baixar programa

55
TEMPORADA 2016 FORA DE SÉRIE

Transcript of baixar programa

Page 1: baixar programa

TEM

PORA

DA 2

016

FORA

DE

SÉRI

E

Page 2: baixar programa

SÁBA

DOS,

18H

Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais apresentam

TEM

PORA

DA 2

016

FORA

DE

SÉRI

E

Page 3: baixar programa

PARA ASSISTIR, OUVIR E LERFILARMÔNICA online

PARA APRECIAR um concerto

P. 94

P. 100

P. 101

20 AGOSTO

23 JULHO

1º OUTUBRO

29 OUTUBRO

10 DEZEMBRO

P. 61

P. 73

P. 79

P. 85

P. 53 TOBIAS VOLKMANN, regente convidadoALEXANDRE BARROS, oboéO rapto do serralho, K. 384: Abertura

antonio salieri — Sinfonia em Ré maior, “Il giorno onomastico”

domenico cimarosa — Concerto para oboé em dó menor

Sinfonia nº 39 em Mi bemol maior, K. 543

FABIO MECHETTI, regenteMARINA MORA, diretora de cenaGABRIELLA PACE, FiordiligiLUISA FRANCESCONI, DorabellaCARLA COTTINI, DespinaDAVID PORTILLO, FerrandoLEONARDO NEIVA, GuglielmoLICIO BRUNO, Don AlfonsoCosì fan tutte, K. 588

FABIO MECHETTI, regenteContradanças, K. 609

Idomeneo: Música de Balé, K. 367

Tamos, Rei do Egito, K. 345

Les Petits Riens, K. 299b

FABIO MECHETTI, regenteUma brincadeira musical, K. 522

Serenata nº 6 em Ré maior, K. 239, “Noturna”

Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn”

FABIO MECHETTI, regenteMARCUS JULIUS LANDER, clarineteMARIANA ORTIZ, sopranoLUISA FRANCESCONI, mezzo-sopranoLUCIANO BOTELHO, tenorSAULO JAVAN, baixoA Clemência de Tito, K. 621: Abertura

Concerto para clarinete em Lá maior, K. 622

Requiem, K. 626

Ópera

Rivais e contemporâneos

Música incidental

Na corte

Último capítulo

MARCOS ARAKAKI, regenteERIKA RIBEIRO, pianoLa finta semplice, K. 51: Abertura

Sinfonia nº 1 em Mi bemol maior, K. 16

Concerto para piano nº 1 em Fá maior, K. 37

Divertimento nº 1 em Mi bemol maior, K. 113

Cassação nº 1 em Sol maior, K. 63

MARCOS ARAKAKI, regenteALMA MARIA LIEBRECHT, trompaCATHERINE CARIGNAN, fagoteCÁSSIA LIMA, flautaGISELLE BOETERS, harpaConcerto para trompa nº 2 em Mi bemol maior, K. 417

Concerto para fagote em Si bemol maior, K. 191

Concerto para flauta e harpa em Dó maior, K. 299

FABIO MECHETTI, regente MARK JOHN MULLEY, tromboneCLÁUDIA AZEVEDO, sopranoCELINA SZRVINSK, pianoMIGUEL ROSSELINI, pianoleopold mozart — A viagem musical de trenó

leopold mozart — Concerto para trombone alto em Ré maior

leopold mozart — Sinfonia dos Brinquedos

Mia speranza adorata – Ah, non sai qual pena, K. 416

No, no, che non sei capace, K. 419

Concerto para dois pianos em Mi bemol maior, K. 365

FABIO MECHETTI, regente Sinfonia nº 31 em Ré maior, K. 297, “Paris”

Sinfonia nº 34 em Dó maior, K. 338

Sinfonia nº 40 em sol menor, K. 550

P. 29

P. 21

P. 38

P. 47

5 MARÇO

2 ABRIL

14 MAIO

18 JUNHO

CAROS AMIGOS E AMIGAS Fabio Mechetti

MOZART, um pouco da obra e do coração, con affetto

Sábados, 18h

Menino prodígio

Concertos

Tudo em família

Sinfonias

P. 5

P. 12

Page 4: baixar programa

4 5

Uma das perguntas mais frequentes que recebo como maestro é sobre quem é o meu compositor favorito. Antes fosse assim tão fácil arriscar uma resposta. As razões de um suposto favoritismo podem ser de natureza estética, técnica, emocional, racional; até mesmo um “sei lá” é possível.

Alguns compositores são sobre-humanos, outros nos tocam profundamente por serem vulneráveis e, portanto, simplesmente humanos. Uns evocam a conquista e o otimismo, outros, um pessimismo inexorável. Vários nos apresentam a controvérsia, muitos, a contemplação e o prazer. Mas talvez só um, dentre os grandes gênios da música ocidental, reúna todas essas (e muitas outras) qualidades: Mozart.

Considerado unanimemente um dos maiores prodígios que já existiram, dotado de singular facilidade na arte de compor, dono de uma perfeição técnica e formal absoluta, mestre em qualquer forma e gênero, incrivelmente prolífico nos 35 anos que viveu, Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus (Amadeus em latim) Mozart deixou para nós uma obra única, capaz de, ao mesmo tempo, surpreender os mais exigentes críticos e amantes da música, assim como chegar diretamente aos corações dos ouvintes mais leigos.

Ao estudar uma obra de Mozart, fico embevecido com a absoluta perfeição técnica que ele imprime ao que faz. A despeito disso, sua música soa absolutamente fluente e natural, como se cada nota escrita não pudesse pertencer a qualquer outro lugar, mas somente àquele onde foi colocada, perfeita, inevitável. Seja uma simples sonata para piano ou uma dupla fuga em uma de suas missas, Mozart nos mostra que a perfeição é possível e, o que nos deixa ainda mais envergonhados e despeitados, simples e fácil.

Ao explorar a música de Mozart nesta temporada, a Filarmônica visitará algumas de suas obras mais famosas, como sua Sinfonia nº 40, vários de seus concertos e o Requiem, mostrando a diversidade de sua criação, o domínio absoluto que tinha das formas musicais tradicionais, assim como a maneira clara e eficiente com que trabalhou desde a mais tenra idade até sua morte precoce.

Enfim, sua obra reflete o que há de mais sublime no espírito humano e, ao mesmo tempo que nos entretém, nos eleva, pois sabemos que estamos diante de um ser que simboliza o que há de melhor na humanidade. Ninguém melhor do que outro gênio, Einstein, para enxergar na música do grande compositor austríaco a presença de uma beleza interna universal, pronta para ser revelada. É isso que pretendemos: desvendar a beleza e a verdade contidas em dezenas de obras que, como há mais de duzentos anos, mostram sua relevância nos dias de hoje.

CAROS amigos e amigas

FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular

Page 5: baixar programa

6 7

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.

Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

FOTO

EUG

ÊNIO

SÁV

IO

Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.

FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular

Page 6: baixar programa

8 9

FOTO

RAF

AEL

MOT

TA

Page 7: baixar programa

10 11

Salzburgo, 27 de janeiro de 1756 — Viena, 5 de dezembro de 1791WOLFGANG AMADEUS MOZART

Page 8: baixar programa

12 13

É bom lembrar que os trajetos, por mais extenuantes e demorados que fossem, eram apenas os entreatos de longas temporadas que, estas sim, proporcionavam a Wolfgang o tempo de crescer aprendendo, de escutar novas músicas, de ter influências e encontros decisivos.

Iniciado em abril de 1764, e estando Wolfgang com oito anos, o estágio de dezesseis meses em Londres teve repercussões indeléveis. Wolfgang compôs ali suas primeiras sinfonias, ouviu oratórios de Haendel e assistiu a óperas italianas. Seu contato com Johann Christian Bach — que, antes

de ser chamado Bach de Londres, fora o Bach de Milão — foi especialmente afetuoso, além de fecundo pela orientação que desse mestre recebeu. Dele teve as primeiras lições sobre a ópera italiana, mais especificamente sobre a característica ópera buffa napolitana. Aliás, foi de Londres que Leopold escreveu a sua mulher: "ele tem sempre uma ópera na cabeça", uma demonstração de que já aos oito anos se instalava no espírito de Wolfgang a paixão que viria a ser avassaladora — o teatro musical, o melodrama.O que nos assombra hoje, mais que as habilidades da criança prodígio, é

Wolfgang Amadeus Mozart, sempre tão amado, venerado pelos maiores músicos de sua época, única unanimidade na admiração dos grandes mestres que o sucederam, autor de mais de seiscentas obras conhecidas, morreu em Viena na miséria e no abandono, sem completar 36 anos.

Nunca serão demasiados os esforços para restaurar-se a verdade a respeito da pessoa do criador, distorcida através do tempo, e para ampliar o conhecimento de sua imensa obra.

Que Wolfgang, criança de precocidade genial e fascinante personalidade, teria encontrado seu irreprimível caminho na música, mesmo sem a onipresença do pai na infância — é uma evidência. Desde muito cedo, a consciência de seu destino de compositor era claríssima para ele.

No entanto, para que absorvesse e praticasse todo o conhecimento musical germânico, foram condições determinantes a orientação metódica

e cotidiana do pai — bom músico e pedagogo —, os contatos que teve com a música e os músicos de sua época e, principalmente, sua própria intuição genial. Por esta se explica a facilidade e alegria com que Wolfgang se dispunha a escrever música quando solicitado, ou para seu próprio prazer, e a abordagem de todos os gêneros já na infância. Isso não impedia que, para o instrumentista admirável que já era, fosse insuportável apresentar-se diante de pessoas que ele percebia desinteressadas, que não sabiam apreciar a sua música.

As viagens — não raro decepcionantes do ponto de vista prático do pai e cansativas ao extremo para a criança — foram acima de tudo essenciais para forjar a largueza do espírito de Mozart e permitir sua aproximação de outras escolas, de modo especial a música italiana e a escola de Mannheim — influências fundamentais na elaboração de sua obra —, preservando sempre, contudo, os insumos da escola alemã.

UM POUCO DA OBRA E DO CORAÇÃO, con affetto

Mozart Roteiro de viagem da família Mozart

às cortes da Europa, entre 1763 e 1766.

LONDRES(1764-65)

AMSTERDÃ (1766)

UTRECHTHAIA

ROTERDÃ

ANTUÉRPIAMALINAS

LOVAINA

LIÈGEAACHEN

COLÔNIA

BONN

COBLENÇA

FRANKFURTMAINZ

WORMS

MANNHEIM HEIDELBERG

LUDWIGSBURGO

AUGSBURGO

MUNIQUE

SALZBURGO

ULM

SCHAFFHAUSEN

BRUXELAS

WINTERTHUR

ZURIQUE

LAUSANNE

GENEBRA

LYON

DIJON

PARIS

1763-64

1766

1766

1763

LILLE

GANTEDUNQUERQUE

BERNA

Page 9: baixar programa

14 15

são numerosas e especiais, pelas encomendas que cumpriu e estreou (incluindo a ópera Mitridate Re di Ponto) e pelas ocasiões de mostrar quão excelente músico ele já era. Porém, mais significativos para Wolfgang foram os contatos sérios e proveitosos com músicos do quilate do lendário Padre Giovanni Battista Martini (1706-1784), de Bolonha. Para trabalhar intensivamente contraponto com Martini, de quem já ouvira falar por Christian Bach, Wolfgang volta a Bolonha, "a Douta", onde permanece por três meses. Pode-se imaginar o empenho e a

alegria do jovem de quatorze anos por essa estupenda oportunidade. Martini será sempre uma referência musical e afetiva para Mozart.

Acompanhar as vicissitudes da vida de Mozart e ao mesmo tempo seguir o desenvolvimento de sua obra é uma forma de desvendar o seu coração e sua personalidade. Wolfgang, desde que entrara na adolescência, tinha o comportamento de um músico profissional, e como tal foi reconhecido na Itália. Ao mesmo tempo, com sua intuição muito clara sobre o que queria

a profundidade com que Wolfgang processava vertiginosamente o seu desenvolvimento e quão reta e certeira foi a sua trajetória.

A narrativa das viagens empreendidas por iniciativa de Leopold, contida em suas cartas e nos bilhetes de Wolfgang e da irmã Nannerl, nos leva a conhecer o processo de aprendizado musical — totalmente fora de qualquer padrão —, assim como a formação da personalidade e do coração de Mozart.

Surpreende-nos ainda hoje perceber que, irrigada por sua genialidade e suas escolhas, sua obra imortal estava germinando e florescendo, sem desvio, desde os primeiros sons e rabiscos da criança.

Quando Leopold dizia que o menino "tinha a música inteiramente na cabeça antes de escrevê-la", dizia-o não com incredulidade, mas sem compreender bem o que aquilo significava. Sempre foi assim para Wolfgang. Ao final, faltou-lhe força física para terminar o Requiem que desde a data da encomenda trazia acabado na cabeça.

Aos olhos da aristocracia e da burguesia europeias, Wolfgang perdia, ao crescer, tanto o charme da precocidade como a perspectiva de celebridade futura. Mas, na verdade,

ele crescia em graça e sabedoria, acumulando sem trégua experiências extraordinárias, construindo seu direcionamento estético, confirmando sua vocação dramático-musical, deixando que o coração guiasse as suas escolhas.

Escutar e apreciar exemplos de suas músicas nas diferentes idades nos deixa concluir que também o amadurecimento artístico de Wolfgang foi espantosamente precoce e acelerado, como que numa antevisão de quão curto era o prazo que lhe seria dado.

A primeira viagem à Itália, que se dá às vésperas de Wolfgang completar quatorze anos, é a primeira que o menino empreende em companhia apenas do pai. As experiências dessa temporada

Nannerl Mozart. Pintura atribuída a Pietro Antonio Lorenzoni, 1763c.

A casa natal de Mozart, ao fundo, à

esquerda, localizada na Löchelplatz, em Salzburgo. Museum

Carolino Augusteum, Salzburgo.

Page 10: baixar programa

16 17

entre as quais a surpreendente e dramática em lá menor e a Sonata em lá maior, célebre pelo rondó alla turca, e várias outras obras. Não é pouca coisa para cinco meses! Na volta a Salzburgo segue o mesmo trajeto e, no reencontro com Aloysia, a moça se mostra indiferente.

Wolfgang, de novo em Salzburgo, é ainda bem jovem. Começa o ano de 1779 compondo a Sonata para piano e violino em si bemol e o Concerto para dois pianos em mi bemol. Em março escreve a Missa da Coroação, sinfonias e cerca de cinquenta obras, a maior parte delas longas e complexas, evidenciando sua evolução técnica.

Após um retorno a Munique, aonde foi para montar e estrear com grande sucesso a ópera Idomeneo, e

onde escreveu o Quarteto com oboé K. 370, Wolfgang deixa Salzburgo definitivamente. Rebelara-se em episódio recontado à exaustão, para acabar sendo o primeiro músico autônomo da história da música.

Instala-se em 1781 em Viena e decide casar-se com Constanze Weber, irmã de Aloysia, que será sua companheira até o fim.

Apenas dez anos para viver em Viena, para realizar a sua obra! Viveu — nessa cidade tão alegre e tão triste, tão séria e tão inconsequente — dias de exaltação e de depressão. Teve dias de glória e de penúria. Mas Mozart não expressava com sua música as circunstâncias de sua existência. Revelava, sim, a sua alma. Já escrevera de Munique a seu

Constanze Mozart. Pintura de Joseph

Lange, 1782.

conhecer e aprender, não dissipava as oportunidades. Adquiria o equilíbrio que sempre transpareceu em sua música. Era alegre e afetuoso, desbocado nas brincadeiras e na correspondência, sempre disposto a teatralizar, generoso, dedicado aos amigos e, quanto à música, exigente e responsável. Uma espiritualidade sincera era perceptível em suas atitudes, além de um senso ético profundo que transparece à medida que, na juventude, começa a reagir às fraquezas e às injustiças dos ambientes nos quais convive. Um sinal, dentre muitos, de seu belo caráter e total falta de jactância é que a concessão do diploma honorífico da Academia Filarmônica de Bolonha, após um exame de máximo rigor, jamais foi motivo de alarde ou vaidade por parte de Wolfgang, que se negava a exibi-lo, assim como também recusava usar a insígnia de Cavaleiro da Ordem da Espora de Ouro, que o Papa lhe concedera. Sua simplicidade não era isenta de firme senso de dignidade. Apelava com energia a seu pai para que não se rebaixasse ao tentar uma oportunidade em favor do filho.

Wolfgang entrara para o serviço do Príncipe-Arcebispo aos treze anos, como organista sem salário. De 1773 até a viagem a Paris, quase não se ausentou de Salzburgo e compôs muita música, já com

sua personalidade musical inconfundível bem estruturada.

Em 1777 partiu com destino a Paris acompanhado apenas de sua mãe, numa viagem muito atribulada, que se não foi particularmente importante do ponto de vista da carreira de Wolfgang, marcou-se por acontecimentos que o abalaram emocionalmente e que viriam a ter repercussão em seu futuro: o encontro com Aloysia Weber, linda soprano de quinze anos por quem se enamora em Mannheim, sem poder dar continuidade ao romance, e a morte inesperada, em Paris, de sua mãe. Apesar de seu descontentamento com a cidade, compôs algumas músicas importantes, como uma Sinfonia Concertante para Sopros, o belo Concerto para flauta e harpa, Variações e Sonatas para piano —

Anna Maria Mozart. Pintura de Rosa Hagenauer-Barducci.

Page 11: baixar programa

18 19

clássico é insuficiente para a sua música, que, pelo elaboradíssimo uso do cromatismo como elemento expressivo, tem, sem qualquer pretensão revolucionária, conotações românticas e trágicas que aproximam Beethoven de sua obra. Alguns atributos sensíveis a tornam acessível. Na música instrumental, o primeiro, sem dúvida, é a beleza e a perfeição da melodia; outro é o equilíbrio da forma, da instrumentação, a complexa estruturação das vozes. Na ópera, o que mais seduz é a

verdade humana das personagens e o sentido do ritmo teatral.

Wolfgang Amadeus Mozart é o único grande mestre da música verdadeiramente universal, por ter criado obras-primas, com a mesma grandeza e a mesma dedicação, em absolutamente todos os gêneros musicais.

pai: "Ich bin vergnügt weil ich zu komponieren habe, welche ist doch meine einzige Freude und Passion". — Estou contente porque tenho o que compor, o que é mesmo a minha única alegria e paixão.

Wolfgang compôs nessa década aproximadamente trezentas obras. Podemos dizer sem receio que são trezentas obras-primas. É impossível deixar de citar Don Giovanni, Le nozze di Figaro, Così fan tutte, O rapto do serralho, A Flauta Mágica; as mais belas e fantásticas sinfonias, numerosos concertos para piano, música religiosa, música maçônica, inúmeros quartetos e quintetos... O Requiem, obra que povoou o espírito de Mozart de lúgubres sensações e que ficou inacabada...

Tudo é insuficiente ou então demasiado e desnecessário quando se trata de falar ou escrever sobre Mozart, tanto sobre a obra quanto sobre seu espírito. Sabemos como lhe foi reconfortante, sempre, a comovente amizade e o afeto que o uniram a Haydn; Mozart jovem, Haydn já músico consumado e célebre — eles tiveram alguns contatos de profunda compreensão e admiração mútua. Mozart se influenciou por Haydn na juventude e Haydn, mais tarde, se deixou conscientemente influenciar por Mozart, o que ele próprio declarava com simplicidade.

Em mais de uma ocasião elevou a voz para declarar: — Mozart é o maior compositor que já existiu! Uma dessas vezes foi após a estreia de Don Giovanni.

Melhor que ler sobre Mozart é escutar sua música, buscar aquela que não se ouviu ainda, descobrir a beleza incomparável de suas melodias, deixar-se emocionar com a doçura, mas também com a pungência, com tudo o que lhe ia na alma e que se traduz em sua obra. Felizmente existem gravações de, pelo menos, essas cerca de trezentas obras dos últimos dez anos.

Por ter vivido na segunda metade do século XVIII, e por ser o menos sectário e o mais aberto dos compositores, o conceito de

O piano de Mozart. Mozart Museum, Internationale Stiftung Mozarteum, Salzburgo.

Joseph Haydn. Pintura de Thomas Hardy.

BERENICE MENEGALE Pianista e diretora da

Fundação de Educação Artística.

Page 12: baixar programa

20 21

1

FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO

MARCOS ARAKAKI, regenteERIKA RIBEIRO, piano

LA FINTA SEMPLICE, K. 51: ABERTURA

SINFONIA Nº 1 EM MI BEMOL MAIOR, K. 16

• Allegro molto • Andante • Presto

CONCERTO PARA PIANO Nº 1 EM FÁ MAIOR, K. 37

• Allegro • Andante • Allegro

— INTERVALO —

DIVERTIMENTO Nº 1 EM MI BEMOL MAIOR, K. 113

• Allegro • Andante • Menuetto • Allegro

CASSAÇÃO Nº 1 EM SOL MAIOR, K. 63

• Marche • Allegro • Andante • Menuetto • Adagio • Menuetto • Finale: Allegro assai

PROGRAMA

5 DE MARÇO

Menino prodígio

Erika Ribeiro

Page 13: baixar programa

22 23

FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO

Conhecida pela elegância, inteligência

e sutileza de suas interpretações, a

pianista Erika Ribeiro é considerada

uma das artistas mais expressivas de

sua geração. Sua musicalidade singular

e grande versatilidade combinam em

sua carreira trabalhos como solista,

recitalista e camerista.

Vencedora de dez concursos nacionais

de piano — entre eles o III Concurso

Nelson Freire — e premiada em

mais de vinte, Erika tem se

apresentado como solista na

Sala São Paulo, Theatro Municipal

de São Paulo, Theatro São Pedro,

Auditório Ibirapuera, Sala Cecília

Meireles e outros palcos.

Atuou à frente das orquestras Filarmônica de Gaia, Portugal,

Filarmônica de Kalisz, Polônia, Orquestra Sinfônica Brasileira,

Orquestra Experimental de Repertório, Orquestra Sinfônica

do Espírito Santo, entre outras, e realiza com frequência

parcerias ao lado de destacados maestros e músicos, como

Emmanuele Baldini, Claudio Cruz, Daniel Guedes, Quinteto

Villa-Lobos, Carlos Prazeres, Luis Leite e Tatiana Parra.

Erika iniciou seus estudos musicais com a mãe aos quatro

anos de idade. Cursou a Escola de Música de Piracicaba e a

Universidade de São Paulo (USP), concluindo seu mestrado

em Música sob orientação de Eduardo Monteiro. Estudou

durante dois anos na tradicional Hochschule für Musik

Hanns Eisler, em Berlim, Alemanha, e participou de cursos

de aperfeiçoamento nos Estados Unidos, Suíça e França.

Atualmente leciona na Universidade Federal do Estado do

Rio de Janeiro (Unirio), onde, em 2014, assumiu a cátedra

de Música de Câmara e Recital.

ERIKA RIBEIROFO

TO A

LINE

MÜL

LER

FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO

Marcos Arakaki é Regente Associado

da Filarmônica de Minas Gerais e

colabora com a Orquestra desde 2011.

Bacharel em música pela Universidade

Estadual Paulista, na classe de violino

do professor Ayrton Pinto, em 2004

concluiu o mestrado em Regência

Orquestral pela Universidade de

Massachusetts (EUA). Participou

do Aspen Music Festival and School

(2005), recebendo orientações de

David Zinman na American Academy

of Conducting at Aspen, nos Estados

Unidos, além de masterclasses com

os maestros Kurt Masur, Charles Dutoit

e Sir Neville Marriner. Sua trajetória

artística é marcada por prêmios como

o do 1º Concurso Nacional Eleazar

de Carvalho para Jovens Regentes,

promovido pela Orquestra Petrobras

Sinfônica em 2001, e do Prêmio

Camargo Guarnieri, concedido pelo

Festival Internacional de Campos do Jordão em 2009,

ambos como primeiro colocado. Foi também semifinalista

no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na

Cidade do México em 2007.

Além da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Marcos Arakaki

tem dirigido outras importantes orquestras tanto no Brasil

como no exterior. Estão entre elas as orquestras sinfônicas

Brasileira (OSB), do Estado de São Paulo (Osesp), do Teatro

Nacional Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas, do

Espírito Santo, da Paraíba, da Universidade de São Paulo,

a Filarmônica de Goiás, Petrobras Sinfônica, Orquestra

Experimental de Repertório, orquestras de Câmara da Cidade

de Curitiba e da Osesp, Camerata Fukuda, dentre outras.

No exterior, dirigiu as orquestras Filarmônica de Buenos

Aires, Sinfônica de Xalapa, Filarmônica da Universidade

Autônoma do México, Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e

a Boshlav Martinu Philharmonic da República Tcheca.

Acompanhou importantes artistas do cenário erudito, como

Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitskaya, Sofya

Gulyak, Ricardo Castro, Rachel Barton-Pine, Chloë Hanslip,

Luíz Filíp, entre outros.

Ao longo dos últimos dez anos, Marcos Arakaki tem

contribuído de forma decisiva na formação de novas

plateias, por meio de apresentações didáticas, bem como

na difusão da música de concertos através de turnês a

mais de setenta cidades brasileiras. Atua, ainda, como

coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos

projetos culturais e em instituições como Casa do Saber do

Rio de Janeiro, programa Jovens Talentos de Furnas, Música

na Estrada, Universidade Federal da Paraíba, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal

de Roraima e em vários conservatórios brasileiros.

FOTO

RAF

AEL

MOT

TA

MARCOS ARAKAKI

Page 14: baixar programa

24 25

se sustenta. Basta observar as obras

que virão: elas denotam a mesma

linguagem, a mesma mestria, a mesma

inventividade melódica, o mesmo

senso de proporção, os mesmos traços

arquitetônicos. Se Leopold Mozart

interferiu aqui ou ali na obra do filho,

o gênio do jovem Mozart logrou

suplantar e eclipsar quaisquer traços

que não os seus próprios.

Nesse sentido, muito mais importantes

foram os contatos que ele travou com

Johann Schobert, quando em Paris, em

1763, e com Johann Christian Bach,

em Londres, no ano seguinte. Schobert

abriu os olhos do menino de sete anos

de idade para a função poética da

música. Johann Christian Bach, por

sua vez, colocou-o em contato com a

música contemporânea — sinfônica,

de câmara e vocal, principalmente a

ópera —, o que foi decisivo para definir

os traços fundamentais da linguagem

mozartiana. Desse contato nasceu a

Primeira Sinfonia, K. 16.

Em sua estada na Inglaterra, a família

Mozart, no verão de 1764, mudou-se

temporariamente para Chelsea, porque

Leopold Mozart havia contraído uma

infecção de garganta. Ali foi composta

FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO

Detalhe da pintura de Heinrich

Lossow retrata Mozart criança tocando orgão.

O que causa assombro ao observador da

História da música diante da obra de

Mozart é menos o prodígio que nele se

revelou muito precocemente — e que seu

pai soube potencializar, desenvolver e explorar —, mas

a coesão, o acabamento, a harmonia arquitetônica, o

magnífico senso de proporção e a pródiga inventividade

melódica que, no conjunto de seu legado, são atemporais.

Em certos compositores, é possível observar, com relativa

nitidez, modificações na linguagem, revelando mudanças de

mentalidade e de comportamento, atestando o crescimento

do homem, do artista e da personalidade. Para nos atermos

apenas a um de seus contemporâneos, basta comparar

o Beethoven da primeira sonata para piano, op. 2 nº 1,

com o Beethoven das Bagatelas op. 126. Em Mozart,

tais distinções, quando há, se há, possuem traços muito

sutis. Sua obra parece apresentar-se pronta, acabada,

polida e lustrada, desvelando de pronto seu gênio, desde o

primeiro minueto, K. 1, composto aos tenros cinco anos de

idade! É claro, porém, que não se podem comparar essas

pequenas obras com, por exemplo, o monumento que é

Don Giovanni, sem que se guardem as devidas proporções.

Mas, guardadas estas, estão em ambas as obras os

mesmos traços essenciais: o mesmo Mozart.

Há quem especule, não sem alguma razão, que se poderia

notar algo do dedo de seu pai, Leopold Mozart, nas primeiras

obras do filho. Leopold Mozart foi um respeitado violinista,

um teórico importante, um grande pedagogo, mas um

compositor medíocre. Era sério e meticuloso, empenhado em

desenvolver — e promover — o gênio de seu filho. Poder-se-

ia abrir, com isso, o benefício da dúvida. O argumento não

LA FINTA SEMPLICE, K. 51: ABERTURA

Viena, 1768 | 7 min

2 flautas, 2 oboés, 2 fagotes,

2 trompas, cordas.

SINFONIA Nº 1 EM MI BEMOL MAIOR, K. 16

Londres, 1764/1765 | 12 min

2 oboés, 2 trompas, cordas.

CONCERTO PARA PIANO Nº 1 EM FÁ MAIOR, K. 37

Provavelmente Salzburgo, 1767 | 17 min

2 oboés, 2 trompas, cordas.

DIVERTIMENTO Nº 1 EM MI BEMOL MAIOR, K. 113

Salzburgo, 1771 | 10 min

2 oboés, 2 cornes ingleses,

2 clarinetes, 2 fagotes,

2 trompas, cordas.

CASSAÇÃO Nº 1 EM SOL MAIOR, K. 63

Salzburgo, 1769 | 23 min

2 oboés, 2 trompas, cordas.

FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO

Page 15: baixar programa

26 27

Os divertimentos, como as óperas e

as missas, perpassam quase toda a

vida de Mozart. No primeiro deles,

K. 113, já se nota a atenção que

Mozart irá dedicar aos instrumentos

de sopro, nomeadamente ao clarinete,

pelo qual tinha predileção especial.

Os divertimentos, assim como as

cassações, eram gêneros ligeiros

de música que, no século XVIII,

aproximavam-se formalmente da

suíte de danças. O título já denota a

sua função original: eram destinados

puramente ao prazer, seja no ambiente

dos teatros, seja no dos salões.

Populares no século XVIII, as cassações

têm pouca diferença formal com os

divertimentos. Sua principal distinção

talvez esteja no ambiente a que eram

primordialmente destinadas: as áreas

externas. A Cassação K. 63 causa o

assombro que acomete cada um que se

debruça sobre a obra de Mozart, e que

pode assim ser traduzido por Roland de

Candé, quando a ele se refere: “o gênio

não se prova, ele se afirma em todos os

sentidos da palavra”.

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,

Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,

professor da Universidade do Estado de Minas

Gerais e da Fundação de Educação Artística.

Apresentação da família Mozart em

Paris. Aquarela de Louis Carrogis

Carmontelle, 1763/1764.

a Primeira Sinfonia de W. A. Mozart,

estreada em 21 de janeiro do ano

seguinte. É claro que se podem notar

traços da linguagem de Johann Christian

Bach nessa obra, sobretudo na confecção

dos temas, dado o contato tão próximo

que os dois compositores mantinham.

Mas é espantoso que uma criança tenha

conseguido elaborar com tamanha

maturidade um plano musical tão bem

acabado, mesmo sob as asas de um

mestre. Composta em três movimentos,

ela se assemelha formalmente aos

concertos para piano que em breve

viriam. Não é a Christian Bach que se

escuta, mas ao próprio Mozart.

O primeiro concerto para piano, K. 37,

se se pode dizer isso do compositor,

ainda não é totalmente Mozart. No

entanto, o trabalho pianístico e o

diálogo entre orquestra e solista

demonstram o modelo que se iria firmar

na Escola Vienense e que mais tarde se

transformaria no grande padrão a ser

seguido ou transcendido. Seu segundo

movimento apresenta uma capacidade

de criação melódica surpreendente.

No entanto, este concerto, bem como

os outros três que o seguiram (K. 39,

40 e 41) são uma espécie de colagem.

O musicólogo Alfred Einstein identificou

três autores diferentes para o concerto

K. 37: o primeiro movimento seria

a adaptação de uma sonata para

violino e piano de Hermann Friedrich

Raupach; o segundo movimento seria

do próprio Mozart; o terceiro seria

outra adaptação, a partir de uma obra

de Leontzi Honauer. Prática comum

nos séculos XVII e XVIII, esse tipo de

apropriação não desmerece o trabalho

que norteia a obra.

A primeira ópera de Mozart, La finta

semplice, K. 51, foi composta por

um menino de doze anos em 1768

e estreada em maio do ano seguinte.

Embora composta em Viena, a

obra foi alvo de intrigas: músicos

e compositores recusavam-se a

acreditar que um jovenzinho a havia

composto e atribuíam-na a seu pai.

Por isso, ao invés de encenada em

Viena, veio a público em Salzburgo,

a pedido do Príncipe-Arcebispo.

Nela, desde sua abertura (ou

Sinfonia, como é intitulada), já

ouvimos sem interferências o Mozart

que todos conhecemos! Em nada

esta obra deixa a desejar às outras

que seguirão, exceto, talvez, no

administrar das transições de um

episódio a outro, o que se pode

perceber nos claros contrastes da

abertura, nitidamente tripartida.

FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO

Page 16: baixar programa

29

2

FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL

PROGRAMAMARCOS ARAKAKI, regenteALMA MARIA LIEBRECHT, trompaCATHERINE CARIGNAN, fagoteCÁSSIA LIMA, flautaGISELLE BOETERS, harpa

CONCERTO PARA TROMPA Nº 2 EM MI BEMOL MAIOR, K. 417

• Allegro maestoso• Andante• Rondo

CONCERTO PARA FAGOTE EM SI BEMOL MAIOR, K. 191

• Allegro• Andante ma adagio• Rondo: Tempo di menuetto

— INTERVALO —

CONCERTO PARA FLAUTA E HARPA EM DÓ MAIOR, K. 299

• Allegro• Andantino• Rondo: Allegro

2 DE ABRIL

Alma Maria Liebrecht

Catherine Carignan

Cássia LimaGiselle Boeters

Concertos

Page 17: baixar programa

30 31

FOTO

EUG

ÊNIO

SÁV

IO

Natural do Québec, Canadá, Catherine

iniciou seus estudos de fagote aos doze

anos. Entre 1998 e 2008, foi aluna de

Michel Bettez, Mathieu Lussier, Mathieu

Harel, Stéphane Lévesque, Nadina

Mackie Jackson e Fraser Jackson. Em

2005, suspendeu seus estudos musicais

para dedicar-se a um curso de tradução,

mas continuou tocando como convidada

em orquestras canadenses e organizando

concertos de música de câmara na sua

cidade natal. Voltou para o Conservatoire

em agosto de 2006, passou em dezembro

no concurso para segundo fagote da

Victoria Symphony Orchestra, na costa

oeste do Canadá, e concluiu bacharelado

em Música em maio de 2007.

Entre 2006 e 2008, Catherine foi

fagotista convidada da Winnipeg

Symphony Orchestra, da Canadian

Broadcasting Company Radio Orchestra

(conhecida como National Broadcast Orchestra desde 2009) e

participou do Aventa Ensemble, formação dedicada à música

contemporânea. Com Aventa, em fevereiro de 2008, estreou a

obra Dulcian Patterns, do compositor canadense Peter Hatch,

que descreve a peça como “não exatamente um concerto para

fagote em si, mas que frequentemente destaca seus timbres

e registros”. Como solista independente, encomendou a obra

para fagote e piano Three Conjoined Trifles, do compositor

e dramaturgo canadense Alex Eddington, estreando-a em

abril de 2008 com a pianista Allie Cortens. Meses depois,

foi aprovada em audição na Filarmônica de Minas Gerais,

tornando-se Fagote Principal da Orquestra.

No Brasil, Catherine vem desenvolvendo atividades de

performance, ensino e pesquisa paralelas à sua atuação na

Filarmônica. Participou das duas primeiras edições do Encontro

Internacional de Oboé e Fagote da Universidade Federal de

Santa Maria, Rio Grande do Sul, como palestrante e recitalista;

foi professora substituta de fagote na Universidade Federal de

Minas Gerais em 2013; orienta alunos de maneira independente

em Belo Horizonte desde 2008 e mantém uma colaboração

estreita com músicos brasileiros, desenvolvendo pesquisas

extra-acadêmicas sobre o fagote na música brasileira. Catherine

tem participado de apresentações de choro com colegas da

Filarmônica e com o Clube do Choro de Belo Horizonte.

Esta é a quarta vez que Catherine se apresenta como solista

da Filarmônica. Em 2011, executou com o clarinetista

Dominic Desautels o Duett-Concertino de Richard Strauss,

sob regência do maestro Marcos Arakaki; em 2013, com o

violinista Rommel Fernandes, a violoncelista Elise Pittenger e

o oboísta Alexandre Barros, apresentou a Sinfonia Concertante

em Si bemol maior de Joseph Haydn, sob regência do

maestro Fabio Mechetti; e em outubro de 2015, com os

colegas Marcus Julius Lander, Alexandre Barros e Alma

Maria Liebrecht, tocou a Sinfonia Concertante para sopros,

de Mozart, com o regente convidado Christoph König.

CATHERINE CARIGNAN

FORA DE SÉRIE 2 DE ABRILFORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL

FOTO

CHR

ISTI

AN P

ERON

A

ALMA MARIALIEBRECHT

O envolvimento de Alma com a

música começou em seu estado natal,

Maryland, nos Estados Unidos. Primeiro

através do violino, quando tinha seis

anos de idade, e depois com a trompa,

aos doze, sob orientação de Olivia Gutoff.

De 2002 a 2006, estudou com

Jerome Ashby no Curtis Institute of

Music. De 2006 a 2008, estudou com

William Purvis na Escola de Música da

Universidade de Yale, completando em

2008 o mestrado em Música.

Nos verões de 2003 a 2005, participou

do Festival de Música do Pacífico, no

Japão, onde estudou com Gunter Högner

e Wolfgang Tomböck, ambos da

Filarmônica de Viena. De 2008 a 2010,

Alma foi bolsista do Ensemble ACJW

do Carnegie Hall. Em 2010, ela ajudou

a fundar o grupo de câmara Decoda,

coletivo dedicado ao engajamento

comunitário através da música. Integrou-se à Orquestra

Filarmônica de Minas Gerais como Trompa Principal em 2013.

Alma tem se apresentado como solista com a Orquestra

Filarmônica de Minas Gerais, New York Symphonic Arts

Ensemble, Ensemble 212 e o Curtis Chamber Ensemble.

Tocando música de câmara, tem se apresentado no Festival

Artes Vertentes e na Semana de Música de Câmara da

Fundação de Educação Artística. Nos Estados Unidos,

apresentou-se no Savannah Music Festival e com os grupos

Chamber Music Society of Lincoln Center, New York Wind

Soloists, Jupiter Chamber Players, North Country Chamber

Players, Sebastian Chamber Players, Music from Angel Fire,

Argento New Music Project e Talea Ensemble. Também

realizou concertos de música de câmara no Festival Wien

Modern em Viena, Áustria, no Centro Niemeyer em Avilés,

Espanha, no Contempuls Festival em Praga, República

Tcheca, e, junto com músicos da Filarmônica de Viena,

em Sapporo e Tokyo, no Japão.

Enquanto vivia em Nova York, Alma manteve uma prolífica

carreira de freelancer, apresentando-se com a Orquestra de

Câmara Orpheus, a Orquestra da Ópera da Cidade de Nova

York, as sinfônicas de Princeton, Delaware, Richmond e

Harrisburg, o Ballet de Pennsylvania, a Orquestra de Câmara

da Filadélfia e o Gotham Chamber Opera. Alma também

apresentou-se por seis semanas como Trompa Principal

convidada junto à Sinfonietta de Hong Kong em 2011.

Page 18: baixar programa

32 33

FOTO

RAF

AEL

MOT

TA

GISELLEBOETERS

FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL

Natural da Holanda, Giselle Boeters

é Harpa Principal da Orquestra

Filarmônica de Minas Gerais desde

2012. Com esta orquestra Giselle

estreou, em maio de 2013, um novo

concerto para harpa e orquestra escrito

pelo compositor Daniel Binelli. Além

de suas atividades na Filarmônica,

participa regularmente de projetos

nacionais e internacionais de música

de câmara. Foi convidada para as duas

últimas edições do Festival Internacional

Sesc de Música em Pelotas, RS, como

professora de harpa e solista.

A musicista recebeu prêmios em

várias competições de música na

Holanda, incluindo o Prinses Christina

Concours, Nederlands Harp Concours

e competições internacionais em

Lausanne, Suíça, Bruxelas e Vresse-

sur-Semois, Bélgica. Giselle também

ganhou prêmios no Nederlands Harp Concours por melhor

interpretação das novas obras Quasi una Fantasia, de Daan

Manneke, e Secret Garden, de Peter van Onna.

Como solista convidada, interpretou concertos para harpa

com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Amsterdam,

a Orquestra Nederlands Jeugd Strijkorkest, a Sinfônica

de Brandenburgo e a Orquestra Sinfônica de Taipei. Foi

convidada para se apresentar no Simpósio de Harpa Europeu,

em 2001, e no Congresso Mundial da Harpa, em 2008.

Antes de se mudar para o Brasil, Giselle apresentou-se

regularmente com diversas orquestras na Holanda e na

Alemanha, entre elas a Radio Filharmonisch Orkest, a

Orquestra Real de Concertgebouw, NDR Radiophilharmonie,

Sinfônica de Hamburgo, Orquestra Sinfônica Alemã, em

Berlim, Deutsche Oper Berlin e Deutsche Staatsoper Berlin.

Giselle Boeters formou-se no Conservatório de Amsterdam

com a professora Erika Waardenburg e na Academia de Música

Hanns Eisler de Berlim com a professora Maria Graf,

graduando-se com as mais altas distinções. Foi bolsista na

orquestra acadêmica da Staatskapelle de Berlim e com o grupo

apresentou-se em Berlim e em turnês nacionais e internacionais

sob a regência de renomados maestros, como Michael Gielen,

Andris Nelsons, Simon Rattle e Daniel Barenboim.

VEJA A BIOGRAFIA DE MARCOS ARAKAKI NA PÁGINA 22

FOTO

ENK

TE

WIN

KEL

CÁSSIALIMA

Mineira de Extrema, Cássia iniciou seus

estudos com João Dias Carrasqueira

e Grace Busch. Concluiu bacharelado

em Flauta pelo Instituto de Artes da

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

como aluna de Jean-Noel Saghaard. Em

São Paulo, também foi aluna de Marcos

Kiehl. Participou dos principais festivais

de música do país, como Oficina de

Música de Curitiba, festivais de inverno

de Campos do Jordão e Juiz de Fora.

Foi bolsista da Fundação Vitae durante

os anos de estudo na Mannes College

of Music em Nova York, onde foi aluna

de Keith Underwood e concluiu os

cursos de mestrado e Artist Diploma.

Participou de masterclasses com

grandes nomes da flauta, como

Michael Parloff, Elisabeth Rowe,

William Bennett, Judith Mendenhall,

Jeffrey Khaner e Emmanuel Pahud.

Cássia venceu as principais competições no Brasil, tais como o

Jovens Solistas da Orquestra Experimental de Repertório, onde

atuou como solista, e ganhou primeiro lugar nos concursos

Jovens Talentos em Piracicaba e II Concurso Nacional Jovens

Flautistas, promovido pela Associação Brasileira de Flautistas.

Em Nova York venceu o Mannes Concerto Competition,

onde novamente atuou como solista, e o Gregory Award,

por Excelência em Performance. Ainda nos Estados Unidos,

foi bolsista do Tanglewood Music Center, onde atuou como

camerista e primeira flauta da orquestra do festival, sob

regência de James Levine, Kurt Masur, Seiji Ozawa e Rafael

Frübehbeck. Em Minneapolis, fez parte do corpo docente

da Universidade de Minnesota e também foi flautista da

Minnesota Orchestra, sob regência de Charles Dutoit.

De volta ao Brasil, Cássia Lima foi primeira flauta da

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), onde

também atuou como solista. Participou da I Oferenda

Musical de São Paulo e foi professora da Oficina de Música

de Curitiba. Atualmente, atua como camerista do Quinteto

de Sopros da Filarmônica de Minas Gerais e participa de

diversos grupos camerísticos. Cássia é Primeira Flauta

da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2009.

Com a orquestra, apresentou-se como solista no Concerto

para flauta em Ré, K. 314, de W. A. Mozart, sob regência

de Fabio Mechetti; no Concerto para flauta e orquestra de

Carl Nielsen, na primeira audição da obra em Belo Horizonte;

e na Suíte Orquestral nº 2 em si menor, BWV 1067, de

Johann Sebastian Bach, sendo as duas últimas obras sob

regência de Marcos Arakaki.

FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL

Page 19: baixar programa

34 35

FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL

galante, marcado por apelos típicos de

uma sociedade incapaz de assimilar

inovações. Entretanto, mesmo com

tais limitações, a forte personalidade

do gênio impõe-se, afastando-o

da falta de tensão e do formalismo

mecânico encontrados em obras de

seus contemporâneos. Aos poucos e

cada vez mais Mozart afastou-se do

gosto imposto pela moda. Os concertos

(mais que as sinfonias) permitem

acompanhar a evolução do compositor.

Que ele se tenha servido de um gênero

tão popular para confidenciar seus

sentimentos mais íntimos e realizar

audaciosas inovações é curioso. E

trágico, pois a incompreensão crescente

do público tornava-se mais dolorosa,

comparada aos triunfos conquistados

pelo artista quando criança. Lúcido em

sua verdade de criador, consciente de

sua superioridade como músico, Mozart

não retrocedeu — os últimos concertos

possuem uma beleza transcendente,

obras-primas definitivas, ímpares e

profundamente humanas.

Mozart manteve, como regra geral, a

tradicional estrutura tripartida em seus

concertos: o primeiro movimento em

forma sonata; um segundo movimento

lento, expressivo, sonhador ou trágico;

e o final na tradição do Rondó com

estrofes e refrão, alegre e virtuosístico.

Entretanto, a partir dos dezessete

anos, quando compõe seus primeiros

concertos realmente originais, ele

criará, dentro dessa estrutura tripartida,

uma solução formal particular a cada

concerto, distinguindo-o de todas as

outras obras de seu tipo.

Entre essas primeiras peças notáveis,

inclui-se o Concerto para fagote K. 191,

composto em Salzburgo. O Allegro inicial

possui um longo prelúdio orquestral que

expõe os dois temas desse movimento.

A complexidade de sua escritura recorre

ao contraponto e a uma orquestração

bastante elaborada, atípicos para uma

peça do estilo galante. Trata-se

da primeira obra concertante de

Mozart para instrumento de sopro, e o

virtuosismo do solista valoriza os recursos

contemporâneos do fagote — muito

desenvolvidos ao longo do século XVIII,

embora sem atingir ainda a forma do

instrumento atual. No Andante ma adagio,

uma bela melodia desdobra-se modulada,

com imaginação refinada e lirismo. O

CONCERTO PARA TROMPA Nº 2 EM MI BEMOL MAIOR,

K. 417Viena, 1783 | 14 min

2 oboés, 2 trompas, cordas.

CONCERTO PARA FAGOTE EM SI BEMOL MAIOR, K. 191

Salzburgo, 1774 | 20 min

2 oboés, 2 trompas, cordas.

CONCERTO PARA FLAUTA E HARPA EM DÓ MAIOR, K. 299

Paris, 1778 | 30 min

2 oboés, 2 trompas, cordas.

FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL

M ozart escreveu muitos concertos para

diversos instrumentos, além de outras

obras concertantes com mais de um

solista. Incluídos entre as mais perfeitas

realizações sinfônicas do século XVIII, eles constituem, tanto

quanto as óperas, a expressão mais natural e característica

de sua personalidade artística. A aproximação com a

ópera torna-se inevitável, pois os concertos demonstram

brilhantemente a inigualável capacidade mozartiana de

realizar a representação dramática também na música

instrumental. As melodias, de caráter essencialmente vocal,

associam-se facilmente ao discurso teatral; o virtuosismo —

típico do gênero concertante — submete-se à dramaturgia do

compositor. Por outro lado, a força retórica das intervenções

orquestrais e sua grande variedade nas configurações de

acompanhamento deixam claro que Mozart concebe o

concerto como integração / oposição, em pé de igualdade,

do solista e da orquestra.

Os concertos para solistas eram muito apreciados no século

XVIII. Nada mais natural que Mozart, desde criança um

célebre virtuose, cedo cultivasse o gênero. Dos nove aos

onze anos já escrevera seus primeiros quatro concertos,

baseando-se em movimentos de sonatas de músicos

contemporâneos. E continuou compondo concertos ao

longo de toda a sua carreira; na maioria das vezes, obras

circunstanciais, sob pressão de exigências impostas pelo

mecenato aristocrático ou pela alta burguesia frequentadora

de teatros. Acostumado ao sucesso, Mozart procura agradar

ao público e muitas de suas criações adotam o estilo

Page 20: baixar programa

36 37

FORA DE SÉRIE 2 DE ABRILFORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL

Rondó final tem como tema principal um

minueto em duas partes. O virtuosismo

controlado e discreto confere-lhe um

caráter de sobriedade e elegância.

Em 23 de setembro de 1777 Mozart

deixava Salzburgo para uma viagem a

Paris, em mais uma tentativa de se livrar

dos estreitos limites musicais de sua

cidade natal. O pai protetor permanecera

em Salzburgo e a mãe, que o acompanha

nessa viagem, morre em Paris, onde

o filho ganha a vida precariamente,

compondo muito, realizando concertos

e dando aulas para aristocratas. Entre

suas alunas, a filha do Duque de Guines

tornara-se uma excelente harpista.

Como o duque tocava flauta muito

bem, encomendou ao compositor

um concerto para flauta e harpa.

capacidade de Mozart de adaptar-se

às particularidades específicas de seus

intérpretes, cantores ou instrumentistas

é notória. Assim, as obras para trompa

compostas entre 1782 e 1791 e

dedicadas a Joseph Leutgeb, grande

amigo da família Mozart, respeitam

as limitações graduais que a idade

impôs ao trompista — nas últimas,

as notas muito agudas são evitadas.

A catalogação dos quatro concertos

para trompa não corresponde

cronologicamente à sua criação.

O Concerto para trompa nº 2, na

verdade, foi o primeiro composto

e traz no autógrafo vienense uma

divertida dedicatória a um velho amigo

trompista: “W. A. Mozart teve pena

de Leutgeb, asno, besta e néscio, em

Encarregado de escrever um simples

entretenimento social, Mozart (que abriu

mão dos honorários) criou uma joia de

grande encanto. O primeiro movimento,

Allegro, caracteriza-se pelo diálogo dos

solistas — verdadeira alternância de

personagens — com a orquestra.

Há evidente apelo virtuosístico nos

trechos de grande velocidade. O

segundo movimento, Andantino, é um

idílio sonhador e terno. No Rondó final,

o tema principal possui caráter de

dança, como alegre gavota, ao gosto

amável da aristocracia francesa.

No Concerto para flauta e harpa Mozart

utiliza notas graves impraticáveis

para as flautas da época, já que o

instrumento especial do conde de

Guines lhe permitia tocá-las. Essa

Viena, 27 de maio de 1783”.

O Allegro maestoso apresenta

modulações que lhe conferem o

caráter melancólico, inusitado para

um primeiro movimento. O breve tema

lírico do Andante retorna por três

vezes, acompanhado principalmente

pelas cordas. No Rondó, o tema da

trompa anuncia uma caçada. Ele

se alternará com três intermédios.

O final, em andamento acelerado,

evoca breve e animada cavalgada.

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,

Doutor em Letras, professor na UEMG, autor

dos livros Músico, doce músico e O grão

perfumado – Mário de Andrade e a arte do

inacabado. Apresenta o programa semanal

Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

Paris em gravura de Jacques Rigaud.

Roteiro da viagem de Mozart com a mãe, entre 1776 e 1779.

SALZBURGO

MUNIQUEAUGSBURGO

ESTRASBURGO

MANNHEIM

NANCY

PARIS

Page 21: baixar programa

38 39

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

Leopold Mozart

SINFONIA DOS BRINQUEDOS• Allegro • Menuetto • Finale: Allegro

— INTERVALO —

Wolfgang Amadeus Mozart

MIA SPERANZA ADORATA – AH, NON SAI QUAL PENA, K. 416

Wolfgang Amadeus Mozart

NO, NO, CHE NON SEI CAPACE, K. 419

Wolfgang Amadeus Mozart

CONCERTO PARA DOIS PIANOS EM MI BEMOL MAIOR, K. 365

• Allegro • Andante • Rondo: Allegro

Tudo em família

3

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

FABIO MECHETTI, regenteMARK JOHN MULLEY, tromboneCLÁUDIA AZEVEDO, sopranoCELINA SZRVINSK, pianoMIGUEL ROSSELINI, piano

PROGRAMA

14 DE MAIOLeopold Mozart

A VIAGEM MUSICAL DE TRENÓ• Overture• Die Verwirrung in den Stallen | a confusão no estábulo

• Die Schlittenfahrt | o passeio de trenó

• Das Schütteln der Pferde | a agitação do cavalo

• Aufzug | interlúdio

• Festmusik | música festiva

• Aufzug | interlúdio

• Die Schlittenfahrt | o passeio de trenó

• Das vor Kalte zitternde Frauenzimmer | tremendo de frio no quarto das mulheres

• Des Balles Anfang | o início do baile

• Der Kehraus | a última dança

• Die Schlittenfahrt | o passeio de trenó

Leopold Mozart

CONCERTO PARA TROMBONE ALTO EM RÉ MAIOR• Allegro • Menuetto – Trio • Allegro

Mark John Mulley

Cláudia Azevedo

Cláudia Azevedo

Celina SzrvinskMiguel Rosselini

Page 22: baixar programa

40 41

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

Cláudia Azevedo realizou seu début

europeu em 2006, a convite do

maestro italiano Alberto Zedda,

no Rossini Opera Festival de Pesaro,

Itália, no papel de Corinna em Il viaggio

a Reims, com a Orchestra del Teatro

Comunale di Bologna. Primeira cantora

brasileira a participar do festival

dedicado a Rossini, teve sua atuação

destacada pela revista espanhola

Opera Actual. No mesmo ano estreia

como Ännchen em Der Freischütz

de Weber, em Valadoli, Espanha,

e apresenta-se em recital com obras

do bel canto e Mozart para os Amics

del Gran Teatro del Liceu, Barcelona.

O ano de 2011 marca sua estreia em

Nova York como Ismene em Mitridate,

Re di Ponto, de Mozart, com enorme

sucesso junto ao público e à crítica

especializada, inclusive no jornal

The New York Times.

Vencedora dos concursos Audiciones Jovenes Voces Liricas del

Teatro Colón 2008, Concurso Internacional de Canto Aldo Baldin

2008 e Terceiro Prêmio no Concurso Internacional de Canto Bidu

Sayão 2005, Cláudia colabora regularmente com as principais

orquestras brasileiras. Apresentou-se em concertos e óperas com

a Filarmônica de Minas Gerais, Amazonas Filarmônica, orquestras

Sinfônica Municipal de Campinas, de Porto Alegre, da Bahia, do

Paraná, de Câmara Sesi-Fundarte, Teatro São Pedro e Orquestra

Unisinos Anchieta. Foi intérprete em Carmina Burana de Orff;

Missa de Santa Cecília de José Maurício Nunes Garcia; A Criação

e Missa in Tempore Belli de Haydn; Gloria de Vivaldi; Cantata

nº 51, Cantata do Café, Cantata nº 110 e Cantata nº 208 de Bach;

Nona Sinfonia e Fantasia Coral de Beethoven; Lobgesang de

Mendelssohn. Foi Micaela em Carmen de Bizet; Adina em L’elisir

d’Amore de Donizetti; Silberklang em Der Schauspiledirektor

de Mozart; e Susana em Le nozze di Figaro de Mozart.

Trabalhou sob regência de Fabio Mechetti, Luiz Fernando

Malheiro, José Miguel-Pérez Sierra, Alberto Zedda, Emil

Tabakov, Karl Martin, Alessandro Sangiorgi, Antonio Borges

Cunha e Richard Cordova, entre outros.

Graduada em Música pela Universidade Federal do Rio Grande

do Sul com especialização pelo Conservatorio Superior del

Liceu de Barcelona, Espanha, como bolsista da Fundación

Carolina-Madrid, Cláudia aperfeiçoou-se na Akademie Bel

Canto do Rossini Opera Festival de Wildbad, Alemanha,

estudou música de câmara com Dalton Baldwin e realizou

masterclasses com Marilyn Horne, Raúl Giménez, Viorica

Cortez, Eduard Giménez e Raquel Pierotti.

Recentemente debutou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

como Fiorilla em Il Turco in Italia, de Rossini, regida por

Yuval Zorn. E também no Theatro Municipal de São Paulo

sob regência de John Neschling no papel de Musetta em

La Bohème, de Puccini.

FOTO

DEV

ON C

ASS

CLÁUDIA AZEVEDO

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

Mark John Mulley nasceu na

Inglaterra e iniciou seus estudos

em música ainda criança. Começou

a tocar em brass bands até iniciar

seu trabalho com a Coldstream

Guards Band como assistente de chefe

de naipe de trombone, participando

de diversas cerimônias, gravações

e concertos. Depois formou-se

no London College of Music e fez

pós-graduação no Royal College of

Music de Londres. Mark estudou

com Anthony Parsons, da BBC

Symphony Orchestra; Arthur Wilson,

da Philharmonia Orchestra; Peter

Bassano, da Philharmonia Orchestra;

e Tom Winthorpe, da Royal Opera

House. Também participou de várias

masterclasses de trombone, inclusive

com Ian Bousfield, da London

Symphony Orchestra, e Ralph Sauer,

da Los Angeles Philharmonic.

Mark integrou a BBC Symphony Orchestra, a Wren Orchestra,

Philharmonia Orchestra, Hanover Band — tocando sackbut —

e a London Festival Orchestra, em várias apresentações e

gravações. Participou também da Orchestra of Nations em

turnê pela Alemanha, gravando a Sinfonia nº 8 de Bruckner.

No jazz, atuou na Glenn Miller Band, Andy Ross Big Band,

All Jazz Quartet e em diversos festivais, como Ealing Jazz

Festival e Soho Jazz Festival, tocando ao lado de West End

com Carmen Jones. Também atuou como professor de música

no Richmond Adult College e na Brunel University, na Inglaterra.

No Brasil, Mark participou de shows com o grupo musical

Rio Bossa Jazz no Santander Cultural, em Porto Alegre,

com repertório composto por clássicos do jazz, blues e

bossa nova. Em 2005, tocou com a Orquestra Sinfônica de

Porto Alegre e foi professor de trombone em um workshop

na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em

São Leopoldo, RS. Nesse estado, na cidade de Rio Grande,

apresentou dois shows com o Quarteto de Jazz e o pianista

norte-americano Cliff Korman, em 2006.

Durante oito anos, trabalhou como professor de trombone

para a Orquestra Real Sinfônica em Muscate, Omã. Em

Muscate, Mark tocava jazz com seu próprio quarteto,

Just Jazz, apresentando-se em vários hotéis e festivais.

Desde o início da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais,

em 2008, Mark é Trombone Principal do grupo. Participou

de várias gravações com a orquestra e também de turnês

para as regiões Nordeste e Sul do Brasil, para o Uruguai e a

Argentina. Convidado a ser solista com a Filarmônica, tocou

o Concertino para Trombone de Ferdinand David. Também

participou como professor de trombone em workshop na

Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Estadual

de Minas Gerais, Orquestra da Polícia Militar de Minas Gerais

e Festival de Metais no Conservatório de Tatuí, São Paulo.

FOTO

EUG

ÊNIO

SÁV

IO

MARK JOHNMULLEY

Page 23: baixar programa

42 43

Leopold Mozart

(Alemanha, 1719 – Áustria, 1787)

A VIAGEM MUSICAL DE TRENÓ

Salzburgo, 1755 | 21 min

2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas,

4 trompetes, tímpanos,

percussão, cordas.

Leopold Mozart

CONCERTO PARA TROMBONE ALTO EM RÉ MAIOR

Salzburgo, em torno de 1760 | 13 min2 oboés, 2 trompas, cordas.

Leopold Mozart

SINFONIA DOS BRINQUEDOSSalzburgo, 1769 | 10 min

Cordas.

MIA SPERANZA ADORATA – AH, NON SAI QUAL PENA,

K. 416Viena, 1783 | 9 min2 oboés, 2 fagotes,

2 trompas, cordas.

NO, NO, CHE NON SEI CAPACE, K. 419

Viena, 1783 | 4 min

2 oboés, 2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cordas.

CONCERTO PARA DOIS PIANOS EM

MI BEMOL MAIOR, K. 365Salzburgo, 1779 | 25 min

2 oboés, 2 fagotes,

2 trompas, cordas.

L eopold Mozart tinha dezoito anos quando

se instalou em Salzburgo para cursar a

Universidade Beneditina. Em sua cidade natal,

Augsburgo, estudara no Ginásio dos Jesuítas —

alemão, latim, grego, francês e italiano. Pensou em seguir a

carreira eclesiástica e só optou definitivamente pela música

aos vinte anos. No ano do nascimento de Mozart, Leopold

publicou um célebre tratado sobre o ensino do violino, depois

traduzido em várias línguas e frequentemente reimpresso.

A música de Leopold continua pouco conhecida e sem

cronologia definida. Ele compôs muito em seus primeiros

anos em Salzburgo, antes de dedicar-se à carreira dos filhos

Maria Anna (Nannerl) e Wolfgang. Suas diversas missas e

outras peças sacras, obras de câmara, numerosos concertos

e 25 sinfonias mostram as características gerais do estilo

galante vienense, deliberadamente simples.

Entretanto, algumas particularidades constantes chamam

a atenção: peças como a Sinfonia dos Brinquedos e as

Bodas Camponesas denotam a predileção do autor pelos

divertimentos populares. O impacto programático-descritivo

de sua música sinfônica evidencia-se em A viagem musical

de trenó ou na Sinfonia da caça. Em ambos os casos, a busca

do realismo sonoro exige grande quantidade de instrumentos

raros ou brinquedos infantis — marimba, lira, gaita de

foles, chocalhos, flauta doce, chicotes, campainhas, apitos,

pequenos trompetes — que se juntam à trama da orquestra

tradicional. Note-se ainda a valorização do registro agudo

dos instrumentos de metal, cujo florescimento na corte de

Salzburgo, por volta de 1765, resultou em pelo menos três

concertos conhecidos: dois de Michael Haydn para clarim e

o Concerto para trombone alto de Leopold Mozart.

A Sinfonia dos Brinquedos foi, por muito tempo, atribuída

a Joseph Haydn. Somente em 1951, o musicólogo Ernst F.

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

FOTO

CLE

U NA

CIF

E LU

IZ R

ITTE

R

CELINA SZRVINSKE MIGUEL ROSSELINI

Formado em 1984, o duo pianístico

Celina Szrvinsk e Miguel Rosselini

é reconhecido como um dos mais

destacados do país, com apresentações

nas principais séries e salas de

concerto do Brasil. No exterior,

apresentou-se na Alemanha, Suíça,

Itália, Canadá, Rússia e Japão.

Como solistas, Celina e Miguel

atuaram com as orquestras Sinfônica

Estadual de São Paulo, Sinfônica

de Minas Gerais, Filarmônica de

Minas Gerais, Sinfônica de Campinas,

Filarmônica de Goiás, Sinfônica da USP,

Sinfônica Nacional, Filarmônica de

Câmara da Polônia, Filarmônica

de Baden-Baden, Bach-Orchester

Herzogtum-Lauenburg, dentre outras.

Em parceria com conceituados

músicos, integram inúmeras outras

formações camerísticas.

Em 1996, os artistas concluíram mestrado e doutorado

na Staatliche Hochschule für Musik Karlsruhe, Alemanha,

onde gravaram CD com obras de compositores brasileiros e

alemães. Um segundo CD foi citado, pelas revistas Diapason

e Continente, entre as melhores gravações brasileiras do ano.

(...) “Uma das melhores é a seleção de peças a quatro mãos

patrocinada pela Fundep e pela Universidade Federal de

Minas Gerais. Nela, o duo mineiro Celina Szrvinsk e Miguel

Rosselini demonstra solidez técnica, diversidade estilística e

muita fluência expressiva, ao abordar, seja autores franceses,

seja compositores brasileiros.” (Diapason, março/2006).

“O CD Piano a 4 mãos merece ser mencionado como um

registro ímpar na interpretação pianística brasileira a dois.

Escolha de repertório, qualidade de som e excelência de

execução justificam essa execução. Celina Szrvinsk e Miguel

Rosselini dedicam a mesma sensibilidade a compositores

nacionais e europeus... com a devida leitura de filigranas.”

(Continente, outubro/2006).

Outros títulos gravados individualmente destacam-se na

discografia de ambos.

Desde 1985, pertencem ao quadro docente da Escola de

Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),

sendo muitos de seus alunos destacados musicistas e

professores de universidades federais brasileiras. Os dois têm

sido convidados a participar de importantes festivais de música

e como jurados de concursos de piano no Brasil e no exterior.

Paralelamente às atividades artísticas e de ensino, Celina e

Miguel desenvolvem ainda intenso trabalho como produtores,

sendo responsáveis pelo Festival de Maio e pelas séries

Concertos Didáticos e Concertos Teatro Bradesco,

programações de proa em Belo Horizonte, dedicadas à música

de câmara com renomados artistas nacionais e internacionais.

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

Page 24: baixar programa

44 45

pouco conhecido da obra de Mozart.

O compositor dedicou-se ao gênero

desde a infância até o último ano de

sua vida, deixando cerca de cinquenta

títulos. Quando criança, Mozart compôs

algumas árias (a primeira, aos oito anos,

em Londres) que lhe serviram de exercício

para se aperfeiçoar no ofício, adaptando

a música aos Affekte — amor, raiva,

ciúme — de um texto poético.

As árias de concerto cumpriram funções

diversas ao longo do século XVIII.

Frequentemente eram encomendadas

para recitais de cantores profissionais

ou amadores. Mozart ajustava sua

escrita aos intérpretes, acentuando-lhes

as qualidades e considerando as

limitações. Tornou-se famoso o conceito

mozartiano de que “uma ária deve se

adaptar ao cantor como um traje bem

feito”. Muitos cantores agraciados com

essas árias isoladas participaram de

papéis importantes em suas óperas,

e o profundo conhecimento de suas

capacidades expressivas favorecia o

trabalho do compositor. Mia speranza

adorata K. 416 foi composta para um

recital de Aloysia Weber, cunhada de

Mozart, que interpretou Madame Herz

em Der Schauspieldirektor.

Outras árias eram solicitadas para

a inserção em óperas de outros

compositores, quando as originais se

mostrassem inadequadas ao conjunto

da obra ou às possibilidades de algum

determinado intérprete. Mozart compôs

árias isoladas para óperas de Cimarosa,

Anfossi, Martin y Soler, Paisiello e Bianchi.

Na apresentação vienense de O curioso

indiscreto (1783) de Anfossi, Aloysia

Weber interpretava o papel de Clorinda.

A cantora julgou as árias de Anfossi

aquém de seus recursos e solicitou ao

cunhado outras, que mostrassem todos

os seus recursos. Mozart admirava sua

voz extensa e delicada, cujo agudo

ascendia até o mi 5. As três árias que

compôs — entre elas No, no, che non

sei capace K. 419 — fizeram muito

sucesso, independentemente do

fracasso da ópera.

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,

Doutor em Letras, professor na UEMG, autor

dos livros Músico, doce músico e O grão

perfumado – Mário de Andrade e a arte do

inacabado. Apresenta o programa semanal

Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

Leopold Mozart. Pintura de Pietro

Antonio Lorenzoni.

Schmidt anunciou a descoberta, em

Munique, de uma Cassation de Leopold

Mozart em sete movimentos, três dos quais

idênticos aos movimentos da Sinfonia. Quanto

à Viagem musical de trenó, sabe-se que o

compositor enviou a partitura para músicos

da Sociedade de Intérpretes de Augsburgo.

Eles a apresentaram no albergue Aos

Reis Magos, em janeiro de 1756, quinze

dias antes do nascimento de Wolfgang.

Leopold, muito religioso, sempre

acreditou que o filho era um dom que

Deus lhe confiara com o dever de

cultivá-lo. Dirigiu sua iniciação musical

com inegável eficiência; escolheu seus

mestres com perícia (Johann Christian

Bach, em Londres; o padre Martini,

na Itália); proporcionou-lhe o contato

com ambientes musicais diferentes,

técnicas e estilos variados. Mozart,

ainda adolescente, tornara-se o

músico mais cosmopolita da época.

Leopold planejou meticulosamente as

longas turnês em que Nannerl e

Wolfgang conquistaram os grandes

centros musicais da Europa. As crianças

tocavam individualmente, a quatro mãos

ou em dois cravos. Em 1765, o pequeno

Mozart escreveu para o duo familiar sua

primeira peça para essa formação, a

Sonata K. 19d.

No começo de 1779, aos 23 anos,

Mozart iniciou o Concerto para dois

pianos K. 365, também destinado

a Nannerl (o primeiro piano) e a ele

mesmo. Os solistas são tratados com

igual importância e a influência da

Escola de Mannheim, que Mozart

conhecera recentemente, é notória.

No Allegro inicial há um jogo fascinante

de réplicas, ecos, adornos, alternância

de protagonismo e acompanhamento

entre os dois pianistas. O Andante, em

Si bemol, apresenta um melancólico

tema nos violinos, logo respondido

pelos oboés. O segundo piano retoma

o mesmo tema sobre os trinados

do parceiro. Reunidos em terças e

apoiando uma melodia dos oboés,

os dois chegam em arpejos até a

tonalidade de Mi bemol. Um novo

tema, em dó menor, exposto pelo

segundo piano, é retomado e variado

pelo primeiro solista. A conclusão

é em pianíssimo. O Rondó, Allegro

tem espírito bastante francês tanto

pelo caráter de seu refrão quanto

por seu intermédio central em tom

menor. Há uma rica passagem em

que os dois pianos realizam uma série

impressionante de modulações. No

todo é uma peça brilhante, repleta de

alegria. Mozart tinha especial carinho

por esse concerto e tocou-o várias

vezes depois que se fixou em Viena.

As árias de concerto para voz e

acompanhamento orquestral constituem

um capítulo importante e especialmente

FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO

Page 25: baixar programa

47

FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO

4PROGRAMAFABIO MECHETTI, regente

SINFONIA Nº 31 EM RÉ MAIOR, K. 297, “PARIS”• Allegro assai• Andante• Allegro

SINFONIA Nº 34 EM DÓ MAIOR, K. 338

• Allegro vivace• Andante di molto• Allegro molto

— INTERVALO —

SINFONIA Nº 40 EM SOL MENOR, K. 550

• Molto allegro• Andante• Menuetto• Allegro assai

18 DE JUNHO

Sinfonias

Page 26: baixar programa

48 49

FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO

o movimento final; o emprego da

forma sonata no primeiro movimento,

com dois temas contrastantes; o

afastamento da escrita contrapontística;

o abandono definitivo do baixo

contínuo; a introdução do clarinete

no naipe das madeiras.

É esse modelo que Joseph Haydn

cristaliza. Mozart, por sua vez, o

assume definitivamente a partir

de 1773, com a sinfonia K. 201.

De fato, as primeiras sinfonias de

Mozart adotam o modelo tripartido

das aberturas italianas e lembram,

formalmente, muito mais o concerto ou

as aberturas de suas primeiras óperas.

É, portanto, um sinfonista já maduro

em suas escolhas que compõe, em

1778, a sinfonia K. 297. De fato, essa

obra foi composta para o maior grupo

orquestral de que dispôs Mozart em

vida: na estreia, em Paris (12 de junho

de 1778, em uma récita privada, na

casa do conde von Sickingen), havia

vinte e dois violinos, cinco violas,

oito violoncelos e cinco contrabaixos,

e é a primeira das sinfonias em que o

par de clarinetes aparece. Seis dias

depois, ela foi executada em público

na série Concert Spirituel, na Salle

des Cent Suisses, no Palácio das

Tulherias. Fruto da segunda viagem de

Mozart a Paris, o sucesso dessa obra

(executada várias vezes na mesma

série, nos dois anos seguintes) não

corresponde à indiferença com que a

sociedade parisiense o recebeu: já não

interessava aos parisienses o jovem de

vinte e dois anos, como lhes interessara

o prodígio que ali esteve entre 1763

e 1764. Talvez por isso Mozart tenha

substituído, na récita das Tulherias, o

segundo movimento (trocando, por um

andante, o andantino em seis por oito,

que não agradou aos primeiros ouvintes).

Ambos os movimentos são aceitos hoje

e dependem da escolha do intérprete.

Note-se que, nessa obra, Mozart

ainda não inclui o minueto da sinfonia

clássica, atendo-se à forma tripartida.

A sinfonia K. 338 data de dois anos

depois, pertence à fase em que

Mozart ainda residia em Salzburgo

e antecede duas obras-primas: a

sinfonia K. 385 (Haffner) e K. 425

(Linz). Mozart também aqui atém-se

a três movimentos, omitindo o minueto,

embora o musicólogo Alfred Einstein

afirme que o minueto K. 409 foi

composto posteriormente para ser

inserido nessa obra. Há poucos

argumentos que comprovam essa

afirmação, e alguns que o rejeitam,

FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO

SINFONIA Nº 31 EM RÉ MAIOR, K. 297, “PARIS”

Paris, 1778 | 20 min

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cordas.

SINFONIA Nº 34 EM DÓ MAIOR, K. 338

Salzburgo, 1780 | 21 min2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas,

2 trompetes, tímpanos, cordas.

SINFONIA Nº 40 EM SOL MENOR, K. 550

Viena, 1788 | 28 min

Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas, cordas.

P ode-se dizer, sem muito exagero, que a

sinfonia, tal como concebida em meados

do século XVIII, seja a sonata transportada

para o universo sinfônico. É claro que esse

universo tem certas demandas específicas e, definido em

sua sonoridade pela escola de Mannheim, já havia elaborado

certos aspectos idiomáticos próprios. Mas, na forma e na

estrutura, não é demasiado generalizador afirmar que a

sinfonia clássica seja uma sonata executada pela orquestra

sinfônica. Sob um olhar analítico mais cuidadoso, porém,

há que se notar algumas questões.

Em primeiro lugar, a sinfonia clássica tem pouquíssimo

em comum com o gênero homônimo do Barroco. Ali, o termo

designava qualquer tipo de composição instrumental, em

particular os trechos instrumentais de obras vocais (prelúdios

ou interlúdios). No Classicismo, entretanto, ela é embasada

nos dois tipos de aberturas de óperas que se constituem

no século XVII: a abertura francesa e a abertura italiana.

A primeira, cujo paradigma é Lully, dá à orquestra de teatro

as dimensões e características fundamentais da orquestra

sinfônica clássica. A segunda, que traz a assinatura de

Alessandro Scarlatti, dá ao gênero uma tripartição bem

definida em movimentos distintos.

Deve-se aos filhos de Bach o uso da forma sonata nos

primeiros movimentos. Mas é sobretudo a Johann Stamitz,

fundador da Escola de Mannheim, e a seu filho, Karl Stamitz,

que ali o sucedeu, que se devem as compleições definitivas

da sinfonia e da orquestra sinfônica. Os Stamitz não criaram

a sinfonia, mas organizaram sua prática e definiram seu

caráter: a adoção de quatro movimentos, com a inserção

definitiva de minueto e trio entre o movimento lento e

Page 27: baixar programa

50 51

FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO

a começar pela inclusão de duas flautas

na orquestração do minueto, ausentes

dos outros movimentos da sinfonia.

Note-se, antes, o trabalho com os

sopros e a rítmica típica da fanfarra,

no primeiro movimento, que lhe

atribuem um caráter festivo, que

contrasta com o segundo movimento.

Este desperta o Mozart da ópera e da

música vocal. O último movimento é

uma dança, um tanto enérgica, bem

à maneira da tradição musical italiana.

Não se sabe ao certo a data de estreia

dessa obra, mas pode-se supor que se

deu na corte do Príncipe-Arcebispo de

Salzburgo, antes de 1781.

A obra-prima que é a sinfonia em

sol menor, K. 550, composta em

1788, porém, é de outra grandeza

(se é que de Mozart se pode dizer

isso!...). Penúltima obra do gênero

do compositor, pertence à fase final

de sua vida e mostra o modelo de

música que Beethoven iria seguir

ou transcender e com o qual todo

o sinfonismo do século XIX se veria

mais ou menos em débito. Sobre ela

escreveram desde von Nissen, primeiro

biógrafo de Mozart (aristocrata que se

casou com a viúva do compositor),

a Hector Berlioz. Sobre ela ainda hoje

há os mais variados comentários, que

ora a associam ao Sturm und Drang,

ora a um sentimento trágico do

compositor em relação a si mesmo.

Alfred Einstein afirma que nem ela

nem a que a seguiu (nº 41, K. 551,

“Júpiter”) teriam sido compostas

para ser executadas, mas que

seriam um “legado de Mozart à

posteridade”. A afirmação é revestida

de polêmica: desde correspondências

de contemporâneos do compositor

até anúncios de concertos conduzidos

por Salieri em Viena, assim como

cópias de manuscritos revisados

pelo compositor atestam que ela

foi executada quando Mozart ainda

vivia. O fato é que ela deve ter

sido estreada entre o ano de sua

composição e o ano da morte de

Mozart. É fato também que as três

últimas sinfonias foram compostas em

menos de seis semanas, no mesmo ano

de 1788. Esta obra desvela o Mozart

de sempre, mas, se é permitido dizê-lo,

menos dramático e mais trágico:

menos persona e mais pessoa...

ainda admiravelmente clássico,

mas surpreendentemente além disso.

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,

Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,

professor da Universidade do Estado de Minas

Gerais e da Fundação de Educação Artística.

Mozart. Pintura de Joseph Lange, 1790c.

Mozart Museum, Internationale Stiftung Mozarteum, Salzburgo.

FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO

Page 28: baixar programa

52 53

FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO

5TOBIAS VOLKMANN, regente convidadoALEXANDRE BARROS, oboé

Wolfgang Amadeus Mozart

O RAPTO DO SERRALHO, K. 384: ABERTURA

Antonio Salieri

SINFONIA EM RÉ MAIOR, “IL GIORNO ONOMASTICO”• Allegro, quasi presto • Larghetto • Minuetto• Allegretto e sempre l’istesso tempo

Domenico Cimarosa / Adaptação de Arthur Benjamin

CONCERTO PARA OBOÉ EM DÓ MENOR• Introduzione: Larghetto • Allegro • Siciliana • Allegro giusto

— INTERVALO —

Wolfgang Amadeus Mozart

SINFONIA Nº 39 EM MI BEMOL MAIOR, K. 543

• Adagio – Allegro • Andante con moto • Menuetto: Allegretto • Finale: Allegro

PROGRAMA

23 DE JULHO

Rivais e contemporâneos

Alexandre Barros

Page 29: baixar programa

54 55

Nascido em uma família de músicos,

Alexandre iniciou seus estudos musicais

com o pai, Joaquim Inácio Barros.

Ainda criança, acompanhava seu pai

e irmãos em rodas de choro tocando

flauta doce. Estudou flauta transversal

e, aos dezessete anos, passou para

o oboé, seguindo seus estudos com

orientação dos professores Afrânio

Lacerda, Gustavo Napoli, Carlos Ernest

Dias e Arcádio Minczuk. Frequentou

masterclasses com renomados

oboístas internacionais, dentre eles os

professores Ingo Goritzki, Alex Klein,

François Leleux e Maurizio Colasanti.

Alexandre sempre mostrou facilidade

e intimidade com o instrumento,

destacando-se rapidamente no cenário

da música erudita no Brasil. Em 1993,

como membro do Quinteto de Sopros da

Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), recebeu o primeiro prêmio no V Concurso de Música

de Câmara dessa instituição. Em 1996, integrando o

Trio Jovem de Palhetas, obteve menção honrosa no Concurso

Jovens Solistas da Faculdade Santa Marcelina de São Paulo.

No mesmo ano foi premiado no Concurso Jovens Solistas

da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e

apresentou-se à frente da orquestra sob regência de Diogo

Pacheco. Dois anos mais tarde conquistou o prêmio Eleazar

de Carvalho no Festival de Inverno de Campos do Jordão.

Como solista atuou com diversas orquestras, como a Sinfônica

de Minas Gerais, Orquestra de Câmara Sesiminas e Orquestra

Filarmônica Nova. Em 2010 foi solista à frente da Filarmônica

de Minas Gerais, sob regência de Rodolfo Fischer.

De 1996 a 1997 integrou o naipe de oboés da Osesp e com

a orquestra realizou turnê por diversas cidades da Europa.

A convite de Roberto Minczuk, atuou como primeiro oboé

e foi solista da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, sob

regência do maestro Minczuk. Regressando a Minas Gerais

passou a integrar o naipe de oboés da Orquestra Sinfônica

de Minas Gerais até 2008.

Atualmente, é Primeiro Oboé da Orquestra Filarmônica

de Minas Gerais. Paralelamente, é professor do Curso de

Formação e Aperfeiçoamento em Artes (Cefar). Foi convidado

a lecionar em importantes festivais no Brasil, entre eles a

Semana de Música de Ouro Branco e o Festival Internacional

Sesc de Música de Pelotas.

Alexandre desenvolve intensa atividade camerística,

em diversas formações. Em 2011 gravou um CD com o

pianista Miguel Rosselini com importantes obras para

oboé. Em duo com o pianista, apresentou-se em destacadas

salas de concerto no Brasil, no Festival Rio Folle Journée,

na Semana de Música de Ouro Branco e no Projeto

Quarta Erudita da Fundação Clóvis Salgado.

FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO

FOTO

RAF

AEL

MOT

TA

ALEXANDRE BARROS

FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO

FOTO

DAR

YAN

DORN

ELLE

S

TOBIASVOLKMANN

Tobias Volkmann é um dos destaques

da nova geração de regentes orquestrais

do Brasil. Desde a conquista dos

principais prêmios concedidos no

Concurso Internacional de Regência

Jorma Panula 2012, Finlândia, e do

Prêmio de Público no Festival Musical

Olympus de São Petersburgo 2013,

Volkmann vem atraindo atenção para

uma carreira internacional em ascensão.

Como regente convidado, já esteve à

frente de grandes orquestras europeias

e sul-americanas, entre elas a

Orquestra Sinfônica do Porto Casa da

Música, Orquestra Sinfônica Estatal

do Museu Hermitage e Orquestra

Sinfônica Estatal de São Petersburgo,

Orquestra Sinfônica do Chile e

Orquestra Petrobras Sinfônica. Em

2015 teve sua estreia alemã à frente da

Orquestra Sinfônica de Brandemburgo

na célebre sala do Gewandhaus de Leipzig como convidado

da temporada oficial do Coro e Orquestra da Rádio MDR.

Compromissos futuros incluem as estreias como convidado

da Orquestra Sinfônica Provincial de Santa Fé, Argentina, e

da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Apresentou-se ainda em concertos com as orquestras

sinfônicas de Vaasa e Jyväskylä, Finlândia, Orquestra

Lyatoshinsky de Kiev, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre,

Sinfônica Municipal de Campinas e Orquestra Sinfônica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro. É convidado frequente

nas temporadas da Orquestra Sinfônica Nacional-UFF e da

Orquestra Sinfônica da Universidade de Cuyo, Argentina.

Entre 2012 e 2014 atuou como maestro assistente do

Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde esteve à frente dos

balés La Bayadère e Coppelia e do acompanhamento para os

filmes mudos Nosferatu de Murnau e O Garoto de Chaplin —

espetáculos da série Música & Imagem. Atuou como maestro

preparador em produções de ópera, destacando-se Billy Budd,

Salomé, A Valquíria, Aída, Rigoletto, Carmen e Madame Butterfly.

Entre 2009 e 2011 foi regente assistente da Orquestra

Filarmônica Carnegie Mellon, nos Estados Unidos.

Tendo a versatilidade como grande qualidade artística,

Tobias Volkmann se mostra igualmente à vontade no repertório

sinfônico, coral, no teatro de ópera e balé e na música para

cinema. Com especial atenção à música contemporânea,

dirigiu estreias nos Estados Unidos, Rússia e Brasil.

Realizou sua formação com grandes nomes da regência em

masterclasses internacionais ministradas por Kurt Masur,

Jorma Panula, Ronald Zollman, Isaac Karabtchevsky e

Fabio Mechetti. Estudou canto e regência na Universidade

Federal do Rio de Janeiro e concluiu mestrado em Regência

Orquestral na Universidade Carnegie Mellon de Pittsburgh,

Estados Unidos, sob orientação de Ronald Zollman.

Page 30: baixar programa

56 57

pratos, bumbo), evocativa de um

Oriente de ópera. O poético Andante

central, em tom menor, expressão do

amor de Belmonte por Constanze,

não interrompe o clima de alegria

que logo se reinstala, com seu ritmo

desenfreado, contagiante até o final.

Seis anos após o sucesso da estreia

de O rapto do serralho, Mozart vivia,

em meados de 1788, um período

extremamente difícil, início da miséria

humilhante que marcaria o último

capítulo de sua vida. Um dia antes de

terminar a Sinfonia nº 39, escrevera

ao amigo e credor Johann Puchberg

solicitando mais um empréstimo;

três dias depois, morria sua filha

Tereza. Entretanto, em apenas seis

semanas, Mozart concluiu mais duas

sinfonias (as de números 40 e 41),

profundamente diferentes entre si

e igualmente perfeitas. Fenômeno

ainda mais intrigante, pois permanece

enigmático o motivo de tamanho

empenho composicional — essas três

obras-primas incomparáveis foram

criadas sem encomenda imediata e

julga-se que o próprio Mozart não

chegou a ouvi-las. Talvez a publicação

das Sinfonias Parisienses de Haydn,

no ano anterior, tenha-lhe incentivado

a criatividade; de fato, os dois

compositores, apesar da diferença

de idade, foram amigos constantes

e admiradores mútuos.

As últimas sinfonias, com audácia

inaudita, exibem o gênio de Mozart

em plenitude e revelam o alcance

de seu legado incomparável para o

gênero: notável percepção do equilíbrio

estrutural; um jogo fascinante das

texturas orquestrais (sobretudo dos

instrumentos de sopro); a prodigiosa

riqueza harmônica; e o surpreendente

e rigoroso cultivo do estilo fugato

dos antigos mestres.

FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,

Doutor em Letras, professor na UEMG, autor

dos livros Músico, doce músico e O grão

perfumado – Mário de Andrade e a arte do

inacabado. Apresenta o programa semanal

Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

E m 1781 Mozart deixava Salzburgo após romper

definitivamente com seu autoritário patrão,

o arcebispo Colloredo. Aos 25 anos, como

compositor e pianista autônomo, ele agora

dependia da renda de concertos, da venda de partituras,

aulas particulares e, sobretudo, do público que determinava

o êxito ou o insucesso de uma obra. A composição

de O rapto do serralho coincidiu com o casamento de

Mozart e Constanze (nome da heroína da ópera) Weber

e o estabelecimento definitivo do compositor em Viena.

Sintomaticamente, ele optou por um Singspiel — gênero

dramático-musical tipicamente germânico, alternando o

diálogo falado com o canto —, espetáculo de grande apelo

popular. Durante toda a vida de Mozart, O rapto do serralho

foi seu maior sucesso operístico. Resistiu, inclusive, a

inúmeras intrigas de rivais invejosos. Sobre a partitura,

o imperador Josef II fez seu famoso comentário: “Bela

demais para os nossos ouvidos, meu caro Mozart, e com

notas em demasia”. Ao que Mozart retrucou: “Exatamente

tantas quantas são necessárias, Majestade”.

Em O rapto do serralho, a trama acontece na Turquia,

devido à moda contemporânea de temas orientais. A

Abertura se inicia sobre um Presto muito vivo, com ritmos

contrastantes, mas persistentes, enérgicos, vivos. O caráter

feérico deve-se muito ao uso espetacular dos instrumentos

de sopro e ao arsenal típico das turqueries da época — toda

uma falange percussiva (tímpanos em dó e sol, triângulo,

O RAPTO DO SERRALHO, K. 384: ABERTURA

Viena, 1782 | 5 min

Piccolo, flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, percussão, cordas.

SINFONIA Nº 39 EM MI BEMOL MAIOR, K. 543

Viena, 1788 | 28 min

Flauta, 2 clarinetes, 2 fagotes,

2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cordas.

FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO

Page 31: baixar programa

58 59

“Il giorno onomastico”. Embora o

nome seja pomposo, seu significado

é bem simples: Salieri a compôs para

comemorar seu próprio aniversário.

Estruturada em quatro movimentos,

já à maneira da sinfonia clássica, essa

obra apresenta citações de outras obras

suas: as aberturas de La Scuola de’

Gelosi e de La Partenza Inaspettata.

Ao ouvinte habituado a Haydn e Mozart,

essa obra há de ser a grata descoberta

de um Classicismo já sólido e elegante,

mas ainda não centrado em si mesmo,

e mostra o ambiente musical vivo,

pulsante e rico em que cresceu a

Primeira Escola de Viena.

Igualmente pródiga é a obra de Cimarosa:

são cerca de setenta óperas, várias

obras sacras, trinta e duas sonatas para

teclado, em um movimento, à maneira

de Domenico Scarlatti. Tendo construído

uma carreira sólida, em 1791 é nomeado

Mestre de Capela de Leopoldo II, em

Viena, sucedendo Salieri. Seu estilo,

porém, é inegavelmente italiano. Sua

linguagem dramática assinala, com

Pergolesi, Galuppi e sobretudo Mozart,

o apogeu de uma tradição musical que

veria em Rossini o seu primeiro herdeiro.

No entanto, o concerto para oboé é

uma obra moderna: em 1949 Arthur

Benjamin transcreveu, para oboé e

orquestra de cordas, quatro sonatas

para teclado, compostas entre 1787

e 1791, transformando essa colagem

em uma única obra. As sonatas de

Cimarosa transcritas são (em ordem

numérica, não como aparecem no

concerto) as de número 23, 24, 29 e

31. É bom lembrar que esse sistema de

colagens, apropriações e transcrições

não era estranho ao espírito e à prática

dos séculos XVII e XVIII. A despeito da

intervenção moderna, essa obra mostra

o caráter vocal e dramático desse

contemporâneo de Mozart, com quem

compartilha a mesma tradição.

FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,

Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,

professor da Universidade do Estado de Minas

Gerais e da Fundação de Educação Artística.

Antonio Salieri. Pintura de Joseph Willibrod Mähler.

D esde Amadeus, aquela deliciosa fita de

Milos Forman, lançada em 1984, baseada

na peça homônima de Peter Schaffer, Salieri

entrou para o senso comum como o grande

vilão da história da música. É bem que se diga, porém, que

a personagem de Schaffer não corresponde à figura histórica

a que ela remete. Salieri foi de importância inegável, tanto

como compositor quanto como mestre. Basta dizer que ele

teve ascendência direta sobre a formação de Beethoven

e, mais tarde, de Liszt. Seu nome foi eclipsado pela

importância crucial, estética e histórica que tiveram

os três integrantes da Primeira Escola de Viena.

Entre Mozart e Salieri, quaisquer rivalidades não ultrapassaram

os limites do saudável ou da cordialidade. Depreende-se,

inclusive, da correspondência de Mozart, que este prezava

muito as opiniões de Salieri, que, por sua vez, tinha grande

apreço e admiração pela obra de Mozart.

O estilo de Salieri, no entanto, é um pouco diferente do estilo

de seus muitos compatriotas que moravam, então, em Viena:

sua linguagem o aproxima muito mais da tradição germânica

(como a de Gluck), que da italiana. Compositor dramático

por excelência, deixou uma obra pródiga: são várias dezenas

de óperas, um sem número de obras sacras, alguma música

de câmara e várias obras sinfônicas, dentre as quais seis

concertos e duas sinfonias completas: “La Veneziana” e

FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO

Antonio Salieri

(Itália, 1750 – Áustria, 1825)

SINFONIA EM RÉ MAIOR, “IL GIORNO ONOMASTICO”

1775 | 19 min2 flautas, 2 oboés, fagote,

2 trompas, 2 trompetes, cordas.

Domenico Cimarosa

(Itália, 1749 – 1801)

Adaptação de Arthur Benjamin

(1893-1960)

CONCERTO PARA OBOÉ EM DÓ MENOR

1942 | 10 min

Cordas.

Page 32: baixar programa

61

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

6FABIO MECHETTI, regenteMARINA MORA, diretora de cenaGABRIELLA PACE, FiordiligiLUISA FRANCESCONI, DorabellaCARLA COTTINI, DespinaDAVID PORTILLO, FerrandoLEONARDO NEIVA, GuglielmoLICIO BRUNO, Don Alfonso

PROGRAMA

20 DEAGOSTO

COSÌ FAN TUTTE, K. 588

Ato I

— INTERVALO —

COSÌ FAN TUTTE, K. 588

Ato IIÓpera

Page 33: baixar programa

62 63

Vencedora do Prêmio Carlos Gomes

2010 pela participação na ópera

A Menina das Nuvens, Gabriella Pace

já cantou sob a regência de maestros

como Lorin Maazel, Isaac Karabtchevsky,

John Neschling, Roberto Minczuk,

Rodolfo Fischer, Luiz Fernando

Malheiro, Fabio Mechetti,

Sílvio Viegas e Abel Rocha.

Foi Tytania em Sonho de uma Noite

de Verão de Britten, Ilia em Idomeneo,

Eurídice em Orfeo ed Euridice,

Giulietta em I Capuleti e i Montecchi,

Susanna em As bodas de Fígaro,

Ceci em Il Guarany, Pamina em

A Flauta Mágica e Adina em O Elixir

do Amor, dentre muitas outras.

Foi solista na Quarta Sinfonia de

Mahler, Nona Sinfonia de Beethoven,

Carmina Burana de Orff, Lobgesang

de Mendelssohn, Requiem de Mozart, Stabat Mater de

Rossini e na Missa in Tempore Belli, A Criação e

As Estações de Haydn.

Desde 2005 faz parte do Trio Duetos e Canções, ao

lado do pianista Gilberto Tinetti e da mezzo-soprano

Adriana Clis, apresentando-se em recitais de música

de câmara por todo o país.

Com o Quarteto Raga, Gabriella cantou o Quarteto

op. 10, nº 2 de Schoenberg e, com a Orquestra

Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), gravou

o Requiem Ebraico de Zeisl.

Gabriella iniciou os estudos com o pai, Héctor Pace,

e foi aluna de Leilah Farah e Pier Miranda Ferraro.

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

GABRIELLAPACEFO

TO H

ENRI

QUE

PONT

UAL

Marina Mora nasceu em Buenos Aires,

Argentina, onde formou-se em

Pedagogia, Educação, Música,

Dança e Interpretação, realizando

posteriormente a licenciatura em

Artes Cênicas no Instituto

Universitário Nacional de Arte.

Depois de várias experiências como atriz,

no teatro e no cinema, incluindo um

prêmio de Melhor interpretação com a

obra La llave en el desván, de A. Casona,

no 20º Certamen de Casas Regionales

de España, estuda direção teatral com

C. Ianni e com R. Szuchmacher. Em

seguida, ingressa no Instituto Superior

de Arte do Teatro Colón para cursar

direção cênica de ópera.

Paralelamente, começa uma grande

atividade como assistente de direção,

gerente de palco e coordenadora de

produção artístico-técnica junto a P. Domingo, E. Sagi,

R. Oswald, H. De Ana, F. Sparvoli, E. Zanetti, M. Hampe,

A. Heller Lopes, M. Lombardero, P. Maritano, J. D. Inella, T.

Zvulun, J. L. Pichon, J. Martorell, P. Larraín, P. Nuñez e X.

B. Rawson, no Teatro Colón, Teatro Municipal de Santiago

do Chile, Teatro de La Plata, Teatro Calderón de Valladolid,

Teatro de La Zarzuela e no Auditório Nacional, México. Nesse

período, encenou O barbeiro de Sevilha, Retablo del Maese

Pedro, O mestre de capela, Tristão e Isolda, Lady Macbeth

de Mtsensk, Turandot, Cavalleria Rusticana, Pagliacci, Alcina,

Rigoletto, Thais, Carmen, Ariadne auf naxos, Madame Butterfly,

Boris Godunov, Don Pasquale, Aida, Doña Francisquita,

O rapto do serralho, Eugene Onegin, Lucrezia Borgia,

Jenufa, Anna Bolena, Don Giovanni, Katia Kabánova, Lakmé,

I Puritani, A Flauta Mágica, Lady be good, Lua de mel no

Cairo, The Rake´s Progress, Il Turco en Italia, Norma e Rusalka.

Foi diretora de cena da ópera Don Pasquale de Donizetti

no Teatro Espanhol da cidade de Azul, Argentina, através

do Instituto Superior de Arte del Teatro Colón. Também

dirigiu seminários de artes cênicas na Universidade

San Alberto Hurtado, em Santiago do Chile, e ganhou

o prêmio Fondart 2010 para música com a montagem

do projeto A ópera em sua cidade.

Marina foi diretora de cena da ópera Le nozze di Figaro para

a Pontifícia Universidade Católica do Chile, apresentada no

Teatro Cariola de Santiago, no Teatro Municipal de Chillán, no

Teatro Diego de Rivera na cidade de Puerto Montt e no Teatro

regional de Maule, em turnê muito bem acolhida pelo público.

Recentemente dirigiu La Serva Padrona para o Palácio

Legislativo da Nação Argentina, montagem que será

reapresentada em 2016 em Nova York para a Empire Opera.

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

FOTO

DIV

ULGA

ÇÃO

MARINAMORA

Page 34: baixar programa

64 65

CARLA COTTINIFO

TO F

ERNA

NDO

LOUZ

A

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

Vencedora do Prêmio Revelação no

10º Concurso de Canto Maria Callas da

cidade de Jacareí, em 2011, Carla Cottini

tem se destacado por integrar em suas

performances apurada técnica, belo

timbre e marcante presença cênica.

Estreou no Teatro Municipal de

São Paulo em dezembro de 2011

com grande sucesso como Ida em

O Morcego e como Musetta em

La Bohème, com a Orquestra Sinfônica

do Sergipe. Em 2012 cantou a primeira

audição mundial da obra Fantasia

Gabriela de André Mehmari, escrita

por encomenda da Orquestra Sinfônica

da Bahia para as comemorações do

centenário de Jorge Amado. Nesse

mesmo ano estreou no Palácio das Artes

de Belo Horizonte como Valencienne

na opereta A Viúva Alegre, sob direção

de Jorge Takla.

Em 2013 Carla interpretou Gretel no Palau de la Musica

de Valencia, na produção espanhola de Amparo Urieta. Foi

Zerlina no Theatro Municipal de São Paulo, na produção de

Don Giovanni dirigida por Pier Francesco Maestrini, ao lado

de artistas como Andrea Rost, Monica Bacelli e Nicola Uliveri.

Em 2014, em Valencia, Espanha, interpretou a bruxa Armida

de Rinaldo no Auditorio de Ribarroja e debutou como Susanna

em Le nozze di Figaro, papel que interpretou também no

Theatro São Pedro, em São Paulo, sob a direção musical de

Luiz Fernando Malheiro e direção cênica de Livia Sabag.

Em 2015 estreou com grande sucesso como Norina em

Don Pasquale, no Teatro Sociale di Rovigo, Itália.

Além de sua dedicação ao canto lírico, Cottini tem formação

em artes cênicas, jazz dance e balé clássico na Casa de

Artes OperAria. Antes de se dedicar à ópera, Carla Cottini

participou, em São Paulo, das superproduções dos musicais

My Fair Lady, em 2007, sob a direção de J. Takla; Esta é a

Nossa Canção, em 2009, sob a direção de Charles Randolph

Wright, e Cats, em 2010, sob a direção de Richard Staford,

bem como de produções menores de musicais como

West Side Story, Wicked e Chorus Line.

Carla Cottini terminou em setembro de 2014 seu mestrado

em interpretação operística no Conservatório Superior

de Música Joaquín Rodrigo de Valencia, Espanha, sob

orientação de Ana Luisa Chova. Desde 2012 tem como

tutora a soprano Eliane Coelho. Seu preparador principal

de repertório é Rafael Andrade.

FOTO

LIN

COLN

IFF

LUISA FRANCESCONI

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

Luisa Francesconi tem excepcional

capacidade para a execução de

coloratura, destacando-se no

repertório rossiniano e mozartiano

ao interpretar papéis em óperas como

Il barbiere di Siviglia, L’Italiana in

Algeri, Così fan tutte e Don Giovanni.

A mezzo-soprano fez a sua estreia

internacional no Teatro Argentina,

em Roma, no papel de Cherubino

em Le nozze di Figaro, de Mozart.

Representa também com grande

sucesso outros papéis en travesti,

como Romeo em I Capuleti e

I Montecchi de V. Bellini, Orfeo

em Orfeo ed Euridice de Gluck e

Idamante em Idomeneo de Mozart.

Luisa interpretou Didone em

Les Troyens de Berlioz. Participou

com enorme sucesso da primeira

turnê da Cia. Brasileira de Ópera, em 2010, no papel de

Rosina em O barbeiro de Sevilha de Rossini.

Ela canta com frequência nos principais teatros brasileiros

e italianos e tem se apresentado regularmente também em

Portugal. Interpretou o Stabat Mater de Pergolesi na famosa

igreja Ara Coeli, em Roma, e a Missa em Dó menor de

Mozart no Auditorium Verdi, em Milão.

Seu repertório de concerto é vasto, com atuações marcantes

em Rapsódia para Contralto e Missa em Si menor de Bach;

Requiem e Missa da Coroação de Mozart; Nisi Dominus de

Vivaldi; Messias de Haendel; Nona Sinfonia, Missa em

Dó maior e Fantasia Coral de Beethoven; Stabat Mater e

Petite Messe Solemnelle de Rossini; Sonho de uma Noite de

Verão de Mendelssohn; Te Deum de Bruckner; Les Nuits d’Été

de Berlioz; Sinfonias números 2, 3 e 8 de Mahler; El Amor

Brujo de Falla e Floresta do Amazonas de Villa-Lobos.

Luisa Francesconi gravou suas participações como solista

na Nona Sinfonia de Beethoven e no Réquiem Hebraico de

Erich Zeisl, lançadas em CD pelo selo Biscoito Fino.

Page 35: baixar programa

66 67

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

Nascido em Brasília, o conceituado barítono

brasileiro Leonardo Neiva é conhecido por

sua desenvoltura cênica e versatilidade

vocal. Foi revelado aos 23 anos no papel

de Figaro, em Il barbiere di Siviglia de

Rossini. Desde então, é convidado por

teatros do Brasil e do exterior.

Leonardo foi muito elogiado pela crítica

ao representar o papel de Ford, em

Falstaff de Verdi, na Sala São Paulo,

junto à Orquestra Sinfônica do Estado

de São Paulo (Osesp). Obteve grande

êxito também ao se apresentar junto à

Cia. Brasileira de Ópera, no papel título

de Il barbiere di Siviglia, e no XV Festival

Amazonas de Ópera, quando participou

da montagem de Tristão e Isolda de

Wagner, interpretando Kurwenal.

Fora do Brasil, estreou no Teatro

Municipal de Santiago, Chile, como

Zurga, em Les pêcheurs de perles de

Bizet. Apresentou-se no Teatro Nacional de São Carlos,

em Lisboa, Portugal, em Carmina Burana de Orff;

no Théâtre du Capitole, em Toulouse, França, no papel

de Cecco del Vecchio, em Rienzi de Wagner; na Opernwelt,

Alemanha, em Tristão e Isolda de Wagner. Também cantou

em recitais e concertos na Itália, Espanha, Portugal,

Colômbia e Estados Unidos.

Em 2009, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes de melhor

cantor do Brasil por suas atuações como Le Grand-Prêtre

de Dagon, em Sansão e Dalila de Saint-Saëns, como Eneas

em Dido e Eneas de Purcell, bem como o Kullervo na obra

de Jean Sibelius.

Leonardo Neiva gravou em 2010 o CD Clamores, com canções

de música contemporânea do compositor Jorge Antunes.

LEONARDONEIVAFO

TO C

ASSI

ANO

GRAN

DI

FOTO

KRI

STEN

HOE

BERM

ANN

DAVIDPORTILLO

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

Elogiado pelo Opera News pela

"facilidade com as notas altas, cantadas

com brilho e exuberância que seduzem

os ouvidos", o tenor norte-americano

David Portillo se estabeleceu como um

dos principais artistas de sua geração.

Nesta temporada, ele faz sua estreia

no Metropolitan Opera como Conde

Almaviva, em O barbeiro de Sevilha.

Retornará à Lyric Opera de Chicago como

Andres em Wozzeck, numa produção de

David McVicar conduzida por Andrew Davis.

E também à Palm Beach Opera estreando

no papel de Ernesto, em Don Pasquale.

Na Europa, estreia no Théâtre des Champs-

Élysées como Pedrillo, em O rapto do

serralho, e como solista em Das Paradies

und die Peri de Schumann com a

Netherlands Radio Orchestra. Retorna ao

Festival Glyndebourne como David

em Os mestres cantores de Nuremberg.

Na temporada anterior, David Portillo retornou ao Houston

Grand Opera como Tamino em A Flauta Mágica, conduzido

por Roberto Spano, e estreou na Washington National Opera

como Don Ramiro em La Cenerentola. Voltou ao Festival d'Aix-

en-Provence como Pedrillo e à Arizona Opera como Tonio em

La fille du régiment, representação já aclamada pela crítica.

Seus compromissos com orquestras incluem O Messias de

Haendel com a St. Paul Chamber Orchestra, Kansas City

Symphony e Richmond Symphony e Lélio de Berlioz com a

Dayton Philharmonic. Portillo também encenou Tebaldo em

I Capuleti e i Montecchi, com a Washington Concert Opera,

e Gastone em La Traviata com a Los Angeles Philharmonic,

no Hollywood Bowl. Apresentou-se no Requiem de Verdi e na

Nona Sinfonia de Beethoven com as sinfônicas de Phoenix e

Elmhurst e no Colorado Music Festival, onde também esteve

com A Criação de Haydn.

Outros personagens vividos por Portillo são Trin, Renaud, Don

Ottavio, Ferrando, Belmonte, Narciso e Gonzalve. Cantou na

Accademia Nazionale di Santa Cecilia, no Saito Kinen Festival,

Wiener Staatsoper, Salzburg Festival e Opera Angers-Nantes.

Aluno do Ryan Opera Center na Lyric Opera de Chicago,

do Merola Opera Program na San Francisco Opera e da

Wolf Trap Opera em Vienna, Virgínia, Portillo acrescentou

ao seu repertório o Chevalier de la Force em Dialogues of

the Carmelites, Nadir em Les pêcheurs de perles, Fenton

em Falstaff, Alfredo em La Traviata, o papel principal em

Albert Herring e Sam Kaplan em Street Scene.

Em 2009, David Portillo recebeu prêmios da Fundação

Sullivan, da Sociedade Americana de Ópera de Chicago

e da Fundação Shoshana, além de vencer o concurso para

uma bolsa de estudos da Fundação Bel Canto. Em 2008 foi

agraciado com o prêmio maior da categoria masculina da

União da Liga dos Jovens de Chicago.

Page 36: baixar programa

68 69

COSÌ FAN TUTTE, OSSIA LA SCUOLA DEGLI

AMANTI, K. 588Viena, 1790 | 180 min

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cravo, cordas. C osì fan tutte é a última das três obras-primas

de Mozart com o libretista Lorenzo Da Ponte.

O elenco se reduz a seis personagens, agrupados

em três pares. Tal simetria é explorada no

libreto e fornece ao compositor — então no auge de sua

criatividade — oportunidades para criar música perfeita nos

menores detalhes e de grande variedade imaginativa.

Na breve Abertura, após uma introdução lenta, o andamento

rápido imprime o caráter feérico que dominará os dois atos

da ação cênica.

Ato IDois oficiais, Ferrando e Guglielmo, são noivos de duas

irmãs, respectivamente Dorabella e Fiordiligi. Em um

café, eles discutem sobre a fidelidade. Desafiados pelo

cético Don Alfonso, aceitam apostar na lealdade de suas

noivas, participando de um plano para prová-la. O terceto

Una bela serenata fecha a cena com a alegria dos oficiais,

certos da vitória.

Os clarinetes, em terças sobre as cordas, transportam a

cena à casa de Dorabella e Fiordiligi. As irmãs cantam os

méritos de seus apaixonados no dueto Ah, guarda sorella.

Don Alfonso dá início a seu plano, anunciando-lhes a falsa

notícia da recente convocação dos noivos para a guerra.

A ação desenvolve-se com formações musicais diversas:

quintetos, um dueto para os oficiais, trios e o coro militar.

Em Di scrivermi ogni giorno, sobre o fundo dos sarcásticos

comentários de Don Alfonso, os namorados se despedem.

Ferrando e Guglielmo partem. O fluido trio Soave sia il vento

deseja-lhes boa viagem. As noivas estão inconsoláveis.

Alfonso, porém, proclama um rancoroso discurso contra

a inconstância das mulheres: Quante smorfie!

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

O sucesso e amplitude da carreira

de Licio Bruno são notáveis entre os

cantores brasileiros por suas atuações

em ópera, música sinfônica, de câmara

e teatro no Brasil e exterior.

Aperfeiçoou-se na Academia Franz Liszt,

Budapeste, foi membro da Ópera Estatal

Húngara e cantou na Itália, Espanha,

Alemanha, Suíça, Colômbia e Argentina.

No Brasil, os teatros de ópera e salas

de concerto são sua casa. Com mais

de cinquenta personagens em óperas

de diferentes autores, períodos e

estilos, Licio é, até hoje na história

da ópera brasileira, o único cantor a

ter enfrentado na totalidade o Wotan /

Wanderer da tetralogia wagneriana.

Foi dirigido por ícones do teatro brasileiro — Amir Haddad,

José Possi Netto, Jorge Takla, Gianni Rato, Sérgio Britto —

e estrangeiro — Werner Herzog, Hugo de Anna, Aidan Lang.

Cantou com renomados maestros brasileiros e estrangeiros,

entre os quais Lorin Maazel e Isaac Karabtchevsky, das paixões

de Bach até Beethoven, Kodály, Stravinsky e Britten, bem como

ciclos de Schubert, Mahler, Ravel e Poulenc, entre outros.

Licio Bruno é detentor de mais de dez primeiros prêmios em

concursos nacionais e estrangeiros e recebeu, em 2004, o

Prêmio Carlos Gomes de Melhor Cantor Erudito.

O artista celebrou, em 2013, seus 25 anos de carreira

dedicados à música com as óperas Aída, A Valquíria, A Serva

Patroa, O Turco na Itália, Rigoletto e Falstaff. Também fez sua

estreia na Argentina, interpretando com grande sucesso de

público e crítica o papel principal de O Navio Fantasma,

de Wagner, no Teatro Argentino de La Plata.

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

LICIOBRUNO

FOTO

ARI

ANA

ROSA

Page 37: baixar programa

70 71

Enquanto isso, Fiordiligi e Ferrando

continuam relutantes. Ele alterna

dúvida e confiança: Ah, lo veggio. E ela

expressa seus confusos sentimentos no

grande rondó Per pietà, bem mio, cujas

assombrosas dificuldades técnicas —

é o morceau de bravoure da ópera —

refletem os conflitos de sua alma.

Reunião dos dois amigos para avaliar a

situação: Ferrando traz boas notícias —

a fidelidade de Fiordiligi alegra-os.

Mas ele se desespera quando o

companheiro apresenta-lhe o medalhão

de Dorabella. Para consolar o amigo —

e também porque se sente culpado —,

Guglielmo aconselha-o a não se

envolver tanto assim, pois as mulheres

sempre maltratam o coração dos

homens. A sofisticada verve desta ária,

Donne mie, la fate a tanti, lembra a

melhor música de câmara mozartiana.

Ferrando canta seu desespero na

sombria cavatina Tradito, schernito.

Alfonso entra em cena e faz um

irônico balanço da situação.

Despina elogia a atitude decidida

que Dorabella apresenta. Fiordiligi,

ao contrário, continua sofrendo com

a dubiedade dos sentimentos. Num

recurso derradeiro, ela toma a decisão

de se disfarçar para encontrar o noivo

Guglielmo no campo da guerra. Porém,

Ferrando, ainda disfarçado, aparece e

com a beleza avassaladora do dueto

Fra gli ampessi os dois celebram

a felicidade da nova união.

Os três apostadores se encontram.

Os rapazes estão revoltados com a

infidelidade das irmãs. Mas Alfonso

intervém com seu solo — “nem

melhores, nem piores que as outras”,

afirma. E obriga os oficiais a cantarem

juntos Così fan tutte.

Despina comunica o casamento das

patroas com os amigos. O brinde aos

noivos E nel tuo, nel mio bichiero

é um engenhoso cânone iniciado

por Fiordiligi e acrescido do aparte

revoltado de Guglielmo. Despina faz

o papel de tabelião, mas a cerimônia

é interrompida pela banda militar

que anuncia a volta dos oficiais. Após

grande confusão, tudo se resolve com

o perdão mútuo. Os amantes estão

novamente reunidos — não importa

se da forma original ou se na segunda

versão. O sexteto final celebra a alegria

e homenageia quem enfrenta as

dificuldades com bom-humor.

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,

Doutor em Letras, professor na UEMG, autor

dos livros Músico, doce músico e O grão

perfumado – Mário de Andrade e a arte do

inacabado. Apresenta o programa semanal

Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

A criada Despina tenta consolar

as irmãs. Dorabella extravasa

seu sentimento de abandono em

Smanie implacabile, cujos efeitos

vocais parodiam as habituais árias

trágicas. Em contraste, no cômico solo

In uomini, in soldati, Despina propõe

que as irmãs aproveitem a ausência

dos namorados... para namorar.

Alfonso suborna Despina e apresenta-lhe

Ferrando e Guglielmo disfarçados.

As irmãs mostram-se indignadas com

a presença dos estranhos em sua casa.

Mas Alfonso intervém saudando-os

como grandes amigos. Imediatamente

os rapazes iniciam suas declarações

amorosas às noivas trocadas. Fiordiligi

declara sua inquebrantável fidelidade —

Come scoglio. Trata-se de uma ária

dificílima, que parece zombar da

virtuosidade, com largos intervalos,

de um extremo a outro da tessitura

de soprano. Guglielmo responde

com a suavidade de Non siate ritrosi.

Mas as noivas não se comovem e

retiram-se. Diante de tal demonstração

de fidelidade, o romântico Ferrando

canta a ária Un’alma amorosa.

Alfonso, que não se dá por vencido,

pede a Despina um estratagema

para reverter a situação.

Os acontecimentos se complicam e

fornecem ao compositor um extenso

finale. Os rapazes simulam suicídio,

tomando um suposto veneno. As noivas

se enternecem diante da triste sorte dos

agonizantes. O artifício dos disfarces

atinge grande comicidade quando

Despina, fazendo-se de médico,

administra seu onipotente talismã

curativo, a pedra de Mesmer.

Recuperados, os pseudossuicidas

acordam no Olimpo e pedem beijos

consoladores às duas deusas. Enfurecidas,

as irmãs mandam os jovens às favas.

Ato IIA virtude das senhoras irrita

Despina, que resume sua opinião na

ária Una donna a quindici anni —

por que não se deixar cortejar? As

irmãs concordam em conversar com

os pretendentes. Decisão tomada,

cada uma escolhe seu parceiro no

dueto Prenderò quel brunettino —

Dorabella com Guglielmo; Fiordiligi

e Ferrando. Os apaixonados oferecem

uma serenata às amadas, Secondate,

aurette amiche, dueto de extasiante

melodia, com coro.

Acanhados, os rapazes e as irmãs ficam

sem assunto, falando do tempo. Porém,

após alguma hesitação, Guglielmo

oferece a Dorabella um medalhão em

forma de coração, trocando-o pelo

que ela trazia com o retrato do noivo

Ferrando. No dueto Il coro vi dono a

orquestra simula as palpitações de seus

corações apaixonados.

FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO

Page 38: baixar programa

73

7

FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO

FABIO MECHETTI, regente

CONTRADANÇAS, K. 609

• Nº 1 em Dó maior • Nº 2 em Mi bemol maior • Nº 3 em Ré maior • Nº 4 em Dó maior • Nº 5 em Sol maior

IDOMENEO: MÚSICA DE BALÉ, K. 367

• Nº 1a – Chaconne: Allegro • Nº 1b – Larghetto pour Madame Hartig • Nº 1c – Chaconne, qui reprend: Allegro • Nº 2 – Pas seul • Nº 3 – Passepied • Nº 4 – Gavotte • Nº 5 – Passacaille

— INTERVALO —

TAMOS, REI DO EGITO, K. 345

• Maestoso – Allegro • Andante • Allegro • Allegro vivace assai

LES PETITS RIENS, K. 299b

• Overture: Allegro • Largo • Gavotte • Andantino • Allegro • Larghetto • Gavotte ( joyeuse): Allegro • Adagio • Intermezzo • Gavotte gracieuse • Pantomine • Passepied • Gavotte • Andante

PROGRAMA

1º DE OUTUBRO

Música incidental

Page 39: baixar programa

74 75

Também era uma fantasia o título

de Kammermusicus oferecido a

Mozart em 1787 — na verdade,

o compositor recebia honorários

exclusivamente relativos às danças

do próximo Carnaval, geralmente

compostas durante o dezembro anterior.

Conforme o planejamento financeiro

da corte, tratava-se de um artifício

para impedir que um músico tão

famoso abandonasse Viena. Não lhe

encomendavam óperas ou sinfonias,

e ficou célebre o comentário de Mozart

ao receber seu primeiro pagamento:

“Demasiado para o que faço;

demasiadamente pouco para o que

eu poderia fazer”. Entretanto, compor

danças nunca lhe pareceu ocupação

secundária; ele a encarava com

seriedade. Dedicou-se especialmente

a quatro gêneros: as Marchas

frequentemente tinham caráter militar.

O aristocrático Minueto, destinado a

morrer com o Antigo Regime, ainda

guardava muito do seu refinamento

e formalismo bicentenários. Mais

vigorosas, as Danças alemãs ou Ländler

dançavam-se aos pares, com maior

contato físico, saltos e batidas de pé.

As populares e antigas Contradanças —

cujo compasso binário contrastava com

o ternário dos minuetos e das Ländler —

foram importadas da Inglaterra. O nome

se originou de Country dance, traduzido

contredanse para o francês (franglais)

do século XVII.

É interessante observar o uso

dessas danças nas três últimas

sinfonias de Mozart. O movimento

Finale da Sinfonia nº 39 tem o

espírito de uma contradança,

enquanto o Minueto da mesma

sinfonia é uma dança alemã. Já o

FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO

M ozart compôs música de dança desde

os cinco anos, incluindo nove pequenos

minuetos transcritos pelo pai no álbum

de partituras de sua irmã Nannerl. Mas

foi a partir dos treze anos que começou a escrever música

para ser dançada — dedicada ao Carnaval em Salzburgo —,

atividade que manteve durante toda a vida. Compôs cerca

de duzentos títulos isolados, sem contar os minuetos e

outros movimentos de dança integrantes de suas sonatas,

quartetos e sinfonias. Era ele próprio um entusiástico

dançarino. Em uma carta do começo de 1783, conta ao pai

como comemorou seu aniversário: “Dei um baile em casa;

começamos às seis horas da tarde e terminamos às sete. O

quê? Somente uma hora! Não, não... às sete da manhã”.

Para festas como essa, as danças eram apresentadas em

sua habitual formação de câmara — o trio de cordas formado

por dois violinos e baixo. A orquestração posterior, com o

acréscimo dos instrumentos de sopro e percussão, mantinha

a seção das cordas sem as violas. As partes centrais

frequentemente incluíam instrumentos exóticos como gaitas

de foles, cornetas de postilhão ou guizos de trenós.

Na década de 1780, em Viena, a dança era um divertimento

social muito popular. Sob o reinado liberal de Josef II,

os bailes oficiais foram abertos a todas as camadas da

sociedade — iniciava-se, então, a longa associação de

Viena com a dança. Patrocinada pela corte, a temporada do

Carnaval acontecia de janeiro até a Quaresma. A Mascarada

constituía o ponto alto da estação, atraindo pessoas que

podiam se divertir incógnitas, sob o disfarce das fantasias.

FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO

CONTRADANÇAS, K. 609

Viena, 1791 | 7 min

Flauta, percussão, cordas.

IDOMENEO: MÚSICA DE BALÉ, K. 367

Munique, 1781 | 25 min2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cordas.

TAMOS, REI DO EGITO, K. 345

Salzburgo, 1773/1779 | 19 min

2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas,

2 trompetes, tímpanos, cordas.

LES PETITS RIENS, K. 299b

Paris, 1778 | 20 min

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cordas.

Anton Raaff como personagem título

de Idomeneo na estreia da ópera de

mesmo nome. Autor desconhecido.

Page 40: baixar programa

76 77

Minueto da Sinfonia Júpiter é um

verdadeiro minueto, enquanto o

da Sinfonia nº 40 foge a qualquer

convenção, com sua irregularidade

métrica e rica escrita contrapontística.

As cinco Contradanças K. 609

tradicionalmente se enquadram

no ano de 1791, entre as últimas

escritas por Mozart. Outros estudiosos

sugerem 1787 e, nesse caso, seriam

as primeiras do compositor como

Kammermusicus. A de nº 1, em Dó

Maior, traz o tema Ne più andrai de

As bodas de Fígaro, muito conhecido

em Viena. A segunda dança é em

Mi bemol maior. Os tambores são muito

marcantes nas danças 3 e 4. A quarta,

em compasso ternário, é realmente um

Ländler com três alternativos (trios),

respectivamente em Dó, Fá e em lá

menor. A última da série, composta

anteriormente em Salzburgo, recebeu

o título de Les filles malicieuses e,

reorquestrada, foi registrada como

K. 610. Possui um curioso efeito de

gaitas de foles na seção central.

Ao contrário das danças para bailes,

o Grand Ballet — como cultivado

na corte francesa do século XVII —

estava fora de moda no século da

Revolução Francesa. Apenas duas

composições de Mozart para balé são

conhecidas integralmente: Les Petits

Riens e Idomeneo.

Quando residiu em Paris, Mozart

planejou compor uma ópera em

francês, Alexandre et Roxane, confiante

no apoio decisivo do célebre bailarino

e coreógrafo Jean Georges Noverre.

Para esse grande reformador da

dança Mozart escreveu, junto com

outros compositores, Les Petits Riens,

interlúdio a ser dançado em uma

ópera de Piccinni. Com a música e a

coreografia atribuídas a Noverre, o balé

obteve sucesso. Dos 21 números que

o compõem, apenas a Abertura e oito

peças são com certeza de Mozart. E

elas demonstram com que originalidade

ele conseguiu apropriar-se do estilo

galante francês.

Aos 25 anos, em Munique, o compositor

escreveu outro balé, agora para uma

criação própria, Idomeneo, sua terceira

e mais importante investida na opera

seria, com enredo histórico ou mitológico.

Idomeneo representou um grande

impulso na produção mozartiana,

síntese muito particular de marcantes

experiências: a ópera séria italiana, as

conquistas orquestrais de Mannheim e

a influência de Gluck, reminiscência da

estação parisiense. Apesar do sucesso

da estreia, a obra passou por longo e

lamentável período de esquecimento.

Só após a Primeira Guerra, Richard

Strauss, quando dirigia a Ópera

de Viena, redescobriu por acaso a

partitura. Os cinco números dançantes

encerram festivamente Idomeneo, com

uma grande celebração popular.

Ao contrário de sua intensa e

constante dedicação à ópera, Mozart

escreveu apenas uma música para

teatro: Tamos, Rei do Egito. Os coros

e números instrumentais para o drama

de Tobias von Gebler, compostos no

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,

Doutor em Letras, professor na UEMG, autor

dos livros Músico, doce músico e O grão

perfumado – Mário de Andrade e a arte do

inacabado. Apresenta o programa semanal

Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO

final de 1773, foram retrabalhados em

1779 por ocasião da reapresentação

em Salzburgo. O exame comparativo

das duas versões permite avaliar o

imenso progresso realizado entre

elas. Ciente da superioridade de sua

música sobre o texto, Mozart procura

libertá-la da tendência estritamente

programática. Assim, à parte os três

magníficos coros, os quatro números

puramente instrumentais soam, em

sequência, como movimentos de uma

pequena sinfonia.

Viena. Desenho de Carl Schütz.

Page 41: baixar programa

79

8

FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO

FABIO MECHETTI, regente

UMA BRINCADEIRA MUSICAL, K. 522

• Allegro• Menuetto: Maestoso• Adagio cantabile• Presto

SERENATA Nº 6 EM RÉ MAIOR, K. 239, “NOTURNA”• Marcia: Maestoso• Menuetto• Rondo: Allegretto – Adagio – Allegro

— INTERVALO —

SERENATA Nº 9 EM RÉ MAIOR, K. 320, “POSTHORN”• Adagio maestoso – Allegro con spirito• Menuetto: Allegretto• Concertante: Andante grazioso• Rondo: Allegro ma non troppo• Andantino• Menuetto• Finale: Presto

PROGRAMA

29 DE OUTUBRO

Na corte

Page 42: baixar programa

80 81

FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO

No conjunto da obra de Mozart, o mais

célebre deles é obviamente Eine Kleine

Nachtmusik (uma musiquinha noturna...

ou, como foi já traduzido, uma pequena

serenata noturna). São cerca de duas

dezenas de divertimentos e mais

de uma dúzia de serenatas, à parte

algumas outras obras do gênero.

A Serenata K. 239 (Noturna) foi

composta em Salzburgo, em janeiro

de 1776. Uma curiosidade é que,

no manuscrito, título e data estão

grafados na caligrafia de Leopold

Mozart. Mas ela tem o diferencial de

(fato raro no século XVIII, mas não

invulgar no Barroco) ter sido composta

para dois grupos instrumentais: o

primeiro é formado por dois violinos

solistas, primeira viola e contrabaixo;

o segundo é composto por primeiro(s)

e segundo(s) violino(s), segunda(s)

viola(s), violoncelo(s) e tímpanos.

Das serenatas de Mozart, talvez essa

seja a que se assemelhe mais com

a suíte de danças, a despeito de sua

brevidade. Não obstante, seu caráter

concertante lhe confere um aspecto

arcaizante (no procedimento! Não no

estilo ou na linguagem!) raro de se

observar no Classicismo. Igualmente

raro é o nítido trabalho com o espaço: o

diálogo entre dois grupos instrumentais,

posto que já explorado desde pelo

menos o século XVI, constitui uma clara

experiência com efeitos acústicos. Fato

importante é notar que o Rondó final

insere (ou cita), claramente, algum

tema de origem popular.

Encomendada para a cerimônia

de encerramento do ano letivo da

Universidade de Salzburgo, a Serenata

em Ré maior K. 320 foi composta e

FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO

UMA BRINCADEIRA MUSICAL, K. 522Viena, 1787 | 20 min

2 trompas, cordas.

SERENATA Nº 6 EM RÉ MAIOR, K. 239, “NOTURNA” Salzburgo, 1776 | 13 min

Tímpanos, cordas.

SERENATA Nº 9 EM RÉ MAIOR, K. 320, “POSTHORN”

Salzburgo, 1779 | 42 min

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,

posthorn, tímpanos, cordas.

N o Classicismo, há diversos gêneros musicais

que se confundem em forma e estrutura. Eles

são uma espécie de válvula de escape da

etiqueta solene dos salões aristocráticos ou

dos esquemas já pré-definidos da música dramática, mas

ainda assim não se veem livres do formalismo que norteia

a mentalidade musical do século XVIII: a forma sonata

ainda impera na maior parte das vezes, quando não há uma

aproximação com a suíte de danças; os procedimentos se

mantêm. Conserva-se, na maior parte dos casos, a estrutura

formal do século XVIII, em quatro movimentos, como na

sonata, no quarteto de cordas ou na sinfonia. Ainda assim, a

funcionalidade dessa música a poderia perigosamente rotular

em música ligeira: divertimento, serenata, cassação, notturno,

Nachtmusik, ou, ainda no século XVII, Tafelmusik (“música

para a mesa”). Em Haydn, por exemplo, divertimento se

confunde em nomenclatura com suas primeiras sonatas

para piano. O fato é que esse gênero de música difere dos

demais, no Classicismo (excluam-se disso a ópera e a música

religiosa), apenas pela funcionalidade ou pelo ambiente a

que se destinam. Raramente em forma ou em estrutura. Os

ambientes externos, as diversões da aristocracia, os prazeres

da mesa, tudo, nas altas rodas do século XVIII, era partilhado

com boa música. Entende-se, com isso, o porquê de Haendel

ter composto a Música para os Reais Fogos de Artifício...

Entendem-se, igualmente, os vários divertimenti e serenatas

de Mozart, compostos para diversas formações instrumentais.

Nesses gêneros, evita-se, via de regra, o uso da intrincada

linguagem polifônica, e neles não é raro que se encontrem

citações de temas ou canções populares.

Palácio Imperial de Viena por

Joseph Schütz.

Page 43: baixar programa

82 83

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,

Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,

professor da Universidade do Estado de Minas

Gerais e da Fundação de Educação Artística.

estreada em 1779, quando o compositor

ainda aí residia. Na sua instrumentação,

que valoriza particularmente

determinados instrumentos de sopro,

Mozart elabora trechos relevantes

para a flauta e o oboé (como no

terceiro e quarto movimentos) e inclui

inusitadamente partes para o flautim,

no primeiro trio do segundo minueto e

um solo para a trompa de posta. Em

uma época em que o e-mail sequer

era concebido e na qual a eletricidade

era curiosidade de circo, a chegada

e saída dos correios, único meio de

comunicação a distância, era um

evento importante. Ele era anunciado,

dentre outras coisas, por um toque

de trompa. Da mesma forma que, em

nossas cidades históricas, cada tipo de

badalada dos sinos das igrejas tem um

significado específico, o toque da trompa

de posta era imediatamente reconhecível

e distinto do toque da trompa de caça,

usado obviamente para as caçadas.

Ouve-se esse solo de trompa no

segundo trio do segundo minueto,

o que conferiu o subtítulo à obra.

“Satírica” foi como alguns críticos

classificaram Ein Musikalischer Spass

(uma brincadeira musical), K. 522,

composta em junho de 1787, para duas

trompas e quarteto de cordas. Mozart,

ao que parece, nunca teve a intenção

de satirizar ninguém com essa obra,

que, a despeito disso, tem algo de

claramente irônico, tanto no tratamento

das trompas, quanto no caráter. Vinda

de Mozart, essa ironia poderia soar,

hoje, ao ouvinte desatento, como uma

ousadia profética. Não se trata de

nada disso! Mozart era um compositor

de teatro, e sua música transpira,

em cada poro, a arte dramática, seja

em seu aspecto comovente, seja no

trágico ou no burlesco.

Mozart brinca, aqui, com o próprio

sistema tonal, com a quadratura da

estrutura melódica clássica, com o

estilo concertante, enfim, com todo

o mundo musical que ele próprio

dominava e em que se inseria!...

Brinca, ainda, com a tradição

polifônica, em que tinha mestria:

basta ouvir suas missas... Ao ouvinte

desatento, a primeira audição dessa

obra há de causar imediatamente um

estranhamento: não será demasiado

vislumbrar alguém que imagine que os

FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO

músicos possam ter se enganado em

alguma passagem, ou que as trompas

estejam desafinadas. Àquele que tenha

alguma formação musical, porém, o

resultado dessa obra soa como um

paradoxo, aliás bem moderno: ao

mesmo tempo elegante e grotesco,

como se a maquilagem do século XVIII

estivesse borrada, revelando um rosto

desgastado. Dissonâncias insólitas, a

representação irônica (no sentido teatral

do termo) de um frustrado contraponto

imitativo, o relevo dado às trompas, que

parecem ora perder o siso, ora estar em

desalinho com o contexto musical, tudo

isso constitui uma grande brincadeira.

E ainda assim essa brincadeira soa

profética. Os acordes do último

movimento o comprovam! Já se disse

que o presente é que elabora seus

precursores. Na Brincadeira Musical

K. 522, o passado se antecipou.

O imperador Josef II (à direita) e seu

irmão, arquiduque Leopold. Pintura de

Pompeo Batoni.

Page 44: baixar programa

84 85

9FABIO MECHETTI, regenteMARCUS JULIUS LANDER, clarineteMARIANA ORTIZ, sopranoLUISA FRANCESCONI, mezzo-sopranoLUCIANO BOTELHO, tenorSAULO JAVAN, baixo

A CLEMÊNCIA DE TITO, K. 621: ABERTURA

CONCERTO PARA CLARINETE EM LÁ MAIOR, K. 622

• Allegro • Adagio • Rondo: Allegro

— INTERVALO —

REQUIEM, K. 626

• Introitus – Requiem – Kyrie

• Sanctus• Benedictus• Agnus Dei• Communio – Lux Aeterna

PROGRAMA

10 DE DEZEMBRO

Tuba mirumRex tremendaeRecordare ConfutatisLacrimosa

Domine Jesu ChristeHostias

FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO

• Dies irae

• Offertorium

Marcus Julius Lander

Mariana Ortiz

Luisa Francesconi

Luciano Botelho

Saulo Javan

Último capítulo

Page 45: baixar programa

86 87

MARIANA ORTIZFO

TO L

UIS

CORO

NA

Considerada uma das melhores vozes

venezuelanas de sua geração, Mariana

Ortiz estudou canto no Conservatório de

Música do Estado de Aragua com Lola

Linares. Fez licenciatura em Educação

Musical na Universidade de Carabobo

e obteve um master degree em Canto

no Koninklijk Conservatorium Brussel,

Bélgica. Estudos de aperfeiçoamento

foram feitos com os maestros Isabel

Palacios (Venezuela), Mirella Freni e

Vittorio Terranova, entre outros.

Entre os papéis que interpretou estão

Proserpina e Messagera em L’Orfeo

de Monteverdi; Mimi e Musette, em

La Bohème de Puccini; Comtessa, em

As bodas de Fígaro de Mozart; Donna

Anna, em Don Giovanni de Mozart;

Micaela, em Carmen de Bizet; Violeta

Valery, em La Traviata de Verdi; Gilda,

em Rigoletto de Verdi; Fiordiligi em

Così fan tutte de Mozart; Salud, em La Vida Breve de Falla;

Poppea, em L’Incoronazzione di Poppea de Monteverdi.

No gênero da Zarzuela interpretou Lota em La Corte del

Faraón, Aurora em Las Leandras e a Duquesa Carolina em

Luisa Fernanda, esta última em uma coprodução entre o

Teatro Teresa Carreño, o Teatro Real de Madrid e a

Fundação SaludArte, sob direção de Pablo Mielgo.

Em seu repertório estão ainda A Criação de Haydn,

Carmina Burana de Orff, Requiem de Fauré, Sinfonia nº 2

de Mahler e a Nona Sinfonia de Beethoven. Interpretou

também Canções Negras de Montsalvatge.

Mariana Ortiz apresentou-se em importantes salas, como

o Teatro Teresa Carreño, em Caracas, Thèatre des Champs

Elysées, Paris, Staatsoper, Berlim, Thèatre de la Monnaie,

Bruxelas, Royal Danish Opera da Dinamarca, Palácio

das Artes, Belo Horizonte, Hollywood Bowl, Los Angeles,

cantando sob a batuta de reconhecidos maestros, como

Gustavo Dudamel, Diego Matheuz, Christian Vásquez,

Renè Jacobs, Simon Rattle, Lars Ulrik Mortensens,

Roberto Tibiriçá, Manuel Hernández Silva, Andrés Orozco

Estrada, José Luis Rodilla, Rafael Frühbeck de Burgos,

Helmuth Rilling, Evelino Pidò.

Por sua interpretação de Manuela Saenz, na ópera

Bolívar, de Darius Milhaud, recebeu excelente crítica da

revista francesa Opera Magazine: “A revelação é, no entanto,

o canto luminoso e frutado de Mariana Ortiz, capaz de

pianíssimos encantadores e de amplos agudos, e que

empresta sua beleza e seu engajamento a Manuela,

última companheira do Libertador”.

FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBROFORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO

FOTO

MAR

IANA

GAR

CIA

MARCUS JULIUS LANDER

Bacharel em Clarinete pela

Universidade Estadual Paulista, na

classe do professor Sérgio Burgani,

Marcus Julius iniciou seus estudos em

1996 com Edmilson Nery na Escola

Municipal de Música de São Paulo.

Foi também aluno de Luis Afonso

“Montanha” no curso de difusão da

Escola de Comunicação e Artes da

Universidade de São Paulo em 2001.

Agraciado com uma bolsa de estudos

por mérito no The Boston Conservatory,

Estados Unidos, cursou parte de

seu mestrado na classe do professor

Jonathan Cohler no ano de 2008.

O clarinetista atuou como spalla na

Banda Sinfônica Jovem do Estado

de São Paulo e como chefe de naipe

das orquestras Jovem de Guarulhos,

do Instituto Baccarelli e da Sinfônica

Jovem do Estado de São Paulo.

Integrou ainda a Orquestra Acadêmica da Cidade de

São Paulo e o Quarteto Paulista de Clarinetas. Foi também

professor de clarinete e teoria musical no curso superior do

Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, professor

assistente no projeto social Orquestra do Amanhã, oferecido

pelo Instituto Baccarelli na comunidade de Heliópolis,

São Paulo, e artista residente no II Festival de Verão

Maestro Eleazar de Carvalho, na cidade de Itu.

Marcus foi bolsista de importantes festivais brasileiros,

como o Internacional de Campos do Jordão e o Música

nas Montanhas, em Poços de Caldas. Participou de

masterclasses com renomados clarinetistas internacionais,

como Paul Meyer, Michael Collins, Munfred Pries, François

Benda, Donald Montanaro e Michael Norsworthy.

Vencedor do Prêmio Isolisti (Brasil), na categoria Música

Instrumental Erudita, retornou ao Brasil em 2009 e fixou

residência em Belo Horizonte, onde integra a Orquestra

Filarmônica de Minas Gerais. Na Filarmônica, inicialmente

atuou na função de Principal Assistente e em outubro de

2012 passou a Clarinete Principal.

No âmbito internacional, Marcus participou de concursos e

audições nos Estados Unidos e França. Em viagens à China,

foi artista residente no 8º Festival Internacional de Clarinete

e Saxofone de Nan Ning em 2010, no Festival Internacional de

Clarinetes de Pequim em 2014 — cujo Concerto de Gala se deu

no anfiteatro da Cidade Proibida — e, em 2015, foi professor

palestrante nos conservatórios de Shenyang e Tai-Yuan.

Marcus Julius Lander é artista Gao Royal e D’addario Woodwinds.

Page 46: baixar programa

88 89

Saulo Javan apresentou-se

recentemente com a Orquestra

Sinfônica do Estado de São Paulo

(Osesp) e gravou com a orquestra,

sob regência de Isaac Karabtchevsky,

a Décima Sinfonia de Villa-Lobos.

Interpretou Padre José na ópera

Magdalena de Villa-Lobos, no Theatro

Municipal de São Paulo, e integrou o

elenco da Cia. Brasileira de Ópera,

sob direção de John Neschling, no

papel de D. Bartolo na ópera O barbeiro

de Sevilha de Rossini, em turnê por

todo o Brasil. Interpretou também

Trulove, em The Rake's Progress de

Stravinsky, no Theatro Municipal de

São Paulo. Ramphis, em Aida de Verdi,

em Aracaju, sob direção de Guilherme

Mannis. No Theatro São Pedro, em

São Paulo, viveu o papel título da

ópera Don Pasquale de Donizetti e

Don Bartolo em O barbeiro de Sevilha. Dulcamara, em

L’elisir d’Amore, ele interpretou no Teatro da Paz, em Belém,

no Theatro São Pedro, em São Paulo, e no Theatro Carlos

Gomes de Vitória. Apresentou-se na estreia nacional da

ópera Dulcineia e Trancoso de Eli-Eri Gomes, no papel de

Bozo, no XII Festival Virtuosi de Recife.

Javan cantou na ópera Salomé de Richard Strauss com

a Osesp e na Petite Messe Solennelle de Rossini, sob

a regência de Naomi Munakata, na Sala São Paulo.

Foi solista do concerto inaugural da Orquestra do Theatro

São Pedro e nesse mesmo teatro interpretou Simone em

Gianni Schicchi de Puccini.

Em apresentações anteriores, Javan interpretou Salieri na

ópera Mozart e Salieri de Rimsky-Korsakov, O Franco-atirador

de Weber, Don Giovanni de Mozart e Alcina de Haendel em

estreia brasileira.

Saulo Javan foi o vencedor do XIX Concurso Nacional de

Canto Heitor Villa-Lobos, em Araçatuba, SP, em 2002.

FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO

SAULO JAVANFO

TO C

ASSI

ANO

GRAN

DI

VEJA A BIOGRAFIA DE LUISA FRANCESCONI NA PÁGINA 64FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO

Luciano Botelho é graduado em Canto

pela Unirio e em Música Sacra pelo

STBSB. Obteve, em 2006, o mestrado

em performance e o Curso de Ópera, na

Guildhall School of Music and Drama,

como bolsista da Fundação Vitae,

complementando seus estudos na

Cardiff International Academy of Voice.

O tenor fez sua estreia na cena lírica

interpretando o papel de Tamino, em

A Flauta Mágica de Mozart, no

V Festival Amazonas de Ópera.

Em outras edições do mesmo festival

também foi Don Ottavio em Don Giovanni

de Mozart, Ramiro em La Cenerentola

de Rossini, e Conde Almaviva em

O barbeiro de Sevilha de Rossini.

Em 2003 foi aclamado pela crítica

brasileira como “um dos maiores

talentos do país” por sua interpretação

de Fadinard em O Chapéu de Palha de

Florença de Rota, em São Paulo. Em 2007, representou

o Brasil no renomado concurso internacional de canto

BBC Cardiff Singer of the World Competition.

Durante os últimos anos, Luciano vem formando uma sólida

carreira internacional e, recentemente, interpretou Giacomo,

em La donna del Lago de Rossini, no Teatheran der Wien

e no Grand Theatre du Geneve. Também foi Elvino, em

La Sonnambula de Bellini, e Orphée, em Orphée et Euridice

de Gluck, em Stuttgart Staatstheatre. Conde Almaviva,

em O barbeiro de Sevilha de Rossini, no Royal Opera House,

Londres. Conde de Chalais, em Maria di Rohan de Donizetti,

no Caramoor Festival, em Nova York. Em Genebra e Nantes,

cantou o papel título em Conde Ory de Rossini. Foi Ramiro

em Glyndebourne, Nancy e Malmo. Nemorino, em L’elisir

d’Amore de Donizetti, em Dijon e na English National Opera.

Giannetto, em La gazzaladra de Rossini, na Opera de Massy.

Gennaro, em Lucrezia Borgia de Donizetti, em Varsóvia.

Leicester, em Maria Stuarda de Donizetti, em Manheim.

Ferrando, em Così fan tutte de Mozart, no Festival de Verbier.

Percy, em Anna Bolena de Donizetti, com a English Touring

Opera. E também foi Tonio, em La fille du regiment de

Donizetti, no Holland Park.

No Brasil, o tenor se apresentou nas principais casas de

ópera, cantando Nadir, em Les pêcheurs des perles de Bizet;

Nemorino e Tamino, além de Tebaldo, em I Capuleti e

I Montecchi de Bellini, no Theatro Municipal do Rio de

Janeiro. No Palácio das Artes, em Belo Horizonte, cantou

Fenton, em Falstaff de Verdi. E no Teatro da Paz, em Belém,

viveu Tamino. No Theatro Municipal de São Paulo destacam-

se suas apresentações no papel título de Orfeo de Monteverdi,

Fadinard e Tybalt, em Romeu e Julieta de Gounod. Além disso,

Luciano participou de concertos com a Osesp, Orquestra

Petrobrás Sinfônica, Orquestra de Câmara do Amazonas,

Amazonas Filarmônica e Orquestra Sinfônica da USP.

FOTO

ROB

MOO

RE LUCIANO BOTELHO

Page 47: baixar programa

90 91

Depreende-se, de uma carta de

Süssmayr aos editores Breitkopf &

Härtel, datada de fevereiro de 1800,

até onde vão os originais de Mozart:

o Requiem e o Kyrie são integralmente

de Mozart; das cinco primeiras partes

da Sequentia, Mozart compôs as

partes vocais, deixou o baixo cifrado e

algumas diretrizes para a orquestração.

As últimas partes da Sequentia também

são de Mozart, até o oitavo compasso,

onde se ouve “judicandus homo

reus”; todo o resto é de Süssmayr.

Mozart esboçou as duas partes do

Ofertório, mas a orquestração é toda de

Süssmayr. Sanctus, Benedictus e Agnus

Dei foram compostos por Süssmayr,

que afirma ter repetido a fuga do Kyrie

na parte final para dar maior coesão

à obra. Sabe-se, porém, que essa

repetição teria sido determinada

pelo próprio Mozart.

A orquestração do Requiem é um

caso à parte: mesmo nos trechos

orquestrados por Mozart, predominam

os timbres escuros: não há oboés,

flautas ou trompas, e a indicação

original na parte dos clarinetes é para

um par de cors de basset, da família

dos clarinetes, mas com timbre um

pouco mais grave.

FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO

A CLEMÊNCIA DE TITO, K. 621: ABERTURA

Viena, 1791 | 5 min

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cordas.

CONCERTO PARA CLARINETE EM LÁ MAIOR, K. 622

Viena, 1791 | 29 min

2 flautas, 2 fagotes,

2 trompas, cordas.

REQUIEM, K. 626Viena, 1791 | 48 min

2 fagotes, 2 trompetes, 3 trombones,

2 corni di basseto, tímpanos, cordas.

É curioso que a missa mais famosa de Mozart,

e uma das suas obras mais celebradas, não

tenha sido totalmente composta por ele. Hoje,

o mistério que a literatura (incluindo a História)

soube pintar com muita tinta sobre o Requiem K. 626 está

quase todo esclarecido. A história do Requiem, embora

romanesca, é simples: em julho de 1791, quando ainda

trabalhava n’A Flauta Mágica, Mozart recebeu a encomenda

de compor uma missa de réquiem. Uma vez composta, a

obra deveria ser entregue a um emissário. O compositor

estava livre para compô-la como bem entendesse, mas

não deveria jamais procurar saber o nome de quem a

encomendara. Após a morte de Mozart, soube-se que o autor

da encomenda era o Conde de Walsegg sur Stuppach, que

era um falsário: encomendava secretamente, pagando bom

preço, obras que fazia executar como suas.

Antes de ir a Praga, para assistir ao doloroso fracasso da

première de A Clemência de Tito, Mozart já havia começado

a compor o Requiem. Pode-se concluir, portanto, que ele

trabalhou nessa obra de forma intermitente, entre julho

e novembro de 1791. Quando ele morreu, em cinco de

dezembro, a obra ainda estava incompleta. Dois meses

depois da sua morte, Constanze, sua viúva, remeteu ao

emissário do conde de Walsegg a partitura completa de

uma missa de réquiem. O fato é que, em dezembro de

1791, ela havia pedido ao mestre de capela Joseph Eybler,

por quem Mozart tinha grande consideração, o favor de

completá-la. Após algumas tentativas, Eybler desistiu da

empresa. Aparentemente, Constanze recorreu a vários outros

compositores antes de finalmente conferir a tarefa a Franz

Xaver Süssmayr, discípulo de Mozart.

FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO

Mozart em seus últimos anos de vida. Pintura de Johann Georg Edlinger.

Page 48: baixar programa

92 93

FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,

Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,

professor da Universidade do Estado de Minas

Gerais e da Fundação de Educação Artística.

A despeito da intervenção de

Süssmayr, nota-se, porém, na

estrutura da obra, uma organização

claramente mozartiana: a divisão

musical do texto, principalmente na

Sequentia, com seus claros e grandes

contrastes, mostra, para abordar uma

mínima parte, o aspecto dramático que

permeia a música de Mozart, em cada

uma de suas inflexões e em cada

elemento constitutivo.

A partir de 1970 foram feitas várias

novas tentativas de se completarem os

esboços do Requiem. A mais célebre,

porém, a mais executada e a mais

aceita é mesmo a versão de Süssmayr.

O ano da morte de Mozart foi um

período de trabalho vário e árduo:

além do Requiem, são de 1791

A Flauta Mágica e A Clemência de

Tito, o Concerto para clarinete, a

cantata maçônica O Elogio da Amizade

K. 623, o moteto Ave Verum Corpus

K. 618, além de alguma música

ligeira. Essa capacidade de trabalho,

mesmo em meio à adversidade

pessoal e financeira, isso sim é

um assombroso mistério!

A Clemência de Tito é uma opera seria,

com libretto de Catterino Mazzolà

(baseado em outro libreto, de

Metastasio), que trata da vida de Tito,

imperador romano. A despeito do

fracasso que foi sua estreia em Praga,

a seis de setembro, alcançou grande

popularidade após a morte de Mozart.

Sua Abertura segue alguns padrões

consagrados pela ópera clássica, em

que os elementos temáticos que mais

tarde tomarão lugar no drama já são

insinuados, e elaborados, de forma a

introduzir o perfil dramático do enredo.

No entanto, há que se destacar a

semelhança entre os materiais e os

tratamentos temáticos desta Abertura

e os da última sinfonia do compositor.

Coincidência ou não, o ouvinte

familiarizado com a música de Mozart

há de perceber claramente elementos do

primeiro tema da Sinfonia nº 41, “Júpiter”

K. 551 e certas modulações que aí são

aspecto característico. Além disso, na

forma, embora superficialmente ela se

assemelhe muito a outras aberturas de

Mozart, em profundidade nota-se uma

aproximação com a forma sonata, o que

por si só é fato raro na música dramática.

Litografia de Eduard Friedrich Leybold, sobre imagem de Franz Schramms,retrata os últimos dias de Mozart.

Já é conhecida a predileção de Mozart

pelo clarinete, instrumento nascido no

século XVIII. Para ele, Mozart fez duas

obras definitivas: o quinteto, K. 581, e

o concerto, K. 622.

Desse concerto não nos chegou

nenhum manuscrito. A única pista

de sua origem, além da sua primeira

edição, feita depois da morte de

Mozart, é um fragmento, na caligrafia

de Mozart (K. 584b / 621b), muito

similar a um trecho do concerto para

clarinete propriamente dito.

Composto para o notório clarinetista

Anton Stadler, que o estreou em

Praga, em outubro de 1791, esse

concerto é a sua última obra puramente

instrumental. Embora siga a forma

e a estrutura do concerto clássico,

é de se notar a delicadeza com que,

aqui, o solista dialoga com o grupo

orquestral. É dispensável dizer que

Mozart explora, nessa obra, os recursos

do instrumento. Mais importante

seria ressaltar o lirismo do segundo

movimento, em que Mozart faz cantar o

clarinete como nunca antes e raramente

depois! Para este concerto, Mozart

não compôs as cadências. Isso não

era fato raro no século XVIII, mas, via

de regra, os concertos eram executados

pelos próprios compositores. Deixando

a cargo de Stadler as cadências,

Mozart revela não apenas a confiança

que depunha no executante, mas,

numa visão moderna, abre as portas,

mesmo no Classicismo, para as

possibilidades de uma obra aberta.

Page 49: baixar programa

94 95

Orquestra RTSI - Neville Marriner,

regente – Patrick Gallois, flauta – Fabrice

Pierre, harpa. Acesse: fil.mg/mflautaharpa

CD Mozart – Flute Concertos no. 1

and 2; Concerto for Flute and Harp –

Swedish Chamber Orchestra – Patrick

Gallois, regente / flauta – Fabrice Pune,

harpa – Naxos, Estados Unidos – 2004

3 — TUDO EM FAMÍLIA

A viagem musical de trenó A viagem musical de trenó – Grupo

Eduard Melkus. Acesse: fil.mg/mtreno

Concerto para trombone Ricardo Mollá, trombone.

Acesse: fil.mg/mtrombone

CD Concerto Brasileiro – Leopold Mozart

– Concerto para Trombone e Orquestra –

Camerata Brasílica – Radegundis Feitosa,

trombone – CPC-UMES, São Paulo – 2002

Sinfonia dos Brinquedos Denis Stevens, regente – Orquestra da

BBC de Londres. Acesse: fil.mg/mbrinquedos

CD Leopold Mozart – Toy Symphony;

New Lambach and others symphonies –

Toronto Chamber Orchestra – Kevin Mallon,

regente – Naxos, Alemanha – 2008

Mia speranza adorata Les Ambassadeurs – Alexis Kossenko,

regente – Sabine Devieilhe, soprano.

Acesse: fil.mg/msperanza

CD W. A. Mozart – Airs de concert –

Orchestre de l’Opéra de Lyon – Theodor

Guschlbauer, regente – Natalie Dessay,

soprano – EMI Records Ltd, 2005 – EMI

Music França, 1995

No, no, che non sei capace Les Ambassadeurs – Alexis Kossenko,

regente – Sabine Devieilhe, soprano.

Acesse: fil.mg/mcapace

Concerto para dois pianos Daniel Barenboim, regente – Vladimir

Ashkenazy e Daniel Barenboim, pianos.

Acesse: fil.mg/mdoispianos

CD W. A. Mozart – Complete Piano

Concertos – vol. 10 – Concertus Hungaricus –

Mátyas Antal, regente – Jenö Jandó, piano –

Dénes Várjon, piano – Naxos, Alemanha – 1991

4 — SINFONIAS

CD Mozart – Complete Symphonies

– Academy of Saint Martin in the Fields –

Neville Marriner, regente – Phillips – 1996

Sinfonia nº 31 Filarmônica de Viena – Karl Böhm,

regente. Acesse: fil.mg/msinf31

Sinfonia nº 34 Filarmônica de Viena – Karl Böhm,

regente. Acesse: fil.mg/msinf34

Sinfonia nº 40 Orquestra do Século XVIII – Frans

Brüggen, regente. Acesse: fil.mg/msinf40

ASSISTIR E OUVIRpara

1 — MENINO PRODÍGIO

La finta semplice Orquestra de Câmara San Giorgio –

Andrea Fornaciari, regente.

Acesse: fil.mg/mfinta

CD Mozart – La Finta Semplice – Carl

Philipp Emmanuel Bach Kammerorchester –

Peter Schreier, regente – Phillips – 1991

Sinfonia nº 1 Orquestra Acadêmica de São Francisco –

Andrei Gorbatenko, regente.

Acesse: fil.mg/msinf1

CD Mozart – Complete Symphonies –

Academy of Saint Martin in the Fields –

Neville Marriner, regente – Phillips – 1996

Concerto para piano nº 1 Orquestra Sinfônica do Japão Shinsei –

Rudolf Barshai, regente – Sviatoslav Richter,

piano. Acesse: fil.mg/mpiano1

CD W. A. Mozart – The Piano Concertos –

English Chamber Orchestra – Jeffrey Tate,

regente – Mitsuko Uchida, piano – Philips –

2006 (8 CDs)

VINIL Mozart – The Complete Piano

Concertos – Academica Wien; Orquestra

Sinfônica de Londres – Eduard Melkus;

Alceo Galliera; Witold Rowicki; Colin Davis,

regentes – Ingrid Haebler, piano – Capella

Phillips – 1978

Divertimento nº 1 Orquestra de Câmara Carl Philipp

Emanuel Bach – Hartmut Haenchen, regente.

Acesse: fil.mg/mdivertimento1

CD Mozart – The complete Mozart

Divertimenti – New York Philomusica – NY

Philomusica – 2002

Cassação nº 1 Orquestra de Câmara de Stuttgart –

Wolfram Christ, regente.

Acesse: fil.mg/mcassacao1

CD Mozart – Cassations K. 63, 99 e

100 – Salzburg Chamber Orchestra – Harald

Nerat, regente – Naxos – 1994

2 — CONCERTOS

Concerto para trompa nº 2 Orquestra de Câmara de Mito – Seiji

Ozawa, regente – Radek Baborák, trompa.

Acesse fil.mg/mtrompa2a e fil.mg/mtrompa2b

CD Mozart – Concertos para Trompa –

Orquestra Philharmonia de Londres – Herbert

von Karajan, regente – Dennis Brain, trompa –

EMI Records – 1953 (remasterização 1997,

Inglaterra)

Concerto para fagote Orquestra da Suíça Romanda – Gilbert

Audin, fagote. Acesse: fil.mg/mfagote

CD Mozart – Concertos para clarinete,

oboé e fagote – Wiener Philharmoniker –

Karl Böhm, regente – Alfred Prinz, clarinete –

Gerhard Turetschek, oboé – Dietman Zeman,

fagote – Deutsche Grammophon Collection,

1975 – Ediciones Altaya, Barcelona, 1999 –

Edição Brasileira, Manaus, 1999

Concerto para flauta e harpa

Page 50: baixar programa

96 97

DVD W. A. Mozart – Idomeneo

Kv. 366 –The Metropolitan Orchestra

and Chorus – James Levine, regente –

Luciano Pavarotti, tenor – Hildegard

Behrens, soprano – Deutsche Grammophon,

Estados Unidos – 2006

Tamos, Rei do Egito CD W. A. Mozart – Thamos, king of

Egypt – English Baroque Soloists; Monteverdi

Chorus – John Eliot Gardner, regente –

Polygram, Reino Unido – 2008

ÁUDIO Tamos, Rei do Egito – Orquestra

Sinfônica de Londres – Peter Maag, regente.

Acesse: fil.mg/mtamos

Les Petits Riens Orquestra da Rádio e Televisão da

Suíça Italiana – Ricardo Correa, regente.

Acesse: fil.mg/mriens

CD W. A. Mozart – Les Petits Riens;

German Dances; Marches; Minuets –

Symphony Nova Scotia – Georg Tintner,

regente – Naxos, Estados Unidos – 2004

8 — NA CORTE

CD Mozart – Serenades – Academy of

Saint Martin in the Fields – Neville Marriner,

regente – Phillips – 1995

Uma brincadeira musical ÁUDIO Brincadeira – Intérpretes não

identificados. Acesse: fil.mg/mbrincadeira

Serenata nº 6 Filarmônica de Viena – Karl Böhm,

regente. Acesse: fil.mg/mserenata6

Serenata nº 9 Orquestra Sinfônica da Rádio da

Baviera – Colin Davis, regente.

Acesse: fil.mg/mserenata9

9 — ÚLTIMO CAPÍTULO

A Clemência de Tito Orquestra da Ópera de Zurich – Franz

Welser-Möst, regente. Acesse: fil.mg/mtito

CD Wolfgang Amadeus Mozart –

La Clemenza di Tito – Orquestra e Coro da

Ópera de Zurique – Nikolaus Harnoncourt,

regente – Teldec – 1993

Concerto para clarinete Orquestra Filarmônica Tcheca – Manfred

Honeck, regente – Sharon Kam, clarinete.

Acesse: fil.mg/mclarinete

CD Mozart, Weber & Spohr – Clarinet

Concertos – Orquestra Sinfônica de Londres –

Colin Davis; Peter Maag, regentes – Gervase

de Peyer, clarinete – London – 2005

Requiem Sinfônica de Viena – Karl Böhm, regente.

Acesse: fil.mg/mrequiem

CD Wolfgang Amadeus Mozart –

Requiem – Orquestra Filarmônica de Viena

– Coro da Ópera Estatal de Viena –

Karl Böhm, regente – Edith Mathis, Julia

Hamari, Wieslaw Ochman, Karl Riederbusch,

solistas – Deutsche Grammophon – 1985

5 — RIVAIS E CONTEMPORÂNEOS

O rapto do serralho DVD Mozart na Turquia: O Rapto no

Harém – Orquestra de Câmara Escocesa –

Charles Mackerras, regente – Paul Groves,

tenor – Yelda Kodalli, soprano – Magnus

Opus, Brasil – 2010 (Filmado no Palácio

de Topkapi, Turquia, 2000, Antelope Films)

Orquestra do Maggio Musicale de

Florença – Zubin Mehta, regente.

Acesse: fil.mg/mserralho

Il giorno onomastico CD Antonio Salieri – Il Giorno

Onomastico; Sinfonia Veneziana; Variazione

Sull’aria La Follia di Spagna – Orquestra

Sinfônica de Londres – Zoltan Pesko,

regente – Columbia – 2005.

ÁUDIO Salieri – Il giorno onomastico

London Mozart Players – Matthias Bamert,

regente. Acesse: fil.mg/sonomastico

Concerto para oboé Orquestra de Câmara da Cidade de

Hong-Kong – Jean Thorel, regente – François

Leleux, oboé. Acesse: fil.mg/coboe

CD The Oboe: Concertos by Bellini,

Cimarosa, Donizetti, Dittersdorf e Salieri –

Orquestra Sinfônica de Bamberg; Camerata

de Berna – Thomas Furi; Peter Maag,

regentes – Heinz Holliger, oboé –

Deutsche Grammophon – 2007

Sinfonia nº 39 Orquestra de Câmara da Europa –

Nicolaus Harnoncourt, regente.

Acesse: fil.mg/msinf39

CD W. A. Mozart – Symphonies nos. 34,

35 (Haffner) and 39 – Capella Istropolitana,

Bratislava – Barry Wordsworth, regente –

Naxos, Alemanha – 1988

6 — ÓPERA

Così fan tutte DVD Mozart – Così fan tutte – Wiener

Philharmoniker – Adam Fisher, regente

– Miah Persson, Isabel Leonard, Florian

Boesch, Topi Lehtipuu, Patricia Petibon,

Bo Skovhus, solistas – ORF, Áustria – 2010

Orquestra Estatal da Ópera de Viena –

Riccardo Muti, regente. Acesse: fil.mg/mcosi1

(Ato I) e fil.mg/mcosi2 (Ato II)

7 — MÚSICA INCIDENTAL

Contradanças CD W. A. Mozart – The Dances &

Marches – Complete Mozart Edition, vol. 3 –

Wiener Mozart Ensemble – Willi Boskovsky,

regente – Philips – 2006

VINIL W. A. Mozart – Marcha KV. 335;

Cinco Contradanças KV. 609 – Orquestra

Pro-Arte de Munique – Kurt Redel, regente –

Erato – 1975

ÁUDIO Contradanças – Wiener Mozart

Ensemble – Willi Boskovsky, regente.

Acesse: fil.mg/mcontradancas

Idomeneo Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão

Espanhola – Ignacio García Vidal, regente.

Acesse: fil.mg/midomeneo

ASSISTIR E OUVIRpara

Page 51: baixar programa

98 99

Legendas das imagens

PÁGINAS 10 E 11

Primeira página do manuscrito da Sinfonia Júpiter, K. 551.

PÁGINAS 13 E 37

Mapas das viagens de Mozart desenhados a partir do livro de Jean-Victor Hocquard, Mozart, Coleção Solfèges, vol. 8, Éditions du Seuil, 1958.

PÁGINA 20

The boy Mozart. Autor anônimo, possivelmente Pietro Antonio Lorenzoni.

PÁGINA 28

Mozart. Pintura de Burchard Dubeck.

PÁGINA 39

Família Mozart. Pintura de Johann Nepomuk della Croce.

PÁGINA 46

Primeira página do manuscrito da Sinfonia Paris, K. 297.

PÁGINA 52

Mozart. Autor desconhecido.

PÁGINA 60

Cartaz da estreia de Così fan tutte no Burgtheater, em Viena, em 1790.

PÁGINA 72

Mozart. Pintura de Barbara Krafft.

PÁGINA 78

Mozart. Desenho de Doris Stock, 1789.

PÁGINA 84

Partitura do Requiem com entrada do coro no início da obra.

PÁGINA 99

Carta de Mozart a sua prima Maria Anna Thekla, 1779.

C. M. Girdlestone – Mozart et ses Concertos

pour piano – Desclée de Brouwer – 1953

Camille Bellaigue – Mozart – Coleção

Les Musiciens Célèbres – Henri Laurens

Éditeur – 1935

Cliff Eisen (org.) – Wolfgang Amadeus

Mozart: a life in letters – Versão inglesa de

Stewart Spencer – Penguin Classics – 2007

François-René Tranchefort – Guia da Música

Sinfônica – Nova Fronteira – 1990

H. C. Robbins Landon – 1791: o último ano

de Mozart – Newton Goldman, tradução –

Nova Fronteira – 1990

H. C. Robbins Landon (org.) – Mozart, um

compêndio. Guia completo da música e da

vida de Wolfgang Amadeus Mozart – Mauro

Gama, Cláudia Martinelli Gama, tradução –

Jorge Zahar Ed. – 1996

Henri de Curzon – Vida de Mozart – Edite

Magarino Tôrres, tradução – Atena – 1959

Henri Ghéon – Promenades avec Mozart –

Desclée de Brower – 1988

Kurt Pahlen – Mozart, crônica de vida

e obra – Dante Pignatari, tradução –

Ed. Melhoramentos – 1991

Norbert Elias – Mozart, sociologia de um

gênio – Sérgio Goes de Paula, tradução –

Jorge Zahar Ed. – 1994

Olívio Tavares de Araújo – Procurar Mozart –

Métron/Editora Síntese – 1991

Richard Baker – Wolfgang Amadeus Mozart –

Marco Antônio Esteves da Rocha, tradução –

Jorge Zahar Ed. – 1985

Roland de Candé – História Universal da

Música – Eduardo Brandão, tradução –

Martins Fontes – 1994

Wolfgang Amadeus Mozart – Cartas Vienenses

– Gabor Aranyi, tradução –

Ed. Veredas – 2004

LER

VISITAR

para

para

Muito se escreveu sobre Mozart. As indicações procuram contemplar os livros mais recomendados, mesmo que alguns só estejam disponíveis em sebos ou bibliotecas.

www.mozart.comwww.mozartproject.org

Page 52: baixar programa

100 101

CUMPRIMENTOS

Após o concerto, caso queira

cumprimentar os músicos e convidados,

dirija-se à Sala de Recepções.

ESTACIONAMENTO

Para seu conforto e segurança, a

Sala Minas Gerais possui estacionamento,

e seu ingresso dá direito ao preço especial

de R$ 15 para o período do concerto.

PONTUALIDADE

Uma vez iniciado um concerto, qualquer

movimentação perturba a execução

da obra. Seja pontual e respeite o

fechamento das portas após o terceiro

sinal. Se tiver que trocar de lugar ou

sair antes do final da apresentação,

aguarde o término de uma peça.

APARELHOS CELULARES

Confira e não se esqueça, por

favor, de desligar o seu celular ou

qualquer outro aparelho sonoro.

FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO

Não são permitidas na sala

de concertos.

APLAUSOS

Aplauda apenas no final das obras.

Veja no programa o número de

movimentos de cada uma e fique de

olho na atitude e gestos do regente.

CONVERSA

A experiência do concerto inclui o encontro

com outras pessoas. Aproveite essa troca

antes da apresentação e no seu intervalo,

mas nunca converse ou faça comentários

durante a execução das obras. Lembre-se

de que o silêncio é o espaço da música.

CRIANÇAS

Caso esteja acompanhado por criança,

escolha assentos próximos aos corredores.

Assim, você consegue sair rapidamente

se ela se sentir desconfortável.

COMIDAS E BEBIDAS

Seu consumo não é permitido no

interior da sala de concertos.

TOSSE

Perturba a concentração dos músicos

e da plateia. Tente controlá-la com

a ajuda de um lenço ou pastilha.

Para apreciarum concerto

Filarmônica onlineWWW.FILARMONICA.ART.BR

• Séries de assinatura: Allegro, Vivace,

Presto, Veloce, Fora de Série

• Concertos para a Juventude

• Clássicos na Praça

• Concertos Didáticos

• Festival Tinta Fresca

• Laboratório de Regência

• Turnês estaduais

• Turnês nacionais e internacionais

• Concertos de Câmara

Visite www.filarmonica.art.br/

filarmonica/sobre-a-filarmonica e

conheça cada uma delas.

CONHEÇA AS APRESENTAÇÕES DA FILARMÔNICA

OLÁ, ASSINANTE

Bem-vindo(a) à Temporada 2016!

Este ano, para ampliar sua

experiência de concerto dentro e

fora da Sala Minas Gerais, propomos

utilizar um meio mais ágil de

comunicação entre nós: a área do assinante, a página de nosso site

que é dedicada a você. Ela está

disponível 24 horas por dia em

www.filarmonica.art.br/

assinaturas/area-do-assinante.

Se preferir, você também pode

continuar a entrar em contato com

a gente, de segunda a sexta, de 9h

a 18h, pelo telefone 3219-9009.

Seja como for, é sempre um prazer atendê-lo.

AMIGOS DA FILARMÔNICA

Nosso especial obrigado aos 114

primeiros amigos da filarmônica.

Vocês tornaram possível a

arrecadação inicial, já depositada,

de R$ 138.548,11, muito importantes

para o orçamento anual do

Instituto Cultural Filarmônica.

O Programa permanece aberto ao

longo do ano. Todos aqueles que

queiram participar são bem-vindos

e imprescindíveis para a ampliação

da atuação de nossa Filarmônica.

Conheça os Amigos da Filarmônica

e as formas de colaboração em

www.filarmonica.art.br/apoie/

doacao-de-pessoa-fisica.

Page 53: baixar programa

102 103

Instituto Cultural Filarmônica

Conselho Administrativo

PRESIDENTE EMÉRITO

Jacques Schwartzman

PRESIDENTE

Roberto Mário Soares

CONSELHEIROS

Angela Gutierrez

Berenice Menegale

Bruno Volpini

Celina Szrvinsk

Fernando de Almeida

Ítalo Gaetani

Marco Antônio Pepino

Marcus Vinícius Salum

Mauricio Freire

Mauro Borges

Octávio Elísio

Paulo Brant

Sérgio Pena

Diretoria Executiva

DIRETOR PRESIDENTE

Diomar Silveira

DIRETOR ADMINISTRATIVO-

FINANCEIRO

Estêvão Fiuza

DIRETORA DE COMUNICAÇÃO

Jacqueline Guimarães Ferreira

DIRETORA DE MARKETING

E PROJETOS

Zilka Caribé

DIRETOR DE OPERAÇÕES

Ivar Siewers

DIRETOR DE PRODUÇÃO

MUSICAL

Kiko Ferreira

Equipe Técnica

GERENTE DE COMUNICAÇÃO

Merrina Godinho Delgado

GERENTE DE

PRODUÇÃO MUSICAL

Claudia da Silva Guimarães

ASSESSORA DE

PROGRAMAÇÃO MUSICAL

Carolina Debrot

PRODUTORES

Luis Otávio Rezende

Narren Felipe

ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO

Marciana Toledo (Publicidade)

Mariana Garcia (Multimídia)

Renata Gibson (Design gráfico)

Renata Romeiro (Design gráfico)

ANALISTA DE MARKETING

DE RELACIONAMENTO

Mônica Moreira

ANALISTAS DE

MARKETING E PROJETOS

Itamara Kelly

Mariana Theodorica

ASSISTENTE DE MARKETING

DE RELACIONAMENTO

Eularino Pereira

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO

Rildo Lopez

Equipe Administrativa

GERENTE ADMINISTRATIVO-

FINANCEIRA

Ana Lúcia Carvalho

GERENTE DE

RECURSOS HUMANOS

Quézia Macedo Silva

ANALISTAS ADMINISTRATIVOS

João Paulo de Oliveira

Paulo Baraldi

ANALISTA CONTÁBIL

Graziela Coelho

SECRETÁRIA EXECUTIVA

Flaviana Mendes

ASSISTENTE ADMINISTRATIVA

Cristiane Reis

ASSISTENTE DE

RECURSOS HUMANOS

Vivian Figueiredo

RECEPCIONISTA

Lizonete Prates Siqueira

AUXILIAR ADMINISTRATIVO

Pedro Almeida

AUXILIARES DE

SERVIÇOS GERAIS

Ailda Conceição

Márcia Barbosa

MENSAGEIROS Bruno Rodrigues

Serlon Souza

MENOR APRENDIZ

Mirian Cibelle

Sala Minas Gerais

GERENTE DE

INFRAESTRUTURA

Renato Bretas

GERENTE DE OPERAÇÕES

Jorge Correia

TÉCNICO DE

ÁUDIO E ILUMINAÇÃO

Mauro Rodrigues

TÉCNICO DE

ILUMINAÇÃO E ÁUDIO

Rafael Franca

ASSISTENTE OPERACIONAL

Rodrigo Brandão

FORA DE SÉRIE

Mozart 2016

COORDENADORA

DA EDIÇÃO Merrina

Godinho Delgado

EDIÇÃO DE TEXTO

Berenice Menegale

GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Fernando Damata Pimentel

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Antônio Andrade

(OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)

SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS

Angelo Oswaldo de Araújo Santos

SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS

João Batista Miguel

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

Fabio Mechetti

REGENTE ASSOCIADO

Marcos Arakaki

* PRINCIPAL ** PRINCIPAL ASSOCIADO *** PRINCIPAL ASSISTENTE **** PRINCIPAL / ASSISTENTE SUBSTITUTO

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

PRIMEIROS VIOLINOS

Anthony Flint – Spalla

Rommel Fernandes – Spalla

Associado

Ara Harutyunyan – Spalla

Assistente

Ana Zivkovic

Arthur Vieira Terto

Bojana Pantovic

Dante Bertolino

Hyu-Kyung Jung

Joanna Bello

Matheus Braga

Roberta Arruda

Rodrigo Bustamante

Rodrigo M. Braga

Rodrigo de Oliveira

SEGUNDOS VIOLINOS

Frank Haemmer *

Leonidas Cáceres ***

Gideôni Loamir

Jovana Trifunovic

Luka Milanovic

Martha de Moura Pacífico

Mateus Freire

Radmila Bocev

Rodolfo Toffolo

Tiago Ellwanger

Valentina Gostilovitch

VIOLAS

João Carlos Ferreira *

Roberto Papi ***

Flávia Motta

Gerry Varona

Gilberto Paganini

Juan Díaz

Katarzyna Druzd

Luciano Gatelli

Marcelo Nébias

Nathan Medina

VIOLONCELOS

Philip Hansen *

Felix Drake ***

Camila Pacífico

Camilla Ribeiro

Eduardo Swerts

Emilia Neves

Eneko Aizpurua Pablo

Lina Radovanovic

Robson Fonseca

CONTRABAIXOS

Colin Chatfield *

Nilson Bellotto ***

Marcelo Cunha

Marcos Lemes

Pablo Guiñez

Rossini Parucci

Walace Mariano

FLAUTAS

Cássia Lima *

Renata Xavier ***

Alexandre Braga

Elena Suchkova

OBOÉS

Alexandre Barros *

Ravi Shankar ***

Israel Muniz

Moisés Pena

CLARINETES

Marcus Julius Lander *

Jonatas Bueno ***

Ney Franco

Alexandre Silva

FAGOTES

Catherine Carignan *

Victor Morais ***

Andrew Huntriss

Francisco Silva

TROMPAS

Alma Maria Liebrecht *

Evgueni Gerassimov ***

Gustavo Garcia Trindade

José Francisco dos Santos

Lucas Filho

Fabio Ogata

TROMPETES

Marlon Humphreys *

Érico Fonseca **

Daniel Leal ***

Tássio Furtado

TROMBONES

Mark John Mulley *

Diego Ribeiro **

Wagner Mayer ***

Renato Lisboa

TUBA

Eleilton Cruz *

TÍMPANOS

Patricio Hernández Pradenas *

PERCUSSÃO

Rafael Alberto *

Daniel Lemos ***

Sérgio Aluotto

Werner Silveira

HARPA

Giselle Boeters *

TECLADOS

Ayumi Shigeta *

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORA

Karolina Lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVA

Débora Vieira

ARQUIVISTA

Ana Lúcia Kobayashi

ASSISTENTES

Claudio Starlino

Jônatas Reis

SUPERVISOR DE MONTAGEM

Rodrigo Castro

MONTADORES

André Barbosa

Hélio Sardinha

Jeferson Silva

Klênio Carvalho

Risbleiz Aguiar

TIRAGEM DE 2.000 EXEMPLARES PRODUZIDA EM PAPEL IMUNE.

Page 54: baixar programa

DIVULGAÇÃO

SALA MINAS GERAIS

Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG

(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030

COM

UNIC

AÇÃO

ICF

WWW.FILARMONICA.ART.BR

/filarmonicamg @filarmonicamg /filarmonicamg/filarmonicamg

APOIO INSTITUCIONAL

APOIO CULTURAL

MANTENEDOR

REALIZAÇÃO

Page 55: baixar programa