Bairros em Lisboa 2012 (CEACT/UAL) - Apresentação do projecto
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Projecto Bairros em Lisboa 2012
Coordenação: CEACT/UAL - Centro de Estudos de Arquitectura, Cidade e Territórioda Universidade Autónoma de Lisboa
Parceiros: IHRU – SIPA | e-Geo | CML
O Bairro é …− Uma malha urbana composta por ruas e edifícios com espessura
temporal e arquitectónica. − Uma unidade de base da vida urbana, que não corresponde a uma
definição político-administrativa nem é um simples suporte físico de um grupo populacional.
− Uma área sem demarcação territorial, mas delimitada na memória e no imaginário colectivo dos seus residentes.
− Um referencial geográfico onde se observa a sobreposição de temporalidades, espacialidades e sociabilidades diversas.
− Um lugar que promove a criação de marcas identitárias partilhadas no colectivo e reconhecidas no exterior.
− Uma realidade que permite a intersecção da objectividade da vida social com as subjectividades da sua representação.
− Um sítio onde se “cresce” pessoal e socialmente e onde se criam memórias.
O conceito de “Bairro” é… Uma referência constante nos mais diversos tipos de discurso (comum, técnico, científico, promocional, histórico, político, estratégico, ficcional…);
Uma realidade de existência global mas com características diferenciáveis localmente;Uma ideia que é facilmente identificável mas dificilmente definível.
O projecto de investigação “Bairros em Lisboa, 2012” surge da grande dificuldade de encontrar um critério empírico de definição de “Bairro” e da grande diversidade de lugares e realidades (sociais, culturais, arquitectónicas, históricas, espaciais) na cidade de Lisboa, onde esse termo se aplica com toda a propriedade.
Perante tal diversidade considera-se fundamental:
− Abordar o “Bairro” como um espaço físico - na sua componente histórica e urbanística - mas também como um espaço que configura práticas sociais, que é utilizado, vivenciado e representado pelos seus habitantes e utilizadores.
− Compreender a que contextos – espaciais, históricos, arquitectónicos, sociais, culturais – se associa o conceito de “Bairro”
− Definir os critérios que podem ser utilizados para definir o que é um “Bairro, numa cidade plural como Lisboa.
− Retratar de uma forma tão completa quanto possível alguns “Bairros” de Lisboa, a fim de compreender a amplitude do seu papel nas novas formas de habitar a cidade contemporânea e de contribuir para o seu conhecimento e ordenamento.
Bairro 2 de MaioBairro Alto da SerafinaBairro AltoBairro AméricaBairro AndradeBairro AzulBairro Estrela de OuroBairro GrandellaBairro da AjudaBairro da BoavistaBairro da Calçada dos MestresBairro da Cruz VermelhaBairro da CurraleiraBairro da EncarnaçãoBairro da FlamengaBairro da GNRBairro da Horta NovaBairro da LiberdadeBairro da ProdacBairro da Quinta da CalçadaBairro da Quinta da LuzBairro da Quinta das ConchasBairro da Quinta de BarrosBairro da Quinta do Cabrinha
Bairro da Quinta do CharquinhoBairro da Quinta do JacintoBairro da Quinta do LavradoBairro da Quinta do MorgadoBairro da RochaBairro da LiberdadeBairro das AmendoeirasBairro das CalvanasBairro das ColóniasBairro das EstacasBairro das FurnasBairro das GalinheirasBairro das SalgadasBairro de AlcântaraBairro de CaselasBairro de InglaterraBairro de Santa CruzBairro de SantosBairro de São JoãoBairro de São MiguelBairro do Alto da AjudaBairro do AlvitoBairro do Arco do CegoBairro do Armador
Bairro do CalhauBairro do Caramão da AjudaBairro do Casalinho da AjudaBairro do CondadoBairro do RelógioBairro dos ActoresBairro dos AlfinetesBairro dos Funcionários da Cadeia de MonsantoBairro dos LóiosBairro dos RetornadosBairro dos Sete CéusBairro Estrela d'OuroBairro LopesBairro Madre DeusBairro Novo de BelémBairro Novo de BenficaBairro Novo do GriloBairro Padre CruzBairro São João de Brito
Vox populi: topónimo de “bairro” em Lisboa
total 67
Análise de menção da palavra bairro nos Instrumentos de Gestão do Território em vigor em Lisboa
PU ALTO DO LUMIAR 1ª PUBLICAÇÃO RCM 126/98 248 IS-B 27/10/1998: “Artigo 41.º Critérios para a área histórica da Estrada da Torre e áreas livres adjacentes a norte (UPG XII). 1 — O objectivo consiste em preservar o bairro histórico e ordenar as suas áreas ainda disponíveis.” ACRRU MOURARIA - ALARGAMENTO ÁREA 1ª PUBLICAÇÃO DR 35/97 221 IS-B 24/9/1997: “Os Decretos Regulamentares n.os 61/86, de 3 de Novembro, e 6/92, de 18 de Abril, delimitaram como área crítica de recuperação e reconversão urbanística parte da zona da Mouraria, um dos bairros mais antigos e característicos da cidade de Lisboa.”
Para todos os outros casos, é utilizada a designação “zona”
Classifique as seguintes
afirmações de acordo com a sua
ideia de bairro de
Lisboa:
Item Sim, sempre Sim, às vezes Não
Conjunto de edifícios da mesma época 28.6%34 69.7%83 1.7%2
Conjunto de edifícios que obedecem a um plano urbanístico 26.1%31 64.7%77 9.2%11
Conjunto de ruas de uma mesma freguesia 26.9%32 62.2%74 10.9%13
É um dormitório 3.4%4 29.4%35 67.2%80
Existem relações familiares 36.1%43 60.5%72 3.4%4
Existe comércio tradicional 74.8%89 24.4%29 0.8%1
Existe vivência diurna de rua 79.0%94 21.0%25 -
Existe vivência nocturna de rua 25.2%30 73.1%87 1.7%2
Existem espaços verdes e jardins 32.8%39 66.4%79 0.8%1
Existem relações estreitas de vizinhança 46.2%55 53.8%64 -
Vivem pessoas de vários estratos sociais 32.8%39 66.4%79 0.8%1
Vivem sobretudo pessoas do mesmo estrato social 10.1%12 64.7%77 25.2%30
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Ano Desenvolvimento do projecto
2010 Pesquisa bibliográfica - caracterização do estado da arte, nacional e internacional, sobre a génese e evolução do conceito de bairro
Estabelecimento de parcerias (IHRU | e-Geo | CML) Definição da primeira proposta de tipologias Primeiro mapeamento Inquéritos teste e início de 2 casos de estudo (Campo de Ourique e Graça) Organização da Mesa redonda O lugar do Bairro
2011 Pesquisa bibliográficaRealização de entrevistas a actores-chaveContinuação do trabalho de campo (mais 4 bairros), incluindo levantamento histórico, urbanístico e arquitectónico e registo fotográfico e cartográfico dos estudos de caso,
Produção de cartografiaComunicação no SIEF
2012 Análise de resultados e redefinição de tipologiasDivulgação e aplicação de conteúdos
Processo Época Unidade (morfo-génese) Exemplos
Com plano
Anteriores a 1755
Traçado regular ainda muito agarrado ao terreno, ausência de praça e de grandes eixos estruturantes.
- Vila Nova do Olival ou da Oliveira- Bairro Alto e Madragoa (Bairro do Mocambo) séc. XVI (vias em quadrícula, definindo quarteirões rectangulares ou trapezoidais )
Reconstru-ção pombalina
Morfologia urbana regular ortogonal, com normas arquitectónicas explícitas
- Baixa
Ressano Garcia
Morfologia urbana regular ortogonal, sem normas arquitectónicas
- Bairro de Campo de Ourique, Avenidas Novas
Primeira República / Estado Novo
Primeiros bairros sociais de iniciativa públicaMorfologia urbana regular
Bairros de iniciativa privadaPequenos e médios loteamentos, muito marcados por pré-existências (estruturas da propriedade e viárias)
- Bairro Social do Arco Cego
- Bairro Andrade, Bairro das Colónias, Bairro Inglês ...
Processo Época Unidade (morfo-génese) Exemplos
Com plano
Estado Novo
Bairros Sociais de iniciativa pública (influenciados pelos princípios da Cidade jardim)-Bairro/ vivenda/ localizados no limite da cidade.
Bairro social(influenciados pela carta de Atenas)-Bairro / Pequeno prédio
-Bairro / Movimento Moderno Urbanizações de iniciativa privadaPequenos e médios loteamentos, muito marcados por pré-existências fundiárias e viárias.
Alvito, Encarnação, Santa Cruz, Madre Deus,
- Alvalade / Restelo
- Olivais - Benfica, Lumiar, Carnide ....
Processo Época Unidade (morfo-génese) Exemplos
Com plano
Anos 70 Bairros Sociais — Cidade Nova / prédio Chelas
Anos 80 e 90
Bairro de iniciativa autárquica (EPUL) Telheiras, Alto do Restelo, Carnide ...
Passagem ao séc. XXI
Grande urbanização e grande acção regeneraçao urbana (aprovado em 1997)
Alto do Lumiar (Alta de Lisboa)Expo 98 / Parque das Nações
Sem Plano
(ou planta orgânica)
Desde a origem da cidade
Geometria muito variável acompanhando a topografia dos locais onde se implanta.
Edificação ao longo de antigas estradas de saída de Lisboa
- Alfama, Castelo, Sé, Mouraria, Graça, Alcântara…
- Rua de Santa Marta/ R. de São Sebastião
- Rua de Arroios- Estrada de Benfica- ...
Questões que inquietam e suscitam debate:
− Como distinguir os “Bairros” na Lisboa de hoje?− Será possível estabelecer uma tipologia dos bairros existentes?− De que forma essa tipologia poderá ser útil para o ordenamento da
cidade? − Porque razão certos projectos urbanos vingam como “Bairro” e outros
não?− Como é que os residentes e os utentes da cidade caracterizam um
“Bairro”?− Como é que se apropriam e representam o espaço do “Bairro”?− Poderá a expansão urbana das últimas décadas ser associada ao
conceito de “Bairro” ou está-se perante realidades que exigem novas designações e formas de classificar a cidade?
− Como sobreviverá o “Bairro” de cariz popular a processos de nobilitação urbana e de “musealização” de tipicidades?
− Porque razão os Instrumentos de Gestão do Território e os documentos estratégicos não coincidem na leitura que fazem dos “Bairros”?