Banana Produção

142
BANANA Produção Aspectos Técnicos Zilton José Maciel Cordeiro Organizador Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Brasília - DF 2000 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Ministério da Agricultura e do Abastecimento

Transcript of Banana Produção

Page 1: Banana Produção

BANANAProdução

Aspectos Técnicos

Zilton José Maciel CordeiroOrganizador

Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaBrasília - DF

2000

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaMinistério da Agricultura e do Abastecimento

Page 2: Banana Produção

Série Frutas do Brasil, 1

Copyright © 2000 Embrapa/MA

Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:

Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaParque Estação Biológica - PqEB - FinalAv. W3 Norte.Caixa Postal: 040315CEP 70770-901 - Brasília-DFFone: (61) 448-4236Fax: (61) [email protected]

CENAGRIEsplanada dos MinistériosBloco D - Anexo B - TérreoCaixa Postal: 02432CEP 70849-970 - Brasília-DFFone: (61) 218-2615/2515/321-8360Fax: (61) [email protected]

Responsável pela edição: José Márcio de Moura SilvaCoordenação editorial: Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaRevisão, normalização bibliográfica e edição: Norma Azeredo e Vitória RodriguesPlanejamento gráfico e editoração: Marcelo Mancuso da Cunha e Luciano Mancuso da Cunha

1ª edição1ª impressão (2000): 3.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação do Copyright © (Lei nº.9.610).

CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação.Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia.

Banana. Produção: aspectos técnicos / Zilton José Maciel Cordeiro, organizador;Embrapa. — Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência deTecnologia, 2000.143p. ; (Frutas do Brasil ; 1).

Inclui bibliografia.ISBN 85-7383-070-0

1. Banana - Cultivo. 2. Banana - Produção. I. Cordeiro, Zilton José Maciel.org. II. Embrapa (Brasília, DF). III. Série.

CDD 634.772

© Embrapa 2000

Page 3: Banana Produção

AAUTUTORESORES

Aldo Vilar TrindadeEngenheiro Agrônomo, D. Sc. em Solos e Nutrição de Plantas, Pesquisador da Embrapa Mandioca eFruticultura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Ana Lúcia BorgesEngenheira Agrônoma, D. Sc. em Solos e Nutrição de Plantas, Pesquisadora da Embrapa Mandioca eFruticultura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Antonio da Silva SouzaEngenheiro Agrônomo, D. Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Arlene Maria Gomes de OliveiraEngenheira Agrônoma, M. Sc. em Ciência do Solo, Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Aristóteles Pires MatosEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura. Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - BA.E-mail: [email protected]

Clovis Oliveira de AlmeidaEngenheiro Agrônomo, D. Sc. em Economia Aplicada, Pesquisador da Embrapa Mandioca eFruticultura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Dilson da Cunha CostaEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura.Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas- BA.E-mail: [email protected]

Élio José AlvesEngenheiro Agrônomo, M. Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Eugênio Ferreira CoelhoEngenheiro Agrônomo, PhD em Engenharia de Irrigação, Pesquisador da Embrapa Mandioca eFruticultura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Jorge Luis Loyola DantasEngenheiro Agrônomo, D. Sc. em Fitomelhoramento, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Page 4: Banana Produção

José da Silva SouzaEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Economia Rural, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007.CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Luciano da Silva SouzaEngenheiro Agrônomo, D.Sc. em Ciência do Solo, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Marcelo Bezerra LimaEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, CaixaPostal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Marilene FrancelliEngenheira agrônoma, M.Sc. em Entomologia, Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura. Caixa Postal 007.CEP 44380-000 - Cruz das Almas -BA.E-mail: [email protected]

Paulo Ernesto Meissner FilhoEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura. Caixa Postal 007.CEP 44380-000 - Cruz das Almas -BAE-mail: [email protected]

Sebastião de Oliveira e SilvaEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fitomelhoramento, Pesquisador da Embrapa Mandioca eFruticultura. Caixa Postal 007.CEP 44380-000 - Cruz das Almas -BA.E-mail:[email protected]

Sizernando Luiz de OliveiraEngenheiro Agrônomo, D.Sc. em Engenharia Agrícola, Pesquisador da Embrapa Mandioca eFruticultura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Valdique Martins MedinaEngenheiro agrônomo, M. SC. em Fisiologia Vegetal, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000- Cruz das Almas -BA.E-mail: [email protected]

Walter dos Santos Soares FilhoEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Fitomelhoramento, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticul-tura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Zilton José Maciel CordeiroEngenheiro Agrônomo, D.Sc. em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Page 5: Banana Produção

APRESENTAPRESENTAÇÃOAÇÃO

Uma das caraterísticas do Programa Avança Brasil é a de conduzir os empreendi-mentos do Estado, concretizando as metas que propiciem ganhos sociais e institucionaispara as comunidades às quais se destinam. O trabalho é feito para que, ao final daimplantação de uma infra-estrutura de produção, as comunidades envolvidas acrescen-tem, às obras de engenharia civil requeridas, o aprendizado em habilitação e organização,que lhes permita gerar emprego e renda, agregando valor aos bens e serviços produzidos.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento participa desse esforço, com oobjetivo de qualificar nossas frutas para vencer as barreiras que lhes são impostas nocomércio internacional. O zelo e a segurança alimentar que ajudam a compor umdiagnóstico de qualidade com sanidade são itens muito importantes na competição comoutros países produtores.

Essas preocupações orientaram a concepção e a implantação do Programa de Apoioà Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais – FRUPEX.O Programa Avança Brasil, com esses mesmos fins, promove o empreendimentoInovação Tecnológica para a Fruticultura Irrigada no Semi-árido Nordestino.

Este Manual reúne conhecimentos técnicos necessários à produção da banana. Taisconhecimentos foram reunidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Embrapa – em parceria com as demais instituições do Sistema Nacional de PesquisaAgropecuária, para dar melhores condições de trabalho ao setor produtivo, preocupadoem alcançar padrões adequados para a exportação.

As orientações que se encontram neste Manual são o resultado da parceria entre oEstado e o setor produtivo. As grandes beneficiadas serão as comunidades para as quaisas obras de engenharia também levarão ganhos sociais e institucionais incontestáveis.

Tirem todo o proveito possível desses conhecimentos.

Marcus Vinicius Pratini de Moraes

Ministro da Agricultura e do Abastecimento

Page 6: Banana Produção
Page 7: Banana Produção

SUMÁRIOSUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 9

2. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ........................................................................................................ 10

3. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA, ORIGEM E EVOLUÇÃO ................................................................. 12

4. EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS ..................................................................................................... 17

5. ESCOLHA, PREPARO E CONSERVAÇÃO DO SOLO....................................................................... 24

6. CULTIVARES DE BANANA PARA EXPORTAÇÃO ......................................................................... 29

7. PRODUÇÃO DE MUDAS .......................................................................................................................... 39

8. NUTRIÇÃO, CALAGEM E ADUBAÇÃO ............................................................................................... 47

9. IRRIGAÇÃO E FERTIIRRIGAÇÃO ......................................................................................................... 60

10. ESTABELECIMENTO DO BANANAL ................................................................................................... 73

11. TRATOS CULTURAIS .................................................................................................................................. 83

12. PRAGAS ........................................................................................................................................................... 92

13. NEMATÓIDES ............................................................................................................................................ 101

14. DOENÇAS..................................................................................................................................................... 106

15. VIROSES ........................................................................................................................................................ 118

16. COLHEITA ................................................................................................................................................... 121

17. COMERCIALIZAÇÃO ............................................................................................................................... 131

18. CUSTOS E RENTABILIDADE ................................................................................................................ 136

19. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 139

Page 8: Banana Produção

99Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

1 INTRODUÇÃOZilton José Maciel Cordeiro

baixa incidência de doenças, oferta regulare boa qualidade dos frutos. Pode-se obser-var que as melhores espécies do mundo sãoproduzidas nas zonas mais quentes do glo-bo, especialmente entre os trópicos de Cân-cer e Capricórnio. De modo geral, quantomais próximo da linha do Equador, maisfavoráveis são as condições climáticas parao cultivo da banana. As referidas regiõesainda desfrutam da vantagem da localiza-ção, que diminui o tempo de viagem e ocusto do transporte para o HemisférioNorte, onde estão localizados os principaispaíses importadores dessa fruta.

As regiões Sul e Sudeste, com maiornível tecnológico e organização dos produ-tores, estão mais próximas dos países doHemisfério Sul, que também apresentamum expressivo mercado bananeiro. A pro-dução dessas regiões, por conseguinte, po-deria ser exportada com um menor custo detransporte para os países vizinhos: Argenti-na, Uruguai e Paraguai.

Além das vantagens comparativasmencionadas, o Brasil dispõe de um acervode tecnologias e conhecimentos capaz dedar suporte a um salto qualitativo na produ-ção de banana, passando a competir emqualidade com outros países exportadores.Foi com esse objetivo que se produziu estemanual, que engloba os mais diversos itensda produção, manejo e comercialização dafruta em questão.

A bananicultura brasileira, ape-sar do grande volume de pro-dução e da ampla distribuição

por todo o território nacional, deixa muitoa desejar como cultura de exportação. Demodo geral, pode-se caracterizá-la comouma cultura de baixa produtividade, baixonível tecnológico e de elevadas perdas napré e pós-colheita. Entretanto, a banana é afruta mais consumida no Brasil, constituin-do parte importante da renda dos pequenosprodutores e da alimentação das camadasmais carentes da população, sobretudo nomeio rural. É cultivada, predominantemen-te, em pequenas propriedades, sendo degrande importância para a fixação do ho-mem no campo e para a geração de empre-go rural, em especial para as camadas dapopulação com menor grau de qualifica-ção. Essa cultura ocupa o segundo lugar emvolume de frutas produzidas, situando-sepróxima aos seis milhões de toneladas anu-ais, perdendo apenas para a da laranja. Oconsumo per capita nacional é estimado emtorno de 20 kg/hab./ano.

No plano do comércio internacional, abanana responde pelo maior volume e va-lor de frutas frescas comercializadas, movi-mentando, aproximadamente, US$ 5 bi-lhões anuais. Os maiores produtores sãoÍndia, Equador, Brasil e Filipinas. No queconcerne às exportações, no entanto, oEquador, a Costa Rica, a Colômbia e asFilipinas lideram o comércio. O Brasil e aÍndia, grandes produtores mundiais, têmparticipação inexpressiva no mercado in-ternacional. No caso brasileiro, uma dasprincipais razões é o enorme mercado in-terno, aliado aos preços competitivos aquipraticados.

É preciso considerar, também, as van-tagens comparativas proporcionadas pelascondições climáticas das regiões Norte eNordeste que, associadas ao manejo ade-quado da irrigação, podem proporcionar odesenvolvimento de uma bananicultura com

Page 9: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 11010

A banana é a fruta maisconsumida no mundo e noBrasil, constituindo parte im-

portante da renda dos pequenos produto-res e da alimentação das camadas maiscarentes da população. De modo geral, écultivada em pequenas propriedades, sen-do de grande importância para a fixação dohomem no campo e para a geração deemprego rural, especialmente para as cama-das da população com menor grau de qua-lificação, que dificilmente encontrariam ocu-pação em outras atividades.

A cultura da banana ocupa o segundolugar em volume de frutas produzidas noBrasil, perdendo apenas para a laranja. Oconsumo aparente per capita nacional é esti-mado em torno de 20 kg/hab./ano. Em-bora o Brasil figure como um grande pro-dutor e consumidor, a bananicultura nacio-nal ainda padece de sérios problemas nasfases de produção e pós-colheita. Somentena fase de pós-colheita, as perdas podemchegar a 40% da produção.

A produção nacional de banana é vol-tada quase que exclusivamente para o mer-cado doméstico. Vários fatores contribuí-ram nesse sentido, destacando-se:

• o tamanho do mercado doméstico ea pouca exigência dos consumidores locaisem qualidade, contribuindo para a negli-gência do setor produtivo, para o baixonível de qualidade da banana produzida e asua não-adequação aos padrões de qualida-de do mercado internacional;

• níveis atrativos de preços para oproduto no mercado doméstico;

• incompatibilidade entre as varieda-des produzidas no Brasil e as demandadasno mercado externo;

2• desorganização da cadeia produtiva.

A produção de banana é distribuídapor todas as regiões do país, sendo a regiãoNordeste a maior produtora, seguida dasregiões Sudeste, Norte, Sul e Centro-Oeste.

As condições climáticas das regiõesNorte e Nordeste, associadas ao manejoadequado da irrigação, podem proporcionaro desenvolvimento de uma bananiculturacom baixa incidência de doenças, ofertaregular e boa qualidade dos frutos.

As melhores bananas do mundo sãoproduzidas nas zonas mais quentes do glo-bo, especialmente entre os trópicos de Cân-cer e Capricórnio. De modo geral, quantomais próximo da linha do Equador, maisfavoráveis são as condições climáticas parao cultivo da banana. As referidas regiõesainda desfrutam da vantagem da localiza-ção, que diminui o tempo de viagem e ocusto do transporte para o HemisférioNorte, onde estão localizados os principaispaíses importadores de banana. Na regiãoNorte, embora existam vantagens do climae da localização, alguns estados vêm en-frentando sérios problemas fitossanitárioscom essa cultura.

As regiões Sul e Sudeste, com maiornível tecnológico e organização dos produ-tores, estão mais próximas dos países doHemisfério Sul, que também apresentamum expressivo mercado de banana. A pro-dução de banana dos estados destas regiõespoderiam ser exportadas com um menorcusto de transporte para os países vizinhos:Argentina, Uruguai e Paraguai.

Embora as regiões Norte e Nordesteapresentem vantagens comparativas para aprodução de banana de alto padrão de

ASPECTOSSOCIOECONÔMICOS

Clóvis Oliveira de AlmeidaJosé da Silva Souza

Zilton José Maciel Cordeiro

Page 10: Banana Produção

1111Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

qualidade, ainda é preciso superar, emgrande parte, sua baixa eficiência tanto naprodução como no manejo pós-colheita.

São vários os problemas que afetam abananicultura dessas regiões, que se carac-teriza pelo baixo nível de tecnificação em-pregado nos cultivos, baixa produtividadee qualidade de fruto. As exceções geral-mente se localizam nos pólos de fruticul-tura irrigada, presentes no Nordeste, que,em alguns casos, apresentam melhor pro-dutividade devido ao uso da irrigação, masdeixam muito a desejar em relação aomanejo e tratos culturais dispensados àcultura e ao tratamento pós-colheita.

Os principais pólos estão localizadosnas regiões Sudeste e Nordeste, destacan-do-se entre eles o de Minas Gerais, locali-zado em Janaúba; os da Bahia, localizadosem Juazeiro, Bom Jesus da Lapa, SantaMaria da Vitória, Livramento de NossaSenhora e Barreiras; os pólos dePernambuco, sediados em Petrolina e SantaMaria da Boa Vista; o pólo do Rio Grandedo Norte, no vale do Açu; o de Sergipe, noPlatô de Neópolis, e o do Ceará, na Chapadado Apodi. Em implantação temos ainda, noCeará, o projeto de irrigação do Baixo Acaraúe, no Maranhão, o projeto de Balsas.

Nas áreas de produção de banana dasregiões Norte e Nordeste, existe um gran-de número de cultivares. No Nordeste opredomínio é das cultivares Prata e Pacovan.A Pacovan destaca-se nos estados do Cearáe Pernambuco. A Prata tem participaçãoexpressiva nas duas regiões. As variedadestipo Terra (frutos para cozinhar ou fritar)também são importantes nas duas regiões.

As variedades do tipo Cavendish, asmais aceitas no mercado internacional, aospoucos estão sendo plantadas nos períme-tros irrigados do Nordeste. O Rio Grandedo Norte é o maior produtor de bananaGrand Naine, devido à instalação, no valedo Açu, de grandes empresas especializadasna produção de banana voltada para a ex-portação. São cultivadas ainda nas regiõesNorte e Nordeste, em maior ou menorquantidade, as variedades: Prata-anã,Nanica, Nanicão, Maçã, Figo, Pelipita, Ouro,Caru, dentre outras.

Nas regiões Sul e Sudeste, as varieda-des tipo Cavendish (Nanica e Nanicão) sãoas mais expressivas, seguidas da cultivarPrata. A cultivar Maçã destaca-se apenas naregião Centro-Oeste. Nessa região tambémtêm participação significativa as cultivaresNanica e Nanicão, Prata, Terra e D’Angola.

Page 11: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 11212

CLASSIFICAÇÃOBOTÂNICA, ORIGEME EVOLUÇÃO

será possível nos médio e longo prazos, apartir de resultados de pesquisa (Alves,1986). As principais cultivares de bananado Brasil apresentam um ou alguns dessesproblemas (Tabela 1).

Dado o seu enorme potencial, abananicultura é motivo de interesse cadavez maior da parte de pesquisadores domundo inteiro. Todavia, o inventário dosconhecimentos científicos e tecnológicosdisponíveis sobre essa cultura ainda é rela-tivamente pequeno. Além disso, são mui-tos os problemas básicos que impedem seudesenvolvimento e aproveitamento emmaior escala.

CARACARACTERÍSTICAS GERAISCTERÍSTICAS GERAISDDAS BANANEIRASAS BANANEIRASCULCULTIVTIVADADASAS

Classificação botânicaClassificação botânica

Segundo a sistemática botânica de clas-sificação hierárquica, as bananeiras produ-

3Jorge Luiz Loyola Dantas

Walter dos Santos Soares Filho

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A bananicultura brasileira apresentacaracterísticas peculiares que a diferenciamdo que ocorre na maioria das regiões pro-dutoras do mundo, tanto no que diz respei-to à diversidade climática em que é explora-da quanto em relação ao uso de cultivares,à forma de comercialização e às exigênciasdo mercado consumidor. De modo geral,os cultivos seguem os padrões tradicionais,com baixos índices de capitalização etecnologia. Cultivos tecnicamente orienta-dos são encontrados em São Paulo, SantaCatarina, Goiás e Minas Gerais; neles ob-serva-se a utilização de tecnologias impor-tadas e adaptadas de outros países. O baixopotencial de produtividade das principaiscultivares exploradas no país - inferior a 16toneladas/hectare -, o porte elevado dealgumas variedades, a intolerância à estia-gem e a presença de doenças e pragas são osprincipais problemas que afetam abananicultura brasileira, cuja solução só

Cultivar PorteResistência às doenças e pragas¹

Mal-do--panamá

Sigatoka--amarela

Sigatoka--negra Moko Nematóide

R.similisBroca-do--rizoma

Prata (AAB) Alto MS S S S R MR

Pacovan (AAB) Alto MS S S S R MR

Prata-anã (AAB) Baixo MS S S S R MR

Maçã (AAB) Médio S MR - S R MR

Mysore (AAB) Alto R R R S R MR

Terra (AAB) Alto R R S S S S

D' Angola (AAB) Médio R R S S S S

Nanica (AAA) Baixo R S S S S S

Nanicão (AAA) Médio R S S S S S

Tabela 1. Algumas características das principais cultivares de banana do Brasil.

1 - S – suscetível; MS – moderadamente suscetível; MR – moderadamente resistente; R – resistente.Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 1999.

Page 12: Banana Produção

1313Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

toras de frutos comestíveis são plantas daclasse das Monocotyledoneae, ordemScitaminales, família Musaceae, da qualfazem parte as subfamílias Heliconioideae,Strelitzioideae e Musoideae. Esta últimainclui, além do gênero Ensete, o gêneroMusa, constituído por quatro séries ouseções: Australimusa, Callimusa,Rhodochlamys e (Eu-)Musa (Simmonds,1973). Dentro do gênero Musa existem nomínimo duas espécies, M. ingens (2n = 14)e M. becarii (2n = 18), que não sãoclassificáveis nas seções citadas. A discri-minação entre (Eu-)Musa e Rhodochlamysé artificial e não reflete bem os graus deisolamento reprodutivo (Shepherd, 1990).A seção (Eu-)Musa é a mais importante,uma vez que, além de ser formada pelomaior número de espécies desse gênero,apresenta ampla distribuição geográfica eabrange as espécies comestíveis.

A classificação proposta porCheesman (1948) para o gênero Musa,aceita atualmente no mundo inteiro, ba-seia-se no número básico de cromossomosdividido em dois grupos da seguinte ma-

neira: as espécies com n = 10 cromossomospertencem às seções Australimusa eCallimusa, enquanto as espécies com n = 11cromossomos integram as seçõesRhodochlamys e (Eu-)Musa. As espéciescomponentes destas duas últimas seçõessão as que apresentam potencialidade comogermoplasma útil ao melhoramento genéti-co das variedades cultivadas. SegundoShepherd (1990), tais espécies são:

a) Rhodochlamys: M. lateritaCheesman, M. ornata Roxburgh, M. rubra,M. sanguinea e M. velutina Wendl e Drude.

b) (Eu-)Musa: M. acuminata Colla, M.balbisiana Colla, M. flaviflora Simmonds, M.halabanensis Meijer, M. ochracea Shepherd eM. schizocarpa Simmonds.

A Tabela 2, adaptada de Champion(1967), apresenta esquematicamente a clas-sificação das bananeiras, além de incluiroutras famílias da ordem Scitaminales.

Origem e níveis cromossômicosOrigem e níveis cromossômicosdas cultivaresdas cultivares

A maioria das cultivares de bananaoriginou-se no continente asiático, tendo

Classe Ordem Famílias Subfamílias Gêneros Séries ou Seções

Australimusa,Callimusa

MusoideaeMusa Rhodochamys, (Eu-)

Musa

Ensete

Strelitzia

Monocotyledoneas Scitaminales Musaceae Strelitzioideae Phannekospernum

Ravenala

Heliconioideae Heliconia

Lowiaceae Lowia Orchidantha

Zingiberaceae

Marantaceae

Cannaceae

Tabela 2. Esquema representativo da classificação das bananeiras.

Fonte: Adaptada de Champion, 1967.

Page 13: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 11414

evoluído a partir das espécies diplóidesselvagens M. acuminata e M. balbisiana. Apre-senta três níveis cromossômicos distintos:diplóide, triplóide e tetraplóide, os quaiscorrespondem, respectivamente, a dois, trêse quatro múltiplos do número básico ougenoma de 11 cromossomos (x = n). Aorigem de bananeiras triplóides, a partir dediplóides, e de tetraplóides, a partir detriplóides, é constatada por meio de cruza-mentos experimentais.

EvoluçãoEvolução

Na evolução das bananeiras comestí-veis tomaram parte principalmente duasespécies diplóides selvagens: M. acuminata eM. balbisiana, de modo que cada cultivardeve conter combinações variadas degenomas completos das espécies parentais.Esses genomas são denominados pelas le-tras A (M. acuminata) e B (M. balbisiana), decujas combinações resultam os grupos AA,BB, AB, AAA, AAB, ABB, AAAA, AAAB,AABB e ABBB. Além disso, Hutchison(1966) e Shepherd & Ferreira (1982) relata-ram que M. schizocarpa também contribuiupara a formação de algumas cultivares hí-bridas na Nova Guiné. Nessa ilha é possí-vel, portanto, a ocorrência de combinaçõescomo AS e ABBS.

A evolução dessas espécies proces-sou-se em quatro etapas, repetidas em vári-as épocas (Simmonds & Shepherd, 1955).A primeira etapa constou da ocorrência departenocarpia por mutação em M. acuminata(AA), ou seja, a capacidade de gerar polpasem a produção de sementes. Em sua formaoriginal, os frutos de bananeiras possuemgrande número de sementes duras, quedificultam o seu consumo. Com base nosconhecimentos atualmente disponíveis,supõe-se que a partenocarpia ocorreu ape-nas em M. acuminata; por conseguinte, ascultivares mais antigas foram diplóides dogrupo AA. O número dessas cultivarespode ser ampliado por meio de cruzamen-tos espontâneos entre si ou com outrasformas selvagens da mesma espécie.

A segunda etapa caracterizou-se pelahibridação entre cultivares do grupo AA eplantas selvagens de M. balbisiana (BB),produzindo híbridos diplóides do grupoAB, hoje raros e possivelmente limitadosna sua origem à Índia. Vale ressaltar, entre-tanto, que Shepherd encontrou duas cul-tivares AB na África Ocidental em 1969. Otipo Ney Poovan foi bastante observadoem Uganda, além de se achar presente nasilhas do Caribe desde o início deste século,sob a denominação de Guindy.

A terceira e quarta etapas da evoluçãosão admitidas com base na capacidade devárias bananeiras e de alguns híbridos degerar, em baixa freqüência, células-ovoviáveis, sem meiose típica, com a mesmaconstituição cromossômica e genética daplanta-mãe, seja esta diplóide ou triplóide.Por meio de cruzamentos espontâneosenvolvendo pólens das espécies parentais(M. acuminata e M. balbisiana) ou de cultiva-res do grupo AA, com genótipos dos gru-pos AA e AB portadores de sacos embri-onários diplóides, foi possível a evoluçãode triplóides dos grupos AAA, AAB eABB, pela adição do número básico x (Aou B). Da mesma forma, os tetraplóidesdos grupos AAAA, AAAB, AABB e ABBBevoluíram a partir dos três grupos triplóides(Figura 1). Cumpre ressaltar que todosesses grupos foram constatados por avali-ação taxonômica das cultivares exploradasem todo o mundo, à exceção do grupoAAAA, que só foi obtido por cruzamentosexperimentais (Shepherd, 1984a).

Classificação do germoplasmaClassificação do germoplasma

Na classificação de germoplasma des-conhecido, deve-se determinar primeiro onúmero de cromossomos para discrimina-ção entre acessos diplóides, triplóides etetraplóides. Caso não se disponha de infra-estrutura adequada para a contagem doscromossomos, é possível obter algumaindicação pela orientação das folhas. Se-gundo Shepherd (1984a), as folhas de ba-naneiras diplóides são tipicamente eretas,

Page 14: Banana Produção

1515Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

as de triplóides são em geral medianamentependentes e as de tetraplóides são bemarqueadas. Os acessos triplóides são osmais comuns e incluem todas as variedadesplantadas em grande escala.

Para esclarecer a taxonomia das culti-vares por meio da identificação dos gruposgenômicos, Simmonds & Shepherd (1955)utilizaram dois caracteres vegetativos e tre-ze caracteres de inflorescência, todos dife-renciais entre as espécies, apesar da existên-cia de algumas exceções. Foram constata-dos os seguintes grupos: diplóides AA eAB; triplóides AAA, AAB e ABB;tetraplóides AAAA, AAAB, AABB e ABBB,classificação adotada em todo o mundo.Ressalte-se que, a princípio, não foram re-conhecidas cultivares dos grupos BB, BBBe BBBB, que pareciam não existir devido à

ausência de partenocarpia na espécie M.balbisiana. Entretanto, Shepherd observouuma fraca cultivar BB na Tailândia (LepChang Kut), que pode ser um híbrido docruzamento Teparod x BB.

Na prática, não são necessários esses15 caracteres para a determinação do grupogenômico de uma cultivar, embora todossejam investigados nos casos de difícil dis-criminação, a exemplo do que ocorre comos grupos AAA e AAB. Shepherd (1992)elaborou um documento sobre a utilizaçãode poucos caracteres na discriminação en-tre os grupos triplóides.

Um aspecto notório dos plantios ex-tensivos está relacionado com a relativa-mente freqüente ocorrência de mutaçõesem muitas cultivares, possibilitando a am-pliação do número de variedades. Nos ca-

Figura 1Figura 1. Evolução das bananeiras.

Page 15: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 11616

sos em que as mutações produzem efeitosimportantes no uso e na comercialização,utiliza-se o termo subgrupo proposto porSimmonds (1973) que abrange cultivaresoriginárias por mutação de uma única for-ma ancestral. Exemplos que se destacam nadiversidade das formas são o subgrupoCavendish (grupo AAA) e o subgrupoPlantain, Plátano ou Terra (grupo AAB).

Na identificação de cultivares dentrodos grupos são conhecidas apenas as cha-ves publicadas por Simmonds (1973), quese referem, separadamente, às principaiscultivares dos três grupos triplóides. Entre-tanto, ainda não se publicou uma boa listade descritores para a caracterização dascultivares; não só a lista de Simmonds (1984)é incompleta, como a lista francesa, inédita,do mesmo modo omite alguns descritoresúteis. Há bastante tempo se reconhece anecessidade da elaboração de uma lista in-ternacional, bem abrangente de descritores,para facilitar a identificação de sinônimosem diferentes países e permitir uma descri-ção mais acurada da variabilidade existenteno mundo. Com essa finalidade, foi levadaa efeito, no Brasil e no exterior, uma pesqui-

sa que resultou em nova lista, com mais de100 descritores, quase todos relativos aaspectos morfológicos, quantitativos e qua-litativos, que podem ressaltar diferençasentre cultivares (Shepherd, 1984).

Distribuição geográficaDistribuição geográfica

A bananeira é uma planta tipicamentetropical, cujo bom desenvolvimento exigecalor constante, elevada umidade e boadistribuição de chuvas. Essas condiçõessão registradas na faixa compreendida en-tre os paralelos de 30° de latitude norte e sul,nas regiões onde as temperaturas situam-seentre os limites de 15°C e 35°C. Há, entre-tanto, a possibilidade de seu cultivo emlatitudes acima de 30° de latitude norte esul, desde que a temperatura e o regimehídrico sejam adequados (Moreira, 1987).

Devido à sua ampla adaptação, é cul-tivada em quase todos os países tropicais.No Brasil, a bananeira é cultivada de nortea sul, envolvendo desde a faixa litorânea atéos planaltos interioranos.

Page 16: Banana Produção

1717Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

EXIGÊNCIASEDAFOCLIMÁTICAS

Ana Lúcia BorgesLuciano da Silva Souza

Élio José Alves

4INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A bananeira (Musa spp.) é uma plantamonocotiledônea, herbácea (após a colhei-ta a parte aérea é cortada) e perene, uma vezque novos perfilhos nascem da base daplanta-mãe. Apresenta caule subterrâneo(rizoma) de onde saem as raízes primárias,em grupos de três ou quatro, totalizando200 a 500 raízes, com espessura de 5 mm a8mm, brancas e tenras quando novas esaudáveis, tornando-se amareladas e endu-recidas com o tempo. O sistema radicular éfasciculado, podendo atingir horizontal-mente até 5 m; no entanto, é mais comumde 1 mm a 2 m, dependendo da cultivar edas condições do solo. É também superfi-cial, com cerca de 40% na profundidade de10 cm e de 60% a 85% concentrando-se nacamada de 30 cm.

O pseudocaule é formado por bainhasfoliares, terminando com uma copa de fo-lhas compridas e largas, com nervura cen-tral desenvolvida. Uma planta pode emitirde 30 a 70 folhas, com o aparecimento deuma nova folha a cada 7 a 11 dias. Ainflorescência sai do centro da copa, apre-sentando brácteas ovaladas, de coloraçãogeralmente roxo-avermelhada, em cujasaxilas nascem as flores. De cada conjuntode flores formam-se as pencas (7 a 15),apresentando número variável de frutos(40 a 220), dependendo da cultivar.

Os fatores que influenciam no cresci-mento e produção das bananeiras classifi-cam-se em fatores internos e externos. Osfatores internos estão relacionados com ascaracterísticas genéticas da variedade utili-zada, enquanto os fatores externos se refe-rem às condições edáficas (solo), ambientais(clima), agentes bióticos (pragas e doenças)e à ação do homem interferindo nos fatoresedáficos, climáticos e bióticos.

CONDIÇÕES EDÁFICASCONDIÇÕES EDÁFICAS

TopografiaTopografia

De modo geral, quando as condiçõesclimáticas são favoráveis, os cultivos po-dem ser estabelecidos tanto em encostascomo em terrenos planos. Contudo, áreascom declives inferiores a 8% são as maisrecomendadas; entre 8% e 30% há restri-ções; e declives acima de 30% são conside-rados inadequados. Os terrenos planos asuavemente ondulados (declives menoresque 8%) são mais adequados, pois facilitamo manejo da cultura, a mecanização, aspráticas culturais, a colheita e a conservaçãodo solo.

Em áreas declivosas (na faixa de 8% a30%), além de medidas de controle daerosão, a irrigação é dificultada, seja porexigir o uso de motobombas de maiorcapacidade e, conseqüentemente, de maiorconsumo de energia, seja por tornar irregu-lar a pressão nos aspersores, devido àsdiferenças na topografia do terreno.

Nas principais regiões produtoras debanana no mundo, as várzeas e baixadasmecanizáveis têm sido utilizadas com su-cesso, especialmente na produção de bana-na destinada à exportação. No Brasil, essasáreas têm sido utilizadas no cultivo dasvariedades Nanica, Nanicão e Grand Nainenos estados de São Paulo, Espírito Santo eRio de Janeiro; nos perímetros irrigados doDepartamento Nacional de Obras Contraas Secas (DNOCS), e da Companhia deDesenvolvimento do Vale do São Francis-co (CODEVASF); bem como nos valesdos rios Piranhas-PB, Jaguaribe-CE eMoxotó-PE.

Page 17: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 11818

ProfundidadeProfundidade

Apesar de a bananeira apresentar sis-tema radicular superficial (30 cm), é impor-tante que o solo seja profundo, com mais de75 cm sem qualquer impedimento. Soloscom profundidade inferior a 25 cm sãoconsiderados inadequados para a cultura.Em solos compactados, as raízes da bana-neira raramente atingem profundidadesabaixo de 60 cm a 80 cm, fazendo com queas plantas fiquem sujeitas ao tombamento.

Em solos apresentando camadaadensada dentro de 30 cm a 35 cm deprofundidade, onde o sistema radicular nãopenetrava, foram observados efeitos bené-ficos da subsolagem em bananeira. Daí aimportância de observar o perfil de todo osolo, e não apenas as camadas superficiais.

Recomenda-se, para o bom desenvol-vimento da bananeira, que os solos nãoapresentem camada impermeável, pedre-gosa ou endurecida, nem lençol freático amenos de um metro de profundidade.

AeraçãoAeração

A disponibilidade adequada de oxigê-nio é de fundamental importância para obom desenvolvimento do sistema radicularda bananeira. Ocorrendo falta de oxigênio,as raízes perdem a rigidez, adquirem umacor cinza-azulada pálida e apodrecem rapi-damente. Uma má aeração do solo pode serprovocada pela sua compactação ouencharcamento.

Portanto, para melhorar as condiçõesde aeração do solo, em áreas com tendênciaa encharcamento deve-se estabelecer umbom sistema de drenagem. Os excessoscontinuados de umidade no solo por maisde três dias promovem perdas irreparáveisno sistema radicular, com reflexos negati-vos na produção da cultura. Por essa razão,os solos cultivados com banana devem terboas profundidade e drenagem interna, paraque os excessos de umidade sejam drena-dos rapidamente e para que o nível dolençol freático mantenha-se abaixo de1,80 m de profundidade.

SolosSolos

A bananeira é cultivada e se desenvol-ve em diversos tipos de solos. A Tabela 3mostra um resumo dos solos onde as bana-neiras são cultivadas no Brasil, suas princi-pais limitações e práticas de manejo reco-mendadas.

Em geral, para o cultivo da banana, ossolos podem ser enquadrados em quatrogrupos de potencialidades, conforme dis-criminados em seguida:

Grupo 1 – Solos de alto potencial –São aqueles que não apresentam limitaçõespara a obtenção de altas produtividadescom a cultura da banana. São os solos emcondições de relevo plano a suave ondula-do, bem drenados, profundos (mais de 100cm), textura média a argilosa, bemestruturados, permeáveis, férteis, com pHneutro a ligeiramente ácido, sem perigo deinundação e sem problemas de salinidade.

Fazem parte deste grupo principalmenteos seguintes solos: Latossolo Roxo Eutrófico,Latossolo Vermelho-Escuro Eutrófico,Latossolo Vermelho-Amarelo Eutrófico,Terra Roxa Estruturada Eutrófica, PodzólicoVermelho-Escuro Eutrófico, PodzólicoVermelho-Amarelo Eutrófico, CambissoloEutrófico, Brunizem ou Brunizem-Avermelhado e Solos Aluviais Eutróficos,não-salinos, não-sódicos e bem drenados.

Grupo 2 – Solos de médio potencial -Solos adequados para o cultivo com a culturada banana que apresentam uma ou maisrestrições em termos de fertilidade natural,relevo, profundidade efetiva e/ou drena-gem, que levam a produtividades mais baixasque as obtidas nos solos do grupo anterior e,assim, requerem maiores investimentos parase obterem rendimentos elevados.

Fazem parte deste grupo principal-mente os seguintes solos: Latossolo RoxoDistrófico, Latossolo Vermelho-EscuroDistrófico, Latossolo Vermelho-AmareloDistrófico, Latossolo Amarelo, LatossoloVariação Una, Terra Roxa Estruturada

Page 18: Banana Produção

1919Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

1Entre parênteses aparece a classificação pelo novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999).2Referem-se às limitações apresentadas pela maioria dos solos da classe, embora existam nelas solos sem ou compequenas limitações. Por exemplo, na classe dos latossolos existem os vermelho-escuros eutróficos sem ou compequenas limitações para a bananeira; as limitações citadas para esta classe dizem respeito aos latossolosdistróficos, latossolo amarelo, latossolo variação una etc. O mesmo é válido para as demais classes.

CLASSES1 LIMITAÇÕES2 PRÁTICAS DE MANEJO

Aluviais (Neossolos)Pouca profundidade, má

drenagem, baixa fertilidade,heterogeneidade

Drenagem, calagem, adubação

Areias quartzosas (Neossolos)Baixo armazenamento de água e

nutrientesCalagem, adubação, irrigação

(maior parcelamento)

Bruno não-cálcicos (Luvissolo)Pouca profundidade,

pedregosidade, caráter sódicoIrrigação e drenagem

Cambissolos (Cambissolos)Pouca profundidade, baixa

fertilidade, relevo movimentadoCalagem, adubação, curvas de

nível, renques de vegetação

Gleis(Gleissolos)Má drenagem, baixa fertilidade,

presença de argila 2:1Drenagem, calagem, adubação,

práticas de cultivo do solo

Latossolos (Latossolos)Acidez, baixa CTC, baixos teores de

nutrientes, adensamento, baixoarmazenamento de água

Calagem, adubação, subsolagem,irrigação

Orgânicos (Organossolos)Pouca profundidade (lençol freáticoelevado), alto poder tampão, baixa

fertilidadeDrenagem, calagem, adubação

Planossolos (Planossolos)Pouca profundidade, má

drenagem, adensamento, baixafertilidade, caráter solódico

Drenagem, calagem, adubação,práticas de cultivo do solo

Podzólicos (Alissolos, Argissolos)

Aumento do teor de argila emprofundidade, adensamento,

acidez, baixa CTC, compactação,baixos teores de nutrientes.

Práticas de cultivo do solo(leguminosas), calagem,

adubação, subsolagem, drenagem

Regossolos (Neossolos)Baixo armazenamento de água e

nutrientes

Calagem, adubação, irrigação(maior parcelamento)

VertissolosAlto teor de argila 2:1,

encharcamento, compactaçãoIrrigação, drenagem, práticas de

cultivo do solo

Tabela 3. Classes de solos cultivados com banana no Brasil, suas limitações e práticas de manejorecomendadas.

Page 19: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 12020

Distrófica, Podzólico Vermelho-EscuroDistrófico , Podzólico Vermelho-AmareloDistrófico, Podzólico Amarelo, CambissoloDistrófico, Vertissolo, Brunizem ouBrunizem-Avermelhado, Solos AluviaisDistróficos e, ou mal drenados, Gleissolo,Solos Orgânicos e Solos Hidromórficos.

Grupo 3 – Solos de baixo potencial –São solos pouco apropriados para o cultivocom a cultura da banana, devido à fertilida-de natural muito baixa e/ou textura muitoarenosa e/ou pequena profundidade efeti-va, necessitando de práticas de cultivo maisintensas que nos solos dos grupos anterio-res, para se obter produções economica-mente rentáveis.

Fazem parte deste grupo principal-mente os seguintes solos: as AreiasQuartzosas, Latossolo Vermelho-AmareloDistrófico (textura média), Latossolo Fer-rífero, Podzólico Acinzentado, Podzólicopouco profundo, Rendzina, Bruno Não-Cálcico pouco profundo, Cambissolo pou-co profundo, Regossolo, Podzol e algunsPlanossolos com horizontes superficiaisespessos (mais de 50 cm).

Grupo 4 – Solos de muito baixo po-tencial – São solos não adequados para ocultivo da banana, por apresentarem mui-tas limitações (pequena profundidade efeti-va, pedregosidade, condições físicas e/ouquímicas desfavoráveis etc.) e rendimentosbaixos que, para serem aumentados, exi-gem investimentos muito altos.

Fazem parte deste grupo principal-mente os seguintes solos: Solos Litólicos,Podzólico raso e/ou pedregoso,Cambissolo raso e/ou pedregoso, BrunoNão-Cálcico raso, Planossolo, Solonchake Solonetz Solodizado.

Na escolha dos solos para o cultivo debanana, o conhecimento de suas proprieda-des físicas e químicas é de primordial im-portância para o sucesso do empreendi-mento. Vale ressaltar que, enquanto as ca-racterísticas químicas dos solos podem seralteradas com adubações, a correção das

características físicas não oferece a mesmafacilidade; sua modificação exige grande dis-pêndio de tempo e de recursos financeiros.

Informações mais detalhadas sobre asprincipais propriedades físicas e químicasdos solos são obtidas mediante suas análises.

Em todo o território brasileiro en-contram-se condições edáficas favoráveisao cultivo de banana. Contudo, nem sem-pre são utilizados os solos mais adequados,o que se reflete em baixa produtividade emá qualidade dos frutos.

CONDIÇÕES CLIMÁTICASCONDIÇÕES CLIMÁTICAS

TemperaturaTemperatura

Temperaturas altas e uniformes sãoindispensáveis para a obtenção de altosrendimentos das bananeiras. A temperatu-ra ótima para o desenvolvimento normaldas bananeiras comerciais situa-se em tor-no dos 28oC. Considera-se a faixa de 15oCa 35oC de temperatura como os limitesextremos para a exploração racional dacultura. Havendo suprimento de água e denutrientes, essa faixa de temperatura induzo crescimento máximo da planta. Consta-tou-se que a temperatura de 22oC é idealpara o crescimento e a iniciação floral,sendo de 31oC para a emissão de folhas.

Abaixo de 15oC, a atividade da plantaé paralisada. Temperaturas inferiores a 12oCprovocam um distúrbio fisiológico conhe-cido como chilling ou “friagem”, que preju-dica os tecidos dos frutos, principalmenteos da casca, devido à coagulação da seiva naregião subepitelial da casca. O chilling podeocorrer nas regiões subtropicais onde atemperatura mínima noturna atinge a faixade 4,5oC a 10oC. Esse fenômeno é maiscomum no campo, mas pode ocorrer tam-bém durante o transporte dos cachos, nacâmara de climatização ou logo após abanana colorir-se de amarelo. As bananasafetadas pela “friagem” têm o processo dematuração prejudicado.

Baixas temperaturas também provo-cam a compactação da roseta foliar, difi-

Page 20: Banana Produção

2121Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

cultando o lançamento da inflorescência ouprovocando o seu “engasgamento”, o qualdeforma o cacho, inviabilizando a suacomercialização. Quando a temperaturabaixa a 0oC, sobrevém a geada, causadorade graves prejuízos, tanto para a safra pen-dente como para a que se seguirá.

Por outro lado, em temperaturas acimade 35oC, o desenvolvimento da planta é inibi-do, em conseqüência, principalmente, da de-sidratação dos tecidos, sobretudo das folhas.

Quanto mais longo for o período detemperatura adversa, mais se prolongará o seuefeito. Normalmente, o conhecimento datemperatura local média não constitui ele-mento suficiente para determinar se uma áreaé ou não adequada ao cultivo da bananeira. Éindispensável conhecer também os valores ea freqüência das temperaturas mínimas.

No Brasil, a maioria das microrregiõeshomogêneas produtoras de banana se en-quadra nos limites de 18oC e 35oC. Estes sãoníveis de temperatura essencialmente tro-picais encontrados nas regiões Norte eNordeste, assim como em parte das regiõesSudeste e Centro-Oeste. Há cultivos emmicrorregiões homogêneas subtropicais dosestados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina,Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul,onde as cultivares Nanica, Nanicão e GrandNaine, com melhor tolerância ao frio, sãomais utilizadas.

PrecipitaçãoPrecipitação

A bananeira é uma planta com elevadoe constante consumo de água, devido àmorfologia e à hidratação de seus tecidos. Asmaiores produções de banana estão associa-das a uma precipitação total anual de 1.900mm, bem distribuída no decorrer do ano, ouseja, sem deficiência hídrica, que correspondeà ausência de estação seca. Quando a defici-ência hídrica anual é superior a 80 mm, acultura não se desenvolve de maneirasatisfatória, afetando, conseqüentemente, aprodutividade e a qualidade dos frutos.

A carência em água adquire maiorgravidade nas fases de diferenciação floral

(período floral) e no início da frutificação.Quando submetida a severa deficiênciahídrica no solo, a roseta foliar se comprime,dificultando ou até mesmo impedindo olançamento da inflorescência. Em conse-qüência, o cacho pode perder seu valorcomercial.

O suprimento de água está relacionadocom o tipo de solo, podendo o limite de 100mm/mês ser suficiente para solos mais pro-fundos, com boa capacidade de retenção deumidade, sendo de 180 mm/mês para soloscom menor capacidade de retenção. É fun-damental, porém, que o fornecimento deágua assegure uma disponibilidade não infe-rior a 75% da capacidade de retenção de águado solo, sem que ocorra o risco de saturação,o que prejudicaria a sua aeração.

Assim, a precipitação efetiva anual seriade 1.200 mm/ano a 1.800 mm/ano.

Em termos de índices de precipitaçãopluviométrica, as principais regiões produ-toras de banana no mundo são bastantedistintas, podendo ser assim agrupadas:

1. Áreas com baixa precipitação, cujadeficiência hídrica permanente requer irri-gação suplementar. Nelas, o nível máximode precipitação é da ordem de 1.300 mm/ano, e o mínimo, de 500-600 mm/ano.Neste último caso, sobretudo, há necessi-dade da aplicação de grandes volumes deágua. Neste grupo se enquadra a RegiãoSemi-árida do Nordeste do Brasil.

2. Uma pequena área formada por pla-nícies úmidas na zona atlântica da CostaRica e pela região de Chanquinola, no Pana-má, onde a precipitação varia de 2.500 mm/ano (Guabito, Panamá) a 4.500 mm/ano(Guapiles, Costa Rica), distribuindo-se bemdurante o ano. Neste caso, não há necessi-dade de irrigação, mas de um eficientesistema de drenagem para escoar o excessode água nas épocas de maior precipitação.Neste grupo se enquadra a Região Amazô-nica do Brasil.

3. Áreas com níveis de precipitação de1.500 a 1.600 mm/ano, os quais seriam

Page 21: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 12222

suficientes para cobrir as necessidadeshídricas da bananeira, se não fosse a distri-buição pluviométrica desuniforme duranteo ano, responsável por déficits hídricossazonais por períodos de três a quatro me-ses, o que torna indispensável a irrigaçãosistemática. Neste grupo se enquadra a re-gião costeira brasileira.

4. Zonas bananeiras com precipitaçãoalta e muito alta, de 2.000 a 3.500 mm/ano,porém com déficits hídricos durante três aquatro meses do ano, os quais, embora nãosendo tão severos quanto os registrados nocaso anterior, são em alguns anos fortes obastante para afetar significativamente asplantações, com perdas substanciais na co-lheita. Encontram-se neste caso o Vale doUrabá na Colômbia, o Vale de Sula emHonduras, as plantações de Davao nas Fili-pinas e a maioria das plantações do Equador.Nas zonas referidas neste item também seimpõe a administração de um eficiente siste-ma de drenagem, para escoar a água exce-dente durante os períodos de maiorpluviosidade. Algumas áreas dos estados doAmazonas e Pará se enquadram neste grupo.

LuminosidadeLuminosidade

A bananeira requer alta luminosidade,ainda que a duração do dia, aparentemente,não influa no seu crescimento e frutificação.

O efeito da luminosidade sobre o ciclovegetativo da bananeira é bastante eviden-te, podendo estender-se por 8,5 meses, nocaso dos cultivos bem expostos à luz, e por14 meses, no caso dos cultivos que crescemna penumbra, em bananeiras do subgrupoCavendish. O mesmo efeito altera a dura-ção do período de desenvolvimento dofruto. Em regiões de alta luminosidade, operíodo para que o cacho atinja o ponto decorte comercial é de 80 a 90 dias após a suaemissão, enquanto que, em regiões combaixa luminosidade em algumas épocas doano, o período necessário para o cachoalcançar o ponto de corte comercial variade 85 a 112 dias. Sob luminosidade interme-diária, a colheita se processa entre 90 e 100dias a partir da emissão do cacho.

A atividade fotossintética acelera rapi-damente quando a iluminação se encontrana faixa de 2.000 a 10.000 lux (horas de luzpor ano), sendo mais lenta na faixa entre10.000 e 30.000 lux, em medições feitas nasuperfície inferior das folhas, onde osestômatos são mais abundantes. Valoresbaixos (inferiores a 1.000 lux) são insufici-entes para que a planta tenha um bomdesenvolvimento. Já os níveis excessiva-mente altos podem provocar a queima dasfolhas, sobretudo quando estas se encon-tram na fase de cartucho ou recém-abertas.Da mesma forma, a inflorescência tambémpode ser prejudicada por esses fatores. NaCosta Rica, estima-se em 1.500 o númerode horas de luz/ano adequado para produ-zir uma colheita econômica de banana, comquatro horas diárias como média.

Nos trópicos as condições de ilumina-ção são bastante diversas, dada a ocorrênciade estações de grande nebulosidade quelimitam o número de horas de luz/dia.

VentoVento

O vento é outro fator climático queinfluencia no cultivo da banana, podendocausar desde pequenos danos até a destrui-ção do bananal. Os prejuízos causados pelovento são proporcionais à sua intensidade epodem provocar: a) chilling, no caso de ven-tos frios; b) desidratação da planta em con-seqüência de grande evaporação; c)fendilhamento das nervuras secundárias; d)diminuição da área foliar pela dilaceração dafolha fendilhada; e) rompimento de raízes; f)quebra da planta; g) tombamento da planta.

Perdas de colheita provocadas pelosventos já foram relatadas na bananiculturae podem ser estimadas entre 20% e 30% daprodução total. De maneira geral, a maioriadas cultivares suporta ventos de até 40 km/hora. Velocidades entre 40 e 55 km/horaproduzem danos moderados como, porexemplo, o desprendimento parcial ou totalda planta, a quebra do pseudocaule e outrasinjúrias que vão depender da idade da plan-ta, da cultivar, do seu desenvolvimento e

Page 22: Banana Produção

2323Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

altura. Quando os ventos atingem velocida-de superior a 55 km/hora, a destruição podeser total. Contudo, cultivares de porte baixopodem suportar ventos de até 70 km/h.

As cultivares de porte baixo (Nanica)são mais resistentes ao vento do que as deporte médio (Nanicão e Grand Naine). Emvirtude das perdas sofridas pela cultivarValery, por causa da ação dos ventos, tem-se procedido a sua substituição pela GrandNaine, que é quatro a cinco vezes maisresistente.

Em áreas sujeitas à incidência de ventorecomenda-se o uso de quebra-ventoscomo, por exemplo, cortinas de bambu, deMusa balbisiana, de Musa textilis ou de outrasplantas. As árvores escolhidas para esse fimdevem possuir copa cilíndrica bemenfolhada e ter porte alto. Recomenda-se ouso de renques de Bambusa oldami, cujaaltura atinge geralmente 15 a 20 metros. Seucrescimento, entretanto, é lento; são neces-sários três a quatro anos para que os renquesse tornem eficientes. Para superar esse pro-blema, sugere-se o plantio intercalado comEucaliptus degluta, dado o seu crescimentorápido. Quando o bambu suplantar a alturado eucalipto, este será eliminado. A distân-cia dos renques vai depender da altura daplanta utilizada como quebra-vento. Nocaso de B. oldami, eles podem distar até 500metros. Basicamente, os renques devem serlocados ao longo dos carreadores e doscaminhos. As valas de drenagem docarreador servirão para conter a invasão dosistema radicular na área protegida. As ár-vores dos quebra-ventos devem ser planta-das em quincôncio, à exceção do bambu,que deve ser plantado a intervalos de 3 m,em linhas simples.

Umidade relativaUmidade relativa

A bananeira, como planta típica dasregiões tropicais úmidas, apresenta melhordesenvolvimento em locais com médiasanuais de umidade relativa superiores a80%. Esta condição acelera a emissão dasfolhas, prolonga sua longevidade, favorecea emissão da inflorescência e uniformiza acoloração dos frutos. Contudo, quandoassociada às chuvas e a temperaturas eleva-das, provoca doenças fúngicas, principal-mente a sigatoka-amarela.

Por outro lado, a baixa umidade rela-tiva do ar proporciona folhas mais coriácease com vida mais curta.

AltitudeAltitude

A bananeira é cultivada em altitudesque variam de zero a 1.000 m acima do níveldo mar.

A altitude influencia os fatores climá-ticos (temperatura, chuva, umidade relati-va, luminosidade, entre outros) que, conse-qüentemente, afetarão o crescimento e aprodução da bananeira.

Com as variações de altitude, a dura-ção do ciclo da bananeira se altera. Traba-lhos realizados em regiões tropicais de bai-xa altitude (zero a 300 m acima do nível domar) demonstraram que o ciclo de produ-ção da bananeira, principalmente dosubgrupo Cavendish, foi de 8 a 10 meses,enquanto que em regiões localizadas a 900m acima do nível do mar foram necessários18 meses para completar o seu ciclo. Com-parações de bananais conduzidos sob asmesmas condições de cultivo, solos, chuvase umidade evidenciaram aumento de 30 a 45dias no ciclo de produção para cada 100 mde acréscimo na altitude.

Page 23: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 12424

ESCOLHA, PREPAROE CONSERVAÇÃODO SOLO

Luciano da Silva SouzaAna Lúcia Borges

5INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Embora a bananeira seja uma plantapouco degradadora do solo e pouco erosiva(Figura 2), as elevadas perdas de nutrientespor drenagem e por enxurrada, em relaçãoà adubação (Tabela 4), são importantesfatores a serem considerados na escolha deáreas adequadas para o seu cultivo . Alémdisso, é importante a utilização de práticascomo preparo adequado do solo para pro-mover o crescimento radicular tanto emvolume como em profundidade,parcelamento da adubação, uso de cobertu-

ra morta, plantio de culturas de coberturapara reduzir as enxurradas e reciclar nutri-entes, entre outras.

ESCOLHA DESCOLHA DA ÁREAA ÁREA

A escolha da área para o cultivo dabananeira deve contemplar os aspectosabordados no item ExigênciasEdafoclimáticas. Alguns aspectos com-plementares, relativos à capacidade de usode áreas para o cultivo da bananeira, sãomostrados na Tabela 5.

PREPPREPARO DO SOLARO DO SOLOO

De modo geral, o preparo do solo visamelhorar as condições físicas do terrenopara o crescimento das raízes, mediante oaumento da aeração e da infiltração de água,e a redução da resistência do solo à expan-são das raízes; objetiva também ao controledo mato. O preparo adequado do solopermite o uso mais eficiente tanto doscorretivos de acidez como dos fertilizantes,além de outras práticas agronômicas.

CuidadosCuidadosNo preparo do solo, os seguintes cui-

dados são recomendados:a) Alternar o tipo de implemento

empregado e a profundidade de traba-lho. O uso de implementos com diferentesmecanismos de corte do solo (arado dedisco, arado de aiveca etc.) e, em variadosníveis de profundidade, é importante paraminimizar o risco de formação de camadascompactadas e de degradação do solo.

b) Revolver o solo o mínimo possí-vel. A quebra excessiva dos torrões, com apulverização do solo, deixa-o mais expostoao aparecimento de crostas superficiais e,por conseguinte, à erosão.Fonte: Godefroy et al., 1970; 1975.

Figura 2. Figura 2. Perdas de solo por erosão em diferentes culturas(Kabeerathumma et al., 1995).

Tabela 4. Estimativa de perdas de nutrientes na bananeira, porenxurrada e drenagem.

VariávelPerdas

(kg/ha/ano) Drenagem EnxurradaPerdas em

relaçãoà adubação

N 219 > 90% < 10% 55%

P 1,8 50% 50% 10%

K 307 85-95% 5 - 15% 50%

Ca 266 > 90% < 10% 75%

Mg 108 > 90% < 10% 60-70%

MO 125 83-91% 9 - 17% -

Fonte: Godefroy et al. 1970; 1975.

Page 24: Banana Produção

2525Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

c) Trabalhar o solo em condiçõesadequadas de umidade. O preparo dosolo com umidade excessiva aumenta orisco de compactação, além de provocar aaderência de terra aos implementos, difi-cultando o trabalho. Quando o solo seencontra muito seco ocorre a formação degrandes torrões, sendo necessário maiornúmero de gradagens para destorroar oterreno. A condição ideal de umidade paratrabalhar o terreno se dá quando o solo estáfriável, ou seja, suficientemente úmido paranão levantar poeira durante o seu preparo e

não aderir aos implementos.

d) Conservar o máximo de resíduosvegetais sobre a superfície do terreno.Os resíduos evitam ou diminuem o impac-to das gotas de chuva na superfície do solo,causa de degradação da sua estrutura. Tam-bém constituem um empecilho ao fluxodas enxurradas, cuja velocidade é reduzida,diminuindo, em conseqüência, a sua capaci-dade de desagregação e de transporte desolo. Atuam ainda na conservação da umida-de e na amenização da temperatura do solo.

Tabela 5. Chave para avaliação da capacidade de uso de áreas para o cultivo da bananeira.

Áreas adequadas sem ou comÁreas adequadas sem ou comligeiras limitaçõesligeiras limitações

Áreas inadequadasÁreas inadequadas

ClimaClima

Precipitação anual (mm) > 1.500 -

Duração da estação seca (meses) < 3 -

Temperatura média anual (ºC) > 18 -

TopografiaTopografia

Declividade (%) < 8 > 30

UmidadeUmidade

Inundação não Inundação durante 2-4 meses

Drenagem moderada ou melhor Pobremente drenada

Características físicas do soloCaracterísticas físicas do solo

Textura/estrutura argilosa, siltosa, argilosa +estrutura Argila maciça, argila + estrutura

em blocos, argilosa + estruturalatossólica

de vertisol, franco arenosa grossa,arenosa

franco argilo siltosa, franco argilosa,franco

fina e grossa

siltosa, franca

Profundidade do solo (m) > 0,75 < 0,25

Características químicas do soloCaracterísticas químicas do solo

CTC (meq/100 g de argila) > 16 -

Saturação por bases (%) > 35 -

C orgânico, 0-0,15m (%) > 1,5 -

Salinidade/alcalinidadeSalinidade/alcalinidade

Condutividade elétrica (ohms/cm)1 < 2 > 6

Na trocável (%) < 4 > 12

1 Medida no extrato de saturação.Fonte: Delvaux, 1995, adaptado de Sys, 1985.

Page 25: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 12626

O preparo da área para o plantio podeser feito manualmente ou com o uso demáquinas.

Preparo manualPreparo manual

Inicialmente, é feita a limpeza da área,com a derrubada ou roçagem do mato, adestoca, o encoivaramento e a queima dascoivaras. O preparo do solo limita-se aocoveamento manual. Em áreas com vegeta-ção arbórea, pode-se efetuar a destocagradativa ano a ano, após o plantio, tendo-se o cuidado para que as árvores caídas nãoobstruam os canais de drenagem naturaisou artificiais e que não interfiram nas pos-síveis linhas de plantio. Os resíduos dasárvores podem durar bastante tempo emdecomposição, podendo ocasionar distúr-bios nas operações de cultivo e colheita daplanta. Este sistema tradicional tem comovantagens não perturbar em demasia o soloe manter a matéria orgânica distribuídauniformemente sobre o solo.

Preparo mecanizadoPreparo mecanizado

A limpeza da área é feita por máqui-nas, tendo-se o cuidado de não remover acamada superficial do solo, que é rica emmatéria orgânica. Procede-se em seguida àaração, à gradagem e ao coveamento ousulcagem para plantio. Áreas anteriormen-te cultivadas com pastagens, ou que apre-sentam horizontes subsuperficiaiscompactados ou endurecidos, devem sersubsoladas a 50 cm a 70 cm de profundida-de, para que o sistema radicular da plantapenetre mais profundamente no solo. Poressa razão, na escolha da área para plantio éimportante observar o perfil de todo o solo,para detectar a presença de camadascompactadas ou endurecidas, e não apenasse restringir às camadas superficiais. Comoa maioria das raízes da bananeira ocupa osprimeiros 20 cm a 40 cm de profundidade,a aração deve ser feita no mínimo a 20 cm dasuperfície do solo, ou mais profundamente, sepossível. Em áreas declivosas deve-se reduziro uso de máquinas, a fim de não acelerar aerosão do solo. Em todos os casos, recomen-da-se o uso de máquinas e implementos domenor peso possível, bem como a execuçãodas operações acompanhando sempre as cur-vas de nível do terreno.

Em áreas sujeitas a encharcamento, éindispensável estabelecer um bom sistemade drenagem. O excesso continuado deumidade no solo por mais de três diaspromove perdas irreparáveis no sistemaradicular, com reflexos negativos na produ-ção da bananeira. Por essa razão, os soloscultivados com banana devem ter boasprofundidade e drenagem interna, para queos excessos de umidade sejam drenadosrapidamente e para que o nível do lençolfreático mantenha-se a não menos de 1,80 mde profundidade. No planejamento de umsistema de drenagem devem-se consideraras condições climáticas, em especial o regi-me de precipitação; como fatores ligados aosolo, devem-se avaliar a topografia, a textu-ra, a estrutura, a porosidade total, a macroe a microporosidade, a capacidade de reten-ção de água e a permeabilidade dos diferen-tes horizontes do solo, para determinar apresença de camadas impermeáveis ou pou-co permeáveis, que influenciarão na alturado nível freático dentro do perfil.

CONSERVCONSERVAÇÃO DO SOLAÇÃO DO SOLOOO uso indiscriminado da terra, aliado

ao seu preparo sob inadequadas condiçõesde umidade, atua sobre as propriedadesfísicas do solo. Conforme a intensidadecom que tais alterações ocorrem, criam-secondições limitantes ao desenvolvimentodas culturas, com a conseqüente redução daprodutividade, além de grandes perdas desolo e de água por erosão.

Do ponto de vista conceitual, a con-servação do solo representa o conjunto depráticas agrícolas destinadas a preservar afertilidade química e as condições físicas dosolo. Historicamente, entretanto, a conser-vação do solo no Brasil tem sido vista comosinônimo de práticas mecânicas de controleda erosão, como os vários tipos de terraços,as banquetas, os cordões de contorno eoutras técnicas que, se usadas sozinhas,agem tão-somente sobre 5% da erosãohídrica do solo.

As maiores perdas de solo e água emáreas com declive acentuado, cerca de 95%da erosão hídrica do solo, são provocadaspelas gotas de chuva que, ao caírem sobre osolo descoberto, rompem e pulverizam os

Page 26: Banana Produção

2727Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

agregados superficiais, produzindo maiorou menor encrostamento da terra, depen-dendo da cobertura vegetal existente, daintensidade da chuva e da declividade doterreno. Com a formação de crostas superfi-ciais, a velocidade de infiltração de água sereduz, o que provoca o aumento do volumedas enxurradas e de seus efeitos danosos.

O princípio básico da conservação dosolo deve ser o de manter a rentabilidade dosolo próxima à da sua condição original, ouo de recuperá-lo, caso sua produtividadeseja baixa, usando-se para tanto sistemas demanejo capazes de controlar a ação dosagentes condicionantes do processo erosivoe dos agentes responsáveis pela degradaçãodo solo.

De preferência, o cultivo comercial dabanana deve ser feito em terrenos planos,por várias razões, entre as quais o menordesgaste do solo pelos implementos e má-quinas agrícolas e a não formação dos focosde erosão tão comuns em áreas de declive.

Nas principais regiões produtoras dopaís, a maioria dos plantios de banana estálocalizada em áreas com declive acentuado.Por isso mesmo, a conservação do solo nabananeira assume grande importância comoprática de cultivo, sobretudo no primeirociclo da cultura, quando o solo permanecedescoberto durante grande parte do ano.Nesse caso específico, a manutenção decobertura morta sobre o solo é uma práticabastante recomendável, uma vez que, isola-damente, essa técnica é a que mais respondepelo controle da erosão, além de produziroutros efeitos benéficos.

Outro aspecto a ser considerado éque, por serem mínimas as reservas hídricasda bananeira, as plantas são obrigadas aequilibrar constantemente, pela absorçãoradicular, as perdas de água por transpiração.Em todas as fases de desenvolvimento dabananeira, a deficiência temporária de águano solo causa sérios danos à planta, em faceda alta sensibilidade dessa espécie às varia-ções de temperatura e umidade. No perío-do vegetativo, a falta de água afeta a taxa dedesenvolvimento das folhas, no

florescimento limita o crescimento e o nú-mero de frutos, e, no período de formaçãodo cacho, afeta o tamanho e o enchimentodos frutos.

Esses aspectos são particularmenteimportantes na região Nordeste do Brasil,que responde por parte expressiva da pro-dução de banana do país. Essa região carac-teriza-se por apresentar déficits hídricosdurante alguns meses do ano e, para mantero solo com umidade adequada por todo ociclo da bananeira, é necessário o uso dairrigação convencional ou a utilização depráticas alternativas capazes de manter aumidade do solo próxima à capacidade decampo. A utilização de espécies vegetaiscomo plantas de cobertura ou melhoradorasdo solo e/ou o uso de cobertura morta comresíduos vegetais podem ser soluções alter-nativas para os estresses hídricos a que sãosubmetidos os bananais dessa região, pro-tegendo também as áreas contra a erosão edegradação do solo.

Plantas melhoradoras do soloPlantas melhoradoras do solo

Um grande número de espécies vege-tais pode ser utilizado como plantasmelhoradoras do solo. Dentre elas desta-cam-se as leguminosas pela característicaque têm em obter a quase totalidade donitrogênio de que necessitam por meio dasimbiose com bactérias específicas, as quais,ao se associarem com as leguminosas, utili-zam o nitrogênio atmosférico transforman-do-o em compostos nitrogenados. A pre-ferência pelo uso das leguminosas comoplantas melhoradoras do solo dá-se não sóem razão da fixação simbiótica, como tam-bém pelo fato de possuírem raízes geral-mente bem ramificadas e profundas, queatuam estabilizando a estrutura do solo.

Vários trabalhos de pesquisa têm mos-trado efeitos benéficos da utilização deleguminosas nas entrelinhas do bananal,como plantas melhoradoras do solo. Den-tre as leguminosas avaliadas, foi observadomelhor comportamento para o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), soja perene(Glycine javanica), leucena (Leucaena

Page 27: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 12828

leucocephala) e guandu (Cajanus cajan). Ofeijão-de-porco é um dos que mais se des-tacam, por sua tolerância à sombra, pelogrande volume de massa verde que produz,pela agressividade do seu sistema radicular,pela grande competição com as ervas dani-nhas e pela ampla adaptabilidade a condi-ções variadas de solo e clima. Aumentos deprodutividade da bananeira da ordem de188% e 127% foram observados, respecti-vamente, para a implantação de soja perenee feijão-de-porco nas entrelinhas do bana-nal, em comparação com bananeiras culti-vadas em terreno mantido sempre limpo.Recomenda-se o plantio da leguminosa noinício do período chuvoso, ceifando-a nafloração ou ao final das chuvas e deixandoa massa verde na superfície do solo, comocobertura morta.

Cobertura mortaCobertura morta

A proteção do bananal com coberturamorta, proveniente de resíduos vegetais,tem por finalidade impedir o impacto dasgotas de chuva sobre o solo e manter o teorde matéria orgânica em nível elevado du-rante toda a vida útil da cultura. O cuidadoem evitar o impacto das gotas de chuvasobre a superfície do solo é fundamental,dada a localização da maioria dos bananaisem áreas com declive acentuado. A manu-tenção de níveis elevados de matéria orgâ-nica proporciona ao solo maior volume edisponibilidade de nutrientes, além deconservá-lo com umidade satisfatória o anointeiro, evitando o estresse hídrico tão pre-judicial à bananeira. Esse aspecto é particu-larmente importante na região Nordeste,onde as estiagens prolongadas são freqüen-tes em alguns meses do ano. Por conseguin-te, além de aumentar a retenção e oarmazenamento de água no solo, a cobertu-ra morta contribui para reduzir os custos decondução do bananal, ao eliminar a necessi-dade de capinas e ao diminuir a quantidadede fertilizantes utilizada, bem como paraamenizar a temperatura do solo.

Nos bananais localizados em encostas

íngremes, além da cobertura morta do solo,é necessária a implementação de práticascomo as de plantio em nível, cordões decontorno, renques de vegetação e terraçosou banquetas, dependendo da intensidade,do tamanho da área cultivada e dalucratividade da exploração. As práticascitadas visam reduzir a velocidade dasenxurradas.

A cobertura morta é feita com resídu-os do próprio bananal, incluindo folhassecas oriundas das desfolhas e plantas intei-ras após o corte do cacho. Esse material deveser espalhado sobre toda a área do bananal eformar uma cobertura de aproximadamente10 cm de altura. Em virtude da decomposi-ção acelerada do material empregado, é in-dispensável proceder à realimentação dacobertura, sempre que necessária.

Os testes realizados em bananeira têmdemonstrado a alta eficiência do sistema decobertura morta, no que respeita ao seucomportamento produtivo e à sua capaci-dade de melhoramento do solo. Oarmazenamento de água nesse sistema re-gistrou aumentos da ordem de 16% emrelação ao armazenamento observado emsolo mantido limpo por meio de capinas, ede 23% em relação ao do solo sob coberturanatural (Figura 3). Os teores de potássio ede cálcio no solo foram, respectivamente,139% e 183% mais elevados (Tabela 6), e osaumentos de produtividade variaram de22% a 533%, em comparação com bana-neiras cultivadas em terreno mantido per-manentemente limpo.

Muitas vezes, a utilização da coberturamorta tem sido inviabilizada pois, em razãoda decomposição rápida do material orgâ-nico proveniente da bananeira, o volume deresíduos normalmente produzido no bana-nal é insuficiente para uma cobertura totale contínua de toda a área. A redução da áreacoberta poderá viabilizar essa prática. Parao aumento da produtividade e para amelhoria da qualidade do fruto, mostra-ram-se promissoras, em bananal plantado

Page 28: Banana Produção

2929Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

em fileiras duplas (4 m x 2 m x 2 m), acobertura com resíduos da bananeira con-centrados apenas no espaçamento largo, acobertura com resíduos da bananeira con-centrados apenas no espaçamento estreito,a associação de resíduos da bananeira con-centrados no espaçamento estreito + fei-jão-de-porco no largo, e a associação deresíduos da bananeira concentrados noespaçamento estreito + guandu no largo,quando comparados com os resíduos dabananeira deixados no solo sem qualquerdirecionamento (Tabela 7). Em áreasirrigadas pode-se alternar as entrelinhasirrigadas com entrelinhas que utilizam co-bertura morta.

Coberturas K Ca Al S CTC V MO

mg.dm-3 cmolc.dm-3 % g.kg-1

Limpo 44 0,6 1,2 1,0 6,6 15 28,5

Cobertura morta 105 1,7 0,6 2,4 8,0 30 31,8

Feijão-de-porco 51 1,0 1,0 1,6 7,5 21 28,8

Tabela 6. Resultados da análise do solo aos 18 meses após a implantação de diferentes coberturas vegetaisnas entrelinhas do bananal.

Cobertura Vegetal Peso do fruto(g)

Produtividade(t/ha)

Resíduos da bananeira sem qualquer direcionamento 104,6 14,4

Resíduos da bananeira concentrados no espaçamento estreito 121,3 18,7

Resíduos da bananeira concentrados no espaçamento largo 135,9 22,2

Resíduos da bananeira no espaçamento estreito + guandu no espaçamento largo 114,3 17,6

Resíduos da bananeira no espaçamento estreito + feijão-de-porco no tipo largo 109,4 20,2

Fonte: Borges (1991).

Tabela 7. Produção da bananeira, sob diferentes coberturas vegetais.

Fonte: Borges & Souza (1998).

Figura 3.Figura 3. Balanço de água no solo cultivado com banana, sobdiferentes coberturas vegetais.

Fonte: Cintra (1988).

Page 29: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 13030

CULTIVARES DEBANANA PARAEXPORTAÇÃO

Sebastião de Oliveira e Silva

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A bananeira cultivada, de origem asiá-tica, é produto de cruzamento entre Musaacuminata e M. balbisiana. Apresenta níveiscromossômicos diplóides, triplóides etetraplóides, com 22, 33 e 44 cromossomos,respectivamente. As combinações variadasde genomas completos das espéciesparentais denominadas pelas letras A (M.acuminata) e B (M. balbisiana) recebem onome de grupos genômicos (Simmonds &Shepherd, 1955).

Além dos grupos genômicos, foi cria-do o termo subgrupo para designar umcomplexo de cultivares oriundas de umúnico clone, por meio de mutação(Simmonds, 1973), (Tabela 8).

Uma questão que ainda não foi soluci-onada definitivamente na cultura da bana-neira é a identificação das cultivares medi-ante a sua caracterização. Conseqüente-mente, podem ocorrer tipos diversos coma mesma denominação, bem como ummesmo tipo com denominações diferentes.Contudo, nos últimos anos, têm sido ob-servados notáveis esforços com a elabora-ção de catálogos e manuais, definindo ca-racterísticas variáveis de germoplasma e ametodologia concernente à sua aplicação(Ipgri, 1996; Silva et al.,1999).

Vários autores têm procurado classifi-car e descrever as principais cultivares debanana. No âmbito mundial, essa descri-ção foi feita por Simmonds (1973), emTrinidad e Tobago; Soto Ballestero (1992),na Costa Rica; Haddad & Borges (1974), naVenezuela. Trabalhos semelhantes foramlevados a efeito na África, Colômbia, Filipi-nas e Índia, por Champion (1975);

6Cardeñosa-Barriga,(1965); Valmayor et al.,(1981) e Bhakthavatsalu & Sathiamorthy,(1978) respectivamente. No Brasil, os prin-cipais trabalhos desta área foram realizadospor Alves et al. (1984); Moreira & Saes(1984); Shepherd et al. (1984); Carvalho(1995); Silva et al. (1999).

Não obstante as numerosas varieda-des de banana existentes no Brasil, quandosão levados em conta fatores tais como apreferência dos consumidores, a produtivi-dade, a tolerância a pragas e doenças, aresistência à seca e ao frio e o porte daplanta, poucas cultivares apresentam umpotencial agronômico que as torne indicadaspara fins comerciais.

Mais reduzido ainda é o número dascultivares que produzem frutos com asnecessárias características para exportação.Com relação às cultivares de mesa (paraconsumo cru), somente as do grupo AAA,subgrupo Cavendish (Nanicão, GrandNaine, Williams), satisfazem esse requisito.Entre as que são consumidas cozidas, ascultivares do grupo AAB, subgrupo Terra,são as mais usadas.

Até a década de 1960, a banana GrosMichel era a única cultivar de mesa expor-tada. No entanto, por ser suscetível ao mal-do-panamá foi substituída por cultivaresCavendish que são, até hoje, as mais usadasna exportação. Apesar de resistentes àsraças 1 e 2 do Fusarium oxysporum, as cultiva-res Cavendish são extremamente suscetí-veis às sigatokas-amarela e negra. O con-trole dessas doenças, em plantios para ex-portação, é efetuado mediante pulveriza-ções (que podem chegar até 50) comfungicidas, uma vez que não existem culti-vares resistentes. As cultivares Nanica,

Page 30: Banana Produção

3131Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Nanicão, Grand Naine e Williams não sãosó resistentes ao mal-do-panamá como têmmenor porte, em vista do que suportamplantios mais adensados e são mais preco-ces. As do subgrupo Gros Michel, por suavez, apesar de serem também suscetíveis àsigatoka, produzem cachos maiores, tole-ram melhor as condições adversas de seca,o excesso de água e os solos de baixafertilidade, graças aos seus rizomas e siste-mas radiculares mais desenvolvidos. Alémdisso, são menos sensíveis a determinadosparasitas, especialmente os nematóides e omoleque-da-bananeira. Entretanto, as cul-tivares dos dois subgrupos são suscetíveisao moko. Pouco tem sido obtido emrelação ao melhoramento genético de culti-vares Cavendish para resistência à doença.Os diferentes clones que se usam atualmen-te são resultantes de variantes somaclonaisselecionados em bananais comerciais. Noentanto, híbridos tipo Gros Michel resis-tentes ao mal-do-panamá e à sigatoka têmsido obtidos, com relativo sucesso.

As cultivares dos subgrupos GrosMichel e Cavendish são muito exigentes emtermos de nutrientes, disponibilidade deágua e técnicas de cultivo, quando seobjetivam maior produtividade e qualidadedo produto. Seus frutos, com polpa muitodoce, além de exportáveis, são bastanteutilizados no processamento industrial.

A separação desses dois subgrupospode ser feita por meio da chave descritapor Simmonds,1973.

Os frutos do subgrupo Gros Michelsão delgados (comprimento cinco ou maisvezes maior que a largura) e bastante cur-vos. Apresentam ponta em forma de garga-lo de garrafa e bainhas internas de cor verdeou rosa-pálido. Sua coloração é amarelo-brilhante na maturidade. Já os do subgrupoCavendish apresentam ponta em forma degargalo pouco acentuado e bainhas internas(especialmente nos brotos novos) de corvermelho-brilhante. Quando estão madu-ros, os frutos são esverdeados.

As cultivares do subgrupo Terra, em-bora resistentes à sigatoka-amarela e ao mal-do-panamá, são suscetíveis à sigatoka-negrae ao moko, aos nematóides e ao moleque-da-bananeira (broca). Porém, cultivares resis-tentes à sigatoka-negra já foram obtidas pormeio de melhoramento genético.

SUBGRUPO GROS MICHELSUBGRUPO GROS MICHEL

É representado pelas cultivares GrosMichel, Highgate e Lowgate.

Cultivar Gros MichelCultivar Gros Michel

É originária da Malásia, sendo tam-bém conhecida pelos nomes de Cuyaco(Venezuela), Guineo, Habano (Colômbia),Gros Michel (Trinidad e Tobago, e Jamaica),Guineo Gigante e Guará (Porto Rico) eBlue Fields (Havaí) (Figura. 4). É a variedade

Figura 4.Figura 4. Cultivar Gros Michel.

Page 31: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 13232

de bananeira mais robusta e mais desenvol-vida, e seu porte pode chegar a 8 m dealtura. Por causa de sua suscetibilidade aomal-do-panamá, a Gros Michel tem sidosubstituída nos plantios comerciais pelascultivares do subgrupo Cavendish. Apre-senta as seguintes características:

Pseudocaule - É verde-amareladocom manchas escuras. As bainhas internastêm uma coloração rosada, diferente do tomvermelho apresentado pelo subgrupoCavendish. A planta é alta, ultrapassando 4 mde altura. A parte superior do pseudocaule(bainha e pecíolo) apresenta uma capa cerosa.

Pecíolo e limbo - A relação foliar(comprimento/largura da folha) situa-seentre 2,84 e 3,63. A base do canal peciolaré aberta. A cor do pecíolo e da nervura variaentre verde-clara e amarelo-esverdeada. Opecíolo é medianamente ceroso.

Cacho - É cilíndrico, pesa de 28 kg a41 kg e possui de 9 a 10 pencas compactas,que apresentam de 16 a 23 dedos, cujo totalse eleva de 142 a 199 dedos/cacho. Osfrutos são doces, de tamanho grande (com-primento cinco ou mais vezes maior que alargura), medem de 16,4 cm a 24,2 cm epesam entre 121 e 230 gramas. São curvos,com ápice em forma de gargalo de garrafa;apresentam coloração amarela forte ao ama-durecer. As brácteas das flores masculinassão púrpuras e decíduas. A ráquis é verde-amarela, pilosa, com cicatriz proeminente.Sua parte masculina exibe acentuadogeotropismo positivo. O coração tem ápiceagudo e ombro alto.

Comportamento - O ciclo vegetativovarietal está compreendido entre 11,5 e 15meses, sendo de 8 a 10,5 meses o períodoque vai do plantio ao florescimento, e de 3a 3,5 meses, o do florescimento à colheita.A cultivar produz de 38 a 47 folhas e entre11 e16 filhos durante o ciclo.

A planta é suscetível à sigatoka-amare-la, ao moko e ao mal-do-panamá.

Cultivar HighgateCultivar HighgateTrata-se de um mutante anão da Gros

Michel, também conhecido pelo nome deCocos. Produz plantas fortes e resistentes

ao vento, porém com dedos relativamentemais curtos.

SUBGRUPO CASUBGRUPO CAVENDISHVENDISH

É formado por um conjunto de culti-vares muito suscetíveis a mutações, cujosfrutos são delgados, longos e encurvados,além de apresentarem paladar muito docequando maduros. O subgrupo originou-sepor mutação da cultivar Pisang Masak Hijauou Lacatan (Simmonds, 1954; Haddad &Borges, 1974).

Uma das variações mais importantesdo subgrupo Cavendish está relacionadacom o porte das plantas. Baseando-se nessacaracterística, Shepherd, 1984, classificouas cultivares em cinco categorias:

• porte muito baixo: Nanica ou DwarfCavendish,

• porte baixo: Grand Naine e WilliamsHybrid ou Giant Cavendish,

• porte médio-baixo: Nanicão, Burron eValery,

• porte médio: Poyo e Robusta,

• porte alto: Lacatan.

Apesar de apresentarem portes distin-tos, as componentes desse subgrupo nemsempre são bem diferenciadas. As cultiva-res Poyo, das Antilhas Francesas; Valery, daAmérica Central e Robusta da Jamaica, porexemplo, praticamente não apresentam di-ferenças (Las Variedades, 1965). SegundoSimmonds (1954; 1966), são quatro as muta-ções economicamente importantes: DwarfCavendish, Giant Cavendish, Robusta ouValery e Lacatan. Sua classificação pode serfeita segundo parâmetros de altura, relaçãofoliar (comprimento/largura de folha) e re-tenção das brácteas da seguinte forma:

• plantas com brácteas persistentes (to-tal ou parcial),

• plantas-anãs, relação foliar 1,8-2,2 -Dwarf Cavendish,

• plantas semi-anãs, relação foliar 2,1-2,6 - Giant Cavendish,

Page 32: Banana Produção

3333Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

• plantas com brácteas decíduas,

• plantas medianamente altas,

• plantas medianamente altas, relaçãofoliar 2,3, 3,1 - Robusta,

• plantas altas, relação foliar 3,0-4,7 -Lacatan.

Cultivar NanicaCultivar Nanica

A cultivar Nanica (Figura 5) é a maisdisseminada no mundo; é plantada em largaescala nas Ilhas Canárias, área mediterrâneaoeste da África, Ilha Samoa, Austrália eBrasil. Também é conhecida pelos seguin-tes nomes: Pineo Enano (Venezuela),Pigmeo (Colômbia), Banana-d’água, Ca-turra e Nanica (Brasil), Governo (Trinidade Tobago), Figue Chinoise (Haiti), GuineoEnano (Porto Rico), Chino (Jamaica) eDwarf Cavendish (Austrália). Apresenta asseguintes características:

Pseudocaule - De altura variável en-tre 1,5 m e 2 m, com manchas que vão docastanho ao preto sobre fundo verde-oliva.As bainhas, especialmente as dos filhos,têm tonalidade vermelha. A parte superiordo pseudocaule (bainha e pecíolo) émarcadamente cerosa.

Pecíolo e limbo - A relação foliaroscila de 1,00 a 2,15. A cor do pecíolo e danervura central varia entre verde-clara eamarelo-esverdeada pálido, coberto porcerosidade. As folhas são verde-escuras naface superior e verde-claras na inferior, emvirtude da cerosidade.

Cacho - Apresenta forma cônica, compeso médio variando de 25 kg a 45 kg, e osfrutos da primeira penca são dispostos demaneira desordenada. O cacho possui de10 a 13 pencas, com 16 a 34 frutos porpenca, num total de 150 a 272 dedos.

O fruto, cujo comprimento é cinco oumais vezes maior que a largura, mede de 14cm a 25 cm e pesa de 87 a 260 gramas.Possui ápice arredondado, pedicelo media-no e cor amarelo-esverdeada ao amadure-cer. Sua polpa varia do branco-cremoso aoamarelo-pálido; possui agradável sabor doce.

As brácteas masculinas são persisten-tes, de cor púrpura por fora e amarelo-pálida por dentro. O coração apresentaápice agudo e ombro alto.

Pedúnculo ou engaço - Apresentacor variável do amarelo-esverdeado-pardoao amarelo-esverdeado-escuro; é muitopiloso. A ráquis, muito pilosa, tem corentre o amarelo-esverdeado pardacento aoverde-esmeralda. As cicatrizes das brácteassão proeminentes. A parte masculina daráquis apresenta-se coberta por vestígiosflorais, com brácteas persistentes egeotropismo positivo.

Comportamento - O seu ciclovegetativo é de 11 a 12,5 meses, sendo que

Figura 5.Figura 5. Cultivar Nanica.

Page 33: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 13434

do plantio ao florescimento transcorrem de7,5 a 8,5 meses, e do florescimento à colhei-ta, de 3,5 a 4,0 meses. Oscila entre 33 e 45o número de folhas emitidas do plantio aoflorescimento. Durante o ciclo a plantaproduz de 9 a 17 filhos.

A bananeira Nanica apresenta resis-tência ao moko superior à das demais culti-vares do subgrupo Cavendish. Por sua vez,é suscetível à sigatoka-amarela e à sigatoka-negra, e ao nematóide cavernícola, toleran-te ao mal-do-panamá e, medianamente, sus-cetível à broca. É, entretanto, muito ataca-da pela traça-da-bananeira. Em situaçõesde seca e baixa temperatura ambiente, apre-senta problemas de engasgamento.

Cultivar Nanicão

É uma mutação da cultivar Nanica queocorreu no estado de São Paulo (Moreira &

Saes, 1984) (Figura 6). Suas principais ca-racterísticas são:

Pseudocaule - tem porte variável entre3,0 m e 3,5 m de altura. O pseudocauleapresenta coloração idêntica à da cultivarNanica.

Pecíolo e limbo - As folhas são seme-lhantes às da Nanica, tendo a mesma colo-ração e uma roseta foliar maisdescompactada. A relação foliar situa-seentre 2,01 e 2,90; e a base do canal peciolaré aberta.

Cacho - O cacho é cilíndrico, de portemédio a grande, com peso entre 25 kg e 50 kg.Produz de 10 a 15 pencas, com 16 a 34frutos por penca, totalizando 150 a 290dedos. Os frutos com 15 cm a 26 cm decomprimento pesam entre 90 g e 290 g, esão mais curvos que os da Nanica.

A ráquis apresenta uma pequena por-ção de brácteas persistentes (menor que ada Nanica), cobrindo em torno de 50% dasflores masculinas. A sua porção inicial, emforma de “S”, é desprovida de frutos mas-culinos nos primeiros 10 cm a 30 cm.

Comportamento - A cultivar apre-senta ciclo vegetativo de 11 a 13 meses,sendo que do plantio ao florescimento trans-correm de 7,5 a 8,5 meses, e do florescimentoà colheita, de 3,5 a 4,5 meses. É suscetívelà sigatoka-amarela, à sigatoka-negra e aonematóide cavernícola; é tolerante ao mal-do-panamá; e medianamente suscetível àbroca. Pelo fato de possuir grande parte dasbrácteas decíduas, é menos resistente aomoko do que Nanica.

Cultivar Grand NaineCultivar Grand Naine

É a bananeira mais cultivada naMartinica. Apresenta porte intermediárioentre a Nanica e a Nanicão (Figura 7).Segundo Soto Ballestero (1992), as cultiva-res Giant Cavendish, Grand Naine eWilliams Hybrid constituem um únicoclone. As principais características são:

Pseudocaule - A cultivar cresce atéuma altura variável entre 2,0 e 3,0 metros.Figura 6.Figura 6. Cultivar Nanicão.

Page 34: Banana Produção

3535Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Comparada com a Nanica, apresenta umaroseta foliar menos compacta; a cor dopseudocaule, entretanto, é idêntica.

Pecíolo e limbo - A parte superior daplanta (bainha-pecíolo) é marcadamentecerosa. A relação foliar situa-se entre 2,01e 2,65. O canal do pecíolo é aberto. A cordo pecíolo e da nervura central varia entreo verde-claro e o amarelo-pálido esverdeado.Tanto o pecíolo como o limbo, na parteinferior das folhas, possuem cerosidade.

Cacho - O cacho apresenta formaligeiramente cônica. Pesa de 31 kg a 40 kg,possui de 9 a 11 pencas, com 12 a 31 dedoscada uma O número total de frutos porcacho oscila entre 145 e 197.

O fruto tem porte entre mediano egrande (comprimento cinco vezes maiorque o diâmetro), mede de 16 cm a 25 cm epesa de 95 g a 260 g. Apresenta ápicesarredondados e pedicelos curtos. O saborda polpa madura é idêntico ao da Nanica.

A cor do pedúnculo ou engaço variaentre o amarelo-esverdeado pardacento everde-claro. A ráquis tem cor e pilosidadesemelhantes às da Nanica, com cicatrizesproeminentes, geotropismo positivo e al-guma curvatura. As brácteas são de tompúrpura por fora e amarelo-esverdeadopálido por dentro. As que se situam a partirda metade da ráquis masculina até o cora-ção são persistentes. O coração tem ápiceagudo e ombro alto.

Comportamento - O ciclo vegetativoé de 10,5 a 12 meses, com um período de7 a 8 meses entre o plantio e oflorescimento, e de 3,5 a 4 meses, doflorescimento à colheita.

A Grand Naine registra um dos me-lhores rendimentos, dentre as cultivares deexportação, além de apresentar resistênciaao acamamento provocado pelos ventos.Em contraposição, é muito suscetível aonematóide cavernícola e ao moko, bemcomo à sigatoka-amarela, à sigatoka-negrae ao mal-do-panamá (raça 4).

Cultivar Williams HybridCultivar Williams Hybrid

É cultivada em maior escala na Austrá-lia e em Honduras, sendo também conhe-cida como Giant Cavendish. Não apresen-ta diferença significativa em relação à GrandNaine. Possui porte intermediário entre aNanica e a Nanicão.

As folhas são mais eretas que as daNanicão. Os cachos podem atingir o pesode 25 kg a 50 kg e produzir de 7 a 14 pencas,com 100 a 300 dedos por cacho.

A cultivar é pouco afetada por níveisbaixos de temperatura, raramente apresen-tando sinais de chilling. No que concerne àresistência às enfermidades, seu comporta-mento é semelhante ao da Nanicão.

Figura 7.Figura 7. Cultivar Grand Naine.

Page 35: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 13636

Cultivar ValeryCultivar Valery

A cultivar Valery, da América Cen-tral, é a mesma Poyo, das Antilhas France-sas e a Robusta da Jamaica. Nos anos 60,substituiu a Gros Michel nos plantios paraexportação, em virtude da suscetibilidadedesta última cultivar ao mal-do-panamá.Na Martinica e na Venezuela é chamada dePineo, na Jamaica, de Robusta e nos paísesde língua francesa, de Poyo. Atinge quasea mesma altura da Nanicão; possuipseudocaule mais fino, folhas mais largas emais eretas, pencas mais separadas e bana-nas mais compridas e mais curvas que aNanica. As principais características são:

Pseudocaule - Apresenta porte me-diano (2,5 m a 4 m), com manchas escurasque variam de pretas a castanhas. As coresverde-amarela e verde se destacam maisnestes clones do que na Nanica. As bai-nhas internas apresentam tonalidade ver-melho-brilhante.

Pecíolo e limbo - Na parte superiordo pseudocaule (bainha e pecíolo), pode-se observar a presença de cera. A relaçãofoliar situa-se entre 2,3 e 3,1; a base docanal peciolar é aberta. Em geral, a cor dospecíolos e nervuras centrais das folhasdesses clones varia entre o verde-claro e oamarelo-pálido esverdeado.

Cacho - O peso do cacho oscilaentre 30 kg e 40 kg. Produz de 9 a 11pencas, com 15 a 25 dedos por penca,totalizando de 173 a 189 dedos. Os dedosmedem de 16 cm a 28cm e pesam entre115 g e 250 g.

As brácteas das flores masculinas sãodecíduas, de cor gris-púrpura, mate porfora e vermelho com amarelo-pardo pordentro. O coração apresenta ombro alto eápice agudo. As brácteas se enrolam apósa abertura. O engaço possui cor que vai doamarelo-esverdeado pardacento ao verde-oliva; apresenta pilosidade.

A ráquis é pilosa; sua cor varia entre overde-amarelo e o verde-oliva pardacento,

com ligeiro geotropismo negativo em suaparte masculina. As cicatrizes são proemi-nentes.

Comportamento - O ciclo vegetativovaria de 10,5 a 14 meses. Do plantio aoflorescimento transcorrem de 7 a 10 meses;do florescimento à colheita o período é de3,5 a 4 meses. São produzidas de 36 a 42folhas durante o ciclo da planta.

A cultivar Valery é suscetível ao moko,à sigatoka-amarela e à sigatoka-negra, bemcomo ao nematóide cavernícola.

Cultivar LacatanCultivar Lacatan

Também chamada de Filipino, distin-gue-se por produzir plantas mais altas evigorosas que a Nanicão. A Lacatan subs-tituiu a Gros Michel, por sua vez, substitu-ída pela Robusta (Valery), em virtude deproblemas de acamamento. É consideradaum clone inicial do subgrupo que geroutodos os demais (Soto Ballestero, 1992).Poderia, portanto, ser chamada não só deNanicão-alta, como destes outros nomespelos quais é conhecida em diferentes paí-ses: Gigante (Venezuela), Mestiço (Brasil),Giant Fig (Trinidad e Tobago), Lacatan(Jamaica), Monte Cristo (Porto Rico) eHamakua (Havaí). Em relação às demaiscultivares do subgrupo que integra, a Lacatanapresenta a desvantagem do seu porte ele-vado. Outras características são:

Pseudocaule - As cores são seme-lhantes às dos demais clones do subgrupoCavendish, com as manchas características.Há, no entanto, maior predomínio do ver-de-amarelo e do verde propriamente dito.Trata-se de plantas altas que facilmenteultrapassam 3,5 m de altura.

Pecíolo e limbo - A relação foliardesta cultivar varia entre 3,06 e 3,48; o canaldo pecíolo e do limbo é aberto. A cor dopecíolo e da nervura central varia entre overde-claro e o amarelo-esverdeado, comalguma cerosidade.

Cacho - É cilíndrico, com peso variá-vel entre 36 kg e 57 kg. O número de pencas

Page 36: Banana Produção

3737Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

é de 8 a 11, com 16 a 20 dedos cada uma,apresentando de 139 a 219 dedos por cacho.Os frutos medem de 17,3 cm a 25,6 cm decomprimento; seu comprimento é cinco ve-zes maior que sua largura; e pesam de 130 ga 279 g. São menos curvos que os das outrascultivares Cavendish, possuem ápices arre-dondados, pedicelos curtos, cor verde-ama-relado e polpa doce ao amadurecer.

As brácteas são decíduas. O engaço apre-senta coloração verde-oliva; é medianamentepiloso (pêlos médios a curtos).

A ráquis apresenta curva acentuadaem forma de “S” na parte inicial, cor variá-vel entre verde e verde-clara, e a partesuperior pilosa (pêlos médios a curtos). Àmedida que se vai aproximando de seuextremo inferior, o número de pêlos dimi-nui. A parte masculina desta cultivar apre-senta acentuado geotropismo positivo. Ocoração vai diminuindo e na colheita estaráreduzido ao tamanho de um ovo de galinha.

Comportamento - O ciclo varia de 12a 14 meses. O florescimento ocorre entre8,5 e 10 meses; desta última até a colheitatranscorrem de 3,5 a 4 meses. O número defolhas emitidas até o florescimento oscilaem torno de 37. A cultivar é suscetível aomoko, à sigatoka-amarela e ao nematóidecavernícola.

SUBGRUPO TERRASUBGRUPO TERRA

As cultivares deste subgrupo são tam-bém conhecidas por Plátanos ou Plantains.Apresentam pseudocaule verde-claro,arroxeado, com pequenas manchas mar-rom-escuras próximas à roseta foliar. Asmargens dos pecíolos e das folhas são ver-melhas. Possuem frutos grandes que sãoconsumidos fritos ou cozidos, devido aoalto teor de amido. Podem apresentar ca-chos tipo French, False Horn e True Horn,sendo que os do primeiro tipo são comple-tos e os do terceiro apresentam reduzidafase masculina com o cacho terminandocom um fruto. O porte pode ser alto, médioe baixo, destacando-se as cultivares Terraou Maranhão, Terrinha e D’Angola (Com-

prida ou Ringideira). Geralmente, o rizomatende a elevar-se à superfície do solo, redu-zindo a fixação das plantas. Por esta razão,as variedades deste subgrupo que apresen-tam porte alto necessitam de escoramentona fase de produção.

Cultivar Terra

Pseudocaule - É uma bananeira deporte alto com 4 m a 5 m de altura. Emboratenha pseudocaule vigoroso, com 40 a 50centímetros de diâmetro na base, é comumo uso de escoras em seu cultivo.

Pecíolo e Limbo - As folhas sãograndes, pouco espessas e ásperas ao tato.As margens do pecíolo e da folha sãovermelhas (Figura 8).

Figura 8.Figura 8. Cultivar Terra.

Page 37: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 13838

Cachos - Os cachos pesam em média25 kg, podendo alcançar 50 kg a 60 kg,apresentam frutos quase eretos que, devidoà curvatura peduncular, ficam voltados parao alto. A curvatura diminui progressiva-mente em direção às últimas pencas queficam praticamente na posição horizontal.As bananas apresentam quinas bem defini-das apesar de ficarem quase roliças na partemediana. A casca, de cor verde-clara, des-corada, solta-se com facilidade quandomadura. O fruto tem quinas tortas, cascaamarelo-pálida e grossa. A polpa é leve-mente rosada, amilácea e firme. A ráquismasculina é revestida de flores que caemcom facilidade, durante o enchimento dosfrutos. O coração fica reduzido, no final, aum aglomerado de brácteas secas.

Comportamento - Apresenta ciclomuito longo (plantio ao florescimento - 490dias). É muito exigente em nutrientes e porisso as folhas ficam necrosadas prematura-mente. Sob condições favoráveis de culti-vo ou se for irrigada, apresenta uma boaprodutividade, que pode atingir de 30 a 35t/ha/ciclo.

Cultivar D’AngolaCultivar D’Angola

Pseudocaule - É do tipo chifre falso(False Horn). Apresenta coloração da plantaidêntica à da cultivar Terra, porém tem portebem mais reduzido (± 3m) e menor ciclo deprodução (um ano, aproximadamente).

Cacho - apresenta um número muitoreduzido de dedos que são grandes e pesamem torno de 400 g. A primeira penca tem,em média, 8 dedos enquanto a última apre-senta um único dedo. A fase masculina éimediatamente abortiva. Apresenta frutosque são usados cozidos ou fritos e compolpa mais firme do que a da banana Terra.É conhecida vulgarmente como Sete Pencas.O potencial de produtividade é baixo, gi-rando em torno de 15 a 20 t/ha/ciclo emcondições favoráveis de cultivo. Não re-quer escoramento, permitindo reduzir oscustos de produção.

Cultivar TerrinhaCultivar Terrinha

É uma variação da cultivar Terra emque ocorreu redução do porte e do tama-nho dos frutos.

Grupo Genômico Subgrupo CultivaresAA - OuroAAA - Caipira1

AAA Cavendish Nanica, Nanicão, Grande, Naine, WilliamsAAA Gros Michel Gros Michel, HighgateAAB - MaçãAAB - Prata Anã ou EnxertoAAB - MysoreAAB Prata Prata, Branca, PacovanAAB Terra Terra, Terrinha, D`AngolaABB Figo Figo Vermelho, Figo CinzaAAAB - Ouro da MataAAAB - Pioneira²AAAB - Platina

Tabela 8. Grupo genômico e subgrupo das princiapis cultivares de banana usadasno Brasil.

1Cultivar recomendada pelo CNPMF²Híbrido lançado pelo CNPMF

Page 38: Banana Produção

3939Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

PRODUÇÃODE MUDAS

Antônio da Silva SouzaZilton José Maciel Cordeiro

Aldo Vilar Trindade

As mudas obtidas pelo sistema con-vencional, em geral, encontram-se em dife-rentes estádios de desenvolvimento ou ta-manho, recebendo uma denominação queas diferencia, permitindo a identificaçãodos diferentes tipos existentes (Figura 9). Ouso de um ou outro tipo exerce influênciadireta sobre a duração do primeiro ciclo deprodução e peso médio do cacho. Desta-cam-se os seguintes tipos:

1) Chifrinho: são mudas com 20 cm a30 cm de altura e que apresentam unica-mente folhas lanceoladas.

2) Chifre: são mudas com 50 cm a 60cm de altura e com folhas, também,lanceoladas.

3) Chifrão: é o tipo ideal de muda, com60 cm a 150 cm de altura, já apresentandouma mistura de folhas lanceoladas comfolhas características de planta adulta.

7INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

As mudas constituem um dos itensmais importantes na implantação de umpomar, seja ele de qualquer espécie vegetal.Na bananicultura, em especial, da qualida-de das mudas depende em grande parte osucesso do empreendimento. Além de in-fluenciar de forma direta no desenvolvi-mento e produção do bananal, sobretudono seu primeiro ciclo, as mudas têm papelfundamental na sua qualidade fitossanitária,uma vez que, uma série de doenças e pragas,levada na muda pode comprometer total-mente o sucesso do novo plantio. Dentreestes problemas destacam-se: nematóides,broca-do-rizoma, mal-do-panamá, moko,podridão-mole e vírus. Além de garantir aqualidade sanitária das mudas, procura-seainda agregar a ela mais um aspecto impor-tante para o seu desenvolvimento vegetativopós-plantio, que é a micorrização.

Métodos utilizados na produção deMétodos utilizados na produção demudasmudas

Propagação convencional

As bananeiras são normalmente pro-pagadas vegetativamente por meio de mu-das desenvolvidas de gemas do seu caulesubterrâneo ou rizoma. O ideal é que asmudas sejam oriundas de viveiros, que sãoáreas estabelecidas com a finalidade exclu-siva de produção de material propagativode boa qualidade. No caso da inexistênciade viveiros, as mudas devem ser obtidas debananal com plantas bem vigorosas e emótimas condições fitossanitárias, cuja idadenão seja superior a quatro anos e que nãoapresente mistura de variedades e presençade plantas daninhas de difícil erradicação, aexemplo da tiririca ou dandá (Cyperusrotundus) (Alves, 1986).

Figura 9.Figura 9. Diferentes tipos de mudas. A-chifrinho, B-chifre, C-chifrão, D-guarda-chuva, E-muda adulta, F-rizoma com filho,G-pedaço de rizoma, H-muda micropropagada.

A B C D E F G H A B C D E F G H

Page 39: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 14040

4) Adulta: são mudas com rizomas bemdesenvolvidos, em fase de diferenciação flo-ral, e com folhas largas, porém ainda jovens.

5) Pedaço de rizoma: tipo de mudaoriundo de frações de rizoma e que contém,no mínimo, uma gema bem intumescida epeso em torno de 800 g.

6) Rizoma com filho aderido: muda degrande peso e que, devido ao filho aderido,exige cuidado em seu manuseio, para evitarpossíveis danos a ela.

7) Guarda-chuva: mudas pequenas ecom rizomas diminutos, mas com folhastípicas de plantas adultas. Devem ser evita-das, pois além de possuírem pouca reserva,aumentam a duração do ciclo vegetativo.

As mudas de um mesmo tipo devemser plantadas numa mesma área para auniformização da germinação e da colheita.Na prática, são selecionadas de preferên-cia, as mudas mais vigorosas, de formacônica, com 60 cm a 150 cm de altura(chifrão) (Champion, 1975). O seu preparodeve ser efetuado no próprio local de suaaquisição, eliminando-se as raízes e soloaderidos e rebaixando-se o pseudocaulepara 10 cm a 15 cm de altura. Este procedi-mento reduz o peso da muda e o perigo deintrodução de pragas e doenças no bananala ser instalado.

No sistema de propagação convencio-nal, a partir da separação de brotos dorizoma-mãe, teoricamente, podem ser pro-duzidas 40 ou mais mudas, considerando onúmero de gemas presentes no rizoma,porém nem todas se desenvolvem. Na ten-tativa de buscar este desenvolvimento nocampo, o melhor método produziu apenas20 mudas transplantáveis após um ano deplantio (Barker, 1959, citado por Menendez& Loor, 1979). Devido ao baixo rendimen-to de mudas no sistema convencional, ou-tros métodos de propagação começaram aser trabalhados.

Fracionamento de rizoma

Esta é uma técnica de propagação bas-tante simples, indicada para qualquer varie-

dade de banana, consistindo das seguintesetapas (Cordeiro & Soares Filho, 1991):

a) Arranquio das plantas no campo.

b) Limpeza do rizoma mediante a re-moção de raízes e partes necrosadas, paraeliminar brocas e manchas pretas que apa-reçam.

c) Eliminação de parte das bainhas dopseudocaule, de modo a expor as gemasintumescidas que estão sob elas.

d) Fracionamento do rizoma em tan-tos pedaços quantas forem as suas gemasexistentes.

e) Plantio dos pedaços de rizoma emcanteiros devidamente preparados commatéria orgânica, a fim de fornecer umambiente adequado ao desenvolvimentodas mudas. Para o plantio, abrem-se sulcoscom profundidade suficiente para enterrarcompletamente os pedaços de rizoma, uti-lizando o espaçamento de cerca de 20 cm,entre sulcos, e por 5 cm entre frações, dentrodos sulcos. Durante toda a fase de canteiro,deve-se proceder à irrigação para manter osolo sempre úmido, o que assegura um índi-ce de pegamento em torno de 70%.

As mudas estarão aptas a serem leva-das para campo cerca de 4 a 6 meses após oencanteiramento dos pedaços de rizoma,considerando-se que as gemas apresentamdiferentes estádios e desenvolvimento fisi-ológicos. A transferência das plantas paracampo é feita com todo o sistema radicular.

Propagação rápida in vivo

É um métodos simples, comparado àpropagação in vitro da bananeira, mas re-quer pelo menos um telado para sua execu-ção. A principal vantagem da técnica, alémde produzir mudas em maior quantidadedo que os sistemas anteriores, é a de obtermudas livres de problemas fitossanitários,desde que os rizomas a serem utilizadosestejam livres deles. A técnica também de-sempenha um papel importante no proces-so de transferência de tecnologia, haja vistaque facilita o intercâmbio de plantas sadias

Page 40: Banana Produção

4141Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

de uma região a outra, promovido porinstituições nacionais ou internacionais.

A aplicação do método de propagaçãorápida de Menendez & Loor (1979), comalgumas modificações realizadas naEmbrapa Mandioca e Fruticultura relativasà simplificação do processo, consta do se-guinte roteiro:

a) Coleta de mudas novas, sem dife-renciação floral, no campo.

b) Limpeza do rizoma, mediante cortedas raízes aderidas a ele.

c) Lavagem das mudas em água.

d) Imersão das mudas em uma soluçãoproveniente da diluição de um litro dehipoclorito de sódio a 50% em cinco litrosde água (1:5) durante dez minutos, paradesinfecção.

e) Retirada das bainhas do pseudocauleaté a exposição da gema apical.

f) Plantio superficial em areia lavada eesterilizada, em recipiente móvel, e cober-tura com saco plástico transparente.

g) Manutenção da areia úmida, regan-do-a sempre que necessário.

h) Eliminação da gema apical,assepticamente, com lâmina afiada, favore-cendo o desenvolvimento das gemas laterais.

i) Retirada das bainhas das gemas late-rais, quando as bases dessas bainhas atingi-rem um diâmetro mínimo de 3,5 cm, paraexposição do meristema vegetativo ou ápice.

j) Ferimento do meristema com doisgolpes em cruz, utilizando lâmina desinfe-tada em álcool. Inicia-se, assim, a formaçãodo calo, com posterior produção de brotos.

l) Retirada dos brotos com uma alturamínima de 15 cm e, pelo menos, uma raiz,por meio de um bisturi esterilizado. Osbrotos são plantados em recipientes indivi-duais (copos de 300 ml do tipo descartável),contendo uma mistura esterilizada com-posta de terra vegetal, areia, esterco e pó-de-serra na proporção 1:1:1:1. Daí são leva-

dos a uma câmara úmida, até emitir novasfolhas e apresentar bom enraizamento.

m) Aclimatação gradual da planta etransplante para vasos ou sacos depolietileno de 25 cm x 28 cm, contendoaproximadamente 4 kg da mesma misturautilizada nos copos. Assim, as mudas sãotransferidas da casa de vegetação para teladoscomuns.

n) Plantio no campo, após adaptaçãopreliminar.

Como não apresenta o mesmo rendi-mento para todas as variedades, pode-seconcluir que nem todas as variedades res-pondem bem a esse método. Comparan-do-se Grand Naine, Figo-cinza, Padath, eImperial, observou-se que elas produziram72,8, 57,5, 45,0 e 36,4 brotos, respectiva-mente. O menor número foi obtido dasvariedades Williams Hybrid (9,0 brotos porrizoma) e Prata-anã (2,0 brotos por rizoma)(Dantas et al., 1986). De forma geral, osrizomas com diâmetros inferiores produzi-ram menor número de brotos vigorosos.Os rizomas com maiores diâmetros apre-sentaram um número mais elevado de ge-mas, o que resultou numa produção supe-rior de brotos. O período médio utilizadono processamento das diferentes fases dométodo de propagação com a variedadeGrand Naine foi de 176 dias, contados dodia do plantio até a retirada dos últimosbrotos (Dantas et al., 1986).

PROPPROPAAGAÇÃO GAÇÃO IN VITROIN VITRO

Conforme já visto, a propagação dabananeira tem sido vegetativa, devido àbem conhecida esterilidade das bananascomestíveis. O sistema de propagação em-pregado convencionalmente, mediantemudas, é lento e permite a disseminação dedoenças e pragas para novas áreas. Diantedisso, recentes estudos demonstram a ado-ção de novas metodologias para a propaga-ção de musáceas, aumentando de maneiraconsiderável o número de plantas dentro deum curto espaço de tempo. Entre estas

Page 41: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 14242

novas metodologias, destaca-se amicropropagação ou propagação in vitro,que consiste no cultivo de segmentos mui-to pequenos de plantas, os chamadosexplantes. O cultivo é feito em meio artifi-cial e sob condições de luminosidade, tem-peratura e fotoperíodo totalmente contro-ladas, em laboratório.

Entretanto, o êxito ou o fracasso daaplicação da micropropagação para a bana-neira, a exemplo de outras culturas, depen-derá de diversos fatores, que devem sercontrolados adequadamente durante esseprocesso. Os explantes a serem utilizadoscomo material de cultivo, o genótipo dascultivares multiplicadas, as etapas damicropropagação, os meios de cultura e ascondições ambientais vêm sendo objetosde estudos, a fim de estabelecer protocoloseficientes para a produção de mudas debananeira in vitro.

ExplantesExplantes

Várias fontes de explantes têm sido uti-lizadas na propagação da bananeira, tais comoápices caulinares, gemas laterais e gemas flo-rais. Hoje, a técnica mais utilizada para produ-ção de mudas in vitro é a partir do cultivo deápices caulinares, que preferivelmente devemser retiradas de mudas tipo chifrinho.

O manuseio do explante no meio decultura influencia também na proliferaçãodo material. Os ápices caulinares não de-vem sofrer ferimentos na fase de preparo,para evitar possíveis problemas causadospela oxidação de polifenóis. No entanto,após os 30 dias da etapa de estabelecimento,inicia-se a fase de proliferação, quando osexplantes devem ser subdivididos longitudi-nalmente, efetuando-se o corte o mais cen-tralizado possível, para atingir o meristema eeliminar a dominância apical. A parte doexplante onde se realiza o corte deve ficar emcontato com o meio, pois, caso contrário, oexplante pode desidratar-se e perder a suacapacidade de regeneração.

GenótiposGenótipos

Diferenças na capacidade de prolife-ração de cada genótipo são evidentes, com-

provadas por relatos que enfatizam gran-des variações nas taxas de multiplicação dediferentes cultivares. Apesar de terem sidoconstatadas variações significativas nas res-postas ao cultivo das diferentes cultivaresde bananeira, todas têm respondido favo-ravelmente à técnica de micropropagaçãopor ápices caulinares, incluindo aquelasdo subgrupo Cavendish.

Etapas da MicropropagaçãoEtapas da Micropropagação

A produção vegetal in vitro a partir deápices caulinares ocorre mediante a sériede passos a seguir:

a) Coleta do material no campo -Deve ser feita no mesmo dia de implanta-ção do cultivo in vitro, evitando-se destaforma que fique exposto a problemas doambiente, como contaminação e desidra-tação. Cuidados para obter material deplantas matrizes provenientes de áreasendêmicas devem ser tomados, pois é pos-sível a disseminação de doenças sistêmicas,se o propágulo inicial estiver contaminado.

b) Preparo do explante - Utilizar, depreferência, mudas tipo chifrinho, com 20cm a 30 cm de altura, eliminando bainhasexternas e reduzindo o tamanho do rizoma,até que se atinja um bloco com cerca de umcentímetro de rizoma e dois centímetrosde pseudocaule.

c) Desinfestação - Em ambiente to-talmente asséptico, em câmaras de fluxolaminar contínuo, efetua-se o processo dedesinfestação, a fim de eliminar a presençade microrganismos responsáveis pela con-taminação dos explantes, deixando-os ap-tos para serem extraídos.

d) Excisão do explante - Para tal, osexplantes passam por sucessivas reduções,com a ajuda de pinças e bisturis, sobrepapel de filtro ou placa de vidro previa-mente esterilizada, até atingir o tamanhoadequado para serem cultivados, que é emtorno de 0,5 cm de rizoma e 1 cm depseudocaule.

e) Incubação no meio de cultura -

Page 42: Banana Produção

4343Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Após seu isolamento, os explantes são de-positados no meio de cultura de estabeleci-mento, o qual pode conter ou não auxinase/ou citocininas.

f) Comprovação da assepsia - O perí-odo de estabelecimento pode ser de 15 a 30dias. Nesse intervalo devem ser detectadose descartados os explantes contaminados .

g) Proliferação dos brotos - Nessafase, induz-se a formação de múltiplos bro-tos ao redor do explante, separadosassepticamente em pequenos segmentosde 1 a 3 gemas a cada 30 dias, efetuando-seum máximo de cinco subcultivos em meiofresco de proliferação. A concentração dealguma citocinina exógena no meio de cul-tura é o principal fator que influencia nataxa de multiplicação. Entre as citocininas,a benzilaminopurina (BAP) é consistente-mente a mais eficiente na micropropagaçãoda bananeira.

h) Isolamento e enraizamento - Quan-do os brotos estiverem bem desenvolvi-dos, ou seja, as plântulas se encontraremformadas, devem ser transferidos para ummeio de cultura próprio de enraizamento,que pode ser desprovido de reguladores decrescimento ou conter auxinas como ácidonaftalenoacético (ANA), ácido indolbutírico(AIB) ou ácido indolacético (AIA). Depoisde mais ou menos 30 dias, as plântulasenraizadas e vigorosas são transferidas parasolo, e nesse momento é muito importanteuma formação abundante de raízes, paragarantir a sobrevivência das plântulas. Asplantas que saem dessa etapa estarão isentasde patógenos e também de microrganismosbenéficos como os fungos micorrízicosarbusculares (FMA), presentes em condi-ções normais de solo, colonizando a grandemaioria das plantas, formando associaçõesbenéficas, as micorrizas. A existência dessasimbiose traz benefícios para as plantas naforma de maior absorção de nutrientes,principalmente o fósforo, maior resistên-cia/tolerância a doenças, melhoria nas rela-ções hídricas e equilíbrio hormonal. Comessas vantagens, é importante favorecer a

formação da simbiose nas mudas de bana-neira, espécie de planta que, assim comooutras fruteiras, beneficia-se dessa associa-ção. A condição axênica do sistema deprodução de mudas in vitro permite que sejafeita a introdução de fungos previamenteselecionados.

i) Transferência para casa de vegeta-ção - A aclimatação deve ser feita em casade vegetação e/ou telado, onde as condi-ções de umidade são favoráveis a um gradu-al endurecimento das tenras plântulas, den-tro de um período de 45 a 60 dias. Nessaetapa, é importante a definição do substratoonde as plantas serão aclimatadas, o qualdeverá fornecer os nutrientes requeridospela planta, mas não permitir que a concen-tração salina seja elevada ao ponto de cau-sar dificuldades na absorção de água pelasraízes. Ao mesmo tempo, deverá ter boacapacidade de retenção de umidade, masser suficientemente poroso para permitir astrocas gasosas. Um único material não apre-sentará todas estas características sendo,portanto, necessária a mistura de diferentescomponentes. Empresas do ramo fabricamsubstratos à base de casca de pinus, casca dearroz carbonizada, turfa, vermicomposto evermiculita. Normalmente recebem umacomplementação mineral com calcário, ni-trogênio, fósforo e micronutrientes. Entre-tanto, para uma boa taxa de sobrevivênciae crescimento inicial das mudas pode sernecessária a diluição desse substrato, usan-do-se vermiculita de granulometria médiaou grossa. Por meio da combinação entreuso de um substrato adequado e inoculaçãocom fungos MA, obtêm-se mudas sadias,aptas ao plantio. Os efeitos dos fungos MAtêm reflexos na alocação de recursos daplanta para a formação de parte aérea ouraiz, podendo permitir a redução do tempode cultivo in vitro, sendo as plantastransferidas mais cedo para a câmara deaclimatação. As mudas devem ser inocula-das no momento da repicagem para osubstrato de aclimatação e poderão apre-sentar, ao final de 6 semanas, valores daordem de 80% de colonização radicular.

Page 43: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 14444

Assim, os efeitos da inoculação poderão seestender ao campo. O inóculo é obtido pormultiplicação em sorgo ou braquiária, e asinstituições de pesquisas podem fornecer oprocesso de obtenção. O uso de substratoà base de turfa, vermiculita e 5% de esterco(base volume) permite a colonizaçãomicorrízica e a formação de mudas sadias.Por se tratar de um recurso natural nãorenovável, outros materiais orgânicos po-dem ser testados para substituir a turfacomo casca de árvore compostada, casca dearroz carbonizada e pó de casca de coco. Aescolha do substrato adequado e ainoculação com fungos MA resultarão emtempo diferenciado no período deaclimatação e poderão determinar o com-portamento inicial da planta no campo.

j) Avaliação no campo - Finalmente, asmudas devem ser levadas para campo, sen-do interessante que essa transferência sejaefetuada numa época de alta umidade, a fimde que as plantas sejam beneficiadas.

Meios de culturaMeios de cultura

Os meios nutritivos utilizados para acultura de células, tecidos e órgãos de plan-tas fornecem as substâncias essenciais parao crescimento e controlam, em grande par-te, o padrão de desenvolvimento in vitro. Omeio básico de mais amplo uso paramicropropagação de bananeira é o MS,normalmente modificado em alguns com-ponentes, para adequá-lo aos diferentesgenótipos. No caso da fonte de carboidrato,recomenda-se a sacarose, numa concentra-ção de 3%.

O meio de cultura pode ser líquido ousólido. Os meios sólidos são normalmentegelificados com o ágar, um polissacarídeoextraído de algas vermelhas colhidas nosoceanos, sendo que na bananeira é usadonuma concentração de 0,7%. Recentemen-te, uma nova classe de polímeros está sendoutilizada na solidificação de meios de cultu-ra com melhores resultados que o ágar. Sãogomas do tipo “gelan”, produzidas porcertas bactérias, entre as quais encontram-

se Gelrite e Phytagel, que são usadas nabananeira numa concentração de 0,25%.

O tipo e a concentração dos regulado-res de crescimento, fatores determinantesdo crescimento e no padrão de desenvolvi-mento da maioria dos sistemas estudados,variam bastante com a etapa de cultivo invitro e entre laboratórios que trabalhamcom bananeira. Na fase de estabelecimentonão se deve usar nenhum tipo de regulador.Já na etapa de proliferação da bananeira, acitocinina mais utilizada é o BAP, devendoser empregada numa dosagem de 4 mg.l-1.Na fase de enraizamento, é comum a ausên-cia total de reguladores, já que as plântulasrespondem muito bem ao meio nutritivobásico. No entanto, pode-se adicionar ANA,AIB e AIA, numa concentração de 1 mg.l-1,para facilitar o enraizamento dos brotos.

As plantas normalmente sintetizam asvitaminas necessárias para o crescimento edesenvolvimento. Embora numerosas vi-taminas tenham sido empregadas na cultu-ra de tecidos de plantas de modo geral, asmais essenciais aos meios de cultura paramicropropagação da bananeira são atiamina-HCl e o inositol (por afinidade),respectivamente a 1 mg.l-1 e 100 mg.l-1.

Outras substâncias são ainda adicio-nadas a meios nutritivos, especialmentequando dificuldades surgem no cultivo invitro. Entre essas substâncias estão a água decoco, que é empregada em meios de culturapara bananeira numa concentração de 10%,sulfato de adenina (160 mg.l-1), caseínahidrolizada (500 mg.l-1), cisteína (50 mg.l-1)e ácido ascórbico (100 mg.l-1), e assim me-lhorar o nível de resposta.

Condições ambientaisCondições ambientais

A influência dos fatores que com-põem o ambiente de cultivo é muito impor-tante, já que exerce grande efeitomorfogenético no desenvolvimento da plan-ta in vitro. No caso específico da bananeira,as condições do ambiente variam entrelaboratórios, principalmente em relação àluminosidade e à temperatura. Para a inten-

Page 44: Banana Produção

4545Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

sidade luminosa, existem registros que vãode 1.000 lux a 3.000 lux, enquanto a tempe-ratura varia entre 25ºC e 30ºC. O foto-período normalmente adotado é de 16 ho-ras, sendo que em alguns laboratórios con-trola-se também a umidade relativa, quefica dentro da faixa de 50% a 80%.

Aplicações da micropropagaçãoAplicações da micropropagação

A partir do cultivo dos primeiros ápi-ces caulinares de bananeira, efetuado noinício da década de 70, a micropropagaçãodessa espécie tomou grande impulso, e nosúltimos vinte anos vem sendo incrementadavisando às seguintes aplicações:

a) Multiplicação rápida de variedades -O sistema de propagação convencional dabananeira é lento e apresenta uma baixataxa de multiplicação. A técnica da culturade ápices caulinares foi, portanto, desen-volvida para a propagação maciça da bana-neira, permitindo que se alcançassem taxasdiversas vezes mais elevadas que aquelasobtidas com os métodos convencionais emantendo-se a integridade genética domaterial. A propagação em larga escala podeser realizada durante todo o ano, e serprogramada para propiciar a disponibilida-de de material para plantio de novas áreas,incrementando de maneira considerável onúmero de plantas dentro de um curtoespaço de tempo, e assim atender a crescen-te demanda dos bananicultores.

b) Eliminação de doenças - A propa-gação in vitro mediante a cultura de ápicescaulinares pode superar problemas deinfestação de patógenos importantes emmudas de bananeira, desde que permita arecuperação de plantas livres de doenças epragas, evitando-se a disseminação paranovas áreas de cultivo.

c) Conservação de germoplasma - Ascoleções de germoplasma de plantas sãoparte essencial de qualquer programa demelhoramento genético. No caso de Musa,as coleções são normalmente mantidas emcampo, a custos relativamente elevados, oque torna o cultivo in vitro de ápices caulinares

um método com potencial para contornaresse problema. Para tanto, é incontestavel-mente desejável reduzir as taxas de cresci-mento das plantas na conservação in vitro,visando diminuir o trabalho, os custos e osriscos de contaminação com os subcultivos.Condições de cultivo devem ser estabe-lecidas, de modo que não interfiram naintegridade genética das plantas.

d) Intercâmbio de germoplasma - Omovimento de plantas ou de partes deplantas entre regiões ou países desempenhapapel importante no processo de transfe-rência de tecnologia, sendo realizado porinstituições nacionais e internacionais. Di-ante disso, a transferência internacional degermoplasma de bananeira mediante o cul-tivo de ápices caulinares é muito mais fácile segura que por mudas.

e) Seleção in vitro - A cultura de tecidospõe à disposição do fitomelhorador dife-rentes técnicas que podem ajudá-lo naindução de variabilidade genética, a qualpode ser explorada como uma nova ferra-menta no melhoramento de musáceas.Métodos de seleção in vitro não devemsubstituir o melhoramento genético con-vencional, mas sim apoiá-lo. Desta manei-ra, diversos sistemas de complexidades di-ferentes podem ser usados para a seleção invitro de Musa, especialmente com respeito àtolerância a ambientes estressantes (alumí-nio e salinidade) e resistência a doenças(fungos e bactérias). Esses sistemas envol-vem aspectos como agentes seletivos,indução de mutação e variação somaclonal.

Problemas da micropropagaçãoProblemas da micropropagação

Alguns fatores da micropropagaçãoda bananeira ainda são limitantes para opleno sucesso da técnica, apesar de estudosdesenvolvidos procurarem contornar taislimitações. Estes fatores são:

a) Contaminação das culturas - Ascontaminações constituem um dos proble-mas mais importantes na cultura de tecidosvegetais, principalmente aquelas causadaspor bactérias, fungos, ácaros e trips, prove-

Page 45: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 14646

nientes do campo. Devem ser feitos rigoro-samente todos os tratamentos de desinfes-tação inicial dos explantes. A desinfestaçãodeve ser feita em câmara de fluxo laminar,em condições assépticas, com agentesdesinfestantes, como o hipoclorito de cál-cio, numa concentração de 6%, ao qualpodem ser adicionadas algumas gotas dedetergentes líquidos como Tween 20, paramelhorar o contato da substância germicidacom os tecidos vegetais. Um aspecto tam-bém a ser considerado é o tempo de trata-mento dos explantes, que pode ser de 20minutos. Entretanto, etanol a 70% deve serusado antes do hipoclorito, pois, além daação germicida, exerce, ainda, a de surfactantee nessa concentração não provoca uma desi-dratação rápida nos tecidos.

b) Escurecimento dos explantes - Umadificuldade prática da micropropagação dabananeira é a oxidação de polifenóis. Essaoxidação, quando não mata o explante an-tes mesmo que ele inicie o processo deproliferação, acaba comprometendo as ta-xas de multiplicação de forma significativa.O controle mais efetivo para esse problemase deve aos subcultivos mais freqüentespara meio fresco, efetuando-se a remoçãodos tecidos oxidados e senescentes.

c) Variação somaclonal - Outro pro-blema que deve ser considerado namicropropagação das bananeiras é o apare-cimento de plantas anormais, as quais nãocorrespondem geneticamente à planta ma-triz. É possível que os aspectos do cultivoresponsáveis por um aumento exageradonas taxas de divisão mitótica acabem porpromover aberrações cromossômicas ori-ginando tais variantes. Medidas para redu-ção da variação somaclonal em bananeirasjá vêm sendo propostas para o cultivo invitro, tais como diminuição na concentraçãodo BAP, redução do tempo de cultura eretirada de um número mais racional deplantas por explante estabelecido. Algumasanormalidades já foram detectadas com

maior freqüência em bananeiras, alterandocaracterísticas como estatura da planta, for-ma e coloração da folha, cor do pseudocaulee formação dos cachos.

CONCLCONCLUSÕES EUSÕES EPERSPECTIVPERSPECTIVASAS

A cultura da bananeira enfrenta difi-culdades na sua propagação convencional,pois, além de ser lenta e apresentar umabaixa taxa de multiplicação, pode constituiruma forma de disseminação de pragas edoenças. Novos métodos de propagaçãovêm sendo desenvolvidos e aperfeiçoados,com o objetivo de elevar a taxa de multipli-cação e de incrementar a produção de mu-das de melhor qualidade. Entre esses mé-todos destacam-se o fracionamento derizoma, a propagação rápida e os métodosde cultura de tecidos. Esses procedimen-tos, à medida que forem sendo ajustados,irão contribuir para o desenvolvimento dabananicultura.

No caso específico da cultura de teci-dos, os seguintes pontos devem ser consi-derados: 1. adequação de métodos maiseficientes de micropropagação, seja porcélulas, tecidos e órgãos reprodutivos,notadamente via protoplastos, embriõessomáticos e gemas florais; 2. emprego debiorreatores; 3. maior conhecimento dosfatores envolvidos nas variações soma-clonais, a fim de conhecer a magnitude doproblema e estabelecer métodos de detecçãoprecoce para posterior controle; 4. associ-ação de métodos de propagação in vitro comtécnicas de genética molecular, com o obje-tivo de explorar ao máximo o germoplasmadisponível.

Enfim, o fundamental é que métodosmais eficientes e seguros de multiplicaçãoda bananeira sejam estabelecidos, de modoque a fidelidade genética do material sejaassegurada e que produtos de melhor qua-lidade sejam colocados à disposição dosagricultores a preços cada vez mais baixos.

Page 46: Banana Produção

4747Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

NUTRIÇÃO,CALAGEM EADUBAÇÃO

Ana Lúcia BorgesArlene Maria Gomes Oliveira

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A utilização de solos pouco férteis e anão manutenção dos níveis adequados denutrientes durante o ciclo da planta (mãe-filho-neto) são fatores responsáveis pelabaixa produtividade da bananeira.

Na maioria das vezes, o desconheci-mento do solo e, sobretudo, da exigêncianutricional da planta leva à prática de adu-bação inadequada que afetará de formasignificativa o desenvolvimento e a produ-tividade da bananeira.

Neste capítulo são focalizados algunstópicos que poderão contribuir para amelhoria das condições de desenvolvimen-to dessa cultura.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAISEXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

A bananeira requer fertilização abun-dante, não só por ser elevada a quantidadede nutrientes absorvidos e exportados pe-los frutos, como também porque os solosda maioria das regiões produtoras são geral-mente pobres em nutrientes, devido à pre-sença predominante de caulinita, óxidos deferro e alumínio, ou seja, argilas de baixaatividade, além de acidez elevada.

A bananeira é uma planta muito exi-gente em nutrientes, principalmente potás-sio e nitrogênio. Em ordem decrescente, abananeira absorve os seguintes nutrientes:

Macronutrientes: K > N > Ca > Mg >S > P

Micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn> B > Cu

No entanto, ocorrem diferenças entrecultivares nas quantidades absorvidas, até

8mesmo dentro do mesmo grupo genômico,em razão, principalmente, das característicasda cultivar, dos teores de nutrientes do solo,do manejo adotado etc. Quantidades diferen-tes de nutrientes absorvidas foram encontra-das entre diferentes genótipos (Tabela 9).

Considerando as cultivares mais utili-zadas para exportação, elas extraem pelosfrutos, em média, 1,9 kg de N, 0,22 kg de P,5,6 kg de K, 0,19 kg de Ca e 0,25 kg de Mgpor tonelada de frutos (Tabela 10).

É importante ressaltar que, aproxima-damente, dois terços da parte aérea desen-volvida pela bananeira durante o seu perío-do vegetativo são devolvidos ao solo sob aforma de pseudocaule e folhas, que serãomineralizados. Levando em conta que so-mente os cachos (terço restante) da bana-neira são retirados do campo e que cerca de3% de potássio (K), contido nas folhas,retornam ao solo, acredita-se que ocorrauma recuperação significativa da quantida-de de K aplicada, bem como de outrosnutrientes.

Quanto à marcha de absorção dosmacro e micronutrientes, esta é maior apóso quinto mês, até o florescimento, quandohá maior acúmulo de matéria seca, estabili-zando-se até a colheita, exceto para zinco epotássio, este por acumular grande quanti-dade nos frutos.

IMPORTÂNCIA DOSIMPORTÂNCIA DOSNUTRIENTES NA PLANTNUTRIENTES NA PLANTAA

MacronutrientesMacronutrientes

NitrogênioNitrogênio

O nitrogênio (N) é importante para ocrescimento vegetativo da planta, sobretudo,

Page 47: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 14848

Genótipo Grand Naine(AAA)

Caipira(AAA)

Prata-anã(AAB)

Pioneira(AAAB)

FHIA-18(AAAB)

NUTRIENTESAB EX AB EX AB EX AB EX AB EX

kg/ha

N 87,0 48,5 146,8 52,8 136,4 44,3 116,8 29,8 144,5 51,3

P 6,5 4,3 9,8 3,9 10,1 4,6 8,5 3,2 11,2 5,2

K 272,7 135,2 313,9 124,6 418,5 107,1 371,1 99,8 382,4 142,2

Ca 28,4 3,1 53,2 2,8 71,4 5,4 73,1 3,6 74,1 4,8

Mg 28,0 4,6 58,0 5,2 61,6 6,9 71,0 5,0 64,4 7,0

S 4,6 2,9 9,3 3,0 5,8 2,4 5,3 1,1 7,5 4,7

g/ha

B 156,1 77,9 295,5 98,8 309,5 70,1 222,3 50,3 237,7 81,9

Cultivar Produtividade Densidade N P K Ca Mg

t/ha/ciclo plantas/ha kg/t frutos

Nain 42 2500 1,7 0,20 4,8 0,12 0,18

Poyo 42 2500 1,7 0,21 5,1 0,19 0,21

Grand Naine 39 2500 1,5 0,19 4,1 0,11 0,33

Poyo 50 2500 1,9 0,19 5,0 0,21 0,24

Gros Michel 22 1246 2,0 0,29 5,9 0,25 0,26

Nanicão 77 2500 1,9 0,26 8,2 0,27 0,28

Grand Naine 21 1333 2,3 0,20 6,4 0,15 0,22

Média - - 1,9 0,22 5,6 0,19 0,25

Tabela 9. Quantidades totais de nutrientes absorvidas (AB) e exportadas pelo cacho (EX) por diferentesgenótipos de bananeira.

Fonte: Faria,1997; 1.333 plantas/ha, raízes não incluídas.

Tabela 10. Quantidades médias de macronutrientes extraídas pelos frutos de cultivares de bananeira.

Page 48: Banana Produção

4949Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

nos três primeiros meses, quando omeristema está em desenvolvimento. Fa-vorece a emissão e o desenvolvimento dosperfilhos, além de aumentar bastante aquantidade de matéria seca.

Os sintomas de deficiência de nitrogê-nio aparecem no início do desenvolvimen-to da planta, sob a forma de clorose (verde-clara uniforme) generalizada das folhas.Ocorre também redução da distância entreas folhas, o que dá à planta um aspecto de“roseta” (Figura 10), bem como pecíolosróseos. Além disso, o número de folhas éreduzido, aumentam os dias para a emissãode uma folha, os cachos são raquíticos e onúmero de pencas é menor.

azulada. Os frutos podem apresentar me-nor teor de açúcar.

Para correção da deficiência de P, re-comenda-se a aplicação de 40 kg/ha a 100kg/ha de P2O5, dependendo do resultadoda análise química de solo e foliar.

PotássioPotássio

O potássio (K) é considerado o ele-mento mais importante para a nutrição dabananeira, na qual está presente em quanti-dade elevada. Corresponde, aproximada-mente, a 62% do total de macronutrientese 41% do total de nutrientes da planta.Além disso, mais de 35% do K total absor-vido é exportado pelos frutos. É um nutri-ente importante não só na translocação dosfotossintatos e no balanço hídrico, mastambém na produção de frutos, aumentan-do a resistência destes ao transporte e me-lhorando a qualidade, pelo aumento dosteores de sólidos solúveis totais e açúcares,e decréscimo da acidez da polpa.

A deficiência de potássio caracteriza-se pelo amarelecimento rápido emurchamento precoce das folhas mais ve-lhas, o limbo se dobra na ponta da folha,aparentando aspecto encarquilhado e seco(Figura 12). O cacho é a parte da planta maisafetada pela falta de K, pois reduz a produ-ção de matéria seca. Com o baixo supri-mento de K, a translocação de carboidratosdas folhas para os frutos diminui e, mesmoquando os açúcares atingem os frutos, suaconversão em amido é restrita, produzindofrutos pequenos e cachos impróprios paracomercialização, com maturação irregulare polpa pouco saborosa.

Figura 10.Figura 10. Deficiência de nitrogênio.

A deficiência de N pode ser corrigidacom a aplicação de 50 kg/ha a 300 kg/ha denitrogênio.

O excesso de N afeta os frutos, levan-do à produção de cachos fracos e pencasespaçadas.

FósforoFósforo

O fósforo (P) é o macronutriente me-nos absorvido pela bananeira, sendo, apro-ximadamente, 50% exportado pelos frutos.Esse nutriente favorece o desenvolvimentovegetativo e o sistema radicular.

Em solos com baixo teor de P (menorque 10 mg/dm3) as plantas apresentamcrescimento atrofiado e raízes pouco de-senvolvidas. As folhas mais velhas sãotomadas por uma clorose marginal, emforma de dentes de serra (Figura 11) e ospecíolos se quebram; as folhas novas adqui-rem a coloração verde-escura tendendo à

Figura 11.Figura 11. Deficiência de fósforo.

Page 49: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 15050

Para correção da deficiência de potás-sio, recomenda-se a aplicação de 150 kg a600 kg de K2O/ha, dependendo do resulta-do da análise foliar e do solo.

CálcioCálcio

O cálcio (Ca) é um nutriente que par-ticipa como ativador enzimático e atua noprocesso de divisão celular, estimulando odesenvolvimento de raízes e folhas. É imó-vel na planta por isso sua carência se ma-nifesta principalmente nas folhas novas.

A deficiência de cálcio caracteriza-se porcloroses nos bordos, descontínuas e emforma de dentes de serra, por engrossamentodas nervuras secundárias e diminuição dotamanho da folha (Figura 13). Nos frutospode levar à maturação irregular, à podri-dão e à formação de frutos verdes juntoscom maduros, com pouco aroma e açúcar.

A deficiência de cálcio, geralmente, ésuprida pela calagem e pelo superfosfatosimples (19% de Ca).

MagnésioMagnésio

A importância do magnésio (Mg) naplanta deve-se principalmente à sua presen-ça no centro da molécula de clorofila (semMg não há fotossíntese).

O Mg é um macronutriente importan-te em diversos processos fisiológicos dabananeira e, necessariamente, deve existirem quantidade suficiente no solo, quandoda aplicação de doses elevadas de potássio.Isso se faz necessário para impedir o apare-cimento do azul-da-bananeira, uma defici-ência de magnésio induzida pelo excesso depotássio, que se manifesta quando a relaçãoK/Mg no solo é superior a 0,6, enquantonas folhas expressa em milequivalentes(%K:0,039 / %Mg:0,012), é superior a 4,5(o ideal está entre 2,5 a 3,5) no florescimentoe a 2,0 na colheita. O azul-da-bananeiracaracteriza-se por manchas pardo-violáceasnos pecíolos, sempre associadas à clorosemagnesiana.

A deficiência de magnésio ocorre nasfolhas mais velhas, caracterizando-se peloamarelecimento paralelo às margens dolimbo foliar, por deformações e irregulari-dades nas emissões florais e podridão dospecíolos, com mau cheiro e descolamentodas bainhas do pseudocaule (Figura 14). Osintoma mais comum no campo é a cloroseda parte interna do limbo, com a nervuracentral e bordos permanecendo verdes, tam-bém conhecida como clorose magnesiana(Figura 15). Quando os sintomas atingemos cachos, estes tornam-se raquíticos e defor-mados, com maturação irregular dos frutos,

Figura 12.Figura 12. Deficiência de potássio.

Figura 13.Figura 13.Deficiência de cálcio.

Page 50: Banana Produção

5151Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

polpa mole, viscosa e de sabor desagradável,bem como apodrecimento rápido do fruto.

A deficiência de Mg pode ser corrigidacom a aplicação de 50 kg/ha a 100 kg/ha desulfato de magnésio.

O excesso do nutriente pode levar àformação de pecíolos azulados e de folhascom clorose irregular seguida de necrose.

A deficiência de S caracteriza-se poruma clorose generalizada do limbo das fo-lhas mais novas, que desaparece com aidade (Figura 16). Quando a deficiênciaprogride, há necrose das margens do limboe pequeno engrossamento das nervuras, àsemelhança do que ocorre na deficiência decálcio. Às vezes, sobrevêm mudanças namorfologia da planta, com ausência de limbofoliar, crescimento atrofiado, cachos muitopequenos ou engasgados (Figura 17).

Figura 14.Figura 14. Deficiência de magnésio.

Figura 15.Figura 15. Deficiência de magnésio.

EnxofreEnxofre

O enxofre (S) interfere principalmen-te nos órgãos jovens da planta, onde a suaausência se expressa por alterações meta-bólicas que dificultam a formação da cloro-fila, terminando por interromper as ativida-des vegetativas.

Figura 16.Figura 16. Deficiência de enxofre.

Figura 17.Figura 17. Deficiência de enxofre.

Page 51: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 15252

Normalmente, o suprimento de S éfeito mediante as adubações nitrogenadascom sulfato de amônio (23% S), e fosfatadacom superfosfato simples (11% S).

MicronutrientesMicronutrientes

As deficiências mais comuns em bana-neira são de boro e zinco.

Boro (B): A função deste micro-nutriente no metabolismo da planta nãoestá bem definida, podendo participar notransporte de açúcares e na formação deparedes celulares. Na deficiência de B, osprimeiros sinais se expressam como listrasamarelo-brancas que se espalham pela su-perfície da folha e paralelamente à nervuraprincipal, seguidas de necrose (Figura 18).As folhas podem ficar deformadas e apre-

sentar redução do limbo, à semelhança doque se constata quando há deficiência deenxofre (Figura 19). Nos casos graves, sur-ge uma goma no pseudocaule que atinge aflor e pode até mesmo impedir sua emer-gência, ficando a inflorescência bloqueadadentro do pseudocaule.

A deficiência de boro pode ser corrigidacom a aplicação no solo de 10 g a 20 g debórax por planta, ou com a pulverizaçãodas folhas com bórax, na concentração de1 g a 3 g por litro de água.

Zinco (Zn): Este micronutriente in-terfere na síntese de auxinas, que são subs-tâncias reguladoras do crescimento. As plan-tas deficientes em Zn apresentam cresci-mento e desenvolvimento retardado, fo-lhas pequenas e lanceoladas. Além disso, asfolhas apresentam listras amarelo-brancasentre as nervuras secundárias e pigmenta-ção vermelha na face inferior (Figura 20).Os frutos, além de pequenos, podem apre-sentar-se enrolados, com as pontas verde-claras e o ápice em formato de mamilo.

Os sintomas de deficiência de Zn sãomuitas vezes confundidos com os de infecção

Figura 18.Figura 18. Deficiência de boro.

Figura 19.Figura 19. Deficiência de boro. Figura 20.Figura 20. Deficiência de zinco.

Page 52: Banana Produção

5353Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

por vírus. Normalmente, a deficiência é maiscomum em solos de pH elevado ou naquelesque receberam doses elevadas de calcário.Pode também estar associada a solos com altoteor de matéria orgânica e excesso de fósforo,que inibe a absorção do Zn.

A deficiência de Zn pode ser corrigidacom a aplicação no solo de 10 a 15 gramaspor planta de sulfato de zinco (ZnSO4), oumediante pulverizações foliares com óxidode zinco, na concentração de 5 g de ZnSO4/litro de água.

Sódio (Na): Não é um elemento es-sencial para a bananeira; no entanto, estápresente nos solos das regiões áridas esemi-áridas. O excesso de salinidade, resul-tante de solos salinos e da má qualidade daágua de irrigação, aumenta a concentraçãode Na e reduz a absorção de K e a produçãoda bananeira. A toxidez de Na provocaenegrecimento dos bordos das folhas (Fi-gura 21), seguida de necrose, além de umaclorose marginal das folhas mais velhas.

Na instalação da cultura, deve-se darpreferência às classes de solos com teoresmais baixos em Na. A relação K/Na idealno solo é de 2,5 e o Na não deve exceder 8%do total de cátions trocáveis, devendo serinferior a 4%; solos com percentagem deNa superior a 12% são inadequados aocultivo da bananeira. Em áreas irrigadas,devem-se tomar cuidados com a qualidadee o manejo da água.

destes na planta. A análise química do solo,muito utilizada por se tratar de um processosimples, permite a determinação dos teoresde nutrientes presentes no solo e, por conse-guinte, a recomendação das quantidades decalcário e de adubo que devem ser aplicadas.

AmostragemAmostragem

É considerada a etapa mais importan-te de todo o processo de análise. Aamostragem deve ser representativa de umaárea uniforme quanto a cor, topografia,vegetação, textura, produtividade, relevo,histórico da aplicação de corretivos e ferti-lizantes. Uma amostra representativa dosolo deve ser formada por 20 subamostrasretiradas ao acaso, em ziguezague, separa-damente, nas profundidades de zero a 20centímetros e de 20 cm a 40 cm, no mínimo60 dias antes do plantio.

Retiradas as subamostras e formada aamostra composta, esta deve ser bem mis-turada, colocada na caixinha própria paraamostra de solo e encaminhada ao labora-tório. Se a terra estiver muito molhada,convém secá-la ao ar, antes de colocá-la naembalagem para remessa ao laboratório.

Recomenda-se também que a análisedo solo seja feita anualmente, a fim depermitir o acompanhamento e a manuten-ção dos níveis adequados de nutrientesdurante o ciclo da planta (mãe-filho-neto).Nesse caso, a coleta das amostras deve serfeita na região de aplicação do fertilizante,onde as raízes das bananeiras se desenvol-vem, ou na faixa úmida da área, quando aadubação for feita por meio de água deirrigação, obedecendo sempre o prazo mí-nimo de 30 dias após a última adubação.

RECOMENDRECOMENDAÇÃO DEAÇÃO DECALACALAGEM E ADUBAÇÃOGEM E ADUBAÇÃO

As recomendações de calagem e adu-bação da bananeira apresentadas nos váriosmanuais existentes foram elaboradas combase em dados de trabalhos experimentais,especialmente pesquisa de campo relacio-nando a resposta da cultura à adubação.

Figura 21.Figura 21. Deficiência de sódio.

ANÁLISE QUÍMICA DO SOLANÁLISE QUÍMICA DO SOLOO

Para fertilização do bananal, é impres-cindível considerar a disponibilidade dosnutrientes no solo e, se possível, os teores

Page 53: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 15454

CALACALAGEMGEM

A prática da calagem eleva o pH dosolo, neutraliza o Al e/ou Mn trocáveis,fornece Ca e Mg às plantas, eleva a satura-ção por bases, equilibra a relação K:Ca:Mg,contribui para o aumento da disponibilida-de de N, P, K, S e Mo e melhora a atividademicrobiana do solo.

A influência que o pH do solo exerceno desenvolvimento das bananeiras nãotem sido muito estudada. As plantas sedesenvolvem em solos com pH extremosde 4,0 a 9,0, embora a faixa de 5,5 a 6,5 sejamais adequada. Os solos cultivadosacidificam gradativamente, devido ao pro-cesso de nitrificação do amônio provenien-te da mineralização dos resíduos orgânicose, em especial da uréia e do sulfato deamônio, aplicados. Para neutralizar a acidezprovocada por uma tonelada de uréia ousulfato de amônio, há necessidade de apli-car 840 kg e 1.100 kg de carbonato de cálcio(CaCO3), respectivamente.

A recomendação de calagem é basea-da na análise química do solo e são diferen-tes os critérios utilizados e recomendadospelos manuais de adubação e calagem dealguns estados brasileiros produtores debanana (Tabela 11).

A aplicação de calcário, quando reco-mendada, dever ser feita com antecedênciade 30 a 45 dias do plantio, a lanço, em todaa área, e incorporado por meio da gradagem.Recomenda-se o uso de calcário dolomítico(25-30% de CaO e > 12% de MgO), poiscontém cálcio e magnésio, evitando assim aocorrência do distúrbio fisiológico conhe-cido como azul-da-bananeira.

O gesso agrícola (CaSO4), apesar denão alterar o pH do solo, reduz o teor dealumínio (Al) no perfil devido à formaçãode sulfato de alumínio (Al2(SO4)), além defornecer Ca e S. Em solos com baixosteores em Ca (< 0,5 cmolc/dm3) nas cama-das subsuperficiais, favorece o seu supri-mento e o melhor desenvolvimento dosistema radicular em profundidade.

Estado Recomendação

Bahia (sequeiro) NC (t/ha) = [4 - (meq Ca+2 + Mg+2 / 100 cm3)] x 100/PRNT

Bahia (irrigado) NC (t/ha) = [3 - (meq Ca+2 + Mg+2 / 100 cm3) +2 x meq Al+3 / 100 cm3] x 100/PRNT

Ceará

NC (t/ha) = [3 - (meq Ca+2 + Mg+2 / 100 cm3)] x 100/PRNTNC (t/ha) = 2 x (meq Al+3 /100 cm3) x 100/PRNT. Utilizar a maior das quantidades de calcário determinadas pelasfórmulas acima. É recomendável o uso do calcário dolomítico, principalmente em soloscom teor de magnésio inferior a 0,5 meq/100 cm3.

Espírito SantoElevar a saturação por bases (V2) a 70%, quando esta (V1) for inferior a 60%, mediante afórmula:NC (t/ha) = (V2 - V1) CTC/PRNT

GoiásNC (t/ha) = {2 x Al+3 + [3 - (Ca+2 + Mg+2)]} x 100/PRNTUsar, preferencialmente, calcáriodolomítico. Se usar o calcítico, suplementar com 40 kg MgO/ha.

Minas GeraisNC (t/ha) = Y x Al [2 - (Ca+2 + Mg+2)] x 100/PRNTonde Y varia de 1 a 3, em função datextura do solo: 1 (solos arenosos, menos de 15% de argila), 2 (solos de textura média, 15a 35% de argila) e 3 (solos argilosos, mais de 35% de argila).

Rio Grande do Sul eSanta Catarina

Utilizar as indicações de calagem segundo o índice SMP para 6,0. Recomenda-se o uso decalcário dolomítico. O teor de Ca+Mg no solo deve ser mantido na faixa de 5 a 10meq/100 cm3, aplicando-se, ao redor de 1,5 t/ha de calcário dolomítico a cada três anos,distribuindo-se o corretivo em toda a superfície do bananal.

São PauloElevar a saturação por bases (V2) a 60%, utilizando-se a fórmula: NC (t/ha) = (V2 - V1)CTC/PRNT e manter o teor de magnésio acima de 0,9 meq/100cm3

Tabela 11. Recomendações de calagem para bananeira em estados produtores do Brasil.

Page 54: Banana Produção

5555Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

ADUBAÇÃOADUBAÇÃO

O sucesso da resposta à adubaçãodepende não só das quantidades adequa-das, mas também da localização e da épocade aplicação do adubo, que facilitem a suaabsorção pela planta e evitem perdas.

CanteirosCanteiros

Os canteiros são utilizados para produ-ção de mudas pelo método do fracionamentodo rizoma. Recomenda-se a aplicação de 20litros de esterco de curral por m2.

ViveirosViveiros

Os viveiros são áreas estabelecidas emespaçamentos mais adensados, com a fina-lidade exclusiva da produção de mudas dequalidade superior.

Recomenda-se a aplicação de três li-tros de esterco de curral curtido por cova,juntamente com 150g a 300 g desuperfosfato simples, dependendo do teorde P no solo. Para suprir a necessidade denitrogênio, são indicados 30 g de sulfato deamônio/touceira/mês, ou, baseando-se noteor de matéria orgânica (MO), adicionar,mensalmente, 20 g (maior que 26 g/kg deMO) a 50 g (menor que 16 g/kg de MO) deuréia/touceira, a partir do primeiro mês (11aplicações/ano). Além da adubaçãonitrogenada, caso o solo apresente teor deK inferior a 80 mg/dm3, sugere-se que, doismeses após o plantio e depois a cada trêsmeses, sejam aplicados 140 g de KCl/touceira.

CampoCampo

Matéria orgânica

A matéria orgânica melhora a estrutu-ra e a microfauna do solo, aumenta a capa-cidade de retenção de nutrientes e estimulao desenvolvimento do sistema radicular.Em muitos casos, o alto custo do transpor-te e da aplicação tem tornado inviável o seuuso em grandes áreas.

Contudo, é a melhor forma de forne-cer o nitrogênio no plantio de mudas con-

vencionais, pois as perdas são mínimas.

Sempre que houver disponibilidadede adubo orgânico, este deve ser colocadona cova de plantio, principalmente nos so-los arenosos, na forma de esterco de curral(10 a 15 litros/cova), ou esterco de aves (1a 2 kg/cova), ou torta de mamona (0,5 a 1kg/cova), ou outras fontes orgânicas dispo-níveis. No bananal instalado, e sempre queviável, a adubação orgânica deve ser feita deseis em seis meses.

Considerando-se que dois terços dosrestos vegetais da bananeira retornam aosolo, estima-se que estes forneçam aproxi-madamente de 180 a 200 toneladas de ma-terial orgânico por hectare/ano.

Minerais - MacronutrientesMinerais - Macronutrientes

Nitrogênio: A adubação nitrogenadaé muito importante para a bananeira, prin-cipalmente para as cultivares do subgrupoCavendish, uma vez que mais de 50% do Nabsorvido são exportados pelos frutos. Nasregiões bananeiras do mundo, as dosesusadas são muito variáveis. Em Israel e naAustrália, são empregados 110 kg a 600 kgde N/ha/ano. As doses usadas na AméricaLatina (Costa Rica, Honduras) e no Caribe(Jamaica, Martinica, Guadalupe) variam de160 kg a 300 kg de N/ha/ano. No Brasil, asrecomendações variam de 90 kg a 350 kg deN/ha/ano, dependendo da textura do solo,do teor de matéria orgânica e do manejoadotado. Em geral, os solos mais argilosose com maior teor de matéria orgânica re-querem menores quantidades de N.

O nitrogênio deve ser parcelado nomínimo em três a quatro aplicações, pois éum nutriente facilmente perdido no solo.No caso da aplicação por meio de água deirrigação, recomenda-se a mesma quantida-de via solo, aplicada com maior freqüência(10 dias). A primeira aplicação deve ser feitaem cobertura, em torno de 30 a 45 dias apóso plantio.

Fósforo: As doses de P recomendadasnas regiões bananeiras do mundo variam de

Page 55: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 15656

80 a 690 kg de P2O5/ha/ano. No Brasil,essas doses variam de zero a 150 quilogra-mas de P2O5/ha/ano, dependendo dos te-ores no solo.

Quando indicado, o P deve ser aplica-do na cova de plantio, por ser um elementocom pouca mobilidade no solo e alto poderde fixação, aumentando assim sua eficiên-cia de absorção. Deve ser misturado à terrade enchimento da cova, junto com o aduboorgânico. Se necessária, deve-se repetir aadubação fosfatada anualmente (após aná-lise de solo), em cobertura.

Potássio: As quantidades de K reco-mendadas nas regiões bananeiras do mun-do variam de 228 kg a 1.600 kg de K2O/ha/ano. No Brasil, variam de zero a 625 kgde K2O/ha/ano, dependendo dos teoresno solo. No entanto, respostas a até 1.600kg de K2O/ha/ano foram obtidas em áreasirrigadas do norte de Minas Gerais; contu-do, deve-se sempre considerar o preço doinsumo e do produto.

A quantidade indicada pela análise quí-mica do solo deve ser dividida em três aquatro aplicações, pois é um nutriente facil-mente perdido no solo, principalmente nosmais arenosos. A primeira aplicação deve serfeita em cobertura, do terceiro ao quarto mêsapós o plantio, coincidindo com a segundaaplicação de N. No caso da adubação viaágua de irrigação, considerar as mesmas quan-tidades e épocas recomendadas, parcelando-as juntamente com o nitrogênio.

Magnésio: Devido às quantidades ele-vadas de K exigidas pela bananeira, a aplica-ção de Mg é importante para manter arelação K:Ca:Mg (cmolc/dm3) de 0,5:3,5:1,0a 0,3:2,0:1,0. Na Costa Rica, foram encon-tradas respostas favoráveis à aplicação de100 kg de MgO/ha/ano.

Enxofre: Os adubos formulados NPKapresentam, em geral, o inconveniente denão conterem enxofre, já que na sua com-posição entram normalmente uréia,superfosfato triplo e cloreto de potássio.Por conseguinte, recomenda-se, sempre

que possível, alternar as fontes de N comsulfato de amônio e de P com superfosfatosimples. Acredita-se que a aplicação desulfato de amônio seja suficiente para su-prir o enxofre necessário às plantas. Casocontrário, recomenda-se a aplicação de 30a 50 kg de S/ha/ano.

Em bananais já implantados (a partirdo 1º ano), utilizar as doses anuais reco-mendadas, após análise de solo, sendo o Paplicado de uma única vez e o N e o Kparcelados de acordo com a textura do soloe o manejo adotado (via solo ou água). Nocaso de bananais não irrigados, dentro decada época prevista, a aplicação dos adubosdeve ocorrer em períodos de umidade ade-quada no solo, de modo a facilitar o apro-veitamento dos nutrientes.

Minerais – MicronutrientesMinerais – Micronutrientes

Normalmente, o boro e o zinco são osmicronutrientes menos encontrados nasbananeiras. No entanto, podem ser coloca-dos no plantio 50 g de FTE BR 12/cova,para prevenir futuras deficiências de todosos micronutrientes.

A disponibilidade de B é reduzida emsolos com pH elevado, altos teores de Ca,Al, Fe e areia e baixo teor em matériaorgânica. Para suprir a falta do nutriente,podem-se aplicar 5 kg de bórax/ha no 1o

ano e 1 kg/ha nos ciclos seguintes.

Quanto ao Zn, a sua disponibilidade éreduzida em solos neutros ou alcalinos,com altos teores de P e argila. Em algunslugares foram obtidos bons resultados coma aplicação de 1 kg de Zn/ha/ano.

Localização do aduboLocalização do adubo

Como as bananeiras são plantas decrescimento constante, devem ter os nutri-entes disponíveis durante todo o seu ciclo,necessitando que o fracionamento dos fer-tilizantes seja feito com freqüência. Porém,nem sempre isso ocorre, por limitaçõesclimáticas e econômicas. Para definir onúmero de aplicações, devem-se levar emconsideração a textura do solo, o manejoadotado e as condições climáticas da região.

Page 56: Banana Produção

5757Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

As adubações em cobertura, via solo,devem ser feitas em círculo, numa faixa de10 cm a 20 cm de largura, distante 20 cm a40 cm da muda, aumentando-se a distânciacom a idade da planta. Vale lembrar que asraízes da bananeira são fasciculadas, super-ficiais, sendo que 60% a 85% encontram-seaté 30 cm de profundidade; horizontalmen-te, podem atingir 1 m a 5 m de extensão,mas concentrando-se de 30 cm a 60 cm dopseudocaule. No caso de terrenos inclina-dos, a adubação deve ser feita em meia-lua,do lado de cima da cova, e ligeiramenteincorporada ao solo. No bananal adulto, osadubos são distribuídos em meia-lua emfrente à planta-neta. Nos plantios muitodensos e em terrenos planos, a adubaçãopode ser feita a lanço nas ruas.

As adubações podem ser feitas tam-bém mecanicamente com pequenos trato-res com dois aplicadores laterais, distribu-indo o adubo em frente aos filhos. É impor-tante que o bananal esteja plantado emfileiras duplas, em solo nivelado e limpo.

Em áreas irrigadas, a fertiirrigação érecomendada, pois proporciona menoresperdas e alto aproveitamento dos nutrientes.

Fontes de fertilizanteFontes de fertilizante

As fontes mais solúveis devem serpreferidas, por exercerem uma ação maisrápida no desenvolvimento da planta. Fon-tes que contenham enxofre devem ser sem-pre utilizadas. A disponibilidade no merca-do e o custo do fertilizante são fatores quedevem pesar na sua escolha.

Fontes de N: esterco de curral (0,5%N), esterco de aves (2% N), torta de cacau(3% N), torta de mamona (5% N), uréia(44% N), sulfato de amônio (20% N),nitrocálcio (27% N), nitrato de amônio(32% N), fosfato diamônico-DAP (16%N), fosfato monoamônico-MAP (9% N),nitrato de potássio (13% N). A uréia e osulfato de amônio podem ser empregadosno preparo de soluções fertilizantes. A uréiapode ser empregada em várias formulações,principalmente em meio ácido; solubilidadeem água a 25oC-119 g/100 g de água.

Fontes de P: superfosfato simples (18%P2O5), superfosfato triplo (41% P2O5), DAP(45% P2O5), MAP (48% P2O5), termofosfatomagnesiano (17% P2O5). O ácido fosfórico(52% P2O5 e 4% gesso) pode ser usado nopreparo de adubação líquida.

Fontes de K: cloreto de potássio -KCl (58% K2O), sulfato de potássio (48%K2O), nitrato de potássio (48% K2O), sul-fato duplo de potássio e magnésio (18%K2O). O KCl é a fonte mais comum eeconômica existente no mercado para opreparo de soluções fertilizantes. No en-tanto, fertilizantes especiais podem ser pre-parados a partir do sulfato de potássio(solubilidade - 51g/100g de água) ou dosulfato duplo de potássio e magnésio (solu-bilidade - 21,5 g/100 g água).

Fontes de S: sulfato de amônio (23%S), superfosfato simples (11% S), sulfato depotássio (16% S), sulfato duplo de potássioe magnésio (23% S), sulfato de magnésio(13% S), S elementar (95% S), sulfato decálcio - gesso (13% S).

Fontes de Ca: calcários, superfosfatosimples (19% Ca), termofosfato magnesiano(19% Ca), fosfatos parcialmente acidulados,sulfato de cálcio (16% Ca).

Fontes de Mg: calcários, sulfato demagnésio (9% Mg), sulfato duplo de potás-sio e magnésio (4,5% Mg), termofosfatomagnesiano (7% Mg).

Fontes de B: ácido bórico (17% B),bórax (11% B), FTE BR12 (2,17% B).

Fonte de Cu: sulfato de cobre (13%de Cu), FTE BR12 (0,8% Cu).

Fonte de Mn: sulfato de manganês(25% de Mn), óxido de manganês (41%Mn), FTE BR 12 (3,48% Mn).

Fontes de Zn: sulfato de zinco (20%de Zn), óxido de zinco (50% Zn), FTE BR12 (9,24%).

ANÁLISE FOLIARANÁLISE FOLIAR

A análise foliar consiste na utiliza-ção da planta como solução extratora dos

Page 57: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 15858

elementos disponíveis no solo. Como asfolhas são os órgãos da planta em queocorre maior atividade química, a análisefoliar é utilizada para determinar deficiênci-as e/ou toxidez de nutrientes, sobretudo quan-do sintomas visuais semelhantes podem con-fundir o diagnóstico ou quando várias defici-ências se manifestam simultaneamente.

AmostragemAmostragem

Segundo a norma internacional, a fo-lha amostrada é a terceira a contar do ápice,coletando-se com a inflorescência no está-dio de todas as pencas femininas e não maisde três pencas de flores masculinas des-cobertas (sem brácteas). Faz-se a coleta de10 cm a 25 cm da parte interna mediana dolimbo foliar, eliminando-se a nervura cen-tral (Figura 22).

Em uma plantação que ocupa entreum e dez hectares, recomenda-se amostrar10 a 20 plantas.

Sugere-se proceder à análise foliar,anualmente, para fazer ajustes no progra-ma de adubação e, principalmente, avaliara necessidade de aplicação de micro-nutrientes.

Caso a bananeira apresente algum pro-blema em outro estádio, amostra-se a ter-ceira folha, porém o padrão (referência)deve ser obtido coletando uma amostra deuma planta normal do ponto de vistanutricional, no mesmo estádio de desen-volvimento.

Preparo da amostraPreparo da amostra

Após a coleta, as amostras devem seracondicionadas em sacos de papel comume encaminhadas ao laboratório de análise,pela via de transporte mais rápida. Nãosendo possível encaminhá-las até 24 horasapós sua coleta, deve-se lavá-las com águadestilada, colocá-las em saco de papel e aosol, antes de enviar para o laboratório.

Interpretação dos resultadosInterpretação dos resultados

Para a interpretação dos resultadosobtidos foram definidos teores-padrão, ba-seados na correlação entre a concentraçãodo nutriente nas folhas e o desenvolvimen-to ou produtividade da cultura.

Na Tabela 12 são apresentados os teo-res-padrão de nutrientes que podem ser usa-dos como referência, apesar de serem influ-enciados pelas condições climáticas e de cul-tivo, pela cultivar, pela fertilização etc.

O Sistema Integrado de Diagnose eRecomendação (DRIS) é outra maneira deinterpretar o resultado de análise foliar.Este sistema tem a vantagem de identificaraqueles nutrientes que estão limitando ocrescimento e a produção, mediante a rela-ção entre eles, usando como padrão asrelações obtidas em plantios bem nutridose com alta produtividade. Assim, por essecritério, pode-se detectar qual o nutrientemais limitante e a sua ordem de limitação.

Figura 22.Figura 22. Procedimentos de amostragem para a análisefoliar

Page 58: Banana Produção

5959Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Adubação foliarAdubação foliarA adubação foliar pode ser feita em

atomização, utilizando-se os mesmos equi-pamentos desenvolvidos para o controledo mal-de-sigatoka, sempre que houvernecessidade, baseada principalmente naanálise química foliar. As pulverizaçõesdevem ser feitas no final da tarde, quando atemperatura ambiente é mais baixa e hámaior umidade relativa, evitando-se a pos-sibilidade de queimaduras nas folhas.

As folhas da bananeira são muito efi-cientes para absorver os elementos mine-rais. As concentrações recomendadas são:ácido bórico a 1 g/litro de água; sulfato decobre a 5 g/litro de água, neutralizado comcal; sulfato ferroso a 5 g/litro de água;sulfato de manganês a 2,5 g/litro de água;

Nutrientes

Cavendish1 Plátano1 Prata2

Ótimo Deficiente Ótimo Baixo Adequados

N (%) 2,7 – 3,6 1,6 - 2,1 3,4 2 2,7 - 3,6

P (%) 0,16 – 0,27 < 0,12 0,19 0,14 0,18 - 0,27

K (%) 3,2 – 5,4 1,3 - 2,6 3,5 1,8 3,0 - 5,4

Ca (%) 0,66 - 1,2 0,15 0,7 0,5 0,25 - 1,2

Mg (%) 0,27 – 0,60 0,07 - 0,25 0,25 0,15 0,3 - 0,6

S (%) 0,16 – 0,30 - 0,26 0,1 0,2 - 0,3

Cl (%) 0,9 – 1,8 - - - -

B (mg/kg) 10 – 25 < 10 - - out/25

Cu (mg/kg) 6 – 30 < 5 - - jun/30

Fe (mg/kg) 80 – 360 - - - 80 - 360

Mn (mg/kg) 200 – 1800 40 – 150 - - 20 - 200

Zn (mg/kg) 20 - 50 6 – 17 - - 20 - 50

Tabela 12. Teores-padrão de macro e micronutrientes na terceira folha da bananeira.

Fonte: 1 IFA, 1992 ; 2 Prezotti, 1992.

molibdato de sódio ou de amônio conten-do 4 mg de Mo/litro de água; sulfato dezinco a 5 g/litro de água; uréia a 50 g/litro deágua; cloreto de potássio a 50 g/litro de águae sulfato de magnésio a 30 g/litro de água.

Em plantas novas recomendam-se pul-verizações com uréia na concentração de10 g/litro de água (alto volume); enquantoem plantas adultas a 50 g/litro de água(baixo volume).

Sabe-se que a absorção dos adubosfoliares é influenciada por condições ine-rentes à folha (estrutura, composição quí-mica, idade etc.), por fatores relacionadoscom os nutrientes (mobilidade) e ainda poraqueles inerentes às soluções aplicadas (con-centração, pH, mistura de nutrientes etc.).

Page 59: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 16060

IRRIGAÇÃO EFERTIIRRIGAÇÃO

Sizernando Luiz de OliveiraEugênio Ferreira Coelho

Ana Lúcia Borges

las, como tratamento fitossanitário, aduba-ção, manejo adequado dos frutos na colhei-ta e no pós-colheita, são indispensáveis.Isso significa que em agricultura irrigada aspráticas agrícolas são complementares. Anão-execução de qualquer dessas práticas sereflete, imediatamente, na queda do nível dequalidade e/ou de quantidade do produto,comprometendo o retorno do investimento.

MÉTMÉTODOS DE IRRIGAÇÃOODOS DE IRRIGAÇÃO

A definição correta do método deirrigação a ser utilizado é de extrema impor-tância para o produtor. Dela vai dependera viabilidade econômica do investimento.

No que respeita à cultura da bananei-ra, não há restrições à maioria dos métodosde irrigação de uso corrente. Sua escolhadependerá das condições locais de cultivo,como, por exemplo, o tipo do solo e seurelevo, o custo da implantação, manuten-ção e operação da irrigação, bem como aquantidade e qualidade da água e da mão-de-obra disponível.

As bananeiras não suportamencharcamento prolongado (por mais deum dia) por causar asfixia no seu sistemaradicular e a conseqüente redução de suacapacidade de absorção de nutrientes. Seusprodutores devem evitar tanto o sistema deirrigação por inundação permanente (méto-do usual em rizicultura) como os plantiosem áreas sujeitas a alagamento constante.

A seguir são descritos os métodos deirrigação mais utilizados no cultivo debananeiras.

Métodos localizadosMétodos localizados

Microaspersão e gotejamento

Estes dois sistemas de irrigação são

9INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A irrigação tem como principal pro-pósito suprir as necessidades hídricas dasplantas. Não funciona isoladamente, masconjugada com outras práticas agrícolas,que beneficiem a cultura, a sociedade emgeral e o produtor em particular. É indis-pensável nas regiões onde a chuva naturalnão atende às necessidades das plantas du-rante todo o seu ciclo de vida ou em partedele. Finalmente, permite não só ampliar otempo de exploração da planta e o númerode colheitas, como ainda melhorar a produ-ção já existente.

Com referência às bananeiras, sabe-seque, em grande parte das regiões onde elassão cultivadas, o nível de precipitação éinsuficiente para o crescimento e o desen-volvimento satisfatório das plantas, cujaconseqüência é a queda da quantidade equalidade dos frutos produzidos.

A opção pela irrigação para solucionaresses problemas nem sempre é bem-suce-dida. Em alguns perímetros públicos irriga-dos, a baixa produtividade e qualidade doproduto, muitas vezes, se deve à escolha dométodo e/ou ao manejo da irrigação. Pes-quisas têm mostrado que nos perímetroscitados, irrigados por superfície, a bananei-ra cultivar Nanicão chegou a produzir 100t/ha (Barreto et al., 1983). Os colonos,entretanto, não produzem mais que 30 t/ha.Nos dados mencionados está implícita umadiferença de 230%, correspondente a umacréscimo na safra, sem que o sistema tra-dicional de produção fosse significativa-mente onerado.

Quanto à qualidade do produto, ca-racterística fundamental da produção parafins de exportação, outras práticas agríco-

Page 60: Banana Produção

6161Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

bastante utilizados em regiões onde o fatorágua é limitante, embora nelas se pratiqueintensiva agricultura irrigada com produtosde alto valor econômico. Ao empregar umdesses sistemas de irrigação, o produtordeve maximizar a produtividade por milí-metro de água aplicado. Segundo Bernardo,1989, os sistemas de irrigação localizada sedistinguem pelas seguintes características:

- Maior eficiência no uso da água, pelapossibilidade de melhor controle da lâminad’água aplicada; menor perda por evapora-ção, percolação e escoamento superficial,bem como maior eficiência geral da irriga-ção, pelo fato de os métodos localizadosnão serem afetados nem pelo vento nempela interferência direta do irrigante.

- Maior eficiência no uso da adubaçãopor permitirem a fertiirrigação, que con-centra a aplicação do adubo diretamente nobulbo molhado onde se encontra o sistemaradicular da planta.

- Maior eficiência no controle de pra-gas e doenças. Como a parte aérea dabananeira não é molhada, não há remoçãodos defensivos porventura aplicados nasfolhas ou frutos.

- Adaptabilidade a diferentes solos etopografia, permitindo maior aproveitamen-to de áreas para cultivos irrigados.

- Maior produtividade, uma vez que,por ser fixa, a irrigação localizada permite aaplicação mais freqüente de água, cujo re-sultado é a menor variação nos níveis deumidade do solo. Com isso aumenta aprodutividade das plantas, sobremodo nocaso das culturas sensíveis a déficits hídricos.No que respeita à bananeira, além de maiorprodutividade, os frutos desenvolvem-semais uniformemente, resultando em me-lhor qualidade.

Ao se utilizar a irrigação localizada nacultura da bananeira (Figuras 23 e 24), ovolume de solo molhado, medido na faixade 30 cm a 40 cm de profundidade,onde seconcentram as raízes de absorção, não deveser inferior a 40% da área ocupada porplanta. Garante-se com isso que mais de

90% do sistema radicular seja irrigado, oque favorece o processo de transpiração dacultura (Rodrigo Lopez & HernandezAbreu, 1981). Daí se conclui que a irrigaçãolocalizada nem sempre será de alta freqüên-cia, como muitos produtores supõem ousão levados a crer por profissionais poucoafeitos a essa área de conhecimento.

Na irrigação localizada, a freqüênciadas regas é definida levando-se em conta aevapotranspiração da cultura, a capacidadeque tem o solo de reter água e o volume desolo a ser molhado. O esquema traçadodeve permitir um desenvolvimento radicularprofundo com exploração máxima dos nu-trientes do solo, sem que ocorram perdassignificativas de produtividade. Dessemodo, evitam-se os freqüentes tombamen-tos de plantas em áreas de ventos fortes e oacúmulo de produtos tóxicos e/oupatógenos com influência negativa na ab-sorção de água e nutrientes (Hernandez

Figura 24.Figura 24. Banana Nanica irrigada por microaspersão.

Figura 23.Figura 23. Banana Nanica irrigada por gotejo.

Page 61: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 16262

Abreu et al., 1987). Além disso, o produtorque adota a irrigação localizada dispõe demaior tempo para corrigir qualquer avariaque possa ocorrer no sistema de irrigação,pois, nas circunstâncias descritas, as plantasapresentam maior resistência a um déficithídrico.

Método por superfícieMétodo por superfície

É o mais antigo de todos os métodosde irrigação. Pode ser eficiente quandoprojetado e manejado adequadamente(Soares, s/d). É representado pelos siste-mas em que a condução da água dentro daparcela a ser irrigada é feita sobre a superfí-cie do solo. São estes os principais sistemasde irrigação por superfície:

Irrigação por sulcos

Este sistema é o mais utilizado embananeira nos perímetros irrigados da re-gião Nordeste (Figura 25). SegundoBernardo, 1989, para obter boa eficiênciade irrigação (70%), é necessário que o terre-no seja bem sistematizado. Os solos devemser argilosos ou francos, com boa drena-gem e de topografia plana, para que odeslocamento de terra seja mínimo, o quediminui as despesas com a sistematizaçãodo terreno. Por não se tratar de um sistemapressurizado, os custos de implantação sãomenores que os de qualquer outro método.Sua manutenção e operação, entretanto,exigem bastante mão-de-obra, o que, emdeterminadas situações, o torna inviável.

No caso da bananeira, utilizam-se umou dois sulcos por fileira de plantas, a umadistância de 0,5 m do pseudocaule. O nú-mero de sulcos depende do movimentolateral da água no solo em que estiverinstalado o bananal. Para solos argilosos(maior movimento lateral), pode-se utilizarapenas um sulco por fileira de plantas.Para solos areno-argilosos (menor movi-mento lateral), são indicados dois sulcospor fileira de plantas (Oliveira, 1986; Lima& Meirelles, 1986).

A aferição da declividade, da vazão edo comprimento adequado dos sulcos, emrelação a determinado solo, é fundamentalpara que a água se distribua de maneirauniforme e sem causar erosão, logrando-se,assim, melhor eficiência de irrigação, e me-lhor crescimento e desenvolvimento da cul-tura. Tais valores deverão ser obtidos paracada área de plantio por meio de testes decampo ou de métodos computadorizados.

Na falta desses dados e dependendoda lâmina de água a ser aplicada no bananal,recomendam-se, para sulcos com decli-vidade de 2%, comprimentos máximos de60 m a 190 m, no caso de solos areno-argilosos, e de 220 m a 400 m, para solosargilosos (Bernardo, 1989).

Nos sulcos excessivamente longos, aágua se distribui mal; há grande perda porpercolação no trecho inicial dos sulcos edeficiência de umidade na sua porção final.Como a bananeira é uma cultura sensível aodéficit de umidade, nos perímetros irriga-dos por sulcos, é comum observar que asplantas que se encontram no início dossulcos são bem mais vigorosas que as loca-lizadas na sua porção final, numa clarademonstração da má distribuição de águaao longo dos sulcos. Se os sulcos foremmuito curtos, haverá mais canais de alimen-tação, mais exigências de mão-de-obra,maiores custos, menor área disponível parairrigação, dentre outros fatores.

O comprimento e a vazão indicadospara os sulcos abertos em terrenos comFigura 25.Figura 25. Bananeira irrigada por sulco.

Page 62: Banana Produção

6363Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

determinado tipo de solo e declividade sãoos que prevêem a chegada da água ao finaldo sulco, em 1/4 do tempo necessário àaplicação de determinada lâmina de irriga-ção (Daker, 1976). Se para um pomar debananeiras são necessárias, por exemplo,quatro horas para a aplicação de50 ml de água em determinado solo, a vazãoe o comprimento indicados para os sulcosabertos nessa área são os que permitem àágua atingir o final dos sulcos no espaço deuma hora.

Quanto à geometria, os sulcos devemter secção circular ou quadrada com pro-fundidade entre 15 cm e 20 cm, para facili-tar a infiltração (maior perímetro molhado)e retardar o processo de salinização. Para abananeira, este último requisito é funda-mental, por se tratar de uma cultura glicófitaou sensível aos sais. Todas e quaisquermedidas que possam retardar ou evitar asalinização e facilitar a infiltração, aumen-tando o volume de solo molhado, trazembenefícios imediatos à cultura da bananeira.

Ao utilizar o sistema de irrigação porsulcos, deve-se lograr a maior eficiência deirrigação possível. Desse modo, o nível deprodutividade e a qualidade dos frutos nãoserão prejudicados, desde que outras práti-cas culturais como a adubação e o controlede pragas e doenças, além dos indispensá-veis cuidados durante e após a colheita, nãosejam negligenciadas.

Irrigação por faixas

Neste sistema de irrigação, a água éaplicada ao solo da área compreendida en-tre duas fileiras de bananeiras. Para evitarencharcamento no colo das plantas, sãoconstruídos diques a 0,5 m do pseudocaule.Estas faixas devem ter declividade longitu-dinal entre 0,15% (solos de textura muitofina) e 4% (solos de textura média). Adeclividade transversal deve ser zero.

A exemplo da irrigação por sulcos, adeterminação do comprimento adequadodas faixas de rega é fundamental para con-seguir alta eficiência de irrigação (70% a

80%) e igual produtividade. Dependendodo tipo de solo, da declividade e da vazão aser aplicada, o comprimento da faixa varia-rá de 90 m a 400 m (Bernardo, 1989); sualargura será determinada pelo espaçamentoentre as fileiras de bananeira.

Os restos culturais (pseudocaules efolhas), tão úteis na recuperação e/ou ma-nutenção das características físicas e quími-cas do solo, tornam-se um dos problemasmais freqüentes quando se utiliza o sistemade irrigação por faixas. Por se acharemespalhados entre as fileiras das plantas, osrestos culturais impedem o escoamentonormal da água de irrigação, provocandoencharcamento em alguns pontos e falta deumidade em outros. Para minorar essesefeitos, que afetam negativamente a efici-ência do sistema de irrigação, recomenda-se que os restos culturais sejam colocadosdentro das fileiras de plantas sobre o diquede separação das faixas irrigadas.

Bacias em nível

Este sistema de irrigação se caracterizapela aplicação da água numa área completa-mente nivelada, tanto no sentido transver-sal como no longitudinal ao plantio dabananeira (Figura 26), o que o diferencia dosistema de irrigação por faixas.

Figura 26.Figura 26. Irrigação por bacias em nível (faixas) em bananeirasPacovan.

Page 63: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 16464

Segundo Barreto, 1983, a água éfornecida em grandes vazões (superiores a50 litros/segundo). Por conseguinte, otempo de aplicação é curto (de meia a duashoras), dependendo da evapotranspiraçãoconstatada na área cultivada e dos turnos derega. Como nas bacias em nível as vazõese o tempo de aplicação da água não permi-tem a utilização dos sifões comumente em-pregados na irrigação por sulcos, nelas sãoconstruídas comportas para a derivaçãodos canais. Para impedir que ocorra erosãono ponto de aplicação da água, colocam-sejunto à comporta três ou quatro fileiras deblocos de cimento ou material similar, dis-postos alternadamente, os quais funcionamcomo dissipadores de energia cinética, fa-zendo com que a água chegue a um sulcodistribuidor e daí à área a ser irrigada.

A bacia deve ser contornada por umdique, construído com arado de disco, queimpedirá o escoamento superficial além daárea cultivada. Com esse procedimento, aeficiência de irrigação poderá chegar a 90%,uma vez que toda a água aplicada ficaráretida na área irrigada.

A irrigação da cultura da bananeira pormeio de bacias em nível já foi pesquisada,com excelentes resultados, no perímetroirrigado de São Gonçalo, Souza, na Paraíba,registrando-se rendimento de até 40 t/hano caso da Pacovan e de até 100 t/ha no daNanicão (Barreto et al., 1983). Em MoradaNova, no Ceará, plantios comerciais dessasmesmas cultivares, também irrigados porbacias em nível, apresentaram resultadossemelhantes e produtos de ótima qualidade.

Esse sistema de irrigação aplicado àcultura da bananeira é bastante promissor,por apresentar, em relação ao sistema derega por sulcos, as seguintes vantagens:

- Dispensa o uso de sifões, materialcaro, perecível e de difícil manuseio.

- Dispensa a construção de canais par-celares.

- Diminui, substancialmente, a mão-de-obra empregada nos trabalhos de irrigação.

- É mais fácil quantificar a água aplica-da; basta aferir a comporta.

- Há maior eficiência na distribuiçãoda água.

É preciso, entretanto, levar em conta aexigência da perfeita sistematização da áreae de grandes vazões, o que pode inviabilizarseu uso em algumas regiões.

Métodos por aspersãoMétodos por aspersão

Convencional móvel (baixa, médiae alta pressão)

Pivô central

São os dois sistemas por aspersão maisutilizados em bananeira (Figura 27). Trata-se de métodos de irrigação em que a água éaspergida no ar e cai no solo sob a forma degotas, assemelhando-se à chuva. Não hárestrições em relação ao solo. É indispen-sável, entretanto, que a precipitação doaspersor a ser utilizado na irrigação sejamenor ou igual à velocidade de infiltraçãobásica (VIB) do solo a ser irrigado, com oque se evitam o escoamento superficial ouo empoçamento, que causam danos à cultu-ra e prejuízos ao produtor.

Quanto à topografia, devem ser evita-das as encostas muito íngremes (superioresa 15%), principalmente no caso da aspersãotipo pivô central. Nos plantios em encosta,a linha com aspersores, quando se utiliza osistema convencional, deve acompanhar acurva de nível.

O vento, a umidade relativa e a tempe-ratura do ar são os principais fatores queafetam a irrigação por aspersão (Bernardo,1989). Em regiões sujeitas a ventos fortese constantes, baixa umidade relativa do ar ealtos níveis de temperatura, não se deveoptar pela rega por aspersão. Na irrigaçãoda bananeira, por exemplo, esses proble-mas se agravam. Por se tratar de umacultura de grande porte, com plantas queatingem até seis metros de altura, a irrigaçãopor aspersão sofrerá grandes perdas porevaporação e arrastamento das partículas,tornando-se pouco eficiente. Além disso,

Page 64: Banana Produção

6565Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

interfere nos tratos fitossanitários por lavara parte aérea das plantas.

Como alternativa, deve-se optar pelairrigação sob copa, com a qual se evita boaparte dos problemas relatados. Em virtude,porém, da grande pressão com que saemdos aspersores (médios ou grandes), osjatos de água, ao atingirem as folhas dabananeira, destroem-nas por completo,prejudicando seriamente o processo defotossíntese e, em conseqüência, a qualida-de e a quantidade do produto. O impactocom o pseudocaule, apesar de não provocarlesões muito graves, prejudica a eficiênciada irrigação em termos do coeficiente deuniformidade de distribuição da rega. Porconseguinte, o método de aspersão sobcopa exige, necessariamente, aspersores debaixa pressão, ângulo de jato máximo de 7°e vazão adequada às condições da cultura.

NECESSIDNECESSIDADES HÍDRICAS OUADES HÍDRICAS OUEVEVAPOAPOTRANSPIRAÇÃOTRANSPIRAÇÃO

A aferição da quantidade de água ne-cessária a uma cultura é o parâmetro maisimportante para o correto planejamento,dimensionamento e manejo de qualquersistema de irrigação. A seguir três modali-

dades de evapotranspiração:

Evapotranspiração Potencial deEvapotranspiração Potencial deReferência (ETo)Referência (ETo)

É a quantidade de água evapo-transpirada por uma superfície totalmentecoberta com uma vegetação verde, densa erasteira (grama), que se encontra em pro-cesso de crescimento ativo e recebe supri-mento contínuo e adequado de água.

Evapotranspiração Potencial daEvapotranspiração Potencial daCultura (ETpc)Cultura (ETpc)

É a quantidade de água evapo-transpirada por uma cultura quando sãoótimas as condições de umidade e nutrien-tes no solo, permitindo a produção poten-cial dessa cultura nas condições de campo.É recomendada para a estimativa das de-mandas máximas na projeção dos sistemasde irrigação.

Evapotranspiração Real da CulturaEvapotranspiração Real da Cultura(ETrc)(ETrc)

É a quantidade de água evapo-transpirada por determinada cultura nascondições normais de cultivo, isto é, sem aobrigatoriedade de o teor de umidade per-manecer sempre próximo à capacidade de

Figura 27.Figura 27. Irrigação por aspersão em bananeira.

Page 65: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 16666

campo ou o nível de nutrientes no solo estarótimo. Tais condições permitem concluir quea ETrc é menor ou no máximo igual à ETpc.É recomendada para o cálculo das demandasque orientarão o manejo da irrigação.

Das três modalidades de evapo-transpiração citadas, a potencial de referên-cia (ETo) é a única que é afetada apenaspelas condições climáticas. As outras duas(ETpc e ETrc) sofrem os efeitos das condi-ções climáticas, do método de irrigação e dafreqüência das regas, da época de plantio,dos níveis de fertilidade e do tipo de solo. Énecessário, pois, que sejam determinadasexperimentalmente, uma vez que dependemdas condições locais de cultivo.

São poucas e raras as pesquisas orien-tadas para a determinação das necessidadeshídricas ou da evapotranspiração potencialda cultura da bananeira nas condições bra-sileiras. Os dados de pesquisa disponíveisindicam um consumo anual que varia de1.200 mm a 1.800 mm ou de 100 mm a 150mm/mês (Lima & Meirelles, 1986). Estavariabilidade se deve basicamente às dife-rentes condições de clima e solo, bem comoaos métodos de irrigação e ao manejo dasregas adotados.

Para a região norte de Minas Geraisque utiliza a irrigação por superfície (sul-cos), trabalhos experimentais desenvolvi-dos pela Empresa de Pesquisa Agropecuáriade Minas Gerais (Epamig) recomendaram aaplicação de 100 mm/mês no período maisseco do ano (abril a setembro). Na épocachuvosa (outubro a março), se necessário, érecomendada a irrigação para suplemen-tar a precipitação ocorrida até o nível de120 mm/mês (Marinato, 1980).

Para a região Nordeste, semi-árida,conforme Barreto et al., 1983, a quantidadede água recomendada, utilizando-se irriga-ção por sulcos ou bacias em nível, vai de120 mm/mês (inverno) a 150 mm/mês(verão).

Para a região dos Tabuleiros Costei-ros, recomenda-se a aplicação, nos plantios

adultos, de 60% da água evaporada notanque classe “A” (Oliveira et al., 1985), oque equivale a, aproximadamente, 1.200 mmanuais.

Na falta de informações específicas,estimam-se as necessidades hídricas da ba-naneira por meio da evapotranspiração po-tencial de referência (ETo) pela equaçãoETpc = Kc x ETo (Hernandez Abreu et al.,1987), em que Kc é o coeficiente deevapotranspiração da cultura (Tabela 12),conforme recomendação de Regalado(1974).

Quanto à evapotranspiração potencialde referência (ETo), pode-se estimá-la porvários métodos (Doorenbos & Prutti, 1986),cuja escolha levará em conta os dados cli-máticos e os estudos ou pesquisas disponí-veis sobre a região. São estes os métodosmais recomendados:

- Penman Modificado

- Radiação

- Hargreaves-Samani

- Penman-Monteith

- Tanque Classe “A”.

Mais recentemente, o uso do tanquede evaporação classe “A” tem-se popula-rizado no que respeita à estimativa daevapotranspiração potencial de referência(ETo), pelo fato de que, quando compara-do com outros métodos consideradoscomo padrões pela comunidade científica,mostrou ser de igual eficiência (AguiarNeto et al., 1993), com a vantagem, po-rém, de sua operacionalização ser muitomais simples.

A evaporação da água no tanque classe“A” (Ev) dá uma estimativa dos efeitoscombinados da radiação solar, do vento, datemperatura e umidade relativa do ar (Faci& Hernandez Abreu, 1981). A planta reagea essas mesmas variáveis climáticas. Porconseguinte, a simples medida da evaporaçãojá representa grande parte da evapo-transpiração potencial da cultura (ETpc).

Page 66: Banana Produção

6767Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

A estimativa da evapotranspiração po-tencial de referência (ETo) em milímetros,pelo tanque classe “A”, é feita pela equaçãoETo = Kp x Ev, em que Kp é um coefici-ente redutor que depende da umidade rela-tiva do ar, do vento, do tamanho da área edo tipo de vegetação em torno do local deinstalação do tanque (Doorembos & Prutti,1986), enquanto Ev é a medida direta daevaporação no tanque classe “A”, em milí-metros. Para as condições brasileiras, osvalores de Kp situam-se entre 0,70 e 0,80.Por conseguinte, a quantidade de água ne-cessária a um bananal nove meses após oplantio (Kc = 1,10, Tabela l3), em um diaem que a evaporação no tanque classe “A”tiver sido de 6,00 mm, será:

ETpc = Kc x Kp x Ev

ou

ETpc = 1,10 x 0,80 x 6,00 = 5,28 mm/dia.

O mesmo raciocínio se aplica a qual-quer outro espaço de tempo, tendo semprepresente que Ev corresponde à evaporaçãodo tanque classe “A” acumulada em deter-minado período.

Para a utilização dos demais métodosde estimativa da evapotranspiração poten-cial de referência (ETo) acima citados, re-comenda-se consulta à literatura especi-alizada, na qual se incluem, por exemplo, oslivros e/ou manuais de irrigação e as publi-cações da FAO (Organização para a Agri-cultura e Alimentação) sobre a matéria,entre outras existentes.

MANEJO DMANEJO DA IRRIGAÇÃOA IRRIGAÇÃO

Entende-se por manejo da irrigação oconjunto de ações implementadas com oobjetivo de conseguir o melhor relaciona-mento possível entre água-solo-planta-cli-ma (Oliveira, 1987). Essas ações dizemrespeito à freqüência da irrigação ou dosturnos de rega, à quantidade de água aplica-da por rega e ao volume de solo a serirrigado de modo que atenda às necessida-des hídricas da planta.

Nesse contexto, é evidente que o ma-nejo da irrigação está estreitamente relacio-nado com o solo, o clima e a planta. Para abananeira adulta, a quantidade de águaaplicada em cada rega deve atingir a faixade 40 cm a 60 cm de profundidade, onde seencontram as radicelas responsáveis pelaabsorção da água e dos nutrientes.

Com relação ao solo, é necessário deter-minar a sua capacidade de armazenamentoou retenção de água na profundidade acimareferida. Para tanto, é imprescindível conhe-cer estas três constantes físico-hidrícas dossolos: capacidade de campo, ponto demurchamento e densidade.

Capacidade de campo - É a quanti-dade de água retida no solo após o movi-mento descendente provocado pela forçagravitacional ter-se tornado insignificante(Mompó, 1981). De modo geral, variaentre 7% (solos arenosos) e 40% (solos

Mês após o plantioCoeficiente de

Evapotranspiração(Kc)

01 0,40

02 0,40

03 0,45

04 0,50

05 0,60

06 0,70

07 0,85

08 1,00

09 1,10

10 1,10

11 0,90

12 0,80

13 0,80

14 0,95

15 1,05

Tabela 13. Meses após o plantio e osrespectivos coeficientes de evapo-transpiração para a cultura (Kc) da ba-naneira.

Page 67: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 16868

argilosos) de umidade em peso, o quecorresponde a uma tensão de umidade del/10 e 1/3 de atmosfera, respectivamente.

Ponto de murchamento - Represen-ta a porcentagem de umidade que o soloainda conserva quando as plantas dão sinaisde murchamento permanente. Não deveser confundido com o murchamento tem-porário que ocorre todas as vezes em que ademanda evaporativa na área cultivada émaior que o processo de absorção de águado solo pela planta, sendo comum em diasquentes, na presença de ventos fortes equando o nível de umidade relativa do arestá baixo. O ponto de murchamentopermanente faz, portanto, a delimitaçãoentre a água do solo que é aproveitável pelaplanta e a que é inativa. Esta é retida a umatensão entre 13,6 e 15,0 de atmosfera, o quecorresponde a 2% (solos arenosos) e a 30%(solos argilosos) da umidade em peso.

Densidade do solo - É o peso dedeterminada quantidade de solo após suasecagem em estufa, pelo seu respectivovolume, expressa em g/cm3.

Conhecidos esses parâmetros do solo,é possível calcular outros fatores que de-vem ser levados em conta, como os relaci-onados a seguir:

Disponibilidade Total de Água noDisponibilidade Total de Água noSolo (DTA)Solo (DTA)

Os valores da DTA são expressostanto em altura de lâmina de água (H) comoem volume (V). São calculados por estaequação:

H = [(Cc - Pm) x Ds]/10

onde:

H = lâmina de água total disponível(mm/cm)

Cc = capacidade de campo (% peso)

Pm = ponto de murchamento (% peso)

Ds = densidade do solo (g/cm3)

ou ainda:

V = (Cc - Pm) x Ds

onde

V = volume de água total disponível(m3/ha/cm).

Capacidade Total de Água do SoloCapacidade Total de Água do Solo(CTA)(CTA)

Em irrigação deve-se aplicar água noperfil do solo ocupado com o sistemaradicular efetivo da cultura a ser irrigada.Portanto,

CTA = DTA x Pef

onde:

Pef = Profundidade efetiva do sistemaradicular da bananeira adulta que deve situ-ar-se entre 40 e 60 cm.

Capacidade Real de Água do SoloCapacidade Real de Água do Solo(CRA)(CRA)

Em irrigação jamais se deve permitirque o teor de umidade do solo atinja oponto de murchamento. Isso equivale adizer que uma área da cultura deve voltar aser irrigada contendo ainda uma fração daágua disponível, ou seja:

CRA = CTA x Fd

onde:

Fd = Fator de disponibilidade de águano solo, que varia de 0,20 a 0,80. O menorvalor (0,20) deve ser usado para culturasmais sensíveis ao déficit de água no solo.Para a bananeira, recomenda-se um fatorde disponibilidade (Fd) de 0,30. O maiorvalor (0,80) é indicado para culturas maisresistentes.

Quantidade Total de ÁguaQuant idade Total de ÁguaNecessária (QTN)Necessária (QTN)

Para definir-se a aplicação da QTN auma cultura, leva-se em consideração aeficiência de irrigação.

QTN = CRA Ei

onde:

Ei = Eficiência de irrigação

Por conseguinte, a quantidade total de

Page 68: Banana Produção

6969Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

água que se deve aplicar é calculada emfunção do solo, a partir das suas constantesfísico-hídricas, bem como da planta, levan-do-se em conta a profundidade efetiva dasraízes e o coeficiente de evapotranspiração,além do método de irrigação, em função dasua eficiência.

Turno de rega ou freqüência deTurno de rega ou freqüência deirrigaçãoirrigação

O turno de rega ou freqüência deirrigação é a relação entre a quantidade totalde água necessária e a evapotranspiraçãopotencial de cultura (ETpc), ou seja:

TR = QTN

ETpc

É possível, pois, estimá-lo. Entretan-to, ainda que se faça tal estimativa, não sepode dispensar a observação de campofeita pelos produtores e por técnicos dosórgãos de pesquisa governamentais ou não,que ajudam a definir melhor o momentoadequado de irrigar, desse modo otimizandoo manejo da irrigação.

Qualidade da água de irrigaçãoQualidade da água de irrigação

As plantas apresentam sensíveis dife-renças em matéria de tolerância à salinidade.Mostram-se desde sensíveis ou glicófitasaté tolerantes ou halófitas (Bernardo, 1989).

As bananeiras estão classificadas nogrupo das plantas glicófitas, sendo, por-tanto, sensíveis à salinidade. Para seuótimo desenvolvimento vegetativo, com aconseqüente obtenção de excelente pro-dutividade, a bananeira requer, segundoIsraeli & Nameri, 1982, valores decondutividade elétrica (CE) da água deirrigação não superiores a 1.000micromohs/cm (classificação C3).

Segundo foi demonstrado por traba-lhos de pesquisa, quando se elevou essacondutividade para 6.000 micromohs/cm,com uma relação de adsorção de sódio(RAS) igual a 6,76 (classificação S1), para acultivar Nanica, houve um decréscimo de40% na produtividade, além de a emissãode cachos haver atrasado, cerca de um mês.

Já na presença de maiores concentrações desódio, RAS igual a 13,2 (classificação S2),houve um atraso de dois meses na emissão decachos e um decréscimo de 60% na pro-dutividade (Hernandez Abreu et al., 1982).

Esses resultados indicam que a águade irrigação para a bananeira deve ter ovalor do RAS inferior ou igual a 10,0 (clas-sificação S1) e que as perdas registradas naprodutividade estão mais associadas à pre-sença do íon sódio do que à de outros sais.

Quanto à toxidez da planta, trabalhosexperimentais têm mostrado que o conteú-do do íon sódio na folha e nas raízes estácorrelacionado com os níveis em que eleestá presente no solo e na água de irrigação.Em condições normais, para as cultivaresNanica e Nanicão, a concentração de sódiona folha deve situar-se entre 172 ppm e185 ppm no engaço deve estar entre 159 ppma 198 ppm (Gallo et al., 1972). Acimadesses limites, as plantas mostram geral-mente sintomas de toxidez, caracterizadospela queima dos bordos das folhas maisvelhas que pode chegar até à nervura cen-tral, dependendo da concentração do sódio(Israeli & Nameri, 1982).

Deve-se, portanto, proceder à análiseda água de irrigação para determinar a suacomposição química (íons sódio, cálcio,magnésio e outros), bem como o pH e acondutividade elétrica (Lafarga, 1981). Deposse desses dados, faz-se a sua classifica-ção. Pode-se então dispensar à cultura omanejo que lhe for mais conveniente, evi-tando-se danos às plantas e prejuízos para oprodutor.

FertiirrigaçãoFertiirrigação

A fertiirrigação é a aplicação de fertili-zantes via água de irrigação. Essa técnicatraduz o uso racional de fertilizantes emagricultura irrigada, uma vez que aumenta aeficiência de seu uso, reduz mão-de-obra eo custo com máquinas, além de flexibilizara época de aplicação, podendo as dosesrecomendadas serem fracionadas, confor-me a necessidade da cultura.

Page 69: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 17070

A fertiirrigação já é praticada em gran-de escala nos países e regiões onde a agricul-tura irrigada é desenvolvida. A adoção des-sa tecnologia deve-se às suas vantagenspara o irrigante, destacando-se, além das jácitadas: (i) o atendimento das necessidadesnutricionais da cultura de acordo com acurva de absorção dos nutrientes; (ii) aaplicação dos nutrientes restrita ao volumemolhado (irrigação localizada), onde se en-contra a região de maior atividade das raízes;(iii) as quantidades e concentrações dosnutrientes podem ser adaptadas à necessi-dade da planta, em função de seu estádiofenológico e das condições climáticas; (iv) odossel vegetal é mantido seco, reduzindo aincidência de patógenos e queima das folhas;(v) economia de mão-de-obra; (vi) reduçãode tráfego de pessoas ou máquinas na áreacultivada, evitando compactação e, portan-to, favorecendo as condições físicas do solo.

A fertiirrigação também apresenta des-vantagens que devem ser consideradas, taiscomo: (i) retorno do fluxo de solução àfonte de água, podendo provocar contami-nação; (ii) possibilidades de entupimentodos tubos e emissores; (iii) possibilidadesde contaminação do manancialsubsuperficial ou subterrâneo.

A maior absorção de macronutrientes(N, P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (B,Cu, Fe, Mn e Zn) ocorre após o quinto mês,quando há maior acúmulo de matéria seca,prossegue até o florescimento e estabiliza-se até a colheita, exceto para zinco (Zn) epotássio (K), este último por acumular gran-de quantidade nos frutos.

A aplicação de N e K, recomendadaapós análise química do solo, pode, a prin-cípio, ser conduzida com freqüência sema-nal, sendo o total de N para o primeiro anodistribuído da seguinte forma: 14% nosprimeiros quatro meses do plantio, 70% daíaté o florescimento (10o mês) e 16% desteaté a colheita. O K deve ser aplicado a partirdo terceiro mês, sendo 14% no terceiro equarto mês, 80% entre o 5o e 11o mês e 6%no 12o mês.

Fertilizantes para fertiirrigaçãoFertilizantes para fertiirrigação

Existem vários fertilizantes que po-dem ser utilizados via água de irrigação. Aseleção do fertilizante mais adequado de-pende do sistema de irrigação, da cultura,do solo e de cada caso em particular. Por-tanto, ao se escolherem os fertilizantes, deve-se observar: (i) solubilidade em água; (ii)pureza; (iii) poder acidificador, (iv) podercorrosivo; e (v) riscos de salinidade do solo.

Dentre as principais fontes de N, onitrato de amônio (32% de N) é o maissolúvel, seguido pelo nitrato de cálcio (15,5%de N) e a uréia. O de maior mobilidade é osulfato de amônio (20% de N).

Dentre as principais fontes de K, ocloreto de potássio (58% de K2O) é o maissolúvel, seguido pelo nitrato de potássio epelo sulfato de potássio.

O uso do fósforo se dá, principalmen-te, nas formas de fosfato mono-amônico(MAP) e ácido fosfórico. Este último, ape-sar do risco de corrosão em condutos me-tálicos, não causa problemas de entupi-mento nos emissores.

As principais fontes de N, P e Knormalmente usadas em fertiirrigação sãocompatíveis entre si, podendo ser mistura-das. Deve-se, entretanto, evitar a aplicaçãosimultânea de fertilizantes fosfatados comnitrocálcio e uréia.

Equipamentos para fertiirrigaçãoEquipamentos para fertiirrigação

Os métodos mais comuns de injeçãopodem ser agrupados nas categorias: porgravidade, pressão diferencial, pressão po-sitiva e pressão negativa, sendo o segundoe o último métodos os mais utilizados. Ométodo da pressão diferencial utiliza dispo-sitivos hidráulicos para forçar a entrada dasolução na linha de irrigação, tais como oventuri, o tanque de derivação de fluxo e otubo de Pitot. Por esse método, a solução éinjetada tanto a partir de um recipientefechado (tanque de derivação de fluxo),como de um recipiente aberto (venturi, bom-ba injetora hidráulica). O método da pres-são positiva se baseia no princípio da in-trodução forçada da solução na linha de

Page 70: Banana Produção

7171Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

irrigação, a partir de um tanque aberto. Ainjeção da solução na linha de irrigação é feitapor uma bomba dosadora, que pode ser dediafragma, de pistão ou de engrenagem.

Solução nutritivaSolução nutritiva

O pH da solução deve ser mantidoentre 5 e 6,5, sendo que, acima de 7,5, podeocorrer precipitação de carbonatos de Ca eMg, causando entupimento nas linhas. Acondutividade elétrica da solução deve sermantida entre 1,44 e 2,88 dS/m, para evitarriscos de salinização. Se a condutividadeelétrica da água for superior a 1 dS/m, deve-se trocar o cloreto de potássio pelo nitrato depotássio. Deve-se, também, nesses casos,usar uréia ou nitrato de amônio, não sendoaconselhável o uso do sulfato de amônio.

Não há uma recomendação padrãopara a concentração dos nutrientes na solu-ção nutritiva. A concentração de fertilizan-tes na água de irrigação não deve ser supe-rior a 700 mg.l-1, devendo ficar entre 200mg.l-1 e 400 mg.l-1, principalmente para ossistemas de gotejamento. Como recomen-dação, podem ser utilizados os limites deconcentração dos nutrientes na soluçãomodificada de Hoagland (Tabela 14).

No caso do uso de injetores de fertili-zantes com concentração da solução variá-vel durante a injeção, sugere-se que o volumede água que passa no tanque durante afertiirrigação seja quatro vezes o volume dotanque, ou que a concentração final no tan-que deva ser de 2% da concentração inicial.

No caso do uso de injetores, no qual aconcentração da solução se mantém constan-te durante a injeção, sugere-se determinar aconcentração da água de irrigação aplicada nosolo (CI), que é dada pela seguinte equação:

Tabela 14. Concentração de nutrientesna solução modificada de Hoagland.

em que FA é a quantidade de fertili-zante a ser aplicado (kg), NF é a percenta-gem do nutriente no fertilizante (decimais), Tf

é o tempo de fertiirrigação adotado (horas) eQs é a vazão da linha de irrigação (L.h-1).

A concentração da solução injetora(CS) pode ser obtida pela equação:

onde ri é a razão entre a concentraçãodo nutriente na água de irrigação e a con-centração da solução injetora. A razão deconcentração normalmente está na faixa de0,02 e 0,01. De posse da concentração dasolução a ser injetada (CFSI), obtém-se ovolume de água a ser usado, pela equação:

sendo V o volume de água necessário,dado em litros e CFSI a concentração dofertilizante na solução a ser injetada, ouCFSI = CS/NF. O volume total necessáriopara a solução será o volume de água soma-do ao volume do adubo, que pode serobtido pela sua densidade. No caso dauréia, seu volume (VU) em litros é dado por:

NutrienteConcentração

(mg.l-1)

NO3 - N 103

H3PO4 - P 30

K 140

Ca 110

Mg 24

SO4 - S 32

Fe 2,5

B 0,25

Mn 0,25

Zn 0,025

Cu 0,01

Mo 0,005

Page 71: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 17272

sendo mU a massa da uréia em kg.

No caso do cloreto de potássio, ovolume (VKCl) em litros é dado por:

atendo-se ao fato de que é necessário pelomenos o mesmo tempo para que todo ofertilizante seja expulso da tubulação. Ataxa de injeção do fertilizante é dada pelaequação:

sendo mKCl a massa do cloreto depotássio em kg.

O volume total da solução a ser injeta-da será a soma do volume do nutriente e ovolume de água.

A aplicação da solução nutritiva nalinha de irrigação pode ser iniciada tão logotodo o sistema esteja em pleno funciona-mento, com todas as linhas cheias de água.Recomendam-se pelo menos 30 minutoscomo tempo para iniciar a fertiirrigação,

em que:

Ti - taxa de injeção do fertilizanteL.min-1;

FA – quantidade do fertilizante a seraplicado na área em kg;

CS – concentração do fertilizante nasolução injetora (kg.l-1);

Tf – tempo de fertiirrigação em minutos.

De posse da taxa de injeção do fertili-zante, pode-se ajustar a vazão do dispositi-vo de injeção e proceder à fertiirrigação.

Ti= FA

CS.Tf

Page 72: Banana Produção

7373Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

10 ESTABELECIMENTODO BANANAL

Élio José AlvesMarcelo Bezerra Lima

Conhecendo-se o ciclo vegetativo davariedade a ser cultivada, torna-se possívelo plantio em épocas estrategicamente pro-gramadas, permitindo associar a colheita aoperíodo de melhor preço do produto nomercado. Para Belalcázar Carvajal (1991), aépoca de plantio depende não só do regimede chuvas, mas também da textura e estru-tura dos solos a serem cultivados. Em áreascom chuvas bem distribuídas ao longo doano e em solos com textura e estruturaadequadas ao cultivo de banana e plátano, oplantio pode ser feito em qualquer época doano. Sob irrigação, é possível plantar duran-te o ano todo.

Com relação às diferentes micror-regiões homogêneas produtoras de bananae plátano, o ideal seria dispor de um calen-dário indicativo das melhores épocas para oestabelecimento dos cultivos.

ESPESPAÇAMENTAÇAMENTO E DENSIDO E DENSIDADEADE

A opção por determinado espaça-mento está relacionada com vários fatores,como o porte da cultivar, a fertilidade dosolo, o sistema de desbaste, o destino daprodução, o nível tecnológico do cultivo ea topografia do terreno.

Tendo presentes esses fatores, osespaçamentos nas diferentes regiões pro-dutoras de banana do mundo variam den-tro de limites que de 2 m2 a 27 m2 por planta(Stover & Simmonds, 1987). Nos espa-çamentos mais amplos há uma tendência àredução do ciclo da bananeira, com altera-ção da época de colheita (Champion, 1975;Gomes, 1983; Moreira, 1987). Nessesespaçamentos recomenda-se, no primeiroano, o estabelecimento de sistemas de cul-tivo associado ou intercalado, os quais têmcomprovado a sua eficiência e rentabilidade

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Para que se consiga êxito no estabele-cimento de um bananal, é imprescindívelque se faça um bom planejamento, visandogarantir a exeqüibilidade das atividades pre-vistas, assim como a eficiência do sistemade produção a ser utilizado.

Mudas isentas de pragas e/ou doen-ças, disponibilizadas na época prevista parao plantio, a escolha da área e das cultivares,a eficiência dos sistemas de irrigação edrenagem são aspectos importantes quedevem ser considerados ainda na fase deplanejamento.

Os fatores de produção a seguir relaci-onados são de grande importância na fasede estabelecimento de um plantio comerci-al de banana ou plátanos:

1. época de plantio

2. espaçamento e densidade

3. coveamento e sulcamento

4. seleção e preparo das mudas

5. plantio e replantio

ÉPOCA DE PLANTIOÉPOCA DE PLANTIO

A época de plantio está, de modogeral, relacionada com os fatoresedafoclimáticos. Segundo Champion (1975),os melhores períodos para plantio das mu-das de banana correspondem ao final daépoca seca, quando as chuvas são esparsas,já que as necessidades de água das bananei-ras são menores nos três meses seguintes aoplantio. Deve-se evitar o plantio nas esta-ções marcadas por altos índices depluviosidade, quando o solo se encontraencharcado, podendo induzir o apodreci-mento das mudas.

Page 73: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 17474

(Alves & Coelho, 1984). Nos espaçamentosmais densos, os ciclos geralmente se alon-gam e exigem a redução da população apósa colheita da primeira safra (Champion,1979).

A implantação do bananal em fileirasduplas, separadas por intervalos maiores,apresenta as seguintes vantagens (Stover,1983; Alves et al., 1986):

1. Maior facilidade para inspeção evigilância do bananal.

2. Maior facilidade para executar os tra-tamentos fitossanitários, não provocandograndes estragos nas folhas das bananeiras.

3. Viabilização de consórcio com cul-turas anuais por períodos mais longos.

4. Os efeitos da mecanização do culti-vo são mais prolongados e efetivos.

Em cultivos comerciais tecnicamenteconduzidos, os espaçamentos mais utiliza-dos no Brasil variam de 2 m x 2 m a 2 m x2,5 m para as cultivares de porte baixo amédio (Nanica, Nanicão, Grand Naine); 3m x 2 m a 3 m x 2,5m para as cultivares deporte semi-alto (Maçã, D’Angola, Terrinha,Mysore, Figo), e 3 m x 3 m a 3 m x 4 m paraas cultivares de porte alto (Terra, Compri-da, Maranhão, Prata, Pacovan), segundoManica (1971); Marciani-Bendezú (1980);Alves et al.(1986); Moreira (1987).

As disposições mais comuns dosespaçamentos seguem traçados em retân-gulo, quadrado, triângulo e hexágono, comose vê na Figura 28 (Soto Ballestero, 1992).É sempre desejável a divisão homogênea dasplantas no solo, considerando-se que cadabananeira deve dispor de espaço que permitaà sua área foliar receber insolação adequada(Champion, 1975; Soto Ballestero, 1992).

Figura. 28. Distribuição das plantas nos sistemas de quadrado, retângulo, triângulo, hexágono e fileiradupla.

Fonte: Soto Ballestero,1985.

Page 74: Banana Produção

7575Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

A disposição hexagonal, que consisteno plantio em triângulo equilátero, comintervalo de 2,6 m entre as plantas e resul-tou numa população de 1.720 plantas/hec-tare, foi testada e recomendada pela UnitedBrands (Alves, 1982; D’Avila, 1983). Se-gundo Soto Ballestero (1992), essa disposi-ção, além de reduzir em 33% o número deplantas por hectare, com a finalidade deampliar o espaço entre as touceiras, é com-plexa e pouco funcional. Esse autor salien-tou que, quando se deseja maior espaçoentre as plantas, é possível ampliar as dis-tâncias no sistema em triângulo equilátero.

Avaliando sistemas de produção paraa cultivar Prata, Alves et al. (1992) observa-ram que, não obstante os espaçamentosmais densos (3 m x 2 m e 3 m x 2,5 m) teremreduzido o peso médio dos cachos, taisespaçamentos elevaram o rendimento glo-bal do cultivo (t/ha), graças ao maior núme-ro de cachos colhidos por unidade de área.

Segundo Stover & Simmonds,1987,na determinação da densidade de plantio deum cultivo de banana ou plátano, é neces-sário considerar o porte da cultivar ouclone, a fertilidade do solo, a variação sazo-nal dos preços, a disponibilidade de mão-de-obra, a possibilidade de mecanização, afreqüência e velocidade dos ventos, a topo-grafia e a sistematização do terreno, o siste-ma de produção, o manejo da fruta e osistema de comercialização.

Esses autores salientaram que a renta-bilidade de um bananal tende a aumentar namesma proporção da densidade do plantioaté determinado ponto, e que a maioria dosplantios comerciais se desenvolve abaixoda densidade real. Nas diferentes regiõesprodutoras de banana do mundo são en-contradas densidades que variam de 375 a5.000 plantas por hectare, com predomi-nância da faixa de 1.000 a 2.000 bananeiras/hectare, em decorrência da cultivar utiliza-da, do destino da produção, dos sistemas decomercialização e do nível econômico esocial dos bananicultores. A seleção declones e/ou cultivares de porte mais baixo,

a geração de tecnologias mais adequadas e acomercialização por meio de pencasselecionadas favorecem o adensamento doplantio, apesar de persistir a dificuldade como manejo do bananal, contornada apenaspela prática de reformas mais freqüentes.

Ao se referir à evolução da densidadede plantio da cultivar Maçã em Minas Ge-rais, Manica (1979) relatou que tal densida-de evoluiu aproximadamente de 1.966 a2.200 bananeiras por hectare, para 5.000/ha. Para o Brasil, esse autor sugere densida-des variando de 2.222 a 3.333, 1.666 a 2.222e 1.111 a 1.666 bananeiras por hectare,ressalvando porém a necessidade de re-sultados de pesquisa para uma divulgaçãomais acurada. Para o Nordeste brasileiro,Champion (1979) recomendou desindadesde 1.200 a 1.800 bananeiras por hectare, paraa cultivar Prata, no sistema de filhote único.

Outras informações sobre a densida-de da cultivar Prata referem-se a ensaiosrealizados em Pernambuco, Minas Gerais eEspírito Santo, segundo os quais popula-ções de 1.111 a 1.250 plantas por hectare,com dois seguidores, apresentaram os me-lhores resultados em termos de peso doscachos e de produtividade (Gomes, 1984).

Para cultivares do subgrupo plátanos,praticamente não se dispõe de informaçõessobre densidade populacional no Brasil. Naregião cafeeira da Colômbia, constatou-seque a cultivar Dominico, semelhante à cul-tivar Terra, do Brasil, apresentou melhorresposta à densidade de 1.600 plantas porhectare, com dois seguidores. Na Repúbli-ca dos Camarões, o índice de 1.500 plantaspor hectare, com dois filhotes, mostrou sero mais favorável à produtividade, ao ciclode produção e ao peso do cacho dessamesma cultivar. Em Porto Rico, constatou-se que a produção da cultivar Maricongoquase duplicou quando foram plantadas3.580 em lugar de 2.690 plantas por hectare,em ambos os casos com um seguidor. Emduas colheitas sucessivas os cachos maispesados e o ciclo de produção mais curtoocorreram na densidade de 2.690 plantas

Page 75: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 17676

por hectare, mas os resultados permitiramrecomendar a densidade de 4.303 plantaspor hectare, pelo fato de haver apresentadouma produtividade elevada sem que a qua-lidade do cacho fosse economicamente afe-tada (Gomes, 1984).

Estudos realizados no estado de SãoPaulo com a cultivar Nanicão nas densida-des de 1.600 e 2.000 plantas/ha revelaramque a produtividade oriunda do plantio demaior densidade foi cerca de 20% mais alta,tendo proporcionado 15% a mais de lucro,

devendo-se porém ressaltar que as bananasdo lote procedente do plantio de menordensidade tiveram uma apresentação visu-almente mais bonita. No lote oriundo doplantio mais denso foram colhidos quase400 cachos a mais, que permitiram obtermais de 1.200 pencas de banana do primei-ro terço da ráquis (primeiras três pencas),que melhoraram sensivelmente a aparênciadas caixas (Moreira, 1987).

Belalcázar Carvajal et al. (1991) enfa-tizou que a densidade exerce influência

Tratamentos

Númerode

plantas/-ha

Ciclos deprodução

Altura deplanta

(m)

Perímetrode

pseudocaule(cm)

Duraçãociclo

vegetativo(meses)

Peso decacho(kg)

Cachoscolhidos

(%)

Rendimen-tos (t/ha)

3,3 x 2,0 m(um seguidor) 1500

1 3,6 58,0 16,2 16,4 90 22,4

2 4,8 69,2 26,2 20,1 63 19,2

3 5,0 70,2 37,5 19,4 60 17,6

3,3 x 2,0 m(dois seguidores) 3000

1 3,9 60,6 18,3 15,7 85 40,5

2 5,0 60,5 34,7 14,8 55 24,7

3 5,1 61,4 48,2 14,1 41 17,6

5,0 x 2,0 m(um seguidor) 1000

1 3,4 56,5 16,0 16,5 91 15,0

2 4,3 72,5 24,7 20,5 84 17,2

3 4,9 71,6 35,0 20,3 62 12,6

5,0 x 2,0 m(dois seguidores) 2000

1 3,7 59,1 17,6 16,0 84 26,8

2 4,9 66,8 30,8 19,3 81 23,3

3 5,1 68,0 44,6 16,7 66 22,1

5,0 x 4,0 m(dois seguidores) 1000

1 3,5 58,6 17,2 16,3 100 16,3

2 4,7 71,4 26,8 20,2 97 19,5

3 4,9 68,9 37,0 20,7 66 13,7

5,0 x 4,0 m(três seguidores) 1500

1 3,7 60,9 18,4 17,8 93 24,8

2 4,9 69,1 30,4 21,5 80 25,8

3 5 73,2 42,8 28,5 66 18,8

Tabela 15. Efeito das densidades de plantio sobre os componentes do desenvolvimento e dorendimento, para três ciclos de produção.

Fonte: Belalcázar Carvajal et al. (1991).

Page 76: Banana Produção

7777Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

sobre o rendimento e a qualidade da produ-ção, bem como sobre a seqüência das co-lheitas e a vida útil dos bananais. Os resul-tados que obteve (Tabela 15) mostram quea densidade populacional é condicionadatanto pela distância de plantio como pelonúmero de plantas cultivadas por hectare,podendo influenciar, de modo positivo ounegativo, os componentes do desenvolvi-mento e o rendimento.

A variável de desenvolvimento quemais sofre a influência da densidade deplantio é a duração do ciclo vegetativo,principalmente quando se cultivam mais deduas plantas por touceira. Seu incrementoem relação a um filho por touceira é daordem de 21%. No caso das variáveis derendimento, e mais especificamente no queconcerne ao peso do cacho, este aumentade um ciclo para outro quando se cultivauma só planta por touceira, sucedendo ocontrário quando se aumenta o número deplantas para dois ou três filhos por touceira.As informações obtidas por BelalcázarCarvajal et al.(1991) mostraram igualmenteque à medida que se aumenta a densidadepopulacional também se reduz, de formabastante marcante, a vida útil do bananal,juntamente com o seu rendimento. Emconseqüência, a vida útil do bananal é inver-samente proporcional à sua densidade.

Na variedade Prata, densidades com-preendidas entre 1.428 e 1.666 plantas/ha/ciclo, apresentaram incrementos significa-tivos no rendimento médio (t/ha), tanto na

presença como na ausência de adubação ecalagem (Alves et al., 1992).

Segundo Moreira,1987, para as condi-ções do estado de São Paulo, as densidadesentre 2.000 e 2.500 plantas por hectare, embananais já em produção, proporcionamboas colheitas, com alto rendimento e fru-tos de boa qualidade. No caso de alta den-sidade populacional (4.000 plantas/ha), nacolheita da primeira safra já se elimina,alternadamente, uma planta dentro da filei-ra, reduzindo-se assim a população a 50%da inicial, o que resulta num espaçamentode 2,0 x 2,5 metros. A eliminação das bana-neiras começa pelas plantas de baixo vigor,prática que pode ser adotada mesmo antesdo início da colheita.

O plantio denso, que é objeto de redu-ção da população após a colheita da primei-ra safra, apresenta as seguintes vantagens:

1. Elevada produção na primeira safra,apesar de os cachos sofrerem redução noseu tamanho. Por outro lado, há um rápidoretorno do capital empregado na implanta-ção do bananal.

2. Sombreamento uniforme e precocede toda a área cultivada, o que dificulta odesenvolvimento das plantas invasoras.

3. As capinas tornam-se mais fáceis ese reduzem a duas ou três durante o primei-ro ciclo do cultivo.

4. O solo, graças ao sombreamento,sofre menor insolação e, conseqüentemen-te, registra menor evaporação.

Distância de plantio(m) e plantas portouceira

Nº deplantas

porhectare

Crescimento RendimentoPlantascolhidas

(%)Altura

(m)

Perímetro dopseudocaule

(cm)

Duração dociclo

vegetativo(meses)

Peso médiodo cacho

(kg)

Rendimentocalculado

(t/ha)

3,0 x 2,0 m(uma planta)

1666 3,5 49 15,5 15,0 23,2 93

3,0 x 2,0 m(duas plantas)

3332 4,2 50 18,0 14,3 40,5 85

3,0 x 2,0 m(três plantas)

4998 4,3 51 20,0 13,3 51,8 78

Tabela 16. Efeito de altas densidades de plantio sobre variáveis de crescimento e rendimento.

Fonte: Belalcázar Carvajal et al. (1991).

Page 77: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 17878

Como nova alternativa à produção deplátano, o plantio em altos níveis de densi-dade tem-se mostrado rentável e proporci-onado resultados favoráveis ao agricultor.Esse novo enfoque do plantio da bananeirainduz a que se considere essa planta nãocomo uma espécie perene, mas antes, comouma planta anual. Os estudos realizados emescala semicomercial concordam com osresultados obtidos pela pesquisa básica nes-sa matéria, os quais têm mostrado que oincremento da densidade do plantio influidiretamente nas variáveis de crescimento e,inversamente, nos componentes do rendi-mento (Tabela 16). A análise de tais incre-mentos ou reduções permite inferir queesses resultados, principalmente quandorelacionados com a duração do ciclovegetativo, sejam bastante relativos, já quesão refutados por um maior nível de produ-ção (Belalcázar Carvajal et al., 1991).

SULCAMENTSULCAMENTO EO ECOCOVEAMENTVEAMENTOO

As covas podem ser abertas nas di-mensões de 30 cm x 30 cm x 30 cm ou 40cm x 40 cm x 40cm, de acordo com otamanho da muda e a classe de solo. Se atopografia do terreno permitir, abrem-sesulcos de 30 cm de profundidade. SegundoBelalcázar Carvajal et al. (1991), as covas de30 cm x 30 cm x 30 cm e de 40 cm x 40 cmx 40 cm são adequadas para as mudas cujospesos oscilem entre 0,5 kg e 1,0 kg, e 1,0 kge 1,5 kg, respectivamente.

Moreira (1987) relatou que a aberturade covas com um sulcador semelhante aoutilizado no plantio de cana-de-açúcar tem-se revelado bastante vantajosa em solosargilosos, registrando-se nesse caso menornúmero de plantas mortas quando compa-rada com a prática da abertura de covasindividuais e, após o plantio, sobrevém umperíodo prolongado de chuvas. Os sulcosdevem ser abertos na direção nascente-poente para que a emissão do primeirocacho se posicione nas entrelinhas, facili-tando posteriormente a colheita e tambéma escolha do seguidor. É bastante alto o

rendimento de serviço do sulcador, quepode abrir mais de mil covas por hora.

Na abertura de sulcos, recomendam-se:

1. O sulcador deve passar três vezesem cada linha do sulco, mantendo-se otrator engrenado sempre na terceira mar-cha reduzida.

2. No segundo repasse, fecham-se to-talmente as asas do sulcador e encurta-se aomáximo o braço do terceiro ponto do hi-dráulico do trator.

3. O terceiro repasse deve ser feito emsentido oposto ao segundo, com as asas dosulcador reguladas na posição três-quartosaberta e o braço do terceiro ponto dohidráulico colocado numa posição em queo sulcador permaneça quase na horizontal.

4. Nesse último repasse, deve-se colo-car sobre o sulcador um peso adicional de30 kg a 40 kg.

Com relação à classe de solo e conside-rando-se especialmente a sua textura, otamanho da cova desempenha um papelmuito importante, sobretudo quando setrata de solos pesados ou compactados.

A profundidade da cova pode variarde 20 cm a 60 cm, dependendo do tipo etamanho da muda, bem como da textura eestrutura do solo, condições que exercemuma grande influência nos processos degerminação, brotação, desenvolvimento eprodução da planta.

Mesmo no caso de elevação do rizoma,os estudos realizados em diferentes estra-tos ecológicos, em solos de textura leve epesada, mostraram que esse fenômeno nãoguarda nenhuma relação direta com a pro-fundidade do plantio. A elevação do rizomacorresponde a um hábito de crescimento daplanta que, segundo Belalcázar Carvajal et al.(1991), não se pode modificar. Esse autorsalienta que, independentemente da pro-fundidade do plantio, as bananeiras podemformar um segundo rizoma, que permane-ce unido ao primeiro por uma porção dorizoma original, cuja longitude guarda uma

Page 78: Banana Produção

7979Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

relação direta com a profundidade do plan-tio, como ilustra a Figura 29. Baseando-senas observações e nos resultados das pes-quisas realizadas sobre a matéria, esse mes-mo autor concluiu que a profundidade deplantio compreendida entre 30 cm e 40cmseria a mais adequada e econômica para ocultivo da banana, tanto em solos leves,franco-arenosos, como em solos pesados,franco-argilosos.

Em áreas mecanizáveis, é possível abriras covas com o trado mecânico acoplado aotrator. Na opinião de Belalcázar Carvajal et al.(1991), esse método é bastante eficiente e

qualidade, em local próximo à futura plan-tação, o que permite transportá-las de for-ma rápida, eficiente e a baixo custo. A mudaa ser reproduzida deve sofrer um processo desaneamento e seleção, bem como apresentarpeso não inferior a 2 kg, devendo os rizomasoriginar-se de filhos de alta vitalidade e deaparência normal (Soto Ballestero, 1992).

O bananal selecionado para fornecermudas para plantio direto não deve termistura de cultivares nem a presença deplantas daninhas de difícil erradicação (tiririca,capim-canoão). Deve estar em ótimas

Figura 29.Figura 29.Elevação do rizoma.

Fonte: Belalcázar Carvajal et al. (1991).

adequado para as áreas onde há escassez demão-de-obra e no caso de solos pesados oucompactados. Vale lembrar que o diâmetroe a profundidade das covas vão dependerda estrutura do solo e do volume do mate-rial propagativo a ser utilizado, conformeenfatiza Champion (1975).

SELEÇÃO E PREPSELEÇÃO E PREPARO DARO DASASMUDMUDASAS

Feita a opção da cultivar ou clone a serplantado, com base nas condições ecológicasda área, no mercado, na existência de mudase em outros fatores que possam resultar emcolheitas economicamente rentáveis, proce-de-se à seleção e preparo das mudas.

O ideal é ter mudas originárias deviveiros, isto é, de áreas cuja finalidadeexclusiva é a produção de mudas de boa

Figura 30.Figura 30.Tipos de mudas utilizadas no plantio.(a. chifrão, b. chifre, c. chifrinho, d. adulta, e.rizoma com filho aderido, f. pedaço de rizoma, g.guarda-chuva.)

Page 79: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 18080

condições fitossanitárias, com plantas em ida-de não superior a três anos (Alves et al., 1986).

Tanto no viveiro como no bananalque vai fornecer mudas, seleciona-se o tipode muda mais indicado pela pesquisa, comtodos os cuidados indispensáveis ao seuarranquio. Segundo Champion (1975), naprática escolhem-se mudas bem vigorosas,de formato cônico, com 60 cm a 150 cm dealtura, com folhas estreitas (chifrinho, chi-fre, chifrão), ou com folhas largas (adulta). Háainda o pedaço de rizoma, o guarda-chuva ouorelha-de-elefante, e a muda com filho aderi-do, conforme ilustrado na Figura 30.

As mudas de folha estreita possuem avantagem de demandar menor mão-de-obrapara seu arranquio, preparo, transporte e plan-tio. São mais fáceis de manipular e possuemum ciclo vegetativo curto. A única desvanta-gem que apresentam é a sua escassa dispo-nibilidade (Belalcázar Carvajal et al., 1991).

Com relação à muda adulta, proveni-ente de plantas colhidas ou não, é vantajosaa possibilidade de ser fracionada de acordocom o número de gemas que possui, embo-ra as mudas resultantes não sejam bastanteuniformes, tanto em tamanho como em

Alturada

muda(kg)

Peso dorizoma

(kg)

Ciclos deprodução

Altura daplanta

(m)

Perímetro dopseudocaule

Númerode folhasemitidas

Duração do ciclo vegetativoPeso docacho(kg)

Plantioà

floração

Floraçãoà colheita

Plantioà

colheita

0,25 0,66 1 4,0 59,5 40,7 12,5 4,4 16,9 19,4

2 4,7 65,1 38,3 21,5 4,4 25,5 19,7

0,50 1,00 1 3,9 58,5 40,1 12,2 4,5 16,7 18,0

2 4,5 62,8 37,8 21,0 4,5 25,5 19,6

0,75 1,66 1 4,0 58,8 40,1 12,0 4,6 16,7 18,2

2 4,6 64,2 38,3 19,2 4,2 24,1 18,2

1,00 2,13 1 4,0 59,5 39,5 11,5 4,9 16,4 18,2

2 4,7 63,5 38,1 19,1 4,4 23,5 18,0

1,25 2,54 1 3,9 59,2 38,2 11,0 4,7 15,7 17,9

2 4,7 63,5 38,1 18,7 4,4 23,1 18,5

1,27 3,25¹ 1 3,9 59,2 38,2 11,0 4,7 15,7 17,9

2 4,8 68,6 38,4 18,5 4,5 22,9 18,3

1,51 4,13² 1 4,0 59,6 38,2 10,9 4,9 15,8 19,4

2 4,8 67,7 38,0 18,7 4,4 24,1 18,9

1,95 6,29¹ 1 3,8 57,2 36,9 10,3 5,2 15,4 18,2

2 4,7 65,8 37,5 17,6 4,5 22,1 18,3

1,28 1,83 1 3,9 59,7 39,6 10,3 5,2 15,4 18,2

(guarda-chuva) 2 4,6 62,4 38,0 18,4 4,6 23,0 18,1

1,27 5,60² 1 4,0 60,1 38,1 10,8 4,9 15,7 18,5

2 4,9 68,8 38,1 19,0 4,4 23,4 18,5

Tabela 17. Efeito do tamanho da muda sobre os componentes do desenvolvimento e o rendimento paradois ciclos de produção.

Fonte: Belalcázar Carvajal et al.(1991).1 1; 5 e 10 folhas, respectivamente. 2 Inclui o peso de 50 cm de pseudocaule.

Page 80: Banana Produção

8181Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

peso. Citam-se como desvantagens que astornam antieconômicas o excesso de mão-de-obra para o seu arranquio, preparo, trata-mento e plantio e, quando a muda adulta nãoé dividida, os custos com transporte e com aabertura de covas de maior dimensão.

A muda orelha-de-elefante, que alémde possuir pouca reserva origina um ciclovegetativo maior, tem sido descartada pelosbananicultores. Procurando averiguar a im-portância prática e econômica de que sereveste o tamanho da muda, BelalcázarCarvajal (1991) avaliou dez tamanhos demuda, cujos pesos variaram de 0,66 kg a5,60 kg. Os resultados correspondentes aoprimeiro e segundo ciclos de produçãoindicaram que no caso das mudas peque-nas, de menor peso, o período do plantio aoflorescimento foi mais longo, devido fun-damentalmente à emissão de maior núme-ro de folhas, cujo valor máximo foi de 40,7,no entanto, o período do florescimento àcolheita diminuiu (Tabela 17).

Segundo Moreira (1987), os vários ti-pos de mudas podem ser sintetizados emapenas duas categorias: rizomas inteiros epedaços de rizoma.

As mudas tipo rizoma inteiro são ge-ralmente obtidas de bananais em produção.Por conseguinte, não é recomendável quesejam arrancadas de bananeiras que aindanão sofreram a primeira colheita, devido aestes dois aspectos de natureza prática:

a) O arranquio provoca grandes danosao sistema radicular e descalça a planta,favorecendo o seu tombamento;

b) nos bananais novos, os filhotesestão localizados em maior profundidade,exigindo, conseqüentemente, mais mão-de-obra para serem arrancados.

Depois de convenientemente prepa-radas, as mudas tipo rizoma inteiro podemser classificadas, quanto ao seu tamanho epeso, em: (1) chifrinho, filhote e guarda-chuva (orelha-de-elefante), com peso vari-ando entre 1.000 e 2.000 gramas; (2) chifrão,com peso entre 2.000 e 3.000 gramas; e (3)

muda “alta” (adulta), cujo peso se situaentre 3.000 e 5.000 gramas. Os pesos cita-dos referem-se a mudas com rizomasescalpelados e aparados, porém, com ospseudocaules seccionados na altura da ro-seta foliar (mais ou menos 60 cm).

As mudas tipo pedaço de rizoma de-vem ter peso aproximado de 800 g, quandoobtidas de rizomas que ainda não floresce-ram, e 1.200 g a 1.500 g, quando obtidas derizomas que já frutificaram. Estes pesos sãoválidos para mudas de cultivares do subgrupoCavendish. Para as bananeiras dos subgruposPrata e Terra, os pesos devem ser 30% a 40%mais elevados que os citados.

O mesmo autor salienta que a mudado tipo pedaço de rizoma deve passar porum processo de ceva. Trata-se da operaçãomediante a qual são criadas condições tantopara o desenvolvimento do sistema radicularda muda como para a aceleração dointumescimento das gemas laterais. Decor-ridos 21 dias de ceva, as mudas que apresen-tarem gemas intumescidas e raízes medin-do 2 cm a 4 cm serão plantadas de formadefinitiva, em local especialmente reserva-do, em bananal em formação, para as mu-das desse tipo e idade.

As mudas devem ser preparadas nopróprio local onde são adquiridas. Essepreparo consiste na eliminação das raízes eda terra que a elas adere e no rebaixamentodo pseudocaule para 10 cm a 15 cm sobre orizoma. Com isso diminui-se o peso damuda, bem como o risco da introdução depragas e doenças no bananal a ser instalado.

PLANTIO E REPLANTIOPLANTIO E REPLANTIO

Inicialmente, plantam-se as mudas deum mesmo tipo (chifrinho), seguidas das deoutro tipo (chifre), e assim por diante. Des-sa forma, ocorre uniformemente a germi-nação e a colheita.

O plantio deve ser feito conformeilustra a Figura 31, colocando a muda den-tro da cova adubada e procurando firmá-labem. No fundo dessa cova foram previa-mente depositados terra e fertilizantes.

Page 81: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 18282

Em seguida, procede-se ao fechamen-to da cova, utilizando-se a camada superfi-cial de terra retirada da cova, cuidando paraque a porção superior da muda fique cober-ta por uma camada de solo de espessura nãoinferior a 10 cm, nem superior a 20 cm. Aterra amontoada deve ser pressionada a fimde eliminar possíveis espaços vazios, com oque se evitam a penetração de água e oconseqüente encharcamento subterrâneo quepode provocar o apodrecimento da muda(Belalcázar Carvajal, 1991). Vale ressaltarque o plantio em cova adubada é feito combase na análise de solo da área a ser cultivada.

Segundo Champion (1975), em solosde drenagem rápida às vezes se utiliza uma

técnica cujo objetivo é atrasar o solapamen-to da cova. Assim, ao fazer-se o plantio, emcova de maior profundidade (60 cm), esta éfechada de maneira incompleta, de modoque o colo do rizoma fique 10 cm abaixo dasuperfície. Ao ocorrer o segundo ciclo -cerca de um ano depois - procede-se ànivelação definitiva do terreno (Figura 32).Em ensaios com plátano Enano, esse mé-todo proporcionou um acréscimo de pro-dução de quatro toneladas por hectare emrelação ao plantio convencional em covasde 40 cm.

Em terrenos declivosos, recomenda-se que na muda tipo filhote (chifrinho,chifre, chifrão) a cicatriz do corte que aseparou da planta-mãe fique junto à parededa cova localizada na parte mais baixa doterreno. Procedendo-se assim, a primeiragema diferenciada vai aparecer do ladooposto ao local de união do filho com aplanta-mãe. Em conseqüência, os cachosficarão mais próximos do solo, facilitandoa colheita, sobretudo no caso de plantas deporte alto. Esse sistema de plantio tambémfavorece a prática do desbaste (Gomes,1984; Belalcázar Carvajal, 1991).

O replantio deve ser feito entre 30 e 45dias após o plantio. Moreira (1987), reco-mendou o uso de mudas do tipo rebento detamanho maior que o das inicialmente plan-tadas. As mudas utilizadas no replantiodevem ser arrancadas e plantadas no mes-mo dia. Com tais cuidados é possível man-ter o padrão de desenvolvimento do bana-nal e, por conseguinte, a uniformidade naépoca da colheita.

Figura 31.Figura 31. Plantio de muda em cova adubada.

Fonte: Alves et.al. (1986).

Figura 32.Figura 32. Plantio em solo de drenagem rápida.

Fonte: Champion (1975).

Page 82: Banana Produção

8383Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

TRATOS CULTURAISÉlio José Alves

Marcelo Bezerra Lima

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Os principais tratos culturais que de-vem ser executados em um bananal são:capina, controle cultural, desbaste, desfolha,escoramento, ensacamento do cacho e cor-te do pseudocaule após a colheita. Emborade suma importância para o desenvolvi-mento das bananeiras, nem sempre os tra-tos culturais são realizados de maneira ade-quada, observando-se sob esse aspecto bas-tante negligência por parte dos produtores,mesmo em relação aos tratos mais simples,como a capina, o desbaste e a desfolha.

Vale ressaltar que juntamente com apresença de condições edafoclimáticas fa-voráveis, os tratos culturais constituem osfatores básicos para que uma cultivar mani-feste o seu potencial de produtividade, tra-duzido em maior produção e em produtosde melhor qualidade.

CAPINACAPINA

As plantas daninhas afetam direta eindiretamente o desenvolvimento dos cul-tivos ao competirem com eles em água, luz,espaço e nutrientes. São afetados, também,em conseqüência da alelopatia, fenômenosegundo o qual as plantas daninhas liberamsubstâncias tóxicas que dificultam ou impe-dem o crescimento normal dos cultivos.

A capina deve ser praticada rotineira-mente, já que as bananeiras, por possuíremum sistema radicular superficial e frágil, sãomuito prejudicadas pela competição dasplantas daninhas por água e nutrientes.Cumpre, por conseguinte, que as plantasdaninhas sejam eliminadas por métodosapropriados, que não danifiquem as raízesdo cultivo.

Nos cultivos tradicionais não-mecanizáveis, os métodos mais utilizados

11para combater as plantas daninhas são: (a)sua eliminação com enxada; e (b) seu cortecom estrovenga ou roçadeira manual nasruas ou em toda a área. Esses trabalhosdevem ser executados de maneira sistemá-tica, até que a sombra do cultivo seja sufici-ente para retardar a germinação ou a rebrotadas plantas daninhas.

Segundo o Ital, 1990, a grande des-vantagem da capina manual está no seubaixo rendimento operacional, já que sãonecessários 15 a 20 homens/dia para capi-nar um hectare de cultivo com densidadede 1.300 touceiras, ao passo que a roçadamecânica demanda praticamente a meta-de desse tempo.

Nos cinco primeiros meses da instala-ção de um bananal, este é bastante sensívelà competição das plantas daninhas, reque-rendo cinco a seis capinas com emprego demão-de-obra estimada em 15 homens/ha.Se nessa etapa inicial o controle das plantasdaninhas não for feito de maneira adequa-da, o crescimento das bananeiras será afeta-do e sua recuperação se fará com excessivalentidão. Concluída essa etapa, as plantascrescem com maior vigor e são menossensíveis à competição das plantas dani-nhas, cujo desenvolvimento é impedido ouatrasado pela sombra das bananeiras(Belalcázar Carvajal et al., 1991).

A necessidade de capinas freqüentesna bananicultura foi ressaltada por Seeyave& Phillips (1970), citados por Durigan(1984). Esses autores constataram que otratamento com capina mensal, ao longo doano, foi o que proporcionou resultados decrescimento e produção mais próximos aosdo cultivo testemunha, mantido sempre nolimpo (Tabela 18).

Avaliando o efeito das plantas dani-nhas sobre o peso do cacho da cultivar

Page 83: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 18484

Prata em áreas declivosas do estado doEspírito Santo, Gomes (1983), observou,na planta-mãe, que o peso do cacho foiprejudicado quando se capinou após 30dias do plantio, tendo atribuído à competi-ção pelos nutrientes do solo a principalcausa da queda do peso do cacho.

Vale ressaltar que o efeito do controlecom enxada é muito curto, uma vez que asplantas daninhas se restabelecem com gran-de rapidez. A vantagem desse método decontrole sobre outros reside, entretanto, nofato de ser o único realmente seletivo, dadoque com ele são fisicamente eliminadasapenas as plantas indesejáveis, com menorrisco de prejudicar o cultivo.

Nas áreas mecanizáveis, em plantiosestabelecidos com densidades baixa e mé-dia, e dispostos em linhas paralelas, as ruaspodem ser capinadas com grade até o se-gundo mês após o plantio, pois, transcor-rido esse período, as raízes do cultivo jádeverão ter ocupado boa parte da área quelhes está destinada e poderão, por conse-guinte, ser danificadas pela grade.

O uso de enxada rotativa acoplada aum microtrator é outra alternativa possívelpara manter o cultivo limpo durante a fasede formação, ou seja, até os cinco mesesapós essa etapa. A regulagem desseimplemento permite variações na profun-

didade do corte, reduzindo a possibilidadede danos ao sistema radicular (Moreira,1987). Segundo o Ital, 1990, a capina comroçadeira mecanizada proporciona elevadorendimento e faz um trabalho eficiente.

Em virtude de seu baixo rendimento ealto custo, a capina manual é impraticávelnos grandes cultivos de banana e plátano.Seu uso, portanto, só se justifica na limpezade áreas isoladas, onde acidentalmente omato tenha-se desenvolvido (Moreira, 1987;Ital, 1990).

Outro método de controle de plantasdaninhas tem por base o emprego deherbicidas seletivos, que eliminam as plan-tas daninhas, retardam seu crescimento oucausam-lhes toxicidade, sem produzirem omesmo efeito no cultivo para cuja proteçãosão aplicados.

A seleção do herbicida ou da mistura deherbicidas a serem utilizados no cultivo de-pende do complexo de plantas daninhaspresentes no campo. É indispensável que obananicultor tenha conhecimento de que oherbicida que vai aplicar é seletivo para o seucultivo, bem como do tipo de planta daninhaque controla (Belalcázar Carvajal et al., 1991).

O controle químico das plantas dani-nhas pode ser feito preventivamente, medi-ante a aplicação de herbicidas antes daemergência (pré-emergência), em virtude

Tratamentos10 meses após o plantio

18 meses após oplantio

Diâmetro dopseudocaule

Altura daplanta

Produção

Sempre no limpo (a) 100,0 100,0 100,0

Capina em julho (uma vez/ano) 83,5 75,1 65,7

Capinas mensais durante a estação das chuvas (jun. dez.) 89,6 84,1 66,1

Capinas em jun., set., dez. e março (quatro vezes/ano) 81,7 76,3 57,1

Capina em dezembro (uma vez/ano) 86,1 79,7 67,4

Capinas mensais durante a estação seca (dezembro a maio) 83,5 78,9 53,5

Capinas mensais ao longo do ano 93,9 98,6 74,0

Tabela 18. Comparação (%) dos efeitos de capinas efetuadas em diferentes épocas do ano, sobre ocrescimento e a produção.

Page 84: Banana Produção

8585Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

da ação de produtos com efeito residual nosolo, ou para controlar as plantas daninhas jádesenvolvidas (pós-emergência). Em algunscasos é necessário associar esses dois tiposde herbicidas para que se consiga tanto con-trolar as plantas daninhas desenvolvidascomo manter o solo livre por determinadotempo de novas plantas indesejáveis.

De modo geral, quando as plantasdaninhas são pequenas, uma aplicação doherbicida residual com o auxílio deespalhante adesivo é suficiente. Quando jáestão mais desenvolvidas (altura em tornode 30 cm a 40 cm), a mistura com herbicidasde pós-emergência se faz necessária. Final-mente, nos estádios mais avançados (maisde 50 cm de altura), não se recomenda apresença de herbicida residual na mistura,já que a espessa massa vegetal existenteprejudica o contato desse produto com osolo, indispensável para que sua atuaçãoseja eficiente (Durigan, 1984).

O controle químico pode superar comvantagem as capinas manuais e mecaniza-das, desde que as condições na área decultivo sejam apropriadas à sua aplicação eque a escolha dos herbicidas atenda ao tipode planta daninha a ser controlada, isto é, defolha estreita, de folha larga, ou ambas.

Os herbicidas de contato mais empre-gados são o Gramoxone (Paraquat) e oReglone (Diquat). Para plantas daninhascom menos de 10 cm de altura recomenda-se o uso de três litros do produto porhectare, sendo importante fazer uma apli-cação antes que as plantas daninhas tenhamsementado. Com a mistura de um litro deGramoxone com 4 kg a 5 kg de Karmex(Diuron) acrescido de 5 cm3 de surfactantepor litro, em aplicações pós-emergência,consegue-se um rápido secamento das plan-tas daninhas (Ital, 1990). Moreira (1987),relatou que os herbicidas desse grupo de-vem ser aplicados usando-se no mínimo400 a 500 litros de água por hectare.

De modo geral, os herbicidassistêmicos são aplicados para controlar as

gramíneas, em especial as ciperáceas. Parauma perfeita limpeza do terreno, é necessá-ria mais de uma aplicação. O resultado,conclusivo apenas 20 a 30 dias depois deaplicado o produto, está intimamente asso-ciado ao porte das plantas daninhas. Seestas medirem de 15 cm a 20 cm de altura,quase sempre uma só aplicação será sufici-ente. Para plantas mais desenvolvidas ha-verá necessidade de nova aplicação, segun-do Moreira,1987. Para este autor, o DawponS (Dalapon) atua eficientemente sobre asgramíneas e não afeta as bananeiras. Podeser aplicado na dosagem de 10 kg/ha dis-solvidos em 500 litros de água, acrescentan-do-se espalhante adesivo e detergente nasproporções e dosagens recomendadas.

Os herbicidas residuais ou pré-emer-gentes são os mais importantes, pelo fato deatuarem antes que as plantas daninhas pre-judiquem o bananal. Faz parte desse grupoo Karmex, cuja ação residual se estende portrês a seis meses, além de o produto tam-bém ter efeito de contato quando aplicadosobre a folhagem acrescido de SurfactanteWK (Ital, 1990). De acordo com Moreira,1987, o Karmex apresentou excelentes resul-tados quando utilizado em pré-emergênciana formação de bananais, na dosagem de3 kg/ha em 400 litros de água, após umachuva que molhou bem o solo. Constatou-se que nos seis meses seguintes nenhum tipode planta daninha se desenvolveu.

A integração de métodos de controlemuitas vezes é mais eficaz e econômica,principalmente na fase de formação do cul-tivo. No Brasil, os métodos mais utilizadosainda são a capina e a ceifa manual, dada apequena extensão da maior parte das áreascultivadas com banana e plátano, assim comoo nível cultural da maioria dos produtores.

CONTROLE CULCONTROLE CULTURALTURAL

O estabelecimento uniforme do bana-nal e o crescimento rápido do cultivo tam-bém podem ser promovidos pelo manejoeficiente de determinadas práticas cultu-rais, como, por exemplo, a aplicação de

Page 85: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 18686

fertilizantes baseada na análise do solo e amanutenção da sua umidade em nível ade-quado ao desenvolvimento do cultivo.Desse modo, coloca-se o cultivo em me-lhores condições iniciais de desenvolvimen-to do que as plantas daninhas.

Referindo-se ao controle cultural,Belalcázar Carvajal et al.(1991), salientouque a adoção de menor distância entre asplantas tem contribuído para diminuir aconcorrência das plantas daninhas, já que oplantio mais denso faz com que a sombraproduzida evite o crescimento de espéciesmuito agressivas e induza ao predomínio deespécies de pouco crescimento e com me-nores exigências nutricionais. Segundo omesmo autor, o uso de cobertura do solopode ser outra prática útil no controle cul-tural, tendo-se porém sempre presentes ascondições mínimas necessárias para queuma espécie vegetal seja considerada comobenéfica numa associação cultivo-cobertura.

A alternativa do emprego da cobertu-ra morta (mulching) no controle das plantasdaninhas em cultivo de banana e plátanoapresenta algumas particularidades sobre anutrição mineral e a conservação da umida-de do solo, que devem ser levadas em conta.

A aplicação de cobertura morta evita,em parte, os problemas de compactação eendurecimento da camada superficial dosolo, contribuindo ainda com o forneci-mento de alguns nutrientes à planta, princi-palmente o potássio (no caso do uso de

restos de cultura). O mulching, entretanto,tem custo elevado, seja para produzir omaterial com que é confeccionado, sejapara transportá-lo. Além disso, para terefeito positivo, o material de coberturadeve ser incorporado ao solo em grandesvolumes. Já nos cultivos de banana e pláta-no de pequena extensão, do tipo familiar, omulching é recomendável, uma vez que per-mite valiosa economia de água e de adubosminerais (Alves et al., 1986; Ital, 1990).

Em trabalhos realizados pela Empre-sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -Embrapa com a cultivar Terra (Embrapa/CNPMF, 1986), observou-se, em todos asvariáveis avaliadas, grande superioridade dacobertura morta (restos orgânicos da cultu-ra), com o registro de aumentos no peso docacho da ordem de 120%, 178% e 532% emrelação aos tratamentos com soja, feijão-de-porco e capina manual, respectivamen-te. Vale ainda ressaltar que a quase totalida-de dos cachos produzidos pelas plantassubmetidas aos três tratamentos citadosnão possuía boa qualidade comercial, aopasso que aqueles obtidos sob coberturamorta apresentaram excelente qualidade,como se pode ver na Tabela 19.

No Equador, alguns produtores debanana e plátano colocam em faixas alter-nadas os remanescentes orgânicos das ope-rações de limpeza das folhas velhas, desbas-te e poda do pseudocaule, após a colheita.Em seguida, de acordo com um programa

TratamentosPesodo

Cacho

NºÍndice

NºFrutos

NºÍndice

NºPencas

NºÍndice

NºFolhasVivas

NºÍndice

Prod.(t/ha)

NºÍndice

Cobertura morta 38,1 257 128,1 140 8,7 123 5,2 520 42,3 258

Feijão-de-porco 16,5 111 90,0 99 7,1 100 1,6 160 18,3 112

Capina 14,8 100 91,3 100 7,1 100 1,0 100 16,4 100

Média Geral 23,1 - 103,1 - 7,6 - 2,6 - 25,7 -

CV(%) 22,7 - 10,5 - 7,7 - 47,5 - 22,7 -

DMS (5%) 11,41 77 23,6 - 1,3 - 2,7 270 12,7 77

Tabela 19. Variáveis avaliadas por ocasião da colheita de banana-terra (1º e 2º ciclos) em Nazaré (BA),no período 1982/86.

Page 86: Banana Produção

8787Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

de aplicação do herbicida Gramoxone, fa-zem a pulverização desse produto nas faixasque não receberam os restos culturais(Chambers, 1970). Segundo Alcântara, 1980,essa prática pode contribuir para um contro-le efetivo e econômico de plantas daninhas.

DESBASTEDESBASTE

É a operação por meio da qual seelimina o excesso de rebentos, já que abananeira produz um número variável defilhos que têm por função a conservação daespécie. Na bananicultura comercial essafunção gera uma produção seqüencial cujaqualidade depende, dentre outros fatores,do número de filhos que se desenvolvem emcada touceira. Por conseguinte, o desbastedesempenha, no tocante à produção e à vidaútil do bananal, um papel vital, condiciona-do fundamentalmente à época em que érealizado e à metodologia utilizada na elimi-nação do excesso de filhos. A determinadaépoca de desbaste deve corresponder certametodologia (Belalcázar Carvajal et al., 1991).

Quanto ao momento em que se deveproceder ao desbaste, há uma grande diver-sidade de critérios propostos pelos especi-alistas na matéria, já que a determinaçãodesse momento pode depender de condi-ções climáticas, da situação dos mercadosou de questões de oportunidade.

Recentemente, a Standard Fruit Co.(Alves, 1982) desenvolveu um sistema dedesbaste periódico total que permite a co-lheita em determinado período do ano, deacordo com o mercado-alvo. Conhecidocomo colheita programada, esse sistemaseleciona filhos de idades similares e elimi-na plantas de diferentes idades, a fim depossibilitar a colheita dentro de um períodomáximo de 12 semanas. Essa operação dedesbaste é repetida a cada nove meses ouquando as condições de mercado indica-rem a sua conveniência.

Ao selecionarem os filhos, alguns bana-nicultores preferem não eliminar a planta-mãe, e sim o seu cacho, com o propósito de

manter as formas de nutrição e dependên-cia da unidade produtiva e obter, conse-qüentemente, frutos maiores e de melhorqualidade. Outros eliminam todas as plan-tas que lhes pareçam desnecessárias, dei-xando apenas os filhos selecionados (Alves,1982; Soto Ballestero, 1992).

Em cada ciclo do bananal deve-sedeixar apenas a mãe, um filho e um neto, oua mãe e um ou dois seguidores (filhos),eliminando-se os demais. Recomenda-seque esse procedimento seja feito quando osrebentos atingem a altura de 20 cm a 30 cm,tomando-se o cuidado de proceder à elimi-nação total da gema apical de crescimento,para evitar a possibilidade de rebrotação(Moreira, 1987).

O desbaste é feito cortando-se, compenado ou facão, a parte aérea do filhorente ao solo. Em seguida extrai-se a gemaapical com a ajuda do aparelho denomina-do lurdinha (Figura 33), que proporciona

Figura 33.Figura 33. Esquema da lurdinha.

Fonte: Alves et al. (1986).

Page 87: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 18888

100% de eficiência e um rendimento de servi-ço 75% superior ao dos métodos tradicionais(Alves & Macedo, 1986; Moreira, 1987).

A operação de desbaste será precoce outardia, de acordo com o tipo de muda, acultivar e o sistema de cultivo utilizados. Aaltitude local e a época de plantio tambémexercem influência nessa etapa. Nas cultiva-res de banana (Nanica, Nanicão) e plátano(Prata, Maçã, Pacovan) que apresentam boaperfilhação, as brotações laterais (filhos) co-meçam a surgir 30 a 45 dias após o plantio.Em cultivares do subgrupo Plantain (Terra,Terrinha), as brotações geralmente ocorrempróximo à emissão do cacho (Alves et al.,1986).

De modo geral, os desbastes são reali-zados aos quatro, seis e dez meses doplantio, na fase de formação do cultivo; emcultivos adultos obedecem ao programa deeliminação de folhas secas. Todavia, o es-quema de desbaste está condicionado, so-bretudo, a fatores econômicos, ou seja, àimportância relativa que é atribuída ao ren-dimento e à variação sazonal dos preços(Alves et al., 1986).

O deslocamento da época de colheitaé provavelmente a alternativa tecnológicamais viável para o escalonamento da pro-dução. Pode consistir no desbaste de filhosou da touceira, a fim de que a produção denovos filhos se desloque para épocas demelhor cotação do produto no mercado oude melhores condições para o seu desen-volvimento e maturação (Alves, 1987).

DESFOLHADESFOLHA

A eliminação, tanto das folhas secas emortas como daquelas que, mesmo estan-do verdes ou parcialmente verdes, apresen-tam pecíolo quebrado, deve ser feita demaneira regular, com o seguinte propósito(Moreira, 1987; Belalcázar Carvajal et al., 1991):

1. Livrar a planta das folhas cuja ativi-dade fotossintética não atenda às suas exi-gências fisiológicas.

2. Permitir melhor arejamento eluminosidade.

3. Acelerar o desenvolvimento dos fi-lhos.

4. Controlar determinadas pragas edoenças que utilizam ou requerem as folhascomo refúgio ou fontes potenciais deinóculo.

5. Acelerar o processo de melhora-mento das propriedades físicas e químicasdo solo mediante a incorporação de maiorquantidade de matéria orgânica.

Em cultivos orientados para a expor-tação, elimina-se até mesmo uma folhatotalmente verde que por estar sobre ocacho pode causar injúria aos frutos.

As folhas são eliminadas por meio decortes nos pecíolos, feitos de baixo paracima, bem rentes ao pseudocaule, toman-do-se o cuidado de não romper as bainhasque ainda estejam a ele aderidas. No casode cultivares de porte baixo, pode-se usarfaca ou facão para cortar as folhas; para ascultivares de porte médio a alto, indica-se openado ou foice bifurcada, acoplados a umcabo longo. Segundo Moreira, 1987, aeliminação de folhas aos quatro, seis e dezmeses é suficiente para cobrir o período doplantio à colheita. Nos cultivos já forma-dos, a desfolha deve ser feita sistematica-mente, precedendo o desbaste e em seguidaàs adubações.

Onde não se faz o controle da sigatokae a cultivar é suscetível ou pouco toleranteà sua incidência, a operação de desfolha temobrigatoriamente de ser executada commaior freqüência.

Há casos em que a desfolha se faznecessária devido à ocorrência de algumfenômeno que tenha provocado quebra depecíolos, danos severos no limbo ou morteprematura de folhas.

A deficiência de alguns elementos es-senciais, em geral, provoca lesões nas fo-lhas e reduz significativamente a sua capaci-dade fotossintética. Nessas circunstâncias,às vezes, se recomenda a eliminação dasfolhas antes que sequem e morram.

Page 88: Banana Produção

8989Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

ESCORAMENTESCORAMENTOO

Esta prática cultural consiste, essenci-almente, em evitar a perda de cachos porquebra ou tombamento da planta em con-seqüência da ação de ventos fortes, do pesodo cacho, da altura elevada da planta ou desua má sustentação, causada pelo ataque denematóides ou da broca-do-rizoma ou porpráticas impróprias de manejo, como oarranquio desordenado de mudas. SegundoBelalcázar Carvajal et al., 1991, trata-se deuma prática destinada a minimizar as perdasmediante o emprego de um sistema deescoramento oportuno, eficaz e permanente.

O escoramento pode ser feito comuma vara de bambu que é apoiada ou presaao pseudocaule, próximo à roseta foliar(Figura 34). Outra modalidade deescoramento utiliza fios de polipropileno(Figura 35). Na parte superior da planta, aamarração é feita na base dos pecíolos,entre a terceira e quarta folhas; as extremi-dades livres do fio devem ser amarradas emoutras plantas que, por seu ângulo e loca-lização, constituem os pontos de suportemais convenientes. Podem-se usar troncosde plantas recém-colhidas (Soto Ballestero,1992). É uma prática amplamente utilizadanos cultivos para exportação.

O escoramento deve ser feito comomedida preventiva, ou seja, quando ainflorescência se torna pêndula (Alves, 1982;Belalcázar Carvajal et al., 1991). Segundo

Soto Ballestero(1992), o fio de polipropilenocom resistência à tensão de 9,14 kg/cm2 a11,25 kg/cm2 é certamente o material deamarração mais recomendável até o mo-mento, não só por sua durabilidade, comotambém pelo seu custo e fácil manejo.

ENSAENSACAMENTCAMENTO DO CAO DO CACHOCHO

Segundo Belalcázar et al. (1991) estaoperação, praticada apenas nos cultivosorientados para a exportação, tem as se-guintes vantagens:

1. Aumenta a velocidade de cresci-mento dos frutos, ao manter à volta destesuma temperatura mais alta e com certo graude constância.

2. Evita o ataque de pragas como aabelha arapuá, Trips sp.

3. Melhora visivelmente a qualidadegeral da fruta, ao reduzir os danos provo-

Figura 34.Figura 34. Escoramento com escoraamarrada (a) e apoiada (b).

Fonte: Soto Ballestero (1992).

Figura 35.Figura 35. Escoramento com fio de polipropileno.

Page 89: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 19090

cados por raspões, pelas queimaduras nopericarpo em conseqüência da fricção defolhas dobradas, pelas escoras e pelo pro-cesso de corte e manuseio do cacho.

4. Protege os frutos do efeito abrasivode defensivos utilizados no controle domal-de-sigatoka.

Há vários tipos e coloração de sacosutilizados na embalagem dos cachos: (a)transparentes, comuns, de coloração gelo,para zonas produtoras onde a incidência depragas não é severa; (b) transparentes, decoloração azul-celeste, tratados com pro-dutos químicos, para zonas que registramsevera incidência de pragas; (c) leitosos, queconferem maior proteção ao cacho contraas intempéries (poeira, insolação intensa).Os três tipos de sacos citados são dotadosde pequenas perfurações que permitem as

trocas gasosas entre o cacho e o meioexterior (Alves, 1982).

Segundo Soto Ballestero(1992), oensacamento do cacho como operação agrí-cola destinada a proteger a fruta das baixastemperaturas, controlar pragas e minimizaro efeito abrasivo de produtos químicos nosfrutos produziu resultados muitosatisfatórios. Foram, entretanto, outrosresultados que causaram maior impacto efizeram com que o ensacamento seuniversalizasse na produção bananeira paraexportação. Citam-se, por exemplo, a redu-ção do intervalo florescimento-colheita, oaumento do tamanho e diâmetro dos dedose o peso do cacho como fatores determinantesdo futuro da produção bananeira.

O saco tradicional tem 0,08 mm deespessura e furos de 12,7 mm de diâmetro

Figura 36.Figura 36. Escoramento do cacho.

Fonte: Soto Ballestero (1992).

Page 90: Banana Produção

9191Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

distribuídos em “S” a cada 76 mm. Apre-senta a forma de um cilindro medindo 81cm de diâmetro por 155 mm a 160 cm decomprimento.

Nos cultivos em que os cachos debanana são ensacados, deve-se fazer essaoperação tão cedo quanto possível, a fim deauferir as vantagens do ensacamento portempo mais longo. A operação mais co-mum consiste em ensacar o cacho quandoeste já tiver emitido a última bráctea femi-nina, ou seja, quando a última mão verda-deira apresentar os dedos voltados paracima. O saco é colocado enrugado emtorno do cacho, para que não se rasgue,sendo depois estendido cuidadosamente.Em seguida, é amarrado à ráquis na parteimediatamente acima da primeira cicatrizbracteal (Figura 36).

CORTE DO PSEUDOCACORTE DO PSEUDOCAULEULEAPÓS A COLHEITAPÓS A COLHEITAA

É uma prática que varia de região pararegião. Há produtores que não cortam nemas folhas nem o pseudocaule da bananeiracolhida; outros cortam tanto as folhas comoparte ou todo o pseudocaule. Em conse-qüência, essa prática tem suscitado contro-vérsias acerca de seu possível efeito e daépoca mais adequada para sua execução.Belalcázar et al., 1991, invocou como umadas razões para implementá-la de formagradual a possibilidade de que os troncos depseudocaule que permanecem na plantaapós a colheita do cacho venham a servir dereserva ou fonte de água e minerais para osfilhos em processo de desenvolvimento.Entretanto, apesar das evidências datranslocação de água e minerais dospseudocaules preservados para esses filhos,os resultados de pesquisas têm mostradoque a eliminação do pseudocaule, seja gra-dual ou imediatamente após a colheita, nãoinflui significativamente nas variáveis decrescimento e rendimento do ciclo subse-

qüente. A época e a forma de execuçãodessa prática seriam irrelevantes, pelo fatode não produzir nenhum efeito sobre oincremento da produtividade.

Sob aspecto prático, o mais aconselhá-vel é o corte do pseudocaule próximo aosolo, imediatamente após a colheita do ca-cho. Além de evitar que o pseudocaulevenha a servir de fonte ou reservatório deinóculo de problemas fitossanitários im-portantes, sua eliminação total está relacio-nada com a aceleração do melhoramentodas propriedades físicas e químicas do solo,graças à rápida e eficiente incorporação edistribuição dos resíduos da colheita. Já oaspecto econômico está associado aos cus-tos mais altos implícitos no corte gradual.Em ambos os casos, entretanto, é indispen-sável o uso de ferramentas desinfetadas,bem como o fracionamento imediato dopseudocaule, a fim de acelerar o seusecamento e a decomposição e incorpora-ção da matéria orgânica.

No caso de eliminação total dopseudocaule, deve-se proceder à coberturaimediata da ferida do corte com inseticidaou terra, para evitar a atração e o ataque depragas que afetam o rizoma.

Resultados de trabalhos realizados porManica & Gomes (1984), não indicaramnenhuma influência da altura do corte dopseudocaule da planta mãe sobre a produ-ção da planta-filha (segundo ciclo). Toda-via, em Pariquera-Açu, estado de São Pau-lo, foram feitos estudos comparativos en-tre o corte total do pseudocaule na sua base,o corte na metade de sua altura, a permanên-cia de todo o pseudocaule e a manutenção dabananeira com todas as suas folhas. O me-lhor resultado, em termos de peso do cacho,desenvolvimento e produção da planta-filha(primeiro rebento), foi obtido com o cortedo pseudocaule na roseta foliar, e o pior,quando se manteve a planta-mãe com todasas folhas à época da colheita do cacho.

Page 91: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 19292

PRAGASMarilene Fancelli

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Danos ocasionados por pragas sãoum dos fatores que concorrem para a baixaprodutividade dos bananais brasileiros.Além disso, podem interferir na qualidadedo produto, depreciando seu valor para acomercialização. Para minimizar tais efei-tos, os produtores devem efetuar medidasde controle que sejam ao mesmo tempo,eficientes, econômicas, não poluentes epouco tóxicas.

No Brasil, apesar de muitas espéciesde insetos estarem relacionadas com a cul-tura da bananeira, a maioria não causa da-nos significativos à plantação.

Das pragas que com maior freqüênciatêm exigido dos bananicultores a adoção demedidas de controle, a broca-do-rizoma é amais severa. Em vista da expansão dosmercados e da exigência do consumidor,danos causados por tripes podem serlimitantes à produção. Outras pragas comoas lagartas desfolhadoras podem ocorrerem surtos populacionais, em decorrênciade desequilíbrios biológicos. Já a traça-da-bananeira assume importância regional. Pul-gões são citados normalmente como trans-missores de viroses.

Nos itens que se seguem, serão apre-sentadas, de uma forma sucinta, as princi-pais características das pragas que atacam abananeira e estratégias para seu controle,com ênfase para a broca-do-rizoma.

BROCA-DOBROCA-DO-RIZOMA-RIZOMACosmopolites sordidusCosmopolites sordidus(Germar, 1824) (Coleoptera,(Germar, 1824) (Coleoptera,Curculionidae)Curculionidae)

Importância e descriçãoImportância e descrição

Considerada a principal praga da ba-naneira, por causa de prejuízos que acarreta

12nas plantações, a broca-do-rizoma ocorrepraticamente em todas as regiões em que secultiva essa planta.

Para chegar ao estágio adulto, a broca-do-rizoma ou broca-da-bananeira passa pe-las fases de ovo, larva e pupa, sendo o ciclocompletado em 30 a 80 dias.

O inseto adulto é um besouro preto,medindo cerca de 11 mm de comprimento(Figura 37) que se caracteriza por possuirum rostro (semelhante a um bico), razãopor que também é chamado de trombudo.Durante o dia, geralmente se abriga emlocais úmidos e sombreados junto àstouceiras, entre as bainhas foliares e emrestos culturais, tornando-se ativo apenasno período noturno.

Quando capturado, o inseto pouco semovimenta, dando a impressão de queestá dormindo ou está morto, daí suadenominação vulgar de moleque, dormi-nhoco ou soneca. Os insetos podem so-breviver por períodos variáveis de algunsmeses até dois anos.

Os ovos, de coloração creme e medin-do 2 mm de comprimento, são colocadosem pequenos orifícios abertos na periferia dorizoma ou na região de inserção das bainhasfoliares, situada próxima ao nível do solo.

Figura 37.Figura 37. Cosmopolites sordidus -adulto.

Page 92: Banana Produção

9393Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Logo após a eclosão, as larvas iniciama construção de galerias, alimentando-sedos tecidos do rizoma. Apresentam colora-ção branca, cabeça marrom e ligeiramentemais estreita do que o resto do corpo; nãopossuem pernas. As larvas completamentedesenvolvidas medem cerca de 12 mm decomprimento.

Ao findar o estádio larval, o insetoconstrói uma câmara pupal, geralmente naperiferia do rizoma. A pupa é nua; pode-seobservar externamente toda a formaçãoestrutural do adulto. Apresenta coloraçãobranca e mede aproximadamente 12 mm decomprimento.

DanosDanos

As larvas são responsáveis pelos da-nos diretos provenientes das galerias cava-das no rizoma que debilitam a planta, alémde deixá-la mais suscetível à penetração deorganismos patogênicos (danos indiretos).

Existem diversos métodos e, portan-to, diferentes índices para avaliação dosseus danos, no entanto, todos baseiam-seno percentual de área infestada (presençade galerias) em relação à área total do rizoma.Um dos mais usados é o método de Mes-quita. Consiste em avaliar a infestação dabroca em um corte transversal do rizoma daplanta colhida, na altura de seu perímetromáximo. O coeficiente médio de infestaçãoé obtido a partir de um quociente, sendo onumerador representado pela soma dasnotas individuais, e o denominador, pelonúmero de plantas avaliadas. Para evitar aatribuição de nota zero (ausência de galeri-as), recomenda-se dar prosseguimento àavaliação retirando-se o solo em volta deaproximadamente um quarto da periferiado rizoma, escolhendo-se o lado que me-nos interfira com os seguidores. Feito isso,retiram-se as raízes e, por meio de cortessuperficiais feitos no rizoma, avalia-se opercentual de galerias presentes nessa re-gião. Devem-se utilizar cerca de 30 plantas/ha nas avaliações, repetindo-se periodica-mente o processo.

Os sintomas do ataque da broca-do-rizoma manifestam-se sob a forma deamarelecimento, com posterior secamentodas folhas e morte do broto, principalmen-te nas plantas jovens, em virtude da destrui-ção da gema apical. Constata-se, também,maior suscetibilidade a tombamento pro-vocado pela ação do vento, principalmenteem plantas com cacho.

ControleControle

Na instalação do bananal

Seleção das mudas

A principal forma de dispersão domoleque é por meio das mudas infestadas.Assim, a origem do material de propagaçãoé fundamental para o sucesso do empreen-dimento. A utilização de mudas in vitroassegura a sanidade do material. Quandoisso não for possível, as mudas devem seradquiridas de viveiristas idôneos.

A seleção de mudas em campo requerinspeção rigorosa do rizoma. Normalmen-te, efetua-se o descorticamento do rizoma.Por meio dessa operação é possível remo-ver ovo e larvas do inseto, descartando-semudas seriamente comprometidas pela pre-sença de galerias. O descorticamento deveser feito no próprio local onde o material depropagação é obtido. Para evitar a reinfestaçãodas mudas, se estas não forem imediatamenteplantadas, devem ser armazenadas longe dolocal em que foram preparadas.

Em áreas altamente infestadas, próxi-mas a bananais atacados pelo moleque, otratamento das mudas por meio de caldainseticida protege a planta no estágio inicialde desenvolvimento. Em algumas áreas pro-dutoras, utiliza-se a imersão das mudasdescorticadas em água a 54ºC durante 20minutos como alternativa ao uso de caldainseticida. A aplicação de inseticida granula-do diretamente na cova de plantio tambémé recomendada para o controle de C. sordidus.

Variedades

As cultivares Terra, D’Angola, Nanicae Nanicão são normalmente mais atacadasque Prata, Prata-anã, Pacovan, Maçã e

Page 93: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 19494

Mysore. Alguns autores reportam altos ín-dices de infestação para as variedades Figo-cinza e Figo-vermelho. Esses dados sãobastante variáveis conforme o local e ascondições de cultivo.

Algumas fontes de resistência a C.sordidus incluem os genótipos selvagensCalcutta 4 e Borneo, a cultivar diplóide Rosee as triplóides Yangambi km 5 e Bluggoe.Em genótipos diplóides, a dureza do rizomaé um dos prováveis mecanismos de resistên-cia ao inseto, sem descartar a ocorrência deoutros fatores de resistência. Como exem-plo, pode ser citada uma pesquisa que deter-minou a ocorrência de uma substância quí-mica atraente ao inseto (1,8-cineole), presentena cultivar suscetível (Githumo-AAA) avali-ada e ausente na resistente.

Em bananal já instalado

Iscas atrativas

As iscas podem ser confeccionadascom rizoma ou pseudocaule. As iscas da

parte subterrânea normalmente são citadascomo mais eficientes, porém alguns auto-res não detectaram diferenças entre ambas.Além disso, pesquisas demonstraram queem épocas secas, as iscas de pseudocaulesão mais atrativas, devido ao alto conteúdode umidade, ao passo que os rizomas secamrapidamente. Assim, as mais utilizadas sãoas do tipo queijo e telha, obtidas dos pseudo-caules. No que respeita à idade, plantas jácolhidas fornecem iscas mais atrativas queas jovens.

As iscas queijo são confeccionadasrebaixando-se o pseudocaule a uma alturade aproximadamente 30 cm e cortando-onovamente a 15 cm do solo (Figura 38). Osinsetos atraídos alojam-se entre as duasfatias obtidas.

As iscas telha são produzidas a partirde um corte longitudinal feito em um peda-ço de pseudocaule de aproximadamente 40cm a 50 cm (Figura 39). Com esse corte,formam-se duas iscas que são colocadas nabase das plantas com as faces cortadas emcontato com o solo, a fim de atrair os mole-ques, que irão abrigar-se sob as telhas. Ape-sar de sua menor eficácia em relação às iscastipo queijo, a facilidade de obtenção e prepa-ro das telhas justifica a popularidade que elasdesfrutam entre os produtores e o seu em-prego em maior escala.

Os insetos capturados devem sercoletados manualmente e depois destruídos.Também podem ser mortos no própriolocal de captura, utilizando-se para esse fiminseticidas específicos.

Quanto ao número de iscas, é reco-mendado o emprego de 40 a 100 unidadespor hectare. A coleta dos insetos deve serfeita semanalmente, com renovação quin-zenal das iscas. Ao descartar iscas velhas,recomenda-se expor ao sol as faces dospseudocaules cortadas, para acelerar suadecomposição.

As iscas também exercem efeito atra-tivo sobre adultos de Metamasius spp., co-nhecido como broca-rajada. Esse inseto

Figura 38.Figura 38. Isca tipo “queijo” confecciona-da na base de uma bananeira colhida.

Figura 39.Figura 39. Isca tipo “telha” confecciona-da na base de uma bananeira colhida.

Page 94: Banana Produção

9595Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

não é considerado praga da bananeira, poisas formas larvais não se desenvolvem nosrizomas. Quando ocorrem em pseudocaulede bananeira, normalmente estão associadosa plantas debilitadas ou já tombadas. A for-ma adulta apresenta coloração marrom comlistras pretas em todo o corpo; é um besouroda mesma família da broca-do-rizoma.

Restos culturais

Diversos trabalhos demonstraram quea manutenção da cobertura vegetal do solocom restos das bananeiras, além de favore-cer a planta, não contribui para o aumentodos prejuízos, apesar de promover maiorcaptura de insetos.

Recomenda-se que os restos culturaisresultantes da colheita e dos desbastes se-jam picados em pedaços pequenos, expon-do-se sempre que possível as faces cortadasao sol, para acelerar sua decomposição.Essa medida, destinada a diminuir os abri-gos naturais da broca-do-rizoma, deve serimplementada em conjunto com a instala-ção das iscas, que desse modo terão a suaeficiência aumentada.

Controle biológico

Coleópteros da família Histeridae(Hololepta quadridentata e Omalodes foveola)foram referidos no Brasil como sendo pre-dadores de larvas da broca-do-rizoma, po-rém de eficiência discutível. H. quadridentataé encontrado com maior freqüência emáreas não submetidas aos tratos culturaisnormais para a cultura. A baixa especi-ficidade dos predadores, aliada ao própriohabitat da presa, o que dificulta o contatocom os inimigos naturais, são usualmentecitados como razões para o insucesso dosprogramas de controle biológico utilizan-do-se os coleópteros histerídeos, mas mes-mo nesse caso, alguns autores considerama sua atuação bastante efetiva, principal-mente quando outras táticas de controleestão disponíveis na plantação.

No exterior, resultados promissoresforam alcançados pelo emprego de formi-gas predadoras de larvas (Tetramorium

guineensis e Pheidole megacephala), com redu-ção populacional da ordem de 65% a 83,5%e de 54% a 69%, respectivamente. Reco-menda-se a densidade de 9 colônias/ha dePheidole megacephala.

Nematóides entomopatogênicos(Steinernema carpocapsae e Heterorhabditis sp.)constituem alternativa bastante viável nocontrole dessa praga, pois são eficientes eespecíficos, além de facilmente produzidosem grande quantidade. Atualmente, for-mulações comerciais de nematóidesentomopatogênicos estão disponíveis noexterior. Os métodos de aplicação utiliza-dos incluem a pulverização em iscas e emtorno das plantas.

Dentre os fungos entomopatogênicos,o mais estudado é Beauveria bassiana. A exem-plo dos nematóides entomopatogênicos,esse fungo também pode ser facilmenteproduzido a um custo relativamente baixo,já sendo comercializado no Brasil. O fungo,que possui ação de contato, penetra noinseto e se desenvolve internamente nostecidos do hospedeiro. Transcorridos al-guns dias de sua morte, o corpo do insetocontaminado pelo fungo apresenta-serecoberto por uma massa branca, de aspec-to cotonoso, que corresponde às estruturasresponsáveis pela disseminação da doençapara indivíduos sadios. O método de apli-cação é por meio de pulverização oupincelamento da suspensão contendo ofungo sobre as iscas de pseudocaule.

A utilização de B. bassiana apresentagrandes vantagens no controle do mole-que, tanto pela redução nos riscos de into-xicação e resíduos, como pela segurança aoagroecossistema, sendo que até mesmo ba-nanais irrigados da região semi-árida doBrasil podem se beneficiar dessa tecnologia,devido ao microclima favorável à infecçãoe disseminação do fungo.

Controle químico

Uma metodologia de aplicação, tidacomo a mais segura do ponto de vista

Page 95: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 19696

ambiental, consiste na introdução do inse-ticida granulado (Tabela 20) em plantasdesbastadas e colhidas, por intermédio dalurdinha. Em plantas desbastadas, divide-se a quantidade recomendada do inseticidapelo número de filhos, somente no caso dastouceiras sem cacho, a fim de evitar resídu-os nos frutos. Em plantas colhidas, a umaaltura de 40 cm do pseudocaule, introduz-sea lurdinha até a região central do pseudocaule(miolo) e faz-se a aplicação do inseticidanesse orifício.

No caso de inseticidas aplicados emcobertura, deve-se incorporar ligeiramenteo produto ao solo, para evitar que aves eanimais silvestres entrem em contato comos grânulos tóxicos. Na Austrália, regis-trou-se o desenvolvimento de populaçõesdo moleque com resistência aos produtosorganofosforados protiofós, clorpirifós,pirimifós-etil e etoprofós.

Comportamento

O comportamento gregário da espé-cie é mediado por cairomônios vegetais(compostos químicos produzidos pela plan-ta que atuam favoravelmente sobre o inse-to) e feromônios (sinais químicos produzi-dos pelo inseto e que provocam uma res-posta na mesma espécie) de agregação esexual. Exemplo do cairomônio (1,8-cineole)foi apresentado no item resistência de plan-tas a insetos.

Estudos visando elucidar o comporta-mento de agregação da espécie são normal-mente realizados em laboratório, utilizan-do-se arena conhecida como olfatômetro.No caso da broca-do-rizoma, os voláteisemitidos pelos machos apresentaram ativi-dade biológica, sendo responsáveis pelaagregação. O componente principal do com-posto ativo foi isolado e denominadosordidina. Essa será uma técnica bastante

IngredienteIngredienteativoativo

Produto comercialProduto comercial IndicaçãoIndicação Dose (prod. com.)Dose (prod. com.) Grupo químicoGrupo químico

Aldicarb Temik 150 Cosmopolites sordidus 15-20 g/cova carbamato

Aldicarb Temik 100 Cosmopolites sordidus 30 g/cova carbamatoCarbaryl Sevin 480 SC Antichloris eriphia

Caligo illioneusOpogona sacchariOpsiphanes invirae

225 ml/ 100 l água340 ml/ 100 l água225 ml/ 100 l água340 ml/ 100 l água

carbamato

CarbarylCarbaryl

Fersol Pó 75Opogona sacchari 10-15 kg/ha carbamato

Carbaryl Sevin 75 Opogona sacchari 10-15 kg/ha carbamato

Carbaryl Agrivin 850 PM Opogona sacchari 1,0-1,3 kg/ha carbamatoCarbofuran Ralzer 50 GR Cosmopolites sordidus 3-5 g/isca queijo carbamatoCarbofuran Furadan 50 G Cosmopolites sordidus 3-5 g/isca carbamatoCarbofuran Furadan 350 SC1 Cosmopolites sordidus 400 ml/100 l água carbamatoCarbofuran Furadan 350 TS Cosmopolites sordidus 400 ml/100 l água carbamatoCarbofuran Diafuran 50 Cosmopolites sordidus 50-80 g/cova carbamato

Ethoprophos Rhocap Cosmopolites sordidus 2,5 g/isca organofosforado

Terbufos Counter 50 G Cosmopolites sordidus60 g/cova2

40 g/cova3

25 g/isca queijoorganofosforado

Trichlorfon Dipterex 500 Opogona sacchari 0,3 l/ 100 l água organofosforado

Tabela 20. Produtos químicos registrados para a cultura da bananeira.

1Imersão das mudas por 15 minutos; 2cultura estabelecida3 bananal em formação.

Page 96: Banana Produção

9797Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

promissora no controle do moleque, quan-do disponibilizada para os produtores.

TRIPES TRIPES - - Frankliniella Frankliniella spp.spp.(Thysanoptera: Aelothripidae)(Thysanoptera: Aelothripidae)

ThripsThrips spp., spp., ChaetanaphothripsChaetanaphothripsspp., spp., Caliothrips bicinctusCaliothrips bicinctusBagnall, Bagnall, TryphactothripsTryphactothripslineatus lineatus Hood, Hood, HercinothripsHercinothrips spp. spp.(Thysanoptera: Thripidae)(Thysanoptera: Thripidae)

Importância e descriçãoImportância e descriçãoOs tripes são insetos pequenos, com

ampla distribuição geográfica, que se carac-terizam pela presença de asas franjadas, oque confere o nome Thysanoptera à ordemna qual são classificados. São encontradosnas inflorescências, entre as brácteas docoração e entre os frutos

Apesar de não ser característica a me-tamorfose completa nesses insetos,convencionou-se denominá-los nos doisprimeiros ínstares, nos quais ocorre a ali-mentação, de larvas, enquanto que o últi-mo, que não se alimenta, de pupa. Normal-mente, a pupação ocorre no solo, na áreaequivalente à projeção do cacho. Larvas eadultos usam a mandíbula para fazer umorifício na superfície da planta, no qual osestiletes são introduzidos.

Existem várias espécies de tripes asso-ciados às bananeiras, mas eles podem serdistinguidos pela natureza dos danos pro-vocados à planta. Assim, as espécies deFrankliniella causam erupção nos frutos.Thrips spp. são conhecidos como tripes doencortiçamento dos frutos, Chaetanaphothripsspp., Caliothrips bicinctus e Tryphactothripslineatus são os tripes da ferrugem dos frutose Hercinothrips spp. são denominados tripesdo prateamento dos frutos.

DanosDanos

Os tripes da erupção dos frutos pro-vocam pontuações marrons e ásperas aotato nos frutos em desenvolvimento. Essaspuncturas reduzem o seu valor comercial,

mas não interferem na qualidade da polpa.Os danos são resultantes da oviposição dosinsetos.

Os demais tripes causam omanchamento da epiderme dos frutos, oque desvaloriza drasticamente o seu valorcomercial, mas que não afeta a polpa dabanana. Sua atividade alimentar nos frutosde banana causa a ruptura das célulasepidérmicas. Em frutos jovens, ocorremmanchas esbranquiçadas ou prateadas noslocais de alimentação dos tripes. Mais tarde,a epiderme dos frutos atacados perde obrilho e torna-se marrom avermelhada eáspera. Em casos de forte infestação, aepiderme pode apresentar pequenas racha-duras decorrentes da perda de elasticidadeno local atacado. No caso dos tripes doencortiçamento, os sintomas são mais evi-dentes sobre o lado mais externo dos dedosapicais. Os danos provocados pelos tripesda ferrugem e do prateamento concen-tram-se principalmente na área de contatoentre os dedos.

ControleControle

O controle dos tripes da erupção dosfrutos é difícil, pois os adultos ovipositamantes que o cacho seja ensacado. Contudo,a aplicação de inseticidas ao solo, adespistilagem e a remoção do coração po-dem reduzir a sua população.

No caso dos tripes do encortiçamento,como não há registro de hospedeiros alter-nativos, a remoção do coração pode serviável no controle do inseto. O uso deinseticidas aplicados no momento da emer-gência do cacho foi eficiente somente sobaltas populações dos tripes. Caso contrário,o controle é antieconômico.

Para os tripes da ferrugem dos frutos,recomenda-se o ensacamento dos cachos(principalmente se esses forem tratados) e aeliminação de plantas daninhas hospedei-ras, tais como Commelina sp. e Brachiariapurpurascens. Aplicações de inseticida na baseda touceira e no solo também foram testa-

Page 97: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 19898

das com sucesso na redução da incidênciadesses tripes.

Trabalhos envolvendo os tripes doprateamento da banana demonstraram queeles podem ser controlados com uma úni-ca aplicação de inseticida antes doensacamento dos cachos. Outra técnicaque proporcionou bons resultados consis-te em uma faixa tratada com inseticidamedindo 2 cm por 1,5 cm quando coloca-do em cachos jovens ensacados.

TRAÇA-DTRAÇA-DA-BANANEIRAA-BANANEIRAOpogona sacchariOpogona sacchari (Bojer, (Bojer,1856) (Lepidoptera,1856) (Lepidoptera,Lyonetidae)Lyonetidae)

Importância e descriçãoImportância e descrição

Surtos populacionais dessa praga nadécada dos 70 provocaram grandes prejuí-zos à bananicultura no estado de São Paulo.Há também registros de sua ocorrência noestado de Santa Catarina. Possui diversoshospedeiros alternativos, entre eles: cana-de-açúcar, gladíolo, dália e inhame. Atual-mente, sua importância é maior em cultivosde plantas ornamentais.

A traça-da-bananeira completa o seuciclo de desenvolvimento (ovo, larva, pupae adulto) de 40 a 55 dias. O inseto adultoé uma pequena mariposa que coloca osovos nas flores antes que estas sequem. Alagarta, em seu último estágio de desenvol-vimento, mede cerca de 25 mm de compri-mento. Em virtude da agressividade dasformas jovens, raramente se encontra maisde uma lagarta no mesmo fruto.

DanosDanos

A despeito de atacar todas as partes daplanta, exceto as raízes e folhas, é nos frutosque se concentram seus maiores danos,caracterizados pela formação de galerias napolpa dos frutos que provocam o seu apo-drecimento, inutilizando-os, assim, para finscomerciais.

A presença da traça no bananal podeser detectada pelo acúmulo de resíduos na

extremidade apical dos frutos e maturaçãoprecoce dos frutos atacados em cachosainda verdes.

ControleControle

A eliminação do engaço, seccio-namento do pseudocaule em pedaços pe-quenos, a despistilagem e a utilização decultivares com restos florais não persisten-tes auxiliam no controle da praga.

A aplicação de inseticidas (Tabela 19)deve ser realizada nos meses que coincidemcom a maior atividade de oviposição doinseto (fevereiro a junho), após a verifica-ção da sua presença nos restos florais e nosfrutos em desenvolvimento. A detecção dapraga na lavoura é possível pelo empregode armadilhas com fêmeas virgens atuandocomo atraentes.

Visando minimizar os efeitos adver-sos dos inseticidas, recomenda-se a mesmametodologia para controle do moleque, ouseja, a aplicação do inseticida em filhotesdesbastados com a lurdinha, cerca de 30dias antes do florescimento.

Em outras culturas, registra-se tam-bém o uso de nematóides ento-mopatogênicos na redução populacionalda traça da bananeira.

PULGÃOPULGÃO-D-DA-BANANEIRAA-BANANEIRAPentalonia nigronervosaPentalonia nigronervosaCoquerelCoquerel, 1859) (, 1859) (Hemiptera,Hemiptera,AphididaeAphididae))

Importância e descriçãoImportância e descrição

O dano indireto - transmissão do bunchytop - é o principal problema associado a essepulgão. No Brasil, não há registros dessadoença.

São insetos sugadores de seiva queformam colônias na base da planta, prote-gidas pelas bainhas externas do pseudocaule.Medem cerca de 3 mm de comprimento eapresentam coloração escura. As formasaladas são geralmente maiores do que asdestituídas de asa.

Page 98: Banana Produção

9999Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

DanosDanos

Tanto as formas jovens como as adul-tas sugam a seiva dos tecidos tenros daplanta, provocando o amarelecimento e adeformação das folhas. O honey-dewexcretado favorece o desenvolvimento defungos saprófitas.

ControleControle

A atuação de inimigos naturais de P.nigronervosa como os coleópteros da famíliaCoccinelidae (Cryptogonus orbiculus e Diomusoportunus) é citada como fundamental para oequilíbrio biológico da população de pulgões.Para evitar a introdução da doença, barreirasquarentenárias devem ser respeitadas.

Outras espécies de pulgões (Aphisgossypii Glover e Myzus persicae (Sulzer)) sãotambém importantes para a bananeira.Entretanto, como a bananeira não é hospe-deira desses pulgões, os prejuízos referem-se somente à transmissão da virose CMV,efetuada de maneira não persistente embreves picadas de prova, após a aquisição apartir de plantas infectadas.

LALAGARTGARTASAS-DESFOLHADORAS-DESFOLHADORASCaligoCaligo spp. (Lepidoptera, spp. (Lepidoptera,Brassolidae), Brassolidae), OpsiphanesOpsiphanes spp. spp.(Lepidoptera, Brassolidade),(Lepidoptera, Brassolidade),AntichlorisAntichloris spp. (Lepidoptera, spp. (Lepidoptera,Ctenuchidae)Ctenuchidae)

Importância e descriçãoImportância e descrição

Essas lagartas encontram-se normal-mente em equilíbrio no agroecossistema,não provocando danos econômicos. Issosignifica que, embora elas ocorram nosbananais, sua população é quase sempre tãopouco numerosa que não justifica umaintervenção do homem. Tal fato advém dapresença de um grande número de inimigosnaturais que atua na regulação populacionaldesses insetos.

Caligo sp. - São lagartas grandes, decoloração parda, providas de quatro paresde protuberâncias na cabeça, um par de

apêndices filiformes no final do corpo euma série de cinco “espinhos” ao longo doabdome. No início de seu desenvolvimentoapresentam coloração esverdeada. Na faseadulta, são conhecidas como corujão. Osovos são colocados em grupos nas folhasda bananeira. As lagartas desta espécie pos-suem hábito gregário; alimentam-se à noitee permanecem durante o dia sobre opseudocaule, abrigadas pelas folhas velhasda planta.

Opsiphanes sp. - Apresentam uma colo-ração esverdeada com estrias amareladas aolongo do corpo, um par de apêndicesfiliformes e quatro pares de protuberânciascefálicas. Não possuem “espinhos” e sãomenores que a espécie acima descrita. Sãogeralmente encontradas na porção inferiordo limbo foliar, ao longo da nervura princi-pal. Os ovos são colocados isoladamente;as lagartas apresentam comportamento so-litário. Os adultos são borboletas de colora-ção marrom com manchas amareladas aolongo das asas.

Antichloris sp. - São lagartas pequenas,envolvidas por uma pubescência densa e finade coloração creme. Também são conhecidascomo costureiras, devido aos danos que cau-sam às folhas. Os adultos são mariposas quese assemelham a vespas; apresentam colora-ção escura com brilho metálico.

DanosDanos

Na sua forma larval, podem provocarintensas desfolhas, sendo os danos propor-cionais à densidade populacional e ao está-dio de desenvolvimento.

As lagartas pertencentes ao gêneroCaligo e Opsiphanes podem consumir todo olimbo foliar, exceto a nervura central, en-quanto que Antichloris apenas perfuram olimbo foliar.

ControleControle

Em geral, as lagartas são mantidas emequilíbrio por seus inimigos naturais. Ocontrole químico (Tabela 19) dessas espécies,

Page 99: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1100100

quando necessário, deve ser realizado cominseticidas seletivos, para evitar a destrui-ção dos inimigos naturais.

ABELHA IRAPUÁ - ABELHA IRAPUÁ - TrigonaTrigonaspinipesspinipes (Fabr., 1793) (Fabr., 1793)(Hymenoptera, Apidae(Hymenoptera, Apidae))

Importância e descriçãoImportância e descrição

Inseto comumente encontrado nos ba-nanais, sobretudo no período do floresci-mento, a abelha irapuá apresenta coloraçãopreta e mede em torno de 6 mm de compri-mento. Na construção dos ninhos destaespécie, localizados em árvores ou emcupinzeiros abandonados, são utilizadas re-sinas vegetais como aglutinadores. As abe-lhas procuram as flores e frutos jovens dabananeira para deles extrair parte da resinaempregada na confecção de seus ninhos. Sua

importância também está associada à trans-missão da bactéria causadora do moko.

DanosDanos

Os danos que causam aos frutos de-preciam o valor comercial do produto. Asabelhas irapuá cortam com as mandíbulasos tecidos vegetais, promovendo a secreçãode substâncias resinosas. O ataque às florese aos frutos jovens provoca o aparecimentode lesões geralmente ao longo das quinas,nos frutos em desenvolvimento.

ControleControle

Recomenda-se a destruição dos ninhoscomo medida mais eficiente de combate aessa praga. A eliminação do coração após aformação do cacho também ajuda a diminuiros danos causados pela abelha irapuá.

Page 100: Banana Produção

101101Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

NEMATÓIDESDilson da Cunha Costa

Zilton José Maciel Cordeiro

São várias as espécies de fitonematóidesassociadas à bananeira. Entretanto, apenasRadopholus similis, Meloidogyne spp.,Helicotylenchus multicinctus e Pratylenchus coffeaesão espécies tidas como de maior importân-cia econômica. Dentre as citadas, R. similis,P. coffeae e Meloidogyne spp. se destacam pelosdanos causados e pela ampla distribuiçãonas principais regiões produtoras de bana-na do mundo. No Brasil, H. multicinctus éencontrada com freqüência em associaçãoà rizosfera de bananeiras, por exemplo, eminfestações mistas com R. similis e/ouMeloidogyne spp., porém pouco se sabe arespeito da extensão dos danos causadospor H. multicinctus. A ocorrência dePratylenchus coffeae em áreas de produçãonacional de banana é esporádica.

Radopholus similisRadopholus similis ((RAÇARAÇA BANANEIRABANANEIRA))

Esta espécie é vulgarmente chamadade nematóide cavernícola, designação que sedeve ao sintoma por ela causado no córtexdas raízes e rizomas de bananeiras em virtu-de da ação do endoparasitismo migratório.

A espécie R. similis apresenta-severmiforme tanto no estágio juvenil comono adulto. É marcante o dimorfismo sexualnessa espécie. O macho apresenta o apare-lho digestivo degenerado e é tido como nãoparasita.

Os danos causados nas raízes e norizoma (Figuras 40 e 41) são atribuídos àsjuvenis (J2, J3 e J4) e fêmeas de R. similis quese alimentam do citoplasma e às vezes donúcleo das células corticais. Estas, por suavez, tornam-se necrosadas pelo fato deterem suas paredes danificadas e seu con-teúdo exaurido, problema que é agravadopelo movimento contínuo do nematóideno tecido cuja conseqüência é a formaçãode extensas áreas necróticas de coloração

13avermelhada. A espécie R. similis tambémé tida como incitadora do parasitismo depatógenos secundários (fungos e bactéri-as), assim como do agente causal do mal-do-panamá, Fusarium oxysporum f. sp. cubense.

Em conseqüência do ataque de R.similis, as raízes tornam-se necrosadas, re-duzindo a sua capacidade de absorção e

Figura 40.Figura 40. Radopholus similis: danos nas raízes.

Figura 41.Figura 41. Radopholus similis: danos no rizoma.

Page 101: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1102102

sustentação. São freqüentes os casos detombamento de plantas pela ação do ventoou pelo peso do próprio cacho. As perdasprovocadas por esse nematóide podemchegar a 100% entre as bananeiras dosubgrupo Cavendish.

A dispersão do nematóide cavernícolase processa principalmente por meio dematerial propagativo. Outras formas de dis-seminação incluem os implementos agríco-las contaminados, o trânsito de trabalhado-res e animais, o escoamento de água em áreasde declive e as águas de rega. Embora maisrestrito do que o da raça citros, o círculo dehospedeiros da raça banana pode atingirplantas de diversas famílias botânicas.

Meloidogyne Meloidogyne sppspp. (. (NEMANEMATÓIDESTÓIDES

DDASAS GALHASGALHAS))

Várias espécies de Meloidogyne já foramassinaladas em diferentes regiões produto-

ras de banana. Dentre elas, M. incognita e M.javanica são as de ocorrência mais ampla. Asespécies do gênero Meloidogyne caracteri-zam-se por acentuado dimorfismo sexual; afêmea apresenta o corpo globoso, periformeou em forma de saco, e imóvel; o machotem corpo vermiforme e é inativo.

A fase infectante corresponde à juve-nil (J2), que penetra na planta através daregião meristemática da raiz; em seguidamigra até a zona de maturação, onde esta-belece um local de alimentação na regiãovascular. Feito isso, torna-se sedentária,passando por três ecdises até atingir a faseadulta. Os ovos que a fêmea lança para oexterior permanecem unidos por meio deuma matriz gelatinosa secretada pela pró-pria fêmea durante a oviposição.

O desenvolvimento das galhasradiculares se dá pela hipertrofia e hiperplasiade células do parênquima vascular da raiz(Figura 42). As células hipertróficasmultinucleadas são chamadas de célulasgigantes; funcionam como verdadeiros ar-mazéns no suprimento alimentar dosnematóides sedentários.

Devido à sua ampla distribuição noscultivos de banana, Meloidogyne incognita e M.javanica têm sido grande destruidoras deraízes nas regiões mais áridas do Brasil,podendo seus danos, em determinadas áre-as, serem comparáveis aos de R. similis(Moreira, 1995). Em estudo de flutuaçãopopulacional de M. incognita, em bananal decv. Nanica, na região de Petrolândia, noestado de Pernambuco, pôde ser constata-do, em níveis elevados de infestação, queocorria redução de perfilhamentos, tama-nho, peso e atraso na maturação dos cachos(Costa et al., 1997). Os danos causados noscultivos de banana são diretamente propor-cionais ao aumento de suas populações. Oincremento ou o decréscimo de determina-da população irá, entretanto, depender defatores ambientais que atuem direta ouindiretamente sobre o nematóide ou sobrea hospedeira, bem como de fatores ineren-tes à biologia do próprio nematóide.

Figura 42.Figura 42. Formação de galhas em raízes causadaspor nematóides do gênero meloidogyne.

Page 102: Banana Produção

103103Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Com relação aos fatores ambientais, oteor de umidade no solo é consideradocomo o de maior importância, seguido deoutros, tais como as condições edáficas, asituação fisiológica da planta e a presençade outros organismos (fungos, bactérias,outros nematóides etc.) no mesmo nicho.Entre os fatores diretamente associados àbiologia dos nematóides que podem afetara dinâmica populacional pode-se incluir aação da densidade populacional da própriaespécie regulando o tamanho da popula-ção. Outro fator endógeno que afeta adinâmica populacional é a presença de va-riações patogênicas dentro das espécies.

Helycotylenchus multicinctusHelycotylenchus multicinctus

Esta espécie pertence ao grupo dosnematóides espiralados (famíliaHoplolaimidae), apesar de não apresentaressa característica. Após a morte lenta emágua quente, esses nematóides assumemformas que variam de retilíneas até um “C”aberto. Tanto as formas juvenis como osadultos dos dois sexos são vermiformes;aparentemente inexiste dimorfismo sexual.

H. multicinctus é uma espécieectoparasita e endoparasita migratória. Ju-venis e adultos dos dois sexos se alimentamde citoplasma no parênquima cortical emque penetram. A exemplo do que ocorreno parasitismo por R. similis, dá-se onecrosamento das células com as paredesdanificadas e desprovidas de citoplasma.

Os sintomas do ataque por H.multicinctus consistem em pequenas lesõesacastanhadas sob a forma deminipontuações superficiais localizadasprincipalmente nas raízes mais grossas.Quando o ataque é muito severo as lesõespodem coalescer, dando às raízes um as-pecto necrosado semelhante ao produzidopelo parasitismo por R. similis (Figura 43).Severas perdas provocadas por H. multicinctusforam observadas em Israel, onde essenematóide ocorre na ausência de R. similis.As lesões por H. multicinctus também po-dem ser colonizadas por fungos comoFusarium, Rhizoctonia e Cylindrocarpon.

H. multicinctus tem sido a espécie maisfreqüentemente associada à bananeira emlevantamentos realizados nas principais regi-ões produtoras do Brasil. Sua disseminação éfeita de maneira semelhante à de R. similis.

Pratylenchus coffeaePratylenchus coffeae

Esta espécie pertence ao grupo doschamados nematóides das lesões radiculares.Os estágios juvenis e adultos dos dois sexosse apresentam vermiformes; tampouco severifica em P. coffeae a presença dedimorfismo sexual.

O parasitismo por P. coffeae é seme-lhante ao de R. similis, embora as lesões

Figura 43.Figura 43. Sintomas causados por nematóides do gêneroHelycotylenchus.

Figura 44.Figura 44. Sintomas causados por nematóides da espéciePratylenchus coffeae.

Page 103: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1104104

causadas pelo primeiro sejam menos exten-sas e de evolução mais lenta (Figura 44). OP. coffeae registra uma distribuição mais res-trita que a de R. similis e H. multicinctus,sendo verificado em levantamentos realiza-dos nas principais regiões produtoras debanana do Brasil, em apenas 2,5% das amos-tras. A disseminação se processa de manei-ra semelhante à de R. similis.

Medidas de controleMedidas de controleA primeira medida de controle a ser

adotada em relação aos fitonematóides dabananeira é evitar a sua introdução na áreade cultivo. Quando, porém, eles já se en-contram estabelecidos nos cultivos, outrasmedidas de controle tornam-se indispensá-veis, devendo fundamentar-se nas estimati-vas dos danos causados. A avaliação de taisdanos pode ser feita tomando-se por basealguns parâmetros, como, por exemplo, acontagem dos nematóides e o índice delesões nas raízes e rizomas, e a contagemmensal de plantas tombadas pela sua ação.

A seguir estão relacionadas algumaspráticas recomendadas para o controle dosfitonematóides de bananeira.

Mudas livres de nematóidesMudas livres de nematóidesA forma mais segura de combate aos

nematóides é sem dúvida a utilização demudas de biotecnologia, produzidas emlaboratório de comprovada idoneidade téc-nica e comercial, e plantadas em solos nun-ca utilizados para o cultivo de bananeiras. Autilização de mudas produzidas em viveirosob o rigoroso combate aos nematóides é aprática mais eficaz em retardar o aumentoda densidade populacional desses parasi-tos, em relação ao uso de mudas obtidas debananais já formados.

Outra forma menos segura, pois nãoelimina totalmente os nematóides, é a utili-zação de mudas convencionais tratadas pelacombinação dos métodos físico, químico emecânico. O descorticamento visa à elimi-nação ou redução do inóculo contido namuda, mediante a supressão das raízes e dostecidos afetados no rizoma, com a ajuda defaca ou facão. As mudas descorticadas de-

vem ser acondicionadas de forma que evitea sua reinfestação. A quimioterapia é execu-tada em combinação com a anterior. Con-siste na imersão das mudas em recipientecontendo produtos de ação nematicida.Recomenda-se a sua imersão durante 15minutos em calda preparada com 400 ml deFuradan 350 SC dissolvido em 100 litros deágua. A termoterapia pode também sercombinada ao método mecânico, em que,após o descorticamento dos rizomas, asmudas são submetidas a temperaturas de65ºC, por 5 min. e/ou 55ºC, por 20 min.

Cultivar resistenteCultivar resistenteEmbora seja uma alternativa de gran-

de interesse para a produção de banana, ascultivares do subgrupo Cavendish não apre-sentam resistência aos principais nematóidesda bananeira. Entretanto dentro do grupogenômico AAB, as cultivares Prata, e Prata-anã e do AAAB, a cultivar Pioneira, estascomportam-se como moderadamente re-sistentes a R. similis e Meloidogyne incognita.Ensaios de casa de vegetação na EmbrapaMandioca e Fruticultura têm sido realiza-dos com genótipos de bananeiras melhora-dos e/ou introduzidos no Banco deGermoplasma para selecionar resistência aR. similis, Meloidogyne incognita e M. javanica.

Tratamento químicoTratamento químico

É o método utilizado com maior fre-qüência no controle de nematóides embanana. A eficiência dos nematicidas estácondicionada ao tipo de solo em que sãoaplicados, à dosagem e aos métodos deaplicação, bem como à época e à freqüênciado tratamento. Na Tabela 21, encontram-se relacionados alguns nematicidas que vêmsendo utilizados no cultivo de banana. Paraa determinação da dose adequada do pro-duto, deve-se levar em conta não só oincremento econômico, mas também as-pectos de natureza ecológica e de saúdepública, como, por exemplo, a acumulaçãode resíduos tóxicos nos frutos além dosníveis toleráveis.

Quanto ao tipo de solo, a eficiênciados nematicidas depende principalmente

Page 104: Banana Produção

105105Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

da textura do terreno. Para os solos detextura mais fina (argilosos), recomenda-sedosagem maior do que para os de texturamais grossa. Muitos autores são de opiniãoque a aplicação de nematicidas na cova, porocasião do plantio, é mais eficiente do quea realizada em cobertura. Quando se faz aaplicação em cobertura, esta deve serdirecionada para as plantas-filhas, já queapós a inflorescência a resposta ao trata-mento é insignificante em termos de pro-dução. Os produtos granulados utilizadosem cobertura devem cobrir um raio de 30cm a 50 cm da planta.

Para a aplicação dos nematicidas,desaconselham-se os períodos em que suaeficiência é menor, como os de excessivaumidade do solo, a fim de evitar perdas doproduto. A freqüência de aplicação dosnematicidas deve ser determinada em fun-ção do período residual do produto e darelação custo-benefício. Alguns pesquisa-dores já estão preocupados com a possibi-lidade de desenvolvimento de resistênciados nematóides aos nematicidas, a exemplodo que ocorreu com alguns insetos quedesenvolveram resistência a carbamatos e acompostos organofosforados. Em vista des-se fato, sugerem-se aplicações alternadas dosprodutos e menor freqüência da aplicação.

AlqueiveAlqueiveDestina-se à redução da população a um

nível que não cause dano econômico à cultu-ra. Consiste na destruição do bananal mecani-camente, por herbicidas, assim como de todaa vegetação da área, a fim de manter o terrenolimpo por um período mínimo de seis meses.

NomeNomecomercialcomercial Nome técnicoNome técnico FormulaçãoFormulação Doses recomendadasDoses recomendadas

Furadan carbofuran 50 G e 350 SC80 g/cova e/ou

400 ml/l00 l de água

Rhocap ethoprophos 100 GR 30 g/cova

Temik aldicarb 150 GR 15-20 g/cova

Counter terbufos 50 GR 60 g/cova

Tabela 21. Principais nematicidas utilizados no controle de nematóides.

InundaçãoInundaçãoEsta prática é adotada em virtude do

efeito negativo do excesso de umidade dosolo sobre as populações de nematóidesfitoparasitos, em conseqüência, principal-mente, da deficiência de oxigênio livre e dastransformações químicas produzidas nomeio pela ação de microorganismosanaeróbicos (fungos e bactérias). Sua técni-ca consta da inundação da área por umperíodo mínimo de seis meses.

Rotação de culturasRotação de culturasConsiste na redução da população por

meio de plantio de cultivares não hospedei-ras das espécies que se quer combater. Nocaso das espécies de Meloidogyne esta práticaé de difícil implantação, pelo fato de queesses fitonematóides apresentam um círcu-lo de plantas hospedeiras muito amplo den-tro das espécies cultivadas.

Uso de escoras e amarração dasUso de escoras e amarração dasplantasplantas

Esta prática não tem efeito direto so-bre a população de nematóides, mas ameni-za as perdas provenientes do tombamentodas plantas cujo sistema radicular fica com-prometido quando elas são atingidas porventos e chuvas fortes, ou sofrem com opróprio peso dos cachos.

Controle biológicoControle biológicoAté o momento, o controle biológico

dos nematóides em bananeira tem recebidopouca atenção de parte dos pesquisadores.Alega-se que, apesar da existência de para-sitas e predadores dos nematóides, os resul-tados de aplicação prática no campo nãotêm sido satisfatórios.

Page 105: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1106106

DOENÇASZilton José Maciel Cordeiro

Aristóteles Pires Matos

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Ao longo de suas fases de crescimentoe produção, a bananeira e seus frutos sãoafetados por diversos problemas patológi-cos causados por fungos e bactérias, que,no caso dos frutos, podem estender asperdas até o consumidor. Pode-se afirmarque o sucesso na produção de banana de-pende em grande parte dos cuidados dis-pensados a essas doenças. O nível deprodutividade e qualidade dos frutos serátanto melhor quanto menor for a incidênciadessas doenças, cuja descrição é feita aseguir, juntamente com a das respectivasmedidas de controle.

SIGASIGATTOKA-AMARELAOKA-AMARELATambém conhecida como

cercosporiose, a sigatoka-amarela é a maisgrave doença da bananeira incidente nopaís. Sua história teve início em Java em1902. Os primeiros prejuízos de importân-cia registrados ocorreram nas Ilhas Fiji (Valede Sigatoka), de onde veio o seu nome.

14Distribuída por todas as partes do

mundo, no Brasil a sigatoka-amarela foiconstatada inicialmente na Amazônia, em1944. Hoje, está presente no país inteiro,embora com maior relevância econômicanas regiões ou microrregiões produtorasonde as chuvas são mais freqüentes e atemperatura se mantém em torno do níveltido como ótimo, de 25°C. A região Sudes-te é a que melhor se enquadra nessas con-dições e onde se encontra a maior concen-tração de cultivos de bananeira.

Os prejuízos causados pela sigatoka-amarela são resultantes da morte precocedas folhas e do conseqüente enfraqueci-mento da planta, com reflexos imediatosna produção (Figura 45). Altos níveis dedoença provocam ainda diminuição donúmero de pencas e do tamanho dosfrutos, maturação precoce dos frutos nocampo, enfraquecimento do rizoma eperfilhamento lento.

SintomatologiaSintomatologia

O sintoma inicial da infecção é umaleve descoloração em forma de ponto entreas nervuras secundárias da segunda à quartafolha, a partir da vela. A contagem dasfolhas é feita de cima para baixo, sendo afolha da vela e a zero e as subseqüentes osnúmeros 1, 2, 3, 4 etc. Essa descoloraçãoaumenta, formando uma estria de tonalida-de amarela. Com o tempo as pequenasestrias amarelas passam para marrom e,posteriormente, para manchas pretas,necróticas, circundadas por um halo ama-relo, adquirindo a forma elíptica-alongada,apresentando de 12 mm a 15 mm de com-primento por 2 mm a 5 mm de largura,dispondo-se paralelamente às nervuras se-cundárias da folha.

Figura 45.Figura 45. Mal-de-sigatoka (sigatoka-amarela).

Page 106: Banana Produção

107107Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Em estádios avançados da doença,ocorrendo alta freqüência de lesões, dá-seo seu coalescimento, com o comprometi-mento de uma grande área foliar, caracteri-zando o efeito mais drástico da sigatoka-amarela, ou seja, a morte prematura dasfolhas com todas as suas conseqüências.

Agente causalAgente causal

A sigatoka-amarela é causada porMycosphaerella musicola, Leach, a forma per-feita ou sexuada de Pseudocercospora musae(Zimm) Deighton, que corresponde à for-ma imperfeita ou assexuada do mesmofungo. Dois tipos de esporos estão envol-vidos no aparecimento da doença: o esporosexuado é o ascósporo, e o assexuado, oconídio. As diferenças de comportamentoentre eles podem se refletir na epidemiologiada doença.

Aspectos epidemiológicosAspectos epidemiológicos

A sigatoka-amarela é fortemente in-fluenciada pelas condições climáticas. Trêselementos associados ao clima — chuva,orvalho e temperatura — são fundamentaispara que ocorram infecção, produção edisseminação do inóculo.

Uma vez depositado sobre a folha, oesporo germinará se houver presença deumidade. Dependendo da temperatura, agerminação se processará num intervalo de2 a 6 horas, ocorrendo posteriormente ocrescimento da hifa sobre a folha numprocesso que pode estender-se pelo espaçode dois a seis dias, até que se forme umapressório e penetre por um estômato aber-to ou fechado. As folhas mais suscetíveis àinfecção, em ordem decrescente, vão davela à folha 3, embora possa ocorrer infec-ção na folha 4. Quando as estações são bemdefinidas, a produção diária de inóculo podeser relacionada com a presença de águasobre a folha e com níveis mínimos detemperatura, já que temperaturas máximasraramente são limitantes se houver águalivre sobre as folhas.

Dada a presença de dois tipos deesporos que resultam na mesma doença, os

aspectos epidemiológicos mais importantespara cada um deles serão destacados a seguir.

Produção e disseminação dosascósporos

A formação dos peritécios (estruturareprodutiva de M. musicola onde se formamos ascósporos) ocorre em ambas as faces dafolha, porém com maior concentração naface superior. A produção é maior nasfolhas que ocupam as posições de número5 a 10 e na prevalência de períodos chuvo-sos combinados com temperaturas superi-ores a 21°C. O pique de produção ocorreno início da estação seca. A água da chuvaé essencial para a liberação dos ascósporos;estes são disseminados principalmente pelovento.

Produção e disseminação dosconídios

Admite-se que os esporodóquios (es-truturas onde se formam os conídios) sãoproduzidos em maior número que osperitécios em plantações comerciais. Poroutro lado, quando o controle é bem feito, osconídios são provavelmente a maior fontede inóculo contínuo. Durante a estação secaa produção de conídios diminui sensivel-mente, embora estes se encontrem presen-tes em lesões foliares e sejam produzidos emnoites com 10 a 12 horas de orvalho.

Na ausência de um período chuvosofavorável à produção de ascósporos, osconídios tornam-se a maior fonte de inóculoresponsável pelo manchamento, pelo fatode serem menos exigentes que os ascósporosem relação à ocorrência de chuva. A pro-dução de conídios é muito sensível a tem-peraturas abaixo de 22°C.

ControleControle

Várias são as medidas que podem edevem ser tomadas para controlar a sigatoka.Na agricultura moderna o manejo integra-do de pragas e doenças se constitui naprincipal arma de luta fitossanitária. É pos-sível, portanto, lançar mão dos recursosmencionados a seguir.

Page 107: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1108108

Uso de variedades resistentes

Entre as cultivares do subgrupoCavendish, no qual estão incluídas as vari-edades que dominam o mercado internaci-onal de banana, até o momento não existemopções varietais dotadas de resistência oumesmo tolerância à sigatoka-amarela.

Controle cultural

Embora o controle químico ainda sejao meio mais poderoso na luta contra asigatoka-amarela nas variedades dosubgrupo Cavendish, as práticas culturaisque reduzem a formação de microclimasfavoráveis à doença são parte fundamentalde uma estratégia integrada de combate.Neste caso, os principais aspectos a seremlevados em conta são os seguintes:

Drenagem

Além de melhorar o crescimento geraldas plantas, a drenagem rápida de qualquerexcesso de água no solo reduz as possibili-dades de formação de microclimas adequa-dos ao desenvolvimento do fungo.

Combate às plantas daninhas

No bananal, a presença de altas popu-lações de plantas daninhas não só incrementaa ação competitiva que estas exercem, comotambém favorece a formação demicroclima adequado aos patógenos, de-vido ao aumento do nível de umidade nointerior do bananal.

Desfolha

A eliminação racional das folhas ataca-das ou de parte dessas folhas é de sumaimportância, uma vez que com isso se reduza fonte de inóculo no bananal. É preciso,entretanto, que tal eliminação seja feita combastante critério, para não provocar danosmaiores que os causados pela própria doen-ça. No caso de infecções concentradas,recomenda-se a eliminação apenas da parteafetada. Quando, porém, o grau de inci-dência for alto e a infecção tiver avançadoextensamente sobre a folha, recomenda-seque esta seja totalmente eliminada.

Nutrição

Plantas adequadamente nutridas pro-piciam um ritmo de emissão de folhas maisacelerado, ocorrendo nesta condição o cres-cimento da planta em velocidade maior doque a formação de lesões sobre a folha. Aconseqüência disto é o aparecimento delesões nas folhas mais velhas da planta.Ocorre nesta situação o que se pode cha-mar de compensação das perdas provocadaspela doença com a manutenção de uma áreafoliar fotossintetizante adequada às neces-sidades da planta. Em plantas mal nutridas,o lançamento de folhas é lento e, conse-qüentemente, as lesões serão percebidasem folhas cada vez mais novas.

Outros fatores, como uma densidadepopulacional adequada, levando-se em con-ta tanto a quantidade como a distribuiçãodas plantas, contribuem para a consecuçãodo nível ideal de controle.

Controle químico

Os fungicidas ainda são a principalarma para o controle da sigatoka-amarela,principalmente quando se tratar das varie-dades do subgrupo Cavendish.

As recomendações para a aplicação defungicidas incluem :

Horário

Os fungicidas devem ser aplicados nashoras mais frescas do dia, no início damanhã e/ou no final da tarde. Somente emdias frios ou nublados as aplicações podemser feitas a qualquer hora do dia. Quandose aplicam fungicidas sob condições detemperatura elevada, além de haver maiorrisco para o aplicador, as pulverizaçõesperdem em eficiência, em virtude, princi-palmente, da evaporação do produto.

Condições climáticas

Os dias ou períodos de vento fortedevem ser evitados. A aplicação defungicidas quando há ocorrência de ventosprovocará grande deriva do produto e di-minuirá, assim, a eficácia do controle.

Page 108: Banana Produção

109109Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

A pulverização não deverá ser feitaquando estiver chovendo, por pouco queseja. A chuva provoca a lavagem do produ-to, diminuindo a eficiência do controle. Aqueda de chuvas fortes logo após umaaplicação de fungicida invalida o seu efeito.A eficiência da operação estará asseguradaquando entre o momento da aplicação e oda ocorrência de chuva transcorrer umintervalo de tempo superior a três horas.

Direcionamento do produto

A eficiência da pulverização depende-rá em grande parte do local de deposição doproduto na planta. Como o controle éessencialmente preventivo, é importanteque as folhas mais novas sejam protegidas,já que é por meio delas que a infecçãoocorre. Por conseguinte, em qualquer apli-cação, o produto deverá ser elevado acimado nível das folhas, a fim de que seja depo-sitado nas folhas da vela, 1, 2 e 3, as quaisdesse modo ficarão protegidas da infecção.

Percebe-se, pois, facilmente, que aspulverizações mais eficientes são as realiza-das via aérea.

Épocas de controle

Conforme se ressaltou antes, a inci-dência da sigatoka-amarela é bastante influ-enciada pelas condições climáticas, basica-mente temperatura e umidade (chuva).Como em quase todo o país há uma separa-ção clara entre período seco e período

chuvoso, o controle da sigatoka deve serpriorizado neste último, ocasião em que oambiente é mais propício ao desenvolvi-mento da doença. De modo geral, pode-sedizer que o controle da sigatoka deve come-çar tão logo se inicie o período de chuvas eprolongar-se até a sua interrupção.

A indicação do controle poderá serfeita por sistemas de pré-aviso. Para suaexecução, entretanto, é indispensável a re-alização de estudos localizados. Na Tabela22 estão relacionados os principais produ-tos em uso ou com potencial de utilização,com o respectivo intervalo de aplicação,para o controle do mal-de-sigatoka.

Comentários adicionais

O aparecimento de populações dopatógeno resistentes a fungicidas tem sidouma ocorrência comum no controle dasigatoka-amarela, principalmente no casodos benzimidazóis e tiabendazóis, que atu-am na divisão celular como inibidores damitose. Para evitar tais problemas, é impor-tante a alternância de produtos e o própriomonitoramento do controle com testes delaboratório.

Os intervalos entre aplicações pro-postos na Tabela 22 poderão ser diminuí-dos ou ampliados, dependendo das condi-ções climáticas, da concentração de inóculono ambiente e do parecer de um técnicoespecializado no assunto.

ProdutosProdutos Nome comercialNome comercialDosagem de princípioDosagem de princípio

ativo/haativo/haIntervalo entre aplicaçõesIntervalo entre aplicações

Óleo mineral OPPA, Spray oil, etc. 12 a 15 l 2 semanas

Propiconazol + óleo mineral Tilt 100 a 125 ml 4 semanas

Benomil + óleo mineral Benlate 125 a 150 ml 4 semanas

Tiabendazol + óleo mineral Cercobin, Tecto, etc 125 a 150 ml 4 semanas

Metitiofanato + óleo mineral Cycosin, Topsin 125 a 150 ml 4 semanas

Clorotalonil* Bravo, Daconil 800 a 1600 g 4 semanas

Tabela 22. Principais produtos comerciais, dosagens e intervalos de aplicação, para o controle do mal-de-sigatoka.

* Não deve ser aplicado em mistura com óleo mineral (mistura fitotóxica), devendo pois ser veiculado em águae espalhante adesivo.

Page 109: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1110110

SIGASIGATTOKA-NEGRAOKA-NEGRA

A sigatoka-negra, inicialmente conheci-da como raia-negra, é o principal problemada bananicultura mundial. Foi recentementeconstatada no Brasil, onde vem se dissemi-nando rapidamente. Comparando-a com suasimilar, a sigatoka-amarela, ela é muito maisagressiva, causando maiores perdas àbananicultura. Os produtores brasileirosestão apreensivos em relação aos efeitos dadoença na produção de banana, quando elaestiver disseminada por todo o país.

Agente causalAgente causal

A sigatoka-negra, constatada no Brasilem fevereiro de 1998, no estado do Amazo-nas e posteriormente, no Acre, Rondônia eMato Grosso, é causada por Mycosphaerellafijiensis Morelet (fase sexuada) ouParacercospora fijiensis (Morelet) Deighton(fase anamórfica). A primeira descriçãodessa espécie foi feita em 1963 nas IlhasFiji, distrito de Sigatoka, como agente cau-sal da doença conhecida como raia-negra.Em 1972, foi descrita em Honduras, adoença denominada sigatoka-negra, causadapor M. fijiensis var. difformis (Stover, 1980).Descobriu-se, mais tarde, que M. fijiensis é amesma M. fijiensis var. difformis, ou seja,sigatoka-negra é sinônimo de raia negra(Carlier et al., 1994). A fase assexuada (P.fijiensis ) está presente durante a fase deestrias ou manchas jovens da doença, quan-

do se observa a presença de conidióforos,emergindo de forma isolada ou em baixonúmero, a partir dos estômatos foliares.São visíveis, principalmente, na face inferi-or da folha. A fase sexuada do fungo éconsiderada mais importante no aumentoda infecção, uma vez que, um alto númerode ascósporos é produzido em estruturasdenominadas pseudotécios.

SintomatologiaSintomatologia

Os sintomas causados pela evoluçãodas lesões produzidas pela sigatoka-negrase assemelham aos decorrentes do ataqueda sigatoka-amarela. A infecção ocorre nasfolhas mais novas da planta, seguindo osmesmos requisitos apontados para asigatoka-amarela. Na sigatoka-negra, en-tretanto, os primeiros sintomas aparecemna face inferior da folha como estrias de cormarrom (Figura 46), que evoluem paraestrias negras, formando halo amarelo. Aslesões em estádio final apresentam tambémcentro deprimido de coloração cinza. Ge-ralmente, no entanto, devido à alta freqüên-cia de infecções, o coalescimento das lesõesFigura 46.Figura 46. Sintomas de sigatoka-negra observados na face

inferior da folha.

Figura 47.Figura 47. Sigatoka-negra causando se-vera necrose e conseqüente morte preco-ce das folhas da bananeira.

Page 110: Banana Produção

111111Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

desta doença ocorre ainda na fase de estrias,não ocorrendo a formação de halo amareloem volta da lesão, causando o impactovisual preto nas folhas afetadas e conse-qüente necrose precoce da área foliar afeta-da (Figura 47). Os reflexos da doença sãosentidos pela rápida destruição da área foliar,reduzindo-se a capacidade fotossintética daplanta e, assim, a sua capacidade produtiva.

Medidas de controleMedidas de controle

As recomendações formuladas para asigatoka-amarela são válidas para a sigatoka-negra, também em relação aos produtosutilizados. Por outro lado, a depender doambiente enfocado, ajustes poderão sernecessários tendo em vista que esta é umadoença de maior agressividade que asigatoka-amarela e, por conseguinte, deve-rá requerer maior número de aplicação dedefensivos e, conseqüentemente, maioratenção no que diz respeito ao manejo docontrole químico, quanto a aspectos desurgimento de formas do patógeno, resis-tentes aos produtos em uso. Estes ajustespoderão exigir, por exemplo, a redução dointervalo entre as aplicações, a adaptaçãodos equipamentos e a busca de novas mo-léculas fungicidas e/ou formulações. Taisajustes foram necessários ao esquema decontrole da doença na Costa Rica, prova-velmente um dos países onde a sigatoka-negra tem ocorrido com maior intensidade.As dificuldades encontradas no controledessa doença são devidas, sobretudo, àqueda na eficiência de produtos químicosque já foram muito importantes, como porexemplo, o propiconazol. A prática do con-trole químico tem exigido a aplicação de até56 pulverizações ao ano, o que significa autilização de intervalos entre pulverizações,menores que uma semana.

MALMAL-DO-DO-P-PANAMÁANAMÁ

O mal-do-panamá, fusariose ou mur-cha de Fusarium, como é hoje conhecidaesta doença, inclui-se entre os problemassanitários mais sérios que afligem os produ-tores de banana. No panorama internacio-

nal seu destaque é cada vez maior, diantedas mudanças radicais impostas àbananicultura mundial na década de ses-senta e, mais recentemente, pelo apareci-mento de uma nova raça do patógeno cau-sador do mal-do-panamá capaz de atacar asvariedades resistentes do subgrupoCavendish. Isto mostra a necessidade doavanço da pesquisa na busca de novas alter-nativas genéticas ou culturais para o con-trole da doença. No caso do Brasil, noentanto, a ocorrência de fusariose em vari-edades resistentes, não tem sido caracteri-zada como uma nova raça.

Agente causalAgente causal

O mal-do-panamá é causado porFusarium oxysporium f. sp. cubense (E.F. Smith)Sn e Hansen. É um fungo de solo, ambienteno qual desenvolve alta capacidade de so-brevivência. Pertence à classe dosDeuteromycetos ou fungos imperfeitos, nãose conhecendo o seu estádio sexuado. Entreas raças do patógeno, as mais importantessão a 1, 2 e 4. A raça 3 é importante para aHelicônia, porém não o é para a bananeira.

O fungo sobrevive no solo por longosperíodos, na ausência do hospedeiro, fatoque provavelmente se deve à formação deestruturas de resistência denominadasclamidósporos. Existe também a hipóteseda sua sobrevivência em estado saprofítico,formando heterocários com linhagens deF. oxysporum saprófitas. Esse núcleo volta-ria a atuar na presença do hospedeiro.

SintomatologiaSintomatologia

As plantas atingidas pela fusariose exi-bem externamente um amarelecimento pro-gressivo das folhas mais velhas para as maisnovas. O amarelecimento começa pelosbordos foliares e evolui no sentido danervura principal. Posteriormente, as fo-lhas murcham, secam e se quebram juntoao pseudocaule. Em conseqüência, ficampendentes, o que dá à planta a aparência deum guarda-chuva fechado (Figura 48).

É comum constatar-se que as folhascentrais das bananeiras permanecem eretas

Page 111: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1112112

mesmo após a morte das mais velhas. Alémdisso, podem ocorrer o estreitamento dolimbo das folhas mais novas, oengrossamento das nervuras e a eventualnecrose do cartucho. No caso específicodas variedades do subgrupo Cavendish,têm sido observados sintomas semelhantesà queimadura de folhas. Ainda externa-mente, é possível notar, próximo ao solo,rachaduras do feixe de bainhas, cuja exten-são varia com a área afetada no rizoma.

Internamente, através de corte trans-versal ou longitudinal do pseudocaule, ob-serva-se uma descoloração pardo-avermelhada provocada pela presença dopatógeno nos vasos (Figura 49). No inícioda doença tal observação não é possível.Em estádios mais avançados, entretanto,esses sintomas podem ser constatados já nanervura principal das folhas.

O corte transversal do rizoma tam-bém revela a presença do patógeno peladescoloração pardo-avermelhada exibida,cuja intensidade é maior na área devascularização densa, onde o estelo se juntaao córtex.

Aspectos epidemiológicosAspectos epidemiológicos

Pouco se conhece a respeito da influ-ência de parâmetros climáticos como luz,temperatura e umidade no desenvolvimen-to de sintomas do mal-do-panamá na bana-neira. Sabe-se, porém, que o solo influifortemente na incidência da doença, a pon-to de se considerar tal influência compará-vel à do próprio hospedeiro. Como o F.oxysporum f. sp. cubense é um fungo de solo,qualquer alteração nesse ambiente poderáinfluir positiva ou negativamente no avan-ço da doença. Há quem acredite que aresistência e a suscetibilidade a esse fungodevem ser definidas tendo como referencialas condições do solo.

As principais formas de disseminaçãoda doença são o contato dos sistemasradiculares de plantas sadias com esporosliberados por plantas doentes e, em muitasáreas, o uso de material de plantio contami-

Figura 48.Figura 48. Mal-do-panamá.

Figura 49.Figura 49. Mal-do-panamá: descoloração vascular dopseudocaule.

Page 112: Banana Produção

113113Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

nado. O fungo também é disseminado porágua de irrigação, de drenagem, de inunda-ção, assim como pelo homem, por animaise equipamentos.

A disseminação de esporos pelo ven-to, embora citada por alguns autores, nãodeve ser considerada como uma formaeficiente de disseminação, uma vez que osesporos não toleram mais de 20 horas dedissecação ao ar. Na realidade, após quatrohoras sua viabilidade já se acha muito com-prometida.

Medidas de controleMedidas de controle

Até o momento, os esforços no senti-do de controlar o mal-do-panamá por viaquímica, inundação ou práticas culturaisnão produziram os resultados esperados.As recomendações têm-se orientado, porconseguinte, para o uso de variedades resis-tentes, cabendo o destaque, sob esse aspec-to, às cultivares do subgrupo Cavendish.Estas, entretanto, têm sido afetadas pelaraça 4 do patógeno, embora a distribuiçãodessa raça ainda seja bastante restrita.

Não obstante a resistência apresenta-da pelas variedades citadas, ocorrem casosesporádicos de mal-do-panamá, mesmoentre as variedades resistentes o que, entre-tanto, não tem sido caracterizado, no Bra-sil, como uma quebra de resistência.

Como medidas preventivas recomen-dam-se as seguintes práticas:

- Evitar as áreas com histórico de altaincidência do mal-do-panamá.

- Utilizar mudas comprovadamente sa-dias e livres de nematóides; estes poderão seros responsáveis pela quebra da resistência.

- Corrigir o pH do solo, mantendo-opróximo à neutralidade e com níveis óti-mos de cálcio e magnésio.

- Dar preferência a solos com bonsníveis de matéria orgânica.

- Manter as populações de nematóidessob controle.

- Manter as plantas bem nutridas,

guardando sempre uma boa relação entrecálcio, magnésio e potássio.

Nos bananais já estabelecidos emque a doença comece a se manifestar, reco-menda-se a erradicação das plantas doentescomo medida de controle, para evitar apropagação do inóculo na área de cultivo.Na área erradicada aplicar calcário ou calhidratada.

MOKMOKO OU MURCHA-O OU MURCHA-BABACTERIANA DCTERIANA DA BANANEIRAA BANANEIRA

O moko ou murcha-bacteriana da ba-naneira constitui permanente ameaça aoscultivos dessa planta. Apesar de incluir-seno rol das principais doenças da bananeirano hemisfério ocidental, provoca maioresperdas entre as culturas rústicas de plátanosdo que nos cultivos comerciais. A distribui-ção do moko é restrita, pois, não obstante apresença de seu agente em muitas áreasprodutoras de banana no mundo, as linha-gens que atacam essa cultura só incidem nohemisfério ocidental e nas Filipinas. A con-firmação oficial no Brasil ocorreu em 1976,no então Território Federal do Amapá.

SintomatologiaSintomatologia

Os sintomas do moko se apresentamtanto nas plantas jovens como nas adultas epodem confundir-se com os do mal-do-panamá. Existem, porém, diferençasmarcantes no que respeita aos sintomasdessas duas doenças, percebidas nasbrotações, na parte interna do pseudocaule,bem como nos frutos e no engaço dasplantas doentes.

Nas plantas jovens e em rápido pro-cesso de crescimento, uma das três folhasmais novas adquire coloração verde-pálidoou amarela e se quebra próximo à junção dolimbo com o pecíolo. No espaço de poucosdias a uma semana muitas folhas se que-bram (Figura 50). O sintoma mais carac-terístico do moko, entretanto, se manifestanas brotações novas que foram cortadas evoltaram a crescer. Estas escurecem,atrofiam e podem apresentar distorções.

Page 113: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1114114

As folhas, quando afetadas, podemamarelecer ou necrosar.

A descoloração vascular na parte inter-na do pseudocaule se concentra no centro(Figura 51) e é menos aparente periferica-mente, ao contrário do que ocorre na plantaatacada pelo mal-do-panamá, onde a desco-loração vascular apresenta maior diâmetro eestá concentrada mais perifericamente.

Nos frutos das plantas atacadas pelomoko, os sintomas — jamais presentes nomal-do-panamá — são muito característi-cos. Internamente, os frutos apresentampodridão seca, firme, de coloração parda(Figura 52). A presença de frutos amarelosem cachos verdes amiúde indica a incidên-cia de moko.

Para um teste rápido destinado a de-tectar a presença da bactéria nos tecidos daplanta, utiliza-se um copo transparente comágua até dois terços de sua altura, em cujaparede se adere uma fatia delgada da parteafetada (pseudocaule ou engaço), cortadano sentido longitudinal, fazendo-a penetrarligeiramente na água. Dentro de aproxima-damente um minuto ocorrerá a descida dofluxo bacteriano.

Os sintomas mencionados a seguirtêm sido observados em bananais da regiãoNorte.

- Murcha da última bráctea do cora-ção, a qual cai sem se enrolar. Nesseestádio, a ráquis já mostra os sintomas dadoença, quando cortada, porém, os frutossão normais.

- Seca do coração e da ráquis. Nesseestádio, os frutos já podem apresentar sin-tomas típicos, como os descritos anterior-mente.

- Nas plantas jovens, uma ou maisfolhas, a partir geralmente da primeira parabaixo, se dobram no pecíolo ou na nervuraprincipal, mesmo antes de amarelecerem.

- Nas plantas adultas, na fase de de-senvolvimento final do cacho ou durante acolheita, pode-se observar o desenvolvi-

Figura 50.Figura 50. Moko: murcha e amarelecimento de folhasbasais.

Figura 51.Figura 51. Moko: descoloração vascular do pseudocaule.

Page 114: Banana Produção

115115Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

mento anormal dos filhos, caracterizado porsua distorção ou desembainhamento e morte.

Agente causalAgente causal

A doença é causada pela bactériaRalstonia solanacearum Smith (Pseudomonassolanacearum) que apresenta, além da raça 2causadora do moko ou da murcha-da-ba-naneira, mais estas duas raças:

- raça 1 que afeta solanáceas e outrasplantas;

- raça 3 que afeta batatas.

Segundo informações disponíveis, nasFilipinas, a raça 1 causa murcha leve embananeira, embora aparentemente apenasplantas que crescem sob condições desfa-voráveis sejam afetadas.

As três raças de R. solanacearum podemser diferenciadas pela reação de folhas defumo (Nicotiana tabacum) infiltradas comsuspensão bacteriana. A raça 1 não produzsintomas visíveis após 24 horas, mas causamurcha e necrose após oito dias; a raça 2causa reação de hipersensibilidade; a raça 3

provoca apenas descoloração amarela daárea infiltrada, 48 horas após a inoculação.

A raça 2 apresenta linhagens com ca-racterísticas patogênicas e epidemiológicasdiferentes, das quais pelo menos estas cincosão reconhecidas na bananeira:

- Linhagens D ou distorção — Origi-nária de Helicônia selvagem, provoca sub-desenvolvimento e distorção de plantasjovens. Tem baixa virulência sobre bana-neiras e baixa capacidade tanto de invadirbrácteas florais como de sobreviver no solo(menos de seis meses). Em meio detetrazólio, forma colônias irregulares, bran-cas e fluidas.

- Linhagem B ou banana — Prova-velmente originária da linhagem D por mu-tação. É altamente virulenta sobre bananei-ra. Apresenta pouca ou nenhuma exsudaçãode pus bacteriano pelas brácteas florais,sendo moderada a sua capacidade de inva-di-las. Sobrevive no solo por 12 a 18 mesese é indistingüível da linhagem D em meiode cultura.

- Linhagem SFR, de small, fluidal, round(colônias pequenas, fluidas e redondas)—Originária de B ou D. É altamente virulentasobre bananeira. Possui alta capacidadeinvasora de brácteas florais, sobre as quaisforma abundante exsudação de pusbacteriano. Sua sobrevivência no solo é detrês a seis meses.

- Linhagem H — É provavelmentemutante da linhagem B. Afeta a variedadebluggoe, mas não as bananeiras comerciais.

- Linhagem A ou Amazônica — Pro-posta para essa região, sendo posterior-mente identificada em material de bananei-ra-prata oriundo do Amapá.

A permanência da bactéria em áreasonde a doença tenha sido constatada nãoestá condicionada apenas à sua capacidadede sobrevivência no solo; também dependeda presença de ervas hospedeiras, grandeparte das quais já foi identificada.

A transmissão e a disseminação dadoença podem ocorrer de diferentes formas,

Figura 52.Figura 52. Moko: podridão seca dosfrutos.

Page 115: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1116116

dentre as quais se destaca o uso de ferra-mentas infectadas nas várias operações quefazem parte do trato dos pomares, bemcomo a propagação de raiz para raiz ou dosolo para a raiz, principalmente no caso dalinhagem B, cujo período de sobrevivênciano solo é bem mais longo (12 a 18 meses)que o da linhagem SFR (até seis meses).

Outro veículo importante de trans-missão, sobretudo do ponto de vistaepidemiológico, são os insetos visitadores,tais como as abelhas (Trigona spp.), vespas(Polybia spp.), moscas-da-fruta (Drosphylaspp.) e muitos outros gêneros de insetosvisitadores de flores da bananeira. A trans-missão por meio de insetos é mais comumno caso da linhagem SFR do que no da B,uma vez que esta última raramente flui debotões florais infectados. Exsudaçõesprovocadas pelo corte de brotações novas,pseudocaule e coração de plantas infectadaspodem constituir uma importante fonte deinóculo para a disseminação pelos insetos.

Medidas de controleMedidas de controle

As bases principais do controle domoko são a detecção da doença e a rápidadestruição tanto das plantas infectadas comodas que lhes são adjacentes, as quais, embo-ra aparentemente sadias, podem ter contra-ído a doença. Para tanto, é indispensávelque um esquema de inspeção de cada plantaseja cumprido por pessoas bem treinadas erepetido a intervalos regulares de 2 a 4semanas, dependendo do grau de incidên-cia da doença. Constatada a infecção numaplanta, esta deve ser imediatamente elimi-nada, devendo-se proceder à observaçãodas plantas vizinhas a fim de aferir a neces-sidade de também eliminá-las.

A erradicação é feita mediante a apli-cação de herbicida como o glifosato a 50%,injetado no pseudocaule ou introduzidopor meio de palitos embebidos nessa sus-pensão. O produto deve ser aplicado emtodas as brotações existentes na touceira

(3 ml a 30 ml por planta, dependendo dasua altura ).

É importante que a área erradicadapermaneça limpa durante o pousio. Estedeve ter a duração de 12 meses, no caso dalinhagem B, e de seis meses, no da SFR.Findo esse período, pode-se retomar ocultivo de bananeira no local. Em planta-ções abandonadas devido ao moko, todasas espécies de Musa e Heliconia devem serdestruídas e a área alqueivada por 12 meses.Nas áreas virgens onde houver infestaçãode espécies de Heliconia, estas deverão serdestruídas com herbicidas, mantendo-se aárea em pousio durante 12 meses.

Outras medidas importantes para ocontrole do moko:

- Desinfecção das ferramentas usa-das nas operações de desbaste, corte depseudocaule e colheita. Para tanto, proce-de-se à imersão desse material em soluçãode formaldeído 1:3, após seu uso em cadaplanta.

- Eliminação do coração assim que aspencas tiverem emergido em variedadescom brácteas caducas. Esta prática impedea transmissão pelos insetos. A remoçãodeve ser feita quebrando-se a parte da ráquiscom a mão.

- Plantio de mudas comprovada-mente sadias.

- Na medida do possível, o uso deherbicidas deve substituir as capinas manu-ais ou mecânicas.

Até o momento não existe alternativagenética para o controle do moko.

DOENÇAS DE FRUTDOENÇAS DE FRUTOSOS

Os fungos manchadores de frutos po-dem causar sérios prejuízos aosbananicultores. Embora a qualidade da pol-pa raramente seja afetada, os frutos man-chados são descartados devido aos defeitose ao mau aspecto que apresentam, os quais

Page 116: Banana Produção

117117Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

levam os consumidores a rejeitá-los e resul-tam, conseqüentemente, em baixas vendas,baixos preços e aumento de perdas.

Vários são os patógenos que atacamos frutos antes ou depois da colheita, cau-sando-lhes manchas ou podridões. Entreos problemas podem ser mencionados aPinta de Pyricularia grisea ou lesão-de-johnston, a mancha-parda, a mancha-losango, a pinta de Deightoniella, a ponta-de-charuto, a podridão-da-coroa e aantracnose, considerada um dos proble-mas mais graves da pós-colheita.

MEDIDMEDIDAS GERAIS DEAS GERAIS DECONTROLECONTROLE

O controle deve começar no campo,com boas práticas culturais. Todos os cuida-dos devem ser tomados no sentido de evitarferimentos nos frutos, que são a principal viade penetração dos patógenos. Além disso, éimportante a sua calibragem, uma vez que osde maior calibre favorecem o aparecimentoda doença durante o transporte.

A prática pós-colheita de despenca-mento, lavagem e embalagem deve envol-ver o manuseio extremamente cuidadoso

dos frutos e medidas rigorosas de assepsia.A par desses cuidados, recomenda-se apulverização dos frutos com produtos àbase de tiabendazol, em concentrações quevariam de 200 a 400 ppm, dependendo dadistância que separa o cultivo do mercadoconsumidor.

Ainda na fase de campo recomenda-seque sejam tomados os seguintes cuidados:

• eliminação de folhas mortas ou emsenescência, brácteas ou restos florais, quefuncionam como repositórios de patógenos;

• ensacamento dos cachos com sacode polietileno perfurado, tão logo ocorra aformação dos frutos;

• implementação de práticas cultu-rais adequadas, orientadas para a manuten-ção de boas condições de drenagem e dedensidade populacional, bem como para ocontrole de plantas daninhas, a fim de evitarum ambiente muito úmido na plantação;

• em situações mais graves demanchamento de frutos no campo,pulverizá-los, antes do ensacamento, comfungicidas tais como Dithane e Manzate.

Page 117: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1118118

VIROSES Ernesto Meissner Filho

No Brasil, assim como no mundo, hápoucos dados sobre as perdas ocasionadaspor viroses em bananeira. Geralmente osdanos causados por uma virose são poucovisíveis e passam desapercebidos.

A bananeira pode ser infectada pelovírus das estrias da bananeira (banana streakvirus, BSV), vírus do mosaico do pepino(cucumber mosaic virus, CMV), abaca mosaic,banana bract mosaic, banana bunchy top e bananadie back.

15Até o momento, já foram relatados no

Brasil o BSV e o CMV; quanto aos vírus nãoencontrados no país é fundamental tomartodas as medidas possíveis para evitar a suaintrodução.

VÍRUS DO TVÍRUS DO TOPO EM LEQUEOPO EM LEQUE((BANANA BUNCHY TBANANA BUNCHY TOP VIRUSOP VIRUS))

É uma das principais doenças da bana-neira podendo ser limitante para a cultura.Ocorre no Ásia, África, Austrália e ilhas doPacífico. O BBTV não ocorre no Brasil.

SintomatologiaSintomatologia

O pecíolo e a nervura das folhasinfectadas apresentam estrias verde-escu-ras, ocorre estreitamento do limbo foliar eclorose. As folhas ficam mais eretas do queo normal e verifica-se o estreitamento dopseudocaule, dando-lhes o aspecto de umleque (Figura 53).

Agente causalAgente causal

É causada pelo vírus do topo em leque(banana bunchy top virus, BBTV), que possuium circulo restrito de hospedeiras,infectando Musa acuminata, M. balbisiana, M.acuminata x M. balbisiana, M. textilis, M.banksii, Ensete ventricosum, Colocosia esculenta,Canna spp., Heliconia spp. e Hedychiumcoronarium.

O BBTV é transmitido de forma per-sistente pelo pulgão Pentalonia nigronervosa,principalmente, de bananeira para bananei-ra, a curtas distâncias. A longas distâncias,o vírus é disseminado por meio de mudasinfectadas.

ControleControle

No caso do Brasil, devemos tomarextremo cuidado na importação de mudasde bananeira para evitar a introdução dadoença. Não há plantas resistentes ao vírus, Sintomas do vírus do topo em leque.

Page 118: Banana Produção

119119Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

porém a variedade Gros Michel e muitasvariedades de M. acuminata (AA ou AAA)possuem tolerância ao BBTV.

Nos locais onde esta virose ocorre,recomenda-se utilizar para o plantio mudassadias e erradicar do bananal as plantas queapresentarem sintomas de BBTV. A dis-persão do vírus é lenta, então a erradicaçãodas plantas infectadas dá bons resultadosno controle desta virose.

VÍRUS DVÍRUS DAS ESTRIAS DAS ESTRIAS DAABANANEIRABANANEIRA

As plantas com BSV sofrem reduçãodo seu vigor e do seu crescimento, além deproduzirem cachos menores. No Brasil, aocomparar o peso de cachos de plantas deMysore, infectadas com BSV, com o deplantas de Thap Maeo, que é um clone daMysore, verificou-se que a Thap Maeo pro-duziu cachos 40% mais pesados.

SintomatologiaSintomatologiaO BSV produz estrias amareladas nas

folhas, que com o passar do tempo ficamescuras (necróticas) (Figura 54). Pode ocor-rer a deformação dos frutos e a produção decachos menores. As plantas apresentammenor vigor, podendo em alguns casosocorrer a morte do topo da planta, assimcomo a necrose interna do pseudocaule. Asplantas infectadas apresentam sintomasapenas em alguns períodos.

Agente CausalAgente CausalAs estrias da bananeira são causada pelo

vírus das estrias da bananeira (banana streakvirus, BSV). O BSV possui partículasbaciliformes, pertencendo ao gêneroBadnavirus, sendo sorologicamente relaciona-do com o sugarcane bacilliform virus (ScBV). Ovírus é transmitido de bananeira para bananei-ra pela cochonilha Planococcus citri, já o ScBV étransmitido de cana-de-açúcar para bananeirapela cochonilha Saccharicoccus sacchari, ocasio-nando os sintomas das estrias da bananeira.

ControleControle

Utilizar mudas sadias para a instalaçãode novos bananais. A cultura de tecidos não

Figura 54.Figura 54. Sintomas do vírus das estrias da bananeira.

permite obter mudas sadias, quando parte-se de matrizes infectadas. Nos plantios,erradicar as plantas com sintomas fortes dadoença. Manter o bananal com um bomsuprimento de água, adubação e controle deplantas daninhas e pragas. Em condições destress ocorre uma manifestação mais intensados sintomas do BSV.

MOSAICOMOSAICO, CL, CLOROSEOROSEINFECCIOSA OU INFECCIOSA OU HEARHEART ROT ROTT

Plantas infectadas jovens apresentamporte reduzido e uma baixa produção. Osfrutos podem sofrer redução do seu tama-nho e apresentar sintomas da infecção.

SintomatologiaSintomatologia

Os sintomas dependem da idade naqual a planta é infectada, da estirpe presentena região e da temperatura ambiente. Ossintomas variam de estrias amareladas, mo-saico, redução de porte, distorção foliar aténecrose do topo, assim como pode haverdistorção dos frutos, com o surgimento deestrias cloróticas ou necrose interna (Figura55). Pode haver necrose da folha apical e dopseudocaule, quando ocorrem temperatu-ras abaixo de 24ºC.

Agente causalAgente causal

Esta virose é causada pelo vírus domosaico do pepino (cucumber mosaic virus,CMV), que pertence à família Bromoviridae,gênero Cucumovirus.

Page 119: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1120120

O CMV é transmitido de forma não-persistente por várias espécies de afídeos,especialmente Aphis gossypii, Rhopalosiphummaidis, R. prunifoliae e Myzus persicae. O víruspossui mais de 200 espécies de plantashospedeiras. A fonte de inóculo para ainfecção de novos plantios provém geral-mente de outras culturas ou de plantasdaninhas, sobretudo Commelina diffusa.

Esta virose tem ocorrido com maiorgravidade em plantios novos e plantaçõespróximas de hortaliças, assim como emlocais com população elevada de plantasdaninhas.

ControleControle

Para o controle do mosaico-da-bana-neira, recomenda-se utilizar mudas livresde vírus para a formação de novos bana-nais, evitar a instalação de bananais próxi-mos a plantios de hortaliças, controlar asplantas daninhas dentro e em volta dobananal e erradicar as bananeiras com sin-tomas de CMV.

Figura 55.Figura 55. Sintomas do mosaico-da-bananeira.

Page 120: Banana Produção

121121Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

COLHEITA EPÓS-COLHEITA

CARACARACTERÍSTICAS DCTERÍSTICAS DAAMAMATURAÇÃO PÓSTURAÇÃO PÓS--COLHEITCOLHEITAA

Independentemente da cultivar, os te-ores de clorofila da banana diminuem con-tinuamente durante a maturação, alcançan-do valores mínimos no estádio de cor oitoda casca, ou seja, totalmente amarelo commanchas marrons (Figura 56). Em geral, ascultivares com maiores teores de clorofila, nodia da colheita, apresentam a casca com colo-ração verde mais intensa (Medina et al., 1998).

A firmeza do fruto, indicadora damaturação, apresenta tendência semelhan-te para distintas cultivares, com reduçãoacentuada até cerca de quatro dias após acolheita e estabilização nos estádios finaisda maturação. As cultivares Nanicão eCaipira possuem maior firmeza durante amaturação do que a Mysore e a Prata-anã.Presumivelmente, a menor firmeza destascultivares deva-se à maior perda de peso(umidade), como pode ser visto na Figura. 57(Medina et al., 1998).

Apesar da maior perda de peso, a Prata-anã tem alta longevidade (tempo entre acolheita e o estádio oito de cor da casca),sendo superada apenas pela Caipira eNanicão. A Prata-anã destaca-se por apre-sentar maior período de comercialização, ouseja, tempo entre o estádio de cor seis dacasca (totalmente amarelo) e o estádio oito.As cultivares Grand Naine, Mysore, ThapMaeo e Pioneira, devido à baixa longevidadee curto período de comercialização, reque-rem atenção especial para minimizar as per-das pós-colheita.(Tabela 23)

Frutos maduros de cultivares que apre-sentam maior índice de cor da polpa, emgeral, também possuem maior teor decarotenóides na polpa. Esta característica éimportante do ponto de vista nutricional,

16uma vez que os pigmentos carotenóides,que conferem a cor amarela, são precurso-res da vitamina A. Na Tabela 24, fica evidentea superioridade da Grand Naine, em relaçãoa este aspecto, sobre outras cultivares.

Uma característica marcante da bana-na é a alta relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável. Isto significa que ofruto apresenta altos teores de açúcares ebaixos de ácidos, o que justifica a sua amplaaceitação por consumidores das diversasfaixas etárias e socioeconômicas. A Tabela25 evidencia a alta relação sólidos solúveis/acidez da Grand Naine e Caipira, emrelação a outras cultivares, incluindo asduas mais cultivadas no Brasil - a Nanicãoe a Prata-anã.

QUQUANDO COLHERANDO COLHER

No Brasil, os critérios que norteiam acolheita dos cachos de banana são geral-mente empíricos, sobretudo quando o pro-duto destina-se ao mercado local.

No caso das cultivares Prata e Maçã,um dos principais indicadores de que osfrutos atingiram o pleno desenvolvimentofisiológico é o desaparecimento das quinasou angulosidades da sua superfície, poden-do-se então colher o cacho. Esse indicador,entretanto, não é válido para as cultivaresTerra, Figo-cinza, Figo-vermelho ou Mar-melo, uma vez que nos frutos dessas varie-dades, mesmo quando maduros, asangulosidades permanecem salientes. Nes-se caso, deve-se proceder à colheita quandoos frutos localizados no meio do cachoapresentarem desenvolvimento máximo doseu diâmetro (Bleinroth, 1984).

Sabe-se que a partir de determinadoperíodo de sua emissão, o cacho pode sercolhido em diversos estádios de desenvol-

Valdique Martins MedinaÉlio José Alves

Page 121: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1122122

Tabela 24. Carotenóides totais em ug/100g de matéria fresca da polpa de frutos dediferentes cultivares de banana amadurecidas a 21ºC e 95% de umidade relativa doar. Cruz das Almas, Bahia, 1997.Cultivar Caretenóides totaisGrand Naine 5,6Nanicão 2,3FHIA-01 2,3FHIA-18 2,2Thap Maeo 2,1Prata-anã 1,9Mysore 1,9Pioneira 1,4Caipira 1,3JV03-15 1,3

Tabela 23. Longevidade e período de comercialização (dias) de cultivares de bananaamadurecidas a 21ºC e 90% de umidade relativa do ar. Cruz das Almas, Bahia, 1997.

Genótipo Longevidade ComercializaçãoNanicão 16 6Caipira 16 5Prata-anã 14 8FHIA-01 13 6FHIA-18 12 5JV03-15 12 5Grand Naine 11 3Mysore 10 4Thap Maeo 9 3Pioneira 9 3

Tabela 25. Sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável e relação SST/acidez decultivares de banana amadurecidas a 21ºC e 95% de umidade relativa do ar. Cruzdas Almas, Bahia, 1997.

Genótipo Sólidos solúveis Acidez SST/AcidezPrata-anã 24,8 0,29 86,7Nanicão 24,1 0,29 82,5Thap Maeo 23,4 0,38 63,4Pioneira 22,4 0,29 77,4FHIA-01 22,3 0,30 73,5Grand Naine 22,3 0,11 203,7Mysore 22,0 0,32 68,4JV03-15 21,6 0,23 95,7Caipira 19,3 0,14 144,6FHIA-18 19,1 0,21 92,0

Page 122: Banana Produção

123123Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

vimento dos frutos, conforme a conveni-ência ditada pela distância entre o cultivo eo mercado consumidor ou o destino finaldo produto.

Tendo presente o fato de que bananase plátanos são produtos que requerem bas-tante cuidado na colheita, é preciso conhe-cer e levar em conta alguns aspectosmorfológicos e fisiológicos do desenvolvi-mento desses frutos a que se dá o nome degrau de corte.

Segundo Soto Ballestero,1992, os cri-térios de medição do grau de corte para acolheita dos frutos têm variado ao longo dotempo, em virtude dos sistemas de cultivo,colheita, embalagem, transporte ecomercialização adotados, embora tais cri-térios tenham-se orientado sempre para aconsecução de formas de medição segurasque maximizem o rendimento do fruto semos riscos de uma maturação prévia. Essesmétodos fundamentam-se no seguinte:

• O grau fisiológico de maturidade dofruto

• O diâmetro do fruto por idade

No método fundamentado no graufisiológico, a colheita do fruto baseia-se nasua aparência fisiológica. Esse método temsido utilizado em frutos destinados a mer-cados locais e mercados externos poucoexigentes. Apresenta o inconveniente denão permitir a quantificação do grau deengrossamento do fruto, o que gera sérioserros de apreciação e perdas importantes nacolheita por corte antecipado ou maturaçãoavançada. Na opinião de Champion (1975),essa tecnologia não é recomendável, pelofato de basear-se em conceitos empíricos.

Dada a necessidade de encontrar ummétodo que permita a aferição e quantificaçãodo grau de corte sem o risco da maturaçãoprévia dos frutos, muitos trabalhos de pes-quisa foram realizados com esse objetivoespecífico, até que em 1956 foi estabelecidauma correlação linear evidente entre o diâ-metro do fruto do dedo central da segunda

penca e o grau de corte. Denominou-se degrau a medida que representa, em umcalibrador de diâmetro, a fração de 1/32polegada, equivalente no sistema métricodecimal a 0,79375 milímetro. Sua determina-ção é feita por meio de um calibre (Figura 56)que dá a distância, em milímetros, entre asduas faces laterais do fruto (Cereda, 1984;Soto Ballestero, 1992).

Na busca de maior eficiência, procu-rou-se determinar o diâmetro do fruto poridade. O método leva em conta o momentoem que o cacho emite a última penca e estáestreitamente relacionado com o conheci-mento detalhado da fenologia da bananeiraou plataneira na região produtora.

Segundo a United Brands Company,1975, a colheita do fruto sem a observânciade uma metodologia orientada para o con-trole da idade do cacho resulta na inclusão,na mesma caixa, de frutos com diferençasde idade de até 50 dias. Essa empresa con-

Figura 56.Figura 56. Calibração da fruta antes da colheita.

Fonte: Soto Ballestero (1992)

Page 123: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1124124

Figura 57.Figura 57. Realização de colheita em bananeira de portemédio e cacho pesado.

Fonte: Soto Ballestero (1992)

clui que a idade de corte do cacho comvistas ao seu melhor aproveitamento nemsempre é a mesma, podendo variar de acor-do com uma série de fatores. Tambémconsidera como calibre ótimo aquele emque o índice de frutos descartados pormaturação e engrossamento situa-se entre1% e 2%.

No Brasil, os critérios para a colheitados cachos são de modo geral empíricos.De modo geral, as bananas e plátanos sãocolhidos com base em padrões visuais dedesenvolvimento.

COMO COLHERCOMO COLHER

No momento da colheita, nem sempresão observados e/ou tomados os cuidadosmínimos que podem evitar danos aos frutos.

Nas cultivares de porte médio-alto(Nanicão) e alto (Prata, Pacovan, Terra), acolheita deve ser efetuada por dois operári-os. Um, corta parcialmente o pseudocaule,à meia altura entre o solo e o cacho, e outro,evita que o cacho atinja o solo, segurando-o pela ráquis masculina ou aparando-o so-bre o ombro (Figura 57). O primeiro ope-rário corta então o engaço, a fim de que ocacho seja transportado até o carreador oucabo aéreo, sobre travesseiro de espuma ou“cuna”, colocado no ombro do segundooperário. Nas cultivares de porte baixo amédio (Figo-anão, Prata-anã, D’Angola), acolheita é de execução mais fácil (Figura 58),podendo às vezes ficar a cargo de um únicooperário (D’Ávila, 1983; Alves et al., 1986;Soto Ballestero, 1992).

MANEJO PÓSMANEJO PÓS--COLHEITCOLHEITAA

O manejo dos cachos no interior dobananal está diretamente relacionado como tipo de organização do cultivo, a mão-de-obra disponível, o meio de transporte exis-tente e o destino do produto.

Cultivos tradicionaisCultivos tradicionais

Nos cultivos tradicionais que não con-tam com um galpão de embalagem, oscachos de banana devem ser transportados

Figura 58.Figura 58. Realização de colheita em bananeira de portebaixo a médio-baixo com peso do cacho inferior a 20 kg.

Fonte: Alves et al. (1986).

Page 124: Banana Produção

125125Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Fonte: Soto Ballestero (1992)

Figura 59.Figura 59. Transporte dos cachos aos cabos aéreos.

inicialmente para um local adequado ondeserão despencados. Nesse local, que cons-tará no mínimo de uma palhoça com chãocoberto por folhas de bananeira, os cachosnão devem ser amontoados, a fim de evitaro atrito entre os frutos.

Cultivos semitecnificadosCultivos semitecnificados

Nos cultivos semitecnificados, o trans-porte dos cachos para o galpão ou local dedespencamento e embalagem é feito peloscarreadores, em cujas margens são deposi-tados sobre folhas de bananeira, as quaislhes dão alguma proteção. Também podemser colocados diretamente nas carroceriasde caminhão, pick up ou carreta de tratorforradas com folhas de bananeira ou capim.Às vezes os cachos são despencados naspróprias margens dos carreadores(Bleinroth, 1984; Moreira, 1987; Ital, 1990).

Cultivos para exportaçãoCultivos para exportação

Nos cultivos orientados para a exporta-ção, os cachos são transportados até o galpãode despencamento e embalagem por cabosaéreos (Figuras 59 e 60), que são eficientes eeficazes (Soto Ballestero, 1992). Nas peque-nas propriedades cuja produção se destinaao mercado externo, os cachos são transpor-tados diretamente do bananal para o galpãode despencamento e embalagem em “cuna”(Figura 61) ou são envolvidos em colchõesde espuma de 1,5 cm de espessura colocadossobre carreta acoplada a trator (United BrandsCompany, 1975; Alves, 1982; 1984).

A adoção de um sistema simplificadode cabos, apropriado para pequenas propri-edades, que apenas tangencia o cultivo epode ser usado tanto nas topografias planascomo nas acidentadas, seria bastante inte-ressante em diversas regiões produtoras debanana e plátano no Brasil. Esse sistemaconduz os cachos até o galpão dedespencamento, lavagem e embalagem semprovocar atrito entre eles (Alves, 1984).

Galpões de embalagemGalpões de embalagem

Nos galpões de embalagem, os cachossão dispostos um ao lado do outro,

Figura 61.Figura 61. “Cuna” ou berçário paratransporte de cacho.

Fonte: United Brands Company (1979).

Figura 60.Figura 60. Transporte dos cachos emcabos aéreos.

Page 125: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1126126

suspensos em ganchos móveis embutidosem trilhos (Figura 62). Em seguida é feito odespencamento, com a ajuda de aparelhossimples (Figura 63).

As pencas são colocadas no primeirotanque de lavagem para eliminação dosrestos florais e de dedos defeituosos devidoao excesso de curvatura, assim como dosque não atingiram o comprimento exigido.No(s) tanque(s) seguinte(s), as pencas sãosubmetidas a jatos de água no nível dasuperfície, por meio de canos perfurados.Nessa hora as pencas são divididas emsubpencas, com um mínimo de seis dedose máximo de 12. Em ambos os tanques, àágua contida neles adiciona-se 1% de deter-gente doméstico, com o princípio ativoAquil Benzeno Sulfonato de Sódio. O usodo detergente objetiva remover e precipitaro látex (seiva ou leite) que escorre sobre osfrutos após o despencamento. Se este pro-cedimento não for utilizado os frutos pode-rão apresentar-se com manchas escuras nacasca, após o amadurecimento. Além disso,o detergente tem um efeito adicional

profilático, pois elimina total ou parcial-mente esporos de fungos que se manifes-tam durante a maturação, principalmentenas condições de alta umidade das câmarasde climatização. Os frutos com danos me-cânicos ou físicos, devido ao ataque depragas ou ao transporte inadequado, sãoeliminados, o que às vezes comprometetoda a subpenca, que é então descartada.Das subpencas perfeitas, elimina-se o ex-cesso de almofada, para melhoracondicioná-las nas caixas de papelão, semo perigo de causar danos aos frutos dasoutras subpencas ou buquês.

A água dos tanques de lavagem geral-mente contém produtos químicos destina-dos a proteger a fruta do ataque de doençaspós-colheita. Completada a lavagem, assubpencas são colocadas em bandejas plásti-cas com capacidade para 43 libras (18,14 kg),as quais passam por uma câmara de pulve-rização com produtos com essa mesmafinalidade. Nessas bandejas, cada subpencarecebe de 2 a 5 selos, segundo o número dededos, relativos à marca comercial de bana-na a ser exportada.

Embora a maioria dos produtores ecomerciantes brasileiros não considere in-teressante a lavagem das pencas de bananae plátano, essa prática apresenta muitasvantagens. As frutas lavadas têm melhoraparência, uma vez que são eliminados osrestos florais que persistem após o desen-volvimento do cacho, bem como o látex. Alavagem tem ainda outro conveniente – opré-resfriamento da fruta. Sabe-se que de-vido à combustão respiratória (metabolis-mo), a temperatura interna da fruta podeser 5% a 9% mais alta que a temperaturaambiente. Ao mergulhar a fruta em águarenovada, reduz-se essa temperatura, como que se evita o aquecimento excessivo nacâmara de maturação, após o carregamento(Bleinroth, 1984).

ClassificaçãoClassificação

Um aspecto importante do manejopós-colheita é a classificação, que consiste

Figura 63.Figura 63. Faca curta e espátula paradespencamento do cacho.

Figura 62.Figura 62. Disposição dos cachos nogalpão de embalagem.

Page 126: Banana Produção

127127Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

em estabelecer a qualidade do produto combase em normas e padrões pré-definidos. Adefinição e a manutenção do padrão dequalidade dos frutos são condições essenci-ais para assegurar sua efetiva demanda,cotação, comercialização e concorrência.Segundo Bleinroth,1984, é indispensávelque o padrão de qualidade seja seguido àrisca, a fim de satisfazer o comprador, zelarpelo bom nome da empresa e conquistarnovos mercados.

Nas principais regiões produtoras debanana para exportação, a classificaçãodos frutos se baseia sobretudo no seucomprimento e espessura. São duas asnormas em vigor:

Americana, aplicada na América Cen-tral, no Equador e na Colômbia, segundo aqual o comprimento do fruto é determinadopor sua curvatura externa, abrangendo ape-nas a parte correspondente à polpa. A medi-da é expressa em polegada; na maioria dasorganizações produtoras, o limite mínimo éde 8” e 7” para os tipos extra e de primeira,respectivamente. A espessura é determinadana parte média dos frutos da segunda pencapor meio de um calibre que registra a distân-cia entre as duas faces laterais do fruto. Acalibragem é feita tendo como módulo afração 1/32”, com dois tipos de leitura pos-síveis (Tabela 26). São os países exportado-res que determinam os limites desejados,geralmente entre 40 e 48, ou seja, 31,8 mm a38,2 mm, salvo no caso do mercado japonês,cujas exigências em relação aos limites estãocompreendidas entre 37 e 46, ou seja, 29,4mm a 36,5 mm, em virtude da distânciamaior que a fruta terá de percorrer parachegar ao seu destino.

Francesa, aplicada nas Antilhas Fran-cesas (Guadalupe e Martinica) e em algunspaíses africanos, como Côte d’Ivoire, Ca-marões e Madagascar. O comprimento dabanana é determinado na sua face côncava,a partir da base do pecíolo até a extremidadedo fruto. Essa medida resulta em três clas-ses de frutos: a) extra, com 17 cm ou mais

de comprimento; b) primeira, entre 15 cme 17 cm de comprimento; e c) segunda,entre 13 cm e 15 cm de comprimento. Aespessura do fruto é determinada por cali-bres, fazendo-se a leitura diretamente emmilímetros. Os limites vão de 30 mm a 38 mm(Alves, 1982; 1984; Cereda, 1984; SotoBallestero, 1992).

Segundo Jaramillo (1982), em virtudedas características atuais do mercadobananeiro mundial, marcado por um cres-cimento bastante acelerado da oferta, pode-se prever uma ação mais drástica de partedas comercializadoras na aplicação de nor-mas de qualidade, como um dos mecanis-mos já conhecidos para diminuir a super-produção.

No Brasil, o principal critério utilizadona colheita e classificação dos frutos é o seugrau de engrossamento. Para efeitos práti-cos, é possível relacionar o tipo de cachocom o estádio de desenvolvimento do fruto(Tabela 27). Esse critério ou padrão dequalidade é aplicável às bananas do subgrupoCavendish e corresponde ao atual padrãointernacional (Cereda, 1984; Moreira, 1987).

Equador América Central Correspondência

37/32" 5 (índice) 29,4 mm

38 6 30,2 mm

39 7 31,0 mm

40 8 31,8 mm

41 9 32,6 mm

42 10 33,4 mm

43 11 34,2 mm

44 12 35,0 mm

45 13 35,8 mm

46 14 36,6 mm

47 15 37,4 mm

48 16 38,2 mm

TABELA 26.TABELA 26. Calibragem dos frutos da bananeirano Equador e América Central e correspondênciaentre ambas.

Fonte: Fonte: Cereda (1984).

Page 127: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1128128

Com base nas normas e padrões paraclassificação e comercialização de bananano Brasil, em relação a diferentes cultivares(Brasil, 1981), a banana e o plátano paraconsumo in natura são classificados em gru-pos e tipos. O grupo I é representado pelascultivares Cavendish, e o grupo II, pelasdemais variedades de bananas e/ou pláta-nos. Os tipos são definidos para estas duasformas de apresentação do produto: (a)cachos; (b) pencas ou buquês.

Soto Ballestero (1992) resumiu o pa-drão de qualidade da banana nos mercadosda América do Norte e de Hamburgo,conforme a Tabela 28.

Outro aspecto importante das normase padrões de qualidade diz respeito aosníveis residuais dos produtos utilizados nocontrole de pragas e doenças que atacam abananeira, remanescentes na polpa dos fru-tos. No caso das bananas para exportação,há um controle rigoroso desses níveis, cujadefinição é feita pelos próprios países im-portadores.

Embalagem em caixas de papelãoEmbalagem em caixas de papelão

Após a lavagem, classificação, pesageme etiquetagem, os buquês são colocados emcaixas de papelão com capacidade para 45libras (18,14 kg), revestidas internamentecom plástico (Figuras 64 e 65) a fim deproteger as frutas (Alves, 1982; 1984; Stover& Simmonds, 1987; Soto Ballestero, 1992).

As principais regiões produtoras debanana para exportação embalam as frutas

em caixas de papelão, medindo 52 cm decomprimento, 39 cm de largura e 24,5 cmde altura. Algumas companhias exportado-ras utilizam um tipo de caixa de papelão queé específico de sua marca comercial e cujotamanho varia apenas em alguns milíme-tros numa das dimensões, dependendo dosistema de manuseio e transporte das caixase do seu empilhamento nos porões dosnavios, ou nas próprias câmaras dematuração (Alves, 1982; 1988; Bleinroth,1984).

Embalagem em caixas de madeiraEmbalagem em caixas de madeira

A prática de embalar bananas e pláta-nos em caixas de madeira tem sido adotadanas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste,onde a bananicultura é mais evoluída. Nasregiões Norte e Nordeste não se usa ne-nhum tipo de embalagem convencional.

Segundo Bleinroth, 1984, as caixaspara embalar banana devem ser de madeiraleve e com seção retangular, usando-se emgeral o pinho na sua confecção. Esse tipo decaixa oferece uma série de vantagens, des-tacando-se as seguintes:

1.Resistência e facilidade de manuseio

2.Possibilidade de múltiplas utilizações

3.Proteção razoável do produto

4.Custo relativamente baixo em rela-ção ao seu uso.

As caixas de madeira devem conterfrestas ou furos nas laterais e no fundo, parapermitir a perfeita circulação de ar no seuinterior, quando cheias. Recomenda-se quetenham as dimensões de 60 cm x 33 cm x25 cm (Figuras 66), com suas laterais efundo formadas por tábuas de 12 cm delargura. Como suporte, usam-se quatrocantoneiras de 4,5 cm x 4,5 cm x 6,3 cm,cuja forma triangular impede que as frutassejam esmagadas nos cantos. A capacidadedessas caixas é de 17 kg de frutas.

Tipo de cachoEstádio de

desenvolvimentoDiâmetro dofruto (mm)

I 3/4 magro 32

II 3/4 normal 34

III 3/4 gordo 36

IV gordo 38

Tabela 27. Relação do tipo de cacho com o estádiode desenvolvimento do fruto.

Fonte: Fonte: Cereda (1984).

Page 128: Banana Produção

129129Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

Tipo Defeito Qualidade superior Qualidade inferior

A Calibração mínima 37 a 40 37 a 38

A Calibração máxima Segundo ordem Segundo ordem

A Comprimento do dedo 20,3 cm 16,5 a 17,8 cm

B Pyricularia grisae Não Não5

B Lesões negras (fungos) Não Não6

B Dedos mutilados Não Não4

B Ponta de cigarro Não Não4

B Pedicelo danificado Não Não4

B Mancha negra do sol Não Não4

B Mancha amarela do sol Não Leve4

B Outros fungos Não Não4

C Mancha de maturação Leve Moderada ²

C Mancha vermelha Leve Moderada ²

C Fumagina Leve Moderada ²

C Dano por insetos Leve Moderado ²

C Queima química Não Não3

C Resíduos químicos Leve Moderado ²

C Corte de facas Não Não6

C Látex Leve Moderado ²

C Poeira Leve Moderada ²

C Dedos falsos Não Não7

C Dedos deformados Não Sim7

C Dedos gêmeos Não Sim7

C Dedos com graxa Não Não4

C Dedos com pistilo Não Não8

C Resíduos orgânicos Leve Moderado4

C Dedos maduros Não Não6

D Maltrato de campo Leve Moderado ¹

D Dano na ponta do dedo Leve Moderado ¹

D Cicatriz de lesão velha Leve Moderada ¹

D Lesão devida a larvas de lepidópteros Leve Moderada ¹

D Dano devido à folha Leve Moderado ¹

D Dano devido ao escoramento Leve Moderado ¹

D Casca rajada Não Não6

Tabela 28. Tolerância a qualidades superiores e inferiores nos mercados da América do Norte eHamburgo.

Fonte: : Soto Ballestero (1985).1-Dedos com maltrato severo que serão saneados.2-Se o dano for severo, este será saneado na seleção.3-Quando tem a casca afetada até a metade do dedo com intensidade moderada.4-Se o dano ou defeito nos dedos for severo, este será saneado na seleção, aproveitando-se o restante do cacho.5-No caso da presença destes defeitos, descartar-se-á a penca afetada, porém se processa o resto do cacho.6-Ocorrendo lesão no dedo e não no cacho, este será saneado na seleção e se aproveitará o resto da penca.7-Quando se apresenta em uma penca e pode ser aplicado, as subpencas são aproveitadas como fruta de

qualidade superior; caso contrário serão classificadas como de qualidade inferior.8-Eliminar-se-á o defeito, e o dedo pode ser aproveitado em qualquer uma das qualidades.

Page 129: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1130130

FiguraFigura. 64. Seqüência da embalagem de banana em caixas de papelão, para o mercado externo.Fonte: Soto Ballestero.

Figura. 65Figura. 65. Buquês de banana embala-dos em caixas de papelão, para o merca-do externo.

Figura 66Figura 66. Caixa torito para embalagem de banana e plátanopara o Mercosul e mercado local.: Alves (1988).

Page 130: Banana Produção

131131Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

COMERCIALIZAÇÃOClóvis Oliveira de Almeida

José da Silva Souza

• Baixa qualidade da fruta.

• Acesso restrito às informações demercado por parte dos pequenos produtores.

A falta de cuidados durante acomercialização é responsável por cerca de40% de perda da produção. As perdas sãomaiores nas regiões Norte e Nordeste, ondea atividade é menos tecnificada e organiza-da. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oes-te, as perdas são menores.

Estudo desenvolvido por Souza etal.,1995, confirma que, em Santa Catarina,perde-se, em média, cerca de 34% do que éproduzido: na lavoura (mais de 5%); noprocesso de embalagem (mais de 2%); noatacado (de 6% a 10%); no varejo (de 10%a 15%); e, no consumidor (de 5% a 8%).Nos meses quentes, as perdas são maiores,podendo ainda variar conforme as estaçõesdo ano, as distâncias entre o local de produ-ção e o consumidor final, o tipo de emba-lagem e o tipo de transporte (Souza et al.,1995).

Dentro do processo de comer-cialização, a etapa do transporte é uma dasmais importantes. A produção brasileira debanana e plátano, quando destinada aomercado interno, é geralmente transporta-da de forma inadequada, contribuindo paraperdas substanciais na fase de comer-cialização e para o rebaixamento no padrãode qualidade da fruta. O transporte rodovi-ário é o mais utilizado. Nos grandes centrosconsumidores, o escoamento da produçãoé facilitado pela existência de estradas pavi-mentadas, o que não ocorre na maioria dosmunicípios produtores, onde o transporteda fruta da propriedade até os locais dedistribuição é prejudicado pelas péssimascondições das estradas vicinais, principal-mente em épocas chuvosas.

17MERCADOMERCADO

Nesta seção são abordados os aspec-tos econômicos da comercialização e doconsumo de banana nos mercados domés-tico e externo. A comercialização é umprocesso tão importante quanto a produ-ção, essencial na determinação da margemde lucratividade do produtor. A diferençaentre auferir lucro ou prejuízo muitas vezesreside na forma de comercializar o produto.

MERCADO DOMÉSTICOMERCADO DOMÉSTICO

O tamanho do mercado doméstico e onível atrativo de preços para a banana nestemercado constituem dois fatores quecredenciam o país como uma grande alter-nativa para o escoamento da produção.Com um consumo per capita estimado em20kg/hab./ano, a banana destaca-se comoa fruta mais consumida no Brasil.

O peso das despesas com banana emrelação às despesas com alimentação, re-presenta muito pouco, mesmo nas classesde menor renda e nas regiões mais carentesdo país. A parcela da renda auferida pelasfamílias brasileiras, que é gasta na comprade banana corresponde a aproximadamen-te 0,87% do total das despesas com alimen-tação(1999).

A bananicultura nacional, embora ex-pressiva em volume, ainda precisa superaruma fase de baixa eficiência na produção ecomercialização. Na fase de comercializaçãoos principais problemas são:

• Elevadas perdas na etapa de pós-colheita.

• Condições desfavoráveis de trans-porte.

• Grande número de intermediários.

Page 131: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1132132

Nas regiões Norte e Nordeste, o inter-mediário que transporta o maior volume daprodução com destino aos grandes centrosconsumidores, em geral, não o faz de formaadequada: cachos ou pencas são amontoa-dos diretamente nas carrocerias de cami-nhões, sem nenhuma proteção. Exceção éfeita à produção que tem como destino asredes de supermercado ou as casasespecializadas em frutas.

Nos estados de São Paulo, Rio deJaneiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás,Santa Catarina e Rio Grande do Sul, parteconsiderável da produção ainda é transpor-tada em caixas de madeira que, não permi-tem o carregamente mecanizado, e não sãoapropriadas ao seu volume. Uma caixa temcapacidade de transportar cerca de 18 kg debanana - não raro os produtores costumamtransportar 20 kg, com o objetivo de ganharcom o frete.

O fato de a produção brasileira debanana e plátano ser destinada, principal-mente, ao mercado interno, contribuiupara a formação de uma estrutura decomercialização ineficiente, uma vez que aconcorrência no mercado doméstico e ograu de exigência em qualidade dos consu-midores locais estão bem aquém dos pa-drões internacionais.

A criação das Ceasas (Centrais de Abas-tecimento) pelo governo federal, a partir dadécada de 70, objetivando melhorar a estrutu-ra de comercialização de produtoshortifrutigranjeiros no país (Sudene, 1979) ediminuir o número de intermediários nesseprocesso, não foi capaz de eliminar a fortepresença dos intermediários no comércio debanana. Isto se deve ao fato de que as centraisde abastecimento vêm desempenhando aolongo dos anos, nas principais capitais dosestados, apenas uma função centralizadora dedistribuição da produção, com pouca ênfasena viabilização da participação do produtorno processo de comercialização. Em algunscasos, o sistema Ceasa tem favorecido a açãodos intermediários.

O mercado do produtor, localizado naprópria região produtora, foi outra alterna-tiva criada pelos governos estaduais paraaumentar a margem recebida pelos produ-tores no processo de comercialização deprodutos hortifrutigranjeiros. Neste siste-ma, os agricultores entregam diretamenteseus produtos ao mercado do produtorque, por sua vez, tenta obter a melhorcotação de preço, em âmbito estadual, regi-onal ou mesmo nacional (Sudene, 1979).Apesar dessa iniciativa, não se conseguiueliminar a presença do intermediário. Ou-tros agentes importantes no processo decomercialização são as cooperativas e asso-ciações de produtores, especialmente aslocalizadas no Centro-Sul do País.

As centrais de abastecimento (Ceasas)ainda ocupam uma posição de destaque nosegmento atacadista de banana no Brasil. Acultivar mais comercializada nas Ceasas dasregiões Norte e Nordeste é a Prata. Nasregiões Sul e Sudeste, a Nanica e a Prata sãoas mais aceitas. Em algumas cidades doSudeste e do Sul, tais como: Belo Horizon-te, Vitória, Rio de Janeiro e Florianópolis, acultivar Prata também responde pelo maiorvolume comercializado. A cultivar Terra(plátano para consumo frito ou cozido),apenas tem participação expressiva nacomercialização das Ceasas das cidades deRecife, Salvador e Vitória.

Amaro, 1984, classifica em três tiposos negócios com banana no Brasil: i) tran-sações com banana verde, em cachos agranel ou em pencas em caixas; ii) transaçãocom banana madura no atacado, em caixasou em cachos; e, iii) transação com bananamadura no varejo, em dúzias ou por peso.

O mesmo autor informa ainda que,entre as diversas categorias de comercian-tes que operam no mercado atacadista do-méstico de banana e plátano, destacam-se:caminhoneiros, barqueiros, atacadistas (in-cluindo as cooperativas ) e feirantes comestufas para maturação. Os caminhoneirose barqueiros em geral se relacionam dire-tamente com os produtores na operação de

Page 132: Banana Produção

133133Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

compra, para depois revender o produto,pois raras vezes possuem instalações paramaturação. Os atacadistas localizam-seem mercados terminais ou em armazénspróprios.

Após adquirirem a banana verde (emcachos ou caixas) dos leilões realizados nosentrepostos terminais das centrais de abas-tecimento (Ceasas), ou diretamente daszonas produtoras (mediante contrato pré-vio com os fornecedores), os atacadistasfazem a climatização da fruta e acomercializam, depois, na forma madura(Amaro, 1984). Ainda de acordo com omesmo autor, neste processo, o investi-mento em câmaras de climatização tem-serevelado um bom negócio, pois o produtoclimatizado alcança melhores preços nocomércio varejista. Em vista disso, produ-tores e cooperativas têm construído câma-ras de maturação e, em pequena escala,fornecem aos atacadistas a banana jáclimatizada.

Também os feirantes, num processode integração vertical, constroem estufasonde procedem à maturação da fruta. Estu-dos realizados em São Paulo confirmamque mais de 90% dos feirantes que negoci-avam com banana possuíam estufas, e aque-les que trabalhavam com maiores quantida-des vendiam também para quitandas, mer-cearias e pequenos supermercados localiza-dos próximos às estufas. Amaro,1984, men-ciona ainda as indústrias, informando queelas procedem de duas formas: ora se rela-cionam diretamente com os produtores,ora com os agentes fornecedores.

Quanto ao comércio varejista, o maiorpercentual é realizado por feirantes, emquase todas as capitais dos estados e mesmoem muitas das maiores cidades do interior.Outros tipos de estabelecimentos que inte-gram a cadeia de comercialização de bananano Brasil, com diferentes graus de partici-pação em cada região, são: supermercados,ambulantes, mercearias, quitandas e arma-zéns/empórios (Amaro, 1984).

Nas regiões Norte e Nordeste, demodo geral, o acesso ao conjunto dos agen-tes de comercialização denominados desacolões, supermercados, redes de super-mercados e grandes varejistas é restrito aosgrandes produtores tecnificados(Mascarenhas, 1997). Ainda de acordo como mesmo autor, somente os produtorestecnificados têm acesso aos sacolões, quesão agentes de comercializaçãoespecializados na venda de hortifru-tigranjeiros. A venda do produto em feiraslivres e a pequenos varejistas do tipo qui-tandas é praticada principalmente por pe-quenos e médios produtores nãotecnificados.

MERCADO EXTERNOMERCADO EXTERNO

O Brasil é o terceiro produtor mundi-al de banana, sendo superado pela Índia eEquador. Embora se destaque como umgrande produtor mundial da fruta, suaparticipação no mercado internacional ain-da é marginal. Nos últimos anos, o paístem exportado menos de 1% do que con-segue produzir. As exportações brasileirasde banana, realizadas basicamente por SãoPaulo e Santa Catarina, são destinadaspara dois países: Argentina e Uruguai.Apesar de se destacarem como os estadosbrasileiros que mais conseguem exportarbanana, a maior parte da produção obtidaem São Paulo e Santa Catarina é destinadaao mercado doméstico.

O maior concorrente do Brasil nomercado de banana na América do Sul é oEquador que, ao contrário do exportadoresbrasileiros, vem aumentando suas exporta-ções para os países do Cone-Sul, enquantoas exportações brasileiras vêm diminuindo.Uma explicação para este fato é que o Equa-dor consegue comercializar uma banana demelhor qualidade e a menor custo que oBrasil. O Pacto Andino, que estabelece taxa-ção zero na comercialização entre os paísesparticipantes (Argentina, Uruguai e Equa-dor) é outro componente de competitivi-dade equatoriana que não deve ser ignorado.

Page 133: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1134134

Estudos desenvolvidos por Souza etal.,1995, sugerem que as vantagens ofereci-das pelo Equador, tais como preços está-veis e competitivos, oferta regular, boaapresentação do produto, transporte marí-timo em temperatura constante é que tor-naram seu produto mais competitivo que obrasileiro. Os mesmos autores apontamtambém que as condições climáticas doEquador e de outros concorrentes do Brasilcomo Venezuela, Colômbia e os países daAmérica Central favorecem a obtenção deprodução contínua, o que é um parâmetroimportante para ter acesso ao mercado inter-nacional. Produção contínua pode assegu-rar regularidade de oferta. Os referidospaíses estão localizados próximos à linha doEquador, onde predomina um clima quente,que é altamente favorável à produção debanana de alto padrão de qualidade.

Outras regiões do Brasil poderiam serincorporadas como zonas de exportação debanana. Uma das opções seria explorar ogrande potencial da região Nordeste queoferece excelentes condições climáticas ede recursos hídricos. A possibilidade dedesenvolver uma bananicultura combaixa incidência de doença, alta produ-tividade, oferta regular e as menoresdistâncias portuárias entre a região e osprincipais mercados importadores de bana-na, credenciam-na a constituir uma subzonade comércio com os Estados Unidos e aUnião Européia. A exemplo da manga e dauva, frutas que o Nordeste consegue expor-tar com qualidade e competitividade, a ba-nana, fruta mais consumida no mundo,também poderia constituir uma excelentepossibilidade de expansão das exportaçõesagrícolas nordestinas. Entretanto, para queisto aconteça é necessário superar uma fasede baixa eficiência na produção da fruta,cultivar as variedades mais demandadas etornar a qualidade da banana compatívelcom as exigências dos mercados.

Enquanto a banana tipo Cavendish é amais aceita e transacionada no mercadointernacional, a região Nordeste orientou-

se para o cultivo e consumo de banana tipoPrata. A Região necessita reorientar suaprodução para ter uma inserção ativa ecompetitiva, nos curto e médio prazos, nomercado internacional de banana. Essa foiuma das estratégias utilizadas nos plantiosempresarias do Vale do Açu, localizados noRio Grande do Norte (Gazeta Mercantil,1998), para alcançar o mercado externo. Noprazo de apenas um ano, esse estado passoua exportar banana para a Argentina e temcomo meta o cobiçado mercado europeu.

Ainda que os países produtores debanana tipo Prata venham a conquistarespaço no mercado internacional, dificil-mente eles conseguiriam concorrer com ospaíses que têm sua produção orientada para abanana tipo Cavendish, a exemplo da GrandNaine. Em condições irrigadas, a produtivi-dade média da banana tipo Cavendish alcança70 toneladas por hectare, enquanto a bananatipo Prata, dificilmente, ultrapassa a média de30 toneladas por hectare.

Num horizonte temporal mais longo,a suscetibilidade da banana tipo Cavendishao mal-de-sigatoka pode impor fortes mu-danças no mercado internacional de bana-na, como, aliás, já ocorreu em épocas pas-sadas, em que o mal-do-panamá foi a doen-ça indutora da mudança de variedade. Ade-mais, a forte tendência por frutas livres deprodutos químicos é outro fator que podedeslocar a demanda de banana do tipoCavendish para o tipo Prata. É conhecidoque, os maiores exportadores de bananafazem uso intensivo de defensivos quími-cos. Sinaliza neste sentido, a crescente de-manda por produtos orgânicos: aquelesobtidos sem o uso de qualquer produtoquímico, seja a adubação ou os defensivos.

Estimativas da FAO indicam que, em1997, o mercado mundial de produtos or-gânicos varejistas superou os US$ 10 bi-lhões. Nos últimos 15 anos, a venda deprodutos orgânicos tem crescido a umataxa superior a 20% ao ano. O mercado debanana orgânica ainda é pouco representa-tivo, tendo movimentado com as importa-

Page 134: Banana Produção

135135Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

ções um volume de apenas 27.000 t em1998, contra um volume acima de 11 mi-lhões de toneladas no mercado tradicional.

A banana tipo Cavendish também é amais comercializada na União Européia, queconstitui o maior mercado mundial da fruta,movimentando cerca de US$ 5 bilhões porano no mercado varejista. Além de ser ummercado guiado pela variedade, o regime deimportação de banana da União Européiaprejudica os países exportadores da AméricaLatina e beneficia as ex-colônias britânicas efrancesas localizadas na África, Caribe e Pací-fico, introduzindo fortes distorções comerci-ais no mercado internacional de banana.

No regime de importação de bananada União Européia em vigor até 1998, ospaíses da América Latina tiveram suas cotasde exportação reduzidas. Como efeito des-ta política, parte da oferta equatoriana ecostarriquenha de banana, que antes eradirigida aos mercados europeus, passou aser destinada para a Argentina e o Uruguai(Souza et al., 1995). As cotas de exportaçãosão estabelecidas com base no desempenhoexportador do país, sendo reservadas ape-nas para os países que têm tradição nomercado. O Brasil não é contemplado por-que não é um exportador tradicional debanana. Em 1998, o Brasil reivindicou umacota de 200 mil toneladas.

Após forte pressão dos Estados Uni-dos e dos principais países exportadores debanana da América Latina, a União Euro-péia revisou o regime de importação debanana em outubro de 1998. No novoregime, que passou a vigorar a partir dejaneiro de 1999, os países latino-america-nos tiveram suas cotas aumentadas e oBrasil, finalmente, foi contemplado com9,43% da cota de exportação cedida aospaíses da América Latina.

Alia-se às eventuais restrições im-postas pelo tipo de banana maiscomercializada internacionalmente, o fatode as transações no mercado mundial dafruta serem dominadas por grandes tradingscompany, destacando-se entre elas as norte-americanas Chiquita e Dole, a equatorianaNoboa, e a Del Monte, que representamfortes concorrentes, já estabelecidas nosprincipais mercados importadores e ex-portadores de banana.

O Brasil poderia traçar uma estratégiade produção e comercialização com o pro-pósito de minimizar os custos de transpor-te. A banana produzida no Sul e no Sudesteteria, preferencialmente, como destino osmercados de países vizinhos: Argentina,Uruguai e Paraguai. A banana produzidanas regiões Norte e Nordeste seguiria paraos países do Hemisfério Norte.

Page 135: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1136136

CUSTOS ERENTABILIDADE

Clóvis Oliveira de AlmeidaJosé da Silva Souza

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

O conhecimento dos custos de produ-ção e rentabilidade da cultura é importantepara auxiliar o agricultor na tomada dedecisão do que plantar.

A produção econômica da cultura de-pende de uma série de fatores que afetam oseu desempenho e o seu retorno financeiro.A variedade plantada, o espaçamento, oclima, o solo, os tratos culturais, o grau deincidência de pragas e doenças, o rendi-mento, o preço do produto e os preços dosfatores de produção merecem especial aten-ção no planejamento da produção.

Nesta seção apresenta-se a estimativade custos de produção e rentabilidade deum hectare de banana Grand Naine irrigada.A estimativa de consumo de água de irriga-ção considera uma precipitação mínimaanual de 400 mm, que é a condição preva-lecente na região do vale do São Francisco.No cálculo dos gastos com a irrigação fo-ram considerados os custos de aquisição doequipamento, da energia elétrica e da águae da mão-de-obra. A vida útil do equipa-mento foi considerada de 10 anos, o valorde resgate de 10% e a taxa de juros de 16%ao ano.

CUSTCUSTOS DE INSTOS DE INSTALAÇÃO EALAÇÃO EMANUTENÇÃOMANUTENÇÃO

Na Tabela 29 são apresentados oscustos de instalação, no 1º ano, e de manu-tenção no 2º e 3º anos, de um hectare debanana Grand Naine irrigada, noespaçamento de 2,00m x 2,50m, com 2.000plantas por hectares.

No primeiro ano, os gastos na comprados insumos são os que mais pesam sobreos custos, representando 66,28% do custo

18efetivo, sendo seguidos dos gastos comirrigação, tratos culturais e fitossanitários,preparo do solo e plantio, com participa-ções de 16,06%, 10,57% e 6,10%, respecti-vamente. Em decorrência do ciclo da bana-neira, no primeiro ano não há produção,não existindo, portanto, custos com colhei-ta. A composição dos custos das atividadesrelacionadas também pode ser observadana Tabela 30.

No segundo ano, a participaçãopercentual nos custos de produção é assimdistribuída: insumos (45,11%); irrigação(28,97%); tratos culturais e fitossanitários(15,15%); e, colheita (10,78%). No terceiroano, embora os valores percentuais se mo-difiquem, a importância relativa das ativida-des na composição do custo se mantém.

Em função da implantação da cultura,o maior custo anual total ocorre no primei-ro ano, quando é necessário investir US$4.608,35. Do segundo ano em diante oscustos são menores, situando-se entre US$2.555,55 (no segundo ano) e US$ 2.434,25(do terceiro ao sexto ano, quando ocorre aestabilização da produção).

RENTRENTABILIDABILIDADE ESPERADADE ESPERADAA

Conforme mencionado anteriormen-te, o rendimento da cultura da banana podevariar com o clima, solo, cultivar, densidadede plantio, adubação, irrigação e tratos cul-turais e fitossanitários. No sistema em consi-deração, utilizando o espaçamento de 2,00 mx 2,50 m, com 2.000 plantas por hectares, aprodução tem início no segundo ano, comcinqüenta toneladas/ha. A partir do tercei-ro ano, o rendimento se estabiliza em ses-senta toneladas/ha. Esse rendimento é umvalor médio estimado, que leva em conside-ração as prováveis variações na produção.

Page 136: Banana Produção

137137Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

A análise de rentabilidade apresentada érealizada tomando uma vida útil produtivade seis anos para a cultura da banana, tempoem que os principais países exportadores debanana renovam seu bananal.

O preço médio estimado é de US$85,00 por tonelada da fruta. Esse preçoreflete uma média anual, mas em função dasazonalidade da oferta, ele pode oscilarpara valores acima (na entressafra) ou paravalores abaixo (no período de safra).

Na análise de fluxo descontado, para operíodo de seis anos, a relação benefício/custo (B/C) evidencia a viabilidade finan-ceira do investimento. A taxa de descontoconsiderada é de 6% ao ano. Os custosefetivos utilizados na análise são assimdistribuídos: no primeiro ano (US$

4.114,60), no segundo ano (US$ 2.281,74)e no terceiro ao sexto ano (US$ 2.173,44).A relação B/C estimada em 1,55 indicaque, em todo o período, para cada dólarinvestido retorna US$ 1,55 bruto, ou US$0,55 líquido (Tabela 29).

Finalmente, sendo a produção desti-nada ao mercado externo, é importantecomparar os custos de produção com ospreços do produto nos potenciais merca-dos compradores (doméstico, europeu,americano, argentino, uruguaio etc.). Feitaa devida decomposição FOB, pode-se es-colher o mercado-alvo em função da capaci-dade de competir. O preço nominal FOB dasexportações brasileiras de banana, no períodode 1990/97, ficou ao redor de US$ 200/t.

Page 137: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1138138

Tabela 29. Custo de instalação e manutenção de um hectare de banana Grand Naine irrigada,no espaçamento 2,00 m x 2,50 m, com 2.000 plantas por hectare.

Especificação Unidade Preço porunidade

Ano 1 Ano 2 Ano 3

Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor

1. Insumos- Mudas (+ 10%) uma 0,53 2.200 1.166,00 0 0,00 0 0,00- Esterco de curral m³ 15,96 25 399,00 0 0,00 0 0,00- Calcário* t 33,51 2 67,02 0 0,00 0 0,00- Uréia kg 0,16 400 64,00 300 48,00 240 38,40- Sulfato de amônia kg 0,17 610 103,70 450 76,50 360 61,20- Superfosfato simples* kg 0,18 500 90,00 250 45,00 250 45,00- Cloreto de potássio* kg 0,24 900 216,00 750 180,00 500 120,00- FTE BR 12 kg 0,48 100 48,00 100 48,00 100 48,00- Sulfato de magnésio kg 0,21 260 54,60 260 54,60 260 54,60- Análise de nematóide uma 7,98 1 7,98 1 7,98 1 7,98- Furadan 50G** kg 5,32 5 26,60 15 79,80 15 79,80- Óleo mineral l 1,49 200 298,00 200 298,00 200 298,00- Tilt (25%) l 37,23 5 186,15 5 186,15 5 186,15- Detergente concentrado neutro l 0,53 0 0,00 10 5,30 10 5,30

Subtotal 2.727,05 1.029,33 944,43Participação percentual 66,28 45,11 43,452. Preparo do Solo e Plantio

- Roçagem inicial h/tr 9,57 1,5 14,36 0 0,00 0 0,00- Subsolagem h/tr 10,64 3,5 37,24 0 0,00 0 0,00- Aração h/tr 9,57 3 28,71 0 0,00 0 0,00- Calagem h/tr 9,57 2,5 23,93 0 0,00 0 0,00- Gradagem (02) h/tr 9,57 2,5 23,93 0 0,00 0 0,00- Sulcamento h/tr 9,57 2,5 23,93 0 0,00 0 0,00- Adubação de fundação D/H 3,19 6 19,14 0 0,00 0 0,00- Seleção e tratamento de mudas D/H 3,19 5 15,95 0 0,00 0 0,00- Plantio D/H 3,19 20 63,80 0 0,00 0 0,00

Subtotal 250,97 0,00 0,00Participação percentual 6,10 0,00 0,003. Tratos culturais e fitossanitários

- Capinas D/H 3,19 90 287,10 60 191,40 40 127,60- Análise foliar uma 10,64 1 10,64 1 10,64 1 10,64- Adubação D/H 3,19 8 25,52 8 25,52 8 25,52- Desbaste D/H 3,19 10 31,90 12 38,28 15 47,85- Desfolha D/H 3,19 5 15,95 5 15,95 5 15,95- Retirada do coração D/H 3,19 10 31,90 10 31,90 10 31,90- Tratamento fitossanitário D/H 3,19 10 31,90 10 31,90 10 31,90

Subtotal 434,91 345,59 291,36Participação percentual 10,57 15,15 13,414. Irrigação

- Irrigação*** ano 660,93 1 660,93 1 660,93 1 660,93Subtotal 660,93 660,93 660,93Participação percentual 16,06 28,97 30,415. Colheita

- Colheita D/H 3,19 0 0,00 70 223,30 80 255,20- Transportes diversos**** - - - 40,74 - 22,59 - 21,52

Subtotal 40,74 245,89 276,72Participação percentual 0,99 10,78 12,73

Custo Operacional Efetivo 4.114,60 2.281,74 2.173,44Percentual Total 100,00 100,00 100,00Encargos Financeiros 493,75 273,81 260,81Custo Operacional Total 4.608,35 2.555,55 2.434,25

Margem Bruta Após Estabilização da Produção (3º ano) = US$ 2,926.56Relação B/C = 1,55

* Refere-se à recomendação máxima, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do solo.** O Furadan só deverá ser aplicado com a ocorrência da broca.*** Considerando o custo de aquisição do equipamento (com vida útil de 10 anos) e os custos variáveis com energia elétrica, água e mão-de-obra.**** Transportes diversos correspondem a 1% dos custos anteriores.

Page 138: Banana Produção

139139Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

ALCÂNTARA, E.N. O controle das plantas daninhasna cultura da bananeira. Informe Agropecuário,Belo Horizonte, v. 6, n.63, p. 24-30, 1980.

ALVES, E. J. Relatório de viagem internacional aoEquador, Colômbia, Panamá, Costa Rica eHonduras. Cruz das almas, BA: Embrapa-CNPMF,1982. 42p.

ALVES, E.J.; MACEDO, M.M.C. “Lurdinha”, desbasteeficiente da bananeira. In: SEMINÁRIO DETECNOLOGIA AGROPECUÁRIO INOVA-DORA PARA O NORDESTE, 1., 1986, Fortaleza,CE. Anais... Fortaleza: BNB/ETENE, 1986. p. 460-462.

ALVES, E. J.; SHEPHERD, K.; FERREIRA, F. R.Caracterização e avaliação de germoplasma de banana(Musa spp). In: CONGRESSO BRASILEIRO DEFRUTICULTURA, 7., 1984, Florianópolis, SC.Anais... Florianópolis: SBF/EMPASC, 1984. v.1.p.213-219.

ALVES, E.J.; ZEM, A.C.; MESQUITA, A.L.M.;CORDEIRO, Z.J.M.; OLIVEIRA, S.L. de; CINTRA,F.L.D.; BORGES, A.L.; MOTTA, J. da S. Instruçõespráticas para o cultivo da banana. 3.ed. Cruz dasAlmas, BA: Embrapa-CNPMF, 1986. 44p. (Embrapa-CNPMF. Circular Técnica, 6).

ALVES, E.J. A cultura da banana no Brasil eproposições para o seu melhoramento. Cruz dasAlmas, BA: Embrapa-CNPMF. 1991. 40p. (Embrapa-CNPMF. Documentos, 32).

ALVES, E.J.; OLIVEIRA, M.A. de. Escolha da área. In:ALVES, E.J. et al. Banana para exportação: aspectostécnicos da produção. 2.ed, revista e atualizada.Brasília:Embrapa-SPI, 1997. p.19-23, (Embrapa-SPI.Série Publicações Técnicas FRUPEX, DF, 18).

ALMEIDA, C. O. de.; SOUZA, J. da S.; LEAL, M. de S.Banana: sonhando com o mercado. Agroanalysis,v.19, n. 7, julho de 1999.

AMARO, A. A. Aspectos econômicos e comerciais dabananicultura. In: SIMPÓSIO BRASILEIROSOBRE BANANICULTURA, 1., 1984, Jaboticabal,SP. Anais... Jaboticabal: FCAVJ, 1984. p. 19-45.

ANGARITA, A.; PEREA, M. Micropropagación deplátanos y bananos. In: ROCA, W.M.; MROGINSKI,L.A., ed. Cultivo de tejidos en la agricultura;fundamentos y aplicaciones. Cali, Colombia: CIAT,1991. p. 495-512.

BELALCÁZAR CARVAJAL. S.L.; TORO M., J.C.;JARAMILLO C., R. El cultivo del plátano (MusaAAB Simmonds) en el trópico. Cali, Colômbia:ICA/IDRC/Comité Departamental de Cafeteros delQuindío/INIBAP, 1991. 376p.

BHAKTHAVATSALU, C.M.; SATHIAMOOTHY, S.Banana a clonal situation in India; a resume. Fruits,Paris, v.34, n.2, p.99-105, 1979.

19BORGES, A.L.; OLIVEIRA, A.M.G. Nutrição e adubação

da bananeira. In: ALVES, E.J. et al. Banana paraexportação: aspectos técnicos da produção. 2a ed., rev.e atual. Brasília, DF: EMBRAPA-SPI, 1997. p.25-35,(Série Publicações Técnicas FRUPEX, 18).

BORGES, A.L.; OLIVEIRA, A.M.G.; SOUZA, L. da S.Solos, nutrição e adubação da bananeira. Cruzdas Almas, BA: Embrapa-CNPMF, 1995. 44p.(Embrapa-CNPMF. Circular Técnica, 22).

BORGES, A.L. Influência da cobertura morta nascaracterísticas químicas do solo e produção dabananeira. Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF,1991. 6p. (Embrapa-CNPMF. Comunicado Técnico, 19).

BORGES, A.L.; SOUZA, L. da S. Cobertura vegetaldo solo para bananeiras. Cruz das Almas, BA:Embrapa-CNPMF, 1998. 4p. (Embrapa-CNPMF.Comunicado Técnico, 52).

BORGES, A. L.; ALVES, E. J. ; SILVA, S. de O. e;SOUZA, L. da S.; MATOS, A. P. de.; FANCELLI,M.; OLIVEIRA, A. M. G.; CORDEIRO, Z. J. M.;SILVEIRA, J. R. S.; COSTA, D. da C.; MEDINA,V. M.; OLIVEIRA, S. L. de.; SOUZA, J. da S.;OLIVEIRA, R. P. de.; CARDOSO, C. E. L.;MATSUURA, F. C. A. U.; ALMEIDA, C. O. de. Ocultivo da banana. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 1997. 109 p. (Embrapa-CNPMF. CircularTécnica, 27).

BRAGA, H.J. Exigências climáticas e zoneamentoagroclimático da bananeira. Florianópolis, SC:EMPASC/Secretaria da Agricultura e Abastecimentode Santa Catarina, 1984. 18p. (Treinamento Regionalsobre Bananicultura).

BRASIL, Ministério da Agricultura e do Abastecimento.Padrões de identidade e qualidade para polpasde frutas. Portaria nº 246, de 27 de maio de 1999.

BRUNINI, O. Exigências climáticas e aptidãoagroclimática da bananicultura. In: SIMPÓSIOBRASILEIRO SOBRE BANANICULTURA, 1,1984, Jaboticabal, SP. Anais... Jaboticabal, SP:FCAVI,1984. p.99-117.

BUREAU, E.; MARÍN, D.; GUSMÁN, J. A. El sistemade preaviso para el combate de la sigatoka negra enbanano y plátano. Panamá: UPEB, 1992. 41p.

CALDAS, L.S.; HARIDASAN, P.; FERREIRA, M.E.Meios nutritivos. In: TORRES, A.C.; CALDAS, L.S.,ed. Técnicas e aplicações da cultura de tecidosde plantas. Brasília, DF: ABCTP/Embrapa-CNPH,1990. p. 37-70.

CALDERÓN, R.R.; VELIZ, E.C. Instructivo sobre elcombate de la sigatoka negra del banano. San José,Costa Rica: ASBANA, 1987, 14 p. (ASBANA.Boletin, n. 3).

CARDEÑOSA-BARRIGA, R. El género Musa enColombia. Cali, Colômbia: ed. Pacífico, 1965. 388p.

CARLIER, J.; MOURICHON, X.; GONZALES DELEON, D.; ZAPATER, M. F.; LEBRUN, M. H. DNA.Restriction fragment length polimorphisms inMycosphaerella species that cause banana leaf spotdiseases. Phytopathology, v.84, p.751-756, 1994.

Page 139: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1140140

CARLIER, J.; GONZALES DE LEON, D.;MOURICHON, X.; ZAPATER, M. F. Geneticdiversity of Mycosphaerella fijiensis, causal agent of blackleaf streak in banana. In: GANRY, J. Breedingbanana and plantain for resistance to diseasesand pests. Montpellier, France: CIRAD-FLHOR,1993. p 193-199.

CARVALHO, P. C. L. de. Estabelecimento dedescritores botânico-agronômicos paracaracterização de germoplasma de banana (Musaspp). Cruz das Almas, BA: Universidade Federal daBahia, 1995. 190 p. (Dissertação de Mestrado).

CHAMBERS, G. M. Progarammed weed control inbananas. World Crops, London, n. 22, p. 80-81,1970.

CHAMPION, J. El plátano. Barcelona: Blume, 1975.247p.

CINTRA, F.L.D. Efeitos de diferentes práticas demanejo do solo em bananal do grupo ‘Prata’. Cruzdas Almas, BA: Embrapa-CNPMF, 1982. 6p.(Pesquisa em Andamento, 6).

CINTRA, F.L.D. Manejo e conservação do solo embananais. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruzdas Almas, v.10, n.1, p.65-73, 1988.

CINTRA, F.L.D. Manejo e conservação do solo nacultura da bananeira. Cruz das Almas, BA:Embrapa-CNPMF, 1984. 19p. (Trabalho apresentadono II Curso Intensivo Nacional de Fruticultura).

CORDEIRO, Z. J. M; ALMEIDA, C. O. de. Situação dabananicultura no Norte e Nordeste brasileiro. In:SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANANICULTURA,4., Anais... Campo Grande, MS, dezembro, 1998.(No prelo).

CORDEIRO, Z. J. M. Doenças e nematóides. In: ALVES,E.J. et al. Banana para exportação: aspectos técnicosda produção. 2.ed. revista e atualizada. Brasília:Embrapa-SPI, , 1997. p. 69-89. 106p. (Embrapa-SPI.Série Publicações Técnicas FRUPEX, 18).

CORDEIRO, Z.J.M.; KIMATI, H. Doenças da bananeira(Musa spp.) In: KIMATI, H.; AMORIM, L.;BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A.;REZENDE, J.A.M. Manual de fitopatologia. v. 2:Doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Ed.Agronômica Ceres, 1997. cap. 13, p. 112-136.

CORDEIRO, Z.J.M. Variabilidade patogênica deisolados de Mycosphaerella musicola eresistência induzida e genética em genótipos debananeira. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura“Luiz de Queiróz” - Universidade de São Paulo, 1997.118 p. Tese de doutorado.

CORDEIRO, Z.J.M. Doenças. In: ALVES, E.J., (org.).A Cultura da banana: aspectos técnicos,socioeconômicos e agroindustriais. Brasília: Embrapa-SPI/Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 1997, cap.XIII, p. 353-407. 585 p.

CORDEIRO, Z.J.M.; MATOS, A.P. de.; SILVA, S. de O.Black sigatoka confirmed in Brazil. Infomusa,Montpellier, França, v. 7, p. 31, 1998.

COSTA, D, da C.; SILVA, S. de O. e ; ALVES, F. R.;SANTOS, A. C. Avaliação de danos e perdas àbananeira cv. Nanica causadas por Meloidogyne incognitana região de Petrolândia-PE. NematologiaBrasileira, Piracicaba, v. 21, n. 1, p. 21, 1997a.

COSTA, da C.; SILVA, S. de O.; ALVES, F. R. Reaçãode genótipos de bananeira (Musa spp.) à Radopholussimilis e Meloidogyne incognita. Fitopatologia Brasileira,v. 22, p. 543. 1997b.

CRONAUER, S.S.; KRIKORIAN, A.D. Regeneration inbananas and plantains. In: VASIL, I.K., ed. Cellculture and somatic cell genetics of plant; plantregeneration and genetic variability. Orlando, USA:Academic Press, 1986. p. 179-186.

DANIELLS, J.; THOMAS, J. E.; SMITH, Y. M. Virusdel rayado: confirmada su transmissión a través delas semillas. INFOMUSA, v.4, n.1, p. 7, 1995.

DANTAS, A.C.V.L.; DANTAS, J.L.L.; ALVES, E.J.Estrutura da planta. In: ALVES, E.J., org. A culturada banana: aspectos técnicos, socioeconômicos eagroindustriais. Brasília: Embrapa-SPI / Cruz dasAlmas: Embrapa-CNPMF, 1997. p. 47-60.

DAVID, R.G.; MARASIGAN, L. Q. Yield loss assessmentand evaluation of resistance of banana cultivars tothe nematodes Radopholus similis and Meloidogyneincognita. In: DAVIDE, R.G. Studies on nematodesaffecting bananas in the Philippines. Los Baños,Laguna: Philippine Agriculture and ResourcesResearch Foundation, Inc., 1992. p.79-93..

DE MARTIN, Z.J.; TRAVAGLINI, D.A.; QUAST, M.O;QUAST, D.G.; HASHIZUME, T. Processamento:produtos, características e utilização. In: ITAL.Banana: da cultura ao processamento ecomercialização. Campinas, 1978. p.95-151.

EDWARDS, M. C.; GONÇALVES, D. Grouping ofseven biologically defined isolates of cucumbermosaic virus by peptide mapping. Phytopathology,v. 73, n.8, p.1117-1120, 1983.

EPP, M.D. Somaclonal variation in bananas: a case studywith Fusarium wilt. In: PERSLEY, G.J.; DELANGHE, E.A., ed. Banana and plantainbreeding strategies. Canberra, Australia: AustralianCentre for International Agricultural Research, 1987.p. 140-150.

ESCALANT, J.V.; SANDOVAL, J.A. El cultivo in vitroen el mejoramiento genético del plátano y delbanano. Turrialba, Costa Rica: CATIE, 1992? 18p.

DELVAUX, B. Soils. In: GOWEN, S. ed. Bananasand plantains. London: Chapman & Hall, 1995.cap. 9, p.230-257.

FARIA, N.G. Absorção de nutrientes por variedadese híbridos promissores de bananeira. Cruz dasAlmas, BA: UFBA – Escola de Agronomia/Embrapa-CNPMF, 1997. 66p. Dissertação Mestrado.

FRISON, E. A.; SHARROCK, S. L. Banana streakvirus: a unique virus-Musa interaction? Proceedingsof a workshop of the PROMUSA Virology workinggroup held in Montpellier, France, 19-21 January1998.

FERRAZ, L. C. B. Radopholus similis em banana no Brasil:considerações gerais sobre o problema com ênfaseaos danos causados à cultura. CONGRESSOINTERNACIONAL DE NEMATOLOGIATROPICAL, 27., de 1995, Rio Quente, GO. Anais...,1995. p.176-185.

Page 140: Banana Produção

141141Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

GALLO, J.R.; BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.;HIROCE, R.; FURLANI, A.M.C.; RAMOS, M.T.B.;MOREIRA, R.S. Composição química inorgânica dabananeira (Musa acuminata, Simmond), cultivarNanicão. Ciência e Cultura, São Paulo, v.24, n.1,p.70-79, 1972.

GAUHL, F. Epidemiology and ecology of blacksigatoka (Mycosphaerella fijiensis Morelet) onplantain and banana (Musa spp.) in Costa Rica,Central America., Montpellier, France: Inibap,1994.120p.

GODEFROY, J.; MULLER, M.; ROOSE, E.J.Estimation des pertes par lixiviation des eleméntsfertilisants dans un sol de bananeraie de basse Côted’Ivoire. Fruits, Paris, v.25, n.6, p.403-423, 1970.

GODEFROY, J.; ROOSE, E.J. MULLER, M. Estimationdes pertes par les eaux de ruissellement et de drainagedes éléments fertilisants dans un sol de bananeraiedu sud de la Côte d’Ivoire. Fruits, Paris, v.30, n.4,p.223-235, 1975.

GOMES, J. A. Plantio e práticas culturais da bananeiracultivar Prata. In: SIMPÓSIO SOBRE BANANEIRAPRATA, 1., 1983, Cariacica, ES. Anais... Cariacica:Emcapa/Embrapa, 1983. p. 70-89.

GOWEN, S.; QUENEHERVE, P. Nematode of bananas,plantains and abaca. In: LUC, M.; SIKOR, R. A.;BRIDGE, J. Plant parasitic nematodes insubtropical and tropical agriculture. Wallingford:CAB. International, 1990. p.431-460.

HADDAD, G. O.; BORGES, F. O. Los bananos enVenezuela; estudio y descripción de clones de plátanoy cambur. Maracay: Universidad Central de Venezuela,1973. 106p.

HUGON, R.; GANRY, J.; BERTHE, G. Dynamique depopulation du nématode Radopholus similis en fonctiondu stade de développement du bananier et du climat.Fruits, v.39, p. 251-253,1984.

IFA. INTERNATIONAL FERTILIZER INDUSTRYASSOCIATION (Paris). World fertilizer usemanual. Limburgerhof: BASF Agricultural ResearchStation, 1992. 631p.

INIBAP. International Network for the Improvement ofBanana and Plantain. (Montpellier, France). Bananas,plantains and INIBAP. Annual Report, 1993.Montepllier, France, 1993.

IPGRI. International Plant Genetic Resources Institute.Descriptores para el banano (Musa ssp). Roma,Itália: IPGRI/INIBAP/CIRAD,1996. 55p.

ITAL. Banana: cultura, matéria-prima, processamento easpectos aeconômicos. 3.ed. Campinas, SP: ITAL,1990. 302p. (ITAL. Frutas Tropicais, 3).

KABEERATHUMMA, S.; NAIR, G.M.; GHOSH, S.P.;LAKSHMI, K.R. Management of soil erosion undercassava based multiple cropping system. Journal ofRoot Crops, Trivandrum, v.21, n.2, p.72-76, 1995.

KAPER, J. M.; WATERWORTH, H. E. Cucumovirus.In: KURSTAK, E., ed. Handbook of plant virusinfections and comparative diagnosis. New York:Elsevier/North Holland Biomedical Press,1981.p.257-332.

KO, W.-H.; HWANG, S.-C.; KU, F.-M. A new techniquefor storage of meristem-tip cultures of ‘Cavendish’banana. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, v. 25,p. 179-183, 1991.

KRIKORIAN, A.D. In vitro culture of bananas andplantains: background, update and call forinformation. Tropical Agriculture, v. 66, n. 3, p. 194-200, 1989.

LAS VARIEDADES del banano Cavendish, suscaracterísticas y perspectivas en la producciónbananera del Equador. Revista Ecuatorial delBanano, Quito, v. 3, n. 1/2, p.19-21, 1965.

LOCKHART, B. E. L.; OLSZEWSKI, N. E. Serologicaland genomic heterogeneity of Banana streakbadnavirus: implications for virus detection in Musagermplasm. In: GANRY, J., ed. Breeding bananaand plantain for resistance to diseases and pests.Proceedings of the International Symposium onGenetic Improvement of Bananas for resistance todiseases and pests.. Montpellier, França; CIRAD-FLHOR & INIBAP, 1993. p.105-113.

LÓPEZ M. A.; ESPINOSA M., J. Manual de nutricióny fertilización del banano. Quito: Instituto de laPotasa y el Fósforo, 1995. 82p.

LOPES, C.A. Contaminações bacterianas em cultura detecidos. ABCTP Notícias, n. 13, p. 2-4, 1989.

MANICA, I.; GOMES, J. A. Outras práticas culturaisimportantes. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBREBANANICULTURA,1.,1984. Jaboticabal, SP.Anais... Jaboticabal: FCAVJ, 1984.

MARTINEZ, J. A. O mal-de-sigatoka e sua importânciaeconômica para a bananicultura do estado de São Paulo.O Biológico, v.66, p.271-280, 1970.

MARTIN-PRÉVEL, P. Les éléments minéraux dans lebananier et dans son régime. Fruits, Paris, v.17, n.3,p.123-128, 1962.

MARTIN-PRÉVEL, P.; LACOEUILLE, J.J.;MARCHAL, J. Les éléments minéraux dans lebananier Gros Michel au Cameroun. Fruits, Paris,v.23, n.5, p.259-269, 1968.

MASCARENHAS, G. Análise do mercado brasileiro debanana. Preços Agrícolas, n. 134, dez. 1997, p. 4-12.

MEDINA, V. M.; SOUZA, J. da S.; SILVA, S. de O.Como climatizar banana em pequenaspropriedades. Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF, 1995. 21p. (Embrapa-CNPMF. CircularTécnica, 25).

MEDINA, V. M.; SILVA, S. de O. e. Evaluación de lascaracterísticas de la maduración pos cosecha degenotipos de banano. In: REUNIÓN DE LAACORBAT, 13. Memórias.... Guayaquil, Ecuador,p. 167-173, 1998.

MINZ, G.; ZIV, D.; STRICH-HARARI, D. Decline ofbanana plantations caused by spiral nematodes in theJordan Valley and its control by DBCP. Ktavin, v.10,p. 147-157,1960.

MONTAGUT, G.; MARTIN-PRÉVEL, P. Besoins enengrais des bananiers antillaises. Fruits, Paris, v. 20,n.6, p.265-273, 1965.

Page 141: Banana Produção

Frutas do BrasilFrutas do BrasilBanana Produção, 1Banana Produção, 1142142

MONNET, J. La protection vivante du sol desbananeraies en Guinée française. Fruits, Paris, v.7,n.7, p.343-353, 1953.

MOREIRA, R.S. Banana: teoria e prática de cultivo.Campinas: Fundação Cargill, 1987. 335p.

MOREIRA, R. S.; SAES, L.A. Considerações sobre obanco de germoplasma do IAC. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 7., 1984,Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis, SC: SBF/EMPASC, 1984. v.1, p.220-236.

MOREIRA, R. Como conviver com os nematóides embananeiras. In: CONGRESSO INTERNACIONALDE NEMATOLOGIA TROPICAL; CONGRESSODA SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEMA–TOLOGIA, 19.; CONGRESSO DA ORGANI-ZAÇÃO DOS NEMATOLOGISTAS DA AMÉ-RICA TROPICAL, 27., 1995, Rio Quente. Anais...Piracicaba: Sociedade Brasileira de Nematologia,1995. p.186-190.

MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium forrapid growth and bio assays with tobacco tissuecultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 15,p. 473-497, 1962.

MURPHY, F. A.; FAUQUET. C. M.; BISHOP, D. H. L.;GHABRIAL, S. A.; JARVIS, A. W.; MARTELLI, G.P.; MAYO, M. A.; SUMMERS, M. D. Virus taxonomy:Classification and nomenclature of viruses. Archivesof Virology. Supplement 10. 1995.

NOGUEIRA, R.I.; TORREZAN, R. Processamento eutilização. In: ALVES, E.J. org. A cultura da banana:aspectos técnicos, socioeconômicos e agroindustriais.2 ed., rev. Brasília: Embrapa-SPI/ Cruz das Almas:Embrapa-CNPMF., 1999. p. 545-585.

NOVAK, F.J.; DONINI, B.; HERMELIN, T.; MICKE,A. Potential for banana and plantain improvementthrough in vitro mutation breeding. In: REUNIÓNDE LA ACORBAT, 7., 1987, Turrialba, Costa Rica.Memorias... Turrialba: CATIE, 1987. p.67-70.

PLOETZ, R. C.; ZENTMYER, G. A.; NISHIJIMA, W.T.; ROHRBACH, K. G.; OHR, H. D. Compendiumof tropical fruit diseases. St. Paul, Minnesota: APSPress/American Phytop. Soc., 1994.

PREZOTTI, L.C. Recomendações de calagem eadubação para o estado do Espírito Santo. 3a

aproximação. Vitória, ES: Emcapa, 1992. 73p.

ROBINSON, J.C. Bananas and plantains. Oxon, UK:CAB International, 1996. 238p.

ROCA, W.M. El cultivo de meristemos: su potencialen conservación de recursos genéticos, enintercambio y propagación de germoplasma. Cali,Colombia: CIAT, 1980. 34p. (Contribución para elCurso Internacional de Recursos Genéticos, CATIE,Turrialba, Costa Rica, oct. 1980).

SALGADO, J.S. Manejo e conservação do solo. In:SIMPÓSIO SOBRE BANANEIRA PRATA, 1.,1983, Cariacica, ES. Anais... Cariacica, ES: Emcapa/Embrapa. p.90-95.

SANDOVAL, J.A.; BRENES, G.; PÉREZ SÁNCHEZ,L. Micropropagación de plátano y banano (MusaAAB, AAA) en el CATIE. Turrialba, Costa Rica:CATIE, 1991. 24p. (CATIE. Série Técnica. InformeTécnico, 186).

SHEPHERD, K. Evolução e classificação dasbananeiras. Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF,1984. 4 p.

SILVA, J.T.A. da.; BORGES, A. L.; MALBURG, J. L. Solos,adubação e nutrição da bananeira. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.196, p.21-36,1999.

SILVA, S. de O.; SHEPHERD, K; ALVES, E.J. Cultivaresde banana. In: ALVES, E. J., ed. A cultura dabanana. Aspectos técnicos socioeconômicos eagroindustriais. Brasília, DF: Embrapa-SPI, 1997.p.85-105.

SILVA, S. de O.; CARVALHO, P.C.L. de; SHEPHERD.K.; ALVES, E.J.; OLIVEIRA, C.A.P. de;CARVALHO, J.A.B.S. Catálogo de germoplasmade bananeira (Musa spp.).Cruz das Almas, Ba:Embrapa Mandioca e Fruticultura, 1999. 100p.

SIMMONDS, N.W. Bananas. 2 ed. London: Logmans,1966. 512p.

SIMMONDS, N.W. Varietal identification in thecavendish group of bananas. Journal HorticulturalScience, Ashford, v. 29, p.81-88, 1954.

SIMMONDS, N.W. Los plátanos. Barcelona: Blume,1973. 539p.

SIMMONDS, N.W.; SHEPHERD, K. The taxonomy andorigins of the cultivated bananas. The journal ofthe Linnean Society of London. London, v.55,p.302-312, 1955.

SOTO BALESTERO, M. Bananas: Cultivo ycomercialización. 2 ed. San José, Costa Rica:Litografia e Imprenta LIL, 1992. 674p.

SOUZA, A. T.; PEIXOTO, A. da N.; WAACHHOLZ,D. Banana. Florianópolis: Instituto de Planejamentoe Economia Agrícola de Santa Catarina, 1995. 103p.(Estudo de Economia e Mercado de ProdutosAgrícolas, 2).

SOUZA, L. da S. Física, manejo e conservação do soloem relação à bananeira. Cruz das Almas, BA:Embrapa-CNPMF, 1998. 37p. (Embrapa-CNPMF.Circular Técnica, 29).

SOUZA, A. da S.; ZAIDAM, H.A.; SOUZA, F.V.D.;SILVA, K.M. da; PAZ, O.P. da. Protocolo demicropropagação de bananeira através de ápicesculinares. Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF,1994. 2p. (Embrapa-CNPMF. Banana em Foco, 3).

STOVER, R.G.; SIMMONDS, N.W. Bananas. 3.ed. NewYork: Longman, 1987. 468p.

SUDENE. Problemática da comercialização noBrasil. Recife, 1979. 32p. (SUDENE. Série Estudodo Nordeste).

VALMAYOR, E.V.; RIVERA, F. N.; LOMULJO, F. M.Philippini banana cultivar names andsynonymyas. Los Baños: University of Philippines,1981.16p.

Page 142: Banana Produção

143143Frutas do BrasilFrutas do Brasil Banana Produção, 1Banana Produção, 1

STOVER, R.H.; SIMMONDS, N.W. Bananas.Singapore: Longmar Scientific & Technical, 1987.468p.

STOVER, R. H. Sigatoka leaf spot of bananas andplantains. Plant Disease, v. 64, p. 750-755, 1980.

STOVER, R. H. Banana, plantain and abaca disease.Kew, Surrey, England: Commonwealth MycologicalInstitute, 1972. 316p.

VUYLSTEKE, D.R. Shoot-tip culture for thepropagation, conservation, and exchange ofMusa germplasm. Rome, Italy: IBPGR, 1989. 56p.(IBPGR. Practical manual for handling cropgermplasm in vitro, 2).

WONG, W.C. In vitro propagation of banana (Musa spp.):initiation, proliferation and development of shoot-tip cultures on defined media. Plant Cell, Tissueand Organ Culture, v. 6, n. 2, p.159-166, 1986.