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BACULO Espiritualidade | Comunhão | Catequeze | Evangelismo Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Novembro de 2017 Missões

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BACULO E s p i r i t u a l i d a d e | C o m u n h ã o | C a t e q u e z e | E v a n g e l i s m o

Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Novembro de 2017

MissõesUrbanas

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CAFÉ COM O BISPO= Reverendíssimo Josep Rossello =

Bispo, “O Báculo” fala esse mês de mis-sões urbanas. Conte-nos um pouco de sua experiência pessoal.

Desde minha conversão sempre tive uma grande paixão por missões. Alguns meses após minha conversão participei de diversos traba-lhos missionários em cidades de Euskadi e da Catalunha. Porém, aqueles trabalhos não se en-quadrariam no que hoje chamamos de “missões urbanas”. Quando me converti, aos 20 anos de ida-de, as primeiras igrejas evangélicas que encon-trei estavam em cidades. No Estado de Valência (Espanha), não há igrejas evangélicas em todas as cidades, e por isso eu precisava viajar no mí-nimo duas horas para ir ao culto. Isso me fez considerar o contexto missionário no qual eu estava, e passei a buscar formas eficazes de res-ponder aos desafios propostos por esse contex-to. Ainda assim as missões eram realizadas sem a reflexão teológica que hoje envolve o tema das “missões urbanas”, e sem considerar a grande diversidade cultural que existe nas cidades do Século 21.

Que fundamentação bíblica e teológica o senhor poderia dar para as missões em centros urbanos? Muito já foi escrito sobre as missões nas cidades. As cidades se converteram em grandes

centros populacionais, e é onde a maior parte das pessoas do mundo vive hoje. Por isso elas são diversas, multiculturais e dinâmicas. Isso requer de nós planejamento sobre como apre-sentar o antigo evangelho de forma a ser com-preendido dentro desse contextoa. A Igreja do Novo Testamento estava em contextos bem parecidos aos das cidades do Século 21, em diversos aspectos. Havia muita liberdade religiosa, e muitas opções de fé. As pessoas podiam mudar facilmente de uma reli-gião para outra, de um culto para outro. Muitas dessas religiões, aliás, traziam aspectos muito próximos ao da narrativa bíblica, o que era um complicador para a nascente fé cristã. Os primeiros cristãos foram capazes de responder aos desafios das cidades; assim esta-beleceram uma Igreja capaz de avançar, ainda que enfrentando perseguições e inimigos exter-nos e internos. Gosto de pensar que um de seus trunfos foi a unidade cristã em meio a diversi-dade da Igreja primitiva. Mas não gostaria que o leitor tivesse uma visão romântica sobre esses temas. Eles não converteram todo o Império Romano, nem é correto pensar que não havia problemas nas congregações._______

a Dois artigos abordam o tema das missões ur-banas nesta edição: O nascimento de uma igreja urbana (pág. 10), e Missões Urbanas (pág.15).

Muito já foi escrito sobre as missões nas cidades. As cidades se con-verteram em grandes centros populacionais, e é onde a maior par-te das pessoas do mundo vive hoje. Por isso elas são diversas, muti--culturais e dinâmicas. Isso requer de nós planejamento sobre como apresentar o antigo evangelho de forma a ser compreendido dentro desse contexto.

Precisamos redefinir o que é Evangelismo

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Assim, acredito que um dos concei-tos mais interessantes para conside-rarmos as missões urbanas está na ideia da “Cidade de Deus”. A Igre-ja de Cristo torna o Reino de Deus visível entre os homens quando é una, santa, católica e apostólicab. A vida em comunidade, por meio da Palavra e dos Sacramentos, é um dos atos mais revolucionários para o Século 21. Não existe força mais poderosa do que viver plenamente a fé em Cristo, pelo poder do Espíri-to Santo, e para a glória de Deus, o Pai. Isso explica porque que o Esta-do teme a Igreja de Cristo, e vários estadistas já tentaram ou tentam impedir que ela seja uma presente encarnação de Jesus, o Corpo de Cristo, tendo Ele so por Cabeça.

O que dizer àqueles que acham que evangelizar é trabalho de pastores e pessoas mais quali-ficadas?

Muito se fala de evangelismo, porém há muita confusão a respeito. Precisamos redefinir o que enten-demos por evangelismo, rejeitando visões errôneas que causam tantas inseguranças e equívocos. Acima de tudo, é preciso dedicar mais tempo para fazer discípulos e não meros membros de Igreja. Não é uma de-cisão humanamente fácil, porque “membros” preenchem os templos, suas vidas estão dentro de quatro paredes; já os discípulos esvaziam os templos, pois sua vocação é encher a Cidade de Deus. Em outras palavras: o mem-bro quer ir a Igreja, mas ele não quer ser Igreja. O membro pode até entre-gar o dízimo, mas não quer trabalhar

no Reino. O membro até ora, mas não espera resposta - a menos que a resposta seja segundo sua própria vontade. O membro escuta, assimila e reproduz o linguajar da Igreja, mas não necessariamente compreende o que acontece diante dele. Ele aceita, se acostuma e vive dentro de uma cultura eclesiástica, acreditando que isso define sua própria realidade es-piritual. É um erro comum, aceito tácitamente em todas as denomi-nações cristãs, porque, apesar de falho, tal sistema assegura alguns resultados numéricos. Por outro lado, os discípulos não necessitam do compromisso com um “clube social”, mas sempre compartilham o que Deus realiza em suas vidas. De modo simples, sem necessariamente se valer de uma agenda institucional, o discípulo en-sina, compartilha e, o mais impor-tante, vive a realidade do Reino de Deus. Os cultos talvez não fiquem tão cheios, a princípio, mas se estamos fazendo discípulos, estes certamente serão testemunhas vivas do Cris-to. Este processo é mais demorado, porém, mais interessante, autêntico e duradouro. É também mais eficaz, porque os cristãos dos primeiros séculos mudaram a História da Hu-manidade, e nem eram 10% de toda a população do Império Romano. No Brasil, somos cerca de 40% da pop-ulação, mas ainda não conseguimos fazer a diferença. Tem algo errado nessa equação._______

b Mais sobre as características da Igreja na revista Examinai! (Outubro 2017), especialmente em Uma perspectiva anglicana da Reforma (pág. 6).

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Precisamos aprender a ser discípulos, e a discipular outros. E não falo de conhecimen-to intelectual, coisa muito necessária, to-davia, ser e fazer discípulo é muito mais do que isso. É um estilo de vida único, formado e conformado pelas Escrituras Sagradas, e pela vida do próprio Cristo.

Seja você mesmo, compartilhe aquilo que Deus está fazendo em sua vida, e ore com fé por aquelas pessoas que estão próximas a você. Muitas vezes sequer oramos por nossos colegas de trabalho, ou da Universidade, tal-vez porque não acreditamos realmente que Deus possa responder as nossas orações. Ou porque nos sentimos indignos, imperfeitos, ou sem preparo. E talvez tudo isso seja ver-dade, mas ainda assim o Espírito Santo pode usar ferramentas imperfeitas para transfor-mar a vida das pessoas ao nosso redor Precisamos confiar mais em Deus, e menos em nós mesmos. Não se trata de es-tarmos preparados, mas de estarmos pron-tos para confiar que o Espírito de Deus pode nos usar para a glória de Deus. Evidentemente, não significa que não podemos nos preparar melhor, ler mais, es-tudar mais, e até refletirmos sobre nossos er-ros e acertos como evangelizadores. Em seu devido lugar, tais coisas podem nos ajudar a amadurecer e crescer cada dia mais.

Enviamos um missionário para a In-glaterra e outro para a Alemanha, e estamos precisando enviar um à Venezuela no próxi-mo ano, se Deus permitir. Isso me faz lembrar o desafio que co-loquei para a Igreja Anglicana Reformada em seu primeiro Sínodo. Disse na época que esperava ver o dia no qual enviaríamos nosso primeiro missionário. Era uma ideia bonita, mas creio que ninguém realmente acreditou. Hoje, oito anos depois, temos dois missioná-rios na Europa e seis Igrejas na Venezuela. Não é pouco, considerando que somos uma Igreja pequena. E a única razão para enviar missio-nários para qualquer lugar é sempre a mes-ma: fomos chamaos a discipular as nações. E, sim, a Europa precisa ser re-evangelizada no Século 21. Então, precisamos enviar mais missionários, e aguardar grandes coisas para Cristo.

A Free Church of England, da qual so-mos parte, tem feito um grande esforço na

Novas vocaçoes na Inglaterra

Que conselhos o senhor daria aos que não se sentem preparados?

Este ano a Igreja brasileira enviou mis-sionários para a Europa, como o irmão Jonatas Braggato. Qual a razão de ter um missionário em centros urbanos? A Euro-pa precisa de missionários?

No Café com o Bispo da revista de Outu-bro, o senhor disse que a Igreja está cres-cendo a Inglaterra. Há trabalhos de evan-gelização na Free Church of England? Pode compartilhar com a gente?

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Europa para reverter a perda de membros, e com isso começar a crescer novamente. A maioria das Igrejas cristãs na Europa perde membros a cada ano, um fato inegável que requer nossa atenção e nossas orações. Contudo, a FCE está conseguindo mudar essa tendência, e tem crescido algo em torno de 10%, consideran-do o biênio 2015-2016. Os dados que consideram este ano só estarão disponíveis em 2018. É importante destacar que a FCE conse-gue ser uma das primeiras Igrejas a mudar um processo aparentemente irreversível para muitas Igrejas na Europa. Um milagre, levando em con-ta que a FCE possui poucos recursos humanos e financeiros, ao contrário de outras muito maio-res. Este processo de revitalização tem sido possível graças a renovação da liderança, que tem recebido ministros mais jovens nos últimos anos. Sem novas vocações, a Igreja não pode so-breviver. Além disso, outros fatores presentes nessa revitalização são: um compromisso claro com o Evangelho, e o desejo firme de manter a fé da Igreja na Palavra de Deus. No final de Outu-bro, a Igreja plantou uma nova Igreja no Sul da Inglaterra, e planeja plantar outras nos próximos anos. Além disso, as paróquias já existentes bus-cam e almejam avivamento.

Cheguei ontem, e ainda estou processan-do minha visita à Venezuela. Assim, tem muitas coisas passando na minha cabeça, e as emoções ainda estão a flor da pele. Falando objetivamente, nossa Igreja tem crescido mais do que o esperado na Venezuela, o que trás também muitos desafios, como edificar e discipular aqueles que estão chegando. Tenho a sensação de que o Senhor nos tem chamado à Venezuela em um momento no qual existe uma verdadeira janela para o evangelismo por lá. O venezuelano é uma pessoa religiosa, e possui elementos cristãos em sua vida, mas precisa de conversão e discipulado na graça de Deus, e nas verdades da Palavra de Deus. Infelizmente, tive a desagradável surpresa de encontrar igrejas neo-pentecostais brasileiras aprontando das suas também na Venezuela. Mas constatei uma grande presença luterana, o que foi bastante inspirador. Encontrei apenas uma Igreja presbiteriana. Uma das coisas mais impactantes é ver as pessoas nos abordando nas ruas, pedindo ora-ções, palavra de conforto, e perceber pessoas sendo transformadas pela proclamação e ensino da Palavra de Deus - verdadeiras conversões! Sobre as nossas Igrejas, a maioria delas estão fora dos centros urbanos, porém, temos um maravilhoso projeto sendo empreendido em Ca-racas, e há conversações sobre outros em outras cidades. Tudo no tempo de Deus.

“Nossa Igreja tem crescido mais do que o es-perado na Venezuela, o que trás também mui-tos desafios, como edificar e discipular aqueles que estão chegando. Tenho a sensação de que o Senhor nos tem chamado à Venezuela em um momento no qual existe uma verdadeira janela para o evangelismo por lá”.

Bispo Josep Rossello

O senhor acaba de retornar da Venezuela. Conte-nos como foi. Lá os trabalhos são mais urbanos ou estão afastados dos gran-des centros?

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- Eu sei que você é casado!- começou o bêbado; mesmo que você não me tenha dito nada.

Um sorriso insípio deve ter sido flagrado no meu roto. Ele insistiu:

- Você tem curiosidade de saber como isso é pos-sível?

- Não; respondi.

Estava bem pouco interessado em abandonar meu jogo de xadrez no celular por causa da intro-missão do estranho. Um estranho bêbado? Dis-penso. Mesmo assim respondi, já imaginando o rumo que ele desejava dar a conversa:

- De qualquer modo, acho que é para isso as pes-soas usam alianças, não?

- Meu jovem, você tem a mente muito fechada – retrucou o rapaz, com ar indignado. Mas, deixa estar, um dia desses Ogum aparece para você, e tudo muda. Sim, meu jovem, eu sou de Ogum… Toda sexta eu sacrifico para Ogum… animais, sabe?… É por isso que eu sei que agora tua esposa está em casa, esperando por você…

Não havia esposa em casa. E devo ter feito uma cara zombeteira, ou dado outro sorriso aguado, pois o rapaz disse algo como:

- Meu jovem, não gosto de você; se soubesse do que sou capaz, dos poderes de Ogum...

Cá entre nos? Hoje eu não ficaria incomodado com tanto “jovem” pra lá, “jovem” pra cá. Deve ser coisa da idade. Confesso que as vezes sinto falta do tempo em que estranhos me tratavam por “jovem” e não por “senhor”. “Senhora tá no céu”, me dizia uma tia, sem que eu entendesse o profundo significado existencial dessa bronca.

- Nâo tenho medo de Ogum; respondi.

- É. Você tem cara de Evangélico!

- Honestamente? Preferia ter cara de cristão.

- De que Igreja você é?

- Eu sou anglicano.

- Que coisa é essa?

- Hum… O termo anglicano vem de “Igreja da In-glaterra”. Já ouviu falar?

- Realmente eu não gosto... Além de ser chato, ainda vem com essa Igreja onde só entra rico!

- Eu não sou rico...

Uma crônica angl icana n o M e t r ô d a S é

Rev. Marcelo Lemos

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- O que você faz numa igreja de rico então?

- Foi você quem disse que somos uma igreja de ricos, não eu!

- Hum… Vocês pregam o que?

- Que Cristo veio ao mundo salvar os pecadores.

- Salvar os pecadores! Crente se acha melhor que os outros!

- Eu não. Por isso sou cristão: sei que sou pecador, e que apenas em Cristo encontro salvação para minha alma.

- (...) ficam dizendo para eu parar de tomar minha cerveja, e largar meu ci-garro, como se isso fosse me fazer uma pessoa melhor.

- Eu não disse nada disso. E não é ver-dade que parar com qualquer dessas coisas possa te fazer uma pessoa me-lhor. Não podemos fazer nada para nos tornarmos melhores, e é por isso que precisamos de Jesus.

- Muita gente disse...

- Não eu.

- Mas a maioria diz!

- Eu poderia te julgar pela maioria dos bêbados, mas até que nossa conversa tá divertinda, não? Mesmo assim, você está me julgando por outros crentes que você diz que conheçeu.

- Fiquei bebado com meu dinheiro, que você tem com isso?

- Não estou reclamando. E também aprecio uma cerveja vez ou outra,a diferença e que aprendi com Cristo a não ser dominado por coisa alguma.

- Sabe, se um dia eu tiver um amigo evangélico que me aceite como eu sou, que não fique se fazendo de melhor que eu, viro crente na hora!

- Serve eu?

- Você é an.gli.ca.no - retrucou o bê-bado; enfatizando o predicado. E você não é meu amigo. TCHAU!

O rapaz levantou-se e sumiu na mul-tidão.

Do banco de concreto no hall do Me-trô, podia contemplar a parte vísivel da torre da Catedral da Sé. Xeque-ma-te para o Android, avisou o celular. Meio incrédulo sobre aquela conversa um tanto surreal, me perguntei se po-deria ter feito aquela conversa render um pouco mais. Um pouco mais de compassividade. Um pouco mais de Cristo. Um pouco mais de evangeliza-ção.

Se o visse novamente, talvez o convi-dasse para um churrasquinho grego ali perto, num dos calçadões do Cen-tro Velho. Se bem que ele iria preferir uma gelada.

Diretor Geral: Reverendíssimo Bispo Josep Rossello. Editor Chefe: Marcelo Lemos (Registro: MG08183JP). Conse-lho Editorial (2017-2018): Bispo Josep Rossello (SP), Marcelo Lemos (MG), Rev. Diego de Araujo Viana (RJ), Dr. Gui-lherme Braun Jr (Alemanha). Projeto Gráfico: Marcelo Lemos. Colaboraram nesta edição: Bispo Josep Rossello, Ricardo (Rika) Ramos, Rev. Jorge Aquino, Rev. Marcelo Lemos, Rev. Regis Domingues. VOCÊ TAMBÉM PODE AJUDAR ESTE PROJETO A CRESCER ENVIANDO FOTOS, ARTIGOS, COMENTÁRIOS, PERGUNTAS ([email protected]).Esta publicação está comprometida com os formulários anglicanos, e adota a Declaração de Princí-pios da Free Church of England, também chamada no Brasil por Igreja Anglicana Reformada do Brasil.SITE DA IGREJA NO BRASIL: www.igrejaanglicana.com.br. SITE DA IGREJA NA INGLATERRA: www.fcofe.org.uk. DESEJA SABER MAIS SOBRE O ANGLICANISMO REFORMADO? ESCREVA PARA NOSSO ESCRITORIO NACIONAL: [email protected]

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EvangelismoWeb

Você já pensou em ser um evangeli-zador digital? Você tem contribuído para que a visão missionária da sua Igreja chegue até as pessoas? Veja al-gumas dicas que podem te auxiliar.

Um dos anglicanos mais influ-êntes da história foi o pregador John Wesley. Evangelísta por natureza, e movido por uma paixão incendiária pela salva-ção dos homens, John e seu irmão Charles percorreram a Inglaterra anunciando as bo-as-novas - o que, para eles, in-cluia a justificaçao pela fe, uma vida transformada pela Graça, e ainda uma mensagem profe-tica de transformaçao social.

Sofrendo resistência por parte da liderança da Igreja, os irmãos Wesley organizaram pequenas sociedades e classes de estudo dentro da Igreja da Inglaterra, que eram lideradas por cristãos leigos e igualmente apaixona-dos. O avivamento wesleyano es-palhou-se por toda a Inglaterra, e por diversas partes do mundo. Para dar conta do trabalho de evangelização, Wesley percorria o país montado em seu cavalo, e isso lhe rendeu o apelido de “O Cavaleiro de Deus”. Estima-se

que em 50 anos, ele tenha per-corrido 400 mil kilômetros e pregado 40 mil sermões, numa média de 800 sermões por ano.

Hoje, não apenas os meios de transporte evoluíram, como também os métodos de comunicação disponíveis.

A mídia digital transformou o mundo nos últimos 15 anos. Com mais de 3 bilhões de pessoas na rede, e mais de 5 bilhões que se conectam ao mundo por meio de celulares, uma verdadeira revo-lução na forma como nos comu-nicamos aconteceu. E a evolução continua. Para a Igreja á uma ótima oportunidade, pois abre um novo campo missionário.

Você já pensou em ser um evan-gelizador digital? Você tem con-tribuído para que a visão missio-nária da sua Igreja chegue até as pessoas? Compartilhamos algu-mas dicas que podem te auxiliar.

Percorrendo a Inglaterra em seu cavalo, o Rev. John Wesley recebeu o apelido de Cavaleiro de Deus.

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Seja sociável com as pessoas.

Devido a distância e o anônimato é tentador se deixar levar por contendas online, espe-cialmente nas redes sociais. Muitas vezes usamos mais tempo para tentar provar nossos pontos de vistas do que evangelizando e acolhendo as pessoas. Defenda seus pontos de vistas, e defenda sua fé, mas não se esqueças de que apenas o Espírito Santo pode con-vencer as pessoas.

Você sabia? O Bispo Josep Rossello publicou um vídeo chamado “Dez Passos Prá-ticos Para o Evangelismo”. Assista e divulgue o link: https://www.youtube.com/wa-tch?v=ECvA_yIXWxY

Seja estratégico.

Você, sua paróquia ou seu grupo de evangelização precisam ser estratégicos. Um ditado popular diz que para quem não sabe onde quer chegar qualquer caminho serve. Fuja do improviso, tenha sempre os seus alvos claros. Talvez seja útil dedicar um período pu-blicando memes, artigos e devocionais sobre família, outro período sobre os distintivos anglicanos, e um terceiro sobre o Plano da Salvação. Planeje com antecedência, pesquise e produza material de fácil compreensão, e divulgue.

Você sabia? O Google é a mais popular e influênte ferramenta de buscas da inter-net. A empresa usa “robôs” digitais que analisam e classificam os sites com base em diversas informações como a qualidade dos textos e a quantidade de acessos. Se você acessa, permanece mais que alguns minutos no site, e divulga os links publicados pela Igreja, está contribuindo para melhorar a classificação dos mesmos pela ferra-menta de busca.

Divulgue materiais da Igreja.

Se sua Igreja disponibiliza material de formação espiritual, ajude a divulgar. Se você é anglicano conhece os sites oficiais da Igreja, bem como os blogues e sites afiliados. Leia-os, e divulgue entre seus amigos online. O mesmo vale para as publicações, como a Revista O Báculo, bem como as demais literaturas do site oficial - por exemplo, os ser-mões do Bispo Jossep Rossello.

Produza material.

Se você gosta de escrever, escreva. Se você gosta de cantar, cante. Se gosta de com-por, componha. Talvez você tenha talentos para criar memes e postagens inte- ressantes, dedique-se a isso. O fato é que todos possuem talentos próprios, dados pelo próprio Deus. Use seus talentos para falar do amor de Cristo pelas pessoas. Um dos benefícios das redes sociais é que elas permitem que todos possam com-partilhar suas ideias com o mundo através dos meios mais diversos!

Você sabia? O Bispo Francisco Buzzo, da Igreja Anglicana Reformada em Bragança Paulista, dedica boa parte de suas interações no Facebook à divulgação de pequenas mensagens baseadas nos Credos e nos formulários anglicanos, como os 39 Artigos. Trata-se de uma maneira simples e eficiênte de divulgar a identidade anglicana e falar do amor de Cristo para as pessoas.

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O nascimento de uma Igreja urbana.Um exame de caso: A igreja em Filipos (At 16:11-34)

Rev. Jorge Aquino

Quando estamos tratando de missões ou de implantação de igrejas, imediatamente aparecem aquelas pessoas cheias de boas intenções dizendo possuírem a resposta para todos os nossos problemas. Eles juram possuir “o” método infalível para implantar igrejas e faze-las crescer. Normalmente estes métodos são acompanhados de um “man-ual de instrução” que explicam “passo a passo” como se faz para que uma igreja possa nascer e crescer. As “formulas” para o crescimento das igrejas estão espalhadas por toda parte e em qualquer boa livraria

Lendo as Escrituras, contudo, entendemos que não existe um método do tipo “acrescente água e agite”, para fazer missões e im-plantar igrejas. Muito pelo contrário, a leitura do Novo Testamento nos revelará muitas experiências diferentes e absolutamente próprias que revelam uma grande diversidade de realidades e de circunstân-cias nas quais as igrejas neotestamentárias foram implantadas. Com este texto pretendo estudar apenas um desses casos: o caso Filipos.

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Segundo as opiniões mais correntes, Paulo esta-ria em torno do ano 50. Está acompanhado de Silas, Timóteo e Lucas, seus ajudantes na sua segunda viagem missionária. Eles acabaram de passar pela Ásia Menor e agora estão chegan-do à região conhecida como Macedônia, uma região com status de colônia às margens da es-trada Egnátia. Esta região era conhecida porque era habitada por muitos militares aposentados, o que nos leva a crer que o culto ao imperador era uma prática muito forte na região. Esta re-gião era também conhecida por ser muito rica nas chamadas “religiões de mistério”, que ca-racterizou fortemente a cultura grega e a romana.

As Escrituras nos dizem que eles “Tendo, pois, na-vegado de Trôade, seguimos em direitura a Samo-trácia, no dia seguinte, a Neápolis e dali, a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito e colô-nia. Nesta cidade, permanecemos alguns dias” (At 16: 11, 12). O doutor Donald Turner nos diz queFilipos era uma cidade política mais do que co-mercial, e havia nela um número muito reduzi-do de judeus. Não tinha sinagoga, mas um lugar perto do rio onde os judeus costumavam congre-gar-se aos sábados para orar. Era seu costume fa-zer um edifício chamado “proseuchae”, à beira do mar ou de um rio, para ter água para os ritos de lavagem das mãos, etc., que era um dos requisitos na preparação para a oração. [...] Em vez de se po-rem em pé para fazerem um discurso, sentaram--se como mestres para ensinar, e conversaram com as mulheres (sic) (TURNER, 1989, p. 217).

No texto de Atos 16 o que temos é o registro do nascimento de uma nova igreja fruto do traba-lho missionário do apóstolo Paulo. Entre os versos 11 e 34 é possível observar alguns ele-mentos importantes que podem servir de orien-tação para todos aqueles que pretendem im-plantar uma nova igreja em uma região urbana.Sabemos pelas Escrituras que Paulo é um mis-sionário criativo e experiente. Depois de obser-varmos todas as suas viagens missionárias po-demos afirmar que em sua experiência, Paulo se revelou bastante flexível e criativo, adaptando--se a cada circunstância como ela assim exigia. O texto em questão não pretende ser apresen-tado como um “modelo” ou como uma “receita” onde apenas temos que “acrescentar água e agi-

tar” antes de usar. Não pretende ser um mode-lo único nem rígido. Contudo é um modelo ex-tremamente significante e relevante para quem quer pesar a pastoral urbana nos dias atuais.Estes elementos podem muito bem ser iden-tificados com a “cara” desta igreja nascente. E como sabemos, todos se interessam em ver com quem se aprece o bebê recém-nascido. Sa-ber como é a “cara” da criança pode nos ajudar a descobrir pistas relevantes para nosso tra-balho missionário. Neste texto encontramos pelo menos três elementos importantes que caracterizam o nascimento desta novel igreja.

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Esta é uma igreja que nasce em meio a gente sim-ples. Paulo (v.13) procura encontrar um grupo de mulheres. Naquela sociedade, a mulher era encara-da como uma res ou uma “coisa”. Algo que perdeu todo referencial de pessoalidade e de personalidade.

Aquelas mulheres estavam reunidas em um “lugar de oração”. Sabemos que as mulheres eram impedidas por lei de cultuar nas sinagogas (que para existir bastaria a presença de 10 homens) por serem consideradas impró-prias para aquela reunião. No entanto, questionando as normas estabelecidas, e dando vazão às suas necessida-des de oração e de contato com o sagrado, elas teimam em buscar um lugar onde possam orar em comunidade.

Era um lugar que “fora da cidade”. As cidades da época eram construídas na busca, acima de tudo, da seguran-ça. Por isso eram edificadas dentro de fortes e robus-tos muros. Aquelas mulheres tiveram que sair da segu-rança dos muros, tiveram que buscar a periferia para poderem adorar. Foram onde moravam os excluídos, os esquecidos, os que não eram considerados cidadãos.

Interessante perceber que, diante da pregação de Pau-lo, o “coração de Lídia” se abre para receber a Palavra de Deus. Lídia é conhecida como a primeira cristã da Europa. E a forma como a Biblia a descreve nos deixa

surpresos. Os versos 14 e 15 nos dão conta que ela era , alem de temente a Deus e prestativa aos apostolos,

1) mulher;

2) migrante, vinda da cidade de Tiatira;

3) trabalhadora, vendia púrpura;

Em nossa sociedade urbana encontramos hoje uma multidão de pessoas abandonadas, sofridas, oprimi-das pelas mais diversas angustias. O desemprego, a enfermidade, a condição sexual, a cor da pele, o grau de escolaridade, etc. tudo isto tem se tornado cau-sas de mais dor e mais exclusão. Se pretendemos se-guir o mesmo caminho trilhado por Paulo na criação de uma igreja urbana, precisamos estar dispostos e prontos a atender uma gama enorme de “dores” exis-tenciais que têm afligido nosso povo. Dores que não saem nem desaparecem por medidas paliativa ou com coreografias, angustiam que não se dissolvem com “palavras mágicas” nem ao “estalar dos dedos”. É pre-ciso que desenvolvamos um coração de pastor. É pre-ciso que tenhamos em nossos missionários urbanos a mesma paixão e o mesmo carinho que havia no co-ração do Cristo e que o fez encarnar e ser um de nós.

O texto nos fala de uma “jovem possessa de espí-rito adivinhador, a qual...dava grande lucro aos seus senhores” (v.16). Um perfeito exemplo de uma pessoa alienada. Ela era um retrato da socie-dade de Filipos. A relação existente entre a posses-são e a alienação é marcante. Em ambos os casos a pessoa está sendo possuída por um outro ser; em ambos os casos a pessoa perde sua capacidade de agir livremente; em ambos os casos a pessoa per-de a sua consciência e passa a não ser mais respon-sável pelos seus atos. Aquela era uma sociedade desigual onde uns lucravam às custas da escravi-dão dos indefesos: mulheres, jovens, crianças, etc.

Paulo, contudo, é visto neste texto (v. 18) como aquele que é usado por Deus para libertar a jo-vem menina das garras da alienação. Nos diz a Bí-blia que Paulo repreende o espírito “em nome de Jesus”. “Jesus” é o nome que está acima de todos os outros nomes. “Jesus” é o nome que relativi-za e destrói todos os poderes iníquos e injustos.

O segundo conflito descrito aqui é resultado do pri-meiro. Ao ver a menina liberta, o sistema organiza-do se mobiliza para prender Paulo (v.19). Na socie-dade de Filipos o sistema de exploração funcionava muito bem. Alguns exploravam e outros legitima-

A Igreja Nasce em meio à Gente Simples

A Igreja Nasce em Meio ao Conflito

O Báculo | Página 12

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vam a exploração e punia qualquer ação libertado-ra. Aquela era uma sociedade voltada apenas para o TER e não para o SER. Ninguém se alegrou com a libertação da jovem, ninguém manifestou agrade-cimento pelo que o Evangelho fez na vida daquela jovem mulher, mas todos perceberam algo funda-mental: a “esperança do lucro” (v. 19) se desfez. Imediatamente a acusação foi feita. Paulo e seus companheiros eram acusados de “perturbar a cida-de”. (v. 20) Os missionários agora são vistos como desordeiros, perturbadores da “paz” e da “tranqüi-lidade” da “ordem” estabelecida. O resultado deste conflito é que os missionários são “açoitados”, lan-çados na prisão e colocados “no tronco”. (v.23, 24)

Quando o Reino de Deus irrompeu entre nós,

ele não se manifestou no palácio de Herodes na forma de um imperador sanguinário, mas em uma estribaria em Belém, na forma de uma criança. E mesmo sendo apenas um recém--nascido, ela já desestruturava os reis da terra.

Ninguém, nem o Estado, nem uma doutrina, nem qualquer ditador, pode exigir poder supre-mo ou obediência absoluta, porque o cristão só adora e só serve a um Deus: Jesus. Toda a for-ça maligna que oprime e que dirige a sociedade deve ser relativizada pelo poder e pelo exemplo de Jesus. A Boa Nova deste texto é que somen-te o poder do Evangelho pode libertar o homem do poder alienador das ideologias, do consumis-mo, do individualismo e dos sistemas opressores.

O texto ainda nos conta algo extraordiná-rio que acontece com aqueles que anun-ciam as boas-novas. Presos e açoitados, esta-vam “orando e cantando louvores” (v.25) por volta da meia-noite quando sobreveio um terremo-to que quebrou as correntes e eles ficaram livres.

Prevendo que seria morto por permitir a fuga dos prisioneiros, o guarda da prisão faz um movimen-to que prepara seu suicídio. Imediatamente vemos a reação de Paulo: “não te faças nenhum mal, to-dos estamos aqui” (v.28). Além de reagir com com-paixão diante de um possível suicídio, Paulo apre-senta uma resposta para a maior pergunta daquele homem. Diante da questão de seu interlocutor: “que farei para me salvar?” . Paulo respon-de: “Crê em Jesus Cristo e tu e tua família será salva”.

Aquele carcereiro, acostumado a tortura e fazer sof-rer a todos os prisioneiros que lhe eram entregues, agora passa a cuidar de Paulo e a lavar as feridas dos açoites. A seguir, diz a Bíblia, “ele e todos os seus foi batizado”. (v. 33) O algoz se transforma em mem-bro da família. O torturador manifesta arrependi-mento e se transforma em irmão do torturado. As-sim é a mudança de vida que é operada por Jesus.

Neste texto aprendemos que a igreja tem que encarar

com normalidade o anúncio de Jesus Cristo. A diferença entre um discípulo engajado e um membro regular de nossas comunidades é que os discípulos falam de Cristo.

Há inúmeras pessoas aprisionadas em seus dilemas e que freqüentam nossas salas de aula, nosso ambiente de tra-balho ou o lugar onde nos divertimos. Elas estão lá, sós, isoladas, mendigando uma palavra de apoio, um ombro amigo, a compreensão de alguém, e é neste momento que o Evangelho de Cristo pode fazer toda a diferença. Paulo e Silas estavam lá onde os sofridos estavam e foi lá mesmo que os cânticos e as orações foram ouvidas. Os discípulos, ao invés de fazerem coro com o lamento dos demais, aproveitam a oportunidade para evangelizar.

Pessoas envolvidas e motivadas com a missão são mais eficazes do que qualquer método que os “especialis-tas” possam apresentar. Isto, obviamente, nos deve parar para pensar em que tipo de missão e pastoral estamos desenvolvendo nas cidades. Que tipo de mis-sionários estão sendo enviados para elas? Neste texto de Atos encontramos um exemplo de criação de uma igreja urbana em contexto de crise. Nossas cidades não são tão diferentes, mas elas precisam de pessoas que sejam capazes de abraçar a todos os “excluídos” dos sistemas religiosos, enfrentar todos os conflitos necessários para assistir pastoralmente as pessoas e anunciar a mensagem de reconciliação e de perdão.

A Igreja Nasce como resultado do Testemunho

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Ordenação em Holy Trinity, Oswaldtwistle.

Em 28 de outubro de 28, An-thony Roberts foi ordena-do aos presbiterado na paró-quia da Santíssima Trindade, com a presença do Bispo John Fenwich, da Diocese do Norte.

Anthony havia servido na paró-quia por um ano como diácono, recebendo agora a imposição

de mãos para o ministério pres-biteral. Dentre o clero presen-te na ordenação, destaque para o Rev. John Taylor, sob o qual Anthony serviu inicialmente.

Em seu sermão, o Bispo John sublinhou como o ministério de um presbítero deve ser basea-do no ministério triplo de Je-sus, como Profeta, Sacerdote e Rei. A ordenação foi seguida por um buffet de almoço para todos.

Venezuela para Cristo!

O Bispo Josep Rossello esteve em Novembro realizando uma viagem missionária à Venezuela. Com o lema “Venezuela para Cristo”, o Bispo realizou visitas pastorais, batismos, confirmações e trei-namentos para a liderança local.

O trabalho da Igreja no país tem sido ricamente abençoado pelo Senhor, saltando de 1 para 9 con-gregações em menos de dois anos.

Em entrevista à edição do Báculo deste mês o Bispo comenta mais sobre as missões no País vizinho.

Qual a sua motivação missio-nária?

Vale a pena destacar que na seção “Livros do Bispo”, que você pode encontrar no site oficial da Igreja no Brasil (www.igrejaanglicana.com.br), há bastante literatura sobre missões temas correlatos. Um dos destaques é o livro Qual a sua motivação missionária, publi-cado pela Igreja em parceiria com o Projeto Castelo Forte. Este livro é a transcrição de uma mensagem pregada pelo Bispo Josep Ros-sello em 16 de Junho de 2016, na Igreja Anglicana do Vale do Pa-raíba, em São José dos Campos.

Dentre os temas abordados, o li-vro alerta sobre o perigo de se fa-zer missões baseado nos desejos pessoais, “a tentação de buscar estabelecer uma igreja forma-da de pessoas que sejam como nós, sem perceber que isto é ra-dicalmente contrário às próprias Escrituras (1 Coríntios 10,32; Gálatas 3,28) e à catolicidade da Igreja (Apocalipse 7,9)” (pág. 5).

Se você deseja ser um missio-nário urbano acesse também obras do site como Igreja: uma comunidade missionária, Li-derança Cristã e Transfor-mados pelo Espírito Santo.

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Missões UrbanasMissões Urbanas

Em A sociedade do Anel, livro de J.R.R Tolkien, a rainha do Elfos, Galadriel, interpretada no fil-me homonimo pela atriz Kate Blanchet, tem uma fala icônica a respeito das mudanças acon-tecendo na Terra Media. Ela diz para Frodo:

“O mundo esta mudando. Sinto isso na água. Sinto isso na terra. Sinto isso no ar.”

Trazendo a frase para nossa realidade, as mu-danças em nosso contexto se fazem presentes em nosso dia a dia, quando sairmos de casa para ir para a escola ou ao trabalho. Sim! Muitos so-mos missionários bi-vocacionados! Costumo dizer que sou um missionário urbano, e com o trabalho secular sustento minha familia. A ideia de que missionário é só aquele que sai das cida-des, de seu país, para evangelizar tribos e na-ções distantes não diz tudo sobre o que é fazer missões. Há missão a ser feita na sua rua, no seu colégio, no seu trabalho, na sua faculdade...

Tudo isso num mundo em constante mudança, e que passa sempre em ritimo acelerado. Olhamos em volta e nos deparamos com várias pessoas em suas mais diversas ocupações, dos estudos ao la-zer. E sabemos que cada uma delas tem uma his-toria de vida própria, uma jornada pessoal rumo à fé, com experiências boas e outras amargas.

Mas, o que isso tem a ver com missões urbanas?

“Empenhai-vos pela prosperidade(Paz) da cida-de, para onde vos exilei, e orai ao SENHOR em favor dela; porque a prosperidade (Paz) dela será a vossa prosperidade (Paz)”. Jeremias 29.7

Esta é uma palavra proferida pelo profeta a um povo no exílio. Estavam em uma nação estranha, em meio a um povo geralmente hostil. Ainda as-sim, Deus ordena que buscassem a paz da cidade. Hoje, de modo geral, as pessoas a nossa volta não estão encontrando paz e prosperidade nos cen-tros urbanos. E assim como a geração de Jere-mias tinha uma missão a realizar na cidade, as missões urbanas atendem ao mesmo chamado.

Quando o Senhor fala pela boca de Jeremias pelo empenho em prol da prosperidade (ou da Paz, como se lê em algumas traduções), vemos clarama-nente que o Senhor é preocupado com as pessoas!

E vale ressaltar que as pessoas que estavam no exílio juntamente com Jeremias, estavam na-quela situação por seus próprios pecados. Cada uma delas experimentava o juízo, a correção de Deus, sem que Deus deixasse de se impor-tar com o seu bem-estar. Interessante, não? Hoje o povo de Deus também está em exí-lio. Cidadãos dos céus, não da mundo. Como nos dias de Jeremias, há motivos de lamen-tação, pois percebemos que os pecados es-tão incrustados em nossos corpos e mentes.

Rika Ramos

O Báculo | Página 15

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Como Igreja de Cristo, vivendo em selvas de pe-dra, concreto e aço, devemos nos empenhar em viver o evangelho de Cristo nesta terra. O desafio é a sinalização do Reino de Deus no aqui e agora, tornando-o visível entre os homens. O desafio in-clui algumas questões importantes, por exemplo: como apresentar Deus a um homem sem Deus?

Então, dê uma espiada em Mateus 25:35-40:

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era estrangeiro, e me acolhestes; precisei de roupas, e me vestistes; es-tive doente, e me visitastes; estava na prisão e fostes visitar-me. Então os justos lhe pergunta-rão: Senhor, quando te vimos com fome e te de-mos de comer, ou com sede e te demos de beber?Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou precisando de roupas e te vestimos? Quando te vimos doente, ou na prisão, e fomos visitar-te? E o Rei lhes responderá: Em verdade vos digo que sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, ainda que dos mais pequeninos, a mim o fizestes”.

Quantas vezes nos deparamos com estas ex-periências em nossa volta? Quantas vezes nos deparamos com pessoas morando debaixo de marquises, viadutos, nos banco das praças? Com 1uantos usuários de drogas ‘trombamos’

em nosso dia a dia? Quantas pessoas com fome existe em nossas cidades, talvez na casa vizinha?

Mas, missões urbanas falam apenas de proble-mas sociais e econômicos?

A minha resposta é não! Missões urbanas é muito mais que isso. Quando o versículo fala sobre fome, sede, nudez e presões, está falando de cada ser hu-mano com suas mazelas, inclusive as mazelas do Século XXI, como a depressão, o estress, dentre outras. Neste sentido, podemos conhecer pessoas que estando em seus palacetes tavez se sinta piores do que aquela pessoa que encontramos pelas ruas.

Nós, como igreja, devemos ser os olhos e os ouvidos de Deus nesta terra; temos o dever de mostrar as boas novas da salvação à todos, sem exceção, pois todos estamos doentes e pre-cisamos do médico dos médicos, Jesus, úni-co capaz de restaurar nossa vida e nossa visão.

Missões urbanas são um dever para nós. É um chamado que Deus colocou em nossos co-rações, a fim de que possámos ser gratos e de-dicaros a JESUS - sim, dedicados e gratos, por cada batida de nosso coração, porque por mim e por você, o DELE parou de bater no Calvário.

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O ato de plantar é uma figura de linguagem utilizada pelo apóstolo Paulo para exemplificar o início e o desenvolvi-mento da Igreja em Corinto. Plantar uma igreja requer uma dedicação missionária, onde é necessário semear (em mui-tas passagens bíblicas semear é comparado ao pregar a pa-lavra de Deus, anunciar as Boas Novas), cultivar e aguardar que Deus dê o crescimento. E aqui não nos referimos ao crescimento número, mas sim ao crescimento em estatura espiritual. O crescimento numérico pode ocorrer sim, e é muito desejável, mas a prioridade de Deus é que cada um de nós cresçamos em amor (1 Ts 3:12), cresçamos na graça e no conhecimento de Cristo (2 Pe 3:18) e por fim cheguemos à maturidade, a estatura da plenitude de Cristo (Ef 4:13).

Ao plantarmos uma Igreja temos como propósito reunir pessoas à caminhada do discipulado e cumprir o manda-

to de Jesus (Mt 28:19). E, assim, edificar uma Igreja Sau-dável, voltada muito mais à maturidade espiritual do que ao crescimento numérico local, até porque o objetivo de Jesus sempre foi o envio, para multiplicar e não represar (At 1:8). O crescimento numérico é desejado sim, mas des-de que esse se espalhe em caráter missional e, assim, os discípulos se reúnam em torno da pessoa de Jesus Cristo e não de uma personalidade carismática qualquer. Plan-tar Igrejas, e essas saudáveis, é o plano original de Deus para o seu povo, dando continuidade à Missão de Deus. Dessa forma podemos dizer que uma Igreja saudável é a reunião de pessoas alcançadas pela graça irresistível de Deus em Jesus Cristo, independente de estatísticas, números, publicidades e local. E creio firmemente que o avivamento que tanto almejamos para a Igreja hoje está nos aguardando na plantação de Igrejas saudáveis.

Por que plantar Igrejas?Rev. Regis Domingues

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NA ESCOLA DOS PRIMEIROS CRISTAOS

Quem deve fazer missões? Quem é res-ponsável pelo trabalho de evangelismo?Que conceitos e tradições emperram nosso traba-lho de evangelização nos dias atuais? Talvez a cren-ça de que evangelizar seja tarefa para pessoas es-pecializadas? Ou a tendência de deixarmos que os “grupos de missões” façam o trabalho? Quem sabe a ilusão de que os chamados “cultos de missões” seja todo o necessário para acalmar nossa conciência?

Na Igreja dos primeiros séculos a evangelização era tarefa de todo cristão, sem excesões: apóstolos, mis-sionários, diáconos, presbiteros, bispos, escravos, mulheres, soldados... E não viam a pregação das Boas Novas como algo de “profissionais”, ou que preci-sasse de métodos alinhados com a última moda em comunicação social. Entendiam que cada cristão ti-nha sobre si o poder do Espírito Santo para anunciar o Evangelho ao mundo, não apenas com palavras, mas também através de seu testemunho de vida.

Isso explica como um simples e anômino an-cião evangelizou um dos maiores icônes do cris-tianismo primitivo. Justino era um filósofo bem treinado e capaz. Sabia sobre todas as escolas fi-losóficas de seu tempo, e dedicara sua vida in-teira a busca da verdade. Porém, convencido de que não era capaz de encontrar a verdade última das coisas, um abatido e cansado Justino decide passar um tempo em isolamento, num lugar so-litário e de frente para o mar. Imaginava assim poder reorganizar suas emoções e pensamentos.

O pretendido isolamento de Justino é interrompi-do por um cristão, velho e anônimo. Sem rodeios, e sem timidez, o velho inicia um conversa com o filó-sofo a respeito da natureza da verdade, e a respeito da revelação de Deus aos homens através das Es-crituras. Para o velho, se Justino desejava conhecer a verdade precisava lê-las. Quando Justino final-mente se rendeu e abriu as páginas sagradas, nos profétas e apóstolos, conta-nos que foi totalmente envolvido pelo Evangelho de Cristo. O filósofo re-gistrou sua experiência em Diálogo com Trypho:

“Meu espírito foi incendiado imediatamen-te, e o amor pelos profetas e pelos díscipulos de Cristo se apoderou de mim. Enquanto refle-tia sobre as palavras [daquele velho], desco-bri que ela era a única filosofia segura e útil”.

Não sabemos quem era aquele velho cristão. Um pastor? Um leigo? Um profeta? Provavelmente nem o próprio Justino veio a conhecer sua identidade, uma vez que não a registrou. E isso é simplesmente maravilhoso. Um completo anônimo, avançado em idade, usado por Deus para levar um dos grandes filósofos de seu tempo aos pés do Salvador. Justino renunciou sua busca pelas filosofias do mundo, abra-çou o Evangelho, e dedicou o resto de sua vida ao tra-balho de evangelização. Por fim, foi martirizado pelo Império Romano por se negar a abandonar Jesus.

Isto serve como terrível exortação para a Igre-ja de nosso tempo. Uma exortação presente há 500 anos no Livro das Homilias, um dos for-mulários anglicanos. No sermão sobre a des-cida do Espírito Santo em Pentecostes lemos:

“O Senhor”, disse Isaías, “me deu uma língua eru-dita, para que eu saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado” (Isaías 50, 4). O Profeta Davi clamou por este dom, dizendo: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor” (Salmos 51, 15). Nosso Salvador Cris-to, no Evangelho também diz aos seus discípulos: “Porque não sois vós quem falará, mas o Espíri-to de vosso Pai é que fala em vós” (S. Mateus 10, 20). Todos os testemunhos das Escrituras, decla-ram de modo suficiente o mistério das línguas, o dom de pregar do Evangelho e a confissão públi-ca da fé cristã em todos que possuem o Espírito Santo. Por isso, se um cristão é tolo de não decla-rar abertamente sua fé, antes disfarca-se temendo o perigo dos dias que virão, ele dá aos homens a oportunidade de duvidarem, com bons motivos, se ele realmente tem a graça do Espírito Santo dentro de si, pois tem a língua presa e não fala”.

Justino Mártir e o Velho.Rev. Marcelo Lemos

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