Bancos preparam pacote de socorro de R$ 50 bi a setores … · Em entrevista da série Economia na...

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Sem Opção Veículo: O Estado de S. Paulo - Caderno: Economia - Seção: - Assunto: Economia - Página: Capa e B1 - Publicação: 16/04/20 URL Original: Bancos preparam pacote de socorro de R$ 50 bi a setores afetados pela crise Bancos preparam pacote de socorro de R$ 50 bi a setores afetados pela crise Empresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva receberão ajuda por meio de um consórcio de instituições financeiras, capitaneadas pelo BNDES; grupos de trabalho foram criados, negociações se intensificaram nesta semana e parte do varejo deve ser contemplada. O Estado de S. Paulo 16 Apr 2020 Aline Bronzati Fernanda Guimarães Os bancos preparam um pacote de ajuda aos setores mais atingidos pela crise provocada pelo novo coronavírus no País. O valor final ainda não foi fechado, mas deverá ficar em torno de R$ 50 bilhões. Empresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva serão atendidas prioritariamente, por meio de um consórcio de instituições financeiras capitaneado pelo BNDES e que conta com Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander. Dois ou três bancos de menor porte devem aderir. O varejo – à exceção de supermercados e farmácias – também será contemplado. Para cada segmento, foi criado um grupo de trabalho. O socorro às elétricas é o que está mais adiantado e é estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões. A indústria automotiva deverá contar com R$ 20 bilhões, segundo fontes. Os bancos estão preparando um pacote, inicialmente de cerca de R$ 50 bilhões, para ajudar os setores mais atingidos pela crise provocada pelo novo coronavírus no País, apurou o Estadão/Broadcast. O valor final ainda será refinado e vai socorrer as empresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva por meio de um consórcio de instituições financeiras, capitaneadas pelo BNDES. Outros setores poderão, ainda, ser acoplados ao pacote de ajuda. É o caso do varejo, excluindo supermercados e farmácias, que seguem com as lojas abertas durante o período de pandemia, por serem serviços considerados essenciais. Para cada segmento, foi criado um grupo de trabalho entre bancos e representantes das empresas e as reuniões se intensificaram nesta semana. “Uma solução para todos não serve porque cada setor tem a sua dificuldade, sua característica. Os R$ 40 bilhões para as empresas de médio e pequeno porte resolveram, mas para outros setores talvez não sejam suficientes”, disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, durante live, do Estadão, na tarde de ontem (mais informações na pág. B4). O caso mais adiantado é o socorro às elétricas. Estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões, o pacote deve repetir o empréstimo feito em 2015 e sua estruturação está sendo chefiada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O sindicato de bancos já está quase definido e compreende pesos pesados como BNDES, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander. Dois ou três instituições de menor porte também devem aderir. Dentre esses, o Estadão/Broadcast apurou os nomes de Safra, Citi ou Votorantim, atual BV. “O valor está em R$ 16,9 bilhões, mas ainda será refinado entre os bancos”, diz um executivo próximo às conversas. Setores. Para os demais setores, é o BNDES quem está à frente das tratativas com os bancos e a indústria automotiva deverá ser a primeira a ser contemplada com a ajuda, que tende a ficar em cerca de R$ 20 bilhões, conforme três fontes. O foco aqui não é tanto as grandes empresas, mas, principalmente a cadeia associada, que emprega um número elevado de pessoas. Uma reunião entre bancos e empresas do setor automotivo ocorreu na manhã de ontem, segundo fonte, para acertar os detalhes. Trata-se de uma linha de crédito que deve ter como garantia os ativos existentes no Brasil, informou o presidente do Santander, Sergio Rial. No setor aéreo, ainda, de acordo com fontes, há problemas na negociação. A ideia inicial era que ocorresse por meio de bônus de subscrição. Cada empresa do setor – Latam, Azul e Gol – receberia injeção de R$ 3 bilhões do BNDES. No entanto, ainda não há consenso entre o banco de fomento e as aéreas do teto de participação que o banco poderá ter nas companhias. Com a entrada dos bancos privados no pacote, a expectativa é de que as negociações comecem a caminhar.

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Bancos preparam pacote de socorro de R$ 50 bi asetores afetados pela criseBancos preparam pacote de socorro de R$ 50 bi asetores afetados pela criseEmpresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva receberão ajuda pormeio de um consórcio de instituições financeiras, capitaneadas pelo BNDES;grupos de trabalho foram criados, negociações se intensificaram nestasemana e parte do varejo deve ser contemplada.

O Estado de S. Paulo16 Apr 2020Aline Bronzati Fernanda Guimarães

Os bancos preparam um pacote de ajuda aos setores mais atingidos pela crise provocada pelo novo coronavírus no País. O valorfinal ainda não foi fechado, mas deverá ficar em torno de R$ 50 bilhões. Empresas de energia, aéreas e a cadeia automotivaserão atendidas prioritariamente, por meio de um consórcio de instituições financeiras capitaneado pelo BNDES e que conta comBanco do Brasil, Bradesco,Itaú Unibanco e Santander. Dois ou três bancos de menor porte devem aderir. O varejo – à exceção de supermercados efarmácias – também será contemplado. Para cada segmento, foi criado um grupo de trabalho. O socorro às elétricas é o queestá mais adiantado e é estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões. A indústria automotiva deverá contar com R$ 20 bilhões,segundo fontes.Os bancos estão preparando um pacote, inicialmente de cerca de R$ 50 bilhões, para ajudar os setores mais atingidos pela criseprovocada pelo novo coronavírus no País, apurou o Estadão/Broadcast. O valor final ainda será refinado e vai socorrer asempresas de energia, aéreas e a cadeia automotiva por meio de um consórcio de instituições financeiras, capitaneadas peloBNDES.Outros setores poderão, ainda, ser acoplados ao pacote de ajuda. É o caso do varejo, excluindo supermercados e farmácias, queseguem com as lojas abertas durante o período de pandemia, por serem serviços considerados essenciais. Para cada segmento,foi criado um grupo de trabalho entre bancos e representantes das empresas e as reuniões se intensificaram nesta semana.“Uma solução para todos não serve porque cada setor tem a sua dificuldade, sua característica. Os R$ 40 bilhões para asempresas de médio e pequeno porte resolveram, mas para outros setores talvez não sejam suficientes”, disse o presidente doBradesco, Octavio de Lazari, durante live, do Estadão, na tarde de ontem (mais informações na pág. B4).O caso mais adiantado é o socorro às elétricas. Estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões, o pacote deve repetir oempréstimo feito em 2015 e sua estruturação está sendo chefiada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).O sindicato de bancos já está quase definido e compreende pesos pesados como BNDES, Banco do Brasil, Bradesco, ItaúUnibanco e Santander. Dois ou três instituições de menor porte também devem aderir. Dentre esses, o Estadão/Broadcastapurou os nomes de Safra, Citi ou Votorantim, atual BV. “O valor está em R$ 16,9 bilhões, mas ainda será refinado entre osbancos”, diz um executivo próximo às conversas.Setores. Para os demais setores, é o BNDES quem está à frente das tratativas com os bancos e a indústria automotiva deveráser a primeira a ser contemplada com a ajuda, que tende a ficar em cerca de R$ 20 bilhões, conforme três fontes. O foco aquinão é tanto as grandes empresas, mas, principalmente a cadeia associada, que emprega um número elevado de pessoas.Uma reunião entre bancos e empresas do setor automotivo ocorreu na manhã de ontem, segundo fonte, para acertar osdetalhes. Trata-se de uma linha de crédito que deve ter como garantia os ativos existentes no Brasil, informou o presidente doSantander, Sergio Rial.No setor aéreo, ainda, de acordo com fontes, há problemas na negociação. A ideia inicial era que ocorresse por meio de bônusde subscrição. Cada empresa do setor – Latam, Azul e Gol – receberia injeção de R$ 3 bilhões do BNDES. No entanto, ainda nãohá consenso entre o banco de fomento e as aéreas do teto de participação que o banco poderá ter nas companhias. Com aentrada dos bancos privados no pacote, a expectativa é de que as negociações comecem a caminhar.

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De acordo com o presidente do Santander, apesar desse impasse, é preciso que uma solução saia rapidamente para o setoraéreo que, assim como o automotivo, está “queimando caixa diariamente”. “As três empresas de aviação no Brasil estãoqueimando de R$ 70 milhões a R$ 100 milhões todos os dias. É muita coisa. A necessidade de velocidade é muito importante”,destacou Rial.Outro setor muito afetado, varejo não alimentício, ao menos até aqui, é o menos avançado. O grupo de trabalho ainda não sereuniu, mas a solução de ajuda pode ser, assim como nas aéreas, uma combinação de “dívida com ações”, uma vez que asempresas têm ações listadas na Bolsa de Valores.“Os R$ 40 bilhões destinados para as empresas de médio e pequeno porte resolveram, mas para outros setores talvez nãosejam suficientes.”Octavio de LazariPRESIDENTE DO BRADESCO

‘Ninguém quer ver empresas quebrarem’Em entrevista à série ‘Economia na Quarentena’, presidente do Bradescodiz que bancos têm interesse em liberar recursos com rapidez

O Estado de S. Paulo16 Apr 2020Fernando Scheller Mônica Scaramuzzo

Em entrevista da série Economia na Quarentena, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, disse que os bancos jácomeçaram a atuar para evitar uma “quebradeira” e estão liberando recursos para os setores mais afetados pela crise. Eledestacou que, a curto prazo, irrigar a economia com crédito é uma das principais medidas para atenuar a gravidade daturbulência provocada pela pandemia. Ele prevê queda de 3% a 4% no Produto Interno Bruto brasileiro em 2020.No cenário de crise sem precedentes desenhado pela pandemia de coronavírus, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari,afirmou ontem, na série de entrevistas ao vivo “Economia na Quarentena”, do ‘Estadão’, que as instituições financeiras estãopreparadas para evitar uma “quebradeira” de negócios no Brasil. Depois de o setor ser criticado pela lentidão na liberação derecursos, o executivo disse que os bancos já começaram a fazer empréstimos mais rapidamente.“Nenhum banco tem interesse de que uma empresa quebre. Este é o pior cenário. Os bancos são os mais interessados emorganizar a vida das pessoas”, disse Lazari. Ele também ressaltou que, além de repassar dinheiro oficial a pequenas e médiasempresas, o sistema financeiro está pronto para auxiliar outros segmentos muito afetados pela crise, como as empresas deenergia e as companhias aéreas. O pacote, segundo apurou o Estadão/Broadcast, poderá chegar a R$ 50 bilhões.Ao mesmo tempo em que reconheceu a gravidade da turbulência causada pela pandemia, que praticamente paralisou aeconomia global nas últimas semanas, Lazari frisou que ainda é muito cedo para determinar o tamanho do problema. Ele disseesperar uma queda de 3% a 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2020. A perspectiva fica no meio do caminhoentre a atual previsão do Bradesco, de queda de 1%, e a expectativa de retração de 5,3% para o País anunciada na terçafeirapelo Fundo Monetário Internacional (FMI).Em busca de fôlego.No curto prazo, o executivo disse que não há nada a fazer senão irrigar a economia. As pequenas e médias empresas, porexemplo, têm pressa. Sabendo disso, o governo liberou uma linha de financiamento com taxa de 3,75% – a Selic – para quenegócios com faturamento de até R$ 10 milhões por ano possam pagar as folhas de pagamento de abril e maio, com o objetivode evitar demissões. O executivo diz que, entre as companhias deste porte que são clientes do Bradesco, 92% já têm o dinheiropré-aprovado pelo banco.Embora admita que, no início de março, o Bradesco e outros bancos negaram financiamentos por causa de uma demandadesproporcional, o presidente do Bradesco diz que a definição de um socorro a diferentes segmentos que estão sofrendo muitocom a paralisia da economia já está a pleno vapor. Ele ressalva, no entanto, que será uma solução de mercado, que terá jurosmais baixos do que os usualmente cobrados, mas com condições menos vantajosas quanto as ofertadas no crédito às PMEs. “Jámontamos grupos de trabalho com o BNDES, Economia e Banco Central”, afirmou.Toda essa disposição de sair em socorro a diferentes segmentos da economia, de acordo com Lazari, só será possível se osistema financeiro se mantiver saudável. O executivo citou movimentos que surgiram na internet incentivando o não pagamentode dívidas como negativos para o País. “Temos ouvido muito ativismo de que não se deve pagar mais nada. Quando uma pessoadeixa de pagar, outra necessariamente deixa de receber. As pessoas que têm um pouco mais de reserva têm de pagar sim suasdívidas para que economia possa continuar girando, mesmo que de forma mais lenta”, disse.Solução.Ao contrário do que ocorreu na crise de 2008, em que os altos riscos tomados por bancos norte-americanos causaram umagrande recessão, o presidente do Bradesco lembrou que agora as instituições financeiras são parte da solução da crise. “Hoje,nossas agências são parte dos serviços considerados essenciais para a população”, afirmou.“Nenhum banco tem interesse que uma empresa quebre. É o pior cenário. Os bancos são os mais interessados em organizar a

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vida das pessoas.”Octavio de LazariPRESIDENTE DO BRADESCO

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