BALANCED SCORECARD AUTONÔMICO: UM...

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BALANCED SCORECARD AUTONÔMICO: UM ARCABOUÇO DE REFERÊNCIA José Augusto Rodrigues Neto Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Sistemas e Computação, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia de Sistemas e Computação. Orientadores: Jano Moreira de Souza Geraldo Zimbrão da Silva Rio de Janeiro Abril de 2012

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BALANCED SCORECARD AUTONÔMICO: UM ARCABOUÇO DE REFERÊNCIA

José Augusto Rodrigues Neto

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Engenharia de Sistemas e

Computação, COPPE, da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Doutor em

Engenharia de Sistemas e Computação.

Orientadores: Jano Moreira de Souza

Geraldo Zimbrão da Silva

Rio de Janeiro

Abril de 2012

BALANCED SCORECARD AUTONÔMICO: UM ARCABOUÇO DE REFERÊNCIA

José Augusto Rodrigues Neto

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ

COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM

CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE SISTEMAS E COMPUTAÇÃO.

Examinada por:

________________________________________

Prof. Jano Moreira de Souza, Ph.D.

________________________________________

Prof. Geraldo Zimbrão da Silva, D.Sc.

________________________________________

Prof. Luis Alfredo Vidal de Carvalho, D.Sc.

________________________________________

Prof. Geraldo Bonorino Xexéo, D.Sc.

________________________________________

Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc.

________________________________________

Prof. Renato Fontoura de Gusmão Cerqueira, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ABRIL DE 2012

iii

Rodrigues Neto, José Augusto

Balanced Scorecard Autonômico: Um Arcabouço de

Referência/ José Augusto Rodrigues Neto. – Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPE, 2012.

XVI, 122 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jano Moreira de Souza

Geraldo Zimbrão da Silva

Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia de Sistemas e Computação, 2012.

Referencias Bibliográficas: p. 111-122.

1. Computação Autonômica. 2. Balanced Scorecard. 3.

Gestão Estratégica. I. Souza, Jano Moreira de, et al. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia de Sistemas e Computação. III.

Titulo.

iv

Ao meu pai, Helio Chrockatt de Sá

Rodrigues (in memoriam), farol que virou

estrela, por tudo que me ensinou.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, na manifestação que preferirem, acima de qualquer coisa.

Agradeço aos meus orientadores, Prof. Jano Moreira de Souza e Prof. Geraldo

Zimbrão, pelos ensinamentos, orientação, ajuda, companheirismo, amizade e,

principalmente, paciência com esse doutorando da terceira idade. De forma muito

especial, ao Prof. Jano, parceiro de todos os momentos, e que independente de qualquer

dificuldade sempre apoiou as nossas iniciativas. Por questão de justiça, mesmo que

informalmente, devo incluir nesse rol o Prof. Geraldo Xexéo, que apesar de não ser

oficialmente meu orientador, exerceu, em muitos momentos, tal função. Aliás, foi o

responsável por tudo isso, ao me convidar para fazer o doutorado nessa maravilhosa

instituição. Obrigado.

Agradeço aos Prof. Luis Alfredo, Prof. Marcos Cavalcanti e Prof. Renato

Cerqueira o privilégio e a distinção de tê-los na banca examinadora. Com cada um

tenho gratas e alegres lembranças. O Prof. Luis Alfredo, que em muitas horas, além de

amigo foi também terapeuta. Sua ajuda foi confortadora em momentos que me via

totalmente impotente. O Prof. Marcos Cavalcanti, que talvez sem saber, foi o

combustível para muitas empreitadas assumidas ao longo desse período, em função de

suas aulas de gestão do conhecimento e de sua participação no curso que realizamos –

“Da Ideia ao Produto” – início do nosso caminho para a incubação. O Prof. Renato

Cerqueira, que me viu, praticamente, iniciar no mundo da pesquisa, quando ainda fazia

seu doutorado e para mim o doutorado era somente um sonho, e que sempre apoiou

meus devaneios.

Agradeço ao PESC, programa máximo do ensino da computação no país, e

indiretamente à COPPE e à UFRJ, por tudo que me foi proporcionado. Desde a

oportunidade de conviver com mentes tão brilhantes, ao cruzar o corredor todos os dias,

como a possibilidade de apresentar os nossos trabalhos em foros nacionais e

internacionais. Aqui encontrei um ambiente de trabalho sensacional, repleto de

oportunidades, de gente agradável e de bons desafios. Após tantos anos passados em

outras instituições, foi para mim um privilégio e uma grata surpresa poder desfrutar de

tal convívio. Convívio esse que espero continue de outras formas.

vi

Um agradecimento especial para a turma da Linha de BD, que me aturou durante

todo esse tempo. Especialmente à Patrícia Leal, à Vina Guedes, à Ana Paula Rabello e à

Eliah.

Apesar de me arriscar ser traído por essa memória cansada nesse momento, não

posso deixar de agradecer a turma do PESC, Solange Santos, minha querida amiga,

Claudia Helena, Sonia Galliano, Maria Mercedes, Carolzinha, Gutierrez, Adilson

Barros, Bruno e o restante da equipe de suporte. Muito obrigado e me perdoem se

esqueci de alguém.

Aos meus companheiros de doutorado, só tenho que agradecer a todos. Destaco,

no entanto, por termos trabalhado de forma mais próxima e colaborado bastante, Jonice

Oliveira, a querida Jô, Adriana “Dri” Vivacqua, Carlos “Kadu” Melo, Wallace

Anacleto, Ricardo Barros, irmão há muitas encarnações, e Bruno Osiek. No caso do

Ricardo e Bruno, o convívio foi tão profícuo, que além da amizade, desenvolvemos uma

sociedade que deu origem à GPE, nossa empresa incubada e motivo de tanto orgulho.

Aos meus coorientados, com quem mais aprendi, e que tiveram a paciência de

me aturar, Pedro Calisto, Ester Lima, Luiz Tomaz, Diego Marins, Rodrigo Aguas e

Luciano Terres. Gostaria no entanto de destacar a Ester e o Luiz. A Ester, que desde sua

chegada trabalha comigo, foi pioneira da equipe com a qual atendemos à Petrobras e

hoje é uma das sócias da GPE. O Luiz, que me auxiliou desde a implementação do

primeiro projeto, o BPCE, a quem coorientei em seu projeto final de graduação e em

sua tese de mestrado, e que hoje também é um dos sócios da GPE.

A equipe SISRES, Ester Lima, Luis Orleans, Rodrigo Aguas, Felipe Almeida,

Vinicius Marques, Arlindo Souza, Diego Marins e Pedro Rodrigues. Foi uma grata

experiência trabalhar com todos.

A equipe GPE, unida e otimista, sempre pronta para ajudar. Grande parte desse

trabalho teria sido impossível sem vocês. No caso da GPE, preciso destacar o apoio da

equipe GAPE, Ester, Luiz Tomaz, Felipe Fonseca e Ana Dallora, responsável pelo

protótipo de utilização da nossa proposta.

Aos meus amigos, que souberam entender a minha ausência e muitas vezes dar

apoio à minha família, na tentativa de compensá-la, especialmente à família “Criativa” e

seus anexos, muito obrigado.

vii

Aos meus companheiros do Yamato Dojo, em especial o meu Sensei Mauro

Salgueiro, domo arigatô. Graças ao Aikido consegui manter o meu equilíbrio nos

momentos difíceis que passei nos últimos anos. Nesses momentos a grandeza dos

amigos em doarem seus corpos para o nosso treinamento foram fundamentais. Sem isso

teria sido impossível entender o fluxo do Universo e preservar a harmonia.

Finalmente, mas não menos importante, à família.

Ao meu pai, que infelizmente nos deixou nesse plano, na reta final desse

trabalho, muito obrigado por tudo. Tudo mesmo. A vida perdeu muito da graça e se

tornou muito mais dura na sua ausência. Mas graças a tudo que você nos ensinou,

vamos tentando fazer o melhor que conseguimos, na certeza de honrarmos o seu nome.

A minha mãe, que muito de si doou para que eu aqui chegasse e que hoje é a

minha criança mais nova. A sua presença já é o suficiente para nos alegrar.

Aos meus irmãos, por opção, Manu, Ricardo, e Silvino, companheiros de muitas

jornadas e que tem me ajudado a caminhar com alegria. Em especial o Ricardo,

companheiro de todas as horas, pessoais e profissionais, alegrias e tristezas.

Aos meus filhos, Helio, Luiza e Diogo. Obrigado pelo amor, pelo carinho e pelo

companheirismo. Desculpem-me se em alguns momentos eu não estava presente. Vocês

merecem tudo de bom e são a razão maior da minha vida. Que os meus acertos sirvam

de exemplo e meus erros de lição. Amo vocês acima de tudo.

A minha querida, parceira, esposa e companheira Lis. Você foi capaz de me

incentivar quando eu mesmo não acreditava. Sempre esteve ao meu lado quando

precisei. Apoiou-me incondicionalmente. Criou alegria aonde tudo indicava o contrário.

Foi capaz de me aguentar quando nem eu mesmo conseguia. Foi capaz de escrever

certo, por linhas tortas. Sem o seu apoio eu não teria conseguido. Muito obrigado. Eu te

amo.

A quem me esqueci de citar, peço, mais uma vez, desculpas. A ausência no texto

não invalida a presença no coração. A todos vocês, muito obrigado!

Kannagara Tamashi Haemasse.

viii

“Les architectes, depuis longtemps, ont perçu que l’architecture pouvait être entendue

comme une science (la première peut-être, et la plus élaborée, des sciences de la

modélisation? À moins qu’elle ne fût précédée, observe H.-A. Simon, par la musique,

qui, pour les Grecs, était une science); et cet entendement les conduit à proclamer:

l’architecte doit décider. Expérience de l’architecte, de l’ingénieur, du stratège, du

juriste, de l’administrateur. Plus il théorise ses méthodes, plus Il restaure sa liberté.

Plus il assure les performances de ses instruments, plus il a le choix de ses outils.

Proposition paradoxale sans doute aujourd’hui dans une culture scientifique quasi

inhibée par le positivisme de l’optimum et du one-best-way? Paradoxe contingent. La

rigueur et l’ascèse intellectuelle du modélisateur constituent les plus sûrs garants du

bon usage de sa liberté, et contre elle ne prévaudra nulle théorie dominante, nul

algorithme fatal garantissant l’exacte adéquation des moyens aux fin.”

(La Théorie du Système General – Théorie De La Modélisation – Jean-Louis LE

MOIGNE)

ix

Resumo da Tese apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

BALANCED SCORECARD AUTONÔMICO: UM ARCABOUÇO DE REFERÊNCIA

José Augusto Rodrigues Neto

Abril/2012

Orientadores: Jano Moreira de Souza

Geraldo Zimbrão da Silva

Programa: Engenharia de Sistemas e Computação

A dinâmica da economia atual exige que as organizações sejam capazes de lidar

com mudanças constantes, sempre procurando melhorar as suas estratégias. Esse

cenário demanda novas abordagens para a gestão organizacional. Os princípios da

Computação Autonômica podem ser adaptados para ajudar as organizações a

sobreviverem nesse cenário.

Este trabalho apresenta uma proposta para a ligação do Balanced Scorecard aos

processos de negócio da organização, estabelecendo um loop fechado de controle, onde

os resultados do BSC atuam nos processos da organização e medições efetuadas nesses

processos realimentam o BSC, de forma a ajustá-lo, ou seja, ajustando a execução da

estratégia organizacional, de forma autonômica. Assim, propomos um arcabouço para

suporte à gestão estratégica autonômica de uma organização, que inclui uma arquitetura

para sistemas autonômicos multiagentes baseados em regras, um modelo conceitual

capaz de suportar todos os conceitos a serem tratados num esforço dessa natureza e um

processo para gestão estratégica autonômica.

x

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

THE AUTONOMIC BALANCED SCORECARD: A REFERENCE FRAMEWORK

José Augusto Rodrigues Neto

April/2012

Advisors: Jano Moreira de Souza

Geraldo Zimbrão da Silva

Department: Computer and Systems Engineering

The high dynamics of the markets demand organizations able to cope with

constant changes, always developing an improved strategy. Such a scenario calls for

new approaches to management. We believe Autonomic Computing principles can be

adapted to help organizations survive in this scenario.

This work proposes a way to link results obtained using the Balanced Scorecard

to organization processes, establishing a closed loop control, where BSC results act on

processes workflows, and metrics from the latter are returned to the earlier, helping

adjust the BSC, i.e. the organizational strategy, in an autonomic setup. We propose a

framework for supporting autonomic strategic management of an organization.

Framework components include a multi-agent rule-based autonomic architecture, a

conceptual reference model, capable of treating all concepts related to the

implementation of such a system and a process for strategic autonomic management,

based on the BSC.

xi

ÍNDICE

ÍNDICE ............................................................................................................................ xi

ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................. xiv

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ xvi

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 Motivação ............................................................................................................. 1

1.2 Definição do Problema ......................................................................................... 4

1.3 Objetivos do Trabalho .......................................................................................... 5

1.4 Organização do Trabalho ...................................................................................... 6

2 GESTÃO EMPRESARIAL ....................................................................................... 7

2.1 Gestão da Estratégia ou Gestão Estratégica ......................................................... 7

2.1.1 Balanced Scorecard .................................................................................. 13

2.1.2 Mapas Estratégicos ................................................................................... 15

2.2 Gestão de Processos de Negócio ........................................................................ 18

2.3 Workflow ............................................................................................................ 21

3 COMPUTAÇÃO AUTONÔMICA ......................................................................... 25

4 SISTEMAS MULTIAGENTES .............................................................................. 30

5 UM ARCABOUÇO PARA A GESTÃO AUTONÔMICA EMPRESARIAL........ 36

5.1 Balanced Scorecard, Mapas Estratégicos e Processos de Negócio .................... 36

5.2 Computação Autonômica ................................................................................... 40

5.3 Sistemas Multiagentes ........................................................................................ 42

5.4 Integração com outros Sistemas ......................................................................... 43

5.5 Sistemas Especialistas ........................................................................................ 43

5.6 Blackboard .......................................................................................................... 45

5.7 O Processo de Gestão Estratégica usando o BSC............................................... 47

xii

5.7.1 Iniciar Gestão Estratégica ......................................................................... 49

5.7.2 Estabelecer Fundamentos Estratégicos ..................................................... 50

5.7.3 Coletar Informações para o Planejamento ................................................ 50

5.7.4 Criar BSC ................................................................................................. 51

5.7.5 Criar Regras Autonômicas ........................................................................ 52

5.7.6 Monitoramento e Aprimoramento do Plano Estratégico .......................... 52

5.8 Um Modelo de Referência para o BSC Autonômico ......................................... 53

5.8.1 Pacote Gestão Estratégica ......................................................................... 55

5.8.2 Pacote BSC ............................................................................................... 58

5.8.3 Pacote BSC Autonômico .......................................................................... 64

5.8.4 Pacote Negócios Comum.......................................................................... 67

5.8.5 Pacote Organização .................................................................................. 68

5.8.6 Pacote Processo ........................................................................................ 70

5.8.7 Pacote Regra ............................................................................................. 71

5.8.8 Pacote SWOT ........................................................................................... 72

5.9 Uma Arquitetura Escalável para o BSC Autonômico ........................................ 75

6 ESTUDO DE CASO – IPLAY ................................................................................ 78

6.1 Ambiente sob a ótica da iPlay ............................................................................ 78

6.2 Planejamento Estratégico ................................................................................... 78

7 TEAM – O PROTÓTIPO ........................................................................................ 86

7.1 Características de Implementação ...................................................................... 86

7.2 Arquitetura Proposta ........................................................................................... 87

7.3 Situação Atual..................................................................................................... 90

7.4 O Protótipo ......................................................................................................... 91

8 AVALIAÇÃO E RESULTADOS ........................................................................... 96

8.1 Comparação com as Propostas Existentes na Literatura .................................... 98

xiii

8.1.1 Planejamento da Revisão .......................................................................... 99

8.1.2 Execução da Revisão Simplificada......................................................... 101

8.1.3 Análise da Revisão Simplificada ............................................................ 102

8.1.4 Resultado da Revisão Quasi-Sistemática Simplificada .......................... 104

8.2 Resultados de Experiências Anteriores ............................................................ 104

8.3 Outros Trabalhos Desenvolvidos...................................................................... 105

9 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................... 107

9.1 Contribuições e Originalidade .......................................................................... 107

9.2 Outras Contribuições ........................................................................................ 108

9.3 Trabalhos Futuros ............................................................................................. 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 111

xiv

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - PROCESSOS DE FORMAÇÃO DA ESTRATÉGIA (MINTZBERG, 2008)

(ADAPTADO) ............................................................................................................... 9

FIGURA 2 - TIPOS DE ORGANIZAÇÃO (MINTZBERG, 2008) (ADAPTADO) ...................... 10

FIGURA 3 - COMPLEXIDADE PARA A GESTÃO ESTRATÉGICA DE UMA ORGANIZAÇÃO ...... 11

FIGURA 4 - PERSPECTIVAS DO BALANCED SCORECARD (WIKIPEDIA, 2009)................. 14

FIGURA 5 - MAPAS ESTRATÉGICOS (EXEMPLO) (WAAL, 2007) ...................................... 16

FIGURA 6 - A RELAÇÃO MAPA ESTRATÉGICO X PROCESSOS ........................................... 18

FIGURA 7 - EXEMPLO DE UM SIMPLES WORKFLOW ........................................................... 22

FIGURA 8 - LOOP DE CONTROLE AUTONÔMICO (GANEK, 2006) (ADAPTADO) ............... 26

FIGURA 9 - O PROCESSO ESTRATÉGICO SEGUNDO SMITH (2006) .................................. 37

FIGURA 10 - MAPEAMENTO BSC X PROCESSO DE NEGÓCIO ........................................... 38

FIGURA 11 - ARQUITETURA ESCALÁVEL DE PROCESSOS DE NEGÓCIO AUTONÔMICOS .... 46

FIGURA 12 - GERENCIAR ESTRATÉGIA ............................................................................. 48

FIGURA 13 - INICIAR GESTÃO ESTRATÉGICA ................................................................... 49

FIGURA 14 - ESTABELECER FUNDAMENTOS ESTRATÉGICOS ............................................ 50

FIGURA 15 - COLETAR INFORMAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO ....................................... 51

FIGURA 16 - CRIAR O BALANCED SCORECARD ............................................................... 51

FIGURA 17 - CRIAR REGRAS AUTONÔMICAS ................................................................... 52

FIGURA 18 - MODELO DE DOMÍNIO DO ABSC ................................................................. 54

FIGURA 19 - PACOTES DO MODELO DE REFERÊNCIA ....................................................... 55

FIGURA 20 - DIAGRAMA DE CLASSES DO PACOTE BSC ................................................... 59

FIGURA 21 - PACOTE BSC AUTONÔMICO ....................................................................... 65

FIGURA 22 - PACOTE ORGANIZAÇÃO ............................................................................... 68

FIGURA 23 - ARQUITETURA HIERÁRQUICA DO BSC AUTONÔMICO ................................. 77

FIGURA 24 - MAPA ESTRATÉGICO IPLAY ......................................................................... 82

FIGURA 25 - TEAM ......................................................................................................... 88

FIGURA 26 - TELA PRINCIPAL DO GAPE ......................................................................... 92

FIGURA 27 - TELA DE CRIAÇÃO DE PERSPECTIVA NO GAPE ........................................... 93

FIGURA 28 - EDITOR DO MAPA ESTRATÉGICO ................................................................ 94

FIGURA 29 - TELA DE CRIAÇÃO DE REGRAS .................................................................... 95

xv

FIGURA 30 - CONSTRUIR E AVALIAR SEGUNDO A CIÊNCIA DO DESIGN ............................ 97

FIGURA 31 - SUMÁRIO ARTIGOS SELECIONADOS X TÓPICOS DE INTERESSE .................. 103

xvi

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 - NÍVEIS DA COMPUTAÇÃO AUTONÔMICA ...................................................... 28

TABELA 2 - NÍVEIS DE MATURIDADE DA GESTÃO ORGANIZACIONAL ............................... 41

TABELA 3 - ANÁLISE DE STAKEHOLDERS DA IPLAY ......................................................... 79

TABELA 4 - MATRIZ SWOT DA IPLAY ............................................................................. 80

TABELA 5 - INDICADORES E METAS IPLAY ...................................................................... 83

TABELA 6 - QUANTIDADE DE ARTIGOS RECUPERADOS POR BASE ................................. 101

TABELA 7 - ARTIGOS ALINHADOS AO OBJETIVO DA REVISÃO SIMPLIFICADA ............... 101

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

A economia global tem se caracterizado como um ambiente extremamente

competitivo. O advento da globalização acirrou ainda mais a disputa travada entre as

empresas pelo sucesso (WAAL, 2007). Assim, organizações travam uma constante

batalha pela melhora da eficiência e da eficácia. A Internet, por exemplo, aumenta tanto

a demanda por maior eficácia e eficiência das organizações, como exige das mesmas

maior preocupação com suas estratégias (PORTER, 2001).

Empresas tradicionalmente utilizam indicativos financeiros para avaliar seus

desempenhos e preparar suas estratégias. No entanto, a evolução da gestão

organizacional levou ao surgimento de outras formas de gestão baseadas em indicadores

de desempenho variados. A gestão baseada em valores passa por métodos e técnicas

como Fluxo de Caixa Descontado (Discounted Cash Flow – DCF), Retorno do

Investimento (Return Of Investment – ROI) e Custo Baseado em Atividade (Activity-

Based Costing – ABC) (ITTNER; LARCKER, 2001; “The History of Value Based

Management,” 2008). A ideia é baseada no entendimento que outras perspectivas que

não a financeira afetam a lucratividade de uma empresa (ITTNER; LARCKER, 2003).

Esse enfoque ganha ainda mais força no mundo atual, onde a sociedade do

conhecimento tem papel de destaque. Como observa DRUCKER (2007), o trabalho do

conhecimento não é avaliado por quantidade ou por custos, mas pelos resultados que

produz. Essa afirmativa torna clara a importância da adoção de métodos holísticos para

a avaliação de uma organização.

A gestão baseada em valores, como citado acima, deixa então de considerar

somente a dimensão financeira, para levar em conta outras métricas capazes de traduzir

a situação de uma organização. KAPLAN e NORTON (1996), por exemplo,

propuseram o uso de diversas outras métricas, organizadas em dimensões, como

indicadores de desempenho das organizações. O Balanced Scorecard (BSC), como

proposto por seus criadores, utiliza, além da dimensão Financeira, outras como

Aprendizado e Crescimento, Cliente, e Processos Internos em sua versão original e

permite ainda a utilização de outras dimensões especificamente definidas de acordo com

as necessidades do utilizador. O uso de outras dimensões além da financeira propicia às

2

organizações um acompanhamento mais eficaz de seu desempenho, além de prover

subsídios para o estabelecimento de suas metas.

Seguindo essa mesma linha, KAPLAN e NORTON (2004) propuseram também

a utilização de Mapas Estratégicos como uma forma de definir a estratégia da

organização, em grande parte utilizando os subsídios criados pelo uso do BSC. Mapas

Estratégicos facilitam o mapeamento das relações entre os diversos objetivos, metas,

métricas e dimensões utilizados no BSC, facilitando a definição e a implementação de

uma estratégia, bem como o acompanhamento das ações componentes da mesma. Para o

uso eficaz do BSC é necessário o mapeamento das relações de causa-efeito entre os

diversos indicadores, metas e objetivos (ITTNER; LARCKER, 2003). São essas

relações de causa-efeito que permitem o entendimento das ligações entre o

planejamento estratégico efetuado e os movimentos da organização, o que, por sua vez,

viabiliza o seu acompanhamento e controle.

O BSC acompanhado dos Mapas Estratégicos é também eficaz para

comunicação da estratégia para os demais membros da organização. A comunicação da

estratégia é uma atividade crítica para a concentração dos esforços da organização na

direção adequada. No entanto, estudos existentes indicam que 40% dos gerentes

seniores e 90% dos empregados das empresas pesquisadas não entendiam de forma

completa a estratégia de sua empresa (HWANG; LEITCH, 2005). Outros, como no caso

da Austrália, indicam que o BSC contribui significativamente para a disseminação e o

entendimento da estratégia (BROWN et al., 2006).

O BSC tem como ideia central o equilíbrio – balance – o qual promove ao usar

diversas dimensões, financeiras e não-financeiras, e ao tentar tratar aspectos de curto e

longo prazo, internos e externos à organização (KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P.,

1996). Para tanto, um esforço considerável é demandado da organização, que depende

para o sucesso na criação do BSC, além do comprometimento de sua alta direção, do

esforço de toda a alta e média gerência, de forma a capturar todos os aspectos relevantes

à preparação do mesmo (HWANG; LEITCH, 2005; NEELY; BOURNE, 2000;

RADNOR; LOVELL, 2003).

No entanto, apesar de toda atenção recebida e da real necessidade das

organizações de implementarem suas estratégias, a implantação de métodos de gestão

de desempenho, como o BSC, para suportar a gestão estratégica das organizações, não

3

tem tido o grau de sucesso que se espera (EVANS, 2004; WAAL, 2007). Existem

informações de taxas de insucesso em torno de 70% (ATKINSON, 2006).

Considerando que um BSC tem em geral algumas dezenas de métricas

associadas, pode-se perceber a complexidade em estabelecer ligações claras e confiáveis

entre essas e as metas atinentes (ITTNER; LARCKER, 2003; NEELY; BOURNE,

2000). Tal complexidade fica ainda mais evidente quando se deixa o plano teórico, para

considerar a prática. Por ser o BSC uma ferramenta originalmente para suporte ao nível

estratégico de uma organização, as métricas utilizadas são em sua maioria compostas e,

portanto, demandam a sumarização de indicadores e resultados obtidos nos níveis

inferiores da organização.

Assim, como diversos autores já apontaram, o BSC, incluindo Mapas

Estratégicos, é eficaz no papel de forjar uma estratégia e divulgá-la para a organização,

associando metas e indicadores (CHEN, 2005; SALTERIO; WEBB, 2003).

Por outro lado, o mesmo não se pode dizer quando se considera o BSC como

uma ferramenta de gerência. Considerando que uma organização é resultado de suas

atividades, como proposto por PORTER (1998), grande parte das medidas pode ser

colhida diretamente nos seus processos de negócio. Porém, se a diversidade de métricas

necessárias ao BSC já seria por si só um obstáculo, tal dificuldade é aumentada pela

necessidade de coletar medidas relativas aos processos de negócio em diversos sistemas,

heterogêneos e, na maioria das vezes, não integrados (NEELY; BOURNE, 2000).

Nesse contexto Kaplan e Norton em seu recente trabalho, Execution Premium

(KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P., 2008), reportam uma pesquisa que indica que 50%

ou mais das organizações não conseguem relacionar seus planos estratégicos a ações de

curto prazo. Como citado por um executivo nesse mesmo trabalho:

...Metade das minhas iniciativas atinge um objetivo estratégico. Eu só não sei

que metade...

Certamente, as dificuldades em se utilizar eficazmente o BSC, ou outro sistema

semelhante baseado em gestão por desempenho, passam, dentre outros, pela integração

dos recursos existentes, como ferramentas ou sistemas operacionais e estratégicos. Tal

integração não é conseguida facilmente, ou ainda segundo alguns autores nem é

possível, pela ausência de uma teoria ou arcabouço que permita a integração dos

4

diversos recursos hoje disponíveis, ou melhor, das informações oriundas dos mesmos

(KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P., 2008).

Se tal quadro não é dos melhores para a utilização do BSC como uma ferramenta

para gestão estratégica, o quadro se torna ainda mais inadequado quando consideramos

a necessidade de derivar o BSC em BSC subordinados, relativos a setores distintos de

uma organização ou a diferentes níveis de atuação.

Assim sendo, consideramos que para a real utilização do BSC como uma

ferramenta de gestão organizacional, especificamente a gestão estratégica, existe a

necessidade de se criar uma infraestrutura capaz de apoiar a utilização do mesmo. Essa

infraestrutura deve promover a integração de metas e indicadores, a automação da

coleta de medidas e da indicação de desvios, e mesmo da tomada de ações corretivas,

visando a reduzir a complexidade para os responsáveis pela gestão organizacional.

1.2 Definição do Problema

A realidade econômica atual, onde a globalização aumentou a concorrência, e

onde inovações e intervenções governamentais alteram constantemente os seus cenários

de atuação, demanda alta flexibilidade e capacidade de resposta às empresas. Dentro

desse contexto, torna-se de fundamental importância para uma organização, além da sua

capacidade de criar uma boa estratégia, ser eficaz na sua implementação (WAGNER,

2004).

A busca pela eficácia e eficiência nas organizações é, por sua vez, foco de

esforço constante em estudos e pesquisas, e deu origem a métodos modernos de gestão.

Dentre os métodos desenvolvidos, o mais popular e bem sucedido é o Balanced

Scorecard. No entanto, 70% das implementações de BSC são mal sucedidas

(ATKINSON, 2006). Um dos fatores responsáveis por essa alta taxa de insucesso é a

ausência de uma infraestrutura adequada nas organizações (ATKINSON, 2006;

NEELY; BOURNE, 2000).

Outras pesquisas indicam a falta de ligações estabelecendo relações de causa e

efeito entre os processos de negócio das empresas e as suas metas estratégicas como

outra causa de insucesso na implementação/utilização do Balanced Scorecard (ITTNER;

LARCKER, 2003).

5

Ao mesmo tempo, uma metodologia adequada para a implementação do BSC,

bem como softwares de suporte à gestão estratégica, são apontados como fatores

impeditivos para a implementação bem sucedida do BSC, ou pelo menos como

necessários para a redução do seu risco (WAGNER, 2004).

Finalmente, podemos sumarizar, apontando alguns fatores responsáveis pela alta

taxa de insucesso na implementação do BSC nas organizações:

Falta do estabelecimento de relações de causa e efeito entre objetivos

estratégicos, as metas e os processos de negócio;

Inexistência de um software de apoio à implantação do BSC, de fácil

utilização pelos seus usuários e capaz de agregar e processar todas as

informações necessárias para uma implementação bem sucedida do BSC; e

Falta de uma metodologia eficaz para a implementação do BSC.

Notamos que, considerando qualquer dos fatores acima, a ausência de uma teoria

ou arcabouço que sustente o uso do BSC, ou outro método de gestão por desempenho,

tem impacto direto em sua adoção. Dessa forma, podemos, considerando o nosso

problema como o somatório desses fatores, definir o objetivo de nossa pesquisa.

1.3 Objetivos do Trabalho

Em função do problema definido, este trabalho cria um arcabouço para a

utilização do BSC como uma ferramenta de gestão estratégica, utilizando os princípios

da computação autonômica, com o objetivo de aumentar o grau de automação da gestão

organizacional, reduzindo a sua complexidade e consequentemente facilitando a sua

execução.

Ainda considerando os problemas elencados, arcabouço (ou framework) é aqui

considerado de forma abrangente, incluindo a arquitetura de um sistema para suporte à

gestão estratégica como um todo, o mapeamento dos processos de negócio e das metas e

objetivos que os governam e a formalização dos conceitos necessários para tal.

É importante ressaltar também que outros trabalhos, p.ex. (WANG;

FORGIONNE, 2010; BERLER et al., 2005), tratam de arcabouços para a

implementação do BSC ou gestão por desempenho, porém sem a preocupação de

permitir o desenvolvimento de um sistema computacional sofisticado, peça essencial

6

para o funcionamento do BSC como ferramenta eficaz de gestão estratégica (BOURNE

et al., 2003).

1.4 Organização do Trabalho

Neste capítulo fazemos uma introdução deste trabalho, apresentando de forma

sucinta as ideias básicas que motivam e orientam a nossa pesquisa, definindo o

problema e os nossos objetivos. No capítulo 2 apresentamos diversos aspectos da gestão

estratégica de organizações, bem como a metodologia mais utilizada para tal – o

Balanced Scorecard, processos de negócio e workflows. No capítulo 3 são apresentados

os conceitos básicos da computação autonômica. No capítulo 4 falamos sobre sistemas

multiagentes e sua adequabilidade para a solução do problema proposto. No capítulo 5 é

apresentada a proposta de um arcabouço voltado para a solução do problema descrito

acima, incluindo um ambiente computacional capaz de suportar o uso dos princípios da

computação autonômica na gestão estratégica de organizações. Nesse mesmo capítulo

tratamos as tecnologias apresentadas inicialmente, porém agora com uma abordagem

voltada para a composição da nossa proposta, bem como são também apresentadas

outras tecnologias necessárias para a construção da solução. No capítulo 6

apresentamos um estudo de caso executado com base numa startup tecnológica em

processo inicial de criação. No capítulo 7 é apresentado um protótipo do TEAM, o

GAPE, um sistema de apoio à gestão estratégica com características autonômicas

implementado com base no arcabouço proposto. No capítulo 8 são tratados os

resultados e a avaliação da pesquisa realizada. No capítulo 9 apresentamos as

conclusões, tecemos algumas considerações finais e indicamos possíveis caminhos para

a continuação da pesquisa aqui iniciada.

7

2 GESTÃO EMPRESARIAL

O cenário competitivo e dinâmico do mundo atual demanda empresas ágeis e

flexíveis. Segundo PORTER (1998), as empresas se diferenciam nesse cenário

sustentando sua vantagem competitiva, sendo mais eficientes que seus concorrentes, ou

fazendo algo que eles não fazem e que possua valor para seus clientes. Tais abordagens

são chamadas, respectivamente, de eficiência operacional e posicionamento estratégico.

Apesar de somente uma dessas abordagens estabelecer uma relação explícita com a

“estratégia”, ambas estão diretamente ligadas à mesma, visto que, como veremos

adiante, a eficiência operacional é também avaliada nos sistemas de desempenho

empresarial, utilizados principalmente para a implantação e a gestão da estratégia.

Adicionalmente, a busca da eficácia operacional pode também ser uma meta estratégica,

como também veremos posteriormente.

2.1 Gestão da Estratégia ou Gestão Estratégica

Em sua origem grega, o termo strategos é definido como a arte dos generais. Na

sua conotação militar, estratégia é, de forma sintética, a forma pela qual os recursos de

uma força militar serão utilizados para que alcance os seus objetivos (LIDDELL-

HART, 1991). Esse autor faz em sua obra um apanhado das diversas escolas do

pensamento militar estratégico.

No entanto, apesar do mundo empresarial gostar de comparar suas necessidades

àquelas do mundo militar, inclusive utilizando ou frequentemente citando Sun Tzu

(TZU, 2004) como a solução para diversos de seus problemas (KRAUSE, 2007), o

conceito de estratégia não é empregado da mesma forma.

A estratégia no mundo empresarial pode ser considerada como “planos da alta

gerência que permitem que a empresa consiga resultados condizentes com a sua missão

e objetivos” (WRIGHT et al., 1998). No entanto, diversas interpretações podem ser

utilizadas.

MINTZBERG (1987) apresenta cinco diferentes abordagens para a estratégia. A

estratégia como plano, ou seja, como um protocolo de intenções; como um padrão –

caminho percorrido pela empresa; como posicionamento, referente à colocação da

empresa no mercado, associada ao trabalho de (PORTER, 1980); como perspectiva, no

8

sentido de aonde se quer chegar no mercado, remetendo a Peter Drucker apud

(MINTZBERG, 2008); e como uma técnica de diversão. O mesmo autor, em trabalho

posterior, faz um longo apanhado sobre as diversas escolas do pensamento estratégico

organizacional, ou gestão estratégica, onde destaca as escolas racionais e prescritivas, a

saber: Design, Planejamento e Posicionamento (MINTZBERG et al., 2005).

Enquanto a escola do Design, a mais popular, concentra-se na definição de um

caminho, composto pela visão do negócio e o estabelecimentos de metas, utilizando

técnicas como a matriz SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats –

Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), a do Planejamento absorve tais

conceitos e trabalha a formalização e a propagação de planos derivados pela

organização, de forma a promover a implementação da sua estratégia. Finalmente, a do

Posicionamento se preocupa com a análise do mercado, a fim de perceber e definir

como a empresa deve se colocar nesse mercado. Podemos dizer que essas escolas estão

relacionadas aos princípios da vantagem competitiva de Porter, apresentados

anteriormente, que podemos chamar, simplificadamente, eficácia operacional e

inovação.

Considerando a abordagem proposta neste trabalho, são essas escolas as mais

diretamente ligadas ao nosso escopo. O nosso enfoque de gestão estratégica é

relacionado aos trabalhos da segunda escola, no sentido de que demanda o

acompanhamento do desempenho organizacional nos seus diversos níveis, e baseado

nos conceitos da primeira, visto que depende do estabelecimento de uma visão e das

consequentes metas estratégicas. No entanto, não se limita a isso, visto que o BSC,

como ferramenta de gestão estratégica é também baseado na cadeia de valores proposta

por PORTER (1998).

Já em seu mais recente trabalho, (MINTZBERG, 2008) ao avançar sua pesquisa

no caminho de definir uma teoria geral sobre estratégia, mais especificamente sobre

estratégia no mundo dos negócios, analisa os padrões de comportamento das

organizações, definindo, resumidamente, 4 processos básicos de formação das

estratégias das organizações, conforme apresentado na figura abaixo, adaptada de seu

trabalho.

9

Enquanto na primeira coluna o processo é baseado em um planejamento

explícito e deliberado, na segunda coluna os padrões identificados são emergentes, fruto

das ações empresarias. Por outro lado, deve-se notar que os processos da primeira linha

são baseados em valores tangíveis, no posicionamento da organização frente às demais

e o mercado, enquanto os processos da segunda linha são baseados em perspectivas

genéricas ou teorias de negócio.

Da mesma forma, o trabalho de Mintzberg permitiu a ele definir 4 tipos básicos

de organizações, fortemente associadas aos processos de formação da estratégia

apresentados na Figura 1 acima. Assim, segundo (MINTZBERG, 2008), organizações

podem ser classificadas, ou caracterizadas, de acordo com as suas estruturas internas de

governança e o ambiente em que estão inseridas, ou melhor, em que seus negócios estão

inseridos.

Planejamento Estratégico

Aventura Estratégica

Visão Estratégica

Aprendizado Estratégico

Figura 1 - Processos de formação da Estratégia (MINTZBERG, 2008) (adaptado)

10

As organizações na primeira linha da Figura 2 são organizações que operam em

um ambiente “estável”, enquanto as da segunda linha não. Já as organizações que

funcionam na primeira coluna possuem um padrão de governança mais centralizada,

baseada em um único indivíduo ou em um grupo reduzido de indivíduos, enquanto as da

segunda coluna operam com governança descentralizada ou tendendo para tal.

Tal análise acaba se tornando deveras interessante para o nosso trabalho, pois

nos permite extrapolar as descobertas ou teorias de Mintzberg de forma a avaliarmos,

pelo menos de uma forma geral, a complexidade intrínseca à gestão estratégica de cada

uma das formas organizacionais.

Considerando as informações provenientes de ambas as matrizes, podemos

facilmente perceber que ao pensarmos em gestão baseada em desempenho, que

normalmente trabalha medindo o quanto a organização está se movendo no sentido de

atingir às suas metas, tudo fica mais fácil se isso é feito considerando: aspectos

tangíveis; um plano bem estruturado; um ambiente estável; e uma estrutura de

governança mais simples. Tal interseção de valores ocorre exatamente no quadrante

superior esquerdo, onde temos Organizações Máquina que tem sua estratégia definida

através de um planejamento estratégico sistemático.

Organização Máquina

Organização Profissional

Organização Empreendedora

Organização "AdHocrática"

Figura 2 - Tipos de Organização (MINTZBERG, 2008) (adaptado)

11

Por outro lado, muito mais complexa deve ser a gestão de uma organização, que

mesmo utilizando técnicas de gestão por desempenho, opera em ambiente instável,

baseada em valores intangíveis ou teorias de negócio, utilizando-se de comportamentos

emergentes e com uma estrutura interna de governança descentralizada. Isso ocorre

exatamente nas organizações classificadas no quadrante oposto.

Considerando a análise acima, elaboramos uma proposta de complexidade da

gestão estratégica por desempenho conforme apresentada na Figura 3 abaixo.

A Figura 3 apresenta o universo de possibilidades ou panoramas para a

implantação da gestão estratégica por desempenho. Porquanto o 1º. quadrante (superior

esquerdo) seja o mais atraente em termos de facilidade para implementação de sistemas

de gestão por desempenho, o 3º. quadrante (inferior direito) é o que na verdade oferece

mais oportunidades para tais sistemas, visto que pela alta complexidade inerente à

gestão de organizações ali classificadas, sistemas eficazes no que diz respeito ao suporte

à gestão organizacional assumem papel mais relevante.

A ideia do uso da computação autonômica, cujos conceitos básicos são

introduzidos no capítulo 3, no BSC é reduzir a complexidade na gestão estratégica,

envelopando-a de tal forma, que o trabalho em situação mais complexa, se torne mais

próximo, em termos de complexidade, do que é executado no em situação menos

Baixa

•Ambiente Estável

•Valores Tangíveis

•Planos Deliberados

•Governança Centralizada

Média

•Ambiente Estável

•Valores Tangíveis

•Padrões Emergentes

•Governança Descentralizada

Média

•Ambiente Instável

•Valores Intangíveis/Teorias

•Planos Deliberados

•Governança Centralizada

Alta

•Ambiente Instável

•Valores Intangíveis/Teorias

•Padrões Emergentes

•Governança Descentralizada

Complexidade da Gestão Estratégica por Desempenho

Figura 3 - Complexidade para a Gestão Estratégica de uma Organização

12

complexa. Podemos exemplificar isso analisando o quesito ambiente externo. Enquanto

no primeiro quadrante (baixa complexidade) o ambiente é mais estável, demandando

menos intervenção do gestor nos processos estratégicos da organização, no terceiro (alta

complexidade) isso não ocorre. Assim, considerando que no primeiro o gestor deve

efetuar N intervenções, no terceiro deverá efetuar N+X, onde X>0. Sendo o

comportamento autonômico no BSC capaz de lidar com X mudanças no ambiente,

reduziríamos a necessidade de intervenção para o mesmo patamar requerido no

quadrante de baixa complexidade.

Apesar de não havermos desenvolvido uma metodologia específica para avaliar

para que tipo de organização da Figura 3 o uso da gestão estratégica autonômica seria

mais recomendado, de forma semelhante à metodologia que desenvolvemos para a

seleção de processos candidatos à automação autonômica (TERRES et al., 2010), uma

simples análise, análoga à argumentação apresentada naquele trabalho, é suficiente para

entender as oportunidades existentes em cada um dos quadrantes apresentados.

Na gestão estratégica como aqui considerada, o alinhamento dos movimentos

organizacionais à estratégia, obtido com o auxílio de técnicas de divulgação da

estratégia e avaliação de desempenho com um enfoque holístico, como o proposto no

BSC, assume posição central e de destaque, para a eficaz implementação da estratégia

organizacional. No entanto, devemos ressaltar que outras abordagens para o

alinhamento da operação de uma organização com suas metas estratégicas existem,

como a proposta por RAMNATH; RAMANATHAN (2008).

Considerando que na maioria das empresas as estratégias falham não pela sua

concepção, mas pela sua implementação (NIVEN, 2006), ou seja, devido a problemas

relativos à sua gestão, em sua grande maioria ligados à ineficácia dos seus sistemas de

Gestão de Desempenho Corporativo (Corporate Performance Management – CPM)

(NIVEN, 2006), acreditamos que exista a necessidade de definir princípios ou um

arcabouço para desenvolvimento de sistemas capazes de minimizar tal taxa de

insucesso. Como já comentado anteriormente, tal necessidade é ainda maior quanto

mais próximas as organizações se encontram do 3º. quadrante da Figura 3.

13

2.1.1 Balanced Scorecard

O Balanced Scorecard, proposto por KAPLAN e NORTON (1992), é um

sistema de gestão organizacional que utiliza medidas de desempenho da organização.

Essas medidas são instrumentais para a implementação de um sistema de Gestão de

Desempenho Corporativo, requisito sine qua non para a gestão estratégica (YU, C.-C.,

2005).

No entanto, ao contrário da crença de muitos, o BSC é um sistema de gestão e

não de medida de desempenho somente (HUANG, 2009). Ele viabiliza um

gerenciamento amplo da organização usando diversas medidas de desempenho, para

mantê-la em conformidade com os objetivos estratégicos e metas definidas. O BSC

provê informações sobre processos internos do negócio, bem como sobre fatores

externos, permitindo uma melhora continuada do desempenho estratégico e dos

resultados da organização.

O BSC sugere que a organização seja analisada a partir de quatro diferentes

perspectivas e utiliza essas perspectivas para derivar métricas, colher dados e analisá-

los. As perspectivas, ou dimensões, utilizadas são:

Aprendizado e crescimento;

Processos Internos;

Cliente; e

Financeira.

As perspectivas não são de forma alguma limitadas, já sendo atualmente comum

encontrar organizações que utilizam outras perspectivas, como a sustentabilidade ou

meio-ambiente (BROWN et al., 2006; NIVEN, 2006; WANG; FORGIONNE, 2010).

Nas suas diversas perspectivas, o BSC utiliza indicadores que permitem tanto a

avaliação do que foi executado como a previsão do que deverá ocorrer, respectivamente,

indicadores de resultado (lag indicator) e indicadores de tendência (lead indicator). Um

aumento na captação de clientes, p. ex., permite que se conclua que uma meta aumento

da base de clientes está sendo obtida (dimensão Cliente), ao mesmo tempo em que pode

indicar que haverá um aumento no faturamento, o que permitirá o atingimento da meta

estabelecida para o faturamento (dimensão Financeira).

14

Uma pesquisa global sobre a adoção do BSC por empresas indica um percentual

de 60% de adoção dentre os respondentes (HENDRICKS et al., 2004). Outro estudo,

com empresas dos EUA, reporta a adoção por 50% das componentes da Fortune 10001

(NIVEN, 2006). Apesar de em menor escala, o BSC também é utilizado no setor

público (CHAN, Y.-C. L., 2004). Nesse setor merece destaque o BSC em andamento,

desenvolvido pela CNI em conjunto com o governo brasileiro e uma série de empresas,

encabeçadas pela Gerdau, que utiliza mapas estratégicos baseados em temas (KAPLAN,

R. S.; NORTON, D. P., 2008).

Considerando a cadeia de valores de PORTER (1998), que percebe a

organização como um conjunto de processos, fica evidente que a implementação bem

sucedida da estratégia organizacional é realizada através de seus processos. Ao

considerarmos que os processos de negócio são realizados como workflows das

1 Fortune 1000 é uma lista das 1000 maiores empresas americanas, mantida pela

prestigiosa revista americana de negócios Fortune.

Figura 4 - Perspectivas do Balanced Scorecard (WIKIPEDIA, 2009)

15

organizações, acreditamos que princípios da computação autonômica podem ser

utilizados para promover o alinhamento dos processos organizacionais à sua estratégia,

empregando o BSC, e, consequentemente, facilitando a gestão organizacional e

contribuindo para que seja mantida a vantagem competitiva.

Assim sendo, medidas dos diversos processos da organização precisam ser

coletadas de forma a permitir uma visão estratégica da organização, que facilite a

verificação da aderência dos processos ao plano estratégico e a avaliação da eficácia e

da eficiência do plano. Adicionalmente, tal conformação permite que sejam

implementadas correções nas conduções dos processos de negócio, fazendo com que os

mesmos sejam mantidos alinhados aos objetivos organizacionais.

Essa abordagem, além de viabilizar a implementação da estratégia, o que

conforme já apresentamos é a principal razão para os insucessos estratégicos, abre

caminho para a implementação de mecanismos autonômicos que melhorem o

desempenho da organização e facilitem a sua condução, contribuindo também para o

aumento da eficácia e da eficiência organizacionais. Convém lembrar que a promoção

de tal alinhamento elimina problemas, como os ocasionados pela excessiva confiança

nos indicadores do BSC, sem considerar a estratégia definida (PHILLIPS, 2007).

2.1.2 Mapas Estratégicos

Mapas estratégicos podem ser entendidos como uma extensão à metodologia

original do BSC. Eles permitem que se estabeleça relações de causa e efeito entre os

objetivos estratégicos e as metas estabelecidas nas diversas dimensões do BSC, bem

como, que sejam estabelecidos que processos estão relacionados com o atingimento de

cada objetivo instituído. Considerando que as metas não financeiras apresentam os

ativos intangíveis de uma organização, os mapas estratégicos, além de ligar a estratégia

ao BSC, representam a transformação dos ativos intangíveis em ativos tangíveis

(KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P., 2004).

O estabelecimento das relações de causa e efeito entre as várias metas das

diversas perspectivas é primordial para o BSC e constitui o seu diferencial com relação

a outras metodologias de gestão por desempenho (NIVEN, 2006). Ou seja, pretende-se

que as metas estabelecidas nas perspectivas sejam relacionadas por causa e efeito,

16

culminando na criação de valor, da perspectiva Financeira. O mapa apresentado em

WAAL (2007), reproduzido na Figura 5 demonstra a utilização dessa abordagem.

No caso do uso do BSC em organizações de governo ou sem fins lucrativos

normalmente a perspectiva Financeira não será o alvo final. Nesses casos, uma

possibilidade pode ser, por exemplo, o uso de uma meta como Satisfação do Cliente, da

perspectiva Cliente, como o alvo ou efeito final desejado. Por outro lado, considerando

ser uma organização governamental ou sem fins lucrativos, qualquer atividade depende

da existência de recursos para tal obtidos previamente, visto que esses tipos de

organização não costumam gerar recursos. Dessa forma, o mapa estaria organizado de

forma a ter a perspectiva Cliente no topo e a perspectiva Financeira na base.

Considerando as quatro perspectivas básicas propostas por Kaplan e Norton (KAPLAN,

R. S.; NORTON, D. P., 2004), no caso de tais organizações podemos interpretar que a

perspectiva Financeira terá objetivos associados à obtenção de recursos, que permitirão

o cumprimento de objetivos relativos à Treinamento e Aprendizado, que contribuirão

Figura 5 - Mapas Estratégicos (exemplo) (WAAL, 2007)

17

para a melhoria do funcionamento dos Processos Internos e, finalmente, resultarão em

um melhor atendimento ao Cliente, ou cidadão, objetivo maior de organizações

governamentais, p.ex.

No mapa estratégico os objetivos estratégicos são colocados em suas relativas

perspectivas e são desenhadas as relações de causa-efeito entre os mesmos. A Figura 6

apresenta uma visão de alto nível das relações existentes entre os objetivos estratégicos

de um mapa e a relação desses objetivos com os processos de negócio da organização.

Essa visão deixa também evidente que indicadores de resultado (lag) de uma

perspectiva podem servir como indicadores de tendência (lead) de uma perspectiva

subsequente (HUANG, 2009). Ou seja, como relações de causa-efeito são estabelecidas

entre objetivos de uma perspectiva e objetivos de perspectivas subsequentes, a indicação

do não atingimento de um objetivo anterior serve como uma indicação de provável

impossibilidade de atingimento, ou pelo menos comprometimento, de um objetivo que

dele dependa. Exemplificando, se na perspectiva de Aprendizado e Crescimento

definimos um objetivo como “Capacitar N funcionários em nova metodologia de

gestão” e na perspectiva Processos Internos definimos um objetivo “Adaptar M

processos à nova metodologia de gestão”, sendo o segundo dependente do primeiro, a

não capacitação da quantidade desejada de funcionários serve como uma indicação da

provável não adaptação da quantidade desejada de processos.

O BSC Autonômico atua exatamente baseado no acompanhamento dos diversos

objetivos estabelecidos no BSC, através do monitoramento dos indicadores chaves de

desempenho (KPI – Key Performance Indicators) e das relações de causa-efeito

existentes entre os objetivos. Os KPI são normalmente extraídos dos processos

operacionais e táticos da organização, bem como de projetos efêmeros e ações

individuais criadas com propósitos específicos.

18

Em sua versão mais recente o mapa estratégico inclui também o conceito de

temas, importantes para alinhar as ações estratégicas necessárias para o atingimento dos

objetivos estabelecidas no plano estratégico da organização. Os temas acabam por

definir um portfólio de iniciativas estratégicas a serem implementadas para o

atingimento das metas estabelecidas (KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P., 2008).

Os temas também são importantes para a avaliação das iniciativas estratégicas.

De uma forma geral, as iniciativas devem ser organizadas por temas, compondo um

portfólio estratégico. No entanto, algumas iniciativas podem não se adequar a nenhum

tema e, caso não sejam necessárias para atendimento a alguma legislação ou norma

específica, devem ser consideradas para exclusão ou consolidação como outras

iniciativas existentes.

2.2 Gestão de Processos de Negócio

Processos de negócio são as atividades conduzidas pelas organizações para

realizarem as suas missões (OMG, 2010). É através da realização dos seus processos de

negócio que as organizações desenvolvem suas iniciativas e promovem o atingimento

das metas estabelecidas em seus planos estratégicos. Em termos de conceitos, deve-se

Figura 6 - A relação Mapa Estratégico X Processos

19

notar que a própria OMG (Object Management Group)2 possui diversas normas ou

padrões, como o Business Process Definition Metamodel (BPDM) (OMG, 2008b) e o

Business Motivation Model (OMG, 2010), que definem de forma um pouco diferente

alguns desses conceitos. Optamos por usar alguns conceitos conforme definidos na

Business Motivation Model (OMG, 2010), adequados ao nosso objetivo principal de

estabelecer um arcabouço referencial para sistemas de gestão estratégica autonômica, e

o padrão estabelecido na Business Process Model and Notation (BPMN) (OMG,

2011a). No caso do BMM, o mesmo trata conceitos relacionados à gestão estratégica de

um negócio. No caso da BPMN, porque, além de ser mais utilizada e mais recente,

emprega definições adequadas para o que pretendemos abordar neste trabalho, no que

tange ao alinhamento dos processos organizacionais à estratégia definida com o uso do

BSC e ao uso de processos autonômicos.

Processo é, segundo a BPMN, qualquer atividade executada por uma empresa ou

organização. Um processo de negócio é composto por um ou mais processos. Atividade,

que representa o trabalho executado por uma organização, pode ser atômica, sendo

chamada tarefa, ou composta, chamada processo. Um subprocesso é um processo que

compõe outro processo.

Processos podem ser classificados em: primários, secundários e terciários.

Processos primários compõem o trabalho fundamental de uma organização – dão

origem aos seus produtos e serviços. Os secundários são os processos de suporte, ou de

apoio, que mantêm em funcionamento o sistema produtivo da organização. Os terciários

são os processos gerenciais, que coordenam os primários e secundários. Tal

classificação torna evidente a natureza contínua dos processos secundários e terciários,

especialmente desses últimos. Os primários por sua vez, como normalmente atendem a

demandas específicas e discretas, tem conformação também discreta (AALST; HEE,

2004).

Ainda segundo AALST e HEE (2004), processos de negócio podem ser

divididos em quatro níveis: tempo-real, operacional, tático e estratégico. Tal

2 Organização dos EUA responsável pela normatização de assuntos relacionados

ao desenvolvimento de software orientado a objetos, e.g. CORBA e UML.

20

classificação é baseada na frequência de tomadas de decisões e nas características das

decisões tomadas, em cada um dos níveis, como o tempo pelo qual essas surtem efeito,

seu impacto financeiro e tipos de decisões.

No entendimento da gestão, é importante definir seus componentes.

Considerando a teoria geral de sistemas (LE MOIGNE, 1994), podemos considerar que,

quando falamos em gestão estamos, na realidade, tratando de um sistema de

gerenciamento e um sistema gerenciado. O sistema gerenciado pode, por sua vez, ser

subdividido em outro sistema de gerenciamento com seu respectivo sistema gerenciado

(AALST; HEE, 2004). No contexto de processos de negócio, o sistema gerenciado de

nível mais baixo é a execução de alguma atividade do negócio propriamente dita.

A gestão de processos de negócio (Business Process Management – BPM)

ganhou força e popularidade nos últimos anos. Os fatores que mais contribuíram para

tal fato têm origens distintas: sob o ponto de vista gerencial, o insucesso ou a saturação

provocada pelos enfoques anteriores em promover a otimização e a organização do

trabalho nas organizações e, na visão da TI, a ineficácia das abordagens tradicionais de

modelagem de sistemas no atendimento total das necessidades da maioria das

organizações, especialmente no alinhamento do produto final software com os objetivos

do negócio (CHAN, Y. E., 2002).

No aspecto gerencial, esforços que começaram com os trabalhos de TAYLOR

(1997) evoluíram com o uso de técnicas estatísticas e a gestão da qualidade total (GQT),

para a Reengenharia de Processos de Negócio (Business Process Reengineering – BPR).

Posteriormente, a BPR se tornou a razão para redução da força de trabalho, sob o manto

da otimização. Levando em consideração que o fator humano é o principal agente da

melhoria organizacional e para mudança cultural, não demorou muito para que suas

fraquezas tornassem-se evidentes, abrindo caminho para a BPM.

Pelo lado da TI, o surgimento da BPM acabou por promover a modelagem de

processos de negócio, que contribui para a redução da distância existente entre a TI e o

negócio, permitindo um melhor alinhamento dos requisitos de um sistema aos processos

da organização (ADAMS, T.; MYLES, 2007). A falta de tal alinhamento ainda é vista

como a principal fonte de problemas em projetos (HOFMANN; LEHNER, 2001)

(LUFTMAN; ZADEH, 2011).

21

Dessa forma, a gestão de processos de negócio pode ser vista como uma forma

mais holística de se conduzir o trabalho de uma organização, visto que se preocupa com

a modelagem, reestruturação e melhoria dos processos, de forma a alinhá-los à

estratégia organizacional (HARMON, 2002). Para o estabelecimento da BPM, uma

organização normalmente modela seus processos de negócio, organizando seus fluxos

de trabalho, ou workflows, procurando dessa forma a melhoria dos mesmos e facilitando

o emprego de sistemas computacionais para a execução e o acompanhamento de seus

processos. Os aspectos apresentados acima, quando analisados, nos permitem concluir

que a BPM é essencial para a implementação da gestão estratégica autonômica.

2.3 Workflow

A Workflow Management Coallition (WfMC) WFMC (1999) define workflow

como a automação de um processo de negócio, durante o qual informação, documentos

ou tarefas são passadas de um para outro participante, para que sejam executadas as

devidas ações, de acordo com regras procedurais. Podemos considerar como instância

de um workflow um caso (AALST; HEE, 2004), ou seja, a efetiva realização de um

processo de negócio, incluindo seus recursos, regras e condições existentes que

caracterizam o seu cenário de execução. Cada caso possui sua identidade, ou seja, casos

são únicos. Por outro lado, consideramos cenário como um conjunto de fatos que

condicionam a execução de um workflow. Quando consideramos um workflow bem

simples, como na Figura 7, podemos observar a existência de dois possíveis fluxos de

execução. Cada possível fluxo de execução caracteriza um cenário, i.e., é o resultado da

execução do workflow em um determinado cenário. O conjunto de cenários de um

workflow são as formas ou maneiras que o workflow pode ser executado (WINTERS;

SCHNEIDER, 2001).

22

Visto que o workflow pode ser entendido como a realização do trabalho

propriamente dito, com algum grau de automação, e relembrando a definição

apresentada anteriormente para gestão de processos de negócio, o workflow pode ser

considerado como o sistema gerenciado, cabendo o seu gerenciamento a um sistema de

gerenciamento de workflow.

A maioria dos trabalhos existentes sobre processos de negócio autonômicos, ou

workflows autonômicos, trata de workflows previsíveis, ou seja, onde todos os cenários

de execução são conhecidos a priori, ou de workflows com pouca ou nenhuma interação

com atores humanos. São casos onde se pode estabelecer um fluxo básico de execução e

mapear todas as suas possíveis alternativas, utilizando workflows flexíveis com

possibilidades de execução pré-definidas, ou workflows relacionados à execução de

software, com nenhuma ou reduzida intervenção humana, como no caso de workflows

científicos em grid.

O trabalho de SAVARIMUTHU ET AL. (2004) trata da execução de processos

de negócio em um sistema de workflow multiagentes, sem, porém, mencionar como os

agentes tratam a necessária flexibilidade e sem se preocupar com propriedades

autonômicas.

Trabalhos na área de workflows médicos (HAN et al., 2006; MOURÃO;

ANTUNES, 2007) concentram-se no tratamento de exceções e demais mecanismos

relacionados. Porquanto eles constituam uma base para a dimensão autonômica de auto-

cura, eles não preveem nenhum mecanismo para auto-otimização e muito pouco para a

autoconfiguração e autoproteção. Isso também ocorre no caso do AGENTWORK

Figura 7 - Exemplo de um simples workflow

23

(MÜLLER, R., 2002), voltado para a predição de falhas e reação, ou tratamento, dessas,

apesar da amplitude da pesquisa realizada.

MANGAN e SADIQ (2002), em sua concepção de processos flexíveis, não se

dedicam ao tratamento de problemas relacionados às dimensões de cura e de proteção,

da mesma forma que não dedicam suficiente atenção ao monitoramento de processos,

exceções e respectivas reações em tempo real. No entanto, a análise que efetuam sobre

definição de processos e possíveis abordagens para seus tratamentos justificam o uso de

soluções não determinísticas para problemas dessa natureza.

Um workflow dinâmico em ambientes de grid é descrito em NICHOLS ET AL.

(2006). Podemos considerar como propriedades autonômicas a possibilidade de

configuração e reconfiguração dinâmica de workflows, a otimização de comportamentos

para o atingimento de objetivos, a recuperação em casos de falha, e o uso otimizado de

recursos. Por outro lado, deve-se lembrar que tal solução só atende a workflows em grid

e para a execução de tarefas (jobs), não de processos de negócio, como anteriormente

ressaltamos.

AIBER ET AL. (2004) propõem um ambiente computacional continuamente

otimizado, capaz de atualizar-se ou adaptar-se de acordo com objetivos de negócio de

alto nível. Apesar de considerar objetivos de negócio como componente central e

fundamental de sua dinâmica, sua utilização é restrita à otimização da utilização de

recursos de TI.

FEEDBACKFLOW é um gerador adaptativo de workflows para a automação da

gerência de sistemas (ANDRZEJAK et al., 2005). O arcabouço proposto implementa

um loop fechado genérico, compreendendo o planejamento, a execução e o

replanejamento, e gera workflows de ações para gerência de sistemas de uma forma

adaptativa.

Outro trabalho relacionado à nossa pesquisa é a abordagem que considera a

execução multiagentes de um workflow como um workflow adaptativo (BUHLER et al.,

2003). Apesar do foco desse trabalho ser a definição de linguagens, são tratados

aspectos fortemente relacionados à nossa proposta de solução, como a utilização de

sistemas multiagentes para a coordenação do workflow.

24

WORKFLAKES (VALETTO; KAISER, 2003) trabalha o monitoramento de

processos e suas adaptações através de mecanismos de controle, funcionando como um

middleware, sem se ater aos detalhes de conexão de seus mecanismos com os sistemas a

serem monitorados. Ademais, é mais um dos trabalhos voltados à implementação de

mecanismos autonômicos para softwares de comunicação, i.e., voltados para

comportamentos de baixo nível, relacionados à infraestrutura e à alocação de recursos

computacionais.

Da mesma forma que em alguns estudos acima, workflows utilizando web

services são objetos de outros trabalhos. Processos Web Autonômicos (Autonomic Web

Processes – AWP) são processos Web que possuem propriedades autonômicas

(VERMA; SHETH, 2005). Nos AWP, os processos são configurados de acordo com

políticas de negócio. Falhas na execução recebem tratamento imediato e o workflow

pode ser reconfigurado de acordo com as alterações do ambiente. O trabalho de

PAUTASSO, C. ET AL (2005) sobre composições de serviços web trata da avaliação

de políticas para configuração de tais composições, sem tocar em outras dimensões

autonômicas. Da mesma forma, PANKRATIUS e STUCKY (2005) definem uma base

formal para a composição de workflows, instrumental para prover capacidade de

reconfiguração para sistemas gerenciadores de workflow.

HEINIS, THOMAS ET AL. (2005) apresentam o projeto e a avaliação do

desempenho de uma máquina de workflow dinâmico. O sistema possui um componente

que determina se a configuração sendo utilizada é ótima e, caso contrário, propõe um

novo plano para a execução. Possui também um componente de autocura, capaz de

garantir que a máquina de workflow permaneça em um estado consistente. Essa é a

proposta mais próxima do Gestor Autonômico de Processos de Negócios (Autonomic

Business Process Manager), concebido e desenvolvido para compor o nosso ambiente

integrado de gestão estratégica (MONTEIRO, P. L. et al., 2008).

25

3 COMPUTAÇÃO AUTONÔMICA

O termo “Computação Autonômica” (HORN, 2001) se originou no conceito do

sistema nervoso autônomo humano, responsável por gerenciar a digestão, batimentos

cardíacos e por outras funções que o nosso organismo executa automaticamente, i.e.,

sem que precisemos raciocinar e enviar instruções. O paradigma da computação

autonômica tenta imitar o comportamento do sistema nervoso humano, provendo aos

sistemas capacidade de autogerência, reduzindo a necessidade de intervenção humana

na operação e utilização dos sistemas.

Apesar de o termo computação autonômica ter sido criado pela IBM, parte de

seus conceitos já haviam sido tratados em outros trabalhos (HUEBSCHER; MCCANN,

2008) e são tratados por outras organizações com outros nomes (MÜLLER, H. et al.,

2006).

A cada dia, são desenvolvidos sistemas mais complexos e mais difíceis de serem

gerenciados (MURCH, 2004). Tal complexidade pode ser encontrada em arquiteturas,

redes, linguagens e aplicações. A computação autonômica é especialmente direcionada

para sistemas que apresentam alta complexidade para suas gerências, visto que o custo

da mão-de-obra para mantê-los funcionado pode inviabilizar um projeto.

Um sistema para ser considerado autonômico deve conhecer e entender a si

mesmo (MURCH, 2004). O sistema deve conhecer todos os seus componentes, seus

estados, seu ambiente, sua capacidade, suas possíveis conexões com outros sistemas e

os recursos de que pode dispor. Os quatro aspectos básicos da computação autonômica

são (KEPHART, JEFFREY O.; CHESS, DAVID M., 2003):

Autoconfigurável (self-configuring): o sistema deve ser capaz de se instalar e ativar

de forma automática. Esse aspecto possibilita a adaptação do sistema a mudanças do

ambiente;

Autocurável (self-healing): a capacidade de descobrir, diagnosticar e corrigir

problemas potenciais, de forma a manter o sistema em execução; e

Auto-otimizável (self-optimizing): garante que a execução do sistema seja ótima,

monitorando e alocando os recursos necessários à execução;

Autoprotegido (self-protecting): detecção, identificação e proteção contra ameaças.

26

O conjunto desses aspectos autonômicos é normalmente tratado como CHOP,

termo derivado das iniciais em inglês de tais aspectos.

Visando a implementação das características autonômicas acima em sistemas

computacionais, a IBM propôs o loop de controle MAPE-K apresentado na Figura 8

(IBM, 2006) (GANEK, 2006).

É importante ressaltar que a concepção do loop de controle acima é direcionada

para a implementação de características autonômicas na gestão de sistemas

computacionais, para o que a computação autonômica foi originalmente vislumbrada.

Considerando tal propósito, HORN (2001) define oito características básicas para

sistemas autonômicos:

1. Conhecer a si mesmo;

2. Ser capaz de se configurar e reconfigurar de acordo com mudanças variadas e

imprevisíveis do ambiente;

3. Nunca estar satisfeito com o estado atual, sempre procurando meios de otimizar o

seu funcionamento;

Figura 8 - Loop de Controle Autonômico (GANEK, 2006) (adaptado)

27

4. Deve ser capaz de se recuperar de problemas advindos de eventos de rotina ou

imprevistos;

5. Ser capaz de se proteger contra ameaças;

6. Perceber o seu ambiente e responder de acordo;

7. Deve funcionar em ambientes heterogêneos e atendendo a padrões abertos; e

8. Ser capaz de antecipar necessidades de recursos e providenciá-los, escondendo tal

complexidade do seu usuário.

No entanto, como observam BUSTARD e STERRITT (2006), a posse de tais

características só ocorre em sistemas autonômicos totalmente maduros, ou seja, que

implementam de forma integral todos os conceitos da computação autonômica,

preservando seu enfoque original – com o propósito de prover características auto-*

para infraestrutura de TI. Assim, definem os requisitos abaixo como sendo os

necessários para sistemas autonômicos:

Ser robusto, ou seja, capaz de se proteger de ameaças externas e, caso seja afetado

por alguma ameaça, ser capaz de se recuperar;

Ser de fácil utilização, se adaptando ou sugerindo mudanças de acordo com as

alterações do ambiente, reduzindo a intervenção dos usuários;

Ser proativo, agindo na direção dos objetivos do sistema, independente do controle

direto de seus usuários;

Ser transparente, apresentando suas ações e explicando-as quando necessário;

Permitir a alocação flexível de responsabilidades, de acordo com o desejo do

usuário; e

Ser reversível, no sentido de permitir que uma ação executada seja revertida, o

máximo possível.

Por outro lado MURCH (2004) define cinco níveis para a implementação da

computação autonômica em uma organização, considerando os recursos de TI, através

de seu modelo de maturidade, apresentado na Tabela 1.

28

Tabela 1 - Níveis da Computação Autonômica

Nível Características

1

(Básico)

Componentes da infraestrutura de TI são geridos de forma

independente, pelos profissionais de TI. Toda a gestão é executada

de forma “manual”.

2

(Gerenciado)

Sistemas de gerenciamento da infraestrutura permitem o

agrupamento de informações sobre o funcionamento de sistemas

diversos.

3

(Preditivo)

Tecnologias são utilizadas para permitir a integração de elementos

da infraestrutura, permitindo que consigam identificar padrões de

funcionamento, recomendando ações aos responsáveis pela gestão. .

4

(Adaptativo)

O progresso das tecnologias do nível anterior e a mudança de

cultura sobre seus usos permitem que os sistemas de gerenciamento

passem a tomar decisões sobre a operação da infraestrutura

baseadas em seu conhecimento do ambiente e em seu estado.

5

(Autonômico)

A operação da infraestrutura de TI passa a ser executada

automaticamente com base nas políticas estabelecidas pelos

usuários.

Esse modelo é voltado para a infraestrutura de TI de uma forma geral. No

entanto, tal enfoque pode também ser utilizado para avaliação, ou classificação de

sistemas. Esse foi o caso na adaptação proposta por STROHMAIER e YU (2006).

Sistemas autonômicos são normalmente conseguidos através da provisão de

características autonômicas aos seus componentes e, de alguma, forma ao sistema como

um todo (VAN RENESSE; BIRMAN, 2006). Para tal, diversas arquiteturas já foram

propostas (BUSTARD, D. et al., 2005; TESAURO et al., 2004; WHITE et al., 2004).

De uma forma geral, fruto de todos os aspectos descritos acima, podemos concluir que

sistemas autonômicos são, normalmente, distribuídos, multiagentes, possuem

características hierárquicas, ou similares, em suas arquiteturas, e apresentam

comportamento emergente. Assim, podemos também considerar que grande parte dos

29

sistemas autonômicos na realidade segue aos preceitos da computação autonômica

descentralizada (Decentralized Autonomic Computing – DAC) (DE WOLF;

HOLVOET, 2006). Na DAC, sistemas são construídos usando grupos de elementos

autônomos que interagem localmente e colaboram para a manutenção adaptativa do

comportamento global do sistema, ou seja, um sistema emergente auto-organizável.

Ainda segundo DE WOLF e HOLVOET (2006), um sistema DAC tem sua capacidade

definida pela coordenação das interações entre seus agentes, não pelas suas capacidades

individuais. Em função disso e por sua característica emergente, onde inexiste um

controle central do seu comportamento, sua verificação é de difícil realização. Na

verdade, os autores consideram esse tipo de sistema um sistema interativo complexo,

para o qual uma verificação formal é inviável.

Considerando o contexto descrito acima e a complexidade e a diversidade dos

processos nas organizações públicas e privadas (OULD, 2005), especialmente no nível

estratégico, não é para se estranhar a pouca quantidade de trabalhos que tentam aplicar

os conceitos da computação autonômica à gestão organizacional (HUEBSCHER;

MCCANN, 2008; NAMI; BERTELS, 2007).

30

4 SISTEMAS MULTIAGENTES

Agente é algo que possui sensores, pode monitorar o seu ambiente e agir sobre

ele. Agentes de software têm a sua percepção e suas ações codificadas em conjuntos de

bits (RUSSELL; NORVIG, 1995).

Agentes devem necessariamente possuir as seguintes propriedades (LANGE;

OSHIMA, 1998): serem reativos ao ambiente, autônomos, orientados ao objetivo e

capazes de permanecerem em execução contínua. WOOLDRIDGE e JENNINGS

(1995) adicionam o aspecto social do agente, ou seja, a sua capacidade de comunicação

com outros agentes. Podem também ser classificados em estacionários, por executarem

em um único servidor, ou móveis, por terem a capacidade de migrar, executando em

diversos servidores. Nesse caso, movem não somente seus códigos, mas também seu

contexto de execução, suas variáveis, ponteiros, pilhas e demais variáveis de ambiente,

que são restaurados no novo servidor, para permitir sua execução sem solução de

continuidade. No que diz respeito à mobilidade, a real diferença entre agentes móveis e

processos capazes de migrar é que, no caso dos agentes, eles mesmos decidem quando

devem mudar de servidor, enquanto no caso dos processos, o sistema toma tal decisão

(LANGE; OSHIMA, 1998).

Agentes podem interagir com outros agentes, formando sistemas multiagentes.

Sistemas Multiagentes (MAS – Multi-Agent Systems) são sistemas formados por

agentes que se comunicam e colaboram para realizar tarefas específicas, individuais ou

coletivas (BERNON et al., 2005). São indicados para a solução de problemas grandes,

em aberto, ou seja, onde o escopo não pode ser rigidamente estabelecido, e de alta

complexidade (HILAIRE et al., 2008; SYCARA, 1998). Sistemas de negócio,

especialmente no nível estratégico, possuem exatamente tais características, visto que

operam em um ambiente dinâmico, onde mudanças são norma e não exceções, e

utilizam várias perspectivas do negócio, ou seja, necessitam de dados e informações de

fontes diversas e heterogêneas. Em sistemas multiagentes problemas desse tipo podem

ser abordados através do emprego de abstração e modularidade. Podemos alocar partes

do problema a agentes especialistas, capazes de colaborar para a solução do problema

como um todo. Tais agentes podem esconder a complexidade de suas tarefas

coordenando outros agentes “subordinados”, especialistas em subproblemas, resultando

31

do particionamento do seu problema original. Ainda considerando tal cenário, MAS

também facilitam a integração de sistemas heterogêneos (SYCARA, 1998).

Na definição da arquitetura de um sistema multiagentes, devemos observar duas

perspectivas: a micro, que considera a arquitetura de um agente, e a macro, que

contempla a arquitetura dos múltiplos agentes.

Examinando a perspectiva micro, ou seja, arquiteturas de agentes, podemos

classificá-las por comportamento do agente e por organização interna (SHEN et al.,

2000). No que diz respeito ao comportamento, podem ser classificadas em deliberativas,

reativas, colaborativas e híbridas.

Arquiteturas deliberativas são empregadas em agentes capazes de agirem

explicitamente com a intenção de atingirem um determinado objetivo. Para tal,

necessitam conhecer o seu domínio de aplicação, conhecimento normalmente

conseguido através da criação de um modelo simbólico seu e do mundo, e devem

possuir capacidade de planejamento, usualmente obtida através de raciocínio simbólico,

efetuado sobre os seus modelos (SHEN et al., 2000). A mais conhecida representante

dessa categoria de arquitetura é a BDI (Belief-Desire-Intention – Crença-Desejo-

Intenção) (RAO; GEORGEFF, 1991), baseada no trabalho de BRATMAN ET AL.

(1991).

Agentes reativos, ou que se qualificam na categoria de arquitetura reativa, por

outro lado, não dependem de uma representação simbólica do ambiente. Seu

comportamento é baseado no conceito de Evento-Condição-Ação (ECA), mecanismo

também usado para regras ativas em bancos de dados (CASATI et al., 1999). O

comportamento do agente em si é simples: na ocorrência de um evento, estando

presentes determinadas condições pré-definidas, a ação é disparada. Assim, ao ocorrer

um evento, o comportamento do agente depende de suas percepções sobre o mundo, ou

seja, se a condição necessária existe ou não. Esses agentes, porquanto possam possuir

inteligência codificada em suas regras ativas, demonstram sua verdadeira inteligência,

de forma implícita, quando compõem sistemas multiagentes. Nesses casos, a interação

entre esses, a princípio, simples agentes, diretamente ou indiretamente, acaba

produzindo um comportamento emergente, como em sistemas adaptativos complexos

(HOLLAND, 1992). O trabalho seminal de Brooks em Subsunção propõe um modelo

hierárquico, representante dessa categoria de arquiteturas (BROOKS, 1986).

32

Arquiteturas colaborativas, ou baseadas em agentes sociais, resolvem problemas

através da colaboração de seus agentes. Nesse tipo de arquitetura a comunicação recebe

grande importância, visto que é através dela que os agentes conseguem colaborar para

cumprir suas tarefas. Segundo SHEN ET AL. (2000), arquiteturas puramente

colaborativas não têm muita utilidade.

As arquiteturas híbridas surgem da tentativa de contornar as limitações de cada

uma das categorias descritas acima, que podemos sintetizar como o problema da

construção de um modelo simbólico para sistemas muito grandes, no caso de agentes

deliberativos, a impossibilidade de agentes reativos implementarem comportamento

orientado a objetivos e a ineficácia das arquiteturas puramente colaborativas. Assim,

arquiteturas híbridas nada mais são que a combinação de conceitos dos demais modelos

de arquitetura.

Com relação à organização interna do agente, classificação condizente com o

previsto por SHAW e GARLAN (1996), SHEN ET AL. (2000) preveem cinco tipos:

modular, quadro-negro, subsunção, sistemas de produção e em camadas.

Em arquiteturas modulares, o agente é uma montagem de módulos, cada um

responsável por uma característica/tarefa do agente, como percepção, tomada de

decisão, planejamento ou aprendizado.

Arquiteturas de quadro-negro trabalham com uma memória compartilhada, onde

é registrado o estado do sistema, e possuem três componentes básicos – a memória

compartilhada, fontes de informação e um controlador. Outros detalhes são

apresentados no item 5.5.

Subsunção (BROOKS, 1986), define um tipo de arquitetura organizada em

camadas verticais, compostas por módulos simples e assíncronos, capazes de prover

comportamentos limitados ao agente. Quanto mais baixo o nível da camada, menos

complexo é o comportamento dos módulos responsáveis. Considerando que todos os

níveis possuem capacidade de percepção e ação, é importante frisar que níveis

superiores podem proceder de forma a desprezar comportamentos de níveis inferiores,

ou seja, usando a subsunção, simplesmente desconsiderando a informação provinda de

seus inferiores. Por outro lado, níveis inferiores estão sempre subordinados ao

comportamento dos superiores.

33

Agentes com arquitetura de sistema de produção têm sua organização interna

baseada nos mesmos princípios desses sistemas. Possuem uma Memória de Trabalho,

onde são representados os conhecimentos que possuem do mundo, e um conjunto de

regras, suportados por mecanismos de reconhecimento de padrões, componente

principal de um interpretador de regras. Quando o sistema identifica que um conjunto de

fatos – o conhecimento localizado na memória – corresponde a uma regra, essa é

disparada, executando suas ações, que normalmente também envolvem a alteração da

própria memória, ou seja, de sua representação do mundo. Sistemas de produção

conseguem tratar com facilidade regras do tipo estímulo-resposta, não sendo

recomendados para a implementação de procedimentos complexos (ISHIDA, 1994).

Podemos observar, porém, que esse comportamento simples e voltado para a resposta a

estímulos é bastante condizente com o que se pretende para agentes reativos.

Arquiteturas em camadas são normalmente híbridas. A exemplo do proposto

para o Phoenix (BYRNES, 1993), esse tipo de arquitetura costuma alocar as funções

básicas de controle para as camadas inferiores, deixando as camadas superiores para

funções mais sofisticadas, que exijam raciocínio mais complexo. De uma forma geral,

se assemelham ao modelo de subsunção (BROOKS, 1986). No entanto, a comunicação

entre as camadas é normalmente mais complexa, visto que níveis superiores não

ignoram simplesmente informações e comportamentos inferiores, tomando suas atitudes

de forma independente, mas, normalmente influenciam ou dirigem o comportamento

dos níveis inferiores.

Na visão macro, ou seja, considerando a arquitetura de um MAS, observamos

dois aspectos: estrutura e organização. Enquanto o primeiro está relacionado a uma

visão estática do sistema, ou seja, como suas partes são agregadas para a construção do

mesmo, o segundo está relacionado ao comportamento dos agentes e suas regras de

interação. A organização em MAS é o conjunto de papéis, relações, e estruturas de

autoridade estabelecidas entre seus agentes (HORLING; LESSER, 2004).

Diversos estilos organizacionais existem para sistemas multiagentes

(HORLING; LESSER, 2004). O estilo hierárquico, apresentado inicialmente por FOX

(1979), contempla, basicamente, o princípio de dividir para conquistar. Organizações

hierárquicas, especificamente organizações hierárquicas simples, onde o poder decisório

fica concentrado no seu ápice, por seguirem uma topologia de árvore, padecem de uma

34

fraqueza relacionada ao controle de uma subestrutura – se um nível da hierarquia falha,

todos os seus subordinados estarão comprometidos. Hierarquias que distribuem a

autoridade, seja pelos seus níveis ou estabelecendo grupos especializados, procuram

aumentar a eficácia através do princípio da localidade ou pela vocação de seus agentes,

respectivamente, podendo atenuar tal problema. Segundo HORLING e LESSER (2004),

as organizações hierárquicas mais sofisticadas se aproximam da Holarquia, discutida a

seguir.

Holarquia, ou organização baseada em Holons, é outro estilo organizacional

utilizado em MAS. Holon, termo cunhado por KOESTLER (1967), representa um

elemento organizacional que é ao mesmo tempo todo e parte, ou seja, pode ser visto por

seus superiores/pares na organização como um elemento atômico e, ao mesmo tempo,

pode ser decomposto em subelementos. Hilaire e outros afirmam que tal

comportamento duplo – parte e todo – é também conhecido como efeito Jano, numa

referência ao deus grego, que possuía duas faces, em virtude de ser o guardião de portas

e passagens (HILAIRE et al., 2008).

As principais características de um holon são sua autonomia e sua capacidade de

estar subordinado a um ou mais holons. Na realidade, a principal diferença da

Hierarquia para a Holarquia é o fato da topologia da última permitir ligações diversas

de seus elementos com superiores e outros elementos de mesmo nível, se assemelhando

a uma treliça, ao invés de uma árvore (HORLING; LESSER, 2004). Considerando os

devidos relaxamentos, como no caso da topologia não ser em árvore e a autonomia dos

holons, podemos considerar a holarquia como um tipo especial de hierarquia.

Sistemas multiagentes organizados como holarquias são chamados de holonicos

(HMAS). Visto que holons são tanto todo quanto parte, em um HMAS um holon é a

agregação de sub-holons. Assim, sua organização interna pode ser de três diferentes

tipos: Na Federação, todos os componentes de um holon têm o mesmo papel; Na

Moderada, alguns membros são responsáveis pela comunicação com o ambiente, ou

seja, com tudo que se encontra fora do holon; e a Todos-por-um3 prevê a combinação

dos componentes em um único holon, abrindo mão de suas autonomias e formando um

3 Termo utilizado pelo autor como tradução para Merge-into-one.

35

super-holon que, caso seja finalizado, permite a reconstituição de seus agentes

componentes (WOOLDRIDGE; JENNINGS, 1995; WOOLDRIDGE et al., 1999).

Outras possíveis organizações de agentes em MAS, como Coalizão,

Confederação e Congregações, podem ser encontradas em (HORLING; LESSER,

2004). Essas diversas organizações demandam mecanismos específicos para o

gerenciamento dos agentes, aspecto fundamental num MAS (MINSKY; MURATA,

2004). É importante ressaltar, porém, que o processo de coordenação demanda

abordagem própria e pode ser independente do processo computacional, como

observam BUHLER ET AL. (2003).

Sistemas multiagentes complexos precisam ser adaptativos. O modelo proposto

por HILAIRE ET AL. (2008), baseado no funcionamento do sistema imunológico do

corpo humano pode ser utilizado para promover essa característica. Assim, a exemplo

do sistema imunológico, um MAS pode se reconfigurar em função de suas decisões

anteriores, demonstrando características importantes para sistemas autonômicos, como

auto-organização e capacidade de aprendizado (RAMNATH; RAMANATHAN, 2008).

Conforme já observamos anteriormente, o comportamento adaptativo está muitas vezes

relacionado a comportamentos emergentes (HOLLAND, 1992).

A abordagem usando agentes permite o uso de técnicas para a decomposição da

inteligência de controle e o encapsulamento de recursos distribuídos (ZHAO et al.,

2005). Por outro lado, um sistema que suporte a gestão do desempenho, em função da

complexidade do ambiente empresarial, demanda novos modelos para o funcionamento

de agentes e MAS, especialmente se houver a necessidade de se reduzir a intervenção

humana. De forma simplificada, pode-se dizer que as necessidades principais se

concentram no desenvolvimento de modelos que permitam novas formas de percepção

do comportamento e de raciocínio (TWEEDALE, J. et al., 2007; WEYNS et al., 2007).

36

5 UM ARCABOUÇO PARA A GESTÃO AUTONÔMICA

EMPRESARIAL

TEAM – Tool for Enterprise Autonomic Management – é um ambiente que

reúne diversos recursos, para promover a gestão autonômica de organizações. A sua

arquitetura, bem como a arquitetura de seus componentes, é o ponto fundamental do

ambiente.

Caso semelhante é o do Unity (TESAURO et al., 2004). No entanto, além da

arquitetura proposta ser orientada para um nível mais baixo, i.e. para a operação de

recursos de infraestrutura computacional, seus autores afirmam que todos os elementos

componentes do Unity são completos, no sentido de prestarem serviços e possuírem

características autonômicas.

Nossa proposta promove um enfoque diferente. No TEAM, agentes proveem o

comportamento autonômico, mas não tem a capacidade de oferecer os serviços que

atendem às necessidades dos usuários. Nossos elementos autonômicos, formados por

agentes, gerenciam de forma autonômica os demais componentes do sistema, ou seja,

são somente responsáveis pela provisão de comportamento autonômico. Outra proposta,

diferente da aqui apresentada, mas que promove certa separação entre a realização das

tarefas propriamente ditas e os mecanismos de gestão autonômica pode ser encontrada

em OYENAN; DELOACH (2007). Nas subseções que se seguem discutimos

sinteticamente alguns aspectos relacionados ao desenvolvimento da solução proposta. O

propósito aqui é explicar porque e como esses conceitos ou tecnologias foram

introduzidos na definição do TEAM especificamente. Uma introdução sobre esses

assuntos já foi realizada nos capítulos iniciais, para prover ao leitor o conhecimento

básico para entender o que se segue.

5.1 Balanced Scorecard, Mapas Estratégicos e Processos de Negócio

Diversos autores, como citado anteriormente, já frisaram a importância do

alinhamento dos processos de negócio à estratégia organizacional (EVANS, 2004;

FEURER; CHAHARBAGHI, 1995; WAGNER, 2004). No entanto, a falta da

formalização dessa relação e de sistemas que apoiem esse princípio acaba por reduzir as

chances de sucesso de uma empreitada para a gestão estratégica organizacional

(WAGNER, 2004).

37

A relação entre os diversos componentes da estratégia organizacional é abordada

de forma bastante completa, porém informal, por SMITH (2006). Uma visão de alto

nível do seu processo estratégico é apresentada na Figura 9. A sua abordagem,

porquanto facilite o entendimento ou a implementação de um processo estratégico, não

permite por si só a automação do mesmo.

Nossa proposta visa a formalizar tais relações e prover uma arquitetura

autonômica que reforce tais conceitos. Devemos ressaltar, porém, que apesar dos

trabalhos levantados não atenderem integralmente às necessidades desta pesquisa,

servem como base para o nosso trabalho. No caso de processo estratégico, SMITH

(2006) é o que mais nos auxilia com a sua visão. No caso de processos de negócio e

workflows, os formalismos propostos por PANKRATIUS; STUCKY (2005) e CASATI

ET AL. (1999), merecem especial destaque.

Figura 9 - O Processo Estratégico segundo SMITH (2006)

Como ponto de partida para o alinhamento de processo e metas, propusemos o

modelo constante da Figura 10. O simples modelo aqui apresentado permitiu que

elaborássemos conceitualmente a ligação inicial entre processos de negócio e níveis

mais altos da gestão organizacional. Na época, tal modelo foi a base para a concepção

38

do Gestor Autonômico de Processos de Negócio (Autonomic Business Process

Manager) (MONTEIRO, P. L. et al., 2008).

Figura 10 - Mapeamento BSC X Processo de Negócio

Esse gestor, posteriormente implementado de forma completa em (MONTEIRO,

P. C. L., 2009), constitui a base para construção de um gestor estratégico autonômico,

ou, de certa forma, o que justifica tal esforço.

Considerando que a intenção desde o início desta pesquisa era o de transladar os

conceitos da computação autonômica (KEPHART, JEFFREY O.; CHESS, DAVID M.,

2003) para a gestão organizacional como um todo, pouco sentido fazia desenvolver

qualquer solução que não contemplasse o nível mais baixo, ou seja, o nível onde os

processos organizacionais eram efetivamente executados, de forma a efetivamente

permitir o acompanhamento da execução da estratégia, eventualmente provocando

intervenções autonômicas.

Posteriormente, em 2010, a OMG publica nova versão de seu Business

Motivation Model (BMM) (OMG, 2010). Essa nova versão, de deixa claro que não se

propõe a ser uma especificação para uma ferramenta ou um processo de gestão.

Entretanto, trata uma gama de conceitos que entendemos serem necessários à criação de

um modelo de referência para a gestão organizacional e, por conseguinte, igualmente

importantes para a gestão estratégica autonômica.

39

Na definição do escopo da BMM, a OMG declara que, enquanto as diversas

normas da instituição relacionadas à modelagem de negócios não forem consolidadas, a

BMM pode ser usada como referência.

Ferramentas baseadas no BMM podem prover uma forma direta de relacionar

processos, regras de negócio e unidades organizacionais entre si e aos

resultados desejados, linhas de ação e políticas que os afetem (OMG, 2010).

Apesar da BMM, estar mais claramente associada à modelagem e à definição de

planos de negócio e não ao acompanhamento da execução de uma estratégia, como no

nosso caso, entendemos que a estreita relação entre as propostas merece que se busque a

conformidade. Assim, nossa proposta, apesar de já praticamente pronta, foi adaptada à

nova versão do BMM, visto que revimos nossos conceitos com base nas propostas da

OMG, alinhando o que era possível e mantendo as necessárias diferenças. É

fundamental considerar que a nossa proposta é a de exatamente criar um modelo de

referência para a implementação de ferramentas de gestão autonômica organizacional,

especificamente mais voltada para o nível estratégico do que para a execução

propriamente dita dos processos de negócio ou sua modelagem, porém também os

contemplando, não tendo, ao contrário da BMM, nenhuma relação com a criação de

planos de negócio.

Um claro exemplo de adaptação foi a matriz SWOT4 (KAPLAN, R. S.;

NORTON, D. P., 1996). Em nosso modelo original generalizávamos as dimensões

SWOT em uma classe, ElementoSWOT. Após a publicação da BMM, mudamos o

nome dessa superclasse para Influenciadores, visando promover a conformidade com a

referida norma da OMG.

No entanto, deve ficar claro que as normas propostas pela OMG, além de não

cobrirem todo o espectro de conceitos necessários ao emprego da computação

autonômica no nível estratégico, não se encontram ainda integradas. Isso significa que

4 Técnica de análise de negócios onde são confrontados fatores de Força

(Strengths), fatores de Fraqueza (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e

Ameaças (Threats). Optamos por não traduzir o termo, visto que, em sua

maioria, a literatura disponível em português mantém a sigla em inglês.

40

mesmo entre as normas publicadas existem incompatibilidades, que deverão ser

eliminadas no futuro, com a integração das mesmas (OMG, 2010).

Adicionalmente, é importante frisar que neste trabalho há um compromisso entre

manter a conformidade com as normas existentes, muitas ainda em estado inicial de

desenvolvimento, e com a literatura e as práticas em língua portuguesa. Algumas

traduções já consagradas podem levar o leitor à confusão. Um exemplo claro é o caso de

metas e objetivos. No BMM, Objective é definido como algo alcançável, definido no

tempo e mensurável, ou seja, obedece ao critério SMART (Specific, Measurable,

Attainable, Relevant, and Time-Based – Específico, Mensurável, Alcançável, Relevante

e Temporal), enquanto Goal é definido como algo que se deseja conquistar para que se

realize a visão da organização, ou seja, um estado ou condição almejada. No entanto,

muitas vezes encontramos esses termos tratados de forma distinta na literatura em

português.

5.2 Computação Autonômica

Conforme apresentado no capítulo 3, a computação autonômica surgiu para

tentar reduzir a complexidade no gerenciamento dos sistemas. Nossa proposta de

solução visa a usar essa capacidade para reduzir a complexidade da gestão

organizacional, especialmente sob o enfoque estratégico, promovendo o constante

alinhamento dos processos de negócio da organização à sua estratégia. É importante

ressaltar, porém que no caso original, i.e., no uso da computação autonômica para a

redução da complexidade em sistemas computacionais, normalmente infraestruturas de

hardware, a complexidade advém, em sua maior parte, de características técnicas. A

utilização de diversas tecnologias distintas integradas é a maior razão para tal.

Nosso trabalho, no entanto visa a reduzir a complexidade de gestão provocada

pelo ambiente, fruto da evolução dos mercados e do crescimento da competitividade na

economia, e pela alta necessidade de participação humana na condução do processo

estratégico organizacional.

A adaptação dos níveis de maturidade da computação autonômica, apresentados

anteriormente, para a condução de uma organização como um todo, ou seja, de seus

processos de negócio, nos permite derivar a classificação apresentada na Tabela 2. A

classificação abaixo não pretende ser absoluta. Seu objetivo é estabelecer um possível

41

caminho para a introdução da computação autonômica na gestão organizacional e

facilitar o seu entendimento. Adicionalmente, os sistemas computacionais de gestão

podem ser classificados dessa forma, ou seja, através da avaliação dos seus graus de

aderência aos princípios da computação autonômica. Como outros modelos de

maturidade, p. ex. os propostos por AHERN ET AL. (2001), níveis superiores incluem

os inferiores.

Tabela 2 - Níveis de maturidade da gestão organizacional

Nível Características da gestão/apoio à gestão organizacional

1

(Básico)

Processos de negócio independentes, sem integração. A integração

é feita pelo nível superior de gerência, baseado nas informações

fornecidas pelos gerentes de seus níveis subordinados. Toda a

gestão é executada de forma “manual”.

2

(Gerenciado)

A gestão dos processos é baseada em informações consolidadas

através de sistemas de informação, de apoio à gestão.

3

(Preditivo)

Sistemas computacionais de apoio à gestão monitoram os processos

e recomendam ações corretivas.

4

(Adaptativo)

Sistemas computacionais de apoio à gestão executam de maneira

autônoma intervenção nos processos, baseados nas informações

obtidas sobre os processos.

5

(Autonômico)

Sistemas de apoio à gestão seguem políticas e regras de negócio

derivadas diretamente da estratégia da organização, de maneira

automática. Os sistemas são capazes de agir tanto no nível dos

processos quanto no nível estratégico.

O objetivo de nossa proposta é definir uma arquitetura que permita a construção

de um sistema que atenda aos requisitos do nível 5, ou o mais próximo disso possível.

Não existe a pretensão de excluir o ser humano do processo de gestão organizacional,

mas prover mecanismos que facilitem a sua atuação, através do uso de conceitos da

Computação Autonômica. Nesse cenário devemos ressaltar que seres humanos e

agentes computacionais não são concorrentes, mas complementares. No caso da gestão

organizacional, semelhante ao caso da aviação comercial, seria, pelo menos,

42

politicamente incorreto manter uma organização controlada totalmente por máquinas

(BILLINGS, 1996; KABER et al., 2001; URLINGS et al., 2006).

Considerando as características de sistemas de gestão estratégica e as restrições

apresentadas acima, nos parece que a dimensão autonômica que pode ser mais

facilmente explorada, no sentido de facilitar a gestão estratégica organizacional, é a

autocura. Isso significa que apesar do modelo proposto contemplar todas as possíveis

dimensões autonômicas, nossa proposta de solução se concentra na dimensão de Cura

(Healing). A cura, nesse caso, está relacionada a desvios ou dificuldades na perseguição

dos objetivos estratégicos. Dessa forma o foco passa a ser a observação e o

acompanhamento de indicadores para detecção de desvios com relação ao

comportamento esperado ou desejado.

5.3 Sistemas Multiagentes

A complexidade do problema que nos propomos a resolver demanda o uso do

princípio divide et impera. Sistemas multiagentes são especialmente adequados para

esse tipo de abordagem. Adicionalmente, como vimos no capítulo 4, MAS são

especialmente adequados para a implementação da computação autonômica. Segundo

HORLING e LESSER (2004), por exemplo, holarquias são recomendadas quando as

tarefas de um sistema podem ser organizadas em subtarefas. Tal assertiva vai de

encontro à nossa necessidade, visto que a estratégia de uma organização é definida em

termos de objetivos, que podem ser subdivididos, e que são relacionadas a processos de

negócio, que por sua vez podem ser decompostos em subprocessos.

Podemos perceber também, que outras características de agentes ou MAS são

adequadas à solução do nosso problema. Agentes deliberativos seria uma escolha

natural quando se pensa em cumprir um plano. No entanto, o comportamento reativo

também é importante quando se pretende trabalhar num ambiente dinâmico e

imprevisível. Assim, até o momento, uma abordagem híbrida seria recomendada.

Porém, o quanto de cada característica um agente para esse tipo de sistema deve

apresentar ainda é uma questão em aberto. A utilização de um modelo conceitual para a

concepção da solução pode ser de grande valia nesse caso (SILVA et al., 2003).

Em TWEEDALE ET AL. (2007) são apresentados outros aspectos atuais e

importantes sobre o emprego de MAS.

43

5.4 Integração com outros Sistemas

A proposta do TEAM é prover mecanismos para a gestão estratégica autonômica

de organizações. Não é o objetivo do projeto substituir todos os sistemas de gestão de

uma organização. Assim, sob uma visão prática, o arcabouço proposto contempla a

integração com aplicativos legados, de forma a poder ser utilizado sem grande solução

de continuidade na operação dos sistemas já existentes.

Adicionalmente, é importante ressaltar que a solução a ser desenvolvida tem

como maiores candidatas à sua adoção as organizações que possuem BPM instituído.

Normalmente, tais organizações contam com sistemas integrados de gestão, como os

ERP. O uso de agentes facilita a desejada integração. Não obstante, a arquitetura

proposta contempla tal aspecto.

5.5 Sistemas Especialistas

Conforme já citado anteriormente, os gestores autonômicos são compostos de

agentes inteligentes. Uma das formas para a implementação desse tipo de agentes é o

uso de sistemas especialistas.

Nesse tipo de sistema é comum a necessidade de comportamentos serem

derivados de políticas, apropriadas para a definição de diretivas no nível estratégico, que

podem, de forma simples, ser implementadas como regras ECA. No entanto, regras

ECA, apesar de serem de implementação mais simples, podem incorrer em conflitos e,

por isso, diversas pesquisas relacionadas à resolução de conflitos foram desenvolvidas.

Considerando isso, sistemas orientados a objetivos, cujas políticas são refletidas em

estados, desejados ou não, são mais apropriados que os simplesmente baseados em

regras ECA. Deve se notar, no entanto, que sistemas baseados em estados e planos,

como os que atendem ao paradigma BDI demandam mais recursos para o seu

funcionamento e são mais difíceis de implementar quando distribuídos

(BASSILIADES; VLAHAVAS, 1997; TWEEDALE, J. et al., 2007).

Mesmo assim, apesar de mais adequado ao nosso propósito do que simples

regras ECA, sistemas desse tipo também apresentam limitações, visto que ao atingir um

estado a partir do qual outros estados desejados são inalcançáveis, o sistema atinge um

estado “pseudo” terminal, perdendo sua capacidade de execução. A solução proposta

para tal é o estabelecimento de funções de utilidade como função objetivo do sistema.

44

Dessa maneira o sistema pode sempre procurar o melhor estado possível a que possa

chegar. (HUEBSCHER; MCCANN, 2008).

No caso específico da nossa pesquisa, que trabalha com a gestão organizacional,

onde muitas vezes as necessidades ou requisitos são expressos de forma qualitativa e de

difícil representação, através de rótulos linguísticos e não numericamente expressos

(BOBILLO et al., 2009), entendemos ser um sistema especialista, baseado em regras de

produção, mais adequado. Nesse tipo de sistema o comportamento pode ser definido

com base em um conjunto de regras, regras podem receber prioridades, para a resolução

de conflitos, o estado do sistema como um todo pode ser acompanhado e a

representação do conhecimento de um especialista é mais simples.

Um sistema especialista baseado em regras de produção é adequado a

implementação de agentes BDI, o que também é recomendado nesse caso, visto a

necessidade de participação do ser humano no ciclo de controle (URLINGS et al.,

2006).

Por outro lado, dada a necessidade de participação humana em sistemas do tipo

que propomos, ou seja, de apoio à gestão estratégica, o uso de mecanismos de

aprendizado de máquina, como o aprendizado baseado em casos (Case-Based

Reasoning), é desejável e pode promover o aumento da eficácia do sistema. No caso de

agentes BDI isso pode ser conseguido, p.ex., como proposto por URLINGS et al.

(2006), criando um ciclo semelhante ao OODA de Boyd (“John Boyd Compendium |

Defense and the National Interest,” 2007).

Sistemas especialistas baseados em regras de produção, mais especificamente

sistemas de produção adaptativos, são particularmente adequados para esse tipo de

implementação, visto que permitem sua adaptação, através da supressão ou inserção de

novas produções (SIMON, 1996). Não obstante, conforme frisa HUANG (2009),

poucos estudos trataram o uso de sistemas baseados em conhecimento ou de apoio a

decisão com o BSC. Apesar disso, os estudos existentes demonstraram que o BSC

também exerce notável papel no suporte à tomada de decisão no nível estratégico.

Sistemas especialistas, como sistemas baseados em conhecimento, demandam a

obtenção do conhecimento dominado pelos especialistas para o seu funcionamento. Tal

conhecimento, representado como regras de produção, é normalmente de difícil

45

obtenção (KORDON, 2010). Além dos especialistas, nesse caso ocupando a alta

gerência organizacional, muitas vezes não terem tempo ou interesse em partilhar tal

conhecimento, tem também dificuldade em externalizá-lo. Visando a facilitar esse

processo, desenvolvemos também uma série de estudos relacionados a trabalho

colaborativo e sistemas de recomendação. No caso do BSC, p.ex., utilizamos um

sistema de recomendação para facilitar o especialista na montagem de regras,

recomendando indicadores para objetivos (RODRIGUES NT., JOSÉ A.; SOUZA,

JANO M. DE; et al., 2008; RODRIGUES NT., JOSE A.; FREITAS; et al., 2008;

TOMAZ et al., 2011; TOMAZ, 2011a).

5.6 Blackboard

Blackboard, ou quadro-negro, é um estilo de arquitetura de software baseado em

repositório compartilhado, onde entidades com baixo acoplamento utilizam um espaço

comum de conhecimento (SHAW; GARLAN, 1996).

Sistemas de quadro-negro são normalmente divididos em três componentes

básicos: o quadro-negro propriamente dito, uma estrutura de dados global, organizada

de acordo com a aplicação a que se destina e responsável por apresentar o estado do

sistema; fontes de conhecimento, entidades independentes que tratam o conhecimento e

interagem através do quadro-negro; e um componente de controle, orientado pelas

indicações de estado oriundas do quadro-negro e pelas reações das fontes de

conhecimento.

Sistemas de quadro-negro foram bastante utilizados para a implementação de

robôs autônomos (HALL; ADAMS, M. B., 1992). Apresentam a vantagem de permitir

o uso de fontes de conhecimento independentes e heterogêneas, de memória

compartilhada e de processamento concorrente (SHEN et al., 2000).

No nosso caso, fontes de conhecimento independentes são necessárias devido à

grande variedade de métricas a serem colhidas em um sistema dessa natureza. A

memória compartilhada permite a colaboração de agentes locais, i.e., envolvidos no

monitoramento e no controle de um nível específico de um processo, e de agentes não-

locais, atuando como supervisores, responsáveis por níveis superiores do processo ou

pela aderência de um processo à estratégia. Mais do que isso, permite a divisão de

trabalho entre agentes monitores, simplesmente responsáveis por informar o estado dos

46

assuntos que acompanham, e agentes atuadores, responsáveis pela “inteligência” do

sistema. Os atuadores enxergam, através do quadro-negro, o estado do sistema como um

todo, incluindo o resultado de sua interação com o ambiente, de forma a poderem

selecionar a ação adequada.

O processamento concorrente, além de ser uma necessidade dado que diversas

métricas devem ser colhidas simultaneamente durante a execução dos processos

organizacionais, metas precisam ser monitoradas e a intervenção concomitante em

diversos processos independentes pode ser necessária. Em RODRIGUES NT.;

MONTEIRO; ET AL. (2008) uma arquitetura escalável e hierárquica de quadro-negro é

apresentada para a gestão de processos de negócio. A Figura 11 - Arquitetura

Escalável de Processos de Negócio Autonômicos apresenta uma versão atualizada

dessa arquitetura.

Essa arquitetura é utilizada na implementação do Gestor Autonômico de

Processo de Negócio, que na prática é considerado o componente de nível mais baixo

do TEAM, ou seja, o que pode ser utilizado junto aos processos de negócio da

organização, no nível operacional.

Figura 11 - Arquitetura Escalável de Processos de Negócio Autonômicos

47

De forma semelhante, por ser esse tipo de arquitetura adequada para sistemas

orientados a objetivos, quadros-negros são utilizados no acompanhamento dos objetivos

estratégicos, ou seja, no nível estratégico, para a implementação da gestão autonômica.

5.7 O Processo de Gestão Estratégica usando o BSC

O suporte autonômico à gestão estratégica depende de um modelo que

identifique e defina cada um dos conceitos relacionados ao funcionamento e à estratégia

da organização. Como o propósito principal do nosso trabalho é criar um arcabouço

para a implementação de sistemas autonômicos de gestão estratégica, especificamente

utilizando o BSC, entendemos que o melhor caminho para construir tal modelo é

partindo do processo de construção do BSC até a sua consequente gestão.

Atualmente, a própria OMG, através do seu grupo de Arquitetura de Negócio –

Business Architecture Working Group (OMG, 2011b) – desenvolve esforços no sentido

de criar um metamodelo do BSC, para promover a uniformização da prática de gestão

através do BSC e criar uma base para a construção de ferramentas que suportem a

utilização do BSC. No entanto, o trabalho desse grupo ainda não se encontra maduro o

suficiente para suportar o nosso esforço de desenvolvimento de um BSC Autonômico e,

algumas de suas propostas não atendem às nossas necessidades. Quando trata as

perspectivas do BSC, p.ex., o metamodelo proposto fixa-as nas quatro perspectivas

originalmente propostas por KAPLAN, R.; NORTON, D. (1992), ao invés de

implementar uma versão mais flexível, como proposto pelos mesmos em trabalho mais

recente (KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P., 2008). A inexistência de um modelo ou

metamodelo que atenda à criação de um sistema autonômico para a gestão estratégica

também é evidenciada pela mesma instituição na Semantics of Business Vocabulary and

Business Rules (OMG, 2008a), quando após a apresentação da norma, a OMG declara

que “Other aspects of business models also have to be developed, including business

process and organization structure, but these are to be addressed by the OMG in other

initiatives”.

48

Assim, visando construir um modelo com os conceitos que atendam às

necessidades de um sistema autonômico de gestão estratégica baseada no BSC,

desenvolvemos um modelo do processo de gestão baseado no BSC. Tal modelo foi

baseado principalmente nos trabalhos de Kaplan e Norton, mas também levando em

considerações propostas de outros autores e nossa experiência construindo o protótipo

que demonstra a adequabilidade da solução que desenvolvemos. Na Figura 12 é

apresentada a atividade de mais alto nível – Gerenciar Estratégia. Esse diagrama

Figura 12 - Gerenciar Estratégia

49

representa o processo como um todo, sendo cada subatividade representada em seu

próprio diagrama. Com a finalidade de simplificar a apresentação do processo, ao invés

de apresentar um diagrama para cada subatividade, apresentamos uma breve descrição

para cada subatividade nas subseções abaixo.

5.7.1 Iniciar Gestão Estratégica

Nessa atividade é dado o primeiro passo para o desenvolvimento do plano

estratégico e sua posterior execução. Aqui são colhidos os dados da organização alvo do

plano, é montado o comitê estratégico e efetuada uma avaliação inicial do atual

processo estratégico.

O comitê estratégico é o grupo que será responsável pela elaboração do plano

estratégico e acompanhará a sua posterior execução.

A avaliação do processo estratégico serve para indicar o quanto a organização

está madura em seu processo de gestão da estratégia, servindo, principalmente, como

um artefato motivacional para a alta direção da empresa. A Figura 13 apresenta as

atividades desse subprocesso.

Figura 13 - Iniciar Gestão Estratégica

50

5.7.2 Estabelecer Fundamentos Estratégicos

Nessa etapa são definidos a missão, a visão e os valores que nortearão a

estratégia organizacional. São informações importantes em termos de documentação e

para a orientação dos envolvidos no planejamento, mas de pouca utilidade em termos

computacionais, ou seja, em termos da gestão estratégica autonômica. Entretanto, não se

pode perder de vista que uma das principais utilidades do BSC é divulgar a estratégia

para a organização, sendo tais informações muito importantes nessa atividade.

A Figura 14 apresenta as atividades componentes desse subprocesso.

5.7.3 Coletar Informações para o Planejamento

Nessa atividade são levantadas as informações do ambiente e internas da

organização, fundamentais para o desenvolvimento do plano. Como subatividade final

dessa atividade é executada a análise SWOT, onde são confrontados os fatores de força,

fraqueza e as oportunidades e ameaças levantadas nas subatividades iniciais dessa etapa.

O conhecimento adquirido/produzido nessa fase é o que será utilizado na

definição dos objetivos estratégicos que serão perseguidos pela organização. Grosso

modo podemos dizer que os objetivos estratégicos devem aproveitar as nossas forças e

as oportunidades existentes no ambiente, ao mesmo tempo que minimizam as nossas

fraquezas e as ameaças.

Figura 14 - Estabelecer Fundamentos Estratégicos

51

Na Figura 15 são mostradas as atividades realizadas nessa fase. Deve-se notar

que aqui também são definidas as perspectivas que são posteriormente utilizadas no

BSC, visto que os fatores levantados na análise SWOT já são classificados por

perspectiva.

5.7.4 Criar BSC

Nessa fase são definidos os objetivos do plano estratégico em cada uma das

perspectivas a serem utilizadas no BSC e estabelecidas suas relações de causa-efeito. O

Figura 15 - Coletar Informações para o Planejamento

Figura 16 - Criar o Balanced Scorecard

52

mapa estratégico é montado e metas são definidas para cada um dos objetivos,

respeitando os indicadores escolhidos.

Iniciativas estratégicas são concebidas para contribuir para o atingimento de

cada um dos objetivos estratégicos definidos. Tais iniciativas são ações discretas,

elaboradas especificamente para ajudar a organização a atingir o desempenho desejado

nos seus diversos objetivos (KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P., 2008).

5.7.5 Criar Regras Autonômicas

Considerando todo o plano e os fundamentos estratégicos estabelecidos pela

organização, as regras autonômicas são criadas pelos gerentes de objetivos e metas.

Nessa atividade os gerentes definem condições para disparo de ações autonômicas,

considerando os indicadores selecionados e as metas estabelecidas. Como tais regras são

utilizadas para o acompanhamento da execução do plano estratégico, normalmente

utilizam funções que definem um afastamento da meta ao longo do tempo. O apoio de

sistemas de recomendação é desejado, visando facilitar a definição das regras pelos

responsáveis pelas atividades (TOMAZ, 2011b).

As principais ações realizadas nessa atividade são apresentadas na Figura 17.

5.7.6 Monitoramento e Aprimoramento do Plano Estratégico

Essa é a atividade que podemos chamar de “permanente”, após a conclusão do

planejamento. Nessa atividade os indicadores passam a ser acompanhados e as regras

Figura 17 - Criar Regras Autonômicas

53

ativadas quando devido. O desempenho do sistema pode e deve ser revisto como um

todo, seja por análise e intervenção direta dos responsáveis ou através do uso de

técnicas de aprendizado de máquina.

5.8 Um Modelo de Referência para o BSC Autonômico

O modelo aqui apresentado foi desenvolvido com base no processo apresentado

na seção 5.7. Como modelo conceitual, apresenta todos os conceitos necessários à

implementação de um sistema autonômico de gestão estratégica baseada no BSC.

Como notação optamos por utilizar a UML - Unified Modeling Language

(Linguagem de Modelagem Unificada) da OMG (OMG, 2011c, 2011d). Apesar de

eventualmente não ser suficientemente formal, a UML apresenta uma série de vantagens

no nosso caso. Em primeiro lugar, a UML é atualmente o padrão de fato, e pode-se

dizer de direito, para a modelagem de sistemas orientados a objetos, representação de

arquiteturas e desenvolvimento de software em geral. Em segundo por ser de fácil

entendimento, tanto para o profissional de TI como para outros profissionais envolvidos

em modelagem de negócio. Finalmente porque o modelo aqui desenvolvido é utilizado

em um protótipo, com suporte de ferramenta CASE (Computer-Aided Software

Engineering), sendo hoje a UML suportada por praticamente todas as ferramentas

existentes no mercado. Adicionalmente, a UML apresenta facilidades para o

desenvolvimento de modelos conceituais, inclusive para a transformação de tais

modelos em ontologias, como descrito em (GASEVIC et al., 2006; OMG, 2009a).

É importante frisar que o modelo de referência tanto cria condição para a

implementação de um sistema como o previsto como se tratado no devido nível de

detalhe e implementado corretamente, permite o registro das diversas ações tomadas

durante a vida do sistema. Esse registro abre as portas para a implementação de técnicas

de aprendizado de máquina, como o raciocínio baseado em casos (Case-Based

Reasoning – CBR).

A Figura 18 exibe o modelo completo, ou seja, todos os conceitos tratados

independente de sua organização em pacotes, para que se tenha uma visão global, de

alto nível, da solução proposta.

54

Figura 18 - Modelo de Domínio do ABSC

55

Visando facilitar a sua utilização e compreensão, o modelo teve suas classes

organizadas em pacotes que refletem os diversos aspectos associados a um sistema

desse tipo. A Figura 19 mostra os diversos pacotes desenvolvidos para o modelo de

referência.

Nas subseções abaixo apresentamos cada um dos pacotes criados e as classes

que os compõem. A exemplo do que é feito na Infraestrutura da UML (OMG, 2011c),

para cada um dos pacotes apresentamos um diagrama de classes do seu conteúdo e

descrevemos as suas classes. Baseado no mesmo documento, para cada uma das classes

fazemos uma breve descrição, apresentando de maneira informal a classe ou conceito

representado, listamos e explicamos seus atributos, associações e generalizações.

5.8.1 Pacote Gestão Estratégica

O pacote Gestão Estratégica é o pacote principal do modelo. Ele contém um

conjunto de classes representando os conceitos básicos da gestão estratégica e dois

outros pacotes também relacionados à nossa abordagem, o BSC e o BSC Autonômico.

Os conceitos aqui representados são em sua maioria oriundos do processo de

planejamento estratégico proposto no BSC (KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P., 1996).

Figura 19 - Pacotes do Modelo de Referência

56

5.8.1.1 Análise Interessado

■ Descrição: Texto sem formato específico que apresenta uma avaliação

de um interessado sobre o cenário do planejamento, ou seja, sua

opinião sobre o ambiente e sobre a situação da empresa nesse contexto.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

análise – texto descritivo da opinião do interessado

■ Associações: não possui.

5.8.1.2 Categoria Interessado

■ Descrição: Define a que grupo social o interessado pertence. Para a

construção do plano estratégico normalmente são colhidas informações

e opiniões com interessados do tipo cliente, investidor, etc.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

nomeCategoriaInteressado – nome que caracteriza uma

categoria de interessados.

■ Associações:

pertence a – indica os interessados que pertencem a

CategoriaInteressado.

5.8.1.3 Interessado

■ Descrição: Indivíduo que tem interesse no desenvolvimento do plano

estratégico. Em inglês, Stakeholder.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

nome – identificação do interessado.

■ Associações:

pertence a – indica a que CategoriaInteressado o interessado

pertence.

AnáliseInteressado – representa a análise do Interessado para

um determinado plano estratégico.

57

5.8.1.4 Plano Estratégico

■ Descrição: O conjunto de todos os artefatos trabalhados no processo de

planejamento estratégico baseado no BSC.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

dataInicial – data na qual o plano estratégico deve começar a ser

aplicado ou utilizado.

dataFinal – data final do plano estratégico, ou quando ele deixa

de ser utilizado.

■ Associações:

AnáliseInteressado – a análise de um determinado Interessado

para o PlanoEstratégico.

cria -

5.8.1.5 Pontuação

■ Descrição: Valor atribuído a uma Questão em um Questionário relativo

a um Plano Estratégico.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

pontos – resultado da avaliação da Questão no

QuestionárioInicial.

■ Associações: não possui.

5.8.1.6 Questionário Inicial

■ Descrição: Ferramenta para avaliação inicial do processo de

planejamento estratégico de uma organização. É realizado bem no

início do planejamento, visando avaliar o grau de maturidade do

processo de planejamento estratégico da organização. Na prática acaba

servindo como fator motivacional par ao desenvolvimento de um plano,

através da adoção de um processo, como o proposto no BSC.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

58

resultado – total de pontos auferidos no QuestionárioInicial,

frutos dos valores recebidos em cada uma das questões.

data – data de realização do questionário.

■ Associações:

inicia – indica o PlanoEstratégico que é disparado pelo

questionário.

Pontuação – indica as questões que compuseram o

QuestionárioInicial e o valor recebido em cada uma delas.

5.8.1.7 Questão

■ Descrição: perguntas utilizadas para a avaliação do processo de

planejamento estratégico da Organização que desenvolve o seu

PlanoEstratégico.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

descrição – texto descritivo da pergunta.

valores – conjunto de valores utilizados para respostas.

■ Associações:

Pontuação – indica o valor recebido na questão em um

determinado QuestionárioInicial.

5.8.2 Pacote BSC

Contém os conceitos necessários ao desenvolvimento do Balanced Scorecard,

incluindo a construção de mapas estratégicos, independente de comportamento

autonômico.

5.8.2.1 Ação Estratégica

■ Descrição: Providências tomadas em uma Iniciativa Estratégica para o

atingimento de um determinado Objetivo. Uma Ação Estratégica é

normalmente um Projeto ou um Programa, que não faz parte do dia-a-

dia da organização, que visa a aumentar o desempenho da Organização

de forma a contribuir para um Objetivo.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

59

nome – identificador da Ação Estratégica.

dataInício – data em que se inicia a implementação da Ação

Estratégica.

dataFim – data em que se encerra a Ação Estratégica.

■ Associações:

é composta por – indica para que Iniciativa Estratégica a Ação

Estratégica contribui.

está relacionada a – quando é o caso, representa que Atividade

da Organização é afetada pela Ação Estratégica.

5.8.2.2 BSC

■ Descrição: Representa um resultado da aplicação da metodologia de

desenvolvimento de um Plano Estratégico e sua gestão, conforme

proposto por Kaplan e Norton. O entendimento é que para um Plano

Figura 20 - Diagrama de Classes do Pacote BSC

60

Estratégico possam ser desenvolvidos vários Scorecards, para que um

seja adotado ou escolhido após a sua montagem.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

nomeBSC – identificador do Scorecard desenvolvido.

■ Associações:

cria – identifica para qual Plano Estratégico o Scorecard foi

criado.

utiliza – define quais as perspectivas a serem utilizadas no

Scorecard desenvolvido.

5.8.2.3 Iniciativa Estratégica

■ Descrição: Conjunto de Ações Estratégicas de curto prazo que

colaboram para que a organização atinja a sua visão. Cada tema

estratégico demanda um portfólio completo de iniciativas estratégicas

para atingir suas metas estratégicas.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

nome – identificador da Iniciativa Estratégica.

descrição – texto que explica a Iniciativa Estratégica.

■ Associações:

é composta por – relaciona as Ações Estratégicas que

implementam a Iniciativa Estratégica.

portfólio – identifica a quais Tema_BSC a Iniciativa Estratégica

está relacionada. Um portfólio de Iniciativas Estratégicas é

criado para cada um dos temas tratados pelo BSC,

normalmente.

5.8.2.4 Indicador

■ Descrição: Métrica utilizada para acompanhamento do desempenho da

Organização em algum aspecto do Plano Estratégico. Indicadores ou

KPI (Key Performance Indicator) são associados aos Objetivos de

61

forma a permitir uma constante avaliação do desempenho da

Organização com relação ao atingimento do Objetivo.

■ Generalização:

PRR::RuleVariable – classe oriunda do PRR (Production Rule

Representation), proposto pela OMG, que representa uma

variável de uma regra de produção que é avaliada para o disparo

da regra.

■ Atributos:

descrição – descrição do Indicador, incluindo a informação de

como pode ser obtido.

nome – identificador do Indicador.

periodicidadeAvaliação – a unidade temporal considerada para

sua avaliação, p.ex., mensal, diária, etc.

valorPeriodicidade – repetição da avaliação considerando a sua

periodicidadeAvaliação.

■ Associações:

avalia – indica em que expressão o Indicador é utilizado.

Meta – representa o desempenho desejado no Indicador em um

determinado período.

5.8.2.5 Medição

■ Descrição: Resultado da avaliação de um Indicador.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

data – data em que foi realizada a avaliação.

valor – resultado da avaliação do Indicador a que se refere a

Medição.

■ Associações:

possui – indica a qual Indicador a Medição se refere.

5.8.2.6 Meta

■ Descrição: Desempenho desejado para um determinado Indicador com

relação ao atingimento de um determinado Objetivo.

62

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

dataLimite – data na qual se deseja que o Indicador apresente o

valor apresentado.

valor – resultado desejado para o Indicador ao ser atingida a

dataLimite.

■ Associações: não possui.

5.8.2.7 Objetivo_BSC

■ Descrição: Fim a ser perseguido durante a execução do Plano

Estratégico.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

nome – identificador do Objetivo_BSC.

descrição – explicação do Objetivo_BSC.

■ Associações:

contribui para alcançar – indica que Iniciativas Estratégicas

contribuem para o atingimento do Objetivo_BSC.

é relativo a um – indica a que Tema_BSC o Objetivo_BSC se

refere.

explora – relaciona o Objetivo_BSC aos Influenciadores

trabalhados na análise SWOT.

possui – indica a que Perspectiva_BSC o Objetivo_BSC

pertence.

Viabiliza – auto-associação que estabelece a relaçãoo causa-

efeito entre os diversos Objetivos_BSC de um Plano

Estratégico. Um Objetivo_BSC só pode ser “causa” de um

outro Objetivo_BSC que pertença a uma Perspectiva_BSC

subsequente.

5.8.2.8 Perspectiva_BSC

■ Descrição: Aspectos da Organização e de seu funcionamento

acompanhados na gestão estratégica e para os quais se deseja melhorar

63

o desempenho. Originalemnte o trabalho de Kaplan e Norton sugere

quatro perspectivas: Aprendizado, Processos Internos, Cliente e

Financeira. No entanto outras perspectivas são utilizadas, substituindo

ou complementando o conjunto originalmente sugerido. As

perspectivas são ordenadas, formando uma hierarquia. Ou seja, o

entendimento é que uma perspectiva anterior influencie no desempenho

de uma perspectiva posterior.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

acrônimo – abreviatura que identifica a Perspectiva_BSC.

descrição – texto explicativo sobre a perspectiva e como deve

ser o seu entendimento pelos Interessados e pela Organização

como um todo.

nome – identificador da Perspectiva_BSC.

■ Associações:

possui – indica que Objetivos_BSC estão estabelecidos na

perspectiva.

utiliza – indica que Scorecards se utilizam da Perspectiva_BSC.

5.8.2.9 Programa Estratégico

■ Descrição: Conjunto de projetos com a finalidade de promover uma

Iniciativa Estratégica. Um grupo de projetos relacionados gerenciados

de modo coordenado para a obtenção de benefícios e controle que não

estariam disponíveis se eles fossem gerenciados individualmente.

Programas podem incluir elementos de trabalho relacionado fora do

escopo dos projetos distintos no programa. (PMI, 2004)

■ Generalização: Ação Estratégica.

■ Atributos: os mesmos da Ação Estratégica.

■ Associações:

é composto por – relaciona os Projetos que participam do

Programa Estratégico.

64

5.8.2.10 Projeto

■ Descrição: Um esforço temporário empreendido para criar um produto,

serviço ou resultado exclusivo (PMI, 2004).

■ Generalização: não possui.

■ Atributos: os mesmos da Ação Estratégica.

■ Associações:

é composto por – indica a qual Programa Estratégico o Projeto

pertence.

5.8.2.11 Tema_BSC

■ Descrição: Coleção de Objetivos_BSC que facilita o entendimento do

mapa estratégico e a gestão dos objetivos. São ligados a assuntos

específicos contemplados em um Plano Estratégico e podem permear

diversas perspectivas, transcendendo funções e dimensões, tratando

ações de curto prazo a longo prazo. Considerando as perspectivas como

camadas horizontais em um mapa estratégico, os temas definem

camadas verticais, que permitem organizar os objetivos definidos de

forma ortogonal às perspectivas e agrupando-os em torno de um

assunto de forma a facilitar às suas gestões.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

nome – identificador do tema.

■ Associações:

é relativo a um – indica que objetivos são agrupados no

Tema_BSC.

portfólio – indica o conjunto de Inciativas Estratégicas que

compõem o portfólio do Tema_BSC. Cada Tema_BSC deve

possuir um conjunto de iniciativas, organizadas em um portólio,

que quando satisfeito implica que o tema foi atendido.

5.8.3 Pacote BSC Autonômico

Agrupa as classes necessárias ao desenvolvimento de características

autonômicas no BSC.

65

5.8.3.1 Ação Autonômica

■ Descrição: Ação a ser tomada pelo sistema quando do disparo da sua

regra. Espera-se que inicialmente a ação seja pelo menos uma

notificação a um interessado.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

descrição – o que é feito na Ação Autonômica.

nome – identificador da Ação Autonômica.

tipo – indica que ação será tomada. Como exemplos temos ação

de notificação, de interrupção ou cancelamento de algum

projeto ou processo e de disparo de uma outra ação.

■ Associações:

ativa – indica a que RegraAutonômica a Ação Autonômica

pertence,, ou seja, que regra quando disparada ativará a ação.

Figura 21 - Pacote BSC Autonômico

66

5.8.3.2 Dimensão Autonômica

■ Descrição: Indica a dimensão autonômica CHOP, ou seja, de é de

configuração, cura, otimização ou proteção, conforme proposto pela

IBM, ou outra julgada necessária pelo implementador.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

nomeDimensão – identificador da Dimensão Autonômica.

■ Associações:

refere-se a – indica as regras que tratam a Dimensão

Autonômica.

5.8.3.3 Monitoramento Autonômico Meta

■ Descrição: Associa uma RegraAutonômica a um Objetivo_BSC,

indicando, considerando o objetivo associado, qual a prioridade da

regra. Essa prioridade é utilizada pelo mecanismo de inferência. Como

regras podem ser reaproveitadas, a prioridade não pode ser da regra

propriamente dita, mas da regra com relação ao tratamento de um

determinado objetivo.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

prioridade – valor que serve para indicar a precedência de uma

regra no acompanhamento de um objetivo em relação às demais

regras associadas ao objetivo.

■ Associações: não possui.

5.8.3.4 Regra Autonômica

■ Descrição: É a regra propriamente dita que serve para dar o

comportamento autonômico no acompanhamento dos objetivos do

plano. Caracterizada em uma ou mais dimensões autonômicas,

monitora o esforço para o atingimento de um objetivo, através do uso

de seus indicadores. Quando a condição estabelecida na regra é

satisfeita, ou seja, quando a RegraAutonômica é disparada, a

AçãoAutonômica associada é ativada.

67

■ Generalização: PRR::ComputerExecutableRule

■ Atributos:

descrição – texto refletindo a função da regra.

nome – identificador da regra.

pontosInfluência – pontos recebidos pela regra ao influenciar a

criação de uma outra regra. Necessário para o sistema de

recomendação de regras utilizado.

pontosInicial – pontos recebidos inicialmente pela regra, fruto

das regras em que se baseia e do especialista que a definiu.

Necessário para o sistema de recomendação de regras utilizado.

pontosUtilização - pontos recebidos pela regra ao ser reutilizada

na criação de uma outra regra. Necessário para o sistema de

recomendação de regras utilizado.

■ Associações:

ativa – indica as ações a serem ativadas quando do disparo da

regra.

avalia – indica em que Indicador a regra é baseada.

MonitoramentoAutonomicoMeta – ver classe.

possui – indica a condição que é avaliada para o disparo da

regra.

refere-se a – indica que dimensões autonômicas são tratadas

pela regra.

5.8.4 Pacote Negócios Comum

Esse pacote compreende as classes necessárias a representação de conceitos de

negócios em geral, não necessariamente atrelados à gestão estratégica, ao BSC ou à

Computação Autonômica. Possui diversos pacotes que agregam os conceitos

relacionados, mas não exclusivos, à gestão organizacional estratégica. Seus pacotes são:

Organização; Processo; Regra e SWOT.

68

5.8.5 Pacote Organização

Esse pacote contem as classes necessárias à representação da organização para a

qual será desenvolvido o plano estratégico, ou seja, na qual será implementado o

sistema de gestão estratégica autonômica.

O padrão Composite (GAMMA et al., 1994; SHANKS et al., 2004) é utilizado

para modelar a estrutura organizacional. Nesse pacote também são registrados os dados

básicos da organização.

5.8.5.1 ElementoOrganização

■ Descrição: Classe abstrata, criada para implementar o padrão

Composite. Representa qualquer componente de uma organização,

incluindo a própria organização.

■ Generalização:

Organização – Subclasse

Figura 22 - Pacote Organização

69

UnidadeOrganização – Subclasse

■ Atributos:

nome: nome do elemento da organização

■ Associações:

é constituída de – Organização

desenvolve – PlanoEstratégico

5.8.5.2 Organização

■ Descrição: Representa a organização para a qual está se desenvolvendo

o plano estratégico. Pode ser uma empresa ou um órgão público, por

exemplo.

■ Generalização:

ElementoOrganização – Superclasse.

■ Atributos:

missão – o propósito da organização.

visão – aonde a organização pretende estar no futuro.

Normalmente a estratégia da organização é um plano para

atingir o previsto em sua visão.

■ Associações:

é constituída por – indica que elementos compõem a

organização, que podem ser outras organizações ou

simplesmente unidades da própria organização, como divisões e

departamentos.

estabelece – indica quais são os valores que a organização preza

em ordem de prioridade.

5.8.5.3 UnidadeOrganização

■ Descrição: Partes de uma organização. Normalmente são

departamentos ou divisões da organização.

■ Generalização:

ElementoOrganização – Superclasse.

■ Atributos:

70

nível – indica em que nível da hierarquia organizacional a

unidade se encontra.

■ Associações: não possui.

5.8.5.4 ValorOrganização

■ Descrição: Conceitos que definem as posturas e abordagem da

organização para lidar com as suas interações com o ambiente e definir

as suas políticas internas.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

valor – descrição do valor.

■ Associações:

estabelece – indica a organização que estabeleceu os valores.

5.8.6 Pacote Processo

5.8.6.1 Atividade

■ Descrição:

■ Generalização:

■ Atributos:

■ Associações:

5.8.6.2 MétricaAtividade

■ Descrição:

■ Generalização:

■ Atributos:

■ Associações:

5.8.6.3 Processo

■ Descrição:

■ Generalização:

■ Atributos:

■ Associações:

71

5.8.6.4 Resultado

■ Descrição:

■ Generalização:

■ Atributos:

■ Associações:

5.8.6.5 Tarefa

■ Descrição:

■ Generalização:

■ Atributos:

■ Associações:

5.8.7 Pacote Regra

Compreende os conceitos necessários a modelagem de regras para o

acompanhamento da organização. Visto que diversos conceitos aqui necessários já

estavam definidos em uma norma (OMG, 2009b), os conceitos existentes foram

reaproveitados. Tais conceitos podem ser encontrados na referência, sendo aqui somente

listados.

5.8.7.1 ComputerExecutableRule (from PRR)

5.8.7.2 Condition (from PRR)

5.8.7.3 ExpressãoComposta

■ Descrição: Expressão booleana composta por ExpressõesSimples.

■ Generalização: PRR::Expression

■ Atributos: não possui.

■ Associações:

operando – indica as expressões que compõem a

ExpressãoComposta, que pode ser formada por duas outras

expressões, simples ou compostas.

5.8.7.4 ExpressãoSimples

■ Descrição: Expressão booleana para a avaliação de um indicador.

■ Generalização: PRR::Expression

■ Atributos: não possui.

72

■ Associações:

avalia – indica o indicador (KPI) avaliado na expressão.

compara – indica com que variável – PRR::RuleVariable – o

indicador é comparado.

utiliza – indica o operador numérico usado na comparação.

5.8.7.5 Expression (from PRR)

5.8.7.6 OperadorLógico

■ Descrição: Operador lógico utilizado em expressões compostas (AND,

OR, ...)

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

operador – identificador do operador lógico.

■ Associações:

utiliza – indica em que expressões o operador é utilizado.

5.8.7.7 OperadorNumérico

■ Descrição: Operador numérico utilizado em expressões simples (<, >,

=, etc.).

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

operador – identificador do operador.

■ Associações:

utiliza – indica em que expressões o operador é utilizado.

5.8.7.8 RuleVariable (from PRR)

5.8.8 Pacote SWOT

Apresenta os conceitos utilizados em uma análise SWOT.

5.8.8.1 Ameaça

■ Descrição: Característica do ambiente externo que pode colocar em

risco o funcionamento ou a missão da organização.

■ Generalização: InfluenciadorExterno – Superclasse.

■ Atributos: não possui.

73

■ Associações:

possui – indica a que análise SWOT (MatrizSWOT) a Ameaça

pertence.

5.8.8.2 Força

■ Descrição: Característica intrínseca da organização que se apresenta

como fator positivo ou diferencial capaz de trazer vantagem quando a

mesma é comparada com a concorrência.

■ Generalização: InfluenciadorInterno – Superclasse.

■ Atributos: não possui.

■ Associações:

possui – indica a que análise SWOT (MatrizSWOT) a Força

pertence.

5.8.8.3 Fraqueza

■ Descrição: Característica intrínseca da organização que se apresenta

como fator negativo ou diferencial capaz de provocar desvantagem

quando a mesma é comparada com a concorrência.

■ Generalização: InfluenciadorInterno – Superclasse.

■ Atributos: não possui.

■ Associações:

possui – indica a que análise SWOT (MatrizSWOT) a Força

pertence.

5.8.8.4 Influenciador

■ Descrição: Classe abstrata que representa os diversos fatores levantados

em uma análise SWOT, tanto internos quanto externos.

■ Generalização:

InfluenciadorExterno – Subclasse.

InfluenciadorInterno – Subclasse.

■ Atributos:

nome – descrição do Influenciador.

74

relevância – importância relativa do Influenciador, comparado

aos demais Influenciadores. Representa a “força” do

Influenciador.

■ Associações:

está relacionado a – indica em que perspectiva(s) do BSC o

fator deve ser considerado.

explora – indica que objetivos foram derivados considerando o

Influenciador. Permite que havendo alteração nos

Influenciadores os objetivos sejam revistos para atender à nova

realidade.

5.8.8.5 InfluenciadorExterno

■ Descrição: Classe abstrata, representa um Influenciador característico

do ambiente externo da organização. Pode ser uma Ameaça ou

Oportunidade.

■ Generalização:

Influenciador – Superclasse.

Ameaça – Subclasse.

Oportunidade – Subclasse.

■ Atributos: não possui.

■ Associações: não possui.

5.8.8.6 InfluenciadorInterno

■ Descrição: Classe abstrata, representa um Influenciador característico

da organização (interno). Pode ser uma Força ou Fraqueza.

■ Generalização:

Influenciador – Superclasse.

Força – Subclasse.

Fraqueza – Subclasse.

■ Atributos: não possui.

■ Associações: não possui.

75

5.8.8.7 MatrizSWOT

■ Descrição: Classe representativa de uma análise SWOT. Agrega os

diversos Influenciadores, internos e externos. Seu resultado como um

todo é fundamental para a derivação dos objetivos do plano estratégico.

■ Generalização: não possui.

■ Atributos:

descrição – texto descritivo sobre a análise efetuada.

nome – identificador da matriz de análise.

■ Associações:

é baseado – indica a qual plano estratégico a análise se refere.

possui (Força) – indica os elementos de Força identificados no

planejamento.

possui (Fraqueza) – indica os elementos de Fraqueza

identificados no planejamento.

possui (Ameaça) – indica os elementos de Ameaça identificados

no planejamento.

possui (Oportunidade) – indica os elementos de Oportunidade

identificados no planejamento.

5.8.8.8 Oportunidade

■ Descrição: Característica do ambiente externo que pode apresentar um

facilitador para o funcionamento ou o cumprimento da missão da

organização.

■ Generalização: InfluenciadorExterno – Superclasse.

■ Atributos: não possui.

■ Associações:

possui – indica a que análise SWOT (MatrizSWOT) a

Oportunidade pertence.

5.9 Uma Arquitetura Escalável para o BSC Autonômico

Em RODRIGUES NT., J.; MONTEIRO, P. et al. (2008) propusemos uma

arquitetura escalável que suportasse o funcionamento autonômico de processos de

negócio. Posteriormente, tal arquitetura foi implementada no Gestor Autonômico de

76

Processos de Negócio (ABPM) com sucesso (MONTEIRO, P. L. et al., 2008;

MONTEIRO, P. C. L., 2009). De forma sintética, na versão para apoiar processos

autonômicos, os arranjos são constituídos de 3 elementos básicos:

1. Agentes Monitores (Mn), responsáveis pela obtenção de informações nas

fontes de conhecimento e a disponibilização dessas no quadro-negro,

para que possam ser usadas pelos demais agentes;

2. Quadro-negro, a memória compartilhada dos agentes e sua “mídia” de

comunicação; e

3. Agentes Atuadores (CHOP), responsáveis por trabalhar em cada uma

dimensões autonômicas, avaliando o estado do quadro-negro e agindo ou

provendo informações para outros agentes.

A solução concebida passava pelo uso de arranjos hierárquicos de agentes e

quadros-negros para monitorar e agir sobre as atividades de processos ou workflows. No

caso da gestão estratégica, quando utilizando os mapas estratégicos o mesmo conceito

pode ser aplicado. Os objetivos estratégicos são organizados de forma hierárquica no

mapa estratégico do BSC e são relacionados por ligações de causa-efeito, que em

termos práticos servem para indicar ou registrar que o atingimento de um objetivo

depende do atingimento de outros aos quais se encontra relacionado e assim por diante.

Na realidade essa relação de causa-efeito é tipicamente uma relação de

dependência entre os objetivos ligados. Dessa forma, o uso de arranjos de agentes e

quadros-negros para o acompanhamento dos objetivos estratégicos funciona de maneira

muito semelhante ao que foi concebido para o ABPM.

77

A Figura 23 ilustra de forma simples a arquitetura utilizada. Como em um mapa

estratégico, as setas azuis que ligam os objetivos B1 e B2 ao objetivo A2 indicam a

existência de relações de causa-efeito entre esses objetivos. Assim, os elementos

autonômicos atuadores dos “objetivos causa” têm acesso ao quadro-negro do “objetivo

efeito” de forma a prover informações que colaborem para o funcionamento autonômico

dos mesmos.

É importante notar que a versão dessa arquitetura escalável utilizada para a

implementação do BSC Autonômico é ainda mais flexível, ou abrangente, que a

original (RODRIGUES NT., J.; MONTEIRO, P.; DE O. SAMPAIO; et al., 2008),

concebida para processos autonômicos. Na versão para processos, a arquitetura era

utilizada somente suportando uma hierarquia de atividades, processos ou tarefas. Na sua

versão para o BSC os arranjos agentes-quadro-negro podem suportar a implementação

do comportamento autonômico para os objetivos, para as perspectivas do BSC, para

temas do BSC e para o BSC como um todo, ou seja, para toda a organização.

Figura 23 - Arquitetura Hierárquica do BSC Autonômico

78

6 ESTUDO DE CASO – IPLAY

Visando verificar o nosso modelo de referência, exemplificar o uso do

arcabouço proposto, demonstrar a sua completude e facilitar o entendimento da solução,

um estudo de caso de uma empresa startup foi realizado. Nesse capítulo apresentamos

esse estudo.

6.1 Ambiente sob a ótica da iPlay

A iPlay é uma startup voltada para o desenvolvimento de jogos para plataformas

móveis. O grupo de pesquisa em informação de tecnologia Gartner realizou um estudo

que mostra que as vendas em dispositivos móveis para usuários finais no mundo todo

alcançou 1.6 bilhões de unidades em 2010, com um aumento de 72,10% na venda de

smartphones. Outro estudo, realizado pela IDC (International Data Corporation), uma

empresa que provê serviços de inteligência de mercado voltados à tecnologia da

informação, o mercado mundial de celulares aumentou em 19,80% somente nos

primeiros três meses de 2011 em relação ao ano passado. O motivo desse aumento foi,

principalmente, o aumento de venda em smartphones.

A partir desses estudos, não há dúvidas, para a iPlay, que o mercado de

dispositivos móveis está crescendo em um ritmo acelerado. Um estudo realizado pela

revista InformationWeek, por exemplo, mostra que as companhias e organizações têm

se interessado em desenvolver aplicativos móveis. Isso sem contar o já existente

interesse da população em jogos eletrônicos.

6.2 Planejamento Estratégico

Considerando tal cenário, a iPlay definiu a sua missão como: “Proporcionar

entretenimento de qualidade aos usuários de dispositivos móveis”; a sua visão como:

“Ter seus jogos considerados como os melhores do mercado e os mais baixados no

Android Market e iTunes Application Store”; e os seguintes valores: Ética;

Autenticidade; Comprometimento; Qualidade; e Criatividade.

O seu comitê estratégico definiu como sendo necessário utilizar no BSC as

perspectivas de Clientes (C); Financeira (F); Processos Internos (PI); e Aprendizado e

Crescimento (CR).

A análise inicial dos interessados identificou o seguinte:

79

Tabela 3 - Análise de Stakeholders da iPlay

Stakeholder Influências

positivas

Influências

negativas

Gr.

poder

Gr.

interesse

Atitude

Acionista Apoio financeiros Pressão sobre a

diretoria

10 10 Manter

Informado

Diretor Boa gestão Visão de curto

prazo (bônus)

8 10 Monitorar

Equipe Bom ambiente de

trabalho e cooperação

Disputas internas e

sabotagem

6 4 Manter

Satisfeito

Fornecedores Entregas no prazo Insumos fora da

especificação

3 8 Manter

Informado

A Tabela 3 apresenta, além do stakeholder, as influências positivas e negativas

que exerce sobre o planejamento estratégico, seu poder e interesse no planejamento e

qual a postura que deve ser assumida com relação à gestão estratégica, para com o

mesmo.

Posteriormente, o comitê estratégico, encarregado do planejamento, identificou a

seguinte matriz SWOT:

80

Tabela 4 - Matriz SWOT da iPlay

Forças Fraquezas

Equipe de produção com alto grau de

conhecimento técnico em tecnologias-chave. (PI &

CR)

Equipe gerencial com experiência de gestão de

empresas de software (PI & CR)

Baixo custo de desenvolvimento (F)

Baixo índice de inovação. (PI)

Falta de uma política marketing agressiva. (PI)

Oportunidades Ameaças

Tendência de crescimento do mercado de

aplicativos móveis. (C)

Tendência de aumento do número de usuários de

smartphones. (C)

Crescimento das Redes Sociais. (C)

Facilidade de entrada no mercado em questão. (C

& F)

Facilidade de acesso aos meios de publicação. (C

& F)

Alta competitividade neste setor de mercado. (C

& F)

A Tabela 4 apresenta os diversos fatores de força e fraqueza, as oportunidades e

ameaças, tendo ao lado de cada fator os acrônimos das perspectivas do BSC a que se

referem.

Com base nesses dados, o comitê elaborou o BSC com seus objetivos

estratégicos, conforme apresentado abaixo.

■ Aprendizado e Crescimento

○ Criar cultura de inovação na organização.

■ Descrição: Estimular as equipes de desenvolvimento a sugerir

ideias de aperfeiçoamento dos produtos existentes ou futuros da

empresa e a utilizar tecnologias inovadoras.

○ Criar cultura de utilização de redes sociais pelos funcionários.

■ Descrição: Estimular a utilização de redes sociais pelos

funcionários da organização.

■ Processos Internos

○ Criar política interna de inovação.

■ Descrição: Implementar infraestrutura organizacional que facilite

a geração e compartilhamento de ideias inovadoras.

○ Melhorar política de marketing.

81

■ Descrição: Implementar novas maneiras de manter o público-alvo

informado sobre os novos produtos.

○ Desenvolver aplicativos para redes sociais.

■ Descrição: Iniciar o desenvolvimento de projetos voltados para as

redes sociais mais utilizadas e em ascensão.

■ Cliente

○ Posicionar ao menos um jogo entre os 10 mais baixados do Android

Market

■ Descrição: Desenvolver produtos que atinjam um patamar de

destaque no ranking do Android Market, ficando entre os 10 mais

baixados.

○ Posicionar ao menos um jogo entre os 10 mais baixados da Apple App

Store.

■ Descrição: Desenvolver produtos que atinjam um patamar de

destaque no ranking da App Store, ficando entre os 10 mais

baixados.

○ Conseguir 50.000 novos clientes.

■ Descrição: Alcançar uma fatia maior de mercado.

■ Financeira

○ Aumentar o lucro em 50%.

■ Descrição: Aumentar em 50% do lucro anual da empresa,

comparativamente com o ano anterior.

Definidos os objetivos acima, foi criado o mapa estratégico que demonstra as

relações de causa-efeito entre os mesmos. O mapa da iPlay é apresentado na Figura 24.

Apesar de no BSC o objetivo final ser aumentar o valor da empresa para os seus

quotistas, isso não precisa ser apresentado no mapa estratégico. Importante, no entanto,

é entender que a montagem dessa rede de causa-efeito entre os diversos objetivos tem

por objetivo final promover a satisfação do quotista.

82

Visando promover o acompanhamento dos objetivos, o comitê selecionou

indicadores que permitem a avaliação do desempenho da organização no que diz

respeito aos mesmos, bem como o estabeleceu as metas desejadas para cada um dos

indicadores. A Tabela 5 apresenta os diversos indicadores selecionados, com suas

respectivas metas.

Figura 24 - Mapa Estratégico iPlay

83

Tabela 5 - Indicadores e Metas iPlay

Perspectiva Objetivo Indicador Meta

Ap

ren

diz

ad

o e

Cre

scim

ento

Criar cultura de inovação

na organização.

Número de projetos

inovadores que foram para

desenvolvimento

2

Percentual de funcionários

participando de atividades

inovadoras

60

Criar cultura de utilização

de redes sociais pelos

funcionários.

Percentual de funcionários

utilizando as redes

90

Atividade dos funcionários

nas redes sociais

(post/funcionário/mês)

10

Pro

cess

os

Inte

rnos

Criar política interna de

inovação.

Número mínimo de projetos

inovadores propostos

5

Melhorar política de

marketing.

Média de acessos à página

da organização por dia

50

Percentual de aumento do

número de jogos vendidos

10

Desenvolver aplicativos

para redes sociais.

Número de aplicativos para

redes sociais propostos

10

Número de aplicativos para

redes sociais desenvolvidos

2

Cli

ente

Posicionar ao menos um

jogo entre os 10 mais

baixados do Android

Market.

Quantidade mínima de jogos

iPlay entre os 10 mais

vendidos no Android Market

1

Posicionar ao menos um

jogo entre os 10 mais

baixados da Apple App

Store.

Quantidade mínima de jogos

iPlay entre os 10 mais

vendidos no iTunes App

Store

1

Conseguir 50.000 novos

clientes.

Número de clientes novos

captados

50.000

Fin

an

ceir

a Aumentar o lucro em 50%. Lucro obtido em relação ao

Lucro base

1,5

Definidas as metas, o comitê estabeleceu uma série de iniciativas estratégicas,

para promover o atingimento de cada um dos objetivos estratégicos.

84

● Ação 1: Criar programa de capacitação

○ Descrição: Programa para oferecer cursos técnicos para as

equipes de desenvolvimento da organização.

○ Objetivo beneficiados:

■Criar cultura de inovação na organização.

● Ação 2: Criar programa de inovação

○ Descrição: Programa para estimular a geração de ideias

inovadoras pelos funcionários da organização através de

atividades e dinâmicas de grupo.

○ Objetivo beneficiados:

■Criar política interna de inovação.

■Criar cultura de inovação na organização.

● Ação 3: Criar programa de desenvolvimento de aplicativos para redes

sociais

○ Descrição: Iniciar o desenvolvimento de jogos para redes sociais.

○ Objetivo beneficiados:

■Criar cultura de utilização de redes sociais pelos funcionários.

■Desenvolver aplicativos para redes sociais.

■Conseguir 50.000 novos clientes.

● Ação 4: Criar um novo programa de publicidade e divulgação

○ Descrição: Dar uma nova forma aos processos de marketing da

empresa de modo a implementar novos meios de acesso do

cliente aos jogos criados pela organização.

○ Objetivo beneficiados:

■Melhorar política de marketing.

■Conseguir 50.000 novos clientes.

■Aumentar o lucro em 50%.

■Posicionar ao menos um jogo entre os 10 mais baixados do

Android Market.

■Posicionar ao menos um jogo entre os 10 mais baixados do

App Store.

Após designados os gerentes de objetivos e metas, os mesmos elaboraram as

regras para acompanhamento do plano. A elaboração foi efetuada de acordo com o

previsto no processo estabelecido na seção 5.7.5. Abaixo exemplificamos apresentando

a regra de um objetivo da perspectiva de Aprendizado e Crescimento.

● Objetivo: Criar cultura de inovação na organização

○ Regra: AcompanhaInovação

Se, para uma data t,

ProjetosInovadoresEmDesenvolvimento/ProjetosInovadoresEmDese

nvolvimentoEstimados < ProjetosInovadoresNoTempo -

descolamento

Notificar Gerente Objetivo

85

Como se pode observar, a regra é definida utilizando uma variável que

representa uma função temporal (ProjetosInovadoresNoTempo). O conceito foi

elaborado entendendo que funções lineares da situação inicial de um indicador até a

meta estabelecida para o mesmo são utilizadas como referência. Assim, a qualquer

momento da execução do plano o valor real do indicador é confrontado com o valor

apresentado pela função e, caso a diferença seja maior do que o descolamento permitido

pelo usuário, a regra é disparada.

A regra, como estava previsto para essa versão inicial, tem como ação somente

uma notificação ao gerente do objetivo. Entretanto, conforme demonstramos em outros

trabalhos, um conjunto de ações autonômicas pode ser definido, preferencialmente com

base em uma ontologia (MONTEIRO, P. C. L., 2009; MONTEIRO, P. L. et al., 2008).

Da mesma forma, as ações estratégicas são associadas a atividades da organização para

permitir que ações autonômicas sejam executadas sobre as atividades.

Finalmente, é importante concluir esse capítulo deixando claro, conforme pode

ser verificado através de consulta ao modelo de referência e à arquitetura proposta, que

o nosso arcabouço suporta todos os conceitos aqui tratados, bem como as operações

necessárias sobre os mesmos.

86

7 TEAM – O PROTÓTIPO

O projeto TEAM tem como objetivo fornecer às organizações recursos para a

gestão estratégica autonômica. Para atingir tal objetivo, o TEAM especifica um

ambiente que possui as seguintes características:

Comportamento autonômico;

Recursos para a utilização do BSC;

Estabelecimento de ligações explícitas entre os objetivos estratégicos,

indicadores e metas, e os diversos processos de negócio conduzidos pela

organização; e

Fácil integração com outros sistemas existentes numa organização.

Visando demonstrar a viabilidade do arcabouço criado, um protótipo foi

desenvolvido utilizando-o. Tal protótipo foi desenvolvido por uma startup e está sendo

introduzido no mercado como um produto comercial. Assim, pode se considerar que a

proposta apresentada além de sua aplicação acadêmica possui também aplicação

comercial, o que também é um dos objetivos pretendidos nesse tipo de pesquisa

(HEVNER et al., 2004).

A construção de um protótipo tem também a função de permitir a obtenção de

conhecimento, especificamente do artefato interagindo com o ambiente. Na área de

Tecnologia da Informação muitas vezes um artefato é inicialmente construído, para

depois ser estudado de forma a permitir a formalização de novos conceitos e teorias

(MARCH; SMITH, G. F., 1995).

7.1 Características de Implementação

O arcabouço considera que toda a interação é feita via um navegador Web,

atualmente com uma única exceção, conforme explicado adiante. O TEAM é um MAS,

dada a adequabilidade desse paradigma às suas necessidades, como explicado na seção

2. Seu protótipo foi todo desenvolvido sob o conceito de software como serviço –

Software as a Service (SaaS).

O desenvolvimento segundo o paradigma orientado a objetos foi feito na

linguagem Java 5.0. As regras são implementadas utilizando o CLIPS (C Language

87

Integrated Production System), um ambiente de regras de produção, desenvolvido pela

NASA (RILEY, G., 2008).

Os diversos componentes do TEAM, prioritariamente, são desenvolvidos usando

software livre. Para a implementação de componentes desktop, como no caso do

modelador ABPM, foi utilizado o Eclipse (ECLIPSE FOUNDATION), através da

criação de extensões para o mesmo. No caso de aplicações Web, utilizamos o navegador

Mozilla Firefox (MOZILLA FOUNDATION).

7.2 Arquitetura Proposta

O ambiente TEAM, como um sistema de gestão autonômico, suporta desde o

nível estratégico da organização até o seu nível operacional, visto que precisa

acompanhar e controlar o comportamento da organização como um todo, incluindo os

seus processos de negócio. Para atingir seus objetivos, o ambiente proposto precisa de

uma ligação entre o BSC da organização e seus processos de negócio, estabelecendo um

loop fechado de controle, onde os resultados do BSC atuam nos workflows dos

processos de negócio e as métricas desses realimentam o BSC, em uma configuração

autonômica. Considerando tal necessidade, a arquitetura proposta inicialmente

contempla tanto suporte ao BSC quanto a workflows.

A versão atual da arquitetura do sistema é apresentada na Figura 25. O

componente central do sistema é o ABSC engine, O ABSC engine, possui dois

componentes: o seu Console e o AWE (Autonomic Workflow Engine). O primeiro é

responsável pela implementação do BSC autonômico, enquanto o segundo provê

recursos para a execução autonômica de workflows.

88

Durante a operação do sistema, seus usuários interagem com o mesmo usando

navegadores web. A interação dos usuários é feita através de componentes específicos,

como o ABPM Controller (Autonomic Business Process Manager), ABSC (Autonomic

Balanced Scorecard) Controller e outros, como um painel de acompanhamento para o

BSC Autonômico (dashboard), e uma ferramenta de relatório, por exemplo.

Outros importantes componentes do TEAM são os modeladores, ou ambientes

de modelagem. O primeiro, implementado como plug-in Eclipse, foi o modelador de

processos de negócio autonômicos (ABPM Modeler). Ele permite o desenho de um

processo de negócio e a definição de suas regras autonômicas para posterior

funcionamento do mesmo no AWE. O segundo, implementado em navegador Web,

serve para a definição do BSC, incluindo os mapas estratégicos, a definição de regras

estratégicas e a associação das metas do BSC aos indicadores oriundos dos diversos

processos de negócio da empresa.

Figura 25 - TEAM

89

O ambiente TEAM conta também com uma ferramenta para modelagem

colaborativa de processos, o BPCE (RODRIGUES NT., JOSÉ A.; SOUZA, JANO M.

DE; et al., 2008). A inclusão do BPCE visa a facilitar o trabalho dos gerentes de

processos na modelagem de seus processos de negócio, através do reuso de outros

modelos disponíveis, já desenvolvidos na organização.

Devido à necessidade de tratar a empresa como um todo, o TEAM demanda uma

série de outros componentes para promover a sua integração com sistemas necessários

ao seu funcionamento, como gestores de workflows, SGBD e outros, como sistemas de

monitoramento da infra-estrutura de TI. Esse último é apresentado na Figura 25 como

ISME (Infrastructure Management Environment). Da mesma forma, o RKM (Resource

and Knowledge Management) representa um sistema de gestão de recursos e

conhecimento, necessário para que o ABPM possa conseguir recursos durante a

execução de seus processos. Essas necessidades podem ser preenchidas por ferramentas

de mercado. Na implementação atual, o IBM Tivoli (IBM, 2008a) foi utilizado como o

ISME. O AWE é capaz de receber informações sobre a infraestrutura computacional

que suporta um processo e tomar as devidas ações através dessa interface.

Na versão atual utilizamos como RKM o Methexis, ferramenta de gestão de

recursos e de conhecimento, desenvolvida na COPPE (OLIVEIRA et al., 2007). O

desenvolvimento de sistemas proprietários para fornecer tais informações para o

TEAM, além de antieconômico, não se mostra eficaz, visto que a maioria das

organizações já dispõe de sistemas comerciais desse tipo implantados. Da mesma

forma, interfaces para outros sistemas semelhantes estão previstas, como ERP

(Enterprise Resource Planning) e sistemas de BSC.

A maioria da comunicação é realizada via Web Services. Como exemplo,

podemos citar a integração implementada com o Tivoli. Nesse caso, sempre que o

Tivoli percebe a falha de um recurso, p.ex. um servidor, acessa um Web Service do

TEAM e informa ServerIsDown, com a identificação do servidor em falha.

O ABPM, responsável pela execução autonômica dos workflows foi

desenvolvido com base no JBPM (JBOSS, 2009). Os agentes inteligentes que compõem

o ABPM utilizam o JCLIPS (JCLIPS, 2009), biblioteca de software, implementada em

Java, para permitir a inclusão do C Language Integrated Production System (CLIPS)

90

(CLIPS, 2009), ambiente para sistemas especialistas desenvolvido pela NASA5, em

programas Java.

O ABSC, responsável pelo funcionamento do BSC autonômico também utiliza

as mesmas tecnologias que o ABPM, exceto pelo JBPM, desnecessário nesse caso. O

ABSC Console é o servidor de aplicação do ABSC, ou seja, o backend do ABSC. O

ABSC Controller é aonde é estabelecido o plano estratégico, baseado na metodologia do

BSC. Já o ABSC Modeller é o componente gráfico que permite a modelagem visual do

mapa estratégico e se integra ao ABSC Controller.

Na implementação do protótipo demos prioridade, sempre que possível, ao uso

de ferramentas visuais, para o desenvolvimento do Scorecard, seu mapa e suas regras

autonômicas de acompanhamento. No entanto, o processo de desenvolvimento do plano

estratégico baseado no BSC está sempre disponível para o usuário, tanto como

orientação quanto se o mesmo preferir utilizar uma interface não gráfica.

7.3 Situação Atual

Considerando a arquitetura apresentada na Figura 25, no protótipo desenvolvido

todos os elementos na cor laranja já se encontram prontos e funcionando.

A implementação do protótipo de avaliação do TEAM foi iniciada pelas suas

camadas inferiores, no que diz respeito à gestão propriamente dita. Acreditávamos que o

caminho devia ser semelhante ao proposto por MURCH (2004) em seu modelo de

maturidade. Além disso, não faria muito sentido possuir comportamento autonômico no

nível estratégico e desenvolver as atividades dos demais níveis inferiores com total

gerência humana.

Por outro lado, também acreditamos que a capacidade autonômica deve ser

implementada paulatinamente. Assim, considerando ser o foco principal a gestão

estratégica, acabamos percebendo que o nível estratégico poderia ser contemplado sem

necessariamente o ser o nível operacional, nesse caso os processos de negócio da

organização. Ademais, considerando o impacto criado na introdução de mecanismos

autonômicos na gestão organizacional, tratar a introdução de novas tecnologias numa

5 National Aeronautics and Space Administration

91

organização em sua gestão estratégica e na gestão de processos operacionais ao mesmo

tempo torna-se praticamente inviável. Especialmente considerando ser essa tecnologia

nova e que suscita a desconfiança de muitos gestores. Dessa forma, entendemos ser

possível a introdução desses recursos de maneira independente, promovendo sua

integração posteriormente. Portanto, considerando que já havíamos desenvolvido um

protótipo para o nível de processos de negócio e que tal protótipo encontra-se pronto e

funcionando (MONTEIRO, P. C. L., 2009; MONTEIRO, P. L. et al., 2008), nos

concentramos em desenvolver no novo protótipo a parte diretamente relacionada com a

gestão estratégica autonômica, utilizando o BSC.

Devido à novidade da proposta, especialmente no ambiente empresarial,

esperamos que inicialmente as ações autonômicas a nível estratégico se limitem à

notificação de setores ou atores responsáveis pelos objetivos estratégicos. Ao longo da

utilização do sistema esperamos que tais ações se estendam como intervenções diretas

em processos, recomendações para projetos e mesmo sugestões e diretivas para

modificações no plano estratégico.

Na seção 7.4 apresentamos o funcionamento do protótipo em sua versão atual.

Conforme explicado anteriormente, o protótipo, desenvolvido com o apoio da GPE,

empresa startup residente na Incubadora da COPPE, encontra-se em fase final de testes

para entrada em produção comercial.

7.4 O Protótipo

O GAPE – Gestor Autonômico de Processos Estratégicos foi concebido com

base no TEAM. O seu funcionamento atende ao processo proposto na seção 5.7 de

forma integral. A sua construção foi toda executada com base no arcabouço proposto,

tendo inclusive gerado retorno para melhoria do arcabouço. Como bem observam

MARCH, S.T. & SMITH, G. F. (1995), cada novo programa construído é um

experimento: coloca novas questões para a natureza e o seu comportamento oferta

pistas para a reposta.

O GAPE auxilia o seu usuário a construir o seu plano estratégico, para posterior

suporte ao acompanhamento do mesmo. A Figura 26 mostra uma visão do sistema onde

se pode observar, no lado esquerdo da imagem, ou da tela, a apresentação do processo

92

de gestão estratégica, de forma integral, com sinalizadores que indicam se a atividade

prevista já foi ou não realizada.

O GAPE também suporta todos os conceitos previstos no modelo de referência

proposto, permitindo que a organização adapte o Balanced Scorecard às suas

necessidades específicas. A Figura 27 apresenta o recurso do sistema que permite que o

usuário defina que perspectivas deverão ser utilizadas no seu BSC.

Figura 26 - Tela Principal do GAPE

93

Grande parte das atividades previstas no processo apresentado na seção 5.7 pode

também ser realizada através de recursos gráficos ou visuais. Para construir o mapa

estratégico o GAPE disponibiliza um editor visual, onde são criados os objetivos e, se

desejado, associados aos influenciadores identificados na análise SWOT. Nesse editor

também se tem acesso a diversos outros detalhes do plano, podendo ser alteradas

perspectivas, detalhes de objetivos e até criadas outras regras de acompanhamento do

plano. A Figura 28 apresenta o editor de mapa estratégico citado.

Figura 27 - Tela de Criação de Perspectiva no GAPE

94

Para cada um dos objetivos estabelecidos o GAPE permite a definição de

diversas regras de acompanhamento, que chamamos regras autonômicas. As regras são

baseadas nos indicadores e metas definidos para o objetivo e, quando disparadas

executam ação prevista. Atualmente a verificação dos indicadores de cada regra pode

ser feita de forma manual ou automática. Na forma automática, o GAPE verifica junto

ao SGBD ou a um web service o valor corrente do indicador, com a periodicidade

estabelecida pelo usuário. A Figura 29 mostra a tela de criação de regras de

acompanhamento.

Figura 28 - Editor do Mapa Estratégico

95

Figura 29 - Tela de Criação de Regras

96

8 AVALIAÇÃO E RESULTADOS

Testar sistemas autonômicos é uma tarefa intrinsecamente difícil, especialmente

quando o sistema é grande e complexo, como o proposto (KEPHART, JEFFREY O.;

CHESS, DAVID M., 2003; SERUGENDO et al., 2006). O BSCA compreende toda

uma organização, transpassando fronteiras internas, como departamentos e divisões, e

fronteiras externas, de forma a poder observar indicadores ligados ao ambiente em que a

organização está inserida. Soma-se a isso o fato do sistema proposto apresentar

comportamento emergente, o que aumenta a complexidade para a sua verificação e

validação.

Por outro lado, devemos ressaltar que o propósito da pesquisa é desenvolver um

arcabouço de referência, ou seja, um modelo, que permita implementar sistemas dessa

natureza. Considerando ser o propósito principal da pesquisa a criação de um modelo,

consideramos ser mais adequado avaliar os seus resultados utilizando abordagens

relacionadas à Ciência do Design, cujos fundamentos remontam à “Ciências do

Artificial” (SIMON, 1996). A Ciência do Design está orientada a resolução de

problemas, mais especificamente no caso da tecnologia da informação a criar inovações

que definam ideias, práticas, capacidades técnicas e produtos através dos quais a

análise, projeto, implementação, gerência e uso de sistemas de informação possam ser

eficientemente realizados (DENNING, 1997 apud HEVNER et al., 2004). A Ciência do

Design se preocupa com como as coisas devem ser, como criar artefatos, para um

determinado propósito, ou seja, em criar soluções que atendam a necessidades humanas

(SIMON, 1996).

HEVNER et al. (2004) destacam ainda a importância do design em sistemas de

informação, porém frisam que a concepção e projeto de artefatos úteis, ou novos

produtos, é atividade deveras complexa, visto a necessidade de se avançar de formas

criativas em áreas aonde a teoria existente ainda é insuficiente.

A novidade do artefato produzido transforma-se na própria contribuição da

pesquisa. Enquanto subsequentes avanços na mesma pesquisa demandam a comparação

com um modelo inicial, demonstrando que os artefatos produzidos posteriormente são

melhores ou apresentam melhor desempenho que os anteriores, a proposta inicial

dispensa avaliações de desempenho (MARCH; SMITH, G. F., 1995).

97

Sob a ótica da Ciência do Design, é importante observar, como ainda frisam

MARCH e SMITH (1995), que a avaliação é complicada pelo fato de desempenho ser

relativo ao uso esperado, e o uso esperado de um determinado artefato pode incluir

uma série de tarefas.

A exemplo do feito em OSTERWALDER (2004), que propõe uma ontologia

para modelos de negócio, também nos baseamos no trabalho de MARCH e SMITH

(1995), para validarmos ou justificarmos a nossa proposta.

A Ciência do Design se preocupa com a criação e avaliação dos artefatos,

produtos da pesquisa. Esses produtos são classificados como constructos – elementos

básicos para a construção de uma linguagem de representação, modelos, métodos e

instanciações (MARCH; SMITH, G. F., 1995). No caso específico desse trabalho, o

nosso foco é no desenvolvimento dos constructos e de um modelo que suportem a

construção de um sistema autonômico de gestão estratégica baseado no BSC, conforme

estabelecido na seção 1.3.

Considerando o tamanho e a complexidade do sistema proposto e do ambiente

em que deve operar, as características intrínsecas do tipo de sistema desenvolvido e as

lições da Ciência do Design, optamos por validar a nossa proposta através dos seguintes

caminhos:

Figura 30 - Construir e Avaliar segundo a Ciência do Design

98

a. Análise da literatura existente sobre o assunto – Verificação e

comparação da proposta com as demais propostas existentes;

b. Resultados de experiências anteriores – Em função do tamanho e da

complexidade do arcabouço proposto, muitos de seus componentes

foram fruto de outras pesquisas e trabalhos que conduzimos com sucesso.

Assim, acreditamos que o fato do arcabouço já haver sido utilizado e

verificado em trabalhos já finalizados, como destacaremos a seguir,

contribua para demostrar a sua validade. O fato de partes da solução

proposta terem sido verificadas, mesmo que isoladamente, faz com que

os resultados dessas verificações contribuam para legitimar esta proposta.

Adicionalmente, a tomada de decisão quando da busca da solução de um

problema pode ser vista como seletividade. A seletividade pode ser

tratada basicamente de duas formas distintas: a primeira, através da

tentativa de diversas linhas de ação e registro dos resultados, para

posterior prosseguimento da investigação utilizando as linhas de ação

mais promissoras; e a segunda, através da construção de solução já

utilizada em problemas semelhantes, de forma a reduzir o espaço de

busca da solução desejada (SIMON, 1996).

c. Efetuar estudo de caso para demonstrar o funcionamento do arcabouço

proposto; e

d. A implementação de um protótipo baseado no arcabouço criado.

Os itens c e d foram contemplados, respectivamente, nos capítulos 6 - ESTUDO

DE CASO – IPLAY e 7 - TEAM – O PROTÓTIPO. Resta-nos então abordar os itens a

e b, sendo o primeiro tratado na seção 8.1 e o segundo na seção 8.2, complementada

pela seção 8.3.

8.1 Comparação com as Propostas Existentes na Literatura

Apesar de havermos apresentado um extenso levantamento da literatura

existente, tanto nos capítulos em que introduzimos as diversas tecnologias aqui tratadas

(cap. 2 a 4) quanto no capítulo onde apresentamos a nossa proposta (cap. 5),

entendemos que uma abordagem um pouco mais rigorosa pode contribuir para validar o

arcabouço proposto e seus subprodutos. Assim, conduzimos uma revisão quasi-

99

sistemática, simplificada, com a finalidade de reforçar a validade da nossa pesquisa

(MIAN et al., 2005; RODRIGUES, 2012; TRAVASSOS, G. H. et al., 2008).

Consideramos a revisão como simplificada pois somente um pesquisador efetuou a

revisão e porque alguns passos do protocolo, como o registro das publicações excluídas,

não foram realizados.

8.1.1 Planejamento da Revisão

8.1.1.1 Formulação da Questão

Objetivo: Identificar iniciativas ou ferramentas de monitoramento

automatizado de um planejamento estratégico realizado com BSC.

Questão: Quais as iniciativas existentes que utilizam o monitoramento

automatizado da gestão estratégica utilizando o BSC?

População: Todos os artigos que falem sobre monitoramento

automatizado do plano estratégico de organizações.

Keywords - strategic planning, monitoring strategic planning,

strategic management planning, strategic management,

performance management, performance framework, bsc, balanced

scorecard.

Intervenção: Monitoramento automatizado do plano estratégico.

Keywords - autonomic computing, autonomic enterprise,

autonomic scorecard, absc, adaptative enterprise, dynamic

systems.

Comparação: Não houve.

Resultados: Iniciativas identificadas.

Keywords - experience, best practices, benefit, guideline, tool,

method, technique, framework.

8.1.1.2 Seleção das Fontes

As fontes devem estar disponíveis via Web e a linguagem a ser utilizada é o

inglês. As buscas são realizadas utilizando os mecanismos de busca disponibilizados

pelas próprias bases.

100

Em função do acesso que possuímos às bases eletrônicas e considerando que

algumas, como a ACM, ofereciam restrição às strings de busca, escolhemos as bases

Scopus, Compendex e Elsevier.

8.1.1.3 Buscas Executadas

Scopus e Elsevier

TITLE-ABS-KEY(("strategic planning" OR "monitoring strategic planning" OR

"strategic planning management" OR "strategic management" OR "performance

management" OR "performance framework" OR bsc OR "balanced scorecard")

AND ("autonomic computing" OR "autonomic enterprise" OR "autonomic

scorecard" OR absc OR "adaptative enterprise" OR "dynamic systems") AND

(initiative OR experience OR "best practices" OR benefit OR guideline OR tool

OR method OR technique OR framework))

Compendex

(("strategic planning" OR "monitoring strategic planning" OR "strategic

planning management" OR "strategic management" OR "performance

management" OR "performance framework" OR bsc OR "balanced scorecard")

AND ("autonomic computing" OR "autonomic enterprise" OR "autonomic

scorecard" OR absc OR "adaptative enterprise" OR "dynamic systems") AND

(initiative OR experience OR "best practices" OR benefit OR guideline OR tool

OR method OR technique OR framework)) wn KY

8.1.1.4 Seleção dos Estudos

Critérios de Inclusão e Exclusão

Somente são considerados os estudos disponíveis para acesso via Web. Os

termos de busca devem estar no seu título ou resumo.

Processo de Seleção

As buscas são realizadas e os estudos recuperados têm o seu resumo verificado

com relação à questão estabelecida para a revisão. Os estudos selecionados são

registrados.

101

8.1.2 Execução da Revisão Simplificada

Com base nos critérios utilizados, foram recuperados diversos estudos, conforme

apresentado na Tabela 6.

Tabela 6 - Quantidade de Artigos Recuperados por Base

Base Quant. de Estudos Recuperados

Scopus 66

Compendex 28

Elsevier 4

Considerando o total recuperado, temos apenas 68 estudos diferentes, visto que

alguns resultados repetiram-se entre bases. Desses estudos, somente 8 são condizentes

com o objetivo da nossa revisão e são apresentados na Tabela 7. A última coluna indica

a disponibilidade do artigo para consulta via Web ou não.

Tabela 7 - Artigos Alinhados ao Objetivo da Revisão Simplificada

Artigo Disp.

Javalagi, C. M., & Bhushi, U. M. (2011). Application of structural equation

modelling to establish causal relationship among financial factors for strategic

management of productivity in indian sugar industries. International Journal of

Applied Management Science, 3(4), 394-419

Zheng, P., Lai, K. K., & Zhang, Y. (2009). Dynamic balanced scorecard with

rough set and fuzzy evaluation. Paper presented at the Proceedings of the 2009

International Joint Conference on Computational Sciences and Optimization,

CSO 2009, , 2 853-855.

van Wijk, M. T., Tittonell, P., Rufino, M. C., Herrero, M., Pacini, C., Ridder,

N. d., & Giller, K. E. (2009). Identifying key entry-points for strategic

management of smallholder farming systems in sub-saharan africa using the

dynamic farm-scale simulation model NUANCES-FARMSIM. Agricultural

Systems, 102(1-3), 89-101.

102

Zheng, P., & Lai, K. K. (2008). A rough set approach on supply chain dynamic

performance measurement

Chan, H., & Kwok, T. (2006). A policy-based management system with

automatic policy selection and creation capabilities by using a singular value

decomposition technique. Paper presented at the Proceedings - Seventh IEEE

International Workshop on Policies for Distributed Systems and Networks,

Policy 2006, 96-99.

Nauert, R. C. (2005). Strategic business planning and development for

competitive health care systems. Journal of Health Care Finance, 32(2), 72-94.

Wang, J., Cao, J., Leckie, J. O., & Zhang, S. (2004). Managing E-government

IT infrastructure: An approach combining autonomic computing and awareness

based collaboration. Paper presented at the Proceedings - the Fourth

International Conference on Computer and Information Technology (CIT

2004), 998-1003.

Kongar, E. (2004). Performance measurement for supply chain management

and evaluation criteria determination for reverse supply chain management.

Paper presented at the Proceedings of SPIE - the International Society for

Optical Engineering, 5583 106-117.

Desses artigos, somente cinco estão disponíveis para acesso via Web. Suas

análises estão sumarizadas a seguir.

8.1.3 Análise da Revisão Simplificada

Considerando ser o nosso objetivo “Identificar iniciativas ou ferramentas de

monitoramento automatizado de um planejamento estratégico realizado com BSC”,

elencamos os principais tópicos tratados na nossa proposta que contribuem para o

propósito da nossa pesquisa de criar um arcabouço de referência para o BSC

Autonômico. Assim, avaliamos os demais estudos, verificando se tratavam dos mesmos

aspectos. Para sumarizar, indicamos para cada um dos tópicos se o estudo trata do

assunto ou não.

103

A Figura 31 apresenta um apanhado final dos artigos selecionados e disponíveis

para a análise. Tendo em vista que a nossa pesquisa contempla todos os tópicos

elencados, percebe-se que os estudos abordados não possuem a mesma abrangência da

nossa proposta, ou seja, não apresentam a mesma completude.

O trabalho de CHAN, H. e KWOK, T. 2006 é o único que realmente toca em

questões de arquitetura tanto de software como de componentes. No entanto, é como a

maioria dos trabalhos da área de Computação Autonômica, voltado para controle de

processos de baixo nível, em sua maioria ligados à infraestrutura computacional. Sendo

assim, passa ao largo de nossas necessidades específicas.

ZHENG, P. e LAI, K. (2008) apresentam um protótipo. Entretanto, tal protótipo

é voltado apenas para a demonstração do método que propõem para medição dinâmica

de desempenho usando o BSC. De certa forma, sua proposta pode ser inclusive

incorporada à proposta do TEAM, porém apenas de forma complementar, como um

método matemático para apoio a previsões de desempenho. O mesmo ocorre em outro

trabalho da dupla, feito em conjunto com mais um autor (ZHENG et al., 2009).

Artigos

Metodologia

para Uso ou

Implantação

Mapeamento

de Conceitos

Modelo

Conceitual

Arquitetura de

Software

Arquitetura de

ComponentesProtótipo BSC

Gestão por

Desempenho

Chan, H., & Kwok, T. (2006). A policy-based

management system with automatic policy selection

and creation capabilities by using a singular value

decomposition technique. Paper presented at the

Proceedings - Seventh IEEE International Workshop

on Policies for Distributed Systems and Networks,

Policy 2006, , 2006 96-99.

Sim Não Não Sim Sim Não Não Não

Zheng, P., & Lai, K. K. (2008). A rough set approach on

supply chain dynamic performance measurement,

Agent and Multi-Agent Systems: Technologies and

Applications, Second KES International Symposium,

KES-AMSTA 2008, Incheon, Korea, March 26-28, 2008.

Proceedings}

Sim Não Não Não Não Sim Sim Sim

Zheng, P., Lai, K. K., & Zhang, Y. (2009). Dynamic

balanced scorecard with rough set and fuzzy

evaluation. Paper presented at the Proceedings of

the 2009 International Joint Conference on

Computational Sciences and Optimization, CSO 2009,

, 2 853-855.

Sim Não Não Não Não Sim Sim Sim

van Wijk, M. T., Tittonell, P., Rufino, M. C., Herrero,

M., Pacini, C., Ridder, N. d., & Giller, K. E. (2009).

Identifying key entry-points for strategic

management of smallholder farming systems in sub-

saharan africa using the dynamic farm-scale

simulation model NUANCES-FARMSIM. Agricultural

Systems, 102(1-3), 89-101.

Não Não Não Não Não Não Não Sim

Kongar, E. (2004). Performance measurement for

supply chain management and evaluation criteria

determination for reverse supply chain

management. Paper presented at the Proceedings of

SPIE - the International Society for Optical

Engineering, , 5583 106-117.

Sim Não Não Não Não Sim Sim Sim

Figura 31 - Sumário Artigos Selecionados x Tópicos de Interesse

104

O trabalho de VAN WIJK et al. (2009) além de tratar somente de gestão por

desempenho e estratégica, é voltado para otimização de plantas de agricultura através de

modelos de simulação.

KONGAR, N. (2004) utiliza o BSC para avaliação do desempenho de um

sistema de cadeia logística. O seu enfoque é conseguir sintetizar o desempenho através

de um modelo matemático próprio e desenvolve um protótipo para um estudo de caso.

No entanto, até onde nos foi possível perceber, o protótipo é somente uma ferramenta

para o cálculo de um índice de desempenho global para o sistema.

8.1.4 Resultado da Revisão Quasi-Sistemática Simplificada

Nossa intenção ao conduzir essa revisão foi, apesar de já havermos feito um

extenso levantamento da literatura existente durante a pesquisa, conduzir outra revisão,

usando um método mais rigoroso e bases de dados específicas, de forma a demonstrar a

propriedade de nossa proposta. Essa revisão simplificada vem suportar a metodologia

que definimos ao explorar o caminho da Ciência do Design, como expomos no início

desse capítulo.

Como pudemos observar, não conseguimos encontrar nenhum estudo com a

mesma completude que o nosso, nem com a mesma fidelidade ao problema apresentado.

8.2 Resultados de Experiências Anteriores

O tamanho e a abrangência do trabalho necessário para a definição de um

arcabouço para a gestão estratégica autonômica ficou evidente no início da pesquisa.

Dessa forma, se fez necessária a utilização do princípio de “dividir para conquistar”,

tratando alguns componentes da solução completa de forma isolada, com a contribuição

de outros membros do nosso grupo de pesquisa.

O ABPM (MONTEIRO, P. L. et al., 2008) foi concebido como parte do TEAM

e implementado durante o mestrado de um dos membros do nosso grupo. O ABPM é

parte fundamental do TEAM, pois implementa as ligações dos níveis estratégico-tático-

operacional. O ABPM encontra-se totalmente operacional e corresponde aos

componentes apresentados na Figura 25 relativos à implementação de processos de

negócio ou workflows autonômicos, conforme já abordado nas seções 2.2 e 2.3. No

ABPM pudemos pela primeira vez testar a arquitetura hierárquica que concebemos,

tendo sido demonstrada a sua adequabilidade para o problema proposto.

105

Outra pesquisa, o ARARA – ARTIFACTS AND REQUIREMENTS

AWARENESS REINFORCEMENT AGENTS – é um sistema multiagentes para apoio

a projetos de software, coorientado com o Prof. Xexéo (LIMA et al., 2008). No

ARARA demonstramos o uso de uma arquitetura multi-agentes baseada em ontologias e

a divisão de responsabilidades dos agentes, onde foram criados perfis de agentes para

tratar de aspectos específicos do problema. Esses mesmos princípios de organização dos

agentes são utilizados no TEAM.

8.3 Outros Trabalhos Desenvolvidos

Durante o período dessa pesquisa, definimos alguns trabalhos que entendemos

serem complementares, no que diz respeito a real utilização do TEAM. Procuramos

abordar essas pesquisas complementares em outros trabalhos, porém entendemos que

seus resultados também contribuem para a formação do arcabouço teórico e prático

necessário ao BSC Autonômico, seja através do teste de ideias concebidas para o

arcabouço proposto, ou mesmo implementando componentes do ambiente TEAM ou

serviços necessários ao seu pleno funcionamento.

O BPCE (RODRIGUES NT, JOSÉ A. et al., 2006) (RODRIGUES NT., JOSÉ

A.; SOUZA, JANO M. DE; et al., 2008), concebido como uma ferramenta de

modelagem colaborativa e de gestão do conhecimento distribuído, foi implementado

como um projeto final de graduação. Dentre outros aspectos, o BPCE marcou o início

de um trabalho de desenvolvimento de sistemas de recomendação colaborativos, que

acabaram por dar origem ao sistema de recomendação utilizado no TEAM para a

recomendação de regras autonômicas e suas métricas (TOMAZ, 2011b; TOMAZ et al.,

2012).

Dentro dessa mesma linha, procurando investigar de que forma métodos

colaborativos podem ajudar na tomada de decisão e que técnicas podem ser usadas para

tal, desenvolvemos trabalhos relacionados à filtragem e recomendação colaborativas,

como o FOXPEER (VIVACQUA et al., 2007) (VIVACQUA et al., 2009) e o FOXSET

(BARROS et al., 2009) (BARROS et al., 2011). No escopo do primeiro, o FOXPEER,

foi concebido o conceito de Vetores de Conhecimento – Knowledge Vectors, utilizados

no TEAM para avaliar a capacidade de cada colaborador em opinar sobre cada um dos

assuntos tratados em um planejamento estratégico (TOMAZ et al., 2011).

106

Como o processo de implantação de uma solução autonômica em uma

organização nada tem de trivial, entendemos ser necessária uma metodologia para tal.

Dentro do contexto de introdução da computação autonômica em processos de negócio

fica evidente a necessidade a necessidade de efetuar a escolha apropriada dos processos

a serem inicialmente tratados, visando maximizar as chances de sucesso de uma

empreitada dessa natureza. Em função disso, desenvolvemos uma técnica para a seleção

de processos para automação autonômica (TERRES et al., 2010).

Outros trabalhos/pesquisas não tão intimamente ligados ao TEAM também

foram realizados e constam da lista de trabalhos publicados pelo autor, na seção 9.2.

107

9 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gestão estratégica obtém a sua eficácia através do domínio, ou da redução, da

complexidade na gestão organizacional. No entanto, o controle de tal complexidade

dificilmente pode ser conseguido sem o suporte de sistemas computacionais adequados,

capazes de tratar as diversas informações necessárias, heterogêneas, esparsas e

distribuídas, com alto grau de usabilidade e que reduzam o esforço gerencial necessário,

ao invés de aumentá-lo.

Esta proposta, se em algum aspecto peca por excesso de ambição ou por

ingenuidade, procura ser precisa na identificação dos problemas que pretende tratar,

especialmente pelo fato de serem derivados de uma realidade existente e conhecida, e

aplicar a computação à mesma, contribuindo para a melhoria da gestão organizacional e,

esperamos, da qualidade de vida dos envolvidos nessa tarefa.

9.1 Contribuições e Originalidade

Durante o desenvolvimento deste trabalho nos deparamos com um terreno pouco

explorado, pelo menos da forma que propusemos. Visto que o foco principal do trabalho

era a concepção de um arcabouço de referência, quando falamos em contribuição e

originalidade é importante ressaltar a diferença entre o design de rotina e a abordagem

da ciência do design. No primeiro, são aplicadas as melhores práticas em artefatos, aí

incluídos modelos, métodos, protótipos, etc., existentes na atual base de conhecimento

para a construção de um sistema de informação. No segundo caso, problemas ainda não

resolvidos são tratados com soluções inovadoras ou únicas de forma não visualizada

anteriormente (HEVNER et al., 2004). Nosso trabalho, s.m.j., se enquadra nesse

segundo caso, conforme nos levam a crer o levantamento da literatura existente e a

revisão simplificada que conduzimos. Comprovação adicional pode ser conseguida pelo

fato desta pesquisa ter sido contemplada por dois anos seguidos com o IBM Faculty

Award em Computação Autonômica, prêmio que contempla menos de 10 projetos

anualmente. Em sua edição de 2007, p.ex., somente sete projetos foram contemplados

no mundo e no Brasil dois projetos, dentre os quais esta pesquisa, e somente o nosso no

segundo ano de sua concessão (IBM, 2007, 2008b). Além disso, esta pesquisa foi

contemplada com dois importantes editais nacionais, o de Inovação na TI do Estado do

Rio de Janeiro, concedido pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do

108

Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e o programa RHAE do Conselho Nacional de

Pesquisas (CNPQ, 2011).

Assim, produzimos os resultados abaixo, além de outros relacionados

indiretamente a este trabalho, que apresentamos na próxima seção.

Proposta de classificação da complexidade da gestão por desempenho

autonômica Figura 3.

Níveis de maturidade da gestão organizacional Tabela 2.

Mapeamento de um processo para a definição de um BSC Autonômico.

Modelo de referência para a implementação do BSC Autonômico.

Arquitetura de um sistema para a gestão estratégica autonômica.

Protótipo usado para instanciar e avaliar o TEAM.

Esta pesquisa está relacionada à definição de um arcabouço para a gestão

estratégica de organizações utilizando a computação autonômica. Como apresentado,

até onde fomos capazes de investigar, não encontramos nenhuma abordagem que

pudesse ser considerada igual, ou mesmo similar. Em nenhum dos trabalhos levantados

a computação autonômica foi utilizada na gestão estratégica de organizações, nem

suportando sistemas de gestão de desempenho, como o BSC, nem suportando nenhuma

atividade estratégica.

Mesmo quando a computação autonômica foi relacionada a workflows, foi

muitas vezes associada à execução de workflows em grid, o que não guarda muita

semelhança com a execução de processos de negócio, devido às suas características

intrínsecas de interação com seus responsáveis. De uma forma geral, podemos dizer que

a execução de um workflow em grid é quase um processamento batch, enquanto a

execução do workflow de um processo de negócio é normalmente interativa.

9.2 Outras Contribuições

O arcabouço desenvolvido, com seus diversos subprodutos, conforme já

apresentados anteriormente, é a principal contribuição desta pesquisa. No entanto,

devemos frisar que o projeto TEAM, permitiu e permitirá a condução de outros diversos

trabalhos de pesquisa, que redundem em outras contribuições, como já foi o caso nos

artigos publicados e nos resultados de outros trabalhos de pesquisa, como em

MONTEIRO (2009).

109

Durante o período de pesquisa, publicamos também os trabalhos abaixo, direta

ou indiretamente relacionados ao tema dessa pesquisa:

PINHEIRO, W.; BARROS, R.; RODRIGUES NT., J. A.; XEXÉO, G.;

SOUZA, J. M. D. Using Active Rules and Petri Nets to Composite Event

Detection in Autonomic Systems. In: Proceedings of LAACS-Latin

American Autonomic Computing Symposium 2008. Gramado, Brasil, 2008.

OLIVEIRA, J.; MONTEIRO, P. L.; RODRIGUES NT, J. A.; SOUZA, J. M.

D.; PERAZOLO, M. The Autonomic Balanced Scorecard. In: Proceedings

of LAACS-Latin American Autonomic Computing Symposium 2007.

Petrópolis, Brasil, 2007.

RODRIGUES NT., J. A.; MONTEIRO, P. C. L.; OLIVEIRA, J.; SOUZA, J.

M. D.; ZIMBRÃO, G. Towards an Autonomic Enterprise: From

Autonomic Business Processes to Autonomic Balanced Scorecard. In:

WBPM 2007 - I Brazilian Workshop on Business Process Management.

Gramado, Brasil, 2007.

Adicionalmente, participamos da elaboração dos seguintes projetos:

Autonomic Balanced Scorecard – IBM Faculty Award 2007 e 2008

Além das publicações acima, foram confeccionados diversos relatórios técnicos

sobre as pesquisas conduzidas.

9.3 Trabalhos Futuros

O TEAM permite a realização de diversos trabalhos de pesquisa e projetos finais

de cursos. O seu tamanho e a sua diversidade de tecnologias constituem uma plataforma

para um grande projeto de pesquisa.

O maior diferencial do TEAM é o uso da computação autonômica. Foi graças a

isso que esta pesquisa recebeu o suporte da IBM, através de dois IBM Faculty Awards.

Nesse sentido, visando a estender o uso da computação autonômica na direção que

propusemos ao conceber o ABSC, seria interessante investigar a relação do modelo

autonômico proposto por GANEK (2006), apresentado na Figura 8, com o loop de Boyd

concebido para operações militares (“John Boyd Compendium | Defense and the

National Interest,” 2007). Segundo Boyd, O “ciclo” no qual se baseia o comportamento

do combatente é fundamentado em 4 fases básicas, cujas iniciais formam o seu

acrônimo: Observar, Orientar, Decidir e Agir – OODA. Ainda segundo Boyd, o

combatente adquire vantagem ao fazer com que o ritmo do seu ciclo seja mais rápido do

que o de seu adversário, de certa forma interferindo ou penetrando o ciclo daquele.

Considerando as observações de Boyd e e a similaridade de seu ciclo com o proposto

110

para o gestor autonômico, pode-se fazer uma analogia tratando uma organização como

combatente, de forma a permitir a investigação da interação entre organizações e de

como isso pode e deve ser considerado em um loop autonômico.

Outro caminho para futuras investigações está relacionado à necessidade do

desenvolvimento de trabalhos para a visualização da execução da estratégia através de

dashboards (ECKERSON, 2005). Tanto os levantamentos que conduzimos nas

pesquisas existentes quanto a nossa experiência na interação com organizações que

desejam acompanhar suas operações através de painéis (dashboards) nos levam a crer

que ainda se constituem numa área, senão pouco explorada, pouco compreendida e

subutilizada.

A exemplo do que realizamos para processos de negócio autonômicos, uma

ontologia de falhas, sintomas e ações deve ser desenvolvida para o BSC Autonômico

(MONTEIRO, P. L. et al., 2008).

A literatura e o mercado indicam que o BSC depende muito da realização de

levantamentos. Diversos indicadores do BSC são resultados de pesquisas de opinião

entre os membros da organização ou junto aos clientes e fornecedores. Assim, a

próxima versão da arquitetura deverá contemplar um componente para a realização de

levantamentos.

Acreditamos que a arquitetura aqui proposta possa servir também como a

semente para um “simulador” estratégico organizacional que pode ser usado para

treinamento de gestores e executivos em gestão estratégica ou BPM. O uso de agentes

para simular a dinâmica do ambiente externo da organização daria origem a pesquisas

particularmente interessantes (URLINGS et al., 2006).

111

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