Barragem subterrânea contribui para sucesso da produção de Seu Adriano

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A alegria de ver a terra molhada, pronta para o plantio está estampada no sorriso de seu Adriano de Jesus Carvalho, agricultor familiar da Comunidade Canto em Serrinha. Ele que conquistou uma barragem subterrânea através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) nos conta como a sua produção que já vinha dando certo, cresceu ainda mais. “Eu moro aqui há mais de 42 anos, meu pai foi comprando essa terra que ficou para os filhos. Tenho filhos que não moram comigo mais estão sempre aqui, além dos parentes de perto. Toda a vida trabalhei com a roça, desde pequeno ia pescar com meu pai, fui para Salvador fiquei lá uns dois anos, mas não gostei, voltei para a lavoura e para pesca. A gente pescava no Poço Grande e Jacurici, era sempre de 300 a 400 quilos de peixe todo dia. Eu e meu pai ia junto vender, nós tínhamos rede e linha. Hoje não tem mais peixe, as pessoas não deixam criar”. Depois de aposentado, o agricultor se dedica a sua produção de hortaliças e verduras, como o quiabo, que é o seu produto principal. “Até aqui tudo deu certo, eu trabalhava vendendo dia na roça. Meu pai parou de vender dia de trabalho na roça com 45 anos, eu disse que ia parar com a mesma idade que ele. Eu fazia uma coisa e outra, pescava, plantava, ia vender em Serrinha. Agora que eu cheguei na idade eu planto minhas hortaliças mais perto de casa, é um trabalho mais leve”. Depois que conquistou a barragem subterrânea ele conta como o trabalho mudou. “Facilitou muito, a água tá ali perto. Na seca eu carregava água na cabeça, buscava da fonte, e o povo dizia: olha o doido carregando água. Vendia menos nessa época, mas vendia bem, por que o quiabo se dá bem no verão. Eu andei pelos municípios aqui de perto conhecendo outras experiências, e vi logo que aqui tinha uma baixada e dava para colocar a barragem. Aqui o cara vive mais tranquilo, ganhei a barragem em 2012 e já plantava nessa área, só que aumentei a produção porque o chão está mais molhado. De abril para cá eu não precisei molhar mais. O que procurar aqui tem”. A área de sete tarefas é diversificada de produtos cultivados. “Aqui tem de tudo, quiabo, coentro, melancia, abobora, alface, maxixe, jiló, pimentão, milho, cebola, feijão, couve e não precisa nem adubar. Planto uma diversidade misturada. Eu pago para limpar, para cercar, mas o trabalho de plantar, colher e sair vendendo eu faço sozinho. Coloco no carro de mão e saio vendendo de porta em porta. O povo já espera, sabe que o quiabo vai passar. Tem algumas pessoas que compram na minha mão para revender na feira, mas eu mesmo só vendo na porta. Sou aposentado há um ano e cinco meses. Eu tiro mais dinheiro com a roça, mais de um salário mínimo. Aqui eu vendo toda hora. Agora que tá chegando o mês de setembro é tempo de caruru, é tempo de vender bem, e na Semana Santa também. O ano passado eu vendi só a 3 pessoas 48 centos de quiabos”, conta seu Antônio sobre o sucesso das vendas, ele costuma vender o cento do quiabo por cinco reais. Ele explica também que tem espécies variadas e conta como adquire. “Aqui tenho diversos tipos de quiabo, mais de quatro, o segredo do quiabo é podar o pé pra ele brotar. As sementes eu pego na mão do vizinho e escolho as melhores para plantar. As sementes são daqui mesmo. Guardava lá no banco de sementes, agora comprei uma dorna pra guardar a semente de feijão e milho em casa”. “Um dia me disseram que eu já tinha salário e não precisava trabalhar, mas eu acho que isso aqui é minha garantia para quando eu precisar e minhas filhas, eu nunca vendi um palmo de terra e nem vendo, se não plantar eu vou fazer o quê da vida?” diz Seu Adriano, consciente da importância que a roça tem para sua vida e da família. Ano 7 - nº1247 Setembro | 2013 Serrinha Realização Patrocínio

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A alegria de ver a terra molhada, pronta para o plantio está estampada no sorriso de seu Adriano de Jesus Carvalho, agricultor familiar da Comunidade Canto em Serrinha. Ele que conquistou uma barragem subterrânea através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) nos conta como a sua produção que já vinha dando certo, cresceu ainda mais.

“Eu moro aqui há mais de 42 anos, meu pai foi comprando essa terra que ficou para os filhos. Tenho filhos que não moram comigo mais estão sempre aqui, além dos parentes de perto. Toda a vida trabalhei com a roça, desde pequeno ia pescar com meu pai, fui para Salvador fiquei lá uns dois anos, mas não gostei, voltei para a lavoura e para pesca. A gente pescava no Poço Grande e Jacurici, era sempre de 300 a 400 quilos de peixe todo dia. Eu e meu pai ia junto vender, nós tínhamos rede e linha. Hoje não tem mais peixe, as pessoas não deixam criar”.

Depois de aposentado, o agricultor se dedica a sua produção de hortaliças e verduras, como o quiabo, que é o seu produto principal. “Até aqui tudo deu certo, eu trabalhava vendendo dia na roça. Meu pai parou de vender dia de trabalho na roça com 45 anos, eu disse que ia parar com a mesma idade que ele. Eu fazia uma coisa e outra, pescava, plantava, ia vender em Serrinha. Agora que eu cheguei na idade eu planto minhas hortaliças mais perto de casa, é um trabalho mais leve”.

Depois que conquistou a barragem subterrânea ele conta como o trabalho mudou. “Facilitou muito, a água tá ali perto. Na seca eu carregava água na cabeça, buscava da fonte, e o povo dizia: olha o doido carregando água. Vendia menos nessa época, mas vendia bem, por que o quiabo se dá bem no verão. Eu andei pelos municípios aqui de perto conhecendo outras experiências, e vi logo que aqui tinha uma baixada e dava para colocar a barragem.

Aqui o cara vive mais tranquilo, ganhei a barragem em 2012 e já plantava nessa área, só que aumentei a produção porque o chão está mais molhado. De abril para cá eu não precisei molhar mais. O que procurar aqui tem”.

A área de sete tarefas é diversificada de produtos cultivados. “Aqui tem de tudo, quiabo, coentro, melancia, abobora, alface, maxixe, jiló, pimentão, milho, cebola, feijão, couve e não precisa nem adubar. Planto uma diversidade misturada. Eu pago para limpar, para cercar, mas o trabalho de plantar, colher e sair vendendo eu faço sozinho. Coloco no carro de mão e saio vendendo de porta em porta. O povo já espera, sabe que o quiabo vai passar. Tem algumas pessoas que compram na minha mão para revender na feira, mas eu mesmo só vendo na porta. Sou aposentado há um ano e cinco meses. Eu tiro mais dinheiro com a roça, mais de um salário mínimo. Aqui eu vendo toda hora. Agora que tá chegando o mês de setembro é tempo de caruru, é tempo de vender bem, e na Semana Santa também. O ano passado eu vendi só a 3 pessoas 48 centos de quiabos”, conta seu Antônio sobre o sucesso das vendas, ele costuma vender o cento do quiabo por cinco reais.

Ele explica também que tem espécies variadas e conta como adquire. “Aqui tenho diversos tipos de quiabo, mais de quatro, o segredo do quiabo é podar o pé pra ele brotar. As sementes eu pego na mão do vizinho e escolho as melhores para plantar. As sementes são daqui mesmo. Guardava lá no banco de sementes, agora comprei uma dorna pra guardar a semente de feijão e milho em casa”.

“Um dia me disseram que eu já tinha salário e não precisava trabalhar, mas eu acho que isso aqui é minha garantia para quando eu precisar e minhas filhas, eu nunca vendi um palmo de terra e nem vendo, se não plantar eu vou fazer o quê da vida?” diz Seu Adriano, consciente da importância que a roça tem para sua vida e da família.

Ano 7 - nº1247

Setembro | 2013

Serrinha

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