B é a Polícia Federal...B Silvio* ainda guarda a escri-tura do apartamento no condo-mínio Terni,...
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8 〉 ESPECIAL extra.globo.com Segunda-feira, 23 de março de 2015 Segunda-feira, 23 de março de 2015 extra.globo.com ESPECIAL 〈 9
Campo Grande
813
695
R$ 40.650.000
Novembro de 2010
3
BAIRRO
Condomínios Treviso, Terni e Fe
rrara
PROBLEMAS
APARTAMENTOS
FAMÍLIAS
CUSTO DA OBRA
INAUGURAÇÃO
CONDOMÍNIOS
MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMiiiiiiiiiiiillllllllllllllllllllllíííííííííííííííííííííííííííííícccccccccccccccccccccciiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaCosmos
825716
R$ 41.250.000Outubro de 20103
BAIRRO
Condomínios Livorno, Trento e Varese
PROBLEMAS
APARTAMENTOS
FAMÍLIAS
CUSTO DA OBRA
INAUGURAÇÃO
CONDOMÍNIOS
MMMMMMMMMMMMMiiiiiiiiiillllllllllllllíííííííííííííííícccccccciiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaMangueira
496
445
R$ 24.800.000
Fevereiro de 2011
2
Mangueira Residencial l e
ll
TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrááááááááááááááááááááááááááááááááááááááfffffffffffffffffffffffffffffffffffffffiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
BAIRRO
PROBLEMAS
APARTAMENTOS
FAMÍLIAS
CUSTO DA OBRA
INAUGURAÇÃO
CONDOMÍNIOS
Disque-Denúncia
Registros de ocorrência
Relatos de moradoresouvidos pelo EXTRA
Inquéritos concluídos ouem andamento
Ocorrência de operaçãopolicial no interiordo condomínio
RADIOGRAFIADOS CONJUNTOS
Fontes: Caixa Econômica Federal, Disque-Denúncia, Ministério das Cidades, Ministério Público do Rio, Polícia Civil e Secretaria municipal de Habitação
Polícia Federal fará umablitz nos condomínios do
programa “Minha casa, mi-nha vida” no Rio sob a influên-cia do tráfico de drogas. A me-dida foi anunciada pelo minis-tro da Justiça, José EduardoCardozo, após o EXTRA reve-lar que todos os 64 conjuntosda faixa 1 nacidade são al-vos do crimeorganizado.
Em entre-vista exclusivana sala de reu-niões do Palá-cio da Justiça,em Brasília, o ministro classifi-cou como “inaceitável” a ex-pulsão de 80 famílias por trafi-cantes do conjunto Haroldo deAndrade, em Barros Filho, re-velada ontem no primeiro ca-pítulo da série de reportagens“Minha casa, minha sina”. Pa-ra frear o avanço do crime so-bre os moradores, Cardozo de-terminou que a PF abra inqué-
ritos a partir de cópias das re-portagens do EXTRA.
O ministro também anunci-ou a convocação de uma reu-nião com o ministro das Cida-des, Gilberto Kassab, e a presi-dente da Caixa, Miriam Bel-chior. A ideia é criar umaforça-tarefa com integrantes
dos governosfederal e esta-dual, para tra-tar problemasde segurançanos condomí-nios e discutirsoluções paraas famílias ex-
pulsas. O encontro aconteceráhoje, às 18h.
— Não podemos tolerarque o crime organizado ajadessa forma escancarada.Uma ação dos governos fede-ral e estadual vai, num curtoespaço de tempo, estudarprovidências cabíveis e re-verter esse quadro — prome-teu Cardozo.
Ministro da Justiça quer a PFinvestigando e fazendo blitzno ‘Minha casa, minha vida’
“Não podemostolerar que o crime aja desta forma”
Vai chegar visita: é a Polícia Federal
Funcionária foi expulsa portraficantes
B A presença do crime nãoameaça só moradores. Mesmouma assistente social que atu-ava até meados de 2013 noResidencial Mangueira I, jun-to à favela homônima, na Zo-na Norte, teve de deixar o locale o trabalho após ameaças detraficantes. Ela era funcioná-ria de uma empresa que prestaserviço à Secretaria municipalde Habitação (SMH).
O EXTRA ouviu duas teste-munhas oculares da expulsão.Segundo elas, a mulher, quepreferiu não dar entrevista, foiabordada por um grupo decinco bandidos armados compistolas dentro do salão de fes-tas do conjunto — onde costu-mava conversar com morado-res para resolver problemas deconvivência. “Você pensa queéa liderança daqui? A lideran-ça somos nós”, afirmou umdos criminosos, mostrando apistola sob a camisa.
A mulher saiu chorando pe-la porta da frente do condomí-nio e foi levada por funcioná-rios da SMH à sede da prefei-
tura, na Cidade Nova. Após oocorrido, ela passou a traba-lhar em conjuntos de SenadorCamará, na Zona Oeste, e Tri-agem, na Zona Norte, antes dedeixar o emprego. Procurada,aSMH afirmou que “não há re-gistro do fato na secretaria”. st
B Silvio* ainda guarda a escri-tura do apartamento no condo-mínio Terni, em Campo Gran-de, adquirido por intermédiodo “Minha casa, minha vida”em novembro de 2010. O do-cumento, porém, não foi sufici-ente para assegurar seu direitoà moradia. Em meados de2014, após mais de dois anosde perseguição e ameaças porparte de milicianos, ele, a mu-lher e os dois filhos abandona-ram de vez o conjunto.
— Decidimos ir emboraquando quatro homens arma-dos, de capuz, bateram na nos-sa porta. Falaram que se nãosaíssemos ateariam fogo nacasa com todos dentro. Só le-vamos o que deu — conta.
Funcionário de um órgãoestatal, Silvio acredita que es-sa posição chamou para si aatenção do grupo paramilitar.A fuga evitou que ele repetisseo destino de vários beneficia-dos pelo programa que ousa-ram desafiar a milícia. A Ope-ração Tentáculos, desencade-ada no Terni e em outros cincocondomínios da região, emagosto do ano passado, reve-lou que a execução de mora-dores — assim como as ex-pulsões — era prática comum.
Uma lesão no quadril obri-ga Silvio a andar de muleta.A mulher tem acompanha-mento psiquiátrico e usa re-médios controlados, numquadro agravado pela tensãoaque a família foi submetida.Os R$ 400 mensais pagos dealuguel fazem falta tambémnos tratamentos médicos:
— Estamos desamparados.
Fuga da milíciapara não ter acasa incendiada
“É necessário que o programa volte a ser da população brasileira”José Eduardo CardozoMinistro da Justiça
“Deveria haver um compromisso com aquelas pessoas que estão ali”SilvioMorador expulso do condomínio Terni
FÁBIO GUIMARÃES
Silvio deixou o conjuntoem Campo Grande depois
que homens armados e de capuz ameaçaram
atear fogo em sua casacom a família dentro
MAIS NO SITEextra.globo.com
Assista aos depoimentos doministro e do morador expulso
DEPOIMENTO
B Tudo começou por eunão ser conivente com eles.
Ao saberem do meu traba-lho, passaram a pressionarainda mais. Por sorte, tinhamreceio de que matar alguémminimamente ligado ao po-der público repercutisse. Meumaior objetivo, hoje, é pediruma nova casa... Mas não foisó comigo. Centenas de pes-soas têm a mesma história.Acreditei que seria um sonho.Virou o meu maior pesadelo.
‘Acreditei queseria um sonho.Virou pesadelo’
SILVIOMorador expulso docondomínio Terni
nome fictício*
NO CONDOMÍNIO TERNIAs taxas cobradas pela milíciatinham até recibo. Parte deles,Silvio guarda até hoje. No iníciode 2012, eram R$ 15 pormorador; um ano depois, ovalor subiu para R$ 25. Quemnão pagava era coagido,torturado, expulso ou morto. ....................
OPERAÇÃO TENTÁCULOSEm agosto de 2014, aDelegacia de Repressão àsAções CriminosasOrganizadas (Draco)prendeu 21 milicianos queatuavam nos conjuntosTerni, Treviso e Ferrara,Livorno, Trento e Varese, emCampo Grande e Cosmos. ....................
DENÚNCIASO coordenador doDisque-Denúncia (2253-1177),Zeca Borges, afirmou ontemque vai passar a monitorardenúncias sobre crimes dentrodos conjuntos e vai prepararrelatórios periódicos para asautoridades de segurança.
TAXA ‘OFICIAL’
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AMANHÃA milícia e o tráfico coordenamaté reuniões de condomínio.
A
O Ministério da Justiça vaireagir contra a presença docrime organizado no “Minhacasa, minha vida”?Esses fatos mostrados peloEXTRA são absolutamenteintoleráveis e inaceitáveis. Deacordo com nossa legislação,delitos cometidos por milicia-nos competem à Polícia Civildo Rio. A PF pode apoiar asinvestigações. Já no que dizrespeito ao narcotráfico, essematerial tem que ser analisa-do para que a PF, no âmbitode sua competência, tome asprovidências para atacar defrente essa situação. Todo omaterial coletado pela repor-tagem será encaminhado àPolícia Federal e à Secretariade Segurança do Rio para queas ações policiais sejam inten-sificadas.
O governo pretende dar umaresposta às famílias que fica-ram sem teto?Essa situação envolve aatividade policial, mas nãoé só policial. Temos queestar com os outros órgãosresponsáveis pelo progra-ma, o Ministério das Cida-des, a Caixa e o governo doRio, cuidando de resolver oproblema das famílias que
estão sendo vítimas da rea-lidade.
Há um intercâmbio de infor-mações entre os governosfederal e estadual? Os doispodem trabalhar juntos?Embora a competência paraa investigação desse delitoseja, primariamente, daSecretaria de Segurança doRio, o governo federal mon-tou uma força-tarefa com ogoverno do estado paracombater o problema, queexiste, apesar de várias in-vestigações em curso. Po-rém, a situação está longe deser revertida. Em conjuntocom o Estado do Rio, nósvamos intensificar as medi-das, inclusive fazendo asprisões que devem ser feitaspara que essa realidade nãose perpetue.
O que o senhor vai propor ao secretário Beltrame?É fundamental que os res-ponsáveis por essa força-tarefa se reúnam com osministros responsáveis ecom as autoridades do go-verno do Estado do Rio parafazer uma avaliação de tudoo que está sendo feito. Se oEstado brasileiro até agoranão conseguiu reverter oquadro, tem o dever perantea população de somar maio-res forças e maior empenhopara que ele seja rapidamen-te debelado.
‘Temos que resolver oproblema das famílias’
JOSÉ EDUARDO CARDOZOMinistro da Justiça
ENTREVISTA
José EduardoCardozo: “Não
podemostolerar que
o crimeorganizado aja
dessa formaescancarada”
RAFAEL SOARES