (bilha/infusa?): AZS-214.

Bocal de garrafa, barril ou vinagreira: AZS-501.

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264

No que respeita à louça de mesa, realce para as tigelas, que seriam as principais peças

de mesa utilizadas pela população comum, durante a Idade Moderna, servindo tanto para

beber líquidos, como para comer alimentos mais ou menos liquefeitos – como sopas e

ensopados – ou mesmo sólidos.

As tigelas de cerâmica fosca encontradas na azenha têm bordos perolados, corpo em

calote e uma canelura a vincar o lábio (cf. AZS-325). Na sua maioria, apresentam a

superfície interna brunida, para evitar que o barro absorvesse o líquido nelas depositado.

Caracterizam-se, ainda, pela cronologia idêntica, situada entre os séculos XVI e XVII,

podendo mesmo recuar até ao final do século XV. São formas que foram bastante

vulgarizadas, com inúmeros paralelos noutros locais arqueológicos da Estremadura. Em

Cascais, por exemplo, são comuns em estratos dos séculos XV e XVI (Cardoso e

Encarnação, 1990, p. 55). Os exemplares da azenha foram recolhidos nos sectores 6, 8 e

15, correspondentes aos compartimentos constituintes do núcleo mais antigo de

ocupação do imóvel. Apenas uma tigela, recolhida no sector 13 (cozinha), deverá datar de

entre os séculos XVII e XVIII.

Os fragmentos relativos a pratos surgem em número mais diminuto, uma vez que

serviam, sobretudo, para a apresentação de certos alimentos na mesa. A maioria dos

fragmentos são muito pequenos e não permitem uma análise morfológica. No entanto,

são de realçar os fragmentos de pratos dos séculos XVI/XVII, brunidos internamente –

recolhidos nos sectores 13 e 15 –, dois fragmentos de fundos com pé em anel (cf. AZS-

1895) e um pratel de bordo alto, quase completo (AZS-500).

Tigela: AZS-325. Prato: AZS-1895.

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265

Pratel: AZS-500.

Em número maior do que o dos pratos surgem, também, os vestígios relativos a púcaros,

taças ou jarras, utilizados no consumo de líquidos. Nos sectores 5, 6, 8 e 13 foram

identificados diversos fragmentos de cerâmica de paredes finas, com bordos extrovertidos

e boleados, datáveis dos séculos XVI/XVII, que parecem corresponder a púcaros, mas

que não permitem uma classificação inegável.

Registam-se, apenas, duas pequenas asas verticais, que poderão pertencer a púcaros ou

taças (AZS-1849 e AZS-1875).

Asa de púcaro: AZS-1875. Asa de púcaro: AZS-1849.

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266

É ainda de referir o grupo dos alguidares/saladeiras, também com alguma expressão. A

quase totalidade dos exemplares exumados apresenta fundo plano, corpo troncocónico e

bordo em voluta pronunciada, sendo a superfície interna brunida (mais raramente,

também a superfície externa). Realce para um fragmento decorado externamente com

bandas de meandros separadas por caneluras horizontais paralelas, e para um outro que

possui uma perfuração para a aplicação de um gato de união.

Alguidar: AZS-221. Saladeira ou pequeno alguidar: AZS-393.

Bordo de alguidar: AZS-781.

Uma última referência vai para os conjuntos de fragmentos de fogareiros recolhidos nos

sectores 6 e 13 (o fragmento isolado encontrado no sector 8 é desprezível), equipamentos

móveis de combustão, face ao número de equipamentos estruturados de combustão

identificados no imóvel, nomeadamente nos sectores 13, 15, 18 e 9 – relativamente a este

último, apesar de não ter sido identificado qualquer vestígio, tem existência fundamentada

pela chaminé que ainda era visível no início do século XX (p. 289). O que poderia

significar que nem todas estas estruturas estariam associadas à confecção de alimentos,

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267

podendo estar relacionadas com a realização de actividades próprias do processo de

moagem e, eventualmente, de apisoamento de tecidos.

Bordo de fogareiro: AZS-300. Fragmento de fogareiro: AZS-100.

Fragmento de fogareiro: AZS-795.

Há ainda a assinalar a descoberta, no inferno do sector 8, de uma candeia em taça, com

bordo trilobado (AZS-595), da transição do século XV para o século XVI, e uma peça

compósita atípica, cuja função não foi possível identificar (AZS-387/388).

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268

Fragmento de peça não identificada: AZS-388. Fragmento de peça não identificada: AZS-387.

Fragmento de peça não identificada: AZS-387.

Cerâmica fosca brunida

Cerâmica brunida

face interna face externa ambas as faces face não identificada

Gráfico 25

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269

Através da análise do gráfico 26 pode verificar-se que a esmagadora maioria das peças

brunidas são-no na face interna.

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Fragmentos

Alguidar/saladeira

Tigela

Panela

Prato

Jarrinha/púcaro

Infusa

Não identificados

Tipologia da cerâmica brunida

Gráfico 26

Os fragmentos de cerâmica brunida referem-se, fundamentalmente, a alguidares e

saladeiras, seguidos das tigelas, pratos e panelas. Curiosamente, não foram identificados

muitos fragmentos brunidos associados a objectos utilizados na distribuição e consumo

de líquidos, como bilhas/infusas e taças ou púcaros.

Deste conjunto destacam-se, como já foi referido, um fragmento de infusa do século XVI,

três fragmentos de panelas e dois de pratos, datados dos séculos XVI/XVII e um

fragmento de tigela dos séculos XVII/XVIII, todos recolhidos nos sectores 6 e 15.

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270

Cerâmica fosca decorada

A cerâmica fosca moderna (séculos XVI/XVIII) proveniente da Azenha de Santa Cruz, é,

basicamente, utilitária, e raramente apresenta decoração. A “decoração” mais frequente é

constituída por caneluras – normalmente uma ou duas, havendo apenas um fragmento

com quatro caneluras simultâneas – e, mais raramente, por nervuras e linhas incisas.

Estes elementos são, normalmente, aplicados ao nível do ombro ou imediatamente

abaixo do lábio de peças como tigelas, púcaros, taças e panelas.

Apenas duas peças ressaltam deste conjunto. A primeira é um fragmento do bojo de um

alguidar, decorado externamente com bandas de meandros, separadas por caneluras

horizontais paralelas, exumado no sector 6.

A segunda peça é um pote (AZS-2225), do qual foram recolhidos 196 fragmentos, no

sector 13 e sob a parede que o separa do sector 9.

A sua superfície externa é decorada com recurso simultâneo a várias técnicas:

• aplicação, na zona inferior, do que parece ser um esmalte branco, sobre um

engobe vermelho;

• incisão de pequenos semicírculos, formando uma decoração unguiforme, bem

como de pares de semicircunferências concêntricas e de elementos foliáceos;

• aplicação de relevos acrescentados, em forma de banda e de medalha, sobre

os quais foram embutidas, desordenadamente, esquírolas e pedras brancas de

diminuto calibre, com posteriores puncionamentos feitos com punção circular

interrompido;

• empedrado de pedras brancas, de calibre médio de 0,4cm a 0,8cm, em fiada

única, contornando os relevos aplicados.

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271

Pote empedrado: AZS-2225.

Trata-se de um pote pedrado – ou empedrado –, caracterizado por uma “composição

decorativa que se obtém por incrustação de pedrinhas brancas de quartzo na superfície

do objecto cerâmico, e que ganha, com a cozedura, particular realce sobre a cor vermelha

ou amarela da dita superfície” (Carneiro, 1989, p. 5).

Este tipo de decoração, originária do Alto Alentejo (Estremoz, Nisa e Montemor-o-Novo) e

depois estendida ao centro do país (Sardoal, Pombal e Miranda do Corvo), parece imitar,

por sua vez, peças produzidas na Estremadura espanhola. Está presente apenas em

peças ligadas ao transporte, provisão e consumo de água, como talhas, potes, cântaros,

barris, moringues, bilhas, garrafões, canjirões, púcaros e atanores, uma vez que

“contribui, pelo aumento da porosidade, para o arrefecimento da água” (op. cit., p. 12).

No entanto, esta decoração só era aplicada em peças excepcionais, como o pote para

armazenamento de água, da Azenha de Santa Cruz, que, “depois de acabados, parecem

recobertos de uma fina renda” (Solange Parvaux, cf. Carneiro, op. cit., p. 6).

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272

As referências mais antigas a este tipo de peças datam do início do século XVI: Duarte

Nunes de Leão, em 1599, descreve os púcaros de Estremoz, que “vam semeados de

pedrinhas tam miúdas que parecem área, que com humas pedras brancas mais grossas

que lhes põe, em que se quebra a agoa, sam mui appraziveis: porque cada pucaro fica

parecendo huma fonte”; sobre os do Sardoal, refere terem pedras “mais grossas que as

dos de Montemor, que para o veram sam mui frescos”. Em 1609, Manuel Severim de

Faria menciona que, em Montemor-o-Novo “lavrão muitos púcaros posto que de feições

grosseiras, de cheiro excelente, e mui pedrados, que fazem o beber mui fresco, e assi os

usão de verão”. E D. Vicente Nogueira, em 1645, refere que esta cerâmica “mereja a

água” (Carneiro, op. cit., p. 10-11).

A principal fonte arqueológica para o estudo destes objectos é o galeão San Diego,

naufragado em 1600, no qual foram encontradas diversas peças pedradas. De facto, “o

costume de empedrar o interior e exterior das vasilhas de regalo esteve generalizado por

todo o Alentejo e mesmo em Lisboa teve vida desafogada nos séculos XVI e XVII”

(Correia, 1916, pp. 250-251). No concelho de Torres Vedras, até agora, apenas eram

conhecidas cerâmicas pedradas no castelo, onde têm vindo a ser encontradas em

quantidade considerável, para além de um fragmento recentemente recolhido nas

escavações realizadas no adro da igreja matriz do Turcifal (Era – Arqueologia, 2005, p.

49-50).

Por esta altura, Estremoz exportava cerâmica pedrada para todo o país e para Espanha.

A sua produção era caracterizada pela colagem “com lambugem, aqui e ali, [de] uns

tantos discos mamilares de barro, em que se cravam três pedrinhas” (Carneiro, op. cit., p.

6).

Pelas suas características, o pote da Azenha de Santa Cruz deverá ser uma produção de

Estremoz. No Museu Nacional de Arqueologia encontra-se uma peça com uma decoração

absolutamente idêntica à deste pote (Sardinha, 1990-1992, pp. 492-495), que deverá ter

sido produzida na mesma oficina. Trata-se de uma infusa, recolhida nas escavações

arqueológicas realizadas no antigo Convento de Santa Ana, em Lisboa, que, pela

cronologia do restante espólio que integrava o contexto arqueológico, como pela análise

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273

formal comparativa, foi datada do século XVII. Por analogia, datamos o pote da azenha do

mesmo período.

Esta é, de facto, uma peça extraordinária que, possuindo o perfil completo e a maior parte

dos seus elementos constituintes, merece, sem qualquer margem de dúvida, o

investimento na sua reconstituição e apresentação museográfica.

Cerâmica modelada

A cerâmica modelada, característica do século XVII, foi encontrada em quantidade muito

diminuta e em fragmentos pequenos e isolados. A esta situação não deverá ser alheio o

facto de se tratar de uma cerâmica opulenta e, portanto, pouco consentânea com as

características industriais e rurais da edificação em apreço.

Apenas foram classificados como pertencentes a objectos de cerâmica modelada os

fragmentos que apresentavam vestígios inegáveis de modelação. Por isso, é possível

que, entre os restantes fragmentos de paredes finas recolhidos, possam estar elementos

constituintes destas peças, que não foi possível associar às mesmas.

0

2

4

6

8

10

12

Frag

men

tos

5 8 15

Sectores

Cerâmica modelada

Gráfico 27

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274

Todos os fragmentos de cerâmica modelada foram encontrados nos sectores 5, 8 e 15.

Estas peças caracterizam-se pelas suas pequenas dimensões, estando presentes

objectos delicados como jarrinhas, púcaros e taças, utilizadas para beber ou para servir

doces e compotas. Apresentam paredes finas e, algumas, um engobe de acabamento.

AZS-64. AZS-74 e AZS-93.

AZS-469. AZS-1497.

As decorações identificadas são feitas à base da modelação plástica, onde se incluem

bordos ondulados, aplicação de cordões e uma asa torsa. Sobre estas modelações foram

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275

ainda efectuadas incisões e punções, que preenchem exuberantemente estas peças de

estilo barroco.

Cerâmica vidrada

Os fragmentos de cerâmica vidrada a chumbo, recolhidos na azenha, correspondem,

fundamentalmente e em percentagens idênticas, a peças vidradas em ambas as

superfícies, ou apenas na superfície interna. Só raramente possuem vidrado

exclusivamente na superfície externa.

Cerâmica vidrada

48%

7%

45%

face interna face externa ambas as faces

Gráfico 28

As cores variam entre o verde de grande parte dos alguidares, o vermelho dos

tachos/assadeiras e alguidares mais modernos, e os variados tons de melado e

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276

acastanhado, especialmente utilizados em tigelas e panelas. O rosado e o cinzento

constituem verdadeiras excepções, no conjunto.

0

10

20

30

40

50

60

70

verd

e

amar

elo

mel

ado

cast

anho

verm

elho

rosa

do

cinz

ento

Cerâmica vidrada

Gráfico 29

O verde varia entre o verde-claro – mais raro – e o verde-escuro. Os vidrados melados

apresentam uma vasta gama de soluções, que passam pela aplicação menos usual de

escorridos verdes, até à aplicação frequente de mosqueados, escorridos, salpicados ou

manchados de várias tonalidades de castanho. Destaca-se, pelo seu efeito decorativo, um

alguidar vidrado a vermelho, com escorridos amarelos, datado de entre os séculos

XIX/XX.

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277

Vidrados melados

melado com escorridos verdes com mosqueados castanhos

Gráfico 30

Já no que toca às formas, as peças vidradas mais comuns, conforme se pode verificar

pelo gráfico 31, são as tigelas, seguidas dos alguidares e saladeiras, bem como dos

pratos e tachos/assadeiras.

0 10 20 30 40 50 60

fragmentos

tigela/malgaalguidar/saladeira

pratotacho/assadeira

púcaracandelabro

almotoliapote

não identif icado

Cerâmica vidrada

Gráfico 31

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278

Neste conjunto, merecem particular realce o fragmento de candelabro vidrado a verde,

datado dos séculos XV/XVI, recolhido no interior do inferno do sector 8, e o fragmento de

uma almotolia, também vidrada a verde, de época moderna.

Tigelinha vidrada: AZS-9 (séculos XIX/XX).

Faiança

Entre os fragmentos de faiança recolhidos na Azenha de Santa Cruz podemos identificar

vários grupos distintos.

As peças mais antigas são dois fragmentos de cerâmica malaguenha, esmaltados a

branco, sem qualquer decoração. Pertencem a peças de produção sevilhana, datadas de

entre o final do século XV e o século XVI. O primeiro (AZS- 14) pertence a um prato e foi

recolhido no sector 8, entre outros objectos com a mesma datação. O segundo fragmento

(AZS-1226) foi exumado no sector 10, fora de contexto, entre os entulhos que aí foram

colocados recentemente.

Um segundo grupo é formado pelas faianças portuguesas dos séculos XVII e XVIII.

Numa das fossas do sector 5 foram encontrados 4 pequenos fragmentos de pratéis ou

saleiros (godés) não decorados, muito erodidos, com o vidrado destacado e com bastante

"craquelé". Estes saleiros constituíam um tipo de loiça de mesa muito comum, na época.

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279

No que respeita às peças decoradas, foram também encontradas numa quantidade

diminuta e em fragmentos pequenos e isolados, tal como sucedeu com as cerâmicas

modeladas. Apesar de muito populares entre os séculos XVII e XVIII, devido à sua

elevada qualidade, baixo custo e grande difusão mundial – em consequência do

desenvolvimento da navegação comercial portuguesa –, estas peças, que imitavam as

porcelanas chinesas, não deixavam, no entanto, de ser objectos de valor.

0

5

10

15

20

25

Frag

men

tos

5 6 8 9 10 13 15Sectores

Faiança portuguesa - séculos XVII/XVIII

Gráfico 32

A maioria destes fragmentos provém das camadas inferiores do sector 5. Mas outros

fragmentos foram exumados nos sectores 6, 8, 9, 13 e 15, bem como dois fragmentos nas

entulheiras do sector 10.

As formas que foi possível identificar, a partir dos fragmentos recolhidos, respeitam a

tigelas e pratos, as peças mais divulgadas e mais acessíveis, deste tipo de loiça.

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280

Morfologia da faiança decoradaséculos XVII/XVIII

71%

29%

tigela prato

Gráfico 33

As decorações destas peças apresentam, essencialmente, motivos geométricos –

nomeadamente círculos concêntricos –, rematados por bandas e filetes, e raros motivos

foliáceos. A pintura é feita em várias tonalidades de azul-cobalto e, mais raramente, a

vinoso.

AZS-2014. AZS-15.

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281

AZS-385-386. AZS-10.

AZS-1221. AZS-1225-1232.

AZS-1223. AZS-1233-1240.

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282

AZS-1351. AZS-1464.

AZS-1493. AZS-1882; AZS-1930-1934.

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283

AZS-1873-1874. AZS-1496.

AZS-1921. AZS-1927.

A faiança do século XVIII e da transição para o século XIX é quase inexistente,

resumindo-se a escassa meia dúzia de fragmentos, provenientes dos sectores 6, 9, 13 e

15. Destaca-se um pequeno fragmento de cerâmica neoclássica, pintada a verde e vinoso

(AZS-399), um fragmento de tampa de terrina (AZS-1259) e um fundo de caneca ou jarra

(AZS-383).

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284

AZS-399. AZS-1259.

AZS-383. AZS-1862-1864.

O último conjunto de faianças presente na Azenha de Santa Cruz é o das faianças

regionais e industriais, dos séculos XIX e XX. A quase totalidade das peças é proveniente

das lixeiras e entulheiras recentes, criadas nos sectores 9, 10 e 14.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Frag

men

tos

8 9 10 13 14 15Sectores

Faiança dos séculos XIX e XX

Gráfico 34

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285

O conjunto é constituído por algumas peças de faiança regional – de que é exemplo um

bordo de prato estampado a azul (AZS-1270) – e por uma série de peças utilitárias e

decorativas, de faiança de produção industrial, em pó de pedra, onde foi possível detectar

uma marca da Fábrica de Sacavém.

AZS-1270.

AZS-1241. AZS-1211.

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286

Porcelana

Todos os fragmentos de porcelana recolhidos na azenha datam do século XX e são

provenientes dos sectores 9 e 10, zona onde foram depositadas grandes quantidades de

entulhos contemporâneos.

0 5 10 15 20 25

Fragmentos

boião

chávena

pratos

Porcelana

Gráfico 35

À excepção de dois fragmentos, pertencentes, respectivamente, a uma chávena e a um

boião, todos os outros restantes 22 fragmentos pertencem a pratos, rasos ou sopeiros,

três dos quais apresentam marca da Fábrica Vista Alegre.

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287

7.5.2 – VIDROS

Todos os fragmentos de vidro encontrados, que foi possível identificar, pertencem a

objectos do século XX.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Frag

men

tos

5 6 8 9 10 13 14 15

Sectores

Distribuição dos achados de vidro

Gráfico 36

A grande maioria dos fragmentos foi localizada na lixeira contemporânea criada no sector

14, que se estendia ligeiramente até ao sector 8, onde também foram recolhidas diversas

peças. Os achados destes sectores, para além de alguns vidros planos, são constituídos,

maioritariamente, por vidros de garrafas (onde se incluem garrafas de cerveja e vinho,

uma garrafa de água Vidago e outra de molho inglês), seguidos de frascos diversos

(nomeadamente de produtos farmacêuticos, da primeira metade do século XX de um

frasco de tinta permanente), de copos, de chaminés de candeeiros a petróleo e de uma

jarra.

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288

AZS-2194.

Também nos sectores 9 e 10, onde se encontravam entulheiras recentes, foram

identificados inúmeros fragmentos de vidro, pertencentes, igualmente, a garrafas,

nomeadamente de cerveja e refrigerantes, copos, chaminés de candeeiros a petróleo e

outros objectos, como uma taça, um cálice, um copo e um frasco.

Os achados recolhidos nos restantes sectores são residuais e espelham a actividade

desenvolvida no local na segunda metade do século XX, nomeadamente durante as obras

de recuperação. Pertencem quase todos a garrafas de cerveja, vinho ou refrigerantes, à

excepção de dois fragmentos de chaminés de candeeiros a petróleo, exumados no

interior da canalização descoberta no sector 15, por contaminação devida, muito

provavelmente, a bioturbação.

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289

7.5.3 – LÍTICOS

O espólio lítico recolhido é muito escasso. Para além de cinco seixos rolados, um

fragmento de pedra e uma pedra queimada, destacam-se apenas quatro outras peças.

Uma lasca de sílex (AZS-1334), ou possível buril, foi localizado no concheiro identificado

no sector 14.

Na última camada do sector 13, onde se situava a cozinha, foi recolhido o que parece ser

uma pequena pedra redonda, com uma grande concentração de ferro (AZS-1336), que

poderá ter origem natural, ou constituir um pelouro de uma arma de arremesso (situando-

se, cronologicamente, nesse caso, entre o período romano e a Idade Moderna) ou de uma

arma de fogo (séculos XVIII/XIX).

AZS-1334. AZS-1211.

Entre os entulhos depositados no sector 10 encontrou-se um pequeno fragmento de uma

mó, que para aí deverá ter sido deitado durante as obras do final do século XX.

Por último, o maior destaque vai para um fragmento de um almofariz de pedra,

descoberto junto da canalização do sector 15.

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290

O fragmento de almofariz, aquando da sua descoberta.

AZS-2015.

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291

7.5.4 – FAUNA

Apesar da grande importância de que se revesteria, não foi possível proceder ao estudo

dos vestígios faunísticos provenientes da Azenha de Santa Cruz. Apesar de ter sido

solicitado um orçamento a uma empresa especializada em arqueozoologia, dificuldades

orçamentais impossibilitaram a Câmara Municipal de Torres Vedras de autorizar o estudo.

Assim, a análise que se apresenta é necessariamente sumária e sujeita a rectificações.

Fauna malacológica

Os exemplares de fauna malacológica foram os que se encontraram em maior

quantidade. Distribuem-se por quase todos os sectores, à excepção dos sectores 6, 16 e

18, com um predomínio no sector 13, onde se situava a cozinha, seguido dos sectores 15,

8 e 14. No sector 15 foram recolhidos, especialmente, na zona que rodeava a lareira e, no

sector 14, no concheiro aí identificado.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Exe

mpl

ares

/frag

men

tos

5 8 9 10 13 14 15Sectores

Distribuição da fauna malacológica

Gráfico 37

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292

Os materiais exumados dividem-se entre bivalves e gastrópodes. O gráfico 38 permite

constatar o predomínio de lapas e mexilhões, na dieta dos habitantes da azenha.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Patella vulgata (lapa)

Mytilus edulis (mexilhão)

Cerastoderma edule (berb igão)

Gibbula divaricata (burrié)

Ringicula auriculata (búzio)

Hel ix aspersa (caracol)

Venerupis decussata (ameijoa)

Fauna malacológica

Gráfico 38

Outra fauna marinha

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

5 8 9 10 13 15

Sectores

Outra fauna

Gráfico 39

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293

Para além dos restos malacológicos, foram encontrados outros vestígios de fauna

marinha, embora em quantidades bastante inferiores.

Estes restos faunísticos são constituídos por vestígios ictiológicos (escamas, espinhas e

vértebras de peixes), que representam 77% do conjunto, bem como por fragmentos de

crustáceos (caranguejos e percebes) e de equinodermos, nomeadamente equinóides

(ouriços do mar) e asteróides (estrelas do mar).

Fauna osteológica

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Exe

mpl

ares

/frag

men

tos

5 8 9 10 13 14 15 18

Sectores

Fauna osteológica

Gráfico 40

Os exemplares de fauna osteológica foram encontrados em maior número no sector 13,

correspondente à cozinha, e na entulheira do sector 10.

Tal como aconteceu com os vestígios do pote empedrado, foram também descobertos

ossos na camada estratigráfica situada sob a parede nascente do sector 13.

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294

Na canalização do sector 15 foram recolhidos 32 ossos e a maior parte dos exemplares

provenientes do sector 5 foram localizados nas fossas aí registadas, que, em certa altura,

deverão ter sido atulhadas com detritos diversos.

Relativamente ao volume de vestígios osteológicos e de outra fauna marinha, recolhidos

no sector 9, podemos alvitrar a hipótese de que eles possam, de alguma forma, estar

associados ao consumo alimentar naquele local do imóvel, sugerido pela presença de

uma chaminé, em tempos mais recuados, visível em fotografias do início do século XX.

Fig. 312 - Chaminé na zona do telhado correspondente ao sector 9.

Num primeiro vislumbre do espólio osteológico, parece-nos haver um considerável

conjunto de ossos de aves, que só um futuro estudo aprofundado poderá confirmar e

identificar.

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295

7.5.5 – METAIS

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Peç

as

5 6 8 9 10 13 14 15 16

Sectores

Metais

Gráfico 41

O gráfico 41 permite observar a distribuição dos achados metálicos pelos diversos

sectores da azenha. Verifica-se, assim, que a maior parte destes achados provém dos

sectores 8, 10 e 13, constituindo 78% do conjunto.

O espólio metálico recolhido nas escavações é constituído por peças de ferro, cobre,

bronze e outras ligas de cobre, chumbo, alumínio, latão e cuproníquel.

Cravo de ferro: AZS-2101. Cravo com cabeça rectangular: AZS-2121.

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296

Asa de ferro (?): AZS-2147.

De entre as peças de ferro, que constituem 72% do conjunto, distingue-se uma grande

quantidade de pregos, cavilhas e cravos, bem como de fragmentos oxidados e

concrecionados, não identificáveis. É possível que algumas destas peças seja

relativamente recente, já que, de entre a amálgama de ferros concrecionados exumados

da entulheira do sector 10, figuram duas caricas. Para além destes materiais, foram

também recolhidos três ponteiros, um sacho, uma ferradura e o que parece ser um

estribo.

Na última camada do sector 13 foi ainda encontrada uma ponta de ferro, eventualmente

de uma flecha, o que só poderá ser confirmado por um especialista.

Infelizmente, a quase totalidade do espólio metálico não permite estabelecer uma

datação, ainda que aproximada. A generalidade dos objectos de cobre, mais bem

conservados, pode ser enquadrada, genericamente, entre os séculos XVII e XIX.

Peça decorativa: AZS-1309.

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297

Dedal sem cabeça: AZS-1313. Elemento decorativo: AZS-1311.

Guizo: AZS-1910. Dedal: AZS-1312.

Tacha de mobiliário de couro: AZS-1316. Prego (?) de liga de cobre: AZS-2147.

Cabo de talher: AZS-2078. Colher de chá: AZS-1909.

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298

Cartucho de bala de espingarda: AZS-2139. Botão de cobre: AZS-1314.

Peso de chumbo: AZS-4. Bala de chumbo: AZS-1315.

Destacam-se, no conjunto, dois elementos decorativos, que poderão ter pertencido a

pregadeiras ou outras peças decorativas. Foram ambos descobertos no sector 5, um num

nível superficial (AZS-1309) e o outro – coroa de visconde (AZS-1311) – num nível

inferior, com uma datação mais recuada. Realce, também para uma bala de chumbo

(AZS-1314), de pistola ou espingarda de pederneira, encontrada no sector 13, que deverá

datar do período de transição entre os séculos XVIII e XIX.

Uma pequena chumbada rectangular (AZS-4) deverá datar de entre os séculos XIX e XX,

pois foi encontrada no inferno do sector 8, juntamente com a peça AZS-2078.

Medalha: AZS-1310.

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299

Tampa de fervedor: AZS-2148. Número, de antimónio (?): AZS-2131.

Já do século XX, foram encontradas as seguintes peças: um fragmento de bala de

espingarda, em forma de ogiva (AZS-2139), no sector 10; um número “6” ou “9” (AZS-

2131), no sector 9; um guizo e uma colher (AZS-1909 e AZS-1910), no esgoto do sector

15; e uma tampa de fervedor, de alumínio (AZS-2148), no sector 13. Das lixeiras dos

sectores 10 e 14 são também provenientes, respectivamente, uma tampa de lata de

conserva e uma tampa de tacho de esmalte.

Destaque para uma medalha religiosa, de origem, espanhola, da Congregação de Santa

Rosa de Viterbo (AZS-1310).

Moedas

Ao contrário do que se poderia esperar inicialmente, a azenha de Santa Cruz mostrou-se

consideravelmente prolífica, em matéria de achados monetários. A importância destas

peças reside, como é evidente, no facto de, por estarem, normalmente, datadas – ou

serem facilmente datáveis –, permitirem fornecer uma cronologia aproximada para os

restantes objectos ou estruturas do mesmo contexto.

No total, foram recolhidas na azenha 11 moedas, sendo que apenas uma se mostrou

ilegível, dado o seu estado de desgaste. Todas as moedas são portuguesas e a sua

cronologia vai de 1385 a 1979.

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300

Real preto, de D. João I, de 1385-1433: AZS-1322.

Real, de D. Manuel I, de 1511: AZS-1319.

10 Reis, de D. Maria I, de 1799: AZS-1320.

5 Centavos, de 1924: AZS-1325.

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301

10 Centavos, de 1925: AZS-1323.

20 Centavos, de 1925: AZS-1908.

10 Centavos, de 1950 ou1960: AZS-1324.

20 Centavos, de 1959: AZS-1317.

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302

10 Centavos, de 1942-1969: AZS-1318.

5 Escudos, de 1979: AZS-1321.

Moeda ilegível: AZS-1822.

A análise da tabela 42 permite observar a distribuição dos achados monetários pelos

diversos sectores da azenha.

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303

Verifica-se que, das dez moedas identificadas, apenas três são anteriores ao século XX.

Estas datam de entre os reinados de D. João I e de D. Maria I e foram, na sua totalidade,

encontradas no inferno do sector 8 (as únicas, aliás, encontradas neste sector).

Sector 13

Sector 15 Sector 10

Sector 5 Sector 8 Sector 8 Sector 8 Sector 10 Sector 14 Sector 6 Sector 5

Ilegível 1385-1433 1511 1799 1924 1925 1942-1969 1979

D. João I D. Manuel I D. Maria I

RepúblicaMonarquia

Gráfico 42

As moedas de D. João I e de D. Manuel I enquadram-se no período inicial de

funcionamento da azenha que, de acordo com a documentação histórica recentemente

trazida à estampa, teria sido construída “entre os finais do século XV e as primeiras três

décadas do século XVI” (Miranda, Luís e Lourenço, 2007, p. 28), datando os primeiros

contratos de arrendamento da propriedade, respectivamente, de 1449 e de 1462. Ambas

as moedas se ajustam à datação do restante espólio recolhido no fundo do inferno, que

para aí terá sido arremessado, com vista ao aterro da estrutura, aquando da cessação da

actividade desta roda.

Já a presença, no mesmo local, da moeda de D. Maria I, deverá ter origem, com certeza,

num remeximento das camadas superiores que cobriam o inferno, numa época que

cremos anterior ao século XX.

As moedas da República, que surgem distribuídas por vários sectores do imóvel, resultam

da vivência recente do edifício, incluindo o período de realização das obras de

recuperação.

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304

7.5.6 – OUTRO ESPÓLIO

Para além do espólio já referido, recolheram-se, também, três botões: um de osso (AZS-

1936), dos séculos XIX/XX, descoberto no sector 5; outro de madrepérola (AZS-1345),

datado do século XX e proveniente do sector 10; e um recente, de plástico (AZS-1346),

encontrado no sector 8.

Botão de osso: AZS-1936. Botão de madrepérola: AZS-1345.

Botão de plástico: AZS-1346.

Foram ainda recolhidas amostras de carvões, ramos queimados e cinzas, e um fragmento

de sola de sapato, encontrado no sector 9.

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305

8. ARQUITECTURA

8.1 – DADOS PRÉVIOS

Em 1982, Carlos Cunha e José Pedro Sobreiro, da ADDPCTV, fizeram, pela primeira vez,

uma minuciosa descrição arquitectónica da Azenha de Santa Cruz (Cunha e Sobreiro,

1982).

O relatório da ADDPCTV começa por abordar, de forma bastante detalhada, a estrutura

industrial da azenha. Atendendo a que se trata de um sistema semelhante a tantos outros,

já exaustivamente estudados e divulgados, transcrevemos daquele relatório as

particularidades mais pertinentes para este trabalho.

“A Azenha de Santa Cruz pertence ao tipo de moinhos de água de propulsão superior,

característico dos engenhos que aproveitam pequenos caudais de água. […] Com efeito,

um fio de água corria para a Azenha”, depois de desviado da ribeira contígua. “O sulco

provocado pelas águas pluviais era ainda visível em 1980, seguindo um percurso

sensivelmente idêntico ao do curso de água que alimentava o engenho”.

Fig. 313 – Levada escavada na rocha (ADDPCTV). Fig. 314 – Adufa junto à levada de pedra.

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306

Fig. 315 – Levada sobre o muro (ADDPCTV). Fig. 316 – Zona terminal da levada (ADDPCTV).

“Depois de passar por uma grande laje obturada, […] o fio de água era conduzido por um

canal em pedra, com cerca de vinte metros” de comprimento, apoiado em muro corrido,

“ao nível do beiral do alçado nascente. Da sua extremidade a água era conduzida por

uma caleira de madeira que desembocava mesmo por cima da roda. Uma pequena

janela, sobranceira à roda, servia para, do interior da sala de moagem, modificar a sua

inclinação a fim de regular o fluxo ou fazê-lo parar” (Idem, p. 13).

Fig. 317 – Arco sob o muro de suporte da caleira. Fig. 318 – Soco de apoio do eixo da roda.

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307

Fig. 319 – Eixo da roda e entrosga (ADDPCTV). Fig. 320 – Desenho de reconstituição (J. P. Sobreiro).

“O eixo da roda, apoiado exteriormente num grande soco, penetra no interior através de

um postigo. Já dentro do compartimento de moagem, na zona inferior, conhecida por

cabouco ou inferno, este eixo tem adaptada uma robusta roda de madeira – a entrosga -,

à qual transmite o seu movimento. Esta roda possui 38 dentes de madeira rija, cravados

no aro. Os dentes engrenavam nos fuséis de um carreto, cujo eixo – na vertical – era o

próprio veio da mó, apoiada num estrado superior – o sobrado. Ainda no inferno pode ver-

se um poderoso barrote horizontal – o urreiro – no qual se apoiava o eixo do carreto, que

terminava em baixo por um espigão de pedra que assentava numa pequena pedra

embutida – a rela” (Idem, p. 15).

Fig. 321 – Eixo da roda (ADDPCTV).

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308

No sobrado, um “pequeno compartimento, estão as mós – ainda existentes”. As duas mós

que foi possível medir têm, respectivamente, 11cm e 19cm de espessura. Esta última tem

112cm de diâmetro e o furo central 21cm de diâmetro

Fig. 322 – Mós in situ (ADDPCTV, 1982). Fig. 323 – Desenho de reconstituição (J. P. Sobreiro).

Fig. 324 – Mós (2004). Fig. 325 – Fragmento de mó (2004).

Fig. 326 – Mós (2005).

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309

“Para além deste engenho, cujos vestígios são ainda visíveis, outros dois existiam ainda

no princípio do século; um deles fazendo parte do edifício […]. O outro, poucos metros a

norte, desapareceu por completo. Assim, de uma segunda roda, vê-se ainda a pesada

conduta de pedra colada à parede exterior da última dependência do conjunto, do lado

norte, assim como vestígios do cabouco e sobrado, no interior” (Idem, p. 18).

Figs. 327-328 – Conduta de pedra, para transporte de água à segunda roda.

Carlos Cunha e Pedro Sobreiro constataram também a “irregularidade da estrutura da

edificação” (Idem, p. 6), definindo-a como “uma construção de planta bastante singular e

pouco uniforme” (Idem, p. 24). Esta singularidade devia-se, segundo aqueles autores, a

questões funcionais e de adaptação a um terreno rochoso e fortemente inclinado: “As

diversas salas, moldadas segundo as exigências do terreno, articulam-se de forma

orgânica, denotando a preocupação de adequar os espaços construídos às funções que

neles se processavam. Os compartimentos sucedem-se, em ressaltos, ao longo da linha

de água que alimentava as rodas dos engenhos. No bloco principal, de quatro corpos

orientados no sentido norte/sul, entroncam diversas alas laterais” (Idem, p. 24); “os

volumes articulam-se em perfeito diálogo com o terreno e a função a que se destinam”

(Idem, p. 25).

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310

A descrição da organização espacial do imóvel, feita em 1982, é deveras importante, uma

vez que foi realizada antes das profundas alterações que o mesmo viria a sofrer, uma

década depois. Sintetizaremos, por isso, os principais dados então referidos.

O acesso ao edifício é feito pelo sul, entrando-se num “espaço resguardado – terreiro ou

quinteiro – cujo acesso se faz através de um arco de traça toscamente ogival”39,

delimitado por “uma das alas do edifício, a sul40, e o muro de suporte do canal” (Idem, p.

24).

Os compartimentos são diferenciados em dois tipos: os “destinados à indústria […], e os

que constituem a zona de habitação […], por razões funcionais perfeitamente integradas

no bloco industrial”. Destas, “quartos, arrumos e salas, na linha simplista do resto da

construção, pouco é digno de realce” (Idem, pp. 26-28).

Fig. 329 – Sector 8: acesso ao piso sobradado e aos sectores 15 e 14 (ADDPCTV, 1982).

Destas divisões sabe-se apenas, através da Sr.ª D. Luísa, última habitante da azenha,

que, nos últimos tempos de funcionamento, as instalações industriais se limitavam ao

inferno e respectivo piso sobradado (sector 6), funcionando a cozinha, a sala de jantar e o

39 “Arco quebrado” (DGEMN). 40 Sector 17.

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311

seu quarto, respectivamente, nos agora denominados sectores 13, 8 e 14. As restantes

divisões – incluindo o sector 10, onde a roda, inferno e engenho há muito haviam sido

desactivados – eram agora ocupadas por inquilinos, especialmente durante a época

balnear (cf. Lourenço, 2006, p. 69).

Fig. 330 – A boca do forno, em 1982 (ADDPCTV).

A análise mais pormenorizada do relatório da ADDPCTV vai para a cozinha, “pelo seu

carácter mais acentuado […] maior e em melhor estado de conservação”. Atendendo ao

estado de destruição em que se encontrava o interior desta divisão, no início dos

trabalhos arqueológicos, transcreve-se a descrição completa da mesma: “A peça

fundamental desta divisão é, como não podia deixar de ser, uma grande lareira de pedra,

para onde dá a boca de um forno de cúpula41, exterior à casa. A lareira abre-se para a

chaminé por um saial que se apoia num barrote lançado entre dois pilares de base

rectangular que se destacam da parede, formando os resguardos laterais. Um banco de

pedra, a todo o comprimento da parede fronteira à lareira42, completa o singelo mobiliário

da cozinha. Ao fundo, na parede norte, uma laje inclinada atravessa a parede a pouca

41 Com quatro fornalhas (Lourenço, 2006, p. 67). 42 Na realidade uma bancada, sobre a qual se colocavam as bilhas, “nos “lisos” que, nas pedras, haviam

sido feitos para tal” (Lourenço, 2006, p. 67).

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312

altura do piso, servindo de base a uma fresta afunilada, cuja função não deixa lugar a

dúvidas: vazadouro dos lixos domésticos – é o cubo de despejos” (Cunha e Sobreiro,

1982, pp. 28-29).

Relativamente às questões técnicas da construção, aqueles autores mencionam um

“telhado de telha caleira, assentando nalguns casos em paredes contíguas mas a alturas

diferentes, […] de estrutura complexa, comportando ao todo onze águas, rematadas em

beiral corrido, sem qualquer elemento decorativo”, do qual ressaltavam “duas chaminés

de base rectangular, levemente afuniladas e rematadas por telha caleira erguida,

encostada no topo e recoberta a argamassa” (Idem, p. 24). “O pé-direito das divisões é de

altura variável, com tectos em telha-à-vista: a telha caleira assenta num rude travejamento

de madeira sem qualquer espécie de forro interior” (Idem, p. 28).

“O material básico da construção é a pedra calcária não aparelhada e de variadas

dimensões”, ao qual, por vezes, se associam outros materiais, como “adobe, calhaus

rolados e ‘tijolo burro’. As paredes, cuja espessura chega a atingir um metro, são

revestidas de argamassa rudimentar” e caiadas de branco. “Ao longo das paredes

rasgam-se nichos e cantareiras, aqui e ali alternando com pequenas janelas e postigos,

distribuídos sem qualquer ordem ou simetria”. As janelas e as portas “são sustentadas por

pardieiras de madeira”, e emolduradas, externamente, “por lintéis e umbreiras em pedra”.

[…] “O piso, exceptuando o dos engenhos, é de terra batida, sendo os desníveis vencidos

por toscos degraus de lajedo não aparelhado, muito polido pelo uso continuado” (Idem, p.

28).

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313

8.2 – ABORDAGEM METODOLÓGICA

Desde as primeiras visitas ao interior da azenha, assaltavam-nos as dúvidas relativas à

exagerada dimensão do imóvel e ao elevado número de compartimentos existentes, cuja

função era desconhecida. E isto, muito especialmente, por ocorrer num tipo de

equipamento industrial que, normalmente, apresenta áreas construídas

consideravelmente inferiores. Tal desconhecimento impossibilitava uma correcta ou

aproximada interpretação arquitectónica e espacial do edifício.

Durante o decurso dos trabalhos arqueológicos foram-se verificando algumas

incongruências relativamente ao modelo arquitectónico criado a partir da análise do

relatório da ADDPCTV, adoptado como base de trabalho. A escavação permitiu verificar

sobreposições de estruturas, demolições, relações de anterioridade/posterioridade entre

elementos construtivos e achados cronologicamente diferenciados, consoante os

compartimentos escavados.

Tal contrariava a noção prévia de um edifício uno, de construção datada e com uma

compartimentação meramente funcional, ainda que desconhecida na sua totalidade. A

estruturação interna do imóvel, durante a sua última ocupação, apesar de genericamente

ainda conhecida, também não respondia a estas questões.

Assim, cedo se percebeu que as estruturas arqueológicas identificadas durante os

trabalhos de escavação só seriam compreensíveis se inseridas numa análise estrutural e

arquitectónica geral do edifício, de forma a entendê-lo na sua totalidade. Seria necessário,

deste modo, conjugar os dados das unidades estratigráficas arqueológicas com os das

restantes unidades estratigráficas positivas (unidades murais) do edifício.

Tratava-se de pôr em prática o modelo de intervenção arqueológica integral em edifícios

históricos, preconizado por Miguel Tabales Rodríguez na sua obra Sistemas de análisis

arqueológico de edifícios históricos, cuja estratégia passa pela integração da intervenção

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314

arqueológica com o levantamento arquitectónico do edifício. Tal revelava-se ainda mais

adequado atendendo ao facto de estarmos perante um imóvel classificado e para cuja

recuperação e musealização se procuravam todos os dados possíveis. Por outro lado, a

oportunidade única fornecida pela picagem quase integral dos paramentos interiores e a

perspectiva de que muitos destes dados seriam irremediavelmente perdidos durante a

prevista intervenção de restauro – ou de que, mesmo sendo salvaguardados, não

poderiam voltar a ser estudados nos anos mais próximos –, precipitou a opção para uma

investigação, necessariamente mais aprofundada e demorada, mas bastante mais

esclarecedora e gratificante.

O objectivo desta análise arquitectónica consistiu, apenas, em estudar os aspectos

construtivos tidos como fundamentais para o estabelecimento de uma perspectiva

diacrónica do edifício. Não houve a preocupação de analisar outras características da

construção, nem tão pouco os aspectos tecnológicos relacionados com o sistema de

moagem e a construção dos engenhos, sobejamente desenvolvidos por Cunha e

Sobreiro.

Adoptou-se assim, como metodologia de trabalho, a análise estratigráfica de paramentos,

estruturados em unidades murais, através da aplicação de uma versão simplificada do

modelo proposto por Tabales Rodríguez, dadas as limitações temporais e de recursos, de

que dispúnhamos.

Para esta análise utilizou-se o seguinte esquema de trabalho:

1 – Identificação e numeração das unidades murais do edifício

Foram numeradas, de forma sequencial, todas as unidades murais do interior da azenha,

considerando-se como unidade mural cada um dos paramentos (frente ou tardoz) de cada

uma das paredes, dentro de um único compartimento. Isto significa que alguns

paramentos, que depois se verificou prolongarem-se por mais do que uma divisão do

edifício, foram segmentados e analisados separadamente, divisão a divisão. O mesmo

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315

sucedeu com as paredes interiores, cujos paramentos (frente e tardoz) foram analisados

também separadamente, consoante o compartimento que integravam.

Não foram numeradas e analisadas as fachadas exteriores, uma vez que não haviam sido

picadas.

As unidades murais foram identificadas numa planta geral do edifício, que antecede a

apresentação do ficheiro analítico.

2 – Aplicação de um corpo de fichas de registo

Para a realização desta tarefa foi necessário conceber um modelo de ficha que desse

resposta às necessidades da investigação. Tratou-se de uma tarefa complexa e

demorada, dada a escassez de exemplos já testados e a sua desadequação ao presente

caso, claramente distinto daqueles.

Elaborado o modelo de ficha de análise, denominada Ficha de Unidade Estratigráfica

Mural, atribuiu-se uma ficha a cada uma das unidades murais estabelecidas e numeradas,

que foram analisadas na sua globalidade.

Simplificou-se, assim, o modelo de Tabales Rodríguez, que prevê a existência de uma

ficha de registo para cada uma das micro-unidades estratigráficas presentes, que se

sobrepõem em cada paramento: pedra, terra, argamassa, cerâmica, cal, etc.,

multiplicadas pelas diferentes tipologias, datações e número de aplicações sucessivas

verificadas. Tal iria aumentar exponencialmente o já grande volume de fichas, tornando

incomportável a sua execução para o presente efeito. Houve, assim, uma simplificação do

método, adaptando-o às necessidades da investigação em curso.

Por essa razão, ao contrário do preconizado por Tabales Rodríguez, não foi estabelecida

uma estratigrafia individual para cada paramento, nem aplicada a matriz de Harris.

No entanto, procurou compensar-se essa limitação com uma maior sistematização da

análise, fazendo-se o registo integral de todos os paramentos interiores e não apenas dos

paramentos-guia, como propõe aquele investigador.

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Azenha de Santa Cruz, Torres Vedras: Relatório dos Trabalhos Arqueológicos _______________________________________________________________________________________________________

316

A ficha é composta de diversos campos, que pretendem sistematizar a informação relativa

aos seguintes aspectos do paramento:

• Localização, identificação (definindo o objecto, a sua orientação, inclinação e

configuração) e caracterização (sistema construtivo, técnica construtiva, restauros,

interfaces construtivos e elementos decorativos);

• Descrição pormenorizada;

• Materiais (de construção, cimentação, acabamento e reparação);

• Cronologia relativa (relações estratigráficas, tipo de adossamento, cronologia

geral, cronologia específica e elementos que datam).

Para o preenchimento das fichas analisou-se cada tipo distinto de aparelho, decompondo

os seus elementos constitutivos e relacionando-os com os das unidades murais

adjacentes. A análise abrangeu pisos, muros, técnicas construtivas, aparelhos, materiais,

vãos, rebocos e detalhes decorativos. Também se procurou valorizar os escassos

elementos “decorativos” do imóvel, ou susceptíveis de conservação.

A descrição dos paramentos foi feita com base na situação em que os mesmos se

encontravam em 2007, mas, sempre que possível, os dados resultam do confronto com

os dados resultantes da observação da planta de 1982 ou de fotografias antigas. Foram

ainda relevados dados resultantes de aspectos como as coberturas originais, a espessura

das paredes ou o declive do terreno. Foi possível verificar, por exemplo, que algumas

fundações de paredes (caso das fachadas do núcleo mais antigo) foram niveladas, com a

abertura de valas de fundação, enquanto que as de algumas paredes interiores foram

simplesmente assentes no terreno, acompanhando a sua própria topografia.

O estudo permitiu registar, ainda, as principais patologias estruturais do edifício,

nomeadamente as rupturas murais estruturais e superficiais, bem como os acrescentos

realizados.

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Azenha de Santa Cruz, Torres Vedras: Relatório dos Trabalhos Arqueológicos _______________________________________________________________________________________________________

317

Ao contrário da prática utilizada noutros casos, não foi feito o registo gráfico do imóvel,

tendo-se utilizado, em alternativa, o simples registo fotográfico.

3 – Análise dos sistemas de adossamento

Uma etapa fundamental do método consiste na análise dos sistemas de contacto entre

alinhamentos murais, de forma a permitir estabelecer continuidades ou rupturas

construtivas. A leitura desses contactos é, por isso, uma ferramenta chave durante a

auscultação provisória do edifício.

Para o desenvolvimento deste trabalho foi necessário proceder, tanto quanto possível, à

picagem e limpeza das zonas de união entre as diversas paredes.

O resultado do estudo analítico do sistema de contactos murais ficou plasmado na Planta

Geral de Adossamentos.

4 – Elaboração de planta de rupturas construtivas

Através da ordenação dos adossamentos e da sua tipologia foi possível diferenciar os

processos construtivos, identificar rupturas construtivas e obter um conhecimento mais

aprofundado da lógica construtiva do imóvel.

A conjugação das análises tipológica e patológica, com o estudo de adossamentos e os

resultados arqueológicos, permitiu obter uma Planta Geral de Rupturas Construtivas do

edifício.

5 – Elaboração de plantas evolutivas

Com base em toda a informação obtida, estabeleceram-se relações de anterioridade,

posterioridade e contemporaneidade entre as várias unidades murais, com vista à

obtenção de uma sequência estratigráfica relativa e evolutiva do imóvel.

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Azenha de Santa Cruz, Torres Vedras: Relatório dos Trabalhos Arqueológicos _______________________________________________________________________________________________________

318

Chegou-se, deste modo, a uma leitura cronológica relativa da construção do edifício,

baseada em fases construtivas sequenciais, na sua maioria não datadas, mas que

permitiram estabelecer uma hipótese evolutiva do imóvel. A falta de datações não

permite, na generalidade, estabelecer a duração dos períodos de intervalo entre as

diversas fases de construção.

Esta hipótese de compreensão diacrónica do edifício foi traduzida num conjunto de

plantas representativas de fases construtivas sequenciais, que serão apresentadas no

capítulo 9.

Convém referir que o resultado deste trabalho não deixa de constituir uma hipótese

aproximada de uma realidade que não é possível conhecer. Sobretudo porque as

dificuldades foram significativamente ampliadas com as últimas obras, ditas de

recuperação. No início dos trabalhos arqueológicos, deparámo-nos com paredes

demolidas, algumas já sem vestígios das fundações, com todos os vãos adulterados e

quase sem vestígios dos degraus, bancadas de pedra ou do piso da primeira metade do

século XX. Curioso, também, foi o facto de, entre 2004 e 2005, período em que o betão

das paredes e dos pisos foi removido – operações que não tivemos oportunidade de

acompanhar –, o pátio exterior da azenha ter aparecido preenchido de grandes blocos de

pedra, que terão sido retirados do interior. É possível que se tratem dos restos das

paredes demolidas nos anos 90, que tivessem sido depositados no solo, a exemplo do

que pudemos detectar no sector 18, e removidos para se poder proceder aos trabalhos de

escavação.

Figs. 331-332 – O pátio da azenha em 2004 e em 2005.

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Azenha de Santa Cruz, Torres Vedras: Relatório dos Trabalhos Arqueológicos _______________________________________________________________________________________________________

319

8.3 – PLANTA GERAL DE UNIDADES MURAIS (Carlos Robalo)

Page 97: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

Azenha de Santa Cruz, Torres Vedras: Relatório dos Trabalhos Arqueológicos _______________________________________________________________________________________________________

320

8.4 – FICHEIRO ANALÍTICO

Page 98: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

321

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-1

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 5 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Restauro antigo em alvenaria de tijolo de adobe, evidenciando um derrube da parede, por razões desconhecidas, em época que não é possível precisar. Restauro recente em alvenaria de tijolo industrial, nos anos 90.

Vão de janela rústica, rasgado até ao pavimen-to, com 82cm X 185cm.

DESCRIÇÃO

Na base da parede, tal como de quase todas as outras, está bem marcado o piso de betão que lhe foi colocado na intervenção dos anos 90. Trata-se de uma base de cimento, com cerca de 20 cm de espessura. Sobre este, vê-se a parede original, de alvenaria de pedra, constituída por pedras de tamanho irregular, mas formando fiadas mais ou menos regulares, intercaladas com fiadas de pequenas lajes de pedra, num aparelho coerente. Este aparelho tem cerca de 2m de altura, terminando de forma irregular, devido a um antigo derrube considerável. O ligante é de terra castanha escura. Encontram-se vestígios de rebocos nas juntas, com dois tipos de argamassa de cal, muito friáveis: um primeiro de tom cinzento, sobre o qual foi aplicado outro de tom amarelado, correspondendo a duas intervenções distintas, ao longo do tempo. Sobre este aparelho de pedra foi aplicado, num restauro mais recente, um aparelho de adobe, formado por tijolos de terra castanha escura, de cor semelhante à do ligante das pedras, com cerca de 15cm x 25cm e espessura indeterminada. Sobre o adobe, uma a duas fiadas de tijolo industrial, rebocado a cimento, constituem o suporte do novo vigamento de madeira do telhado, colocado nos anos 90, que circunda todas as fachadas do imóvel. Também no topo do vão da janela se substituiu a alvenaria por tijolo industrial rebocado a cimento. No resto do vão mantém-se o aparelho de pedra, excepto no canto superior direito, onde foram aplicados, num restauro antigo, quatro ou cinco pequenos tijolos burro, com cerca de 3cm de espessura, idênticos aos do vão da porta da UM-34. A poente vêem-se as pedras de encastramento da UM-4/37.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Tijolo de adobe; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento Cobre

Encosta a

Adossamento por encastre com UM-2 e UM-4/37.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-2 e UM-4/37 Mais recente que Equivalente a UM-36 Contemporânea de UM-2 e UM-4/37

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-2 e UM-4/37

Elementos que datam

Page 99: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

322

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-1

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 5 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Restauro antigo em alvenaria de tijolo de adobe, evidenciando um derrube da parede, por razões desconhecidas, em época que não é possível precisar. Restauro recente em alvenaria de tijolo industrial, nos anos 90.

Vão de janela rústica, rasgado até ao pavimen-to, com 82cm X 185cm.

DESCRIÇÃO

Na base da parede, tal como de quase todas as outras, está bem marcado o piso de betão que lhe foi colocado na intervenção dos anos 90. Trata-se de uma base de cimento, com cerca de 20 cm de espessura. Sobre este, vê-se a parede original, de alvenaria de pedra, constituída por pedras de tamanho irregular, mas formando fiadas mais ou menos regulares, intercaladas com fiadas de pequenas lajes de pedra, num aparelho coerente. Este aparelho tem cerca de 2m de altura, terminando de forma irregular, devido a um antigo derrube considerável. O ligante é de terra castanha escura. Encontram-se vestígios de rebocos nas juntas, com dois tipos de argamassa de cal, muito friáveis: um primeiro de tom cinzento, sobre o qual foi aplicado outro de tom amarelado, correspondendo a duas intervenções distintas, ao longo do tempo. Sobre este aparelho de pedra foi aplicado, num restauro mais recente, um aparelho de adobe, formado por tijolos de terra castanha escura, de cor semelhante à do ligante das pedras, com cerca de 15cm x 25cm e espessura indeterminada. Sobre o adobe, uma a duas fiadas de tijolo industrial, rebocado a cimento, constituem o suporte do novo vigamento de madeira do telhado, colocado nos anos 90, que circunda todas as fachadas do imóvel. Também no topo do vão da janela se substituiu a alvenaria por tijolo industrial rebocado a cimento. No resto do vão mantém-se o aparelho de pedra, excepto no canto superior direito, onde foram aplicados, num restauro antigo, quatro ou cinco pequenos tijolos burro, com cerca de 3cm de espessura, idênticos aos do vão da porta da UM-34. A poente vêem-se as pedras de encastramento da UM-4/37.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Tijolo de adobe; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento Cobre

Encosta a

Adossamento por encastre com UM-2 e UM-4/37.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-2 e UM-4/37 Mais recente que Equivalente a UM-36 Contemporânea de UM-2 e UM-4/37

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-2 e UM-4/37

Elementos que datam

Page 100: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

323

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-1

Topo da parede: restauros em alvenaria de tijolo de adobe e de tijolo industrial.

Page 101: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

324

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-2

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 5 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - frente

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Restauro antigo em alvenaria de tijolo de adobe, evidenciando derrube antigo. Junto à esquina Norte, uma zona de argamassa de cal, de cor ocre vivo, tapa um pequeno vão (derrube? perfuração?) com cerca de 45cm X 35cm; sobre esta, nova camada de argamassa cinzenta, reforçada com fragmentos de telha de canudo. Restauro recente em alvenaria de tijolo industrial.

Vão de janela rústica, rasgado até ao pavimento, com 95cm X 190cm.

DESCRIÇÃO

A parede foi construída sobre a canalização coberta com lajedo, que sob a parede inflecte para Norte, onde apresenta cerca de quatro lajes. Sob a parede, do lado Norte (para onde o terreno se inclina), observa-se um estrato de terra escura, com perto de 10cm, sobre a rocha e encostado à UM-3. Na esquina Norte, a base da UM-2 está 70cm mais elevada do que a da UM-3. O recente piso de betão está marcado na parede. Sobre ele vê-se a parede original, de alvenaria de pedra, constituída por pedras de tamanho irregular, formando fiadas mais ou menos regulares, intercaladas com fiadas de pequenas lajes de pedra, num aparelho mais ou menos coerente, mas difícil de observar, devido aos inúmeros restos de terra, argamassas e cimento que a cobrem. O ligante é de terra castanha escura e as juntas cobertas por argamassas de cal. Apresenta restos extensos de rebocos, com dois tipos de argamassa de cal, muito friáveis, uma cinzenta e outra amarelada, correspondendo a duas intervenções de restauro distintas. Foi construída simultaneamente com a parede exterior, que suporta a levada, formando uma parede única, muito espessa, embora no topo tenham alturas diferentes, o que é bem visível no exterior. Sobre este aparelho de pedra, foi aplicada, num restauro antigo, uma a duas fiadas de tijolos de adobe, de terra castanha escura, idênticos aos da UM-1. Sobre o aparelho de adobe, uma a duas fiadas de tijoloindustrial, rebocados a cimento, suportam o novo vigamento do telhado. Também o “lintel” e uma extensa zona na face Norte da janela são em tijolo industrial, rebocado a cimento.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Tijolo de adobe; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de adossamento

Cobre Canalização lajeada do sector 5. Encosta a UM-3

Adossamento por encastre com UM-1. Adossamento simples com UM-3.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-1 Mais recente que UM-3 e canalização lajeada do sector 5. Equivalente a Contemporânea de UM-1

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-1

Elementos que datam

Page 102: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

325

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-2

Canalização do sector 5, sob a UM-2.

Page 103: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

326

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-3

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 5 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação Norte

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo, intercalando fiadas de lajes.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauro antigo em alvenaria de tijolo de adobe, evidenciando um derrube anterior da parede, para Norte, por razões desconhecidas. Restauro recente em alvenaria de tijolo industrial.

Vão de porta, com 100cm X 160cm.

DESCRIÇÃO

O recente piso de betão, com cerca de 20cm de espessura, está bem marcado na parede que, no entanto, continuava para debaixo deste: o terreno inclina para nascente, pelo que a parede se prolonga cerca de 38cm na esquina poente e 118cm na esquina nascente. A desconformidade física entre esta parede e a UM-2 é visível, sobretudo, no topo da fachada exterior, onde se verifica uma descontinuidade relativamente às UM-2 e UM-6. A parede apresenta um aparelho de alvenaria de pedra cuidadosamente construído, com pedras de calcário e calcarenito, de tamanho irregular, mas formando fiadas muito regulares, de pedras de grandes dimensões intercaladas com fiadas de lajes mais finas, num aparelho de melhor construção do que o das UM-1 e UM-2. O ligante é formado por terra escura. Apresenta restos de rebocos de argamassa de cal nas juntas, de tons cinzento e amarelado, apenas na zona acima do piso de betão que, de certa forma, deverá assinalar o nível do último piso, anterior ao restauro dos anos 90. A parte superior apresenta entre duas a sete fiadas de alvenaria de adobe, com tijolos colocados a soga, sobretudo do lado poente, onde se verificou um extenso derrube para o interior do compartimento 6, em época recuada. A parte superior da parede está inclinada para Norte cerca de 15cm, provocando um desalinhamento com a secção contígua da UM-34, perfeitamente visível. Junto à esquina poente, uma grande zona foi rebocada com argamassa branca, reforçada com a aplicação de fragmentos de telha de canudo, aplicada, tanto sobre a alvenaria de pedra, como a de adobe. Sobre o aparelho de adobe, várias fiadas de tijolo industrial, rebocadas a cimento, alinham horizontalmente a parede e suportam o vigamento de madeira do novo telhado. Ao centro da parede, e cerca de 140cm acima da rocha de base, abre-se o vão da porta de acesso ao piso assoalhado, no sector 6, onde se localizava a moagem. Esta porta foi recentemente entaipada, com tijolo e cimento, mas mantém a verga de madeira, que também não parece ser a original.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Argamassa de cal; tijolo de adobe; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-2 e UM-4/37

Integrada em Mais recente que Equivalente a UM-5 e UM-32/34 Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 104: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

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Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-3

Prolongamento da parede da parede até à rocha, vão da porta de acesso ao piso assoalhado da moagem e os sucessivos restauros, nomeadamente em alvenaria de tijolos de adobe e barro.

Page 105: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

328

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-4

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 5 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra interior)

Configuração Rectilíneo

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Não são visíveis.

Possuía uma porta, da qual já só resta uma grande laje – sob a qual passavam as águas destinadas à canaliza-ção – que lhe terá servido de soleira.

DESCRIÇÃO

Muro com cerca de duas fiadas de pedra, a inferior das quais será a da infra-estrutura de assentamento, uma vez que, para poente, ultrapassa, em cerca de 10cm, a fiada superior. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso das obras dos anos 90. Na UM-1/36 são ainda perfeitamente visíveis os vestígios do seu anterior encastramento naquela estrutura. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda como rebo, cimentado com terra. No topo Sul integra uma estrutura anterior, onde se destaca uma grande laje de pedra, sob a qual passavam as águas de acesso à canalização coberta de lajedo, situada no compartimento 5. Esta laje, pelo desenho da planta de 1982, terá constituído a soleira da porta. Espessura do muro, medida no troço Norte: 45cm.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e pedra miúda. Cimentação Terra.

Acabamento Não é visível. Reparação Não se aplica.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de adossamento

Cobre Laje de ligação às canalizações cobertasEncosta a UM-3/34

Adossamento por encastre com UM-1/36. Adossamento simples com UM-3/34.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-1/36 Mais recente que UM-3/34 e laje de canalização Equivalente a UM-4 Contemporânea de UM-1/36

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-1/36

Elementos que datam

Page 106: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

329

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-5

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 6 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação Norte

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Restauro antigo em alvenaria de tijolo de adobe, evidenciando um derrube anterior da parede, para Norte, por razões desconhecidas. Restauro recente em alvenaria de tijolo industrial.

Vão de porta, com 100cm X 160cm.

DESCRIÇÃO

No primeiro terço, a parede apresenta um aparelho de alvenaria de pedra cuidadosamente construído, com pedras de calcário e calcarenito de tamanho irregular, mas formando fiadas regulares, de blocos de grandes dimensões, intercalados com pedra miúda como rebo, num aparelho de boa construção. O ligante é formado por terra escura e as juntas são rebocadas com argamassa de cal branca. Acima deste surge um aparelho bastante mais irregular, menos cuidado e com mais pedras de menores dimensões, com juntas rebocadas a argamassa de cal, cinzenta e amarelada, denotando uma intervenção de restauro/recuperação, bastante antiga, visível, sobretudo, do lado nascente, onde se verificou um extenso derrube, em época recuada. Sobre o aparelho de pedra, diversas fiadas de alvenaria de adobe, com tijolos colocados a soga, num restauro mais recente. Junto ao telhado, duas ou três fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocado a cimento, suportam o vigamento de madeira. Ao centro da parede abre-se o vão da porta de acesso ao piso assoalhado elevado, onde se localizava a moagem, recentemente entaipado com tijolo e cimento. Do lado nascente, cerca de 125cm acima do nível da rocha de base, são visíveis duas pequenas zonas intervencionadas com tijolo e cimento, para enchimento de duas aberturas. Situam-se ambas imediatamente sobre o nível superior original dos muretes de delimitação do inferno, bem marcado na UM-6; uma junto à esquina com a UM-6 e outra a 70cm a poente desta, exactamente sobre o limite poente do inferno. Correspondem às aberturas de encaixe dos barrotes de madeira que, apoiados nos muretes laterais do inferno, suportavam o travejamento do piso assoalhado da moagem. A zona superior da parede, alvo de derrubes e diversas intervenções de restauro, adossa à UM-6 de forma simples. A poente vêem-se, na vertical, os grandes blocos de pedra de encastramento da UM-8/33.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal, amarela/cinzenta; tijolo de adobe; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-6 e UM-8/33.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-6 e UM-8/33 Mais recente que Equivalente a UM-3 e UM-32/34 Contemporânea de UM-6 e UM-8/33

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-6 e UM-8/33

Elementos que datam

Page 107: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

330

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-5

Aparelho e porta de acesso ao piso assoalhado da moagem.

Aparelho e porta de acesso ao piso assoalhado da moagem. Assinaladas, as zonas de enchimento recente, correspondentes às aberturas de encaixe dos barrotes de madeira que, apoiados nos muretes laterais do inferno, suportavam o travejamento do piso, conforme imagem da direita (ADDPCTV).

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331

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-6

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 6 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - frente

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com argamassas de cal distintas. Fecho de aberturas e restauro recente em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão do janelo por onde o moleiro regulava a caleira de água sobre a roda da azenha. Dada a sua localização, não foi possível medi-la.

DESCRIÇÃO

Aparelho de alvenaria de pedra cuidadosamente construído, com pedras de tamanho irregular, mas formando fiadas regulares, de blocos de grandes dimensões, na parte inferior, e de menores dimensões na parte superior, intercalados com pedra miúda como rebo, num aparelho de boa construção. O ligante é formado por terra escura, mais visível próximo do topo. Extensos vestígios de rebocos de cal aplicados em épocas sucessivas: na zona inferior, as juntas são rebocadas com argamassa original de cal branca, de boa qualidade; mais acima, com rebocos de cal amarelada e cinzenta. Na base da parede, a escavação arqueológica permitiu pôr a descoberto o cabouco executado para a colocação das fundações, ao longo de todo o conjunto UM-6/10. No topo da parede, sobre o janelo, três a quatro fiadas de tijolo industrial rebocado a cimento, alinham horizontalmente a parede e suportam o novo vigamento de madeira do telhado. Sobre o inferno, no local onde se situava o postigo de passagem do eixo da roda da azenha, a parede foi remendada com tijolo e cimento, numa intervenção de má qualidade. Outro pequeno restauro em tijolo, junto à esquina com a UM-5. Os muretes laterais do inferno adossam à parede de forma simples. O limite superior original destes muretes, que se encontram parcialmente derrubados, está marcado na parede (o murete Norte, por exemplo, tinha mais 100cm de altura, do que na actualidade). Este limite superior coincide com os vestígios das duas aberturas de encaixe dos barrotes de madeira que suportavam o travejamento do piso assoalhado da moagem, visíveis na UM-5. A zona inferior da parede encastra na UM-5. A Norte vêem-se, na vertical, os grandes blocos de pedra de encastramento da UM-7/9. No interior do inferno, as juntas da parede não eram rebocadas.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal, amarela/cinzenta; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-5/3 e UM-7/9.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-5/3 e UM-7/9 Mais recente que Equivalente a UM-10 Contemporânea de UM-5/32 e UM-7/9

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-5/3 e UM-7/9

Elementos que datam

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332

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-6

Inferno contíguo à UM-6 e janelo de acesso à roda da Azenha. À esquerda, assinalada a altura original do murete do inferno. À direita, o entaipamento do vão de passagem do eixo da roda da azenha.

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333

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-7

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 6 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra interior)

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Não são visíveis.

Teve uma porta, da qual não resta já qualquer vestígio.

DESCRIÇÃO

Muro com uma a três fiadas de pedra. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso das obras dos anos 90, abrindo um imenso vão. Na UM-6/10 são visíveis os grandes blocos de pedra do seu encastramento naquela estrutura. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda como rebo, ligado com terra e bastante argamassa de cal, branca, de boa qualidade. Já quase ao nível do tecto, uma viga de betão segura uma asna de sustentação da estrutura do telhado, construída em alvenaria de tijolo industrial e cimento, com cinco fiadas. Sobre este muro, próximo da junção com a UM-8/33, foi construído, nas obras recentes, um pilar de tijolo e cimento, que destruiu o que restava do muro. Por essa razão, não foi possível determinar a sua relação, ao nível dos alicerces, com a UM-8/33. Deverá constituir uma unidade com a UM-29/30, cuja cota de fundação é similar, apesar do desalinhamento na zona de união com a UM-26a.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos grandes e alguma pedra miúda. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Não é visível. Reparação Não se aplica.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-6/10.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-6/10 Mais recente que Equivalente a UM-9 Contemporânea de UM-6/10 e UM-29/30

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-6/10

Elementos que datam

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334

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-7

Restos da UM-7, vendo-se os vestígios do seu adossamento, por encastre, na UM-6. Vão de betão, edificado após a demolição da parede.

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335

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-8

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 6 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra interior)

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Reparação com alvenaria de tijolo de adobe, a soga, em data incerta, mas tardia; reparação com alvenaria de tijolo industrial, nos anos 90.com tijolo industrial, nos anos 90.

DESCRIÇÃO

Muro com uma a duas fiadas de pedra, com cerca de 20cm de altura. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso das obras dos anos 90. Na UM-5/32 são visíveis os grandes blocos de pedra que ligavam a parede àquela estrutura e que, na parte superior, foram substituídos por tijolos de adobe; o que indicia um derrube da parte superior da parede que, ao ser reconstruída, não manteve o encastramento na UM-5/32. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda como rebo, ligado com alguma terra e bastante argamassa de cal, branca, de boa qualidade. Espessura da parede: 50cm. Reparações com tijolo e cimento, na zona de ligação com a UM-5/32, na sequência da demolição da parede, nos anos 90. A construção de um pilar de tijolo e cimento, nos anos 90, destruiu a sua ligação à UM-7/30, pelo que não é possível determinar o tipo de adossamento existente entre estas estruturas.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos grandes e alguma pedra miúda. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Não é visível. Reparação Tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-5/32.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-5/32 Mais recente que Equivalente a UM-33 Contemporânea de UM-5/32

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-5/32

Elementos que datam

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336

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-8

Ao centro, vestígios do adossamento da UM-8, por encastre, na UM-5/32.

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337

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-9

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 8 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra interior)

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Não são visíveis.

Teve uma porta, da qual não resta já qualquer vestígio.

DESCRIÇÃO

Muro com uma a três fiadas de pedra. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso das obras dos anos 90. Na UM-6/10 são visíveis os grandes blocos de pedra do seu encastramento naquela estrutura, que deixam de existir na parte superior, substituídos por tijolos de adobe; o que indicia um derrube da parte superior da parede, que não foi reconstruída mantendo o encastramento na UM-5/32. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda como rebo, ligado com terra e bastante argamassa de cal, branca, de boa qualidade. Já quase ao nível do tecto, uma viga de betão segura uma asna de sustentação da estrutura do telhado, construída em alvenaria de tijolo industrial e cimento, com cinco fiadas. Sobre este muro, próximo da junção com a UM-8/33, foi construído, nas obras recentes, um pilar de tijolo e cimento, que destruiu o que restava do muro. Por essa razão, não foi possível determinar a sua relação, ao nível dos alicerces, com a UM-8/33. Deverá constituir uma unidade com a UM-29/30, cuja cota de fundação é similar, apesar do desalinhamento na zona de união com a UM-26a.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos grandes e alguma pedra miúda. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Não é visível. Reparação Não se aplica.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-6/10.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-6/10 Mais recente que Equivalente a UM-7 Contemporânea de UM-6/10 e UM-29/30

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-6/10

Elementos que datam

Page 115: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

338

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-9

À esquerda, a UM-9 em 1982 (ADDPCTV).

À esquerda, restos da UM-9, vendo-se os vestígios do seu adossamento, por encastre, na UM-6/10. À direita, pormenor do encastramento, vendo-se a continuidade da UM-6/10 sob a UM-7/9.

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339

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-10

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 8 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - frente

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com pedra e argamassa de cal. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão de janela rústica, com 75cm X 100cm.

DESCRIÇÃO

Aparelho de alvenaria de pedra cuidadosamente construído, com pedras de tamanho irregular, mas formando fiadas regulares, de blocos de grandes dimensões, na parte inferior, e de menores dimensões na parte superior, intercalados com pedra miúda como rebo, num aparelho de boa construção. O ligante é formado por terra escura, mais visível no troço superior direito. Extensos vestígios de reboco das juntas com argamassa original de cal branca, de boa qualidade, sobretudo na zona inferior. A base da parede passa sob a UM-7/9 que, devido à forte inclinação do terreno, só tem início a uma cota superior, relativamente à parede mestra, estando, nesta zona, assente sobre terra. A escavação arqueológica permitiu pôr a descoberto o cabouco executado para a colocação das fundações, ao longo de todo o conjunto UM-6/10. No topo da parede, cerca de duas fiadas de tijolo industrial rebocado a cimento, alinham horizontalmente a parede e suportam o novo vigamento de madeira do telhado. Também a janela foi totalmente refeita, com tijolo e cimento. A localização da janela sugere um reaproveitamento de um anterior janelo, por onde o moleiro regulava a caleira de água sobre a roda da azenha. No limite superior do inferno, centrado na parede, vê-se um antigo remendo de pedra, parcialmente derrubado, no local onde deveria situar-se o antigo postigo de passagem do eixo da roda da azenha. A parede interior do inferno não era rebocada. A Norte da janela foi feita recentemente uma grande intervenção com tijolo e cimento, no local onde ainda se vislumbra uma fenda, quase até ao nível do piso. O seu encastramento na UM-11 é visível apenas ao nível das fundações. Do lado Sul vêem-se, na vertical, os grandes blocos de pedra de encastramento da UM-7/9.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra; argamassa de cal, branca.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal; cal de caiação; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-7/9.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-7/9; UM-11 Mais recente que Equivalente a UM-6 Contemporânea de UM-7/9 e UM-11

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-7/9; UM-11

Elementos que datam

Page 117: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

340

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-10

UM-10 e o inferno descoberto durante os trabalhos arqueológicos. À direita, vestígios do antigo vão de passagem do eixo da roda, entaipado após o desmantelamento desta moagem.

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341

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-11

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 8 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com pedra e argamassa de cal amarela. Cal de caiação. Extensa intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão da porta de acesso ao compartimento 13, com 75cm X 245cm. Do da porta de acesso ao compart. 9, apenas resta a face poente.

DESCRIÇÃO

No troço nascente, pouco mais resta da parede original do que duas fiadas de alvenaria de pedra – cerca de 50cm –, formada por blocos grandes, alternados com rebo, ligado com terra e bastante argamassa de cal branca, de boa qualidade. Esta parede constitui uma unidade única e contínua com a UM-21, ao nível das fundações. A intervenção dos anos 90 demoliu quase toda a parede, abrindo um amplo vão de ligação com o compartimento 9 e demoliu uma estrutura existente na esquina com a UM-10 (cantareira?), registada no levantamento de 1982, destruindo quase todo o aparelho original de ligação entre estas duas paredes. O troço que resta, a nascente, foi enchido com tijolo industrial não aparelhado, terminando com uma a duas fiadas do mesmo tijolo, colocadas a cutelo e rebocadas a cimento. Nesta zona, o aparelho já havia sido remexido numa intervenção anterior, em que a parede terá sido rasgada (provavelmente para a colocação da estrutura que aí se encontrava), resultando num aparelho misto muito irregular, à base de pedra pequena e fragmentos de telha de canudo e tijolo burro, tudo ligado com uma argamassa de cal alaranjada. O seu encastramento na UM-10 é visível apenas ao nível das fundações. A partir dos 170cm de altura sobrepõe-se uma viga de betão armado, que fecha os vãos, e um aparelho de alvenaria de tijolo industrial, da recente intervenção. Mantém-se o aparelho antigo no pequeno troço de parede existente entre as portas de acesso aos compartimentos 9 e 13, com pedra muito bem aparelhada, em fiadas lineares regulares, alternando blocos e lajes. O acabamento do vão da porta de acesso ao compartimento 9 sugere uma grande antiguidade, embora possa não pertencer à estrutura original da parede. São visíveis folhas de caliça, sobretudo na zona inferior da parede.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal, amarelada; cal de caiação; betão armado; tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-10.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-14 e UM-16/22

Integrada em UM-10 Mais recente que Equivalente a UM-13 e UM-21 Contemporânea de UM-10/6

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-10

Elementos que datam

Page 119: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

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Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-11

Encastre da UM-11 com a UM-10, ao nível das fundações. Esquina da UM-11 com a UM-10.

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343

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-12

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 8 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede de compartimentação

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Extensa intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

DESCRIÇÃO

Da parede registada naquele levantamento de 1982, apenas resta um pequeníssimo troço, unindo a UM-27 à UM-21. A parede foi demolida durante a intervenção dos anos 90 e a ligação entre a UM-27 e a UM-21 (cuja face oposta dava para a chaminé do compartimento 13) foi totalmente reconstruída, à base de alvenaria de tijolo industrial e cimento, sobre a fiada de blocos de pedra em que assentava a anterior parede. Restam cerca de 40cm – o equivalente à face nascente da UM-27 – do aparelho original, de alvenaria de pedra irregular. A primeira fiada de pedras, de fundação, é constituída por blocos grandes, assentes sobre uma pequena camada de terra, a uma cota muito superior à da UM-21. O restante aparelho é formado por pedras mais pequenas e lajes. O ligante é constituído por abundante terra escura. São visíveis vestígios de reboco das juntas, em argamassa de cal, rosada. O corte da parede está perfeitamente marcado, na UM-27, onde é possível ver a sua espessura. Outro factor a comprovar a sua desvinculação da estrutura a que pertence a UM-11/21 e a sua execução mais recente, é o facto de estar desencontrada da esquina poente da UM-21, cobrindo muito ligeiramente o vão de acesso ao compartimento 13. A UM-12/26 foi construída numa fase posterior, para substituir uma parede existente imediatamente a poente, da qual ainda existem vestígios, que terá sido demolida para se construir esta, que passou a alinhar com a esquina da UM-29/30.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra abundante.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-21

Adossamento simples com UM-21. Adossamento por encastre com UM-25/27.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-25/27 Mais recente que UM-21 Equivalente a UM-26 Contemporânea de UM-25/27

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-25/27

Elementos que datam

Page 121: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

344

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-12

Actual topo da UM-12, visível na UM-27. UM-12, ao nível da fundação.

Page 122: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

345

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-13

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 9 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal regular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com pedra e argamassa de cal amarela. Extensa intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Possuía uma porta, na esquina com a UM-16, da qual já só resta a face poente.

DESCRIÇÃO

Constitui uma unidade única e contínua, com a UM-21, ao nível das fundações. O paramento original foi mantido até uma altura razoável. O aparelho é de alvenaria de pedra muito bem aparelhada, em fiadas lineares muito regulares, formada por blocos grandes, com alguma pedra miúda como rebo, ligado com terra e muita argamassa de cal branca, de boa qualidade. No troço médio, o aparelho apresenta um ligante com mais terra e menor quantidade de argamassa de cal, bem como reparações à base de argamassa de cal rosada. A intervenção dos anos 90 demoliu quase toda a parede, abrindo um amplo vão de ligação com o compartimento 9. São visíveis vários enchimentos com tijolo industrial, de 6 e 12 furos, não aparelhado, terminando com uma fiada de tijolo de 12, colocada a cutelo e rebocada a cimento. Ao aparelho original sobrepõe-se, no troço superior, uma viga de betão armado, sobre o vão da porta, e um aparelho de alvenaria de tijolo industrial, rebocado a cimento, da recente intervenção. O acabamento da face poente do vão da antiga porta de acesso ao compartimento 9 sugere que ainda pertença à estrutura original.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra; argamassa de cal, branca.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal, amarelada; betão armado; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-14/18 e UM-16/22

Integrada em UM-10 Mais recente que Equivalente a UM-11 e UM-21 Contemporânea de UM-10/6

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-10

Elementos que datam

Page 123: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

346

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-13

Troço inferior da UM-13. “Restauro” da UM-13.

Page 124: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

347

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-14

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 9 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - frente

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Irregular, pouco alinhado, com blocos de pedra grandes, médios e pequenos, dispostos irregularmente.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com pedra e argamassa de cal rosada. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão de porta para o exterior do edifício, com 100cm X 210cm. Vão de janela rústica, com 53cm X 55cm.

DESCRIÇÃO

Aparelho de alvenaria de pedra, irregular e pouco alinhado. O nível das fundações desta parede fica a uma cota inferior à das fundações da UM-10/6. Na zona inferior da parede apresenta blocos de pedra de maiores dimensões. O aparelho intercala raros grandes blocos de pedra com pedras de pequenas dimensões. No troço superior, algumas fiadas de pedra em lajes, a que se sobrepõem fiadas com blocos maiores. A cimentação é feita com bastante terra escura. Extensos vestígios de reboco de cal rosada, com muitos nódulos de cal, aplicado nas juntas. No topo da parede, sobre a janela, várias fiadas de tijolo industrial rebocado a cimento, suportam o novo vigamento de madeira do telhado. Ao nível das fundações – a única zona não adulterada do troço Sul da parede – verifica-se que adossa simplesmente à UM-13. Também ao nível das fundações, parece encastrar com a estrutura de fundação, formada por grandes blocos de pedra, que constitui a UM-15. A porta mantém a soleira original. Os vãos da porta e da janela foram refeitos, com tijolo industrial e cimento portland.

Materiais

Construção Pedra calcária, em blocos e lajes. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal, acinzentada, com bastantes nódulos de cal. Reparação Argamassa de cal, rosada, com bastantes nódulos de cal; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-13

Adossamento simples com UM-13. Adossamento por encastre com UM-15.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-15 Mais recente que UM-13 Equivalente a UM-18 Contemporânea de UM-15

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-15

Elementos que datam

Page 125: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

348

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-14

Aparelho da UM-14. Encastramento, ao nível dos alicerces, entre a UM-13 e a UM-14.

Vistas exteriores dos compartimentos 9 e 10 (início do século XX e 2004), vendo-se a clara alteração da localização do vão da janela, originalmente aberta no compartimento 10 e agora situada no compartimento 9.

Page 126: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

349

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-15

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 9 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Muro de suporte

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra.

Técnica construtiva

Alvenaria de grandes blocos de pedra alinhados sub-horizontalmente.

Interfaces construtivos

Restauros

Sobreposição de parede em alvenaria de tijolo industrial e cimento, colocada na intervenção dos anos 90.

Possuía uma porta, na esquina com a UM-16, da qual já nada resta.

DESCRIÇÃO

Estrutura de grandes blocos de pedra, muito bem cimentados, com terra e argamassa de cal, branca. Tem cerca de 80cm de espessura, o que é bastante mais do que a espessura das restantes paredes ou fundações do edifício. Trata-se do topo e face da parede Norte do inferno (compartimento 10). Deveria ter mais alguns centímetros de altura e, provavelmente, um acabamento mais aperfeiçoado. Sobre ele assentaria a estrutura sobradada que cobriria o inferno e onde estava localizada a zona de moagem. No levantamento de 1982, já só era referenciada como estrutura de delimitação de patamares de diferentes níveis (degrau), não devendo então existir quaisquer vestígios do piso sobradado. Do lado poente apresenta uma grande soleira de pedra, bastante polida pelo desgaste, de enormes dimensões. Nas obras dos anos 90 foi-lhe construída, por cima, uma parede de tijolo, adossada de forma simples à UM-14/18, criando um vão de porta na esquina com a UM-16. Não foi possível determinar se encastra na UM-16, ou se é coberta por esta.

Materiais

Construção Pedra calcária, em blocos de grande dimensão. Cimentação Terra e argamassa de cal.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Alvenaria de tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-14/18 (e UM-16?).

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-14/18 Mais recente que Equivalente a UM-17 Contemporânea de UM-14/18 (e UM-16?)

Coberta por Parede moderna de tijolo Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-14/18

Elementos que datam

Page 127: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

350

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-15

Parede de tijolo, construída, recentemente, sobre a UM-15. Enrocamento original da UM-15, após escavação.

Page 128: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

351

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-16

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 9 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede de compartimentação

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

DESCRIÇÃO

Da antiga parede restam apenas cerca de duas fiadas de grandes blocos de pedra, aparelhados, cimentadas com terra e escassa argamassa de cal, correspondentes à fundação. A parede antiga está assente numa camada de terra, com cerca de 15cm de altura, que constitui uma unidade estratigráfica que se prolonga, sob a parede, para o interior do compartimento 13. Nesta camada, no compartimento 13 e sob a parede, foram recolhidos, durante os trabalhos arqueológicos, inúmeros fragmentos de uma mesma peça de cerâmica empedrada, datada dos séculos XVI/XVII. Este achado constitui, assim, um terminus post quam para a construção desta parede. Sobre as restantes fiadas de pedra foi construída, na recente intervenção, uma parede de alvenaria de tijolo industrial de 16 furos, rebocada a cimento portland. No troço da UM-13/21, entre os vãos de acesso aos compartimentos 9 e 13, são visíveis, sobre a argamassa de cal, inúmeras folhas de caliça, colocadas ao longo de décadas, às quais se encosta a alvenaria de tijolo da UM-16, confirmando o adossamento simples desta parede àquela.

Materiais

Construção Pedra calcária, em blocos grandes. Cimentação Terra e alguma argamassa de cal.

Acabamento Reparação Alvenaria de tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Piso dos séculos XVI/XVII Encosta a UM-13/21

Adossamento simples com UM-13/21

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que UM-13/21 Equivalente a Contemporânea de (UM-15/17?)

Coberta por Cortada por

Cronologia específica A partir do século XVI/XVII

Cheia por Integra

Elementos que datam Cerâmica dos séculos XVI/XVII, sob a UM-16.

Page 129: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

352

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-16

Base da UM-16, vendo-se, sob a estrutura de pedra, a camada de terra comum aos sectores 9 e 13, na qual foram localizados os fragmentos de um pote do século XVI/XVII.

Page 130: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

353

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-17

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 10 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Muro de suporte

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra.

Técnica construtiva

Alvenaria de grandes blocos de pedra alinhados sub-horizontalmente.

Interfaces construtivos

Restauros

Sobreposição de parede em alvenaria de tijolo industrial e cimento, colocada na intervenção dos anos 90.

DESCRIÇÃO

A parede encontra-se soterrada quase na totalidade, uma vez que a escavação arqueológica só ocorreu em metade do inferno. Constituído por alvenaria irregular, de grandes blocos de pedra. Os vestígios sugerem o seu encastramento nas paredes laterais do inferno. Trata-se do topo e face da parede Norte do inferno (compartimento 10). Deveria ter mais alguns centímetros de altura e, provavelmente, um acabamento mais aperfeiçoado. Sobre ele assentaria a estrutura sobradada que cobriria o inferno e onde estava localizada a zona de moagem. No levantamento de 1982, já só era referenciada como estrutura de delimitação de patamares de diferentes níveis (degrau), não devendo então existir quaisquer vestígios do piso sobradado. Do lado poente apresenta uma grande soleira de pedra, bastante polida pelo desgaste, de enormes dimensões. Nas obras dos anos 90 foi-lhe construída, por cima, uma parede de tijolo, adossada de forma simples à UM-14/18, criando um vão de porta na esquina com a UM-16. Não foi possível determinar se encastra na UM-16, ou se é coberta por esta.

Materiais

Construção Grandes blocos de pedra calcária cinzenta. Cimentação Terra.

Acabamento Reparação Alvenaria de tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-14/18 (e UM-16?).

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que (UM-16?)

Integrada em UM-14/18 Mais recente que Equivalente a UM-17 Contemporânea de UM-14/18 (e UM-16?)

Coberta por Parede moderna de tijolo Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-14/18

Elementos que datam

Page 131: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

354

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-18

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 10 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - frente

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Irregular, não alinhado, com blocos de pedra grandes, médios e pequenos.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com rebocos de argamassa de cal rosada. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Possuía um vão de janelo sobre a roda da azenha, agora entaipado, por onde se regulava a caleira de água sobre a roda, visível em fotografias do início do século.

DESCRIÇÃO

Distinguem-se, claramente, dois tipos diferentes de aparelho. Na zona inferior da parede, correspondente ao inferno, o aparelho dealvenaria é formado por blocos de pedra muito grandes, irregulares, mas alinhados sub-horizontalmente e ligados por terra. Trata-se de um aparelho mais resistente, concebido para não ter qualquer acabamento. Na zona superior ao inferno, o aparelho é constituído por pedra de pequena e média dimensão, disposta muito irregularmente, com grande quantidade de fragmentos de telha de canudo a servirem de rebo e de consolidante da argamassa. Não foi possível identificar o ligante, dada a grande quantidade de reboco de argamassa de cal que cobre as juntas e grandes extensões do próprio aparelho. São visíveis dois tipos de argamassa: amarelada e rosada, com muitos nódulos de cal. No topo, cerca de três fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocadas a cimento.

Materiais

Construção Pedra calcária, em blocos de grande, média e pequena dimensão; fragmentos de telha de canudo. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Argamassa de cal; fragmentos de telha de canudo; alvenaria de tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-19 e UM-15/17.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-19 Mais recente que Equivalente a UM-14 Contemporânea de UM-17 e UM-19

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-19

Elementos que datam

Page 132: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

355

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-18

Aparelho da UM-18.

Vistas exteriores dos compartimentos 9 e 10 (início do século XX e 2004), vendo-se a clara alteração da localização do vão da janela, originalmente aberta no compartimento 10 e agora situada no compartimento 9.

Page 133: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

356

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-19

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 10 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (E-O) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral

Configuração Sub-rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Irregular, não alinhado, com blocos de pedra grandes, médios e pequenos.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com rebocos de argamassa de cal rosada. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão de pequena janela rústica, aberto já no século XX, em data que não foi possível precisar. Dada a sua localização, não foi possível medi-la.

DESCRIÇÃO

Distinguem-se, claramente, dois tipos diferentes de aparelho. Na zona inferior da parede, correspondente ao inferno, o aparelho de alvenaria é formado por blocos de pedra muito grandes, irregulares, mas alinhados sub-horizontalmente e ligados por terra. Trata-se de um aparelho mais resistente, sem acabamento. Na zona superior ao inferno, o aparelho é constituído por pedra de pequena e média dimensão, disposta muito irregularmente, com grande quantidade de fragmentos de telha de canudo a servirem de rebo e de consolidante da argamassa. Não foi possível identificar o ligante, dada a grande quantidade de reboco de argamassa de cal que cobre as juntas e grandes extensões do próprio aparelho. São visíveis dois tipos de argamassa: amarelada e rosada, com muitos nódulos de cal. Na esquina com a UM-18, vestígios de caliça. No topo, cerca de três fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocadas a cimento.

Materiais

Construção Pedra calcária, em blocos de grande, média e pequena dimensão; fragmentos de telha de canudo. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Argamassa de cal; fragmentos de telha de canudo; alvenaria de tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-14/18 e UM-20.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-14/18 e UM-20 Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-14/18 e UM-20

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-14/18 e UM-20

Elementos que datam

Page 134: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

357

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-19

Aparelho da UM-19, sob e acima do inferno, vendo-se, também, a janela aberta a Norte.

Vistas exteriores da UM-19 (início do século XX e 2004), vendo-se a janela entretanto aberta e anteriormente inexistente.

Page 135: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

358

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-20

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 10 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - tardoz

Configuração Sub-rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Irregular, não alinhado, com blocos de pedra grandes, médios e pequenos.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com rebocos de argamassa de cal rosada. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

DESCRIÇÃO

Distinguem-se, claramente, dois tipos diferentes de aparelho. Na zona inferior da parede, correspondente ao inferno, o aparelho de alvenaria é formado por blocos de pedra muito grandes, irregulares, mas alinhados sub-horizontalmente e ligados por terra. Trata-se de um aparelho mais resistente, sem acabamento. Na zona superior ao inferno, o aparelho é constituído por pedra de pequena e média dimensão, disposta muito irregularmente, com grande quantidade de fragmentos de telha de canudo a servirem de rebo e de consolidante da argamassa. O ligante é constituído por terra, pouco visível dada a grande quantidade de reboco de argamassa de cal que cobre as juntas e o reboco de cimento que cobre quase toda a extensão do aparelho. A argamassa é rosada, com muitos nódulos de cal. No topo, cerca de três fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocadas a cimento. A quase totalidade da parede foi rebocada a cimento portland, na última intervenção de restauro.

Materiais

Construção Pedra calcária, em blocos de grande, média e pequena dimensão; fragmentos de telha de canudo. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Argamassa de cal; fragmentos de telha de canudo; alvenaria de tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-19 (e UM-15/17?).

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que (UM-16?)

Integrada em UM-19 (e UM-15/17?) Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-19 (e UM-15/17?)

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-19 (e UM-15/17?)

Elementos que datam

Page 136: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

359

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-20

Zonas visíveis do aparelho da UM-20, acima do nível do inferno.

Page 137: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

360

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-21

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 13 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Cachorro cravado na parede, do lado nascente da porta.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Manutenções antigas, com cal de caiação. Intervenção dos anos 90, com betão armado, alvenaria de tijolo industrial e reboco de cimento.

Vão de porta de acesso ao compartimento 13, com 75cm X 245cm.

DESCRIÇÃO

Esta parede constitui uma unidade única e contínua com a UM-11, ao nível das fundações. Dela restam apenas as laterais do vão da porta de acesso ao compartimento 13. Os dois lados da porta têm a mesma estrutura e tipologia: aparelho de alvenaria de pedra, disposta em fiadas lineares regulares, formado essencialmente por lajes e alguns tijolos burro (idênticos aos do vão da porta da UM-32/34), com alguns fragmentos de telha de canudo, formando as faces do vão ao estilo quinhentista. A cimentação é feita com terra, e, nas faces do vão, com abundante argamassa de cal, branca, de boa qualidade, tal como acontece com o vão da porta da UM-32/34. Reboco da mesma argamassa a fechar juntas. Vestígios de caliça, em folhas. O pequeno troço de parede, que existia para poente, foi demolido na intervenção dos anos 90, tendo o derrube ficado à vista, com uma insuficiente consolidação de cimento. O troço superior da parede foi reconstruído com alvenaria de tijolo industrial e cimento. Sobre esta, e a fechar o vão, uma viga de betão armado. A parede acompanha a inclinação do solo rochoso, sendo as fundações mais baixas a nascente e mais elevadas a poente. A intervenção dos anos 90, ao destruir a lareira, removeu todos os vestígios da UM-12 e do encastramento desta parede naquela: foi feita uma completa limpeza das estruturas, até ao substrato rochoso. Do lado esquerdo da porta, persiste um cachorro de pedra, cravado na parede, que deveria fazer par com outro cravado no lado direito, que terá sido destruído aquando da demolição da parede. Serviria, com certeza, para sustentar o travejamento de um pequeno telheiro sobre a porta. Deverá estar associado ao buraco de poste descoberto já no interior do compartimento 13, defronte e ao centro da porta, e após o degrau interior. O que indicia que, antes da construção do compartimento 13, esta seria uma zona exterior, de acesso ao imóvel.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Cal de caiação; betão armado; tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-12 e UM-16

Integrada em Mais recente que Equivalente a UM-11/13 Contemporânea de UM-6/10

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 138: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

361

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-21

Estrutura restante da UM-21.

Pormenores do cachorro embutido na parede.

Page 139: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

362

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-22

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 13 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede de compartimentação

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

DESCRIÇÃO

Da antiga parede restam apenas cerca de duas fiadas de grandes blocos de pedra aparelhada, cimentadas com terra e escassa argamassa de cal, correspondentes à fundação. A parede antiga está assente numa camada de terra, com cerca de 15cm de altura, que constitui uma unidade estratigráfica que se prolonga, sob a parede, para o interior do compartimento 9. Nesta camada, tanto no compartimento 13 como sob a parede, foram recolhidos, durante os trabalhos arqueológicos, inúmeros fragmentos de uma mesma peça de cerâmica empedrada, datada dos séculos XVI/XVII. Este achado constitui, assim, um terminus post quam para a construção desta parede. Sobre as restantes fiadas de pedra foi construída, na recente intervenção, uma parede de alvenaria de tijolo industrial de 16 furos, rebocada a cimento portland. No troço da UM-13/21, situado entre os vãos de acesso aos compartimentos 9 e 13, são visíveis, sobre a argamassa de cal, inúmeras folhas de caliça, aplicadas ao longo de décadas, às quais se encosta a alvenaria de tijolo da UM-22, confirmando que o mesmo adossamento simples já ocorreria com a anterior parede de pedra.

Materiais

Construção Pedra calcária, em blocos grandes. Cimentação Terra e alguma argamassa de cal.

Acabamento Não é visível. Reparação Alvenaria de tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Piso dos séculos XVI/XVII Encosta a UM-13/21

Adossamento simples com UM-13/21.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que UM-13/21 Equivalente a Contemporânea de (UM-15/17?)

Coberta por Cortada por

Cronologia específica A partir do século XVI/XVII

Cheia por Integra

Elementos que datam Cerâmica dos séculos XVI/XVII, sob a UM-22.

Page 140: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

363

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-22

Esquina da UM-22 com a UM-23. UM-22, vendo-se a camada sob o alicerce da parede, na qual foi encontrado o pote do século XVI/XVII.

Page 141: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

364

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-23

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 13 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (SE-NO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral

Configuração Sub-rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal, muito irregular, com blocos de pedra grandes a pequenos.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com rebocos de argamassa de cal rosada. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Janela de rampa, aticurga, feita com lajes de pedra e tijoleiras de barro.

DESCRIÇÃO

A parede acompanha a inclinação do solo rochoso, sendo as fundações mais profundas a nascente e mais elevadas a poente. A sua cota de assentamento é, pela mesma razão, bastante mais baixa do que a das restantes paredes do mesmo compartimento. Precisamente sob a janela encontra-se um troço de parede mais profundo, com uma altura de cerca de 60cm contados a partir do substrato rochoso, que apresenta um aparelho mais ou menos linear, de blocos de pedra de maiores dimensões, muito bem aparelhados, e que parece corresponder a uma estrutura anterior, não identificada, mas que integra o muro poente, orientado a Sul, descoberto durante os trabalhos arqueológicos, com o qual encastra. Por cima desta estrutura foi construída a parede, com um aparelho mais irregular, pouco alinhado, de alvenaria de pedra de calcário cinzento e calcarenito, com blocos e lajes de grande a pequena dimensão, raras tijoleiras e fragmentos de telha de canudo, ligada com bastante terra. Possui extensos vestígios de reboco de argamassa de cal branca, com muitos nódulos de caliça, especialmente na zona inferior. No troço superior nascente observa-se uma grande zona de restauro, com a utilização de argamassa de cal rosada. Sob esta, encostaria uma das grandes lajes de pedra que formavam a bancada, conforme o levantamento de 1982. No topo da parede foram colocadas três fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocadas a cimento, para nivelar a parede e sustentar o travejamento do novo telhado. Espessura da parede: 57cm. Não se consegue perceber a ligação entre esta parede e a fundação, de pedra, da UM-22.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos grandes, médios e pequenos; fragmentos de tijoleiras e de telhas de canudo.

Cimentação Terra. Acabamento Argamassa de cal.

Reparação Argamassa de cal; alvenaria de tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA Relações estratigráficas

Tipo de adossamento

Cobre Estrutura mural descoberta Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-24.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-24 Mais recente que Estrutura mural descoberta Equivalente a Contemporânea de UM-24

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-24

Elementos que datam

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365

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-23

Aparelho da UM-23, vendo-se a estrutura mural anterior. Pormenor da janela de rampa.

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366

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-24

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 13 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação Nascente

Parede mestra de fachada - tardoz

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal, muito irregular, com blocos de pedra grandes a pequenos.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com rebocos de argamassa de cal cinzenta. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão de janela rústica,com 68cm X 73cm.

DESCRIÇÃO

A cota de assentamento desta parede é ligeiramente inferior à da UM-25, devido à inclinação do terreno. Parede com aparelho de alvenaria de pedra de calcário cinzento e calcarenito, num alinhamento pouco regular, com alguns tijolos burro (com 3cm de espessura) e fragmentos de telha de canudo, ligada com bastante terra. Vestígios de reboco para fecho de juntas, com argamassa de cal branca e cinzenta, com muitos nódulos de cal. Sob a fundação da parede foi aberta uma perfuração, no troço Norte, para passagem de um cano de grés, para escoamento de águas, sendo a parede reparada com tijolo e cimento. No topo, mais de cinco fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocadas a cimento, para nivelar a parede e sustentar o travejamento do novo telhado. Possui um forno de lenha encastrado, feito de tijoleiras e tijolo burro. Sob a porta do forno, a parede foi reparada, após a remoção da bancada de pedra fronteira, visível no levantamento de 1982. A desmontagem das lajes de pedra e do murete de apoio obrigou ao enchimento de algumas zonas, sob o forno, com tijolo industrial e cimento. Este descalçamento deverá ter sido a causa do surgimento de uma “barriga” na parede, que não deveria existir em 1982, quando esta foi registada de forma rectilínea. Também o vão da porta do forno e a chaminé foram reconstruídos em tijolo industrial e cimento.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos grandes, médios e pequenos; fragmentos de tijolo burro e de telha de canudo.

Cimentação Terra. Acabamento Argamassa de cal.

Reparação Argamassa de cal; alvenaria de tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA Relações estratigráficas

Tipo de adossamento

Cobre Cano de grés descoberto no sector 13 Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-23.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-23 (e UM-25?) Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-23 e UM-25

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-23 (e UM-25?)

Elementos que datam

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367

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-24

UM-24. Pormenor da “barriga” de que padece a parede.

Boca do forno, em 1982 (ADDPCTV). Vista actual do forno e da nova chaminé.

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368

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-24

Interior do forno.

Page 146: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

369

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-25

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 13 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-08-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal, muito irregular, com blocos de pedra grandes a pequenos.

Interfaces construtivos

Restauros

Restauros antigos com rebocos de argamassa de cal cinzenta. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

DESCRIÇÃO

A cota de assentamento desta parede é superior à das restantes paredes do sector, também devido à inclinação do terreno. Mas a grande diferença, relativamente à UM-21 – que lhe está próxima –, tem a ver, fundamentalmente, com a antiguidade desta, em relação à UM-25. Parede com aparelho de alvenaria de pedra de calcário cinzento e calcarenito, numa disposição muito irregular, pouco alinhada, ligada com bastante terra. Vestígios de reboco para fecho de juntas, com argamassa de cal branca, com muitos nódulos de cal. Reparações posteriores com aplicação de argamassa rosada, com fragmentos de telha de canudo. A maior parte da parede foi reconstruída recentemente com alvenaria de tijolo industrial, rebocada a cimento. Aquando da demolição da lareira, terão sido removidos todos os materiais sobrantes, bem como o piso fronteiro, até ao substrato rochoso. Não restam, por isso, muitos vestígios da organização da estrutura mural, nesta zona. No entanto, sob a parede, a uma profundidade de cerca de 45cm, persistem blocos de pedra que associamos à fundação de uma parede mais antiga – UM-26a –, que, orientada no sentido Norte-Sul, ligaria a UM-21 à UM-29/30, fechando o compartimento 8.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos grandes, médios e pequenos; fragmentos de tijolos burro e de telhas de canudo.

Cimentação Terra. Acabamento Argamassa de cal.

Reparação Argamassa de cal; alvenaria de tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA Relações estratigráficas

Tipo de adossamento

Cobre UM-26a Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-12/26 (e UM-24?).

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-12/26 (e UM-24?) Mais recente que UM-11/21 e UM-26a. Equivalente a UM-27 Contemporânea de UM-12/26 e UM-24.

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-12/26 (e UM-24?)

Elementos que datam

Page 147: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

370

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-25

Aparelho da UM-25.

Page 148: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

371

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-26a

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 14 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Alicerce (parede mestra de fachada – tardoz) Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO

Sistema construtivo Elementos

decorativos

Alvenaria de pedra.

Técnica construtiva

Interfaces construtivos

Restauros

DESCRIÇÃO

Sob a UM-25/27 são visíveis os vestígios da fundação de uma parede anterior, com a mesma orientação que a UM-26. Esta parede faria a anterior ligação entre a UM-11/21 e a UM-29, numa estrutura primitiva. Terá sido demolida e recuada para nascente, com a construção da nova UM-26.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação

Acabamento Reparação

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-25/27 e UM-12/26

Integrada em (UM-11/21?) Mais recente que Equivalente a Contemporânea de (UM-29/30 e UM-11/21?)

Coberta por UM-25/27 Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra (UM-11/21?)

Elementos que datam

Page 149: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

372

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-26a

Vestígios do alicerce da UM-26A, sob a UM-27. Vestígios do alicerce da UM-26A, sob a UM-25. Assinalados, estão os locais onde subsistem grandes pedras do alicerce, a um nível claramente inferior ao

da UM-25.

Page 150: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

373

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-26

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 14 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede de compartimentação

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Possuía um pequeno nicho embutido, na zona que foi demolida.

DESCRIÇÃO

Esta parede, registada no levantamento de 1982, foi demolida, até às fundações, na intervenção dos anos 90, para permitir a ligação entre os compartimentos 8 e 14 e a escavação de uma vala, que serviu de lixeira. Dela pouco mais resta, do que o corte visível na UM-27, na zona de encastramento com aquela parede, onde ainda é possível verificar o tipo de aparelho que a constituía. A primeira fiada de pedras, de fundação, era formada por blocos de maiores dimensões, ainda visíveis no referido corte, aplicados a uma cota muito superior à da UM-21. O restante aparelho é formado por pedras mais pequenas e lajes. O ligante é constituído por abundante terra escura. Já no compartimento 13, no espaço correspondente à face nascente da antiga lareira, resta apenas a fiada de pedras de assentamento, sobre a qual foi reconstruída a parede, com alvenaria de tijolo industrial e reboco de cimento. Esta parede foi construída ligeiramente desencontrada da face poente do vão da porta de acesso ao compartimento 13, na UM-21, cobrindo tenuemente aquele vão.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra abundante.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-11/21

Adossamento simples, com a UM-11/21. Adossamento por encastre, com UM-25/27.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-25/27 Mais recente que UM-11/21 Equivalente a UM-12 Contemporânea de UM-25/27

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-25/27

Elementos que datam

Page 151: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

374

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-26

O que resta da UM-26, depois da sua demolição.

Page 152: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

375

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-27

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 14 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Nicho com 33cm X 35cm. O levantamento de 1982 refere um outro vão, já demolido, de nicho ou janeluco interior.

DESCRIÇÃO

A fundação é constituída por uma fiada de blocos de pedra maiores. O aparelho é de alvenaria de pedra de calcário cinzento e calcarenito, num alinhamento pouco regular, ligada com bastante terra. Vestígios de reboco para fecho de juntas, com argamassa de cal branca e amarelada. Na zona poente, são visíveis vestígios de caliça. Do lado poente, e a cerca de 105cm do solo, a parede foi reconstruída recentemente com alvenaria de tijolo e cimento. O mesmo sucedeu com o troço superior, para alinhamento e sustentação do madeirame do novo telhado. Sensivelmente a meio da parede, em altura e largura, encontra-se um nicho, cujo interior foi caiado dezenas de vezes, ao longo do tempo, formando camadas sucessivas de caliça, cuja espessura total chega a atingir os 4,5cm. Sob a parede, a poente da UM-12/26, vêem-se os vestígios de uma antiga parede – UM-26a –, orientada a Sul, de ligação entre a UM-11/21 e a UM-29/30, cuja inclinação mostra que a sua construção acompanharia o declive do terreno.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra abundante.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre UM-26a Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-12/26

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-12/26 Mais recente que UM-26a Equivalente a UM-25 Contemporânea de UM-12/26 (e UM-24?)

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-12/26

Elementos que datam

Page 153: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

376

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-27

Aparelho da UM-27. Nicho existente na parede, vendo-se as diversas camadas de cal aplicadas.

Page 154: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

377

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-28

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 14 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede de compartimentação

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Irregular, não alinhado, com blocos de diferentes dimensões. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão de janela rústica, aberta nos anos 90, com 75cm X 90cm.

DESCRIÇÃO

A base da parede está, não só a uma cota bastante superior à da UM-6/10, como cerca de 30cm acima da base de assentamento da UM-27, como se pode verificar na esquina entre as duas paredes. Não possui um alicerce mais robusto e bem aparelhado, como a generalidade das restantes paredes, mas apenas alguns blocos maiores na base, colocados de forma irregular e espaçados entre si.Tal facto estará associado à sua cronologia mais recente e ao facto de se tratar de uma parede de fecho, não estrutural, que se veio a apoiar nas paredes laterais preexistentes. O aparelho é de alvenaria de pedra – calcários e arenitos –, sem qualquer alinhamento, com pedras de dimensões muito irregulares e raros fragmentos de telha de canudo. A cimentação é feita com abundante argamassa de terra. Juntas fechadas com reboco de argamassa de cal amarelada. Do lado Sul, é visível uma zona de reparação com argamassa de cal branca e de manutenção com cal de caiação, das intervenções mais recentes, antes das obras dos anos 90. Troço superior, acima dos 175cm, reconstruído recentemente, com alvenaria de tijolo e cimento, para alinhamento e sustentação do madeirame do novo telhado. Na mesma altura foi aberta uma janela rústica, antes inexistente. Também a ligação com a UM-29 apresenta enchimentos de tijolo e cimento, aplicados na sequência do desmonte parcial daquela parede. A disposição das pedras na zona de ligação com a UM-29 confirma o seu adossamento por encastre, naquela unidade mural. Adossa de forma simples com a UM-27.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra abundante.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Cal de caiação; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-27 e UM-29

Adossamento simples, com UM-29 e UM-27. Adossamento por encastre, com UM-29.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-29a Mais recente que UM-29 e UM-27 Equivalente a Contemporânea de UM-29a

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-29a

Elementos que datam

Page 155: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

378

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-28

Aparelho da UM-28.

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379

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-29a

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 14 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede de suporte

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Irregular, não alinhado, com blocos de diferentes dimensões. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

DESCRIÇÃO

Esta unidade mural corresponde, de facto, ao adossamento paralelo de duas unidades murais distintas. À antiga estrutura mural constituída pelas faces UM-29/UM-30, foi adossado, do lado Norte, um paramento mais estreito, aquando da construção da UM-28, talvez para uma melhor sustentação desta nova parede, ou para sustentar a própria UM-29/UM-30, ou até para fazer o alinhamento entre as faces das antigas UM-29 e UM-9, entre as quais existia um ligeiro desencontro de origem, observável numa fotografia antiga e claramente confirmável pela análise dos alicerces das duas paredes. Por essa razão, esta parede ficou incomparavelmente mais espessa do que todas as restantes paredes do imóvel. Estamos, assim, a falar de dois paramentos sobrepostos, em épocas distintas. Do paramento mais recente – UM-29a – já quase nada resta, após quase total demolição de todo o conjunto mural (UM-29/UM-30), nos anos 90. Observam-se, apenas, os vestígios do seu encastramento na UM-28 e a continuidade tipológica entre estes dois paramentos: aparelho de alvenaria de pedra (calcários e arenitos), sem alinhamento, com pedras de dimensões irregulares e cimentação com abundante argamassa de terra. Apresenta um alicerce formado por duas fiadas de grandes blocos de pedra, colocados de forma mais regular do que na UM-28, o que poderia ser um indício de uma necessidade de melhor sustentação da antiga UM-29/UM-30. Os seus parcos vestígios apresentam, mesmo assim, diversos enchimentos em tijolo e cimento.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra abundante.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Betão armado; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-29

Adossamento por encastre, com UM-28

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-28 Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-28

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-28

Elementos que datam

Page 157: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

380

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-29a

Do lado esquerdo são visíveis os alicerces da UM-29A, adossada à UM-29.

Page 158: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

381

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-29

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 14 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra lateral – empena) Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO

Sistema construtivo Elementos

decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Possuía uma porta, na esquina com a UM-8/33, da qual já nada resta.

DESCRIÇÃO

Resto da antiga parede UM-29. A antiga UM-29/30 é visível a Sul da nova parede de alvenaria de tijolo, que foi construída sobre esta estrutura. O nível de destruição da parede não permite identificar a forma como os seus alicerces se adossariam aos da UM-8/33. Deverá constituir uma unidade com a UM-29/30, cuja cota de fundação é similar, apesar do desalinhamento entre ambas. A descontinuidade entre a UM-7/9 e a UM-29/30 é perfeitamente visível, ao nível dos alicerces, e ocorre a poente da porta de acesso ao compartimento 15, precisamente no local em que a UM-26a, visível sob a UM-25, se encontraria com a UM-29/30, de acordo com a sua orientação.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos grandes e alguma pedra miúda. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Não é visível. Reparação Betão armado; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-7/9 Mais recente que Equivalente a UM-30 Contemporânea de UM-7/9 e UM-26a

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-7/9

Elementos que datam

Page 159: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

382

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-29

Fotografia do imóvel, anterior às últimas obras, vendo-se nitidamente o desajustamento entre a UM-29/39 e a UM-7/9 (fotografia da ADDPCTV).

Fotografia do imóvel, anterior às últimas obras, vendo-se nitidamente o desajustamento entre a UM-29/39 e a UM-7/9 (fotografia da ADDPCTV).

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Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-30

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 15 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral – empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Possuía uma porta, na esquina com a UM-8/33, da qual já nada resta.

DESCRIÇÃO

A parede original, registada em 1982, foi demolida nos anos 90. Dela resta apenas uma fiada de pedras, do alicerce, com cerca de 35cm de altura, num aparelho de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda e fragmentos de telha de canudo, ligada com terra e bastante argamassa de cal, branca. Espessura: 55cm. Na esquina com a UM-31, foi mantido um pequeno troço de parede, cuja parte superior foi reconstruída em alvenaria de tijolo de 12 furos, ficando transformada num pilar. Sob este, vê-se ainda o alicerce original, encastrado na UM-31, com vestígios de argamassa de cal e de caiação. Um pilar de tijolo e cimento foi construído sobre o antigo alicerce, próximo da junção com a UM-8/33, destruindo-o parcialmente. Por essa razão, não foi possível determinar a forma de adossamento dos seus alicerces aos da UM-8/33. Sobre os dois pilares foi colocada uma viga de betão armado, que segura uma asna de sustentação da estrutura do telhado, construída em alvenaria de tijolo e cimento. Esta estrutura permitiu a criação de um grande vão de ligação entre os compartimentos 15 e 14. Deverá constituir uma unidade com a UM-29/30, cuja cota de fundação é similar, apesar do desalinhamento entre ambas. A descontinuidade entre esta parede e a UM-7/9 é perfeitamente visível, ao nível dos alicerces, e ocorre a poente da porta de acesso ao compartimento 15, precisamente no local em que a UM-26a, visível sob a UM-25, se encontraria com a UM-29/30, de acordo com a sua orientação.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos grandes e alguma pedra miúda. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Não é visível. Reparação Betão armado; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-31.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-31 Mais recente que Equivalente a UM-29 Contemporânea de UM-31 e UM-7/9

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-31

Elementos que datam

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Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-30

UM-30 completamente alterada, vendo-se o que resta dos alicerces.

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Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-31

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 15 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - tardoz

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Restauro com pedra e argamassa de cal, amarelada, em data indeterminada. Restauro em alvenaria de tijolo industrial, nos anos 90.

Vão de janela rústica, com 75cm X 95cm.

DESCRIÇÃO

Aparelho de alvenaria de pedra cuidadosamente construído, com pedras de calcário e calcarenito de tamanho irregular, mas formando fiadas regulares, com blocos de grandes e médias dimensões, ligados por pedra miúda e raros fragmentos de telha de canudo, intercalados por fiadas de lajes. O ligante é formado por terra castanha escura e as juntas são rebocadas com argamassa de cal branca. Vestígios de antiga intervenção de restauro na zona superior da parede, na junção com a UM-32. Na esquina com a UM-32, são visíveis inúmeras folhas de caliça, aplicada ao longo de décadas. No topo, três fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocado a cimento, suportam o vigamento de madeira do novo telhado. Do lado Sul da janela, são visíveis dois encaixes para a colocação de barrotes de madeira, com 11cm X 14cm.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal, amarelada/cinzenta; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-30 e UM-32.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-30 e UM-32 Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-30 e UM-32

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-30 e UM-32

Elementos que datam

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Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-31

Aparelho da UM-31. À esquerda, os dois encaixes de barrotes de madeira.

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387

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-32

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 15 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular e paralelo. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção antiga de restauro, com enchimento de pedra e argamassa amarela. Restauro recente em alvenaria de tijolo industrial.

Vão de porta com 105cm X 240cm.

DESCRIÇÃO

Constitui uma estrutura contínua, com a UM-3/5. Aparelho de alvenaria de pedra cuidadosamente construído, com pedras de calcário e calcarenito de tamanho irregular, mas formando fiadas regulares, com blocos de grandes e médias dimensões, ligados por pedra miúda e raros fragmentos de tijolo burro e telha de canudo, intercalados por fiadas de lajes. O ligante é formado por terra castanha escura e as juntas são rebocadas com argamassa de cal branca. Vestígios de antiga intervenção de restauro no topo superior nascente da parede, junto à UM-8/33, com um enchimento atabalhoado de pedra e argamassa amarela, correspondendo à zona da parede que sofreu um derrube para o interior do compartimento15. Na esquina com a UM-31, são visíveis inúmeras folhas de caliça, aplicada ao longo de décadas. No topo e sobre a porta, três fiadas de alvenaria de tijolo industrial, rebocado a cimento, suportam o vigamento de madeira do novo telhado. Espessura da parede: 55cm. Soleira da porta original, com ressalto para encosto da porta e depressão central de secção quadrangular, com 3cm X 3cm, para introdução do ferrolho do fecho. Para Norte do ressalto, a soleira apresenta formato sub-pentagonal, com uma profundidade máxima de 39cm, na zona central.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal, amarelada/cinzenta; tijolo de barro, industrial, de 8 e de 12 furos; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-8/33 e UM-31.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-8/33 e UM-31 Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-8/33 e UM-31

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-8/33 e UM-31

Elementos que datam

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388

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-32

Aparelho da UM-32, vendo-se as diversas intervenções no troço superior nascente.

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389

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-33

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 15 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra interior)

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Reparação com alvenaria de tijolo de adobe, a soga, em data incerta, mas tardia; reparação com alvenaria de tijolo industrial, nos anos 90.com tijolo industrial, nos anos 90.

DESCRIÇÃO

Muro com uma a duas fiadas de pedra, com cerca de 20cm de altura. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso das obras dos anos 90. Na UM-5/32 são visíveis os grandes blocos de pedra que ligavam a parede àquela estrutura e que, na parte superior, foram substituídos por tijolos de adobe; o que indicia um derrube da parte superior da parede que, ao ser reconstruída, não manteve o encastramento na UM-5/32. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda como rebo, ligado com alguma terra e bastante argamassa de cal, branca, de boa qualidade. Espessura da parede: 50cm. Visíveis, junto ao solo, as inúmeras camadas de caliça, sucessivamente aplicadas, cobrindo a junção com o piso. Reparações com tijolo e cimento, na zona de ligação com a UM-5/32, na sequência da demolição da parede, nos anos 90. A construção de um pilar de tijolo e cimento, nos anos 90, destruiu a sua ligação à UM-7/30, pelo que não é possível determinar o tipo de adossamento existente entre estas estruturas.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos grandes e alguma pedra miúda. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Não é visível. Reparação Tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre com UM-5/32.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-5/32 Mais recente que Equivalente a UM-8 Contemporânea de UM-5/32

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-5/32

Elementos que datam

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390

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-34

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 16 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Reparação com argamassa cinzenta. Restauro com tijolo industrial, nos anos 90.

Vão de porta com 105cm X 240cm.

DESCRIÇÃO

Estrutura contínua, com a UM-3/5. Aparelho de alvenaria de pedra, bem construído, com pedras de tamanho irregular, formando fiadas sub-horizontais, com blocos e lajes ligados por pedra miúda e alguns fragmentos de telha de canudo. Cimentação com terra castanha e reboco com argamassa de cal branca, com muitos nódulos de cal. Espessura: 55cm. No limite poente são visíveis vários blocos de pedra de grandes dimensões, formando o cunhal da antiga estrutura original. Subsiste uma parte considerável do primitivo vão da porta, que teve, originalmente, um tratamento esmerado, com a aplicação, em ambas as faces, de um pequeno aparelho de alvenaria de tijolo burro, cimentado com abundante argamassa de cal branca. Este aparelho, do qual ainda subsiste um troço de 185cm de altura, contados a partir da soleira, é formado pela sobreposição de pequenos tijolos burro ou tijoleiras, de barro vermelho, com 29cm X 15cm X 3cm e estreita o vão em cerca de 8cm de cada lado, permitindo uma porta com 90cm de largura. Esta técnica construtiva é característica, grosso modo, dos séculos XV/XVI. A soleira apresenta ressalto para encosto da porta e depressão para o ferrolho e tem uma profundidade, para Sul do ressalto, de 20cm. As características da porta provam que constituiu, outrora, a entrada principal do imóvel. Vestígios de aplicação de argamassa de manutenção, acinzentada. Nas esquinas com a UM-35/41 e UM-4/37, são visíveis inúmeras folhas de caliça, aplicadas ao longo dos tempos. Restaurada nos anos 90, com aplicação de oito fiadas de alvenaria de tijolo industrial, de 12 furos, rebocado a cimento, no troço superior, para reerguer a parede e suportar o vigamento do novo telhado. O troço nascente da parede está desencontrado da secção contígua da UM-3, em cerca de 15cm, em virtude de esta última ter sofrido um derrube antigo, cuja inclinação nunca chegou a ser devidamente corrigida.

Materiais

Construção Blocos, lajes e pedra miúda, de calcário e calcarenito; fragmentos de telha de canudo. Cimentação Terra e argamassa de cal, branca.

Acabamento Argamassa de cal, branca. Reparação Argamassa de cal, acinzentada; tijolo de barro, industrial, de 12 furos; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-4/37 e UM-35/41

Integrada em Mais recente que Equivalente a UM-32 e UM-3/5 Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica Séculos XV/XVI

Cheia por Integra

Elementos que datam

Características arquitectónicas e técnicas da porta.

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391

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-34

Aparelho da UM-34. Vestígios do primitivo cunhal do imóvel.

Antiga porta principal, cujo troço inferior esquerdo subsiste na forma original. Pormenor da porta e da área escavada.

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392

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-35

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 16 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra interior)

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal. Interfaces construtivos

Restauros

Não são visíveis.

Teve uma porta e uma janela interior (ou outra porta?), assinalados no levantamento de 1982, das quais não restam já quaisquer vestígios.

DESCRIÇÃO

Muro com cerca de duas fiadas de pedra, a inferior das quais será a da infra-estrutura de assentamento, uma vez que, para nascente, ultrapassa, em cerca de 15cm, a fiada superior. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso das obras dos anos 90. A demolição de parte da UM-36 impede-nos de saber de que forma era feito o seu adossamento àquela parede. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda, cimentado com terra. O seu topo Sul quase desapareceu e, por isso, não se justificou a sua escavação. Espessura do muro, medida no troço Norte: 55cm. Na esquina com a UM-34 são visíveis vestígios da aplicação de sucessivas camadas de cal de caiação, calcificada em folhas.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e pedra miúda. Cimentação Terra.

Acabamento Cal de caiar. Reparação Não se aplica.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-3/34

Adossamento simples, com UM-3/34.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que UM-3/34 Equivalente a UM-41 Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

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393

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-36

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 16 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Restauro antigo em alvenaria de tijolo de adobe, evidenciando um derrube da parede, por razões desconhecidas, em época que não é possível precisar. Restauro recente em alvenaria de tijolo industrial, nos anos 90.

Vão da porta de entrada, com 90cm X 215cm.

DESCRIÇÃO

Da parede original, para poente da porta de entrada, já só resta um pequeno troço, truncado, pois o restante foi demolido nas recentes obras. Possui um aparelho de alvenaria de pedra, constituída por pedras de tamanho irregular, mas formando fiadas mais ou menos regulares (mais regulares na zona inferior), intercaladas com fiadas de pequenas lajes de pedra, num aparelho coerente. O ligante é de terra castanha escura. Vestígios de rebocos nas juntas, com argamassa de cal branca e amarelada. Sobre este aparelho, nomeadamente sobre a porta, foi aplicado, num restauro mais recente, um outro de alvenaria de adobe, formado por tijolos de terra castanha escura, em tudo semelhante à do ligante das pedras, com cerca de 15cm x 25cm e espessura indeterminada, aparelhados a soga. No topo, três ou quatro fiadas de alvenaria de tijolo, rebocada a cimento, alinham a parede e sustentam o vigamento do novo telhado. A espessura da parede é de 50cm. Para remate da zona truncada foi construída, adossada à sua face Sul, uma parede de alvenaria de tijolo industrial, de 8 furos.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos grandes e pedra miúda, muito rolada. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal. Reparação Tijolo de adobe; tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-4/37.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-4/37 Mais recente que Equivalente a UM-1 Contemporânea de UM-4/37

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-4/37

Elementos que datam

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Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-36

Troço demolido da UM-36.

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395

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-37

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 16 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 10-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra de fachada – tardoz) Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO

Sistema construtivo Elementos

decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal. Interfaces construtivos

Restauros

Não são visíveis.

Possuía uma porta, da qual já só resta uma grande laje, sob a qual passavam as águas destinadas à canaliza-ção, e que lhe terá servido de soleira.

DESCRIÇÃO

Muro com cerca de duas fiadas de pedra, a inferior das quais será a da infra-estrutura de assentamento, uma vez que, para poente, ultrapassa, em cerca de 10cm, a fiada superior. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso dasobras dos anos 90. Na UM-1/36 são ainda perfeitamente visíveis os vestígios do seu anterior encastramento naquela estrutura. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda como rebo, ligados com terra. No topo Sul integra uma estrutura anterior, onde se destaca uma grande laje de pedra, sob a qual passavam as águas de acesso à canalização coberta de lajedo, situada no compartimento 5. Esta laje, pelo desenho da planta de 1982, terá constituído a soleira da porta. Espessura do muro, medida no troço Norte: 55cm. Na esquina com a UM-34 são visíveis vestígios da aplicação de sucessivas camadas de cal de caiação, sobre o reboco, calcificada em folhas.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e pedra miúda. Cimentação Terra.

Acabamento Cal de caiar. Reparação Não se aplica.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Laje de ligação às canalizações cobertas Encosta a UM-3/34

Adossamento por encastre, com UM-1/36. Adossamento simples, com UM-3/34.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-1/36 Mais recente que UM-3/34 e laje de canalização Equivalente a UM-4 Contemporânea de UM-1/36

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-1/36

Elementos que datam

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396

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-37

Vestígios do encastramento da UM-37 na UM-1/36. Repare-se na inexistência de relação entre os vestígios da UM-37 e a laje que servia de soleira da porta de acesso ao

compartimento 5.

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397

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-38

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 18 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra.

Técnica construtiva

Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução em alvenaria de tijolo industrial.

DESCRIÇÃO

A parede foi demolida nas recentes obras e totalmente reconstruída em alvenaria de tijolo industrial. Da antiga parede, registada no levantamento de 1982, resta apenas uma fiada de pedras, de alicerce, com cerca de 25cm de altura e outros 25cm salientes da parede, para o interior do compartimento 18, comprovando que o alicerce era mais largo do que o resto do paramento. Este alicerce continua sob a UM-39, adossado por encastre. De acordo com a planta de 1982, esta parede não estaria perfeitamente orientada com a UM-3/34, desviando-se ligeiramente para Sul. A análise de fotografias antigas da Azenha permite verificar claramente que o compartimento 18 foi um acrescento feito à anterior construção. Nesta parede estava montada uma lareira, registada no levantamento de 1982, sendo a chaminé visível em diversas fotografias do primeiro quartel do século XX.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito. Cimentação Terra.

Acabamento Reparação Tijolo de barro industrial, de 8 furos; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-34

Adossamento simples, com UM-32/34.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que UM-34 Equivalente a Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 175: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

398

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-38

Troço reconstruído da UM-36, restando apenas os alicerces originais.

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399

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-39

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 18 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - tardoz

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra.

Técnica construtiva

Não é visível. Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução em alvenaria de tijolo industrial.

Vão de janela rústica, com 80cm X 97cm, situado 90cm acima do recente piso de betão.

DESCRIÇÃO

A parede antiga foi demolida durante as obras dos anos 90 e completamente substituída por uma parede de alvenaria de tijolo industrial, rebocada a cimento. Da antiga parede, registada no levantamento de 1982, resta apenas uma fiada de pedras, de alicerce, com cerca de 25cm de altura e outros 25cm salientes da parede, para o interior do compartimento 18, que continua sob a UM-38, adossado por encastre.

Materiais

Construção Alvenaria de pedra. Cimentação Terra.

Acabamento Reparação Reconstrução com tijolo de barro industrial, de 8 furos, e cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-38.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-38 Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-38

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-38

Elementos que datam

Page 177: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

400

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-39

Parede reconstruída. Ao nível dos alicerces, é possível observar-se o encastramento da UM-38 na UM-39.

Page 178: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

401

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-40

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 18 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede de compartimentação

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Não é visível.

Técnica construtiva

Não é visível. Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução em alvenaria de tijolo industrial.

Do vão da antiga porta, já nada resta. O actual vão tem 80cm X 220cm.

DESCRIÇÃO

A parede antiga foi demolida durante as obras dos anos 90 e totalmente substituída por uma parede de alvenaria de tijolo industrial, rebocada a cimento.

Materiais

Construção Cimentação

Acabamento Reparação Reconstrução com tijolo de barro industrial, de 8 furos, e cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que Equivalente a Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 179: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

402

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-40

Troço reconstruído da UM-40.

Page 180: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

403

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-41

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 18 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Muro (parede mestra de fachada – tardoz) Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO

Sistema construtivo Elementos

decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal. Interfaces construtivos

Restauros

Não são visíveis.

Teve uma porta e uma janela interior (ou outra porta?), assinalados no levantamento de 1982, das quais não restam já quaisquer vestígios.

DESCRIÇÃO

Muro com cerca de duas fiadas de pedra, a inferior das quais será a da infra-estrutura de assentamento, uma vez que, para nascente, ultrapassa, em cerca de 15cm, a fiada superior. Trata-se do que resta de uma parede, registada em 1982 e demolida no decurso das obras dos anos 90. A demolição de parte da UM-36 impede-nos de saber de que forma era feito o seu adossamento àquela parede. O aparelho é de alvenaria de pedra, formado por blocos grandes, alternados com pedra miúda, cimentado com terra. O seu topo Sul quase desapareceu e, por isso, não se justificou a sua escavação. Espessura do muro, medida no troço Norte: 55cm. Na esquina com a UM-34 são visíveis vestígios da aplicação de sucessivas camadas de cal de caiação, calcificada em folhas.

Materiais

Construção Pedra de calcário, calcarenito e arenito, em blocos e pedra miúda. Cimentação Terra.

Acabamento Não é visível. Reparação Não se aplica.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-3/34

Adossamento simples, com UM-34.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que UM-3/34 Equivalente a UM/35 Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 181: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

404

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-42

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 17 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 16-07-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral - empena

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Não é visível.

Técnica construtiva

Não é visível. Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução em alvenaria de tijolo industrial.

Do vão da antiga porta, já nada resta. O actual vão tem 80cm X 220cm.

DESCRIÇÃO

A parede antiga foi demolida durante as obras dos anos 90 e completamente substituída por uma parede de alvenaria de tijolo industrial, rebocada a cimento.

Materiais

Construção Cimentação

Acabamento Reparação Tijolo de barro industrial, de 8 furos; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que Equivalente a Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 182: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

405

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-43

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 17 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - tardoz

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de tijolo.

Técnica construtiva

Aparelho a soga. Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução em alvenaria de tijolo industrial, no século XX, em época indeterminada. Reparação nos anos 90 do mesmo século, também em alvenaria de tijolo e cimento portland.

DESCRIÇÃO

Da parede original, só se vêem alguns vestígios na base, ao nível do alicerce, com cerca de 40cm de altura. O resto da parede é em alvenaria de tijolo industrial de 8 furos – um pouco queimado pela cozedura –, do século XX, mas de data indeterminada. O cimento apresenta-se, também, já envelhecido. São visíveis vestígios de caliça colocados sobre a parede de tijolo, pelo que esta deverá ter já algumas décadas. No topo, foi colocada mais uma fiada de tijolos, na intervenção dos anos 90, para a colocação do novo telhado.

Materiais

Construção Alvenaria de pedra (?) Cimentação

Acabamento Reparação Tijolo de barro, industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que Equivalente a Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 183: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

406

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-43

Repare-se na saliência das pedras do alicerce da antiga parede,

relativamente ao novo paramento de alvenaria de tijolo.

Page 184: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

407

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-44

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 17 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Vão de janela rústica, com 75cm x 108cm.

DESCRIÇÃO

A zona inferior da parede é composta por uma grande espessura de terra, que se sobreporá a um alicerce de pedra, bem visível na UM-43. Este adobe poderá estar relacionado com algum restauro do paramento e poderá confinar-se à parte interior do mesmo. Imediatamente sobre a camada de adobe, na zona central da parede, foi colocada uma grande laje de pedra, sob a qual se vêm ainda vestígios de dois ferros espetados na terra. A esta estrutura de terra, com cerca de 30cm, sobrepõe-se um aparelho de alvenaria de pedra calcária e calcarenítica, formada por blocos de pedra de tamanhos irregulares mas, sobretudo, grandes, formando fiadas relativamente alinhadas. A cimentação é feita em terra, tendo sido utilizados como cunha abundantes fragmentos de telha de canudo e raras tijoleiras de 3cm de espessura, para o travamento das pedras. Sobre o paramento, vêem-se restos de argamassa de cal cinzenta, com bastantes nódulos, pontualmente reforçada com fragmentos de telhas de canudo. A partir do nível do vão de janela, adulterado pelas recentes obras, o aparelho é bastante mais irregular e com algumas pedras em formato de laje. Sobre este aparelho de alvenaria, foram colocadas três fiadas de tijolo, onde foram embutidos os barrotes de sustentação do telhado.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes; fragmentos de telha de canudo. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal; fragmentos de telha de canudo; cal de caiação. Reparação Tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-43 e UM-45.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-43 e UM-45 Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-43 e UM-45

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-43 e UM-45

Elementos que datam

Page 185: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

408

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-44

A grande laje sob o vão de janela da UM-44.

Page 186: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

409

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-45

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 17 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - frente

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Tinha um vão de janela rústica, entaipado durante as recentes obras, e um vão de porta, transformado num vão de janela rústica, com 75cm x 110cm.

DESCRIÇÃO

Aparelho de alvenaria de pedra calcária e calcarenítica, formada por blocos de pedra de tamanhos irregulares mas, pelo pouco que é possível constatar, devido à grande quantidade de cimento qua ainda cobre o paramento, formando fiadas relativamente alinhadas. A cimentação é feita em terra, tendo sido utilizados como cunha abundantes fragmentos de telha de canudo, para o travamento das pedras. Vestígios de argamassa de cal cinzenta, com bastantes nódulos. Sobre este aparelho de alvenaria, foram colocadas duas a três fiadas de tijolo, onde para alinhamento da parede e sustentação do novo telhado. Junto ao piso, e especialmente na zona do antigo vão da porta, vários preenchimentos com tijolo fragmentado. Devido à adulteração produzida nas paredes durante a intervenção dos anos 90, com derrubes e reconstruções, não foi possível detectar o tipo de adossamento existente, originalmente, entre a UM-45 e a UM-36.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos e lajes; fragmentos de telha de canudo. Cimentação Terra.

Acabamento Argamassa de cal; fragmentos de telha de canudo; cal de caiação. Reparação Tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Adossamento por encastre, com UM-44.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-44 Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-44

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-44

Elementos que datam

Page 187: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

410

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-45

UM-45. Esquina entre a UM-45 e a UM-42. Do lado externo do edifício é claramente

perceptível o enchimento do antigo vão de porta e a sua transformação em vão de janela.

Page 188: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

411

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-46

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 12 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra aparelhada.

Técnica construtiva

Irregular, não alinhado ou com alinhamentos pontuais, com blocos e lajes de diferentes dimensões.

Interfaces construtivos

Restauros

Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

DESCRIÇÃO

Alvenaria de pedra em blocos de dimensões irregulares, intercalada com lajes. Aparelho irregular, alinhado apenas nalgumas zonas, formando fiadas sub-horizontais. Os materiais empregues – tipo de pedra e de argamassa – diferem completamente dos utilizados na restante construção. Trata-se de uma parede de construção relativamente recente, embora se possa tratar da reconstrução de uma estrutura mais antiga. O troço Sul, na esquina com a UM-47, foi totalmente adulterado durante a intervenção dos anos 90, impossibilitando-nos de saber como é que estas duas estruturas murais se relacionariam.

Materiais

Construção Pedra de calcário cinzento (e basalto?) e calcarenito, em blocos e lajes. Cimentação Argamassa de cal e saibro, acastanhada.

Acabamento Reparação Tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-49 (troço de alvenaria de pedra)

Adossamento simples, com o troço de alvenaria de pedra da UM-49.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-49 (aparelho misto)

Integrada em Mais recente que UM-49 (aparelho de alvenaria de pedra) Equivalente a Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 189: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

412

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-46

UM-46.

Page 190: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

413

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-47

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 12 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (ESE-ONO) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Técnica construtiva

Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução em alvenaria de tijolo, nos anos 90.

Vão de porta, totalmente reconstruído.

DESCRIÇÃO

A parede foi totalmente reconstruída em alvenaria de tijolo industrial e cimento portland, num aparelho a soga, aquando da intervenção dos anos 90.

Materiais

Construção Cimentação

Acabamento Reparação Tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-48 Mais recente que UM-46 Equivalente a Contemporânea de UM-48

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-48

Elementos que datam

Page 191: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

414

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-47

Parte da UM-47 (esquerda), reconstruída em alvenaria de

tijolo e cimento, e adossamento simples à UM-46.

Do lado externo do edifício é perceptível a estrutura construtiva da UM-47.

Page 192: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

415

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-48

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 12 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Norte-Sul (NNE-SSO) Objecto Inclinação

Parede mestra lateral

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Técnica construtiva

Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução em alvenaria de tijolo, nos anos 90.

Vão de janela aberto durante as últimas obras, não existente ante-riormente.

DESCRIÇÃO

A parede foi totalmente reconstruída em alvenaria de tijolo industrial e cimento portland, num aparelho a soga, aquando da intervenção dos anos 90.

Materiais

Construção Cimentação

Acabamento Reparação Tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em UM-47 Mais recente que UM-49 Equivalente a Contemporânea de UM-47

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra UM-47

Elementos que datam

Page 193: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

416

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-49

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 12 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (E-O) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - tardoz

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra

Técnica construtiva

Alinhado sub-horizontal irregular. Interfaces construtivos

Restauros

Reconstrução com sistema misto de alvenaria de tijolo de adobe, intercalada com pedra, do tipo alinhado horizontal regular e paralelo, alternando pedra miúda com tijolo de adobe. Intervenção recente, dos anos 90, em alvenaria de tijolo industrial e cimento.

Pequeno vão de janela, com 50cm X 52cm, aberto já no século XX, como se pode verificar por fotografias do início do século.

DESCRIÇÃO

A parede que agora se pode observar é fruto de uma reconstrução recente. Da parede original, em alvenaria de pedra – como se pode ver por fotografias do início do século XX –, já nada resta. A actual parede é feita de uma alvenaria mista de tijolos de adobe –semelhantes aos aplicados nos restauros dos paramentos do sector 5 – e de pedra miúda, recolhida na arriba contígua, formada por uma marga cinzento-azulada. A pedra é também ligada por fragmentos de telhas de canudo e argamassa de cal amarelo-esbranquiçada. Este tipo de aparelho difere de todos os outros utilizados na construção e reparação do imóvel, ao longo dos tempos, que, apesar da sua pouca antiguidade, mostra uma técnica sui generis. Trata-se de uma opção que demonstra, sobretudo, uma grande pobreza de materiais, a que deverá ter correspondido, também, uma grande pobreza de recursos. No entanto, este aparelho só existe para nascente da janela; no pequeno troço de pouco mais de 50cm, contados desde a face nascente da janela, para poente, o aparelho é de pedra calcária cinzenta, em blocos grandes e médios. Na esquina com a UM-46 são visíveis vestígios de cal de caiação. Sobre este aparelho, uma fiada de alvenaria de tijolo industrial, colocada durante as últimas obras.

Materiais

Construção Pedra de calcário cinzento, em blocos grandes e médios; fragmentos de telha de canudo. Cimentação Argamassa de cal.

Acabamento

Reparação Tijolo de adobe; pedra miúda, recolhida da rocha de base local, e fragmentos de telha de canudo; tijolo industrial; cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que UM-46 (relativo ao troço de pedra)

Integrada em UM-50? Mais recente que UM-46 (relativo ao aparelho misto) Equivalente a Contemporânea de UM-50? (relativo ao aparelho de pedra)

Coberta por Cortada por

Cronologia específica Século XX (aparelho misto).

Cheia por Integra

Elementos que datam Técnica e materiais (aparelho misto).

Page 194: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

417

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-49

Vistas exteriores (início do século XX e 2004) da UM-49. Note-se a inexistência anterior do vão de janela.

Aparelho misto da UM-49. Assinalado, o pequeno vão de janela.

Page 195: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

418

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-50

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 12 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Nascente-poente (E-O) Objecto Inclinação

Parede mestra de fachada - tardoz

Configuração Rectilínea

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra

Técnica construtiva

Não visível Interfaces construtivos

Restauros

Cimentação durante a intervenção dos anos 90.

DESCRIÇÃO

Não foi possível analisar este paramento, em virtude de se encontrar completamente recoberto de cimento. É provável que a sua construção seja contemporânea da construção dos compartimentos 9 e 10, de forma a proteger o acesso exterior aos mesmos.

Materiais

Construção Pedra. Cimentação

Acabamento Reparação Cimento portland.

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que Equivalente a Contemporânea de

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

Page 196: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

419

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural UM-50

Vistas exteriores (início do século XX e 2004) da UM-50.

Page 197: Azenha de Santa Cruz: Trabalhos Arqueológicos, 2004 – 2007 · possível, quer do ponto de vista técnico (dadas, geralmente, as suas reduzidas dimensões), quer do ponto de vista

420

Ficha Extra Unidade Mural Inferno do Sector 6

LOCALIZAÇÃO Sondagem

Sítio Arqueológico Azenha de Santa Cruz Sector 6 Código AZS Quadrículas

Data de Registo 20-10-2007 Autoria Isabel Luna

IDENTIFICAÇÃO Orientação Objecto Inclinação

Estrutura

Configuração Rectangular

CARACTERIZAÇÃO Sistema construtivo

Elementos decorativos

Alvenaria de pedra

Técnica construtiva

Interfaces construtivos

Restauros

Não houve.

DESCRIÇÃO Os muretes do inferno são de pedra, argamassada com argamassa de cal branca. Do lado poente subsiste, ao nível do piso, um lajeado, com encaixe quadrangular com 24cmx14cmx4cm, onde encaixava o eixo da roda da azenha. Os muretes laterais estão adossados à UM-6 de forma simples e têm cerca de 45cm/50cm de espessura. O murete poente tem, actualmente, cerca de 65cm de altura total; prolonga-se para além do piso, sustentando as laterais do inferno. Do murete Norte ainda persistem 80cm de altura máxima e, do Sul, 130cm. Nas esquinas com a parede nascente, encontram-se duas lajes de suporte, embutidas naquela unidade mural. A laje Sul está saliente da parede cerca de 18cm X 30cm; a laje Norte está saliente da parede cerca de 25cm X 40cm e apresenta, na face superior, um encaixe com 7cm X 7cm X 3cm. Na UM-6 é patente a marcação do limite superior original dos muretes; o murete Norte, por exemplo, teria cerca de 1m a mais, do que a sua medida actual. Este limite superior coincide, praticamente, com as duas furações entaipadas, mas ainda visíveis, na UM-5.

Materiais

Construção Pedra de calcário e calcarenito, em blocos. Cimentação Terra.

Acabamento Reparação

CRONOLOGIA

Relações estratigráficas Tipo de

adossamento

Cobre Encosta a UM-6

Adossamento simples, com UM-6.

Corta Cronologia geral Enche Mais antiga que

Integrada em Mais recente que Equivalente a Contemporânea de UM-6

Coberta por Cortada por

Cronologia específica

Cheia por Integra

Elementos que datam

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421

Ficha de

Unidade Estratigráfica Mural N.º de

Unidade Mural Inferno do Sector 6

Inferno.

Encaixe do eixo da roda, escavado na pedra.

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422

8.5 – PLANTA GERAL DE ADOSSAMENTOS (Carlos Robalo)

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423

8.6 – PLANTA GERAL DE RUPTURAS CONSTRUTIVAS (Carlos Robalo)

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424

9. INTERPRETAÇÃO DO SÍTIO

Um dos objectivos iniciais dos trabalhos arqueológicos consistia no apuramento da

possibilidade de existirem, no local, vestígios de uma ocupação humana anterior à

construção da azenha, que pudessem enriquecer a história do sítio. Neste aspecto, a

escavação viria a revelar-se mais frutuosa do que inicialmente poderíamos supor.

Nos sectores 14 e 15 surgiram vestígios, ainda que ténues, de um concheiro preexistente

à azenha. A sua associação a uma lasca de sílex intencionalmente trabalhada remete-o

para a época pré-histórica. Como se viu no capítulo 3.4.1, a região em redor de Santa

Cruz é abundante em vestígios pré-históricos, muito especialmente em habitats de

ocupação epipaleolítica/mesolítica, nomeadamente concheiros, situados sobre as arribas

e nos terrenos que lhe são contíguos, tanto a norte como a sul da azenha.

A justificação para esta ocupação reside, fundamentalmente, nas extensas restingas –

áreas de grandes depósitos de rochas e rochedos, sobre a areia, parte dos quais

emergem na maré vazia –, que caracterizam, nesta costa, a zona próxima da praia,

limitada pela isobamétrica dos 10 m. Nestas rochas proliferam vastas comunidades de

moluscos e peixes, constituindo excelentes recursos alimentares. Tal é o que se passa na

praia fronteira à azenha, onde se podia contar, ainda, com grande abundância de água

doce, o que dava a este local condições singulares para a fixação efémera e sazonal de

pequenas comunidades humanas. Estas áreas de habitat deste trecho do litoral

estremenho constituem-se como pequenos sítios de ar livre, onde os concheiros estão

presentes – geralmente com pequenas superfícies de ocupação –, a par de pobres

conjuntos industriais (Araújo, 2003, p. 107).

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425

Os grupos humanos do pós-glaciar desenvolveram uma estratégia de sobrevivência

baseada na exploração de recursos e áreas complementares, em ecossistemas ricos e

plurifacetados, numa economia de amplo espectro, com um padrão de implantação litoral

e ribeirinho. Daí a exploração intensiva de recursos ribeirinhos, estuarinos ou marítimos,

através da ocupação de locais implantados directamente sobre a linha de costa, em

zonas planas e abertas, junto a pequenas praias. A “proximidade de linhas de água doce

resolve um dos problemas essenciais de qualquer ser vivo e acrescenta aos recursos

terrestres disponíveis todos aqueles que são próprios de meios aquáticos” (Diniz, 1993 b,

pp. 120-135).

Apesar de se tratarem de vestígios muito ténues, eles constituem mais um – e importante

– contributo à análise monográfica deste sítio histórico.

Também o achado de um fragmento da asa de uma ânfora romana constituiu um dado

interessante no conjunto de resultados da intervenção arqueológica.

Trata-se de um fragmento de uma ânfora do tipo Almagro 51 A/B, produzido na Lusitânia

e destinado ao transporte marítimo de preparados de peixe. Estas ânforas são já do final

da ocupação romana, datando dos séculos IV/V.

A presença romana em Santa Cruz, nomeadamente desde o século I, está, há muito,

devidamente comprovada, como se referiu no capítulo 3.4.1. No entanto, este achado,

ainda que descontextualizado, adquire, apesar de tudo, alguma relevância.

Estas ânforas eram produzidas na faixa meridional da Península Ibérica e utilizadas no

comércio marítimo de pastas de peixe, que ia da Península Ibérica aos extremos do

Império, através da navegação mediterrânica. No actual território português eram

produzidas, muito particularmente, nas inúmeras olarias localizadas nos estuários do Tejo

e do Sado, criadas para satisfazerem as necessidades da indústria de pasta de peixe de

Tróia. A sua descoberta em Santa Cruz atesta, de certa forma, os contactos desta região

com o mundo comercial marítimo romano, atlântico e mediterrânico.

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426

Outro objectivo dos trabalhos arqueológicos constava na recolha do máximo de

informação e de vestígios físicos relacionados com o imóvel e com a sua vivência

quotidiana, de forma a possibilitar uma posterior musealização do interior, com

documentação relativa ao seu passado histórico.

Também em relação a este ponto os resultados foram muito além do esperado,

atendendo às fracas expectativas iniciais, em virtude dos danos infligidos ao edifício e ao

seu subsolo, durante a intervenção realizada há pouco mais de uma década. O espólio

recolhido, numa quantidade considerável, ainda que muito fragmentado e algo modesto,

adquire, no entanto, um valor acrescido, no âmbito de uma divulgação monográfica,

sendo que algumas das peças têm mesmo um significativo valor museográfico. A

quantidade e variedade do espólio consegue, apesar de tudo, fornecer uma breve

panorâmica da ocupação humana do edifício, ao longo de cinco séculos.

“Un complejo arquitectónico rara vez es levantado en el transcurso

de una única operación constructiva. […] Lo normal, por contra, es

que los edifícios históricos se edifiquen en varias fases, se amplíen

o reduzcan, se compartimenten, sobreeleven plantas, y en

definitiva, se transformen continuamente. Cada uno de esos pasos

[…] quedan reflejados en una série de soluciones de “contacto”,

cada una de las cuales evidencian fielmente el orden de ejecución y

el carácter de la actuación” (Tabalez Rodríguez, 2002, p. 119).

Os objectivos fundamentais dos trabalhos arqueológicos consistiram em estudar a

arquitectura e o funcionamento da azenha, em esclarecer a estrutura e a

compartimentação original do imóvel e em datar a construção do edifício e a sua

ocupação secular, para se poder obter uma reconstituição, o mais fiel possível, da sua

estrutura arquitectónica e do funcionamento dos seus engenhos. E, sob este ponto de

vista, os resultados foram ainda mais relevantes, sobretudo por inesperados.

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427

Como refere Tabalez Rodríguez, no texto que apresentamos acima, uma construção

arquitectónica raramente é edificada durante uma única operação construtiva. Num

edifício que já se sabia, à partida, ter cerca de 500 anos de idade, seria bastante

improvável que não se tivessem verificado, ao longo da sua existência, processos de

alteração, demolição e reconstrução.

O imóvel que chegou até nós, de arquitectura industrial, é constituído por um conjunto de

corpos de planta rectangular, nuns casos mais regular do que noutros, estruturados numa

organização axial agrupada e alongada, que visa, fundamentalmente, acompanhar o

percurso da linha de água que o abastece. A construção adapta-se à topografia do

terreno de assentamento, de natureza bastante inclinada, através de uma implantação por

socalcos.

Os resultados dos trabalhos arqueológicos vieram revelar que este edifício, cujos

compartimentos – em número muito elevado, para o que é usual numa estrutura industrial

deste tipo – apresentam uma complexa distribuição, mais não é do que uma construção

orgânica, que tem por base um pequeno núcleo central original, ao qual foram sendo

sucessivamente acrescentados novos volumes, articulados entre si, que acabaram por

conferir ao conjunto arquitectónico a peculiaridade que o caracteriza e que é a base da

sua identidade patrimonial.

A conjugação da análise dos resultados arqueológicos com o estudo arquitectónico da

estrutura construída do edifício permitiu-nos chegar a um modelo de reconstituição do

edifício original e das suas diversas etapas evolutivas. O cruzamento dos dados

científicos obtidos através dos diversos estudos permitiram aproximar o mais possível

este modelo – que, pela sua natureza reconstitutiva, não deixa de ser hipotético –, àquilo

que deverá ter sido a realidade histórica. Foi possível obter, também, uma compreensão

diacrónica do imóvel.

O núcleo central e mais antigo da azenha é constituído, assim, por um conjunto de três

compartimentos (fig. 333), correspondentes aos sectores 6, 8 e 15, que constituiriam o

edifício fundacional, construído na sequência do contrato de emprazamento das águas de

S. Gião, de 1462.

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428

Os achados recolhidos são coincidentes com esta datação. Apenas se encontraram

ténues vestígios que poderão remontar ao século XV. E, à excepção da peça de sílex,

num contexto de pré-existência, e da asa de ânfora, descontextualizada, não foi

encontrado qualquer outro espólio anterior aos séculos XV/XVI. Por outro lado, a maioria

das estruturas e dos achados mais antigos e contextualizados surgiu, precisamente, neste

conjunto de compartimentos. Nomeadamente todas as moedas anteriores ao século XIX.

Para uma melhor visualização apresenta-se, no gráfico 43, a distribuição dos achados

datados, por sector.

SECTOR5 3 16 19 1 7 26 3 5 1 1 41 108 1 2 7 46 15 1 4 1 1 5 259 2 1 4 1 16 2910 1 1 9 1 9 15 6313 1 1 186 8 1 1 1 9 3 314 23815 7 4 4 9 2 1 4 13

XV XVI XVII XVIII XIX XX

XVI/XVIIIXVII/XIX

FRAGMENTOS/PEÇAS

SÉC

ULO

S XV/XVI XVIII/XIXXVI/XVII XIX/XX

XVII/XVIIIXVIII/XX

Gráfico 43 – Distribuição cronológica dos achados, por sectores.

Este primeiro núcleo apresenta uma compartimentação e dimensões mais consentâneas

com as mais comuns tipologias de azenhas, conhecidas no nosso país. No entanto, os

espaços são bastante mais amplos do que aqueles que seriam expectáveis numa

mediana unidade industrial medieval. Esta azenha, pelas suas dimensões e

características construtivas, estava muito longe de ser uma pequena ou rudimentar

instalação.

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429

Fig. 333 – Azenha de Santa Cruz: planta – fase 1 (Carlos Robalo).

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430

Apesar da irregularidade topográfica do terreno, os construtores conseguiram criar uma

planta absolutamente ortogonal, que dificilmente viria a ser repetida, estruturada em dois

patamares ou socalcos. Abriram-se valas para assentar as fundações das paredes e, na

construção, utilizou-se uma argamassa de cal de grande qualidade, para levantar um

aparelho de pedra de muito boa execução e regularidade. Pelo menos numa das

esquinas foram utilizados grandes blocos de pedra talhados, para fazer um cunhal.

A porta de acesso principal foi alvo de particulares atenções, sendo o seu aro executado

com recurso a tijoleiras bem envolvidas em argamassa de cal, numa construção de

excelente qualidade, que chegou até aos nossos dias num apreciável estado de

conservação. Sob o piso foi colocada uma cuidada rede de drenagem de águas pluviais,

constituída por regos cobertos por telhas invertidas e ligados por uma caixa de junção, a

fim de melhorar as condições de habitabilidade do edifício. E, na empena norte, foram

cravados dois cachorros de pedra (só um existe), para sustentarem um eventual telheiro

de cobertura da segunda porta de acesso.

As dimensões dos compartimentos eram particularmente generosas, atendendo à época

de construção: aproximadamente 12,5m2, 14m2 e 25m2 (note-se, no entanto, que o

compartimento norte estaria dividido no sentido Norte-Sul, provavelmente imediatamente

a nascente da porta de acesso ao exterior, mas não foram encontrados quaisquer

vestígios desta eventual parede). Em suma, para os padrões do século XV, era uma

construção excepcional, tendo em conta a sua finalidade.

A azenha possuía duas rodas e dois engenhos, de acordo com o seu plano original. De

facto, o documento de emprazamento, de 1462, refere-se a “uns moinhos ou azenhas que

agora o dito corregedor e sua mulher novamente querem edificar”. A referência a moinhos

ou azenhas, deve-se ao facto de os padres da colegiada desconhecerem, na altura, se os

engenhos iriam funcionar com base em moinhos de roda horizontal (de rodízio), mais

comuns na época, ou de roda vertical (azenhas de copos), como viria a acontecer.

Atendendo à realidade que podemos observar actualmente, a segunda roda (a norte)

deveria ser ligeiramente mais pequena do que a primeira. Mas também é verdade que

desconhecemos se o inferno do primeiro engenho chegou até nós tal como se encontrava

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originalmente e se a roda que ainda existia nos anos 50 era a mesma da origem, o que

poderá ser improvável. É possível que os dois infernos e as duas rodas, sendo

absolutamente contemporâneos, tivessem dimensões idênticas.

Os engenhos estavam distribuídos pelos dois patamares do edifício, embora a diferença

de cotas não fosse muito significativa (cerca de 60cm). Tal significa que as duas rodas,

apesar de ligeiramente desniveladas, estariam a cotas muito próximas, o que impediria

que a segunda pudesse ser alimentada pelas águas sobrantes da primeira. Teriam de

funcionar, assim, com a mesma fonte de alimentação, ou seja, quase lado a lado.

Fig. 334 – Azenha da Boiaca (Cucos, Torres Vedras), com duas rodas simultâneas (BMTV).

As azenhas eram instalações mais complexas do que os moinhos hidráulicos e a sua

edificação mais dispendiosa. Sendo mais complexas, só seriam rentáveis se possuíssem

várias moendas em funcionamento simultâneo (Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p. 144).

Nas azenhas de propulsão inferior, em rios e ribeiros caudalosos, é comum e frequente a

existência de duas ou mais rodas dispostas lado a lado (fig. 334). No entanto, em

azenhas de propulsão superior, onde o abastecimento de água é feito por levadas, é

necessário que o caudal seja muito forte, para que o mesmo consiga fazer mover duas

rodas simultaneamente. Não é uma situação muito menos frequente do que a anterior

(Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p. 188), mas requer, apesar de tudo, um caudal maior

do que aquele necessário à movimentação de uma única roda, cujas águas sobrantes

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432

fazem mover a seguinte com base na força da gravidade. Um exemplo de três rodas

simultâneas é o da antiga azenha de A-dos-Cunhados (fig. 335).

Fig. 335 – Azenha de A-dos-Cunhados, com três rodas simultâneas (Fontes, 2002).

Não estando situada num grande rio, a azenha necessitaria, apesar de tudo, de um

caudal considerável, para fazer girar as duas rodas simultaneamente e para justificar a

sua construção naquele local. A não ser assim, teria sido mais rentável construí-la nas

margens do Sizandro. Teria mesmo de haver mais fartura de água do que de vento, para

que não se tivesse optado pela construção de um moinho eólico, atendendo a que Santa

Cruz possui um clima particularmente ventoso e favorável a essa instalação43. E, no

século XV, já existiam moinhos de vento em Torres Vedras. Segundo Ana Maria

Rodrigues, no final da Idade Média existiam em Torres Vedras 11 moinhos hidráulicos (de

rodízio), duas azenhas e 4 moinhos de vento. Aquela autora menciona mesmo a

existência de referências a um moinho de vento em Torres Vedras desde 1267 e a vários

outros localizados na zona periurbana, nos finais do século XV (Rodrigues, 1995, p. 287).

Ora, as águas que corriam no Vale da Azenha, no século XV, tinham de ser em volume

muito considerável e de uma grande regularidade, para justificarem tamanho

investimento. E essa quantidade seria tal que, aquando da escritura de aforamento, antes 43 “Os moinhos de vento são, em geral, máquinas que aproveitam potências muito maiores […], pelo que a

sua utilização se traduziria numa produção unitária de farinha muito superior à que se verifica com estes

moinhos hidráulicos” (Viegas, Miranda e Lucas, s. d., p. 61).

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433

mesmo de se poder observar o caudal das águas reunidas e canalizadas em levadas, já

se conseguia vislumbrar a viabilidade do negócio. Isto porque toda a construção e os

respectivos custos eram assumidos pelo foreiro (ou arrendatário).

Pelo caudal constatável numa fotografia do início do século XX (fig. 336) – que seria

menor do que o dos séculos XV e XVI –, podem facilmente tirar-se ilações sobre a

quantidade de água que correria por aquele vale, à época. O próprio documento de

emprazamento se refere à abertura de açudes para “fazerem vir a dita água em

abastança”.

Fig. 336 – Azenha de Santa Cruz, no primeiro quartel do século XX. Atente-se à dimensão da ribeira, à sua vigorosa cascata e à quantidade de águas sobrantes,

procedentes das rodas da azenha e do pisão, à direita (BMTV).

Com base no modelo hipotético que foi possível obter através das investigações

realizadas, foi elaborado um desenho de reconstituição virtual da Azenha de Santa Cruz,

tal como pensamos que seria, no final do século XV/início do século XVI, desenho esse

da autoria de José Pedro Sobreiro44 (fig. 337).

44 A quem agradecemos a paciência e a generosidade com que colaborou neste trabalho.

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Fig. 337 – Azenha de Santa Cruz: reconstituição – fase 1 (Isabel de Luna/José Pedro Sobreiro).

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435

A Azenha de Santa Cruz seria, como se viu, uma unidade industrial de cuidada

construção e de amplas áreas, se comparada com a generalidade das azenhas da época,

“em geral pequenas instalações rústicas e diminutas, de serventia meramente local”

(Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p. 171).

Na generalidade, os moinhos de rodízio, “de menor complexidade, não obrigam a grandes

investimentos para construção e manutenção, ao contrário das azenhas, associadas à

feudalização e monopólio senhorial” (Thomas F. Glick, apud Silva, 1999, p. 214). As

azenhas são instalações complexas e dispendiosas, que surgem autonomamente às

terras de cultivo, como uma das grandes fontes de rendimento da Coroa, do clero e da

nobreza45.

No caso de Torres Vedras, no final da Idade Média e no que aos direitos dominiais dizia

respeito, “embora a profissão e a condição social de grande parte dos rendeiros de

quintas torrienses seja omissa nos documentos, os casos conhecidos apontam para um

nítido predomínio dos intermediários: cavaleiros e escudeiros, membros da aristocracia

urbana e oficiais régios tinham o principal papel, relegando para um lugar secundário

tanto os lavradores quanto os mesteirais e os clérigos” (Rodrigues, 1995, p. 411). Mas

“entre os rendeiros de direitos dominiais, também se encontrava uma maioria de membros

da nobreza, embora os clérigos viessem logo a seguir” (Idem, p. 413).

Ora o contrato de aforamento das águas de S. Gião de Ribamar, de 1462, é feito com

Diogo Gonçalves Lobo e sua mulher, Elvira de Olivares, representados pelo seu filho

Gonçalo Dias. Naquele documento, o rendeiro é apresentado como “corregedor por El Rei

em a cidade de Lisboa”. Diogo Lobo “foi vedor da Casa da rainha D. Leonor e válido de

seu marido o rei D. Duarte”. Também a sua esposa, a castelhana D. Elvira de Olivares, foi

“dama da dita rainha D. Leonor”. Segundo Manuel Abranches de Soveral, “a 10 de Abril

de 1451 D. Afonso V nomeou Diogo Gonçalves Lobo, escudeiro, […] para o cargo de

45 “A importância da posse de instrumentos de moagem está bem expressa […] nas disposições dos forais

de D. Afonso III e de D. Dinis”, para o Algarve. Em Tavira, por exemplo, “por foral a Coroa reserva para si as

azenhas da ponte e os moinhos da Asseca” (Silva, 1999, p. 214).

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436

corregedor da cidade de Lisboa, em substituição do doutor Pedro Faleiro” (Soveral, 2005),

embora Maria dos Anjos Luis refira que o mesmo terá exercido essas funções

“possivelmente entre 1457 e 1463” (Luis, 2006, p. 28, nota 55).

Este aristocrata “possuía algumas quintas e casais no concelho de Torres Vedras”

(Ibidem) e fiscalizou, por nomeação régia, as obras de construção do Convento do

Varatojo. A 4 de Outubro de 1474, aquando da “inauguração, solene e concorrida”

daquele convento, D. Afonso V “não estava presente por motivo de guerras em que

andava pelejando, mas delegou em Diogo Gonçalves Lobo” a sua representação

(Teixeira, 2000, p. 71). Este convento foi, aliás, “escolhido como última morada pelo

homem que fiscalizara a construção, Diogo Gonçalves Lobo” (Rodrigues, 1995, p. 519).

Dois filhos seus tiveram, também, vidas destacadas e desafogadas. Em 1452, D. Afonso

V “doou a Gonçalo Dias Lobo, filho de Diogo Gonçalves Lobo […], uma tença anual de

4.800 reais de prata para mantimento de seus estudos” (Soveral, 2005). Este Gonçalo

Dias – que, aquando do contrato de 1462, era escudeiro – era, em 1438, foreiro da Quinta

de Valverde, propriedade do Mosteiro de Alcobaça (Rodrigues, 1995, p. 410, nota 171 e

p. 427, nota 211), que a viria a tentar recuperar mais tarde, “por ter morrido abyntestado”

(Idem, p. 427, nota 211). O seu irmão Pêro Lobo, que acabou por conseguir ficar com o

prazo daquela quinta, na sequência da morte do irmão, era também “fidalgo da casa do

rei e tesoureiro da rainha” (Ibidem), o que, segundo Ana Maria Rodrigues, deverá ter

pesado na resolução do conflito com os frades do mosteiro de Alcobaça. Certo é que, em

1573, vivia ainda na Quinta de Valverde um Diogo Lobo, descendente de um dos dois

irmãos. A sua habitação e mordomias (uma escritura menciona um seu criado)

comprovam que os membros da família teriam continuado com o seu estilo de vida

aristocrático.

A prática do “tráfico de influências” atesta o poder que estes nobres possuíam. Para além

da rápida resolução do conflito com o mosteiro de Alcobaça, acima referido, também

Diogo Gonçalves Lobo terá movido as suas influências para conseguir para si o

aforamento das águas de S. Gião, apesar da aparente normalidade com que o processo

se terá desenvolvido, como pretende demonstrar a prévia licitação do prazo pelo “porteiro

do concelho da dita vila”. De facto, no mesmo documento, refere-se que “o dito Diogo

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437

Gonçalves corregedor dera uma informação ao muito honrado Dom Afonso R. Nogueira,

arcebispo de Lisboa, pedindo-lhe em ela por mercê que lhe prouvesse dar sua autoridade

e licença e consentimento ao dito prior e raçoeiros que pudessem aforar para sempre ao

dito corregedor uma água com seu assento que eles e a dita sua Igreja hão a São Gião

de Ribamar, comarca de Randide, termo da dita, para em ela o dito corregedor fazer uns

moinhos ou azenhas”.

Fig. 338 – Reconstituição, em corte, da primeira moenda da Azenha de Santa Cruz (Jorge Martins).

“Construção cara e complicada, o moinho começou por ser exclusivo dos senhores da

terra, os únicos com capacidade económica para os mandar construir. A sua maquinaria

era complicada e exigia, tanto na sua construção quanto na sua manutenção, mão-de-

obra especializada e materiais caros […]. A manutenção, não apenas da maquinaria mas

igualmente do edifício e dos anexos (condutas de água, represa, açudes,…) implicava,

portanto, uma grande quantidade de dinheiro de que só os ricos poderiam, em princípio,

dispor. Acrescia, muitas vezes, a necessidade de posse jurídica de uma corrente de água

constante, objecto de frequentes contendas. Isso explica a razão pela qual, na maior parte

das vezes, o moinho de água foi edificado por um senhor, laico ou eclesiástico” (Barbosa,

1991, p. 46).

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Os dois únicos foreiros da Azenha de Santa Cruz conhecidos entre o século XV e o

século XVI, são membros da nobreza e do clero. Em 1462 foi o corregedor Diogo

Gonçalves Lobo quem aforou as águas e construiu a azenha e, entre 1574 e 1585, era

rendeiro da azenha Estêvão Antunes, “clérigo de orde[n]s de evangelio”, de acordo com

as vedorias feitas pelos padres da colegiada de S. Miguel.

O mesmo sucedia com outras azenhas conhecidas. O emprazamento da charneca e água

do vale da Caneira, em 1449, é feito a ”João Correia, escudeiro”. E, em 1517, a agora

chamada Azenha do Mar é emprazada ao Dr. João Dias de Almada46, “morador na sua

quimta da Ribeira dos Cunhados”, cujas posses seriam significativas, pois os clérigos de

S. Miguel referem estar a azenha “muyto denifjcada ssem nenhũa bemfeytorrya E lhes

parrecer que o dicto doutor a corregerrya bem a sseus tempos e lhes pagarrya bem sseus

forros”. Este, por sua vez, subarrenda a azenha a D. Henrique de Noronha, “comendador

mor de Santiago”, membro da mais alta nobreza portuguesa da época47. Também a

Azenha de Cima, em A-dos-Cunhados, pertencia, em 1573, a D. Martim Soares de

Alarcão48, alcaide-mor de Torres Vedras, do qual descendem os condes de Avintes e

marqueses do Lavradio.

Sendo a construção de uma azenha – e o aforamento do seu terreno e/ou das suas águas

– um investimento muito razoável, só podia ser levado a cabo por clérigos e nobres

razoavelmente endinheirados. O contrato de aforamento das águas de S. Gião não deixa

dúvidas quanto a quem deve assumir as custas com a edificação: “com condição que o

dito corregedor e sua mulher e herdeiros que depois [d]eles vierem possam mandar abrir

a dita água ás suas custas em qualquer dos vales por onde se melhor poderem

46 Seria, muito possivelmente, o filho de D. Antão de Almada – capitão-mor do Reino, por carta de

confirmação de 1496 – e de D. Maria de Menezes, e neto paterno de D. Fernando de Almada, segundo

conde de Abranches. Terá falecido solteiro. 47 Era filho de D. Pedro de Noronha, também comendador de S. Tiago, alcaide-mor de Óbidos e mordomo-

mor de D. João II, e de D. Catarina de Távora. Neto paterno de D. Pedro de Noronha – bispo de Évora,

arcebispo de Lisboa, descendente da família real e uma das mais poderosas figuras cortesãs da primeira

metade do século XV – e de Branca Perestrelo, irmã de Bartolomeu Perestrelo. Dele descendem os condes

dos Arcos. Foi sogro de D. Aleixo de Meneses, pai do prior do Convento da Graça de Torres Vedras. 48 Que, tal como Diogo Gonçalves Lobo, está sepultado no Convento do Varatojo.

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aproveitar”. E tiveram, ainda, de dar garantias patrimoniais para a realização do contrato:

“obrigaram para ele [=isso] seus bens móveis e de raiz havidos e por haver”.

Este investimento, apesar de volumoso, era, naturalmente, facilmente rentabilizado. Os

grandes senhores, proprietários ou foreiros das azenhas, funcionavam como

intermediários, emprazando ou subarrendando aquelas estruturas. “Tal não é

surpreendente, uma vez que já não se tratava de gerir uma grande exploração rural […],

mas apenas de proceder à recolha das rendas devidas pelos camponeses e,

eventualmente, à sua venda, se consistissem em géneros” (Rodrigues, 1995, p. 413).

Explica-se, assim, a razão da cuidada construção do núcleo original da azenha, situação

que não seria repetida na restante construção, à medida que, de certa forma, ia também

baixando o poder económico e social dos arrendatários que se seguiriam.

As áreas relativamente amplas da construção original da Azenha de Santa Cruz estão

associadas, também, à habitação do moleiro e da sua família.

De facto, vários são os documentos conhecidos, ao longo dos séculos, que referem

moradores na azenha: em 1573, “Álvaro Anes e Beatriz Álvares, sua mulher, moradores

na Azenha de Santa Cruz de Ribamar”; Álvaro Dias, morador na Azenha de Ribamar”,

“que há muitos anos que nelas mora; em 1701, Bartholomeu Francisco morador na

Azenha do mar”49. Para as condições da época, o espaço deveria ser mesmo de tal forma

amplo que, em 1573, para além do casal Álvaro e Beatriz (e restante família), vivia

também na azenha Álvaro Dias, o único que é claramente identificado como moleiro.

As azenhas que “possuem mais do que uma moenda, requerendo a presença assídua de

um moleiro” têm “arranjos mais ou menos precários onde o moleiro pode dormir ou

cozinhar”. Noutros casos, nomeadamente de construção mais elaborada, o mesmo

edifício “alberga o sector de moagem e a habitação normal do moleiro e da sua família,

49 Também em 1518 João Eanes é referido como “morador na Azenha do Mar” e, em 1573, a família

constituída por Inês Álvares e Domingos Pires é dada como moradora na Azenha de Cima, mostrando

como era habitual, nestas azenhas, estar associada a habitação familiar.

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que se situa, então, geralmente, num piso superior ou num corpo ao lado da moenda”

(Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p. 211).

Fig. 339 – Reconstituição, em corte, da primeira moenda da Azenha de Santa Cruz (Jorge Martins).

No caso da presente azenha, o corpo a poente da moenda seria utilizado para a

habitação do moleiro e da sua família e, eventualmente, para a realização de outros

trabalhos associados à indústria moageira. A presença de uma lareira e de diversa louça

utilitária de cozinha, bem como outros objectos do quotidiano, atestam uma habitação que

fazia todo o sentido, não só pelas necessidades da própria moagem, como pela

localização inóspita da unidade industrial. Se bem que os vastos logradouros da azenha

permitissem a construção de uma habitação contígua, a qualidade construtiva da azenha

fornecia melhores condições de habitabilidade do que as que se conseguiriam com a

construção de um anexo mais rústico.

Considerando as referências conhecidas aos habitantes da azenha, em 1573, era muito

provável que uma família habitasse o espaço a poente, onde se situava a lareira, e que

o(s) moleiro(s)50 habitasse(m) no(s) piso(s) superior(es) sobradado(s), onde estava(m) 50 Entendendo-se como moleiro a pessoa que realiza a função, independentemente de ser o rendeiro e os

seus familiares, e/ou um moleiro contratado e pago à jorna, como acontecia noutras profissões.

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a(s) moenda(s). A existência de múltiplas moendas exigia a presença de um agregado

familiar de dimensão adequada ao desenvolvimento de todas as tarefas necessárias à

actividade. Veja-se o exemplo da última família que habitou a azenha, onde apesar da

existência de diversos compartimentos, os filhos mais velhos do casal continuavam a

dormir junto das mós, para acompanharem permanentemente o seu trabalho (Lourenço,

2006, p. 70).

De acordo com os resultados da investigação, no século XVII a azenha sofreu uma

ampliação considerável (fig. 340). A Norte e a Sul foram-lhe construídos vários corpos,

cuja lógica principal consistiu na criação de uma terceira moenda e de uma levada com

maior capacidade e resistência. Tal baseia-se no facto de a investigação ter concluído

pela contemporaneidade entre o muro de suporte da levada e os novos corpos

construídos nesta fase, não tendo sido encontrados vestígios de um muro de suporte

anterior.

A partir desta segunda fase, a construção apresenta uma significativa diminuição de

qualidade, relativamente à edificação original. O principal elemento de cimentação passa

a ser a terra e, tanto o alinhamento das paredes como a estrutura dos aparelhos de

alvenaria, se apresentam bastante mais irregulares.

Os dados são um pouco vagos, mas sabemos que foi construída uma terceira roda, agora

bastante desnivelada em relação à que a antecede, de forma a aproveitar as suas águas

sobrantes, tirando partido da inclinação do terreno e da força da gravidade. As caleiras de

abastecimento foram talhadas em pedra calcária de boa qualidade, trazida, certamente,

de outra zona.

A Sul construíram-se duas novas dependências, por onde se acedia para a zona da

habitação ou para o piso superior, da moagem. Num destes novos compartimentos,

voltado a nascente, terá sido colocada uma estrutura, provavelmente de madeira, da qual

nada conseguimos saber. Não nos é mesmo possível esclarecer se a actividade aqui

desenvolvida terá sido anterior à construção destas novas dependências. Neste caso, ela

desenvolver-se-ia num espaço que seria, então, apenas semi-fechado.

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442

Fig. 340 – Azenha de Santa Cruz: planta – fase 2 (Carlos Robalo).

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443

Um eventual telheiro preexistente, sobre a zona correspondente ao sector 5, permitiria a

realização, neste espaço semi-fechado, de certas actividades que não pudessem ser

realizadas no interior da habitação. Note-se que havia outras actividades necessárias à

moagem que, eventualmente, poderia ser difícil levar a cabo no interior do pequeno

compartimento da moagem, como a eventual demolha do cereal51, a sua peneiração

(joeira)52, etc., ou, como “é também frequente, nesta categoria de moinhos, […] pequenos

equipamentos oficinais – forja, banco e torno de carpinteiro, etc. –, seja para apoio às

actividades da moagem, preparação da ferramenta para picagem das mós, consertos da

aparelhagem de madeira, etc., seja mesmo como ofício complementar a que o moleiro

deita mão nos seus vagares” (Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p. 211).

Fig. 341 – Reconstituição, em corte, da primeira moenda da Azenha de Santa Cruz (Jorge Martins).

Da mesma forma, não conseguimos encontrar uma explicação inequívoca para a conduta

lajeada encontrada sob o piso do compartimento 5. Mas é possível que servisse, também,

para drenar águas pluviais – cujo escorrimento, sobre a rocha, seria abundante –,

retirando humidade aos compartimentos e, paralelamente, aumentando o caudal da gola

onde giravam as duas rodas mais antigas. Tal só faria sentido a partir do momento da

construção da terceira roda, pois só esta beneficiava da água proveniente desta gola. 51 Cf. Capítulo 6.3, nota 35. 52 “Sendo a moagem na Idade Média, ainda a mais cuidada, um processo algo rudimentar e sujeito a

percalços vários, para obter uma farinha de muito boa qualidade – flor de farinha – era necessário uma

peneiração muito aturada e que desprezava enormes quantidades de produto” (Gonçalves, 2006, p. 66).

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444

Fig. 342 – Azenha de Santa Cruz: planta – fase 3 (Carlos Robalo).

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445

O compartimento correspondente ao sector 17, a poente, foi integrado nesta fase por

diversas razões. De facto, a análise dos paramentos permitiu constatar uma total

semelhança com o tipo de construção das restantes paredes a Sul, consideradas para

esta fase. Por outro lado, há nela uma estrutura ortogonal relativamente regular que, aliás,

continua a marcar, a Sul – a zona mais plana do terreno –, as novas construções, a

exemplo do que sucedeu com o núcleo primitivo. A análise fotográfica dos telhados,

prévia à intervenção mais recente, apoiou esta hipótese. Por último, aquele bloco faria

todo o sentido na composição e resguardo de um pátio de acesso ao edifício, a partir do

momento em que o mesmo ficou fechado com a parede de sustentação da levada,

abrigando dos ventos oceânicos o acesso a partir do arco nascente.

Em 1701 a azenha ainda possuía três moendas, embora, aparentemente, já nem todas

funcionassem adequadamente, ou produzissem o rendimento esperado. Apesar de o

foreiro Barlomeu Francisco mencionar que só uma funcionava, cremos que se tratará de

uma avaliação exagerada, mas que não põe em causa a possibilidade de o conjunto já

não se revelar adequado ao caudal existente, à época. A reformulação dos engenhos,

que se seguiria, poderá estar relacionada, também, com situações de alguma

deterioração, já assinaladas no final do século XVI.

O documento de emprazamento de 1701 refere a existência de três engenhos, estando

um equipado com um casal de mós alveiras e dois com mós urgeiras53. “Para o trigo, e de

um modo geral para se fabricar uma farinha alva e mais fina, usam-se mós de quartzite ou

calcário – mós alveiras ou trigueiras –; para o milho e o centeio (e também a cevada e

aveia, e outrora, por vezes, o milho miúdo ou painço), e para uma moagem mais

grosseira, usam-se mós de granito ou de pedra granulosa – mós negreiras, secundeiras

ou segundeiras (porque moíam os cereais com que se fabricava o pão “de segunda” que

o povo comia), orgueiras – que “traçam tudo e moem qualquer coisa” (Corroios) – ou de

orgueiro ou urgeiro, ou borneiras (Trás-os-Montes)” (Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p.

347). “Em Torres Vedras […] gastavam, dantes, mós feitas nas pedreiras locais de

Figueiredo – seguidamente esgotadas – que satisfaziam inteiramente” (Idem, p. 348).

53 De urgeira, urjeira, urzeira ou urze, planta agreste comum nas charnecas.

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Fig. 343 – Azenha de Santa Cruz: planta – fase 4 (Carlos Robalo).

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447

Atendendo ao espólio encontrado e ao enchimento do segundo inferno, cremos que a

segunda roda terá sido desactivada muito pouco tempo depois de 1701, na sequência,

aliás, das queixas do foreiro Bartolomeu Francisco, relativamente à diminuição do caudal

de água que abastecia a azenha. Não estará mesmo fora de questão que a terceira roda

tivesse já sido construída a pensar num posterior abandono da roda intermédia. Tal

permitiria um melhor funcionamento das rodas restantes, com um menor caudal, numa

sucessão mecânica que tiraria bastante mais partido da utilização da força da gravidade.

A terceira fase considerada corresponde à desactivação da segunda roda e à construção

da cozinha. Trata-se de uma mera hipótese, pois embora sabendo que a cozinha é

posterior ao núcleo central, não foi possível, no entanto, esclarecer completamente as

ligações deste compartimento, nem a nascente, nem a poente. O forno parece-nos ser um

elemento mais recente, relativamente à edificação da própria cozinha, e a sua introdução

terá alterado os pontos de leitura da relação entre os paramentos a poente. Também só a

picagem de paredes e a escavação do exterior, no ponto de ligação entre as paredes da

cozinha e as do terceiro inferno, poderiam ajudar a esclarecer a estratigrafia mural na

zona nascente da cozinha. A cozinha poderá ser, assim, já do século XVIII, tendo-se

sobreposto a vestígios anteriores, do século XVII, que ficaram sob o piso do novo

compartimento.

A fase quatro acrescenta ao conjunto a parede poente de delimitação do espaço que,

mais tarde, viria a ser o quarto da última habitante, claramente posterior aos restantes

compartimentos, sendo que a sua utilização recente e, consequentemente, não tão

intensiva, terá sido também a razão do parco espólio recolhido e da perpetuação dos

vestígios do concheiro aí observados.

Na fase cinco assiste-se à construção da segunda cozinha (sector 18), claramente

“encostada” à restante construção, e do anexo nascente, desconhecendo-se a ordem

sequencial destas construções.

A fase seis corresponde ao último momento, já do século XX, e consta apenas da

construção de um pequeno cubículo, a poente, com um sanitário, inovação de que o

edifício só usufruiria no final da sua ocupação (e demolido no final do século XX).

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448

Fig. 344 – Azenha de Santa Cruz: planta – fase 5 (Carlos Robalo).

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449

Fig. 345 – Azenha de Santa Cruz: planta – fase 6 (Carlos Robalo).

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450

Fig. 346 – Reconstituição do conjunto de azenhas (moagem e pisão), no início do século XX (José Pedro Sobreiro).

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Fig. 347 – Reconstituição do funcionamento do conjunto de azenhas (moagem e pisão) (Jorge Martins).

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452

Para além do edifício alvo de estudo, um outro viria a ser edificado no século XIX, com

uma outra roda, onde funcionaria um pisão. Era frequente, aliás, os moinhos e azenhas

estarem “associados a outras instalações, accionadas também pela energia hidráulica,

muitas vezes exploradas pelo próprio moleiro, nomeadamente serrações de madeira,

engenhos de linho, lagares de azeite, pisões, etc.” (Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p.

213). Desta forma, rentabilizava-se a instalação, diversificando-se as actividades

económicas. Este pisão viria a ser demolido no primeiro quartel do século XX.

Fig. 348 – Reconstituição do funcionamento do pisão (Jorge Martins).

Relativamente à diversificação das fontes de rendimento dos moradores da azenha,

devemos referir, também, o curioso achado de um peso de rede esferóide, dos séculos

XVI/XVII, no interior do inferno do sector 8. Trata-se de um pequeno vestígio, que resistiu

à passagem do tempo, por ter ficado retido no depósito do cabouco do antigo engenho,

mas cuja presença na azenha não deixa de ter algum significado.

De facto, apesar de o moleiro e família retirarem o seu sustento principal da moagem dos

cereais, eles usufruíam de outros rendimentos e recursos de subsistência, muito

especialmente alimentares. “O moleiro […] possui as mais das vezes quaisquer terras,

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453

que ele próprio, nas suas horas vagas, ou as pessoas da sua casa, grangeiam

directamente, num contexto económico muito simples de auto-consumo; e no agregado

familiar o trabalho artesanal e agrícola complementam-se, procedendo os seus proventos

ao mesmo tempo das maquias e da lavoura” (Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p. 487).

Sabemos que, no início do século XX, os habitantes da azenha complementavam a

actividade moageira com a actividade agrícola, pastoril e pecuária. Tal é-nos transmitido

pela descrição da propiedade, que refere a existência de “abegoaria, palheiro, cortes para

porco, casa que serve de adega, […] vinhas, terras, matos, pousios”, “terra de semear e

pastagem”. Também a última família que habitou a azenha “tinha outras fontes de

rendimento: da agricultura, do aluguer dos bois, da compra e venda de animais e, mais

tarde, da extracção de areia da praia, para Pêro Pinheiro, para serrar pedra” (Lourenço,

2006, p. 73), a que se seguiriam os alugueres de compartimentos, durante a época

estival.

Fig. 349 – Peso de rede, séculos XVI/XVII.

As actividades agrícolas paralelas serão contemporâneas da própria azenha, tal como a

pesca e a apanha de moluscos, arqueologicamente comprovadas pelos inúmeros

vestígios, recolhidos no local, de fauna ictiológica e malacológica, bem como de

crustáceos e equinodermos. Outra coisa não seria de esperar de uma habitação situada

junto de um riquíssimo conjunto de recursos ribeirinhos e marinhos, já referidos no

capítulo 3.3.4.

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454

Em 1835, Madeira Torres refere que as condições da costa de Rendide “lhe facilitão o

exercicio d’alguma pescaria”, que se faz “à cana, ou em huma linha com anzoes, que

chamão = Espinheis” (Torres, 1835, pp. 282-283). O peso agora descoberto poderá ter

sido utilizado numa rede ou num espinhel, e destinar-se-ia à pesca de mar ou à pesca

ribeirinha, no açude da azenha.

Fig. 350 – A azenha e o seu açude, em meados do século XX.

Em muitos rios, estabeleciam-se “pesqueiros ao lado dos moinhos, […] que utilizavam os

açudes para a sua montagem”. (Oliveira, Galhano e Pereira, 1983, p. 213), constituindo

“um suplemento de proteínas para o moleiro” (Barbosa, 1991, p. 46). Também no açude

da azenha de Santa Cruz, em meados do século XX (fig. 350), se encontravam enguias e

“peixes grandes de várias cores, […] que muitas das vezes eram apanhados para vender

a pessoas que ali acorriam para o efeito” (Miranda, Luís e Lourenço, 2006, pp. 15-16 e

73).

Os moleiros, tal como os restantes habitantes deste trecho da costa, eram “camponeses e

pescadores, com um pé no mar e outro em terra, arando ou recolhendo mariscos ou

algas”, […] não poupando esforços “para extrair, do solo ou das águas, mantimento e

riqueza” (Ribeiro, 1993, p. 149).

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455

10. PROPOSTAS DE SEGUIMENTO

De forma a averiguar da eventual existência de vestígios do pilar de assentamento da

roda do segundo engenho, no exterior do edifício, seria aconselhável, durante a fase de

obra, proceder à limpeza da zona junto à gola onde funcionavam as rodas, fronteira ao

inferno do sector 8, o que só será possível com recurso a meios mecânicos, dada a

quantidade de terras depositada no local.

Relativamente ao espólio recolhido, é necessária a realização, a curto prazo, de acções

de conservação e tratamento de alguns dos achados metálicos, entre os quais se inclui o

conjunto numismático, de forma a preservar espécimes cuja ausência de intervenção

poderá levar a um rápido processo de degradação.

Sugere-se, também, pelo seu valor museográfico, o restauro e reconstituição do pote

pedrado encontrado no sector 13, que constitui, sem dúvida, uma das peças mais

notáveis do conjunto recolhido na Azenha de Santa Cruz. O seu estado de fragmentação

impossibilitou, inclusivamente, o seu adequado registo gráfico e fotográfico.

Por último, e para complementar o estudo global do sítio e a investigação arqueológica

realizada, seria importante proceder a um adequado estudo arqueozoológico dos achados

faunísticos, que se recolheram em número e diversidade considerável.

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456

11. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, D. Fernando de e GARCIA, Eduíno Borges (1966) – S. Gião: descoberta e

estudo arqueológico de um templo cristão-visigótico na região da Nazaré. Arqueologia e

História, 8ª série, 12. Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses, pp. 339-347.

ARAÚJO, Ana Cristina (1994) – O concheiro epipaleolítico do Cabeço do Curral Velho,

Cambelas, Torres Vedras. Actas das V Jornadas Arqueológicas, 2. Lisboa: Associação

dos Arqueólogos Portugueses, p. 43-51.

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Victor S. (ed.) – Muita gente, poucas antas? Origens, espaços e contextos do

megalitismo. Actas do II Colóquio Internacional sobre Megalitismo. col. Trabalhos de

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