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BÁRBARA MARIA OLIVEIRA BITENCOURT INFLUÊNCIA DO TEOR DE BENTONITA NAS PROPRIEDADES HIDROMECÂNICAS DE UM SOLO COMPACTADO NATAL-RN 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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BÁRBARA MARIA OLIVEIRA BITENCOURT

INFLUÊNCIA DO TEOR DE BENTONITA NAS

PROPRIEDADES HIDROMECÂNICAS DE UM SOLO

COMPACTADO

NATAL-RN

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Bárbara Maria Oliveira Bitencourt

Influência do tipo de bentonita nas propriedades hidromecânicas de um solo compactado

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do Título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto

Natal-RN

2016

Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila

Mamede / Setor de Informação e Referência

Bitencourt, Bárbara Maria Oliveira.

Influência do tipo de bentonita nas propriedades hidromecânicas de um solo compactado /

Bárbara Maria Oliveira Bitencourt. - 2016.

63 f. : il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de

Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo de Freiras Neto.

1. Engenharia Civil - Monografia. 2. Bentonita - Monografia. 3. Argila - Monografia. 3.

Impermeabilizantes - Monografia. 4. Mineralogia - Monografia. 5. Propriedades do solo -

Monografia. I. Freitas Neto, Osvaldo de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624

Bárbara Maria Oliveira Bitencourt

Influência do teor de bentonita nas propriedades hidromecânicas de um solo compactado

Trabalho de conclusão de curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Aprovado em 17 de novembro de 2016:

___________________________________________________

Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto – Orientador

___________________________________________________

Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos Júnior – Examinador interno

___________________________________________________

Prof. MSc. Rodrigo Dias Freitas – Examinador externo

Natal-RN

2016

AGRADECIMENTOS

Nada se conquista sozinho! Agradeço primeiramente a Deus, ao meu orientador Prof. Dr.

Osvaldo de Freitas Neto por toda a sua orientação e seus valiosos direcionamentos, foram sempre

permeados por dedicação, boa vontade e paciência. Ouso dizer que, sem ele, este trabalho não teria

sido concluído, ou até o seria, mas numa forma muito aquém desta.

Ao Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos Júnior, por sua ajuda no esclarecimento de alguns

conceitos-chave e por seu critério com a apresentação das informações.

À minha família, primeiramente aos meus pais que de maneira tão especial me deram a

oportunidade de conquistar essa vitória. Tudo isso é para vocês! Minha irmã de sangue e da

vida Mariana, sempre me apoiando sem restrições, você sempre foi minha maior incentivadora.

Ao meu sobrinho Samuel que me ensinou uma nova forma de amor. À minha querida vó Elpídia

e a minha segunda mãe Maria as quais ajudaram a construir o caráter que tenho hoje.

Ao meu querido Javan, pelo seu apoio, sua paciência, seu carinho e sua ajuda sempre

presente, a este dedico qualquer mérito já conquistado nesta graduação.

Aos meus queridos irmãos de graduação, em especial a: Sara, Chris, Lisyanne, Aninha

e Raul. Sem suas conversas, ajuda e transmissão de conhecimentos, nem este trabalho, nem

tantos outros teriam sido concluídos. Vocês são amigos para uma vida.

Aos meus queridos amigos do laboratório de mecânica dos solos: Anderson, João Paulo,

Nathalia, Estebam, Victor e Alex. Muito obrigada aos ensinamentos de todos, sem vocês eu

não teria conseguido realizar todos os ensaios propostos. Agradeço também ao Prof. Dr. Fagner

França, chefe do laboratório, por permitir a realização dos ensaios sempre pensando no melhor

para os alunos.

Agradeço as empresas: Unimetais, Moura Doubex, Ecocil e SS Empreendimentos; que

me deram a oportunidade de adquirir conhecimentos tão enriquecedores a longo da graduação.

E a Prof.ª Dr.ª Maria das Vitórias, minha orientadora de iniciação cientifica na graduação.

Obrigada meus queridos amigos, tios e primos que seria impossível citar todos aqui,

mas impossível não citar: Sinho, Adrinha, Mainha Mom, Larissa, Jullyana, Plinho, Ritoca e

meu avós putativos Gena e Beica.

Aos que se foram ao longo desta caminhada: minha querida vó Ana e meu amado tio

Disson, sei que estão olhando por nós. E, claro, meu eterno Duduzinho.

RESUMO

Título: Influência do teor de bentonita nas propriedades hidromecânicas de um solo

compactado

A bentonita é um argilomineral amplamente utilizado na engenharia civil por sua propriedade

impermeabilizante, devido ao seu alto poder de expansão. Neste sentido, o presente trabalho

visa estudar o comportamento da bentonita na forma bofe, a qual não apresenta grande

expansão, a qual é considerada como um rejeito na extração de bentonitas, e correlacionar aos

resultados de ensaios encontrados na literatura de bentonitas com maiores valores de expansão.

Neste estudo, serão apresentados resultados de ensaios com misturas de solo-bentonita nos

teores de 5% e 10%, utilizando solo arenoso proveniente do aterro sanitário de Ceará –

Mirim/RN. Além da caracterização do solo, da bentonita e das misturas, foram feitos ensaios

de compactação, e a partir deles, realizaram-se ensaios com variações nas umidades de:

permeabilidade, adensamento e cisalhamento. Os resultados mostraram que, apesar da

bentonita na forma bofe não apresentar coeficientes de permeabilidade tão baixos quanto as

bentonitas nas formas mais expansivas, a mesma ainda diminui razoavelmente sua

permeabilidade, apresentando, inclusive, na mistura solo-bentonita no teor de 10%, valores

aceitáveis para emprego de barreiras impermeabilizantes. Além disso, pela bentonita na forma

bofe não apresentar grande expansão, a resistência ao cisalhamento praticamente não foi

afetada, tendo inclusive em alguns casos, o seu aumento. Neste sentido, a mistura solo-bentonita

com teor de 10% pode ser utilizada tanto como barreiras impermeabilizantes, quanto em outras

áreas da engenharia civil, já que melhora sua trabalhabilidade sem alteração da resistência

cisalhante.

Palavras chaves: bentonita, solo, bofe, expansão.

ABSTRACT

Title: Influence of bentonite content in the hydromechanical properties of compacted

soil hum

Bentonite is a clay mineral largely used in civil engineering because your waterproofing

propridade, owing of its high expansive power. Therefore, this work aims to study the behavior

of bentonite in bofe form which does not have high expansion, it is regarded as a waste in the

extraction of bentonite, and correlate them with test results found in literature of more expansive

bentonite. In this study will be presented test results with soil-bentonite mixtures in

concentrations of 5% and 10% using sandy soil of landfill from Ceará – Mirim/RN. Besides the

characterization of the soil, bentonite and mixtures, were made compaction tests, and from

them, tests were performed with variations in moisture: permeability, density and shear. The

results showed that although the bentonite in bofe form do not show permeability coefficients

as low as more expansive bentonites, it still reduces its permeability, presenting in soil-

bentonite mixture at the 10% level, acceptable values to be used like waterproofing barriers.

Besides that, because it has not considerable expansion, the shear strength was practically

unaffected, increasing in some cases. In this regard, soil-bentonite mixture with 10% level can

be used either as a waterproofing barriers, as well as in other areas of civil engineering, because

improves workability without changing the shearing strength.

Keywords: bentonite, soil, bofe, expansive.

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Diagrama esquemático dos argilominerais esmectíticos. ...................................... 4

Figura 3.2 - Estado de Wyoming (EUA). .................................................................................. 4 Figura 3.3 - Principais produtores de bentonita da Paraíba: Pedra Lavrada, Cubati e Boa Vista

.................................................................................................................................................... 5 Figura 3.4 - Curva de compactação ............................................................................................ 8 Figura 3.5 – Influência na energia de compactação na permeabilidade de um solo. ............... 12

Figura 3.6 – Esquema de um permeâmetro de parede rígida. .................................................. 14 Figura 3.7 – Esquema de um permeâmetro de parede flexível. ............................................... 14 Figura 3.8 – Representação gráfica da resistência ao cisalhamento dos solos. ........................ 16

Figura 4.1 – Localização do aterro BRASECO ........................................................................ 17 Figura 4.2 - Material no aparelho dispersor. ............................................................................ 19 Figura 4.3 - Material na bomba a vácuo ................................................................................... 19 Figura 4.4 - molde cilíndrico e soquete pequenos usados para o ensaio de compactação com

energia normal. ......................................................................................................................... 22 Figura 4.5 - Corpo de prova sendo extraído no macaco hidráulico .......................................... 22

Figura 4.6 - Corpo de prova moldado....................................................................................... 22 Figura 4.7 - Corpo de prova já compactado, dividido em 03 (três) partes para calcular a

umidade .................................................................................................................................... 22 Figura 4.8 – Corpo de prova envolto com Parafina .................................................................. 25 Figura 4.9 – Colocação das primeiras camadas de parafina. .................................................... 25

Figura 4.10 – Ensaio de adensamento montado. ...................................................................... 27

Figura 4.11 – Célula de adensamento sendo montada.............................................................. 27 Figura 5.1 – Curvas granulométricas do solo sem bentonita, bentonita bofe, e das misturas

solo-bentonita com 5% e 10%. ................................................................................................. 30

Figura 5.2 – Ensaio de inchamento Foster, sendo a proveta A com bentonita bofe e a proveta

B com bentonita sortida ........................................................................................................... 33

Figura 5.3 – Análise visual do inchamento da bentonita, sendo o béquer “A” com bentonita

bofe e o béquer “B” com bentonita sortida. ............................................................................. 34 Figura 5.4 – Curvas de compactação do solo sem bentonita e das misturas solo bentonita nos

teores de 5% e 10% .................................................................................................................. 34 Figura 5.5 – Variação dos coeficientes de permeabilidades versus os teores de bentonita ...... 37

Figura 5.6 – Tensão Normal x índice de vazios do solo sem bentonita ................................... 39 Figura 5.7 – Gráfico tensão x índice de vazios do solo com 5% de bentonita. ........................ 39

Figura 5.8 – Gráfico tensão x índice de vazios do solo com 10% de bentonita. ...................... 40 Figura 5.9– Gráfico da expansão x tempo. ............................................................................... 41 Figura 5.10 - Gráfico da Expansão x Tempo............................................................................ 42 Figura 5.11 – Curvas Cv x Tensão para o solo sem bentonita ................................................. 43 Figura 5.12 - Curvas Cv x Tenso para o solo com 5% de bentonita ........................................ 43

Figura 5.13 - Curvas Cv x Tensão para o solo com 10% de bentonita .................................... 44 Figura 5.14 – Curvas coeficiente de permeabilidade (k) x Tensão, no solo sem bentonita. .... 44 Figura 5.15 - Curvas coeficiente de permeabilidade (k) x Tensão, no solo com 5% de

bentonita. .................................................................................................................................. 45 Figura 5.16 - Curvas coeficiente de permeabilidade (k) x Tensão, no solo com 10% de

bentonita. .................................................................................................................................. 45 Figura 5.17 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo sem

bentonita abaixo da umidade ótima. ......................................................................................... 47

Figura 5.18 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo sem

bentonita abaixo da umidade ótima .......................................................................................... 47

Figura 5.19 – Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo sem

bentonita na umidade ótima. ..................................................................................................... 48 Figura 5.20 – Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo sem

bentonita na umidade ótima ...................................................................................................... 48 Figura 5.21 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo sem

bentonita acima da umidade da ótima. ..................................................................................... 49 Figura 5.22 – Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo sem

bentonita acima da umidade da ótima. ..................................................................................... 49 Figura 5.23 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 5%

bentonita abaixo da umidade ótima. ......................................................................................... 50

Figura 5.24 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 5%

de bentonita abaixo da umidade ótima ..................................................................................... 50

Figura 5.25 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 5%

bentonita na umidade ótima. ..................................................................................................... 51 Figura 5.26 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 5%

de bentonita na umidade ótima ................................................................................................. 51

Figura 5.27 Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 5%

bentonita acima da umidade ótima. .......................................................................................... 52

Figura 5.28 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 5%

de bentonita acima da umidade ótima ...................................................................................... 52 Figura 5.29 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 10%

bentonita abaixo da umidade ótima. ......................................................................................... 53

Figura 5.30 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 10%

de bentonita abaixo da umidade ótima ..................................................................................... 53 Figura 5.31 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 10%

bentonita na umidade ótima. ..................................................................................................... 54 Figura 5.32 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 10%

de bentonita na umidade ótima ................................................................................................. 54

Figura 5.33 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 10%

bentonita acima da umidade ótima. .......................................................................................... 55 Figura 5.34 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 10%

de bentonita acima da umidade ótima ...................................................................................... 55 Figura 5.35 – Envoltórias de resistência do solo sem bentonita. .............................................. 56 Figura 5.36 - Envoltórias de resistência do solo com 5% de bentonita. ................................... 56

Figura 5.37 - Envoltórias de resistência do solo com 10% de bentonita. ................................. 57

Figura 5.38 – Valores dos ângulos de atrito expressos graficamente ....................................... 58

Figura 5.39 – Valores de coesão (em kPa) representados graficamente. ................................. 58

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Argilominerais do grupo das esmectitas. ............................................................... 3

Tabela 3.2 - Principais produtores de bentonita. ........................................................................ 5 Tabela 3.3 - Análises químicas típicas das bentonitas da Paraíba – PB ..................................... 7 Tabela 3.4 – Valores típicos do coeficiente de permeabilidade (k). ........................................... 9 Tabela 3.5 – Classificação de solos baseada nos valores do coeficiente de permeabilidade (k).

.................................................................................................................................................. 10

Tabela 3.6 – Coeficiente de permeabilidade dos argilominerais. ............................................. 10

Tabela 4.1 – Composição química da bentonita na forma bofe utilizada para os ensaios. ....... 18

Tabela 4.2 – Classificação da bentonita de acordo com o seu grau de inchamento. ................ 20 Tabela 5.1 – Resumo dos ensaios de caracterização realizados e ensaios existentes na

literatura. ................................................................................................................................... 31 Tabela 5.2 – Valores de γw máximo e wot obtidos a partir das curvas de compactação ........... 35

Tabela 5.3 – Variações do wot e γs que ocorreram presente trabalho e no de Freitas Neto et al.

(2004) quando foi adicionada bentonita nos teores de 5% e 10%. ........................................... 35

Tabela 5.4 – Características de moldagem dos corpos de prova para os ensaios de

permeabilidade.......................................................................................................................... 36 Tabela 5.5 – Valores de coeficientes de permeabilidades do solo sem bentonita e com

misturas solo bentonita nos teores de 5% e 10% para ensaio de permeabilidade a carga

constante ................................................................................................................................... 36

Tabela 5.6 – Valores de coeficientes de permeabilidades do solo sem bentonita e com

misturas solo bentonita nos teores de 5% e 10% para ensaio de permeabilidade a carga

variável. .................................................................................................................................... 37 Tabela 5.7 – Ensaios de permeabilidade realizados por Freitas Neto et al. (2004).................. 38

Tabela 5.8 – Características de moldagem dos corpos de prova para os ensaios de

adensamento ............................................................................................................................. 38 Tabela 5.9 – Valores de Cc, Cr, σ'a e expansão obtidos no ensaio de adensamento. ............... 40

Tabela 5.10 – Valores de Cc obtidos por Soares (2012) .......................................................... 41 Tabela 5.11 – Características de moldagem dos corpos de prova sem bentonita no ensaio de

cisalhamento direto. .................................................................................................................. 46

Tabela 5.12 – Características de moldagem dos corpos de prova com teor de 5% de bentonita

no ensaio de cisalhamento direto. ............................................................................................. 46

Tabela 5.13 – Características de moldagem dos corpos de prova com teor de 10% de bentonita

no ensaio de cisalhamento direto. ............................................................................................. 46

Tabela 5.14 – Valores obtidos em ensaio do ângulo de atrito e coesão. .................................. 57

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CTC Capacidade de troca de cátions

WL Limite de liquidez

WP Limite de plasticidade

IP Índice de plasticidade

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

ABNT Associação Brasileira De Normas Técnicas

UFRN Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte

USGS Serviço Geológico dos Estados Unidos

CD Ensaio adensado drenado

CU Ensaio adensado não drenado

UU Ensaio não adensado, não drenado

LISTA DE SIMBOLOS

δs Massa específica dos grãos

wot Umidade ótima wot(-) Em média 2% abaixo da umidade ótima wot(+) Em média 2% acima da umidade ótima w Umidade ρd Massa específica aparente Pw Peso úmido do solo compactado

V Volume útil do molde cilíndrico

e Índice de vazios do solo S Grau de saturação δw/γw Massa específica da água

m1 Massa inicial do solo úmido

m2 Massa do picnômetro + solo + água

m3 Massa do picnômetro com água

Q Vazão

Ap Área do permeâmetro

k Coeficiente de permeabilidade

h Carga que se dissipa na percolação

L Distancia ao longo do qual a carga se dissipa

i Gradiente hidráulico

D Diâmetro da esfera equivalente ao tamanho dos grãos do

solo

µ Viscosidade do líquido

k20 Coeficiente de permeabilidade equivalente a 20ºc µ20 Viscosidade equivalente a 20ºc γw Peso específico de liquido

c Coeficiente de forma

C Graus Celsius

Acp Área do corpo de prova

a Área da bureta

h Altura/ carga hidráulica

N Pressão aplicada no solo

u Pressão neutra

σ' Tensão efetiva

ε Deformação

Uz Grau de adensamento

Cc Índice de compressão

γ0 Densidade inicial

γs0 Densidade seca inicial

Hs Altura dos sólidos

Cv Coeficiente de adensamento

Δl Deslocamento horizontal

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 2

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 2

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 2

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 3

3.1 BENTONITA ............................................................................................................... 3

3.1.1 CONCEITO E ESTRUTURA .............................................................................. 3

3.1.2 HISTÓRICO ......................................................................................................... 4

3.1.3 TIPOS DE BENTONITA ..................................................................................... 6

3.2 COMPACTAÇÃO ....................................................................................................... 8

3.3 PERMEABILIDADE .................................................................................................. 9

3.3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA PERMEABILIDADE DO SOLO ......... 9

3.3.2 PERMEÂMETROS ............................................................................................ 13

3.4 ADENSAMENTO ..................................................................................................... 15

3.5 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO ................................................................... 15

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 17

4.1 MATERIAIS .............................................................................................................. 17

4.2 MÉTODOS ................................................................................................................ 18

4.2.1 MISTURA SOLO-BENTONITA ...................................................................... 18

4.2.2 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO ............................................................... 18

4.2.3 INCHAMENTO FOSTER ................................................................................. 20

4.2.4 COMPACTAÇÃO ............................................................................................. 21

4.2.5 PERMEABILIDADE ......................................................................................... 23

4.2.6 ADENSAMENTO .............................................................................................. 26

4.2.7 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO ........................................................... 29

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 30

5.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO ....................................................................... 30

5.2 INCHAMENTO FOSTER ......................................................................................... 32

5.3 COMPACTAÇÃO ..................................................................................................... 34

5.4 PERMEABILIDADE ................................................................................................ 36

5.5 ADENSAMENTO ..................................................................................................... 38

5.6 CISALHAMENTO .................................................................................................... 46

6 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 59

7 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 61

1

1 INTRODUÇÃO

Tendo as primeiras amostras extraídas na década de 1880 na região de Wyoming nos

Estados Unidos, as bentonitas são constituídas basicamente por argilominerais esmectíticos.

Conseguinte, esse tipo de argila confere propriedades que fazem dela um material com usos em

diversos segmentos, tais como: obras geotécnicas, indústria farmacêutica, indústria de

alimentos e bebida, indústria cosmética, combustíveis, dentre outros.

Em síntese, as principais propriedades coloidais das bentonitas são: alta superfície

específica, elevada capacidade de troca catiônica, trixotropia e alto poder de expansão

(superando seu tamanho inicial em até 20 vezes). Este último, sendo o principal atributo para o

uso na geotecnia, visto que confere uma diminuição acentuada na permeabilidade tanto pura,

quanto em misturas com outros solos. (CUTRIM, et al., 2015)

Ademais, o estado da Paraíba detém mais 80% de toda a bentonita produzida no país,

onde são encontradas pelo menos 05 (cinco) formas desse argilomineral (chocolate, chocobofe,

sortida, bofe e verde-lodo), variando ou até inexistindo algumas de suas propriedades coloidais

para cada forma. Neste sentindo, é de extrema importância conhecer a forma de bentonita que

está sendo empregada, uma vez que as suas propriedades mudam de acordo com sua forma, o

uso de uma forma inadequada pode gerar prejuízos financeiros e na qualidade do serviço em

execução.

Tomando como exemplo as misturas solo-bentonita para impermeabilização de

barreiras, para uma mesma quantidade de aterro, em teoria, a bentonita na forma chocolate

necessita de menor quantidade que a bentonita na forma bofe, visto que a primeira é muito mais

expansiva. Se a bentonita bofe for misturada ao solo como se fosse bentonita chocolate,

certamente o aterro teria péssima qualidade impermeabilizante, em contrapartida se a bentonita

chocolate fosse misturada ao solo como se fosse bofe, a resistência do aterro provavelmente

seria muito menor que o previsto, também resultado de qualidade inferior. Além disso, os

prejuízos financeiros seriam evidentes para melhoria da qualidade das misturas.

Sendo assim, o presente trabalho busca avaliar o comportamento hidromecânico de um

solo compactado com teores de substituição de bentonita na forma bofe, pois, embora não seja

tão expansiva quanto as outras formas encontradas na Paraíba, é tida como rejeito,

consequentemente com um valor de mercado muito inferior quando comparada com outras

formas. Foram testadas misturas com substituição de 5% e 10% de bentonita ao solo e nessas

condições foram avaliadas a permeabilidade, a deformabilidade e a resistência. Para isto, foram

feitos ensaios de caracterização, compactação, permeabilidade, adensamento e a resistência ao

2

cisalhamento. Todos os experimentos foram feitos com variação na umidade (umidade ótima,

abaixo da umidade ótima e acima da umidade ótima) para correlacionar a sua influência, e os

resultados foram comparados com os resultados disponíveis na literatura a fim de analisar a

competitividade da bentonita na forma bofe com a bentonita sortida que é a mais utilizada na

engenharia civil atualmente.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso terá por objetivo geral correlacionar a bentonita

na forma bofe através de ensaios realizados em laboratório, com resultados de ensaios presentes

na literatura sobre bentonita sortida, verificando as diferenças de suas propriedades

hidromecânicas, e com essas correlações, prevê se a bentonita bofe pode ser competitiva quando

comparada a bentonita sortida para uso em barreiras impermeabilizantes, haja vista que a

bentonita na forma bofe é tida como um resíduo para engenharia pelo seu baixo poder

expansivo. Além disso, apresentar propriedades presentes na bentonita bofe que são ausentes

na bentonita sortida, proporcionando assim um material pouco estudado na engenharia, que

pode ter usos além do de impermeabilizantes.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Alertar que a bentonita apesar de ser uma esmectitas, pode apresentar baixa expansão,

consequentemente propriedades hidromecânicas diferentes;

Conhecer as propriedades hidromecânicas da bentonita na forma bofe através de ensaios

laboratoriais, e verificar se a mesma tem coeficiente de permeabilidade aceitável pata

uso em barreiras impermeabilizantes;

Pela bentonita na forma bofe ser pouco expansiva e ter baixo custo no mercado, o

presente estudo também buscará mostrar propriedades que esta bentonita apresenta que

as outras mais expansivas até então não apresentam, abrindo um leque para distintos

usos na engenharia além do uso em barreiras impermeabilizantes.

3

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 BENTONITA

3.1.1 CONCEITO E ESTRUTURA

Segundo Grim (1968), as bentonitas são argilominerais do grupo das esmectitas,

constituídas basicamente por folhas contínuas, sendo duas de tetraedros e uma folha central

octaédrica. As folhas tetraédricas são compostas por silício no centro e oxigênio nos vértices; e

a folha octaédrica é composta por alumínio no centro e oxigênio nos vértices.

Por conseguinte, a posição dessas folhas atreladas a substituições isomórficas dos

elementos centrais das folhas por outros elementos (tais como ferro, lítio, zinco, magnésio, entre

outros) irão classificar o tipo do argilomineral. Existem dois grandes grupos: as trioctaédricas

quando todas as posições octaédricas são preenchidas, e as dioctaédricas quando dois terços são

preenchidos.

A Tabela 3.1 mostra as subdivisões do grupo das esmectitas e a Figura 3.1 sua estrutura

química. Sendo assim, encontram-se geralmente na natureza posições intermediária de grupos,

por exemplo: Montmorilonita-beidelita.

Tabela 3.1 - Argilominerais do grupo das esmectitas.

População da camada octaédrica Argilomineral do grupo

Dioctaédrica

Beidelita

Nontronita

Volconscoíta

Montmorilonita

Trioctaédrica

Saponita

Sauconita

Hectorita Fonte: Cutrim, et al. (2015)

4

Figura 3.1 - Diagrama esquemático dos argilominerais esmectíticos.

Fonte: Grim (1968)

3.1.2 HISTÓRICO

Cutrim et al. (2015) mostram que as primeiras amostras de bentonita foram extraídas na

década de 1880 na região de Wyoming, nos Estados Unidos, sendo o maior produtor mundial

com 4.950.000 toneladas extraídas em 2014.

Figura 3.2 - Estado de Wyoming (EUA).

Fonte: Google Maps

5

Nos dados da Tabela 3.2, fornecida pelo serviço Geológico dos Estados unidos (USGS),

mostram o Brasil como 3º maior produtor mundial de bentonita em 2014.

Tabela 3.2 - Principais produtores de bentonita.

Ordem País Produção de bentonita (Toneladas)

2010 2011 2012 2014

1 Estados Unidos (venda) 4.630.000 4.950.000 4.980.000 4.950.000

2 Grécia (in natura) 850.000 890.000 800.000 1.200.000

3 Brasil (beneficiado) 265.000 270.000 567.000 570.000

4 Turquia 120.000 150.000 400.000 400.000

5 Alemanha (vendas) 591.000 600.000 375.000 350.000

6 República Tcheca (in

natura) 183.000 190.000 221.000 220.000

7 Ucrânia (in natura) 200.000 200.000 210.000 200.000

8 Espanha 155.000 160.000 115.000 110.000

9 Itália 111.000 115.000 110.000 100.000

10 México 59.000 60.000 54.000 50.000

Outros países 2.100.000 2.100.000 2.100.000 2.100.000

Total Mundial

(aproximado) 9.264.000 9.685.000 9.932.000 10.250.000

Fonte: http://minerals.usgs.gov/minerals/pubs/mcs/2014/mcs2014.pdf (acesso em: 20 de maio de 2016)

Dados fornecidos pelo governo da Paraíba em seu website e por Cutrim et al. (2015)

mostram que o estado da Paraíba apresentou em 2014 uma produção de 513.000 toneladas,

representando então 5% da produção mundial e 90% da produção nacional. Sendo as cidades

de Boa vista, Cubati e Pedra lavrada os maiores produtores deste estado, como exposto na

Figura 3.3.

Figura 3.3 - Principais produtores de bentonita da Paraíba: Pedra Lavrada, Cubati e Boa Vista

Fonte: IBGE (adaptado)

6

3.1.3 TIPOS DE BENTONITA

Para Cutrim et al. (2015), as bentonitas de forma geral, classificam-se como as que

incham em água: conhecidas como sódica (presença de Na+); e as que não incham: chamadas

de cálcicas (presença de Ca+2). Dentro do grupo das argilas que não incham em água, existem

as bentonitas policatiônicas (presença de cátions de cálcio, sódio e magnésio), porém não são

encontradas no Brasil.

Os autores explicam que a diferença entre inchar ou não na presença de água se dá

porque o Na+ permite que várias moléculas de água sejam adsorvidas, aumentando a distância

entre as camadas e, consequentemente, separando as partículas de argila umas das outras. No

caso das argilas cálcicas ou policatiônicas, a quantidade de água adsorvida é limitada e as

partículas continuam unidas umas às outras por interações elétricas e de massa.

Esses argilominerais também podem ser classificados de acordo com sua coloração.

Somente no estado da Paraíba encontra-se em cinco formas: chocolate, chocobofe, sortida, bofe

e verde-lodo.

Chocolate: composta basicamente por montmorilonita (grupo das esmectitas) e

quartzo, possui uma coloração uniforme marrom escuro, é considerada a forma

mais nobre, pois, apresenta grande capacidade de troca de cátions (CTC), e

consequentemente é a que possui maior poder de inchamento in natura. Em sua

forma natural é coberta por calcedônia.

Uso mais comum: segmento de petróleo.

Bofe: Também composta basicamente por montmorilonita e quartzo, a cor

marrom praticamente não é presente, possuindo uma coloração que vai de bege

claro a branco. Apresente pouca CTC e inchamento. A calcedônia é ausente.

Uso mais comum: indústria de sabão.

Chocobofe: composta basicamente por montmorilonita, quartzo e tridimita;

possui uma coloração marrom claro sem muita uniformidade. É uma mistura da

bentonita do tipo chocolate e bofe. Apresenta pouca calcedônia.

Uso mais comum: segmento de fundição.

7

Sortida: composta basicamente por montmorilonita, quartzo e cristobalita;

possui coloração marrom clara com pouca uniformidade. Existe pouca CTC e

inchamento em água. Existe presença considerável de calcedônia.

Uso mais comum: construção civil.

Verde-lodo: composta basicamente por montmorilonita, quartzo e caulinita;

possui uma coloração verde-escuro muito uniforme. Apresenta CTC e baixo

inchamento em água.

Uso mais comum: segmento cosmético e fármaco.

A calcedônia é produto da decomposição do quartzo, também é considerada um

contaminante, visto que pode interferir nas propriedades do argilomineral quando beneficiado.

A mesma possui coloração branca amarelada, podendo ser confundida com a bentonita na forma

de bofe, todavia, a calcedônia apresenta dureza elevada. A Tabela 3.3 mostra as composições

químicas típicas das diferentes formas de bentonita.

Tabela 3.3 - Análises químicas típicas das bentonitas da Paraíba – PB

Argilas Chocolate Bofe Chocobofe Sortida Verde-lodo

SiO2 (%) 61,08 71,05 62,34 59,72 50,48

Al2O3 (%) 15,28 11,82 14,39 17,98 20,7

Fe2O3 (%) 10,19 6,27 11,18 8,78 12,46

MgO (%) 1,75 1,22 1,8 1,72 1,94

Na2O (%) - 0,65 - - -

Cao (%) 1,58 0,7 1,5 1,25 1,07

K2O (%) 0,38 0,27 0,46 0,75 2,57

SO3 (%) 0,12 - 0,17 0,12 0,07

P2O5 (%) - - - - 0,07

MnO (%) - - - - 0,07

TiO2 (%) 0,92 0,7 0,95 1,25 1,47

ZrO2 (%) 0,01 0,01 0,02 0,03 0,03

Sc2O3 (%) - - 0,07 - -

V2O5 (%) 0,06 - 0,6 - 0,21

CuO (%) 0,03 0,03 - 0,04 0,05

NiO (%) - - - - 0,02

ZnO (%) 0,02 0,01 - 0,02 0,03

SrO (%) 0,02 - 0,02 0,02 0,01

Y2O3 (%) - - - - 0,02

Cr2O3 (%) 0,05 - - - 0,06

PF (%) 6,58 7,08 7,05 8,33 8,66

Fonte: Cutrim et al. ( 2015)

8

3.2 COMPACTAÇÃO

Segundo Pinto (2006), a compactação de um solo é sua desinficação por meio de

equipamentos mecânicos, tendo em vista dois aspectos: aumentar o contato entre os grãos e

tornar o aterro mais homogêneo. Dessa forma, a redução do índice de vazios é desejável para o

melhoramento das propriedades do solo.

Os parâmetros básicos para medir a intensidade da compactação são: a energia de

compactação e a quantidade de água incrementada. Nesse sentido, existe um ponto de máxima

compactação denominado ponto ótimo, cujo peso específico aparente seco (ρd) é máximo para

um determinado teor de umidade (umidade ótima). A Figura 3.4 mostra o desenho de uma curva

típica de compactação de um solo.

Figura 3.4 - Curva de compactação

Fonte: Lambe (1958)

Segundo Massad (2010), há duas explicações para o formato da curva de compactação

(curva de Proctor). A primeira envolve o conceito de lubrificação afirmando o seguinte: no

ramo seco, isto é, abaixo da umidade ótima (wot(-)), à medida que se adiciona água, as partículas

de solo se aproximam pelo do efeito de lubrificante da água, ao contrário do ramo úmido (acima

da umidade ótima: wot(+)), onde a água passa a existir em excesso, provocando afastamento das

partículas, e, consequentemente, diminuição do seu peso específico aparente seco (ρd).

Ademais, a segunda explicação, reputada mais moderna, considera que quando se

compacta um solo, à medida que a umidade do solo aumenta, os agregados absorvem água,

9

tornando-se mais moles, o que possibilita uma aproximação entre eles, e, após a umidade ótima,

o excesso de água forma uma massa disforme com menor peso específico.

Por certo, o peso específico aparente seco do solo influencia diretamente nas suas

propriedades, visto que a umidade é diretamente responsável pela alteração do peso específico,

consequentemente, também é determinante para as propriedades quando compactado.

3.3 PERMEABILIDADE

A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta ao permitir o escoamento de um

fluido através dele. Na década de 1850, o engenheiro Henry Darcy publicou um trabalho que

definiu fatores os quais influenciam na vazão da água, por meio do movimento de água em

filtro de areia (permeâmetro), expressando uma equação para isso, que ficou conhecida pelo

seu nome. (LUKIANTCHUKI, 2007).

3.3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA PERMEABILIDADE DO SOLO

Tamanho das partículas

Se a permeabilidade está relacionada com o escoamento da água através do solo, então

quanto menor o volume de vazios, menos favorável a passagem da água e menor a

permeabilidade do solo. Neste sentido, quanto menor o tamanho das partículas, menor o volume

de vazios, e consequentemente, menor a permeabilidade do solo. (PINTO, 2006)

Na Tabela 3.4 mostrada por Pinto (2016) exemplifica valores típicos dos coeficientes de

permeabilidade de acordo com a granulometria do material. Já a Tabela 3.5 apresenta a

classificação pelo grau de permeabilidade segundo Mitchell (1993).

Tabela 3.4 – Valores típicos do coeficiente de permeabilidade (k).

Tipo de material Coeficiente de permeabilidade (cm/s)

Argilas < 10-9

Siltes 10-8 - 10-9

Areias argilosas 10-7

Areias finas 10-5

Areias médias 10-4

Areias grossas 10-3 Fonte: Pinto (2006) adaptado.

10

Tabela 3.5 – Classificação de solos baseada nos valores do coeficiente de

permeabilidade (k).

Grau de permeabilidade Coeficiente de permeabilidade (cm/s)

Alta >10-1

Média 10-1 - 10-3

Baixa 10-3 - 10-5

Muito baixa 10-5 - 10-7

Praticamente impermeável <10-7 Fonte: Mitchell (1993)

Segundo a Companhia de Tecnologia e de Saneamento de São Paulo (CETESB, 1993),

os solos potencialmente usados como aterro sanitário têm um coeficiente de permeabilidade

abaixo de 10-7 cm/s.

Composição mineralógica

Segundo Lukiantchuki (2007), a composição mineralógica exerce elevada influência nos

valores do coeficiente de permeabilidade do solo. Os grupos dos argilominerais, as espécies

mineralógicas e as respectivas composições químicas apresentam variações nas suas

propriedades por substituições isomórficas e CTC. A Tabela 3.6 mostra coeficientes de

permeabilidade e índice de plasticidade típicos de argilominerais.

Tabela 3.6 – Coeficiente de permeabilidade dos argilominerais.

Argilomineral IP Coeficiente de permeabilidade (cm/s)

Caulinita 20 1,5x10-6

Ilita 60 2,0 x10-9

Montmorilonita 500 1,0 x10-11

Fonte: Mesri e Olson (1971)

Grau de saturação

A percolação da água não é suficiente para remover o ar existente no solo, sendo assim,

as bolhas de ar permanecem, contidas pela tensão superficial, neste sentido a permeabilidade

diminui com o aumento do grau de saturação. Assim, o valor máximo do coeficiente de

permeabilidade de um solo acontece no seu estado saturado. Entretanto, Pinto (2006) ressalta

que essa diferença não é tão grande.

11

Estrutura e anisotropia

Foi visto que o volume de vazios influencia na permeabilidade do solo, porém a

disposição relativa dos grãos também influenciará na permeabilidade. O solo quando

compactado mais seco, ou seja, abaixo da umidade ótima, a disposição das suas partículas

(estrutura floculada) permite maior passagem da água quando comparado ao solo no ramo

úmido (estrutura dispersa), mesmo que ambas possuam a mesma quantidade de vazios. É

importante lembrar que o solo quando estiver na umidade ótima, apresentará menor coeficiente

de permeabilidade para a energia a qual foi compactada. (LUKIANTCHUKI, 2007).

Em relação a energia de compactação, a Figura 3.5 exemplifica que quanto maior a

energia de compactação, ocorre a variação do índice de vazios e modificação da disposição dos

grãos, assim sendo, quanto maior a energia de compactação, menor o coeficiente de

permeabilidade.

Sobre a isotropia, segundo Pinto (2006), os solos sedimentares geralmente são

anisotrópicos, tendo coeficientes de permeabilidade maiores na horizontal do que na vertical,

devido ao fato das maiores dimensões das partículas de um solo tenderem a ficar na horizontal,

e, pelo fato das diversas camadas decorrentes da sedimentação apresentarem permeabilidades

diferentes.

12

Figura 3.5 – Influência na energia de compactação na

permeabilidade de um solo.

Fonte: Lambe e Whitman (1969).

Temperatura:

Em 1948, Taylor propôs a (Equação 3.1 para o coeficiente de permeabilidade:

𝑘 = 𝐷2.𝛾𝑤

µ.

𝑒3

1 + 𝑒. 𝑐

Onde:

D = diâmetro de uma esfera equivalente ao tamanho dos grãos;

γw = peso específico do líquido;

µ = viscosidade do líquido;

e = índice de vazios;

c = coeficiente de forma.

Desta maneira, o coeficiente de permeabilidade depende do peso especifico e da

viscosidade, outrossim, ambos variam com a temperatura. Neste sentido, para haver uma

(Equação 3.1)

13

padronização de resultados, estipulou adotar sempre o coeficiente referido à água na

temperatura de 20ºC. Por isso, obteve-se a Equação 3.2 para esse ajuste:

𝑘20 = 𝑘.µ

µ20

Onde:

k20 = coeficiente de permeabilidade equivalente a 20ºC;

µ20 = viscosidade equivalente a 20ºC (para o caso dos ensaios de permeabilidade, é

tabelado).

3.3.2 PERMEÂMETROS

Como visto nas tabelas anteriores, o coeficiente de permeabilidade é um parâmetro que

tem grande variabilidade. Neste sentido, a determinação desses valores pode ser obtida em

ensaio laboratoriais ou em campo. Os ensaios realizados em laboratório são feitos por meio de

permeâmetros, os quais podem ser de dois tipos: permeâmetro de parede rígida ou permeâmetro

de parede flexível.

Os permeâmetros de parede rígida, onde seu esquema está exemplificado na Figura 3.6,

consiste em um cilindro, no qual o corpo de prova é colocado entre dois materiais permeáveis

e envolto por um material impermeável, passando a água no sentido longitudinal ao corpo de

prova. Esta montagem faz com que haja uma expansão menor que os permeâmetros de parede

flexível, todavia, impossibilita total saturação da amostra, além de não haver controle sobre as

pressões atuantes. (MASSAD, 2016)

Já os permeâmetros de parede flexível são feitos através do aparelho triaxial. Como a

membrana é selada, é mais confiável, além das tensões verticais e horizontais serem mais

facilmente monitoradas. (LUKIANTCHUKI, 2007).

Como mostrado na Figura 3.7 o aparelho é composto por uma câmara, envolto por uma

membrana flexível e com dupla drenagem nos cabeçotes, o que facilita a saturação do corpo de

prova. Após a montagem esta membrana é pressionada contra o corpo de prova (pressão

confinante) de tal forma que não haja fluxo entre a parede do corpo de prova e a parede da

membrana. Após esse procedimento é incrementada uma pressão no corpo de prova

(contrapressão). Essas duas pressões (confinante e contrapressão) tem por objetivo dissolver o

ar ocluso nos poros, processo esse que pode levar até dias.

(Equação 3.2)

14

Nesse aparelho são realizados ensaios com permeabilidade iguais ou inferiores a ordem

de 10-3cm/s podendo ser feito de 03 (três) formas clássicas: o ensaio adensado e drenado (CD)

onde há permanente drenagem do corpo de prova; ensaio adensado não drenado (CU) no qual

a drenagem é feita durante a aplicação da pressão confinante; e ensaio não adensado não

drenado (UU) onde não é feita a drenagem do corpo de prova.

Figura 3.6 – Esquema de um permeâmetro de

parede rígida.

Figura 3.7 – Esquema de um permeâmetro de parede

flexível.

Fonte: Daniel (1994) adaptado. Fonte: Daniel et al. (1984) adaptado.

Freitas Neto et al., (2004) realizaram ensaios de permeabilidade com misturas solo-

bentonita nos teores de 2% e 5%. A bentonita foi do tipo sortida e o solo foi classificado como

SC proveniente do aterro sanitário do município de Ceará-Mirim/RN. Os resultados mostraram

um solo sem bentonita com coeficiente de permeabilidade na ordem de 10-4 cm/s e os

incrementos de 2% e 5% de bentonita diminuíram o coeficiente de permeabilidade para ordem

de 10-7 e 10-9cm/s respectivamente.

Já o estudo de Lukiantchuki (2007) não só realizou ensaios de permeabilidade com

permeâmetros de parede rígida e, além disso, o fez também com permeâmetro de parede

flexível. O solo foi proveniente o município de Pindorama-SP, com classificação SC e com

misturas solo-bentonita nos teores de 3%, 5% e 7%. Os resultados mostraram diminuição

considerável da permeabilidade devido aos incrementos de bentonita, pois o solo tinha

coeficiente de permeabilidade na ordem de 10-4 cm/s e as misturas apresentaram

respectivamente valores nas ordens de 10-6, 10-7 e 10-8 cm/s.

15

3.4 ADENSAMENTO

O adensamento consiste no fenômeno pelo qual os recalques ocorrem por expulsão de

água no interior dos vazios do solo. A teoria do adensamento de Terzaghi parte do seguinte

princípio: quando uma carga é aplicada sobre um solo, a pressão neutra começará a aumentar

de acordo com o acréscimo desta tensão que foi incrementada. Em contrapartida, nesse

momento inicial, não há deformação do solo, consequentemente a pressão efetiva não se altera.

Este fenômeno é conhecido como sobrepressão. (PINTO, 2006)

Sendo a compressibilidade do solo a propriedade do solo ser susceptível a compressão, e

a bentonita como sendo uma argila, e, potencialmente expansiva a depender do tipo, quando

adicionada em teores num solo arenoso, poderá causar significativas alterações nas suas

propriedades hidromecânicas quando presentes no solo. No caso de aterros sanitários, é

imprescindível que parâmetros como compressibilidade e expansão do solo sejam

circunspectos, a fim de garantir maior controle. (CAMARGO, 2012)

Ensaios de adensamento endométrico realizado por Soares (2012) realizados com mistura

solo-bentonita no teor de 5% de bentonita sortida, mostra um acréscimo de 19% do índice de

compressão em relação ao solo puro, e uma expansão de 28% também em relação ao solo puro.

A autora explica esse aumento na compressibilidade ainda é considerado como baixo para uso

em barreiras impermeabilizantes.

3.5 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

A teoria do cisalhamento é a relação que une no momento da ruptura e ao longo da

superfície de ruptura a tensão de compressão e a tensão tangencial de cisalhamento. Neste

sentido, a resistência ao cisalhamento é a máxima pressão de cisalhamento que o solo pode

suportar sem sofrer ruptura. Na mecânica dos solos, a resistência ao cisalhamento está

diretamente ligada a dois componentes: atrito e coesão. (PINTO, 2006)

A Equação 3.4 correlaciona a resistência ao cisalhamento e a Figura 3.9 mostra a

representação gráfica da resistência.

16

𝜏 = 𝑐 + 𝜎. 𝑡𝑔𝛷

Onde:

τ = resistência ao cisalhamento;

c = coesão;

σ = tensão normal vertical;

Φ = ângulo de atrito interno do solo.

Figura 3.8 – Representação gráfica da resistência ao cisalhamento dos solos.

Fonte: Pinto (2006)

Pinto (2006) define ângulo de atrito como o ângulo máximo que a força transmitida pelo

corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contado sem que ocorra deslizamento.

Também mostra que o coeficiente de atrito independe da área de contato e da força, sendo a

resistência ao deslizamento diretamente proporcional a força normal. Como as argilas tem um

número de partículas muito maior, a parcela de força transmitida é menor, há então uma redução

do ângulo de atrito a medida que o solo for mais argiloso.

Ainda segundo Pinto (2006) apesar da resistência ao cisalhamento do solo ser

essencialmente devido ao atrito, a atração química das partículas pode provocar resistência

(coesão real). A coesão é uma característica típica de solos muito finos (siltes plásticos e argilas)

e tem-se constatado que ela aumenta com: a quantidade de argila e atividade coloidal, relação

de pré-adensamento e diminuição da umidade. A coesão real deve ser distinguida de coesão

aparente. Esta última é a parcela da resistência ao cisalhamento de solos úmidos (parcialmente

saturados), devido à tensão capilar da água que atrai as partículas. No caso da saturação do solo

a coesão tende a zero.

Para Lukiantchuki (2007), no caso das argilas, a resistência ao cisalhamento é afetada

pela sua estrutura, sendo estruturas floculadas mais resistentes que dispersas. Além disso,

(Equação 3.3)

17

argilas altamente expansivas, como é o caso de algumas bentonitas, possuem geralmente uma

resistência mecânica inferior as demais argilas.

Ensaios triaxiais realizados por Lukiantchuki (2007) para misturas de solo-bentonita nos

teores de 3%, 5%, 7% e 9% com bentonita sortida e solo proveniente de Pindorama-SP, mostra

aumento do ângulo de atrito e diminuição da coesão. O mesmo acontece com ensaios de

cisalhamento direto realizado por Soares (2012) com teor de 5% da mistura solo-bentonita

também com bentonita sortida. As autoras justificam o fato pelo acréscimo de bentonita

ocasionar aumento na quantidade de finos no solo.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 MATERIAIS

O solo do presente estudo é proveniente da jazida usada no aterro sanitário da cidade de

Ceará-Mirim/RN (BRASECO) como barreira impermeabilizante. A Figura 4.1 mostra-se a

localização do aterro.

Figura 4.1 – Localização do aterro BRASECO

Fonte: IBGE adaptado (2016)

A bentonita a ser usada é do tipo bofe, proveniente da cidade de Cubati na Paraíba, cedida

pela empresa ARMIL MINERAÇÃO DO NORDESTE LTDA com sede na cidade de Parelhas-

RN. É importante reforçar que embora seja esperado baixo poder expansivo desta bentonita, a

mesma é tida como uma bentonita com baixo valor para engenharia, como uma espécie de

rejeito das bentonitas, sendo então objeto do estudo. A Tabela 4.1 mostra a composição química

fornecida pela empresa. Esta foi feita através de espectrofotometria de absorção atômica.

18

Tabela 4.1 – Composição química da bentonita na forma bofe utilizada para os ensaios.

Amostra

Bentonita

(%)

SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO3 CaO MgO K2O Na2O P.F

57,10 21,67 2,62 0,69 2,95 1,01 0,19 0,24 12,50

Fonte: ARMIL Mineração Do Nordeste LTDA (2016)

4.2 MÉTODOS

4.2.1 MISTURA SOLO-BENTONITA

Foram adicionados ao solo teores de 5% e 10% de bentonita e sua mistura foi feita

conforme orientações de Lukiantchuki (2007), da seguinte forma: os teores de solo e bentonita

são adicionados (em relação as suas massas secas), misturados manualmente com o auxílio de

uma espátula, a água requerida é adicionada, seguida da completa homogeneização. Logo após,

o material é acondicionado em sacos plásticos devidamente protegidos por um período de 2 a

3 dias para obter completa homogeneização do material.

4.2.2 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Foi feita a caracterização do solo, das misturas e da bentonita, e, foram realizados os

ensaios necessários para isto, conforme explicitam os itens subsequentes. E para todos os

ensaios determinou-se as quantidades iniciais através da NBR 6457:2016 “Amostra de solo –

Preparação para ensaio de compactação e caracterização”

A massa específica do solo foi feita conforme orientação da NBR 6508:1984 “Grãos de

solos que passam na peneira de 4,8 mm – Determinação da massa específica” da seguinte forma:

preparou a amostra previamente seca ao ar, em seguida separou 03 (três) amostras com 50 g

(retirando a umidade desse solo em estufa por 24 horas) em béqueres, adicionando água

destilada e deixando saturar por 24 horas; em seguida adicionou a amostra no aparelho de

dispersão (ilustrado na Figura 4.2) e adicionou água destilada para remover todo o material do

béquer, deixando o mesmo no aparelho de dispersão por 15 minutos.

Por conseguinte, foi despejado o material no picnômetro de 500 ml preenchendo até a

metade com água destilada (com atenção para não deixar nenhum resíduo no copo dispersor) e

ficando na bomba a vácuo por 15 minutos para retida do ar; após isso, completou com água

destilada até 1 cm abaixo da base do gargalo deixando por mais 15 minutos na bomba conforme

Figura 4.3. Por último, preencheu com água até o menisco, pesando o conjunto: picnômetro +

solo + água, medindo a temperatura. Esse processo foi repetido com as outras duas amostras.

19

Figura 4.2 - Material no aparelho dispersor. Figura 4.3 - Material na bomba a vácuo

O cálculo da massa específica é dado pela Equação 4.1.

𝛿 =𝑚1 + 100

(100 + 𝑤)⁄

[𝑚1 + 100(100 + 𝑤) + 𝑚3 − 𝑚2

⁄. 𝛿𝑤

Onde:

δ = massa específica dos grãos do solo, em g/cm³;

m1 = massa inicial do solo úmido;

m2 = massa do picnômetro + solo + água;

m3 = massa do picnômetro com água (calibrado em laboratório);

w = umidade da amostra;

δw = massa específica da água (Tabela no anexo da norma NBR 6508:1984)

Para a bentonita, seguiu-se a orientação de Lukiantchuki (2007), utilizando m1=10g ao

invés de 50 g, e deixou o material imerso em água destilada por 5 (cinco) dias ao invés de 1

(um) dia. Já para mistura, utilizou-se 30 g ao invés de 50 g e foi deixado material imerso por

03 (três) dias ao invés de 01 (um) dia. O resto do procedimento foi exatamente o mesmo feito

para o solo.

(Equação 4.1)

20

Os ensaios de Limite de plasticidade (WP) e limite de liquidez (WL) foram feitos

exatamente como recomendado pela NBR 6459:1984 “Solo – Determinação do limite de

liquidez” e da NBR 7180:1980 “Solo – Determinação do limite de plasticidade”. Ressalta-se

que para um resultado mais fidedigno, ambos ensaios foram realizados 05 (cinco) vezes.

A determinação do índice de plasticidade (IP) é dada por:

𝐼𝑃 = 𝑊𝐿 − 𝑊𝑃

O ensaio de granulometria conjunta foi realizado segundo a NBR 7181:1984 “Solo –

Análise granulométrica”, assim como os ensaios para determinação dos limites de Atterberg, o

presente ensaio seguiu exatamente as recomendações normativas. Entretanto, pela bentonita

não apresentar fácil saturação, fez-se proveito das seguintes ressalvas presentes em

Lukiantchuki (2007):

Utilizou-se 25 g de material;

O material foi deixado por 05 (cinco) dias de repouso na solução de

hexametafosfato.

Para as misturas de solo-bentonita, optou-se por fazer o mesmo procedimento, utilizando

50 g ao invés de 25 g. Já para o solo sem bentonita, valeu-se de todas as recomendações

normativas.

4.2.3 INCHAMENTO FOSTER

Cutrim et al. (2015) afirmam a importância da realização do ensaio, pois indica o caráter

sódico ou não das bentonitas, a metodologia é a seguinte: pesa-se 1 g de argila e coloca em uma

proveta de 100 ml preenchida com água (ou qualquer solvente orgânico), adiciona lentamente

a argila na proveta, de modo que decante por gravidade e não encoste material na parede da

proveta, ao terminar, realizam-se leituras nos períodos de 1 hora e 24 horas, o resultado é

indicado em ml/g, e sua classificação se dá baseado nos valores da Tabela a seguir:

Tabela 4.2 – Classificação da bentonita de acordo com o seu grau de inchamento.

Não inchamento < 2ml/g

Baixo 3 a 5 ml/g

Médio 6 a 8 ml/g

Alto >8ml/g Fonte: Cutrim et al. (2015)

(Equação 4.2)

21

4.2.4 COMPACTAÇÃO

O ensaio de compactação foi realizado de acordo com a NBR 7182:1986 “Solo - Ensaio

de compactação”, os ensaios foram feitos com secagem prévia, sem reuso do material para o

solo sem bentonita (seguindo as recomendações do item 5.2 da norma), e com reuso do material

para as misturas (seguindo os procedimentos do item 5.1 da referida norma) pois, como a massa

de material exigida para o procedimento sem reuso é muito alta (no mínimo 15 kg para cada

curva segundo NBR 6457:2016), optou-se por realizar o ensaio com reuso de material, pois não

haveria a quantidade necessária de solo disponível. ·.

As quantidades de amostras e o tamanho do cilindro a ser usado foram estabelecidos

conforme NBR 6457:2016 “Amostra de solo – Preparação para ensaio de compactação e

caracterização”, e, como o material passa integralmente pela peneira de 4,8mm, optou-se por

utilizar o cilindro pequeno.

Para a realização do ensaio foi escolhida a energia normal de compactação, assim, foi

usado um soquete metálico (pequeno) com massa de 2,5kg e um controle de altura de 305mm

como mostra a Figura 4.4.

A NBR 6457:2016 estabelece que se use para ensaios com reuso uma massa entre 3kg

e 7kg de material, optando assim por usar em torno de 5kg para cada teor. Para a realização do

ensaio, todo o material foi previamente seco ao ar e o procedimento para mistura ocorreu como

para o ponto com menor umidade.

Após seco ao ar, destorroado e devidamente misturados inicialmente com a quantidade

de água estabelecida para pontos em torno de 5% abaixo da umidade ótima; o material foi

colocado em 03 (três) camadas no cilindro, sendo cada camada socada por 26 (vinte e seis)

vezes, posteriormente, retirou-se o colarinho do cilindro, nivelou o material com o molde com

por meio de uma espátula, pesou o conjunto molde cilíndrico + material, e, por subtração da

massa do molde cilíndrico (já medido anteriormente), obteve o peso úmido do solos

compactado (Pw). Em seguida, o material foi extraído do molde com a ajuda de um macaco

hidráulico (vide Figura 4.5), obteve então o cilindro compactado como mostrado na Figura 4.6,

posteriormente dividiu então o material extraído em 03 (três) partes como mostra a Figura 4.7,

sendo tirada a umidade (w) de cada um desses pontos (topo, meio e base) e usou-se a média

dessas umidades.

22

Figura 4.4 - molde cilíndrico e soquete pequenos

usados para o ensaio de compactação com energia

normal.

Figura 4.5 - Corpo de prova sendo extraído no

macaco hidráulico

Figura 4.6 - Corpo de prova moldado.

Figura 4.7 - Corpo de prova já compactado, dividido

em 03 (três) partes para calcular a umidade

Para a continuação do experimento, destorroou-se todo o material que foi usado até

passar pela peneira de 4,8mm e adicionou incrementos de água, repetiu todo o procedimento

descrito anteriormente para cada ponto, até obter 5 pontos, dos quais pelo menos dois pontos

23

estejam abaixo da umidade ótima e dois estejam acima. Para determinar a massa específica

aparente seca (γd), usou-se a Equação 4.3.

γ𝑑 =𝑃𝑤.100

𝑉 .(100+𝑤)

Onde, γd = massa específica seca, em g/cm³;

Pw = Peso úmido do solo compactado, em g;

V = volume útil do molde cilíndrico, em cm³;

w = teor de umidade do solo compactado, em %.

É importante a determinação da saturação e do índice de vazios no ponto da umidade

ótima, assim como traçar curvas de saturação no gráfico. Para isto, utilizou-se as Equações

4.4 e 4.5.

𝑒 =𝛿

𝛾𝑑

Onde,

e = índice de vazios do solo;

δ = massa específica dos grãos, em g/cm².

S =γd. w

e. δw

Onde:

S = grau de saturação;

δw = massa específica da água, em g/cm³ (usualmente emprega valor igual a 1,0g/cm³.

4.2.5 PERMEABILIDADE

Os ensaios de permeabilidade foram realizados na umidade ótima e em torno de 2%

abaixo e acima da mesma, foi usado o solo sem bentonita, com 5% de substituição de bentonita

e com 10% de substituição de bentonita. A estimativa de permeabilidade também foi feita no

adensamento como mostrado no item 4.4.

(Equação 4.5)

(Equação 4.4)

(Equação 4.3)

24

Os ensaios foram baseados nas seguintes normas: NBR 13292:1995 – “Determinação

do coeficiente de permeabilidade de solos granulares a carga constante” e da NBR 14545:2000

– “Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos a carga variável”.

É importante observar que a NBR 13292:1995 é restritiva para solos que passam no

máximo 10% (em massa) na peneira 0,0075 mm (peneira #200), o que não ocorre com nenhuma

das amostras. Todavia, observou-se que poderia haver erros na leitura da bureta para o caso do

ensaio com carga variável, optando assim por fazer o ensaio das duas formas, a fim de ter o

resultado mais fidedigno possível.

Para a moldagem do corpo de prova, utilizou-se o cilindro de compactação do tipo

pequeno e fez-se o procedimento de compactação como descrito no item referente. O

permeâmetro foi montado colocando uma pedra porosa e papel filtro para evitar o problema da

segregação do ar, em seguida uma camada de 2 cm de brita 0 e outra também de 2 cm de areia

grossa (passando na peneira de 2,0 mm e ficando retida na de 0,6 mm), posteriormente o corpo

de prova foi envolto com parafina.

A preparação da parafina para envolver o corpo de prova ocorre da seguinte forma:

coloca-se a parafina cortada em um fogareiro, espera até que toda a mistura fique líquida (sem

pedaços brancos) e então passa a mesma nas laterais de todo o corpo de prova (não pode conter

parafina nas extremidades do corpo de prova, que é onde ocorrerá a passagem da água). O corpo

de prova envolto pela parafina está mostrado na Figura 4.8.

Após esse procedimento, assenta o corpo de prova centralizado no permeâmetro e divide

o mesmo em 8 (oito) camadas. A primeira camada derrama a parafina (transparente e

homogênea) a uma temperatura entre 80ºC-90ºC, à medida que a parafina for resfriando faz

furos em toda a superfície a qual foi despejada, esse procedimento foi o mais eficaz observado

em laboratório para evitar a retração da parafina e posterior passagem de água pela parede do

permeâmetro. Após a parafina ficar totalmente seca, preenche mais uma camada com a parafina

em torno de 100ºC, esperando sua secagem total. Após isso, completa com mais parafina os

possíveis pontos de retração com ajuda de um pincel. A Figura 4.9 mostra a colocação das

primeiras camadas de parafina.

25

Figura 4.8 – Corpo de prova envolto com Parafina

Figura 4.9 – Colocação das primeiras camadas de

parafina.

Da terceira a sexta camada adiciona com bentonita do tipo sortida em forma de pasta.

Esse preenchimento é feito com a ajuda de uma bisnaga, sempre preenchendo e compactando

os vazios. As duas últimas camadas seguem o procedimento idêntico as duas primeiras. Por

conseguinte, coloca-se mais uma camada de areia grossa e outra de brita zero. É importante

observar que se pudesse fazer um corte transversal no permeâmetro, as duas “fatias” teriam a

mesma montagem, como um espelho.

A realização do ensaio com carga constante ocorre da seguinte maneira: conecta o tubo

que liga o tanque (o tanque inicialmente com um nível de água baixa para ter pouca carga

hidráulica, em seguida vai enchendo aos poucos) na válvula inferior do permeâmetro e deixa a

saída de ar aberta para evitar a segregação do ar. Em seguida, espera o corpo de prova saturar.

Após saturado, acopla o tubo ligado ao tanque (já com o nível de água correspondente a carga

hidráulica exigida em ensaio), a saída de ar será fechada, e aguarda até que o fluxo de água que

sai pela válvula inferior seja constante. Posteriormente, recolhe no mínimo 5 (cinco) amostras,

seguindo os procedimentos de norma.

Para determinação do coeficiente de permeabilidade, utiliza-se as equações de Darcy,

sendo µ

µ20 tabelado na norma. O coeficiente de permeabilidade final é a média dos coeficientes

obtidos.

26

Para o ensaio com carga variável, faz-se o mesmo procedimento para carga constante,

porém, quando o corpo de prova é saturado, coloca-se na válvula superior o tubo ligado a uma

bureta graduada com água e sem ar. São feitas, pelo menos, 3 (três) leituras. O procedimento

das leituras é explicado em norma.

Para determinação do coeficiente de permeabilidade de carga variável, usa-se a seguinte

expressão:

𝑘 =𝑎. 𝐻

𝐴. 𝛥𝑡. ln (

ℎ1

ℎ2)

Onde:

Δt = diferença de instantes, em segundos;

h1 e h2 = carga hidráulica nos instantes t1 e t2 respectivamente, em centímetros;

a = área interna da bureta, em centímetros;

A = área inicial do corpo de prova, em centímetros.

Para ajustar o coeficiente de permeabilidade para 20ºC, usa-se o mesmo procedimento

para cargas constantes.

4.2.6 ADENSAMENTO

Como a norma NBR 12007:1990 “Solo - Ensaio de adensamento unidimensional ” foi

cancelada no ano de 2015 e não teve uma que fosse substituída até o presente momento,

utilizaram-se como fundamentação para realização do ensaio além da norma acima já citada a

ASTM D2435/D2435M e as indicações de Massad (2016).

Os ensaios foram realizados no solo sem bentonita, com 5% de substituição da bentonita

e 10% de substituição da bentonita. Sendo para todas as três frações citadas, foram realizados

ensaios na umidade ótima, abaixo da umidade ótima e acima da umidade ótima.

O aparelho utilizado para realização do ensaio e da célula de adensamento foi da marca

TESTOP, sendo o procedimento para a montagem o seguinte: optou-se por moldar o solo no

próprio anel ao invés de talha-lo, sendo assim, compactou o solo (com a umidade desejada) em

3 (três) camadas devidamente calculadas a partir do peso específico seco desejado (obtido na

curva de compactação com energia normal dos ensaios realizados) e das dimensões do anel.

Realizado isto, foi feita a conferência da massa que foi compactada com a massa calculada

(Equação 4.6)

27

necessária. Após isso, foi executada a montagem da célula (como mostra a Figura 4.10) e posta

na máquina de adensamento para realização do ensaio como mostrado na Figura 4.11.

Figura 4.10 – Ensaio de adensamento montado. Figura 4.11 – célula de adensamento sendo montada.

O carregamento ocorreu em 09 (nove) estágios de 24 horas cada um. Inicialmente,

incrementou uma carga de 5 kPa, após 24 horas houve a inundação, onde verificou se houve a

expansão, em seguida, fizeram-se os seguintes estágios: 12 kPa, 25 kPa, 50 kPa, 100 kPa, 200

kPa, 401 kPa e 801 kPa. É importante observar que a literatura estabelece as seguintes

recomendações:

1. A carga de 5 kPa é incrementada inicialmente (para solos resistentes) com a mera

finalidade de ajustar o ponto de aplicação da carga com o solo contido no anel, tendo

uma duração de 5 minutos a 10 minutos;

2. A inundação para verificação de expansibilidade é feita em 10 kPa.

Contudo, observou-se que em 5 minutos não havia uma estabilização completa do anel,

optando assim por deixar essa carga de 5 kPa por um estágio de 24 horas como foi feito com as

outras. Feito isso, é importante observar que a literatura menciona inundação para corpos de

provas indeformados e não moldados. Portanto, elegeu-se por inundar a 5 kPa, pois, quanto

menor a carga, mais crítico o estágio seria em relação à expansão. Optando assim por utilizar o

estágio mais desfavorável possível.

O descarregamento foi feito em 04 (quatro) estágios de 200 kPa, o que está plenamente

de acordo com a literatura, que recomenda no mínimo 03 (três) estágios de descarregamento.

28

Para os cálculos iniciais de todos os ensaios, seguiu-se o seguinte roteiro:

1. Cálculo da densidade inicial (γ0):

𝛾0 =𝑚𝑎𝑛𝑒𝑙+𝑠𝑜𝑙𝑜 − 𝑚𝑎𝑛𝑒𝑙

𝑉𝑎𝑛𝑒𝑙

2. Cálculo da densidade seca inicial (γd0):

γ𝑑0 =100. γ𝑖

100 + 𝑤

3. Cálculo do índice de vazios iniciais (e0):

𝑒0 =𝛿

γ𝑑0− 1

4. Grau de Saturação inicial (S0):

𝑆0 =𝑤. 𝛿

𝑒0. γ𝑤

5. Altura dos sólidos (Hs):

𝐻𝑠 =ℎ

1 + 𝑒0

Onde h é a altura do anel.

Em seguida, faz-se a verificação da variação da altura do corpo de prova inicial e final

de cada estágio e calcula o índice de vazios pela Equação 4.12:

𝑒 =𝛥ℎ

𝐻𝑠− 1

(Equação 4.7)

(Equação 4.8)

(Equação 4.10)

(Equação 4.9)

(Equação 4.12)

(Equação 4.11)

29

Em seguida, como detalhado em Massad (2016), utilizou-se o processo de Taylor (em

cada estágio de carregamento) para o cálculo do coeficiente de adensamento (Cv) e o método

Pacheco Silva para a pressão de pré-adensamento (σ’a).

Além disso, foi feita uma estimativa da permeabilidade para cada ensaio através da

seguinte Equação 4.13:

𝑘 =𝐶𝑣. 𝛾𝑤. 𝐶𝑐

(1 − 𝑒0)

Onde:

k = Coeficiente de permeabilidade;

Cv = coeficiente de adensamento;

γw = massa específica da água;

Cc = índice de compressibilidade;

e0 = índice de vazios inicial.

4.2.7 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

Os ensaios foram do tipo direto lento e realizados seguindo as instruções da norma

americana ASTM D3080/D3080M-11. A máquina utilizada foi da marca Wykeham Farrance,

e os ensaios foram realizados os ensaios com as variações de umidades já citadas anteriormente,

com tensões normais de 50 kPa, 100 kPa e 200 kPa. Cada amostra foi ensaiada na condição

inundada. Em ambos os casos, o corpo de prova foi moldado em um anel (com o mesmo

processo do adensamento), extraído e em seguida fixado na caixa de cisalhamento bipartida.

Após isso, aguardou um período de 24 horas para saturação do corpo de prova e iniciou o ensaio

com critério de parada de 2 minutos.

O ensaio procede da seguinte forma: o corpo de prova é colocado em uma caixa metálica

bipartida, deslizando-se a metade superior em relação à inferior, sendo o corpo de prova

inicialmente comprimido pela força normal, seguindo-se a aplicação da força cisalhante. Esta

força impõe um deslocamento horizontal (Δl) à amostra até a ruptura do corpo de prova (que

ocorre ao longo do plano XX). Para cada tensão normal aplicada, obtém-se um valor de tensão

cisalhante de ruptura, permitindo o traçado da envoltória de resistência. (SOARES, 2012)

(Equação 4.13)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

A Figura 5.1 mostra as curvas granulométricas obtidas do solo sem bentonita, da

bentonita na forma bofe e das misturas solo-bentonita nos teores de 5% e 10%. A Tabela 5.1

mostra o resumo dos resultados obtidos na caracterização, além disso mostra resultados obtidos

por outros autores de um solo com a mesma classificação unificada que o do estudo em questão

e bentonita do tipo sortida para posterior análise.

Figura 5.1 – Curvas granulométricas do solo sem bentonita, bentonita bofe, e das misturas solo-bentonita

com 5% e 10%.

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Per

cen

tual

qu

e P

assa

Diâmetro da Partícula (mm)

Bentonita bofe Solo sem bentonita 5% 10%

31

Tabela 5.1 – Resumo dos ensaios de caracterização realizados e ensaios existentes na literatura.

Síntese dos resultados

A B C D

S00 S05 S10 B.B. S00 S00 S05 B.S. S00 S06 B.S.

δ (g/cm³) 2,60 2,61 2,64 2,66 2,66 2,61 2,67 2,83 2,63 2,67 2,83

Limites de

Atterberg

WL

(%) 22,0 22,5 30,2 216,0 17,5 26,0 39,0 455,0 32,0 48,0 458,0

WP

(%) 15,0 17,0 20,0 46,3 14,4 17,0 17,0 54,0 16,0 17,0 55,0

IP

(%) 7,1 5,5 10,2 169,7 3,1 9,0 22,0 401,0 16,0 31,0 403,0

Análise

Granulométrica

P (%) 3,0 1,3 1,3 0,0 1,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

A.G.

(%) 17,1 19,7 15,9 0,0 15,8 1,0 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0

A.M.

(%) 29,5 29,8 26,9 0,0 43,6 24,0 25,0 1,0 27,0 25,0 0,5

A.F.

(%) 28,2 22,3 25,7 37,0 25,0 39,0 35,0 1,0 45,0 44,0 0,5

S (%) 11,4 16,6 20,2 20,8 1,9 14,0 15,0 24,0 4,0 6,0 24,0

Ar

(%) 11,0 10,3 10,5 78,8 12,4 22,0 24,0 74,0 24,0 25,0 75,0

Classificação Unificada SC SC SC - SC SC SC - SC SC -

Nota¹: A refere-se a presente pesquisa, B a Freitas Neto et al. (2004), C a Lukiantchuki (2007) e D a Camargo (2012) Nota²: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita, S06 a mistura solo-bentonita com

6% de bentonita e S10 a mistura solo-bentonita com 10% de bentonita.

Nota3: B.B corresponde a bentonita bofe, B.S. a bentonita sortida, P: pedregulho, A.G.: areia grossa, A.M.: areia média, A.F.: areia fina, S: silte e Ar: argila.

Observa-se que, em todos os casos, a bentonita tem uma massa específica maior que o

solo, sendo assim, o peso específico das misturas apresenta valores crescentes, sendo o

esperado. Os resultados mostram que para os resultados de Camargo (2012) e Lukiantchuki

(2007) a bentonita sortida apresenta uma massa especifica maior que a bentonita bofe,

resultando em massas especificas da mistura solo-bentonita maiores. Apesar disso, o presente

estudo segue a mesma tendência de aumento da massa específica em relação aos outros dois

estudos, visto que, percentualmente todos aumentaram a massa especifica na mistura solo-

bentonita com 5% de bentonita em relação ao solo sem bentonita em torno de 1% a 2%.

Freitas Neto et al. (2004) fizeram a caracterização do solo da mesma jazida do presente

estudo, apresentando valor de massa específica de 2,66 g/cm³. Sendo admissível essa variação,

dado o local e a data da retirada distintos.

Para Daniel e Koerner (1995) o limite de liquidez de uma bentonita cálcica varia entre

100% e 150%, enquanto o de uma bentonita sódica varia entre 300% e 500%. Sendo assim, a

bentonita do presente estudo tende a não ser uma bentonita tão ativa no sentido expansivo

quanto a de Camargo (2012) e Lukiantchuki (2007), onde apresentaram valores de WL de 455%

e 403% respectivamente.

32

Todavia é importante destacar que a CETESB (1993) recomenda os valores de WL>30%

e IP>30% para o uso de solos em barreiras impermeabilizantes. Neste sentido, as misturas solo-

bentonita do presente trabalho se enquadram perfeitamente nas recomendações.

Os valores WL, WP e IP do solo, proveniente da mesma jazida desse estudo, encontrados

em Freitas Neto et al. (2004) são de 17,5%, 14,4% e 3,1%. Dado o 1tempo de extração da

amostra e o local, são dados muito próximos, sendo assim, valores aceitáveis para um mesmo

solo. A comparação das análises textuais mostra diferenças razoáveis nas quantidades de silte

e areia média, porém, os dois solos são basicamente arenosos.

Os resultados mostraram que a bentonita na forma bofe apresenta praticamente a mesma

granulometria que as bentonitas na forma sortida. Além disso, observa-se que em todos os casos

não há alteração significativa nas frações granulométricas quando adicionada à bentonita.

Segundo Morandini (2009), quando a bentonita é adicionada às misturas, a mesma floculou

e/ou agregou a grãos siltosos. O presente trabalho observa um certo aumento nas frações de

silte, sendo esta explicação aceitável.

5.2 INCHAMENTO FOSTER

O resultado para o inchamento da bentonita na forma bofe foi de 1 ml/g, o que segundo

Cutrim et al. (2015), caracteriza-se como um não inchamento. Para finalidade de comparação,

utilizou-se uma bentonita na forma sortida da marca NERCOGEL e encontrou-se o valor de

inchamento de 3 g/ml, o que é caracterizado como inchamento baixo. Para Cutrim et al. (2015),

esses valores são esperados para estas formas de bentonita. A Figura 5.2 mostra o ensaio feito

após 24 horas.

33

Figura 5.2 – Ensaio de inchamento

Foster, sendo a proveta A com bentonita

bofe e a proveta B com bentonita sortida

Para efeito de comparação visual, colocou-se bentonita nas duas formas em béqueres

com água para análise visual dos inchamentos. Foi nítida a diferença de expansão entre as duas,

como se pode perceber na Figura 5.3 onde a linha pontilhada AA foi o volume inicial para

ambas bentonitas. A análise visual comprova o ensaio do inchamento Foster onde mostra a

bentonita na forma bofe como não expansiva, e, apesar da bentonita sortida visualmente

aparentar grande expansão, é conveniente ressaltar que bentonitas com alto grau de inchamento

(como bentonitas na forma chocolate) pode expandir até 20 (vinte) vezes seu volume inicial.

B A

34

Figura 5.3 – Análise visual do inchamento da bentonita, sendo o béquer

“A” com bentonita bofe e o béquer “B” com bentonita sortida.

5.3 COMPACTAÇÃO

As curvas de compactação estão mostradas na Figura 5.4 e os valores de umidade ótima

e massa específica aparente máxima e resultados de Freitas Neto et al. (2004) que usaram o

solo da mesma jazida e fez com os mesmos teores de mistura, sendo que, com bentonita sortida,

estão mostrados na Tabela 5.2.

Figura 5.4 – Curvas de compactação do solo sem bentonita e das misturas solo bentonita nos teores de 5% e 10%

Sr=90%

1,50

1,70

1,90

2,10

0 5 10 15 20

Mas

sa E

spec

ífic

a A

par

ente

Sec

a (g

/cm

³)

Umidade (%)Sem bentonita 5% Bentonita 10% Bentonita

Sr=80

Sr=100

AA

35

Tabela 5.2 – Valores de γw máximo e wot obtidos a partir das curvas de compactação

A Freitas Neto et al. (2004)

S00 S05 S10 S00 S05 S10

wot (%) 9,20 10,20 11,80 8,40 12,50 14,00

ρd (g/cm³) 1,98 2,02 1,96 2,07 1,92 1,89

Nota¹: A refere-se a presente pesquisa.

Nota²: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita e

S10 a mistura solo-bentonita com 10% de bentonita.

Comparando os resultados obtidos com os de Freitas Neto et al. (2004), observa-se uma

diferença na umidade e no peso específico muito menor neste trabalho quando comparado aos

resultados de Freitas Neto et al. (2004) que utilizaram o mesmo solo com a bentonita na forma

sortida.

Observando a variação da umidade ótima e peso específico seco de cada mistura

referente ao seu solo sem bentonita, observa-se que, para o presente trabalho, o peso específico

praticamente não variou com a bentonita, além disso, a umidade ótima variou menos que a

metade para os dois teores quando comparado com as variações de umidades apresentadas nos

resultados de Freitas Neto et al. (2004). A Tabela 5.3 mostra a diferença de variação em relação

ao solo sem bentonita que ocorreu devido a bentonita na forma bofe do presente trabalho e a

bentonita na forma sortida de Freitas Neto et al. (2004). E apesar da curva do solo com o teor

de 5% de bentonita ter um pico maior do que a sem bentonita, essa diferença é muito pequena

de apenas 2%, além disso as varrições da bentonita tipo bofe são consideravelmente sutis em

relação a bentonita sortida.

.

Acredita-se que este fato se dá justamente pela bentonita presente em Freitas Neto et al.

(2004) ser razoavelmente mais expansiva que a do presente estudo. Neste sentido, quando há

expansão da bentonita, formam-se vazios no solo, e, como segundo Pinto (2006), a

Tabela 5.3 – Variações do wot e γs que ocorreram presente trabalho e no de Freitas Neto et al. (2004) quando foi

adicionada bentonita nos teores de 5% e 10%. 5% BENTONITA 10% BENTONITA

A Freitas Neto

et al. (2004) A

Freitas Neto et

al. (2004)

Variação da wot

(%) 11% 23% 28% 67%

Variação do ρd(g/cm³) 2% -7% -1% -9%

Nota¹: A refere-se a presente pesquisa.

36

compactação é a diminuição do índice de vazios por processos mecânicos, existindo uma maior

dificuldade de acontecer isso quando a bentonita é mais expansiva. Em relação ao fato da curva

com o teor solo-bentonita de 5% ultrapassar o valor da curva com o solo sem bentonita para o

presente estudo, é atípico. Entretanto pode-se observar que nas curvas tensão cisalhante x

deslocamento (no ensaio de cisalhamento realizado nesta pesquisa), o solo melhorado com 5%

de bentonita apresentou valores de Tensão de pico mais elevados do que o solo puro.

5.4 PERMEABILIDADE

Os valores do coeficiente de permeabilidade foram feitos na umidade ótima,

aproximadamente 2% abaixo da wot (wot(-)) e aproximadamente 2% acima do wot (wot(+)), todos

foram feitos com o solo sem bentonita e com mistura solo-bentonita nos teores de 5% e 10%.

Os dados de moldagem estão expressos na Tabela 5.4, os resultados dos ensaios a carga

constante estão representados na Tabela 5.5 e os resultados com carga variável na Tabela 5.6.

Tabela 5.4 – Características de moldagem dos corpos de prova para os ensaios de permeabilidade.

S00

WOT(-)

S00

WOT

S00

WOT(+)

S05

WOT(-)

S05

WOT

S05

WOT(+)

S10

WOT(-)

S10

WOT

S10

WOT(+)

D (cm) 9,71 9,69 9,85 9,74 9,68 9,75 9,73 9,69 9,68

h (cm) 12,70 12,85 12,84 12,69 12,74 12,72 12,87 12,75 12,75

mcp (g) 1733,87 2250,30 2174,86 1866,23 2123,53 1940,91 1839,81 2096,02 1972,75

w (%) 7,01 9,32 11,57 8,07 10,05 12,46 9,53 11,96 13,47

ρd (g/cm³) 1,72 2,17 1,99 1,84 2,06 1,84 1,92 1,99 1,85

e0 0,51 0,20 0,30 0,42 0,27 0,42 0,49 0,31 0,42

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita e S10 a mistura solo-bentonita com 10% de bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

Nota ³: D é referente ao diâmetro médio do corpo de prova, h é relativo a altura média do corpo de prova e mcp a massa do corpo de prova.

Tabela 5.5 – Valores de coeficientes de permeabilidades do solo sem bentonita e com misturas solo bentonita nos

teores de 5% e 10% para ensaio de permeabilidade a carga constante

S00 S05 S10

Umidade

(%) k (cm/s) k20 (cm/s)

Umidade

(%) k (cm/s) k20 (cm/s)

Umidade

(%) k (cm/s) k20 (cm/s)

7,17 wot(-) 1,21x10-2 1,02x10-2 7,98 wot(-) 3,42.10-5 2,90.10-5 9,39 wot(-) 2,52.10-6 1,97.10-6

9,23 wot 1,31x10-3 1,05x10-3 10,12 wot 1,20.10-6 1,02.10-6 11,86 wot 1,02.10-7 9,87.10-8

11,25 wot(+) 8,13x10-3 6,59x10-3 11,51 wot(+) 7,94.10-6 6,3.10-6 14,03 wot(+) 8,71.10-7 6,32.10-7

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita e S10 a mistura solo-bentonita com 10% de

bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

37

Tabela 5.6 – Valores de coeficientes de permeabilidades do solo sem bentonita e com misturas solo bentonita nos

teores de 5% e 10% para ensaio de permeabilidade a carga variável.

S00 S05 S010

Umidade

(%) k (cm/s) k20 (cm/s)

Umidade

(%) k (cm/s)

k20

(cm/s)

Umidade

(%) k (cm/s)

k20

(cm/s)

7,05 wot(-) 1,15.10-4 9,7.10-3 8,2 wot(-) 3,09.10-5 2,62.10-7 9,8 wot(-) 7,28.10-6 6,78.10-6

9,13 wot 1,24.10-3 1,00.10-3 10,2 wot 1,08.10-6 9,2.10-7 11,8 wot 9,2.10-8 8,93.10-8

11,52 wot(+) 7,72.10-3 6,26.10-3 11,2 wot(+) 7,17.10-6 5,69.10-6 13,8 wot(+) 7,88.10-7 5,72.10-7

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita e S10 a mistura solo-bentonita com 10%

de bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

Fazendo uma média dos valores obtidos do k20 no ensaio com carga constante e no

ensaio com carga variável, foi traçado pontos correlacionando esses valores para todas as

umidades como mostrado na Figura 5.5. O gráfico mostra que apesar da bentonita bofe

praticamente não ser expansiva, a mesma influencia razoavelmente na permeabilidade, visto

que, para umidade ótima, os valores variaram da ordem de 10-3 cm/s para o solo sem bentonita

a 10-7 cm/s para mistura solo-bentonita no teor de 10%, sendo este último valor inclusive,

aceitável para impermeabilização de barreiras segundo a (CETESB, 1993).

O gráfico da Figura 5.5 também mostra menores valores no coeficiente de

permeabilidade para umidade ótima, e na umidade acima da ótima (ramo úmido), ou seja,

quando a estrutura do solo é dispersa, valores do coeficiente de permeabilidade menores

comparado a estruturas floculadas (ramo seco). Sendo assim, os ensaios coerentes e de acordo

com (LAMBE e WHITMAN, 1969).

Figura 5.5 – variação dos coeficientes de permeabilidades versus os teores de bentonita

1,E-10

1,E-07

1,E-04

1,E-01

0 5 10 15

k20

(cm

/s)

Teor de bentonita (%)

wot (-) wot wot (+)

38

Ensaios de permeabilidade realizados por Freitas Neto et al. (2004) com bentonita

sortida, como mostrado na Tabela 5.7, mostram que o solo na umidade ótima tinha um k20 de

3,7.10-4 cm/s e na mistura solo-bentonita de 5% apresentou um k20 de 3,01.10-9 cm/s, valor este

muito superior ao apresentado neste estudo, pois a bentonita bofe apresentou um valor próximo

a isso só com teores de 10% (e mesmo assim foram menores na ordem de 10-7cm/s). Este fato

é muito coerente devido ao pouco inchamento da bentonita bofe como explicado na

fundamentação teórica. Porém, visto que a bentonita bofe é tratada como um rejeito para

engenharia, a mesma apresenta valores competitivos para impermeabilização de barreiras

quando misturada a teores mais elevados.

Tabela 5.7 – Ensaios de permeabilidade realizados por Freitas Neto et al. (2004)

Freitas Neto et al. (2004)

S00 S05

k20 (cm/s) 3,7.10-4 3,01.10-11

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita e S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita.

5.5 ADENSAMENTO

O adensamento também foi realizado com variações de umidades nos mesmos padrões

como descrito na permeabilidade. Neste sentido, Na Tabela 5.8 representa-se as

características de moldagem dos corpos de prova e as Figuras 5.6, 5.7 e 5.8 apresenta as

curvas Índice de Vazios versus Tensão.

Tabela 5.8 – Características de moldagem dos corpos de prova para os ensaios de adensamento

S00

WOT(-)

S00

WOT

S00

WOT(+)

S05

WOT(-)

S05

WOT

S05

WOT(+)

S10

WOT(-)

S10

WOT

S10

WOT(+)

D (cm) 5,04 5,04 5,04 5,04 5,04 5,04 5,04 5,04 5,04

h (cm) 2,00 1,99 1,99 1,99 2,00 2,00 2,00 1,99 1,99

mcp (g) 82,36 87,56 86,89 85,58 89,34 90,34 113,19 119,97 116,69

w (%) 7,21 9,31 11,46 7,87 10,12 12,27 9,68 11,96 13,97

ρd (g/cm³) 1,93 2,02 1,95 2,00 2,03 2,02 1,79 1,92 1,82

e0 0,35 0,29 0,33 0,31 0,28 0,29 0,45 0,35 0,43

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita e S10 a mistura solo-bentonita com

10% de bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

Nota ³: D é referente ao diâmetro médio do corpo de prova, h é relativo a altura média do corpo de prova e mcp a massa do corpo de prova.

39

Figura 5.6 – Tensão Normal x índice de vazios do solo sem bentonita

Figura 5.7 – Gráfico tensão x índice de vazios do solo com 5% de bentonita.

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

1 10 100 1000

Índ

ice

de

Vaz

ios

Log σ (kPa)

Sem bent. wot(-) Sem bent. wot Sem bent. Wot(+)

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

1 10 100 1000

Índ

ice

de

Vaz

ios

Log σ (kPa)

5% wot(-) 5% wot 5% wot (+)

40

Figura 5.8 – Gráfico tensão x índice de vazios do solo com 10% de bentonita.

Desses gráficos pode-se estabelecer valores de índice de compressão (Cc),

recompressão (Cr) e tensão de pré-adensamento, na Tabela 5.9 está explicitado estes valores e

mostrado os valores de expansão quando houve inundação em 5kPa.

Tabela 5.9 – Valores de Cc, Cr, σ'a e expansão obtidos no ensaio de adensamento.

Material Cc Cr σ'a (kPa) Expansão (%)

S00 wot(-) 0,0394 0,0660 80 -0,2

S00 wot 0,0561 0,1025 99 -0,04

S00 wot(+) 0,0408 0,0880 58 -0,23

S05 wot(-) 0,1201 0,2055 145 0,02

S05 wot 0,0662 0,1972 160 0

S05 wot(+) 0,1459 0,1402 100 0,02

S10 wot(-) 0,1858 0,3463 81 0,05

S10 wot 0,1552 0,2341 95 0,01

S10 wot(+) 0,2146 0,3426 45 0,02

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita e

S10 a mistura solo-bentonita com 10% de bentonita. Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade

ótima.

A Tabela 5.10 mostra resultados obtidos por Soares (2012) no ensaio de adensamento

com o solo natural e com mistura solo-bentonita no teor de 5%.

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

1 10 100 1000

Índ

ice

de

Vaz

ios

Log σ (kPa)

10% w-ot 10% wot 10% w+ot

41

Tabela 5.10 – Valores de Cc obtidos por Soares (2012)

Material Cc

S00 wot 0,122

S05 wot 0,145 Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita e S10 a mistura

solo-bentonita com 10% de bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

Correlacionando os resultados pode-se observar que o aumento do índice de compressão

foi muito próximo para o teor de 5%, para ambos houve um aumento de 20%, já para o estudo

em questão houve um aumento na compressibilidade no teor de 10% em mais de 170% em

relação ao solo sem bentonita, esse fato pode ser explicado por Cunha (2012) que afirma solos

com maior plasticidade apresentam maior índice de compressão, o que está coerente, pois a

medida que a porcentagem aumenta, o índice de compressão também.

Segundo Massad (2010), a compactação torna o solo menos compressível, sendo assim,

valores na umidade ótima tendem a ter menor variação dos índices de vazios. Ainda segundo o

autor, a estrutura de um solo disperso tende a menor variação do índice de vazios. O que mostra

resultados altamente coerentes.

O ensaio de adensamento verificou a expansão dos corpos de prova, o que comprovou

que a bentonita bofe praticamente não é expansiva. Para uma análise gráfica a Figura 5.9 mostra

as linhas “tempo x expansão” de todos os teores no estágio de inundação em 5kPa, mostrando

as baixas expansões. Já a Figura 5.10 mostra a pequena variação do índice de vazios com o

tempo.

Figura 5.9– Gráfico da expansão x tempo.

-1,00

-0,50

0,00

0,50

1,00

0 5 10 15 20 25

Exp

ansã

o (

mm

)

Tempo (h)

Sem bent. Wot(-)

Sem bent. wot

Sem bent. Wot(+)

5% wot(-)

5% wot

5% wot(+)

10% wot(-)

10% wot

10% wot(+)

42

Figura 5.10 - Gráfico da Expansão x Tempo.

A partir do estágio de 12kPa foi calculado o coeficiente de adensamento (Cv), o mesmo

não foi feito para a carga inicial 5kPa por ser a de ajuste, a partir disso traçou-se gráfico desse

coeficiente para cada tensão como mostra as Figuras 5.11, 5.12 e 55.13.

Nos gráficos pode-se observar que o coeficiente de adensamento sempre é decrescente

com o incremento de tensões e tem os menores valores para as curvas na umidade ótimo e

maiores valores para as curvas na umidade abaixo da ótima. Para entender este fato pode-se

analisar Equação 4.13 que relaciona o Cv com o coeficiente de permeabilidade, considerando

que todos valores da Equação são constantes (pois o Cc, o γw e o e0 não se alteram para um

mesmo ensaio), então o coeficiente de adensamento será proporcional ao coeficiente de

permeabilidade, à medida que é adicionada tensões ao corpo de prova, o seu índice de vazios

diminui, consequentemente a permeabilidade, com visto na fundamentação teórica, sendo

assim, o Cv também será reduzido para cada tensão inserida ao corpo de prova. O fato das

curvas das umidades ótimas serem as menores e as das umidades abaixo da ótima as maiores,

é explicado também na fundamentação teórica pelo fato do corpo de prova compactado no ramo

úmido ter estrutura floculada. As Figuras 5.14, 5.15 e 5.16 apresentam a estimativa da

permeabilidade de acordo com o as tensões. O cálculo do coeficiente de permeabilidade foi

feito pela Equação 4.13.

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000

Índ

ice

de

Vaz

ios

Tempo (h)

Sem bent w-ot

Sem bent. wot

Sem bent. W+ot

5% w-ot

5% wot

5% w+ot

10% w-ot

10% wot

10% w+ot

43

Figura 5.11 – Curvas Cv x Tensão para o solo sem bentonita

Figura 5.12 - Curvas Cv x Tenso para o solo com 5% de bentonita

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 200 400 600 800 1000

Co

efi

cie

nte

de

ad

en

sam

en

to (

Cv)

Tensão (kpa)

Sem bent. W-ot Sem bent. wot Sem bent. W+ot

0,00E+00

1,00E-03

2,00E-03

3,00E-03

4,00E-03

5,00E-03

0 200 400 600 800 1000

Co

efi

cie

nte

de

ad

en

sam

en

to (

Cv)

Tensão (kPa)

5% w-ot 5% wot 5% w+ot

44

Figura 5.13 - Curvas Cv x Tensão para o solo com 10% de bentonita

Figura 5.14 – Curvas coeficiente de permeabilidade (k) x Tensão, no solo sem bentonita.

0,00E+00

1,00E-05

2,00E-05

3,00E-05

4,00E-05

5,00E-05

0 200 400 600 800 1000

Co

efi

cie

nte

de

ad

en

sam

en

to (

Cv)

Tensão (kPa)

10% w-ot 10% wot 10% w+ot

0,00E+00

5,00E-04

1,00E-03

1,50E-03

2,00E-03

2,50E-03

0 400 800

Co

efi

cie

nte

de

pe

rme

abili

dad

e (

cm/s

)

tempo (min)

Sem bent. W-ot Sem bent. wot Sem bent. W+ot

𝑘 =𝐶𝑣 . 𝐶𝑐 . γ𝑤

(1 − 𝑒0)

45

Figura 5.15 - Curvas coeficiente de permeabilidade (k) x Tensão, no solo com 5% de bentonita.

Figura 5.16 - Curvas coeficiente de permeabilidade (k) x Tensão, no solo com 10% de bentonita.

Correlacionando os resultados obtidos com os resultados obtidos nos ensaios de

permeabilidade, observa-se que os valores do coeficiente de permeabilidade são relativamente

menores no adensamento, pois, à medida que a carga é aplicada, os índices de vazios diminuem.

Porém, os valores para os primeiros carregamentos são muito coerentes com os valores obtidos

nos ensaios de permeabilidade, sendo esta estimativa do coeficiente de adensamento na

permeabilidade válida.

0,00E+00

5,00E-04

1,00E-03

1,50E-03

2,00E-03

2,50E-03

0 400 800Co

efi

cie

nte

de

pe

rme

abili

dad

e (

cm/s

)

tempo (min)

Sem bent. W-ot Sem bent. wot Sem bent. W+ot

0,00E+00

5,00E-08

1,00E-07

1,50E-07

2,00E-07

2,50E-07

0 400 800

Co

efi

cie

nte

de

pe

rme

abili

dad

e (

cm/s

)

Tensão (kPa)

10% w-ot 10% wot 10% w+ot

46

5.6 CISALHAMENTO

Os ensaios de cisalhamento direto seguiram o mesmo padrão de variação de umidade. As

Tabelas 5.11, 5.12 e 5.13 mostram as características de moldagem e os gráficos das Figuras

5.17 a 5.34 estão demonstrando a variação da tensão cisalhante com o deslocamento horizontal

e a variação do volume com a variação horizontal.

Tabela 5.11 – Características de moldagem dos corpos de prova sem bentonita no ensaio de

cisalhamento direto. S00 WOT(-) S00 WOT(-) S00 WOT(+)

σi (kPa) 50 100 200 50 100 200 50 100 200

D (cm) 6,00 5,98 6,00 5,99 5,98 5,98 5,95 5,94 5,94

h (cm) 3,18 3,15 3,20 3,12 3,15 3,11 3,24 3,14 3,14

mcp (g) 171,92 177,15 183,53 193,10 194,09 190,00 193,29 190,87 184,64

w (%) 6,82 7,02 6,97 9,33 9,09 9,41 11,71 11,98 11,31

ρd (g/cm³) 1,79 1,87 1,92 2,01 2,01 1,99 1,92 1,95 1,90

e0 0,45 0,39 0,36 0,30 0,29 0,31 0,35 0,33 0,37

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

Nota ³: σi é referente a tensão inicial aplicada, D ao diâmetro médio do corpo de prova, h é relativo a altura média do corpo de prova e mcp a massa do corpo de prova.

Tabela 5.12 – Características de moldagem dos corpos de prova com teor de 5% de bentonita no

ensaio de cisalhamento direto. S05 WOT(-) S05 WOT(-) S05 WOT(+)

σi (kPa) 50 100 200 50 100 200 50 100 200

D (cm) 5,97 5,97 6,00 5,97 5,96 5,97 6,00 5,94 6,00

h (cm) 3,20 3,20 3,21 3,20 3,19 9,98 3,21 3,15 3,21

mcp (g) 173,79 171,95 172,80 181,95 183,76 190,99 182,80 180,65 182,84

w (%) 7,39 8,16 7,96 10,13 10,01 9,98 12,92 13,05 12,52

ρd (g/cm³) 1,81 1,88 1,80 1,85 1,88 1,92 1,79 1,83 1,79

e0 0,44 0,39 0,57 0,41 0,39 0,36 0,46 0,43 0,46 Nota¹: S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

Nota ³: σi é referente a tensão inicial aplicada, D ao diâmetro médio do corpo de prova, h é relativo a altura média do corpo de prova e mcp a massa do corpo de prova.

Tabela 5.13 – Características de moldagem dos corpos de prova com teor de 10% de bentonita no

ensaio de cisalhamento direto. S05 WOT(-) S05 WOT(-) S05 WOT(+)

σi (kPa) 50 100 200 50 100 200 50 100 200

D (cm) 5,95 5,95 5,95 5,97 5,96 5,96 5,98 5,95 5,96

h (cm) 3,21 3,19 3,23 2,27 3,19 3,21 3,18 3,20 3,22

mcp (g) 185,03 186,02 189,32 183,00 187,27 184,56 186,30 185,60 188,42

w (%) 9,55 9,43 9,74 11,72 12,01 10,92 14,10 14,07 13,95

ρd (g/cm³) 1,89 1,91 1,92 1,79 1,88 1,86 1,83 1,83 1,84

e0 0,40 0,38 37,00 0,47 0,40 0,42 0,44 0,44 0,43 Nota¹: S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 10% de bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima. Nota ³: σi é referente a tensão inicial aplicada, D ao diâmetro médio do corpo de prova, h é relativo a altura média do corpo de

prova e mcp a massa do corpo de prova.

47

Figura 5.17 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo sem bentonita abaixo da

umidade ótima.

Figura 5.18 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo sem bentonita abaixo da

umidade ótima

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 2 4 6 8

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

48

Figura 5.19 – Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo sem bentonita na umidade

ótima.

Figura 5.20 – Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo sem bentonita na umidade

ótima

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 2 4 6 8

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

49

Figura 5.21 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo sem bentonita acima da

umidade da ótima.

Figura 5.22 – Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo sem bentonita acima da

umidade da ótima.

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 1 2 3 4 5 6 7

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)50kpa 100kpa 200kpa

50

Figura 5.23 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 5% bentonita abaixo da

umidade ótima.

Figura 5.24 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 5% de bentonita abaixo

da umidade ótima

0

25

50

75

100

125

150

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 2 4 6 8

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

51

Figura 5.25 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 5% bentonita na umidade

ótima.

Figura 5.26 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 5% de bentonita na

umidade ótima

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 2 4 6 8

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

52

Figura 5.27 Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 5% bentonita acima da

umidade ótima.

Figura 5.28 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 5% de bentonita acima

da umidade ótima

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 1 2 3 4 5 6 7

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

53

Figura 5.29 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 10% bentonita abaixo da

umidade ótima.

Figura 5.30 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 10% de bentonita abaixo

da umidade ótima

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 2 4 6 8

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

54

Figura 5.31 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 10% bentonita na umidade

ótima.

Figura 5.32 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 10% de bentonita na

umidade ótima

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 2 4 6 8

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

55

Figura 5.33 - Gráfico de tensão cisalhante x deslocamento horizontal para o solo com 10% bentonita acima da

umidade ótima.

Figura 5.34 - Gráfico de variação de volume x deslocamento horizontal para o solo com 10% de bentonita acima

da umidade ótima

Nas Figuras 5.35, 5.36 e 5.37 estão apresentadas a envoltória de resistência das amostras

na condição inundada e a Tabela 5.15 mostra os resumos das equações com os valores de do

0

25

50

75

100

125

150

0 2 4 6 8

Ten

são

Csi

salh

ante

(kp

a)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0 1 2 3 4 5 6 7

Var

iaçã

o d

o v

olu

me

(%

)

Deslocamento Horizontal (mm)

50kpa 100kpa 200kpa

56

ângulo de atrito e coesão. Já as Figuras 5.38 e 5.39 mostram graficamente as variações dos

ângulos de atrito e coesão respectivamente.

Figura 5.35 – Envoltórias de resistência do solo sem bentonita.

Figura 5.36 - Envoltórias de resistência do solo com 5% de bentonita.

S00: wot(-)

τ = 2,28 + σtg19,35º

R² = 1

S00 : wot

τ = 2,93 + σtg 26,35°R² = 0,99

S00: wot(+)

τ = 2,46 + σtg 16,02º

R² = 0,99

0

50

100

150

0 50 100 150 200 250

Sem bent. W-ot sem bent. wot Sem bent. W+ot

S05: wot(-)

τ = 3,76 + σtg 25,26º

R² = 0,99

S05 : wot

τ = 5,86 + σtg 29,94º

R² = 0,99

S05: wot(+)

τ = 2,71 + σtg 19,92º

R² = 0,990

50

100

150

0 50 100 150 200 250

5% w-ot 5% wot 5% w+ot

57

Figura 5.37 - Envoltórias de resistência do solo com 10% de bentonita.

Tabela 5.14 – valores obtidos em ensaio do ângulo de atrito e coesão.

Material φ c

S00 wot(-) 19,35 2,28

S00 wot 26,35 2,93

S00 wot(+) 16,02 2,46

S05 wot(-) 25,26 3,76

S05 wot 29,94 5,86

S05 wot(+) 19,92 2,71

S10 wot(-) 21,04 4,23

S10 wot 23,64 7,74

S10 wot(+) 14,01 3,90

Nota¹: S00 refere-se ao solo sem bentonita, S05 refere-se a mistura solo-bentonita com 5% de

bentonita e S10 a mistura solo-bentonita com 10% de bentonita.

Nota²: wot(-) refere-se abaixo da umidade ótima, wot representa a umidade ótima e wot(+) acima da umidade ótima.

S10 : wot(-)

τ = 4,23 + σtg 21,04º

R² = 0,99

S10 : wot

τ = 7,74 + σtg 23,64º

R² = 0,99

S10 : wot(+)

τ = 3,90 + σtg 14,01º

R² = 10

50

100

150

0 50 100 150 200 250

10% w-ot 10% wot 10% w+ot

58

Figura 5.38 – Valores dos ângulos de atrito expressos graficamente

Figura 5.39 – Valores de coesão (em kPa) representados graficamente.

Nos ensaios, observa-se para o teor de 10% que de uma forma geral, o ângulo de atrito

diminui e a coesão aumenta. O que é esperado segundo Lukiantchuki (2007). Quando a umidade

ótima é alterada, ressalta-se a diminuição das resistências de valores no ramo úmido quando

comparados a valores no ramo seco, o que também era previsto por (MASSAD, 2016).

Soares (2012) Observa para misturas com 5% de bentonita sortida existe “ganhos” pouco

significativos de coesão e ângulo de atrito, assim como acontece no estudo em questão, estando

coerente com a literatura. O grande diferencial é que no estudo da autora, assim como

Lukiantchuki (2007) e Camargo (2012) há uma pequena diminuição nas tensões cisalhantes, e,

nos gráficos das tensões cisalhantes do presente estudo, observa-se essa pequena diminuição só

19,35Wot(-)

25,26Wot(-)

21,04Wot(-)

26,35Wot

29,94Wot

23,64Wot

16,02Wot(+)

19,92Wot(+)

14,01Wot(+)

0

5

10

15

20

25

30

35

Sem Bent. 5% 10%

2,28wot(-)

3,76wot(-)

4,23wot(-)

2,93wot

5,86wot

7,74wot

2,46wot(+)

2,71wot(+)

3,90wot(+)

0

2

4

6

8

10

Sem Bent. 5% 10%

59

nos teores de 10%, existindo, inclusive, ganho significativo na tensão cisalhante de até 20kPa

na mistura com 5% de bentonita bofe na umidade ótima no gráfico tensão Cisalhante x

Deslocamento, mostrando assim, que essa forma de bentonita com esse teor abrange seu uso

para além de componentes impermeabilizantes, pois, sua plasticidade aumenta, seu coeficiente

de permeabilidade diminui até significativamente (mas não o suficiente para ser usado como

barreiras impermeabilizantes para este tipo de solo no teor de 5%) e sua tensão cisalhante

aumenta. É importante ressaltar que, apesar do incremento de bentonita no solo atipicamente

ter aumento de tensão, isto ocorreu para o corpo de prova individualmente, pois em um contexto

geral, analisando as envoltórias do solo sem bentonita e com o teor de 5% de bentonita, o

aumento do ângulo de atrito e coesão foram relativamente baixos.

6 CONCLUSÃO

A pesquisa investigou que há viabilidade em usar misturas de bentonitas na forma bofe,

que até então era caracterizada como bentonita de baixa qualidade e sem uso para a engenharia

civil.

Inicialmente, foi feita a caracterização e investigado o nível de inchamento da bentonita

que foi estudada. Fez-se a mistura do solo-bentonita nos teores de 5% e 10%, e a partir destes

valores, obtiveram-se as respectivas curvas de compactação, observando assim, que não houve

variações significativas no peso específico seco e variações singelas nas umidades ótimas

quando comparada com a bentonita sortida.

A partir disso, foram feitos ensaios de permeabilidade variando as umidades em: ótima,

2% abaixo da ótima, 2% acima da ótima. Neste contexto, encontraram-se valores de

permeabilidade variando na ordem de 10-2 cm/s a 10-8 cm/s, sendo este último no teor de 10%

e aceito para utilização em barreiras impermeabilizantes. Mostrando assim, competitividade na

bentonita bofe para uso em barreiras impermeabilizantes, pois, mesmo o teor sendo

relativamente maior (geralmente teor de 5% de bentonita sortida já seria o suficiente para esta

ordem de permeabilidade em solos arenosos), essa bentonita não altera significativamente as

propriedades do solo, alterando menos, inclusive, que teores de 5% com bentonita sortida.

Ainda a bentonita do tipo bofe apresenta um ganho de resistência cisalhante na mistura

com teor de 5% e sua resistência é muito pouco alterada no teor de 10% (quando comparado

com valores das misturas com bentonitas mais expansivas). Além de praticamente não expandir

quando submetida a estresses.

60

Outrossim, a bentonita na forma bofe pode ser usada não somente em barreiras

impermeabilizantes, como pode ser usada para diversas tecnologias na engenharia civil, já que

é um material que aumenta consideravelmente a plasticidade da amostra a qual seja misturada,

como também não altera a resistência do mesmo, pelo contrário, em teores de 5% tornou-se

mais resistente.

Portanto, dadas as diversas diferenças de características citadas no presente trabalho das

misturas solo-bentonita com bentonita bofe e sortida, torna-se imprescindível quem for utilizar

da argila, saber qual forma está usando e suas respectivas propriedades a fim de evitar prejuízos

financeiros e baixa qualidade do fim desejado.

61

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