azul

6
23 TEORIA TEORIA Capítulo 1 TEORIA SUMÁRIO 1. Introdução 2. Tipos de linguagem 2.1. Linguagem verbal 2.2. Linguagem não verbal 2.3. Linguagem mista 3. Intertextualidade 3.1. Paráfrase 3.2. Paródia 4. Tipos de discurso 4.1. Dis- curso direto 4.2. Discurso indireto 4.3. Discurso indireto livre 5. Gêneros textuais 6. Coesão tex- tual 6.1. Coesão referencial 6.2. Coesão lexical 6.3. Coesão sequencial 6.4 Emprego/correlação de tempos e modos verbais 6.4.1. Modos 6.4.2. Tempos 7. Coerência textual 7.1. Incoerência semântica 7.2. Incoerência sintática 7.3. Incoerência estilística 7.4. Incoerência pragmática 8. Verossimilhança e inverossimilhança 8.1. Verossimilhança 8.2. Inverossimilhança 9. Persuasão e argumentação 9.1. Persuasão 9.2. Argumentação. 1. INTRODUÇÃO Você sabe ler um texto, mas já pensou no significado de um texto? Texto é um conjunto de palavras e frases encadeadas que permitem interpretação e transmitem uma mensagem. É qualquer obra escrita em versão original e que constitui um livro ou um documento escrito. Um texto é uma unidade linguística de extensão superior à frase. Possui tamanho variável e deve ser escrito com coesão e coerência. Pode ser classificado como literário e não literário. Todo texto tem alguns aspectos formais, ou seja, tem estrutura, elementos que estabele- cem relação entre si. Dentro dos aspectos formais, há a coesão e a coerência, que dão sentido e forma ao texto, tópicos que serão estudados neste capítulo. Transportemos para o dia a dia. Se você se depara com a palavra silêncio estando em um hospital, terá um sentido. Se se deparar com a mesma palavra escrita em um pedaço de papel jogado na rua, terá outro senti- do porque estaria fora de um contexto. Isso nada mais é do que interpretar. Note que o tempo todo temos de interpretar atos, gestos, olhares, palavras, tornando a vida mais encantadora, ou não. Dependerá de seu contexto. São dois os segredos para aprender a ler e acertar as questões de provas: . Trabalhar por etapas = iniciar com questões fáceis, passar para médias e, depois de craque, iniciar as difíceis (área fiscal); . Exercitar através de questões comentadas item a item, pois se você errar, basta ir ao gaba- rito comentado que entenderá o porquê do erro. 2. TIPOS DE LINGUAGEM Linguagem é o sistema através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos, seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. Na linguagem do cotidiano, o homem faz uso da linguagem verbal e não verbal para se comunicar. Conheçamos os tipos de linguagem. 2.1. Linguagem verbal Integra a fala e a escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa, etc.), utiliza a língua (oral ou escrita), ou seja, tem por unidade a palavra. Exemplos: os recursos de comu- nicação como imagens, desenhos, símbolos, músicas, gestos, tom de voz etc.

description

nota

Transcript of azul

  • 23 TEORIA TEORIA

    Captulo 1

    TEORIASUMRIO

    1. Introduo 2. Tipos de linguagem 2.1. Linguagem verbal 2.2. Linguagem no verbal 2.3. Linguagem mista 3. Intertextualidade 3.1. Parfrase 3.2. Pardia 4. Tipos de discurso 4.1. Dis-curso direto 4.2. Discurso indireto 4.3. Discurso indireto livre 5. Gneros textuais 6. Coeso tex-tual 6.1. Coeso referencial 6.2. Coeso lexical 6.3. Coeso sequencial 6.4 Emprego/correlao de tempos e modos verbais 6.4.1. Modos 6.4.2. Tempos 7. Coerncia textual 7.1. Incoerncia semntica 7.2. Incoerncia sinttica 7.3. Incoerncia estilstica 7.4. Incoerncia pragmtica 8. Verossimilhana e inverossimilhana 8.1. Verossimilhana 8.2. Inverossimilhana 9. Persuaso e argumentao 9.1. Persuaso 9.2. Argumentao.

    1. INTRODUOVoc sabe ler um texto, mas j pensou no significado de um texto?

    Texto um conjunto de palavras e frases encadeadas que permitem interpretao e transmitem uma mensagem. qualquer obra escrita em verso original e que constitui um livro ou um documento escrito. Um texto uma unidade lingustica de extenso superior frase. Possui tamanho varivel e deve ser escrito com coeso e coerncia. Pode ser classificado como literrio e no literrio.

    Todo texto tem alguns aspectos formais, ou seja, tem estrutura, elementos que estabele-cem relao entre si. Dentro dos aspectos formais, h a coeso e a coerncia, que do sentido e forma ao texto, tpicos que sero estudados neste captulo.

    Transportemos para o dia a dia.

    Se voc se depara com a palavra silncio estando em um hospital, ter um sentido. Se se deparar com a mesma palavra escrita em um pedao de papel jogado na rua, ter outro senti-do porque estaria fora de um contexto. Isso nada mais do que interpretar. Note que o tempo todo temos de interpretar atos, gestos, olhares, palavras, tornando a vida mais encantadora, ou no. Depender de seu contexto.

    So dois os segredos para aprender a ler e acertar as questes de provas:

    . Trabalhar por etapas = iniciar com questes fceis, passar para mdias e, depois de craque, iniciar as difceis (rea fiscal);

    . Exercitar atravs de questes comentadas item a item, pois se voc errar, basta ir ao gaba-rito comentado que entender o porqu do erro.

    2. TIPOS DE LINGUAGEMLinguagem o sistema atravs do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos,

    seja atravs da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. Na linguagem do cotidiano, o homem faz uso da linguagem verbal e no verbal para se comunicar. Conheamos os tipos de linguagem.

    2.1. Linguagem verbalIntegra a fala e a escrita (dilogo, informaes no rdio, televiso ou imprensa, etc.), utiliza

    a lngua (oral ou escrita), ou seja, tem por unidade a palavra. Exemplos: os recursos de comu-nicao como imagens, desenhos, smbolos, msicas, gestos, tom de voz etc.

  • DuDA NOguEIRA 24TEORIA

    2.2. Linguagem no verbalPossui outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, a imagem, a dana, por exem-

    plo.

    2.3. Linguagem mistaUtiliza tanto a palavra quanto as demais unidades, como histrias em quadrinhos, teatro,

    televiso, cinema, charges e alguns anncios publicitrios.

  • 25 TEORIA TEORIA

    3. INTERTEXTUALIDADEAcontece quando h uma referncia explcita ou implcita de um texto em outro. Tambm

    pode ocorrer com outras formas alm do texto, msica, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer aluso outra ocorre a intertextualidade.

    Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citao. Em um texto cientfico, por exemplo, o autor do texto citado indicado, j na forma implcita, a indicao oculta. Por isso importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prvio, para reconhecer e identificar quando h um dilogo entre os textos. A intertextualidade pode ocor-rer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. H duas formas: a Parfrase e a Pardia.

    3.1. ParfraseNa parfrase, as palavras so mudadas, porm a ideia do texto confirmada pelo novo

    texto, a aluso ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. dizer com outras palavras o que j foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant'Anna em seu livro "Pardia, parfrase & Cia" (p. 23):

    Texto Original

    Minha terra tem palmeiras

    Onde canta o sabi,

    As aves que aqui gorjeiam

    No gorjeiam como l.

    (Gonalves Dias, Cano do exlio).

    Parfrase

    Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

    Minha boca procura a Cano do Exlio.

    Como era mesmo a Cano do Exlio?

    Eu to esquecido de minha terra...

    Ai terra que tem palmeiras

    Onde canta o sabi!

    (Carlos Drummond de Andrade, Europa, Frana e Bahia).

  • DuDA NOguEIRA 26TEORIA

    O texto de Gonalves Dias, Cano do Exlio, muito utilizado como exemplo de pa-rfrase e de pardia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas ideias, no h mudana do sentido principal do texto que a saudade da terra natal.

    3.2. PardiaA pardia uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, h uma ruptura com as

    ideologias impostas e por isso objeto de interesse para os estudiosos da lngua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretao, a voz do texto original retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexo crtica de suas verdades incontestadas anteriormen-te, com esse processo h uma indagao sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida atravs do raciocnio e da crtica. Os programas humorsticos fazem uso contnuo dessa arte, frequentemente os discursos de polticos so abordados de maneira cmica e contestadora, provocando risos e tambm reflexo a respeito da demagogia pratica-da pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma pardia.

    Texto Original

    Minha terra tem palmeiras

    Onde canta o sabi,

    As aves que aqui gorjeiam

    No gorjeiam como l.

    (Gonalves Dias, Cano do exlio).

    Pardia

    Minha terra tem palmares

    onde gorjeia o mar

    os passarinhos daqui

    no cantam como os de l.

    (Oswald de Andrade, Canto de regresso ptria).

    O nome Palmares, escrito com letra minscula, substitui a palavra palmeiras, h um con-texto histrico, social e racial neste texto, Palmares o quilombo liderado por Zumbi, foi dizi-mado em 1695, h uma inverso do sentido do texto primitivo que foi substitudo pela crtica escravido existente no Brasil.

    4. TIPOS DE DISCURSODiscurso o meio pelo qual se transmite uma ideia, expe-se uma opinio, quer na fala ou

    na escrita. Analisaremos as caractersticas inerentes a cada modalidade.

    4.1. Discurso diretoA produo se d de forma integral, na qual os dilogos so retratados sem a interferncia

    do narrador. Trata-se de uma transcrio fiel da fala dos personagens, que, para introduzi-las, o narrador utiliza-se de alguns sinais de pontuao, aliados ao emprego de alguns verbos de elocuo, tais como: dizer, perguntar, responder, indagar, exclamar, ordenar, entre outros.

  • 27 TEORIA TEORIA

    Exemplo:

    "- Por que veio to tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu porta do jardim, em Santa Teresa.

    - Depois do almoo, que acabou s duas horas, estive arranjando uns papis. Mas no to tarde assim, continuou Rubio, vendo o relgio; so quatro horas e meia.

    Sempre tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."

    (Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)

    4.2. Discurso indiretoProcesso enunciativo em que um locutor incorpora outra voz diferente da sua, a voz de

    umenunciador. Em literatura, pode dizer- se que um processo em que o narrador incorpora a voz de uma personagem. Asfalas do enunciador so tambm introduzidas por um verbo de-clarativo, s que aparecem sob a forma de uma frase completiva, como no exemplo seguinte:

    "Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os santos do cu que eu era obrigado a descer, mas que nodeixava de lhe querer e muito; tudo hiprboles frias que ela escutou sem dizer nada."

    Machado de Assis, Memrias Pstumas de Brs Cubas

    Observaremos a seguir um quadro em que so relatadas as mudanas ocorridas na passa-gem do discurso direto para o indireto, enfatizando as particularidades relacionadas a tempos verbais, advrbios e pronomes.

    Discurso direto Discurso indireto

    Uso da primeira pessoa do discurso Terceira pessoa

    Verbo no presente do indicativo Emprego do pretrito imperfeito do indicativo

    Verbo no pretrito perfeito Pretrito mais que perfeito

    Futuro do presente Futuro do pretrito

    Modo imperativo Pretrito imperfeito do subjuntivo

    Adjuntos adverbiais: aqui, c, a Adjuntos adverbiais: ali, l

    Ontem O dia anterior

    Amanh O dia seguinte

    4.3. Discurso indireto livreAs formas direta e indireta fundem-se por meio de um processo em que o narrador

    insere discretamente a fala ou os pensamentos do personagem em sua fala. Embora ele no participe da histria, instala-se dentro de suas personagens, confundindo sua voz com a delas.

    Observemos um fragmento extrado do romance Madame Bovary, do escritor francs Gus-tave Flaubert, publicado em 1857:

    Olhava-a, abria-a e chegava mesmo a aspirar-lhe o perfume do forro, misto de ver-bena e de fumo. A quem pertenceria?... Ao Visconde. Era talvez presente da amante.

  • DuDA NOguEIRA 28TEORIA

    Outro exemplo:

    "O marqus e D. Diogo, sentados no mesmo sof, um com a sua chazada de inv-lido, outro com um copo de St. Emilion,a que aspirava o bouquet, falavam tambm de Gambetta. O marqus gostava de Gambetta: fora o nico que durante aguerra mostrara ventas de homem; l que tivesse comido ou que quisesse comer co-mo diziam no sabianem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy tambm lhe parecia um cidado srio, timo para chefe deEstado..."

    (Ea de Queirs, Os Maias)

    5. GNEROS TEXTUAISEm primeiro lugar, necessrio entender a diferena entre tipos textuais e gneros textu-

    ais. Muitas vezes no se faz distino entre esses conceitos, mas eles so bem diferentes!

    Analisemos o quadro a seguir, em que h uma coluna que explica tipos textuais e outra que explica gneros textuais:

    Tipos Textuais Gneros Textuais

    So definidos por propriedades lingusticas que vo caracterizar os gneros: vocabulrio, relaes lgicas, tempos verbais, construes frasais, etc.

    So realizaes lingusticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas, ou seja, dentro de um contexto cultural e com funo co-municativa.

    So eles: narrao, argumentao, descrio, in-juno (ordem) e exposio (que o texto infor-mativo).

    Abrangem um conjunto praticamente ilimitado de caractersticas determinadas pelo estilo do autor, contedo, composio e funo.

    Geralmente variam entre 5 e 9 tipos.

    Alguns exemplos de gneros: telefonema, sermo, carta comercial, carta pessoal, aula expositiva, ro-mance, reunio de condomnio, lista de compras, conversa espontnea, cardpio, receita culinria, inqurito policial, blog, e-mail, etc. So infinitos!

    Alguns exemplos de gneros: telefonema, sermo, carta comercial, carta pessoal, aula ex-positiva, romance, reunio de condomnio, lista de compras, conversa espontnea, cardpio, receita culinria, inqurito policial, blog, e-mail etc. So infinitos!

    O gnero textual no exclui ou despreza a tipologia textual tradicional (narrao, des-crio e dissertao), pelo contrrio, os aspectos tipolgicos so apresentados de forma mais ampla, j que passam a ser analisados a partir das situaes sociais em que so usados. Acom-panhe a seguir os exemplos de gneros e os grupos aos quais esto inseridos.

    ` Narrativo: Conto maravilhoso;

    Conto de fadas;

    Fbula;

    Lenda;

    Narrativa de fico cientfica;

    Romance;

    Conto;

    Piada.