Baião Nas Aulas de Música

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Baião nas aulas de música Publicado por Objetivo(s) - Contextualizar a obra de Luiz Gonzaga - Participar de uma experimentação rítmica sobre o baião Conteúdo(s) - Baião - Percussão corporal Ano(s) Tempo estimado Duas aulas Material necessário - Projetor de imagens Especial Folclore: cultura brasileira na sala de aula Desenvolvimento 1ª etapa Introdução No centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, sua obra ganha um destaque digno de "rei do baião". Foi com esse ritmo que Gonzagão, como também é conhecido, despontou para o país e o mundo e passou a influenciar de forma definitiva a cultura musical brasileira. Aproveite a reportagem "Eu não existiria sem Gonzagão" (BRAVO!, ed. 184, dezembro de 2012) e apresente aos seus alunos atividades de contextualização histórica e prática musical do baião. Faça uma pesquisa prévia (algumas fontes são sugeridas logo abaixo, na bibliografia deste plano) e apresente aos estudantes quem foi Luiz Gonzaga. Na reportagem "O baião de Luiz Gonzaga na sala de aula" , publicada no site de NOVA ESCOLA você encontra uma breve biografia:

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Baio nas aulas de msica

Baio nas aulas de msica

Publicado por

Objetivo(s)

- Contextualizar a obra de Luiz Gonzaga- Participar de uma experimentao rtmica sobre o baio

Contedo(s)

- Baio- Percusso corporal

Ano(s)

1

2

3

Tempo estimado

Duas aulas

Material necessrio

- Projetor de imagens

Especial Folclore: cultura brasileira na sala de aulaDesenvolvimento

1 etapa

IntroduoNo centenrio do nascimento de Luiz Gonzaga, sua obra ganha um destaque digno de "rei do baio". Foi com esse ritmo que Gonzago, como tambm conhecido, despontou para o pas e o mundo e passou a influenciar de forma definitiva a cultura musical brasileira. Aproveite a reportagem "Eu no existiria sem Gonzago" (BRAVO!, ed. 184, dezembro de 2012) e apresente aos seus alunos atividades de contextualizao histrica e prtica musical do baio.

Faa uma pesquisa prvia (algumas fontes so sugeridas logo abaixo, na bibliografia deste plano) e apresente aos estudantes quem foi Luiz Gonzaga. Na reportagem"O baio de Luiz Gonzaga na sala de aula", publicada no site de NOVA ESCOLA voc encontra uma breve biografia:

Engana-se quem pensa que o Baio coisa do passado. Muito pelo contrrio, ele segue vivo e influenciando a Msica Popular Brasileira at hoje. E como o prprio criador do gnero cantou "Luiz Gonzaga no morreu / Nem a sanfona dele desapareceu". Isso porque desde que foi criado em 1946, sua batida est presente, direta ou indiretamente, em todos os movimentos musicais que surgiram em seguida.

Nascido em 1912, o filho mais ilustre da cidade de Exu, no serto pernambucano, ganhou o Brasil aps conhecer um dos seus mais importantes parceiros: o advogado cearense Humberto Teixeira. deles amsica Baio, que marca o nascimento do gnero: "Eu vou mostrar pra vocs/ Como se dana o baio/ E quem quiser aprender/ favor prestar ateno". Depois desse manifesto, Gonzaga estourou, vendeu milhares de discos e colocou o nordeste no cenrio da MPB.

O Rio de Janeiro era um terreno frtil para a divulgao da msica nordestina e do forr nas suas mais diferentes variaes como baio, chamego, xaxado, xote e o coco. Nas dcadas de 1940 e 1950 o rdio era o meio de comunicao mais popular no Pas. Alm disso, a intensificao do processo de migrao que trouxe milhares de nordestinos ao sul e sudeste do pas.

No h dvidas de que Lua, como Gonzaga tambm ficou conhecido, um dos construtores da MPB. "Ele no foi s um instrumentista ou um compositor. Gonzaga definiu um gnero musical e sintetizou como ningum a cultura nordestina" exalta o jornalista e historiador, Paulo Csar de Arajo, autor do livro Eu No Sou Cachorro, No. Antes dele, outros nordestinos tentaram, mas nenhum conseguiu a projeo nacional de Gonzago.

Para o socilogo alemo Norbert Elias, o xito alcanado por um artista no pode ser atribudo apenas sua suposta genialidade. O resultado depende de inmeras variveis, articuladas entre si, em um determinado contexto social. "O rei do Baio estava no lugar certo, na hora certa", afirma Maria Sulamita de Almeida Vieira, professora da Universidade Federal do Cear e autora de Luiz Gonzaga, o Serto em Movimento.(reportagem de Elisngela Fernandes)Na dcada de 60, tanto Gonzaga quanto o baio saem do foco da msica popular, mas logo florescem novamente na obra de novas geraes de compositores, como aqueles associados ao tropicalismo e aos grandes festivais. Da a associao com Gilberto Gil, feita pela revista BRAVO!.

2 etapa

Este o momento para conhecer melhor os instrumentos do baio. Afinal, qual a diferena entre sanfona e acordeo? O que significa "sanfona de 8 baixos" ou "sanfona de 80 baixos"?

Explique turma que, originalmente, "sanfona" um instrumento musical cordfono que remonta ao sculo 11. Instrumento cordfono aquele em que uma corda esticada o elemento produtor do som. A sanfona parecida com um violino, e de fato o som produzido da mesma forma como no outro instrumento: friccionando-se as cordas esticadas. A diferena que a melodia, ao invs de dedilhada ou beliscada nas cordas com os dedos, tocada a partir de um teclado anexo caixa de ressonncia do instrumento, e, ao invs de um arco, o dispositivo que fricciona as cordas uma roda com uma manivela. Ufa! Depois desta descrio com tantos detalhes, mostre aos alunos uma imagem ou vdeo da sanfona, tambm chamada de viola de roda. Voc pode encontrar as imagens na internet.

Ainda assim, "sanfona" comumente o termo empregado para se referir a um instrumento completamente diferente, o aerfono "acordeo". Aerfono aquele instrumento cujo elemento produtor de som a coluna de ar dentro do instrumento. Nele, h duas caixas de ressonncia ligadas por um fole, dispositivo que origina a fora produtora do som: a vibrao causada pela passagem do ar entre duas palhetas. As palhetas da sanfona, diferentes daquelas empregadas ao se tocar violo ou guitarra, so duas pequenas membranas rgidas que, ao vibrarem, produzem um som de altura especfica (isto , uma nota musical determinada).

Em cada caixa de ressonncia h um dispositivo com funo diferente: de um lado fica o teclado, como no piano, e do outro, os botes do "baixo". A melodia de uma msica tocada no teclado (ou, em alguns instrumentos, por outro conjunto de botes que fazem as vezes das teclas). J a harmonia - o acompanhamento da melodia - feita no outro lado, quando o instrumentista pressiona os botes do "baixo". O som resultante a sustentao da melodia - em uma banda, este seria o papel do contrabaixo juntamente com a guitarra que toca os acordes.

Desta forma, a primeira sanfona de Gil sai em vantagem em relao de Gonzaga: a desta tinha 8 baixos, ou seja, oito botes para que se tocasse a base da msica. J a de Gil tem 88 botes, possibilitando uma gama maior de acompanhamentos. Ainda assim, foi com seu fole, p de bode, concertina, harmnica; enfim, sanfona de 8 botes que Gonzaga fez sucesso.

3 etapa

H um outro elemento ligado ao baio que voc pode destacar em suas aulas: a feira livre, tema da cano "A feira de Caruaru", sucesso composto por Onildo Almeida e gravado por Gonzaga em 1957:

Pea aos alunos que ouam a msica e discuta:1) Que instrumentos h no arranjo?2) Qual o ritmo da cano?3) De que trata a letra?

Em seguida distribua cpias da letra para todos e destaque que os nmeros marcados se referem a produtos da feira. Oua novamente a msica e solicite que o grupo acompanhe. Prossiga com os questionamentos: quantos e quais destes produtos eles conhecem? Quais poderiam ser encontrados na sua regio?

A partir da, apresente uma pequena descrio da Feira de Caruaru, considerada a maior feira livre do mundo e que existe h mais de 200 anos na cidade de Caruaru, em Pernambuco. O comrcio l variado: frutas, carnes, ervas, cereais, roupas, animais, ferragens e artesanato, entre outras mercadorias. Duas manifestaes culturais significativas aparecem no lugar: a literatura de cordel e as bandas de pfanos. Banda de pfanos uma formao musical tradicional da msica folclrica brasileira, que pode ser ilustrada pelos enfeites de argila comumente produzidos no nordeste do Brasil. O conjunto formado de pfanos (instrumentos de sopro da famlia da flauta) e instrumentos de percusso como a caixa, o bombo, o surdo e o tambor.

O aspecto cultural do evento valeu o registro de Bem Cultural Registrado na lista do Patrimnio Imaterial do Brasil pelo IPHAN - Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, em 2006. Para mais informaes, consulte as referncias abaixo. O site da feira tambm vale a visita. Assim que o internauta acessa o portal, ouve a msica cantada por Gonzago indicada neste plano.

Sugira que os adolescentes faam uma pesquisa para conhecer melhor os objetos que aparecem na letra e que so desconhecidos por eles. O resultado dever ser compartilhado com todos.

4 etapa

Depois da contextualizao histrica e do primeiro exemplo de audio, chegou a hora de tocar. Usando percusso corporal, faa uma roda de baio na sala de aula!

Separe a letra de "Asa Branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Comece estimulando os alunos a cantarem (ou ouvirem uma gravao) e baterem palmas no ritmo da msica:

Explique que uma cano tem dois tipos de ritmo: oritmo real, aquele das slabas das palavras, e o pulso, ou seja, o ritmo constante que nos permite "bater o p" ou danar acompanhando a cano. Neste caso, vamos bater justamente oritmo do pulsocom palmas.

Provavelmente, o resultado da execuo ser como no esquema abaixo, em que se representam a letra da msica e os momentos em que bate o pulso da cano:

Agora vamos substituir a simples batida de palmas no pulso por outra clula rtmica caracterstica do baio. Trata-se de uma verso reduzida daquilo que tocado pela zabumba ao fazer o ritmo do baio. A zabumba um instrumento de membrana que possui duas peles. Em cada uma o som resultante diferente por conta do tipo de elemento usado na percusso: na pele de cima, uma baqueta que produz som mais grave; na de baixo, uma vareta que produz som mais agudo. Em nossa execuo, vamos trabalhar igualmente com dois sons: o grave ser feito com uma das mos batendo no peito; e o som mais agudo ser executado com uma palma.

Graficamente, o ritmo fica assim:

O que est em verde o pulso da msica. Em laranja esto os toques no peito, e em vermelho, a palma. A contagem em "1, 2, 3" para evidenciar que cada frase uma composio de 8 tempos, isto , 8 sons em sequncia, sendo que a durao do ritmo da palma ligeiramente menor do que o dos toques no peito.

Na prtica, procure ouvir uma gravao de baio e acompanhar com as palmas. Experimente! Se tiver dvidas, acompanhe o incio (00:03 a 00:12 segundos) destevdeo demonstrativo, em que o pulso feito com batidas do p.

4 etapa

Depois da contextualizao histrica e do primeiro exemplo de audio, chegou a hora de tocar. Usando percusso corporal, faa uma roda de baio na sala de aula!

Separe a letra de "Asa Branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Comece estimulando os alunos a cantarem (ou ouvirem uma gravao) e baterem palmas no ritmo da msica:

Explique que uma cano tem dois tipos de ritmo: oritmo real, aquele das slabas das palavras, e o pulso, ou seja, o ritmo constante que nos permite "bater o p" ou danar acompanhando a cano. Neste caso, vamos bater justamente oritmo do pulsocom palmas.

Provavelmente, o resultado da execuo ser como no esquema abaixo, em que se representam a letra da msica e os momentos em que bate o pulso da cano:

Agora vamos substituir a simples batida de palmas no pulso por outra clula rtmica caracterstica do baio. Trata-se de uma verso reduzida daquilo que tocado pela zabumba ao fazer o ritmo do baio. A zabumba um instrumento de membrana que possui duas peles. Em cada uma o som resultante diferente por conta do tipo de elemento usado na percusso: na pele de cima, uma baqueta que produz som mais grave; na de baixo, uma vareta que produz som mais agudo. Em nossa execuo, vamos trabalhar igualmente com dois sons: o grave ser feito com uma das mos batendo no peito; e o som mais agudo ser executado com uma palma.

Graficamente, o ritmo fica assim:

O que est em verde o pulso da msica. Em laranja esto os toques no peito, e em vermelho, a palma. A contagem em "1, 2, 3" para evidenciar que cada frase uma composio de 8 tempos, isto , 8 sons em sequncia, sendo que a durao do ritmo da palma ligeiramente menor do que o dos toques no peito.

Na prtica, procure ouvir uma gravao de baio e acompanhar com as palmas. Experimente! Se tiver dvidas, acompanhe o incio (00:03 a 00:12 segundos) destevdeo demonstrativo, em que o pulso feito com batidas do p.

Uma vez que todos pegarem o ritmo, cantem "Asa Branca". Se preferirem, faam uma sobreposio rtmica: metade da sala pode tocar o pulso da msica com os ps, e a outra metade, tocar o baio.

Alm de escolher previamente diferentes obras de Luiz Gonzaga para esta etapa, seja cantando em sala ou acompanhando enquanto se escuta, proponha aos alunos um desafio para concluso das prticas: uma nova clula rtmica mais complexa.

Desta vez, pea uma ampliao, incluindo os outros tempos representados na imagem acima. Para tal, utilizaremos um novo timbre: o dos estalos de dedo. Neste caso, nossa percusso ter trs timbres, executados por cinco diferentes movimentos: toque da mo no peito (seja a mo direita ou a esquerda); palma; e estalo (seja de uma ou da outra mo).

A frase formada por 8 tempos, que podem ser praticados bem lentamente no incio, e acelerando. "Dir" se refere mo direita que produz o estalo ou ento bate no peito; "esq" a mo esquerda. A sequncia :

Peito (dir) - Estalo (esq) - Estalo (dir) - Peito (esq) - Estalo (dir) - Estalo (esq) - Peito (dir) - Estalo (esq)

A sequncia, portanto, deve ser tocada sem parar. Na prtica, voc vai notar que a troca das mos natural; o cuidado deve ser com o final, pois so apenas 8 tempos.

Ser que a classe consegue cantar e bater o ritmo ao mesmo tempo? Proponha ainda variaes: um grupo pode fazer o ritmo, e outro, a clula mais simples enquanto canta. Caso tenha dvidas, o ritmo proposto para esta etapa est na parte central do vdeo demonstrativo (00:12 a 00:21 segundos).

Por fim, sugira uma substituio nesta sequncia para que a frase fique ainda mais complexa, mas sonoramente mais parecida com a zabumba: basta substituir o ltimo toque no peito (sublinhado na sequncia acima) por uma palma. Que tal? Se precisar, consulte a parte final do vdeo demonstrativo (00:21 segundos at o final).

Agora aproveitar o repertrio de Gonzago para colocar em prtica as sugestes de ritmos. Seja criativo: mescle sequncias, sobreponha-as e comande os grupos.

Vale destacar que as atividades propostas so sugestes para a criao de novas possibilidades de prtica musical com os alunos. Por isso, adapte de acordo com o contexto da sua escola, e sempre procure treinar os movimentos antes da aula, bem como separar a maior variedade possvel de informaes histricas, imagens, udios e vdeos para que a aula se torne ainda mais dinmica e interessante musicalmente para os alunos.

Avaliao

A participao dos alunos nas discusses, pesquisas e prticas musicais a principal medida para avaliao. Deve haver comprometimento dos alunos com as atividades. Alm disso, pesquisas complementares e prticas musicais em aulas seguintes podem originar instrumentos de avaliao muito ricos. Lembre-se de que, conforme o pensamento de alguns pedagogos musicais, a avaliao da atuao dos alunos nas prticas musicais fundamental em aulas de msica.

Bibliografia- Sobre Luiz GonzagaLUIZ GONZAGA. In:Dicionrio Cravo Albin da Msica Popular Brasileira.

LUIZ GONZAGA. In:Cliquemusic.

- Sobre o baioBAIO. In:Dicionrio Cravo Albin da Msica Popular Brasileira.

BAIO. In:Cliquemusic.

- Sobre a Feira de CaruaruGASPAR, Lcia. Feira de Caruaru. Pesquisa Escolar On-Line, Fundao Joaquim Nabuco, Recife, mar. 2010. Disponvel na internet.Clique aqui para acessar.

IPHAN. 9. Feira de Caruaru. Principal, Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, s d.Disponvel no site do IPHAN.

http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/baiao-nas-aulas-de-musica